Você está na página 1de 272

náise

e Fourier COLECAO
TECNicA

Hwei P. Hsu
,
CONTEUDO

CAPITULO 1 Série de Fourier


1.1 Funções Periódicas, .

1.2 Série de Fourier, . 4

1.3 Propriedades dos Senos e Co-Senos: Funções Or toqoneis , 5

.4 Determinação dos Coeficientes de Fourier, . 7

.5 Aproximação por Série de Fourier Finita, .. 13

1 .6 Condições de Dirichiet,..... 16

1 .7 Diferenciação e Integração da Série de Fourier,...... 17

1.8 Problemas Suplementares,...................... . 21

CAPITULO 2 Análise das Formas Ondulatórias Periódicas


2. 1 Simetria Ondulatória,. 24

2. 1a Funções Pares e Funções r mpares, .. 24

2.1b Simetria de Meia-Onda, . 27

2. 1c Simetria de Quarto de Onda, ... 27

2. 1d Simetria Oculta, ..... 27

2.2 Coeficientes de Fourier para as Formas "de Ondas Si-


métricas, .. 28

2.3 Desenvolvimento de Fourier de uma Função em um


Intervalo Finito, . 33

2.3a Expansões em Metade do Domínio, .. 34

2.4 Função Impulso, ... 37

2.4a Derivadas da Função Delta (Il),. 40

2.5 Séries de Fourier das Derivadas de Funções Periódicas


Descontínuas, . 43

2.6 Cálculo dos Coeficientes de Fourier por Diferenciação, 45

2.7 Problemas Suplementares, . 48

CAPITULO 3 Espectros de Freqüências Discretos


3.1 Intrcdução, 52

3.2 Forma Complexa das Séries de Fourier, . 52

3.3 Ortogonalidade das Funções Séries de Fourier Com-


plexas, . 57
3.4 Espectros de Freqüências Complexas,. ..... .. ....... 58

3.5 Determinação dos Coeficientes de Fourier Complexos


Empregando a Função 8,......... ............... 62

3.6 Potência Latente de uma Função Periódica: Teorema


de Parseval,.................................... 65

3.7 Problemas Suplementares,........................ 68

CAPfTULO 4 Integral de Fourier e Espectros Contínuos

4. 1 Intrcdução,.. .............................. ..... 71

4.2 Da Série de Fourier à Imegral de Fourier,. ........ 71

4.3 Transformadas de Fourier,....................... 74

4'.4 Transformadas Seno e Co-Seno de Fourier,......... 79

4.5 Interpretação das Transformadas de Fourier,........ 81

4.6 Propriedades das Transformadas de Fourier,.. ....... 82

4.7 Convc.lução,.................................... 88

4.8 Teorema de Parseval e Espectro de Energia,. .. ...... 92

4.9 Funções Correlações,............................ 94

4. 10 Problemas Suplementares,......................... 99

CAPfTULO 5 Transformada de Fourier de Funções Especiais

5.1 Introdução, ..................................... 102

5.2 Transformada de Fourier da Função Impulso, ........ 102

5.3 Transformada de Fourier de uma Constante, ........ 104

5.4 Transformada de Fourier da Funçãc Degrau Unitário, 106

5.5 Transformada dê Fourier de uma Função Periódica, 110

5.6 Transformada de Fourier de Funções Generalizadas, 114

5.7 Problemas Suplementares, ........................ 118

CAPfTULO 6 Aplicações aos Sistemas Lineares

6. 1 Sistemas Lineares,............................... 121

6.2 Funções Operacionais dos Sistemas,............... 121

6.3 Respostas a Funções Excitadoras Exponenciais e Fun-


ções Sistemas de Autofunções, :....... 123

6.4 Respostas Senoidais em Regime Permanente,..... .... 125

6.5 Aplicações acs Circuitos Elétricos,................ 127

6.5a Cálculo da Potência Permanente,........... 129

6.6 Aplicações aos Sistemas Mecânicos,............... 131

6.7 Resposta de um Sistema Linear a uma Função Sistema


Impulso Unitário, ·. 133

6.7a Função Sistema, · 134

6.7b Sistema Causal,........................... 137

k ---------------
6.8 Resposta de um Sistema Linear a uma Função Degrau
Unitário - Integral de Superposição,.............. 138

6.9 Transrnis sãc sem Distorções,...................... 142

6.10 Filtros Ideais, 144

6.11 Problemas Suplementares,........................ 147

CAP[TULO 7 Aplicações à Teoria das Comunicações

7.1 Teoria da Amostragem,.......................... 151

7.2 Modulação em Amplitude,........ .. .. .. . .. .. .. .. . 156

7.3 Modulação em Ângulo,. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160

7.4 Modulação em Pulsos,........................... 164

7.5 Função Correlação Média,........................ 166

7.6 Identificação do Sinal Empregando Correlação,....... 169

7.7 Espectros de Poténcias Médias: Sinal Aleatório,..... 171

7.8 Relação Excitação-Resposta: Cálculo do Ruído,. . . . . . . . 175

7.9 Problemas Suplementares,,,...... ... ..........•.•. 178

CAP[TULO 8 Aplicações a Problemas com Valôres de Contôrno

8.1 Separação de Variáveis e Série de Fourier,. ......... 183

8.2 Vibração,...................................... 189

8.3 Condução de Calor,........... 199

8.4 Teoria do Potencial,............................. 205

8.5 Problemas Suplementares,,,....................... 212

CAP[TULO 9 Aplicações Diversas da Transformada de Fourier

9.1 Transfcrmada de Fourier na Difração e For.neção de


Imagens,,,............. 215

9.1 a Transformada de Fourier a Duas Dimensões,.. 219

9. 1b Transformada de Fourier a Três Dimensões,.. 221

9.2 Transformada de Fourier na Teoria das Probabilidades, 221

9.2a Função Distribuição de Probabilidades e Função


Densidade de Probabilidades,............... 221

9.2b Expectativa e Momentos,................... 223

9.2c Função Característica,,,.................... 224

9.3 O Princípie da Incerteza na Análise de Fourier,...... 228

9.4 Fórmula do Somatório de Poisson, ' '236

9.5 Causalidade e a Transformada de Hilbert,......... 239

9.6 Cálculo de Algumas Integrais, :.... . 243

9.7 Problemas Suplementares,........................ 244


AP~NDICE A Convergência da Série de Fourier e Fenômeno de GIBB

A.l Convergência da Série de Fourier,............... 247

A.2 Fenômeno de GI BB,.. .. .. . . . .. .. .. . . . .. .. .. .. .. . 253

APE:NDICE B Relação Entre as Transformadas de Laplace e Fourier

B. 1 Definições e Propriedades Básicas da Transformada de


Laplace, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256

B.2 Relação Entre a Transformada de Laplace e a de Fourier, 259

APE:NDICE C Três Formas da Série de Fourier,.. . ... . .. . .. 263


APE:NDICE D Resumo das Condições de Simetria,. . . . . . . . .. 264
APE:NDICE E Propriedades da Transformada de Fourier,. . . .. 265
APE:NDICE F Lista de Símbolos,. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 268
rNDICE AlFABnlCO - 271
CAPíTULO

,
SERIE DE FOURIER
1
1.1 Funções Periódicas

As funções periódicas podem ser definidas como aquelas para as quais

f(t) = f(t + T) (l.l)

para qualquer t. A menor constante T que satisfaz (l.l) é chamado periodo da


função. Por iteração de (l.l), temos:

f(t) = f(t + nT), n = O, ± 1, ± 2, .... (1.2)

A Fig. 1.1 mostra um exemplo de função periódica.

PROBLEMA 1.1 Ache o período da função f(t) = cos -1- + cos ; .

Solução: Se a função f(t) fôr periódica com um período T, então, de (l.l).


Resulta: Fig. 1.1 Função peri6dica.
1 1 t t
cos - (t + T) + cos - (t + T) = cos - + cos -.
3 4 3 4

Desde que cos (8 + 2rrm) = cos 8 para qualquer inteiro m, então:


1 1
- T = 27Tm, - T = 27Tn,
3 4

onde m e n são inteiros. Portanto, T = Sttm = 8rrn. Quando m = 4 e n = 3,


obtemos o menor valor de T. (Isto pode ser visto mediante um processo de ten-
~a). Então, T = 24rr.

Em geral, se a função

fôr periódica com período T, deverá ser possível, então, achar dois inteiros m e n,
tais que
O)IT = 2nm, (1.3)

w2T = 2nn. (1.4)

o quociente de (1.3) por (1.4) é


0)1 m
(1.5)
W2 n

isto é, a razão 0)1/0)2 deve ser um número f~'


PROBLEMA 1.2 A função f(t) = cos 10t + cos (10 + rr) t é periódica?
2 S'RIE DE FOURIER CAPo 1

Solução: Neste caso, Clh = 10 e <02 = 10 + n. Como


Cú1 10

2
= 10 + 11

não é um número racional, é impossível achar um valor T para o qual (1.1) seja
satisfeita. Portanto,/(t) não é periódica.

PROBLEMA 1.3 Ache o período da função 1(/) =; (10 cos t)2.

Solução: Usando a identidade trigonométrica cos2() = ~ (1 + cos 2(),

f(t) = (10 COS t)2 = 100 cos2t = 100 ~ (1 + cos 2t):: 50 + 50 cos 2t.
2
Desde que uma constante é função periódica de período T para qualquer valor
de T e o período de cos 21 é n, concluímos que o período de 1(/) é ti,

PROBLEMA 1.4 Mostre que se 1(1 + T) = 1(1), então


a+Tl2 lTI2

l B-TI2
• f(t) dt =
-T12
f(t) dt, (1.6)

lT+t f(t) dt = lt f(t) dto (1. 7)

Solução: Se I(t + T) = I(t), fazendo 1=. - T, teremos


t(L:'" T + T) = feL) = feL - T). (1.8)

Considerando a integral

Jf3 f(t) dto


o:

Substituindo 1=. - T, e usando (1.8), vem:

J 13
f(t) dt =
(13+T
J_ feL - T) dL =
J f3+T
feL) dL.
a a+T a+T

Visto que qualquer símbolo pode representar a variável de integração na substi-


tuição acima,
f3
f
if3+T
f(t) dt = (1.9) f(t) dto
a O:+T

Podemos então escrever o primeiro membro de (1.6) como

1
a+TIZ

a-T12
f(t) dt = f . -T12

a-T12
f(t) dt + (
J-TI2
a+T12
f(t) dto

Aplicando o resultado de (1.9) à primeira integral do segundo membro da equação

r: r.
acima, vem

r,
a+T12 f(t) dt =.lT/2 f(t) dt + f(t) dt = f(t) dt +[T12 f(t) di
J•.-TI2 a+T12 -T12 -T12 a+T12

TI2
=
L-T 12
f(t) dto

)
1.1 FUNÇOES PERIOOICAS 3

Em (1.9), se IX = O e fJ = t, então (1.9) torna-se

l t
f(t) dt = LTt't l(t) dto

= T12, (1.6) transforma-se em:

r
Em (1.6), se a

l(t) dt = iT/2 l(t) dto (1.10)


o -T/2

PROBLEMA 1.5 Seja I(t + T) = I(t) e

g(t) = lt 1('C) d'C.

Mostre que g(t + T) = g(t) se, e somente se.

lT/2 l(t) dt = O.
-T /2

Solução: Desde que g(t) ={ I(r:) dt;

g(t + T) = it+T 1('C) d'C = iT f('C) d'C + lT+t f('C) d'C.

De (1.10) e (1.7) vem

i T I ('C) d'C = fT/2 f('C) d'C = JT/2 l(t) dt,


l
T+t
T l(t) dt =
lt o l(t) dto
o -T/2 -T/2
Então,
2
it
g (t + T) =
i T/

-T/2
I (t) dt +
o
I (t) dt

T'2
e g(t + T) = g(t) se, e somente se, f -Tlz
I(t) dt = O.

PROBLEMA 1.6 Seja I(t + T) = I(t), e

l t 1
F(t) = 1('C) d'C - -aot,
o 2

onde ao = T2 fT'2 I(t) dto Mostre que F (t + T) = F (t).


-T12
I 1
2" aot,
Solução: Desde que F (t) =
f
o I(r:) dt -

t+T 1
F(t+T)=
l o
1('C)d'C--ao.(t+T)
2

=
iT
o
1(L)d'C+
iT+t
. T
1(L)d'C--a
1
2 o
t--a
1
2 o
T.
4 S~RIE DE FOURIER CAPo 1

De (1.10) e (1.7),

T lTI2
i o
f('r:) dT =
-T /2
f(T) dT = "21 aoT,

l T
T+t
f(T) a: =
11 o f(T) dT.

Então,

F(t+T)=-a 1
2 o
T+ LI o
f(T)dT--a 1
2 o
t--a 1
2 o
T
1 o
1 1
f(T) dT - -aot
2
= F(t).

1.2 Séries de Fou rier

Seja a função f(t) periódica com período T. Esta função pode, então, ser
representada pela série trigo no métrica

1 <X>

= -2 ao +L n=!
(ancos nOJot + bnsen nOJot), (1.11 )

onde OJo = 2n/T.


Séries como esta (1.11) são chamadas séries trigonométricas de Fourier. Po-
demos também escrevê-Ia sob a forma

<X>

fel) = C, +L n=l
C« cos (nOJot - (}n). (1.12)

PROBLEMA 1.7 Deduza (1.12) de (1.11) e exprima C; e (}n em têrmos de ar.


e b;
Solução: Podemos escrever

Aplicando uma identidade trigonométrica, teremos

anCOS núJot + bnsen nWot = Cn (cos e n cos núJot + sen e n sen núJot)

= Cn cos (núJot - en), (1.13)

onde
(1.14)

e então,

ou e = are tg
n (!:). (1.15)
1.3 PROPRIEDADES DOS SENOS E Co..SENOS 5

Novamente, pondo

(1.16)

obtemos
1
L L
00 00

f(t) = 2" ao + (ancos nWot + bnsennwot)= Co + Cn cos (nw~t - 8n)· (1.17)


n= I n= 1

É óbvio, de (1.12), que a representação em série de Fourier de uma função


periódica representa tal função como soma de componentes senoidais de freq üên-
cias distintas. A componente senoidal de freq üência Wn = nos; é chamada o n-ésimo
harmônico da função periódica. O primeiro harmônico é chamado comumente de
componente fundamental, porque êle tem o mesmo período que a função, e 0)0 =
= 27tfo = 2nlT é chamada freqüência angular fundamental. Os coeficientes Cn e
os ângulos 8n são conhecidos como amplitudes harmônicas e ângulos de fases, res-
pectivamente.

1.3 Propriedades dos Senos e Co-Senos: Funções Ortogonais

Dizemos que um conjunto de funções {tPk(t)} é ortogonal em um intervalo


a < t < b, se para duas funções quaisquer tPm(t) e tPn(t) no conjunto {tPk(t)},

para m =/= n
(1.18)
para m =n
existe.

Consideremos, por exemplo, um conjunto de funções senoidais. Pelo cálculo


elementar podemos mostrar que

°
T/2

J -T12
cos (mwot) dt = para m =/= 0, (1.l9a)

°
TI2

J -T12
sen (mwot) dt = para todo m, (1.l9b)

m =/= n
JTI2

-T12
cos (mwot) cos (nwot) dt =
1°' T12, m=n=/=O,
(1.l9c)

JTI2
sen (mwot} sen (nwot) dt = 1 0,
m =/= n
(1.l9d)
-T12 T12, m=n=/=O,

J -T12
T/2 sen ~mwot) cos (nwot) dt = ° para todo m e n, (1.1ge)

onde co, = 2n1T.


Estas relações mostram que .as funções {l, cos wol, cos 2Wol, ... , cos nWol, .... ,
sen wol, sen 2wol, ... , sen nWol, ... } formam um conjunto ortogonal de funções em
um intervalo - TI2 < I < T12.
6 S~RIE DE FOURIER CAPo 1

PROBLEMA 1.8 Verifique (1.l9c)


Solução: Em vista da identidade trigonométrica
1
cos A cos B == - [cos (A + B) + cos (A - B)] ,
2
e

temos

== 2'1 L TI2

-T12
[cos [(m + n) úJot] + cos [(m - n) úJotll dt

= -1 1
sen [Im + n)úJot]
I TI2

2 (m + n) úJo -T12

1
+-
1
sen[(m-n)úJotl
I TI2

2 (m - n)wo -T12

1 1
=- [sen [(m + n)"J + sen [( m + n)"l!
2 (m + n)úJo

1 1
+- [sen [(m - n)"] + sen[(m-n)"l!
2 (m - n) úJo .

=0 selm/'n.

Se m = n =F O, pela identidade trigonométrica cos2(} = ~ (1 + cos 2(}), temos:

=_
1
2
L
-T12
TI2
[1 + cos 2múJotl dt

TI2 T
= 1
-t I + --. 1 - sen 2múJot I .I2
2 _TI 2 4múJ o - T 2 I

PROBLEMA 1.9 Verifique (1.lge).

Solução; Usando a identidade trigo nométrica


1
sen A cos B = '2 [sen (A + B) + sen (A - B)],

temos
1.4 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DE FOURIER 7

[T/2 sen (mwot) cos (nwot) dt


-T 12

=2"1 {T12 \sen[(m+n)wot] + sen[(m-n)wotll dt

I
-T12
TI2
1 -1 TI2 1 -1
=-
2 (m + n) Wo
cos [em + n}wotl
-T12
+ - --;------:--
2 (m - n) Wo
cos [em - n) wot]
I -T12

= O. sem.fon.
Se m =n "# O. usando a identidade trigonométrica sen 20 = 2 sen O cos O, temos:
TI2 lTI2
sen (mwot) cos (nwot) dt = sen (mwot) cos (mwot) dt
l -T12 -T12

= 2"1 jTI2 sen (2mwot) dt


-T12

= - --
4mwo
1
cos (2mwot) I TI 2

-T12

== O.
Evidentemente para m = n = 0, a integral é igual a zero:

1.4 Determinação dos Coeficientes de Fourier

Usando as relações de ortogonalidade (I.19a-e), podemos agora determinar


os coeficientes a; e b.; das séries de Fourier

I '"
f(t) = 2" ao + ];1 (ancos núJot + bnsen núJot). [1.11]

Multiplicando ambos os membros da equação acima por cos múJót e integrando


no intervalo [- T12, Tl2], temos:

TI2 1 fTI2
f(t) cos (múJot) dt = 2"lfJu cos (múJot) dt
f -T12 -T12

+
fTI2

-T12
[t
n-1
ancos (núJot) ] cos (múJot) dt

+
fTI2

~T12
[i:
n-1
bnsen (núJot) ] cos (múJot) dto

Permutando os sinais de integração e somatório, vem

TI2 1 fTI2

f -ffl
f(t) cos (múJot) dt = 2" ao cos (múJot) dt
. -ffl

+ L:
n=l
cc
a
n
I T2
/

-T/2
cos (nwot) cos (múJot) dt

+ L:
n=l
cc
b
n
I TI2

-T12
sen (núJot) cos (múJot) dto
8 S~RIE DE FOURIER CAPo 1

Em virtude das relações de ortogonalidade (1.19),


1'/2 T
f -1'/2
f(t) cos (mOJot) dt = 2 amo

Então,
2 f1'/2 .
am =T f(t) cos (mOJot) dto
-1'/2

Integrando (1. II ) em [- T12, T12] e usando (1.19), temos:

1'/2 1 f1'I2 f1'I2 [ cc ]

f -1'12
f(t) dt = 2" ao dt + l: (ancos nou: + bnsen nOJot) dt
_ -1'12 -1'12 n=1 .

1 '" f1'I2 fTI2


= 2" «r + t;1 an -T12 COS(nOJot) dt + t;1 b eo

n -T12 sen (nOJot) d:

1
= 2"aoT. (1.22)

Então,
1 1 f1'I2
I'
2" ao = T f(t) dt, (1.23)
-1'12

ou
2 f1'I2
ao =T f(t) dto (1.24) I

-T12

Notemos que aol2 é o valor médio de f(t) em um período.


A Eq. (1.24) mostra que (1.21), que permite calcular os coeficientes da série
de co-senos, dá também o coeficiente ao corretamente, desde que cos mout I m =0 = 1.
Anàlogamente, se (1.1I) fôr multiplicada por sen mcos: e integrada têrmo a
têrmo no intervalo [- T12, T12] , temos:

TI2 I fTI2

f -M
f(t) sen (mOJot) dt = 2" ao sen (mOJot) dt
-M

cc fTI2
+ l: an . cos (nOJot) sen (mOJot) dt
n -I -1'12

+ l:'" b; fTI2 sen (nOJot) sen (mOJot) dto


n -I' -1'/2

No caso, as relações de ortogonalidade (1.19) fornecem:


TI2 7'
f -T12
f(t) sen (mOJot) dt = 2- b.; (1.25)

Então,
2 fTI2
bm = -T f(t) sen (mOJot) dto (1.26)
. -T12

Substituindo m por n, podemos também escrever (1.21) e (1.26) como

an =T
2 fT/2 f(t) cos (nOJot) dt, n = 0,1,2, ... , (1.27)
-T12 .
1.4 DETERMINAÇAO DOS COEFICIENTES DE FOURIER 9

b; = -
2 fT'2 fel) sen (nwol) dt, n = 1,2, .... (1.28)
T -T12
Emgeral, não é necessário que o intervalo de integração de (1.27) e (1.28) seja si-
métricoem relação à origem. Em virtude de (1.6), a única exigência é que a
integralseja considerada em todo o período.

PROBLEMA 1.10 Ache a série de Fourier para a função f(/) definida por

T
-L --<t<O
2 (1. 29)
E (O =
{ 1, O<t<!..
2
e .l(t + T) = fel). (Veja Fig. 1.2).

Solução: Dei (1.27) e de wot I = 2 TT (± ,T2 ) = ±TT, f(t)

-, Ih ,-
t=± T / 2 T

a
n
= -2
T
i T2

-T /2
/ E(t) cos (nwoO dt
I
I
1
I
I
IT
I
:
I I Iz
--T-+I----~'I~O------TI~----~:
i
~t

[1
0 T2
=_
2 -cos(nwot)dt+ cos(nwoOdt 1 --I 1 1 1
T -T/2

0
o
/
~
2 1
;..1--r-r-l I
1
1
1
;..1 __
1
--..;1

=_2 ( ~sennwot
1 1 1
+--sennwot I T/2 )
T nwo -T/2 nwo o
Fig. 1.2 Forma de onda do Probl. 1.10.

= 2{~
T nwo
[sen O -sen (-nTT)J +._1_ [sen In») - sen OJ}
nwo

= ° para n =1=0, (1.30)

°
desde que sen = sen (nn) = O.
Para n = 0,
1 1 JT!2
(1.31)
- ao = - E (t) dt = O
2 T
-T/2

desde que o valor médio de f(/) em um período é zero. De (1.28) e de woT =


= (2n/T) T = 2n, temos:

bn = 2T i T2
/

-T /2
E(i) sen (nwot) di .

=-2
T
[1 0

-V2
- sen (nwot) dt + lT/2
o
sen (nwot) dt ] .

= -2[1- cos (nwot) 10-1 + - cos (nwoi)


T nwo -T/2 nwo

= _2_{[1-COs(-nTT)l-[cos (nTT)-lJ}
nWoT .
2
= -.(1 - cos nTT).
nTT (1.32)
10 SI!RIE DE FOURIER CAP. 1

Desde que cos nn = (- 1)",


O, npar
(1.33)
bn = 4
{ _ , .n ·lmpar.
n17

Então

L ;;sen núJot
00

4 1
f(t) = -;;
n=,linpar

= -4 ( sen úJot + -1 sen 3úJot + -1 seu 5úJot +. .. ) . (1.34)


17 3 5

f (t)
"'--PROBLEMA 1.11 Desenvolva em série de Fourier a função cuja forma de onda
está indicada na Fig. 1.3.
1 Solução: A função f(t) pode ser expressa analiticamente como:
4t T
1+-, -- <t<O
2 -
f(t) = T (1.35)
4t
{ 1--, T
O<t<-.
T - 2
Fig. 1.3 Forma de onda do Probi. 1.11:

Como o valor médio de f(t) sôbre um período é igual a zero,

-1 ao = -
1 lT/2
f(t) dt = O. (1.36)
2 T -T/2

De (1.27) e de (1.35),

an = -
2 lT/2 f(t) cos (núJot) dt
T -T/2

= -2 lT/2 cos (núJot) dt + -2 1 0


4
-t cos (núJot) dt
T
-T/2 T
-T/2 T

+ _2 lTr2 - 4-t cos (núJot)dt.


T o T

A primeira integral do segundo membro é igual a zero. Fazendo t = - r na


segunda integral, vem:

an = -1 (-
8
T2
o
T/2
T) cos [núJ (-T)](-dT)
o
- -
T2
8 lT/2
o
t cos (núJot) dt

= -8
T
2
1T/2 0
T cos (núJoT) dT - -8
r
lT/2
o
t cos (núJot) dt

= - -
8 lT/2 T cos (nco , T) â : - -
8 lT'2 t cos (núJot) dt
T2 o T2 o

= - -16
T2
i o
T2
/ t cos (núJot) dto
1.4 DETERMINAÇAO DOS COEFICIENTES DE FOURIER 11

Integrando por partes, vem:

TI2

l
o
TI2
t cos (nwoO dt =-
1
nwo
t sen (nwoO
I

o
__ 1_ITI2
nwo
o sen (nwoO dt

1
(n217/T)2 (cos n17 - 1).

Então,
16 1
a =- - (cos n17 - 1)
n T2 (n217/T)2

(1.37)

Como cos me = (- 1 r.
O, n par
an = 8 (1.38)
{ -r-r-r-Ór n Ímpar.
n2172

Anàlogamente, de (1.28) e de (1.35),

2 lTI2
bn = T f(t) sen (nwot). dt
-T12

=-
2 lTI2 2
sen (nwoO dt + -
{O 4
- t sen (nwot) dt
.
T -T12 T -T12
T

+ -2
T
i o
TI2
- -4 t sen (nwo t) dt
T

=-
8
T2
50 . (-T)sen[nw (-T)] (-dT)--
o
8 ITI2
T2
o tsen(nwot)dt
Til

= -
8
T2
1 TI 2 r 8 IT I 2
t sen (nwot) dt - - 2
T
t sen (nwot) dt
o o

(1.39)

Então,

f(t) = -8 (cos w"t + -1 cos 3wot + -1 cos 5wot + •...) (1.40)


172 32 52

~PROBLEMA 1.12 Ache a série de Fourier para a função 1(/) definida por
T
O, -2"<t<O
fCt) = T (1.41)
{ A sen wot, 0< t <"2'

e l(t + T)= 1(/), os; = 2n/T. (Veja Fig. 1.4).


12 SIltRIE DE FOURIER CAPo 1

f (t)

__~ -L ~ ~ L- ~~t '

T T
2 2
Fig. 1.4 Forma de onda do Probl. 1.12.

Solução: Desde que f(/) = O quando - TI2 < I < O, mediante (1.27) e (1.28)",

ao = -2
T
i o
T2
/
A sen (wot) dt = ---2A (-cos wot)! T2
'Two
/

A
= _ (1 - cos 77)
77

2A
(1.42)
77

= -A
T
i o
T2
/ lsen ((1+ n) wotl + sen [(1- n) wotll,dt. (1.43)

Quando n = I,

a1 = A
T
lT/2
o
sen (2wo t) dt = A '(__ 1_ COS 2wo
T 2wo
t)ITo/
2
= ~[1
477
~ COS (277)]

A .
= - (1-1)
477

(1.44)

Quando n = 2, 3, ....

a = A {_ cos [(1 + n) wotl _ cos [(1 - n) wotl }IT


/2

n T (1+n)wo (1-n)wo b
= ~ {1 - [cos (1 + n) 77] + 1 - cos [(1 - n) 77] 1
277 1+ n 1- n r
Q. n ímpar
=
{
277
A
(__+2 n +__2)n
1 1-
__
-
2A
(n - 1) (n + 1) 77'
n par. (1.45)

Anàlogamente,

A lT/2 (1.46)
=- \cos [(1 - n) wot] - cos [(1 + n) wotll dt.
T o
1.5 APROXIMAÇAO POR S~RIE DE' FOURIER FINITA 13

Quando n == 1,

bl=~iT/2 dt_~lT/2 cos(2Ci,lot)dt=A_A sen2Ú>ot lT/2 A. (1.47)


roTo 2 T2ú>o o - 2'
Quando n =2, 3, ••• ,

b
n
~ ~ {sen [(1 -:-.n) Ú>otl _ seu [(1 + n) Ú>ot1 }IT /2
T (l-n)ú>o (l+n)ú>o o

= ~{ sen [(1 - n) 77] - sen O_ ~en [(1 + n) 77] - se~}


277 1- n 1+ n
= O. (1.48)

Então,

A A
f(t)=-+-senú> t....,-2A( -, 1 cos2wot+-cús4ú>
1 t+···. ) (1.49)
77 '} o 77 1. 3 3. 5 o '

PROBLEMA 1.13 Desenvolva f(t) = sen'r em série de Fourier.


Solução: Em vez de procedermos como no Probl. 1.12, usaremos _as identidades
e±Jne = cos nO ±j sen nO, (1.50)

e Jne + e -/n e
cosnO=----~--- (1.51)
2
eJne_e-/ne
sen nO=----- (1.52)
2j
Então,

senSt = (e
Jt
-
2j
e-it)S = _l_(e/St
32j
_ 5eJ3t + 10eJt _ 10e-Jt + 5e-J3t _ e-1St)

5 5 1
=- sen t - -- sen 3t + -- sen 5t. (1.53)
8 16 16

No caso considerado, a série de Fourier tem somente três têrmos.

1.5 Aproximação por Série de Fourier Finita

Seja

(1.54)

a soma dos primeiros (2k + 1) termos de uma série de Fourier que representa
f(t) em -T/2 < t < T/2.
Quando f(t) é representada aproximadamente por S",(t), isto é,
, k
f(t) = a
2
0
+ L: (an cos nWot + b« sen nWot) + 8k(t), (1.55)
n-1
14 S~RIE DE FOURIER CAPo 1

e ek(t) é o êrro ou diferença entre f(t) e seu valor aproximado, então o êrro médio
quadrático E; é definido por

Ele =T
I fT'2 [eJ.(t)]2 dt = T
1 fT'2 [f(t) - Sk(t)]2 dto (1.57)
-T12 -T/2
PROBLEMA 1.14 Mostre 'que, dada uma aproximação de uma função f(t) por
uma série finita de Fourier Sk(t), esta aproximação tem a propriedade de possuir
um êrro quadrático mínimo.
Solução: Substituindo (1.54) em (1.57),

(1.58)

Consideremos E, como função de ao, an e b.; Então, para têrmos um mmimo


para o êrro médio quadrático Ek, suas derivadas parciais em relação a ao, an e b;
devem ser iguais a zero, isto é,

aEk = O aEk = O (n = 1, 2, . , -).


aao ' abn

Permutando a ordem de diferenciação e integração,

st:
aa k =- T1 1 TI 2 [
l(t) - i:-
a
L (a k
n cos nWot + bn sen nwot) ]
dt, (1.59)
o -T/2 n=l

aE
aa k = - T2 L(T/2 [k
l(t) - a; - L (a n cos nWot + bn sen nwot) ~ cos (nwot) dt ,
n -T/2 n=l (1.60)

aE
abk =-
2
T L(TI 2 [
l(t) -
a
; - L (ak
n cos nWot + bn sen nwot)
]
sen (nwot) dt .
n -T/2 n=l (1.61)

Usando as propriedades de ortogonalidade (1.19), (1.27) e (1.28) dos senos e


co-senos, as integrais (1.59), (1.60) e (1.61) se reduzem a

ez
_k
a
= ...E.. _ _1 {T12 l(t) dt = O, (1.62)
aao 2 T -T 12

se
__ k = an -
2
-
[T12
l(t) cos (nwot) dt = O, (1.63)
aan T -T12

st:
__
ab n
k = bn - 21
-
T
T/2

-T 12
l(t) sen (nwot) dt = O. (1.64)

PROBLEMA 1.15 Mostre que o êrro médio quadrático E; na aproximação de


dada por Sk(t), definida por (1.57), se reduz a
f(t)

I fT'2 2 1 te
s, = T -T12 [f(t)]2 dt - ~ - '2 ];1 (a~ + b~). (1.65)
1.5 APROXIMAÇAO POR S~RIE DE FOURIER FINITA 15

Solução: De (1.57),

Ek = -1 [T/2
(f(t) - Sk (t))2 dt
T -T/2

(1.66)

Portanto,

-i
2
T
T/2
f(t) Sk (t) dt =-
2
ao
T 2
fT/2 2 k
f(t) dt + - '\'
TL·
an
i T2
/
f(t) cos (nwot) dt
-T/2 -T/2 n=1 -T/2

•k (T
T L bn L
2 /2 .
+ f(t) sen (nwot) dto
n=1 -T/2

Em virtude de (1.27) e (1.28),

~i T /2

-T/2
f(t) Sk(t) dt
a2
= ; + L (a
n=1
k
n
2
+ bn)·
2 (1.67)

Usando as relações de ortogonalidade (I. 19), vem:

1
T. lT / 2
[Sk (t))2 dt = T
1 JT /2 [
a; + Lk (a n cos nWot + bn sen nwot)
] 2
dt
-T/2 -T/2 n=1

ao
=-+-
4 2
2 1
L( k
a n2 +b2)n i» (1.68)
n=1
--- -
Substituindo-se (1.67) e (1.68) em (1.66), temos

e, =
1
T
lT/2 [I(t))2 dt - a; -
2
L (a; + b;) + a;
k 2
+"2
1
L (a; + b;)
k

-T/2 n=1 n=1

=-
1
T
i T2
/
[I(t))2 dt - ao2 __ 1 '\'k
4 2L
(a2 + b2)
n n'
-T/2 n=1

PROBLEMA 1.16 Estabeleça a seguinte desigualdade:

(1.69)

Solução: Mediante (1.57),

e, = 1
T
lT/2 (f(t) - Sk(t))2 dt 2. O. (1. 70)
-T/2

Além disto, de (1.65) deduzimos que

2
-
T
I T2

..
/ 2
(f(t)P dt 2. ao + '\' (a; + b;).
2 L
k
(1. 71)
-T /2 n= 1
16 S~RIE DE FOURIER CAPo 1

o teorema de Parseval afirma que se ao,an e bn, para n = 1,2,3, ... , forem
os coeficientes de um desenvolvimento em série de Fourier de uma função periódica
f(t) de período T, então
T'2 2

f
a>

_1 [f(t)]2 dt = ~ +~ L (a! + b~). (1.72)


T -T12 . 4 2 n= 1

PROBLEMA 1.17 Prove o teorema de Parseval.


Solução: Em virtude de (1.65)

(1. 73)

De acôrdo com (1.70) e (1.73), a seqüência {Ek} contém somente têrmos não nega-
tivos e é não crescente. A seqüência então converge. Além disto, em vista de (1.56),
lim êk(t)=f(t)- limSk(t)=O. (1.74)
k~oo k~oo

Então,

lim Ek = O. (1. 75)


k-+OO

Conseqüentemente, de (1.65) concluímos que

-
1
T
i T/2
[f(t)Fdt=.~+-"
a2
4
1 00

2 L... (a;+b;).
-T/2 n=1

1.6 Condições de Dirichlet

Anteriormente tratamos da determinação das séries de Fourier de funções dadas,


supondo que as funções dadas podem ser representadas por séries de Fourier.
Investigaremos agora a convergência das séries de Fourier para f(t).
O estudo da convergência é um dos assuntos mais elegantes da teoria de
Fourier. Estabeleceremos aqui simplesmente as condições conhecidas como con--
dições de Dirichlet, mediante as quais é possível a representação em série de Fourier
para uma dada função.
As condições de Dirichlet são as seguintes:
(1) A função f(t) tem um número finito de descontinuidades num período.
(2) A função f(l) tem um número finito de máximos e mínimos num período.
(3) A função f(t) é absolutamente integrável em um período, isto é:
T'2

f -T/2
If(l) I dt = finita < oo ,
.
(1.76)

Dizemos que uma função f(l) é secionalmente contínua no intervalo finito


[- T12, T12] se ela satisf izer às condições (l) e (2).

fel)

Fig. 1.5 Função secionalmente contínua e limites laterais.


1.7 DIFeRENCIAÇAO E INTEGRAÇAO DA .S~RIE DE FOURIER 17

Em um ponto de descontinuidade; como o mostrado na Fig. 1.5, o qual pode


ser à série de Fourier converge para
t = tu

1 . .
'2 [f(ll -) + f(11 + n, (1.77)

ondef(h -) é o limite de f(t) quando t se aproxima de It pela esquerda, e f(tl +)


é o limite de quando t se aproxima de II pela direita.
f(t) A razão desta proprie-
dade das séries de Fourier é discutida no Ap. A.

PROBLEMA 1.18 Se {an} e ~{bn} forem as seqüências de coeficientes de


Fourier de f(/), mostre então, que
lim an = lim b.; = O. (1.78)
n--+co n~co

Solução: Em virtude de (1.69),

TI 2
r
00

~ a~ + "
2 ~
(a; + b;) s~
T J_ .
[l(t)F dto
n=l -T12

Desde que a série do primeiro membro é convergente, é necessário que


lim (a; + b;) = 0,
n->OO

o que implica lim an = lim bn = O.


n ....• OO n--J>OO

PROBLEMA 1.19 Mostre que se f(t) fôr secionalmente contínua e absoluta-


mente integrável sôbre - TI2 < t < T12, então

Tf2 ITf2
lim
n-r+ee J -Tf2
f(t) cos (núJot) at = lim
n-r+ec -Tf2
f(t) sen (núJot) dt = O. (1.79)

Solução: Desde que f(t) é absolutamente integravel sôbre [- T12, Tf2], seus
coeficientes de Fourier a.; e b; existem. Em vista de (1.78), (1.79) decorre da defi-
nição dos coeficientes de Fourier, isto é,

lim
n->oo
an
{b
lim -
n->OO T
2 i T 12
l(t)
{cos
.(
(nwot)
dt = O.
n -T 12 sen nwot)

Então,
T /2 {cos (nwot)-
lim
J -T/2
l(t)
sen (nwot)
dt = O.

1.7 Diferenciação e I ntegração da Série de Fourier

Vamos agora considerar a diferenciação e integração da série de Fourier de


uma função. Notemos que a diferenciação têrrno a têrmo de uma série trigono-
métrica
ao
2"" + !;l (an
cc

cos núJol +b n sen núJot)

multiplica os coeficientes a.; e b.; por + nco.: Então, a diferenciação tende a ate-
18 S~RIE DE FOURIER CAP. 1

nuar a' convergência e pode resultar em divergência. Por outro lado an e b; são
divididos por t nou e o resultado é uma série cuja convergência fica aumentada.

PROBLEMA 1.20 Prove: o .seguinte teorema sôbre diferenciação da série de


Fourier:
Se f(t) fôr contínua em - TI2 ::; t ::; TI2 com f(- T12) = f(Tf2) e se sua
derivada fõr secionalmente contínua e diferenciável, então a série de Fourier

f(t) =
a
-2
0
+ L:'"(~cos
n_l
nWot + h,. sen nWot)

pode ser diferenciada têrmo a têrmo e seu valor é:

L: noi; (-
cc

j'(t) =
n_l
a" sennwot + b; cos nWot). (1.81)

Solução: Visto que I'(t) é secionalmente contínua e diferenciável, sua série de


Fourier converge para ela; então sua representação em série de Fourier é
00

f'(t) = ~o + L(CXncOS nC:Uot+ f3n sen nC:Uot), (1.82)


n= 1

onde

CXn= - 21
T
TI2

-T12
f'(t) cos (nC:Uot).dt,

f3n = - 21
T
TI2

-T12
f'(t) sen (nc:uot) dto (1.84)

Integrando (1.83) e (1.84) por partes, vem:

cxn = 2T ~(cos nC:Uot)f(t) I


TI2

-T12
+ nc:uo i T
!2
-T12
f(t) sên (nC:Uot) dt ]

(1.85)

I2
f3n = -2
T
[ (sen nC:Uot)f(t) jTI2

-T12
- nc:uo
L T
-T12
f(t) cos (nc:uoO dt
]

= - nc:uo an
(1.86)

desde' que f(--. T12) = f(TI2) .


. Observando que !X.o = O. Então,

L
00

f'(t) = nc:uo (-ansen nC:Uot + bn cos nC:Uot),


n=1

a qual pode ser obtida da série de Fourier de f(t), derivando-se têrmo a têrmo.
(A diferenciação de uma função que tenha descontinuidades de salto será discutida
na Seç. 2.5.) .

PROBLEMA 1.21 Seja f(t) secionalmente contínua para - TI2 < t < TI2 e
f(t +
T) = f(t). Mostre que a série de Fourier

f(t) = -2 ao +
I
~-l
L:'" (a n cos ncoa + b; sen nwot) (1.87)
1.7 DIFERENCIAÇAO E INTEGRAÇAO DA S~RIE DE FOURIER 19

pode ser integrada têrmo a têrmo, sendo seu valor

~f(t) dt =
1
-2 (t2 - + 2:- --1 [- b (cos cos
f I
1
00
.
ft)
n-·l nwo
n nWoh -
.
nWoft)

(1.88)

Solução: Como f(t) é secionalmente contínua e tendo em vista o resultado do


Probl. 1.6, a função F(t) definida por

(1.89)

é contínua e periódica com período T. Como, então,

(1.90)

P(t) é também contínua. Seja o desenvolvimento em série de Fourier de F(t)

1
L (an
00

F(t) = 2" ao + cos nWot + f3n sen nwot). (1. 91)


n= 1

Então, para n ~ I,

2 [T12
(Xn =- F(t) cos (nwot) dt
T -T12

= - --
2 lTI2
[l(t)
1
- - ao] seu (nwot) dt
nWoT -T12 2 .

(1.92)

f3n = -
2 [T12
F(t) sen (nwot) dt
T -T12

(1.93)

Então,

(1.94)
20 S~RIE DE FOURIER CAPo 1

Mas,

F(t2) - FCt) = J t
2

tI
f('r) dT- ~ao (t2 - tI)' (1. 95)

Então,

+ an (sennwot2 - sen,nwot1)]
a qual pode ser obtida da série de Fourier de f(t), .pela integração têrmo a têrmo .

.PROBLEMA 1.22 Mostre que a integral de' uma função periódica cujo valor
médio difere de zero não é uma função periódica.

Solução: De acôrdo com o resultado do Probl. 1.21,

o têrmo t aot não é periódico e, por conseguinte, a integral não é periódica.


Note-se que, integrando-se a série de Fourier de f(t), têrmo a têrmo, resultará a
série de Fourier da integral de f(t) somente se ao = O, isto é, somente se o valor
médio de f(t) fôr zero. Isto foi provado no Probl. 1.5.

PROBLEMA 1.23 . Seja f(t) contínua e f'(t) secionalmente contínua em ~ Tj2 <
< t < T12. Multiplique
. 1
L: ta; cos ncoet + b; sen nOJot)
cc

f(t) = -2 ao + n=1
(1.97)

por f(t), integre têrmo a têrmo e mostre que

T
1 f Tf2·
[f(t)]2 dt = 4 ao + 2
1 2 1
L: (aec

n
2
+ b~. (1.98)
-T/2 . n-1

(Cf. Teorema de Parseval - Probl. 1.17.)

Solução: Usando (1.27) e (1.28),

l T/2
. .. [ECt)F dt =
1
2" ao
lT/2
f(t) dt + L 00 [

an L
(T/2
f(i) cos (nwoi) dt
-T/2 -T/2 n=1 -T/2

+ bn
l T/2

-T /2
f(t) sen (nwot) dt
]

(1. 99)

Então,
1
-
T
i T /2
[E(i)F dt =-
4
1
a; 1
+ - \' (a; + b;).
2 L
00

-T/2 n=1
I):}T
1.8 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 21

1.& Problemas Suplementares

PROBLEMA 1.24 Ache os períodos das seguintes funções:


(a) cos nt, (b) cos 2nt, (c) sen (21tt/k), (d) sen t + sen (t/3) + sen (t/5),
(e) 1 sen COot1 .

Resp.: (a) 2n/n, (b) 1, (c) k, (d) 30n, (e) nko«.


Fig. 1.6 Função l (t) 'do Probl!. 1.29.

PROBLEMA 1.25 Mostre que a função f(t) = constante é uma função periódica
de período T para qualquer valor positivo de T.
l(t)

PROBLEMA 1.26 Se f(t) fôr uma função de t com período T, mostre que f(at)
para a #- O é uma função periódica de t com período T]a.

+ f-
PROBLEMA 1.27 Se fel) fôr uma função periódica de t com período Te inte-

grável, mostre que faCt) = f(r) dt é também periódica com período T.


.
a l-a

Fig. 1.7 Função i (t) do Probl. 1.30.


PROBLEMA 1.28 Mostre que, se f(t) e g(t) são secionalmente contínuasmo
intervalo (- T/2, T/2) e periódicas com período T; então a função

h (t) ~ ~
T
f T/2

-T /2
f(t - T)g(T)dT
.
l(t)

_ 77'2

é contínua e periódica com período T.

PROBLEMA 1.29 Ache a série de Fourier para a função f(t) definida por f(/) = 1
para - n < t < 0, f(t) = O para o < l < t: e f(l 2n) == f(t). (Veja Fig. 1.6). +
Resp.: 1. _1.
2 TT n
f: =1
sen (2n - 1) t
2n-1
Fig. 1.8 Função l( t)' do Probl'.1.31.

PROBLEMA 1.30 Ache a série de Fourier da função definida por f(t) = l para lU)
o intervalo (-n, n) e f(t 2n) = fel). +
(Veja Fig. 1.7)..

