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APOLO GRANNUS e as “casas grandes”,

por arturjotaef
Figura 1: Bronze group from
Mâlain (Côte d’Or) of a goddess
holding a snake and a god, identified
as Thirona and Apollo (Grannus) by
the inscription engraved on the
socle.In Musée archéologique de
Dijon. Deyts, 1998, p. 47, n°13.

No politeísmo celta
clássico, Grannus (também
conhecido como Granus Mogounus
Amarcolitanus) foi uma deidade
associada aos balneários, às
nascentes minerais térmicas e ao
sol. Era regularmente identificado a
Apolo como Apolo Grannus. Era
cultuado principalmente na
Germânia Superior e na Gália do
Norte, não raramente em conjunção
à Sirona, a Marte e a outras
deidades. (…)

Granus, Grannos = Deus do Cereal ou Deus do Calor. O deus é ainda


recordado em cantigas cantadas à roda da fogueira em Auvergne. Uma gavela de
espigas é lançada às chamas chamando-o "Granno mio," enquanto as pessoas cantam,
"Granno, meu amigo; Granno, meu pai; Granno, minha mãe". etimologicamente o
nome Grannos pode ser relacionado ao grƒno de raiz proto-céltico - (grão) ou
*gwrensƒ - (calor). Para uma deidade curativa e das fontes termais um nome que
significa calor faz sentido, porém, um significado derivado de grão não pode ser
completamente excluído porque as deidades agrícolas Céltas eram frequentemente
associadas com Apolo pela interpretato Romana. Claro que as duas etimologias não
precisam ser completamente incompatíveis uma vez que o calor do sol de verão é
necessário para amadurecer o cereal.1
Na falta de registos precisos sobre a natureza dos deuses celtas teremos
que ficar pelo que nos parece. O simples facto de o deus celta Grannos ter ficado
célebre pelas fontes termais de Aquae Granni em Aix-la-Chapelle, visitadas por
Caracala, em nada desmerece a possibilidade de este deus ser patrono dos cereais
como a tradição de Auvergne o sugere tanto mais que o nome do «grão»,
enquanto nome genérico para o cereal, teria que derivar de um deus do cereal
com nome foneticamente próximo.
«Grão» < Lat. Granu(m) > O. Fr. grain > Engl. grain.

1
Granus, Grannos = God of Corn or God of Warmth. The god is still remembered in a chant sung round
bonfires in Auvergne. A sheaf of corn is set on fire, and called "Granno mio," while the people sing,
"Granno, my friend; Granno, my father; Granno, my mother." Etymologically the name Grannos may be
related to the proto-Celtic root grƒno- (grain) or *gwrensƒ- (heat). For a deity of healing or thermal
springs a neame meaning heat would make sense, however, a meaning derived from grain cannot be
entirely excluded as Celtic agricultural deities were often syncretized with Apollo by interpretato
Romana. Of course the two etymologies need not be entirely incompatible in that the heat of the summer
sun is needed to ripen corn.
Os gregos não terão usado esta forma perifrástica de nomear o grão partir
do deus dos cereais porque já teriam termos próprios de origem muito arcaica
como κόκκος < Kaukikus, tão genérico como «coisito» e por isso derivado do
arcaico deus Caco, deus do fogo, do caos, da «caca» e dos «cacos». O termo
grego σῖτος seria um arcaísmo do mesmo tipo.
Obviamente que teria que haver uma mística qualquer que relacionasse o
grão e a pequena semente de cereal, com o granulado das miríades de estrelas
nocturnas e com o solitário sol.
Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que
parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado
na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado,
começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal
forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». (Mc 4, 26-
34).
Ora, esta mística passaria de geração em geração transversalmente a todas
as religiões nos ritos de passagem que culminavam na Páscoa com a morte e
ressurreição do sol.
Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer,
fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. (Jo 12, 24).
Grannos era portanto um deus de morte e ressurreição solar e por isso de
fertilidade agrícola e…solar. Assim se entendem as suas conotações com a
etimologia mais arcaicas do sol.
No início do século vinte, o nome era conectado ao irlandês grian, ‘sol’.
Seguindo esta linha, o deus era frequentemente ligado ao Deò-ghrèine e ao
personagem Mac Gréine da mitologia irlandesa. Entretanto, o grian irlandês ‘sol’, é
pensado ser derivado do proto-céltico *greina- ‘sol’ e cognato com o galês greian ‘sol’
e com o proto-céltico *greina- que é improvável de ter evoluído para Grannos no
gaulês e para outras línguas continentais célticas. A derivação de uma raiz proto-
céltica *granno- ‘barba’ (cf. galês médio grann ‘queixo; barba, cabelos’ e do irlandês
antigo grend ‘barba, cabelos’) tem entretido alguns eruditos que sustentam, no que
Jürgen Zeidler diverge, propondo uma raiz diferente de *granno- pela "provável
referência ao calor do sol e a propriedades curativas". (Eis um exemplo muito feio de
formas de fazer etimologia ridículas)

