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Natal – RN
2012
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Natal – RN
2012
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AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, Paulo Eduardo da Silva, por todo amor e dedicação que sempre
teve comigo. Sou grata ao meu Deus por me permitir ter tão grande pessoa ao meu
lado. Palavras não são suficientes para expressar o meu sentimento por ti, mas
numa tentativa de fazê-lo, mesmo sendo inefável, me resta dizer-te: Eu te amo! Meu
pai, meu exemplo, meu herói!
Ciência Econômica, que o sonho é possível... podemos ter uma sociedade melhor,
uma sociedade mais justa e inclusiva.
Por fim, gostaria de agradecer aqueles que sempre estiveram ao meu lado,
amigos e familiares, pelo carinho e pela compreensão nos momentos em que a
dedicação aos estudos foi exclusiva. Obrigada a todos.
7
SILVA, Sabrina Carla Alves da. Vantagens e desafios da geração elétrica a partir
da fonte eólica: ações, entraves e perspectivas no Rio Grande do Norte período
2004-2011. Natal, RN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento
de Economia, 2012. (Monografia).
RESUMO
ABSTRACT
Analyzes actions, main obstacles and challenges for the development of production
of electricity through wind power in the state of Rio Grande do Norte, highlighting the
possible consequences of this economic activity for the state economy. For both
uses as instruments of an exploratory qualitative research design with bibliographical
and documentary, with the use of primary and secondary data and time series from
2004 to 2011. In general, it was observed that the main challenges for the
development of increased eolian activity in the state of Rio Grande do Norte move
through the issues of logistics and infrastructure. It was found that the economic
benefits for the state against this activity are indirect, since it does not generate tax
revenues to the state. However, indirectly there is job creation and income
generation from the plant equipment, the infrastructure works, and other economic
activities, in addition to the municipal tax revenues of the Tax on Services of Any
Nature (ISSQN). The most positive impacts on the economy of Rio Grande do Norte
were: the creation of jobs in wind farms under construction, since the entry into
operation reduces job creation in a relevant way, from that income generation and
municipal tax revenues. Finally, we can conclude that Rio Grande do Norte has great
natural potential for wind farm in order to make this source as a complementary array
of electric generation state, and that despite the obstacles faced by the activity status
has been set nationally as a major producer of electricity through wind power,
generating indirect benefits to the state economy.
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A - Potência eólica internacional acumulada ao final de cada ano ............ 132
LISTA DE APÊNDICES
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- Potência eólica internacional acumulada ao final de cada ano (em MW)
.................................................................................................................................. 34
GRÁFICO 4 - Potencial Eólico por estados no Brasil (em kW) – 2011 ..................... 50
GRÁFICO 9 - Matriz de Geração Elétrica por estados da Região Sul – 2011 .......... 58
LISTA DE MAPAS
MAPA 5 - Potencial Eólico do Rio Grande do Norte a 100 m de altura – 2003 .......... 71
LISTA DE TABELAS
TABELA 2 - Evolução dos preços contratados nos leilões de energia entre os anos
de 2006 e 2011 (Em R$/MWh) ........................................................................ 44
TABELA 4 - Resumo da situação dos parques eólicos por estados no Brasil- 2011 51
TABELA 7 - Situação das Usinas eólicas no Rio Grande do Norte (em quantidade de
empreendimentos) – 2011 ........................................................................................ 81
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20
INTRODUÇÃO
1
Em maio de 2012 entrou em operação um novo Parque no município de João Câmara, somando um total de 10
parques eólicos no Rio Grande do Norte.
2
Tibúrcio Batista foi Coordenador de Energia do RN na gestão de 2010.
3
Jean-Paul Prates atualmente é Diretor-Presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia
(CERNE).
4
Everaldo Feitosa é o diretor da Eólica Tecnologia Ltda.
22
Bresser Pereira (1989) chama a atenção para a visão histórica - tomando por
base os países que primeiramente se industrializaram, a Inglaterra, França e
Estados Unidos -, e menciona a existência da presença de intervenção estatal no
processo de acumulação primitiva durante o período mercantilista. Segundo o autor
em tela, é desse período que surgem as teorias clássicas e até após a revolução
industrial percebe-se redução do papel do estado na economia. Em suma a
intervenção estatal é retomada, de forma mais definida, com as ideias de Jonh
Maynard Keynes no ano de 1930, quando o mundo passava por uma grande
depressão.
Os preceitos keynesianos rompiam com os princípios clássicos do liberalismo
econômico. Segundo Bresser Pereira (1976), Keynes sugeria que o Governo devia
intervir na economia através de uma política monetária e fiscal, que segundo ele
controlaria os efeitos negativos da recessão e depressões.
De acordo com esta perspectiva keynesiana a ação estatal poderia reter a
crise econômica estabelecida, dado que para os keynesianos o mercado por si só
não garante conduzir a economia para além da depressão. Essa ação do Estado
seria direcionada nos Estados Unidos e América Latina por uma elevação dos
gastos públicos com “instalações de empresas estatais; investimentos em ferrovias,
rodovias e a criação de uma grande rede de proteção social”, e por essa via o
Governo promoveria o aumento da “demanda agregada da economia, criando
condições para o pleno emprego, com isso minimizando os riscos de crise no
sistema”. (MENDONÇA, 2007. p. 19).
No Brasil, a depressão mundial afetou diretamente a economia,
principalmente a produção do café, e também desestruturou a oligarquia cafeeira
que provocou – a partir de questões políticas – a “centralização do Estado para o
estimulo ao desenvolvimento nacional”. Nesse período o setor energético tinha uma
forte intervenção estatal. (LEME, 2005, p. 176).
Nessa perspectiva, os anos das décadas de 1950 e 1960 foram de
crescimento da economia mundial e desenvolvimento econômico capitalista, de
acordo com Glyn et al (1989) apud Bresser Pereira (1989), um período com
“crescente intervenção estatal”. (GLYN, HUGHES, LIPETS e SINGH, 1988 apud
BRESSER PEREIRA, 1989. p. 123).
