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31/05/2020 Gatilhos da enxaqueca: saiba mais | Neurologia Hoje | Neurologia Hoje

Publicado: 09/06/15 | Atualizado: fevereiro 18, 2019

Aproximadamente 12% dos americanos têm enxaquecas, de acordo com a Fundação Nacional de Dores de
Cabeça. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, treze milhões de brasileiros apresentam dores de cabeça
diariamente, um número maior que o encontrado em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. Esse é um dado
alarmante.

Enxaquecas não são as dores de cabeça típicas: as crises de enxaqueca são episódios são de dores latejantes, dores
pulsantes, acompanhadas por sensibilidade ao som e à luz. Também podem ser acompanhadas de náuseas e vômitos, com
duração de quatro a 72 horas.

“Para os que sofrem com esse mal, as crises podem surgir de maneira aleatória, repentina. Mas uma estratégia que pode
ajudar a identificar os possíveis gatilhos das crises é o de observar situações ou atividades que aparecem antes da dor de
cabeça surgir. Os gatilhos nem sempre são claros (a pesquisa recente sugere que é difícil identificar exatamente quais
são os gatilhos, sem passar por testes formais), muitos neurologistas sugerem que o paciente mantenha um diário de
dor na tentativa de identificar – e, finalmente, evitar – as circunstâncias que desencadeiam as crises de enxaqueca”, afirma
o neurologista, Willian Rezende do Carmo, CRM-SP 160.140.

Os gatilhos de uma crise de enxaqueca variam de pessoa para pessoa, e até mesmo de dia para dia. Às vezes, eles podem
ser cumulativos e também dependem da suscetibilidade do paciente, que pode ser capaz de tolerar um copo de vinho ou a
ausência de uma refeição, muito bem, mas se tiver uma má noite de sono, uma semana estressante de trabalho ou pegar
um enorme engarrafamento para voltar para casa, o gatilho pode ser acionado.

“Uma mesma pessoa pode ter crises de enxaqueca por diferentes causas, de um dia para o outro, de uma semana para a
outra. É também importante notar que algumas coisas que podem parecer gatilhos, como rigidez muscular ou certos desejos
por determinados alimentos, são, na verdade, parte da fase de pródromo de uma enxaqueca, ou fase de alerta, que pode
acontecer horas ou dias antes de uma crise”, explica o médico.

Determinar e controlar os gatilhos pessoais pode ser um exercício de empoderamento do paciente, que lhe dará mais
controle sobre suas enxaquecas, especialmente quando combinado com um estilo de vida saudável, incluindo dieta
equilibrada, exercícios regulares e gestão do estresse.

O que desencadeia a sua enxaqueca?

1) Dormir muito ou pouco…


Pode ser surpreendente, mas dormir pode desencadear a enxaqueca. O cérebro de quem tem enxaqueca gosta de rotinas
confiáveis, isso inclui o horário de sono. Dormir demais ou pouco pode provocar o jetlag social, que pode desencadear uma
crise de enxaqueca. “Sempre aconselho as pacientes a acordarem na mesma hora todos os dias, mesmo no sábado e
domingo. Parece difícil, mas vale a pena, não só para evitar dores de cabeça, mas também para ajudar na qualidade do
sono. Mudanças no relógio biológico, a cada final de semana, forçam o corpo ao jetlag social, que pode causar problemas
de saúde, de sono e dores de cabeça”, alerta o neurologista.

2) Decepção após estresse


O estresse é um gatilho para a enxaqueca para muitas pessoas, mas o período de relaxamento logo após uma crise de
estresse também é. A resposta do corpo ao estresse aumenta os níveis de vários compostos químicos que, em seguida,
passada a crise, se acalmam. Essa alteração química pode ser o que faz com que apareça a “enxaqueca de fim de
semana”. “Isso explica porque uma crise de enxaqueca pode estragar o primeiro dia de férias, o primeiro dia depois que
você sai de um trabalho estressante ou o início da lua de mel. Na verdade, de acordo com uma pesquisa, apresentada na
reunião anual da Associação Americana de Neurologia, as pessoas têm 20% mais chances de ter uma enxaqueca nas 12-
24 horas após a mudança de humor de ‘triste’ ou ‘nervoso’ para ‘feliz’ ou ‘relaxado’. Isso ressalta a importância de gerir o
estresse de forma eficaz”, afirma Willian Rezende.

3) Chuva
“Embora não exista qualquer estudo que relacione de forma definitiva a enxaqueca com o tempo, informalmente falando, os
pacientes frequentemente relatam mais enxaquecas em dias chuvosos. Enquanto não podemos controlar o tempo, podemos
tomar cuidados extras para evitar outros gatilhos em dias chuvosos”, recomenda o neurologista.

