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Psicopedagogia e Tecnica Vocal PDF
Psicopedagogia e Tecnica Vocal PDF
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA
SANTOS
2015
MOACIR TADEU DE OLIVEIRA JÚNIOR
SANTOS
2015
MOACIR TADEU DE OLIVEIRA JÚNIOR
Banca Examinadora
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SANTOS
2015
PSICOPEDAGOGIA E TÉCNICA VOCAL
Resumo
Introdução
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Licenciado em Música - Graduado em Licenciatura em Música - Universidade Católica de Santos.
Formado em técnica vocal na EMT - Escola de Música e Tecnologia. E-mail:
contato@tatooliveira.com.br.
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sujeitos a fatores ambientais e psicológicos e podem cantar bem, desde que seja
feito um trabalho de desenvolvimento técnico vocal específico voltado para as
dificuldades do indivíduo. Porém, independente do nível técnico que o sujeito
apresente, sua voz irá refletir e/ou sofrer com aspectos emocionais, que,
geralmente, não são levados em consideração no momento do ensino da técnica
vocal.
Pela experiência de alguns professores de canto, nota-se que alguns alunos
apresentam um tímido desenvolvimento se comparado a outros, sendo que
tecnicamente apresentam os recursos necessários, porém, na execução, não
conseguem se expressar. Este artigo busca pesquisar sobre o processo de ensino-
aprendizagem das técnicas de canto, no qual, a partir das teorias do
desenvolvimento cognitivo, das descobertas científicas da Neurociência sobre
emoções, ansiedade e estresse e, sobre a pesquisa psicopedagógica musical, pode
ser realizado um trabalho em conjunto entre um psicopedagogo e o professor de
técnica vocal voltado para aquele aluno visto como difícil ou sem talento para a
música, que, por um motivo ou razão não técnica, apresente falta de habilidade na
área do canto.
Dessa maneira, é de grande importância o conhecimento estrutural de
formação da voz para que haja um trabalho específico para suprir as deficiências
apresentadas devido aos aspectos psiconeurológicos envolvidos. Portanto, além da
pesquisa acerca das emoções, ansiedade e estresse, este trabalho apresenta em
que medida esses fatores podem interferir no aprendizado do canto e como a
Psicopedagogia pode intervir diante deste quadro.
Em seguida, serão relatados alguns casos de alunos vistos como “difíceis” que
preparadores vocais encontram com freqüência e uma breve associação com os
fatores psicológicos apresentados.
1 Conceitos iniciais
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Arnold Franz Walter Schoenberg (1874 – 1951) compositor austríaco, criador do dodecafonismo
(que é uma forma de composição musical), pintor e autor de tratados relacionados à teoria musical.
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pode vir a apresentar algum problema na sua formação estrutural. Caso isso ocorra,
Bicudo (2005) propõe em sua pesquisa que:
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De acordo com a NBR-17 (denominação de norma da ABNT), que é uma norma regulamentadora
voltada para o trabalho, os parâmetros estabelecidos de temperatura são entre 20ºC – 23ºC e
umidade relativa do ar não inferior a 40% visam uma adaptação das condições do trabalho às
características psicofisiológicas do trabalhador.
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Para Gainza (1988): "Toda conduta envolve uma MUDANÇA" (p. 21).
Partindo desta afirmativa podemos dizer que toda dificuldade é acompanhada de
algum problema passível de solução, seja ela um fator físico, ambiental, psicológico
ou técnico. Howard (1984) também corrobora para essa questão quando afirma que
“[...] o homem não pode exteriorizar mais do que leva dentro de si” (p. 36).
Partindo destas duas afirmativas, podemos refletir sobre o significado das
palavras “dom” e “capacidade”. De acordo com o dicionário Michaelis on line5 (2015,
s. p.) “dom” significa “habilidade especial para”, e “capacidade”, a “possibilidade de
fazer ou produzir qualquer coisa”. Nota-se que em nenhuma das palavras diz ser
algo exclusivo, e sim, que dom pode ser entendido como uma facilidade em
aprender; enquanto capacidade, todos têm, desde que não haja uma impossibilidade
física na questão do cantar.
Tendo como referência o real significado das palavras acima definidas, se
buscam respostas que ultrapassam os limites da técnica, quando todo o repertório a
ser ensinado não é o suficiente para que o aluno alcance um resultado satisfatório
dentro do cantar, na qual através da visão do ser humano como um todo pode ser a
chave para um resultado musical esperado.
Segundo Bicudo (2005): "A voz, as emoções, a respiração e o corpo estão
intimamente ligados, portanto, mexer com a voz é mexer com o corpo todo [...]" (p.
51).
Há um contínuo movimento que envolve ajuste e equilíbrio do ser humano,
capaz de influenciar o resultado do processo de desenvolvimento musical deste.
Este movimento de ajuste e equilíbrio pode também ser compreendido através de
uma óptica piagetiana que fala sobre o conhecimento lógico-matemático
(conservação do número), onde o conhecimento é o desenvolvimento da ação do
indivíduo sobre o objeto6. Assim, o canto é resultado da relação entre o sujeito e o
objeto (música).
