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A REVOLUÇÃO URBANA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


Reitora Sandra Regina Goulart Almeida
Vice-Reitor Alessandro Fernandes Moreira

EDITORA UFMG
Diretor Flavio de Lemos Carsalade
Vice-Diretora Camila Figueiredo

CONSELHO EDITORIAL
Flavio de Lemos Carsalade (presidente)
Ana Carina Utsch Terra
Antônio de Pinho Marques Júnior
Antônio Luiz Pinho Ribeiro
Camila Figueiredo
Carla Viana Coscarelli
Cássio Eduardo Viana Hissa
César Geraldo Guimarães
Eduardo da Motta e Albuquerque
Élder Antônio Sousa e Paiva
Helena Lopes da Silva
João André Alves Lança
João Antônio de Paula
José Luiz Borges Horta
Lira Córdova
Maria Alice de Lima Gomes Nogueira
Maria Cristina Soares de Gouvêa
Renato Alves Ribeiro Neto
Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi
Rodrigo Patto Sá Motta
Sônia Micussi Simões
Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa
Henri Lefebvre

A REVOLUÇÃO URBANA

Margarida Maria de Andrade


Pedro Henrique Denski
Sérgio Martins
Tradução

Margarida Maria de Andrade


Revisão Técnica

2ª edição revista e ampliada


© Éditions Gallimard, 1970
Título original: La Révolution Urbaine
© 1999 da tradução brasileira: Editora UFMG
2002, 1ª reimpr.; 2004, 2ª reimpr.; 2008, 3ª reimpr.; 2019, 2ª ed.

Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autoriza-
ção escrita do Editor.

Lefebvre, Henri
L489r A revolução urbana / Henri Lefebvre ; tradução de Sérgio Martins. – 2. ed. –
Belo Horizonte : Editora UFMG, 2019.

212 p.: il. (Humanitas)


ISBN: 978-85-423-0258-5

Tradução de: La révolution urbaine.


1. Sociologia urbana. 2. Economia urbana. 3. Urbanização. I. Martins,
Sérgio. II. Título. III. Série.

CDD: 307 .3
CDU: 364.122.5

Elaborada pela Biblioteca Professor Antônio Luiz Paixão - FAFICH

COORDENAÇÃO EDITORIAL Jerônimo Coelho


DIREITOS AUTORAIS Anne Caroline Silva
ASSISTÊNCIA EDITORIAL Eliane Sousa
COORDENAÇÃO DE TEXTOS Lira Córdova
REVISÃO DE PROVAS Lilian Valderez Felicio e Maria Stela Souza Reis
REVISÃO DE 2ª EDIÇÃO Beatriz Trindade
PROJETO GRÁFICO Cássio Ribeiro, a partir de Glória Campos - Mangá
IMAGEM DE CAPA Maurizio Carpanelli - Bologna: via Rizzoli in sunday
FORMATAÇÃO E PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac

EDITORA UFMG
Av. Antônio Carlos, 6.627 – CAD II / Bloco III
Campus Pampulha – Belo Horizonte/MG CEP 31.270-901
Tel.: +55 (31) 3409-4650 | www.editoraufmg.com.br | editora@ufmg.br
SUMÁRIO

NOTA À SEGUNDA EDIÇÃO 7

PREFÁCIO 9

Capítulo I
DA CIDADE À SOCIEDADE URBANA 17

Capítulo II
O CAMPO CEGO 39

Capítulo III
O FENÔMENO URBANO 61

Capítulo IV
NÍVEIS E DIMENSÕES 93

Capítulo V
MITOS DO URBANO E IDEOLOGIAS 119

Capítulo VI
A FORMA URBANA 131

Capítulo VII
PARA UMA ESTRATÉGIA URBANA 151

Capítulo VIII
A ILUSÃO URBANÍSTICA 167
Capítulo IX
A SOCIEDADE URBANA 181

CONCLUSÃO 197

NOTAS 205
NOTA À SEGUNDA EDIÇÃO

No dia 24 de maio de 1978, em conferência proferida na


Universidade de Belgrano, Buenos Aires, Jorge Luis Borges
qualificou o livro como “o mais assombroso dos instrumentos
do homem”. Os outros, argumentou o escritor, são extensões
de seu corpo: o arado é uma extensão de seus braços, o te-
lefone, de sua voz, o telescópio, de seus olhos; mas o livro é
“outra coisa”: o livro é uma extensão de sua memória e sua
imaginação.1 Quanto àquele cujas páginas o leitor tem diante
de si, o juízo de Borges se confirma, sob aditamento. Em A
revolução urbana, Lefebvre subordina a extensão da memória
à ampliação do espaço de experiência: compulsados, os estratos
da história urbana são apresentados não apenas como presentes
passados, mas também como passado presente, espessura do
atual. De modo semelhante, subordina a extensão da imagina-
ção ao alargamento do horizonte de expectativa: registradas,
as imagens da utopia urbana são valorizadas não apenas como
experimentos com uma presença ausente, mas também como
exploração de virtualidades inscritas no real, como dilatação
dos supostos limites dele.2
Vinte anos se passaram desde que a primeira edição da tra-
dução de Margarida Maria de Andrade e Sérgio Martins de La
révolution urbaine foi publicada. No decorrer desse período,
A revolução urbana se tornou peça de destaque em engenhos
intelectuais elaborados no Brasil com o intuito de dominar o
fenômeno urbano. Como artífice de mais um deles, aproximei-
-me do livro. Desde então, dedico-me a estudá-lo. Há cinco
anos, juntei-me a Margarida e Sérgio para revisar sua tradução.
Professores, pesquisadores, tradutores, os dois continuaram
a aprofundar seu conhecimento do pensamento de Lefebvre
nos anos que se seguiram à publicação de A revolução urbana.
Com o passar do tempo, entenderam que poderiam aperfeiçoar
sua tradução. Foi essa a tarefa da revisão. E é o resultado dela
que a Editora UFMG agora publica. Reparamos imprecisões,
suprimimos galicismos, polimos o estilo; acrescentamos notas
de tradução e desenvolvemos algumas das já existentes. Em
outras palavras: substituímos, eliminamos ou aprimoramos
elementos que prejudicavam o uso do instrumento que nos
foi legado por Lefebvre; uma vez que a performance ótima de
alguns elementos depende de instrução suplementar, procura-
mos provê-la ao leitor.

