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rai va, por exempl o, é um fator extre-
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SABEDORIA CHINESA I
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ORA. XIAOLAN ZHAO
com Kanae Kinoshita
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SABEDORIA CHINESA
fata a saúde la ~J~
Tradução
CLAUDIA PINHO
Revisão técnica
MÁRCIO D E LUNA
Presidente d a Associação Brasileira de Acupuntura
do Rio de Janeiro (ABA-R})
•
NOVA ERA
C IP-BRAS IL. CATALOGAÇÃO -NA - FON T E
SIN DI C ATO NAC ION AL D OS ED ITO RES DE LI V ROS, RJ.
Direitos exclusivos de public.tção em língua portu guesa para o Bras il adq uiridos pela
EDITOR A NOVA ERA ·um selo da EDITORA BEST SE LLER LTDA .
Rua Arge ntina 17 1 - Ri o de Janeiro. RI - 2092 1-380 - Tel. : 2585 -2000
q ue se reserva a pro pri edade literá ri a desta trad ução.
Impresso no Brasil
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.1
Sumárío
PRIMEIRA PARTE
O r9 uídeas De sa broch a nd o no Un íve rso
Um Assim como é em cima, é embaixo 27
Dois Mantendo a harmonia 11
SEGUNDA PARTE
Água Ce lestía l
Três Minha introdução à Água Celesti al 61
Quatro Harm oni zando a Água Celesti al 68
Cinco Nosso relacionamento com nós m esmas 83
Seis Autoc uidados durante a Água Celesti al 86
TERC EI RA PARTE
Bo tões d e Ló tu s
Sete Cuidando de nossos seios 107
Oito Possibilidades no ramo superi or do continuum 117
QUARTA PARTE
Nu ve ns e C huva
QUINTA PARTE
A ma durece ndo o Fruto
SEXTA PARTE
M ês d e O u ro
SÉTIMA PARTE
S egund a Pr ím ave ra
Condusão 283
A9raáecimentos 287
Apêrufu:e 291
Írufu:e 295
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~6~
Pretácío
Introdução
• Fórmula trad icio nal ch inesa patenreada cujo nome em chin ês é " Huang Tu Tang"; é
composta pelos seguinres componenres: Fu Long Gan (ter ra Fiava Usta), 37o/o; Baizhu
(Rhi zoma Arracrylodis macroceph alae), li o/o; Fuzi (radix Aco niti carmi chael i), 8o/o;
Sheng Huang (radix Rehmanniae G lu tinosae), li o/o; E J iao (gelatinum corri as ini), li o/o;
Huang Qin (radix Scutellariae Baicalensis), l i o/o; Ga ncao (radix G lycy rrhizae uralensis) ,
li o/o. Sua indicação é para controlar hemorragias (uterinas), melena (fezes hemordgi-
cas), hem atêmese (vômitos sangui nolentos) e episraxe (sangramento nasa l). (N. do R. T)
1 TRODUÇÃO 17
* MTC - para Medicina Tradicio nal Chinesa, composta por cinco grandes ramos:
acupuntura e moxibustáo, dietoterapia tradicional chin esa, exe rcícios terapêuticos chi-
neses, Tui- Ná e terapi as manuais chinesas, e Qi Gong. (N. do R. T)
18 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA M UL HER
* Órgão do gove rno dos Esrados Unidos similar ao Minisrério da Saúde no Brasil , que
n
fom enra pesqui sas na área de saúde. (N. do R.
INTRODUÇÃO 19
• Pode-se di zer que Yin é a co nrrapa rre ou polaridade negariva da energia vira! (Qi) , e
o Yang seria a conrraparre ou polaridade posiriva dessa mesma energia; embora os ideo-
gramas chineses represenrarivos dessas polaridades queiram representar a parre ilumina-
da pelo sol de uma monranha (Yang) e a parre sombria dessa mesma montanha (Yin).
(N. do R. T)
20 SABEDORIA CHINESA PARA A AÚDE DA MULHER
* A MTC chama de "Qi" esse Auxo de energia (pronuncia-se "tchi " como em "tchau",
n
da expressão brasi leira informa l, ao se dar adeus a alguém). (N. do R.
22 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
diante. Utilizei termos chineses para essas fases, que são poéticos e basea-
dos na natureza. Assi m sendo, a Segunda Parte, sobre a menstruação, é
chamada d e "Água Celestial", e a Quinta Parte, sobre a gravidez, intitula-se
"Am ad urecendo o Fruto': O período pós-parto é cham ado de "Mês de
Ouro" (Sexta Pa rte) . A menopausa (Sétima Parte) é chamada de "Segunda
Primavera': Também inclu í uma seção intitulada "Botões de Lótus" (Ter-
ceira Parte), ded icad a à saúde dos seios, questão tão problemática no Oci-
d en te- um a em cada nove mulheres terá câ ncer de mam a- e intimamente
ligada a cada estágio dos ciclos femininos. A Qua rta Parte, "Nuvens e Chu-
va", trata d a sexualid ade e explora como podemos ap rofund ar e direcionar
nossas energias sex uais no decorrer da vida. Espero que esse esquema aju-
de as lei to ras a terem uma noção do espírito integ rado da MTC.
Espero que, ao compartilhar meu entendimento e minha experiência so-
bre a Medicina Tradicional Chinesa e contar histórias de minha vida e da vida
de minhas sábias e corajosas pacientes, você apreenda conhecimentos e práti-
cas que possam lhe ajudar em suas transições. Além disso, desejo de coração
que este livro ajude cada uma de nós a se conectar com o que há de autêntico
em nosso íntimo, em uma jornada de cura à cami nho da integridade.
Prímeíra parte
ORQUÍDEAS DESABROCHANDO
NO UNIVERSO
CAPÍTULO UM
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B'('l~
* O exame chinês do pulso (realizado no punho, na artéria radial) é um dos quatro mé-
todos de diagnó tico em MTC (observação, interrogação, ausculta e olfação e palpação) e
é considerado imprescindível à boa prática da MTC e da Acupuntura. (N do R. T)
28 SABEDORIA C HINES A PARA A SAÚDE DA M U LHER
tico que aprendi com antigos praticantes chineses. A forma como eles enten-
diam e desc reviam o funcionamento do corpo humano tinha por base a
filosofia taoista e foi moldada por ela. Essa filosofia considerava que os huma-
nos são um aspec to da natureza e, como tais, são regidos pelas mesmas leis
naturais que comandam o universo. Assim sendo, eles consideravam cada
indivíduo um universo em miniatura, ou um microcosmo, com analogias ao
universo maio r. O antigo tratado da medicina chinesa Huang Di Nei ]ing, • ou
Clássico da medicina do imperador amarelo, explica: "O céu tem o sol e a lua,
os humanos têm dois olhos( ... ) o céu tem o trovão e a luz, os humanos têm
o som e a fala; o céu tem o vento e a chuva, os humanos têm a alegria e a raiva.
( .. . ) o céu tem o inverno e o verão, os humanos têm o quente e o frio.( ... ) o
céu tem a manhã e a noite, os humanos têm o sono e o despertar:'
Os taoistas viam o unive rso como algo orga nizado e harmonioso.
Acreditavam que aqueles que viviam segundo suas leis alcançariam a
harmonia. Uma forma d e conseguir isso seria agir em harmonia com as
estações, recolhendo -se qu a ndo o sol se põe, levanta ndo quando o sol
nasce, vestindo -se adequadamente, de acordo com o tempo, e ingerindo
alimentos da estação. As mudanças no comportamento deve m espelhar
as mud anças ocorridas no âmbito universal, pois o que é benéfico para o
macrocosmo (o todo da nat ureza) é benéfico para o indivíduo (o micro-
cosmo) e vice-versa.
Esse conceito, visto de outra perspectiva, demonstra que o que sustenta
o ambiente sustenta os organismos vivos. Por exemplo, a chuva sustenta as
árvores e plantas e enche lagos, rios e riachos, os quais nos fornecem água
potável. No âmbito microcósmico, a água é necessária para todas as partes
YIN EYANG
fica que temos D efici ência de Yang,* e os sintomas podem incluir mãos e
pés frios, baixa pulsação e cansaço. Podemos descobrir que preferimos
ioga a ginástica aeróbica, que precisamos de tempo para tomar decisões e
que temos a tendência de ser bons ouvintes. Pode ser que tenhamos um
jeito meigo e suave de falar. Se temos excesso de Yang, temos Deficiência
de Yin,** e os sintomas podem incluir prisão de ventre, lábios secos e suor
excessivo. Uma pessoa assim provavelmente perceberá que sente calor ra-
pidamente, que gosta de se manter em atividade e que começa as ativida-
des naturalmente. Não hesita em buscar o que quer.
Na China, a maioria de minhas pacientes tinha Deficiência de Yang.
No Canadá, tenho muitas pacientes com Deficiência da energia Yin. Acre-
dito que isso é reflexo da preponderância da qualidade Yang na sociedade
canadense e no mundo ocidental em geral. Atividade, movimento, veloci-
dade, crescimento, expansão, juventude e o patriarcado são exemplos per-
feitos de nossa cultura. A sociedade ocidental não é inteiramente Yang,
mas seu excesso é visível no desequilíbrio que vejo em minhas pacientes
canadenses. Para equilibrar a qualidade Yang da cultura ocidental, sugiro
atividades Yin, tais como movimentos internos e calmos. Caminhar em
uma área arbori zada, refletir observando o pôr do sol, sentar-se calma-
mente ou meditar englobam características Yin. Essas atividades possuem
qualidades de repouso contrárias a qualidades de atividade.
Você deve estar se perguntando qual seria a causa desses excessos ou
deficiências. A causa é o movimento dinâmico do Qi (que se pronuncia
"tchi'' ), um conceito fundamental para a medicina chinesa.
• em roda D efic iência de Yang signifi ca que o Yin está em excesso. Pode aco ntecer o
que se chama de "fal o excesso do Yin", quando simplesmente o Yin está no rm al, mas
o Yang está D efi ciente, o que gera apare ntemente um "excesso" relati vo de Yin se com-
parado à Defi ciência do Yang. (N. do R. n
•• Assim como no exemplo da Defi ciência de Yang, nem toda Defi ciência de Yin sig-
rufica um excesso verdadeiro de Yang. Aqui pode, igualmente, aco ntecer uma outra
situação, chamada de "falso excesso de Yang", ou simplesmente "falso Yang" . É a quarta
possib ilidade defd esa rmo ni a energética possível, numa análise co mbin ató ria de dois
padrões de desarmo nia quantitativa do Yin e do Yang, o nde pode haver, também, uma
D efi ciência do Yin mas com o Yang estando no rmal. (N. do R. n
32 SAB EDO RIA C HIN ESA PARA A SAÚ D E DA MULHER
ENTENDENDO O Q 1
Não há, no mundo ocidental, uma palavra que equivalha a Qi, embora o ter-
mo seja geralmente descrito como "energia vital': Essa definição, no entanto,
não reflete integralmente seu significado. Qi é a energia estimuladora natural
do universo que gera mudança e movimento. É a força criativa que permeia
tudo: as estrelas que brilham, um riacho murmurando e um organismo em
decomposição, estão todos sob o poder de causa e efeito do Qi. É como o
vento, com sua capacidade de estimular mudanças e gerar atividade.
O Qi é a energia qu e ge ra a vida, nossa vi talidad e, a força vital que
sustenta co rp o, mente, coração e espí rito. É imaterial e invisível e ainda
assim tem a capacidade de prod uzir efeitos mate ri ais e visíveis, como na
concepção, qu ando um bebê é formado. O Qi também é transformador.
Por exe mpl o, gera a materia lidad e de nosso corpo da mesma forma que
a água pode se transfo rm a r em gelo. À medid a que o gelo se liquefaz e
derrete, tran sfo rma -se novamente em água. Da mesma maneira, pode-
mos se ntir qu e qu a ndo morremos, tornamo -nos espírito. As duas letras
que formam o ideog rama Qi (ver Figura 2) sig nifi ca m "vapor" ou "con-
densação" e "arroz não cozido" ou "grão". O vapor que surge a partir do
arroz cozido represe nta o Qi e m um estado disfo rme, enquanto o arroz
simboliza o aspecto substancial e co ncreto d a matéria. O vocábulo chi-
nês inclui a Essência transfor madora e mutável do Qi do material para o
imaterial e vice-versa.
O movimento do Qi em nosso corpo afeta todas as nossas atividades.
Quando criança na China, ensi naram-me: "Quando o Qi se une, o corpo físico
é formado; quando ele se dispersa, o corpo morre:· O Qi é a energia que esti-
mula a atividade - nossa capacidade de digerir os alimentos, mover nossas
pernas, pensar. Essa energia pode também se manifestar na forma de ressenti -
mentos ou em um nó na garganta quando estamos tristes. O Qi é uma maneira
radicalmente diferente. de os ocidentais perceberem a si mesmos, apesar de
termos frases tais como "cheio de vida" para descrever pessoas que transbor-
dam energia e que estão vivas. Em algum nível profundo temos a noção da
relação existente entre o movimento de uma força energética vital e a vida.
ORQUÍDEAS DESABROCHAN!=>O NO u !VERSO 33
• Tais canais de energia (ou Meridianos chineses de energia) são invisíveis ao olho
humano desapa relhado, pois são imateriais. Porém, podem ser detectados e medidos
por aparelhos eletrônicos específicos, como os impedanciômetros. Esses canais pos-
suem as propriedades de alta condutância e de baixa impedância (baixa resistência à
passagem da co rrem e elétrica) por onde passam na pele. (N. do R. T.)
"'* Na realidade, o sangue não circula nos Meridianos (ou canais de energia) . Sangue na
MTC ramo pode significar o líquido vital que materialmeme circula em nossos vasos,
como pode significar a comrapane Yin do qual o Qi é formado, jumameme com o Yang.
Dependerá sempre do comexro onde o termo Sangue (Xue em chinês) aparecer, pois,
para a MTC, Qi e Sangue (Xue) são frequentememe usados como sinônimos das polari-
dades energéticas Yang e Yin, respectivameme. (N. do R. T.)
ÜRQUÍDEAS DESABROCHA DO NO UNIVERSO 35
Os ÓRGÃos ZANc-Fu
O termo Zang-Fu é usado para descrever o princípio do Yin e Yang aplica-
do aos Orgãos. Os Orgãos Yin são conhecidos como Zang, e os Orgãos
Yang, como Fu. Cada um dos cinco Orgãos Zang- Fígado, Coração, Baço,
Pulmão e Rins- tem Orgãos Fu correspondentes- Vesícula Biliar, Intes-
tino Delgado, Estômago, Intestino Grosso e Bexiga, respectivamente. Cada
um desses pares de Orgãos está relacionado a um órgão do sentido, tais
como olhos e ouvidos, e também a tecidos (ver Tabela 1). O Fígado é res-
ponsável pelo movimento suave do Qi e do Sangue, pela armazenagem de
Sangue, pelo movimento dos tendões e pela alimentação dos olhos. (Isso
pode parecer estranho para você, mas lembre-se de que doenças no fígado,
como a hepatite, fazem com que o branco dos olhos fique amarelado.)
36 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
ÓRGÃO
Fígado Coração Baço Pulmão Rins
ZANG
to fornecidas pela teoria das Cinco Fases, que descreve como o Qi interage
e o que é necessário para que entre em harmonia.
~ Promovendo
- - - controlando
* Cinco Fases ou "Cinco Elementos" que, segundo a MTC, são elementos consriruri-
vos básicos da narureza , e que possuem co rrespondências fi siológicas e fisioparológicas
nos organismos humano e animal. (N. do R. T)
ORQUÍDEAS D ESABROCHANDO NO UNIVE RSO 39
Além dessas estações, as Cinco Fases são usadas para descrever as-
pectos de clima, cor e sabores - praticamente tudo o que há no univer-
so. E dado que cada ser humano é um microcosmo, possuímos dentro de
nós uma combinação única das influências das Cinco Fases. Cada um de
nossos ci nco Orgãos principais corresponde a uma das Fases. A Tabela 2
ilustra como o corpo humano está relacionado às Cinco Fases, aos ciclos
de vida, às emoções, aos sabores, às tendências, às virtudes, às estações,
ao clima, às direções e às cores.
Dado que o Coração tem propriedades de aquecimento, está relacio-
nado ao Fogo. O Fígado está associado à Madeira, o Baço, à Terra, os
Pulmões, ao Metal, e os Rins, à Água. Essas classificações ajudam a expli-
car como cada Orgão funciona em relação a outro Orgão. A teoria tam-
bém explica o que acontece quando há desarmonia, e os especialistas
chineses utilizam isso para diagnosticar e tratar desequilíbrios de Or-
gãos. Po r exemplo, se uma mulher tem "fogachos" da menopausa, é um
sintoma de que seu elemento Fogo é muito forte. Fogo que queima fora
de controle indica que o elemento Madeira está muito seco. Não está
sendo suficientemente nutrido com Água.* A Água é necessária para
controlar a temperatura do corpo e para umedecer olhos, órgãos sexuais,
art iculações e músculos. Dado que os Rins estão relacionados à Água,
fogachos são um sintoma de Deficiência do Qi do Rim, especificamente
o Yin do Rim. Outros sintomas dessa Deficiência seriam insônia, secura
vaginal e dores nas articulações e nos músculos. Tratar esse problema
significa forta lecer o Qi do Rim, em especial o Yin, ou nutrir a Água do
corpo para controlar o Fogo, atravé de acupuntura, Tui-Ná e ervas leve-
mente salgadas (sabor relacionado aos Rins).
• Aqui , a palavra água di z respeiro. segundo a MTC, ao elemento Água da teoria chinesa
d os C inco Elementos o u Cinco Fases; subentendidas rodas as inAuências, repercussões,
n
relações e co rres po ndências energéticas dessa energia oriunda dos rins. (N. do R.
40 SABEDOR IA CHINESA PARA A SAÚ DE DA MULH ER
ÓRGÃO
Fígado Coração Baço Pulmão Rim
ZANG
FASE DO
CICLO DE Infância juve ntude Adulta Velhice Morte
VIDA
Sobrecarga de Medo,
EMOÇÃO Raiva Alegria Dor
Pensamentos Ansiedade
I
TENDt NCIA Asse rtividade Expressão Cooperação Discriminação Contemplação i
Mantendo a harmonía
* A obra foi inici almente publicada no Canadá, ou seja, a autora refere-se às estações
do ano no hemisfério Norte. (N. da T.)
ÜRQ ÍDEAS DE ABROCHANDO NO U !VERSO 43
Os Seis Excessos
. Frio
. Vento
CAUS AS
. Calor ou Fogo
EXTERIORES
. Umidade -
. Sec ura
. Calor do verão
As Sete Emoções
. Alegria
. Raiva
CAUSAS . Ansiedade
INTERIORES . Obsessão, excesso de pensament os
. Tristeza -
. Horror'
. Medo -
I
-- --
* Também c ham ado d e terro r, pavor o u pâ ni co; na M TC sign ifi ca um g rau muito
mais acen tuad o da emoção m edo. (N do R. T)
ORQUÍDEAS DESABROCHANDO o IVERSO 45
D IETA
* " Umidade no Baço" é uma class ificaçáo da MTC para manifesraçáo energérica paroló-
gica, ou pad rão de desarmo nia energérica, que pode causa r náusea, vô miro, fezes amo le-
cidas, com muco, revesrimem o da língua com saburra pegajosa, peso e plenirude abdo-
minais na "boca do esrômago" após comer. O cidenralmenre fa lando, esrariam aqui com-
preendidos desde d isrúrb ios funcio nais aré infecções gasrroenrerológícas. (N. do R. T)
ÜRQUÍDEAS DE ABROCHANDO NO UN IVE RSO 5I
ERVAS MEDICINAIS
* Os cham ados patent medicines da MTC são fórmulas herbais chinesas consagradas
ao longo de milênios. de sua utilização por se mostrarem eficazes para os diversos pa-
drões de desarmonia energética classificados na MTC. (N. do R. T)
52 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
ERVAS ALIMENTARES
O Nei ]ing afirma: "Se não ingerimos nenhum alimento durante metade
do dia, o Qi enfraquece; se não ingerimos nenhum alimento durante o dia
todo, o Qi se esgota:' Os alimentos que ingerimos são de suma importância
para a manutenção do Qi e da saúde. Há mais de cinco mil anos, as práticas
alimentares são a base para a manutenção da saúde e para combater as doen-
ças na vida diária dos chineses. De maneira geral, devemos ingerir quantida-
des moderadas de alimentos, em horários regulares, segundo nosso próprio
apetite e nossa sede. Os alimentos, porém, também têm características man-
tenedoras que podem estimular ou contra-atacar padrões de desarmonia.
Uma forma de classificar os alimentos é pelo seu sabor. Como visto no
Capítulo Um, cada comida tem um sabor específico que ressoa com um
determinado Orgão (ver página 40). Isso é chamado de "afinidade" e permi-
te que as propriedades naturais do alimento ajam como agentes de cura
para um determinado sistema. Por exemplo, os alimentos ácidos, tais como
vinagre e frutas cítricas, estão relacionados ao Fígado; as comidas salgadas,
tais como aipo e algas marinhas, relacionam-se aos Rins; os alimentos
amargos, como legumes de folhas verde-escuras e melão amargo, ao Cora-
ção; os alimentos doces, como inhame e atum, ao Baço; os alimentos pican-
tes, tais como queijo tofu e alho, aos Pulmões. Em minha clínica, os
tratamentos quase sempre envolvem algum tipo de recomendação alimen-
tar. Se uma paciente tem um Fígado fraco, por exemplo, recomendo que
coma mais alimentos ácidos, tal como limão.
