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Primeiramente, nesta obra, Keynes irá refutar as hipóteses da economia clássica. Em segundo,
propõe soluções alternativas.
A taxa de juros: ainda sobre a Teoria dos fundos de empréstimo, para os economistas
neoclássicos, a priori, a partir dos filósofos utilitaristas, o ser econômico teria uma preferência
pelo presente – gastar hoje é mais útil que gastar mais tarde. Isso significa que, a taxa de juros
é uma compensação a renuncia do consumo presente. É uma taxa de desconto que permite
atualizar a renda em função desse conceito de utilidade. Keynes refuta, pois dentro dessa
lógica neoclássica a função de poupança depende da taxa de juro, e quando esta taxa
aumenta a poupança aumenta, pois a oferta de fundos aumenta. É preciso ter uma poupança
prévia para financiar o investimento. Para Keynes, a poupança é essencialmente determinada
pela renda, e não pela taxa de juro.
Para os neoclássicos, segundo a lei de Solow, a poupança é uma escolha intertemporal de
consumo. Assim, supondo hoje uma renda constante, se aumentar a poupança
obrigatoriamente diminuirá o consumo. A compensação para realizar essa poupança é a taxa
de juros. Porém, com essa poupança se resolve financiar um investimento, em nível
agregado, e esse investimento corresponderá ao aumento do produto e do consumo no
futuro. Então, uma decisão agregada de poupança nesta lógica, é uma escolha intertemporal
de consumo. Ou seja, em nível agregado, a diminuição do consumo hoje consumo hoje
corresponde ao aumento do consumo futuro via financiamento do investimento a partir da
poupança. Para Keynes, a taxa de juros não corresponde a compensação para a renúncia do
consumo – deixar de consumir rende em nada. Para ele, a taxa de juros é a compensação a
renuncia à liquidez.
Para os neoclássicos, existe uma determinação endógena e real da taxa de juros, isto, pois, a
determinação é essencialmente ligada a primazia do real. A poupança existe em função do
investimento, de um mecanismo real. Assim, a poupança financia o investimento, e daí vem a
taxa e juro. Keynes refuta isso, pois para eles existe uma determinação exógena da taxa de
juro e dentro disso existe uma determinação essencialmente monetária da taxa de juros.
Desse modo, refuta a dicotomia do real sobre o monetário, adotado pela economia
neoclássica.
O mecanismo geral
Na teoria geral existe outra hierarquia, pois nesta não existe mercado de trabalho no sentido
neoclássico. O trabalhador não vai determinar a quantidade de trabalho que ele vai querer
oferecer, pois quem determina esta quantidade de trabalho empregado são os empresários
que possuem o poder do investimento que eles realizam baseados nas expectativas de longo
prazo. Assim, os empresários tem um papel importante para determinar o investimento e o
nível de emprego. Desse modo, o salário é a quantidade de trabalho efetivamente empregada
não depende de uma lógica de mercado dentro da lógica keynesiana. Outra diferença é que na
teoria geral não há dicotomia, pois as variáveis reais são em parte determinadas por variáveis
monetárias. Existe outra natureza da poupança: para Keynes, ela não financia o investimento.
Mankiw
Para Mankiw, o equilíbrio no mercado de bens e serviços é representado pelas duas equação:
Y = c (Y-T) + I (r) + G
• Primeiro componente – consumo das famílias - esfera real
Y = renda
c = propensão marginal a consumir
T = impostos a pagar
• segundo componente - o investimento, que depende da taxa de juros
I = Investimento
r = taxa de juros real
• Terceiro componente – gastos do Estado
G = gastos do governo
M/P (massa monetária/índice dos preços ou oferta de moeda) depende da demanda por
moeda, que depende da taxa de juros, e da renda.
M/P = L (r,Y)
Nos anos 1990, houve um debate entre os novo keynesianos e os novos clássicos.
• Os novos keynesianos: Para eles, se há duas equações e três incógnitas não se poderia
resolver o sistema. Assim, devera-se eliminar uma incógnita. Nisso, Mankiw elimina P,
acreditando que o nível dos preços seja constante no curto prazo. Isto implica considerar que
Keynes considera preços rígidos no curto prazo. Desse modo, r, a taxa de juros, deve ser
determinada de maneira endógena.
• Os novos clássicos: a partir da teoria das expectativas racionais exogeinizam Y. A renda seria
constante, pois é objeto de uma determinação exógena. Desse modo, há uma determinação
endógena de r e de P.
Essas teorias não podem ser consideradas keynesianas, pois Keynes, ao contrário, mostra que
precisa haver uma determinação exógena e monetária da taxa de juros. Toda a problemática
dos novos keynesianos, do tipo Mankiw, é a de que no curto prazo o nível dos preços são
constantes, assim a função de oferta é horizontal; a qualquer medida que é horizontal, a
qualquer variação da demanda corresponde a uma variação da quantidade. Segundo Mankiw,
isso seria o componente keynesiano. Porém, no longo prazo, a função de oferta é vertical,
assim, a qualquer variação da demanda corresponde a uma variação dos preços, enquanto as
quantidades permaneçam constantes. Isso é como Mankiw interpreta Keynes: a teoria
keynesiana teria um impacto sobre a renda apenas no curto prazo, enquanto no longo prazo o
sistema permaneça em seu nível de equilíbrio determinado na esfera real. Isso tudo implica
em Past Dependence: o valor da posição de longo prazo não depende das modificações que
ocorrem no curto prazo (estudos atuais refutam isso).
O professor não vê muita diferença entre Mankiw e a teoria das expectativas racionais.
Ergosticidade e expectativas
Assim, deve-se verificar a lei dos grandes números: a probabilidade do evento A converge para
a frequência de A quando o número de experiências é muito grande - P(A) converge f(A) n.
Pode-se repetir o mesmo evento e cada vez que for repetir esse evento, deve haver as
mesmas condições iniciais, assim, existe uma homogeneidade dos eventos.
Keynes, antes da teoria geral, escreveu o Tratado de Probabilidade. Neste ele vai contestar
isso, dizendo que não existe homogeneidade nos eventos, pois afirmar que sempre pode se
repetir o mesmo evento nas mesmas condições, implica na historicidade. Ou seja, cada evento,
assim, é único, o que ressalta a historicidade do evento. Se cada análise é única não se pode
quantificar o futuro a partir de um cálculo em termo de probabilidade. A incerteza forte é a
ressalta desta impossibilidade.
A complexidade disso é de que o único elemento que os empresários tem para realizarem o
investimento são as suas expectativas elaboradas em um contexto que se caracteriza por uma
incerteza forte.
A relação entre a incerteza e a moeda é dupla: primeiro, tendo o esquema do Keynes, a moeda
está cumprindo função de reserva de valor – a moeda permite manter o poder de compra no
tempo, não haveria inflação. A medida que os agentes avaliam a incerteza forte o empresário
conclui se vai investir ou não. Supondo que um empresário decide não investir, ele reterá
moeda. O fato de reter moeda torna a moeda um ativo que permite se prevenir contra a
incerteza: quanto maior a quantidade de incerteza maior será a quantidade de moeda retida.
Os neoclássicos refutam tudo isso, pois para eles não existe incerteza e os agentes são
racionais, assim, não vão guardar moeda a não ser aquelas para efetivarem as trocas. Isso,
pois, se guardassem moeda, deixariam de ganhar aquilo que ganhariam se emprestassem esse
valor. Como os agentes são racionais eles vão querer maximizar sua utilidade e os ganhos que
eles têm.
Isto explica o que Keynes chama de preferencia pela liquidez: os agentes quererem reter
moeda não se trata do agentes serem irracionais, mas pelo contrário. No período em que há
muita incerteza, seria irracional investir neste período. Assim, a moeda é um ativo que permite
se prevenir da incerteza. Isso mostra porque a existência da incerteza explica a função da
moeda: reserva de valor para a prevenção da incerteza. Existe moeda por que existe incerteza.
Mas também existe incerteza por que existe moeda.
Isso não acontece numa economia de escambo, apenas numa economia monetária de
produção, em que os salários são pagos em moeda, e não em mercadorias. A partir do
momento em que a renda de diferentes grupos sociais são pagos em moedas, não se sabe
quando e quanto essa renda vai ser gasta. Então os empresários não podem determinar qual
vai ser a demanda e quando ela irá ocorrer se se pode guardar moeda sem gastar ou se pode
gastar quando se quiser, mas sem gastar toda moeda que recebe. Neste caso existe incerteza
pelo fato de haver moeda. Isso implica: a oferta global em Keynes é igual ao consumo mais
poupança e entesouramento (Og = C + S +E), enquanto a demanda global é igual ao consumo
mais o investimento (Dg = C + I).
