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Natal/RN
2020
FLÁVIA TAMIRES NASCIMENTO DE MACEDO
Natal/RN
2020
FLÁVIA TAMIRES NASCIMENTO DE MACEDO
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Prof. João Maria Montenegro Ribeiro, Ms. - Orientador
Depois da virada do milênio, o ambiente de negócios tem sido desafiador, muitas empresas
precisaram sair do mundo analógico para o mundo digital, pois acompanhar as mudanças
tecnológicas não é apenas uma questão de modernização, é necessidade de mercado. Nos
últimos anos surgiram novas propostas de mercado, entre elas, as empresas digitais, tal
situação fez com que não só as empresas, como também profissionais de diversas áreas
precisassem repensar sua forma de trabalhar, pois alguns modelos de negócio e perfis
profissionais vêm correndo riscos de “extinção”. No âmbito contábil, essas mudanças geram
discussões relevantes, pois de fato a tecnologia otimizou a rotina dos escritórios de
contabilidade, trazendo eficiência e reduzindo custos, porém, os escritórios de contabilidade
online já são uma realidade e os preços ofertados são tão baixos que soam um tanto quanto
desleais. O objetivo do presente trabalho é identificar como são abordados estudos na
literatura que tratam sobre as Transformações digitais na área contábil, além da percepção dos
estudantes do curso de Ciências Contábeis da UFRN com relação aos impactos causados por
essas transformações, entre eles a valorização ou desvalorização da profissão. Como
metodologia, utilizamos as abordagens quantitativa e qualitativa, onde além de realizarmos
buscas na literatura da área contábil aplicamos um questionário online com a finalidade de
analisar a percepção dos estudantes de Ciências Contábeis da UFRN com relação aos
impactos da nova era no âmbito contábil. Foi possível concluir que as Transformações
Digitais trouxeram novos desafios, bem como novas oportunidades, nesse sentido, a presente
pesquisa proporciona contribuições com relação à perspectiva da atuação contábil para os
futuros profissionais da área, destacando que para que tal profissional não se torne obsoleto no
mercado, ele deverá acompanhar as evoluções das novas tecnologias e adequações que se
fizerem necessárias.
After the turn of the millennium, the business environment has been challenging, many
companies have had to move from the analogue world to the digital world, as keeping up with
technological changes is not just a matter of modernization, it is a need for the market. In
recent years, new market proposals have emerged, among them, digital companies. This
situation meant that not only companies, but also professionals from different areas, needed
to rethink the way they work, because business models and professional profiles have been
taking risks of “extinction”. In the accounting scope, these changes generate relevant
discussions, because in fact technology has optimized the routine of accounting offices,
bringing efficiency and reducing costs, however, online accounting offices are already a
reality and the prices offered are so low that they sound as much as disloyal. The objective of
the present work is to identify how studies in the literature that deal with digital
transformations in the accounting area are approached, in addition to the perception of
students of the UFRN Accounting Sciences course regarding the impacts caused by these
transformations, among them the valorization or devaluation of profession. As a
methodology, we use quantitative and qualitative approaches, where in addition to searching
the literature in the accounting area, we apply an online questionnaire for the purpose of
analyze the perception of UFRN Accounting Sciences students regarding the impacts of the
new era in the accounting scope. It was possible to conclude the Digital Transformations
brought new challenges, as well as new opportunities, in this sense, this research provides
contributions regarding the perspective of accounting performance for future professionals in
the area, highlighting that so that such professional does not become obsolete in the market,
he must follow the evolution of new technologies and adaptations that may be necessary.
TD – Transformação Digital
IA – Inteligência Artificial
BI – Business Intelligence
1 INTRODUÇÃO
profissão contábil. Em 2015, por exemplo, a revista Exame que é especializada em economia,
negócios, política e tecnologia, publicou uma matéria intitulada como: “32 profissões
ameaçadas por robôs nos próximos 20 anos”, onde foi citada a probabilidade de robotização
de carreiras de diversos setores, entre elas, a profissão do contador na área de impostos. Foi
indicado que a probabilidade de robotização da profissão do contador de impostos é de
98,7%, conforme estudo realizado por dois pesquisadores da Universidade de Oxford, com
base nas demandas específicas de cada profissão, como a exigência por soluções criativas,
interações sociais e negociações.
Em contrapartida, em resposta a uma matéria publicada pela revista Veja (que aborda
temas políticos, econômicos, sociais e culturais), o Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
defendeu que “a Inteligência Artificial virá para transformar a capacidade do profissional em
apresentar resultados rápidos, utilizando-se da tecnologia para analisar grande volume de
dados, de forma pragmática.”, além disso, o CFC acredita que a Contabilidade aprendeu em
séculos de atividade a adaptar-se à realidade e às revoluções, de forma a esperar que a área
contábil permaneça em transformação, pois de fato é uma importante profissão.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo é analisar os impactos das transformações
digitais com relação à profissão e escritórios de contabilidade (forma tradicional de oferta de
serviços contábeis). O profissional contábil está sendo desvalorizado diante dessas novas
tecnologias? Seria esse novo modelo de negócios uma oportunidade ou uma ameaça?
1.1 OBJETIVOS
O presente estudo tem como objetivo geral fazer um levantamento com relação à
contabilidade na era digital e a contabilidade “tradicional”, e diante das informações apuradas
na literatura e questionário aplicado, analisar se a profissão corre risco de desvalorização.