bc

Resp: 2 L (-1r-
1
sen nt .
n=l
~~~"
-2TT -TT O TT 217

PROBLEMA 1.31 Ache a série de Fourier para a função f(t) definida por fel) =t
para o intervalo (-n, n) e f(t 2n) = fel). (Veja Fig. 1.8). + Fig. '1.9 Função l(t) do Prob.1. 1.32.

Resp.: -
1 2 + 4 [00
TT
(_l)n
-- cos ttt .
3 n = 1
n2 l(t)

PROBLEMA 1.32 Ache a série de Fourier para a função fel) definida por f(t) =e l

para o intervalo (-n, n) e f(t 2n) = f(t). (Veja Fig .. 1.9). + , A

Resp.:
2 senh
TT
TT [I 2
+ ~
l-;;\
(_1)n (cos
1 + n2
nt _ n sen nn] .

PROBLEMA 1.33 Ache a série de Fourier para a função fel) = 1 A sen coolI. Fig.. 1.10 função l (t) do Probl.1.33.
(Veja Fig. 1.10).
22 SIliRIE DE FOURIER CAPo 1

00

2A 4A
Resp.: -+-
17 17
n=
[ 1

PROBLEMA 1.34 Desenvolva f(t) = sen-r cos-r em série de Fourier.

Resp.: l (2 cos t - cos 3t - cos St).


16

PROBLEMA 1.35 Desenvolva f(t) = e" cos t cos (r sen t) em série de Fourier.
[Sugestão: Use a série de potências para ez quando z = reit].

Resp.: 1+
n=
L 00

1
T
n!
n
cos nt.

PROBLEMA 1.36 Ache uma aproximação para a função f(t) = t no intervalo


(-n, n) por meio de uma série de Fourier finita com cinco têrmos não nulos.
Calcule o êrro quadrático nesta aproximação.

Resp.:
2 n~1
5 [< - 1)n-1
n sen nt ,
]
Es = 0,363.

PROBLEMA 1.37 Usando o desenvolvimento em série de Fourier do Probl. 1.10,


n 111
mostre que 4 = 1- 3 + "5- 7" +
1
[Sugestão: Faça t = 4 T em (1.34)].

PROBLEMA 1.38 Prove que

~1 ~2 = 1 + ii + + 116 + ... = ~2 •

[Sugestão: Faça t = n no resultado do Probl. 1.31].

L
00

PROBLEMA 1.39 Ache a soma 1


n= 1 (2n _1)2
[Sugestão: Faça t = ° em (1.40) do Probl. 1.11].

Resp.: n2f8.

PROBLEMA 1.40 Se a função periódica f(t) tem derivadas contínuas de ordem


superior a k e uma derivada secionalmente contínua de ordem k 1, mostre que +
existe um limite B dependente somente de f(t) e k, tal que
B B
I a« I < 'k+"l
n
e I s, I < k+l"'
n
onde an e b; são os coeficientes de Fourier de f(t).

PROBLEMA 1.41 Sejam f(t) e g(t) secionalmente contínuas com período T, e


a", b; e CXn, Pn os respectivos coeficientes de Fourier de f(t) .e g(t). Mostre que

J
1.8 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 23

PROBLEMA 1.42 Se f(t) fôr uma função periódica integrável com período T,
mostre que

1..1
T o
T
l(t)(K
2
- t)dt =
n
t ~,
=1 núJo

onde b; é um coeficiente de Fourier de f(t) e úJo = 2n/T.

[Sugestão: Desenvolva ( ~ T - t) em série de Fourier para O < t < T.]

PROBLEMA 1.43 Integre a série de Fourier de t2 do Probl. 1.31 para obter

OQ

e
L n16 -
n=1
9~~ .

PROBLEMA 1.44 Use o teorema de Parseval (1.72) para provar que

f" 1 772
h (2n_1)2
l
="8 .
[Sugestão: Use o resultado do Probl. 1.10].

PROBLEMA 1.45 Um conjunto infinito de funções reais {cPn(t)}, onde n = 1,


2, ... , é chamado ortonormal no intervalo (a, b) se

J b CPn (1) CPm (t) dt = «: r


"
onde bmn é o delta de Kronecker. Seja uma função f(t) definida no intervalo (a, b)
e suponhamos que f(t) possa ser representada como

L c., CPn(t)
OQ

I (t) = C1 cpl (t) + C2 cp2 (t) + ... + Cn CPn (r) + ... =


n=1

em qualquer ponto de (a, b) onde c; são constantes. Mostre que

Cn =fb l{t) CPn(t) dt, n = 1, 2, ....


B

Os coeficientes Cn são chamados coeficientes de Fourier da f(t) relativos ao conjunto


ortonormal {cPn(t)}.

PROBLEMA 1.46 Se fk(t) = 2: CncPn(t),


k
fôr uma aproximação para f(t) do

Probl. 1.45, mostre que o êrro médio quadrático


n-l

b I a J. b

[f (I) - fk(t)]2 dt é um

mínimo.

PROBLEMA 1.47 Mostre que se Cn são os coeficientes de Fourier de f(t) rela-


tivos ao conjunto ortonormal {cPn(t)}, então

A expressão acima é conhecida como a identidade de Parseval.


CAPíTULO

2 ANALISE DAS
,
,
FORMAS,
ONDULATORIAS PERIODICAS

2.1 Simetria Ondulatõrla

Vimos no Capo 1 que qualquer função periódica f(t) com período T que satis-
faça às condições de Dirichlet, isto é, a função f(t) seja secionalmente contínua e
integrável em qualquer intervalo, pode ser representada em têrmos de uma série
de Fourier .

1
+ J;l (a
cc

f(t) = "2 ao n cos nWot + b; sen nwct), (2.1)

onde Wo = 2njT.
Neste capítulo discutiremos o· efeito da simetria ondulatória numa série de
Fourier, e o emprêgo dos impulsos para o cálculo das séries de Fourier de algumas
ondas. .

2.1a Funções Pares e Funções ímpares

Uma função f(t) é dita par quando ~atisfaz à condição

f(- t) = f(t), (2.2)


e impar, se
f(- t) =- f(t). (2.3)

A Fig. 2.1 ilustra tais funções.


Notemos que as funções pares são simétricas em relação ao eixo dos y. Por
outro lado, as funções ímpares são anti-simétricas em relação a tal eixo. Veremos
agora algumas propriedades das funções pares e ímpares.

o PROBLEMA 2.1 Mostre que o produto de duas funções pares .ou ímpares é uma
(a) e
função par, e que o produto de uma função par uma função ímpar é uma função
ímpar. .
f(t)
Solução: Seja f(t) = f1(t) f2(t). Se fl(t) e h(t) forem funções pares, então
u- t) = I, (- t)f2 (- O = I, (t)f2 (t) = «»,
e se f1(t) e f2(t) forem funções ímpares, então
1(- O = I, (- tH (- t) == - I, (t) [- 12(t)] = I, (t)f2 (t) = I (t).
Isto prova que f(t) é uma função par.
(b) Anàlogamente, se fl(t) fôr uma função par e h(t) ímpar, então
1(- O =, I, (- t) 12(- t) = I, (t) [- 12(O] = - I, (t)f2 (t) = - I(t);
Fig. 2.1 (a) Função par.
(b) Função ímpar. Isto prova que f(t) é uma função ímpar.
2.1 SIMETRIA ONDULATORIA 25

PROBLEMA 2.2 Mostre que qualquer função fel) pode ser expressa como a soma
deduas funções componentes, das quais uma é par e a outra é. ímpar.

Solução: Qualquer função fel) pode ser expressa como


1 1 1 1
f(t).= 2 f(l) + 2 «: t) + 2 f(t) - 2 f(-t)
1 1
= 2 [t(t) + ti- t)] + 2 [t (t) - u- o]. (2.4)

Seja
1
2[f(t) + f(-t)] = fl'(t), (2.5)

1
2[f(t) - f(-t)] = fi (t). (2.6)

Entâo,

Portanto,

f(t) = t; (t) + fi (t),

ondeh(t) é a componente par de uma dada função f(t) e /;.(t) é a componente


ímpar de f(t).

Outra solução: Suponhamos que f(t) possa ser expressa como


f(t) = I p(t) + fi (t), (2.7) [(t)

___ t<=-.,
ondeh(t) e /;.(t) representam as componentes par e ímpar de f(t), respectivamente.
Conforme as definições de função par e função ímpar, dadas por (2.2) e (2.3), segue
que
(o)
f(- t) = f" (t) - li (r). (2.8)

A adição e a subtração de (2.7) e (2.8) dão, respectivamente,

f p (r) = 21 [f(t) + f(- t)],

1
--=~=--~_. (b)
t
fi (t) = 2 [f(t) - f(- t)].

--=+ .,
[i (t)

PROBLEMA 2.3 Ache as componentes par e ímpar da função definida pela [Fig.
2.2(a)] :
-I
t> O
f(t) = e, (c)
(2.9)
{
O, t < O. Fig. 2.2 (a) A função f(t) do ~robJ. 2.3(b)
A componente' par da Fig. 2.2 (a).
Solução: De (2.9), temos (c) A componente ím.par da Fig. 2.2(a).

O, t> O
f (- t) = (2.10)
{
e', t < O.
Portanto, de (2.5) e (2.6),
26 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATÓRIAS PERiÓDICAS CAPo 2

I t> O
2"e-t,
f p(t) = ~ [f(t) + «: t)] = .
(2.11)
{ 1 t
2"e. t <O ,

~e-t, t>O
f (t) = !..[f(t) _ f(-t)] = 2
, 2 (2.12)
1 {
- - et t < O.
2 '
As componentes par e ímpar de f(t) são representadas nas Figs. 2.2(b-c).

PROBLEMA 2.4 Se f(t) fôr par, mostre então que

f a f(t) dt
-a
= 2 faf(t)
O
dto (2.13)

Solução: O primeiro membro de (2.13) pode ser escrito do seguinte modo:

1: f(tr dt = 1: f(t) dt + i B

f(t) dto

Fazendo 1 = -.X na primeira integral do segundo membro, vem:

1-B
f(t)
0 dt = 1 B
0
f(-x) (-dx) = 1 o
B

f(-x) dx,

Como f(l) é par, isto é, f(- x) = f(x),

l B

f(- x) dx = ia f(x) dx = ia f(t) dto

Isto é válido, porque podemos usar qualquer símbolo para a variável de integração.
Então,

ia f{t) dt =
-B
1 O
B

f(t) dt + 1 O
a
f(t) dt = 2 1
C
a
f(t) dto

PROBLEMA 2.5 Se f(l) fôr ímpar, mostre então que,

L /«()
a
dt = O, (2.14)

l(t)
f(O) = O. (2.15)

Solução: Podemos escrever o primeiro membro de (2.14) como:


J1~J
, :
__T: !
, ,

:' T
_.
I,
I '
:I
'T
I
t

1: L: f(t) dt = f(t) dt + ia f(t) dt

2~ 2~
= ia f(- t) dt + ia f(t) dto

Fig. 2.3 Simetria de meia onda.


Visto que f(t) é ímpar, isto é, f(- t) = - f(t),
,
2.1 SIMETRIA ONDULATÓRIA 27

i-a
a l(t) dt = - (a I(l) dt Ia I(t) dt
Jo
+
O
= O.

Emparticular
1(-0) = -1(0);

portanto,
1(0) = o.

2,1b Simetria de Meia-Onda (a)

Se uma função f(t) fôr periódica de período T, então dizemos que a função f(t)
temsimetria de meia-onda quando a mesma satisfaz à condição

f(t) =- f (t + ~ T). (2.16)

(b)
A Fig. 2.3 mostra uma forma de onda com simetria de meia-onda. Observamos
quea parte negativa da onda é a imagem, num espelho, da parte positiva deslocada Fig. 2.4 (a) Simetria de quarto de onda pl
horizontalmente de um semiperíodo. (b) Simetria de quarto de onda ímpar.

PROBLEMA 2.6 Se uma função periódica j'(r) tiver simetria de meia-onda, mostre
que

f(t) =- f (I - ~ T). (2.17)

Solução: Se f(t) tem simetria de meia-onda, então, de acôrdo com (2.16),

1(t)=-/(t+}T).
Vistoque f(/) é periódica com período T,

I (t - .} T) = I (t + T - } T) = I (t + } T) .
f (I)
Portanto,

I(t) =- I (t + } T) =- I (t - } T).
2.1c Simetria de Quarto de Onda

Se uma função f(/) tiver simetria de meia-onda, e além disto, fôr par ou ímpar,
dizemosque f(t) tem simetria de quarto de onda par ou ímpar, respectivamente. A
Fig.2.4 mostra formas de onda com simetria de quarto de onda.

2.1d Simetria Oculta

Muitas vêzes a simetria de uma função periódica é obscurecida por Um têrmo


constante. O exemplo seguinte ilustra o fato.

PROBLEMA 2.7 Na Fig. 2.5(a), mostre que, se construirmos uma nova função, (b)
subtraindo uma constante Aj2 de f(t), obteremos uma função ímpar.
Fig. 2.5 (a) Simetria oculta.
Solução: A subtração de uma constante Af2 de f(/) simplesmente desloca o eixo (b ) Simetria ímpar.
horizontal para cima, de uma distância Af2. Como se vê na Fig. 2.5(b), é óbvio que
a nova função g(t) = f(t) - A/2 é uma função Ímpar.
28 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATÓRIAS PERiÓDICAS CAP. 2

2.2 Coeficientes de Fourier pa.a as Formas de Ondas Simé-


tricas
A aplicação das propriedades de simetria simplifica o cálculo dos coeficientes
de Fourier.

PROBLEMA 2.8 Se f(t) fôr uma função periódica par com período T, mostre que
sua série de Fourier consiste somente em uma constante e de têrmos em co-senos,
isto é,

f(t) =
1
-2 ao + n-l
I:
'"
a; cos nOJot, (2.18)

onde
21t
OJo = T'
e a; é dado por

a; = T4 fT'2o f(t) cos (nOJot) dto (2.19)

Solução: O desenvolvimento em série de Founer de f(t) é

1
L
00

f(t) = 2' ao + (an cos,nwot + bn sen nwot).


n=l

De (1.27) e (1.28), vem

an = -
2 [T12
f(t) cos (nwot) dt, n = O, 1, 2, ... ,
T -T12

bn = 21
T
TI2

-T 12
f(t) sen (nwot) dt, n = 1,> 2, •...

Visto que sen nOJot é ímpar e f(t) é par, o produto f(t) sen ncos: é uma função ímpar.
Portanto, conforme (2.14),
b; =0.

Além disto, desde que cos nOJot é uma função par, o produto f(t) cos nOJot é uma
função par. Portanto, de (2.13), vem:

4 {T12
an = - f(t) cos (nwot) dto
T o

PROBLEMA 2.9 Se f(t) fôr uma função periódica ímpar de período T, mostre que
sua série de Fourier consta somente de têrmos em senos, isto é,

'"
(t) = E s; sen nOJot, (2.20)
n-!
onde
21t
OJo = T'
e b« é dado por
2.2 COEFICIENTES DE FOURIER PARA AS FORMAS DE ONDAS SIM~TRICAS 29

b; = 'T
4 fT'2o f(l) sen (nwot) dto (2.21)

Solução: Visto que f(t) é uma função ímpar, o produto f(t) cos ncos: é uma função
ímpar,e o produto f(t) sen nWot é uma função par. Portanto, conforme (2.13) e
(2.14),

4 lT/2
bn == - f(t) sen (núlot) dto
T o

PROBLEMA 2.10 Mostre que a série de Fourier de qualquer função periódica


[(I) que tenha simetria de meia-onda contém somente harmônicos ímpares.

Solução: O coeficiente an no desenvolvimento em série de Fourier de uma função


periódicaf(t) é

an == -
2
T
i T
/2-
. l(t) cos (núlot) dt
.
-T/2

== - 2
T
[1 -T/2
0
f(t) cos (núlot) dt + lT2
/
o
l(t) cos (núlot)

Substituindo a variável t por (t - t T) na primeira integral, vem

an == ~ {lT/2 I (t - ~ T) cos [núlo (t - ~ T)] dt

+ i T2
/ l(t) cos (núlot) dt}. (2.22)

Já que f(t) tem simetria de meia-onda, aplicando a propriedade f(t) = -/(1 - t T)


de (2.17) e com base em que sen me = 0,

an == -2
T o
i T2
/ [- . f(t) cos (núlot) cos ntt + I (t) cos (núlot)] dt

2
~-[1 - (_I)n] lT/2 l(t) cos (núlot) dt
T o

para n par
== {~
T
lT/2o l(t) cos (núlot) dt para n ímpar.
,2.23)

Uma investigação semelhante mostra que

O . para n par
bn ==
{
4
T 1 T /2
f(t) sen (nwot) dt para n ímpar.
(2.24)

PROBLEMA 2.11 Mostre que a série de Fourier de qualquer função periódicaf(t)


que jenha simetria par de quarto de. onda, consta somente de harmônicos ímpares
dos têrmos em co-senos, isto é,
.,
f(t) = E a2n-l cos [(2n -'- 1) wolJ, (2.25)
n-l
30 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERiÓDICAS CAP. 2

onde
2lt
Wo = T'
8 fT/4'
a2n-l = T f(t) cos [(2n - 1) wot] dto (2.26)
o

Solução: Visto que f(t) tem simetria par de quarto de onda,

f(t) = tt- t),

Portanto, dos resultados dos Probls. 2.8 e 2.10, vem:

bn = 'O} para todo n (incluindo ao), (2.27)


a2n = O .

a2n-1 =4
-
T
io
T2
/ f(t) cos [(2n - 1) wotJ dt

=
4
T
{(TJ /4 f(l) cos [(2n - 1) wotJ dt
o

. T/2 }
+ ( f(t) cos [(2n - 1) wotJ dt . (2.28)
J T/4

Substituindo a variável t por (t + !T) na segunda integral, vem:

a2n-1 = T4 {lT/4
o f(t) cos [(2n - 1) wotJ dt

(2.29)

Usando a propriedade f(t) = - f(t + !T), temos:

a2n-1 =~ {lT/4 f(t) cos[(7.n -1)wot] dt + i:/4 f(t) cos [(2n - 1) wotJ dt}

= 4T i T4

-T /4
/ f(t) cos [(2n - 1) wotJ dto (2.30

Como f(- t) = f(t) e f(t) cos [(2n - l)wot] é par, obtemos de (2.13).

a2n-1 = -8
T
io
T4
/ f(t) cos [(2n -1)wot]dt.

PROBLEMA 2.12 Mostre que a série de Fourier de qualquer função periódica


f(t) que tenha simetria ímpar de quarto de onda, consiste somente de harmônicos
ímpares dos têrmos em senos, isto é,
2.2 COEFICIENTES DE FOURIER PARA AS FORMAS DE ONDAS SIMÉTRICAS 31

2:
ec

f(t) = b2n-1 sen [(2n - 1) (Oot], (2.31)


n-l

onde
2n
(00 =r'
b2n-1 8
=T
,
I T4

o
/
f(t) sen [(2n - 1) (Oot] dto (2.32)

Solução: Como f(t) tem simetria ímpar de quarto de onda,

f(-t)=-f(t) e f (t+~T) =-f(t).

Portanto, dos resultados dos Probls. 2.9 e 2.10, vem:

a
n -
- O} para todo n, incluindo ao, (2.33)
b2n = °
b2n-1 = -4
T
L o
T2
/ f(t) sen [(2n - 1) wotJ dto (2.34)

Calculando esta integral Como no Probl. 2.11, temos:

b2n-1 8
=-
T
L o
T4
/ f(t) sen[(2n-l) wotJ dto f (t)

o4lROBLEMA 2.13 Ache a série de Fourier para a função f(t) do tipo onda qua- --, l-
drada mostrada na Fig. 2.6. I
I
I
I <t
I

Solução: Da Fig. 2.6, segue-se: T


I
2 I 4 2
u- t) = I(t) e I (t + ~ T) = - I(t),
Fig. 2.6 Função onda quadrada do Probl. 2.13.
isto é, a função f(t) tem simetria par de quarto de onda.
Portanto, do resultado do Probl. 2.11 vem:

I (t) = L a2n-1 cos [(2n - 1) wotJ, Ú>O


217
= -,
T
(2.35)
n=l

a2n-l =-
8 lT/4 I(t) cos [(2n - 1) wotJ dt
T o

=- 81 T
T4

o
/ co s [(2n - 1) wotJ dt

8
=---:-:---sen[(2n
(2n - 1) woT
- 1) wotJ I TO/4

= 4 sen r(2n - 1) :!..]


(2n - 1) 17 l 2

4 para(2n _ 1) = 1,5, ... (2.36)


(2n - 1) 17

{ -4
para (2n - 1) = 3,7, .... (2.37)
(2n - 1) 17
32 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIODICAS CAP. 2

Então,

i(t) = -4
17
(cos wot - -1 cos 3wot + ...:...
3
1 cos Swot - ..•.
5
j (2.38)

I, PROBLEMA 2.14 Ache a série de Fourier para a função l(t) onda quadrada,
f (I) mostrada na Fig. 2.7.

--I J,,, ,, ,,--


Solução: Da Fig. 2.7, decorre

,,
I
,, I
I
I
, •. i(-t) = -i(t),
TI + I
T
-
'T
1- :T
--I
,
I-l
I I
21 4 4 !2
i(t+~T) =-i(t),

isto é,/(t) tem simetria ímpar de quarto de onda.


Fig. -2.7 Função Onda Quadrada
do Probl. 2.14. Então do resultado do Probl. 2.12, vem:

Lb
00
217
i(t) = 2n-1 sen [(2n - 1) wot], 'W =- (2.39)
o T '
n= 1

b2n-1 = -
8jT/4 i(t) sen[(2n - 1) wotl dt
T (

= -
8
T o
i T4
/
sen [(2n - 1) wotl dt.

= (2n-
-8 .
1) woT cos [(2il- 1) wotl o
IT/4

= 4
(2n - 1) 17
{I _ cos r(2n _ 1)
l !:.]}
2
4
f (I)' (2.40)
= (2n - 1) -;;.

Portanto,

i(t) = -4 (..
sen wJf + '-1 sen 3wot + -1 sen Swot + ..•.) (2.41)
17 3 5
Note que êste resultado é idêntico ao do Probl. 1.10.
-'T o T
(o)
Pelos Probls. 2.13 e 2.14, notamos que para adequadas escolhas da origem, isto
é, mediante deslocamentos na abscissa tempo, podemos desenvolver a função tanto
g (I) em série de co-senos como em série de senos. A .origem pode, certamente, ser esco-
'lhida em outro ponto, resultando uma série -em senos e co-senos,

PROBLEMA 2.15 Ache a série de Fourier para a função mostrada na Fig. 2.8(a).
-~--!-~.-f7-~-+~.--_ t Solução: Como mostra a Fig. 2.8(b), a função g(t) 7= [f(t) -l] é uma função
ímpar; então,

Lb
00

(I:!) (2.42)
g(t) = n sen nwot,
Fig. 2.8 Ia) Função f(t) do Probl. 2.15. n=l
(b) A componente Impar de f(t)
da Flg. 2.8(a).
bn = T' 21 T2
/ .
-T/2
g (r) sen (nwot) dt. (2.43)
2.3 DESENVOLVIMENTO DE FOURIER DE UMA FUNÇAO EM UM INTERVALO FINITO 33

Visto que g(t) sen ncos: é uma função par, de (2.13),

bn = -4
T
io
T2
/ g (r) sen (nwot) dt, (2.44)

Mas,

1 1
g(t) = -- - t para O < t < T.
2 T.

Então,

b
n
4
T
io
T2
/ (_1 __1 t)
2 T
sen (nwot) dt.

Integrando por partes, vem:

b
n
=~
T
L(~_
l 2 ~
T
t) 1
nTT
(2.45)

Logo,

1
f(t) = 2+ g(t)

1 1 00 1
= -+ - ~ -Isen nWot
2 TT L n
n= 1

= -1 +
2
-1 ~
TT
'sen wot + -1 sen 2wot + -1 sen 3wot + .
2 3
. ). (2.46)

f (t)
PROBLEMA 2.16 Usando o resultado do Probl. 2.15, ache a série de Fourier
para a função mostrada na Fig. 2.9(a).

Solução: Da Fig. 2.9(b) e do resultado do Probl. 2.15, vem:

1 1 1
fi (t) = 1- f(l) = 2+ -; L ;-
00

sen nO)ot. (2.47)


n=l
o T
Portanto, (a)

f(t) = 1- fi (t)
fi (t)=l-f(l)

1 1 1
= 1- 2 - -; L ;-sen nWot
00

n= 1

1
= --"-
2
1 11
,sen wot + - 8en 2wot + - sen oWot + .
TT ( 2 3
. ). (2.48)

o T
(b)

2.3 Desenvolvimento de Fourier de uma Função em um Fig. 2.9 (a) Função f(t) do Probl.2.1.6.
Intervalo Finito (b) Função f,(I) do Prob.l.2.16.

Uma função não periódicaf(t) definida em um certo intervalo finito (0,1') pode
ser desenvolvida numa série de Fourier que seja definida somente no intervalo (O, 1').
Podemos desenvolver f(t) em uma série de Fourier com qualquer freqüência funda-
34 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIOOICAS CAP. 2

mental desejada. Além disto, fel) pode ser representada somente por têrmos em
senos ou co-senos, Podemos fazer isto, construindo uma função periódica adequa-
da que seja idêntica a f(t) no intervalo (O, r), e que, satisfazendo às condições de si-
metria, conduza à forma desejada da série de Fourier. Isto se acha ilustrado na
Fig. 2.10

~_l~~.
(a)
T
_.1
(b)
,
".
"
,
(e)
T

"
" T=2T

(d) (e)

(a) Função i(l)


Fig. 2.10. dada.
(b) Simetria par: têrmos em ea-senas,
euo = n/ T_ (c) Simetria ímpar: têrmos em senos, euo = n/ T.
(d) Têrmos em senos e co-senos, euo = zv/t: (T: arbitrário).
(e) Simetria de meia-onda: têrmos em se nos e co-senos,
e. harmô~icos ímpares, euo = -rr/ T.
(f) Simetria par de quarto de onda: têrmos em
co-senos e harmônicos ímpares, euo = rr/(2 T).
(9) (9) Simetria ímpar de quarto de onda: têrmos em
senos e harmônicos ím.pares,. euo = rr/(2 T).

2.3a Expansões em Metade do Domínio

Sejaf(t) com período T = 2r. Sef(t) fôr par, então de (2.18) e (2.19) obtemos
a série de Fourier de co-senos

1 cc nn
f(t) = -2 ao + L
n=l
a; cos -
r
t (2.49)

com coeficientes

a" = t2 fr o f(t)cos
(mr7 t ) dto (2.50)

Se f(t) fôr Ímpar, então de (2.20) e (2.21) temos a série de Fourier de senos

ntt
L b; sen
cc
f(t) = - t (2.51)
,,=1 r

com

(2.52)
2.3 DESENVOLVIMENTO DE FOURIER DE UMA FUNÇAO EM UM INTERVALO FINITO 35

Ambas as séries (2.49) e (2.51) representarr a mesma função dada I(t) no intervalo
(O,r), Fora dêste intervalo, a série (L.49) representa a extensão periódica par de
I(t) tendo período T = 2. [Fig. 2.1O(b)], e (2.51) representa a extensão periódica
ímpar de I(t) com período T = 2. [Fig. 2. 19(c)]. As séries (2.49) e (2.51) com coe-
ficientes dados por (2.50) e (2.52) são chamadas expansões em metade do domínio
da função f(t) dada.

PROBLEMA 2.17 Dada a função (Fig. 2.11)


"-
J
para O < t < ~17
2
(2.53)
1
para -17<t<17 17 17
2 ' 2

desenvolva I(t) em uma série de Fourier de co-senos e faça o gráfico da correspon- Fig. 2.11 A função f(t) do Probl.2.17.
dente extensão periódica de I(t).

Solução: O gráfico da extensão periódica par de J;,(t) está representado na Fig. 2.12.
Para a extensão par de I(t),
1(
n = 1, 2, ..

De (2.50), vem

, a
n = ~ r 1T f(t) cos (nr) dt = ~]1T cos (nr) dt

17 Jo 17 1T/2

r-------1 -,------:
=-
2 sennt 11T
: : ~ I

n17 7T/2 : L "--_'-: _-+-_--'1_1


-1T o 'TT • ir

2 n17 2 2
=--sen-; (2.54)
n17 2 Fig. 2.12 Extensão periódica par de f (I)
da Fig. 2.11.

isto é,
O, n par (n ~ O)

2 ..
'8n = --, n = 1, 5, .
n17

2
-', n = 3, 7, .
n17

Para n = O,
a=- 2
o 17
i 1T/2
1T
dt=1. (2.55)

Portanto, .---.
I
I
'
'
,--,
,
, , ,
lp(t) 1
= -- -2( cos t - -1 cos 3t + -1 cos 5t - ... ) (2.56) I I
I 7T :--;- O
! '
1T'
2 17 3 5 • 1-- I
2 I
:!...---_: '2 ~--_..!
-1
para O < t < tt.
Fig. 2.13 Extensão periódica fmpar de f(l)
da Fig. 2.11.
PROBLEMA 2.18 Desenvolva I(t) de (2.53) em uma série de Fourier de senos e
faça o correspondente gráfico da extensão periódica de 1(1).

Solução: O gráfico da extensão periódica ímpar de fi(t) vem representado na Fig. 2.13.
36 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIOOICAS CAPo 2

Como se trata da extensão ímpar de l(t),


an = O, n = 0,1,2""

De (2.52), vem

bn =~ (1 f (t) sen (nt) dt


11 Jo

=_
21'"
11 '"/2
sen (nr) dt

= -
2
-cos nt \ tt
n 11 '"/2

=- ~ (cos n 11- COS ~ n 11), (2.57)


n 11 \ 2

isto é,
2
-r--r-r n=1,3,5;';'
n11

4
bn = --, n = 2,6,10," .. '
n11
O, Jl = 4,8,12,

Conseq üentemente,
l(t)
f. (t) = -2 (sen t + -'sen
1 1
3t + -sen 5t + ... )
'11 3 5,

- -2 ( sen 2t + -1 sen 6t + -1 sen 10t + ... ) (2.58)


11 3 5 '
para 0< t < ti.

PROBLEMA' 2.19 Dada a função (Fig. 2.14)


Fig. 2.14 Função l(t) do Probl. 2.19. 2k ' 1
-t paraO<t<-1
1 2
f(t) = (2.59)
{
2k (I _ t) para ~ 1 < t < 1
1 2"
desenvolva I(t) em uma série de Fourier de senos.

Solução: A extensão periódica ímpar de I(t) está representada na Fig. 2.15.


I, I, Desde que se trata de uma extensão periódica ímpar,
I ,
,, I
I ,

, I
I
an = O, n = 0,1,2,' ...
-1 I 21
, I
2
,
,I
I De (2.52), vem

Fig. 2.15 Extensão periódica ímpar l


da Fig. 2.14. bn = T2i T t) dt
o f(t) sen (n11

= -2
I
[2kll!
-,
I o
2 t sen (n11)
- t
I
dt + -2k
1
II 1/2
(l - t) sen (n11)
---.:.t
1
dt ] . (2.60)
2.4 FUNÇAO IMPULSO 37

Assimsendo, integrando por partes, vem:

(n-1- t (n-t
1
o
1/2
t sen
tr ) 1t
dt = --cos-t
nrr
n tr
1
l
I! 2
o
+-
1
tt tt
li!
o
2
cos
1
tt )
dt

12 1 12 1
= - --cos -nrr + --2 2 sen -n rr. (2.61)
2n tr 2 n rr 2
Anàlogamente,

f i
i!2
(1- t) sen (nrr
1
t) dt = ~cos
2n tt
.!:.nrr + ~!sen.!:.nrr.
2 n2rr2 2
(2.62) .

Substituindo(2.61) e (2.62) em (2.60), vem:

8k 1
b = -- sen - n rr (2.63)
n n2rr2 . 2 .

Portanto,
8k ( tr 1 tr
f (t) = - 2 sen- t - - 2 sen 3 - t + -1 sen 5 -tr t - .... ) (2.64)
rr 1 3 1 52 1

2.4 Função Impulso

.A função impulso unitário c5(t), conhecida também como função delta, pode ser
definidade vários modos. Usualmente ela é expressa pela relação

se t -:F 0,
se t = 0, (2.65)

f~",c5(t) dt = f~6 c5(t)dt = 1, 6> O. (2.66)

A Eq. (2.65). indica que c5(t) é zero, exceto em t = 0, onde ela se torna infinita,
demodo que (2.66) seja satisfeita.
. A função delta pode ser definida, também. somente em têrmos das propriedades
desua integral. Esta será a definição que usaremos. No que se segue, c5(t) será
definidano sentido ~a chamada função generalizada (ou simbólica).
Assim sendo, seja a função cjJ(t) (chamada função teste) contínua e idêntica-
mentenula fora de certo intervalo finito. Então, a função delta é definida como
umafunção simbólica pela relação

f ~ ",c5(t)cjJ(t)dt = cjJ(O). (2.67)

Aexpressão(2.67) não tem significado como uma integral ordinária. A integral e


a funçãoc5(t) são. simplesmente definidas pelo número 4>(0)associado à função cjJ(t).
Mediante a interpretação anterior, vê-se que c5(t) pode ser tratada corno se fôsse
umafunção ordinária, desde que nunca falemos sôbre o valor de c5(t). Considera-
mos,entretanto, os valôres das integrais que envolvem c5(t).
.. "'"
.

PROBLEMA 2.20 Prove as seguintes relações:

f ., '"c5(t- to} cjJ(t) dt = f .. '"c5(t)cjJ(t + to) dt = 4>(to), (2.68)


38 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIODICAS CAPo 2

f'"
_ cc J(at) 4>(t) 'dt
.
= Vi1 f'"_ J(t) 4>( -;;t
cc
)
dt = ~1 4>(0). (2.69)

Solução: Com uma simples mudança da variável independente, isto é, t - to = r


e, portanto, t = t +
ta~dt = dt,

l~ o (t - to) cp(t) dt = i~ o ('r) cp (r + to) a: = l~ o (t) cp(t + to) dt;

então, em virtude de (2.67).

l~ o (t) cp(t + to) dt = cp(t + to) I t= o = cp(to).

Anàlogamente, com at = T, t = T/ a, dt = .!.. dT, teremos, se a > O,


a

l~ o (at) cp(t) dt =~ i~ O(T)cp (:) dT

•• (00 O(t)CP(.!.-)dt=~cp(!.)1
a J- oo a a a t=O

1
=~cp(O);
se a < O,

1 -00
00
o (at) cp(t) dt =:;1 i-
00
oo

O(T)cp (T)-;; dT

= _~ i~ o(t) cp CO dt
1
= ~ cp(O).

PROBLEMA 2.21 Consideremos a função g(t) contínua em I = to. Se a < b,


mostre que

b 1 g(to) para a < 10 < b


J a J(t - to) g(t) dt = O
para b < 10 < a.
(2.70)

Solução: No caso, a expressão

lb s« -
a
to)gCt) dt

pode ser interpretada como segue: Façamos a função 4>(/) tal que

g(t) pãraa<t<b
cp(t)= O (2.71)
{ pãra b < to < a,
então, de (2.68) vem:

para a < to < b


para b < to < a.
2.4 FUNÇÃO IMPULSO 39

PROBLEMA 2.22 Se a < b, mostre que

r b

fJ(t - to) dt = 1~ para a < to < b

para b <. to < a.


(2.72)

Solução: Novamente escolheremos a função teste do seguinte modo: Considere-


mos a integral

e façamos rjJ(t) tal que

I paraa<t<b
cf> (t) = (2.73)
{
O para b < to < a;

portanto, de (2.68), vem

1 b o (t - to) dt = 1 00

_ 00 o « - to) 1> (t) dt

= 1> (to)
para a < to < b

para b < to < a.

PROBLEMA 2.23 Mostre que


f(t) fJ(t) = f(O) o(t), (2.74)

ondel(t) é contínua em t = 0, e também que


t fJ(t) = 0, (2.75)
1
fJ(at) =~ fJ(t) (2.76)

fJ(- t) = fJ(t). (2.77)

Solução: Se f(t) é uma função contínua, então

i~ [f (t) o (t)] 1> (t) dt = i~ o (i) [f (t) 1> (t)] dt

= f (O) 1> (O)

= f (O) i~o (t) 1> (t) dt

= i~ (t (O) o (t)] 1> (t) dto '(2.78)

Vistoque rjJ(t) é uma função teste arbitrária, concluímos que f(t) o(t) = f(O) t5(t).
Dêsteresultado torna-se óbvio que
to(i)=O.

De (2.69), vem

{
OO

-00
o (ai) 1> (t) 1
dt = -;
I I
1> (O) = -;
I I
1 1 -00
00

o (t) 1> (t) dt = Lr R1 o (t) 1> (t) dto


-00
40 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIODICAS CAP. 2

Então,
1
S(at) = - S(t).
\a\
Fazendo a = - 1 no resultado acima, vem:
1
S.(-t) = - S(t) = S(t);
\-1\
o que mostra que o(t) é uma função par.

2.4a Derivadas da Fu nção Delta (ó)

A derivada 8'(t) de o(t) é definida pela relação

f .. a> o'(t) 4>(t) dt = - f .. a> o(t) 4>'(t) dt = - 4>'(0), (2.79)

onde
o'(t) = d o(t)
dt '
4>'(0) = d4>
dt
I .
I-O
(2.80)

A Eq. (2.79) mostra que o'(t) = d o(t)/dt é uma função generalizada que associa o
valor -4>'(0) a uma função teste 4>(t).
A n-ésima derivada da função delta
n
o(n) (r) = d o(r)
dtn

pode igualmente ser definida pela aplicação repetida de (2.79), isto é,

(2.81)

onde
4>(n)(O) = dn4>~t) I :
dt I~O

PROBLEMA 2.24 Mostre que a expressão

f~a>f'(t)4>(t)dt =,- f~oof(t) 4>'(t)dt· (2.82)

é consistente para uma definição ordinária de uma derivada de f(t), se f(t) fôr uma
função ordinária com primeira derivada contínua.

Solução: Consideremos a integral dada por

l~ f'(t) cp (t) dto

i:
Integrando por partes, vem:

f' (t) cp (t) dt = f (t) cp (t) 1:00 - l~ cp' f (t) (t) dto (2.83)

Recordando que a função teste 4>(t) é tal, que é nula fora do intervalo conside-
rado, isto é, é igual a zero em t = + co,
2.4 FUNÇAO IMPULSO 41

i~ f' (t) ifJ (t) dt = - i~ I (t) ifJ' (O dto

Observar que a derivada I'(t) de uma função generalizada arbitrária f(t) é defi-
nida por (2.82).

PROBLEMA 2.25 Se f(t) fôr uma função continua e diferenciável, mostre que a
regra do produto
[f(/) <5(t)]' = f(/) <5'(t) + j'(t) <5(t) (2.84)
permanece válida.

Solução: Fazendo uso de (2.82),

i~ [I (t) o (t)] , ifJ (t) dt = - i~ [I (t) o (t)] ifJ' (t) dt

=- i~ o (t) [I (t) ifJ' (t)] dt

=- i~ o(t)I[f(t)ifJ(t)]'- ftt)ifJ(t) ldt

=-i~ 0(0 [f(t)ifJ(t)]' dt + i~ 0(0 [f'(t)ifJ (t)] dt

=i~ o' (t) [I (t) ifJ (t)] dt + i~ [o (t) f' (t)] ifJ (t) dt

= l~ [o'(t)f(t) + o(t) f'(t)] ifJ(t)dt. (2.85)

Portanto,
[f(t) o (t)] , = l(t) o'(t) + f'(i) o (t).

PROBLEMA 2.26 Prove que

. f(t) <5'(/) = f(O) <5'(t)- 1'(0) "(t). (2.86)

Solução: De (2.84), vem:

I(i) o'(t) = [/(t) o(t)]' - f'(t)o(t). (2.87)


Mas, de (2.74), resulta f(i)o(t) = I(O)o(t),

f'(t) o (t) = f'(0) o (t) ,

[1(0) o(t)]' = 1(0) o'(t).

Substituindo em (2.87), vem

f(t)o'(t) = I(O)o'(t) - f'(O)o(t).

PROBLEMA 2.27 Mostre que a função <5 é a derivada da função u(t), definida
pela relação:

f., u(t) <p(t) dt = f o'" <p(t) dto (2.88)


,:1
42 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIODICAS CAPo 2

Solução: De (2.82),

i~ u '(t) 1> (t) dt = .: l~ u (t) 1>' (t) dto

Mas, de (2.88), decorre

1
-00
00
u'(t) 1> (t) dt = - i oo

o
c/>'(t) dt = - [1> (00) - 1> (O)] = 1> (O),

pois 4J( co) = O. Então,

(2.89)

Conseq üentemente,
u'(t) = du(t) = ô(t). (2.90)
dt .

u (I) A função generalizada (ou simbólica) u(t) definida por (2.88) é conhecida como
função unitária de Heaviside ou função degrau unitário. Ela é, de costume, definida

_11-"1
como (Fig. 2.16)
para t >-0
u(t) = 1~ para t < O.
(2.91)

o
Não é definida em t = O.
Fig. 2.16 Função unitária de
Observe que a derivada da função u(t) é zero para t < O e para I > O.
Heaviside ou função degrau unitário.

PROBLEMA 2.28 Seja fel) uma função secionalmente contínua tendo desconti-
nuidades de saltos aI, a2, ... em ts, 12, ... (Fig. 2.17). Seja f'(l) definida em
qualquer ponto, exceto nos pontos de descontinuidades, supostas em número finito.
Ache a função generalizada de f(t).

Solução: Consideremos a função

g(t) = f(t) - [ak u(t - tk), (2.92)


f (I) , k

onde

I para t > tk
u (t - tk) =
{
O para t < tk•
A função g(t) é, obviamente, contínua em qualquer ponto, e tem, exceto em um nú-
mero finito de pontos, uma derivada igual a f'(l).
Então, a diferenciação de (2.92) dá:
Fig. 2.17 Uma função secionalmente contínua
ten-lo descontinuidades em saltos.
g'(t) = nt) - [ak ô(t - tk) (2.93)
k

com o emprêgo de (2.90).· De (2.93), temos

(2.94)
2.5 S~RIES DE FOURIER DAS DERIVADAS DE FUNÇOES PERIODICAS DESCONTINUAS 43

A Eq. (2.94) mostra que a derivada generalizada de uma função diferen-


ciávelsecionalmente contínua com saltos é a derivada ordinária, onde ela existe,
maisa soma das funções () nas descontinuidades, multiplicadas pelas amplitudes
dossaltos.

2.5 Séries de Fou rier das Derivadas de Fu nções Periód icas


Descontínuas

Uma seqüência de uma função generalizada {fn(t)} , n = 1,2, .. " converge


para a função generalizada f(t), se e somente se,

!~f~/n(t) <jJ(t) dt = f~
/(t) <jJ(t) dt (2.95)

para cada função teste <jJ(t).


Anàlogamente, uma série

defunções generalizadas que converge para a função generalizada f(t) pode ser dife-
renciada têrmo a têrmo. Noutras palavras,

k
I'(t) = E fn'(t).
n-l
(2.96)

Neste caso, dizemos que a série converge no sentido das funções generalizadas,
embora no sentido ordinário de convergência, a derivada de uma série convergente
de funções diferenciáveis possa não convergir, em geral. Isto está ilustrado no
Probl. 2.29.
No Probl. 1.20, mostramos que, se f(t) fôr periódica e contínua e dada por

1 '"
f(t) = -2 00 + n-l
E (a; cos nOJot + b; sen nOJot), (2.97)

entãof' (t) é também periódica e pode ser obtida diferenciando (2.97) têrmo a têr-
mo, isto é,
'"
I'(t) = E
n-l
(- nco« On sen nOJot + nOJo b n cos nOJot). (2.98)

Com os conceitos de função () e de derivadas generalizadas, podemos, agora,


investigar as séries de Fourier das derivadas das formas de onda com um número
finito de descontinuidades num só período. .'
f (t)

PROBLEMA 2.29 Ache a série de Fourier da derivada da função com a forma


de onda da Fig. 2.18.

Solução: Em virtude do Probl. 2.15, a série de Fourier de f(t) é dada por

1 1 00 1
f (t) = - + - \' - sen nWot -T o T 2T
2 TT L n
n=1
Fig. 2.18 Forma de onda do Probl. 2.29.

(2.99)
44 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATÓRIAS PERIÓDICAS CAP. 2

Diferenciando (2.99) têrmo a têrmo, vem:

2
L
00
n217
J'(t) = T cos --to
T
(2.100)
n= 1

Por outro lado, de (2.94),


00

f'(t)=-~+ o(t-nT). (2.101)


T
n=-oo

Observamos que a série de Fourier (2.1(0) não é uma série convergente no sentido
ordinário, mas podemos dizer que a série (2.100) converge para a função generalí-
zada (2.101) no sentido de uma função generalizada.

Igualando (2.100) e (2.101), obtemos interessante resultado, a saber, a série de


s« + T) S(t) sCt - T) SCt - 2T) Fourier que exprime uma seqüência de impulsos unitários (Fig. 2.19), isto é,

J [ L
-T
Fig.. 2.19
o T
1
Trem periódico de
2T

impulsos
Portanto, .
- -T1 + n--...

n~
L: b(t-nT)

'"
•••
co

b(t-nT) = T +T
1
= -.
2
T

2
'"
L:
n-I
cos--

x;.l'" cosn(1)ot,
n2n
T
t. (2.102)

(2.103)
unitários.

onde
2n
(1)0 = T'

A Eq. (2.103) mostra que uma seqüência de impulsos periódicos unitários


é constituída de um têrmo constante 1fT e de uma soma de harmônicos, todos exa-
tamente com a mesma amplitude de 2fT.
A seqüência periódica de impulsos unitários é uma função muito útil e, por-
tanto, é conveniente representá-Ia por um símbolo especial bT(t). Desta forma,

'"
bT(t) = L:
n--
so-: nT).G:)
(2.104)

~-----------------------
PROBLEMA 2.30 Deduza a série de Fourier de uma seqüência periódica de im-
pulsos unitários bT(t) mediante aplicação formal de (1.27) e (1.28).
Solução: Suponhamos que
1
L
00

OT (t) = 2" ao + (an cos nWot + bn sen nwot). (2.105)


n=1

Se aplicarmos (1.27) e (1.28), usando (2.70) e (2.72), vem:

1
- ao
2
=-
1
T
l T
/ 2
°T (t) dt =-
1
T
I T:;2
o (t) dt
1
=-
T'
(2.106)
-T/2 -T/2

an 21
=-
.T
T2
/
-T/2
OT (t) cos (nwot) dt =- 21 T
T2
/
-

-T/2
~(t) cos (nwot) dt = -2
- T
cos nWot I
1=0

2
= T' (2.107)
2,6 CÁLCULO DOS COEFICIENTES DE FOURIER POR DIFERENCIAÇAO 45

bn = 2
-
T
i T2

-T/2
/ BT (r) .sen (ncuot) dt = 2
.
-T L T2
/

-T/2
B (r) 'sen (ncuoO dt

= ~
T
seu ncuot I
. tocO
= O. (2.108)
Portanto,

1 2
L
00 00
211
B(t-nT)=T+TL cosncuot, CUo =-· (2.109)
T
n=-OO n= 1

2.6 Cálculo dos Coeficientes de Fourier por Diferenciação

o uso da função b em conexão com a diferenciação pode facilitar o cálculo


doscoeficientes da série de Fourier de certas funções.

PROBLEMA 2.31 Ache a série de Fourier da forma de onda da Fig. 2.20(a) por
dferenciação de f(t).
Solução: Seja

1
L
00

f (r) = 2" ao + (Sn cos ncuot + bn sen ncuoO, (2.110)


ne 1

1
L
00

f'(t) = 2" CXo + (CXn cos ncuot + {3nsen ncuoO, (2.111) [ io


. n=l A
'--I
, '--I,
onde
211
,
I
I
,, ,,
I
,
I t
CUo=-' -T
T T d O d T T

2 2 2 2
(o)
Diferenciando têrmo, a.têrmo (2.110) e igualando a (2J1l1l);,temos,:

(2.:112)

Então,

(2.113)

Visto que I'(t) é uma função generalizadà: ímpar [Fig. 2.20(b)],

n = 1,2, •.. , (2.114)

(b)

Fig. 2.20 . (a) Forma de onda do Probl.2.31.


(b) Primeira Derivada
da forma de onda da Fig. 2.20(a).

= _ '4 A sen (frcuod )'\' (2.115)


T 2'
46 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATÓRIAS PERiÓDICAS CAP. 2

De acôrdo com (2.113), segue

seu (nw
Td) 2Ad sen - (nTTd)
T
(2.116)
T
(n~od) (n;d)
(2.117)

Visto que o têrmo constante tao se anula por diferenciação, usando (1.23), vem:

1
2" ~o = T
1 lT/2
I(t) dt =
Ad
T· (2.118)
-T/2
Portanto,

(nTTd)
I(t) = Ad + 2Ad f-. sen T coJn 2TT~. (2.119)
r T f:-: (n;d) '\ T 'J

PROBLEMA 2.32 Empregando a série de Fourier da seqüência periódica de im-


pulsos unitários (2.103), refaça o Probl. 2.31.
Solução: A derivada f'(t) da Fig. 2.20(b) pode ser expressa como:

f'(t)-A [t 8(t+~d-nT)] -A [.t8(t-~d-nT)] (2.120)

De (2.103), vem

(2.121)

(2.122)

onde aJo = 2;. Substituindo (2.121) e (2.122) em (2.110) e usando a identidade


trigonométrica cos (A + B) - cos (A - B) = - 2 sen A sen B, vem:

I , (t) T
=
2A.ç:.,L... [( cOS' nWot + nTTd)·
T - cos
(,\nwot - nTTd)]
T
n= 1

=-
4A
T f.
L... sen (nTTd)
T sen (nwot)· (2.123)
n=1

Portanto,

f3n = -
4A
T sen
(nTTd)
T ' (2.124)
2.6 CÁLCULO DOS COEFICIENTES DE FOURIER POR DIFERENCIAÇAO 47

Então,

ZA sen '(nrrd)
--
= -
nrr T

. sen (nrrd)
--
2Ad T
(2.125)
T (n~d)
(2.126)

'/-pROBLEMA2.33 Ache a série de Fourier para a forma de onda da Fig. 2.2l(a)


por diferenciação,
tU)

-T _L -d2 -d, o d, d2 T T
2 2

(o)

t'( t)

- - d2-d,
A
r---
o

---A
'-- d2 -d, '-- '---
(b )

(c)
Fig. 2.21 (a) Forma de onda do Probl. 2.33. (b) Derivada primeira da forma
de onda da Fig. 2.21(a). (c) Função par generalizada t"(tl.~~ tU)
da Fig. 2.21 ( a ) .

Solução: Se f(t) fôr desenvolvida em série de Fourier

1 00

f(t) = 2' Bo + [ (an cos nWot + i; sén nwot), (2.127)


n= 1
48 ANÁLiSE'" DAS FORMAS ONDULATORIAS PERIODICAS CAPo 2

onde Wo = 2rrfT, então


00

f'(t) =[ (--núJo an sen núJot + núJo b., cos núJoi), (2.128)


n;l

L
00

f"(t) = [-(núJo)2 an cos núJot - (núJo)2 bn sen núJotl. (2.129)


n=1

[Veja Fig. 2.21(b)]. Mas, em virtude da Fig. 2.21 (c), f"(t) é uma função generali-
zada par e

1
r(i) = _A_[_ô(t - d,) + ô(t - d2)1, 0< t < 2" T. (2.130)
d2 - d,

Por conseguinte,

(2.131)

__ 4_A_-:-1T/2 [-ô(t - d,) + ô'(t - d2)] cos (núJoi) dt


T(d2 - d,)

(2.132)

(2.133)

o têrrno constante tao pode ser obtido como

1 1 jT/2 A (2.134)
- ao = - f(t) dt = - (d, + d2).
2 T T
-T/2

Portanto,
00
A AT
f (I) =-
T
(d, + d2) +
tr
2 (
d2 - d,
)
L
n;1
(2.135)

2.7 Problemas Suplementares

PROBLEMA 2.34 Prove que a função zero é a única função simultâneamente


par e ímpar.

PROBLEMA 2.35 Se uma função f(t) fôr ímpar, prove que If(t) I é par.

PROBLEMA 2.36 Seja uma função f(t) diferenciável no intervalo (- a, a). Mos
tre que sua derivada f'(t) é ímpar quando f(t) é par, e par quando f(t) é ímpar.
2.1 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 49

PROBLEMA 2.37 Ache as componentes par e ímpar das seguintes funções:


(a) e', (b) l..±..l (c) t sen t - sen 2t.
t- 1 '
.. t2 + 1 .( ) 2t
Resp.: (a) fp{t)=cosh t, li{t)=~enht, (b) fp(t) =-2--1 ' li t = -2-1'
t - t -
(c) fp(t)=tsent, f.(t)=-sen2t. ~

PROBLEMA 2.38 Ache o d:senvolVimento em série de Fourier da função f(t)


definidapor f(t) = I t I para (-n, n) e f(t + 2n) = f(t). (Veja Fig. 2.22).
t
00 :-.--......- "

.1 \' 1 -217 -rr o 17 217


Resp.:.!L L cos (2n -1) t .
2 17 n =1 (2n _1)2 . Fig. 2.22 Função f(t) do Probo. 2.38.

PROBLEMA 2.39 Seja f(t) uma função periódica com período T, definida em
(- T12, T12) e cuja série de Fourier é
00
217
f(t) = ~ + \' (an cos núJo t + bn sen núJo r ), úJo =-.
2 L . T
n=1

Se/p(t) e fi(t) forem as componentes par e ímpar de f(t), mostre que f,,(t) e fi(t) têm
sériesde Fourier

La L
00 00

fp(t) = ~o + n cos núJot e fi(t) = bn sén núJo t.


n=1 n =1

PROBLEMA 2.40 Utilizando o resultado do Probl. 2.39, ache o desenvolvimento


em série de Fourier de cada uma das seguintes funções definidas em (-n, rr) e com
período2n: (a) cosh t, (b) senh t.
[Sugestão: Use o resultado do Probl. 1.32].

Resp.: (a) 2 senh [1 L 17


- +
oo
(_I)n
-- cos n t] ,
17 2 n =1 1 + n2

(_I)n+1
(b) 2 senh
17
17

n=1
L -'---'--::-
00

sen
l+n
2
n nt .

PROBLEMA 2.41 Mostre que o valor médio quadrático de f(t) é igual à soma
dosvalôres médios quadráticos de suas componentes par e ímpar, isto é,

1
T
J TI2

-T12
[f(t W dt = .l
T
jTI2

-T12
[fp(t)f dt + ;
jTI2

-T12
[f;,(t)]
2
dt

PROBLEMA 2.42 Seja a função f(t) periódica, com período T. Se f(l T- t) =


= f(t), determine o comportamento, dos coeficientes de Fourier an e bn de f(t).
llustref(t) gràficamente. .

Resp.: a2n+1 = O, b2n = O.

PROBLEMA 2.43 Se a função periódica f(t) com período T satisfizer à condição


m T- t) = -f(t), determine o comportamento dos coeficientes de Fourier On e
b,. de f(t). Ilustre f(t), gràficamente.

Resp.: a2n = O, b2n+1 = O.


50 ANÁLISE DAS FORMAS ONDULATÓRIAS PERiÓDICAS CAPo 2

PROBLEMA 2.44 Suponha fel) = O para - ! T < t < O. Se o desenvolvimen-


to em séries de Fourier de fel) no intervalo (- Tl2, T/2) fôr
00

1ao + [ (an cos núJo t + bn sen núJo t), úJo = 211/T,


2 n =1

mostre que as séries de Fourier de co-senos e de senos de fel) no intervalo (O, Tj2)
são

00 00

ao + [ 2an cos núJot e [ 2 b., seu núJo t.


n=1 n=1

PROBLEMA 2.45 Represente as seguintes funções fel) em senes des Fourier


de co-senos e faça o gráfico da correspondente continuação periódica de fel):

(a) f(t) = t, O <t< 11, (b) f(t) =sell!!.. t, 0< t < I


I

00

Resp.: (a) !!.. _ 4 [ 1 cos (2n _ 1) t ,


2 11 n =1 (2n - 1)2

(b) 1 _i [_1 cos (211) t + _1 cos (411) t + _1 cos (611) t + ... ].


11 11 1·3 I 3·5 I 5·7 I

PROBLEMA 2.46 Represente as seguintes funções fel) em série de Fourier de


senos e faça o gráfico da correspondente continuação periódica de fel):

(a) f(t) = cos t, O < t < 11, (b) 11-t, O<t<11.

00 00

Resp.: (a) -ª- '\' __ n_ seu 2n t , (b) 2 [ .!.. seu nt .


11 L 4n _1
n=1
2
n= 1 n

PROBLEMA 2.47 Ache as séries de Fourier de senos e de co-senos de

f(t) = 111t para O < t <1. 11


4 2
= 1'11t (11 - r) para 1. 11'< t < 11.
4 2
00 00 n+1

Resp.: 112
- '\' 1cos nt, '\' (-1) sen (2n _ 1) t .
16 L n
n =1
~1 (2n _1)2

PROBLEMA 2.48 Seja <p,,(t) = Y(2lr) sen (me/r:) t, onde n = 1,2, .. '. Mostre
que as funções {<Pn(t)} formam um conjunto ortonormaI em (O, r).

PROBLEMA 2.49 Seja f(t) definida sôbre (O, r), Mostre que a série de Fouriei
de f(t) em relação ao conjunto ortonormalf é.jrj} do Probl. 2.48 é a série de Fou.
rier de senos de fel) em (O, r).
[Sugestão: Use o resultado do Probl. 1.45].

PROBLEMA 2.50 Mostre que

(a) f(t)8(t- to) = f(to)8(t- to), (b) t8'(t) = - 8(t),

n
(c) 8'(-t)=-8'(t), (d) 8 (_t) = (-lt8n(t).
2.7 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 51

1
PROBLEMA 2.51 Mostre que bU(t)] = ~ II'(tn) 1 b(t - tn), onde tn são os zeros
de f(t).
[Sugestão: Façaf(t) = r e forme tf;(t') == 4>(t)/II'(t) I.]

PROBLEMA 2.52 Mostre que


oc
.1
(a) 8((2 - a2) = -- 18« - a) + 8(( + a)!, (b) 8(sent) = 87T{t) ~ L sti : n1T).
2\a\ n=_oc

[Sugestão: Use o resultado do Probl. 2.51].

PROBLEMA 2.53 Por diferenciação, ache os coeficientes de Fourier para a fun-


ção f(t) definida por f(t) = t para (-n, n) e f(t 2n) == f(t). +
Resp.: Ver Probl. 1.30.

PROBLEMA 2.54 Utilizando a série de Fourier do trem de impulsos unitários


(2.103) e a diferenciação, ache os coeficientes de Fourier para a função f(t) definida
por f(t) = é para (-n, n) e f(t 2n) = f(t). +
Resp.: Ver Probl. 1.32.

PROBLEMA 2.55 Por diferenciação, ache os coeficientes de Fourier da onda de


senos f(t) = IA sen I, isto é, uma retificação completa da onda.
úJot

Resp.: Ver Probl. 1.33.

PR.OBLEMA 2.56 Ache, por diferenciação, os coeficientes de Fourier da função


cuja forma de onda se vê na Fig. 1.3.
Resp.: Eq. (1.40).

PROBLEMA 2.57 Ache, por diferenciação, os coeficientes de Fourier da onda de


senos correspondente à retificação de meia-onda, como representado na Fig. 1.4.
Resp.: Eq. (1.49).

PROBLEMA 2.58 Use o resultado do Probl. 2.55 para reduzir a série de Fourier
da onda de senos resultante de retificação de meia-onda, como se mostra na Fig.1.4.

[Sugestão: Note que f(t) pode ser expressa como

I (t) = 1A sen Wo t + 1\A sen Wo t I.]


2 2

PROBLEMA 2.59 Seja f(t) = h(t) + fi(t), onde h(t) e fi(t) são, respectivamente,
as componentes par e ímpar de f(t), Mostre que

1
T
fT!2

-T!2
l(t)l(t-T)dt= Ti
1 T!2

-T!2
lp(t)lp(t-T)dt+-:r
1 JT!2

-T!2
l,(t)l,.(t-T)dt.

PROBLEMA 2.60 Mostre que, se f(t) fôr uma função contínua e diferenciável,
então
CAPITULO

3 ESPECTROS DE
••

FREQUENCIAS DISCRETOS
A

3.1 I ntrod ução

A representação de uma função periódica em uma série de Fourier implica que


a especificação de seus coeficientes de Fourier determine de modo único a função.
Neste capítulo, exploraremos ainda o uso dos coeficientes de Fourier para o estudo
de funções periódicas, introduziremos o conceito de espectros de freqüências para
sinais periódicos.

3.2 Forma Complexa das Séries de Fourier

Em várias aplicações das séries de Fourier é conveniente exprimir tais séries em


têrmos de exponenciais complexas e::'jnwc/. •
Consideremos agora a série de Fourier de uma função periódica f(/) como

- 1
+ 1: (a
<X>

f(/) ~ -2 ao
n=!
n cos nOJol + b; sen nOJo/), (3.1)

onde OJo = 2n/T. O co-seno e o seno podem ser expressos em têrmos de exponen-
ciais como

(3.2)

(3.3)

Substituindo (3.2) e (3.3) em (3.1), vem:

Notando que l/j =- j, (3.4) pode ser escrita também como:

(3.5)

Se fizermos

1
Co =""2 ao, (3.6)
3.2 FORMA COMPLEXA DAS S~RIES DE FOURIER 53

então
a>

f(t) = Co +L (Cn ein"'r/. + C-n e-;n",.,t)


n-1

a> -a>

= Co +L Cn ein",.,t +L c; ein",.,t
n_l n--l

= L a>
Cn ein",.,t • (3.7)
n_-Q';)

A Eq. (3.7) é chamada de forma complexa da série de Fourier de f(t) ou série de .


Fourier complexa de f(t).
Os coeficientes Cn podem ser fàcilmente calculados em função de a.; e bn, como
já sabemos. Na verdade, .

o
Co =-
1
2
ao =-
1
T
f T/2

-T12
f(t) dt, (3.8)

= T1 [fT12
f(t) cos (nOJot) dt - j
fTI2
f(t) sen (nOJot) dt
]

-T12 -T12

= T1 {fT/2
f(t) Ecos (nOJot) - j sen (nOJot)] dt }
-T12

= -1 fTI2
f(t)
.
e-m",.,t dt, . (3.9) .
T -T12

1 1 fTI2 .
C-n = 2' (a; + jbn) = T fel) eJnwJ dto (3.10)
. -T12

Se f(t) fôr real então,.


C-n = C*n, (3.11)

onde * indica o complexo conjugado.


As Eqs. (3.8), (3.9) e (3.10) podem ser combinadas numa única fórmula,
isto é,
I fTI2 .
c" = - fel) e-mwJ di, n=O, +1, +2,···. (3.12)
T -T12

Visto que fel) e-jnwJ é periódica com período T, e em virtude de (l.lO), c; pode ser
achado também pela fórmula

c" = -1
T
Io
T
f(t) e-mwJ
. dto (3.13)

Além disto, se
c" I Cn I ei</Jn, c_" = Cn*.= I Cn I «=«,
. (3.14)

então

(3.15)
54 ESPEt:TROS DE FREQU~NCIA5 DISCRETOS CAPo 3

<Pn = are tg (- ~:) (3.16)

para todo valor de n, exceto para n = o. Neste caso, Co é real e

I
Co = 2" ao. (3.17)

PROBLEMA 3.1 Ache a série de Fourier complexa da função onda dente de ser-
ra, f(t) mostrada na Fig. 3.1 e definida por

A
{ (I) I(t) = - t, 0< t < T, I (t + T) = I (r ). (3.18)
T

Solução: A representação em série de Fourier complexa de fel) é dada por


00
-T o T I(t) = L c., ejnwot, úJo =
277
T
(3.19)
n=-oo
Fig. 3.1 Função onda dent.e de serra.

Os coeficientes Cn podem ser achados mediante (3.13); assim,

(3.20)

Visto que e-jn21r = 1,

cn =
.
J --
A
= J --
. A
= --
A
e
jf . (3.21)
n úJo T 277n 277n

Certamente, isto não tem significado para n = O. Entretanto, paran = O, de (3.8),

co= -1
T
lT o
I(t)dt= -A2
T
lT
o
tdt= 1
-A.
2
(3.22)

Então,

__ A . A [00' 1 jnWot
(3.23a)
I(t) -+J-- -e
2 277 n
n=-oo

00 , TT)
= ~ +.~)' .!.e (j
nWo t+"2 , (3.23b)
2 277 L n
n=-oo
ai

onde I:
n--Q)
I significa que o somatório é feito em relação a inteiros não nulos.

PROBLEMA 3.2 Reduza à forma trigonométrica da série de Fourier o resultado


do Probl. 3.1.
3.2 FORMA COMPLEXA DAS StlUES DE FOURIEIt 55

Solução: De acôrdo com (3.6)

temos

ao = 2 C01 (3.24)
\

an = c., + C_n = Cn + c: = 2 Re [cn] I (3.25)


(3.26)

onde Re e 1m representam respectivamente "a parte real" e "a parte imaginária".


Então, de (3.21) e (3.22), vem

(3.27)

Conseqüentemente,
1 00

f(t) = 2" ao + [ (an cos nWot + bn sen nWot)


n =1

A A[oo 1 .
= - - - -sennwot
2 11 n
n=l

= - A A(- sen
- - wot + -1..
sen· 2 wot + -1 sen 3 wot + . . .) . (3.28)
2 11 2 3

PROBLEMA 3.3 Ache a série de Fourier complexa da função periódica f(t), re-
sultanteda retificação completa de uma onda senoidál, indicada na Fig. 3.2 e defi-
nida por -1 o 2
-2
f(t)=A::!en11t. O<t<l, f(t+T)=f(t). T=d. (3.29)
Fig. 3.2 Função periódica onda
Solução: Visto que o periodo T = 1, (00 é dada por senoidal retificada.

211
Wo = - = 211; (3.30)
T
então a série complexa de Fourier é dada por
00

(3.31)
n=-oo

Em virtude de (3.13), os coeficientes Cn são:

= li A sen: 11te- j2'TTntdt

= ~
2j
li
o
(e-J'TT(2n-l)t _ e-J'TT(2n+l)t]dt

= ~ [e-i'TT(2n-l)t _ e-i'TT(2n+l)t] \1.


2j - j11(2n - 1) - j11(2n + 1) o
56 ESPECTROS DE FaEQO~NCIAS DISCRETOS CAPo 3

Como e±i2.-n =1 e e+i •. = e-i •.


-2A (3.32)
rr(4n2 - 1)

Podemos utilizar (3.8) a fim de conferir êste resultado para n = O; então,

! (T f(t)dt
T o J
2A (3.33)
tt

Portanto,

00

f(t)=_2:" 1 ej27Tnt. (3.34)


" L... 4n2-1
n=-oo

PROBLEMA 3.4 Reduza o resultado do Probl. 3.3 à forma trigo nométrica da


série de Fourier.
Solução: Podemos escrever novamente a Eq. (3.34) como

f(t) = 2 A
--- . 2 A (1-e j27Tt
+-e1 j47Tt
+-e1 j67Tt
+ ... )
tt tr 3 15 35

-- 2 A
tt
(1
-e
3
~j27Tt
+-e
15
1 -j47Tt
+-e 1
35
-j67Tt
+ ... )

2A 4- A [1--e1 (j27Tt 1 1 (j47Tt


+e -j27Tt) +--e +e -j47Tt)
tr n 3 2 15 2

2A 4 A (!cos Znt + -.!.. cos 4rrt + -.!.. cos 6rrt +. .). (3.35)
tt tr 3 15 35 I

Ou, utilizando (3.25) e (3.26),

4A (3.36)
rr(4n2 - 1) ,

bn = -21m(cn] = O. (3.37)
Então,

f(t) = i t ao+
n=l
(an cos nWot + bn sen nwot)

2A 4A
-
-0
L...
1
cos n 2rrt
2
tt tt (4 n - 1)
n=l

tt
4--A
T1
(1
-cos
3
1
Zn t + ~ cos 4rrt + -
15
1
35
cos 6rrt + . .} (3.38)
3,3 ORTOGONALIDADE DAS FUNÇOES S~RIES DE FOURIER COMPLEXAS 57

l.3 Ortogonalidade das Funções Séries de Fourier


Complexas

A ortogonalidade das funções seno e co-seno foi derponstrada na Seç, 1.3. En-
lletanto,para funções que assumem valôres complexos, o conceito de ortogonali-
dade tem que ser ligeiramente modificado. Diremos que o conjunto de funções
complexas{f,.(t)} é ortogonal no intervalo a.< t <: b, se .

para n #= m
(3.39)
para n = m,
onde f~(t) é o complexo conjugado de Im(t). Por exemplo, se

Im(t) = ejm~ = cos mWot + j sen mwot,


então, seu complexo conjugado é

1:'(1) = e-jmwol = cos mwof - j sen mosa.

OBLEMA 3.5 Mostre que o conjunto das funções séries de Fourier complexas
{~}, n = 0, ± I, + 2, . . . , obedece à condição de ortogonalidade para n #= m
I I 21t .
epara- 2" T < t < 2" T, onde Wo = T .

Solução: Desde que eimwoll m=O = I,

T/2 jT/2
i einúJol. 1
1 dt = _._ einúJol
-T/2 Jnwo -T/2

= _._1_ (ein7T _ e-in7T) ,


Jnwo

= O para n ~ O, (3.40)·

i
T/2
= ej(n-m)úJol dt
-T/2 .

= 1 ej(n-m )úJol 1 T/2


j (n - m) Wo -T/2

__ 1__ (ej(n-m)7T _ e-i(n-m)7T)


j(n - m)wo

, 1 , [(_1)n-m _ (_1)n-m]
J(n - m}wo

=0 para n~m. (3.41)

ROBLEMA 3.6 Aplicando a ortogonalidade das [unções séries de Fourier com-


exas do conjunto {ein"'oI}, determine o~ coeficientes das séries de Fourier comple-
IS,
58 ESPECTROS DE FREQOENCIAS DISCRETOS CAP. 3

Solução: Seja f(/) uma função periódica com período T, e seja a série de Fourier
exponencial complexa, correspondente a esta função, dada por

L
00

211
f(t) = en ejnWol , Wo= -. (3.42)
T
n=-oo

Multiplicando, então, ambos os membros por e=«, e integrando em [ - 1- T, ~ T).


temos:

lTI2
f(t) e-jmwol dt = J_{T12 ( L 00
en ejnWol
)
e-jmWol dt
-T12 -T12 n =-00

(3.43)

Em virtude de (3.41), a quantidade entre colchêtes é nula, exceto quando n = m;


então,

"0
l
TI2 {TI2