Além da classificação de sabor, os alimentos também são categorizados
segundo a temperatura: Quente, Morno, Neutro, Fresco e Frio. Essas elas-
ORQUÍDEAS DESABROCHANDO NO UNIVERSO 53
EXERC[CIO FfSICO
Outra causa das doenças é a fadiga, que pode resultar do excesso ou da es-
cassez de exercício físico ou trabalho. Exercícios potentes e fortes, como ae-
róbica de alto impacto, levam o Qi e o Sangue aos músculos para sustentar
as atividades e servir-lhes de apoio, em vez de cumprir sua função, ou seja,
fazê-los circular pelos Orgãos do corpo. Exercícios pesados durante perío-
dos prolongados podem esgotar o Qi e o Sangue e levar à desarmonia.
Apesar de parecer que exercícios fortes são uma forma de aliviar os
sintomas originados pelo desequilíbrio do Qi e do Sangue, eles não são a
solução. É preciso tratar as raízes dos problemas ou corre-se o risco de o
exercício, que traz bem-estar, sensação aparentemente ligada à boa saúde,
ter efeitos prejudiciais. Além disso, exercícios pesados podem lesar ou es-
tirar os tendões, que é o tecido regido pelo Fígado.
No entanto, é importante fazer uma certa quantidade de exercícios fí-
sicos diariamente; caso contrário, o Qi e o Sangue ficam muito lentos.
Quando não há exercício físico durante um longo período de tempo, surge
uma Deficiência de Qi do Baço, resultando na vontade incontrolável de
comer doces, aumento de peso, diarréia, sangramentos excessivos no perío-
do menstrual, espasmos musculares e assim por diante.
Para se ter uma boa saúde é importante ter tempo para descansar e
atentar para o excesso de trabalho ou a sobrecarga do corpo dos pontos de
vista físico, emocional e mental. O tempo dedicado ao descanso e à ativi-
dade deve refletir um equilíbrio que não signifique nem sedentarismo nem
excesso de exercícios ou fadiga, respectivamente. A principal forma de
descanso é o sono. Devemos passar até um terço de nossa vida dormindo
e, assim sendo, é importante desenvolver práticas saudáveis de sono.
56 SABEDORIA CHINESA PARA A SA Ú DE DA MULHER
ATIVIDADE SEXUAL
RESUMO
TRATAMENTO
. Dado que os sintomas não são tratados segun -
do um protocolo uni versa l, mantém-se uma
FLEXÍVEL visão integ rada do conjunto de sintomas, diag-
nósti co e tratamento prescrito.
L _ __ _ _
~
~B'~
s-o~
Segunda parte
ÁGUA CELESTIAL
CAPrTULO TR~S
~
~~~
~ Q
havia uma aba que dava a volta por cima da faixa e era fechada por um bo-
tão. Minha mãe mostrou-me como dobrar as folhas de arroz em faixas mais
estreitas e como ajustar a largura para que ficasse confortável. Q uando qui-
sesse trocar o chumaço de papel, bastaria desabotoa r a faixa, retira r o papel
usado e substituir por papéis limpos, colocados sobre o tecido. Fiquei um
pouco envergonhada quando ela me explicou tudo isso, pois fez com que eu
pensasse na possibilidade de namorados, casamento e bebês. Talvez por ter
um desenvolvi mento um pouco mais lento comparado ao de minhas cole-
gas, senti vergonha dessa nova fase de minha vida. Minha mãe explicou-
me, porém , que era parte natural do processo de se tornar mulher.
"' Também chamado de " Vaso Direto r", o Ren Mai, juntamente com o Ou Mai , "Vaso
Governador", sãÓ os do is únicos meridianos chineses, ou ca nais de energia, do corpo
humano e do animal, que são ímpares. O Ren Mai e o Ou Mai , juntos, formam acha-
mada "pequena circulação de energia". (N. do R. T)
** Também chamado de "Vaso Penetrado r", o C hong Mai é um dos oiro meridianos chama-
dos de extrao rdinári os pela MT C , ou, também, de Vasos Maravilhosos pelos franceses, po r
seus trajetos serem irregulares e seus efeitos serem de fa ro extraordinários e/ou maravilhoso~.
(N. do R. T)
*** O açúca r de cana não refinado é a sacarose em seu estado bruto, ou seja, açúca r
mascavo. (N. da T)
ÁGUA CELESTIAL 65
SoPA DE ovos
Serve uma porção
1 xícara de água
1 colher (sopa) d e açúcar não refi nado
2 ovos
3 colheres (sopa) de vinho de arroz
* Fru to o rien tal cujo nome latino é Eupho ri a Longana (Dimocarpus longan), perten-
cente à famíl ia das Sapindaceae. ua "prima" próxima é a lichia. O utra fru ta d a mesma
n
. fa m íl ia do longan é o guaraná brasileiro. (N. do R.
66 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA M ULHER
CoNGEE DE ARROZ-DOCE
6 xícaras de água
I xícara de arroz-doce preto
Y2 xícara de longan seco
IO tâma ras
2 colheres (sopa) de açúcar não refinado
I pedaço (de cerca de I ,5 centímetro) de gengibre fresco,
descascado e cortado em fatias finas
• Wu }i Pai Feng Wan (literalmente, comprim idos Fênix Branco de galinha preta)
rrara-se de um conhecido med icamento patenteado na China que passou a ser distri-
buído no mundo rodo. H á uma determinada galinha cujos ossos, carne e pele são
pretos, que é usada na China como alimento e medicamento para nutrir o Yin e o
Sangue. (N. da T)
ÁG UA CELESTIAL 67
• Essa é uma exp ressão trad icional que a MTC usa para descrever uma das funções
energéticas do Baço, que no Ocidente poderíamos interp retar como sen do uma fun-
ção anti -hemorrágica, antiequimose e responsável pelas fragi lidades capilares e altera-
ções hem ato lógicas e da crase sanguínea. (N. do R. T)
CAPÍTULO QUATRO
.@--
@~@-
-,....)·
~'.A.~.
* Tensão pré-menstru al é um termo leigo para SPM (síndrome pré- men stru al).
(N. do R. T)
ÁGUA CELESTIAL 69
passa pelo nosso sistema de Orgão do Fígado fica bloqueado e não circula de
forma apropriada. Isso é significativo já que o Fígado é responsável pelo mo-
vimento equilibrado e suave do Qi em todo o nosso corpo. Dado que nossas
emoções são manifestações de Qi, o Fígado também é responsável por regu-
lar nossas emoções. E como o Fígado regula o fluxo de Sangue, e o Qi passa
pela rede do Fígado antes de chegar ao Útero, o Fígado também comanda
'1osso ciclo menstrual. Consequentemente, quaisquer distúrbios emocio-
nais, tais como irritabilidade ou sensação de depressão próximo do período
de nossa Água Celestial, podem ser um sinal de que o Qi do Fígado está
bloqueado. Quando há Estagnação do Qi do Fígado, as emoções ficam con-
gestionadas e há uma tentativa de se desbloquear a Estagnação por meio de
ataques de raiva e choro (as lágrimas são consideradas o líquido do Fígado).
Já que raiva, ressentimento, aborrecimento e frustração são emoções asso-
ciadas ao Fígado, se ele e tá desequilibrado, há maiores chances de sentirmos
essas emoções de forma mais intensa e com mais frequência.
Dado que o Sangue é o veículo para o Qi, se há um bloqueio no Qi, com o
passar do tempo o Sangue também pode Estagnar, gerando não apenas sinto-
mas emocionais, mas tan1bém físicos. Isso tem um impacto ainda maior du-
rante o período da Água Celestial, pois é o Fígado que armazena o Sangue que
alimenta o Útero. A Estagnação do Qi do Fígado pode se manifestar no nível
físico na forma de dores nas costas, seios doloridos, dores de cabeça, sensação
de inchaço abdominal, prisão de ventre, ciclos menstruais irregulares, depres-
são, caroços nos seios e cólicas menstruais (dismenorreia). O Meridiano atra-
vés do qual o Qi do Fígado flui começa no ângulo ungueal interno do primeiro
dedo de cada pé* e sobe em direção aos pés e à parte interna das pernas. Chega
à região pélvica, onde circula o Útero, sobe em direção ao abdome e, então, até
o Fígado e a Vesícula Biliar. Em seguida, egue para a parte frontal do corpo,
até os seios, ascendendo internamente até a garganta e os olhos (Ver Figura 5).
É por isso que um desequilíbrio de Qi de Fígado pode afetar a região baixa do
abdome, tais como ovários, Útero e Trompas de Falópio,** Intestino Grosso,
~
gado e do Sangue é, na maioria
das vezes, resultado de emo-
ções reprimidas, não expressa-
das e excessivas. Dado que o
Fígado é o sistema de Orgãos
mais intimamente ligado às
emoções, é o que tem mais ten-
dência a sofrer restrições, con-
gestão e Estagnação. Em minha
clínica, atendo semanalmente
mulheres cuja Água Celestial
encontra-se interrompida de-
vido a emoções contidas das
quais elas não têm consciência
ou que não foram capazes de
Figura 5: O Meridi ano do Fígado exprimir. Entre elas está a cul-
• Estase do sa ngue (Xue) na MTC é um padrão de desa rm o nia energética que apre-
senta as segui nres mani festações clínicas genéricas: fi sio no mi a escura; lábios a rroxea-
dos; dor de ca rárer fi xo, perfuranre ou em punh alada; massas abdo min ais im óveis;
unhas arroxeadas; hemo rragias com san gue e coágulos escuros; língua púrpura; pulso
em corda, firm e o u ás pero. Quando tal padrão de desa rmo nia energética aco mere o
úrero, o quad ro clínico específico que surge é o seguinre: mensrruações do lorosas; do-
res pré- menstruais; ameno rreia; massas abdo m inais fi xas; sa ngue mensrrual escuro e
com coágul os escuros; língua púrpura; pulso em co rda o u firm e. (IV. do R. T.)
•• Fib ro m io mas o u mio mas. (IV. do R. T.)
ÁGUA CELESTIAL 7I
pa, que foi o que Jane vivenciou após o falecimento de sua mãe. Jane tinha
38 anos quando veio me consultar. À medida que fui trabalhando com ela,
]ane contou-me que havia sido adotada pela mãe, que era solteira. Sua mãe
era uma de suas melhores amigas, e Jane sentia enorme gratidão por seu
amor, sua aceitação e ajuda. As duas decidiram fazer um a viagem juntas e
começaram a planejá-la. Infelizmente, Jane teve de cancelar o passeio por
conta de compromissos profissionais. Sua mãe decidiu ir sozinha e, duran-
te o passeio, fa leceu em um acidente de carro. Jane caiu em desespero,
passando da dor da perda à culpa e vice-versa. Não conseguia se perdoar
por não ter acompanhado a mãe na viagem, remorso que tinha um grande
peso para ela. Por fim, Jane parou de menstruar e seu cabelo começou a
cair. Foi quando ela me procurou.
Sabendo que seus sentimentos de perda e culpa estavam bloqueando
seu Qi , conversei com Jane, deixando que ela expressasse suas emoções
mais profundas. Ela contou-me sobre sua infância e sobre como sua mãe
havia cuidado dela, fazendo com que se sentisse querida e especial. Pedi
que escrevesse seus sentimentos em um diário, onde poderia doc um en-
tar o tempo que havia compartilhado com sua mãe. Com o tratamento,
Jane conseguiu extravasar os sentimentos que estavam bloqueando e res-
tringindo eu Qi do Fígado e do Sangue e impedindo o fluxo de sua Água
Celestial. Colocou em seu diário sua tristeza e culpa profundas e foi acei-
tando, gradualmente, seus sentimentos. Sua menstruação volto u e seu
cabelo parou de cair.
Uma das vezes em minha vida na qual minha saúde emocional afetou
profundam ente minha Água Celestial foi em 1988. depois que me mudei
para o Canadá. Saí da China para fazer uma pós-graduação em Farma-
cologia na Quee n's University, em Kingston , Ontário. Tinha um conheci-
mento mui to limitado da língua inglesa e cheguei a e sa pequena cidade
canadense sem conhecer ninguém. Encon trei um quarto em uma casa
próxima da universidade, que dividia com outra aluna e com o proprie-
tário. Não cozin hava nem fazia as refeições em casa, pois não tinha uten-
sílios de cozinha nem pratos. Além disso, passava bem pouco tempo em
casa, pois saía às 7h30 e só retornava às 22h. Passava o dia todo assistin-
72 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
SHARON
Sharon nunca havia tido problemas com sua Água Celestial. No entanto,
começou a perceber que não conseguiria ter o filho que tanto desejava com
seu marido e, com isso, passou a ter cólicas, inchaço e dores nos seios,
entre outros sintomas relacionados à TPM. Seu marido não mostrava in-
teresse em ter filhos e queria voltar para a faculdade para conseguir uma
qualificação adicional. Durante a maior parte de sua vida de casada Sha-
ron fora quem sustentara o casal. Embora amasse o marido, não achava
justo que o filho que desejava há tanto tempo não pudesse se tornar uma
74 S AB ED O RI A C HI NESA PARA A SAÚ D E D A M U LH ER
realidade. Es tava brava, mas não demonstrava isso para ele. "A possibili-
dade de briga r com ele me deixava apavo rada", contou-me. "Não sabia
como co n fro ntá-lo( .. . ) Não tinha experiê ncia. Vinha de uma fa mília tra-
dicional e agia da for ma co mo hav iam me ensinado - fi car ao se u lado
nos bo ns e maus mome ntos:'
A raiva de Sharon internali zo u-se e ela fico u dep ressiva. Embora tives-
se se ntimentos intensos, não sabia co mo expressá -los. Entendi a, de algu-
ma fo rma, se us problemas, mas não sabia lidar co m eles. Começo u a fazer
terapia, meditação em gru po e a mergulhar no traba lho. Nos sete anos se-
guin tes, sua sa úde menstrual pioro u. A menstruação vinha cada vez mais
cedo, as cólicas fo ram fica nd o mais fortes e passo u a se ntir dores e inchaço
mais frequentes nos seios. Co ntou-me: "Não tomei nenhuma atitude, pois
achava que era assim co m todas as mulheres. Achava que era normal."
A vida de Sharon com seu marido fo i fica nd o cada vez mais restrita, até
que eles passaram a sair apenas os dois. Ele ti nh a de se r o ce ntro das aten-
ções, e a subes timava co m frequência. Ela co ntinuou a reprimir se us se nti-
mentos e, com isso, sua autoest ima des moronou. "Nunca fi z nada em
público ou, quando estáva mos com nossa fa mília, que pudesse contradizê-
lo ou ser visto co mo uma crítica': contou. "Nunca agi de forma a fazê- lo
sentir-se envergo nhado ou se m graça. Ficava quase sempre calada':
A menstr uação de Sharon co meço u a se altern ar entre fluxos volumo-
sos e outros quase im perce ptíve is. Passo u a ter ciclos irregul ares que co-
meçavam oito di as após o fim da última menstruação. No meio do seu
ciclo, seus seios doíam e ela tinha cólicas fo rtes. O inchaço abdominal de
Sharon era tão visível que chegara m a lhe pe rguntar se es tava grávida. Seu
m édico disse que ela estava co m vári os fi bromiomas uterin os que, juntos,
chegavam ao tamanho de um feto de 16 semanas. Felizmente, eram be-
nignos. O médico explicou qu e os fi bromiomas eram resultado de altos
níveis de estrógeno, e q ue seu corpo não estava produ zindo proges tero na
em quantidade suficie nte.
Sharon começou a usar um creme natu ra l de progestero na e a fre-
quentar um programa agressivo de autoc ura. Passou a ler muito sobre o
assunto e deixou de comer carne vermelha, alimentos processados e lati-
ÁGUA CELESTIAL 75
cínios. Adotou uma roti na de exercícios que incluía ioga, aeróbica de bai-
xo impacto e cond icionamento muscular. Também começou a consultar
um médium. Ele a estimulou a olhar para dentro de si e entrar em contato
com sua raiva. Com isso, ela começou a perceber como a ideia de enfren-
tar seu casamento a deixava apavorada, mas decidiu, corajosamente, fazer
terapia com o marido.
Menos de um ano depois, Sharon decidiu pôr fim ao casamento. Disse
que, até então, "estava tomando conta dele. Hoje, consigo lembrar quem
sou': Assim que seu marido saiu de casa, Sharon começou a tirar de lá tudo
o que a fazia se lembrar dele. Pela primeira vez em quase vinte anos, sen-
tiu -se feliz ao acordar. Disse: "Deixei que minhas forças fossem levadas e
agora eu as estou recuperando:'
Um mês após sua separação, seu médico lhe deu a boa notícia de que a
quantidade de fibromiomas havia reduzido pela metade. Sharon não tem a
menor dúvida da relação entre as causas de seus sintomas e sua raiva con-
tida, sua menstruação 1. ~gular e o aparecimento dos fibro miomas.
CATHERINE
conhaque para conseguir algum alívio. Sua mãe disse que ela estava com
a "maldição". Na região rural da Inglaterra, onde Catherine vivia naquele
tempo, esse era o termo frequentemente usado para descrever a menstrua-
ção. Sua mãe também sofria de dores menstruais, mas como Catherine
não tinha co nsciência do fato, nunca soube que ela e a mãe compartilha-
vam a mesma experiência.
Dois m eses após sua primeira menstruação, Catherine e a família
mudaram -se d a Inglaterra para Toronto. Foi uma transição extrema-
mente difícil para ela. Deixar um vila rejo com ap roximad ame nte du-
zentas pessoas e mudar-se para Toronto, uma cidade com cerca de um
milhão de habitantes, naquela época, fez com que Catherine se se ntis-
se compl etamente deslocada e perdida. Embora falasse inglês, seu so-
taque era tão diferente que mais parecia outra língua. E ela não tinha
mais o campo e as montanhas onde, muitas vezes, buscava alívio fu-
gindo do vilarejo e da família.
A dor de Cather ine alastrou-se do abdome para todo o corpo e passou
a durar entre quatro e cinco dias durante sua menstruação. Depois de um
ano e meio vivendo no Canadá, foi diagnosticada com artrite reumatoide
no braço esquerdo. Quando Catherine tinha 16 anos, um médico deu uma
sugestão para aliviar sua dor- recomendou que ela tivesse um bebê! Dois
anos depois, prescreveram-lhe contraceptivos orais como forma de ate-
nuar as dores. Passados três anos, ela começou a ter dores de cabeça fortís-
simas. Quando perguntou a seu médico se era seguro tomar analgésicos
juntamente com os contraceptivos, ele ficou surpreso ao saber que as pílu-
las orais não haviam aliviado seus sintomas menstruais. Catherine come-
çou a achar que tal dor "era assim mesmo" para todas as mulheres e que
deveria aceitar a situação.
Catherine formou-se na universidade e começou a trabalhar na área edi-
torial. Continuou a utilizar analgésicos para sentir-se "confortavelmente entor-
pecidà' enquanto sua dor ia ficando, gradualmente, cada vez mais intensa.
Perdeu oportunidades de promoção devido às suas ausências frequentes. Sen-
tia-se cada vez mais isolada em sua dor. Após trabalhar no Canadá durante um
ano e meio, decidiu voltar para a Inglaterra, onde se sentia mais em casa.
78 SAB EDO RIA CHINESA PARA A SAÚDE OA MULHE R
SANDRA
Sandra era uma mulher de 28 anos que chegou à minha clínica por recomen-
dação de um médico praticante da medicina ocidental. Com apenas 13 anos
já tinha cólicas fortíssi mas durante o período de sua Água Celestial. Seu mé-
dico prescreveu pílulas anticoncepcionais para atenuar a dor menstrual. Pas-
sados 15 anos, decidiu consultar seu clínico geral em razão do desconforto e
da dor que sentia durante o ato sexual. O médico a examinou e checou seus
níveis hormonais. O resultado foi aterrorizante: Sandra estava começando a
entrar na menopausa! Depois de discutir as opções com o médico, optou por
não fazer terapia de reposição hormonal (TRH). Tinha receio de que, ao tratar
sua menopausa precoce com TRH, abrisse as portas para uma série de com-
plicações desconhecidas, tais como a possibilidade de câncer de ovário ou de
m ama. Quando Sandra veio à minha clínica, não sabia qual método seguir.
Também se preocupava com sua fertilidade. Após tratar Sandra com acupun-
tura, Tui-Ná e ervas durante cerca de seis meses, a dor que ela sentia d urante
as relações sexuais começou a melhorar, e sua Água Celestial voltou a fluir.
Quando o Qi do Fígado não consegue fluir livreme nte, o Sangue não chega
ao Útero e, com o passar do tempo, pode Estagnar. A Estase de Sangue
pode levar à infertilidade. Na China, a maioria das mulheres não toma
contraceptivos orais antes do nasci mento do único filho (em 1979, o go -
ve rno chinês estabeleceu a política de filho úni co a fim de conter o cresci-
mento populacional). Preocupa-lhes o fato de que o aumento dos níveis
hormonais por meios artificiais possam prejudicar sua capacidade de en-
gravidar por provocar um quadro de Estagnação do Sangue e do Qi do
Fígado. No caso de Sandra, a forma como a medicina ocidental tratou seu
sintoma, através de pílulas anticoncepcionais, gerou problemas mais com-
plicados e mais sérios: início precoce da menopausa, possíveis dificuldades
de engravidar e fortes dores durante as rel ações sexuais.
