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Nas últimas duas décadas, assiste-se a uma revitalização da Mouraria, um dos bairros mais históricos de
Lisboa, afetando igualmente os seus arredores, como é o caso do Largo do Intendente. Um dos motivos
para esta tendência corresponde à expansão da presença associativa e recreativa na zona.
2018/2019
Esta associação é um projeto novo em folha, tendo aberto as suas portas no início de dezembro.
Nasceu dos escombros do MOB, um espaço associativo anterior, que se ergueu com o apoio de
Precários Inflexíveis, Crew Hassan e Habita – coletivo pelo Direito à Habitação e à Cidade.
Caracterizava-se como um “espaço cultural e associativo, que se envolve tanto num ativismo
social como num ativismo cultural”, contou-nos o sr.Tomané, o ex-presidente da associação.
Este projeto, que cessou funções no final de novembro, foi durante seis anos, o gérmen de
diversas manifestações, como a Marcha Mundial do Clima, de encontros feministas como o
“Festival Feminista de Lisboa”, bem como de inúmeras galerias, espetáculos musicais ou mesmo
das suas célebres feiras dos livros.
A Sirigaita tenta seguir os passos do seu antecessor, apresentando-se como “um local de
encontro, convívio e debate aberto a quem não só rejeite a atual ordem social, mas se reveja
numa maneira antiautoritária de a confrontar”, lê-se na página do Facebook da associação. Esta
última aloja-se, como o projeto anterior, na Rua dos Anjos, nº12.
Com apenas um mês de funcionamento, já foi a anfitriã de várias sessões de DJ, de uma oficina
de aprendizagem da língua italiana e até de um debate sobre o Orçamento. Em semelhança ao
Mob, manteve-se o bar, as aulas de canto e piano, bem como a livraria e as suas Feiras de Livro
Noturnas. Para além das terças e quartas feiras, em que se encontra encerrado, abre em todos
os restantes dias às 19h00 e fecha à meia-noite.
Géneros Jornalísticos
Desta forma, é percetível que o grande laço que une ambas as associações, a nova Sirigaita e o
obsoleto Mob, é a ambição por dinamizar a cultura, o associativismo e o ativismo lisboeta. Por
consequência, foram estas iniciativas recreativas, entre outros fatores, que muito contribuíram
para a vivacidade atual do bairro do Intendente.
Foi nesta revitalização em que se focou Iñigo Sánchez Fuarros, investigador da Universidade
Nova de Lisboa, quando desenvolveu o artigo De bairro maldito a destino cool. Música e
reabilitação urbana num bairro lisboeta (2015). Este aborda como a faceta podre, degradada e
marginalizada da Mouraria alterou-se totalmente, passando a ser encarada como uma “aldeia
urbana”, cheia de história cultural e popular portuguesa. Esta mudança foi especialmente levada
a cabo, entre 2011 e 2013, através do Programa QREN-Mouraria, canalizando cerca de doze
milhões de euros para requalificar a zona. O intuito era “abrir o bairro à cidade”, proporcionando
melhores condições de vida aos residentes e uma maior atração de turistas.
Tal como o artigo realça, a música desempenhou igualmente um papel importantíssimo nesta
reconfiguração da zona, tendo transformado o Intendente no palco de diversos concertos e
festivais. As associações mencionadas são também as responsáveis por dinamizarem este “fluxo
musical contínuo” do espaço, que nos leva a pintá-lo como um “refúgio hipster”, em que a arte
e música são a sua alma.
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Fontes: