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Melhore Seus Conhecimentos (MSC)

Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade: O trinômio da


Operacionalidade

Berquó, Jolan Eduardo –Eng. Eletrônico (ITA)·.


Certificador de produto Aeroespacial (DCTA/IFI)
Representante Governamental da Garantia da Qualidade – RGQ (DCTA/IFI)
Pós-graduado em Engenharia de Confiabilidade e em Engenharia de Segurança de Sistemas (ITA)
Especialização em Engenharia e Análise de Sistemas (Itália).
jberquo@dcabr.org.br/jberquo@uol.com.br MSC 49 – 13 OUT 2014

A Disponibilidade (Availability) tem algo a ver R = e-t


(1) (1)
com o binômio Confiabilidade (Reliability) e
Mantenabilidade (Maintainability)? A resposta é onde  é uma constante denominada taxa de
afirmativa. Aliás, parece mesmo intuitivo que haja falha, e t é o tempo. O inverso de  é
uma relação entre essas três características de denominado MTBF (Mean Time Between
projeto. Vamos explorar um pouco esse assunto Failures).
neste MSC.
Como também já dissemos, a expressão acima só
Temos falado bastante sobre Confiabilidade se aplica a sistemas reparáveis.
nesses nossos MSC e, vez por outra,
mencionamos a Mantenabilidade. Agora, vamos A Mantenabilidade é uma característica de
ver como essas características se associam para projeto e instalação, que é expressa como a
caracterizar a Disponibilidade. Usaremos as probabilidade de um item ser restaurado a uma
iniciais R, M e A para Confiabilidade, condição definida, dentro de um determinado
Mantenabilidade e Disponibilidade, extraídas intervalo de tempo, quando a manutenção é feita
dos respectivos termos em inglês. Aliás, no de acordo com os procedimentos e recursos
estudo dessas características, existe uma sigla técnicos logísticos especificados.
inglesa bastante utilizada, qual seja: RAM, para
Às vezes, utilizamos a expressão da
o trinômio Confiabilidade, Mantenabilidade e
Confiabilidade (por exemplo, na alocação de
Disponibilidade, cujo som se confunde com o do
requisitos de segurança), outras vezes utilizamos
nosso batráquio “Rã”.
seu parâmetro  ou seu inverso, MTBF. Por
Assim como Confiabilidade e Mantenabilidade, a outro lado, quando trabalhamos com a
Disponibilidade é uma característica Mantenabilidade, em geral utilizamos os vários
probabilística, como veremos mais adiante. parâmetros dessa característica, como por
exemplo os seguintes:
Já conceituamos Confiabilidade como sendo a
probabilidade de um sistema ter um CT(Tempo Médio de Manutenção Corretiva),
desempenho satisfatório, durante certo intervalo pt (Tempo Médio de Manutenção Preventiva),

de tempo, em determinadas condições. MTBM (Tempo Médio entre Manutenções),

A expressão da Confiabilidade, na alocação de


requisitos funcionais de uma aeronave, é a 1 Vide MSC 05.
popular exponencial negativa, ou seja:
1
(Tempo Médio de Manutenção Ativa, que inclui Exemplo: MTBF = 200h e = 5h. Resulta que
CT e pt) e MDT (Tempo Inativo de Ai = 0, 975 ou 97,5%.
Manutenção).
Isso significa que em cada 100 vezes que
Com as informações acima, podemos agora acionarmos o sistema, ele provavelmente estará
discursar sobre a Disponibilidade. disponível em cerca de 98.

Disponibilidade - É a probabilidade de que o Disponibilidade Obtida (Achieved) - É a


sistema estará operacionalmente disponível, probabilidade de que um sistema operará
quando acionado de uma forma aleatória num satisfatoriamente, em qualquer momento que for
ponto do tempo. acionado, num ambiente de suporte logístico
ideal.
A Disponibilidade é uma função da
Confiabilidade e da Mantenabilidade. Podemos
É dada por Aa= (4)
considerar a Disponibilidade em três ocasiões do
ciclo de vida, quais sejam:
A diferença em relação ao caso anterior é que,
Disponibilidade Inerente (Inherent) – É a em vez do tempo médio entre falhas (MTBF),
probabilidade de que um sistema estará temos o tempo médio entre manutenções
disponível, quando acionado de uma forma preventiva e corretiva (MTBM); e é, como
aleatória, num ponto do tempo, num ambiente vimos, o Tempo Médio de Manutenção Ativa
de suporte logístico ideal. (corretiva e preventiva). O suporte logístico ideal
também é considerado aqui.
Esse suporte logístico ideal significa ter
disponibilidade imediata de pessoal de Portanto, esta é a situação do final da fase de
manutenção treinado, peças de reposição, desenvolvimento do sistema, em que já se
equipamentos de suporte (GSE) e facilidades conhecem os tempos médios CT e pt.
necessárias2. Em outras palavras, todo o suporte
Disponibilidade Operacional - É a probabilidade
técnico logístico está disponível ao pé d’ópera.
de que um sistema estará disponível, quando
acionado de uma forma aleatória, num ponto do
É dada por Ai = (3)
tempo, num ambiente de suporte logístico real.

onde MTBF é o tempo Médio entre Falhas e É dada por Ao = (5)


é o Tempo Médio entre Manutenções
Corretivas. Onde MDT, como já visto, é o tempo
Esta situação ocorre quando já se conhece o inativo de manutenção. Inclui o tempo
de atrasos logísticos (tempo para
, mas não se conhece ainda o tempo médio
disponibilizar equipamentos de teste
de manutenção preventiva ( pt), a ser definido
(GSE), peças de reposição e transporte).
na atividade de Manutenção Centrada na
Confiabilidade, normalmente desenvolvida, por Ao é realmente a Disponibilidade no início da
exemplo, pelo método denominado MSG-33. fase operacional do sistema. A partir desse
momento, ela vai sendo melhorada,
principalmente com a melhora do tempo de
manutenção ativa e redução dos tempos
2 Isso, no entanto, não ocorre na prática.
logísticos. Isto ocorre com a aprendizagem do
3 Essa atividade será objeto de um outro MSC.
2
pessoal que cuida do suporte logístico
(manutenção, peças de reposição, transporte,
etc).

Bem, vamos encerrando por aqui. Cremos que


passamos algumas informações úteis, a título de
familiarização, sobre o trinômio da
operacionalidade (RAM).

Obrigado e até a próxima

Referências:

1. M. Modarres, What Every Engineer should


Know about Reliability and Risk Analysis.
Marcel Dekker, Inc., EUA, 1993.

2. Blanchard, Benjamin S.; Verma, Dinesh;


Peterson, Elmer; Maintainability: A Key to
Effective Serviceability and Maintenance
Management. Jonh Wiley & Sons, Inc., New
York, 1995.

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