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HIPNOS & TANATOS, ANJOS DA GUARDA DOS MORTOS, por

artur felisberto

Figura 1: Hipnos & Tánatos entregando uma jovem a Hermes


Psicopompo. Desenho de vaso grego de fundo branco. (Dumont, Albert;
Chaplain, Jules Les céramiques de la Grèce propre: vases peints et terres cuites:
Histoire de la peinture des vases grecs depuis les origines jusqu'au Ve siècle
avant Jesus-Christ suivie d'un choix de vases peints trouvés en Grèce.
Era irmão gémeo de Hipnos, o Sono e filho de Nix, a Noite.
Representavam-no como uma nuvem prateada com olhos e cabelos prateados.
En el arte, Tánatos era representado como un hombre joven con barba
llevando una mariposa, una corona o una antorcha invertida en sus manos. A
veces tiene dos alas y una espada sujeta a su cinturón. Tánatos (en griego
Thánatos, ‘muerte’) era la personificación de la muerte no violenta. Su toque
era suave, como el de su hermano gemelo Hipnos, el sueño. La muerte violenta
era el dominio de sus hermanas amantes de la sangre, las Keres, asiduas al
campo de batalla. Su equivalente en la mitología romana era Mors. Era una
criatura de una oscuridad escalofriante. Homero y Hesíodo le hacían hijo de
Nix, la noche, y gemelo de Hipnos, insinuando que ambos hermanos discutían
cada noche quién se llevaría a cada hombre, o que el Sueño anulaba cada
noche a los mortales en un intento de imitar a su hermano mayor.
Tánatos era o deus da morte de causas naturais.
Tânato ou Tânatos (em grego: Θάνατος, transl.: Thánatos, lit. "morte"),
na mitologia grega, era a personificação da morte, enquanto Hades reinava
sobre os mortos no mundo inferior. Tânato é filho, de Nix, a noite, e de Érebo, a
escuridão, filhos do Caos.
Seu nome é transliterado em latim como Thanatus e seu equivalente na
mitologia romana é Mors ou Leto (Letum). Muitas vezes ele é identificado
erroneamente com Orco (o próprio Orco tinha um equivalente grego na forma
de Horkos, Deus do Juramento). É conhecido por ter o coração de ferro e as
entranhas de bronze.
Tánatos < Θάν-ατος θνῄσκω, th(a)nḗ-iskō = θνήσκω, th(a)nḗskō.
Macedonian δάνος (dános) < Θά-(µ)ν-ατος < *Tha-Min-atos.
Ressonâncias endógenas com θείνω (theínō, “matar”), φόνος (phónos,
“assassinato”) e φᾰτός (phatós, “morto”).
«Dano» < Lat. damnum < *Da-Min > Lat. damnatus > Lat. condamnatus.
Sendo assim, é quase seguro que o «dano», antes de ter sido uma ofensa
ou injúria, foi uma pena, determinada pelas leis minóicas, e, então, Thanatos
teria tido relações com o Tribunal dos mortos onde Minos era o juiz supremo.
Então, a etimologia da morte grega seria bem mais simples pois teria tido *Tha-
Min-atos e estaria relacionada como Horkos com os juramentos e julgamentos.
A morte violenta era o domínio das Queres, filhas de Ker (*Ker-tu), a
Deusa Mãe das cobras cretenses.
Também trabalhariam no Tártaro as Queres, deusas da morte violenta
(existem várias Queres, algumas são Híbride, Limos e Poinê), apesar de em
algumas versões as Queres trabalharem ao lado de Tânatos (enquanto Tânatos
representa a morte tranqüila, as Queres representam a morte cruel, antes da
hora), e em outras trabalham com Ares, deus da guerra.
As Queres simbolizam o destino cruel, fatal e impossível de escapar
enquanto Apolo era o deus da morte súbita e inesperada, das pragas e das
doenças que levavam os jovens antes do termo natural da expectativa de vida
enquanto Tanatos era o deus da morte natural.
Os filhos da Noite revelam bem que tiveram nome derivados dos deus
primordiais que mitologicamente os geraram bem antes de terem vindo a fixar a
sua semântica. De facto, espanto dos espantos, Tan-atos seria literalmente
sinónimo de “filho de Tanit”, a cobra fêmea, por sua vez a cobra fêmea; Hipnos
é literalmente o filho único da sempre Virgem Atena / (Ari-)adna e, por isso,
um deus ctónico como Erictónio.
Ele era de facto literalmente o “o filho da cobra”, gerado pela Noite para a
morte crepuscular tendo sido uma variante de Adónis de que os gregos se
esqueceram durante a sua idade histórica das trevas. Por esta razão os gregos
julgaram ter importado da fenícia os ritos pascais de Adónis.
Hipnos era filho de Nix (a noite, a escuridão acima de Gaia). Teve
muitos irmãos, entre os quais um gémeo: Tânatos, a morte. (...)
É representado como um jovem alado sonhador. Hipnos era o deus do
sono mas não dos sonhos. Tem três filhos, Morfeu (este si, o deus dos sonhos),
Icelo, também chamado de Fobeto, e Fantaso, representando todos variantes
dos sonhos. Morfeu percorre o mundo e toca nos mortais com uma papoula
para adormecê-los; em seguida, assume formas humanas e aparece para quem
dorme; os sonhos são essas aparições do deus.
Fantaso se encargaba de los sueños en los que aparecían elementos
inanimados de la naturaleza, tales como rocas, agua o árboles. Iquelo aparecía
en los sueños de los dioses con forma de serpiente, pájaro o cualquier otro
animal. De esta guisa solía representar sueños proféticos y, en ocasiones,
pesadillas. Los mortales le daban el nombre Fobetor, el que espanta, siendo los
dioses los que le llamaban Iquelo.

