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ENID BLYTON
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Índice
Capítulo 14 - PRISIONEIROS!
- Mãe, já sabe para onde vamos nas férias grandes? - Perguntou o Júlio,
à mesa do pequeno-almoço. - Podemos ir para Polseath, como é costume?
- Bem, desta vez o pai quer que eu vá com ele à Escócia, - disse a mãe.
- Só nós os dois! E como já estão bastante crescidos para cuidarem de vocês
próprios, pensámos que achariam divertido passarem umas férias só os três.
Agora, como não podem ir para Polseath, não sei para onde os hei-de mandar.
Alberto era seu irmão, o tio dos jovens. Eles só o tinham visto uma vez e
haviam ficado um pouco atemorizados. Era um homem alto e com ar severo,
um cientista muito inteligente, que passava grande parte do tempo a estudar.
Vivia perto do mar, mas os jovens pouco mais sabiam acerca dele!
- Não me lembro muito bem, - disse o pai. - Mas tenho a certeza de que
é um sítio interessante. Vão gostar! Chama-se baía de Kirrin. A vossa tia Clara
viveu lá toda a vida e não sairia dali por nada.
- Ah, dizes sempre isso, para onde quer que vás! - observou o pai, rindo.
- Está bem. Vou telefonar agora, para saber se há possibilidade de irem.
- Bem, não falta muito para que o faças - disse a mãe, soltando uma
gargalhada. - Não se esqueçam de escolher os jogos e os livros que querem
levar, está bem? Não muitos, por favor, porque não terão muito espaço.
- Com sorte, por volta das seis horas, - disse o pai. - Quem quer agora
esticar um pouco as pernas? Ainda temos uma longa viagem à nossa frente.
- O mar deve estar por perto - disse o David. - Já lhe sinto o cheiro!
- Não é maravilhoso?
- Ali está! Aquela deve ser a baía de Kirrin! Olha, David! Não é linda, tão
azul?
- Claro que irás, - disse a mãe. - Agora, temos de procurar a casa da tia
Clara. Chama-se Casal Kirrin.
- Eis o Casal Kirrin, - disse o pai, ao parar o carro. - Supõe-se que tem
cerca de trezentos anos! Então, onde está o Alberto? Olá, Clara!
2.
A PRIMA DESCONHECIDA
A tia dos jovens tinha estado à espera do carro. Saiu a correr pela velha
porta de madeira quando o automóvel parou em frente de casa. Os jovens
gostaram dela logo que a viram.
- Olá, Alberto! - disse o pai. - Há muito tempo que não te via. Espero que
as crianças não perturbem o teu trabalho.
- O Alberto está a trabalhar num livro muito difícil, - explicou a tia Clara. -
Mas arranjei um escritório só para ele no outro lado da casa. Por isso, acho
que não se sentirá incomodado.
- Voltou a sair, não sei para onde, - disse a tia Clara, aborrecida. - Disse-
lhe que tinha de ficar aqui para conhecer os primos.
Não havia quarto no Casal Kirrin para os pais passarem a noite. Por
isso, depois de um jantar rápido, saíram para pernoitar num hotel na cidade
mais próxima. Regressariam a Londres no dia seguinte, imediatamente após o
pequeno-almoço. Assim sendo, despediram-se dos filhos naquela noite. A
Maria José ainda não tinha aparecido.
- Gostava tanto que a Maria José chegasse, - disse a Ana para a tia. -
Queria conhecê-la.
- Oh! Está bem! - exclamou a Ana, pensando que a sua prima era muito
estranha. - Chamo-te como quiseres. Acho que Zé é um nome bonito. Nem
gosto muito de Maria José. E, realmente, pareces um rapaz.
- Não és lá muito bem-educada. Vais ver que os meus irmãos não te dão
importância nenhuma, se pensas que sabes mais do que os outros. Eles são
rapazes a sério, não a fingir, como tu.
A Zé abriu a porta com força e saiu com a cabeça bem erguida. Não deu
importância alguma aos dois rapazes, que ficaram completamente
surpreendidos. Desceu as escadas sem dizer palavra. Os outros três jovens
entreolharam-se.
O Júlio pôs o braço em volta dos ombros da Ana, que estava um pouco
triste.
Estavam todos com fome. O cheiro dos ovos com presunto era delicioso.
Desceram as escadas a correr e deram os bons-dias à tia. Esta acabara de pôr
o pequeno-almoço na mesa. O tio estava sentado à cabeceira, a ler o jornal.
Acenou com a cabeça para os jovens. Eles sentaram-se sem uma palavra,
interrogando-se se lhes seria permitido falar durante as refeições. Em casa,
falavam sempre, mas o tio Alberto parecia tão severo! A Zé estava também à
mesa, a pôr manteiga numa torrada. Olhava para os três jovens com ar mal-
humorado.
- É minha, - disse ela. - Pelo menos, um dia será minha! Será a minha
ilha e será o meu castelo!
3.
- Que queres dizer? - Perguntou o David, por fim. - A ilha de Kirrin não
pode ser tua. Estás a mentir.
O Júlio lembrou-se de que a tia Clara tinha dito que a Zé nunca mentia.
Coçou a cabeça e voltou a olhar para a Zé. Como era possível que estivesse a
falar verdade?
- Deve ser bonita - observou o David. - Por que dizes que é tua, Maria
José?
- Diz lá, Zé, porque é que a ilha te pertence? - perguntou o Júlio, pondo
o braço sobre os ombros da prima mal humorada.
- Não faças isso. Ainda não sei se quero ser vossa amiga.
- Que estranho ninguém querer comprar uma ilha tão bonita! - disse o
David. - Eu comprava-a logo, se tivesse dinheiro.
- Tudo o que resta das propriedades da família da minha mãe é o Casal
Kirrin, onde vivemos, e uma quinta que não fica muito longe e a ilha de Kirrin, -
explicou a Zé. - A mãe diz que a ilha será minha, quando eu for mais velha.
Também diz que nem agora a quer, por isso é como se já ma tivesse dado.
Pertence-me. É a minha ilha, e não deixo ninguém ir lá sem a minha
autorização.
- Oh, Maria José... quero dizer, Zé! - exclamou o David. - Acho que tens
sorte. É uma ilha tão bonita. Espero que fiquemos amigos e que nos leves lá
um dia. Nem imaginas como gostaríamos.
- Ninguém sabe, - disse a Zé. - Acho que foi roubado do navio. Claro
que andaram mergulhadores à procura, mas não encontraram ouro nenhum.
- Bem, não importa qual o castigo que recebi, - disse ela. - O pior foi
quando o meu pai decidiu que eu não podia ficar com o Tim. A minha mãe
concordou e disse que o Tim tinha de se ir embora. Chorei durante dias; e eu
nunca choro, porque os rapazes não choram e eu gosto de ser como os
rapazes.
- Não, não foi bem assim, - disse a Zé. - Ele é demasiado corajoso para
isso. Chorou com a sua voz: uivava, uivava e parecia tão infeliz que me partia o
coração. Foi então que percebi que não conseguia separar-me dele.
- Fui ter com o Alf, um pescador que eu conheço, - disse a Zé, - e pedi-
lhe para tomar conta do Tim, prometendo que lhe pagaria todo o dinheiro que
conseguisse juntar. Ele disse que sim. É por isso que nunca tenho dinheiro: é
todo para o Tim. Ele come muito. Não é verdade, Tim?
O Tim ladrou, parecendo dizer que sim, rebolou na areia e ficou de patas
no ar. O Júlio fez-lhe cócegas e festas.
Fitou o Júlio com os seus olhos muito azuis, e o rapaz franziu a testa,
enquanto imaginava uma maneira de convencer a rapariga teimosa a aceitar o
gelado. Depois, sorriu e disse:
- Claro que prometemos, - afirmou o Júlio. - Mas acho que os teus pais
não se importariam, desde que o Tim não vivesse lá em casa. Então, gostas do
gelado?
4.
- Ainda bem que gostas dos teus primos. Espero que eles também
gostem de ti! - disse a mãe, rindo.
- Zé! Por que deste um pontapé na Ana, quando ela estava a dizer que
gostava de ti, - disse-lhe a mãe. - Sai já da mesa. Não admito esses modos.
- Oh, por favor, chame a Zé, - pediu a Ana. - Ela não me deu um
pontapé de propósito. Foi sem querer.
A Zé sentou-se e disse:
- Tenho uma boa razão para não te levar a ver o navio afundado. Miúda
estúpida!
- Claro que ficava, - disse a Ana. - Mas não quero que eles percam esta
oportunidade por minha causa, mesmo que eu não possa ir.
A Ana foi a correr dizer aos irmãos que estava tudo resolvido; e,
passados quinze minutos, os quatro jovens dirigiam-se para a praia. Junto de
um barco, encontrava-se um jovem pescador de cara morena, com cerca de
catorze anos. O Tim estava com ele.
- Se era! - disse o David, olhando para a ilha. - Achas que a tua mãe nos
deixava?
- Não sei, - respondeu a Zé. - Talvez. Por que não lhe pedem?
- Podemos ir à ilha esta tarde? - perguntou o Júlio.
- Há ventos muito fortes que vêm do mar, - explicou a Zé. - Deste lado,
pouco resta do castelo, a não ser montes de pedras. Há um pequeno cais
numa enseadazinha, mas é preciso conhecer o caminho para lá chegar.
- Então, por que não mergulhas? - disse a Zé. - Tens o fato de banho
vestido. Eu já mergulhei muitas vezes. Posso ir contigo, se quiseres, mas o
David tem de manter o barco neste sítio. Há uma corrente que o empurra para
o mar alto. David, tens de ir remando um pouco para que o barco fique no
mesmo sítio.
5.
VISITA À ILHA
- Não vou dizer a mais ninguém além de vocês, - afirmou a Zé. - Estou
sempre a arranjar sarilhos em casa. Talvez a culpa seja minha, mas já estou
farta disso. É que o meu pai não ganha muito dinheiro com os livros de ciência
que escreve, mas quer dar à minha mãe e a mim coisas que não pode
comprar. Por isso, anda sempre mal-humorado. Quer mandar-me para uma
boa escola, mas não tem dinheiro. Ainda bem, porque eu não quero ir para
uma escola longe daqui. Não aguentava separar-me do Tim.
- Não, não seria, - disse a Ana. - É tudo muito divertido. Acho que seria
bom para ti, Zé.
- Está bem! - disse o Júlio. - Não preciso de selos, mas não dizia que
não a um gelado. O David e a Ana podem ir para casa com a tua mãe e levar
as coisas. Vou dizer à tia Clara.
- Penso que vai haver uma tempestade, disse a Zé, olhando para
sudoeste.
- Mas, Zé, por que dizes isso? - disse a Ana, impaciente. Olha para o
Sol, e quase não há nuvens no céu!
- Oh, Zé, será a maior decepção das nossas vidas se não formos hoje, -
disse a Ana, que não suportava decepções, nem grandes nem pequenas. - E,
além disso, acrescentou, astutamente, se ficarmos em casa, com medo da
tempestade, não poderemos estar com o Tim.
- Sim, é verdade, - disse a Zé. - Está bem, iremos. Mas, se houver uma
tempestade, lembra-te de que não podes comportar-te como uma criança.
Tens de fazer tudo para te divertires e não ficares assustada.
- Bom dia, "menino" Zé, - disse ele. Parecia tão estranho aos outros
jovens ouvi-lo chamar "menino" Zé à Maria José! - O Tim tem estado a ladrar
como um doido. Acho que ele sabia que o vinham buscar hoje.
- Por que trazes o barco tão para cima? - disse o Júlio, ao mesmo tempo
que a ajudava. - A maré está quase cheia, não está? De certeza que não
chega aqui ao cimo.
- É que mais ninguém vem aqui senão eu, - disse a Zé, - e não os
assusto. Tim! Tim, se fores atrás dos coelhos, zango-me contigo.
- Não, já tentei fazer isso, - disse ela. - Eles não vêm. Olhem para
aqueles tão pequeninos. Não são amorosos?
- Sim, vamos, - disse a Zé. - Olhem, a entrada era ali, por aquele grande
arco em ruínas.
- Parece ser o único quarto que está inteiro. Há mais aqui, mas uns não
têm telhado, outros estão sem paredes. Aquele quarto é o único onde se
poderia viver. O castelo tinha outro andar em cima, Zé?
Era verdade. Grandes silvas com amoras cresciam aqui e ali. Arbustos
de tojo penetravam nas fendas e nos recantos dos muros. As ervas selvagens
espalhavam-se por toda a parte como um manto.
6.
- Acho que temos de empurrar o barco ainda mais para cima, - disse a
Zé. - A tempestade vai ser muito forte. Às vezes, estas tempestades repentinas
de Verão são piores do que as do Inverno.
- Acho que vou dar os meus ao Tim, - disse a Zé. - Não trouxe nenhum
dos biscoitos dele, e parece que está cheio de fome.
"Não pode ser um navio", disse o Júlio para consigo, sentindo o coração
bater cada vez com mais força, enquanto se esforçava por ver melhor através
da chuva e dos salpicos das ondas. "No entanto, parece mesmo um navio.
Espero que não seja. Ninguém se salvaria num dia terrível como este!”
Continuou a olhar. A forma escura ficou novamente à vista e depois
desapareceu mais uma vez sob as águas. O Júlio decidiu ir contar aos outros.
Regressou a correr ao quarto iluminado pela fogueira.
- Não tenhas medo, Ana, - disse o Júlio. - Agora, olhem. Hão-de ver uma
coisa muito estranha.
- Está ali preso, - disse o Júlio. - Agora não se moverá. Quando a maré
baixar, o navio ficará seguro em cima das rochas.
7.
- Espero que o navio ainda seja meu, agora que já não está afundado! -
disse ela. - Não sei se os destroços dos navios pertencem à rainha ou a outra
pessoa qualquer, como acontece com os tesouros perdidos. A verdade é que o
navio pertencia à minha família. Ninguém lhe dava importância quando estava
debaixo do mar. Acham que as pessoas ainda deixarão que ele seja meu,
agora que veio à superfície?
- Bem, então o melhor é irmos nós explorá-lo antes que alguém o faça! -
sugeriu o David, ansiosamente. - Ainda ninguém sabe que o navio está ali. Só
nós. Não podemos explorá-lo logo que as ondas baixarem?
- Espero que sim - disse a Zé. - Já vos disse que andaram aqui
mergulhadores a explorar o navio; mas, claro, é difícil procurar debaixo de
água. Podemos encontrar qualquer coisa que eles não tenham visto. Oh, isto
parece um sonho! Nem consigo acreditar que o meu velho navio saiu assim de
repente do fundo do mar!
- Adoro esta ilha - disse a Ana. - É pequena, por isso sinto que estou
realmente numa ilha. Algumas são tão grandes que nem se percebe que são
ilhas. Por exemplo, a Grã-Bretanha é uma ilha, mas as pessoas que lá vivem
só sabem isso porque lhes dizem. Aqui, sinto que é mesmo uma ilha, porque
de qualquer sítio onde esteja consigo ver a outra extremidade. Gosto muito
desta ilha.
- Ainda bem que o navio ficou naquele sítio - disse o Júlio. - Ninguém o
vê daqui. Só será visto quando um barco sair para pescar. E chegaremos lá
antes de qualquer barco partir! Acho que devemos levantar-nos ao amanhecer.
Sabia que eles tinham pensado que ela ia dizer que a tempestade fizera
aparecer o velho navio, mas estavam enganados! Tinham-lhe dado pontapés
sem razão!
- O meu também foi sem querer, - disse o David. - Sim, tia Clara, foi um
espectáculo fantástico na ilha. As ondas invadiram aquela baiazinha, e tivemos
de empurrar o barco quase para cima dos penhascos.
- Vamos fingir que esta mesa é um navio naufragado e que nós o vamos
explorar.
A porta da sala abriu-se de repente. Uma cara zangada, de sobrolho
franzido, olhou lá para dentro. Era o pai da Zé!
- Que barulho é este? - disse ele. - Zé! Viraste esta mesa ao contrário?
Essa perspectiva era terrível. A Ana foi buscar uma das suas bonecas
para brincar. Apesar de tudo, conseguira trazer várias. O Júlio pôs-se a ler um
livro. A Zé pegou num barquinho lindo que estava a esculpir num pedaço de
madeira. O David recostou-se numa cadeira e ficou a pensar no navio
naufragado. A chuva não parava de cair, mas todos esperavam que na manhã
seguinte estivesse bom tempo.
- Que achas que a minha mãe vai pensar se nos formos deitar a seguir
ao lanche? - disse a Zé. - Vai pensar que estamos doentes. Não, deitamo-nos
logo depois do jantar. Dizemos que ficámos cansados por remar muito, o que é
verdade, teremos a noite toda para dormir bem e estaremos frescos para a
nossa aventura amanhã de manhã. E é realmente uma aventura. Não há muita
gente que tenha a oportunidade de explorar um navio tão antigo e que esteve
tanto tempo no fundo do mar!
8.
EXPLORANDO O NAVIO
O Tim ficou muito contente por ver a Zé chegar tão cedo. Dava saltos à
sua volta, fazendo-a quase tropeçar, enquanto corriam para se juntar aos
outros. Saltou para o barco logo que o viu e pôs-se à proa, com a língua
vermelha de fora e a cauda a abanar com toda a força.
- Até admira que ele ainda tenha cauda, - disse a Ana. - De tanto a
abanares, Tim, um dia ainda te salta a cauda.
Partiram para a ilha. Agora era fácil remar, porque o mar estava muito
calmo. Chegaram à ilha e remaram até ao outro lado.
- Bem, isto era o convés, - disse a Zé , - e ali era por onde os homens
subiam e desciam.
- Acho que era ali que as caixas com ouro eram guardadas, - disse o
Júlio.
9.
A CAIXA MISTERIOSA
- Já sei o que havemos de fazer, - disse a Ana, por fim. - Levamo-la para
o sótão e atiramo-la cá para baixo. Acho que assim se abrirá.
Como não parecia haver outra maneira de abrir a caixa, o Júlio levou-a
para o sótão e abriu uma janela. Os outros estavam em baixo, à espera. O
Júlio atirou a caixa pela janela com toda a força. Esta voou pelos ares e caiu
com grande estrondo nas lajes irregulares do pavimento.
- Que estão a fazer? - Gritou ele. - Estão a atirar coisas uns aos outros
pela janela? Que é isto no chão?
- É... é uma coisa que nos pertence, - disse o David, corando. - Muito
bem. Ficarei com ela, - disse o tio. - A incomodarem-me desta maneira! Dá-me
isso. Onde encontraram essa caixa?
Ninguém respondeu. O tio Alberto franziu tanto a testa que os óculos
quase lhe caíram.
- Bem, esta caixa pode conter alguma coisa importante, - disse o tio
Alberto, tirando-a das mãos do David. - Não têm o direito de andar a bisbilhotar
naquele velho navio.
- Oh, pai... por favor, deixe-nos ficar com a caixa - suplicou a Zé, quase
a chorar.
- O teu pai nunca sai? - Perguntou à Zé, quando chegou a vez de ela
ficar a vigiar. - Acho que ele não tem uma vida muito saudável.
"Parece que está mesmo a dormir", pensou o rapaz. "E vejo ali a caixa,
atrás dele, em cima da mesa. Vou arriscar. Aposto que receberei uma grande
descompostura se for apanhado, mas tenho de tentar!”
- O teu pai estava a dormir, - disse ele à Zé. - Tim, acaba com essas
lambidelas! E eu entrei, Zé... e um pedaço da caixa caiu no chão... e ele
acordou!
- Talvez seja o mapa de algum lugar onde ele tinha de ir, - disse o Júlio.
- O que vamos fazer à caixa? O pai da Zé vai dar pela falta dela, não é
verdade? Temos de voltar a pô-la no escritório.
- Não podemos tirar o mapa e ficar com ele? - disse o David. - Se ele
não viu o que a caixa tinha, não sabe que há um mapa. E de certeza que não
viu. As outras coisas não importam: só um velho diário e algumas cartas.
- Para não corrermos riscos, vamos fazer uma cópia do mapa, - disse o
Júlio. Depois, podemos devolver a caixa com o mapa verdadeiro.
- Vamos lá pôr a caixa! - disse ele. - Zé, talvez o teu pai ainda esteja a
dormir.
Mas não estava. Já tinha acordado. Por sorte, não dera pela falta da
caixa! À hora do lanche, quando o tio foi para a sala de jantar, o Júlio
aproveitou a ocasião. Arranjou uma desculpa, levantou-se da mesa e foi ao
escritório pôr a caixa no sítio de onde a tirara!
10.
A Zé estava furiosa.
- É o meu castelo! - gritou para a mãe. - É a minha ilha. A mãe disse que
era minha. Sabe bem que disse!
- Eu sei, Zé, - admitiu a mãe. - Mas tens de ser razoável. Não faz mal
nenhum que alguém desembarque na ilha ou fotografe o castelo.
- Se querem assim tanto, podem ir, - disse o tio Alberto. - Tão cedo não
terão outra oportunidade de lá voltar. Fiquem sabendo que recebemos uma
oferta maravilhosa pela ilha de Kirrin! Há um homem que quer comprá-la,
reconstruir o castelo para fazer um hotel e transformar aquele sítio numa
estância de férias! Que acham disto!
- Não sejas palerma, Maria José. Sabes muito bem que a ilha não é tua.
Pertence à tua mãe, e é natural que ela a queira vender agora que tem uma
oportunidade. Precisamos muito desse dinheiro. Poderás ter muitas coisas
bonitas quando vendermos a ilha.
- Não quero coisas bonitas! - gritou a Zé. - O meu castelo e a minha ilha
são as coisas mais bonitas que posso ter. Mãe! Mãe! Disse-me que eram
meus. Sabe muito bem que disse! E eu acreditei.
- Minha querida, queria dizer que podias ficar com a ilha e o castelo para
brincares lá, quando eu julgava que não valiam nada, - disse a mãe, com ar
desgostoso. - Mas as coisas agora são diferentes. Ofereceram ao teu pai
bastante dinheiro pela ilha, muito mais do que podíamos imaginar. E não
estamos em condições de nos dar ao luxo de recusar.
"Claro que sabe", pensou o Júlio, enquanto saía da sala com o David e a
Ana. "Ele viu o mapa e chegou à mesma conclusão que nós: os lingotes estão
escondidos na ilha, e vai procurá-los! Não quer construir um hotel! Anda à
procura do tesouro! Imagino que ofereceu ao tio Alberto uma ninharia ridícula,
mas que o tio pensa que é extraordinária. Que situação horrível!”
Pôs o braço sobre os ombros da Zé. Desta vez, ela não o afastou.
Sentiu-se reconfortada. As lágrimas vieram-lhe aos olhos, muito contrariada,
tentou contê-las.
11.
- Alguma coisa para beber, - disse a Zé. - Não há água na ilha, acho que
existia um poço, há muitos anos, que descia abaixo do nível do mar e tinha
água doce. Mas nunca o encontrei.
- Para quê?
O Júlio escreveu.
- Deve estar satisfeito por saber que vai estar connosco dois ou três
dias, - disse a Ana.
- Vesti uns calções lavados esta manhã, mas claro que me lembrei de
pôr o mapa no bolso. Aqui está!
No entanto, houve quem fosse mais rápido do que ela! O Tim tinha visto
o papel voar da mão do Júlio e ouvira e compreendera os gritos de desespero.
Deu um salto para a água e nadou corajosamente atrás do mapa. Nadava
muito bem, pois era forte e enérgico. Depressa apanhou o mapa com a boca e
nadou de regresso ao barco. Os jovens acharam que ele era simplesmente
maravilhoso! A Zé puxou-o para dentro do barco e tirou-lhe o mapa da boca.
- Sim, - disse a Zé. - Acho que é isso. Nesse caso, parece que há duas
maneiras de descer para os subterrâneos. Uns degraus começam perto deste
quarto, os outros ficam por baixo da torre. E que será isto aqui, Júlio?
Apontou com o dedo para um círculo que aparecia não só na planta dos
subterrâneos, mas também na do piso térreo do castelo.
- Não sei o que será, - disse o Júlio, intrigado. - Ah, sim, já calculo o que
poderá ser! Disseste que havia um poço antigo em qualquer parte, não te
lembras? Bem, pode ser isso, acho eu. Teria de ser muito profundo e descer
abaixo do mar para ter água doce, por isso, talvez atravesse também
os subterrâneos. Não é emocionante?
O Tim ficou muito excitado com tudo aquilo. Não tinha a menor ideia do
que estavam a fazer, mas colaborava à sua maneira. Arranhava o pavimento
com as quatro patas, lançando terra e ervas pelo ar!
12.
DESCOBERTAS FANTÁSTICAS
- Tim! Estás a ouvir!? Sai daí! - gritou a Zé. - Aqui não podes caçar os
coelhos! Sabes que não. És muito desobediente. Sai daí!
- O Tim entrou na toca! - disse ele. - Que estranho! Nunca ouvi dizer que
um cão pudesse entrar numa toca de coelho. Como havemos de o tirar de lá?
- Para começar, temos de cavar para tirar o arbusto, - disse a Zé, em
tom decidido. Se fosse preciso, ela escavaria toda a ilha de Kirrin para
encontrar o Tim! - Não podemos deixar o pobre Tim ali em baixo a ganir.
Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para o salvar.
- Acho que é muito fundo para conseguirmos ouvir alguma coisa, - disse
o Júlio. - Mas onde estará o Tim?
- Então, Tim! - Disse o David -, Não devias andar atrás dos coelhos, mas
acabaste por nos fazer um grande favor, porque encontraste o poço! Agora, só
temos de procurar por aqui para encontrar a entrada dos subterrâneos!
Correram todos para junto dela. O Júlio destapou a pedra com a pá. Era
verdade que tinha uma argola e só se põem argolas em pedras que têm de ser
movidas! Sem dúvida que era aquela pedra que cobria a entrada para os
subterrâneos!
Tentaram, um de cada vez, puxar pela argola de ferro, mas a pedra não
se moveu. Então, O Júlio atou uma corda à argola, e os quatro jovens puxaram
com toda a força. A pedra deslocou-se um pouco. Os jovens sentiram
perfeitamente que se movera.
- Vamos, - disse o Júlio. - Talvez não haja tantos ecos mais para diante.
13.
NOS SUBTERRÂNEOS
- Isto é terrível! - disse o Júlio, por fim. - Não faço a mínima ideia onde
fica a entrada. Andamos de um compartimento para outro, de um corredor para
outro, e todos parecem exactamente iguais, escuros e misteriosos.
- Imaginem que temos de ficar aqui o resto das nossas vidas! - disse a
Ana, com ar sombrio.
- São seis e meia! Seis e meia! Não admira que esteja com fome. Não
lanchámos. Andámos horas à procura da entrada e depois lá em baixo nos
subterrâneos.
- Bem, não sei o que acham, - disse ele. - Mas a mim não me apetece
voltar hoje aos subterrâneos, nem sequer pensando que podíamos arrombar
aquela porta com o machado e abri-la! Estou cansado. Além disso, não me
agrada a ideia de nos perdermos nos subterrâneos à noite.
O Júlio teve uma ideia brilhante. Pegou num pedaço de giz branco que
trazia no bolso e voltou até junto das escadas, fazendo aí uma marca na
parede. Depois, começou a fazer marcas com giz ao longo dos corredores
escuros por onde passavam.
No entanto, o próprio David a tirou. Fez uma careta de dor e ficou muito
pálido.
- Eu vou com o David - disse a Ana. - Tu ficas aqui com a Zé. Não
precisamos de ir todos.
- Acho que já conseguimos abrir a porta, - disse ele, num tom de voz
emocionado. - Sai da frente, Tim. Agora, Zé, empurra!
- Zé! Os lingotes! São de ouro autêntico! Sei que não parecem de ouro,
mas são. Zé, está aqui uma pequena fortuna. E é tua! Por fim, encontrámos o
que procurávamos.
14.
PRISIONEIROS!
- Mas que surpresa! - disse uma voz. - Vejam quem está aqui! Duas
crianças nos subterrâneos do meu castelo.
- Jake! Anda ver isto!, - disse ele. - Tinhas razão. O ouro está realmente
aqui. E vai ser muito fácil levá-lo! Todo em lingotes! Caramba, isto é fantástico!
- Não passas de uma miúda. Pensas que nos impedes de obter o que
queremos? Vamos comprar esta ilha, assim como tudo o que nela existe, e
levaremos o ouro depois de assinarmos o contrato. E ainda que não
consigamos comprar a ilha, levaremos o ouro na mesma. É muito fácil trazer
aqui um navio e transferir os lingotes do barco para o navio. Verás que ficamos
com o ouro para nós.