82 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
na China e pelo fato de os chineses não serem, de forma geral, obesos, não
via nenhuma relação entre beleza e peso. Ou talvez a relação fosse insigni-
ficante devido à ausência de um mecanismo de propaganda e marketing
que promovesse o conceito da mulher perfeita.
No Canadá, conheci muitas mulheres que buscam aceitação com base
em um padrão idealizado de beleza. Já as ouvi falarem que se sentem inca-
pazes devido ao aspecto físico. Conheci mulheres que tiveram problemas
com sua Água Celestial por não terem uma boa aparência física e por apre-
sentarem baixa autoestima. É aflitivo ver mulheres com peso e aparência
corporal normais lutando para aderir a mais um regime alimentar severo,
ou exercitando-se de forma maníaca para perder peso. Digo a elas: "Você é
bonita", mas não conseguem ouvir minhas palavras e, quando ouvem, não
acreditam nelas. Já vi meninas de 10 anos de idade lutando para emagrecer,
e preocupo-me profundamente tanto com o impacto que isso pode ter so-
bre sua frágil estrutura psicológica quanto com a forma como dietas severas
e exercícios extenuantes podem repercutir em seu crescimento e ciclo
menstrual. Seus hábitos alimentares tornaram-se distorcidos, e elas acabam
optando por grandes quantidades de alimentos com baixo teor nutritivo, ou
por uma redução extrema na ingestão total de alimentos. As desordens ali-
mentares entre adolescentes e jovens mulheres de hoje são uma epidemia.
Embora sejam inteligentes e aparentemente bem -sucedidas em muitos as-
pectos de sua vida, o relacionamento que elas têm com a comida e com seu
corpo não é nem um pouco saudável.
O relacionamento que temos com nosso corpo torna-se muito mais
intenso durante a Água Celestial, dado que nesse período vivenciamos
mudanças extremas. A maneira como nos relacionamos com nossa forma
física tem um efeito profundo no valor que damos a nós mesmas. Lembro-
me de minha mãe dizendo, quando eu era menina, que era normal e boni-
to uma mulher ter um pouquinho de barriga. Ela me dizia que curvas
levemente arredondadas faziam parte do corpo feminino. Nenhum fami-
liar, amigo ou pessoa da sociedade na qual cresci enfatizava minha aparên-
cia física. Ao contrário, concentravam-se em como eu agia, como era como
pessoa e na forma como interagia com os outros. Quando um homem
AcuA CELESTIAL Bs
ALIMENTAÇÃO
ExERcrcJos Frs1cos
Mat ·y era uma mulher atlética, de 32 anos e que havia passado por algu ns
marcos em sua vida. Tinha casado e se formado em direito há pouco tem-
po. Ela e seu marido queriam ter um bebê, mas estavam preocupados de-
* Por "avanço agressivo" a aurora se refere a uma relação energética dentro da teoria
chinesa dos Cincos Elementos, ou Cinco Fases, da MTC de "inibição" do funciona-
mento do Baço e do Pânc reas exercida pelo Fígado. (N. do R. T)
ÁGUA CELE TIAL 89
dos Unidos. Cancelou a cirurgia. Não sabia das complicações que a endo-
m etri ose pode causar à fertilidade. Posteriormente, descobriu que muitas
mulheres inférteis podem ter endometriose.
Retornou ao Canadá e marcou novamente a cirurgia. No entanto, e
felizmente, um mês após decidir que tentaria ter um bebê, engravidou. Seu
filho nasceu há dois anos e meio. "Não tinha a menor ideia': disse, "da sorte
que tive em conseguir engravidar tendo endometriose. Depois do nasci-
m en to d e meu filho, não sabia o que aconteceria. Geralmente, a endome-
triose melhora depois que a mulher dá à luz': Apesar de sua endometriose
não ter sido controlada, Lisa passou vários meses sem sentir dores. No
início, sua vida estava maravilhosa- sentia-se completa.
Alguns anos atrás, seu marido foi trabalhar na Rússia. Passava um
m ês no Canadá e um na Rússia, trabalhando. Lisa ficava sozinha durante
cerca d e sessenta por cento do tempo. Tentaram encontrar um local que
redu zisse o tempo de viagem e onde pudessem passar mais momentos
juntos, em família. Ela sabia que tinham de tomar uma decisão, m as
achava difícil. Começou a se sentir estressada. À medida que seu estresse
aumentava, su a dor piorava. Descreveu: "( ... ) é como a dor do parto,
como se estivesse tendo contrações. Lidar com a dor n ão era nem um
pouco fácil. Estava incapacitada, não conseguia fazer nada." Teve cólicas
durante alguns meses e seus ciclos ficaram desregulados. Nessa época,
começo u a tomar analgésicos.
Durante um ano e meio, a dor de Lisa piorou e passou a incomodá-la
durante mais da metade do mês. Estava tomada pelas dores, e a medicação
não proporcionara alívio. Embora não quisesse fazer a cirurgia, consultou
seu médico. "O que você tem feito?': perguntou-lhe. Lisa respondeu: "Acu-
puntura, massagem, ioga~' O médico retrucou: "Tudo isso envolve outras
pessoas lhe aj udando. O que você tem feito por si só?" Foi quando ele men-
cionou o Qi Gong. Embora conhecesse artes marciais e Tai Chi, o méd ico
não achava que eram exercícios apropriados para ela.
Em uma consulta de retorno, o médico informou a Lisa que ela estava
com um cisto de 4,5 centímetros no ovário esquerdo. Em questão de sema-
nas o cisto havia alcançado 6,5 centímetros. Ela e o médico decidiram, então,
97 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Qi como a energia que faz o mundo girar, faz o sangue correr pelo corpo,
as árvores crescerem, dá gravidade à Terra:· Lisa continuou praticando Qi
Gong: "Aprendi três exercícios que repito por cerca de 15 minutos diaria-
mente. Desde o dia em que fiz o curso intensivo, tenho experimentado
uma sensação maravilhosa de alegria e muito menos dores abdominais.
Não estou fazendo Qi Gong para curar minha endometriose. A prática
deixa minha mente limpa. Em alguns dias, sinto-me melhor, em outros,
nem tanto. O Qi Gong me traz bem-estar e o encaro como uma maneira de
me tornar uma pessoa melhor."
O Qi Gong e o Tai Chi cultivam nosso corpo através do movimento
físico e desenvolvem em nós uma consciência mental aguda. Também po-
demos fazer meditação regularmente para estimular nossa clareza de vi-
são. Através da prática regular de meditação, que pode ser tão simples
quanto fazer exercícios de respiração, conseguimos cultivar nossa cons-
cientização e clareza para lidar com nossas emoções de uma forma mais
saudável. Por meio da meditação desenvolvemos uma tranquilidade de es-
pírito que nos permite aceitar as circunstâncias adversas de nossa vida
com compaixão e docilidade.
Thich Nhat Hanh, um monge budista vietnamita, aprendeu a trans-
formar a raiva que sentia das injustiças que havia testemunhado em seu
país durante a Guerra do Vietnã através de caminhadas e da prática de
respiração consciente. A conscientização é um estado de consciência in-
tensificado através do qual percebemos melhor nossas experiências e o
que acontece ao nosso redor no momento presente, sem censura ou crí-
tica. Quando somos capazes de estar aqui e agora, desligamo-nos um
pouco de nossos compromissos e deixamos fluir mais prontamente o
que a vida nos traz. Quando inspiramos, sabemos que estamos inspiran-
do, e quando expiramos, sabemos que estamos expirando. Quando er-
guemos o pé para dar um passo, temos consciência de que o estamos
erguendo. Quando estamos bravos, sabemos que estamos bravos. Essas
percepções objetivas nos permitem perceber nossa raiva a partir de uma
nova perspectiva. A conscientização possibilita o desenvolvimento da
"testemunha", a qual aprimora nossa atenção e o significado de nossas
94 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
ERVAS
Quando eu trabalhava na fazenda, todas as garotas com as quais dividia
o dormitório sabiam quais ervas tomar para ajudá-las durante o período
da Água Celestial. Tínhamos essas ervas à nossa disposição, frescas, no
campo. Lembro -me de sair para caminhar com minhas colegas após o
jantar, passeando pela beira da estrada empoeirada. Saíamos com frequên-
cia, não necessariamente para nos exercitar, mas para aliviar as saudades
que sentíamos de nossa família e amigos e o medo da possibilidade de
aquela vida ser o que o futuro nos reservava. Enquanto caminhávamos,
ÁGUA CHESTIAL 95
enco ntrávam os Yimu Cao, uma erva da famí lia das gramíneas que cresce
em va las, co nh ecida por sua capacidade de tonificar o útero que, além de
um Orgão, é também um músculo, razão pela qual precisa de tonifica-
ção. D urante o período da Água Celestial, se o Útero não estiver fortale-
cido, há maior possibilidade de ciclos irregu lares, excesso ou escassez de
flu xo e cólicas.
Em nossas caminhadas, colhíamos Yimu Cao umas para as outras e levá-
vamos a erva para a cozinha, onde preparávamos um chá, fervendo a planta
na água. Muitas vezes, juntávamos uma quantidade maior do que a necessá-
ria e, então, colocávamos a erva para secar, pendurando-a de ponta-cabeça
para os momentos em que não tínhamos tempo para nossas caminhadas ou
quan do não era época de colheita.
O uso de ervas medicinais era algo tão incorporado ao nosso dia a dia
que todas conhecíamos as ervas capazes de nos ajudar durante o período
da Água Celestial. Nenhuma mãe precisava ficar lembrando as filhas ou
insisti ndo para que tomassem as ervas medicinais indicadas para evitar
problemas menstruais ou melhorar a saúde. Essa autoconscientização fa-
zia pa rte da ed ucação das mulheres chinesas.
Há dois remédio à base de ervas patenteados que podem ser encon-
trados em lojas medicinais chinesas no Ocidente e que são extremamente
eficazes para regu lar o ciclo menstr ual. Um é o que minha mãe me in-
d ico u: Wu fi Bai Feng Wan,* ou os comprimidos Black Chicken White
• Wu }i Bai Feng Wán é mais uma fó rmula chinesa patenteada cuja traduçáo é: "Pílulas da
Fênix Branca da Galinha de osso-prero." Sua fórmula é compo ta de: Wu Ji (Pullus Cum
Osse Nigro), 33,80%; Sheng Oi Huang (Radix Rehmanniae Glutinosae), 12,90%; Shu Oi
Huang (Radix Rehmanniae Glutinosae Pmepamta), 12,90%; )(jang Fu (Rhizoma Cyperi
Rotundi) , 6,4 5o/o; Shan Yao (Radix Dioscoreae Oppositae), 6,4 5o/o; Lu Jiao Jiao ( Colfa Cornu
Cervr}, 6,45o/o; Ren Shen (Radix Ginseng), 6,45%; Oang Gui (Radix Angelicae Sinensis),
6,45o/o; Bai Shao Yao (Radix Paeoniae Lactijlorae), 6,45o/o; Huang Qi (Radix Astragali Mem-
branacei), I ,70o/o. As indicações clínicas dessa fórmula são para desordens menstruais como
menorragia, hipomenorreia e dismenorreia, sangramento uterino leve mas persistente (me-
tro taxe), leucorreia, dor lombar e nos joelhos, ovulação dolorosa, esterilidade, fraqueza das
pernas, menstruação adiantada, alteração de peso, sangramento pós-parto, fadiga pós-par-
to, síndrome pré- menstrual. (N. do R. n
96 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
TRATAMENTOS DE AUTOCUIDADOS
* Converse com seu especialista ames de utiliza r medicamentos à base de ervas caso tenha
alergias, sensibilidade a drogas ou qualquer problema grave como doenças cardíacas, pressão
alta, diabetes, epilepsia ou glaucoma; ou caso esteja romando medicamentos por prescrição
médica. Pare de ro mar a erva e converse com seu médico se ap resentar algum dos seguintes
sintomas nas duas horas após sua ingestão: náusea, diarreia, do res de cabeça o u vômiros.
** Xiao Yao Wan é o utra fó rmula chinesa patenteada co nhecida como pílula da fe lici-
dade, extraro do relaxa mento ou viajante relaxado. Sua fó rmul a é co mposta de: C hai
Hu (Radix Bup leuri); Oang Gui (Radix A ngelicae Sinensis) ; Ba i Zhu (Rhizoma A trac-
tylodis M acrocephalae); Sai Shao Yao (Radix Paeoniae Lactiflorae) ; Fu Ling (Sclerorium
Poriae Cocos); G an C ao (Radix Glycyrrhizae Uralensis); Bo H e (Herba M enthae Haplo-
calycis}; Sheng Jiang (Rhizoma Z ingiberis Offici nalis Recens). É a fó rmula mais comu-
mente indicada para sinto mas de estagnação da energia (Qi) no Fígado e para mobili-
zar a energia (Qi) bloqueada no Fígado; fo rtalece o Baço e nutre o sa ngue (Xue) ; é be-
néfi ca para distensão e do res do abdome; menstruação irregular; fadi ga ; alteração de
humo r; do res de cabeça; é também útil nas alergias alimentares. Essa fó rmula fo i ela-
bo rada em 11 5 1 a.C. (N. do R. T.)
ÁGUA CELESTIAL 97
AcuPRESSÃo*
YoNG QUAN**
Na sola dos pés, en tre o segundo e o terceiro dedo, a uma distância de cer-
ca de um terço entre a base do segundo dedo e o tornozelo, há uma depres-
Esse ponto, que auxilia o fluxo do Q i do Baço, do Fígado e dos Rins, está
localizado na parte interna das pernas, ce rca de três dedos** acima do torno-
zelo. Pressione esse ponto vi nte vezes, movendo seus dedos, ou nó dos de-
dos, como se estivesse amassando a área. Esse é um dos pontos da acupuntura
mais importantes para aj udar a Água Celestial. É o ponto de junção dos Ca-
nais do Baço, do Fígado e dos Rins. É capaz de equilibrar o Baço e promover
sua fun ção de transporte da água para d renar a Umidade;*** sedar o Fígado, o
que leva à dispersão do Qi do Fígado; e dar suporte aos Rins. Massagear esse
ponto pode ajudar a aliviar sensações de irritabilidade, trazer calma e ate-
nuar dores na região abdominal (ver ilustração a seguir).
Zu SAN u
Na parte externa das pernas, cerca de quatro dedos abaixo do osso protu-
berante logo abaixo do joelho, localiza-se um ponto que pode ser massagea-
do para equilibrar o Qi do Baço e nutrir o Sangue. Pressione o local vinte
vezes, como se o estivesse esmagando (ver ilustração a seguir).
ÁGUA CELESTIAL 101
N EI GUAN
RESUMO
Quand o se trata de nossa Água Celes ti al, o mais importante para nossa
saúd e é a fo rm a co m o nos relacio namos co m nossas emoções . Na m edi -
cina chin esa, as emo ções são um a manifes tação d o Qi, nossa força vital.
Quand o o movime nto do Qi está impedid o, po dem oco rrer enfermida-
des o u doe nças. O Sa ngue e o Qi tamb ém es tão intim amente interliga -
d os e, ass im se nd o, um desequilíbri o em um deles frequ ent em ente gera
di sfun ções no o utro.
A noção de relac io namento e interco nec tivid ade permeia toda a
medi cina chin esa. Ao faze r um di agnós ti co, o profi ss ional da MTC
leva em co nsid eraçã o tod os os as pec tos de nosso se r - físicos, emo -
cion ais e es piritu ais. Não são as doe nças qu e são tratad as; em vez dis -
so, são reco m end adas solu ções terapêuti cas co m base em um a visão
holísti ca d a pessoa. Além di sso, os pró pri os tratame ntos são holísticos
e perso nali zado s de aco rdo co m o pac iente. O trata mento da di stensão
abdo min al pré- m enstru al, por exemplo, incluiria sugestões para lidar
com a raiva e a fr ust ração tanto qu an to reco m end ações de alimenta-
ção, es til o de vida, exe rcícios, desca nso e trabalh o. Bu sca-se o equilí -
brio em to d os os as pec tos da vid a.
Embora disfun ções ginecológicas possam ser rastread as até qu alquer
Orgão, dada inter-relação entre os sistemas de Orgãos, as redes de Orgãos
do Fígado e dos Rin s são bas ica mente as responsáveis por essas di sfunções.
O Fígado arm aze na o Sangue qu e é envi ado para o Útero e, então, liberado,
e os Rins fornece m a Essê ncia que é necessá ri a para suprir o Útero com
Sa ngue e Q i pa ra o fluxo no rmal da Água Celesti al.
Para a mulh er, a fo rm a bás ica de cuidar de si mes ma co nsiste em li-
dar co m os problem as emocion ais. Outras recomend ações incluem: tera -
pi as die téticas, entre as qu ais ervas, regimes reg ul ares de exercícios, Qi
Gong e Ta i Chi , med itação, aut omassage m e co nsiderações qu anto ao
estil o de vid a.
Para cuid ar de nossa sa úd e feminin a prec isa mos ter um relaciona-
m ent o ínt imo co m nossa fisiologia natural. É preciso ter con sc iência
ÁGUA CELESTIAL 103
tanto das mudanças sutis quanto das não tão sutis que aco ntecem, que
podem ser precursoras de doenças. Além disso, quando entendemos
como nossa saúde depende das atividades às quais nos dedicamos dia-
riamente, d as emo ções que expressamos, das atitud es que temos e dos
alimentos que ingerimos a cada refeição, passamos a ter uma melhor
ligação com o funcionamento do nosso corpo e nos sentim os mais ca-
pacitadas a tom ar as medidas necessárias em busca da saúde. A medi-
cina chinesa nos dá esperança para que nós mesmas possamos prevenir
d oe nças e cu idar de nossa saúde.
ALIMENTAÇÃO
• Qi Gong.
• Tai Chi.
• Meditação.
ESTILO DE VIDA
BOTÕES DE LÓTUS
CAPÍTULO SETE
.@
~~@.
~~~
MEDIDAS DE AUTOCUIDADOS
EMOÇÕES
A LIMENTAÇÃO
EXERC[CI OS
EsTILO DE VIDA
FATORES DE RISCO
Além de um histórico de doenças mamárias, há diversos fatores de risco
que aumentam as chances de uma mulher desenvolver câncer de mama,
entre os quais:
IDADE
* Ch ong Mai é um dos oito ca nais ex trao rdinários de energia, também chamados
pelo franceses de "os oito va o maravi lh o os", e cuja tradução é Vaso Penetrado r. Ver
N. do R. T na págin a 64. (N. do R. T.)
116 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
H ISTÓRICO FAMILIAR
Durante a gravidez e o parto, o Úte ro abriga o feto para depois libe rar
o bebê. Com isso, ele elimina Sangue e Qi Estagnados, cumprindo uma
função de lim peza profunda. Se adiamos a gravidez ou n ão damos à
luz, há maior probabilidade de acúmulo de Sangue e Qi antigos. Ini-
cialmente, isso pode levar à estagnação no sistema do Fígado na região
inferior do corpo, a pélvis, que também pode, posteriormente, solidifi-
car-se na região das mamas como resultado do aumento progressivo da
Estagnação à medida que o tempo passa.
CAPfTULO OITO
,@
®~®
B'O B'
Possíbílídades no ramo superíor
do contínuum
vezes, essas mulheres acabam sendo censuradas por seus familiares, e essa
falta de aprovação pode fazer com que fiquem em dúvida, sintam culpa ou
se arrependam de sua decisão. Emoções desse tipo podem prejudicar o
fluxo de Qi pelo sistema de Orgãos do Fígado - um sistema que já se en-
contra sobrecarregado. As emoções têm um impacto sign ificativo na capa-
cidade da mulher vencer o câncer. É importante manter o otimismo, olhar
o lado favorável da situação e nunca desistir.
A base filosófica e as raízes da cultura chinesa podem ajudar a enten-
der a doença e a lidar com seus aspectos emocionais. Duas perspectivas
filosóficas fundamentais na China são o Yin e Yang e o budismo. No con-
ceito do Yin e Yang, o universo muda, movimenta-se e transforma-se conti-
nuamente. Todos os fenômenos e acontecimentos estão relacionados e
envolvem forças opostas, mas complementares, e que estão sob a influên-
cia da energia universal. Isso significa que tudo tem dois lados e que um
estado saudável existe quando as duas forças estão em equilíbrio relativo.
Não há um estado em que haja apenas tristeza ou apenas alegria. Elas exis-
tem em equilíbrio ou desequilíbrio relativo e uma precisa da outra para
existir. A felicidade não é necessariamente um sentimento que ocorre ape-
nas na ausência da tristeza. A felicidade e a tristeza devem coexistir, já que
as raízes da felicidade podem ser encontradas na tristeza, e o estado de
sentir-se feliz carrega em si as sementes da tristeza.
