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ECONOMIA MONETÁRIA

Economia Monetáira, Lopes & Rossetti.

Capítulo 2_ A Demanda de Moeda: uma síntese das principais versões

 2.1 A Versão Clássica da Demanda de Moeda

 Adam Smith (1723-1790) – Riqueza das Nações (1776)


 Thomas Robert Malthus (1766-1834) – Ensaio sobre o Princípio da População (1798)
 Jean-Batispte Say (1767-1823) – Lei dos Mercados ou Lei de Say (1803)
 David Ricardo (1772-1823) – Princípios de Economia Política e Tributação (1817)
 John Stuart Mill (1806-1873) – Princípios de Economia Política (1848)
TEORIA QUANTITATIVA DO VALOR DA MOEDA.
Teoria clássica segundo a qual o aumentodo meio circulante provoca o aumento geral de preços. Assim, o poder aquisitivo da moeda seria inversamente
proporcional ao seu montante em circulação. O economista norteamericano Irving Fisher (1867 - 1947), que desenvolveu a teoria, elaborou para ela uma
fórmula conhecida como, equação de Fisher ou equação das trocas. O enunciado diz que o produto da quantidade de moeda, pela sua velocidade de
circulação, é igual à soma de todos os preços multiplicados pelo volume das mercadorias trocadas.

A expressão algébrica é MV = PT, onde:


M é a quantidade total de moeda;
V é a velocidade de circulação;
P é o nível geral de preços
T é o volume de transações de bens e serviços ocorridas na unidade de tempo (em geral um ano).
MV = PT
Lado Monetário = Lado Real

Condição de Equilíbrio porque a Moeda é Neutra


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Subtituindo T por Y (Renda Nominal) então, o nível geral de preços poderia ser expresso da seguinte maneira: P = MV /Y.
Exemplo hipotéetico:
O BACEN resolve aumentar a quantidade de meios de pagamentos através de emissão monetária no montante de 20%, ou 20 unidades monetárias, em
valores absoluto, [M = 100 + (0,2 x 100)].

As razões pela qual os agentes econômicos retêm ativos monetários:

1. Falta de sincronização entre o recebimentos e pagamentos. (Motivo Transacional)


2. Imprevisibilidade de certas despesas (Motivo Precausional)
Exemplo: Tabela 2.1
Tempo dos Desencaixes: 31 dias
Encaixe inicial: R$ 10.000,00

Encaixe Médio (retenção média de moeda do indivíduo)

EM = (encaixes . Dias)
N total de dias
2
EM = (10.000 x 5) +...+ (1.000 x 7) = 136.100,00 = 4.390,32

31 31
A retenção média de moeda do indivíduo = R$ 4.390,32, para atender as necessidades transacionais durante 31 dias.Ocorrendo os desencaixes ao longo do
período, o nível dessa retenção, tende em média, a ser menor que o montante da renda. Sendo k a proporção da Renda, logo: 0  k  1
Os determinantes da demanda individual _ A magnitude de k, depende:

 da distribuição das despesas no tempo;


 dos intervalos entre os pagamentos e os recebimentos;
 das facilidades bancárias para a concessão de créditos;
 da eficiência do sistema de compensação e dos processos de comunicação
 da maior ou menor integração vertical do sistema econômico
 da existência de substitutos próximos da moeda;
 do nível em que se encontra a taxa real de juros (custo de oportunidade de retenção da moeda);
 da taxa da inflação.
A Demanda Agregada de Moeda

A Equação e a Abordagem de Cambridge

A hipótese central da teoria quantitativa é uma concepção dicotômica dos mercados.


