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DA ÉTICA À ESTÉTICA, por Artur Felisberto.

Figura 1: Hermes no papel de juiz das competições de corridas de cavalos era o deus dos
equilíbrios éticos instáveis que tanto protegia os comerciantes quanto os ladrões.
Obviamente que estamos a fazer uma deriva de conveniência quando definimos o
termo grego ethos como sendo a palavra que significa aquilo que pertence ao "bom
costume", "costume superior", ou "portador de carácter" porque na verdade significa
apenas costume, tradição, hábito devendo por isso ser lido mais no contexto antropológico
primitivo do que no actual ou seja relativizado o termo ao nível do que um homem
primitivo pensaria de si mesmo a da sua situação no mundo natural no contexto da vida
comunitária arcaica. De facto o termo grego ethos está relacionado com o verbo grego
éθω • (éthō) significando: “estou acostumado, costumo (fazer) alguma coisa”.
A origem suposta deste verbo seria indo-europeia a partir de *swé com o
significado de «o próprio» mas o mais provável é que seja este conceito abstracto em si
mesmo a derivar de algo mais concreto relativo ao habitat e local de nascimento, que
estaria primitivamente por detrás do conceito grego de ethos.
From Proto-Indo-European *swe-dʰh₁ -, from the reflexive pronoun *swé (“self”)
+ *dʰeh₁ - (“to put, place, set”), equivalent to οὗ (hoû, “him”) + τίθηµι (títhēmi, “to
set”): thus the original sense is to "set as one's own". Cognates include Latin suēscō,
soleō, Sanskrit svadhā and Gothic sidus.
Apparenté au latin sodalis («compagnon, ami»), de l’indo-européen commun
*su̯ē̆dh- («faire sien») qui donne le sanscrit svádhā, c'est proprement un dérivé du
pronom *sue («sien») devenu σφε en grec → voir su-esco de même sens, en latin.
Selon le Dictionnaire étymologique latin, qui renseigne ce mot à l’article edo
(«manger»), «sodalis», dont l’étymologie n’est pas certaine, contient peut-être le même
préfixe sum-, «avec» que sumere, sauf cette différence que la voyelle a été abrégée→ voir
jubeo. Il suppose un primitif «*sodum ou *soda».
C'est un dérivé de se suus apparenté au grec ancien ἔθω, ἔθνος («ensemble des
familiers, des proches, les siens»).
Sendo assim, o amigo «solidário» latino sodalis é correlativo do verbo latino edo
de «comer» e então é possível postular que o ethos grego apelasse para a comunidade de
amigos e comensais não sendo no entanto necessário vincular um conceito a outro
fazendo derivar primeiro a ética do instinto de sobrevivência individual que nos levaria a
comer antes de satisfazer o instinto gregário da sobrevivência da espécie quando, pelo
contrário, é a ética que nos leva a confraternizar, sobretudo à mesa.
Solidariedade vem do francês solidarité, passando pelo latim solidus, voz técnica
da geometria que se referia, como hoje, aos corpos de três dimensões. (…)
Outras palavras de nossa língua, como soldo e soldado, derivaram-se do latim
solidus "firme, inteiro, indiviso, inteiro," figurativamente "sólido, confiável, genuíno," do
PIE * sol-ido-, forma sufixada de raiz * sol- "inteiro…único”…como o sol!
Se é verdade que «soldado» deriva de «soldo» este não deriva de solidus mas do
«saldo» que era pré a pagar em «sal» a um soldado o que demonstra o cuidado que temos
que ter para não nos perdermos nas derivas etimológicas. Ora, historicamente o solidus
foi uma moeda de ouro romana de 23 quilates introduzida por Diocleciano em 301 d.C. e
que seguramente seria o equivalente do soldo que devia ser pago na altura aos militares.
Assim sendo ficamos na dúvida se solidariedade vem do «sol» ou do «sal» ou se a certa
altura, com a introdução da moeda de ouro de Diocleciano o «soldo» ficou “solarizado” e
conotado com o Sol Invictus que a soldadesca romana já adorava, a par de Mitra.
A etimologia clássica, a que se sobrepôs a teoria indo-europeia, parte do falso
pressuposto de que todos os termos derivam por composição de raízes de significado
genérico que teriam nascido por geração espontânea já prontas a utilizar o que,
obviamente, não tem qualquer sentido lógico evolutivo.
Vejamos o caso do verbo latino emere que aparece na etimologia a propósito da
etimologia do altino sodalis por sua vez considerado relacionado com a etimologia de
ethos. Emō, emere, ēmī, ēmptum tem sempre o significado de comprar. No entanto, a
etimologia indo-europeia pressupõe que deveria significar «tomar» no sentido de quem se
apropria de algo que é de outrem.
De l’indo-européen commun *em («prendre») qui donne aussi le vieux slave *imo
(→ voir jímat et jmout en tchèque).
Pour comprendre le passage du sens de «prendre» au sens d’«acheter», on peut
comparer certaines locutions françaises, telles que: «prendre un journal, prendre un
billet de chemin de fer». Le sens «prendre» est resté dans tous les composés, exceptés
redimo et coemo, interimo, → voir interficio et intereo, perimo avec per- péjoratif,
comme perdo, pereo. sumo renferme un préfixe très rare en latin: sum- («avec») (syn- en
grec, sam- en sanscrit) ; il est traité comme verbe simple, et donne à son tour naissance à
de nombreux composés. Pareil fait a eu lieu pour pono, prendo, surgo, etc. praemium est
la part qu'on prend avant les autres.
Evidentemente que quem compra adquire propriedade e por isso se apropria mas é
óbvio que este sentido vem depois porque apropriação sem compra é roubou coisa a que
os antigos davam muito valor contrariamente às teorias modernas da apropriação
comunitária e comunista. Mesmo nas comunidades em que a vida comum é primitiva e
baseada na partilha o conceito de roubo é um dos primeiros crimes antiéticos a aparecer
relativo a alguém que se apropria de forma particular de um bem comum ou de outrem ou
sempre que alguém de fora rouba bens da comunidade. Evidentemente que o que é do
domínio comum não é passível de compra ou empréstimo pelo que mesmo em
comunidades primitivas a compra aparece sempre que a troca temporária não faz sentido
ou seja entre comunidades que não podem ter bens comuns permanentes.

Figura 2: A balança e o comércio!


Então, ao crime do roubo contrapunha-se o bom costume da troca, sempre que esta
era possível, e que só passa a compra quando a troca de bens comuns se faz por meios de
bens simbólicos, ou seja, quando aparece o comércio cuja equidade obrigou ao
aparecimento da bitola e da balança e de regras éticas e de direito a que presidiam deuses
específicos por sinal reguladores tanto do comércio como do tráfego de bens e de pessoas.
Os deuses clássicos conhecidos como protectores destas actividades eram Hermes na
Grécia e Mercúrio em Roma, deuses por sinal também protectores de ladrões o que nos
coloca na pista de que esta actividade teria sido comum nos tempos primitivos antes de
progressivamente se ter tornado antiética e passível de punição penal. Por isso é que o
«pecado» cristão deriva do crime do roubo de gago, em latim pecum, de que deriva o
«pecúlio» monetário. Sendo assim natural seria suspeitar que o verbo latino emere tivesse
algo a ver com o deus que presidia a esta actividade e que obviamente era Mercúrio, o
deus dos mercadores e mercados sendo então óbvio que emere, além de partilhar a
sonoridade dos «mercados» deve partilhar também a etimologia que só pode ser
encontrada na primeira sílaba de Mer-cúrio que, como ficamos a saber noutros contextos
relativos ao estudo destes deuses se deve relacionar com Melkart que significaria
literalmente “senhor da cidade” ou da cidadela protegida militarmente e onde se
realizavam os mercados que os antigos assírios chamavam karum.