O entesouramento é uma parte da moeda que sai do circuito e tem por função de reserva de
valor que permite os agentes de se prevenir contra a incerteza. A diferença entre a moeda e o
bem de investimento é: a medida em que o investimento produto aumenta, a renda, o
produto e quantidade de trabalho realizado vão aumentar, junto com o investimento
produtivo e o nível de emprego. Se os agentes preferem reter mais moeda pode-se dizer que a
demanda por oferta vai aumentar e a demanda por investimento produtivo vai aumentar. Mas
o fato de se aumentar a oferta de moeda não se traduz por um aumento de quantidade de
trabalho utilizado. Então o trabalho rendido no setor produtivo não vai ser compensado pelo
trabalho que no setor da oferta de moeda, pois para aumentar a moeda não se precisa
aumentar a quantidade de trabalho empregado, enquanto para aumentar a quantidade de
bens e serviços é necessário aumentar a quantidade de trabalho. Isso explicaria também o fato
do equilíbrio macroeconômico keynesiano com estabilidade é o equilíbrio sem o pleno
emprego.
Nos capítulos 13 e 14 Keynes refuta as teorias neoclássicas: no capítulo 13 Keynes vai refutar a
concepção neoclássica da taxa de juros e no capítulo 14 vai totalmente refutar a teoria dos
fundos de empréstimo e a partir disso ele vai propor uma solução alternativa.
O que representa a taxa de juros dentro da problemática neoclássica: a taxa de juros dentro
da teoria neoclássica padrão é a compensação pela renuncia ao consumo presente, pois o
homus economicos tem uma preferência pelo hoje. Consumir menos hoje para consumir mais
no futuro – para Keynes o fato de deixar de consumir não gera valor, assim não deveria haver
uma remuneração para isto.
As variações do valor do título e as variações da taxa de juros: Para Keynes, uma obrigação é
uma entidade econômica que joga no mercado um título que é dinheiro emprestado. O título
primeiro vai ser emitido no mercado primário – se você quiser emprestar x reais, quem
comprar esse título de x reais terá de pagar num período determinado no contrato um retorno
que será a taxa de juros sobre o valor x. No mercado secundário, os títulos e obrigações estão
sendo negociados uma vez que já foram emitidos no mercado primário. Nos mercados
secundários, a relação que existe entre as variações do valor do título e as variações da taxa de
juros: o título é emitido num valor de 100 reais e está estipulado no contrato que durante um
período determinado a taxa de juros será de 10%. Para quem comprou o título no mercado
primário significa que naquele período ele irá receber 10% de 100, ou seja, 10. Porém, este
título pode ser revendido no mercado secundário. O rendimento também terá que ser 10%,
então se a taxa de juros aumenta de 10% para 20%, o valor do título será igual a 50, assim, o
valor do título diminui para que o rendimento permaneça como estava previsto inicialmente
(10%). Mas se a taxa de juros diminuiu de 10% para 5%, o valor do título terá que aumentar,
pois o rendimento será sempre de 10 – aquele que comprou o título tem que receber os 10 no
mercado primário. Assim, se se resolve revender o título o valor dele depende das variações da
taxa de juros, para que o rendimento sempre será de 10, como está no contrato. Para manter
a estabilidade é preciso haver uma relação inversa entre o valor do título e a taxa de juros.
Por isso que geralmente há uma crise econômica depois de uma crise financeira, pois
está havendo um aumento não esperado da taxa de juros. Quando a taxa de juro
aumenta isso gera uma queda no valor dos títulos.
A finança produtiva e finança especulativa: Esse tipo de mecanismo fez Keynes diferenciar
dois tipos de finanças: finança produtiva e finança especulativa.
A finança produtiva é aquele que compra o título e não revende, continua permanentemente
como seu proprietário recebendo o rendimento como está no contrato. Isto é uma lógica de
longo prazo, pois guardará esse título durante todo o período estipulado. Além disso, o
rendimento é certo - é uma certeza que em cada período ganhará os 10% de 100. A função
desta finança consiste em financiar o investimento produtivo, pois é um empréstimo que está
sendo feito cuja função consiste em financiar o investimento produtivo. A partir do
multiplicador de gasto isso vai gerar o aumento do produto e do nível de emprego, se
caracterizando pela estabilidade, já que não há incerteza – se tem certeza do retorno que irá
receber no final de cada período, com o financiamento de um investimento tendo em vista o
investimento numa estratégia de longo prazo. Esse tipo de finança, a produtiva, tem como tem
como único objetivo o financiamento do investimento, a teoria dos fundos de empréstimos.
Já na finança especulativa, o que vale na especulação é uma lógica de curto prazo, pois o
rendimento neste caso a sua principal fonte não são os bens. A especulação consiste em
comprar o título quando o valor está baixo e revender o título quando o valor estiver alto.
Neste caso o principal componente do retorno não vai ser a taxa de juro, mas sim a mais valia
financeira realizada sobre o título. Se o especulador comprou o título em 50 e revender por
200 a mais valia financeira será de 150. A principal fonte de retorno do especulador se dá a
partir da variação do valor dos títulos, que depende das variações de curto prazo da taxa de
juros, numa lógica de curto prazo, pois são movimentos que se dão no curto prazo a partir de
variações de curto prazo da taxa de juros. Isso implica que a função da finança especulativa
não está ligada ao setor produtivo. O especulador não se preocupa no financiamento do
investimento, mas apenas em comprar barato para vender cara e realizar a mais valia
financeira. Isto gera uma fragilidade financeira, pois se financia um investimento no longo
prazo com elementos que tem estabilidade muito forte e cujo valor varia no curto prazo. Isso é
um dos paradoxos das políticas econômicas, por exemplo quando o governo quer diminuir a
pressão fiscal sobre as empresas.
Assim a finança produtiva tem estabilidade do rendimento, este depende de uma taxa de juros
já prefixada sobre o valor de emissão e uma lógica de longo prazo, além de haver uma conexão
direta com o setor produtivo, pois mobiliza os fundos para financiar o investimento. Já a
finança especulativa existe uma incerteza no que diz respeito aos investimentos, pois participa
de uma estratégia de curto prazo, já que a maior parte dos retornos que se obteve das
variações do curto prazo da taxa e juros que se traduz por variação do curto prazo dos valores
do título, a maior parte do retorno consiste na realização da mais valia financeira. Isto implica
que existe uma desconexão entre o setor financeiro e o produtivo, o que resulta na
fragilidade financeira perante a incerteza grande e com as variação e instabilidade dos
fundos que financiam o investimento.
Demanda por moeda por motivo de especulação: Esses são os elementos que permitem
entender o componente da demanda por moeda por motivo de especulação: num primeiro
momento, se os especuladores têm expectativas vão sentir no momento futuro da taxa de
juros. Se eles esperam que haja um aumento da taxa de juros logo vão esperar também uma
queda do valor dos títulos, o que implica que se o valor dos títulos a partir destas expectativas
diminuírem amanhã, não irão querer moeda hoje para comprar títulos, mas sim amanhã. Ou
seja, a demanda por moeda por motivo de especulação vai diminuir hoje - não vão querer
moeda hoje para especular, pois vão querer a moeda amanhã para comprar os títulos cujo
valor será mais baixo. Isso corresponde pelo aumento da preferencia pela liquidez: hoje os
agentes podem escolher entre estes três tipos de ativos: o investimento, a moeda ou o título
financeiro. Geralmente escolhem o ativo que dá maior retorno. Se hoje a oferta de moeda
aumenta os agentes vão guardar a moeda, pois hoje não vão comprar títulos, retendo a moeda
hoje. Por isso que quando está havendo uma expectativa que corresponde ao aumento da taxa
de juros, se traduzirá imediatamente por uma queda da demanda por moeda por motivo de
especulação e por um aumento da preferencia pela liquidez, pois se os agentes tem que
escolher entre compra de títulos financeiros hoje e moeda, como eles querem comprar títulos
amanhã, a preferencia pela liquidez, pelo fato de reter moeda, vai aumentar hoje.
Se todos os agentes elaborarem o mesmo tipo de expectativa, por exemplo, se todos acham
que a taxa de juros no curto prazo vai aumentar, eles não vão querer comprar títulos hoje,
assim, não haverá demanda, e justamente neste caso haverá uma oferta, pois todos vão
querer ofertar - quem possui título vai querer vender, pois no futuro ele será de um valor mais
baixo. Todos os especuladores vão querer vender os títulos, mas ninguém vai querer comprar,
havendo uma oferta sem demanda. Isso não é um mercado. Mas se eles acha que haverá, ao
contrário, uma queda na taxa de juros, os valores dos títulos aumentarão no futuro, assim,
ninguém vai quere ofertar o títulos e todo mundo vai querer comprar os títulos, ou seja, uma
demanda sem oferta.