Grian = sun, Irish, Old Irish grían: *greinâ, @ghr-einâ, root @gher, warm, as
in gar. Cf. Sanskrit ghr@.n@.is, sunshine, ghramsa, heat; Welsh greian, what gives
heat, sun. See further under grìos. Hence grianan, sunny place, summer house,
solarium of Latin, from sol, sun.
De facto, suspeita-se que o nome do sol no ocidente peninsular fosse
Gerião a quem Hércules roubou o gado como Hermes, a Apolo.
< Kaur < Kor < Chol > Sol-is.
Irish Grian < Old Irish Grí-an < Ger-ian
< *Ker-ianos, filho e esposo de Ker, a deusa mãe das cobras cretenses, da
vida e da morte < Kaurano  A. Karneios < Crono / Saturno.

Ver: HÉRCULES & GERIÃO (***)


Se da semente, pequena no aspecto mas gigantesca no projecto, nascia a
grande planta ficava explicado o segredo da centelha de vida que como uma
estrela fazia com que a força do sol coubesse no coração caloroso dos guerreiros.
De resto, sabemos que toda a mitologia do neolítico servia para justificar a
agricultura em detrimento da caça.
Saturno / Crono era, na mitologia grega o deus mais arcaico da
agricultura e seria por isso nas regiões dos celtas o deus Grannos.
Este deus não teria duplo ene por mero acaso e seria o «Grande» sol.
«Grande» < Lat. Grande  Te | Gran (deus Grão) + (A)nus
> Gra-N(i)nus. > The-Gran > Dag®an > Dagan.
Grand est une commune française, située dans le département des Vosges et la
région Lorraine. La localité, qui doit son nom au dieu gaulois Grannus, fut appelée
Andesina dans l’Antiquité et parfois, plus récemment, Grand-la-Romaine.
Dagon teria sido o deus cretense mais arcaico dos alimentos que vinham
do mar e que acabou por dar também nome aos que o neolítico traria de terra
seca. Por isso se justifica a polémica da sua natureza ora deus peixe ora deus do
grão. A representação deste deus de difícil identificação a ocidente e de muito
baixo perfil a oriente foi quase seguramente idêntica à de Apolo e que seria a
mesma do jovem guerreiro e caçador Zeus Velcano.

Ver: DAGON (***)

Outro título deste deus era Granus Mogounus Amarcolitanus.


