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Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Ms. Nelson Calsavara Garcia Junior

Revisão Textual:
Profª. Ms. Magnólia Gonçalves Mangolini
 Introdução

 Desafios para a Política Econômica

 O Ciclo da era do Ouro (1900-1913)

 A Economia Durante a I Guerra Mundial


(1914-1918)

 O Período de Pós-guerra (1919-1922)

 A Recuperação, Desequilíbrio Externo e


Ajuste Recessivo (1922-1926)

 O Boom e a Depressão (1927-1930)

A primeira unidade aborda o período de 1900-1930, tendo


como destaque o cultivo do café e suas implicações políticas,
econômicas e sociais. Além disso, o período foi marcado pela I Guerra
Mundial e no final da década, ocorreu a Grande Depressão.

A leitura integral da bibliografia é fundamental e deve ser feita antes da utilização de


quaisquer recursos que foram colocados à sua disposição. Com isso, haverá por parte do
aluno um entendimento inicial e ele deverá utilizar os demais recursos para complementar e
ou facilitar a compreensão da bibliografia em questão.

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Atenção

Outro ponto importante é o cumprimento de prazos na realização das tarefas. Ainda


que você tenha à sua disposição o melhor computador e um provedor de alta
velocidade para acesso à Internet, lembre-se que esses equipamentos às vezes
apresentam problemas, sem contar com a queda de energia e assim por diante. Por
isso, evite deixar para entregar suas atividades no último dia, na última hora.

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Para o bom andamento dos trabalhos, será fundamental o seu envolvimento e interesse,
por meio da leitura completa da bibliografia proposta (ABREU, M. P. A Ordem
do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 1889-1989. Rio de
Janeiro: Campus, 2004, Capítulo II Apogeu e Crise na Primeira República: 1900 - 1930,
páginas 31 a 72), pelo contato com o professor para o esclarecimento de dúvidas, ou
ainda pela resolução das tarefas propostas, audição do arquivo em PowerPoint, leitura
do conteúdo proposto e do material complementar.

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Com uma economia totalmente voltada para o agronegócio, com destaque para o
cultivo do café, o estudo da economia brasileira do período de 1900 a 1930 apresenta
uma característica muito importante: a acentuada vulnerabilidade em relação ao setor
externo. Em outras palavras, a economia brasileira estava muita sujeita a “choques
exógenos”. Além disso, outro ponto relevante para o sucesso ou não dessa commodity foi
o comportamento do clima, responsável pela flutuação da oferta.

Se o setor cafeeiro teve um grande destaque, é justo supor que os senhores,


donos das fazendas de café também o tiveram e constituíram uma camada social
chamada plutocracia, com muita influência política.

Em relação às ideologias, foi percebido um desgaste dos pressupostos liberais,


fomentados pelos efeitos principalmente da variação da demanda internacional, já que
isso ocasionava um efeito multiplicador (positivo ou negativo) considerável em nossa
economia.

Dentro do período estudado, notam-se algumas diferenças, como: o período de


1900-1913, considerado o ciclo da era de ouro, devido o crescimento econômico; depois
1914-1918 marcado pela I Guerra Mundial. A seguir, os anos de 1919-1923 com
crescimento no início, seguido de queda da atividade econômica. Por fim, mais dois
períodos distintos fecham o estudo dessa unidade: 1922-1926 (período marcado pela
recuperação econômica, desequilíbrio externo e o ajuste recessivo) e 1927-1930 (boom e
a depressão mundial).

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O panorama do período que compreende os anos entre 1900 e 1930 apresentou
grandes desafios e muitos acontecimentos que influenciaram a economia brasileira.

Apesar de a visão liberal preencher o pensamento econômico mundial, ela seria


rapidamente superada pelos ideais “keynesianos”, após a publicação, em 1936, da obra “A
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, de autoria do economista britânico John
Maynard Keynes.

Os ideais apresentados nessa obra foram de muita utilidade para as economias


mundiais, principalmente no que tange a viabilização da recuperação da atividade econômica
no período pós-crise internacional iniciada em 1929, conhecida popularmente como a Grande
Depressão. Em suma, Keynes recomendava uma participação maior do Estado na economia,
para a manutenção do emprego e seus efeitos multiplicadores.

Como se verá adiante, a instabilidade econômica gerada pelos sucessivos


choques externos que se iniciam em 1914 e se estendem pela primeira metade
dos anos 20, mina as bases das alianças políticas tradicionais entre os grandes
estados e – sob estímulo adicional das ideologias emergentes na Europa do
pós-guerra – debilita a crença nas vantagens do liberalismo econômico
(ABREU, 2004).