1.2 JUSTIFICATIVA
Diante dos avanços da tecnologia, vivemos atualmente em uma era de mudanças que
está afetando diversos segmentos da sociedade, tais como: saúde, mobilidade urbana,
alimentação, esporte, lazer, educação, finanças, entre outras. Podemos perceber mudanças
impactantes em um período de poucos anos tendo como base, por exemplo, que nas últimas
duas décadas vivenciamos transformações desde a nossa rotina pessoal até o mundo dos
negócios.
Hoje em dia, não precisamos mais ir a uma instituição financeira e esperarmos por um
atendimento apenas para consultar um saldo ou realizar uma transferência, por exemplo. No
aplicativo da instituição, essas e outras diversas operações podem ser realizadas em questão
de poucos minutos, sem precisarmos nos deslocar e principalmente, economizando tempo. Na
área de transportes, não se faz mais necessário realizar uma ligação a uma empresa de táxi ou
esperar durante um período indeterminado por um transporte público, pois existem
plataformas que atuam através de aplicativos que garantem em poucos minutos tal serviço.
Nesse sentido, é possível compreender que, bem como as atividades rotineiras de nosso dia a
dia, a Contabilidade também têm sofrido alterações em decorrência das novas tecnologias,
além dos sistemas de informações, as propostas de mercado e perfil dos profissionais estão
enfrentando modificações de forma a adequar-se no mundo digital.
Como já tratamos inicialmente, a Contabilidade existe desde antes de ser reconhecida
como ciência, e no decorrer de milhares de anos, passou por inúmeras adaptações, para
continuar atendendo a demanda da sociedade, e continua sendo assim até os dias atuais. O que
se tem discutido é que, diante da facilidade de obtermos informações através de buscas na
internet, aplicativos, plataformas digitais a um custo baixo, o profissional contábil está sendo
desvalorizado? A forma como esses serviços são oferecidos pode ser considerada desleal
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comparada aos modelos tradicionais? Quais são as oportunidades e ameaças nesse novo
cenário para a área contábil?
Considerando as informações apresentadas, este estudo se justifica, uma vez que
analisará a importância do profissional contábil em um cenário de transformações digitais que
cada vez mais tende a robotizar processos e abolir determinadas profissões, elencando as
vantagens e desvantagens de tais transformações no âmbito contábil e seus impactos.
O presente estudo teve como metodologia a revisão bibliográfica para apresentação do
embasamento teórico das informações dispostas. As pesquisas foram realizadas através de
pesquisas em livros, revistas, artigos, sites regulados por órgãos competentes e legislação
vigente, na finalidade de estruturar um conteúdo cronológico da evolução e transformação da
contabilidade e do profissional contábil, desde tempos remotos até os tempos atuais, e trazer
ao leitor a percepção de como as transformações ocorridas impactam na forma de trabalho do
profissional contábil e como a profissão é vista dos dias de hoje.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
trabalhos da literatura neste mesmo século, entre elas a literatura contábil, conforme citaremos
adiante.
Segundo uma publicação na revista Superinteressante que trata sobre a revolução
causada por Gutenberg, antes dessa invenção, os livros que existiam na época eram feitos à
mão, em sua maioria por monges que dedicavam os trabalhos a publicações quase sempre
religiosas, o que dificultou os avanços de outros tipos de estudos.
Olivo e Boschilia (2012) descrevem ainda que no período medieval muitos estudiosos
se dedicaram a pesquisas de métodos de controle. Um formidável acontecimento ocorreu no
final do século XV, quando o matemático e frei franciscano Luca Pacioli publicou a famosa
obra La Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proportionalitá (Coleção de
Conhecimentos de Aritmética, Geometria, Proporção e Proporcionalidade), onde descreveu o
método das partidas dobradas, e torna-se assim um marco no desenvolvimento científico da
Contabilidade.
Pocetti (2013) expõe que a época que marcou o início da Contabilidade do mundo
moderno ocorreu entre os anos de 1494 e 1840, fase que abrange o renascimento e a
Revolução Industrial, período em que a Contabilidade permitiu que fosse estabelecido um
controle com relação às riquezas do Novo Mundo. Em 1840 é publicada a premiada obra La
Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche (A Contabilidade Aplicada
às Administrações Privadas e Públicas), de Francesco Villa, que segundo afirmação de Santos
(2018), foi responsável por fundamentar a ciência contábil nos âmbitos público e privado.
O início do período científico da contabilidade (também chamado de período
contemporâneo) ocorreu em meados do século XIX, e segundo Schmidt (2002), as principais
escolas que formaram os pensamentos contábeis a partir de então foram: escola contista,
escola administrativa ou lombarda, escola personalista, escola veneziana ou controlista, escola
norte-americana, escola matemática, escola neocontista ou moderna escola francesa, escola
alemã, moderna ou italiana e escola patrimonialista.
Vicenzi (2011) analisa que tais correntes de pensamento, mesmo que sob diferentes
perspectivas, trouxeram contribuições à seu tempo, quanto ao desenvolvimento da
Contabilidade até os tempos atuais, pois mesmo que apresentem traços evolutivos, as ideias
das diversas escolas podem influenciar uma geração num contexto atual, considerando que
diante de muitos cenários, vários estudiosos buscaram suprir as necessidades da sociedade,
apresentando formas de controle, explicações, análises e informações.
Estamos atualmente vivenciando o “período contemporâneo”, onde a Ciência Contábil
é sólida no mundo todo, e as Normas Internacionais de Contabilidade (International
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Accounting Standard, IAS) permitem que informações contábeis sejam apresentadas de forma
padronizada, para que assim possam ser entendidas internacionalmente, atendendo assim as
necessidades do mundo globalizado. O profissional contábil hoje possui atribuições que não
se limitam apenas ao registro de fatos, pois tal profissional torna-se importante peça no que
diz respeito à tomada de decisões das grandes corporações e governos (ALMEIDA, E., 2017).