Figura 2: Hipnos1.
Tanatos < Thanat | < Tan-at > At-Tan > Adonis *Atumnu.
Iquelo < Hikelush < Ki-ker-ush, filho ctónico de Ker
Hipnos < Hypnos <?> proto-helênico *húpnos.
< proto-indo-europeu *supnós < *swep- (“dormir”) + *-nós???
Ou antes:
Hipno(s) < Ki-Pino (> Hit. Tele-Pino) < Kikino
> Greg. kúknos => «Cisne» > Herakles & Kyknos
> Ki-| Phayn < Phian > Phanos.
> Ki-Tan.
O problema do indo-europeu é que não nos dá pistas para saber de onde
vêm as ditas raízes indo-europeias, neste caso *swep- que parece não terem dado
origem a nenhum termo germânico ou eslavo para sono ou dormir.
Inglês médio sweven < inglês antigo swefn < proto-germânico ocidental
*swefn < proto-germânico *swefną < *swefnaz (“sono”) < protoindo-europeu
*swépnos , *supnós (“sonho”) < proto-indo-europeu *swep- (“dormir”).
Melhor ainda: como é que estas estranhas raízes do sono germânico
acabaram com um «ele» em cima de tal modo que *swefn > *slepaz!
Cognato com sânscrito व न (svápna); inglês médio sweven, do inglês
antigo swefn (“sono, sonho, visão”), do proto-germânico ocidental *swefn, do
proto-germânico *swefną, *swefnaz (“sono”), do protoindo-europeu
Sleep (n.) = Old English slæp "sleep, sleepiness, inactivity," < Proto-
Germanic *slepaz, from the root of sleep (v.); compare cognate Old Saxon slap,

1
Restauro cibernético do autor.
Old Frisian slep, Middle Dutch slæp, Dutch slaap, Old High German slaf,
German Schlaf, Gothic sleps.
< Old English slæpan "to be or fall asleep; be dormant or inactive"
(class VII strong verb; past tense slep, past participle slæpen), < Proto-
Germanic *slēpanan (source also of Old Saxon slapan, Old Frisian slepa,
Middle Dutch slapen, Dutch slapen, Old High German slafen, German schlafen,
Gothic slepan "to sleep"), < PIE *sleb- "to be weak, sleep," which perhaps is
connected to PIE root *sleg- "be slack, be languid," the source of slack (adj.).
Se aceitarmos que os «caçapos» e «láparos», que podem ser caçados a
punho (> caçapos) porque ficam assolapados e acaçapados em covas e lapas
como se estivessem a hibernar podemos também aceitar que o sono foi
confundido com a hibernação de animais asolapados.
«So.la.par» = fazer cova ou lapa em; escavar < Su(b)-lapa => o que sulapa
> *su-lapanus > ??? > Germanic *slēpanan. Ou seja, a deriva linguística do sono
germânico aconteceu a partir da penetração da cultura egeia na Ibéria através dos
celtas e depois dos godos.