Esses efeitos podem ser explicados rapidamente de forma muito simples, pois se há
emprego, existe salário e, por conseguinte, existirá consumo, proporcionando a manutenção
da atividade econômica.

Para uma economia extremamente dependente de receitas oriundas da exportação de


produtos agrícolas, a superprodução do café no ano 1929 potencializou os efeitos da crise.

Como o café não é um produto indispensável, em momento de crise internacional o


consumo por parte dos países importadores foi reduzido, fato que resultou em déficit externo
devido á queda no consumo mundial.

Mas a política econômica não foi conduzida


fielmente de acordo com os ideais liberais (exceto a
gestão de fluxos financeiros e comerciais), pois o
governo ao longo de todo o período em questão Em suma: política keynesiana antes da
utilizou dos instrumentos disponíveis para incentivar publicação de Keynes?
a atividade econômica, com investimento em obras
Isso merece uma reflexão.
públicas, desvalorizações cambiais, o controle de
importações pós-crise, a criação da Caixa de
Conversão entre outros.

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Ao término do período, nota-se uma ruptura com o modelo de economia primário-
exportadora do café, pois com a instalação da crise internacional, o país não conseguiu as
receitas de outrora com a venda café, fato que forçou a obtenção de outra saída, a busca por
uma industrialização independente do café, que será abordada na próxima unidade.

Assim, quando após um breve interlúdio de estabilidade o país recebe o


impacto avassalador da crise internacional de 1929 – complicado aqui pela
crise da superprodução de café, que amplifica enormemente os efeitos
negativos generalizados da Grande Depressão sobre as economias primário-
exportadoras – não é só o sistema político que se desintegra. Com ele, termina
também o modo caracteristicamente liberal de gestão dos fluxos comerciais e
financeiros entre a economia brasileira e a economia mundial, mantido desde
a era imperial (ABREU, 2004).

Com base na introdução apresentada, é possível afirmar que o desafio do período na


condução da política econômica esteve focado em:

a) proteger a economia de flutuações externas, devido ao modelo primário exportador;

b) conciliar interesses políticos.

Dado as características que marca uma Atenção


economia baseada na produção e
comercialização de, basicamente, produtos Um destaque importante foram os choques
primários (vide Figura I), o país esteve muito externos, baseados em flutuações da demanda
vulnerável a choques exógenos motivados pelas internacional pelo café (queda da demanda
internacional, notada diversas vezes), que tiveram
flutuações na oferta do café (devido ao clima) que
início com a I Guerra Mundial em 1914, com
resultaram na queda de receita das exportações e
duração até 1925.
baixa “elasticidade preço da demanda”.

Ainda como parte do destaque do período, nota-se a atuação dos governos na conduta
da política econômica por meio de:

a) política fiscal;

b) monetária e cambial;

c) banqueiros do exterior (devido aos empréstimos obtidos);

d) intervenção no preço do café através da oferta.

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Explore
Para ajudar na reflexão, sugiro, como indicação de
Uma pergunta importante que não será leitura, um texto chamado “Natureza e
respondida aqui, porém serve de reflexão é: Contradições do Desenvolvimento Financeiro”,
E os bancos nacionais? Qual foi o papel deles? escrito pela economista Maria da Conceição
Tavares, com data de 1971.

Por último, havia a subordinação do Parlamento à Presidência que possuía uma


relação estreita com a oligarquia cafeeira. Em outras palavras, haveria, se necessário, apoio
militar e maioria no Congresso, que resultava no Pacto Oligárquico, para assegurar a
manutenção de um regime antidemocrático.

Esse não é um ponto consensual, pois a historiografia da época apresenta uma


dicotomia, sendo que alguns autores enfocam o poder da plutocracia cafeeira durante o
período e outros que minimizaram esse poder e enfatizam medidas de política ortodoxa
adotadas pontualmente.

O fim da Primeira República marca, portanto, o início de uma dupla transição.


Por um lado, a de uma economia primário-exportadora baseada no café, com
um regime cambial e comercial relativamente livre, para uma economia
voltada “para dentro” com severos controles sobre as transações externas. Por
outro lado, a transição de um sistema político onde a plutocracia paulista tinha
papel hegemônico, para algo mais difuso em termos de distribuição regional e
social da apropriação corporativa dos favores do Estado, ampliados em
decorrência do fim do laissez-faire nas transações comerciais com o resto do
mundo (ABREU, 2004).