24
7
O artigo não possui data de publicação. Dessa forma, de acordo com normas da ABNT NBR 14724/2011 segue
a data de acesso ao documento.
26
8
Segundo art. 2º da Lei 10.847 de 15 de março de 2004, "A Empresa de Pesquisa Energética - EPE tem por
finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor
energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas
renováveis e eficiência energética, dentre outras.”.
27
Já Dutra (2007), entre outros fatores, realiza uma análise do contexto setor
elétrico brasileiro, especialmente da evolução das políticas implementadas para o
desenvolvimento de fontes renováveis de energia. Além disso, propõe algumas
estratégias para a atividade eólica no país após o Programa PROINFA. O autor em
tela referencia alguns fatores importantes do setor os quais perpassam a
organização estratégica de expansão do setor de energia elétrica. Alguns desses
fatores são: “redução das emissões do setor elétrico; otimização do sistema
hidrelétrico; desenvolvimento industrial; e regional e aumento da participação de
fontes renováveis alternativas na matriz energética”. (DUTRA, 2007, p. vi).
No que tange a pesquisa do tipo documental, a mesma foi optada para se
obter informações empíricas. Tais dados foram coletadas a partir de documentos
existentes que ainda não foram analisados, tais como: documentos de arquivos
públicos, relatórios técnicos, contratos, entre outros, de forma a selecionar, tratar e
interpretar essas informações em estado bruto, buscando extrair valores para as
mesmas.
Cabe frisar que ainda foi realizada uma minuciosa pesquisa da realidade
econômica estadual, de forma a conhecer e obter domínio do tema. Quanto ao
método de pesquisa, utilizou-se na abordagem a do tipo dedutivo aplicando o
referencial teórico e analítico construído para assim conseguir através da
metodologia usada responder a problemática anteriormente exposta.
Os dados quantitativos utilizados foram obtidos por fonte secundária, por
pesquisa a sites de órgãos e instituições que coletam, analisam e publicam dados
oficiais, os referidos sites são: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
Ministério de Minas e Energia (MME); Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS),
Empresa de Pesquisa Energética (EPE); Secretaria de Desenvolvimento Econômico
do Rio Grande do Norte (SEDEC); dentre outros. As fontes primárias foram
exploradas a partir de entrevistas realizadas a instituições e agentes da atividade
eólica no Rio Grande do Norte.
Os dados coletados foram tabulados e apresentados em forma de tabelas,
quadros e gráficos. Como alguns dados tiveram que ser coletados em sua forma
bruta, os mesmos foram reelaborados de acordo com o objetivo da pesquisa. Devido
às diversas informações coletadas em diferentes fontes, foi criado um banco de
dados no aplicativo Excel onde tais informações foram armazenadas de acordo com
as seguintes variáveis: produção elétrica anual; demanda e oferta elétrica anual
29
11
O primeiro catavento adaptado a geração de energia elétrica foi erguido na cidade de Cleveland - Ohio (EUA)
por Charles F. Bruch no ano de 1888. O catavento era voltado para eletrificação em campo. (DUTRA, 2008).
33
12
Gabinete para o Desenvolvimento do Setor Energético (Gabinete do Governo do estado de Macau, China).
13
Constam (Anexo A) alguns Gráficos que demonstram a evolução da fonte eólica por países produtores, no
período de 1970 até 2008.
35
14
International Energy Outlook (2009) apud Capeletto e Moura (2010).
36
Nesse contexto, observa-se que nos últimos anos o Brasil tem investido em
ações voltadas à ascensão da energia eólica. As primeiras iniciativas de grande
magnitude datam do ano de 1994, quando o Ministério de Minas e Energia (MME) –
juntamente com o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) – organizou o I
Encontro para Definição de Diretrizes para o Desenvolvimento de Energia Solar e
Eólica, tal encontro foi realizado na cidade de Belo Horizonte - MG.
Mediante este evento foi elaborada a Declaração de Belo Horizonte que
traduz resultados desse encontro. Além de metas e propostas contêm na
Declaração algumas diretrizes para as energias solar e eólica no Brasil, que
continuam sendo debatidas e detalhadas para fim de ações efetivas. (CRESESB,
2010).
Em linhas gerais, tais diretrizes dividem-se em sete categorias, a saber:
diretrizes políticas; diretrizes legislativas, administrativas e institucionais; diretrizes
tecnológicas; diretrizes financeiras e fiscais; diretrizes para a formação de recursos
humanos; e diretrizes para a divulgação das energias solar e eólica. Ademais,
também ficou estabelecida a realização do Fórum Permanente de Energia Solar e
Eólica anualmente. (DECLARAÇÃO DE BELO HORIZONTE, 1994).
No entanto, o primeiro Programa de larga escala do Governo Federal do
Brasil deu-se em 2001, quando passou a ser posto em prática políticas públicas que
passaram a proporcionar estrutura e incentivo ao desenvolvimento da energia eólica
38
15
Tais objetivos serão apresentados no desenvolvimento da seção 1.2.1.1 desta Monografia.
39
16
Fornecedor instalado no Brasil: Wobben Wind Power.
40
17
Para conhecer tais Programas acessar site da Eletrobrás: www.eletrobras.com.br.
18
Para conhecer atribuições da ANEEL, acessar o portal www.aneel.gov.br.
41
Por meio da Lei Federal Nº 10.848, de 15 de março de 2004, foi inserido duas
novas formas de comercialização de energia elétrica no Brasil, a saber: o Ambiente
de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL). O CCEE
define a forma de contratação de ambos,
19
Apenas no ano de 2011 alguns projetos eólicos passaram a ser negociados no mercado livre. No dia
01/03/2012, foi inaugurada, no Rio Grande do Norte, a primeira Usina do Brasil negociada nesse ambiente de
contratação. A Usina Miassaba II, no município de Guamaré.
44
tese pode ser constatada a partir da Tabela 2 que apresenta a evolução dos preços
negociados em leilões nos últimos anos. (TOLMASQUIM apud EPE, 2011 p. 2).
20
Até data de finalização deste trabalho os dados atualizados (consolidados) no BEN correspondem ao balanço
energético de 2011 com referência ao ano de 2010.
49
por fonte eólica, com um resumo dos empreendimentos eólicos no país, onde consta
a existência de 73 empreendimentos eólicos distribuídos nas regiões Nordeste, Sul e
recentemente também no Sudeste.
Pode-se perceber que a fonte mais utilizada para geração elétrica nestas três
regiões é a hidráulica, a partir das Usinas Hidrelétricas de Energia (UHE) e
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), esta segunda se diferencia da primeira por
ser uma usina hidrelétrica de pequeno porte onde a capacidade instalada é inferior a
30 MW e a área do reservatório não supera a máxima de 3 km².
Os mapas apresentados no Quadro 1 referem-se ao potencial eólico do Norte,
Centro-Oeste e Sudeste. A análise destes mapas permite observar que das três
regiões citadas o Sudeste é a que possui maior potencial favorável à exploração
eólica (área avermelhada do mapa), como se pode notar principalmente no litoral do
Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
No que concerne às regiões Nordeste e Sul, além do estado do Rio de
Janeiro, visto que possuem produção eólica, é relevante expor o cenário energético
mais detalhadamente. Por essa razão, na sequência será realizada uma análise da
atuação eolielétrica em tais localidades.
Além disso, vale salientar que a sazonalidade dos regimes naturais dos
ventos no Nordeste apresenta-se como complementar aos períodos de vazão
hídricas naturais do rio São Francisco, de onde origina geração de importantes
hidrelétricas no Brasil. Ou seja, o maior regime dos ventos coincide com o período
de baixa precipitação de chuvas. Tal fenômeno pode ser facilmente observado no
Gráfico 7. (OLIVEIRA e SANTOS, 2008).
Dessa forma parece claro afirmar, frente a esse quadro apresentado, que o
Nordeste tem uma participação da eólica na sua matriz elétrica elevada quando
comparada com as demais regiões do país. Além disso, o Nordeste aporta a maior
parte dos projetos eólicos aprovados nos leilões de energia por fontes alternativas
promovidos pela ANEEL, bem como de empreendimentos em outorga, o que prediz
que esta região possui fatores que a qualificam para que no futuro seja grande
produtora líder na oferta de energia nacional por fonte eólica.
De acordo com a matriz elétrica apresentada, nota-se que a região Sul segue
a linha nacional na geração elétrica, sendo mais da metade da matriz de origem
hidráulica. Nessa região somando PCH e UHE 86% da geração elétrica provêm da
água. A participação da EOL ainda é pequena, mas estados do Sul têm investido
nessa FAE, Rio Grande do Sul, por exemplo, teve a maior quantidade de projetos
eólicos aprovados no leilão de energia promovido pela ANEEL em junho de 2011.
No que tange aos demais entes federativos, observa-se que os três estados
desta região, possuem parques eólicos. No entanto, com uma participação bem
amena comparada com outras fontes, como já elucidado na seção anterior devido à
recente participação da fonte eólica no setor elétrico.
No Gráfico 9 é apresentada a matriz elétrica do Rio Grande do Sul, Paraná e
Santa Catarina de acordo com as fontes geradoras de eletricidade em cada estado.
Tais dados apresentam o Rio Grande do Sul como produtor líder nesta região
frente à Santa Catarina e Paraná. Tal estado possui 9 parques eólicos e alcança a
potência de 340.000 kW. Santa Catarina possui 12 parques eólicos com potência de
235.800 kW. Deve ser enfatizado que o Paraná aparece com dois parques e 2.502
kW de potência. Esses números representam 1,10% da matriz elétrica do Sul.
59
isso, é relevante frisar que o Rio de Janeiro é um dos estados brasileiros com a
menor participação de fontes limpas na geração de eletricidade, além de que é um
dos maiores produtores de petróleo do Brasil, sendo assim investimentos em novas
fontes de energia renovável de suma importância para a diversificação da matriz
elétrica estadual.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustível
(2011), no território do Rio de Janeiro encontra-se a Bacia de Campos, maior
reserva petrolífera da plataforma continental brasileira e responsável por mais de
80% da produção de petróleo no Brasil. Por essa razão tal atividade apresenta
grandes vantagens econômicas e financeiras para o estado e o país. Por outra via é
crescente a discussão em nível mundial concernente as questões ambientais, além
de que o petróleo, que é a atual a mais importante fonte energética do mundo trata-
se de um bem finito na natureza.
Isso permite afirmar que se faz necessária a diversificação na matriz
energética, não de uma forma substitutiva às fontes convencionais e sim
complementar. Dessa maneira tornar mais segura à oferta de energia, visto que a
demanda por eletricidade segue crescendo. De acordo com Ministério de Minas e
Energia21 (2007), no ano de 2010 o consumo total de energia elétrica no país foi de
486,2 TWh. A projeção para 2020 é de um acréscimo um pouco mais de 45% no
consumo de eletricidade nacional, e para 2030 um aumento de 174%. É preciso
garantir oferta de eletricidade para atender a elevação dessa demanda. Além disso,
utilizando-se fontes renováveis de forma complementar as convencionais na
geração de energia elétrica, provoca-se uma agressão mais tênue ao meio
ambiente.
Dito isso, na sequência serão apresentadas as características do potencial e
produção eólica no estado do Rio de Janeiro. Para isso, segue o Mapa 4 que
referente o potencial eólico em tal estado.
21
Ministério de Minas e Energia, Matriz Energética Nacional 2030. p. 180.
62
25
Carlos Minc é Secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro em 2011.
26
Link para a reportagem da citação: http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/rio-de-janeiro-desonera-
producao-de-equipamentos-de-energia-eolica-e-solar
64
27
Lei Estadual nº 2.721, de 14 de dezembro de 1961.
28
Decreto federal nº 1.302, de 03 de agosto de 1962.
65
29
Atualmente a COSERNE compõe o Grupo Neoenergia.
30
Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia.
