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Download de Livros de Odontologia

LUIZ FERNANDO PECORARO


ACCÁCIO LINS DO VALLE • CARLOS REIS P. DE ARAÚJO
GERSON BONFANTE • PAULO CÉSAR RODRIGUES CONTI
VALÉRCIO BONACHELA
S É R I E E A P ^ A P C D ^ A R T E S M É D I C A S

VOLUMES PROGRAMADOS PARA 1998

1. MONDELLI, J Proteção do Complexo Dentinopulpar


2. NAVARRO, Ma F L, PASCOTTO, R C, Ionômeros de Vidro
3. DOTTO, C A Implantes Ósseointegrados
4. ANTONIAZZI, J H Endodontia
5. FERRAZ, C Periodontia
6. CARNEIRO, E C S Estética em Odontologia
7. PEGORARO, L F Prótese Fixa
8. FELLER, C Emergências em Endodontia
9. MELO, L L Traumatismo Alvéolo-Dentário
10. IMURA, N / ZUOLO, M Endodontia para o Clínico Geral
11. GUEDES PINTO, A C Odontopediatria Clínica
12. CHAIN, M / BARATIERI, L N Restaurações Estéticas em Dentes Posteriores
13. WALTER, L R F / FERELLE, A Odontopediatria
14. FONSECA, A S / BOBBIO, C A Restaurações Estéticas em Dentes Anteriores
15. BOTTINO, M A / PAGANI, C Prótese Fixa
16. CHILVARQUER, I / NEISSER, M Imageologia em Odontologia
17. CARVALHO, L / FALTIN Jr., K Ortodontia
18. MIRANDA, C C Prótese Unitária
19. ARAÚJO, MAM Restaurações em Dentes Fraturados
20. CAMPOS Jr, A / PASSANEZI, E Prevenção em Periodontia
21. FRANCISCHONE, C E, VASCONCELOS, L W, Osseointegração e Próteses Unitárias
22. BUISCHI, I A Promoção de Saúde Bucal
23. BELÉM NOVAES Jr, A Tratamento Periodontal com Finalidade Protética
EAP•APCD

VOLUME

PRÓTESE FIXA
L u i z F E R N A N D O PECORARO
P R O F E S S O R A S S O C I A D O DO D E P A R T AM E N T O DE P R Ó T E S E DA FA C U L D A D E DE

O D O N T O L O G I A DE B A U R U /USP

A C C Á C I O L I N S D O V A L L E C ARLOS
EAP DOS R E I S P E R E I R A DE A R A Ú J O
G E R S O N B O NF A N T E
P A U L O CÉSAR R O D R I G U E S CONTI
VALÉRCIO BONACHELA
P R O F E S S O R E S D O U T O R E S DO D E P A R T AM E N T O DE P R Ó T E S E DA FA C U L D A D E DE

O D O N T O L O G I A DE B A U R U /USP

módicos
DIVISÃO ODONTOLOGICA 1 f t8
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1

EXAME DO PACIENTE 1

Introdução 3
1- Anamnese 3
2 - Exame Extra-Oral 4
3 - Exame Intra-Oral 6
4 - Exame Radiográfico 20
5 - Modelos de Estudo 21
6 - Bibliografia Consultada 22

C APÍTULO 2

PATOLOGIAS OCLUSAIS E DISFUNÇÕES CRANIOMANDIBULARES:


CONSIDERAÇÕES RELACIONADAS À PRÓTESE FIXA E REABILITAÇÃO ORAL 25

Introdução 25
1 - Relações Maxilo-mandibulares 25
2 - Conceito de Oclusão Ideal 26
3 - Contatos Prematuros e Interferências Oclusais 27
4 - Patologias Relacionadas Estritamente à Oclusão 28
5 - Disfunções Craniomandibulares 38
6 - Referências Bibliográficas 40

CAPÍTULO J

PREPARO DE DENTES COM FINALIDADE PROTÉTICA 45

Introdução 45
I - Princípios Mecânicos 45
II - Princípios Biológicos 50
III - Estética 52
IV - Tipos de Término Cervical 52
V - Simplicidade da Técnica de Preparo 55
VI - Técnica de Preparo para Coroa Metalocerâmica (Técnica da Silhueta) 55
VII - Preparo para Coroa Total Metálica 66
VIII - Bibliografia Consultada 67
PRÓTESI FIXA

CAPÍTULO 4

PRÓTESE FIXA ADESIVA 69

Introdução 71
1 - Indicação 71
2 - Contra-indicação 71
3 - Vantagens 71
4 - Desvantagens 71
5 - Características do Preparo 71
6 - Cimentação 75
7 - Preparos não-convencionais para Prótese Adesiva 79
8 - Bibliografia Consultada 84

CAPÍTULO 5

NÚCLEOS 85

Introdução 87
I - Dentes Polpados 87
II - Dentes Despolpados 88
1 - Restaurações com Núcleos Fundidos 88
2 - Restaurações com Núcleos Pré-fabricados 105
3 - Confecção de Núcleo com Reaproveitamento de Prótese Existente 107
III - Bibliografia Consultada 110

CAPÍTULO 6

COROAS PROVISÓRIAS 111

Introdução 113
1 - Características das Restaurações Provisórias 114
2 - Técnicas para Confecção das Restaurações Provisórias 133
2.1 - Com iMolde de Alginato 133
2.2 - Com iMolde de Silicona 136
2.3 - Com .Molde de Alginato - Técnica da Casca de Ovo {Egg Shell) 137
2.4 - Com Matriz de Plástico 139
2.5 - Com Dentes de Estoque 141
2.6 - Provisórias Prensadas 143
2.7 - Provisórias Prensadas com Estrutura Metálica 145
3 - Bibliografia Consultada 148

C APÍTULO 7

MOLDAGEM E MODELO DE TRABALHO 149

Introdução 151
1 - Métodos de Retenção Gengiva! 152
2 - Materiais de Moldagem 1 53
SUMARIO

Técnicas de Moldagem 155


3 - Com Fio Retrator 155
4 - Sem Fio Retrator 162
5 - Modelos de Trabalho 170
6 - Referências Bibliográficas 175

CAPÍTULO 8

REGISTROS OCLUSAIS E MONTAGEM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS 177


Introdução 179
1 - Posição de Trabalho: RC e MIH 180
2 - Limitações dos ASA e suas Compensações 180
3 - Materiais Utilizados 181
4 - Técnicas de Registro para Modelos de Estudo e Trabalho 181
5 - Verticuladores 199
6 - Bibliografia Consultada 201

CAPÍTULO 9

FORMAS E CARACTERÍSTICAS DAS INFRA-ESTRUTURAS PARA PRÓTESES METALOCERÂMICAS


205
Introdução 205
1 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Anteriores 207
2 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Posteriores 210
3 - Infra-estruturas para Próteses Fixas Anteriores 212
4 - Próteses Fixas Posteriores 216
5 - Bibliografia Consultada 218

C APÍTULO 10

PROVA DOS RETENTORES, REMOÇÃO EM POSIÇÃO PARA SOLDAGEM E REMONTAGEM 219


1 - Adaptação Marginal 221
2 - Ajuste Ideal 225
3 - Tipos de Desajuste Marginal e CorreçÕes 227
4 - Remoção em Posição para Soldagem 230
5 - Preparo da Área a ser Soldada 236
6 - União com Resina Acrílica 238
7 - Inclusão e Soldagem 239
8 - Prova da Peça Soldada 241
9 - Registro e Remontagem 243
10 - Bibliografia Consultada 252

CAPÍTULO 11

SELEÇÃO DE COR E AJUSTE FUNCIONAL E ESTÉTICO EM PRÓTESE METALOCERÂMICA 255


1 - Seleção de Cor 255
2 - Aplicação de Porcelana 262
S U M A R I O

Técnicas de Moldagem 155


3 - Com Fio Retrator 155
4 - Sem Fio Retrator 162
5 - Modelos de Trabalho 170
6 - Referências Bibliográficas 175

CAPÍTULO 8

REGISTROS OCLUSAIS E MONTAGEM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS 177


Introdução 179
1 - Posição de Trabalho: RC e MIH 180
2 - Limitações dos ASA e suas Compensações 180
3 - Materiais Utilizados 181
4 - Técnicas de Registro para Modelos de Estudo e Trabalho 181
5 - Verticuladores 199
6 - Bibliografia Consultada 201

CAPÍTULO 9

FORMAS E CARACTERÍSTICAS DAS INFRA-ESTRUTURAS PARA PRÓTESES METALOCERÂMICAS 205


Introdução 205
1 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Anteriores 207
2 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Posteriores 210
3 - Infra-estruturas para Próteses Fixas Anteriores 212
4 - Próteses Fixas Posteriores 216
5 - Bibliografia Consultada 218

C APÍTULO 10

PROVA DOS RETENTORES, REMOÇÃO EM POSIÇÃO PARA SOLDAGEM E REMONTAGEM 219


1 - Adaptação Marginal 221
2 - Ajuste Ideal 225
3 - Tipos de Desajuste Marginal e Correções 227
4 - Remoção em Posição para Soldagem 230
5 - Preparo da Área a ser Soldada 236
6 - União com Resina Acrílica 238
7 - Inclusão e Soldagem 239
8 - Prova da Peça Soldada 241
9 - Registro e Remontagem 243
10 - Bibliografia Consultada 252

C APÍTULO 11

SELEÇÃO DE COR E AJUSTE FUNCIONAL E ESTÉTICO EM PRÓTESE METALOCERÂMICA 255


1 - Seleção de Cor 255
2 - Aplicação de Porcelana 262
PRÓTESE FIX A

3 - Ajuste Funcional e Estético 266


4 - Caracterização Extrínseca 285
5 - Referências Bibliográficas 296

C APÍTULO 12

CIMENTAÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA 299

Introdução 301
Problemas/Técnicas de Cimentação/Soluções Propostas 301
1 - Cimentação Provisória 302
2 - Cimentação Definitiva 305
3 - Bibliografia Consultada 312
C A P Í T U L O

EXAME DO
PACIENTE
V A L É R C I O BONACHELA
E X A M E DO PACIENTE

INTRODUÇÃO dos, uma vez que estes quadros podem trazer manifes-
tações no periodonto. Aqueles com problemas cardio-
O sucesso dos trabalhos de prótese fixa na clínica vasculares não devem ser expostos à substâncias vaso-
diária está diretamente associado a um correto e crite- constrictoras, comumente presentes em fios retratores.
rioso planejamento que deve ser individualizado e História prévia de hemorragia deve sempre ser pesqui-
executado de modo a atender às necessidades de cada sada, principalmente naqueles pacientes com doença
paciente. Desta forma, cabe ao Cirurgião-Dentista periodontal, onde pode ser necessário a intervenção
coletar todas as informações necessárias durante o exa- cirúrgica. Desta forma, uma avaliação da saúde geral
me do paciente para que sejam organizadas e interpre- do paciente deve ser feita com a finalidade de eliminar
tadas, orientando-no na determinação do plano de possíveis complicações no decorrer do tratamento.
tratamento. Além dos aspectos relacionados à saúde, é muito
Grande parte destas informações será fornecida importante, principalmente para quem trabalha com
pelo próprio paciente. Aspectos psicológicos, necessi- prótese, a pesquisa de hábitos parafuncionais dos pa-
dades estéticas ou funcionais, presença de hábitos pa- cientes. Apertamento e bruxismo estão comumente
rafuncionais, dentre outras características, deverão ser associados ao desgaste dental e, possivelmente, à perda
pesquisadas durante a anamnese. Outros dados deve- de dimensão vertical. Em outras situações, a própria
rão ser obtidos a partir de um cuidadoso exame físico condição de trabalho pode desencadear um hábito. É
extra e intra-oral. o caso, por exemplo, daqueles que trabalham muitas
A obtenção de todas estas informações, porém, horas por dia com computador. Estas pessoas normal-
não é completada na primeira visita do paciente. mente posicionam a cabeça para frente, alterando o
Nesta, obtém-se uma impressão clínica geral e o dia- padrão de contração da musculatura cervical, que, por
gnóstico vai sendo complementado no decorrer do sua vez, pode produzir dor reflexa em músculos como
tratamento, principalmente nos casos mais comple- o masseter, alterando a posição mandibular.
xos. Alguns procedimentos diagnósticos são conco- Ainda nesta fase, deve-se fazer um histórico sobre
mitantes aos procedimentos clínicos, com cada ses- tratamentos odontológicos anteriores. Alguns pacien-
são terapêutica ensinando mais coisas a respeito do tes podem trazer traumas decorrentes de intervenções
paciente. Desta forma, pode-se modificar a impres- passadas mal sucedidas. Outros podem relatar que
são inicial obtida durante os procedimentos diagnós- não visitam um consultório odontológico há muito
ticos. tempo, demonstrando pouco interesse pela manuten-
ção da saúde bucal. Nestes, atenção especial deve ser
j 1' A NAMNESE dada à motivação, uma vez que o mesmo poderá
acontecer após o novo tratamento. Logo, também é
Nesta primeira fase do exame clínico deve-se pes- importante a observação do estado psíquico do
quisar o estado de saúde geral do paciente. Este de- paciente, pois em condições bucais semelhantes, pla-
sempenha um importante papel e deve sempre ser nejamentos diferentes podem ser executados em fun-
considerado antes do início do tratamento, uma vez ção do grau de motivação do paciente.
que permite tomar os cuidados especiais exigidos para Verifica-se, assim, que o objetivo desta fase é cole-
cada paciente. Em determinadas situações, deve-se tar o maior número de informações sobre o paciente,
descartar algumas modalidades de tratamento, que a visualizando-o como um todo e não como um dente
princípio seriam ideais, devido às condições físicas e ou grupo de dentes a serem restaurados. Esta coleta de
emocionais ou à idade do paciente. dados, porém, deve ser ordenada e o objetivo deste
Alergias à medicamentos ou materiais devem estar capítulo é fornecer ao profissional uma orientação so-
em posição de destaque na ficha clínica. Pacientes dia- bre como proceder na clínica diária.
béticos ou com anemia devem ser controlados e trata-
PRÓTESE FIXA

2' EXAME EXTRA 'O RAL A dimensão vertical pode estar diminuída como
resultado de atrição severa ou perda de contenção
Este exame se inicia durante a anamnese. Enquanto posterior (Figs. 1.1A a 1.1C), e pode estar aumentada
o paciente relata a sua história, observa-se o seu aspecto como consequência de um inadequado tratamento
facial, procurando verificar características tais como di- restaurador (Figs. 1.2A e 1.2B).
mensão vertical, suporte de lábio e linha do sorriso. Nos casos onde a dimensão encontra-se diminuída

FIGU
RAS
LIA
a
I.IC
Pacient
FIG I.2A e com
perda
de
dimens
ão
vertical,
decorre
nte da
ausênci
a de
contenç
ão
pelos
dentes
FIG I . I A
posterio
res.
Obser-
var
desgast
es nos
dentes
anterior
es,
devido à FIC
sobrecar
ga
oclusal.

FIG

FIGURAS l.2Ae I.2B


Paciente com aumento da dimensão vertical, em função de tratamento inadequado com prótese fixa posterior Observar
aumento do espaço interoclusal, inclusive na região de pré-molares.
\
E X A M E DO PACIENTE

pode-se encontrar um aspecto facial típico, com uma contração reflexa, dificuldade de deglutição e mastiga-
redução do terço inferior da face, projeção do mento, ção, além de alteração da fala, principalmente nos
intrusão dos lábios, aprofundamento dos sulcos naso- sons sibilantes e por contatos dentários desagradáveis
genianos, características do que se chama comumente durante a fonação.
de colapso facial. Acúmulo de saliva nas comissuras O suporte do lábio também deve ser observado.
labiais, queilite angular, sintomatologia articular nos Em alguns casos de prótese fixa pode-se encontrar
casos mais severos, sensibilidade dentária decorrente situações clínicas onde houve grande perda de es-
de perda de estrutura devido à atrição e dificuldades trutura do rebordo alveolar na região anterior (Figs.
fonéticas também podem ser encontradas. Além disto, 1.3A e 1.3B). Nestes casos o paciente deve ser aler-
em alguns pacientes pode ocorrer uma vestibulariza- tado sobre a provável necessidade de um aumento
ção dos dentes ântero-superiores como consequência cirúrgico do rebordo através de enxerto ósseo ou
de contatos mais fortes na região anterior, devido à de tecido conjuntivo. Caso seja contra-indicado
perda de contenção posterior. ou o paciente não aceite submeter-se à interven-
Nos casos onde há um aumento da dimensão ver- ção cirúrgica, pode-se contornar esta situação por
tical, pode-se encontrar uma face demasiadamente meio de gengiva artificial. Esta pode ser removível
alongada, sintomatologia muscular decorrente de um (feita de resina acrílica em laboratório) ou pode
estiramento das fibras musculares, sensibilidade den- ser parte integrante da prótese fixa (feita de porce-
tária decorrente de forças traumatogêmcas geradas por lana na cor rosa).

FIG I.3A

■ FIGUR AS l . 3 A e I.3B
Aspecto clínico de paciente com perda de suporte de lábio, decorrente de grande reabsorção no sentido horizontal na
região anterior da maxila.
PRÓTESE FIXA

A linha do sorriso é outro aspecto a ser observado e te é necessário um posicionamento da margem da res-
assume extrema importância nos casos estéticos. Existem tauração dentro do sulco, a fim de esconder a cinta me-
pacientes que ao sorrir não mostram a região cervical dos tálica das coroas metaloplásticas ou metalocerâmicas.
dentes ântero-superiores. São classificados como porta- Desta forma, esta é uma situação clínica onde todos os
dores de linha do sorriso baixa (Fig. 1.4A). Outros, po- cuidados com o tecido gengival deverão ser tomados,
rém, mostram inclusive o tecido gengival na região ânte- uma vez que uma pequena recessão decorrente de injúria
ro-superior e são classificados como portadores de linha durante o preparo ou moldagem pode ser determinante
do sorriso alta (Fig. 1.4B). Nestas situações, normalmen- para o insucesso do trabalho.

■ FIGURA I.4A ■ FIGURA I.4B


Linha do sorriso baixa Linha do sorriso alta

Após esta conversa inicial com o paciente, realiza-se o 5' EXAME INTRAORAL
exame físico extra-oral, iniciando pela observação da pele
e palpando os tecidos de suporte. Na presença de lesões, Nesta fase inspeciona-se tecidos moles, músculos,
como por exemplo um carcinoma, um tratamento pro- dentes, periodonto e as relações oclusais. A queixa
tético pode ser um dos menores problemas do paciente. principal do paciente deve ser avaliada neste momen-
Descartada a presença de alguma lesão, faz-se a ava- to. Todavia, um exame sistemático de toda a cavidade
liação da musculatura e da articulação temporomandi- bucal deve ser feito.
bular. Masseter, temporal, demais músculos da face, Esta avaliação deve começar pelos tecidos moles. Mu-
músculos cervicais e ATM devem ser palpados. Sensibi- cosas, língua e demais tecidos devem ser palpados e inspe-
lidade à palpação deve sempre ser levada em considera- cionados, uma vez que a prioridade do tratamento pode
ção quando se pretende executar tratamentos restaura- ser drasticamente alterada na presença de alguns tipos de
dores. Esta pode ser reflexo de alteração da tonicidade lesões, como por exemplo um processo neoplásico.
muscular ou de problemas intra-articulares que, por Finalizada a inspeção inicial da cavidade bucal,
sua vez, podem alterar a posição de repouso mandibu- examina-se dentes e periodonto.
lar e o seu arco de fechamento, dificultando a execução
e reprodução dos registros intermaxilares. Logo, para a 5.1. DENTES
execução de um trabalho de prótese, é necessário que o
paciente encontre-se livre de sinais e sintomas de dis- Em relação ao exame dos dentes remanescentes, é
função craniomandibular. de fundamental importância uma análise criteriosa de
A fala do paciente também deve ser aferida. Caso determinados fatores decisivos no planejamento:
exista alguma alteração ou queixa, é interessante que o
profissional discuta as possibilidades de correção, uma CÁRIES E RESTAURAÇÕES EXISTENTES
vez que alguns problemas podem ser resolvidos através
de alterações nos contornos das próteses. Isto já pode Sempre que um dente for selecionado para ser pi-
ser verificado na fase das coroas provisórias e torna-se lar de uma restauração protética, a análise criteriosa
mais evidente nos casos de próteses anteriores. da presença de cáries e restaurações existentes é de
E XA ME DO PACIENTE

fundamental importância. É necessário a identificação dem detectar a presença e o número de lactobacilos e


de pacientes susceptíveis à cárie antes da realização do S.mutans.
tratamento, através de recursos clínicos, para verifica- Vários estudos relatam que a cárie é a principal
ção da presença de manchas brancas, localização e causa de fracassos em prótese fixa. Muitos fatores
profundidade de lesões cariosas; recursos radiográfi- podem ser responsáveis pela incidência de cárie,
cos, através de radiografias interproximais e recursos entre eles a qualidade de adaptação da restauração e
laboratoriais como a determinação do fluxo, capacida- o grau de higienização realizado pelo paciente (Figs.
de tampão salivar e exames microbiológicos, que po- 1.5Ael.5B).

i FIGURAS l . 5 A e I.5B
(A) Coroas metalocerâmicas com encaixe na mesial do molar para prótese parcial removível; (B) perda das coroas em
decorrência da instalação do processo carioso.

Em relação à higiene oral, além do profissional man- uma frequência diária de escovação (Figs. 1.6A a 1.6C).
ter um controle sobre o paciente, há que se propiciar Deve existir uma divisão de responsabilidade entre o
meios adequados para que este tenha estímulo e facilida- profissional e o paciente. Se este não consegue manter
de para a realização das práticas de higiene oral. Segundo um grau de higiene satisfatório, esta função deverá ser
a literatura pertinente, ocorre uma diminuição na inci- assumida pelo profissional através de controles periódi-
dência de cárie quando o espaço para a higienização cos que poderão ser mais ou menos espaçados, de acordo
deixado na prótese é adequado e com o paciente tendo com a resposta dada pelo paciente.

■ FIGURAS l.6Ae I.6B


Vistas frontal e lateral de uma prótese fixa metalocerâmica inferior; mostrando ausência de espaço interproximal.
PRÓTESE FIXA

i FIGURA I.6C
Vista vestibular da prótese fixa envolvendo os dentes 21 e
23 mostrando o emprego de escova interproximal.

Devido às próprias deficiências dos materiais e téc- É necessário um minucioso exame da adaptação
nicas, sempre haverá a presença de uma linha de ci- marginal das coroas existentes, pois a maioria dos
mento que, até 50|0m, é considerada clinicamente acei- fracassos causados por cárie está relacionada ao desa-
tável. Nesse sentido, o nível do término do preparo juste marginal destas coroas. Nestes casos, a linha de
dentro do sulco gengival assume um papel muito im- cimento existente dissolve-se sob ação dos fluidos
portante no controle da biologia do tecido gengival. bucais, ocorre a formação de espaços entre a margem
Quanto mais no interior do sulco gengival, a probabili- da coroa e o término do preparo, o que facilita o
dade de ocorrerem alterações nessa área será maior, di- acúmulo de placa e, consequentemente, a cárie (Figs.
ficultando a confecção da prótese e posterior controle. 1.7Ael.7B).

FIG I.7A

■ FIGURAS l . 7 A e I.7B
Vistas frontal e lateral de uma prótese fixa metalocerâmica com deficiência de adaptação marginal, 6 meses após
instalação.

Durante o exame das restaurações protéticas exis- quado, com desgaste insuficiente, onde o técnico de
tentes, o perfil de emergência das coroas e a abertura laboratório vê-se obrigado a realizar uma restauração
das ameias cervicais adquirem extrema importância que preencha os requisitos estéticos, porém, em detri-
do ponto de vista periodontal. A coroa deve emergir mento dos biológicos. O resultado final será um so-
reta do sulco gengival, sem causar pressão no epitélio brecontorno da prótese e todas as consequências da
sulcular, pois a convexidade na área e o acúmulo de ausência do perfil emergencial (Figs. 1.8A e 1.8B).
placa bacteriana, provocarão ulcerações que podem As ameias cervicais devem propiciar espaços para a
levar à inflamação gengival. Um fato bastante corri- acomodação das papilas gengivais e facilitar a higieni-
queiro é a observação de restaurações protéticas com zação. A pressão na papila gengival causa alterações
sobrecontorno de suas superfícies axiais. Esta situação histológicas em todas as suas estruturas celulares e,
pode acontecer em decorrência de um preparo inade- consequentemente, inflamação e lesão periodontal.
E XA ME DO PACIENTE

■ FIGURAS l.8Ae I.8B _


(A) Vista lateral de prótese fixa superior e inferior com ausência de perfil de emergência; (B) vista lateral de uma prótese
fixa com perfil de emergência correto.

ALTERAÇÕES DA FACETA ESTÉTICA oclusais. A cerâmica deve apresentar uma espessura


uniforme para que sua resistência seja adequada e, para
Durante o exame clínico das restaurações existen- que isto ocorra, a estrutura metálica deve apresentar
tes, várias são as situações clinicas em que as restaura- características de forma e contorno que proporcionem
ções apresentam alterações da faceta estética. Para que uma base de sustentação para a porcelana. Dependendo
uma prótese preencha os requisitos estéticos e funcio- do tipo de fratura da cerâmica, restaurações com resina
nais, é necessário que o desgaste dental proporcione composta podem ser realizadas ao invés da remoção e
espaço para o metal, opaco e cerâmica. Sem desgaste confecção de nova prótese (Figs. 1.9A e 1.9B).
suficiente, o técnico encontrará dificuldades para a As resinas das coroas metaloplásticas sofrem pigmen-
obtenção da coroa com forma e contorno correios, o tação, perda de cor e principalmente, desgaste pela ação
que invariavelmente implicará no sobrecontorno que dos alimentos e abrasivos dos dentifrícios, o que pode
favorece a retenção da placa bacteriana. resultar em fracasso estético em pequeno período de tem-
As fraturas ou deslocamentos das facetas de porcela- po. Novamente, as resinas compostas são o material indi-
na ocorrem por deficiências mecânicas ou problemas cado para sanar este problema (Figs. 1.1 OA a 1.10C).

■ FIGURAS l.9Ael.9B
Vistas frontais mostrando fratura e reparo da coroa metalocerâmica.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURAS MOA a I.IOC


(A) Desgaste da resina da faceta vestibular das coroas 14
e 15, com exposição do metal; (B) alteração de cor da
resina de uma prótese metaloplástica superior; 25 anos
após instalação; (C) vista frontal após substituição das fa-
cetas com resina composta.

ESTÉTICA A oclusão, deve ser analisada criteriosamente, pois


também está relacionada à maioria dos casos de fra-
Durante o exame, é necessário um diálogo entre o cassos em prótese fixa.
profissional e o paciente em relação as suas expectativas É de fundamental importância a identificação de
do tratamento. Para que exista uma integração harmo- sinais de colapso da oclusão como, mobilidade e per-
niosa durante a elaboração do trabalho, é necessário que o da do suporte ósseo. Contatos oclusais exagerados
profissional tenha alguns conhecimentos básicos de estéti- podem, provocar pericementite traumática confun-
ca, o que não significa simplesmente "combinar" a cor da dindo o diagnóstico com lesões pulpares e podem
prótese com a dos dentes naturais (Figs. 1.1 IA a 1.1 lQ. causar deslocamento de retentores, às vezes de manei-
As características e anseios do paciente devem estar ra imperceptível para o paciente, gerando recidiva de
retratados no resultado estético final da prótese e, para cárie quando o dente já recebeu tratamento endodôn-
que isto ocorra, a estética obtida não deve representar tico ou sensibilidade, durante a mastigação ou trocas
uma visão exclusivista do profissional ou do paciente térmicas, quando isto não ocorreu.
e sim um entendimento de ambos. Próteses realizadas na posição de MIH devem ser
Fatores como cor, forma, tamanho, textura dos avaliadas em RC, para possibilitar a eliminação de
dentes, linha média, fundo escuro da boca, corredor contatos prematuros diferentes dos já existentes. A
bucal, grau de abertura das ameias incisais, altura do existência de hábitos parafuncionais pode exigir, oclu-
plano oclusal, tecido gengival e necessidade ou não sais metálicas, em vez de cerâmica, para prevenir fra-
de gengiva artificial devem ser considerados em rela- turas e, o uso noturno de placas miorrelaxantes lisas,
ção à estética durante o exame do paciente. para proteção dos dentes e da prótese já instalada
(Figs. 1.12Ae 1.12B).
OCLUSÃO Para um exame minucioso da oclusão, o profissio-
nal deve possuir conhecimentos básicos para, poder
O exame da oclusão deve ser realizado clinicamente diferenciar a oclusão patológica da funcional e, saber
e complementado através da análise dos modelos de tratá-la. Deve-se sempre buscar o equilíbrio dos com-
estudo devidamente montados em articulador. ponentes do sistema estomatognático obtendo, próte-
■ FIGURAS I . I I A a I . I I C
(A) Vista frontal de uma prótese fixa anterior com defici-
ência estética nos seguintes aspectos: contorno, forma e
cor inadequados, ausência de ameias incisais e perfil de
emergência, falta de individualização entre as coroas, eixo
longitudinal das coroas inadequado, diferença acentuada
do nível gengival entre as coroas e dentes naturais; entre
as coroas e entre coroas e pônticos; (B); (C) vistas frontais
antes e após a instalação de uma prótese fixa metalocerâ-
mica esteticamente aceitável.
FIG I.II A

FIG I.IIC

-
lá**! x|
'■JÊp

FIG I.I2A
■ FIGURAS l . l 2 A e I.I2B
o9H
(A) Vista frontal mostrando perda de estrutura dentária decorrente de atividade parafuncional; (B) vista oclusal do
paciente reabilitado com próteses posteriores com oclusal em metal.
PRÓTESE FI XA

se com contatos oclusais bilaterais simultâneos dos den- as situações clínicas em que ocorrem migrações den-
tes posteriores; posição de trabalho (MIH ou ORC) tárias em diferentes direções e sentidos, conforme o
compatível com o caso clínico a ser realizado; guia late- arco e o grupo de dentes. A ferulização (esplinta-
ral através dos caninos, sempre que possível; guia ante- gem) visa neutralizar as forças que agem nos sentidos
rior através dos incisivos, durante o movimento protru- vestíbulo-lingual e mésio-distal. O ideal é que, em
sivo e, em ambos os casos sem nenhum contato oclusal situações clínicas extremas, no mínimo um dente de
no lado de não trabalho nos dentes posteriores; conse- cada segmento participe da prótese, o que é mais
guir harmonia com as ATMs, com dimensão vertical importante que o número de pilares existentes para
adequadamente mantida ou corretamente estabelecida. ocorrer estabilidade.
A somatória destes conhecimentos básicos durante o O sentido de movimentação no sentido vestíbulo-
exame clínico e principalmente sua aplicação correta aos lingual dos dentes posteriores (plano sagital), caninos
casos clínicos, pode contribuir diretamente para o sucesso (plano lateral) e incisivos (plano frontal) torna-se um
de qualquer trabalho protético. Maiores detalhes sobre es- fator determinante no planejamento. Uma prótese en-
ses aspectos estão descritos no capítulo sobre oclusão. volvendo dentes pilares em dois ou mais planos reduz
o efeito da mobilidade individual de cada dente, atra-
N ÚMERO E DISPOSIÇÃO DOS DENTES vés da estabilização da prótese proporcionada por es-
tes. A união destes planos forma um polígono de esta-
A disposição dos dentes remanescentes no arco bilização ou sustentação, também conhecida como
prepondera sobre o número dos mesmos. Inúmeras são polígono de Roy. (Figs. 1.13A e 1.13B)

FIG I . I 3 A

■ FIGURAS I . I 3 A e I.I3B
(A) Vista oclusal mostrando a disposição favorável dos dentes
que serão unidos como pilares da prótese fixa superior; (B)
diagrama do polígono de sustentação.

Para que uma restauração desempenhe sua função,


é imprescindível que permaneça no dente, imóvel. O ta-

INCLINAÇÃO

Uma situação clínica frequente é a inclinação dos


dentes, em decorrência de perdas dentárias, resultando
em desarmonia na posição dos dentes remanescentes.
Dependendo do grau de inclinação, procedimentos
clínicos como ameloplastia dos dentes vizinhos, pro-
cedimentos ortodônticos, confecção de coroas telescó-
picas e tratamento endodôntico com finalidade proté-
tica, poderão ser realizados viabilizando desta forma,
uma via de inserção adequada para a prótese e uma
restauração biológica e mecanicamente aceitável.

T AMANHO DA COROA CLÍNICA


manho da coroa clínica está intimamente relacionado com
o grau de retenção e estabilidade da restauração protética.
0 cirurgião dentista deverá analisar criteriosamente
estes fatores, para que possa utilizar se necessário, pro-
cedimentos adicionais para a obtenção de maior reten-
ção para os dentes com coroas curtas, como a confec-
ção de sulcos ou canaletas nas paredes axiais do preparo
ou a realização de cirurgias periodontais para aumento
de coroa clínica. Clinicamente, pode-se considerar uma
coroa clínica curta quando sua altura for menor que
seu diâmetro.

VITALIDADE PULPAR

Sempre que um dente for selecionado para ser pi-


, lar de uma restauração protética, é de
fundamental
EXAME DO P A CI E NT E

importância o teste de vitalidade pulpar. Se esta elasticidade da dentina, modifica o limiar de excitabili-
restauração for realizada sobre um dente sem vitali- dade, sugerindo a perda de receptores pulpares e, con-
dade, sem tratamento endodôntico satisfatório, o sequentemente, pode provocar um aumento da força
insucesso será inevitável, sendo necessário nova in- sobre o dente antes que os mecanorreceptores sejam
tervenção posteriormente no local. Para isso, testes estimulados. Este mecanismo de defesa (reflexo de pro-
térmicos deverão ser utilizados por serem práticos e teção) quando alterado, pode causar danos ao dente.
efetivos. A resposta dada ao teste térmico pode in- Por estas razões deve-se evitar dentes desvitalizados
formar ao clínico se a polpa está sadia, inflamada como pilares de extensos espaços edentados e, princi-
ou necrosada. palmente, como pilares de segmentos suspensos (can-
Dentes desvitalizados têm uma redução significativa tilever). A indicação deste tipo de prótese exige, pelo
da resistência física. A remoção do órgão pulpar, fonte menos dois dentes vitais como pilares para um ele-
de hidratação do dente, juntamente com o ligamento mento suspenso, redução da mesa oclusal e deve-se
periodontal resulta em uma dentina ressecada, tornan- evitar colocá-los na região de molar, onde a força
do a raiz mais sujeita à fraturas. Diminui também a muscular é maior (Figs. 1.14A e 1.14B).

I m m
■ FIGURAS I.I4A e I.I4B
Vista lateral e radiográfica da prótese metalocerâmica tendo os dentes 24 e 25 como retentores e o 26 como pôntico
(cantilever). Observe a fratura por mesial da raiz do 25.

5.2. PERIODONTO do ao tecido gengival marginal (Figs. 1.15A e 1.15B);


Pacientes de risco à doença periodontal podem
Os pacientes que procuram o tratamento podem, apresentar sinais clínicos de intensidade variável: mo-
de uma maneira geral, ser divididos em dois grupos: bilidade, migração, tecido gengival flácido, averme-
Pacientes sem risco à doença periodontal, que lhado e muitas vezes sem contorno adequado, associa-
apresentam-se com os tecidos periodontais em condi- dos à perda óssea (localizada ou generalizada) de graus
ções de normalidade: O nível ósseo frequentemente diversos, são algumas das características que podem
está de 1 a 2mm da união amelo-cementária e, quan- ser encontradas (Figs. 1.16A e 1.16B).
do existe algum sinal de inflamação, este está confina- Durante o exame é essencial identificar a que gru-
po o paciente pertence (de ou sem risco) e, uma vez estabelecido como de risco, classificá-lo como pouco,
médio ou alto risco. Ainda não há como predizer de
maneira totalmente segura a evolução do estado peri-
odontal dos pacientes ou que um paciente sem risco
não irá tornar-se um paciente de risco no futuro, em
função de variáveis que podem estar presentes posteri-
ormente. Entretanto, pacientes sem história de doença
periodontal provavelmente têm menos chances de
tornarem-se susceptíveis que aqueles que já mostra-
ram sinais de doença periodontal no passado.
Ambos os grupos, porém, requerem um controle
de placa e motivação antes do tratamento. Todavia, os
pacientes sem risco poderão ter o seu tratamento res-
taurador iniciado mais precocemente. Os pacientes de
risco, ao contrário, requerem uma fase mais prolonga-
da de controle de placa e motivação, a fim de verifi-
car-se a resposta tecidual ao preparo prévio (Figs.
1.17A e 1.17B). Estes pacientes devem entender que a
confecção de novas próteses isoladamente não irá cu-

«« -~ • • -
PRÓTESE FIXA

FIG I . I 5 A

■ FIGURAS l . l 5 A e I . I 5 B
Aspecto clínico e radiográfico de paciente sem risco à doença periodontal.

FIG I . I 6 A

■ FIGURA I . I 6 A e I . I 6 B
Aspecto clínico e radiográfico de paciente de risco à doença periodontal.
E X A M E DO PACIENTE

■ FIGURAS LI7Ae I.I7B


O controle de placa e a motivação do paciente devem ser efetuados em todas as fases do tratamento.

rar a sua doença periodontal. Desta forma, pode- — Nos casos onde houve perda de tecido ósseo,
rão colaborar de forma mais consciente durante o estas medidas fornecem informações sobre a arquite-
tratamento e posteriormente, através de uma ma- tura óssea presente;
nutenção da higiene mais cuidadosa na região das — A presença de bolsas profundas representa a
próteses. existência de nichos que funcionam como reserva
Como visto, torna-se necessário um acurado exa- tórios de bactérias patogênicas, o que pode facili
me periodontal do paciente e alguns aspectos devem tar a contaminação das outras áreas da cavidade
ser avaliados: bucal.
DE SANCRAMENTO
EXAME DE SONDAGEM ÍNDICE
Espera-se de 10 a 20 segundos após a
Para este exame deve-se utilizar uma sonda peri- remoção da sonda para observar-se o sangramento
odontal delicada. Com este objetivo clínico nor- proveniente do sulco. Indicador de inflamação
malmente utiliza-se sonda com marcação de Willia- marginal, é importante, pois além de demonstrar
ms, embora existam outros tipos de marcação utili- alterações patológicas gengivais, os procedimentos
zados para outros fins, tais como as avaliações epi- restauradores (moldagem, cimentação) podem ser
dificultados na presença de sangramento. Além disto,
demiológicas. A sonda é alinhada com a face do
a resolução deste processo inflamatório pode resultar
dente a ser examinado e inserida suavemente den-
em contração tecidual, levando à alterações da altura
tro do sulco ou bolsa (Fig. 1.18). Para cada dente
da gengiva marginal e exposição das margens das
devem ser feitas seis medidas — distai, centro e me- coroas.
sial nas faces vestibular e palatina ou lingual de
cada dente. EXSUDATO
A medida de profundidade de sondagem depende
de vários fatores, dentre eles a força exercida pelo pro-
A presença de exsudato proveniente da bolsa é indi-
fissional, além disso o trajeto da bolsa nem sempre é
cativo de atividade da doença periodontal, mas não
reto e a sonda normalmente utilizada não é um ins-
pode ser considerado um indicador da atividade futura.
trumento flexível. Embora estas dificuldades, este exa-
me é importante pois, apesar destas medidas não esta-
RECESSÃO CENCIVAL
rem relacionadas à atividade atual da doença perio-
dontal, representam a sua atividades passada. A detec-
E significante à medida que não somente afeta a
ção do nível de inserção nos dá a possibilidade de
quantidade de mucosa ceratinizada, mas também
avaliar a gravidade da lesão estabelecida na área e ana-
tem influência na estética. Recessão em dentes ante-
lisar as perspectivas de terapia:
riores pode resultar em grandes problemas quando o
— Bolsas com a sua base na junção amelo-denti-
paciente apresenta uma linha alta do sorriso (Figs.
nária indicam a existência de tecido hiperplásico (Bol-
1.19Ae 1.19B).
sa falsa), não implicando em perda de tecido ósseo;
PRÓTESE FIXA

FIG I.I8A

■ FIGURA 1.18
Exame de sondagem.

FIG I.I9A FIC

■ FIGURAS l . l 9 A e I.I9B
Vista da prótese no dia de sua instalação e apresentando recessão gengival após 18 anos.

ENVOLVIMENTO DE FURCAS 1. G RAU DE ENVOLVIMENTO DAS FURCAS .

Para este exame faz-se necessário o uso de uma sonda Estas podem ser classificadas em:
específica — Sonda de Nabers — (Fig. 1.20) e radiografias.
A capacidade do profissional em diagnosticar estas lesões I. Perda horizontal de tecido de suporte, não excedendo
1/3
é sumamente importante, uma vez que o tratamento está da largura vestíbulo-lingual do dente afetado.
diretamente relacionado ao grau de comprometimento. II. Perda horizontal que excede "3 da largura do dente,
Para tanto, vários aspectos devem ser analisados: mas não envolve toda a largura vestíbulo-lingual.

■ FIGURA 1.20
Exame de sondagem da furca da unidade 37 com a sonda
de Nabers.
E XA ME DO PACIENTE

III. Perda horizontal que envolve toda a largura do dente 6. MANUTENÇÃO


afetado, comunicando as faces vestibular e lingual.
O tratamento das furcas deve sempre levar em
É interessante salientar que existem outras classifi- conta a possibilidade de controle posterior adequado
cações e algumas agregam o componente vertical de pelo paciente e profissional e a sua motivação.
perda, criando subdivisões.
2. COMPLEXIDADE DO TRATAMENTO 7. CUSTO
RESTAURADOR.

Um elemento pilar de prótese com envolvimento


A preservação de unidades dentais com envolvi- de furca pode necessitar de tratamento endodôntico,
mento de furca pode não alterar o prognóstico geral cirurgia periodontal e núcleo intrarradicular, além da
do caso ou, ao contrário, a sua preservação pode ser coroa. Este custo pode ser bastante elevado, principal-
de f undamental importância p ara o planejamento. mente quando um resultado mais previsível pode ser
Em casos unitários pode-se optar por tratar o paciente conseguido através de extração e colocação de uma
mantendo a furca, todavia em casos de reabilitação prótese fixa convencional sem este pilar ou pela colo-
oral, a manutenção de uma furca pode representar um cação de implantes osseointegrados. Todavia, deve-se
risco desnecessário. Outras vezes, a manutenção de sempre avaliar as perspectivas possíveis e oferecê-las ao
uma furca pode ser a única alternativa para evitar-se paciente. (Figs. 1.21A a 1.21E)
uma prótese removível.
MOBILIDADE
5. PRESENÇA DE CÁRIES.

Todos os dentes devem ser avaliados. Com o cabo do


O tratamento de cáries na região de furca é com- espelho bucal apoiado em uma face e um dedo ou outro
plicado, principalmente se envolve o teto da furca, instrumento apoiado na face oposta, um exame subjetivo
entretanto lesões menores eventualmente podem ser da mobilidade é executado. Normalmente classifica-se
restauradas satisfatoriamente. Deve-se avaliar a pro- esta mobilidade em: grau 1: quando o movimento da
fundidade da lesão e a sua relação com a estrutura coroa do dente é de 0 a lmm em uma direção horizon-
óssea, evitando -se áreas de invasão tecidual. Como tal; em grau 2: quando o movimento de amplitude é
esta a ssociação furca-cárie pode possuir inúmeras maior que lmm na direção horizontal e em grau 3, quan-
variáveis, não há como estabelecer uma regra rígida, do ocorre movimento vertical e horizontal do dente.
ou seja, a avaliação do caso irá determinar o tratamento
adequado.

4. SEVERIDADE DA DESTRUIÇÃO

Quando há uma destruição severa dos tecidos de


suporte, envolvendo ou não as porções apicais das
raízes, ou afetando dentes adjacentes, a extração, nor-
malmente, está indicada.

5. POSSIBILIDADE DE RESTAURAÇÃO

Deve-se avaliar a possibilidade de restauração da


unidade dental após o tratamento da furca, seja por ■ FIG URA 1.2 IA
manutenção, separação das raízes ou remoção de uma Aspecto clínico de paciente com envolvimento de furca
ou mais raízes. na unidade 26
PRÓTESE FIXA

FIG I.2IB

■ FIGURAS I.2IB e I.2IC


Durante o procedimento cirúrgico optou-se pela remoção da raiz disto-vestibular.

FIG I.2ID
■ FIGURAS I.2ID e I.2IE
Aspecto clínico três semanas após a cirurgia e após a
instalação da prótese.

não uma doença propriamente dita e deverá ser reava-


liada durante a fase das coroas provisórias.

As causas mais comuns para o aumento de mobili-


dade são:
Doença periodontal relacionada à perda de supor-
te ósseo.
Trauma oclusal que é primário quando decorre de
forças oclusais excessivas ou secundário, quando o ele-
mento dental apresenta mobilidade frente à forças
oclusais normais devido a um suporte periodontal re-
duzido.
Outras possíveis causas devem ser pesquisadas para
um diagnóstico diferencial, tais como: inflamação pe-
riapical, traumas agudos (acidentes), raízes fraturadas,
reabsorções radiculares, cistos, neoplasias, etc.
A mobilidade pode estar estabilizada ou pode au-
mentar progressivamente, no entanto é importante
salientar que esta é um sinal ou sintoma importante e
Í NDICE DE PLACA

Durante o exame classifica-se o paciente de acordo


com a quantidade de placa presente em quatro níveis:
placa ausente, nível baixo, nível médio e nível. Este é um
exame bastante subjetivo e não é um indicador preciso
de que ocorrerá perda óssea. A verificação detalhada do
índice de placa para cada dente possui importância
em estudos epidemiológicos, entretanto, do ponto
de vista clínico, a resposta do paciente à sua quanti-
dade de placa é mais importante. Uma grande quan-
tidade de placa na ausência de sangramento é menos
significante do que uma pequena quantidade acompa-
nhada de sangramento gengival. O uso de evidencia-
dores é, portanto, mais importante como motivador de
higiene oral do que um indicador de doença periodon-
tal. Atualmente, o índice de placa é apenas um referen-
cial do grau de higiene e colaboração do paciente.
EXAME DO PACIENTE

DISTÂNCIAS BIOLÓGICAS uma profundidade de até 3,0mm.


As diferenças entre as definições de sulco gengival
O periodonto de proteção apresenta-se composto estão vinculadas ao epitélio juncional. Este é um tipo
por múltiplas estruturas que atuam contra agressores de epitélio (com extensão de 0,9 a l,5mm) que apre-
externos através de mecanismos de defesa locais e em senta características ímpares, em função de ser o único
associação com os mecanismos sistémicos, com a fina- tecido epitelial do organismo que se contacta com
lidade de manter o processo de homeostasia marginal. uma estrutura mineralizada (o dente). Como o tecido
Neste sentido, há que se compreender a importân- epitelial é uma estrutura de revestimento, durante o
cia e a relação da mucosa ceratinizada, sulco gengival, processo de irrompimento dos dentes ele é diferencia-
epitélio juncional e inserção conjuntiva com os proce- do para desempenhar as suas funções. Evidentemente,
dimentos odontológicos, para que se respeite a inte- em função desta condição particular, o epitélio junci-
gridade e a biologia tecidual, preservando-se intactas onal adquire características e qualidades especiais,
estas estruturas responsáveis pelo "vedamento biológi- dentre as quais, uma frágil união intercelular. Poucas
co" marginal do periodonto. camadas de células com disposição colunar facilitam a
A presença de uma faixa adequada de mucosa clivagem destas lábeis uniões celulares durante a reali-
ceratinizada é desejável, visto que ela desempenha zação de uma sondagem, permitindo muito facilmente
funções importantes para as outras estruturas. Ela é a penetração da sonda no seu interior. Logo, a medida
responsável pela impermeabilização da área margi- clínica do sulco gengival representa o sulco real mais
nal gengival (em função da ceratina), o que limita a uma grande extensão (que é variável e depende de
permeação de substâncias que potencialmente po- muitos fatores) do epitélio juncional.
dem alterar o equilíbrio local. Apresenta-se com Esta medida clínica do sulco gengival serve como
uma parte inserida à superfície radicular e à estru- parâmetro no exame e diagnóstico periodontal, mas
tura óssea e também confere imobilidade tecidual, jamais como base para o estabelecimento dos níveis
levando a uma melhor justaposição à superfície subgengivais dos mais variados tipos de tratamentos
dental e propiciando um sulco gengival mais raso e restauradores possíveis.
estreito, minimizando, assim, um nicho passível de Subjacente ao epitélio juncional, encontra-se a inserção
acúmulo de placa. conjuntiva, que é a área de tecido conjuntivo que estabelece
A quantidade adequada de mucosa ceratinizada é inserções colágenas com a porção radicular supra-alveolar.
muito discutida na literatura, mas admite-se que áreas Esta região é a que apresenta maior resistência, limitando a
que apresentem menos de 2mm podem mostrar-se extensão apical do epitélio juncional e protegendo a estrutu-
inflamadas; por outro lado, admite-se que há a neces- ra óssea adjacente. Este espaço tecidual possui uma extensão
sidade de uma faixa maior quando executam-se proce- que varia de 0,9 a l,5mm (Fig. 1.22)
dimentos restauradores e, em tais situações, a presença
de uma faixa mínima de 5mm é requerida. Procedi-
mentos de preparo, moldagem e cimentação são ex-
tremamente dificultados e raramente são executados
sem algum sangramento quando esta faixa de tecido
não existe ou encontra-se muito estreita.
O sulco gengival recebe duas definições distintas:
Sulco gengival real ou histológico: É a medida
real do sulco, que compreende a distância entre o
vértice gengival e a parte mais coronal do epitélio
juncional, que é a estrutura imediatamente subjacen-
te. O sulco gengival apresenta-se como uma canaleta
em forma de "V", margeado de um lado pela estrutu-
ra dental e do outro pelo epitélio sulcular e, na nor- FIGURA 1.22
malidade, apresenta uma profundidade entre 0,2 e Estruturas que compõem o periodonto de sustentação e
0,8mm, com uma média de 0,5mm; já a sua largura é proteção: GML: Genviva Marginal Livre/LP: Ligamento Peri-
aproximadamente de 0,15mm. odontal SG: Sulco Gengival./OA: Osso Alveolar Gl: Genvi-
Sulco gengival clínico: Como o próprio nome diz, va Inserida/MC: Mucosa Ceratinizada IC: Inserção Conjun-
reflete uma condição clínica quando da realização da tiva/JMG - Junção Muco-gengival EJ: Epitélio Juncional/MA:
sondagem periodontal, apresentando normalmente Mucosa Alveolar
PRÓTESE FIXA

Sulco gengival, epitélio juncional e inserção conjuntiva onde faz-se necessário um aumento cirúrgico do re-
são, portanto, estruturas fundamentais nestes mecanismos bordo, seja por enxerto ósseo ou por enxerto gengi-
de equilíbrio local e sua preservação garante mecanismos val, para minimizar as grandes reabsorções do osso
adequados de defesa marginal do periodonto. O desrespei- alveolar (Fig. 1.23). Quando estes problemas não
to à biologia tecidual leva ao comprometimento periodon- são detectados e o tratamento é executado sem um
tal pelas agressões induzidas, criando desordens que carac- prévio planejamento, inevitavelmente serão confec-
terizam o estado patológico. A este espaço ocupado pelo cionados pônticos côncavos, inaceitáveis do ponto
conjunto sulco - epitélio juncional - inserção conjuntiva, de vista funcional, ou pônticos extremamente lon-
denomina-se "Distâncias Biológicas". gos, inaceitáveis do ponto de vista estético.

5.5. E XAME DA ÁREA EDÊNTULA 4' E XAME R ADIOCRÁFICO

O profissional não deve se restringir ao exame Para que se possa fazer um diagnóstico completo e
dos dentes e do periodonto adjacente. Uma avalia- executar um adequado plano de tratamento tornam-
ção cuidadosa das áreas edêntulas e que terão den- se necessárias algumas informações que somente as
tes repostos por pônticos assume grande importân- radiografias podem fornecer. Pesquisa de lesões ósseas,
cia, principalmente nos casos onde a estética está raízes residuais e corpos estranhos, quantidade e qua-
envolvida. Deve-se avaliar as características do re- lidade óssea, anatomia radicular e qualidade de trata-
bordo e a possível necessidade de correção cirúrgica mento endodôntico, são algumas das muitas informa-
com finalidade profética. Em alguns casos é neces- ções que não podem ser obtidas através do exame
sário a remoção de tecido gengival para que um clínico. Algumas técnicas radiográficas são particular-
pôntico com adequadas dimensões possa ser con- mente úteis ao protesista e devem ser utilizadas sem-
feccionado, sem a inadequada concavidade na sua pre que necessário.
face gengival, prejudicial à saúde do tecido perio- A radiografia panorâmica fornece uma visão geral
dontal, em função da impossibilidade de limpeza do estado da dentição e dos tecidos duros e é bastante
por parte dos pacientes. útil durante o exame do paciente. Desta forma, sem-
Outras situações existem em que apenas um pre que possível, e principalmente em casos extensos,
condicionamento do tecido gengival soluciona o o paciente deve possuir esta radiografia antes da con-
problema. Todavia, bastante comuns são as situações sulta inicial (Fig. 1.24).

■ FIGURA 1.23 ■ FIGURA 1.24


Aspecto clínico de reabsorção do rebordo alveolar Nestas Radiografia panorâmica antes do tratamento restaurador;
situações torna-se necessário o aumento cirúrgico do re- onde tem-se uma visão geral dos dentes e tecidos duros,
bordo para obter-se um resultado estético mais satisfatório. o que auxilia o profissional durante a consulta inicial.
E X A M E DO PACIENTE

Após o exame clínico inicial e a avaliação da radi- • Registro da situação inicial do paciente.
ografia panorâmica, as áreas de interesse são determi- • Observação dos contatos prematuros que condu
nadas e radiografias periapicais são executadas. Busca- zem a mandíbula da Relação Cêntrica (RC) para a
se, assim, maior detalhe destas regiões. Estas radio- Máxima Intercuspidação Habitual (MIH).
grafias devem ser executadas, preferencialmente, pela • Observação do movimento que a mandíbula exe
técnica do paralelismo, para que se evitarem maiores cuta de RC para MIH.
distorções. Pode-se analisar a altura da crista óssea, • Observação facilitada das relações intermaxilares.
lesões periapicais incipientes, qualidade do tratamento • Observação dos efeitos de um possível ajuste oclu-
endodôntico, comprimento dos núcleos, proporção sal sobre a oclusão.
coroa-raiz, dentre outros (Fig. 1.25). Radiografias in- • Observação facilitada das inclinações das unida
terproximais também podem ser solicitadas e são par- des dentais.
ticularmente úteis na avaliação da adaptação de próte- • Enceramento diagnóstico.
ses antigas, recidivas de cáries e são mais precisas na • Confecção de coroas provisórias.
visualização da crista óssea, devido à angulação utiliza- O estudo sobre as posições de Relação Cêntrica,
da na técnica. Máxima Intercuspidação Habitual e Oclusão em Re-
lação Cêntrica, dos movimentos excursivos, bem
como da sequência de montagem em ASA serão obje-
tivos de outros capítulos deste livro.
Em função do exposto, fica evidente a importância
do exame do paciente. Apesar de serem denominados
de modelos de estudo, muito trabalho pode e deve ser
executado sobre estes modelos. É inconcebível o iní-
cio do tratamento, principalmente em casos extensos,
sem uma análise criteriosa de todos os tópicos acima
mencionados. O Cirurgião-Dentista precisa entender
que o modelo de estudo é um aliado e não uma perda
de tempo. E possível obter-se, a partir do enceramento
diagnóstico, uma matriz ou as próprias coroas pro-
■ FIGURA 1.25 visórias, antes de efetuar-se qualquer desgaste na boca
Radiografia periapical.
do paciente. Através do enceramento diagnóstico tor-
na-se mais fácil a observação das dificuldades do caso
e pode-se discutir com o paciente as alternativas de
tratamento, inclusive mostrando as prováveis modifi-
5' M ODELOS DE E STUDO cações que serão efetuadas (Figs. 1.26A e 1.26B). Isto,
além de refletir um planejamento criterioso, pode re-
Para a grande maioria dos casos em prótese há presentar uma economia de tempo e, consequente-
necessidade de que modelos de estudo sejam monta- mente, de dinheiro no consultório.
dos em articuladores semi-ajustáveis (ASA). É inte- Portanto, a fase de exame do paciente é extrema-
ressante a observação de que existe uma certa "pre- mente importante e tem como objetivo fornecer todas
guiça" por parte de grande número de profissionais as informações necessárias a um adequado e individu-
quando fala-se nesta etapa. Provavelmente isto de- alizado plano de tratamento. Uma falha na coleta de
corre do desconhecimento sobre as muitas e funda- dados pode implicar em um tratamento perfeito do
mentais utilidades dos modelos de estudo montados ponto de vista técnico, porém inadequado diante das
em ASA: necessidade de um determinado pacientes.
PRÓTESE FIXA

FIG I.26A

■ FIGURAS l.26Ae I.26B


A montagem dos modelos de estudo possibilita a confecção do enceramento diagnóstico, o que facilita a discussão com
o paciente sobre as possíveis alternativas de tratamento.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 6. LIBBY, G. e COLS. Longevity of fixed partial dentures. /


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diferentes tipos de cerâmicas. Bauru, 1997. 103p. Tese (Mestrado) - and treatment. Quintessence, 1995.
Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. 12. WRIGHT, K.W.J. e COLS. Reactive force distribuitions
5. KARLSSON, S. A clinicai evaluation of fixed bridges, for teeth when loaded singly and when used as fixed partial
10 years following insertion. /. Oral Rehab., v. 13, p. denture abutments. /. Prosthet. Dent., v.42, n.4, p.4ll-16,
423-32, 1986. Oct 1979.
C A P Í T U L O

PATOLOGIAS OCLUSAIS
E DISFUNÇÕES
CRANIOM AN DL BU LARES:
CONSIDERAÇÕES RELACIONADAS À
PRÓTESE FIXA E REABILITAÇÃO ORAL

P A U L O C ÉSAR R O D R I G U E S C ONT
P A T O L O G I A S O C I U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I B U I A R E S

INTRODUÇÃO motivo de controvérsia, pois sabe-se, atualmente, que


muitos pacientes adaptam-se à anteriorização perma-
Desde há muito tempo, a oclusão tem sido consi- nente do disco sem grandes consequências.
derada como um fator crítico de sucesso em qualquer Como descrito, a RC é uma posição estritamente
procedimento odontológico que vise à reabilitação do relacionada à posição condilar, não apresentando nenhu-
sistema estomatognático. ma relação com a posição ou contatos dentários. Tal
Na maioria dos casos, a existência de um padrão posição é de vital importância em vários tratamentos
oclusal predefinido e sadio facilita e orienta o profissional protéticos, como descrito em outros capítulos. Ainda,
na manutenção de uma oclusão considerada "ideal".
em alguns casos de patologias relacionadas estritamente à
Dessa forma, na análise dos casos de Prótese
oclusão, tal posição deve ser utilizada como guia nos
Fixa ou Reabilitação Oral, é fundamental a realiza-
ção de um exame oclusal apropriado, cuja finalida- procedimentos de ajuste oclusal por desgaste seletivo.
de principal é se definir a posição terapêutica para a Outra posição maxilo-mandibular é a MÁXIMA INTER-
confecção da prótese. Além disso, propicia também CUSPIDAÇÃO HABITUAL (MIH), também conhecida como
a detecção de possíveis alterações dento-periodon- posição de oclusão cêntrica ou posição de intercuspida-
tais causadas por um relacionamento inadequado ção. Tal posição é definida como aquela onde ocorre o
entre a maxila e a mandíbula durante as funções maior número possível de contatos entre os dentes supe-
mastigatórias. riores e inferiores, independentemente da posição condi-
Outro aspecto a ser considerado na fase de plane- lar. Dessa forma, a MIH é guiada totalmente pelos con-
jamento é a presença de patologias musculares ou in- tatos dentários e por mecanismos de percepção neuroló-
tra-articulares que podem levar a alterações oclusais, gica de estruturas localizadas nos ligamentos periodon-
com consequente interferência no resultado final do tais (Figs. 2. IA e 2.1B). Como tal posição depende dos
tratamento reabilitador.
contatos dentários, ela pode ser alterada, e o é frequente-
Assim, o objetivo deste capítulo é discutir as diver-
mente, após procedimentos odontológicos de reconstru-
sas patologias do sistema mastigatório e seu relaciona-
mento com os procedimentos de Prótese Fixa. ção oclusal (restaurações, próteses, etc).
É intetessante que tal posição não coincide com a
posição condilar de RC na maioria da população, ou
1 «• RELAÇÕES MAXILO' seja, quando se guia a mandíbula para a posição de
MANDIBULARES RC, não existe concomitantemente o maior número
de contatos entre os dentes. Normalmente, apenas
1 . 1 . ESTÁTICAS um ou dois contatos dentários acontecem nessa posi-
ção e caracterizam os chamados contatos prematuros.
Antes de se iniciar qualquer discussão a respeito da Essa diferença entre as posições de RC e MIH pode
fisiologia ou patologia oclusal, alguns conceitos de- ser fator contribuinte de algumas patologias oclusais,
vem ser incorporados ao nosso conhecimento, a res- embora seja fisiológica e bem aceita para a grande
peito do relacionamento maxilo-mandibular. maioria da população. Quando existe coincidência
O primeiro deles é sobre a Relação Central (RC), entre ambas posições, o termo OCLUSÃO EM RELAÇÃO
também denominada relação cêntrica, posição de con- CÊNTRICA (ORC) é aplicado.
tato retruída e, mais recentemente, de posição de esta-
bilidade ortopédica. Essa posição é definida como a
relação maxilo-mandibular onde os côndilos estão cen- 1.2. DINÂMICAS
tralizados nas fossas mandibulares, apoiados sobre as
vertentes posteriores das eminências articulares, com os Os movimentos mandibulares podem ser dividi-
respectivos discos articulares devidamente interpostos. dos em lateral e protrusivo.
A necessidade da presença do disco articular inter- Durante o movimento lateral da mandíbula,
posto entre o côndilo e a fossa mandibular é ainda idealmente deve haver desoclusão dos dentes poste-
PRÓTESE FIXA

FIGURAS 2.1 A e 2.IB


(A) Vista lateral dos dentes em oclusão quando a mandíbula é manipulada em Relação Cêntrica. Note que poucos
contatos dentários normalmente ocorrem nessa situação; (B) Vista lateral dos dentes na posição de MIH. Nessa posição,
o maior número de contatos dentários é obtido, independente da posição dos côndilos na fossa mandibular.

riores. Tal desoclusão pode ser provida somente poração das características de uma oclusão ideal, que
pelo canino (o que caracteriza o "guia canino") ou podem ser resumidas da seguinte forma:
p elo canino auxiliado pelos dent es posteriores de
uma maneira uniforme (o que caracteriza a "função 1. Transmissão da resultante das forças oclusais para
em grupo"). o longo eixo dos dentes posteriores: quando se exerce
Por definição, o lado para qual a mandíbula se uma força oclusal sobre qualquer dente posterior, o vetor
movimenta é chamado de lado de trabalh o, enquanto final dessa força deve ser direcionado o mais próximo para
o lado oposto recebe o nome de lado de não trabalho o longo eixo dos mesmos. Essa característica propicia a
ou balanceio. manutenção da homeostasia das estruturas periodontais,
Embora muita discussão já tenha sido realizada mantendo-se a relação dente/osso alveolar em equilíbrio.
para se definir qual tipo de desoclusão lateral seja a 2. Contatos dentários posteriores bilaterais e si
mais adequada, poucos resultados confiáveis estão dis- multâneos: idealmente, na posição final do fechamen
poníveis. Sabe-se, no entanto, que durante os procedi- to mandibular, devem haver contatos simultâneos em
mentos de prótese fixa o provimento de um guia cani- todos os dentes posteriores.
no deve ser o escolhido, principalmente pela facilida- 3. Dimensão vertical de oclusão adequada: o rela
de dos procedimentos técnicos (Fig. 2.2.A). cionamento maxilo/mandibular no sentido vertical per
Já durante o movimento protrusivo, os dentes ante- mite não somente uma aparência estética satisfatória,
riores desoduem os dentes posteriores, protegendo-os de mas, principalmente, provê equilíbrio muscular duran
contatos direcionados para fora do longo eixo (Fig. 2.2.B). te os processos de mastigação, deglutição e fala.
4. Guias laterais e anterior: idealmente, durante os
movimentos excursivos da mandíbula, os dentes poste
2 ' CONCEITO DE OCLUSÃO IDEAL riores não devem participar da oclusão. Essa desoclusão
deve ser obtida às expensas dos dentes anteriores. Dessa
O conceito de oclusão ideal apresenta diversas va- forma, durante o movimento protrusivo da mandíbula,
riações, dependendo do objetivo para o qual a aná- as bordas incisais dos incisivos inferiores deslizam nas
lise oclusal está sendo realizada. superiores palatinas dos incisivos superiores, desocluin-
Por exemplo, quando se analisa o relacionamento do totalmente os posteriores. De maneira semelhante,
oclusal de um paciente com dentição completa e au- nos movimentos laterais, os caninos devem exercer essa
sência de qualquer patologia, não existe a necessidade função de desoclusão. Esses conceitos são importantes
de se corrigirem eventuais desvios da oclusão ideal para se definir o padrão oclusal em indivíduos com
meramente como procedimentos profiláticos. dentição completa, conhecido como "oclusão mutua
Já nos casos de reconstrução oclusal extensa, onde mente protegida". Nesse esquema, os dentes posteriores
a grande maioria das superfícies oclusais e/ou palati- protegem os anteriores de qualquer contato na posição
nas sofrerá modificações, existe necessidade de incor- estática da mandíbula e vice-versa durante os movimen-
P A T O L O G I A S O C L U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I BU L A R E S

■ FIGURAS 2.2 A e 2.2B


(A) Desoclusão lateral pelo canino. Durante o movimento lateral não deve haver contato entre os demais dentes
anteriores e posteriores. (B) Desoclusão pelos dentes anteriores durante movimento protrusivo da mandíbula.

tos excursivos. A incorporação desse esquema oclusal de patologias será denominado "patologias relaciona-
em trabalhos de prótese fixa tem sido aconselhada das estritamente à oclusão".
pela maioria dos autores para prevenção das patologi-
as relacionadas estritamente à oclusão, como será des-
crito posteriormente. Porém, mais uma vez, procedi- 5 - CONTATOS PREMATUROS E
mentos irreversíveis realizados na dentição natural, INTERFERÊNCIAS OCLUSAIS
para prevenção de futuros problemas, são contra-indi-
cados. CONTATO PREMATURO é um termo genérico que se
5 — Relação Central (RC) coincidente com a refere à qualquer contato oclusal que, prematuramente,
Máxima Intercuspidação Habitual (MIH): essa impede o fechamento mandibular na posição de MIH,
característica tem sido bastante discutida na literatura RC ou ORC ou durante os movimentos excursivos.
durante os últimos trinta anos. Como observado em Como descrito anteriormente, um contato prema-
outros capítulos, essa condição se faz necessária nos turo não interfe necessariamente com a função e para-
casos de prótese ou Reabilitação Oral, onde não existe função ou causa patologias oclusais. Aproximadamen-
estabilidade oclusal entre os dentes remanescentes. te 90% da população, livre de qualquer sinal ou sinto-
Assim, nesses casos, torna-se necessária a utilização de ma de traumas oclusais, apresenta contatos prematu-
uma posição condilar, no caso a RC, para a reconstru- ros na posição de relação cêntrica, que não devem ser
ção oclusal. Deve ficar claro que a grande maioria da considerados interferências oclusais, pois sabe-se que
população apresenta algum tipo de diferença entre es- não há interf erênc ia com a função na grande maioria
sas duas posições (RC e MIH), o que não significa, dos casos.
necessariamente, que esses pacientes têm ou desenvol- Contatos prematuros nas posições estáticas e/ou
verão algum tipo de patologia. dinâmicas da mandíbula podem surgir de causas na-
Sabe-se, atualmente, que pequenas diferenças entre turais (crescimento e desenvolvimento da mandíbula
RC e MIH, caracterizadas pelos chamados "contatos ou erupção dentária); causas adquiridas (colocação de
prematuros", são altamente toleradas e absorvidas de restaurações, prótese, ortodontia, etc.) ou causas dis-
uma maneira fisiológica pelo sistema estomatognático. funcionais (patologias musculares ou da ATM).
Assim, procedimentos irreversíveis como ajuste Ao contrário do que historicamente se pensava, con-
oclusal por desgaste seletivo são contra-indicados tatos prematuros podem ser consequências de uma série
como tratamento oclusal profilático. de patologias musculares de ATM, ao invés de causa das
Por outro lado, diferenças significantes entre as mesmas. Esse conceito é importante a partir do momento
duas posições podem desencadear uma série de conse- em que fica claro que procedimentos de ajuste oclusal
quências danosas para o sistema estomatognático, nunca devem estar indicados na fase aguda das Disfun-
principalmente no que diz respeito às estruturas den- ções Craniomandibulares (DCM). A relação entre oclu-
tais e periodontais. Como veremos adiante, esse grupo são e DCM será discutida posteriormente.
PRÓTESE FIXA

Já uma INTERFERÊNCIA OCLUSAL é uma relação de con- do dente, há uma micromovimentação deste para dentro
tato oclusal que interfere de alguma forma com a função do alvéolo (intrusão) estimada em aproximadamente
ou parafunção. Portanto, uma definição operacional para 0,12 a 0,25mm.
o tratamento de uma interferência oclusal requer alguma Tal movimentação é realizada às expensas das fibras
evidência de dano ao sistema estomatognático. do ligamento periodontal e do fluido tissular que banha
Do ponto de vista clínico, a presença de interfe- e irriga todo o espaço periodontal. Assim, quando existe
rências oclusais define os chamados traumas oclusais, um contato oclusal adequado, essa ligeira e temporária
que podem ser primários ou secundários. Trauma intrusão dentária permite uma série de eventos fisiológi-
oclusal primário se refere a interferências oclusais atuan- cos necessários para a manutenção da normalidade. Tal
do sobre dentes com suporte periodontal sadio. Já processo tem sido denominado de mecanismo hidráulico
trauma oclusal secundário diz respeito a interferênci- de sustentação. Com a presença das interferências oclu-
as oclusais sobre dentes previamente comprometidos sais ou hábitos parafuncionais deletérios, esse mecanismo
por doença periodontal inflamatória e, conseqúente- é rompido, causando nesses pacientes perda óssea e con-
mente, debilitados em relação ao suporte ósseo. sequente mobilidade dentária. O processo através do
Traumatismos oclusais e interferências oclusais es- qual um dente sob trauma desenvolve áreas de reabsor-
tão frequentemente associados às chamadas patologias ção óssea ainda não está bem elucidado na literatura.
relacionadas estritamente à oclusão. Assim, os proces- Dessa forma, em um dente sob trauma oclusal e
sos patológicos relacionados ao exame e ao planeja- sem Doença Periodontal Inflamatória (DPI), há o de-
mento dos casos de prótese fixa serão divididos em senvolvimento de áreas com perda óssea e mobilidade
Patologias Relacionadas Estritamente à Oclusão e dental sem, contudo, haver perda de inserção perio-
Disfunções Craniomandibulares. dontal e/ou formação de bolsas periodontais.
Um aspecto interessante é a observação do com-
portamento desse dente em relação à mobilidade. Para
| 4 * PATOLOGIAS RELACIONADAS alguns autores, a progressão da mobilidade associada
ESTRITAMENTE À OCLUSÃO ao aumento do espaço periodontal é indicativo de
traumatismo oclusal (Fig. 2.3).
A presença de contatos prematuros é um achado co- Modelos animais têm demonstrado que, quando
mum e normalmente o organismo, através de processos forças traumáticas são aplicadas a um periodonto sa-
adaptativos, consegue manter a homeostasia do sistema. dio, h á uma fa se de aumento de mobilidade, caracte-
Porém, para alguns pacientes, a presença desses
contatos oclusais, interferindo realmente com a fun-
ção, pode levar a alterações ósseas, dentárias ou pulpa-
res. A definição da nomenclatura de "patologias rela-
cionadas estritamente à oclusão" já indica que, para a
ocorrência desses processos, não devem necessaria-
mente estar presentes fatores outros que não os de
uma oclusão alterada.
Para efeito de diagnóstico e execução de um plano
de tratamento associado à execução de próteses, essas
patologias de origem oclusal serão subdivididas em:
mobilidade e movimentação dentária, desgaste dentá-
rio e lesões cervicais de origem não cariosa.

I 4.1 - MOBILIDADE DENTÁRIA

Trauma de oclusão foi definido no início do século


como uma condição de injúria que resulta no ato dos
dentes entrarem em contato, com alterações micros-
cópicas na membrana periodontal, causando mobili-
dade dentária patológica. ■ FIGURA 2.3
Toda vez que existe um equilíbrio oclusal, com Perda total de suporte ósseo em dentes submetidos a
direcionamento das forças no sentido do longo eixo cargas oclusais parafuncionais.
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rizada por alterações vasculares patológicas com con- de, sem, no entanto, haver aumento na magnitude
sequente aumento de atividade osteoclástica nas re- dessa mobilidade ou qualquer alteração biológica.
giões de pressão. Porém quando o dente se estabiliza Esse é um processo de adaptação à demanda funcio-
na nova posição, ou seja, tais forças passam a não ser nal.
mais traumáticas, o dente permanece com mobilida- O caso ilustrado nas fígs. 2.4A a 2.4E, mostra uma

G 2.4C


FIGUR
AS 2.4A
a 2.4C
(A/B)
Vista
2.4D
frontal
do
pacient
e em
MIH e
com a
mandíb
ula
movime
ntada
para a
posição
parafun
G 2.4A cional,
causand
o mobi-
lidade e
movime
ntação
dos
dentes
21 e 22. FIG 2.4E
(C)
Radiogr
afia da
área,
mostran
do
aument
o do
espaço
periodo
ntal.