O início do período foi marcado pelo crescimento econômico devido a dois fatores, a saber:

a) aumento das exportações de borracha;

b) investimentos europeus nos países periféricos.

A política monetária ortodoxa foi adotada em virtude da imposição dos ingleses, graças
à concessão de empréstimo.

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Devido aos fatores apresentados, foi percebido um aumento de divisas na economia,
que por sua vez resultou na apreciação do câmbio e incitou em 1906, a criação da Caixa de
Conversão que emitia notas conversíveis em ouro, e vice-versa, a uma taxa de câmbio, com o
objetivo de controlar a liquidez na economia.
Ainda no mesmo ano (1906) foi percebida uma super safra de café em São Paulo.
Inicialmente a saída foi á retenção da safra em estoques para impactar positivamente o preço.
Porém seria necessário recorrer ao mercado internacional para custear os estoques, já que no
mercado nacional, os bancos não conseguiriam atender a demanda.
Para buscar uma saída para essa situação, em 1906 os
governadores dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais se reuniram (no que ficou conhecido como o
Convênio de Taubaté). Dessa reunião surgiu a ideia de propor
ao governo que passasse a comprar e estocar o café que não
fosse vendido, sendo que este seria comercializado
futuramente, quando a crise abrandasse, pois acreditavam que
desta forma conseguiriam manter os preços do café em alta.
Apesar de relutante, o governo federal avalizou para os banqueiros londrinos um
empréstimo, com a intenção de garantir a manutenção dos estoques e assegurar o reflexo
desejado sobre o preço do produto.
A partir de 1908 a economia voltou a crescer em um período que durou até 1913 (pré I
Guerra Mundial), quando teve iniciou um novo período de crise de liquidez.

Os anos entre o fim do período de ajuste recessivo da virada do século e a


desaceleração que precede a Primeira Guerra Mundial marcam um ciclo de
crescimento que, em termos de duração e extensão do progresso material, não
teve paralelo na memória daqueles que o testemunharam (ABREU, 2004).

Figura I: Pauta de exportações


brasileiras – 1900.

Fonte: GREMAUD, Amaury Patrick &


SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr,
Rudinei. Economia Brasileira
Contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2007. Página 332.

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Com o início da guerra, foram tomadas algumas medidas para aliviar a crise de
liquidez, tais como:
a) fechamento da Caixa de Conversões, feriado bancário, moratória temporária e emissão
de notas inconversíveis;
b) empréstimo de 15 milhões de libras para pagamento de juros dos empréstimos federais
(sem amortizações até 1927).

As exportações brasileiras (vide Figura II) foram em partes garantidas pela demanda de
países neutros da Escandinávia. Entretanto, foi percebido queda das importações, fato que
diminuiu significativamente a receita governamental baseada amplamente no Imposto de
Importação, além de contribuir para a queda da atividade industrial.

Taxas de variação em relação ao Ano anterior a menos que se especifique de outra

Produto Deflator Formação Balança Serviços


Produto Produto Produto Exportaçõe Importaçõe Fatores
do setor Implícito Bruta de Comercial
Ano Interno Bruto Industrial agrícola s (US$ 106) s (US$ 106)
serviços do PIB Capital Fixo (US$ 106) (US$ 106)
(1) (2) (3) (7) (8)
(4) (5) (% PIB) (6) (9) (10)
1910 7,3 4,4 4,7 7,5 4,3 n.d. 307,3 201,1 106,2 n.d.
1911 0,4 9,0 -7,4 4,2 2,2 n.d. 325,0 220,9 104,1 n.d.
1912 10,6 10,7 11,0 11,9 7,6 n.d. 363,3 261,0 102,3 n.d.
1913 1,6 0,9 -2,2 -0,3 -11,3 n.d. 318,9 273,6 45,3 n.d.
1914 1,3 -8,7 6,7 -9,3 3,0 n.d. 228,6 146,0 82,5 n.d.
1915 -1,2 12,9 -0,9 3,7 13,3 n.d. 256,8 115,1 141,7 n.d.
1916 4,4 11,4 4,2 8,8 20,9 n.d. 265,8 148,3 121,1 n.d.
1917 5,4 8,7 3,6 3,2 8,8 n.d. 269,4 158,6 141,5 n.d.
1918 2,0 -1,1 3,0 0,3 8,3 n.d. 300,1 193,9 97,7 n.d.
1919 5,9 14,8 -1,3 14,4 8,8 n.d. 291,6 280,4 300,3 n.d.
1920 10,1 5,2 13,4 11,2 19,0 n.d. 580,6 381,8 26,4 n.d.
1921 1,9 -1,8 4,1 -4,2 -15,3 n.d. 408,2 201,1 23,1 n.d.
1922 7,8 18,8 0,5 9,8 9,1 n.d. 224,2 231,5 134,6 n.d.
1923 8,6 13,3 3,9 19,4 30,1 n.d. 366,1 207,7 129,0 n.d.
1924 1,4 -1,1 1,0 4,5 11,0 n.d. 422,7 282,7 140,0 n.d.
1925 0,0 1,1 -3,2 2,3 18,4 n.d. 496,9 359,3 137,6 n.d.
1926 5,2 2,4 3,2 1,8 -18,1 n.d. 458,1 339,6 118,5 n.d.
1927 10,8 10,8 10,8 9,2 -2,2 n.d. 431,2 335,4 95,8 n.d.
1928 11,5 7,0 18,4 12,0 11,5 n.d. 473,9 388,8 85,2 n.d.
1929 1,1 -2,2 0,3 -0,9 -3,6 n.d. 460,4 367,7 92,8 n.d.