Como aplicação duradoura de patrimônio, a moeda se considera absolutamente indesejável, por não render juros. Mas os agentes econômicos precisam de uma
reserva transitória de valor, pois os seus pagamentos e recebimentos não se sincronizam nas mesmas datas. E, como instrumento de compensação dessas
defasagens entre recebimentos e pagamentos, considera-se a moeda absolutamente insubstituível. Dentro dessa concepção, a equação de Cambridge postulava
que a procura de moeda era proporcional ao produto nominal (PY). (Simonsen & Cysne, p.319)

A equação de Cambridge é uma formulação alternativa à equação quantitativa MV = PY, em homenagem à Universidade de Cambridge, onde foi
desenvolvida por Alfred Marshall (1842-1924) e A. C. Pigou (1877-1959). Ela é:
Md = kPY onde k era denominada constante marshalliana.
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Supondo-se equilíbrio entre oferta (M) e demanda no mercado monetário, M = Md, o produto nominal ficaria determinado pela oferta de moeda, M, de acordo
com a equação:
M = kPY

Note-se que, em qualquer das e quações anteriores, M ou Md representa um estoque (unidades monetárias), e PY um fluxo (unidades monetárias por unidade
de tempo).

Como
MV = PY e M = k.PY, então: k = 1 / V

Isto é, se as pessoas mantiverem a renda de um mês em moeda, de modo que k = 1/12, então, em média, um dólar ou real de moeda entra na renda de alguém
doze vezes ao ano. Quando usamos a equação quantitativa estamos supondo que a oferta de saldos monetários reais seja igual à demanda de saldos monetários
reais, e esta, proporcional à renda.

A constante marshalliana é igual a 1 em termos mensais, o que equivale a 1/12 em termos anuais. O exercício acima destaca um dos principais determinantes
da constante marshalliana, o intervalo habitual de pagamento das rendas. Com um ciclo trimestral chegaríamos a k = ¼ em termos anuais e assim por diante.
(Simonsen & Cysne, p.320)

Generalizando o comportamento dos individuos, obtemos a Demanda Agregada de Moeda

 Quantidade global de moeda retida por todos os agentes que interagem em dada economia, a partir de determinada renda nacional a preços constantes.

Definindo, para uma economia fechada, a renda nacional, RN, como a soma das remuneraçöes pagas aos fatores de produçäo ao longo do processo produtivo
de bens e serviços, podemos expressar a demanda de moeda, em nivel agregado, da seguinte forma:
L1 = k1 (W ) salários
L2 = k2 (A) aluguéis
L3 = k3 (J) juros
L4 = k4 (B) lucros
---------------------------
A demanda agregada de moeda, segundo a versão clássica, pode então ser expressa por:
L = k.P.RN
 k = a proporção média dos encaixes de todos agentes econômicos (indivíduos e
empresas) 0  k  1
 P.RN = renda nacional a preços correntes
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 k e RN são constantes a curto prazo.
Segundo os Clássicos a quantidade demandada por moeda a curto prazo varia diretamente com o nível geral de preços

A elasticidade-preço da quantidade
Aplicando o conceito de elasticidade-preço, deduz-se que a elasticidade-preço DAM, será:
L L e P L
L (infinitamente pequenos) = P
=
P L

P P

 como k e RN são constantes, podemos dizer assumir que:

L/P = k.RN, substituindo: (k.RN) /( k.P. RN) /P= 1


A L é proporcional P
Demanda agregada de moeda, segundo a versão dos economistas clássicos. A
curto prazo, a proporção k se mantém constante.
Sua alteração para mais (k’) ou para menos (k’’) depende de alterações
institucionais para que só a prazo mais longo podem manifestar-se e efetivar-se.
Cabe observar que o ângulo  < 45º, já que 0  k  1.
Quanto maior a elasticidade da reta, a liquidez é maior, e vice-versa. E isso torna
menor ou maior a velocidade de transação da moeda.

