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Economia para Engenharia

O lado monetário da economia

Prof. Braulio Calagua

Braulio Calagua Economia para Engenharia


Moeda

Moeda pode ser definida como um ativo financeiro de aceitação geral, utilizado
na troca de bens e serviços, que tem poder liberatório (capacidade de
pagamento) instantâneo.
As principais funções da moeda são as seguintes:
Meio ou instrumento de troca: o que os compradores dão aos
vendedores quando querem comprar bens e serviços
Unidade de conta: o padrão de medida que as pessoas usam para
anuncias preços e registrar débitos.
Reserva de valor: algo que as pessoas podem usar para transferir pode de
compra do presente para o futuro.

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Antigamente a moeda tinha um valor intrı́nseco (o ı́tem teria o mesmo valor se
não fosse usado como moeda) ou a moeda circulante podı́a ser conversı́vel em
ouro (padrão ouro).
A moeda sem valor intrı́nseco é chamada moeda de curso forçado porque é
decretada pelo governo.

Estoque de moeda: Tem diversas formas de ser considerada. As principais são :

M1: Moeda corrente (em poder da população ) e depósitos a vista.


M2: Todo o que consta em M1, depósitos de poupança, e tı́tulos privados
(depósitos a prazo, letras cambiais,...).

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O Banco Central

O Banco Central (BC) é uma instituição planeada para supervisionar o


sistema bancário e regular a quantidad de moeda na economia. As funções do
Banco Central são :
1 banco emissor: é o responsável e tem o monopólio das emissões de moeda.
2 banco dos bancos: é o órgão em que os bancos depositam seus fundos e
transferem fundos de um banco para outro (a câmara de compensação de
cheques). Além, o BC concede empréstimos quando os própios bancos
precisam. Não obstante, essa função pode ser exercida também pelos
própios bancos comerciais, o BC pode agir como emprestador de última
instancia.
3 banco do governo: grande parte dos fundos do governo é depositada no
Banco Central. De outra parte, quando o governo necessita de recursos,
ele normalmente emite tı́tulos (obrigações) e os vende ao público via
Banco Central.

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O Banco Central

4 banco depositário das reservas internacionais: é o responsável pela defesa da


moeda nacional, e da administração do câmbio e das reservas de divisas
internacionais do paı́s.

Nota: No Brasil, devido à estrutura hı́brida do Banco Central, uma parte de


suas funções é executada pelo Banco do Brasil. Assim, a câmara de
compensação de cheques fica no Banco do Brasil. Além disso, o Banco Central
não recebe depósitos do governo, e sim o Banco do Brasil.

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Os bancos comerciais e a oferta de moeda

Como os depósitos à vista (o saldo em conta corrente) são mantidos em bancos


comerciais, o comportamento deles pode influenciar a oferta de moeda.
Os depósitos que os bancos recebem, mas não emprestam, são chamados de
reservas. O sistema de reservas facionárias é um sistema bancário no qual os
bancos mantem apenas uma parte de seus depósitos como reserva. O dinheiro
emprestado retorna como circulante à economia e portanto os bancos ‘criam’
moeda.

Devemos ter em consideração que os bancos criam moeda mas não riqueza.
Ou seja, os empréstimos do banco dão aos tomadores uma quantidade de
moeda corrente e, com isso, a capacidade de comprar bens e serviços. Mas os
tomadores estão se endividando de modo que os empréstimos não os tornam
mais ricos.

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O multiplicador da moeda mede a quantidade de moeda que o sistema bancário
gera com cada dólar de suas reservas. Em geral, o multiplicador de moeda
depende da taxa de retenção de moeda do público (c), da proporção de
depósitos à vista (d), e da taxa de reservas bancárias (r ), segundo:

1
m=
c + dr

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Os instrumentos de controle monetário

1 Operações no mercado aberto: a compra e venda de tı́tulos do governo


pelo BC. Para aumentar a oferta de moeda o BC compra tı́tulos do
público. Para reduzir a oferta o BC vende tı́tulos do governo ao público.
2 Reservas exigidas: regulamentação que diz respeito ao montante mı́nimo
de reserva que os bancos devem manter sobre seus depósitos.
3 Taxa de redesconto: a taxa de uros sobre os empréstimos que o BC
concede aos bancos comerciais.

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Inflação

A inflação pode ser conceituada como um aumento contı́nuo e generalizado no


nı́vel geral de preços.
A taxa de inflação, usando o IPC, é calculada como a variação percentual em
relação a um periodo anterior:
IPC2 − IPC1
Taxa de inflação = × 100%
IPC1

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A seguinte foto é do ano 2004:

O qué explica a subida dos preços?


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A Teorı́a Clásica da Inflação

Entendemos o nı́vel geral de preços como o preço de uma cesta básica de bens
e serviços. Alternativamente podemos ver o nı́vel de preços como uma medida
do valor da moeda. Um aumento do nı́vel de preços significa uma redução no
valor da moeda porque cada real compra uma quantidade menor de bens e
serviços.

Melhor dizendo, suponha que P é o nı́vel de preços (IPC ou deflator do PIB).


P mede o número de reais necessários para comprar uma cesta de bens e
serviços. Agora, a quantidade de bens e serviços que pode ser comprada com
R$ 1 é igual a 1/P.
Assim, se P é o preço dos bens e serviços medido em termos de moeda, 1/P é
o valor da moeda medido em termos de bens e serviços.