Figura 3: Hipnos & Tanatos no enterro de um herói morto na batalha.


Assim sendo a origem do sono germânico fica indeterminada e podemos
postula-la precisamente a partir do mito de Telepino que seria uma criança
mimada (Tele-, exaltado, -pino, criança, ou seja filho excelso como Tamuz) e
que no mito grego seria *Ki-Kino, filho de Ki, a grande e escura noite dos
primórdio da criação em que as crianças passavam o tempo a dormir.
«Dormir» < Lat. dor-mi-o < proto-itálico *dormiō < proto-indo-europeu
*drem- (“correr, dormir”). Os cognatos incluem o antigo eslavo eclesiástico
дрѣмати (drěmati, “cochilar, cochilar”), o russo дрема́ть (dremátʹ), o
sânscrito δρατι (drāti, “dormir”), o grego antigo δαρ-θάνω (dar-thánō, “eu
durmo”). Sinónimos gregos: εὕ-δω • (heúdō), δαρ-θάνω (dar-thánō), καθ-εύ-δω
(katheúdō), κνώσσω (knṓssō), κοιµά-µαι (koimáomai).
Estranha-se a existência do termo κνώσ-σω que tal como εὕδω (heúdō,
“descansar, ficar quieto”), anda sem etimologia. Formalmente, confronte-se com
o antónimo ἐγρήσ-σω (egrḗssō, “vigiar, despertar”), de ἐγείρω (egeírō,
“despertar, despertar”). Então é possível que κνώσ-σω tenha uma razia κνώσ,
homófona do nome da cidade da ilha de Creta, Κνωσός possivelmente
relacionado com o hebraico ‫( ְ ּכנֶסֶת‬k'néseth) = congregação dos que estão connosco
na assembleia; conjunto judicial de homens sábios e por isso com termos
relacionados com conhecimento como Lat. gnōscō, do proto-itálico nōscō <
*gnōskō < γνῶσις < kνωσός. Daí que se diga que as crianças que dormem muito
aprendem melhor. O sono era particularmente importante nas crianças, quanto
mais não fosse porque com ele os pais dormiam melhor daí estes deuses serem
crianças e dormir nos reposte para o arcaísmo do dó-dó infantil já conhecido dos
sumérios. O deus latino que presidia ao sono era também uma criança, Somnus
e, mais uma vez de raiz, de minóica. A fé dos homens é um sonho que cria a
«forma» dos deuses mas são estes que dão sentido às formas dos homens.
Se o equivalente romano de Morfeu era Somnus logo não são cognatos da
mesma linhagem etimológica.
Dizem as más linguas etmicas que Somnus < proto-itálico *swepnos, do
proto-indo-europeu *swépnos, da raiz *swep- (“dormir”) (compare lituano
sãpnas, sânscrito व न (svapna)). < proto-balto-eslavo *swápnas, do proto-indo-
europeu *swépnos. Compare o latim somnus, sânscrito व न (svapna).
Ora, como é óbvio, esta etimologia não tem o mínimo de congroência.
Swépnos tem mais relação fonética com Hipnos do que com Somnus. A única
semelhança entre estes nomes de deuses do sono está no -nus do final dos nomes
que é comum à maioria deles enquanto deuses e senhores do céu!
Somnus < Shau-minus < *Ashminos
*Autumnus > Outono.
Somnus, *Ashminos ou Outono são variantes do «deus menino cretense».
Na verdade, Hipnos seria filho e esposo de Afrodite Kitana a qual,
enquanto Afrodite Morfo, deu nome a Morfeu, um deus do sono de cujos
sonhos se pode acordar, foi também irmão de Tánatos, o pai do sono eterno que
começa na doença e acaba na morte!