Um mercado é quando num mesmo ponto t haja o encontro entre uma oferta e demanda, e
para isso é preciso haver divergência entre as expectativas. No mesmo ponto deve haver
expectativas numa queda do valor dos títulos e outros com expectativas contrárias. Na teoria
neoclássica, na teoria das expectativas racionais, afirma que todos os agentes elaboram as
suas expectativas a partir do mesmo modelo, do Equilíbrio Geral, assim, neste caso, todos os
agente possuem as mesmas expectativas. Mas nisso não existiria mercado especulativo, pois a
condição necessária para a existência deste mercado é a divergência entre as expectativas dos
agentes.
A preferencia pela liquidez segundo Keynes: a moeda está cumprindo um papel de reserva de
valor, ela é uma maneira de se prevenir da incerteza. Para Keynes a taxa de juros é a
compensação pela renuncia a liquidez, a renuncia a segurança propiciado pelo fato de reter
moeda.
Pode-se raciocinar isto através da curva de diferença. Esta curva seria o nível de utilidade. Se
está na posição 1, se tem uma remuneração fraca, porém tem bastante segurança pelo fato de
reter bastante moeda. Se quer estimular os agentes a de desfazerem da moeda, é preciso
aumentar a remuneração, assim na posição 2 os agentes terão menos segurança, mas terão
remuneração maior que corresponde ao mesmo nível de utilidade. Esta é uma maneira de
entender o que consiste a renuncia de liquidez. Por meio da taxa de juros há uma estimulo aos
agentes deixarem de reter moeda, vai ter mais dinheiro, porém menos segurança, esta é uma
escolhe dentro da curva de diferença.
No capítulo 13, Keynes afirma “deveria ser óbvio que a taxa de juros não pode ser um
rendimento da poupança ou da espera como tal, quando alguém que acumula suas economias
sobre a forma de dinheiro líquidos não ganha juros, embora economize tanto quanto antes.
Pelo contrário, simples definição da taxa de juros diz a nós literalmente de que ela é uma
recompensa pela liquidez por um período determinado”. Nisto ele contesta toda concepção
neoclássica da taxa de juros, pois ele diz que deixar de consumir para poupar não vai criar mais
riqueza. A taxa de juros é, na verdade, a compensação pela renuncia da liquidez. Se a taxa de
juros aumenta a preferencia da liquidez diminuirá, havendo substituição de mais dinheiro
futuro para menos segurança hoje. Logo depois Keynes diz “a taxa de juro não é o preço que
equilibra a demanda os recursos para investir, é a propensão de se abster do consumo
imediato. A taxa de juro é o preço mediante o desejo de manter a riqueza em forma liquida se
concilia com a quantidade de moeda disponível”, ou seja, primeiro esta afirmação contesta a
Teoria dos Fundos de Empréstimo, em que consiste numa teoria do qual seria um mercado dos
fundos pelo qual a poupança seria remunerada pela taxa de juros e a demanda por fundos
sendo o investimento (quando maior a taxa de juros, maior a poupança e menor o
investimento). Por outro lado, dentro da economia neoclássica está havendo uma
determinação endógena da taxa de juros que é concebida em termos reais. Tudo isto é feito
em termos reais, pois os agentes retém moeda apenas para financiar o investimento, então a
poupança é, pelo fato de reter moeda, um mecanismo que se explica por variáveis reais – não
existe nenhuma autonomia da moeda. A importância da Teoria do Fundo de Empréstimos para
a macroeconomia neoclássica se deve por ela mostrar que o equilíbrio é realizado para
qualquer valor da renda – tudo que é distribuído será gasto pelo consumo e a parte que não é
gasta pelo consumo será gasto a partir do investimento. Assim, quando Keynes refuta a Teoria
do Fundo de Empréstimos ele implica em uma refutação total de todos os mecanismos que
sustentam a macroeconomia neoclássica. Além disso, Keynes considera que a oferta de moeda
é totalmente controlada pelo governo, pelas autoridades monetários.
Teoria do Fundo de Empréstimos é o fato de que existe um mercado no qual há uma oferta
por fundos, que é a poupança, e uma demanda por fundos, que é o investimento. O preço de
oferta seria a taxa de juros. Isso implica que primeiro está havendo uma determinação
endógena da taxa de juros. A taxa de juros de equilíbrio é a taxa que determina o equilíbrio
entre a poupança de investimento. O preço é determinado pelo cruzamento da curva de oferta
e demanda, neste caso as curvas de poupança e investimento. Determinação endógena e
também real, pois a poupança financia o investimento, que é um mecanismo real. Além disso,
está é uma manifestação da Lei de Say, pois se tudo que é produzido é necessariamente gasto,
o equilíbrio será realizado em qualquer nível da renda. Por isso que para os neoclássicos o
equilíbrio ele é realizado com pleno emprego, pois a renda vai aumentar até alcançar o nível
do produto que corresponde ao pleno emprego, enquanto para Keynes o equilíbrio só se
realiza a um nível especifico da renda e do produto.
Quando Keynes cita que “a taxa de juro é o preço mediante o desejo de manter a riqueza em
forma liquida se concilia com a quantidade de moeda disponível” ele quer dizer que, repetindo
novamente, a taxa de juros é a compensação pela renuncia a liquidez a preferência pela
liquidez. A preferência pela liquidez é o fato de reter moeda para se prevenir da incerteza, é
uma segurança. A moeda, assim, compre a função de reserva de valor.
Curva de indiferença, nível de utilidade. O consumidor escolhe a maior segurança pelo fato de
reter mais moeda e uma taxa de juro menor, na posição 1, ou ele escolhe a posição dois em
que há menos segurança, porém com uma taxa de juros mais alta para ele se desfazer da
moeda que ele irá deter.
Ainda sobre o “preço mediante o desejo de manter a riqueza em forma liquida se concilia com
a quantidade de moeda disponível”, suponha que os agentes avaliem que haverá uma
intensificação da incerteza, assim, aumentam a preferência pela liquidez retendo mais moeda,
para se prevenir contra essa incerteza que eles sentem. O aumento da incerteza aumenta a
preferencia pela liquidez que se traduz no aumento da moeda de tal maneira que a demanda
de moeda se torna superior a oferta por moeda. Desse modo, é preciso haver um aumento da
taxa de juro para diminuir a preferência da liquidez para diminuir a demanda de moeda de tal
maneira que o sistema volte ao equilíbrio em que a oferta de moeda é igual a demanda por
moeda. Num segundo momento, supondo que os agentes avaliem numa queda da incerteza, a
preferencia da liquidez será menor, diminuindo a demanda por moeda de tal maneira de que a
demanda seja inferior a oferta de moeda. É preciso de uma queda na taxa de juro para que a
demanda aumente de tal maneira que o sistema volte ao seu ponto de equilíbrio, onde a
oferta é iguala a demanda. Keynes diz, aqui, as variações na taxa de juro são determinadas
pela demanda por moeda, ela mesma sendo determinada pela preferencia pela liquidez. É a
demanda de moeda que determina a taxa de juro. No sistema neoclássico, é a taxa de juro que
determina a demanda por moeda, para Keynes é o contrário.
Keynes vai inferir os diferentes motivos pelos quais existe essa demanda por moeda:
L1: demanda por moeda que corresponde ao motivo de transação e de precaução. A demanda
por moeda por estes dois motivos depende diretamente da renda. A medida que depende da
renda ele traduzirá na neutralidade da moeda, a demanda da moeda depende do que está
acontecendo com uma variável real que é o produto.
L2: demanda da moeda por motivo de especulação. Quando a taxa de juros aumenta a
demanda por moeda por motivo de especulação diminui, há uma relação inversa. Ligada a
incerteza.
Já em L2 (r) ocorre que quando r aumenta a demanda por moeda por especulação vai diminuir
e quando r diminuir a demanda por motivo de especulação vai aumentar. Relação inversa
entre r e L2 (r). Isto, pois, os agentes que estão aguardando o aumento da taxa de juro,
significa que também estão esperando uma queda no valor dos títulos, e logo o especulador
vai querer comprar títulos amanhã, num futuro próximo, assim, hoje a demanda por moeda
vai diminuir. Quando os agentes estão aguardando uma queda da taxa de juro, esperam o
aumento dos valores dos títulos, então os compram hoje para revender amanhã quando o
valor estiver alto, assim, o valor da moeda por motivo de especulação aumenta.
“Num instante se houver uma procura insignificante de moeda para satisfazer o motivo de
especulação, o aumento da quantidade de moeda deve baixar a taxa de juro num grau
necessário para levar o nível de emprego e o nível de salário numa medida suficiente para que
a moeda adicional seja absorvida pelos motivos de transação e precaução”. Assim, no caso de
não haver demanda por moeda por motivo de especulação, o aumento da quantidade de
moeda deve diminuir a taxa de juro de tal maneira de que o produto e o nível de emprego
aumentem. Isto é diretamente e a origem da curva de IS-LM. A curva IS representa as
combinações da taxa de juro e produto, e as condições de equilíbrio no mercado de bens e
serviços (investimento igual a demanda). A curva LM representa as combinações da taxa de
juro e produto que corresponde o equilíbrio do mercado da moeda em que a oferta por
moeda é igual a demanda por moeda. Quando se estuda a curva LM ela possui três partes, a
primeira chamada de armadilha de liquidez, constituído por demanda por moeda pelo motivo
de especulação, na segunda parte é a parte média, em que a demanda por moeda é
constituída por L1 e L2 e a terceira parte na qual a demanda por moeda é unicamente
constituída pelo motivo de precaução, de transação.
Por outro lado, uma política monetária para aumentar a oferta por moeda consiste no
deslocamento da curda LM 1 para LM 2. Na zona 1 o aumento da oferta por moeda não gera a
queda da taxa de juro e o ponto de equilíbrio se mantém o mesmo a oferta se alterando, com
o deslocamento de LM. Na zona 2 quando IS corta LM, o aumento da oferta por moeda é
médio, existe uma queda na taxa de juros, devido o aumento da oferta de moeda e o aumento
médio do produto. As políticas monetária com maior eficiência são na zona 3, quando a curva
IS corta a curva LM no ponto no qual a demanda por moeda é unicamente constituída por
motivo de precaução e transação, neste caso o aumento correspondente do produto é
máximo. Ou seja, na zona 1 as politicas monetárias são ineficientes, na zona 2 com eficiência
média e na zona 3 a maior eficiência das políticas monetárias. Essa eficiência é medida a partir
de uma queda da taxa de juro que vai gerar um aumento do produto. Na zona 1 tem armadilha
da liquidez, pois qualquer aumento da oferta por moeda vai ser absorvido pela preferência
pela liquidez que provém da demanda de moeda por motivo de especulação. Isso faz com que
a taxa de juro não diminua, e assim, haverá o no aumento do produto. Isso se explica
justamente a partir da demanda da moeda por motivo de especulação: com o nível da taxa de
juro baixo praticamente todos os especuladores criam expectativas no aumento da taxa de
juro – já que está muito baixa a taxa -, com isso, preveem também uma queda do valor dos
títulos, e logo não compram títulos hoje, mas guardam a moeda para comprarem o titulo num
futuro quando o valor estiver baixo. Tendo em vista que os especuladores estão aguardando
queda da taxa de juros, isso faz com que a demanda por moeda por motivo de especulação
diminui e a preferência pela liquidez dos especuladores aumente, pois estão guardando a
moeda para se comprar títulos no futuro. A conclusão é que o aumento da oferta de moeda
quando as das curvas se cruzam na zona 1 não gera impactos em termo de queda da taxa de
juro, aumento de futuro e aumento de emprego. As políticas monetárias devido a está
armadilha de liquidez são totalmente ineficientes. Isto ressalta o fato de que a especulação
para Keynes é incompatível a ideia de um bem estar social num sentido de diminuir a taxa de
desemprego, ou seja, aumentar o nível de produto e do emprego.
Por outro lado Keynes cita a respeito da especulação que “as expectativas quanto ao futuro da
taxa de juro fixada pela psicologia da preferência de liquidez”. A especulação para Keynes é o
fato que determinados agentes, os especuladores, vão adivinhar antes do que eles chamam a
massa ou vão ser as reais variações da taxa de juro. Supondo que os especuladores preveem
uma queda da taxa de juro e logo o aumento dos valores dos títulos, assim compram títulos
hoje, enquanto o valor está baixo. A massa, o grande público, vai imitar o comportamento dos
especuladores, mas com uma defasagem temporal. A massa vai comprar o valor do título
depois que os especuladores já compraram, com o valor do título já estiver mais alto. Numa
situação de crise os especuladores vão vender os títulos antes da crise, já a massa depois, pois
não conseguem desenvolver suas expectativas a tempo. Os especuladores são aqueles que
conseguem antecipar o que o mercado vai escolher, já a massa copiam os especulares depois
que o valor dos títulos já se alteraram, sendo assim prejudicados. A assimetria da informação,
não é o fato de que os especuladores tem a informação privilegiado, na verdade a informação
passa dos especuladores para o grande público, mas a diferença é que há uma
intertemporalidade, pois o especulador adquire a informação certa antes do grande público, o
que torna possível a realização da mais valia financeira.
Keynes cita no capítulo que “o conceito de entesouramento pode ser considerado como a
primeira aproximação do conceito de preferencia pela liquidez”. O entesouramento é
totalmente diferente da ideia neoclássica de poupança. O entesouramento não é o que se
deixa de consumir. A poupança, dentro da lógica neoclássica, permanece no circuito
econômico e serve para financiar o investimento. O entesouramento é uma quantidade de
moeda que sai do circuito econômico, chamado de moeda ociosa, pois sua função não consiste
em financiar o investimento, mas sim em se prevenir da incerteza.
Reforçando, no capítulo 14, Keynes elabora uma crítica da Teoria do Fundo de Empréstimos.
Neste ponto ele estabelece uma ruptura fundamental a teoria neoclássica, pois é a Teoria do
Fundo de Empréstimos que faz com que a demanda global seja igual a oferta global, para
qualquer nível da renda. A demanda global nesta teoria é numa lógica de gastos: os gastos
realizados ao título do consumo das famílias e a título do investimento. A oferta global é uma
lógica de distribuição de renda: a renda está sendo distribuída pelos diferentes agentes
econômicos. Dizer que poupança é igual a investimento a qualquer nível da renda faz com que
a demanda global seja igual a oferta global para qualquer nível da renda. Isto é uma das
manifestações de Lei de Say: a qualquer variação da oferta corresponde a uma variação igual
na demanda, ou seja, o sistema se ajusta a partir das variações iniciais da oferta. A oferta cria
sua demanda. Isso implica que a Teoria do Fundo de Empréstimos funciona da seguinte
maneira: existe um jogo de oferta e demanda, a oferta por fundos é a poupança, a demanda
por fundos é o investimento, e seja a oferta igual a demanda, a igualação se dá na posição que
determina uma taxa de juro natural. Existe uma determinação endógena da taxa de juro. Isso é
o fato em que Keynes refuta a Teoria e todos as modalidades de ajustamento da
macroeconomia neoclássica. Para Keynes o equilíbrio, a oferta igual a demanda, só existe para
um valor determinado do nível de produto, e não qualquer valor. O que explica que o
equilíbrio em Keynes seja associado ao desemprego involuntário, ao contrário dos
neoclássicos, que acreditam no ajustamento até se alcançar sempre o pleno emprego.
“É bastante claro, no entanto, que se considera a taxa de juro como o fator que equilibra a
demanda e investimento com a oferta para a poupança”. Keynes diz que o raciocínio
neoclássico só se pode aplicar quando a renda é dada. Renda é igual ao consumo mais a
poupança. Se a renda é dada, para aumentar a poupança vai ter que diminuir o consumo e
aumentar o investimento. Este aumento do investimento vai se traduzir por um aumento
futuro do consumo, consequentemente, dentro da lógica neoclássica, isso funciona, quando a
renda é dada, quando Y é constante. O aumento implica em uma escolha intertemporal do
consumo – se escolhe consumir menos hoje para financiar um investimento e consumir mais
no futuro – e a taxa de juros é que vai influenciar os agentes a realizarem uma poupança – a
taxa de juro é uma compensação a renunciar do consumo presente - determinação endógena
da taxa de juros. Para Keynes isso não faz sentido, pois isso funciona se a renda foi dada, mas
como o investimento aumenta, pelo multiplicador do investimento (d.Y = k.d.I), isso vai gerar
um aumento mais que proporcional da renda. Assim, para que o sistema neoclássico funcione
a renda tem que ser constante, mas o fato de financiar um investimento implica que haverá
um aumento do produto, então é impossível conciliar a existência do investimento junto com
o fato do nível da renda ser constante. A partir disto Keynes elabora sua critica Teoria do
Fundo de Empréstimos, e logo aos mecanismos que governa toda a macroeconomia
neoclássica.
Por outro lado, em ambos os casos o equilíbrio se caracteriza pelo fato do investimento global
ser igual a poupança global. Mas para os neoclássicos o equilíbrio é com pleno emprego,
enquanto o equilíbrio keynesiano não corresponde sistematicamente a um equilíbrio com
pleno emprego, mas a um equilíbrio sem pleno emprego. Além disso, as modalidades de
ajustamento que permitem chegar a poupança global igual a demanda global são diferentes.
