Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“In the past evolution brought about the altering of bodily functions to suit
different environments. Starting as of now, it will be possible to achieve this
to some degree without alteration of heredity by suitable biochemical,
physiological, and electronic modifications of man’s existing modus
vivendi.” (CLYNES & KLINE, 1960, p. 26)
Foi nesse contexto que o termo ciborgue foi criado e era imaginado como algo em que
se incorpora elementos exógenos ao corpo para que possa-se estender o controle auto
regulatório e assim ser capaz de se adaptar aos mais diferentes tipos novos de ambientes.
É interessante notar que nessa primeira definição de ciborgue não há nada que
especifique esses componentes externos como sendo necessariamente componentes de
máquinas, isto é, a questão, realmente, é: como ter certeza que a nave espacial, o qualquer
outra coisa que esteja ao redor do astronauta, saiba o que ele precisa sem a necessidade se
apertar botões ou qualquer coisa do tipo. Dessa forma, eles também falam de coisas como
hipnose, yoga, drogas de uso contínuo e todas esses seriam “ciborgueanas”, pois partem do
princípio de que você pode estender as funções e controle do seu corpo fazendo esse tipo de
melhoramento ou aprendendo como melhor aproveitar sua mente.
Se fala de tecnologia sobre coisas como linguagem, animais, carruagens e os mais
diversos tipos de ferramentas e elas realmente se encaixam em um tipo de definição mais
ampla do que é a tecnologia, baseada em critérios como a maneira que as pessoas a utilizam e
o que ela faz. No caso da discussão sobre ciborgues isso é particularmente interessante pois,
por conta das diferentes ideias sobre o que é tecnologia, alguns podem dizer que coisas como
óculos são tecnologias que te fazem um ciborgue, ou que todas as pessoas com marca-passo
são ciborgues, enquanto outros podem se sentir incomodados com essas afirmações.
O relativamente recente crescimento da popularidade do conceito de body hacking
é também interessante para essa discussão. Há um grande espectro que vai desde pessoas
implantando antenas em suas cabeças para conseguir ver cores, como o artista Neil
Harbisson, até pessoas colocando manteiga em seus cafés e todas essas diferentes formas se
encaixam debaixo do conceito guarda-chuva que é o body hacking. Unir todas essas práticas
em um só termo pode ser um importante movimento político, na medida em que ajuda a
normalizar aquelas que se encontram mais perto da extremidade desse espectro e, dessa
forma, conseguir que médicos estejam mais dispostos a fazer algumas dessas cirurgias, por
exemplo. Por isso é importante trabalhar a semântica de tudo isso, é preciso descobrir o que
está no centro do diagrama de Venn, onde tudo se sobrepõe.
As mulheres vem fazendo coisas para controlar o corpo, sendo os métodos
contraceptivos os melhores exemplos, além de tecnologias mais atuais como aplicativos de
acompanhamento e controle do ciclo menstrual. Então, basicamente, as mulheres tem sido
muito conscientes sobre o funcionamento da fertilidade há muito tempo, provavelmente há
mais tempo que os médicos. Esse tipo de tecnologia, como o DIU, que permite as mulheres
um controle maior sobre seus corpos podem as constituir como ciborgues.
https://splinternews.com/bodyhackers-are-all-around-you-they-re-called-women-1793856408