FIG 2.4E

■ FIGURAS 2.4D e 2.4E


(D) Esplintagem provisória, seguindo-se os conceitos do polígono de estabilização. (E) Placa oclusal estabilizadora, utilizada
com o objetivo de se evitar o hábito parafuncional e aumento da mobilidade dentária.
PRÓTESE FIXA

condição de traumatismo primário, onde o tratamen- Um quadro característico dessa condição é a movi-
to foi baseado na eliminação do hábito parafuncional mentação dos dentes anteriores, causada por ausência
e esplintagem dos dentes abalados. de estabilidade oclusal na região posterior. Nesses ca-
Por outro lado, quando forças oclusais anormais sos, ocorre um posicionamento anterior da mandíbu-
são aplicadas a dentes com DPI, esses não respondem la, com consequente aumento das forças oclusais e
com mudanças de adaptação à demanda, como des- vestíbulo-versão dos dentes ântero-superiores. Uma
crito anteriormente. Em vez disso, continuam em queixa comum desse tipo de paciente é o surgimento
trauma, levando os dentes à mobilidade progressiva. de diastema entre os dentes (Figs. 2.7A e 2.7B).
Sabe-se, entretanto, que nesses casos o trauma oclu- Em relação aos sinais de trauma oclusal, frequen-
sal pode acelerar o índice de perda de inserção perio- temente é encontrada mobilidade dentária progressi-
dontal e perda óssea. Frequentemente dentes submeti- va, migração dentária patológica e padrões anormais
dos a traumatismos secundários, ou seja, interferências de desgaste oclusal.
oclusais aplicadas sobre dentes previamente expostos à Radiograficamente, detecta-se ausência da lâmina
DPI apresentam-se com abcessos periodontais e acen- dura lateralmente ou na região do ápice do dente,
tuada mobilidade (Figs. 2.5A e 2.5B). variação na espessura da membrana periodontal e
Clinicamente, os sintomas de trauma oclusal são reabsorção óssea.
dor ou desconforto na região periodontal, hipermobi- Para o profissional envolvido em Reabilitação
lidade dentária e migração patológica dos dentes com Oral, a detecção de traumatismos oclusais é funda-
consequente impacção alimentar. Observe na sequên- mental. A terapia básica para esse tipo de paciente
cia das Figs. 2.6A a 2.6D um caso de traumatismo envolve a instituição de um programa rígido de Hi-
oclusal secundário, onde forças laterais aceleram o giene e Fisioterapia Oral (HFO), ajuste oclusal das
processo de reabsorção óssea, em paciente previamente áreas de interferências oclusais e, eventualmente, es-
exposto à DPI generalizada. plintagem periodontal dos dentes abalados. Tais pro-

FIG 2.5A

FIGURAS 2.5A e 2.5B


(A) Incisivo central superior submetido à trauma oclusal e previamente exposto à DPI. Observe a profundidade de
sondagem aumentada e presença de exudato purulento. (B) Vista incisai do dente em questão. Note que o mesmo já
sofreu movimentação devido à perda óssea.
P A T O L O C I A S O C L U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I BU L A R E S

FIG 2.6Í

FIG 2.6[

FIG 2.6A

IG 2.6C
■ FIGURAS 2.6A a 2.6D
(A/B) Vistas frontal e oclusal de paciente com perda óssea generalizada. Note a baixa suscetibilidade à cárie, em contraste
à alta suscetibilidade à doença periodontal. (C) Trauma oclusal no pré-molar superior; exposto a forças exageradas após
desgaste dos caninos. D. Radiografia mostrando perda óssea generalizada.
FIG 2.7E

2.7A

\
■ FIGURAS 2.7A e 2.7B
(A/B) Vista frontal e oclusal mostrando movimentação dos dentes anteriores superiores devido à falta de estabilidade
oclusal posterior.
PRÓTESE FIXA

cedimentos iniciais são seguidos, em casos de presen- deve estar atento a esses pacientes portadores de des-
ça de DPI, por atos cirúrgicos para eventual elimina- gaste dentário patológico.
ção de bolsas periodontais. Para a esplintagem de Os desgastes dentários podem ser classificados de
dentes com mobilidade, deve-se sempre observar a acordo com a etiologia em abrasão, erosão ou atrição.
incorporação de elementos dentários que permitam Abrasão diz respeito à perda de estrutura dentária pro-
a estabilização, ou seja, a criação de um polígono de veniente da fricção de objetos sobre os dentes, como,
estabilização que impeça a movimentação dentária por exemplo, escovação com força exagerada. Erosão
em todos os sentidos, também conhecido como Polí- representa o desgaste ocorrido através de substâncias
gono de Roy. Outro aspecto a ser observado é a químicas, como, por exemplo, excesso de ingestão de
manutenção das ameias gengivais, para permitir a refrigerantes, frutas ácidas e presença de refluxo gástri-
higienização, através de instrumentos apropriados e co, também conhecido como perimolise. Atrição é o
fio dental. desgaste proveniente do contato entre dentes de arca-
Dessa forma, em pacientes com trauma oclusal e das opostas e, logicamente, o que mais interessa ao
necessidade de procedimentos protéticos, a recomen- profissional envolvido na área de reabilitação oral.
dação básica é de se tentar obter uma esplintagem dos Dessa forma, os desgastes dentários provenientes
elementos de suporte, pela construção de coroas com da atrição podem apresentar-se de três maneiras:
cúspides baixas e fossas rasas, associadas a uma deso-
clusão anterior e lateral rápida e eficiente. Todas essas 1 . DESGASTE DE ELEMENTOS DENTÁRIOS
recomendações visam minimizar possíveis esforços ISOLADAMENTE LOCALIZADOS NA RECIÂO
oclusais, principalmente aqueles que geram forças la- POSTERIOR OU ANTERIOR
terais e retorno da condição patológica, o que pode
levar à perda do(s) elementos (s) dentário(s). Ocorre na presença de contatos oclusais anormais
Logicamente, uma outra recomendação básica durante os movimentos lateriais. Nesses pacientes os
para esse tipo de paciente é a realização de controles dentes se desgastam devido à boa qualidade do tecido
periódicos, com o objetivo de se observar nível de su- ósseo (Fig. 2.9).
porte ósseo, grau de higienização do paciente e mobi-
lidade dos elementos suporte. 2. DESGASTE IOCALIZADO EM CANINOS COM
Em casos onde atividades parafuncionais do tipo CARÁTER PROGRESSIVO
bruxismo estão associadas à mobilidade o uso de uma
placa oclusal estabilizadora lisa está indicado. Nesse caso, provavelmente tal desgaste é simples-
O caso clínico exemplificado nas Figs. 2.8A a 2.8F, mente reflexo de uma atividades parafuncional (bru-
demonstra a esplintagem periodontal realizada após xismo) ou posição incorreta de dormir, ocorrendo
traumatismo oclusal e movimentação ortodôntica. com frequência em pacientes jovens (Fig. 2.10). Para
Note-se a necessidade de obtenção de estabilização que se confirme o aspecto progressivo do desgaste,
seguindo-se os conceitos do Polígono de Roy, obtida recomenda-se obter modelos de gesso em períodos
através de prótese fixa adesiva. diferentes (com espaço de três a seis meses) e realizar-
se nova avaliação. No caso de desgaste progressivo, são
4.2 ' DESGASTE DENTÁRIO recomendados procedimentos não invasivos de con-
trole do bruxismo, como utilização de placas oclusais
Uma outra forma de manifestação clínica das pa- lisas estabilizadoras, orientação e aconselhamento para
tologias relacionadas estritamente à oclusão são os que o paciente evite tais contatos.
desgastes dentários patológicos.
Em face de interferências oclusais, existem pacien- 5. DESGASTE DENTÁRIO GENERALIZADO
tes que, por apresentarem uma condição periodontal
satisfatória, respondem a esse traumatismo com des- Também relacionado a atividades parafuncionais em
gaste da estrutura dentária. pacientes não suscetíveis à instalação de Doença Perio-
Deve ficar claro, porém, que o desgaste dentário dontal Inflamatória - DPI (Figs. 2.1 IA a 2.11 D). Deve-
fisiológico é um achado comum e ocorre normalmen- se salientar mais uma vez a necessidade de se excluir o
te durante a vida do indivíduo. Assim, é perfeitamen- desgaste fisiológico, como citado anteriormente.
te normal encontrar pessoas em idade avançada com Em casos de desgaste generalizado, associado à ne-
essa característica. No entanto, antes do planejamento cessidade de procedimentos de reposição de elemen-
e execução do tratamento reabilitador, o profissional tos dentários ou reabilitação oral, a análise da dimi-
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-IG 2.8A

2.8C

FIG 2.8E
FIG 2.8 FIG 2.8

FIG 2.81

■ FIGURAS 2.8A a 2.8F


(A) Modelos de gesso do paciente previamente à terapia ortodôntica. (B) Radiografia da região anterior superior após
tratamento ortodôntico. Observe a reabsorção óssea e radicular (C) Esplintagem inicial, seguindo-se os conceitos de
estabilização. (D) Para reposição do dente ausente e com finalidade de esplintagem periodontal, optou-se pela confecção
da prótese fixa adesiva. Observe, no modelo de gesso, os preparos nos dentes anteriores e no pré-molar (E) Vista oclusal
durante a prova da estrutura metálica. (F) Vista frontal após cimentação da prótese adesiva. Observe que, apesar da união
entre os dentes, o espaço interproximal para higienização foi mantido.
PRÓTESE FIXA

M FIGURA 2.9 FIGURA 2.10


Desgaste dentário localizado isoladamente no pré-molar Desgaste patológico de canino em paciente jovem.
devido à ausência de guia lateral pelo canino decorrente
de mordida aberta anterior

FIG 2.1 IA

FIG2.IIC

■ FIGURAS 2.1 IA a 2.1 ID


(A, B, C) Desgaste dental generalizado devido ao bruxismo. (D) Placa oclusal estabilizadora, utilizada com o objetivo de
proteger os dentes.
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nuição da DVO, decorrente de perdas ou desgaste prótese fixas e/ou removíveis (Fig. 2.13). Estas fazem
dental, deve ser realizada. parte também do controle de pacientes com mobili-
O restabelecimento da DVO nesses pacientes deve dade dentária e bruxismo, assim como dos casos de
ser realizado basicamente por dois motivos principais: Disfunções Craniomandibulares (DCM).
estético, para recuperação da altura do terço inferior Apesar de várias técnicas terem sido propostas para
da face e recuperação da harmonia facial, e funcional, a confecção das placas oclusais estabilizadoras ou lisas, a
para criar um espaço inter-oclusal que permita a re- mais aceita é aquela que utiliza a montagem dos mode-
construção oclusal, mantendo as características oclu- los em articulador, enceramento e prensagem das placas
sais ideais e das guias anterior e lateral. com resina acrílica de polimerização térmica.
Como citado, o desgaste dental acentuado leva à Além da diminuição do tempo clínico de ajuste e
diminuição da Dimensão Vertical de Oclusão instalação das placas, a utilização de resina termopo-
(DVO), embora essa teoria seja contestada na litera- limerizável permite menor porosidade do material,
tura, pois, segundo alguns autores, o desgaste é com- quando comparada às placas confeccionadas com re-
pensado pela constante erupção dos dentes. Porém, sinas de polimerização química diretamente na boca
dependendo da etiologia, o desgaste pode ocorrer do paciente.
mais rapidamente que a erupção, com consequente Dessa forma, o primeiro passo deve ser a obtenção
perda da DVO. dos modelos de gesso para posterior montagem no
Nesses casos, torna-se imperativa a análise dessa articulador. Por ser um procedimento mais usual, será
dimensão, que deve ser feita pela avaliação da estabili- descrita a técnica de confecção de uma placa estabili-
dade oclusal, histórico do desgaste, testes fonéticos, zadora superior.
distância inter-arcos e aparência facial. Em função do Na obtenção desses modelos, aquele sobre o qual
desgaste dental exagerado, a oclusão desses pacientes vai ser confeccionada a placa deve receber um vaza-
normalmente apresenta-se topo a topo, como obseva- mento que permita sua remontagem após o processo
do na Fig. 2.12. de inclusão e prensagem. Assim, recomenda-se a con-
Os métodos de restabelecimento da DVO e plane- fecção de canaletas de orientação {split cast) na base do
jamento do caso final estão descritos no capítulo "Co- modelo, para que após o processo de prensagem da
roas Provisórias". resina o mesmo possa voltar ao articulador sempre na
Contrariamente aos casos de mobilidade dentária, mesma posição e proceder-se o ajuste oclusal da placa.
a preocupação no controle pós-reabilitação dos pa- Assim, evita-se modificações na dimensão vertical de-
cientes com desgaste dentário acentuado deve estar corrente da alteração dimensional da resina.
voltada para a manutenção e proteção das peças pro- Atualmente, tornou-se bastante popular a utiliza-
téticas contra possíveis fraturas. Um meio adequado e ção de imãs colocados nas bases dos modelos para
indicado é a utilização das placas oclusais lisas, atual- possibilitar a remontagem, o que veio facilitar e tornar
mente denominadas placas estabilizadoras sobre as esse tipo de procedimento preciso.

■ FIGURA 2.12 FIGURA 2.13


Vista frontal mostrando alterações estéticas e funcionais Placa oclusal estabilizadora de proteção para as próteses
causadas pelo desgaste dental e alteração da DVO. metalocerâmicas utilizadas na Reabilitação Oral de paciente
com hábitos de bruxismo exagerado.
PRÓTESE FIXA

Após a obtenção dos modelos, passa-se à tomada do Previamente ao enceramento, o primeiro passo é a
arco facial e registro da posição de Relação Cêntrica com a confecção de alívios nas regiões interproximais e oclu-
utilização do JIG, como descrito em capítulos anteriores. sais, normalmente realizados com gesso e que, têm a
Um detalhe importante está na determinação da finalidade de facilitar a inserção e remoção da placa
espessura da placa já na fase de registro. Isso é feito pelo paciente, além de evitar tensões exageradas sobre
com auxílio do JIG, que deve permitir uma separação os dentes, queixa comum nos pacientes que usam pla-
de ± 2mm, entre os dentes antagonistas mais próxi- cas oclusais (Fig. 2.14C).
mos do contato oclusal. Apesar de muito discutida na Durante o enceramento, procura-se recobrir os dentes
literatura, essa separação interoclusal de 2mm é sufi- até o terço médio de suas faces vestibulares e entender-se
ciente para prover rigidez à estrutura da placa, assim ligeiramente em direção ao palato. A placa deve apresentar
como realizar suas funções de proteção dos dentes e contatos simultâneos com os dentes antagonistas e durante
relaxamento muscular (Fig. 2.14A). os movimentos excursivos da mandíbula deve haver
Esse cuidado é fundamental, pois se a dimensão desoclusão lateral pelos caninos e protrusiva pelos dentes
^ertica\ tiansfoiàíi pai-à c> ■à-mcviWiOT tw^t ÇJWS, "=>« ■&- ^!^tKn»^Ks,. Isso sJjgM&a. c^ue durante todos os movimentos
terada ocorrerá uma diferença acentuada entre os ar- excursivos não deve haver contato entre dentes posteriores
cos de abertura e fechamento presentes na boca e no e a superfície da placa (Fig. 2.14D).
articulador que causará a necessidade de grandes ajus- C om a utilização de im ã na base do modelo, o
tes da placa na boca (Fig. 2.14B) mod elo encerado é separado do ramo superior do ar-

FIG 2.I4A

FIG 2.I4C

■ FIGURAS 2.l4Aa 2.I4D


(A) Registro oclusal em RC para confecção de placa estabilizadora. Note que o registro é realizado na DVO que s
pretende construir a placa. (B) Modelos montados em articulador semi-ajustável. (C) Modelo superior com alívios d
gesso nas regiões proximais e oclusais, prévios ao enceramento da placa. (D) Vista oclusal do enceramento da placa.
PAT O L O CI AS O C L U S A I S E DISFUNÇÕES CRANIOMANDIBULARES

ticulador e, a seguir, procede-se à inclusão e prensa- Orientações também devem ser dadas ao paciente
gem da maneira convencional (Fig. 2.14E). em relação ao possível aumento inicial de salivação e
Após a prensagem, cuidados especiais devem ser tensão nos dentes. Torna-se vital a partir daí a realiza-
tomados para se retirar o modelo da mufla sem dani- ção de avaliações periódicas para controle da adapta-
ficá-lo, para que o mesmo possa voltar ao articulador, ção e contatos oclusais.
para a realização dos ajustes oclusais prévios, decor-
rentes da alteração dimensional da resina que causa 4.5 ' LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS
frequentes alterações na DVO.
Durante o ajuste no articulador, deve-se procurar obter Uma outra manifestação de patologia oclusal são
novamente as características oclusais desejáveis, até que o as lesões cervicais, de origem traumática, que se apre-
pino do articulador volte a tocar na mesa incisai, obtendo- sentam com aspecto em forma de cunha, com bordas
se, dessa forma, a DVO inicialmente planejada. cortantes.
Realizado o ajuste, faz-se o acabamento e polimen- As lesões cervicais de causas idiopáticas são, fre-
to da resina e passa-se ao ajuste e instalação das placas quentemente, confundidas com erosões causadas por
na boca do paciente (Figs. 2.14F e 2.14G). Normal- ácido ou com abrasões causadas por escovação. Entre-
mente, em casos de utilização de placa somente para tanto, é difícil explicar como esses agentes etiológicos
proteção de trabalhos protéticos recomenda-se sua podem afetar um dente, e não afetar seus vizinhos,
utilização durante a noite. gerando lesões isoladas. Observações dessas lesões cervi-

■ FIGURAS 2 . l 4 E a 2 . l 4 G
(E) Utilização do imã durante a montagem possibilitando
a retirada do modelo para prensagem, e posterior retor-
no na mesma posição no articulador para o ajuste oclusal.
(F, G) Vistas frontais da placa concluída e com o paciente
realizando movimento lateral de desoclusão pelo canino.
PRÓTESE FIXA

cais em forma de cunha podem indicar que os aspectos Com a permanência das forças de tensão, as mi
oclusais são os principais agentes enológicos e outros cro-rupturas podem se propagar e a estrutura cristali
fatores locais desempenham um papel secundário na na, uma vez rompida, tornar-se cada vez mais suscetí-
dissolução da estrutura dentária, criando a lesão. vel à dissolução química e mecânica, causadas, respec-
O sistema mastigatório em função impõe três tipos tivamente, por ácidos presentes nos fluidos bucais e
de estresse sobre os dentes: compressão, tração e cisalha- pela escovação.
mento. A dentina é substancialmente mais resistente à Os dentes mais afetados por essas lesões cervicais,
tensão que o esmalte, podendo se deformar mais, sem de origem não cariosa, são os pré-molares superioreí
fraturar. As forças laterais, geradas no nível oclusal, po- seguidos por molares e caninos.
dem promover a flexão do dente, criar compressão no Da mesma forma, essas lesões cervicais podem
lado para o qual o mesmo está flexionando e tensão no acontecer isoladamente, devido à interferências oclu-
lado oposto. Uma vez que tanto o esmalte quanto a sais (Figs. 2.15A e 2.15B), ou de uma forma generali-
dentina possuem uma alta resistência à compressão, esse zada, devido a atividade parafuncional tipo bruxismo
tipo de estresse não gera danos a essas estruturas. Entre- (Fig. 2.16).
tanto, a habilidade das estruturas dentárias para suportar
a tensão é limitada. As forças de tensão que agem sobre
os dentes causam a ruptura das ligações químicas entre 5 - DISFUNÇÕES
os cristais de hidroxiapatita e, à medida que as ligações C RAMOMANDIBULARES
entre os cristais vão sendo partidas, pequenas moléculas
de água podem penetrar nos espaços formados, impedin- As disfunções craniomandibulares (DCM) consti-
do uma nova união química entre os cristais. tuem numa série de sinais e sintomas, caracterizados

FIG 2.I5A

■ FIGURAS 2 . l 5 A e 2 . l 5 B
(A) Lesão cervical não cariosa, de origem oclusal, causada por trauma durante movimento lateral. (B) Vista lateral do
contato entre os pré-molares.

FIGURA 2.16
Lesões cervicais generalizadas causadas por bruxismo.
P A T O L O G I A S O C L U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I B U L A R E S

principalmente por dores faciais, dor e ruídos na ceitos, tornaram-se bastantes populares os procedi-
ATM, dores de cabeça e dificuldade de abertura ou mentos irreversíveis de correção oclusal, como desgaste
movimentação mandibular. seletivo ou reabilitação oral.
No que diz respeito ao relacionamento com os Porém, com o passar do tempo e o surgimento de
procedimentos de reabilitação oral, o profissional deve novas entidades voltadas especificamente para o estu-
estar atento para a identificação de eventuais sinais de do das DCM, passou-se a observar que esses mesmos
DCM, que possam interferir com o sucesso de seu pacientes, tratados com correção oclusal, voltavam a
trabalho. apresentar os mesmos sintomas. Dessa forma, foi
As DCM podem ser classificadas em dois grandes inaugurado um novo período na literatura, onde se
grupos: as patologias musculares e as patologias intra- consideravam vários outros fatores contribuintes,
articulares. como a presença de hábitos parafuncionais, condições
As patologias musculares incluem desde mialgias sistémicas, condições psicológicas e posturais.
(dores musculares esporádicas) até processos crónicos Tornou-se bastante popular, então, a aplicação de
com necessidade de terapias específicas (dores miofas- modalidades terapêuticas não invasivas, como a utili-
ciais). Já as intra-articulares englobam as patologias zação das placas oclusais, fisioterapia, medicação, en-
envolvidas no relacionamento côndilo/disco articular tre outras. Esse último grupo de pensamento tem se
e os processos inflamatórios e degenerativos, prove- tornado bastante fortalecido ultimamente, resultado
nientes dessas alterações estruturais. Nesses casos, um de conclusões de pesquisas bem elaboradas, seguindo
tratamento prévio a qualquer procedimento reabilita- metodologias aceitas internacionalmente.
dor se faz necessário, uma vez que relações oclusais O grande problema na aceitação de que fatores
são frequentemente alteradas por tais problemas. Por oclusais são os grandes responsáveis pelas DCM
exemplo, sabe-se que mioespasmos unilaterais ou de- baseia-se em fatos bem demonstrados. Há uma
sordens articulares degenerativas podem causar conta- enorme parcela da população com interferências
tos prematuros. Dessa forma, a execução de procedi- oclusais e livre de sintomas; pacientes com oclusão
mentos de reabilitação oral para tratamento das DCM "perfeita" e com sintomas de DCM; e a significati-
não está indicado. va recidiva de sintomas em pacientes tratados com
Apesar de não ser o objetivo deste capítulo, o tra- correção oclusal.
tamento das DCM envolve desde um aconselhamento Em publicação recente, através de um esquema
até a utilização de placas oclusais, administração de estatístico bem elaborado, demonstrou-se, porém, que
medicamentos e procedimentos de fisioterapia. algumas alterações oclusais e/ou esqueléticas aumen-
Um aspecto interessante é a discussão que se faz a tam o risco do indivíduo vir a apresentar DCM. São
respeito da prevalência e etiologia de tais problemas. elas a diferença entre MIH e RC maior que 4mm,
Calcula-se que aproximadamente 8% das pessoas ne- mordida aberta anterior, sobrepasse horizontal maior
cessitam de algum tipo de orientação ou intervenção. que 6 a 7mm, mordida cruzada unilateral e cinco ou
O que é importante salientar é o aspecto esporádi- mais dentes posteriores ausentes. Nenhum desses fato-
co das DCM, ou seja, uma grande parcela das pessoas res, no entanto, uma vez corrigidos, provocariam a
que apresenta algum sintoma durante a vida, voltará à remissão dos sintomas se não houvesse o controle dos
"normalidade" sem nenhum tipo de tratamento. Esse outros fatores contribuintes.
fato é de fundamental importância ao se discutir a É importante salientar também que muitas inter-
validade dos tratamentos irreversíveis. ferências oclusais são causadas por problemas disfun-
Considerando-se a etiologia do problema que nor- cionais, como, por exemplo, os mioespamos unilate-
malmente norteia os procedimentos de tratamento, rais ou as doenças articulares em estágios avançados.
encontram-se dois períodos bastante distintos na lite- Portanto, ao contrário do que sempre se pensou, tem-
ratura. O primeiro, iniciado conjuntamente com os se que considerar a hipótese da interferência ser con-
relatos de Costen, na década de 30, onde os fatores sequência e não causa da DCM.
oclusais foram considerados como sendo os causado- O sucesso dos tratamentos obtidos através das pla-
res dos sintomas de DCM. cas oclusais tem sido usado como justificativa da par-
Tal grupo acreditava que a presença de contatos ticipação da oclusão como fator primário. No entan-
prematuros em RC ou durante os movimentos man- to, não deve ser esquecido que o mecanismo de ação
dibulares, teria a capacidade de alterar a posição man- das placas oclusais ainda não está totalmente elucida-
dibular e condilar, causando contrações musculares do, mas certamente vai muito além da simples obten-
anormais e consequente dor. Partindo-se desses con- ção de uma "oclusão ideal".
PRÓTESE FIXA

Baseados em todos esses fatores, os procedimentos Dessa forma, ajuste oclusal e reabilitação oral con-
irreversíveis não devem fazer parte da terapia de gran- tinuam tendo uma importância fundamental, quando
de parte das DCM. Esse objetivo de se "curar" o pa- aplicadas às patologias estritamente oclusais como
ciente, como postulado em um passado não muito descrito anteriormente.
distante, já não é aceito atualmente. Os estudos dos Já para um controle adequado das DCM, é ne-
mecanismos de transmissão das dores orofaciais e seu cessária uma associação de procedimentos, normal-
controle são, atualmente, a maior contribuição cientí- mente reversíveis, baseados em um profundo conhe-
fica nesse campo e parecem guiar os procedimentos cimento da anatomia e fisiologia do sistema estoma-
terapêuticos em um futuro não muito distante. tognático.

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C A P Í T U L O

PREPAROS DE
DENTES COM
FINALIDADE
PROTÉTICA
L U I Z F E R N A N D O PECORARO
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T É T I C A

INTRODUÇÃO externas do dente preparado. Isto é denominado retenção


friccionai. Quanto mais paralelas as paredes axiais do dente
O sucesso do tratamento com prótese fixa é determi- preparado, maior será a retenção friccionai da restauração.
nado através de três critérios: longevidade da prótese, A princípio pode parecer que os preparos deveriam
saúde pulpar e gengival dos dentes envolvidos e satisfa- apresentar sempre paredes axiais paralelas, para não se
ção do paciente. correr o risco de a prótese deslocar-se do dente prepa-
Para alcançar esses objetivos, o cirurgião-dentista rado durante a função mastigatória pelas forças de
deve saber executar todas as fases do tratamento, tais tração exercidas por alimentos pegajosos. Porém, o
como exame, diagnóstico, planejamento e cimentação aumento exagerado da retenção friccionai irá dificul-
da prótese. Todas as fases principais e intermediárias são tar a cimentação da restauração pela resistência ao es-
importantes e uma depende da outra. De nada adianta o co amento do cimento, impedindo o seu assentamento
dente estar preparado corretamente se as outras fases são final e, consequentemente, causando o desajuste oclu-
negligenciadas. É como uma corrente extremamente re- sal e cervical da restauração.
sistente - a ruptura de um dos elos leva à sua destruição. Tanto a retenção friccionai da restauração quanto a
Assim é o preparo de um dente com finalidade pro- ação do agente cimentante, isoladamente, não são capa-
tética. Como a prótese pode apresentar longevidade sa- zes de manter a restauração em posição. A ação conjunta
tisfatória se o dente preparado não apresenta condições desses dois fatores será responsável pela retenção mecâni-
mecânicas de mantê-la em posição, se o desgaste foi ca da restauração, através da interposição da película de
exagerado e alterou a biologia bulpar, se o término cervi- cimento nas irregularidades existentes entre as paredes do
cal foi levado muito subgengivalmente quebrando a ho- preparo e a superfície interna da restauração.
meostasia da área e se a estética foi prejudicada devido a Para isso é importante que, além do cimento e
um desgaste inadequado? técnica de cimentação corretos, as paredes do preparo
Portanto, o preparo dental não deve ser iniciado sem que apresentem inclinações capazes de suprir as necessida-
o profissional saiba quando indicá-lo e como executá-lo, bus- des de retenção e de escoamento do cimento, como
cando preencher os três princípios fundamentais para conse- comentado anteriormente, e que podem variar de
guir preparos corretos: mecânicos, biológicos e estéticos. acordo com as dimensões da coroa.
Assim, quanto maior a coroa clínica de um dente
preparado, maior a superfície de contato e maior a
I - PRINCÍPIOS MECÂNICOS retenção final. Desta forma, quando se têm dentes
longos, como ocorre após tratamento periodontal,
Os seguintes princípios serão comentados: pode-se aumentar a inclinação das paredes para uma
convergência oclusal de mais de 10".
• Retenção. Por outro lado, coroas curtas devem apresentar pa-
• Resistência ou estabilidade. redes com inclinação próxima ao paralelismo e recebe-
• Rigidez estrutural. rem meios adicionais de retenção para possibilitar um
• Integridade marginal. aumento nas superfícies de contato, como confecção de
sulcos nas paredes axiais (Figs. 3.1 A a 3.1 D).
RETENÇÃO A presença de sulcos também é importante em
preparos excessivamente cónicos, portanto sem um
O preparo deve apresentar certas características plano de inserção definido, para limitar a inserção e
que impeçam o deslocamento axial da restauração remoção da coroa em uma única direção e, assim,
quando submetida às forças de tração. reduzir a possibilidade de deslocamento.
A retenção depende basicamente do contato exis- A determinação de um plano de inserção único
tente entre as superfícies internas da restauração e as dos dentes pilares de uma prótese fixa é essencial para
PRÓTESE FIXA

FIG 3.IA

■ FIGURAS 3 . I A E 3.IB
(A) Vista vestibular clínica e (B) no modelo dos dente preparados. A presença de canaletas em dentes curtos é importante
para aumentar a retenção da prótese.

FIG 3.IC FIG

■ FIGURAS 3 . I B a 3.1 D
(C) Vistas oclusal do modelo de trabalho e (D), do caso concluído.

sua retenção. Para isso, a posição e inclinação dos dentes no preparados com apenas um dos olhos e a uma distân-
arco devem ser, inicialmente, analisadas em modelo de cia aproximada de 30cm. Se isto não ocorrer, existem
estudo, para que o profissional possa controlar melhor a áreas retentivas no preparo (Figs. 3.2A e 3.2B).
quantidade de desgaste das faces dentárias com o A área do preparo e sua textura superficial são as-
objetivo de preservar a saúde pulpar, sem, porém, perder pectos também importantes na retenção; quanto mai-
as características de retenção e estética. ^X A preservação e or a área preparada, maior será a retenção. Nos dentes
a manutenção da vitalidade pulpar devem sempre ser o que se apresentam cariados ou restaurados, as caixas
objetivo principal de qualquer dente preparado. Às vezes, provenientes da restauração também conferem capaci-
isso não é possível devido ao grau de inclinação dos dade retentiva ao preparo. Assim, meios adicionais de
dentes. Porém, esse risco sempre será diminuído com a retenção — caixas, canaletas, pinos, orifícios, etc. são
análise prévia no modelo de estudo e exame radiográfico» importantes para compensar qualquer tipo de defici-
Após o preparo dos dentes, faz-se uma moldagem ência existente no dente a ser preparado.
com alginato e avalia-se o paralelismo entre os dentes Em relação à textura superficial tem que se consi-
preparados no modelo de gesso. Para isso, delimita-se derar que a capacidade de adesão dos cimentos dentá-
com grafite a junção das paredes axiais com a gengival rios depende basicamente do contato deste, com as
de todos os dentes preparados. O operador deve microrretenções existentes nas superfícies do dente
visualizar toda a marca de grafite em todos os dentes preparado e da prótese.
Como a maioria dos materiais de moldagem apre-
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T E T I C A

■ FIGURA 3.2A ■i FIGURA 3.2B


Vista oclusal mostrando áreas retentivas nas faces distai Vista oclusal dos dentes preparados no modelo de estudo
do pré-molar e disto-vestibular do molar após correção do paralelismo, demonstrado pela visualiza-
ção de toda linha demarcada com grafite na região cervical.

senta boa qualidade de reprodução de detalhes, o aca- • Relação altura/largura do preparo. Quanto mai
bamento superficial do dente preparado deve ser reali- or a altura das paredes, maior será a área de resistência
zado com o objetivo de torná-lo mais nítido e com do preparo que irá impedir o deslocamento da prótese
uma textura superficial regularizada. Não há necessi- quando submetida às forças laterais. Por outro lado, se
dade de a superfície estar altamente polida para conse- a largura for maior que a altura, maior será o raio de
guir-se uma prótese bem adaptada e com retenção rotação e, portanto, as paredes do preparo não ofere
adequada. Aliás, o polimento pode até contribuir para cerão uma forma de resistência adequada. Assim, é
diminuir a capacidade de retenção da prótese. importante que a altura do preparo seja pelo menos
igual à sua largura. Quando isto não for possível,
2' RESISTÊNCIA OU ESTABILIDADE xomo nos casos de dentes com coroas curtas, deve-se
confeccionar sulcos, canaletas ou caixas para criarem-
A forma de resistência ou estabilidade conferida ao pre- se novas áreas de resistência ao deslocamento;
paro previne o deslocamento da restauração quando subme- • Integridade do dente preparado. Coroas ínte
tida às forças oblíquas, que podem provocar a rotação da gras, seja em estruturas dentárias ou em núcleos metá
restauração. Por isso, é importante que se saiba quais são as licos, resistem melhor à ação das forças laterais do que
áreas do dente preparado da superfície interna da restaura- aquelas parcialmente restauradas ou destruídas.
ção que podem impedir este tipo de movimento. Portanto, nos casos de coroas curtas, a forma de
Quando da incidência de uma força lateral na res- resistência pode ser melhorada pela diminuição da in-
tauração, como ocorre durante o nc\o ma.stigar.orjo ou clinação das paredes laterais e/ou confecção de canale-
quando há parafunção. a restauração tende a girar em tas axiais. Do mesmo modo, nos dentes que se apre-
torno de um fulcro, cujo raio forma um arco tangente sentam cariados ou restaurados, as próprias caixas das
nas paredes opostas do preparo, deixando o cimento faces oclusais ou proximais podem atuar como ele-
sujeito às forças de cisalhamento, que podem causar sua mentos de estabilização, contrapondo-se à ação das
ruptura e, consequentemente, iniciar o processo de des- forças laterais. (Figs. 3.3D a 3.3F)
locamento da prótese. A área do preparo envolvida por
esta linha tangente é denominado de área de resistência J- R IGIDEZ E STRUTURAL
ao deslocamento (Figs. 3.3A a 3.3C).
Existem vários fatores diretamente relacionados O preparo deve ser executado de tal forma que a
com a forma de resistência do preparo: restauração apresente espessura suficiente de metal
(para as coroas totais metálicas), metal e porcelana
• Magnitude e direção da força. Forças de grande (para as coroas metalocerâmicas) e de porcelana (para
intensidade e direcionadas lateralmente, como ocorre as coroas de porcelana pura), para resistir às forças
nos pacientes que apresentam bruxismo, podem cau- mastigatórias e não comprometer a estética e o tecido
sar o deslocamento da prótese; periodontal. Para isso, o desgaste deverá ser feito sele-
PRÓILSE TIXA

FIGURA 3.3A
A forma de resistência do preparo deve impedir a movi-
mentação da coroa quando esta é submetida à ação de
forças laterais (F) que tendem a movimentá-la em torno
do fulcro s. A ação do cimento interposto entre as su-
perfícies do dente e coroa do lado oposto, auxiliada pelo
paralelismo das paredes no terço médio-cervical, evitarão
a movimentação da coroa.

FIG 3.3A

FIG 3.3B

■ FIGURAS 3.3B e 3.3C


Para impedir o deslocamento da coroa, a largura do dente preparado tem que ser no mínimo igual à sua altura. Estas figuras
mostram o dente preparado com altura menor que o da figura 3.3A. Entretanto, como a largura é semelhante à altura e a
inclinação das paredes oferece forma de resistência, a coroa é impedida de movimentar-se como mostra a figura 3.3C.
FIG 3.3D

FIG 3.3F

■ FIGURAS 3.3D a 3.3F


Dente preparado com coroa curta e inclinação acentuada
das paredes. A ausência da área de resistência não impedirá
a rotação da coroa quando submetida às forças laterais.
D/E) Nesses casos, a presença de canaletas compensará
as deficiências do preparo minimizando a tendêrvcia. de.
rotação da coroa (F).
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T E T I C A

tivamente de acordo com as necessidades estética e de degradação marginal. Com o passar do tempo, cria-
funcional da restauração (Figs. 3.4A e 3.4B), como se um espaço entre o dente e a restauração que vai
será discutido posteriormente. permitir, cada vez mais, retenção de placa, recidiva de
cárie e, conseqúentemente, perda do trabalho.
5 4' I NTEGRIDADE M ARGINAL O cirurgião-dentista deve ter em mente que a maior
porcentagem de fracassos das próteses fixas deve-se à
O objetivo básico de toda restauração cimentada é presença da cárie, que só se instala na presença da placa
estar bem adaptada e com uma linha mínima de ci- bacteriana. O desajuste marginal desempenha um pa-
mento, para que a prótese possa permanecer em fun- pel fundamental neste processo, bem como na instala-
ção o maior tempo possível, num ambiente biológico ção da doença periodontal (Figs. 3.5A e 3.5B).
desfavorável que é a boca. Margens inadequadas facilitam a instalação do
Mesmo com as melhores técnicas e materiais usados processo patológico do tecido gengival que, por sua
na confecção de uma prótese, sempre haverá algum vez, irá impedir a obtenção de próteses bem adapta-
desajuste entre as margens da restauração e o término das. Assim, o controle da linha de cimento exposta ao
cervical do dente preparado. Esse desajuste será preen- meio bucal e a higiene do paciente são fatores que
chido com cimentos que apresentam diferentes graus a umentam a expectativa de lo ngevidade da prótese.

■ FIGURA 3.4A ■ FIGURA 3.4B


Porcelana fraturada na região médio-cervical da face vesti- Reparo realizado em resina composta.
bular do canino causada, provavelmente, pela flexão da
estrutura metálica muita fina nessa região.

■ FIGURA 3.5A ■ FIGURA 3.5B


Vista vestibular dos dentes 10, I 1 , 2 1 com coroas metalo- Vista vestibular após cirurgia periodontal, mostrando a pe-
plásticas. A falta de adaptação, ausência de contato proxi- netração da sonda na interface dente/coroa.
mal e perfil de emergência inadequado, causaram inflama-
ção do tecido gengival.
PRÓTESE FIXA

II - P RINCÍPIOS BIOLÓGICOS 2.P RESERVAÇÃO DA S AÚDE P ERIODONTAL

1. P RESERVAÇÃO DO ÓRGÃO PULPAR Um dos objetivos principais de qualquer trata-


mento com prótese fixa é a preservação da saúde pe-
A literatura tem mostrado que os elementos dentá- riodontal. Vários são os fatores diretamente relaciona-
rios restaurados com coroas totais podem sofrer danos dos a esse objetivo: higiene oral, forma, contorno e
pulpares, pois aproximadamente 1 a 2 milhões de tú- localização da margem cervical do preparo.
bulos dentinános (30 a 40.000 túbulos por mm2 de A melhor localização do término cervical é aquela
dentina) são expostos quando um dente posterior é em que o profissional pode controlar todos os proce-
preparado. O potencial de irritação pulpar com esse dimentos clínicos e o paciente tem condições efetivas
tipo de preparo depende de vários fatores: calor gerado para higienização. Assim é vital, para a homeostasia da
durante a técnica de preparo, qualidade das brocas e área, que o preparo estenda-se o mínimo dentro do
turbina de alta rotação, quantidade de dentina rema- sulco gengival, exclusivamente por razões estéticas e
nescente, permeabilidade dentinária, procedimentos de suficiente apenas para esconder a cinta metálica da
moldagem, reação exotérmica dos materiais emprega- coroa metalocerâmica ou metaloplástica, sem alterar
dos, principalmente as resinas, quando da confecção significantemente a biologia do tecido gengival. Alter-
das coroas provisórias e grau de infiltração marginal. nativas como coroas metalocerâmicas sem colar metá-
Assim, o profissional deve ter sempre a preocupa- lico ou de porcelana pura devem também ser levadas
ção de preservar a vitalidade do órgão pulpar e, nesse em consideração.
sentido, uma técnica de preparo que possibilite des- De uma maneira genérica, a extensão cervical dos
gastes seletivos das faces dos dentes, em função das dentes preparados pode variar de 2mm aquém da gen-
necessidades estética e funcional da prótese planejada, giva marginal livre até lmm no interior do sulco,
tem um papel imprescindível. embora existam autores que recomendem extensões
Com o objetivo de "evitar" esse tipo de preocupa- diferentes destas.
ção, muitos cirurgiões-dentistas que se intitulam prote- Do ponto de vista periodontal, o término cervical
sistas ou reabilitadores orais, adotam como procedi- deve localizar-se 2mm distante do nível gengival, pois
mento padrão, prévio à confecção de qualquer prótese, o tecido gengival estaria em permanente contato com
o tratamento endodôntico, preferindo a opção de tra- o próprio dente, sem a alteração de contorno que
balhar em dentes despolpados. Com isso, seus desajus- ocorre mesmo com uma prótese com forma e contor-
tes não são sensíveis, sua anestesia não é necessária, seu no corretos, preservando assim a saúde do tecido gen-
jato de ar não é danoso. Seus dentes pilares são recons- gival. É lógico, porém, que a localização do término
truídos com núcleos metálicos fundidos, sem levar em neste nível só é possível se não ocorrer comprometi-
consideração o custo desse sobretratamento (endo + mento da retenção e estabilidade da prótese e não
núcleo); o cirurgião-dentista ignora que quase 100% pode também ser utilizada nos casos em que a estética
dos dentes que se fraturam no sentido do longo eixo, seja um fator a considerar, devido à presença da cinta
provocando a perda do próprio dente e da prótese, têm metálica presente na face vestibular das coroas metalo-
núcleos metálicos. Em outras palavras, o paciente paga plásticas ou metalocerâmicas. Mesmo os pacientes que
um preço muito maior por um trabalho ruim, do ponto apresentam linha de sorriso baixa, ou seja, nunca
de vista biológico. Em reabilitação oral, aproximada- mostram o terço cervical de seus dentes, devem ser
mente 50% dos dentes envolvidos têm tratamento en- consultados sobre a possibilidade de ter o término
dodôntico e o máximo de esforço deve ser despendido cervical aquém do nível gengival.
para manter saudáveis os outros 50%. Em dentes tratados periodontalmente, o término cer-
O desgaste excessivo está diretamente relacionado à vical localizado supragengivalmente pode deixar uma
retenção e saúde pulpar, pois além de diminuir a área quantidade razoável de dentina e cemento expostos, que
preparada prejudicando a retenção da prótese e a pró- podem ser facilmente desgastados pela ação da escova,
pria resistência do remanescente dentário, nos dentes além de sensibilidade às trocas térmicas e desconforto
anteriores, principalmente, pode trazer danos irreversí- para o paciente. Por outro lado, a extensão subgengival
veis à polpa, como inflamação, sensibilidade, etc. do preparo em dentes longos pode causar comprometi-
Por outro lado, o desgaste insuficiente está direta- mento do órgão pulpar e enfraquecimento do remanes-
mente relacionado ao sobrecontorno da prótese e, con- cente preparado. Assim, o profissional deve fazer uma
seqiientemente, aos problemas que isso pode causar em análise prévia no modelo de estudo e a fase de encera-
termos de estética e prejuízo para o periodonto. mento diagnóstico é importante para decidir nesses caso;
P R E P A R O S DE D E N I L S C O M F I N A L I D A D E P R O T É T I C A

qual deve ser a melhor localização do término. preparado e, conseqiientemente, maior retenção e es-
Os pacientes que pertencem ao grupo de risco à tabilidade, evitando-se a necessidade de procedimen-
carie não devem ter o término cervical colocado to cirúrgico periodontal de aumento da coroa clíni-
aquém do nível gengival. Embora não existam com- ca; 6) colocação do término cervical em área de rela-
provações definitivas que o sulco gengival seja auto- tiva imunidade à cárie, como se acredita ser a região
imune ao processo carioso, nesses pacientes o término correspondente ao sulco gengival.
cervical deve ser estendido subgengivalmente, pois é Assim, quando se indicar o término cervical no
na área cervical dos dentes onde a placa se deposita interior do sulco gengival, o profissional deve estar
com maior intensidade e, conseqiientemente, a insta- consciente que, quanto mais profunda for sua locali-
lação da cárie pode ocorrer com maior facilidade. Este zação, mais difíceis serão os procedimentos de molda-
também é o motivo pela não indicação do término gem, adaptação, higienização, etc. e, consequente-
cervical ao nível gengival. mente, mais facilmente ocorrerá a instalação do pro-
As razões mais frequentes para a colocação intra- cesso inflamatório nesta área. Se a extensão subgengi-
sulcular do término gengival são: 1) razões estéticas, val for excessiva, provocará danos mais sérios em fun-
com o objetivo de mascarar a cinta metálica de coro- ção do desrespeito às distâncias biológicas do perio-
as metalocerâmicas ou metaloplásticas; 2) restaura- donto (Figs. 3.6A a 3.6C).
ções de amálgama ou resina composta cujas paredes ^ O preparo subgengival dentro dos níveis con-
gengivais já se encontram nesse nível; 3) presença de vencionais de 0.5 a l.Omm não traz problemas para
cáries que se estendem para dentro do sulco gengi- o tecido gengival desde que a adaptação, forma,
val; 4) presença de fraturas que terminam subgengi- contorno e polimento da restauração estejam satis-
valmente; 5) razões mecânicas, aplicadas geralmente fatórios e o paciente consiga higienizar corretamen-
aos dentes curtos, para obter-se maior área de dente te essa área.

FIG 3.6C

FIG 3.6A
FIGU
RAS
3.6A
a
3.6C
Alteraçã
o da
arquitet
ura
gengiva
l
decorre
nte da
invasão
das
distância
s
biológica
s.
PRÓTESE FIXA

III - E STÉTICA IV - T IPOS DE T ÉRMINO C ERVICAL

A estética depende, basicamente, da saúde perio- O término cervical dos preparos pode apresentar
diferentes configurações de acordo com o material a
dontal, forma, contorno e cor da prótese. Para atingir
ser empregado para a confecção da coroa.
esses objetivos, há que se preservar o estado de saúde
do periodonto, confeccionar restaurações com forma, 1- O MBRO OU DEGRAU
contorno e cor correios, fatores esses que estão direta-
mente relacionados com a quantidade de desgaste da Ê um tipo de término em que a parede axial do
estrutura dentária. Se o desgaste é insuficiente para preparo forma um ângulo de aproximadamente 90°
uma coroa metalocerâmica, a porcelana apresentará com a parede cervical (Fig.3.8).
espessura insuficiente para esconder a estrutura metá- Está indicado nos preparos para coroas de porcela-
lica, o que pode levar o técnico a compensar essa na pura (jaqueta) com 1,0 a l,2mm de espessura uni-
deficiência aumentando o contorno da restauração forme e contra-indicado nos preparos para coroas
(Figs. 3.7A e 3.7B). com estrutura metálica. O degrau proporciona espes-
sura suficiente à porcelana para resistir aos esforços
mastigatórios, reduzindo a possibilidade de fratura.
Embora proporcione uma linha nítida e definida, exi-
ge maior desgaste dentário e resulta num tipo de jun-
ção em degrau entre as paredes axiais e cervical, difi-
cultando o escoamento do cimento e acentuando o
desajuste oclusal e cervical com maior espessura de
cimento exposto ao meio oral (Fig. 3.9).

2 * O MBRO OU DEGRAU BISELADO

E um tipo de término em que ocorre formação de


ângulo de aproximadamente 90° entre a parede axial e
a cervical, com biselamento da aresta cavo-superficial
(Fig. 3.10)
■ FIGURA 3.7A
Esse tipo de término cervical está indicado para as
Prótese fixa anterior com alterações de forma, contorno coroas metalocerâmicas com ligas áureas, nas suas fa-
e cor ces vestibular e metade vestíbulo-proximais.
Como o término em ombro, resulta também em
desgaste acentuado da estrutura dentária para permitir
espaço adequado para colocação da estrutura metálica
e da porcelana. O bisel deverá apresentar inclinação
mínima de 45°, o que irá permitir um melhor sela-
mento marginal e escoamento do cimento que o pro-
porcionado pelo término anteriormente comentado.
O degrau ou ombro biselado proporciona um colar
de reforço que reduz as alterações dimensionais pro-
vocadas durante a queima da porcelana e, conseqúen-
temente, o desajuste marginal (Fig. 3.11).
Como este tipo de término tem também a função
de acomodar, sem sobrecontorno, o metal e a porcela-
na nas coroas metalocerâmicas, torna-se claro que este
ti FIGURA 3.7B deverá ser realizado exclusivamente nas faces em que a
Relação incorreta entre o contato do pôntico com o tecido estética torna-se indispensável, ou seja, nas faces vesti-
gengival. bular e metade das proximais (Fig. 3.12).
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T É T I C A

PORCELANA
■ FIGURA 3.8
Término em degrau.

■ FIGURA 3.9
Área de resistência ao escoamento do cimento.

( OL \R i)i: REFORÇO
■ FIGURA 3.11
Colar de reforço em metal.

FIGURA 3.10
Término em degrau biselado.

BISEI
C i í WI-IU- II
1)1 ( i k \l

FIGURA 3.12
Preparo para metalocerâmica - término cervical e quanti-
dade de desgaste.
PRÓTESE FIXA

É um tipo de término em que a junção entre a É um tipo de término em que a junção entre a
parede axial e gengival é feita por um segmento de parede axial e a gengiva é feita por um segmento de
círculo, que deverá apresentar espessura suficiente círculo de pequena dimensão (aproximadamente a
para acomodar metal e faceta estética (Fig. 3.13). metade do chanfrado), devendo apresentar espessura
É considerado pela maioria dos autores como sendo suficiente para acomodar o metal (Fig. 3.14).
o tipo de término cervical ideal, porque permite espes- Também como o anterior, por apresentar a mesma
sura adequada para facetas estéticas de porcelana ou configuração, facilita a adaptação da peça fundida e o
resina, com seus respectivos suportes metálicos, facili- escoamento do cimento, permitindo uma visualização
tando a adaptação da peça fundida e o escoamento do nítida da linha de acabamento e preservação da estru-
cimento. tura dentária.
Está indicado para confecção de coroas metalo- Está indicado para coroa total metálica e como térmi-
cerâmicas com ligas básicas (não áureas) por apre- no cervical nas faces lingual e linguo-proximal, das coro-
sentarem maior resistência e dureza que as ligas à as metaloplásticas e metalocerâmicas, independente da
base de ouro. Assim, as i nfra-estruturas podem ser liga a ser utilizada; está indicado ainda como término
mais finas, sem sofrer alterações por contração du- cervical das coroas parciais dos tipos 3/4 e 4/5.
rante a cocção da porcelana. É indicado também Dentes que sofrem tratamento periodontal ou reces-
para coroas metaloplásticas, independente do tipo são gengival, resultando em aumento acentuado da co-
de liga utilizada e para as coroas MOD, quando roa clínica, podem receber também este tipo de término
indicada a proteção de cúspides por vestibular ou cervical, visando maior conservação da estrutura dentária
lingual. e do próprio órgão pulpar; nestas situações a estética fica
Como o anterior, o término em chanfrado deverá parcialmente prejudicada, pois não se consegue limitar a
ser realizado apenas nas faces envolvidas esteticamen- cinta metálica da coroa metaloplástica ou metalocerâmi-
te, pois não se justifica maior desgaste exclusivamente ca ao nível subgengival, devido ao pouco desgaste.
para colocação de metal. Outros fatores podem modificar a configuração do

METAL METAL

PORCKl ANA RESINA

FIGURA 3.13 ■ FIGURA 3.14


Término em chanfrado. Término em chanferete.
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T E T I C A

término cervical, como a presença de cáries ou restau- conhecimento do diâmetro ou parte ativa das brocas
rações subgengivais. Assim, uma coroa metaloplástica utilizadas é primordial para o controle da quantidade
que deveria apresentar término em chanfrado por ves- de dente desgastado, em função do preparo realizado.
tibular e metade vestíbulo-proximal, na presença de
restauração ou cárie subgengival, poderá obter somen-
te neste local um término em degrau biselado, para VI - T ÉCNICA D E P R EPARO PA RA
evitar aprofundamento subgengival que seria o térmi- C OROA M ETALOCERÂMICA (T ÉCNICA
no convencional para esse tipo de coroa. DA SILHUETA )

A * PARA DENTES ANTERIORES


V - SIMPLICIDADE DA TÉCNICA DE
PREPARO O preparo para coroa metalocerâmica utilizando
metais básicos (ligas de Ni-Cr) apresenta as mesmas
Um dos objetivo básicos de qualquer técnica de características do preparo para coroa metaloplástica,
preparo com finalidade protética deve ser a simplifica- tanto em relação à quantidade de desgaste quanto ao
ção dos procedimentos. Isto significa racionalização tipo de término cervical empregado.
da sequência de preparo e das brocas utilizadas. A execução da técnica é realizada por meio de uma
A técnica preconizada pelo Departamento de Pró- sequência de procedimentos padronizados que serão
tese da Faculdade de Odontologia de Bauru da Uni- descritos a seguir:
versidade de São Paulo procura cumprir esses objeti-
vos e tem caráter eminentemente didático, ou seja, 1 ) SULCO MARGINAL CERVICAL
orientar o aluno a preparar dentes com finalidade pro-
tética, de forma a preencher satisfatoriamente os prin- A função básica de iniciar o preparo pela confec-
cípios envolvidos. Uma vez compreendidos e assimila- ção deste sulco é estabelecer, já no início do mesmo, o
dos, esses princípios podem ser conseguidos por término cervical.
adaptações dessa técnica ou mesmo pelo uso de ou- Com a broca esférica 1014, o sulco é realizado nas
tras, sem influir significativamente no resultado final: faces vestibular e lingual até chegar próximo ao conta-
o dente adequadamente preparado para receber uma to do dente vizinho. Na ausência de contato proxi-
prótese. Esta técnica, denominada Técnica da Silhue- mal, o sulco também deverá estender-se para as faces
ta, permite ao operador uma noção real da quantida- proximais.
de do dente desgastado, pois executa-se inicialmente o A profundidade do sulco de ± 0,7mm (metade do
preparo da metade do dente, preservando-se a outra diâmetro da broca) é conseguida introduzindo a broca
metade para avaliação. a 45° em relação à superfície a ser desgastada (Figs.
Essa técnica também parte do princípio de que o 3.15Aa3.15D).

F IG UR AS 3 . l 5 A e 3 . I 5 B
Vistas vestibular (A) e palatina (B) do I 3 que irá receber preparo para coroa metalocerâmica.
PRÓTESE FIXA.

FIGURA 3.I5C ■ FIGURA 3.I5D


Sulco marginal cervical vestibular - posicionamento da Sulco marginal cervical palatino.
broca esférica em 45 '

Se o limite cervical do preparo for estender-se desgastes desnecessários ou insuficientes que possam
subgengivalmente, o sulco marginal deve ser confecci- por em risco a integridade do órgão pulpar e, ao mes-
onado ao nível da margem gengival. Por outro lado, mo tempo, proporciona o desgaste ideal para acomo-
se a margem cervical do preparo apresentar indicação dar o metal e porcelana. Os sulcos ficam delimitados
de término aquém do nível gengival, o sulco marginal na área marginal cervical pelo desgaste prévio realiza-
deve ser localizado supragengivalmente e no nível de- do com a broca esférica.
sejado. Os sulcos incisais, também em número de dois,
seguem a mesma direção dos sulcos vestibulares e são
2) SULCOS DE ORIENTAÇÃO: NAS FACES feitos com a mesma broca, inclinada aproximadamente
VESTIBULAR, INCISAL E LINCUO-CERVICAL a 45° em relação ao longo eixo do dente e dirigida
para a face lingual nos dentes superiores e para vesti-
As coroas metalocerâmicas necessitam de 1.5mm bular no preparo de dentes ântero-inferiores. Sua pro-
de desgaste nas faces vestibular e metade das proxi- fundidade deve ficar por volta de 2,0mm, o que cor-
mais e 2mm na incisai, para acomodar o metal e por- responde a uma vez e meia o diâmetro da broca. Esse
celana dentro do contorno anatómico normal que o desgaste possibilita a obtenção de resultados estéticos
dente apresentava. satisfatórios para a porcelana, permitindo a transluci-
Assim, a melhor maneira para controlar a quanti- dez característica do esmalte nesse local.
dade de desgaste, em função das necessidades estéticas Na região línguo-cervical, os sulcos deverão apre-
e mecânicas do preparo, é através da confecção de sentar profundidade de ± 0,6mm, o que corresponde
sulcos de orientação, que inicialmente, deverão ser à metade do diâmetro da broca e permite espessura
realizados em uma das metades do dente. suficiente para o metal.(Figs. 3.16A a 3.16E)
Inicialmente, com a broca 3216 ou 2215, em alta Os sulcos vestibulares e linguais devem ser orienta-
rotação, faz-se dois sulcos na face vestibular corres- dos, tomando-se o cuidado de verificar previamente
pondentes ao diâmetro da broca (l,2mm), um no em um modelo de estudo a relação de inclinação dos
meio e outro próximo à face proximal. Os sulcos de- dentes envolvidos na prótese para que esses sulcos te-
vem ser realizados seguindo os planos inclinados des- nham uma relação de paralelismo. Para a confecção
sas faces, um correspondente ao terço médio-cervical destes em dentes com coroas curtas, pode-se utilizar a
e o outro, ao terço médio-incisal. Assim, evitam-se broca n° 2215.
PREPAROS DE DENTES COM FINALIDADE PROTÉTICA

FIG 3.I6A FIG 3.

H FIGURAS 3.16A e 3.I6B


Vistas vestibular (A) e palatina (B) dos sulcos de orientação.

FIG 3.I6C FIG 3.

FIG 3.I6E

r 1
i i
■ FIGURAS 3.I6C a 3.I6E
J Relação diâmetro da boca/profundidade dos sulcos.
PRÓTESE FIX

^- UNIÃO DOS SULCOS DE aço, procede-se à eliminação da convexidade natural


ORIENTAÇÃO desta área com a broca 3203 (Fig. 3.18). A proteção
do dente vizinho é importante porque existem traba-
Com a broca 3216 ou 2215, faz-se a união dos sulcos lhos na literatura que mostram que 75% dos dentes
das faces vestibular, incisai e lingual, mantendo-se a relação contíguos aos preparados sofrem algum dano, como
de paralelismo previamente obtida. Nesta fase acentua-se o desgaste inadvertido do esmalte ou das restaurações
desgaste de l,3mm até a metade das faces proximais, por existentes. A finalidade deste passo é criar espaço
serem também consideradas importantes na estética. para a realização do desgaste definitivo com a broca
Após esses desgastes, a metade do dente está pre- 3216. Os desgastes proximais devem terminar no ní-
parada, o que permite fazer uma avaliação dos proce- vel gengival e deixar as paredes proximais paralelas
dimentos realizados até o momento, pois a outra me- entre si. Esse desgaste deve ser realizado até que se
tade está intacta. Torna-se, desta maneira, muito fácil tenha distância mínima de lmm entre o término
ao operador controlar os requisitos mecânicos, bioló- cervical do dente preparado e o dente vizinho. Esse
gicos e estéticos que requerem um preparo com finali- espaço é indispensável para possibilitar acomodação
dade protética (Figs. 3.17A e 3.17B). da papila interproximal e, se houver dois retentores a
serem unidos, o espaço ideal deve ser até maior, de
4- DESGASTES PROXIMAIS Com o dente 1,5 a 2,0mm, o que possibilita espaço para a papila e
acesso aos meios convencionais de higienização
vizinho protegido por matriz de como a agulha passafio.

FIG 3.I7A

■ FIGURAS 3 . I 7 A e 3 . I 7 B
Vistas vestibular e proximal da metade do dente preparado.

■ FIGURA 3.18
Broca utilizada no desgaste da face proximal.
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T É T I C A

DESGASTE LINCUAL O desgaste do 1/3 cervical é realizado com brocas


3215 ou 2214, com o objetivo básico de formar o
Com a broca diamantada em forma de pêra n° término cervical em chanfrete (0,6mm), suficiente
3118, procede-se ao desgaste desta face, seguindo-se a para a resistência do metal. (Fig. 3.19B)
anatomia da área (Fig. 3.19A). Devido à dificuldade ou impossibilidade de con-
A região lingual correspondente ao terço médio-inci- fecção de sulcos de orientação nas faces linguais dos
sal deve ser desgastada no mínimo em 0,6mm para aco- dentes anteriores, utiliza-se como elemento de refe-
modar apenas o metal nas coroas de dentes anteriores rência a metade íntegra do dente, a oclusão com os
que apresentam um sobrepasse vertical muito acentuado. antagonistas e, numa etapa posterior, a espessura da
Evita-se, assim, deixar a região incisai muito fina e sujeita face lingual das coroas provisórias.
à fratura. Para os casos com sobrepasse vertical normal, Após a realização dos desgastes, avalia-se o espaço
essa região também pode ser coberta com porcelana e, conseguido consultando-se os movimentos de laterali-
para isso, deve ter um desgaste de 1.3mm. O restante das dade, latero-protrusão e protrusão executados pelo pa-
faces proximais deve apresentar um desgaste de 0,6mm, ciente.
pois nessas áreas a coroa metalocerâmica deverá apresen- O desgaste da metade íntegra é realizado era segui-
tar-se somente em metal, estendendo-se para incisai da, repetindo-se todos os passos citados anteriormente
(poste próxima!) para dar sustentação à porcelana. (Fig. 3.19C).

FIGURA 3.I9A FIGURA 3.I9B


Desgaste da face palatina mostrando a posição da broca Término cervical em chanferete. Observar a posição da
31 18. broca: metade no dente, metade no sulco gengival.

FIGURA 3.I9C
Dente preparado.
PRÓTESE FIXA

6- PREPARO SUBCENCIVAL irregular, semelhante à forma de toda a extremidade


da broca, visto que a quantidade desgastada nas faces
Para se obter um término cervical do preparo no vestibular e metade das proximais correspondeu ao
interior do sulco gengival, nítido e num nível compa- diâmetro da broca (Fig. 3.20A e 3.20B).
tível com a fisiologia do sulco gengival, o primeiro Fica fácil entender agora a importância da reali-
ponto que deve ser muito bem entendido é que a zação do sulco cervical marginal, utilizando a meta-
obtenção do término em chafrado faz-se usando ape- de do diâmetro (± 0,7mm) da broca esférica, pois,
nas a metade da ponta ativa da boca. além de ter delineada a forma do chanfrado, tam-
Assim, o posicionamento correto da broca para bém auxilia no posicionamento correto da broca
estender o término do preparo dentro do sulco gengi- 3216 ou 2215 para preparo subgengival.
val deve ser feito deixando metade de seu diâmetro A profundidade do término cervical deve ser de
em contato com o dente e a outra metade fora do 0,5 a l,0mm, suficiente para esconder a cinta me-
dente e, conseqiientemente, em contato com o epité- tálica da coroa metalocerâmica. A área interproxi-
lio sulcular. Procedimentos frequentemente aconse- mal constitui-se no aspecto mais crítico desta fase,
lhados de colocação de fios retratores gengivais nos razão pela qual cuidados adicionais devem ser ob-
términos cervicais, previamente à extensão subgengi- servados com a extensão do término dentro do sul-
val, são mais danosos que a própria ação da broca, por co gengival.
sua ação mecânica de pressão e pela presença de ele- Busca-se, nesta etapa, realizar uma pequena in-
mentos químicos, responsáveis pela retração gengival, clinação (2 a 5o) das paredes em direção incisai, a
o que comumente resulta em recessão gengival e ex-
partir do término cervical, que pode ser aumentada
posição precoce da cinta metálica que se pretendia
(5 a 10°) a partir do 1/3 cervical, principalmente se o
esconder dentro do sulco. Não se deve encostar a bro-
dente apresentar coroa clínica longa. (Figs. 3.2IA e
ca nas paredes axiais para a execução desse procedi-
3.21B)
mento, pois corre-se o risco de obter-se ura término

■ FIGURA 3.20B
FIGURA 3.20A
Vista palatina do dente preparado.
Posicionamento correto da broca para o preparo subgengival.
FIG 3.2IA Segunda J inclinação "S
Primeira ^f

í
«FIGURAS 3.21 A e 3.2IB
(A) Inclinação das paredes vestibular; palatina e (B) proximais.
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T É T I C A

As ligas de Ni-Cr usadas nas coroas metalocerâ- nessa região para acomodar o metal e a porcelana.
micas apresentam características físicas que possibi- Outra diferença em relação ao preparo para me-
litam a obtenção de margens cervicais finas (de 0,1 talocerâmica com ligas de Ni-Cr está no término
a 0,3mm), sem prejuízo de adaptação decorrente cervical, que deve ser em degrau biselado para con-
do processo de cocção da porcelana. Por esta razão, figurar maior resistência à estrutura metálica.
o término cervical colocado a 0,5mm dentro do Como consequência, torna-se necessário maior
sulco é capaz de esconder a cinta metálica, princi- aprofundamento gengival (0,7 a l,0mm), notada-
palmente se o tecido gegival for constituído de mente nos dentes de relevante importância estética,
mucosa ceratinizada. Gengiva fina pode exigir ex- para mascarar o bisel metálico.
tensão cervical maior dentro do sulco para masca- Para a obtenção do término em degrau biselado
rar a translucidez da cinta metálica. nas faces vestibular e metade das proximais, utiliza-
As ligas de ouro cerâmico, por outro lado, exigem se a broca n° 3069 de ponta reta para a confecção do
maiores espessuras (0,3 a 0,5mm) para não sofrer de- degrau, que é levado 0,5mm dentro do sulco (Fig.
formações decorrentes da coação da porcelana. Assim, 3.22A) e a broca em forma de chama, n° 1112 para
nos preparos para coroa metalocerâmica em liga de o biselamento do degrau (Fig. 3.22B). O restante do
ouro, a estrutura dentária deve sofrer maior desgaste preparo continua em chanferete (Fig. 3.22C).

■ FIGURA 3.22A FIGURA 3.22B


Término em degrau. Término em degrau biselado

■ FIGURA 3.22C
Término em chanferete.
PRÓTESE FIXA

7 - ACABAMENTO al, acentuando o desgaste nessa região (Fig. 3.23B).


A regularização do preparo deve ser feita com as
Como o término cervical obtido com as brocas mesmas brocas anteriormente usadas, em baixa rota-
diamantadas 3216 ou 2215 é um chanfrado longo ção, arredondando-se todas as arestas formadas e eli-
(Fig. 3.23A), torna-se necessário aumentar um minando áreas de esmalte sem suporte ou irregulari-
pouco mais a quantidade de desgaste na região cer- dades que possam ter permanecido na região do tér-
vical das faces estéticas, vestibular e metade das mino cervical. Recomenda-se também a utilização de
proximais, para acomodar o metal e a porcelana e brocas de aço multilaminadas em baixa rotação, para
não haver sobrecontornos. definir melhor o término cervical, facilitando a adap-
Para isso, utiliza-se para este desgaste a broca tação da coroa provisória, moldagem e demais passos
diamantada tronco-cônica com extremidade arre- subsequentes. Verifica-se com sonda exploradora se
dondada (4138), totalmente apoiada na parede axi- esses objetivos foram atingidos. (Figs. 3.24A e 3.24B)

FIGURA 3.23A ■ FIGURA 3.23B


Posicionamento correto da broca para obtenção do chan- Aumento do desgaste cervical.
frado.

FIGURA 3.24B
Prótese cimentada

FIGURA 3.24A
Preparo concluído.
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T É T I C A

B * P RE PARO PARA C OROA M ETALOCERÂMICA tibular e metade das proximais que deve ser em om-
SEM CINTA METÁLICA NAS FACES VESTIBULAR E bro realizado com a broca 3069, em substituição ao
METADE DAS PROXIMAIS (COLARLESS) chanfrado. Este tipo de preparo está indicado para
elementos isolados ou próteses fixas pequenas, quan-
A única diferença deste preparo para o descrito do o tecido gengival é muito fino e permite a transpa-
anteriormente está no término cervical das faces ves- rência da cinta metálica (Figs. 3.25A a 3.25D).

■ FIGURA 3.25A
FIGURA 3.25B
Vista vestibular das coroas metaloplásticas.
Vista vestibular dos dentes preparados com término
cervical em degrau nas faces vestibular e metade das
proximais.

■ FIGURA 3.25C ■ FIGURA 3.25D


Vista cervical das coroas metalocerâmicas mostrando o Vista vestibular das coroas cimentadas.
término em porcelana e metal.

C " PREPARO PARA COROA METALOCERÂMICA PARA 2 - SULCOS DE ORIENTAÇÃO: VESTIBULAR, OCLUSAL E
DENTES POSTERIORES: LINCUAL

1 - SULCO MARGINAL CERVICAL-VESTIBULAR E Para os dentes superiores, a profundidade dos


LINCUAL
sulcos vestibulares deve ser de l,2mm (diâmetro da
O desgaste marginal é feito seguindo os mesmos broca) em função da estética. Os sulcos da face pala-
procedimentos descritos anteriormente no preparo tina, no terço médio cervical, devem ter um desgaste
para dente anterior (Figs. 3.26A a 3.26D). de ± 0,6mm e, na região médio oclusal, uma espes-
PRÓTESE FIXA

FIG 3.26A

■ FIGURAS 3.26A a 3.26B


Vistas vestibular (A) e palatina (B) do 27 com indicação para coroa metalocerâmica.

FIG 3.26C

■ FIGURAS 3.26C e 3.26D


Vistas vestibular (C) e palatina (D), mostrando o sulco marginal.

sura de ± l,5mm, por tratar-se de área funcional das paço para os materiais metálico e estético, pois se o
cúspides de contenção cêntrica. Na face oclusal, os desgaste for insuficiente haverá pouca espessura de
sulcos devem ser feitos acompanhando os planos in- porcelana, alterando a estética e suas propriedades físi-
clinados das cúspides e com uma profundidade cas. Na região médio-oclusal esta quantidade de desgaste
aproximada de l,5mm. Se os dentes apresentarem também é necessária, para proporcionar resistência à
coroa clínica curta, o desgaste oclusal poderá ser re- coroa metalocerâmica, pois essa região faz parte da área
duzido para l,0mm. Nesses casos, a superfície oclu- funcional da cúspide de contenção cêntrica e, conse-
sal da coroa deverá ser metálica. quentemente, participa ativamente do ciclo mastigató-
Nos dentes inferiores os sulcos da face vestibular rio. Os sulcos da face lingual deverão também ser reali-
devem ser realizados aprofundando-se o diâmetro da zados acompanhando a sua inclinação e com profundi-
broca, para se obter o desgaste de l,2mm. Esta quan- dade correspondente à metade do diâmetro da broca,
tidade de desgaste é necessária para proporcionar es- ou seja, ± 0,6mm (Figs. 3.27A e 3.27B).
K b H A K U b L)b U b N I b b L U M b l I N A U U A U t P K U l h l HA

FIG 3.27A FIG 3.

■ FIGURAS 3.27A e 3.27B


Vistas vestibular (A) e palatina (B) mostrando os sulcos de orientação.

DESCASTES PROXIMAIS tade do dente preparado, o que permite uma avaliação


da quantidade da área desgastada em relação à metade
O desgaste proximal é feito seguindo os mesmos íntegra. Se necessário, as correçÕes deverão ser realiza-
princípios e broca descritos no preparo anterior. das antes de proceder-se ao desgaste da outra metade
(Figs. 3.28A e 3.28B). Compare com o dente antagó-
4 - U NIÃO DOS SULCOS DE ORIENTAÇÃO nico para certificar-se de que existe espaço suficiente
para o metal ou metal e porcelana.
A união dos sulcos deve ser feita com as brocas Em seguida, prepara-se a metade íntegra, repetin-
3216 ou 2215. Após a união dos sulcos tem-se a me- do todos os passos citados anteriormente (Fig. 3.29).

FIG 3.28A FIG 3.

■ FIGURAS 3.28A e 3.28B


Vistas vestibular (A) e proximal da metade do dente preparado.

FIGURA 3.29
Confecção dos sulcos de orientação na metade íntegra.
PRÓTESE FIXA

5 - PREPARO SUBCENCIVAL E ACABAMENTO 5o para determinar uma área de retenção friccionai para
a prótese e inclinação de 5 a 10° nos terços médio e
Para a realização desses procedimentos, os princí- oclusal (segunda inclinação), com o objetivo de facilitar
pios e brocas descritos no preparo anterior são os os procedimentos de colocação, remoção e adaptação
mesmos. das coroas provisórias e definitivas. Uma inclinação
É indispensável que as faces axiais apresentem incli- exagerada nessas áreas poderá comprometer a estabili-
nações adequadas para propiciar ao preparo característi- dade da coroa, pois serão eliminadas áreas importantes
cas de retenção e estabilidade. Para isso, a inclinação do de neutralização das forças oblíquas que incidem du-
terço cervical (primeira inclinação) deve ficar entre 2 a rante o ato mastigatório (Figs. 3.30A a 3.30C).

FIGURA 3.3OA ■ FIGURA 3.3OB


Primeira e segunda inclinação das faces axiais. Preparo concluído.

■ FIGURA 3.3OC
Prótese cimentada

VII - PREPARO PARA COROA TOTAL A quantidade de desgaste das faces oclusais e áreas
METÁLICA funcionais das cúspides de contenção cêntrica (médio-
oclusal da face vestibular dos dentes inferiores e médio-
A coroa total metálica é indicada onde o fator esté- oclusal da face palatina dos superiores) deve ser de ±
tico não precisa ser considerado (2OS e 3OS molares). l,2mm, ou seja, correspondente ao diâmetro da broca.
A única diferença deste tipo de preparo para o de Esse maior desgaste é importante para dar rigidez à es-
coroa metalocerâmica está na quantidade de desgaste trutura metálica e resistir à ação das forças mastigatórias
que é realizado na face vestibular, visto que esta será que incidem nessas faces da coroa.
recoberta somente com metal. Assim, o desgaste na Todo o término cervical apresentará configuração
face vestibular deve apresentar ± 0,6mm, ou seja, me- uniforme em chanferete, que pode ser determinado pelas
tade do diâmetro da broca 3216 ou 2215. brocas citadas anteriormente (Figs. 3.3IA a 3.31C).
P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E P R O T E T I C A

■ FIGURA 3.3IA FIGURA 3.3 IB


Os dentes 17 e 14 foram preparados Vista oclusal do preparo para coroa total metálica.
4/5
para receber coroa
total metálica e restauração parcial tipo , respectivamente.

■ FIGURA 3.3 IC
Prótese cimentada com Panavia Ex.