Para os neoclássicos, supondo que o investimento seja superior a demanda implica que haverá
um aumento da taxa de juro de tal maneira que a poupança aumenta e o investimento diminui
até novamente chegar a uma posição de equilíbrio, assim, o equilíbrio é realizado a partir de
uma variação da taxa de juro, ex-ante. Para Keynes, o equilíbrio é realizado ex-post a partir de
uma variação da renda, ou seja, existe uma variação do investimento que gera uma variação a
renda que gera uma variação da poupança obrigatoriamente iguala a variação inicial do
investimento, assim a poupança global ainda será igual ao investimento global. Isso mostra
que dentro do esquema keynesiano a poupança não pode financiar o investimento, pois a
poupança é o produto da variação da renda que se explica da variação real do investimento.
A poupança aparece depois do investimento, é realizado depois do investimento, não se pode
financiar um investimento hoje com um valor que vai aparecer no futuro.
Para Keynes, a variável determinante é a taxa de juro, com sua determinação exógena e é
esta que vai determinar a eficiência marginal do capital e do produto, e consequentemente,
o nível do emprego. Existe uma determinação monetária do produto, pois existe uma
determinação monetária da taxa e juro. O equilíbrio é realizado a partir de uma variação da
renda e dentro desse mecanismo a poupança não pode realizar o investimento.
No capítulo 2, Keynes diz sobre dois postulados da teoria neoclássica: “o salário igual ao
produto marginal do trabalho” e “a utilidade do salário quando o desemprego é determinado
pelo volume do trabalho é igual a desutilidade marginal desse mesmo volume de emprego”. O
primeiro postulado provem da maximização do lucro por parte dos empresários. Os
empresários vão aumentar a quantidade de trabalho até o custo marginal de trabalho (o
preço a ultima hora de trabalho empregado) se igualar com sua produtividade marginal. No
segundo postulado ele analisa os componentes da oferta de trabalho, dizendo como o
trabalhador vai maximizar sua utilidade, tendo em vista que o trabalho é visto como uma
desutilidade. O trabalhador vai aumentara quantidade de trabalho ofertada até a utilidade
marginal propiciada que ele vai obter se igualar com a desutilidade do trabalho. Assim,
Keynes diz que a medida que existe uma estrutura de concorrência pura e perfeita não pode
haver desemprego involuntário, os únicos desempregos que pode haver é o desemprego
voluntário ou o friccional. O desemprego voluntário é o fato do trabalhador se recusar a
trabalhar por um salário real que se definir no mercado de trabalho. O friccional é o
desemprego que provém do trabalhador que saiu do desemprego e logo ocupa outro cargo.
Estes são os dois únicos desempregos que são compatíveis com a teoria neoclássica.
Mas Keynes demostra que o sistema no equilíbrio haverá o desemprego involuntário, que é
determinado numa situação no qual a utilidade do salário real permanece superior a
desutilidade do trabalho. O trabalhador quer vender mais horas de trabalho, mas não tem a
demanda que corresponde a essa variação da oferta. Assim, existe o desemprego involuntário.
Outro fundamento da critica de Keynes é que dento a lógica neoclássica haveria uma igualação
entre a utilidade marginal do salário e a desutilidade do trabalho, mas no contrato de trabalho
o trabalhador não conhece, ex-ante, o seu salário real e a inflação que vai ter durante o
período coberto pelo contrato. Assim, para Keynes, o trabalhador não pode modificar sua
quantidade de trabalho cada vez que o nível dos preços varia diferentemente dos níveis dos
salários nominais. Desse modo, o trabalhador não pode igualar utilidade marginal da renda -
pois não sabe a quantidade de bens que vai comprar - com a desutilidade do trabalho.
O PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA
Na economia neoclássica são dois tipos desempregos que podem aparecer: o voluntário, em
que o trabalhador que se recusa a trabalhar por um salário real, definido pelo jogo da oferta e
demanda no mercado de trabalho, e o friccional, em que o trabalhador deixa o emprego e irá
encontrar outro - porém no momento em que se observa a situação do mercado de trabalho
ele está desempregado, é um desemprego temporário. Mas para Keynes existe no equilíbrio
um desemprego involuntário, em que a utilidade do salário é superior a desutilidade do
salário, ou seja, o trabalhador quer ofertar mais trabalho, mas não há demanda por trabalho
suficiente para absorver toda a oferta de trabalho. Assim, aceita o primeiro postulado e
refuta o segundo.
Assim, a teoria neoclássica, no que diz respeito a determinação da oferta de trabalho, que o
trabalhador iguala a utilidade marginal da renda com a desutilidade marginal do trabalho. No
raciocínio de Keynes quando está sendo realizado o contrato de trabalho, este é negociado em
termos nominais, salário nominal que está sendo determinado, e não o salário real (salário
nominal divido pelo índice geral dos preços, ou seja o poder de compra do salário). O
assalariado não pode haver uma determinação ex-ante do salário real, pois ele não consegue
prever a variação do índice geral dos preços que será vigente durante todo o período coberto
pelo contrato, as negociações são baseadas no salário nominal.
Quando Keynes constrói o princípio da demanda efetiva, nada tem relação com a curva de
demanda global no sentido neoclássico. O próprio termo demanda efetiva tem ambiguidade.
Há duas concepções possíveis do que é a demanda efetiva. Há a ideia de que a demanda
efetiva é a demanda real, mas aqui não é a demanda global.
Keynes explica o que é a demanda efetiva da seguinte maneira: primeiro existe uma primazia
nas decisões dos funcionários, o que determina o nível do emprego no longo prazo são os
investimentos realizados pelos empresários. As decisões tomadas pelos empresários são
baseadas em expectativas num ambiente baseado na incerteza, por isso que as expectativas
são frágeis no sentido de que elas não vão ser sistematicamente realizadas, mas mesmo assim
o único elemento disponível para os empresários analisarem se investem ou não são estas
expectativas. Assim, a única coisa efetiva nessa lógica são os gastos que os empresários
realizam em função de suas expectativas. Os gastos, no que diz respeito a uma modificação da
quantidade de trabalho empregada, são os gastos que se relacionam com as compram que
eles fazem para os outros empresários. Ou seja, a única coisa real são estes gastos realizados
baseados nas expectativas que são incertas.
Por isso que importa qual vai ser o impacto de uma política econômica. O impacto depende da
capacidade que tem essa política econômica para modificar as expectativas de longo prazo
dos empresários. Se está havendo uma modificação nas expectativas de longo prazo vai haver
uma modificação nos gastos efetivamente realizados pelos empresários.
O próprio principio da demanda efetiva é que vai determinar uma posição de equilíbrio, mas
sem haver uma igualação entre a oferta e a demanda. O que caracteriza a demanda efetiva de
Keynes e o que diferencia o equilíbrio macroeconômico keynesaino no equilíbrio neoclássico é
o fato de que neste último a demanda será igual a oferta e logo não haverá desemprego, já
para o equilíbrio de Keynes a demanda é igual a oferta, mas vai haver um excesso de oferta de
trabalho no mercado. Para os neoclássicos não existe racionamento, não há excesso de
oferta e demanda no equilíbrio, enquanto para Keynes no equilíbrio pode haver, no caso do
mercado de trabalho, excesso de oferta que explica a existência de um desemprego
involuntário.
Diferentes elementos que permitem elaborar a demanda efetiva
“Em determinada situação o emprego de certo volume de mão de obra impõe ao empresário
duas espécies de gasto. A primeira é o montante que para aos fatores de produção, fora
aqueles que pagam a outros empresário, que denominamos custos e fatores. A segunda são os
montantes que pagam aos outros empresários pelo o que eles compram justamente pelo
sacrifício que faz utilizando seu equipamento em vez de deixá-lo ocioso”.
O custo dos fatores de produção é o custo do trabalho. Por outro lado, o produto menos o
custo dos fatores menos os custo de uso é igual ao lucro. Então, todos empresários vão tentar
maximizar o lucro ligada as atividades de produção - na verdade vão maximizar as expectativas
de lucro, o que é diferente, pois o ponto da demanda efetiva não é o ponto no qual o lucro
realmente está sendo realizado, são as expectativas de lucro que correspondem a
maximização de lucro. Consequentemente, ponto de demanda efetiva corresponde ao ponto
no qual as exceptivas de lucro são maximizadas.
Esse ponto é único, ou seja, a demanda efetiva corresponde a um único nível de produto. A
oferta é igual a demanda para um único nível de produto, enquanto para os neoclássicos a
demanda global é igual a oferta global para qualquer nível do produto, seguindo a Lei de Say.