Figura 4: Neste cortejo pós mortem dum túmulo etrusco o único anjo que não é
negro deve ser o do sono profundo.
Morpheus (“o que muda de forma”), derivado do grego antigo: µορφή
que significa “fôrma, forma”, e é um deus associado ao sono e aos sonhos. Nas
Metamorfoses de Ovídio, ele é filho de Somnus e aparece nos sonhos em forma
humana. A partir da Idade Média, o nome passou a significar mais geralmente o
deus dos sonhos, ou do sono.
Μορφή < Desconhecido. Possivelmente de origem pré-grega.
Forma < talvez de um *morma etrusco ou do grego antigo µορφή
(morphḗ, “forma, moda, aparência, contorno, figura”); dissimilado, f-m < m-m,
como formīca e possivelmente como formīdo < cognato do grego antigo µόρµω
(mórmō), com a mesma dissimilação *morm- > forma-.
Muitas tentativas foram feitas para conectá-lo com a forma latina (veja lá
a teoria de sua origem), mas a relação proposta é problemática.
Problemática onde e porquê?
Grec. mor-phḗ < mórmō < *morma > phor-ma > Lat. forma.
Afrodite Morfo, a deusa polimorfa por excelência garante a estabilidade
semântica destas linhas étmicas.
Afrodite = Morfo < Ama-Ur-Ka > Amorca.
Quanto a Orfeu, várias etimologias foram propostas. Uma sugestão
provável é que derive de uma hipotética raiz de PIE *h₃órbʰos 'órfão, servo,
escravo' e, finalmente, a raiz verbal *h₃erbʰ- 'para mudar lealdade, status,
propriedade.' Cognatos podem incluir grego: ὄρφνη ( órphnē; 'escuridão') e
ὀρφανός (orphanós; 'órfão, órfão') de onde vem o inglês 'órfão' por meio do
latim. Fulgêncio, um mitógrafo do final do século V ao início do século VI dC,
deu a etimologia improvável que significa "melhor voz", "Oraia-phonos".

Ver: VIRGENS MÃES PRIMORDIAIS (***)

Ora, depois de encontrar a etimologia de Morfeu facilmente que chega a


Orfeu com sendo um caçador de ursos adormecidos em estado de hibernação e
que se tornou músico e encantador de feras e assim um criador dos cultos de
mistérios órficos centrados precisamente no culto do “deus menino” Dionísio.
Fantaso, o deus dos delírios e da «fantasia», teve este nome porque Fanos,
o deus da luz primordial, era seu pai e fazia parte da composição do nome de
Hipnos, tal como Fobeto, deus da pequena «fobia» dos pesadelos. A fantasia de
que Fobeto era denominado pelos deuses por Icelo não passa duma desculpa
retórica para o duplo nome que apenas resultava duma dupla tradição religiosa
herdada de templos outrora rivais. A relação dos deuses do sono com drogas
alucinógénicas e “filtros de amor” é óbvia e ambivalente tanto na causa do nome
posterior da morfina derivada da papoila dormideira como na relação da Deusa
Mãe com as artes culinárias, curativas e herbanárias como na capacidade
hipnótica e indutora de “mortes aparentes” desta drogas. A mandrágora já era
conhecida dos gregos como erva de Afrodite.
Afrodite Mandrogoritis - Goddess who soothes to sleep.
Mandrogóritis = Man-dro-gor-i-this, lit. deusa da mandrágora!
= Man-dro | Minotauro = Menandro, lit. homen de
Minos | - Goret(is) < Kauriti < *Kartu, “a deusa do veneno das cobras” |.
= Man-droga-uri-tis, lit. “deusa das drogas (hipnóticas)
dos guerreiros minóicos.

Ver: TANIT (***) & AFRODITE MORFO (***)

Tanit, enquanto “mãe da mandrágora” seria assim a deusa de todos os


venenos e drogas psico-modificadoras que preparavam os Curetas e Kauroi para
os ritos de passagem, senão mesmo para a morte na guerra, quando para os
sacrifícios humanos em honra da grande Deusa Mãe, Afrodite Megale, a
(Virgem Negra e Morena > a Bielorrussa Marena) de Macarena, a mesma que
Afrodite Melania, poderosa Sr.ª do céu nocturno (Anat/Nut) e, por isso mesmo,
garantia da sublime “ordem cósmica” de que decorria metaforicamente a
comezinha “ordem social”.
Titles of Aphrodite: A. Margarita - the gate. A. Medousa - guardian
Goddess.
Margarita < Mar-Karitu | *Ker-tu | -a < Mel-Gartu-a,
lit. “mãe e esposa de Melkart”!
Medusa < Ama-Di | Ki-usha | = “filha da Deusa Mãe Terra”.
Nestas funções, Afrodite teria ainda o título de Margarida, lit. “a que tem
guarita (e dá guarida aos mortos) no mar era lit. “a Medusa que guarda as portas
do paraíso”, abertos como «gretas, grutas, gárgulas e gargantas» entre as
montanhas da aurora e limites do mar primordial”. Sendo assim, é bem possível
que as «mar-garidas», flores campestres comuns, tenham sido das primeiras a
serem enterradas com os mortos tornando-se flores de cultos fúnebres como o
«amar-anto» e outras flores de cemitério como os «crisântemos»2.
Kurdish Avestan Persia Sanskrit Hindi Greek English German Latin Lithuania Russian PIE
n n
mirdu mar-, morda marati, murda brotos = murder Mord mors µ∑ρτϖ− *mer-
məša- mrta- a, laash mortal ,
mirdin mordan Am-brosios morior mirti umerét *mr̻to
= i-mortal