A contabilidade teve início no Brasil a partir da chegada dos europeus, durante o início
do período colonial, pois houve neste período um maior desenvolvimento da sociedade, e em
decorrência dessa situação, houve a necessidade de controles contábeis para auxiliar o
surgimento das primeiras Alfândegas que surgiram em 1530. Alguns anos depois, mais
precisamente em 1549, foram criados armazéns alfandegários, e reconhecendo a necessidade
de informações e do conhecimento contábil, o rei Dom João III nomeou por carta Gaspar
Lamego como o primeiro contador geral das terras no Brasil (REIS A.; SILVA S.; SILVA C.,
2007).
No ano de 1808, início do período imperial, Buesa (2010) cita que diante da vinda da
família real Portuguesa ao Brasil, a Contabilidade brasileira passou por algumas mudanças,
pois ainda no ano de 1808, foi publicado um alvará que tratava sobre a obrigação dos
Contadores Gerais da Real Fazenda a utilizar o método das partidas dobradas nas
escriturações mercantis. Pouco depois, no ano de 1809, com o intuito de instruir os
profissionais da área, José da Silva Lisboa, também conhecido como Visconde de Cairu,
apresentou o primeiro sistema de direito comercial e deu início aos primeiros estudos de
economia política no Brasil, onde foi criada a primeira cadeira de aula de comércio no Rio de
Janeiro.
A partir da chegada da família real, iniciou-se no Brasil a estruturação e a ampliação
de atividades administrativas e militares, da produção agrícola e manufatureira, das atividades
mercantis, comerciais e culturais, similares ao que existia em Portugal.
No período do Brasil Independente (de 1822 a 1889), Heissler, Vendrusculo e
Sallaberry (2018) afirmam que a evolução contábil no país teve influência devido ao
surgimento e alterações na legislação comercial, não só no Brasil como no mundo, de forma
que as práticas contábeis sejam fruto da sociedade atual.
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Aprovado pela lei n. 556, de 25 de junho de 1850, o Código Comercial fez parte do
arranjo jurídico-institucional ocorrido ao longo das primeiras décadas após a Independência,
constituindo-se um dos aspectos do processo de consolidação do Estado brasileiro (CABRAL,
2016). O principal objetivo da criação do Código Comercial foi regulamentar e estabelecer
regras para o profissional comerciante, visando desta forma a proteção de seus interesses bem
como do comércio, tendo sido instituído um suporte burocrático voltado para as causas
mercantis, tribunais e os juízos comerciais.
Desse modo, o Código Comercial foi uma das primeiras manifestações na legislação
Brasileira que contribuiu para o desenvolvimento da Contabilidade no país. Estando em vigor
atualmente, porém atuando somente para assuntos que dizem respeito ao Direito Comercial
Marítimo, pois o Código Civil Brasileiro de 2002 revogou alguns assuntos que antes eram
tratados através do Código Comercial (CABRAL, 2016).
Em 22 de Agosto de 1860 é promulgada a Lei 1.083, que contém providências sobre
os Bancos de emissão, meio circulante e diversas Companhias e Sociedades, sendo desta
forma considerada a primeira lei das sociedades por ações. Essa lei possuía oito artigos
apresentava-se preocupada com o sistema financeiro (BRASIL, 1860).
Tibúrcio (2013) afirma que a lei 1.083 não foi pioneira quando tratamos sobre as
sociedades por ações, pois antes de sua promulgação, o Decreto 2484, de 05 de junho de 1858
indicava algumas regras para as empresas, como por exemplo, a necessidade de divulgação
anual de informações referentes a “balanço da receita e despesa” aos acionistas. O referido
decreto, seu artigo 25, apontava a obrigação de se ter pelo menos um guarda-livros, para
manter em ordem as escriturações.
No final da década de 1860 foi criada a Associação dos Guarda-Livros da Corte, que
foi reconhecida posteriormente através do Decreto Imperial nº 4.475, também por meio deste
decreto foi constituída a profissão de guarda-livros, que inclusive tornou-se reconhecida como
a primeira profissão liberal do Brasil. O guarda-livros, assim como era conhecido antigamente
o profissional de Contabilidade, era um profissional ou empregado responsável por elaborar
contratos e distratos, controlar a entrada e saída de dinheiro, através de pagamentos e
recebimentos, criar correspondências e fazer toda a escrituração mercantil. Era exigido
naquela época que os profissionais guarda-livros possuíssem domínio nas línguas portuguesa
e francesa, inclusive deveria possuir uma boa escrita e boa caligrafia (REIS A.; SILVA S.;
SILVA C., 2007).
Após o início do período republicano até a o decorrer da década de 1920, o país
passou por um período sem muitas alterações no que diz respeito à evolução contábil e
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economia (SILVA, Maurício; ASSIS, 2015). Porém, Bacci (2002) relata que a crise da bolsa
de Nova Iorque em 1929 alterou o desenvolvimento da contabilidade no que diz respeito às
regulamentações contábeis, dando ênfase a importância da auditoria.
A partir da publicação do Decreto-Lei n.º 9.295, em 27 de maio de 1946, foram
criados: o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de
Contabilidade (CRCs). Desta forma, ficou determinado que a partir de então a fiscalização do
exercício da profissão contábil (seja de contadores ou técnicos em contabilidade) será
exercida pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelos Conselhos Regionais de
Contabilidade a que se refere (BRASIL, 1946).
