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A quantidade de livros do Antigo Testamento varia de acordo com a religião ou denominação

cristã que o adota: a Bíblia dos cristãos protestantes e o Tanakh judaico incluem apenas 39
livros, enquanto a Igreja Católica possui 46 e a Igreja Ortodoxa em geral aceita 51. Os sete
livros existentes na Bíblia católica, ausentes da judaica e da protestante são conhecidos como
deuterocanônicos para os católicos e apócrifos para os protestantes. O mesmo se aplica aos
livros da bíblia ortodoxa, que por sua vez pode vir a ter mais livros.[29]

Os livros do Antigo Testamento aceitos por todos os cristãos como sagrados (chamados
protocanônicos pela Igreja Católica) são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio,
Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras,
Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos, Isaías, Jeremias,
Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.[30]

Os deuterocanônicos, aceitos pela Igreja Católica como sagrados são: Tobias, Judite, I
Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruque. Estes estão disponíveis na
tradução grega do Antigo Testamento, datada do Século I a.C., a Septuaginta.

Segundo a visão protestante, os textos deuterocanônicos (chamados "Livros apócrifos" pelos


protestantes) foram, supostamente, escritos entre Malaquias e o Novo Testamento, numa
época em que segundo o historiador judeu Flávio Josefo, a Revelação Divina havia cessado
porque a sucessão dos profetas era inexistente ou imprecisa (ver: Testimonium Flavianum). O
parecer de Josefo não é aceito pelos cristãos católicos, ortodoxos e por alguns protestantes, e
igualmente pensam assim uma maioria judaica não farisaica, porque Jesus afirma que durou
até João Batista, "A lei e os profetas duraram até João" (cf. Lucas 16:16; Mateus 11:13).[30]

Livros do Novo Testamento


Ver artigo principal: Novo Testamento
O Novo Testamento é composto de 27 livros: Evangelho de Mateus, Evangelho de Marcos,
Evangelho de Lucas, Evangelho de João, Atos dos Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II
Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I
Timóteo, II Timóteo, Tito, Filémon, Hebreus, Epístola de Tiago, Primeira Epístola de Pedro,
Segunda Epístola de Pedro, Primeira Epístola de João, Segunda Epístola de João, Terceira
Epístola de João, Epístola de Judas e Apocalipse.[30]

As traduções do Novo Testamento foram feitas a partir de mais de 5000 manuscritos, que
podem ser divididos em duas categorias: Texto-Tipo Bizantino e Texto-Tipo Alexandrino.[31]
Os pergaminhos do Texto-Tipo Bizantino (também chamado Textus Receptus) são
representados pela maioria (cerca de 95%) dos manuscritos existentes.[32]

Através dos séculos, desde o começo da era cristã, e inclusive em alguns contextos, como na
Reforma Protestante do século XVI, os textos deuterocanônicos do Novo Testamento foram tão
debatidos como os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento. Finalmente, os reformistas
protestantes decidiram rejeitar todos os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento, e
aceitar todos os textos deuterocanônicos do Novo Testamento, embora houvesse em Lutero,
no processo da Reforma Protestante, a intenção de remover determinados livros do Novo
Testamento por considerá-los apócrifos ou dolosos, como a Epístola de Tiago.[33] (ver:
Apócrifos do Novo Testamento).

Origem do termo "testamento"


Este vocábulo não se encontra na Bíblia como designação de uma de suas partes. A palavra
portuguesa "testamento" corresponde à palavra hebraica berith (que significa aliança, pacto,
convênio, contrato), e designa a aliança que Deus fez com o povo de Israel no monte Sinai, tal
como descrito no livro de Êxodo (Êxodo 24:1-8 e Êxodo 34:10-28). Segundo a própria Bíblia,
tendo sido esta aliança quebrada pela infidelidade do povo, Deus prometeu uma nova aliança
(Jeremias 31:31-34) que deveria ser ratificada com o sangue de Cristo (Mateus 26:28). Os
escritores do Novo Testamento denominam a primeira aliança de antiga (Hebreus 8:13), em
contraposição à nova (2 Coríntios 3:6-14).