f(t) e-jmwol dt = em e dt
-T12 -T12

TI2
= em.
l -T12
dt

(3.44)

Portanto, fazendo m = n, vem:


T12 .
en = l f(t) e-jnwol dt. (3.45)
{
T -T12

3.4 Espectros de Freqüências Complexas


Um gráfico onde se marcam no eixo horizontal as freqüências angulares e no
eixo vertical os valôres dos coeficientes c« das séries (3.7) chamamos espectro de
amplitudes da função periódica f(t). Um .gráfico' onde se marcam no eixo vertical
os ângulos de fase <Pn, de Cn [Veja (3.14)] 'e no eixohorizontal as freqüências àngu",
lares chamamos espectro d~ fases d~.J(t); Como os índices n assumem sõmente va·
lôres inteiros, os espectros. de. amplitudes e de fases, não são curvas contínuas mas
sõmente aparecem na variável discreta nroo. A. tais valôres discretos chamãmos,
então, espectro de freqüênciadiscretq 'ou linha~spect"Ql. ' A representação dos 'c0e-
ficientes complexos Cn, contra a variávél,discrel.a.neue, especifica a função periódica
f(t) no chamado' domínio de; freqüências, do mesmo modo que a função f(t) contra
t a espeçifica no domínio do temjo.
l(t)

\-d-\ PROBLEMA 3.7 Ache o espectro de freqüências da função periódica f(t) mos-
trada na Fig. 3.3 que consiste em uma seqüência de pulsos retangulares idênticos,
de amplitude A e de duração d.
-T T d o d T T
Solução: A função f(t) pode ser expressa num período, como segue:
2 2 2 2
para - !.d<t<!.d

f(')_{
Fig. 3.3 Seqüincia de pulsos
retangulares. idênticos. 2 2
(3.46)
1 1 1 1
para~-T<t<--d -d<t<-T
2 2 ' 2 2 -,;
3,4 ESPECTROS DE FREQU~NCIAS COMPLEXAS 59

217
Então,de (3.12), com Wo = T .vem

Cn = 11
T T2
/

-T/2
f(t)e-inúJotdt

= A
_

T
i d2
/

-d/2
e-inúJot dt

d/2
A 1 - jnwot·
- --e
T -Jnwo I
-d/2

~ _1_ (einúJod/2 _ e-inúJod/2)


T jnwo

Ad __ 1_ ..!.... (einúJod/2 _ e-inúJod/2)

T (n~od) 2j .

sen (nwod)
--
Ad 2 (3.47)
T (n~od)
Mas no» d/2 = nndl T; então,
sen (n17d)
--
Ad T (3.48)
T (n;d)
'De (3.47) ou (3.48) éóbvio que c.; é real e, por conseguinte, seu espectro de fases é
zero. O espectro de amplitudes é obtido, fazendo o gráfico de (3.47) ou (3.48)
contra variável discreta nwo. A Eq, (3.47) tem valôres somente para freqüências
discretas nwo, isto é, o espectro de freqüências é uma função discreta e existe so-
mente em
±217 ±417
w = O, , . , , etc.
T T

Consideremos o espectro para alguns valôres específicos de d e T. Para


d = 1/20 e T = 1/4 de segundo,
. 217
Wo = - = 817.
T

Então, o espectro de amplitudes existe em

w=O, ±817, ±1617,···,etc.,


e está representado na Fig. 3.4(a).
Visto que d/T= 1/5, o espectro de amplitudes torna-se zero no valor de nwo.
para o qual
d
nwo ~ = m17
2
ou n 17 f = n 17(~) = m 17 (m = ± 1, ± 2, ... ),

isto é, em w = I S Wo = ± 40 17, ± 10 Wo = ± 8017 , ± IS WO = ;t 120 17, ....


No seguinte caso, consideremos que se tenha d = 1/20 e T = 1/2 segundo, e
217 d 1
Ú:)O = - = 417,
T T 10
60 ESPECTROS DE FREQOENCIAS DISCRETOS CAPo 3

1 1 d 1
d= -. T=-.
20 4 T S AIS 1 1 d
d= -. T= -. -= -
271
"'o = - = 871 ,, , 20 2 T 10
T
I
, \
\ A/IO "'o =
271
- = 471
T
I
I
I
r
,r
.,...8071 -4071 o
-10"'0 -Swo
(b)

Flg. 3.4 EspeCtro de .mplituCles.

Então, o espectro de amplitudes existe em


cu ~ '0 , ± 4 77,. ±8 77, • . . ,

e torna-se zero nos valôres de nwo para os quais

d
ncuo - = m77
2
ou n77~ =n77(~) =m77 (m= ±1, ±2, .. ),

isto é, em w = + IHk.oo= + 401t, + 20wo = + 8On, + 3Owo = + 1201r,. . .. O es·


pectro de amplitudes para êste caso é mostrado na Fig. 3.4(b).

Devemos notar que o espectro de fases do Probl. 3.7 é nulo, devido à simetria
dos pulsos retangulares da Fig. 3.3 em relação ao eixo central vertical. e devido à
localização particular da origem. No exemplo seguinte. ilustramos o caso em que
a origem é deslocada id para trás.
t(t)

A
PROBLEMA 3.8 Encontre o espectro de freqüências para a função periódica
f(t) mostrada na Fig. 3.5.

Solução: De (3.13), com CUo = 277, vem


-T T o d 1: T T
2
2

Fig. 3.5 Funçãof(t) cio Probl~3.8. Cn =.!. rT


f(t) e-Jnwol dt = ~ ld e-Jnwol dt
T Jo T o

_ A
----e 1 -,'n'" ot Id .
T -jncuo o'

~ _. _1_ (1 _ e-Jn"'Od)
T ]n~o

~ _._1_ e-inwod/2(eJn"'od/2 _ e-inwod/2)


r ]nCJ,)o

(3-.49)
3.4 ESPECTROS DE FREQOItNCIAS COMPLEXAS 61

Então,

(3.50)

(3.51)

o espectro de amplitudes é exatamente o mesmo que o do Probl. 3.7 e não é


afetado pelo deslocamento da origem, mas o espectro de fases é agora igual a
- nwod/2 = - tmdl'T radianos.

PROBLEMA 3.9 Mostre que o deslocamento do tempo numa função periódica


não tem efeito sôbre o espectro de amplitudes, mas altera o espectro de fases de
- nwor radianos para a componente de freqüência nco«; se o deslocamento de tempo
fôr r.

Solução: Seja fel) uma função periódica com período T, e suponhamos que sua
série de Fourier complexa seja dada por

00

f(t) = [ en einúJot. (3.52)


n=-oo

De (3.52),

00

f(t- 'T)= [ eneinúJo(t-T)

n=-oo

n=-oo

00

= )' e' einúJot (3.53)


'-' n . 'o
n=-oo

onde
(3.54)

Portanto, se
.
en = Ie In
ei<Pn
, (3.55)

então
(3.56)

Em virtude de (3.55) e (3.56) é óbvio que os espectros de amplitudes de fel) e de


l(t-r) são os mesmos; contudo, as fases-são diferentes. O deslocamento de tempo
r causa um atraso de fase de nwor radianos na componente da freqüência nwo.

Em (3.47) ou (3.48), se
nco-â nnd
--2. -----x
T - no
62 ESPECTROS DE FREQUENCIAS DISCRETOS CAPo 3

então
Ad sen Xn
=r :« Xn
(3.57)

A envolvente de c« é uma função contínua determinada pela substituição de nwo


por W ou Xn por X. Na análise de freqüência, a função

sen x
( ) =---
Sax (3.58)
x

desempenha importante papel e é conhecida como função amostra. A função amos-


tra é apresentada na Fig. 3.6. Note que a função tem zeros em x = + me,
n = 1, 2,' ..• etc.

S8 (x)

0(t-2T)
0(/)

-T o T 2T

Fig. 3.6 Função amostra. Fig. 3.7 Trem peri6dico de impulsos unitários.

3.5 Determinação dos Coeficientes de Fourier Complexos


Empregando a Função õ

. Na Seç. 2.6 vimos que a determinação dos coeficientes de Fourier de certas


funções é bastante facilitado com o emprêgo da função Aplicaremos agora õ.

a mesma técnica para a determinação dos coeficientes de Fourier complexos.

PROBLEMA 3.10 Ache a série de Fourier complexa da seqüência periódica de


impulsos unitários da Fig. 3.7.

Solução: Uma seqüência periódica de impulsos unitários bT(t) pode ser expressa
como

L
00

8T (t) =
n=-oo
8(t -nT), _T<t<I.}
2 2
(3.59)

= 8(t), --<t<-.
T
2
T
2

2n
Portanto, com too = T'
3.5. DETERMINAÇAO DOS COEFICIENTES DE FOURIER COMPLEXOS 63

(3.60)
Porconseguinte,
00 00

L L
00
tn 27T t

L s« - nT) = ! einWot = TI e T (3.61)


, T
n=-oo n=-oo n=-oo

PROBLEMA 3.11 Prove que (2.103) é igual a (3.61).


Solução: De (3.61), temos

n=-oo 0=-00

~ [1 t + (einwot + e-inwo~]
n v t

12""
T + T L cos nwot
ne t

12["" 277
- + - cos n-t (3:62)
T T T '
n=1
queé exatamente (2.103).

PROBLEMA 3.12 Ache os coeficientes de Fourier complexos pará a função fel)


mostrada na Fig. 3.8(a).
Solução: Suponhamos que
oc

f(t) = L Cn einwot ,
277
(3.63)
n=-oo

Diferenciando têrmo a têrmo como indicado na Fig. 3.8(b-c), vem:

(3.64)
n=-oo

L L
oo

f"(t) = (jnwo/Cneinwot - (nWo)2Cneinwot. (3.65)


n=-oo n=-oo
ESPECTROS DE FREQObfClAS DISCRETOS CAP. 3

1'(/)
1(/)

T
"2

(a) -A//.

(b)
til (I)

~ 8(/+1.) ~8(/-/.)
/. /.
Fig. 3.8 (a) Funçio i(t) do Prabl 3.12.
( b) Derivada primeira de i (t) da FIg. S.I( a ).
( c) Derivada _unda dei (.t) da F~ 3.8( a ).
'"

No intervalo - TI2 < t < T12, da Fig. 3.8(c),

f"(t) = 18(t + t1) - 2A 8(t) + ~ 8(t - t1); (3.66)


t1 t1 t1

então,

2A
- (c os nwot1 - 1). (3.67)
Tt1

Usando a identidade trigonométrica 1 - cos () = 2 sen! ( ~) , vem:

-(nw)2c = _ 4Asen2 (nwot1). (3.68)


o n Tt1 2

Portanto,

(3.69)
3.6 POTENclA LATENTE DE UMA FUNÇAO PERIODICA 65

PROBLEMA 3.13 Resolva novamente o Probl. 3.12, usando a série de Fourier


complexa (3.61) de uma cadeia periódica de impulsos unitários.
Solução: Em vista da Fig. 3.8(c), f"(t) pode ser expressa como

De (3.6l),
00
1
L L
00
217
s« - nT) = T Ú>o=
T
(3.71)
n=-oo n=-oo

Substituindo t por t + 11 e t - 11, respectivamente, na expressão acima, vem

L· ô(t + t, - nT)
00

=
1
T L 00

ejnwo(t+tt} ;L 00

ejnWot, ejnwot •. (3.72)


n=-oo n=-oo =-00

(3.73)

Substituindo (3.71), (3.72) e (3.73) em (3.70), resulta

(3.74)

Portanto,

(3.75)

então,

(3.76)

3.6 Potência Latente de uma Função Periódica: Teorema


de Parsevat
A potência latente de uma função periódicaf(t) no período T'é definida como o
valormédio quadrático

T1 f·1"2 (f(t)]2dt. (3.77)


-1'/2 '

Supondof(t) uma forma de onda de tensão ou de corrente, então (3.77) representa


a potência média liberada por f(t) numa resistência de 1-S2.
66 ESPECTROS DE FREQO~NCIAS DISCRETOS CAPo 3

PROBLEMA 3.14 Sejamfl(t) e j2(t) duas funções periódicas que tenham o mesmo
período T. Mostre que

(3.78)

onde (CI)n e (C2)n são os coeficientes de Fourier complexos respectivamente de fl(t)


e dej2(t).

Solução: Seja
00

217
ú)o= (3.79)
T
n=-oo

onde

(3.80)

Seja

(3.81)
n=-oo

onde

{3.82)

Então,

Em vista de (3.82),

(3.84)
Portanto;

O teorema de Parseval afirma que, se f(t) fôr uma função periódica real com
período T, então .

(3.85)

onde os Cn são os coeficientes-de Fourier complexos da função f(t).

PROBLEMA 3.15 Demonstre o teorema de Parseval.


3.6 POTSNCIA LATENTE DE UMA FUNÇAO PERIODICA 67

Solução: Fazendo f1(t) = f2(t) = f(t) no resultado (3.78) do Probl. 3.14, vem:

(3.86)

Como f(t) é real, então de (3.11)

Portanto,

= t
n=-oo
1 Cn 12.

PROBLEMA 3.16 Do resultado (3.85) do Probl. 3.15, deduza a identidade de


Parseval

Tlf'
T/2 . ,'
2
[f(t)] dt = 41 ao2 + 2I~ 4.J (ti;;2 +b 2
n), [1.72]
-T/2 n-I

onde a e b são os coeficientes de Fourier def(t). (Cf. Probl. 1.17.)

Solução: De (3.6) temos:

então,

(3.87)

Substituindo (3.87) em (3.85),' vem:

00

= I Co 12 + 2 L1 Cn 12
n=1

= '41 ao 2
+ 21~(L.., 2
«; + n) .
b2 (3.88)
n= 1

PROBLEMA 3.17' Mostre que O valor médio quadrático de uma função periódica
1(1) é igual à soma dos valôres médios quadrâticos dos seus harmônicos.

Solução: De (1.12), vem:

L c,
00

f(t) = c, + cos (nwot - ()n)·


n =1
68 ESPECTROS DE FREQOENCIAS DISCRETAS CAP. 3

Para o n-ésimo harmônico de f(t), temos


fn (t) = Cn COS (n cuot - ()n) .

O valor raiz médio quadrático é Cn/V2; então, o valor médio quadrático do n-ésimo
harmônico é (Cn/V2)2.
Em vista de (1.14),

então,
2 1 2
1 Cn 1 = -Cnn
4
Conseqüentemente, de (3.88), resulta

(3.89)

A Eq. (3.89) indica que o valor médio quadrático de uma função periódica
[(t) é igual à soma dos valôres médios quadráticos de seus harmônicos. Observamos
qUe a potência latente (valor médio quadrático) de uma função periódica depende
somente das amplitudes de seus harmônicos e independe de suas fases.

3.7 Problemas Suplementares

PROBLEMA 3.18 Mostre que os coeficientes de Fourier complexos de uma função


periódica par são reais, e que os de uma função periódica ímpar são imaginários
puros.

PROBLEMA 3.19 Se f(t) e g(t) forem funções periódicas com período T, e seus
desenvolvimentos em série de Fourier são
00 00

f(t) = [ cnejnWot, g(t) = [ dnejnWot para CUo = 217 ,

"=-00 n=-oo
T

mostre que a função

h(t) = l JTI2 f(t - T)g(T)dT


T -T12
é uma função periódica com o mesmo período T e pode ser expressa como
00

h (t) = [ Cn dn e jn Wo t •

n=-oo

PROBLEMA 3.20 Se f(t) e g(t) forem funções periódicas com período T e seus
desenvolvimentos em série de Fourier forem

L
ec

L
00

f(t) = ~!,ejnWot, g(t) = dn e


1nCUnt para
n=-,)()
"=-00
3.7 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 69

mostre' que a função h(t) = f(/) g(/) é uma função periódica com o mesmo período
T e pode ser expressa como .

h(t) = L 00

ane jnWo/ ,

0=-00

L
00

onde an = Cn-k dk •

k=-oo

[Sugestão: Mostre que an = L


00

Cn-k dk são os coeficientes de Fourier de h(t)].


k=-oo

PROBLEMA 3.21 Se f(t) fôr uma função períodica com período T e de coefici-
entes de Fourier complexos Cn, mostre que os coeficientes de Fourier complexos da
função portadora modulada em amplitude f(t) cos mcos: são t (Cn-m Cn+m). +
PROBLEMA 3.22 Se f(t) fôr integrável no intervalo finito (- t T, t T) e w fôr
real, mostre que
TI2
lim
!wl ...•cc J-T12
f(t)e-jw/dt=O.

[Sugestão: Use o Probl. 1.19].

PROBLEMA 3.23 Ache a série de Fourier complexa da função f(t) definida por
f(t) = serr'r para (O,n) e f(t n) = f(t). +
Resp.:

PROBLEMA 3.24 Ache, por integração direta, a série de Fourier complexa para
a função f(t) definida por f(t) = e' para (O, 2n) e f(t 2n) = f(t). +
Resp.: e
27T
_l f'-' _1_ e/n/,
217 nf:.,., 1- jn

PROBLEMA 3.25 Empregue a diferenciação para achar a série de Fourier com-


plexa para a função do Probl. 3.24. Note que f'(t) = f(t) - (e2r - 1) (j2.-(t), onde

L (t-217n).
ou

8 (t)27T = 8
n=-:.o

PROBLEMA 3.26 Reduza o resultado do Probl. 3.24 à forma trigo no métrica das
séries de Fourier.
7T

Resp.: 2
e-I [
1+ " 00 _1_ (cos nt _ n sen nt) ]
.
17 ,2 L 1 + n2
n=1

PROBLEMA 3.27 Mostre que se Wo = 2nfT,

PROBLEMA 3.28 Ache os coeficientes de Fourier complexos e esboce o espectro


de freqüências para a onda f(t) correspondente à retificação de meia senóide, de-
70 ESPECTROS DE FREQUlôNClA DISCRETOS CAPo 3

finida por
A seu wot para O < t < T /2
fel) =
{
o para T/2 <t<T

e f(t + T) = f(1), onde Wa = 2n/T.


I j o.
Resp.: c.; = 2rr(1 _ n2) (1 + e-im,), e note que CI = C-I = - '4 e C2m+1

onde m = I, 2~ . . . .

PROBLEMA 3.29 Ache os coeficientes de Fourier complexos e esboce o espectrc


de freqüências da função f(l) onda dente de serra definida por f(1) = - ~ 1 +~
para O < 1 < T e f(r + T) = f(r).

C -__ 1_, Co = O.
Resp.: n j2 TT n

PROBLEMA 3.30 Aplique o-teorerna de Parseval (3.85) ao resultado do Probl.


(3.29) para provar que

PROBLEMA 3.31 Use a diferenciação para achar a série de Fourier complexa


função onda dente de serra da Fig. 3.1.

Resp.: Eqs. (3.23a-b).

PROBLEMA 3.32 Use a diferenciação para achar a série de Fourier complexa da


onda resultante da retificação completa de uma senóide da Fig. 3.2.

Resp.: Eq. (3.34).

PROBLEMA 3.33 Mostre que, se f(t) fôr uma função periódica real com período
T, então

onde os c; são os coeficientes de Fourier complexos da função f(t).


[Sugestão: Use o resultado do Probl. 3.15].

PROBLEMA 3.34 Sejamji(t) ef2(t) duas funções periódicas que tenham o mesmo
período T. Mostre que

onde (CI)n e (C2)n são os coeficientes de Fourier complexos, respectivamente de !l(t:


e de fz(t), e Wa = 2rr/T.

PROBLEMA 3.35 Mostre que, se f(t) fôr uma função periódica real com periodc
T, então
1
T
J T /2
f( I + T) f (t) dt = L00
I nI
C
2'
eJ
n eu 7'
o,
- T/2 n=-oo

onde os c; são os coeficientes de Fourier complexos de fel), e Wa = 2n/T.


CAPíTULO

INTEGRAL DE FOURIER E
ESPECTROS CONTíNUOS
4
4.1 Introdução

Vimos que as séries de Fourier constituem poderoso instrumento na abordagem


de vários problemas que envolvem funções periódicas. Entretanto, como vários
problemas práticos não envolvem funções periódicas, é desejável o desenvolvimento
de um método de análise de Fourier que inclua as funções não periódicas. Neste
capítulo, discutiremos uma representação em freqüências das funções não periódicas,
por meio da representação em série de Fourier.

4.2 Da Série de Fourier à Integral de Fourier

PROBLEMA 4.1 Se partirmos de uma função periódica fr(t) de período T e


fizermos T tender ao infinito, então a função resultante I(t) = lim fr(t) já não
T-7 co

será periódica. -.Ilustre êste processo limite, usando a seqüência de pulsos retan-
gulares.

Solução: Consideremos a seqüência de pulsos retangulares da Fig. 4.1(a), onde

ro para - ~
2
T < t <- ~
2
d

1 1
1 para - - d < t <- d (4.1)
2 2

1 1
o para -d<t<-T
2 2'

iT (r + T) = iT (t), T> d.

T [(1)= lim [T(I)


[T(t) L =2 (ou T=2d) [T(I) - = 4 (ou T = 4d)
T ...•
oo
d d
,,, ,, ,--,
, , , , ,--, ,--, ,--o
, , ,T
, ,, , ,
I
j.d.j
I I I I
,,
I
,, ,, ,,
:- = cc (ou T --+00)
, , , 'I '
I I
I
I
,
:
I I
, I ,
'd
~--~~-7~~~~.L,~I-7~I--~I~
_II
I ••

I o IL I I
-T T d Od T T d O d I
-T
_º-2
2
fi.
2
2 T
2 2 2 2 2 2
(b) (c)
(o)

Fig. 4.1 o processe limite, quando. T tende ao infinito.


72 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTíNUOS CAPo 4

Para T --+- ao, obtemos a função

I quando - ~ d < t <~d


. " 2 2
f(t) = 11m fT (t) =
T ..•oo (4.2)
{
O para os outros valôres de I.

É evidente que f(l) não é uma função periódica. A Fig. 4.l ilustra o processo
limite quando T cresce e finalmente se torna infinito.

PROBLEMA 4.2 Usando a seq üência de pulsos retangulares da Fig. 4.1 como
exemplo, discuta os efeitos de crescimento do período no espectro de uma função
periódica.
Solução: No Probl. 3.7 foi achado o espectro de freqüências do pulso periódico
retangular. Pela Fig. 3.4, observamos que, quando o espectro discreto de uma
função periódica de período T é representado gràficamente como função da fre-
qüência, a distância entre harmônicos vizinhos é a freq üência fundamental
Wo = 2 ttl'T. Então, quando o período T cresce, Wo decresce, e as linhas no es-
pectro se tornam umas mais próximas das outras. Conseq üentemente, cresce o
número de linhas (harmônicos) numa dada faixa de freqüência.
Além disto, de (3.48),

Então, quando o período T cresce, as amplitudes de todos os harmônicos decrescem.


Da discussão acima, concluímos que no limite quando T tende para infinito
[Fig. 4.I(c)], os harmônicos se tornam infinitamente juntos e de amplitude infi-
nitesimal, isto é, o espectro discreto se torna um espectro contínuo.

PROBLEMA 4.3, Seja f(t) uma função periódica de período T. Quando T se


aproxima do infinito, f(l) se torna não periódica. Ache a representação de Fourier
desta função não periódica.
Solução: Iniciamos com a forma exponencial complexa da série de Fourier
(3.7), isto é,
00

fel) = L
n = -_CO
Gil énwot, (4.3)

onde

C
n
= -
I
T
IT'~ .f(l)" , e~J"w"t 'dt
"
(4.4)
~Tf2

2n
wo=---;; (4.5)

Substituindo (4.4) em (4.3), vem:

f(l) = L':, r -'I f"


00 1'/2
.f(x)
'"
e-J"W".c dx
] ,
eJ"w"t (4.6)
n =- 00 _ T -T/2

Aqui, a variável' muda de integração x é usada pala evitar confusão com I.


Como l/T = wo/2n. (4.6) pode ser reescrita como:

f(t) =
00

,,~o.
[I
"2n'
fT'2,
-Tr2 f(x)
,
e-jllW"X dx
]
Wo
,
eJnw"t • (4.7)

Ora se, T ~ ao, em razão de (4.5), Wo se torna, então, infinitamente pequeno.


4.2 DA S~RIE DE FOURIER À INTEGRAL DE FOURIER 73

Seja Wo = ~w; então a freqüência de qualquer "harmônico" nco« deve agora corres-
ponder à freqüência variável geral que descreve o espectro contínuo. Em outros
têrmos, 11 --+ co quando Wo -= ~w --+ O, de modo que o produto é finito, isto é,

I1WO = I1~W --+ W.

Então (4.7) torna-se

fel) =
n=-
L
a>

a>
[1
2n
- I TI2

-T/2
f(x) einê:.wx dx ] eintlwx ~w. (4.8)

No limite, T --+ co, ~w --+ di», e o somatório torna-se uma integração em w,


isto é, a função não periódica fel) fica

(4.9)

Mas, se definirmos

(4.10)

I
então (4.9) se torna
1 a>
fel) = 2n _ a> F (w) eiwt doi. (4.11 )

As Eqs. (4.10) e (4.11) são a representação de Fourier de uma função não periódica.

Notamos que (4.11) é análoga a (4.3), e (4.10) é análoga a (4.4). A relação


(4.9) é conhecida como identidade de Fourier.
Devemos acentuar que a dedução heurística, acima, de (4.10) e (4.11) ou (4.9)
não estabelece sua validade em bases matemàticamente rigorosas. Entretanto,
nosso interêsse se situa no ponto de vista da engenharia e reside principalmente
em sua interpretação e uso.

o teorema da integral de Fourier afirma que, se fel) fôr real,

fel) = -;1 fa>


o I'" _ a> f(x) cos W (t - x) dx doi. (4.12)

PROBLEMA 4.4 Prove o teorema da integral de Fourier.


Solução: Podemos. escrever de nôvo (4.9) como

l(l) = 21
TT
11 _00
00

-00
00

l(x) ejW(t- x) dx dw. (4.13)

Se fel) fôr real, podemos igualar as partes reais na identidade de Fourier (4.13)
que se torna

11 00 00

(4.14)
l(t) = 2TT
1 -00 -00 l(x) cos co (t - x) dx dw.

Visto que cos t» (t - x) é par em relação a w, de (2.13) vem:

1i
00 oo
l(t) = -;; l(x) cos w (t - x) dx dw.
1
o -00
74 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

4.3 Transformadas de Fourier

A função F(ro) definida por (4.10) é conhecida como integral de Fourier ou


transformada de Fourier de f (t), e a operação de integração é freq üentemente simbo-
lizada por 5, isto é,

F(ro) = 5[f(t)] = I'" f(t) e-jwl dto (4.15)


-'"
Anàlogamentc, 5-1 é o símbolo usado para representar a operação inversa com
a qual se obtém f(t) quando fôr dada F(ro), isto é,

f(t) = rI [F(ro)] = 2n I'"_


1 cc F(ro) ejwl dco, (4.16)

e denominamos f(t) transformada inversa de Fourier de F(ro). As Eqs. (4.15)


e (4.16) são chamadas par de transformadas de Fourier.
A condição para a existência de F(ro) é comumente dada por

I:", If(t)1 dt < 00.


(4.17)

Noutras palavras, a função l(t) deve ser absolutamente integrável.

PROBLEMA 4.5 Mostre que (4.17) é uma condição suficiente para a existência
da transformada de Fourier de f(t).
Solução: Como
e-jWt = cos cot - j sen wt

e, por conseguinte,

segue que, se

é finita, então

J~ l(t) e-jWt dt

é finita, isto é, 5[f(t)] existe.

Devemos notar que (4.17) é uma condição suficiente mas não necessária para
a existência de 5[f(t)]. Funções que não satisfazem (4.17) podem ter transfor-
madas de Fourier .. Discutiremos tais funções no Cap. 5.
A furição F(ro) = 5[f{t)] é complexa, em geral, e

F(ro) = R(ro) + j X(ro) = IF(ro)lét>(wl, (4.18)

onde I F( ú) I é chamada espectro de amplitudes de f (t) e <p( co) é o espectro de fases


de f(t).
4.3 TRANSFORMADAS DE FOURIER 75

PROBLEMA 4.6 Se fel) fõr real, mostre que as partes leal e imaginária de F(w)
são

R(w) = f ~"' f(t )cos ost dt, (4.19)

X(w) = - J~"' f(t)sen wt dto (4.20)

Mostre, em seguida, que R(w) e X(w) são funções par e ímpar de w, respectiva-
mente, isto é,
R(w) = R( - w), (4.21)
X(w) = - X( - ÚJ), (4.22)
F( - w) = F*(w), (4.23)
onde F*(w) representa o complexo conjugado de F(w).

Solução: Se fel) fôr real, então, mediante a identidade


e-jW1 = cos cot - j sen ost,

podemos reescrever (4.15) como

F(w) = [ f(t) e.,-;jWI dt

= J~ f(t) cos cot dt - j L: f(l) seu cot dt

=R(w)+ jX(w). (4.24)

Igualando as partes real e imaginária, vem:

R ((u) = 1: f(t) cos cot dt,

X(w) = - i: f(t) sen cot dto

Como fel) é real,

R (-w) = J~ f(t) c~s (-wt) dt = L: f(t) cos cot dt = R(w),

X(-w) =- i: f(t) sen (-wt) dt = i: f(t) sen wt dt = - X(w).

Então, R(w) é uma função de w par e X(w) é uma função de w ímpar. De (4.21)
e (4.22) temos
F(-w) = R(-w) + j X(-w) = R(w) - j X(w) = F*(w).

PROBLEMA 4.7 Mostre que (4.23) é uma condição necessária e suficiente para
que f(t) seja real.

Solução: O fato de (4.23), isto é, F( - w) = F*(w), ser uma condição necessária


para fel) ser real, foi demonstrado no Probl. 4.6. Provaremos agora, que (4.23)
é uma condição suficiente para f(t) ser real.
76 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Seja
f(t) = t, (t) + j t, (t), (4.25)

onde f1(t) e fz(t) são funções reais. Então, de (4.16) vem:

f(t) = t, (t) + j t, (t)

= -1
277
i -00
OO

.
F(w) ejW/ d co

= ~
277
1-00
00

[R(w) + j X (w)l (c os co t + j "E'JI wt) dco

= ~
277
i-00
oo

[R (w) cos cot - X (w) seu ú)tl d co

+ j -1
277
1 -00
00

[R (w) seu cot + X (r») cos wtl d co . (4.26)

Então,

f, (t) = -
1 {OO [R(w) cos cot - X(w) sen wtl d co , (4.27)
277
-00

f2 (t) = -1
277
i"" -00
[R (co) seu co t X (eu) cos (utl dco . (4.28)

Mas, se F( - w) = F*(w), então

R(-w) ~ R(w) e

Conseq üentemente (dos resultados do Probl. 2.1), R(w) sen tot e X(w) cos t»t são
funções de t» ímpares e o integrando de (4.28) é uma função de w ímpar. Então,
de (2.21), temos.
fAt) = O.
isto é, f(r) é real.

PROBLEMA 4.8 Se f(r) fôr real, mostre que seu espectro de amplitudes IF(w) I
é uma função de w par e seu espectro de fases cp(w) é uma função de w ímpar.

Solução: Se f(r) fôr real, então, de (4.23), vem

F (- ÚJ) = F* «(u). (4.29)


Mas de (4.18),

(4.30)

(4.31)
Então,

(4.32)
e, por conseguinte,

IF(-w)1 = IF((ú)!. (4.33)

q;(-w) = -1>(w). (4.34)


4.3 TRANSFORMADAS DE FOURIER 77

PROBLEMA4.9 Mostre que, se à transformada de Fourier de uma função real


f(/) fôr real, então f(t) é uma função de I 'par, e que, se a transformada de Fourier
de uma função real fel) fôr um imaginário puro, então f(r) é uma função de r
ímpar.

Solução: Seja
J[f(t)l = F(w) = R(w)+j X (ct!). (4.35)

Então de (4.19) e (4.20),

R (w) = L: f(l) cos cot dt, (4.36)

X(w) = -1: f(t) sen cot dto (4.37)

Se F(w) = R(w) e X(w) = 0, então o integrando de (4.37) deve ser ímpar em re-
lação a t. Visto que sen cot é uma função de r ímpar, f(t) deve ser uma função
de t par.
Outra solução: De (4.27) com X (co) = O, temos

f(t) = - 1
2"
1 -00
00

R(w) cos cot d co

= -1
"
1
o
00

R(w) cos cot d co , (4.38)

onde, mediante (4.19),

R(w) = 2 1 00

f(t) cos cot dto (4.39)

Em virtude de (4.38) é óbvio que f(- t) = fel).

Anàlogarnente, se F(w) = j X(w), isto é, se R(w) = 0, então o integrando de


(4.36) deve ser ímpar em relação a t. Visto que cos iot é uma função de t par, f(t)
deve ser uma função de t Ímpar.
Ora, novamente de (4.27) temos que, se R(w) = O,

f(t) = - -1
2"
1 -00
00

X(w) "ell cot d co

=-- 1
"
1 o
00

X(w)sCllwtdw, (4.40)

onde, em vista de (4.20),

X(ú))~-2 1 00

f(l)st'llwtdt. (4.41)

De (4.40) é evidente também que f(- t) = -f(l).


Dos resultados acima, concluímos que, se I (t) fôr uma função real e
J [E(t)] = F(ú)) = R(w) + jX(w),
então
:f [fI' (t)] = R (eú) , (4.42)

J [f, (t)l = j X (eo), (4.43)

onde f(t) = '/~(t) + ./;(/),e '/~(t) e I,(/) são, respectivamente, as componentes par e
Ímpar de fel). .
78 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTíNUOS CAPo 4

PROBLEMA 4.10 Ache a transformada de Fourier do pulso retangular Pd(t)


[Fig. 4.2(a)] definido por

1
Ir! <-d
Pd(t) 2
i!1 1
(4.44)
Itl > '2d.
ITI t
Solução: De (4.15), vem
d o d

2 2
(a)

d/2

l -d!2
e-jeút dt

1 -jWt Id/2

= -jw e -d/2

, , -2-'TIO;-, ,.-_-__-,'~----''''--- w
<: :»:

= -1 ['Wd/2
e! - e'-'Wd/2]
J
d d jw
(b)

Fig: 4.2 (a) Pulsa retangular


(b) Transformada
do Probl. 4.10.
de Fourier do pulso
= - 2 sen (Ü)2d)
W
retangular da Fig. '4.2 (a).

sen (~)
(4.45)
=d(W d) .
2
Na Fig. 4.2(b), a linha cheia é o espectro de amplitudes I F(w) I, e a linha pontilhada
mostra F(w).

PROBLEMA 4.11 Ache a transformada de Fourier de l(t) definida por

f(l) = { «<', t> ° (4.46)


0, t < 0,
onde (J. > O (Fig, 4.3).

Solução: Por meio de (4.15),

F(w) = 1: f(t) e-jWt dt

o
Fig. 4.3 Função f(l) do ProbI.4.11.

00

1 e-(cx' + jW)t 1 0
-(cx + jw)

1 (4.47)
CX + jw
4.4 TRANSFORMADAS SENOS E CO-SENOS DE FOURIER 79

4.4 Transformadas Senos e Co-Senos de Fourier

PROBLEMA 4.12 Se f(t) fôr dada somente para O <t < <Xl, mostre que f{t)
poderá ser representada por

f(t) = -2
11:
I'" Fiw)
o
cos cot dos, (4.48)

onde Fc(w) é dada por

Fc(w) = fo cc f(t) COS cot dto (4.49)

Solução: Se f(t) fôr dada sàmente para O < t < poderemos definir f(t) para (J),

t negativo mediante a equação f(- t) = f(t), de modo que a função resultante seja
par. Supomos, assim, um comportamento conveniente de f(t) para o tempo nega-
tivo. Certamente, deveremos ter o cuidado de recordar, quando da interpretação
do resultado, que f(r) é definida somente para r maior que zero. Ora, se defi-
nirmos

F c (e») = i oo
f(t) cos wt dt,

então, de (4.38) e (4.39),

f(l) = -
2 iOC> F c (w) cos cot dos,
T7 a

Chamamos F,(w) a transformada co-seno de Fourier de f(t) que será representada


por

5', [f(t)] = Fc(w) = Ia'" fU) cos cot dto (4.50)

r(t)
.
= 5'~1[Fc(w)] = -rr2 I'"
a
F,(w) cos wt doi. (4.51)

PROBLEMA 4.13 Se f(t) fôr dada sàmente para O < t < (J), mostre que f(r)
poderá ser representada por

f(t) = -2
rr
I'"
a
Fs(w) sen ost dto, (4.52)

onde F.(w) é dada por

Fs(w) = Ia'" f(t) sen cot dt, (4.53)

Solução: Se f(t) fôr dada somente para O < t < (J), poderemos definir também
r(t) para t negativo pela equação f(- t) = - f(t), de modo que a função resul-
tante seja ímpar. Ora, se definirmos

F s (w) = loo f(t) seu wt dt,

então, de (4.40) e (4.41),

f(t) = -
2 iDO F s (w) sen wt dw.
T7 a
80 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Chamamos F.(w) a transformada seno de Fourier de f(t), que será representada por

5'. [f(t)] = F.(w) = f" f(t) sen cat dt, (4.54)

f(t) = 5';1 [F.(w)] = - 2I'"


7r o
F.(w) sen wt dco. (4.55)

PROBLEMA 4.14 Ache 5'c [e-at] e 5'. [e-at] para t > 0, IX > O.
Solução: As transformadas co-seno e seno de Fourier de e= são

:f c [e-cxq = 1 00

e-CX•t cos cot dt,

Façamos 1 00

e-CXt cos wt dt = I, e i oo

e-CXt sen co t dt = 12;

integrando li por partes, vem:

I, = 1 00

e-CX t cos cot dt

_e-CXtcoswt_\OO _ -co i"" e -CXt sen (,j t dt


CI. o Cl.
o

1 _ ~I (4.56)
v. J. 2'

Anàlogamente, integrando 12 por partes, vem:

w (4.57)
= -I,.
v.

Resolvendo (4.56) e (4.57), 11 e 12 resultam

(f) •
e 12 = 2 '
:/.2 + (,)

por conseguinte,

'f r -cx t1 = CI. (4.58)


o c e 0.2 + (ú2 '

(4.59)
4.5 INTERPRETAÇAO DAS TRANSFORMADAS DE FOURIER 81

4.5 I nterpretação das Transformadas de Fou rier

Supondo f(t) periódica com período T, então f(t) pode ser expressa como

f(t) = n __ t co
Cn ejn",oI,
wo=
2n:
T' (4.60)

onde
1 fT/2
c« =- f(t) e-jn",oI dto (4.61)
. T -T/2

Agora, considerando que, quando T -+ co, Wo -+ .::lw = 2n .::lJ, .::lf = 1fT, então
(4.60) e (4.61) tornam-se respectivamente

ee
f(t) = L c; ej(ntl",lT, (4.62)
n=- co

T/2
Cn = .::lf
f -T/2
f(t) e-j(ntl",lt dto (4.63)

Adotando um processo semelhante ao utilizado na dedução de (4.9), observamos


que, quando .::lw -+ 0, n -+ tal que nàco -+ w. Em outras palavras, no li-
00,

mite, em vez de harmônicos discretos correspondentes a nwo, é considerado cada


valor de to. Então, em lugar de c-, temos c(w), e de (4.63), temos

lim c(w)
AJ->o.::lf
= f'" _ ec
f(t) e-j",t dt = F(w). (4.64)

Em virtude de (4.64), notamos que

F(w) df = c(w), (4.65)

ou, visto que ca = 2n: f,

1
2; F(w) doi = c(w). (4.66)

Então, (4.62) se torna

=
'"- 1
f(t)
f _ cc 2n:
F(w) dco er"

(4.67)

Esta equação mostra que t n I F(w) I doi representa a amplitude infinitesimal de um


"harmônico" na freqüência w em radianos. Êstes harmônicos têm freqüência
fundamental nula (wo -+ dw) e estão "espaçados" infinitesimalmente entre si. Em-
bora I F(w) I doi seja infinitesimal, F(w) é finito. Por esta razão, chamamos o grá-
fico de I F( co) I versus w um espectro contínuo, e I F( w) I é freq üentemente chamado
espectro de amplitudes de f(t). .

A representação, acima, de uma função não periódica como uma soma de .


.exponencíais de freqüência fundamental que tende a zero não é um conceito fácil.
de aceitar. Às vêzes, a seguinte representação do par de transformadas de Fourier
(4.15) e (4.16) é mais direta e compreensível:
82 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

[4.l5J

fel) = ~1 f~ _ ~ F(ro) ejwt dco. [4.16] .

Isto é, supomos que qualquer função dada tem dois modos equivalentes de
representação: uma no domínio do tempo f(/) e outra no domínio da freqüência
F(ro). A Eq. (4. J 5) transforma uma função f it], no domínio do tempo, em sua
função equivalente F(ro) no domínio da freqüência, e (4.16) inverte o processo. A
Eq. (4.15) analisa a função do tempo em um espectro de freqüências, e (4.16)
sintetiza o espectro de freqüências para recuperar a função do tempo.

4.6 Propriedades' das Transfor-madas de Fourier

PROBLEMA 4.15 Se F1(ro) = 5'[11(/)] e F2(ro) = 5'[l2(t)], e ai e a2 forem duas


constantes arbitrárias, mostre que

(4.68)

Soluçao ; A transformada de Fourier procurad~ é

= a, ("" I, (t) e-jWt dt + a2 ("" 12(t) e-jWt dt


J~ )-00

PROBLEMA 4.16 Se a fôr uma constante real e F(ro) = 5'[I(t)J, mostre que

5'[I(al)] = _1_F(·ro.)
lal a
. (4.69)

Solução: Para a > 0, mostre que

1 [[(at)] = J~ I(al) e-
jWt
dto

Seja at = x; então,

'J [l(at)] =:;1 1""


-00 I(x) e-j(Wla)x dx.

Como a variável de integração (muda) pode ser representada por qualquer símbolo,

1 (""
'J [f(at)] = :; )-00 I(t) e-j(WI a)t dt

(4.70)

Para a < 0,

'J [[(at)] = J~ I(at) e-


jWt
dto
4.6 PROPRIEDADES DAS TRANSFORMADAS DE FOURIER 83

Seja novamente, at = x; então,

s: [l(at)] =;1 J (-00


l(x) e-j(WIB)X dx
oo

= -; 1 1 -00
00

l(t) e-j(W/B)t dt

. (4.71)

Conseqüentemente,

~ [[(aO] = ~ F (~).
lal li'

A Eq. (4.68) é a propriedade de linearidade da transformada de Fourier e a


Eq. (4.69) é a propriedade de escalonamento da transformada de Fourier. A fun-
ção f(at) representa a função f(t) reduzida na escala dos tempos por um fator
a. Anàlogamente,a função F(ro/a) representa a função F(ro) ampliada, na escala
de freqüência, pelo mesmo fator a. A propriedade de escalonamento afirma, então,
que a redução no domínio do tempo é equivalente a ampliação no domínio da
freqüência, e vice-versa.

PROBLEMA 4.17 Se ;;:U(t)] = F(ro), mostre que


5'U(- t)J = F(- co). (4.72)

Solução: De (4.69),

~ [1(aO] = ~
[a]
F(~). a
Fazendo a = -1, vem
s: [1(- O] = F (- w).

Outra solução: A transformada de Fourier de f(- t) é

~ [[(-t)] = f~ 1(-0 e-
jWt
dt.

Fazendo - t = x dentro da integral, vem:

~ [[(-t)] =,_ [-00 I(x) ejWx dx

= i: f(x) e-j(-W)x dx

= J~ l(t) e-j(-W)t dt

= F(-w).

PROBLEMA 4.18 Se F(ro) = ;;:U(t)], mostre que


;;:[f(1 - to)J = F(ro) e-Mo. (4.73)
84 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTíNUOS CAP. 4

Solução: A transformada de Fourier procurada é

1 [f(t - to)1 = f~ f(t - to) e-jWt dto

Fazendo t - to = x, dt = dx, vem

1[f(t - to)1 = L: f(x) e-jW(to +x) dx

= e-
jWto
L:. f(x) e-
jWx
dx

= e-iWto F(w).

PROBLEMA 4.19 Se roo fôr uma constante real e F(ro) = 5'U(t)], mostre que
5'U(t) eiwol] = F(ro - roo). (4.74)

Solução: A transformada de Fourier procurada é

1[f(t) ejWot] = L: [f(t) eiwot1 e-jWt dt = J~ f(t) e-j(W-Wo)t dt

= F(w - wo).

A Eq. (4.73) é a propriedade de deslocamento no tempo da transformada de


Fourier.
A Eq. (4.74) é a propriedade de variação de freqüência da transformada de
Fourier.

PROBLEMA 4.20 Se F(ro) = -5' [f(t)], ache a transformada de Fourier de


f(t) cos root.

Solução: Com a identidade cos rool = t (éol + e- iwol


), e (4.74), temos

1[f(l) cos wotl = ~ [~f(t) eiWot + ~f(t) e-jWot]

1 1
= - ~ [f(t) eiwot1 + - ~ [f(t) e-jWot1
2 2
1 1
= 2 F (W - Wo) + 2 F (w + Wo)· (4.75)

PROBLEMA 4.21 Ache a transformada de Fourier da função co-seno de duração


finita d.
Solução: A função co-seno de duração finita d [Fig. 4.4(a)] pode ser expressa
como a função pulso modulado, isto é,
(4.76)

onde
1
. {I para Itl < 2d
Pd(t)=
1
O para Itl > -do
2
4.6 PROPRIEDADES DAS TRANSFORMADAS DE FOURIER
85

F(w)

(a) (b )

Fig. 4.4 (a) Função co-seno de duração fini!a. (b) Transformáda de Fourier da função co-seno da Fig. 4.4( a J.

Do resultado (4.45) do Probl. 4.10, vem:

:f [Pd(t)] = ~ sen (~d). (4.77)

Então, de (4.75), vem:

F(w) =:f [Pd(t) cos wotJ


1 1
seu 2" d (w - wo) sell 2" d (w + wo)
------+------ (4.78)
w - Wo

A transformada de Fourier F(w) está representada gràficamente na Fig. 4.4(b).

PROBLEMA 4.22 Se F(w) = J[f(t)], então mostre que

J[F(t)] = 271f(- w). (4.79)

Solução; De (4.16),

2TT f(t) = 1"" F(w) ejWt d co. (4.80)


-00

Substituindo t por - t na expressão acima, vem:

2TT (C-t) L: = F(w) e-j(út do). (4.81)

Permutando t e w em (4.81),

2TT f(-w) = L: F(t) e-jWt dt =:f [F(t)]. (4.82)

A Eq. (4.79) é a chamada propriedade de simetria da transformada de Fourier.

PROBLEMA 4.23 Ache a transformada de Fourier da função

f (t) = sen at . (4.83)


TTt

Solução: De acôrdo com (4.45) do Probl. 4.10.

:f [Pd(t)] = ~ sen (W2d). (4.84)


86 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Mas, da propriedade de simetria da transformada de Fourier (4.79), vem:

1 [~sell (~I)] = 2rr Pd(-W) (4.85)

ou

(4.86)

Como piw) é definido

(4.87)
., 1
para I (d I > 2" d ,

é uma função par de W. Então,

P d (- (ú) = Pd'(W), (4.88)


Fazendo! d = a em (4.86), vem:

1(sen
rrlai) = P2B (cu) , (4.89)

onde

I para I I -.:.a
W

P2B (c.) = (4.90)


{ O para Iwl > a.
Os gráficos de f(f) = sen atlnt e de sua transformada de Fourier F(w) são mos-
trados na Fig. 4.5.

= sen ai
f (t)
rrl
a/rr F (w)

__________ ~ __ _L __ -L ~W

-a o a

(b)

Fig. 4.5 (a) Função f (t) do Probl. 4.23. (b ) Transformada de fourier de f (t) da Fig. 4.5 (a).

Podemos agora investigar a relação entre a transformada de Fourier de uma


função fel) e a transformada de Fourier de sua derivada f'(t).

PROBLEMA 4.24 Se 5[f(t)] = F(w) e f(t) ---->- O quando f ~ +=, mostre que

.5'[f'(t)] = jo: F(w) = jw 5[f(f)]. (4.91)

Solução: Integrando por partes,

1[['(1)1 = 1: I '(I) e-jWt di = f(t) e-jWt [00 + jw L: I(t) e-jWt dto (4.92)
4.6 PROPRIEDADES DAS TRANSFORMADAS DE FOURIER 87

Visto que f(t) "__ ° quando t -~ + 00,

~ [t'(t)] = jw L: l(t) e-jWt dt = jw F(w) = jw ~ (f(t)).

o Probl. 4.24 mostra que a diferenciação no domínio do tempo corresponde


à multiplicação da transformada de Fourier por jco, desde que f(t) -:-~ O quando
t==-++oo.
Devemos notar que, se f(t) tem um número finito de descontinuidades de
saltos, então f'(t) contém impulsos (Ver Probl. 2.28). Então, a transformada de
Fourier de f'(t) para êste caso deve conter a transformada de Fourier dos impulsos
em f'(t), a qual será discutida no Capo 5.
Mediante aplicação repetida de (4.91),

~[f(n) (t)] = (jw)n F(w) = (jw)n ~[f(t)], n = 1,2, . . . . (4.93)

Devemos observar que (4.93) não garante a existência da transformada de Fourier


de f<n) (t); ela indica somente que, se a transformada existe, então ela é dada por
(jw)n F(w).

PROBLEMA 4.25 Se ~[f(t)] = F(w), w =F 0, e "

f~ a> f(t) dt = F(O) = O; (4.94)

mostre então que

[f = -.1 = -.1" ~ [f(t)].


t ]
5' f(x) dx F(w) (4.95)
_a> JW lW .

Solução: Consideremos a função

of; (t) = 1~ I(x) dx; (4.96)

então.ó'(r) =f(t). Portanto, se ~[<p(t)] = CP(w), de (4.91) temos:

~ [of;'(t)] = ~ [f(t)] = jw<l>(w) (4.97)


Visto que

Portanto,
tl~~ of;(t) = i: i: I(x) dx = I(t) dt = F(O) = O. (4.98)

1 1
<I> (co) = -;- 1[I (t)] = -;- F (r»); (4.99)
JW JW
isto é,

1[ t' I(x) dX] = ~ F(w) = ~ 1[I(t)).


J-oo JW JW

Notemos que (4.95) só se aplica para w =F O. Quando w = 0,

~ [<p(t)] = f a>

-a>
<p(t) dto (4.100)
88 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Quando F(O) =f~", f(x) dx i: O,

n' [f _ ",f(x) dx ] = j~ F(ro) + 1tF(O)ô(ro). (4.101)

Esta relação está provada no Probl. 5.12.

PROBLEMA 4.26 Se n'[f(t)] = F(ro), mostre que

1(-jt 1(0] = dF(w). (4.102)


dw

Solução: Como

F(w) = L: f(t) e-
jWt
dt, (4.103)

temos

dF(w)
dw
= ~lOO
dw -00
l(t) e-jWt dto (4.104)

Permutando a ordem da diferenciação com a da integração, vem:

dF(w)
dw
= (00

Loo
f(t) ~(e-jWt)

~
dt = 1 -00
00

[-jt l(t)] e-jWt dt

= 1[-jt l(!)].

4.7 Convolução

Sejam /l(t) e 12(t) duas funções dadas. A convolução de /l(t) e f2(t) é definida
pela função

f(t) = f~", f1(X)fdt - x) dx, (4.105)

que, em geral, é representada simbolicamente como

(4.106)

Um caso especial e importante é aquêle em que

f1(t) =O para t < O, e f2(t) = O para I -c o.


Portanto, (4.105) se torna

f(t) = f1(t) * 12(/) = s: f1(X) 12(t - x) dx. (4.107)

PROBLEMA 4.27 Mostre que a convolução satisfaz à lei da comutatividade ,


isto é,
(4.108)

Solução: De (4.105),

(4.109)
4.7 CONVOLUÇAO 89

Fazendo t - x = y, vem:

fi (t) * t, (t) = 1-00


00

fi (t - y) t, (y) dy

= J~ t, (y) fi (t - y) dy

= f2 (r) * fi (t). (4.110)

PROBLEMA 4.28 Mostre que a convolução obedece à lei da associatividade,


isto é,
[fl(t) * .I2(t)] * fa(t) = fl(t) * [}2(t) * .f3(t)]. (4.111)

Solução: Se fizermos !t(t) * f2(t) = g(t), e fz(t) * .f3(t) = h(t), então (4.111) pode
ser exprimida como

. g (t) * f3 (t) = fi (t) * h (r), (4.112)


Desde que
g (t) = J~ fi (y) f2 « - y) dy , (4.113)

temos

e ro * t; (t) = J~ g (x) t, (t - x) dx

= i:[i: fi (y) t, (x - y) dY] t, (r - x) dx. (4.114)

Fazendo a substituição z = x - y, e permutando a ordem de integração, vem:

(4.115)

Mas, desde que

h (t) = J~ t, (z) t, (t - z) dz , (4.116)

temos:

h(t-y)= J~ f2(z)f3(t-y-z)dz. (4.117)

Por conseguinte, a integral dentro do colchête do segundo membro de (4.115)


identifica-se como h(t - y).
Então,

e (t) * t,(t) = i: fi (y) h (t - y) dy = fi (t) * h (t); (4.118)

isto é,

[tI (t) * t, (O) * t, (t) = fi (t) * ([2 (t) * t, (t)l.

PROBLEMA 4.29 Mostre que a convolução de uma função f(t) com uma função
impulso unitário c5(t) dá como resultado a própria função f(t).
90 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUQS CAPo '.4

Solução: Pela definição (4.105)

I(t) * o(t) ='1: I(x) o(t - x) dx.

Aplicando a propriedade de comutatividade (4.108), vem

conforme (2.68).
I(t) * o(t) = o(t) "' I(t) = 1: o (x) I(t - x) dx = l(t) (4.119)

Portanto,
I (t) * o (t) = I (t).

PROBLEMA 4.30 Mostre que


f(t) * õtt - T) = f(t - T), (4.120)
f(t - h) * (l(t - t2) = f(t - fl- t2). (4.121)

Solução: Procedendo como no Probl. 4.29,

I(t) * o(t - T) = o(t - T) '" I(t) = J~ o (x - T) I(t - x) dx = I(t - T)

, conforme (2.68). Anàlogamente,

I (t - t,) * o (t - t2) = o (t - t) * I (r - ti) = J~ o (x - t) I (t - x - ti) dx

= ICt- t2 - ti)

= I(t - ti - tJ.

o teorema da convolução no tempo afirma que se 5'[fl(t)] = Fl(W) e 5'[h(t)] =


= F2(W), então '
(4.122)

PROBLEMA 4.31 Prove o teorema da convolução no tempo.


Solução: A transformada de Fourier de fl(t) * f2(t) é

5' [fi (t) * 12 (t)] = 1: [I: 11 (x) f2 (t - x) d;] e-jeut dto

Mudando a ordem de integração, vem

5' [fI (t) * f2 (t)] = L: fi (x) [J~ t, (t - x) e-jWt dt] dx, (4.123)

i:
Pela propriedade da transformada de Fourier se deslocar no tempo (4.73),

t, (t - x) e-jWt dt = F2 (w) :e-jW".

Substituindo esta relação em (4.123), vem:

= FI (w) F2 (co).
4.7 CONVOLUÇAO 91

o teorema da convolução na freqüência afirma .que, se 5'-1 [Fl(W)] = fl(/) e


5-1 [F2(w)] = fz(t), então,

(4.124)
ou

(4.125)

PROBLEMA 4.32 Prove o teorema da convolução na freqüência.

Solução: De (4.16),

\~-I [F, (w) * F2 (w)] = :f -, [L: F, (y) F 2 (w - y) dy ]

( 4.126)

. Fazendo a substituição t» - y = x e trocando a ordem de integração,

:f -I [F, (w) * F2 (w)] = 2~ 1: F, (y). [1: F2 (x) ej(x + y)tdx ] dy

1
= 277 1
-00
00

F, (y) e,yt
. [
J_
(00

oo
F2 (x) .]
e,xt dx dy

= 277 [f, (t) t, (t)] • (4.127)

pela modificação das variáveis mudas de integração.


A Eq. (4.127) pode ser escrita também como

:f [fi 1
(r) f2 (t)] = - F, (w) * F2 (r») = -
1 {OO F, (y) F2 (w - y) dy .
277 277 -00

PROBLEMA 4.33 Aplicando a propriedade de simetria (4.79) da transformada


de Fourier e o resultado (4.122) do Probl. 4.31, refaça o Probl. 4.32.

Solução: De (4.122), temos

isto é,

:f [1: fi (x) t, (t - x) dX] = F, (w) F2 (cu). (4.128)

Mas da propriedade de simetria (4.79) da transformada de Fourier, sabemos que

vem
:f [F, (t) F2 (t)] = 277 i:
se 5'[f(t)] = F(w), então nF(t)] = 2rr f(- w). Aplicando êste resultado a (4.128),

fi (x) f2 (- w - x) dx, (4.129)


92 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Fazendo a substituição x =- y,

:F [FI (t) F2 (t)] = 277 L: t, (- y) t, (-w + y) dy

= 277 L: t, (- y) t, [- (w - y)] dy

= -1
277
i oo

-00
[277 t, (-y)] 1277 f2[- (w -y)]! dy. (4.130)

Mas tendo em vista que 2rr.!I(- w) = 5'[F1(/)J e 2rrf2(- w) = 5'[F2(/)], e alte-


rando respectivamente F1(t) e F2(/) por fl(t) e f2(/) e, conseqüentemente, 2rrj;(- w)
e 2rrf2(- w) por FI(w) e F2(W), respectivamente, podemos reescrever (4.130) como

:F [fI (t) f2 (t)] = -1


277
i"" -00
FI (y) F2 (w - y) dy = -1
277
FI (0) * F2 (w).

PROBLEMA 4.34 Use a convolução para achar f(t) = 5'-1 [ (I +ljW)2 ] .

Solução: A transformada de Fourier de f(t) é

F(w)=:F[t(t)]= 1 = 1 x 1 .
(1 + jW)2 (1 + jw) (1 + jw)

Em vista de (4.47), recordemos que

:F- I
[_1_]1 + jw
=e-tu(t).

Portanto, de (4.122), decorre

f(t)= i: e-Xu(x) e-<t-X)u(t-x) dx. (4.131)

Na integral acima, o integrando inclui o fator u(x) u(t - x). Desde que u(x) = O
para x < O, e u(t - x) = O para x > I,

O para O > x e x > t


u(x) U(/-X) = 1
~ para O < x < t.

Portanto,

(4.1 .)

4.8 Teorema de ParsevaI e Espectro de Energia

PROBLEMA 4.35 Se 5'[/I(t)] = F1(w) e 5'[/2(t)] = F2(w), mostre que

(4.133)
4.8 TEOREMA DE PARSEVAL E ESPECTRO DE ENERGIA 93

Solução: De (4.125) temos:

:f [f, (t) f2 (t)] = - 1


2"
1 -""
00

F, (y) F2 (w - y) dy;

isto é,

1 t: F, (y)
1
00

_~ [t, (t) t, (t)] e-


jWt
dt = 2" Loo F2 (w - y) dy. (4.134)

Então, fazendo to = O, vem

1
001 (00

-00 [f, (t) f2 (t)] dt = 2" Loo F, (y) F2 (- y) dy

= -
1 {oo F, (oi) F2 (-w) dw ,
2" -00

por mudança da variável de integração muda.

PROBLEMA 4.36 Se as funções .Mt) e !2(t) são reais, ~[fl(t)] = Fl(W), e


~[!2(t)] = F2(W), mostre que

*
1 Loo
00 1 (00
-00 f,(t) f2(t) dt= 2" F,(w) F2 (co) d co , (4.135)

onde F;(w) designa o complexo conjugado de F2(W).

Solução: Se f(t) fôr real, então de (4.23),


F(-w) = F*(w).

Conseqüentemente de (4.133),

1
-00
00
f, (r) f2 (t) dt = 2"
1 1 -00
00

F, (r») F2 (- w) dw

= -
1 {oo F, *
(w) F2 (r») d co .
2" -00
.

o teorema de Parseval afirma que, se ~[!(t)] = F(w), então

(4.136)

PROBLEMA 4.37 ,Demonstre o teorema de Parseval.

Solução: Se ~[((t)] = F(w), então

:f [t*(t)] = L: f*(t) e-jü)t dt = 1: [E(t) e


jWt
]* dt

= [L: f(t) e-j(-W)t dt] *

= F *(- ÚJ). (4.137)


94 INTEGRAL .' DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Portanto, em (4.133), se fizermos fI(t) = f(t), e f2(t) = f*(t), vem

1
1
00 {OO

-00 f(t) f*(t) dt = 2" -00 F(w) F *[-(-cú)] d co

= -.1
2"
1 -00
00

F(w) F *(w) d co. (4.138)

Visto que f(t)f*(t) = If(t) 1


2
e F(w) F*(w) = F(w) 12,
1

Se-f(t) fôr real, então (4.1361 pode_ s~r obtida simplesmente a partir de (4.135).

Na Seç. 3.6 vimos que, para uma função periódica, a potência de um sinal
pode ser associada à potência cóntida em cada componente de freqüência discreta.
O mesmo conceito pode ser extendido as funções não periódicas. Um conceito'
vantajoso para uma função não periódica é o de energia latente E, definida por

(4.139)

e.

Na verdade, se supusermos que f (t) seja a tensão de uma fonte aplicada a uma re-
sistência de l-ü, e~tão~a qÕantidadef:", If(t)12dt é igual à energia total liberada
pela fonte.

Mas do teorema de Parseval (4.136),

(4.140)

Esta equação afirma que a energia latente de f(t) é dada por'~ 7r vêzes a área sob
a curva 1 F(w) 12. Por esta razão, a quantidade I F(w) 12 é chamada de espectro de
energia ou função densidade espectral de energia de f(t).

4.9 Fu nções Correlações


<.
A função

(4.141)

. \

é conhecida como função correlação cruzada entre as funções fi(l) e f2(t) .. De i


modo análogo; define-se

(4.142)

A funçãocorr~lação RIZ(') ou R21(,) dá uma medida da semelhança ou de


interdependência entre as funções fI(t) e 12(1) em função do parâmetro r (deslo-
camento' de uma função em relação à outra) .. Se a função correlação cruzada fôr
idênticamente nula para todo r então as funções são ditas não correlatas.
4.9 FUNÇÕES CORRELAÇÕES 95

Se fI(t) e f2(t) são idênticas, então a função correlação

(4.143)

é denominada função de auto correlação de fI(t).

PROBLEMA 4.38 Mostre que

R12(-r) = I~o/I(t)f2(t-r) dt = I:./I(t + r)f2(t)dt, (4.144)

.R21(r) = I~,/2(t)fI(t-r)dt = I:",f2(t + r)/l(t)dt, (4.145)

Rll(r) = I:",fI(t)f1(t - r)dt =I :",fI(t + r)fI(t)dt. (4.146)

Solução: Fazendo uma mudança da variável t para (t + r) em (4.141), (4.142) e


(4.143),

R'2 (r) ., I"" -00


t, (r + -:-) f2 (t) dt,

s; (-r) = I"" -00


t, (t + ,) t, (t) dto

Pelos resultados acima observamos que é indiferente o deslocamento da função


fI(t) de uma quantidade r na direção negativa em relação ao deslocamento de f2(t)
na direção positiva da mesma quantidade,

PROBLEMA 4.39 Mostre que


Rdr) = RZI(- r), (4.147)
Ru(r) = Rll(- r). (4.148)

i:
Solução: De (4.145), temos

. R2' (r) = t, (t + ,) t, (t) dt,

e por conseguinte,

R2' (- ,) = f~ f2 (t -. ,) f, (t) dt = f~ f, (t) f2 (t - ,) dt = RI2 (T).

i:
Similarmente, de (4.146) decorre

e., (T) = t, (t + ,) f, (t) dt,

I: L:
e, conseqüentemente,

e., (-,) = f, (t - ,) t, (I) dt - t, (t) t, (r - ,) dt = e., (-r),

em vista de (4.143).
96 INTEGRAL DE F<ilURIER E ESPECTROS CONTíNUOS CAPo 4

A Eq. (4.148) afirma que a função autocorrelação é uma função de, par,

PROBLEMA 4.40 Mostre que a correlação cruzada de /l(t) e f2(t) está relacionada
com a convolução de fl(t) e f2(- t).
Solução: Seja GI2(t) = fl(t) * h(- t). Então, pela definição (4.105) de convo-
lução, isto é,

II (r) * /2 (t) = JOO '/1 (x) 12 (t - x) dx,


-00

obtemos

= J~ t, (x) /2 (x - t) dx, (4.149)

Mudando a variável t para r vem

(4.150)

Novamente, substituindo a variável muda x por t, vem:

(4.151)

Portanto,
(4.152)

PROBLEMA 4.41 Se 5'[/I(t)] = FI(w) e 5'[h(t)] = Fz(w), mostre que


::t[Rd,)] = FI(W) Fz(- w), (4.153)
5'[RzI(')] = Fl(- w) Fz(w), (4.154)
5'[Rll(')] = FI(w) FI( -w). (4.155)

e também que, se ji(t) fôr real,


5'[Rll(')] = I F(w) 12. (4.156)

Solução: A Eq. (4.72) do Probl. 4.17 mostra que, se ~}[f(t)],~ F(w), então
5'[/(- t)] = F(- w). Assim, se

~ [FI (t)] = FI (w) e ~ [f2 (t)] = F2 (o.),

segue que

Aplicando o teorema da convolução no tempo,

[4.122]
para (4.152). vem,

~ r RI2 (T)] = ~ [fI (t) * 12 (- t)] = FI (co) F2 (-w),


4.9 FUNÇOES CORRELAÇOES 97

ou

J~ R'2 (T) e-júY[ dT = F, (W) F2 (- cu). (4.157)

Anàlogamente,

:f[R ,(T)1 =:f


2 [f2(t) * f,(-t)] = F2(w) F,(-w)= F,(-w) F2(w),

ou

J~ R2' (T) e-jW'I di: = F, (-w) F2 «». (4.158)

e
:f [Rll (T)] = :f [f, (t) * t, (- t)1 = F, (w) F, (-w).

De (4.23), se fl(t) fôr uma função de t real resulta, F1(- w) = F; (co), Portanto,
~fr s., (T)] = F, (w) F; (ÚJ) = [F, «(u)[2

i:
ou

Rll(T) e-jÜJ'IdT -[F,(wW, (4.159)

se fl(t) fôr uma função real em t.

PROBLEMA 4.42 Deduza (4.159), sem aplicar (4.155).

Solução: De (4.143), vem

e., (T) = 1"" t, (t) t, (t - T) dto


-=
Então,

(4.160)

mudando a ordem de integração.


Substituindo a variável (t - r) por x na integral dentro do colchête em (4.160),
vem:
:f [Rll (T)1 = J~ [i: t, (t) f, (x) e-j(u(t- x) dx J dt

= F, «(u) F, (-(u)

= [F,«(uW,
(4.161)
98 INTEGRÀL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

Segue-se, de (4.159) ou de (4.161), que a transformada de Fourier da função


autocorrelação Ru(!) fornece o espectro de energia 1 F1(W) 12 de /1(1), Noutras
'palavras, a função autocorrelação Ru(!) e a densidade de energia espectral IF1(W) 12
constituem um par de transformadas de Fourier, isto é,

(4.162)

(4.163)

Êste resultado é conhecido como teorema de W iener-Khintchine.

PROBLEMA 4.43 Mostre que

e., (O) = f ~<D [j;(t»)2 dto . (4.164)

Solução: De (4.143) temos:

Fazendo r = O,

s.; (O) =J~ f, (t) t, (t) dt

~J~ [f, (t)r dto

PROBLEMA. 4.44 De (4.163) e de (4.164) deduza o teorema de Parseval, isto é,

: (4.165)

Solução: De (4.163) resulta:

= O,

i:
Fazendo r

e., (O) ~2~ IF, (ww dw. (4.166)

De (4.164) vem:

Rll (O) = {"" [[, Ct)]l dto


-00

Portanto,

{"" [f,
-<Xl CtW 1