VIII - B IBLIOGRAFIA C ONSULTADA profético para casos avançadas. Rio de Janeiro. Quintessence,
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C A P I T U L O

PRÓTESE
FIXA ADESIVA
L UIZ F ERNANDO PECORARO
P R Ó T E S E F I X A A D E S I V A

INTRODUÇÃO cêntrica e dimensão vertical em P.P.R.;


- Como elemento de restabelecimento do guia an
As Próteses Adesivas apresentaram nos últimos terior.
anos ura desenvolvimento muito grande, em função
da evolução dos agentes de cimentação e dos cuidados 2 * CONTRA^INDICAÇÃO
tomados no preparo dos dentes retentores.
O aparecimento de cimentos resinosos que apre- - Quantidade insuficiente de esmalte devido à pre
sentam capacidade de união química com estruturas sença de cáries ou restaurações extensas;
metálicas, especialmente aquelas fundidas com ligas - Espaços protéticos extensos (mais de 2 pônticos);
de Ni-Cr, simplificou a confecção das Próteses Adesi- - Dentes anteriores com deficiência estética;
vas devido à eliminação dos procedimentos de obten- - Dentes anteriores mal posicionados, nos quais a
ção de retenções mecânicas na superfície interna da estrutura metálica possa prejudicar a estética;
prótese. Isso tornou possível a obtenção de estruturas
metálicas mais finas e, conseqiientemente, com menor
desgaste da estrutura dentária e sem alterar a forma
f ' VANTAGENS
anatómica das coroas dos dentes pilares. - Conservação da estrutura dentária, pois o desgas
Em relação ao preparo dos dentes — um dos as- te é reduzido;
pectos mais importantes no sucesso da prótese — a - Possibilidade de manter margens supragengivais;
área preparada tem que ser compatível com as forças o desgaste pode ser realizado sem anestesia;
mastigatórias que irão incidir sobre a prótese e têm - Dispensa a confecção de coroas provisórias na
que apresentar forma de retenção e estabilidade, para grande maioria dos casos;
que a resistência de união da interface dente/cimento/ - Manutenção da estética proporcionada pelos
estrutura metálica não fique exclusivamente sob a res- próprios dentes do paciente;
ponsabilidade do cimento adesivo. - Redução do tempo clínico;
Os trabalhos de pesquisa e de avaliação clínica - Redução de custos.
disponíveis na literatura e a experiência acumulada
nos últimos catorze anos em nossas clínicas de gra-
duação, especialização e pós-graduação ,têm mostra-
DESVANTAGENS
do que este tipo de prótese deve ser considerado um
procedimento definitivo e alternativo às próteses Desde que corretamente indicadas, com prepa-
convencionais. ros com características adequadas de retenção e es-
tabilidade e quantidade suficiente de esmalte, uma
única possível desvantagem estaria relacionada à es-
INDICAÇÃO tética, devido à exposição da liga metálica corres-
pondente aos apoios oclusais e segmentos lingual e
- Como retentores de próteses fixas (anterior ou proximais da prótese.
posterior), desde que os dentes apresentem quantida
de de esmalte adequada;
- Contenção de dentes periodontalmente abalados; 5- C ARACTERÍSTICAS DO P REPARO
- Contenção de dentes tratados ortodonticamente;
- Como elementos isolados (parcial ou total); Existem alguns princípios básicos que devem
- Como elemento suporte para colocação de apoi orientar os preparos, com o objetivo de conferir à
os e grampos de PPR; prótese retenção e estabilidade, características im-
- Como elemento de manutenção da contenção portantes no sucesso das prótese adesivas.
PRÓTESE F I X A

5.1 o DESGASTE LINGUAL E PROXIMAIS 5.2 * DESGASTE DO TERÇO MÉDIO^LINGUAL DE


DENTES ANTERIORES:
Na face lingual, o desgaste deve abranger toda sua
extensão e na face proximal contígua ao espaço proté- Com a broca 3118 prepara-se esta região seguin-
tico deve ser estendido em direção vestibular o máxi- do-se a sua forma anatómica. Este desgaste deve ser de
mo possível, sem comprometer a estética. Em relação ± 0,5mm, estendido em direção incisai até o início da
aos dentes vizinhos, os pontos de contatos devem ser área translúcida do esmalte, para que não ocorra
preservados para evitar a movimentação dos dentes no tranparência do metal através do esmalte, que resulta
sentido proximal. O preparo dessas áreas só deve num efeito estético indesejável pela presença de colo-
ocorrer quando houver restauração ou cárie. ração acinzentada nessa região (Figs. 4.2D e 4.2E).
O objetivo da extensão proximal é promover uma O espaço conseguido deve ser avaliado em relação
ação de "abraçamento" da prótese responsável pela re- aos dentes antagonistas na posição habitual e nos
tenção e estabilidade, juntamente com a determinação movimentos excursivos. Pacientes que apresentam so-
de um plano de inserção único que é conseguido pela brepasse vertical acentuado permitem menor quanti-
inclinação entre as paredes dos dentes preparados. dade de desgaste, porém a espessura da estrutura me-
O preparo da face lingual deve permitir a con- tálica nunca deve ser inferior a 0,3mm, para se man-
fecção do braço lingual com pelo menos 3mm de ter rígida em função e evitar a ruptura do agente ci-
largura que, combinado com a espessura de ± mentante devido à sua flexibilidade.
0,5mm, vai conferir à estrutura metálica rigidez
suficiente para suportar as cargas mastigatórias,
mesmo em áreas intensamente solicitadas como as 5 . 5 - P REPARO DE N ICHOS
dos primeiros molares. E aconselhável restringir o
desgaste a 2mm aquém das pontas das cúspides de Para os dentes posteriores, os nichos são confeccio-
contenção cêntrica, para preservar suas relações nados com os seguintes objetivos: 1) transmitir os es-
funcionais (Figs. 4.IA e 4.1 D). O envolvimento to- forços mastigatórios aos dentes pilares através dos
tal das cúspides de contenção pode ser realizado apoios da estrutura metálica; 2) orientar o assentamento
no s casos de dentes com coroas curtas ou enfraque- da peça durante a fixação; 3) conferir rigidez à estrutura
cidas por restaurações. metálica, reduzindo a flexibilidade do braço lingual; 4)
Os contatos proximais com os dentes vizinhos devem participar na estabilização da prótese, restringindo os
ser sempre preservados e, para facilitar a moldagem e movimentos no sentido vestíbulo-lingual.
adaptação da estrutura metálica, o preparo deve terminar Devem ser confeccionados com a broca 3069 ou
pelo menos lmm aquém do ponto de contato. 1064, deixando a parede pulpar plana, com profundi-
A realização do desgaste das faces proximais e cér- dade de ± lmm, paredes laterais ligeiramente diver-
vico-lingual dos dentes anteriores, ou proximais e lin- gentes para oclusal e com 2 a 3mm de extensão nos
gual dos dentes posteriores, é feita com a broca 2214 sentidos mésio-distal e vestíbulo-lingual. (Fig. 4.1E)
numa profundidade de 0,5mm (metade do diâmetro Idealmente deve-se confeccionar pelos menos dois
da broca), procurando formar um término cervical nichos era cada dente pilar, nas extremidades mesial e
nítido em forma de chanferete, pelo menos lmm distai dos braços linguais; os nichos próximos ao espa-
aquém da gengiva marginal livre (Figs. 4.2A a 4.2C). ço protético fazem a conexão com o pôntico e os
O término supra-gengival tem a finalidade de facilitar distantes têm a função básica de conferir rigidez à
o isolamento absoluto da área e deixar o término cer- estrutura metálica, evitando sua flexão durante a ação
vical do preparo em esmalte. das forças mastigatórias.
Para maior segurança no desenho do preparo e Para dentes anteriores, o nicho é confeccionado na
inclinação das paredes lingual e proximais, é impor- altura do cíngulo, com forma de ombro, estendendo-
tante que se faça uma avaliação prévia desses aspectos se de mesial para distai e tem a função de promover e
em um modelo de estudo. orientar a inserção da prótese. (Figs. 4.2F)
P R Ó T E S E F I X A A D E S I V A

5 .4 * C ONFECÇÃO DE C ANALETAS OU C AIXAS caixas. (Figs. 4.1F e 4.2G)


PROXIMAIS:
5 . 5 ^ ACABAMENTO
A presença de canaletas ou caixas nas faces proxi-
mais aumenta a retenção friccionai e a estabilidade da Toda a área preparada deve receber acabamento
estrutura metálica, minimizando a tendência de movi- com as mesmas brocas em baixa rotação, arrendon-
mentação da prótese no sentido vestíbulo-lingual. dando-se as arestas formadas e definindo-se com niti-
Utiliza-se para esse fim a broca 1064 ou 3069, dez as margens do preparo.
posicionada paralela ao plano de inserção anterior- As fases clínicas e laboratoriais que se seguem para
mente delimitado e, no local da face proximal que a confecção da prótese fixa são as mesmas empregadas
possibilite a maior altura possível. Cáries proximais ou na construção de uma prótese fixa convencional.
pequenas restaurações podem ser transformadas em ( Figs. 4.1G e 4.1H; 4.21 a 4.2M)

■ FIGURA 4.IA ■ FIGURA 4. IB


Vista lateral mostrando a região em que irá ser confeccio- Vista palatina mostrando a localização dos contatos oclusais
nada a prótese tendo os dentes 23 e 25 como pilares. nos dentes pilares, que devem ser preservados sempre que
possível durante o preparo dos dentes. A linha de grafite
delimitada na fase palatina do dente 25 corresponde ao seu
equador protético. É importante planejar o desgaste desta
face em função da área retentiva situada abaixo desta linha,
para que se evitem desgastes excessivos.

FIGURA 4. IC
Preparo concluído; observar os detalhes de retenção e
estabilidade conferidos aos preparos pelos nichos e cana-
letas. A preservação do contato proximal distai do dente
25 foi possível, fazendo um "desvio" do preparo da face
palatina-distal, em direção ao nicho oclusal.
PRÓTESE FIXA

FIG 4.1 D

FIG 4.1F

■ FIGURAS 4.1 D a 4 . I F
Posicionamento das brocas usadas no desgaste dos segmentos
lingual e proximais, confecção dos nichos e canaletas.

■ FIGURA 4. IG ■ FIGURA 4. IH
Modelo de trabalho. Prova da infra-estrutura na boca. Prótese com até três ele-
mentos, a fundição pode ser feita em um só bloco ou em
duas partes e removidas em posição na boca para soldagem.
P R Ó T E S E F I X A A D E S I V A

6 " ClMENTAÇÃO em decorrência do processo de cocção da porcelana e


uniformizar a superfície que irá entrar em contato com o
A resina Panavia Ex tem sido utilizada nas Clínicas cimento. O jateamento é realizado nos laboratórios de
do Departamento de Prótese da FOB para cimenta- prótese usando o aparelho Trijato ou no consultório atra-
ção de próteses adesivas desde 1985 e, mais recente- vés de um aparelho portátil para jateamento chamado de
mente, foi substituída pela resina Panavia 21 que, di- Micro-Etch. Após jateamento, a superfície metálica não
fe rentemen te da anterior, apresenta um primer com pode ser contaminada (Fig. 4.11)
excelentes propriedades de adesão também à dentina. • Limpeza dos dentes retentores, com escovas ou ta
Apresenta-se em forma de pasta e seu proporciona- ças de borracha com pasta de pedra pomes e água. (Não
mento é feito automaticamente através de um disposi- deve ser usada pasta profilática.) Lavar e secar bem!
tivo que acompanha este material. • Condicionamento ácido de toda superfície pre
É imprescindível que a cimentação seja executada parada durante trinta segundos, para em seguida ser
com os dentes isolados de maneira absoluta. Com isso, lavada durante quinze segundos. Se usar ácido em
controla-se a umidade, facilitam-se os procedimentos forma de gel, o tempo de lavagem deve ser maior. Em
de cimentação pela melhor visualização da área e não se seguida, faz-se a secagem completa da superfície com
corre o riscos de contaminação pela saliva, após a lim- jatos de ar (Fig. 4.1J).
peza e condicionamento ácido da estrutura dentária. • Misturar uma gota do primer A com uma gota
A cimentação de próteses adesivas com resina Panavia do B, durante cinco segundos, e aplicar somente na
21 deve obedecer a seguinte sequência: superfície preparada do dente. Aguardar sessenta se
gundos e remover o excesso com ligeiros jatos de ar.
• Previamente à cimentação, toda a superfície interna (Fig. 4.1K)
da estrutura metálica deve ser tratada com jatos de óxido • Proporcionar e espatular a resina durante trinta
de alumínio para remover a camada de óxido formada segundos e levar à superfície interna da estrutura me-

I FIGURA 4.1 I ■ FIGURA 4. IJ


Após conclusão da prótese, esta é jateada internamente Isolamento absoluto e vista da superfície preparada após
com óxido de alumínio, deixando a superfície metálica fosca. condicionamento ácido

■ FIGURA 4. IK
Vista oclusal após aplicação do Primer
PRÓTESE FIXA

tálica (Fig. 4.1L), que em seguida é posicionada nos acompanha o material —, (Fig. 4.1M) para que se
dentes retentores e mantida em posição. Como esta inicie o processo de polimerização da resina que irá
resina é anaeróbica, ou seja, não se polimeriza em continuar por 3,5 minutos.
contato com oxigénio, existe tempo suficiente para a Após a polimerização da resina, remove-se o Oxy-
remoção dos excessos. Em seguida, todas as margens guard com jatos de água e ar, retira-se o isolamento e
devem ser recobertas com o Oxyguard — gel que faz-se a avaliação da oclusão (Figs. 4.IN e 4.IO).

■ FIGURA4.IL ■ FIGURA 4. IM
Resina colocada na estrutura metálica. Cobertura de todas as margens da prótese com Oxyguard.

FIG 4.1 N

■ FIGURAS 4.IN e 4 . I O
Vistas palatina (N) e vestibular (O) da prótese cimentada.
P R Ó T E S E F I X A A DESI VA

FIG 4.2A FIG 4.:

■ FIGURAS 4.2A e 4.2B


Vistas vestibular (A) e palatina (B) dos dentes I I e 22 que serão preparados.

■ FIGURA 4.2C ■ FIGURA 4.2D


Desgaste das faces cérvico-palatina e proximais. Desgaste do terço médio-incisal (concavidade palatina).

■ FIGURA 4.2E II FIGURA 4.2F


Preparo concluído das faces platina e proximais. Preparo dos nichos na região do cíngulo.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 4.2G ■ FIGURA 4.2H


Confecção das canaletas. Preparos concluídos.

■ FIGURA 4.21 ■ FIGURA 4.2J


Modelo de trabalho. Vista palatina da infra-estrutura.

H FIGURA 4.2K
Pressionando a infra-estrutura de vestibular para palatino,
não pode ocorrer nenhum tipo de movimentação da pró-
tese. A retenção e estabilidade são aspectos importantes
no sucesso da prótese.
P R Ó T E S E F I X A A D E S I V A

FIG 4.2

FIG 4.2L
■ FIGURAS 4.2L E 4.2M
Vistas Palatina e Vestibular da prótese cimentada.

7 - P REPAROSNÃO CONVENCIONAIS sentam cáries ou restauração e estão bem posiciona-


PARA PRÓTESE ADESIVA dos no arco.
Na presença de cáries/restauração, ou se os dentes
Os preparos mostrados nos casos anteriores po- apresentarem-se inclinados para proximal, vestibular
dem ser denominados de típicos para próteses ade- ou lingual, os preparos devem ser realizados respeitan-
sivas e são realizados quando os dentes não apre- do-se essas características. (Figs. 4.3A a 4.7G)

■ FIGURA 4.3A M FIGURA 4.3B


Vista vestibular da região que irá receber prótese fixa. Vista oclusal mostrando os dentes 21, 23 e 25 preparados.
O 25 teve as caixas oclusal e proximais preparadas remo-
vendo-se ± Imnn do amálgama. As paredes laterais das
caixas oclusal e proximais devem ser divergentes para oclu-
sal, seguindo o plano de inserção previamente definido.

■ FIGURA 4.3C
Vista vestibular da prótese cimentada.
PRÓTESE FIXA

FIGURA 4.4A
FIGURA 4.4B
Vista vestibular mostrando que o dente 17 apresenta-se
cruzado. Vista lingual dos dentes 15 e 17. Os dentes apresentam
restaurações de amálgama na fase oclusal do 17 e nas
faces ocluso — distai do 15.

■ F IGURA 4.4C ■ FIGURA 4.4D


O dente 15 recebeu preparo tipo 4 / 5 e o 17 preparo Vista lingual da prótese cimentada.
com caixa oclusal e proteção das cúspides vestibulares.
Vista após condicionamento ácido.
P R Ó T E S E F I X A A D E S I V A

FIG 4.5B

FIG 4.5A

FIGURAS 4.5A e 4.5B


Vistas vestibular (A) e lingual (B) do dente 17 que apresenta restauração de amálgama nas faces oclusal e vestibular e do
15 íntegro.

■ FIGURA 4.5C
Modelos de trabalho, O dente 15 apresenta um preparo
típico para prótese adesiva com dois nichos na face oclu-
sal e o 17, com caixa na oclusal com extensão para vesti-
bular e lingual.

FIG 4.5E

4.5D
■ FIGURAS 4.5D e 4.5E
Vistas oclusal (D) e vestibular (E) da prótese cimentada.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 4.6A
Vista vestibular mostrando a ausência de guia lateral pelo
canino no início do movimento em paciente que estava
recebendo próteses fixas nos quatro segmentos poste-
riores.

FIGURA 4.6B FIGURA 4.6C


Vista palatina do I 3 preparado após condicionamento ácido. Vista incisai da restauração metálica cimentada.

FIGURA 4.7A
Vista vestibular de paciente com necessidade de trata-
mento de Reabilitação Oral.

■ FIGURA 4.7B
Radiografia dos dentes anteriores inferiores mostrando
perda óssea acentuada. Apresentavam mobilidade grau 2
e necessidade de contenção.
P R Ó T E S E F I X A A D E S I V A

FIGURA 4.7C ■ FIGURA 4.7D


Vista lingual dos dentes anteriores preparados no modelo Prova da infra-estrutura na boca, mostrando a conexão
de trabalho e remontagem da infra-estrutura da prótese com encaixe entre a prótese fixa e a contenção metálica
fixa envolvendo os dentes 33 e 35 com encaixe na mesial fresada para receber uma PPR.
do 33 para conectar-se com o segmento adesivo anterior

FIGURA 4.7E ■ FIGURA 4.7F


Vista frontal da prótese concluída. Vista lingual da prótese após cimentação.

■ FIGURA 4.7G
Radiografia após cimentação da prótese
PRÓTESE FIXA

B IBLIOGRAFIA C ONSULTADA Livraria Ed. Santos, 1994.


_________________________________________ 7. OMURA I; YAMAGUCHI J; HARADA I; WADA T.:
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8. PEGORARO, L.F.; BARRACK, G.: A comparison of bond
2. BARRACK, G. BUTZ, W.A.: A long term prospective stu-
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57: 133-138.
3. COSTA, L.C.S.; PEGORARO, L.F.; BONFANTE, G.: In-
9. RUBO J.H.; PEGORARO, L. E: Tensile bond strength of
fluence of different metal restorations bonded with resin on
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dental alloys. / Prosthet Dent, 1995; 74:230-4
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10. RUBO, J.H.; PEGORARO, LR; FERREIRA, P.M.: A
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Etched cast restorations: clinicai and laboratory tecniques.
1986.
Chicago, 1983, Quint. Publishing Co.
6. MEZZOMO, E.: Reabilitação oral para o clínico. 2a Ed.
C A P I T U L O

UCLEOS
L u i z F E R N A N D O PECORARO
NÚCL E O S

INTRODUÇÃO nindo inclusive o nível do término cervical. Após esse


preparo inicial e em função da quantidade de estrutura
Os núcleos intra-radiculares ou de preenchimento es- coronal remanescente fica mais fácil decidir pela reali-
tão indicados em dentes que apresentam-se com a coroa zação ou n ão do tratamento endodôntico.
clínica com certo grau de destruição e que necessitam Uma regra básica é que, existindo aproximada-
tratamento com prótese. Deste modo, as características mente a metade da estrutura coronária, de preferência
anatómicas da coroa clínica são recuperadas, conferindo envolvendo o terço cervical do dente, pois é essa a
ao dente preparado condições biomecânicas para manter região responsável pela retenção friccionai da coroa, o
a prótese em função por um período de tempo razoável. restante da coroa pode ser restaurada com material de
As técnicas e os materiais utilizados para restituir a preenchimento, usando meios adicionais de retenção
anatomia dentária variam de acordo com o grau de através de pinos rosqueáveis em dentina. (Figs. 5- IA a
destruição da porção coronária e se o dente apresenta 5.1D).
ou não vitalidade pulpar. Do ponto de vista mecânico, a estrutura dentária
remanescente e o material de preenchimento são in-
terdependentes na resistência final do dente prepara-
I * DENTES POLPADOS do, ou seja, um contribui para aumentar a resistência
estrutural do outro.
Frequentemente existem situações clínicas relacio- Os materiais que melhor desempenham a função de
nadas com a quantidade de perda de estrutura coronal repor a estrutura dentinária perdida na porção coroná-
do dente que causam dúvidas ao Cirurgião-Dentista ria de um dente preparado são as resinas compostas, os
sobre a viabilidade de se restaurar o dente sem a neces- ionômeros de vidro, e a combinação de ambos, os cha-
sidade de realizar tratamento endodôntico. Nesses casos mados compômeros. Essa escolha é determinada pela
deve-se analisar a quantidade de estrutura coronal re- propriedades desses materiais, especialmente seus mó-
manescente após o preparo do dente para o tipo de dulos de elasticidade semelhantes ao da dentina e, prin-
restauração planejada, como por exemplo, coroa meta- cipalmente, sua capacidade de adesão à mesma.
locerâmica, total metálica ou de porcelana pura, defi- Quando após o preparo da estrutura coronária re-

FIG 5.IA

FIGURAS 5.1 A e 5.1 B


Molar inferior com vitalidade pulpar preparado para coroa metalocerâmica. O remanescente coronário no terço cervical possibi-
litou o preenchimento das caixas oclusal e proximais com ionômero de vidro reforçado com pinos rosqueáveis de dentina.
PRÓTESE FIXA

FIG 5.IC

«FIGURAS 5.IC e 5.1 D


Vistas do preparo concluído.

manescente chegar-se a conclusão que não existe estru- para a raiz do dente, minimizando as tensões que se
tura dentária suficiente para resistir às forças mastigató- formam na interface núcleo metálico/raiz, principal-
rias, com o risco de ocorrerem fraturas no material de mente na região apical do núcleo.
preenchimento, deve-se realizar o tratamento endodôn- Quando não existe estrutura coronária suficiente
tico. É importante ressaltar que a desvitalização de um para propiciar essa base de sustentação, as forças que
dente para esse fim deve ser evitada ao máximo, pois o incidem sobre o núcleo são direcionadas no sentido
preparo para colocação do pino metálico intracanal, ao oblíquo, tornando a raiz mais suscetível à fratura (Fig.
contrário do que muitos pensam, tende a enfraquecer a 5.2A). Nesses casos, deve-se preparar uma caixa no in-
estrutura dentária da raiz remanescente, tornando-a terior da raiz com aproximadamente 2mm de pro-
mais suscetível à fraturas, além dos riscos inerentes ao fundidade para criar-se uma base de sustentação para o
trabalho realizado no interior do conduto, como por núcleo e assim direcionar as forças predominantemente
exemplo, a possibilidade de trepanação. no sentido vertical., diminuindo as tensões nas paredes
laterais da raiz. Essas pequenas caixas não devem enfra-
quecer a raiz nessa região e, portando, só podem ser
II - D ENTES D ESPOLPADOS confeccionadas quando a raiz apresentar estrutura sufi-
ciente. Essas caixas atuarão também como elementos
1. RESTAURAÇÃO COM NÚCLEOS FUNDIDOS anti-rotacionais (Figs. 5.2B a 5.2E).

Nos casos de grande destruição coronária, nos 1.2. P REPARO DO C ONDUTO


quais o remanescente coronário não é suficiente para
prover resistência estrutural ao material de preenchi- Existem 4 fatores que devem ser analisados para
mento, indica-se o uso de núcleos metálicos fundidos. propiciar retenção adequada ao núcleo intra-radicular:
comprimento, inclinação das paredes, diâmetro e ca-
1.1. PREPARO DO REMANESCENTE CORONÁRIO racterísticas superficial.

O preparo deve ser realizado seguindo as caracte- Comprimento: A literatura é vasta em relação ao
rísticas do tipo de prótese indicado, como comentado comprimento do núcleo intrar-radicular: deve ser
anteriormente, removendo-se o cimento temporário igual ou maior que da coroa clínica, dois terços do
contido na câmara pulpar até a emboradura do con- comprimento da raiz, 3/4, etc. Entretanto, como regra
duto. É muito importante que se preserve o máximo geral, o comprimento do pino intra-radicular deve
de estrutura dental para preservar a resistência do atingir 2/3 do comprimento total do remanescente
dente e aumentar e retenção da prótese. Após elimi- dental, embora o meio mais seguro, principalmente
nar-se as retenções da câmara pulpar, as paredes da naqueles dentes que tenham sofrido perda óssea, é ter
coroa preparada devem apresentar uma base de sus- o pino no comprimento equivalente à metade do su-
tentação para o núcleo, com espessura mínima de porte ósseo da raiz envolvida.
lmm. É através desta base que as forças são dirigidas O comprimento adequado do pino no interior da
NÚCLEOS

■ FIGURA 5.2A
Desenho esquemático mostrando a incidência de forças
oblíquas na raiz de um dente sem remanescente coronário.

FIG 5.2C

FIG 5.2E

FIG 5.2B

FIG 5.2D

■ FIGURAS 5.2B A 5.2E


A presença de uma pequena caixa no interior da raiz direciona a força mais próxima do sentido vertical.

raiz proporciona uma distribuição mais uniforme das determinado por uma radiografia periapical após o
forças oclusais ao longo de toda superfície radicular, preparo da porção coronária e levando-se em conside-
diminuindo a possibilidade de ocorrer concentração ração a quantidade mínima de 4mm de material ob-
de estresse em determinadas áreas e, consequentemen- turador que deve ser deixado na região apical do con-
te, fratura. Comprimento correto do núcleo no inte- duto radicular para garantir um vedamento efetivo
rior da raiz é sinónimo de longevidade da prótese. O nessa região (Figs. 5.3A a 5.3N).
comprimento do pino deve ser analisado e Nos casos de tratamento endodôntico parcial, nos
PRÓTESE FIXA

FIG 5.

FIG 5.3A

■ FIGURAS 5.3A e 5.3B


I
Vista dos dentes 25 e 27 que serão preparados para prótese fixa e radiografia do 25 que receberá núcleo intra-
radicular fundido.

FIG 5.3C FIG 5.]

■ FIGURAS 5.3C e 5.3D


Após o preparo para coroa metalocerâmica e remoção do cimento da câmara pulpar, a parede vestibular ficou muito fina,
precisando ser desgasta até conseguir estrutura dentinária com espessura suficiente para servir como base de sustentação
para a porção coronária do núcleo. A extensão do pino dentro do conduto deve ser determinado somente nesta fase.

Imagem radiográfica mostrando a abertura do conduto na


extensão do /3 do remanescente coroa/raiz, mantendo
4mm de material obturador na região apical.

FIGURA 5.3E
■ FIGURA 5.3F
Comprimento ideal do núcleo equivalente a 2/3 do rema-
nescente dental ou a metade do suporte ósseo que en-
volve a raiz.
N Ú C L E O S

FIGURA 5.3G
FIGURA 5.3H
Núcleo curto favorece a concentração de estresse em
determinadas áreas, causando a fratura da raiz. Forma ovalada do conduto

FIG 5.3J

1
FIG 5.31

■ FIGURAS 5.31 e 5.3J


Núcleo em resina

FIGURA 5.3K FIGURA 5.3L


Durante a prova do núcleo é importante que sua adapta- Rx mostrando adaptação do núcleo.
ção seja feita passivamente. Para isso, deve-se usar líquidos
evidenciadores de contato para conseguir esse objetivo.
PRÓTESE FIXA

FIG 5.3M

FIGURAS 5.3M e 5.3N


Vistas do núcleo e prótese cimentados.

quais o material obturador não atingiu o nível desejado, mento do pino intra-radicular para se conseguir alguma
deve-se considerar dois aspectos o tempo de tratamento e forma de paralelismo nas paredes próximas à região
a presença de lesão periapical. Na presença desta, indica- apical, e/ou aproveitar ao máximo a porção coronal
se sempre o retratamento do conduto, dada a sua defi- remanescente, que irá auxiliar na retenção e minimizar
ciência que pode estar contribuindo para a evolução da a distribuição de esforços na raiz do dente.
lesão; na sua ausência, deve-se considerar o tempo de Em casos extremos de destruição, quando o conduto
tratamento. Se realizado há pelo menos 5 anos procede- está muito alargado e, consequentente as paredes da
se à execução do núcleo, mantendo-se o remanescente raiz estão muito finas e o dente é estrategicamente im-
do material obturador como comentado anteriormente. portante no planejamento da prótese, pode-se utilizar
Se a porção preparada do conduto não for considerada os núcleos estojados para proteger a raiz. Este tipo de
adequada para estabelecer o comprimento do núcleo, núcleo busca retenção intra-radicular e, ao mesmo tem-
indica-se o retratamento do canal, independente do tem- po, protege as paredes delgadas do remanescente radi-
po e da ausência de lesão. Em dentes cujos canais foram cular, através do biselamento das paredes da raiz. As-
obturados com cone de prata, recomenda-se o retrata- sim, essas paredes serão protegidas com o metal com o
mento para que possam receber núcleos fundidos, man- qual é confeccionado o núcleo. A porção coronária
tendo com segurança o selamento apical. deve prover espaço adequado para o tipo de coroa indi-
Inclinação das paredes do conduto: Os núcleos cado, sendo que a adaptação desta ocorrerá na região
intra-radiculares com paredes inclinadas, além de cervical do núcleo metálico. (Figs. 5.4A a 5.4G)
apresentarem menor retenção que os de paredes para- Diâmetro do pino: O diâmetro da porção intra-
lelas também desenvolvem grande concentração de radicular do núcleo metálico é importante na retenção
esforços em suas paredes circundantes, podendo gerar da restauração e na sua habilidade para resistir aos esfor-
um efeito de cunha e, consequentemente, desenvolver ços transmitidos durante a função mastigatória. E claro
fraturas em sua volta. que, quanto maior o diâmetro do pino, maior será a sua
Em vista disso, quando do preparo do conduto, retenção e resistência porém, deve ser considerado tam-
especial atenção deve ser tomada com a inclinação das bém o possível enfraquecimento da raiz remanescente.
paredes. Busca-se seguir a própria inclinação do condu- Em vista disto, tem sido sugerido que o diâmetro do
to, que foi alargada pelo tratamento endodôntico, e pino deve apresentar até 7 do diâmetro total da raiz e
que terá seu desgaste aumentado principalmente na que a espessura de dentina deve ser maior na face vesti-
porção apical para a colocação do núcleo intraradicular, bular dos dentes anteriores superiores devido a incidên-
até que se tenha comprimento e diâmetro adequados. cia de força ser maior neste sentido (Fig. 5.3F).
Em algumas situações, devido ao tipo de abertura reali- Clinicamente, o diâmetro do pino deve ser deter-
zada durante o tratamento endodôntico, presença de minado comparando-se através de um radiografia, o
cáries ou remoção de pinos anteriormente colocados, o diâmetro da broca com o do conduto. Cuidado espe-
contudo pode ter suas paredes muito inclinadas e para cial deve ser tomado na região do terço apical onde a
compensar esta deficiência, o profissional deve lançar largura mésio-distal é a porção mais estreita da raiz.
mão de meios alternativos, como aumentar o compri- Para que o metal utilizado apresente resistência satis-
N Ú C L E O S

FIGURA 5.4A ■ FIGURA 5.4B


Vista oclusal do pré-molar preparado para receber núcleo Molde em sílicona.
estojado. Observe a presença das caixas oclusais e o tér-
mino cervical em bisel.

» FIGURA 5.4C ■ FIGURA 5.4D


Modelo de trabalho mostrando as caixas nas faces vesti- Vista aproximada do troquei
bular e lingual que tem como função evitar a rotação do
núcleo e possibilitar a transmissão da força no sentido
vertical.

■ FIGURA 5.4E
Núcleo encerado.
PRÓTESE F I X A

■ FIGURAS 5.4F e 5.4G


Núcleo cimentado e imagem radiográfica.

fatória, é indi s pensável que tenha pelo menos lmm à moldagem do conduto.
de diâmetro na sua extremidade apical. O material obturador deve ser retirado até essa exten-
Característica superficial do pino intra-radicu- são, sempre considerando que um mínimo de 4mm de
lar: Para aumentar a retenção de núcleos fundidos material obturador deve ser deixado no ápice do condu-
que apresentam superfícies lisas, estas podem ser tor- to para garantir um selamento efetivo nessa região.
nadas irregulares ou rugosas antes da cimentação Para dentes multirradiculares com condutos parale-
usando-se brocas ou, jateadas com óxido de alumínio. los, não é necessário que o preparo dos condutos apre-
sente o mesmo comprimento. Somente o de maior di-
1 . 5 . REMOÇÃO DO MATERIAL OBTURADOR E âmetro é levado à sua extensão máxima, como por
PREPARO DO(S) CONDUTO(S) exemplo aos 2/3, e o outro apenas até a metade do
comprimento total da raiz - coroa remanescente.
A remoção do material obturador deve ser iniciado Como os condutos são paralelos, pode-se ter o nú-
com pontas Rhein aquecida s até atingir o compri- cleo com os 2 pinos unidos pela base, que se comportam
mento pré-estabelecido. Como nem sempre é possível como dispositivos anti-rotacionais; assim não é necessá-
com este instr umento retirar a quantidade desejada do rio o alargamento e ovalamento dos condutos, buscan-
material obturado, utiliza-se para esse fim as brocas de do-se atingir o diâmetro mínimo (lmm) para que a liga
Peeso, Gates ou Largo de diâmetro apropriado ao do metálica mantenha suas características de resistência, evi-
conduto, acoplado de um guia de penetração. Durante tando assim desgaste desnecessário de dentina.
a utilização da broca, deve-se tomar muito cuidado em Dentes como os pré-molares superiores, que po-
acompanhar a extensão do conduto, procurando dem apresentar divergência das raízes, devem ter seu
sempre visualizar o material obturador, para não cor- conduto mais volumoso preparado na extensão con-
rer-se o risco de trepanar a raiz. vencional (2/3) e o outro preparado parcialmente ape-
Na presença de retenções acentuadas no interior nas com o objetivo de conferir estabilidade, funcio-
do conduto (por exemplo, devido à remoção de pinos nando como dispositivo anti-rotacional.
mal direcionados, abertura coronária incorreta ou cá- Os dentes multirradiculares superiores com
rie) pode ser àesaconse\háve\ remover toda a dentina condutos divergentes e que apresentam remanescente
necessária para sua eliminação para não enfraquecer a coronário, prepara-se o conduto palatino até 2/ da sua
raiz; recomenda-se, nesses caso, o preenchimento da extensão, e um dos vestibulares até sua metade (o
área retentiva com cimento ionomérico, previamente mais volumoso deles) e o outro terá apenas parte
NÚCL E O S

de sua embocadura preparada, constituindo metade atingiu toda sua extensão (Fig. 5-5D). O material
do núcleo que se encaixará na metade palatina atra- em excesso é acomodado no bastão para confeccio-
vés de sistemas de encaixes, como será mostrado pos- nar a porção coronária do núcleo (Fig. 5.5E). Para
teriormente. Somente na ausência total de remanes- dentes com dois condutos e estando paralelos, faz-
cente coronário, deve-se preparar os 3 condutos di- se a moldagem individual dos condutos e após a
vergentes. Consequentemente, o núcleo resultante polimerização da resina são unidos na região da
deverá ser confeccionado em 3 partes distintas. câmara pulpar. Durante a polimerização da resina,
Os molares inferiores geralmente apresentam sua o bastão deve ser removido e novamente introduzi-
raiz mesial com condutos paralelos ou ligeiramente do várias vezes no conduto, para se evitar que o
divergentes e raramente exigem divisão do núcleo em núcleo fique retido pela presença de retenções dei-
mais que 2 segmentos, pois podem ser tornados para- xadas durante o preparo do conduto. Após a poli-
lelos através do preparo. merização da resina, verifica-se a fidelidade do pino
moldado (Fig. 5.5F). Corta-se o bastão no nível
1.4. C ONFECÇÃO DO NÚCLEO oclusal ou incisai e procede-se ao preparo da porção
coronária, utilizando-se brocas e discos de lixa, se-
Para a confecção do núcleo podem ser emprega- guindo-se o princípios de preparo descritos anteri-
das duas técnicas: a direta, na qual o conduto é ormente, seja para receber uma coroa total mista ou
moldado e a parte coronária esculpida diretamente de porcelana pura (Fig. 5.5G). A parte coronária do
na boca, e a indireta, que exige moldagem dos con- núcleo deve apenas complementar a estrutura den-
dutos e porção coronária remanescente com elastô- tária perdida, dando-lhe forma e características de
mero, obtendo-se um modelo sobre o qual os nú- um dente preparado (Fig. 5.5H).
cleos são esculpidos no laboratório. Esta técnica é d) A liga metálica a ser utilizada na fundição deve
indicada quando há necessidade de se confeccionar apresentar resistência suficiente para não deformar-se sob
núcleos para vários dentes ou para dentes com raí- ação das forças mastigatórias. As ligas de metais não no
zes divergentes. bres são as mais utilizadas, em especial as ligas à base de
cobre-alumínio, em razão de seu baixo custo. Ligas no
1 . 4 . 1 . T ÉCNICA DIRETA - DENTE UNIRRADICULAR bres ou semi-nobres, como as de ouro tipo III e IV e à
base de prata-paládio também podem ser empregadas.
a) Prepara-se um bastão de resina acrílica que e) A adaptação do núcleo no interior do conduto
se adapta ao diâmetro e comprimento do condu deve ser passiva e este procedimento é facilitado em
to preparado e que se estenda lcm além da coroa pregando-se evidenciadores de contato no núcleo.
remanescente (Figs. 5.5A e 5.5B). É indispensável Após a adaptação, a porção radicular do núcleo deve
que o bastão atinja a porção apical do conduto ser jateada com óxido de alumínio.
preparado e que haja espaço entre ele e as pare f) Previamente à cimentação o conduto deve ser
des axiais, para facilitar a moldagem do conduto limpo com álcool absoluto ou líquidos próprios para
com resina Duralay. esse fim, como Cavidry e seco completamente. Tal
b) Lubrifica-se o conduto e porção coronária usan como ocorre com a cimentação de coroas totais,
do-se uma broca de Peeso ou similar, envolvida com como está comentado no capítulo de cimentação,
algodão (Fig. 5.5C). deve-se levar com pincel uma pequena quantidade
c) Molda-se o conduto, levando-se a resina de cimento em volta do núcleo para reduzir a pres
preparada com sonda, Hollenback, pincel ou serin são hidrostática. A cimentação pode ser realizada
ga tipo Centrix no seu interior e envolvendo o bas com cimentos de fosfato de zinco ou ionômero de
tão que é introduzido no mesmo, verificando se vidro. (Figs. 5.51 e 5.5J)
PRÓTESE FIXA

FIG 5.5A

II FIGURAS 5.5A e 5.5B


Bastões pré-fabricados de resina.

■ FIGURA 5.5C ■ FIGURA 5.5D


Lubrificação do conduto Moldagem dos condutos com resina Duralay.
FIG 5

FIG 5.5E

■ FIGURAS 5.5Ee5.5F
Após moldagem dos condutos, complementa-se a porção coronária com resina.
NÚCLEOS

■ FIGURA 5.5G ■ FIGURA 5.5H


Preparo da parte coronária do núcleo. Núcleos em resina.

■ FIGURA 5.51 ■ FIGURA 5.5J


Imagem radiográfica. Núcleos cimentados.
PRÓTESE FI XA

1.4.2. TÉCNICA DIRETA - DENTE MULTIRRADICULAR MOLDANDO OS CONDUTOS COM RESINA

E possível também confeccionar núcleos em den- Uma outra maneira para obter núcleos pela técnica direta
tes com raízes divergentes pela técnica direta, seja em dentes com condutos divergentes, é confeccionar ini-
moldando os condutos com resina ou empregando cialmente o pino do canal de maior volume que irá trans-
sistemas pré-fabricados. passar a porção coronária do núcleo. (Figs. 5.6A a 5.6F).

FIGURA 5.6A I FIGURA 5.6B


Vista oclusal do molar inferior com os condutos mesiais Vista da parte distai do núcleo confeccionado em resina,
preparados e paralelos entre si e divergentes com o mantendo sua face mesial paralela aos condutos mesiais e
distai. com a caixa oclusal já preparada.

FIGURAS 5.6C e 5.6D


Após a fundição, esta parte do núcleo é adaptada no conduto, sua face mesial recebe acabamento superficial com brocas
e discos de lixa e procede-se a confecção da parte mesial do núcleo.

FIGURA 5.6E
Núcleo cimentado e imagem radiográfica. A cimentação
do núcleo é realizada introduzindo-se incialmente sua parte
dental e em seguida a mesial.
N Ú C L E O S

FIGURA 5.6F
Imagem radiográfica.

Uma outra maneira para obter núcleos pela técnica direta era dentes com condutos divergentes, é confec-
cionar inicialmente o pino do canal de maior volume que irá transpassar a porção coronária do núcleo (Figs.
5.7A a 5.7K).

■ FIGURA 5.7A ■ FIGURA 5.7B


Vista oclusal do molar com os condutos já preparados. O conduto palatino é moldado em resina deixando a
porção coronal do pino com suas paredes divergentes
para oclusal, lisas e ligeiramente ovalada.

.-■:■ FIGURA 5.7C m FIGURA 5.7D


O pino de resina e as paredes da câmara pulpar são isola- Após a polimerização da resina, remove-se o pino do con-
dos e faz-se a moldagem do(s) outro(s) condutos(s). Em duto palatino e prepara-se a parte coronária do núcleo.
seguida faz-se o preenchimento da câmara pulpar e com
resina para a formação da parte coronária do núcleo.
PRÓTESE FIXA

FIG 5.7E

FIG 5.7G

FIGURAS 5.7E a 5.7G


Vistas do núcleo em resina e fundido.

FIG 5.7H

FIG 5.7J

■ FIGURAS 5.7H a 5.7J


Adaptação do núcleo, do pino palatino e imagem radiográfica.
NÚCL E O S

■ FIGURA 5.7K
Núcleo cimentado.

COM PINO PRÉ-FABRICADO (SISTEMA PARAPOST)

Este sistema apresenta pinos pré-fabricados em me-


tal e em plástico, com paredes paralelas e serrilhadas,
em vários diâmetros e com suas respectivas brocas.
(Figs. 5.8A a 5.81)

FIGURA 5.8B
Pino metálico liso posicionado no conduto vestibular
FIGURA 5.8A
Vista oclusal do molar com os condutos palatino e disto-
vestibular preparados e com o pino de plástico já posicio-
nado no conduto palatino.
PRÓTESE FIXA

F I G 5 .8 C

FIGURAS 5.8C e 5.8D


Após a colocação da resina na câmara pulpar e porção coronária, o pino metálico liso é removido para preparar a porção
coronária e, em seguida, o pino serrilhado é posicionado para avaliar sua adaptação.

FIG 5.8E

: J í-
FIGURAS 5.8E e 5.8F
Vistas dos núcleos em resina e em metal.
Conduto palatino foi confeccionado com um pino
plástico também serrilhado. Antes da inclusão do
núcleo em revestimento, o pino é removido e o
orifício é preenchido com grafite. Após a
fundição, o grafite é removido com brocas e
avalia-se a adaptação do pino metálico no
interior do orifício do núcleo.

FIGURA 5.8G
Adaptação do núcleo fundido com o pino em posição.
NÚCLEOS

FIG 5.81

■ FIGURAS 5.8H e 5.81


A cimentação é realizada introduzindo inicialmente a parte
fundida e depois o pino pré-fabricado.

. 4 . 5 . TÉCNICA INDIRETA

O preparo da coroa remanescente e dos condutos


seguem os mesmos princípios anteriormente descri-
tos, buscando-se a preservação máxima da estrutura
dentária.
Com o objetivo de se conseguir um molde preci- Para a confecção do modelo de trabalho, vaza-se
so e fiel, adapta-se em cada conduto um fio orto- o molde com gesso tipo IV. Os modelos devem ser
dôntico ou clipe de papel, com comprimento um montados em articulador para permitir que a porção
pouco maior que o do conduto e com uma ligeira coronária do núcleo seja esculpida, mantendo as se-
folga em toda a sua volta, em relação as paredes do guintes relações corretas com os dentes antagonistas:
conduto. Os fios devem apresentar em sua extremi- forma de inclinação das paredes, espaço oclusal/inci-
dade voltada para oclusal, um sistema de retenção sal e relação de paralelismo com os demais dentes
que pode ser confeccionado com godiva de baixa pilares.
fusão. O material de moldagem deve ser proporcio-
nado e manipulado seguindo orientação do fabrican- 1 . 4 . 5 . 1 . CONFECÇÃO DO NÚCLEO
te e para levá-lo aos condutos, utiliza-se uma broca
lentulo manualmente ou acoplada em contra-ângu- Como os condutos são divergentes, o núcleo
lo, girando o motor em baixa rotação. Os fios metá- deve ser confeccionado em 2 etapas, iniciando-se pe-
licos são envolvidos também com o material e colo- los vestibulares. A moldagem dos condutos e recons-
cados nos seus respectivos condutos e em seguida, trução da parte coronária são feitas pelo método des-
com um seringa apropriada faz-se a moldagem da crito anteriormente, mantendo a face interna da pri-
coroa preparada, envolvendo totalmente os fios me- meira parte do núcleo paralela ao longo eixo do con-
tálicos que estão em posição. Qualquer elastômero duto da 2a parte do núcleo.
pode ser empregado para a moldagem dos condutos Para o encaixe das duas partes do núcleo, vários
desde que forneça ao técnico de laboratório um mo- sistemas podem ser utilizados, tais como sulcos, caixas
delo preciso e confiável para obtenção de núcleos ou encaixes.
divididos ou múltiplos, reduzindo o tempo clínico Uma vez fundida, a primeira parte do núcleo, é adap-
necessário para sua confecção. Maiores detalhes so- tada no modelo de trabalho é dado acabamento na face
bre materiais de moldagem e técnicas de moldagem que irá entrar em contato com a outra parte do núcleo.
são encontrados no capítulo sobre moldagem. Em seguida, confecciona-se a 2a parte que, após fundida
e adaptada no modelo, é ajustada no dente.
A cimentação é realizada inicialmente com a intro-
dução da primeira parte do núcleo, portadora da por-
ção fêmea do encaixe de semi-precisão, seguida da se-
gunda parte, com a porção macho, preenchendo-se es-
paços entre elas com o cimento. (Figs. 5.9A a 5.9G)
PRÓTESE FIXA

FIGURA 5.9A ■ FIGURA 5.9B


Vista inicial de caso clínico cujo tratamento envolve a confec- Vista dos condutos preparados após remoção do tecido
ção de diversos núcleos metálicos. cariado e cirurgia periodontal.

FIGURA 5.9C FIGURA 5.9D


Moldagem dos condutos com silicona de adição. Modelo de trabalho.

FIGURA 5.9E
FIGURA 5.9F
Núcleos confeccionados em resina.
Núcleos metálicos.
NÚCLEOS

■ FIGURA 5.9G
Núcleos cimentados.

2. RESTAURAÇÕES COM NÚCLEOS PRÉ- através de uma radiografia. A presença de uma espes-
FABRICADOS sura de 2 a 3mm na porção remanescente da raiz
aumenta significantemente sua resistência à fratura.
Quando o elemento a ser restaurado apresenta tra- O conduto é preparado usando as brocas que nor-
tamento endodôntico, e mantém parte considerável malmente acompanham os pinos, procurando sempre
da coroa clínica após o preparo do dente, como co- que este ocupe, aproximadamente, 2/3 do tamanho do
mentado anteriormente, indica-se a colocação de um dente, de sua porção coronária preparada até o ápice.
pino pré-fabricado no canal radicular, com objetivo Quando o dente apresentar perda óssea, o compri-
de aumentar a resistência do material de preenchi- mento do pino deve ser equivalente à metade do su-
mento. Esses pinos podem ser lisos, serrilhados ou porte ósseo da raiz envolvida.
rosqueados e, diferenciam-se pela morfologia da su- Quando for um dente posterior com duas ou mais
perfície do pino que ficará no interior do canal radi- raízes, deve-se levar em consideração se esses dente vai
cular. receber uma coroa isolada ou se será usado como dente
Embora apresentem grande capacidade retentiva, pilar de uma prótese fixa e qual é a sua extensão.
os pinos rosqueados devem ser usados com muito cui- Para elementos isolados e mesmo para prótese, fixa de
dado, pois estes geram mais tensões nas paredes do 3 elementos e, considerando que o dente ainda apre-
canal radicular do que os cimentados. Entretanto, senta remanescente coronário, não há necessidade que
quando indicados, deve-se sempre desrosquear de vol- todas as raízes recebam pinos metálicos. Opta-se ape-
ta após sua introdução final no conduto para minimi- nas pela raiz de maior diâmetro. Para os dentes pilares
zar as tensões geradas na dentina. Preferencialmente, de prótese fixa extensa em função da sobrecarga que
os pinos pré-fabricados devem ser cimentados, justa- incidirão nesses dentes, é conveniente o emprego de
postos, no canal radicular e de forma passiva. no mínimo dois pinos, um no conduto de maior diâ-
Existem vária marcas e tipos desses pinos, e a esco- metro e comprimento correspondente ao 2/3 do rema-
lha deve ser determinada em função da relação diâme- nescente e um pino em outra raiz com extensão do
tro do conduto-comprimento do pino. pino equivalente à metade do remanescente.
Em relação ao diâmetro do conduto, é importante A remoção do material obturador deve ser realizada
que o diâmetro do pino seja compatível com o do inicialmente com as pontas Rhein aquecidas até atingir
conduto, ou seja, a espessura de dentina remanescente o comprimento pré-estabelecido e em seguida, com as
não deve ser diminuída a ponto de comprometer a brocas que acompanham os pinos metálicos, ou então,
resistência da própria raiz. Assim, a seleção do pino é as brocas de Peeso, Gates ou Largo de diâmetro apro-
feita comparando seu diâmetro com a luz do conduto, priado ao do conduto. (Figs. 5.10A a 5.10G)
PRÓTESE FI XA

■ FIGURA 5.10A FIGURA 5.I0B


Vista oclusal dos dentes 15 e 17 que serão preparados O 15 apresenta tratamento endodôntico e após prepara-
para pilares de prótese fixa. do para coroa metalocerâmica, remoção do material da
câmara pulpar e análise do remanescente coronal (aproxi-
madamente 50% de sua coroa anatómica) optou-se pela
colocação do pino pré-fabricado Flexi-Post. Este sistema
apresenta uma fenda na sua extremidade, possibilitando
que as forças de inserção e cimentação sejam direciona-
das para o pino e não para a raiz (recomenda-se ler o
manual deste sistema antes do sua utilização).

■ FIGURA 5.I0C FIGURA 5.I0D


A remoção do material obturador é realizado inicialmente Rx do pino em posição. Observe o espaço criado pela
com ponta Rhein e em seguida a regularização e/ou am- fenda.
pliação do conduto é realizado com as brocas que acom-
panham os pinos. A seleção do pino de acordo com o
diâmetro do conduto indica quais as brocas que devem
ser empregadas.
NÚCLEOS

FIG 5.I0F

FIG 5.I0E

FIGURAS 5 . I 0 E e 5 . I 0 F
O pino é cimentado com fosfato de zinco ou ionômero de vidro e o núcleo de preenchimento é confeccionado com
resina composta ou compômero.

■ FIGURA 5.I0G
Rx após cimentação.

?. CONFECÇÃO DE NÚCLEO COM


REAPROVEITAMENTO DE PRÓTESE
EXISTENTE

A principal causa de fracasso em prótese fixa é a


cárie e por isso, próteses fixas cimentada há algum
tempo apresentam-se com seus dentes pilares caria-
dos. Nesses casos e desde que a prótese apresente-se
em condições de permanecer na boca, pode-se confec-
cionar o núcleo da maneira convencional, sendo que
sua porção coronária é obtida moldando-se a interior
da coroa. (Figs. 5.1 IA a 5.1 IN)
FIGURA 5.1 IA
Vista vestibular de uma prótese metalocerâmica 19 anos
após a cimentação. O dente 24 necessitou de tratamento
endodôntico decorrente de processo carioso.
PRÓTESE FIXA

FIG 5.1 IB FIG 5

FIGURA
Como as margens do preparo foram atingidas pela cárie, essa região foi repreparada. Os condutos são preparados e
moldados deixando uma pequena projeção da resina para oclusal.

■ FIGURA 5.1 ID
Toda superfície interna da coroa é ligeiramente desgastada
inclusive a região cervical, para eliminar possíveis áreas
retentivas.

FIG 5.1 IE FIG 5.

FIGURA
A resina é preparada e levada à região correspondente ao término cervical e no interior da coroa que é posicionada
sobre o dente, tomando-se o cuidado de avaliar a oclusão.
NÚCLEOS

FIG 5.1 IH

HG

FIGURAS 5.MG e 5.MH


Após a polimerização da resina, avalia-se a porção coronária do núcleo e faz-se o acabamento da região cervical.

FIG 5.1 IJ

j.lll

■ FIGURA 5.Ml ■ FIGURA 5. MJ


Vistas do núcleo em resina e com a coroa em posição. Núcleo fundido adaptado à coroa.
Nesta fase, faz-se o acabamento na interface coroa/núcleo.

IIK FIG 5.1 IL


IM

FIGURAS 5 . I I K a S . I I M
Vistas vestibular, oclusal e radiográfica do núcleo e coroa
cimentados.
C A P I T U L O

COROAS
PROVISÓRIAS
L U I Z F E R N A N D O PECORARO
COROAS PROVISÓRIAS

INTRODUÇÃO ne oral no sucesso da prótese. Por que não usar esta


fase como treinamento para motivar o paciente em
Qualquer tipo de tratamento protético de um ou relação à sua higiene oral?
mais elementos exige a confecção das restaurações
provisórias, que podem facilitar a confecção da próte- É obvio que as restaurações provisórias apresentam
se definitiva e, consequentemente, levá-la ao sucesso. ou trazem algumas desvantagens, principalmente se
O termo "provisória", para muitos, pode significar permanecerem por um longo período na boca. Podem
apenas que a prótese provisória tem a função, somente, ocorrer fraturas que se tornam frequentes quanto maior
de substituir a quantidade desgastada do dente prepara- for o tempo de permanência na boca; resposta perio-
do até a cimentação da prótese definitiva. Aqueles que dontal desfavorável em função da característica superfi-
assim pensam, provavelmente, não devem estar satisfei- cial do material que favorece a instalação da placa e,
tos com a qualidade dos seus trabalhos. como consequência, inflamação gengival e/ou instala-
ção de cárie. Outra desvantagem está relacionada à par-
Por que o sucesso da prótese definitiva está relaciona- ticipação efetiva que essas restaurações provisórias têm
do diretamente à qualidade das restaurações provisórias? no orçamento da prótese. Porém, em hipótese alguma,
alguém deve pensar em abolir esse procedimento com
Desde sua confecção até a cimentação da prótese o intuito de diminuir o custo final da prótese.
definitiva, o tempo despendido clinicamente com as Embora seja possível dar ao paciente um planeja-
restaurações provisórias é muito grande: confecção, mento protético inicial e uma ideia de custo final, so-
cimentação, remoção, limpeza, fraturas de margens e mente após o tratamento periodontal é que se pode
pônticos com necessidade de reembasamento e repa- definir com exatidão quais dentes serão pilares, que
ração. Provavelmente, esse tempo deve estar por volta prótese será executada e qual o custo final. Até então
de 50%. Se isto for verdade, então algumas reflexões deve-se estabelecer um orçamento inicial que inclui, se
devem ser feitas: necessário, montagem dos modelos em ASA e encera-
mento diagnóstico, remoção das próteses antigas e nú-
a) Se "perdemos" todo esse tempo com as restaura cleos intrarradiculares, tratamento ou retratamento en-
ções provisórias e, considerando que o tempo clínico é dodôntico, confecção de novos núcleos e coroas provi-
extremamente valioso, por que não usá-lo em favore- sórias, combinado ou não à prótese parcial removível
cimento da prótese definitiva? provisória. Novo orçamen to das próteses definitivas
b) Se a restauração pr ovisória faz parte do trata será realizado após o tratamento cirúrgico periodontal.
mento protético, por que não confeccioná-la de tal Finalmente, a instalação da prótese provisória na
modo a dirimi r todas as dúvidas que, normalmente, boca do paciente cria um compromisso entre este e o
surgem durante o tratamento como, determinação da profissional, que pode favorecer a realização do trata-
forma, contorno, oclusão, dimensão vertical e estética mento e tornar essa parceria mais positiva. É esta a
da prótese definitiva? fase que começa a dar forma ao tratamento definitivo,
c) Em função das características dos dentes reten a atender às expectativas do paciente e a ajudar o
tores, podem surgir dúvidas no planejamento inicial profissional a conseguir um ótimo produto final. Isto
mente idealizado, em função da qualidade e quantida é o que se denomina de tratamento personalizado.
de do periodonto de inserção, do número e do Por outro lado, se este compromisso é quebrado
posicionamento dos dentes pilares. Assim, por que devido à alterações inadequadas na função, na fonéti-
não usar as restaurações provisórias como elementos ca ou na estética, pode ocorrer uma desarmonia no
de diagnóstico? relacionamento entre profissional e paciente, que
d) Outro aspecto muito importante está na pode também trazer consequências negativas ao traba-
conscientização do paciente da importância da higie- lho definitivo.
PRÓTESE FIXA

Coroas provisórias que se deslocam com facilidade Outro aspecto também irritante à polpa é o calor
e frequentemente, nas situações mais inconvenientes; gerado durante a reação de polimerização da resina.
desajustes ou fraturas marginais que provocam sensi- Nunca se deve esquecer de manter toda a área envol-
bilidade devido as variações térmicas, inflamação gen- vida sob irrigação abundante, para eliminar o efeito
gival e sangramento localizado ("nem escovo ou passo nocivo de tal reação.
fio porque sangra"); contatos proximais insuficientes A adaptação da prótese provisória é outro fator
ou inadequados, que possibilitam impacção alimen- importante na recuperação e proteção do órgão pul-
tar; formas anatómicas que deixam a desejar, mais par. A falta de adaptação da coroa provisória leva à
comumente o sobrecontorno; dentes estéticos, princi- infiltração marginal, e como os cimentos provisórios
palmente os anteriores, que não preenchem essa fina- apresentam alto grau de solubilidade, maior será a
lidade; cor que não é compatível com os dentes vizi- infiltração. Consequentemente, o dente poderá apre-
nhos ou antagónicos, com certeza não são elementos sentar hipersensibilidade, cárie e inflamação pulpar,
que possam contribuir para o sucesso do tratamento comprometendo assim a capacidade regenerativa da
ou relacionamento cirurgião-dentista/paciente. polpa e causando desconforto ao paciente.
Portanto, a conscientização do profissional da im-
portância do papel da restauração provisória é um A hipersensibilidade dentinária pode ocorrer mesmo
indicador seguro do sucesso da prótese definitiva. tomando os cuidados acima mencionados. O tratamento
endodôntico, nesses casos, só estará indicado após todas
as possibilidades existentes, para eliminar ou diminuir
1 - CARACTERÍSTICAS DAS este tipo de processo, terem sido esgotadas, como a ave-
RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS riguação da adaptação marginal, análise da oclusão, de
hábitos parafuncionais e alimentares (dieta ácida, frutas,
Entre as características que as coroas provisórias refrigerantes), do tipo de cimento empregado e até tenta-
devem apresentar com o objetivo de atingir o sucesso, tivas de tratamento de dessensibilização, com produtos
pode-se comentar: específicos como, por exemplo, oxalato de potássio.

1 . 2 . PROTEÇÃO PERIODONTAL
1.1. PROTEÇÃO PULPAR
Em relação ao tecido periodontal as próteses provi-
Após o preparo ter sido realizado, é imperativo que sórias têm a função primária de preservar a saúde
a quantidade de desgaste esteja em acordo com as periodontal, para aqueles casos onde o tecido gengival
necessidades estéticas e mecânicas da prótese planeja- está saudável, auxiliar no tratamento e na recuperação
da, para que a prótese provisória possa ter a capacida- do tecido gengival alterado e, finalmente, na ma-
de, juntamente com o agente cimentante, de auxiliar nutenção da saúde do periodonto tratado.
na recuperação do órgão pulpar. Em todas essas situações, as restaurações provisórias
Para isso, e previamente à confecção da prótese devem apresentar características para manter a home-
provisória, a superfície do dente preparado deve ser ostasia da área.
limpa com algum tipo de detergente específico para
este fim e, em seguida, envolvida com algodão embe- 1.2.1. ADAPTAÇÃO CERVICAL
bido em solução de água de cal (Hidróxido de Cálcio-
PA) que, por apresentar ação bactericida e bacteriostá- A adaptação correta da coroa provisória mantém a
tica, tem a capacidade de agir como vedador dos tú- arquitetura normal do tecido gengival, evitando-se sua
bulos dentinários pela iniciação do processo de mine- proliferação sobre o dente preparado e, consequente-
ralização dos mesmos. Em seguida, protege-se a su- mente, instalação do processo inflamatório. (Figs.
perfície preparada com duas camadas de verniz à base 6.1Aa6.1C)
de copal, que vão atuar como isolante, impedindo
assim o contato direto da superfície dentinária com o 1.2.2- CONTORNO
monômero da resina, que é altamente irritante ao ór-
gão pulpar. Essas camadas de verniz serão natural- O contorno da prótese é influenciado por alguns
mente removidas com a confecção das restaurações fatores: estética, fonética, posição do dente no arco,
provisórias não impedindo, deste modo, a ação do forma da raiz, forma do rebordo alveolar e qualidade
cimento provisório, junto ao órgão pulpar. do tecido gengival.
COROAS PROVISÓRIAS

■ FIGURAS 6.1 A e 6.IB


Vistas frontal e palatina de coroas provisórias mal adaptadas.

FIGURA 6. IC
Vista incisai mostrando inflamação do tecido gengival.

Dois aspectos são diretamente dependentes do neado com grafite em toda sua extensão, e toda su-
contorno correto da prótese provisória: perfil de perfície que se estende dessa marca até o término cer-
emergência e forma e extensão da ameia interproxi- vical, deve ser aplainada.
mal. Não se pode chegar a uma estética desejável, sem O contorno supragengival depende da posição do
uma avaliação correta desses aspectos que devem ser dente, extensão da coroa no sentido gengivo-incisal/
determinados durante a fase das restaurações provisó- oclusal, forma do osso e do tecido gengival, fonética e
rias, acrescentando-se ou removendo-se resina e avali- estética. Esses fatores devem ser determinados ainda
ando-se o espaço correto para higienização da área. A na fase de prótese provisória como descrito anterior-
qualidade do tecido gengival também depende do mente, buscando preencher as necessidades estéticas
contorno correto da prótese. Não existe estética sem individuais do paciente. Esta é uma excelente maneira
saúde gengival! de atender às suas expectativas estéticas.
Excesso de contorno nessa região pode promover ul- O perfil de emergência pode se estender além do
ceração no epitélio sulcular, recessão gengival, inflamação contorno da gengiva marginal livre, dependendo do
marginal e, consequentemente, dificuldade no controle tamanho da coroa no sentido gengivo-oclusal/incisal.
dos procedimentos subsequentes. O objetivo do perfil de Coroas longas, decorrentes de recessão gengival acen-
emergência é propiciar um posicionamento harmónico tuada e/ou realização de tratamento periodontal, de-
do tecido gengival sobre as paredes da restauração. vem apresentar um contorno com forma plana mais
O contorno gengival deve ser determinado tanto estendido para coronal, para propiciar uma transição
em nível sub quanto supragengival. No nível subgen- gradual entre sua porção radicular e coronal (contor-
gival, o contorno da restauração deve apresentar-se no de deflexão dupla). O efeito estético nesses casos é
com uma forma plana (perfil de emergência plano) muito interessante, pois cria-se uma ilusão de ótica
para harmonizar-se com a superfície também plana da onde o dente com coroa clínica longa vai "parecer"
raiz. Para isso, o nível gengival da coroa deve ser deli- diminuído.
PRÓTESE FIXA

Existe uma relação direta entre contorno e integri- do fio dental ou escova interproximal e atendendo aos
dade do tecido gengival. Com o sobrecontorno há requisitos estéticos e fonéticos. A pressão da papila gen-
maior facilidade de acúmulo de placa pela dificuldade gival causa alterações histológicas em todas as suas es-
de higienização e, como consequência, inflamação, truturas celulares com consequente inflamação e lesão
sangramento, dor e desconforto. Já, o subcontorno periodontal. Nessa etapa das coroas provisórias é que,
pode causar alterações gengivais devido ao trauma com frequência, se decide a necessidade ou não de
mecânico causado pela escova dental ou alimentos fi- abertura das ameias, seja por desgaste direto, seja por
brosos, provocando ulceração, recessão, perda de toni- afastamento das raízes através de borrachas ou ortodon-
cidade do tecido gengival pela falta de apoio correto tia ou mesmo através de procedimento cirúrgico deno-
sobre as paredes da coroa. De maneira geral, porém, o minado IAR (Interface alvéolo-restauração). É óbvio
sobrecontorno é mais danoso para os tecidos perio- que não pode existir ameia aberta na prótese metaloce-
dontais do que o subcontorno. râmica, se o espaço disponível nas coroas provisórias
E óbvio que a reação do tecido gengival frente a não for suficiente para isso. (Figs. 6.2A a 6.2C)
essas duas situações pode ter respostas diferentes, de-
pendendo da característica do mesmo como, por 1 .2.4. H IGIENE O RAL E C ONTROLE DE P LACA
exemplo, ser mais ou menos fibroso. B ACTERIANA

1 . 2 . 5 . A MEIA INTER - PROXIMAL A prótese provisória corretamente confeccionada


facilita, orienta e estimula o paciente a manter sua
A forma e extensão da ameia proximal devem per- prótese limpa e, consequentemente, livre de placa.
mitir espaço para a papila proximal sem comprimi-la, Para isso, é importante que o profissional ensine
possibilitando uma higienização correta pela passagem corretamente as técnicas e meios de higienização dis-

■ FIGURA 6.2A H FIGURA 6.2B


Ausência de espaço inter-proximal entre os dentes 10 Cirurgia Periodontal (IAR) - desgaste das faces proximais
e I I. com broca diamantada.

■ FIGURA 6.2C
Vista vestibular pós-cirurgia.
COROAS PROVISÓRIAS

poníveis (escovas dentais e interproximais) usando forma correios e que permitem fácil acesso interproxi-
ilustrações, manequins e figuras. O paciente tem que mal, são fatores que contribuem para a redução do
saber o que é a placa, como se forma e quais as conse- processo inflamatório já instalado e, consequentemen-
quências para os dentes e tecido periodontal. O me- te, facilitam o trabalho do periodontista durante a
lhor m eio para o paciente co meçar a entender todo cirurgia, assim como o processo de recuperação dos
esse processo, é visualizá-la através da alteração da cor tecidos.
do dente promovida pelo evidenciador de placa. (Figs.
6.3A e 6.3B) 1 1 . 5 . RESTAURAÇÃO PROVISÓRIA COM
Se o paciente não consegue higienizar corretamen- TRATAMENTO PERIODONTAL
te sua prótese provisória, certamente não conseguirá
também faze-lo na definitiva. Cabe ao cirurgião den- A melhor ocasião para a realização do tratamento
tista descobrir se a falha está na prótese, na falta de periodontal é frequentemente confundida por prote-
motivação ou por deficiência física do paciente: mui- sistas e periodontistas. O paciente é erroneamente en-
tas vezes o paciente escova, mas não consegue higieni- caminhado para tratamento cirúrgico periodontal no
zá-la corretamente. início do tratamento protético, quando ainda apresen-
Para esses casos, algum tipo de programa tem que ta próteses antigas com recidivas de cárie ou desajuste
ser desenvolvido, seja através de controles periódicos, marginal, restaurações com excesso ou falta, contor-
uso de soluções inibidoras de formação de placa (clo- nos deficientes, placa gengival e tártaro generalizados,
rexidina 0,12%), etc... desmotivado e, não raro, descrente das suas tentativas
Esse tipo de treinamento é muito importante para de manter saudáveis seus dentes.
o sucesso da prótese a longo prazo. Uma prótese pode Um tratamento prévio que irá eliminar suas próte-
ser deficiente em algum aspecto que pode levá-la ao ses deficientes e substituir por coroas provisórias ade-
fracasso, como por exemplo, uma área com contorno quadas, restabelecendo oclusão, fonética, estética e
inadequado; porém, se o cirurgião-dentista mantiver função mastigatória; a instituição de sessões de profi-
o paciente sob controle periódico, a prótese permane- laxia e aprendizado de técnicas de higienização e a
cerá na boca por muitos anos. Isso é o que pode-se eliminação de restaurações com deficiências margi-
denominar de prevenção para os pacientes com pró- nais, são procedimentos que fazem com que, gradati-
tese. vamente, retorne a auto-confiança do paciente à me-
Por outro lado, o insucesso também pode ocorrer dida que aumenta a confiança no cirurgião dentista e,
com uma prótese considerada perfeita, em função da consequentemente, se torna visível a melhora geral do
falta de ensinamento dos fundamentos básicos de hi- tecido periodontal.
giene oral, que podem causar cárie ou doença perio- Se o protesista precisasse fazer cirurgia periodontal,
dontal. em área onde a prótese fixa precisa ser trocada, com-
O preparo inicial do paciente e a facilidade de preenderia com muito mais clareza as dificuldades e
higienização propiciada pela presença das restaurações limitações do periodontista ao trabalhar nessa área, se
provis órias bem adaptadas e polidas, com contorno e comparada com a mesma área portadora das próteses

FIG 6.3A

II FIGURAS 6.3A e 6.3B


Restaurações provisórias coradas com evidenciador de placa e após higienização correta.
PRÓTESE FI XA

provisórias que, ao serem removidas, provêem acesso, clínica deve ser feito para melhorar a retenção da pró-
visualização e controle adequado dos tecidos perio- tese sem comprometer a estética.
dontais. Esses são alguns exemplos de como a presença da
Assim, o momento de se encaminhar o paciente ao prótese provisória pode aprimorar o relacionamento
tratamento periodontal é quando ele já é capaz de periodontista/protesista e, consequentemente, melho-
fazer higienização aceitável, seus dentes foram prepa- rar a qualidade do trabalho definitivo (Figs. 6.4A a
rados, receberam tratamento endodôntico, núcleos 6.4F).
intrarradiculares, se necessário, e coroas provisórias.
Sua oclusão e desoclusão são adequadas, sua mastiga- 1 . 5 . 2 . CONTROLE DA POSIÇÃO DEFINITIVA DA
ção é efetiva, sua estética é satisfatória. MARGEM GENCIVAL
O tratamento periodontal por necessidade protéti-
ca é realizado em 2 situações: tratamento da patologia Após a cirurgia periodontal deve-se aguardar a for-
existente em tecido mole e/ou ósseo e, por exigência mação do sulco gengival, que ocorre em torno de 60
estética ou mecânica. dias, para levar com segurança a margem do preparo
Na primeira situação, procedimentos cirúrgicos subgengivalmente.
como gengivoplastia, gengivectomia, osteotomia, en- Se a prótese provisória estiver bem polida, bem
xerto ósseo, etc... visam buscar a saúde do tecido peri- adaptada e com contorno correto, o trauma mecânico
odontal enquanto que, na segunda, os procedimentos causado pela broca no epitélio sulcular durante o pre-
cirúrgicos do aumento de coroa clínica, aumento do paro subgengival, não apresentará graves consequênci-
espaço interproximal, enxerto de tecido conjuntivo e as para o periodonto, desde que a extensão intra-sul-
enxerto de mucosa ceratinizada, buscam melhorar as cular não seja excessiva, e que a prótese provisória seja
relações estético/funcionais da prótese. reembasada corretamente. De qualquer modo, é acon-
selhável esperar-se 2 a 3 semanas para realizar a mol-
1 . 5 . 1 ' ORIENTAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS dagem, para se ter certeza da localização definitiva da
CIRÚRGICOS margem gengival. Este cuidado é extremamente im-
portante nas próteses envolvendo dentes anteriores.
A presença da prótese provisória auxilia o perio-
dontista a conseguir mais facilmente os requisitos es- 1 . 5 . 5 . AVALIAÇÃO DO CRAU DE MOBILIDADE
téticos e funcionais durante os procedimentos cirúrgi- DOS DENTES PILARES
cos. Por exemplo, onde posicionar o retalho na região
cervical sem prejudicar a estética; necessidade de colo- O planejamento de uma prótese fixa deve ser feito
cação de enxerto conjuntivo em área desdentada para em função das características dos dentes pilares e, em
melhorar o contorno do pôntico e, consequentemen- particular, naqueles com doença periodontal avança-
te, a estética; aumento do espaço inter-proximal para da. A diminuição, aumento ou estabilidade da mobi-
facilitar a higienização; quanto de aumento de coroa lidade dos dentes pilares deve ser avaliada durante a

FIG 6.4A

S FIGURAS 6.4A E 6.4B


Vistas vestibular e incisai mostrando desnivelamento gengival acentuado entre os dentes 13 e 21 e perda de estrutura
óssea na área desdentada no sentido vestíbulo-palatino.

_
COROAS PROVISÓRIAS

FIGURAS 6.4C e 6.4D


Vistas incisai e vestibular após enxerto de conjuntivo. Observar o condicionamento do tecido gengival para melhorar a
relação de contato entre os pônticos e o tecido gengival.

FIGURA 6.4E FIGURA 6.4F


Vista vestibular após cimentação. Vista vestibular 2 anos pós-cimentação

fase da prótese provisória que, nesses casos, assume tação dos dentes. Na ausência de doença periodontal,
uma posição extremamente valiosa como elemento de a presença da mobilidade indica apenas que o dente
diagnóstico. A mobilidade progressiva nesta fase de não está capacitado a receber isoladamente as forças
tratamento, indica a necessidade de alteração no pla- com frequência e duração normais. Assim, o dente
nejamento, como aumento no número dos dentes pi- pilar nessas condições, deve ser unido a outro ou ou-
lares ou indicação de outro tipo de prótese, por exem- tros dentes, para melhor resistir às forças laterais que
plo, prótese parcial removível ou colocação de im- vão incidir sobre a prótese.
plantes. Essa união mecânica entre vários dentes pilares
Nesses casos, a prótese provisória tem como objeti- aumenta a área superficial do periodonto de sustenta-
vo principal estabilizar os dentes com mobilidade. ção e reorienta o fulcro de rotação de cada dente,
Embora os procedimentos básicos iniciais do trata- minimizando, deste modo, o efeito negativo da ação
mento periodontal possam diminuir o grau de mobi- das forças laterais.
lidade, através do controle da inflamação e da oclusão, Quando se planeja prótese fixa em dentes que neces-
essa mobilidade pode persistir mesmo após o trata- sitam ser unidos por deficiência de implantação óssea e/
mento periodontal definitivo, devido à perda do su- ou devido à ausência de vários dentes, deve-se ter em
porte ósseo. mente que, mais importante que o número de dentes é a
Se existe uma relação desfavorável entre o tama- posição que eles ocupam na arcada. Assim, o sentido de
nho da coroa clínica, determinada pelo nível da crista movimentação vestíbulo-lingual dos dentes posteriores
óssea em relação à implantação óssea da raiz clínica, a (plano sagital), caninos (plano lateral) e incisivos (plano
ação das forças laterais será mais intensa na movimen- frontal), é um fator determinante no planejamento, pois
PRÓTESE FIXA

o envolvimento da prótese em 2 ou mais planos, reduz a presença, diminuição, aumento ou estabilização da


mobilidade individual de cada dente. O sentido de mo- mobilidade existente.
vimentação de um dente em um determinado plano Se necessário, esta deve ser a fase de alteração no
elimina a mobilidade do outro localizado em outro pla- planejamento, seja pelo aumento do número de den-
no (Figs. 6.5A a 6.51). tes pilares ou pela indicação de outro tipo de prótese.
Contatos oclusais simultâneos, guia anterior perso- Nesta etapa, dentes duvidosos do ponto de vista en-
nalizada, cúspides baixas e fossas rasas e diminuição dodôntico ou periodontal foram eliminados ou apro-
da mesa oclusal, são aspectos que também devem ser veitados e, somente nesta ocasião é que se pode execu-
alcançados para a preservação da saúde periodontal. tar o planejamento e orçamento definitivos.
Após o término do tratamento periodontal, o paci-
ente tem que permanecer algum tempo com a prótese 1.4. COROAS PROVISÓRIAS X OCLUSÃO
provisória antes de se iniciarem os procedimentos de
moldagem, para que se possa avaliar o comportamen- A determinação das características oclusais da próte-
to dos dentes pilares, em relação ao planejamento exe- se provisória ou definitiva deve preencher alguns requi-
cutado até então. Deve-se avaliar o comportamento sitos para se obter o que se denomina de Oclusão Fisi-
individual de cada um dos dentes pilares em relação à ológica: relação maxilo-mandibular (posição de traba-

■ FIGURA 6.5A ■ FIGURA 6.5B


Vista inicial mostrando recessão acentuada do tecido gen- Radiografias iniciais mostrando perda acentuada de suporte
gival, ausência de contatos proximais entre os incisivos ósseo nos incisivos superiores e lesão de furca nos
superiores decorrente da movimentação anterior por falta molares. Esses dentes foram extraídos.
de suporte ósseo.

■ FIGURA 6.5C ■ FIGURA 6.5D


Provisórias instaladas após extração dos dentes. Dentes pilares remanescentes com grau 2 de mobilidade.
A disposição desses dentes no arco envolvendo os 3
planos de movimentação dos dentes, possibilitou a estabi-
lização dos mesmos através da confecção da prótese fixa.
COROAS PROVISÓRIAS

FIG 6.5F

FIG 6.5E

■ FIGURAS 6.5E e 6.5F


Vistas frontal da prótese com placa de estabilização (paciente apresenta apertamento dental) e oclusal.

F I G 6 .5 H

■ FIGURAS 6.5G a 6.51


Vistas laterais e radiografias após 5 anos.