Uma breve comparação do nome da morte nas línguas ocidentais mais


conhecidas a forma latina e mariana é prevalecente.
Os termos gregos brotos e ambrosios só por uma boa vontade muito
forçada podem ter alguma coisa a ver com o étimo mer- ou com o mar!
Mortos = brotos = mortal. Moros = man's appointed doom, fate, destiny;
morios, a, on, A. of burial.
Pelo contrário, mortos, moros e morios seriam os termos gregos mais
adequados a esta comparação linguística.
Pareceria que os gregos foram a grande excepção, nesta pequena listagem
de falares ditos indo-europeus, a afastarem-se da etimologia marinha do nome da

2
«Crisântemos» < Lat. chrysanthemu < Gr. Chrysánthemon = pampilho de oiro, ou lírio amarelo =>
Antemon = pampilho, lit. lírio dos campos? Dito de outro modo é bem possível que o crisântemo tenha
sido nome de um lírio selvagem amarelo.
morte pois que, em vez de escolherem para a morte um nome que estivesse
próximo das variantes próxima de Afrodite Morfo, nem mesmo procuraram na
deusa Kera da morte negra o nome da sua morte vulgar a que chamaram
Tánatos. A única deusa grega mortífera que manteve esta etimologia marinha foi
Moira (deusa que com o tempo e as necessidades formais do panteão grego
acabou tridiva!), filha da Noite primordial e seu irmão Moro (< Ma(u)r >
Moira)e que, por ser “o quinhão que cada homem receberia em vida”, andava
perto da morte.
Moro era o demónio masculino (ou Espírito) da destruição, a força que
dirigia os homens à morte predestinada. Moro era irmão de Tánatos e de Kera,
os vários aspectos de morte e, por isso filho da noite. Kera era a deusa da morte
negra resultante de violência ou de doença, enquanto Tánatos era um deus
calmo, personificação da morte como um sonho de passagem para o além.
Obviamente que a trilogia Moro, Kera e Tánatos deveriam ter sido uma
trindade cretense muito arcaica que a introdução do neo-panteão hitita de
Tudália, adaptado por de Hisíodo e outros poetas, veio a subverter com a
introdução das Moiras, inicialmente apenas Moira, una como a Deusa mãe
primordial mas onde, por necessidade ritual, se veio a enxertar a trilogia das
deusas gregas do «destino».
«Detino» < Lat. Destinu = Dis Tin, deus supremo dos etruscos
< Deus *Atumnu | = Ti-Minos, lit. deus Min |
> Tan / Dan, o deus “cobra-d´água” dos cretenses
≡ Nep-Tuno ≡ Posei-Dan.
A variante genitiva ou diminutiva carinhosa seria Tunis no norte de África
e... Tan-atos na Grécia clássica! A arcaica Moira, Virgem Mãe do mar
primordial (que, por excelência terá sido sempre o Mar Mediterrâneo), deusa da
vida e da morte, foi então substituída pelo filho morto, o sol posto, e também
outrora deus do mar. As vicissitudes da mitologia helénica, ou a cada vez maior
continentalidade dos gregos antigos, fizeram esquecer a relação da morte com o
mar e com a deusa mãe mas mantiveram a sua relação com o destino. Em Roma,
cidade que, por herança dos etruscos, manteve maiores ligações com a arcaica
tradição minóica, o destino permaneceu ligado etimologicamente ao mar e à
morte.
Em Roma, as Parcas determinavam o curso da vida humana, decidindo
questões como vida e morte, de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar
suas decisões. Nona tecia o fio da vida, Décima cuidava de sua extensão e
caminho, Morta cortava o fio.

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