dt = 277 1""
,.-00 IF, (w)1
2
d ca,
4.10 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 99

4.10 Problemas Suplementares

PROBLEMA 4.45 Ache a representação em integral de Fourier da função


I para It I < 1
f(l) =
{
O para I ti> 1.

Resp.: f(t) = 1]""


77 o
cos twsen
W
w dco .

. PROBLEMA 4.46 Aplicando o resultado do Probl. 4.45, deduza que

Joo

o
sen w dw
w
= E- .
2
[Sugestão : Faça t = O no resultado do Probl. 4.45.]

PROBLEMA 4.47 Se fel) fôr um imaginário puro, isto é, f(t) = jg(t), onde g(t)
é real, mostre que as partes real e imaginária de F(O) são

R (w)'=L~ g(t) senwt dt, X (w) =1~ g(t~cos cot dt

Mostre também que R(O) e X(O) são funções de O) ímpar e par, isto é,

PROBLEMA 4.48 Se 5'[f(t)J = F(O), mostre que 5'[f*(t)] = F* (- 0), onde


f*(t) é a função conjugada de f(t) e F* (- 0) é a conjungada de F (- 0).

PROBLEMA 4.49 Se F(w) = 5'[f(t)J, mostre que


f C L

:J [f(~t)ejúJol] = _1_ F (w - wo).


r ( /)
Ia I a
PROBLEMA 4.50 Se F(O) = 5'[I(t)], ache a transformada de Fourier de
f(t) sen O)ot:
. 1
Resp.: 2j [F (O) - 0)0) - F (O) + 0)0)].

,..----IA/T
PROBLEMA 4.51 Ache a transformada de Fourier de f(t) = e-a I t I.
,
Resp.: 2a/(a2 + 0)2). -T o T

-A/T.- _
ROBLEMA 4.52 Ache a transformada de Fourier de f(t) = 2'
9

a- +t
[Sugestão: Aplique a propriedade de simetria da transformada de Fourier (4.79)
ao resultado do Probl. 4.51]. (a)

. Resp.: (n/a)e-a I'"I. [2( t)

PROBLEMA 4.53 (a) Ache a' transformada de Fourier do pulso fl(t) mostrado
na Fig. 4.6(a).
(b) O pulso f2(t) mostrado na Fig. 4.6(b) é a integral de fl(t).

Teste o resultado por integração direta.


[Sugestão: Para (b) use o resultado
Usando o resul-
tado da parte (a) dêste problema, obtenha a transformada 'de Fourier de f2(t).

do Probl. 4.25J.
--- A
-T
(b)
o T

Fig. 4.6 (a) Pulso do Probi. 4.53.


(b) Integral do pulso da Fig. 4.6(a).
Resp.: (a) F 1 (w) = - 4A
jwT
sen ' (W7),
2
100 INTEGRAL DE FOURIER E ESPECTROS CONTINUOS CAPo 4

PROBLEMA 4.54 O n-ésimo momento de uma função rU) é definido por

n
mn =I~ I f(t)dl para n = 0,1,2, .

Aplicando o resultado do Probl. 4.26, mostre que

mn __ (J,)n a" F(O) para n ~ O, 1 , 2 r Ô

dwn

onde dnF (O) =


n
d F(w) I e F(w)=JLf(I)
cr r ]
.
n
dos" dw w=o

PROBLEMA 4.55 Aplicando o resultado do Probl. 4.54, mostre que F(w) =


= ~[r(t)] pode ser expressa como

[Sugestão: Desenvolva e _jG.'t~ ~ (-jwlt e integre (4.15) têrmo a têrmo].


L..
11=0
n'
PROBLEMA 4.56 Mostre que se ff[f(t)] = F(w), então,

IF (w)1 ~ f""
-00
11(()1 di, iF(t{))! ~_1_1N
Iwl -00
Idf(l)
di
I dt, IF(t{))i ~l.-f""ld'f(I)\dt.
w' -00 di'

Estas desigualdades determinam os limites superiores de I F(w) [.

PROBLEMA 4.57 Usando a convolução, ache f(l) =:f - 1 [ 1 ]


(1 + jw) (2 + jw)
Resp. : (e-t - e-2t) u (r).

PROBLEMA 4.58 Ache f(t) do Probl. 4.57, desenvolvendo F(w) em frações


parciais.
[Sugestão: 1 = _1_ + --=..L e use o resultado do Probl. 4.11].
(jw + 1)(jw+2) jw+1 jw+2

PROBLEMA 4.59 Mostre que, se f(t) tem banda limitada, isto é, tal que F(w) =
_ sen at
= ff[f(t)] = O para' w' w
> c, entao f(t) * -- = f(t) para todo a > oi;
1Ct
[Sugestão: Utilize o resultado do Probl. 4.23 e o teorema da convolução no tempo
(4.122)].

PROBLEMA 4.60 Seja F(w) = ff[f(t)] e G(w) = ff[g(t)]. Prove que

(a)
foo
. •
-~
i(x)g(l- x) dx = lJ'2 oo
TI
-N
F(w)G(tv)ejWt dco ,

(b) I~ f(t)g (-I) dt = 21T1 I~ F (w) G (w) dw,

(c) l~f(l)g*(t) dt = 21T1L~F(W)G*(W)dW'

onde o asterisco designa o complexo conjugado.


4.10 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 101

[Sugestões: (a) utilize (4.122) e (4.16); (b) deduza de (a), fazendo t = O; (c)
deduza de (b) por meio de (4.72) e do Probl. 4.48].

PROBLEMA 4.61 Sejam fl(t) e /2(t) duas funções de Gauss, isto é,


2 2
[It( ) _ 1 e ,t l2al
,
al~

Mostre que, se f3(t) = fl(t) * ,h,(t), então f3(t) é também uma função de Gauss e

[,'Ct) - 1_ e't " / za,2 d 2 2 2


ou e a, = ai + a2 •

a,Vk
PROBLEMA 4.62 Mostre que a função correlação de duas funções quaisquer de
Gauss é também uma função de Gauss.

PROBLEMA 4.63 Se RlI(r) fôr a função de autocorrelação de j;(t), mostre que


Rll(O) ~ I RlJ(r) I·

[Sugestão: Desenvolva a expressão f~'" [fl(t) ±fl (t + r)J2 dt > O para r =f. O].

PROBLEMA 4.64 Se RIl(r) e Rn(r) forem as funções de autocorrelação de fl(t)


e de fz(t), e RIZ(r) fôr a correlação cruzada de fl(t) e f2(t), mostre que RJl(O) +
+ RdO) > 21 Rdr) I para todo r.

[Sugestão: Desenvolva a expressão f~'" Lj;(t) ±/2 (t + r)J2 dt > O para todo r].

PROBLEMA 4.65 (a) Ache a função de autocorre\ação RII(r) do pulso retan-


gular de f(t) definido por
Apara Itl < d/2
[Ct)= O
{
para Itl > d/2,

(b) Ache a densidade do espectro de energia S(w) def(r), a partir de RII(r), obtido
na parte (a), e verifique também que SII(W) = I F(w) 1\ mediante F(w) dada em
(4.45).
A2Cd-lel) para lei <d 2 [sen(Wd/2)]2
Resp.: (a) RI1 (t) = (b) 511 (w) = A d ----;-:-
{ O para lei> d, wd/2

PROBLEMA 4.66 Seja R1I(r) a função de autocorrelação e SII(W) = IFI(w)IZ a


densidade do espectro de energia da função fl(t). Mostre que o teorema de Wiener-
-Khintchine (4.162-3) pode ser escrito também como

511 (r) = i"" RI; (w) cos we dw e RI1 (w) = 1..


TT
r'o 5
Jo 11
(e) cos we de.
o
CAPíTULO

5 TRANSFORMADA DE
FOURIER DE FUNÇÕES
ESPECIAIS

5.1 Introdução

A condição suficiente para a existência de uma transformada de Fourier de uma


função fel) foi dada por (4.17), isto é,

(5.l)

Em outras palavras, a função f(t) é absolutamente integrável.


Funções tais como sen cot, cos on, função degrau unitário, etc., não satisfazem
à condição acima. O objetivo dêste capítulo é achar a transformada de Fourier
destas funções e também definir as transformadas de Fourier das funções generali-
zadas, tais como a função impulso o(t) e suas derivadas (Seç. 2.4).

5.2 Transformada de Fourier da Função Impulso

PROBLEMA 5.1 Ache a transformada de Fourier da função impulso unitário


s (t)
o(t) mostrada na Fig. 5.l(a).

Solução: A transformada de Fourier de o(t) é dada por

. 5'[o(t)] = J~", o(t)e-j",t dto (5.2)

Pela discussão da Seç. 2.4 somos levados à definição


o
(a) (5.3)
F(w)
Por conseguinte, a transformada de Fourier de uma função impulso unitário é a
unidade. E evidente, então, que uma função impulso tem uma densidade espec-
tral uniforme em tôda faixa de freqüências. [Ver Fig.· 5.l(b)].

PROBLEMA 5.2 Estabeleça a seguinte identidade:

o(t) = - 1 Ia> ei",t dos. (5.4)


o eu 2n _a>
(b)
Solução: Aplicando a fórmula (4.l6) ca transformada de Fourier inversa a (5.3),
Fig. 5.1 (a) Função impulso unitário.
( b) Transformada de Fourier de
uma função impulso unitário.
vem
ô(t) = 1-1[1) = _l_i""
217
-00
lejW1dw= ~l""
217
-00
ejW1dw.
5.2 TRANSFORMADA DE FOURIER DA FUNÇAO IMPULSO 103

Devemos observar que a integração ordinária de I~ cc eiwt dco não tem senãdo na si-
tuação presente. Pelo contrário, podemos interpretar (5.4) como uma função gene-
ralizada (ou função simbólica), isto é, a integração de (5.4) converge para <5(t) no
sentido de uma função generalizada.

PROBLEMA 5.3 Deduza a seguinte representação integral de <5(t):

<5(t) = -
7t
lI'" o
cos rol doi. (5.5)

Solução: De (5.4) e aplicando a identidade eiwt = cos rol + i sen rol, temos

o(t) = _l_i""
217
ejúltdw

-""

-1
217
i""-"" (cos co t + j sen wt)dw

-1
217
i"" cos co t d ca + j -1
217
iO<' sen o r d o:
_~ -00

= -
1
17
1""o cos cat d co

mediante as propriedades (2.13) e (2.1'4) das funções pares e ímpares .


. Novamente, observamos que (5.5) converge para b(t) no sentido de uma função
generalizada.

Com as identidades (5.4) e (5.5), podemos escrever, em geral,

(5.6'

<5(y) = -I f'" cos (xy) dx. (5.7)


7t o
o
(a)
PROBLEMA 5.4 Ache a transformada de Fourier da função impulso deslocada
<5(/-/0) mostrada na Fig. 5.I(a).

Solução: Utilizando (2.68), vem:

(5.8)

Outra solução: Visto que ~[<5(/)] = I e em virtude de (4.73), isto é,


o •.. (JJ

1[f(t - to)] = F(w) «r:», (b)

obtemos Fig. 5.2 (a)' Função impulso deslocada.


(b) Transformada de Fourier
1[0(t - to)] = 1 e-júlto = e-júlto, (5.9) da função impulso deslocada.

como está indicado na Fig. 5.2(b).


104 TRANSFORMADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

PROBLEMA 5.5 Empregando a identidade (5.6) e a relação (2.68) demonstre a


fórmula de inversão da transformada de Fourier, isto é,

1(1) = lJ'-l[F(w» = - 1 Ia> .


F(w)e,wt dco, (5.10)
. 2n _a>

onde
(5.11)

Solução: Substituindo (5.11) no segundo membro de (5.10), temos:

(5.12)

No caso, para evitar confusão, usamos y como variável muda. Mudando a


ordem de integração e usando (5.6), vem:

= L: l(y)ô(1 - y)dy = l(t). (5.13)

A última integral obtida mediante (2.68). Então, (5.10) está demonstrada.

5.3 Transformada de Fourier de uma Constante

Consideramos agora o problema de achar a transformada de Fourier de uma


função I(t) = A. Deve ser observado que esta função não satisfaz à condição de
integrabilidade absoluta (5.1).

PROBLEMA 5.6 Ache a transformada de Fourier de uma função constante

.f(t) = A, (5.14)
f(l)

como indicada na Fig. 5.3 (a).


Solução: A transformada de Fourier de 1(1) =.A é
A

o
(o) (5.15)

Mas de (5.6),

A277Ô(W)
ô(y) = ~
277
i""
-O<>
eixy dx. (5.16)

Fazendo x =1 e y = -,W, vem


---------L ~W ô(-w) = ~ (O<> eit(-W) dto (5.17)
o
(b)
277 L,
Substituindo (5.17) em (5.15),
Fig. 5.3 (a) Função f(l) = A.
(b) Transformacla de 'Fourier de f(l) = A. 1[A] = 277 Aô(-w). (5.18)
5.3 TRANSFORMADA DE FOURIER DE UMA CONSTANTE 105

Visto que de (2.77), <5(- w)= <5(W),

S=(A] = A2170(úJ). (5.19)


Fazendo A = 1,

s= (1] = 2170(úJ). (5.20),

Outra solução: De (5.3) se tem


s= (O(t)] = 1.

Então, aplicando a propriedade de simetria (4.79) da transformada de Fourier, isto


é, se ff[f(t)] = F(w), então ff[F(t)] = 2nf( - w),

S=(1] = 2170(- w) = 2170(úJ).

Portanto, 5'[A] = A2n<5(w), como mostrado 1"':;l Fi!!. 5.3(h).

Devemos ressaltar que f(t) = A significa ser a função f(t) constante para todo
t [ver Fig. 5.3(a)], não sendo a função descontínua degrau Au(t). Observamos,
então, que, se f(t) = constante, a única freqüência que podemos associar a f(t) é a
freqüência zero (corrente' contínua pura).

PROBLEMA 5.7 Ache a transformada de Fourier de ejwJ•

Solução: De (5.20) temos

S=[1] = 2170(úJ)

e de (4.74),

Portanto, a transformada de Fourier de eiw,j. é

(5.21)

PROBLEMA 5.8 Ache. a transformada de Fourier de cos Wo! e sen Wo(.

Solução: Aplicando a identidade

cos úJot=
1
-(eJ
'(,J
o
I
+ e-J(,Jol)
'

e (5.21), a transformada de Fourier d~ cos Wo! é

S=[COS úJot] = s= [~(ej(,Jo .+ e-i(,Jol)]

= ~ s= [ej(,Jol] + ~ s= [e-j(,Jol]
2 2
= 170(W - úJo) + 170(úJ + úJo; (5.22)

Anàlogamente, visto que] sen úJot = ~ (ej(,Jol _ e-j(,Jol)


I 2j ,

s= [sen úJ t] = s= [..!...- (eJ(,Jol - e-j(,Jol)l


o 2j J
= ..!...- [2178(w - úJo) - 2170(W + úJo)]
2j ,
= -j 170(W - úJo) o
+ j 17 (úJ + úJo). (5.23)
106 TRANSFORMADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

l(l) =cos Wol

Observamos que a função é"oI não é uma função real de tempo, e por conse-
guinte ela tem um espectro (5.21) que só existe quando w = Wo. Mostramos ante-
riormente que, para qualquer função real de tempo, o espectro de amplitudes é uma
função par de w (ver Probl. 4.8). Então, se há um impulso em w = W(J, deverá
existir também um .irnpulso em ço = - Wo para qualquer função real do tempo.
Êste é o caso das funções cos Wot e sen wot. (Ver Fig. 5.4).

(o)
5.4 Transformada de Fourier da Função Degrau Unitário

PROBLEMA 5.9 Determine a transformada de Fourier da função degrau unitá-


F(w)
rio u(t) definida por (2.88) ou -
1 para t » O
u (t) = { O para t < O. (5.24)

Solução: Seja
S:[u(t)] = F(w).
__ ~ ...L- __ ---'L..-_...•.w
o Então, de (4.72),
(b)
S:[u(-t)] = F(-w). (5.25)
_Fig. 5.4 (a) Função
l (t) = cos úJot. Desde que
(b ) Transformada de Fourier de
l(t) = cos úJol.
O para t » O
. u (- t) = { 1 para t < O, (5.26)

temos
u(t) + u(- t) = 1 (exceto em t = O).
Da propriedade da linearidade da transformada de Fourier e de (5.20), vem
(5.27)

isto é,
F(w) + F(-w) = 2170(W). (5.28)

Assumindo agora que


F(w) = kô(w) + B(w), (5.29)

onde B(w) é uma função ordinária e k uma constante, então como


F(w) + F(-w) = kô(w) + B(w) + kô(-w) + B(-w)
= 2kô(w) + B(w) + B(-w)

= 217Ô(W). (5.30)

Assim concluímos que k = n, e B(w). é ímpar.


Para achar B(w), procedemos como se segue: De (2.90),

u'(t) = du(t) = ô(t). (5.31) -


dt

Então, conforme (4.91),


s: [u'(t)] = j w F (w) = j W [17Ô(w) + B (w)]
= s: [ô (t)]
=1. (5.32)
5.4 TRANSFORMADA DE FOURIER DA FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO 107

Mas, visto que, por (2.75), wo(w) = O,


jwB(w)=1. (5.33) u t)

Então,
1
B(w) = -. (5.34)
jw

Finalmente, obtemos:

1[u(t)] = rrô(w) + ~. (5.35) o


!w (a)

F(w) =R(rd)+jX(W)
o resultado acima mostra que o espectro da função degrau unitário contém
um impulso em i» = O. Assim a função u(t) contém, uma componente corrente
contínua como era esperado. A Fig. 5.5 mostra a função degrau unitário, sua trans-
formada e espectro.
Aqui devemos ressaltar que uma aplicação superficial do teorema de diferen-
ciação (4.91) a

o(t) = _du(t) (5.36)


dt
resultaria em
JTo(t)] = iwF(w), (5.37)
(b)
onde F(w) é a transformada de Fourier de u(t).
Então, com (5.3),
I =iwF(w). (5.38)

Portanto,
I
F(w) =-.-, (5.39)
JW
resultado que não está de acôrdo com (5.35).
o
Em geral, se (c)
(5.40) Fig. 5.5 (a) Função degrau unitário.
(b) Transformáda de Fourier da
não segue que função degrau unitário.
(c) Espectro da função degrau unitário.
(5.41)

Em vez disto, a conclusão correta é, -

onde k é uma constante, porque wo(w) = O, como observamos em virtude da pro-


priedade (2.75) da função - O.
Então, em vista de (5.38), a conclusão correta não é (5.39) mas

1 -
F(w) = -.-
JW
+ ko(w). (5.4~)

PROBLEMA 5.10 Prove que a transformada de Fourier da função degrau uni-


tário dada por (5.39), isto é, 5'[u(t)] = I/iw, é incorreta.
Solução: Observamos que l/i t» = -- i/ w é uma função de tu imaginária pura.
Então, de acôrdo com o resultado do Probl. 4.9, ficou provado que, se a transfor-
nada de Fourier de uma função real/(t) fôr um imaginário puro, então l(t) é uma
função ímpar de t. Mas u(t) não é uma função ímpar de t, e, por isso, I/iw não
pode ser sua transformada de Fourier.
108 TRANSFORMADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

PROBLF;MA 5.11 Prove que


sgn t
cr -1
J
[
-.-
1] = 1
-sgn t, (5.44)
]w 2

onde sgn t (ler como sinal de t) é definida como


I para t <O
sgn t = _ 1 para t >O • (5.45)
{
o
Solução: Seja f(t) = sgn t e ff[sgn t) = F(w). Visto que sgn t é uma função ímpar
------l-1
de t [Fig. 5.6(a)), conforme o resultado do Probl. 4.9, F(w) será imaginário puro e
conseqüentemente uma função ímpar de W.
Então, de (2.94)
(a)
f' (t) = 2 8 (t) • (5.46)

Então, de (4.91) vem


S:[f'(t)] = jwF(w) = S:[28(t)] = 2. (5.47)

Portanto,
2
F(w) = -. - + k8(w), (5.48)
o ]w

onde k é uma constante arbitrária. Visto que F(w) deve ser imaginária pura e ímpar,
k = O. Por conseguinte,
2
F(w) = S:[sgn t] = -.-' (5.49)
. ]w

Fig. 5.6 (a) Função sinal de t , sgn t.


Disto concluímos que
( b ) Espectro de 5gn I.
cr
J -1 [
-. -
]w
1] 1 = -sgn
2
t.

A Fig. 5.6 mostra a função sgn t e seu espectro.

Outra solução: De (5.35) temos

S:[u(t)] = 778(w) + 1
jw

u (I) f i (I)

11----
1
2" 1
t
21-----

• o +
o o

Fig. 5.7 Funçã~ c!egrau. unitário e suas componentes par e ímpar.

Observamos agora, que u(t) pode ser expressa como (Fig. 5.7)

u(t) = fp(t):: fi (i) , (5.50)

onde fp(t) e fi(t) são respectivamente as componentes par e ímpar de u(t) De (2.15)
e (2.16) vem

1 1
fpet) = -[u(t) + u(-t)] = -, (5.51)
2 2
5.4 TRANSFORMADA DE FOURIER DA FUNÇAO DEGRAU UNITÁRIO 109

I
t »O
1 1 2
f(t) = - [u(t) - u(- t») = - sgn t = (5.52)
1 2 2
{ 1
t <O •
2

Então, de (4.42) e (4.43), concluímos que

:f [~1 = rr8(w), (5.53)

:f [~sgn
2
t] = J~. (V
(5.54)

Portanto,

'1:-
J
1 [lJ -. -
Jw
1
= - sgn t ,
2

PROBLEMA 5.12 No Probl. 4.25 foi demonstrado que, se ;rU(t)] = F(w), então,
t

:f[i f(X)dX] = ~F(w),


-00 Jw
dado que
L Xl

-00
f(t)dt = F(O) = O.

Mostre que, se

i: f(t)dt = F (O) .;, o,

então
:f [[~ f(X)dX] = j~ F(w) + rrF(0)8(w). (5.55)

Solução: Seja

g (t) = l~ f (x) dx •

A integral acima pode ser expressa como uma convolução de f(l) com a função de-
grau unitário u(t), isto é,

f(thu(t) = i: f(x)u(t- x)dx= l~ f(x)dx= g(t) (5.56)

desde que u(t - x) = O para x > t.


Então, pelo teorema da convolução no tempo (4.122) e (535), vem

:f[g(t») =:f [l~ f(X)dX] = :f[f(t»):f[u(t»)

= F(w) [rr8(W) + j~J


1
= - F(w) + rrF(w)8(w). (5.57)
jw
110 TRANSFORMADA DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

De (2.74), resulta

F(w)o(w) = F(O)o(w).

Por conseguinte,

:f rt ] = jw1 F(w)
[
100 f(x)dx + 17F(O)o(w).

5.5 Transformada de Fourier de uma Função Periódica

No Capo 4, desenvolvemos a integral de Fourier como um caso limite da série


de Fourier, fazendo o período de uma função periódica tornar-se infinito. Mostra-
remos, nesta seção, que a série de Fourier pode ser explicitamente deduzida como
um caso especial da integral de Fourier.
Deve ser observado que, para qualquer função periódica fel),

f~", I f(r) I dt = 00,

isto é, não satisfaz à condição de integrabilidade absoluta de (4.17). Mas sua trans-
formada de Fourier deve existir no sentido de uma função generalizada. . Isto foi
demonstrado, na determinação das transformadas de Fourier de cos Wof e sen wot.

PROBLEMA 5.13 Ache a transformada de Fourier de uma função periódicaj(t).

Solução: Podemos exprimir uma função periódica f(t) com período T como

L
00
217
f(t) = Cn einwot, wo=
T
n=-oo

Tomando a transformada de Fourier de ambos os membros,

(5.58)

Em virtude de (5.21),
(5.59)

a transformada de Fourier de f(t) é


00

(5.60)
n=-oo

A Eq. (5.60) afirma que a transformada de Fourier de uma função periódica é


constituída de uma seqüência de impulsos eqüidistantes localizados nas freqüências
, harmônicas da função.

PROBLEMA 5.14 Prove que uma seqüência de pulsos eqüidistantes

(5.61)

é a transformada de Fourier de uma função periódica J(t) com período T.


5.5 TRANSFORMADA DE FOURIER DE UMA FUNÇAO PERIODICA 111

Solução: A função periódica é

00

(5.62)
n=-oo

De (5.59) vem,

(5.63)

Então,
00

f(t) = L (5.64)
n=-oo

f [t + (::)] = f (t + T) = f (t) ;
isto é, f(t) é uma função periódica com período T = 2rr/wu.

PROBLEMA 5.15 Ache a transformada de Fourier da função trem de impulsos


unitários bT(t), onde bT(t) é definida por

OT (t) = ... + o (t + 2 T) + o (t + n + o (t) + o (t - n + o (t - 2 n + ...

L
00

= o(t - nT).
n=-oo

Solução: Desde que bT(t) é uma função periódica com período T e em virtude do
resultado (3.61) do Probl. 3.10, a série de Fourier da função bT(i) é dada por

L
00

OT (t) = ~ einúJot, (5.65)


f)=-OO

onde Wo = 2rr/T. Portanto,

L
00

S:[OT(t)]= ~ S:[einúJot].
n=-oo

De (5.59),

n=-oo

00

n=-OO

(5.66)
112 TRANSFORMADA DE FOURIER DE I'UNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

ou
f(t)

A Eq. (5.67) afirma que a transformada de Fourier de uma seqüência de


impulsos unitários é também uma similar seqüência de impulsos. Podemos, então,
dizer que a função trem de impulsos é sua própria transformada (Fig. 5.8).
f.-T-j
(a) PROBLEMA 5.16 Mostre que os coeficientes complexos c« do desenvolvimento
em série de Fourier de uma função periódica f(t) com período T são iguais aos va-
lôres da transformada de Fourier Fo(w) da função fo(t) em to = nca« =i n2n/T mul-
tiplicada por 1fT, onde fo(t) é definida por

f (t), 't' < .!


2
T
fo (t) = (5.68)
{ O, Itl>!.T.
--'------I.---L--_---' __ --'--.w 2

Solução: A função periódica fel) com período T pode ser escrita por
00

2TT
f(t) ~ [ einúJot,
(b) C
n
wo= T'
Fig. 5.8 (a) Função trem de impulsos. n=-oo
(b) Transformada de Fouri"r
da função trem de impulsos.
onde Cn = T1 jT/2 .
f(t)e-inúJotdt. Portanto,
-T/2

T/2

f(l)
=
l -T/2
f(t) e-iúJt dt. (5.69)

Visto que
- 1
(5.70)
~d_

-T o T
concluímos que
(a)
(5.71)

PROBLEMA 5.17 Usando o resultado do Probl. 5.16. ache os coeficientes da


série complexa de Fourier de um trem de pulsos retangulares de largura d e perío-
do T, como indicado na Fig. 5.9(a).
o Solução: Seja
(b)
00

2TT
Fig. 5.9 (a) Trem de pulsos retangulares. f(t) = [ Cn einúJot , wo= -. (5.72)
(b) Pulso retangular simples. T
n=-oo

Então, da Fig. 5.9(b), vem


(5.73)
5.5 TRANSFORMADADE FOURIER DE UMA FUNÇAO PERIODICA 113

Por conseguinte..de (4.45), resulta

r, (úJ) = ~ [fo (t)1 = ~ [Pd (t)] = ~ sen (úJ/)

(5.74)

Portanto, a partir de (5.71) os coeficientes Cn das séries de Fourier de f(t) são dados
por
_ (n-- úJo
sen d)
2
(5.75)
(núJ; d) ,
que é exatamente o mesmo resultado dado por (3.47), exceto quanto ao fator A da
altura do pulso.

PROBLEMA 5.18 Encontre a transformada de Fourier da sequencia de pulsos


retangulares de largura d com período T, mostrado na Fig. 5.9(a).
Solução: Em virtude do resultado do Probl. 5.17, a série de Fourier para esta fun-
ção é dada por

f(t) = L
00

CneinúJot,
2rr
n=-oo

onde

sen (núJo
-- d) sen (n-- tr d)
d 2 d T·

T (n~od) T (n ;d)
= ~ sa(n;d). (5.76)

De (5.60) resulta que a transformada de Fourier desta função é dada por

cr
J [f(t)] = F(úJ)
.
=
2rrd ~
T ~ Sa
(nrrd)
T ô(úJ - núJo)' (5.77)
n=-oo

A Eq. (5.77) indica que a transformada de Fourier de uma seqüência de pulsos


retangulares consiste de impulsos localizados em OJ = O, + OJo, + 2OJo, ... , etc.
A intensidade do impulso localizado em OJ = nci« é dada por (2nd/T) Sa (nndlD.
O espectro é mostrado na Fig. 5.10 (caso em que djT = 1/5).

",
I \

Fig. 5.10 Espectro de um trem de impulsos retangulares.


114 TRANSFORMADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

5.6 Transformadas de Fourier de Funções Generalizadas

Nesta seção, definiremos as transformadas de Fourier das funções generaliza-


das e de certas funções ordinárias para as quais a definição usual de transformada
não tem sentido. Isto será feito com o emprêgo da equação de Parseval.

PROBLEMA 5.19 Seja g:U(t)] = F(q» e g:[g(t)] = G(w). Estabeleça a equação


, de Parseval:

f~",f(X)G(X)dX = f~", F(x)g(x)dx. (5.78)

Solução: Da definição de transformada de Fourier, decorre

F(y) = 1"" f(x)e-iXY dx , (5.79)


-t-oc

G(x) = 1""
-r-oo
g(y)e-iXYdy. (5.80)

Então,

(5.81)

Mudando a ordem de integração,

i: f(x)G(x) dx » i: [i: g(y) f(X)e-iXYdx] dy

= L: g (y) F (y) dy ,

e como podemos alterar o símbolo da variável muda,

(5.82)

É evidente que, em vista de (5.78),

f~", f(w) g:[g(t)] do» = f ~'" g:U(t)]g(w) dto. (5.83)

Como f(t) = g:-l[F(w)] e g(t) = g:-l[G(W)], podemos também escrever (5.82)

assim: (5.84)

Podemos, desta forma, estender a relação (5.82) para definir a transformada de


Fourier de uma função generalizada.
Seja <p(t) uma função teste como definida na Seç. 2.4. Então,

g:[<p(t)] = <I>(w)
5.6 TRANSFORMADASDE FOURIER DE FUNÇOES GENERALIZADAS llS

existe, certamente, e a transformada de Fourier F(w) de uma função generalizada


f(t) é definida pela relação

I:", F(x)<jJ(x) dx = f:",!(X)IfI(X) dx. (5.85)

PROBLEMA 5.20 Aplicando a definição (5.85), mostre que


5'[<5(t)] = 1.

Solução: De (5.85),

i: ô(t)~(t)dt = i: S:(Ô(t)]cf>(w)dw. (5.86)

Ora, da definição (2.67) da função delta (<5)resulta

Mas
i: ô(t)ct>(t)dt = ct>(t) It=o = er,» lúJ=o = ct>(0).

ct> (O) = [1: cf>(t) e-


júJ
t dtl = o'

ct>(0) =

Comparando-se (5.87) com (5.86), resulta


i: i:
e como na equação acima a integração é em relação a

cf>(t)dt= cf>(w)dw.
I,

(5.87)

s: (ô (t)] = 1.

PROBLEMA 5.21 Usando a relação (5.85), ache a transformada de Fourier de


<5(t- r).

i:
Solução: Podemos escrever

s« - T)~(t)dt = i: S:(Ô (t -1:)lcf>(w)dw. (5.88)

De (2.68).

1: ô (t - T) ct> (t) dt = ct>( T) = ct>(t) 1 t ='7" = ct>(w) 1 úJ=T

= [1: cf>(t) e-
júJt
dtL=T

Como o símbolo da variável muda pode ser alterado à vontade,

1""
-00
s« - T) ct>(t) dt = 1""
-00
cf>(w) e-
jTúJ
d co. (5.89)

Comparando (5.88) com (5.89),


S:(ô(t - T)] = e-júJT•

Que é um resultado idêntico ao (5.8) obtido no Probl. 5.4.


116 TRANSFO!!MADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS. CAPo 5

PROBLEMA 5.22 Usando a relação (5.85), mostre que


ff[f'(t)] = jOJF(OJ),
ff[f(k)(t)] = (jOJ)k F(OJ),
onde F(OJ) = ff[f(t)].

Solução: De (5.85)

i:;F[f'(t)]cf>(w)dw = i: f'(w)<I>(w)dw. (5.90)

Mas em virtude da definição da derivada de uma função generalizada (2.82), resulta

1: f'(w) <I>(w) dw = - i: f(w)<I>'(w)dw. (5.91)

Desde que

= 1 00

- jtcf>(t) e-jwt dt

i:
-00

=.- [jtcf>(t)] e-jwt dt

= - ;F li t cf>(t)],
temos

i: f'(w)<I>(w)dw = - i: f(w)<I>'(w)dw

= + L: f(w) ;F(jtcf>(t)] d os, (5.92)

Novamente, aplicando (5.85), vem

i: f(w);F[jtcf>(t)]dw = i: jwcp(w)F(w)dw. (5.93)

Comparando (5.93) com (5.90),

;F[f'(t)] = j co F(w). (5.94)


Repetindo (5.94),
(5.95)

PROBLEMA 5.23 Ache a transformada de Fourier de <5'(t) e de <5(kl(t).


Solução: Visto que ff[<5(t)] = I em virtude de (5.94) e (5.95),
ff [<5'(t)]= jOJ, (5.96)
ff[<5(k)(t)] = (jOJ)k. (5.97)
5.6 TRANSFORMADAS DE FOURIER DE FUNÇOES GENERALIZADAS 117

PROBLEMA 5.24 Usando a relação (5.85), mostre que

cz:. , dF(w)
J [(-lt) f(t)] = F (w) = --o
dw

k
5= [(-jtl f(t)] = F(k)(W) = d F(w),
â os"

onde F(ro) = 5'[f(t)].

Soluçãoe Da definição da derivada de uma função generalizada (2.82),

L: F'(w)cp(w)dw = -1: F(w)cp'(w)dw. (5.98)

Em conseqüência de (5.85), resulta

(5.99)

Então, integrando por partes,

=jw<l>(w)

Como a função teste éú) se anula fora de algum intervalo, 4>(t) --'> O quando t ---'> ± co •

Então,

-L: f(w) 5= [cf>'(t)] d w = -1: f(w)j w <I>(w)d co

= i: (-jw)f(w)<I>(w)dw

= i:(- j t) {( t) <I> (t) dt. (5.100)

Portanto,

L: F'(w)cf>(w)dw = i: (-jt) f(t) <I>(t) dt.

Conseqüentemente, de (5.85), temos


5=[(-jt)f(t)]= F'(w) = dF(w). (5.101)
dw
118 TRANSFORMADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

Por repetição de (5.101), resulta


k
S:[(_jt)k f(t)] = F(k)(w) = d F(w) . (5.102)
. dwk

PROBLEMA 5.25 Ache a 'transformada de Fourier de t e de tk•

Solução: Em virtude de (5.20), temos 5'[lJ = 2m5(w). De (5.101), vem

S:[(-jt)] = 2rrô'(w). (5.103)

Portanto,
CI:[]
J t
2rrô' . ,
(w) = ] 2 n (o),
= -. õ (5.104)
-J

onde b'(w) = db(w) Anàlogamente, de (5.102),


dw

(5.105)

onde

5.7 Problemas Suplementares

PROBLEMA 5.26 Determine as transformadas de Fourier das seguintes funções:


(a) 1-3ô(t)+2ô'(t-2), (hj sen tr , (c) u(t-1).
Resp.: (a) 2rrô(w) - 3 + 3jwe-j2CU, (b) j(rr/4) [ô(w-3)-3ô(w-1)+
3ô(w + 1) - ô(w + 3»), (c) rrô(w) - e-/cu/jw.

PROBLEMA 5.27 Mostre que a função degrau unitário u(t) pode ser expressa
como
u(t) = .! + .! (00 sen wt d ca .
2 tr Jo w
[Sugestão: Utilize (5.35) e (4.i7)].

PROBLEMA 5.28 Prove que

(a)

(b)

[Sugestão: cos Wot u(t) = ! {é"aI u(t) + e-j"'aIu(t)} e use o resultado do Probl.
(4.19)].

PROBLEMA 5.29 -Ache a transformada de Fourier de uma seqüência finita de


impulsos unitários
k-I
f(l) = [ô(t - nT).
n=O

e-j(k-I)WT/2 sen (kw T /2)


Resp.:
sen (wT /2)
5.7 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 119

PROBLEMA 5.30 Se f(t) = e=' u(t), mostre que ;rU'(t)] = jw ;rU(t)].


[Sugestão: f'(t) = <5(t)- «e=' u(t).]

PROBLEMA 5.31 Seja f(t) uma função periódica com período T. Se uma função
fo(t) fôr definida como

_ {f(t) para It! < T/2


fo ( t ) -
O para Itl > T/2 ,

mostre que f(t) pode ser expressa como


DO

f(t) = [ fo(t - nT) = fo(t) * 0T(t),


n=-oo

00

onde o T (t) = [ o (t - n T) .
n=-.Xl

PROBLEMA 5.32 Aplicando o resultado do Probl. 5.31 e o teorema da convolu-


ção, mostre que a transformada de Fourier de uma função periódica f(t) de período
T e com coeficientes de Fourier complexos pode ser expressa como

F(w) = 2;. f:
n=-oo
Fo(nwo)o(w-nwo) = 211 f:
n=-oo.
cno(w-nwo),

fU) paralt! < t/2.


onde Fo (w) = j [to(t)] e fo(t) =
{
O para [r] > t/2.

[Sugestão: Use os resultados dos Probls. 5.15 e 2.50].

PROBLEMA 5.33 Prove que ;r [1/t] =- nj sgn w = nj - 2rrjll(w).


[Sugestão: Aplique a propriedade de simetria (4.79) ao resultado (5.44) do Probl.
5.1I].

PROBLEMA 5.34 Partindo do Probl. 5.33, deduza que, para n = I, 2, 3, ...•


'i [
J -
1// t 2J = - J. w 11J. S gn w = w TT s gn co ,

:f [2/t'J = - (jW)2 TTj sgn (ti = ju/ TT sgn w,

~[~] = _ (_jW)"-1 "jsgn w.


t" (n - 1)!
[Sugestão: Use o resultado do Probl. 4_24, isto é, ;r[/'(t)] = jwF(w)].

PliOBLEMA 5.35 Mostre que ;r[tu(t)] = jrr<5'(w) - I/w2•


[Sugestã~: Utilize o resultado do Probl. 5.24].

PROBLEMA 5.36 Mostre que ;r [I ti] = - 2/w2•


[Sugestão: Utilize \ t I = 2 tu(t) - t, (5.104), e o resultado do Probl. 5.35].

PROBLEMA 5.37 Ache a solução particular para x"(t) + 3x'(t) + 2x(t) = u(t),
mediante a transformada de Fourier.
120 TRANSFORMADA DE FOURIER DE FUNÇOES ESPECIAIS CAPo 5

[Sugestão: Considere a transformada de Fourier de ambos os lados da equação.


Ache X(ro) = ~[x(t)] e faça a transformada de Fourier inversa].

Resp.: 1..(1- 2e-t + e-2t) u(t).


2

PROBLEMA '"5.38 Ache a solução particular para x"(t) + 3x'(t) + 2x(t) = 3<5(t),
aplicando a transformada de Fourier.
Resp. : 3(e-t - e-2t) u(t).

PROBLEMA 5.39 Seja F(ro) a transformada de Fourier de f(t) e fk(t) definida por

Ik(t)=-
1 Jk F(w)e1
"úJt
dco .
277 -k

Mostre que

" 1 Joo sen kx


I k (t) = - I (r - x) -- dx.
77
-00 X

PROBLEMA 5.40 A partir do resultado do Probl. 5.39 mostre que

" sen kt
Ô () t = I1m --.
k->oo t
[Sugestão: Observe que lim fk(t) = f(t)].
. k-+o:J

PROBLEMA 5.41 Ache a transformada de Fourier da função degrau unitário


desviada u(t - to).
e-iwto
Resp.: n<5(ro) + -.-.
1ro

PROBLEMA 5.42 Utilize (5.85) para deduzir o teorema da convolução no tempo

PROBLEMA 5.43 Mediante (5.85), mostre que

PROBLEMA 5.44 A transformada de Fourier F(ro) de uma função generalizada


f(t) pode ser definida por

oo 1 [00 F{w)<I>
J-00
l(t) fj>(t) dt « 277

-00
(-w) d co,

onde cp(t) é uma função teste e ~[cp(t)] = ~(ro). Aplicando a equação de Parseval

f oo f(t)g(t)dt=~loo
":"00
277
-00
F(w)G(-w)dw,
" "
[4.133]

mostre que a transformada de Fourier da função impulso unitário é

~[ô{t)] = 1.

[Sugestão: J 00
-00
ô(t) fj>(t) CJt = fj>(0) = -J 00
277
1

_00_00
<I>(w)dw = ~
1
277
[00
<I>(-w)dw ].
I CAPiTULO

APLICAÇÕES AOS SISTEMAS


LINEARES
6
6.1 Sistemas Lineares

Em todo sistema existe uma função de entrada (ou função fonte ou excitação)
e uma função de saída (ou resposta). O sistema ficará completamente caracterizado
quando estiver determinada a natureza da dependência excitação-resposta. f. (t) t, (t)
l stema linear
Suponhamos agora que j.(t) e f,.(t) como indicadas .na Fig. 6.1, sejam respec-
tivamente a excitação e a resposta para um sistema linear invariante no tempo (ou
de parâmetros constantes). .
Fig. 6.1 Excitação e resposta de um
Se, com a excitação j.(t), conseguimos a resposta .f,.(t), então, se o sistema sistema linear.
fôr linear, a excitação

produzirá a resposta

Desta forma, um sistema linear pode ser definido como aquêle para o qual é
válido aplicar·o princípio da superposição,
Por invariante no tempo (ou parâmetros constantes) entendemos que se a exci-
tação j'.(t) produzir a resposta f,.(t), então a excitação j. (t + to) produzirá a res-
posta .f,. (t + to).
Uma outra definição de sistema linear é a que afirma que a entrada e a res-
posta estão relacionadas entre si por uma equação diferencial linear, isto é,

d"J,.(t) + dn-1 f,.(t) + ... + df,.(t) + J,(t)


tln dt" an-I dtn-I ai dt ao r

6.2 Fu nções Operacionais dos Sistemas

Se representarmos djdt pelo operador p, tal que

pf(t) = d~~t) , pn f(t) = dYr~t),

então (6.1) pode ser escrita também como

L: anP"f,.(t) = L: bmpmj.(t)
n

n=O
m

m=-o
(6.2)

ou
A(p)f,.(t) = B(P)j.(t), (6.3)
122 AJ>LICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

onde
A(p) = anpn + an_lpn-l + ... + ai p + ao,
B(p) = bmpm + bm_1p + ... + bip + be.
1n-1

Num sistema linear, os coeficientes a; e b.; são independentes da função de saída.


Em um sistema invariãnte no tempo (ou de parâmetros constantes), os coeficientes
a; eb.; são constantes.
A Eq. (6.3) pode ser escrita simbõlícamente sob a forma

B(p)
fr(t) ~ A(p) f.(t) = H(p)f.(t), (6.4~

onde H(p) = B(p)/A(p). Subentendido está que (6.4) é uma expressão operacio-
nal da equação diferencial (6.1). O operador H(p), que atua. na função entrada para
produzir uma resposta é chamado de função operacionaldo sistema. Usando o
símbolo L para H(p), podemos escrever (6.4) também como
r
L {f.(t)} = f,.(t). (6.5)

O símbolo ou operador linear L em (6.5) especifica a lei que determina a função


resposta f,.(t) de uma dada função excitadora f.(t). Algumas vêzes, consideramos
(6.5) como uma transformação L de f.(t) para f,.(/).
Com a notação de (6.5) podemos definir um sistema linear invariante no tempo
por
L {alf.l(t) + a2f.2(t)} = a1L {f.l(t)} + a2L {f.2(/)}, (6.6)
L {f.(t + to)} = fr(t + to), (6.7)
R
onde to é uma constante arbitrária.

v(t)
PROBLEMA 6.1 Obtenha a expressão operacional para a corrente i(t), resposta
à tensão excitadora v(t) no circuito da Fig. 6.2(a).
c
Solução: A entrada é a tensão aplicada v(t) e a resposta ou saída é a corrente i(t),
como indicado na Fig. 6.2(b). Aplicando a lei de Kirchhoff, a equação diferencial
(o) que liga i(t) com v(t) pode ser obtida como

R i (t) + L di (t) + ~
dt <
lL; t
.i (t) dt = v(t). (6.8)

v (t) RLC i (t)


Diferenciando ambos os membros,
Circuito 2
L d i (t) + R di (t) + ~ i (r) = dv(t) , (6.9)
dt2 dt C. dt
(l» onde o símbolo L prevalece para a indutância e não é um operador.
Fig. 6.2 (a) Circuito do Probi. 6.1. Usando o operador p = djdt, podemos escrever (6.9) também como
(b ) Sistema representativo do
circuito da Fig. 6.2 (a).
(Lp2 + Rp +~) i(t) = pv(t). (6.10)

Portanto,
i (t) = P v(t) = H (p) v(t), (6.11)
1
Lp2 + Rp +-
C
onde
1 1
. 1) = z (p) = y (p).
( R+Lp+- Cp
6.3 RESPOSTAS A FUNÇOES EXCITADORAS E FUNÇOES SISTEMAS 123

No circuito elétrico da Fig.. 6.2(a), Y(p) é chamada função admitância opera-


dona! e Z(p) = I/Y(p), de função impedância operacional. I Posição de equillbrio
. I da massa
!..: ----I~~ x (t)
PROBLEMA 6.2 Considere o sistema mecânico simples, mostrado na Fig. 6.3(a). I
Obtenha a expressão operacional do deslocamento x(t) de uma massa m em relação I

à posição de equilíbrio.
f (I)
Solução: A excitação ou entrada é a fôrça aplicada f(t) e a resposta é o deslo- m
camento x(t) de uma massa m a partir da posição de equilíbrio [Fig. 6.3(b)].
As fôrças que agem sôbre a massa são as seguintes:
/
(1) Fôrça aplicada f(t).
(2) Reação inercial (- md" xjd2 t}. (a)
(3) Fôrça de amortecimento (resistência de atrito) (- k« dxjdt).
(4) Fôrça restauradora elástica (- k. x).
Nos itens (3) e (4), acima, kd e k, são, respectivamente, o coeficiente de atrito e f(t) x (t)
a constante da mola. __ ..•• Sistema mecânico

Aplicando o princípio de d' Alembert,


2
m d x(t) + kd dx{t) + ksx(t) = f(t). \ (6.12) (b)
de dt
Fig. 6.3 (a) Sistema mecânico do Probl.6.2:
Na forma de operadores (6.12) torna-se, então, ( b) Sistema representativo do
sistema mecânico da Fig. 6.3(a).
(6.13)

Portanto,
1
x (t) = 2
f (t) = H (P) f(t), (6.14)
mp +kdP+ks

onde H(P) = lj(mp2 + kdP + k.).

6.3 Respostas a Fu nções Excitadoras Exponenciais e Fu nções


Sistemas de Autofu nções

As respostas; de sistemas lineares, a excitações exponenciais que sejam funções


do tempo são de particular importância na análise dos sistemas lineares.

PROBLEMA 6.3 Mostre que a resposta de um sistema linear invariante no tempo


a uma função exponenoial eM é também uma função exponencial e proporcional'
à excitação, isto é,
L {eJ'o>t} = k eJ'o>t. (6.15)

Solução: Seja fr(t) a resposta a eiwt• Então,


L lejúJtl = f.(t). (6.16)

Como o sistema é invariante no tempo, então de (6.7) resulta,


L le.iúJ(t+ to)1 = f(t + to)' (6.17)
Mas de (6.6),
(6.18)

Então, (6.19)

Fazendo t = 0, (6.20)
124 APLlCAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

Visto que to é arbitrário, substituindo to por t, podemos escrever (6.20) também


como .'

Desta forma, a resposta é proporcional à excitação, com k = j,.(0) como constante


de proporcionalidade. De modo geral, k é complexo e depende de W.
Outra solução: Seja j.(t) = eiwt a função excitadora em (6.3). Então,
A(p) ir,(t) = B(p) eiWt, (6.21)

onde J,.(t) é a função resposta. Mas

B(p) eiWt = B(jw) eiWt

Desde que

pm eJWt = _
dm (eJWt) = (jw)m eJw t.
dtm
Então a resposta J,.(t) é definida pela equação diferencial linear ordinária
A(p) ir (t) = B(jw) ejWt• (6.22)

Mas a função excitadora de (6.22) é B(jw) eiwt, que é uma função exponencial, e
a partir da teoria das equações diferenciais podemos supor que a resposta J,.(t) é
também exponencial. Portanto, se J,.(t) = k1eiwt, então

A(p)ir(t) =A(p)[k1eiWt] =k1A(p)[eJWt] =klA(jw)e~ =A(jw)ir(t). (6.23)

Substituindo (6.23) em (6.22), vem:


A(jw) ir (r) = B(jw) ejWt• (6.24)

Então, se A(jw) ::fi O.

i (t) = B(jw) eiWt = H(jw) ejWt. (6.25)


r A(jw)

A Fig. 6.4 mostra um diagrama em bloco ilustrando a relação entre a excitação e


Excitação Resposta
a resposta dadas por (6.25).

A excitação [.(1) = eiw/ e A Eq, (6.25) pode ser escrita simbolicamente como
L {eiwt} = H(jw) eiwt• (6.26)
Fig. 6.4 Função sistema. Em linguagem matemática, uma função f(t) que satisfaça à relação
L {f(t)} = kf(t), (6.27)
é chamada autofunção (ou função característica), e o correspondente valor de k,
é chamado de auto valor (ou valor .característico). Em vista de (6.26), podemos
dizer que a autofunção de um sistema linear invariaâte no tempo é uma função
exponencial. . O auto valor H(jw) do sistema é definido como a função sistema.

PROBLEMA 6.4 Ache a resposta do sistema especificado por H(jw) para uma
constante K.

Solução: De (6.26) e da linearidade do sistema,


L IKI = K H(O), (6.28)

onde H(O) = H(jw)I~~o.


6.4 RESPOSTAS SENOIDAIS EM REGIME PERMANENTE 125

PROBLEMA 6.5 Se a função de entrada de um sistema linear especificado por


H(jro) fôr uma função periódica do tempo com período T, ache a resposta do sis-
tema.
Solução: Visto que a fonte /.(t) é periódica,
00
217
fe{t)= [cneinWot, (6.29)
Wo =T'
n=-OO

onde

Cn = T1 jT/2 t: {t) e-inWot dto (6.30)


-T /2

Decorre de (6.26), que


(6.31)

é a função de saída devida ao componente de entrada


fen (t) = c., einWot. (6.32)

Como o sistema é linear, sua resposta total a /.(t) é a soma das respostas das com-
ponentes Irn(t). Então,
00

(6.33) .
n=-oo

A Eq. 6.33 indica que, se a função de entrada em um sistema linear fôr


periódica, então a função de saída também é periódica. Devemos notar que a
resposta (6.33) é a resposta em regime permanente.
----,

6.4 Respostas Senoidais em Regime Permanente

A .resposta senoidal permanente de um sistema linear pode ser déduzida


como um caso especial da resposta à excitação exponencial.

PROBLEMA 6.6 Mostre que as respostas em regime permanente de um sistema


especificado por H(jro), às funções excitadoras cos cot e sen rol são dadas respec-
tivamente por Re[H(jro)ét] e Im[H(jro)ej",t], onde Re representa a "parte .real de"
e 1m designa a "parte imaginária de".
--------------------------
Solução: Suponhamos que a resposta em regime permanente do sistema à excitação
cos t»t seja rc(t), e que a resposta em regime permanente a sen cot seja r.(t), isto é,
L [cos wd = Te(t), (6.34)

L lsen wd = Ts (r). (6.35)

Segue da propriedade de linearidade (6.6), que


L [cos cot + j sen or! = Te{t) + j Ts(t). (6.36)

Mas, como cos cot +j sen cot = &",t,


(6.37)
De (6.26), resulta que
(6.38)
126 AI .•CAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

Desde que rc(t) e r.(t) são ambas funções reais de t,


re (t) = Re [R (jw) ejWt), (6.39)

rs(t) = 1m [R(jw)ejWt]. (6.40)

Portanto,
L [cos wt! = Re [R (jw) ejW t), (6.41)

L Isen wt! = lm [R (jw) ejW 'l. (6.42)

Na análise do regime senoidal permanente é costume utilizar a representação


fasorial para funções senoidais, Assim, uma função co-seno v(t) pode ser escrita
. como
V(t) = Vm cos (ro! + p) = Re [Vm eiwt],

onde V m = Vm ei13 = Vm I {3. A quantidade complexa V m é chamada de represen-


tação fasorial de v(t). -

PROBLEMA 6.7 Se a função sistema H(jro) fôr expressa na forma fasorial, isto é,

H(jro) = I H(jro) I ej8(w) = I H(jro) II (}(ro),

então mostre que as respostas em regime permanente do sistema às excitações


Vm cos (rot + fJ) e Vm sen (rot + fJ) são dadas, respectivamente, por

Re[H(jro)Vmé"] = vmIH(jro)lcos(rot +fJ + (}),


Im [H(jro) v, eiwt] = Vm I H(jro) I sen (rol + fJ + ()).
Solução: Procedendo como no Probl. 6.6, seja
L Ivmcos (wt + f3)! = re(t), (6.43)

L IVm sen (wt + f3)! = rs(t). (6.44)


Então,
L I vm [cos(wt + f3~ + j sen (wt + j3)]1 = L I vm ej(Wt+ ~)!
= L lVm ej~ ejwtj. (6.45)

Seja Vm ei13 = V m; então, de (6.26), vem


L iv, ejWt! = v; L lejWt! = Vm R(jw) ejWt. (6.46)

Portanto,
re (t) + j rs(t) = Vm R(jw) ejWt. (6.47)

Como Vm R(jw) ejWt = vmIR(jw)1 ej(Wt+ ~ + e),

reCt) = Re w., R (jw)ejWt] = vmIR(jw)1 cos (wt + f3 + ,,, 0.48)

r(t) = 1m [Vm R (jw) ejW t] = Vm IR (jw)1 sen (wt + f3 + e). ,.49)


Desta forma,

L lVm cos (wt + f3)! = vmIR(jw)1 cos (wt + f3 + e), (6.50)

L IVm seu (wt + f3)! = vmIR(jw)1 sen (wt + f3 + e). (6.51)

Agora, em vista dos resultados acima, se representarmos a função de entrada


.(.(t) pelo fasor Vm, então a função de saída Ir(t) pode ser representada por VmH(jro).
Portanto, podemos concluir que, se as funções de entrada e saída são funções
senoidais permanentes do tempo, então a função sistema H(jro) é igual à razão
entre os valôres complexos das funções de saída e entrada. .
6.5 APLICAÇOES AOS CIRCUITOS EL~TRICOS 127

PROBLEMA 6.8 Ache a resposta J,.(t) de um sistema linear quando a excitação


[.(t) fôr periódica com período T, e fôr expressa como a série de Fourier

f.{t) = c, + LC
00

n cos (nwot + CPn), Wo =


2"
y' (6.52)
n= 1

Solução: Do princípio de superposição e dos resultados dos Probls. 6.4 e 6.7,


resulta que

f r (t) = L li. (t) I

LL
00

= L ICol .; ICn cos (nwnt + CPn)1


n=1

L
00

'-= CoH(O) + CnIH(jnwo)1 cos[nwot + CPn + O(nwo)]·. (6.53)


n= 1

6.5 Apl icações aos Ci rcu itos Elétricos

Nesta seção, aplicaremos as idéias até aqui desenvolvidas em alguns problemas


relativos a circuitos elétricos.
R

PROBLEMA 6.9 No circuito RLC da Fig. 6.5, é aplicada uma fonte de tensão
v(t) = Vm cos (rot + fJ). Ache a corrente permanente i.(t) de saída.
v (I)
Solução: De acõrdo com o resultado do Probl. 6.1, a corrente de saída i(t) está
relacionada com a fonte de tensão por

i (t) = H (p) v(t) = _1_ [v(t)], (6.54)


Z(p)
Fig. 6.5 Circuito série RLC
do Prob(.;6.9.

onde H(p) = ljZ(p) e Z(p) = R + Lp + _1_. Ora, empregando a representação


Cp
fasorial,
v(t) = Vm cos (wt + (3) = Re [v m ejWt], (6.55)

onde Vm = Vm eiP.
Então, de (6.50), a resposta senoidal permanente i.(t) é dada por

i s (t) = Re [Z ~w) Vm ejW1 (6.56)

Mas,
Z(jw) = R + jwL + _1_= R + j (WL _~)
jwC wC

= IZ(jw)1 ej8(W) = IZ(jw)1 / O(w) , (6.57)


onde

IZ(jw)1 = I R2 + (WL - w~) 2,


128 APLlCAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

Então,

i (t) - Vm cos [wt + Q - 8 (w)). (6.58)


S -!z(jw)! fJ

Usando a representação fasorial, (6.56) pode ser escrita como


(6.59)

Então, o fasor 1m que representa i.(I) está relacionado ao fasor V"" que representa
v(t), por

(6.60)

ou
v(t)
~: = ZUm), ~: = Y{jm), (6.61)

v
- ~ onde Z(jw) e Y(jm) são chamadas, respectivamente, de função tmpedância senoidal
e função admitância senoidal para o circuito.
t
o 17 217 PROBLEMA 6.10 Uma fonte de tensão onda quadrada v(t), cuja forma de onda
está indicada na Fig. 6.6(a), é aplicada ao circuito série RL da Fig. 6.6(b).. Ache
-V a corrente permanente de saída ;.(t).
Solução: O desenvolvimento em série de Fourier da onda quadrada da fonte de
(a)
tensão v(t) é dada por (2.38). Com Wo = 2n/T = 1,

R=l n v(t)=4V
17
[cost-~cos3t+~cos5t-
3 5
... J. (6.62)

Para o circuito RL da Fig.6.6(b), a função impedância para qualquer freqüência


m em radianos é dada por
v (t) L=lh
Z(jw) = R + jwL.
~
Então, para o z-ésimo harmônico, a função impedância é
Z (jnwo) = R + jnwoL.
(b)

Fig. 6.6 (a) Forma de onda de uma Para o presente problema, R = 1 11 e L = 1 h. Então,
fonte de tensão de onda quadrada.
(b) Circuito série RL do Probl. 6.10. Z(jnwo) = Z(jn) = 1+ j n = !Z(jn)!1 8(n),

onde
!Z(jn)! = VI + n2, 8(n) = 'tg-' n.

Segue do pnncipio de superposição, que a r sposta em regime permanente ;.(t)


é dada por
i s (t) = 4 V [ 1_ cos (t _ tg -1 1) _ 1 cos (3t _ tg -1 3)
17 y2 3yl0

+ 1
5y26
cos(St- tg-15)+ .. J. (6.63)

PROBLEMA 6.11 A função tensão de entrada para o circuito RC com dois


terminais mostrado na Fig. 6.7 é a série finita de Fourier
Ve (t) = 100 cos t + 10 cos 3t + cos 5t.
Ache a função de saída em regime permanente vr.(t).
6.5 APLICAÇOES AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS 129

Solução: Como a função de entrada é

Ri l~ (R + p~) i (t),
R

a função de saída será


V. (t) = (t) + ~ i (t) dt = (6.64)

f ~ Ic l()
v r (t) = -1
C
11-00
i (t) dt
.
= -1
pC
i (t). (6.65) "'1 1) C"V'
i_ T-----Q"'l
Dividindo (6.65) por (6.64), temos
Fig. 6.7 Circuito RC com dois
terminais do Probl.6.11.
1
v, (t) pC 1
--=
V.I (t) R + _1_ 1 + pRC
pC
Então, a tensão de saída vr(t) e a tensão de entrada v.(t) estão relacionadas por

1
pC
v, (r) = ~-1 V.,(t) = H (p) V,,(t) , (6.66)
R+-
pC
onde
1

H(p)=~= 1
R + _1_ 1 + pRC
pC
Então, a razão fasorial Vr/V. em qualquer freqüência io em radianos é

~ = H (jw) = 1 1! - tg -1 wRC. (6.67)


V. 1 + jwRC V1 ~ (WRC)2

Desde que Wo = 1, a razão fasorial do n-ési~gfmÔOlCO é

Vr
V.
I
n
= H (jnwo) = H(jn) =
V1 + (nRC)2
1 q- tg _1 nRC.

Então, do princípio de superposição segue-se que a resposta em regime permanente


vr.(t) é dada por
. 100 10
v, s (r) = cos (t - Ig -1 RC) + cos (3t - tg -1 3RC)
V1 + R2C2 V1 + 9R2C2
1
+ cos (5t - tg _1 5RC). (6.68)
V1 + 25R C 2 2

Neste problema, R(jw) de (6.67) é chamada função transferência de tensão.

6.5a Cálculo da Potência Permanente

PROBLEMA 6.12 Nos terminais a-h do circuito da Fig. 6.8, a tensão Vab(i) é
periódica e definida pela série de Fouríer r

..,
Vab(t) = V~ +L n~l
Vn cos (nwot + {3n), (6.69)
130 APLlCAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

e a corrente em regime permanente que entra no terminal a é

'"
i.(t) = I. + L L; cos (nwot + IXn). (6.70)
n==l .
i (t) ,
~r----------------' Mostre que a potência média de entrada P ah definida por

Circuito
Pah=-
J fT'2 (6.11)
. T -T12
b~

Fig. 6.8
~--------------~ é igual a
Circuito do Probl.6.12.
(6.72)

Solução: Substituindo (6.69) e (6.70) em (6.71),

(6.73)

Fazendo uso das relações de ortogonalidade da Seç. 1.3,

f-T
T /2

/2
cos (nwot + (3n) dt = O,

O, k.f.n

J
-T/2
T /2
cos (nwot + (3n) COS (kwot + ak) dt = T
{ -cos({3n-an)
2 '
Então (6.73) pode ser escrita como
1
L VnI n cos ({3n - cxn)·
00

Pab = VoIo + 2"


n= 1

Representando os valôres raiz médio quadráticos do n-eSlmo harmônico da


tensão por Veff,n e o valor do n-ésimo harmônico 'da corrente por Iec«,

(6.74)
6.6 APLICAÇOES AOS SISTEMAS MECANICOS 131

Seja
(6.75)

Então (}n designa a diferença de fases entre os n-ésimos harmônicos da tensão e


da corrente. Introduzindo (6.74) e (6.75) em (6.72), temos

PBb = Vala + f:
n=1
Veff.n Ierr.n cos en

= Po + P1 + P2 + ... = [ Pn, (6.76)


n=O

onde P; é a potência média da componente n-ésimo harmônico.

A Eq. (6.76) mostra que a potência média liberada por uma fonte Periódica
para um circuito é igual à soma das potências médias liberadas individualmente
pelos harmônicos. Não existem contribuições para a potência média devidas a
corrente numa freqüência com a tensão em outra.

PROBLEMA 6.13 No circuito da Fig. 6.8, sabemos que

VBb(t) = 10 + 2 cos (t + 45°) + cos(2t + 45°) + cos (3t - 60°),

i(t) = 5 + cos t + 2 cos (3t + 75°).


Determine a potência média liberada para o circuito.
Solução: Para Vi, t; e; e r; i = 0, I, 2, 3,

Vo = 10, Ia = 5, P; = 50,

V1 = 2, 11 = 1, e1 = 45°, P1 = ~2 cos 45° = 0,707,


2
V2 = 1, 12 = O, P2 = 0,

V3 = 1, 13 = 2, e3 = _135°, P3 = ~2 cos (_135°)


2 .
= -0,707.

Por conseguinte a potência média liberada para o circuito é

PBb = Po + P1 + P2 + P3 = 50 + 0;707 + 0- 0;707 = 50",.

6.6 Aplicações aos Sistemas Mecânicos

O método discutido na seção precedente pode ser igualmente aplicado aos


sistemas mecânicos.

PROBLEMA 6.14 Consideremos o sistema mecânico ilustrado na Fig. 6.9, con-


sistindo de uma mola, uma massa e um amortecedor. O sistema sai de sua posição
de equilíbrio mediante a aplicação de uma fôrça f(t) = Ir cos (rot + P). Ache a
resposta em regime permanente xs(t), isto é, o deslocamento sofrido pela massa.
Solução: A resposta x(t) e a fôrça atuante f(t) estão relacionadas pela seguinte
equação diferencial de movimento: [ (I)

2 Fig. 6.9. Sistema mecânico do Probl·.6.14.


d x(t)
m---+ B dx(t)
--+ k xt() -- f() t, (6.77)
dt? dt
132 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

onde m, B e k representam, respectivamente, a massa, o coeficiente de amorteci-


mento e a constante da mola, do sistema. A Eq. (6.77) pode ser escrita também
sob a forma operacional como
1
x(t) = 2 f(l) = H (p) fel), (6.78)
mp + Bp + k

onde

H (p) = 1
(mp2 + Bp + k)

Desde que estamos interessados na resposta em '*regime permanente, e usando a


notação fasorial, temos:

fU) = f T
cos (wt + (3) = Re [F,; ejWt],

onde Fr = Ir eiP.
Então, em virtude de (6.50), a resposta em regime permanente x.(t) é dada
por
», (t) = Re [F; H (jw) ejWt]. (6:79)

Mas
1
li (jw) = 1 IH (jw)1 !e (w) ,
m(jw)2 + B(jw) + k k - mw2 + jwB

onde

e (w) =_ tg _1 ( wB ).
k - mco?

Então,

(6.80)

o ângulo 8(ro) chama-se ângulo de fase.

PROBLEMA 6.15 Discuta o movimento em regime permanente do sistema mos-


trado na Fig. 6.l0(a) se a fôrça perturbadora fôr a indicada na Fig, 6.1O(b).
Solução: A resposta x(t), o deslocamento da massa m, de sua posição de equi-
(a) líbrio estável, e a fôrça atuante f(t) estão relacionados por
( (I) d2x(t)
m --2 -+ k x(t) = f(t), (6.81)
dt
que pode ser escrita também como
1
x (t) = f(t) = H (p) fU), (6.82)
mp" +k

onde •
H(p) = __ 1__
(b) . (mp2 + k)

. Então, a partir do resultado do Probl. 2.15, obtemos a série de Fourier de j''(r) como
Fig.6.10 (a) O sistema mecânica do Probl. 6.1S(b).
A fôrça perturbadora do Prob I. 6.15.
f(l) A(: sen
= - -
7T
wot + -1 seu 2wot + -1 seu3wot
2 3
+ ... ) ,

onde roa == 2n/T.


6.7 SISTEMA LINEAR A UMA FUNÇÃO SISTEMA IMPULSO UNITÁRIO 133

Visto que nos restringimos exclusivamente ao movimento forçado ou de regime


permanente do sistema, procedemos com a representação fasoria!. Então

H(jw) = 1 = 1 =!H(jw)!I(}(w)
m(jw)2 +k k _ mw2

H (jnwo) = 1
[k - m (nwo)2]

Visto que o ângulo de fase ecO)~ é zero, de (6.51) resulta:


A [sen wot .1 sen 2wot .·1 sen 3wot ]
(6.83)
x (t) =- - +- +- + ...
S TT k - mw~ 2 k - 4mw~ 3 k - 9mw~

6.7 Resposta de um Sistema Linear a uma Função Sistema


Impulso Unitário

Vamos agora considerar uma situação mais geral na qual a excitação de um


sistema é qualquer função dada do tempo.
Designamos a resposta de um sistema linear para uma função de impulso
unitário b(t) por h(t). Simbõlicamente, isto se exprime do seguinte modo:
L {b(t)} = h(t). (6.84)
Se o' sistema fôr invariante no tempo (ou com parâmetros constantes), então ve-
remos, mediante (6.7), que sua resposta a b(t -.) é dada por h(t - r), isto é,
L {b(t - .)} = h(t - r). (6.85)

PROBLEMA 6.16 Mostre que a resposta j,(t) , de um sistema linear invariante


no tempo a uma excitação arbitrária /.(t) pode ser expressa como a convolução
da excitação /.(t) e como a resposta ao impulso unitário h(t) do sistema, isto é,

j,(t) = f:",/.(.) h(t -.) di = /.(t) * h(t) (6.86)

= f:J~(t r: x) h(.) di = h(t) * /.(t). (6.87)

Solução: Pela propriedade (2.68) da função delta, podemos exprimir /.(t) como

f.(t) = 1: feCr) o(t - T) dTo (6.88)

Então, considerando a linearidade (6.6) do operador L, e em vista de (6.85), resulta


\

fr(t)=LIf.(i)!= 1:f.(T)Llo~t-T)!dT= 1:f.CT)h(t-T)dT. C6.89)

Pela definição (4.105) e pela propriedade (4.108) da convolução, (6.89) pode


ser expressa como
frei) = f.(i) * h(i)= hCt) * f.Ct)

= i: t.i«: T) h(T) dTo


134 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo (,

A Eq. (6.86) ou (6.87) mostra um resultado muito interessante. Ela nos diz
que a resposta de um sistema linear é determinado de modo único quando conhe-
cemos resposta ao impulso unitário h(t) do sistema.

6.7a Função Sistema

A transformada de Fourier da resposta ao impulso unitário de um sistema


linear é chamada a função sistema ou função característica do sistema.

H(w) = ;r[h(t)] = J~o> h(t) e-j",! dt, (6.90)

h(t) = ;r-I [H(w)] = -


1 fO> .
H(w) e,wt dco. (6.91)
2rr -O>

As Eqs. (6.90) e (6.91) indicam que a resposta ao impulso unitário e a função sis-
tema constituem um par de transformadas de Fourier.

PROBLEMA 6.17 Se Fe(w) e. F,.(w) designarem, respectivamente, as transfor-


madas de Fourier da excitação f.(t) e da resposta J,.(t) de um sistema linear, mostre
que
Fr(w) = Fe(w) H(w, (6.92)

J,.(t) = 1
2n
JO>
-O> Fe(w) H(w) ej",! doi, (6.93)

onde H(w) é a função sistema definida por (6.90).

Solução: De (6.86), temos

Ir (t) = t, (t) * h (r).


Aplicando, então, o teorema da convolução do tempo (4.122), resulta:
F. (eu) = F. (eu) H (eu).
Utilizando a fórmula (4.16) da transformada inversa de Fourier, vem:'

I. (t) = s:-' [F r (eu)] = 2~ 1: Fe(eu) H (eu) ejeul deu.

PROBLEMA 6.18 Verifique se a função sistema H(w) definida por (6.90) é exa-
tamente a mesma função sistema H(jw) definida por (6.26).
Solução: Se f.(t) = ei"'J., então, de (5.21) temos:
[5.21]
Portanto,
I.
F. (eu) H (eu) = 2 TT o (eu - euo) H (eu) = 2TT H (euo) o (eu - euo), (6.94)
em vista da propriedade (2.74) da função delta. Então, de (6.93), decorre

(6.95)
6.7 SISTEMA LINEAR A UMA FUNÇÃO SISTEMA IMPULSO UNITÁRIO 135

Visto que (6.95) vale para qualquer valor de wo, podemos substituir Wo por w para
obter
(6.96)
De (6.26), vem
[6.26]

Comparando (6.96) com (6.26), conclui-se que

H (ú» = H (júi).

Visto que na definição da transformada de Fourier de f(t),

F(w) = :J [f(t)J = f:oof(t) e-jwl dt, [4. I 5J

a variável to sempre aparece com j. a integral pode, portanto, ser escrita como uma
função de jw. Desta forma, podemos exprimir (4. I 5) como

F(jw) _= :J [f(t)J = f:oo f(t) e-jwl =.


e, conseq üentemente,

f(t) = :J-l [F(jw)] = - l fOO .


F(jw) eM di».
2n -00

Portanto, F(w) e F(jw) representam a mesma função :J[f(r)]. A distinção é apenas


uma questão de notação. No restante dêste livro, F(w) e F(jw) serão usadas indi-
ferentemente. Dêste modo, (6.92) pode ser escrita também como

Fr(jw) = Fe(jw) H(jw). (6.97)

De (6.92) ou (6.97), vem R

H(jw) = Fr{jw) :J [fr(t)J


(6.98)
Fe(jw) :J [j.(t)J

TC
J~---------,~----t
v.CI)
A Eq. (6.98) indica que a função sistema H(jw) é também a razão da transformada

da resposta para a transformada da excitação.

PROBLEMA 6.19 Ache a resposta ao impulso unitário do circuito RC mostrado


na Fig. 6. I I(a). (a)

Solução: De acôrdo com o resultado (6.67) do ProbI. 6.11, a tunção sistema H(jw)
é dada por
1
H (júi) = júiC 1 1
(6.99)
1 1 + júiRC
R+--
júiC

Então, do resultado do ProbI. 4.1 I, o

h (t) = ~_1 [H (júi)]-= _~


RC
1-1

. 1
1 J = _1
RC
e-li Rc u (t). (6.100)
Fig. 6.11
(b)

(a) Circuito RC do Probl.6.19.


Júi +-
~ RC (b) Resposta ao impulso unitário.

A resposta ao impulso unitário, isto é, h(t), está representada gràficamente na


Fig.6.ll(b).

PROBLEMA 6.20 Aplicando uma fonte de tensão v.(t) = e-I u(t) ao circuito RC
da Fig. 6.11(a), ache a tensão resposta vr(t) quando R = 1/2Q e C = 1 f.
136 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

Solução: Substituindo R = 1/2fl e C = I f em (6.100), temos:


h(t) = 2 e-2t u(t). (6.101)
Portanto, de (6.86),
v r (t) = v. (t) * h (t)

= f~ v.(T)h(t-T)dT

= {OO e-'t U(T) 2e-2(t-'t) u(t _ T) a:


-00

= 2 e-2t 1-00
00

e't u(T) u(t - T) dTo

Visto que

para T < O, T > t

para O < T < t,


temos:

v. (t) o (2 e-" l' e" dT! u(t)

= 2 e-2 t (e ' - 1) u (t)

= 2 (e-t - e-2t) u(t). (6.102)

Em (6.102) u(t) indica que não há resposta devida à excitação antes da fonte ser
aplicada.

PROBLEMA 6.21 Ache a resposta do circuito RC da Fig. 6.11(a) a uma função


degrau unitário u(t), mediante convolução.
Solução: De (6.100), temos:
1
h (t) = - e-ti RC u(t).
RC
Portanto, de (6.86), resulta:
v; (r) = v.(i) * h (i)

= J~ v. (T) h (t - T) dT

1
00

= U(T) - e-(t-'t)/RC ~(t - T) dT


-00 RC

=~~ e-ti RC L t
e't/ RCdT)U(t)

= (1 - e-tIRC) u(t). (6.103)


6.7 SISTEMA LINEAR A UMA FUNÇÃO SISTEMA IMPULSO UNITÁRIO 137

6.7b Sistema Causal

Um sistema físico passivo goza da propriedade de, se a excitação fôr nula


para t < to, então a resposta será também zero para t < to, isto é, se

!e(t) =O para t < 10. (6.104)


então
J,.(t) = L {fl(t)} =O para 1 < to. (6.105)

Um sistema que satisfaça (6.104) e (6.105) é denominado sistema causal. Uma


função f(t) será causal, se tiver valor zero para t < O, isto é, fet) = O para t < O.
Podemos demonstrar que todos os sistemas realizáveis fisicamente são causais.

PROBLEMA 6.22 Prove que a resposta J,.(t) de um sistema linear causal a qual-
quer excitação !e(t) é dada por

t,(t) = J~ fe{T) h (t - T) dT (6.106)

= 1'>0 feU - T) h (T) dTo (6.107)

Solução: De (6.104) e (6.105), resulta que a resposta ao impulso unitário h(t) é


causal, isto é, -
h(t) =O para t < O. (6.108)
Isto significa que
h(-r) = O para e x O (6.109)
e
h(t-T) =O para t - T < O ou - T > t. (6.110)

Portanto, em virtude de (6.110), o integrando de (6.86) é nulo no intervalo de T =t


a r = <D. Então, de (6.86), vem:

!,r(t)= {OO fe(T)h(t-T)dT


--00

= l~f;,(T)h(t-T)dT.

Anàlogamente, de acôrdo com (6.109), o integrando de (6.87) é nulo no intervalo


r = - <D a T = O. Portanto, de (6.87), temos:

....t, (O = 1-00
00

fe-<t- T) h (T) ât

= 1 00

f.(t-T)h(T)dT.

PROBLEMA 6.23 Se a função excitação !e(t) fôr causal, isto é, se a excitação


[.(t) fôr aplicada em t = O, mostre que a resposta J,.(t) de um sistema linear causal é

(6.111)
138 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

SOhIÇão: Em (6.106), se j.(-c) = O para -c < 0, então o limite inferior da integral


pode se tornar igual a 0, desde que no intervalo -c = - co a -c = 0, o integrando
seja nulo.

Portanto,

ir (t) = 1~ i. (T) h(t - T) dT = l t


i.(T) h(t - T) dTo

6.8 Resposta de um Sistema Linear a uma Função Degrau


Unitário - Integral de Superposição

As Eqs. (6.86) e (6.87) exprimem a resposta de um sistema linear em têrmos


de sua resposta ao impulso unitário. Algumas vêzes, é conveniente também ex-
primir a resposta em função da resposta do mesmo ao degrau unitário.
A resposta de um sistema a um degrau unitário u(t) é designada por a(t),
isto é,
L {U(t)} = a(t). (6.112)

PROBLEMA 6.24 Mostre que a resposta a(t) de um sistema linear ao degrau


unitário pode ser expressa como
t •

a(r) = f_",h(-C)dr, (6.113)

a( co ] = a(r) 1(= cc = H(O) , (6.114)

onde H(w) é a função sistema do sistema, e h(t) é sua resposta ao impulso unitário.
Se o sistema fôr causal, mostre que

a(r) ={ h(-c) dr. (6.115)

Solução: Desde que j.(t) = u(t) e J,.(t) = a(t), segue de (6.87), que

a(t) = L: u(t - T) h(T) a+. (6.116)

Como
O para T > t
u (t - T) =
{ 1 para T < t,

temos

a(t) = ft h(T)dT.
-00

Com t = =. vem

Evidentemente, esta integral pode 'ser escrita como

a (00) = {OO h(T) e-jW'T dTlw=o = H (w)lw=o = H(O).


-00
6.8 SISTEMA LINEAR A UMA FUNÇAO DEGRAU UNITÁRIO 139

Para um sistema causal, desde que h(r:) = O para r: < O, (6.113) torna-se

a(t) = i= ai,

PROBLEMA 6.25 Aplicando (6.115), resolva novamente o Probl. 6.21.


Solução: De (6.100), decorre:
1
h(t) = - e-tlRC u(t). [6.100]
RC
Substituindo (6.100) em (6.115), vem:

v, (t) = a(t) =
lt o
h(T)dT= lt
o RC
1 e-vRcdT

que é exatamente idêntico a (6.103).

PROBLEMA 6.26 Mostre que a transformada de Fourier de a(t) é dada por

I
A(w) = a'[a(t)] = nH(O) c5(w) = -.- H(w), (6.117)
JW

onde H(w) é a função sistema do sistema.

Solução: De (5.35), temos:

j= ([.(t)] = j= [u(t)] = TTÔ(W) +~. rS.3S]


jw

Mas, se a'[J,.(t)] = a'[a(t)] = A(w), então, de (6.92), resulta:

A(w)= [TTÔ(W) + j~] H(w)

1
= TTÔ(W) H(w) + -:- H(w)
JW

1
= TTH(O) ô(w) +- H(w),
jw

em virtude da propriedade da função delta (2.74).


Outra solução:
.•. De (6.113) temos

a(t) = l t

-00
h(T) dt ,

e, do resultado (5.55) do Probl. 5.12,


1 .
A(w) = -:- H(w) + TTH(O) ô(w).
JW

PROBLEMA 6.27 Se a(t) fôr a resposta, ao degrau unitário, de um sistema linear


com função sistema H(w), mostre que a resposta frC!) do sistema a qualquer exci-
140 APLICAÇÕES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

tação j.(t) é dada por

,fr(t) = j.(- <D) H(O) + f~., j.' ('t) a(t - r) de, (6.118)

onde j.'('t) = dj.(T)/dT.

Solução: Qualquer excitação j.(t) pode ser escrita sob a forma

= i. (- (0) + L: i; (r) u (t -1') d1' (6.119)

desde que
O para t < l'
u (t - 1') =
{
1 para t> 1'.

Então, de (6.28) e (6.112) vem:

LIK!=KH(O) e L lu(t)! = a(t) ~ L lu(t - 1')! = a(t - 1').


Portanto,

ir,(t) = L If.(t)! = L U(- oo)J + f~ f;(1') L lu(t - 1')! .r:

-
L f
.,
\
""I"
U rrv-.
\U} + Jfoo i' ( ) a (t -
-00 • T T
) d1'.

PROBLEMA 6.28 Para um sistema linear causal, a excitação j.(t) ,; O para t < O
tem um salto de valor j.(0 +) em t = O, e é contínua para t > O, como indicado
na Fig. 6.12. Mostre que a resposta Ir(t) do sistema é dada pela integral de super-
posição ou integral de Duhamel

fr(t) =j.(O+)a(t) +ft j./(T)a(t-T)dT. (6.120)


0+

Solução: Como j.(- <D) = O em virtude de (6.119), vem

fr(t)= J~ i;'(1')a(t-1')d1'. (6.121)

Fig. 6.12 Função excitadora f~ (t)


do Probl" 6.27. Como j.(t) tem um salto de valor j.(0 +) em t = O, pelo resultado (2.94) do Probl.
2.28, vem:
i: (t) = f.(O+) 8(t) + i:+ (t), (6.122)

onde j.' + (t) = j./(t) u(t), isto é, a derivada de j.(t) para t > O. Substituindo
(6.122) em (6.121), vem:

ir(t) = L: [f.(O+) 8(1') + f;(1')u(1')] a(t - 1') .r:

= i.(O+) {OO 8(L)


-00
a(t - 1') d1' + 1 0+
00

i;,(1') a(t - 1') .r:

= i.(O+) a(t) + lt t;
0+
(1') a(t - 1') â:

visto que a(t - T) = O para T > t no sistema causal.


6.8 SISTEMA LINEAR A UMA FUNÇAO DEGRAU UNITÁRIO 141

A Eq. (6.120) exprime a resposta de um sistema causal em função de sua res-


posta ao degrau unitário a(t).

PROBLEMA 6.29 JUstifique por que a integral de superposição (6.120) exprime


realmente a resposta de um sistema como uma soma contínua de respostas das
componentes degrau de /.(t).
Solução: Uma excitação /.(t) pode ser aproximada pela soma de um grande nú-
mero de funções degrau infinitesimais, como mostra a Fig. 6.13. Uma função
degrau infinitesimal localizada em T pode ser expressa como

di. (-r) /')"T u(t - T )' = f. ( T )


-- A
ti T u ( t - T) . (6.123)
d-r

Vemos, contudo, pela Fig. 6.13, que /.(t) pode ser expressa como
Fig. 6.13 Punção !excitação .te (t)
L
t
aproximada por uma soma de
i.(t)=i.(O+)u(t)+ lim i;,(-r)/'),,-ru(t--r). (6.124) funções degrau.
8tT; -> o
1: =0

Como a resposta do sistema a uma função degrau unitário u(t) é a(t), a resposta
devida a uma função degrau infinitesimal (6.123) é dada por

i; (-r) /')"-r a(t - -r).

Conseqüentemente, a resposta J,.(t) do sistema à excitação /.(t) será expressa como


uma soma contínua das respostas às componentes degrau de /.(t), isto é,
t
i, (t) = i, (0+) a(t) + lim ~ I; (r) -r a(t -
/')" -r) (6.125)
(:..1:->0 L
1: =0

= 1.(0+) a(t) + lt 0+
t;(T) a(t - -r) d-r.

PROBLEMA 6.30 Aplicando a integral de superposição (6.120), resolva, de nôvo,


o Probl. 6.20.
Solução: Com respeito a Fig. 6.14, seja v.(t) = e-t u(t). Então,

v.(O+) = 1, v'.(t) = - e-t para t > O.

Do resultado (6.103) do Probl. 6.21, obtemos a resposta a(t) ao degrau unitário


como
a(t) = (1- e-2t) u(t).
o
Então, aplicando (6.120).
Fig. 6.14 Fonte de tensão do Probl. 6.30.

v.,(t) = v.(O+) a(t) + t v; (-r) a(t - -r) d-r


Jo+
= (1- e-2t) u(t) + r- e-1: [1- e-2(t-1:l u(t - -r)] d-r
Jo+
= (1 - e-2t) u(t) - [l t
e-1: a: - e-2t lte1: d-r] u(t)

= (1 - e-2t) u(t) + (e-t - 1) u(t) + e-2t (e! - 1) u(t)

= 2(e-t _ e-2t) u(t),

que é (6.102).
142 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

6.9 Transmissão sem Distorções

Para existir transmissão sem distorções, é necessário que a forma de onda da


resposta seja uma réplica exata da forma de onda de entrada. Entretanto, a ampli-
tude da resposta pode ser diferente da amplitude da excitação.

PROBLEMA 6.31 Supondo que a função característica ou, função sistema de um


sistema linear seja dada por
, H (jw) = K e-jWto, (6.126)

onde K e to são constantes positivas, ache a resposta Jr(t) do sistema a uma exci-
tação j.(t).
Solução: Seja

1[t.(t)] = F. (jw), 1[fT(t)] = FT (jw).

Em virtude de (6.92), F.(jw) e F,.(jw) estão relacionadas por

FT (jw) = F.(jw) H(jw)

(6.127)
Portanto,

= K
217 1-00
00

F.(jw) ,
e,W(t- to} dco .

Em vista de

, f .,(t)

A
Jr(t) pode ser escrita como
(6.128)

A Eq. (6.128) mostra que a resposta é uma réplica retardada da função excitadora
: ti I com a amplitude da resposta alterada pelo fator constante K. Isto, está ilustrado
I I
I I na Fig. 6.15.
I I
I I
I I
I I Em geral,
,-- to ----l
KfeCt-:to) : H(jw) = I H(jw) I &8<"'),
I I
I : onde I H(jw) Iéreferida como a amplitude da resposta do sistema, e O(co), é a fase
I da resposta. Do resultado do Probl. 6.30, concluímos que a função sistema que
KA I I
---~--------~--- dá uma transmissão sem distorções tem uma amplitude constante e uma fase linear,
I I
I I isto é,
I
I
I
I I H(jw) I = Ks, uma constante (independente de ce),
I I

ti
O(w) = WK2, uma função linear de os, (6.129)
F
onde K, e K2 são constantes arbitrárias.
Fig. 6.15 Função excitadora do Preb}. 6.31
e sua réplica retardada.

PROBLEMA 6.32 Ache a resposta ao impulso unitário h(t) do sistema de trans-


missão sem distorção.
6.9 TRANSMISSAO SEM DISTORÇOES 143

Solução: Da definição de uma função sistema (6.91) temos:

h (i) = ~ _1 [H (jw)] = ~
277
1""
-e-oc
H (jw) eiWt d ca,

Substituindo H(jm) do sistema de transmissão sem distorções (6.126) na expressão


acima,

= K O(i - to) (6.l30)

mediante a aplicação da identidade (5.6).

PROBLEMA 6.33 Consideremos uma linha de transmissão. A chamada cons-


tante de propagação 'Y(m), para uma linha de transmissão sob condições senoidais
permanentes, é definida como

y(m) = V(R + jco L) (G + jmC),


onde R é uma resistência em série, L é uma indutância em série, G é uma condu-
tância em paralelo e C é a capacitância em paralelo por unidade de comprimento
da linha. Mostre que a condição para que a linha não tenha distorções é dada por

(6.131)

Solução: Seja v(x, t) a tensão em um ponto, à distância x da entrada, no tempo t;


então, para uma excitação senoidal de freqüência m, tal tensão pode ser expressa
como
(6.l32)

onde Vm é a amplitude complexa da tensão excitadora, e 'Y(m) é a constante de


propagação.
Então a tensão de entrada é dada por v.(t) = v(O, t), e a tensão de saída é dada
por vr(t) = v(l, t), onde I é o comprimento da linha de transmissão. Portanto,
usando a representação fasoria1, temos:
ve (i) = Re[Vm ei Wt]

e
v., (t) = Re[Vmei Wt- y(w)l] = Re[Vm e -y(w)le iwt].

Assim, a função sistema H(jm) para a linha de transmissão do sistema é dada por
V e-y(w)l
H (jw) = m = e-y(w)l. (6.l33)
Vm

Se y(w) = ";(R + [co L) (G + jco C) = a(w) + j (3 (oi), então

H(jw) = e-Y(Wil = e-[CX(w)t j {3(W)]1

= e-CX(W)1 e-i{3(w)1

(6.134)
144 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

onde
8(w)=-(3(w)/.

Mas, das condições de transmissão sem distorções (6.129) concluímos que tx(w)
deve ser constante e independente de w, e P(w) uma função linear de co, isto é,

cx.(c<»=Kl'

Portanto, podemos escrever 'Y(w) como

y(W) = veR + jw L) (G + jw C)

jW C
= ~l+j~L) (l+ )
G
= cx.(w) + j (3(w)

= K, + jK2w. (6.135)

É óbvio que (6.135) será satisfeita, se


L C
- =-
R G

Então, a constante de propagação é dada por

y(w) =/ RG ( 1 "v:
jWL)2
vRG
-
=
,/G
+ jwL V R = cx.(w) + j (3 (oi).

Conseqüentemente,

cx.(w) = JRG = K" (3(w) = wL 111= wL If = w vLC = wK2·

Desta forma, quando (6.131) fôr válida, teremos a linha sem distorções.

6.10 Filtros Ideais

A Eq. (6.97) mostra que o espectro de freqüências da resposta F,.(jw) está ligado
ao espectro de freqüências da excitação Fe(jw) através da função sistema H(jeo) pela
Função de ....- --. Função de relação
entrada saldá
i.(t) ir (t) F,.(jw) = Fe(jw) H(jw). [6.97]
Sistema
H(jw) Isto se acha ilustrado na Fig. 6.16.

Espectro
t
de excitação Espectro
1
de resposta
Observamos que H(jw) age como uma função pêso para as diferentes compo-
nentes de freqüência da entrada. Neste sentido, a relação (6.97) indica a caracte-
Fe (W) Fr(W) rística de filtragem do sistema linear. Se esta característica de pêso ou característica
de filtragem fôr o principal objetivo, então o sistema será chamado filtro.
Fi9. 6.16 Ilustração de (6.97).
O chamado filtro ideal de baixa freqüência é definido como um sistema para
o qual a função sistema H(jw) é dada por
e-iwto para [co] < t»,
H(jw) = (6.136)
1O para Iwl > we,
onde co; é chamada de freqüência de corte do filtro.

PROBLEMA 6.34 Ache a resposta ao impulso unitário h(t) de um filtro ideal


de baixa freqüência, e discuta o resultado.
6-10 FILTROS IDEAIS 145

Solução: A Fig. 6.l7(a) mostra as características de um filtro ideal de baixa fre-


qüência. A partir de (6.91), obtemos a resposta ao impulso unitário h(t) mediante
h (t) = j=_l (H (jw)]

= _1
27T
1 -00
00

H (jw) eJWt
• d co

wc
1 ejW(t-to)

7T (t - to) 2j
I -Wc

Wc sen Wc (t - to) (6.137)


7T W c (t - to)

O resultado (6.137) está representado gràficamente na Fig. 6.l7(b), da qual ex-


traímos as seguintes conclusões:
(1) A forma de onda aplicada é destorcida pelo sistema, em virtude do filtro
transmitir somente um intervalo limitado de freq üências.
(2) O valor de pico da resposta, wirr, é proporcional à freqüência de corte we.
A largura do pulso principal é 2n/we• Podemos falar desta quantidade como a
duração efetiva do pulso de saída Td. Observamos que, quando co, ~ co (isto é,
quando o filtro deixa passar tudo all-pass) Te -« e o pico da resposta
noutras palavras, a resposta aproxima-se como devia de um impulso.
° -~<Xl ;

(3) Observamos também que a resposta não é zero antes de t = 0, isto é, antes
de se aplicar a excitação. Esta é a característica de um sistema fisicamente não
realizável. Os filtros ideais não são fisicamente realizáveis e, por conseguinte. não
são necessàriamente sistemas causais.

h (t)

I
I
o ' .••. I .••. '
I~I~:
(a)
Wc Wc

(b)

Fig. 6.17 (a) Freqüência característica de um filtro id.eal de baixa freqüência.


(b) Resposta ao impulso unitário de um filtrei ideal de baixa freqüência.

A função seno-integral (de limite superior y) é

.
SI(Y) =
fll sen x
-- dx =
fll Sa(x) dx.
o x o

PROBLEMA 6.35 (a) Calcule a função seno-integral. (b) Ache a resposta a(t)
ao degrau unitário de um filtro ideal de baixa freqüência e discuta o resultado.

Solução: (a) Desde que Sa(x) = senx x é uma função par,


.

Si (-y) =- Si (y).
146 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

Pela definição, quando y = O,


Si (O) = O.

Visto que
0
0 sen x
--dx =
2 i oo
sen x
--dx = TT,

1-00 x o X

temos

Si(oo)=~ e Si (-00) = - ~.
2 . 2

A Fig. 6.18 mostra o esbôço de Si(y).

Si(y) a (I)

1.18 (TT/2)

TT/2

-2TT

TT 2TT
y

TT
2
Fig. 6.19 Resposta ao degrau unitário de um filtro
ideal de baixa freqüência.
Fig. 6.18 Função.seno-integral.

(b) De acôrdo com (6.113), a resposta ao degrau unitário a(t) pode ser obtida
de uma resposta ao impulso unitário h(t), isto é,

a(t)= [ h(r) dT [6.113)

(6.138)

Na integral anterior, (6.138), mudando a variável wlr - to) para x, vem:

a(t)=
1
-
lWC (1- tol sen x
--dx = -
1 i O sen x
--dx
1
+-
lWc (t-tol sen x
--dx
TT-oo X TT-oo X TTO X

= -
1 {OO sen
--dx
x 1
+-
lW C (t- tol sen
--dx.
x
(6.139)
TTO x TTO X

Aplicando a função seno-integra1, (6.139) pode ser escrita como

a(t) =.!:.. +.!:.. Si[wc(t - to))' (6.140)


2 TT

O gráfico da resposta ao degrau unitário a(t) acha-se na Fig. 6.19.


6.11 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 147

Do resultado anteriorpodemos inferir o seguinte:


(1) Observamos, novamente, a distorção devida à banda de passagem limitada
do filtro.
(2) Notamos ainda, que a resposta não é zero antes de t = O.
(3) Aplicando Si(+ co ] = +n:/2, observamos que, quando COe ~ = ,
1 1
a(t) = - - - = O para t < to
2 2
1 1 c v.,. (t)
t > tOl = - + - = 1 para R
2 2
e a resposta torna-se o degrau unitário retardado u(t - to), como era esperado.
(4) A excitação, um degrau unitário, tem um crescimento abrupto, enquanto
a resposta mostra um crescimento gradual. (a)

Se definirmos o chamado tempo de crescimento ou tempo de geração da res-


posta a(t) como o intervalo, t; entre a interseção da tangente em t = to com as i (I)
retas a(t) = O e a( =) = 1, então, evidentemente da Fig. 6.19,

da(t)
dt
I t=lo
= _ = _co_e
t; 1t

Portanto,
1t
tr -2 -1 O 2 3 4
=- (6.141)
COe (b)
ou Fig. 6.20 (a) Circuito do Probil, 6.36.
(6.142) (b) Forma de onda de excitação do Probl.6.36.

o tempo de crescimento (ou tempo de geração) t; é dado por (6.141), e e Inver-


samente proporcional à largura da banda de passagem do filtro. A Eq. (6.142)
indica que
(largura da banda) x (tempo de crescimento) = constante

6.11 Problemas Suplementares


PROBLEMA 6.36 Ache a tensão de saída em regime permanente do circuito da
Fig. 6.20(a) quando a excitação tem a forma de onda mostrada na Fig 6.20(b). i (I) C R
Faça R, = 1Q e C = 1 f.

Resp.:
v ~il (t) = ! + '1.J, 1 - sen (7T t -
2 7T L vI + 7T 2

+ _-;=1=== sen (37Tt _ tg


'3 vi + 97T2
-1 37T) + . .. ]. i (I)

1
2
PROBLEMA 6.37 Calcule a potência liberada para o circuito do ProbI. 6.36 e os t
valôres raiz médio quadrático (rmq) de i(t) e de vr(t). ~r--+-1AO-+--~-'~-~---
Resp.: P = 0,2689 watts, Irmq = 0,707, e Vrrmq = 0,519.
PROBLEMA 6.38 A corrente alimentadora do circuito RLC da Fig. 6.21(a) tem (b)
a forma de onda mostrada na Fig. 6.21(b). O valor da indutância é L = 10 mh
Fig. 6.21 (a) Circuito RL'C do Prcbl.6.38.
e a tensão de saída é uma onda senoidal de 300 Hz. Se os valôres de pico das ( b) Forma de onóa do circuito da
outras freqüências da tensão de saída forem menores que 1/20 do valor de pico da Fig. 6.21(a).
componente de 300 Hz, ache os valôres de C e de R.
Resp.: C = 28,2/-1f. R = 590Q.
148 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

PROBLEMA 6.39 Discuta o movimento em regime permanente do sistema me-


cânico mostrado na Fig. 6.l0 se a fôrça perturbadora f(t) fôr onda senoidal reti-
ficada f(t) = 1 A sen Wo r].

Resp.: x,,(t)=2A _ 4.4 [.!. cos 2úJot + --.l cos 4úJot + ... ]
kn 7T 3 (k - múJ~) 15 (k _ 4 múJ~) .

PROBLEMA 6.40 Quando aplicamos o pulso retangular j.(t) = u(t) ~ u(t - 1)


a um certo sistema linear, a resposta será J,.(t) = Hu(t - 2) - u(t - 4)]. Ache
(a) a função sistema H(jw) , e (b) a resposta ao impulso unitário h(t).

R Resp.:

PROBLEMA 6.41 Ache a resposta ao impulso unitário para a corrente do cir-


cuito RL da Fig. 6.22.
L

Resp.: h(t) = 1. e-(RIL)tu(t).


L

PROBLEMA 6.42 Uma fonte v.(t) = 2e-t u(t) é aplicada ao circuito RL da


Fig. 6.22 Circuito RL do Probl. 6.41. da Fig. 6.23. Ache a resposta i(t), quando R = 2ü e L = 1 h.

Resp.: 2(e-t - e-2t) u(t).

PROBLEMA 6.43 A resposta ao impulso unitário de um sistema linear é e= cos t u(t).


Encontre a resposta devida a uma função degrau unitário u(t), por convolução.

Resp.: ~ [e-t (sen t - cos t) + 1] u(t).

PROBLEMA 6.44 Se a resposta ao impulso unitário de um sistema linear fôr


h(t) = t e-t u(t) e a excitação j.(t) = e-t u(t), determine o espectro de freqüências
da saída.

Resp.: 1/(1 + jw)3.

PROBLEMA 6.45 Mostre que, se a excitação de um sistema linear fôr diferen-


ciada, então a resposta estará também diferenciada.
[Sugestão: Mostre que j.'(t) * h(t) = [[.(t) * h(t)]' = J,.'(t).]

PROBLEMA 6.46 Mostre que, se I-"'", I h(t) 1 dt < =. onde h(t) é a resposta
ao impulso unitário de um sistema linear, então a resposta do sistema a qualquer
excitação limitada é limitada.
[Sugestão: Faça uso de 1J,.(t)1 = Ij.(t) * h(t) I.]

PROBLEMA 6.47 Se H(w) = R(w) +


j X(w) fôr a função sistema de um sistema
linear, mostre que a resposta do sistema a uma excitação de j.(t) = cos w{)t u(t)
pode ser expressa COmo

fr(t) = R (úJ).cos úJot + -


21
7T o
00

úJ X (úJ)
2
úJ - úJ.o
2 cos cot dco

= _ X (úJo) sen úJo t + 3.. ('' úJ R (úJ) sen cat dco .


7T J o
úJ2 - úJ~

[Sugestão: Aplique o resultado do Probl. 5.28].


6.11 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 149

PROBLEMA 6.48 Ache a resposta h(t) ao impulso unitário de um sistema linear


cuja função sistema é

para úJ > O

para úJ < O.
[Sugestão: Observe que H(w) = cos eo - j sen ()o sgn w, e aplique o resultado do
Probl. 5.33J.

Resp.: h(t) = cos ()o ô(t)


sen
+ __ eo .
TTt

PROBLEMA 6.49 o sistema do Probl. 6.48 é chamado deslocador de fase. Mostre


que a resposta do sistema do Probl. 6.48 a cos to; t é cos (wc t - (0).

PROBLEMA 6.50 Mostre que, se o sinal de entrada para um sistema linear cuja
função sistema H(jw) seja definida por

- j para úJ >O
H(jw) = -j sgn úJ = .
{
+J para úJ < O,
fôr uma função real do tempo, então a saída dêste sistema será também uma função
real do tempo.
[Sugestão: Utilize o Probl. 4.7].

PROBLEMA 6.51 Ache a saída m(t), se a entrada m(t) fôr (a) cos Wc t e
(b) 1/(1 + t2) para o sistema do Probl. 6.50 que é um deslocado r de fase de -n/2-
(ou - 90°), desde que a função sistema possa ser escrita como

e -j 1T/ 2 para úJ >O


H (j,,) = - j sgn " = {
ej 1T/ 2 para úJ < O.

Resp.: (a) sen Wc t, (b) t/(l +t 2).

PROBLEMA 6.52 Seja um sistema formado por uma conexão em cascata de


dois deslocadores de fase idênticos ao do Probl. 6.5l. Mostre que a saída dêste
sistema será - m(t) quando a entrada fôr m(t).

PROBLEMA 6.53 A entrada de um filtro ideal de baixa freqüência, cuja função


sistema é
e-júJfo para
H (júJ) =
{ O para

é o trem de impulsos
00

f~(t)=T[(t)ÔT(t)=Tf(t) [ o(t-nT)
n=-.,)Ç

cuja envolvente j'(r) tem um espectro de banda limitada IF(w) I = O para Iwl > wc•
Mostre que, se T < n/wc, então a resposta do filtro será Ir(t) = f(t - to).
150 APLICAÇOES AOS SISTEMAS LINEARES CAPo 6

PROBLEMA 6.54 Ache a resposta ao impulso unitário h(t) do filtro ideal de alta
freqüência cuja função sistema H(jw) é

para I úJ I < úJ c

para I úJ I > úJ c .

[Sugestão: Utilize o resultado do Probl. 6.34, e observe que H(jw) = e-j"'lo-


- Hz(jw), onde Hz(jw) é a função sistema de um filtro ideal de baixa freqüência].

Resp.: h (t) = 8 (t - to) - úJ c sen úJ c (t - to)


. TT úJcU- to)

PROBLEMA 6.55 Ache a resposta a(t) ao degrau unitário de um filtro ideal de


baixa freqüência.

[Sugestão: Utilize o resultado do Probl. 6.35].

Resp.: a(t)=u(t-to)-{l+!~ell [úJc(t-to)]}.


2 TT .

PROBLEMA 6.56 Um filtro de Gauss é um sistema linear cuja função sistema é

Ache sua resposta ao impulso unitário.

Resp.: h(t) = 1 e-<t-to)2/4Q


2YTT(J,

PROBLEMA 6.57 Se H(w) = R(w) + jX(w) fôr a função característica ou função


sistema de um sistema linear causal, mostre que a resposta h(t) ao impulso unitário
do sistema pode ser expressa como função, tanto de R(w) como de X(w) , isto é,
00 00

h (t) = -
2
TT 1 o
R (úJ) cos cot dúJ = - -;
2
1 o
X (úJ) sen ca t d co .

[Sugestão: h(t) = O para t < O; então, h(t) pode ser expressa como h(t) = 2hp(t)=
= 2hi(t) para t > O, onde hp(t) e hi(t) são, respectivamente, as componentes par
e ímpar de h(t)].

PROBLEMA 6.58 Mostre que, se H(w) = R(w) + jX(w) fôr a função sistema de
um sistema linear causal, então, (a) a transformada de Fourier da resposta a(t)
ao degrau unitário do sistema é dada por

ct: X (úJ) . R (úJ)


J [a(t)] = TTR(0)8(úJ) + -- -}--,
úJ úJ

(b) a resposta a(t) ao degrau unitário pode ser expressa como

a(I)=- 21 TT
00

o
R (úJ)
--,;ellúJtdúJ
úJ
=R(O)+- 2
TT
1
o
00

X (úJ)
--cosúJtdúJ.
úJ
CAPíTULO

APLICAÇÕES À TEORIA DAS


COMUNICAÇÕES
7
7.1 Teoria da Amostragem
o teorema da amostragem uniforme no dominio do tempo afirma que, se uma
função do tempor(r) não contém componentes de freqüências mais altas quefw hertz
então f(t) pode ser completamente determinada por seus valôres situados em inter-
vaios uniformes e de separação menores que 1/(2fw) segundos.

PROBLEMA 7.1 Prove o teorema da amostragem uniforme no domínio do tempo.


Solução: O teorema da amostragem uniforme pode ser provado com a ajuda do
teorema da convolução em freqüência (4.125), isto é,

[4.125]

onde Fl(W) = ~[fl(t)] e F2(W) = ~U2(t)].

Como /(t) não tem componentes espectrais acima de fM hertz, f(t) é uma função
de faixa limitada como indica a Fig. 7.I(a), e isto significa que

F(w) = j='[f(t)] = O para 1 w 1> WM = 271 fM (7.1)


[ver Fig. 7.1(b)].
Consideremos, agora, a função amostra /a(t) definida pelo produto da função
f(t) pela função periódica seqüência de impulsos unitários bT(t) [ver Fig. 7.1(c)]:

f a (t) = f (t) Ôr(t). (7.2)

F(w)

~ •• I ~ L.- ~ W
••

-WM WM
(o) • (b)
Fa(w)

w/>"'o(W)
- ..••
"-
,fa(t)=f(t)OT(t)

J I h:d L
'\
'\

-Wo Wo W

(d) (e) (f)

Fig. 7.1 (a) Função do tempo de faixa limitada [( r ). (b) Função trem de impulsos unitários.
(c ) Função amestra f ~ t ;1 d) -~spectro de f (t ). (e) Espectro da função tr.em de impulsos unitários.
( f) Espectro de f a (t).
152 APLICAÇOES A TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

Recordando a definição (2.104) de bT(t) e suas propriedades.

fa{t)=f(t) [ ô(t-nT)
n=-oo

= [ f (t) s« - nT)
n=-oo
00

= [ f (nT) ô(t - nT). (7.3)


n=-oo

[ver Fig. 7.1(d)]. A Eq. (7.3) mostra que a funçãofa(t) é uma seqüência de impulsos
localizados em intervalos regulares de T segundos e tendo intensidades iguais aos
valôres de f(t) nos instantes de amostragem [Fig. 7.l(e)].
Do resultado do Probl. 5.15,
00

[5.66]
n=-OO

Mas conforme o teorema da convolução em freqüência (4.125),

(7.4)

Substituindo Wo = 2n/T, segue:

(7.5)
n=-oo

No Capo 4 foi mostrado que

f(t) * ô(t) = f(t), [4.119]

f(t) * ô(t - T) = f(t - T). r 4.120]


Podemos, então, escrever novamente (7.5), como

(7.6)
n=-oo

A Eq. (7.6) mostra que a transformada de Fourier de Ja(t) se repete em cada


Wo rad/sec, como mostra a Fig. 7.1(f). Note que F(w) se repete periodicamente
sem superposição desde que Wo > 2WM, ou 2n/T > 2(2nfM), isto é,

T < _1_ (7.7)


2fM .

Portanto, desde que sejam feitas amostras de f(t) em intervalos uniformes e de se-
paração menores que 1/(2fM) segundos, o espectro de Fourier de Ja(t) será uma répli-
ca periódica de F(w), e conterá tôda a .informação sôbre f(t).
Investiguemos o resultado acima, chegando às mesmas conclusões por cami-
nhos diferentes. O espectro de Fourier P(w) de uma função de faixa limitada f(t)
está representado na Fig. 7.1(b). Imaginemos que o espectro F(w) seja a porção
7.1 TEORIA DA AMOSTRAGEM 153

do espectro periódico Fa(w)[Fig. 7.1(f)] entre - I/2wo e I/2wo, onde Wo = 2n/T e


Q)o> 2wA{. Visto que Fa(w) é uma função periódica de w com período Wo, ela pode
ser desenvolvida na série de Fourier
oo

r. (eu) = [ (7.8)
n=-OO

onde, por definição,


úJO/2
_ _1
J F ( ) d
7TúJ/úJo
Cn - a eu e-}n2 eu. (7.9)
euo -úJo/2 .

Como Fa(w) = F(w) para - WAl < W < WA{, e (lf2)wo > WA{, (7.9) pode ser escrita
também comO
(7.10)

Então,

f(t) = ~-l [F(eu)] = ~


2TT
J"" F(úJ) e
júJ1
dÚJ. (7.11)
_00

Comof(t) é de faixa limitada, isto é, F(w) = O 'para Iwl > WA{, (7.1I) torna-se

f(t) = - i-
2TT
J úJM

-úJM
F(eu) e
iúJ1
deu. (7.12)

considerando como pontos de amostragem t = - nT = - n2rrfwo, de (7.12) resulta:


M
f(-nT) = f (- n2TT) = ~ lúJ F(eu) e-in27TúJ/úJo deu. (7.13)
euo 2 TT -úJM

Comparando (7.13) com (7.10),

Cn = ~~ f (- n ~oTT) = T f (-nT). (7.14)

A Eq. (7.14) indica que c; pode ser achado de modo único a partir dos valôres da
função nos pontos de amostragem. Mas, conhecendo Cn, podemos determinar Fa(w)
a partir de (7.8) e, conseqüentemente, F(w). Conhecendo F(w), achamos f(t) para
todo tempo possível, por meio de (7.11).
Então, da suposição W0 > 2wA{, decorre
2TT
- > 4TT fM
T '
1
T<--. (7.15)
2fM
Isto completa a demonstração.

o intervalo máximo de amostragem T = I/(2fA{) é chamado muitas vêzes, de


intervalo Nyquist.
Foi demonstrado, acima, que f(t) pode ser inteiramente reproduzida a partir
do conhecimento de amostragern de f(t) em intervalos periódicos uniformes. Mos-
traremos, a seguir,' como f(t) pode ser reconstruída a partir das amostras.

PROBLEMA 7.2 Consideremos um sinal de faixa limitada f(t) ensaiada na taxa


mínima necessária (2/u amostras por segundo) [veja' Fig. 7.2(a-b)]. Mostre
154 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

que o sinal f(t) pode ser representado como

f(t)=
. .
i:
n=_ a>
f(nT) sen wM(t-nT)
WM(t - nT)
(7.16)

ou
f(t) = i: f
n=-a>
(nn
WM
) sen (wMt-nn)
wMt-nn
, (7.17)

.t
(a)
onde WM = 2nh! e T = 1/(2fM)=:' ao intervalo de àmostragem.

Solução: Desde que T = 1/(2hYf), Wo = 2n/T = 4nfM = 2WM. Então (7.8) se torna:
00 00
JnTw
Cn e (7.18)
n=-OO n=-oo

De (7.14) temos:
(b) 77
Cn = T f (-nT) = - f (-nT). (7.19)
<.UM

Substituindo (7.19) em (7.18), vem:


00

.s: f(-nT) einTw. (7.20)


<.UM
n:;:-OO

Desde que Fiw) = F(w) para - WM < W < WM, substituindo (7.20) em (7.12),

J
(e)
resulta:
f(t) = .-l. wM [ [-.!!.....-
00 f(-nT) einTw ]
(7.21)
1 7.2 (a) Função f (t ) de faixa limitada no tempo.
277 <.UM
(b) Função amostra. -wM n=-OO
(c) Reconstrução de uma forma de onda.
Permutando as ordens de integração e somatório vem:

00

f (nT) SPH<'uM(t- nT) .


újM(t - nT)
n=-oo

Na última equação, (- n) foi substituído por n, porque todos os valôres positivos


e negativos de 11 estão incluídos no somatório. Visto que T = n/wM, (7.16) pode
ser escrita também como

Matemàticamente considerada, (7.16) indica que cada amostra de nossa função


é multiplicada por uma função "amostrante"

Sa [WM (t _ n T)] = sen WM(I


(T)
- nT)
,
WM t-n

e .tôdas as formas de ondas resultantes são somadas para a obtenção de f(/). Isto
. está ilustrado na Fig. 7.2(c).

o teorema da amostragem no domínio da freqüência afirma que, se uma função


, f(t) fôr zero para t qualquer, exceto no intervalo - T < t < T, então sua transfor-
7.1 TEORIA DA AMOSTRAGEM l5S

mada de Fourier F(ro) pode ser determinada de modo únicoa partir dos seus valô-
res F(nrrjT) numa série de 'pontoseqüidistantes, espaçados de nl T. De fato, F(ro)
é dada por .

(7.22)

PROBLEMA 7.3 Verifique (7.22).


Solução: Suponhamos que

f (t) = O para I ti> T. (7.23)

Então, no intervalo - T < t < T, a função f(t) pode ser desenvolvida numa série
de Fourier 00 00

(7.24)
n=-oo n=-oo

onde

c = _1_ JT f(t) e-/27Tnl/2T dt = _1_ JT f(t) e-in7TI/T dto (7.25)


n 2T -T '2T -T

Visto que f(t) = O para t > Te t < - T, (7.25) pode ser escrita como

c
n
= _1_
2T
Joo f(t) e-/n7TI/T dt = ~_
2T
F (n7T)
T'
(7.26)
_00

onde

F(w) = :r [f(t)] = Joo f(t) e-iwl dt


_00

e
n7T
W=-·
T

Substituindo (7.26) em (7.24), resulta.

f(t)'= L 2~ F(n;)ein'TtIT, (7.27)


0==-00

1:
Bntão,

em vista de (7.23).
F(w) = f(t) e-iwl dt = 1: f(t) e-
iwl
dt , (7.28)

Substituindo (7.27) em (7.28) e permutando a ordem de integração com a do


somatório, vem:

F(w) = 1:Ltoo 1
2 T F (n;) e
in7TI T
/ J e-
iwl
dt

"~J(n;) 1
2 T i: e~j("~""/T)' d~

= ~ F(n7T);;ell(WT-n7T).
L... T wT-n7T
n=-OO

Desta forma, completamos a demonstração do teorema da amostragern em freqüên-


cia.
156 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

7.2 Modulação em Amplitude

o método de processar um sinal para uma transmissão mais eficiente é chama-


do de modulação. Um dos tipos de modulação comumente utilizado baseia-se no
~. (o)
seguinte teorema da translação de freqüência (às vêzes chamado de teorema da mo-
dulação) da transformada de Fourier. Êste teorema afirma que a multiplicação de
um sinal lU) por um sinal senoidal de freqüência to; translada seu espectro de ± W,..

PROBLEMA 7.4 Verifique o teorema da translação de freqüência.


Solução: Seja 5'[f(t)] = F(w). De (5.22) e (5.23) vem:

5[cos wet] = TTO(W - we) + 770(W + We),

J v ~ V V V V ~ 5 [sen W c t] =- j 77 o (w o
- W c) + j TT (w + W c).
(b)
Então, conforme o teorema da convolução em freqüência (4.125), resulta:
f(1) eos Wc r

1 1
= - F (w) * o (w - wc) + - F (w) * o (w + wc)
2 2
1 1
F (w - wc) + - F (w + wc) (7.29)
I
2 2
I

(e) mediante o emprêgo de (4.120). Anàlogamente,

F(W)
5 [f(t) sen wct] = ~ F(w) * [-j770(W - Wc) + jTTO(W + wc)]
277

~ill_ .. (d)
w
=

=
_!
2

_!2 j
j F(w)

F (w -
* o(w -

W
c
) +
Ú)c)

!2 j
+ !j
2

F (w + we).
F(w) * o(w + wc)

(7.30)

As Eqs. (7.29) e (7.30) indicam que a multiplicação de um sinal l(t) por um


sinal senoidal de freq üência Wc translada seu espectro de ± oi; Isto vem ilustrado
na Fig. 7.3.

PROBLEMA 7.5 Mostre que, se l(t) fôr um sinal de faixa limitada sem nenhu-
___ L-- __ '-- __ L-_ ..•. w
ma componente espectral acima da freq üência WM, então o espectro do sinal
1(1) cos co.t é também de banda limitada.
Solução: Visto que o sinal/(t) é um sinal de faixa limitada, temos
:f[f(1) eos Wc r 1
5 [f(t)] = F(w) = O para \ co \ > WM'

Do resultado (7.29) do Probl. 7.4 e da Fig. 7.3 segue-se, então, que o sinal l(t) cos
w,.f é também de faixa limitada, e seu espectro é nulo fora da banda (Wc-W.vI) a
(W,. + W.\I) para W > O. Devemos observar que êste resultado baseia-se na suposi-
ção co; > WJI.

(f) Um sinal ordinário de amplitude modulada (AM) é escrito habitualmente na


Fig. 7.3 (a) Sinal de faixa limitada
forma
( (I) do Probl. 7.5. (b) Função cos l(t) = K[1 + m(t)] cos Wcl, (7.31)
wel. (c) Função {(Il cos wet. (d) Es;-
pectro de (( I ) .(e) Espectro de ees ú, e t. onde mel) é um sinal de banda limitada, tal que
( f ) Espectro de {( I) cos we t.
5'[m(l)] = M(w) = O para \w\ > WM e \m(l)/ < I para w,. > WJ/. (7.32)
7,2 MODULAÇÃO EM AMPLITUDE 157

Em (7.31), a senóide cos co.t é chamada de portadora, e a freqüência !c = we/2n


é chamada de freqüência da portadora. A Fig. 7.4 mostra um exemplo de uma m (I)
forma de onda de um sinal ordinário de AM.
Desde que I m(l) I < 1, observamos que K[l + m(t)] > O para K> O.

PROBLEMA 7.6 Ache o espectro de freqüências de um sinal ordinário de AM mo


(7.31).

Solução: Aplicando a propriedade da superposição e o teorema da translação de


freqüência (7.29), a transformada de Fourier de f(t) é dada por
(o)
F(w) = ;r[j (I)]
= ;Y {K[I + mel)] cos Wel}
= ;r [K cos Wel] + ;r [K m(t) cos Wel] f(1 )= 1 +m (I) cos Wc I

= Knb(w - W + Knb(w + W
e) e)

1 I +mo -, -1IIIõ':"'"--------,
,\ .•. ,
,
+2K M (w - We) +,2 K M (w + We), (7.33) ,, \
\

1 - - ----,: -,
\ I
onde :J'[m(t)] = M(w).
Na Fig. 7.5, o espectro consta de impulsos na freqüência da portadora de co,
-mo \ "'n<!{
e o espectro de freq üência deslocado de met)o A porção do espectro acima de ,/
w, é chamada faixa lateral superior do espectro, e a porção simétrica abaixo de
w, é a chamada faixa lateral inferior do mesmo. Note que as faixas laterais são
-1 +mo
, I1.. ,
,,
as componentes portadoras de informação do sinal modulado. -1 .,..-----\ -
\
\

-1 -mo -'" ~--------~


~,
PROBLEMA 7.7 Supondo que o sinal mensagem m(t) em um sinal ordinário de
AM (7.31) seja um sinal senoidal (b)
Fig. 7,4 (a) Sinal mensagem de faixa
limitado m (I ).
(b) Forma de onda d~ um
ache o espectro do sinal AM, neste caso. sinal ordinário de AM.

Solução: O sinal AM para êste caso é dado por M(w)

f(t) =K (1 + mo cos wmt) cos wet. (7.34)


Usando identidades trigonométricas, podemos escrever novamente (7.34) como

1 1
f (t) =K cos wet + - K mo cos (wm - we) t + - K mo cos (wm + we) t. (7.35)
2 2
Então, utilizando (5.22), vem

, F(w) = 1[f(t)] = K 7T[o (ü) - We) + o(w + we)]

1 (o)
+- K mo 7T[O(W -'Wm + we) + o(w + Wm - we)
2
IF(w)1
+ o(w - Wm -. we) + o(w + Wm + we)]. (7.36)

o espectro do exemplo considerado vem ilustrado na Fig. 7.6. Nest~ caso, as fai-
xas laterais constam de impulsos em W = We wm. ±
PROBLEMA 7.8 Para o sinal de AM do Probl. 7.7 ache as potências relativas,
contidas na portadora e nas faixas laterais que levam a informação.
Solução: O sinal AM do Probl. 7.7 é dado por --~-~~-.~~--~~--~r--L--*-~W

f (t) = K [1 + mo cos wmt] cos wet -Wc-WM -Wc +WM

1 1 (b)
= K cos wct + - K mo cos (wm - we)t + - K mo cos (wm + we)t.
Fig. '7 . 5 (a) Espectro de m (I ).
'--v-----' -, 22/ "V' (b) Espectro de um sinal erdi-
portadora faixas laterais nário de AM.
158 APLICAÇOES A TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

Os têrmos correspondentes a portadora e as faixas laterais são mostradas aci-


F(w) ma. É evidente que a potência média total P, liberada por fel) (referida a um
resisto r de l-O) é dada por

p/ = .!. K2 + .!. K2 m~ + .!. K2m~ = .!. K2 (1 ~ m~).


+
(7.37)
2 ? 8 2
A putência da portadora Pp e a conduzida pelas faixas laterais Pb são· dadas
então por
P = .!. K2
P 2 '
Notemos que Pb ± K2m~/8 em cada uma d'ã's faixas laterais. A percentagem de
Fig. 7.6 Espectro da sinal AM do Probl. 7.7. potência conduzida pelas faixas laterais é
r, m2
_. x 100 = __ 0 - x 100%. (7.38)
p/ 2 + m~
Por exernnlo, se mo = 1/2, então
1
e, 4 1
- = -- = - ou cêrca de 11%,
m(1) e, 2 +.!. 9
4
quando mo = 1 [Pb?tJmáx = 1/3, ou cêrca de 33%.
Lembremos, agora, que o sinal fornecedor de informação m(t) está contido nas
faixas. ).aterais, e somente uma fração da potência de f(l) dada por (7.38) está nas
faixas .iateraIs. A potência conduzida pela portadora representa perda de potência.

(o)
Um sinal de AM de- faixa lateral dupla e portadora· suprimida' (OSBSC)*
é dado por
{(t)=m(t) coswct
fCt) = m(t) cos w,,J; ... (7.39)

ondem(t) é um sinal de faixa limitada como antes. A Fig, 7.7 mostra f(r) para
um mel) senoidal. .

PROBLEMA 7.9 Ache o espectro de um sinal de AM (OSBSC) (7.39).


, , ., Solução: Se ff[m(t)] = M(w), então
(b) F(w) = ~lf(t)] = ~[m(t) cos wct] = .!. [M(w - wc) + M(w + wc)J, (7.40)
2
Fig. 7.7 (a) Sinal senoidal m(t) de faixa em vista do teorema da translação de freqüência (7.29). A Fig. 7.8 mostra o es-
limitada. (b) Função {(t) =.m (t) cos Wct. pectro de um sinal OSBSC.

~~-~-_-L_-~w

(b )

Fig. 7.8 (a) Espectro de m (r ), (b) Espectro do sinal DSBSC.

O processo de separar um. sinal modulador de um sinal modulado chama-se


demodulação OU deteção.

* Em inglês double-side-supressed carrier.


7,2 MODULAÇÃO EM AMPLITUDE 159

PROBLEMA 7.10 Mostre que o espectro de um sinal modulado pode ser con-
venientementerecolocado na sua posição original, multiplicando, no receptor final,
o sinal modulado por cos co.i.
Solução: Suponhamos o sinal modulado expr-esso como

f(t) = m(l) cos wct. (7.41)

Então,como indica a Fig. 7.9(-a), no receptor, multiplicamos, o sinal recebido f(/)


. porcos úJct para obter, mediante uma identidade trigonométrica,

f (t) cos wct = m (t) cos" wct

1
= m (t) - (1 + cos 2 wct)
2
1 1
= - m (t) + - m(t} cos 2 wct. (7.42)
2 2

Agora, se 5'[m(I)] = MeúJ) e M(úJ) = O para lúJl > úJM; temos

n
j'[f(t) cos wctl = j'[m(t) cos ' wct]

= j' m (t)] + j' D m (t) cos 2 wct ]

111
= - M(w) + - M(w - 2wc) + - M(w + 2wc). (7.43)
244
A Fig. 7.9(c) mostra o espectro de fel) cos úJel = m(t) cos? úJet. Do espectro da
Fig.7.9(b) concluímos que o sinal original mel) pode ser reconstituído mediante um
filtropassa-baixa que deixe passar o espectro até úJ.l1. O processo de demodulação.
vem mostrado no -diagrarna de blocos da Fig. 7.9(a).

1:0S Wc t

Mult iplicador Filtro


( (t) m-(t) cos2wc t
passa-baixa m(l)
=m(t) COSWcl
(a)

F(w) j'[{(t) co s Wc t]

.!.Mo
2
.!.M L_
co 4 o
w
-Wc O Wc
-2wc t
{b) (c)

Fig. 7.9 (a) Sistema de demodulação. (b) Espectro do sinal modulado [(t).
(c) Espectro do sinal {( t ) cos W c t .

PROBLEMA 7.U Mostre que a demodulação pode ser conseguida também, mul-
tiplicando o sinal modulado f(t) = mel) cos úJcl por qualquer sinal periódico de fre-
qüência úJc•
Solução: Se p(l) fôr um sinal periódico de freqüência co; e da forma

(7.44)
n=_OO
160 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAP: 7

então, em virtude de (5.57), sua transformada de Fourier pode ser escrita como
00

(7.45)
n:;-OO

Mas, de acôrdo com (7.40), temos

JU(t)] = .!. M((c) - wc) + .!. M(w + wc).


2 2
Então, em vista de (4.125), a transformada de Fourier de f(t) p(t) é dada por
00

n=-OO

00

n=-OO

00

= 7T [ Cn !M[w - (n + 1) wc] + M[w - (n - 1) wc]! (7.46)


n=-OO

mediante (4.121).
É evidente que êste espectro contém um têrmo M(w), espectro de m(t). Êste
pode ser reconstituído mediante um filtro de passa-baixa que só deixe passar
até w = WM.

7.3 Modulação em Angulo

Na modulação de amplitude, a amplitude da portadora é modulada pelo sinal


m(t) portador da informação, isto é, a informação contida é levada pela variação de
amplitude da portadora. A modulação em amplitude, entretanto, não é o único
meio de modular uma portadora senoidal. Podemos também modular tanto a fre-
qüência quanto a fase da portadora, de acôrdo com o sinal portador de informação.
O sinal
fU) = A cos COM + <p(1)] (7.47)

é chamado sinal modulado em ângulo.


Se
<PU) = kp m(t),

onde kp é uma constante, então o sinal modulado em ângulo


!PM(t) = A cos [wet +k p mel)] (7.48)

é dito modulado em fase (PM)* com sinal modulante m(t), e


<Pm = I kp m(t) I máx radianos (7.49)

é chamado índice de modulação do sinal PM.


Se

<p(1) = kj f~", me,) di,

onde kj é uma constante, então

!FM(I) = A cos [ wel +k j f~ ",m(r) drJ (7.50)

,. Em inglês phase-rnodulated.
7.3 MODULAÇAO EM ÂNGULO 161

é modulado em freqüência (FM), e

CPm= k, I J~ ec me,) di I máx


(7.51)

é denominada índice de modulação do sinal FM.


Seja
e(t) = wrt + cP(t); (7.52)

então, o sinal modulado em ângulo (7.47) pode ser escrito também como

f(t) = A cos e(t). (7.53)

Definimos agora a freqüência instantânea em radianos co, do sinal modulado em


ângulo (7.53) como
d
Wi(t) = di e(t). (7.54)

PROBLEMA 7.12 Mostre que Wi para os sinais PM e FM são dados respecti-


vamente por:
d
WiPM(t) = Wc + kp di m(t),

WiFM(t) = Wc + lc, m(t). (7.56)

Solução: No caso do sinal PM,

No caso do sinal FM.

w;(t) = ! e(t)=! [Wct+kfl~ m(T)dT] =Wc +kfm(t).

As Eqs. (7.55) e (7.56) indicam que na modulação em fase, as freqüências instan-


tâneas variam linearmente com a de;il'ada do sinal modulador, enquanto que na
modulação em freqüência, as freqüências instantâneas variam diretamente com o
sinal modulador.

PROBLEMA 7.13 Se o sinal modulante m(t) fôr senoidal, isto é,

m(t) = mo cos wmt, wm < 'Úh, (7.57)

mostre que os sinais PM e FM terão, respectivamente, as formas

fPM(t) = A tos (wct + CPmcos wmt), (7.58)

(7.59)

onde CPmé o índice de modulação do sinal PM ou FM.

Solução: Se m(t) = mo cos wmt, então, de (7.48) temos

fPM(t) = A cos (wct + kp mo cos wmt~.

Em virtude de (7.49), CPm= kpmo, visto que a amplitude máxima de m(t) é mo;
então,
162 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAP. 1

Desde que para o sinal FM 9(t) = k , fm(t) dt = k(mo sen wmt,


Wm

PROBLEMA 7.14, Mostre que em um sinal modulado r FM senoidal, o índice de


modulação ifJm pode ser definido como
/'1,.1
9m = f' (7.60)
m

onde 1m é a freqüência do sina1 modulador, e A.f é o desvio de freqüência definido


por
/'I,. I= [21 17 (Wi -. Wc )] I

max

Solução: Para o sinal FM, de (7.56), temos:

Então
(7.61)

Em virtude de (7.61) vemos que


(WI - wC)ma"x =.k(mo = 211 /'1,./,

isto é, a diferença máxima entre Wi e Wc é denominada desvio de freqüência em ra-


dianos do sinal FM. Portanto,

9m = ktmo = 217 /'1,.1 = /'1,./.


'-úJnl 271 1m 1m

, ,Não~~~te um teoremageral,~ .simples .que relacione o espectro de co.s{wct+


+ cp(J)]
com o espectro deifJ(t); e a análise espectral .de um'siaalgetal modulado'
c

em' ângulo é bastantecomplexa. A seguir,t:onsiderarel))ossõmente casos especiais


.de. um sinal de modalaçãosenoidal- . ' , , . -

PROBLEMA 7.15 Ache o espectro do sinal FM modulado senoidalmente.


Solução: De (7.59),
I-(t) = A cos (wct + <Pm sen wmt)
= A cos wct cos (9m sen wmt) - A sen wct sen (9m sen wmt). (7.62)

Em (7.62), os têrmos
c-os(cjJm sen wmt) e sen (ifJm sen wmt)
são funções periódicas com período T = 2nJwm• Portanto, podem ser desenvolvi-
dos em série de Fourier. Notemos que
ei<Pmsen wmt = cos (9m -sen wmt) + j sen (9m sen wmt). (7.63)

Consideremos, então, o desenvolvimento de (7.63) em série de Fourier, isto é,

(7.64)
n=-OO
7.3 MODULAÇAO EM ANGULO 163

onde
1 jT/2 . (j<Pmsen Wml) (-lnWml) d
c =- e e t (7.65)
n T
-T/2
e T = 2n/wm• Então,

C
n
= -
. (Um
2TT
J T2
/

-T/2
e
j(<PmsenWml-nWml) dt
. (7.66)

Fazendo wmt = x, vem:

c = -
1 J7I" e
J(<Pm seu x-nx) d
x. (7.67)
n 2TT
_71"

Os coeficientes de Fourier (7.67) são, por sua vez, funções de Bessel de primeira
espécie. Das funções geratrizes relativas às funções de Bessel temos

L Jn(Z)
00

2
ez(X -O/2x = xn, (7.68)
0=-00

onde Jn(z) é a função de Bessel de primeira espécie, de ordem n e argumento z.


Fazendo x = ejwt
em (7.68), resulta:

Z
2
(x - 1) =
--'--_":'
2x
Z -
1 (x - -
2 x
1) = [z - 1
2i
(eiwl - e-iwl) = j z sen cot, (7.69)

Então,
L Jn(Z) ,
00

elz sellwl = elnWI• (7.70)


n::::-OO

Comparando (7.70) com (7.64), vem:

L
00

Jn(1)m) einWml. (7.71)


0=-00 n=-OO
Dêste modo, de (7.67) temos:

Cn
=J
n
(ri.. )=
'l'm
~i7l"
2TT _71"
e
j(<Pmsell x-nx) d
x. (7.72)

As propriedades das funções de Bessel e as curvas que ilustram seu comportamento


podem se encontradas em outras fontes de consulta. De (7.72), segue

(7.73)
