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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS - CCSA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DEPEC

SABRINA CARLA ALVES DA SILVA

VANTAGENS E DESAFIOS DA GERAÇÃO ELÉTRICA A PARTIR DA


FONTE EÓLICA: AÇÕES, ENTRAVES E PERSPECTIVAS NO RIO
GRANDE DO NORTE NO PERÍODO 2004-2011.

Natal – RN
2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS - CCSA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DEPEC

SABRINA CARLA ALVES DA SILVA

VANTAGENS E DESAFIOS DA GERAÇÃO ELÉTRICA A PARTIR DA


FONTE EÓLICA: AÇÕES, ENTRAVES E PERSPECTIVAS NO RIO
GRANDE DO NORTE NO PERÍODO 2004-2011.

Monografia de graduação apresentada ao


Departamento de Economia do Centro de
Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel em
Ciências Econômicas.

Orientador: Profº. Dr. Denilson da Silva


Araújo

Natal – RN
2012
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Dedico este trabalho aquele que foi o maior


incentivador de meus estudos, meu amado e
querido pai, Paulo Eduardo da Silva. E também
aquela que me proporcionou felizes dez anos de
minha vida, a minha mãe, Vanda Suely Alves da
Silva (em memória).
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, autor e consumidor de minha fé, que em sua


infinita bondade e sabedoria guiou meus passos e permitiu que chegasse até aqui.
Nessa trajetória da graduação me concedeu superar os mais diversos obstáculos. A
Ti o meu louvor e eterna gratidão!

Ao meu pai, Paulo Eduardo da Silva, por todo amor e dedicação que sempre
teve comigo. Sou grata ao meu Deus por me permitir ter tão grande pessoa ao meu
lado. Palavras não são suficientes para expressar o meu sentimento por ti, mas
numa tentativa de fazê-lo, mesmo sendo inefável, me resta dizer-te: Eu te amo! Meu
pai, meu exemplo, meu herói!

A minha família, em especial meus irmãos Silvana Carolina e Paulo Eduardo.


Obrigada por tê-los ao meu lado, vocês são uma das razões da minha vida e a
alegria de meu viver. Amo vocês! Também registro meu imenso carinho e gratidão a
minha irmã caçula Luana Paula, e a Alexandre Silva e João Gabriel.

Não poderia deixar de mencionar àqueles que contribuíram diretamente para


minha formação acadêmica. E para isso gostaria de citar uma frase do Isaac Newton
que diz: “Se enxerguei mais longe foi porque me apoiei sobre os ombros de
gigantes”. Acredito que Deus tenha usado três grandes gigantes para me ajudar na
„vida acadêmica‟, sendo eles: Willian Gledson, Edilson Pedro e Denílson Araújo.

Mst. Willian Gledson Silva, amigo. Durante aproximadamente um ano tive a


oportunidade de trabalhar com ele como bolsista no Mestrado de Economia da
UFRN. Willian me ensinou a arte da pesquisa e a amar esta arte. Fico feliz pelo laço
forte de amizade que construímos, te admiro como pessoa e você é um exemplo de
vida para mim e para todos que têm o prazer de te conhecer. Obrigada por todo o
aprendizado.

Dr. Edilson Pedro da Silva, orientador de pesquisa e extensão. Com certeza


um dos momentos importantes na universidade vivenciei trabalhando com prof.
Edilson, como coordenador de Projeto de Extensão e em seguida como meu
orientador na base de Pesquisa. Obrigada pela oportunidade e por todo o
aprendizado adquirido.

Dr. Denilson Araújo, orientador de monografia. “Ual”... Como me sinto feliz em


ter tido a oportunidade de trabalhar com o prof. Denílson. Não tenho palavras para
descrever a minha alegria e agradecimento por ter orientado o desenvolvimento
deste trabalho. Durante o tempo de elaboração da monografia tive a oportunidade
de crescer, aprender e descobrir. O meu muito obrigado pela dedicação e
paciência!!!!

A todos os docentes do Departamento de Economia da UFRN que


participaram do meu processo de formação. Sou grata por vossa dedicação e zelo,
“devemos a vós termos chegado até aqui, e sem seu auxílio talvez não
chegássemos tão longe”. Obrigada por terem me mostrado, através da arte da
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Ciência Econômica, que o sonho é possível... podemos ter uma sociedade melhor,
uma sociedade mais justa e inclusiva.

A todos os colegas e amigos de curso conquistados nesta caminhada.

De maneira especial, a equipe com a qual trabalhei na Subcoordenadoria de


Programação e Controle Ambulatorial e Hospitalar da SESAP, Edivomar Varela da
Silva, Genilda Nascimento M. de Lima e Raimundo Lucas S. de Lima. Os quais
contribuíram com este trabalho devido compreensão e auxílio prestados. Agradeço a
oportunidade e o aprendizado adquirido no período do estágio.

A todos os integrantes do Movimento Estudantil Alfa e Ômega Natal, com


certeza esses anos na universidade não teriam sido os mesmos sem a presença,
companhia e amizade de vocês. Durante esse tempo pude viver um dos melhores
momentos de minha vida, nesse período conheci, aprendi e cresci. Obrigada a cada
um por esses três anos e meio. Não consigo imaginar a minha vida sem a
participação de vocês.

Por fim, gostaria de agradecer aqueles que sempre estiveram ao meu lado,
amigos e familiares, pelo carinho e pela compreensão nos momentos em que a
dedicação aos estudos foi exclusiva. Obrigada a todos.
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“Conheça, e veja que Deus é bom; feliz a pessoa


que nEle confia” [Salmos 34:8].
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SILVA, Sabrina Carla Alves da. Vantagens e desafios da geração elétrica a partir
da fonte eólica: ações, entraves e perspectivas no Rio Grande do Norte período
2004-2011. Natal, RN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento
de Economia, 2012. (Monografia).

RESUMO

Analisa as ações, principais entraves e desafios para ao desenvolvimento da


produção de energia elétrica por fonte eólica no estado do Rio Grande do Norte,
evidenciando os possíveis desdobramentos dessa atividade econômica para a
economia estadual. Para tanto utiliza como procedimentos metodológicos pesquisa
qualitativa do tipo exploratória com delineamento bibliográfico e documental, com o
uso de dados primários e secundários e série temporal de 2004 até 2011. Em linhas
gerais, foi observado que os principais desafios para o desenvolvimento crescente
da atividade eólica no estado do Rio Grande do Norte perpassam pelas questões de
logística e infraestrutura. Constatou-se que as vantagens econômicas para o estado
frente a essa atividade são indiretas, uma vez que a mesma não gera arrecadação
fiscal ao Estado. No entanto, de forma indireta há a criação de emprego e a geração
de renda a partir das fábricas de equipamentos, nas obras de infraestrutura, e em
outras atividades da economia, além da arrecadação municipal do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Os impactos mais positivos para a
economia do Rio Grande do Norte foram: a criação de emprego nos parques eólicos
em fase de construção, visto que a partir da entrada em operação a criação de
emprego diminui de forma relevante; a partir disso a geração de renda e,
arrecadação tributária municipal. Por fim, pode-se concluir que o Rio Grande do
Norte tem grande potencial natural para a exploração eólica de forma a tornar essa
fonte como complementar a matriz de geração elétrica estadual, e que apesar dos
entraves enfrentados pela atividade o estado tem se configurado nacionalmente
como um grande produtor de energia elétrica por fonte eólica, gerando vantagens
indiretas à economia estadual.

Palavras-chave: Energia Eólica; Matriz elétrica; Rio Grande do Norte.


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SILVA, Sabrina Carla Alves da. Advantages and challenges of electricity


generation from wind power: actions, barriers and prospects in Rio Grande do
Norte period 2004-2011. Natal, RN: Federal University of Rio Grande do Norte.
Department of Economics, 2012. (Monograph).

ABSTRACT

Analyzes actions, main obstacles and challenges for the development of production
of electricity through wind power in the state of Rio Grande do Norte, highlighting the
possible consequences of this economic activity for the state economy. For both
uses as instruments of an exploratory qualitative research design with bibliographical
and documentary, with the use of primary and secondary data and time series from
2004 to 2011. In general, it was observed that the main challenges for the
development of increased eolian activity in the state of Rio Grande do Norte move
through the issues of logistics and infrastructure. It was found that the economic
benefits for the state against this activity are indirect, since it does not generate tax
revenues to the state. However, indirectly there is job creation and income
generation from the plant equipment, the infrastructure works, and other economic
activities, in addition to the municipal tax revenues of the Tax on Services of Any
Nature (ISSQN). The most positive impacts on the economy of Rio Grande do Norte
were: the creation of jobs in wind farms under construction, since the entry into
operation reduces job creation in a relevant way, from that income generation and
municipal tax revenues. Finally, we can conclude that Rio Grande do Norte has great
natural potential for wind farm in order to make this source as a complementary array
of electric generation state, and that despite the obstacles faced by the activity status
has been set nationally as a major producer of electricity through wind power,
generating indirect benefits to the state economy.

Keywords: Wind Energy; Matrix Electric, Rio Grande do Norte.


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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Potência eólica internacional acumulada ao final de cada ano ............ 132

ANEXO B - Parque Eólico de Gargaú no município de São Fr de Itabapoana - RJ 134

ANEXO C - Parque Eólico Rio do Fogo .................................................................. 134

ANEXO D - Capacidade de Geração do Rio Grande do Norte - UTE ..................... 135

ANEXO E - Capacidade de Geração do Rio Grande do Norte - EOL ..................... 135

ANEXO F - Fator de capacidade das Usinas eólicas do RS e RN .......................... 136

ANEXO G - Jean Paul Prates. Diretor-presidente do Centro de Estratégias em


Recursos Naturais e Energia (CERNE). Entrevista concedida a Diógenes Dantas.
................................................................................................................................ 137

ANEXO H - Jean Paul Prates. Diretor-presidente do Centro de Estratégias em


Recursos Naturais e Energia (CERNE). Entrevista concedida a Eugênio Fonseca
Pimentel.. ................................................................................................................ 137

ANEXO I - José Aldemir Freire. Economista. Chefe da unidade Norteriograndense


do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Entrevista concedida a Renata
Moura.. .................................................................................................................... 138

ANEXO J - Laura Porto. Executiva da Iberdrola no Brasil. Diretora da Regulação


Abeeólica. Prós e Contras do Setor Eólico. Entrevista concedida a NorteEnergia...
................................................................................................................................ 139

ANEXO K - Taismar Zanini. Presidente da Termoaçu. Entrevista concedida ao Jornal


Tribuna do Norte.. ................................................................................................... 139
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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A - COSERN, Companhia Energética do Rio Grande do Norte.


Departamento de Comunicação Institucional. Entrevista concedida ao autor (a) deste
trabalho. Natal, 20 de dezembro de 2011. .............................................................. 140

APÊNDICE B - José Mário Gurgel Oliveira Júnior. Coordenador de Desenvolvimento


Energético do RN. Entrevista concedida ao autor (a) deste trabalho. Natal:
Novembro, 2011. ..................................................................................................... 140

APÊNDICE C - Otomar Lopes Cardoso Júnior. Coordenador de Desenvolvimento


Comercial do RN. Entrevista concedida ao autor (a) deste trabalho. Natal:
Novembro, 2011. ..................................................................................................... 141

APÊNDICE D - Admissões por setor nos municípios de Parazinho, João Câmara e


Guamaré (em quantidade) – 2009 a 2011...............................................................142
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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- Potência eólica internacional acumulada ao final de cada ano (em MW)
.................................................................................................................................. 34

GRÁFICO 2 - Matriz Elétrica do Brasil (em %) – 2010 .............................................. 48

GRÁFICO 3 - Geração Elétrica por Região (participação em %) – 2010 .................. 48

GRÁFICO 4 - Potencial Eólico por estados no Brasil (em kW) – 2011 ..................... 50

GRÁFICO 5 - Matriz de Geração Elétrica do Nordeste – 2011 ................................. 54

GRÁFICO 6 - Matriz elétrica por estados da Região Nordeste – 2011 ..................... 55

GRÁFICO 7 - Comparação entre o fluxo de água do Rio São Francisco e o regime


de vento no nordeste do Brasil. ........................................................................ 56

GRÁFICO 8 - Matriz de Geração Elétrica da Região Sul (em % de kW) – 2011...... 57

GRÁFICO 9 - Matriz de Geração Elétrica por estados da Região Sul – 2011 .......... 58

GRÁFICO 10 - Matriz de Geração Elétrica do Rio de Janeiro - (em % de kW) - 2011


.................................................................................................................................. 60

GRÁFICO 11 - Evolução na Geração Elétrica do Rio Grande do Norte (Em Gw/h) .. 66

GRÁFICO 12 - Evolução da Geração verificada na usina de Rio do Fogo (Em MW)67

GRÁFICO 13 - Matriz Elétrica do Rio Grande do Norte (Em %) – 2011 ................... 67

GRÁFICO 14 - Geração Verificada de Usinas Eólicas no Rio Grande do Norte em


MW ............................................................................................................................ 69

GRÁFICO 15 - Participação por setor no consumo de energia elétrica no Rio Grande


do Norte - 2010 ........................................................................................................ 87

GRÁFICO 16 - Evolução do consumo de energia elétrica por setor no Rio Grande do


Norte (Em GW/h)....................................................................................................... 87

GRÁFICO 17 - Capacidade instalada de energia elétrica no Rio Grande do Norte em


2015 . ........................................................................................................................ 89

GRÁFICO 18 - Geração de energia elétrica no Rio Grande do Norte em 2015


considerando fator de capacidade. ........................................................................... 90

GRÁFICO 19 - Arrecadação ICMS Específica de Energia Elétrica do Rio Grande do


Norte - valores correntes – (em R$) - 2006 a 2011. .................................................. 97
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GRÁFICO 20 - Evolução da arrecadação do ISSQN dos municípios de Guamaré e


Parazinho. ................................................................................................................. 98

GRÁFICO 21 - Evolução de admissões por setor nos municípios de Parazinho, João


Câmara e Guamaré (em %) – 2009 a 2011. ........................................................... 108

GRÁFICO 22 - Evolução dos números de Pesquisas em Energia Eólica na UFRN


(por ano) .................................................................................................................. 112
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LISTA DE FIGURAS E FOTOS

FIGURA 1 - Principais marcos do desenvolvimento da Energia Eólica no Século XX


.................................................................................................................................. 33
FIGURA 2 - Principais Potenciais Hidrelétricos Aproveitáveis no Mundo – 2008...... 35

FOTO 1 - Primeira turbina eólica do Brasil (Fernando de Noronha-PE) ................... 47

LISTA DE MAPAS

MAPA 1- Potencial Eólico Brasileiro – 2003 ..................................................................... 46

MAPA 2 - Potencial eólico da Região Nordeste ............................................................... 56

MAPA 3 - Potencial eólico da Região Sul .......................................................................... 59

MAPA 4 - Potencial eólico do estado do Rio de Janeiro ................................................. 62

MAPA 5 - Potencial Eólico do Rio Grande do Norte a 100 m de altura – 2003 .......... 71

MAPA 6 - Localização dos Parques Eólicos em Operação no Rio Grande do Norte


(2011)....................................................................................................................................... 74

MAPA 7 - Localização de Usinas Eólicas no Rio Grande do Norte – 2011 ................. 82


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xv

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Situação dos empreendimentos financiados pelo PROINFA em


operação e construção (em número de empreendimentos e MW) – 2010 ................ 41

TABELA 2 - Evolução dos preços contratados nos leilões de energia entre os anos
de 2006 e 2011 (Em R$/MWh) ........................................................................ 44

TABELA 3 - Situação dos Empreendimentos eólicos no Brasil - 2011...................... 50

TABELA 4 - Resumo da situação dos parques eólicos por estados no Brasil- 2011 51

TABELA 5 - Capacidade de Geração do Estado do Rio Grande do Norte em MW


(2011) ........................................................................................................................ 73

TABELA 6 - Resumo dos Empreendimentos Eólicos em Operação Comercial no RN


.................................................................................................................................. 80

TABELA 7 - Situação das Usinas eólicas no Rio Grande do Norte (em quantidade de
empreendimentos) – 2011 ........................................................................................ 81

TABELA 8 - Financiamentos aprovados pelo BNDES para energia eólica no RN em


2011 .......................................................................................................................... 84

TABELA 9- Balança Comercial do Rio Grande do Norte – 2010............................. 103

TABELA 10 - Capacidade de criação de empregos diretos na construção de usinas


eólicas no Rio Grande do Norte (leilões de 2009 e 2010). ...................................... 104

TABELA 11 - Capacidade de Criação de empregos diretos e indiretos na construção


de usinas eólicas no Rio Grande do Norte (2012 a 2015). ................................. 106

TABELA 12 - Grupo de Estudos Cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa


no Brasil ........................................................................................................... 112
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xvi

LISTA DE SIGLAS

ACL – Ambiente de Contratação Livre


ACR – Ambiente de Contratação Regulada
ADENE – Agência de Desenvolvimento do Nordeste
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis
BASA – Banco da Amazônia
BB – Banco do Brasil
BEN – Balanço Energético Nacional
BNB – Banco do Nordeste
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
CEF – Caixa Econômica Federal
CELPE - Companhia Energética de Pernambuco
CGC - Câmara de Gestão da Crise Energética
CGH - Central Geradora Hidrelétrica
CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco
COELBA - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia.
COSERN - Companhia Energética do Rio Grande do Norte
CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica
EOL – Eólica
GDSE - Gabinete para o Desenvolvimento do Setor Energético (China)
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias
IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
IEE - Instituto de Eletrotécnica e Energia
LI – Licença de Implantação
LO – Licença de Operação
LP – Licença Prévia
MCT – Ministério de Ciência e tecnologia
MME – Ministério de Minas e Energia
NUPE - Núcleo de Parques Eólicos
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
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xvii

PAC – programa de Aceleração do Crescimento


PCH - Pequena Central Hidrelétrica
PIE – Produção Independente de Energia
PROEÓLICA - Programa Emergencial de Energia Eólica
PROINFA - Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia
SFG - Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração
SIN - Sistema Interligado Nacional
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UHE - Usina Hidrelétrica de Energia
USP - Universidade de São Paulo
UTE - Usina Termelétrica de Energia
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20

CAPÍTULO 1 - ENERGIA EÓLICA: PANORAMA GLOBAL, NACIONAL E


REGIONAL ............................................................................................................... 31

1.1. CENÁRIO MUNDIAL: BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE


DESENVOLVIMENTO DA ENERGIA EÓLICA................................................................. 31

1.2. CENÁRIO NACIONAL: PROJETOS, POLÍTICAS E AÇÕES


ESTRUTURANTES E DE INCENTIVO A ATIVIDADE EÓLICA. ................................... 36
1.2.1. Estrutura e Propósitos do PROEÓLICA e PROINFA .................................. 38
1.2.1.1. Programa Emergencial de Energia Eólica – PROEÓLICA ........................... 38
1.2.1.2. Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia – PROINFA ....... 39
1.2.2. A política dos leilões de energia elétrica .................................................... 42

1.3. CENÁRIO REGIONAL: DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA


REGIONAL NOS ANOS RECENTES ................................................................................ 45
1.3.1 Os experimentos de energia eólica no Nordeste ................................................... 53
1.3.2 O caso da região Sul e o estado do Rio de Janeiro............................................... 57

CAPÍTULO 2 - DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA DO RIO GRANDE


DO NORTE A PARTIR DA INSERÇÃO DA FONTE EÓLICA .................................. 64

2.1 O RIO GRANDE DO NORTE E O PROCESSO DE UTILIZAÇÃO DA


ENERGIA EÓLICA ................................................................................................................ 64
2.1.1 Cenário elétrico estadual: breves considerações ....................................... 64
2.1.2 Cenário eólico estadual: ações no setor de geração elétrica por
fonte eólica .............................................................................................................. 70
2.1.2.1 Análise panorâmica dos empreendimentos eólicos em operação................. 74
2.1.2.2 Breve panorama dos empreendimentos eólicos em construção ................... 80

CAPÍTULO 3 – ENTRAVES E PERSPECTIVAS PARA ENERGIA EÓLICA NO


RIO GRANDE DO NORTE........................................................................................ 86

3.1 GERAÇÃO ELÉTRICA: UM OLHAR PARA FUTURO .............................................. 86

3.2. GERAÇÃO EOLIELÉTRICA: ENTRAVES A SUA EXPANSÃO ........................... 91

3.3. EXPANSÃO DA ATIVIDADE EÓLICA NO RIO GRANDE DO NORTE:


PESPECTIVAS E IMPACTOS NA ECONOMIA ESTADUAL. ........................................ 95
3.3.1 Impactos da atividade eólica na economia estadual................................... 95
3.3.1.1 Finanças Públicas: aspectos da arrecadação estadual e municipal
provenientes da energia eólica.................................................................................. 96
3.3.1.2 Indústria: aspectos gerais no Rio Grande do Norte ....................................... 99
3.3.1.3 Infraestrutura e logística: características e desafios .................................... 100
19

3.3.1.4. Balança Comercial: importação de equipamentos eólicos e seus


impactos nas divisas do Rio Grande do Norte ........................................................ 102
3.3.1.5 Criação de Emprego: oportunidades geradas a partir do advento da
fonte eólica. ............................................................................................................. 104
3.3.1.6 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): O caso do CTGÁS-ER, UFRN e
IFRN. ....................................................................................................................... 111
3.3.2. Perspectivas para o setor de geração elétrica por fonte eólica no
Rio Grande do Norte ............................................................................................. 113

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 117

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 121

ANEXOS ................................................................................................................. 132

APÊNDICES ........................................................................................................... 140


20

INTRODUÇÃO

Desde o século XIX a energia elétrica passou a ser um importante


componente para a atividade econômica, observa-se que a partir do período da
Revolução Industrial até os dias atuais a eletricidade tornou-se basilar para o
crescimento econômico na medida em que movimenta vários setores da economia,
como a indústria, serviços, telecomunicação, etc. Além de ser essencial para a
organização social. Observa-se ainda que a cada dia tem sido de grande acuidade
os planejamentos energéticos dos países na promoção da estrutura e segurança da
oferta de energia elétrica, de forma a atender a demanda crescente de firmas e
consumidores por eletricidade.
No entanto, o que se retrata mundialmente é que a maior parte das fontes
para geração de energia elétrica usadas é de origem não renovável e poluente,
atualmente as mais empregadas são de origem fóssil, destacando-se o uso em larga
escala do petróleo e gás-natural. Com isso, é notada a ocorrência do detrimento à
questão ambiental, visto que essas fontes intensificam problemas ao meio ambiente,
além de que são finitos na natureza.
Diante desse quadro, nos últimos anos vários países têm buscado o
desenvolvimento de Fontes Alternativas de Energia (FAE), investindo em fontes
renováveis de geração elétrica não poluentes (as chamadas fontes limpas), visando
minimizar os problemas ambientais e assegurar oferta de eletricidade no contexto de
demanda crescente.
Uma das fontes alternativas mais promissoras é a eólica, essa é considerada
por especialistas como sendo a fonte de energia mais limpa do planeta. Muitos
países já possuem domínio tecnológico que tal setor necessita, principalmente
China, Estados Unidos e Alemanha, que, nessa ordem, são os atuais maiores
produtores eólicos no mundo.
No caso do Brasil, o mesmo tem grande potencial natural para gerar
eletricidade a partir da fonte eólica, e nos últimos anos vem amadurecendo sua
atuação em tal setor. No país destaca-se a região Nordeste como a que possui
melhores condições naturais para utilização dessa FAE. O estado do Ceará é o atual
maior produtor nacional eólico e o Rio Grande do Norte assegura uma posição
21

singular de potencial natural para exploração eolioelétrica e Projetos Eólicos


contratados em leilões.
O Rio Grande do Norte possui em operação nove 1 parques eólicos, sendo
que um dos parques, no município de Brejinho, consta num parque de teste e o
mesmo produz energia apenas para registro (6 MW), o mesmo é um projeto do
CTGás. Os parques eólicos mais recentes no estado foram inaugurados no ano de
2011, sendo esses os Parques de Mangue Seco 1,2,3 e 5, e Miassaba II, todos no
município de Guamaré. O complexo Mangue Seco pertence a uma Associação entre
a Petrobrás e as empresas Alubar Energia S.A, Eletrobrás e Wobben Windpoer
Indústria e Comércio Ltda.
Outro fato relevante é o caso do Rio Grande do Norte ter sido o estado que
teve a maior aprovação de Projetos Eólicos no leilão de energia nos anos de 2009 e
2010, além disso também teve o maior volume de energia negociado. Segundo
Batista2 (2010), o estado norte-rio-grandense participou do leilão com o maior
número de projetos habilitados e a maior potência em megawatts (MW). Em 2010,
de igual modo, foi o primeiro colocado no leilão com 23 projetos ganhos e uma
potência instalada de 657 MW. Já no ano de 2011 ficou em terceiro lugar no volume
de energia negociado.
Ainda assim, considerando a energia contratada acumulada nos leilões de
2009, 2010 e 2011, o Rio Grande do Norte apresenta a maior potência eólica
instalada com 2.179,80 MW, seguido da Bahia com 977.40 MW, e em terceiro o
Ceará com 679,50 MW. (CERNE, 2011).
Para Prates3 (2011) o horizonte é de crescimento para a atividade eólica, e
estima-se que com a entrada em operação de outras usinas em construção no ano
de 2012 o estado norte-rio-grandense poderá ter a capacidade de gerar o dobro de
energia elétrica que consome. Feitosa4 apud Mendes (2011) defende que o Rio
Grande do Norte “possui uma das melhores jazidas de vento do Brasil, sendo este o
principal combustível para o estado continuar liderando a implantação das centrais
eólicas”. (FEITOSA apud MENDES, 2011. Disponível em:
http://www.diariodenatal.com.br/2011/03/20/economia1_0.php).