Pedro Henrique Denski

NOTAS
1
As conferências de Borges na Universidade de Belgrano foram reunidas em
Borges, oral, livro publicado por Emecé Editores e Editorial de Belgrano em
1979, em Buenos Aires. A conferência a que me refiro pode ser conferida entre
as páginas 197 e 205 do quarto tomo de Obras Completas, publicado por
Emecé Editores em 2007, em Buenos Aires. O mesmo texto, traduzido para
o português por Heloisa Jahn, pode ser encontrado entre as páginas 11 e 21
do volume Borges, oral & sete noites, publicado pela Companhia das Letras
em 2011, em São Paulo.
2
Espaço de experiência e horizonte de expectativa são categorias que, apesar de
apresentarem afinidade com o pensamento de Lefebvre, o autor não emprega
em sua obra. A respeito delas, magistral estudo foi empreendido pelo histo-
riador Reinhart Koselleck. Os resultados dele podem ser conferidos entre as
páginas 349 e 375 da terceira edição de Vergangene Zukunft: zur Semantik
geschichtlicher Zeiten, publicada por Suhrkamp Verlag em 1995, em Frankfurt
am Main. Em 2006, no Rio de Janeiro, a Contraponto Editora e a Editora
PUC-Rio publicaram Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos
históricos, tradução de Wilma Patrícia Maas e Carlos Almeida Pereira para o
livro de Koselleck. Nela, o texto que trata das categorias mencionadas pode
ser encontrado entre as páginas 305 e 327.

8
PREFÁCIO

É de se admirar como, às vésperas de completar trinta anos


de sua publicação, La Révolution Urbaine é um livro que se
mantém atual, senão vejamos.
Como compreender a realidade social que nasce da industria-
lização e a sucede? Hoje a formulação dessa questão não causa
estranheza, sobretudo se considerarmos que no atual contexto,
flagrantemente anêmico de capacidade crítica, criativa e investi-
gativa, parte dos intelectuais tem considerado a industrialização
desimportante na explicação da realidade social a ponto de se
desincumbirem de analisá-la. Naquele ano de 1970, contudo,
essa questão não deixaria de causar alguns inconvenientes ao
seu formulador. Afinal, com que ousadia se poderia sugerir
que a industrialização de algum modo vinha perdendo força
na determinação da sociedade contemporânea? Não se estaria
com isso também indicando que o pensamento devotado à
industrialização deixava de ser suficiente, senão equivocado,
para compreender e atuar na sociedade? Até que ponto aquele
pensamento que se dizia de Marx desde sempre e para sempre,
embora cada vez mais distanciado das proposições marxianas,
poderia suportar abalos às certezas dogmaticamente sustentadas
quanto aos protagonistas previamente definidos para ocupar
o centro dos acontecimentos em função da missão histórica já
prescrita de que supostamente seriam os portadores?
A ousadia lefebvriana, no entanto, remonta a momentos
anteriores. Seus questionamentos incisivos às reduções e enri-
jecimentos do pensamento marxista lhe custaram a periferia
dos panteões institucionais lastreados por um “pensamento”
cada vez mais circunscrito ao economicismo e aos dogmatismos
legitimadores das relações entre Estado e sociedade nitidamente
desequilibradas em favor do primeiro, das necessidades e dos
interesses definidos e geridos em seu âmbito, ossificação ampla-
mente acolhida pelas abordagens estruturalistas impermeáveis
ao pensamento dialético. A periferização, porém, pode ser
considerada como uma condição e uma situação privilegiada,
senão imprescindível, para que Lefebvre abordasse aspectos
da realidade social tidos como secundários, ou simplesmente
banais, para compreender a reprodução da formação econô-
mico-social capitalista no século XX.
De fato, estudos como os que produziu sobre a vida co-
tidiana e a produção do espaço (momento de seu percurso
intelectual a que pertence este livro), dificilmente teriam
guarida no interior de um “pensamento” embotado por exi-
gências correspondentes à sua transformação em ideologia de
partidos e Estados, que reservava o abandono, quando não o
desdém, a processos que, por sua importância, exigiam do co-
nhecimento crítico retirá-los do atoleiro teórico do marxismo
institucionalizado.
Foi em 1968, através de seu Le Droit à la Ville [O Direito
à Cidade], que Lefebvre formulou de modo mais consistente
suas preocupações e proposições a respeito do fenômeno ur-
bano. Não se tratou, porém, de nenhum raio em dia de céu
azul. Lefebvre chegou às questões pertinentes ao espaço por
vários caminhos. Um dos mais promissores teve a ver com seu
interesse pela realidade agrária francesa. Esse interesse, pos-
teriormente estendido para outros países, o conduziu durante
os anos 40 e 50 a estudar longamente as questões implicadas
pela renda fundiária e, em consequência, a vasta teorização a
esse respeito. Em meados dos anos 70, num belíssimo relato

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