FIG 6.5G

FIG 6.51
lho) adequada, contatos oclusais uniformes, guia ante- 1 . 4 . 1 . RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
rior e dimensão vertical de oclusão corretos. Nessas (POSIÇÃO DE TRABALHO)
condições, o paciente deve apresentar função mastiga-
tória eficiente, conforto, saúde periodontal, ausência de O alinhamento maxilo/mandibular pode ocorrer
problemas na ATM e músculos da mastigação, desde de 3 maneiras: posições de Relação Cêntrica (R.C.),
que não seja portador de hábitos parafuncionais, como de Máxima Intercuspidação Habitual (MIH) e de
o bruxismo ou apertamento dental, nem apresente si- Oclusão em Relação Cêntrica (ORC).
nais e sintomas de disfunção craniomandibular.
PRÓTESE FIXA

1.4.1.1. RELAÇÃO CÊNTRICA haja estabilidade oclusal e não apresente sinais e


sintomas de trauma oclusal.
Esta é uma posição crânio-mandibular e, portanto,
independe da presença dos dentes e deve ser usada 1 .4.2. CONTATOS OCLUSAIS SIMULTÂNEOS
basicamente em 2 situações:
O fechamento da mandíbula deve ocorrer com to-
a) Para diagnóstico: dos os dentes posteriores apresentando contatos si-
Sempre que modelos de estudo são montados em multâneos. Consegue-se, assim, maior eficiência mas-
Articulador Semi-Ajustável (ASA) para análise oclusal, tigatória e estabilidade oclusal, que são importantes
diagnóstico ou planejamento, isto deve ser realizado no direcionamento das forças oclusais para o perio-
na posição de R.C. Dessa posição, é possível deslocar donto de sustentação e proteção da ATM.
os modelos para a posição de MIH e, assim, avaliar O elemento dentário é sustentado por fibras perio-
das presença de contatos prematuros entre essas duas dontais que apresentam direção oblíqua em 80% de
posições. sua totalidade e, portanto, tornam os dentes aptos a
As análises clínica, radiográfica e dos modelos de resistirem à forças de grande intensidade no sentido
estudo montados nessa posição em ASA, são requisi- axial. A presença das interferências oclusais ou conta-
tos mínimos para o diagnóstico e planejamento de tos prematuros favorece a incidência das forças no
qualquer procedimento em prótese. sentido obliquo ou horizontal, que podem promover
alterações no posicionamento dos dentes no arco ou
b) Como Posição de Trabalho: no suporte ósseo.
A R.C., como posição de trabalho, deve ser empre- Uma força traumática incidindo em dentes com
gada quando existem sinais e sintomas de trauma sustentação normal, pode causar pequena mobilidade,
oclusal, independentemente da extensão da prótese. espessamento do ligamento periodontal e reabsorção
Assim, deve-se inicialmente ajustar os dentes com a óssea em forma de relógio de areia (Trauma Primá-
mandíbula na posição de R.C. e, a seguir, iniciar os rio). Se não ocorrer instalação do processo inflamató-
procedimentos para confecção da prótese. Este novo rio, eliminando-se a causa através de ajuste oclusal
relacionamento maxilo/mandibular, onde os côndilos cessa-se o efeito.
estão na posição de R.C. e com os dentes em contato Quando existe redução do penodonto de sustenta-
é denominado de Oclusão em Relação Cêntrica ção, uma força de intensidade normal pode causar
(ORC). mobilidade dental (Trauma Secundário), que pode ser
Esta nova posição é reproduzível, funcional, aceita adaptativa ou progressiva e que irá determinar a es-
pelo paciente e conveniente, pois para o protesista plintagem de dentes para melhor distribuir as forças
serve como um ponto de partida para, reabilitar seus mastigatórias.
pacientes. Nesse sentido, a instalação da prótese provisória
A posição de R.C. deve também ser usada nos tem como objetivos diagnosticar, avaliar a qualidade
casos onde a estabilidade oclusal está comprometida, dos dentes pilares, o direcionamento das forças oclu-
em função da ausência de vários dentes, como por sais e, assim, balizar o planejamento da prótese df ini-
exemplo, na reabilitação dos 4 quadrantes posteriores, tiva, em relação ao número final de dentes pilares e
com ou sem envolvimento dos dentes anteriores, pe- tipo de prótese.
los mesmos motivos comentados anteriormente. Dentes com suporte ósseo reduzido e com mobili-
Portanto, a R.C. deve ser sempre usada quando dade exigem, além dos cuidados já mencionados, uma
existe a presença de algum tipo de patologia oclusal e/ oclusão com contatos uniformes, cúspides baixas e
ou a MIH não apresenta estabilidade dental suficiente fossas rasas e diminuição da mesa oclusal, para possi-
para a reabilitação do paciente. bilitar que as forças sejam dirigidas o mais axialmente
possível, e assim evitar um movimento de torque nos
1.4.1.2. MÁXIMA INTERCUSPIDAÇÃO dentes pilares.
HABITUAL
1 . 4 . 5 . CUIA ANTERIOR
A MIH é uma posição dentária, fisiológica,
não coincidente com a R.C. (90% dos pacientes O controle no ajuste do guia anterior é um dos
apresentam essa diferença) e deve sempre ser pre- aspectos mais importantes no sucesso da prótese defi-
servada nos tratamentos protéticos, desde que, nitiva e pode ocorrer às expensas dos caninos (Deso-
COROAS PROVISÓRIAS

clusão pelo canino) ou pela participação também dos aderência da resina acrílica e envolve-se a mesa com
dentes posteriores (Função em grupo), que pode ser fita crepe (± lOmm de altura) para contê-la.
parcial ou total. b) Ergue-se o pino guia incisai 4-5mm e coloca-se
O Guia Anterior deve proteger os dentes posterio- resina de rápida polimerização sobre a mesa incisai;
res. Isto significa que, enquanto está ocorrendo o ciclo fecha-se o articulador até que ocorra contato do pino
mastigatório, os dentes anteriores dirigem toda a mo- com a resina plástica e, dirigido pelos modelos das
vimentação mandibular impedindo que os dentes coroas provisórias, executam-se os movimentos late
posteriores entrem em contato. Isso só vai acontecer rais e protrusivo no ASA, guiados pela concavidade
no final do ciclo mastigatório, quando da deglutição. palatina dos dentes anteriores. O percurso traçado na
Esta dinâmica é conhecida como Oclusão Mutua- mesa incisai corresponde ao arco gótico de Gysi.
mente Protegida. c) Após polimerização da resina, refinam-se os
Um guia anterior correto elimina a possibilidade traçados com Duralay, erguendo-se o pino incisai ±
de ocorrência das interferências oclusais nos dentes lmm e repetindo-se os movimentos. (Figs. 6.6K a
posteriores, preservando-os dos efeitos negativos que 6.6?)
podem ocorrer neles próprios, como comentado ante- O guia assim personalizado será usado na fabri-
riormente. cação do guia anterior da prótese definitiva e ainda
A conformação incorreta do guia anterior na pró- tem a função complementar de compensar algumas
tese definitiva pode alterar o envelope de movimento das limitações do A.S.A. O profissional deve conhecê-
da mandíbula e restringir seus movimentos, podendo las para saber como compensá-las e, assim, realizar
causar distúrbios funcionais de dor e desconforto, trabalhos que protejam o Sistema Estomatognático.
mobilidade dental e deslocamento dos côndilos. Este capítulo da Prótese é conhecido como Determi-
O ajuste correto do guia anterior é essencial na nantes da Morfologia Oclusal.
obtenção da estética, da fonética, para diminuir o es-
tresse oclusal, para melhorar a eficiência funcional, 1.4.4. DIMENSÃO VERTICAL (D.V.)
para o conforto do paciente e na longevidade dos
dentes e das próteses. Para isso, os movimentos late- A diminuição da D.V. só ocorre quando a oclusão
rais, protrusivos e látero-protrusivo devem ocorrer dos dentes posteriores entra em colapso decorrente de
sem qualquer tipo de restrição. extrações, migrações e desgaste excessivo dos dentes
A fase de restauração provisória permite o contro- posteriores, com consequências graves nos dentes an-
le, a determinação e avaliação do guia anterior. Além teriores como desgaste excessivo ou migração para
dos pontos já comentados, o padrão de desoclusão do vestibular. Alterações na fonética, na tonicidade mus-
guia anterior deve determinar a altura das cúspides cular, na estética e umedecimento acentuado nos ân-
dos dentes posteriores que, em casos extensos e cujos gulos da boca (queilite angular), são outros sinais su-
dentes pilares apresentem perda de suporte ósseo, de- gestivos de perda da D.V.
vem ser baixas para minimizar o desenvolvimento das Existem várias técnicas para o restabelecimento da
forças laterais. Uma vez determinada a morfologia dos D.V.: testes fonético e estético. Um dos métodos mais
dentes anteriores, em função do ajuste dos guias late- conhecidos para sua obtenção é determinar a Dimen-
rais e posteriores, o próximo passo consiste em repro- são Vertical de Repouso (D.V.R.) através do compasso
duzi-la e transferi-la para o articulador (Figs. 6.6A a de Willis que, subtraindo-se 3-4mm, chega-se à Di-
6.6J). Esse procedimento é conhecido como Persona- mensão Vertical de Oclusão (D.V.O.).
lização do Guia Anterior. Qualquer dessas técnicas necessita das avaliações clí-
Isso é realizado moldando-se os arcos com as coroas nicas para certificar-se se a D.V. determinada está fisiolo-
provisórias devidamente ajustadas e montando-se o modelo gicamente compatível com as características do paciente.
superior em ASA através do arco facial, enquanto o inferior Isso deve ser analisado previamente ao início da fase de
será montado por justaposição ou acomodação contra o preparo dental e confecção das restaurações provisórias.
antagonista, pois ele representa a posição de ROC. O Departamento de Prótese da Faculdade de
Para a reprodução do guia anterior das coroas pro- Odontologia de Bauru tem como filosofia de trata-
visórias na mesa incisai do articulador, procede-se da mento, para restabelecer a D.V., usar um aparelho
seguinte forma: removível conhecido como Placa de Restabelecimento
da D.V. (P.R.D.V.).
a) Cobre-se a mesa incisai de plástico do articula- A sequência para a confecção deste tipo de apare-
dor com uma camada de papel alumínio, para evitar lho é a seguinte:
PRÓTESE FIXA

FIG 6.6A

FIG 6.6C

i FIGURAS 6.6A a 6.6D


(A/B/C) Vistas frontal e laterais do caso inicial e (D) montagem em A.S.A. para confecção do enceramento diagnóstico
para posterior inclusão e prensagem das próteses provisórias.
FIG 6.6E

I FIGURAS 6.6E e 6.6F


Vistas oclusais do enceramento diagnóstico.
COROAS PROVISÓRIAS

FIG 6.6H

FIG 6.6J

FIG 6.6G

FIG 6.61
II FIGURAS 6.6G a 6.6J
Próteses provisórias instaladas e ajuste do guia anterior na boca. Observe os traçados laterais e protrusivos na
concavidade palatina dos dentes anteriores superiores.
FIG 6.6L

FIG 6.6K
PRÓTESE FIXA

FIG 6.6M

FIGURAS 6.6K a 6.6M


(K/L) Montagem dos modelos das Próteses Provisórias e
personalização do guia anterior no A.S.A. (M) Ajuste do
guia anterior da prótese definitiva no articulador.

FIG 6.6N FIG 6.6

FIG 6.6P

■ FIGURAS 6.6N a 6.6P


Vistas frontal e laterais do trabalho concluído.
COROAS PROVISÓRIAS

1 .4.4.1 ) DETERMINAÇÃO DA D.V.O. 1 . 4 . 4 . 2 ) ENCERAMENTO E INCLUSÃO

Após a determinação da D.VO. por qualquer técnica O enceramento é feito reconstruindo-se a porção
ou combinação delas, como comentado anteriormente, o desgastada dos dentes e substituindo-se os dentes au-
passo seguinte é transferi-la para o A.S.A. Os modelos sentes, procurando-se determinar corretamente o pla-
devem ser montados na posição de R.C., e para isso, em- no oclusal, contatos simultâneos nos dentes posterio-
prega-se um desprogramador oclusal (JIG) confeccionado res e guia anterior.
em resina nos incisivos centrais superiores, que também irá A inclusão e polimerização dos modelos é feita da
servir como orientação para determinar a D.V.O. Para maneira convencional e após sua desinclusão, os mo-
isso, busca-se deixar o JIG aproximadamente na altura delos devem voltar ao articulador para os ajustes ne-
ideal dos incisivos centrais, e realizam-se os testes fonéticos cessários decorrentes da alteração dimensional da resi-
baseados em leitura rápida de textos contendo palavras na e assim, preservar a D.V.O. originalmente obtida.
com S, F, V. Deve-se observar que, em momento algum (Figs. 6.7G a 6.71)
do teste fonético existe contato dentário, pois os dentes se
aproximam de 0,5 a Iram na pronúncia dessas palavras. 1 . 4 . 4 . 5 ) INSTALAÇÃO E CONTROLE
O Jig em sua concavidade deve ser desgastado
enquanto ocorrer contato na pronúncia e, quando isso Inicialmente deve-se avaliar a estabilidade da pla-
deixar de ocorrer, aceita-se essa DVO como ponto de ca para, em seguida, serem realizados os ajustes oclu-
partida (Figs. 6.7A a 6.7F). É importante o paciente sais. O profissional deve avaliar cuidadosamente se
não saber o que se busca, para não tornar consciente esta nova D.V. é semelhante à determinada anterior-
sua pronúncia. Em seguida, faz-se o registro era cera mente.
que será usado na montagem do modelo inferior, sen- O paciente deve usar este aparelho durante 3 se-
do que o modelo superior é posicionado no A.S.A. manas, período em que são avaliados a estética, foné-
através do arco facial. tica, conforto, oclusão e função mastigatória.

FIG 6.7B

FIGURAS 6.7A a 6.7C


Vistas frontal e oclusais de caso clínico com perda de
Dimensão Vertical decorrente de desgaste dentário acen-
tuado.
PRÓTESE FIXA

FIG 6.7F

FIG 6.7G

FIG 6.71

FIG 6.7D

FIGUR
AS 6.7D ■ FIGURAS 6.7G a 6.71
A 6.7F
Modelos montados em ASA na nova dimensão e encera-
Determi mento das placas.
nação
da
Dimens
ão
Vertical
com
auxilio
do JIG.
Observe
a
escultur
a dada
ao JIG
para
facilitar
os
testes
fonético
s e
estéticos
(D) e as
vistas
laterais
em MIH
(E) e
após
restabel
eciment
o da
Dimens
ão
Vertical.
(F)
COROAS PROVISÓRIAS

Se ocorreu aumento ou diminuição da D.V., ajus- mento diagnóstico, preparos, prótese provisória (Figs.
tes devem ser feitos desgastando-se ou acrescentando- 6.7M a 6.7Q).
se resina à placa. Ao invés da P.R.D.V., o profissional pode também
Esta técnica além de auxiliar na determinação da usar restaurações provisórias para restabelecimento da
D.V., permite que o profissional tenha meios para co- D.V. Neste caso, após a confecção das mesmas em
meçar a analisar a estética, fonética, plano oclusal, pa- A.S.A., os dentes são preparados e as próteses provisó-
drão oclusal e guia anterior, além de ser aparelho sim- rias instaladas. O problema desta técnica está no tra-
ples, de baixo custo e reversível (Figs. 6.7] a 6.7L). balho exigido para os ajustes estético e funcional das
Após o término dessa fase de avaliação, os procedi- restaurações provisórias, se ocorrer algum erro na de-
mentos subsequentes seguem a sequência normal de qual- terminação da D.V. Desse modo, a P.R.D.V. é o ins-
quer tipo de prótese fixa — montagem em A.S.A., encera- trumento i deal para o dia gnóstico da D.V.

■ FIGURAS 6.7J a 6.7L


Placas instaladas - Vistas frontal e laterais e mostrando
desoclusão pelo canino.

■ FIGURAS 6.7M e 6.7N


Vista oclusal dos dentes superiores e inferiores preparados.
PRÓTESE FIXA

FIG 6.7O

FIG 6.7Q

■ FIGURAS 6.7O a 6.7Q


Vistas frontal e oclusais das próteses provisórias

| 1.5. RESTAURAÇÃO PROVISÓRIA E ESTÉTICA também deve fazer parte do planejamento estético e,
sua integração com à prótese, muito irá contribuir
As maiores dificuldades para o profissional são as para o seu sucesso.
dúvidas que eventualmente surgem durante o ajuste A relação correta do pôntico com o tecido gengi-
estético ou funcional da prótese definitiva. Nesta fase val, principalmente na região dos dentes anteriores e
do tratamento, nenhuma das partes-profissional/ mesmo pré-molares superiores, é muito importante na de-
paciente, pode apresentar qualquer tipo de dúvida a terminação da estética para a eliminação dos chamados bu-
respeito desses aspectos. Para isso existe a fase das res- racos negros entre os pônticos. Isso é conseguido com o
taurações provisórias! remodelamento do rebordo residual através das coroas pro-
Após os ajustes estético e funcional das restaura- visórias, e é denominado de condicionamento gengival.
ções provisórias, estas devem ser moldadas com algi- O condicionamento gengival exige os seguintes re-
nato e, os modelos que foram usados para a persona- quisitos:
lização do guia anterior, devem ser enviados ao técni-
co junto aos modelos de trabalho, para servir como 1) A superfície lingual do pôntico deve ser total
orientação na confecção da prótese definitiva. Mode- mente convexa e polida;
los de trabalho com troqueis não têm sexo, idade, tipo 2) É imprescindível que o paciente higienize corre-
físico, que possam auxiliar o técnico na obtenção de tamente esta área;
uma reconstrução individual para cada paciente. 3) O tecido gengival deve apresentar espessura sufi
Comprimento, largura, contorno, forma das coroas ciente para permitir o condicionamento. Frequente
provisórias, linha média, assimetria gengival entre os mente é necessário a realização de enxertos de conjunti
dentes pilares e também na área desdentada, relação vo para criar espessura adequada de mucosa, visto que
dos pônticos com tecido gengival, são alguns aspectos nessas áreas o processo de reabsorção óssea ocorre de
que devem ser analisados cuidadosamente na fase das forma bastante acentuada devido à natureza da perda
restaurações provisórias. O tecido gengival dentária (trauma, fratura ou doença periodontal).
COROAS PROVISÓRIAS

4) A área condicionada não deve apresentar-se ulce las gengivais entre elas. Embora a superfície do rebordo
rada após o condicionamento. Para isso, a pressão deve seja côncava, ela é inteiramente coberta com ceratina; o
ser realizada lentamente e em várias sessões clínicas. pôntico inteiramente convexo, possibilita contato com
5) Antes do início do condicionamento, a forma que fio dental em todas as direções, condição necessária
se deseja dar às papilas deve ser determinada na prótese para a manutenção da saúde gengival da área. Assim,
provisória, abrindo-se as ameias gengivais na extensão além da superfície com forma propícia para higieniza-
pretendida nos sentidos mesio-distal e gêngivo-incisal. ção, a porcelana é o material eleito para estabelecer esse
O condicionamento gengival pode ser feito de contato e nunca e metal. Vale lembrar que a vitrificação
maneira gradativa, através de pressão exercida pelos que a porcelana sofre faz que sua superfície retenha
pônticos ou através de brocas diamantadas. menor quantidade de placa bacteriana que qualquer
O condicionamento realizado através da pressão metal, por melhor polido que se apresente.
dos pônticos é preferível por ser menos radical e inva- A segunda maneira para promover o condiciona-
siva. A resina é colocada na superfície gengival do mento á através da remoção de tecido que pode ser
pôntico que é pressionado contra o tecido gengival, feito com eletrobisturi ou com broca. O remoção do
que sofrerá uma ligeira isquemia. Após a polimeriza- tecido é melhor controlado com uma broca diamanta-
ção da resina, realizam-se a remoção dos excessos, aca- da em forma de pêra, em alta rotação e sob irrigação,
bamento polimento e cimentação da prótese. o que não ocorre com o uso do eletrobisturi, além do
A avaliação inicial deve ocorrer após duas semanas. inconveniente do desenvolvimento acentuado de ca-
Se não ocorreu ulceração, e se houver necessidade, lor que pode comprometer a cicatrização dos tecidos.
realiza-se novo condicionamento. Se ocorreu ulcera- Após a conclusão da prótese provisória, a área
ção, significa que a pressão inicial foi exagerada e, correspondente aos pônticos é delimitada com lápis-
portanto, deve-se promover um ligeiro desgaste do cópia e realiza-se a remoção do tecido gengival em
pôntico. A moldagem não deve ser realizada enquanto for ma côncava, correspon dente à forma convexa de
o tecido gengival não estiver saudável. cad a pôntico. Em seguida, os pônticos são acabad os
Às vezes são necessárias 3 ou 4 sessões incrementais e polidos e seu contato com o tecido gengival deve
de resina para se obter o efeito estético desejado, ou ser por justaposição e sem pressão. (Figs. 6.8A a
seja, áreas côncavas epitelizadas no rebordo, com papi- 6.8G)

FIG 6.8B

FIGURAS 6.8A E 6.8B


Vistas frontais da prótese antiga e após substituição pela prótese provisória.
PRÓTESE FIXA

FIGURA 6.8C
Dentes preparados. Observe ausência de papilas na área
desdentada.

F I G 6 .8 C

FIG 6.8D

S FIGURA 6.8D ■ FIGURA 6.8E


Remoção do tecido gengival. Controle da remoção do tecido com a prótese provisória
em posição.
■ FIGURA 6.8F
Reembasamento da área gengival dos pônticos.

FIG 6.8F

FIG 6.8J

■ FIGURAS 6.8J e 6.8H


Condicionamento gengival 15 e 30 dias após remoção do tecido.
COROAS PROVISÓRIAS
FIG 6.81
6.8K

2) TÉCNICAS PARA CONFECÇÃO DAS


RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS

_ .
*

2.1) COM MOLDE DE ALGINATO

■ FIGURAS 6.81 a 6.8K


Vistas da Prótese Provisória após condicionamento.

i
FIGURA 6.9A ■ FIGURA 6.9B
Vista inicial do dente 24 indicado para receber coroa Molde de alginato obtido com uma moldeira parcial.
metalocerâmica.
PRÓTESE FIXA

V
■ FIGURA 6.9C FIGURA 6.9D
Dente preparado. A resina é preparada e quando atingir a fase arenosa é
levada ao interior do molde.

■ FIGURA 9E ■ FIGURA 9F
A moldeira é levada à boca e após a polimerização da Após a polimerização da resina, a coroa é removida do
resina, o provisório é removido do molde. Nessa fase, o molde, os excessos desgastados e procede-se o reemba-
molde deve ser mantido sob refrigeração, para minimizar samento cervical da restauração que é feito levando-se a
o efeito da reação térmica da resina sobre o órgão pulpar resina em consistência cremosa sobre o término cervical
e tecido gengival. do preparo. Em seguida, a restauração é levada em posi-
ção na boca.
COROAS PROVISÓRIAS

FIG 6.9G F I G 6 .9 H
FIG 6.91

FIGURAS 6.9G a 6.91


Após a polimerização da resina, a restauração é removida-
do dente, o término cervical é delimitado com grafite, os
excessos eliminados e a restauração polida com pedras
pomes e branco de espanha.
PRÓTESE FIXA

2.2) COM MOLDE DE SILICONA

FIGURA 6.10A ■ FIGURA 6.10B


Vista inicial da área que vai receber uma Prótese Fixa Modelo de estudo com dente de estoque posicionado no
tendo os dentes 24 e 26 como pilares. espaço desdentado. O dente de estoque pode ser substi-
tuído pelo enceramento do dente ausente.

■ FIGURA 6. lOC ■ FIGURA 6.10D


Dentes preparados. Matriz de silicona pesada confeccionada no modelo de
estudo e posicionada na boca para testar sua adaptação.

■ FIGURA 6.10E ■ FIGURA 6.10F


A resina preparada é levada ao interior do molde que, em Delimitação do término cervical com grafite.
seguida, é posicionada na boca. Os procedimentos subse-
quentes são os mesmos descritos na técnica anterior
COROAS PROVISÓRIAS

FIG 6.I0H

IG 6.I0G

■ FIGURAS 6.I0G e 6.I0H


Vistas vestibular e oclusal da prótese provisória.

2 . 5 . C OM MOLDE DE A LGINATO -T ÉCNICA DA C ASCA DE O VO ("E GG S HEL L ")

■ FIGURA 6.1 IA ■ FIGURA 6.1 IB


Vista vestibular da área que irá receber tratamento com Vista dos dentes preparados após extração do I 6.
prótese fixa. O dente 14 apresenta uma coroa metaloplás-
tica que será refeita e o 16 será extraído por razões
periodontais.

■ FIGURA 6.1 IC
Molde de alginato feito a partir do modelo de estudo
onde se realizou o enceramento diagnóstico.
PRÓTESE FIXA

FIG 6.11 D

■ FIGURAS 6.11 D a 6.1 IF


Aplicação com pincel de uma fina camada de resina em
toda superfície do molde correspondente à prótese. (D)
Após sua polimerização, a "casca" de resina é removida do
molde (E) e posicionada na boca para testar sua adaptação.
(F) Nesta fase é interessante já realizar o ajuste da oclusão.

FIG 6.1 IF

■ FIGURA 6.1 IG «FIGURA 6.1 IH


Reembasamento da Prótese Provisória. Prótese Provisória reembasada e pronta para acabamento
e polimento.
COROAS PROVISÓRIAS

FIGURA 6.1 II
Prótese Provisória terminada.

2.4) COM MATRIZ DE PLÁSTICO:

•.I2A FIG 6.I2B

■ FIGURAS 6.l2Ae 6.I2B


Vista inicial da região que irá receber prótese fixa tendo os dentes 14 e 17 como pilares. Os dentes 15 e 16 serão
extraídos devido à cárie e lesão periodontal.

■ FIGURA 6.12C
Após a montagem dos modelos de estudo em articulador,
faz-se o enceramento diagnóstico, que em seguida é dupli-
cado em gesso. Sobre o modelo de gesso obtém-se uma
matriz de plástico em plastificador à vácuo.
PRÓTESE FIXA

FIGURAS6.l2Da6.l2F
Após separar a matriz do modelo, ela é recortada e leva-
da sobre os dentes pilares e vizinhos para avaliar sua
adaptação. (D) A ferida cirúrgica é protegida com folha de
alumínio (E) e, em seguida, a matriz é preenchida com
resina em consistência cremosa e posicionada sobre os
dentes pilares. (F) Durante a polimerização da resina, a
■ "

matriz deve ser mantida sob abundante refrigeração, para


impedir que a reação térmica da resina promova qualquer
tipo de reação ao órgão pulpar dos dentes pilares e teci-
do gengival circunvizinho.
Após a polimerização da resina, a matriz é removida da
.1 boca, a prótese provisória separada da matriz e os exces-
FIG 6.I2D
sos são recortados. Em seguida faz-se o reembasamento,
sempre levando-se resina sobre o término dos dentes
preparados. O término cervical é delimitado com grafite e
os excessos desgastados com pedras e lixas apropriadas; a
oclusão é ajustada e realiza-se o acabamento e polimento.

FIG 6.I2F

FIG 6.I2G
■ FIGURAS 6.I2G e 6.I2H
Vistas vestibular e palatina da Prótese Provisória instalada.

L
COROAS PROVISÓRIAS

■ FIGURA 6.121
Vista vestibular 15 dias após extração dos dentes.

2.5) COM DENTES DE ESTOQUE

FIG 6.I3B

G6.I3A

■ FIGURAS 6.13Ae 6.I3B


Vista vestibular do caso clínico e modelo de estudo onde os dentes I I e 21 apresentam coroas metaloplásticas que serão
removidas para confecção de uma Prótese Fixa.

■ FIGURA 6.13C
Preparo superficial dos dentes pilares no modelo de
gesso.
PRÓTESE FIXA

FIG 6 .I3 D FIG

■ FIGURAS 6.13D e 6.I3E


Os dentes de estoque são selecionados seguindo a cor, tamanho e forma dos dentes naturais e, posteriormente,
desgastados em sua face lingual, cervical e/ou incisai, até serem completamente adaptados sobre os dentes preparados no
modelo de gesso. As facetas são unidas entre si com resina para serem posteriormente reembasadas na boca.

FIG 6.I3F
■ FIGURA 6.13F
D
e
n
t
e
s

p
r
e
parados imediatamente após a remoção das coroas
metaloplásticas.
FIG 6.I3H

FIGURAS 6.I3G e 6.I3H FIGURA 6.131


Vistas Vestibular e Incisai da Prótese Provisória após ajus- Dentes preparados 15 dias após instalação da Prótese
tes estético e funcionais, acabamento e polimento. Provisória.
COROAS PROVISÓRIAS

2.6) PROVISÓRIAS PRENSADAS

■ FIGURA 6.14A
Vista inicial de paciente que irá receber tratamento com próte-
se fixa nos arcos superior e inferior

FIG 6.I4C

6.I4A

6.I4B

FIGURAS 6 . l 4 B e 6.I4C
Após montagem dos modelos de estudo em ASA, os dentes são preparados superficialmente e faz-se o enceramento
com cera branca. O uso dessa cera é importante para evitar o manchamento da resina quando da sua polimerização,
como pode ocorrer quando se usa cera colorida. Observe que a base do modelo é dividida do ramo superior do
articulador ("Split Cast") para que, após a polimerização da resina, os modelos possam voltar ao articulador e ter sua
oclusão ajustada. Com esta técnica evita-se aumentar a dimensão vertical, decorrente de alteração dimensional da resina.
PRÓTESE FIXA

FIG 6.I4D FIG 6

FIG 6.I4F

■ FIGURAS 6.I4D a 6 . l 4 F
O modelo encerado é incluído na mufla da maneira con-
vencional e na região correspondente aos dentes, confec-
ciona-se uma matriz em gesso pedra dividida em 2 partes.
Essa matriz tem a finalidade de facilitar as várias inclusões
das resinas de corpo, colo e incisai. Todo o conjunto é
isolado e faz-se o vazamento da contra-mufla. Após a
presa do gesso, a contra-mufla se separa das 2 matrizes da
mufla, possibilitando a inclusão da resina.

■ FIGURA 6.I4G ■ FIGURA 6.I4H


Inicialmente faz-se a inclusão da resina de corpo, que é O modelo é desincluído da mufla e levado ao ASA para o
prensada tendo um papel celofane interposto entre a re- ajuste oclusal.
sina e as matrizes, para facilitar a sua separação e permitir
a colocação das resinas de colo e incisai. Após a realização
desse processo, a polimerização da resina é feita utilizan-
do-se os métodos convencionais.
COROAS PROVISÓRIAS

FIG 6.I4J

FIG 6.141

FIGURAS 6.141 e 6.I4J


Após a remoção das provisórias do modelo, faz-se o reembasamento na boca, ajustes estético, da oclusão, do guia anterior,
acabamento e polimento. Vista vestibular da prótese instalada e mostrando a colocação de fios e escovas interproximais
nas ameias gengivais.

2.7) PROVISÓRIAS PRENSADAS COM ESTRUTURA METÁLICA

Esta técnica é indicada para pacientes que apresen- entes, provisórias confeccionadas somente em resina
tam hábito parafuncional de apertar ou ranger dentes poderão apresentar fraturas e/ou desgaste acentuado
ou nos tratamentos onde a prótese provisória perma- da mesma, com consequente alteração do tecido gen-
necerá na boca por um longo período. Para esses paci- gival e/ou da dimensão vertical.

■ FIGURA 6.I 5A
Vista frontal de um caso clínico que irá receber tratamen-
to combinado de prótese fixa e removível com encaixe.
FIG 6.I5C

■ FIGURAS 6 . I 5 B e 6 . I 5 C
Após o preparo dos dentes pilares na boca obtém-se uma moldagem com silicona e sobre o modelo montado em ASA,
confecciona-se uma estrutura metálica em ouro, liga semi preciosa ou em cobre-alumínio. A escultura é feita com resina
Duralay e deve envolver as faces axiais dos dentes e parte de suas faces oclusais ou incisais. É importante que a estrutura
metálica tenha alguns pontos de contato com os dentes antagonistas, para manter a dimensão vertical já determinada
anteriormente. Não há necessidade de cobrir todo o término do preparo, pois as coroas provisórias serão reembasadas
diretamente na boca.

■ FIGURA 6.I5D ■ FIGURA 6.15E


Após a fundição, a estrutura é provada nos dentes pilares, Após a seleção dos dentes, procede-se a montagem das
transferida para o modelo de trabalho para a confecção facetas dos mesmos sobre a estrutura metálica e, em
da prótese provisória, que pode ser prensada, como des- seguida, complementa-se o enceramento e escultura das
crita na técnica anterior; ou realizada com facetas de den- restaurações provisórias.
tes de estoque como será mostrado a seguir
COROAS PROVISÓRIAS

FIG 6.I5G

FIG 6.I5F

FIGURAS 6.I5F e 6.I5G


Em seguida, faz-se a duplicação do modelo encerado em gesso e obtém-se a matriz de plástico, que é adaptada ao
modelo de trabalho com a estrutura metálica em posição.

FIG 6.15J

FIGU
RAS
6.I5H
a
6.15J
A
:
IG 6.I5H estrutur
a
metálic
as é
coberta FIG 6.151
com
resina
opaca,
os
dentes
são
posicion
ados na
matriz e
faz-se o
preench
imento
da
mesma
com
resina.
A
matriz é
posicio
nada
sobre o
modelo
e o
conjunt
o
levado
para
polimeri
zação
em
polimeri
zadora
à
vácuo.
PRÓT'ESE FIXA

FIG 6.I5K

FIGURAS 6.I5K e 6.I5L


Após a polimerização da resina, os excessos são recortados e procede-se o ajuste oclusal no articulador. Observe
pequenos contatos em metal nas faces oclusais dos pré-molares e caninos premolarizados.

FIG 6.I5M

FIGURAS 6.I5M e 6.I5N


Vistas vestibular e oclusal da prótese provisória.

7 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 8. LINDHE, J. Tratado de Periodontologia Clinica. Interameri-


cana, Rio de Janeiro, 1985.
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5. DAMICO A. Functional occlusion of the natural teeth in in crown preparations. Oper. Dent. v. 14, n. 1, p. 13-20, 1992.
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C A P I T U L O

MOLDAGEM E
MODELO
DE TRABALHO

A CCÁCIO L I N S DO V ALLE
M O L D A G E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

INTRODUÇÃO 1950. Ainda nesta época surgiram as siliconas de condensa-


ção e, somente 10 anos depois, na Alemanha, apareceram
A moldagem é definida como um conjunto de opera- no mercado os materiais de borracha à base de poliéter.
ções clínicas com o objetivo de se conseguir a reprodução Por volta de 1975, surgiram as siliconas de adição
negativa dos preparos dentais e regiões adjacentes, usan- com grande capacidade de reprodução de detalhes e
do materiais e técnicas adequadas. Após a polimerização estabilidade, por não apresentarem subprodutos durante
do material e remoção da moldeira da boca, tem-se o sua reação de polimerização.
molde que é vazado em gesso ou revestimento para mo- A boa qualidade dos materiais de moldagem e dos
delos, para a obtenção dos modelos de trabalho. gessos, associado à boa reprodutividade do gesso, pos-
O aparecimento de novos materiais de impressão sibilitaram a obtenção de modelos mais fiéis, permi-
com melhores propriedades, tornou possível a obtenção tindo ao técnico e profissional, a realização de traba-
de moldagens unitárias e múltiplas com redução do tem- lhos com maior exatidão. Outros materiais para mo-
po de trabalho e com maior fidelidade de reprodução de delos, como revestimentos para modelos, resinas epó-
pormenores, propiciando aos profissionais estruturas xicas, metalização pelo cobre e pela prata, também são
metálicas fundidas cada vez mais precisas. utilizados com excelentes resultados.
Os primeiros materiais de moldagem com grande acei- Além do material, a execução de uma boa molda-
tação pelos cirurgiÕes-dentistas foram os elastômeros, devido gem depende de 3 requisitos básicos: a) extensão do
à sua facilidade de manuseio, sendo que os primeiros relatos preparo; b)término cervical e c) coroas provisórias
sobre as mercapatanas foram apresentados por volta de corretas (Figs. 7. IA a 7.1C).

FIG 7 . I B

7.IA

«FIGUR AS 7 . I A e 7 . I B
Vistas vestibular e incisai mostrando a localização cometa do término cervical.

FIGURA 7.1
Vista frontal das coroas provisórias.
7.IC
PRÓTESE FIXA

A extensão subgengival do preparo deve preservar MEIOS QUÍMICOS


a saúde periodontal, pois a presença de inflamação
gengival com sangramento e exudato inflamatório Buscando eliminar a iatrogenia causada pelos fios,
impede a obtenção de moldes precisos, pois a maioria substituíram-se os meios mecânicos de afastamento
dos materiais de moldagem apresenta uma redução pelos químicos, como o cloreto de zinco de 2 a 40%,
das suas propriedades finais na presença de umidade, alúmen, e até ácido sulfúrico diluído, entre outros.
além das dificuldades técnicas de se conseguir uma Essas substâncias também causavam sérios traumatis-
boa moldagem nessas condições. mos ao tecido gengival, como proliferação e descama-
O término cervical deve ser liso, polido e bem ção epitelial, hiperemia, necrose do epitélio sulcular e
definido, para que possa ser copiado detalhadamente recessão gengival, sendo tão ou mais traumáticos que
durante a moldagem, e as coroas provisórias bem os meios mecânicos.
adaptadas e com contornos corretos para manter a
saúde gengival. 1.3' MEIOS MECÂNICO- QUÍMICOS

Para contornar os problemas causados ao tecido


1* MÉTODOS DE RETRAÇÃO gengival pelos meios mecânicos e químicos, LA
GENVIVAL FORGIA (1964) recomendou o uso de produtos de
ação mecânico-química, usando para isso fios de
Como o material de moldagem não tem capacida- algodão impregnados com sais de adrenalina. Este
de de promover o afastamento lateral do tecido gengi- método de retração gengival mecânico-químico é o
val, torna-se necessário o emprego de técnicas de re- mais utilizado na Odontologia e é conhecido como
tração gengival, para expor a região cervical do dente fios retratores.
preparado, e assim permitir que o material de molda- Várias são as substâncias químicas utilizadas nestes
gem possa copiar os detalhes dessa área. fios: epinefrina, sulfato de alumínio, cloreto de alumí-
O afastamento gengival pode ser realizado por nio e sulfato férrico.
meios mecânicos, químicos, mecânico-químicos e por Epinefrina: Disponível em soluções a 0,1 e 8%, é a
meios cirúrgicos. substância encontrada na maioria dos fios retratores.
Apresentam mais ou menos 0,2 a 1 mg de epinefrina
1.1' MEIOS MECÂNICOS racêmica por polegada de fio, dependendo do diâme-
tro e da marca.
Até o aparecimento dos materiais de moldagem à Para mostrar claramente os efeitos que essa subs
base de borracha, meios mecânicos de retração como tância química pode causar ao paciente, pode-se citar
guta-percha, anéis de couro e cobre, grampos para o Gengi-paleque é um dos fios mais empregados para
dique de borracha, coroas provisórias cimentadas sem retração gengival. Possui 0,5mg/polegada, e a dose
remoção dos excessos, foram usados indiscriminada- máxima por sessão, recomendada a um paciente sau
mente causando grandes danos ao tecido periodontal. dável, é de 0,2mg/polegadas, que corresponde a 10
Com o advento das mercaptanas, pesquisadores e tubetes de anestésico com epinefrina 1/100 e 0,04mg
profissionais buscaram meios de afastamentos gengi- para pacientes cardíacos, que correspondem a 2 tube
vais e técnicas de moldagem que, preservassem a saú- tes de anestésico. Diante destes dados pode-se verifi
de periodontal e facilitassem a realização dos procedi- car que, 1 polegada desse fio contém mais que a dose
mentos clínicos. máxima recomendada para um paciente saudável e 12
Assim, em 1969, THOMPSON, preconizou o vezes mais quando ministrada a um paciente cardíaco.
uso de fios de algodão para conseguir o afastamento Muitas vezes preocupa-se muito com o número de
do tecido gengival, verificando serem os mesmos tubetes de anestésico aplicados durante um ato cirúr
menos traumáticos quando comparados às técnicas gico e, negligencia-se na quantidade de fios usados
até então utilizadas. Outro meio de afastamento me- para conseguir um bom afastamento gengival. Quan-,
cânico surgiu em 1962, com NÓBILO e CANNIS- tidadesexageradas de epinefrina podem resultar na
TRACI, que idealizaram uma técnica de moldagem síndrome da epinefrina, principalmente quando usa-
empregando casquetes individuais de resina, que cks em tecido gengival ulcerado, que incluem raqni-
proporcionavam o afastamento gengival com fácil cardia, aumento_da-pfessão arterial, aumento da respi
manipulação e menor traumatismo. Esta técnica será ração, aumento de pressão sanguínea, nervosn
descrita posteriormente. dor de cabeça. _
M O L D A G E M E M O D EL O DE T R A B A L H O

A epinefrina é o componente ativo principal de 2' MATERIAIS DE MOLDAGEM


alguns produtos como: GingiBraid (Van-R), Gingi-
Pak (Gingi-Pak), Orostat (Gengi-Pak), Racord (Pas- 2.1.' C AR ACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS D E
cal), etc. O tempo de permanência de um fio retra- MOLDAGEM
tor com epinefrina dentro do sulco, não deve passar
de 8 minutos, pois, pode causar danos ao tecido O material de moldagem supostamente ideal deve
gengival. apresentar as seguintes propriedades:
Adstringentes: Os adstringentes mais usados em
fios retratores são os sulfatos de alumínio, cloreto de • Deve ser atóxico, evitando reaçÕes à mucosa du
alumínio e sulfato férrico. rante a moldagem.
Em relação à epinefrina, os adstringentes pos- • Após a polimerização final deve ter uma cor que faci
suem algumas vantagens como, poderem ser usados lite a identificação dos detalhes do molde com exatidão.
em tecidos ulcerados, serem melhores hemostáticos e • Tempo de trabalho satisfatório.
não causarem distúrbios em pacientes com proble- • Consistência adequada para reproduzir todos os
mas sistémicos. Como desvantagens, podem deixar detalhes desejados.
resíduos presos ao dente quando da sua remoção e • Não se deformar ao ser removido da boca.
não afastam tão bem quanto os fios impregnados • Estabilidade dimensional diante de variações de
com epinefrina. umidade e temperatura.
—Sulfato de Alumínio: os fios empregados com sul • Ser compatível com os materiais de modelos, como
fato de alumínio (Pascord, Siltrax, etc.) são menos efe- gessos, revestimentos para modelos, resinas epóxicas,
tivos que aqueles com epinefrina, e devem permanecer metalização, etc.
dentro do sulco não mais que 10 minutos. Os fios com • Não distorcer durante o vazamento do molde.
sulfato de alumínio como apresentam enxofre em sua • Ser passível de desinfecção antes do vazamento,
composição, não devem ser usados com as siliconas de sem que suas propriedades sejam alteradas.
adição (Provil, Extrude, Presidente, etc), para não alte
rar a reação de polimerização dos mesmos. Os materiais disponíveis para moldagens de próteses
—Cloreto de Alumínio: O sulfato de alumínio, é fixas são os hidrocolóides reversíveis, polissulfetos, siliconas
bastante encontrado nos fios retratores (Gengi-gel, de condensação e adição e poliéteres. Como nenhum mate-
Hemodent, etc.) e o tempo de permanência dentro do rial apresenta todas essas propriedades, o profissional deve
sulco é de 5 a 10 minutos. selecionar aquele que melhor se adapte à técnica empregada.
—Sulfato Férrico: E um adstringente bastante po No Quadro I encontram-se algumas propriedades
pular nos fios retratores, mas não devem ser usados dos vários grupos dos materiais de moldagem.
em concentrações maiores do que 15%, pois causam
uma irritação tecidual que leva dias para sua cicatri- 2.2.- HIDROCOLÓIDES REVERSÍVEIS
zação. O tempo ideal de permanência dentro do sul
co varia de 1 a 3 minutos, de acordo com sua con Seus principais componentes são a água (80-86 %)
centração e, quando existir sangramento, o fio deve e um colóide hidrofílico orgânico de polissacarídeo
ser umedecido antes de sua remoção, para que o chamado de agar-agar (8-15%). Outros componentes
coágulo não adira ao fio e cause uma irritação acen como bórax, sulfato de potássio, benzoatos alquílicos
tuada do epitélio sulcular. Não deve também ser usa e traços de agentes para proporcionar cor e sabor agra-
do com as siliconas de adição para não alterar sua dáveis, fazem parte de sua composição.
reação de polimerização. É encontrado em alguns Os hidrocolóides são apresentados em bisnagas
produtos como, Astringedent, Stasis, etc. para uso em moldeiras e em seringas. Em temperatura
A técnica de utilização dos fios de afastamento será ambiente, o hidrocolóide encontra-se na fase gel que
descrita quando se abordar a técnica de moldagem precisa ser transformado na fase sol, através de apare-
com fios. lhos especiais chamados de condicionadores de hidro-
Outros meios empregados para retraçao gengival colóides, para poder ser utilizado.
como, cirúrgico, com eletro-cirurgia ou através de cu- Como os hidrocolóides podem perder água por
retagem gengival, por poderem causar sequelas, como evaporação muito facilmente, através do processo co-
necrose óssea e recessão gengival acentuada e, por não nhecido por sinérese, o que alteraria significantemente
serem utilizadas em nossas clínicas, não serão descritas sua estabilidade dimensional, os moldes devem ser
neste capítulo. vazados imediatamente.
PRÓTESE FIXA

QUADRO I

QUADRO COMPARATIVO DAS PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS DE MOLDAGEM

HIDROCOLÓIDE POLISSULFETO POLIÉTER SILICONA DE SILICONA DE


REVERSÍVEL CONDENSAÇÃO ADIÇÃO

ESTABILIDADE Regular Regular Muito Boa Regular Excelente


DIMENSIONAL

Alta Alta Baixo Alta Baixa


DEFORMAÇÃO
APÓS A PRESA

TEMPO DE Imediato 1 hora 7 dias mantido Imediato Após 1 hora


YASAMENTO seco até 7 dias

REPRODUÇÃO Regular Boa Excelente Boa Excelente


DE DETALHES

Muito Baixa Alta Média Baixa Baixa


RESISTÊNCIA
AO RASGAM
ENTO

TEMPO DE Pequeno Grande De Pequeno a De Médio a De Médio a


TRABALHO Médio Longo Longo

FACILIDADE Técnica difícil Regular Boa Boa Boa


DE USO

FACILIDADE DE Muito Fácil Fácil Moderada a Regular Regular


REMOÇÃO
Difícil
ODOR Excelente Pobre Regular Excelente Excelente

ESTERILIZAÇÃO Regular Regular Regular Excelente Excelente

CUSTO Baixo Baixo Muito Alto Regular Muito Alto


2.5' POLISSULFETOS (MERCAPTANAS) minutos. Seu baixo custo, alta resistência ao rasgamen-
to, bom tempo de trabalho e boa reprodução de deta-
Conhecidos também como mercaptana, borracha lhes, fazem dos polissulfetos um dos bons materiais à
base e borracha de tiocol, os polissulfetos apresentam base de borracha. Por outro lado, seu odor desagradá-
uma reação de polimerização com aumento de viscosi- vel, capacidade de manchar e memória elástica defici-
ente, são algumas de suas desvantagens. São encontra-
dade, quando então ganham propriedades tixotrópicas.
dos no mercado com os seguintes nomes: Coe-flex,
São apresentados em duas pastas, base e catalizado-
Permelastic, Omniflex, Speed-Tray, Unilastic, etc...
ra, sendo a base composta de um polímero de polissul-
feto, agentes de carga (dióxido de titânio e sílica) e
2.4' POLIÉTERES
plastificantes que controlam sua viscosidade, e a pasta
catalizadora, composta de dióxido de chumbo, enxofre
e óleo de rícino. Como todo material de borracha, Trata-se de um polímero à base de poliéter e também
acompanha sua embalagem um adesivo especial com- encontrado comercialmente em bisnagas, sendo que a
posto de borracha butílica ou estireno diluído em ace- pasta base contém um polímero de poliéter, a sílica co-
tona, que promove a união entre material e moldeira. loidal, como agente de carga, e um plastificante, que
Podem ser encontrados nas consistência pesada, re- pode ser um éter glicólico ou um ftalato. A pasta catali-
gular e leve, sendo cada uma indicada para diferentes zadora é composta de um sulfonato alquílico aromático,
técnicas. Uma de suas vantagens é o tempo de trabalho além dos mesmos agentes de carga e plastificantes. Da
com sua polimerização final ocorrendo por volta de 9 mistura das duas pastas não se formam subprodutos vo-
M O L D A G E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

láteis, o que faz este material possuir uma excelente esta- dem aparecer alterações na textura superficial do gesso
bilidade dimensional. (0,15 % durante sua polimeriza- e formação de bolhas na superfície do modelo.
ção e 0,3 - 0,4% nas primeiras 24 horas). As siliconas de adição podem ser encontradas em
Como vantagens apresentam uma boa precisão, diferentes embalagens como potes plásticos, bisnagas
permitem a obtenção de excelentes modelos, são mais e, mais recentemente, na forma de cartuchos, que
precisos que polissulfetos e siliconas de condensação, podem ser adaptados em um dispositivo especial tipo
possuem um bom adesivo e, desde que em ambiente revólver, que funciona como uma seringa, cuja ponta
seco, os moldes podem ser armazenados, segundo o apresenta um sistema de espiral que, proporciona e
fabricante, por até 7 dias. Como desvantagens, por se- mistura as pastas base e catalizadora, em quantidades
rem hidrofílicos, tendem a absorver água e não podem exatamente iguais, à medida que são pressionadas
então serem trabalhados em ambiente de alta umidade, através do êmbolo. Por sua pouca alteração dimensio-
rasgam facilmente, o tempo de trabalho é reduzido, o nal (0,05 a 0,016%), é o material mais preciso do
gosto desagradável e apresentam dificuldade de desin- mercado, com excelente re sistência ao rasgamento,
fecção. Por esses motivos, o molde deve ser vazado ime- bom tempo de trabalho, ótima recuperação elástica, e
diatamente. Impregum F, Polygel, Permadyne, são al- o molde pode ser vazado até 48 horas após sua obten-
gumas das marcas encontradas no comércio. ção, sem qualquer tipo de alteração.
Como desvantagem, esse material tem seu processo
2.5' SILICONAS DE CONDENSAÇÃO de polimerização alterado na presença de enxofre. As-
sim, o profissional não pode manipular este tipo de
A formação do elastômero ocorre através de uma silicona quando estiver usando luvas, pois ocorrerá alte-
reação cruzada entre o polímero de silicona (grupa- ração de sua consistência rígida para borrachóide. As
mentos terminais) e um silicato alquílico. O subpro- marcas mais comuns encontradas no mercado são: Pro-
duto desta reação é o álcool etílico, que, ao evaporar- vil, Express, Imprint, Mirror 3, Extrude, President, etc.
se, confere ao material maior alteração dimensional.
Sua apresentação se dá em forma de uma pasta base e 2.7' ELASTÔMEROS FOTOPOLIMERIZÁVEIS
de um catalizador, na forma líquida ou pasta de baixa
viscosidade. Introduzidos recentemente no mercado, não fo-
As siliconas de condensação são muito utilizadas ram muito aceitos por sua dificuldade de trabalho e
pelos profissionais pela facilidade de trabalho e técni- custo. E constituído de um poliéter uretano-dimetil-
ca de moldagem. Porém, sua baixa resistência ao ras- metacrilato, que se polimeriza com lâmpadas para re-
gamento, maior deformação que outros elastômeros e sinas fotopolimerizáveis, após o material ser levado à
distorção exagerada, quando armazenada para posterior boca em moldeira transparente. Este material tem bai-
vazamento, estão contribuindo atualmente por sua xa estabilidade dimensional, é muito rígido, rasga fa-
substituição pelas siliconas de adição. Podem ser en- cilmente e tem preço muito elevado.
contradas no mercado com os nomes comerciais de
Accoe, Cuttersil, Citricon, Coltex/Cotoflax, Optosil/ TÉCNICAS DE MOLDAGEM
Xantopren, 3M, etc.
Apesar de se encontrar na literatura uma gama enor-
2.6' SILICONAS DE ADIÇÃO me de técnicas e materiais de moldagem, as diferenças
ocorrem apenas nas adaptações individuais que cada au-
São conhecidas também como polivinil siloxanas tor propõe. Podem ser nominadas de acordo com o ma-
ou polissiloxanas vinílicas. Tanto a pasta base como terial utilizado e sua forma de execução. As técnicas mais
catalizadora contém uma silicona vinílica, sendo que a utilizadas são: de reembasamento ou dupla impressão, de
pasta catalizadora apresenta também platina e a pasta dupla mistura e com casquetes individuais.
base é chamada de silicona híbrida. Uma ligação cru-
zada ocorre através de uma reação de adição, sem for-
mação de subprodutos devido ao equilíbrio de reação COM FIO RETRATOR
entre as siliconas vinílica e híbrida e, por isso, é um
material que apresenta excelente estabilidade dimensi- 5.1. COM HIDROCOLÓIDE REVERSÍVEL
onal. Esta reação continua ocorrendo, mesmo após a
remoção do molde da boca e, por isso, deve-se esperar O hidrocolóide reversível pode ser empregado com
uma hora para o seu vazamento, caso contrário po- duas técnicas: a convencional, onde o hidrocolóide é
PRÓTESE FIXA

usado tanto na moldeira como na seringa, e a técnica cundar todo o dente, adaptando-o sobre o término
mista ("sanduíche"), onde o hidrocolóide é usado na cervical do dente preparado. Com um instrumento
seringa e o alginato na moldeira. de ponta romba tipo espátula de inserção n° 2, intro-
duz-se cuidadosamente o fio retrator no sulco, co-
5 . 1 . 1 . TÉCNICA CONVENCIONAL: meçando por lingual ou palatino e, contorna-se todo
o dente. Como o tecido gengival nessa área é mais
Com o hidrocolóide reversível é indispensável o fibroso, o trauma causado pela pressão, durante a
uso de um condicionador com controle de temperatu- superposição das duas extremidades do fio, será me-
ra, para fluidificação e armazenagem do material e nor. (Fig. 7.2D)
moldeiras especiais (Figs. 7.2A e 7.2B). O fio deve ser mantido em posição pelo tempo
O condicionador de hidrocolóide possuí três com- determinado pelo fabricante, durante o qual, a mol-
partimentos, preenchidos com água e com controle de deira com o material e a seringa devem permanecer
temperatura, diferentes para cada fase de tratamento no compartimento, com a temperatura da água em
do material. 46°C.
A primeira etapa consiste na fluidificação do gel, A remoção do fio deve ser feita com muito cuida-
que é feita com água na temperatura de 100°C, por do, toda a superfície lavada com água e, em seguida, o
um tempo mínimo de 10 minutos. Após sua fluidifi- material deve ser injetado no sulco gengival (Fig.
cação, deve ser armazenado no segundo comparti- 7.2E). Neste momento, a moldeira já carregada com
mento do condicionador, a uma temperatura entre 63 hidrocolóide é posicionada sobre os preparos e, per-
e 69°C. Em temperatura inferior, o material pode so- mite-se que água seja conduzida para o interior da
frer geleificação prematura, que é caracterizada por moldeira através da borracha condutora, para que
viscosidade excessiva e indesejável do material. Após o ocorra o resfriamento e geleificação do hidrocolóide.
preenchimento da moldeira, esta deve ser mantida no Após a geleificação do hidrocolóide, que ocorre
terceiro compartimento, com a temperatura da água entre 5 e 8 minutos, procede-se a remoção da moldei-
regulada em 46°C. Nesta fase, faz-se a colocação do ra, que deve ser realizada com um movimento único e
fio retrator no sulco gengival. rápido, e avalia-se o molde, buscando-se a reprodução
Após os procedimentos de anestesia, remoção das de todos os detalhes dos dentes preparados (Fig.
coroas provisórias e limpeza dos dentes preparados, 7.2F). Após a remoção da moldeira, o molde deve ser
procede-se o afastamento gengival com fio retrator, mergulhado em solução de sulfato de potássio a 2%,
que deve ter sido selecionado com um diâmetro com- por um tempo de 5 minutos, para que a presença do
patível com as características do sulco gengival, e com bórax no hidrocolóide não retarde a presa do gesso.
um tipo de vasocontrítor em função do estado de Devido à baixa estabilidade dimensional deste material
saúde geral do paciente. (Fig. 7.2C) de moldagem, o molde deve ser vazado imediata-
Após o isolamento do campo com rolos de algo- mente, prevenindo-se assim alterações dimensionais
dão, corta-se um pedaço de fio suficiente para cir- dos modelos de gesso. (Fig. 7.2G)

■ FIGURA 7.2A ■ FIGURA 7.2B


Condicionador de hidrocolóide. Moldeira para moldagem com hidrocolóide.
MOLDACEM E MODELO DE T R A B A L H O

■ FIGURA 7.2C M FIGURA 7.2D


Fios para afastamento. Fio dentro do sulco gengival.

■ FIGURA 7.2E ■ FIGURA 7.2F


Colocação do hidrocolóide com seringa Molde de hidrocolóide.

■ FIGURA 7.2G
Modelo de trabalho.
PRÓTESE FIXA

.2. TÉCNICA MISTA 5 . 2 - M OLDAGEM COM SILICONAS 5 . 2 . 1 .

Também conhecida por técnica "sanduíche", pois TÉCNICA DO REEMBASAMENTO


combina os hidrocolóides reversíveis com os irreversí-
veis. Como na técnica anterior, é utilizada para mol- Esta técnica consiste em realizar uma moldagem
dagem de todos os tipos de preparos, mas sua maior preliminar com o material pesado para, em seguida,
indicação está na obtenção dos moldes para confecção realizar a segunda moldagem com o material com
das próteses adesivas. consistência mais fluída.
A única diferença desta técnica para a anterior é o Para a moldagem preliminar, as pastas base e
emprego do alginato na moldeira. As seringas já con- catalizadora do material pesado (massa) são medi-
tém hidrocolóide que, para ser fluidificado, é armaze- das em proporções iguais, usando os dosadores que
nado em um condicionador com água regulada à tem- acompanham o produto. A manipulação deve ser
peratura de 46°C. feita manualmente até se conseguir uma mistura
Após a remoção do fio retrator, injeta-se o hidroco- homogénea e, como comentado anteriormente, a
lóide no sulco gengival e leva-se em posição uma mol- manipulação desses materiais com luvas de látex
deira tipo Vernes carregada com alginato. A temperatu- aceleram no seu processo de polimerização e suas
ra mais baixa do alginato promove a solidificação do propriedades. O tempo de mistura, em média, é de
hidrocolóide reversível. Devido à baixa estabilidade di- trinta a quarenta segundos e a manipulação deve
mensional dos dois materiais usados, preconiza-se o ser realizada a uma temperatura aproximada de
vazamento imediato do molde. (Figs. 7.3A a 7.3D). 25°C.

■ FIGURA 7.3A ■ FIGURA 7.3B


Condicionador de hidrocolóide. Hidrocolóide colocado sobre os dentes.

■ FIGURA 7.3C ■ FIGURA 7.3D


Remoção do hidrocolóide com alginato. Modelo de trabalho.
M O L D A G E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

A moldeira tipo Vernes é preenchida e levada à boca, Algumas siliconas apresentam-se acondicionadas
procurando-se centralizá-la de modo a se conseguir uma em cartuchos especiais, contendo as pastas base e cata-
impressão uniforme dos dentes e regiões adjacentes. lisadora que são acopladas em um dispositivo próprio,
Aguarda-se o tempo de polimerização (5 a 6 minutos) e tipo revólver, que, quando pressionado, promove a
remove-se da boca com um movimento único. Tem-se mistura das duas pastas em uma ponteira própria que
desta maneira, uma impressão com um material pesado serve para levar o material já homogenizado, direta-
que servirá de guia, para o reembasamento com o mate- mente para a seringa. Enquanto se injeta o material
rial de consistência fluida. Para isso, promove-se um pe- no interior do sulco gengival, a auxiliar preenche a
queno alívio na região dos dentes, criando-se espaço para moldeira com o restante do material fluído, que é
o segundo material (Figs. 7.4A a 7.4D). novamente introduzida na boca. Após a polimerização
Para o reembasamento, as pastas base e catalizadora do material, faz-se a remoção da moldeira de uma só
são proporcionadas igualmente e misturadas em um vez e o molde é lavado e seco com jatos de ar.
bloco de espatulação, com movimentos circulares con- Com as siliconas de condensação o molde deverá ser
tínuos, até se conseguir uma mistura homogénea. A vazado imediatamente e, com as siliconas de adição, espe-
área aliviada do molde é coberta com uma fina camada ra-se uma hora antes do vazamento. (Figs. 7.4G a 7.41)
do material, a seringa é carregada, o fio de afastamento
removido e injeta-se o material com movimentos circu- 5 . 2 . 2 . T ÉCNICA DE DUPLA MISTURA :
lares, preenchendo toda região do sulco gengival e den-
tes preparados. Em seguida, leva-se a moldeira em posi- E também conhecida como técnica de um só
ção sem pressioná-la (Figs. 7.4E a 7.4F). tempo, múltipla mistura ou técnica laminada. E as-

■ FIGURA 7.4A li FIGURA 7.4B


Dente preparado. Manipulação do material pesado.

FIGURA 7.4C ■ FIGURA 7.4D


Molde obtido com o material pesado. Alívio interno do molde.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 7.4E ■ FIGURA 7.4F


Fios colocados nas faces proximais do dente preparado. Aplicação do material leve no sulco gengival.

■ FIGURA 7.4H
FIGURA 7.4G
Vista aproximada do molde.
Molde reembasado.

■ FIGURA 7.41
Vista aproximada do modelo.
O L D A C E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

sim chamada pois os materiais pesado e leve são manipu- uma pequena camada do material leve, que tam-
lados e usados simultaneamente; o leve é colocado na bém é colocado sobre os dentes preparados (Figs.
seringa e injetado no sulco gengival, e a moldeira preen- 7.5A e 7.5B).
chida com o pesado é levada à boca, forçando o material O fio de retração é removido, o material injetado
mais fluído a penetrar dentro do sulco gengival. no sulco e a moldeira individual, carregada com o
Após a remoção dos fios de retração, faz-se o material pesado, é levada em posição. Após sua polin-
proporcionamento e manipulação do material pesa- merização, a moldeira é removida com movimento
do, que é levado à moldeira e sobre o qual aplica-se rápido (Figs. 7.5C a 7.5F)

FIGURA 7.5A ■ FIGURA 7.5B


Moldeira carregada com material pesado. Aplicação do material leve sobre o pesado.

■ FIGURA 7.5C ■ FIGURA 7.5D


Colocação do material leve na boca. Vista do molde.

FIGURA 7.5E FIGURA 7.5F


Vista aproximada do molde. Modelo de trabalho.
PRÓTESE FIXA

4. SEM FIO RETRATOR 4 . 1 . 2 . OBTENÇÃO DOS CASQUETES INDIVIDUAIS


ATRAVÉS DAS COROAS PROVISÓRIAS
M OLDAGEM COM C ASQUETES I NDIVIDUAIS
A duplicação das coroas provisórias constitui um
É um método mecânico de afastamento gengival não
meio bastante prático para a obtenção dos casquetes
traumático ao periodonto de proteção. Baseia-se na utiliza-
individuais de resina acrílica. Tem a grande vantagem
ção de um casquete de resina acrílica com alívio interno e
de não exigir a obtenção de um modelo de gesso para
reembasado na região cervical, que promove o afastamen-
a sua confecção, como comentado anteriormente, e
to gengival por ação mecânica imediata sem ação de meios
sendo os casquetes uma réplica das coroas provisórias,
físicos (fios) ou químicos (vasoconstritores).
suas margens já estão relativamente ajustadas às mar-
4 . 1 . O BTENÇÃO DOS CASQUETES INDIVIDUAIS gens dos dentes preparados, o que vai facilitar o pro-
cesso de reembasamento cervical.
Os casquetes individuais de resina acrílica são con- Para obtê-los procede-se da seguinte forma:
feccionados diretamente sobre modelos de gesso, obti-
dos a partir de uma moldagem preliminar com algina- 1) Após a remoção das coroas provisórias, procede-
to ou através das coroas provisórias se a limpeza de sua superfície interna, removendo-se
totalmente o cimento provisório;
4.1.1. CONFECÇÃO DOS CASQUETES 2) Preenche-se com alginato um pote Dappen ou
INDIVIDUAIS EM MODELOS DE CESSO outro recipiente com tamanho suficiente para receber
as coroas provisórias de elementos isolados ou de uma
Após os dentes terem sido preparados, recomenda-se prótese fixa. As coroas provisórias devem ser preenchi
realizar uma moldagem com alginato, parcial ou total dos das com o alginato e introduzidas no recipiente com o
mesmos, dependendo da extensão da prótese, para avaliação material de moldagem, deixando as faces incisais ou
do paralelismo dos dentes retentores e características finais oclusais visíveis (Fig. 7.6D);
dos preparos. O vazamento é realizado com gesso, pedra e, 3) Ocorrida a geleificação do alginato, as coroas
frequentemente, é aconselhável acrescer-se sal de cozinha ou ou próteses provisórias são removidas e o molde é
raspa de gesso antes da espatulação, para acelerar sua presa. preenchido com resina, até atingir as faces incisai/
Desta forma é possível efetuar as correçÕes dos preparos na oclusal e com ligeiro excesso em altura para facilitar
mesma sessão clínica. A partir deste modelo, procede-se à seu manuseio (Fig. 7.6E);
confecção dos casquetes individuais de resina. Para isso: 4) Ocorrida a polimerização da resina, as réplicas
das coroas provisórias são removidas do molde de
1) Delimita-se com grafite uma linha contínua en alginato e procede-se à remoção dos excessos e aca
tre a junção do término cervical com as paredes axiais, bamento, com discos de lixa de granulação grossa ou
em volta de todos os dentes preparados (Fig. 7.6A); pontas montadas; o alívio interno do casquete é rea
2) A partir desta linha, toda a superfície do dente é lizado com uma broca esférica grande sem, porém,
recoberta com cera numa espessura aproximada de desgastar as margens. (Fig. 7.6F)
0,5mm, para promover um alívio uniforme no cas
quete que será preenchido posteriormente com o ma 4.2. REEMBASAMENTO DOS CASQUETES
terial de moldagem (Fig. 7.6B);
3) O término cervical do dente preparado e toda Para este procedimento não é necessário anestesiar
cera são isolados com vaselina sólida e, recobertos com os dentes preparados. O afastamento mecânico do te-
resina acrílica ativada quimicamente, deixando uma cido gengival é conseguido pelo reembasamento, com
maior espessura no sentido vestíbulo-lingual, para faci resina, das margens dos preparos. Enquanto qualquer
litar o manuseio do casquete durante os procedimentos marca de resina se presta para a confecção dos casque-
de reembasamento e moldagem (Fig. 7.6C); tes, o reembasamento deverá ser realizado com uma
4) Após a polimerização da resina, desgastam-se os resina de melhor estabilidade dimensional, como Du-
excessos externos com discos de lixa e pedras monta ralay ou similar e, de cor vermelha, para facilitar a
das, dando ao casquete uma forma arrendondada. E visualização dos detalhes do término cervical e do sul-
importante identificar a face vestibular dos casquetes co gengival.
com o número de cada dente, para se evitarem dúvi Os dentes preparados devem ser isolados com va-
das no momento da inserção, principalmente quando selina sólida e a resina é levada sobre o término cervi-
tem-se casquetes múltiplos. cal, com um pincel fino ou uma espátula.
M O L D A G E M E MOD ELO DE T R A B A L H O

■ FIGURA 7.6A I FIGURA 7.6B


Modelo de gesso delimitado com grafite. Alívio em cera.

■ FIGURA 7.6C ■ F IGURA 7.6D


Casquetes concluídos. Molde de alginato das coroas provisórias.

■ FIGURA 7.6E ■ FIGURA 7.6F


Molde preenchido com resina acrílica. Casquetes concluídos.

Dr fi ANA PAULA C.
CIRURGIÃ DENTI
CRO-AM 1698-CRO-Si
CIC 171838368
PRÓTESE FIXA

A resina fluída é depositada era toda a volta do nal, para evitar que retenções mecânicas existentes,
término cervical, procurando-se introduzi-la dentro além do término cervical dos dentes preparados e nas
do sulco gengival (Fig. 7.6G). Após a perda superficial faces proximais dos dentes vizinhos, sejam capazes de
do brilho, o casquete é posicionado vagarosamente no dificultar ou até impedir a remoção dos casquetes
dente até encontrar resistência (Fig. 7.6H). A pressão após a polimerização final da resina.
exercida pelo casquete contra a resina mais fluída de- Após a remoção do casquete, analisa-se todo o térmi-
positada no término do preparo, vai promover um no cervical reembasado, verificando a nitidez de toda a
afastamento mecânico lateral imediato nessa área, ra- margem do preparo e da existência de um pequeno ex-
zão pela qual é comum ter-se algum grau de isquemia cesso, que corresponde à resina que foi pressionada para
do tecido gengival durante esse procedimento. dentro do sulco gengival. Esse excesso, de no mínimo
Aguarda-se a fase plástica da resina e, com um 0,2mm, vulgarmente chamada de "saia", será o responsá-
instrumento de ponta romba como a espátula de in- vel pelo afastamento do tecido gengival (Fig. 7.6]). Se
serção n° 2, pressiona-se o excesso de resina para o esses detalhes não foram obtidos, torna-se necessário a
interior do sulco, buscando maior afastamento do te- realização de outro reembasamento. Antes da execução
cido gengival e melhor reprodução dos detalhes do do segundo reembasamento, é indispensável que os ex-
término cervical do dente preparado. Esse instrumen- cessos externos e internos de resina sejam removidos.
to deve ser manuseado com delicadeza, evitando-se Esses procedimentos de reembasamento são
movimentos bruscos ou intempestivos que possam prejudicados somente quando o tecido gengival
traumatizar o tecido gengival. (Fig. 7.61). apresenta-se inflamado. Nesses casos, recomenda-
Enquanto se aguarda a polimerização da resina, é se primeiramente a recuperação da saúde gengival
aconselhável movimentar-se ligeiramente o casquete, para depois, proceder-se ao reembasamento dos
deslocando-o e retornando-o para sua posição origi- casquetes.

■ FIGURA 7.6G ■ FIGURA 7.6H


Resina Duralay colocada no término. Colocação de casquete.

FIGURA 7.61
Acomodação do excesso de resina no sulco gengival com
a espátula de inserção.
M O L D A C E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

■ FIGURA 7.6J
Avaliação do reembasamento dos casquetes.

Após a polimerização da resina, as margens exter- boa moldagem, esta técnica tem como vantagem a
nas do casquete, correspondentes à moldagem do economia de material, visto que, a quantidade do
sulco gengival ("saia"), e internas, correspondentes material para preencher o casquete é muito pequena.
ao término cervical do preparo, são delimitadas com Qualquer material de moldagem de consistência
grafite. Os excessos externos e internos localizados regular pode ser indicado com esta técnica. Os mais
além dessas linhas devem ser removidos. Assim, tem- utilizados são as mercaptanas, como o Permlastic ou
se um casquete aliviado internamente e com a área Coe-flex, embora os poliéteres e siliconas de conden-
correspondente ao término cervical intacta. (Figs. sação e adição também possam ser empregados.
7.6K a 7.6M) Independentemente do material de moldagem uti-
A qualidade do reembasamento dos casquetes tem lizado, é indispensável aplicar-se o adesivo próprio em
influência direta na qualidade da moldagem: não exis- toda a superfície interna do casquete e aproximada-
te reembasamento deficiente e molde preciso. Após a mente 2mm externamente, deixando-o secar por 5
eliminação dos excessos, a verificação da adaptação minutos. É importante que o adesivo apresente uma
dos casquetes pode ser feita com sonda exploradora. camada fina e quando necessário deve ser diluído em
Os casquetes não devem estabelecer contatos com solvente. O adesivo estabelece uma sólida união entre
seus vizinhos, pois isto pode dificultar seu posiciona- o casquete e o material de moldagem, evitando que
mento durante a moldagem. (Figs. 7.6N e 7.6O). este se desloque ou rasgue do casquete, deformando o
molde. (Fig. 7.6P)
I 4.5. MOLDAGEM Como as mercaptanas e siliconas não se compor-
tam bem na presença de umidade, a região que vai ser
Além da previsibilidade, ou seja, o casquete corre- moldada deve ser isolada com rolos de algodão. Na
tamente reembasado sempre vai proporcionar uma presença de fluido sulcular, este deve ser controlado,

FIG 7.6L

■ FIGURAS 7.6K e 7.6L


Remoção dos excessos externos e internos do casquete
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 7.6M FIGURA 7.6N


Casquetes reembasados. Vista dos casquetes na boca

FIGURA 7.6O FIGURA 7.6P


Avaliação da adaptação com sonda. Aplicação do adesivo.

com substâncias hemostáticas como Hemodent, Hemotop, posição sob leve pressão, até que ocorra a polimerização
etc. Para isso prepara-se fio de algodão embebido na solu- final do material de moldagem, por volta de 6 minutos.
ção, acomodando-o no término cervical e sulco gengival. Procedimentos como deslocamento prévio dos
Convém lembrar que os materiais de moldagem, especial- casquetes após a polimerização do material, para ava-
mente indicados para esta técnica, são hidrófobos, e portan- liação do molde, seguidos de reposicionamento ou
to, após a remoção do fio o dente preparado deve estar seco. reembasamento com uma nova camada de material
As pastas base e catalizadora são proporcionadas igual- de moldagem, quando a primeira não foi capaz de
mente, distribuídas em bloco de espatulação ou placa de reproduzir com exatidão todos os pormenores dese-
vidro e, a espatulação é realizada de acordo com o tempo jados, são absolutamente contra-indicados. Uma vez
especificado pelo fabricante, até que se consiga uma massa deslocados, os casquetes são incapazes de retornar
homogénea. Com auxílio da espátula de inserção n° 2, ou completamente ao seu local de origem. Como conse-
similar, preenche-se o casquete, evitando-se a inclusão de quência, têm-se alterações dimensionais e de posicio-
bolhas de ar. (Fig. 7.6Q) namento, que comprometem em maior ou menor
O casquete é posicionado lentamente sobre o dente grau a qualidade da moldagem e da técnica.
para se evitar a inclusão de bolhas e, após seu assentamen-
to completo, o profissional deve certificar-se de que ocor- 4.4 . R EMOÇÃO DOS CASQUETES
reu extravasamento do material de moldagem ao redor de
todo o casquete. Quando iniciar o processo de polimeriza- 4 . 4 . 1 . COM MOLDEIRA DE ESTOQUE
ção, umedecer os dedos em saliva e pressionar suavemente
todo excesso do material de moldagem contra o tecido O uso da moldeira de estoque com alginato está
gengival, para promover sua regularização em torno do indicado para elementos isolados, próteses fixas pe-
casquete (Fig. 7.6R). O casquete deve ser mantido em quenas, uni ou bilaterais, anterior ou posterior e que
M O L D A G E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

■ FIGURA 7.6Q ■ FIGURA 7.6R


Preenchimento dos casquetes com material de moldagem. Casquetes posicionados nos dentes.

não envolva todo arco. Sua aplicação tem razões eco- dadosamente, posicionados no molde de alginato. As
nómicas e exige cuidados e procedimentos especiais. facetas criadas nos casquete e regularização do elastô-
Se o alginato não conseguir remover os casquetes, eles mero extravasado em volta do casquete, têm a finali-
terão que ser removidos individualmente e, posiciona- dade de facilitar esse procedimento.
dos corretamente no interior do molde. Por esse mo- Os casquetes também podem ser removidos com
tivo, não devem apresentar qualquer tipo de retenção moldeiras de estoque preenchidas com silicona de con-
externamente e sim, ser arredondados ou facetados densação. Para isso, emprega-se a técnica da dupla mistu-
para facilitar seu posicionamento no molde. Desta ra, onde a moldeira é carregada com o material pesado e
forma, após a inserção dos casquetes, regularização do os casquetes e dentes vizinhos são cobertos com o mate-
elastômero extravazado e moldagem com alginato, re- rial mais fluído, usando-se uma seringa de moldagem.
move-se a moldeira (Figs. 7.6S a 7.6U). Se nesta fase, Em seguida leva-se a moldeira em posição na boca. Esta
os casquetes não saírem junto com a moldeira, eles técnica está indicada para casos de próteses extensas onde
devem ser removidos individualmente da boca e cui- vários dentes estão preparados (Figs. 7.6V e 7.6X).

M FIGURA 7.6S ■ FIGURA 7.6T


Casquetes removidos no molde com alginato. Vista aproximada do molde com os casquetes.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 7.6U
Modelo de trabalho.

■ FIGURA 7.6V ■ FIGURA 7.6X


Casquetes removidos com silicona de condensação. Vista aproximada do molde com os casquetes.