CASA
Então, é fácil de dar conta de que emere deriva de uma realidade objectiva fácil de
identificar como sendo aquilo que teria o nome virtual de *E-Mel-Kar-tu, e que seria
literalmente o templo (E = casa) de Melcarte sobre cuja protecção se realizavam os
mercados. Obviamente que esta deriva lateral a propósito de emere é circunstancial mas
uma coisa podemos concluir: sem explicação plausível, o étimo e- seria de origem
suméria e virtualmente egeia, ou mais arcaica ainda, e deve sempre ser tido em conta
como sendo significante em si mesmo possivelmente com a conotação de templo, abrigo,
lar ou casa de habitação onde se adquirem os hábitos e bons costumes.
*Ish-ka, lit. da vida > *swa > *σϝε > θω + E (casa) => ἔ-θω < e-thos
< E-Thi(os).
A etimologia mítica pode sempre ter várias entradas e nada obsta a que no plano da
génese do significado da ética tenham convergido duas ideias sobrepostas, uma relativa à
“casa da vida” como espaço natalício e outra, mais universal ainda, relativa à «casa
grande» do deus tribal.
É certo que a casa da Grécia antiga era oîkos (casa, lar, habitação).
Oîkos < ϝοῖκος = woîkos < Proto-Indo-Europ. *weyḱ-.
Latin. vīcus > Sansk. Viś / veśa > Gotic. weihs.
Obviamente que nem é preciso parar muito tempo a pensar que o termo luso
«fogo» na conotação demográfica deriva de ϝοῖκος = woîkos e muito nos admiraria se
nada tivesse a ver com o fogo das lareiras pois ϝοῖκος < pha-u-i(s)co e literalmente o *iko
(< eiku < e-kiu) o «nicho» ou «ninho» onde nasce a «faísca» do «fogacho» ou seja, a
pássaro Benu da luz da madeira (Sumer. U)!
É frequente no estudo da etimologia miticamente comparada encontrar voltas e
reviravoltas de termos como se a evolução das línguas no tempo fosse uma espécie de
contradança informativa.
Então, repare-se na forma como os árabes, que têm uma língua de herança caldeia,
dão nome ao ninho: = eash? Estranho, não é? É que, e-ash é literalmente a casa (E) do
filhote (ash) e é quase o mesmo que *iko e pouco menos que o grego oikos. Por isso é
que, quando damos conta de que os postulados da etimologia indo-europeia fazem tudo
para passar ao lado das línguas semitas, começamos a suspeitar que estes postulados só
podem ser falsos; primeiro porque pretendem criam uma língua adulta e crescida a partir
do nada no meio das estepes caucasianas depois porque esquecem o percurso evolutivo
das línguas semitas mais antigas e das quais seria de suspeitar que ou descendem ou delas
receberam influência se é que delas não são uma espécie de crioulo. É suspeita a forma
racionalista como se pensa em raízes semânticas indo-europeias aparecidas por geração
espontânea, de forma perfeitamente acabada, quando o normal seria pensar que o
pensamento humano começou de forma infantil, cheio de pensamento mágico, ignorante e
aterrado pelos instintos primários da espécie.

Figura 3: Leto e o ovo primogénito.