66
1.324 GWh em 2010, uma variação de 320,40%. No ano de 2008 a geração foi de
317 GWh. (BEN, 2011) 31. (Ver Gráfico 11).
31
Dados disponíveis no Relatório do Balanço Energético Nacional de 2011, p. 132.
67
Nesse contexto, é basilar conhecer a matriz elétrica potiguar para saber quais
as fontes geradoras de eletricidade do Rio Grande do Norte. Para isso segue abaixo
o Gráfico 13 que reúne informações da matriz elétrica do estado em 2011.
32
Dados disponibilizados pelo Departamento de Comunicação Institucional da empresa Cosern em entrevista ao
autor (a) deste trabalho (2011).
68
33
Dados concernentes ao fator de capacidade das regiões Sul e Nordeste no anexo F desta monografia.
69
34
Tabela com resumo das usinas termoelétricas e eolielétricas do RN está disponível no Anexo D desta
monografia.
70
2.1.2 Cenário eólico estadual: ações no setor de geração elétrica por fonte
eólica
Como já foi mencionada neste trabalho, a crise energética foi um dos fatores
que alavancou investimentos para o fornecimento de infraestrutura para garantir
oferta de energia elétrica no Brasil utilizando também Fontes Alternativas de Energia
(FAE). Aliado a isso o advento eólico internacional e domínio tecnológico por parte
de alguns países também contribuíram para o desenvolvimento da energia eólica no
Brasil, visto a competitividade da eólica às fontes convencionais.
71
35
J. M. Oliveira Júnior é coordenador de energia do estado do Rio Grande do Norte em 2011.
72
36
Os leilões de energia periódicos são identificados pela letra A seguida de um número, este representa o prazo
em anos que o projeto aprovado no leilão tem para executar e iniciar operação da usina. No caso, o prazo do
leilão é de três anos, ou seja, A-3.
73
ser uma fonte de energia renovável e que agride de forma mínima o meio ambiente,
a energia elétrica por fonte eólica já é uma das mais baratas do país. (EPE, 2011).
O referido leilão comercializou o total de 2.744,60 MW de energia elétrica,
gerados a partir de 51 usinas contratadas, sendo que 62% por fontes renováveis e
apenas 38% provenientes de fonte fóssil. Das fontes contratadas, os preços médios
em R$/MWh foram os seguintes: R$99,58 para eólica; R$102,00 para hídrica;
R$102,41 concernente a biomassa; e, por fim, R$103,26 referente ao gás natural.
(EPE, 2011).
No que tange os parques eólicos em operação no estado, os
empreendimentos seguem as seguintes características: o parque eólico no
município de Macau não tem como destino de produção o comercial, sua
capacidade de geração é de 1,8 MW. Esse parque dispõe de três aerogeradores
com potência de 600 KW cada. O segundo parque implantado está localizado no
município de Rio do Fogo, gerando atualmente 49,3 MW de energia. Os demais
parques do estado são: Alegria I, Mangue Seco 1, Mangue Seco 3, Mangue Seco 1
e Mangue Seco 5, e Miassaba II, todos na cidade de Guamaré. Além de mais um
parque em Brejinho, o mesmo tem como destino de energia apenas registro, é um
parque teste do CTGás-ER. A Tabela 5 apresenta essas Usinas.
38
Fonte: Elaboração própria a partir de IBGE (2012) ·.
37
Proprietário de Usina de Energia Elétrica com destino de energia PIE é responsável pela produção e
comercialização da energia produzida, como prevê o Art. 11 da Seção II do Decreto Nº 2.003 da ANEEL.
38
Mapa de fundo retirado do IBGE Mapas (2012), disponível em: http://mapas.ibge.gov.br/. Montagem
realizada pela autora no aplicativo PowerPoint.
75
No que tange aos investimentos, o parque foi implantado com o total de 6,7
milhões de Reais. A Petrobrás foi pioneira no Rio Grande do Norte na implantação
de usinas eólicas e, ademais, implantou mais dois parques no estado em parceria
com outras três empresas. Mas, antes de descrever esses empreendimentos serão
apresentadas as implantações de parques eólicos no estado numa ordem
cronológica. (SET, 2006).
Seguindo essa análise, no ano de 2006 foi instalada a segunda usina eólica
no Rio Grande do Norte, a mesma fica localizada no município de Rio do Fogo. Esse
parque é controlado por Energias Renováveis do Brasil (Enerbrasil). Essa empresa é
subsidiária do grupo espanhol Iberdrola no Brasil. O parque possui 62
aerogeradores com potência de geração de 49,3 MW, sendo um dos projetos
financiados pelo Programa Federal Proinfa.
De acordo com a Enerbrasil apud Secretaria da Tributação do Rio Grande do
Norte (2006), a energia gerada é vendida ao sistema elétrico brasileiro através da
76
39
A Resolução do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica foi discutida no capítulo 1
desta monografia.
40
Energias Renováveis do Brasil é uma empresa de geração de energia elétrica.
41
CARVALHO, 2007: Liu Su E. Carvalho é Gestora em Comércio Exterior da Empresa Iberdrola Energia do
Brasil Ltda.
42
ERB Energias Renováveis do Brasil (Enerbrasil) é uma empresa pertencente à Iberdrola Energias Renováveis
de origem espanhola (Grupo Iberdrola).
77
43
“A New Energy Options Geração de Energia S.A. é a empresa brasileira que desenvolve o Parque Eólico
Alegria e a que o gerenciará durante todo o seu contrato de comercialização da energia elétrica. É controlada
pela Multiner S.A., um conglomerado nacional, com sede no Rio de Janeiro/RJ, especializado no
desenvolvimento e gestão de empreendimentos de geração de energia elétrica. Também participa da New Energy
a Eólica Administração e Participações Ltda., uma empresa brasileira, com sede em Recife/PE.”. (NEO, 2011).
78
44
Além desses, no mês de março do ano de 2012 entrou em operação comercial o Parque Aratuá I de
propriedade da Brasventos Aratuá 1 Geradora de Energia S.A, com capacidade de gerar 14,4MW de energia
elétrica. (ANEEL, 2012).