Para Mattes, Dalongaro e Wesz (2018), na década de 1970 houve um destaque
para a contabilidade no Brasil após a sanção da Lei 6.404/76, que dispõe sobre as Sociedades
por Ações, pois se tornou obrigatório que as companhias abertas instituíssem um padrão nas
demonstrações contábeis, principalmente por influência da escola norte-americana de
contabilidade.
No início da década de 1980, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a Resolução
de número 529/81, que abordava sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), cuja
principal função é a orientação técnica ao exercício profissional. Posteriormente, essa
resolução sofreu alterações devido a mudanças que ocorreram no país (CFC, 1981).
Buesa (2010) expõe que na década de 1980 as taxas inflacionárias no país tiveram
comportamentos que as mantiveram altas, embora tenham sido adotadas medidas de correção
monetária, tal situação causou impacto que prejudicou as Demonstrações Contábeis. No ano
de 1994, o Plano Real, que foi um plano econômico que teve como objetivo estabilizar a
economia brasileira e promover o fim da hiperinflação no país, a Lei n° 9.249/95 revogou a
correção monetária das Demonstrações Contábeis que eram tratadas na Lei nº 7.799/89, e o
art. 1º da Lei nº 8.200/91.
O Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 instituiu o Sistema Público de
Escrituração Digital (Sped), tal sistema revolucionou a forma de se trabalhar com
Contabilidade no país, pois o Sped agregou o cenário contábil no que diz respeito a
modernização da sistemática praticada quanto ao cumprimento das obrigações acessórias, que
devem ser transmitidas pelos contribuintes aos órgãos competentes, por meio de certificação
digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, o que permitiu legitimidade
jurídica no seu formato digital (BRASIL, 2007).
No ano de 2007, o CFC publicou a Resolução nº 1.103/2007, criando desta forma o
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, tendo como objetivo contribuir com a
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O ser humano tem a natureza de controlar sua riqueza, de maneira que desde os
métodos empíricos até os procedimentos atuais, a atuação contábil trilhou diversos estágios,
para que fosse possível acompanhar a evolução dos processos através do tempo, e com isso,
fizeram-se indispensáveis a instituição de normas através de Postulados, Convenções e
Princípios. As normas possuem finalidade de determinar os parâmetros de aplicação da
técnica contábil, dando suporte à contabilidade como ferramenta para mensuração do
desempenho econômico-financeiro das entidades. Os princípios, por sua vez, representam a
forma e o meio por onde o profissional de contabilidade pode utilizar para atingir seus
objetivos, orientando-os, impondo limites e coibindo os excessos, para que não haja atuação
indevida da profissão. (MARION; ALMEIDA F.; VALVERDE, 2002).
Roveda (2018) por sua vez, descreve que embora a contabilidade exista desde os
tempos remotos, no Brasil, ela surgiu oficialmente no por volta do século XX. Durante as
décadas de 1950 e 1960, os profissionais contábeis eram conhecidos no país como guarda-
livros, e a partir da década de 1970 tal expressão deixou de ser utilizada. Em meados da
década de 1980, e os profissionais de contabilidade puderam contar com microcomputadores
e sistemas de troca de informações, trazendo mais velocidade para o exercício da profissão. A
novidade da década de 1990 foram os sistemas de gestão de empresa, o que permitiu que a
contabilidade adquirisse um posicionamento estratégico e atuasse de maneira mais efetiva.
Diante disso, podemos perceber que do mesmo modo que foi preciso que a
contabilidade percorresse ao longo dos anos por inúmeras transformações, na finalidade de
adequar-se aos desenvolvimentos econômico-sociais e tecnológicos, o perfil do profissional
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da área contábil sofreu impactos que o fez passar por modificações para que assim fosse
possível continuar atendendo as necessidades de seus usuários.
Em seu artigo de título “Preparando-se para a profissão do futuro”, Marion (1998)
afirma que o preparou como resposta a uma revista brasileira que alegou que a contabilidade é
uma profissão em extinção, onde defendeu que ao contrário do que havia afirmado tal revista,
a profissão contábil projeta-se como “a profissão do futuro”, tendo em vista que nos países
mais desenvolvidos, é uma profissão tão almejada e respeitada quanto à medicina e o direito.
Nessa perspectiva, de fato se faz necessário um aprimoramento contínuo da ciência
contábil e de suas práticas, uma vez que tal ciência tanto deriva de outras ciências, quanto as
completam, tendo assim que manter-se continuadamente explorada, estudada e desenvolvida
(MARION; ALMEIDA F.; VALVERDE, 2002). Tendo em vista o aumento da complexidade
dos negócios, que surgem por conta da necessidade de um entendimento abrangente dos
diferentes aspectos ligados às atividades de uma organização, onde o contador é responsável
por informações contábeis e financeiras fundamentais para a tomada de decisões (MOURA;
SILVA, Marcus, 2003).
Esse novo cenário busca colocar a figura do contador como contribuinte no processo
de geração de valor às entidades, onde seu perfil deve atingir novas habilidades, como por
exemplo, entender o objetivo do negócio, e inclusive aderir a uma atitude mais
empreendedora, ou seja, deve atuar participando também no processo de gestão (CARDOSO,
Jorge Luiz; SOUZA, Marcos Antônio; ALMEIDA, Lauro, 2006).