4 . 4 . 2 . C OM M OLDEIRA INDIVIDUAL camento da moldeira do modelo de gesso, sem risco


de fraturas dos troqueis, principalmente aqueles cor-
A remoção dos casquetes com moldeira individual respondentes aos dentes incisivos, fato comum quan-
é indicada na presença de múltiplos dentes prepara- do não se tomam esses cuidados.
Desta forma, enquanto ocorre a polimerização do
dos. A moldeira é confeccionada no mesmo modelo
material de moldagem no interior dos casquetes,
onde foram obtidos os casquetes. Estando casquetes aplica-se adesivo sobre a cera que cobre a superfície inter-
em posição, promove-se um alívio, com uma lâmina na da moldeira, 4 a 5mm além de suas bordas. O mes-
de cera 7 envolvendo os casquetes e dentes vizinhos, a mo deve ser feito nas superfícies externas dos casquetes.
fim de prover espaço para o material de moldagem. Após a secagem do adesivo, o material de moldagem é
Após a confecção da moldeira com resina acrílica manipulado em quantidade suficiente para preencher a
ativada quimicamente, sua superfície interna deve re- moldeira que, após carregada, é levada à boca.
ceber uma fina camada de cera liquefeita. Assim, após Ocorrida a polimerização do material, remove-se a
a presa do gesso e antes de promover a separação do moldeira e avalia-se criteriosamente o molde obtido,
modelo da moldeira individual, o conjunto é levado verificando-se a fidelidade da cópia de todos os por-
em água quente para derreter a cera e facilitar o deslo- menores dos dentes preparados (Figs. 7.7A a.7.7F).
M O L D A G E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

FIGURA 7.7A ■ FIGURA 7.7B


Moldeira individual com alívio em cera. Casquetes posicionados na boca.

FIGURA 7.7C m FIGURA 7.7D


Remoção dos casquetes com moldeira individual e mate- Vista aproximada do molde.
rial de borracha.

FIG 7.7F

■ FIGURAS 7.7E e 7.7F


Modelo de trabalho.
PRÓTESE FIXA

5. MODELOS DE TRABALHO 5 . 1 . COM PINOS METÁLICOS.

O modelo de trabalho além de ser uma cópia fiel 5 . 1 . 1 . COLOCAÇÃO DOS ALFINETES
dos dentes preparados e tecidos vizinhos, deverá per-
mitir que o protético tenha facilidade de acesso à área Sobre o molde de cada dente preparado colocam-
cervical dos preparos para a execução correta dos pro- se dois alfinetes de cabeça,trespassando o material de
cedimentos laboratoriais de enceramento e selamento moldagem de vestibular para lingual ou palatina, dis-
marginal, mantendo entretanto o relacionamento es- tantes cerca de 3mm um do outro (Fig. 7.8A).
pacial vertical e horizontal dos dentes preparados em
relação aos dentes vizinhos e antagonistas. 5 . 1 . 2 . COLOCAÇÃO DOS PINOS PARA TROOUEL
Para isso os troqueis devem ser individualizados e
articulados, podendo ser removidos e recolocados no Os pinos para troqueis podem ser encontrados
modelo de trabalho,mantendo assim suas relações em plástico e metal. Os pinos plásticos devem ser
oclusais e de contato com os dentes adjacentes.Os evitados devido à sua pouca resistência, pois se de-
troqueis devem apresentar as seguintes características: formam e fraturam quando a separação dos troqueis
exige uma maior força. Os pinos metálicos, por ou-
• devem ser feitos com material duro ,resistente e tro lado, suportam relativamente bem as ligeiras ba-
estável. tidas que às vezes são necessárias para promover a
• devem permitir uma reprodução precisa do pre separação do troquei do modelo, sendo então os
paro, incluindo todas as suas margens. mais indicados.
• devem ser facilmente removidos e reinseridos no
modelo de trabalho. 1) Podem ser encontrados em três tamanhos:
• devem permitir que as margens do preparo sejam 2) Pequenos: são relativamente finos e são indica
recortadas. dos para os incisivos anteriores inferiores;
• devem permitir que as margens sejam demarca 3) Médios: indicados para caninos, pré-molares e
das com lápis crayon . incisivos centrais superiores;
4) Grandes: são mais resistentes e volumosos, e
A literatura descreve diversas técnicas para obtenção estão indicados para dentes de diâmetros maiores
de troqueis individualizados. Em função da sua precisão
como os molares.
e facilidade de execução, serão descritas duas técnicas:

■ FIGURA 7.8A
Vista dos alfinetes colocados sobre o molde dos dentes
preparados.
O L D A C E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

O pino metálico é fixado entre os alfinetes com vibrador para auxiliar na eliminação de bolhas de ar.
cera pegajosa ou cola Superbond de modo que sua Nas moldagens com materiais à base de borracha,
extremidade retentiva permaneça cerca de 2mm das aconselha-se antes do vazamento do gesso,pincelar toda
bordas do preparo (Figs. 7.8B e 7.8C). a superfície do molde com um agente umectante (anti-
Quando o molde apresentar vários dentes prepara- bolhas) para reduzir a tensão superficial e facilitar o
dos, os pinos devem ser posicionados mantendo uma contato íntimo do gesso com o material de moldagem.
relação de paralelismo entre eles, para facilitar a remo- Inicia-se o vasamento do molde pelo lado próximo
ção dos troqueis, sem desgastar as faces proximais dos aos dentes preparados,fazendo que o gesso escoe de
dentes vizinhos, o que comprometeria a reprodução distai para mesial sempre num único sentido, prestan-
dos pontos de contato e inclusive a forma anatómica do-se atenção para não ocorra a formação de bolhas
do retentor. de ar. Utiliza- se um pincel com a moldeira inclinada
para auxiliar o escoamento do gesso.
5 . 1 . 5 . VAZAMENTO DO CESSO ESPECIAL Acrescenta-se gesso apenas na região correspon-
dente aos dentes e até cobrir as extremidades reten-
O gesso tipo IV é o mais indicado para a confecção tivas dos pi nos metáli cos sem atingir os alfinetes
dos troqueis do modelo de trabalho, por possuir caracte- (Fig. 7.8D)
rísticas superiores aos demais gesso. Pode ser manipulado Nesta fase o gesso especial deve apresentar um tex-
com água ou solução endurecedora para aumentar sua tura lisa e uniforme limitado à região dos dentes, e
resistência. Manipula-se o gesso de forma convencional não deve ser estendido em direção ao palato ou região
e,na fase final ,esse pro cesso de ve ser feito sobre um lingual. Quando o gesso começar atingir sua presa

II FIGURA 7.8B
Fixação do pino metálico nos alfinetes com cola

■ FIGURA 7.8C
Altura do pino em relação à margem cervical.

■ FIGURA 7.8D
Vazamento com gesso.
PRÓTESE FIXA

inicial, retenções feitas do próprio gesso ou de metal 5 . 1 .4. VAZAMENTO DO CESSO PEDRA
(fio ortodôntico ou clips de papel dobrados) são fixa-
dos no gesso para permitir a união com gesso pedra, Após a cristalização do gesso especial,que ocorre em
que será vazado em seguida. As retenções devem ser aproximadamente 30 minutos, removem-se os alfinetes,
colocadas à distai e mesial dos pinos metálicos,assim e caso o gesso tenha coberto os alfinetes, as irregularida-
como entre eles,nos locais onde serão esculpidos os des deixadas após sua remoção devem ser uniformizadas.
pônticos (Figs. 7.8E e 7.8F). Após isolar com vaselina o gesso tipo IV, na região dos
dentes preparados espatula-se uma quantidade sufici-
ente de gesso pedra que será vazado sobre o primei-
ro. É importante que as extremidades dos pinos me-
tálicos não sejam cobertas pelo gesso para facilitar a
remoção dos troqueis do modelo Figs. 7.8G e 7.8H).

■ FIGURA 7.8E
Retenções metálicas

■ FIGURA 7.8G
Molde vazado com gesso pedra IV

i FIGUPL^ 7;8F
Retenções com gesso

■ FIGURA 7.8H
Modelo de trabalho.
M O L D A G E M E M O D E L O DE T R A B A L H O

5.2. COM MOLDEIRA respondente ao formato interno da moldeira (Fig. 7.9A);


3) Criam-se retenções na base do modelo;
Nesta técnica emprega-se uma moldeira especial que 4) coloca-se gesso especial dentro da moldeira
possui retenções internas que serão copiadas pelo gesso, ACCUTREC até a altura dos braços de travam en-
permitindo o retorno do troquei à sua posição original. to (Fig. 7.9B);
Existem vários tipos dessas moldeiras com pequenas dife- 5) Posiciona-se o modelo sobre o gesso vazado
renças entre si, porém todos seguem o mesmo princípio na moldeira alinhando-o melhor possível (Fig.
de funcionamento. O sistema que será descrito emprega 7.9C);
a moldeira ACCUTRAC (Colténe/Whaledent Inc., 6) Após a presa do gesso, removem-se os braços
Mahwah,USA) que é bastante preciso e pode ser facil- de travamento da moldeira (Fig. 7.9D);
mente encontrado no comércio odontológico. As vanta- 7) Inverte-se a base da moldeira e exerce-se pres
gens deste sistema sobre os outros é a facilidade com que são no seu centro, de forma a ejetar o modelo de
se separa o modelo do interior da moldeira e a praticida- gesso. As saliências do lado oposto da base servem
de de sua montagem no articulador. A moldeira possui para empurrar o modelo,separando-o da moldeira
um imã em sua parte central e permite que o modelo (Figs. 7.9E e 7.9F);
seja removido e recolocado no ASA sempre na mesma 8) Os troqueis são serrados e individualizados. A
posição e com boa fixação magnética. A sequência de presença de retenção nas laterais dos troqueis permi
utilização desta técnica é a seguinte: tem que voltem para a moldeira na mesma posição,
sendo presos na moldeira com os braços de trava
1) Vaza-se o molde com gesso tipo IV (especial); mento. Em seguida a moldeira com o modelo é
2) O modelo é recortado em forma de "ferradura", cor- montado no ASA (Figs. 7.9G e 7.9H).

■ FIGURA 7.9A ■ FIGURA 7.9B


Moldeira e modelo recortado em forma de ferradura. Moldeira preenchida com gesso tipo IV

m FIGURA 7.9G ■ FIGURA 7.9D


Modelo posicionado na moldeira. Remoção dos braços de travamento da moldeira após a
presa do gesso.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 7.9E ■ FIGURA 7.9F


Modelo removido da moldeira (vista posterior mostrando Modelo removido da moldeira.
as áreas de retenção).

FIGURA 7.9G ■ FIGURA 7.9H

Troqueis separados do modelo. Moldeira montada no ASA.


M O L D A G E M E MODELO DE T R A B A L H O

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20. MALAMED, S.E Handbook of medicai emergencies in den


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C A P I T U L O

REGISTROS OCLUSAIS
E

S EMI^AJUSTAV
r

A CCÁCIO L I N S DO V ALLE
P AULO C ÉSAR R O D R I G U E S C ONTI
R E G I S T R O S O C L U S A I S E M O N T A G E M EM A R T I C U L A D O R ES S E M I - A J U S T Á V E I S

Este capítulo tem como objetivo descrever as técni- baseados nos conceitos da gnatologia, onde se consi-
cas dos registros intermaxilares e montagem dos mo- dera fundamental a reprodução de todos os movimen-
delos de gesso em articuladores semi-ajlistáveis. tos mandibulares para a confecção dos trabalhos pro-
Quando se realiza a montagem dos modelos em téticos. Esses articuladores conseguem reproduzir to-
articuladores, tem-se como objetivo a reprodução do das os chamados determinantes da morfologia oclusal
relacionamento oclusal do paciente com duas finali- e, dessa forma, propiciam a construção de elementos
dades básicas: a) estudo da oclusão, no caso de patolo- protéticos mais compatíveis com a condição real da
gias oclusais e planejamento para confecção de próte- oclusão do paciente. Esse item seria de fundamental
ses; b) confecção de próteses fixas, totais, removíveis importância, pois reduziria o tempo de ajuste oclusal
ou aparelhos inter-oclusais (placas). Em ambos os ca- clínico das próteses.
sos, o objetivo principal é a reprodução o mais fiel O grande problema na aceitação da utilização dos
possível, das posições estáticas e dinâmicas da mandí- ATA é a complexidade do procedimento de monta-
bula em relação à maxila. gem e custo desses articuladores. Por esse motivo e,
Com es se objetivo, vários tipos de instrumentos devido ao aparecimento e otimização dos ASA, sua
têm sido idealizados e preconizados desde o início utilização tem caído em desuso, apesar de advogado
deste século, que podem ser classificados em articula- por muitos clínicos e pesquisadores.
dores não-ajustáveis (ANA), semi-ajustáveis (ASA) ou Os ASA, cujo protótipo inicial foi o Whip-Mix,
totalmente ajustáveis (ATA). têm a capacidade de reproduzir parcialmente os fato-
Dentre os articuladores não ajustáveis encontram- res determinantes da morfologia oclusal. Assim, apre-
se a charneira, o verticulador e o correlator, que apre- sentam limitações em relação aos ATA, que por sua
sentam movimentos e características que não são ca- vez, podem perfeitamente ser compensadas, e, portan-
pazes de reproduzir as condições da boca do paciente. to geram trabalhos protéticos que podem ser compa-
A charneira apresenta como limitação uma incapa- rados àqueles obtidos com os ATA. Esse fato, associa-
cidade de movimentação lateral, associada a um arco do à simplicidade dos procedimentos de montagem,
de abertura e fechamento incorreto em relação ao rea- tem tornado os ASA o instrumento de escolha para a
lizado pela mandíbula, que determina uma alteração grande maioria dos clínicos atualmente. Como citado
no posicionamento das cúspides, fazendo com que a por Shavel " você pode realizar uma Reabilitação Oral
restauração fique "alta" na boca. num articulador semi-ajustável desde que tenha um
Tais instrumentos não-ajustáveis podem ser utili- cérebro totalmente ajustável".
zados para montagens de trabalhos em casos de ele- Tais ASA também podem ser subdivididos era arti-
mentos isolados, onde as eventuais alterações oclusais culadores do tipo ARCON (modelos onde o côndilo
incorporadas ao trabalho protético, podem ser corrigi- localiza-se no ramo inferior. Ex.: Whip-mix, Denar,
das diretamente na boca do paciente, sem prejuízos de Bio-Art, Gnatus, etc.) ou não ARCON (côndilo locali-
tempo clínico e qualidade das peças protéticas. No zado no ramo superior. Ex.: Dentatus, Hanau).
entanto, essas limitações reduzem sua utilização para a As montagens em ASA, como descrito anterior-
montagem de modelos de estudo ou modelos para mente, têm como finalidade básica, o estudo da oclu-
confecção de próteses mais extensas. Para tais procedi- são ou a confecção de trabalhos protéticos ou placas
mentos, indica-se a utilização dos articuladores semi- oclusais. Para cada uma dessas situações, a montagem
aj ustáveis ou totalmente ajustáveis. dos modelos apresenta um técnica específica, sendo
O verticulador e correlator apresentam movimen- que deverão ser entendidas as limitações do ASA e
tos apenas no sentido vertical, sendo que o verticula- aplicadas as devidas compensações para otimização
dor é utilizado apenas com modelos parciais, enquan- dos procedimentos.
to o correlator aceita modelos totais. De qualquer maneira, deve-se sempre buscar a repro-
Os articuladores totalmente ajustáveis surgiram dução mais fiel possível da situação clínica. Assim, antes
PRÓTESE FIXA

de qualquer procedimento de montagem em ASA, saúde do sistema estomatognático. Nesses casos, como
espera-se que os procedimentos de moldagem e obten- as patologias estão relacionadas estritamente à oclu-
ção dos modelos de gesso tenham sido satisfatórios. são, não se deve utilizar a posição de MIH para a
construção do trabalho protético.
Assim, necessita-se, nesses casos, da utilização do
1 * POSIÇÃO DE TRABALHO: RC E posicionamento condilar para definição da posição de
MIH __________________________ trabalho. Essa posição condilar é a Relação Central
(RC) e, uma vez assumida como posição de trabalho,
Antes da descrição das técnicas de registro oclusal deve manter harmonia com o relacionamento dentário.
propriamente ditas, torna-se necessária uma discussão Portanto, em casos onde é preciso utilizar-se a RC
a respeito da posição em que modelos de trabalho como posição terapêutica, o ajuste oclusal dos eventuais
deverão ser montados no ASA. Ou seja, o primeiro dentes remanescentes faz-se necessário para a estabiliza-
passo antes do registro oclusal para o trabalho é a ção da oclusão. Essa nova posição rnaxilo-mandibular,
definição da posição maxilo-mandibular. onde os contatos dentários estão em harmonia com a
Existem diferentes situações clínicas que determi- posição condilar em relação cêntrica (RC), é denomi-
nam a escolha por uma posição mandibular. Assim, nada "Oclusão em Relação Cêntrica (ORC)".
pode-se afirmar que o fator fundamental para a sele- Após definida a posição maxilo-mandibular, quan-
ção da posição seria a estabilidade oclusal. do da realização do registro inter-oclusal, dois fatores
Quando da confecção de próteses fixas ou elemen- devem ser considerados: o material de registro e os
tos unitários, e na presença de estabilidade oclusal, cuidados a serem tomados para que se compensem as
opta-se pela manutenção da máxima intercuspidação limitações dos ASA.
habitual (MIH), que o paciente apresenta, para o re-
gistro e consequente confecção de trabalho protético.
O registro em MIH utiliza o mecanismo de per- 2) L IMITAÇÕES DOS ASA E SUAS
cepção neurológica do ligamento periodontal dos COMPENSAÇÕES:
dentes que ocluem normalmente do lado oposto, pre-
servando a dimensão vertical de oclusão do paciente, Como visto anteriormente, os ASA apresentam li-
tendo também a finalidade de compensar algumas das mitações que impedem a reprodução de todas as ca-
limitações dos ASA. racterísticas encontradas na articulação temporoman-
Na realidade, nestas situações, o melhor registro é dibular, e, consequentemente, necessitam ser reconhe-
aquele que não precisa ser feito, ou seja, os modelos de cidas e -compensadas, para que se otimize o resultado
trabalho apresentam tal estabilidade oclusal que não oclusal final da prótese.
precisam de nenhum tipo de registro. O relacionamen- A influência dessas limitações é frequentemente
to dos modelos é feito diretamente um contra o outro, refletida em três aspectos oclusais: direcionamento de
após a remoção de eventuais bolhas na superfície oclu- cristas e sulcos; altura das cúspides, profundidade das
sal dos modelos. Isto é comum quando se executam fossas dos dentes posteriores e conformação da conca-
elementos isolados e próteses fixas unilaterais onde os vidade palatina dos dentes anteriores.
modelos apresentam estabilidade. Nesses casos, o mo- A literatura é vasta ao relatar uma série de limita-
delo superior é montado da maneira convencional, ções e compensações dos ASA e nesse capítulo serão
com o auxílio do arco facial e, o modelo inferior é descritas as mais importantes.
intercuspidado manualmente contra o superior.
Após a confecção da prótese e durante os ajustes 2 . 1 ) F ORMA
E ANGULAÇÃO DA
na boca do paciente, deve-se ter o cuidado de verificar EMINÊNCIA ARTICULAR
se não estão sendo introduzidos "novos" contatos pre-
maturos em RC ou durante os movimentos mandibu-
Limitação: a parede superior da "cavidade mandi-
lares. Caso sejam detectados, esses devem ser elimina-
bular" do ASA é reta e rígida, enquanto essa estrutura
dos através de ajustes somente na prótese em questão.
é curvilínea na ATM. Isso implica que, através dos
Por outro lado, existem situações (normalmente
registros, somente se registram as posições inicial e
casos de reabilitações orais extensas, com comprome-
final do movimento mandibular. Dessa forma, as tra-
timento periodontal ou com perda de dimensão verti-
jetórias reais dos côndilos não são registradas fielmen-
cal de oclusão) onde a estabilidade oclusal não mais
te no ASA. Como consequência, ao se esculpir a su-
está presente ou a oclusão está interferindo com a
perfície oclusal dos dentes posteriores, aumenta-se o
R E G I S T R O S O C L U S A I S E M O N T A G E M EM A R T I C U L A D O R E S S E M I - A J U S T Á V E I S

risco de se criarem contatos indesejáveis durante os 2.4) L OCALIZAÇÃO DO EIXO DE ROTAÇÃO DA


movimentos mandibulares. MANDÍBULA:
Compensação: a personalização do guia anterior
realizada na fase das coroas provisórias e sua transfe- Limitação: O eixo de rotação transferido no ASA
rência para a mesa incisai no articulador, reduz a pos- através do arco facial, não corresponde ao eixo real de
sibilidade de existirem contatos entre os dentes poste- rotação presente nos côndilos. Assim, podem ocorrer
riores durante os movimentos excursivos da mandíbu- diferenças entre os arcos de abertura e fechamento do
la. Essa personalização irá balizar a determinação da articulador e da mandíbula, que influenciarão no po-
altura das cúspides e profundidade das fossas. Esses sicionamento correto das cúspides dos dentes posteri-
procedimentos clínicos estão descritos no capítulo de ores nos trabalhos protéticos.
coroas provisórias. Compensação: Registro inter-oclusal na DVO para
a montagem dos modelos de trabalho ou, registros
| 2.2) REGISTRO DA DISTÂNCIA INTER^CONDILAR oclusais com espessura mínima, para os casos de mon-
tagens de modelos de estudo em RC.
Limitação: O ASA somente registra três distân-
cias inter-condilares (pequena, média ou grande),
enquanto que os pacientes podem apresentar as 7) MATERIAIS UTILIZADOS
mais diversas variações dessas distâncias. Seguindo-
se as regras dos determinantes da morfologia oclu- Dentre os materiais mais comumente utilizados
sal, sabe-se que esse fator influencia a direção das para os registros intermaxilares, destacam-se a cera,
cristas e sulcos dos dentes posteriores e a conforma- siliconas de adição e condensação e resina acrílica.
ção da concavidade palatina dos dentes anteriores. Para a montagem dos modelos de estudo em RC,
Assim, interferências oclusais podem ser incorpora- cera ou siliconas de adição podem ser utilizadas para
das aos trabalhos protéticos se esse fator não for obtenção do registro intermaxilar, uma vez que nesses
compensado. casos, necessita-se de uma ligeira separação entre os
Compensação: personalização do guia anterior. dentes com a finalidade de se registrar somente a po-
sição condilar, como comentado anteriormente.
Para a montagem dos modelos de trabalho na
1 2.5) DESLOCAMENTO LATERAL IMEDIATO DVO, dá-se preferência pela confecção de casquetes
de registro em resina, para o registro intermaxilar,
Limitação: Em muitas situações, o côndilo do lado como será descrito nesse capítulo.
de nao-trabalho apresenta uma ligeira movimentação
no sentido lateral, antes de contactar a parede medial
da fossa mandibular e iniciar o seu movimento para 4 ' T ÉCNICAS
DE R EGISTRO PARA
baixo, para frente e para dentro. Essa característica MODELOS DE ESTUDO E TRABALHO
ocorre em aproximadamente metade da população e
tem sido denominada de deslocamento lateral imedia- O uso dos articuladores visa simular os movimentos
to ("imediate side shift"). mandibulares e diminuir o tempo gasto no ajuste intra-
Sabe-se que no ASA, a esfera condilar faz contato oral das peças protéticas. A relevância clínica dos articu-
íntimo com a parede medial da "fossa mandibular" ladores, no entanto, está associada diretamente à preci-
metálica e, portanto, não tem capacidade de reprodu- são da relação interoclusal dos modelos montados no
zir tais características. articulador. Quando a montagem dos modelos em arti-
Quando presente, o deslocamento lateral imediato culador não corresponde à relação oclusal do paciente,
pode influenciar na altura das cúspides e profundida- pouco benefício decorre do seu uso. Logo, a capacidade
de das fossas. do profissional em relacionar e montar os modelos, tem
Compensação: Personalização do guia anterior. Em mais impacto na qualidade final da restauração, que a
próteses com superfícies oclusais em metal, o trata- programação completa dos articuladores ajustáveis.
mento dessas superfícies com jatos de óxido de alumí- Além de poupar tempo clínico, registros mais precisos
nio, antes da cimentação provisória, serve para identi- diminuem a possibilidade de se executarem restaura-
ficar eventuais interferências, que serão notadas como ções sem contato oclusal ou com necessidade de ajuste
trajetórias brilhantes e que deverão ser eliminadas an- excessivo. Todavia, é normal que ocorra alguma discre-
tes da cimentação definitiva. pância nos registros interoclusais, tanto em função dos
PRÓTESE FIXA

materiais utilizados, como em decorrência das várias criadas; faz-se a remoção de todos os excessos de godi-
dificuldades clínicas que são encontradas. Mesmo as- va para que somente as pontas de cúspides e incisai
sim, esses erros podem ser minimizados pela seleção e fiquem demarcadas, propiciando um assentamento
execução cuidadosa dos registros, dentre os vários mé- completo do modelo de gesso. Caso isso não ocorra,
todos e materiais disponíveis para esse fim. pode-se fazer um refinamento dessas impressões com
pasta zinquenólica ou similar. (Figs. 8. IA e 8.1B)
4.1. M ONTAGEM EM ASA PARA MODELOS DE O garfo é levado à boca, devendo permanecer
ESTUDO imobilizado durante a colocação do arco facial. Para
isso, coloca-se godiva na parte inferior do garfo tam-
Como os principais articuladores semi-ajustáveis bém era três pontos, para que os dentes inferiores
encontrados no mercado nacional são semelhantes ao mantenham o garfo estável. Rolos de algodão ou as
Whip-mix, a descrição da técnica de montagem dos próprias mãos do paciente também se prestam para
modelos de estudo seguirá as normas determinadas esta finalidade. Com o garfo em posição, a colocação
para esse tipo de articulador, o que não impede que do arco facial é feita introduzindo sua articulação na
sejam aplicadas a outros articuladores, fazendo-se ade- haste do garfo, mantendo-a o mais próximo do mes-
quações pertinentes. mo. Em seguida, os dispositivos plásticos existentes
nas extremidades do arco facial (olivas) são introduzi-
4 . 1 . 1 . MONTAGEM DO MODELO SUPERIOR- dos nos meatos auditivos externos do paciente, solici-
ARCO FACIAL tando-se que mantenha o arco era posição com as
mãos, fazendo uma leve pressão para frente e para
O arco facial proporciona a montagem do mo- cima, para ficar o mais próximo possível dos côndilos.
delo superior no ASA, na mesma posição espacial que Posiciona-se então o terceiro ponto do arco facial, de-
a maxila apresenta em relação ao crânio. Possibilita, nominado relator nasion, na depressão existente na
ainda, transferir para o articulador a distância inter- base do nariz e aperta-se todos os parafusos. O relator
condilar do paciente e o eixo de rotação existente nos nasion é fixado sobre a barra transversal do arco. Nesta
côndilos. fase verifica-se a distância intercondilar, que pode ser
O posicionamento do arco facial faz-se através da pequena, média ou grande, determinada na parte
colocação do garfo na boca do paciente, com três frontal do arco pelas letras P, M ou G ou pelos núme-
pontos de godiva de baixa fusão, um na região ante- ros 1, 2 e 3 dependendo da marca do articulador
rior e os outros dois na região posterior. O garfo é (Figs. 8.2A a 8.2C). A remoção do arco é feita soltan-
levado à boca do paciente, procurando-se manter a do-se o parafuso central localizado no centro da barra
haste do garfo coincidindo com a linha média da face transversal do arco e pedindo-se para o paciente abrir
do paciente e moldando-se somente as pontas de cús- a boca lentamente.
pides e incisai dos superiores. Após o resfriamento da Para a montagem do modelo superior no articu-
godiva, remove-se o garfo e analisa-se as impressões lador, os elementos condilares que simulam os côndi-

FIGURA 8.IA FIGURA 8.IB


Impressões criadas na godiva pelos dentes superiores. Garfo posicionado na boca do paciente em relação à linha
média da face.
R E G I S T R O S O C L U S A I S E MONTAGEM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTAVEIS

FIGURA 8.2A FIGURA 8.2B


Vista frontal do arco facial em posição. Vista lateral mostrando a oliva de plástico posicionada no
meato auditivo externo e relator nasion.

FIGURA 8.2C
Visualização da distância intercondilar no ramo anterior
do arco facial.

los das ATMs, apresentam três posições de montagem fuso do arco facial. O conjunto arco facial e ramo
de acordo com a distância intercondilar determinada superior do articulado r fica apoiado na mesa inci sai
pelo arco. O ajuste é realizado acrescentando-se espa- do ramo inferior do articulador. Para a montagem do
çadores nas guias condilares: sem espaçador para a modelo superior, o pino incisai deve ser removido do
distância intercondilar pequena, um espaçador para a ramo superior do articulador. O modelo de gesso é
média e dois espaçadores para a grande. A face chan- posicionado nas impressões de godiva criadas no garfo
frada do espaçador deve ficar voltada para a guia con- e, para se evitar-se o movimento vertical do mesmo,
dilar. Nessa fase a inclinação ântero-posterior da guia utiliza-se um acessório chamado guia telescópico ex-
deve ser ajustada em 30° e o ângulo de Benett em 15°. pansivo (balança) para dar sustentação ao modelo.
Os postes condilares do ramo inferior também devem Pode-se também usar gesso interposto entre a base
ser ajustados de acordo com a distância intercondilar inferior do articulador e o garfo.
já determinada no ramo superior. Para a fixação do modelo na placa de monta-
Com a placa de montagem parafusada no ramo gem, usa-se uma pequena quantidade de gesso espe-
superior do articulador, posiciona-se o arco facial com cial que após sua presa, faz-se a complementação da
uma das mãos contra o corpo do articulador, que é montagem com gesso pedra. Aguarda-se a presa do
segurado pela o utra mão, encaixando-se os pinos mesmo, remove-se cuidadosamente o arco facial do
situados nas faces externas das guias condilares nos articulador e coloca-se o pino incisai com sua extre-
orifícios existentes nas olivas de plástico. O arco deve midade arredondada em contato com a mesa incisai
ser apoiado contra o corpo do operador. Introduz-se para manter o ramo superior contra o ramo inferior.
primeiro um pino, depois o outro e aperta-se o para- (Figs. 8.3A a 8.3D)
PRÓTESE FIXA

FIGURA 8.3A FIGURA 8.3B


Arco facial e ramo superior do articulador posicionados Posicionamento do arco facial no articulador
contra o corpo do operador

FIGURA 8.3C
FIGURA 8.3D
Guia telescópico expansivo (balança) para dar sustentação
ao modelo. Modelo superior fixado no ASA. O ramo superior é man-
tido paralelo ao inferior através do pino incial.

4 . 1 . 2 . MONTAGEM DO MODELO INFERIOR- no ligamento periodontal, e assim, tornar mais fácil a


REGISTRO DA RC manipulação da mandíbula em relação cêntrica. Aconse-
lha-se isolar os dentes com vaselina ou adaptar papel
Como a relação cêntrica (R.C.) é uma posição alumínio nos dentes envolvidos para evitar que a resina
craniomandibular e, portanto, independe da presença adira aos mesmos. A resina deve ser colocada sobre os
de dentes para sua determinação, o registro dessa po- dentes ainda plástica e manipula-se a mandíbula na posi-
sição deve ser obtido com os dentes separados o míni- ção de R.C. durante sua polimerização.
mo possível, para compensar a primeira limitação do Durante essa fase deve-se ter cuidado com a rea-
ASA, que é a impossibilidade de se transferir para o ção exotérmica da resina que pode lesionar o tecido
articulador o eixo de rotação presente nos côndilos, gengival. Após o acabamento, o JIG deve apresentar
como comentado anteriormente. estabilidade e apenas um ponto de contato com um
Para facilitar este procedimento, confecciona-se um dos dentes antagonistas, permitindo a mínima separa-
dispositivo com resina acrílica ativada quimicamente di- ção dos dentes posteriores.
retamente na boca, envolvendo os incisivos centrais su- Outro método também empregado para despro-
periores e estendendo-a, aproximadamente, 2cm em di- gramar a mandíbula é o de "Long", que consiste em
reção palatina. Este dispositivo é conhecido como Guia colocar entre os incisivos centrais tiras "calibradoras"
de Interferência Oclusal (JIG), e tem como objetivo des- de plástico, em número suficiente, para causar a sepa-
programar a memória dos mecanoreceptores localizados ração dos dentes posteriores.
REGISTROS OCLUSAIS E MONTACE A R T I C U LA DO R E S S EMI-AJ U ST ÁVEI S

A técnica recomendada para a manipulação da nência articular, com o disco interposto entre essas
mandíbula é a bilateral de Dawson, onde os dedos estruturas. O movimento deve ser lento, suave e
polegares são colocados no mento do paciente e os não deve ultrapassar 2cm para que os côndilos rea-
outros distribuídos na base da mandíbula. Com o lizem somente movimento de rotação. Durante a
paciente na posição supina, o profissional coloca-se manipulação, o paciente não deve sentir qualquer
por trás de sua cabeça para estabilizá-la contra seu tipo de sintomatologia na região da articulação
abdómen e realiza movimentos de abertura e fecha- temporomandibular. Se isto ocorrer deve-se primei-
mento. Os dedos devem pressionar levemente a ro, tratar a patologia e depois realizar os procedi-
mandíbula para cima, para que os côndilos possam mentos de obtenção de registro da relação cêntrica.
assumir uma posição mais superior contra a emi- (Figs. 8.4A a 8.4E)

FIG 8.4B

FIGURAS 8.4A e 8.4B


Vistas do Jig em posição

FIGURA 8.4D
Tiras de Long em posição

FIGURA 8.4C
------------------- _----------------------- ____________
Vistas lateral do Jig mantendo o espaço interoclusal.

■ FIGURA 8.4E
Manipulação bilateral.
PRÓTESE FIXA

Quando a mandíbula é manipulada na posição contato, para poder conferir a precisão da montagem
de RC sem o JIG interposto entre os dentes, o primeiro dos modelos em RC.
contato dentário corresponde à posição cêntrica. Se o O registro é realizado com cera plastificada, sili-
operador pressionar a mandíbula além desse conta-to, conas de adição ou resina acrílica ativada quimica-
esta deslizará para anterior e ou lateral até ocorrer a mente que após retirado da boca é colocado sobre os
máxima intercuspidação habitual. É importante que se dentes do modelo superior (Figs. 8.5A a 8.5D). O
saiba identificar o(s) primeiro(s) contato(s) cêntrico(s) modelo inferior é posicionado contra o registro com o
empregando fita de papel celofane e de marcações de articulador virado ao contrário, e ambos devem ser

■ FIGURA 8.5B FIGURA 8.5B


Vista mostrando registro em cera com o Jig em posição. Registro em cera. Observe o recorte na região anterior
para não interferir com o Jig.

■ FIGURA 8.5C FIGURA 8.5D


Registro com silicona. Registro com resina.

unidos com elástico ou palitos fixados nos modelos permaneçam correta e passivamente localizadas nas gui-
com godiva ou cera pegajosa. (Figs. 8.6A e 8.6B) as condilares, ou seja, na intersecção das paredes lateral
Nesta fase é importante que o pino incisai seja e posterior. Um meio prático para não se correr o risco
aumentado de 1 a 2mm para compensar a espessura do de realizar a montagem dos modelos com as esferas
registro, pois quando de sua remoção após a presa do condilares fora de posição é travá-las apertando-se o
gesso, o pino incisai é desparafusado para que os dentes parafuso da haste lateral da guia condilar (Bennet) mo-
entrem em contato na posição de R.C. e o ramo supe- vimentada totalmente ao contrário. (Fig. 8.6C)
rior do articulador fique paralelo ao inferior. Após a presa do gesso, as guias devem ser ajustadas
Durante a montagem dos modelos em relação em medidas médias, ou seja, 30° para inclinação antero-
cêntrica, é muito importante que as esferas condilares posterior e 15o para o movimento de Bennett. Não exis-
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tem comprovações científicas, mostrando que a indivi- tatos são demarcados com fitas apropriadas. Esses proce-
dualização das guias possa trazer mais benefícios que o dimentos são repetidos na boca e, caso não se confirme
ajuste em medidas médias no resultado final da prótese. a exatidão da montagem, deve-se realizar novo registro e
Após a montagem dos modelos no ASA, a fase mais nova montagem no articulador. (Figs. 8.6D a 8.6G)
importante é conferir a correspondência dos conta-tos Desse modo, tem-se a montagem dos modelos de
oclusais dos modelos com os da boca na posição de estudo em ASA na posição de R.C. com o objetivo de
relação cêntrica, Isso é feito determinando-se, inicial- facilitar a visualização do relacionamento maxilo/mandibu-
mente, com tiras de papel celofane quais os dentes que lar, analisar a presença dos contatos prematuros e o desvio
apresentam contatos nessa posição. Em seguida, os con- da mandíbula para lateral e/ou anterior. (Fig. 8.6H)

W FIGURA 8.6A FIGURA 8.6B


Registro posicionado nos dentes superiores com resina Modelo superior e inferior presos como pinos plásticos.
acrílica ativada quimicamente.

FIGURA 8.6C
Travamento lateral da esfera condilar

FIG 8.6E

■ FIGURAS 8.6D e 8.6E


Vistas dos contatos prematuros em KC. nos dentes 27 e 36.
PRÓTESE FIXA

FIG 8.<

FIG 8.6F

■ FIGURAS 8.6F e 8.6G


Vistas dos mesmos contatos nos modelos.

H FIGURA 8.6H
Montagem dos modelos concluída

4.2. PARA MODELOS DE TRABALHO do-se, assim, a limitação do registro do eixo de rota-
ção arbitrário, como descrito anteriormente.
Após definida a posição de trabalho, como descri-
to anteriormente, os registros oclusais para a monta- 4 . PRÓTESE FIXA UNILATERAL

gem dos trabalhos protéticos em ASA, podem ser rea- 2 n


lizados nas seguintes condições: 7 6 54 3 2 1 1 2 3 5 7
1. Prótese unitária. 7 6 54 321 1 2 3 4 5 67
2. Prótese fixa unilateral.
3. Próteses fixas bilaterais. Quando a prótese fixa está sendo confeccionada
4. Próteses fixas superior e inferior no mesmo lado em um quadrante e o outro lado apresenta-se estável,
da boca. o registro intermaxilar é necessário para estabilizar os
5. Reabilitação oral. modelos durante a montagem. O registro deve ser
feito somente sobre os dentes preparados, com os ou-
4 . 2 . 1 ) P RÓTESE UNITÁRIA tros dentes permanecendo em oclusão. Assim, a MIH
deve ser a posição de trabalho, desde que o paciente
Nesses casos, quando o paciente possui a maior não apresente patologias relacionadas à oclusão.
parte dos dentes remanescentes em oclusão e, portan- Os registros são feitos com casquetes de resina Du-
to, apresenta estabilidade oclusal adequada, a MIH é ralay, confeccionados sobre os dentes preparados do
a posição de escolha. modelo de trabalho, sem atingir a área cervical do
O método mais preciso de relacionamento dos preparo e, com a superfície oclusal apresentando espa-
modelos superior e inferior para essa situação, é a ço mínimo entre este e o dente antagonista. Uma
articulação dos mesmos sem a presença de registro pequena quantidade de resina é então colocada sobre
inter-oclusal. Essa é a melhor forma de se montar os o casquete e a cúspide do dente antagonista, reprodu-
modelos seguramente na DVO correta, compensan- zindo uma indentação na mesma. Essa marca sobre o
R E G I S T R O S O C L U S A I S E M O N TA G EM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS

casquete deve ser a mais rasa possível (somente a pon- polimerização da resina, o casquete é transferido para
ta da cúspide), para permitir o total assentamento do o modelo, para auxiliar na montagem do mesmo no
modelo de gesso no momento da montagem. Após a articulador. (Figs. 8.7A a 8.71).

FIG 8.7B

■ FIGURAS 8.7A e 8.7B


Vistas frontal e lateral antes do preparo dos dentes retentores. A mesma posição maxilo-mandibular será mantida para a
construção da prótese fixa.

■ FIGURA 8.7C II FIGURA 8.7D


Vista lateral dos dentes preparados. Visão aproximada dos troqueis sobre os quais serão con-
feccionadas os casquetes de resina.

N FIGURA 8.7E ■ FIGURA 8.7F


Após a proteção da região cervical dos preparos com Casquetes concluídos.
cera, confeccionam-se os casquetes mantendo-os aproxi-
madamente 1,5mm aquém da região cervical.
PRÓTESE FIXA

FIGURA 8.7G FIGURA 8.7H


Testa-se a estabilidade dos casquetes sobre os dentes Após o acréscimo de resina Duralay, o paciente oclue
preparados e observa-se a presença de espaço interoclu- seus dentes na posição habitual (MIH), uma vez que o
sal entre o casquete e dentes antagonistas. lado oposto apresenta-se estável.

■ FIGURA 8.71
Modelos montados no ASA com o auxilio dos casquetes
de registro.

4 . 2 . 5 ) PRÓTESES FIXAS BILATERAIS: nova posição e outros aspectos estéticos e funcionais,


durante a fase das coroas provisórias. Nesta situação
76 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 67 não houve alteração na DVO.
5 4 3 2 1 12 3 4 5 7 A partir do momento em que se tem a posição de
ORC, com um arco de fechamento único, na qual a
Nesses casos, frequentemente, há a necessidade de posição de maior quantidade possível de contatos
se utilizar a RC como posição de trabalho. Isso é devi- dentários (MIH) coincide com o correto posiciona-
do ao fato de que, após os preparos dos dentes pilares, mento dos côndilos na fossa mandibular (RC), não se
somado à ausência dos dentes, não se consegue um têm mais contatos prematuros que desviam a mandí-
estabilidade oclusal adequada em MIH. bula. Dessa forma, a mesma técnica empregada para o
Assim, é necessário um ajuste oclusal nos dentes registro de MIH como descrito no item anterior, é
remanescentes, para que se eliminem as interferências válida para o registro da ORC que, neste caso, passou
oclusais e obtenha-se coincidência entre as posições a ser a posição habitual. Assim, removem-se as coroas
dentária e condilar (ORC). Nesses casos, a ORC já provisórias de um lado e faz-se o registros com cas-
deve ter sido definida na fase de enceramento diag- quetes de resina. Após a polimerização da resina, repe-
nóstico, que irá servir para a confecção das coroas tem-se os procedimentos para o registro do outro
provisórias. Assim, tem-se condições de se avaliar essa lado. (Figs. 8.8A a 8.8X).
R E G I S T R O S O C L U S A I S E MONTAGEM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS

FIGURA 8.8A FIGURA 8.8B


Vista oclusal inicial do caso. Observe que, ao se prepara- Vista frontal do caso, com o "JIG" em posição para registro
rem os dentes posteriores inferiores, perder-se-á a estabi- e montagem dos modelos de estudo.
lidade oclusal.

A
■ FIGURA 8.8C
FIGURA 8.8D
Modelos de estudo montados em ASA.
Vista lateral dos modelos de estudo em MIH. Observe a
não coincidência das linhas (RC # MIH), significando a
presença de contatos prematuros que deslocam a mandí-
bula para anterior

FIGURA 8.8E
Demarcação dos primeiros contatos dentários na posição
de RC.
PRÓTESE FIXA

FIG 8.8F

FIGURAS 8.8F e 8.8G


A coincidência dos contatos prematuros no modelo e na boca é importante para que se considere correta a montagem em
RC.

FIGURA 8.8H
Vista oclusal do modelo de trabalho.

\J
FIGURA 8.81 ■ FIGURA 8.8J
Proteção do término cervical com cera azul. Após a con- Aplicação de resina Duralay sobre os preparos, previa-
fecção dos casquetes, essa cera deverá ser eliminada com mente isolados com vaselina. Uma camada fina de resina
água quente. (aproximadamente 0,3mm) é suficiente para a confecção
do casquete.
REGISTROS OCLUSAIS E MONTAGEM EM A R T I C U L A D O R E S SEMI-AJUSTÁVEIS

■ FIGURA 8.8K ■ FIGURA 8.8L


Durante a fase de polimerização da resina, recomenda-se Acabamento e refinamento dos casquetes.
a remoção e inserção cuidadosa dos casquetes, para se
evitarem danos ao modelo de gesso.

■ FIGURA 8.8M FIGURA 8.8N


Vista oclusal do modelo inferior com todos os casquetes Verificação da precisão da oclusão da prótese provisória
prontos para o registro na boca. de um dos lados da boca, antes do registro.

FIGURA 8.8O ■ FIGURA 8.8P


Após a retirada da prótese provisória de um dos lados, Aplicação de pequena quantidade de resina sobre os cas-
colocam-se os casquetes em posição, verificando-se o es- quetes.
paço oclusal para o registro.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 8.8Q ■ FIGURA 8.8R


Vista lateral do registro. Nessa fase, a posição maxilo- Vista oclusal, dos registros realizados de um lado e a pró-
mandibular obtida (ORC) e a DVO estão sendo mantidas tese provisória em posição do outro lado.
pela prótese provisória do lado oposto.

FIGURA 8.8S ■ FIGURA 8.8T


Vista frontal dos registros em posição, mantendo a posi- Vista aproximada dos registros realizados no lado oposto.
ção para a realização do registro do lado oposto (já sem
a prótese provisória).

FIGURA 8.8U
FIGURA 8.8V
Após realizados os registros, os casquetes são novamente
posicionados sobre o modelo de trabalho. Antes da intercuspidação dos modelos, é recomendável a
diminuição da profundidade dos registros, deixando so-
mente registrada a ponta de cúspide do antagonista.
R E G I S T R O S O C L U S A I S E M O N T A G E M EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS

FIGURA 8.8W
Após a montagem do modelo superior; posiciona-se o
modelo inferior através dos registros obtidos.

FIGURA 8.8X
Vista lateral dos modelos montados no ASA.

4.2.4) PRÓTESES FIXAS SUPERIOR E INFERIOR NO Como é necessário que se realizem registros de dentes
MESMO QUADRANTE DA BOCA preparados contra dentes também preparados, pequenas
variações devem ser incorporadas à técnica do registro
7 4321 com casquetes de resina acrílica. Assim, sugere-se que se
12 3 4 5 67 construam cones de resina, nos casquetes que serão posi-
cionados nos dentes em uma das arcadas, com o objetivo
12 3 4 5 6 7 de se simularem as pontas de cúspides, que entrarão em
7 x 4321 contato contra resina fluída, colocada nos casquetes loca-
lizados nos dentes antagonistas (Figs. 8.9A a 8.9E).
Nesses casos, quando existe a estabilidade oclusal
nos dentes do lado oposto, opta-se também pelo re-
gistro na MIH do paciente.
PRÓTESE FIXA

FIGURA 8.9A ■ FIGURA 8.9B


Vista lateral dos dentes preparados. Casquetes de registro nos modelos de trabalho.

« FIGURA 8.9D
FIGURA 8.9C
Vaselina-se o "cone" para que o mesmo não se una ao
Vista lateral previamente ao registro. Observe que foi casquete inferior e acrescenta-se resina sobre os casque-
confeccionado um "cone" de resina sobre um dos casque- tes inferiores para a realização do registro.
tes com a finalidade de simular uma cúspide e permitir um
registro mais preciso contra o casquete antagonista.

■ FIGURA 8.9E
Vista lateral dos modelos montados com os casquete em
posição.
REGISTROS OCLUSAIS E MONTAGEM EM ARTI CUL ADO RES SEMI -A1 USTÁ VEI S

4 . 2 . 5 ) REABILITAÇÃO ORAL registro seja realizado na DVO.


Para que durante os registros não ocorra alteração
6 321 12 6 na DVO, recomenda-se que se mantenham as coroas
~T4~3T1 1234 5 provisórias, era um dos lados, enquanto se realiza o
registro do lado oposto. Após feito esse registro, e com
Nos casos de Reabilitação Oral, com todos os os casquetes em posição, retiram-se as provisórias do
dentes preparados (em uma ou ambas as arcadas), a lado oposto e faz-se o registro desse lado.
posição de trabalho escolhida é a ORC. Assim, uti- Dessa forma, consegue-se transferir para o articu-
lizam-se os mesmos princípios de registro com cas- lador, o registro do relacionamento horizontal (ORC)
quetes de resina acrílica, descritos anteriormente, e vertical (DVO) das arcadas, para o ASA da maneira
porém deve haver um cuidado especial para que o mais fiel possível (Figs. 8.10A a 8.101)

■ FIGURA 8.10A ■ FIGURA 8.10B


Vista frontal de um caso de Reabilitação Oral com as Remoção das coroas provisórias de uma hemi-arcada
coroas provisórias em posição. para realização da parte inicial do registro.

■ FIGURA 8.10C ■ FIGURA 8.10D


Casquetes de registro em posição. Observe que utiliza-se Registro realizado em um dos lados e retirada das coroas
apenas a quantidade de casquetes suficientes para estabi- provisórias do lado oposto.
lizar o registro, não havendo necessidade de se utilizarem
todos os dentes preparados.
■ FIGURA 8. IOE FIGURA 8.10F
Vista frontal com todos os registros em posição, manten- Vista oclusal dos registros na boca.
do-se o relacionamento maxilo-mandibular obtido desde
a fase das coroas provisórias.

■ FIGURA 8.I0G ■ FIGURA 8.I0H


Registros posicionados sobre o modelo de trabalho. Ob- Vista lateral dos registros. Observe a fidelidade obtida pela
serve que nessa etapa, o pino incisai do ASA deve estar resina Duralay.
na posição "zero". Após a remoção dos casquetes de
posição, a DVO vai ser mantida somente pelo pino incisai.

■ FIGURA 8.101
Vista lateral dos modelos montados no ASA.
R E G I S T R O S O C L U S A I S E M ON TA G EM EM AR TICULADORES SEMI-AJUS TÁVEIS

- VERTÍCULACIORES rizontais, que permitem movimentação somente no sen-


tido vertical, ou seja, não podem realizar movimentos
Verticuladores são instrumentos que permitem a laterais, e apresentam um parafuso que controla a aber-
montagem de modelos parciais para a confecção de tura das hastes, sendo que, quando em contato, as hastes
elementos protéticos isolados, próteses fixas de até três devem reproduzir a posição de DVO do paciente.
elementos, todos localizados na região posterior da O registro intermaxilar é obtido com silicona de
boca. Apresentam como vantagens: economia de ma- adição por apresentar excelente estabilidade dimensio-
terial, rapidez e simplicidade. nal. As Figs. 8.1 IA a 8.11L mostram a sequência da
Os verticuladores são constituídos de duas hastes ho- confecção de uma prótese adesiva em verticulador.

FIGURA 8.1 IA ■ FIGURA 8.1 IB


Vista lateral do caso antes dos preparos para prótese Vista lingual após a realização dos preparos.
adesiva.

■ FIGURA 8.1 IC FIGURA 8.11 D


Moldagem parcial realizada com silicona de adição. Na mesma sessão faz-se o registro oclusal com o material
pesado da silicona de adição. Um rolete de silicona é
colocado sobre a região preparada e solicita-se ao paciente
que oclua os dentes, registrando-se dessa forma, o
relacionamento estático dos dentes preparados com os
antagonistas.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA 8.1 IF
FIGURA 8.1 IE
Modelo de trabalho.
Registro em silicona, mostrando a cópia dos dentes anta-
gonistas. No lado oposto tem-se a impressão dos dentes
preparados.

FIGURA 8.1 IG FIGURA 8.1 IH


Modelo de trabalho fixado no ramo inferior do verticulador Registro posicionado sobre os dentes e fixado com cera
pegajosa.

FIGURA 8.111
Pequena quantidade de gesso especial tipo IV é vazado
sobre o registro, obtendo-se assim, a cópia dos dentes
antagonistas.

FIGURA 8.1 IJ
Após a presa do gesso especial, completa-se a montagem
com gesso pedra.
R E G I S T R O S O C L U S A I S E M O N T A G E M EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS

.. A
l

< > >

■ FIGURA 8.1 IK FIGURA 8.1 IL


Vista lateral do verticulador, mostrando a oclusão da pró- Vista vestibular da prótese adesiva cimentada.
tese adesiva com os dentes antagonistas.

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C A P I T U L O

lNFRA'ESTRUTURAS
•ARA PRÓTESES
LOCERAMICAS
CARLOS DOS R E I S P E R E I R A DE A R A Ú J O
DAS fiFf ff

INTRODUÇÃO entanto, é necessário que a cerâmica seja fundida so-


bre uma estrutura metálica, obedecendo uma série de
A metalocerâmica é seguramente o sistema de pró- requisitos, principalmente, aqueles relacionados aos
tese mais utilizado nas modalidades de reabilitação coeficientes de expansão térmica da liga metálica e da
oral. Sua versatilidade faz com que essa técnica possa cerâmica que devem ser semelhantes. Assim, durante
ser indicada em elementos unitários estéticos anterio- o processo de queima de cerâmica, o aquecimento da
res e posteriores, em próteses fixas pequenas e exten- liga fará com que ela sofra uma natural dilatação tér-
sas, em combinações de próteses fixas e removíveis, mica. A cerâmica deverá apresentar, aproximadamen-
através de encaixes e, mais recentemente, nas necessi- te, o mesmo grau de dilatação, e no ato inverso du-
dades provocadas pelas próteses sobre implantes. rante o resfriamento, a contração de ambos os materi-
Os fatores que possibilitam as restaurações metaloce- ais deverá ser semelhante. Caso isso não aconteça, ten-
râmicas suprirem essas demandas são: estética superior, são poderá ser incorporada na massa cerâmica, provo-
grande resistência mecânica possibilitando as mais varia- cando trincas imediatas ou tardias. Por esta razão, a
das utilizações clínicas e, sua fácil técnica de confecção. seleção adequada da combinação metal/cerâmica é
O sucesso clínico das restaurações metalocerâmi- um dos fatores primordiais no sucesso das restaura-
cas, no entanto, depende fundamentalmente da obe- ções metalocerâmicas (Fig. 9.1).
diência de uma série de características técnicas para Outro aspecto, mais complexo, diz respeito a cons-
que se preserve a condição de resistência da estrutura trução adequada da infra-estrutura metálica. As cerâmi-
conjunta de metal e de cerâmica. cas mantendo uma espessura constante tem sua resis-
As cerâmicas odontológicas, mesmo as mais mo- tência aumentada. Para tornar isso possível, as caracte-
dernas, não possuem resistência adequada para supor- rísticas da estrutura metálica devem possibilitar a ma-
tar forças mastigatórias em peças múltiplas que é a nutenção de uma homogeneidade na espessura do re-
situação mais frequentemente encontrada na clínica, vestimento cerâmico em todas as suas superfícies.
pois embora apresentem grande resistência à compres- Baseados numa série de trabalhos científicos,
são, no entanto, não possuem resistência adequada à pôde-se estabelecer parâmetros médios de que a ce-
tração e ao cizalhamento. râmica numa prótese metalocerâmica não deve ter a
A utilização das cerâmicas fundidas sobre estrutu- espessura menor do que lmm ou maior que 2,5mm.
ras metálicas veio melhorar bastante sua resistência, Isso permite uma versatilidade bastante grande de
principalmente, no que diz respeito a resistência ao planejamento nas superfícies oclusais. Nos fundos de
cizalhamento e a tração. Para que isso aconteça, no sulcos, por exemplo, onde existe mínimo espaço, o

FIGURA 9.1
A combinação inadequada da liga metálica com a cerâmica
pode provocar trincas tardias resultante das diferenças nas
curvas de expansão e contração térmica dos 2 materiais
com consequente manchamento e perda da restauração.
PRÓTESE FIXA

preparo dental deve possibilitar uma espessura míni- dem ser realizadas na infra-estrutura, todas elas na
ma de lmm, e nas pontas de cúspides muitas vezes, forma de desgaste laboriosos ou corte de partes da
deve-se ter uma compensação através da estrutura infra-estrutura. A avaliação na fase de cera permite
metálica para manter a espessura de cerâmica entre 1 sugerir ao técnico uma série de acréscimos e correçÕes
a 2,5mm. que não seriam possíveis após a fundição.
Assim, é de fundamental importância que o dentista Para que o profissional tenha uma ideia da elabo-
também conheça as características da infra-estrutura ração de seu "Check-list", esse capítulo será dividido
metalocerâmica, para que ele possa avaliar durante a em quatro sub-itens que constituem as situações mais
prova clínica das estruturas metálicas e nos procedi- frequentemente encontradas durante a confecção de
mentos de posicionamento para soldagem, a forma e a trabalhos metalocerâmicos:
espessura das infra-estruturas para prever o sucesso no
trabalho definitivo. E comum delegar-se absolutamente • Infra-estruturas para elementos unitários anteriores;
ao técnico a responsabilidade pelas infra-estruturas nas • Infra-estruturas para elementos unitários posteriores;
próteses metalocerâmica. Porém é de grande valia que • Infra-estruturas para próteses fixas anteriores;
haja uma interrelação bastante profunda entre o técni- • Infra-estruturas para próteses fixas posteriores.
co e o dentista, para que este possa verificar os fatores
que possam comprometer o sucesso da prótese. Muito autores sugerem que as infra-estruturas me-
Dessa forma, neste capítulo pretende-se resumir uma talocerâmicas sejam construídas a partir da escavação
série de itens que deverão ser observados, atentamente, da versão definitiva da escultura da prótese. (Figs.
pelo profissional na fase clínica do trabalho, com relação 9.2A, a 9.2C).
as características das infra-estruturas metalocerâmica. No entanto, McLEAN tem opinião diferente pois
Na experiência adquirida nos casos clínicos realiza- a escavação dificilmente permite um controle adequa-
dos na Faculdade de Odontologia de Bauru, a elabo- do da espessura da liga metálica, principalmente nas
ração de uma lista denominada de "Check-list" das regiões onde o metal apresentará espessura muito fina.
infra-estruturas, tem sido bastante útil tanto na fase Em geral, o procedimento de escavação incorre em
de cera, onde as correçÕes são bastante mais fáceis de trabalho excessivo e, constantemente, na perfuração
serem realizadas, quanto na fase metálica durante a do enceramento. Assim, na maioria dos laboratórios
prova das infra-estruturas e seu posicionamento para de prótese, as infra-estruturas metalocerâmicas são
solda. Assim, é importante que o profissional tenha construídas de forma progressiva, resultando imedia-
um protocolo clínico para analisar a escultura das in- tamente na forma final da estrutura. A escultura ana-
fra-estruturas inicialmente em cera, confrontando tómica, no entanto, pode e deve ser usada era casos
com os itens relacionados no "Check-list" e, posteri- mais extensos ou em situações estéticas complexas,
ormente, com a infra-estrutura metálica. E interessante como as que envolvem dentes apinhados ou remonta-
salientar que na fase metálica poucas correçÕes po- dos por conveniência protética.

FIGURA 9.2A FIGURA 9.2B


Escultura anatómica completa para posterior escavação. Vista vestibular do enceramento das infra-estruturas já
escavadas.
r u K IVI A 3 t U Ab I IN h K A - h S I K U I U K A b PA KA P R Ó T E S E S M E T A L O C E R A M I C A S

■ FIGURA 9.2C
Vista lingual da escavação mostrando a altura ideal de
2,5mm para a cinta metálica lingual. A diminuição do con-
torno anatómico final e das conexões com suas áreas
para higiene, pode comprometer a resistência da infra-
estrutura.

1 ' INFRA-ESTRUTURA PARA ELEMENTOS portância para manter a integridade do padrão de cera
UNITÁRIOS ANTERIORES quando de sua remoção do troquei e, posteriormente,
nas fases de aplicação da cerâmica, situação em que a liga
Talvez o desenho mais simples das infra-estruturas metálica será levada à temperaturas muito próximas de
metalocerâmicas seja de um elemento unitário anterior. sua zona de fusão. Assim, cria-se condição de resistência
Esse tipo de trabalho deve, apresentar, as seguintes ca- à liga metálica contra distorções provocadas pelo resfria-
racterísticas: mento da cerâmica. A cinta metálica deverá ter uma
altura aproximada de 0,5 na face vestibular e 2,5 mm na
• infra-estrutura com dimensão anatómica aproxi lingual, tanto em ligas nobres quanto em ligas de Ní-
mada de 2/3 do trabalho definitivo (Fig. 9.3A); quel-Cromo. Embora alguns autores tenham divergênci-
• extensão proximo-incisais para suportar a super as nesse aspecto, McLEAN, demonstra que a diferença
fície livre da cerâmica (Figs. 9.3B e 9.3C); de resistência entre as ligas de Níquel-Cromo, ligas Palá-
• presença da cinta metálica lingual obedecendo as dio-Prata ou ligas de alto teor de ouro, é irrelevante no
características estéticas (Fig. 9.3D). que diz respeito a altura do colar metálico.
Em relação à estética, alguns cuidados devem ser
Como a cerâmica representa aproximadamente xl da observados em relação à presença da cinta metálica nas
restauração concluída, é muito importante observar que superfícies lingual e proximais quando da confecção de
a parte metálica deverá, eventualmente, compensar áreas estruturas metalocerâmicas unitárias. A extensão da
como ângulos incisais fraturados ou outras superfícies cinta metálica nas superfícies proximais é bastante críti-
em que a estrutura do preparo dental subjacente esteja ca, e por isso deve restringir-se basicamente a porção
deficiente. A extensão próximo-incisal na infra-estrutura lingual do preparo (Fig. 9.4) para propiciar qualidades
também é muito importante para que se mantenha uma ótimas de transmissão de luz nas superfícies proximais,
espessura homogénea de cerâmica nessa região. A cinta possibilitando a obtenção de um efeito estético bastante
metálica ou colar na face lingual é de fundamental im- semelhante ao de um dente natural.

■ FIGURA 9.3A
Enceramento da infra-estrutura comparada à dimensão
original do dente vizinho, mostrando a redução necessária
de /3 do tamanho final da restauração.
PRÓTESE FIXA

FIG 9.3B

« FIGURAS 9.3B e 9.3C


As áreas em cera branca mostram o aumento necessário nas porções mesial e distai do bordo incisai da estrutura para
manter a espessura uniforme da cerâmica, especialmente, nessa área.

i FIGURA 9.3D
Aspecto da cinta metálica lingual em cera branca, mos-
trando sua extensão adequada de 2,5mm e as bordas em
ângulos vivos que farão contato com a cerâmica.

■ FIGURA 9.4
A extensão proximal da cinta metálica nos casos unitários
estéticos deve diminuir à medida que se aproxima da face
vestibular para não interferir com a estética e nem atrapa-
lhe a transmissão de luz nessa área.
F O R M A S E C A R A C T E R Í S T I C A S D A S I N F R A - E S T R U T U R A S P A R A P R Ó T E S E S M E T A L O C E R AM I C AS

Outro aspecto a ser considerado é a extensão metá- vos, porém minimiza-se a chance de possíveis proble-
lica dessas cintas em direção incisai nos casos em que o mas na cerâmica, colocando o ponto de contato exclu-
espaço inter-incisal pode estar diminuído em função de sivamente em metal ou em cerâmica.
características clínicas, e haja necessidade de que o Todas superfícies da infra-estrutura que serão reves-
ponto de contato oclusal aconteça na superfície metáli- tidas pela cerâmica deverão ser completamente arre-
ca. Diferentes desenhos poderão ser utilizados na infra- dondadas sem a presença de quaisquer ângulos vivos.
estrutura de forma que o ponto de contato poderá se Arestas internas concentram tensões e podem criar con-
encontrar mais próximo da região cervical ou da região dições para o início de trincas na cerâmica. As superfí-
incisai (Fig. 9.5A). E muito importante, que a cerâmica cies onde o metal se limita externamente com a porce-
sobrepasse o bordo incisai em pelo menos lmm, termi- lana deverão ser esculpidas em ângulos vivos (Fig. 9.6)
nando na superfície lingual sempre que possível a pelo ou refinadas após a fundição, de forma que a interface
menos 0,5mm de distância do contato oclusal. Não é entre o metal a cerâmica nessas bordas, seja bastante
adequado que o contato oclusal aconteça na interface nítida para impedir que a cerâmica se afine em contato
metal/cerâmica, (Fig. 9.5B), muito embora, saiba-se com o metal, produzindo áreas onde haverá exposição
que essa área é utilizada, principalmente nos dentes de opaco, manchamento e, principalmente, infiltração,
superiores durante os movimentos laterais e protrusi- diminuindo a resistência final da restauração.

' V (b)

» FIGURA 9.5A FIGURA 9.5B


Desenho ideal de uma infra-estrutura anterior unitária, a) Contato adequado exclusivamente em cerâmica
em que o contato com o dente antagonista deve acon- b) Contato adequado exclusivamente em metal
tecer em metal. Observe que a área metálica se restrin- c) Situação incorreta: o contato na interface metalo/cerâ-
ge estritamente à face lingual, não se estendendo em mica favorece a presença de fraturas e lascas na cerâmica.
direção as proximais o que poderia prejudicar a trans-
missão de luz, diminuindo a translucidez natural dos den-
tes anteriores.

■ FIGURA 9.6
Aspecto da cinta metálica lingual mostrando a presença
de ângulo vivos formados entre a borda da cinta com a
cerâmica.
PRÓTESE FIXA

Pode-se resumir, então, o "Check-list" das caracte- desenvolva um contorno de escultura que co
rísticas da infra-estrutura de um elemento unitário qualquer eventual perda de substância do den
nos seguintes itens: parado. A cerâmica deverá ter uma espessura me
e o metal poderá variar de espessura, sen
• Ângulos internos da infra-estrutura que serão re
mentado nas áreas onde houver falta no p
cobertos pela cerâmica devem ser completamen-
dental, de forma a preservar as características
te arrendodados;
micas de espessura uniforme da cerâmica.
• Ângulos das bordas da cinta metálica vivos e de
Assim como, nas estruturas unitárias anteri
preferência em 90°, nos quais acontecerão o
estruturas posteriores devem apresentar també:
contato com a cerâmica;
cinta metálica na região lingual, estendendo-se
• Infra-estrutura com dimensão aproximada de 2/3
faces proximais (Fig. 9.7A) e, eventualmente, incl
da restauração final restauração, com compensa
também a face vestibular quando a estética pei
ção na espessura da infra-estrutura em todas as
Essa cinta metálica deverá ter aproximadan
áreas onde o preparo for deficiente;
0,5mm de altura na vestibular e idealmente 2,5m
• Presença de cinta metálica se restringindo à su
região lingual. As faces proximais apresentarão ess;
perfície lingual com altura ideal de aproximada
ta metálica de acordo com os requisitos oclusais
mente 2,5mm.
casos em que a crista marginal for coberta em cera
é interessante que a cinta metálica invada a face r.
2 * I NFRA - ESTRUTURA
PARA mal (Fig. 9.7B) e seja construída com uma elei
ELEMENTOS UNITÁRIOS POSTERIORES nesta área para manter a crista marginal em cera
perfeitamente suportada por uma base metálica. A
Os elementos unitários posteriores deveriam ide- essas elevações proximais deverão apresentar uma s
almente ser completamente recobertos por uma ca- concavidade voltada para a face oclusal que servirá
mada uniforme de cerâmica com espessura variando dar sustentação a cerâmica, evitando que a cera:
entre 1 e 2,5mm, como citado anteriormente, pois apresente uma extensão que em alguns casos pode
isso criaria uma configuração de abraçamento e, por- gar a 4mm ou até 5mm, tornando-a altamente sus
tanto, de resistência mecânica máxima. A infra-es- vel à fratura, principalmente nas situações em qi
trutura ideal, então teria uma espessura mínima de contato oclusal ocorre sobre a crista marginal.
0,3 a 0,5mm, correspondendo também à forma Nem sempre, porém, é possível construir infra-es
aproximada da anatomia final da coroa em cerâmica, turas posteriores completamente revestidas por cerân
reduzida de aproximadamente V . Para a confecção Ocasionalmente, pouco espaço na superfície oclusal,
dessas estruturas posteriores, é fundamental que se muito comum na região de 2o e 3o molares inferior

FIGURA 9.7A FIGURA 9.7B


Aspectos básicos de uma infra-estrutura metalocerâmica Em situações em que o contato da cerâmica com o den
de um elemento unitário posterior Observe a redução do antagonista acorrerá nas cristas marginais, é importan
tamanho anatómico da infra-estrutura com áreas adequa- que a infra-estrutura possua uma elevação proximal e
das de suporte para as cúspides e a presença da cinta direção oclusal com forma côncava para dar sustentaçãc
metálica em toda a face lingual e proximal com altura de cerâmica.
2,5mm, diminuindo para 0,5mm em toda a face vestibular
F O R M A S E C A R A C T E R Í S T I C A S DAS I N F R A - E S T R U T U R A S P A R A P R Ó T E S E S M E T A L O C E R Â M I C A S

superiores, obriga confeccionar a superfície oclusal ou trabalhos metaloplásticos. Convém salientar, no en-
parte dela em metal. Diversas opções de configuração tanto, que essa janela vestibular deverá ser expulsiva,
para infra-estrutura metalocerâmica poderão ser utiliza- seus ângulos internos obtusos e arrendondados deve-
das quando isso acontece. É interessante, então levar em rão terminar, no nível oclusal, no mínimo a lmm de
consideração alguns princípios que deverão ser usados distância das pontas de cúspides funcionais para que o
para a criação das mais diferentes combinações de acordo contato oclusal sobre as cúspides metálicas não provo-
com a situação oclusal apresentada. A semelhança do que que flexão do metal que, eventuamente, levará a trin-
já foi comentado para as infra-estruturas unitárias anteri- ca ou até mesmo à expulsão da faceta estética vestibu-
ores, todos os ângulos externos de contato do metal com lar (Fig. 9.8A).
a cerâmica deverão ser vivos e, aproximadamente em
90°. Diferentemente do que se pratica nas facetas estéti- I B) FACE VESTIBULAR E CÚSPIDES VESTIBULARES
cas metaloplásticas, a cerâmica não deverá ficar restrita a CONSTRUÍDAS EM CERÂMICA
uma janela escavada na superfície da estrutura metálica.
Isso contraria os princípios de resistência mecânica des- Nesse caso toda a face vestibular passando pela
critos no início desse capítulo. Por isso, as áreas especifi- cúspide vestibular e entrando pela superfície oclusal
camente carentes de espaço oclusal poderão ser substitu- será construída em cerâmica. (Fig. 9.8B). É importante
ídas por superfícies metálicas. Normalmente três situa- salientar que a cerâmica deverá invadir a face oclusal,
ções ocorrem com maior frequência que exigem superfí- ultrapassando as pontas de cúspides em pelo menos
cie oclusal metálica total ou parcial: lmm, para que haja a ação de abraçamento e apoio,
de forma que as linhas de força que atravessarem
A) SUPERFÍCIE OCLUSAL CONSTRUÍDA EM METAL tangencialmente as pontas de cúspides, criando
esforços de cizalhamento e tração, encontrem o subs-
Nesse caso somente a face vestibular será revestida trato metálico subjacente provendo apoio e amparo
por cerâmica de forma parecida com o que se usa nos mecânico à cerâmica. (Fig. 9.8C).

METAL METAL

cr.RAMK CEIIAMK

FIGURA 9.8A 5§ FIGURA 9.8B


.Faceta estética vestibular em cerâmica. A área externa das Face vestibular e cúspides funcionais em cerâmica.
cúspides funcionais deve ter I mm de metal

FIGURA 9.8C
Nos casos de recobrimento parcial da superfície oclusal
em metal, as cúspides em cerâmica deverão invadir a face
oclusal I mm além de suas pontas, para que as linha de
forças que atravessam tangencialmente as pontas de cús-
pides encontrem um suporte metálico subjacente.
PRÓTESE FIXA

c) MAIOR PARTE DA SUPERFÍCIE OCLUSAL CONSTRUÍDA da superfície oclusal, à semelhança de restaurações


EM CERÂMICA, COM ILHAS DE METAL metálicas em dentes naturais, ou poderão se estender
em direçao à lingual reconstruindo toda a cúspide
Nessa situação toda a superfície vestibular e suas lingual, a partir do sulco mesio-distal ou parte das
pontas de cúspides serão construídas em cerâmica, e cúspides, em direçao à face lingual. Diversas combina-
eventualmente, poderão ocorrer ilhas metálicas que se ções são possíveis a partir dessa situação, dependendo
constituirão de elevações da estrutura metálica, com apenas da imaginação do profissional e das diferentes
ângulos vivos externos e arrendondados internamente. situações mecânicas que a oclusão e os eventuais pla-
Essas ilhas poderão apresentar recobrimento parcial nejamento poderão exigir Fig. 9.8D)

■ FIGURA 9.8D
Presença de ilhas metálicas nos pré-molares devido a falta
de espaço oclusal.

Basicamente, pode-se resumir as características das unitários anteriores, quando se tratar de infra-estrutu-
infra-estruturas metalocerâmicas unitárias para dentes ras para unir dentes contíguos. A diferença funda-
posteriores a partir dos seguintes requisitos: mental acontecerá nos casos de próteses fixas, pois,
nesses casos a extensão e o número de pônticos criarão
• A infra-estrutura deverá idealmente ser comple- situações mecânicas bastante complexas e, por isso, é
tamente revestida por cerâmica; interessante tecer algumas considerações físicas, com-
• A infra-estrutura deverá apresentar uma dimen parando o comportamento de uma estrutura metalo-
são aproximada de 3/4 do tamanho anatómico cerâmica para uma prótese fixa e uma barra metálica
final da restauração. quando submetidas à ação de forças mecânicas.
• A infra-estrutura posterior obrigatoriamente de Considerando uma barra metálica como uma sec-
verá apresentar cinta metálica lingual com altura ção transversal quadrada, medindo 1 unidade de lar-
mínima de 2,5mm. Essa cinta metálica deverá se gura e 1 unidade de espessura, sendo submetida à
estender pelas proximais, elevando-se em direçao ação de uma força "F" incidindo no centro dessa
a superfície oclusal, sempre que contatos oclusais barra, essa força exigirá uma resistência "R" no senti-
incidirem sobre as cristas marginais. Quando a do oposto para que as forças se equilibrem sobre essa
estética permitir, a cinta metálica deverá se es barra. Se esta tiver a sua largura aumentada de 1
tender também para superfícies vestibulares com para 2 unidades, a mesma força "F" que incidir so-
uma altura mínima de 0,5mm, para permitir bre o centro da barra será agora contraposta por uma
uma melhor remoção do padrão de cera do tro resistência igual ao dobro da resistência original, ou
quei de gesso e para suportar adequadamente os seja, 2 "R". Assim, tem-se que para uma barra o
procedimentos de cocção da cerâmica. aumento da largura é diretamente proporcional ao
aumento da resistência (Fig. 9.9A). Se por outro
lado, a mesma barra ao invés de ter sua largura au-
5 * I NFRA - ESTRUTURAS
PARA mentada para 2, tiver sua espessura ou altura aumen-
PRÓTESES FIXAS ANTERIORES tada para 2, o aumento não será mais equivalente ao
dobro da resistência anterior, mas será proporcional
As infra-estruturas para elementos múltiplos an- à espessura elevada à terceira potência, ou seja, 23. A
teriores terão a configuração exatamente igual a dos resistência final irá para 8 contra a mesma força "F"
F O R M A S E C A R A C T E R Í S T I C A S DAS I N F R A - E S T R U T U R A S P A R A P R Ó T E S E S M E T A L O C E R Â M I C A S

(Fig. 9.9B). Isso faz que todas as vezes que uma barra pessura, terá a sua resistência diminuída na propor-
tiver sua espessura aumentada, a resistência terá um ção do cubo da diminuição do valor da espessura
aumento equivalente ao cubo da espessura final. Por (Figs. 9.9C a 9.9E). Isso passa a ser extremamente
outro lado, o inverso também é verdadeiro: uma barra interessante no caso de próteses fixas extensas, que
qualquer que tiver que ser reduzida na sua es- também comportam-se como barras.

FIG 9.9B

Iu

1u
2 li

■ FIGURAS 9.9A e 9.9B


Lei das barras: F = Força / R = Resistência / U = Unidade

FIG 9.9D

■ FIGURAS 9.9C e 9.9D


Com frequência é necessário a redução vertical nas áreas
de conexões entre pônticos e retentores para facilitar a
higienização. A infra-estrutura da Figura 9.9C com área de
conexão com 2U de espessura quando reduzida para I U como
mostrado na Figura 9.9D tem sua resistência diminuída em 8
vezes.