Nest < proto-germânico *nestaz < proto-indo-europeu *nisdós (“ninho”),


literalmente “onde se senta [o pássaro]”, um composto de *ni (“baixo”) (daí também
Inglês nether) + o grau zero da raiz *sed- ("sentar") (onde também se sentam os
ingleses).
E evidente que pensar uma raiz indo-europeia para a etimologia do ninho como
sendo *nisdós com o significado virtual de “um assento baixo” é um racionalismo
ridículo até porque noutro ponto destes trabalhos demos conta de que o trono e o
«assento» de cátedra e cadeira foram coisas miticamente muito sérias na história do
pensamento mítico e que fizerem com que a deusa Iside fosse a deusa da cadeira à cabeça
e possível responsável pela etimologia de sede e «assento» de trono e cadeira pelo que a
raiz sed- não é de origem indo-europeia mas egípcia, e nestas como em todas as coisas a
etimologia é também dar o seu a seu dono! Duvida-se é que na etimologia do «ninho» de
pássaros esteja incluído o trono de Iside. Se suspeitarmos que na génese da etimologia do
ninho estará o berço que seria do domínio da deusa do parto sumério que era Nintu, a
Senhora da Natividade, também conhecida como Nix ou Nut, talvez a etimologia do
ninho se torne mais fácil e intuitiva!
«Nicho» < franc. niche < ??? > lat. nīdus < *nisdós ou antes
< Nix < Nu-ish < Anu + e-ish Nut < Nin-tu > Ninito
> ninio > «ninho». > Ne-ush > grec. Νεοσ.
E foi do «ninho» onde a Deusa Mãe Nintu pôs o ovo primordial que nasceu o Ano
Novo e toda a Natividade e novidade e não o contrario!
Quanto ao latino edo da «comida», pode ter acontecido o contrário e ter sido este
que, enquanto satisfação dos instintos de sobrevivência individual, derivou do ethos egeu
pela via dos instintos gregários que se satisfaziam na comunhão de refeições
comunitárias. Na verdade, os romanos tinham a deusas Edesia relacionada com a
alimentação e Educa com a educação alimentar das crianças de tenra idade, porque
“quem dá o pão dá a educação”! No entanto, é bem possível que, agora sim, estejamos
perante divindades tardias alegóricas, derivadas do nome de Atena e que, por isso
mesmo, pouco acrescentariam à etimologia da ética. De facto, Edna é um nome próprio
judeu supostamente derivado do sumério Edin que deu nome ao Éden Bíblico termo que
antes de ter acabado a significar estepe terá significado *E-din(gir) ou seja a casa dos
deuses que viria a ser o paraíso.
Notar que em sumério dingir diñir < di + ñar = juiz + dos que acumulam e
depositam (cereais e alimentos).
Sumerian ñar; ñá: = storeroom; to store, accumulate; to deliver, deposit; to
place, set down upon; to make, restore, establish.
No entanto, se o nome Edna é comum em várias línguas nórdicas não será tanto
pela sua suposta origem judia mas talvez pela sua relação com o nome pessoal feminino
irlandês Eithne e que significa literalmente semente ou grão o que nos recoloca na linha
etimológica das deusas latinas do alimento. Como este nome teve várias grafias e formas
anteriores que incluem Ethnea, Ethlend, Etnen, Ethlenn, Etnenn, Eithene, Etne, Aithne,
Enya, Enna, Etna, Eith-nenn, Eith-lenn, Eithna, Ethni, Ed-lend, Ed-lenn é assim possível
suspeitar da existência, possivelmente entre os celtas, de uma divindade arcaica com este
nome que não andaria longe do das deusas latinas alegóricas antes referidas nem do nome
da deusa do monte Etna, que sendo também Aitna derivará do nome de Atena. Agora
entendemos porque é que Ari-Adne casou com Dionísio que seria uma arcaica variante
de Atena assim como entendemos nomes comuns como Edvina e Eduina.
No entanto, se assim for, também se pode suspeitar que a etimologia do nome da
grande deusa Atena deve ser revista podendo ter sido *Etana em Creta precisamente com
o significado de “casa (E) das cobras (tan)”, em referência à sua égide ou à sua relação
telúrica com o vulcão da ilha de Tera, tanto mais que se pode postular, sem muito receio
de errar, que a filha de Urano e de Geia que decidiu a disputa das terras de Cibele na ilha
da Sicília entre Hefesto e Deméter era ela, a deusa que em Atenas era Core, a filha de
Deméter e possível esposa de Hefesto.
Aitna (Etna) é uma montanha em Sikelia (Sicília), em homenagem a Aitna, filha
de Ouranos (Céu) e Ge (Terra), de acordo com Alkimos (Alcimus) em seu trabalho em
Sikelia (Sicília). Simonides diz que Aitna decidiu entre Hefesto e Deméter quando
brigaram pela posse desta terra. Simonides, Fragmento 52 (de Scholiast em Teócrito
1.65).
Edna < Irl. Eithne < Aitna < *Atina > Atena < *E-tan > Atinet
Aitnê < Atinet < *E-tan + at > (E)Tanit < Ti-Anat
> Tianita de Loulé.
De acordo com múltiplas fontes, Etna (latim Aetna) poderia derivar do grego
aitne, aithō (αἴθω) que significa "eu queimo", ou de atuna, termo fenícia que significa
“fornalha”.
Αἴθω, do proto-indo-europeu * h₂ eydʰ- ("queimar; fogo"). Cognato com o latim aestus,
aestās e aedis, e sânscrito धे◌् े (inddhé, “ascender, incendiar”).
Derivar aitne de um possível fenício atuna faria sentido e iria ao encontro da
etimologia acima proposta se postulássemos primeiro que o termo derivaria dos cultos
infernais de Tanit, a variante cartaginesa da suméria Tiamat. E obviamente nem vale a
pena continuar a insistir no contra-senso de protocolo que é fazer derivar o nome dos
deuses de banalidade da vida real. De facto, só mesmo por distracção é que não se
derivam várias das inflexões do verbo clássico grego aithō do nome dos infernos dos
gregos, o Hades já que aitne só muito remotamente se relaciona foneticamente com as
várias inflexões de aithō o que reforça a pouca credibilidade que há em fazer derivar o
nome divino do monte Etna dum verbo comum do grego clássico aparentado.
Na verdade, nem por mero acaso, o equivalente masculino do nome pessoal
feminino irlandês Eithne é Aodhán com o significado de fogo ou o que transporta o fogo
dos infernos porque parece derivar do nome do deus dos infernos da mitologia irlandesa,
Aed, ou Aodh, nome que só não ressoa ao Hades grego e ao Adad caldeu a quem for
surdo! Claro que nesta linha etimológica se teria que concluir que Atena / Anat foram
deusas infernais, o que já se suspeitava, mas sobretudo que Hades seria então um nome
egeu mais arcaico que Adad e que neste caso seria corruptela de deus grego dos internos
*Ka-Dis, literalmente deus da vida.
Aita - The Etruscan god of the underworld. He is identical with the Greek Hades and the
Roman god Pluto.
Aita < Aytha < Hadaj < Hades < Hadad.
< «Hakad» < Hakath <= Kakak(i) < filho do “fogo infernal”, que foi Kaka.
Como o Hades é mais o nome do inferno que do seu deus é ainda mais plausível
que este fosse o *E-Hadis / *E-Ka-Ti-ish / Hecate.
Na verdade em etrusco, a par de Aita aparece E-ita, que seria literalmente a casa
de *Aitha < «Aida».
Aodh < Aed < Eads < Hades < *E-Hadis > E-Aitha > E-ita > Aita.
< *E-Ka-Ti-ish > Hecate.
Claro que não é imediata a relação do Hades com o verbo latino para comida mas
se repararmos que o deus do Hades era também chamado Pluto por ser um deus da
riqueza das minas junto a montes telúricos, como o Etna onde Hefesto tinha a forja, e se
recordarmos que as terras de cinzas vulcânicas recentes são sempre altamente férteis
teremos aqui motivo para relacionar o Etna com Ceres / Deméter, razão que agora
explica o mito que faz da titânide Etna aquela que “decidiu entre Hefesto e Deméter
quando brigaram pela posse desta terra”.
Os edis (do latim aedīlis curules), da plebe na Roma Antiga eram eleitos pelos
Conselhos da Plebe, em número de dois (que aumentou depois) e executavam as ordens
dos tribunos, guardavam o templo de Ceres (onde se achavam os arquivos da plebe) e
protegiam os plebeus contra os patrícios.
Dada a função de guardas do templo de Ceres dos edis é facilmente aceitável que o
seu nome estivesse relacionado com a função de defenderem os celeiros e garantirem o
abastecimento dos mercados actividade básica que primitivamente teria permitido a
realização das refeições comunitárias que seriam fundamentais para a sobrevivência dos
grupos de caçadores recolectores.
«Edil» < aedīlis < ad-edi-lu, literalmente “o homem (lu) que está junto dos
comestíveis (edi)” ou seja, o guarda do celeiro ou seja, o e-dil que guardava o templo e
celeiro da casa grande comunitária tal como o pastor guarda o re-dil, ou seja o gado de
Rá. De resto, a raiz dil- de quem diligentemente dirige a casa grande comunitária
derivaria por esta via!
Na Grécia temos ainda o termo aedo com outro conceito foneticamente próximo
destes e que analisamos de seguida.
Um aedo (em grego clássico ἀοιδός / aoidos, do verbo ᾄδω / aidô, "cantar") era,
na Grécia Antiga, um artista que cantava as epopeias acompanhando-se de um
instrumento de música, o forminx.
Se aparentemente um bardo teria pouco a ver com um membro da polícia
municipal, defensor dos celeiros e mercados públicos, a verdade é que este serviço
acabaria por ser a maior parte do tempo enfadonho e propício à prática das artes do canto
e do encanto que seriam sobretudo apreciadas durante os banquetes comunitários como
era o caso dos bardos celtas. De facto, ἅδος, ἄω foi, antes demais, sinónimo de
“satisfação, saciedade, decreto judicial favorável” relacionado com ἁνδάνω (< ϝαν-
δάνω) / ἁδῶ, “ser aceitável, favorável” e só depois passou a ἀεί-δω (ἀϝεί-δω) / ᾁδω com
o significado genérico de cantar…porque seria esta uma das funções dos guardas dos
celeiros dos templos e das cidades. A reminiscência do papel de guardião aparece no
significado de decreto favorável de ἅδος, ἄω. Por outro lado, parece comprovar-se que as
conotações finais de nomes e palavras resultavam da confluência de várias realidades que
se iam misturando no perfil temporal evolutivo das palavras. Neste caso temos ἀϝεί-δω <
ἀ *ϝan-δω < ϝαν-δάνω, onde se vislumbra a flauta de Pan, a luz primordial de Fanes e
alegria campestre de Fauno e pelo meio a quase certeza de este último deus latino
correspondia ao nome mais original destes deuses do amor primordial e da alegria rústica.
Grec. Pan < Phan < Pha-Anu > Grec. Fanes > Lat. Fauno.
E então, se é verdade que entre a flauta e a cítara só esta permite acompanhar o
canto do bardo, também é um facto que primitivamente não haveria canto e os aedos
usariam apenas o som da flauta para se distraírem enquanto guardavam os celeiros, como
quem guarda rebanhos, e alegravam os amigos e vizinhos nos Komos comunitários. Ora,
se o faraó era o guardião da «casa grande» do Egipto o edil latino teria tido o mesmo
papel enquanto guarda do E-thos grego, que afinal ainda não sabemos bem o que seria em
concreto mas que tudo aponta para que fosse exactamente, ou a “casa grande” do povo ou
o seu celeiro adjacente, ou seja, quase seguramente o templo do deus da comunidade.
O conceito do edos como casa comunitária seria tão arcaico que pode ter sido
levado pelos marinheiros egeus minóicos para o Japão onde ficou com a semântica de
enseada ou porto de abrigo e depois deu nome a Tóquio e ao período histórico Edo.

Figura 4: Kitagawa Utamaro - Serão ao luar no Dozo Sagami.


O período Edo é um período da história do Japão compreendido entre os anos de
1603 a 1868.
Edo (literalmente: entrada da baía, "estuário"), também romanizado como Yedo
ou Yeddo, é o antigo nome da capital japonesa Tóquio, e era a sede do poder do
Xogunato Tokugawa, que governou o Japão de 1603 a 1868, chamado período Edo.
Nesta época se desenvolveu a cultura do "mundo flutuante", em oposição à cultura
budista do "mundo doloroso", “em Yoshiwara, uma zona de meretrício em Edo (atual
Tóquio) que tinha permissão para receber membros do shogunato e onde havia inúmeros
bordéis, casas de chá (Chashitsu) e teatros kabuki, lugares frequentados pelos chonin,
membros da crescente classe dos comerciantes da época”.
O período Edo ficou marcado como um longo período de paz no país, após séculos
de guerras civis recorrentes e de muitos conflitos internos.
De facto, para povos de marinheiros do mar Egeu, chegar a um porto de abrigo era
como chegar a casa de regresso da faina do mar. Mas é possível que aqueles que por
várias razões ficavam em terra por cobardia, física ou moral, também ficariam privados
da prosperidade que a abundância marítima providenciava bem como da glória e prestígio
inerente às lutas com o mar ficando então condenados a uma indignidade e pobreza
crónicas e progressivamente a tornarem-se párias da sociedade e sobretudo a não poderem
comer peixe a terem que viver como os povos montanheses, de caça e pastorícia e abate
de animais doméstico. Parece então ser isso o que aconteceu no Japão onde esta classe
social tinha o nome Eta e que, por coincidência ou não, tinham um trabalho estritamente
relacionado com abate de animais e outros assuntos relacionados com cadáveres e mortos:
açougueiros, carniceiros de animais, agentes funerários, executores de penas de morte e
curtimento de couro. Por imposição ou aceitação da tradição o xintoísmo considerava
estas actividades como repugnante e vis. Eta significa em japonês literalmente "os sujos
ou repugnantes". Por isso os Eta não deveriam viver junto de "pessoas normais" e
deveriam ficar em áreas de desperdício, terras áridas não cultiváveis, ou perto de
cemitérios e lixeiras.