Nesse sentido, na conjuntura atual, o profissional contábil não é mais apenas um
“guarda-livros”, pois diante da evolução da legislação e tecnologia, é essencial que tal
profissional adapte-se a nova realidade, devido à exigência de maiores responsabilidades e
conhecimentos específicos, uma vez que o contador é o intermediador de determinadas
informações entre as entidades e o Fisco. Logo, torna-se indispensável que o profissional da
contabilidade mantenha-se em processo de educação contínua, para que assim tenha
condições de prestar serviços com qualidade e agilidade por meio das novas ferramentas, de
modo a garantir sua posição no mercado, pois o profissional que não se atualiza e não
acompanha o ritmo das mudanças poderá tornar-se obsoleto e perder oportunidades de
negócios (SILVA, Sabrina; COSTA; SILVA, Clesiomar, 2017).
Além de precisar manter-se atualizado através de um processo de educação
continuada, para atingir excelência em sua atuação e maior remuneração, o profissional
contábil moderno precisa ser tecnicamente inteligente e possuir capacidade criativa, deve ser
proativo, ser íntegro, inovador, saber comunicar-se, entender a sistemática econômico-
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financeira, política e social, em nível local, regional e em determinadas situações, até mesmo
internacional, para que possa compreender os aspectos técnicos dos negócios. O contador que
não possua essas atribuições pode ter seu desenvolvimento profissional prejudicado (SILVA,
Bruno, et al. 2008).
O desenvolvimento tecnológico também trouxe benefícios para governo, que pôde
adquirir maior controle junto aos órgãos reguladores a respeito do recebimento de
informações das entidades, o que tornou os processos de fiscalização mais eficaz e com maior
transparência na troca de dados. Diante disso, a profissão contábil está cada vez mais se
modernizando e se padronizando (SILVA, Sabrina; COSTA; SILVA, Clesiomar, 2017).
Paiva et al. (2019) sustentam ainda que a revolução tecnológica deve ser tratada como
aliada pelo contador, uma vez que ela é inevitável e fundamental ante os concorrentes, pois
acompanhar as inovações e revoluções tecnológicas é um meio pelo qual o contabilista
permanecerá ativo com excelência na profissão, principalmente por conta das novas
obrigações e desafios, o profissional deve manter visão ativa a novas perspectivas, e ir além
da contabilidade básica, buscando aprimorar seus conhecimentos nas áreas de gestão, vendas,
marketing e tecnologia, uma vez que a contabilidade é também uma oportunidade de
negócios.
deve causar aos modelos políticos, econômicos e sociais atuais determinará que os
participantes do processo dessa transformação compreendam que fazem parte do conjunto de
poderes distribuídos, o que demanda formas mais colaborativas de interação para seu
desenvolvimento.
Rogers (2018) expõe que a relação com os clientes nos tempos atuais está mais
interativa, e a participação dos clientes funciona como uma espécie de indutor crítico do
sucesso das empresas. Além do relacionamento com o cliente, as tecnologias tem mudado o
armazenamento das bases de dados, que antes precisavam de gerenciamentos específicos, e
hoje tais dados podem ser armazenados em nuvens a preços acessíveis, cujo novo desafio é a
transformação de tantos dados em informações valiosas. O autor defende que as forças
digitais estão modificando os cinco domínios fundamentais da estratégia: clientes,
competição, dados, inovação e valor, conforme representado na tabela a seguir.
Tabela 1: Guia da transformação digital
Domínios Temas Estratégicos Conceitos-Chave
• reinvenção do funil de
marketing
CLIENTES Explore a rede de clientes • jornada de compra
• principais comportamentos
das redes de clientes
• modelos de negócio de
plataforma
Construa plataformas, não • efeitos de rede (in)diretos
COMPETIÇÃO
apenas produtos • (des)intermediação
• Trens de Valor
Competitivos
• experimentação divergente
• experimentação
Inove por experimentação convergente
INOVAÇÃO
rápida • MVP (produto mínimo
variável)
• Caminhos para escalar
• conceitos de valor de
mercado
• caminhos de saída de um
mercado em declínio
VALOR Adapte a sua proposta de valor
• passos para a evolução da
proposta de valor
Para Moreira et al. (2017), as redes sociais online transformaram a forma como nos
expomos e apresentamos, seja no âmbito pessoal ou profissional. Os smartphones facilitaram
muitas atividades diárias, pois eles por muitas vezes substituem os computadores tradicionais,
sendo atualmente um equipamento praticamente indispensável em nossa rotina. Temos agora
na palma de nossas mãos, acesso a plataformas e Apps, que muitas vezes são gratuitos, como
é o caso do Facebook, do Instagram, e do Whatsapp, por exemplo.
Por outro lado, Oliveira (2020) relata que embora a TD seja um tema “da moda” há
algum tempo, muitos ainda não estavam preparados para tratar sobre esse assunto ou até
mesmo não podem ter acesso a estas transformações, sendo comum observar a presença forte
da TD apenas nas grandes empresas, startups, palestras e eventos sobre inovação. A verdade é
que tal transformação ainda não havia impactado de fato o dia a dia de muitas empresas e de
seus clientes, entretanto, a pandemia do novo coronavírus pegou muitos de surpresa e estamos
sendo “empurrados à força” para essa nova era, ainda não há como mensurar o quão bom ou
ruim essa nova realidade pode ser, o que sabemos é que essa observação torna-se irrelevante,
uma vez que a velocidade da utilização e desenvolvimento da tecnologia é um caminho sem
volta.