Há uma parábola taoista que expressa a natureza relativa dos opos-
tos. Certo dia, um fazendeiro estava contando a seu vizinho que seu
cavalo havia fugido. O vizinho, sensibilizado com a situação do fazen-
deiro, disse: "Que ruim ." O fazendeiro respondeu: "Nunca se sabe o qu·e
é bom e o que é ruim." Na manhã seguinte, o cavalo voltou. Mas não
estava sozinho. Trouxe consigo vários cavalos selvagens. O vizinho disse
ao fazendeiro: "Parabéns, que bom que seu cavalo voltou e trouxe vários
outros." Mais uma vez, o fazendeiro respondeu: "Nunca se sabe o que é
bom e o que é ruim." Na manhã seguinte, o filho do fazendeiro resolveu
montar um dos cavalos selvagens, que o atirou longe. Na queda, que-
brou a perna. O vizinho foi novamente solidário com o fazendeiro. Pela
terceira vez, o fazendeiro respondeu: "Nunca se sabe o que é bom e o
120 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
LAURA
Aos 47 anos, Laura percebeu um caroço no seio - um aumento que não
havia sido detectado em sua última marnografia. Foi consultar seu médico,
que lhe explicou se tratar de um cisto. Por exibir sinais de malignidade, Lau-
ra submeteu-se a uma biópsia, feita com uma agulha finíssima. O diagnósti-
co foi de um cisto pré-canceroso. O médico lhe falou: "Não se preocupe.
Faça a cirurgia quando puder:' Laura decidiu fazê-la. Não estava preocupa-
da. Havia sofrido durante tantos anos de colite ulcerativa, uma doença dolo-
rosa no intestino, que achava que remover um cisto seria como brincadeira
122 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
-
outro grupo de trabalho voluntário do qual começou a participar. Dizia às
mulheres que estavam fazendo quimioterapia: "Seja uma princesa durante
seis meses. Aproveite ao máximo tudo que vale a pena:' Queria dar espe-
BOTÕES DE LÓTUS 123
ranças a elas. Dizia: "Vocês podem achar que o esperado é ficarem debili-
tadas, mas não deixem sua mente pensar dessa forma." Laura tinha uma
amiga que ficou largada no sofá durante os seis meses. Estava decidida a
mostrar às mulheres que não se deve deixar que as coisas tomem esse
rumo. Estimulava todas a fa zerem tud o o qu e estivesse a seu alcance para
se sentirem bem. Dizia: "Se você tem uma aparência péssi ma, acaba se
sentindo péssima, e os outros também acharão isso. Vocês irão se sentir
melhor com um pouco de maquiagem, independentemente de terem ou
não vontade de se maquiar:'
Laura não queria ser uma vítima do câncer e tentou viver "normal-
mente': Programou o tratamento de quimio de forma que pudesse prepa-
rar o jantar da Páscoa e manter as tradições de sua família. Também decidiu
que contaria a todos que estava com câncer. Sua experiência havia mostra-
do que, quando as pessoas não sabem sobre uma doença mas suspeitam ou
ouvem boatos, começam a imaginar as piores coisas possíveis, o que gera
muito desconforto. Laura con truiu uma forte rede de apoio formada por
pessoas que se preocupavam com ela e que mantinham uma visão positiva,
o que foi de grande ajuda durante uma fase tão difícil e desafiadora. Seu
grupo de apoio ao câncer reunia-se regularmente. Na verdade, passados
quase dez anos, as reuniões continuam, e algumas mulheres que participa-
ram do primeiro grupo continuam a frequentá -lo.
Na época em que Laura estava fazendo quimioterapia e radiação,
começou também a me consultar. A doença no intestino não havia sido
controlada, mesmo com um intestino artificial. Lembro-me de dizer a
ela: "Você está morrendo e não é o câncer que a está matando. Você não
tem ingerido os nutrientes necessários para a sustentação de seu cor-
po." Laura achava que os médicos não estavam dando nenhuma ajuda
significativa para sua colite. Havia se submetido a um tratamento in-
travenoso durante um mês para ajudar na cura e, assim que voltava a se
alimentar, ficava novamente doente. Estava tão fraca que, no início, dei
a ela ervas que são normalmente indicadas para bebês . Sua saúde esta-
va muito comprometida, e eu queria começar com algo que pudesse
d ar certo para ela. Laura se lembra de me ouvir dizendo: "Posso lhe
124 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
ajudar, mas você terá de confiar em mim, dar tempo ao tempo e parti-
cipar ativamente do tratamento."
Disse: "A Xiaolan foi a primeira pessoa que entendeu o que eu queria
dizer e não tentou fazer com que eu melhorasse apenas superficialmente.
Falava coisas que faziam sentido e foi sempre muito clara durante o tra-
tamento; me ajudou muito, além de ter sido muito atenciosa. Confiava
nela e, embora tivesse meus médicos, relutava em lhes contar os proble-
mas que surgiam. Não queria tomar mais remédios. Parecia que a única
maneira que eles tinham de me ajudar era com comprimidos ou por
meio de uma cirurgia. Quando me tratava com eles, sentia-me impoten-
te. Na Xiaolan descobri uma pessoa que buscou me ajudar a encontrar a
chave para a solução do problema."
Laura passou a seguir um regime alimentar que incluía mais alimentos
frescos e peixe e menos carne. Começou a comer tofu e a ouvir seu corpo.
Com o passar do tempo, conseguiu comer sem ficar doente. Também con-
seguiu parar de tomar remédios para sua enxaqueca que, de tão severa,
obrigou-a, algumas vezes, a ir ao hospital para tomar injeções de Deme-
rol. * À medida que foi recuperando sua força, foi conseguindo alcançar
um nível mais profundo de cura.
Laura enfrentou corajosamente inúmeras dificuldades em sua vida.
Mesmo assim, ela diz: "Acho que o câncer de mama foi a melhor coisa
que me aconteceu. Talvez tenha me dado um empurrão para a vida de
verdade." Confiava em sua capacidade de trabalhar seu câncer de mama
e sua doença no intestino para buscar um novo significado em sua vida.
Acredita piamente que a forma de pensar e as atitudes realmente fazem
a diferença quanto à capacidade de cura, assim como os relacionamen-
tos que cada pessoa tem consigo mesma e com aqueles que as apoiam e
cuidam delas.
* Nome comercial da subsrância ariva Meperidina (nome genérico), uma droga narcó-
rica similar à morfina, usada para rrarar dores moderadas a severas. (N do R. T)
BOTÕES DE LÓTUS 125
A LIMENTAÇÃO
Além disso, não se deve ingerir alimentos e bebidas estimul antes, tais como
chocolate, cafeína e álcool, já que eles podem prejudicar o fl uxo de Q i do
Fígado. Devemos comer moderadamente e em horários regulares. Comer
pouco ou muito pode ser prejudicial ao organismo.
EXERC[CIOS FfSICOS
AcuPRESSÃO
Q1 GONG
O Q i Gong nutre e ajuda o Baço, o Fígado e os Rins, que ficam enfraqueci-
dos durante o tratamento de câncer. Geralmente, estimulamos os pacien-
tes de câncer a praticar essa antiga arte ch inesa.
KIM
• Nome genérico de uma droga prescrita para o tratamento do câncer de mama. Mais
eficaz para o câncer de mama sensfvel ao estrogênio. É um agente não hormonal , com
propriedades anriestrogêni cas. (N. do R. T.)
128 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
nosticada com câncer de mama pela primeira vez, tentou faze r tudo o
que pôde e da melhor maneira possível para se rec uperar, e m esmo
assim o câncer voltou . Começou a questionar a natureza da cura. A
capacidade de cura era algo qu e já existia dentro dela? Como ela pode-
ri a chegar até essa capacidade?
Kim tentou ioga, mas descobriu que não conseg uiria fazer os exer-
cícios por causa de seu ombro. Decidiu então tentar Qi Gong, que es-
tava sendo oferecido em um centro local de apoio ao cânce r. O Qi
Gong foi ao encontro das ideias sobre cura nas quais ela ac reditava, ou
seja, que a autocura é po ssível e algo que sempre existiu na história. O
conceito de explorar a energia de cura para trazer harmonia e equi lí-
brio para seu corp o teve uma repercussão profunda nela. Na verdade,
ela compara a cura a um a cadeia que conecta toda sua existência, e
acredita que depende d e cada um a de nós fazer o melhor poss ível para
explorar essa energia.
Um ano após o reaparecimento de seu câncer, Kim passou a praticar
o Qi Gong. Para surpresa dos médicos, continuou viva no ano seguinte,
e o tumor desapareceu. Nunca deixou de praticar a arte e hoje dá aul as.
Trabalha para desenvolver compaixão pelo seu corpo, para se curar
emocional, mental, física e espiritualmente, e para permitir que a ener-
gia de cura flua em seu corpo.
Kim é extremamente cuidadosa quando fala sobre "curas': Para ela,
viver no momento presente sem câncer é o ponto no qual se encontra em
sua jornada. Sem ter certeza do que o futuro lhe reserva, diz: "A vida é um
mistério ... deixe que ela se desdobre:'
A seguir estão os exercícios de Qi Gong que Kim pratica diariamente:
BOTÕE DE LÓTUS I 29
0 CAVALO
* Oan Tian, cuja tradução literal é "campo do cinábrio", é o nome que designa três re-
giões no corpo (Oan Tian superior, médio e inferior), que coincidem com pontos de
acupuntura, e que são muito utilizados na prática do Qi Gong e na chamada Alquimia
Tao ista. O Dan Tian superior está relacionado com o ponto ex tra de acupuntura chama-
do Yin Tang, situado entre as sobrancelhas, na glabela; O Dan Tian médio, na região do
acuoonto 12 VC (Zhong Wan), na "boca do estômago"; e o Dan T ian inferior, citado
aqui pela auto ra, é uma região que abrangeria os acupontos 4, 5 e Gdo VC (cujos nomes
des es acuponros, respectivamente, são G uan Yuan, Shi Men e Qi H ai). (N. do R. T)
130 SABEDORIA C HINESA PARA A SA U D E DA M U LHER
lar o ar com força e dar um soco ao mesmo tempo é uma ótima maneira de
expressar e liberar frustração e raiva reprimidas. Coloque novamente suas
mãos na altura da cintura. Repita o movimento com o braço esquerdo. Co-
mece o exercício dando três socos com cada braço, em seguida aumente para
cinco e depois para sete. Traga novamente os braços para o lado do corpo.
Estique os joelhos. Posicione os pés lado a lado.
pirar, girando o peito e levando o braço para o lado esquerdo, até uma posição
confortável. Siga seus dedos com os olhos. Abaixe o braço e gire agora levan-
tando o braço esquerdo. O ritmo do exercício fluirá naturalmente. Lembre-se
de expirar a cada volta. Comece girando três vezes para o mesmo lado, em
seguida aumente para cinco, e, depois, para sete. Traga os braços novamente
para o lado do corpo. Estique os joelhos e posicione os pés lado a lado.
A GRUA
Esse é um exercício revelador que muitas vezes, durante sua execução, mos-
tra se nossa mente encontra-se em outro lugar. Requer concentração e foco,
o que é mais difícil se estamos pensando no que fazer para o jantar ou como
conseguiremos dar conta de todos os nossos afazeres. Preste atenção em sua
postura e respiração. Mantenha braços, ombros e punhos relaxados. Dê um
passo para a esquerda. Concentre-se em um ponto no chão ou na parede.
Ao inspirar, transfira o peso para qualquer um dos dois pés, o que seja mais
natural. Levante o outro pé e coloque-o ao lado ou atrás do joelho, inspiran-
do. Levante lentamente suas mãos, com as palmas para cima, até alcança-
I 32 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
rem a altura dos ombros. Fique nessa posição por algum tempo, sem respirar.
Em seguida, ao expirar, vá abaixando o pé lentamente até o chão. Abaixe
também os braços. Agora alterne o pé onde o peso está concentrado e repita
o movimento. Tente fazer movimentos lentos e suaves. Traga os braços no-
vamente para a lateral do corpo. Estique os joelhos. Alinhe os pés.
0 URSO
CURA E RESTABELECIMENTO
-
BOTÕES DE LÓTUS 135
RESUMO
NUVENS E CHUVA
CAP(TULO NOVE
~
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<8'0 '8'
Sexo e bem-estar
Assim, para os taoistas, o ato sexual não era visto como uma forma de
liberar energias e emoções, e sim o contrário: consideravam-no um meio
de reabastecer a energia sexual e garantir um bem-estar físico, emocional
e mental. Eles também acreditavam que o sexo poderia ser uma experiên-
cia espiritual, já que era a união de opostos complementares qu e se liga-
vam com o macrocosmo do céu e da Terra. Diziam que o esgotamento da
energia sexual levava a um vazio da mente e dos sentidos. Quando isso
ocorre, podemos reprimir nossas necessidades sexuais ou deixar nossos
desejos de lado e buscar outras formas de estímulo, tais como álcool OL'
drogas, em uma tentativa de gerar a energia interna tão necessária que se
esgotou. No entanto, o excesso de bebidas alcoólicas e narcóticps acabam
esgotando ainda mais nossa energia. Podemos nos tornar obcecados em
nossa busca por estímulos maiores para compensar a energia que nos é
roubada. Ocorre, então, um ciclo vicioso, pois, à medida que nossa ener-
gia é consumida, nossa mente e nosso corpo se tornam cada vez mais
enfraquecidos, levando a um maior desejo de estímulos, que só serve para
nos empobrecer energeticamente. Nossos sentidos tornam-se superativos
e nossa Essência se esvai.
Dessa forma, é importante não reprimir nossa energia sexual, não dei-
xá-la de lado, não permitir que saia de nosso controle. Relações sexuais
acompanhadas de orgasmo são uma das formas mais eficientes de as mu-
lheres nutrirem sua energia sexual e sua Essência.
CAPÍTULO DEZ
,@-.
~0®
~~
A pesar de uma vida sexual satisfatória ser um fator que traz muitos
benefícios à saúde geral e ao bem-estar das mulheres, muitas de
nós, infelizmente, não temos uma vida sexual harmoniosa e completa. Po-
demos não vivenciar o sexo como uma energia criativa que estimula nossa
paixão, que nutre nosso mundo interior ou fortalece nossa energia inter-
na. Muitas mulheres sentem-se insatisfeitas com suas experiências sexuais
e há uma série de fatores - internos e externos - que contribuem para
esse descontentamento, os dois maiores talvez relacionados a forças cultu-
rais e sociais.
Por ter crescido na China, nunca me falaram abertamente, mas eu
sabia, de alguma forma, que não deveria conversar com o garoto que
sentava perto de mim na escola. Via uma linha imaginária que separava
o meu espaço do dele, uma fronteira que ambos sabiam que não deveria
ser cruzada. Não olhava nos olhos dele, imagine então conversar ou ter
algum contato físico. Tinha um medo enorme das consequências que
poderiam surgir se eu interagisse verbal ou fisicamente com alguém do
sexo oposto. Quando penso nisso, é difícil entender exatamente do que
eu tinha medo. Não era porque minha mãe havia me dito que me re-
preenderia ou porque a professora iria desaprovar minha atitude. Mas
144 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
idealizado, se é gordinha, tem seios pequenos, não é tão bonita nem tão
jovem assim, pode acabar achando que não é nem atraente nem sexy. Por
não atender aos padrões, desenvolvemos imagens negativas de nosso cor-
po, e nossa autoestima despenca. A percepção que temos de nós mesmas e
de nosso valor pessoal é um fator importante na satisfação sexual. As mu-
lheres precisam se sentir valorizadas e respeitadas durante o sexo, e não
envergonhadas ou criticadas. O fato de nos concentrarmos na aparência e
em imagens negativas de nosso corpo nos impede de nos doarmos por
inteiro nas relações sexuais, o que faz com que nos sintamos inadequadas,
indesejadas e desestimuladas com o sexo.
Isso me faz lembrar de uma historinha sobre sapos que me contaram.
Um grupo de sapos estava saltitando entre as árvores quando dois deles
caíram em um buraco muito fundo. Os outros sapos reuniram-se em tor-
no do buraco e gritaram, olhando para baixo: "Amigos, este buraco é muito
fundo, não sabemos como vocês conseguirão sair daí:' Os dois sapos co-
meçaram a pular com todas as forças, tentando sair do buraco. Os outros
sapos, do lado de fora do buraco, disseram: "Meu Deus, é muito fundo! É
melhor vocês pararem de tentar, a distância é muito grande!" Os dois sapos
continuaram tentando, batendo muito contra as laterais do buraco. Os sa-
pos que estavam na beira mal conseguiam olhar a cena. Gritavam: "Parem,
por favor, vocês estão se machucando, não vale a pena!" Por fim, um dos
sapos ouviu o que os outros diziam e desistiu. Sentou-se quieto e triste. O
outro sapo, porém, continuou a pular o mais alto que podia até que conse-
guiu dar um grande salto e sair! Os outros sapos reuniram-se à sua volta e
perguntaram: "Você não ouviu que nós estávamos falando para vocês pa-
rarem?" O sapo respondeu: "Tenho problemas de audição. Achei que vo-
cês estavam tentando me encorajar:'
Essa história mostra o poder das palavras e das mensagens. O sapo
que acreditou estar recebendo o estímulo dos amigos conseguiu superar
obstáculos que pareciam intransponíveis. Os dois sapos ouviram a mes-
ma mensagem, mas foi a crença dentro de cada um que parece ter feito a
diferença na forma como cada um lidou com a situação. Da mesma for-
ma, todas as mulheres ouvem as mesmas mensagens sobre como deve ser
148 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
sua aparência e o que devem vestir para serem valorizadas, mas não seria
a forma como lidamos com essas mensagens que faz a diferença? Não
podemos formar nossas próprias crenças sobre o valor de ser quem so-
mos e, com isso, deixar de confiar tanto no que os outros nos dizem? Não
podemos nos prender a essas crenças e não permitir que as palavras e
mensagens dos outros nos afetem?
Questiono a frequência com que as vozes às quais precisamos ser
surdas são não apenas vozes externas, mas também nossas próprias vo-
zes internas que nos dizem: "Não estou em forma. Por que, então, meu
parceiro iria sentir desejo por mim?" ou "Sou muito velha para ficar pen-
sando em sexo". Podemos ouvir essas vozes e nos sentir indesejadas, ridí -
culas ou cheias de falhas, ou podemos escolher a surdez e oferecer a nós
mesmas palavras que nos estimulem. Podemos começar a acreditar em
nós mesmas como seres sexuais, únicos e belos, cada qual à sua maneira.
E, talvez, ao fazê-lo, podemos começar a confiar em nossa sexualidade e
a explorar o que desejamos e o que nos agrada, deixando nossa energia
sexual fluir livremente.
Com base nos tipos de anúncios e artigos de revistas que vemos, é pos-
sível achar que a ra zão da existência de uma mulher é atender aos desejos
e às vontades de um homem. Parece que as mulheres estão condicionadas
a aceitar estereótipos de mulheres e homens que reforçam a noção de como
deve ser nossa aparência e como devemos agir para fazer os homens feli-
zes. Quando, ao se falar em sexo, a ênfase volta-se aos desejos e à satisfação
dos homens, há menos espaço para preenchermos nossas próprias neces-
sidades. As mulheres fingem orgasmos pois querem agradar seus parcei-
ros. Preocupa-nos o fato de nossos parceiros não se sentirem bem se não
chegarmos ao clímax, já que nos disseram que a autoestima de um homem
está relacionada às suas proezas sexuais, e ameaçar a autoestima de nosso
parceiro pode colocar em risco a base de nosso relacionamento. Achamos
mais fácil fingir um orgasmo do que atingi-lo, e não queremos que nossos
parceiros sintam-se obrigados a continuar tentando. Os orgasmos estão
além da esfera de nossas possibilidades, então é melhor acabar logo com
isso. Fingimos e dizemos a nós mesmas que isso não tem tanta importân-
NUV ENS E CHUVA 149
cia para nós quanto tem para os homens. Mentimos sobre o orgasmo em
grande parte porque queremos que nosso parceiro sinta-se bem sexual-
mente. Por que nos preocupamos tanto com os sentimentos de nosso par-
ceiro a ponto de desprezar nossas necessidades e nossos desejos?
o que desejo sexualmente': Em vez disso, devemos dar forças a nós mesmas
através de palavras e ações que nos ajudem. Quando entramos em sincro-
nia com nossa intimidade, podemos descobrir que nossas emoções são
menos fracas e menos voláteis. Quando temos uma vida sexual satisfató-
ria, temos mais chances de dormir melhor, de controlar nossos hábitos
alimentares e de nos sentirmos mais energizadas. Todos esses fatores me-
lhoram significativamente nossa saúde geral, inclusive nossa saúde -emo-
cional. Se não estamos felizes com nossa vida sexual, nossas emoções irão
prejudicar nosso corpo, nossa mente e nosso espírito.
RACHE L
Quando veio me consultar pela última vez, não havia tido mais nenhuma
infecção nos últimos dois anos. Rachei conseguiu entrar em contato com
seus sentimentos de mágoa e raiva, e fez uma escolha diferente que a levou
a se valorizar. Com isso, nunca mais teve infecções urinárias e voltou a ter
uma vida sexual regular.
Nas relações sexuais, algo tão íntimo, há inúmeras chances de nos sentir-
mos aceitas ou rejeitadas. A forma como nos sentimos com relação à nossa
sexualidade tem implicações que vão muito além da cama e que influen-
ciam nossos sentimentos e a maneira como nos expressamos através de
emoções, palavras, pensamentos e ações. Quando temos uma vida sexual
satisfató ri a, temos mais confiança em nós mesmas e acreditamos em nosso
valor e no que levamos para o relacionamento. Se sentimos que damos um
valor intrínseco ao que somos, não ficamos à mercê das mensagens que os
outros nos passam. Podemos descobrir que somos capazes de fazer esco-
lhas e, assim, não nos negligenciamos. Tomamos conta de nós mesmas de
uma forma amável e compassiva que ajuda nosso corpo, coração e mente.