1
Em maio de 2012 entrou em operação um novo Parque no município de João Câmara, somando um total de 10
parques eólicos no Rio Grande do Norte.
2
Tibúrcio Batista foi Coordenador de Energia do RN na gestão de 2010.
3
Jean-Paul Prates atualmente é Diretor-Presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia
(CERNE).
4
Everaldo Feitosa é o diretor da Eólica Tecnologia Ltda.
22

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (2011) o Rio


Grande do Norte possui um potencial produtivo que chega a 1,5 GW de energia. Até
2015 78 parques estarão em funcionamento, isso representa um investimento
superior a 8 bilhões de reais. (SEDEC, 2011).
É notório que nos últimos anos, principalmente a partir da década 2000, a
intensificação da produção eólica no Brasil tem colaborado pra um novo e promissor
mercado de energia elétrica a partir de fontes renováveis. Diante disso, é relevante
conhecer a contemporaneidade política e econômica no Brasil que contextualiza o
cenário em que se deu o uso de fontes renováveis para geração elétrica. Portanto,
cabe analisar a evolução do setor elétrico no país, que teve sua legislação básica
formada ao longo de quase 70 anos. Para a Agência Nacional de Energia Elétrica
“os marcos da modernização deste seguimento [...] são a Lei de Concessões de
Serviços Públicos, de fevereiro de 1995, e a Lei 9.427/1996, que trata da criação da
ANEEL”. (ANEEL, 2011. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?id
Area=50).
Para compreender esse contexto político e econômico de reformas do setor
elétrico nacional é basilar atentar para as mudanças do papel do Estado na
economia, visto que a evolução do setor elétrico perpassa pelos modelos
econômicos executados no Brasil durante esse processo de reformas do setor. Para
isso, tal análise será realizada a partir de duas abordagens, a saber: modelos de
desenvolvimento econômico segundo a evolução do papel do Estado na economia
no contexto mundial; e em seguida as mudanças no setor elétrico brasileiro.
Assim sendo, observa-se que a partir da metade do século XIX até início do
século XX o desenvolvimento econômico perpassava pela ideia do liberalismo, onde
se entendia que as livres leis do mercado eram suficientes para conduzir os destinos
da economia, sem haver a necessidade da intervenção do Estado. (MENDONÇA,
2007).
Seguidores dessa vertente crêem como válida no longo prazo a Lei de Say,
ou seja, que neste prazo o nível de produção efetivo sempre se iguala ao nível de
produção potencial, assim os mercados encontram-se em equilíbrio, onde o
mercado permitirá a oferta criar a sua própria demanda, e por isso no longo prazo
não seria possível a existência de desemprego e depressões. (BRESSER PEREIRA,
1976).
23

Bresser Pereira (1989) chama a atenção para a visão histórica - tomando por
base os países que primeiramente se industrializaram, a Inglaterra, França e
Estados Unidos -, e menciona a existência da presença de intervenção estatal no
processo de acumulação primitiva durante o período mercantilista. Segundo o autor
em tela, é desse período que surgem as teorias clássicas e até após a revolução
industrial percebe-se redução do papel do estado na economia. Em suma a
intervenção estatal é retomada, de forma mais definida, com as ideias de Jonh
Maynard Keynes no ano de 1930, quando o mundo passava por uma grande
depressão.
Os preceitos keynesianos rompiam com os princípios clássicos do liberalismo
econômico. Segundo Bresser Pereira (1976), Keynes sugeria que o Governo devia
intervir na economia através de uma política monetária e fiscal, que segundo ele
controlaria os efeitos negativos da recessão e depressões.
De acordo com esta perspectiva keynesiana a ação estatal poderia reter a
crise econômica estabelecida, dado que para os keynesianos o mercado por si só
não garante conduzir a economia para além da depressão. Essa ação do Estado
seria direcionada nos Estados Unidos e América Latina por uma elevação dos
gastos públicos com “instalações de empresas estatais; investimentos em ferrovias,
rodovias e a criação de uma grande rede de proteção social”, e por essa via o
Governo promoveria o aumento da “demanda agregada da economia, criando
condições para o pleno emprego, com isso minimizando os riscos de crise no
sistema”. (MENDONÇA, 2007. p. 19).
No Brasil, a depressão mundial afetou diretamente a economia,
principalmente a produção do café, e também desestruturou a oligarquia cafeeira
que provocou – a partir de questões políticas – a “centralização do Estado para o
estimulo ao desenvolvimento nacional”. Nesse período o setor energético tinha uma
forte intervenção estatal. (LEME, 2005, p. 176).
Nessa perspectiva, os anos das décadas de 1950 e 1960 foram de
crescimento da economia mundial e desenvolvimento econômico capitalista, de
acordo com Glyn et al (1989) apud Bresser Pereira (1989), um período com
“crescente intervenção estatal”. (GLYN, HUGHES, LIPETS e SINGH, 1988 apud
BRESSER PEREIRA, 1989. p. 123).
24

No entanto, na mesma década uma nova crise mundial ocorre. Segundo


Bresser Pereira (1989), tal crise pode ser descrita em termos econômicos e
ideológicos,

Em termo econômicos, por grandes déficits públicos, pela


redução generalizada das taxas de crescimento e pela
estagflação, e, em termos ideológicos, pela crise do
keynesianismo e pelo surgimento das teorias neoliberais [...].
Privatização, desregulação, controle de mercado são as novas
doutrinas da onda conservadora. A intervenção estatal deixa de
crescer e há alguns sinais de que está aos poucos sendo
reduzida. (BRESSER PEREIRA, 1989. p. 123).

Esta ascensão do neoliberalismo ganhou força na década de 1970, o mesmo


prega a “disciplina orçamentária do Estado e a estabilidade da moeda”, para assim
prover redução dos gastos públicos e exercer política monetária controlada para que
por essa via se possa alcançar estabilidade econômica. A tese por trás do
neoliberalismo surgiu inicialmente ainda na década de 1940 por Friedrich Hayek5, o
pensador compreendia que a economia se ajusta a si mesma e não deve sofrer
intervenção ou regulamentação governamental. (MENDONÇA, 2007. p. 21).
Assim sendo, na década de 1970 as ideias neoliberais promoveram
alterações no papel do Estado e contribuíram para o acréscimo de privatizações e
desregulação. Porém, no Brasil, apenas na década de 1980 o princípio neoliberal de
privatização tomou maior força. De forma a compreender essas mudanças no
contexto nacional com ênfase no setor elétrico, é relevante realizar um breve
panorama histórico dessas alterações no contexto nacional.
Nesse sentido, observa-se que no ano de 1930 o setor elétrico era de
delegação do Ministério de Agricultura. Em 1944 o Estado passou a ter mais poder
sobre o setor elétrico, através da promulgação do Código de Águas6 lhe foi conferido
à regulamentação das indústrias de energia elétrica, cuja execução ficou a cargo do
Ministério de Agricultura. Entre o período 1945 e 1962 houve o fortalecimento do
papel das concessionárias estatais. No ano de 1979 ocorreu consolidação da
estatização do setor de energia elétrica. A Eletrobrás assumiu a coordenação,
planejamento e operação financeira do setor elétrico. (ARAÚJO, 2005).
5
Friedrich Hayek (1899-1992). Economista austríaco, naturalizado inglês, representante da corrente neoliberal,
contrária a qualquer intervenção do Estado na economia. (MENDONÇA, 2007).
6
Código de Águas foi instituído através do Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de 1934.
25

Com a estatização do setor elétrico as três instâncias de poder executivo


tornaram-se responsáveis pela expansão do sistema de geração, transmissão e
distribuição. Além disso, ocorria que “as empresas do Governo Federal produziam
cerca de 60% da geração do país e as dos Governos Estaduais faziam a
distribuição, sendo algumas delas também geradoras de energia”. Esse cenário
prevaleceu até fim da década de 1990 quando o país enfrentou uma crise
energética. (CHIGANER; RIBEIRO; MELLO; BIONDI NETO. Acesso em 20117, p. 4).
Tal crise atingiu seu ápice na década de 1990, mas desde os anos de 1980 o
país passava por dificuldade arcando com uma crise econômica, o Brasil enfrentou
queda da atividade industrial, retração das importações, alta inflação, instabilidade
monetária, e escassez de recursos públicos para investimento. (VIEIRA, 2009).
Em suma, o contexto institucional e organizacional do setor energético
brasileiro na década de 1990 era de uma estrutura simples, no entanto estava
inserido num período de instabilidade econômica, em uma economia fechada e,
além disso, estatizada. Nesse cenário, as empresas estatais que formulavam
políticas setoriais, produziam e comercializavam bens e proporcionavam serviços
públicos e de infraestrutura. Por essa via, a regulação do setor era feita de maneira
incipiente pelo Conselho Nacional do Petróleo e pelo Departamento de Águas e
Energia.
No entanto, mudanças na estrutura e papeis do Estado ocorreram, de
maneira mais intensa a partir de 1995, quando no setor elétrico, por exemplo, houve
uma retirada parcial do Estado na exploração econômica desse setor. No que
concerne o setor de petróleo e gás, foi estabelecido abertura para investimento
privado, mas permanecendo sob o domínio do Estado. Além disso, foi fortalecido o
papel de regulação do Estado por meio da instituição de agências reguladoras,
como a ANP e ANEEL. Além de regulador e empreendedor, passou também a
formulador e gestor de políticas públicas e, promotor e catalisador de investimentos
privados para o setor energético. (RODRIGUES; FERNÁNDEZ; BUENO, 2006).
Em linhas gerais, o setor de energia brasileiro passou por algumas
transformações de magnitude estrutural, institucional e legal. As mais expressivas
ocorreram pós-crise energética, onde foi reconfigurada a organização e

7
O artigo não possui data de publicação. Dessa forma, de acordo com normas da ABNT NBR 14724/2011 segue
a data de acesso ao documento.
26

gerenciamento do Ministério de Minas e Energia. Podem ser destacadas cinco


significativas modificações, a saber: reformulação do modelo institucional do setor
elétrico, criação da Empresa de Pesquisa Energética8; redução do escopo de
atuação e da autonomia das agências reguladoras; paralisação das estatais neste
setor; e o fortalecimento da Petrobrás como empresa estatal e monopolista a serviço
de interesses governamentais. (RODRIGUES; FERNÁNDEZ; BUENO, 2006).
Diante desse contexto institucional, no ano de 2001 o Estado passou a
incentivar por meio de políticas como o Programa Emergencial de Energia Eólica
(PROELÓICA) e o Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia
(PROINFA) - Tais políticas serão discutidas na seção 1.2.1 desta Monografia -, o uso
de fontes alternativas para a geração de energia elétrica, entre elas a eólica, dada a
necessidade de superar a crise energética instalada e que atingiu seu ápice no início
do ano de 2001, facilitada também pelo domínio tecnológico de outras nações que
tornaram a geração elétrica por fonte eólica competitiva frente a outras fontes.
Por essa via, a fonte eólica passou a ser uma das fontes alternativas de
energias mais cotadas para a diversificação da matriz elétrica brasileira, juntamente
com a biomassa, tornando o país menos dependente da geração hidráulica e
promovendo o desenvolvimento com o uso de energia renováveis.
Dessa forma, o presente trabalho pretende pesquisar a atividade eólica no
estado do Rio Grande do Norte, tendo como objetivo geral analisar a inserção eólica
na matriz elétrica do Rio Grande do Norte no período 2004 até 2011, buscando
identificar, a partir das atuais ações, os principais entraves e desafios para o
desenvolvimento da produção eólica no estado e os possíveis desdobramentos da
atividade eólica para a economia potiguar.
Com vistas a alcançar tal objetivo, adotam-se mais seis eixos de objetivos
específicos, a saber:

i) Descrever e sistematizar dados relativos à evolução da matriz elétrica


do Rio Grande do Norte no período 2004-2011;

ii) Levantar as usinas eólicas instaladas, em operação e outorgadas no


estado em análise;

8
Segundo art. 2º da Lei 10.847 de 15 de março de 2004, "A Empresa de Pesquisa Energética - EPE tem por
finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor
energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas
renováveis e eficiência energética, dentre outras.”.
27

iii) Levantar os investimentos públicos e privados no setor, tais como:


instalação de indústrias, ações de Pesquisa e Desenvolvimento, etc.

iv) Levantar as obras de infraestrutura de logística ao setor eólico;

v) Apresentar a balança comercial quanto à importação de equipamentos


eólicos e exportação de energia elétrica.

vi) Identificar a criação de emprego na atividade eólica.

Através dos objetivos propostos, busca-se conseguir responder a seguinte


pergunta de pesquisa: Quais os principais desafios para o desenvolvimento da
produção elétrica por fonte eólica no estado do Rio Grande do Norte e em que
medida tal setor contribui para a economia estadual?
Parte-se da hipótese que a infraestrutura local afeta a competitividade do
estado no mercado da atividade eólica, e que tal atividade contribui de forma indireta
para a economia do Rio Grande do Norte a partir, principalmente, da criação de
emprego e geração de renda.
Como metodologia utilizou-se de pesquisa qualitativa do tipo exploratória com
delineamento bibliográfico e documental, com o uso de dados primários e
secundários.
A do tipo bibliográfica foi escolhida para reunir elementos teóricos do tema do
trabalho, obtendo-se informações através de contribuições editadas por alguns
autores na área de estudo proposta, fazendo uso principalmente de artigos
científicos. Alguns trabalhos norteiam uma colaboração a este atual estudo, a saber:
Ferreira (2008)9 e Dutra (2007)10.
Ferreira (2008) apresenta e analisa as barreiras encontradas para o
desenvolvimento da energia eólica no Brasil, segundo o autor as principais barreiras
passa pelo preço da energia gerada, o financiamento, baixo crescimento da indústria
nacional de equipamentos eólicos, aspectos regulatórios incertos, e dificuldades na
obtenção da licença de instalação.
9
FERREIRA, H. T. Energia Eólica: barreiras a sua participação no setor elétrico brasileiro. 2008. 117 p.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Energia. Universidade de São Paulo.
10
DUTRA, R. M. Propostas de Políticas Específicas para Energia Eólica no Brasil após a Primeira Fase do
PROINFA. Tese (Doutorado em Ciências de Planejamento Energético) – UFRJ. Rio de Janeiro: 2007.
28

Já Dutra (2007), entre outros fatores, realiza uma análise do contexto setor
elétrico brasileiro, especialmente da evolução das políticas implementadas para o
desenvolvimento de fontes renováveis de energia. Além disso, propõe algumas
estratégias para a atividade eólica no país após o Programa PROINFA. O autor em
tela referencia alguns fatores importantes do setor os quais perpassam a
organização estratégica de expansão do setor de energia elétrica. Alguns desses
fatores são: “redução das emissões do setor elétrico; otimização do sistema
hidrelétrico; desenvolvimento industrial; e regional e aumento da participação de
fontes renováveis alternativas na matriz energética”. (DUTRA, 2007, p. vi).
No que tange a pesquisa do tipo documental, a mesma foi optada para se
obter informações empíricas. Tais dados foram coletadas a partir de documentos
existentes que ainda não foram analisados, tais como: documentos de arquivos
públicos, relatórios técnicos, contratos, entre outros, de forma a selecionar, tratar e
interpretar essas informações em estado bruto, buscando extrair valores para as
mesmas.
Cabe frisar que ainda foi realizada uma minuciosa pesquisa da realidade
econômica estadual, de forma a conhecer e obter domínio do tema. Quanto ao
método de pesquisa, utilizou-se na abordagem a do tipo dedutivo aplicando o
referencial teórico e analítico construído para assim conseguir através da
metodologia usada responder a problemática anteriormente exposta.
Os dados quantitativos utilizados foram obtidos por fonte secundária, por
pesquisa a sites de órgãos e instituições que coletam, analisam e publicam dados
oficiais, os referidos sites são: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
Ministério de Minas e Energia (MME); Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS),
Empresa de Pesquisa Energética (EPE); Secretaria de Desenvolvimento Econômico
do Rio Grande do Norte (SEDEC); dentre outros. As fontes primárias foram
exploradas a partir de entrevistas realizadas a instituições e agentes da atividade
eólica no Rio Grande do Norte.
Os dados coletados foram tabulados e apresentados em forma de tabelas,
quadros e gráficos. Como alguns dados tiveram que ser coletados em sua forma
bruta, os mesmos foram reelaborados de acordo com o objetivo da pesquisa. Devido
às diversas informações coletadas em diferentes fontes, foi criado um banco de
dados no aplicativo Excel onde tais informações foram armazenadas de acordo com
as seguintes variáveis: produção elétrica anual; demanda e oferta elétrica anual
29

nacional e estadual; oferta das diferentes fontes na matriz elétrica nacional e


estadual; usinas eólicas em operação, construção e outorgadas; usinas eólicas do
PROINFA; cronogramas dos projetos eólicos quanto a datas e licenças de
construção e operação; municípios produtores eólicos e com usinas em construção;
número de empregos criados e investimento no setor.
Em linhas gerais, a atividade eólica no Brasil é datada de anos recentes,
apesar de o Nordeste ter sido pioneiro no país, apenas em 2002 a energia eólica
passou a compor a matriz elétrica regional. Devido a esse processo de
amadurecimento no setor, ainda é pequena a contribuição acadêmica para o
mesmo.
Por essa via, a relevância do tema ora estudado se justifica pelo fato do
mesmo representar uma contribuição analítica a um tema ainda pouco explorado,
além de que o mesmo também consta numa junção de dados sistêmicos que poderá
contribuir com futuras pesquisas científicas.
Nesse sentido, deve-se adicionar a justificativa anteriormente exposta, a
motivação pessoal da autora pelo assunto, visto que se acredita que ao final deste
estudo se terá formado uma plataforma de informações basilar e importante para o
desdobramento da atual pesquisa em um trabalho mais aguçado que terá como
objetivo principal servir como auxilio a políticas que favoreçam o desenvolvimento
socioeconômico nas regiões produtoras da energia eolioelétrica, visto que muitos
municípios de localização de usinas são de regiões interioranas que podem vir a se
beneficiar de um maior desenvolvimento socioeconômico por meio da atividade
eólica.
Finalmente, a estrutura do trabalho segue dividida em mais quatro seções
além desta introdução, a saber: no capítulo primeiro será apresentado um panorama
da energia eólica em nível global, nacional e regional; no segundo capítulo é
realizada uma abordagem da atividade eólica no estado do Rio Grande do Norte,
com análise do setor elétrico num contexto a partir da utilização da fonte eólica no
estado do Rio Grande do Norte, descrevendo a matriz elétrica estadual, o potencial
eólico, situação atual dos empreendimentos em operação e construção, os custos,
investimento, e mão de obra no setor, analisando as ações realizadas para a
geração de energia elétrica a partir da fonte eólica no estado; o capítulo três trará
uma discussão sobre os entraves e perspectivas da atividade eólica na economia
potiguar, analisando os possíveis desdobramentos para a economia do estado e as
30

possibilidades de crescimento. Por fim, será apresentada uma seção com as


considerações finais do trabalho.
31

1 - ENERGIA EÓLICA: PANORAMA GLOBAL, NACIONAL E


REGIONAL

Neste capítulo o objetivo é apresentar um breve contexto sobre a inserção e o


desenvolvimento da energia eólica (EOL) como fonte alternativa para geração de
energia elétrica, descrevendo brevemente a conjuntura mundial e de forma mais
detalhada o cenário nacional brasileiro e regional.
O capítulo segue dividido em três tópicos. Inicialmente, buscou-se apresentar
um panorama global concernente à energia eólica e, nas duas seções posteriores
será realizada uma abordagem das ações do Governo para promoção da atividade
eólica no Brasil, e em seguida a caracterização do processo de inserção da fonte
eólica na matriz elétrica nacional, analisando as regiões Nordeste e Sul do país.

1.1. CENÁRIO MUNDIAL: BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE


DESENVOLVIMENTO DA ENERGIA EÓLICA

É relevante conhecer o contexto internacional em que se deu o início da


produção de eletricidade a partir da fonte eólica. Nesse sentido torna-se pertinente
saber que embora o uso da fonte eólica para outros fins tenha tido origem em
tempos remotos, para a geração de eletricidade a literatura sobre tal assunto aponta
que apenas desde o final do século XIX algumas nações passaram a buscar
recursos alternativos para geração de eletricidade, optando pela eólica (EOL) como
uma das alternativas.
Para compreender esse processo será feita uma análise por períodos, pois
alguns acontecimentos internacionais de cunho político e econômico cooperam no
sentido de fortalecer as explicações quanto ao surgimento e o desenvolvimento da
energia eólica. Assim, esta análise será feita a partir de dois pontos, a saber: breve
histórico da utilização da fonte eólica como geradora de energia elétrica no contexto
internacional que abrange a modernização e desenvolvimento dessa fonte
alternativa de energia; e, em seguida, uma exposição do quadro atual da matriz
elétrica mundial quanto às fontes geradoras de eletricidade.
32

De acordo com Dutra (2008) a utilização de moinhos de vento para os mais


diversos fins data desde a civilização Persa por volta de 200 a.C. Com o decorrer do
tempo a modernização dos moinhos levou a utilização da força dos ventos para
atividades básicas como o bombeamento d‟água, moagem de grãos, e substituindo
a força motriz humana e animal, principalmente na Europa. No entanto, foi nos
Estados Unidos, no ano de 188811, que pela primeira vez foi realizada uma
adaptação dos cataventos para geração de energia elétrica.
Desta forma, tornar viável a exploração eólica passou a ser o interesse de
diversos países, principalmente nos anos compreendidos entre 1900 e 1970, quando
pesquisas para o desenvolvimento de turbinas de grande porte foram realizadas.
Sabe-se que nesse período as principais fontes geradoras de energia elétrica eram
de origem fóssil e, de acordo com Oliveira (2003) o advento da Segunda Guerra
Mundial promoveu uma busca no sentido de economizar combustíveis fósseis. O
conflito bélico fomentou ainda mais o interesse dos países em outras fontes
geradoras de eletricidade. Por essa razão, a literatura sobre energia eólica registra
que muitas pesquisas para modernização de turbinas eólicas foram crescentes
nesse período.
No entanto, com o fim da Segunda Guerra, na década de 1940, combustíveis
fósseis se tornaram novamente abundantes no mundo, sendo que e o petróleo e as
usinas hidrelétricas passaram a serem extremamente competitivos economicamente
para geração de eletricidade e assim aerogeradores de energia eólica de grande
porte foram, a partir desse evento, construídos apenas para realização de pesquisas
e não de comercialização. Apenas turbinas de pequenos portes continuaram a ser
aproveitadas em comunidades isoladas. (DUTRA, 2008).
Todavia, a fase econômica favorável à exploração do petróleo (até então a
mais importante fonte energética mundial) enfraqueceu na década de 1970 quando
o mundo passou por uma deficiência energética devida crise do petróleo. Este
episódio corroborou para um novo esforço na busca de fontes alternativas de
energia em vários países. (OLIVEIRA, 2003).
Seguindo esta análise, a Figura 1 apresenta um diagrama esquemático que
resume esse período e outros que contextualizam o processo do desenvolvimento
da energia eólica, elucidando alguns marcos históricos.

11
O primeiro catavento adaptado a geração de energia elétrica foi erguido na cidade de Cleveland - Ohio (EUA)
por Charles F. Bruch no ano de 1888. O catavento era voltado para eletrificação em campo. (DUTRA, 2008).
33

FIGURA 1 - Principais marcos do desenvolvimento da Energia Eólica no Século


XX

Fonte: DUTRA (2008, p. 12).

Diante desse cenário de crise energética na década de 1970, as iniciativas de


desenvolver a energia eólica para complementar a geração de eletricidade e o
alcance de uma menor dependência de fontes não renováveis foram crescentes. O
primeiro país a obter sucesso na instalação de uma usina de geradores eólicos de
grande porte para produção de eletricidade em seu território foi à Dinamarca, no ano
de 1976. Porém, devido os altos custos e baixa tecnologia de aproveitamento desta
fonte muitos anos se passaram até que a produção obtivesse viabilidade técnico-
econômica.
No entanto, com o progresso tecnológico nos sistemas avançados de
transmissão, melhor aerodinâmica dos geradores, aperfeiçoamento das estratégias
de controle e operação das turbinas, viabilidade de usinas offshore (geradores
instalados sobre as águas) etc., principalmente na década de 1990 pela Alemanha,
foi possível reduzir os custos e melhorar o desempenho dos equipamentos. Por essa
via, alguns países optaram por políticas preferenciais para o uso da energia eólica, o
que proporcionou em 2006 um acréscimo de 200% no potencial eólico instalado no
mundo comparado com 1976. (GDSE, 2006).
Para efeito de visualização do mencionado crescimento, o Gráfico 1
demonstra quanto o potencial eólico utilizado globalmente se elevou desde a década
1990 até 2008.
34

GRÁFICO 1- Potência eólica internacional acumulada ao final de cada ano (em


MW)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de WWEA (2009,


2008 e 2006); WINDPOWER MONTHLY (2004 e 2006); NEW
ENERGY (2003, 2002 e 2000); BTM CONSULT (2000) apud Dutra
(2008, p. 17).

Observa-se no Gráfico 1 que no ano de 1998 a potência eólica mundial


acumulada estava abaixo de 11.000 MW e, em 2008, passou para mais de 120.000
MW, destacando-se principalmente, a evolução dos anos compreendidos entre 2006
e 2008. O grande acréscimo nesse período deu-se principalmente devido a
viabilidade técnica-econômica da implantação de usinas eólicas, além de políticas
de incentivo a tal atividade, tornando a fonte eólica competitiva com as demais
fontes convencionais de energia elétrica. (DUTRA, 2008).
Em função dessa crescente participação de nações na utilização dessa fonte
alternativa de energia (FAE), indicadores do GDSE12 apontam que em 2020 12% da
matriz elétrica mundial poderão advir da energia eólica. Atualmente os principais
produtores eólicos mundiais são, respectivamente, os Estados Unidos, a China e
Alemanha. Tais são alguns dos exportadores de tecnologia de equipamentos para
parques eólicos, e, alinhado a eles a Espanha que também apresenta um mercado
consolidado nessa atividade.13. (GDSE, 2006).

12
Gabinete para o Desenvolvimento do Setor Energético (Gabinete do Governo do estado de Macau, China).
13
Constam (Anexo A) alguns Gráficos que demonstram a evolução da fonte eólica por países produtores, no
período de 1970 até 2008.
35

Contudo, considerando os dados14 até o ano de 2009, a matriz elétrica


mundial ainda conta com grande participação de fontes não renováveis,
principalmente do carvão mineral e do petróleo. De acordo com o International
Energy Outlook (2009) apud Capeletto e Moura (2010), a geração de eletricidade
mundial conta com a participação de cinco principais fontes de energia elétrica.
Sendo que a maior produção provém do carvão que aufere 42% da matriz elétrica
mundial, o que corresponde a 8,7 trilhões de kWh. Em seguida, o gás natural e as
energias renováveis (principalmente a hídrica) participam com 40% na geração
elétrica cada, o que perfaz a média de 3,6 trilhões de KW/h provindos dessas fontes.
De forma menos expressiva, a energia nuclear e o petróleo são, respectivamente,
responsáveis por 14% e 4% da produção de eletricidade, ou seja, 2,8 e 1 trilhão de
kWh.
No que tange as fontes renováveis mais utilizadas atualmente, a hidráulica é
a que apresenta uma maior participação na geração elétrica. Os países que
possuem o maior potencial utilizável das fontes hídricas são a China, a Rússia e o
Brasil, respectivamente, como demonstra a Figura 2.

FIGURA 2 - Principais Potenciais Hidrelétricos Aproveitáveis no Mundo – 2008

Fonte: EPE (2007) apud ANEEL (2008, p. 56).

Apesar do potencial hídrico, a matriz elétrica mundial ainda está pautada, em


essência, na geração provinda de fontes não renováveis, o que significa

14
International Energy Outlook (2009) apud Capeletto e Moura (2010).
36

dependência por fontes de energia finitas na natureza e que agridem o meio


ambiente. Esse quadro ocasiona iniciativas por parte de Governos de muitos países
na busca de diversificar a matriz elétrica.
No que tange ao Brasil, as iniciativas de diversificação da matriz elétrica
utilizando a fonte eólica se deu na década de 1990. Em 2011 o país já possui
programas de incentivos a essa FAE e grande potencial natural para geração de
eolielétrica. Essa conjuntura, aliada a incentivos para o setor elétrico por fontes
renováveis, proporcionará ao país a participação de 10% da fonte eólica na matriz
elétrica nacional até 2020. Na realidade, esta é uma meta do Programa do Governo
Federal, o PROINFA, que será discutido no desenvolvimento do atual capítulo.
(DUTRA, 2007).
Isso posto, é relevante realizar neste momento uma leitura mais incisiva da
atividade eólica no Brasil, de forma a conhecer como surgiu, desenvolveu e se
encontra o cenário da geração elétrica por fonte eólica no país para que, dessa
forma, possa ser aprofundada uma análise do setor e sua viabilidade econômica
para o país. Chama-se a atenção para o fato que os tópicos seguintes deste capítulo
têm uma abordagem descritiva, intencionalmente realizada para proporcionar
conhecimento detalhado da atividade em análise.
Dessa forma, nos próximos tópicos serão apresentadas as políticas que o
Brasil tem realizado para promover o desenvolvimento da geração elétrica por fonte
eólica, de forma a entender as ações que impulsionaram a inserção de tal fonte na
matriz energética brasileira.

1.2. CENÁRIO NACIONAL: PROJETOS, POLÍTICAS E AÇÕES ESTRUTURANTES


E DE INCENTIVO A ATIVIDADE EÓLICA.

Devido a ampla disponibilidade do recurso natural para a produção de energia


eólica, e as vantagens que esta apresenta como uma fonte alternativa de energia, o
desenvolvimento da geração eolioelétrica vem passando, de forma crescente, a
fazer parte do planejamento energético das nações.
É entendida por muitos autores a grande relevância do planejamento
energético para promoção das energias renováveis, como a eólica. Goldemberg e
Moreira (2005) afirmam a necessidade de haver políticas energéticas que
37

proporcionem condições especiais de mão de obra, tecnologias e equipamentos


para o desenvolvimento do setor energético. Os autores em tela enfatizam a
imprescindível participação do Governo para promoção eólica, visto destacarem a
necessidade de políticas públicas para administrar o conjunto de vantagens e riscos,
além de eficiente alocação financeira de recursos, tendo em vista que existe uma
alta participação da iniciativa privada na produção de energia nacional.
Seguindo essa linha, Dutra (2007) também releva a importância da
articulação de políticas públicas para crescimento da atuação das energias
renováveis. Para o referido autor,

O desenvolvimento das FAEs no mercado de energia


elétrica necessita de políticas específicas para que barreiras
que impedem sua integração no mercado convencional de
energia elétrica sejam superadas. (DUTRA, 2007, p. 01).