Ceteris paribus, clausula em que se analisa um mecanismo considerando que todos os outros
mecanismos permanecem constantes. Com está clausula vemos por que equilíbrio,
representada pela demanda efetiva, apresenta uma estabilidade. Para Keynes não existe
motivo para haver um equilíbrio estável. Keynes no primeiro momento refuta toda teoria
neoclássica, por outro lado isso significa que ele tem que realizar está critica no mesmo nível
dos neoclássico, em que as teorias destes estão baseadas em todo um conceito de equilíbrio
que tem unicidade e estabilidade. Então Keynes se põe no mesmo nível destes, de equilíbrio
estável, para mostrar que a própria natureza do equilíbrio é diferente, que ele não é um
equilíbrio que corresponde sistematicamente ao pleno emprego. Ele faz um sistema dinâmico.
Outro ponto de diferença entre ambas teorias do equilíbrio é a de que Keynes apresenta o que
ponto de demanda efetiva é único, e pelo fato de ser único nada garante que a quantidade de
trabalho seja aquela que corresponde ao pleno emprego. Ou seja, a oferta agregada é igual a
demanda agregada para um nível de produto e para um nível de quantidade de trabalho
trocada no mercado, enquanto para os neoclássicos eles se igualam a qualquer nível do
produto, isso significa que o produto vai aumentar, a medida que haja uma situação de
concorrência pura e perfeita, até alcançar naturalmente a situação de pleno emprego. Para
Keynes só existe um ponto em função da inclinação respectiva das curvas - podem ser curvas
ou retas. A inclinação das curvas da oferta agregada e demanda agregada são tais que se
cruzam em apenas um ponto. A curva de oferta agregada tem essa inclinação, pois se relaciona
no longo prazo – o que diferencia o longo prazo do curto prazo é que na primeira tanto a
quantidade de trabalho quanto a quantidade de capital podem variar, enquanto no curto o
único fator que varia é o fator trabalho, o estoque de capital permanece constante -, além de
interpretar a curva de oferta agregada a partir de uma situação no qual os rendimentos de
escala são decrescentes. O rendimento de escala decrescente é caracterizado por se se
multiplica na função de produção o capital e o trabalho por alfa, o produto será multiplicado
por algo inferior a alfa. Isso significa que o produto cresce proporcionalmente menos do que a
quantidade dos fatores utilizadas, neste caso o capital e trabalho. A função de oferta agregada
representa todas as expectativas que maximizam o lucro, assim se está em escala descrente,
significa que o produto aumenta menos que a quantidade de trabalho e capital. Assim, para
manter as condições de maximização do lucro, as receitas tem que aumentar
proporcionalmente mais que os fatores de produção utilizada. Isso justificaria a inclinação da
curva que representa a oferta agregada.
A curva de demanda agregada é assimilada a lógica de curto prazo, ou seja, o único fator que
vária é o fator trabalho, o estoque de capital permanece constante. No primeiro postulado
da teoria neoclássica, que Keynes concorda, diz sobre a produtividade marginal decrescente.
Isso significa que, neste caso, o estoque de capital é constate e vai aumentar a quantidade de
trabalho, concluindo que a produtividade marginal do fator de produção variada vai ser
decrescente, assim, a produtividade marginal vai ser cada vez menor a medida que aumenta a
quantidade de trabalho aplicado. Isto faz com que na hora de elaborar suas expectativas, os
empresários vão incorporar esta lei da produtividade marginal decrescente, pois se mantém o
estoque de capital e aumenta a quantidade de trabalho aplicada, a produtividade marginal do
trabalho vai ser decrescente. Pela próprio inclinação da curva, a medida que a quantidade de
trabalho aumenta o produto aumenta cada vez menos.
Desse modo, é a partir justamente da justificativa das inclinações da curva que se explica por
que está havendo apenas um ponto de demanda efetiva. Considerando que tudo é medido
em termo de expectativa, o ponto de demanda efetiva é definido para Keynes quando cita
que “o volume de emprego é determinado pelo ponto de interação de demanda agregada e
função da oferta agregada”, ou seja, neste ponto que as expectativas de lucro dos
empresários serão maximizados. Para toda economia keynesiana, não se consegue maximizar
uma função, consegue elaborar uma expectativa de maximizaria o lucro, o lucro só é
maximizado na base das expectativas, porém concretamente isso não acontece, pois as
expectativas não se realizam sistematicamente e assim o lucro não é maximizado, mas sim as
expectativas de lucro.
Keynes raciocina isso em termo estático, pois se trata de um equilíbrio único, estável e
convergente. Ele trata isso em termo estática para se contrapor a toda teoria neoclássica, que
também raciocinam em termo estático. Mas na verdade esse equilíbrio dá para “relaxar” a
hipótese das expectativas de longo prazo constante e elaborar modelos dinâmicos. Tudo na
teoria geral é feito em termo de equilíbrio estático.
Isso traz um problema em termos de path dependence. Se por acaso as flutuações de curto
prazo modifica a posição de longo prazo, vai haver uma modificação da posição de equilíbrio
que o sistema vai alcançar. Por isso que Keynes não considera path dependence, pois para ele
a curva de oferta agregada permanece a mesma. Por isso que ele inventou a teoria do animal
spirit, que seria um choque que explicaria as mudanças das expectativas de longo prazo, que
seria a vontade irracional dos empresários de realizarem investimento (o professor não
concorda com isto, para ele dentro de uma perspectiva dinâmica, parte das expectativas de
longo prazo é determinada de uma maneira endógena, dentro do sistema).
Dentro dessa perspectiva, o curto prazo se caracteriza pelo estoque de capital ser constante e
pelo fato dos custos serem reversíveis – os empresários esperam o aumento da demanda, mas
não esperam se esse aumento vai permanecer, assim não vão aumentar o estoque de capital,
mas empregar hora extra. Se observam que a demanda volta ao seu nível anterior, mais baixo,
ocorre que eles vão deixar de utilizar hora extra por parte dos seus assalariados, ou seja, os
custos implementados são reversíveis - , assim não existe incerteza. No longo prazo se os
empresários observam que no curto prazo a demanda aumenta no inicio vão atender esse
aumento da demanda por meio de horas extra e depois, achando que esse aumento vai
permanecer, realizam investimento em capital. O que diferencia os custos de trabalho e os
custos de capital é que o primeiro pode ser em maior parte reversível, mas os custos de capital
são intrinsecamente irreversíveis. Por isso que existe incerteza no esquema keynesiano. A
incerteza se manifesta essencialmente no longo prazo pelo fato dos custos ligado ao capital
ser irreversível, enquanto a incerteza no curto prazo é desprezível. Existe incerteza por que
existe irreversibilidade – se pudesse se desfazer do que se fez não haveria incerteza. Por isso
que a incerteza keynesiana é diretamente ligada a irreversibilidade de custos ligado ao
investimento.
A partir disso Keynes define dois conceitos: o primeiro é o preço de oferta, “o preço de oferta
é o preço que bastaria para induzir o fabricante a produzir uma nova unidade suplementar
desse capital”, isto é aquilo que por vez se chama de custo de reposição. Um custo de posição
é: no período t será avaliado o valor desse capital, este valor não é o valor pelo qual o
investimento foi realizado, mas é o valor que esse capital vale em determinado período. Custo
de reposição é o valor do capital produtivo no período t+1.
Eficiência marginal do capital, “é a taxa de desconto que tornaria o valor presente do fluxo de
anuidade das rendas esperadas desse capital exatamente igual ao seu preço de oferta”. Isso
significa a relação 1 que diz que precisa igualar o preço de oferta – o custo de capital de
determinado período – com o conjunto das rendas, das receitas, dos retornos atualizados
desse mesmo capital. Isto parece a igualação do custo do marginal do capital, representado
pelo preço de oferta, e sua receitas marginais, porém é diferente, pois o preço de oferta é o
preço de reposição, e não o valor pelo qual o capital foi comprado, mas o valor que o capital
vale hoje, e a as receitas marginais, ligada ao investimento, são as expectativas de receitas
marginais, e não as receitas marginais efetivas. Assim, a partir disso, a eficiência marginal do
capital é aquele que corresponde a maximização do lucro esperado, a partir da relação 1.
Keynes define o preço de oferta é o preço de oferta corrente, ou seja, é o preço que vale esse
capital em determinado período do tempo, e não o preço pelo qual esse capital foi comprado.
Ou seja, quandoo capitalista compra hoje um capital e realiza o investimento, o preço de
oferta em t+1 não é igual ao preço que ele comprou o capital, no período t, mas sim o preço
que vale esse capital no período t+1, diferente do preço corrente. Quanto maior o preço de
oferta para expectativas de receita dada, menor será a eficiência marginal do capital.