Não se ntimos a necessidade de colocar a satisfação sexual de nosso parcei-
ro antes da nossa, pois nos tornamos parte integral da equação sexual. Te-
mos valor e o mesmo direito a nos sentirmos completas sexualmente, pois
agora nos valorizamos.
Tudo bem, você deve estar pensando. Aceito que tudo isso é verdadeiro,
mas como entro em contato com o que desejo sexualmente? A resposta para
cada uma de nós é diferente, depende de nossa história, da sociedade onde
crescemos e das principais influências em nossa vida. No meu caso, tive de
explorar como me sinto com relação ao sexo e a mim mesma como um ser
sexual. O que significa atração sexual para mim e como me sinto física e
emocionalmente quando atraída por alguém? Como desfruto de meu corpo,
o que me deixa excitada? O que me satisfaz sexualmente? Admito que quan-
do comecei a explorar essas perguntas, me senti sobrecarregada e perdida,
sem saber nem mesmo como conseguiria entender o significado delas, quan-
to m ais como poderia respondê-las. Talvez você também esteja se sentindo
assim. Nesse caso, quero compartilhar o que me ajudou.
I 52 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
• Essas práticas são descritas nos textos antigos de 7h( Handbook ofthe Pia in Girl e 7h(
Art ofthe Bedc!Jamber.
•• Em MT , chamada de Pequena ircul ação de En ergia. (N. do R. T)
••• Em chin ês, chama-se Ou Mai (DM ou VG). (N. do R. T)
154 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
RESUMO
Quínta parte
AMADURECENDO O FRUTO
CAP[TULO ONZE
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~ ~
Plantando a semente
dizer que nosso Sangue está bom e fluindo suavemente quando o fluxo de
nossa Água Celestial é normal. Quando a mulher está se preparando para
a concepção, uma das principais práticas de autocuidado que pode realizar
é regular o fluxo de sua Água Celestial. Isso pode ser conseguido seguindo-
se as recomendações feitas na Segunda Parte deste livro, onde aprendemos
que o movimento livre do Sangue depende do funcionamento adequado
do Fígado. Se o sistema de Fígado está equilibrado, ajudará o Sangue e o Qi
a fluírem livremente para o Útero, dando apoio às redes dos Rins e do Baço
e aumentando as chances de gravidez. A concepção só acon tece quando os
Rins estão fo rtalecidos, quando o Vaso Penetrador está cheio de Sangue e
quando o Vaso de Concepção está aberto e fluindo livremente. Comer ali-
mentos quentes, apimentados ou gordurosos pode prejudicar o fluxo livre
do Q i do Fígado, no entanto, a principal causa da Estagnação do Qi do
Fígado, como já sabemos, é o estresse emocional. Até mesmo a medicina
ocidental recon hece que o estresse pode ter um impacto negativo em nos-
sa capacidade de concepção.
WANDA
Wanda era uma mulher de 35 anos, magra, com constituição óssea peque-
na e cuja menstruação sempre fora irregul ar. Ela e seu marido queriam ter
um bebê, mas ela não conseguia engravidar. Wanda era projetista de inte-
riores e vivia quase sempre sob pressão devido aos prazos curtos em seu
trabalho. Tinha o costume de levar trabalho para ca a, literal e mental-
mente. Um de seus projetos obrigou-a a fi car seis meses no exterior. En-
qua~to esteve fora, o fluxo de sua Água Celestial parou. Sua saúde sentia os
efeitos de seu trabalho, que a consumia.
Quando Wanda retornou ao Canadá, veio me consultar. "Eu e o John
queremos muito ter um bebê", contou. "Já dediquei" tanto de mim ao meu
trabalho e ele não me deu de volta o que eu realmente quero. Na verdade,
acabou redu zindo minhas chances de ter um bebê porque hoje minha
menstru ação cessou. Todo o esforço que coloco em meu trabalho, quero
colocar na constituição de um a família:'
164 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Esse exercício também foi uma forma de Wanda entrar em contato com
seu corpo, principalmente com seu Útero. Ela passou a praticá-lo religiosa-
mente uma vez por dia, dedicou mais tempo para o descanso e adotou uma
alimentação adequada, além de trabalhar maneiras de lidar com seu estres-
se. Logo em seguida, sua menstruação se regularizou, e cerca de seis meses
depois, Wanda engravidou. Hoje é mãe de um saudável garotinho.
Antes de Wanda conseguir engravidar, era preciso que sua Água Celestial
fluísse novamente. Para que a concepção ocorra, o Sangue menstrual pre-
cisa se regularizar e normalizar. Como o estresse emocional tem um im-
pacto significativo no fluxo da Água Celestial, é importante expressarmos
nossos sentimentos de forma adequada e livre para o movimento suave do
Sangue e Qi. Talvez a chegada de um bebê, um de nossos maiores projetos
criativos, muitas vezes traga à tona algumas de nossas maiores resistências
emocionais e espirituais. Com a possibilidade de trazer ao mundo um
novo ser, a maneira como nos vemos e nos definimos passa por mudanças
radicais. Se somos capazes de seguir adiante e livremente com os senti-
mentos que surgem, nasce aí a possibilidade para uma forma de cura nova
e diferente de nos enxergarmos. Às vezes, para que isso aconteça, precisa-
mos nos render às antigas maneiras de ser e estarmos abertas para aceitar
uma opção diferente. Nossa capacidade de seguir adiante, independente-
mente do que surja, e renunciar a crenças, expectativas e identidades for-
temente arraigadas em nós é um fator significativo quanto à nossa
capacidade de engravidar e dar à luz um recém -nascido saudável.
FRUTO CA[DO
ta vergonha de mim mesma. Isso tudo fez surgir em mim uma sensação
enorme de fracasso e desapontamento.
A sensação de fracasso dificultou muito minha capacidade de enfren-
tar a situação, pois durante toda a minha vida tinha me superado em todas
as minhas realizações. Fosse como médica, filha, irmã, esposa, amiga, alu-
na, nunca havia enfrentado uma situação em que tivesse fracassado em
algo que havia decidido fazer. E nunca tivera nenhuma doença séria.
Quando parei para fazer um retrospecto, percebi que me sentia, de alguma
forma, invencível. Talvez tenha sido por isso que não segui os mesmos
conselhos que dava a outras grávidas. Se uma de minhas pacientes tivesse
cólicas e sangramentos, como eu havia tido, eu a teria aconselhado a passar
uma semana inteira em repouso total. Por que tive de fingir que tudo esta-
va bem até mesmo a ponto de sentir meu colo se mover e acred itar que o
feto estava se movimentando? Lembro-me de minha avó perguntando se
eu havia consultado um médico. Não sentia necessidade de ir ao médico e
não tinha tempo para isso devido à minha agenda lotada. E como minha
família confiava, implicitamente, na minha opinião, quando disse que es-
tava bem, todos me apoiaram.
Pressupus que meu corpo era capaz de me dar apoio. Deixei -mele-
var pela minha carreira e por outros aspec tos de minha vida, ignorando
todos os limites físicos que a gravidez impõe. Confiei em minha saúde e
em minha capacidade de fazer tudo e não parei para pensar, nem um
minuto sequer, no que a busca por meu sucesso poderia significar para
meu bebê. Reconhecer a importância que eu dava ao sucesso profissio-
nal ajudou-me a entender que eu havia, inconscientemente, determina-
do que minhas maiores prioridades eram minha carreira e ser uma boa
médica. Depois disso vinha meu marido e, então, um filho. Foi muito
difícil para mim reconhecer isso, e cheguei a pensar que não havia nas-
cido para ser mãe. Percebi que estava tão concentrada em minha carrei-
ra que talvez meu bebê tivesse sentido isso.
Tirei um mês de folga do trabalho e contei com o apoio total do meu
marido, de familiares, amigos e colegas. Nenhum deles demonstrou ver-
gonha, e sim carinho e preocupação comigo. Foram minhas próprias
AMADURECENDO O fRUTO 169
G LORIA
Filhos não eram uma prioridade para Gloria. Ela havia se casado quando
tinha 30 anos, já havia concluído seu mestrado e era totalmente voltada
à sua carreira. O conceito tradicional de "assentar-se" nunca havia lhe
chamado a atenção, e não era uma mulher que se sentia instintivamente
atraída por bebês e crianças.
A morte de seu sogro foi o que, por fim, acabou se tornando o catalisa-
dor para que ela e seu marido parassem para pensar na ideia da gravidez.
Depois de quatro anos de casamento, tentaram engravidar. Gloria come-
çou a tomar hormônios para melhorar sua fertilidade. Engravidou cinco
meses depois. Quando estava na sexta semana de gravidez, sofreu um
aborto. Três meses depois, engravidou novamente. Consultou um obstetra
170 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
S EGUNDA CHANCE
Três anos após sofrer o aborto espontâneo, engravidei novamente. Estava
animada, mas também ansiosa. Conseguiria ter uma boa gravidez? Daria
à luz um bebê saudável? Logicamente, sentia uma certa pressão devido ao
aborto anterior. Dessa vez, fui cuidadosa quanto a não fazer exercícios pu-
xados durante o primeiro trimestre. Nos três primeiros meses, a energia
dos Rins e do Fígado é particularmente importante. Devem estar saudáveis
e vitais. Se a energia desses Orgãos não está boa, o feto torna-se altamente
vulnerável a lesões. Quando entrei na 12~ semana de gestação, passei a me
sentir confiante, pois havia superado o período mais crítico. Meu corpo
estava fortalecido, e eu me acostumei com o fato de estar grávida.
Eu e meu marido morávamos em um edifício de seis andares sem' eleva-
dor- como a grande maioria dos prédios na China. Voltei um dia do traba-
lho para casa de bicicleta e decidi que a carregaria para nosso apartamento,
no quinto andar. Cinco minutos depois de ter chegado em casa, senti algo
172 SABEDORIA C HINESA PARA A SA Ú DE DA MU LHER
escorrendo pelas minhas pernas, como uma cobra. Olhei para baixo e gritei.
Sangue escorria pelo meu corpo, molhando minhas meias. Fiquei paralisada
de medo e meu marido teve de me carregar até a cama. Em poucos minutos,
a cama estava encharcada de sangue. Fui levada ao pronto-socorro, me me-
dicaram e mandaram que voltasse para casa e repousasse.
Dessa vez fiqu ei em repouso durante du as ou três semanas. Estava tão
apavorada com a possibilid ade de perd er o bebê que fi cava o tempo todo
rep etindo para o feto: "Não me deixe, eu nunca mais farei isso." Havia
desafi ado meu corpo pela segunda vez por achar que ele era mais forte do
que realmente era. Ti nha um a vida sa ud ável, não bebia nem fumava, uma
alim entação nutriti va e balanceada e trabalhava em algo que amava. No
meu modo de pensar, tud o isso se rviu, de alguma form a, de desc ulpa para
exigir demais de meu corpo. Por um lado, tinha um a vida harmoniosa,
mas, por outro, estava desequilibrada e ia além de meus limites. Minha
mente es tava "no assento d o moto ri sta", e eu estava força ndo meu corpo a
fazer mais d o qu e ele poderi a suportar. Es perava muito de meu corpo,
queri a que ele fosse durão e forte e fi zesse o que minha mente pedisse.
Cheguei à co nclusão de qu e teri a de faze r um acordo comigo mesma: cui -
dari a de meu co rp o e ele não me trari a mais nenhum problema.
Perceber qu e minha mente não tinh a co ntrol e absoluto foi uma grande
lição. As experi ências qu e tive durante a gravidez possibilitaram que eu me
rend esse e abrisse mão da necessidade de controlar tudo. Passei a ter um
novo relacionam ento comigo mesma, muito mais saud ável e mais equili-
brado, em todos os níveis.
Há uma fá bula budista que mostra como nos prendemos às nossas
crenças e nem nos damos conta di sso. Ce rto di a, um jovem monge disse a
um m onge ancião: "Nossos votos de celibato são votos seriíssimos." O
monge mais velho co ncord ou. O jove m então acresce ntou: "Também pro-
metemos não es tar na companhi a de mulheres:' O monge idoso concor-
dou nova ment e e apontou para um a mulh er que es tava à beira do rio,
vestid a para ir a um casa mento.
"E qu ant o àqu ela mulh er, qu e perd erá o casa mento de sua irmã se nin -
guém aj ud á-la a atravessa r o ri o?"
AMADURECENDO O fRUTO 173
"Bem, regras são regras e não devem ser quebradas", disse o mais jo-
vem, que havia aprendido as regras há pouco tempo.
"E a compaixão?': perguntou o idoso. "Olhe para ela. Está muito chatea-
da, e se não a ajudarmos, não poderá comparecer ao casamento da irmã':
"Temos nossas regras:'
Sem dizer mais nada, o monge mais velho pegou a mulher nos braços,
atravessou a rio e deixou-a na outra margem. Quando retornou, os dois
monges continuaram sua viagem em silêncio.
Depois de horas, o jovem disse: "Não acho correto você ter carregado
aquela bela mulher até a outra margem do rio:'
O monge mais velho respondeu: "Caro monge, deixei aquela jovem do
outro lado do rio há horas. Parece que você a está carregando desde então:'
A gravidez é uma oportunidade de entrarmos em contato com nosso
corpo, nosso coração, nossa mente e nosso espírito . .t. preciso se render
às mudanças que surgem. Devemos confiar nesse processo natural que
nos prepara para uma forma de desapego muito maior - o nascimento
de um filho.
CAP[TULO DOZE
~
,@~~
~o'<>'
Amadurecendo o fruto
O UVIA
Olivia ficou em estado de choque quando sugeri que ela estava grávida.
Disse: "Impossível, fiquei menstruada na semana passada:' Olivia não que-
ria engravidar novamente. Havia passado oito anos muito difíceis com
suas duas filhas, que tiveram vários problemas de saúde. Ela havia final-
mente chegado a um estágio de sua vida em que se sentia descansada, sau-
dável e em forma.
Quando Olivia estava grávida de Gabriela, sua primeira filha, enfren-
tou um período difícil. Ela e seu marido Victor moravam no México, após
terem fugido da guerra civil em El Salvador. A alimentação deles resumia-
se basicamente a feijão e milho. Para ter certeza de que seu irmão mais
novo deixaria o México com segurança, Olivia havia recusado um convite
para mudar-se para o Canadá como refugiada. Teve sorte de o Canadá ter
feito um segundo e raro convite que permitiu que ela e sua família se mu-
dassem para Toronto.
Quatro anos após imigrarem, Olivia engravidou de sua segunda filha,
Isabel. Naquela época, Victor estava enfrentando problemas de colesterol
alto e Gabriela sofria de sérios ataques de asma. O li via estava ansiosa e não
confiava no "sistema" no Canadá. Dizia: "Nunca sei realmente se minhas
informações pessoais estão sendo monitoradas ou como podem ser usadas
contra mim. Talvez sejam medos antigos provenientes do regime de opres-
são que enfrentei na América Central:'
Durante sua gravidez, Olivia comia tudo o que estava a seu alcance;
sentia muita fome e precisava comer para sentir-se satisfeita. Vivia segun-
do a crença de que estava "comendo por dois", sem perceber que isso sign i-
ficava que deveria comer a qualidade necessária para dois, não a quantidade.
Chegava a levantar no meio da noite e comia tudo o que encontrava na
geladeira. Quando chegou a hora de o bebê nascer, Olivia teve um parto
muito di fícil, e Isabel nasceu com uma coloração preta e azulada.
Durante os quatro anos seguintes, as duas meninas tiveram asma, aler-
gias e outras doenças infantis, o que deixou Olivia exausta. Ter de se adaptar
a um país novo, ir para a escola e cuidar de suas filhas doentes deixaram-na
176 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
cansada a ponto de afetar sua saúde. Uma tarde, enquanto dirigia para casa,
depois de ter levado Isabel ao hospital na noite anterior, viu um carro apro-
ximando-se em alta velocidade, mas não teve forças para reagir. "Simples-
mente vi o carro e o deixei bater em mim:'
Logo após o acidente comecei a cuidar de toda a família. Com o passa r
do tempo, Olivia perdeu o peso que havia ganhado durante as duas gesta-
ções e passou a se sentir menos cansada. Estava entusiasmadíssima com o
fato de sua filhas não terem mais ataques de asma ou alergias. O nível de
colesterol de Victor também havia diminuído. Para Olivia, a mudança no
bem-estar da família e em seu próprio bem-estar trouxe o alívio que tanto
desejava e, com isso, ela não queria mais engravidar.
Perguntei -lhe se ela queria um menino. Ela disse que sim. Brinquei que
se fosse um menino ela cuidaria dele, e que se fosse uma menina, eu ficaria
com a criança e cuidaria dela. Disse que se fosse realmente para ter esse bebê,
não queria outra criança doente. Olivia tomou a decisão consciente de ter
uma gravidez saudável, um bebê sadio e de seguir minhas recomendações.
Sugeri, primeiramente, que Olivia tentasse observar seu peso, já que
engordar demais não seria saudável nem para ela nem para o bebê. O
excesso de peso pode levar ao aumento da pressão arterial e dos níveis de
colesterol, além de dificultar o parto. Pedi a ela para diminuir a quanti-
dade de café e ajudei-a a seguir uma alimentação rica em frutas e legu-
mes frescos, peixe e sementes oleaginosas. Victor dizia a toda hora que
achava que Olivia iria dar à luz um porquinho-da-índia ou um coelhi-
nho de tanto comer cenoura e alface.
Olivia sentia que poderia confiar em mim pois éramos duas imigrantes
recentes e havíamos sobrevivido a governos repressivos similares. Dizia que
era muito importante para ela poder conversar comigo e que isso fazia com
que não se sentisse ansiosa. Para Olivia, isso foi um importante passo para a
cura. Ao permitir que eu a ajudasse e orientasse, sentia que tudo daria certo,
ou, pelo menos, que conseguiria lidar com a situação e administrá-la bem.
Olivia teve uma gravidez completa e deu à luz uma bela e saudável
menina. Alyssa é uma criança muito diferente de suas irmãs mais velhas.
Embora Olivia achasse que sua terceira filha fosse desenvolver asma ou fi-
AMADURECENDO O fRUTO I 77
car doente, como as duas primeiras, isso nunca aconteceu. Alyssa também
tem uma estrutura física e energética muito diferente das de Gabriela e
Isabel. É magra, enxuta e cheia de energia, enquanto suas irmãs são mais
gordinhas e menos ativas física e energeticamente.
inicial da gravidez, ela relaxa, descansa, evita carregar peso e segue uma
dieta adequada, a fim de garantir uma gravidez saudável e um bebê sadio.
Quando eu estava grávida de Zhao Zhao, não tive enjoos matinais, mas
tratei de muitas mulheres que sentiam náuseas e vomitavam durante a gra-
videz. Algumas mulheres sentem-se mal somente de manhã, após levan-
tarem; outras ficam enjoadas com o aroma de determinados alimentos;
outras sentem mais enjoo no fim do dia, e muitas ficam indispostas o dia
todo. Muitas mulheres descobrem que os enjoos matinais passam após o
primeiro trimestre, enquanto outras sofrem do problema durante toda a
gravidez. As náuseas são consequência do bloqueio do Qi do Estômago
que, em vez de fluir para baixo, flui para cima. As causas do contrafluxo do
Qi do Estômago são inúmeras, entre as quais: ingestão de alimentos gela-
dos, crus e congelados e de líquidos gelados, excesso de preocupações, ex-
cesso de trabalho e exaustão ou estresse emocional. Todos esses fatores
podem causar desequilíbrios nos Meridianos que afetam o Fluxo de Qi do
Estômago. É importantíssimo tentar normalizar e equilibrar esse fluxo du-
rante a gravidez, o que pode ser conseguido por meio de mudanças nos
hábitos alimentares, descanso e se evitando o excesso de carga mental e
pensamentos obsessivos.
Devemos também tomar bastante líquido e reduzir a quantidade de
alimentos processados. O gengibre é uma erva muito eficaz no tratamento
de enjoos. Pode-se preparar um chá com gengibre fresco, hortelã e mel ou,
se você preferir, com gengibre fresco e casca de laranja.
ARROZ DE GENGIBRE
do como fonte de cálcio, pois acredita-se que ele gera Umidade, o que pode
impedir o fluxo suave de Qi.
SoPA DE ossos
Serve seis porções
1 xícara de pinhão
Mel
Para preparar meus seios para amamentar meu bebê, três meses an-
tes do parto eu comecei a segurar meus mamilos e puxá-los para fora.
Inicialmente, a amamentação pode não ser um processo tão natural
quanto imaginamos quando vemos uma mãe amamentando seu bebê.
O recém-nascido tem um instinto de sucção, mas precisa de ajuda para
conseguir segurar os mamilos da mãe. Puxá-los ajuda a esticá-los e,
com isso, o bebê tem algo para sugar. Também pegava uma toalha nova
e úmida ou uma esponja rígida e esfregava cada mamilo durante cerca
de cinco minutos diariamente. Com isso, consegui preparar meus ma-
milos, pois eles ficaram menos sensíveis e doloridos quando comecei
a amamentar.
Quando estava grávida de sete meses, apareceram manchas escuras
em meu rosto. Essas manchas são, geralmente, resultado da Estagnação
de Qi do Fígado e Sangue; no Ocidente, são frequentemente chamadas de
manchas do fígado. Ervas como Xiao Yao Wan e Dong Quai, * recomen-
dadas para liberar o Qi do Fígado estagnado, podem ser eficazes para
diminuir a formação dessas manchas. Esses medicamentos patenteados
são encontrados na China em farmácias de ervas, mas recomendo que
sejam utilizados somente após uma consulta com um prafissional da
MTC. Também deve-se evitar tomar sol, pois ele estimula a formação e a
progressão de manchas do fígado.