Nesse contexto, observa-se que nos últimos anos o Brasil tem investido em
ações voltadas à ascensão da energia eólica. As primeiras iniciativas de grande
magnitude datam do ano de 1994, quando o Ministério de Minas e Energia (MME) –
juntamente com o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) – organizou o I
Encontro para Definição de Diretrizes para o Desenvolvimento de Energia Solar e
Eólica, tal encontro foi realizado na cidade de Belo Horizonte - MG.
Mediante este evento foi elaborada a Declaração de Belo Horizonte que
traduz resultados desse encontro. Além de metas e propostas contêm na
Declaração algumas diretrizes para as energias solar e eólica no Brasil, que
continuam sendo debatidas e detalhadas para fim de ações efetivas. (CRESESB,
2010).
Em linhas gerais, tais diretrizes dividem-se em sete categorias, a saber:
diretrizes políticas; diretrizes legislativas, administrativas e institucionais; diretrizes
tecnológicas; diretrizes financeiras e fiscais; diretrizes para a formação de recursos
humanos; e diretrizes para a divulgação das energias solar e eólica. Ademais,
também ficou estabelecida a realização do Fórum Permanente de Energia Solar e
Eólica anualmente. (DECLARAÇÃO DE BELO HORIZONTE, 1994).
No entanto, o primeiro Programa de larga escala do Governo Federal do
Brasil deu-se em 2001, quando passou a ser posto em prática políticas públicas que
passaram a proporcionar estrutura e incentivo ao desenvolvimento da energia eólica
38

como fonte de energia elétrica. Dessa maneira, na sequência, serão elucidadas as


duas principais políticas do Governo Federal voltadas para a fonte eólica.

1.2.1. Estrutura e Propósitos do PROEÓLICA e PROINFA

Os dois Programas do Governo Federal que proporcionaram incentivos à


produção de energia eólica no país foram elaborados no início da década de 2000.
O primeiro, Programa Emergencial de Energia Eólica (PROEÓLICA), não alcançou
os objetivos15 estabelecidos. Todavia, serviu de experiência e base para a
formulação de um segundo Programa: o Programa de Incentivo as Fontes
Alternativas de Energia (PROINFA), que ainda encontra-se em execução no ano de
2012.
Assim, a seguir, serão descritos esses dois Programas, de forma a se
conhecer a estrutura proporcionada pelo Governo Federal à expansão da atividade
eólica.

1.2.1.1. Programa Emergencial de Energia Eólica – PROEÓLICA

No ano de 2001 o Brasil enfrentou uma grande crise energética ocasionada,


entre outros fatores, pela sucessão de cinco anos de poucas chuvas e do atraso em
obras de expansão da oferta energética, além da falta de investimento em geração e
transmissão de energia elétrica. Esse quadro se deu devido também à grande
dependência nacional dos recursos hídricos na geração de energia elétrica. (DE
PAULA, 2002).
Diante disso, o Presidente da República do Brasil criou por meio da medida
provisória Nº 2.147, de 15 de maio de 2001, a Câmara de Gestão da Crise
Energética (CGC), que tinha por objetivo:

[...] propor e implementar medidas de natureza emergencial


para compatibilizar a demanda e a oferta de energia elétrica,
de forma a evitar interrupções intempestivas ou imprevistas
do suprimento de energia elétrica. (BRASIL, Medida
provisória Nº 2.147 Art. 1º, 2001).

15
Tais objetivos serão apresentados no desenvolvimento da seção 1.2.1.1 desta Monografia.
39

Por sua vez, a CGC criou o primeiro grande Programa de incentivo a


atividade eólica, o Programa Emergencial de Energia Eólica (PROEÓLICA), que foi
implantado a partir da Resolução Nº. 24, de 05 de julho de 2001. De acordo com
essa resolução, em seu artigo primeiro, os objetivos do PROEÓLICA eram:

I - viabilizar a implantação de 1.050 MW, até dezembro de 2003, de geração de


energia elétrica a partir de fonte eólica, integrada ao sistema elétrico interligado
nacional;

II - promover o aproveitamento da fonte eólica de energia, como alternativa de


desenvolvimento energético, econômico, social e ambiental;

III - promover a complementaridade sazonal com os fluxos hidrológicos nos


reservatórios do Sistema Interligado Nacional. (BRASIL, art. 1º da Resolução Nº 24,
de 05.07.2001).

Coube ao Ministério de Minas e Energia promover, coordenar e implementar o


PROEÓLICA. No entanto, o Programa não conseguiu pôr em operação nenhum
gerador eólico na ocasião da medida provisória que se estendeu até o ano de 2003.
Muito embora alguns incentivos a mais pelo Governo tenham sido dados, devido
algumas barreiras enfrentadas pelos investidores (sendo a maior delas a
necessidade de importação de tecnologia, - tendo em vista haver apenas um único
fornecedor de equipamentos eólico em território nacional16), como isenção do IPI
para aerogeradores durante o ano de 2002. (FERREIRA, 2008).
Convém ressaltar, que embora alguns resultados esperados não foram
alcançados durante a execução do PROEÓLICA, como a implantação de 1.050 MW
de fonte eólica a matriz elétrica nacional, destaca-se o trabalho do país na busca de
alternativas para a geração de eletricidade, mediante o momento crítico energético
vivido no Brasil no início da década 2000. Para Dutra (2007), a experiência com o
Programa Emergencial de Energia Eólica serviu de base para elaboração de um
novo Programa, este mais bem estruturado que o primeiro denominado PROINFA.
Dessa forma, na sequência, segue algumas considerações concernentes ao
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia.

1.2.1.2. Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia – PROINFA

16
Fornecedor instalado no Brasil: Wobben Wind Power.
40

O PROINFA configura-se como um importante incentivo para a promoção do


setor energético nacional, na busca da diversificação da matriz elétrica na
substituição da geração convencional de eletricidade por fontes alternativas
renováveis.
Tal Programa foi criado em 26 de abril de 2002, pela publicação da Lei
Federal Nº. 10.438 sendo, mais tarde, revisada e ajustada através da Lei Nº. 10.762,
em 2003 e regulamentada através do Decreto Nº 5.025, de 2004. O Programa é
constituído de duas fases, sendo, a primeira, para implementação de projetos em
curto prazo e, a segunda, para implementação em médio prazo. (ELETROBRÁS,
2010).
Em suma, a primeira etapa do Programa previa inicialmente a contratação de
3.300 MW de energia em 144 Projetos distribuídos para fontes eólicas, biomassa e
pequenas centrais hidrelétricas até dezembro de 2006. Essa distribuição, segundo a
Eletrobrás (2010), constitui que:

As usinas do programa responderão pela geração de


aproximadamente 12.000 Wh/ano - quantidade capaz de
abastecer cerca de 6,9 milhões de residências e equivalente
a 3,2% do consumo total anual do país. Os 3.299,40 mW
contratados estão divididos em 1.191,24 mW provenientes
de 63 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), 1.422,92
mW de 54 usinas eólicas, e 685,24 mW de 27 usinas a base
de biomassa. Toda essa energia tem garantia de
contratação por 20 anos pela Eletrobrás. (ELETROBRÁS,
2010. Disponível em: www.eletrobras.com/elb/pr
oinfa).

Para tanto, o Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia conta


com Programas17 de apoio do BNDES, BB, BNB, BASA, ADENE, CEF e
ELETROBRÁS. A ELETROBRÁS é responsável pela contratação dos projetos
selecionados pelo Programa pelo prazo de 20 anos e a administração da Conta
PROINFA. Esta última é constituída pelos custos da energia gerada, os custos
administrativos, financeiros e encargos tributários. A Conta PROINFA é
regulamentada e fiscalizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).18
(PORTO, 2006)

17
Para conhecer tais Programas acessar site da Eletrobrás: www.eletrobras.com.br.
18
Para conhecer atribuições da ANEEL, acessar o portal www.aneel.gov.br.
41

No que concerne a sua segunda etapa, o PROINFA estabelece uma meta


onde as fontes de energia alternativas participantes do Programa deveriam fornecer
10% do consumo de eletricidade do Brasil em 20 anos. Ou seja, caso a primeira fase
tivesse sido finalizada no período proposto inicialmente, esta meta, a ser alcançada
em médio prazo, seria para o ano de 2026. No entanto, segundo MME, devido a
problemas de cronogramas, as revisões forçadas foram necessárias para datas de
entrada em operação de alguns projetos, que foram estendidas para o ano de 2008,
2010, até o final do ano de 2011 ainda não está finalizada.
Segundo os propósitos do Programa pode-se observar que algumas metas do
PROINFA, devido a complicações surgidas na implantação do mesmo, não foram
alcançadas em sua integridade. A primeira fase que tinha como propósito inicial ser
concluída quatro anos após sua implementação, como já citado, ainda encontra-se
em execução.
De acordo com a Eletrobrás (2010), a fonte que apresenta maiores
dificuldades é a eólica, sendo a que possui a menor quantidade de obras previstas
finalizadas. Já a área de biomassa tem alcançado resultados mais significativos,
seguida das pequenas centrais hidrelétricas.
No entanto, considerando o avanço no setor de energia elétrica por fontes
alternativas no Brasil proveniente do PROINFA pode-se afirmar que mesmo não
alcançando no prazo estabelecido algumas metas, tal Programa proveu
contribuições positivas ao setor elétrico. Para embasar essa colocação, com apoio
da Tabela 1 é possível mostrar o avanço dos empreendimentos eólicos provindos
por incentivo do PROINFA.

TABELA 1 - Situação dos empreendimentos financiados pelo PROINFA em


operação e construção (em número de empreendimentos e MW) – 2010
Em operação comercial Em construção pelo
FONTE pelo PROINFA PROINFA
Qtd MW Qte MW
PCH 49 986,74 14 210,91
Biomassa 21 563,23 7 215,40
Eólica 37 766,78 19 666,75
Total Contratado 107 2.316,75 40 1.093,06
Fonte: Modificado e atualizado pela autora a partir de PORTO (2007, p. 30) e
SFG (2010). Dados disponíveis em: www.aneel.gov.br. Relatório SFG de julho
de 2010.
42

Nesse sentido, observa-se que o Programa do Governo Federal contribuiu


com a ampliação da produção de energia eólica, seja na construção de novos
empreendimentos ou na expansão dos já existentes.
Com base no exposto, é possível analisar de forma positiva a atuação do
PROINFA. Mesmo o PROINFA tendo que enfrentar algumas barreiras em sua
implantação, frente aos dados apresentados, observa-se que o Brasil encontra-se
num cenário histórico na busca do desenvolvimento das fontes renováveis de
energia e nisso tem alcançado resultados inéditos no país. O Brasil encontra-se
atualmente como uma das nações de destaque mundial na produção de energia
limpa, devido à atuação das fontes de energia hidráulicas, e de forma crescente da
biomassa e também eólica.

1.2.2. A política dos leilões de energia elétrica

Por meio da Lei Federal Nº 10.848, de 15 de março de 2004, foi inserido duas
novas formas de comercialização de energia elétrica no Brasil, a saber: o Ambiente
de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL). O CCEE
define a forma de contratação de ambos,

A contratação do ACR é formalizada através de contratos


bilaterais regulados, denominados Contratos de
Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado
(CCEAR), celebrados entre Agentes Vendedores
(comercializadores, geradores, produtores independentes ou
autoprodutores) e Compradores (distribuidores) que
participam dos leilões de compra e venda de energia
elétrica. Já no ACL há a livre negociação entre os Agentes
Geradores, Comercializadores, Consumidores Livres,
Importadores e Exportadores de energia, sendo que os
acordos de compra e venda de energia são pactuados por
meio de contratos bilaterais. (CCEE, 2011. Disponível em:
www.ccee.org.br, guia Ambiente de Contratação).
43

Visto que para a energia eólica, até o ano de 2011, o ambiente de


comercialização se dá basicamente por meio de leilões19, ou seja, no ambiente de
contratação regulada, será analisado apenas este ambiente, de forma a
compreender como se dá os leilões e as vantagens para a promoção eólica.
Os leilões de compra de energia elétrica consistem na contratação da energia
destinada à cobertura do consumo existente e também futuro, a demanda de
energia elétrica é estabelecida por distribuidores. Os denominados leilões de reserva
têm como objetivo contratar energia adicional ao Sistema Interligado Nacional (SIN),
visando “aumentar a garantia de suprimento e reduzir custos operacionais do SIN.
Sua demanda é determinada pelo poder concedente, responsável pela segurança
energética do sistema”. (EPE e MME, 2009. p. 15).
Embora este ambiente de comercialização de energia elétrica (ACR) seja
realizado no Brasil desde 2004, apenas no ano de 2009 foi realizado o primeiro
leilão exclusivo de energia eólica. Os agentes interessados em participar de leilões
de energia elétrica devem obter licença prévia junto ao órgão ambiental responsável
no estado do Projeto eólico e então cadastrar o Projeto no leilão vigente por meio da
Empresa de Energia Elétrica (EPE), uma das exigências para o cadastro é o agente
fornecer histórico de medições do vento quanto à velocidade e direção no local a ser
instalado o parque por, pelo menos, um ano. Ao participar do leilão, o agente que
oferecer o menor preço por MW/h terá a garantia de fornecimento de energia elétrica
num longo prazo. No leilão de 2009 esse período foi de 20 anos. (OLIVEIRA
JÚNIOR, 2011).
As fases dos leilões de contratação de energia elétrica são respectivamente:
Publicação de Portaria pelo MME; Cadastramento dos Agentes; Análise Preliminar
das Conexões; Chamada Pública; Estudos de Planejamento da Transmissão;
Habilitação Técnica; Determinação e Divulgação dos Encargos e Tarifas; Leilão de
Energia que é realizado pela ANEEL/CCEE. (EPE e MME, 2009).
A inclusão da fonte eólica nos leilões de energia tornou a fonte competitiva
com as convencionais. Tolmasquim (2011) defende que os leilões de energia
realizados em 2011 “possibilitaram [...] a viabilidade da competição de mercado
entre as fontes eólicas e gás natural – algo inédito em termos internacionais”. Essa

19
Apenas no ano de 2011 alguns projetos eólicos passaram a ser negociados no mercado livre. No dia
01/03/2012, foi inaugurada, no Rio Grande do Norte, a primeira Usina do Brasil negociada nesse ambiente de
contratação. A Usina Miassaba II, no município de Guamaré.
44

tese pode ser constatada a partir da Tabela 2 que apresenta a evolução dos preços
negociados em leilões nos últimos anos. (TOLMASQUIM apud EPE, 2011 p. 2).

TABELA 2 - Evolução dos preços contratados nos leilões de energia entre os


anos de 2006 e 2011 (Em R$/MWh)

Mês/Ano EOL* UTE* UEH* BIO* PCH*


10/ 2006 --- 137,44 120,86 --- ---
06/ 2007 --- --- --- 138,85 134,99
07/ 2007 --- 134,67 --- --- ---
10/ 2007 --- 128,37 129,14 --- ---
08/ 2008 --- --- --- 58,84 ---
09/ 2008 --- 145,23 98,98 --- ---
08/ 2009 --- --- 144 144,6 ---
12/ 2009 148,39 --- --- --- ---
08/ 2010 130,86 --- --- 144,2 141,93
12/ 2010 --- --- 67,31 --- ---
08/ 2011 99,58 103,26 102 102,41 ---
08/ 2011** 99,64 --- --- 100,4 ---
12/2011 105,12 91,20 103,06
* EOL – Eólica; UTE – Termelétrica; UEH – Hidrelétrica; BIO – Biomassa; PCH –
Pequenas Centrais Hidrelétricas.
** Em agosto de 2011 foram realizados dois leilões.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da EPE (2006, 2007, 2007, 2007, 2008,
2008, 2009, 2009, 2010, 2010, 2011, 2011 e 2011).

Ademais, chama-se a atenção para o fato de que a estratégia do leilão de


energia diminui o risco do empresário na medida em que realiza contrato em longo
prazo. Dessa forma há garantia de tempo para retorno de capital, dado o alto
investimento inicial de um parque eólico, influenciando assim a perspectiva de
retorno. Dessa forma, a estratégia de leilões apresenta-se como de grande
importância para a promoção da energia eólica, que segundo a Empresa de
Pesquisa Energética (2011) tem como aspecto econômico um elevado investimento
inicial, embora um baixo custo operacional.
45

1.3. CENÁRIO REGIONAL: DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA REGIONAL


NOS ANOS RECENTES

Nesse momento, é possível realizar uma explanação sobre o inexpressível


peso da energia eólica na matriz elétrica nacional. Analisando o quadro energético
do país a partir do uso da energia eólica e as participações regionais na produção
eolielétrica.
Diante disso, observa-se que embora os maiores esforços de incentivo do
Governo Federal para promoção da energia eólica ter se dado a partir de 2001,
estudos sobre o potencial eolielétrica nacional e implantação de aerogeradores são
datados desde a década de 1990, principalmente por parte de universidade e
instituições de pesquisa no estado de Pernambuco, como será apresentado na
sequência deste estudo.
Dessa maneira, é relevante responder as seguintes questões: quando se
iniciou estudos concernentes à energia eólica no Brasil? Quais as instituições
promotoras e os primeiros resultados alcançados nesta área? Para tanto, é basilar
realizar uma retrospecção das primeiras pesquisas realizadas e parques eólicos
instalados ante o Programa Emergencial de Energia Eólica e o Programa de
Incentivo a Fontes Alternativas de Energia, de maneira a conhecer o quadro
energético do país a partir do uso da energia eólica.
Frente a isso, constata-se que o Brasil vem desde a década de 1990
amadurecendo de forma mais densa e acelerada estudos a respeito do potencial
eólico nacional, o que também proporcionou certa motivação e interesse de
exploração e comercialização da energia eólica. As primeiras pesquisas em torno do
potencial da EOL deram-se no Nordeste, com o apoio da ANEEL, MCT, do Centro
Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE). Essa parceria obteve como resultado de seus estudos a publicação do
primeiro Atlas Eólico da Região Nordeste no ano de 1998.
No Brasil, o primeiro Atlas de Potencial Eólico foi realizado no ano de 2003,
publicado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica (CRESESB). O
Mapa 1 mostra o potencial por região, que representa um diagnóstico de coleta e
análise de dados sobre velocidade e regime dos ventos, levando em consideração a
velocidade media anual do vento a 50m de altura. (ANEEL, 2005).
46

MAPA 1- Potencial Eólico Brasileiro – 2003

Fonte: FEITOSA, E. A. N. et al. (2003) apud ANEEL (2005,


p. 96).

É possível visualizar no mapa áreas com cores divergentes, quanto mais


escuras as áreas melhores as qualidades naturais para a exploração da energia
eólica. Destaca-se, dessa maneira, o Nordeste, como sendo a região do Brasil que
possui o maior potencial natural para exploração da fonte eólica.
Além desses dois estudos existem outras iniciativas locais mais recentes que
apresentam o potencial eólico por estado. Os entes federativos que possuem Atlas
Eólico são: Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Piauí, e Paraná.
No entanto, cabe frisar que antes desses estudos e pesquisas, no ano de
1992, foi instalada a primeira turbina eólica no Brasil, em Fernando de Noronha - PE.
O Projeto foi realizado pelo Grupo de Energia Eólica da Universidade Federal de
Pernambuco e teve financiamento de uma parceria entre o Instituto Dinamarquês
Folkecenter e a Companhia Energética de Pernambuco (CELPE). (ANEEL, 2005).
47

FOTO 1 - Primeira turbina eólica do Brasil (Fernando de Noronha-PE)

Fonte: Memória da Eletricidade (2000) apud ANEEL


(2005, p. 105).

Após este primeiro aerogerador instalado em Pernambuco outras iniciativas


de produção eólica foram realizadas no Nordeste. Durante a década de 1990,
destaca-se principalmente o estado do Ceará. Nos anos 2000 o Brasil contemplou
um avanço expressivo na construção de empreendimentos eólicos.
Isso posto, é basilar analisar a matriz elétrica brasileira atual de forma a
conhecer as fontes geradoras de energia elétrica do país e a diversificação dessa
matriz nas regiões brasileiras. Para isso, é descrito no Gráfico 2, segundo dados do
Balanço Energético Nacional (BEN), a distribuição por fontes geradoras de
eletricidade no Brasil.
48

GRÁFICO 2 - Matriz Elétrica do Brasil (em %) – 201020

¹ Inclui gás de coqueria.


² Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras recuperações
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do BEN (2011).
Dados disponíveis em: www.ben.epe.gov.br

De acordo com as informações acima se observa que no Brasil a


maior geração elétrica é proveniente de fonte hidráulica, representando 74,9% da
matriz elétrica. Na sequência, o gás natural e biomassa ocupam, respectivamente, a
segunda e a terceira fonte mais utilizada na geração elétrica. Observa-se que a fonte
eólica atualmente corresponde a 0,4% da matriz elétrica nacional. Além disso, o país
importa energia elétrica da Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela,
correspondendo a 6,3% do uso de energia elétrica nacional.

GRÁFICO 3 - Geração Elétrica por Região (participação em %) – 2010

Fonte: BEN (2011) apud EPE (2011, p. 47).

20
Até data de finalização deste trabalho os dados atualizados (consolidados) no BEN correspondem ao balanço
energético de 2011 com referência ao ano de 2010.
49

Diante das informações do Gráfico 2 se inferi a seguinte indagação: por que a


participação eólica na oferta de energia elétrica brasileira é acentuadamente inferior
frente às demais fontes? Essa questão pode ser facilmente explicada diante do perfil
do Brasil na geração de energia elétrica. Isso porque o país possui em seu território
uma larga oferta da matéria prima para a construção de grandes usinas hidrelétricas:
a água. O país historicamente buscou nessa fonte a maior produção de energia
elétrica interna.
Apenas a partir da década de 1990 que o Brasil passou intensificar outras
fontes para geração de eletricidade, como já discutido na Introdução deste trabalho.
Partindo dessa análise já realizada, cabe ressaltar a década de 2000 quando a
nação brasileira passou por uma crise energética, onde os níveis de água dos
reservatórios das grandes centrais hidrelétricas alcançaram baixos índices para
produção em larga escala e as demais fontes não supriram a demanda de energia
elétrica, forçando o país a executar um plano de racionamento de energia no ano de
2001, o que reforçou a busca de diversificar a matriz elétrica nacional.
A partir dos investimentos em novas fontes de energia, aliado ao
desenvolvimento tecnológico de produção eólica internacional, o Brasil passou a
investir na fonte eólica para diversificação da matriz elétrica nacional. Apenas na
década de 2000 a energia eólica contou com grandes investimentos fazendo com
que, pela primeira vez, esta forma de produzir energia competisse com as outras
tradicionais. Dessa forma, embora atualmente a energia eólica corresponda a
apenas 0,4% da matriz elétrica do Brasil, a produção da mesma data da década
2000 e conta com investimento para aumento de produção nos próximos anos,
sendo uma das alternativas de tornar mais segura a oferta de energia elétrica no
país.
Além disso, segundo a ANEEL (2011), o Brasil oferta mais de 116.073.406
kW de energia elétrica por unidade de tempo, dos quais 82.114.513 kW provêm de
fonte hidráulica, e 1.221.742 kW de eólica. Sendo que nos próximos anos está
prevista a adição de quase 27.554.695kW na capacidade geral do país, proveniente
dos 151 empreendimentos em construção de variadas fontes.
Ademais, de forma a conhecer o cenário dos empreendimentos eólico no
país, a Tabela 3 especifica o quadro brasileiro frente à geração de energia elétrica
50

por fonte eólica, com um resumo dos empreendimentos eólicos no país, onde consta
a existência de 73 empreendimentos eólicos distribuídos nas regiões Nordeste, Sul e
recentemente também no Sudeste.

TABELA 3 - Situação dos Empreendimentos eólicos no Brasil - 2011


Potência Associada
Situação Qnt
(kW)
Outorgada 1998 e
157 4.677.208
2011
Em construção 52 1.320.290
Em operação 73 1.471.192
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).
Dados disponíveis em: www.aneel.gov.br

Para efeito de compreensão explica-se que os empreendimentos outorgados


são as usinas que já receberam concessão de operação. Todavia, ainda não foi
dado inicio às construções. As usinas em operação são aquelas que passaram a
operar comercialmente a partir da primeira unidade geradora e, por fim, usinas
consideradas em construção são as que depois de obtida a licença ambiental de
instalação iniciou as obras locais. (ANEEL, 2005).
Isso posto, na sequência será apresentado à participação por região e ente
federativo no uso da energia por fonte eólica para geração de energia elétrica. Para
isso, apresenta-se o Gráfico 4 onde são expostos os estados que possuem parques
eólicos em operação.

GRÁFICO 4 - Potencial Eólico por estados no Brasil (em kW) – 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL


(2011). Dados disponíveis em: www.aneel.gov.br.
51

No Gráfico 4 chama-se a atenção para o fato de que a participação estadual


na produção eólica concentra-se nas regiões Nordeste e Sul. Os dados da ANEEL
apresentados referem-se à produção em KW, nisso observa-se que o Nordeste
possui 66,38% do total nacional.
As regiões Centro-Oeste e Norte não possuem parques eólicos em operação.
O Sudeste possui apenas o estado do Rio de Janeiro com um empreendimento
(Usina de Gargaú) na cidade de São Francisco de Itabapoana, com capacidade de
gerar 28.050 kW de potência. Este empreendimento foi inaugurado em outubro de
2010. Além disso, encontra-se em construção outra usina no estado do Rio de
Janeiro com capacidade de potência de 135.000 kW.
Os estados referenciados no Gráfico 4 possuem juntos 64 parques eólicos,
sendo distribuídos como indica a Tabela 4.

TABELA 4 - Resumo da situação dos parques eólicos por estados no Brasil-


2011
Qnt de Parques
Estado Potência (kW) %
EOL
Ceará (CE) 17 521.300 35,36
Paraíba (PB) 13 69.000 4,68
Paraná (PR) 2 2.502,2 0,17
Pernambuco (PE) 5 24.750 1,68
Piauí (PI) 1 18.000 1,22
R. G. do Norte
9 234.900 15,93
(RN)
R. G. do Sul (RS) 9 340.000 23,06
Rio de Janeiro (RJ) 1 28.050 1,90
Santa Catarina (SC) 12 235.800 15,99

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).

Diante dessas informações apresentadas, verifica-se que o Rio de Janeiro


apresenta uma participação maior na produção eólica nacional comparativamente
com outros estados nordestinos, por exemplo, Pernambuco, que foi um dos
pioneiros no Brasil na exploração eólica. Isso devido que apesar do Rio de Janeiro
possuir um único empreendimento eólico em operação o mesmo tem capacidade de
gerar 28.050 KW de energia elétrica enquanto, Pernambuco, com cinco
empreendimentos, produz apenas 24.750 KW de eletricidade.
52

Já o Rio Grande do Norte com nove empreendimentos aufere a produção de


234.900 kW de energia elétrica, ocupando assim a posição de quarto estado com
maior produção eólica no Brasil, representando 15,93% do total nacional, como
elucidado no gráfico anterior. No entanto, quando considerada a energia elétrica
contratada nos leilões até dezembro de 2011, o Rio Grande do Norte passa a
posição do estado com maior capacidade de geração contratada do país.
Quanto às regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste (participação da energia
eólica mínima e experimental), embora não produzam energia elétrica por fonte
eólica convém fazer menção as suas respectivas matrizes elétricas. Para isso,
apresentam-se a seguir um quadro com informações a respeito das matrizes
elétricas de tais regiões.

QUADRO 1: Fontes de geração elétrica nas regiões Norte, Centro Oeste e


Sudeste¹ (em kW) - 2011

¹ Para o caso do Sudeste exclusive o Rio de Janeiro.


Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011) e
AMARANTE; ZACK; SÁ (2001 p. 38-42). Dados disponíveis em:
www.aneel.gov.br. Mapas disponíveis em: www.cresesb.cepel.br.
53

Pode-se perceber que a fonte mais utilizada para geração elétrica nestas três
regiões é a hidráulica, a partir das Usinas Hidrelétricas de Energia (UHE) e
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), esta segunda se diferencia da primeira por
ser uma usina hidrelétrica de pequeno porte onde a capacidade instalada é inferior a
30 MW e a área do reservatório não supera a máxima de 3 km².
Os mapas apresentados no Quadro 1 referem-se ao potencial eólico do Norte,
Centro-Oeste e Sudeste. A análise destes mapas permite observar que das três
regiões citadas o Sudeste é a que possui maior potencial favorável à exploração
eólica (área avermelhada do mapa), como se pode notar principalmente no litoral do
Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
No que concerne às regiões Nordeste e Sul, além do estado do Rio de
Janeiro, visto que possuem produção eólica, é relevante expor o cenário energético
mais detalhadamente. Por essa razão, na sequência será realizada uma análise da
atuação eolielétrica em tais localidades.

1.3.1 Os experimentos de energia eólica no Nordeste

O Nordeste possui uma matriz elétrica diversificada, com a geração de


eletricidade a partir de cinco diferentes fontes, sendo essas: Central Geradora
Hidrelétrica (CGH), Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), Usina Hidrelétrica de
Energia (UHE), Central Geradora Eolielétrica (EOL) e Usina Termelétrica de Energia
(UTE). Não apresentando hiato à matriz elétrica nacional dado que a semelhança da
totalidade do país, a maior participação na geração é de fontes hidráulicas.
Como forma de robustecer esta análise é apresentada no Gráfico 5 a matriz
elétrica do Nordeste. Na mesma percebe-se que 48,55% representam geração
provinda de fonte hídrica, por Usinas Hidrelétricas e de Pequenas Centrais
Hidrelétricas. Já a energia eólica (EOL) corresponde a 2,9% da matriz, sendo essa a
maior participação da EOL na produção elétrica por região do país.
54

GRÁFICO 5 - Matriz de Geração Elétrica do Nordeste – 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).


Dados disponíveis em: www.aneel.gov.br.

Embora a geração elétrica provinda de fonte eólica seja bastante aquém da


hidráulica e demais fontes, ainda assim fica claro concluir que representa um avanço
importante para o setor energético regional, visto a inserção eólica na matriz elétrica
regional ser recente e datada da década 2000.
Isso posto, faz-se mister especificar e caracterizar a atuação da atividade
eólica no Nordeste. Concernente a essa abordagem, é notório que na presente
década o Nordeste obteve uma evolução de destaque nacional na produção de
energia elétrica por fonte eólica. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética
(2011) é a região que mais têm potencial instalado e projetos eólicos. De seus nove
estados, cinco apresentam geração elétrica por fonte eólica.
O pioneiro foi o estado de Pernambuco. Como já foi visto, no ano de 1992
implantou o primeiro gerador de energia eólica do Brasil. No entanto, atualmente, o
maior produtor dessa Fonte Alternativa de Energia (FAE) é o Ceará, com dezessete
parques eólicos em operação e capacidade instalada de 521.330 kW. (ANEEL,
2011).
Seguindo o Ceará o Rio Grande dbo Norte é o segundo maior produtor de
energia eólica no Nordeste. Atualmente o estado norte-rio-grandense produz
234.900 kW de eletricidade a partir de 9 parques eólicos. Dessa maneira, o Ceará,
Rio Grande do Norte e Paraíba apresentam-se como os maiores produtores de
energia elétrica por fonte eólica no Nordeste, como apresentado no Gráfico 6.
55

GRÁFICO 6 - Matriz elétrica por estados da Região Nordeste – 2011

Fonte: elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011). Dados


disponíveis em: www.aneel.gov.br

Especificamente sobre as usinas eólicas, além dos dados do Ceará e Rio


Grande do Norte já citado anteriormente, o estado da Paraíba possui 13
empreendimentos e 69.000 kW de potência instaladas. Pernambuco, embora
pioneiro na instalação de parques eólicos, atualmente assume a quarta posição na
produção de eolielétrica no Nordeste com 5 parques e 24.750 kW de potência. Piauí
completa a lista dos estados produtores de energia por fonte eólica no Nordeste
possuindo 18.000 kW de potência, com apenas 1 empreendimento eólico. (ANEEL,
2011).
No que tange aos empreendimentos em construção, os estados que se
destacam são: o Rio Grande do Norte, que apresenta 78 empreendimentos, seguido
do Ceará e Bahia. A Bahia ainda não possui nenhum parque eólico em operação,
mas tem 30 empreendimentos em construção decorrentes dos projetos vencedores
dos leilões de energia em 2010 e 2011. O Ceará possui 40 parques em construção.
Os demais estados nordestinos possuem projetos também aprovados em leilões de
energia. (SFG, 2012).
O Rio Grande do Norte é o estado que possui a localização geográfica mais
estratégica para exploração da energia eólica no Nordeste, segundo o Mapa de
Energia Eólica do Brasil. Caracteriza-se como um dos estados que apresentam as
melhores expectativas para crescimento da produção de energia eólica juntamente
ao Rio Grande do Sul. A média da velocidade dos ventos no Rio Grande do Norte
apresenta-se como muito favorável não só no litoral do estado como nas regiões do
Seridó. O Ceará e Bahia também apresentam grande potencial eólico frente a outros
estados nordestinos, como é demonstrado no Mapa 2.
56

MAPA 2 - Potencial eólico da Região Nordeste

Fonte: AMARANTE; ZACK; SÁ (2001, p. 37)

Além disso, vale salientar que a sazonalidade dos regimes naturais dos
ventos no Nordeste apresenta-se como complementar aos períodos de vazão
hídricas naturais do rio São Francisco, de onde origina geração de importantes
hidrelétricas no Brasil. Ou seja, o maior regime dos ventos coincide com o período
de baixa precipitação de chuvas. Tal fenômeno pode ser facilmente observado no
Gráfico 7. (OLIVEIRA e SANTOS, 2008).

ÁFICO 7 - Comparação entre o fluxo de água do Rio São Francisco e o regime


de vento no nordeste do Brasil.

Fonte: CBEE (2008) apud OLIVEIRA e SANTOS (2008, p.16).


57

Dessa forma parece claro afirmar, frente a esse quadro apresentado, que o
Nordeste tem uma participação da eólica na sua matriz elétrica elevada quando
comparada com as demais regiões do país. Além disso, o Nordeste aporta a maior
parte dos projetos eólicos aprovados nos leilões de energia por fontes alternativas
promovidos pela ANEEL, bem como de empreendimentos em outorga, o que prediz
que esta região possui fatores que a qualificam para que no futuro seja grande
produtora líder na oferta de energia nacional por fonte eólica.

1.3.2 O caso da região Sul e o estado do Rio de Janeiro

A matriz elétrica da região Sul tem a participação na geração de energia a


partir das seguintes fontes: Usina Hidrelétrica de Energia (UEH), Pequena Central
Hidrelétrica (PCH), Usina Termelétrica de Energia (UTE), Usina Termonuclear
(UTN), Central Geradora Solar Fotovoltaica (UFV), Central Geradora Undi-Elétrica
(CGU) e Central Geradora Eolielétrica (EOL). Sendo que a maior participação na
geração de energia corresponde à fonte hidráulica, sendo 83,1% de UHE e 2,9% de
PCH. A segunda maior participação refere-se às termelétricas, que representam
12,7% da geração elétrica total, como demonstra Gráfico 8.

GRÁFICO 8 - Matriz de Geração Elétrica da Região Sul (em % de kW) – 2011

Fonte: elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).


Dados disponíveis em: www.aneel.gov.br.
58

De acordo com a matriz elétrica apresentada, nota-se que a região Sul segue
a linha nacional na geração elétrica, sendo mais da metade da matriz de origem
hidráulica. Nessa região somando PCH e UHE 86% da geração elétrica provêm da
água. A participação da EOL ainda é pequena, mas estados do Sul têm investido
nessa FAE, Rio Grande do Sul, por exemplo, teve a maior quantidade de projetos
eólicos aprovados no leilão de energia promovido pela ANEEL em junho de 2011.
No que tange aos demais entes federativos, observa-se que os três estados
desta região, possuem parques eólicos. No entanto, com uma participação bem
amena comparada com outras fontes, como já elucidado na seção anterior devido à
recente participação da fonte eólica no setor elétrico.
No Gráfico 9 é apresentada a matriz elétrica do Rio Grande do Sul, Paraná e
Santa Catarina de acordo com as fontes geradoras de eletricidade em cada estado.

GRÁFICO 9 - Matriz de Geração Elétrica por estados da Região Sul – 2011

Fonte: elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011). Dados


disponíveis em: www.aneel.gov.br.

Tais dados apresentam o Rio Grande do Sul como produtor líder nesta região
frente à Santa Catarina e Paraná. Tal estado possui 9 parques eólicos e alcança a
potência de 340.000 kW. Santa Catarina possui 12 parques eólicos com potência de
235.800 kW. Deve ser enfatizado que o Paraná aparece com dois parques e 2.502
kW de potência. Esses números representam 1,10% da matriz elétrica do Sul.
59

Com referência aos empreendimentos em construção, o Rio Grande do Sul se


destaca. Segundo a ANEEL (2011) o estado tem 19 empreendimentos eólicos em
fase de construção com capacidade de geração de 516.800 kW de potência.
Com base no exposto, torna-se importante fazer referência ao potencial eólico
desta região, visto que o Rio Grande do Sul tem um território privilegiado pelo
potencial natural para exploração dessa FAE, como pode ser visto no Mapa 3 que se
segue.

MAPA 3 - Potencial eólico da Região Sul

Fonte: AMARANTE; ZACK; SÁ (2001, p. 40).

Observa-se que o Rio Grande do Sul encontra-se numa área mais


avermelhada do mapa do que Santa Catarina e Paraná, o que significa que a média
das forças dos ventos nesta localidade é mais propícia à exploração da energia
eólica, o que justifica, em parte, a maior participação desse estado na geração de
eolielétrica na região Sul.
Já quanto ao estado do sudeste, o Rio de Janeiro, cabe frisar que o único
parque eólico do estado entrou em operação no ano de 2011, e ainda assim com um
considerado volume na produção comparativamente com outros estados produtores
60

há mais tempo, como Pernambuco e Piauí. Assim, é pertinente analisar a situação


atual da geração de energia elétrica no Rio de Janeiro, para isso no Gráfico 10
apresenta a matriz elétrica deste estado.

GRÁFICO 10 - Matriz de Geração Elétrica do Rio de Janeiro - (em % de kW) -


2011

Fonte: elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).


Dados disponíveis em: www.aneel.gov.br.

Observa-se que no Rio de Janeiro a maior produção de energia elétrica


provém das termelétricas (UTE). Usinas deste tipo geram eletricidade a partir da
energia liberada em forma de calor, normalmente por meio da combustão de algum
tipo de combustível renovável ou não renovável. No estado em análise, as UTE‟s
funcionam principalmente a partir de combustíveis fósseis derivados do petróleo,
como o gásnatural e óleo disel. (ANEEL, 2011).
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (2011), o Rio de Janeiro tem
a potência de geração elétrica de 8.680.000 kW, geradas a partir das seguintes
fontes: 5.171.460 kW procedem das termelétricas (59,58%) e 2.007.00 kW das
termonucleares (23,12%), 237.040 kW de pequenas centrais hidrelétricas (2,73%),
1.230.779 kW de usinas hidrelétricas (14,18%), 5.744 kW centrais hidrelétricas
(0,07%), assim totalizando 16,20% de fontes hídricas, e apenas 28.050 kW de fonte
eólica.
Devido essa pequena participação da fonte eólica na matriz elétrica torna-se
difícil a visualização gráfica, visto que tal fonte representa apenas 0,32% do total
estadual. Diante desse dado indaga-se a relevância da exploração eólica em tal
estado, devido à inexpressível participação na geração de eletricidade. Frente a
61

isso, é relevante frisar que o Rio de Janeiro é um dos estados brasileiros com a
menor participação de fontes limpas na geração de eletricidade, além de que é um
dos maiores produtores de petróleo do Brasil, sendo assim investimentos em novas
fontes de energia renovável de suma importância para a diversificação da matriz
elétrica estadual.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustível
(2011), no território do Rio de Janeiro encontra-se a Bacia de Campos, maior
reserva petrolífera da plataforma continental brasileira e responsável por mais de
80% da produção de petróleo no Brasil. Por essa razão tal atividade apresenta
grandes vantagens econômicas e financeiras para o estado e o país. Por outra via é
crescente a discussão em nível mundial concernente as questões ambientais, além
de que o petróleo, que é a atual a mais importante fonte energética do mundo trata-
se de um bem finito na natureza.
Isso permite afirmar que se faz necessária a diversificação na matriz
energética, não de uma forma substitutiva às fontes convencionais e sim
complementar. Dessa maneira tornar mais segura à oferta de energia, visto que a
demanda por eletricidade segue crescendo. De acordo com Ministério de Minas e
Energia21 (2007), no ano de 2010 o consumo total de energia elétrica no país foi de
486,2 TWh. A projeção para 2020 é de um acréscimo um pouco mais de 45% no
consumo de eletricidade nacional, e para 2030 um aumento de 174%. É preciso
garantir oferta de eletricidade para atender a elevação dessa demanda. Além disso,
utilizando-se fontes renováveis de forma complementar as convencionais na
geração de energia elétrica, provoca-se uma agressão mais tênue ao meio
ambiente.
Dito isso, na sequência serão apresentadas as características do potencial e
produção eólica no estado do Rio de Janeiro. Para isso, segue o Mapa 4 que
referente o potencial eólico em tal estado.

21
Ministério de Minas e Energia, Matriz Energética Nacional 2030. p. 180.
62

MAPA 4 - Potencial eólico do estado do Rio de Janeiro

Fonte: AMARANTE; SILVA; FILHO (2002, p. 53).


Marcação em azul da autora.

No ano de 2002 foi elaborado um estudo do potencial eólico do Rio de


Janeiro. De acordo com o Mapa 4 o maior potencial para exploração eólica
encontra-se na região litorânea do estado e na parte assinalada no mapa na cor azul
(marcação 1) que está localizada na região interiorana.
O atual parque eólico em operação localiza-se no município de São Francisco
de Itabapoana22, e está situado na região litorânea como pode ser observado no
Mapa 4 (marcação 2). O parque ocupa uma área de 500 hectares e tem capacidade
de gerar 28.050 kW23. Essa energia produzida segue para uma central para então
ser distribuída nacionalmente, seguindo a linha de distribuição de energia elétrica do
Brasil. Durante os dois anos de duração das obras 300 trabalhadores estiveram
envolvidos, mas após entrada em operação o parque eólico conta com um número
de oito funcionários que trabalham diretamente no Parque, sendo profissionais
técnicos de operação e engenheiros eletricistas24 (MORATELLI, 2011).
No entanto, o Rio de Janeiro não apresenta outros projetos eólicos para o
estado além desses dois já citados, mas busca através de incentivos – como
isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) para indústrias de
22
Foto do Parque Eólico de Gargaú no município de São Francisco de Itabapoana – RJ nos Anexos desta
Monografia.
23
28.050 kW por dia dariam para abastecer uma cidade com cerca de 80 mil habitantes. (MORATELLI, 2011).
24
Outro parque será construído na mesma região. O cronograma de execução está atrasado mas o mesmo tem o
prazo até 16 de fevereiro de 2013 e terá capacidade de gerar 135.000KW. (SFG, 2011).
63

produção de energia eólica sediadas no estado – atrair empresas de equipamentos


eólicos, o que ocasionaria redução do custo dos equipamentos. Minc (2011)25 afirma
que “a desoneração desses impostos pode representar uma queda de até 25% do
custo dos equipamentos. Hoje a maioria dos equipamentos é importada e a ideia é
atrair empresas para o Rio [...]”. (MINC apud O FLUMINENSE, 2011. Disponível em:
http://jornal.ofluminense.com.br26).
Em suma, o Rio de Janeiro apresenta baixa habilitação de novos projetos
eólicos comparativamente com os demais estados produtores no Brasil, mas tem
articulado ações para atração de fabricantes de equipamentos eólicos para o
território estadual. Ademais, cabe frisar que ainda na década de 1950 e 1960 o uso
intensivo de combustíveis fósseis aqueceu a indústria petrolífera e o
desenvolvimento de geração eólica e outras fontes renováveis, por não
apresentarem as mesmas vantagens econômicas, passaram para segundo plano,
sendo retomada a busca destas fontes na década de 1970, sobretudo a partir da
crise do petróleo.
Atualmente não parece ser diferente. Embora exista notável interesse mundial
na busca de fontes alternativas de energia alternativas – evidenciado pelos
crescentes investimentos, inclusive no Brasil –, parece claro que as vantagens
econômicas por trás da indústria de energia limpa ainda não superam a indústria
energética por fontes não renováveis, o que pode ser uma das razões da pouca
expressão da fonte eólica no país. No entanto, destaca-se o crescimento de tal
atividade na última década. Esse crescimento tem alcançado, a cada dia,
competitividade com as demais fontes energéticas dado o avanço da tecnologia no
referido setor.
Dessa forma, para um contínuo desenvolvimento e consolidação da atividade
eólica no país é preciso que incentivos e políticas públicas permaneçam e, venham
atuar, em áreas estratégicas que contribuirão relevantemente para o crescimento do
setor, principalmente no que concerne a tecnologia e custos que envolvem a
implantação de usinas eólicas.

25
Carlos Minc é Secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro em 2011.
26
Link para a reportagem da citação: http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/rio-de-janeiro-desonera-
producao-de-equipamentos-de-energia-eolica-e-solar
64

2 - DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA DO RIO GRANDE DO


NORTE A PARTIR DA INSERÇÃO DA FONTE EÓLICA

Após a análise do panorama nacional e regional abordada anteriormente, o


presente capítulo pretende analisar o setor elétrico no estado do Rio Grande do
Norte dando ênfase à incorporação da fonte eólica onde, buscar-se-á mapear a
matriz elétrica estadual, o potencial eólico, situação atual dos empreendimentos em
operação e em construção, os custos dos investimentos no setor e a quantidade de
empregos criados.

2.1 O RIO GRANDE DO NORTE E O PROCESSO DE UTILIZAÇÃO DA ENERGIA


EÓLICA

Embora atualmente a fonte eólica possua uma modesta participação na


matriz elétrica do Rio Grande do Norte, o estado detém um dos maiores potenciais
instalados de energia eólica do Brasil. O potencial instalado é a capacidade de
geração que pode ser explorada em determinada localidade, encontrada a partir da
medição da velocidade dos ventos. (ANEEL, 2011).
No entanto, antes de abordar a inserção eólica na matriz elétrica do Rio
Grande do Norte, convém ressaltar o contexto elétrico do estado antes do processo
em que ocorreu a exploração desta fonte alternativa de energia provinda dos ventos.

2.1.1 Cenário elétrico estadual: breves considerações

Em linhas gerais, o estado do Rio Grande do Norte é coberto pelo sistema de


energia elétrica disponibilizada pela Companhia Energética do Rio Grande do Norte
(COSERN). A COSERN foi criada por lei estadual27 em 1961 e regulamentada em
1962, passando a funcionar como empresa de energia elétrica por decreto federal28.
A Companhia iniciou no interior do estado linhas de redes para distribuição de
energia produzida pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF). No ano

27
Lei Estadual nº 2.721, de 14 de dezembro de 1961.
28
Decreto federal nº 1.302, de 03 de agosto de 1962.
65

de 1997 passou do controle do Estado para a iniciativa privada29. A Companhia


Energética do Rio Grande do Norte é responsável pela distribuição de energia
elétrica para os 167 municípios do estado. (COSERN, 2010).
Diante desse cenário, na década de 1990 o Rio Grande do Norte apresentava
o quadro de inexpressiva geração de energia elétrica. Utilizava como fonte o
petróleo e seus derivados, como o gás natural. Além de que, o estado era
dependente de importação de energia de outros estados, principalmente da Bahia
através das redes de transmissão da CHESF. Cumpre frisar que diante do novo
quadro regulatório do setor elétrico e da crise energética enfrentada pelo país –
como já discutido no capítulo 1 – novos investimentos para garantir a oferta de
energia elétrica foram realizados.
De acordo com esses investimentos um dos marcos para o setor elétrico do
Rio Grande do Norte foi à inauguração da Usina Termelétrica Jesus Soares Pereira
(Termoaçu), no município de Alto do Rodrigues, no ano de 2008. Essa usina
termelétrica entrou em operação com capacidade de gerar 340 MW de energia,
ocasionando assim confiabilidade energética para o estado. Representou um
investimento total de R$ 650 milhões, como projeto integrante do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). (ALBUQUERQUE, 2008).
A entrada em operação da Termoaçu configura-se como um marco no estado
no que concerne à geração de energia elétrica, como um divisor de águas entre o
estado enfaticamente importador de eletricidade e uma nova fase em que o Rio
Grande do Norte passa a ser gerador de energia elétrica.
Essa Usina em Alto do Rodrigues caracteriza-se por apresentar duas turbinas
a gás natural para geração elétrica. Além disso, produz adicionalmente 610 t/h de
vapor que é utilizado pela PETROBRAS para injeção contínua nos seus poços de
petróleo, a fim de aumentar sua produção na região. Essa energia elétrica gerada
supre as distribuidoras COSERN e COELBA30, ambas do Grupo Neoenergia.
(NEOENERGIA, 2011).
Com relação à produção de energia elétrica, de acordo com o Relatório do
Balanço Energético Nacional de 2011, que tem como ano base 2010, a geração de
eletricidade no estado do Rio Grande do Norte passou de 315 GWh em 2009 para

29
Atualmente a COSERNE compõe o Grupo Neoenergia.
30
Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia.
66

1.324 GWh em 2010, uma variação de 320,40%. No ano de 2008 a geração foi de
317 GWh. (BEN, 2011) 31. (Ver Gráfico 11).

GRÁFICO 11 - Evolução na Geração Elétrica do Rio Grande do Norte (Em Gw/h)

Fonte: Elaboração Própria a partir de dados do Balanço


Energético Nacional (2011).

Diante das informações contidas no Gráfico 11 observa-se uma relevante


elevação na geração de energia entre os anos 2009 e 2010. Provavelmente esse
acréscimo se deu devido à Usina Termoaçu, que embora inaugurada em setembro
de 2008, sua estrutura trabalhou em fase inicial e a ampliação da capacidade
produção ainda progredia. Segundo Zanini (2010), no início do ano de 2010 a usina
ainda estava operando “aquém de sua capacidade”. Após a fase inicial de
operação, a unidade apliou a capacidade de produção de energia elétrica,
favorecendo o acréscimo na geração de energia do Rio Grande do Norte naquele
ano. (ZANINI, 2010. Disponível em:
http://tribunadonorte.com.br/print.php?not_id=151742)
Ademais, a produção da usina eólica Rio do Fogo também teve uma elevação
na geração em 2010, embora com uma participação bastante tênue comparada a
Termoaçu, visto a média mensal verificada ter sido abaixo de 17 MW, como pode ser
observado no Gráfico 12.

31
Dados disponíveis no Relatório do Balanço Energético Nacional de 2011, p. 132.
67

GRÁFICO 12 - Evolução da Geração verificada na usina de Rio do Fogo (Em


MW)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do ONS (2008 p.2;


2009 p. 2; 2010 p.4)

Nesse contexto, é basilar conhecer a matriz elétrica potiguar para saber quais
as fontes geradoras de eletricidade do Rio Grande do Norte. Para isso segue abaixo
o Gráfico 13 que reúne informações da matriz elétrica do estado em 2011.

GRÁFICO 13 - Matriz Elétrica do Rio Grande do Norte (Em %) – 2011

13.1 – GERAÇÃO* 13.2 - CONSUMO

* Considerado a geração das usinas de produção comercial, de registro e


autoprodutores, considerando-se apenas a capacidade de geração das usinas de
produção comercial a participação por fonte seria: 71,40% para termelétrica e 28,60%
para eólica.
32
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados da COSERN (2011) e ANEEL (2011).
Dados Disponíveis em: www.aneel.gov.br.

32
Dados disponibilizados pelo Departamento de Comunicação Institucional da empresa Cosern em entrevista ao
autor (a) deste trabalho (2011).
68

O Rio Grande do Norte possui atualmente 22 empreendimentos elétricos em


operação, num total de 785.370 kW de potência de geração elétrica. Frisa-se que a
potência não é necessariamente a gerada efetivamente, visto essa está
condicionada ao fator de capacidade33 (fator de desempenho), que seria a geração
real da usina frente ao potencial de geração da mesma, ou seja, a proporção entre a
produção efetiva da usina em um período de tempo e a capacidade total máxima
neste mesmo período. (ANEEL, 2011; OLIVEIRA JÚNIOR, 2011).
De forma a compreender melhor a questão do fator de desempenho faz-se a
seguir uma breve análise das usinas eólicas de Rio do Fogo, Alegria I e Mangue
Seco 3, que são acompanhadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A responsabilidade do ONS é pela “coordenação e controle da operação das
instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da ANEEL”. (ONS, 2011. Disponível
em: http://www.ons.org.br/institucional/o_que_e_o_ons.as
px).
A exemplo da Usina Rio do Fogo, que tem potência de gerar 49,3 MW, no
mês de setembro de 2011 teve uma geração real de pouco mais de 25 MW, ou seja,
50,70% da sua capacidade. No mesmo mês a Usina Alegria I, com potência de 51
MW, gerou menos de 30 MW, o que representa, aproximadamente, 58% de sua
capacidade. (ONS, 2011).
Como na geração elétrica por fonte eólica a produção é sazonal, e isso ocorre
devido principalmente às condições climáticas, o fator de desempenho na produção
eólica varia de acordo com a estação do ano, visto a velocidade dos ventos, que
interfere na produção de energia elétrica. No Gráfico 14 é possível visualizar essa
sazonalidade. (OLIVEIRA JÚNIOR, 2011).

33
Dados concernentes ao fator de capacidade das regiões Sul e Nordeste no anexo F desta monografia.
69

GRÁFICO 14 - Geração Verificada de Usinas Eólicas no Rio Grande do Norte em MW

Fonte: ONS (2011, p. 04).

A partir do esclarecimento referente à potência de geração e fator de


capacidade, torna-se possível realizar a análise da matriz elétrica estadual
apresentada no Gráfico 13. Observa-se que o Gráfico apresenta a matriz elétrica a
partir de duas distintas formas. Primeiramente a matriz de geração (Gráfico 13.1) e
também a matriz de consumo (Gráfico 13.2). O Gráfico foi construído dessa forma
para a observação de que o estado apesar de não produzir energia elétrica por fonte
hidráulica importa de outros estados tal energia.
Ou seja, o Rio Grande do Norte consome energia elétrica de produção das
termelétricas locais e da compra de energia (de fonte hídrica) efetuada a outros
estados. Além disso, a energia elétrica produzida por fonte eólica é transmitida ao
Sistema Interligado Nacional, e não distribuída diretamente pela COSERN. Assim, a
seguir será feita análises distintas dos Gráficos 13.1 e 13.2.
A partir da leitura do Gráfico 13.1 percebe-se que 71,71% da energia elétrica
produzida no estado do Rio Grande do Norte provêm de Usinas Termelétricas. Essa
produção advém de 12 diferentes usinas, sendo que 10 utilizam combustível fóssil
para geração. Dessas, 3 usam como combustível o gás natural e 7 o óleo diesel. A
usina no estado que tem a maior potência instalada é a Termoaçu34. Além disso, o
Rio Grande do Norte possui também duas usinas termelétricas a base de biomassa,
usando como combustível o bagaço de cana de açúcar, tais usinas estão localizadas
em Arês e Baia Formosa.