4) Alterações nos níveis de estrógeno


As flutuações nos níveis de estrógeno – resultantes da menstruação, do uso de pílulas anticoncepcionais, da gravidez, do
momento pós-parto, da menopausa – podem desencadear enxaquecas. Essas alterações também podem diminuir o limiar
de enxaqueca, o que significa que a mulher ficará mais suscetível a outros gatilhos. “Se a paciente sabe que tem crises de
enxaqueca entre a ovulação e a menstruação, ela deve conversar com seu ginecologista e com seu neurologista sobre o
uso de um contraceptivo oral prolongado, que pode eliminar 75% das dores de cabeça no período menstrual”, orienta o
médico.

5) Alimentação

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Os pesquisadores ainda estão estudando os alimentos que desencadeiam enxaquecas. Enquanto não há conclusões
definitivas, já sabemos que alimentos que contêm tiramina (incluindo vinho tinto, queijos curados, certas carnes processadas
e carne de porco, para citar alguns) e taninos (incluindo vinho tinto, chá, café e suco de maçã), podem causar uma crise de
enxaqueca. Outros aditivos alimentares, incluindo o aspartame e os nitritos também podem ser culpados pela dor de cabeça,
embora, mais uma vez, não haja consenso nos estudos científicos. Pessoas com doença celíaca ou com alergia a glúten
também são mais propensas a enxaquecas. “Manter um diário alimentar pode ajudar o paciente a identificar os alimentos
que ele considera que poderiam ter desencadeando a crise de enxaqueca. Esse dado é muito particular: para uma pessoa
um alimento pode ser um problema e para outra pessoa esse mesmo alimento não é. Evitar o consumo de ‘um alimento
suspeito’ de disparar a enxaqueca pode ser útil, mas é preciso antes conversar com o neurologista, pois qualquer mudança
extrema na dieta pode agravar o quadro de enxaqueca”, afirma Willian Rezende.

6) Perfume do colega de trabalho


Aquele cheiro forte de perfume é mais do suficiente para desencadear uma crise em quem sofre com enxaqueca. Os
estímulos sensoriais, como luzes brilhantes (incluindo o sol, a tela de computador ou a tela do cinema), cheiros fortes (como
perfumes ou a fumaça de cigarro) e ruídos altos podem ser culpados pela dor de cabeça. “Sobre alguns estímulos, o
paciente não pode fazer muita coisa, mas usar óculos de sol ao ar livre durante todo o ano é recomendável, se a luz é um
problema”, orienta o médico.

7) O dilema do café
Beber café ou não? O excesso de cafeína pode desencadear uma crise de enxaqueca e, para os bebedores de café
compulsivos, se não houver mudança no estilo de vida, não há tratamento da enxaqueca. O excesso do consumo de café
também pode ser o culpado pelas dores de cabeça no fim de semana, pois se o paciente consome muitas xícaras de café
durante toda a semana, no escritório, ele pode sofrer com a abstinência da cafeína durante os finais de semana. “Para evitar
enxaquecas relacionadas com a cafeína, o recomendável é manter a ingestão diária de uma xícara de café. Beber mais do
que isso? Aí, depende de cada paciente”, observa o neurologista.

8) Happy hour
O corpo metaboliza o álcool e o transforma em acetato, que pode causar enxaqueca. Para evitar a dor de cabeça no dia
seguinte, é preciso beber com moderação e consumir alimentos antes de beber. “Toda bebida alcoólica pode desencadear
enxaquecas, mas licores de cor escura, tequila, uísque, vinho tinto parecem ser os piores gatilhos, embora não haja dados
concretos para sustentar isso”, diz Rezende.

9) Atividade sexual
Todo esforço físico – incluindo a prática sexual – pode desencadear dor de cabeça. Embora a causa exata da enxaqueca
induzida pelo exercício não seja totalmente compreendida, esta poderia ser explicada por uma mudança química no cérebro,
especialmente entre aqueles que estão fora de forma, ou porque os primeiros estágios da crise de enxaqueca já
começaram, então, o sistema nervoso pode estar mais sensível. “A boa notícia é que o suor, muitas vezes, pode ser um
meio eficaz de reduzir o número de ataques de enxaqueca que o paciente experimenta. Se o paciente se exercitar,
regularmente, o corpo produzirá os seus próprios analgésicos. Um estudo publicado em 2013 constatou que a prática sexual
pode aliviar a dor da enxaqueca em algumas pessoas”, conta o neurologista.

10) Pular refeições


Rotina é fundamental para quem sofre de enxaqueca. Pular uma refeição ou ficar em jejum pode desencadear uma dor de
cabeça. “Não sabemos exatamente porque, mas que poderia ter algo a ver com os níveis baixos de glicose. De qualquer
maneira, é importante comer regularmente, fazer as refeições nos horários apropriados, para evitar uma crise”, recomenda
Willian Rezende.

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Dor de Cabeça
A Cefaleia, conhecida popularmente como dor de cabeça, pode ocorrer de modo isolado, quando apresenta
um complexo sintomático agudo (como a enxaqueca), ou provida de doenças em desenvolvimento (como
infecções). O diagnóstico é baseado na compreensão da fisiopatologia dessas dores de cabeça, na
obtenção de um histórico clínico e na realização de um exame físico e neurológico criterioso, para formular
um diagnóstico diferencial.

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