- Minha querida menina, nem penses que vais para casa, - disse o
primeiro homem, empurrando a Zé para trás. - E, já agora, se não queres que
dê um tiro neste maldito cão, manda-o calar, está bem?
No entanto, o Tim sabia muito bem que havia ali um problema. Qualquer
coisa estava errada. Continuou a rosnar ameaçadoramente.
- Não posso! - disse a Zé, soluçando. - Não quero que o David e a Ana
fiquem aqui prisioneiros.
- Vai ter com o David e a Ana, - disse a Zé. - Vai, Tim. Entrega o bilhete
ao David e à Ana.
O Tim não queria deixar a Zé, mas havia qualquer coisa de muito
urgente na voz dela. Lançou um último olhar à dona, deu-lhe uma lambidela na
mão e começou a correr pelo corredor. Já conhecia o caminho. Depois de subir
as escadas de pedra, saiu para o ar livre. Parou no velho pátio, a farejar.
Onde estavam o David e a Ana? Descobriu-lhes o rasto e seguiu-o a correr,
com o nariz rente ao chão. Depressa encontrou os dois jovens, que estavam
nas rochas. O David já se sentia melhor. A sua face quase parara de sangrar.
- David, ele tem qualquer coisa presa na coleira, - disse a Ana, ao ver o
papel. - É um bilhete. Devem ser eles a dizer para descermos. O Tim é tão
esperto que foi capaz de o trazer.
Maria José.”
- Oh, não sejas idiota, David, - disse a Ana. - O que poderia correr mal?
Vamos.
15.
O cão ficara com eles por uns instantes, mas depois correu para a
entrada dos subterrâneos e desceu pelas escadas. Queria voltar para junto da
Zé, pois sabia que ela corria perigo. O David e a Ana viram-no desaparecer.
Sentiam-se protegidos quando ele estava presente e agora tinham pena de ele
se ter ido embora. Não sabiam realmente que fazer. Então, a Ana teve uma
ideia.
- Está bem, - disse o Jake. - O que temos a fazer é levar o ouro o mais
depressa possível e garantir que os miúdos ficam presos até nos safarmos.
Depois já não teremos de nos preocupar com a compra da ilha. Afinal, foi só
para ficarmos com os lingotes que tivemos a ideia de comprar o castelo e a ilha
de Kirrin.
- Já podemos sair, Ana, - disse ele. - Não está frio aqui em baixo? Que
bom ir lá para fora apanhar sol!
A Ana olhou para onde ele apontava. Viu que os homens tinham
amontoado grandes lajes de pedra por cima da entrada para os subterrâneos.
O David e a Ana não conseguiriam tirá-las dali.
- Cá vou eu! - disse ele, num tom de voz alegre. - Não te preocupes.
Correrá tudo bem.
- Vou descer pela corda! - Gritou para a Ana. - Não te preocupes. Estou
bem. Cá vou eu!
Concluiu que já devia ter passado pela abertura que dava para os
subterrâneos. Voltou a subir um pouco pela corda e verificou que tinha razão. A
abertura estava mesmo por cima da sua cabeça. Subiu até ficar ao mesmo
nível e depois deu um impulso para o lado do poço onde estava a pequena
abertura. Conseguiu agarrar-se ao rebordo de tijolo e tentou enfiar-se pela
abertura para entrar nos subterrâneos.
Era difícil, mas conseguiu entrar, por fim, e pôs-se de pé com um suspiro
de alívio. Estava nos subterrâneos! Podia agora seguir as marcas de giz até ao
local onde estavam os lingotes e tinha a certeza de que era também aí que
estavam aprisionados a Zé e o Júlio! Apontou a lanterna para a parede. Sim, ali
estavam as marcas de giz. Óptimo! Enfiou a cabeça na abertura do poço e
gritou com toda a força:
- Felizmente que eles perceberam que não deviam vir cá abaixo - disse
a Zé. - Com certeza repararam que havia qualquer coisa estranha naquele
bilhete, quando viram que assinei Maria José, em vez de Zé. Que estarão eles
a fazer? Devem ter-se escondido.
- Espero que não sejam aqueles homens outra vez, - disse a Zé.
16.
UM PLANO ARRISCADO
- Bem, se eles nos deixaram o nosso barco, vamos para casa o mais
depressa possível, - disse a Zé. - Não quero brincadeiras com estes homens
que andam sempre de revólver na mão. Vamos! Subimos pelo poço e vamos
para o barco.
A Ana achou que era uma ideia maravilhosa. Mas o David e a Zé não
estavam muito convencidos.
O Júlio rastejou por trás das rochas e espreitou para ver o que os
homens estavam a fazer. Tinha a certeza de que arrastavam as lajes de pedra
que haviam amontoado sobre a entrada dos subterrâneos, para evitar que o
David e a Ana fossem salvar os companheiros.