FIGURA 9.9E
A não obediência dos princípios demonstrados na lei das
barras quando a conexão entre pônticos ou entre pôntico
e retentor apresentar altura menor de 2,5mm, tanto em
metais nobres quanto em metais não nobres, poderá pro-
vocar fraturas nas base metálica. Nesses exemplo a fratura
ocorreu porque a estrutura metálica não foi suficiente
para suportar as cargas oclusais.
PRÓTESE FIXA

É interessante lembrar também que existe um ou- prótese fixa anterior superior é critica a diminuiç;
tro fator a ser considerado com relação a extensão das sentido vestibulo-lingual, o que é frequentement
barras: se uma barra de 1 unidade de comprimento, cessaria quando da escavação das superfícies vesti
tiver seu comprimento aumentado para 2, ou seja, o res para deslocar a estrutura metálica o mais par;
dobro do comprimento original, ocorrerá uma dimi- gual possível, para possibilitar um volume adequac
nuição da resistência para 7 da resistência original, cerâmica na face vestibular e criar uma condição e
ou seja, o aumento da extensão das barras é direta- ca mais favorável. Já nas próteses fixas anteriores h
mente proporcional a diminuição da resistência das ores, é muito importante a diminuição das conexõi
mesmas. (Figs. 9.10A e 9.10B) sentido cérvico-incisal para criar espaços adequ
No planejamento das infra-estruturas com múlti- para alojar as papilas gengivais e para acesso aos in
plas unidades, esses fatores mecânicos deverão ser cui- mentos que possibilitarão a manutenção da higiene
dadosamente observados. Assim, conforme a posição nessas áreas. Por estas razões, as características d
em que os esforços oclusais incidirem sobre as prótese conexões deverão ao mesmo tempo, apresentar
fixas, diferentes efeitos acontecerão em função da dimi- configuração adequada para criar condições de est
nuição da espessura e da altura dos componentes cor- e de higiene bucal e preservar a resistência da estn
respondentes aos pônticos nessas próteses. Em uma metálica. (Figs. 9.11Ae 9.11B)

FIG 9.I0A

í •AR

FIGURAS 9.I0A e 9.I0B


De acordo com a lei das barras o aumento na extensão de uma prótese fixa produz uma diminuição de sua resiste
que é inversamente proporcional à esse aumento.

■ FIGURA 9.1 IA ■ FIGURA 9.1 IB


Infra-estrutura metalocerâmica em cera de prótese fixa Observe por lingual a pequena espessura das conexõe
anterior Observe a separação entre pôntico e retentores a necessidade de reforçá-la para aumentar a resistên
na região vestibular criando uma condição estética ade- mecânica da prótese. Isso será conseguido com a criaç
quada devido a individualização dos elementos. da cinta metálica.
F O R M A S E C A R A C T E R Í S T I C A S D A S I N F R A - E S T R U T U R A S P A R A P R Ó T E S E S M E T A L O C E R A M I C A S

Para obedecer à lei das barras, as cintas metálicas • Cada elemento retentor deverá ter uma cinta metá
nos elementos pilares deverão se estender também lica lingual ao longo de toda a superfície com a altura
para os pônticos, (Figs. 9.12A e 9.12B), criando assim ideal de 2,5mm que deverá estender-se em direçao à face
uma barra ao longo da face lingual de toda a prótese. proximal, fazendo-se presente também na conexão entre
Se essa barra possuir secções horizontais e verticais, cada retentor e cada pôntico na forma de um "U", pos
suas características mecânicas serão melhoradas. As sibilitando um aumento de resistência nessas áreas.
elevações proximais verticais poderão conferir uma re- • Cada pôntico deverá ter sua anatómica básica
sistência bastante elevada à estrutura metálica, segun- reduzida em aproximadamente 74, que corresponde à
do a lei das barras, e assim, em alguns casos, o dese- área que será ocupada pela cerâmica.
nho dessa estruturas deve apresentar o desenho de • A conexão de cada pôntico com cada retentor
uma barra corrugada na forma de sucessivas letras será feita na superfície proximal, porém, a cinta metá
"U" unidas umas as outras, ao longo de toda a super- lica lingual deverá prosseguir da superfície lingual do
fície lingual da prótese (Fig. 9.12C), para permitir retentor estendendo-se para os pônticos, podendo ser
espaços para as papilas sem, contudo diminuir a resis- interrompida ou prosseguir uniformente ao longo de
tência da estrutura metálica. todas as faces linguais dos pônticos.
Para resumir as características das infra-estruturas • É muito importante lembrar que o volume dos
de elementos múltiplos anteriores, pode-se afirmar o pônticos deverá ser cuidadosamente observado, de for
seguinte: ma, que sua superfície vestibular esteja no mesmo plano

■ FIGURA 9.12A «FIGURA 9.12B


O reforço em cera branca mostra as áreas onde a estru- Em casos de pônticos menos volumosos, a cinta metálica
tura metálica deverá ser mais espessa. Assim, a cinta metá- lingual ou barra corrugada deverá se estender ao longo
lica se estende dos retentores, passando pelas conexões de toda a superfície palatina dos pônticos.
proximais em direção ao pôntico. Se este for volumoso,
não é necessário que a barra lingual atravesse toda sua
superfície, entretanto, é necessário que sempre esteja pre-
sente nas áreas das conexões.

■ FIGURA 9.12C
Estrutura metálica com a cinta metálica com forma de
uma barra corrugada, ou seja, secções horizontais na re-
gião lingual dos retentores que gradualmente aumentam
no sentido vertical quando atingem as conexões, criando
uma forma semelhante a sucessivas letras "U". Observe
que a espessura vertical das conexões é mais volumosa
do que a das outras áreas, deixando-as mais reforçadas
para atender as exigências criadas pelas lei das barras.
PRÓTESE FIXA

das superfícies vestibulares dos retentores e suas dimensões apresentadas anteriormente. Assim, os pônticoj rão
inciso-gengival tambe'm sejam proporcionais as dimensões submetidos a grandes esforços em função cargas
dos elementos retentores. Todos os elementos deverão ter oclusais consideráveis que acorrem na re| posterior
as dimensões de aproximadamente 2/ do tamanho corres- e as características dessa infra-estruti devem
pondente à anatomia final da prótese. Um erro frequente- obedecer ao mesmo padrão das descritas
mente cometido com as próteses metalocerâmicas é a teriormente.
construção de pônticos com tamanho reduzido por eco- Os pônticos deverão ter sua forma correspondent
nomia de metal, o que resultará num volume excessivo de forma anatómica da restauração finalizada reduzida
cerâmica com prejuízo mecânico e, principalmente, com V4, para que haja espaço adequado para a colocação i
alteração de cor, em função de uma espessura maior de cerâmica inclusive na superfície gengival, de forma
cerâmica nos pônticos do que nos retentores. (Fig. 9.13) permitir um suave contato da cerâmica com o rebord
ou apresentar uma distância adequada entre a cerâmic e
PRÓTESES FIXAS POSTERIORES o rebordo para facilitar a realização da higiene (Figí
9.l4Ae9.l4B).
Nos elementos múltiplos posteriores os esforços As conexões dos pônticos com os retentores sãc
mecânicos serão maiores entre todas as situações confeccionadas nas faces proximais de ambos. Os re-

li FIGURA 9.13
a) Configuração incorreta da estrutura metálica do pônti-
co. A espessura excessiva da cerâmica cria riscos mecâni
co e estético.
b) Forma correta da estrutura metálica

FIGURAS 9.I4A e 9.I4B


Vistas oclusal e vestibular de uma prótese fixa posterior em cera, mostrando a redução de /4 dos pônticos, quando
comparado com o retentor molar que será totalmente em metal. Observa-se também as extensões das conexões
proximais no sentido oclusal para torná-las mais resistentes, de acordo com a lei das barras.
F O R M A S E C A R A C T E R Í S T I C A S D A S I N F R A - E S T R U T U R A S P A R A P R Ó T E S E S M E T A L O C E R Â M I C A S

tentores devem apresentar um cinta metálica lingual (Fig. 9.16) que de acordo com a lei das barras, é
com uma altura ideal de 2,5mm, que continuará ao muito importante para se obter uma resistência ade-
longo dos pônticos melhorando a resistência da estru- quada nessas conexões. É importante lembrar que a
tura metálica (Fig. 9.14C). redução na espessura de uma conexão não provocará
Quando o espaço interoclusal na região dos pôn- uma diminuição de resistência proporcional a essa
ticos for reduzido, a resistência das áreas de conexões redução, mas sim, proporcional ao cubo do seu va-
poderá ficar extremamente crítica em função da ne- lor.
cessidade de se deixar espaço para a papila gengival, Para resumir as características das infra-estruturas
principalmente no caso de próteses extensas com metalocerâmicas posteriores múltiplas, deve-se lem-
dois ou mais pônticos. Nesses casos, a cinta metálica brar que:
poderá não se restringir exclusivamente a superfície • Tanto os retentores quanto os pônticos deverão
lingual, mas estender-se também em direção gengi- apresentar uma dimensão equivalente a anatomia final
val, de forma que a cerâmica não irá revestir essa da prótese reduzida em 25%. Por esta razão, as áreas
parte da conexão, ou também estender-se o máximo que necessitarem de correção de volume, isso deverá
possível para vestibular sem prejuízo para estética ser feito através de aumento na estrutura metálica e
(Figs. 9.15Ae 9.15B). não na espessura da cerâmica.
As conexões poderão também ser modificadas • As conexões são extremamente importantes
quando for necessário aumentar espaço para a higie- na resistência da estrutura metálica e, por isso, sua
ne, estendo-se a elevação proximal do retentor até a forma deverá ser cuidadosamente estudada e veri
superfície oclusal, deixando uma fina faixa metálica ficada durante o enceramento, para definir se as
exposta na superfície oclusal entre o pôntico e o re- superfícies gengivais das conexões poderão ficar
tentor, ou entre 2 retentores ou entre 2 pônticos. em cerâmica ou em metal, para possibilitar uma
Com isso tem-se uma conexão bastante rígida e com área de higiene mais adequada e sem prejuízo da
maior espessura possível no sentido ocluso-gengival, resistência.

■ FIGURA 9.I4C
Infra-estrutura metalocerâmica típica para prótese fixa
posterior com a cinta metálica lingual dos retentores com
aproximadamente 2,5mm de altura elevando-se vertical-
mente em direção proximal, criando a conFiguração de
sucessivas letras "U" (barra corrugada).
PRÓTESE F I X A

H FIGURA 9.15A ■ FIGURA 9.15B


Prótese metalocerâmica com a superfície oclusal em me- Vista gengival de uma infra-estrutura metalocerâmk
tal para compensar a ausência de espaço oclusal, mostran- mostrando a extensão máxima da conexão em direçi
do também que as conexões foram mantidas em metal, vestibular; para aumentar a resistência sem prejudicar
tanto na área oclusal, quanto na área gengival, para au- estética.
mentar a resistência mecânica da prótese.

FIGURA 9.16
Área metálica com extensão para oclusal para aumentai
resistência vertical da conexão.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 3. YAMAMOTO, M. Metal ceramics. Chicago. Quintessen


1995.
McLEAN, J.W. The Science and Art of Dental Ceramics. 4. WEISS, RA. New design parameters: Utilizing the prop
Quintessence Books, Chicago, Illinois, 1980 McLEAN, ties of nickel-chromium superalloys. Dent. Clin. North /.
2. J.W. Dental Ceramics: Proceedings of the First 1977; 21:769.
International Symposium on Ceramics. Quintessence Books, 5. WISE, D.M. Failure in the restored dentition: Mana
Chicago, Illinois, 1983. ment and treatment. Quintessence Books, London, 1995
C A P Í T U L O

PROVA DOS

EM POSIÇÃO PARA
SOLDAGEM E
REMONTAGEM
CERSON BONFANTE
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

| P ROVA DOS R ETENTORES , R EMOÇÃO materiais esses que sofrem alterações dimensionais,
EM P OSIÇÃO PARA S OLDAGEM E sendo que o gesso aceita pressões e sofre desgastes,
REMOINTAGEM que não ocorrem com a dentina do dente preparado.
Daí uma I.E. adaptada perfeitamente num troquei de
A prova dos retentores nada mais é do que o reco- gesso nem sempre significa que estará perfeitamente
nhecimento de duas etapas bem sucedidas do proces- adaptada ao dente preparado. Adequar uma ao outro
so de obtenção das infra-estruturas das próteses meta- é função primordial, básica e principal do C.D., inte-
locerâmicas ou metaloplásticas. A primeira dessas eta- ressado em fornecer ao paciente um trabalho protéti-
pas é a moldagem e a obtenção de troqueis precisos, co próximo do ideal.
que representam nas suas formas, dimensões e posici- A adaptação, ajuste ou selamento cervical são pala-
onamentos, a real posição do dente preparado no arco vras diferentes para designar a área crítica dos prepa-
dentário; a segunda dessas etapas é o fruto do trabalho ros dentários com finalidade protética, que é o local
técnico, executado pelo auxiliar mais direto e do qual onde diferentes materiais como liga metálica, porcela-
depende sobremaneira nosso trabalho - o profético, na e dente se integram através de um agente cimen-
responsável pela escultura, inclusão, fundição e adap- tante.
tação das peças protéticas. Pode se dizer, de uma maneira geral que, quanto
Ainda na fase laboratorial, as infra-estruturas (I.E.) menor for a distância entre esses materiais e o dente,
fundidas removidas do revestimento refratário são menor será a espessura do cimento utilizado para a
submetidas à remoção de irregularidades grosseiras, fixação e, consequentemente, serão minimizadas as
como bolhas ou asperezas superficiais, antes de serem possibilidades da solubilização dos cimentos, retenção
submetidas à tentativa de adaptação nos seus respecti- de placa bacteriana, desenvolvimento de doença peri-
vos troqueis. Esse passo ocorre de tal forma que, ao odontal e recidiva de cáries nessas margens.
receber uma I.E. para prova em boca, ela já recebeu Leve-se em consideração, ainda, que a grande
acabamento suficiente para torná-la adequada para maioria das margens cervicais das coroas protéticas
avaliação no paciente. estão colocadas dentro do sulco gengival, por diferen-
Após remoção da prótese fixa provisória com auxí- tes motivos, e este posicionamento pode impedir a
lio de instrumentos ou saca-pontes, remover qualquer visão, dificultar a percepção e até mascarar um ajuste
resíduo de cimento temporário com sondas e comple- insatisfatório.
mentar a limpeza com solventes como Cavidry. A per- O fato concreto é que essa é a área mais crítica e
sistência de cimento provisório nas margens cervicais nobre de qualquer prótese e desse ajuste cervical ade-
ou paredes axiais pode impedir ou dificultar o assenta- quado depende a qualidade do tecido gengival, a ca-
mento completo do retentor. pacidade de higienização do paciente e a longevidade
A prova dos retentores deve ser realizada em dife- bem sucedida da própria prótese.
rentes etapas, descritas a seguir: Para auxiliá-lo nessa função o CD. dispõe de dife-
rentes recursos, entre os quais se destacam:
1. ADAPTAÇÃO MARGINAL
1.1. EviDENCIADORES DE CONTATO INTERNO
A tentativa imediata de adaptar uma I.E. a um
dente preparado pode originar, como primeira obser- Estas substâncias evidenciadoras são tintas, geral-
vação, a visualização de margens desajustadas. Mesmo mente hidrosolúveis, aplicadas à superfície interna das
que o troquei seja uma réplica fiel das características infra-estruturas metálicas, em finas camadas. Após se-
de forma, contorno e dimensões do dente preparado, cas com leves jatos de ar, a I.E. é assentada e pressio-
não se pode esquecer que ele foi obtido a partir de um nada contra o dente preparado, também devidamente
molde de material elástico e vazado em gesso especial, seco.
PRÓTESE F I X A

Ao ser removida, possibilitam a detecção e visualiza- Ao mesmo tempo que se detecta contatoí
ção de pontos da superfície interna das I.E. que estão superfície interna da I.E., de onde a tinta evide
impedindo o seu assentamento completo, pelo contato adora foi removida, visualiza-se a presença da r
que estabelecem com as superfícies externas do dente ma tinta no local correspondente do dente prep
preparado. É bem possível que este recurso também já do. Procede-se ao desgaste no ponto de contat(
tenha sido utilizado pelo técnico de laboratório com o superfície interna da I.E., através de brocas
mesmo objetivo, buscando a adaptação da I.E. no seu mantadas. Repetir o processo até conseguir ada
respectivo troquei (Figs. 10.IA a 10.1C). ção satisfatória.
No mercado odontológico se encontra difere
marcas de evidenciadores de contato disponíveis j
esta finalidade como o Accu-film IV, Kota, Occli
etc, e mesmo corretores de datilografia podem
aplicados com esta finalidade, com resultados bast;
satisfatórios.

1.2. PELÍCULA DE ELASTÔMERO

Diferentes elastômeros, principalmente silicc


foram especificamente desenvolvidas com a final
de de possibilitar a detecção de contatos internos
«FIGURA 10. IA I.E. que dificultam ou impedem o seu assentame
Substância evidenciadora aplicada à superfície interna de I.E. completo. Marcas específicas como o Ramitec ou
para prótese metalocerâmica. conas fluidas comuns, como o Xantopren, são m;
pulados de maneira convencional, colocados no h
rior das I.E. e levados à sua posição no dente prep;
do, com pressão de assentamento firme, que possil
te escoamento completo de todo o excesso. Após p
merização e remoção, visualiza-se parte do metal
posto na superfície interna da I.E. que estabelece c
tato com a superfície externa do dente prepara
Desgasta-se no local com brocas diamantadas e re
te-se o processo até se atingir a adaptação desej
(Figs. 10.2A a 10.2C).

1 . 5 . RADIOGRAFIAS
FIGURA 10.1B
Substância evidenciadora visível nos dentes preparados. Embora disponha de alguma popularidade, t
método não possibilita a percepção dos pontos
contato internos que estão impedindo o assentame
completo da peça protética. Com alguma sorte po
bilita a visualização de áreas proximais desajustac
visíveis a partir de radiografias interproximais, ma
totalmente dependente do ângulo vertical durant
tomada radiográfica. O desgaste interno para busca
ajuste seria feito às cegas, intuitivo e totalmente <
pendente da habilidade e experiência clínica do p
fissional para se atingir o objetivo primordial, ou s<
a adaptação marginal adequada.
O método continua controvertido porque, [
■ FIGURA 10. IC
superpor margens metálicas por vestibular e 1
Visualização de pontos de contato internos na I.E. que im-
gual, pode fazer com que desajustes acentuados
pedem o assentamento
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

FIG.I0.2B

«FIGURAS IO.2Aa I0.2C


(A) Prova de retentor através da aplicação de elastômero
fluído as superfícies internas e assentamento no dente
pilar; (B) visualização dos pontos de contato internos atra-
vés da película de elastômero; (C) desgaste do ponto de
contato que impede a adaptação da I.E. por meio de
broca diamantada.

jam mascarados, impedindo sua visualização. Assim, I.E. desajustada radiograficamente mostra efetiva-
uma radiografia interproximal que mostra peça pro- mente um desajuste marginal, mas não permite a
tética ajustada, não significa obrigatoriamente que visualização de onde desgastar para realizar a corre -
ela está efetivamente ajustada; por outro lado, uma ção (Figs. 10.3Ae 10.3B).
FIG.I0.3B
FIGURAS I0.3A e I0.3B
(A) Radiografia realizada com o objetivo de avaliar ajuste de
I.E. para prótese metal o cerâmica; observar discreto degrau
negativo na margem distai do molar; (B) Rx interproximal
mostrando desajuste cervical na margem mesial da I.E. do
molar inferior e degrau positivo na margem distai do pré-molar
Uma pequena mudança do ângulo vertical durante a tomada
radiográfica tornaria imperceptível o desajuste.
PRÓTESE F I X A

.4. SONDAS EXPLORADORAS Uma adaptação marginal correta começa a ser vi


alizada nos próprios troqueis. Estes idealmente devem
O uso de sondas exploradoras n2 5 é método com- recortados pelo CD. com o objetivo de expor o térmi
plementar e não principal. Possibilita a observação dos cervical e não deve ser função delegada ao técnico
laboratório. A ceroplastia dos retentores e pônticos d<
locais corretamente adaptados e das áreas deficientes.
ser realizada da maneira convencional e, somente
Não permite porém, a visualização dos pontos de conta-
submetida à avaliação e aprovação do C.D., os troqu
to internos que estão impedindo o assentamento com- devem ser individualizados com serra fina. As margc
pleto da restauração, só perceptíveis através dos evidenci- correspondentes ao tecido gengival devem ser removu
adores de contato ou películas de elastômero. com discos de carborundum ou brocas esféricas grande
A precisão da adaptação marginal através de sondas a exposição do término cervical deve ser cuidadosamei
exploradoras é método altamente subjetivo, pois depen- realizada com o auxílio de cinzéis retos. Somente esta ú
de da percepção tátil e habilidade do profissional, do seu ma etapa deve ser realizada pelo C.D., demarcando a
critério acerca do que é uma adaptação marginal ade- nha de término com grafite fino ou de cera colorida,
quada, da forma como a utiliza e do próprio instrumen- etapas que antecedem essa exposição da margem cervi
to utilizado para esse fim. Existem trabalhos mostrando podem ser executadas pelo técnico em prótese dentáris
que extremidades ativas de sondas exploradoras novas Um troquei corretamente recortado, consequência um
molde corretamente obtido com material de mol( gem
podem mostrar espessuras médias de 50 a 130 um. E
confiável, irá possibilitar adaptação marginal adeqi da se
óbvio concluir que nenhum desajuste marginal menor for trabalhado por protético competente. E qu certo
do que essas dimensões poderia ser detectado por este que essa sequência de procedimentos, se for criter
método; as sondas seriam suficientes para a percepção de samente seguida, não exigirá esforços acentuados para
desajustes grosseiros, mas incapazes de auxiliar para a conseguir a adaptação marginal correta quando se reali:
obtenção de ajustes marginais refinados (Fig. 10.4). a prova dos retentores (Figs. 10.5A e 10.5B).

FIGURA 10.4
Sonda clínica n° 5 utilizada para avaliação do ajuste mar
nal de I.E. para prótese metalocerâmica.

FIG.I0.5A

FIGURAS I0.5A e I0.5B


(A)Avaliação inicial da adaptação de I.E. em troquei de gesso especial; (B) I.E. de prótese metalocerâmica do 43 ao
corretamente adaptada nos dentes pilares 43-44 e 47, com pontos de solda a serem realizados entre 43-44 e 44-45.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A CE E R E M O N T A C E M

2. A JUSTE I DEAL sível de ser realizada sem desajuste vertical, pois não
há espaço suficiente para acomodação da película do
Como o ajuste da peça fundida no dente preparado, agente cimentante; se, por outro lado, não houver
é uma consequência direta do seu ajuste no troquei, se contato nenhum e, nem proximidade entre as partes,
este for uma réplica perfeita daquele, não haverá difi- a peça metálica se apresentará folgada e dependerá
culdades para se atingir o objetivo do ajuste ideal. exclusivamente do cimento para permanecer no seu
O processo de fundição por cera perdida, aperfeiço- lugar e isso será praticamente impossível se o local em
ado e viabilizado por volta de 1908, apesar de ter quase questão for de carga funcional intensa;
100 anos de idade, continua exatamente com os mes- 2. Espaço interno de 30-50}im nas regiões corres
mos princípios e fins, exceto talvez pela melhora de pondentes ao 1/3 médio e oclusal/incisal, sendo rara a
alguns materiais utilizados para a execução desses traba- ocorrência de contatos nesses regiões;
lhos. Assim, o objetivo básico do processo de inclusão e 3. Espaço interno de 150-200]am, podendo chegar
fundição continua a ser a utilização de materiais refra- a 400um com ligas de metais básicos, entre a superfí
tários capazes de sofrer expansão de diferentes tipos (de cie oclusal do dente preparado e a superfície interna
presa, higroscópica e térmica) que, somadas entre si, da peça fundida.
devem ser capazes de compensar a contração da liga Estes espaços internos se devem, então, às imper-
metálica, ao passar do estado líquido em que foi injeta- feições da técnica de inclusão e fundição, pela utiliza-
da no interior do molde, para o estado sólido em fun- ção de materiais portadores de propriedades físicas
ção da redução gradativa da temperatura. antagónicas, como a expansão e contração e à impos-
Com esse raciocínio em mente se torna fácil com- sibilidade de uma compensação perfeita ente as par-
preender que, se uma peça fundida do tipo coroa to- tes. Além disso, se essa compensação perfeita existisse,
tal, for reproduzida exata e perfeitamente com as mes- não seria prática para a odontologia, pois geraria peças
mas dimensões do dente preparado, ela não será capaz metálicas que não se ajustariam aos dentes preparados
de se ajustar a ele. Para se atingir esse objetivo, as porque teriam exatamente as mesmas dimensões.
coroas totais devem apresentar dimensões maiores que Como o processo de inclusão e fundição privilegia a
os próprios dentes, criando simultaneamente espaços expansão no sentido vertical, devido à própria forma
internos necessários para acomodar a película de ci- do anel metálico e, consequentemente, do bloco de
mento utilizado para fixação definitiva, sem porém revestimento contido no seu interior, se encontra maio-
perder as características de retenção. Em outras pala- res espaços internos justamente nas áreas oclusais ou
vras, as coroas totais metálicas, entre as quais se inclu- incisais dos dentes preparados e das superfícies metáli-
em as I.E. para coroas metalocerâmicas, são capazes cas internas. A adoção de técnicas que buscam aumen-
de se adaptarem aos dentes preparados porque são to da expansão lateral, como o uso de dupla camada de
maiores do que eles. A expansão do revestimento amianto, inclusão em anel plástico com abertura longi-
deve, portanto, ser maior do que a contração da liga tudinal, expansão livre do revestimento, utilização de
para se atingir essa finalidade. Se este processo todo líquidos especiais e alívio dos troqueis, tem por objetivo
fosse altamente preciso, não atingiria seus objetivos; as básico compensar a maior contração das ligas de metais
I.E. podem ser ajustadas devido às imperfeições do básicos utilizadas para a confecção das estruturas para
processo de inclusão e fundição, que seriam observa- coroas metalocerâmicas, como as de níquel-cromo.
das tanto nos espaços existentes entre as superfícies Desta forma, um ajuste ideal será sempre depen-
internas das I.E. e externas dos dentes preparados, dente da quantidade de retenção friccionai. Se uma
quanto nas margens cervicais. peça metálica apresentar quantidade excessiva de con-
tatos internos, possivelmente apresentará também re-
2.1. ESPAÇOS INTERNOS tenção friccionai acentuada e será impossível cimentá-
la adequadamente, sem provocar desajustes da oclusão
Com relação aos espaços internos, uma I.E. bem após este passo. A coroa se apresentará "alta" após
adaptada ao dente preparado e seccionada juntamente cimentada. A técnica de ajuste com alívio dos conta-
com ele no sentido vestíbulo-lingual, mostrará as se- tos internos com soluções evidenciadoras ou película
guintes características gerais: de elastômeros tem justamente a finalidade de reduzir
1. Contato mínimo em alguns pontos, notada- esses contatos e criar espaço adequado para o cimento.
mente no terço cervical, entre o metal interno e o Uma retenção friccionai adequada é aquela que
dente preparado; se este contato for acentuado, a re- permite à peça metálica manter-se adaptada ao dente
tenção friccionai será excessiva e a cimentação impos- preparado, sem deslocamentos, mesmo no arco supe-
PRÓTESE FIXA

rior; poderá ser removida através de pressão dos dedos fazê-lo de maneira tão perfeita que as duas junções j
e tração gengivo-oclusal, que gera carga média de tornassem imperceptíveis, se a cera fosse estendic
400gr. Quando houver necessidade do uso de instru- precisamente até o término cervical, identificac
mentos para aplicação de força acentuada de desloca- como uma linha nítida e definida, ter-se-ia uma ma
mento ou mesmo de saca-pontes para remover uma gem cervical deficiente em adaptação após a obtença
estrutura, pode significar excesso de contatos internos, da peça fundida. Essa deficiência de adaptação n
retenção excessiva e falta de espaço para o cimento. margem cervical seria correspondente aproximada
A retenção básica e principal de peça metálica será mente ao desajuste entre as superfícies oclusais (c
do tipo circunferencial, ou seja, na região correspon- dente preparado e da superfície metálica interna) o
dente ao término cervical e em alguns pontos do 1/3 espaço oclusal interno, da ordem de 150 a 200um o
cervical, em função da interposição do cimento e do 0,15 a 0,2mm. Por este motivo, qualquer peça fund
preenchimento das rugosidades existentes entre as pa- da, para alcançar um ajuste ideal, deve apresentar un
redes dentária e metálica a entrarem em contato com excesso marginal no sentido vertical de até 0,2mm
ele, através da embricação mecânica. em média, fato esse já conhecido e preconizado desd
os primórdios do processo de inclusão e fundição.
2 . 2 . MARGENS CERVICAIS Esse excesso marginal de 0,2mm é obtido n
demarcação da linha de término cervical com um
O outro local onde podem ser observadas as im- ponta de grafite ou cera. Quando o técnico err
perfeições do processo de inclusão e fundição para prótese proceder à etapa de selamento marginal
obtenção das ligas metálicas está nas margens cervi- previamente à inclusão, a cera para fundição deven
cais, onde se encontra o elo frágil da corrente envolvi- cobrir essa linha delineada com grafite na margerr
da na confecção de uma prótese fixa. Nesse local se do troquei. Após regularização e acabamento de
encontram materiais diferentes (metal, porcelana e ci- padrão de cera para inclusão, se este for removide
mento) que deverão se integrar harmoniosamente do troquei e analisado internamente, será possíve
com o tecido periodontal, mais especificamente o sul- visualizar a linha do término cervical (até onde
co gengival, respeitando sua biologia, não interferindo chegou a broca) e um pequeno excesso cervical em
de maneira acentuada na sua flora bacteriana e possi- todo o contorno, importante, indispensável e im
bilitando manutenção da saúde gengival e restabeleci- prescindível para obtenção do ajuste marginal (Fig
mento das funções pretendidas. 10.6A). A peça metálica fundida deverá apresenta
Se durante o selamento marginal de uma coroa as mesmas características, para se atingir os mesmo
total, o técnico em prótese dentária fosse capaz de objetivos (Fig. 10.6B).
FIG.I0.6A

■ FIGURAS IO.6Ae I0.6B


(A)Excesso marginal vertical de até 0,2mm em padrão de cera
preparado para inclusão; (B) o mesmo excesso marginal após
fundição.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O I D A C E M E R E M O N T A C E M

Em consequência da obtenção de um trabalho vadas clinicamente, cimentadas com fosfato de zinco,


adequadamente realizado e com ajuste ideal, a avalia- com términos cervicais ilustrativos do ajuste ideal Por
ção realizada com sonda exploradora deve ser capaz isso, diferentes situações de desajuste marginal, em
de permitir a sua passagem na interface metal-dente, diferentes locais podem ser encontrados numa mesma
no interior ou fora do sulco gengival, de maneira su- coroa metálica.
ave e contínua, sem a ocorrência de discrepâncias ou
soluções de continuidade, como a percepção de um
degrau metálico (excesso) ou dentário (falta), inde- 5. TIPOS DE DESAJUSTE MARGINAL E
pendente do sentido de movimento da sonda (do CORREÇÕES
dente para o metal ou vice-versa). O posicionamen-
to da sonda para avaliação do ajuste deve ser de Embora a adaptação marginal correta e satisfatória seja
aproximadamente 45° da sua ponta ativa em relação o objetivo principal de qualquer peça fundida, existem
ao longo eixo da superfície analisada ou do próprio situações que diferem do ideal, que exigem correção e, às
dente. E indispensável, porém, que as pontas ativas vezes, até a repetição do trabalho. Entre elas se destacam:
das sondas exploradoras sejam frequentemente afia-
das através de discos de lixa, para possibilitar redu- 5.1. DEGRAU NEGATIVO
ção do seu diâmetro e facilitar a percepção dos desa-
justes (Fig. 10.7). Define-se desta forma os desajustes marginais que
ocorrem quando a sonda exploradora, dirigida para o
interior do sulco gengival, encontra parte do término
cervical do dente preparado não coberta pelo metal da
I.E. pois o metal se encontra aquém da margem pre-
parada do dente. A passagem da sonda evidencia mu-
dança brusca de direção, correspondente ao desajuste
(Fig. 10.9).
Esse tipo de desajuste marginal geralmente ocorre
devido a um recorte incorreto dos troqueis, onde a
peça se encontra adaptada. Como parte do término
cervical foi inadvertidamente removido durante o re-
corte do troquei, o resultado é este tipo de falha.
Para compensar estas deficiências de adaptação da
I.E., pode-se adotar as seguintes condutas:
■ FIGURA 10.7
5 . 1 . 1 . DESGASTE DO DENTE
Esquema ilustrativo de ajuste cervical adequado. A sonda
exploradora deve passar na interface metal-dente de ma-
neira suave e continua, em qualquer sentido. Se o degrau negativo for pequeno, discreto e loca-
lizado em área de fácil acesso (por vestibular ou lin-
gual), pode se proceder à sua eliminação através de
Por ser altamente subjetivo e extremamente pes- desgaste no dente com brocas diamantadas para aca-
soal, o ajuste ideal ou, pelo menos satisfatório, depen- bamento, de granulação fina, ou multilaminadas; as
de sobremaneira do grau de conhecimento do CD. e brocas em forma de chama de vela são adequadas para
dos seus critérios de julgamento. Embora essa situação a realização desse procedimento. O acabamento da
seja ideal, ela raramente é encontrada em todas as área corrigida também pode ser realizado através de
circunstâncias e em todo o término cervical. instrumentos periodontais, com o objetivo de promo-
As figuras 10.8A a 10.8D mostram cortes vestíbu- ver o alisamento superficial adequado e facilitar a ação
lo-linguais de coroas fundidas em ligas de ouro, apro- dos meios convencionais de higienização oral.
PRÓTESE FIXA

FIG.I0.8A

FIG.I0.8C

■ FIGURAS I0.8A a I0.8D


Cortes de coroas fundidas em liga de ouro, cimentadas com fosfato de zinco, mostrando ajuste ideal.

(FIGURA 10.9
Esquema ilustrativo de degrau negativo. A sonda explora
dora detecta parte do término cervical não coberto pel;
I.E. metálica.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

5 . 1 . 2 . REPETIÇÃO DA MOLDACEM E TROOUEL da I.E. Vale lembrar que as remoções e reposições


sucessivas das coroas provisórias, procedimentos de
Se a realização do desgaste dentário for desaconselhá- limpeza do cimento provisório com instrumentos afi-
vel em razão da área ser inacessível, dificuldade de visua- ados, reembasamentos e polimentos sucessivos são
lização ou qualquer outro fator, deve se proceder à ob- fatores contribuintes para o desajuste marginal dessas
tenção de nova moldagem e novo troquei. Após recorte coroas, que possibilitam a acomodação do tecido gen-
adequado, este troquei será utilizado exclusivamente para gival sobre a margem dentária desajustada.
o selamento marginal, após escultura e escavação no Quando verificado o degrau positivo, aconselha-se
modelo principal; realizada a fundição, sofrerá novamen- os seguintes procedimentos:
te as etapas necessárias para a prova dos retentores.
5 . 2 . 1 . DESGASTE DA I.E.
1 5.2. D EGRAU POSITIVO
Nessa situação, como as margens cervicais da in-
É o desajuste marginal encontrado quando a sonda fra-estrutura estão corretamente adaptadas no seu res-
exploradora desliza pela margem metálica em excesso, pectivo troquei e apresentam degrau negativo no dente
em direção ao sulco gengival, sem encontrar o dente preparado, significa que o recorte no troquei ocorreu
preparado no mesmo nível, ocorrendo desvio abrupto além da margem cervical. Se for possível a correção no
da sua trajetória. Também pode ser consequência de próprio troquei, ele pode ser utilizado para a eliminação
recorte incorreto do troquei, com recorte além do tér- do excesso cervical da I.E. por desgaste do degrau
mino cervical e geralmente apresenta um sinal clínico positivo, com discos de carborundum, discos de pedras
bastante visível que é a presença de isquemia no local de óxido de alumínio ou pedras diamantadas.
afetado; outro sinal clínico de ocorrência comum é o Se o troquei não puder ser recortado, por dificul-
deslocamento da infra-estrutura, quando assentada, sob dade de visualização do limite do término cervical,
ação das fibras circulares da margem gengival, que exer- mantém-se a I.E. adaptada sobre ele e se desgasta com
cem pressão e são capazes de deslocar a peça; pode instrumento rotatório apropriado, tanto o gesso na
também provocar trauma gengival e pequenos sangra- região cervical quanto o metal. Realizam-se avaliações
mentos (Figs. 10.10A e 10.10B). constantes no dente preparado para se evitar remoção
É importante verificar também, na presença de is- excessiva; durante essas avaliações se torna perceptível
quemia se a causa foi o deslocamento da coroa provi- a redução gradativa da isquemia, a eliminação do des-
sória, favorecendo a hipertrofia do tecido gengival so- locamento da infra-estrutura, comprovando a corre-
bre as margens do preparo e não por excesso marginal ção do perfil de emergência.

FIG.IO.IOB

■ FIGURAS I0.I0A e lO.IOB


Esquema ilustrativo de degrau positivo. (A) sonda exploradora desliza pela margem metálica em excesso sem
encontrar o término cervical do preparo no mesmo nível; (B) se acentuado, o degrau positivo pode apresentar desvio do
percurso da ponta da sonda.
PRÓTESE FIXA

5 . 2 . 2 . REPETIÇÃO DA MOLDAGEM E TROOUEL apenas em parte do término cervical, mas uma


pode apresentar mais de um tipo de desajuste.
Somente quando o desgaste da infra-estrutura re- Somente após correção de desajustes, repetiçãc
sulta em fracasso é que se procede à obtenção de I.E. e aprovação plena dos retentores, é que se pas
nova moldagem e troquei. Esculpe-se novamente a próxima etapa do processo, que é a remoção em p
I.E. e, após escavação, faz-se o selamento marginal çao para soldagem (Fig. 10.12).
no novo troquei, agora recortado nos seus limites e
procede-se à inclusão e fundição.

5 . 5 . ESPAÇO CERVICAL

E o desajuste marginal encontrado quando a pon-


ta da sonda exploradora detecta um espaço existente
entre a margem da restauração e o término cervical.
Significa que há uma deficiência da peça fundida em
direção vertical e que ela é incapaz de atingir as bor-
das preparadas, permitindo que a sonda penetre entre
as margens metálica e dentária (Fig. 10.11).

■ FIGURA 10.12
Prova dos retentores de reabilitação oral através de p
tese metalocerâmica

4. REMOÇÃO EM POSIÇÃO PARA


c SOLDAGEM
■ FIGURA 10.11
Esquema ilustrativo de desajuste. A ponta da O processo de obtenção de uma estrutura meta
sonda desliza em direção ao espaço de prótese fixa metalocerâmica é minucioso, criteri»
existente entre a margem da res- e exige do profissional conhecimentos e dedica»
tauração e o término cervical. para levar a bom termo este tipo de trabalho.
O uso de materiais de primeira qualidade, com téc
Partindo-se do princípio de que a infra-estrutura cas precisas e sofisticadas, nem sempre levam a um tra
está adequadamente adaptada no troquei e desajustada lho bem sucedido se for realizado por técnico poi
no dente, a falha no processo de confecção da I.E. está afeito a este tipo de procedimento, que gosta de "qi
efetivamente no próprio troquei, seja devido a um mar etapas" e chegar mais rápido ao final do trabalh<
recorte incorreto ou, como é mais comum, através da Registros imprecisos das posições intermaxilares, te
moldagem imprecisa decorrente do afastamento po aquém do ideal para polimerizaçao ou cristalização <
inadequado do tecido gengival, dificuldades para diferentes materiais, ciclo de aquecimento de revestime]
manter-se o campo seco, devido a presença de saliva, insuficiente para a expansão desejada, troqueis fixos, e
transudato ou exudato gengival, ou mesmo sangue, são alguns dos fatores frequentemente utilizados para a
lerar o processo de obtenção das infra-estruturas. Comf
principalmente quando se utiliza a mercaptana como
mentando as tentativas de reduzir o tempo clínico ou
material de moldagem, que depende sobremaneira de
laboratório, objetivando a produção mais rápida da est
campo seco para apresentar reprodução fiel.
tura metálica, tem-se o que se convencionou chamar
A correção desse tipo de desajuste implica na repe-
fundição em monobloco ou peça única.
tição da moldagem e obtenção de novo troquei, para
Embora seja prática relativamente comum em p
possibilitar repetição dos passos de obtenção da infra-
tese fixa, a obtenção de peças fundidas em monob
estrutura. Com frequência esse desajuste é percebido co, com o objetivo de evitar a necessidade de sol<
gem, é um processo que incorpora inúmeros erro
contribui para um mau resultado final.
A fundição das I.E. em monobloco ou peça ún
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A G E M

deve ser evitada pelas seguintes razões: pila interproximal, com abertura da ameia cervical
1) qualquer material de moldagem apresenta con- para passagem dos meios de higienização convencio-
tração de polimerização que varia de 0,11 a 0,45%; nais, assim como manter-se espaço suficiente para
2) os gessos especiais sofrem expansão de presa abertura das ameias incisais ou oclusais. Desta forma
média de 0,9%; a área de solda fica restrita aproximadamente ao Ví
3) a manipulação desses materiais, proporção, médio da face proximal, pois o xl cervical está com-
tempo de armazenamento, etc, são fatores não total prometido com o posicionamento da ameia inter-
mente sob controle do CD ou do protético; às vezes proximal e o 1/3 incisai ou oclusal com a abertura
o tempo decorrido entre a obtenção do molde, o vaza dessas ameias (Figs. 10.13A a 10.13C).
mento do gesso especial e sua presa inicial estão muito O aumento da área de solda em direção cervical
além do ideal ou desejável; compromete biologicamente os tecidos periodontais,
4) técnicas de moldagem que incluem moldeiras inibindo a passagem de fio dental na área interproxi-
parciais e casquetes e dois materiais distintos (poliéter mal e possibilitando a hipertrofia dos tecidos gengi-
ou mercaptana e alginato) podem apresentar deficiên vais, justamente nos locais onde se iniciam os pro-
cia de assentamento; assim, o molde dos dentes pre cessos inflamatórios. Cria-se assim, iatrogenicamen-
parados não se encontra exatamente na mesma posi te, uma área permanentemente inflamada, com hi-
ção que ocupam na boca; pertrofia dos tecidos gengivais por vestibular e lin-
5) troqueis individualizados sempre apresentam al gual, com uma depressão denominada "col" entre
gum grau de imprecisão; não individualizá-los é erro eles (Figs. 10.14 A e 10.14B).
ainda mais grosseiro, pois dificulta o acesso proximal Poucos pacientes tem a noção exata de que o
para escultura ou acabamento do padrão de cera; tecido gengival sangra por que não é corretamente
6) peças pequenas fundidas em monobloco que higienizado por fio dental; a crença mais comum é
aparentam adaptação precisa geralmente o fazem às que o sangramento se deve a trauma gengival pro-
custas de movimento dentário, desenvolvendo áreas vocado pelo fio. Assim, diante da menor dificulda-
de pressão e tração no ligamento periodontal, princí de ou mesmo de discreto sangramento, o paciente
pios do movimento ortodôntico; queixa-se de que seus dentes são muito juntos e
7) a fundição em monobloco só é aplicável em pe abdica do uso do fio dental. A esplintagem da bate-
quenos espaços ou pequenas próteses; a união de próte ria ântero-inferior por razões periodontais ou ne-
ses amplas deve ser realizada através da soldagem; cessidade protética é uma das regiões em que se
Independente do espaço protético a ser restabeleci- observa com maior frequência este aspecto, já que
do com próteses fixas e mesmo do número de retento- as raízes de incisivos são próximas uma das outras
res e pônticos, aconselha-se a remoção em posição e, por serem dentes pequenos, avança-se na área de
para soldagem com o objetivo de se evitar ou, pelo solda em direção cervical, comprometendo a saúde
menos, minimizar os aspectos acima comentados. gengival pela dificuldade de higienização.
A remoção em posição para soldagem tem por ob- Quando se tem dentes longos, como nos casos de
jetivo unir duas porções de I.E. metálicas através da pacientes tratados periodontalmente, a união de re-
área proximal em sentido vertical ou em degrau, assim tentores de prótese fixa por soldagem não apresenta
como dos pônticos. dificuldades adicionais. É possível se realizar conexões
soldadas suficientemente resistentes para tornar a peça
absolutamente rígida sob esforços mastigatórios con-
4 . 1 . SOLDA NA ÁREA PRÓXIMAS SENTIDO vencionais e, ainda assim, existir espaço suficiente
VERTICAL para abertura das ameia incisais, oclusais e cervicais.
Uma dificuldade adicional se encontra quando, ao
Normalmente indicada quando se pretende a contrário, se tem a necessidade de unir dentes curtos
união de dois ou mais retentores vizinhos por razões através da soldagem. O resultado final deve ser uma
mecânicas, de suporte, de retenção ou de contenção peça absolutamente rígida sob ós esforços oclusais pro-
periodontal (esplintagem). duzidos pela mastigação e, dependendo do tamanho
Não é o local ideal para se realizar a soldagem, do espaço protético e da sua localização, mais crítica se
pois a área a ser unida pode ser insuficiente para torna essa situação. Espaços protéticos amplos, que
promover união satisfatória e duradoura, resistente precisam ser repostos por três pônticos, de dentes pos-
aos esforços mastigatórios e sobrecargas oclusais. É teriores, constituem problema de difícil solução.
indispensável se manter espaço adequado para a pa- Um dos meios para contornar essa situação consis-
PRÓTESE FIXA

FIG.I0.I3A

FIG.I0.I3C

FIGURAS I 0.I3A a I0.I3C


(A) Fratura de área de solda proximal, no sentido ver
entre os retentores 22 e 23, de prótese metalocerâi
(B) Área de solda fraturada, por insuficiência de super
(C) Área de solda proximal, no sentido vertical, e
retentores 43-44 de prótese metalocerâmica; a união
ximal entre o retentor 44 e o pôntico 45 será atravé
solda em degrau.

FIG.I0.I4A

FIGURAS I0.I4A e I0.I4B


(A) Área de solda proximal com excesso em direção cervical, dificultando a higienização; (B) Área proximal inflamada,
hipertrofia vestibular e lingual dos tecidos gengivais e depressão (col) entre eles.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O I D A C E E R E M O N T A CE

te na extensão da área da solda em direção oclusal, cisalhamento durante os esforços mastigatórios e este
fazendo-se as cristas marginais em metal, e não em tipo de tensão, assim como o de tração, não são ade-
porcelana como é frequente. Mantém-se a abertura quadamente suportadas pelas áreas soldadas. A solda
para as ameias cervicais e ganha-se em altura de solda, nesses locais constituem áreas de união mais frágeis e
dobrando-se a área e multiplicando a resistência. mais passíveis de ruptura que as demais.
Quando se necessita aumentar a resistência da área
de solda, deve-se levar em consideração que a duplica- 4.2 S OLDA NA ÁREA PROXIMAL - EM DEGRAU
ção da área a ser soldada, em sentido vestíbulo-lin-
gual, também duplica sua resistência. E um recurso utilizado para união nas áreas proxi-
A duplicação da área a ser soldada em sentido mais que busca eliminar o efeito danoso à solda trans-
vertical aumenta em oito vezes a resistência (Fig. mitido pelas cargas de cisalhamento. Consiste na pre-
10.15). paração da área de solda em degrau, também desloca-
Assim, quando necessário o aumento da área a ser da o mais para mesial possível para acesso, visualiza-
soldada, tendo em vista obtenção de maior resistência ção e manutenção da maior distância possível das re-
à flexão, maior rigidez ou maior retenção em dentes giões de maior esforço mastigatório. Ao se adotar esse
curtos, deve se privilegiar o aumento vertical em vez método de preparação, elimina-se a ação de cisalha-
do horizontal, tendo em vista sua maior efetividade, mento pelo predomínio das cargas compressivas. Desta
mesmo às custas do comprometimento estético das forma, além de reduzir as possibilidades de fratura por
cristas marginais. falha mecânica, ocorre incremento da área soldada,
A solda na área proximal recebe cargas do tipo gerando maior resistência e rigidez (Fig. 10.16).

■ FIGURA 10.16
FIGURA 10.15
Solda proximal em degrau entre 23 e 24 e vertical entre
Área de solda com aumento vertical entre 33-34-35, 22 e 23.
mantendo-se crista marginal em metal; isso garante maior
resistência às forças que incidirão sobre prótese com am-
plo espaço protético.
PRÓTESE FIXA

4.5. SOLDA NOS PÔNTICOS cipalmente quando se tratar de próteses fixas met;
râmicas para dentes posteriores. A opção para sol
A união de dois ou mais retentores vizinhos atra- área proximal só é interessante e indispensável qt
vés da soldagem dos pônticos é o meio ideal para as I.E. apresentarem superfície oclusal metálica.
obtenção de uma estrutura rígida e resistente. Tem a casos de solda nos pônticos é aconselhável:
grande vantagem de oferecer uma ampla área para a) seccionar o pôntico mais próximo do pil;
solda, através do corte vertical ou, idealmente, oblí- retentor mesial da prótese, se houver mais do qu
quo dos pônticos, durante a fase de escavação da I.E pôntico. É reconhecido que a conexão mais fo
para fundição. mais resistente à fratura é a conexão fundida. Ao
Após escultura, os pônticos são seccionados obli- car para mesial a área a ser soldada, mais frágil e
quamente através de instrumento aquecido (lâmina sível de ruptura, está se aumentando a distânci;
de barbear), criando-se área de soldagem extensa, res- relação a área oclusal em que ocorrem as maiores
ponsável principal pela efetividade da união. gas mastigatórias, ou seja, área dos molares e segi
Não existem diferenças mecânicas acentuadas caso a pré-molar. Além disso, por ser mais anterior, o a<
solda seja realizada em pôntico com secção no sentido e visualização se tornam maiores, facilitando os pi
vertical ou no sentido oblíquo. Embora o corte no sen- dimentos de preparo da área e remoção para sole
tido vertical ainda signifique cargas de cisalhamento b) fazer a secção no sentido ântero-posterio
sob esforços mastigatórios, como ocorre com as soldas pôntico. Desta forma, toda a área soldada rece
nas áreas proximais, a quantidade de área a ser soldada exclusivamente cargas compressivas quando subn
e a predominância da altura sobre a largura faz com da à mastigação e deglutição, eliminando dessa fo
I
que a resistência seja extremamente acentuada, assim os esforços tensionais de cisalhamento e, princi
como a rigidez. Exceto nos casos de falhas grosseiras de mente, tração, caso o sentido do corte do pôn
i
solda por contaminação, excesso de óxidos, de funden- fosse outro. (Figs. 10.17A e 10.17B)
tes ou quantidade insuficiente de pasta para solda, não Para a soldagem de próteses fixas para dentes an
se tem ocorrência de falhas mecânicas por ruptura da ores, o posicionamento da secção dos pônticos e r
solda nos pônticos, sob cargas odusais funcionais. Por mo o corte oblíquo ou vertical são importantes, ap
outro lado, quando ocorre falha de solda por ruptura de ser essa uma região geralmente não utilizada ]
sob esforço funcional, é quase certo que a área soldada mastigação, pelos princípios da oclusão mutuam*
era interproximal e não nos pônticos. protegida. Não apresentam contato com os antago
A adoção do sentido oblíquo para corte e soldagem tas nas posições habituais de máxima intercuspidaçã
dos pônticos é uma regra de soldagem extremamente portanto, o esforço funcional que recebe é muito i
salutar e interessante do ponto de vista mecânico, prin- nor quando comparado com os posteriores.

HG.I0.I7A

■ FIGURAS IO.I7Ael7B
(A) Área de solda em pôntico anterior; com corte oblíquo; (B) Área de solda em pôntico posterior, com corte oblíqi
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N 1 A C E M

4.4. C ONEXÃO POR ENCAIXE DE do arco, em razão da mobilidade dental;


SEMI-PRECISÃO 2) transmissão dos esforços mastigatórios entre os
dentes pilares, de maneira similar às conexões rígidas;
Menos comum que as conexões fundidas e solda- 3) redução das áreas de solda e, consequentemente,
das, a conexão por encaixe de semi-precisão é um da possibilidade de distorções, em próteses extensas;
recurso utilizado em prótese quando se tem a necessi- 4) facilidade para a realização dos procedimentos
dade de realizar a esplintagem dos dentes pilares, técnicos como aplicação de porcelana, por se tratar de
principalmente nos casos envolvidos periodontalmen- peças segmentadas, reduzindo as alterações decorren
te; pode estar indicada ainda nos casos em que ocor- tes da contração de cocção da porcelana;
rem discrepância de longo eixo ou de paralelismo en- 5) facilidade de cimentação, pela possibilidade da
tre dentes anteriores e posteriores, sendo o encaixe de divisão desse procedimento em duas ou três etapas,
semi-precisão o elemento de compatibilização desses em vez de realizá-la de uma só vez, em monobloco;
dois diferentes planos de inserção; é aplicável nos ca- 6) vantagens em caso de necessidade de repetição,
sos de aproveitamento de dentes pilares excessivamente devido a falhas comuns (cárie, descimentação), pois
inclinados, mesmo de próteses pequenas. apenas o segmento afetado será refeito.
Sua aplicação possibilita a união de próteses extensas O encaixe de semi-precisão a ser utilizado pode ser
nos três diferentes sentidos de mobilidade dentária, em- obtido a partir de padrão plástico ou de escavação no
bora permaneçam peças distintas. Sabe-se que os dentes próprio padrão de cera. Deve apresentar as seguintes
se movimentam no plano horizontal em três diferentes características:
sentidos: os dentes posteriores em sentido sagital, os ca- 1) paredes paralelas ou, idealmente paredes com
ninos em sentido lateral e os incisivos em sentido frontal. algum grau de expulsividade, para facilitar a adapta
A união desses dentes que se movimentam em di- ção e contribuir para a estabilidade;
ferentes sentidos confere estabilidade e contenção má- 2) parede gengival plana e perpendicular ao longo
xima à prótese, razão pela qual é utilizada quando os eixo dentário, pois é através dela que as forças masti-
dentes suportes apresentam perda óssea por razões pe- gatórias serão transmitidas aos demais segmentos;
riodontais e, em função disso, algum grau de mobili- 3) altura mínima de 4 mm para conferir estabili
dade. Assim, se houver mobilidade dos dentes posteri- dade, já que a retenção neste caso é dispensável;
ores, não adianta esplintá-los em bloco. Todo o bloco 4) manter paralelismo com o plano de inserção do
sofrerá movimentação. Deve-se esplintar os molares segmento da prótese em que estiver contida a porção
no mínimo a dentes de outro plano, como os caninos macho;
e, idealmente, até a mais de dois planos. 5) colocação da porção fêmea no segmento anteri
A utilização dos encaixes de semi-precisão para di- or da prótese (distai dos caninos, por exemplo), com o
visão de próteses, em substituição às conexões rígidas, objetivo de contribuir para a neutralização dos esfor
apresenta as seguintes vantagens: ços incidentes nos dentes posteriores; o inverso não
1) efeito de esplintagem dos diferentes segmentos resultaria no mesmo efeito. (Figs. 10.18A a 10.18C)

■ FIGURA I0.I8A ■ FIGURA I0.I8B


Vista oclusal de I.E. de reabilitação oral com 6 retentores, Vista aproximada do encaixe de semi-precisão dividindo
dividida em dois segmentos por encaixe de semi-precisão prótese extensa em 2 segmentos;
localizado entre o 21 e 22;
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA I0.I8C
Encaixe de semi-precisão após aplicação da porcelana.

. PREPARO DA ÁREA A SER SOLDADA do pelo acréscimo de "cunhas" de liga, geralmeri


porções de condutos de alimentação, nos locais co
Em qualquer uma das situações de área a ser solda- maior espaço. Desta forma reduz-se a quantidade i
da, é indispensável que ela apresente características co- solda e a possiblidade de distorções. E importante ai
muns que são importantes e indispensáveis para uma sar-se o técnico de laboratório dessa ocorrência, pa
união bem sucedida. Entre essas características tem-se: que a soldagem seja realizada sem prejuízo de posici
namento dos retentores no bloco de revestimento.
5 . 1 . O BTENÇÃO DE ESPAÇO PARA SOLDA
5 . 2 . U NIFORMIDADE DO ESPAÇO PARA SOLD >

a) Espaço reduzido - frequentemente as áreas a se


rem soldadas estabelecem contato entre si e, se excessi É importante que o espaço mínimo seja similar e
vo, pode até impedir o assentamento completo de um toda extensão da área a ser soldada, resultando e
dos retentores. A obtenção de espaço mínimo de 0,2- uniformidade de espessura da solda. Espaços irregul
0,3 até 0,5 mm para a soldagem da maioria das ligas, res com discrepância acentuada de espessura pode
com exceção das áureas que exigem espaço menor (até resultar em tracionamento dos retentores, que s;
0,2mm), pode ser realizada com discos de carborun- deslocados da sua posição original no bloco de revesi
dum, discos ou pedras de óxido de alumínio e até bro mento, devido à contração de fundição da solda.
cas diamantadas. A interposição de um filme radiográ-
fico ou papel cartão na área a ser soldada geralmente é | 5 . 5 . A CABAMENTO E POLIMENTO DA

indicativa de espaço suficiente (Fig. 10.19). SUPERFÍCIE A SER SOLDADA

b) Espaço excessivo - devido à separação com ins


trumento cortante aquecido e por posicionamento A união entre duas superfícies de uma estrutu
incorreto da I.E. no troquei, às vezes encontra-se es metálica será mais efetiva se a área a ser soldada
paço excessivo para solda. Esse espaço deve ser reduzi- apresentar limpa, sem irregularidades e adequadamei

«FIGURA 10.19
Espaço para solda proximal, em sentido vertical, com ir
terposição de papel cartão.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

te polida. Após obtenção do espaço suficiente para Mantendo a cera plástica, assenta-se o segundo re-
solda, utiliza-se discos de lixa para dar acabamento e tentor, eliminando-se os excessos grosseiros e certifi-
polimento das superfícies (Fig. 10.20). cando-se de que a cera preenche exclusivamente o es-
Este procedimento não só facilita a introdução da paço preparado para a solda. A cera também pode ser
pasta para solda no espaço criado para essa finalidade, aplicada diretamente na área a ser soldada, com os
como também aumenta a superfície de contato entre o dois retentores firmemente assentados nos dentes pre-
metal da liga e a pasta de solda. Por outro lado, superfí- parados, através de pingador de cera. Tomar cuidado
cies com irregularidades, rugosidades, depressões ou con- apenas com a cera liquefeita e a possibilidade de con-
cavidades, com óxidos metálicos na superfície, reduzem a tato do instrumento aquecido com os lábios do paci-
capacidade de união da solda que pode sofrer ruptura ente (Figs. 10.21Ae 10.21B).
posteriormente devido a essa falha e não por excesso de A função primordial da cera é evitar a entrada da
carga oclusal, como frequentemente se acredita. resina acrílica Duralay no espaço da solda; enquanto a
cera pode ser facilmente removida com água quente
5.4. VEDAMENTO DO ESPAÇO PARA SOLDA após inclusão da peça em bloco de revestimento, du-
COM CERA rante preparação em laboratório para soldagem, a eli-
minação da resina do espaço da solda só ocorre no
Mantém-se um dos retentores adaptado no seu forno e este passo pode provocar formação excessiva
respectivo dente e coloca-se cera na superfície prepa- de óxido de cromo que pode inibir a boa união das
rada do outro retentor. Isso pode ser feito com pinga- partes soldadas; o uso do jato de óxido de alumínio
dor de cera (instrumento PKT n2 1 ou 2) ou espátula funciona muito mais com o objetivo de eliminar do
7 e recomenda-se cera utilidade para essa finalidade. espaço de solda restos de revestimento, tendo capaci-

■ FIGURA 10.20
Áreas a serem soldadas após acabamento e polimento.
FIG. 10.21 B
FIGURAS I O . 2 I A e 10.21B
(A) Interposição de cera plástica ou liquefeita na área a ser
soldada entre 2 retentores; (B) área a ser soldada em pôntico,
preenchida com cera.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

z; desta forma reduz-se os riscos de erros de solda- 7. INCLUSÃO E SOLDAGEM


ra, peJa realização de soldas intermediárias até com-
;tar-se o processo de soldagem. Somente em casos Com pequenas variações de técnica e material, o
:epcionais de premência de tempo é que se sugere a procedimento a ser seguido pelo técnico de laborató-
noção de dois pontos de solda numa mesma sessão rio é aproximadamente o seguinte:
nica. a) inclusão da I.E. em revestimento, formando
Após polimerização da resina, deslocar suavemen-a bloco com aproximadamente 1,5 a 2,0 cm de altura.
peça dos dentes pilares com os dedos ou com Previamente à inclusão, coloca-se sob as áreas a serem
ixílio de instrumentos exercendo pressão no senti- soldadas, um bastão de cera utilidade que tem como
) gengivo-oclusal. Se houver necessidade do uso de funções principais permitir a visualização da área, a
ca-pontes para o deslocamento da peça, é muito limpeza da área com jatos de óxido de alumínio, o
ovável que esteja ocorrendo discrepância de parale- acesso da chama e o aquecimento uniforme. Para a
;mo ou excesso de retenção friccionai. Os dois fato- inclusão utiliza-se revestimento próprio para solda ou
s são capazes de dificultar o assentamento comple- revestimento para fundição, sem a adição do líquido
i da peça, principalmente durante a cimentação. E especial, para reduzir a expansão, desnecessária nesta
Lteressante, nesses casos, promover algum alívio in- etapa (Figs. 10.23A a 10.23C);
rno adicional. b) decorridos 60 minutos da inclusão, leva-se o
Manter a peça em umidificador ou recipiente com bloco de revestimento a um forno de fundição para
;ua e enviá-la ao técnico de laboratório para inclusão eliminação da resina e desidratação do bloco. A cera
soldagem, pois são procedimentos que devem ser utilidade é retirada anteriormente a esse passo, usan
alizados tão rapidamente quanto possível. do-se espátula ou água quente;

FiG. I0.23B

■ FIGURAS I0.23A a I0.23C


(A) Blocos de revestimento após inclusão das I.E. para
soldagem; (B) inclusão da I.E. unida com Duralay em bloco
de revestimento, de forma a proporcionar aquecimento
uniforme durante soldagem; (C) inclusão da I.E. com re-
vestimento em excessos, dificulta o aquecimento da peça
e a soldagem.
PRÓTESE FIXA

c) eleva-se o forno da temperatura ambiente até ± visível a mudança de cor pelo aumento da temperati
150°C, no tempo aproximado de 40-50 minutos, até ra e o escoamento da solda. Os olhos do operadí
eliminação completa da resina; precisam de proteçao de óculos escuros para a execi
d) Remove-se o bloco do forno e permite-se o ção desses procedimentos (Figs. 10.24A e 10.24B);
resfriamento completo na bancada; procede-se à lim f) caso utilize solda em bastão, entulha-se o fundei
peza das áreas a serem soldadas com jatos de óxido de te na área de união e se inicia o aquecimento da mesn
alumínio; forma. Quando atingir o ponto de avermelhament
e) caso utilize solda em pasta, entulha-se a mesma posicionar o bastão de solda, mantido com pinça, í
na área de união através de instrumentos, buscando-se área a ser soldada, quando então esta se funde e eso
o seu preenchimento completo, com excesso de ± para a união, sob o efeito do calor e do fluxo;
20% sobre a área, para compensar a evaporação de g) aguarda-se o resfriamento completo do bloco <
água e fundente. A seguir, com chama fina de maçari revestimento com a peça soldada e procede-se à desi
co oxigênio-gás (bico de l,0mm), inicia-se o aqueci clusão e limpeza com instrumentos e jatos de óxit
mento das extremidades para o centro, até que seja de alumínio (Figs. 10.25A e 10.25B).

FIG. I0.24A

FIGURAS IO.24Ae I0.24B


(A) Bloco de revestimento após eliminação da resina, limpeza com jatos de óxido de alumínio e desidratação; esp;
vertical para solda entre molares e no pôntico do pré-molar; (B) áreas a serem soldadas após preenchimento com so
em pasta.

FIG. I0.25A

FIGURAS IO.25Ae I0.25B


(A) I.E. em bloco de revestimento após soldagem, aguardando resfriamento para desinclusao e limpeza; (B) I.E. sold
após acabamento e limpeza com jatos de óxido de alumínio.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A C E E R E M O N T A C E M

8. P ROVA DA P EÇA S OLDADA por secção da peça, idealmente no próprio local


soldado e nova remoção em posição. Esta secção
Após remoção das próteses provisórias, procede-se deve ser realizada com discos de carborundum fi-
à limpeza completa dos dentes pilares, eliminando-se nos, para evitar espessura excessiva da área de sol-
resíduos do cimento temporário e procede-se à prova da; esses discos também podem ser afinados para
da peça soldada. fazer essa função, se forem girados contra uma
Este procedimento deve ser realizado sem dificulda- broca diamantada, de ambos os lados, o que per-
des, caso as etapas precedentes tenham sido executadas mite redução acentuada da sua espessura. Se, mes-
com cuidado. Assenta-se a peça com pressão digital mo assim, o espaço ainda for excessivo, proceder à
firme e realiza-se nova avaliação da adaptação através de remoção em posição da maneira convencional e
sonda exploradora. Caso a peça tenha que ser unida a realiza-se a soldagem com interposição de cunha
outro segmento, devido à sua grande extensão, proce- metálica, feita com condutos de alimentação da
de-se ao preparo das áreas a serem soldadas e remoção própria liga. A avaliação da adaptação deve ser
em posição para um novo ponto de solda, até que se feita com sondas exploradoras, de maneira similar
tenha todo o conjunto soldado. Pode se observar que a à prova dos retentores (Figs. 10.26A e 10.26B).
peça, após soldagem, normalmente não se encaixa mais
nos troqueis do modelo de trabalho. 8 . 1 . 1 . REPARO POR FUNDIÇÃO
Durante a prova da peça soldada deve-se estar
atento para os seguintes itens: Em algumas situações durante a prova das I.E. sol-
dadas, observa-se desajustes cervicais que passaram
8.1. ADAPTAÇÃO CERVICAL despercebidos durante a prova dos retentores ou, mais
comumente, falhas no processo de soldagem que re-
Deslocamentos da peça no bloco de revesti- sultam em perda da adaptação cervical.
mento durante a soldagem são relativamente co- Entre as causas mais comuns dessas falhas tem-se:
muns e, às vezes, imperceptíveis para o protético, a) fratura marginal do metal por queda acidental;
que mesmo assim executa o passo, o que vai resul- b) espessura exageradamente fina da cinta metálica
tar em desajuste durante o assentamento ou bás- vestibular por usinagem excessiva, resultando em fratura;
cula, perceptíveis na etapa de prova; outro fator c) fratura durante a desinclusão da I.E. soldada do
de desajuste consiste na presença de espaço exces- bloco de revestimento;
sivo para a solda, cuja contração durante a solidi- d) derretimento da margem metálica por falha na
ficação pode ser suficiente para criar um assenta- inclusão e soldagem;
mento incompleto da estrutura metálica. Qual- e) manobra brusca ou intempestiva com instru
quer ura desses inconvenientes pode ser corrigido mentos rotatórios.

FIGURAS IO.26AelO.26B
(A) Prova de I.E. após soldagem, deve-se encontrar o mesmo grau de adaptação ou ajuste que se tinha antes da soldagem,
sem isquemia ou pressões indevidas do tecido gengival; (B) vista oclusal de I.E. de reabilitação oral, sendo provada após
soldagem; nesses casos a oclusão das superfícies metálicas deve ser ajustada antes da última solda, quando ainda se pode
utilizar a prótese provisória como parâmetro da dimensão vertical.
PRÓTESE FIXA

Nessas situações tem se uma I.E. soldada com em comprometimento estético por reduzir a espes
adaptação cervical satisfatória na maioria dos ele- do material estético no local, está indicado um pr
mentos e um degrau negativo em um dos retentores dimento de reparo na I.E., através de técnica de :
(Fig. 10.27). dição secundária.
Em outras ocasiões percebe-se o degrau negativo Esta técnica consiste na preparação do meta
acentuado durante a prova dos retentores, porém infra-estrutura no local da falha, afinando-se suas
tem-se quantidade grande de pônticos fazendo parte das e criando retenções mecânicas com discos de
da mesma peça fundida e a repetição do elemento borundum e completando-se o término cervical i
com desajuste marginal juntamente com os pônticos cera para fundição ou resina Duralay. Esse passo r.
poderia resultar em perda significativa de tempo. ser executado diretamente na boca ou através de r
Se este degrau negativo for acentuado, grosseiro e troquei obtido através de nova moldagem. (I
discrepante, cujo desgaste dentário poderia resultar 10.28Aa 10.28C)

>•:■ ■ FIGURA 10.27


Visualização de degrau positivo vestibular durante p
da I.E. soldada; esta falha ocorreu por fratura da <
FIG. 10.27
metálica vestibular

FIG. I0.28A

FIG. I0.28C

■ FIGURAS IO.28Aa I0.28C


(A) Visualização do degrau negativo no troquei, após
petição da moldagem, que será utilizado para refund
das margens deficientes; (B) preparo das margens <
disco de caborundum para refundição; (C) reconstitu
das margens com resina Duralay; esse procedimento p
ser executado diretamente na boca do paciente.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A C EM E R E M O N T A C E M

^ I.E. é novamente incluída, colocando-se condu- realizado nesta etapa, precedendo a remontagem. Se a
e alimentação diretamente na margem cervical a peça soldada for ampla e dependente exclusivamente
reparada e fundida com a mesma liga metálica, das coroas provisórias para manutenção da dimensão
se une mecânica e quimicamente à liga da I.E., vertical de oclusão, se faz necessária a manutenção da
?,endo a adaptação desejada. (Fig. 10.29) prótese provisória em um dos hemi-arcos, enquanto se
executa a prova da peça soldada do lado oposto e o
ajuste das superfícies oclusais metálicas. Quando tanto
as coroas provisórias ocluídas de um lado quanto as
superfícies oclusais metálicas da peça soldada do lado
oposto, são capazes de prender uma tira de celofane,
tem-se certeza de estar se mantendo a dimensão vertical
previamente estabelecida com as próteses provisórias.

8.4. ESPAÇO PARA PORCELANA

Além da avaliação da adaptação cervical e do ajuste


oclusal, se necessário, é indispensável a verificação do
espaço existente para aplicação da porcelana. Por mais
cuidadoso que tenha sido o registro oclusal para monta-
IGURA 10.29 gem dos modelos de trabalho, nem sempre o espaço
ificação da adaptação da margem refundida através de disponível nos modelos corresponde exatamente ao exis-
da exploradora. tente entre os dentes preparados e antagonistas. Embora
o espaço ideal possa ser obtido pelo protético, através do
desgaste da I.E. e controle da espessura com espessíme-
8.2. PRESSÃO NO LIGAMENTO PERIODONTAL tro, é recomendável que não existam interferências que
impeçam o fechamento mandibular na DVO do pacien-
Nas situações críticas de paralelismo entre os dentes te. Para esse desgaste se utiliza brocas de alta rotação,
ires ou de dentes longos, o paciente pode queixar-se discos de carborundum e pontas de óxido de alumínio.
sentir pressões indevidas no ligamento periodontal O espaço para porcelana também deve ser avaliado
;ses dentes, como se estivessem sendo tracionados; se nas bordas incisais, pois a translucidez dessa área, se
:essiva, essa pressão pode até gerar dor e desconforto desejada, só ocorrerá se houver espaço suficiente de ±
mpedir o assentamento correto das margens cervi- l,5-2,0mm. Deve haver ainda, espaço para abertura
s. O ajuste é realizado através do uso de substâncias das ameias incisais compatível com a idade do paciente
denciadoras aplicadas às superfícies internas dos re- e espaço interproximal suficiente para possibilitar a
itores identificados como causadores da pressão ou individualização dos dentes, após aplicação da porce-
s quais não se obteve o ajuste desejado. Pequenos lana, com discos diamantados finos de 0,25 mm.
yios com brocas, nos locais de atrição que impedem
issentamento, geralmente são suficientes para possi-
itar a adaptação; esses desgastes devem ser realizados 9. REGISTRO E REMOINTACEM
sferencialmente nas superfícies metálicas internas,
is se ocorrer riscos de perfuração, podem ser realiza- Muito raramente uma peça soldada e considerada
is cuidadosamente na própria superfície dentária. satisfatória será capaz de retornar ao modelo de tra-
balho e se encaixar perfeitamente nos seus respecti-
8.5. AJUSTE OCLUSAL vos troqueis. Essa é, na realidade, a razão principal
pela qual a soldagem deve ser realizada. Se forçada,
Quando a peça soldada apresentar coroas com su- com frequência a peça soldada provoca fratura dos
rfícies oclusais metálicas, o ajuste oclusal deverá ser troqueis. Além disso, o modelo de trabalho não dis-
PR ÓTES E F I X A

Nessas situações tem se uma I.E. soldada com em comprometimento estético por reduzir a espes
adaptação cervical satisfatória na maioria dos ele- do material estético no local, está indicado um pr
mentos e um degrau negativo em um dos retentores dimento de reparo na I.E., através de técnica de
(Fig. 10.27). dição secundária.
Em outras ocasiões percebe-se o degrau negativo Esta técnica consiste na preparação do meta
acentuado durante a prova dos retentores, porém infra-estrutura no local da falha, afinando-se suas
tem-se quantidade grande de pônticos fazendo parte das e criando retenções mecânicas com discos de
da mesma peça fundida e a repetição do elemento borundum e completando-se o término cervical
com desajuste marginal juntamente com os pônticos cera para fundição ou resina Duralay. Esse passo p
poderia resultar em perda significativa de tempo. ser executado diretamente na boca ou através de n
Se este degrau negativo for acentuado, grosseiro e troquei obtido através de nova moldagem. (F
discrepante, cujo desgaste dentário poderia resultar 10.28Aa 10.28C)

FIG. 10.27

FIGURA 10.27
Visualização de degrau positivo vestibular durante p
da I.E. soldada; esta falha ocorreu por fratura da c
metálica vestibular

FIG. I0.28A

FIG. I0.28C

FIGURAS I0.28A a I0.28C


(A) Visualização do degrau negativo no troquei, após
petição da moldagem, que será utilizado para refundi
das margens deficientes; (B) preparo das margens c
disco de caborundum para refundição; (C) reconstitui
das margens com resma Duralay; esse procedimento p<
ser executado diretamente na boca do paciente.
P R O V A DOS R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O E P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

A I.E. é novamente incluída, colocando-se conduto realizado nesta etapa, precedendo a remontagem. Se a
de alimentação diretamente na margem cervical a ser peça soldada for ampla e dependente exclusivamente
reparada e fundida com a mesma liga metálica, que das coroas provisórias para manutenção da dimensão
se une mecânica e quimicamente à liga da I.E., vertical de oclusão, se faz necessária a manutenção da
refazendo a adaptação desejada. (Fig. 10.29) prótese provisória em um dos hemi-arcos, enquanto se
executa a prova da peça soldada do lado oposto e o
ajuste das superfícies oclusais metálicas. Quando tanto
as coroas provisórias ocluídas de um lado quanto as
superfícies oclusais metálicas da peça soldada do lado
oposto, são capazes de prender uma tira de celofane,
tem-se certeza de estar se mantendo a dimensão vertical
previamente estabelecida com as próteses provisórias.