Newman (2020) declara que a pandemia do Covid-19 afetou literalmente a todos os
setores, visto que estamos vivenciando um processo onde a tecnologia avançou
freneticamente. Perante o novo cenário, podemos considerar que o novo coronavírus acelerou
o processo de TD além do que estava previsto para o ano de 2020, pois com a necessidade do
isolamento social, muitos profissionais tiveram de trocar os escritórios convencionais pelo
home office, e diante da precisão de um melhor nível de conectividade e informações, houve
aceleração no processo de implantação da tecnologia 5G, houve crescimento do uso de big
data para análises de informações, houve o crescimento do uso da inteligência artificial (IA) e
o aprendizado de máquina, bem como do RPA (automação robótica de processos) e o IPA
(automação inteligente de processos), entre outros.
Ou seja, mesmo que de forma inesperada, por motivos de força maior, o ano de 2020
estreitou o relacionamento da sociedade com a tecnologia, nesse sentido, aquele que estava à
frente, deve permanecer buscando uma forma de manter-se a frente, quem estava alinhado
com as novas tecnologias precisa ir além, e aquele que estava para trás precisará
drasticamente viver a transformação para não tornar-se obsoleto. A TD já era um tema de
extrema importância, e diante das novas circunstâncias está cada vez mais próxima, pois a
fase que a sociedade mundial está vivenciando atualmente trouxe a TD como nova
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plataforma onde não existe muito valor agregado, já que o cliente não possui nenhum
relacionamento com o contador. Quando surgiu esse novo tipo de atividade na profissão,
alguns contadores preocuparam-se com os novos rumos da contabilidade, porém, mesmo que
exerça diferentes papeis nas entidades, tal profissional ainda mantém-se como principal
responsável no âmbito financeiro e contábil de seus clientes.
Rotondo (2017) destaca que a principal diferença entre a Contabilidade digital e online
está na proposta de valor apresentada ao cliente, enquanto o foco da contabilidade online é
resolver obrigações legais a um custo baixo, a contabilidade digital busca prestar soluções
eficientes, sendo as resoluções das obrigações legais uma mera consequência do trabalho
executado. O autor defende ainda que os clientes da contabilidade online podem até
economizar dinheiro aderindo a este tipo de prestação de serviços, contudo, a contabilidade
digital possui vantagens que podem alcançar melhores resultados a seus clientes.
Por sua vez, Marques (2020) enfatiza que nos tempos atuais, a automação tornou-se
peça indispensável no dia-a-dia de um escritório contábil. Além disso, o cenário atual exige
que tecnologia seja implementada nos processos das atividades desenvolvidas, de maneira que
todo escritório contábil que deseja manter-se ativo no mercado e aumentar sua carteira de
clientes, deverá utilizar as inovações tecnológicas como principal ferramenta.
Rocha (2020) explana que o contador que atua apenas focando em obrigações
acessórias é o típico contador tido como “o mal necessário” e geralmente atende empresas de
pequeno a médio porte está prestes a ser substituído pela contabilidade online, pois essa é uma
nova realidade que só cresce no país, cumpre este tipo de serviço com um custo baixíssimo e
de forma rápida. A autora afirma que esse tipo de contador irá sim ser extinto com o passar
dos anos, e caso existam profissionais com esse perfil que desejam permanecer ativos ainda
há tempo de se enquadrar ao novo cenário, aderindo ao mundo digital, tendo assim condições
de atender clientes de diversos locais por meio da internet utilizando softwares em nuvem de
gestão.
Ou seja, o profissional contábil da nova geração precisa ampliar os horizontes de
atuação, ampliar sua rede de relacionamento, saber aplicar os benefícios trazidos pelas novas
tecnologias em sua rotina, para que assim tenha mais tempo para administrar novos projetos.
Tendo assim o “contador do futuro” que deixar de lado a função de preencher dados, devendo
de fato buscar ser um cientista da contabilidade, pois desde que a contabilidade evoluiu há
milhares de anos, existe a necessidade de transformação contínua do profissional, de forma a
garantir sua permanência e sobrevivência no mercado.
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3 METODOLOGIA
da pesquisa. A organização e tratamento das informações foram feitas com uso do software
Microsoft Excel, onde foram gerados tabelas e gráficos que permitira a realização de uma
análise descritiva, conforme proposta pelo presente estudo.
Sobre a abordagem qualitativa, utilizamos o site mais popular de buscas na internet, o
google, onde inicialmente pesquisamos por periódicos dirigidos à comunidade científica,
sendo eles: professores, estudantes, pós-graduandos e profissionais de Contabilidade e áreas
correlatas. Após selecionarmos uma amostra de quinze periódicos brasileiros, realizamos uma
pesquisa que consistiu em um levantamento comparativo de estudos que tivessem como
principal abordagem a contabilidade na era digital, tendo sido utilizado como critérios: a
busca por palavras chaves “contabilidade online”, “contabilidade digital” e “transformação
digital” e a contabilidade “tradicional”, além disso, utilizamos um filtro com relação ao
período de publicação dos estudos nos periódicos entre os anos de 2010 a 2020.
Já sobre a abordagem quantitativa utilizada nesta pesquisa, realizamos uma coleta de
dados através de questionário online aplicado, onde buscamos responder ao objetivo geral
desta pesquisa, e principalmente identificar através de coleta de dados, a percepção dos
estudantes do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) com relação aos impactos causados pelas transformações digitais na área contábil.
Todas as informações coletadas para presente trabalho de conclusão de curso foram
selecionadas, codificadas e tabuladas com o intuito de avaliar como as novas tecnologias
estão impactando a contabilidade na nova era.