Mas, conforme (7.71),

n=-OO

= Jo(4)m) + J,(4)m) (cos (Umt + i seu (Umt)


+ L,(1)m) (cos (Umt - i seu (Umt)
+ J 2(1)m) (cos 2 (Umt + i seu 2 (Umt)
+ L2(4)m) (cos 2 (Umt - i seu 2 (Umt)
+ .... (7.74)
Igualando as partes reais imaginárias e aplicando (7.73), tem-se:

COS (1)m seu (Umt) = Jo(4)m) + 2J2(1)m) cos 2(Umt + 2J4(1)m) cos 4(Umt + .••

= Jo(1)m) + 2 LJ 2n(1)m) COS 2n (Umt, (7.75)


164 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

00

= 2 L ]2n+l(CPm) sen(2n + 1) wmt. (7.76)


n=O

As Eqs. (7.75) e (7.76) são os pretendidos desenvolvimentos em séries de Fourier


dos têrmos cos (1Jm sen wmt) e sen (<Pm sen wmt).
Podemos, então, obter a distribuição espectral do sinal FM, substituindo (7.75)
e (7.76) em (7.62); dêste modo,

f (t) = A cos (wct + CPm sen wmt)


= A cos wct lJo(CPm) + 2U2(CPm) cos 2wmt + ].(CPm) cos 4wmt + ... ]l
-2A sen wct [Jl{CPm) sen wmt + ]3(CPm) sen 3wmt + .. ·1. (7.77)

Utilizando-se as fórmulas trigonométricas da soma e da diferença,


1
cos A cos B = - [cos (A - B) + cos (A + B»),
2
1
sen A sen B = - [cos (A - B) - cos (A + B)],
2

obtemos:
f(t) = A!]o(CPm) cos wct -]I(CPm) [cos (wc - wm)t - cos (wc + wm)t]
+ ]2(CPm) [cos (wc - 2wm)t + COS (wc + 2wm)t]
- ] 3(CPm) [cos (wc - 3 wm) t - cos (wc + 3 wm) t]
+ ... l. (7.78)

Fig. 7. 10. Es"ectro do sinal FM A Eq. (7.78) mostra que o sinal FM f(t) é constituído de uma portadora e de um
de (7.78). número infinito de faixas ou bandas laterais espaçadas em freqüências (co, + wm),
(co, ± 2wm), (we ± 3wm), etc., como indica a Fig. 7.10. As amplitudes da portado-
ra e dos têrmos das faixas laterais dependem de 1Jm, o índice de modulação, sendo
esta dependência expressa pelas funções de Bessel apropriadas.

7.4 Modulação em Pulsos

Num sistema de modulação em pulsos, a portadora é constituída por uma se-


qüência periódica de pulsos. Tanto a amplitude como a duração ou a posição dos
pulsos podem ser modulados de acôrdo com o sinal de entrada. A base teórica da
técnica de modulação em pulsos é a teoria da amostragem da Seç. 7.1. Em um sis-
tema de pulsos, partimos de um trem de pulsos não modulados, constituído de
pulsos idênticos e igualmente espaçados que ocorrem numa taxa de amostragem
apropriada para o sinal modulador (isto é, numa taxa duas vêzes maior do que a
mais alta componente de freqüência do sinal modulador).
Nesta seção, consideraremos somente o caso de modulação em amplitude do
pulso (PAM). Um sinal PAM é definido como:
Seja m(t) um sinal de faixa limitada com M(w) = 5'[m(t)] = O para Iwl >
> WM(= 2nj',1J), e seja g(t) um trem de pulsos periódicos com período T. Então
o produto
f(t) = m(t) g(t) (7.79)

é o sinal PAM, desde que T~ 1/(2fM).

PROBLEMA 7.16 Ache o espectro do sinal PAM (7.79), se g(t) fôr uma seqüên-
cia de pulsos retangulares periódicos com largura de d segundos e se repetindo em
cada T = 1/(2fM) segundos.
7.4 MODULAÇAO EM PULSOS 165 m(1)

Solução: Seja
S:(m(t)l = M(úJ), (7.80)

M(úJ) = O para I úJ I> úJM.

Conforme o teorema da convolução em freqüência (4.125), a transformada de Fou- (o)


rier de f(t) = m(t) g(t) é, então,
11(I)
F(úJ) = S:U(t)] = S:[m(t)g(t)]
1
t
= - M (co) * G(úJ), (7.81)
•••• 1 •...
217

onde G(ro) = 5'[g(t)].


De (5.77), podemos obter G(ro) fazendo
1 17 (b)
T= e
(2fM) úJM
F(I) =m(I)1I (I)

Então,
00

(7.82)
,,
n=-OO

Substituindo (7.82) em (7.81), vem:


00
(c)

n=-oo

00

n=-OO
00

(7.83) -------''--11--''------ .• C,)


n=-OO

(d)
mediante a aplicação de (4.120).
g(t)
Se m(t) tiver faixa limitada como indica a Fig. 7.11(a), o espectro de ampli-
tudes do sinal PAM é ilustrado na Fig. 7.11(f).
'"
'" ""
",-- - ..•..•
....
.•..
'" .•..
No Probl. 7.16, para g(t) foi utilizado um trem de pulsos retangulares. A
análise espectral do exemplo seguinte mostra que a-forma de onda do pulso não é
relevante.
(e)

PROBLEMA 7J7 Ache o espectro de um sinal PAM (7.79), se g(t) fôr uma se- F (t)
qüência de pulsos periódicos de forma de onda arbitrária que se repete em cada
T < 1/(2fM) segundos.
Solução: Desde que g(t) é uma função periódica, então. pode ser desenvolvida em
série de Fourier; portanto,
00

217
úJo = -.
T
n=-oo

Assim, em virtude de (7.79), o sinal PAM f(t) = m(t) g(t) pode ser escrito como Fig. 7. 11 (a) Sinal de faixa limitada
m (r ) do Probl. 7.16. (b) Seqüência
de .pulsos retangulares periódicos g (t J.
(c) Sinal PAM F(t)=m(t)g(t).
, (d) Espectro de m (t J. .
(e) Esp.ectro de g (t ).
00

(fI Espectro do sinal PAM F(tJ.


(7.84)
n=-oo
166 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

Portanto,

00

(7.85)
n=-OO

Mas, conforme a propriedade da mudança de freqüência da transformada de Fou-


rier (4.74), se g:[m(t)] = M(ro), então

cz: [ inúJot]
J m(t)e =M(úJ-núJo)'

Então,
00

(7.86)
n=-OO

A Fig. 7.l2(b) ilustra o espectro de amplitudes do sinal PAM constituído de pulsos


espaçados periodicamente com amplitudes modificadas pelos coeficientes de Fourier
de g(t).: Na Fig. 7.12, foi escolhido roo tal que T < 1/(2/M).
I

------~-L~----~~úJ

(o) (b)

Fig 7.12 Espectro do sinal de faixa limitada m (I) do Probl. 7.17. (b)_ Espectro do sinal PAM do Probl. 7.17.

7.5 Função Correlação Média

o conceito de função correlação foi introduzido na Seç. 4.9. .Para os sinais


periódicos ou sinais aleatórios de ruído que existem para todo o intervalo de tempo
(-,- 0), a energia latente será infinita, isto é,
0),

j''' -O>
[f(t)J2 dt = 0).

É evidente, então, que não existe a correlação, tal como foi definida na Seç. 4.9.
Em tais casos, consideramos as seguintes funções correlação média. .
A autocorrelacão média de hei) representada por Rl1(r), é definida como o
limite
-- 1 JT!2
Ru(r) = lim -T /l(t)fi(t - r) dto (7.87)
T->o> -T!2'

Anàlogamente, a correlação cruzada média de /l(t) por /2(t), representada por


R12(r) é definida como o limite -

-' J fTl2
Rdr) = lim -T /1(1)/2(1 - r) dto (7.88)
T->o> -T!2
7.5 FUNÇÃO CORRELAÇÃO MÉDIA 167

PROBLEMA 7.18 Mostre que para funções periódicas (com período TI) temos:

(7.89)

(7.90)

Solução: Sejam fl(t) e h(t) duas funções periódicas com o mesmo período TI.
Então,
t,(t) = f,(t + T ,), (7.91)
f,(t - T) = f,(t - T + T,), (7.92)
f2(t - T) = f2(t - T + T,). (7.93)

Por conseguinte, os integrandos de (7.87) e (7.88) são funções periódicas na variá-


vel t com período TI. A integral de tais funções em cada período é a mesma e, por
isso, é indiferente que a correlação seja feita em um intervalo muito grande, T-. co ,
ou em um período TI.
Desta forma, para as funções periódicas,

PROBLEMA 7.19 Mostre que as funções autocorrelação média e correlação


cruzada de sinais periódicos de período TI são também periódicas e com o mesmo
período.
Solução: De (7.89) temos:
jT,/2
R (T
ll - T,) = T1 f,(t) f,[t - (T - T,)] dt
, -T,/2

= T1 JT'12 f,(t)f,(t - T + T,) dto


, -T,/2

(7.94)

Anàlogamente, de (7.90) e (7.93) vem:

(7.95)

As Eqs. (7.94) e (7.95)mostrani que Rll(!) e Rl2(!) são periódicas com o período
TI.
168 APllCAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

PROBLEMA 7.20 Ache a função de autocorrelação media da onda seno dada


por
217
f(t) =A sen (úJ,t + cp), úJ, =-.
T,
Solução: Visto que f(t) é periódica, de (7.89) temos:

- 1 fT/2
Ru(T) = lim - f(t) f(t - T) dt
T-+oo T
-T/2

= T1 jT'/2 f (t) f(t - T) dt


, -T,/2

= -
A2JT'/2 seu (úJ,t + cp) seu [úJ,(t - T) + cp] dt
,T, -T,/2

=
A2
T J T
'/2
sen (úJ,t + cp) sen (úJ,t + cp - úJ,T) dto (7.96)
, -T,/2

Utilizando a identidade trigonométrica sen A sen B ~ [cos (A - B)-cos (A + B)],

Rff(T) = --
A' fT,/2 [cos úJ,T - cos (2úJ,t + 2cp - úJ,T)] dt
2 T, -T,/2

A2 • jT'/2
= -- cos úJ,l dt
2T
, -T,/2
A 2 (7.97)
= - cos (úJ,T).
2
A Eq. (7.97) mostra que RJJ(r) é independente da fase cP de f(t).

PROBLEMA 7.21 Mostre que, se fl(t) e f2(t) são funções reais periódicas com
o mesmo período Ti, então

(7.98)
n=-OO

onde Wl = 2n/Tl e Cln, C2n são, respectivamente, os coeficientes complexos de Fou-


rier de .h(t) e de f2(t), e C;n o complexo conjugado de Cln·

Solução: No caso de funções periódicas, de (7.90) vem:

-
R12(T) = -
1 jT'/2 f,(t) f,(t - T) dto
, T
, '-T,/2

Sejam os desenvolvimentos em séries complexas de Fourier de fl(t) e h(t):


00

f,(t) = L (7.99)
n=-oo

00

f (t) = ~
, L c 2n eJnw,t , (7.100)
n=-OO

onde

(7.101)
7.6 IDENTIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGANDO CORRELAÇÃO 169

C2n = T1 JT /2l
f2(t) e
-jnúJlt
dto (7.102)
1 -T,/2 .

Escrevendof2(1 - r) de (7.90) a forma de (7.100), vem:

-
R,2('t) = T1 JT /2 l
f,(t) f2(t - 1') dt
'-T,/2

1 Tl/2 f [..:ç-, jnwl(t-")l d


= T, _T,l/,(t) n~oo C2n e J t.
(7.103)

Permutando a ordem do somatório e da integração, temos

-R 12
-L
(1') -
00

c 2 n. e -jnúJ
," [T
~
T
J 1
(2
f 1(t) e jnw,t dt ]
. (7.104)
n=-oo 1 -T,/2

A integral entre colchêtes é o complexo conjugado de CI,,, como podemos ver, com-
parando-a com (7.101). Então,
00

n:;:-oo

Observe que .Rl2(r) é também uma função periódica de r com período TI,

PROBLEMA 7.22 Mostre que, se fel) fôr uma função periódica real com período
T, então

(7.105)
n=-oo

onde úJo = 2n/.T e c-. são os coeficientes complexos de Fourier de .I(t).


Solução: No Probl. 7.21, se fizerrnos Sú) =f2(t) =Iu) e TI = T, então, em vista
de (7.98) teremos

Rff('t) =' f: c~ Cn e -jnwo" = [

n=-oo
1 c., 12 e -jnwo" = L
n=-06
1 c., 1
2
ejnwo",
n=-oo

desde que IC-n12 = Icnl2.

Observe que (7.105) é exatamente o desenvolvimento em série complexa de'


Fourier de .RJf(r)e, conseqüentemente, .RJJ(r) é uma função periódica de r com o
mesmo período de f(t). A Eq. (7.105) mostra também que os coeficientes de Fou-
rier de .RJf(r) contêm somente os valôres absolutos dos coeficientes de Fourier de
f(t). Segue, então, que tôdas as funções periódicas do tempo que tenham os mes-
mos módulos dos coeficientes de Fourier e os mesmos períodos têm também a
mesma autocorrelação, embora as fases dos seus coeficientes de Fourier possam
ser diferentes.

7.6 Identificação do Sinal Empregando Correlação

Vamos agora tratar' do caso dos sinais que contenham componentes de ruído.
Por ruído entendemos normalmente qualquer distúrbio indesejado ou' parasita que
tenda a anular ou mascarar o sinal transmitido. O sinal de ruído encontrado na
prática é um sinal com variação aleatória de amplitude. A seguir suporemos, o
170 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

sinal de ruído n(t) com um valor médio nulo, isto é,

lim -TI
T-''''
J 1'/2

-1'/2
n(t) dt = O. (7.106)

Em geral, dizemos que dois sinais fl(t) e f2(t) são não corre/aios, se

- I J1'12
R12(-r) = lim -T ji(t)f2(t - T) dt
Tr+» -1'12

I I
Tj
~1'/2 ] [ J1'/2 ]
[ ,I,im fl(1) dt ,I,im T h(t) dt . (7.107)
1-"'" -1'/2 1-+ 00
-1'/2

PROBLEMA 7.23 Seja s(t) um sinal útil e n(t) um ruído. Prove que, se s(t) e
n(t) são não correlatos, então

7'-+00
I
lim --T J.
.
Tí2

1'/2
s(t) 11(1 - T) dt = O para todo T. (7.108)

Solução: Se s(t) e n(t) são não correlatos, então, conforme (7.107),

lim
T ...•
oo
1:.
T
T/2
f -T/2
s(t)n(t-L)dt= [1 lim
T -e oo
-
T
jT/2
-T/2
s(t)dt ] [ lim
T ...•
oo
-
T
1 fT/2
-T.j2
n(t)dt ] =0

em vista de (7.106).
Se designarmos por R .•,,(T) a função de correlação cruzada média de s(t) e n(t),
então (7.108) pode ser expressa como
R,,,(T) = O para todo T. (7.109)
Para os ruídos aleatórios, com valor médio zero,

lim Rnn(L) = O. (7.110)

. PROBLEMA 7.24 Mostre que a função de autocorrelação média da soma do


sinal e do ruído é igual à soma das funções autocorrelações individuais do sinal e
do ruído, respectivamente.
Solução: Seja /(1) = s(t) + n(1). Então,

- 1 jT/2 •
Rff(L) = lim - f(t) f(t - L) dt
oo T
T ...•
-T /2

1 jT/2
= lim - [s(t)+n(t)][s(t-L)+n(t-L)]dt
oo T
T ...• .
-T/2

(7.111)

Como o sinal s(t) e o ruído n(t) são não correlatos, vem:

Portanto,

(7.112)

PROBLEMA 7.25 Mostre que, com base no resultado (7.112) do Probl. 7.24,
podemos usar a autocorrelação para a deteção do sinal.
Solução: Sejaf(t), o sinal recebido, a soma do sinal útil s(t) e do ruído n(t). Então,
se conhecermos a natureza do ruído tal como o espectro de potências que será dis-
7.7 ESPECTROS DE POTÊNCIAS MÉDIAS 171

cutida na seção seguinte, podemos calcular a função autocorrelação média do


ruído Rnn(1:). Se Rnn(1:) diferir de Rjj(1:), poderemos concluir que existe um sinal
útil s(t) no sinal recebido f(t), visto que Rss(1:) não é zero.
A Eq. (7.112) oferece também um meio de detetar um sinal mascarado por um
ruído aleatório. Como, neste caso, s(t) é um sinal periódico e n(t) é um sinal não
periódico, do resultado do Probl. 7.19 e de (7.110), resulta que R.s(1:) é periódica,
enquanto que Rnn(1:) se torna muito pequena para valôres grandes de 1:. Portanto,
para valôres suficientemente grandes de 1:, Rjj(1:) será quase igual a R ss (1:), e RIf(1:)
apresentará uma natureza periódica para valôres suficientemente grandes de 1:.

PROBLEMA 7.26 Mostre.que a função correlação cruzada entre os sinais trans-


mitido e recebido é a mesma que entre os sinais transmitido e o útil recebido.
Solução: Sejam, respectivamente g(t) e f(t) os sinais transmitido e recebido. Então,
f(t) = s (t) + n(t),

onde s(t) é o sinal útil recebido e n(t) é o ruído. Agora, se fizermos a correlação
cruzada entre o sinal recebido f(t) e o sinal transmitido vem

- 1 fT/2 --
R til Cr)= lim - [s(t)+n(t)]g(t-T)dt=RslIcr)+Rnll(T). (7.113)
T->oo T -T/2

Vistoque n(t) e g(t) não são correlatos, isto é, RnuC1:) = O, então


Rtg(T) = Rsg(T). (7.114)

PROBLEMA 7.27 A partir do resultado (7.114) do Probl. 7.25, mostre que a


correlação média cruzada pode ser utilizada para a deteção de sinais.
Solução: Se o sinal recebido f(t) fôr somente ruído, isto é, se s(t) = O, então
a função correlação média cruzada R.i1:) = O e, por conseguinte, Rju = O. Por
isso concluímos que, se a correlação média cruzada entre o sinal transmitido e o
sinalrecebido não é idênticamente nula, então existe um sinal útil no sinal recebido.
A Eq. (7.114) pode ser utilizada também para a deteção de um sinal periódico con-
taminado de ruído. Desde que o sinal útil s(t) e o sinal transmitido g(t) são sinais
de mesma freqüência, segue, do resultado do Probl. 7.19, que RsuC1:) é também
uma função periódica com o mesmo período. Portanto, concluímos, de (7.114),
que, se a correlação média cruzada entre o sinal recebido f(t) e o sinal transmitido
g(t) fôr periódica, então f(t) deverá conter um sinal periódico.
Devemos observar que, no método da correlação cruzada, R/uC1:) = R.uC1:),
sem qualquer têrmo adicional de ruído tal como Rnn(1:) encontrada na técnica de
deteção por autocorrelação. É possível, então, detetar um sinal periódico no si-
nal recebido f(t) em qualquer valor de 1:.

7.7 Espectros de Potências Médias: Sinal Aleatório

Na Seç. 4.8 introduzimos a idéia de espectro de energia ou função densidade


de energia de f(t). Consideramos então a energia latente de.f(!) como sendo finita,
isto é,

f~", [f(t)]2 dt = finita. (7.115)

Para tais funções, a potência média no intervalo T aproxima-se de zero quando T


. tende para o infinito; desta forma,

lim -T
1 fT'2 [f(t)]2 dt = O. (7.116)
T->'" -T12
-------~--------~.
i72 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

Em conexão com o cálculo dos ruídos, temos que considerar os sinais que não
contêm energia latente finita. Então, neste caso, a potência média de f(t) é a quan-
tidade

lim -TI
T-H"
'I TI2

-T12
[f(t)]2 dto (7.117)

" Quando existe êste limite, a quantidade'

P(ro) . - 1
= lirn
T-H" T
I I TI2

-T!2
f(t)e-1wt '1 dt
2

(7.118)

é chamada o espectro de potências ou densidade espectral de potência da função f(t).


Se apenas a densidade espectral de potência de uma função f(t) fôr especifica-
dá não conheceremos a forma de onda, porque somente é conhecido um espectro
de tempo médio. Os sinais especificados dêste modo podem ser chamados sinais
aleatórios. Os sinais aleatórios são descritos comumente em têrmos de suas pro-
priedades estatísticas; contudo, não discutiremos aqui tais propriedades.
Embora seja mencionada a quantidade (7.118) como sendo a densidade espec-
trai de potência da função f(t), a densidade espectral de potência (ou simplesmente
densidade espectral) de uma função f(t) é definida habitualmente como transforma-
da de Fourier da autocorrelação média de f(t). Definimos, então;

(7.119)

- 1 IO;> ..
RJJ (r) = 5'-1 [P(ro)] = 2; _<D P(ro) eJWT dco. (7.120)

PROBLEMA 7.28 Mostre que a potência média total (ou valor médio quadrático)
de uma função f(t) é dada por .

TI2

lim -T
I I .
[f(t)]2 dt = I
-2"
I <D
P(ro) dos =I <D
P(27tv) dv, (7.121)
T-><D -Tj2 7t -<O -<X>

onde ro = 27tv.

Solução: Segue, de -0.120),. que


, .
Rlf(O) = 2:;
1 Joo
_00
P(w)dw= I _00
oo
P(217f)df. (7.122)

Mas, de (7.87) temos:

Rlf(T) = lim
T->oo
-1
T
I-T12
TI2
f(t)f(t-T)dt. [7.87]

Portanto,
1 JTI2 (7.123)
Rlf(O) = lim - [f (t»)" dt.
T->oo T -T12

Comparando (7.123) e (7.122), vem:

lim
1
-
fTI2
[f(t)F dt = -
1 Joo
P(w) dco =
{OO P(217V) dv .
T->oo T • -T12 217 ,_00 _00
7.7 ESPECTROS DE POT~NCIAS M~DIAS 173

A Eq. (7.121) afirma que a potência média total (ou valor médio quadrático) de uma
função f(t) é dada pela integração de P(w) em todo o domínio da freqüência. Por
esta razão, a quantidade P(ro) é chamada de espectro de potências ou densidade es-
pectral de potência de f(t).

PROBLEMA 7.29 Ache a densidade espectral de potência de uma função perió-


dica fel) com período T.
Solução: Seja a série de Fourier de uma função periódica f(t) dada por
00
2TT
úJo = -. (7.124)
T
n=-OO

No Probl. 7.22 foi demonstrado que a função para autocorrelação de f(t) é

[7.105]
n=-OO

Se considerarmos a transformada de Fourier de R,,('r:),


00

2 inúJo
P (úJ) = ~ [RIf(,)] = [ 1 Cn 1 ~ [e "]

n=-oo

00

(7.125)
n=-OO

mediante (5.21).
Então, P(ro) é constituída de uma série de impulsos nas freqüências harmôni-
cas de f(t). Cada impulso tem uma intensidade igual à potência latente nesta com-
ponente freqüencial, e é obviamente uma medida da distribuição da potência em
f(I).

PROBLEMA 7.30 Mostre que a potência média por período, numa função pe-
riódica f(t), é dada por

(7.126)

Solução: Visto que f(t) é periódica, de (7.89) temos:

lim
T ...•oc T
-1 JT /2

-T/2
[f(t)]2 dt = - 1
TI
i TI 2
/
-TI/2
[f(t)F dt, (7.127)

onde TI é o período de f(t).


Substituindo (7.125) em (7.121) e utilizando a relação (7.127), vem:

~ ;1 i:::: [f(t))2 dt = 2~ i: i: P (úJ) di» = [n~oo Icnl


2 Ô (úJ - núJo)] dca,

Permutando a ordem do somatório e da integração, e aplicando uma propriedade


da. função delta,

TI
1 fTI/2
-TI/2_ [f~)]2 dt = n~oo
00

Icnl
2 L oo

-00 ô(cu~ núJo) dco = n~,,\,


~

Icnl
2

A Eq. (7.126) é exatamente o teorema de Parseval para uma função periódica


(3.85). :
174 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

o ruído branco é definido como sendo qualquer sinal aleatório cuja densidade
espectral de potência é uma constante (independente da freqüência).

PROBLEMA 7.31 Ache a função de auto correlação média do ruído branco.

Solução: Da definição de ruído branco temos:


P(w) = K. (7.128)

Segue, de (7.120), que

R(T)=:f-1 [P(w)] =-
1 Joo P(w)eiW7:dw=K -f
1 00
ejW7:dw.
2rr _00
Zn ~OO

Da identidade (5.4) da função delta, isto é, de

~ Joo
2rr
e i W7:dw = o (T),
_00

resulta:

R(T) = K O(T). (7.129)

Constatamos, então, que a função de autocorrelação média para o ruído branco é


igual a um impulso.

PROBLEMA 7.32 A função de autocorrelação media da corrente in(t) de ruído


térmico é dada por
(7.130)

onde
k = constante de Boltzmann, k = 1,38 X 10-23 joule/vK.
T= temperatura ambiente em graus Kelvin.
G = condutância do resistor em mho.
o: = número médio de colisões de um elétron por segundo.
Ache a densidade espectral de potência da corrente de ruído térmico.
,,'

Solução: Considerando a transformada de Fourier de (7.130), vem

P (w) = :f [Rii (T)]

oo
= kTGCXI e-cx.I"C1 e-iw"C dT
-00

2kTG
(7.131)

Como a, o número de colisões por segundo, é da ordem de 1012, o fator 1 W /ex


2 2
+
10
é muito próximo da unidade para freqüências abaixo, mais ou menos, de 10 hertz.
Então, para freq üências abaixo de 1010 hertz, a densidade média espectral de po-
tência da corrente de ruído térmico pode ser aproximada por

P(w) = 2kTG. (7.132)


7.8 RELAÇAO EXCITAÇAO---RESPOSTA: C.~LCULO DO RUrOO 175

7.8 Relação Excitação-Resposta: Cálculo do Ruído

As relações excitação-resposta discutidas no Capo 6 determinam a resposta de


um sistema linear de parâmetro constante quando a excitação é uma dada função
do tempo. Desde que sinais aleatórios tais .como os ruídos não podem ser expres-
sos como funções determinísticas do tempo, as técnicas desenvolvidas no Capo 6
não são diretamente. aplicáveis quando a excitação é um sinal aleatório.
Nesta seção, estudaremos a aplicação das funções correlação e das densidades es-
pectral de potência a problemas de análise de sistemas que envolvam sinais aleatórios.

PROBLEMA 7.33 Sejam x(t) e y(l), respectivamente os sinais aleatórios de en-


trada e de saída de um sistema linear de parâmetro constante, caracterizado pela
função sistema H(w). Mostre que as autocorrelações médias de entrada e de saída
se relacionam mediante

(7.133)

onde h(t) = ~-1 [H(w)] = a resposta ao impulso unitário do sistema.

Solução: Foi mostrado em (6.87) que a saída y(t) se relaciona com a entrada x(t)
pela integral de convolução, isto é,

y(t) = Joo h(T) x(t - T) dTo (7.134)


-00

Mas, de (7.87) temos

!JT/2
Ryy (r) = lim y (t) y (t -r- T) dto (7.135)
T->oo T -T/2

Em virtude (7.134), podemos escrever y(t) e y(t -.) como

y(t) = Joo h (A) x(t - A) dA, (7.136)


_00

y(t - T) = {OO h (a) x(t - T - a) da. (7.137)


-00

Substituindo (7.136) e (7.137) em (7.135) vem:

-
Ryy(T)= ;~: T1 jT/2
-T/2
[f OO
_00 h(A)x(t-A)dA
Joo h(a)x(t-T-a)da
_00
] dto
(7.138)
Mudando a ordem de integração, podemos escrever (7.138) como

-1
T
JT2

-T/2
/ x(t - A) x(t - T - a)dt ] do ds.,

(7.139)
Visto que

Rxx(T+a-A)= lim -
~JT/2 x(t-A)x(t-T-a)dt, (7.140)
T->oo T -T/2
176 . APLICAÇÕES À TEORIA DAS COMUNICAÇÕES CAPo 7

(7.139) se torna

Ryy (T) = foo h (A)


_00
1 -00
00

h (a) R"" (T + a - A)dadA.

,... .•..,- """.~ -.,~-_~ •• _.."... • me·

PROBLEMA Prove que a densidade espectral de potência de saída Pr(W) e


7.34
a densidade espectraJ de potência de entrada P.(w) de um sistema linear e,stão rela-
cionadas. por
(7.141)

onde H(w) é a função característica do sistema.

i:
Solução: Em virtude de (7.119), Pr(W) é dada por

P,r(w) = 1[Ryy(T)] = Ryy(T) e-jU)'T; dTo (7.142)

Substituindo (7.133) em (7.142), vem:

e, (w) = i: [i: h (A) i: h (a) R"" (T + a - A) do d): ] e-jU)'T; dTo (7.143)

Com a mudança de variável J1 = r-} (J - À, seguida de uma separação de variáveis,


vem:
Pr(w) = foo h (A) dA foo h (a)dafoo R"" (p.) e-jU) (J-L-IH A) dp:
_00 _00 _00

(7.144)

Visto que

R (w) = Joo h (T) e-jU)'T; dT,


_00

e h(t) é sempre real,

Então, (7.144) pode ser escrita como

r, (w) = R (w) R* (or) r, (w). (7.145)

Como H(w) H*(w) = I H(w) 12,então


r, (w) = IR (w)1 2
Pe (co).

Para os sinais aleatórios, não temos nem poderemos apresentar uma expressão
. explícita para uma fonte de ruídos, nem para a resposta, de um sistema, a tal exci-
tação. Conseqüentemente, uma relação como (6.92) não é possível para sinais
aleatórios. Contudo, por meio das densidades espectrais de potência, poderemos
estabelecer e utilizar a relação (7.141) para problemas que envolvam sinais aleató- '
rios aplicados a sistemas lineares.
7.8 RELAÇÃO EXCITAÇÃO-RESPOSTA: CÁLCULO DO RufDO 177

PROBLEMA 7.35 Ache a função de autocorrelação média da saída de um cir-


cuito RC de baixa freqüência mostrado na Fig. 7.13, onde a excitação é um ruído
R
branco. Ache também a tensão média quadrática do ruído na saída.
Solução: Em virtude do resultado (6.100) do Probl. 6.19, a resposta ao impulso
h(t) do circuito é dada por

h (t) = _1_
RC
e-ti RC u co. excitação
I
X_C_t_) CI 1 re_sp_o_stoa y Ct)

enquanto que, em vista de (7.129), a autocorrelação média de entrada (ruído bran-


co) é dada por
t
Fig; 7.13 Circuito RC de baixa
R"lC ('r) = K o (r). freqüência do Probl. 7.35.

Portanto, aplicando (7.133), vem:

= --- K
(RC)2
100
_00
e-U!RC u(a) [00 0(1' + a - A) e-
_00
À/RC u(A)dAda. (7.146)

Recordando a propriedade (2.68) da função delta, temos:

= ~loo
(RC)2 o
e-1:/RC e-2U/RCda

desdeque u(a) = O para a < O e u(O') = 1 para O' > Ü.

Então,
- K -1:/Rcloo -2u/RC.J
Ryy (1') = -- e e ao -_ ~e-1:/RC
, . (7.147)
(RCY o 2RC.

A Eq. (7.147) é válida somente para, positivo, entretanto, desde que a função auto-
correlação é uma função par de , [ver (4.148)],

(7.148)

A tensão média quadrática do ruído na saída é dada por

1fT/2 - K
lim - [y(t)F dt = Ryy(Ü) = -. (7.149)
T->oo T 2 RC
-T/2

PROBLEMA 7.36 Ache a densidade espectral de potência de saída do circuito


RC da Fig. 7.13, quando a entrada é o mesmo ruído branco. Teste também a ten-
são média quadrática do ruído na saída, mediante (7.121).
Solução: De acôrdo com (6.99), a função característica do sistema H(w) do cir-
cuito RC é dada por
1
RC
H(w) = --- [6.99]
1
jco +
RC
178 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

A densidade espectral de potência de entrada do ruído branco é dada por

P e (W) == K. [7.128]
Então, em virtude de (7.141), a densidade espectral de potência de saída é dada por

K. (7.150)

De acôrdo com (7.121), a tensão média quadrática do ruído na saída pode ser ava-
liada a partir de PT(w); então,

lim
T ...•
oo
~JT/2
T -T/2
[y(t}F dt == ~Joo
217 _00
Pr(w) dco

K
(7.151)
2RC
que concorda com (7.149).

7.9 Problemas Suplementares

PROBLEMA 7.37 Mostre que a função periódica de banda limitada, sem harmô-
nicos de ordem superior a N, é especificada de modo único por seu valor em 2N + I
instantes em um período.
[Sugestão: Com 2N + 1 incógnitas, uma função de banda limitada e periódica
tem a forma
N

t(t) == Co + [ Cn COS (wot + CPn), Wo == 217 .]

11=1
T

PROBLEMA 7.38 Considere as funções amostras

ri, ( ) _ sen WM (t - nT)


'f'n t - , n == 0, ± 1, ±2, ... ,
wAi (t- nT)

onde WM = 2nfM e T = lj(2fM)' Mostre que (a) <Pn(t) são ortogonais no intervalo
- co < t < ro, e (b)

1-00
00

CPn(t) CPm(t) dt = Tônm,

onde <5nm é o delta de Kronecker.


[Sugestão: Use o resultado do Probl. 4.23 e o teorema de Parseval.]

PROBLEMA 7.39 Se f(t) fôr de faixa limitada, isto é, F(w) = 5'[f(t)] = O para
I w I > Wc, mostre que

J'X> E(t)CPn (t) dt = T l(nT),


-00
7.9 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 179

onde (j>n(t), é a função amostra do Probl. 7.38, para cada cj>nCt) do Probl. 7.38 com
roM > wc•
[Sugestão: Multiplique (7.16) por cj>n(t) e integre em [- 00, 00], e utilize o resul-
tado do Probl. 7.38.]

PROBLEMA 7.40 Aplicando o teorema da convolução no tempo (4.122), verifi-


que o resultado do Probl. 7.39.
[Sugestão: Veja o Probl. 4.59.]

PROBLEMA 7.41 Seja f(t) um sinal de banda limitada cujo espectro seja zero
fora da faixa de - fu a fM hertz. Se f(t) fôr amostrada à taxa de 2fM ensaios
por segundo, prove que

PROBLEMA 7.42 Mostre que o produto de um sinal ordinário AM, por uma
forma de onda periódica cuja freqüência fundamental seja a freqüência da porta-
dora do sinal ordinário AM, inclui um têrmo proporcional ao sinal m(t).

PROBLEMA 7.43 Mostre que o sinal DSBSC pode ser demodulado pela multi-
plicação do sinal por qualquer sinal periódico cuja freqüência fundamental seja a
freqüência da portadora do sinal DSBSC.

PROBLEMA 7.44 A eliminação de uma banda lateral num sinal DSBSC resulta
um sinal AM de uma só banda (SSB)*. A Fig. 7.14 mostra o diagrama em bloco
de um método de retardamento de fase para produzir um sinal SSB. Forme (a)
o sinal DSBSC fl(l), multiplicando em dado sinal mensagem mel) por uma porta-
dora cos wct, e (b) o sinal DSBSC f2(t), multiplicando a portadora deslocada •...TI
fase de -! ti pelo sinal mensagem defasado de -! tt: Mostre também que
Mt) - f2(1) resulta num sinal SSB.

FLDPS
Modulador

cos w (t)
c
m(1) Sinal SUF
- .!. 7T Deslocado
2 de fase

FLDPS
Modulador

Deslocado de
fase

Fig. 7.14 Diagrama em blocos do método de retardamento de fase


para a produção de um sinal SUF.

PROBLEMA 7.45 (a) Mostre que o sinal f(t) = mel) cos wel, onde m(t) é uma
onda quadrada periódica, pode ser escrito como o sinal modulado em fase
cos[wet +
cj>(t)]. (b) Ache cj>(t).
Resp.: Se
para O< t < T/2
Jl(t)={ 1 e m(t + T) = m(t),
-1 para T/2 <t<T
* Em inglês single-side bando
180 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

então cjJ(t) é também uma onda quadrada periódica, isto é,


O para O < t < T/2
cp(t)= e cp(t+ T) = cp(t).
{
17 para T /2 < t < T

PROBLEMA 7.46 Os sinais FM com cjJ (t) = k , {"" m (e) dx «: t 17 para todos
os valõres de t são chamados sinais FM comprimidos. Ache a equação e o espec-
tro de freqüência de um sinal FM comprimido.

Resp.: A cos úJc t - A cp (t) sen úJc t,

A [o(úJ - úJc) + O(úJ + úJc)] - Akf [M (úJ - úJc) - M (w + úJc)],


2 2úJ

onde M(w) = 5'[m(t)].

PROBLEMA 7.47 Compare e estabeleça o contraste entre o sinal FM comprimi-


do e o sinal AM ordinário (Cf. Probl. 7.46).

PROBLEMA 7.48 Ache o espectro do sinal PAM (7.79), se g(t) fôr o pulsç-pe-
riódico retangular e simétrico mostrado na Fig. 7.15. Êste sinal PAM .especial é
chamado também sinal fracionado.

[1
00

o T Resp.: a2n-1 [M!úJ - (2n - l)úJoly--M!úJ + (2n -l)úJo I]; com


n=1
4 para (2n - 1) = 1, 5, . . .
-1
a = (2n-l)17
2n -I
{ -4 para (2n - 1) = 3, 7, . . . .
Fig. 7.15 Pulso periódico retangular e (2n - 1)17
simétrico do Prebl. 7.48
(Cf. Probl. 2.13).

PROBLEMA 7.49 Mostre que a autocorrelação média Rll(r) é uma função par
de r.

PROBLEMA 7.50 Mostre que a derivada da autocorrelação média de f(t) é o


negativo da correlação média de f(t) por df/dt, isto é, dRff/dr = - Rf df/d,.

PROBLEMA 7.51 Dizemos que dois sinais periódicos fl(t) e f2(t) com período T
são não corre/atos ou não coerentes, se para todo r,

r T / 2T / 2 'r / 2
R12(L)=~L f,(t)f2(t-L)dt=l! f,(t)dtxlJ f2(t)dt;
-T/2 T -T/2 T -T/2

isto é, a função correlação cruzada média de fl(t) por f2(t) é igual ao produto das
médias de fl(t) e de f2(t) em um período.
Mostre que o valor médio quadrático de dois sinais periódicos não coerentes
é igual à soma dos valôres médios quadráticos dos sinais quando o valor médio de
cada sinal é nulo.

PROBLEMA 7.52 Mostre que a densidade espectral de potência de uma forma


de onda senoidal A sen ont (ou A cos Wlt) é P(w) = i A2[O(W-WI) + o(w + WI)].
[Sugestão: Utilize o resultado do Probl. 7.20.]
7.9 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 181

PROBLEMA 7.53 Aplicamos dois sinais !a(t) e Ji,(t) a dois sistemas, como é mos-
trado na Fig. 7.16.' As respostas resultantes são f1(t) e f2(t). Exprima a função
correlaçãomédia R12 de /1(t) por f2(t) em têrmos de Rab, h1(t) e h2(t), onde h1(t) e ta(t) Sistema linear
h2(t) são as respectivas respostas aos impulsos unitários dos dois sistemas. H1(W). h1(t)

Resp.: R12(L) =fOO h1 (A)j'Xl Rab (L + a - A)h2 (a) â od s. (a) -


-00 -00 .

PROBLEMA 7.54 Se a densidade espectral cruzada S12(W) de duas funções /1(t)


fi.(t) fôr definida por S12(w) = B' [R12(I')], mostre que para os dois sistemas do
Probl. 7.53, Sistema linear
H2(w). h2(t)

ondeSal> (w) é a densidade espectral cruzada de fa(t) e Ji,(t), e H1(W) e H2(w) são as (b)
respectivasfunções características dos dois sistemas.
Fig. 7.16 Os dois sistemas do Probl. 7.53_

PROBLEMA 7.55 Ache a auto correlação média da resposta do circuito de baixa


freqüência mostrado na Fig. 7.13, quando a entrada tem uma função de autocor-
relação média da forma RrreI') = t <X Ke-"jTj .

Resp.: 1
onde b = - .
RC

PROBLEMA 7,56 O coeficiente t «s de RrrC"C) do Probl. 7.55 foi escolhido de


modoque a entrada tenha uma densidade espectral K em w = O. Então, em baixas
freqüências, a densidade espectral é a mesma que a do espectro do ruído branco.
Mostre então que, quando <x» llRe = b, o resultado do Probl. 7.55 se aproxi-
ma do resultado do ruído branco (7.148). -
[Sugestão: . Reescreva Ryy{"C) como

PROBLEMA 7;57 Seja F(w) = R(w) + JX(w) a transformada de Fourier de uma


A A A

função real f(t), e F(w) a transformada de Fourier de f(t), onde f(t) é definida por

1(t) = - 11
" o
00

[X(w) cos wt + R(w) sen wt] dco ,

Mostre que (a) a relação' entre f(t) e f(t) é


OO
Ê(t)=;
llOOJo .r+:':':
A

(b) a relação entre F(w) e F(w) é

F (w) = -i sgn wF(w).


[Sugestão: (a) Utilize (4.19-20); (b) substitua

R(w) = 1[F (w) + F (-w)] e x (o) = ...L [F (w) - F (-w)]


2 2j

na definição de f(t),
A

e observe que f(t)


A

= -
1 fOO F (w)A

e
jWt
dor.
V eja
. OS
Pro bls.
2" -00
6.50 e 9.55.]
182 APLICAÇOES À TEORIA DAS COMUNICAÇOES CAPo 7

PROBLEMA 7.58 O sinal analítico f+(t) associado ao sinal real f(t) é definido por

f+(t) = fCt) + (lCt),


A A

onde f(t) é o sinal definido no ProbI. 7.57. Mostre que, se ;f[f .•.(t)J = F+(w), entãc
2F(W), w>O
F +(w) = 2F(w)u(w) = .
{
0, w < 0,
onde u(w) é a função degrau unitário.

PROBLEMA 7.59 Ache o sinal analítico associado ao sinal f(t) = cos cot.
[Sugestão: Veja o Probl. 6.5l.J
'W/
Resp.: f+Ct) = cos co t + j sen cot = e]

PROBLEMA 7.60 Muitas vêzes, é conveniente representar um sinal real arbitrá-


rio f(t) como uma senóide modulada em amplitude e fase da forma f(t) = A(t)cos
O(t), onde A(t) é a função envolvente e D(t) é a função fase e co, = dO(t)/dt é a fre-
A

qüência instantânea do sinal f(t). Seja f(t) o sinal definido no ProbI. 7.57. A fun-
ção envolvente A(t) pode então ser definida por

ACt)= fCt: '


cos ! tg -, [fCt)/fCt)]!

e a função fase 8(t) pode ser definida por

eCt)= tg-'[ICt)/f(t)].

(a) Aplicando as definições acima, exprima f(t) = A sen wt, onde A e co são cons-
tantes, na forma de uma senóide modulada em amplitude e ângulo.

Resp.: f (t) = A cos (w t - i) .


PROBLEMA 7.61 Ache a freqüência instantânea do sinal }(t) = l/(l + t2).
[Sugestão: Veja Probl. 6.51(b).J

Resp.: co, = 1/(l +t2


).
CAP1TULO

APLICAÇÕES A PROBLEMAS
COM VALORES DE
CONTORNO
. A

A
8
8.1 Separação de Variáveis e Séries de Fou rier

Muitos problemas com valôres de contôrno, na matemática da engenharia


podem ser resolvidos vantajosamente pelo conhecido método de "separação de
variáveis". Ilustraremos a essência do método por meio de exemplos particulares.

PROBLEMA 8.1 Consideremos a seguinte equação que rege as pequenas vi-


brações transversais de um fio ou corda elástica esticadaaté um comprimento I
e a seguir prêso pelos pontos extremos:

82u(x, t) __ 1_ 82u(x, t) =O (8.1)


8x 2
c2 ôt2 '

onde u(x, t) é a deflexão da corda, e c2 = T[p, onde p é a massa da corda por uni-
dade de comprimento e T a tensão na corda. A Eq. (8.1) é conhecida como equação
unidimensional da onda. As condições de contôrno são

u(O, t) =O e u(l, t) = O para todo t. (8.2)

As condições iniciais são

u (x, O) = f(x), e 8u(x, t)


õt
I -=ssx).()
t-O
(8.3)

Ache a solução u(x, t) de (8.1) que satisfaça às condições (8.2) e (8.3).


Solução: Suponhamos, em primeiro lugar, que a solução u(x, t) de (8.1) seja da
forma
u (x, t) = X(x) T (t), (8.4)

que é um produto de duas funções, dependendo cada uma das quais, somente de
uma das variáveis x e t. Diferenciando (8.4), vem:

82~~; t) = X"(x) T(t) e Ô2~:;t) = X(x) T"(t), (8.5)

onde os apóstrofos significam diferenciação em relação à variável adequada de cada .


fator. Substituindo (8.5) em (8.1), resulta:

X"(x) T(t) = -\- X(x) T"(t). (8.6)


c

Dividindo por X(x) T(t), separando assim as variáveis, uma para cada membro
da equação, temos:
X" (x) T"(t)
(8.7)
X(x) = c2T(t) .
184 APLlCAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Mas, o primeiro membro de (8.7) é independente de t. e o mesmo deve ocorrer


com o segundo membro. O segundo membro é independente de x e o mesmo
deve ocorrer com o primeiro. Por conseguinte, as expressões do primeiro e do
segundo membro de (8.7) devem ser iguais a uma constante, independente de x
e de t. Portanto,
X"(x) T"(t)
--=--=-k 2
(8.8)
X(X) c2T(t) .
<\
A constante que representamos por - k2 é chamada constante de separação. A
Eq. (8.8) fornece as duas equações diferenciais .lineares ordinárias

X"(x) + k X(x)
2 = O, (8.9)

T"(t) + c2k2T(t) = O, (8.10)

Determinemos, em seguida, as soluções X(x) e T(t) de (8.9) e de (8,10), de modo


que u(x, t) = X(x) T(t) satisfaça às condições de (8.2) e (8.3). As soluções gerais
de (8.9) e de (8.10) são
X(x} = A cos kx~ + B sen kx, (8.11)

T(t) = C cos kct + D sen kct. (8.12)

Das condições iniciais de contômo (8.2), vem


u(O, t) = X(O) T(t) = O.
Temos, aqui, um produto de dois fatôres iguais a zero. Visto que T(t) não é idên-
ticamente nulo, X(O) deve ser igual a zero. Semelhanteinente, a segunda condição

u(/, t) = X(I) T(t) = O


implica que X( I) = O.
De X(O) = O, concluímos que
X(O) = A cos O + B sen O = A :- O; (8.13)
então,
X(x) = B sen kx.

Da segunda condição resulta


X( I) = B sen kl = O.

Mas, se B = O, X(x) ="0, por conseguinte, u(x, t) = O. Isto contradiz a condição


inicial (8.3) segundo a qual u(x, O) = f(x) =1=o. Concluímos, então, que

sen kl = O,
de onde
nn (8.14)
kl = mt ou k=- I' n=12
,"" .. · .

Obtemos, assim, um conjunto infinito d~ soluções X(x) = Xn(x), onde


nnx
Xn(X) = B; sen -1- I n = 1,2, .... (8.15)

A solução (8.12) toma-se agora


cnn cnn
T••(t) :;:::C••cos -/- t + D; sen -/- t. (8.16)
8,1 SEPARAÇAO DE VARIÁVEIS E SéRIES DE FOURIER 185

Então,as funções
, nnx ( cnn
u..(X, t) = Xix) Tn(t) - sen -/- En cos -/- t + Fn' sen -/-cnrc)t (8.17)

sãoas soluções de (8.1) que satisfazem às condições de contôrno (8.2). Em (8.17),


os coeficientes E; e F« estão ainda indeterminados. Observe que BnCn = E; e
BnDn = Fn. .
Evidentemente, uma simples solução u..(x, t) de (8.17) não satisfaz em geral
às condições iniciais (" -:lI. Como (8.1) é linear, consideramos a série infinita

nnx ( cnn' cnn)


u(x, t) =L '"
uix, t) =L cc
sen --1- En cos -' 1- t + F; sen -1- t . (8.18)
n-l n=l

Imponhemosagora como condição que (8.18) satisfaça às condições iniciais (8.3).


Concluímos,então, que os coeficientes E; e F« devem satisfazer às equações

cc nrcx
u(x, O) = n~ e; sen "T' = f(x), (8.19)

ôu(x, t) I _ ..ç... F.
- k..i n
cnrc nnx _ ()
I serr l - g x . (8.20)
Ôt t=O n-l

A Eq. (8.19) mostra que os coeficientes E« devem ser escolhidos tais que u(x, O)
setorne a série de Fourier em senos de f(x) (ver Seç. 2.3), isto é,

E« = I2 f' o f(x) sen Innx dx, n =' 1,2 •.... (8.21)

Semelhantemente, (8.20) indica que os coeficientes F; devem ser escolhidos tais


queOU (x,t)/ôtlt=o·seja a série de Fourier em senos de g(x), Isto é,

cnx
r. -1- = I
2 fi g(x)
ns x
sen -1- dx (8.22)
o
ou

F; = --2 fi nnx
g(x) sen -I' - dx, n = 1,2, .... (8.23)
cnn o
f(x)
Por conseguinte, com os coeficientes E; e F; dados por (8.21) e (8.23), (8.18) é a
solução desejada.

PROBLEMA 8.2 Ache a solução de (8.1) com as mesmas condições de contôrno


de (8.2) mas com a deflexão triangular inicial (Fig. 8.1) e a velocidade inicial zero,
isto é, ~---~----~----~x
o
2
2 k x para O < x < 1. i
u(x,O)=f(x) = i 2 (8.24) Flg. 8. 1 Deflexio triangular Inicial.

{ 2k 1
-- (l-x) para-l<x<l
12'

au(x,t)! =g(x)=O. (8.25)


at t=o

Solução: Visto que g(x) = O, conforme (8.23), Fn = O. Pelo resultado do Probl.


2.19vemos que os coeficientes E; de (8.21) são dados por (2.63); isto é,
8k n17
En = ---
2 2
sen -.
n 17 2
186 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Por conseguinte, a série de Fourier de senos de f(x) é dada por (2.64), isto é,

U (x O) = -
8k (,~en -TTX - -1,",sen
- --
3TTX
+ --1 Isen
"STTX
--- - .... )
, TT2 / 32 t S~ /

Portanto, de (8.18), decorre:

u (x t) = -
8k ~~sen-
- TTX co~ --
C TT t
- -12 sen --"
3 TTX cos --
3c TT t + .... ) (8.26)
, TT2 / / 3 / I "'

PROBLEMA 8.3 No Probl. 8.1, se u(x, O) = f(x), mas ôu(x, t)/ôt I t=O = g(x) = 0,
mostre que a solução de (8.1) pode ser expressa como

. 1 1
u(x, t) == "2 fI(x - ct) + "2 fl(X + ct), (8.27)

onde fl(X) é a extensão periódica ímpar de f(x) com o período 2/. Dê também
a interpretação física de (8.27).

Solução: A solução geral de (8.1) é dada por (8.18), isto é,


o<J

u(x, t) =
'\'
L..,sen n TTx
-/- ("
e; cos -/- TT t +
cn . ". cn TT t )
r; sen -/- . [8.18]
n=1

Como a velocidade inicial g(x) é idênticamente nula, em virtude de (8,12) os coefi-


cientes E; são nulos, e (8.18) se reduz a
00
t
u(x, t) =
L:
"

n=1
En sen --
. /
n TT x
cos
Cn.TT
--o
/
(8.28)

Da identidade trigonométrica
sen A cos B = .! [sen (A - B) + sen (A + B)J,
2
segue que

sen n-- 7T X cos --


cn TT t = -
1 [
sen n- TT (x - ct) + sen n- TT (x + d) ] .
/ / 2 / /

Podemos, então, escrever (8.28) sob a forma:

u (x, t) = -
1
2
L: oo

En sen -
"nTT

/
(x - ct) + -
1
2
[00 En sen -/
nTT
(x + ct). (8.29)
n=1 n=1

Comparando com (8.19), concluímos que as duas séries acima são as obtidas pela
substituição de (x - ct) e (x + ct), respectivamente, pela variável x 'na série de
Fourier de senos (8.19) de f(x). Portanto,
. 1 1
u(x, t) = - f1(x - ct) + - f1(x + ct),
2 2
onde fl(X) é a extensão ímpar periódica de f (x) com o período 21, mostrada na
Fig. 8.2. f(x)
f(x)

----.~--~~---~---~---~-~x
~~---~~-----~--~x
" •.. ... _-
Fig. 8.2 Extensão periódica da f (x) do Probl. 8.3. Flg.8.3 Gráfico d. f; (x). de f1{x-ct)
do Probl. 8.3.
8.1 SEPARAÇAO DE VARIÁVEIS ES~R~S DE FOURIER 187

Obtemos o gráfico de fl(X -'c:O ~a partir- do gráfico de /l(x), deslocando ct


unidades para a direita (Fig. 8.3). Reconhecemos também que podemos fixar-nos
em um valor particular de referência da função mantendo constante o argumento
x - ct, isto é, movendo na direção positiva de ,{-à velocidade c quando o tempo
cresce. Isto significa que.f~x - ct), (c > O) representa uma onda que se desloca
para a direita quando t cresce, De modo semelhante, fl(X + ct) representa uma
onda que se move para a esquerda à velocidade c. Então. a solução de u(x, t)
é a superposição destas duas ondas-

PROBLEMA 8.4 Em problemas de fluxo estacionário de calor ou de potencial


eletrostático em um plano, considerado como o plano xy, a função distribuiçãode
temperaturas ou a função potencial eletrostático u(x, y) numa região-fonte inde-
pendente satisfaz a seguinte equação no espaço bidimensional:

ô2u(x, y) + ô2u(x, y) _ O
(8.30)
ôx2 ôy2 -.

Esta é conhecida como a equação de Lap/ace.


Ache a solução de (8.30) com as seguintes condições de contôrno:
u(x,y)=0 em x=O, y=O, e y==b ; (8.31)
u(x, y) = U; em x = d, e O < y < b. (8.32)

Solução: Supondo que a solução de (8.30) seja da forma


u(x,y)=X(x)Y(y), (8.33)

onde X(x) é uma função somente de x, e Y(y) é uma função somente de y. Subs-
tituindo (8.33) em (8.30), vem:

X"(x)Y(y) + X (x)Y"(y) = O. (8.34)

Dividindo por X(x) Y(y), e separando, as variáveis,

X"(x) Y"(y)
--+--=0 (8.35)
X (x) Y(y)

ou
X"(x) =_ Y"(y)
(8.36)
X (x) Y(y)

Mas o primeiro membro de (8.36) é independente de y, e, conseqüentemente, o


mesmo ocorre com o segundo membro. O segundo membro é independente de x
e o mesmo deve ocorrer com o primeiro membro. Isto. significa que as expressões
do primeiro e do segundo membro de (8.36) devem ser independentes tanto de x
como de y e iguais a uma constante. Represéntemos tal constante de separação
por k2; então,
X"(x) Y"(y) 2
-- =--- =k. (8.37)
X (x) Y(y)

o sinal da constante de separação foi escolhido de tal modo que fôssem satisfeitas
as condições de contôrno. A Eq. (8.37) fornece as duas equações diferenciais
lineares ordinárias
X"(x) -k2X(x) = O, (8.38)
Y"(y) + e Y(y) = O. (8.39)
As soluções gerais de (8.38) e de (8.39) são
X (x) = A ekx + B' e~kx , (8.40)

Y (y) = ecos ky + D sen ky. (8.41)


188 APLlCAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Das condições de contôrno (8.31), temos


X (O) = A + B = O,
Y (O) = C = O, Y (b) = D sen kb = O.
Portanto,
A =-B, (8.42)

sen kb = O,

Sendo
n1T
kb = n1T or k = -, n = 1, 2, .... (8.43)
b

Obtemos, assim, um conjunto infinito de soluções Y(y) = Yn(y), onde


n ny
Yn(Y) = Dn sen --, n = 1, 2, .••. (8.44)
b .

As soluções gerais correspondentes (8.40) tornam-se. então,

Xn(]Ç.)= An(eh - e-h) = 2An senh kx

= 2A senh ~ n = 1, 2, ... . (8.45)


n b '

As funções
.
un(x,y) n1TX
= Xn(x) Yn(Y) = En senh -- n n y
sen --, n = 1, 2, ... , (846)
.
b b

são, portanto, as soluções de (8.30) que satisfazem às condições de contôrno (8.31).


Observe que 2AnDn foi substituída pela nova constante arbitrária E; Evidente-
mente, uma única solução un(x, y) de (8.46), não satisfará a outra condição de
contõrno de (8.32). Como (8.30) é linear, consideremos a série infinita

u(x,y) "00

= L un(x,y) = "hs;
L
00

sen n1TX
-b- sen n1TY
-b-' (8.47)
n=l n=l
Aplicando a condição de contôrno de (8.32); temos:
00

u(d,y) = o, = L
"
z; senh b
n1Td
sen b
n1Ty

n=l
00

=
L
n=l
c sen--
n
n1Ty
b'
0< y < b, (~.48)

onde

A Eq. (8.48) é uma série de Fourier de senos e os coeficientes Cn podem ser deter-
minados como [veja (2.51)]

Cn = -
21b Uo sen --
n ny
dy =
2U
_o (1 - cos 1m) =
{4U o
n1T
, n=1,3,···
b o b n1T
O, n = 2, 4,
Contudo,
8.2 VIBRAÇÃO 189

e, portanto,
E n = 4_U.::,0 n = 1, 3, 5, ... , (8.49)
ne senh (
n d)'
17
-b-

que pode ser substituída em (8.47) para dar a solução desejada:

4Uo ~
00

.!
senh-- (n b x)17

sen n 17 y , (8.50)
u(x,y) =-
17 L n
n = ímpar senh -b-
(n17d) b

Nesta seção, obtivemos as soluções formais de certas equações diferenciais


[parciais lineares de segunda ordem que satisfazem condições de contôrno dadas e
condições iniciais, mas não demonstramos a unicidade de qualquer das soluções.
Visto que as provas para a unicidade são muito complicadas e não existe teorema
, geral de unicidade, não provaremos a unicidade das soluções obtidas nesta seção
nem na seguinte.

8.2 Vi bração

Foram discutidas no Probl. 8.1' as vibrações de uma corda ou fio e a equaçãõ']


que rege o movimento, a equação unidimensional da onda. A seguir aplicaremos
a técnica da análise de Fourier a diversos problemas de vibrações.
L.•. _'-_·=_ ~·;,.,~"_ ...""""~_.h.....
~_.-~...;....'....,.~._"'h.
__~ •. .,.=__..._~.""",.,.-:.._~;_~"""
~.,= ,"'~_ .••..,..
,.\.Ii', •. ,~ •. ~._~_,;p;<~ .•~_. ,,,~._tWi __ ~~~""""'~"~_' ,';:'. ~,~"",~ .,~;> .. !l!P_ •.

PROBLEMA '8.5 A equação que rege as pequenas vibrações transversais"dê"uma


membrana é dada por '

(8.51) y

7'

onde u(x, y; I) é a deflexão da membrana, e c2 = Tlp, onde p éa massa da mem- b ~"-""--r'-r'"7""-r-r-'"


branapor unidade de área, e T é a tensão na membrana. A Eq. (8.51) é deno-
minada equação bidimensional. da onda. Considere a membrana retangular da
Fig. 8.4 e ache a solução de (8.51), que satisfaça às seguintes condições de contôrno:

u(x,y, I) = O no, contôrno da membrana para todo t, o a


!
t isto é, flg. 8.4 Membrana r.etangular.

u(x, y. I) =O para .x = O,. X;;= 0., y = O e y = 'b. (8.52)

.As condições iniciais são


u(x, y, O) =f(x, y), (8.53) I
I

'ÔI
ôu(x,y, I) I =g
()x,y, (8.54)
rn

I
, t=O

onde f(x, y) "e g(x, y) são, respectivamente, os deslocamentos iniciais dados e a velo-
cidade inicial da membrana.

~ Solução: Suponhamos que a solução de (8.51) seja da forma,

ú(x, y, t) = X(x) Y(y) T(t). (8.55)


19u APL1CAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Substituindo (8.55) em (8.51), temos:

;Y"(x) Y(y) T(t) + X(x) Y"(y) T(t) -71 X(x) Y(y) T"(t) = 0, (8.56)

onde os apóstrofos designam a diferenciação em relação aos argumentos de cada


função. Dividindo ambos os membros por X(x) Y(y) T(t) e separando as variáveis,

X"(x) Y" (y) 1 T" (t)


-+-=---.
X(x) Y(y) c2 T(t)
(8.57)

Como o segundo membro de (8.57) depende somente de t, enquanto que o primeiro


membro independe de t, as expressões de ambos os lados devem ser iguais a uma
constante. Representando esta por - k2, temos:

X"(x) Y" (y) 1 T" (t)


--+--=- __ =_k2
o

X(x) Y(y) c2 T(t) .

Resultando as duas equações diferenciais:

T"(t) + c2k2 T(t) = 0, (8.58)

X"(x) Y" (y)


X(x) + Y(y) = - k,
2

ou
X"(x) 2
Y" (y)
X(x) = _k _ Y(y) . (8.59)

De nôvo, visto que o primeiro membro de (8.59) depende somente de x, enquanto


que o segundo membro depende somente de y, as expressões de ambos os membros
devem ser iguais a uma constante. Esta constante deve ser negativa (de outro
modo, as condições de contôrno não seriam satisfeitas), digamos - k;. Então,

X"(x) Y"(y) 2
X(x) = - k2 - -Y(y) = - kx•

Fornecendo as seguintes equações diferenciais:

X"(x) + k;X(x) = 0, (8.60)

Y"(y) + ~Y(y) = 0, (8.61)


onde
(8.62)

As soluções gerais de (8.58), (8.60) e (8.61) têm as formas:

. X(x) = A cos kxx + B sen kxx, (8.63)

Y(y) = ecos kyy + D sen kyy, (8.64)

T(t) = Ecos kct + F sen kct. (8.65)

Das condições de contôrno (8.52)

X(O) = 0, X(a) = O, Y(O) = 0, Y(b) = O.


Portanto,
X(O) = A = 0, X(a) = B sen kxa = 0,
de onde
ou k x-- mn (m=" 1 2 .... ) (8.66)
a
8.2 VIBRAÇÃO 191

Anàlogamente, Y(O) = C =O e Y(b) = Dsen kyb = O. Então,

nn:
ou ky = b' n = 1,2, .... (8.67)

Dêste modo obtemos as soluções:

mnx
Xm(X) = Em sen -- , m = 1,2, "',
a

Y n('Yj = D n sen -b-'


nny
n = 1,2, '" .

Desde que e = k; + k~,


(8.68)

e a solução geral correspondente de (8.58) é

Tmn(t) = Emn cos kmnct + Fmn sen kmnct


e as funções

mttx miy
= (Gmn cos kmnct + Hmn sen kmnct) sen -a- sen -b-' (8.69)

onde m = 1, 2, 3, ... , n = 1, 2, 3, ... , e com kmn dado por (8. 68), são as solu-
ções da equação da onda (8.51). Estas são nulas no contôrno da membrana re-
tangular da Fig. 8.4. Devemos agora calcular as constantes arbitrárias Gmn e Hmn.
Para a obtenção das soluções que satisfaçam também às condições iniciais
(8.53) e (8.54), procedemos de modo semelhante ao utilizado no Probl. (8.1)
Consideremos as seguintes séries duplas

I: I: umn(X, y, t)
cc cc

u(x, y, t) =
m=l n=l

nny
~];1 t;1
cc cc

(Gmncos kmnct + Hmn sen kmnct)


mn:x
sen -a- sen -b-' (8.70)

De (8.70) e (8.53) temos:

u(x,y,O) =f(x,y) =];121


cc cc mn:x
Gmnsen -a-sen-b-'
nny
(8.71)

A série (8.71) é denominada série dupla de Fourier, representativa de f(x, y) na re-


gião O < x < a e O < y < b. Os coeficientes de Fourier Gmn de f(x, y) em (8.71)
podem ser determinados como segue:
Fazendo

(8.72)

podemos escrever (8.71) na forma

f(x, y) = I: Jm(y) sen -- a


cc

m=1
mn:x
, (8.73)
192· APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Para y fixo, (8.73) é a série de Fourier de senos de f(x, y), e é considerada como
função de x. Segue, de (2.52), que os coeficientes do desenvolvimento são dados
por

Jm(y) =-
2 Ja f(x, y) sen --
mttx
dx. (8.74)
a o a

Então, (8.72) é a série de Fourier de senos de Jm(y) e, por conseguinte, os coeficien-


tes Gs,« são dados por -
b
2 nny
Gmn = b J o Jm(y}sen b dy. (8.75)

Substituindo (8.74) em (8.75), vem:

4 b Jao f(x, ·mrcx ntty


b- dx
Ge« = ab
J o y) sen -a-o sen dy, (8.76)