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Deslocamento de k na deiração k’ Deslocamento de k na deiração k’

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A interação Demanda-Oferta
No pensamento clássico, a oferta monetária é tratada como variável exógena, isto é, o nível de moeda disponível no sistema econômico é
exclusivamente controlado pelas autoridades monetárias. Considerando esta hipótese e admitindo a demanda de moeda L, podem ocorrer as
seguintes situaçöes:

M>L Todavia, como o quantum da produção não varia a


curto prazo, dada a ocorrência do pleno emprego do s
inflaçäo recursos p rodutivos, as pressões nominais da demanda
elevarão os níveis vigentes de preços
M<L Os agentes econômicos, neste caso, vão ter em mãos
menor quantidade de moe da do que a necessária para
deflaçäo a efetivação de suas transações.
A inviabilização das transações por insuficiência d a
oferta m onetária provocará o não - escoamento da
produção global realizada. Nesta situação, dada a
hipótese clássica da inalterabilidade do plen o emprego
dos recursos, os preços sofrerão pressões de b aixa.
Cabe observar que a redu ção dos preços só é
compatível com a h ipótese clássica de
manutenção do pleno emprego, dada a hipótese de
flexibilidade para baixo dos salários.
O nível d os preços se m antém inalterado, em condição
M=L de equilíbrio. Neste caso, a quantidade de moeda que
os agentes e conômicos de sejam reter é rigorosamente
estabilidade de igual à oferta determinada pelas autoridades mone
preços tárias.

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2.2 A Versão Keynesiana e a Contribuição de Tobin

John Maynard Keynes (1883-1946) – A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936).

2.2.1 Os motivos que justificam a demanda de moeda

 Motivo-transação (desdobrado em: motivos–renda e giro de negócios)  a falta de sincronismo entre os pagamentos e os recebimentos;

 Motivo-precaução  decorre da necessidade de fazer frente às despesas extraordinárias e incertas (devido ao custo da segurança );

 Motivo-especulação  incerteza acerca das variações futuras na taxa de juros.

2.2.2 a demanda de moeda da versão Keynesiana

L = LT (Y) LS (i)

Diferenças entre Keynes e os Clássicos (Lt)


 no desemprego os preços e os salários não são flexíveis;
 as quantidades produzidas se ajustam aos níveis da demanda efetiva;
 a velocidade da moeda é variável, através da (LS);
 despesas planejadas (e não apenas moedas para despesas correntes do período) podem aumentar a demanda por
moeda

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Demanda de moeda para transação

Y0 < Y1 < Y2

LT  totalmente inelástica a i.

Demanda de Moeda para Especulação

LS / i< 0  varia inversamente em relação a função da taxa de juros.


Falar em elevação dos preços dos títulos é equivalente a falar em queda nas taxas de juros; inversamente, quando ocorrem quedas nos preços dos títulos há
equivalentes elevações nas taxas de juros efetivamente pagas aos seus detentores.
Segundo Keynes, quando os preços dos títulos  e Taxas de juros   os agentes econômicos mantêm excedentes em moeda. Podendo ocorrer o inverso
também.
Ex1: A EXPECTATIVA entre moeda e título (não entra outros bens)

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PT = o preço dos títulos que os agentes estão dispostos a pagar;
RT
PT   VA VA = valor atual da série de rendimentos desejados pelos títulos
i RT = rendimento fixo do título por unidade de tempo
i = taxa de juros .

Como é que os agentes econômicos formam as expectativas sobre as variações futuras dos preços dos títulos ou das taxas de juros?

 Os agentes econômicos partem da hipótese que existe uma taxa normal de juros (média de juros passada). Logo se taxa de juros de mercado > Taxa de juros
normal

 em termo de expectativa para o futuro, os agentes esperariam que uma  na taxa de mercado e conseqüentemente um  dos preços dos títulos

Decisão dos Agentes Econômicos quanto alocação dos seus excedentes (moeda ou títulos)

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RTT = i + g  i=RT/PT g=PV* - PT/ PT

 Retorno Total de Títulos = taxa de juros + ganhos de capital.


Para reduzir o ganho de capital esperado a termos de taxa de juros de mercado e a taxa de juros de esperada, isto para expressar o RTT em função da taxa de
juros de mercado e da taxa esperada (i*) de juros, ou seja, uma única variável – os juros.

i
RTT  i  1
g= i/i*-1 i* , se:
i* > i  RTT < 0  os agentes retêm saldo monetário
i* < i  RTT > 0  os agentes retêm títulos
i* = i  RTT = 0  os agentes são indiferentes entre reterem títulos ou moeda. Desta situação, há o que se poderia chamar de taxa crítica de juros (iC) _é
com base nessa taxa que o agente tomará sua decisão. (pelo menos a maioria deles)

iC < iM  preferirá títulos;


iC > iM  preferirá moeda

i
abaixo de iC o agente econômico decide reter moeda para especulação, acima prefere título.
no ponto - - - o agente é indiferente.
iC

0 Riqueza

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“Curva normal”, tende a se concentrar em torno de um valor médio, por que cada indivíduo tem a sua taxa crítica, iC.