Figura 5: Comunidade de iglus, ilustração de Charles Francis Hall.


Outra prova do arcaísmo da origem do nome da casa pelo étimo sumério E- é o
Iglô termo inuit (plural igluit) que pode ser usado para uma casa construída de qualquer
material e não é restrito exclusivamente a casas de neve (chamado especificamente iglu-
vijaq, plural iglu-vijait), mas inclui tendas tradicionais, casas de ramos, casas construído
de troncos e edifícios modernos.
Iglô < Inuit. Iglu < E-clu < *E-clavi + kia < *Eclausia > Eclésia > «Igreja»
<? Grec. Ekklesia. «Eclusa» <*ecl(a)usia > *E-clusia <? Latin. exclusa?
Supostamente Igreja deriva da voz grega ekklesia e é composta de dois radicais
gregos: ek, que significa para fora, e klesia, que significa chamados, ou seja, reunião dos
convocados no sentido daqueles que foram chamados (klesia) de casa para fora (ek). Na
verdade a maioria dos termos eclesiásticos derivam do grego comum koinê que nem
sempre seguia as regras etimológicas do grego clássico mas recebia influências de várias
línguas hoje desconhecidas. Sabemos que este termo aparece no grego clássico mas não
em Homero porque em Atenas as assembleias eram κύριαι, e quando extraordinárias
σύγκλητοι, pelo que o termo seria de sentido genérico derivado de ἔκκλητος de ἐκκαλέω
com a conotação de convocar, ou seja chamado (καλέω) de casa para fora (ἐκ), já
conhecido desde Homero.
Καλέω From Proto-Indo-European *kl̥h₁ -, zero-grade of *kelh₁ - + -έω (-éō).
Cognates include Old English hlōwan and English low (verb); Latin calō, clāmō, clārus, classis,
and concilium; Old Irish cailech; Old Armenian akʿałał.
De facto, o termo eclesiástico ekklesia sofreu a influência de dois termos: ἐκκαλέω
que pode ter a etimologia oficial que lhe é reconhecida, embora estranha e duvidosa na
sua vertente Proto-indo-europeia, e outra ἔκκλητος que quase seguramente não deriva da
anterior e por isso deve ser tentada uma etimologia mais adequada.
Kλείς < κλείω = aquilo que serve para fechar.
Parece que Homero desconhecia a chave e a fechadura mas conhecia o trinco e o
ferrolho de que parece derivar o nome da chave na medida em que seria inicialmente um
gancho que derivaria da analogia morfológica com a unha que em latim seria clavus, de
que derivaram os cravos que pregaram Jesus Cristo à cruz, ou unguis de etimologia ainda
mais obscura.
Latin clāvis = From Proto-Italic *klāwis. Either a secondary i-stem derivation of the
Proto-Indo-European *kleh₂ u- (“nail, pin, hook - instruments, of old use for locking doors”)
which gave also Latin clāvus (“nail”), an inherited Indo-European word originally denoting an
instrument for unlocking doors, or a loanword from Ancient Greek κλείς (kleís).

Latin unguis = From Proto-Italic [Term?], from Proto-Indo-European *h₃ negʰ-.


Cognates include Ancient Greek ὄνυξ (ónux), Old Irish inga, Sanskrit nakhá, (“claw, nail”), Old
Armenian ełungn, Old Church Slavonic nogŭtĭ, Lithuanian nagas, Persian nâxon, Albanian nyell,
and Old English næġel (English nail).
Ancient Greek ὄνυξ = ónux Persian nâx-on ≡ nâx-el > Old English næġel
> English nail.
É possível que a unguis latina fosse uma corruptela de clavus porque seria a unha
sagrada de cujo surro o deus Enki criou os galaturru que ressuscitaram Inana depois do
decesso desta aos infernos. De facto, tal como o latino clavus degenerou no sardenho giau
pode ter havido uma variante para a unha de Enki *nu-gau / nug / onux.
Sumer. gag-ha-har-ra-na1: um prego ou unha => «garra» < «garfo» < Greg.
grapheion = estilete de gravação que por sua vez derivaria da gravação por impressão
unguial no barro (Sumer. umbin < *ungui Lat. unguis). De facto, ainda hoje se usa a
expressão: “cravar as unhas” no sentido de enterrar as garras na presa para a prender e
agarrar o que na origem seria de tal modo uma realidade de subsistência tão intensa que
permitiria a permuta de ambas as semânticas com primazia da semântica de “cravar” a

1
O termo gag-ha-har-ra-na parece ressoar no termos transmontano mão «garanha» presa em garra por ficar branca
e exangue por causa do frio.
qual será então a que teremos que procurar como primitiva e relacionada com um culto
divino de que teriam derivado as chaves do deus Jano e da deusa Cardea, que como
sabemos era equivalente de Enki, o senhor do Kur e por isso também conhecido como
En-Kur, que teve por filho Ish-Kur…ou *Kur-a-kis. Este deus que abria as portas da
vida ao recém-nascido e fechava a sete chaves a fidelidade dos contratos seria também o
mesmo da mitologia de Santa Claus, do nome de Cláudio e de Nicolau.

Ver: SANTA CLAUS / MOIRAS, PARCAS & NORNAS (***)

«Chave» < Lat. clavis << *Kur-a-kis >> klewis > κλείς.
>>> «buraco» da fechadura.
É provável que a onomatopeia do clic! ou clac! que fariam estas antigas fechaduras
ao abris as portas tenham contribuído para fixar o fonética do termo grego e latino bem
como do som de variantes de outras línguas.
Assim é possível que os ἔκκλητος fossem escolhidos por eleição à porta fechada e
ter sido esta a semântica que acabou na Igreja cristã.
A primeira fechadura de tambor foi encontrada nas
ruínas do Palácio de Khorsabad, no Iraque. Princípios
Básicos da fechadura de tambor de pinos podem datar
desde por volta de 4000 A.C., no Egipto; a fechadura
consistia de uma coluna de madeira afixada à porta, e um
ferrolho horizontal que deslizava-se para dentro da coluna.
O ferrolho tinha aberturas verticais nas quais um conjunto
de pinos encaixava-se. Estes podiam ser levantados, usando
uma chave, a uma altura suficiente para permitir ao
ferrolho mover-se e destravar a porta.

Esta fechadura de madeira foi um dos maiores desenvolvimentos de


arquitectura doméstica do Egipto, durante a Era Antiga.
Do mesmo modo o termo moderno de engenharia para represa comos sendo uma
«eclusa» não derivaria directamente do latim clássico mas duma sua variante de baixo
latim que seria *ecl(a)usia. Assim termos como os espânicos «esclusa» seriam formas
etimologicamente hipercorrectas pelo latim clássico mas denunciadas por variantes com o
mesmo sentido por etimologias populares tentadas de outras formas, como o aragonês
«inclusa» e o catalão «resclosa» mas que o italiano «chiusa» revela como sendo o que
seria na origem: uma realidade (casa?) hidráulica fechada. A etimologias da «Igreja» e
das «eclusas» pode não ser a aqui proposta mas negar a possibilidade de o nome inuit dos
iglus não estar relacionada com estas etimologias seria miopia grave.
Voltando ao mediterrâneo, além de pressupormos que o ethos grego é cognato do
latino edo deveríamos pensar na etimologia de «edificar».
«Edificar» < latín “aedi-ficāre“; compuesto de “aedes”, edificio, y del sufijo
“ficar” del latín “ficāre” de la raíz de “facĕre” que significa hacer.
Claro que dizer que edificar vem de edifício é uma espécie de petição de princípio
porque o latino aedes antes de ser um «edifício» seria um *a(d)-edes, ou seja algo junta
ao edes que para os latinos seria o celeiro e para os etruscos seria o templo da comunidade
ou seja, a «casa grande» comunitária.