8.4. ESPAÇO PARA PORCELANA

Além da avaliação da adaptação cervical e do ajuste


oclusal, se necessário, é indispensável a verificação do
espaço existente para aplicação da porcelana. Por mais
cuidadoso que tenha sido o registro oclusal para monta-
■ FIGURA 10.29 gem dos modelos de trabalho, nem sempre o espaço
Verificação da adaptação da margem refundida através de disponível nos modelos corresponde exatamente ao exis-
sonda exploradora. tente entre os dentes preparados e antagonistas. Embora
o espaço ideal possa ser obtido pelo protético, através do
desgaste da I.E. e controle da espessura com espessíme-
8.2. PRESSÃO NO LIGAMENTO PERIODONTAL tro, é recomendável que não existam interferências que
impeçam o fechamento mandibular na DVO do pacien-
Nas situações críticas de paralelismo entre os dentes te. Para esse desgaste se utiliza brocas de alta rotação,
pilares ou de dentes longos, o paciente pode queixar-se discos de carborundum e pontas de óxido de alumínio.
de sentir pressões indevidas no ligamento periodontal O espaço para porcelana também deve ser avaliado
desses dentes, como se estivessem sendo tracionados; se nas bordas incisais, pois a translucidez dessa área, se
excessiva, essa pressão pode até gerar dor e desconforto desejada, só ocorrerá se houver espaço suficiente de ±
e impedir o assentamento correto das margens cervi- l,5-2,0mm. Deve haver ainda, espaço para abertura
cais. O ajuste é realizado através do uso de substâncias das ameias incisais compatível com a idade do paciente
evidenciadoras aplicadas às superfícies internas dos re- e espaço interproximal suficiente para possibilitar a
tentores identificados como causadores da pressão ou individualização dos dentes, após aplicação da porce-
nos quais não se obteve o ajuste desejado. Pequenos lana, com discos diamantados finos de 0,25 mm.
alívios com brocas, nos locais de atrição que impedem
o assentamento, geralmente são suficientes para possi-
bilitar a adaptação; esses desgastes devem ser realizados 9. REGISTRO E REMONTAGEM
preferencialmente nas superfícies metálicas internas,
mas se ocorrer riscos de perfuração, podem ser realiza- Muito raramente uma peça soldada e considerada
dos cuidadosamente na própria superfície dentária. satisfatória será capaz de retornar ao modelo de tra-
balho e se encaixar perfeitamente nos seus respecti-
8.5. A JUSTE OCLUSAL vos troqueis. Essa é, na realidade, a razão principal
pela qual a soldagem deve ser realizada. Se forçada,
Quando a peça soldada apresentar coroas com su- com frequência a peça soldada provoca fratura dos
perfícies oclusais metálicas, o ajuste oclusal deverá ser troqueis. Além disso, o modelo de trabalho não dis-
PRÓTESE FI XA

põe da papila interproximal e do contorno gengival, DVO mantida pelos próprios dentes naturais ou por
para assegurar ao técnico de laboratório referências próteses, recebem o registro intermaxilar na própria
confiáveis para a aplicação da porcelana e ajuste esté- peça soldada (Fig. 10.30). Para isso se utiliza resina
tico. Estas são as razões pelas quais está indicada a Duralay, que é aplicada através de pincel na superfí-
remontagem da peça soldada. cie oclusal, palatina, etc; que possibilite relaciona-
Um modelo com a peça soldada remontada suporta as mento com os dentes antagonistas. Deve se evitar
inúmeras remoções e reposições necessárias para as dife- quantidade excessiva de resina, pois isto apenas difi-
rentes etapas da aplicação da porcelana; suporta também o cultará a adaptação do modelo antagonista, além da
ajuste oclusal realizado no articulador, com ajuste adequa- possibilidade de escoamento para áreas retentivas.
do do guia anterior, com desoclusao lateral pelos caninos e Quando o paciente é solicitado a fechar a boca, o
contatos entre anteriores durante o movimento protrusivo, que ocorre na posição de MIH ou ORC, os dentes
alguns dos princípios da oclusão mutuamente protegida. antagonistas previamente vaselinados ocluirão contra
Para a remontagem procede-se da seguinte forma: a resina acrílica macia, não interferindo nesse fecha-
mento e possibilitando a transferência exata da posi-
9.1. REGISTRO INTERMAXILAR ção ântero-posterior e da DVO. Mantém-se esse posi-
cionamento da oclusão até que ocorra a polimerização
9. PRÓTESES PEÓUENAS da resina, quando se solicita abertura da boca e se
verifica a precisão do registro. A quantidade de pontos
Próteses pequenas, anteriores ou posteriores, uni de contato com os antagonistas deve ser suficiente
ou bilaterais, em uma ou ambas arcadas, que tem para promover estabilidade. (Fig. 10.3 IA e 10.31B)

FIGURA 10.30
I.E. após soldagem e prova na boca; notar o condiciona-
mento gengival do rebordo, que deve estar satisfatório
nesta etapa de registro e remontagem

■ FIGURAS 10.3 IA e 10.31B


(A) Registro de Duralay em I.E. metálica, registrando a MIH; (B) Registro intermaxilar na I.E. soldada, previamente à
moldagem para remontagem.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

9 . 1 .2. PRÓTESES EXTENSAS cisão do registro intermaxilar. Se satisfatória, remove-se a


prótese provisória, coloca-se a estrutura soldada do lado
Quando se tratar de próteses bilaterais, cuja direito e repete-se os passos de registro. A referência agora
DVO é mantida às custas das próteses provisórias, passou a ser a estrutura soldada portadora do registro em
estas são utilizadas para a obtenção do registro inter- Duralay do lado esquerdo. Não é aconselhável utilizar-se
maxilar da posição de MIH ou ORC, assim como da para o segundo registro, as próteses provisórias do lado
DVO. As próteses provisórias são confiáveis para esquerdo, pois elas nem sempre sofrem desgaste
esse objetivo porque, embora utilizadas durante me- homogéneo da mastigação ou de hábitos parafuncionais
ses e mesmo tendo sofrido alguma quantidade de e isto pode gerar imprecisões de posicionamento.
desgaste, são funcionais, capazes de possibilitar a
mastigação, deglutição, fonação e estética, sem qual- 9.2. REMONTAGEM
quer sinal ou sintoma de trauma oclusal ou disfun-
ção crâniomandibular. O modelo remontado, após montagem em A.S.A.
Para serem utilizadas como referência, as próteses deve apresentar as seguintes características:
provisórias podem exigir secção era duas partes, direita 1) estrutura soldada que mantém exatamente as
e esquerda. Mantém-se a prótese provisória do lado mesmas relações oclusais com os dentes antagonistas e
direito, adapta-se a estrutura soldada do esquerdo e proximais, com os dentes vizinhos, que apresenta na
procede-se ao registro com Duralay. Desta forma, as boca do paciente;
posições intermaxilares mantidas pela prótese provisó- 2) possibilitar remoção e reposição da peça solda
ria são reproduzidas no registro de resina acrílica. De da, de maneira confiável e reproduzível, para possibi
uma maneira geral nessas próteses soldadas se coloca litar correções originárias da aplicação da porcelana;
pelo menos dois pontos de contato para registro, bus- 3) apresentar tecido gengival artificial ao redor das
cando formar a maior área possível para conferir esta- coroas para permitir relacionamento correto com a
bilidade aos modelos (Fig. 10.32). papila interproximal, perfil de emergência, cinta me
Ocorrida a polimerização da resina, verifica-se a pre- tálica sub-gengival, controle dos excessos, etc;
4) reproduzir corretamente o rebordo gengival
para possibilitar o relacionamento com os pônticos da
prótese fixa.
Para obtenção do modelo remontado podem ser uti-
lizados diferentes materiais de moldagem, moldeiras e
técnicas. Quando se tratar da remontagem de próteses
fixas pequenas e/ou elementos isolados, pode se utilizar
moldeiras de estoque e alginato; se extensas, envolvendo
a maior parte dos dentes, moldeiras de estoque e silicona
ou moldeiras individuais e mercaptana ou poliéter.

9 . 2 . 2 . C OM ALCINATO E MOLDEIRA DE
ESTOQUE

■ FIGURA 10.32
Após obtenção do registro intermaxilar com Dura-
I.E. dos dois hemi-arcos mandibulares após solda e prova
na boca; o ajuste oclusal das coroas totais metálicas é lay, realiza-se moldagem com alginato, tendo-se o cui-
realizado mantendo-se as coroas provisórias em posição dado prévio de colocar com os dedos o material em
do lado oposto, após o que se realiza os registros dos todo o contorno gengival, espaços e áreas sob pônti-
antagonistas com Duralay cos, com a finalidade de obter reprodução precisa des-
PRÓTESE FI XA

põe da papila interproximal e do contorno gengival, DVO mantida pelos próprios dentes naturais ou por
para assegurar ao técnico de laboratório referências próteses, recebem o registro intermaxilar na própria
confiáveis para a aplicação da porcelana e ajuste esté- peça soldada (Fig. 10.30). Para isso se utiliza resina
tico. Estas são as razões pelas quais está indicada a Duralay, que é aplicada através de pincel na superfí-
remontagem da peça soldada. cie oclusal, palatina, etc; que possibilite relaciona-
Um modelo com a peça soldada remontada suporta as mento com os dentes antagonistas. Deve se evitar
inúmeras remoções e reposições necessárias para as dife- quantidade excessiva de resina, pois isto apenas difi-
rentes etapas da aplicação da porcelana; suporta também o cultará a adaptação do modelo antagonista, além da
ajuste oclusal realizado no articulador, com ajuste adequa- possibilidade de escoamento para áreas retentivas.
do do guia anterior, com desoclusão lateral pelos caninos e Quando o paciente é solicitado a fechar a boca, o
contatos entre anteriores durante o movimento protrusivo, que ocorre na posição de MIH ou ORC, os dentes
alguns dos princípios da oclusão mutuamente protegida. antagonistas previamente vaselinados ocluirão contra
Para a remontagem procede-se da seguinte forma: a resina acrílica macia, não interferindo nesse fecha-
mento e possibilitando a transferência exata da posi-
9 . 1 . REGISTRO INTERMAXILAR ção ântero-posterior e da DVO. Mantém-se esse posi-
cionamento da oclusão até que ocorra a polimerização
9 . 1 . 1 . PRÓTESES PEQUENAS da resina, quando se solicita abertura da boca e se
verifica a precisão do registro. A quantidade de pontos
Próteses pequenas, anteriores ou posteriores, uni de contato com os antagonistas deve ser suficiente
ou bilaterais, em uma ou ambas arcadas, que tem para promover estabilidade. (Fig. 10.3 IA e 10.31B)

■ FIGURA 10.30
I.E. após soldagem e prova na boca; notar o condiciona-
mento gengival do rebordo, que deve estar satisfatório
nesta etapa de registro e remontagem

FIGURAS 10.3 IA e 10.3 IB


(A) Registro de Duralay em I.E. metálica, registrando a MIH; (B) Registro intermaxilar na I.E. soldada, previamente à
moldagem para remontagem.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A C E M E R E M O N T A C E M

9 . 1 .2. PRÓTESES EXTENSAS cisão do registro intermaxilar. Se satisfatória, remove-se a


prótese provisória, coloca-se a estrutura soldada do lado
Quando se tratar de próteses bilaterais, cuja direito e repete-se os passos de registro. A referência agora
DVO é mantida às custas das próteses provisórias, passou a ser a estrutura soldada portadora do registro em
estas são utilizadas para a obtenção do registro inter- Duralay do lado esquerdo. Não é aconselhável utilizar-se
maxilar da posição de MIH ou ORC, assim como da para o segundo registro, as próteses provisórias do lado
DVO. As próteses provisórias são confiáveis para esquerdo, pois elas nem sempre sofrem desgaste
esse objetivo porque, embora utilizadas durante me- homogéneo da mastigação ou de hábitos parafuncionais
ses e mesmo tendo sofrido alguma quantidade de e isto pode gerar imprecisões de posicionamento.
desgaste, são funcionais, capazes de possibilitar a
mastigação, deglutição, fonação e estética, sem qual- 9.2. REMONTAGEM
quer sinal ou sintoma de trauma oclusal ou disfun-
ção crâniomandibular. O modelo remontado, após montagem em A.S.A.
Para serem utilizadas como referência, as próteses deve apresentar as seguintes características:
provisórias podem exigir secção em duas partes, direita 1) estrutura soldada que mantém exatamente as
e esquerda. Mantém-se a prótese provisória do lado mesmas relações oclusais com os dentes antagonistas e
direito, adapta-se a estrutura soldada do esquerdo e proximais, com os dentes vizinhos, que apresenta na
procede-se ao registro com Duralay. Desta forma, as boca do paciente;
posições intermaxilares mantidas pela prótese provisó- 2) possibilitar remoção e reposição da peça solda
ria são reproduzidas no registro de resina acrílica. De da, de maneira confiável e reproduzível, para possibi
uma maneira geral nessas próteses soldadas se coloca litar correções originárias da aplicação da porcelana;
pelo menos dois pontos de contato para registro, bus- 3) apresentar tecido gengival artificial ao redor das
cando formar a maior área possível para conferir esta- coroas para permitir relacionamento correto com a
bilidade aos modelos (Fig. 10.32). papila interproximal, perfil de emergência, cinta me
Ocorrida a polimerização da resina, verifica-se a pre- tálica sub-gengival, controle dos excessos, etc;
4) reproduzir corretamente o rebordo gengival
para possibilitar o relacionamento com os pônticos da
prótese fixa.
Para obtenção do modelo remontado podem ser uti-
lizados diferentes materiais de moldagem, moldeiras e
técnicas. Quando se tratar da remontagem de próteses
fixas pequenas e/ou elementos isolados, pode se utilizar
moldeiras de estoque e alginato; se extensas, envolvendo
a maior parte dos dentes, moldeiras de estoque e silicona
ou moldeiras individuais e mercaptana ou poliéter.

9 . 2 . 2 . COM ALCINATO E MOLDEIRA DE


ESTOQUE

FIGURA 10.32
Após obtenção do registro intermaxilar com Dura-
I.E. dos dois hemi-arcos mandibulares após solda e prova
na boca; o ajuste oclusal das coroas totais metálicas é lay, realiza-se moldagem com alginato, tendo-se o cui-
realizado mantendo-se as coroas provisórias em posição dado prévio de colocar com os dedos o material em
do lado oposto, após o que se realiza os registros dos todo o contorno gengival, espaços e áreas sob pônti-
antagonistas com Duralay cos, com a finalidade de obter reprodução precisa des-
PRÓTESE F I X A

ses detalhes. Além disso, esses locais constituem áreas utilizar moldeira de estoque e silicona, que pode ser
retentivas que garantem o posicionamento e a remo- de condensação ou adição. Para essas próteses reco-
ção correta da estrutura soldada no interior do molde. menda-se silicona de condensação, deixando-se as de
É importante manter-se firmemente a peça soldada adição para a remontagem de próteses extensas.
em posição, enquanto se aplica o alginato, para evitar Também após a obtenção do registro se procede à
seu deslocamento. Caso o alginato não seja capaz de moldagem através da técnica da dupla mistura. Os dois
remover a peça, pois se rasga durante a remoção, pode materiais são manipulados simultaneamente, colocando-
significar excesso de retenção friccionai da peça fundi- se na moldeira o pesado e, sobre ele, o fluido. Parte desse
da ou discrepâncias de paralelismo entre os pilares. A material deve ser levado aos espaços proximais, contorno
solução pode envolver uma ou mais das seguintes pos- gengival e rebordo sob pônticos com auxílio de seringa,
sibilidades: alívio interno dos pontos de contato detec- cuidando-se em manter firmemente no seu local a estru-
tados por solução evidenciadora; aplicação de vaselina tura a ser remontada, enquanto se procede à injeção do
às superfícies internas dos retentores e/ou do dente pre- material. Após essa aplicação assenta-se a moldeira e
parado; criação de retenções adicionais com resina acrí- aguarda-se a polimerização (Figs. 10.34A e 10.34B).
lica na estrutura metálica (Figs. 10.33A e 10.33B).
9 . 2 . 5 . COM ELASTÔMERO E MOLDEIRA
9 . 2 . 2 . C OM S I L I C O N A E MOLDEIRA DE INDIVIDUAL

ESTOQUE Mesmo em casos de próteses Para a obtenção de modelo remontado por esta técni-
ca, aconselhável para próteses extensas, com envolvimento
pequenas, pode-se

(A) Molde de alginato com I.E. de prótese com 4 retentores e I elemento isolado em posição; (B) molde de alginato com
I.E. dos dois hemi-arcos.

FIGURAS I0.34A e I0.34B

FIGURA
(A) I.E. de reabilitação oral com registro de Duralay; (B) molde de silicona de utilizada para remontagem de I.E. de
reabilitação oral, com colocação de Duralay e parafusos de retenção.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

ou não de encaixes de precisão e semi-precisão e molda- 9.5. OBTENÇÃO DA GENGIVA ARTIFICIAL E MODELO
gem funcional dos rebordos, se torna necessária a obten-
ção de moldeiras individuais. Realizadas com resina acríli- Diferentes materiais se prestam para a criação de
ca, essas moldeiras apresentam alívio interno para o mate- uma gengiva artificial, com a finalidade de oferecer
rial de moldagem, que pode ser mercaptana ou poliéter. relações adequadas para o contato gengival dos pônti-
Também após obtenção do registro, ajusta-se em cos, criação de espaços para as papilas interproxiamais
boca a moldeira individual. A seguir, aplica-se adesivo e redução da cinta vestibular para evitar visualização
próprio em toda superfície interna da moldeira e nos 4- do metal nas coroas metalocerâmicas. Elastômeros
5mm da superfície externa. Aguarda-se 15 minutos para convencionais como silicona ou poliéter, resinas resili-
a secagem do adesivo, que pode ser acelerada com jatos entes como Coe-Soft, Viscogel, etc. podem ser utiliza-
de ar e procede-se à manipulação do material, colocação das para a confeção de gengivas artificiais fixas no
na moldeira e seringa e injeção nas áreas retentivas men- modelo de gesso. Idealmente deve se utilizar siliconas
cionadas. Ocorrida a polimerização, procede-se à remo- específicas para essa finalidade, que apresentam cor
ção para vazamento do molde (Fig. 10.35). rósea e possibilitam a criação de modelos remontados
com gengiva artificial.

9 . 5 . 1 . GENGIVA ARTIFICIAL FIXA

Isola-se superfície interna dos retentores com uma


camada de vaselina e aplica-se Duralay, com pincel,
até o seu preenchimento completo. A seguir, fixa-se
um meio de retenção (parafuso, alfinete dobrado,
grampo para papel) nessa resina, para manter a união
com o gesso. Realiza-se esse passo em todos os reten-
tores da prótese fixa que estão sendo transferidos
(Figs. 10.36A e 10.36B).

FIGURA 10.35
Molde de mercaptana e moldeira individual, com I.E. de
reabilitação oral em posição

■ FIGURAS I0.36A e I0.36B


(A) Resina Duralay colocada nos retentores, com meio de retenção para fixação no gesso, em molde de alginato; (B) o
mesmo procedimento, em molde de mercaptana e moldeira individual.
PRÓTESE F I XA

Os materiais utilizados para essa finalidade podem ser realizada com pincéis. Independente do material utili-
aplicados com seringa em toda superfície interna do mol- zado, pode ser necessário criar meios de retenção para
de, na porção correspondente ao tecido gengival, princi- essa gengiva artificial se manter unida ao gesso dos
palmente nos 5-6mm próximos da margem cervical dos modelos (Figs. 10.37A a 10.37C).
retentores. E necessário estar atento na seleção desses ma- Cerca de uma hora após o vazamento do molde,
teriais, para evitar que o utilizado para remontagem se remove-se o modelo e, através dos registros anterior-
adira ao utilizado para a confecção da gengiva artificial. mente realizados, relaciona-se com o modelo antago-
Quanto se utilizar as resinas resilientes para a con- nista no articulador semi-ajustável e faz-se sua fixação
fecção da gengiva artificial, sua aplicação deverá ser com gesso (Figs. 10.38A a 10.38D).

Á
I0.37C

■ FIGURAS IO.37Aa I0.37C


(A) Molde de alginato com Duralay e meios de retenção adici-
onal nos retentores, (B) molde de alginato após colocação de
Duralay e da retenção adicional nos retentores, preparado para
a colocação do material elástico; (C) aplicação de material elás-
tico (Coe-Soft) com a finalidade de simular a gengiva artificial no
modelo com as I.E. remontadas

■ FIGURAS IO.38Aa I0.38B


(A) Vista oclusal de modelo após remontagem da I.E.; registros em Duralay permitem o relacionamento com arco
antagonista para montagem em ASA; (B) vista oclusal de modelo após remontagem da I.E., observando-se os registros em
Duralay e a gengiva artificial;
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

FIG. I0.38D

i§ FIGURAS I0.38C a I0.38D


(C) vista oclusal de modelo após remontagem da I.E., com registros
bilaterais de Duralay, sem gengiva artificial; (D) registros de Duralay em
modelo remontado com gengiva artificial.

9.5.2. GENGIVA ARTIFICIAL REMOVÍVEL

modelo. Em seguida, remove-se a I.E. e confecciona-


A técnica para obtenção de gengiva artificial remo- se a matriz de silicona pesada envolvendo os dentes
vível, com a utilização da silicona Gengi-fast, difere vizinhos (Figs. 10.39A a 10.39C).
em alguns detalhes da técnica anterior. Com brocas grandes procede-se a um alívio de apro-
Após polimerização da resina Duralay no interior ximadamente lmm em toda área correspondente ao te-
dos retentores, com os meios adicionais de retenção, cido gengival, mantendo-se 2mm sem desgaste, em dire-
procede-se ao vazamento com gesso para obtenção do ção apical, para contenção do material utilizado para
confecção da gengiva artificial. (Figs. 10.40A a 10.40C)
FIG. I0.39B

■ FIGURAS IO.39Aa I0.39C


(A) I.E. em modelo remontado, para confecção de gengiva
artificial removível; (B) remoção das I.E. do modelo; (C)
confecção de matriz de silicona pesada, envolvendo den-
tes vrzinhos.
PRÓTESE FIXA

FIGURAS IO.4OAa I0.40C


(A) Alívio de ± I mm do modelo, na área correspondente
ao tecido gengival, com broca esférica; (B) modelo alivia-
do, observando-se o limite apical da matriz de silicona
pesada; (C) vista interna da matriz de silicona pesada.

Após o alívio, perfura-se a matriz de silicona em delo em gesso das coroas provisórias, através de mol-
dois locais, com brocas, um dos quais será utilizado dagem com alginato. Este passo é imprescindível
para a injeção do material responsável pela confecção quando se trata da confecção de próteses anteriores ou
da gengiva artificial e o outro, pelo escape do excesso. estéticas, pois é a base pelo meio da qual o técnico vai
Ocorrida a polimerização, remove-se a matriz e, no lo- ser capaz de estabelecer a forma das coroas. Embora
cal aliviado, tem se a gengiva artificial removível, que este passo já devesse ter sido executado quando se
pode ser deslocada para se proceder às etapas de aplica- realizou a etapa de obtenção das I.E., nunca é demais
ção de porcelana e retornar, quando da realização do salientar-se a sua importância. Os protéticos não tem
ajuste estético em laboratório (Figs. 10.41 A a 10.41C). informações no articulador do sexo, idade ou perso-
Remove-se eventuais excessos, até que a gengiva nalidade dos pacientes, tipo de sorriso e amplitude,
artificial se adapte precisamente na sua posição, possi- etc, e são abundantes na literatura as informações das
bilitando a adaptação da I.E. e a aplicação da porcelana influências desses aspectos na conformação geral dos
(Figs. 10.42A e 10.42B). dentes naturais.
Este modelo corretamente relacionado no articula- E através do modelo das coroas provisórias, com as
dor, que mantém as mesmas relações oclusais, incisais quais o paciente está habituado, capaz de satisfazer
e proximais da infra-estrutura com seus vizinhos e suas necessidades funcionais e estéticas, que o protéti-
antagonistas, que reproduz a forma anatómica dos te- co irá desenvolver o seu trabalho de aplicação da por-
cidos gengivais, a papila interproximal, a margem celana, reproduzindo o máximo possível essas caracte-
gengival e, idealmente, a própria cor, se presta de rísticas, com a finalidade principal de se chegar a um
maneira bastante precisa para a realização da etapa resultado objetivo e agradável, no menor espaço de
seguinte no processo de obtenção da prótese fixa me- tempo possível.
talocerâmica, que é a aplicação da porcelana (Figs. A próxima etapa desse trabalho consiste na defini-
1043A a 10.43D). ção da cor para aplicação da porcelana e das caracteri-
Para ser enviado ao laboratório, deve se obter mo- zações intrínsecas que se deseja realizar.
P R O V A D O S R E T E N T O R E S , R E M O Ç Ã O EM P O S I Ç Ã O P A R A S O L D A G E M E R E M O N T A C E M

IA FIG. 10.41

FIGURAS 10.41 A a 10.41C


(A) Matriz de silicona pesada posicionada no modelo re-
montado e injeção da silicona para constituição da gengiva
artificial removível; (B) gengiva artificial no modelo remon-
tado; (C) gengiva artificial removida do modelo.

FIG. I0.42E

■ FIGURAS IO.42Ae I0.42B


(A) Gengiva artificial removível em posição, após eliminação
do excessos; (B) I.E. adaptada no modelo remontado, com
gengiva artificial em posição, preparada para aplicação da
porcelana.
PRÓTESE FIXA

1
0.43A FIG. 10

FIG. 10

).43C

■ FIGURAS IO.43Aa 10.43D


(A) Vista vestibular do modelo após remontagem da I.E., com gengiva artificial e registro, pronto para montagem em ASA;
(B) vista vestibular do modelo de remontagem obtido e seu relacionamento com arco antagonista através dos registros de
Duralay; (C) vista vestibular mostrando a precisão do relacionamento oclusal com antagonista, permitido pelos registros;
(D) vista vestibular de I.E. remontada em ASA através dos registros de Duralay, sem gengiva artificial.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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AGRADECIMENTO:

Ao Prof0 José Gilmar Batista, pela contribuição na


ilustração deste capítulo.
C A P I T U L O

SELEÇÃO DE COR
E AJUSTE FUNCIONAL
E ESTÉTICO
EM PRÓTESE
METALOCERÂMICA
C E R S O N BONFANTE
S E L E C Ã O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

1. SELEÇÃO DE COR A seleção da cor em prótese pode ser influenciada


por diferentes fatores, entre os quais se destacam:
A seleção de Cor dos dentes artificiais para uma
prótese total ou removível, de uma faceta estética para 1) Ambiente
coroa metaloplástica ou metalocerâmica e até mesmo 2) Observador
de uma resina composta, é um dos procedimentos 3) Objeto
mais difíceis com o qual se defronta a odontologia 4) Fonte de Luz
restauradora. 5) Escalas de Cores
A falta de formação básica sobre princípio da cor, 6) Comunicação CD x Protético
durante o curso de graduação, torna sua seleção um
processo altamente empírico, absolutamente pessoal e 1.1. AMBIENTE
frequentemente desprovido de princípios científicos.
As escolas de odontologia não oferecem, nas suas dife- O ambiente para a seleção da cor geralmente é o
rentes disciplinas, a possibilidade de aprendizado da próprio consultório odontológico ou, eventualmente,
cor e da estética, que fica disperso na dentística e o laboratório de prótese. Sempre que possível deve-se
prótese. preencher os seguintes requisitos:
Desta forma, salvo se ocorreu um aprendizado es- 1. O ambiente de trabalho deve normalmente ser
pecífico em cursos de especialização ou mestrado, o constituído de cores neutras (gelo, bege, cinza, azul e
CD vai passar toda sua vida profissional sem ser capaz verde claro) para reduzir o cansaço visual, o estresse e
de entender corretamente o que é matiz, croma e va- a interferência desses fatores na seleção das cores;
lor, como trabalhar com essas diferentes dimensões da 2. De forma semelhante, para evitar interferência
cor para buscar um resultado estético agradável, obje- das cores das roupas do paciente, este deve ser reco
tivo principal da maior parte dos tratamentos odonto- berto com um pano de campo também de cores
lógicos. Conceitua-se matiz, de uma maneira simples, neutras;
como o nome da cor (amarelo, azul, vermelho); cro- 3. Ainda dentro da mesma linha de raciocínio,
ma ou saturação é a quantidade de pigmentos que solicitar ao paciente que remova qualquer maquia-
determinado matiz apresenta (vermelho claro, escu- gem facial em excesso, principalmente o batom,
ro); valor é a quantidade de cinza de um matiz; é mesmo de tonalidade clara. Isso possibilita a deter
também chamado brilho, é uma propriedade acromá- minação das cores dos dentes com a coloração natu
tica e uma das mais difíceis de serem determinadas. ral dos lábios, simulando um sorriso, assim como do
Apesar de desconhecer esses princípios o CD vai con- tecido gengival;
tinuar a executar seus trabalhos de dentística e próte-
se, deixando de oferecer a seus pacientes trabalhos de 1.2. OBSERVADOR
boa qualidade estética.
Felizmente, a cor é apenas o 3 o componente da O olho humano enxerga as cores através de aproxi-
tríade da estética, em ordem de importância. Antes dela madamente 34000 células denominadas cones, pre-
temos a conformação ou forma dos dentes e a textura, sentes na retina. Por ser uma determinação subjetiva,
muito mais visíveis e perceptíveis pelo paciente do que que inclusive pode ser afetada pela discromatopsia,
a própria cor. E extremamente comum um paciente presente em quase 8% da população masculina, a se-
aceitar como satisfatória determinada cor, apesar de in- leção de cor com frequência tem reprodutibilidade
correta aos olhos do profissional, se a textura e, princi- baixa e uma grande dose de empirismo. Não é à toa
palmente a forma da coroa, estiverem adequadas. Vale a que os indivíduos que convivem mais frequentemente
pena salientar ainda que os dentes naturais, mesmo com as cores são mais capazes de determiná-las com
hígidos, podem apresentar cores diferentes. precisão, como acontece com os técnicos de laborató-
PRÓTESE FIXA

rio. Trabalhos de pesquisa mostram grande inconsis- tentativa com frequência frustrante e raramente plena
tência na seleção das cores, quando determinada por de êxito. Geralmente o aspecto estético final de uma
alunos de graduação de qualquer ano. Assim, seria coroa é apenas suficiente para satisfazer seus protago-
sumamente interessante: nistas principais, CD. e paciente. Por melhor que
seja, continua parecendo uma coroa e não um dente.
1. O CD, assim como o protético, aperfeiçoarem- Os dentes naturais apresentam amplo espectro de va-
se em cursos, palestras, conferências, livros, artigos, riações de tonalidades, mas se situam predominante-
etc, buscando compreensão e domínio das diferentes mente dentro da faixa amarelo-laranja do espectro.
dimensões da cor. Só assim um CD. será capaz de É importante atentar para alguns detalhes com re-
passar o que vê ao técnico, este de compreender o que lação ao objeto, quando se realizar um determinado
lhe é passado para, posteriormente, aplicar nas facetas trabalho protético. Entre eles destacam-se:
estéticas das coroas que está realizando. O domínio
das cores é um aprendizado constante; 1. A seleção da cor deve preceder o próprio prepa
2. O paciente deve ser posicionado no mesmo nível ro dentário e fazer parte do planejamento, que é um
dos olhos do observador, de tal forma que a luz incida dos primeiros procedimentos odontológicos realiza
de maneira similar no dente da escala e no objeto. E dos. E importante que o dente utilizado como refe
interessante manter distância similar à de conversação rência tenha estrutura dentária suficiente, mantenha
para determinação da cor, correspondente a um braço sua cor original e não tenha sido submetido a restau
esticado ou cerca de 60cm (Figs. l l . l A e 11.1B). rações extensas, tratamento endodôntico, etc.
3. Fazer determinação rápida da cor, inicialmente 2. Fazer profilaxia prévia à determinação da cor
do matiz, por aproximadamente 5 segundos para evi através de jatos de bicarbonato ou taças de borracha e
tar cansaço da retina e visualizar as cores secundárias pasta profilática, eliminando manchas ou placa bacte-
decorrentes desse cansaço. Caso este tempo seja insu riana eventualmente existentes.
ficiente, descansar os olhos contra um fundo azul cla 3. Umedecer a superfície do dente a ser compara
ro (campo ou parede) por alguns segundos, antes de do e do dente da escala. A superposição de uma pelí
reiniciar o processo. cula de saliva impede a desidratação do dente natural
e a superfície opaca que disso resulta, o que prejudica
1.5. OBJETO a própria tomada da cor. Além disso, é com a superfí
cie umedecida pela saliva que os dentes são natural
O objeto a ser reproduzido através de um material mente visualizados.
artificial estético como a porcelana, é o próprio dente. 4. Utilizar preferencialmente dentes vizinhos como
Diferentes características de superfície, de reflexão da primeira referência. Caso sejam portadores de coroas
luz, de transparência, de opacidade, etc, tornam esta insatisfatórias que não serão repetidas ou portadores

■ FIGURA II.IA FIGURA I I . I B


Distância média de 60cm para seleção de cor; dente natu- Postura incorreta para seleção da cor; prejudicada pelo
ral, da escala e olhos do observador devem estar aproxi- ângulo de incidência da luz.
madamente no mesmo plano, para eliminar os efeitos da
reflexão.
S E I E C A O DF C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R A M I C A

de restaurações extensas, utilizar o dente homónimo rários não antes das 10:00 horas, para evitar excesso de
do lado oposto como segunda referência. Como ter- azul, ou após 15:00, para reduzir a influência dos tons
ceira utilizar dentes antagonistas. Vale a pena relem- avermelhados. Deveria ainda ser originária do lado sul
brar que a mesma boca pode apresentar variações dos pontos cardeais. E óbvio que tais princípios tornam
acentuadas de matiz e croma. sua aplicação extremamente restrita e, além disso, se
levar-se em consideração fatores temporais de impossí-
Os caninos são excelente referência para seleção da vel controle, como tempo nublado, névoa, fumaça, po-
cor por serem os dentes que apresentam maior quan- eira, poluição ambiental, indisponibilidade do paciente
tidade de saturação ou croma. De uma maneira geral, no horário ideal, ambiente de trabalho desprovido ou
porém, a maioria dos dentes apresentam saturação com luz natural deficiente, etc, se torna praticamente
mais acentuada no 7, cervical do que no corpo; a impossível aplicar esses parâmetros, tidos como ideais.
quantidade de incisai ou translucidez é maior nos Pode se afirmar, quase com certeza absoluta, que ape-
dentes jovens e diminui com a idade, devido ao des- nas uma quantidade ínfima de determinação de cores é
gaste incisai (Figs. 11.2A a 11.2C). tomada seguindo esses princípios.
Apesar disso, alguns princípios podem ser adota-
1.4. F ONTE DE L UZ dos com o objetivo básico de minimizar erros na de-
terminação das cores. Entre eles, pode-se comentar:
Inúmeros artigos sobre seleção de cores em odon-
tologia são clássicos na ênfase dada à importância e 1. Fazer seleção de cor durante o dia, aproveitando
indispensabilidade da luz solar para um procedimento o máximo possível de luz natural, simultaneamente
bem sucedido. Ela ainda deveria ser utilizada em ho- com lâmpadas corrigidas do tipo "luz do dia". Nesses

FIGURA I I.2B
I.2A
Se os dentes vizinhos não forem adequados como refe-
Manter úmidos os dentes da escala e do paciente e utili- rência para seleção da cor utilizar dentes homónimos an-
zar dentes vizinhos, como referência para seleção da cor tagonistas.

■ FIGURA I 1.2C
A maior quantidade de croma ou saturação dos caninos
os tornam referência importante para seleção da cor
PRÓTESE F I X A

casos, desligar o refletor odontológico minutos antes seleção de cores para porcelana. Nessa prática, fadada
da seleção de cor, evitando o efeito da luz halógena, ao insucesso, se delega ao protético, que nem sequer
que também ocorre com a incandescente, de acentuar viu o paciente, a função de fazer a versão da cor 66
o amarelo-laranja dos dentes; para o A3, do 69 para o C3 e assim por diante. As
2. O mesmo tipo de luz artificial "do dia" presente características físicas dos materiais, a reflexão da luz, o
no consultório odontológico deve predominar no metamerismo, etc, tornam impossível a utilização das
ambiente de trabalho do técnico de laboratório. Se escalas de resina para seleção de cores em porcelana.
isso não ocorrer, corre-se o risco de se ver cores dife Por outro lado, é prática aconselhável utilizar escalas
rentes em cada ambiente; compatíveis, ou seja, correspondente à porcelana que
3. Se o horário possível para consultas for noturno o técnico aplica rotineiramente nos seus trabalhos.
ou se o ambiente de trabalho não apresentar luz natu Uma das escalas que apresenta a maioria das limi-
ral adequada, melhorar a iluminação com "luz do dia" tações acima e que, apesar disso, é universalmente
e utilizar a luz do refletor colocada à maior distância aceita tanto para porcelana como para resina composta
possível dos dentes naturais utilizados como referência é a escala da VlTA. Esta escala é ordenada em matizes
para a seleção da cor. (cor básica) através das letras A, B, C e D e saturação
ou croma, determinados pelos números. Deixa de
1.5. ESCALAS DE CORES levar em consideração a terceira dimensão da cor que
é o valor (quantidade de cinza presente). Dentro desta
As escalas de cores se constituem no calcanhar de escala o matiz A corresponde ao marron, B ao amare-
Aquiles do processo de seleção de cores. Elas apresen- lo, C ao cinza e D ao vermelho. A todos eles pode se
tam uma série de limitações, como número reduzido acrescentar o laranja, predominante na dentição natu-
de matizes quando comparado com as variações den- ral. Os números, de 1 a 4, correspondem à quantida-
tárias; porcelana diferente (alta fusão) da utilizada de crescente de saturação ou croma. Para sua aplica-
para aplicação na infra-estrutura da prótese metaloce- ção bem sucedida, é importante seguir, sempre que
râmica (média-fusão); variações de uma escala para possível, a maioria das sugestões abaixo enunciadas:
outra, dentro do mesmo matiz e croma; diferença
acentuada da espessura de porcelana do dente da esca- 1) Evite usar todos os dentes da escala na boca do
la e da faceta da coroa metalocerâmica (± l,0mm); paciente; esse procedimento tornará impossível a defini
ausência de metal subjacente, representativo da infra- ção dos matizes. Destaque sempre o dente da escala em
estrutura metálica (exceção da escala Duceram), etc. função do matiz e faça a comparação de cervical para
Uma prática comum nos consultórios odontológi- cervical e de incisai para incisai (Figs. 11.3A e 11.3B);
cos, justificada pelo custo, mas na verdade relacionada 2) Iniciar a determinação da cor pelos dentes da
com a ignorância e negligência do profissional, consis- escala que apresentam saturação (croma) intermediá
te em utilizar escalas de dentes de resina para fazer a ria (3). Comparar inicialmente o matiz C (laranja-

FIGURA II.3A ■ FIGURA II.3B


Uso incorreto da escala para seleção das cores. Impossibilidade de definição do matiz com os dentes po-
sicionados na escala.
S E L E Ç Ã O DE C O R E A 1 U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E E T A L O C E R A M I C
A

cinza), pois este apresenta baixo valor quando compa- 6) Embora comum na prática clínica, o conheci
rado com os demais, o que praticamente elimina mento das cores torna quase impossível a confusão
qualquer dúvida na sua determinação. Se o matiz esti- entre os matizes A e B. Caso isso ocorra e as sugestões
ver correto, passe para a seleção do croma mais (4) ou acima não auxiliem na definição, faça opção pelo ma
menos saturado (1 ou 2); tiz A. Afinal, a grande maioria das cores dos dentes
3) Caso fique em dúvida com o matiz e croma C3, naturais está localizada no laranja-marrom (Fig. 11.5);
destaque da escala o B3. Essas duas cores constituem 7) Nunca selecione um croma acima, pois será
uma sub-família e é muito provável que se resolva impossível abaixá-lo. Na dúvida entre A3 e A3,5 ou
com o matiz B a dúvida deixada pelo C; se confirmar B2 e B3, fique com croma menor, pois poderá ser
o B, selecione o croma em seguida; modificado por caracterização extrínseca e se aproxi
4) Evite, se possível, próteses metalocerâmicas ex mar do ideal. Nos casos de dúvidas entre cromas, é
tensas ou reabilitações orais com o matiz C, para evi procedimento comum o técnico fazer a mistura da
tar a influência do baixo valor, que deixa os dentes porcelana meio a meio, na tentativa de atingir o cro
artificiais "sem vida"; ma intermediário.
5) Em caso de descarte imediato do matiz C, pro 8) Entre uma determinação e outra, descanse os
cure fazer a comparação com A3. Caso confirme o olhos num fundo azul claro. Embora seja um exercí
matiz A, selecione o croma em seguida. Por constituir cio interessante, não confie exclusivamente na memó
outra sub-família, caso fique em dúvida com o matiz ria para determinação da cor, pois pode-se ser engana
A procure no D (Figs. 11.4A e 11.4B); do por ela;

■ FIGURA II.4A FIGURA II.4B


Confirmando o matiz A3 através dos caninos, selecione o Se o A2 apresentar croma mais acentuado que o dente
croma 2 para avaliação. natural, faça opção pelo Al, pois será possível aumentar o
croma com pigmentos extrínsecos, mas o contrário não é
verdadeiro

■ FIGURA I 1.5
Na dúvida entre A e B, opte pelo A devido à sua maior
incidência na dentição natural.
PRÓTESE FIXA

9) Se persistir dúvidas quanto à seleção de cor, ca aumentá-lo. Na dentição natural o valor se situa
ouça as opiniões do paciente, da auxiliar odontológica entre 6 e 8, numa escala de 0 (negro) a 10 (branco),
e principalmente do profético, se este for disponível. estando o cinza médio com valor 5. Para controle do
A convivência diária com cores e suas combinações o valor, o meio mais prático é a aplicação de corantes ou
torna capaz de discernir com maior facilidade os dife pigmentação extrínseca.
rentes matizes. O aprendizado e treinamento do CD 12) Após seleção do matiz, croma e valor e suas
é capaz de torná-lo capaz do mesmo tipo de discerni variações, identificar características individuais que
mento (Fig. 11.6). podem ser aplicadas internamente na porcelana atra-
10) Se ainda assim persistirem dúvidas, pois a cor vés de modificadores, como manchas brancas, mar-
não corresponde exatamente a nenhum dos matizes, rons, cinzas, sulcos oclusais, trincas, áreas transparen-
selecionar o mais próximo e menos saturado. Aperfei tes, etc; se corretamente incorporadas estas caracterís-
çoar a cor com detalhes de caracterização intrínseca e ticas contribuem acentuadamente para ura bom resul-
extrínseca, aumentando a saturação e reduzindo o va tado estético.
lor. Caso ocorra erro de matiz, ele não pode ser modi
ficado com corantes e geralmente a correção só pode 1.6. C OMUNICAÇÃO CD x P ROTÉTICO
rá ser feita com nova determinação de cor e repetição
da porcelana. Se as coroas provisórias estiverem ade Diferentes recursos tem sido preconizados com o
quadas, leve em consideração a cor utilizada para sua objetivo de transmissão de cores entre aquilo que o
confecção, utilizando seu matiz como referencia. CD foi capaz de enxergar e o resultado estético espe-
11) A determinação do valor é a mais difícil de rado do protético. O uso de fotografias, de diapositi-
todos os componentes da cor. Diferentemente do vos, de dentes da própria escala caracterizados, de
matiz e croma, a determinação do valor recomenda modelos com delimitação das variações desejadas, são
ambiente com baixa luminosidade, que possibilita a algumas das tentativas de suprir essa dificuldade de
ativação dos bastonetes, células responsáveis pela vi comunicação. Com frequência ela é realizada através
são do preto (baixo valor) e branco (alto valor) e, de telefonemas, ficando a cargo da imaginação do téc-
consequentemente, da quantidade de cinza presente nico a definição do que é "um pouco de marrom" ou
no dente do paciente, quando comparado com o "aumentar o cinza" da incisai.
dente da escala. Para controlar a entrada de luz, re Um outro aspecto a salientar é que um excelente
comenda-se semicerrar os olhos durante a determi trabalho estético só poderá ser obtido se os dois profis-
nação do valor. sionais envolvidos apresentarem competência satisfató-
Com visão indireta através de espelho, o CD posi- ria: o CD, para ver e transmitir cor, variações e combi-
ciona-se atrás do paciente que segura o dente da escala nações da cor, e executar corretamente forma e textura
em posição e analisa as variações de valor entre a escala e o protético, para passar à porcelana essas característi-
e o dente natural. cas. Este geralmente desconhece aspectos importantes e
Como a própria escala não apresenta variação de individuais, características do paciente, como sexo, ida-
valor, sendo constituída por amostras com alto valor, de e tipo físico. Assim, um modelo das coroas provisó-
próximo a 10, é rotina o profissional abaixá-lo e nun- rias é indispensável para o restabelecimento mais preci-

■ FIGURA 11.6
Seleção de matiz mais próxima, de difícil determinação
por não existir na escala, usando o canino como referên-
cia; opinião do paciente, auxiliar e protético, juntamente
com combinações de porcelana e caracterização extrínse-
ca podem proporcionar bom resultado estético final.
S E L E Ç Ã O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

so da forma; informações detalhadas do matiz, croma e Uma das formas mais aceitáveis para se proceder a
valor, assim como da presença de manchas brancas, essa comunicação é através de diagramas, nos quais
trincas de esmalte, simulação de restaurações de resina são delimitadas as porções cervical, geralmente mais
composta, etc, são indispensáveis para a obtenção da saturadas e as de corpo, assim como os diferentes de-
cor e da individualização dos dentes. Um CD compe- senhos da incisai, assim como as características deseja-
tente nos aspectos acima não é capaz de suprir as defi- das. Alguns desses exemplos podem ser visualizados
ciências do protético e vice-versa. nas figs. HJAa 11.7F.

FIG 1 1 . 7

FIGURAS l l . 7 A a II.7C
Esquema ilustrativo da comunicação CD x protético e
resultado final do trabalho obtido, em paciente com sorri-
so alto.
.7A

7C
PRÓTESE EIXA

FIG II.7D
FIG I I.7F

■ FIGURAS II.7D a II.7F


Esquema de comunicação CD x protético e resultado
final, em paciente com sorriso baixo.

2. A PLICA ÇÃO DE P ORCELA NA zação superficial em toda área onde será aplicada a
porcelana. Ligas nobres ou semi-nobres exigem usina-
A aplicação de porcelana, assim como o tratamen- gem apenas em um sentido (mésio-distal) enquanto as
to da infra-estrutura (I.E.), depende sobremaneira do ligas à base de Ni-Cr possibilitam usinagem multi-
sistema cerâmico utilizado, do tipo de liga empregado direcional (Figs 11.8Ae 11.8B).
e das variações técnicas, de equipamento e individuais Procede-se à limpeza da I.E. em aparelho de ultra-
do técnico de laboratório. A aplicação da porcelana som, com jatos de vapor d'água ou mesmo escovaçáo
buscará seguir as orientações recebidas do CD quanto vigorosa em água corrente. Após esta etapa, a I.E. não
ao matiz, croma, valor e caracterizações intrínsecas pode mais ser tocada com os dedos na área que rece-
desejadas. A sequência para aplicação da porcelana berá porcelana, para não prejudicar a união metal x
deverá seguir os seguintes passos: cerâmica. Deverá ser manuseada através de pinças
convencionais ou porta-agulha.
2 .1 . TRATAMENTO DA I.E. Ligas de Ni-Cr podem exigir processo prévio de
degaseificação, realizado 20-30°C acima da tempera-
O objetivo deste passo é conseguir superfície me- tura de queima do opaco, mantendo-se a I.E. por 5-
tálica limpa, uniforme e sem contaminações, obten- 10 minutos sob vácuo, para volatilização de quaisquer
do-se espaço ideal para a espessura de opaco e porcela- impurezas, evitando-se formação de óxidos. Enquanto
na e contribuindo para eliminar tensões residuais, para as ligas não nobres está contra-indicada a oxida-
fonte comum de fracassos por deslocamento ou fratu- ção prévia, as nobres exigem esse passo para garantir
ra da faceta estética. formação de óxidos indispensáveis para a efetividade
Utiliza-se discos e pedras de óxido de alumínio da união metal x cerâmica.
conforme o local a ser usinado, produzindo regulari- Aplica-se jatos de óxido de alumínio (50um) à super-
S E L E Ç Ã O DE C O R E A II S T r F U N C I O N A I E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

■ FIGURA I I.8A
FIGURA I I.8B
Usinagem da I.E, com discos e pedras de óxido de alumí-
Regularização da superfície da I.E. que receberá porcelana,
nio
após usinagem.

fície da I.E., num processo denominado texturização, 2.2. APLICAÇÃO DO OPACO


que tem por funções aumentar o umedecimento da liga
com a porcelana, criar microretenções que favorecem a A camada de porcelana opaca é normalmente apli-
união mecânica pela ação das forças compressivas e pro- cada em 2 etapas e tem a função principal de simular
duzir aumento de área de superfície coberta pela porcela- o efeito da dentina subjacente, mascarando a tonali-
na, aumentando a união química (Fig. 11.9). dade acinzentada dos metais da I.E. e é através dessa
camada que se garante a efetividade da união metal x
porcelana. O opaco pode ser aplicado na forma de pó
(convencional) ou em pasta.
Aplica-se inicialmente uma fina camada de opaco
sobre o metal, previamente misturado na cor deseja-
da, utilizando-se pincel e vibração, para que essa ca-
mada se deposite nas microretenções anteriormente
criadas pela texturização.
Nesta etapa de aplicação do opaco pode se iniciar
o processo de caracterização intrínseca, através dos
modificadores de opaco, colocados na região cervical,
oclusal e proximais, capazes de proporcionar efeitos
naturais na porcelana.
A queima do opaco deve ser precedida por um pré-
aquecimento por 5 minutos, colocação no forno a
650°C, elevação da temperatura de 55°C por minuto,
S FIGURA I 1.9 até a temperatura final de 960°C.
Superfície texturizada com jatos de óxido de alumínio. A segunda camada do opaco cobre as imperfei-
ções eventualmente deixadas pela primeira e sua
queima segue o mesmo procedimento (Figs. 11.10A
all.lOD).
RÓTESE FIXA

■ FIGURA I I . I O A FIGURA II.IOB


a
Aplicação da I camada de opaco. Caracterização intrínseca sobre o opaco, na região cer-
vical.

FIGURA II.IOC ■ FIGURA II.IOD


Caracterização intrínseca sobre o opaco, na superfície Aplicação da 2a camada de opaco.
oclusal.

2.5. A PLICAÇÃO DE PORCELANA maior do que o tamanho pretendido. Avalia-se e ajus-


ta-se a oclusão durante todo o desenvolvimento dessa
Mistura-se o pó da porcelana com o líquido de etapa, através da análise do relacionamento dentário
modelar até obter consistência cremosa. Com o ins- no articulador. Restabelece-se a escultura anatómica e
trumento de preferência (pincel ou espátula) aplica-se funcional, acrescentando e removendo porcelana onde
a porcelana em pequenos incrementos, restabelecendo for necessário.
gradativamente a anatomia dental. A condensação da A cocção é realizada sob vácuo, precedida por um
porcelana, fator diretamente relacionado com a con- pré-aquecimento de 3 a 5 minutos; a seguir introduz-
traçao, é realizada através da vibração com instrumen- se a peça no forno a 600°C e se eleva a 920-930°C,
tos manuais (espátulas ou martelo de chifre) ou ele- mantendo por 0,5 a 1 minuto.
trônicos (ultrasom), removendo-se o excesso de água Após a primeira queima a superfície cerâmica
com papel absorvente e possibilitando às partículas de apresenta brilho sedoso e é possível verificar a grande
pó densidade máxima de compactação. contração inicial devido ao volume da massa cerâmica
Restabelecida a forma anatómica do dente, remove- (Fig. 11.12).
se da região incisai ou oclusal, através de um corte em Depois de resfriada, faz-se o primeiro ajuste no
bisel, a quantidade de porcelana representativa do es- articulador, corrigindo as relações com o rebordo,
malte e da sua tanslucidez, se o dente a ser reconstruído contato proximal e oclusão e realiza-se a segunda apli-
exigir essas características (Figs. l l . l l A e 11.11B). cação de porcelana, quando se pode fazer também as
Devido à contração por cocção da porcelana, es- caracterizações desejadas, que também podem ser rea-
culpe-se o dente com volume aproximadamente 20% lizadas desde a camada opaca (Fig. 11.13).
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■ FIGURA I I . I I A FIGURA I I . I I B
a
Aplicação da I camada de porcelana. Verificação das relações oclusais da Ia camada de porcela-
na no articulador

■ FIGURA 11. 13
Aplicação da 2a camada de porcelana.

FIGURA 11.12
Porcelana após Ia queima, com brilho sedoso e contração
de cocção.

A segunda queima é realizada da mesma forma


que a primeira e, a seguir, procede-se a todos os
ajustes funcionais e estéticos nos modelos montados
em articulador, antes de encaminhar o trabalho pro-
tético para o CD realizar a prova na boca do paciente
ir \ t -
(Fig. 11.14).

À
>
FIGURA 11.14
Ajuste funcional e estético das coroas metalocerâmicas,
em laboratório.
PRÓTESE F I XA

5. A JUSTE F UNCIONAL E E STÉTICO 5 . 1 . AJUSTES PRÉVIOS

A principal finalidade desta etapa é adequar as ca- Previamente à prova na boca do paciente deve-se
racterísticas das coroas metalocerâmicas, como vieram prestar atenção em alguns detalhes:
do laboratório, às necessidades funcionais e estéticas
do paciente. O produto final do laboratório é, via de 5.1.1. AVALIAÇÃO DAS S U P E R F Í C I E S INTERNAS

regra, o produto de uma atividade técnica; é um pro- DAS COROAS METALOCERÂMICAS .

duto realizado pelo técnico que não conhece o aspecto


facial do paciente, o sexo, o tipo físico, a idade e Porções de porcelana podem inadvertidamente se
amplitude do seu sorriso. Seus trabalhos têm, geral- deslocarem para as superfícies internas das coroas me-
mente, um padrão funcional e estético semelhante talocerâmicas e, durante a cocção, se unirem ao metal.
para todos os casos, devido a essa carência de informa- Quando é a porcelana opaca, ela é facilmente visuali-
ções e por trabalhar com modelos de gesso, que apre- zada com lupa e eliminada com brocas diamantadas
sentam estruturas gengivais e dentais na mesma cor e de alta rotação (Figs. 11.15A e 11.15B).
tonalidade. Se o fato ocorreu com porcelana de corpo, sua
Cabe portanto, ao cirurgião-dentista dar ao técni- visualização se torna muito mais difícil e sua detecção
co de prótese a maior quantidade possível de informa- pode ser feita através de uma análise interior do assen-
ções, seja através de gráficos, esquemas, fotografias, tamento das peças nos troqueis, previamente à prova
enceramento diagnóstico, modelos de coroas provisó- na boca, pois frequentemente comprimem e desgas-
rias e outros recursos, para que as dificuldades de tam o gesso no local do contato. Sua eliminação é
transformar um objeto impessoal em objeto funcional feita da mesma forma. O deslocamento de porcelana
e estético sejam as menores possíveis. Quanto mais para o interior das infra-estruturas tem sido conside-
recursos forem transferidos ao técnico, quanto mais rado o principal fator de desajuste das peças após apli-
capaz for ele de observar as informações recebidas, cação da porcelana. Uma avaliação cuidadosa é indis-
quanto mais competente o cirurgião-dentista na reali- pensável para eliminar este fator.
zação dos ajustes funcionais e estéticos, melhor o re-
sultado final a ser entregue ao paciente. Compete ao 5.1.2. ELIMINAÇÃO DOS EXCESSOS
cirugião-dentista, finalmente, adequar o trabalho re- MARGINAIS DE PORCELANA:
cebido às exigências estéticas do paciente, preenchendo
suas necessidades o mais integralmente possível. As A análise do aspecto interno das coroas pode mos-
necessidades funcionais são de inteira responsabilida- trar, além de porcelana nas bordas internas, excessos
de do cirurgião-dentista. As estéticas são responsabili- marginais que, se não forem adequadamente removi-
dades divididas, embora idealmente cirurgiões-dentis- dos, resultam em sobrecontorno, pressão sobre o epi-
tas e pacientes devam estar satisfeitos com o resultado télio sulcular e inflamação gengival.
estético de um trabalho. E considerada extremamente anti-estética a visuali-

■ FIGURA I I . I 5 A FIGURA I I . I 5 B
Eliminação de porcelana opaca com broca cone-invertido Eliminação de opaco na margem interna de coroa metalo-
na margem interna de coroa metalocerâmica. cerâmica com broca diamantada.
S E L E CÃ O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

zação da cinta metálica das coroas metalocerâmicas, de porcelana ou metalocerâmica do tipo "colarless".
inclusive nos dentes que não apresentam importância A persistência do excesso marginal pode levar o
estética durante o sorriso, como é o caso dos incisivos tecido gengival a apresentar uma reação inflamatória
inferiores, notadamente na sua margem cervical. Por localizada, que se constitui numa falha estética relati-
este motivo os técnicos frequentemente aplicam opa- vamente comum, que é a cianose desse tecido ao re-
co e porcelana nessa cinta metálica, o que resulta em dor da coroa.
excesso marginal. Esse excesso deve ser cuidadosamente
eliminado, de preferência com as coroas assentadas nos 5 . 1 . 5 . ELIMINAÇÃO DOS EXCESSOS DE
seus respectivos troqueis, através do uso de brocas PORCELANA DA CINTA METÁLICA^LINGUAL:
diamantadas para peça de mão, em baixa rotação, de
forma cilíndrica ou tronco-cônica. O uso de baixa As regiões da infra-estrutura correspondentes à
rotação tem a finalidade de evitar deslocamentos de cinta lingual e à barra corrugada, que são consideradas
pocelana nesse local (Figs. 11.16A e 11.16B). estruturas de reforço e rigidez e tem a finalidade de
Como esse desgaste deve ser realizado sem exposi- proporcionar resfriamento simultâneo da liga metálica
ção do metal na região cervical, também é aconselhável e da porcelana, quando da sua remoção do forno, não
a utilização de lupas para essa finalidade. Quando pos- devem ser cobertas com porcelana. Caso isso tenha
sível, na reconstrução de elementos isolados, utilizar ocorrido, a remoção deve ser realizada com discos de
coroas desprovidas de cinta metálica, como a coroa oca carborundum (Figs. 11.17A a 11.17C).

FIGURA I I . I 6 A ■ FIGURA I I . I 6 B
Excesso marginal de porcelana, cobrindo a cinta metálica Remoção do excesso marginal de porcelana com ponta
vestibular diamantada.

FIGURA I I . I 7 A ■ FIGURA I I . I 7 B
Excesso de porcelana sobre cinta metálica lingual ou barra Remoção do excesso com disco de carborundum.
corrugada.
PRÓTESE FIXA

■ FIGUR A I I . I 7 C
Definição da cinta metálica após eliminação do excesso.

Para facilitar os procedimentos de prova das coroas É sempre o primeiro ajuste funcional a ser realiza-
metalocerâmicas na boca do paciente, é indispensável do, pois é norma recomendada que, previamente à
que suas superfícies internas tenham sido adequada- fase de aplicação da porcelana seja realizado um pe-
mente limpas com jatos de óxido de alumínio ou mi- queno desgaste na face proximal dos dentes vizinhos
croesferas de vidro. no modelo de gesso, no local correspondente ao pon-
to de contato proximal, com a finalidade de propiciar
I 5 . 2 . AJUSTES CLÍNICOS um contato proximal mais efetivo no momento do
ajuste na boca do paciente.
5 . 2 . 1 - . A JUSTE DO CONTATO PROXIMAL : Ao ser levada à boca para prova, a coroa isolada
ou prótese fixa não atinge as bordas cervicais devido a
Após remoção das coroas provisórias, é importante esse fator. Seu ajuste é realizado identificando-se o
certificar-se de que não persistem resíduos do agente local do contato proximal com fitas evidenciadoras
cimentante nas margens ou paredes axiais dos dentes (fitas de máquina de escrever, carbono, ou similar),
preparados. Esses excessos de cimento provisório po- desgastando de tal forma a posicionar o contato no
dem dificultar a etapa de prova da porcelana e dos local mais recomendado para o dente ou dentes que
ajustes necessários, por impedir assentamento comple- estão sendo ajustados. (Figs. 11.18A a 11.18D).
to da coroa. Quando os dentes vizinhos apresentam restaura-
Qualquer paciente, que tenha em sua própria boca ções metálicas totais ou parciais, como amálgama, li-
um ponto de contato proximal deficiente ou ausente gas de prata ou ouro, a pressão realizada na coroa
sente, na verdadeira acepção da palavra, a importância metalocerâmica para sua introdução no dente prepa-
desse passo. rado é, geralmente, suficiente para provocar pequenas

H FIGURA I I . I 8 A ■ FIGURA I I . I 8 B
Contato proximal em excesso, gerando dificuldade de Identificação do contato proximal com fita carbono.
adaptação da prótese.
S E L E Ç Ã O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

■ FIGURA I I . I 8 C ■ FIGURA I I . I 8 D
Área de contato proximal em excesso. Desgaste de contato proximal com ponta diamantada, de
cervical para incisai.

marcas na superfície da porcelana, devido ao atrito, o durante a mastigação.


que torna mais simples o processo de visualização da A observação da efetividade de um contato proximal é,
área de contato a ser ajustada. via de regra, realizada com o auxílio do fio dental. Quando
É sempre importante que o desgaste seja realizado o contato proximal rompe ou desfia o fio dental é sinal de
com pontas diamantadas de cervical para oclusal. Isso que ele é muito intenso; quando o fio dentai passa pelo
permite melhor controle da sua localização e evita contato proximal sem nenhuma resistência é sinal de con-
desgastes excessivos que podem exigir novos acrésci- tato deficiente; o fio dental deve ser "capaz de passar pelo
mos de porcelana para correção. O contato proximal contato proximal com resistência, sem desfiar. Os pacien-
deve apresentar área de superfície adequada tanto no tes frequentemente são capazes de informar se sentem
sentido ocluso-cervical quanto vestibulo-lingual. A pressão nos dentes durante o ajuste do contato proximal,
extensão excessiva do contato proximal, em qualquer devido ao deslocamento lateral dos dentes, propiciado
direção, assim como sua extensão insuficiente, poderia pelo ligamento periodontal. É por essa razão, ou seja, pela
levar a sérios comprometimentos periodontais. Um mobilidade do dente devido ao ligamento periodontal
erro comum consiste em mantê-lo muito extenso no (média de 0,12 a 0,25mm) que se torna praticamente
sentido ocluso-cervical e/ou vestibulo-lingual, o que impossível ao técnico de prótese deixar o contato proximal
causaria alterações morfológicas e patológicas na papi- corretamente estabelecido no laboratório. Os dentes no
la interdentária, que teria seu espaço invadido. Com a modelo são fixos e imóveis e não dispõe do ligamento
inflamação e hipertrofia da papila interdentária, redu- periodontal para acomodar o contato proximal. Um con-
ção do acesso dos meios convencionais de higieniza- tato adequado no modelo pode apresentar resistência insu-
ção, forma-se uma área conhecida como "col", que é a ficiente na boca para desviar o alimento para as porções
depressão entre as porções vestibular e lingual da vestibular e lingual (Fig. 11.19).
papila, constituída de epitélio desprovido de ceratina.
Um contato posterior adequado é aquele que con-
segue desviar o alimento, durante a fase de trituração
para as áreas vestibular e lingual, mesmo os mais con-
sistentes ou fibrosos. Além disso, a área de contato
proximal deve proporcionar um espaço adequado
para alojar e proteger a papila interproximal e possibi-
litar acesso aos meios de higienização convencionais.
Se o contato proximal não é suficiente, abre-se a
possibilidade de uma terceira via para o deslocamento
do bolo alimentar que é a direção gengival, criando
áreas de impacção e seus efeitos periodontais. Nos ■ FIGURA 1 1 . 1 9
dentes anteriores esse efeito é menos perceptível, pois
Avaliação da efetividade do contato proximal através da
a fase de incisão frequentemente é pouco utilizada resistência à passagem do fio dental.
PRÓTESE FIXA

5 . 2 . 2 . AJUSTE DO CONTATO CENCIVAL DOS reta da efetividade do contato proximal (Fig. 11.21).
PÔNTICOS: Seu desgaste é realizado buscando-se visualizar as
áreas de pressão e essa percepção pode ser facilitada
Desde o início até o final da fase de ajuste das interpondo-se um pedaço de fita evidenciadora entre
áreas de contato proximal sempre deve-se prestar o pôntico e o rebordo, pressionando a prótese em
atenção ao ponto de contato gengival dos pônticos. direção cervical (Figs. 11.22A e 11.22B). Desgasta-se
Como norma, os técnicos para compensar a contração com pontas diamantadas montadas em peças de mão
de cocção da porcelana, promovem pequenos desgas- em baixa rotação. É comum o deslocamento de porce-
tes no gesso nos locais onde os pônticos deverão tocar lana nesse local quando se utiliza brocas diamantadas
levemente os tecidos gengivais. Com frequência isto em alta rotação.
causa interferência e a prótese não pode atingir seu Outra maneira, prática e simples, de se identificar
correto assentamento (Fig. 11.20). as áreas de pressão excessiva dos pônticos na fibromu-
A pressão excessiva contra o rebordo gengival provoca cosa do rebordo, é pincelar fina camada de vaselina
inicialmente isquemia e, se mantida, leva a perda da sólida na mucosa previamente seca com jatos de ar e
camada de ceratina do epitélio e o aparecimento de uma posicionar a prótese. A vaselina, ao contactar a super-
área ulcerada crónica, permanentemente inflamada. O fície gengival do pôntico, se torna perfeitamente visí-
desgaste no local adequado permite melhor assentamen- vel no ponto onde está ocorrendo a pressão excessiva.
to da peça fixa e, consequentemente, uma avaliação cor- O desgaste é realizado até que se tenha contato gengi-

■ FIGURA 11.20 ■ FIGURA 11.21


Desajuste marginal de prótese metalocerâmica por pres- Visualização das áreas de pressão excessiva sob os pônti-
são excessiva dos pônticos contra o rebordo. cos devido à isquemia do tecido gengival.

■ FIGURA II.22A ■ FIGURA II.22B


Interposição de fita de carbono entre o pôntico e rebor- Identificação das áreas de pressão excessiva na superfície
do, no local de isquemia. gengival dos pônticos.
S E L E Ç Ã O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

vai adequado do pôntico com o rebordo, de acordo apresentar contato gengival e, em alguns casos, chega
com a importância estética do caso. E indispensável a ser desaconselhada essa ocorrência. Espaços de lmm
manter o campo seco e isolado com rolos de algodão entre o pôntico de um primeiro molar inferior e o
para se atingir esses objetivo (Figs. 11.23A e 11.23B). rebordo gengival facilitam a utilização dos meios auxi-
A verificação da efetividade do contato gengival do liares gengival de higienização.
pôntico sem pressão, é feita através do fio dental que Pônticos que não permitem contato do fio dental em
deve deslizar sobre a superfície gengival estabelecendo toda a superfície gengival, não podem ser corretamente
contato com a porção correspondente do pôntico, em higienizados. Sua forma deve ser, idealmente, convexa
todo o sentido mesio-distal. A dificuldade de passa- em todos os sentidos. As formas côncavas, por não pos-
gem do fio dental é indicativa de pressão excessiva sibilitarem limpeza, precisam ser modificadas por proce-
(Fig. 11.24). A fase de cimentação provisória das dimentos cirúrgicos nos rebordos residuais, a fim de ob-
peças definitivas tem, entre outras, a finalidade de ter formas anatómicas mais favoráveis do ponto de vista
avaliar a efetividade do contato gengival dos pônticos da higiene e fisioterapia oral (Figs. 11.25A e 11.25B).
- as áreas de pressão ficam facilmente visíveis após Nessa etapa de ajuste do contato gengival dos pôn-
alguns dias. ticos se realiza também a abertura das ameias cervi-
Pônticos em locais de menor importância estéti- cais, utilizando para isso discos diamantados finos ou
ca (inferiores/posteriores, por exemplo), não precisam de carborundum.

FIGURA I I.23A
FIGURA I I.23B
Aplicação de vaselina siliconizada no rebordo, na área
onde ocorre pressão excessiva dos pônticos. Após remoção da prótese, visualiza-se as áreas de pressão
através da vaselina siliconizada.

FIGURA 11.24
A efetividade do ajuste do contato gengival dos pônticos
é avaliada através da passagem de fio dental.
PRÓTESE F I X A

■ FIGURA I I.25A FIGURA II.25B


Pônticos inferiores, sem importância estética, com contato Ajuste do contato gengival dos pônticos no rebordo e
gengival excessivo. abertura das ameias cervicais

5 . 2 . 5 . VERIFICAÇÃO DA MARGENS com elastômetros, etc, podem contribuir para uma


CERVICAIS avaliação criteriosa durante a fase de prova da I.E.,
como comentado anteriormente.
Vários fatores podem alterar a qualidade da adap- Nesta etapa deve se prestar atenção aos seguintes
tação cervical das peças fundidas, após aplicação de aspectos fundamentais:
porcelana. Alguns relacionados com a combinação
metal-porcelana, ou seja, falha dos materiais empre- 5 . 2 . 5 . 1 . Á REAS DE ISQUEMIA
gados, que podem levar a desajustes da porcelana.
Outros relacionados com falhas humanas do dentista A observação de áreas isquêmicas ao redor das
e do técnico em prótese dentária. A mais comum margens cervicais dos dentes pilares, que não existiam
talvez seja a redução excessiva da I.E., ou mesmo durante a fase de prova da infra-estrutura, significa
eliminação da cinta metálica por vestibular, numa excesso de porcelana a ser removida. Durante a remo-
tentativa geralmente mal sucedida de contornar a ção é importante se evitar a exposição de opaco nessa
extensão insuficiente do término cervical dentro do região cervical. O opaco não sofre glazeamento ou
sulco. A redução da cinta metálica com pedras de vitrificação, permanece rugoso e propicia retenção de
discos de óxido de alumínio ou carborundum pode placa bacteriana no local mais crítico de todo traba-
provocar deslocamento ou fraturas do metal. Por lho protético, o término cervical (Fig. 11.26).
essa razão, é indispensável a reavaliação do assenta-
mento da margens cervicais com sondas explorado-
ras finas ou quaisquer meios complementares de ava-
liação. Seu assentamento é comprovação inequívoca
de que nem os contatos proximais dos dentes vizi-
nhos à prótese e nem os contatos gengivais dos pôn-
ticos estão impedindo ou dificultando esse passo.
Não significa, entretanto, que estão corretamente es-
tabelecidos. Contatos proximais e gengivais folgados
facilitam o assentamento das peças.
Esta fase tem apenas a finalidade de confirmar
novamente o assentamento das peças fundidas, fato já
verificado durante a prova da infra-estrutura. Deve se
levar em consideração que as pontas de sondas explo-
radoras novas apresentam média de 84um e, portanto, FIGURA 11.26
são incapazes de detectar falhas menores que os diâ- Verificação de área isquêmica na região cervical que pode
metros de suas extremidades. Meios complementares ocorrer por excesso de porcelana ou deficiência de adap-
como radiografias interproximais, avaliação do ajuste tação da coroa provisória.
S E L E Ç Ã O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

Um cuidado adicional na observação de áreas ficiências destas, mas sim, das coroas provisórias.
isquêmicas, tanto na prova da I.E. quanto da por-
celana, é que essas áreas podem ocorrer devido a 5 . 2 . 5 . 2 . PERFIL DE EMERGÊNCIA
falhas marginais das coroas provisórias, que não ti-
nham ou perderam, pelas remoções, limpezas de Ao se eliminar áreas de isquemia, está-se simulta-
agente cimentante e recolocações sucessivas, a pre- neamente ajustando o próprio perfil de emergência
cisão da adaptação marginal obtida durante as eta- das coroas metalocerâmicas de modo que a porcelana
pas de confecção e reembasamento. Um bom meio saia reta de dentro do sulco sem exercer pressões late-
para fazer essa avaliação é adaptar a coroa provisó- rais, intoleráveis pelo epitélio sulcular.
ria no respectivo troquei, verificando se os locais Um meio prático de se determinar precisamen-
isquêmicos coincidem com as áreas das coroas pro- te a área relacionada com o perfil de emergência
visórias que apresentam alguma deficiência de consiste em assentar a prótese e, com lapiseira e
adaptação. Coroas provisórias que não se adaptam grafite fino, delimitar a margem gengival da coroa
corretamente nas margens cervicais, principalmente metalocerâmica. O desgaste será realizado da linha
quando ocorre falta de resina, promovem o apareci- de grafite em direção cervical, pois é exatamente
mento de áreas de isquemia durante a prova de esta a região que se localiza dentro do sulco (Figs.
infra-estrutura e da porcelana, mas que não são de- 11.27A a 11.27C).

■ FIGURA I I . 2 7 A ■ FIGURA II.27B

Delimitação da área de porcelana colocada dentro do sulco Visualização da área de porcelana colocada dentro do
gengival, com grafite, para correção do perfil de emergência. sulco gengival para correção do perfil de emergência.

■ FIGURA I I . 27C
Desgaste da área de porcelana relacionada com o perfil
de emergência, através de pontas diamantadas.
PRÓTESE FIXA

5.2.4. AJUSTES OCLUSAIS realizados, os ajustes oclusais não serão acentuados e


nem originarão grande perda de tempo.
Após a conclusão das etapas anteriores, passa-se à O ajuste oclusal deve ser realizado dente a dente,
fase de ajustes oclusais propriamente ditas. Deve se interpondo-se uma fita de papel celofane ou similar,
levar em consideração, para este ajuste, a posição ân- com largura aproximada de lcm entre os arcos, para
tero-posterior selecionada para a escultura da prótese, se detectar o dente que estabelece o primeiro contato.
se a máxima intercuspidação habitual (MIH) ou oclu- A seguir, com os dentes mantidos secos com jatos de
são em relação cêntrica (ORC), ou seja, coincidência ar, interpõe-se uma fita evidenciadora ou carbono,
entre RC e MIH. com a mesma largura, presa em pinça hemostática ou
de Miller, para determinar o local a ser desgastado
5 . 2 . 4 . 1 . PRÓTESE EM MIH com brocas diamantadas de alta-rotaçao, de tamanho
pequeno. Os contatos mais intensos se tornam perfei-
O paciente deve receber isolamento com rolos de tamente nítidos na superfície oclusal de porcelana,
algodão e é solicitado a fechar levemente a mandíbula. pois geralmente se apresentam com maior área e mais
Observa-se a relação de contato dentário e, principal- fortes e serão os primeiros a sofrerem desgaste. A me-
mente, o grau de separação dos dentes naturais. Isto dida que se continua o ajuste, maior quantidade de
possibilitará determinar a quantidade de ajuste oclusal contatos surgirão (Figs. 11.28A e 11.28B).
necessário para buscar harmonia entre a oclusão da É importante que estes contatos apresentem distri-
prótese e a dos dentes naturais. Se as etapas anteriores buição tal na superfície oclusal da porcelana que se-
de registros dos modelos de trabalho e de remontagem jam capazes de conferir estabilidade oclusal à prótese
da I.E. para aplicação de porcelana foram corretamente e, idealmente, devem ser pontiformes.

FIGURA II.28A
■ FIGURA II.28B
Início do ajuste oclusal de prótese em MIH, evidenciando
Contatos oclusais no final do ajuste devem ser suficien-
contatos prematuros através de papel carbono.
tes para promover estabilidade à prótese e à oclusão do
paciente.