Figura II: Anexo Estatístico.


ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 1889-1989. Rio de Janeiro:
Campus, 2004, Capítulo II (Apogeu e Crise na Primeira República: 1900-1930). Página 393.

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Novas mudanças foram implantadas pelo governo para adaptação a um cenário de
guerra que se apresentava como duradouro:

a) para a receita governamental: ampliação da base de produtos sujeitos ao imposto de


consumo;
b) redução das despesas governamentais;
c) emissão monetária para cobrir principalmente à expansão das atividades do Banco do
Brasil, que deveria ter mais responsabilidade no âmbito creditício.

Apesar da interrupção do fornecimento de bens de capital nesse período pela


dificuldade de importação, a produção doméstica foi estimulada pela ociosidade dos demais
fatores de produção.

Contudo, surgiram alguns problemas diplomáticos que impactaram negativamente na


economia:

a) os aliados impuseram restrições à importação do café;


b) o governo alemão estava com pagamento atrasado referente a uma dívida de 1906.

Os alemães depositaram parte da dívida em marcos, em um banco alemão, mas sem


efeito para a resolução da questão. A decisão do embate ocorreu quando eles afundaram com
seus submarinos, dois navios brasileiros e também pela entrada dos americanos na guerra
contra os alemães, visto que ofereceram garantias de colaborar com a defesa nacional.

Como contrapartida ao não pagamento da dívida do governo alemão, o Brasil se


apropriou dos navios ancorados em território nacional antes do início da guerra e arrendou-os
ao governo francês.

No fim do período da guerra, uma nevasca fez com que o preço do café saltasse de
10,8 centavos de dólar por libra-peso em junho, para 22 centavos no fim do ano. Isso
assegurou ao Brasil uma posição mais confortável.

Com a fim da guerra, a economia brasileira acompanhou o movimento de auge


experimentado pelas principais economias e posteriormente também mergulhou em uma
recessão.

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O movimento de auge ocorreu devido à conjunção de alguns fatores, a saber:

a) aumento significativo do preço do café;

b) aumento as exportações motivadas pelo café e pela diversificação da pauta, oriunda do


período de guerra;

c) aumento retardado das importações devido às dificuldades de reconstrução das


economias.

Esse período de auge foi percebido apenas no ano de 1919, devido ao surgimento de
inflação nas economias centrais. Contudo, o período de recessão atingiu a economia brasileira
com a redução drásticas das exportações (vide Figura II), agravada com a aceleração tardia
das importações, crise no setor cafeeiro e falta de crédito no mercado interno.

O rápido boom nos países centrais teve, entretanto, vida curta. A adoção de
políticas monetárias restritivas nos dois principais centros financeiros
internacionais, em resposta à persistência de fortes pressões inflacionárias após
o fim da guerra, precipitou o início de violenta recessão, nos Estados Unidos e
Reino Unido, e queda vertiginosa dos preços internacionais a partir de meados
de 1920 (ABREU, 2004).

Como solução para a questão creditícia, o governo atribuiu novas funções ao Banco do
Brasil, tornando-o emprestador de última instância. Além disso, o câmbio fora desvalorizado
(Vide Figura III) e mesmo assim, em 1921, o governo entendeu que deveria intervir no preço
do café, para evitar os déficits comerciais. Para tanto, o governo utilizou novamente o Banco
do Brasil como provedor de crédito.