É importante tratar os sintomas que surgem durante a gestação o
mais rápido possível. Corrigir desequilíbrios garante o bom funciona-
mento dos Órgãos e a saúde do bebê e da mãe, que poderá contar com
uma ajuda extra. A acupuntura é muitas vezes aplicada no caso de algu-
mas doenças, tais como edemas e enjoas matinais, ou para ajudar no
funcionamento saudável de sistemas de Órgãos enfraquecidos que não
estejam sustentando o feto. É preciso, porém, cuidado na hora de mas-
sagear ou aplicar acupuntura em determinados pontos, pois isso pode
* Dong Quai é uma erva chinesa considerada o tôni co maio r da energia Yin, con-
sequentemente, o tônico da mulher, embora não ten ha efe itos hormonais feminili-
zantes e esteja, inclusive, em muitas fórmulas herbais masculinas. Seu nome botâ-
nico em latim é Angelica sinensis. (N.do R. T)
AMADURECENDO O FRUTO 185
C ALENDÁRIO GESTACIONAL
Medicina ocidental
Autocuidados Mês Descrição
(solar)
Medicina chinesa*
-----
* Ve r pági na 186.
** O s Orgãos Yang na MTC são chamados de " Fu", o u vísceras ocas, não pa ren-
quimatosas, e são: Intestino D elgado, Es tô mago , Intestino Grosso, Bex iga , Vesícu-
la Biliar e uma fun ção e nergét ica chamada e m chinês de Sa n Jiao , o u Triplo Aque-
cedo r, que co mpreende os ó rgãos co n tidos e m cada cavidad e co rporal (to rácica,
abdominal e pélvica). Ver a N do R. T. na página 22 . (N do R. T)
AMADURECENDO O fRUTO 189
Medicina ocidental
Autocuidados Mês Descrição
(solar)
Medicina chinesa*
Mês Canal relacionado Descrição
(lunar)
Medicina ocidental
Autocuidados Mês Descrição
(solar)
* A autora, aq ui , atribui ao po nto 5VC (Shimen) como sendo o " D an Tian" infe-
rior. (N. do R. T )
CAP[TULO TREZE
,@
@-Ç\~
~~S'
O trabalho de se desprender
m dia antes de meu nascimento, minha mãe ficou em seu escritório até
U a meia-noite estudando os ensinamentos do governo comunista. Ela
estudava todas as noites pois, como todos os cidadãos, era pressionada pelo
governo a fazê-lo. O governo também pedia que as pessoas vigiassem umas
às outras e relatassem atividades contrarrevolucionárias suspeitas. Quando
minha mãe 'chegou em casa, começou a ter contrações. Naquele dia, meu pai
estava fora, em uma viagem de negócios, e minhas irmãs e meu irmão esta-
vam dormindo. Como minha mãe não queria acordá-los, saiu silenciosa-
mente e foi até o andar superior pedir à vizinha que a levasse para o hospital.
Durante o trabalho de parto, minha mãe não gritou nem berrou; na
verdade, não fez nenhum barulho. Disse que, apesar da dor, sentiu uma
força interna e não sentiu necessidade de gritar ou chorar. Ela também
dizia que como meu pai não estava lá para ouvi-la, se fizesse muito baru-
lho, as enfermeiras poderiam ficar cansadas dela. As outras mulheres na
enfermaria pensaram que minha mãe tivesse tido um parto sem dor, e
começaram a questionar se ela havia estudado as mulheres russas, que têm
a reputação de ter filhos sem sentir dor.
A forma como minha mãe lidou com meu nascimento refletia como
ela vivia sua vida e como continua a vivê-la até hoje. O nascimento dos fi-
AMADURECENDO O fRUTO 193
- ---
rente que reside dentro de todas nós. Como valorizo meus sentimentos e
!flinha in.tuição?. Entrar em contato com essa inteligência interna é entrar
em contato com a energia Yin, a energia feminina. É confiar na opinião
que tenho de uma pessoa, ouvir o palpite que tenho sobre uma situação ou
prestar atenção à dor que sinto dentro do coração. Para nutrir a autocon-
fiança, que nada mais é do que nossa inteligência interna, tenho de dar
espaço para aquilo que realmente quero que venha à tona. Tenho de desen-
volver um relacionamento com meu corpo e com meus sentimentos e
aprender a nutrir o que é melhor para mim. Agindo dessa forma, conse-
guimos perceber e respeitar a voz profundamente intuitiva que é uma sa-
bedoria coletiva, a sabedoria que sabe como dar à luz. Ao confiar que nosso
corpo conhece o processo do nascimento, sentimos menos ansiedade
quanto às incertezas relacionadas a ele e temos menos medo delas. Esse
acontecimento natural é um projeto milagroso que já está sendo posto em
prática, basta nos entregarmos a ele.
Além de nos capacitarmos para confiar na sabedoria inata que nosso
corpo tem de trabalhar com o desconhecido, podemos buscar informa-
ções sobre vários estágios do processo de nascimento frequentando cur-
sos para gestantes. Saber como uma contração se desenvolve e como
chega a seu nível mais elevado e ter uma visão geral de nossa fisiologia e
anatomia irão nos preparar para trabalhar com nosso corpo da melhor
AMADURECENDO O fRUTO 195
V ISUALIZAÇÃO
MEDITAÇÃO
AcuPRESSÃO
Uma form a de incluir as pessoas que nos apoiam em nosso parto é deixá-
las massagea r se us pontos de ac upressão. Para da r à luz, o Qi tem de des -
cer. Durante a gravidez, há ac úmulo de Yin - Sangue - , enquanto o
trabalho de parto e o processo de dar à luz representam uma mudança
para a energia ativa Yang, que é necessária pa ra a liberação do bebê e do
Sangue. A acupressão aj ud a o Qi a se movimentar para baixo e é uma for-
ma segura, não invasiva e eficaz de aj udar na hora do parto, além de aliviar
dores e outros desco nfortos.
Os pontos que aj udam o Qi a descer e que ativam as contrações são o
San Yin Jiao, o Jian Jing e o He Gu. O Ci Liao e o Yong Quan, juntamente
com o Jian Jing, são utilizados para acalmar a m ãe. É importante lembrar
que esses pontos n ão devem ser usados durante a gravidez.
O San Yin Jiao locali za-se cerca de três dedos acima do tornozelo, na tíbia
(ver ilustração na página 100). É se nsível ao toque. Pressione esse ponto
com S(:!u polegar ou indicador. Pressione o ponto em direção à parte da
frente da perna da mãe durante trinta segundos e pare durante outros trin-
AMADURECENDO O fRUTO 201
jiAN jiNG*
HE Gu**
O He Gu fica entre o indicador e o polegar, no V onde há a união entre os
ossos que vêm da base do indicador e do polegar, no ponto mais distante da
curva (ver ilustração a seguir). Pressione o ponto com o polegar três vezes,
durante dez segundos. Estimular esse ponto pode intensificar as contrações.
n
• É o ponro número 2 1 do Canal da Vesícula Bi liar Uian Jing). (N. do R.
** É o ponto número 4 do Canal do Intestino Grosso (He Cu). (N. do R. n
202 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Cl LIAO*
Para que a mãe consiga relaxar e sentir menos dor, usa-se o Ci Liao. Esse
ponto fica entre as covinhas que se encontram abaixo do vinco do bum-
bum. Localiza-se aproximadamente a um dedo acima do fim do vinco do
bumbum e a um dedo de cada lado da coluna vertebral. Quando se toca o
local, é possível sentir uma leve depressão. Pressione o ponto com os nós
dos dedos, fazendo força no local e para baixo (ver ilustração a seguir).
Conforme o trabalho de parto progride, faça pressão para baixo e em dire-
ção à coluna vertebral, aproximando as mãos até o topo do vinco do bum-
bum e até que os nós dos dedos de cada mão se toquem.
YoNG QuAN
O Yong Quan, também conhecido como "Primavera Borbulhante': é outro
ponto utilizado para ajudar a mãe a relaxar. Esse ponto encontra-se na
depressão que se forma no terceiro topo da sola do pé quando os dedos
estão curvados em direção à sola. Pressione o ponto com força, empurran-
do para cima e em direção ao dedão (ver ilustração na página 99). O Yong
Quan pode ser pressionado durante todas as etapas do trabalho de parto.
204 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
RESUMO
M~S DE OURO
CAP[TULO QUATORZE
@
®~®
~~
Tradíções díterentes
ara algumas de nós o parto vaginal pode não ser uma opção. A data do
P parto de Zhao Zhao foi escolhida e planejada para 22 de fevereiro de
1984. Minha gravidez era considerada de "alto risco" por eu ter tido um
aborto anterior e por ter engravidado aos 27 anos, o que é considerado
tarde para os padrões chineses. Meus médicos achavam que por ser "mais
velha" meus ossos seriam menos flexíveis, além de também se preocupa-
rem com a possibilidade de a placenta aderir à parede uterina, o que pode-
ria levar a uma hemorragia pós-parto. Desde a implantação da política de
filho único na China, no final da década de 1970, medidas de precaução
sempre foram tomadas para garantir a segurança e saúde do filho único.
Zhao Zhao era chamado de um "Bebê Tesouro" devido às possíveis com-
plicações, e meus médicos recomendaram veementemente que eu fizesse
uma cesariana.
Q uando fui para o hospital, no dia prédeterminado, fui acompanhada
por cerca de vinte membros de minha família: marido, mãe, pai, sogra,
sogro, duas irmãs, meu irmão, cunhados, cunhadas, sobrinhas e sobri-
nhos. Para as famílias chinesas, o nascimento é um acontecimento auspi-
cioso, por isso é comum que várias pessoas acompanhem a mãe e levem
comida para ela.
210 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
física. Talvez o envolvimento da família seja uma das razões da baixa inci-
dência de depressão pós-parto na China, comparada aos níveis registrados
no Ocidente. Até hoje, quando uma amiga ou paciente dá a luz, sempre
preparo uma sopa para dar de presente juntamen te com flores para que ela
possa dar início a um Mês de Ouro de cura e prevenção.
Dar à luz leva à perda de Yang, isso porque essa energia é utilizada para
liberar o bebê do Útero. Conseque ntemente, a mulher encontra-se em um
estado de Frio, o que significa que fica altamente suscetível à entrada e
alojamento de Frio em seu co rpo. Assim sendo, não se d eve tomar banho,
lavar o cabelo, levantar objetos pesados, expor-se à água gelada o u a baixas
temperaturas e vento, nadar, ingerir alimentos gelados (tais como saladas
ou comidas cruas), beber líquidos gelados, ter relações sexuais e fazer exer-
cícios físicos. Quando a mãe não leva essas práticas em conta, estará sujeita
a dores, artrite e outras doenças no futuro.
Para recuperar o Yang, ou Calor, restaurar a energia e equilibrar seu
sistema, a mãe deve ingerir alimentos Yang quentes por natureza, tais como
carne de carneiro e out ras carnes vermel has, feijão-vermelho e lentilhas.
Para qu e a mulher recobre sua saúde completa é preciso recuperar se u San-
gue. Um prato simples como a sopa de ovos mencionada no Capítulo Três
(ver receita na página 65) é eficiente para trazer melhoras para o Sangue.
Depois de meu nascimento, em maio de 1956, minha m ãe ficou no
hospital durante seis dias. Quando estava pronta para sai r, cobriu sua ca-
beça, vestiu roupas quentes e foi para casa, andando, com minha tia, que
me carregou nos braços. Quan do minha mãe chegou ao nosso apartamen-
to, o quarto estava frio, pois não havia aquecimento no prédio. Ela se lem -
bra de sentir o frio no corpo ao se deitar na cama. Preparar uma sopa de
ovos era algo difícil, pois naquele tempo, os apa rtamen tos na China não
tinham cozinha. As pessoas comiam em refeitórios no trabalho e ficavam
à mercê do que o cozinheiro decidisse colocar no m enu. Felizmente, a co-
mida servida nos refeitórios era fresca e de ó tima qu alid ade. Serviam dia -
riamente uma grande variedade de legumes levemente cozidos e carnes.
Não havia, porém, abundância de ovos, e qu ando eram servidos no refei-
tório, não eram preparados com açúca r de cana. Não sei como, mas minha
MÊs DE OuRo 215
avó conseguiu um ovo precioso e preparou uma sopa de ovo para minha
mãe usando álcool para produzi -la e uma lata, que serviu de panela.
A importância dessas práticas de autocuidados é algo arraigado em to-
das as mulheres chinesas desde o nascimento e passada de geração em ge-
ração. Embora minha mãe tivesse consciência delas, acabou levantando
peso durante seu Mês de Ouro e também colocando as mãos na água gelada
na hora de lavar roupas. Como a temperatura em nossa casa era baixa no
fim de maio, ela frequentemene ficava com frio. Com isso, desenvolveu uma
dor no punho e dores de cabeça que nunca havia tido antes de eu nascer, e
que permanecem com ela até hoje.
MEu M ~s DEOuRo
Q uando voltei para casa após o nascimento de Zhao Zhao, minha mãe
vinha cozinhar e me ajudar todos os dias. Chegava às 7h e ficava até as
14h. Cuidou de mim integralmente e com muita dedicação. Eu me sentia
nutrida e amada. Das 14h às 2lh, minha sogra ficava comigo. Me u mari-
do passava também pelo menos uma hora por dia cuidando de mim, e eu
tinha um a babá cujas únicas responsabilidades eram lavar fraldas e rou-
pas de Zhao Zhao e cuidar dele enquanto eu descansava. Para nós, isso
era uma forma de investir na minha recuperação naquele momento e em
minha saúde futura.
Durante o Mês de Ou ro, fiquei em casa sempre com a cabeça, os bra-~
ços, as pernas e o corpo cobertos. Eu e Zhao Zhao não saímos nenhuma
vez. O recém -nascido, como a mãe, é vulnerável a causas externas de de-
sarmonia. Nos dias após o parto, eu suava o tempo todo, o que é comum
devido à Deficiência de Qi e Sangue. De modo geral, quando a transpira-
ção acontece durante a noite, é devido à Deficiência de Yin ou Sangue, e
quando ocorre durante o dia, é resultado de uma insuficiência de Qi. A
transpiração não é considerada um problema, exceto se em quantidade
excessiva ou durante um período muito prolongado. Se isso acontecer, não
coma alimentos gelados e crus nem beba líquidos gelados, evite locais frios
e úmidos, mantenha o corpo e a cabeça cobertos e ingira alimentos que
216 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Eu tomava a sopa várias vezes ao dia. Minha mãe dizia para eu usar as
mãos ao comer a carne para lubrificá-las com a gordura. A sopa também
aj uda a recuperar o líquido perdido pela transpiração e perda de Sangue.
Além disso, as sopas e outros líquidos ajudam no caso de prisão de ventre
quando a mulher está amamentando e não ingere uma quantidade sufi-
ciente de líquidos.
As sopas de ossos, que contêm tutano, são boas para nutrir o Sangue, a
Essência e os Rins. Essas sopas também ajudam a prevenir dores nas arti -
culações, o que é comum após o parto (ver receita de sopa de ossos na
página 181). Outra forma de evitar as dores nas articulações é manter-se
aquecida e evitar a exposição a baixas temperaturas e correntes de ar.
Além da sopa, eu comia legumes levemente cozidos uma ou du as
vezes ao dia e frutas, também cozidas. Nunca ingeria alimen to cru,
pois eles dificultam a digestão pelo Baço e pelo Estômago, que já es tão
enfraquecidos. Acredita -se também que a ingestão de alimentos gela-
MÊs DE OuRo 219
dos durante o Mês de Ouro tornam os dentes das mães sensíveis para
o resto da vida.
Para produzir leite a mulher precisa de Sangue e Qi adequados. O fluxo
de leite pode ser estimulado eficientemente ingerindo-se alimentos que
ativam sua produção, entre os quais o mais tradicional é o jarrete* de porco
fervido no vinagre preto e gengibre, que nutre o Sangue e o Qi e aquece o
corpo. Durante o Mês de Ouro de minha mãe, minha avó, com recursos
muito limitados, preparou um jarrete de porco para ela em um fogão im-
provisado. Outros alimentos que também ajudam a estimular a lactação
são mamão e amendoim.
jARRETE DE PORCO
1 jarrete de porco
5 xícaras de vinagre preto (disponível em lojas de produtos
asiáticos)
100 gramas de raiz de gengibre fresco cortado em fatias
nos que passam pelos seios, já que é preciso Qi para o leite se manifestar.
O que quer que você possa fazer para se conscientizar de raivas, ressenti-
mentos ou frustrações que esteja sentindo ajudará a estimular a lactação,
isso porque nosso sistema de Fígado está intimamente ligado ao bem-es-
tar emocional. O fluxo livre das emoções está diretamente relacionado ao
fluxo livre do Qi do Fígado e ao movimento livre do leite materno.
Quando estiver amamentando seu bebê, tente esvaziar seus seios
totalmente. Aperte e tente tirar o máximo de leite possível caso seu
bebê não mame tudo ou se sentir os seios pesados. Isso evita a estagna-
ção do leite e estimula sua produção. Se sentir que suas glândulas estão
obstruídas, coloque toalhas quentes e molhadas para ajudar na desobs-
trução. Se seu médico diagnosticar qualquer infecção nas glândulas,
use toalhas frias e molhadas. Tome também uma grande quantidade de
sopa e líquidos mornos.
Na segunda quinzena de meu Mês de Ouro, comecei a fazer alonga-
mentos leves para evitar a estagnação de Qi e Sangue. Tente fazer os exer-
cícios simples sugeridos a seguir - lembre-se de começar praticando
alongamentos lentos e delicados. Não é aconselhável fazer exercícios físi-
cos puxados, pois isso pode enfraquecer o Baço e os Rins.
Abríndo o coração
á um ditado na China que diz: "Só quando você tiver um filho sabe-
H rá o quanto seus pais lhe deram:' Depois que Zhao Zhao nasceu,
todas as reclamações que eu fazia de meus pais e desentendimentos que
tive com eles passaram a soar extremamente triviais. Passei a ter uma
nova visão do que eles enfrentaram depois que eu nasci. Comecei a olhar
meus pais de uma outra perspectiva. A experiência de ter tido meu filho
fez com que eu compartilhasse um entendimento parecido com o deles
sobre o milagre do nascimento e, dessa forma, criou-se entre nós uma li-
gação diferente da que tínhamos até então. Sentimentos novos de grati-
dão surgiram em mim.
Durante o Mês de Ouro, começou a aflorar em mim a noção da res-
ponsabilidade com meu filho, um ser tão vulnerável e dependente. Em al-
guns momentos, tinha a sensação de estar sonhando. Embora tivesse
carregado Zhao Zhao dentro de mim, ficava maravilhada ao pensar que
aq uele ser tão pequeno havia saído de meu corpo. De onde ele havia vin-
do? Como isso aconteceu?
Às vezes, olhava para ele e achava estranho. Pegava suas mãozinhas e
examinava cada dedo e unha, observava seu nariz e seus olhos e era como
se estivesse vendo dedos, unhas, nariz e olhos pela primeira vez na vida. E,
224 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
de certa maneira, eu estava dando à luz uma nova forma de ver esse ser
humano minúsculo e perfeito.
Lavava o corpo de Zhao Zhao com delicadeza, sentia-me totalmente
concentrada no ato de banhá-lo e comprometida com ele. Era como se nada
mais tivesse importância, a não ser lavar e cuidar de braços e mãos minús-
culos, pernas e pés, corpo e a não ser. Percebia, nesses momentos, que não
esperava nada dele. Ele não precisaria me dar nada em troca. Sua presença
era a única coisa que importava. O que ele fazia não tinha consequências;
ele nunca foi uma preocupação ou algo que me deixasse irritada. Cada ação
e som que ele fazia era uma experiência nova e profunda para mim.
Adoro dormir e por vezes fico rabugenta e mal -humorada quando so u
incomodada. No passado, ninguém ficava ileso quando eu estava irritada.
Até mesmo minha adorada avó, que tanto cuidou de mim, enfrentava
meu mau humor quando me tirava, sem querer, de um sono profundo.
Com Zhao Zhao houve uma mudança radical. Qualquer barulho que ou-
visse vindo dele me acordava, e isso não era incômodo algum para mim.
Minha única preocupação era seu bem-estar. Dizia, com frequência: "Não
tenho medo do céu, não tenho medo da Terra. A única coisa de que tenho
medo é de Zhao Zhao adoecer:·
Zhao Zhao abriu meu coração para um amor incondicional. Em minha
vida, sempre recebi um amor integral de meus pais, avó e familiares. Eu
sentia um amor completo e sem fim pelo meu filho e não queria nada em
troca. O amor incondicional que tinha por ele me aproximou muito de mi-
nha mãe. Sentia o amor dela renovado e entendia profundamente o que ela
sentia por mim e por todos os seus filhos. Também sentia o amor de todas
as mães por seus filhos. Talvez nem todas as mães sintam o que eu senti, mas
para mim o nascimento de meu filho fez com que eu me abrisse e formasse
uma ligação profunda com meu filho, minha mãe e com as outras pessoas.