O segundo conceito é o de preço da demanda. Este se relaciona diretamente com o que rende
uma obrigação. O preço de demanda é o conjunto das receitas ligadas a, por exemplo, um
título financeiro que rende x% e a ação das receitas e tudo isso atualizada a taxa de juros
corrente. A decisão de investimento se define da seguinte maneira: quando o preço de oferta
for superior ao preço de demanda, isso indica que a eficiência marginal do capital é inferior a
taxa de juros. Então, neste caso, o investimento produtivo não vai ser realizado. Ao contrário,
quando o preço de oferta é inferior ao preço de demanda, isso significa que a eficiência
marginal do capital é superior a taxa de juros. Então, neste caso, haverá o investimento
produtivo.
Após, Keynes vai ressaltar uma relação inversa entre o volume do investimento realizado e a
eficiência marginal do capital (sua rentabilidade). Keynes diz “quando o investimento, em
dado tipo de capital, aumenta durante certo período, a eficiência marginal desse capital
diminui a medida que o investimento aumenta. Em parte por que a renda prospectiva baixará
conforme suba a oferta desse capital e em parte por que a pressão sobre as fábricas
produtoras desse capital causará novamente uma elevação do seu preço de oferta. Sendo que
o segundo desses fatores é geralmente o mais importante para estabelecer o equilíbrio no
curto prazo, embora quanto mais longo for o período que se considera, maior a importância
do primeiro fator”. Keynes quer dizer que o primeiro mecanismo ressaltado é que quando o
investimento aumenta, o volume do capital aumenta, a eficiência marginal do capital diminui.
Depois ele diferencia o curto prazo do longo prazo, dizendo que no curto prazo as expectativas
de receitas são dadas. Ocorre que a demanda por bens de capital vai aumentar, mas a curto
prazo a oferta de bens de capital não pode aumentar, as empresas não podem atender a esta
demanda. Desse modo, a oferta permanece constante, pois para este aumentar é preciso de
tempo para gerar os ajustamentos em termo de oferta. As expectativas permanecem
constantes. Assim, no curto prazo a demanda por bens de capital aumenta e oferta permanece
constante. Ou seja, no curto prazo a eficiência marginal do capital diminui em função do
aumento do preço de oferta do capital – a pressão dos empresários por parte da demanda por
esses bens. No longo prazo, está havendo equilíbrio, no seu nível mais baixo - o preço de
oferta é igual ao preço de demanda. O preço de oferta já abaixou, pois houve um aumento da
oferta dos bens de capital, o que gerou uma queda do preço de oferta desses bens de capital.
Por outro lado, Keynes diz que no longo prazo está havendo uma queda das expectativas de
receita ligada a este capital, pois vai haver mais empresa que ofertam esses bens, aumentando
a oferta e diminuindo as receitas ligada a esses novos investimentos. Neste caso é preciso que
ocorra uma queda na eficiência marginal do capital. Essa relação inversa é observada tanto no
curto quanto no longo prazo. Vai haver investimento enquanto eficiência marginal do capital
for maior que a taxa de juro, e haverá o investimento até o momento em que a eficiência
marginal do capital se igualar a taxa de juro, quando o retorno previsto do investimento
produtivo se iguala ao retorno do título financeiro.
Fazendo um paralelo com a Teoria da Renda Diferenciada de Ricardo. Ricardo considera que
está havendo várias qualidades de terra, Keynes considera que está havendo várias qualidades
de capital. Na sua teoria, Ricardo diz que no período t1 está havendo as terras de melhor
qualidade e de maior lucro. No momento t2 as terras de melhor qualidade se tornam escassas
e será preciso cultivar as terras de qualidade inferior e o lucro obtido pelas terras de melhor
qualidade será o mesmo produzido pelas terras de qualidade inferior, pois o lucro obtido nas
terras de melhor qualidade vai ser diminuído da renda, que é preciso pagar para alugar essas
terras. Isso significa, em referência ao valor do capital, que para Ricardo o valor do capital está
ligado ao lucro que este capital pode gerar. Então, o lucro que as terras de melhor qualidade
no período t1 é obrigatoriamente superior ao lucro que as terras de melhor qualidade vão
gerar no período t2, e assim, neste período haverá uma queda do lucro gerada pelas terras de
melhor qualidade. Desse modo, em Ricardo o valor do capital vai ter que ser reavaliado em
cada período.
Resumidamente, Keynes vai raciocinar para cada tipo de capital com determinada qualidade e
depois vai agregar tudo isso dizendo que a eficiência marginal do capital é geral e para poder
realizar essa agregação é preciso reavaliar o capital em todo período. Uma quantidade de
capital agregado a partir do momento em que tem qualidades diferentes o valor dessa
quantidade de capital não pode ser constante. Assim, para Keynes, no primeiro período o
investimento está sendo realizado no que diz respeito ao capital de melhor qualidade
Considerando a relação inversa entre o investimento e a eficiência marginal do capital, a
medida que o investimento realizado desse tipo de capital aumenta, a eficiência marginal do
capital vai diminuir até precisar utilizar capital de qualidade inferior. No segundo período vai
haver uma nova avaliação da eficiência marginal do capital de todas as qualidades. Neste
segundo período é preciso recorrer ao capital de qualidade inferior, ou seja, um capital que
possui eficiência marginal menor. O capital de qualidade 1 no período 2 vai ser igual a
eficiência marginal do capital do capital 2.
Isso significa que o valor do capital é determinada pelas expectativas de lucro que esse
capital vai propiciar para aquele que o compra. Assim, afirmar que esta havendo uma
reavaliação do capital em cada trabalho significa que o capital de cada período será
reavaliado em função das expectativas de longo prazo vigente naquele período. Por isso que
no inicio geralmente as expectativas de retorno são altas, mas a medida que o investimento
em capital para esse tipo de capital vai aumentando as expectativas de lucro vão diminuindo.
Isso vai ocorrer até a chegar no ponto em que é vantajoso explorar para gerar um
determinado lucro e a taxa de retorno for maior que a taxa e juros.
Assim, o nível da taxa de juro determina o último investimento rentável. A medida que está
havendo o aumento da taxa de juros, o investimento vai parar em um certo ponto
determinado pela taxa. E a medida que a taxa de juro diminui, o investimento, que não era
rentável com essa taxa de juros, será realizado na taxa de juros inferior. Essa é a explicação de
Keynes a função de investimento.
A partir disso se poderá explicar por que o sistema produz, de maneira endógena, flutuações
econômicas. Não é preciso invocar um choque exógeno para explicar as flutuações. Isto ocorre
pois haverá um excesso em investimento - a eficiência marginal do capital é superior a taxa de
juros, porém isso faz com que a eficiência marginal do capital diminua, se tornando inferior a
taxa de juros. Devido a esta queda, implica-se que vai haver investimento negativo, havendo
escassez do investimento. Depois dessa queda, há o aumento da eficiência marginal do capital.
A partir do momento em que a eficiência marginal do capital cresce, haverá também o
aumento do investimento. Como as variações do produto e do emprego são mais
proporcionais em relação ao investimento, isso gera as flutuações endógenas.
Keynes diferencia a produtividade física da produtividade de valor. Não é pelo fato de produzir
mais mercadorias com a mesma quantidade de fator que gera sistematicamente o aumento do
lucro, ou seja, as variações de quantidade física não corresponde a variações me valor.
No capítulo 7, diz que, apesar de tudo, o investimento pode ser diferente da poupança.
Quando a poupança é superior ao investimento, a taxa de lucro se torna inferior a taxa de
lucro normal. Isso gera uma queda do produto, característica de uma recessão. Quando um
investimento é superior a poupança, a taxa de lucro efetiva é superior a taxa de lucro normal,
o que gera um aumento do produto e uma fase de expansão.
No capítulo 7, é exposto a polemica entre Keynes e Roberson(?). Para Keynes, em certos casos,
pode haver desigualdade entre investimento global e poupança global – a renda de hoje igual
ao consumo de ontem mais o investimento de ontem, enquanto a poupança de hoje é igual a
renda de hoje menos o consumo. Se se combina essas duas relações há uma terceira relação,
que ressalta que quando está havendo a diminuição do consumo é gerada uma fase de
recessão, ou seja, numa diminuição do produto, e inversamente quando está havendo o
aumento do consumo é gerada uma fase de expansão do curto prazo. Numa obra anterior a
Teoria Geral, Keynes diz que um excesso de poupança em relação ao investimento faz com que
a taxa de lucro efetiva seja inferior a taxa de lucro normal. Isso gera uma queda da renda em
função de uma queda da eficiência marginal do capital. Da mesma maneira, quando está
havendo um excesso de investimento em relação a poupança, a taxa de lucro real é superior a
normal, o que gera um aumento da eficiência marginal do capital.