Em 1921 a crise continuou a se agravar em razão da dificuldade de financiamento do


desequilíbrio fiscal, com o aumento da dívida do Tesouro de curto prazo com o Banco do
Brasil, que colocava em cheque o crédito destinado ao café.

No último trimestre de 1921, foi conseguido um empréstimo de curto prazo, junto a


bancos comerciais ingleses, para a defesa do crédito ao setor cafeeiro.

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Taxas de Participação
Taxa de Preços ao Câmbio Livre Taxas de
Termos de Nível de do Imposto de
Juros nos Consumidor (moeda Câmbio Oficial
Ano Intercâmbio Atividade EUA Renda na
EUA Rio de nac/US$) (moeda
(27) (28) Receita Total
(%)(29) Janeiro (30) nac/US$) (32)
(31) (%) (33)

1910 20,2 2,8 5,7 n.d. 3 - -


1911 -1,2 2,6 4,8 n.d. 3,1 - -
1912 0,3 5,7 5,4 n.d. 3,1 - -
1913 -25,1 0,9 6,2 2,0 3,1 - -
1914 -15,6 -4,3 5,5 0 3,3 - -
1915 -23,8 -0,8 4,0 8,8 4,0 - -
1916 -3,2 7,9 3,8 7,2 4,2 - -
1917 -23,8 0,7 5,1 10,1 3,9 - -
1918 -2,5 12,3 6,0 12,2 3,9 - -
1919 54,0 -3,5 5,4 3,4 3,7 - -
1920 -26 -4,3 7,5 9,9 4,5 - -
1921 -17,5 -8,6 6,6 3,0 7,5 - -
1922 64,7 15,8 4,5 9,3 7,5 - -
1923 12,5 12,1 5,1 10,1 9,7 - -
1924 38,0 -0,1 4,0 16,9 9,1 - 1,5
1925 0,8 8,4 4,0 7,0 8,1 - 2,0
1926 -1,8 5,9 4,3 2,7 6,9 - 2,2
1927 -15,9 0,0 4,1 2,6 8,4 - 3,0
1928 22,3 0,6 4,9 -1,5 8,3 - 3,1
1929 -2,1 6,7 5,9 -0,7 8,5 - 3,2

Figura III: Anexo Estatístico.


ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 1889-1989. Rio de Janeiro:
Campus, 2004, Capítulo II (Apogeu e Crise na Primeira República: 1900-1930). Página 396.

No fim de 1922 o preço do café voltou a subir, impactando favoravelmente nas


exportações, que por sua vez contribuíam para a queda do déficit comercial.

Outro sinal positivo foram os programas de obras públicas e o crédito mais farto, que
aumentaram a renda disponível, favorecendo o rápido crescimento da produção industrial.

Um papel importante nesse cenário foi á depreciação cambial. O governo somente


voltou a tentar apreciar o câmbio a partir do final de 1922, quando o mil réis havia
desvalorizado um terço em comparação ao valor de maio de 1920 (vide Figura III).

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Nesse momento, uma questão chave para o governo do presidente Artur Bernardes era
a crise fiscal. Para atacar essa questão, uma das propostas foi à realização de uma reforma
monetária para transformar o Banco do Brasil em Banco Central, retirando o poder do
Tesouro para emitir moeda.

Além disso, seria adotado um novo plano de defesa do café em que os preços não
seriam mais controlados pelo governo por meio da compra e estocagem do produto. Seriam
construídos armazéns nas regiões produtoras e o governo seria responsável pela construção e
pelo controle do volume embarcado para os portos. Caberia ao produtor às despesas entre a
entrega do café ao armazém e seu embarque para a exportação.

Obviamente seria necessário que o sistema de financiamento funcionasse, ainda mais


porque os mercados dos EUA e Inglaterra estavam fechados para empréstimos, por causa da
política interna de valorização do café.

Em 1922, o Banco do Brasil foi dotado do monopólio de emissão de moeda, com


montante suficiente para atender a demanda do orçamento e da defesa do café em momentos
de turbulência.

Já em 1923, graças a uma política monetária restritiva, o aumento da demanda de


crédito devido às colheitas do café e a impossibilidade do governo de liquidar sua dívida, o
Banco do Brasil fez sua primeira emissão de moeda (após a mudança do estatuto).