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A Teorı́a Clásica da Inflação

A demanda da moeda é afetada pelo nı́vel médio dos preços da economia. As


pessoas retêm moeda porque ela é um meio de troca. Quanto mais elevado o
nı́vel de preços mais moeda será exigida numa transação tı́pica.

Como a demanda por moeda serı́a crecente respeito ao nı́vel de preços ,


invertimos o eixo vertical do nı́vel de preços para representar a curva de
demanda da forma usual. Por outra parte, representamo em um outro eixo
vertical paralelo o valor da moeda.

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No longo prazo, o nı́vel geral de preços se ajusta para o nı́vel em que a
demanda de moeda seja igual à oferta de moeda.

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Os efeitos de uma injeção de moeda:
Inicialmente a economia está em equilibrio e o BC aumenta a oferta de
moeda.
As pessoas podem aumentar o consumo de bens e serviços ou podem
aumentar os empréstimos (compra de tı́tulos ou depósitos) a outras
pessoas, que por sua vez irão aumentar o consumo de bens e serviços.
Assim, tem um aumento na DA.
A capacidade que a economia tem de ofertar bens e serviços não foi
alterada.
Por tanto, a maior demanda por bens e serviços faz com que os preços
aumentem. O aumento no nı́vel de preços eleva a quantidade de moeda
demandada. Finalmente, a economia atinge um novo equilı́brio em que a
quantidade de moeda demandada novamente é igual à quantidade de
moeda ofertada.

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Dicotomia Clássica e Neutralidade Monetária

variáveis nominais: variáveis medidas em unidades monetárias.


variáveis reais: variáveis medidas em unidades fı́sicas.
dicotomia clássica: a separação teórica entre variáveis nominais e variáveis
reais.
neutralidade monetária: a proposição de que alterações na oferta de moeda
não afetam as variáveis reais no longo prazo.

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Velocidade da moeda

Velocidade da moeda: refere-se à rapidez à qual a moeda troca de maõs.


Para calcular a velocidade da moeda, dividimos o valor nominal da
produção (PIB nominal) pela quantidade de moeda:

P ×Y
V =
M
sendo P o nı́vel de preços (IPC ou deflator do PIB), Y a produção , e M a
quantidade de moeda.

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Equação Quantitativa

Podemos escrever:
M ×V =P ×Y
Essa relação é chamada equação quantitativa. Ela mostra que um aumento
na quantidade de moeda deve se refletir em uma das outras três variáveis: o
nı́vel geral de preços deve subir, a quantidade producida deve subir, ou a
velocidade da moeda deve cair.
Na prática, a velocidade da moeda é considerada constante.

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A teoria quantitativa da moeda costuma ser frequentemente utilizada para
previsões de meios de pagamentos.

Exemplo:
Suponha que o governo prevê que a renda real Y irá aumentar 6% e que os
preços aumentem 20%. Usando a equação quantitativa faça uma estimativa do
creciemento necessário dos meios de pagamento (quantidade de moeda).

Solução :
No ano atual: M0 × V0 = P0 × Y0 (1)
No seguinte ano: M1 × V1 = P1 × Y1 (2)
Ao dividir (1) entre (2):
M0 V0 P0 Y0
× = × (3)
M1 V1 P1 Y1
Por outra parte, os dados são : Y1 = 1.06Y0 , P1 = 1.20P0 . Além, desde que a
velocidade da moeda é considerada constante: V0 = V1 . Ao substituir em (3)
obtemos M1 = 1.272M0 . Ou sea, a quantidade de moeda deve aumentar em 27.2%

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Imposto inflacionário

Normalmente o governo aumenta a sua receita por meio da arrecadação de


impostos ou tomando empréstimos. Quando o governo aumenta sua receita
por meio da emissão de moeda, diz-se que está arrecadando um imposto
inflacionário. O imposto inflacionário é como um imposto sobre todas as
pessoas que têm moeda.

Efeito Fisher: ajustamento, na proporção de um para um, da taxa de juros


nominal à taxa de inflação.
taxa juros nominal=taxa de juros real + taxa de inflação

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Exercı́cios domiciliares

1 Suponha que a oferta de moeda deste ano sea de R$ 50 bilhões, o PIB


nominal seja de R$ 200 bilhões e o PIB real seja R$ 120 bilhões.
Qual o nı́vel de preços? qual a velocidade da moeda?
Suponha que a velocidade seja constante e que a produção de bens e
serviços aumente em 5% ao ano. O que acontecerá com o PIB nominal e
com o nı́vel de preços do ano que vem se o BC mantiver a oferta de moeda
constante?
Qual oferta de moeda o BC deveria estabelecer para o próximo ano se
quiser uma inflação de 10%?
2 A teoria quantitativa da moeda afirma que:
A velocidade de circulação da moeda é imprevisı́vel.
Uma variação na quantidade de moeda, caso sua velocidade de
circulação seja estável, causará uma variação na mesma direção no produto
nacional em termos nominais.
Uma variação na quantidade de moeda causa aumentos nos gastos do
governo.
A quantidade de moeda em circulação não afeta nem o nı́vel de renda, nem
o nı́vel de preços .

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