Figura 6: Reconstrução da cidade ibérica Figura 7: Guerreiro


de Edeta, tipicamente anatólica. edetano tipicamente egeu.

Aedēs and aedis = [Aedis domicilium in edito positum simplex atque unius aditus.
Sive ideo aedis dicitur, quod in ea aevum degatur, quod Graece αἰών vocatur, Fest. p. 13
Müll. Curtius refers this word to αἴθω (< αἶθος), aestus, as meaning originally, fire-place,
hearth; others, with probability, compare ἕδος, ἕδρα, and sēdes.]. I. Sing., a dwelling of
the gods, a sanctuary, a temple (prop., a simple edifice, without division into smaller
apartments, while templum is a large and splendid structure, consecrated by the augurs,
and belonging to one or more deities). II. A dwelling for men, a house, habitation, obode
(syn. domus; usu. only in the plur., as a collection of several apartments; but in the
earliest period the sing. also may have had this signif., though but few certain examples of
it have been preserved in the written language).
Αἶθος < From Proto-Hellenic *áitʰos, from Proto-Indo-European *aydʰos.
Cognates include Latin aedes and Sanskrit एध (édha).

Originally Proto-Italic *ais, aið- (“place with a hearth”), from Proto-Indo-


European *h₂ eydʰs, from *h₂ eydʰ- (“burn; fire”).
Lat. aedes = Templo, túmulo, «casa grande», mansão < *a(d)-edes
E-adis < E-| Hades, a casa do fogo dos infernos
< *Ka-Dis, literalmente deus da vida > «Cádis».
Los sedetanos o sedesquios “habitantes de Sedeis” (gen. Setes-kien) en lengua
indígena, fueron un pueblo íbero del siglo III a. C. situado en el valle medio del Ebro, en
España.
Edetanos es el gentilicio de las personas que vivieron en el territorio de Edeta. Y
se conoce así tanto a los íberos edetanos como a los romanos de la ciudad de Leiria
(actual Liria).
Então, se não parece oferecer muitas dúvidas de que os Setesquinos eram
guerreiros do deus Sete, já os Edetanos ou *edes-kinos poderiam ser um nome
equivalente deste por queda do “esse” inicial ou então um topónimo que confirmaria a
possibilidade de ethos ter sido um termo genérico, como oikos, para designar localidades
como a ibérica Edeta.
Esta, progressivamente deu nome à federação tribal dos edes-quinos que os
romanos chamaram por edetanos e que mais não seriam do que emigrados egeus
aguerridos durante a época dos “povos do mar” e seguintes e que deram o nome a Edeta
precisamente no contexto de grande anexo da casa dos deuses onde se guardava o celeiro
e o tesouro da cidade ciosamente guardado pelos guerreiros edetanos representados na
figura seguinte em termos formais idênticos aos das pinturas de vasos gregos primitivos.

Figura 8: vasos dos guerreiros edetanos de estilo tipicamente egeu primitivo.


Em conclusão e a propósito do nome de do deus Sete presente no nome dos
setesquinos próximo do edesquinos podemos postular que o nome de *Se-tis se reportaria
à «sé» ou sede dos deuses e *E-des à casa dos deuses o que nos levaria a recordar
novamente o nome de deusas como Sedna e Edna.
Em grego antigo έδρα significava assento ou traseiro e derivaria seguramente do
mesmo *sedera que deu o latino sedere. No egipto a deusa do trono, da cátedra e da
cadeira era precisamente Iside, como foi referido antes.
Sedna é uma das principais deusas inuit, é conhecida como a Mãe dos Animais
Marinhos. Várias são as lendas sobre a origem de Sedna e todas têm em comum o fato
dela ser uma bela jovem humana vivendo com seu pai.
A importância isolada da raiz Sed- a preceder o nome de divindades levar-nos-ia
ao nome da deusa do rio Sena, Sequana que os latino transliteraram do termo Se-koa-ana
de Ptolomeu seguramente pensando no termo latino aqua para água e ambos a partir dum
nome pré celta que estaria presente em outros rios como é caso do afluente do Douro onde
ficam as arcaicas gravuras do Vale do Côa, relacionado como o verbo luso «coar» o leite
ou outro líquido que se faz «escoar» por um pano para que fique limpo e a deusa
Soucona.
Souconna é uma deusa céltica, a deidade do rio Saône em Chalon-sur-Saône, a
quem a invocação epigráfica foi feita.
Souconna < Sauc-Onna < Sakuona Sequana < *Se-kina => Seteskinos.
Mas a Deusa celta Satiada tem de forma mais explícita o nome do deus Sete.
Satiada era uma deusa céltica cultuada na Britânia romana. É conhecida por uma
única pedra de altar sem adorno dedicada a ela em Chesterholm (Vindolanda).[1] A
inscrição diz:

DEAE / SAIIADAE / CVRIA TEX / TOVERDORVM / V·S·L·M


"À deusa Satiada, o conselho de Textoverdi de bom grado e merecidamente
cumpriu seus votos." O nome na pedra pode alternativamente ser lido como Sattada (a
forma usada por Jufer e Luginbühl), Saitada ou Saiiada.
Ora bem, até há muito pouco tempo qualquer aldeia rural era definida não de forma
banal como o local dos próprios vizinhos mas de acordo com o patrono, orago ou
padroeiro que era o santo ou anjo a quem é dedicada uma localidade, associação ou
templo (capela, igreja etc.).
A própria palavra aldeia é de etimologia duvidosa porque este termo sendo suposto
de origem etíope e com o significado de pastagem por intermediação árabe na verdade só
existe na Península Ibérica onde é tão comum na Andaluzia quando sobretudo nos
dialectos nortenhos galegos, aragoneses e das Astúrias.
«Aldeia» < Al-dea < arábico Al + dayea < aḍ-ḍayʿa (= “fazenda, propriedade
rústica”) < por empréstimo do Ge'ez (Etíope) ፂዖት (= ṣ́iʿot) “campo, pastagem” termo
muito mais próximo do «chiote» luso, veste de burel, áspera e fria...própria de gente
rústica. Não se entende muito bem como o fonema arábico aḍ-ḍayʿa seja reconhecível no
rude e áspero ṣ́iʿot etíope mas se os gramáticos os dizem…fica por esclarecer como foram
os árabes buscar este termo, relativo a propriedades rústicas que nunca dominaram,
porque pertenciam a um país cristão que lhe resistiu até hoje. O mais provável é que o
chiote etíope nunca tenha tido nada a ver com a aldeia que os árabes terão encontrado já
perfeitamente estabelecida na península ibérica como propriedade rústica possivelmente
apenas nas terras do sul de origem ibérica ou berbere e que depois propagaram por toda a
península com tal sucesso que foi sobretudo a norte que este termo vingou e prosperou
porque os árabes a conotaram com coisa que existia no seu léxico como al-day-iyla com o
significado de coisa pouca e pobre como sempre foi toda a riqueza do rústico.
A verdade é que o termo árabe que hoje traduz a palavra ibérica aldeia é al-qaryat
quase seguramente presente no nome de muitas Alcarias, Alqueidões, Algares e
Algueirões das terras lusas do sul.
Assim é quase seguro que estamos perante uma etimologia que não sendo popular
é erudita e de origem arabizante. Por alguma razão é que dizem os Galegos:
“Por mal que che va, vive na cidá.
A aldea Dio-la dea».
No entanto, é bem possível que a «aldeia» que os galegos preferem ao deus dará, a
deusa a deu pois este termo seria mesmo popular e comum a toda a península ibérica, ou
pelo menos ao sul da península e seria, por isso, um falar pré árabe significado, nem mais
nem menos que *A(l)-Deia ou deusa enquanto povoado onde era adorada uma deidade
particular tal como ainda hoje tem a sua padroeira e o seu orago.
Claro que se suspeita que tanto os locais como os invasores árabes manipularam o
nome da aldeia de acordo com o que lhe foi parecendo até que a institucionalizarem
localmente. De facto, suspeita-se que a aldeia ibérica tenha afinal a mesma origem da
equivalente árabe moderna al-qaryat, termo que já se encontrou enrolado como o nome
da suposta aldeia judaica de Judas Iscariote, porque há quem considere que este
sobrenome derivaria do nome da aldeia judaica de Qaryat...como se entre semitas tudo
fosse parecido como entre macacos e asnos.
Al-qaryat < Qaryat < Kar-yat Kartea > Caldeia > Hal-Deia > «Aldeia».
> Cartago > Cartagena > Cartaxo.
De passagem se notará que o nome da aldeia passou pelo conceito dos couros e
kauroi que guardavam os «castros» e cidadelas que eram na fenícia os kartum de Melkart
e pela grande cidade de Cartago pelo que da aldeia à cidade foi sempre apenas mais um
passo de progresso ou decadência, passos estes acentuados pelo tempo e pela geografia.
Sendo assim, ficamos na incerteza se ethos significaria apenas a «casa grande»
comum aos «seus» vizinhos ou se seria antes a casa do deus adorado em comum como
patrono de todos os «seus» vizinhos e comensais como seria o caso de oicos e de «aldeia»
enquanto variantes entre muitas mais que se poderão descobrir noutras línguas, do mesmo
mitema. Assim, em vez de raízes semânticas duma língua primitiva devemos procurar
semantemas míticos e as suas variantes de acordo com as virtualidades de cada língua
actual. O fogo permite ainda, obviamente, cozinhar os alimentos e daí: Lat. vescu,
comestível. Do mesmo modo e porque uma «aldeia» é demograficamente um conjunto de
fogos activos, não apenas no sentido metafórico, é que o Latino vicu, aldeia < Wiasho <
*Ki-kako se relaciona com o nome de Vesta. Pois bem, outras variantes linguísticas de
locais habitados, ou vigiados ou defendidos, seriam possíveis em torno do étimo dos
arcaicos deuses do fogo, dos quais o mais comum na Lusitânia teria por étimos -coso e -
cosa relacionados com coisas tão genéricas e comuns precisamente como «coisa» e
«casa»!
Erechtheion = The sacred serpent (oikouros ophis), which was believed to be an
incarnation of Erechtheus, dwelt in one of the western chambers and acted as guardian
to the city. Well looked after, it was regularly fed with honey cakes.
Oikouros = oicos + ouros
oi-kouros, literalmente “o kouro de guarda à casas” = Oikouros ophis.
A identificação da cobra como guardião do lar era uma crença que ainda percistia
nas zonas rurais do Alto Douro da década 50 do século XX dizendo-se que todas as casas
tinham uma cobra debaixo da lareira onde chegava atraída pelo calor do fogo. Uma
mitologia tão forte e tão arcaica tem que ter uma ligação da cobra com o fogo e da
etimologia da casa com o da cobra.
Οὖρος (oûros) = guarda < hau-uros < Kauros
= ka-uros, literalmente «boieiro» ou cauboi
> koruos > *sorwos Lat. servus.
Lat. urus = auroque, bos primigenius.
Οὖρος (oûros). From Proto-Indo-European *wer- (“to note, sense”) or from
Proto-Indo-European *sorwos (“guardian”). Cognate with Latin servus.
Os indoeuropeístas, a proposito da etimologia do auroque, que em latim era urus e
que Julio César julgava de origem Celta, formam dicertações derivatívas contraditórias.
Auroque < ūro (< *ūrô < *ūraz, “auroque”) + ohso (“ox”, boi).
Auroque < Kauroco < *kaur-Kauco < Ka-Ur-Ush > haurocho > Auroch.
Ox < ohso < Kauco > Ku > Sumer. Gu.
É obvio que incluir *ūrô < *ūraz na equação derivativa do «auroque» é meter o
definido na definição o que constitui uma petição de princípios porque *ūraz, a ter
existido, era já fonética e semanticamente o «auroque».
Aurochs = Borrowing from German Aurochs, an early variant of Auerochse, from
Middle High German ūrochse (“aurochs”), from Old High German ūrohso (“aurochs”),
a compound consisting of ūro (“aurochs”) (from Proto-Germanic *ūraz, *ūrô
(“aurochs”)) + ohso (“ox”). Akin to Old English ūr (“aurochs”), Old Norse úrr
(“aurochs”), Middle Low German ūrosse (“aurochs”), Old English oxa (“ox”).
Old English oxa "ox" (plural oxan), from Proto-Germanic *ukhson (source also of
Old Norse oxi, Old Frisian oxa, Middle Dutch osse, Old Saxon, Old High German ohso,
German Ochse, Gothic auhsa), from PIE *uks-en- "male animal," (source also of Welsh
ych "ox," Middle Irish oss "stag," Sanskrit uksa, Avestan uxshan- "ox, bull"), said to be
from root *uks- "to sprinkle," related to *ugw- "wet, moist." The animal word, then, is
literally "besprinkler."
Lat. Ops < Greg. Ophis < Aukish < haukis < *Kau-Ki-ish > *Kauka < Kaka
Oic(os) < Hauh < *Kauka > Huaca, logar sagrado em ameríndio.
*Kauka > *cauza > Lat. casa > «casa».
> hausa > Engl. house < OE Hūs, < Hūsian, f. Gmc.2)
House, from Middle English hous, hus, from Old English hūs (“dwelling, shelter,
house”), from Proto-Germanic *hūsą (compare Scots hoose, West Frisian hûs, Dutch
huis, Low German Huus, German Haus, Danish hus, Norwegian Bokmål hus and Swedish
hus possibly from Proto-Indo-European *(s)kews-, from *(s)kew- (“to cover, hide”).

Nelle lingue di ceppo germanico, in alto tedesco antico la parola per casa era hus,
in olandese huis, antico inglese hus, tutte derivano dal proto-germanico husan da cui
deriva la parola inglese house. Per i Goti la parola per casa che era razr (polacco rodzina
= famiglia?) mentre la parola hus era riferita solo al tempio sacro guþ-hus dimora di Dio.

2"The Concise Oxford Dictionary," Microsoft® Encarta® 97 Encyclopedia. The Concise® Oxford Dictionary, 8th
Edition. (c) © Oxford University Press. All rights reserved.
Mi ricordo che in una delle mie prime lezioni di inglese al British Institute of
Florence, la mia insegnante una certa Miss Bliss, spiegandomi le parole base della lingua
inglese disse che per noi fiorentini era facile pronunciare la parola "house" in quanto
eravamo avvezzi alla c aspirata che diventava quindi h, così che noi pronunciamo hasa e
non kasa. Forse questa peculiarità fonetica non è un caso ma il segno del nostro retaggio
ancestrale germanico. 3
A palavra “casa” tem a sua origem no latim “CASA”, que por sua vez designava
uma barraca, cabana, choça, edificação rural de pequeno porte, tugúrio. Originalmente,
o vocábulo não era utilizado para designar moradas de boa qualidade. Com o tempo, no
entanto, ele foi sendo assimilado para residências térreas, independentes e de qualidade.
La palabra casa viene del latín casa. San Isidoro1 explica que casa es una
habitación hecha de estacas y ramas que sirve para protegerse del frío o calor. Según
Covarrubias2, la palabra latina casa viene del hebreo ‫( כסה‬kisá = tejer y cubrir) porque
las primeras casas eran ramadas, o tiendas de campaña.
No confundir la palabra latina casa con la palabra capsa, que dio caja en
castellano, chasse en francés, cassa en italiano y caixa en portugués. Capsa viene de una
raíz diferente relacionada con verbo capere, el cual forma parte de tantas voces
españolas: cable, campo, capacidad, etc.
«Caixa» < caja < it. cassa < lat. cap-sa > «cápsula».
Lat. caput < *kaput < kap-tu < cap-isha > cap-ica < lat. *cap-ipa
Lat. Cap-pa > «capa». < *cap(-ere) < cawe4 < Kaka.
Caput = From Proto-Italic *kaput, from Proto-Indo-European *kauput-, *káput
(“head”). Cognates include German Haupt and English head.
Lat. Casa = Possibly from either Proto-Indo-European *kat- (“to link or weave
together; chain, net”) (compare catēna (“chain”)), or Proto-Indo-European *ket- (“hut,
shed”) (compare Old English heaþor (“restraint, confinement, enclosure, prison”),
Avestan (kata, “chamber”), Mazanderani 01َ (kat, “wall”)), likely through borrowing
from another Indo-European language rather than inheritance.
A facilidade com que a palavra para a casa rústica latina, tugúrio, cabana ou
choupana, chegou aos povos ibéricos demonstra que era esta a sua habitação comum, pelo
menos aos olhos soberbos dos conquistadores que já se tinham esquecido das choupana
dos seus heróis fundadores e segue a regra que transformou o caldo verde com rodelas
chouriço e pão centeio ou broa de milho que era o prato principal e único dos pobres de
antigamente no manjar de desenjoo dos banquetes dos novos-ricos hodiernos.
Ki + «a» > Kia > ka, vida ha > «a», água da vida!
Egipt. Bet < Wet < Ki-et > *Kat.
<???> Ket < Het > Ed > Sumer. «E».