A partir da segunda metade de 1923, a situação se agravou e o governo do presidente


Artur Bernardes enfrentou uma crise cambial. A intenção do governo foi a de buscar um
empréstimo (externo) para pagar a dívida do Tesouro com o Banco do Brasil, fazendo com
que o banco ganhasse fôlego para atender a demanda de crédito sem a necessidade de
emissão de moeda.

Em negociação com banqueiros ingleses, foi requerido à quantia de 25 milhões de


libras. Os ingleses impuseram algumas condições, sendo que uma delas era a visita de uma
comissão que proporia reformas e políticas que deveriam ser adotadas.

Por fim, o governo inglês vetou o empréstimo e, além dos problemas já existentes,
ocorreram revoltas militares em 1924 no estado de São Paulo.

Para conter a revolta foram necessários gastos militares que não estavam previstos,
fazendo com que o Banco do Brasil novamente emitisse moeda.

No ano seguinte, o preço do café saltou por duas vezes, em virtude do plano nacional
de defesa, trazendo certo alívio paras as contas nacionais.

Novas políticas ortodoxas foram implantadas com o intuito de equilibrar o orçamento,


que surtiram efeito negativo na produção industrial, já que esse setor dependia muito dos
bancos comerciais e o mercado financeiro não possuía instrumentos para atender a demanda
por crédito.
16
Como resultado, a taxa de câmbio apreciou-se em mais de 40% (vide Figura III) e a
inflação desacelerou, pois, em 1926, a mesma caiu 10%.

Com a sucessão presidencial ocupada por Washington Luís, ocorreram mudanças


importantes a respeito da política monetária e cambial. Tal mudança foi deflagrada pela
grande onda de protestos oriundos do setor industrial (vide Figura II), sobretudo o setor têxtil.

Diante das pressões e de uma situação econômica mais favorável, suportada pelo
controle inflacionário e a melhora das contas externas, o novo governo voltou a adotar o
padrão ouro.

Outro fator importante para diminuir as pressões sobre as contas públicas foi um novo
financiamento conseguido em Londres, para o custeio do café.

Nesse momento, o financiamento do café era de responsabilidade do governo do


Estado de São Paulo, através do Banco do Estado, papel que anteriormente fora do Banco do
Brasil.

Reforçada por resultados favoráveis oriundos da cafeicultura, de empréstimos externos


utilizados para obras públicas e de políticas creditícias mais frouxas, a economia apresentou
resultados favoráveis em 1927 e 1928, com crescimento de 10,8% e 11,5% respectivamente
(vide Figura II).

Após um período de crescimento, no início de 1929, o governo voltou a apertar a


política monetária, em virtude da estagnação das exportações e aumento das importações,
além do estancamento de empréstimos estrangeiros.

Com a diminuição do crédito, a produção industrial caiu (vide Figura II), motivada em
parte pela queda também das importações, fatos que contribuíram para que o produto real
estagnasse.

Nesse momento, uma nova crise oriunda do café se desenhava, basicamente por dois
motivos:

a) uma safra recorde em 1929, devido a condições meteorológicas favoráveis, demandou


maiores financiamentos, já que os estoques estavam cheios;
b) falta de financiamento externo para a manutenção dos estoques.

O agravamento da situação seguiu até 11 de outubro, quando não havia mais dinheiro
para o financiamento do café, fazendo com que os preços despencassem.

17
Ao final do ano, os preços caíram na medida de 1/3 do valor praticado quando da
defesa do preço. Para contribuir com o aumento da crise, foi percebido contração das vendas
de café nos países consumidores, e a situação tomou rumos ainda mais tensos, tornando-se
uma crise internacional sem precedentes.

O colapso dos preços do café foi o golpe de misericórdia no equilíbrio do balanço de


pagamentos. Mas, em impressionante semelhança com os eventos que antecederam o
colapso do padrão ouro antes da guerra, o governo federal agarrou-se teimosamente à
manutenção do padrão no pressuposto otimista de que seria possível obter um grande
empréstimo de estabilização a curto prazo. O resultado foi aprofundar mais ainda a
contração monetária ao longo de 1930, transformando a recessão iniciada no início de
1929 em uma crise de proporções sem precedentes, que acabaria por sepultar o
regime (ABREU, 2004).

18
FURTADO, Celso. Análise do “Modelo” Brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1974.

______. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p.
251-285.

FRITSH, W. Aspectos da Política Econômica no Brasil, 1906-1914. In: P. Nehaus,


Economia Brasileira: uma visão histórica. Rio de Janeiro: Campus, 1980.

GREMAUD, Amaury Patrick & SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr, Rudinei.
Economia Brasileira Contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Páginas 329 a
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