LS = f ( i ) até atingir o patamar inferior quando se torna perfeitamente elástica em relação a i. Armadilha da liquidez

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Armadilha da Liquidez (liquidity trap).
Processo identificado por Keynes e que consiste no seguinte: uma situação na qual o aumento
da oferta de dinheiro não tem por conseqüência uma queda das taxas de juros, mas simplesmente provoca um incremento nos saldos monetários ociosos. A
explicação do fenômeno é que, em condições normais, um aumento na oferta monetária resultaria num aumento do preço dos títulos, na medida em que os
indivíduos procurariam adquirir ativos e não permanecer com moeda, e isto provocaria uma tendência para queda na taxa de juros. Mas, na situação descrita por
Keynes, os indivíduos acreditam que o preço dos títulos estão muito elevados, e certamente diminuirão, assim como as taxas de juros se encontram em níveis
muito baixos, e certamente aumentarão no futuro imediato. Assim sendo, acreditam que a aquisição de títulos acarretará uma perda, e por isso mantêm o
dinheiro na forma líquida. Em conseqüência, a expansão da oferta monetária apenas provoca o incremento dos saldos monetários ociosos, não afetando o
nível da taxa de juros.
As Demandas para Transação e Especulação Reunidas

+ =

A função de demanda agregada de moeda, keynesiana, é a soma das funções das demandas agregadas para transação (LT) e especulação (LS).
LT é inelástica em relação à taxa de juros;
LS descreve uma função contínua, tornando-se perfeitamente elástica a essa taxa a partir do ponto em que esta cai a nível admitido como mínimo pelos
agentes econômicos (Armadilha da Liquidez).
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RESUMO
• Para Keynes, em contraste com os Clássicos, a taxa de juros é definida como uma recompensa por abrir-se mão da liquidez.
Ou seja: taxa de juros é fenômeno monetário – dada pela preferência pela liquidez e pela política monetária e não por fatores reais, como estabelecia a teoria
clássica.
• Em síntese, a moeda, para Keynes, é uma forma de riqueza e a taxa de juros o preço que guia a escolha entre as formas líquida e ilíquida de riqueza,
ao invés da escolha entre consumo presente e consumo futuro, concebida pela teoria clássica.
Relação inversa entre preço dos títulos (prefixados) e taxa de juros.
Ex: título com valor de face R$100,00 e taxa de juros de 5% ao ano (título paga R$ 5,00 por ano). Se o preço de mercado desse título cair para R$80,00, seu
rendimento sobe para 6,25% (R$5,00/R$80,00). E em que circunstâncias ocorreria isso?

• Ursos - aqueles que apostam na alta de juros e, portanto, na baixa dos preços de mercado dos títulos financeiros.
X
• Touros, que apostam na baixa de juros/ valorização dos títulos

Ursos preferem reter moeda e põem os títulos que possuem à venda.


Touros demandam títulos e usam seus saldos monetários para comprá-los.
As taxas de juros correntes mover-se-ão de acordo com a predominância de um ou outro grupo, até que a demanda por moeda e por títulos iguale-se à
disponibilidade de ambos os tipos de ativo.
• Suponha que a taxa de juros para um título com vencimento no ano n seja 5% ao ano e seu valor de face $100,00.

• Suponha agora que no período seguinte (t2) a taxa de juros para um título com vencimento no mesmo ano n, seja 6,25%.

• Se em t2 o possuidor do título precisar se desfazer dele para fazer face a uma despesa inesperada, por quanto conseguirá vendê-lo?

• Para que o título seja competitivo nas condições atuais (taxa de juros de 6,25%), ele terá que ser vendido por R$80,00. Isto porque, como ele renderá,
até o vencimento, 5% sobre o valor de face (R$100,00), ele renderá R$5,00 por ano. Para que R$5,00 por ano representem uma rentabilidadde de 6,5%
para o comprador do título, ele terá que pagar R$80,00 pelo título:
• PT = RT/i $5,00/0,0625= R$ 80,00
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• Logo, se o proprietário do título tem que vendê-lo em t2 para fazer face a um gasto inesperado, terá um prejuizo de 20% 9comparando-se com a
alternativa de manter os recursos na forma líquida). Por isso, quanto maior a incerteza, maior a preferência pela liquidez.
2.3 O Modelo de Baumol

William J. Baumol, em 1952 apresentou a Teoria da Demanda por saldos monetários. Baumol admite que a demanda transacional é uma função inversa da taxa
de juros.
As Hipóteses
 Saldo de Moeda Corrente  representa para o seu possuidor um estoque de instrumentos de troca. (administração de estoque)

 Estoques monetários para transações  com relação à manutenção envolve custos de oportunidade e podem ser divididos em lotes mínimos. Esta
divisão (dos lotes) vai depender da comparação entre a receita e o custo, pois o objetivo dos agentes econômicos é minimizar os custos de oportunidade
ou maximizar os ganhos.
No modelo de Baumol a uma complementção a proposição de Keynes à respeito da demanda por moeda pelo motivo transação, mostrando
que esta demanda por liquidez seria função tanto da renda quanto da taxa de juros. A demanda por moeda para transação corresponderia, na
visão do autor, à demanda por estoque de um instrumento de troca e este estoque deveria ser otimizado, mantendo-se os lotes mínimos
necessários para cobrir as transações correntes (imediatas), com a menor ociosidade possível, o que corresponde a minimizar o custo de
oportunidade, tendo em vista o custo de corretagem.

Assim, os agentes ponderariam a composição entre moeda para necessidade mais imediatas e títulos para transações mais distantes em
função da comparação entre a receita da aplicação financeira com os custos de transação associados à conversão de títulos em moeda (ex.
comissão de corretagem).

De acordo com o modelo de Baumol, conforme aumenta o número de operações de saque que os agentes se dispõem a fazer:

i. a receita de aplicação financeira aumenta;

ii. a receita marginal diminui;

iii. encaixe médio diminui.

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No exemplo anterior, considerando uma renda de 1000, se o agente preferir reter todo o seu recurso em moeda, fazendo uma única retirada,
então ele não terá nenhuma aplicação nem juros e seu encaixe médio será de 500.

Rendimento: /1 x 0,03/1 = 0
Encaixe médio: (1000/1)/2 = 500
Se o agente decidir deixar parte do recurso aplicado e fazer duas retiradas, então o agente irá sacar no início do período metade dos seus
recursos, ficando com a outra metade aplicada por mais meio período.

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Rendimento Total: /2 x 0,03/ /2 x 0,03/2 = 7,5
Rendimento Marginal: 7,5 0 = 7,5
Encaixe médio: (1000/2)/2 = 250
Se o agente decidir deixar parte do recurso aplicado e fazer três retiradas, então o agente irá sacar no início do período 1/3 dos seus recursos,
ficando 2/3 aplicados por 1/3 do tempo, quando sacará mais 1/3 dos recursos, ficando com 1/3 restante por mais 1/3 do tempo até sacá-los
também.
Rendimento Total: /3 x 0,03/ /3 x 0,03/ /3 x 0,03/3 = 10
Rendimento Marginal: 10 7,5 = 2,5
Encaixe médio: (1000/3)/2 = 166,67
Assim, conforme colocado anteriormente, aumento no número de operações aumenta o rendimento total, diminui o rendimento marginal e o
encaixe médio.
O número ótimo de operações de saques em moda para realizar as transações correntes no período considerado depende da comparação
entre a receita marginal e o custo marginal.
Enquanto a receita marginal for superior ao custo marginal, vale a pena aumentar o número de operações, que é, portanto, função direta da
taxa de juros e inversa do custo de transação. Rmg > Cmg   n  n = f (i, c)

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Rmg > Cmg   n  n = f (i, c)
No exemplo apresentado, qual seria o número ótimo de saques?