O professor questiona o fato da poupança global ser igual ao investimento global. Neste
modelo o professor divide a economia em dois setores. O setor 1 é o que produz os bens de
capital e o setor dois os bens de consumo. Conclui que o excesso de oferta no setor um menos
o excesso de demanda no setor dois é igual a diferença entre a poupança global e o
investimento global. Isso implica que se a poupança é sistematicamente igual ao investimento
- o excesso de oferta no setor um é sistematicamente igual ao excesso de oferta no setor dois,
ou seja, a poupança global permanece igual ao investimento global, o que significa uma das
inúmeras manifestações da Lei de Say, pois nesse caso pode haver desequilíbrio setoriais, mas
isso não se traduz por um desequilíbrio global, já que os excessos se compensam. Ao contrário,
se a poupança for superior ao investimento, nos voltamos a Keynes, em que a oferta global
será superior a demanda global, e neste caso haverá uma queda na renda. Se o investimento
for superior a poupança, a demanda global é superior a oferta global, o que se traduz numa
fase de expansão, no aumento do produto. Conclui-se que o fato do investimento sempre ser
igual a poupança, implica que haja estabilidade do equilíbrio macroeconômico, ou seja, a
poupança global permanece igual ao investimento global. Mas quando a poupança global é
diferente do investimento global, isso implica que haja instabilidade do equilíbrio
macroeconômico (equilíbrio aqui segundo como conceituado pela Lei de Say).
Toda análise é feita considerando que apenas os capitalistas poupam e os trabalhadores não,
pois gastam a totalidade da sua renda.
O investimento global depende dos das expectativas de lucros dos capitalistas, o que explica o
próprio conceito da eficiência marginal do capital. A poupança depende do lucro efetivo, do
lucro realizado, pois os capitalistas realizam lucro e parte deste serve para implementar os
gastos dos capitalistas e a outra parte para poupar. Assim, o investimento depende de um
lucro previsto e a poupança do lucro efetivo. Para os neoclássicos, não existe incerteza, desse
modo o lucro previsto é sistematicamente igual ao lucro realizado. Então, na verdade, para
eles, o investimento e poupança depende da mesma variável e isso gera uma igualação
sistemática entre ambos. Já para Keynes, existe incerteza, assim o lucro previsto não é igual
sistematicamente ao lucro realizado, o que significa que o investimento e a poupança
dependem de varáveis independentes. Isso implica que não haja sistematicamente igualação
entre investimento e poupança, o que se traduz numa instabilidade do equilíbrio
macroeconômico. Isso abre a possibilidade de construir modelos dinâmicos a partir de
elementos expostos na teoria geral.
A maior parte dos mecanismos que estão sendo elaborados por Keynes são feitos a partir de
uma perspectiva estática, a partir do equilíbrio estacionária. Este é o equilíbrio pelo qual as
variáveis de curto prazo podem se modificar, mas essas modificações não geram modificações
nas variáveis de longo prazo. Aqui, então, Keynes raciocina de maneira estática e não de
maneira dinâmica. Isto, pois, como já mencionado, Keynes quer refutar toda economia
neoclássica, antes de propor outra explicação, e essa teoria raciocina a partir do conceito de
equilíbrio de Marshall e Walras.
MULTIPLICADOR KEYNESIANO
Haveria uma lei psicológica que atua de tal maneira que c fosse superior ou igual a 0 e inferior
a um, assim, o consumo aumenta proporcionalmente menos que a renda. Aqui se trata do
multiplicador do investimento, pois a partir desta formulação de c, 1/s é obrigatoriamente
superior a 1, quer dizer que o aumento da renda e o aumento correspondente do emprego, é
proporcionalmente superior ao aumento inicial do investimento, por isso que há o efeito
multiplicador, já que as variações iniciais da do investimento e renda são mais que
proporcionais.
A qualquer variação do emprego implica uma variação proporcional na renda. “Se a propensão
marginal a consumir não está longe da unidade, as pequenas flutuações no investimento
provocaram grandes variações no emprego, e consequentemente na renda”. “O aumento
relativamente pequeno no investimento bastará para causar o pleno emprego”. É pelo fato do
multiplicador ser altíssimo, que uma variação inicial do investimento será muito alto.
Keyens discute sobre o que os neoclássicos chamavam de Eviction effect. Supondo que o
investimento público / autônomo aumente, isso pode gerar o aumento da taxa de juros e logo
em uma queda do investimento privado. Pode ser que em nível global o aumento do
investimento público, ou o investimento autônomo, seja compensado pela queda do
investimento global. Assim, nesse caso, haveria um multiplicador igual, não haveria um efeito
multiplicador, já que os efeitos benéficos em termo de aumento do produto e renda ligada na
realização do investimento público seria compensadas pela queda do investimento privado.
Voltando sobre o paradoxo da abundancia, Keynes diz que numa conclusão paradoxal de que
uma comunidade pobre, poupando uma pequena parte de sua rena, está mais exposta a
flutuações violentas do que uma comunidade rica, na qual a poupança apresenta uma
propensão maior da renda e, portanto, o multiplicador é maior. Assim, a instabilidade
econômica é muito maior em uma comunidade pobre. Além disso, a partir deste paradoxo, é
muito provável que o sistema consiga alcançar o pleno emprego, pois quando muito pobre, o
impacto do multiplicador será muito alto, devido a propensão marginal a consumir e media a
consumir alta, mas a medida que o investimento está sendo realizado o PIB per capita
aumenta, e nisso a propensão media a consumir vai diminuir, o que vai reduzir o valor do
multiplicador. Assim para gerar a mesma progressão do produto e emprego precisaria investir
cada vez maior, pois o multiplicador esta cada vez mais diminuindo.
Sobre dívida pública, supondo que todo investimento píblico seja financiado pelo
endividamento – o Estado emite as obrigações públicas para financiar o investimento. Além
disso, as receitas fiscais, que são as receitas que voltam aos atores públicos, seja diretamente
proporcional as variações da renda – quanto maior o crescimento da renda, maior as receitas
fiscais. O multiplicador dirá que a variação da renda é proporcionalmente superior a variação
do investimento. K superior a 1. Mas isso significa que as receitas fiscais crescem mais que as
dividas inicialmente contratada. Ou seja, automaticamente haverá um desaparecimento da
divida, já que o Estado terá cada vez mais recursos para reembolsar o valor que foi
emprestado. Isso é um dos motivos para justificar o endividamento – em função do valor
especifico do multiplicador, essa divida vai desaparecer a medida que os recursos do Estado
crescem mais que os custos de cada divida. Esse mecanismo também pode ser utilizado pelas
empresas privadas. Isso só se torna possível quando não está havendo vazamento, como a
corrupção e a compra de ativo especulativo, que é um dinheiro público que não gera o
aumento do produto e do emprego em nível nacional. Mas se o investimento permite
aumentar a oferta de bens e serviços, isso vai gerar um aumento proporcionalmente maior do
produto e do emprego. Mas se o investimento público se traduz pelo aumento do consumo de
ativos financeiros, especulativos, para aumentar a oferta de ativo especulativo não se traduzirá
pelo aumento do produto nem do emprego. Outra forma de vazamento é o que está havendo
no setor externo: se aumenta a demanda com relação aos produtos importados, isso não irá
gerar beneficio para aquela coletividade.
No capítulo 5, Keynes diz que em todo esquema keynesiano existe uma defasagem entre as
atuações dos agentes: os custos são realizados hoje, com t, em função das expectativas de
receita. Além disso, existe incerteza, ou seja, pelo fato de haver incerteza as expectativas não
se realizam sistematicamente. Enquanto no esquema neoclássico tudo acontece no mesmo
período de tempo e não há incerteza, então é possível igualar custo marginal com receita
margina / produtividade marginal do capital. Já na economia keynesiana existe defasagem, os
custos se relacionam com t e as receitas do investimento com t+1, t+2,... Assim, na economia
keynesiana, não tem como efetivamente igualar custo marginal com a receita margina.
Dicotomia do curto prazo e longo prazo: o curto prazo se relaciona com uma situação em que
o estoque de capital é constante, o único fator que pode mudar é o fator trabalho – Marshal.
Enquanto o longo prazo se relaciona com uma situação na qual o estoque de capital varia.
Keynes considera aqui que o curto prazo se relaciona com custos reversíveis e o longo prazo
com custos irreversíveis. A incerteza keynesiana se explica a partir da irreversibilidade dos
gastos. Custos reversíveis implicam na ausência de incerteza. O investimento produtivo é um
custo irreversível, pois o empresário investe a partir de determinada expectativa de longo
prazo, que são elaboradas hoje. Se depois ele percebe que errou ele ainda terá que financiar o
investimento que realizou no passado. Não existe incerteza no curto prazo.
Além disso, pode haver o mecanismo de Past Dependence: as expectativas de curto prazo
podem gerar modificações das expectativas de longo prazo. Assim, as expectativas de longo
prazo são em parte determinadas pelas expectativas de curto prazo e a incerteza se manifesta
essencialmente no longo prazo pelo fato dos custos implementados no longo prazo, para o
investimento produtivo, serem irreversíveis.