32
5 RESULTADOS
3 RESULTADOS
2 RESULTADOS QUANTIDADE DE
PERIÓDICOS
1 RESULTADO
NENHUM RESULTADO
0 1 2 3 4 5 6 7 8
A pesquisa com busca por “Contabilidade digital” obteve uma apuração de seis
periódicos que não obtiveram nenhum resultado e nove periódicos que apresentaram um ou
mais resultados. Dos nove resultados obtidos, apenas um atendeu ao objetivo da pesquisa.
Tal resultado foi encontrado no periódico intitulado “Revista Brasileira de Gestão de
Negócios” da Instituição de Ensino Superior (IES) Universidade da Fundação Escola de
Comércio Álvares Penteado (UNIFECAP) do estado de São Paulo. O artigo de título “No
caminho da inovação: análise das capacidades de inovação de empresas contábeis diante das
tecnologias digitais” fora publicado no referido periódico no ano de 2020, teve como autores
Schiavi, Momo e Maçada.
O referido artigo teve como objetivo examinar a capacidade de inovação das empresas
do ramo contábil no Brasil, a partir do desenvolvimento da tecnologia, para tanto, a
metodologia aplicada ocorreu através de entrevistas com os gestores das empresas de
contabilidade, além da realização de análise documental de tais instituições conjuntamente
com documentos externos acerca da inovação dos negócios contábeis. Os autores destacam
34
ainda que a Ciência Contábil percorre em direção à inovação digital nas empresas, e como
resultado dos incrementos tecnológicos, estão ocorrendo importantes alterações nos modelos
de negócios das empresas da área contábil. Além disso, os autores enfatizam que o estudo
publicado por eles contribui com a construção do corpo teórico sobre inovação e
Contabilidade. Por fim, eles constatam que o processo de inovação e de transformação digital
já se posiciona como um desafio real a ser gerenciado.
4 RESULTADOS
3 RESULTADOS
2 RESULTADOS QUANTIDADE DE
PERIÓDICOS
1 RESULTADO
NENHUM RESULTADO
0 1 2 3 4 5 6 7
Por fim, a pesquisa com busca por “Transformação digital” obteve uma apuração com
quatorze periódicos que não obtiveram nenhuns resultados. O único periódico que atendeu ao
objetivo da pesquisa fora o mesmo descrito para o termo “Contabilidade digital”, inclusive o
mesmo artigo mencionado anteriormente.
35
1 RESULTADO
QUANTIDADE DE
PERIÓDICOS
NENHUM RESULTADO
0 2 4 6 8 10 12 14 16
3,8% possui mais de 45 anos, ou seja, um público relativamente jovem. Destes, 62,3% eram
do gênero feminino e 37,7% do gênero masculino.
Conforme já mencionado, o questionário foi direcionado aos alunos do curso de
graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, destes, a
maioria está concluindo o curso neste período, conforme gráfico 4.
11,30%
Entre o 1º e o 3º
39,60%
23,60% Entre o 4º e o 6º
A partir do 7º período
Concluinte neste período
25,50%
Uma das inquietações que nortearam o escopo deste estudo é o fato de frequentemente
nos depararmos com informações, mesmo que de modo informal, que a profissão contábil está
sendo ameaçada pelas transformações digitais. Roveda (2020) aborda, por exemplo, que há
alguns anos, quando a tecnologia começou de fato a transformar a rotina do profissional
contábil, muitos temeram pela substituição dos profissionais humanos por computadores, o
autor complementa inclusive no ano de 2013 foi publicado um estudo da Oxford University
que anunciava uma chance de 94% de os contadores serem substituídos pela inteligência
artificial. No entanto, reforça que atualmente essa fase passou, e que os contadores possuem
ciência de que as soluções tecnológicas vieram para contribuir com seu trabalho — e não
tomar seus serviços.
37
Atendendo a inquietação abordada, neste ponto iremos tratar sobre dois objetivos
específicos deste estudo, pois buscaremos identificar e responder através de coleta de dados
realizada, qual é a percepção dos estudantes do curso de Ciências Contábeis da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte com relação aos impactos causados pelas transformações
digitais na área contábil, além de analisar se o desenvolvimento tecnológico no âmbito
contábil tende a trazer mais ameaças ou oportunidades para o contador, e se diante disso a
profissão contábil está de fato sendo desvalorizada.
Com relação ao novo modelo de oferta de serviços praticados pela contabilidade
online, buscamos saber dos entrevistados se este novo modelo de negócios pode substituir os
escritórios de contabilidade "tradicionais" que prezam pelo relacionamento, porém não
conseguem competir praticando os mesmos preços. Considerando esse questionamento,
obtivemos os seguintes resultados: 68,9% do público discordam que esse novo modelo de
negócios poderá substituir escritórios de contabilidade que atuam com o método tradicional,
em contrapartida, 25,5% dos entrevistados acreditam que esse novo modelo de negócios
poderá sobressair diante dos métodos tradicionais de ofertas de serviços no âmbito contábil.
Apenas 5,7% dos respondentes não souberam opinar sobre tal questionamento, conforme
demonstra o gráfico 5.
5,70%
25,50%
Sim
Não
Não sabe opinar
68,90%
deixar de agregar valor ao trabalho do contador, além de aperfeiçoá-los por meio das novas
tecnologias, mesmo que esse tipo de oferta de serviços não garanta redução de preços para o
cliente, pedimos que os entrevistados escolhessem até 3 dos 8 fatores apresentados que
julgassem ser fundamentais no ato da contratação de prestação de serviços contábeis. Os itens
que a maioria dos entrevistados apontou como mais relevantes foram: Trabalho consultivo do
contador (78 escolhas), Relacionamento com o contador (75 escolhas), Celeridade nos
serviços (74 escolhas), conforme ilustra o gráfico 6.