onde m = 1, 2, 3; . . . , n = 1, 2, 3, .. - .
Para determinar Hmn de (8.70), diferenciamos (8.70) têrmo a têrmo em relação
a t, e usando (8.54),

- õu
õt
I tsO
=g(x,y)

mrcx nrcy
=L L n.; ckmnsen -- a
00 00

sen -b-' (8.77)


m=l n=l

Procedendo como acima, vem:

4 b Ja mnx nny
He« =
aCmn
bk
J o o
g(x, y) sen -a- sen -b- dx dy, (8.78)

onde m = 1,2,3, ... , n = 1,2,3, ....


Desta forma, (8.70), com os coeficientes dados por (8.76) e (8.78), é a solução.
desejada.

PROBLEMA 8.6 Ache a solução de (8.51) com as seguintes condições de contôr-


no e iniciais:

u (x, y, t) = ° para x = 0, x = a, y = 0, e y = h,
u(x,y,O) = xy(x -a)(y - b),

au
at I -°
1=0 - •

Solução: De (8.70), temos:


00 00

"
u(x,y, t) = L... ~L... (Gmn cos kmnct + Hmn sen kmnct) sen -a-
mrrxnrry
sen -h-o
m=1 n=1

Fazendo t = O, vem:
00 00

~ ~ mnx sen nrry


u(x,y, O) = L... L... Gmn sen a h .
m=1 n=1
8.2 VIBRAÇÃO 193

De acôrdo com (8.76),

Gmn = -4
ab
i ia O
b

O
u(x,y, O) sen m17X
-_.
a
n n y dx dy
sen --
b

= -
ab
41 o
a
x(x - a) sen --
m17X

a
dx lb
o
y(y - b) sen n-- n
b
y dy

64a2 b2 _ ,
--- se. m e n sao ímpares
= 17
6
mn 3 3
'

{
° em caso contrário.
Desde que õulõt It = o = o e conforme (8.78), Hmn = O, a solução final é

u(x,y, t)
64a2 b2
= ---
[00 [00
. --
1
cos kmnct sen --
m 17 x
sen --
n 17 y
(8.79)
6
17 . m3 n3 a b '
m =ímpar n = ímpar

onde JÇ".n = (mn/a)2 + (nn/b)2.


PROBLEMA 8.7 As pequenas vibrações transversais livres de uma viga unifor-
me em balanço, ao longo do eixo dos x, são regidas pela equação de quarta ordem

éru(x,t) + 1.- 2
J u(x,t) = O, (8.80)
J x" c 2
J t2
onde c2 = EI/(pA), E = módulo de elasticidade de Young, I = momento de inér-
cia da seção transversal, p = densidade, A = área da seção transversal. Ache a
solução de (8.80) que satisfaça às seguintes condições:

u(O, t) = 0, u(l, t) = O, (8.81)

~:~ j
x=O
= ~:~ I x=!
= O, (8.82)

u(x, O) = x(l- x), (8.83)

Ju I = O. (8.84)
Jt t=o

Solução: Suponhamos que a solução de (8.80) seja da forma


u (x, t) = X (x) T(t). (8.85)

Substituindo (8.85) em (8.80), vem:

X(4)(X) T(t) + l X (x) T"(t) = O.


c2 ,

Dividindo por X(x) T(t) e separando as variáveis, resulta:


X(4)(X) = _1.- T"(t)
(8.86)
X (x) c 2
T(t)

Como o primeiro membro de (8.86) depende só de x e o segundo membro depende


somente de I, as expressões de ambos os membros devem ser iguais a uma cons-
tante. A constante, digamos k', deve ser positiva em virtude de considerações
físicas, isto é, fazer T(t) oscilatório. Desta forma, obtemos as duas equações di-
ferenciais ordinárias:
194 APLlCAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

X(4)(X) - k4 X(x) = 0, (8.87)


T//(t) + c2 k4 T (t) = O. (8.88)

As soluções gerais de (8.87) e (8.88) são


X (x) =A cos kx + B sen kx + C cosh kx + D senh kx , (8.89)
T(t) = Ecos k2ct + F sen k+ct, (8.90)

Agora em VIsta das condições de contôrno (8.81), temos:


x (O) = A +C = 0, (8.91)

X (1) = A cos k 1 + B sen k 1 + C cosh kl + D senh k 1 = O. (8.92)


Visto que

X//(x) = _k2 (A cos kx + B sen kx - C cosh kx - D senh kx),

mediante as condições de contôrno (8.82) resulta:

X//(O) = -k' (A - C) = O, (8.93)

X"(l) = _k2 (A cos kl + B sen kl - C cosh kl - D senh kl) = O. (8.94)

Por fôrça de (8.91) e (8.93), A +C = 0, A - C = 0, donde A = C = O. Então,


de (8.92) e (8.94) vem:

B sen kl + D senh kl = O,
B sen kl - D senh kl = O,
e, por conseguinte,
B sen kl = O, D senhkl = O.

A segunda condição dá D = 0, desde que, se senh k/ = 0, então k = e, conse-


qüentemente, X(x) = 0, o que daria uma solução trivial. Então da primeira con-
°
dição decorre:
sen kl = O,

isto é,
n17
kl = n17 or k = -, n = 1, 2, .... (8.95)
1

Obtemos, dêste modo, o conjunto infinito de solução X(x) = Xn(x), isto é,

n17x
X.,(x) = Bn sen --, n = 1,2, .... (8.96)
1
Mas, desde que

da condição inicial (8.84) segue:

TJ(O) = k2c F = O.
Logo F = 0, e as correspondentes soluções Tn(t) tomam-se

(8.97)

Portanto, as funções
2
n 17X n 2 17 ct
un(x, t) = Xn(x) Tn(t) = bn sen -1- cos -1-2 _., (8.98)

onde b; = BnEn, são as soluções de (8.80), as quais satisfazem às condições de con-


tôrno (8.81), (8.82) e a condição da velocidade inicial nula (8.84). Para que seja
8.2 VIBRAÇAO 195

satisfeita a condição inicial (8.83), consideremos

L
00

u (x, t) = un(x, t)
n=1
00

n 17 x n2 172 ct
=
L
n=1
b sen --
n i
cos ---o
[2
(8.99)

Então, de (8.83) temos:


00

'\' n17X
u(x,O)=x(l-x)= L bnsen -i-' (8.100)
n=1

Assim, os b« são os coeficientes senos de Fourier de ;ç(l-;ç) e são dados por

bn = -
2 fi x (l - x) sen --
n17X
dx
i o i

para n ímpar
(8.101)
para n par.
A solução final é, portanto,
2 2
8i2 I n 17 x n 17 ct
u(x, t) = -3
17 L
n=impar
-
n3
sen --
i
cos ---o2
i
(8.102)

No exemplo seguinte, consideraremos a vibração de uma corda infinita. Neste


caso, não teremos condições de contôrno, mas sõmente condições iniciais.

PROBLEMA 8.8 Determine °


deslocamento u(x, t) de uma corda infinita com
velocidade inicial zero. O deslocamento inicial é dado por f(x) para - <x < CX) CX) •

Solução: A função u(x, t) satisfaz uma equação unidimensional da onda

1 a u(x,
2
t) = O
[8.1]
c2 at 2
'

e as condições iniciais

u(x, O) = f(x), -00 <x < 00, (8.103)

au(x,t)! =0. (8.104)


at bO

Procedendo como no Probl. 8.1, substituímos


. u(x, t) = X(x) T(t)

em (8.1). Isto resulta em duas equações diferenciais ordinárias


X"(x) + k2 X (x) = O, (8.105)

T"(t) + c2k2T(t) = O. (8.106)


As funções
X (x) = A cos kx + B sen kx,
T(t) = ecos kct + D sen kct

são, respectivamente, soluções de (8.105) e (8.106),


196 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAP. 8

Mediante a condição inicial (8.104),

T'(O) = kcD = O.
Então D = O, e
u (x, t; k) = (F cos kx + G sen kx) cos kct (8.107)
é uma solução de (8.1) que satisfaz (8.104).
Qualquer série de funções (8.107), que se acha na forma habitual, quando
tomamos k como múltiplo de um número fixo, nos levaria a uma função perió-
dica em x quando t = O. Entretanto, visto que em (8.103) f(x) não é considerada
periódica, é normal empregarmos a inte~al de Fourier no caso presente, em lugar
da série de Fourier.
Como em (8.107) F e G são arbitrárias, podemos considerá-Ias como funções
de k e escrever F = F(k) e G = G (k). Como a equação da onda (8.1) é linear e
homogênea, a função

u (x , t) = 1 00

u (x, t; k) dk = L'" [F (k) cos kx + G (k) sen kx] cos kct dk (8.108)

é também uma solução de (8.1).


De (8.103) resulta:
u(x, O) = f(x) = 1 00

[F(k) cos kx + G(k) sen kx] dk. (8.109)

Mas, pelo teorema da integral de F ourier

f(t) = ; 1 [J_: 00

f(x) cos w(t - x) dX] d o», [4.12]

podemos escrever como:

f (x) = ; 1 [i:
00

f (y) cos k (x - y) dY] dk (8.110)

= ; 1 [1:
00

f(y) (cos kx cos ky + sen kx sen ky) dY] dk

= ; 1 00

[cos kx 1: f(y) cos ky dy + sen kx i: f(y)sen ky dY] dk. (8.111)

Se fizermos

F(k) =; 11 00
_00 f(y) cos ky dy , G (k)
1
= ;
(00
100 f(y) sen ky dy ,

podemos então escrever (8.111) sob a forma

f(x) = i oo
[F(k) cos kx + G(k) sen kx] dk. (8.112)

Comparando (8.112) com (8.109), podemos escrever (8.109) como

u(x,O) = f(x) = ; i [i: oo

f(y) cos k(x-y) dY] dk. (8.113)

Então, em vista de (8.108), decorre:

u(x, t) = ; i [i: oo
f(y) cos k(x - y) cos kct dY] dk. (8.114)
8.2 VIBRAÇAO 197

Mediante a identidade trigo nométrica


1
cos k(x - y) cos kct = - [cos k(x + ct - y) + cos k(x - ct - y)],
2
(8.114) torna-se

u(x,t)= ~ ~L>O [i: f(y) c osk (x +ct-Y)dY] dk

+ ~ ; 1 [I:
00

f(y) cos k(x - ct - y) dY] dk. (8.115)

Substituindo x por x + ct em (8.110), vem:

f(x ± ct) = ; 1 [I: 00

f(y) cos k(x ± ct - y) dY] dk,

e comparando esta com (8.115),


1 1
u(x,t) = - f(x + ct) + - f(x -ct) (8.116)
2 2

que é a conhecida equação das ondas em movimento (ver Probl. 8.3).

Nos capítulos anteriores, tratamos do par de transformadas de Fourier f(t)


e F(ro), onde o primeiro têrmo designa uma função do tempo e o segundo uma fun-
ção da freqüência. O emprêgo da transformada de Fourier não se restringe, de
modo algum, a domínios tempo-freqüência. Se as funções f(x) e F (s) formam um
par de transformadas de Fourier, então

F(s) = g:[f(x)] = f :",f(X) e-j•x dx, (8.117)

f(x) = g:-1 [F(s)] = - 1 j' cc


F(s) efsx ds. (8.118)
. 2n_",

No exemplo seguinte, aplicaremos a. técnica da transformada de Fourier para resol-


vermos o problema das condições iniciais.

PROBLEMA 8.9 Aplicando a técnica da transformada de Fourier, resolva de


nôvo o Probl. 8.8.
Solução: Suponhamos que a transformada de Fourier da solução u(x, t) com re-
lação a x seja
U (s, t) = j= [u (x, t )]= Joo U (x, t) e-Jsx dx; (8.119)
_00

então,
u (x, t) = j=-I [U (s , t)] = .L
2 TT
1_00
00

U (s , t) eJsx ds. (8.120)

Suporemos que a solução u(x, t) e õuix, t)/ox sejam pequenas para I x I grande e
tendam a zero quando x ~ + co ,
Seja
au(x, t)
Ux (x, t ) = r
dx

Ut(x,t)= au(x,t).
at
198 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Aplicando a integração parcial sucessiva, a transformada de Fourier de u",,,,(x, t) é

= js
r: e-jsx du (x, t)

L:
(x=-oo)

jsx
=js e- U(X,t)I_: -js(-js) u(x,t) e-jsx dx

=-S2U(S,t) (8.121)

desde que u",( + co, t) = u( + co, t) = O.


A transformada de Fourier de Utt(x, t) é (visto que estamos considerando a
transformada em relação a x)

1[utt(x, t)] = L: utt(x, t) e-


jsx
dx

J2
1
(00 .

= Jt2 u(x,t)e-JSXdx
_00

= Utt(s, t). (8.122)

Aplicando, então, a transformada de Fourier à equação da onda (8.1), e em virtude


de (8.121) e de (8.122), vem:

_S2 U(s, t) - -.l Utt(s, t) = O,


c2
ou
2
J U(s,t)
-~~ +s 2 c 2 U( s,t ) = O (8.123)
at 2

que é a equação para a transformada U(s, t).


A solução geral de (8.123) é

U(s,t) = A(s) eisct + B(s) «i=, (8.124)

onde A(s) e B(s) são constantes em relação a t. Aplicando a transformada de Fou-


rier às condições iniciais (8.103) e (8.104), vem:

U(s,O)=j=[u(x,O)] = Joo u(x,O) e-jsx dx


_00

= J'"
_00
f(x) e-Jsx dx

= F (s), (8.125)

Ut(s, O) = 1[Ui(X, t) It=o] = o. (8.126)

A partir de (8.125) e (8.126), A(s) e B(s) de (8.124) podem ser agora calculadas; por-
tanto,
F(s) = U(s, O) = A(s) + B(s), 0= Ut(s, O) = jsc [A(s) - B(s)].
8.3 CONDUÇÃO DE CALOR 199

Resolvendo A(s) e B(s) destas duas equações algébricas, vem:

A(s) = B(s) = .! F(s).


2

Portanto, em virtude de (8J24),

U (s, t) = ~ F(s) eisct + ~ F(s) e-isct• (8.127)

A solução desejada u(x, t) é a transformada inversa de Fourier de U(s, t), isto é,

1 1
u(x, t) = 1- 1
[U(s, t)] = ~ 1- [F(s) eisct] + ~ 1- [F(s) e-isct], (8.128)

Mediante a propriedade de deslocamento no tempo (4.73), temos:


1- [F (s) eisct]
1
=f (x + ct), (8.129)
'1- [F (s) e-isct]
1
=f (x - ct). (8.130)
Então,

1 1
u(x,t) = - f(x-t'ct)+ - f(x-ct)
2 2
que é exatamente o resultado obtido em (8.116).

8.3 Condução de Calor

o fluxo de calor num corpo de material homogêneo é regido pela equação de


calor
~2
v
(
u x, y, z,
)
t -
J_ 2
ou(x, y, z, t)
Ô
- O
- , (8.131)
c t

onde u(x, y, z, t) é a temperatura do corpo, e c2 = Kj(pu), onde K é a condutivi-


dade térmica, o é o calor específico e p é a densidade do material do corpo. O
Laplaciano de u é V'2u, e em coordenadas retangulares pode ser expresso como

(8.132)

PROBLEMA 8.10 Considere a temperatura numa barra uniforme de comprimen-


to I, orientada ao longo do eixo dos x. Ambas as extremidades da barra estão à

I
temperatura zero. Se a temperatura inicial da barra fõr
1
para O<x<2:1
f(x) = x
1
l-x para 2:1 < x < I,
onde x é a distância medida a partir de uma das extremidades, ache a distribuição
da temperatura depois de um tempo t.
Solução: Visto que a temperatura u(x, t) depende somente de x e de t, a equação
do calor (8.131) torna-se a chamada equação do calor unidimensional

02U(X, t) __ 1_ ~(x, t) _ O
(8.133)
ox2 . c2 õt -.
200 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO

As condições de côntomo

e a condição inicial é

u(x, O)
u(O,

= f(x) =
t) = O,

I x
u(/, t) = O,

para O< x <2'


1 .

1
l-x para 2 1< x < I.

Supondo, uma vez mais, que a solução tenha a forma do produto


u(x, t) = X(x)T(t)·
substituindo em (8.133). . Então,

X"(x)T(t) - ~ X(x)T'(t)· = O.
c
Dividindo por X(x)T(t)e separando as variáveis, resulta:

(8.138)

A expressão do primeiro membro depende somente de x, enquanto que a do segun-


do membro depende somente de t; concluímos, então, que as duas expressões de-
vem ser iguais a uma constante. Esta constante, digamos K, deve ser negativa,
visto que, se K > O,a única solução u(x, t) = X(x)T(t) que satisfaz (8.134) é u(x,t) = O.
Isto é mostrado da seguinte forma: Se

X"(x) = K = k2
X(x) ,

então
X"(x)- k2X(x) = 0,

e a solução geral será


. X(x) = A fia + Be-k%.
Aplicando a condição de contômo (8.134), vem:
. A +B =0 e Aeki + Be- kt = O.
Calculando os valôres de A e B, temos A, = - B = O. Assim, X(x) = O e,conse-
qüentemente, u(f' t) = O. .Isto dá sõmente uma solução trivial. Então, fazendo
K = -:-k2, vem: .
X"(x) 1 T'(t) 2 (8.139)
X(x) ="& T(r) . - k,

e com isto temos as duas equações diferenciais ordinárias


X"(x) + k X(x)2 = O. (8.140)
T'(t) + c k T(t)
2 2 = O. (8.141)
As soluções gerais de (8.140) e de (8.141) são
X(x) = A cos kx + B sen kx, (8.142)
T(t) = C e-c2k2t. (8.143)
Da condição de contômo (8.134) vem:
X(O)=A =0,
X(/) = B sen kl = O.
8,3 CONDUÇAO DE CALOR 201

Entâo,
- 1m;
kl = me ou k = T' n = 1,2, ,-, , . (8.144)

Obtemos assim, as soluções de (8.140) que satisfazem (8.134) como

- nnx
X1o(X) = B; sen --/-, n = 1, 2, .... (8.145)

As soluções correspondentes de.(8.141) sao

(8.146)

onde
-1 =cnn
I\.n /'

Portanto, as funções
" nnx
u,.(x, t) = Xn(t)Tn(t) = bne-'nl sen -/-, n = 1,2, . ', . , (8.147)

onde b; = BnCn, são as soluções da equação do calor (8.133), que satisfazem (8.134).
Para achar uma solução que satisfaça também à condição inicial (8.135), con-
sideremos a série

L: u,.(x, I)
ao

u(x, t) =
10_1

(8.148)

De (8.135) e (8.148) vem

u(x, O) = f(x) = L:., b; sen -/-nnx


1O~1
. (8.149) .

Portanto, para que (8.148) satisfaça (8.135), os coeficientes b« devem ser- escolhidos
tais que (8.149) se torne a série de Fourier de 'senos de f(x), isto é,

b; =
2 fi
I -o f(x)
mtx
sen -/- dx

= I2 [J'/2o x sen -/-nnx dx + fi 1/2 (/- x) sen-/-


nnx]
dx

para n par

para n =1,5,9, ...


-(8.150)
4/
para n = 3, 7, 11, .. , .

Portanto, a solução é

u(x I) = ~
, n2
[sen nx
l
e-(Cr/l)·,_l.-sen
9
3nx
l
e-(3C"I!)'t + ' ,,]-. (8.151)

Observamos que a solução u(x, I) de (8.151) torna-se pequena depois de longo pe-
ríodo de tempo, isto é, tende para zero quando 1 --+ ,a> •
202 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo8

No próximo exemplo, consideraremos as soluções da equação unidimensional


do calor (8.133) no caso de uma barra de extremidades infinitas. Neste caso, se-
melhante ao caso de uma corda infinita (probl. 8.8), não teremos condições de con-
tôrno, mas somente condições iniciais.
-_._-
PROBLEMA 8.11 . Ache a distribuição de temperatura u (x, t) no caso de uma
barra infinita. A distribuição inicial de temperatura é dada por f(x) para
-<Xl <X<<Xl.

Solução: A função u(x, t) satisfaz

02U(X, t) ou(x, t) =O
[8.133]
ox2 -7 ot
e a condição inicial é
u(x, O) = f(x) para - <Xl< X < co , (8.152)
-
Procedendo como no Probl. 8.10, substituímos
u(x, t) = X(x)T(t)
. em (8.133). Isto nos dá as duas equações diferenciais ordinárias
X" (x) + k X(x) 2 = O, (8.153)
T'(t) + c2k2T(t) = O. (8.154)
As soluções gerais de (8.153) e de (8.154) são
X(x) = A cos kx + B sen kx,
T(t) = C e-c'le"!.

Portanto,
u(x, t; k) = X(x)T(t) = (D cos kx + E sen kx) e-c'Ie'1 (8.155)
é uma solução de (8.133), onde D e E são constantes arbitrárias. Visto que em
(8.138) f(x) é, em geral, não periódica, adotando um argumento semelhante ao do
caso da vibração de uma corda infinita (Probl. 8.8), podemos considerar D e E
como funções de k. Então a função

u(x, t) = Io'" u(x, t; k) dk

= Io'" [D(k) cos kx + E(k) sen kx] e-c'le'! dk (8.156)

é também uma solução de (8.133).


De (8.152) temos:

u(x, O) =f(x) = Io cc [D(k) cos kx + E(k) sen kx] dk. (8.157)

Mas, se

D(k) =n
1 I'"
_",f(Y) cos ky dy,

E(k) =n
1 I'"
_",f(y) sen ky dy,

então, de acôrdo com o teorema da integral de Fourier (4.12), podemos escrever


(8.157) como

u(x, O) = ~ Io cc [J~",f(Y) cos k (x-:- y) dY] dk. (8.158)


8.3 CONDUÇÃO DE CALOR 203

Assim, em virtude de (8.156),

u(x, t) = !Ioa> [I :a>f(Y) cos k (x - y) e-c'k't dy ] dk. (8.159)

Supondo que a ordem de integração possa ser alterada,

(8.160)

Para: calcularmos a integral interna, procederemos da seguinte maneira:


Com o auxílio de uma tabela de integrais, temos:

a> e-' B Vi
cos 2bs ds=--e -b'
. {8.161)
I 02-
Mediante a introdução de uma nova variável de integração k, fazendo s = ck VI
e escolhendo
x-y
b = 2cvt '
a fórmula (8.161) toma-se

I a>
o
e-c'k;'t cos k(x _ y) dk = vii
2cVt
e-(z-1/l'/(4<?tl. (8.162)

Substituindo (8.162) em (8.160), vem:

u(x, t) = --=1 Ia> I(y) e-(Z-1/l'/(4c'tl dy. {8.163}


2cV1tt _a>
Introduzindo a nova variável de integração, q = (x - y)/(2cVl), (8.163) pode ser
escrita como
1
u(x, t) = _r
Ia> f(x - 2cqVl) e-i' dq. (8.164)
v1t _a>

PROBLEMA 8.12 Utilizando a técnica da transformada de Fourier, resolva nova-


mente o Probl. 8.11.
Solução: Seja
U (s, t) = s: [u (x, t)] = L: u (x, t) e-/SX dx; (8.165)

a transformada de Fourier da solução u(x, t) em relação a x; então,

u (x, t) = S:-l [U (s, t)] = ~ [00 U (s, t) e/sx ds. (8.166)


217 _00
Faremos a suposição de que a solução u(x, t) e õuix, t)/ox sejam pequenas para [x]
grande e tendam a zero quando x-» + co ,

L:
Em virtude de (8.121), a transformada de Fourier de uzix. t) é

s: [uxx(x, t)] = Uxx(X, t) e-/SX dx = _S2 U (s , t). (8.167)

A transformada -de Fourier de u.(x, t) é

00 . a
s: [ut(x, t)] =
1_00 ut(x, t) e-/sx dx
.
= -
at
U (s, t)

= UM, t). (8.168)


204 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Aplicando então, a transformada de Fourier à equação do calor (8.l33);


_S2 U(s, t) - 1.. Ut(s, t) = O
c2
ou
aU(s,'t) +CS
2 2 t) - O
U( S,-. (8. 169}
at

A solução de (8.169) é
2 2t
U(s,t)=U(s,O)e-CS• (8.170)

Mas, aplicando a transformada de Fourier à condição inicial (8.152), vem:

U (s, O) = L: u(x, O) e-jsx dx

= L: f (x) e-
isx
dx

= i: f(y) e-
jsy
dy. (8.171)

Substituindo (8.171) em (8.170), vem:

U (s, t) =e-C 2
S
2
t .
1 _00
00

f(y) e-jSY

dy. (8.172)

A solução u(x, t) pode ser obtida, então, tomando a transformada inversa de Fou-
rier de (8.172), isto é,

u(x, t) = -
1 {OO U (s, t) .e isx ds
217 _00

(8.173)

Supondo que se possa trocar .a ordem de integração, temos

(8.174)

Para calcular a integral inversa, faremos o seguinte:


Da tabela de integrais temos:

(8.175)

Agora,

oo
= e-<x-y>2/<4c2t>f exp (X - Y + jcsYT)2 âs .
-00 2 cYT
Introduzindo uma nova variável de integração por meio de
x-y . Ji .
~ +JCSyt =JW,
2cyt
8.4 TEORIA DO POTENCIAL 205

vem:

(8.176)

em virtude de (8.175).
Substituindo (8.176) em (8.174), obtemos, finalmente,

u(x, t) = __ 1_1
2cyTit
00

_00
l(y) 2
e-(x-y)2/(4c t) dy (8.177)

que é exatamente igual a (8.163).

Então, (8.174) ou (8.177) podem ser expressas como

u(x, t) = f ., <X> f(y)G(x - y, t) dy, (8.178)

onde

G(x .- y, t) 1 f _e
= -2n '" _[JS.(x-v )"-c. 1
ds = I e- ()'/( ')
t x~ 4c t (8.179)
_ 2cV1ti
é chamada função de Green da equação do calor (8.133) num intervalo infinito.

PROBLEMA 8.13 Suponha uma barra "semi-infinita", estendida de zero até o


infinito. A extremidade em x = O é mantida à temperatura de zero graus e a dis-
tribuição inicial de temperatura é f(x) para O < x < Ache a temperatura u(x, t) 00 •

na barra. Suponha ser a condição na extremidade infinita tal que u(x, t) ~ O,


quando x ~ 00. -

Solução: Existem vários modos de resolver êste problema, mas neste caso empre-
garemos o método das imagens.
Como a temperatura em x = O se mantém em O, estendamos a (unção inicial
f(x), x > O dada, de modo a ser uma função ímpar para - <x < Êste 00' 00.

torna-se então o problema da barra infinita. (Ver Probl. 8.11.)


De (8.177), ternos:
u (x, t) = __ 1_ (OO l(y) 2
e-(x-d/(4c t) dy. [8.177]
2cyTTt 100
Em vista de f(- y) = -- f(y), decorre:

= __ 1_1
2cyTit o
00

l(y) [e-(X-y)2/(4c2 t) _ e-(x+y)2/(4c


2
t)]-dy . (8.180)

que é a solução desejada.

8.4 Teoria do Potencial

Nesta seção, aplicaremos a análise de Fourier à teoria do potencial. A teoria


do potencial é a teoria da solução da equação de Laplace
'\J2U = O, (8.181)
onde '\J2U é o Laplaciano de u. A equação de Laplace ocorre em conexão com os
206 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

potenciais gravitacionais, potenciais eletrostáticos, problemas estacionários de calor,


z potenciais de escoamento de fluidos não viscosos e incompressíveis etc.
Em coordenadas retangulares, o Laplaciano de uma função u no espaço tri-
dimensional é expresso por
T (r, cp, z) 02U 02U ô·u
I '\J2U = ox2 + oy2 + OZ2 . (8.182)
I
y

Como indica a Fig. 8.5, em coordenadas cilíndricas' (r,4>, z),

(8.183)
x

Fig. 8.5 Coordenadas cilíndricas. Em coordenadas esféricas (r, (}, 4», como se indica .na Fig. 8.6,

z '\J2U = _1_
2r
~
õr
(r2 ~)
õr
+ _1_
sen ()
~(sen
o(}
(} O.U.)
o()
+ _1_
sen 2 ()
02U
04>2
(8.184)

A técnica de separação das variáveis aplicada à equação bidimensional de


Laplace u"'''' + UIIII = O foi discutida no Probl. 8.2. No exemplo seguinte, consí-
deraremos o caso tridimensional.
y
PROBLEMA 8.14 Considere a caixa retangular mostrada na Fig. 8.7. Ache a
distribuição do potencial, se o potencial fôr nulo em tôdas as faces e fôr f(x, y) na
face superior.
x
Solução: Seja u(x, y, z) a distribuição do potencial na caixa retangular mostrada
na Fig. 8.7. Então, u(x, y, z) satisfaz
Fig. 8.6 Coordenadas esféricas.
\1~u = Uxx + Uyy + Uzz = 0, (8.185)

z e as condições de contôrno
U (O, y, z) = U (a, y, z) = U (x, 0, z) = U (x, b, z) = U (x, y, O) = 0, (8.186)

u(x,y,c) = f(x,y). (8.187)


u = f(x, y)
O método de separação das variáveis sugere supor uma solução de (8.185) da forma

U (x, y, z) = X (x) Y(y)Z (z). (8.188)


y
Substituindo em (8.185), temos
X"(x) Y (y) Z (z) + X (x) Y"(y)Z (z) + X (x) Y (y) Z"(z) = O. (8.189)

Dividindo por X(x)Y(y)Z(z) e separando as variáveis, vem:


x X"(x) Y"(y) Z"(z)' 2
---=--+--=k (8.190)
Fig. 8.7 Caixa retangular do Probl. 8.14. X (x) Y (y) Z (z) x r

onde k; é a constante de separação. A separação, neste caso, se baseia no fato


de o primeiro membro ser independente de y e de z, e o segundo membro ser inde-
pendente de X.
Então,
X" (x) + k; X (x) = o.' (8.191)

Após uma segunda separação,


_ Y"(y) = Z"(z) _ k; = k~. (8.192)
Y (y) Z(z)

Isto nos fornece as seguintes equações:


Y"(y) + k~ Y(y) = 0, (8.193)
8.4 TEORIA DO POTENCIAL 207

Z"(Z) - k':, Z (z) = O, (8.194)


onde Jc; = ~ +~. As soluções gerais de (8.191), (8.193) e (8.194) são

X(x) =A cos k x +B
ç sen k ;.x, (8.195)

Y(y) = ecos kyY + D sen kyY, (8.196)

Z (z) = E cosh kzz + F senh kzz. (8.197)

Das condições de contôrno (8.186) vem:


x (O) = X (a) = O,
Y(O) = Y(b) = O,
Z (O) = O.
Portanto,

X(O) = A = O,

X (a) =B sen kxa = O;


então,

kxa = tü tt ou k x -_ mrr ,m = 1, 2, ..•. (8.198)


a
Anàlogamente,
Y (O) = C = O,

Y(b) = D sen kyb = O;


então,

or k =
nrr n = 1, 2 , .... (8.199)
y s '
Além disto,
Z (O) = E = O.

Se escrevermos, ainda,

kz2 = kx2 + ky2 = tr2 (m- 2


+ n
- 2)
2
= kmn
2

a2 b

ou
m2 n2
-2 +-2 (8.200)
a b'

obteremos as soluções
m rr x
X(x) = Xm(x) = Bm sen --, m = 1,2, ... ,
a
nrry
Y(y) = Yn(Y) = Dn sen --, n = 1,2, ... ,
b
Z(z) = Zmn(z) = Fmn senh kmnz.

Desta forma, fazendo bmn = Bm D; Fmn, resulta que as funções

mrrx nrry
= bmn sen -- sen -- senh kmnz, (8.201)
a b
onde m = 1,2, ... , n = 1,2, ... , com kmn definido por (8.200), são as soluções
de (8.185) que satisfazem à condição de contôrno (8.186).
208 APLICAÇ,OES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Para satisfazer à condição de contôrno (8.187), suponhamos que a solução de-


sejada seja da forma
00 00

u(x,y,z) = LL umn(x,y,z)
m=l n=l
00 00

= L Lb mn sen m;x sen n~y senh kmnz. (8.202)


m=l rt e I

Se fizermos
(8.203)

a condição de contôrno (8.187) assumirá a forma


00 00

'\' '\' m17X n tr y


f(x,y) = L L Cmn sen -a- sen -b-' o < x < a, O < Y < b. (8.204)
m=l n=l

Dêste modo, os coeficientes Cmn são os coeficientes da série dupla de Fourier de


senos ou o desenvolvimento em série de Fourier de f(x, y) no retângulo indicado.
Em razão de (8.76), êstes coeficientes são prontamente determinados por

Cmn = -4
ab
ibl B
f(x, y) m17X sen n17y
sen --
a
-- dx dy.
b
(8.205)
o o

Com êstes valôres de Cmn, as soluções (8.202) tornam-se, com a notação de (8.203)

(8.206)

onde kmn é definido por (8.200).

PROBLEMA 8.15 Resolva de nôvo o Probl. 8.14, quando f(x,y) = Us, uma cons-
tante.
Solução: De (8.205) temos:

Cmfl = -4
ab
iib

o o
B

Uo -- x sen n--n y dx dy
sen m17
a b

4U o
= __
. ab
lB o
m17X dx
sen --
a
lb o
tt n y dy
sen --
b.

16U02 para m, n ímpares.


= mnrr
{
'0 para m, n pares.

Então, de (8.206), vem:


16Uo
00
'\'
00
1 tn n x n 17y senh kmnz
u(x,y,z
.
) = --2-
17 L
m =ímpar n = ímpar
L - sen --
mn a
sen
b senh kmnc r
(8.207)

No exemplo seguinte, a/s~iuçãoda •equação -de Laplace 'será considerada em


coordenadas polares. \,.
8.4 TEORIA DO POTENCIAL 209

PROBLEMA 8.16 Ache a distribuição de temperatura em regime permanente de


y
uma chapa semicircular de raio a, isolada em ambas as faces, cujo contôrno curvo
é mantido a uma temperatura constante U; e o diâmetro do contôrno é mantido
a zero graus (Fig. 8.8).
Solução: Na Seç. 8.3, a equação de escoamento do calor foi escrita como

íJ2 u _ ~ au = o. [8.131]
c2 at
----~ __~ __~~~ __-L--~~x
No estado permanente, a temperatura u é independente do tempo e, por conseguin-
te, õujõt = 0, e u satisfaz à equação de Laplace, isto é,

.
Visto que neste problema o espaço em que há escoamento do calor é de duas di-
Fig. 8.8 Chapa semicircular do Probl. 8. 16 .

mensões e o contôrno cilíndrico, utilizaremos o Laplaciano bidimensional de u em


coordenadas cilíndricas (ou polares). Então, de (8.183) resulta .

2
'\Fu(r,cjJ) = a2u5r,cjJ) +.! au(r,cjJ) + ! a u(r,cjJ) = O. (8.208)
dr2 r ar ~r2 acjJ2

A temperatura u(r,4J) considerada como função de r e de 4J satisfaz (8.208) e as con-


dições de contôrno (Fig. 8.8)

u(a,cjJ)=Uo, (8.209)

u(r, O) = 0, (8.210)
I

u (r, 17) = O. (8.211)

o método de, separação das variáveis sugere supor uma solução de (8.208) da for-
ma
u(r,cjJ) = R (r) <I> (cjJ). (8.212)

Substituindo (8.212) em (8.208), vem:

R"(r)<I>(cb) + .! R'(r)<I>(cjJ) + ~ R (r) <I>"(cjJ) = 0,


r r

ou
r2R"(r)<I>(cjJ) + rR'(r)<I>(cjJ) + R (r) <I>"(cjJ) = O. (8.213)

Dividindo (8.213) por R(r)'I>(4J) e separando as variáveis, temos:

2 R" (r) R'(r) <1>" (cjJ) 2


r --+r--=---=k, (8.214)
R (r) R (r) <I>(cjJ)

onde k2 é a constante de separação. A separação, neste caso, resulta do fato de


que o primeiro membro é independente de 4J e o segundo membro é independente
de r. O sinal de constante de separação foi escolhido de modo que em '1>(4J)
aparecessem senos e co-senos, em vez de funções exponenciais. A Eq. (8.124) for-
nece, então, as duas equações: .

r2 R"(r) + rR'(r) - e R (r) = 0, (8.215)


<1>"(cjJ) + k2 <I> (cjJ) = o. (8.216)
A solução geral de (8.216) é
<1>(4)) = A cos kcjJ + B sen k d». (8.217)

Para resolvermos (8.215), faremos a transformação


210 4PLlCAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

Então,

R'(r) = dR = dR ds = .! dR,
dr ds dr r ds

1 d2R 1 dR
R"(r) = -
r2 ds2 -? ds'
e (8.215) reduz-se a

A solução geral desta equação é


R = C eks + D e-ks :

Visto que e' = r, temos:


R (r) = C rk + D r», (8.218)

Em virtude das condições de contôrno (8.210) e (8.211) vem:


<P (O) = <P (17) = o.
Entao,
<P(O) = A = O e <P (17) =B sen k 17 = O.

Desde que resulta uma solução trivial se B = O, devemos ter sen kn = O, de onde:
k17 =n17 ou k = n, n = 1, 2, ....
Achamos então, as soluções
<P(</» = <Pn(</» = Bn sen n d», n = 1,2, .... (8.219)

Em (8.218), vemos que, quando r -~ O, o têrmo r-k -~ uma vez que k = n > O. (x),

Como em r = O, R(O) = O, D deve ser igual a zero. Então,


R (r) = Rn(r) = Cn r", n = 1, 2, .•.. (8.220)

Resulta, então que as funções


un(r, </» = Rn(r) <Pn(</» = bn r" sen n cp, n = 1, 2, ...• (8.221)

onde b; = BnC. satisfazem tanto (8.208) como as condições de contôrno (8.210) e


(8.211).
Para satisfazer à condição de contôrrio (8.209), suponhamos que a solução de-
sejada seja da forma
00

L L
00

u (r, </» = un(r, </» = bn rn sen n </>. (8.222)


n=l n=l

De (8.209),

L
00

u(a, </» = Uo = bn an sen n </>. (8.223)


n=l
n
Então, os bna são os coeficientes da série de Fourier em senos de U e D,

bn an = - 217T Uo sen n d» d</>


17 o

4U
__ o para n = 1,3, ..
= n 17
~
~n -para -ri =~,
8.4 TEORIA DO POTENCIAL 211

Então,
b - 4Uo n = 1, 3, ....
n - rrnan'

Com êstes valôres de bn, a solução (8.222) torna-se

u (c, (M
4U
= -;;
o ~ ~.
1
;
(c)n -;; sen n d». (8.224)
n=lmpar

No exemplo a seguir, consideraremos a aplicação da trànsformada de Fourier


à solução da equação de Laplace para o semiplano.

PROBLEMA 8.17 Ache a solução u(x, y) da equação de Laplace para o semi-


y
plano y > 0, quando u(x, O) = f(x) para - 00 < x < 00 (Fig. 8.9).
t
Solução; À equação de Laplace apliquemos a transformada de Fourier em relação a x, I
I
I
uxx(x,y) + Uyy(x,y) = O, I
I
I
__________~I-----r------~.x
I

ou seja, U~s,y) = ~[u(x,y)] = 1 _00


00

u(x,y) e-isx dx.


O
!
u (x, O) = f (x)

Supondo que u(x, y) e ux(x, y) se anulem para x ~ + 00, obtemos a equação para
Fig. 8.9 Semiplano do Probl. 8. 17.
U(s, y) como [Ver (8.121)].

a2U(s, y) _ S2 U(s,y) = o. (8.225)


ay2

A solução geral de (8.225) é

U (s, y) = A (s) eSY + B (s) e-sy. (8.226)


Supomos que u(x, y) seja limitada quando y ~ + 00. Então, para s > 0, fazemos
A(s) = 0, e

U (s,y) = B (s) e-SY para s > O. (8.227)

Visto que U(s, O) = B(s), podemos reescrever (8.227) como

U(s,y)=U(s,o)e-SY para s>o. (8.228)

Anàlogamente, para s < 0, fazemos B(s) = ° em (8.226) e escrevemos

U(s,y) = A(s) eSY para s < O. (8.229)

Novamente, como U(s, O) = A(s), podemos reescrever (8.229) como


U (s,y) = U (s, O) eSY para s < O. (8.230)

As duas Eqs. (8.228) e (8.230) podem ser combinadas como


.
U(s,y)=U(s,O)e
-lslY . (8.231)

Desde que u(x, O) = f(x),


U (s, O) =~ [u (x, O)] = i: f (x") e-isx' dx", (8.232)

De (8.231) vem:
-isx' ,] -I 1Y
[J
OO , S

U(s,y)= _oof(x)e . dx e . (8.233)


212 APLICAÇOES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO CAPo 8

A solução desejada u(x, y) é a transformada inversa de Fourier de (8.233), isto é.

u(x,y) =S=-l[U(S,y)] = ~
217
1 00

U(s,y) eJsx ds

i:
_00

=
1
2 17 e
Jsx
[i: I(x') e-
JSX
' dX'] e-\S\Y ds. (8.234)

Trocando a ordem de integração, vem:

(8.235)

Então,

00
= eJs(x-X')+sy 10 + eJs(X-x')-sy 1
j(x - x") + y _00 j(x .: x") - y o

1 1
j (x - x") + y j (x - x") - y

2y
(8.236)

Substituindo (8.236) em (8.235)•..ob!:m~s, finalmente.

u(x,y)=-
y
17
i_00
oo
I (x") dx'
,
(x - X )2 + y2
,y>O. (8.237)

8.5 Problemas Suplementares

PROBLEMA 8.18 Resolva o Probl. (8.1), empregando as condições de contôrno


de (8.2), e as condições iniciais
!:..X para ü ce c »
f(x)
u(x, O) = l(x) = a e au(x,t)\ =0.
at .
{ _k_ (l - x) para a < x < I, t=O
1- a

Veja Fig. 8.10.


e x
Resp.: u(x, t) = 2 kl
2

172a(l-a)n=tn2
t..L sen (n 17a) sen (n 17X) cos (n 17Ct) .
1 1 1
Fig. 8.10 Corda elástica do Probl. 8. 18

PROBLEMA 8.19 Se a energia instantânea de uma corda vibrante fôr

WKE =tpl l[ au~x; t)] dx,r


. o
ache a energia cinética da corda vibrante do Probl. 8.18.

Resp.: Ip
.. 2
t
n=t2l
2 2 2
n 17 c A~ sen 2(n17ct),
l
onde An = 2kZ
172a(l-a)
2
..L sen(n17a)
n2 1
.
8.5 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 213

PROBLEMA 8.20 Prove que a função


u(x, t) = f(x - ct)+ g(x +ct)

é uma solução da equação unidimensiônal da onda (8.1) quando f e g são funções


duplamente diferenciáveis de uma só variável.

PROBLEMA 8.21 A temperatura de uma barra uniformemente isolada, de com-


primento I, satisfaz às condições nas extremidades u(O, t) = 0, u(/, t) = 1, e a con-
dição inicial u(x, O) = sen (nxjl). Ache (a) a distribuição de temperatura após um
tempo t e (b) a temperatura permanente, isto é, a temperatura da barra quando
l=+ 00,

Resp.: (a) u(x, t) =.!. + 1. '"'00 _-


(
__l)n e- À n 1 sen () nTTX , À _ cnTt
I TTLn 1 n-l,
n=1

(b) u(x, t)/ =.!!.


1=00" I

PROBLEMA 8.22 Resolva


2
a u _ 1au = O pàra O < x < TT, t> O,
ax2 c2Jt

com au
- (O, t) = O, -
Ju
(TT, t) = O, e u(x, O) = sen x .
ax Jx
00 _4n2c2t
Resp.: u(x,t)=l-i[ 1 e cos2nx.
TT . TT n=1 (4n2 -1)

PROBLEMA 8.23 Resolva

com as condições de contôrno e inicial u(O,y)


=f(x).
= uia, y) = u(x, b) = ° e u(x, O) =

Resp.: u ( x, y ) = L b n senh[nTT(b-y)/a]
.~
sen (nTTx).
-- r on der
n= 1 senh (nTTb/ a) a

b n =~ ia f(X)sen(n;x) dx.
O

PROBLEMA 8.24 Resolva


2
iu + a u = O para O < x < a, O < Y < 00 ,
ax2 Jy2
com u(x, y) -7 ° quando y ~ 00, u(O,y) = 0, u(o, y) = 0, e u(x, O) = x (o - x),

Resp.: u ( x, y ) = -
4a2 [00 (1 - cos nu)
e
-n7Ty/a
sen (nrrx)
--
3 3
TT n a
"=1
PROBLEMA 8.25 Resolva
2
a u
2 +1 a u +.1 a u = o para r < 1, O <if> < TT,
ar 2
r a r r aif> 2
2

com u(r, O) = u(r, n) =O e u(I,IP) = 4J(n - 4J).


214 APLICAÇ·OES A PROBLEMAS COM VALORES DE CONTORNO. CAPo 8

L
00

Resp.: u (r, eP) = ~ 1 3 r2n- 1 sen (2 n - 1)eP.


TT n=1 (2n - 1)

PROBLEMA 8.26 Resolva

a2
u + .1 a
u + 1 u
2
i = o para r < 1, O < eP< !I. ,
ar2 r ar r2 aeP 2

com u(r, O) = O, ~~ (r, ~ TT) = O, . e u(l, eP) = eP.

Resp.: u(r, eP) =.1.- L (_1)"-1


00

1 /n-l sen(2n-l)eP.
TT n=1 (2n - 1/
PROBLEMA 8.27 Ache a distribuição de temperaturas u(x, t) para uma barra
infinita. A distribuição inicial de temperaturas é

f(x)
= { 0r para x <O
para x > O,
onde T é uma constante (Cf., Probl. 8.11).

Resp.: u (x, t) = L [1 + erf (~)]2 cVt ,o~cle erf y = ~2 f y 2

e.-ç dsç.
2 VTT o

PROBLF.MA 8.28 Aplicando a transformada de Fourier. resolva


2
a u_.d.!:!..=f(x,t) para -oo<x<oo, t>O,
ax2 at

com a condição inicial u(x, O) = O para t > O.

oo J"" _(x_ç)2j4(t_T)
Resp.: u(x, t) =
2VTT
lr-
J -00 -00
e ~
t-c
H(t - c) f(ç, c)dçdc, where

I para A> O
H (A) =
{
O para A < O.
PROBLEMA 8.29 Empregando a transformada de Fourier, resolva

iu
-- - -au = O, para x > O, t > O,
ax2 at

com u(x, O) = O para x > 0, e u(O, t) = g(t) para t > O.

Resp.:
u( x, t) -- _x___
2 V TT
fI g(c)
(t _ c)3/2
. e _x
2
j[4(I_T)] d C.

o
CAPíTULO

APLICAÇÕES DIVERSAS DA
TRANSFORMADA DE
FOURIER*
9
9.1 Transformada de Fourier tia Difração e Formação de
Imagens

A aplicação da transformada de Fourier à ótica torna possível o estabeleci-


mento de relações gerais que facilitam e simplificam o cálculo da formação de ima-
gens por um sistema ótico. Nesta seção, consideraremos a difração e formação
de imagens. Admitimos. que o leitor esteja familiarizado com o conhecimento
físico de tais fenômenos. ' y

Faremos também a suposição de que f(x) seja uma função real, isto é, que não
seja constatada nenhuma mudança de fase introduzida pelo anteparo.

PROBLEMA 9.1 Nos fenômenos de di fração de Fraunhofer, derive a relação A B

entre o espectro de difração e a transmissão característica do anteparo absorvente. i-r.....,--:r


Solução: Consideremos uma tela absorvente AB como indicada na Fig. 9.1 cujo \-,--L---L._L--L..~<--...<.-~+:t:-....L._
á x
coeficiente de transmissão no ponto x é dado por f(x). Suponhamos que a tela
esteja iluminada por uma onda plana monocromática de comprimento de onda À.
Examinemos a amplitude complexa da onda resultante na direção O. A contribui-
• ção do elemento dx no ponto x tem uma amplitude proporcional a f(x) e uma fase.
dada por [2n sen (O/À)] x. Se a onda incidente fôr representada pela quantidade: Fig. 9. 1 Tela absorvente do Probl. 9. 1.
complexa

a contribuição devida a dx no ponto x é então' dada por

. (9.1),

onde'
2n
k = -X- sen O. (9.2)

Por conseguinte, a contribuição total da tela completa é dada por

(9.3)

ortanto, o espectro dedifração da tela, definido como a razão entre a onda resul-
.ante na direção O e a onda incidente, pode ser escrito como

f ~",f(X) e-ikz dx = F(k), (9.4)

* Não temos a pretensão de que cada seção dêste capítulo seja completa nem auto-sufi-
ciente na apresentação dos respectivos tópicos,
216 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

I
onde
. 2n O
k = Tsen .

Vemos que a transmissão característica f(x) e o espectro de difração F(k) for-


mam um par de transformadas de Fourier. Então, .

f(x) =
·2n
~I cc
-O>
F(k) eikx dk. (9.5)

PROBLEMA 9.2 Consideremos a difração por uma fenda. Suponhamos que a


y
fenda se estenda de x = - 1 a
2 1 a, como m
a x =2 . diica a Fig.
. 9 .2()a e que a
tI
amplitude da luz transmitida pela fenda seja A vêzes a amplitude da onda incidente

!
e a tela seja inteiramente opaca em qualquer ponto. Ache a distribuição das in-
tensidades da luz difratada na direção e.
J J I J
Solução: De acôrdo com as hipóteses do problema, a característica de transmissão
______ x : f(x) está indicada na Fig. 9.2(b), e é dada por
a !!
2 2
f(x) = ApB(X), (9.6)
onde Pa(X) é definido por
I
1,lxl<2"a
f(x)
Pa(x) = 1
{ 0, I x I> 2" a.
Então, do resultado (4.45) do Probl. 4.10 vem:

a !!. F(k) = Joo f(x) e-


jkx dx = Aa
sen (T)
2 2 _00
(k2a)
(b)

Fig. 9.2 (a) Fenda do Probl. 9.2 (b ) Carac-


terística . de transmissão de uma única fenda.
sen ("a ~n e)
=Aa (9.7)
("a ~n e)
Visto que a distribuição das intensidades I da luz difratada é proporcional ao
quadrado da amplitude do espectro de difração,

sen2 (17a ~n e)
I = (Aa)2 (9.8)
(17a ~n eJ
onde a é alargura da fenda e À, o comprimento de onda da luz.

PROBLEMA 9.3 Ache a distribuição das intensidades produzida por uma grade
de difração que consiste em N aberturas de largura a e espaçamento d [Fig. 9.3(a)].
Solução: No caso ~ uma única fenda, como indica a Fig. 9.2(b), a característica
de transmissão f(x) corresponde a um pulso de largur-a a. No caso de uma grade
de N fendas de largura a e espaçamento d, a característica de transmissão f(x) cor-
responde a um trem finito de pulsos, veja a Fig. 9.3(b).
9.1 T~ANSFORMADA DE FOURIER NA DIFRAÇAO E FORMAÇAO DE IMAGENS 217

t
I

I • x

t(",) (a)

AI
t
A·--------

a
____ ~ L_~I__ L_ ~X

-2d -d o d 2d o d

(b) (c)

Fig. 9.3 Grade de difração do Probl. 9. ~. (b) Transmissão característica de N fendas. (c) Pulso
único que ocorre em x = d.

Para achar a transformada de Fourier de j(x), procederemos da seguinte forma:


De (9.7) temos a transformada de Fourier Fo(k) de um pulso na origem de
amplitude A e largura a, isto é, .

. (ka)
sen -
F (k) = Aa 2 k =~ sen e. (9.9)
o (k a) , À
2
Então, a transformada de Fourier de um pulso que ocorra em x = d, como mostra
a Fig. 9.3(c), é determinada por intermédio do teorema do deslocamento (4.73)
como sendo
(9.10)

Então, consideremos uma cadeia de N pulsos que ocorram nos pontos


x = =nd, -(n - l)d, . ", =d, 0, d, .. " (n - l)d, nd,

onde N = 2n + 1. Por superposição,


F(k) = Fo(k) (1 + e1kd + e-1kd + ... + e1nkd + e-1nkd)
= Fo(kH1+ 2 (cos kd + cos 2kd + .. , + cos nkd)]
= Fo(k) [-1 + 2(1 + cos kd + cos 2kd + ... + cos nkd)]. (9.11)
As séries entre colchêtes podem ser somadas, considerando a parte real da série
exponencial correspondente, e manipulando do seguinte modo:
-1 + 2 (1 + cos kd + cos 2 kd + ... + cos nkd)

= -1 + 2Re(1 + e1kd + e/2kd + ... + einkd)


1 _ eJ(n+Okd]
= -1 + 2Re [
1- e1kd

(1 - ei(n+1)kd) (1 _ e~ikd)]
= -1 + 2Re [
(1 - e1kd) (1 _ e-1kd)
1 _ e-1kd + einkd _ eJ(n+l)kd].
= -1 + 2Re [
2(1 - cos kd)
218 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Considerando, então, as partes reais, temos:


- 1 + 2 (1 + cos kd + cos kd + . . . + cos nkd)

= -1 + 1 - cos kd + cos nkd - cos (n + 1)kd


1 - cos kd
cos nkd - cos (n + 1) kd
1 - cos kd

1 1
2 sen ... (2n + 1) kd sen - kd
2 2
2 sen- ~ kd
2
1
sen- Nkd
2 (9.12}
sen ~ kd
2
Portanto,

sen (~Nkd)
(9.13)
sen (~kd) .

A distribuição das intensidades I produzida por uma grade de difração de N


fendas de largura a e espaçamento d é dada por

sen ' (~ Nkd)


(9.14)
sen" (~ kd)'

2n
onde k = T sen O.

PROBLEMA 9.4 Mostre que a variação da intensidade de luz não é afetada pelo
deslocamento da grade.
Solução: Façamos um deslocamento da grade ao longo do eixo dos x, de uma
distância Xo; então, f(x - xo) representa a mudança da característica de transmissão.
Então, conforme o teorema do deslocamento (4.73), o espectro de difração torna-se
F (k) e -lk Xo • (9.15)

A distribuição de intensidades é dada por


1 F(k) e-lkxo 12 = 1 F(k)12 (9.16)

visto que 1 e-jkxo 1 = l.


A Eq. (9.l6) mostra que a distribuição de intensidades não é afetada pelo des-
locamento da grade.

Consideremos agora a formação de imagens e a transformada de Fourier bi-


dimensional. .
Quando uma função de duas variáveis independentes, tal como a intensidade
da luz num ponto, é reproduzida em outra parte como nova função de duas variá-
L:~is•.~~~mos de uma formação de imagens. .......•• ~.J.
9.1 TRANSFORMADA DE FOURIER NA DIFRAÇÃO E FORMAÇÃO DE IMAGENS 219

Uma imagem pode ser perfeitamente descrita pela distribuição das intensidades
de iluminação l(xrY). Suponhamos' que E(x, y) seja a imagem de uma fonte pon-
tual e O(x, y) represente a distribuição 'de objetos. De fato, desde que o objeto seja
incoerente, a distribuição de intensidades da imagem pode ser obtida". tomando
a soma das intensidades individuais produzidas devidas a cada imagem dos vários
pontos do objeto.
Desta forma, a distribuição de imagens I(x, y) é obtida da distribuição de ob-
jetes O(x, y) pela convolução com a distribuição ponto-imagem E(x, y), isto é,

I(x, y) = f., f ., O(X', y') E(x -' x', y - y') dx' dy' (9.17)

= O(x, y) * E(x, y). (9.18)

A Eq. (9.17) define a integral da convolução de duas funções a das dimensões O(x, y)
e E(x, y).

9.1a Transformada de Fourier a Duas Dimensões

Para aplicar a técnica da transformada à análise da formação de imagens, ne-


cessitaremos da teoria das transformadas de Fourier a duas dimensões .
. A transformada de Fourier a duas dimensões F(u, v) de uma função a duas di-
mensõesf(x, y) pode ser definida como uma integral dupla
,

F(u, v) = f~'"f ~'" f(x, y) e-j(ux ~vy) dx dy. (9.19)

Portanto, f(x, y) pode ser achada a partir da fórmula de inversão

1
f(x, y) = (211;)2 f'"_'" f'"_",F(u, v) eiCuX+VY) du dv, (9.20) ,

PROBLEMA 9.5 Aplicando a técnica da transformada de Fourier unidimensio-


nal, deduza a fórmula de inversão (9.20).
Solução: Representemos por G(u, y) a transformada de Fourier da função f(x, y),
onde a transformada é tomada em relação a x, isto é,

G(u, y) = Joo f(x, y) e-Jux dx. (9.21)


_00

Então, da fórmula de inversão unidimensional (4.16) temos:

f(x, y) = -.-1
2TT
1 _00
00

.G(u, y)
.
eJux du. (9.22)

Tomemos agora a transrormada de Fourier F(u, v) de G(u, y) em relação a y,


considerando x como parâmetro, isto é, '

F(u, v) = 1 _00
00

G(u,y) e-JVY dy. (9.23)

A fórmula da inversão (4.16) dá

G(u, y) = -
1 {oo F(u, v) eJvy. dv. (9.24)
2TT _00

Substituindo (9.24) em .(9.22.),

f(~ y)
I
= --o
(2 1
TT)2 11 _00
00

.
_00
00

F(u v)
, -
eJ(ux+vy) du -dv:
220 APLlCAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Combinando (9.23) e (9.21), resulta:

F(u, v) ~ 1:L: f(x, Y) e-J(ux+vy~ dx dy.

PROBLEMA 9;6 Mostre que a transformada de Fourier da imagem de um ob-


jeto incoerente é igual ao produto da transformada de Fourier do objeto pela trans-
formada de Fourier da imagem de uma fonte puntiforme.
Solução: Sejam Q(ú, v), '!teu, v)' e r(lI, v), respectivamente as transformadas de

L: i:
Fourier de O(x, y), Iix, y) e E(x, y), isto é,

vy
D(u, v) = O(x,y) e-J(ux+ ) dx dy , (9.25)

'I'(u,v) = i: l:I(X,y) e-J(UX'+VY) dxdy, (9.26)

l(U,V) = i:.L: E(x,y) y


e-J(ux+v ) dx dy. (9.27)

Então, pela fórmula de inversão de Fourier (9.20) temos:


oo oo
O(x,y) = --
1
(217)2 LL
._00 _00
D(u, v) y
eJ(ux+v ) du dv, (9.28)

I (x y) = -- 1
, ~17Y
Joo
_00
Loo 'I'
_00
(u v)
,
y
eJ(ux+v ) du dv
,
(9.29)

E(x,y)
_
= --- 1
(271')2
1 foo
_00
00

_00
leU, v) y
eJ(ux+v ) du dv. (9.30)

De acôrdo com (9.30),

,
E(x - x , y - y ) = ---
1 {OO foo leU, v) e
J [u(x-x')+v(y-y')]
du dv. (9.31)
(217)2 _00 _00

Substituindo (9.31) em (9.17), vem:

I (x, y) = _1_1 1
(217)2 _00
00

_00
00

O(x", y') . E (x - x", y - y') dx' dy' (9.32)

com E(x - x', y - y') dado por (9.31). Alterando a ordem de integração em (9.32),
resulta:

l(x y) = _1_1 00

L
(00 {leu, v) ej(ux+vy)

i:
, (217)2
. _00_00

x [i: O(x',y') Y
e-J(UX'+V ') dX'dy 'l} du dv. (9.33)

Mediante (9.25), (9.33) torna-se

_
I (x y) =
'
_1_1 1
(217)2
00

_00 _00
00

D(u, v) leU, v) y
eJ(ux+v ) du dv.
-
(9.34)

Comparando (9.34) com (9.29), concluímos que


'I'(u, v) = D(u, v)['(u, v). (9,35)
9.2 TRANSFORMADA DE FOURIER NA TEORIA DAS PROBABILIDADES 221

A Eq. (9.35) é o teorema da convólução a duas dimensões. A Eq. (9.35) im-


plica que a formação de imagens é intimamente semelhante ao caso da filtragem,
discutida na Seç. 6.10, isto é, a transição do objeto para a imagem equivale a ação
de um filtro linear. Na Seç. 6.10, partimos de uma função do tempo que transfor-
mamos para obter seu espectro. O espectro foi modificado pelo filtro, e a saída
foi a transformada inversa da funçãoespectral resultante. Na formação de imagens
o sistema ótico comporta-se como um filtro e o espectro espacial da intensidade é
dêste modo transformado.

9.1b Transformada de Fourier a Três 'Dimensões

Na difração dos raios X pelos cristais, temos que considerar a transformaoa


de Fourier a três dimensões. O par de transformada de, Fourier a três dimensões
é definida como

F(u, v, w) =f.. f~'"f~


o' ce f(x, y, z) e-j(u,"+1>11 +wz) dx dy dz, (9.36)

f(x
"
y z} = _I_J '" f '" f '"
(21r)3 _ Q) _ c:o ..:..- Q)
F('u v w)
"
ei(""+l>lI+wt) du dv dw

(9.37)

Um tratamento mais amplo dêste tópico está fora do escopo dêste livro.

9.2 Transformada de Fourier na Teoria das Probabllldades

A transformada de Fourier é extensamente empregada na teoria das probabi-


lidades e nos processos estocásticos. Nesta seção, discutiremos brevemente algumas
Junções básicas e suas transformadas de Fourier utilizadas na' teoria das probabili-
dades. Suporemos algum conhecimento da teoria das probabilidades.

9.2a +Furrção Distribuição' de Probabilidades e Função Densidade de Probabi-


lidades

Uma variável aleatória X que assuma valôres reais entre - co e oo pode ser
caracterizada por uma função de distribuição de probabilidades P(x). A função
distribuição de probabilidades P(x) é definida como

P(x) = Pr(X < x), (9.38)

onde Pr(X < x) é a probabilidade de assumir variável aleatória X e um valor me-


nor que um número x dado.
Se P(x) fôr diferenciável, definiremos a função densidade de probabilidades ou
função freqüência p(x) por

p (x) = . d~~X) . (9.39)

A função distribuição P(x) tem as seguintes propriedades:


P(- oo = 0, P( co = I, (9.4Oa, b)

P(Xl) ::; P(X2) se Xl < X2. (9.41)

A partir do fato de Pr(X =- co = 0, é evidente que


P(- co = O.
Visto que X < + Cl), e que a certeza corresponde à probabilidade, um,
P( Cl» = Pr(X < + co = 1.
Dêste modo, (9.40) indica'9ue P(:x) é positiva e tem valôres entre O e r.
222 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Para demonstrarmos (9.41), .observemos que, se Xl e X2 forem números reais,


tais que Xl < X2,
(9.42)
de modo que
(9.43)

Desta relação e do fato de ser sempre a probabilidade de qualquer evento não ne-
gativa, temos:

A Eq. (9.41) indica que P(x) é uma função monótona não decrescente.

PROBLEMA 9.7 Prove que


p (x) > 0, (9.44)

P(x) = l~ p(x) dx, (9.45)

i: p(x) dx = 1, (9.46)

2
Pt tx , < X < x2) = [X p(x) dx. (9.47)
JXl
Solução: . Da definição (9.39) e do fato de que P(x) para todo X é monótona não
decrescente, temos:
p(x) > O.
Integrando (9.39) de - OJ a x, vem:
(X [X dP(x)
Loo p(x) dx = Loo ~ dx = P(x) -P(-oo).

De acôrdo com (9.40a), P( - OJ) = O; portanto,

l~ p(x) dx = P(x).

Então, de (9.40b) resulta:

Joo p(x) dx =Pi=) -P(-oo) = 1~


_00

De (9.45) decorre:
X2 jXl = [X
2
P(x2) - P(xl) =
l_00
p(x) dx -
_00
p(x) dx
Xl
p(x) dx. (9.48)

De (9.48) e (9.43) vem:

PROBLEMA 9.8 Supondo como certo que a variável aletória X assuma o valor
xo, então,
P(x) = O para X < Xo, P(x) = I para X > Xo.

Ache a densidade de probabilidades IP(X).


9.2 TRANSFORMADA DE FOURIER NA TEORIA DAS. PROBABILIDADES 223

Solução: De acôrdo com a suposição, P(x) pode ser expressa como

P(x) = u(x - xo)' (9.49)

que é uma função degrau unitário. Neste caso, a densidade de probabilidades


p(x) não deve existir no sentido ordinário. Contudo, no sentido de uma função
generalizada (ver Seç. 2.4) podemos obter

p(x) = dP(x) = du(x - xo) = 8(x _ xo) (9.50)


dx dx
mediante (2.90).

9.2b Expectativa e Momentos

Seja X uma variável aleatória com densidade de probabilidades p(x). A ex-


pectativa matemática ou valor médio de X, E[X], é definida por

E[X] = f~ ",xp(x) dx. (9.51)

Para qualquer função real g(x), g(X) é uma variável aleatória e a expectativa
matemática de g(X) é definida por

E[g(X)] = f~ ",g(x) p(x}dx. (9.52)

Uma expectativa gerada por certa função g(x) chamamos, muitas vêzes, parâ-
metro estatístico. A seguir, definiremos os parâmetros mais comuns:

Valor médio de X = E[X] = % = f..cc xp(x) dx; (9.53)

Valor médio quadrático de X = E[X'l] = X2 = f~ co x2p(x)dx; (9.54)

n-ésimo momento de X = E[Xn] = m; = f ., cc xnp(x) dx; (9.55)

Variância de X = valor médio quadrático de, X em relação à médio

= E[(X _1')2]; (9.56)

Desvto-padrão :a = y'E(X -X)2. (9.57)

PROBLEMA 9.9 Mostre que a

Variância de X = (X2) - (%)2. (9.58)

Solução: Por (9.56) e (9.52) temos:


Variância de X = E [(X - X)']

= f'' ' (x - X)2 p(x) dx


== i:
s.:
(x2 - 2xX + X2)p(X) dx

= i: 2
x p(x) dx - 2X i: xp(x) dx + (X)2 i: p(x) dx
224 APLICAÇÓES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAP. 9

Então,
var (X) = (X2) - 2 XX + (X)2 = (1'2) _ (X)2. (9.59)

Na dedução de (9.59) foram utiüzadas as Eqs. (9.53), (9.54) e (9.46).

PROBLEMA 9.10 Mostre que se a densidade de probabilidades p(x) é uma fun-


ção par, isto é, p(- x) = p(x), então a média, e todos os momentos de índices ím-
pares são nulos. .
Solução: De (9.55), temos:

11In= n-ési~o momento de X = E[xn] = f .. ce xnp(x) dx.

Se n fôr ímpar, então o integrando xnp(x) será uma função ímpar de x. Por con-
seguinte de (2.14) deduzimos:

mn = L: xnp(x) dx = O para n = 1, 3, 5, •• • . (9.60)

. 9.2c Função Característica

A função característica l/J(w) de uma variável aleatória X com densidade de


probabilidades p(x) é definida por
(9.61)
onde w é um parâmetro real arbitrário.
-------
PROBLEMA 9.11 Mostre que a função característica l/J(w) de uma variável alea-
