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Amanda Carla Ramos Pena - 2022130089

Respostas:
1) ii
2) iv
3) ii
4) iii

5) a) Dentre as muitas contribuições de Keynes para a ciência econômica, pode-se


destacar aqui a teoria do consumo com ênfase na ideia de que o principal
componente do consumo familiar é a renda corrente. Contrapondo a teoria do
consumo de Keynes, Friedman (1957) constrói a teoria da renda permanente, e vale
ressaltar que inicialmente o autor ignora a presença de incerteza, e apenas
posteriormente no estudo Hall que a incerteza irá incorporar essa teoria. A função
𝑇
1
consumo do modelo é dada por: 𝐶𝑡 = 𝑇
⎛𝐴 + ∑ 𝑌 ⎞, que é proveniente da
0 𝑡
𝑡=1
⎝ ⎠
maximização do lagrangeano da função utilidade.

Para o modelo de Friedman é relevante que se estabeleça algumas premissas,


primeiramente a de que a função utilidade de um indivíduo possui um horizonte de
tempo sendo este o somatória das utilidades de todos os períodos do consumo. O
autor também adota a ideia de que a utilidade marginal do consumo é decrescente
até a maximização da utilidade. Ainda, para o autor, a restrição orçamentária das
famílias obedece a limitação de que o consumo tem que ser menor ou igual à
riqueza acumulada ao longo da vida. Por fim, existe o pressuposto de que o
consumo é constante no tempo.

Assim, essa função consumo é deduzida por um processo de maximização da


utilidade por um indivíduo de sua utilidade esperada ao longo da sua vida, ajustado
para o montante de anos que ele tenciona viver. Assim, o indivíduo maximizador
estabiliza ou suaviza o consumo em cada momento do tempo. Isto é, qualquer
evento que gere uma variação do somatório de renda terá um impacto dado por 1/T.

Friedman destaca que o consumo do indivíduo em um período é dado pela renda


total que ele terá ao longo de sua vida, como sugere o nome da teoria. A renda
transitória, ou seja, a renda variável obtida ao longo do horizonte de tempo, tem um
efeito limitado sobre o consumo, pois o consumo em um determinado momento do
tempo reage desproporcionalmente ao aumento de renda. Ou seja, um aumento na
renda será diluído em consumo por todo o horizonte de tempo quando há a
percepção que o aumento de renda é transitório. Por conseguinte, ao perceber que
essa renda é transitória, o agente prefere reduzir o consumo no momento presente,
e diluir esse incremento em consumo futuro. O autor ainda ressalta que uma
diminuição de tributos (subsídio) tem pouco efeito no consumo, sendo que uma boa
quantia dessa renda extra poderá ser alocada em investimentos conservadores,
justamente pensando em consumo futuro.

Para Friedman, Keynes avalia apenas o caso de consumo relacionado à renda


corrente, e a renda permanente seria a primordial para entender o consumo das
famílias. Dessa forma, a renda corrente seria igual à soma da renda permanente e a
transitória (𝑌𝑡 = 𝑌𝑃 + 𝑌𝑇). Portanto a renda transitória é, 𝑌𝑇 = 𝑌𝑝 − 𝑌 é apenas
um desvio da renda permanente.

Para fornecer complemento à teoria da renda permanente, veio a teoria de Hall


(1978), chamada de passeio aleatório. Aqui, é incorporada a questão da incerteza
que faltava na renda permanente. O autor assume a incerteza sobre a renda do
trabalho. Também que, a função de utilidade é quadrática; que não há jogo ponzi (o
indivíduo não consome mais que a renda adquirida), que pode haver variação do
consumo entre os períodos (aumentando e diminuindo de acordo com as
necessidades de cada agente). Contudo, mantém a utilidade esperada constante,e o
consumo irá depender da expectativa de consumo futuro. Nesta teoria, há uma
noção de incerteza. Entretanto, a teoria da renda permanente precisa ter validade na
presença de incerteza.