81
45
Fonte: Modificado e atualizado pela autora a partir de ENERGIARN, 2011. Disponível em:
www.jpprates.blogspot.com; e SFG, 2011. Dados disponíveis em: www.aneel.org.br.
45
Mapa de fundo retirado do IBGE Mapas (2012), disponível em: http://mapas.ibge.gov.br. Montagem realizada
pela autora no aplicativo PowerPoint a partir de informações e Mapa de Energiarn (2011) e dados da SFG
(2011).
83
46
I. M. Bezerra é Coordenador do Núcleo de Parques Eólicos do IDEMA/ RN.
47
A informação foi disponibilizada por O. Cardoso Júnior (Coordenado de desenvolvimento comercial do Rio
Grande do Norte na gestão de 2011) em entrevista concedida ao autor (a) deste trabalho em Nov, 2011.
84
48
Relatório da Projeção da Matriz Energética do Rio Grande do Norte 2030 elaborado pelo Estado do Rio
Grande do Norte em parceria com a Petrobrás e o Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São
Paulo (IEE/USP); e o Relatório da Matriz Energética Brasileira 2030 de elaboração do Ministério de Minas e
Energia (MME).
49
MME (2007): Matriz Energética Nacional 2030, p. 96.
89
50
Disponível em: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=37&idPerfil=2. Acompanhamento da Expansão da
Oferta de Geração de Energia Elétrica.
90
81% na geração elétrica do estado. Todavia, é relevante notar que tal cenário refere-
se à capacidade instalada, ou seja, ao considerar o fator capacidade51 a participação
da fonte eólica torna-se menos hegemônica.
Por essa razão, outro cenário foi projetado para a matriz elétrica estadual em
2015, dessa vez considerando o fator capacidade. Como visto no Capítulo 2 o fator
capacidade está condicionado a outros fatores, como o vento, por exemplo, de
maneira tal que como este trabalho não tem por objetivo mensuração da variação do
fator capacidade se optou usar o fator de 40%, levando-se em consideração que
Oliveira Júnior (2011) elegeu esse valor ser a média para o estado do Rio Grande do
Norte. O Gráfico 18 auxilia o entendimento da importância da fonte eólica para a
próxima década.
51
Fator Capacidade: proporção entre a produção efetiva da usina em um período de tempo e a capacidade total
máxima neste mesmo período. (OLIVEIRA JÚNIOR, 2011).
91
ainda assim permanece como a principal fonte geradora de energia elétrica no Rio
Grande do Norte, com 63% do total gerado, contra 37% das termelétricas.
Desta forma, faz-se mister acentuar que para a projeção dessa matriz
apresentada considerou-se os leilões de energia até dezembro de 2011. Como
deverão ocorrer outros leilões nos próximos anos, podendo por essa via ser
contratados novos empreendimentos tanto eolioelétricas quanto termoelétricas, esta
matriz provavelmente não tende a permanecer como se encontra, sofrendo maior
alteração.
A partir dos dados apresentados pôde-se constatar que nos próximos anos o
Rio Grande do Norte contará com uma maior capacidade na geração de energia
elétrica, onde sua oferta possívelmente ultrapassará a demanda interna por energia
elétrica, quadro esse positivo para a possibilidade do estado poder gerar eletricidade
para venda.
Dito isso, na próxima seção serão abordados alguns entraves que a atividade
eólica tem enfrentando nesse início de desenvolvimento no Rio Grande do Norte.
São Paulo, Paraná e Ceará, por estradas. Essa logística de fretes implica maiores
custos para as empresas construtoras de parques eólicos no estado.
Em tese, essas questões poderão se acentuar na fase das obras dos projetos
aprovados nas regiões serranas do estado, onde as estradas são de curvas mais
fechadas. A Rodovia estadual RN-120, por exemplo, que liga os municípios de João
Câmara e São Bento do Norte, não apresenta estrutura para comportar o fluxo de
carretas com equipamentos, essa região é uma das quais serão construídos grande
número de Parques Eólicos no estado. (FIGUEIREDO apud ALVES, 2011).
Uma das alternativas para gerar confiabilidade de novos investimentos no
setor elétrico por fonte eólica seria a atração de indústrias de equipamentos eólicos
para o estado. No entanto, se o Rio Grande do Norte tem apresentado questões
problemáticas quanto à logística e infraestrutura possivelmente o interesse de
fabricantes esbarre nas incertezas futuras. Presume-se a necessidade do estado
promover benefícios para matéria-prima, mão de obra especializada e
comercialização da fonte eólica.
No entanto, mesmo com os entraves mencionados uma fabricante de
equipamentos eólicos, a Wobben Windpower, foi instalada na cidade de Parazinho,
que é o único município do Rio Grande do Norte que conta com uma fabricante de
equipamento. Mas, de acordo com Figueiredo apud Alves (2011), a fábrica em
Parazinho não tem capacidade de atender a demanda dos projetos eólicos já
emplacados em leilões. De acordo com os autores em tela, considerando a situação
atual, cerca de 90% dos equipamentos das usinas que iniciarão obras para entrada
em operação até 2015 terão que comprar equipamentos fora do estado.
Esses dados reforçam a questão levantada anteriormente: o estado do Rio
Grande do Norte teria infraestrutura para atender as 78 usinas que estão em fase de
construção, obras iniciadas ou não, e os demais projetos aprovados nos leilões
recentes? Parece claro afirmar que se medidas não forem realizadas num curto
prazo, ou seja, dentro do cronograma desses projetos já aprovados, provavelmente
as dificuldades de implantação das usinas poderão tornar o estado, não apenas,
potencial produtor eólico, mas, na prática, produtor ínfimo do seu potencial.
Enquanto isso, outras situações agravam a questão da infraestrutura no
estado, como é o caso do escoamento da energia elétrica produzida pelas usinas
eólicas. A construção do sistema de transmissão do Parque até uma
subestação é de responsabilidade restrita da proprietária, construído a partir de uma
94
52
Estão sendo construídas novas linhas de transmissão de energia elétrica no Brasil, tais serão concluídas apenas
no ano de 2013, o que poderá atrasar a entrada em operação de pelo menos 20 novos parques do Rio Grande do
Norte com cronograma para operação comercial em 2013. (FRIAS 2011; MENDES, 2011).