3
http://bighipert.blogspot.pt/2013/06/letimologia-della-parola-casa.html
4
Notar que «cave canem» em latim era cuidado com o cão, onde cave era cuidado por derivar da semântica de
cobertura que era e é a da «capa».
Relativamente ao sumério «E» é difícil tanto postular a sua etimologia virtual
como decidir que se pode tratar de um termo imotivado nascido na origem da linguagem a
par de «a» para água, que pode não ser imotivado e derivar do ka da vida!
Do mesmo modo, é difícil saber a etimologia da preposição latina ex.
Lat. ex Greg. Ant. > ἐξ (ex) < E-ish > Irl. Ant. ess-, a, ass > Lituan. ìš
> Ig.Ant. Islav. из (iz) > *iko > grec. O-icos / Ο-ἶκος
< ϝο-ῖκος (woîkos) proto-helênico *wó-ikos.
< ϝο < fau > Fa-nes / Fauno e Pan.
De facto, podemos apenas opinar que ex ou literalmente em português «e-is»
significaria “(fora) da casa” onde o conceito de ausência estaria implícito, tal como aqui
derivaria de e-ki e significaria na terra (ki) da casa (e) ou de casa para aqui, ou cá, ou seja,
de casa para fora. Do mesmo modo, como acabamos de saber mais acima que o grego
oicos derivaria de uma raiz que seria *iko, a sua etimologia seria afinal algo agora
parecido com «cobra» de casa onde esta estaria quase subentendida em «O» de o-phis ou
no O < Au < hau < kau, o animal totémicos dos lares, como também vimos antes a
propósito do conceito mítico fundador atenienses, oikouro!
Ἵκω < *seyk- (“alcançar”). Os sinônimos ἱκάνω (hikánō) e ἱκνέοµαι (hiknéomai)
são da mesma raiz, com sufixo nasal. Possivelmente cognato com ἥκω (hḗkō, “ter
chegado, estar presente”. Aqui!).
Seja como tenha sido parece que ϝο-ῖκος (woîkos) se relaciona com o conceito
português de «fogo» enquanto lar de uma aldeia onde impera o fogo e a luz de Fa-nes, o
deus protágono e cobra luminosa como Fauno e Pan.
Οἶκος < ϝοῖκος (woîkos), do proto-helênico *wóikos, do proto-indo-europeu
*weyḱ- (“entrar, estabelecer-se; assentamento, herdade, aldeia”). Os cognatos incluem o
grego micênico (wo-ko /wojkos/, “casa”), o latim vīcus (daí o inglês wick (“aldeia”)), o
proto-eslavo *vьsь (vĭsĭ, “aldeia, casario”), o sânscrito वश ् (viś) e वेश (veśa) e gótico
(weihs).
A propósito de os povos pobres serem também os mais arcaicos e primitivos
ocorre-nos falar da etimologia destes dois termos que nos aprecem, por esta mesma
vicissitude cultural, aparentados.
«Povo» < povoo < poboo < *pobolo > poblo > pobro
*Pobolo < *Powlos πουλύς < Phoulos < Kouros < Kur.
< Lat. populus + ikos > *poplos > *pop.likos
Do latim antigo populus (desde meados do séc. II a.C.), de poplus anterior, de
poplos ainda anteriores (atestado já desde o início do séc. V a.C.), do proto-itálico
*poplos (“exército”), origem posterior desconhecido; talvez do etrusco ou da raiz de
pleō. Veja também plebes.
Plĕo, ēre, v. n., I.to fill, to fulfil, the root of plenus, q. v., com-pleo, ex-pleo, sup-
pleo: “plentur antiqui etiam sine praepositionibus dicebant,” Fest. p. 230 Müll.
Pleō, plēre, plēvī, plētum < πλέω • (pléō) velejar (em um barco), flutuador
< πληρόω • (plēróō) encher, encher terminar, completar para cumprir
< πλήρης < ??? < πλή Lat. plus < proto-itálico *plous < grego antigo πολύς
Πολῠ́ς • (polús) m (πολλή feminino, πολῠ́ neutro) = muitos, (com substantivos de
multidão) grande (de quantidade, com substantivos de massa) muito (raro, de uma
pessoa) grande, poderoso (de som) alto (atributivamente, adverbial) fortemente,
totalmente (de espaço) largo, grande (de distância) longe (de tempo) longo; atrasado
Plus < Do latim antigo plous, do proto-itálico *plous, do proto-indo-europeu
*pleh₁ -, *pelh₁ u- (“muitos”). Cognato com o grego antigo πολύς (polús, “muitos”), o
inglês antigo feolo (“muito, muitos”). Mais em fele.
O derivado grego mais conhecido de Πολῠ́ς / Plus é Polis, a cidade, e a forma
épica, seguramente seria também a mais arcaica πουλύς (poulús). Por outro lado, a
declinação de πολύς (polús) é formada por dois radicais, πολ- (pol-) e πολλ- (poll-) <
πολϝ- (polw-) o que aponta para um termo anterior que seria *powlos πουλύς de que
derivou o proto-itálico *plous de que derivou o plus latino.
Ora a origem egeia deste *powlos πουλύς só pode ser o que mais sugere a
semântica deste termo que só pode ser o nome da montanha do Kur. Este conceito parece
ter significado em etiocretense a totalidade e ter carradas e montes de razão!
*Powlos πουλύς < Phoulos < Kouros < Kur.
«Plebe» < Plebes < Plewe < Pelek < πλή > πλήρης.
> Peleg < Phelek < Keret.
> Pelágios.
Do velho latim plēbēs, de proto-itálico *plēðwēs (de onde oscan plífriks,
"plebeiano", nom. Sg.) Via * plēðros), de proto-indo-europeu * pl̥h₁ dʰwḗh₁ s ~ * pl̥h₁
dʰuh₁ és (de onde a antiga grega πληθῡς (plēthūs, “multidão”) de *pleh₁ - (“encher”),
daí pleō.
Ou seja, é quase seguro que a origem do nome do «povo» luso é egeia e a forma
latina estaria próxima das fonéticas ibéricas que já teriam influências egeias antes de
romanizadas o que quer dizer que pupulos deriva de um termo anterior que seria *powlus
«Público» < latim antigo poplicus < antigo poplus < do proto-itálico *poplos de
origem desconhecida.