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A hipótese da raiz quadrada de Baumol
C=Y/m = o valor sacado a cada subperíodo
C/2 = encaixe monetário médio
r = taxa de juros
r.c/2 = custo de oportunidade (taxa de juros x encaixe monetário médio)

b = custo de cada conversão (taxa de corretagem)


𝑏𝑌 𝑟𝐶
Y/C = m = número de saques CT = +
b.y/c = custo total de corretagem
𝐶 2
CT = custo total do uso da moeda para transação

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A hipótese da raiz quadrada de Baumol

O valor que minimiza os custos totais pode ser obtido igualando-se a zero a derivada desta equação (CT) em relação ao valor convertido em
cada operação (C).
𝑑𝐶𝑇 − 𝑏𝑌 𝑟
= +2= 0
𝑑𝐶 𝐶2

Logo:
2 2𝑏𝑌
C= √
𝑟

Lt= está relacionada a rais quadrada da Y, assim como com as r.

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A validade das conclusões de Baumol
 É supersimplificado com relação a realidade;
 O modelo é estático;
 Os custos de corretagem são constantes;
 Os pagamentos são constantes e não há fluxos de recebimentos;
 Considera somente a demanda de moeda corrente de uma única unidade econômica;
 Negligencia as demandas
por precaução e para
especulação.

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2.4 A Contribuição de Tobin

James Tobin _ “Teoria da seleção e composição da carteira de títulos” (1958). Através da demanda para ESPECULAÇÃO elaborou sua teoria.
Nobel de 1981, "por sua análise dos mercados financeiros e suas relações com as decisões de despesas, empregos, produção e preços".
Três dificuldades, segundo a versão keynesiana:

1. Os agentes econômicos não necessariamente precisam escolher entre moeda e títulos, mas pode decidir pela COMBINAÇÃO DE AMBAS.
2. Se a taxa corrente de juros se estabilizar por longo tempo, a demanda para especulação poderá desaparecer.
3. Os agentes econômicos se comportam com se tivessem certeza sobre o futuro.

Os pontos básicos, segundo Tobin:


1- RTT = i + g;
Onde o ganho de capital (g) não é um valor esperado único e sim, uma distribuição de probabilidades cuja média é assumida como o ganho mais provável _ isto
para Tobin é o risco inerente à aquisição de títulos; (Diversificação)
2- Os agentes econômicos só estão dispostos a aceitar maiores riscos se receberem retorno total maior;
3- Os agentes econômicos expressam suas preferências por intermédios de um conjunto de curvas de indiferença entre retornos totais e riscos assumidos;
4- A maximização da satisfação dos agentes econômicos através da restrição orçamentária.

Esses pontos básicos da contribuição de Tobin podem ser transpostos em termos gráficos, no sentido de que possa ser derivada a função da demanda de moeda
para especulação.

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Demanda de moeda para especulação, segundo a teoria da preferência pela liquidez
de Tobin.
Sujeito a uma dada restrição orçamentária, o agente econômico procura maximizar a sua
riqueza, no ponto em que essa restrição orçamentária tangencia sua curva de indiferença
entre riscos e retorno total esperado dos títulos adquiridos.
No gráfico estão reproduzidas suas idéias básicas sobre as relações entre
RTT o retorno total dos títulos e
RA os riscos assumidos
Wo o montante de recursos aplicável em títulos
M o máximo de risco;
O mínimo (risco zero, no caso) é dado pela intersecção dessa linha de trade-off com o eixo
vertical. Assumindo risco zero, o montante desses recursos permanece inalterado; sua
modificação implicará a liberação de uma parcela n, em termos relativos, convertida em
risco, R. Dada a parcela n dos recursos Wo aplicados em títulos, o retorno total, dada a
taxa de juros i de juros, pode ser expresso, como indicado no gráfico, por: n Wo(1+i).
Se a totalidade desses recursos for aplicada em títulos, o retorno total será então expresso
por: Wo(1+i).