95
53
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) foi criado por Lei Complementar
(87/1996), da qual ficou instituído que cada Estado e o Distrito Federal passariam a instituir o tributo por Lei
Ordinária, e a mesma regulamentada por Decreto. Algumas atividades são isentas do ICMS, inclusive a geração
de energia elétrica. (BRASIL, Lei Nº 87/1996 Art. 3º, Inciso III).
54
A Lei Federal que regula o ISSQN é a Lei nº 116, de 31 de julho de 2003.
97
55
O Distrito Federal por ser uma unidade da federação tem as mesmas atribuições dos Estados e dos Municípios.
(Constituição Federal de 1988).
98
Ou seja, no que tange aos municípios produtores de energia elétrica por fonte
eólica a arrecadação é feita durante e após a implantação dos parques. Desta
forma, na sequência é apresentada a evolução da arrecadação municipal nos
municípios do Rio Grande do Norte onde constam empreendimentos eólicos em fase
de construção a partir dos anos de 2010 e 2011. O Gráfico 20 ajuda a entender essa
realidade.
Como foi visto, o Rio Grande do Norte é um estado que possui uma vantagem
competitiva natural frente à atividade eólica, tendo em vista o grande potencial para
a exploração elétrica por essa fonte. No entanto, cabe frisar a necessidade do
estado possuir outras vantagens e tornar-se mais competitivo, visto que outros
estados como Rio Grande do Sul, Ceará e Bahia têm crescido no setor.
Uma dessas possibilidades de promoção à competitividade seria a existências
de fábricas de equipamentos eólicos em território estadual, visto que se poderia
minimizar custos com transportes de matérias-primas para empresários de parques
eólicos. Nesse tocante, desde janeiro de 2011 o município de Parazinho conta com
a instalação de uma fábrica que produz torres de geradores, a Wobben Windpower
Ind. e Com. Ltda. A fábrica conta com 279 funcionários, dos quais, em média, 57%
são do município local e os demais contratados de cidades próximas, como
Mossoró, Guamaré, João Câmara e São Miguel do Gostoso. (MOURA, 2011).
De acordo com Figueiredo apud Alves (2011), equipamentos como pás
eólicas e turbinas são compradas de outras fabricantes instaladas em São Paulo,
Paraná, Fortaleza, e Pernambuco. O estado de Pernambuco, por exemplo, conta
com as fabricantes Iraeta (produz flanges eólicas), Impsa (produz geradores eólicos)
e Eolice (produz turbinas eólicas). Essa última investiu 100 milhões de reais
instalando-se no complexo industrial de Suape, estima-se a criação de 1.500
empregos diretos.
No entanto, além da fábrica instalada em Parazinho não ter capacidade de
cobrir toda a demanda dos parques que serão construídos no Rio Grande do Norte,
tal produz apenas as torres eólicas, de forma que os demais equipamentos devem
ser adquiridos em outros estados ou até mesmo fora do país.
100
Visto que o Rio Grande do Norte nos leilões de energia finalizados em média
captam relevante volume de MW, é natural que esse quadro atraia investidores
industriais. No entanto, além disso fazem-se necessários incentivos fiscais e
infraestrutura favorável. Essa última variável é uma das problemáticas do Rio
Grande do Norte, que será discutida no tópico seguinte.
58
De acordo com a Lei Nº 10.848 de 15 de março de 2004, O Ministério de Minas e Energia (MME) é o
regulador primário do Governo brasileiro do setor elétrico. O Brasil possui o Sistema Interligado Nacional, que
executa o monitoramento de todas as regiões brasileiras para que não haja desabastecimento de energia em
nenhuma região do País.
101
59
Segundo a Controladoria Geral da União do Brasil, no portal da transparência, as reformas do Porto Marítimo
de Natal fazem parte do financiamento Federal para Infraestrutura e Mobilidade Urbana da Copa de 2014.
Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/natal/aeroportos-portos/porto-reforma-do-
terminal-de-natal/index.asp
102
60
Cardoso Júnior é Coordenador de Desenvolvimento Comercial do Rio Grande do Norte no Governo da gestão
de 2010.
103
Descrição US$
Importações equipamentos
131.864.273
eólicos
Importações (Total) 319.287.288
Exportações (Total) 284.738.231
Saldo (34.549.057)
Fonte: Elaboração própria a partir de CARDOSO JÚNIOR (2011).
Cabe frisar que a balança comercial do estado não apresentava déficit desde
o ano de 1997. No entanto, embora tenha ocorrido o déficit em 2010 provocado pela
importação de tais equipamentos, o mesmo trata-se também de investimento ao
setor. Já no que tange ao ano de 2011, até o mês de outubro, o único registro de
importação foi de US$ 10.751 dólares, o que indica que as empresas estão
comprando equipamentos no mercado interno por fabricantes instalados no Brasil,
ou que as importações são feitas por outras empresas mas que para o estado
apresente-se como operação comercial interna. (CARDOSO JÚNIOR, 2011).
O Rio Grande do Norte tem capacidade de gerar em média 633 MW de
energia elétrica. No que tange ao consumo, de acordo com a Cosern (2011) para o
ano de 2010, foi consumido pelo estado o total de 4.520.504 MWh. Especialistas da
área observam que o estado poderá se tornar autossuficiente em energia elétrica a
partir de incremento na geração elétrica nos próximos anos proveniente da fonte
eólica, como discutido na seção 3.1 deste Capítulo. (BEN, 2011; COSERN, 2011).
Diante disso, pode-se indagar as possibilidades futuras do estado quanto à
venda de energia elétrica e os impactos da mesma na balança comercial. Como já
visto no capítulo anterior, em dezembro de 2010, o estado exportou energia elétrica
para a Argentina. Nesse caso, a produção eólica atual não contribuiu para esse
acontecimento, visto que o mesmo se deu por energia provinda de termelétricas.