“Significado e compreensão são construídos através de ações sobre objetos
e de experiências com as coisas a serem conhecidas” (WADSWORTH, 1973, p. XV).
Da mesma maneira que o indivíduo age e reage sobre o objeto, este exerce
influência e pressão sobre o sujeito, nos levando a pensar sociologicamente que o
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Disponível em http://michaelis.uol.com.br. Acesso em 29 Mar. 2015.
6
Entende-se como objeto, todo material concreto que pode ser manipulado. Segundo Wadsmorth
(1973) a ação do sujeito sobre o objeto constrói o conhecimento lógico-matemático que é um dos três
tipos de conhecimento piagetiano.
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indivíduo além de ser resultado da sua interação com o meio, envia suas
percepções para este meio que o influencia a todo instante. Assim sendo, esta
interação é dinâmica e ativa. Portanto, devemos atentar para o fato de que um
cantor profissional sofre diferentes influências em relação ao amador, pois, segundo
Gainza (1988):
1.3.1 Emoção
1.3.2 Estresse
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Eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.
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A relação entre estresse e desempenho, captada na lei de Yerkes-Dodson, mostra que o tédio e a
ociosidade disparam muito pouco dos hormônios de estresse secretados pelo eixo HPA – e o
desempenho fica para trás. Conforme ficamos mais motivados e empenhados, o “bom estresse” leva-
nos à zona ótima, na qual temos o melhor nível de desempenho. Se os desafios ficarem grandes
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1.3.3 Ansiedade
2 RELATO DE CASO
2.1 Caso 1
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2.2 Caso 2
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Júlia, 28 anos, toca flauta doce com facilidade e faz aula de canto há
aproximadamente dois anos. Quando iniciou as aulas de canto, apresentava voz
“infantilizada”, problema superado tecnicamente com exercícios que a ajudaram no
desenvolvimento da articulação, contribuindo para aumentar sua consciência da
formação das vogais. Júlia também apresenta dificuldade na questão rítmica, a qual
foi amenizada com exercícios de percepção rítmica. Ela tem uma boa evolução nas
aulas, com bom controle da respiração, afinação aceitável e consegue ter uma boa
desenvoltura durante os vocalizes, porém, quando precisa cantar em público ou nas
aulas realizadas em grupo, Júlia não consegue ter o mesmo desempenho. Ao ser
questionada sobre a dificuldade apresentada, demonstrou insegurança diante do
seu conhecimento técnico vocal e receio de colocar em prática o que sabe perante
outras pessoas, por medo de errar ou ilações sobre que iriam pensar dela.
Para Magalhães e Camargo (2012):
2.3 Caso 3
Mateus, 37 anos, sete meses de aula de técnica vocal. Desde o início sempre
apresentou muita facilidade na execução dos exercícios e boa afinação. Apesar de
não conseguir manter o mesmo nível de concentração em todas as aulas, sempre
manteve uma evolução técnica, acima da média. Porém, em algumas aulas, se
mostrou muito agitado e com baixa concentração, o que prejudicou a sua evolução
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Considerações finais
Há muito mais o que ser pesquisado e observado, porém, este artigo pode
proporcionar uma visão inicial deste assunto complexo que é o desenvolvimento
técnico vocal a partir da Neurociência, Psicologia e Psicopedagogia.
Todos os indivíduos que se apresentam como “sem dom” ou “sem talento”
podem vir a cantar, através de um trabalho em conjunto, do preparador vocal e da
observação do psicopedagogo. Com amplo conhecimento de técnicas para ensino
do canto, é possível diagnosticar como deficiência técnica ou não, sendo possível
realizar um planejamento, traçando metas e definindo os objetivos para o
desenvolvimento vocal do aluno.
Abstract
This research reflects about the way which emotional factors may operate in
the corner and learning as the psychopedagogy can intervene before this framework,
including the human being as a whole, where the evolution of this student is not
always linked to technical issues, but also the neurological and psychological issues.
In addressing a brief introduction to the emotional psychology and neuroscience, in
which the body responds to the individual states, elucidates this work needs attention
to the important link between these impulses and the voice. This is a literature review
which central axis research on about Violeta Gainza musical psychopedagogy, like
psychological factors - emotional, stress and anxiety - as the vocal coach of the
individual development indicators. The closing of this work is done with case reports
that corroborate the issues presented. From this research, it is clear the importance
to have a differentiated approach for each student, as a someone who reflects
emotional aspects through the voice, and that a joint effort between the vocal coach
and an psychopedagogist may potentiate or bring normalcy the vocal technical
development of this individual.
Referências
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GIMENES, Beatriz Piccolo. O jogo de regras nos jogos da vida: sua função
psicopedagógica na sociabilidade e na afetividade de pré-adolescentes. São
Paulo: Vetor, 2000. ISBN 8587516124.
MAGALHÃES, Naiara; CAMARGO, José Alberto de. Não é coisa da sua cabeça.
Belo Horizonte: Gutemberg, 2012, p. 9 - 101. ISBN 9788565383776.
Agradecimentos