34
Tabela com resumo das usinas termoelétricas e eolielétricas do RN está disponível no Anexo D desta
monografia.
70

Chama-se a atenção para o fato que dessas 12 usinas termelétricas apenas 6


destinam-se a produção comercial, as demais são de geração de registro ou
autoprodutoras. Sendo assim, a geração comercial de termelétricas corresponde a
uma potência de 550.120 KW. (ANEEL, 2011).
Já no que concerne as usinas eólicas, as mesmas tem a participação de um
pouco mais de 28% na matriz de geração elétrica estadual. Cabe frisar que a
inserção dessa fonte na matriz elétrica do Rio Grande do Norte é datada ainda da
década 2000, de maneira que a evolução da fonte eólica teve um razoável avanço
num curto prazo, visto que o primeiro parque eólico no estado foi instalado no ano
de 2004 no município de Macau.
O Rio Grande do Norte possui 10 parques eólicos em operação, sendo que 3
são de produção de registro, e 7 de produção comercial. A potência de geração dos
parques de produção comercial é de 220.350 kW. (ANEEL, 2011).
Já na matriz elétrica de consumo, no Gráfico 13.2, a fonte termelétrica é
responsável por 16,53% do consumo estadual, sendo que 83,77% do consumido
são importados de outros estados brasileiros, principalmente das Bahia, através da
Chesf, ou seja, a maior participação na matriz de consumo é da fonte hídrica.
Ademais, atualmente existem 79 empreendimentos de geração elétrica em
construção ou com construção prevista, sendo 78 usinas eólicas e 1 termelétrica.
(SFG, 2011).
Diante do exposto pode-se a partir de então descrever e analisar o processo
de inserção eólica na matriz elétrica do estado do Rio Grande do Norte. Assim,
segue na próxima seção um quadro da atividade eólica no estado.

2.1.2 Cenário eólico estadual: ações no setor de geração elétrica por fonte
eólica

Como já foi mencionada neste trabalho, a crise energética foi um dos fatores
que alavancou investimentos para o fornecimento de infraestrutura para garantir
oferta de energia elétrica no Brasil utilizando também Fontes Alternativas de Energia
(FAE). Aliado a isso o advento eólico internacional e domínio tecnológico por parte
de alguns países também contribuíram para o desenvolvimento da energia eólica no
Brasil, visto a competitividade da eólica às fontes convencionais.
71

Dessa maneira, alguns estudos e pesquisas concernentes ao potencial eólico


foram realizados. No estado do Rio Grande do Norte, no ano de 2003, foi
desenvolvido pela COSERN e disponibilizado no sitio da Companhia, o mapa do
potencial eólico estadual. Esse é o mais recente estudo local, no entanto existe
projeto de iniciar novas pesquisas para elaboração de atualização de um novo mapa
eólico para o estado, conforme a Coordenadoria de Desenvolvimento Energético do
Rio Grande do Norte. (OLIVEIRA JÚNIOR35, 2011).
A rigor, será considerado neste trabalho, para efeito de análise, o estudo
elaborado pela COSERN no ano de 2003, tendo em vista esse ser a mais recente
pesquisa do potencial eólico do estado. De acordo com o Mapa 5 é possível
visualizar as áreas que detêm um maior potencial para exploração da energia eólica.

MAPA 5 - Potencial Eólico do Rio Grande do Norte a 100 m de altura – 2003

Fonte: COSERN (2003, p. 39).


Marcação em vermelho da autora.

Seguindo a mesma análise realizada do mapa do potencial eólico nacional


(Capítulo 1), as áreas destacadas em vermelho representam as regiões com as
melhores condições de ventos para exploração eólica. Nesse sentido, percebe-se
que não apenas o litoral, mas também regiões rurais avocam propensões à
produção elétrica por fonte eólica. Destacam-se as seguintes microrregiões: Seridó

35
J. M. Oliveira Júnior é coordenador de energia do estado do Rio Grande do Norte em 2011.
72

Oriental e Serra de Santana (Marcação de número 1 no Mapa 5); Baixa Verde e


Litoral Nordeste (Marcação 2 do Mapa 5); e Macau (Marcação 3 do Mapa 5).
O Rio Grande do Norte atualmente apresenta uma posição satisfatória frente
ao desempenho do Brasil na geração elétrica por fonte eólica. O estado é
considerado como a área de maior potencial eólico do Nordeste, aliado ao Ceará. O
Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP)
apontou em um estudo da Petrobrás o seguinte quadro do Rio Grande do Norte no
que concerne à energia eólica:

O Estado do Rio Grande do Norte apresenta em praticamente


toda zona costeira condições favoráveis à implantação de
geradores eólicos, com ventos cuja velocidade se apresenta
razoavelmente constante em direção e sentido, com módulo
acima de 4 m/s. Há ao menos um estudo, inclusive, que aponta
o Estado como o de maior potencial eólico do Nordeste.
(PETROBRÁS; USP, 2007, p. 103)

Frente a esse potencial eólico o advento dos leilões de energia alternativa no


ano de 2009 proporcionou um grande número de projetos eólicos cadastrados para
o leilão daquele ano. O Rio Grande do Norte conseguiu aprovar 23
empreendimentos, sendo o estado que mais aprovou projetos eólicos naquele leilão,
ficando a frente do Ceará e Rio Grande do Sul. No ano de 2010 novamente
configurou-se como o estado que mais aprovou projetos. Já no leilão de agosto de
2011 foi o terceiro estado brasileiro em quantidade de projetos eólicos aprovados em
leilões. (EPE, 2010).
Apesar de ter cadastrado 75 projetos eólicos para participar do leilão de
energia A-3/36 2011, o estado teve um desempenho não muito satisfatório, ficando
atrás dos estados sulistas. A partir do referido leilão as empresas terão o prazo de
até três anos para que os projetos eólicos contratados entrem em operação
comercial. (ARAÚJO, 2011).
Ainda que o Rio Grande do Norte não tenha tido o melhor desempenho no
leilão desde 2009, o resultado dos preços nas contratações em 2011 alcançou o
menor valor para a energia eólica no Brasil até o momento. Dessa forma, além de

36
Os leilões de energia periódicos são identificados pela letra A seguida de um número, este representa o prazo
em anos que o projeto aprovado no leilão tem para executar e iniciar operação da usina. No caso, o prazo do
leilão é de três anos, ou seja, A-3.
73

ser uma fonte de energia renovável e que agride de forma mínima o meio ambiente,
a energia elétrica por fonte eólica já é uma das mais baratas do país. (EPE, 2011).
O referido leilão comercializou o total de 2.744,60 MW de energia elétrica,
gerados a partir de 51 usinas contratadas, sendo que 62% por fontes renováveis e
apenas 38% provenientes de fonte fóssil. Das fontes contratadas, os preços médios
em R$/MWh foram os seguintes: R$99,58 para eólica; R$102,00 para hídrica;
R$102,41 concernente a biomassa; e, por fim, R$103,26 referente ao gás natural.
(EPE, 2011).
No que tange os parques eólicos em operação no estado, os
empreendimentos seguem as seguintes características: o parque eólico no
município de Macau não tem como destino de produção o comercial, sua
capacidade de geração é de 1,8 MW. Esse parque dispõe de três aerogeradores
com potência de 600 KW cada. O segundo parque implantado está localizado no
município de Rio do Fogo, gerando atualmente 49,3 MW de energia. Os demais
parques do estado são: Alegria I, Mangue Seco 1, Mangue Seco 3, Mangue Seco 1
e Mangue Seco 5, e Miassaba II, todos na cidade de Guamaré. Além de mais um
parque em Brejinho, o mesmo tem como destino de energia apenas registro, é um
parque teste do CTGás-ER. A Tabela 5 apresenta essas Usinas.

TABELA 5 - Capacidade de Geração do Estado do Rio Grande do Norte em MW


(2011)
Potência Destino da
Ano ¹ Usina Proprietário Município
(MW) energia
2004 Macau Petrobrás 1,8 REG Macau
2006 Rio do Fogo Enerbrasil 49,3 PIE Guamaré
2010 Alegria I New Energy Options 51,15 PIE Guamaré
Mangue M. S. Geração de
2011 26 PIE Guamaré
Seco Energia
Mangue M. S. Geração de
2011 26 PIE Guamaré
Seco Energia
Mangue M. S. Geração de
2011 26 PIE Guamaré
Seco Energia
Mangue M. S. Geração de
2011 26 PIE Guamaré
Seco Energia
Miassaba Geradora de
2011 Miassaba II 14,4 PIE Guamaré
Eólica SA
Centro de Tecnologias do
Ventos do
2011 Gás e Energias 0,6 REG Brejinho
Brejo A-6
Renováveis (CTGás-ER)
Total 221,25
Fonte: ANEEL (2011). Disponível em: www.aneel.gov.br.
74

Observa-se a partir da Tabela 5 que as Usina de Macau e Ventos do Brejo


têm como destino de energia o Registro (REG). No caso do Parque de Macau se
trata de três aerogeradores que geram energia utilizada pela própria empresa
proprietária, como será apresentado no desenvolvimento deste capítulo. Já as
demais usinas têm o destino de energia denominada de Produtor Independente de
Energia (PIE) 37, onde o destino da geração de energia elétrica é comercial.

2.1.2.1 Análise panorâmica dos empreendimentos eólicos em operação

A análise que segue tem o objetivo de registrar os empreendimentos eólicos


em operação, de forma a conhecer suas localizações, os investimentos, a geração
de emprego e a forma de transmissão e distribuição da energia elétrica gerada.
No Mapa 7 é apresentado a localização desses municípios no território do Rio
Grande do Norte.

MAPA 6 - Localização dos Parques Eólicos em Operação no Rio Grande do


Norte (2011)

38
Fonte: Elaboração própria a partir de IBGE (2012) ·.

37
Proprietário de Usina de Energia Elétrica com destino de energia PIE é responsável pela produção e
comercialização da energia produzida, como prevê o Art. 11 da Seção II do Decreto Nº 2.003 da ANEEL.
38
Mapa de fundo retirado do IBGE Mapas (2012), disponível em: http://mapas.ibge.gov.br/. Montagem
realizada pela autora no aplicativo PowerPoint.
75

No ano de 2004 foi implantado o primeiro parque eólico no estado do Rio


Grande do Norte, pela PETROBRAS, na praia de Soledade, no município de Macau,
onde a empresa possui um campo de exploração petrolífera. O parque trata-se de
um projeto piloto de geração eólica para conexão da rede elétrica interna da
Petrobrás. O parque teve a implantação de 3 aerogeradores com capacidade de
gerar 1,8 MW de energia, suficiente para abastecer uma cidade de dez mil
habitantes. (PAVINATTO e SILVA, 2004).
O objetivo desse projeto piloto da PETROBRAS é abastecer com energia
elétrica quatro campos de exploração da empresa, sendo estes: Macau, Serra,
Aratum e Salina Cristal. Assim, a energia gerada por esse parque não é
comercializada, mas de registro para a própria PETROBRAS. Farias (2009) explica
esse processo:
A energia gerada pelo vento avança mar adentro através de
cabos submarinos para abastecer plataformas de petróleo
instaladas a mais ou menos sete quilômetros da costa. Antes,
para se fazer funcionar as máquinas, usava-se o óleo diesel,
caro e poluente. [...] com a energia eólica um milhão e
quatrocentos mil reais a menos por ano são gastos com
energia. (FARIAS, 2009. Disponível em:
www.fatosedados.blogspetrobras.com.br).

No que tange aos investimentos, o parque foi implantado com o total de 6,7
milhões de Reais. A Petrobrás foi pioneira no Rio Grande do Norte na implantação
de usinas eólicas e, ademais, implantou mais dois parques no estado em parceria
com outras três empresas. Mas, antes de descrever esses empreendimentos serão
apresentadas as implantações de parques eólicos no estado numa ordem
cronológica. (SET, 2006).
Seguindo essa análise, no ano de 2006 foi instalada a segunda usina eólica
no Rio Grande do Norte, a mesma fica localizada no município de Rio do Fogo. Esse
parque é controlado por Energias Renováveis do Brasil (Enerbrasil). Essa empresa é
subsidiária do grupo espanhol Iberdrola no Brasil. O parque possui 62
aerogeradores com potência de geração de 49,3 MW, sendo um dos projetos
financiados pelo Programa Federal Proinfa.
De acordo com a Enerbrasil apud Secretaria da Tributação do Rio Grande do
Norte (2006), a energia gerada é vendida ao sistema elétrico brasileiro através da
76

Eletrobrás como prevê resolução do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas


de Energia Elétrica39. A energia gerada é transmitida a partir da linha de conexão
que interliga a subestação do parque à subestação de Extremoz, o que equivale a
linhas de conexão com aproximadamente 55 km de extensão. (JORNAL DE FATO
apud SET, 2006).
Segundo informações da Enerbrasil apud Secretaria da Tributação do Rio
Grande do Norte (2006) o parque eólico do Rio do Fogo representou investimento de
209 milhões de Reais, sendo que esse investimento partiu de financiamento do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e também com
recursos próprios da empresa Energias Renováveis do Brasil40.
Além disso, as obras geraram 400 empregos diretos na construção do parque
(principalmente na contratação de operários da construção civil). Todavia, os
empregos foram temporários, durante as obras, que nesse caso durou pouco mais
de um ano. Após entrada em operação, a geração de emprego diminui bastante,
restringindo-se a alguns técnicos e mão de obra necessária para trabalhos com
sinalização, plantio de vegetação para proteção de barrancos e meio fio.
(ENERBRASIL apud SET, 2006).
Referente aos entraves para implantação do Parque de Rio do Fogo, as
principais foram: a exigência do Programa de Incentivo das Fontes Alternativas de
Energia Elétrica, que 60% do projeto utilize equipamentos fabricados no Brasil; os
preços altos dos equipamentos, pelo fato de existir no ano de 2006 apenas um
fornecedor e, também, dada a falta de subestações coletoras que dificulta a conexão
à rede básica de transmissão. Além desses fatores, a inexistência de um marco
regulatório específico para geração eólica tem promovido menor confiança de
investidores dada, notadamente, a questão regulatória incerta. (CARVALHO, 2007)
41
.
No entanto, nota-se que desde 2006, ano em que a Enerbrasil42 implantou o
parque no município de Rio do Fogo, alguns avanços sucederam-se, como o

39
A Resolução do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica foi discutida no capítulo 1
desta monografia.
40
Energias Renováveis do Brasil é uma empresa de geração de energia elétrica.
41
CARVALHO, 2007: Liu Su E. Carvalho é Gestora em Comércio Exterior da Empresa Iberdrola Energia do
Brasil Ltda.
42
ERB Energias Renováveis do Brasil (Enerbrasil) é uma empresa pertencente à Iberdrola Energias Renováveis
de origem espanhola (Grupo Iberdrola).
77

advento dos leilões de energia renováveis que proporcionaram a aprovação de


muitos Projetos Eólicos para o Brasil e para o Rio Grande do Norte.
Mas, ainda assim se percebe outras dificuldades de tal atividade, como
principalmente infraestrutura para entrada de equipamentos de outras localidades e
linhas de transmissão para escoamento da energia produzida, o que permite
levantar a seguinte questão: estaria o Rio Grande do Norte preparado para escoar,
por linhas de transmissão e distribuição, toda a energia gerada pelos projetos
eólicos aprovados nos leilões e que entrarão em operação nos anos de 2012 a
2015? É uma indagação que aliado a outros fatores como a citada infraestrutura e
logística, podem ter sido uma das causas que fizeram com que o estado tivesse um
desempenho muito abaixo do esperado no leilão de agosto de 2011.
Com isso presumi-se que o Rio Grande do Norte precisará investir em
algumas áreas estratégicas para gerar confiabilidade as empresas que investem em
empreendimentos eólicos, áreas essas que já podem ser identificadas como chaves
para o desenvolvimento da atividade eólica no estado, pois tem apresentado
entraves a empreendimentos já em operação e os que estão em construção, como
os já citados.
Ademais, após a entrada em operação dos Parques em Macau e Rio do
Fogo, no ano de 2010, entrou em operação a usina de Alegria I no município de
Guamaré. Tal empreendimento faz parte do Programa Proinfa e pertence à New
Energy Options Geração de Energia S/A43. Este parque é composto por duas usinas,
além de Alegria I tem a Alegria II que ainda encontra-se em construção. De acordo
com a Aneel (2011) a usina em operação é composta por 31 aerogeradores e tem
potência de geração igual a 51,15 MW. Parte da tecnologia dos equipamentos é da
empresa dinamarquesa Vestas.
Na fase de construção do parque seis empresas estiveram envolvidas nas
áreas de gerenciamento de obras civis e subestações e montagem eletromecânica.
As referidas empresas estão destacadas abaixo segundo a sua área de atuação:

43
“A New Energy Options Geração de Energia S.A. é a empresa brasileira que desenvolve o Parque Eólico
Alegria e a que o gerenciará durante todo o seu contrato de comercialização da energia elétrica. É controlada
pela Multiner S.A., um conglomerado nacional, com sede no Rio de Janeiro/RJ, especializado no
desenvolvimento e gestão de empreendimentos de geração de energia elétrica. Também participa da New Energy
a Eólica Administração e Participações Ltda., uma empresa brasileira, com sede em Recife/PE.”. (NEO, 2011).
78

Gerenciamento da obra: Consórcio Engineering e L&M Engenharia.


Obras civis: Consórcio Windpower (Cortez Engenharia, Mercurius Engenharia e
Dois A Engenharia).
Subestações e Montagem Eletromecânica: Arteche.

A construção de Alegria I contou com mais de 450 trabalhadores e um


investimento de 330 milhões de Reais. Desse valor, 250 milhões de Reais foram
financiados pelo Banco do Nordeste (BNB). Considerando Alegria II, o total de
investimento no empreendimento será de 820 milhões de Reais. O BNB participou
com financiamento de 650 milhões de Reais. O Parque Alegria após finalização total
das usinas I e II terá capacidade de gerar 151,9 MW de energia. (MULTINER, 2011).
No que se refere à transmissão da energia gerada, até a conclusão de Alegria
II, a usina de Alegria I temporariamente escoa energia através de conexão que
interliga a subestação de Alegria a subestação da COSERN no município de
Guamaré. Após conclusão total do parque a interligação será feita a partir de linhas
de conexão entre a subestação de Alegria até a subestação da Chesf em Assú.
Essa linha de transmissão está sendo implantada e passará pelos municípios de
Guamaré, Macau, Pendências, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Ipanguaçu, Itajaí
e Assú, a conexão terá uma extensão de 89 km. (NEO, 2011).
Em continuidade à análise do mercado de energia eólica no Rio Grande do
Norte, nesse momento se averigua os parques que entraram em operação no
estado no ano de 2011. Nesse ano, foi adicionada à geração elétrica estadual a
operação de mais cinco usinas eólicas que compõem o Parque Eólico Mangue Seco
no município de Guamaré. As referidas usinas são de propriedade de associação
entre a Petrobrás e três empresas, sendo uma parceria com a Alubar Energia S.A
para usina Mangue Seco I (Usina Mangue Seco), parceria com a Eletrobrás para
usina Mangue Seco II (Usina Cabugi) e com a Wobben Windpoer Indústria e
Comércio para Mangue Seco 3 (Usina Potiguar) e Mangue Seco 5 (Usina Juriti).
(PETROBRÁS, 2011).
De acordo com a Petrobrás (2011) o investimento para o parque de Mangue
Seco foi da ordem de 424 milhões de Reais. Os contratos de venda de energia – por
vinte anos – foram feitos no primeiro leilão de energia eólica em dezembro de 2009.
O cronograma das obras previa o início da operação total do Parque apenas no ano
de 2012, mas a referida entrada foi antecipada em oito meses.
79

Referente à criação de empregos, durante o período de construção das


quatro usinas foram gerados o total de 5.200 empregos diretos e indiretos, as
primeiras obras iniciaram em outubro de 2010 com as obras civis de estruturas da
Usina de Mangue Seco 3 e finalizaram em outubro de 2011 com a montagem das
torres e início da operação em teste e operação comercial da Usina Mangue Seco 5.
(ALUBAR, 2011; SFG, 2011).
Como já citado anteriormente, o Parque Mangue Seco conta com a operação
de quatro usinas. A primeira a entrar em operação foi a Mangue Seco 3, ainda no
mês de agosto de 2011. Conta com treze aerogeradores com capacidade de 26
MW. A transmissão da energia gerada é realizada a partir de uma subestação
interligada com as usinas mangue Seco 1, 2 e 5, e uma interligação a subestação
polo da PETROBRAS por meio de uma linha de transmissão com aproximadamente
10 km de extensão, (MME, 2010; ANEEL, 2011).
Em setembro de 2011 entrou em operação a Usina Mangue Seco 2; em
outubro Mangue Seco 1; e no mês de novembro Mangue Seco 5. Todas as usinas
do Parque Mangue Seco possuem subestações de transmissão de energia a partir
de linhas interligadas à subestação Polo da PETROBRAS em Guamaré. A energia
gerada é distribuída pelo Sistema Irterligado Nacional (SIN). (PETROBRAS, 2011;
SFG, 2011).
Ainda em 2011, no mês de novembro, entrou em operação o Parque eólico
Miassaba II no município de Guamaré. O parque foi desenvolvido pela empresa
Bioenergy com investimento para tal empreendimento da ordem de R$ 65 milhões
de Reais. O referido Parque e tem capacidade de gerar 14,4 MW de energia elétrica.
(OIL&GAS JOURNAL, 2011).
Miassaba II configura-se como o primeiro parque eólico, em âmbito nacional,
a ser contratado no Ambiente de Contratação Livre (ACL), onde não existe regulação
(ao contrário dos contratos em leilões de energia). Assim, a negociação foi realizada
diretamente entre os agentes vendedores e compradores. Só foi possível inserir a fonte
eólica no ACL devido ao aumento de competitividade da mesma nos últimos anos frente
às fontes convencionais de energia elétrica.
Na Tabela 6, é apresentado um resumo dos empreendimentos eólicos em
operação comercia quanto à capacidade de geração (potência), investimento, e
geração de emprego.
80

TABELA 6 - Resumo dos Empreendimentos Eólicos em Operação Comercial


no RN44
Potência Investimento Emprego
Ano* Usina** Proprietário
(MW) (milhões R$) direto
2006 Rio do Fogo Enerbrasil 49,3 209 490
2010 Alegria I New Energy Options 51,15 330 510
Mangue M. S. Geração de
2011 26 424 260
Seco Energia
Mangue M. S. Geração de
2011 26 - 260
Seco Energia
Mangue M. S. Geração de
2011 26 - 260
Seco Energia
Mangue M. S. Geração de
2011 26 - 260
Seco Energia
Bioenergy e Miassaba
2011 Miassaba II 14,4 65 144
Geradora Eólica S.A
* Ano de entrada em operação.
** Excluí-se da Tabela o Parque Eólico de Macau e Brejinho. Visto os mesmos não serem
de comercialização e sim de registro.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011) e Oliveira Júnior (2011).

Além desses parques em operação já citados, existem outras usinas eólicas


em construção no estado, que serão apresentadas no subitem seguinte.

2.1.2.2 Breve panorama dos empreendimentos eólicos em construção

De acordo com a Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração


da ANEEL, no Relatório de Acompanhamento das Centrais Geradoras Eólicas de
dezembro/2011, o estado do Rio Grande do Norte possui 78 parques com
construção prevista. Sendo que desses, 19 estão com o cronograma atrasado,
sendo esses: Alegria II, Aratuá 1 e 2, Areia Branca, Asa Branca IV, VI e VII, Cabeço
Preto, Dreen Boa Vista, Dreen Olho d'água, Dreen São Bento do Norte, Eurus II,
Farol, Mar e Terra, Morro dos Ventos IX, Ponta do Mel, Rei dos Ventos 1 e 3 e
Salina Diamante Branco. Por outro lado, 9 usinas encontram-se com cronograma
adiantado. Tais localizam-se no município de João Câmara e Parazinho. (SFG,
2011).

44
Além desses, no mês de março do ano de 2012 entrou em operação comercial o Parque Aratuá I de
propriedade da Brasventos Aratuá 1 Geradora de Energia S.A, com capacidade de gerar 14,4MW de energia
elétrica. (ANEEL, 2012).
81

Seguindo essa análise é apresentado na Tabela 7 um resumo da situação


dos empreendimentos eólicos no Rio Grande do Norte onde é possível verificar a
quantidade de usinas eólicas que o estado possui atualmente.

TABELA 7 - Situação das Usinas eólicas no Rio Grande do Norte (em


quantidade de empreendimentos) – 2011

Obras em andamento Obras não iniciada


Operação Cronograma Cronograma Cronograma Cronograma
normal/ normal/
atrasado atrasado
adiantado adiantado
9 5 18 14 41
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SFG (2011). Dados
disponíveis em: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=37&idPerfil=2.

De acordo com a Tabela 7, o Rio Grande do Norte possui 78 usinas eólicas


em construção. Sendo que 23 estão com obras em andamento e 55 ainda não
iniciaram as obras. No entanto, das 55 citadas 14 encontram-se com cronograma
atrasado. Apesar de ainda não terem iniciado as obras, essas usinas já possuem um
cronograma de execução e estão dentro do prazo de entrada em operação. Dessas
a maior parte entrará em operação (ato legal) no ano de 2014. (SFG, 2011).
No Mapa 8 é possível visualizar a localização das usinas eólicas do estado
quanto as que estão em operação, construção, contratadas e projetos. No mesmo,
observa-se que além de municípios do litoral, também no interior existe a
implantação de Parques eólicos. Os municípios que serão contemplados com os
próximos 78 parques em construção são: Areia Branca, Bodó, Caiçara do Norte,
Galinhos, Parazinho, Pedra Grande, São Bento do Norte e São Miguel do Gostoso.
Além de outros que possuem Projetos para concorrer nos próximos leilões.
82

MAPA 7 - Localização de Usinas Eólicas no Rio Grande do Norte – 2011

45
Fonte: Modificado e atualizado pela autora a partir de ENERGIARN, 2011. Disponível em:
www.jpprates.blogspot.com; e SFG, 2011. Dados disponíveis em: www.aneel.org.br.

Conforme foi observado anteriormente, algumas dessas usinas estão com


obras em atraso. O cronograma da construção dos parques eólicos segue
basicamente nove eventos, sendo esses: Obtenção da Licença Prévia (LP);
Obtenção da Licença de Implantação (LI); Início das Obras do Sistema de
Transmissão de Interesse Restrito; Início da Montagem do Canteiro de Obras; Início
das Obras Civis das Estruturas; Início da Concretagem das Bases; Início da
montagem das torres; Obtenção da Licença de Operação (LO); Início da Operação
em Teste; e, Início da Operação Comercial. (SFG, 2011).
Sendo assim, os parques que já possuem obras em andamento são os que já
obtiveram a LI junto ao órgão responsável, que no estado do Rio Grande do Norte é
o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA). Tratando-se
do IDEMA, o estado apresentou um fator relevante frente ao órgão ainda no mês de
fevereiro do ano de 2011 que foi a implantação de um setor específico para
assuntos referentes ao mercado eólico. Tal setor denomina-se Núcleo de Parques

45
Mapa de fundo retirado do IBGE Mapas (2012), disponível em: http://mapas.ibge.gov.br. Montagem realizada
pela autora no aplicativo PowerPoint a partir de informações e Mapa de Energiarn (2011) e dados da SFG
(2011).
83

Eólicos (NUPE). De acordo com Bezerra46 (2011), o Núcleo tem a colaboração de


cinco profissionais de nível superior e um estagiário com perspectiva de até o final
do ano de 2011 serem contratados mais quatro técnicos.
Ademais, no que tange a demanda por eletricidade, sabe-se que a projeção
da demanda no Brasil terá uma elevação média de 4% ao ano até 2030 e que os
setores que terão uma maior elevação na demanda – ao ano – até 2030, de acordo
com o Ministério de Minas e Energia, serão os setores comerciais com elevação de
4,6% em média ao ano e, o residencial alcançando acréscimo de 5,0% ao ano.
Ademais, faz-se extremamente necessário que o país também eleve a sua oferta de
energia para atender a demanda por eletricidade nacional crescente. (MME, 2007).
Diante das informações apresentadas a respeito das usinas eólicas do Rio
Grande do Norte parece claro afirmar que o estado poderá ser um dos maiores
produtores do Brasil com potencial de produtor de energia elétrica que venha
atender a demanda interna do estado, que segundo a Federação das Indústrias do
Estado do Rio Grande do Norte (2010) é de um pouco mais de 600MW, além da
possibilidade futura de vender energia para outros estados.
Frente a isso, em dezembro de 2010, pela primeira vez o estado incluiu na
sua pauta de exportação a energia elétrica. A operação de exportação foi
proveniente de negociação entre o Brasil e a Argentina e a energia elétrica
exportada foi procedente de usina termelétrica. (SILVA, 2011).
Sabe-se que nos próximos anos ocorrerá a entrada em operação de usinas
eólicas e termelétrica que estão atualmente em construção, o que proporcionará que
o Rio Grande do Norte produza energia elétrica acima da demanda do estado.
Entretanto, segundo Cardoso Júnior (2011) as expectativas “é que a energia
produzida seja consumida nacionalmente”, não podendo ser realizada projeção de
exportação de energia elétrica para os próximos anos, visto que a exportação em
2010 foi um “quadro excepcional”. (CARDOSO JÚNIOR, 2011) 47.
No que tange aos investimentos na atividade eólica a origem é de empresas
privadas e alguns projetos do Programa Federal PROINFA. Segundo Cardoso Júnior
(2011), no Rio Grande do Norte, os financiamentos dos projetos eólicos até janeiro

46
I. M. Bezerra é Coordenador do Núcleo de Parques Eólicos do IDEMA/ RN.
47
A informação foi disponibilizada por O. Cardoso Júnior (Coordenado de desenvolvimento comercial do Rio
Grande do Norte na gestão de 2011) em entrevista concedida ao autor (a) deste trabalho em Nov, 2011.
84

de 2011 eram provindos principalmente do BNB e BNDES, além de bancos privados


também poderem participar com o financiamento.
No entanto, a partir de 2011, o BNDES passou a ser o único banco público a
realizar os financiamentos para os projetos eólicos no Rio Grande do Norte.