(CARDOSO JÚNIOR, 2011).
104
Durante Durante
Municípios
Implantação Operação
São Miguel do
51 9
Gostoso
São Bento do Norte 94 16
Rio do Fogo 28 5
Pedra Grande 118 20
Parazinho 653 109
Macaíba 53 9
Lagona Nova 49 8
João Câmara 330 55
Guamaré ¹ 118 20
Galinhos 100 17
Caiçara do Norte 29 5
Bodó 179 30
Areia Branca 70 12
Total 1.871 315
¹Não está considerada a Usina de Alegria I, visto ter entrado em
operação no final de dezembro/2010, foram gerados 450 empregos
diretos durante a sua construção.
Fonte: OLIVEIRA JÚNIOR (2011).
105
61
José Airlton da Silva, Secretário de Tributação do Rio Grande do Norte na Gestão 2011.
62
Disponíveis em: http://tribuna.mobi/noticia/energia-eolica-pode-deixar-rn-sem-divisas/184012).
106
Fase de
Fase de Construção
Operação/Manutenção
Empregos Empregos Empregos Empregos
Município
Diretos Indiretos Diretos Indiretos
Areia Branca 1.210 1.815 206 309
Bodó 1.500 2.250 255 383
Caiçará do Norte 430 645 73 110
Galinhos 2.970 4.455 505 758
Guamaré 1.950 2.925 332 498
J. Câmara 3.810 5.715 648 973
Lagoa Nova 770 1.155 131 197
Macaíba 210 315 36 54
Parazinho 8.260 12.390 1.406 2.109
Pedra Grande 1.180 1.770 201 301
Rio do Fogo 280 420 48 71
S. Bento do
940 1.410 160 240
Norte
S. M. do
510 765 87 130
Gostoso
Total 24.020 36.030 4.088 6.132
Fonte: Elaboração própria com base em dados da EPE (2011)* e SFG (2011)*.
* Os dados da EPE e SFG considerados referem-se à contratação em MW de
energia por fonte eólica para o estado do Rio Grande do Norte nos leilões de
energia ocorridos entre 2009 e 2011.
Com base nos dados encontrados observa-se que no estado do Rio Grande
do Norte o município que obterá a maior criação de empregos, tanto diretos como
indiretos, será Parazinho. Segundo a SFG (2011), o referido município possui 826
MW contratados para os parques eólicos que deverão entrar em operação até 2015.
Outros municípios em destaque são: João Câmara e Galinhos, com a criação de
3.810 e 2.970 empregos diretos, respectivamente, durante a fase de implantação
dos parques.
Moura (2011) enfatiza a mudança no perfil de vagas criadas em Parazinho no
ano de 2011, antes da atividade de geração elétrica o setor que mais contratava era
107
63
Fonte: Elabração própria a partir de dados do CAGED (2012) .
Disponível em: http://bi.mte.gov.br/bgcaged/caged_perfil_municipio/index.php
63
Tabela com valores numéricos do CAGED nos apêndices desta monografia.
109
bem como nos serviços e comércio. Guamaré, no setor de construção civil, teve um
aumento de 467% em admissões no ano de 2010 comparado com 2009 e uma
pequena redução de 18% no ano de 2011. As ocupações que mais empregaram em
2011 em tal município foram respectivamente: servente de obras; armador de
estrutura de concreto armado; pedreiro; ajudante de despachante aduaneiro;
carpinteiro de obras e eletricista de instalações. (CAGED, 2012).
Ainda referente ao ano de 2011, no que tange os setores de serviço e
comércio, as ocupações que mais empregaram em Guamaré foram: auxiliar de
pessoal; armazenista; carpinteiro e pedreiro no setor de serviços. No setor de
comércio: motorista de caminhão; repositor de mercadorias; vendedor de comércio
varejista; plataformista e carregador. (CAGED, 2012).
A evolução na criação de emprego no setor de serviços em Guamaré foi de
49% em 2010 com relação a 2009, e decréscimo de 46% em 2011. Já no que tange
o setor de comércio, o município citado obteve uma evolução de 49% em admissões
no ano de 2010 e queda de 7% em 2011.
No que tange João Câmara, o ano que apresentou maior evolução na
empregabilidade na construção civil foi 2011, com acréscimo de 400% em
admissões. No mesmo ano, foram abertas mais oportunidades em ocupações no
setor de serviços, elevação de 306%, e no comércio acréscimo de 7% na criação de
empregos.
Para tal município no mesmo ano as ocupações que mais empregaram foram:
servente de obras; vigia; pedreiro; operador de escavadeira; calceteiro; motorista
operacional de guincho no setor de construção civil. Servente de obras; pedreiro;
escriturário de banco; auxiliar de escritório, em geral; atendente de lanchonete no
setor de serviços. E vendedor de comércio varejista; repositor de mercadorias;
operador de caixa; motorista de caminhão para o setor de comércio. (CAGED,
2012).
Para o município de Parazinho, que até o ano de 2010 não apresentou
empregabilidade no setor de construção civil, no ano de 2011 a criação de empregos
em tal área foi evidente. Ainda de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (2012), as principais ocupações nesse ano foram às seguintes:
servente de obras; armador de estrutura de concreto armado; pedreiro; motorista de
carro de passeio e carpinteiro de obras. É relevante acentuar, que no ano de 2011
deu-se início as primeiras obras dos parques eólicos na região.
110
Mesmo que ainda não seja possível demonstrar relação direta entre a
evolução de emprego nos serviços e comércio nessas regiões com o inicio da
atividade eólica, fica claro que no que tange a área de construção civil, tais
localidades tem sido favorecidas pela criação de novas oportunidades de emprego.
Vale salientar que foi no ano de 2010 que se deu início as principais obras de
parques eólicos no interior do Rio Grande do Norte e, nesse mesmo período, novas
vagas na construção civil passaram a ser crescentes na região. Isso faz supor uma
maior dinâmica econômica em tais municípios, e mais geração de renda.
Ademais, é possível perceber uma mudança no perfil dos empregos no
período do advento da fonte eólica. Em Parazinho, por exemplo, no ano de 2007,
foram realizadas 99 admissões na agropecuária e, em 2008, novas 49 admissões.
Já a partir de 2010 passou a decair esses números e o setor com maior
expressividade em contratações passou a ser o de construção civil, que até o ano de
2010 não apresentava criação de empregos na área, configurando atualmente como
um dos setores de maior demanda de mão de obra para o município. (CAGED,
2012).
Todavia, é preciso salientar que a sazonalidade dessa mão de obra nos
parques eólicos. Freire (2011) defende que “o impacto na geração de empregos é
temporário e é preciso que os municípios compreendam essa dinâmica”. Desta
forma, torna-se basilar capacitar mão de obra para a demanda de empregos gerada
na fase de operação das usinas eólicas. De acordo com o autor em tela após a
entrada em operação as vagas surgem principalmente nas áreas de pesquisa e
inovação e de produção e manutenção de equipamentos de alta tecnologia.
(FREIRE, 2011. Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/industria-eolica-
multiplica-empregos-no-interior-do-rn/197596).
Possivelmente as melhores oportunidades para a criação de empregos
efetivos venham das fábricas instaladas. Diante desse quadro, cabe aos atores
sociais de tais municípios aproveitarem as oportunidades atuais para a promoção do
desenvolvimento, alocando os recursos provindos da atividade eólica para o
benefício socioeconômico, como investimentos em educação e capacitação
profissional e saúde.
111
3.3.2. Perspectivas para o setor de geração elétrica por fonte eólica no Rio
Grande do Norte
64
Temática discutida na Seção 1.3.
65
Temática discutida no Subtópico 2.1.2.1 da Seção 2.1.
115
66
Temática discutida na Seção 3.3
116
CONSIDERAÇÕES FINAIS
estado, o que promoveu, até 2011, a aprovação de mais de 70 usinas eólicas, das
quais 9 estão em operação e as demais em fase de construção.
Além disso, no ano de 2011 foi instalada uma fábrica de equipamentos
eólicos no município de Parazinho que tem favorecido a geração de emprego e
renda. Ademais, promoveu menores custos na implantação dos parques visto que
os equipamentos que necessitam ser importados podem ser adquiridos em território
estadual. Mas, não apenas as fábricas de equipamentos eólicos promovem a
criação de empregos no setor. Estima-se que os parques em fase de construção
(considerando todos os projetos eólicos aprovados nos leilões até dezembro de
2011) têm capacidade de criar até o ano de 2015 uma média de 24.020 empregos
diretos e 36.030 indiretos. Na fase de operação esses números são de 4.088
empregos diretos e 6.132 indiretos.
No que tange aos entraves enfrentados pelo setor de geração elétrica por
fonte eólica, constatou-se que no Rio Grande do Norte as principais dificuldades
para o desenvolvimento crescente do setor estão diretamente ligadas à baixa ou
nenhuma logística e infraestrutura. O estado possui alguns projetos eólicos
aprovados para implantação em regiões interioranas, cujos acessos por estradas
não estão preparados para receber um grande número de caminhões de carga
pesados e longos, como se caracterizam o transporte de equipamentos eólicos.
Ademais, o acesso marítimo também não é favorável, visto que o principal
porto, o Porto de Natal, encontra-se em área urbana com vias de acesso estreitas, o
que desfavorecem a saída de grandes equipamentos. Como a maioria da matéria
prima provém de outros estados, notadamente de São Paulo, Paraná e Ceará, a
logística de fretes implica maiores custos para as empresas construtoras de parques
eólicos no estado, visto que a única fábrica instalada não atende a demanda do
setor.
Diante dessa análise, foi possível responder a pergunta de partida da atual
pesquisa, a saber: quais os principais desafios para o desenvolvimento da produção
elétrica por fonte eólica no estado do Rio Grande do Norte e em que medida tal setor
contribui para a economia estadual?
Em linhas gerais, foi observado que os principais desafios para o
desenvolvimento crescente da atividade eólica no estado do Rio Grande do Norte
perpassam pelas questões de logística e infraestrutura, onde se faz necessário uma
maior atuação do Estado em parceria com o Governo Federal para o melhoramento
119
energia eólica, onde o principal objetivo foi analisar os cenários do setor quanto às
ações, entraves, desafios e as vantagens para a economia estadual. Assim,
acredita-se ter formado uma base de informações que pode contribuir para o
desdobramento deste estudo em uma pesquisa mais robusta na parte metodológica,
contribuindo, assim, para auxiliar a elaboração de políticas que favoreçam o
desenvolvimento econômico nos municípios produtores de energia elétrica por fonte
eólica.
121
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desenvolver fontes renováveis de energia no Brasil. Disponível em <
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TIGRE, Paulo Bastos. Gestão da inovação. Ed. Elsevier. Rio de Janeiro: 2006.
ANEXOS
5.000,00
0,00
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
4.000,00 II
3.500,00 Itália
3.000,00 França
2.500,00 Reino Unido
Dinamarca
2.000,00
Portugal
1.500,00 Canadá
1.000,00 Holanda
500,00 Japão
0,00
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
1.600,00 III
1.400,00 Austrália
1.200,00 Irlanda
1.000,00 Suécia
Áustria
800,00
Grécia
600,00 Polônia
400,00 Noruega
200,00 Egito
0,00
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
133
450
IV
400
350 Bélgica
300 Taiwan
Brasil
250
Turquia
200
Nova Zelândia
150
Coréia do Sul
100 Bulgária
50 República Tcheca
0
-501996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
160
V
140
Finlândia
120
Hungria
100
Marrocos
80 Ucrânia
60 México
Irã
40
Estónia
20
Costa Rica
0
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
-20
600
500 VI
400
Lituânia
300 Luxemburgo
Letónia
200 Argentina
Outros Países
100
0
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
-100
Para finalizar, gostaria que nos falasse sobre o papel do Fórum Nacional Eólico
no desenvolvimento do setor.
APÊNDICES