Antes de ter Zhao Zhao, minha vida era muito voltada a mim mesma,
meus objetivos, sonhos, planos, desejos e minhas necessidades. Não que eu
não levasse os outros em conta, mas percebi que minhas expectativas com
relação às outras pessoas quase sempre se relacionavam ao que eu queria,
necessitava ou desejava. Com Zhao Zhao tudo isso se esvaiu. Parece que o
MÊ DE ÜURO 225
amor que eu sentia por ele fez com que eu esquecesse do meu "eu" e, com isso,
consegui levar mais emoção e sensibilidade ao meu trabalho como médica.
Embora sempre tivesse sido uma médica atenciosa, percebi que cuidava de
meus pacientes apenas com o racional. Havia adotado um enfoque intelectual
ao trabalhar com meus pacientes, e não emocional. Deixar me levar pelos
sentimentos intensos que surgiram dentro de mim após o nascimento de
meu filho fez com que eu me ligasse mais às outras pessoas e de forma mais
profunda, além de possibilitar maior integração com meu trabalho, e melhor
entendimento de todos, mais compaixão, cuidado e paciência.
Certa vez, um mestre budista pediu que três de seus alunos falassem
algo a respeito das maçãs. Colocou uma maçã na mesa e disse: "Quem con-
seguir me falar melhor sobre maçãs participará de um retiro comigo:· Um
aluno falou sobre as origens das maçãs e como elas foram introduzidas no
país. O segundo aluno falou sobre os usos diversos das maçãs no preparo de
sobremesas, sidras e molhos. O terceiro aluno ficou em silêncio e tirou uma
pequena faca de seu bolso. Cortou a maça em pedaços e colocou-os na boca
do mestre. Em seguida, fechou delicadamente a arcada do mestre para que
ele mordesse a maçã. "Isso mesmo", disse o mestre ao terceiro aluno. "Não
se pode usar palavras para descrever uma maçã. Ela tem de ser sentida pela
língua, pelos dentes e pela boca. A verdadeira forma de se conhecer uma
maçã é com a boca fechada:· Assim como conhecer uma maçã, a única fo r-
ma de conhecermos nossos sentimentos profundos não é por meio de nos-
sa mente ou de pensamentos conceituais, e sim por meio das experiências
que vive nciamos através de nosso coração.
A maternidade traz consigo possibilidades incríveis de melhorarmos
todos os aspectos de nossa vida. Às vezes, isso acontece porque consegui-
mos nos render e confiar no processo. Nunca planejei nem pensei que ter
Zhao Zhao mudaria minhas ideias e minha identidade de forma tão signi-
ficativa; ou talvez, inconscientemente, tenha pensado. Talvez o medo que
todas nós temos de engravidar e dar à luz seja resultado disso: uma perda
de identidade ou transformação no relacionamento que temos com nós
mesmas e com os outros, uma mudança do conhecido e familiar para o
desconhecido. Acredito que todos os nossos conceitos e pensamentos so-
226 SABEDOIUA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
RESUMO
ção traz uma ligação maravilhosa com os outros. E o Mês de Ouro traz
outra ligação: é uma tradição passada de geração em geração, que ligou
minha mãe a mim, eu a minha avó, e que liga uma mãe à próxima mãe
através da experiência compartilhada de dar à luz um bebê. Todas as pes-
soas que estão vivas e que já viveram nasceram de uma mulher. É uma ta-
refa e tanto que temos a cumprir. Para mim, o Mês de Ouro é uma forma
de reconhecermos e respeitarmos o significado desse trabalho a fim de
desenvolver a autocapacitação, glorificar o milagre da criação e a sabedoria
coletiva e inata que existem dentro de nós.
@
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B0-8
Sétíma parte
SEGUNDA PRIMAVERA
CAP[TULO DEZESSEIS
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~ ~
Entrando na totalídade
D IANE
Durante a maior parte de sua vida adulta Diane poderia certamente dizer
que confiava em seu poder de amar um homem e fazê-lo feliz. Não conse-
guia exercitar sua vontade no mundo, desenvolver uma carreira ou lidar com
o conflito, mas dizia que era uma mulher amiga e doce que sabia agradar as
outras pessoas e cuidar delas, principalmente dos homens. Seu lado Yin es-
tava desenvolvido, mas quando se tratava de sua energia Yang, era como
uma criança. Ela diz: "Não conseguia me apegar a um objetivo e levá-lo
adiante. Não havia concluído integralmente os estágios de autonomia neces-
sários para viver no mundo. Mas tinha confiança em minha capacidade de
apoiar os objetivos de um homem e fazer com que sua vida desse certo:'
Quando Diane tinha 48 anos, seu segundo marido a deixou. Seis me-
ses depois, ela conheceu Paul, um homem que preenchia se u senso de
valor e propósito. Encontrou apoio, energia e força que lhe faltavam e se
apaixonou por ele. Cinco anos depois, Paul teve um derrame. Ele perdeu
grande parte de sua capacidade e memória e deixou de ser capaz de rea-
lizar tarefas diárias. Embora tivesse atuado como engenheiro, não sabia
m ais ligar um rádio ou preparar uma xícara de chá. Repentinamente,
Diane teve de assumir a re ponsabilidade pela estrutura da vida de am-
234 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
bos. As qualidades que Paul tinha e que lhes eram necessárias deixaram
de existir, e ela sentiu-se sobrecarregada.
Três anos após seu derrame, Paul teve uma recaída de um câncer de prós-
tata que tinha tido quando mais jovem. O câncer apresentou metástase e ele
precisou se submeter a um tratamento de radiação no quadril para aliviar a
dor. Sua saúde foi ficando debilitada. Por sofrer de um tipo de demência, Paul
algumas vezes ficava bravo, paranóico e perdia a lucidez. Diane percebeu que
se ela ficasse brava com ele por causa de sua raiva, no minuto seguinte ele
podia virar para ela e dizer: "O que terá para o almoço?" Ela diz: "A princípio,
ficava surpresa ao descobrir que ele não havia partido. Continuava aqui~'
Quando Paul ficava paranóico e achava que as pessoas estavam tentando as-
sassiná-lo, Diane explicava que não havia ninguém ou tentava distraí-lo. Ain-
da assim, ele insistia que estavam entrando no apartamento. Um dia, Diane
olhou para ele em um momento desses e percebeu o quanto aquilo o deixava
apavorado: "Quando entendi seu pavor de uma nova forma, surgiu uma força
em mim. Falei para Paul: 'Não há ninguém entrando pela porta. Vou atacá-
los e matá-los. O poder do inferno não passará por aquela porta~" Paul olhou
para ela e disse: "Está bem~' E com isso sua paranóia desapareceu. Diane con-
seguiu usar sua força para fazer com que Paul se sentisse seguro.
Paul faleceu cerca de um ano após o reaparecimento do câncer, alguns
anos após seu derrame, e oito anos depois de ter conhecido Diane. Ela
afirma: "Estou saindo de tudo isso intacta e inteira, com uma sensação de
integridade e vazio, com uma noção maior de quem sou e de vazio ao mes-
mo tempo~' Hoje, aos 56 anos, Diane diz que na jornada para a totalidade
"é importante vivenciar tudo, e colocar à prova nossas crenças e quem so-
mos. E isso leva tempo':
Para muitas de nós, descobrir nosso "eu" pode significar ter de esperar o mo-
mento em que nossa energia Yang aumenta durante a Segunda Primavera.
Nessa hora, somos capazes de usar a experiência e o conhecimento acumula-
dos durante a vida para nos expressarmos com mais autenticidade, renovadas
em um novo estágio de nossa evolução. Dessa forma, podemos sentir que a
Segurida Primavera está nos presenteando com uma nova oportunidade.
SEGUNDA PRIMAVERA 235
MUDANÇA E IMPERMANÊNCIA
LEAH
Leah diz que envelhecer é "como areia escorregando pelos dedos". O tempo
passa rápido. "Tenho a sensação de que nunca tenho tempo para o que
precisa ser feito:' Leah tem 52 anos, diz que está "ficando velha e que isso é
242 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Leah está fazendo seu presente valer a pena estando em contato com sua
família e com seus amigos. Ela tem conseguido transformar sua resistência
SEGUNDA PRIMAVERA 243
agora seu pescoço e sua cabeça. Repare nas características de sua cabeça.
Você está pensando e saindo de seu corpo? Respire profundamente, observe
o que sua mente estava pensando e volte para seu corpo. Sinta, lentamente,
ouvidos, olhos, nariz, língua e boca. Que sensação você tem nos olhos? Você
consegue sentir o ar entrando e saindo pelas narinas? Você está pressionan-
do os dentes? Qual a posição de sua língua? Preste atenção ao topo de sua
cabeça. Continue respirando profundamente. Agora, conscientize-se de
todo o seu corpo. Como ele se sente? Você está pensando ou está concentra-
da nas sensações e nos sentimentos em seu corpo? Observe onde sua mente
está. Volte então, vagarosamente, para o local onde se encontra. Sinta-se to-
cando a cadeira, a cama ou o chão. Inspire profundamente e, quando estiver
pronta, abra os olhos.
vezes que ficasse brava. No primeiro dia, a garota havia martelado 34 pre-
gos na cerca. Com o passar do tempo, porém, o número deles foi dimi-
nuindo cada vez mais. Ela começou a perceber que era mais fácil não ficar
brava do que martelar os pregos. Depois de algum tempo, houve um dia
em que a garota não ficou brava nenhuma vez. Procurou a mãe e deu -lhe a
boa notícia. Sua mãe sugeriu, então, que ela tirasse um prego da cerca para
cada dia que não perdesse o controle. Passado bastante tempo, a garota
disse à mãe, orgulhosa, que havia retirado todos os pregos. Sua mãe pegou
a mão da filha e conduziu-a até a cerca. "Querida, você trabalhou muito
bem com seu temperamento, mas olhe esta cerca, olhe os buracos. Suas
palavras de raiva podem machucar as outras pessoas e não haverá 'descul-
pe' que apague isso. As cicatrizes continuarão lá."
Todos temos feridas de raiva - os resíduos da raiva que expressamos
e as cicatrizes de ressentimentos de raiva que outras pessoas deixaram em
nós. Esses resíduos e cicatrizes nos acompanham durante muito tempo.
Como expressões inconscientes, elas podem determinar quem somos.
Aprender a expressar nossa raiva de uma forma que nos possibilite cres-
cer e ter respeito por nós mesmas e pelos outros permite que nossas emo-
ções se movimentem, não fiquem presas e evita que nos tornemos vítimas
delas mais tarde. Quando sentimos raiva, podemos tentar sentar em si-
lêncio durante dez minutos e observar o que está acontecendo em nossa
mente, sem reprimir nossos sentimentos. Não identifique a emoção como
"boa" ou "ruim" ou a rejeite. Reflita a seu respeito e procure entender por
que você está se sentindo assim. São as atitudes de outra pessoa que estão
me deixando com raiva ou sou eu mesma a responsável por estar me sen-
tindo assim? Como grande parte da raiva é fruto do medo, estou com
medo de quê? Examinar a raiva para entender sua origem pode levar a
novas perspectivas e descobertas e nos ajudar a entrar em contato com
sentimentos enraizados e profundos. Ter ciência dos sentimentos leva a
escolhas conscientes e nos liberta de antigos padrões de comportamento.
Isso faz com que sigamos adiante e nos ajuda a ter uma transição tranqui-
la para a Segunda Primavera.
250 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
PERDÃO
Ele enviou as três perguntas para todos os cantos do país e pediu que seus
súditos as respondessem. Se ficasse satisfeito com as respostas, ofereceria à
pessoa uma recompensa generosa.
Como nenhuma resposta foi satisfatória, resolveu que ele mesmo iria
encontrá-las. Decidiu conversar com um velho mestre que vivia no topo
de uma montanha. Quando chegou ao topo, fez as três perguntas ao mes-
tre, que estava trabalhando em seu jardim. O mestre ouviu atentamente
as perguntas e voltou a cavar, sem dizer uma palavra. O governante ob-
252 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
pria raiva, dor e confusão. Reconheço isso neste momento. Ofereço o per-
dão a mim mesma. Que eu seja perdoada:' Inspire amor e perdão para
dentro de seu coração e sinta o poder da cura de oferecer isso a si mesma.
Por vezes, achamos que o perdão está além de nossa capacidade. Não
conseguimos perdoar. No entanto, esse processo transformador é crucial
para nossa cura espiritual. Quando nos desprendemos de nosso ego, con-
seguimos alcançar integridade e vitalidade em todas as áreas de nosso ser.
A outra pessoa não precisa aceitar nosso perdão, nem precisamos que nos
perdoem pelo que fizemos. O perdão exige apenas envolvimento. Ele li-
berta nosso coração e põe fim ao ciclo de dor e ressentimento. Ele cria
uma ligação e um relacionamento. É um ato de aceitação compassiva de
nós mesmas e dos outros.
VIVENCIANDO A ACEITAÇÃO
BERNIE
Quando Bernie veio ao meu consultório pela primeira vez, tinha 51 anos,
era professora de colégio e estava no período de transição para sua Segun-
da Primavera. Não conseguia dormir e sua insônia havia levado a uma
perda de apetite. Tudo tinha sabor de madeira para ela. Disse para mim:
"Sinto como se houvesse alguém pisando em meu esterno com sapatos
pesadíssimos e pressionando meu peito. Sinto uma tensão enorme em
meus olhos, como se estivessem sendo empurrados para dentro de minha
cabeça. Um dia, estava deitada no sofá e sentia que meu corpo tremia com
qualquer ruído, por mais baixo que fosse. Parecia que não conseguiria falar
e que qualquer coisa que dissesse não pareceria verossímil:'
260 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Bernie estava passando por uma depressão profunda, que seu médico
havia associado à menopausa. No entanto, havia muitos fatores estressan-
tes convergindo nesse momento de sua vida. Estava apaixonada por um
homem que, embora não fo sse casado, não estava apaixonado por ela. Ele
não conseguia esquecer sua primeira esposa, falecida, e vivia se abrindo
com Bernie. Ao mesmo tempo, sua filha mais nova estava saindo de casa.
Na escola onde lecionava, estava tendo problemas com um aluno compli-
cado, desobediente e abusivo, que atrapalhava suas aulas. Bernie se sentia
inútil; achava que não havia conquistado nada de valioso em sua vida, e
que todos os seus esforços haviam sido em vão. Passou a adotar uma pos-
tura severamente crítica com relação a si mesma. Sua voz interior dizia o
tempo todo: "Como você pode fazer isso, Bernie? Você está totalmente
envolvida com sua vida, como pode, então, se sentir assim?"
Bernie livrou-se de sua depressão praticando ioga e adotando a postura de
"estou cansada de ser infeliz': No entanto, sofreu duas recaídas subsequentes nas
duas décadas seguintes. Embora provocadas por uma série de circunstâncias
diferentes, as experiências eram as mesmas. Estava debilitada e não conseguia
dormir nem levar a vida adiante. Decidir se iria ou não limpar os óculos tor-
nou-se uma tarefa estressante, e coisas simples passaram a ter um grande peso.
Bernie começou a fazer terapia e percebeu que o alto grau de exigência
que tinha consigo mesma estava enraizado nos abusos físicos que havia so-
frido quando criança nas mãos de sua mãe. Entre os 5 e 6 anos, sua mãe batia
nela com uma cinta de couro, o que deixou cicatrizes em seu corpo. Por fim,
Bernie começou a internalizar o julgamento que sua mãe fazia dela. Ela lem-
bra de cenas em que estava tirando grama de suas meias brancas e repetindo
para si mesma: "Bernie é uma menina má, Bernie é uma menina má~'
Com a ajuda do terapeuta e da família, Bernie começou a trabalhar os
problemas vividos na infância. Percebeu que, embora a depressão e o iní-
cio da transição para a Segunda Primavera tivessem ocorrido simultanea-
mente, sua doença não era um sintoma da menopausa.
santes que leva a uma sobrecarga emocional e física, como cuidar de nossos
pais idosos, a necessidade de adaptação à mudança de papéis que cumpri-
mos em casa e no trabalho, o fato de os filhos estarem deixando nossa casa,
a aposentadoria e as mudanças mentais e físicas na imagem corporal, entre
outros. Se internalizamos estereótipos negativos de mulheres na menopau-
sa, é quase certo que acabaremos atribuindo à menopausa a tristeza e o
desconforto causados por outros fatores estressantes em nossa vida.
Muitas mulheres, porém, irão enfrentar alguns sintomas físicos verdadei-
ramente reais durante a transição para a Segunda Primavera. Com o funcio-
namento mais lento do Baço, há também uma redução de Sangue, Qi e outros
líquidos corporais que hidratam o corpo. Essa redução na umidade apresen-
ta-se na forma de secura e desconforto vaginal, cabelos, pele, olhos e unhas
secas. Também podemos apresentar prisão de ventre. A medida que nosso
Yin diminui e não é mais capaz de equilibrar nosso Yang, o excesso de energia
Yang toma a forma de Calor, que sobe ou segue em direção à cabeça e os om-
bros e também para a superfície do corpo, levando a ondas súbitas de calor e
suores noturnos. Esses sintomas também podem afetar nosso sono. Algumas
mulheres acordam durante a noite suando e precisam se levantar para trocar
de roupa. Com isso, não descansam o suficiente, o que pode fazer com que
fiquem irritadas e mal-humoradas, além de sentirem falta de energia. Esse
problema pode se agravar se há um bloqueio de Qi em nosso sistema de Fíga-
do, o que leva a maior Deficiência de Sangue. Qi de Fígado obstruído tende a
se transformar em Calor, e quando o Calor se movimenta aos trancos e bar-
rancos podemos expressar raiva ou irritação de forma explosiva e, dependen-
do das circunstâncias, inadequada. A raiva é uma emoção quente, o que se
reflete em expressões tais como "ardendo de raivà: "isso faz meu sangue fer-
ver': "estou soltando fumaça" ou quando falamos que uma pessoa tem um
"temperamento inflamado':
O Sangue Enfraquecido também pode prejudicar o fornecimento de
Sangue ao Coração. Se o Coração não recebe Sangue e Yin suficientes, não
tem como sustentar o Shen, nossa energia mais sublime e associada à mente
ou ao Espírito. Se o Shen não tem um alicerce, podemos ter problemas de
memória ou dificuldades em formular nossos pensamentos. Também po-
262 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
* Ruído ou som anormal gerado no ouvido interno que pode se assemelhar a apiros,
so m de uma cascata de água, do bater de um martelo, zumbidos etc. (N. do R. T.)
SEGUNDA PRIMAVERA 263
nossõ Essência dos Rins. Essas mudanças são resultado direto da Deficiência
do Yin e/ou do Yang dos Rins e do declínio de Essência, que progridem gra-
dualmente, refletindo o processo normal do envelhecimento.
A gravidade de nossos sintomas será determinada pela forma como
cuidamos de nossos Rins, preservamos nossa Essência e pelos cuidados que
temos com nossa saúde feminina em geral. Nossa constituição, ou a quali-
dade da Essência de nossos pais quando fomos concebidos, juntamente
com nossa saúde emocional, nossos hábitos alimentares e nosso estilo de
vida são fatores que influenciam a saúde de nossos Rins. Os Rins estão as-
sociados ao medo. Dessa forma, se enfrentamos períodos longos de medo e
ansiedade, ou se essas emoções são algo subjacente em nosso ser, nossos
Rins ficarão enfraquecidos. Se, porém, nos anos que antecederam nossa
Segunda Primavera, fomos cuidadosas ao lidar com o estresse emocional,
se descansamos o suficiente, seguimos hábitos alimentares adequados e evi-
tamos o excesso de trabalho, exercícios físicos pesados, gravidezes frequen-
tes e doenças crônicas, e se conseguimos acumular Essência pós-natal,
nossa Essência pré-natal estará preservada e fortalecida e nossa transição
para a Segunda Primavera será relativamente fácil e pouco problemática.
ANITA
Você deve estar pensando: "Segundo a MTC, não cuidei de meu corpo, cora-
ção e mente no decorrer de minha vida:· Ou talvez você sinta que não foi
presenteada com uma constituição forte. Talvez você já esteja tendo problemas
com essa transição e sente que as opções que fez no passado não foram as me-
lhores. Não se preocupe; não é tarde demais para fazer mudanças em sua saú-
de e bem-estar. Embora o enfoque da medicina chinesa seja a prevenção, ainda
há muito o que se fazer para melhorar sua vida emocional, física e espiritual
em sua Segunda Primavera. Medidas apropriadas e mudanças específicas em
seu estilo de vida não são tudo, mas podem ajudar muito nessa transição.
AJUDANDO A SI MESMA
ALIMENTAÇÃO
EXERCICIOS
TAl C HI
O Tai Chi é um exercício que traz inúmeros benefícios. Depois que com-
pletou 30 anos, minha mãe começou a ter artrite no joelho. Ela acredita
que a doença foi consequência dos vários anos de trabalho na fazenda re-
educativa e dos ambientes úmidos onde viveu. Aos trinta e poucos anos,
suas dores eram tão intensas que algumas vezes ela precisava de ajuda para
andar. Aos 35 anos, começou a praticar Tai Chi. Em dois ou três anos seu
joelho havia melhorado muito. Conseguia caminhar sem a ajuda de nin-
guém, e as dores desapareceram.