Fica claro que, como as variações do consumo são imprevisíveis, o consumo


esperado é o mesmo que o consumo corrente, e sendo assim, na presença de
choques econômicos (crises), e incerteza forte, o consumo corrente torna-se a
( )
melhor antecipação. Pela fórmula a seguir temos que: 𝐶𝑡 = 𝐸𝑡 − 1 𝐶𝑡 + 𝑒𝑡, o
consumo é a esperança do consumo, mais o termo do erro, sendo que esse erro
caracteriza-se pela existência de eventos inesperados que não estão presentes no
modelo matemático. Portanto, essa teoria afirma que o consumo futuro não pode ser
previsto, e que a única maneira de prever esse consumo é através da renda
permanente, somado a um choque aleatório.

Essa teoria de Hall (1978), tem suas limitações e por isso. Campbell e Mankiw
(1989) também apontaram para uma fragilidade no método usado pelo autor, que
que foi o uso MQO, ignorando que existe endogeneidade dos regressores nesse
caso.

Para concluir, vale ressaltar que os estudos acima não consideram o elevado grau
de impaciência dos investidores, bem como outros fatores que limitam o crescimento
do consumo de forma proporcional ao aumento de renda. Ainda podemos
acrescentar que, existe o motivo precaucional que é um instinto protetivo à incerteza
inerente à economia.

b) O “q” de Tobin, caracteriza-se como a razão entre o valor de mercado das


empresas ou um bem de capital dividido pelo custo efetivo de reposição. O autor foi
pioneiro ao demonstrar que os investimentos podem ser antecipados através da
relação entre o valor de mercado da empresa e seu custo de reposição do estoque
de capital físico. Em suma, quanto maior a capacidade de geração de lucro de uma
empresa, maior o “q” de Tobin. Consequentemente, isso irá influenciar o valor de
mercado da empresa em questão. Sendo assim, existe um período que antecede o
aumento dos lucros, no qual os investimentos ou a Formação Bruta de Capital Físico
aumentaram.

O “q” de Tobin mostra no período “t” o valor de mercado das empresas, o que
significa que o “q” contém as informações sobre o futuro em um dado tempo “t”. Por
exemplo, informações de balanço de empresas e dentre outras. Portanto, o “q” é
apresentado como mais uma unidade de capital (+1), e afeta a lucratividade da
empresa a valor presente.

Tobin deixou uma grande contribuição para a ciência econômica, pois até a
atualidade é utilizada a ferramenta do “q” de Tobin para desenvolver estudos de
formas de medição que consigam antecipar o comportamento do investimento
agregado dos países a partir das flutuações dos valores de mercado das empresas
destes países.

Um exemplo do uso do q de Tobin no processo decisório de investimento, vamos


supor que o “q” esteja acima do esperado, fazendo com que a firma aumente seu
estoque de capital. Isso porque, o “q” é um termômetro da expectativa dos lucros
futuros, logo, com um “q” mais elevado, sugere-se a partir de uma análise, um
incentivo ao investimento. Da mesma forma, se o “q” encontra-se abaixo do
esperado, vai haver um processo de desinvestimento dessa economia.

As linhas de pesquisa de vertente Keynesiana têm voltado a atenção para a análise


da existência de uma taxa interna de retorno, que tem convergência com a estrutura
de cálculo do “q” de Tobin, ao passo que os estudos dessa linha de pesquisa
apontam que a atratividade de um investimento aumenta quando o valor da
lucratividade potencial de um bem de capital for >0 (positivo), descontando os custos
de operacionalizar tal investimento.

Todo processo de decisão de investimentos, deve levar em consideração a


incerteza, mas além de influenciar a decisão de investimento dos agentes
econômicos, a incerteza afeta de forma significativa as empresas, pois as decisões
da empresa, muitas vezes, envolvem compromissos de longo prazo que uma vez
feitos são irreversíveis a curto prazo. Uma corrente que trata desse tema de
investimento no curto prazo é a escola novo-Keynesiana.

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