- Agora estão a tentar sair pelo sítio que tapámos com pedras! - gritou a
Ana, de repente. - Depressa! Que havemos de fazer? Vão apanhar-nos!
Vira os três homens a correr para os rochedos que davam para a baía. A
Zé saltou do barco a motor e foi ter com os outros. Empurraram o barco para a
água, e a Zé começou imediatamente a remar com toda a energia.
- Ele pode usar um bote do navio e ir ver o que aconteceu - disse a Zé. -
Bem, não poderá fazer muito, além de levar os homens e alguns lingotes! Mas
duvido que se atrevam a tocar no ouro, agora que fugimos para contar o que se
passou!
A Zé abanou a cabeça.
- Não, - disse ela. - Não podemos perder tempo. Temos de ir contar tudo
o que nos aconteceu. Eu prendo o Tim na cerca do jardim em frente de casa.
- Tia Clara, onde está o tio Alberto? Temos uma coisa importante para
lhe dizer!
- Tio, eles não vão assinar amanhã, - disse o Júlio. - Sabe por que razão
eles queriam comprar a ilha e o castelo? Não era para construírem um hotel,
nem nada parecido, mas sim porque sabiam que o ouro está lá escondido!
- Alberto, bem sabes que assustas os miúdos. Por isso, não iriam ter
contigo. Mas agora que já contaram tudo, poderás tomar conta do assunto.
Eles não podem fazer mais nada. Deves telefonar para a Polícia e ouvir o que
eles têm a dizer acerca de tudo isto.
Sorriu para o pai, que lhe correspondeu com outro sorriso. Os jovens
repararam que ele tinha uma expressão muito simpática quando sorria. Ele e a
Zé eram muito parecidos. Ambos tinham um ar desagradável e franziam a testa
quando estavam zangados, mas eram ambos simpáticos quando riam ou
sorriam!
O Tim foi com ela para a cozinha. O Júlio sorriu para a Zé e disse:
- É, mas não sei o que dirá o pai quando vir o Tim outra vez cá em casa,
- respondeu a Zé, com ar preocupado.
- A Polícia levou este assunto muito a sério, - disse ele. - E o meu
advogado também. Acharam que vocês foram muito espertos e corajosos. Zé,
o advogado diz que os lingotes nos pertencem. São muitos?
- Não quero nada que não tenha já, - disse a Zé. - Mas há uma coisa,
pai, que desejava mais que tudo no mundo, e não custa um tostão.
- Então, irás tê-la, minha querida, - garantiu o pai, pondo o braço sobre
os ombros da Zé, para grande surpresa desta. - Diz o que é. Mesmo que custe
muito dinheiro, será tua.
Nesse preciso momento, ouviu-se um ruído de patas no corredor. Uma
cabeça enorme e felpuda espreitou pela porta e olhou para as pessoas que
estavam na sala. Claro que era o Tim! O tio Alberto fitou o cão com ar de
grande surpresa.
A Zé estava radiante por ficar com o Tim. Deu um abraço ao pai, uma
coisa que há muito tempo não fazia. Ele ficou surpreendido, mas bastante
satisfeito.
A Polícia trouxe alguns dos lingotes de ouro para mostrar ao tio Alberto.
Tinham selado a porta do compartimento subterrâneo para que ninguém lá
entrasse até que o tio dos jovens fosse buscar o ouro. Tudo estava a ser feito
da melhor maneira, embora demasiado lentamente na opinião dos jovens!
Desejariam que os homens fossem apanhados e presos, e que a Polícia
trouxesse imediatamente todo o ouro!
- E pensar que detestei a ideia de vocês virem cá para casa! - Disse ela.
- Tencionava ser o mais antipática possível! Queria fazer tudo para que se
fossem embora! E agora a única coisa que me entristece é saber que irão
embora quando as férias acabarem. Depois de ter feito três amigos e de
termos passado por uma aventura como esta, ficarei outra vez sozinha.
Dantes nunca me sentia sozinha, mas agora vocês vão fazer-me muita falta.
- Podes ir para o mesmo colégio interno que eu, - sugeriu a Ana. - Gosto
muito de lá estar. E deixam-nos levar os nossos animais de estimação. Por
isso, o Tim também pode ir!
- É melhor irem agora para o vosso quarto, meninos, - disse a tia Clara,
aparecendo à porta. - Olhem para o David, a cair de sono! Bem, acho que
todos vão ter sonhos agradáveis, pois viveram uma aventura de que se podem
orgulhar. Zé, o Tim está debaixo da tua cama?
- Zé, estou muito contente por a ilha de Kirrin não ter sido vendida, -
disse a Ana, sonolenta. - Estou muito contente por ainda ser tua.
FIM
Data da Digitalização
Amadora, Fevereiro de 2002
Mistério e Aventura - 1
Abril Controljornal
Digitalização e Arranjo
Fátima Vieira Agostinho Costa
Os Cinco na Ilha do Tesouro
Enid Blyton
Abril Controljornal
Edipresse – 1996