Nos quarenta anos seguintes, minha mãe nunca deixou de praticar Tai
Chi. Segundo ela, o exercício trouxe não apenas melhoras para sua artrite,
268 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
Ac uPRESSÃO
AUTOMASSAGEM
;=f: :=3
'" Deficiência de Sangue, na MTC, vai sempre depender do co ntexto em que é referido
essa expressão, pois tanto pode ser alguma deficiência literal do próprio sangue quanto
uma Deficiência do aspecto Yin da energia vital. Ver segunda N do R. T na página 34
(N doR.n
SEGUNDA PRIMAVERA 275
sas últimas três ou quatro décadas, continuamos a viver com base em ideias
e conceitos distorcidos de que as mulheres mais velhas não têm interesse por
sexo. Esses estereótipos culturais relativos às mulheres na fase pós-meno-
pausa podem influenciar muito nossos pensamentos, nossas ações, reações
e experiências. Entrar em contato com nossa sexualidade e desenvolver ma-
neiras de lidar com os conceitos distorcidos ajuda-nos a acabar com a ideia
de que somos seres assexuados. Podemos entender a visão que temos das
atitudes negativas, e se acreditamos nelas, e, com isso, educarmo-nos quanto
às mudanças físicas naturais que ocorrem conforme envelhecemos. Os pro-
blemas sexuais não são necessariamente um aspecto natural do envelheci-
mento. A atividade sexual é uma expressão saudável e natural da condição
de um ser humano adulto. Podemos ser seres sexuais e aproveitar a intimi-
dade e a afeição compartilhada do sexo durante toda a vida.
SEGUNDA PRIMAVERA 279
RESUMO
Apêndíce
CANADÁ
ÜNTÁRIO
lHE CHINESE MEDICINE AND A cuPUNCTURE AssociATION oF CANADA
154 Wellington St.
London, ON
N6B 2K8
Telefone: (519) 642-1970
Fax: (519) 642-2932
website: www.cmaac.ca
BRITISH CoLUMBIA
AcuPUNCTURE AssociATION oF BRITISH CoLUMBIA
NovA SconA
AcuPUNCTURE & NATUROPATHY AssociATION oF NovA ScoTIA
44 Grafton St.
Charlottetown, PEI
C1A 1K5
Telefone: (902) 628-1478
QUÉBEC
EsTADos UNIDOS
abóbora 53, 266 e emoções 70, 86, 93, 102- 103, 164, 166,
aborto es po nt âneo 78, 169- 17 1, 209, 222 285
absorve ntes co muns 96 e gravidez 204, 166
abso rventes internos 96, 104 e Qi 66, 69, 71, 89, 102, 166, 284
ace itação 255 -257, 284 ervas para a 94-95
de mudanças 173, 225, 227, 240-242, 244- excessiva (menorragia) 80, 95
245, 259,26 1, 277-278,284 exe rcícios d uran te 66, 82, 11 5
ac upressão. Ve r também ac upuntura Fígado e 69, 73, 86, 99, 102
e tratamento de câ ncer 18- 19, 11 8 har monizando 68
na meno pausa 275 in ício da 6 1, 64, 11 6,285
para aj ud ar no parto 200-203 interrupção da (a meno rreia) 70, 80, 89
para edemas 184 irregular 109, 263
para sinto mas menstruais 19, 89 na China 14, 89, 63 -64
acupuntura. Ver também ac upressão regul ando 68
após o pa rto 2 16 restri ções du ran te I04, 11 5
e endo metriose 9 1-92 Rins e 82-83,86,99, 102
Meridi anos na 34 água de gengibre 216
na gravidez 183- 184, 2 1O ai ye (a rtemísia seca) 98
po ntos para 13, 99, 129, 179, 182 aipo 52
aeróbica 31, 55, 75, 267, 269 álcool 87, 97, 104, 113, 126, 142, 162 2 15,266
agripalma ( Yimu Cao) 2 17-2 18 alegria 28, 40, 43-46, 73, 93, 11 9, 199, 216, 236
água alface 53, 176
como um símbolo 22, 29, 38-40, 140- 141 alga marinha 52, 266
ingestão de 66, 83, 18 1 al ho 52
Água Celestial (menstruação). Ve r também alimentação. Ve r também alimentos
problemas menstruais como causa de desarmonia 50, 52
alimentação e 86-88, 104 como fo rma de autoc uidado 4 1-42, I04,
antigos médicos e terapeut as 63 166
atitudes com relação à 74 e Baço 176, 265
autocuidado du rante 86, 96, 104 e doenças de mama 108, 11 3, 11 6, 135
co mo Essência 162, 170 e Essência 86
desco nfo rto duran te a 80-82, 135 e Estômago 37, 50, 170, 205, 265
dolorida (d ismenorreia) 69, 95 e Fígado 52, 65, 87, 113
296 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULH ER
contraceptivos o rais 77, 80-8 1, 284 desprendimento 199,226. Ver também perdão
Coração na gravidez
e Shen 37, 2 17, 261 Diane 233-234
Sangue e 36-37, 177,2 17, 2 19, 235, 261 , diários. Ver registrar fatos e se nsações
265,274,279,28 1 di arreia 55, 87, 96, 18
co rpo. Ve r tam bém image m co rpo ral; relação di sfun ções aliment ares 49, 54, 84, 162
mente/co rpo dismeno rreia (cólicas menstruais) 69, 95
im agem corporal 20, 83-84, 89, 147, 174, diuréticos 273
237,26 1 doces
med itação sobre o 246, 248 desejo por 55, 67, 87-88
relacio namento com o IO, 20-2 1, 84, I03, e O rgàos 40, 50, 52, 87, 2 18
173- 174, 194,285 doença na bex iga 2 11
sabedoria do 63, 193, 196, 205-206, 232, doença 9, 10, 13, 15, 18-22, 28-30, 34 -36, 40,
279,285 42,45-46,48,50-52,54-55,57-58, 62,66,
cortisona 273 70, 78, 80, 90, 102 - 103, 107- 11 0, 11 5- 122,
couve 88, I 04, 11 8 125, 130, 133- 135, 162, 168, 17 1, 175,
cravo 53, 98 184, 198, 204-205, 2 12, 2 14, 222, 227,
cremes à base de progestt'rona 74 242,259-260,263,267,274,282,284. Ve r
cura tam bém enfe rm idades
alimentação para a 51 -52, 86 doenças de ma ma 8 1, 107- 109. Ver também
ervas para a 5 1 câncer de mama
mudança como uma opor tu nidade de ali ment ação e 108, 11 3, 11 6, 135
70, 86, 94, 120- 12 1, 164, 178, 235, 264, doenças ment ais 45
275 dot'nças ps icológicas 18, 45, 96
relacionamen tos e 125 Dong Quai (a ngélica) 2 18
Três Tesouros e 4 1-42, 86, 90, 135, 235, dor 40, 45, 48-49, 62,68-7 1, 73-74 76-82,
269,282,285 87-88,9 1-93, 95 -96,98 - 100, 108, 11 5,
versus restabelecimento 133 11 7, 124, 134 - 135, 184, 187, 192 -200,202,
curso pa ra gestan tes 194 2 10,2 13-2 14,234,240-24 1, 243-244,
Da r1 Tian 129- 130, 19 1 246-24 7, 252-255,267-269,272, 280. Ve r
Deficiência de Sangue também tipos específicos de do r e tra ta-
causas da 55, 87, 89, 114- 11 5, 120 mel/ tos; di sme norreia
duran te a menstru ação 63 -64, 87 dor de cabeça 18, 50, 68 -69, 96, 2 15
me nopausa e 26 1,265,267,274 dores nas artic ul ações 18, 39, 46, 95, 122, 186,
sintomas da 68, 2 15-2 17 2 15-2 16,2 18,222 . Ver tam bém artrite
den tes 180, 189,210-2 11 ,2 19,225,248,262
depressão
Estagnação de Qi do Fígado e 69, 73, 87, edema 50, 184
109, 11 7 prevenção de 182
exercício e 99, 260, 267 ejacu lação 140- 14 1
men opausa e 245, 258, 260, 267 Eliot, T. S. 243 -244
pós-parto 10, 2 1,2 14,2 17,284 emoções. Ve r também emoções específicas
desarmo nia. Ver também harmo ni a como ca usa de desa rm o ni a 46, 68, 205
ali mentação e 50, 52 e amament ação 220
causas de 3 1, 45-46, 50, 82, 120 e câncer 109- 11 0, 11 2, 11 8, 12 1-122, 124,
Causas Exteriores de 42 126- 127. 135
Causas Int eriores de 42-43 e doença 46, 48, 50, I 03, I 09- 11 O, 11 9-
emoções e 46, 68, 205 120, 125, 135, 17 1. 198,204
despertar 28, !53, 197, 232, 236 e Essê ncia 4 1
ÍNDICE 299
e equilíbrio de Qi 33, 55, 90, 94, 11 4, 135, e funções ginecológicas 68-69, 73, 86-87
266,268 102,274,284
e menopausa 241,266-267, 273, 242, 263, e olhos 35, 97
266-268 função do 35-37, 55, 69, 88, 274
e o tratamento de câncer 129 na gravidez 163, 171,204
nagravide.: 171, 181 - 182,189 fogo 22, 29,38-40,42,44, 140- 14 1
tipos de 88,90-91, 94, 98, 114, 130- 132, folha s de mostarda 18 1
164, 182,220, 267-268, 270-272 folha s de taráxaco 88
exercícios (específicos). Ver também Qi Gong; Frio 42-43,67,86. Ver também bebidas Frias;
TaiChi alimentos Frios
A Grua 131 após o parto 2 12,2 14-217,227,265
Apontando para a Lua 130 frustração 69, 73, 102, 130, 135,204,266
de alongamento 182, 220, 267-268 frutas 52-53,65, 176, 181,2 18,263
de automassagem 102, 269 Fu Qing Zhu Nu Ke 63
de relaxamento 45, 115, 127, 164 fumo 172, 273
para evitar dores nas costas 184 funcionamento dos intestinos 50, 267, 270. Ve r
de visualização 92, 164 também prisão de ventre; dia rreia
O Cavalo 129
O Urso 132
galin ha 53, 180- 181, 217
para o músculo pubococcígeo 272
ganho de peso
para sentir o Qi 33
na gravidez 55, 176
respiratórios 94, 11 5, 140, 153
na menopausa 262, 265, 267, 274
exercícios físicos pesados
gengibre 53 66, 98, 178- 180, 2 16, 219
após o parto 220
Gloria 169- 17 1
como causa de doenças 55, 89, 169
gravidez
durante a menstruação 82, 84, 89, 104
alimentação 166, 172, 176
na gravidez 171, 189
apoio durante 200
na menopausa 263
autocuidado 185, 187, 189, 19 1
calendário da 185- 186
desprendimento 199,226
fadiga
emoções 164, 171, 177
como causa de doenças 55, 82, 115, 212,
enjoos matinais 178- 179, 184
227
e o "eu" 205, 225
como um sintoma 258
estresse 162, 177, 182, 189, 195, 197- 18
e Estômago 178
excesso de exercícios físicos pesados 171,
menopausa e 258
189
família
exercício 17 1, 181- 182, 189
entrando em contato com a 75, 103, 118-
ganho de peso 176
11 9,199-200,206, 227,238
manchas do ffgado 184
na China 10, 14, 65, 84, 11 2, 144- 145,
massagem durante a 192, 193- 195
156, 209-210,213-214,238-239
primeiro trimestre 167, 171, 178, 182
no Ocidente 2 13-2 14,238-239
relação sexual 182, 187
feijão comum 266
saúde dos pais e 41, 16 1-162, 205, 263
fibroide (fibromioma) 70,74-75,78,97
sono 224
fígado (alimento) 88, 104,216,266
Fígado. Ver também Qi do Fígado
alimentação e 52, 65, 87, 11 3 harmonia 9, 20, 28, 30, 35, 38, 40-42, 57, 90,
Calor no 39, 113 103, 11 2, 128, 133, 196,235-236,238,
e emoções 69-70,73, 109, 11 9-120 279. Ver também desarmonia
ÍNDICE 301
ondas súbitas de calor 258, 26 1, 265, 275 problemas menstruais. Ver também cólicas;
Orbita m icrocósm ica 153-154 Água Celestia l; T PM
Orgãos do sentido. Ve r órgãos específicos autoc uidado pa ra 86, 96, 103, 163
Orgãos Fu 35 causas dos 73, 76, 80, 82, 86-87, 204
Orgãos Zang 35 Deficiência de Q i do Baço e 46, 55, 86-87,
Orgãos Za ng-Fu 22, 35-37, 64-65,68, 107. Ver 96
também sistemas de O rgãos ervas pa ra 89, 94-96, 104
orgas mo 56, 140- 142, 146, 148- 149, 277 Estagnação de Qi do Fígado e 37, 46,
ossos37,66,97, 180, 187- 189, 191,20 1, 209, 68-70,80, 163
262 exercício e 66, 82, 11 5
ouvidos 35, 37, 72, 187, 189,22 1,248,262 in chaço68-69, 73-74,78,82,87, 108, 127
ová rios 69, 70 130, 135, 204
cistos nos 97 seios doloridos 69, 96
ovo 54,88, 104, 18 1,2 11 ,2 14,2 16-2 17,266 próstata 140, 234
psicote rapia 48
psoriase 46
parto. Ve r também Mês de O uro puberdade 22, 62, 285
ansiedade com o 19, 193- 194, 217 Pulmõe 36, 39, 46, 52, 73, 187-189, 266
apoio du rante o 2 13, 227
ati tude com relação ao 193, 196- 197,
199-200,204 -206,2 12-2 14 Qi do Baço
depressão (pós-parto) lO, 2 1,2 14,2 17, acupressào para o 99- 100
284 alimentação e 86-87, 2 17
energia Ya ng e o 2 11 , 227 Deficiência de 46, 55, 86-87, 262, 274
med itação e 195- 196, 198, 206 ervas para o 96
na Chi na 2 12-2 14,222 Qi do Estômago 46, I08, 178
no Ociden te 2 13-2 14 Q i do Fígado. Ver também Estagnação de Qi
pe ríodo apó 10, 23, 95,2 11 -2 12,2 15, do Fígado
227 a cu pressão I 00
pato 53 álcool e87
peixe88, 104, 124, 162, 176, 180, 189,2 17, ali me ntaçãoe87, 11 3, 126, 163, 180
236,266 desequilíbrio de 97, 11 3
pe rdão 250-255 e Calor 87
medit ação pa ra o 253-255, 257 ervas para 96
períneo 140, 153- 154 Excesso de 88, 11 3, 11 6
peso 50, 84, 89, 95. Ve r também gan ho de peso saúde dos seios 108, 11 6
píl ulas ant iconcepcior.ais 80-8 1 Q i do Pul mão 46
pimenta-de-caie na 53 QidosRins99- IOO, 10 1, 16 1- 162, 179
pin hão 182 Deficiência de 39, 82, 88, 97
curtido no mel 18 1- 182 Q i Gong 12, 17,90-93, 102, 104, 11 4- 11 5, 126,
porco 54, 180- 18 1, 2 16, 2 19 128-129, 135,267
práticas espirituais. Ver meditação; Qi Gong; Qi. Ver também órgãos específicos
TaiChi acupu ntura e 18, 126, 200, 269
pres ão arterial alt a 50, 176, 182, 274 Deficiência de 36, 52, 55,66-67,69-70,
Princess Ma rgaret Hospital (Toronto) 126 87,89,96, 107, 11 5,2 12,2 15-2 16,227,
prisão de ventre 3 1, 69, 18 1, 2 18, 26 1 267-268,274
problemas cardíacos 18, 58, 70,273-274 desarmonia e 45-46, 55-56, 87, 2 15
problemas de voz 66 e Essência4 1, 135, 16 1, 174, 186,2 16,
problemas digestivos 15, 46, 50, 87, 265 232,235,269,282,285
304 SABEDORIA CHINESA PARA A SAÚDE DA MULHER
e menstruação 64-67,69-70,86,89,96, ressentimento 32, 69, 73, 204, 220, 235, 249-
102,284 25 1, 254-255
emoçõese45, 135, 162,17 1, 177,220, retenção de água. Ver ede ma
235,245, 266,284-285 revolução sexual1 46
envelhecimento e 11 5, 235, 268 Rins. Ve r também Essência de Rins; Qi dos
e Sangue 34-37,55,63,65-66,68-69, 71, Rins
8 1,86-87,89-90,93,96,98,100, 102, 107, acupressão para os 39, 98- 100, 126
109, 11 3- 11 6, 120, 161 - 163, 166, 17 1, 174, alimentação e 50, 52, 83, 88,205,2 11,
184,204,2 19, 227,232,245, 26 1,265- 213,2 17-2 18, 263, 265
266,269,281 desequilíbrio nos 39, 82, 88, 99, 102,262
Estagnação de 36, 87-88,98, 107, 11 5, e Agua 39,83
17 1,274 e envelhecimento 262-263, 265, 272
Excesso de 36, 88, 11 3, 11 6 e funções ginecológicas 82, 86, 99, 102
exercício e 25, 97-98 gengibre e 216
herdado 45 medo e 46, 73, 82, 263
menopausa e 15,235,245 26 1,265-266, na gravidez 16 1- 163, 171, 182, 190,205
275 tratamento de câncer e 274-275
eiose70,96,107, 109, 11311 5- 11 6, 135 Roge rs, Ca rl 256
sentimento 32 Ru Pi ("nódulos mamários") 11 7
quimioterapia 11 8, 122- 123, 125 Ru Yan ("ped ras mamárias" ) 11 7, 135
Tzan Gui. Ver Água Celestial (menstruação) vinagre 52, 180- 18 1,2 19
t ireoide 70 visuali zação45, 127, 153,1 64, 195- 196,206
tofu 52-53, 124, 263 vitaminas 263-264
tomate 53
To nglen 197- 199
to ntura 182 Wanda 163- 166
TPM (tensão pré- menstrual) 68, 73, 82, 204 Wu fi Bai Geng Wan (comprimidos Black
trabalh o de pa rto. Ver pa rto Chicken White Phoenix ) 95-96
transpiração 89, 2 15, 2 18. Ver também suores
noturnos
tratament o à base de rad iação 11 8, 122- 123, Xiao Yao Wan (medica mento à base de ervas)
125, 127. 130.234 96, 184
tratamentos homeopáti cos 78-79
Três Tesouros
e cura 4 1-42, 86, 90, 135, 235, 269, 282, Yellow Earth (medica mento à base de ervas)
285 16- 17
T RH (terapia de reposição ho rm onal) 8 1, 273- Yi mu Cao (agripalma) 95,2 17-2 18
275 Yin e Yang. Ver também equil íbrio
t rompas de Falópio (tubas uterinas) 69 e emoções 120, 197
Tui-Ná 12, 17, 19,39-40,43,47, 8 1, 89, 11 8. e envelheci mento 284, 292- 293
Ver também massagem e sexo 139, 14 1
menopausa e 244, 250, 257, 275
Yong Qua n (pon to de acupuntura) 98-99, 183,
Umidade 200,203,269
alimentação e 50, 87, 11 3, 162, 18 1,222
Baço e 50, 87, 99, 11 3,26 1,265
resultados de 42-44 Zhao, Xi aolan
unhas 37, 70, 87, 222-223, 26 1 aborto espont âneo 169, 171
urinar 210 avó 67, 83, 168, 2 15, 224, 228, 235-236,
uso de drogas 273 255-256
ú tero e maternid ade 215
após o parto 167, 2 11 ,2 14,2 16-2 17 e o Budismo 235-236
durante a menstruação 64, 66, 69, 95, 102 e o Mês de O uro 209-2 12, 2 15-220, 222-
uvas- passas 162, 18 1,2 16-2 17,266 224
grav idez 166- 167, 17 1, 178, 180, 184 222
mãe 62-67, 84, 88, 95, 143, 192- 193, 209,
vagina 39, 62-63, 96, 139, 153, 209, 2 11 , 220, 211, 214-2 16,2 18-2 19,223-224,228, 255,
26 1,272,274-275, 277 258-259, 267-268
Vaso de Concepção (Ren Mai) 64, 154, 163 naC hin a 12- 13, 15, 3 1-32, 47,49, 53,61,
Vaso Direcio nador (Canal Yin ) 154 71,83-84,89,1 09- 111, 143, 171, 236
Vaso Govern ador (Ca nal Yang) 64, 153 nasci mento de 192- 193,2 14
Vaso Penetrador (Chong Mai) 64, 107, 163, 231 no Canadá 12, 19, 31, 47, 7 1-72, 83-85,
e seios 107 145, 213,236
vento 28, 32, 40, 42, 44, 165, 196, 214 ZhaoZhao (J in Zhao) 177- 178, 180,209-2 11 ,
ver melh a (carne) 74,87-88, 104, 11 3, 214, 263, 213,2 15,223-225,227,289
266 Zhu Dan Xi 117, 223-226
Vesfcul a Biliar 15, 22, 35, 69, 186, 188,20 1 Zu San Li (ponto de acupuntura) 100, 269
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•' Este livro foi composto na tipologia Minion Pro, em corpo 11,2/15,8, e
' L impresso em papel otf-white 80glm2 no Sistema Camer;>n
da Divisão Gráfica da Distribuidora Rt:cord.
mameme Importante para que o nuxu
de energm corporal no sangue se man-
tenha suave. A med1cma chmesa se ba-
se1a na natureza, no conhccnnemo so-
bre ervas c nos recursos de cura do
próprio orgamsmo. Usando técmcas
como TUI-Na (massagem chmesa),
acupuntura e preparados á base de cr-
\·as. a MTC não visa somente a cura de
doenças, mas propl'>e uma abordagem
prevcnuva e mccnuva o mdl\'tduo a vi-
ver com mms consciência c \'Jtahdade
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