tõria X é a transformada de Fourier de sua densidade de probabilidades p(x) com
o sinal trocado.
Solução: De acôrdo com (9.52), podemos escrever (9.61) também como

l/J(w) = E[e.i<o>X] = I..'" ei- P(x) dx, (9.62)


. '-
E~, muitas vêzes,
que é a transformada de Fourier de p(x) com o sinal trocado.
é chamada transformada j-mais de Fourier.
..
PROBLEMA 9.12 Mostre que a função densidade de probabilidades p(x) pode
ser expressa em têrmos de l/J(w) por

p(x) = -21
11:
I'"
_ '"
.
l/J(w) e-i= dco, {9.63)

que é conhecida como fórmula de inversão.

Solução: Como por (9.62) vemos que l/J(w) é a transformada de Fourier de


p(x) com o sinal trocado, podemos achar p(x) por meio da transformada inversa
de Fourier de l/J(w), novamente com o sinal trocado, isto é,

p (x) = S:-l [cf>(úJ)) = _1_ [00 cf>(úJ) e- Jwx dco,


217 _00

i:
Outra solução: Substituindo (9.62) no segundo membro de (9.63), vem:

L i: cf>(úJ) e-
JWx
dúJ= L e-
JWx
[1: e
JwÀ
p(À) - dos. (9.64)
9.2 TRANSFORMADA DE FOURIER NA TEORIA DAS PROBABILIDADES 225

Mudando a ordem de integração, resulta:

2
1
77 i: <p(w)e-fúJXdw=i:p(A) [L i: efúJ("--Xldw]d.\. (9.65)

Aplicando a identidade (5.6) da função delta, vem:

-
277
1 foo e
fúJ("--xl dW=UI\-X.
s;:,(' )
(9.66)
_00

Então, em vista de (2.68),

1 foo '. foo


2; .<p(w) e-fúJx dw = P (A) 8(A - x) dA = P (x),
_00 _00

Uma das aplicações importantes das funções características decorre da exis-


tência do par de transformadas de Fourier (9.62) e (9.63). Em muitos problemas,
quando queremos achar a função densidade de probabilidades de certa variável alea-
tória, é mais fácil calcular primeiro a função característica e depois, a função den-
sidade. Uma outra aplicação importante da função característica está ilustrada no
exemplo seguinte. .

PROBLEMA 9.13 Mostre que as' derivadas da função' característica de uma va-
riável aleatória X estão relacionadas com seus momentos

m; = E[X"] = f..'" x"p(x) dx

d"ljJ(w) t ..
.J" . =J"m" . (9.67)
. uw 14-0

Solução: 'Visto que

júJX 1 jwx (jwx)n


e = +--+ ... + +"', (9.68)
1 n!
substituindo (9.68) em (9.62), vem:

<p(o) = E [eJúJX] = i: P (x) eJúJx dx : ->

=
J
_00
OO
p(x)
[jWX
1+ -1 + ... +
(jWX)"]
n! + ... dx.

Admitindo que a integração têrmo a têrmo, é válida,


oo, . f"" Joo
f (jw)"
<p(w) = p(x)dx+jw xP(x)dx+",+-----;;! x"p(x)dx+ .. •
_00 _00 _00

. (jw)"
= 1 +Jwm1 + ... + -- m" + .... (9.69)
n! ,
Portanto,

Até aqui, temos lidado com uma só variável aleatória. Vamos agora estender
êstes conceitos a duas variáveis aleatórias ..
226 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAP.9

A função conjugada de distribuição de duas variáveis aleatórias X e Y é definida


por "
P(x, y) = Pr{X < x, Y < y}.

Supondo que Ptx, y) tenha derivadas parciais de segunda ordem, a quantidade

.:... Ô2P(X, JI)


(
px,y ) - õxõy (9.71)

é conhecida como função densidade conjugada das variáveis aleatórias X e Y.


Duas variáveis aleatórias X e Y são ditas independentes, se
P(x, y) = P(x) P(y). .(9.72)

PROBLEMA 9.14 Mostre que se duas variáveis aleatórias X e Y são independen-


tes, então
p (x, y) '= p (x) p (y). (9.73)

Solução: Como as duas variáveis' aleatórias X e Y são independentes, de (9.72)


temos:
P(x, y) '= P(x)P(y).

Então, de (9.71) vem:

o valor esperado da variável aleatória g(X, Y) ér4efinido por


"-
E [g(X, Y)] =J~ f~ cc cc g(x, y)p(x; y)dx dy. (9.74)

Duas variáveis aleatórias são chamadas não corre/atas, de

E[XY] = E[X]E[Y] .. (9.75)


São ortogonais, se
• (9.76)
f1 . E[XY] = O..

A função característica conjugado de duas variáveis aleatórias X eY é definida


por - .
(9.77)

PROBLEMA 9.15 Mostre que se as variáveis aleatórias X e Y são independentes.


então elas são não correlatas,

i:1:
Solução: De acôrdo .com (9.73) e (9.74),

E [XY] '= xyp(x, y) dx dy

'= i~1: xyp(x) p.(y) dx dy

'= i: i: xp(x) dx yp(y) dy

'= E [X]-E[Y]. (9.78)

Então, em virtude de (9.75) as duas variáveis aleatórias são não correlatas.


9.2 TRANSFORMADA DE FOURIER NA TEORIA DAS PROBABILIDADES 227

Observemos que, se X e Y são independentes, então f(X) e g(Y) são também


independentes. Aplicando (9.78) a f(X) e g(Y), vem:

E[f(X)g(Y)] = E(f(X)] E[g(Y)]. (9.79)

PROBLEMA 9.16 Mostre que a função característica conjunta de duas variáveis


aleatórias X e Y é a transformada dupla de Fourier p(x, y) definida por (9.19),
com o sinal trocado.

Solução: De acôrdo com (9.74), podemos escrever (9.77) também como

(9.80)

que é a transformada de Fourier a duas dimensões de p(x, y) definida por (9.19),


com o sinal trocado.

PROBLEMA 9.17 Mostre que a função densidade conjugada de probabilidades


p(x, y) pode ser expressa em têrmos de cjJ(Wl, (2)
por

(9.81)

Solução: Visto que em razão de (9.80), constatamos que cjJ(Wl, (2) é a transformada
de FouriG a duas dimensões de p(x, y), aplicando a fórmula (9.20), da transforma-
da inversa de Fourier dupla com o sinal trocado, obtemos (9.81).

PROBLEMA 9.18 Mostre que se as variáveis aleatórias X e Y forem independen-


tes, então
cjJ(wi, (2) = cP (w cP (w2)·
i)
(9.82)
Solução: Se X e Y forem independentes, então, de (9.79) temos:
E [e'(WiX+W2Y)] = E [e'wix e'W2Y] =E [e'wix] E [e'W2Y]. (9.83)

Portanto,

PROBLEMA 9.19 Mostre que, se cjJ (Wl, (2) = cjJ (Wl) cjJ (W2), então as variáveis
aleatórias X e Y são independentes.

Solução: De (9.81), temos:

= p(x)p(y),

em vista de (9.63). Portanto, de (9.73) concluímos que X e Y são independentes.


228 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo '9

PROBLEMA 9.20 Mostre que a densidade de probabilidades da soma de duas


variáveis aleatórias independentes é igual à convolução de suas respectivas densida-
des.
Solução: Suponhamos que

z =x + Y, (9.84)
onde X e Y são variáveis aleatórias independentes
Seja
CPx(úJ) E [ejWX],
=

cPy(úJ) = E [ejWY],
cPz(úJ) = E [ejWz].

Então,

Desde que X e Y são independentes, de (9.83) resulta:


cpz(úJ) = E [ejWX] E[e}WY] = CPx(úJ) CPy(úJ). (9.85)
Aplicando o teorema da convolução (4.122), vem:
pz(z) = :f-l [cpz(úJ)]
= :f-l [CPx(úJ) cf.>/úJ)]

= i:
-=Px(x) *p/y)

px(x)p/z - x) dx. (9.86)

9.3 O Princípio da Incerteza na Análise de Fourier


.•.
O princípio da incerteza na análise espectral pode ser enunciado como: o pro-
duto da largura da faixa espectral pelo tempo de duração de um sinal não pode ser
menor que um certo valor mínimo, Esta afirmação equivale ao conhecido princí-
pio da incerteza de Heisenberg na mecânica quântica.
Nesta seção, discutiremos a relação entre o tempo de duração de uma função,
f(/) e a forma de sua transformada de Fourier F(ro).
Consideremos um sinal real f(/) e sua transformada de Fourier

F(ro) = f~., f(~) e-i",1 dto

Seja a seguinte definição:


2 , (9.87)
IIfll =f ~ .,P(t) dt < 00,

I = lT7lf
1 f"
'~", tP(t) ,
dt, (9.88)

(Llt)2= II)W f~",(t-t)2f2(t)dl<00, (9.89)

onde IIfW é a energia latente E do sinal f(I), definida em (4.139), 7 o centro de


gravidade da área sob a curva f2(1), e (~t) fornece a medida de, quanto se distribui
o sinal no tempo T, sendo chamado de dispersão do sinal no tempo.
9.3 O PRINCiPIO DA INCERTEZA NA ANÁLISE DE FOURIER 229

Anàlogamente, definimos

(9.90)

(9.91)

(9.92)

PROBLEMA 9.21 Mostre que w de (9.91) é igual a zero.

Solução: Visto que 1 F(w) 12 é par com relação a w, o integrando de (9.91) é uma
função ímpar em w. Portanto, em vista de (2.14),

. L: 2
wIF(w)1 dw=O,

isto é, w = O. Com w = 0, (9.92) pode ser escrita como

(9.93)

((t)

A largura da banda espectral ou faixa espectral do sinal Âw é uma medida da lar-


gura da banda do sinal. . A

PROBLEMA 9.22 Ache o tempo de dispersão Ât do sinal pulso exponencialmen-


te decrescente, mostrado na Fig. 9.4.

Solução: De acôrdo.çom (9.88), o centro de gravidade t desta forma de onda é


dado por
o
T2 Fig. 9.4 Sinal do pulso expenen-

1
00 A2
t A2 e-2t/T dt cialmente decrescente.
t = _0=--- = __ 4 = _T (9.94)
i 00

A
2 2t T
e- / dt
AT
2
2 2

Portanto, em virtude de (91.89), como IIfW = A2Tf2,

~~ t)2 = _1_,
A2T
1 00
(t _ T)2 A
2
2 e-2 tfT dt = ~
T
{OO

Jo
(t _ T\
2)
~-2 tfT dt

-- 2 °
,

= ~(P_~
T 4 4
+ Tl)
8

T2 (9.95)
4
Então,

1 (9.96)
l1t =- T.
2
230 APLlCAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Observamos que o tempo de dispersão Ât de um sinal exponencialmente decres


cente é proporcional à constante de tempo T.

PROBLEMA 9.23 Mostre que a largura da banda espectral Ó,w de um sinal r(t)
definida por (9.93) será finita somente se a seguinte integral fôr finita, isto é,

f>O [f'(t)F dt = finita, (9.97)


_00

onde f'(t) = df(t)jdt.


Solução: Visto que
/i/IF (wW = w2 F (w) F* (w) = jw F (w)[- [co F* (w)]
== jwF (w) [jwF (w)]*

= IjwF (w)l2,

temos:
(9.98)

Recordemos agora que, se


j= [f (t)] = F (w),

e se f(t) -~ O quando t --7 + co , então de (4.91) vem:


j= W(t)] = [co F(w).

i: 1:
Portanto, de acôrdo com o teorema de Parseval (4.136)

w2 1 F(w) 2
1 dw = L: /jw F(w) 1
2
dw = 27T [f'(t)F dto (9.99)

,,-Mas, se [[f'(t)P dt = finita, então

1: w2IF(w)12dw=finita, (9.100)

e, conseqüentemente em virtude de (9.93) Ó,w será finita,

A Eq. (9.100) significa também que

lim w2 IF(w)
w ...• ec
I = O.
2 (9.101)

Observamos a partir do resultado do' Probl. 9.23, que a definição largura da


banda espectral, (9.93) pode levar a uma largura da banda infinita, a não ser que
o sinal f(t) satisfaça à condição (9.97) ou (9.101). O exemplo a seguir ilustra tal
fato.

PROBLEMA 9.24 Ache a largura da banda espectral do pulso retangular da Fig.


9.5(a). I
F(I) F(w) I
A _
Fig. 9.5 (a) P~lso retangular do Probl.
9.24. ( b ) Largura oa banca espo.clral
d
do pUlso retangular da Fig. 9.5 ( a).

27T O 27T
d d
(b )
9.3 O PRINCiPIO DA INCERTEZA NA ANÁLISE DE FOURIER 231

Solução: De acôrdo com (4.45) e (4.73), a transformada de Fourier def(t) é dada


por
sen (Wd)
jW1o
F(w) = e- Ad 2 (9.102)
(~d)
Visto que Ie-;wto 1 = 1, temos:

IF(w)\ =Ad
sen (T) (9.103)

(~d)
i:
Pelo teorema de Parseval (4.136),

II F 11
2
= L:\ F(w) 1
2
dos = 2TT [2(t) dt = 2'YT A
2
d. (9.104)

De (9.93), vem:

_ 1 Joo A2d2w2
sen ' (Wd)
_
2 de:
- 2TT Ad 2
_00 (~dJ
.
= TT d
2 (OO
L sen 2
(Wd)
2 dco
_00

= _1_ foo [1 - cos (wd)] da: (9.105)


TTd _00

que é infinita visto que lim ro21 F( ro) 1 # O.


"'-->o

Na prática, a largura da banda espectral de um pulso quadrado é conveniente-


mente definidacçrqo 2n/d, isto é, o primeiro zero de 1 F(ro) 1 [Ver Fig. 9.5(b)l Den-.
tro desta banda/ou faixa está incluída a maior parte da energia do pulso.
O principío da incerteza na análise espectral afirma que, se o sinal f(t) é tal que
as integrais de (9.87) a (9.93) são finitas, e também lim Vt f(t) = 0, então
t-->'"

\ 1
ÁtÁro ~ 2"' (9.106)

A desigualdade de Schwartz estabelece que para duas funções f(/) e /r(t),

f: '" f: f2(t) dt ao g2(t) dt ~ I f: ao f(t)g(t) dt r· (9.1O~

PROBLEMA 9.25 (a) Prove a desigualdade de Schwartz. (b) Prove o princípio


de incerteza da análise espectral.

Solução: (a) Seja x uma variável real qualquer e

m (x) = f"" li (O + x g (t)F dt = J-oo [2(t) dt + 2x Joo [(t) e (t) dt + x2 Joo g2(t) dt.
_00 _00 _00 _00
232 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER . CAPo 9

Façamos:

i: g2(t) dt = a, 21: f(t)g(t) dt = b, i: f2(t) dt = C. . (9.108)

Como m(x) é a integral de um valor, elevado ao quadrado, é sempre positiva e real,


então,
m(x) = ex? + bx + c > O para real x. (9.109)

De (9.109) segue que seu discriminante b2 - 4 ac não deve ser positivo, isto é,
1
2
.b -4ac$0 ou ac2:-4 b",

Substituindo a, b e c de (9.108), a desigualdade de Schwartz (9.107) está provada.


(b) Pelo teorema de Parseval (4.136) temos:

'1: I F(w) 1
2
do: = 2rr L: f2(t) dt , (9.110)

isto é,

(9.111)

i:
De acôrdo com (9.99),

L: w
2
1 F(w) 1
2
dco = 2rr [f'(t)~2 dto [9.99]

Multiplicando (9.89) por (9.93), e aplicando (9.110) e (9.99), resulta:

Mediante adequada escolha do referencial para o tempo, podemos fazer t = O sem


perda de generalidade, então, com tal escolha,

(6.1 ~W)2 = 1 (00 t2 P(t) dt foo [f'(t)F dto (9.113)


[11 f 112]2 Loo _00

L:
Aplicando o teorema da desigualdade de Schwartz (9.107), vem:

L: t7[2(t) dt [f'(t)]2dt::: I L: tf(t)f'(t) dt 12.


(9.114)

Então, integrando por partes, resulta:

L: t f(t) r(t) dt = I~~: t f(t)df(t)

= ~ t P(t) [00 - ~ 1: f2(t) dt.

Portanto, se lim tP(t) = 0, então


t-,> Q)

i: tf(t)f'(t)dt =-~ i: f2(t)dt

= _.!: 11 f 112• (9.115)


2
9.3 O PRINCiPIO DA INCERTEZA NA ANÁLISE DE FOURIER 233

Substituindo êste resultado em (9.114) e utilizando a desigualdade resultante em


(9.113), vem: .

1
=-. (9.116)
4

Então,
1
I'lt 6.w ~ -~
2

PROBLEMA 9.26 Considerando a função fel} mostrada na Fig. 9.6(a), ilustre °


princípio de incerteza de Probl. 9.25.
f(t)
Solução: A função e sua derivada são
I

f(t) = at e-ai u(t), a> O, (9.117) / Inclinação = a


1 _-+I _
f'(t) = a (1 - at) e-at u (t). (9.118) e I
I
De acôrdo com (9.88), o centro de gravidade t desta forma de onda é dado por I
I

1 00

3
t e-
2at
dt

o
I

L oo
2
t e-
2at
dt (o)

3 1 )
2 a 4 a3 3
(9.119) l/a
1 2a
(4a3)
Então, de (9.89),

~iy = --1
_1_
1

o
00

(t - -
3. ):1

2a
at2 2
e-
2at
.
dt
-------L- __
-a o
'--_----L-

(b)
a
w

4a
1 3 Fig. 9.6 (a) Função f (t) do ProbL 9.26
=-- (9.120) (b) Espectró da função f (t ) da Fig. 9.6 (a).
1 16a3
4a

Portanto,
I'lt = -.
y3 (9.121)
2a

A largura da banda espectral flw de fel) pode ser achada como: por (9.93),

(6.W)2 = _1_
2
fOO w21 F (w) 12 dw.
11 F 11 _00

De acôrdo com (9.108) e (9.99), podemos escrever (9.93) também como

(6.6))2 = 1
2
2 TT {oo [f'{t)F dt
2 TT 11 f 11 _00

= _1_ [00 [f'( t)F dt. (9.122)


2
11 f 11 _00 .
234 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Então, em vista de (9.118),

(tJ.w? =_1_ (oo a2(1 _ at)2 e-2at dt = _1_ ~ = a2, (9.123)


_1_Jo _1_ 4
4a 4a

tJ.w = a. (9.124)
Portanto,
ó.t tJ.w = li a = y3 > 1.. (9.125)
2a 2 2

P~OBLEMA 9.27 Considerando a função de Gauss [Fig. 9.7(a)].


f(t) = e-ai2, a> O, (9.126)
ilustre o princípio de incerteza do Probl. 9.25.

F(W)

f( t)

o ------------~--------~--------~--------~w
o
(a) (b)

Fig. 9.7 (a) Funçãa de Gauss. (b) Espectro da funçãa de Gauss da Fig. 9.7 (a).

Solução: Seja F(ro) = 5'[I(t)]. Então,

Êste tipo de integral é calculado, "completando o quadrado". Para isto, multipli-


cando o integrando por e-w2/4a . e+w2/4a, vem:

F (w) = l: e -úJ2!( 4a) e-a [t +}w!( 2a») 2 dt

,-, .•..
_
- e
-w2!(4a) {OO e-{ra [t+JW!(2a )]}2 dt
. (9.127)
-co

Mediante a introdução de uma nova variável de integração y, fazendo

ya-[ t + (2 a) jW] = y,

então vli dt = dy, e temos


{oo e _y2
1_00
e-{ra
00 [t+JW!(2B»)}2 dt >= ~

Y L,
dy = .
V :;
~a'
(9.128)
+'

em vista de (8.175), isto é,

~ ~,{;' -Ó,
~' ..
9.3 O PRINCiPIO DA INCERTEZA NA ANÁLISE DE FOURIER 23S

Portanto,

F(w) = ~[e-at2] = ~ e-w2/(4a). (9.129)

Em vista de (9.126) e (9.129), notamos que a transformada de Fourier da função


de Gauss é também uma função de Gauss.
Com a = 1/2, (9.129) dá
2 - 2
~ [e- t /2] = y217 e- w /2. (9.130)

Assim, exceto quanto ao fator V2n:, a função e-t'/2 é sua própria transformada de
Fourier.
Visto que e-at' é par, de acôrdo com (9.88), o centro de gravidade t desta for-
ma de onda é zero.
Então, de (9.89), temos:

(9.131)

Ora, de acôrdo com (9.128),

(9.132)

Diferenciando ambos os membros de (9.132) com relação a b,

(9.133)

Mediante (9.132) e (9.l33), podemos calcular (9.131) como

(M?
,
= 2(2a)
1 lFa 2a __ 1_ (9.134)
~ 2(2a)
V2a
Anàlogamente, de (9.93) e (9.l29) resulta:

1: w2 e-
w2
/(2a) dw

1: e-
w2
/(2a) do:

1 -
- (2a) y2a17
2
,,/2 a 17
1 (9.135)
= - (2 a)
2
aplicando (9.132) e (9.l33).
236 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Então,

1 1 1 1
(L'1 t)2 (L'1W)2= - -- - (2a) =- (9.136)
2 (2a) 2 4'

L'1 t L'1w = 1:.. (9.137)


2
A Eq. (9.137) mostra que o sinal de igualdade em (9.106) vale para a função de
Gauss.

No Probl. 9.23, discutimos a condição necessária para que /(i) tenha uma lar-
gura da banda espectral finita definida por (9.93). Com uma definição da largura
de banda espectral, diferente de (9.93), podemos estabelecer a relação geral entre
a duração do sinal e sua largura de banda espectral. O exemplo seguinte ilustra
êste caso.

PROBLEMA 9.28 Considere o pulso retangular dado no Probl. 9.24. Mostre que
o produto da largura da banda espectral pela duração do pulso é uma constante
com uma seleção "apropriada" do valor da -largura da banda.

Solução: Pela Fig. 9.5, vemos intuitivamente que, se selecionarmos

L'1t=d,
e a largura da banda espectral Llw como domínio de freqüência para o primeiro
. zero de I F(w) I (dentro dêste domínio se inclui a maior parte da energia do pulso),

277
L'1w=-. (9.138)
d
Observamos, então, que

277
L'1 t L'1w = d - = 277 ~~.139)
d '
ou que o produto da largura da banda pela duração do pulso é uma constante.

9.4 Fórmula do Somatório de Poisson

Os teoremas das transformadas de Fourier ajudam-nos também a desenvolver


somatórios. Nesta seção, deduziremos a fórmula do somatório de Poisson e dis-
cutiremos algumas de suas aplicações.

PROBLEMA 9.29 Se 1(1) fôr uma função arbitrária e F(w) sua transformada de
Fourier, prove a seguinte identidade:

(9.140)

onde wo = 2nJT.

Solução: Seja
00

Dr(t) = L ô(t - nT) (9.141)


n=-

a qual é definida em (2.104).


9.4 FORMULA DO SOMATORIO DE POISSON 237

Então, de (4.120) vem:


00

f(t) * ÔT(t) = f(t) * L ô(t - nT)


n=_OO
00

L f(t) * ô(t - nT)


n=-oo

00

= L f(t-nT)
n=_OO

00

= L f(t+nT) (9.142)
n::;;::.-OO

visto que todos os valôres positivos e negativos de n estão incluídos no somatório.


Então, 00

E
n=_oo
f(t+nT)=f(t)*ÔT(t). (9.143)

Mas, de acôrdo com (5.66), temos:

217
Wo =-.
T
n=_oo

Então, aplicando o teorema da convolução no tempo (4.122) a (9.143), vem:

1 [t~ f (t + nTl] " F (wl :f[ST(tl]


-- F (w) 2 17
L
~
u~ ( co -nwo )
T
n=-oo

n=_oo

(9.144)
n=_oo

mediante a propriedade (2.74) da função delta.


De (5.21), vem:

Portanto, em virtude de (9.144), resulta:

f
n=_oo
f(t+nT)=2; t
n=_oo
1
F(nwo)1- [ô(w-nwo)] =-
1
T
n=-OO

A fórmula do somatôrio de Poisson afirma que, se f(/) fôr uma função arbitrá-
ria e F(ro) fõr sua transformada de Fourier, então
~ 1 ~
J~.,f(nT) = T ,,~~
F(nroo), (9.145)

onde roo = 2n/T.


APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAP. 9

PROBLEMA 9.30 Demonstre a fórmula do somatório de Poisson.


Solução: Fazendo t = O em (9.140), resulta:

f:
n=-oo
f(nT) =~ f:
n=-oo
F(nwo)·

PROBLEMA 9.31 Prove que

2a
a2 + (2nn)2 ' a > O. · (9.146)

Solução: Seja

Então,

1 1
=--+--
a-jw a+jw

2a
(9.147)

Se fizermos T = 1 (então Wo = 2n) na fórmula do somatório de Poisson (9.145),


vem:
00 00

L f(n) = [ F(2rrn). (9.148)


n=-oo n=-oo

Então, em virtude de (9.147),

2a
n=_oo n=_oo

PROBLEMA 9.32 Deduza a seguinte identidade da função teta:

a
'Ir n=-co
t e-a(t+n)2 = 1+2 t e-,,2ri.2fa cos 27rnt. (9.149)
n=l

Solução: Seja

Então, de acôrdo com (9.129),

F(w) = ~[e-Bt2] = ~ e-w2/(4Bl [9.129]

Se fizermos T = 1 (então wo = 2n) em (9.140),

L L
00 00

f(t + n) = F(2rrn) ei21Tnt.

n = _00 n=-oo
9.5 CAUSALIDADE E A TRANSFORMADA DE HILBERT 239

Portanto, em virtude de (9.129),

(9.150)
n=-oo n=-oo

ou

n=-OO n=-oo

-I
= 1+ [ e-7T2n2/8 ei27Tnt + [ e-7T2n2/8ei27Tnt

n=-oo n=l

. = 1+ L e_TT2n2/a (ei27Tnt + e-i27Tnt)

n=1

= 1+ 2 [ e-7T2n2/8 cos 2 n nt •
n =1

9.5 Causalidade e a Transformada de Hilbert

Nesta seção, discutiremos a relação entre as partes real e imaginária da trans-


formada de Fourier de uma função causal e sua aplicação no estabelecimento da
transformada de Hilbert.

PROBLEMA 9.33 Seja F(w) = R(w) +


jX(w) a transformada de Fourier de uma
função causal f(t). Mostre, então, que f(t) pode ser desenvolvidasõmente em têr-
mos de R(w) e X(w).
Solução: Como f(t) é causal, por definição,

f (t) = O para t < o. (9.151)

e assim,
f(-t)=O para t>O. (9.152)

Então em virtude de (2.5) e (2.6), temos:

f(t) = 2f;(t) = 2fi'(t) para t>O, (9.153)


I
onde

e lit) e fi(t) são as componentes respectivamente par e ímpar de f(t). Então de


(4.38) e (4.40), vem:

f(t)~-;; 2 i"" o R(w)coswtdw (9.154)

=-- 21""
rr o
X(w)senwtdw (9.155)

para t> o.
PROBLEMA 9.34 Seja F(w) = R(w) + jX(w) a transformada de Fourier de uma
função causalf(t). Mostre que as funções R(w) e X(w) não são independentes entre
si, mas que uma delas pode ser determinada unicamente em têrmos da outra.
240 APLICAÇÕES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Solução: Se f(/) é real e causal, então do resultado do ProbI. 4.6,

R (w) = LX) I (t) cos cot dt = JX) I (t) cos cot dt , (9.156)
_00 o

x (w) = -5 00

_00
I(t) sen cot dt = -1 o
00

f(t) sen cot dto (9.157)

Substituindo a expressão (9.155) em (9.156), vem:

R (w) = - -
2 {oo {oo X (y)sen yt cos cot dy dto (9.158)
1T o o

Anàlogamente, substituindo (9.145) em (9.157), resulta:

X (w) = - -
2 {oo {oo R (y) cos yt sen cot dy dto (9.159)
1T o o

PROBLEMA 9.35 Seja F(m) = R(m) + jX(m) a transformada de Fourier de uma


função causal f(t). Demonstre, então, as seguintes identidades:

(9.160)

a> f2(t) dt
. 2 Ia>
= -- R2(m) dco. (9.161)
Io n o

Solução: Com a decomposição de f(t) em suas componentes par e ímpar, 'isto é.

temos, de (4.42) e (4.43),


:f [f p(t)] = R (w),
:f [f i,(t)] = jX (w).

Portanto, de acôrdo com o teorema de Parseval (4.136),

(9.162)

1 foo
5
00

[f ,(t)p dt = 21T X2(W) dw. (9.163)


_00 _00

Da causalidade de f(t) e de (9.135), segue que

I(t) = 2fp(t) = 2/i(t) para t > o.


Então,
(9.164)

1: i:
Portanto, de (9.162) e (9.163), vem:

R2(W) dw = X2(W) dos.

Desde que
1 F(w) 12 = R\w) + X2(W),
9.5 CAUSALIDADE E A TRANSFORMADA DE HILBERT 241

e de acôrdo com o teorema de Parseval (4.136), resulta:

=- 25
7T
00

o
R\w)dw (9.165)

em virtude de (9.160) e de R2(_ w) = R2(w).


Para uma função causal f(t), desde que f(t) = O para t < O, temos:
foo f2(t) dt = {OO f2(t) dto
_00 o
Então,

PROBLEMA 9.36 Demonstre a igualdade entre as duas integrais abaixo:


(00 a2dw (00 w2dw
(9.166)
J_oo (a2 + W2)2 = J.oo (a2 + W2)2'

Solução: Seja f(t) = e-at u(t). Então, de (4.47) vem:

F(w) =:trr [f(t)] = --.-1 a


= -2--2 - j--
w
a+Jw a +w a2+w2

PROBLEMA 9.37 Se a função causal f(t) não possui impulsos na origem, mostre
então que se F(w) = 5[f(t)] = R(w) + jX(w), R(w) e X(w) satisfazem às seguintes
equações:
R(w) = J.. fa> X(y) dy, (9.167)
. 1t _a> w-y

X(w) = - .1. fa> R(y) dy. (9.168)


1t _a> w-y

Solução: Seja
f (t) = f pCt) + f i(t),

onde fr,(t) e fi(t) são as componentes par e ímpar de f(t), respectivamente. Visto
que f(t) é causal,
f(t) = O para t < O.

Certamente, para qualquer função causal podemos supor que


.(P(t) = - fi(t) para t < O.
242 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo 9

Também, de acôrdo com (9.153),


f p(l) = f i,(t) para t > O.

Podemos então escrever que


fp(t) = fi(t) sgn t, (9.169)
fi,(t) = fp(t) sgn t, (9.170)-
onde sgn t é definida [ver (5.45)] por
1 para t>O
sgn t = { .
-1 para t < O.
Mas, em virtude de (4.42), (4.43) e (5.49), vem:

J[fp(t)] = R(w),

J[fi(t)] =jX(w),

J[sgn t] = _2_.
(jw)
Portanto, pelo teorema da convolução em freq üência (4.125).

R(w) = J[fp(t)] = J[fi(t) sgn tl


=_1 jX(w) *2
217 jw

1
=- X (w) *-1
17 W

=! Joo X(y) dy.


17 _00 w-y
Anàlogamente.

jX(w) = JUr(t)] = JU,,(t) sgn tl


1
= - R(w) *-2
217 j co

=-j! R(w) *l.


17 w
Por conseguinte,

1
X (w) =- - R (w) * -1 = - -
1JOOR(v)
-'- dy.
17 W 17 -""w-y

o par de Eqs., (9.167) e (9.168), é conhecido como a transformada de Hilbert.

PROBLEMA 9.38 A parte real da função característicá H(w) de um sistema cau-


sal é dada como igual a no(w). Ache a função característica H(w) do sistema.

Solução: Seja
H (w) = R (w) + j X (w).

Visto que R(w) = no(w), de (9.168) resulta:

X (w) =- -
1 {OO 17 o (y)
-- dy = -
Joo o(y) --
1
dy = --
1
(9.171)
17 -"" w-y _00 w-y w
mediante (2:67).
9.6 CÁLCULO DE ALGUMAS INTEGRAIS 243

Então,

H(w) = 17Ô(W) - j 1.. = 17Ô(W) +}-. (9.172)


W JW

9.6 Cálculo de Algumas Integrais

Por meio do teorema de Parseval (4.136) e dos pares de transformadas de Fou-


rier, pode ser facilitado o cálculo de algumas integrais. Isto está ilustrado nos se-
guintes exemplos.

PROBLEMA 9.39 Calcule


dx dx
1
00 (00

-00 a +x
2 2
' J_oo 1 + x2

Solução: Seja

f (t) = e-at u (t).

Então, em virtude do resultado do Probl. 4.11.


1
F(w) = ~[f(t)] = --o '
a + JW

(9.173)

Mas, conforme o teorema de Parseval (4.136), resulta:

J~e(t)dt=2117 f~ IF(w)1 dw,


2

i: I F(w) 1
2
dw = 217 L: e(t) dto (9.174)

Portanto, em vista de (9.173), vem:

1""
f
:-00
oo dw
a2 +.w2
= 217 foo
_00
f2(t) dt = 217
o
e-2at dt

2at

= 2 17e- l""
_ 2a o =:;.17
Desta forma,

[
dx
a2 + x2 =
1""
-00
dw
a2 + w2 =:;.
17 (9.175)

Fazendo a = 1, temos:

""
J dx
-- -17 (9.176)
1 + x2 - •

-""
244 APLICAÇ,OES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAPo

Solução: Seja g{
ell
f(t) =! e-altl. efi
2
Então, de acôrdo com (9.147), vem:
F(w)=S:U(t)]= a
a2 + w2
Aplicando então o teorema de Parseval (4.136), resulta:

Portanto,
1: I F (w) 1
2
dw = 217 i: f\t) dto

~~[[ e'·' dt + r e-'·' dt]

~~[e;:'I' e~~:1:] +

17
(9.177)
2a

Assim,

(9.178)

Fazendo a = 1,

(9.179)

9.7 Problemas Su plementares

PROBLEMA 9.41 Se 5'[f(x, y)] = F(u, v), mostre que

(a) s: [f(ax, by)] = _1_ F(E., , ~) ,


labl a b
CJ:[ ] -j(autbv).
(b) J f(x-a,y-b) = F(u, v) e

PROBLEMA 9.42 Demonstre o teorema de Parseval para duas dimensões, isto é,

ryOO If(x, y)12 dxdy = _1_ fooJIF (u, V)12 dudv.


l~ (217)2 --00

PROBLEMA 9.43 Demonstre o teorema da transformada de Fourier


2
j= [\7 f(x, y)] = - (u2 + v2)j= [f(x, y)L

onde \12 é o operador Laplaciano \12 = a2jax2 + õ'[õy".


9.7 PROBLEMAS SUPLEMENTARES 245

PROBLEMA 9.44 Suponha que a função teste <jJ(x, y) seja contínua e idêntica-
mente nula fora de alguma região finita, e que a função delta bidimensional seja
definida como uma função simbólica pela relação

Jj
-00
8(x, y) cp;(x, y) dxdy = c/J(O,O).

Demonstre as seguintes propriedades da função delta bidimensional:

ff
00

(a) 8(x - ç, y - TJ) c/J(x, y) dx dy ~ c/J(ç, TJ);


-00

(b) 8(ax, by) = _1_ 8(x,y);


\ab\
(c) s: [8(x, y)] = 1.

PROBLEMA 9.45 No Capo 6, um sistema é definido como uma transformação


de uma função de entrada em uma função de saída [Cf., (6.5)]. A entrada e a saída
são funções de uma variável independente unidimensional (tempo). No caso do
sistema de imagens, a entrada e a saída podem ser funções de uma variável bidi-
mensional (espaço). Dêste modo, um sistema linear de imagens pode ser represen-
tado por
L!fe(x, y)! = fi (x, y),

L lal fel (x, y) + a2 fe2 (x, y)} = alL Itel (x, y)} + a2 L{fe2 (X, y)}.

o sistema é denominado invariante no espaço, se


Llte(x + x;, y + Yo')} = fi (x + XQ, y + Yo)'

Seja h(x, y) a resposta impulso unitário do sistema, isto é,

L 18(x, y)! = h (x, y).

Deduza a relação da convolução bidimensional


00

fi (x,y) = fe(x,y) *h(x,y)= fffe(ç'TJ)h(x-ç, y-TJ)dçdTJ.


-00

.
PROBLEMA 9.46 Se 5'[h(x, y)] = H(u, v), 5'[fe(X, y)] = Fe(u, v), e 5'[f,.(x, y)] =
= Fr(x, y), mostre que

Fi (u, v) = r.i», v) ut», v),


onde H(u, v) é uma função sistema a duas dimensões. [Cf., (9.35).]

PROBLEMA 9.47 Ache a função característica da variável aleatória de Gauss, X,


cuja densidade de probabilidades é p(x) = ~ 2
e-c,,-m)'/2a •
av'2n

PROBLEMA 9.48 Se X fôr a variável aleatória de Gauss do Probl. 9.47, mostre


que E[X] = m, e Var(X) = a2•

PROBLEMA 9.49 Se <jJL(W) fôr a função característica de uma variável aleatória


X, ache a função característica <jJvCw) da variável aleatória Y = aX b, onde a e b +
são números reais quaisquer, em têrmos de <jJ,,(w) .
Resp.: <jJy(w) = eib"'<jJ.,(aw).
246 APLICAÇOES DIVERSAS DA TRANSFORMADA DE FOURIER CAP. 9

PROBLEMA 9.50 A variável aleatória X é normalmente distribuída com a den-


1 2 2
sidade de probabilidades p,,(x) = . j- e -x /20-. Ache a densidade de probabi-
av21T
lidades da variável aleatória Y = aX2.

[Sugestão: Se Y = g(X), então ifJy(w) = Joo eiWB(x) pz(x) dx. Com uma mudança
de variável y = g(x), -00

cpy«(U)=foo ejwYh(y)dy= f"" ei":Ypy(y)dy e h(y)=Py(y).]


-00 -00

2
_Y /2B0- {
Resp.: P (y) = e u(y), onde u(y) = 01para y > 00.
Y aV21Tay para y <

PROBLEMA 9.51 A densidade de probabilidades de uma variável aleatória X é


ex/n
p(x) = ex2 + x2 Mostre que sua função característica é ifJ(w) = e-a I'"I.

PROBLEMA 9.52 Mostre que, se a densidade de probabilidades de uma variável


aleatória X fôr !exe-alzl, então a função característica ifJ(w) é ex2/(ex2 + (2).

PROBLEMA 9.53 Verifique o princípio da incerteza na análise espectral para o


sinal f(t) = e-Iall.

PROBLEMA 9.54 Prove que 1 f


1 + a2n2
=
0=-00a
coth
a
!!.. (!!..) .
[Sugestão: Aplique a fórmula do somatório de Poisson com f(t) = 1/(1 + t2)].

PROBLEMA 9.55 Mostre que m(t) e m(t) do Probl. 6.51 se relacionam por
m(e)
m (t) ={OO
J
OO
m(e) de e m(t)=- -- de.
-00
t- e -00
t - e-

Dêste modo, m(t) é chamada também transformada de Hilbert de m(t).

PROBLEMA 9.56 Se uma função real m(t) tiver uma transformada de Hilbert
m(t), mostre que a transformada de Hilbert de m(t) é - m(t), isto é, ;'(t) = - m(t).

PROBLEMA 9.57 Mostre que

[Sugestão: Use o teorema de Parseval].


APÊNDICE

A ,

CONVERGENCIA DA SERIE DE
FOURIER E FENOMENO
A
A
DE GIBB

A.1 Convergência da Série de Fourier

Na Seç. 1.6 mencionamos ligeiramente as condições de Dirichlet mediante as


quais é possível a representação em série de Fourier de uma função periódica fel).
Mostraremos, agora, que a série infinita

21 ao + ,(;1
'"
(a,. cos nwof + b.; sen nwot), (A. 1)

onde wo = 2n/T, e a; e b.; são os coeficientes de Fourier de fel), converge para fel).

PROBLEMA A.I Se Sk(t) significar a soma dos primeiros (2k + 1) têrmos da


série de Fourier de fel), isto é,

1 k
Sk (t) = 2 ao + [ (an cos nwot + bn sen nwot), (A.2)
n =1

onde Wo = 2n/T, e an e b; são dados por

an 21
= -
T
T2
/

-T/2
l(t) cos (nwot) dt, (A.3)

bn = - 21
T
T2
/
-T/2
l(t) sen (nwot) dt, (A.4)

mostre, então, que

2 jT/2
s, (t)= T l(x) Dk [wo(x - t)] dx , (A.S)
-T/2

onde Dk(Ç) é denominado "núcleo de Dirichlet", isto é,

(A.6)
'248 CONVERG~NCIA DA SÉRIE DE FOURIER E FENOMENO DE GIBB AP. A

Solução: Em (A.3) e (AA), t é um parâmetro (ou variável muda). Por conse-


guinte,

= [~jTI2 f(x) cos (nwox) dX] cos nwot


T -T12

+ [~[TI2 f(x) sen (nwox) dX] sen nwot


T -T12

= -
2 {T 21
f(x) [cos (nwox) cos (nwo t) + sen (nwox) sen (nwo t)] dx
,
T -T12

2 jTI2 (Ao7)
= - f (x) cos [nwo(x - t)] dx,
T -T12

Então, 1
L
k

Sk(t) = "2 ao + (an cos nWot + bn sen nwot)


n ;1

= T1 lT I2
f(x) dx + L T2 [T
k 12
f(x) cos [nwo (x - t)] dx
-T12 rt w L -T12

= ~ fTI2 f (x) {~ + COS [wo (x - t)] + cos [2wo (x - t)]


T -T12 2

+ ... + cos [kwo (x - t)]} dx, (Ao8)

Seja wo(x - t) = ç. Consideremos, então, a soma


1
Dk (ç) = - + cos ç + COS 2ç + ooo + COS kç o
2

Aplicando a identidade trigonométrica 2 cos A sen B = sen (A + B) - sen (A - B)


temos: ç
2 sen .f Dk(Ç) = scn .f + 2 sen .f cos ç + 2 seu - cos 2ç
222 2

+ ooo + 2 sen .f cos kç


2

= sen.f - sen .f + sen ~ ç - sen ~ ç + sen ~ ç


2 2 2 2 2

- ... - sen [(k - ~) ç] + sen [(k + ~) ç]


= sen [(k + ~) ç l
Então.

(A.9)
A.! CONVERGIlNCIA DA S~RIE DE FOURIER 249

Portanto,

(A.10)

onde

PROBLEMA A.2 Mostre que (A.lO) pode ser escrita como

[(k !.) (,)OÀ]


Sk(t) = 1.
T
iT /2

-T/2
f(t+À)
sen

2 sen( ~
+
2
(,)oÀ)
d X, (A. 11)

Solução: Fazendo a mudança de variáveis x - t = À em (A.lO), o resultado é

(A. 12)

(A. 13)

Então,

é periódica na variável À, com período T. Visto que a função f(l À) é também +


periódica na variável À e com período T, o integrando de (A.l2) é periódico na va-
riável À e com período T. Então, em virtude de (1.6) podemos escrever (A.l2)
como

que é a solução desejada.

PROBLEMA A.3 Seja fel) uma função periódica de período T e também absolu-
tamente integrável em um período. Mostre que em cada ponto de continuidade
onde existe a derivada, a série de Fourier de fel) converge para o valor fel), isto é,

lim S k(t) = f (t). (A. 14)


k-->OO
250 CONVERG~NCIA DA SÉRIE DE FOURIER E FENOMENO DE GIBB AP. A

Solução: Seja t um ponto de continuidade de f(t). Conforme (A.II),

sen [( k + ~) woA]
2 jT/2
lim Sk(t) = lim - f(t + A) d ); (A.15)
k-->OO k-->OO T
-T/2
2 sen (~ woA)

De (A.13), temos:

L,
T /2 sen [ ( k + ~) woA]

2 oon(1 w.A)
dA -L::: [1 +~ cos nw.A] d );

= "21 fT/2 d ). + L k jT/2


cos (nwoA) d );
-T/2 n=! -T/2

T
(A.16)
2
em virtude de (1.l9a). Então,

~
f' sen [(k + 1) w.A] d ); = 1 (A.17)
-T /2 2 sen (~ woA)

para qualquer k.
De (A.I7), decorre:

f (t) = T2 jT/2 f (t) d X, (A.18)


-T/2

De (A.I8) e (A.I5) vem:

lim Sk(t) - f(t) = lim -


2 jT/2
[f(t + A) - f(t)] s». (A. 19)
k-->OO k-->OO T
-T/2

~onsideremos agora a função


g (A) = f (t + A) - f (t) f (t + A) - f (t)
(A.20)
A
2 sen (~ woA) 2 sen (~ woA )'

Como f(t) tem uma derivada no ponto t,


f (t + A) - f (t)
A
mantém-se limitada quando À ~ O.
Por outro lado, a função

2 sen( ~ woA)

é contínua para À =f. ° e aproxima-se de l/wo quando À ~ 0, visto que

iirn
sen
--
e = 1.
e-->o e
A.l CONVERG~NCIA DA SÉRIE DE FOURIER 251

Dêstes resultados, e visto que f(t) é absolutamente integrável, a função g(t) definida
em (A.20) é absolutamente integrável. Então, do resultado (1.79) do Probl. 1.19,
decorre:

T2
lim Sk(t)-f(t)=lim
k ...•OO k ...•OO
..?.J
T
/ g(À)scn ~(k+-2I)úJoÀ]dÀ=O, (A.2I)
-T/2

Por conseguinte, lim Sk(t) = f(t).


k-~oo

PROBLEMA A.4 Seja f(t) seccionalmente contínua e periódica com período T e


também absolutamente integrável em um período. Mostre que, em cada ponto de
descontinuidade onde f(t) tem derivadas à direita e à esquerda, a série de Fourier
de f(t) converge para o valor

.!. [E(t+) + f(t-)],


2
onde f(t +) é o valor de f(t) à direita da descontinuidade, e f(t -) é o valor de
f(t) à esquerda da descontinuidade, isto é,

lim Sk(t) = 1:. [E(t+) + f(t-)]. (A.22)


k ...•
OO 2

Solução: De (A.l5), vem:

SPIl [( k + ~) úJoÀ]
2 fT/2
+ À) dÀ
G
lim Sk(t) = lim - f(t
k ...•OO k ...•OO T
-T/2 2 seu úJoÀ)

= lim
k -e OO T
-2 1 -T/2
0
f(t + À)
sen [(k + ~) úJoÀ]

2 sen (~ úJoÀ)

+ lim
k ...•OO
- 21
T
T2

o
/ f(t+À)
sen [( k + ~ ) úJoÀ]
d s: (A.23)
2 sen (~ úJoÀ)

Como o integrando em (A.17) é par, conforme (2.13), temos:

sen [(k + ~) úJoÀ]


d ); T2 JO dX=.!.. (A.24)
G
=
-T/2
2
2 sen úJoÀ)

Então, de (A.24) resulta:

1 2jT/2 sen [(k + ~) úJoÀ]


-f(t+)=- l(t+) d s: (A.25)
2 T o
2 sen (1 úJoÀ)
252 CONVERG~NCIA DA S~RIE DE FOURIER E FENOMENO DE GIBB AP. A

Dêste modo,

lim ~ [T/2 f(t + À)


sen
~( 1) WoÀ1
k + -
2 d ): _ ..!. f(t+)
k-+oo T. o 2 sen (i wOÀ) 2

2 [T/2 sen [( k + ~ ) wOÀ]


=lim - [t(t+À) -f(t+)] ds. (A.26)
k-+oo T o
2 sen (~ wOÀ)
Consideremos agora a função
,(À) = f(t + À) ~ f(t+) f(t + À) - I(t+)
(A.27)
À
2 sen (~woÀ)

Visto que f(t) tem uma derivada à direita de T,

f(t + À) - f(t+)
À> 0,
A

mantém-se limitada quando X ~ 0, e a função


À

2 sen

é também limitada. Como no caso em que f(t) é contínua, concluímos que a fun-
ção g(X) é/absolutamente integrável em [O, T/2]. Então, de (1.79) -vern:

lim
je-eoc

= !~moo i1 T /2 g (A) sen l( k + ~) woA] d );

= O. (A.28)

Portanto,

lT/2
sen
~( 1) woÀ ]
k + -
1
lim
k-+oo
~
T
o
f(t + À)
2 sen
(12 WoÀ)2 d ); = - f(t+).
2
(A. 29)

Anàlogamente,

woA]
lim
k-+oo
-2
T I-T/2O
f(t + À)
sen [( k + ~)

2 sen (~ woA)
1
dA=-f(t-).
2
(A.30)

Então, de acôrdo com (A.29), (A.30) e (A.23) temos:

Um Sk(t) = .!. [f(t+)1 f(t-)I.


k-HXJ 2
A.2 FENOMENO DE GIBB 253

A.2 Fenômeno de Gibb


~
Quando uma determinada função é aproximada pela soma parcial de uma série
de Fourier, existe um êrro considerável na vizinhança de um ponto de descontinui-
dade, não importando quantos têrmos estamos utilizando. Êste efeito é conhecido
como /0 fenômeno de Gibb.
Ilustraremos tal fenômeno, considerando a onda quadrada já estudada ante-
riormente (Probl. 1.10).
','L _
I
I
I
I
I
I

.- -171
I

10
I
171
I
b7T • t

-ri _.-
I I I I
PROBLEMA A.5 Consideremos a onda quadrada de amplitude unitária e perío- I I I
do 2n (Fig. A.l), isto é, I I ! I

-l -l7<t<O
f (t) =
{ 1 O<t<l7
Fig. A.! Onda quadrada do Probl. A.5
Discuta a soma de um número finito de têrmos da série de Fourier.

Solução: Pelo resultado do Probl. 1.10, obtemos a série de Fourier (com Wo =


== 2n/T = 1) como:
f (t) = -4 ( sen t + -1 sen 3 t + -1 sen 5 t + ...• ) (A.31)
17 3 5
Esta série apresenta a não uniformidade na convergência de uma série de Fourier
nas vizinhanças de uma descontinuidade. As aproximações sucessivas vêm indica-
das na Fig. A.2.

f (t)

Si (t) = i sen t
17

(a) (b)
f(~

S3 (t) = -4 ( sen t
17.
+ -1 sen -t
335
+ -1 sen
t)
(e)

Fig. A.2 As três primeiras somas finitas da série de Fourier da onda quadrada da Fig. A. 1

Consideremos a seguir, a soma de um número finito de têrmos da série Sk(t).


De acôrdo com (A.IO), ela é dada por (T = 2n, Wo = 2n/T = 1)
254 CONVERG~NCIA DA SÉRIE DE FOURIER E FENOMENO DE GIBB AP. A

2 sen [(k + ~) t)]


i
T/2 wo(x -
Sk(t) = - f(x) [ ] dx
T -T/2 2 sen ~ wo(x - t)

Fazendo as substituições x - t = Y e t -- x' = y', vem:

Sk(t) = -
217
1 1 17
_
1
dy", (A.33)
-I

E isto porque

dy' = =dx",

Desde que
sen [~ (-y')] =- sen a y'J .
1 -I
17-1 + 11
17+1
= 11 +
-I
J17-1
I
+ 117+1
17 1
-+ 1'1

17-1
= 11

-I
+1
17 1
-

17+1
,

podemos escrever (A.33) também como

Sk(t) = - 11
217
-I
1
dy+ - 1
217
i17-
17+1
1
dy. (A.34)

Nas vizinhanças da descontinuidade, isto é, t = 0, calculamos a primeira integral


na região onde y = O. Aplicando a regra de L' Hospital, obtemos o valor do in-
tegrando em y = como °
= 2k + 1.

y=o

Calculamos a segunda integral na região em que y = n, O integrando da segunda


integral em y = n é (- l)k. Podemos desprezar a contribuição da segunda integral
A.2 FENOMENO DE GIBB 255

em comparação com a da primeira. Então,

Sk(t) = _1 11 dy > !
_sen~[(k----:---+---:-~)--=-Y] l' (A.3S)
2 17 -I sen (~ y) 17 o

desde que o integrando é par em y.


Como estamos interessados na vizinhança da descontinuidade, isto é, t = 0, e

lim sen e = 1,
e·->o e
podemos substituir sen 1/2 y, par 1/2 y e obter:

(A.36)

Fazendo a substituição (k + 1/2)y =" vem:

2
Sk(t) = -
I(k+1/2)1 sen
--
ç: 2
d ç: = - Si (A.37)
17
0
ç: 17

onde Si(y) é a função seno-integral


e Si( 00) = 1t/2 (ver Probl. 6.34),
discutida no Probl. 6.34. Desde que Si(O) = °
Sk(O) = 0,
lim Sk(t) = 1.
k ...•oo

Pelo gráfico de Si(y) (Fig. 6.18) e da Fig. A.2 observamos que em t=O o valor
de Sk(t) é zero. Depois ela cresce ràpidamente quando t cresce, excede o valor 1
e oscila em tôrno da reta f(t) = 1 com amplitude decrescente. Quando o número
de têrmos cresce, a curva resultante oscila com freqüência crescente e amplitude de-
crescente. Em ambos os lados da descontinuidade, cada curva cresce. Embora a
amplitude do pico diminua quando k cresce, existe um limite mínimo de 9 % de
crescimento mesmo quando k -7 00
APÊNDICE

B RELAÇÃO ENTRE AS TRANS-


FORMADAS DE LAPLACE E
FOURIER

B.1 Definições e Propriedades Básicas da Transformada de


Laplace

Dada uma' função f(t), a transformada de Laplace é definida como

.c[f(t)] = F(s) = f: f(t) e-si dt, (B.1)

onde s é uma variável complexa, s = (J jOJ. + A notação do operador .c [f(t)] sig-


nifica "a transformada de Laplace de f(1)".
Para que F(s) de (B.1) exista, é suficiente que

para um (JI real positivo.


f: I f(t) I e=' dt < 00 (B.2)

A condição de (B.2) é satisfeita pela maioria das f(t) encontrada na Engenharia.


A transformada de Laplace inversa é dada pela integral de inversão complexa

1 fUI +joo
f(t) = .c-I [F(s)] = -. F(s) est ds, (B.3)
, 2TrJ u, - j 00

onde (JI > (Je, (Je são as abscissas de convergência.


Devemos assinalar que, em várias circunstâncias, a transformada de Laplace
inversa pode ser obtida sem integração formal. Isto se baseia na propriedade da
unicidade da transformada de Laplace, isto é, correspondendo a uma função f(t),
F(s) é única e vice-versa. Isto é verdade somente para t > O. Outra discussão
sôbre as propriedades da existência, convergência e unicidade da transformada de
Laplace, como também do desenvolvimento formal de (B.3) estão além do escopo
do nosso estudo.

PROBLEMA B.I Ache a transformada de Laplace da função degrai, unitário

f (t) = u (t) = {
1, t > ° (B.4)
0, t < O·
Solução: Utilizando (B.l),

1
00
1
F (s) = f [u (t)] = e-sI
00
dt = _ -1 e-si 1 (8.5)
o s o s

PROBLEMA B.2 Ache a transformada de Laplace de

f(t) = {e<XI, t > ° (B.6)


0, t < 0,
onde IX é uma constante.
B.l DEFINIÇOES E PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE 257

Solução: Mediante (B.I),

F(s) = ~[ét] = i""


o
eCXte-si dt = (""
Jo
e-(s-CX)I dt = _1_,
s - a.
Re[s] > 0.. (B.7)

PROBLEMA B.3Se fI(t) e f2(t) forem duas funções do tempo ai e ae constantes,


mostre que
~ [aJ,(t)+ a2 f2(t)] = al~ [fJt)] -i- a2 ~ [f2(t)] = aJl(s) + a2 F/s). (B.8)

Solução: Aplicando (B.I), vem:

~ [aI fl(t) + a2 f2(t)] = 1"" [aI fl(t) + a2 f2(t)] e-si dt

=.«, L"" fl(t) e-si dt + a21"" f2(t) e-si dt

= al~[fl(t)] + a2~[f2(t)]
= aI Fl(S) + a2 F2(s).

PROBLEMA B.4 Ache a transformada de Laplace de

cos cot, t> O


f (t) = (B.9)
{ O, t < O.

Solução: Em virtude da identidade e±jWI = cos cat ± j senwt,

1 . I . I
cos cot = ,- (eJw + e-JW ).
2

Usando o resultado (B.7) do Probl. B.2, vem:

~ [ejWI] = _1_, ~ [e-jWI] = _1_._, Re [s] > O. (B.10)


s-jw S+JW

E agora, utilizando (B.8),

~[cos wt] =1.


2
[_1_ _1_]
s-jw
+
e s- i co
=
S2+W2
s ,Re[s] > O. (B.11)

Consideremos agora a relação entre a transformada de Laplace de uma função


e a transformada de Laplace de suas derivadas e integrais.

PROBLEMA B.5 Se.c [f(t)] = F(s), ache a transformada de Laplace de


df (t)
dt

Solução: Por definição,

s: [df(t)]
dt
=1""o df e-Sldt,
dt

e integrando por partes, resulta:


258 RELAÇÃO ENTRE AS TRANSFORMADAS 'DE LAPLACE E FOURIER AP, B

Desde que Re [s] > 0, lim [f (t) e-sI] = 0,


1->00

s: [=:]=SF(S)-f(O). (8.12)

Observamos que a definição (B.12) é indeterminada quando f(t) não é contínua


em t = O, quando f(O) não é definida, ou quando f(O -) difere de f(O +).' Se es-
colhermos O - como o limite inferior da integral de definição da transformada de
Laplace, isto é,

F(s) = J:, [f(t)] = I:- f(t) e-si dt, (B.13)

então,
J:, [ ~] = sF(s) - f(O -). (B.14)

.Na prática esta é uma forma bastante conveniente em muitos problemas onde são
conhecidas as condições iniciais em t = O -, ao passo que devemos deduzir as con-
dições em t = 0+.
Se, porém, escolhermos O + como o limite inferior da integral de definição
para a transformada de Laplace, isto é,

F(s) = J:, [f(t)] = I co f(t)


0+ '
e-si dt, (B.l5)

então
J:, [ ~ ] = sF(s) - f(O +). (B.l6)

PROBLEMA B.6 Ache a transformada de Laplace da função impulso unitário


b(t).
Solução: No Probl. 2.27, mostramos que

o (t) = du (t) . (8.17)


dt

Utilizando esta relação, juntamente com (B.l2) e (B.5), vem:

s: [o (t)] s: = td:;t)]
= s ~ [u (t)] - u (O)
1
=s - - u (O)
s
= 1 - u (O). (8.18)

Note que na definição de u(t) em (B.4), u(O) não está definida. Se usarmos (B.16),
então,
~ [o (t)] = 1 - u (O+) = 1 - 1 = O, (B.19)
enquanto que, se usarmos (B.14), obtemos:
~ [o (t)] = 1 - u (0-) = 1 - O = 1. (B.20)
Como no caso da transformada de Fourier, vemos a conveniência de ter
~ [o (t)] = 1. (8.21)

Dêste modo, observamos novamente uma vantagem em escolhermos O- como li-


mite inferior da integr~l de definição para a transformada de Laplace.
8.2 RELAÇAO ENTRE AS TRANSFORMADAS DE LAPLACE E FOURIER 2S9

PROBLEMA :a.7 Se .c[f(t)J = F(s), ache a transformada de Laplace de

J~ I(T) dT.

Solução: Seja

g(t) = Jt I(T) â t: (B.22)


-""
Então

d~;t) = I (t),

de modo que, utilizando (B.14), vem:

sG(s) - 15(0-) = F(s), (8.23)

onde G(.~)= .c[g(t)]. De (B.23), vem:

1 1
G(s) = - F(s) + - g(O-). (B.24)
s s

Visto que g (0-) = 1:- I(T) d t,

(
2. [L"" f(T) dT
) 1
= -; F (s)
1
+ -;
JO-
-00 I (T) d T. (B.25)

Na análise de sistemas lineares, geralmerite lidamos com funções excitadoras


causais, isto é, funções que são supostas zero antes de t = O. Se f(t) fôr causal,
isto é, se f(t) = O para t < O, podemos escrever .

L-
-.e [ft .:
cc f(t)
~ __ dt
] = ~I F(s). (B.26)

8.2 Relação entre a Transformada de laplace e a de


Fourier

Comparando as formas de definição das transformadas de Laplace e de Fou-


rier observamos uma semelhança considerável:

.c[f(t)] = f: f(t) e-sI dt, s = + jOJ,


(J . (B.27)

5[f(t)] = f~ cc f(t) e-jwt dto (B.28)

Para certas f(t), as fórmulas podem ser as mesmas. Isto é ilustrado nos exemplos
seguintes:

PROBLEMA B.8 Se f(t) fôr causal, isto é,


l(t)=O para t<O, (8.29)

i"" I I(t) I dt < =. (8.30)


260 RELAÇAO ENTRE AS TRANSFORMADAS DE LAPLACE E FOURIER AP. B

mostre que,

(8.31)

Solução: De (B.28), temos:

~ [t (t)] = L: I (t) e-jwt dt

= JO
_00
I (t) e-jWt dt + 1 o
00

I (t) e-jwt dt

= i oo

I (t) e-jwt dt (8.32)

visto que I(t) = O para t < O.


Com a condição (B.30), 5'[I(t)] existe. Comparando (B.32) com (B.27),

~[t(t)] =f [/(t)]s;jw'

PROBLEMA

onde a > O.
B.9

I (t) = r
Aplique (B.31) para achar a transformada de Fourier de

0,
' t>
t < 0,
°
Solução: Como I(t) = O para t < O e para r:J. > 0,

t" I I(t) I dt
Jo
= 1o
00

e-eM dt = _1..
a
e-eu 1
00

o
= 1.. <
a
00,

e, por conseguinte, podemos aplicar (B.31). Do resultado (B.7) do Probl. B.2.

1
f[t(t)] = --o
s+a
Então, mediante (B.31),

~[/(t)] = _1_1
s + a S=]úJ
. jw +
1
a
(8.33)

que é exatamente o resultado obtido em (4.47).

PROBLEMA B.IO Mostre que a transformada de Fourier da função degrau uni-


tário u(t) não ser achada a partir de (B.31).
Solução: Já que

i OO

lu (t) I dt = 1 00

1 dt = 00,

a condição (B.30) não é satisfeita. Por conseguinte, não podemos aplicar (B.31).
De fato, dos resultados dos Probls. B.I e 5.9, temos:

1
f [u (t)] = - e ~[u(t)] = 7TÔ(W) + ~.
s jw

PROBLEMA B.ll Se

L: I I (t) I dt < 00,


8.2 RELAÇAO ENTRE AS TRANSFORMADAS DE LAPLACE E FOURIER 261

mostre então, que

~(f(t)] = f(f(t)]s=}W + f(f(t)]s=_iw if f(t) é par, (B.34)

~(f(t)] = f(f(t)]s=,w - f[f(t)]S=_iw if f(t) é ímpar. (B.35)

Solução: Em vista de (B.28),

~ (f (t)] = i: f (t) e-iW1 dt

= loo f (t) e-iW1 dt + {~ f (t) e-/W1 dt. (B.36)

Se foo
_00
I f (t) I dt < 00, então existe 1 o
00

f (t) e±}WI dt que é igual a s: [f (t)] s='tiW'

Se f(t) fôr par, isto é, se f(- t) = f(t), então, trocando as variáveis de inte-
gração, vem:

JO f (t) e-iw1 dt = LX) f (- T) eiW'C dT


_00 o

(B.37)

Se f(t) fôr ímpar, isto é, se f(- t) = -f(t), então,

J _00
o f (t) e-iw1 dt = 1 o
00

f (- T) eiW1 d t:

=- 1 00

f (T) e-(-i(u)'C dT

= -f [f(t)]S,._iw' (B.38)
Substituindo (B.37) e (B.38) em (B.36), vem:

~(f(t)] = f[f(t)]s=iw + f(f(t)]s=_iw if f(-t) = f(t),

~[f(t)] = f[f(t)]s=iw-f[f(t)]s=_}W if f(-t) = -f(t).

, .
PROBLEMA B.12 Mostre que uma f(l) definida para valôres negativos de t nãoi
.
pode ser representada de modo único por uma transformada de Laplace inversa .

Solução: Visto' que a transformada de Laplace é definida somente para t >' O (esta
é comumente chamada de transformá~a de Laplace unilateral), existirão várias fun~1
ções tendo a mesma forma de onda para t > O, diferindo na região t< 0, mas
correspondem à mesma transformada de Laplace. Por isso, não pode existir uma '
transformada de Laplace inversa que representej'u) de modo único nestas circuns-
tâncias (t < O}. _ . . .

"
. .. ,

PROBLEMA B.13 Discuta a diferença entre a transformada de Fourier e acha-


mada transformada de Laplace bilateral definida por
262 RELAÇAO ENTRE AS TRANSFORMADAS DE LAPLACE E FOURIER AP. B

SOlução: A transformada de Ulplace bilateral (B.39) pode ser escrita como

"cn [[(t)3 = f~'"I(t) e=' dt + f: [(t) c" dto (B.40)

Para obtermos a transformada de Laplace bilateral, devemos achar um fator de con-


vergência Re[s] = (J = (Jl para a primeira integral e um Re[s] = (J = (J2 para a
segunda. A transformada de Laplace bilateral existe, para (JI < Re[s] < (J2, dita
região de convergência.
Por outro lado, se a transformada de Fourier existir, então será válida para
tõda variável real os.
Destas observações concluímos então que as transformadas de Fourier e de
Lal'lace são distintas e que uma não é a eneraliza~o da outra.
AP~NDICE

TRES FORMAS DA SERIE


DE FOURIER
,

c
FORMA 1: Trigonométrica

L
00

f(t)= ao + (an cosnCtJot+ bn sennCtJot).


2 n:1

FORMA 2: Trigonométrica
00

f(t)= c, + L Cn cos(nCtJot-On).
n:1

FORMA 3: Exponencial complexa

L
00

f(t)= CneinWot.

n:-oo

Para tôdas as formas acima,

f(t + T) = f(t), CtJo = -211 .


T
FórmUlas de conversão:

Para n =F 0,

Cn = 1 (an - jbn),

. an = 2 Re [cn] , bn = -21m [cn] ,

C" = 21cnl = Va~ + bL On= tg 01 (!:) = -<p.,..

Para n = 0,
AP~NDICE

D R,ESUMO DAS CON'DIÇÕES


DE SIMETRIA

Resumo das condições de simetria para formas de onda periódicas e coeficientes


de Fourier

Tipo de Forma da Série de FÓrmulas para os


simetria Condições Fourier Coeficientes de Fourier
...
Par l(t) = I( -t) I(t) = ~. + L
n=1
8n cos nlú.t 8n = tJ T/2
l(t) cos(nlúot)dt
o

... T/2
ímpar I(t) = -l(-r) I(t) = L bn sen nlú. t bn=~J I(t)sen(nlú.t)dt
n=1

...
I(t) = L (82n_1 eos (2n - l)lú.t

Meia-onda l(t) = -I (t + f) n=1

+ b2n_1 sen(2n -l)lúotl


82n

b2n-1
- I}
= A-fT/2
T.
l(t) ros «2n-l)lú.tldt
sen

...
Quadro de
onda par
I(t) '" l(-t)

l(r) = -/(t +
e

f)
I(t) =
L:
n=l
8:i;,_1 cos (2n -l)lúot 82n_1 =~ J
o
T/4
I(t) cos (2n -l)lúotl dt

l(t)=-l(-t) e ... T/4


Quadro de
I(t) = L b2n_1 sen (2n -l)lú.t b2n-I=~I l(t)sen((2n-l)lúotldt
onda ímpar I(t) = -I (t + -f) n=1

APÊNDICE

PROPRIEDADES DA TRANS-
FORMADA DE FOURIER E
As funções são periódicas com período T, a > 0, e b, to, e (00 =:= 2n/T são cons-
tantes reais com n = 1, 2, ..
f(t) F (w)

f(at)

f(-t) F (-w)

R(w)

10 (t) = .1 [f(t) - [(-1)] jX(w)


2

f(t)= fe(t)+fo(t) F(w) = R(w) + jX(w)

F (t) 2TT f(-w)

f'(t) jwF(w)

J-O<'
t

f(x)dx ~
Jw
F (w) + 17 o
F (O) (w)

-jtf(t) F' (w)

(_jt)n f(t)

1 (r ) * f2(t) =JOO fi (x) f2 (t - x) dx


-00
266 AP~NDICE E
Propriedades da Transformada de Fourier
f (t) F(w)

t, (t) f2 (t) -L
2TT
F, (w) * F2 (w)= -Ll2TT -00
OO

F, (y)F2 (w - y) dy

1
[co + a

2a

1 para Itl < a/2 sen\~a)


p (t)= a-~-
{ O para Itl > a/2
a
(~a)
sen at
TTt

te-at u(t)
1
(jw + a)2

n-l
t e-atu(t) 1
(n - 1)~ (jw + a)"

e-at sen bt u (t) b

e-ai cos btu (.t) jw +a

....!!..- [e-alúJ-b! + e-alúJ+bl]


2a

---E-- [e-a!úJ-b!_ e-a!úJ+b I]


2aj

oU) 1

O (t - to)
ô '(t) Jw
o(n) (r ) (jw)n

u (t) TTO(W) + 1-
jw

TTO(W) + -L e-:-júJlo
jw

1 2TTO(W)

2TTj O '(w)
2TTr o(n) (w)
AP!tNDICE E 267

l(t) F(w)

2 TTO(w - wo)

TT(O(W -wo) + o(w + wo)]

-jTT(O(W - wo) - o(w + wo)]

t u (t)

1 TTj-2TTj u(w)
t
( . )"-1
1 -JW (TTj-2TTjU(W)]
t" (n -1) 1

2
sgn t
jw

ec
L
00

°T(t)=
L
n=-oo
o(t -TlT) woo(,Jo {w) = Wo
n=-oo
o(w - nwo)

Other properties:

f
-00
00 J
t(x) G (x) dx = 00

-<>O
F (x) e (x) dx.

Você também pode gostar