«Paucus» < proto-itálico *paukos, do proto-indo-europeu *peh₂ u-kos, de *peh


₂ w- (“poucos, pequenos”) + *-kos (-cus). Veja também saxão antigo fā (“poucos”), alto
alemão antigo fao, fō (“poucos, pouco”), nórdico antigo fár (“poucos”), gótico (faus,
“poucos”) para o primeiro elemento.
«Parvus» < ??? proto-itálico *pauros (“poucos, pequenos”) com metátese
relacionada à hierarquia da sonoridade, do proto-indo-europeu *peh₂ urós, forma
sufixada de *peh₂ w-. grego antigo παῦ-ρος (paûros), o armênio antigo փոքր
(pʿokʿr), e os cognatos germânicos sob o proto-germânico *fawaz.
Parvus < parwus < Lat parcus < Proto-Italic *pe-arkōs < pher + | arco < arceo <
ἀρκέω (arkéō |.
Parcus = poupado, avaro, frugal, apoucado, cauteloso, lento.
Parcō, parcere, pe-per-cī / parsī, parsum.
Parco, parcere = agir com moderação, poupar, reservar, resalvar, abster-se de,
usar moderadamente.
«Arceō» = (transitivo) afasto, rejeito, repelo (transitivo) eu evito, impeço
(transitivo) Eu confino, mantenho perto. (transitivo) eu defendo, protejo (de). (transitivo)
Afasto-me, afasto-me, afasto-me, alieno.
«Arceō, arcēre, arcuī, arcitum» < proto-itálico *arkeō, do proto-indo-europeu *h
₂ erk-. Os cognatos incluem o antigo armênio արգել (argel, “obstáculo”) e o grego
antigo ἀρκέω (arkéō).
«ᾰ̓ρκέω» • (arkéō) afastar, afastar (+ dativo) defender ajudar, socorrer bastar,
ser suficiente (para), satisfazer ser forte o suficiente, aproveitar, aguentar (passivo) estar
satisfeito com.
«Arcar» = 1. Arquear. 2. Guarnecer de arcos. 3. Dar a forma de arca a. verbo
intransitivo 4. Lutar. 5. Dar arcadas (respirando). 6. Tomar sobre si.
«Arcar» < arc + -ar ou possivelmente do latim vulgar *arcārius, alteração de arcuārius
(“fabricante de arcos”), do latim arcus.
Pt. Ant. «populo» > pobro > «pobre» < *pau-ber < pavpair
< ?Proto-Italic *pawoparos < *pawi-per < *pauwiper < pau-(ci < Ki)-pher.
O «pobre» era etimologicamente o que transportava poucas coisas...na bagagem.
De facto se em regra os «pobres» são povo o seu nome luso não deriva do latino
populus mas, a sua fonética derivativa teve ressonância na forma evolutiva da via popular
do latino pauper. E mais pobre que o povo pobre era as crianças.
Pubes < puber < pu-er, pū-pa, pū-sus, pu-tus.
Lat. puer < Proto-Italic *puweros < Proto-Indo-European *ph₂ weros< *peh₂ w-.
with Oscan puglum), Ancient Greek παῖς (paîs, “criança”)
< Pu-ber < Phu-pher < Ku-pher

Ver: LARUNDA, a deusa cobra dos lares latinos (***)

ESTÉTICA
Estética deriva «do francês esthétique», que, por sua vez, vem «do grego
aisthêtiké, forma do adjectivo aisthêtikós», que significa «que tem a faculdade de sentir
ou de compreender; que pode ser compreendido pelos sentidos».
Greek aisthetikos "of or for perception by the senses, perceptive," of things,
"perceptible," from aisthanesthai "to perceive (by the senses or by the mind), to feel,"
from PIE *awis-dh-yo-, from root *au- "to perceive."
«Estética» <Esthétique < αἴσθησῐς (aísthēsis, “percepção, sensação”) <
αἰσθάνοµαι (ais-thán-omai, “perceber”) < proto-indo-europeu *hewisd- < *h₂ ew-
(“ver, perceber” ) > ἀΐω (aḯō). Cognatos incluem sânsc. आ वस ् (āvís, “aberto,
manifestamente, evidentemente”), latim audiō (“eu ouço”) e Hitita, u-uḫ-ḫi (“vejo”).
Quando um português rústico mal falante diz que tem «visto e *ouvisto» começa a
gaguejar e a dizer *ouvo por «ouço» o que, além de falta de cultura gramatical, significa
que estes dois sentidos se confundiriam também facilmente no valor perceptivo da
realidade dos falantes primitivos que facilmente confundiriam as brisas com sopros de
espíritos e auras sobrenaturais. Por isso, não repugna muito fazer derivar a estética mais
da percepção auditiva do que da visual ainda que tenha sido na visão que ela se tenha
fixado em definitivo. No entanto não é convincente que o grego aísthēsis tenha muito a
ver com o proto-indo-europeu *hewisd-.
Lat. Auris < proto-indo-europeu *h₂ ṓws. Inglês Antigo ēare (inglês ear),
grego antigo οὖς (oûs) antigo eslavo eclesiástico, uxo (??? Chamorro, uho)
irlandês antigo au.
Lati. Aura < Greg. αὔρα (aúra, “brisa, vento suave”) < Proto-helênico *auhrà <
proto-indo-europeu *h₂ éwsr̥h₂ (“ar da manhã”) < *h₂ ews- (“amanhecer; leste”) >
ᾱ̓ήρ (āḗr).
Na verdade, se era a Aurora latina, que trazia consigo os primeiros raios de luz na
forma da «aura» invisível dos corpos, a equivalente Eos grega trazia consigo o vento
Zéfiro e a brisa da manhã a que chamavam aura. Na verdade, nos tempos da mitologia de
transmissão oral o ouvido era mais importante que a visão mas muita informação se
perdia pelo caminho ao ponto de a primitiva mitologia da Deusa Mãe anatólica Aruru, de
que os romanos receberam o nome da Aurora, ter acabado como sendo o nome que os
gregos davam às auras. O resto do esforço de pesquisa a respeito das línguas proto indo-
europeias é pura treta. De facto, incluir nestas pesquisas a língua chamorro de base
austronésia e malaio-polinésia, com influência espanhola falada na ilha de Guam e nas
ilhas Marianas do Norte, na Oceânia é rematado disparate que denota o desnorte dos
investigadores. Evidentemente que a etimologia do nome da deusa grega da aurora não é
fácil de descobrir mas não ver no suposto *hews- (“amanhecer; leste”) o nome de Eos e
precisar de uma contracção a martelos de prensa para ir da raiz da suposta raiz de aura
*héwsr̥h ao ar grego ᾱ̓ήρ, quando aura e ᾱ̓ήρ terão sido na origem o mesmo ar da aragem
e das brisas são saltos de trampolim demasiado perigosos para serem dados pelo comum
dos mortais. De facto, o grego clássico era um produto acabado resultante de uma longa
evolução linguística que teve a última manifestação escrita no micénico anterior à idade
das trevas gregas sabendo-se pouco do que aconteceu entre ambas e praticamente nada,
dos falares minóicos que seriam muitos e variados espalhados por todas as ilhas do mar
Egeu. Ora, se ais-than-esthai significa “sentir” tal como se encontra no seu contrário que
é a “anestesia” e que deu aisthêsis como sendo “sensibilidade ou sensação” é fácil de
verificar que pelo caminho se perdeu -than- por contracção. Ora, tal deve ser uma parte
importante da etimologia dum termo que na origem seria virtualmente *ais-than-esthêsis.
De facto, quem nos pode garantir que a primeira sílaba deste termo, longamente
aglutinante na sua origem, não fosse um mero onomatopaico relacionado com a sensação
primária da dor na forma dum grito universal, Ai! Então, o termo virtual *ais-than-
esthêsis deveria ser Ai-sthan-esthêsis, onde, para «estesia», se deveria procurar à parte
uma etimologia própria e para –sthan- já temos o astro e deus de toda a luz que era
Ishtanu, o deus esposo de Arina (Hattic Eshtan, lit. “a casa de Ishtanu), a deusa do sol
do país e dos povos dos Hatis e possivelmente uma contracção do nome de Aruru-Ana.
Ishtanu (Hittite sun god) < Ish-Tan, lit. “a cobra de fogo” ou “filho da cobra
lunar” < *Kaki-Kian.
Então o verdadeiro significado primitivo de ais-than-esthai seriam “os ais do sol-
posto” sentidos por Chentiamentiu, o deus egípcio do país dos ocidentais que nada teria
a ver com o indo-europeu porque seria um termo ritual aglutinante dos cultos solares e
pascais do mar Egeu e depois de pêsames e «sentimentos» funéreos no Egipto! Assim,
para se entender a relação do sol com o olho divino e com os rituais primitivos do «mau-
olhado» há que estudar e consultar a mitologia egípcia relativa ao olho de Rá, de Horus e
de Osíris e particularmente o Utchat, o olho de Horus, e depois pensar na estética
complexa dos rituais fúnebres dos egípcios.

Ver: OSÍRIS, O OLHO DE DEUS NO FUNDO DAS TREVAS (***)

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