TABELA 8 - Financiamentos aprovados pelo BNDES para energia eólica no RN


em 2011
Valor do Capacidad
Valor total dos
Nº de financiament e do
Projeto investimentos
Parques o (R$ Projeto
(R$ milhões)
milhões) (MW)
União dos Ventos 10 754,60 557,10 169,6
São Bento 4 401,40 282,00 94,00
Asa Branca 5 600,00 453,10 160,00
Morro dos Ventos 7 818,00 555,00 205,2
Vários (CPFL
7 801,80 574,00 188,00
Energia)
Total 3 3.375,80 2.421,20 816,80
Fonte: FREIRE (2011).
Disponível em: http://economia-do-rn.blogspot.com/2011/12/financiamento-do-bndes-em-
investimentos.html. Adaptado pela autora.

De qualquer forma, a diversificação da matriz elétrica estadual que elevará a


capacidade de geração de eletricidade do Rio Grande do Norte proporcionará
vantagens indiretas sobre outros setores da economia, como será abordado no
capítulo seguinte.
Dito isso, pode-se concluir o atual capítulo afirmando que a atividade eólica no
Rio Grande do Norte apresentou avanços nos últimos anos, visto que a matriz
elétrica do estado encontra-se num horizonte de diversificação crescente. Nove
usinas eólicas entraram em operação e mais setenta e oito estão sendo construídas,
além de que uma fábrica de equipamentos eólico foi instalada no estado.
Por fim, observa-se que o cenário de expansão almejado por empresários,
investidores e o Estado perpassa por ações e medidas que acompanhem o
crescimento do setor elétrico por fonte de geração eólica. Dessa maneira, o Rio
Grande do Norte poderá se configurar, de forma consolidada, como um grande
produtor eólico nacional que promoverá investimentos, geração de emprego e renda
e recursos públicos captados através da tributação proveniente da atividade em
85

análise. Ademais, a possível autossuficiência do estado na geração de energia


elétrica trará alguns horizontes desejáveis, bem como repercussões em outros
setores da economia. Registra-se também que a geração total de energia em
território estadual tem se tornado um atrativo aos investidores na medida em que se
eleva a confiabilidade do sistema de oferta de energia.
86

3 – ENTRAVES E PERSPECTIVAS PARA ENERGIA EÓLICA NO RIO


GRANDE DO NORTE

No capítulo 1 deste trabalho foi apresentado o contexto concerne à inserção


da fonte eólica para geração de energia elétrica, descrevendo a conjuntura mundial
e nacional, ações e políticas estruturantes no Brasil bem como a análise da matriz
elétrica das regiões brasileiras. Em continuidade, no capítulo 2 foram analisadas as
ações para a promoção da energia eólica no Rio Grande do Norte.
Diante desse contexto, o atual capítulo trará uma discussão sobre a
perspectiva da atividade eólica norte-rio-grandense, analisando as possibilidades de
crescimento e os possíveis desdobramentos para a economia do estado. Dessa
forma, o capítulo segue dividido em duas seções, sendo, a primeira, um panorama
futuro da matriz elétrica estadual com a entrada em operação das novas usinas em
construção e, em seguida, a perspectiva dos impactos da utilização da fonte eólica
para algumas atividades econômicas, a saber: Finanças Públicas, Indústria,
Infraestrutura e logística, bem como sua influência na Balança Comercial Estadual,
na Criação de Emprego, e na Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

3.1 GERAÇÃO ELÉTRICA: UM OLHAR PARA FUTURO

De acordo com a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (2011), o


estado consumiu o total de 4.520.504 MW/h de energia elétrica no ano de 2010. O
setor que teve a maior participação na demanda de eletricidade foi o residencial,
com 33% do total da distribuição de energia realizada pela COSERN, o que
representa uma elevação pouco maior que 11% em relação ao ano de 2009. No
Gráfico 15 é possível visualizar a distribuição de energia elétrica nos demais setores
para o ano de 2010.
87

GRÁFICO 15 - Participação por setor no consumo de energia elétrica no Rio


Grande do Norte - 2010

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da COSERN (2011).

Observa-se que os setores com a participação mais expressiva no consumo


de energia elétrica é o residencial, industrial e comercial. Esses três setores juntos
representam 80% da demanda por eletricidade do Rio Grande do Norte, o consumo
de energia elétrica em 2010 para eles foi respectivamente 1.467.782 MW/h,
1.263.299MW/h e 851.825MW/h. (COSERN, 2011).
Além disso, a evolução do consumo de eletricidade no estado é crescente.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética evidenciam a elevação dessa demanda
conforme Gráfico 16.

GRÁFICO 16 - Evolução do consumo de energia elétrica por setor no Rio


Grande do Norte (Em GW/h)

¹Incluios setores: Rural; Poder Público; Iluminação Pública e Serviço


Público.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da EPE (2011, p. 181).
88

De acordo com o Gráfico 16 o Rio Grande do Norte passou de um consumo


total de 3.734 GWh no ano de 2006 para 4.523 GWh em 2010. Já a relação entre os
anos de 2009 e 2010 a variação corresponde a 9,6% positivos. Além disso, alguns
estudos48 apontam para o comportamento crescente da demanda de energia
elétrica, estadual e nacional, para os próximos anos até a década de 2030. (RIO
GRANDE DO NORTE, 2005; MME, 2007).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (2007), no relatório da Matriz
Energética de 2030, que consolida estudos desenvolvidos sobre a expansão da
oferta e da demanda de energia no Brasil, há uma indicação que o setor que terá
maior elevação na demanda por eletricidade será o de serviços. No ano de 2005 tal
setor representou 34% no consumo geral de energia no país. A projeção indica que
em 2030 essa participação se elevará para 41%. (MME, 2007) 49.
Por essa razão, é de suma importância que existam alternativas que
assegurem a oferta de energia elétrica, visto a importância da mesma para vários
setores da economia e a demanda por eletricidade ser crescente. Nesse tocante, as
fontes alternativas de geração elétrica apresentam-se como um cobiçado setor de
expansão para a seguridade energética. Como visto até este momento, o Rio
Grande do Norte tem apresentado vantagens competitivas naturais que têm atraído
investidores, de forma que o volume de MW contratados em leilões fará com que a
matriz de geração elétrica do estado venha diversificar-se.
Em termos dos leilões de energia realizados nos anos de 2009, 2010 e 2011
foi contratado para o estado um volume de megawatts de energia a serem
implantados nas usinas eólicas com entrada em operação até o ano de 2015. Diante
desse quadro, pode-se indagar a seguinte questão: dado o volume de megawatts já
contratados, como se comportará a matriz elétrica do Rio Grande do Norte nos
próximos anos? Para responder a essa questão foi elaborado um gráfico
considerando a energia já contratada nos leilões, tanto de fonte eólica como
termelétrica.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (2011), o Rio Grande
do Norte possui o total de 1.637,10 MW de potência instalada provinda dos

48
Relatório da Projeção da Matriz Energética do Rio Grande do Norte 2030 elaborado pelo Estado do Rio
Grande do Norte em parceria com a Petrobrás e o Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São
Paulo (IEE/USP); e o Relatório da Matriz Energética Brasileira 2030 de elaboração do Ministério de Minas e
Energia (MME).
49
MME (2007): Matriz Energética Nacional 2030, p. 96.
89

empreendimentos eólicos com construção prevista e, 601,20 MW de potência para


os empreendimentos em construção, além dos 234,75 MW dos parques em
operação comercial. Além disso, existe uma termelétrica em construção com entrada
em operação prevista para junho de 2012. Por ato legal, o prazo se estende até
janeiro de 2013. A referida usina tem capacidade de operar 400 MW, com geração
assegurada de 232, 6 MW. No que se refere às termelétricas em operação comercial
a potência é de 550,12 MW. (ANEEL, 2011) 50.
A partir do exposto foi elaborado o Gráfico 17 para auxiliar no entendimento
acerca da participação por fonte na matriz de geração elétrica estadual até o ano de
2015, quando deverá entrar em operação os empreendimentos já emplacados nos
leilões até o ano de 2011.

GRÁFICO 17 - Capacidade instalada de energia elétrica no Rio Grande do Norte


em 2015 ¹.

¹ Considerando as usinas com destino comercial, de registro e


autoprodutoras.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).
Dados disponíveis em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/Res
umoEstadual/FontesEnergiaEstado.asp?estado=RN.

Observa-se no Gráfico 17 que com a entrada em operação dos Parques


Eólicos contratados nos últimos leilões a fonte eólica poderá ter uma participação de

50
Disponível em: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=37&idPerfil=2. Acompanhamento da Expansão da
Oferta de Geração de Energia Elétrica.
90

81% na geração elétrica do estado. Todavia, é relevante notar que tal cenário refere-
se à capacidade instalada, ou seja, ao considerar o fator capacidade51 a participação
da fonte eólica torna-se menos hegemônica.
Por essa razão, outro cenário foi projetado para a matriz elétrica estadual em
2015, dessa vez considerando o fator capacidade. Como visto no Capítulo 2 o fator
capacidade está condicionado a outros fatores, como o vento, por exemplo, de
maneira tal que como este trabalho não tem por objetivo mensuração da variação do
fator capacidade se optou usar o fator de 40%, levando-se em consideração que
Oliveira Júnior (2011) elegeu esse valor ser a média para o estado do Rio Grande do
Norte. O Gráfico 18 auxilia o entendimento da importância da fonte eólica para a
próxima década.

GRÁFICO 18 - Geração de energia elétrica no Rio Grande do Norte em 2015


considerando fator de capacidade ¹.

¹ Considerando as usinas com destino comercial, de registro e


autoprodutoras.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANEEL (2011).
Dados disponíveis em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/Resu
moEstadual/FontesEnergiaEstado.asp?estado=RN.

Como é possível notar, ao considerar a proporção entre a produção efetiva da


usina em um período de tempo e a capacidade total máxima neste mesmo período a
participação da eólica na geração de eletricidade sofre uma diminuição. No entanto,

51
Fator Capacidade: proporção entre a produção efetiva da usina em um período de tempo e a capacidade total
máxima neste mesmo período. (OLIVEIRA JÚNIOR, 2011).
91

ainda assim permanece como a principal fonte geradora de energia elétrica no Rio
Grande do Norte, com 63% do total gerado, contra 37% das termelétricas.
Desta forma, faz-se mister acentuar que para a projeção dessa matriz
apresentada considerou-se os leilões de energia até dezembro de 2011. Como
deverão ocorrer outros leilões nos próximos anos, podendo por essa via ser
contratados novos empreendimentos tanto eolioelétricas quanto termoelétricas, esta
matriz provavelmente não tende a permanecer como se encontra, sofrendo maior
alteração.
A partir dos dados apresentados pôde-se constatar que nos próximos anos o
Rio Grande do Norte contará com uma maior capacidade na geração de energia
elétrica, onde sua oferta possívelmente ultrapassará a demanda interna por energia
elétrica, quadro esse positivo para a possibilidade do estado poder gerar eletricidade
para venda.
Dito isso, na próxima seção serão abordados alguns entraves que a atividade
eólica tem enfrentando nesse início de desenvolvimento no Rio Grande do Norte.

3.2. GERAÇÃO EOLIELÉTRICA: ENTRAVES A SUA EXPANSÃO

Em virtude da análise já realizada concernente ao quadro atual do mercado


da atividade eólica no Rio Grande do Norte, como ações públicas na promoção dos
leilões e financiamento de parques e, também, ações privadas, como os
investimentos em empreendimentos eólicos, é preciso acentuar neste momento os
entraves que a atividade eólica apresenta para a sua expansão no estado. Pretende-
se, por essa via, conhecer os gargalos e dificuldades do desenvolvimento eólico no
Rio Grande do Norte e analisar as perspectivas para a atividade no estado.
Nesse sentido, observa-se que iniciativas do Governo Federal amenizaram
um dos maiores entraves da energia eólica, que era a sua pequena competitividade
frente a outras fontes de eletricidade. A inserção da fonte eólica nos leilões de
energia tem provocado a diminuição do preço da energia elétrica gerada a partir
dessa fonte. No ano de 2009, por exemplo, no primeiro leilão de energia eólica, o
preço médio oscilou entre R$ 189/MWh e R$ 148/MWh durante o leilão. Já no ano
de 2011 a comercialização durante o leilão alcançou uma média de R$ 99,08/MWh.
92

Ou seja, em dois anos a energia eólica tornou-se aproximadamente 40% mais


barata. (EPE, 2009 e 2011).
Na avaliação de Tolmasquim (2011), “O fato de as eólicas terem sido
contratadas a um preço médio final de dois dígitos, inferiores a R$ 100/MWh [...] é
fruto da competição promovida pelos leilões”. (TOLMASQUIM apud EPE, 2011 p. 2).
No entanto, como observado na análise realizada sobre os empreendimentos
eólicos em construção, a expansão da atividade no estado passa por desafios
quanto à logística e infraestrutura e incentivos a instalação de indústrias. Apesar de
o estado apresentar uma elevação no seguimento de energia eólica - por exemplo,
em 2009 foi adicionado 51 MW à matriz elétrica estadual, no ano de 2011, foram
adicionados 104 MW, uma elevação de 49% - faz-se necessárias medidas para
sanar tais dificuldades de forma a segurar o seu crescimento e expansão da
atividade.
No que concerne à logística, como os equipamentos na sua maioria são
importados de fora do Brasil e de fabricantes em outros estados, faz-se necessária a
existência de porto marítimo e estradas que viabilizem o transporte dos
equipamentos que são de grande porte. Ressalta-se que “trata-se de equipamentos
de grande volume e peso, como pás de 40m de comprimento, transformadores de
potência de 100 t [...] Isso exige caminhões robustos e estradas preparadas”.
(PORTO, 2011. Disponível em: http://www.blogbelomonte.com.br/2011/02/07/pros-e-
contras-do-setor-eolico).
No estado do Rio Grande do Norte, a estrutura de saída do Porto de Natal dá-
se em área urbana, é uma dificuldade o deslocamento de trasnportes para escoar
em larga escala equipamentos do porte de hélices e geradores eólicos. Isso
contrasta com a vantagem de localização geográfica estratégica, já que o referido
Porto possui uma das menores proximidades do Brasil com países europeus (de
onde são importados os equipamentos).
A questão logística acentua-se quando é observado o número de projetos
eólicos que iniciarão as obras das usinas em 2012 e também a aprovação de novos
projetos nos leilões, somam-se 78 novos projetos que entrarão em execução. O que
leva a presumir que a demanda será crescente pelo escoamento de equipamentos.
Ademais, a questão logística implica também em dificuldade de recebimento
de matéria-prima, além de equipamentos industrializados, que geralmente vem de
93

São Paulo, Paraná e Ceará, por estradas. Essa logística de fretes implica maiores
custos para as empresas construtoras de parques eólicos no estado.
Em tese, essas questões poderão se acentuar na fase das obras dos projetos
aprovados nas regiões serranas do estado, onde as estradas são de curvas mais
fechadas. A Rodovia estadual RN-120, por exemplo, que liga os municípios de João
Câmara e São Bento do Norte, não apresenta estrutura para comportar o fluxo de
carretas com equipamentos, essa região é uma das quais serão construídos grande
número de Parques Eólicos no estado. (FIGUEIREDO apud ALVES, 2011).
Uma das alternativas para gerar confiabilidade de novos investimentos no
setor elétrico por fonte eólica seria a atração de indústrias de equipamentos eólicos
para o estado. No entanto, se o Rio Grande do Norte tem apresentado questões
problemáticas quanto à logística e infraestrutura possivelmente o interesse de
fabricantes esbarre nas incertezas futuras. Presume-se a necessidade do estado
promover benefícios para matéria-prima, mão de obra especializada e
comercialização da fonte eólica.
No entanto, mesmo com os entraves mencionados uma fabricante de
equipamentos eólicos, a Wobben Windpower, foi instalada na cidade de Parazinho,
que é o único município do Rio Grande do Norte que conta com uma fabricante de
equipamento. Mas, de acordo com Figueiredo apud Alves (2011), a fábrica em
Parazinho não tem capacidade de atender a demanda dos projetos eólicos já
emplacados em leilões. De acordo com os autores em tela, considerando a situação
atual, cerca de 90% dos equipamentos das usinas que iniciarão obras para entrada
em operação até 2015 terão que comprar equipamentos fora do estado.
Esses dados reforçam a questão levantada anteriormente: o estado do Rio
Grande do Norte teria infraestrutura para atender as 78 usinas que estão em fase de
construção, obras iniciadas ou não, e os demais projetos aprovados nos leilões
recentes? Parece claro afirmar que se medidas não forem realizadas num curto
prazo, ou seja, dentro do cronograma desses projetos já aprovados, provavelmente
as dificuldades de implantação das usinas poderão tornar o estado, não apenas,
potencial produtor eólico, mas, na prática, produtor ínfimo do seu potencial.
Enquanto isso, outras situações agravam a questão da infraestrutura no
estado, como é o caso do escoamento da energia elétrica produzida pelas usinas
eólicas. A construção do sistema de transmissão do Parque até uma
subestação é de responsabilidade restrita da proprietária, construído a partir de uma
94

subestação junto à usina e uma linha de transmissão interligando a subestação da


usina à subestação polo nas proximidades da mesma. No entanto, se o sistema de
transmissão e as subestações forem distantes dos empreendimentos os custos dos
Parques se elevam. É necessário haver novas linhas52 do Sistema Interligado
Nacional (SIN) que é o responsável pela distribuição de energia elétrica no Brasil,
para que a energia gerada possa ser distribuída.
Com base no exposto, pode-se afirmar a existência de uma problemática
quanto ao escoamento da geração de energia elétrica das usinas e parques eólicos
já em fase de construção. Cumpre frisar que a questão de transmissão é da alçada
do Governo Federal. Não obstante, em razão dos cronogramas atrasados pela falta
de estrutura para escoamento da energia, possivelmente se pode gerar perdas para
os empresários e proprietários de tais empreendimentos.
Em linhas gerais, pôde-se averiguar que os desafios da atividade eólica no
estado do Rio Grande do Norte são notáveis quanto à logística e infraestrutura,
principalmente quanto aos transportes de matérias-primas e escoamento da
produção. Isso pode provocar menor intensidade de investimentos no mercado
eólico no estado. Portanto, é de suma importância ações do poder público na
solução desses entraves de expansão do setor. Caso contrário, apesar do estado
apresentar-se como uma das localidades do Brasil com grandes potenciais de
exploração eólica, poderá ficar para trás quanto à viabilidade econômica de
implantação de parques eólicos, principalmente devido aos custos das empresas
privadas com frete, devido à falta de uma cadeia produtiva local e linhas de
transmissão que atendam a demanda.
Todavia, mesmo frente a esses entraves, não é possível anular o
desempenho do estado na produção de energia elétrica por fonte eólica nesses
últimos anos. O crescimento da produção, bem como projetos que entrarão em
construção, trata-se de um avanço na utilização de fontes renováveis na geração
elétrica estadual.
Dado o exposto anteriormente, pode-se mencionar algumas conclusões
parciais. Por exemplo, a entrada em operação da Usina de Rio do Fogo em 2006,
Alegria I em 2010, Mangue Seco 1, Mangue Seco 2, Mangue Seco 3, Mangue Seco

52
Estão sendo construídas novas linhas de transmissão de energia elétrica no Brasil, tais serão concluídas apenas
no ano de 2013, o que poderá atrasar a entrada em operação de pelo menos 20 novos parques do Rio Grande do
Norte com cronograma para operação comercial em 2013. (FRIAS 2011; MENDES, 2011).
95

5 e Miassaba II em 2011, foram adicionados à matriz de geração elétrica do estado


o total de 204,30 MW de potência provindas apenas da fonte eólica. É evidente que
a maior contribuição na matriz de geração estadual é termelétrica e na realidade a
fonte eólica precisa ser vista como fonte complementar às convencionais de forma a
promover a diversificação da matriz e menor dependência por fontes poluentes e
finitas. Isso porque se por um lado usinas de fontes fósseis apresentam ameaça
ambiental, a eólica é dependente da estabilidade dos ventos. Nesse sentido,
Oliveira e Santos (2008) defendem a complementaridade da fonte eólica à
hidráulica. Por essa razão, acredita-se que no Rio Grande do Norte as fontes de
energia elétrica precisam ser complementares e não substitutivas.

3.3. EXPANSÃO DA ATIVIDADE EÓLICA NO RIO GRANDE DO NORTE:


PESPECTIVAS E IMPACTOS NA ECONOMIA ESTADUAL.

Diante da discussão já realizada até o momento, pode-se indagar a seguinte


questão: Quais os possíveis impactos que a expansão da atividade eólica promove,
ou promoverá, na economia do Rio Grande do Norte? Essa pergunta será
respondida nos próximos tópicos, onde serão analisadas algumas atividades e
variáveis que sofrem impactos da atividade eólica, de maneira a entender em qual
medida são estes impactos. A análise será realizada a partir das seguintes
atividades e variáveis econômicas: Finanças Públicas; Indústria; Infraestrutura e
logística; Balança Comercial Estadual; Criação de Emprego; Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D).
Dessa forma, a atual seção segue dividida em dois tópicos, sendo o primeiro
referente aos impactos na economia do Rio Grande do Norte gerados pela atividade
eólica e, num segundo momento, uma análise dos resultados da discussão realizada
sobre a economia estadual.

3.3.1 Impactos da atividade eólica na economia estadual

Na medida em que a exploração eólica cresce numa região, a mesma pode


gerar desdobramentos sobre outros setores da economia, visto que tal atividade
econômica necessita de matéria-prima, mão de obra, financiamento etc., para que
96

possa desenvolver-se e crescer. Para se conhecer os impactos que a produção de


energia elétrica por fonte eólica tem promovido na economia do Rio Grande do
Norte, na sequência deste tópico foi realizada uma análise de forma a conhecer
esses impactos.

3.3.1.1 Finanças Públicas: aspectos da arrecadação estadual e municipal


provenientes da energia eólica

A arrecadação realizada frente à atividade da energia elétrica concerne ao


ICMS53 (estadual) e ISSQN54 (municipal). No entanto, como a energia elétrica é
tributada apenas no seu consumo, e não na geração, e o Convênio ICMS 101/97
“Concede isenção do ICMS nas operações com equipamentos e componentes para
o aproveitamento das energias solar e eólica”, as operações com equipamentos e
componentes de geração elétrica por fonte eólica, como aerogeradores e seus
acessórios não geram arrecadação estadual. (CONFAZ, CONVÊNIO 101/97).
Desta forma, não é possível mensurar a participação por fonte nessa
arrecadação, já que o que é consumido é eletricidade e não “energia eólica” ou
“energia termelétrica”, que na realidade são fontes de geração e não a energia em
si.
Quanto à arrecadação de ICMS sobre o consumo de energia elétrica no
estado do Rio Grande do Norte, o Gráfico 19 demonstra a evolução nos anos 2006 a
2010.

53
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) foi criado por Lei Complementar
(87/1996), da qual ficou instituído que cada Estado e o Distrito Federal passariam a instituir o tributo por Lei
Ordinária, e a mesma regulamentada por Decreto. Algumas atividades são isentas do ICMS, inclusive a geração
de energia elétrica. (BRASIL, Lei Nº 87/1996 Art. 3º, Inciso III).
54
A Lei Federal que regula o ISSQN é a Lei nº 116, de 31 de julho de 2003.
97

GRÁFICO 19 - Arrecadação ICMS Específica de Energia Elétrica do Rio Grande


do Norte - valores correntes – (em R$) - 2006 a 2011.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CONFAZ (2012).


Disponível em: http://www.fazenda.gov.br/confaz/.

Ou seja, diante dos dados apresentados observa-se que a arrecadação


estadual no Rio Grande do Norte se elevou no período analisado, o que leva a
concluir que se o estado eleva sua demanda por energia elétrica, logo arrecadará
mais tributos. No entanto, o fato de que a capacidade de geração estadual tende a
expandir-se devido aos Parques Eólicos não é uma garantia de recolhimento de
ICMS, já que a eletricidade gerada por fonte eólica é escoada pelo Sistema
Interligado Nacional, portanto o estado que vende essa energia, como já visto, não
recebe arrecadação.
Dessa maneira, percebe-se claramente que a atividade eólica não gera
benefício direto de grande magnitude para o Rio Grande do Norte quanto
arrecadação tributária estadual. No entanto, o mesmo recebe algumas vantagens
indiretas da expansão do referido setor, como serão demonstradas na continuidade
deste Capítulo.
Ao contrário, a atividade eólica favorece arrecadação municipal, por meio do
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN ou ISS). O ISSQN consta
num imposto municipal, ou seja, somente os Municípios e o Distrito Federal55 têm
competência para instituí-lo, como prever a Constituição Federal de 1988 em seu
Art. 156.

55
O Distrito Federal por ser uma unidade da federação tem as mesmas atribuições dos Estados e dos Municípios.
(Constituição Federal de 1988).
98

Ou seja, no que tange aos municípios produtores de energia elétrica por fonte
eólica a arrecadação é feita durante e após a implantação dos parques. Desta
forma, na sequência é apresentada a evolução da arrecadação municipal nos
municípios do Rio Grande do Norte onde constam empreendimentos eólicos em fase
de construção a partir dos anos de 2010 e 2011. O Gráfico 20 ajuda a entender essa
realidade.

GRÁFICO 20 - Evolução da arrecadação do ISSQN dos municípios de Guamaré


e Parazinho.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secretaria Municipal de


Tributação de Guamaré (2012) e Prefeitura de Parazinho (2012).

Os municípios que atualmente56 apresentam parques eólicos em fase de


construção, e operação comercial, no Rio Grande do Norte são: Guamaré, João
Câmara, Parazinho e Rio do Fogo. Desses, foram selecionados57 os municípios de
Guamaré e Parazinho para realizar análise da arrecadação de ISSQN frente à
atividade eólica.
Diante do Gráfico 20 observa-se a evolução da arrecadação do ISSQN entre
os anos de 2010 e 2011. A referida evolução ocorreu provavelmente devido aos
projetos eólicos aprovados nos leilões que entraram em fase construção em 2011.
Ambos os municípios possuem projetos eólicos aprovados que ainda não entraram
em fase de construção e que no futuro também serão fontes de arrecadação
municipal.
56
Até dezembro de 2011.
57
A seleção obedeceu ao critério de disponibilidade de dados.
99

Dessa forma, verifica-se que a atividade eólica tem proporcionado elevação


da receita municipal dos municípios que possuem exploração da fonte eólica. O que
torna o fato mais importante é a questão de que muitos dos municípios que terão
parques construídos encontram-se na região interiorana do estado, o que
dinamizará a economia dos mesmos e promoverá a criação de empregos e a
geração de renda, contribuindo assim para o desenvolvimento local.