Os tradutores da Septuaginta traduziram berith para diatheke, embora não haja perfeita
correspondência entre as palavras, já que berith designa "aliança" (compromisso bilateral) e
diatheke tem o sentido de "última disposição dos próprios bens", "testamento" (compromisso
unilateral).[34]

As respectivas expressões "antiga aliança" e "nova aliança" passaram a designar a coleção


dos escritos que contém os documentos respectivamente da primeira e da segunda aliança. As
denominações "Antigo Testamento" e "Novo Testamento", para as duas coleções dos livros
sagrados, começaram a ser usadas no final do século II, quando os evangelhos e outros
escritos apostólicos foram considerados como parte do cânon sagrado. O termo "testamento"
surgiu através do latim, quando a primeira versão latina do Velho Testamento grego traduziu
diatheke por testamentum . Jerônimo de Estridão, revisando esta versão latina, manteve a
palavra testamentum, equivalendo ao hebraico berith — "aliança", "concerto", quando a palavra
não tinha essa significação no grego (ver: Vulgata). Afirmam alguns pesquisadores que a
palavra grega para "contrato", "aliança" deveria ser suntheke, por traduzir melhor o hebraico
berith.[34][35]

Traduções
Ver artigo principal: Tradução da Bíblia

Livro do Gênesis, Bíblia em tâmil de 1723


Eusébio Sofrônio Jerônimo (conhecido como São Jerônimo pelos católicos) traduziu a Bíblia
diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim, criando a Vulgata.[36][37] No Concílio
de Trento em 1542, essa tradução foi estabelecida como versão oficial da Bíblia para a Igreja
Católica (vide Cânone de Trento).[38][37]

Em meados do século XIV o teólogo John Wyclif realizou a tradução da Bíblia para o inglês.[39]
Após a Reforma Protestante a Bíblia recebeu traduções para diversas línguas e passou a ser
distribuída sem restrições para as pessoas.[40]
Martinho Lutero traduziu a Bíblia para a língua alemã[41] enquanto estava escondido em
Wittenberg do papa Leão X, que queria fazer um "julgamento" após a publicação das 95
Teses.[22]

A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o chamado Texto Massorético. Trata-se
do texto hebraico fixado ao longo dos séculos por escolas de copistas, chamados massoretas,
que tinham como particularidade um escrúpulo rigoroso na fidelidade da cópia ao original. O
trabalho dos massoretas, de cópia e também de vocalização do texto hebraico (que não tem
vogais, e que, por esse motivo, ao tornar-se língua morta, necessitou de as indicar por meio de
sinais), prolongou-se até ao Século VIII d.C. Pela grande seriedade deste trabalho, e por ter
sido feito ao longo de séculos, o texto massorético (sigla TM) é considerado a fonte mais
autorizada para o texto hebraico bíblico original.[42]

No entanto, outras versões do Antigo Testamento têm importância, e permitem suprir as


deficiências do Texto Massorético. É o caso do Pentateuco Samaritano (os samaritanos que
eram uma comunidade étnica e religiosa separada dos judeus, que tinham culto e templo
próprios, e que só aceitavam como livros sagrados os do Pentateuco), e principalmente a
Septuaginta grega (sigla LXX).[43]

A Versão dos Setenta ou Septuaginta grega, designa a tradução grega do Antigo Testamento,
elaborada entre os séculos IV e I a.C., feita em Alexandria, no Egito. O seu nome deve-se à
lenda que dizia ter sido essa tradução um resultado milagroso do trabalho de 70 eruditos
judeus, e que pretende exprimir que não só o texto, mas também a tradução, fora inspirada por
Deus. A Septuaginta grega é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A
sua grande importância provém também do facto de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada
entre os cristãos, desde o início, versão que continha os Deuterocanônicos, e a que é de maior
citação do Novo Testamento, mais do que o Texto Massorético.[44][45]

A Igreja Católica considera como oficiais 73 livros bíblicos (46 do Antigo Testamento e 27 do
Novo), sendo 7 livros a mais no Velho Testamento do que das demais religiões cristãs e pelo
judaísmo.[2] Já a Bíblia usada pela Igreja Ortodoxa contém 78 livros, 5 a mais que a católica e
12 a mais que a protestante.[46]

Número de traduções
De acordo com as Sociedades Bíblicas Unidas, a Bíblia já foi traduzida, até 31 de dezembro de
2007, para pelo menos 2 454 línguas e dialetos.[47] (ver: Traduções da Bíblia em línguas
indígenas do Brasil).

Mundo lusófono
Ver artigos principais: Tradução Brasileira e Traduções da Bíblia em língua portuguesa
A primeira versão portuguesa da Bíblia surgiu apenas em 1748, a partir da Vulgata Latina,[2]
traduzida para o português por João Ferreira de Almeida. Almeida faleceu antes de concluir o
trabalho, que foi finalizado por colaboradores holandeses.

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