A função da demanda agregada de moeda para fins especulativos, Ls, na versão Tobin, é semelhante à da versão keynesiana. A
despeito da manutenção simultânea de títulos e ativos monetários, a expansão da taxa de juros implica a redução dos saldos sob a
forma de moeda. Estes saldos tendem a se ampliar à medida que a redução da taxa levar os agentes econômicos a reduzir os riscos
assumidos com a manutenção de uma parcela de seus ativos financeiros sob formas não monetárias. (Lopes & Rossetti, p.69

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Demanda Transacional e a abordagem de estoques Baumol – Tobin

Como resultado, a demanda por moeda pelo motivo transação deixa de ser apenas função direta da renda e passa a ser também função
inversa da taxa de juros. Maior taxa de juros leva os indivíduos a desejarem manter menores saldos médios em dinheiro, dispondo-se a fazer
um maior número de saques de menor valor, mantendo maior volume médio de aplicações em títulos. Reescrevendo a equação de equilíbrio no
mercado monetário proposta por Keynes: M = L1(Y,r) + L2(r) = L(Y,r)

Na realidade, há duas razões ponderáveis para que a procura de moeda seja função decrescente da taxa nominal de juros. Apenas essas
razões não foram identificadas por Keynes. Primeiro, comparativamente aos títulos de renda fixa, a moeda tem uma desvantagem, mas
também uma vantagem. A desvantagem é não render juros, e a vantagem é a absoluta liquidez. Quem dispõe de moeda pode gastá-la no
momento que quiser. Já quem possui títulos e deseja aplicar o valor correspondente em algum outro bem, precisa primeiro vendê-los. Nessa
venda, fora custos de transação, há o risco de perdas de capital (segundo motivo).

Em suma, os títulos, embora rendam juros, apresentam o risco de oscilação de cotações antes do vencimento. Isso sem contar o fato de que os
títulos dos maus emitentes podem não ser honrados no próprio vencimento. Um agente financeiro avesso ao risco pesará esses fatores e
normalmente diversificará suas aplicações financeiras, mantendo-as parte em moeda, parte em títulos. Um aumento a taxa de juros geralmente
induzirá o agente econômico a mudar a composição de sua carteira, aumentando a quantidade de títulos e diminuindo a de moeda.

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Essa explicação, essencialmente devida a Tobin, mostra, entre outras coisas, que a procura de moeda por precaução também é função da
taxa de juros. (Simonsen & Cysne, p.335) Embora represente um avanço em relação à teoria monetária keynesiana, a teoria de Tobin perdeu
muito de seu significado, por dois fatores. Primeiro, ela foi desenvolvida para países com perfeita previsibilidade da taxa de inflação, sem o que
o rendimento real da alocação de riqueza em moeda se tornaria uma variável aleatória, e esta previsibilidade se tornou altamente questionável
no mundo moderno. Segundo, porque ela pressupõe que a alternativa à retenção de moeda seja a compra de títulos que serão revertidos antes
do vencimento, e que por isto introduzem um comportamento aleatório de ganhos ou perdas de capital. Ocorre que os mercados financeiros
oferecem títulos de renda fixa a prazos extremamente curtos (a partir de um dia, em muitos casos). Para a existência desses mercados, a
procura de moeda e a sua dependência em relação à taxa de juros só podem ser explicadas por modelos de custos de transação, como o de
Baumol, que veremos a seguir. (Simonsen & Cysne, p.343)

A demanda especulativa só é importante quando não há outra alternativa de ativo líquido além do dinheiro. Nas economias mais avançadas,
essa teoria não é mais válida por causa da disponibilidade de ativos rentáveis a curto prazo e que não apresentam risco de perda de capital. O
melhor exemplo é o título do tesouro de curto prazo, que praticamente não apresenta riscos e rende juros. Ativos como este mantêm a
dominância sobre a moeda, pois o risco é baixo e o retorno é maior. (Sachs, Larrain, p.268)

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