3.3.1.2 Indústria: aspectos gerais no Rio Grande do Norte

Como foi visto, o Rio Grande do Norte é um estado que possui uma vantagem
competitiva natural frente à atividade eólica, tendo em vista o grande potencial para
a exploração elétrica por essa fonte. No entanto, cabe frisar a necessidade do
estado possuir outras vantagens e tornar-se mais competitivo, visto que outros
estados como Rio Grande do Sul, Ceará e Bahia têm crescido no setor.
Uma dessas possibilidades de promoção à competitividade seria a existências
de fábricas de equipamentos eólicos em território estadual, visto que se poderia
minimizar custos com transportes de matérias-primas para empresários de parques
eólicos. Nesse tocante, desde janeiro de 2011 o município de Parazinho conta com
a instalação de uma fábrica que produz torres de geradores, a Wobben Windpower
Ind. e Com. Ltda. A fábrica conta com 279 funcionários, dos quais, em média, 57%
são do município local e os demais contratados de cidades próximas, como
Mossoró, Guamaré, João Câmara e São Miguel do Gostoso. (MOURA, 2011).
De acordo com Figueiredo apud Alves (2011), equipamentos como pás
eólicas e turbinas são compradas de outras fabricantes instaladas em São Paulo,
Paraná, Fortaleza, e Pernambuco. O estado de Pernambuco, por exemplo, conta
com as fabricantes Iraeta (produz flanges eólicas), Impsa (produz geradores eólicos)
e Eolice (produz turbinas eólicas). Essa última investiu 100 milhões de reais
instalando-se no complexo industrial de Suape, estima-se a criação de 1.500
empregos diretos.
No entanto, além da fábrica instalada em Parazinho não ter capacidade de
cobrir toda a demanda dos parques que serão construídos no Rio Grande do Norte,
tal produz apenas as torres eólicas, de forma que os demais equipamentos devem
ser adquiridos em outros estados ou até mesmo fora do país.
100

Visto que o Rio Grande do Norte nos leilões de energia finalizados em média
captam relevante volume de MW, é natural que esse quadro atraia investidores
industriais. No entanto, além disso fazem-se necessários incentivos fiscais e
infraestrutura favorável. Essa última variável é uma das problemáticas do Rio
Grande do Norte, que será discutida no tópico seguinte.

3.3.1.3 Infraestrutura e logística: características e desafios

Como discutido na seção 3.2, o Rio Grande do Norte apresenta um quadro


insuficientemente positivo no que tange a infraestrutura e logística que abrange as
necessidades da atividade eólica. Na análise realizada observou-se principalmente a
logística de entrada de equipamentos no estado, tanto por via marítima – onde a
problemática é a saída do porto em via urbana - quanto terrestre, além da
problemática no escoamento para a transmissão de energia.
Segundo Oliveira Júnior (2011), devido o fornecimento de energia elétrica ser
de responsabilidade Federal, até o momento o estado do Rio Grande do Norte ainda
não investiu em infraestrutura que favoreça diretamente o setor eólico. No entanto,
existem algumas obras que favorecem indiretamente, bem como outros setores da
economia, como as reformas no Porto de Natal e manutenção de Rodovias. Quanto
à construção e manutenção das linhas de transmissão para o escoamento de
eletricidade a responsabilidade é Federal58. (OLIVEIRA JÚNIOR, 2011).
Face ao exposto parte-se para a análise da seguinte questão: como o
aquecimento no mercado de energia eólica pode promover impactos na
infraestrutura do Rio Grande do Norte?
Das implantações das usinas eólicas advém a necessidade de ampliação e
manutenção de malhas rodoviárias que possibilite acesso aos municípios produtores
e que sejam capazes de suportar a circulação de veículos de grande porte nas
regiões. O estado do Rio Grande do Norte já possui rota de acesso a veículos desse
porte principalmente as BR 304 e 406, e RN 118, 233 e 401, como as principais vias
de acesso aos municípios produtores de petróleo e gás natural. Porém, tais rotas

58
De acordo com a Lei Nº 10.848 de 15 de março de 2004, O Ministério de Minas e Energia (MME) é o
regulador primário do Governo brasileiro do setor elétrico. O Brasil possui o Sistema Interligado Nacional, que
executa o monitoramento de todas as regiões brasileiras para que não haja desabastecimento de energia em
nenhuma região do País.
101

necessitam de manutenção, e no caso de alguns municípios produtores eólicos faz-


se necessária também ampliação das vias.
Nesse tocante, no Orçamento Geral do Estado para 2012, o Rio Grande do
Norte destinou o total de R$ 63.371 milhões de reais para o programa de
pavimentação e implantação de rodovias. Segundo Torres apud Grillo (2011), a RN-
120, Rodovia Estadual que liga os municípios de João Câmara a São Bento do
Norte é uma das Rodovias que devem ser apreciada para manutenção, devido às
construções de parques eólicos que serão iniciadas no interior do estado e que
necessitam do translado por tal Rodovia.
Quanto ao Porto de Natal, que dá acesso ao desembarque de equipamentos
eólicos, passa por uma “Execução das obras de ampliação do cais [...], construção
do dolfim de amarração, reforma do paramento do cais existente e construção das
edificações portuárias do terminal do porto”, tal obra está orçada em R$
53.737.820,18 (cinquenta e três milhões, setecentos e trinta e sete mil, oitocentos e
vinte reais e dezoito centavos). (CODERN, 2010 p. 1).
Cabe frisar que tal reforma não está sendo realizada devido à expansão
eólica no estado59, no entanto, parece claro afirmar que as vantagens recairão
também em benefícios para tal atividade, uma vez que será beneficiada
indiretamente tendo em vista a utilização do porto para desembarque de
equipamentos.
Por outra via, Prates (2011) acredita que a problemática do porto de Natal se
encontra na sua localização na região urbana da cidade, que desfavorece o
transporte de cargas após a saída da área portuária, devido às ruas estreitas aos
arredores da localização. Para o referido autor o que promoveria uma vantagem
competitiva ao estado seria a realocação do Porto para uma área interiorana. No
entanto, não existem previsões nem planejamento de viabilidade de tal obra para o
estado do Rio Grande do Norte.
Referente ao escoamento da produção elétrica no estado, que terá uma
demanda crescente para os próximos anos face os contratos de Parque Eólicos nos
últimos leilões, foi realizado leilão para licitação da construção de 5 novas linhas de
transmissão somando 501 Km de extensão em 4 subestações localizadas nos

59
Segundo a Controladoria Geral da União do Brasil, no portal da transparência, as reformas do Porto Marítimo
de Natal fazem parte do financiamento Federal para Infraestrutura e Mobilidade Urbana da Copa de 2014.
Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/natal/aeroportos-portos/porto-reforma-do-
terminal-de-natal/index.asp
102

estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. O investimento foi estimado em


300 milhões de reais, além da geração de 2.150 empregos. A responsabilidade pela
obra é da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) que também será
responsável pela operação e manutenção das linhas pelo prazo de 30 anos. A
previsão para entrada em operação das novas linhas é para o ano de 2012. (TV
BVMF, 2010. Disponível em: http://www.tvbvmf.com.br/videos/544).
Além disso, o Rio Grande do Norte ainda contará com investimentos da
Cosern e Neoenergia para o setor elétrico no ano de 2012. A companhia Energética
do Rio Grande do Norte promoverá a expansão da rede de distribuição elétrica, além
de Projetos de P&D. O Grupo Neoenergia realizará a instalação da subestação de
230/69 kV no município de Extremoz. Esta referida concessão foi arrematada em
leilão de transmissão. O investimento da Cosern e Neoenergia é da ordem de R$
174 milhões e R$ 22 milhões respectivamente. (TRIBUNA DO NORTE, 2011).
Nesse sentido, observa-se que o Rio Grande do Norte receberá investimentos
no que tange a transmissão e distribuição de energia elétrica, ou seja, o escoamento
da produção de eletricidade. No entanto, no que tange a infraestrutura na logística
de transporte o estado ainda não apresenta investimentos diretos para a atividade
eólica. Oliveira Júnior (2011) acredita que essa realidade ocorre devido a recente
expansão da atividade que não tem precedentes. Segundo o autor em tela, com o
passar do tempo e a consolidação das necessidades locais, novos investimentos na
infraestrutura poderão ser realizados para a promoção eólica no estado.

3.3.1.4. Balança Comercial: importação de equipamentos eólicos e seus impactos


nas divisas do Rio Grande do Norte

Desde 2009, quando o Rio Grande do Norte emplacou projetos de parques


eólicos no primeiro leilão de energia renovável, que a energia elétrica por fonte
eólica passou a provocar certo impacto na balança comercial estadual. Tal fato dá-
se principalmente pela importação de equipamentos para implantação das usinas,
como demonstrado a seguir.
De acordo com Cardoso Júnior (2011)60, no ano de 2010 o Rio Grande do
Norte importou US$ 131.864.273 dólares em equipamentos para o setor eólico,

60
Cardoso Júnior é Coordenador de Desenvolvimento Comercial do Rio Grande do Norte no Governo da gestão
de 2010.
103

originários da Índia. Numa análise da balança comercial daquele ano observa-se


que as importações excederam as exportações, promovendo por essa via um saldo
deficitário de US$ 34.549.057 dólares. Os valores podem ser observados na Tabela
9.

TABELA 9 - Balança Comercial do Rio Grande do Norte – 2010

Descrição US$
Importações equipamentos
131.864.273
eólicos
Importações (Total) 319.287.288
Exportações (Total) 284.738.231
Saldo (34.549.057)
Fonte: Elaboração própria a partir de CARDOSO JÚNIOR (2011).

Cabe frisar que a balança comercial do estado não apresentava déficit desde
o ano de 1997. No entanto, embora tenha ocorrido o déficit em 2010 provocado pela
importação de tais equipamentos, o mesmo trata-se também de investimento ao
setor. Já no que tange ao ano de 2011, até o mês de outubro, o único registro de
importação foi de US$ 10.751 dólares, o que indica que as empresas estão
comprando equipamentos no mercado interno por fabricantes instalados no Brasil,
ou que as importações são feitas por outras empresas mas que para o estado
apresente-se como operação comercial interna. (CARDOSO JÚNIOR, 2011).
O Rio Grande do Norte tem capacidade de gerar em média 633 MW de
energia elétrica. No que tange ao consumo, de acordo com a Cosern (2011) para o
ano de 2010, foi consumido pelo estado o total de 4.520.504 MWh. Especialistas da
área observam que o estado poderá se tornar autossuficiente em energia elétrica a
partir de incremento na geração elétrica nos próximos anos proveniente da fonte
eólica, como discutido na seção 3.1 deste Capítulo. (BEN, 2011; COSERN, 2011).
Diante disso, pode-se indagar as possibilidades futuras do estado quanto à
venda de energia elétrica e os impactos da mesma na balança comercial. Como já
visto no capítulo anterior, em dezembro de 2010, o estado exportou energia elétrica
para a Argentina. Nesse caso, a produção eólica atual não contribuiu para esse
acontecimento, visto que o mesmo se deu por energia provinda de termelétricas.
(CARDOSO JÚNIOR, 2011).
104

Quanto ao horizonte futuro, segundo Cardoso Júnior (2011) não é esperado


que o estado permaneça exportando energia elétrica, mas que a geração por fonte
eólica seja para consumo nacional.

3.3.1.5 Criação de Emprego: oportunidades geradas a partir do advento da fonte


eólica.

De acordo com a Wobben Windpower (2011) “para cada MW instalado cria-se


geralmente 10 empregos no setor eólico de um país”. Esse dado trata-se de uma
média observada na construção de usinas eólicas. Por essa via, com base nos MW
de energia negociados nos leilões finalizados, é possível estimar a criação de
empregos diretos nas construções das usinas no estado do Rio Grande do Norte.
Oliveira Júnior (2011) estimou a previsão de criação de empregos com base na
energia contratada nos leilões de 2009 e 2010, como pode ser visualizado na Tabela
10.

TABELA 10 - Capacidade de criação de empregos diretos na construção de


usinas eólicas no Rio Grande do Norte (leilões de 2009 e 2010).

Durante Durante
Municípios
Implantação Operação
São Miguel do
51 9
Gostoso
São Bento do Norte 94 16
Rio do Fogo 28 5
Pedra Grande 118 20
Parazinho 653 109
Macaíba 53 9
Lagona Nova 49 8
João Câmara 330 55
Guamaré ¹ 118 20
Galinhos 100 17
Caiçara do Norte 29 5
Bodó 179 30
Areia Branca 70 12
Total 1.871 315
¹Não está considerada a Usina de Alegria I, visto ter entrado em
operação no final de dezembro/2010, foram gerados 450 empregos
diretos durante a sua construção.
Fonte: OLIVEIRA JÚNIOR (2011).
105

Diante das informações da Tabela 10, observa-se que a criação de empregos


diretos durante a fase de implantação da usina (construção) é superior a fase de
operação e manutenção. A média da redução de empregos verificada a partir dos
dados apresentados é da ordem de 82,98%.
Segundo Oliveira Júnior (2011), o perfil profissional contratados na fase de
implantação é principalmente de mão de obra em construção civil. Para a fase de
operação, a mão de obra necessária é enfaticamente especializada, devido à alta
tecnologia dos equipamentos utilizados nos empreendimentos eólicos.
Freire (2011) enfatiza que a criação de empregos tende a reduzir no setor
após a entrada em operação dos parques. De acordo com o autor em tela “Depois
de instalados, os parques não aumentam arrecadação estadual nem geram tantos
empregos”. Corroborando com essa linha, Da Silva apud Mendes (2011) diz que “o
que a eólica traz de benefício é a geração de emprego com a instalação dos
parques”. Ainda assim, a criação de emprego temporário é considerável e os
impactos sobre os empregos indiretos também são expressivos. (FREIRE, 2011; DA
SILVA61 apud MENDES, 2011)62.
Diante disso, pode-se indagar quais serão os possíveis impactos na criação
de empregos diretos e indiretos no Rio Grande do Norte dado os leilões finalizados
nos anos de 2009 até 2011. Para responder essa questão, seguindo o mesmo
método adotado por Oliveira Júnior (2011), foi computado o volume de energia
elétrica em MW contratados por empresas para o Rio Grande do Norte nos leilões
do ano de 2011 a partir de informações da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e
Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração da Aneel (SFG). Em
seguida foi realizada a razão de 10 trabalhadores para cada 1 MW de energia de
forma a projetar o quadro de empregos diretos criados pela atividade no estado.
Para os empregos na fase de operação, considerou-se o resultado anterior
com uma variação de redução de 82,98%. Dessa maneira, foi possível mensurar os
empregos que serão criados na atividade eólica no Rio Grande do Norte nos
próximos três anos. Para mensurar a criação de empregos indiretos, considerou-se
como válida a hipótese de Prates (2011) que aponta a criação de 15 empregos
indiretos para cada MW de energia contratada. Dessa forma, segue a Tabela 11.

61
José Airlton da Silva, Secretário de Tributação do Rio Grande do Norte na Gestão 2011.
62
Disponíveis em: http://tribuna.mobi/noticia/energia-eolica-pode-deixar-rn-sem-divisas/184012).
106

TABELA 11 - Capacidade de Criação de empregos diretos e indiretos na


construção de usinas eólicas no Rio Grande do Norte (2012 a 2015).

Fase de
Fase de Construção
Operação/Manutenção
Empregos Empregos Empregos Empregos
Município
Diretos Indiretos Diretos Indiretos
Areia Branca 1.210 1.815 206 309
Bodó 1.500 2.250 255 383
Caiçará do Norte 430 645 73 110
Galinhos 2.970 4.455 505 758
Guamaré 1.950 2.925 332 498
J. Câmara 3.810 5.715 648 973
Lagoa Nova 770 1.155 131 197
Macaíba 210 315 36 54
Parazinho 8.260 12.390 1.406 2.109
Pedra Grande 1.180 1.770 201 301
Rio do Fogo 280 420 48 71
S. Bento do
940 1.410 160 240
Norte
S. M. do
510 765 87 130
Gostoso
Total 24.020 36.030 4.088 6.132
Fonte: Elaboração própria com base em dados da EPE (2011)* e SFG (2011)*.
* Os dados da EPE e SFG considerados referem-se à contratação em MW de
energia por fonte eólica para o estado do Rio Grande do Norte nos leilões de
energia ocorridos entre 2009 e 2011.

Com base nos dados encontrados observa-se que no estado do Rio Grande
do Norte o município que obterá a maior criação de empregos, tanto diretos como
indiretos, será Parazinho. Segundo a SFG (2011), o referido município possui 826
MW contratados para os parques eólicos que deverão entrar em operação até 2015.
Outros municípios em destaque são: João Câmara e Galinhos, com a criação de
3.810 e 2.970 empregos diretos, respectivamente, durante a fase de implantação
dos parques.
Moura (2011) enfatiza a mudança no perfil de vagas criadas em Parazinho no
ano de 2011, antes da atividade de geração elétrica o setor que mais contratava era
107

o agropecuário. No entanto, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados


(CAGED) aponta uma elevação nas oportunidades para funções de alimentadores
de linha de produção, serventes de obra, armadores de estrutura de concreto e
pedreiros. Para a autora, essas vagas estão diretamente ligadas aos parques
eólicos. (MOURA, 2011).
Em suma, a atividade eólica no estado terá a capacidade de criar 70.270
empregos diretos e indiretos até o ano de 2014, considerando os contratos de
parques eólicos realizados até dezembro de 2011. Dessa forma, visto a
programação de outros leilões de energia e a inclusão da fonte eólica no mercado
aberto, estes valores referentes à criação de novos empregos podem ser superiores
aos mencionados.
Além disso, a maioria dos parques no Rio Grande do Norte localiza-se em
cidades interioranas, isso possibilita um horizonte de diversificação das atividades
econômicas promovendo o crescimento econômico da cidade com a criação de
empregos e geração de renda, tornando a economia local mais dinâmica. Os atuais
municípios do estado que possuem empreendimentos em fase de construção são:
Guamaré, João Câmara e Parazinho.
Guamaré faz parte da microrregião de Macau, os municipios limítrofes são: ao
Norte o Oceano Atlântico; ao Sul a cidade de Pedro Avelino; ao Leste Galinhos; e ao
Oeste Macau. Sua economia está pautada na agropecuária, pesca, e produção de
lenha, carvão vegetal e petróleo.
João Câmara localiza-se na microrregião da Baixa Verde e possui como
municípios limitrofes: Parazinho e Touros ao Norte; Bento Fernandes ao Sul, Touros,
Pureza e Poço Branco a Leste; e Jandaíra e Jardim de Angicos ao Oeste. Sua
economia está pautada na agropecuária, produção de lenha e carvão vegetal.
Parazinho está localizado na microrregião da Baixa Verde e tem como
municípios limites: ao Norte Caiçara do Norte, São Bento do Norte e Pedra Grande;
ao Sul João Câmara; ao Leste São Miguel do Gostoso; e ao Oeste Jandaíra. Sua
economia está pautada na agropecuária e na produção de lenha.
Somente esses três municípios citados serão responsáveis por
aproximadamente 16.000 novas vagas de empregos diretos e 24.000 indiretos até o
ano de 2015 conforme dados da Tabela 11. Com uma taxa maior de emprego eleva-
se também a renda e assim o consumo. Essa dinâmica promove o favorecimento de
crescimento econômico, e o possível desenvolvimento de outras áreas, como
108

serviços e comércio. No entanto, com a entrada em operação dos parques no longo


prazo pode ocorrer uma redução nessas oportunidades geradas em outros setores.
Porém, ainda não é possível mensurar tal impacto, uma vez que, não existe série
temporal que possa ser analisada dada o recente surgimento da atividade.
Ainda assim, é possível realizar algumas análises parciais quanto o perfil de
empregabilidade nos municípios produtores de energia elétrica, dada a evolução da
criação de emprego após inclusão da fonte eólica na geração de eletricidade. Por
exemplo, como visto Parazinho apresentava um perfil de empregabilidade com
vagas principalmente no setor público ou na lavoura. No entanto, com a inclusão da
atividade eólica vagas para a construção civil foram abertas, além de vários pontos
de comércio e restaurantes. Para embasar essa discussão, abaixo segue Gráfico 21
com dados do CAGED (2012) concernente a evolução do emprego nos setores de
construção civil, serviços e comércio nos municípios de Guamaré, João Câmara e
Parazinho.

GRÁFICO 21 - Evolução de admissões por setor nos municípios de Parazinho,


João Câmara e Guamaré (em %) – 2009 a 2011.

63
Fonte: Elabração própria a partir de dados do CAGED (2012) .
Disponível em: http://bi.mte.gov.br/bgcaged/caged_perfil_municipio/index.php

A partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados


(2012), é possível observar a elevação de admissões no setor de construção civil,

63
Tabela com valores numéricos do CAGED nos apêndices desta monografia.
109

bem como nos serviços e comércio. Guamaré, no setor de construção civil, teve um
aumento de 467% em admissões no ano de 2010 comparado com 2009 e uma
pequena redução de 18% no ano de 2011. As ocupações que mais empregaram em
2011 em tal município foram respectivamente: servente de obras; armador de
estrutura de concreto armado; pedreiro; ajudante de despachante aduaneiro;
carpinteiro de obras e eletricista de instalações. (CAGED, 2012).
Ainda referente ao ano de 2011, no que tange os setores de serviço e
comércio, as ocupações que mais empregaram em Guamaré foram: auxiliar de
pessoal; armazenista; carpinteiro e pedreiro no setor de serviços. No setor de
comércio: motorista de caminhão; repositor de mercadorias; vendedor de comércio
varejista; plataformista e carregador. (CAGED, 2012).
A evolução na criação de emprego no setor de serviços em Guamaré foi de
49% em 2010 com relação a 2009, e decréscimo de 46% em 2011. Já no que tange
o setor de comércio, o município citado obteve uma evolução de 49% em admissões
no ano de 2010 e queda de 7% em 2011.
No que tange João Câmara, o ano que apresentou maior evolução na
empregabilidade na construção civil foi 2011, com acréscimo de 400% em
admissões. No mesmo ano, foram abertas mais oportunidades em ocupações no
setor de serviços, elevação de 306%, e no comércio acréscimo de 7% na criação de
empregos.
Para tal município no mesmo ano as ocupações que mais empregaram foram:
servente de obras; vigia; pedreiro; operador de escavadeira; calceteiro; motorista
operacional de guincho no setor de construção civil. Servente de obras; pedreiro;
escriturário de banco; auxiliar de escritório, em geral; atendente de lanchonete no
setor de serviços. E vendedor de comércio varejista; repositor de mercadorias;
operador de caixa; motorista de caminhão para o setor de comércio. (CAGED,
2012).
Para o município de Parazinho, que até o ano de 2010 não apresentou
empregabilidade no setor de construção civil, no ano de 2011 a criação de empregos
em tal área foi evidente. Ainda de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (2012), as principais ocupações nesse ano foram às seguintes:
servente de obras; armador de estrutura de concreto armado; pedreiro; motorista de
carro de passeio e carpinteiro de obras. É relevante acentuar, que no ano de 2011
deu-se início as primeiras obras dos parques eólicos na região.
110

Mesmo que ainda não seja possível demonstrar relação direta entre a
evolução de emprego nos serviços e comércio nessas regiões com o inicio da
atividade eólica, fica claro que no que tange a área de construção civil, tais
localidades tem sido favorecidas pela criação de novas oportunidades de emprego.
Vale salientar que foi no ano de 2010 que se deu início as principais obras de
parques eólicos no interior do Rio Grande do Norte e, nesse mesmo período, novas
vagas na construção civil passaram a ser crescentes na região. Isso faz supor uma
maior dinâmica econômica em tais municípios, e mais geração de renda.
Ademais, é possível perceber uma mudança no perfil dos empregos no
período do advento da fonte eólica. Em Parazinho, por exemplo, no ano de 2007,
foram realizadas 99 admissões na agropecuária e, em 2008, novas 49 admissões.
Já a partir de 2010 passou a decair esses números e o setor com maior
expressividade em contratações passou a ser o de construção civil, que até o ano de
2010 não apresentava criação de empregos na área, configurando atualmente como
um dos setores de maior demanda de mão de obra para o município. (CAGED,
2012).
Todavia, é preciso salientar que a sazonalidade dessa mão de obra nos
parques eólicos. Freire (2011) defende que “o impacto na geração de empregos é
temporário e é preciso que os municípios compreendam essa dinâmica”. Desta
forma, torna-se basilar capacitar mão de obra para a demanda de empregos gerada
na fase de operação das usinas eólicas. De acordo com o autor em tela após a
entrada em operação as vagas surgem principalmente nas áreas de pesquisa e
inovação e de produção e manutenção de equipamentos de alta tecnologia.
(FREIRE, 2011. Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/industria-eolica-
multiplica-empregos-no-interior-do-rn/197596).
Possivelmente as melhores oportunidades para a criação de empregos
efetivos venham das fábricas instaladas. Diante desse quadro, cabe aos atores
sociais de tais municípios aproveitarem as oportunidades atuais para a promoção do
desenvolvimento, alocando os recursos provindos da atividade eólica para o
benefício socioeconômico, como investimentos em educação e capacitação
profissional e saúde.
111

3.3.1.6 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): O caso do CTGÁS-ER, UFRN e IFRN.

No que tange a estrutura científica e tecnológica do Rio Grande do Norte


frente à atividade eólica, cabe fazer algumas considerações quanto às contribuições
científicas de inovação das instituições de Ciências e Tecnologia do estado.
Segundo Tigre (2006), a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) fazem parte do
processo de inovação e promove a competitividade e desenvolvimento na economia.
Assim, é importante conhecer como se comporta a estrutura de pesquisa eólica no
estado, visto que devido à necessidade de alta tecnologia é de suma importância o
investimento em P&D de forma a obter um custo mais competitivo frente às outras
fontes convencionais de eletricidade.
Diante disso, no Rio Grande do Norte existem algumas iniciativas nessa área,
como cursos de pós-graduação, nível técnico e pesquisas científicas. Com
referência à formação de mão de obra especializada, existe no estado parcerias
entre o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGÁS), o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
O Curso de Especialização em Energia Eólica Lato Sensu, é uma parceria do
CTGÁS, SENAI/RN e UFRN e foi iniciado no ano de 2010. Já a Especialização
Técnica de Nível Médio em Energia Eólica é uma proposta do SENAI/RN e CTGÁS.
Além disso, desde o ano de 2010, o Centro de Tecnologias do Gás e Energias
Renováveis promove periodicamente o Ciclo de Palestras de Energia Eólica e
cursos de curta duração à distância, como Tecnologia em Geração Eólica e
Aspectos Técnicos da Energia Eólica, com carga horária equivalente há 32 e 20
horas respectivamente.
No âmbito da pesquisa científica, de acordo com dados do CNPq, o Rio
Grande do Norte apresenta 4 grupos de estudo cadastrados no Diretório dos Grupos
de Pesquisa no Brasil, sendo que apenas 2 encontram-se atualizados na Plataforma
Lattes. Tais Grupos de estudos são de iniciativa da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte e Instituto Federal do Rio Grande do Norte (ver Tabela 12).
112

TABELA 12 - Grupo de Estudos Cadastrados no Diretório dos Grupos de


Pesquisa no Brasil
Área de
Grupo Instituição
Pesquisa
Núcleo de Estudos em Ciências e Matemática
Física IFRN
Aplicada e Pura
Núcleo de Pesquisa em Energia e Conforto Eng.
IFRN
Ambiental Mecânica
Otimização e Supervisão de Sistemas Eng.
UFRN
Elétricos e Industriais Elétrica
Eng.
Termociências e Energias Renováveis UFRN
Mecânica
Fonte: CNPq (2011).

No que tange as pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,


desde o ano 2000 até 2011, a Universidade conta com 25 Projetos executados.
Observa-se que no último ano cresceram as pesquisas na área da energia eólica,
como demonstra o Gráfico 22.

GRÁFICO 22 - Evolução dos números de Pesquisas em Energia Eólica na


UFRN (por ano)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SIGAA (2011). Dados


disponíveis em: www.sigaa.ufrn.br.