Amarcolitanus - Epithète du dieu Apollon Grannus attesté sur une inscription
découverte à Monthelon (Haute-Marne), sur le territoire des Eduens. Son nom composé
en *amarco-litanos, signifie celui qui à un regard vaste, une grande vision.
De Mogounus derivou literalmente o inglês might que é obviamente
correlativo do latino Magnu(m). As variantes Moge-tios, Mogo-unos, Mog-ti,
Mo-un-ti, Mog-ont, Mog-unt reportam-nos para o deus egípcio Montu, variante
omnipotente do deus Min. O nome genérico «monte» derivaria obviamente do
nome deste deus minóico.
Amarco-litanus poderia parecer um nome gentílico enquanto deus da
tribo dos amarcolitas que por não terem existido nos deixa margem de manobra
para divagar com tanta segurança quanta a que refere significar este nome uma
“grande visão” como é apanágio do grande olho maçónico solar. Neste caso a
decomposição não seria *amarco-litanos mas *amar-colitanos ou então uma
sobreposição amar-(co + oculi)-tan onde *amarco- «abarca» e «abraça» o vasto
mar do arco celeste e *oculitan nos reportaria para o olho da “cobra solar alada”.
No entanto, é quase seguro que esta seria uma segunda leitura de druidas já
esquecidos da arcaica origem cretense deste deus onde teria sido apenas e
somente o deus *Amor-Kaur-(ph)i-Tan, também conhecido como Sarpedon,
*Asmino, ou simplesmente Dioniso, o deus menino filho da deusa mãe Amorca
ou Macarena.
Pois bem, este deus *Moge ou Min seria nem mais nem menos do que
*Mega, o deus magalítico que presidiria ao megaron grego.
*Mega < Ma-go < Ma-Ka + Uran > «Macarena»  megaron.
Assim sendo o mitema perifrástico «casa grande», que deu nome ao faraó,
teria derivado a sua fama do facto de ser o celeiro do trigo dos egípcios de quem
os judeus roubaram a ideia para o mito de José no Egipto ter inventado a silagem.
Em Creta este conceito teve o equivalente no megaron que poderia ressoar
em inglês um grande quarto (mega-room) seria mais do que a grande sala da
civilização micénica porque seria a casa grande comunal.
O mégaron, enquanto elemento característico de arquitectura, encontra-se
descrito na Odisseia, e é a "grande sala" da civilização micénica. A sala retangular,
caracterizada por uma abertura, um alpendre de duas colunas, e uma lareira mais ou
menos centralizada cujo uso é tradicional na Grécia desde os tempos da cultura
micénica, é o antepassado do templo na Grécia.
Megaron < Ma- | Kauran > Garon > Gran = mãe do (deus) Grande.
> Ma-Kar-anu, mãe dos grandes guerreiros > Virgem de Macarena.
O Megaron seria então a grande casa da mãe do matriarcado minóico.
Esta tradição seria muito arcaica e comum a todo o mundo ocidental na
fase inicial do neolítico. Os guaranis brasileiros terão herdado esta tradição dos
primeiros colonizadores ocidentais que ali chegaram muito milhares de anos
antes dos portugueses. Por isso mesmo os guaranis “habitavam casas comunais”
que albergavam dezenas de famílias.

Figura 2: Maloca tradicional dos Matis.