Atendimento Online 29
Atendimento presencial 22
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
4,70%
17%
Concordo Totalmente
Concordo Parcialmente
12,30% Indiferente
Discordo Totalmente
53,70%
12,30% Discordo Parcialmente
Quanto aos impactos causados pelas Transformações digitais nos últimos anos, 86,8%
dos respondentes acreditam que tais mudanças podem resultar em oportunidades ao
profissional da área de Contabilidade, 11,3% acreditam que as transformações podem resultar
em ameaças, e apenas 1,9% não souberam opinar.
40
1,90%
11,30%
Oportunidades
Ameaças
Não souberam opinar
86,80%
Marketing digital 9
Inteligência emocional 14
Conhecimento multidisciplinar 55
Atuação multidisciplinar 53
Relacionamento interpessoal 27
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Gráfico 10: Percepção sobre projeção da profissão do contador ao longo dos anos
2,8% 2,8%
Assim como a ciência
contábil, aprofissão na
área contábil está
passando por
transformações ao longo
dos anos
A profissão contábil
deixará de existirnos
próximos anos
94,40%
Não sei opinar
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este tópico expõe as interpretações que finalizam esta pesquisa científica, a qual
abordou a temática das transformações digitais e os novos desafios da profissão contábil.
Buscamos identificar através deste trabalho de conclusão de curso, estudos científicos que
possuíam abordagem acerca dos temas: Transformações digitais na área contábil,
Contabilidade Online e Contabilidade digital, além de aplicarmos um questionário
direcionado aos discentes do curso de Ciências Contábeis da UFRN com o objetivo de
identificar os impactos causados pela era digital na área contábil e analisar se a profissão corre
risco de desvalorização.
Por meio das pesquisas bibliográficas realizadas, autores da área contábil e áreas
correlatas destacaram que as transformações digitais estão influenciando cada vez mais os
costumes da sociedade como um todo, desde hábitos pessoais, até as rotinas empresariais,
nesse sentido, a ciência contábil e o contador também estão sendo impactados pela nova era, e
precisam cada vez mais passar por modificações e atualizações, de forma a permanecerem
atendendo às necessidades de seus usuários.
No tocante ao desenvolvimento desta monografia, observamos que o tema central
desta pesquisa é pouco abordado na literatura científica, tendo em vista que buscamos estudos
datados de 2010 a 2020 em 15 periódicos da área e encontramos apenas 1 que atendesse aos
parâmetros adotados. Perante a escassez de pesquisas encontrada na literatura,
complementamos a coleta de dados realizando a aplicação de um questionário que foi
direcionado aos alunos do curso de Ciências Contábeis da UFRN, com o objetivo de
identificar a percepção destes sobre os impactos das transformações digitais na área contábil e
o futuro da profissão do contador.
Considerando os questionamentos realizados, conclui-se que a maior parte dos
discentes discorda que a contabilidade online poderá substituir escritórios de contabilidade
que atuam com o método tradicional, tendo em vista a deficiência de valor agregado a ser
entregue aos usuários. Nesse contexto, os entrevistados acreditam que os principais fatores a
serem levados em consideração no ato da contratação de prestação de serviços contábeis são o
trabalho consultivo do contador, relacionamento com o contador e celeridade nos serviços.
A maioria dos entrevistados concorda parcialmente que a profissão contábil está sendo
ameaçada pelas novas tecnologias nos próximos anos, pois julgam que é importante que o
contador deva possuir domínio em plataformas digitais e recursos tecnológicos, atualização
profissional constante e conhecimento multidisciplinar, para que desta forma o tenha
43
REFERÊNCIAS
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2008.
APÊNCICE A
QUESTIONÁRIO
1. Gênero:
( ) Feminino
( ) Masculino
( ) Outro
2. Faixa Etária:
( ) Até 25 anos
( ) De 26 a 35 anos
( ) De 36 a 45 anos
( ) Mais de 45 anos
5. A contabilidade digital por sua vez, tem como objetivo ampliar a eficiência e agilidade
dos processos desenvolvidos nos serviços contábeis, além de aperfeiçoá-los, por meio da
internet, softwares online, automação, Inteligência Artificial e análise de dados, entre
outros, sem deixar de agregar valor, contribuindo assim com o trabalho do contador. No
entanto, esse tipo de oferta de serviços não garante redução de preços para o cliente,
diante disso, escolha até 3 fatores que julgue ser fundamentais no ato da contratação de
prestação de serviços contábeis:
( ) Preço baixo (podendo assim limitar o relacionamento com o contador)
( ) Relacionamento com o contador
( ) Atendimento presencial
( ) Celeridade nos serviços
( ) Atendimento Online
( ) Preço praticado superior ao que é ofertado pelas plataformas online, porém o
relacionamento com o contador deve ser mais próximo.
( ) Apenas cumprir com as obrigações contábeis
( ) Trabalho consultivo do contador
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7. Em sua opinião, os impactos causados pela Transformação digital nos últimos anos
podem representar em ameaças ao profissional da área de Contabilidade, ou o
desenvolvimento das novas tecnologias pode trazer mais oportunidades?
( ) Ameaças
( ) Oportunidades
( ) Não sabe opinar
9. Em sua opinião, a profissão contábil será extinta ao longo dos anos, ou assim como a
ciência contábil, está penas está sendo modificada?
( ) A profissão contábil deixará de existir nos próximos anos
( ) Assim como a ciência contábil, a profissão na área contábil está passando por
transformações ao longo dos anos
( ) Não sei opinar