Em linhas gerais, observa-se que embora possua poucos Grupos no Diretório


Nacional, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, principalmente no ano de
2011, apresenta crescentes iniciativas de pesquisa na área de energia renovável.
Essas iniciativas são de suma importância para o desenvolvimento científico e
113

tecnológico, de forma a promover, no longo prazo, uma posição nacional de menos


dependência tecnológica estrangeira para a atividade eólica.
Diante do exposto, pode-se observar que o Rio Grande do Norte apresenta
incentivos importantes realizados pelas Universidades e Institutos de Pesquisa, mas
para sua estrutura em P&D ser considerada satisfatória frente ao potencial que o
estado apresenta à energia eólica é necessário crescente incentivo e ações voltadas
para a Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Para isso, faz-se necessária uma
política de Ciência e Tecnologia bem sistematizada, envolvendo diversos atores, de
maneira a estreitar a cooperação Universidade/empresa, e contribuir para o
desenvolvimento tecnológico dos equipamentos eólicos.

3.3.2. Perspectivas para o setor de geração elétrica por fonte eólica no Rio
Grande do Norte

Ao longo de sua história o Rio Grande do Norte se configurou como um


comprador de energia elétrica. Como já discutido neste trabalho, essa realidade
mudou aproximadamente no ano de 2008, com a implantação da Usina
Termoelétrica Termoaçu, que adicionou aproximados 400 MW de potência à matriz
de geração elétrica do estado. O cenário que se formou – menor dependência
energética – ainda passou por transformações durante a década 2000.
Uma dessas transformações foi a inserção da fonte eólica na matriz de
geração elétrica, tornando a mesma mais diversificada. O estado passou de
importador absoluto de energia para a de provedor regional. Atualmente conta com
aproximados 785MW de potência de geração elétrica, os quais 222 MW provêm de
fonte eólica. Além disso, conta com mais de 2.000 MW em projetos eólicos
contratados em leilões. De certa forma, esse surgimento da atividade eólica
promoveu, em boa medida, o aquecimento da economia por meio da criação de
empregos e, por conseguinte, da geração de renda. Contou positivamente para este
fato a instalação da fábrica de equipamentos eólicos em Parazinho.
Diante disso, observa-se que o momento atual da energia eólica no Rio
Grande do Norte é de competitividade frente às fontes convencionais e de
expansão. O estado tem se configurado como uma potência nacional no que tange a
energias renováveis. O horizonte é de expansão para a atividade eólica nos
próximos anos, tornando aquecido não apenas o setor de energia elétrica, mas
114

aqueles os quais a construções dos parques eólicos causa efeitos, como a


construção civil, serviços e comércio.
Ademais, os municípios do Rio Grande do Norte passam por um momento de
aumento em suas receitas correntes com a elevação da arrecadação do Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), recursos esses que podem ser
alocados para proporcionar o desenvolvimento local.
Frente a esse quadro de expansão, aumento de receitas públicas,
aquecimento do mercado de trabalho, levanta-se a questão referente às
perspectivas que podem ser estruturadas para a atividade eólica no estado. Diante
disso, serão analisados alguns problemas levantados no desenvolvimento deste
estudo. Na perspectiva de torná-los mais claros, fez-se um esforço no sentido de
recolocar alguns pontos já discutidos nos capítulos anteriores.
Dessa forma, no Capítulo 164 levantou-se a questão da pequena participação
da fonte eólica na matriz elétrica, não só nacional, mas também regional e estadual.
Diante dos dados apresentados constatou-se a recente origem da utilização da fonte
eólica como geradora de energia elétrica no país. Não obstante, o Rio Grande do
Norte segue essa mesma constatação, além de que há uma indicação do
desenvolvimento crescente da atividade eólica estadual.
Parece claro afirmar que a tendência é o estado se consolidar como um dos
maiores produtores de energia eólica no Brasil, além de gerar energia superior ao
seu consumo, o que poderá favorecer o interesse de investidores a outros setores
da economia devido às vantagens que a autonomia energética proporciona, como
por exemplo, se necessário, o estado possui capacidade instalada para gerar
energia de forma a atender sua própria demanda. Para tanto, Prates (2011) reforça
que para dar continuidade a esse crescimento o “investimento, tecnologia, mercado,
preço e mão de obra são os componentes essenciais”. (PRATES, 2011).
No Capítulo 265 foi discutido se o Rio Grande do Norte estaria preparado para
escoar toda a energia gerada pelos projetos eólicos aprovados nos leilões e que
entrarão em operação entre os anos de 2012 e 2015. Ficou registrado no
desenvolvimento deste trabalho que um dos desafios para a expansão crescente da
atividade eólica perpassa pela infraestrutura de escoamento da energia produzida.

64
Temática discutida na Seção 1.3.
65
Temática discutida no Subtópico 2.1.2.1 da Seção 2.1.
115

No que tange às novas linhas de transmissões que escoam a energia elétrica


produzida no estado para o Sistema Interligado Nacional (SIN) – de forma que seja
distribuída em território nacional – se observa que o Rio Grande do Norte conta com
novos investimentos. As construções estão sendo realizadas pela Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco. Além de proporcionar infraestrutura para a expansão do
setor elétrico, elevar a vantagem competitiva estadual gera-se também aquecimento
no mercado de trabalho durante as construções das novas linhas de transmissão.
Concernente à problemática levantada no Capítulo 366 quanto aos possíveis
impactos que a expansão eólica pode proporcionar à economia estadual, constatou-
se que a atividade eólica trás efeitos positivos nas finanças públicas municipais,
dinamiza a economia local dos municípios produtores, expande o mercado de
trabalho elevando a criação de emprego e geração de renda.
Diante disso, é lícito supor que a produção eólica no Rio Grande do Norte
representa uma oportunidade de desenvolver uma cadeia produtiva que pode tornar-
se via de geração de emprego e renda na região interiorana do estado em razão dos
desdobramentos ocasionados pela expansão dessa atividade.
No entanto, cumpre frisar que apenas o potencial natural para a exploração
eólica não é basilar para manter o estado como líder em capacidade instalada de
fonte eólica para geração elétrica. Outros estados do Nordeste como Bahia e Ceará
têm crescido no setor. O Ceará é o atual líder no que tange a produção. Aliado aos
demais estados citados, o Rio Grande do Sul também é um grande concorrente do
Rio Grande do Norte. Faz-se necessário que seja gerada vantagem competitiva
além do potencial natural, como infraestrutura e logística, de forma que a
concorrência contribua para que o Rio Grande do Norte não perca investimentos
para outras localidades.
Nesse sentido, no estado encontra-se atualmente apenas um fabricante de
equipamentos eólicos. Já em Pernambuco somam-se três fabricas e, na Bahia – que
no ano de 2011 ainda não possuía nenhum parque eólico em operação comercial, e
sim projetos de empreendimentos eólicos em execução –, também opera fábricas de
equipamentos para suprimento de parques eólicos. Sabe-se que parte das ações
necessárias tem origem no Governo Federal – como as linhas de transmissão –
porém a maneira como o Rio Grande do Norte introduz um conjunto de políticas de

66
Temática discutida na Seção 3.3
116

incentivo à promoção da atividade eólica continuará conduzido ao crescimento


desejável do setor.
Dessa forma, pode-se afirmar que apesar das perspectivas para a geração
elétrica por fonte eólica serem de crescimento, faz-se necessárias medidas mais
atuantes no que tange mão de obra qualificada para atender a demanda de trabalho
na fase de operação dos parques, além de melhorias na infraestrutura estadual e
incentivos fiscais, de maneira que se crie atração de fábricas eólicas, que
proporcionará ganhos mais efetivos no mercado de trabalho e na arrecadação de
tributos.
117

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram analisadas as ações, principais entraves e desafios para


ao desenvolvimento da produção de energia eólica no estado do Rio Grande do
Norte, evidenciando os possíveis desdobramentos dessa atividade econômica para
a economia estadual.
O estudo buscou aprofundar a análise sobre a importância da energia eólica e
sua inserção na matriz elétrica do Rio Grande do Norte no período 2004 até 2011,
identificando, a partir das atuais ações, os principais entraves e desafios para o
desenvolvimento da produção eólica no território potiguar.
No que tange as ações do setor eólico, foi averiguado que a matriz elétrica
estadual sofreu algumas diversificações concernentes às fontes geradoras de
eletricidade. Até o ano de 2008 o Rio Grande do Norte configurava-se como
importador de energia elétrica. Nesse ano entrou em operação a Usina Termoaçu,
que proporcionou ao estado menor dependência das importações.
No ano de 2004, o primeiro parque eólico entrou em operação no município
de Macau, mas não com destino comercial. No entanto, o teste desse parque foi a
primeira tentativa de exploração dos ventos para gerar energia elétrica no Rio
Grande do Norte. Ademais, no ano de 2006 o primeiro parque eólico com destino
comercial entrou em operação no município de Rio do Fogo, seguido por novas
instalações que entraram em operação até o ano de 2011. Atualmente a matriz de
geração elétrica estadual apresenta 28,29% de fonte eólica e 71,71% de
termelétrica.
Constatou-se que uma dos entraves ao desenvolvimento da atividade eólica
no âmbito nacional foi à pequena competitividade dessa fonte com outras
convencionais. A partir da inserção da fonte de energia eólica nos leilões de energia
elétrica promovidos pela Empresa de Pesquisa Energética e Agência Nacional de
Energia Elétrica, os custos dos investimentos no setor eólico diminuíram, de forma
que tal fonte tornou-se, ao longo dos anos de 2009 a 2011, competitiva e viável sua
produção no território potiguar para geração de eletricidade.
O estado do Rio Grande do Norte desde, o ano de 2009, tem participado dos
leilões de energia com relevantes quantidades de Projetos Eólicos, alcançando
destaque em tais leilões pelo volume de energia negociado para instalação no
118

estado, o que promoveu, até 2011, a aprovação de mais de 70 usinas eólicas, das
quais 9 estão em operação e as demais em fase de construção.
Além disso, no ano de 2011 foi instalada uma fábrica de equipamentos
eólicos no município de Parazinho que tem favorecido a geração de emprego e
renda. Ademais, promoveu menores custos na implantação dos parques visto que
os equipamentos que necessitam ser importados podem ser adquiridos em território
estadual. Mas, não apenas as fábricas de equipamentos eólicos promovem a
criação de empregos no setor. Estima-se que os parques em fase de construção
(considerando todos os projetos eólicos aprovados nos leilões até dezembro de
2011) têm capacidade de criar até o ano de 2015 uma média de 24.020 empregos
diretos e 36.030 indiretos. Na fase de operação esses números são de 4.088
empregos diretos e 6.132 indiretos.
No que tange aos entraves enfrentados pelo setor de geração elétrica por
fonte eólica, constatou-se que no Rio Grande do Norte as principais dificuldades
para o desenvolvimento crescente do setor estão diretamente ligadas à baixa ou
nenhuma logística e infraestrutura. O estado possui alguns projetos eólicos
aprovados para implantação em regiões interioranas, cujos acessos por estradas
não estão preparados para receber um grande número de caminhões de carga
pesados e longos, como se caracterizam o transporte de equipamentos eólicos.
Ademais, o acesso marítimo também não é favorável, visto que o principal
porto, o Porto de Natal, encontra-se em área urbana com vias de acesso estreitas, o
que desfavorecem a saída de grandes equipamentos. Como a maioria da matéria
prima provém de outros estados, notadamente de São Paulo, Paraná e Ceará, a
logística de fretes implica maiores custos para as empresas construtoras de parques
eólicos no estado, visto que a única fábrica instalada não atende a demanda do
setor.
Diante dessa análise, foi possível responder a pergunta de partida da atual
pesquisa, a saber: quais os principais desafios para o desenvolvimento da produção
elétrica por fonte eólica no estado do Rio Grande do Norte e em que medida tal setor
contribui para a economia estadual?
Em linhas gerais, foi observado que os principais desafios para o
desenvolvimento crescente da atividade eólica no estado do Rio Grande do Norte
perpassam pelas questões de logística e infraestrutura, onde se faz necessário uma
maior atuação do Estado em parceria com o Governo Federal para o melhoramento
119

e construção de novas estradas federais e estaduais, de forma a facilitar o


transporte de matéria prima às regiões interioranas, além de uma política de atração
de novas fábricas para o estado. Tais medidas tendem a gerar mais confiabilidade
de investidores, o que aliado ao potencial natural para exploração eólica
proporcionará que Rio Grande do Norte consolide sua vantagem competitiva no
mercado, que a cada dia tem tido a inserção de outras regiões no Brasil,
principalmente da região Sul.
A importância de medidas que promovam o setor eólico perpassa também
pelas vantagens que o mesmo proporciona para a totalidade da economia do
estado. Foram analisados os impactos da exploração eólica nos setores da
Indústria, Infraestrutura e Logística, bem como nas Finanças Públicas e na Balança
Comercial, Criação de Emprego, e Pesquisa e Desenvolvimento.
Constatou-se que as vantagens do estado do Rio Grande do Norte em termos
fiscais, frente ao setor eólico, são indiretas, visto que o referido setor não gera
arrecadação direta para o estado. No entanto, de forma indireta, há a criação de
emprego e a geração de renda a partir das fábricas de equipamentos, nas obras de
infraestrutura, no comércio e serviços (principalmente nos municípios com parques
em fase de construção) além da arrecadação municipal do imposto sobre serviços
de qualquer natureza (ISSQN).
Como averiguado no desenvolvimento desta pesquisa, os impactos mais
positivos para a economia do Rio Grande do Norte foram: a criação de emprego nos
parques eólicos em fase de construção, a geração de renda e, por conseguinte, a
expansão do setor de serviços nos municípios que possuem parques eólicos. Além
da arrecadação tributária municipal.
Assim, facilmente percebe-se que as principais vantagens do setor eólico
seriam temporárias, mas cabe ao Estado aproveitar este momento além de dar
continuidade para que nos próximos leilões o estado venha emplacar novos Projetos
Eólicos.
Por fim, pode-se concluir que o Rio Grande do Norte tem grande potencial
natural para a exploração eólica e que apesar dos entraves enfrentados pelo setor o
estado tem se configurado nacionalmente como um grande produtor de energia
elétrica por fonte eólica, gerando vantagens indiretas à economia estadual.
Vale ressaltar que a análise realizada neste trabalho resulta de uma
minuciosa pesquisa na realidade econômica estadual, no que tange a produção de
120

energia eólica, onde o principal objetivo foi analisar os cenários do setor quanto às
ações, entraves, desafios e as vantagens para a economia estadual. Assim,
acredita-se ter formado uma base de informações que pode contribuir para o
desdobramento deste estudo em uma pesquisa mais robusta na parte metodológica,
contribuindo, assim, para auxiliar a elaboração de políticas que favoreçam o
desenvolvimento econômico nos municípios produtores de energia elétrica por fonte
eólica.
121

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de Ciências Econômicas, Departamento de Economia, UFRN. Natal: 2009.

WWEA (2009, 2008 e 2006); WINDPOWER MONTHLY (2004 e 2006); NEW


ENERGY (2003, 2002 e 2000); BTM CONSULT (2000) apud DUTRA, Ricardo.
(Org.). Tutorial de Energia Eólica: Princípios e Tecnologia. CRESESB. Brasil,
2008.

ZANINI, Taismar. Energia é um bom negócio. Entrevista concedida a Tribuna do


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<http://tribunadonorte.com.br/print.php?not_id=
151742 >. Acesso em Nov de 2011.
132

ANEXOS

ANEXO A - Potência eólica internacional acumulada ao final de cada ano (em


MW)
30.000,00
I
25.000,00

20.000,00 Estados Unidos


Alemanha
15.000,00 Espanha
China
10.000,00
Índia

5.000,00

0,00
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

4.000,00 II
3.500,00 Itália
3.000,00 França
2.500,00 Reino Unido
Dinamarca
2.000,00
Portugal
1.500,00 Canadá
1.000,00 Holanda
500,00 Japão

0,00
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

1.600,00 III
1.400,00 Austrália
1.200,00 Irlanda

1.000,00 Suécia
Áustria
800,00
Grécia
600,00 Polônia
400,00 Noruega

200,00 Egito

0,00
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
133

450
IV
400
350 Bélgica
300 Taiwan
Brasil
250
Turquia
200
Nova Zelândia
150
Coréia do Sul
100 Bulgária
50 República Tcheca
0
-501996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

160
V
140
Finlândia
120
Hungria
100
Marrocos
80 Ucrânia
60 México
Irã
40
Estónia
20
Costa Rica
0
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
-20

600

500 VI
400
Lituânia
300 Luxemburgo
Letónia
200 Argentina
Outros Países
100

0
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
-100

Fonte: elaboração própria a partir de dados de WWEA (2009, 2008 e 2006);


WINDPOWER MONTHLY (2004 e 2006); NEW ENERGY (2003, 2002 e 2000);
BTM CONSULT (2000) apud Dutra (2008, p. 17).
134

ANEXO B - Parque Eólico de Gargaú no município de São Francisco de Itabapoana - RJ

Foto: Isabela Kassov (2011). Disponível em: www.economia.ig.com.br

ANEXO C - Parque Eólico Rio do Fogo

Fonte: Iberdrola, 2007


135

ANEXO D - Capacidade de Geração do Rio Grande do Norte - UTE

Fonte: Aneel (2011).

ANEXO E - Capacidade de Geração do Rio Grande do Norte - EOL

Fonte: Aneel (2012).


136

ANEXO F - Fator de capacidade das Usinas eólicas do RS e RN

Fonte: MME (2011, p. 19). Disponível em:


http://www.mme.gov.br/see/galerias/arquivos/Publicacoes/Boletim_mensalDMSE/Bo
letim_de_Monitoramento_do_Sistema_Elxtrico_-OUTUBRO-2011.pdf
137

ANEXO G - Jean Paul Prates. Diretor-presidente do Centro de Estratégias em


Recursos Naturais e Energia (CERNE). Entrevista concedida a Diógenes Dantas.
“Um retrato das eólicas no Rio Grande do Norte”. O Globo Blogs. ao No Minuto e O
Mossoroense. Natal, 18 de dezembro de 2011. Disponível em: <
http://oglobo.globo.com/blogs/petroleo/posts/2011
/12/18/um-retrato-das-eolicas-no-rio-grande-do-norte-422292.asp>.
Acesso em: 30 de dezembro de 2011.

 O que representa a energia eólica para a economia do Rio Grande do Norte?


 Após os últimos leilões de energia eólica, como estão os investimentos?
 Quantas empresas já estão instaladas? E quais as áreas mais disputadas?
 Como se dá o processo de instalação de uma empresa de eólica no Rio Grande
do Norte?
 As licenças ambientais são os maiores desafios?
 Como o Governo do Estado está tratando a questão?
 Os setores empresariais locais estão inseridos no processo de instalação das
eólicas?
 Sempre se falou que a energia eólica é cara para quem produz e para quem
consome. É isso mesmo?
 O Rio Grande do Norte pode se tornar autossuficiente em energia nos próximos
anos?
 Qual o papel do CERNE, que o senhor dirige, na discussão de energia renovável
no Rio Grande do Norte?

ANEXO H - Jean Paul Prates. Diretor-presidente do Centro de Estratégias em


Recursos Naturais e Energia (CERNE). Entrevista concedida a Eugênio Fonseca
Pimentel. “As eólicas vieram para ficar”. Portal Luis Nassif. Natal, 04 de dezembro
de 2011. Disponível em:<
http://oglobo.globo.com/blogs/petroleo/posts/2011/11/04/as-eolicas-vieram-para-
ficar-415018.asp>. Acesso em: 05 de dezembro de 2011.

 O mercado de energia eólica passa por um momento de solidificação. Em sua


opinião, está é a hora e a vez desse setor? De que maneira o investimento em
fontes renováveis podem contribuir para o mercado de energia do Brasil?
 A todo sucesso correspondem sempre alguns desafios. Quais os desafios e
ameaças que o setor enfrenta agora, nesta sua nova fase?
 E de que maneira os investimentos em energia eólica podem contribuir para a
economia dos estados e cidades com potencial eólico?
138

 Para finalizar, gostaria que nos falasse sobre o papel do Fórum Nacional Eólico
no desenvolvimento do setor.

ANEXO I - José Aldemir Freire. Economista. Chefe da unidade Norteriograndense


do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Entrevista concedida a Renata
Moura. “A infraestrutura é um nó que impede o crescimento mais rápido do RN”.
Tribuna do Norte. Publicação: 18 de dezembro de 2011. Disponível em:
<http://tribunadonorte.com.br/noticia/a-infraestrutura-e-um-no-que-impede-o-
crescimento-mais-rapido-do-rn/206225>. Acesso em: 20 de dezembro de 2012.

 Fazendo uma retrospectiva além de 2011, temos dados que mostram


desaceleração da economia do Rio Grande do Norte. Que análise é possível fazer
dos últimos anos?
 Por que a marcha lenta em relação a outros Estados?
 Por que o Rio Grande do Norte não acompanhou esse movimento?
 Mas quando se fala em tantos investimentos em outros Estados, a impressão que
se tem é que o RN ficou estático, enquanto os outros se moviam. Por que o Estado
não acompanhou essa dinâmica de investimentos necessários em infraestrutura,
que estão transformando esses outros Estados em polos de crescimento?
 É falta de investimento em infraestrutura que está deixando o RN para trás na
captação de grandes investimentos, é falta de agressividade na concessão de
incentivos? O que está faltando?
 Por exemplo?
 Você falou de atividades e deficiências que fizeram com que a economia potiguar
caminhasse mais lentamente, mas em 2011 tivemos também alguns fatores
externos como a crise global e inflação. Qual é o balanço do ano? Como esses
fatores externos impactaram a economia potiguar?
 O Rio Grande do Norte vem experimentando um crescimento muito baseado na
indústria eólica, nos últimos dois anos. Mas esse crescimento é sustentável?
 Dados recentes do PIB e sobre pobreza mostram que o Estado tem municípios
ricos (como os produtores de petróleo, que têm recebido também investimentos na
área de energia), mas com populações pobres. Por que esse descompasso?
 Em meio a esse cenário de perda de fôlego do Estado, houve avanços também?
139

ANEXO J - Laura Porto. Executiva da Iberdrola no Brasil. Diretora da Regulação


Abeeólica. Prós e Contras do Setor Eólico. Entrevista concedida a NorteEnergia,
07 de fevereiro de 2011. Disponível em:
<http://www.blogbelomonte.com.br/2011/02/07/pros-e-contras-do-setor-eolico>.
Acesso em: outubro de 2011.

 Nos últimos anos, PCHs e térmicas a biomassa viveram um boom e depois


perderam competitividade. Como evitar isso com as eólicas?
 A instalação de mais fabricantes no país contribui para derrubar preços?
 Quais são os maiores gargalos da cadeia produtiva?
 O Brasil está preparado para atender à demanda eólica nos próximos três anos?
 Onde a logística encontra maior dificuldade?
 A falta de mão de obra também preocupa?
 O que pode ser feito para sanar isso?
 Quais as áreas que mais demandam pessoas qualificadas?
 As eólicas ainda dependem das estações coletoras (ICGs) para se conectar ao
sistema?
 É possível vender energia eólica no mercado livre?
 Como está o licenciamento ambiental no setor eólico?
 Até que ponto os incentivos fiscais têm sido importantes?
 O PDE 2019 prevê 6 mil MW novos eólicos. Qual o volume ideal de contratação
para que a indústria se consolide?
 A EPE está revisando o PNE, com horizonte 2035. É possível ampliar a
participação eólica nesse estudo?
 Como a Iberdrola enxerga o mercado brasileiro hoje?

ANEXO K - Taismar Zanini. Presidente da Termoaçu. Entrevista concedida ao


Jornal Tribuna do Norte. 'Energia é um bom negócio'. Publicação em 20 de de
2010. Natal: 2010. Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/energia-e-um-
bom-negocio/151742. Acesso em: Dez, 2011.

 Como foi a sua chegada à Termoaçu, que ocorreu semana passada?


 De que forma a Termoaçu poderá "fazer a diferença" para a economia potiguar?
 Como está a Termoaçu atualmente?
 Como é o funcionamento da usina?
 Qual o emprego da produção da empresa, atualmente?
 O vapor já está sendo injetado nos poços de petróleo?
 Essa energia é utilizada para atender ao Rio Grande do Norte ou pode ser
enviada para qualquer lugar do país?
 Hoje, a Termoaçu atende a quais localidades?
 Para o Rio Grande do Norte, qual a vantagem em ter a Termoaçu?
 Qual dos dois é mais produzido na térmica, vapor ou energia elétrica?
 - Quais são as expectativas da Termoaçu, daqui para a frente?
 Com o tempo, será gerada mais energia elétrica e menos vapor. Isso significa que
140

o vapor será descartado?


 Qual é o custo para manter uma usina como a Termoaçu?
 E para o consumidor, como essa realidade irá se refletir?

APÊNDICES

APÊNDICE A - COSERN, Companhia Energética do Rio Grande do Norte.


Departamento de Comunicação Institucional. Entrevista concedida ao autor (a) deste
trabalho. Natal, 20 de dezembro de 2011.

 Qual a atual matriz elétrica do Rio Grande do Norte em 2011, considerando a


participação por fonte, incluindo a compra de energia a outros estados, e a
participação da eólica.
 Qual o consumo de energia elétrica por setor em 2011 no RN?
 Qual a participação da COSERN na distribuição de energia elétrica da fonte
eólica no Rio Grande do Norte?

APÊNDICE B - José Mário Gurgel Oliveira Júnior. Coordenador de


Desenvolvimento Energético do RN. Entrevista concedida ao autor (a) deste
trabalho. Natal: Novembro, 2011.

 Como o senhor avalia a formação da cadeia produtiva da energia eólico no Rio


Grande do Norte? Quais as perspectivas de ampliar a cadeia produtiva no estado?
 O Governo do Estado investe ou tem algum programa específico para
desenvolvimento desta atividade no RN?
 Quanto já foi investido no setor e qual a previsão de novos investimentos e
projetos em energia eólica no estado?
 Existem informações quanto a geração de empregos?
 Qual a sua opinião para a expansão do comércio e serviços nos municípios
produtores visto ser uma demanda temporaria? (pousadas, restaurantes...)
 As empresas que produzem no RN são todas de capital estatal, mista, ou apenas
privadas? É possível descrever quanto de capital cabe a cada um desses
empresários?
 Como está estruturada a transmissão de energia no estado? Como se tem dado a
construção de novas linhas de transmissão? De quem é a responsabilidade pelo
141

investimento nos linhões, dos proprietários das usinas, do estado ou recursos


Federal?

APÊNDICE C - Otomar Lopes Cardoso Júnior. Coordenador de Desenvolvimento


Comercial do RN. Entrevista concedida ao autor (a) deste trabalho. Natal:
Novembro, 2011.

 Qual o impacto da energia eólica para a balança comercial do Rio Grande do


Norte, dada as importações de equipamento e horizonte de exportação de energia
elétrica estadual?
 Quanto de investimentos estima-se nos empreendimentos eólicos do estado?
Segundo o relatório de outubro da SFG somam-se 20 empreendimentos com obras
em andamento. Qual o investimento total deles?
 A exportação de energia elétrica em dez/2012 foi originária de termelétricas. Até
onde o acréscimo na geração de energia interna provindos de eólica (até dez/2010
Rio do Fogo e Alegria I) contribuiu para isso, ou não teve influência alguma?
 Quanto o estado prevê auferir com a venda de energia elétrica para outros
estados nos próximos anos?
 De quanto deve ser o investimento médio para que a produção de energia eólica
seja viável?

APÊNDICE D - Admissões por setor nos municípios de Parazinho, João Câmara e


Guamaré (em quantidade) – 2009 a 2011.
SETOR ANO GUAMARÉ JOÃO CÂMARA PARAZINHO
2009 71 135 0
2010 403 25 0
CONSTRUÇÃO CIVIL 2011 332 125 239
2010/ 2009 468% -81% *
2011/ 2010 -18% 400% *
2009 138 20 1
2010 206 45 1
SERVIÇOS 2011 111 183 3
2010/ 2009 49% 125% 0%
2011/ 2010 -46% 307% 200%
2009 42 156 1
2010 71 167 0
COMÉRCIO 2011 66 179 1
2010/ 2009 69% 7% -100%
2011/ 2010 -7% 7% *
Fonte: elaboração própria a partir de dados do CAGED (2012).

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