Aldeias semelhantes com as tupi-garani podem hoje ser encontradas na
Amazónia e em pouco divergem de uma forma comum que é a existência de
quatro construções, ortogonais entre si e ordenadas de modo que formem uma
grande praça quadrada. Cada uma dessas casas é chamada de oguassu, maioca
ou maloca (casa grande) e é dividida internamente pela estrutura do telhado em
espaços quadrados de 6 metros por 6, onde mora em cada uma delas uma família
celular. Esse espaço é denominado oca (tupi) ou oga (guarani). (…). A forma de
vida desses indígenas era dominantemente sedentária. Se uma casa ficava velha,
era queimada e outra de igual formato era construída em seu lugar. Em razão
disso, a forma de habitar era muito controlada, respeitando-se ainda a vivência
dos demais habitantes da casa.
A casa era o espaço preferencial das mulheres. Ali elas exerciam suas
atividades domésticas e no “corredor” central, junto aos pilares que sustentam a
cumeeira, preparavam a comida. Ao fim desse corredor havia uma porta em cada
extremidade da maloca, e no meio da casa, no lado que dava para o pátio, havia
uma terceira. Essas portas eram baixas, obrigando cada indivíduo a se abaixar
em sinal de respeito. – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETUTA E URBANISMO.
«Maiorca» < Maioca < Maloca (casa grande)
 Majaurca < Ma-Shur-ca < Ma-kur + an > Megron.
Notar que oca / oco < de * vocu ? < Lat. vocuu por vacum, “vazio;
escavado; como as cavernas de que derivam as casas.
Estas casas grandes seriam «guaritas» ou «guardas» dedicadas ao filho da
deusa mãe que era Gu-a, deus dos ibéricos e dos guaranis.
«Guarita»  «guarda» < Gu-ar(i)ta
<= Ker-tu, a deusa mãe dos vivos e dos mortos.
O nome da deusa foi escrito de várias formas: Sirona, Đirona, Thirona,
indicando alguma dificuldade em capturar o som inicial do alfabeto latino. O símbolo
Đ é aqui usado para representar o Tau Gallicum, uma letra adicional utilizado em
gaulês representando o som ts que era permutável com st- em posição inicial de
palavras, e não é uma forma da letra "D". A raiz é uma vogal longa variante gaulesa
do proto-celta *ster-(* h2ster) significado 'estrela'. A mesma raiz é encontrada em
irlandês antigo como ser, seren Welsh, Cornish Médio e Breton steren(n). O nome
Đirona consiste numa vogal longa o-, (…) do tronco tsīro- derivada da raiz *ster e um
sufixo -no- formando adjectivos de pertença em muitas línguas indo-européias. (…).
Então *Tsīrona parece ter significado 'estelar' ou 'astral'.2
E tem sido assim que se tem perdido tempo com tretas linguísticas pseudo
eruditas de raiz preconceituosa anti-semita que só têm levado à descoberta da
pólvora seca do mito indo-europeu como se isso fosse suficiente para ser capaz
de destronar a anterioridade das línguas caldeias e egípcias. *Tsīrona significava
estrela por ser nem mais nem menos do que a sr.ª Istar ou Ishtar-Ana tal como
veio a ser pronunciada ao longo do Danúbio por onde esta deusa caldeia ou egeia
foi introduzida para semear o cereal neolítico. Que Istar fosse Artemisa já se
suspeitava enquanto *Ker-tu-misha. Que também Istar partilhasse com Gula os
2
The name of the goddess was written in various ways: Sirona, Đirona, Thirona, indicating some
difficulty in capturing the initial sound in the Latin alphabet. The symbol Đ is used here to
represent the Tau Gallicum, an additional letter used in Gaulish representing the cluster ts which was
interchangeable with st- in word-initial position and it is not a form of the letter "D". The root is a long
vowel Gaulish variant of proto-Celtic *ster- (*h2ster) meaning ‘star’. The same root is found in Old Irish
as ser, Welsh seren, Middle Cornish sterenn and Breton steren(n). The name Đirona consists of a long-
vowel, o-grade stem tsīro- derived from the root *ster- and a -no- suffix forming adjectives of
appurtenance in many Indo-European languages. To this is suffixed the Gaulish feminine singular -a, the
usual feminine variant of o-stem adjectives and nouns. So *Tsīrona would seem to have meant ‘stellar’ or
‘astral’.
«mês» das artes curativas que também Artemisa de Éfeso evidentemente
partilhava é algo que não espanta por ser uma deusa de uma miríade de ofícios.
Que desta forma Istar fosse irmão de um deus caldeu equivalente de Apolo há
que procurar confirma-lo. Na verdade, Utu / Shamaz era irmão de Ishkur e de
Istar / Inana e de Ereshkigal / Perséfona. Assim, começa a suspeitar-se como
sendo quase seguro que a mitologia olímpica grega corresponde a uma reforma
do velho panteão egeu na linha da tradição revolucionária iniciada por Tudália IV
e que deve ter sido de tal forma convulsiva que terá originado a lenda de Tróia, a
crise dos «povos do mar». A versão olímpica pode não ser a versão hitita inicial
mas uma reelaboração paralela levada a cabo pelos templos que sobreviveram à
longa idade das trevas gregas. Por outro lado, começa a ser também suspeito de
que a mitologia celta seja uma reelaboração semelhante muito mais incipiente do
que a grega levada a cabos por «povos do mar» que seguiram em sentido
contrário ao da corrente do Danúbio à procura de novos destinos de prosperidade.
Alguns destes povos chegaram às Américas e podem ter sido os responsáveis
pela cultura azeteca…assim como por muitas semelhanças culturais das tribos
guaranis com as culturas europeias arcaicas do mar egeu.

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