Ao final dessa fase devem existir contatos estáveis


uniformes e simultâneos, tanto entre os dentes da
prótese quanto entre os naturais, distribuídos de uma
forma que consigam transmissão axial dos esforços
durante a fase de mastigação e deglutição. O papel
celofane usado para verificação da efetividade do con-
tato oclusal deve ser capaz de se manter preso, duran-
te o fechamento, tanto entre os dentes naturais que
normalmente ocluem, quanto entre os artificiais que
estão sendo ajustados (Fig.11.29).
A falta de cuidado, nessa etapa de ajuste oclusal, é /
considerada a razão principal para a ocorrência de um ■ FIGURA 11.29
evento extremamente desagradável para o paciente e pro- Contatos de mesma intensidade nos dentes natural e arti-
ficial significam ajuste oclusal adequado.
S E L E Ç AO DF C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E Í A I O C E R Â M I C A

fissional, que é a fratura da porcelana algum tempo após que ocorrerá caso a nova prótese venha a acrescentar
a instalação, sem que para isso tenha contribuído a mas- novos contatos prematuros à oclusão do paciente,
tigação de alimentos excessivamente duros. Contatos aos quais ele não está adaptado.
mais fortes ou mal distribuídos levam à concentração de O desleixo a esta verificação é o responsável prin-
esforços num determinado ponto da face oclusal de por- cipal pelas queixas de pacientes portadores de dis-
celana, o que propicia fratura e seu deslocamento. função craniomandibular, cujos sinais e sintomas
O paciente não é a pessoa mais capaz de julgar a surgiram de maneira clara e definida, após a instala-
efetividade do ajuste, se está correto ou insuficiente. ção da prótese.
Os diferentes limiares de tolerância podem fazer com Finalizando o ajuste, pode ser necessário reesculpir a
que pacientes aceitem como adequados, contatos pre- anatomia da face oclusal, devido às alterações promovi-
maturos intoleráveis para outros e que, posteriormente das. Para isso pode se utilizar pontas diamantadas finas.
podem resultar em danos à própria porcelana, ao
ligamento periodontal, aos músculos mastigatórios e 5 . 2 . 4 . 2 . PRÓTESE EM ORC
às próprias articulações temporomandibulares. Sensa-
ções como de cansaço, premência de tempo, impaci- O ajuste funcional em ORC é realizado de maneira
ência do paciente e do cirurgião-dentista podem, en- similar ao em MIH, com o uso de fitas evidencia-
tre outros motivos, contribuir para se considerar satis- doras de carbono e celofane e utilizando quando pos-
fatório um ajuste oclusal aquém do ideal. sível as referências proporcionadas pelos contatos
Quando a posição de MIH é a escolhida para a oclusais de dentes naturais. Quando se tratar de pró-
confecção da prótese, é indispensável que, nas fases teses extensas ou reabilitação oral, o ajuste oclusal
finais do ajuste oclusal se verifique a posição de deve ser realizado mantendo-se a dimensão vertical de
R.C., através da manipulação bilateral. Qualquer oclusão com as coroas provisórias instaladas em um
contato prematuro existente na prótese que está sen- hemi-arco, servindo de parâmetro. Isso possibilita
do ajustada deve ser eliminado. Sabe-se que, até o ajustar a prótese na mesma posição de ORC e DVO
momento, os contatos prematuros que o paciente que se encontram as coroas provisórias com as quais o
apresenta, que levam a mandíbula de RC para MIH, paciente convive há alguns meses e consegue desen-
não provocaram maiores distúrbios oclusais ou dis- volver as funções básicas do sistema estomatognático
funcionais ao mesmo. Não se sabe dizer, porém, o de maneira satisfatória (Figs. 11.30A a 11.30D).

FIGURA I I.30A ■ FIGURA I I.30B


Vista vestibular de paciente com necessidade de reabilita- Vista lateral do mesmo paciente, mostrando necesssidade
ção oral. de confecção de prótese em ORC:
PRÓTESE F I XA

■ FIGURA I I . 3 0 C ■ FIGURA I 1.30D


Ajuste da prótese em ORC do lado esquerdo, sendo Ajuste de prótese em ORC, mantendo-se a mesma DVO
avaliado com papel celofane, mantendo-se as coroas pro- das coroas provisórias.
visórias do lado direito.

A JUSTES EM L ATERALIDADE os caninos, assim como os demais dentes anteriores, de-


vem permitir a sua passagem. Parte-se do princípio de
A desoclusão pelo caninos, ura dos pilares da filo- que a inclinação dos dentes anteriores nos seus alvéolos,
sofia ou escola de reabilitação oral conhecida como sua concavidade palatina sem cúspides, não foi feita pela
Gnatologia, encontra adeptos nos diferentes tipos de natureza para receber contatos efetivos. Eles resultariam,
reconstrução protética como prótese total, removí- inevitavelmente, em transmissão oblíqua dos esforços,
vel, fixa, prótese sobre implantes e inclusive, confec- fora do longo eixo dos dentes e, consequentemente, pas-
ção de placas mio-relaxantes, executadas de forma a síveis de se tornarem forças traumáticas, possibilitando
apresentarem guia canina. É este também o tipo de migrações dentais e perdas ósseas.
desoclusão mais encontrado na dentição natural e Quando se inicia o movimento lateral, apenas os
isto, aliado à facilidade para sua execução, são as caninos devem se tocar. É até aceitável que outros
duas razões principais pela quais ela deve ser preferi- dentes anteriores mantenham contato durante os mo-
da, sempre que possível. vimentos laterais, mas é desaconselhável que um dente
Os canino são os dentes responsáveis pela desoclusão posterior o faça. Isso sugere que qualquer contato do
dos dentes posteriores, quando se executa um movimen- lado de trabalho deve ser eliminado para permitir a
to lateral, na oclusão mutuamente protegida. Nesse tipo desoclusão apenas pelos caninos. O mesmo deve ocor-
de oclusão, enquanto os dentes posteriores se contatam rer com qualquer contato do lado de balanceio, pelo
firmemente, prendendo uma fita de celofane entre eles, potencial danoso (Figs.ll.31A a 11.31C).

■ FIGURA 1 1 . 3 IA ■ FIGURA I 1 . 3 1 B
Ajuste da desoclusão durante o movimento lateral através Ajuste da desoclusão durante o movimento lateral através
de um pôntico do canino. de um canino, pilar de prótese fixa metalocerâmica.
S E L E C Ã O DE COR E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

■ FIGURA I I . 3 I C
Vista lateral de desoclusão pelo canino.

O segundo tipo de desoclusão encontrado na na- Quando essa separação é muito acentuada, abrindo
tureza é denominada função em grupo. Nesse tipo de grande espaço entre os dentes posteriores, como ocor-
desoclusão ocorre contatos entre as cúspides vestibula- re em alguns movimentos ortodônticos ou em pacien-
res de pré-molares e molares do mesmo lado, durante tes portadores de classe II, divisão II, se denomina
o movimento lateral, com ou sem contato dos cani- levantamento pelos caninos. Os potenciais danos às
nos. Também se sugere que não se permita a manu- estruturas articulares, particularmente ao disco inter-
tenção de contatos do lado de balanceio. Esse tipo de articular, são discutíveis neste caso.
desoclusão, embora mais difícil de ser restabelecida e A percepção do contato do lado de balanceio deve
ajustada, pode ser utilizada quando houver má posi- ser feita através de tira de papel celofane e sua visuali-
ção dos caninos ou envolvimento periodontal que zação através das fitas evidenciadoras. O contato em
desaconselhe ou impeça a desoclusão exclusivamente balanceio sempre ocorre em cúspides de contenção
por estes dentes. cêntrica e a que estiver mal posicionada deve ser esco-
A visualização dos contatos do lado de trabalho é lhida para o desgaste; se ambas estiverem corretamen-
feita interpondo-se a fita evidenciadora entre os den- te posicionadas, desgasta-se a palatina, pois a vestibu-
tes no lado a ser ajustado e realizando-se o movimen- lar, por ser a que se movimenta, é mais importante no
to de desoclusão. Desgasta-se preferencialmente nas ciclo mastigatório.
vertentes triturantes das cúspides não funcionais (ves- Novamente, para se evitar o risco de permanecerem
tibulares dos superiores e linguais dos inferiores), para contatos de balanceio indesejáveis, deve se confiar nas
que não se percam os contatos cêntricos anterior- tiras de papel celofane e carbono e não no paciente.
mente estabelecidos, até que se obtenha desoclusão
mínima durante os movimentos laterais. ?.2.6. AJUSTES EM PROTRUSIVA
O canino é o dente mais indicado para se fazer a
desoclusão devido ao seu posicionamento anterior, Mesmo que o ajuste da coroa seja de um único
distante das áreas de maior sobrecarga funcional (se- dente anterior, é extremamente importante a desoclu-
gundo pré-molar e primeiro molar), sua raiz volumo- são dos dentes posteriores pelos anteriores, durante o
sa e com grande área de ligamento periodontal. Um movimento protrusivo. Às vezes adequadamente ajus-
outro fator nada desprezável é que se torna muito tada em MIH ou ORC, permitindo a passagem livre
mais fácil se fazer uma desoclusão pelos caninos do de celofane quando ocluído, uma coroa de incisivo
que realizar adequadamente uma função em grupo. central, metalocerâmica, metaloplástica ou mesmo de
Deve se levar em consideração que, por mais sofistica- resina, como as coroas provisórias, pode vir a sofrer
do que seja o articulador (totalmente ajustável, por pericimentite, espessamento do ligamento periodon-
exemplo), os modelos de gesso não apresentam liga- tal, perda óssea, necrose pulpar, migração para vesti-
mento e este fato pode, por si só, prejudicar o resulta- bular, abertura de diastemas, etc, se o movimento
do obtido no laboratório. protrusivo ocorrer às custas de sua concavidade palati-
Se chama desoclusão dos dentes posteriores pelos na, sem distribuir esforços aos demais dentes. Caso a
caninos quando apenas estes se tocam durante o mo- coroa em questão esteja colocada sobre dente tratado
vimento lateral, no lado de trabalho, mas no qual os endodonticamente, com núcleo curto ou não, as
posteriores passam muito próximos uns dos outros. chances de fratura horizontal e/ou longitudinal se
PRÓTESE F I XA

acentuam, podendo acarretar a perda do elemento sai de um articulador, o que se denomina guia incisai
dentário e a necessidade de reposição por próteses fi- personalizada, utilizada para a escultura ou ajuste da
xas convencionais, adesivas ou implantes unitários ou concavidade palatina das coroas definitivas. Esta é
mesmo a utilização de meios ortodônticos para tração uma das mais importantes formas de compensação
coronária e cirúrgicos para restabelecimento das dis- das limitações dos articuladores semi-ajustáveis, como
tâncias biológicas alteradas pelo nível da fratura. comentado anteriormente.
Um dente superior sofre, com maior frequência, os Idealmente, os esforços durante o movimento pro-
efeitos de um movimento protrusivo mal distribuído, trusivo devem ser distribuídos pelo maior número possí-
principalmente devido à sua inclinação extremamente vel de dentes anteriores. Quantidade de sobrepasse verti-
acentuada (20° a 30°) no seu alvéolo, quando compa- cal, horizontal e dentes apinhados são alguns dos fatores
rado com seu antagonista inferior (5-10°) que recebe que podem dificultar esse objetivo. Deve se buscar, no
os esforços mais axialmente dirigidos. mínimo, a distribuição adequada dos esforços para os
Quando todo o segmento anterior precisa ser re- dois incisivos centrais superiores que, por se apresenta-
construído, idealmente deve haver correlação íntima rem mais longos que os laterais, se tornam mais propíci-
entre a angulação da concavidade palatina dos dentes os para esta função. Os incisivos laterais, por serem pro-
superiores e a angulação da vertente posterior da emi- vidos de menor quantidade de ligamento periodontal
nência articular, de tal forma que a primeira seja igual que seus vizinhos, caninos e centrais, devem ser poupa-
ou até 10 graus maior que a segunda. Isso propicia dos de cargas acentuadas durante os movimentos laterais
uma desoclusão firme entre superfícies duras, evitan- ou protrusivos (Fig. 11.32A a 11.32C).
do compressões acentuadas dos discos articulares da Ao término do movimento protrusivo, os dentes
ATM. A melhor forma de se obter esta situação é o anteriores devem apresentar contatos uniformes e si-
ajuste da concavidade palatina na etapa de coroas pro- multâneos nas bordas incisais do maior número possí-
visórias e a transferência desse ajuste para a mesa inci- vel de dentes.

■ FIGURA I I . 3 2 A ■ FIGURA II.32B


Ajuste protrusivo mostrando distribuição dos esforços Distribuição uniforme dos contatos durante o movimento
entre dente natural e prótese metalocerâmica. protrusivo em reabilitação oral metalocerâmica..

■ FIGURA I 1.32C
Vista frontal da desoclusão durante o movimento protrusivo.
S E L E Ç Ã O DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

5 . 2 . 7 . AJUSTE FONÉTICO pronúncia, como ocorre na pronúncia de palavras


com S. As bordas incisais se tocam ou se aproximam a
Quando se utilizou modelos de gesso das coroas uma distância não maior que 0,5mm, na maioria dos
provisórias como orientação para o técnico executar casos e, por sua reprodutibilidade, este princípio é
ceroplastia, obtenção de infra-estrutura e aplicação da aplicado nos testes fonéticos para determinação da di-
porcelana, estes recursos são geralmente suficientes mensão vertical de oclusão, nos casos de reabilitação
para se fazer corretamente o sobrepasse vertical e hori- oral em que esta distância precisa ser restabelecida.
zontal, a forma e inclinação dos dentes, as desoclu-
sões, etc. Como consequência, os testes fonéticos rea- 5 . 5 . A JUSTE E STÉTICO
lizados nesta etapa raramente resultam na necessidade
de se promover grandes modificações que as próprias O ajuste estético é a personalização do trabalho pro-
coroas provisórias já não tenham previsto. tético. E a criação de um trabalho individual, que deve
E conveniente observar: se encaixar perfeitamente às características de sexo, ida-
1) Se as bordas incisais dos centrais superiores re de e personalidade do paciente que o está recebendo. E
pousam na linha seco-molhada do vermelhão do lábio, a transformação de um trabalho eminentemente técni-
quando na pronúncia de palavras contendo sons F e V. co, fornecido pelo protético, similar a outros casos, em
2) Se os incisivos centrais apresentam comprimen trabalho individual e personalizado. E justamente onde
to suficiente para tornar visível - l-2mm das bordas o cirurgião dentista, que se acredita artista em muitas
incisais, nas pessoas jovens, com os lábios em repouso. ocasiões, pode exprimir seus reais sentimentos e, princi-
3) Se a quantidade de borda incisai visível dos palmente, conhecimentos.
incisivos centrais, com os lábios em repouso, é com De uma maneira geral, porém, os cirurgiões dentis-
patível com a idade do paciente; quanto mais idoso, tas têm "medo" de promover desgastes na porcelana.
menor a quantidade visível de borda incisai devido ao Medo de que ela se solte, medo de remover demais,
desgaste funcional. Por volta da quarta a quinta déca medo de não saber o que fazer. Por essa razão, solicita
da de vida, a borda incisai dos dentes superiores se ao técnico que realize os desgastes que julga convenien-
encontra praticamente ao nível do lábio em repouso. tes, através de demarcações com lápis na porcelana, por
4) Se a pronúncia de palavras não é prejudicada informações escritas e mesmo por telefone. Muitas ve-
pelo escape de ar, principalmente entre os pônticos, zes a coroa metalocerâmica já retorna devidamente gla-
gerando sons sibilantes. Caso ocorra, pode estar indi zeada, polida, sem a realização de nova sessão de prova,
cado o vedamento desses orifícios ou espaços por pela dificuldade que tem o cirurgião dentista de perso-
meio de porcelana rosa, simulando papila artificial, nalizar esteticamente seu trabalho (Fig. 11.33).
como a número 572 da VITA (Vita Metall Keramik)
acrescida com 50% de transparente, que pode inclusi
ve ser modificada por pigmentos extrínsecos como o
Vitachrom 704, do mesmo fabricante. E possível que
isso já tenha sido notado nas coroas provisórias e os
espaços negros entre pônticos fechados com resina
rosa, possibilitando a adaptação fonética do pacientes
já nessa etapa do trabalho protético. Como comenta
do anteriormente, o condicionamento do tecido gen-
gival também se presta para esta finalidade.
5) Se o plano incisai se apresenta em harmonia
com o plano oclusal, com o intuito de evitar o "sorri
so invertido", em que o primeiro plano se encontra
mais "alto" que o segundo, fazendo com que os dentes
posteriores sejam mais visíveis que os anteriores, du
rante o sorriso. Essa ocorrência é relativamente co FIGURA I 1.33
mum nos vários tipos de próteses, se constituindo Reabilitação oral metalocerâmica na etapa de prova da
numa das falhas ou insucessos estéticos mais frequen porcelana: a forma dos dentes foi reproduzida das coroas
tes. Além disso, pode prejudicar sensivelmente a foné provisórias, através de modelo de gesso; o guia anterior foi
tica porque a altura correta dos incisivos centrais é obtido a partir da mesa incisai personalizada; os ajustes
indispensável para a obtenção do espaço mínimo de estéticos em laboratório foram realizados baseando-se na
gengiva artificial.
PRÓTESE F I XA

O mais difícil de toda essa etapa é dar formas mais micas, durante o ajuste estético, a seguinte sequência
definitivas às coroas. de ajuste deve ser seguida:
Dentro da "Tríade da Estética", que são os fatores
que regem a análise e o ajuste estético, nas fases labo- 5 . 5 . 1 . VÉRTICE DOS INCISIVOS PARA DISTAL
ratoriais e clínicas, três tópicos devem ser observados:
1) Posição dentária - forma e contorno Essa etapa deve se seguir à criação do perfil de
2) Textura de superfície emergência, considerada como ajuste funcional por
3) Cor suas relações com os tecidos periodontais.
A maioria dos profissionais, técnicos ou cirurgi- Consiste no princípio de que os incisivos superio-
ões dentistas, estão mais preocupados com a cor dos res tem forma básica triangular, com convergência
seus trabalhos, sendo que ela vem em terceiro lugar cervical. O vértice desse triângulo está sempre coloca-
na "Tríade da Estética". Com outras palavras, isso do para distal, considerando-se o longo eixo
significa que os profissionais que trabalham com (Figs.ll.34Aa 11.34C).
prótese frequentemente estão mais preocupados com A colocação do vértice desses dentes paralelos à
o fator menos importante, relegando a planos secun- linha média da face é erro estético frequente, gerando
dários a forma, o contorno e a textura dos dentes. a imagem de "dente artificial".
Resumindo, se a cor estiver absolutamente correta, Por outro lado, o posicionamento para mesial des-
mas a forma e o contorno não forem compatíveis se vértice, combinado com a inversão do longo eixo
com os demais dentes do paciente, o trabalho não dentário, também normalmente dirigido para distal,
será aceitável ou satisfatório. Os dentes devem ser gera a sensação de dentes trocados de hemi-arco.
feitos para serem vistos, não notados. Por outro lado, A colocação do vértice para distal é realizada
dentes com forma e contorno adequados, harmóni- acentuando-se o desgaste na porção do 1/3 cervical
cos com os outros dentes, mesmo com cor diferente, principalmente por mesial, através de pontas diaman-
tornam o trabalho aceitável. tadas e discos.
Com o intuito de chamar atenção para a obtenção Nos dentes longos, deve se realizar o artifício co-
da forma, contorno e textura das coroas metalocerâ- nhecido como contorno de deflexão dupla, utilizando

■ FIGURA I I . 3 4 A ■ FIGURA II.34B


Traçado no centro da face vestibular dos dentes para Forma triangular básica dos incisivos, com coincidência do
facilitar a visualização do longo eixo dentário e das suas longo eixo para distal e do vértice do triângulo (ponto
inclinações. mais alto).

FIGURA II.34C
Correçao do contorno cervical com pontas diamantadas
e discos de carborundum, mantendo o vértice do triângulo
para distal.
S E L E C AO DE C O R E A J U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R A M I C A

pontas diamantadas com a finalidade de "reduzir" o Nos dentes posteriores essa abertura pode ser mais
comprimento do dente através da ilusão ótica, pela ampla, com o objetivo de propiciar facilidade de higi-
criação da linha cervical da coroa ou pôntico similar e enização, sem comprometer a estética. Nos anteriores
da mesma altura da linha cervical dos outros dentes. a abertura das ameias cervicais deve se cuidadosa e
Essa linha deve ser definida na porcelana, prevista na suficiente para acomodar a papila, permitir higieniza-
infra-estrutura e caracterizada durante a aplicação da ção e manter estética aceitável, sem a criação dos cha-
porcelana ou mesmo durante a pigmentação extrínse- mados "buracos negros" que inclusive podem criar
ca. Essa região, correspondente à raiz, fica colocada dificuldades fonéticas devido ao escape de ar.
em plano posterior à face vestibular do dente, menos Uma área crítica se encontra nas ameias cervicais
visível e deve receber coloração mais acentuada, o que dos incisivos inferiores, quando exigem coroas esplinta-
destaca o efeito da reflexão. das por razões periodontais ou protéticas. A criação de
espaço mínimo de 1 - l,5mm entre as raízes, geralmen-
5 . 5 . 2 . AMEIAS CERVICAIS te por procedimentos cirúrgicos, é um dos meios para
possibilitar espaço entre as porções proximais das coroas
A sequência do ajuste do vértice do dente, em para a papila interproximal e acesso aos meios con-
direção proximal, possibilita a delimitação das ameias vencionais de higienização. De qualquer forma, esse
cervicais e a criação dos espaços para as papilas inter- espaço já deve estar previsto na infra-estrutura - se isso
proximais (Figs. 11.35A e 11.35B). não ocorrer, não será às custas do ajuste da porcelana
que ele será obtido, exceto se esta foi descuidadamente
colocada fechando os espaços proximais e não removi-
da nas etapas de laboratório. O uso de discos de carbo-
rundum para ajuste das ameias cervicais deve ser cuida-
doso, devido ao risco de lesão nas margens ou adapta-
ção cervical. Os discos convencionais de carborundum
podem ser afinados de ambos os lados, se forem girados
contra uma broca diamantada, reduzindo os riscos de
danos ao metal das margens cervicais da coroas. Brocas
diamantadas finas complementam esse ajuste.

5.?.?. ÁREAS PLANAS

FIGURA II.35A A área plana do dente, que se torna visível pela


Área delimitada para abertura das ameias através de dis- reflexão da luz, é responsável pela sensação de tama-
cos de carborundum ou diamantados. nho, se constituindo num artifício de ilusão ótica ex-
tremamente útil quando se tem dimensões diferentes
de dentes homólogos. Os dentes serão similares se
tiverem áreas planas iguais.
Quando se tratar do ajuste de uma coroa metalo-
cerâmica isolada (dente 11, por ex.), demarca-se a
área plana do dente natural, geralmente correspon-
dente ao 1/3 médio, com grafite. Busca-se criar na
coroa uma área plana correspondente à do dente na-
tural, tornando-as bastante semelhantes.
No ajuste de próteses anteriores extensas, demarcar
a área central plana dos dentes com superfícies iguais
para dentes homólogos. Externamente a essas áreas,
■ FIGURA I I.35B desgastar criando inclinações convexas por distai e
Após abertura das ameias cervicais observa-se o espaço mais suaves e discretas por mesial. Nessa fase corrigir,
preenchido pela papila obtida às custas de remodelação se necessário, a anatomia em três planos da face vesti-
do tecido gengival do rebordo. bular e proximais. (Figs.ll.36A e 11.36B)
PRÓTESE F I XA

FIGURA I I.36A

A superfície da área plana é responsável pela sensação de FIGURA I I.36B


tamanho do dente; o I I parece maior que o 21 porque tem O desgaste das porções externas à área plana, mantendo
área plana maior embora tenham tamanhos semelhantes. superfícies iguais para dentes homólogos, transmitem a
sensação visual de dentes semelhantes

Por princípio, se procede obedecendo às seguintes conexões devem ser deslocados tanto para lingual
regras: quanto possível.
• Dentes homólogos, áreas planas iguais; Esta individualização pode ser iniciada com discos
• Dentes pequenos, áreas planas iguais entre den de carborundum finos ou, preferentemente, com dis-
tes homólogos e maiores do que o normal (avançam cos diamantados delgados (0,25 mm) de dupla face.
em direção cervical, incisai e proximal). Os dentes Evitar também cortes retos, que tornam o dente re-
parecem maiores, por ilusão ótica. tangular e uniforme (Figs. 11.37A e 11.37B).
• Dentes longos, áreas planas iguais entre dentes Quanto maior a separação ou individualização dos
homólogos e menores do que o normal (restritas ao V dentes, mais longe se estará da imagem de "teclado de
médio ou menor do que isso) - os dentes parecem piano" que acompanha próteses confeccionadas sem
menores. qualquer rigor estético. Por outro lado, se não houve
previsão de espaço para individualização na infra-estru-
5.5.4. ABERTURA INTERPROXIMAL tura, é corriqueiro o "acidente estético" de se provocar
exposição indevida de metal, que se mantém oxidado e
A abertura interproximal ou individualização dos escuro. Quando isso não ocorre, pode haver exposição
dentes só pode ser adequadamente realizada nesta eta- de opaco e imagem parecida de um dente com resíduos
pa se tiver sido previamente prevista na confecção da alimentares no espaço proximal. Ambas situações exi-
infra-estrutura. Nesses casos, os pontos de solda ou gem correção, pois são extremamente anti-estéticas.

■ FIGURA I I.37A FIGURA II.37B


Delimitação para abertura interproximal entre pônticos Abertura dos espaços interproximais realizada com discos
com o objetivo de se conseguir individualização dos den- de carborundum ou diamantados finos.
tes artificias
S E L E C Ã O DE C O R E A I U S T E F U N C I O N A L E E S T É T I C O EM P R Ó T E S E M E T A L O C E R Â M I C A

5 . 5 . 5 . ABERTURA OU AMEIA ÍNCISAL sistência de um espaço, durante o sorriso, entre a face


vestibular desses dentes e a mucosa da superfície inter-
Consiste no arredondamento dos ângulos incisais na das bochechas. Um primeiro molar projetado para
dos dentes anteriores, dando-lhes características de vestibular quebra a graduação visual desse corredor
sexo, idade e personalidade. bucal, destacando esses dentes dos demais.
Através do arredondamento dos ângulos incisais O posicionamento do canino é de importância
com discos e pontas diamantadas, se determina dife- fundamental, pois é o dente que fica exatamente na
rentes alturas dos contatos proximais, que é caracterís- zona de transição do quadrante anterior para o poste-
tica da dentição natural. Ângulos distais dos incisivos rior, sendo um dos principais responsáveis pela delica-
mais arredondados que os mesiais e arredondamento deza ou robustez do trabalho. Numa vista frontal é
maior desses ângulos no sexo feminino são fatores importante que as áreas visíveis desses dentes sejam
determinantes da suavidade de um trabalho protético iguais de ambos os lados, o mesmo ocorrendo com os
e do próprio sexo (Fig. 11.38). demais dentes posteriores. Essas áreas visíveis são nor-
malmente restritas às porções mesiais da face vestibu-
lar. A visualização de porções distais dessa face é sinal
evidente de invasão do corredor bucal (Fig. 11.39).

■ FIGURA 11.38
Delimitação para abertura das ameias incisais, definição
dos ângulos mesiais e distais, tornando-os compatíveis
com a idade e sexo do paciente ■ FIGURA 11.39
A delimitação do centro das faces vestibulares dos cani-
nos e pré-molares deve mostrar, numa vista frontal, apenas
Se o técnico tem em mãos modelos em gesso das a metade mesial; a visão da face distai significa invasão do
coroas provisórias adequadamente confeccionadas, corredor bucal e deve ser desgastada.
conhece o sexo e idade do paciente que receberá o
trabalho protético, esses passos serão executados de
maneira relativamente simples. É interessante que o 5 . 5 . 7 . CURVA DO LÁBIO INFERIOR
próprio técnico avalie as ameias incisais de maneira
similar ao procedimento clínico, no caso, contra um A curva do lábio inferior deve estar alinhada e
fundo de papel preto. Isto simula o fundo escuro da harmónica com a curvatura das bordas incisais dos
boca e permite análise mais criteriosa. De qualquer dentes superiores, durante o sorriso. Os incisivos su-
forma, os espaços para as ameias incisais devem estar periores devem repousar na linha seco-molhada do
previstos na infra-estrutura, desde a fase de ceroplas- lábio inferior, sem pressão excessiva - esse posiciona-
tia, prova e soldagem da infra-estrutura até o ajuste mento é importante do ponto de vista estético e foné-
da porcelana. tico (Figs.ll.40Ae 11.40B).
Como as bordas incisais refletem a idade, pode-se A partir desse posicionamento é que se determina
criar depressões, sulcos e concavidades que podem a disposição de todos os demais dentes e, novamen-
receber pigmentos ou corantes para simular a presen- te, o trabalho protético final pode exigir poucos
ça de dentina reparativa e ilusão ótica. ajustes se foi reproduzido a partir de requisitos fun-
cionais e estéticos.
5 . 5 . 6 . CORREDOR BUCAL Após realizar-se esses ajustes e não mais se nota-
rem locais de correção, faça uma avaliação à distân-
A análise do corredor bucal, válido para dentes cia de um metro, observando o conjunto e a harmo-
posteriores e caninos, consiste na observação da per- nia do trabalho. A pequena distância se perde a no-
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA I 1.40A ■ FIGURA II. 40B


A harmonia entre a borda incisai e a curva do lábio Sorriso invertido com prótese metalocerâmica nos dentes
inferior é extremamente importante do ponto de vista anteriores..
estético, para se evitar o sorriso invertido.

ção de conjunto, pois se visualiza apenas os dentes ção e para isso devem ser analisados com o auxílio de
individualmente. lupas de 4 aumentos. A idade reduz a textura superfici-
al, pelo atrito com os alimentos e os meios de higieni-
5 . ^ . 8 . T EXTURA SUPERFICIAL zação. Texturização excessiva resulta em artificialidade.
Para se criar textura na superfície de porcelana
O segundo fator da "Tríade de Estética" é um dos pode se utilizar pontas diamantadas, cones de lixa de
mais difíceis de serem corretamente aplicados. E a papel e mesmo brocas diamantadas pequenas, como a
texturização da superfície de porcelana. esférica n 2, em baixa rotação, tornada excêntrica in-
Devem ser criados sulcos, depressões, concavidades tencionalmente, com o objetivo de se criar concavida-
e irregularidades superficiais que determinam a textura. des e convexidades. Levar em conta que o brilho ex-
Como o gesso não é capaz de reproduzir a textura da cessivo, provocado pelo glazeamento, pode eliminar a
superfície dentária, o técnico não é capaz de visualizá-la textura superficial. (Figs.l 1.41A e 11.41B).
em dentes naturais, eventualmente existentes e repro- Submeter ao paciente a apreciação dos resultados
duzi-las a partir daí. Por este motivo, a texturização da estéticos obtidos, defronte ao espelho, estando o pro-
superfície é função única e exclusiva do cirurgião-den- fissional ausente da sala. Aceitar a opinião crítica do
tista, principalmente quando se tratar de elementos iso- paciente e incorporá-la ao trabalho, quando possível.
lados ou próteses anteriores pequenas. Lembrar ao paciente que as pessoas com as quais roti-
Os dentes vizinhos naturais devem servir de orienta- neiramente conversa estão a uma certa distância e que

■ FIGURA 1 1 . 4 IA ■ FIGURA I I . 4 I B
Criação da textura superficial com broca esférica Reprodução da textura superficial pelo CD., através da
textura dos dentes antagonistas, compatível com a idade
do paciente
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o fazem olhos nos olhos e não olhos nos dentes. Re- de parte seus trabalhos e, frequentemente, jogando
lembrar que esta é a última oportunidade de modifi- fora parte do trabalho realizado até então, como a
cação da forma, antes da coloração e vitrificaçao. textura superficial (Figs. 11.43A e 11.43B).
Quanto mais próximo o brilho de uma coroa meta-
locerâmica, quando comparado com os dentes naturais,
menores serão os problemas percebidos através da cor, 4 ' CARACTERIZAÇÃO EXTRÍNSECA
pois o brilho controla a reflexão da luz. E importante a
orientação do cirurgião-dentista com relação ao brilho, Muito do trabalho que o CD. executou na procu-
com ou sem pigmentação extrínseca, para o técnico, não ra da forma, textura e cor e na própria individualiza-
deixando para ele essa responsabilidade, sem maiores in- ção de um trabalho protético estético, pode ser perdi-
formações. O resultado disso pode ser uma coroa brilhante, do se nesta etapa final ele não tiver conhecimento
que reflete mais luz e que se torna notável (mais metaméri- suficiente para utilizar adequadamente os corantes,
ca). O brilho final, como ocorre na dentição natural, deve que são óxidos metálicos aplicados à superfície da
ser dado pela saliva (Figs. 11.42A e 11.42B). porcelana, previamente ao glazeamento ou vitrificaçao
Na prática diária, raramente o técnico de laborató- e responsáveis diretos pela personalização do trabalho.
rio recebe informações sobre a quantidade de brilho. Os corantes devem ser aplicados com parcimônia; a
Ao faze-lo na temperatura do forno utilizada para gla- caracterização extrínseca tem a finalidade de comple-
zear todos os caso, estará despersonalizando em gran- mentar a intrínseca, mas não de substituí-la; os coran-

■ FIGURA II.42A ■ FIGURA II.42B


Textura e brilho após glazeamento compatíveis com a Coroas rmetalocerâmicas 12 e 22, com textura acentuada
idade do paciente, complementados por discreta caracte- presente nos dentes naturais, modificada por pigmentos
rização extrínseca intrínsecos e extrínsecos.

AFIGURA I I . 4 3 A ■ FIGURA I 1.43B


Brilho excessivo por alta temperatura durante o glazea- Prótese metalocerâmica de dentes anteriores com brilho
mento torna extremamente artificial a reflexão da luz e, excessivo, são imediatamente notados pela reflexão da luz.
consequentemente, o próprio trabalho protético.
PRÓTESE FIXA

tes representam uma ajuda inestimável para se conse- parecem das coroas, com o passar dos anos.
guir um bom trabalho estético, diferenciando o CD. O primeiro dos fatores pode ser solucionado através
que os utiliza com precisão. Permitem a complementa- de bons cursos de atualização, aperfeiçoamento ou espe-
ção de todas as informações trocadas entre CD. e pro- cialização, nos quais os princípios estéticos, da cor e suas
tético, desde o início até o final do trabalho. combinações, sejam tratados com relevo. O segundo,
O sucesso da caracterização intrínseca depende de pode ser resolvido com consultas à literatura. Enquanto a
vários fatores, entre os quais tem-se: como o CD. vê a durabilidade média das próteses fixas se encontra entre
cor, como o seu ambiente interfere na cor, como o CD. 8,5 e 10,5 anos, a durabilidade dos corantes submetidos
comunica a cor e detalhes da superfície dentária, como o a técnicas de escovação com pastas fluoretadas foi corres-
técnico a interpreta e ainda tem-se a capacidade de exe- pondente a 14 anos, sem perdas superficiais. Soluções
cução do técnico. Não pode ser utilizada para compensar fluoretadas para bochechos diários também não foram
deficiências técnicas do CD ou protético, pois nenhum capazes de eliminar o corante e nem de tornar rugosa a
pigmento é capaz de reduzir o croma, por exemplo. superfície da porcelana. Encarado de outra forma, nem a
Por outro lado, a caracterização extrínseca estaria indi- prótese e nem a cimentação podem ser consideradas de-
cada para: complementar a caracterização intrínseca, acen- finitivas, embora assim sejam chamadas. Por outro lado
tuar o croma ou saturação, quando se teve dúvidas entre os corantes são duráveis o suficiente para serem conside-
A2 e A3 e fez-se opção pelo A2, por exemplo; reduzir o rados definitivos porque, é muito provável, que durem
valor e aprimorar a estética, reproduzindo nos dentes arti- mais que as próprias próteses.
ficiais características dos próprios dentes naturais.
E lógico que, para se atingir tal quantidade de 4.1. A PLICAÇÃO DOS P IGMENTOS
detalhes, essa função não pode ser delegada ao técnico
de laboratório. Infelizmente é exatamente isso que Através dos corantes pode se realizar ou acentuar
ocorre na maioria dos trabalhos, quando o protético é as seguintes características:
solicitado a "pintar" a porcelana e proceder ao glazea- 1) Acentuar o croma da região cervical;
mento. Justo ele que continua a ignorar o sexo, idade 2) Acentuar a translucidez incisai;
e tipo físico do pacientes, que nem o conhece, que 3) Definir a área de deflexão dupla;
nunca o viu antes e nem verá depois. Perde assim o 4) Reduzir o valor da porcelana;
CD a chance de aprimorar o resultado estético, geral- 5) Criar trincas de esmalte (nicotina, café, vinho);
mente por desconhecer as combinações de corantes 6) Reproduzir manchas brancas, marrons ou cin
que deveria utilizar para reproduzir detalhes dos den- zas na superfície dentária;
tes naturais nas coroas de porcelana, com o objetivo 7) Simular restaurações de resina composta (Classe
principal de fazê-las parecerem dentes. III e IV);
A falta de popularidade da caracterização extrínse- 8) Simular restaurações de amálgama;
ca como resurso estético adicional e complemento ao 9) Pigmentar bordas incisais desgastadas;
trabalho protético se deve, em primeiro lugar, ao des- 10) Pigmentar sulcos oclusais;
conhecimento dos pigmentos, das suas cores e dos 11) Simular o esmalte incisai sem suporte;
locais em que podem ser aplicados e em segundo lu- 12) Individualizar os dentes de prótese fixa (Figs.
gar, à crença de que os pigmentos são solúveis e desa- 11.44Aa 11.44C).

■ FIGURA II.44A
Aplicação de corantes no 1/3 cervical, corpo do dente e
incisai, áreas de deflexão dupla, sulcos interproximais, cria-
ção de manchas brancas e trincas, são recursos capazes
de personalizar um trabalho protético.
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■ FIGURA II.44B ■ FIGURA I I.44C


Áreas de dentina mineralizada e prismas de esmalte na Sulcos proximais, oclusais, cáries, esmalte, manchas brancas,
borda incisai podem ser definidos através dos corantes. podem ser criados em dentes posteriores.

4.2. PRINCIPAIS PIGMENTOS rém a nuance representada pelos diferentes óxidos metáli-
cos é a mesma. Os números de identificação dos óxidos e
A descrição a seguir será feita levando-se em considera- suas nuances são encontrados na lista abaixo.
ção os corantes Vitachrom-L (Vita) e seus respectivos nú- 1) 701 - branco
meros, aplicáveis sobre qualquer superfície de porcelana 2) 703 - alaranjado
através da glicerina, utilizada como veículo para o óxido 3) 705 - azul
metálico. Embora apresente 20 óxidos diversos no seu 4) 708 - cinza
estojo, um número reduzido deles é capaz de proporcionar 5) 712 - ocre
resultados estéticos satisfatórios à maioria dos casos onde 6) 713 - marrom
está indicada sua utilização. Outros sistemas cerâmicos 7) 715 - marrom avermelhado escuro
identificam seus pigmentos por diferentes números, po- 8) 717 - marrom escuro (Figs. 11.45A a 11.45C)

■ FIGURA I 1,45A ■ FIGURA II.45B


Escala dos pigmentos Vitachrom L Sugestões dos principais pigmento, números e locais de
aplicação em prótese metalocerâmica anterior

■ FIGURA II.45C
Principais pigmentos, números e locais de aplicação em
prótese metalocerâmica posterior
PRÓTESE FIXA

4.5. PROCEDIMENTO CLÍNICOS rência para a seleção da cor pode ter o seu croma modifi-
cado pela adição dos pigmentos. Assim, se o objetivo for:
A peça deve ser escovada, lavada e seca, elimi- a) Manter o croma, nas cores A, B, C e D, usar o
nando-se da porcelana quaisquer resíduos de saliva, pigmento 703;
cera, grafite, solução evidenciadora, vaselina, papel b) Aumentar o croma nas cores A e D, usar o
carbono, etc, materiais rotineiramente usados du- pigmento 713
rante a prova da porcelana e o ajuste funcional e c) Aumentar o croma na cor B, usar o pigmento 712
estético. d) Aumentar o croma na cor C, usar o pigmento 708
A seguir, procede-se ao isolamento do campo
operatório com rolos de algodão, secagem dos dentes 4 . 4 . 2 . TERÇO CERVICAL
e instalação da prótese, procedendo-se à pintura ou
aplicação dos corantes diretamente na boca do paci- Aumentar o croma usando os pigmentos 712,
ente. Toma-se como base para reprodução os dentes 713, 717.
vizinhos, antagonistas ou homónimos. Se houver di-
ficuldade de manutenção de campo seco pode-se fa- 4 . 4 . 5 . T ERÇO INCISAL E PONTAS DE CÚSPIDES

zer opção pela manutenção da peça fixada em porta-


São locais onde se encontra translucidez do esmal-
agulha e fazer a aplicação dos corantes por compara-
te e, como tal, totalmente dependentes da idade.
ção com os dentes naturais. Por qualquer dos méto-
a) cores A e D - 705
dos, caso o resultado não seja o esperado, pode-se
b) cores B e C - 708
proceder à lavagem em água, secagem e reinicio de
todo o processo (Fig. 11.46).
4.4.4. DEFLEXÃO DUPLA
4.4. SUGESTÕES PRÁTICAS PARA APLICAÇÃO DO A pigmentação dessa área tem por objetivo torná-
PIGMENTO la menos visível (reduzir o valor) e reduzir a sensação
de dente longo.
A colocação dos pigmentos deve ser realizada com - Pigmentos: 713, 715, 717
pincéis finos e a quantidade ou saturação depende da
modificação que se pretende realizar. No próprio estojo 4.4.5. ÁREAS PRÓXIMO-CERVICAIS, SULCOS
ou em lojas especializadas de porcelana artesanal, se OCLUSAIS, CONCAVIDADE PALATINA/LINCUAL
encontram recipientes próprios para manter os coran-
tes e a glicerina. - Pigmentos 712, 713

4 . 4 . 1 . T ERÇO M ÉDIO Esta região dentária 4.4.6. CÁRIES E SULCOS OCLUSAIS

normalmente tomada como refe- - Pigmento: 715 (Figs. 11.47A a 11.47C)

■ FIGURA I 1.46 ■ FIGURA I 1.47A


Prótese metalocerâmica após ajuste funcional e estético, Aplicação dos corantes no 1/3 médio e cervical
preparada para pintura através dos pigmentos extrínsecos;
observar a uniformidade da porcelana.
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■ FIGURA II.47B ■ FIGURA II.47C


Aplicação dos corantes na área de deflexão dupla e incisai, Sulcos oclusais pigmentados através dos corantes.
complementando a pintura da face vestibular

4.4.7. I NDIVIDUALIZAÇÃO DOS DENTES , PELA 4 . 4 . 9 . T RINCAS MANCHADAS POR NICOTINA ,


APLICAÇÃO DE PIGMENTOS NOS SULCOS CAFÉ, CHÁ OU VINHO.
INTERPROXIMAIS E CRISTAS MARGINAIS .
— Pigmento: 715
- Pigmento: 715
4.4.10. RESTAURAÇÃO DE RESINA COMPOSTA
4.4.8. C RIAÇÃO DE MANCHAS BRANCAS , CLASSE III E IV , INDICADA PARA COROA
HIPOCALCIFICAÇÃO , TRINCAS DE ESMALTE , ISOLADA ENTRE DENTES RESTAURADOS OU PARA
ESMALTE SEM SUPORTE , PONTA DE CÚSPIDE . SIMULAR NATURALIDADE EM PRÓTESES EXTENSAS.

- Pigmento: 701 - Pigmentos: 701, 713, 715 (Figs. 11.48Aa 11.48C)

FIGURA II.48B

■ FIGURA II.48A
Aplicação de corantes no sulco interproximal para inidi- Trinca no 21 em paciente idoso, 8 anos após conclusão
vualização do trabalho.

■ FIGURA II.48C
Restauração classe V em prótese fixa, 8 anos após conclu-
são do trabalho.
PRÓTESE FIXA

4.4.1 1. D ENTINA ABRASIONADA OU Bright Palladium no 1). Cria-se pequena depressão


REPARATIVA, NA BORDA INCISAL, onde se pretende aplicar o pigmento, simulando res-
PRINCIPALMENTE DE DENTES IDOSOS. taurações de classe I ou II de amálgama e, após fixa-
ção a 750°C por 3 minutos, recobre-se o pigmento
- Pigmentos: 713, 717 (Figs. 11.49A e 11.49B) metálico com porcelana de baixa fusão transparente,
seguindo-se o processo normal de queima da porcela-
4 . 4 . 1 2 . R ESTAURAÇÃO DE AMÁLGAMA , INDICADA na*. (Figs. 11.50Ae 11.50B)
PARA COROAS ISOLADAS DE DENTES POSTERIORES , A aplicação dos pigmentos deve sempre ser feita
PORTADORES DESTE TIPO DE MATERIAL sem excesso de glicerina, para evitar escorrimento e
RESTAURADOR ; DESENHOS PRÓPRIOS DA INFRA - condensação dos óxidos, caso ocorra intervalo de tem-
ESTRUTURA , COM ILHA METÁLICA , PODEM TAMBÉM po significativo entre a pintura e a secagem para glaze-
SIMULAR A RESTAURAÇÃO DE AMÁLGAMA . amento. Quando a disponibilidade do protético para
o glazeamento não é imediata, pode se proceder à
Como os pigmentos convencionais não simulam a secagem da peça no próprio consultório dentário,
restauração de amálgama, pode se aplicar corantes para evitar o escorrimento e o prejuízo estético decor-
metálicos à base de paládio utilizados em artesanato rente desse evento. Para a secagem, que ocorre em
de cerâmicas decorativas como o Hanovia (Liquid função da volatilização da glicerina, pode se utilizar
estufa convencional, na qual se mantém a peça por

FIGURA II.49A ■ FIGURA I I . 4 9 B


Criação de pequena depressão para alojar pigmento si- Aplicação do pigmento na depressão incisai.
mulando dentina abrasionada ou esclerosada.

■ FIGURA I 1.50A FIGURA I I . 5 0 B


Coroa total metálica no dente 46. Coroa metalocerâmica no dente 46, com pigmento oclu-
sal simulando restauração de amálgama

* Cortesia do prof Fernando Accetturi - Unimar - Marília - SP


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alguns minutos, numa temperatura entre 100 e Uma outra alternativa para a secagem, que pode
120°C. A evaporação da glicerina provoca a visualiza- também reduzir os riscos de transporte até o laborató-
ção de superfície esbranquiçada, representada apenas rio, consiste em colocar a peça pintada sobre chama de
pelos óxidos. Nestas condições, não ocorre mais escor- lâmpada à álcool e manter o aquecimento até que ocor-
rimento e, embora a peça não possa ser manipulada, ra evaporação completa da glicerina e aparecimento da
não existe mais urgência para o glazeamento. superfície esbranquiçada. (Figs. 11.5IA e 11.51B)

■ FIGURA 11.5 IA ■ FIGURA I I . 5 I B


Evaporação da glicerina utilizada como veículo para aplica- Corantes na superfície da porcelana após evaporação da
ção dos corantes sobre chama de lâmpada à álcool glicerina

Essas alternativas tem apenas a finalidade de evi- caracterização extrínseca, realizadas pelo técnico de labo-
tar danos à superfície pintada, pois quando o trans- ratório e pelo CD, sem qualquer dúvida mostra resulta-
porte da peça até o laboratório é rápido, esta secagem dos estéticos mais satisfatórios e mais próximos do ideal
será realizada na boca do forno, previamente ao glaze- quando características dos dentes naturais próximos à
amento. prótese foram reproduzidos nela. Isso só é possível se o
Uma análise comparativa entre as possibilidades de CD executar esse passo (Figs. 11.52-A a 11.52D).

FIGURA II.52A ■ FIGURA II.52B


Prótese metalocerâmica após pintura realizada pelo pro- Vista lateral esquerda após caracterização da mesma pró-
tético, mantendo uniformidade de coroas. tese.
PRÓTESE FIXA

■ FIGURA II.52C ■ FIGURA II.52D


Vista lateral direita. Vista oclusal.

Com frequência a pintura pode melhorar a tal ponto sem grandes exageros, que sem ela não seria possível sua
a qualidade estética de uma prótese que se poderia dizer, instalação (Figs. 11.53A a 11.53L).

■ FIGURA I I.53A ■ FIGURA II.53B


Coroas metalocêramicas de canino a canino, após ajuste Aplicação dos corantes no 1/3 cervical e médio, manten-
funcional e estético; matiz correto e croma menos satura- do-se as coroas em posição para facilitar a comparação
do do que o dos dentes antagonistas, usados como refe- com os dentes naturais.
rência para caracterização extrínseca.

FIGURA II.53C ■ FIGURA I I.53D


A aproximação das coroas com os dentes naturais, através Aplicação dos corantes na região incisai
de pequeno fechamento da boca, permite comparação do
cromo aplicado na região do corpo e cervical.
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AFIGURA II.53E ■ FIGURA II.53F


Nova comparação com os dentes antagonistas. Características individuais através dos corantes aplicados à
superficie da porcelana e reproduzidas dos dentes naturais.

■ FIGURA I 1.53G ■ FIGURA I I . 53H


Análise conjunta dos pigmentos aplicados, simulando es- Aplicação de corante na borda incisai correspondente à
malte sem suporte devido á abrasão incisai. dentina abrasíonada ou esclerosada, devido ao desgaste
visível na borda incisai dos inferiores.

■ FIGURA I 1.531 ■ FIGURA I I.53J


Análise conjunta da pintura das coroas metalocerâmícas. Após glazeamento e fixação dos corantes, com textura e
brilho adequados.
PRÓTESE FIXA

FIGURA I I.53K FIGURA II.53L


Sorriso alto mostrando harmonia e naturalidade dos pig- Vista vestibular das mesmas coroas, I 8 anos após cimenta-
mentos aplicados às coroas metalocerâmicas. ção.

Se o aprimoramento estético através da caracteri- é a única solução viável (Figs. 11.54A a 11.54C).
zação extrínseca pode ser conseguido, até com relativa Casos de reabilitação oral extensas, envolvendo os
facilidade e pequeno treinamento nos casos de próte- dois arcos, podem receber caracterização extrínseca
ses extensas, quando se tem próteses pequenas que independente da presença do paciente, partindo-se do
envolvem parte dos dentes anteriores, com frequência princípio de que já não se tem características dos den-

FIGURA II.54B

■ FIGURA I I . 5 4 A
i Vista frontal da mesma prótese contra o fundo escuro da
boca, evidenciando a abertura das ameias, ângulos incisais,
individualização dos dentes e contorno de deflexão dupla.

Vista frontal de prótese metalocerâmica do 21 ao 24,


mostrando forma, textura e cor compatíveis com os den-
tes naturais.

f
■ FIGURA II.54C
Vista frontal possibilitando comparação entre o dente
natural I I e a coroa metalocerâmica do 2 1 .
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tes naturais a serem copiadas, pois todos ou a maioria roas metalocerâmicas e assim eliminar a artificialidade
deles foi preparada para receber coroas. Nestes casos é de se criar dentes claros, com ameias amplas, grande
aconselhável anotar-se as características dos dentes na- quantidade de incisai, textura profunda, esmalte
turais no início do tratamento, previamente ao preparo transparente, principalmente em pacientes com idade
dentário, para então reproduzir parte delas nas co- avançada (Figs. 11.55Aa 11.55F).

■>•

\ *

■ FIGURA I I .55A FIGURA II.55B


Vista frontal de reabilitação oral metalocerâmica em paci- Vista frontal após caracterização extrínseca e glazeamento,
ente tratado periodontalmente. com textura e brilho compatíveis com a idade do paciente
(72 anos).

■ FIGURA I 1.55C ■ FIGURA II.55D


Vista lateral direita. Vista lateral esquerda.

■ FIGURA II.55E ■ FIGURA II.55F


Vista vestibular dos dentes ântero-inferiores. Vista lingual dos incisivos inferiores e do desgaste incisai.
PRÓTESE FIXA

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AGRADECIMENTO

Ao Prof. José Gilmar Batista, pela contribuição na


ilustração deste capítulo
C A P Í T U L O

ClMEN
TAÇÃO
PROVI
SÓRIA E
DEFINITIVA
GERSON BONFANTE
CIMENTAÇÃO PR O VI S ÓR I A E D EF I N I T I V A

INTRODUÇÃO de placa bacteriana e recidiva de cárie, razão principal


dos fracassos em prótese parcial fixa.
Geralmente negligenciada pelos cirurgiões-dentis-
tas e, particularmente pelos protesistas, a cimentaçao
tem sido considerada o verdadeiro "calcanhar de P ROBLEMAS / T ÉCNICAS DE
Aquiles" da prótese fixa. De nada adianta uma Prótese C IMENTAÇAO / S OLUÇÕES
Parcial Fixa ter sido adequadamente planejada com PROPOSTAS
relação ao tipo e número de retentores, ter recebido
coroas provisórias corretamente adaptadas, ter sido A preocupação com o ato da cimentaçao e com os
submetida a moldagens com materiais altamente pre- agentes cimentantes tem sido uma constante entre pes-
cisos e reproduzida com gesso da melhor qualidade, quisadores e clínicos ao longo dos anos, principalmente
ter sido fundida com metal precioso ou liga não nobre depois do aperfeiçoamento das técnicas de fundição por
de excelente reprodução marginal e ser submetida à cera perdida no início do século e utilizada predominan-
aplicação de porcelana altamente estética se, ao final temente até nossos dias. Pertence a essa época a afirma-
do ato de cimentaçao, o paciente relatar que a prótese, ção de que, se uma incrustação fosse adaptada precisa-
anteriormente ajustada e mantida cimentada proviso- mente à cavidade, não haveria espaço para o cimento.
riamente por algum tempo, agora encontra-se "alta" e A observação clínica de que coroas totais precisamente
impedindo a oclusão correta dos dentes. ajustadas, apresentavam-se "altas" após a cimentaçao,
Talvez seja esta uma das constatações mais descon- chamou a atenção para o procedimento de cimentaçao,
certantes a que o cirurgião dentista pode ser submeti- pois seria este o causador dessa situação inconveniente,
do na rotina da clínica odontológica. Não fica difícil por não se conseguir eliminar totalmente o excesso de
para o paciente aceitar o ajuste oclusal como forma de cimento, que fica em parte retido entre as paredes do
remediar o problema; fica difícil para o profissional preparo e a superfície interna da restauração. *í£ Para
propor a repetição da peça, sem ónus para o paciente, contornar este problema surgiram vários pro-
já que esta com frequência se torna "irremovível" a cedimentos ou condutas, alguns baseados na experi-
qualquer saca-ponte ou quantidade de pancadas; além mentação empírica, outros na científica, entre os
disso, é preciso levar-se em consideração o custo para quais se destacam:
a repetição do trabalho, o incómodo gerado para o
paciente e o tempo despendido para isso, nosso "ma- a) Técnica especial na manipulação do cimento de
terial de consumo" mais caro e precioso. fosfato de zinco para obter maior tempo de trabalho;
Por este motivo muitos profissionais contentam-se b) Alívio interno das coroas totais;
em ajustar a oclusão, esquecendo-se porém, que as pró- c) Perfuração oclusal;
teses fixas apresentam duas áreas extremamente críticas d) Colocação do agente cimentante tanto na coroa
para que, objetivo principal de qualquer prótese que é quanto no dente preparado;
"ser capaz de manter saudáveis os dentes remanescentes e) Preenchimento parcial das coroas, através de es
e a saúde do tecido periodontal", seja alcançado. A pátulas;
primeira delas, a oclusão, às vezes criteriosamente pla- f) Preenchimento completo das coroas com agente
nejada e executada, é prejudicada pelo ajuste pós-ci- cimentante, para evitar inclusão de bolhas de ar.
mentação, podendo comprometer os próprios dentes
suportes e seus antagonistas; a segunda, o término cer- Sabe-se que a quase totalidade desses trabalhos foi
vical ou junção dente/cimento/material restaurador, realizada com o cimento fosfato de zinco, que era
tem seu desajuste aumentado pela espessura da película basicamente o único que se prestava para a cimenta-
de cimento, propiciando a degradação marginal e solu- çao definitiva. Só nos últimos 10-15 anos surgiram
bilização deste material, inflamação gengiva!, retenção cimentos capazes de substituí-lo de maneira eficiente
PRÓTESE FIXA

na clínica, sendo o mais promissor deles o cimento de tem obtido resultados satisfatórios, pode-se depreen-
ionômero de vidro. Cimentos como os de policarbo- der que a cimentação, do ponto de vista clínico, pode
xilato, de óxido de zinco com ou sem ácido etóxi- ser executada de maneira eficiente e com cuidados
benzóico, foram indicados, utilizados, defendidos e rotineiros; em outras palavras, a grande variabilidade
desprezados ao longo dos anos. Os cimentos resinosos não vai afetar o resultado final, exceto se for acompa-
tiveram o mesmo comportamento até o aparecimento nhada de erros grosseiros.
dos cimentos adesivos à base de 4-meta, cujo uso clí- A cimentação pode ser dividida em duas catego-
nico a longo prazo ainda é uma incógnita, embora rias, de acordo com o tipo de agente cimentante:
seja de excelente comportamento laboratorial. Vale 1. Cimentação provisória.
salientar que esses cimentos têm prognóstico conheci- 2. Cimentação definitiva.
do, quando a cimentação é realizada sobre esmalte e
utilizam-se ligas à base de Ni-Cr. Não se pode afir-
mar, com certeza, o seu comportamento clínico quan- 1. CIMENTAÇÃO PROVISÓRIA
do o tecido dentário sobre o qual ele se assenta é a
dentina e a liga é diferente da de metal básico. E a fixação da prótese parcial fixa finalizada com
A literatura também é farta quanto ao tempo ne- agentes cimentantes classificados como provisórios como
cessário de manutenção da pressão de cimentação, a pasta de óxido de zinco e eugenol, cimentos de óxido
que pode variar de 30 segundos a 3 minutos, até que de zinco com ou sem eugenol, cimentos de hidróxido de
ocorra a presa inicial do cimento. ~% Com relação aos cálcio com ou sem vaselina e graxa siliconizada.
instrumentos, métodos ou dispositivos aconselhados
para a cimentação destacam-se: 1.2. INDICAÇÕES DA CIMENTAÇÃO
PROVISÓRIA
a) Pressão firme e movimento rotatório;
b) Uso de martelo para assegurar o assentamento A cimentação provisória da prótese parcial fixa de-
correto; finitiva está indicada para qualquer prótese, pelas se-
c) Uso de pequena espátula e martelo automático; guintes razões:
d) Uso de condensador de extremidade arredonda
da e martelo manual; 1. Permite avaliação dos tecidos periodontais,
e) Pedaço de madeira interposto entre coroa e den principalmente no que se refere à pressão no epitélio
te antagonista; sulcular devido ao sobrecontorno ou desrespeito ao
f) Alívio interno das coroas com água-régia, brocas perfil de emergência das coroas;
espaçadores de troqueis, etc; 2. Permite análise do grau de higienização da prótese,
g) Assentamento com instrumento ponteagudo, no que tange à abertura das ameias e forma dos pônticos;
pressão com pedaço de madeira de laranjeira e leves 3. Possibilita avaliação das áreas de contato ou
pancadas com martelo; pressão dos pônticos contra os rebordos, quando a
h) Evitar escoamento do cimento na superfície estética é primordial, possibilitando desgastes/corre-
oclusal interna da coroa, devido ao desenvolvimento çÕes, se excessiva;
da pressão hidráulica; 4. Propicia avaliação efetiva da função mastigatória
i) Criação de sulcos internos de escape do cimento; oclusão e desoclusão, já que grande parte dos ajustes
j) Uso de borracha para dique entre os dentes e são realizados em ASA e estes não reproduzem os
pressão de mordida; movimentos do ciclo mastigatório do paciente, coisa
k) Uso de rolo de algodão; que nem o ajuste na boca é capaz de prover;
1) Aplicação de pressão ou percussão; 5. Torna possível correções de croma e valor, quan
m) Assentamento com martelo elétrico com ponta do o paciente sente-se insatisfeito com o resultado
metálica em alta frequência e aplicador Medart; estético final;
n) Utilização de pincel de pêlo de camelo para apli- 6. Permite ao complexo dentina-polpa recuperação
cação do cimento às superfícies internas das coroas; mais efetiva das agressões sofridas durante todo o pro
o) aplicação de vibração durante a cimentação. cesso de obtenção da prótese parcial fixa;
Com toda essa variabilidade de opiniões pessoais, 7. Propicia o assentamento definitivo da peça, pela
de técnicas diversas e diferentes dispositivos, dificil- acomodação permitida pela resiliência do ligamento
mente chega-se a um consenso. Partindo-se do princí- periodontal e da fibromucosa de revestimento do re
pio de que os autores que publicaram seus métodos bordo residual, quando contatados por pônticos; essa
C I M E N T A Ç Ã O P R O V I S Ó R I A E D E F I N I T I V A

adaptação elimina pressões incomodas das quais o pa- trabalho, medo de que o paciente desapareça sem pa-
ciente frequentemente se queixa durante a instalação, gar a última parcela, etc.
assim como elimina dúvidas relacionadas à qualidade Esta etapa só é desaconselhada em casos de elementos
do ajuste oclusal; isolados, quando a cimentação provisória pode tornar
8. Possibilita avaliação efetiva da qualidade do extremamente difícil o deslocamento da coroa para ci-
contato proximal, que deve ser capaz de desviar ali mentação definitiva, por não existirem bordas ou locais
mentos fibrosos para as porções vestibular e lingual, para a preensão de instrumento que permita sua remo-
durante a mastigação; isso evita a direção do alimento ção. Neste caso os aspectos citados anteriormente, estão
para uma terceira via, que é a gengival, com seu po mais sob controle do cirurgião dentista, que os casos de
tencial incomodo, danoso e destrutivo para o tecido prótese parcial fixa, com maior número de dentes pilares.
periodontal. O CD. que apresentar na própria boca,
um contato proximal deficiente como aqui descrito, 1.5 PROCEDIMENTO PARA A CIMENTAÇÃO
com certeza deverá ser capaz de envidar esforços para PROVISÓRIA
que isso não ocorra na boca dos seus pacientes;
9. Quando remove-se a prótese finalizada e cimen A cimentação provisória da peça definitiva deve
tada provisoriamente através do saca-pontes, uma seguir a seguinte sequência:
análise interna das coroas possibilita a visualização de
áreas de contato com a superfície dentária preparada, 1. Analisar a prótese parcial fixa com relação à quali
onde não há espaço suficiente, para a película do dade do acabamento e polimento; se possível, conferir as
agente cimentante definitivo. Um pequeno desgaste adaptações marginais nos respectivos troqueis e na boca,
com broca diamantada nesse local cria alívio suficien novamente. São frequentes, nesta etapa, fraturas margi
te para melhorar a adaptação da peça ou reduzir pres nais, aparecimento de trincas e porosidades ou bolhas de
sões laterais indevidas nos dentes pilares, principal ar na superfície da porcelana, que podem comprometer
mente nos casos de dentes longos, com necessidade de sua integridade em função; as superfícies internas devem
esplintagem e dificuldade de obtenção do paralelismo; estar livres de óxidos de cromo e corretamente j ateadas
10. Se houver necessidade de realizar-se qualquer com óxido de alumínio, que confere brilho fosco à área;
tipo de correção (desgaste de pônticos por pressão 2. Remover a prótese parcial fixa provisória e lim
excessiva, acréscimo de porcelana no contato proximal par os dentes pilares de resíduos do agente cimentante
ou oclusal, correção da desoclusão ou contatos prema utilizado para sua fixação; se forem despolpados,
turos em RC, MIH, trabalho ou balanceio, etc.) deve- pode-se utilizar um agente de limpeza como o Cavi-
se repetir essa etapa de cimentação provisória, antes de dry; se polpados, limpá-los com detergentes próprios
proceder-se a cimentação definitiva. para a limpeza de dentina, como Tergendrox;
Qualquer cirurgião dentista que tenha o cuidado 3. Controlar a presença de transudato no sulco gen
de verificar a adaptação das coroas provisórias, nos gival que é uma ocorrência relativamente comum, de
troqueis utilizados para obtenção da estrutura metáli- corrente de processo inflamatório, através da aplicação
ca da peça definitiva, observará a grande quantidade de agente hemostático no sulco gengival, tipo Hemo-
de desajustes grosseiros que estas apresentam como dent ou Hemostop com fios de algodão enrolados;
excessos, faltas, bordas desajustadas, etc. Quando as 4. Secar os dentes com leves jatos de ar ou com
coroas provisórias são confeccionadas após os preparos algodão, dependendo do grau de sensibilidade denti-
dentários, as etapas de remoções e reposições sucessi- nária que apresentem. Se acentuada, fazer aplicação
vas, intercaladas de reembasamentos e limpezas inter- prévia de água de cal;
nas para remoção do cimento provisório, assim como 5. Aplicar fina camada de vaselina sólida às mar
fraturas tornam-nas, não raramente, incompatíveis gens externas das coroas da prótese parcial fixa, para
com a saúde do tecido gengival. Assim, a cimentação facilitar a eliminação do cimento que escoa para den
provisória permitirá a recuperação dos tecidos perio- tro do sulco gengival.
dontais e dentários, antes da cimentação definitiva. 6. Selecionar e manipular o cimento provisório de
A cimentação provisória da peça definitiva geral- acordo com as seguintes características:
mente é uma etapa desprezada na confecção de uma
prótese parcial fixa. Não porque não se reconheça sua a) Se a peça apresentar retenção excessiva, peque-
importância, mas porque aspectos circunstanciais, nas discrepâncias de paralelismo, dentes excessiva-
com frequência, sobrepujam os científicos, tais como: mente longos (como após tratamento cirúrgico perio-
premência de tempo, pagamento após conclusão do dontal) ou grande número de retentores (como os 6
PRÓTESE FIXA

anteriores) utilizar pastas zincoenólicas; superfícies axiais internas das coroas com instrumen-
b) Se a prótese parcial fixa apresentar 2 ou 3 coro tos como Hollenback ou espátulas de inserção (não é
as, utilizar cimento de óxido de zinco, com ou sem necessário colocar cimento na porção oclusal interna)
eugenol; pode ser interessante incorporar à mistura e assentar a prótese parcial fixa com pressão firme,
uma pequena porção de vaselina ou aplicá-la na su verificando se ocorreu o escoamento do cimento por
perfície do dente pilar ou na parte interna da coroa todas as margens. (Figs. 12. IA e 12.1B)
previamente à aplicação do cimento. A aplicação da 8. Solicitar ao paciente que oclua os dentes, para
vaselina não permite um controle efetivo da qualidade observar a exatidão do assentamento de prótese. A
retentiva da prótese, embora facilite sua remoção; avaliação deste, que depende extremamente do seu
c) Se os dentes pilares apresentarem sensibilidade limiar de tolerância é importante, mas é o profissional
dentinária excessiva pode ser interessante prolongar que vai verificar o contato oclusal dos dentes vizinhos
essa etapa de cimentação provisória e, nesse caso, uti à prótese, utilizados como referência e garantia de as
lizar cimentos à base de hidróxido de cálcio; ainda sentamento completo;
assim é aconselhável o uso da vaselina, devido à maior 9. Após a presa do cimento (3-4 minutos em mé
capacidade retentiva desses cimentos; dia) eliminar os excessos com a sonda clínica n 2 5 e
P P

d) Próteses parciais fixas amplas, que atingem os dois complementar com fio dental. (Fig. 12.2)
lados do arco, como nos casos de reabilitação oral ou 10. Certificar-se que o paciente não tem nenhuma
mesmo com grande número de dentes pilares (como nos dúvida quanto às orientações de higiene e fisioterapia
casos de esplintagem de dentes periodontalmente abala oral (que já executava com as coroas provisórias). Relem
dos) devem ser assentadas com graxa siliconizada. brá-lo que não é conveniente que a prótese parcial fixa
7. Aplicar o cimento corretamente manipulado às permaneça parcialmente deslocada dos dentes pilares;

■ FIGURA 12. IA
FIGURA 12.1B
Aplicação do cimento provisório às superfícies axiais inter-
nas. Prótese assentada, com excesso marginal de cimento.

«FIGURA 12.2
Prótese cimentada provisoriamente, após eliminação dos
excessos.
C I M E N T A Ç Ã O P R O V I S Ó R I A E D E F I N I T I V A

11. Manter cimentação provisória até que todos os saca-ponte, procurando não traumatizar os tecidos
aspectos, comentados anteriormente, tenham sido anali- gengivais quando inserir a extremidade do instrumen-
sados, aprovados ou corrigidos. Este tempo deve ser, no to; se tiver muita dificuldade para remover a prótese,
mínimo de 7 dias, em média de 10a 15 dias e não existe que não se desloca após várias pancadas firmes, é me-
prazo máximo, se o paciente se mantiver sob controle lhor postergar a cimentação definitiva. Dentes excessi-
clínico adequado. Se isto não ocorrer, o cimento provisó- vamente paralelos, longos e com perda óssea por do-
rio pode sofrer degradação marginal e solubilização e ença periodontal podem sofrer algum grau de luxa-
haver perda precoce da prótese por recidiva de cárie. ção, devido a essa tentativa de remoção;
2. Lavar e escovar a prótese em água corrente e
proceder à remoção do cimento provisório contido no
2 * C IMENTAÇÃO D EFINITIVA interior das coroas, geralmente com instrumento pon-
teagudo, tarefa geralmente delegada à auxiliar.
A cimentação definitiva recebe essa denominação de- Complementar a limpeza com substâncias solventes
vido às características do agente cimentante utilizado. como o Cavidry. Um excelente auxiliar para comple-
Frequentemente, essa característica é repassada à prótese mentar a limpeza das superfícies internas das coroas é o
parcial fixa e o paciente guarda consigo a falsa imagem uso de aparelhos de ultrasom, com substâncias apropria-
de que também a prótese é definitiva, até porque ele já das disponíveis no comércio e que contribuem para a
usou uma provisória antes. Se os dentes estão totalmente dissolução da camada de cimento provisório - seu maior
cobertos, como é que pode haver novas cáries? Nessa inconveniente é o longo tempo necessário para isso.
lógica singular, frequentemente devido à omissão do pro- Como opção preferencial sugere-se o uso das pon-
fissional, o paciente surpreende-se quando, alguns anos tas de ultrasom utilizadas nos procedimentos de profi-
depois, é informado por exame clínico ou radiográfico, laxia, complementando-se a limpeza interna com jatos
que precisa trocar sua prótese definitiva. de bicarbonato ou de óxido de alumínio, através de
Até hoje o cimento mais utilizado no Brasil para aplicadores portáteis como o Micro-etch. Este disposi-
fixação permanente das próteses parciais fixas é o ci- tivo tem a vantagem adicional de criar micro-reten-
mento de fosfato de zinco, que tem mais de 100 anos ções que podem contribuir para o aumento da quali-
de bons serviços prestados à Odontologia, embora dade retentiva da coroa. (Figs. 12.3A e 12.3B).
existam outros cimentos como os ionoméricos ou re- 3. Em casos de dentes curtos ou qualidade retenti
sinosos que podem substituí-lo com vantagens. va deficiente, pode ser interessante aumentar o grau
A sequência técnica a ser descrita é válida pratica- de rugosidade das superfícies internas das coroas atra
mente para os dois cimentos. vés da criação de irregularidades, perpendiculares ao
longo eixo, que aumentam o embricamento mecâni
2.1. PREPARO DA PRÓTESE PARA co, a área de superfície e, como consequência, a reten
CIMENTAÇÃO DEFINITIVA ção. Podem ser criadas com a ponta ativa de brocas
apropriadas, preferentemente do tipo "carbide". (Figs.
1. Remover a prótese parcial fixa com golpes de 12.4A e 12.4B)

■ FIGURA I2.3A ■ FIGURA I2.3B


Eliminação de resíduos de cimento provisório das superfí- lateamento com óxido de alumínio, através do Micro-Etch.
cies internas da prótese fixa com jatos de bicarbonato.
PRÓTESE FI XA

FIGURA I2.4A FIGURA I2.4B


Prótese fixa metalocerâmica com superfícies internas lim- Criação de rugosidades internas com brocas carbide de
pas e preparadas para cimentação. ângulos agudos (cilíndrica, tronco-cônica ou cone invertido).

4. Aplicar vaselina nas porções externas das coroas, mente para restos de cimento que podem manter-se
para facilitar a remoção dos excessos de cimento, no- dentro do sulco gengival e que atuam como cálculos,
tadamente os intrasulculares. Não é raro encontrar-se podendo provocar pequenos sangramentos durante
resíduos de agente cimentante nas margens sub-gengi- sua remoção; utilizar substâncias para limpeza dos
vais de coroas ou mesmo nos espaços proximais; esses dentes, como sugerido anteriormente. Vale a pena re-
resíduos, às vezes, permanecem anos nesses locais e lembrar que a efetividade da cimentação depende do
não são removidos através dos meios convencionais de preenchimento das irregularidades ou rugosidades
higienização (escova e fio dental), atuando como cál presentes na superfície dentária e interna das coroas.
culos sub-gengivais. Devido a essa embricação mecânica é que não se
5. Posicionar pedaços de fio dental com cerca de 15 aconselha polimento das porções coronárias dos nú-
cm nas áreas de pônticos ou coroas soldadas. Sua função cleos intrarradiculares ou dentes preparados.
principal é complementar a remoção de resíduos do 2. Fazer isolamento do campo operatório e proce-
agente cimentante, após sua cristalização. Como função der à sequência de proteção do complexo dentina-
secundária ou de emergência, os fios dentais assim posi polpa.
cionados podem auxiliar na remoção rápida da prótese, 2.1 Aplicação por 2-3 minutos de solução de hidró
caso se observe um ou mais dos seguintes problemas: xido de cálcio PA (água de cal), com o objetivo de
a) percepção de que a prótese não chegou exata- complementar o selamento biológico iniciado após pre
mente ao seu lugar. Ficou "alta"; paro dentário e mantido com o cimento provisório,
b) Inundação repentina do campo operatório por buscando vedação dos túbulos dentinários expostos
excesso de salivação e dificuldade de controle do fluxo durante o preparo através da deposição de dentina;
salivar. Pode ser interessante nesses casos ministrar 2.2 Aplicação de 2 camadas de verniz, com aproxi
medicação à base de atropina, uma hora antes do iní madamente 5 um cada, com o objetivo de impedir
cio dos procedimentos; fisicamente a penetração de agentes irritantes dos ci-
c) Deslocamento parcial ou completo da porcelana mentos (como o ácido fosfórico) nos túbulos dentiná
por fratura, devido à trincas anteriormente existentes rios eventualmente não selados. Essas 2 camadas são
e que passaram desapercebidas até à ocasião; suficientes para fazer esse vedamento, sem interferên
d) Sangramento incontrolável relacionado com a cia nas qualidades retentivas da prótese a ser cimenta
margem gengival dos dentes pilares. da. Pode-se fazer essa aplicação com algodão ou pin
cel, evitando o término cervical. Esse procedimento é
2.2. PREPARO DOS DENTES PARA aconselhável somente quando se utiliza o cimento de
CIMENTAÇÃO DEFINITIVA fosfato de zinco como agente cimentante definitivo;
2.3 Quando for utilizado cimento de ionômero de
1. Remover os excessos grosseiros de cimento pro- vidro, a limpeza do dente deve ser realizada com pe-
visório que permanecem nos dentes; atentar especial- dra-pomes e taça de borracha previamente à cimenta-
C I M E N T A Ç Ã O P R O V I S Ó R I A E D E F I N I T I V A

ção, excluindo-se da proteção a aplicação do verniz, flúor; o grau de irritação pulpar promovido pelo ácido
totalmente dispensável neste caso. Independente do fosfórico dos cimento fosfato de zinco é muito mais
cimento utilizado, não se deve provocar o ressecamen- acentuado do que o que ocorre com os ionoméricos,
to da dentina. (Figs. 12.5A e 12.5B) daí a preocupação com o vedamento/proteção dos tú-
3. Colocar fio de algodão enrolado e embebido em bulos dentinários com vernizes cavitários, quando se
solução hemostática no término cervical, para contro- usa o cimento fosfato de zinco.
le da umidade originária do sulco gengival; no mo- Em função da liberação de flúor, o grau de proteção
mento da cimentação, remove-se o fio e seca-se o con- dos cimentos ionoméricos quanto à recidiva de cárie pa-
torno do término cervical com algodão ou leves jatos rece ser maior do que o do cimento fosfato de zinco;
de ar, dependendo do grau de sensibilidade dentinária embora os cuidados quanto ao controle da umidade se-
remanescente até essa etapa. jam extremamente importantes e indispensáveis para
Se todos os cuidados pertinentes à proteção do ambos, parece ser mais crítico para o cimento ionomérico
complexo dentina-polpa foram tomados, desde o pre- tanto no ato da cimentação quanto no pós-cimenta-ção,
paro dentário, confecção das coroas provisórias, mol- exigindo maior controle do transudato sulcular e maior
dagem, etc, muito provavelmente não haverá hiperes- tempo do campo isolado e sem contato com saliva.
tesia dentinária e nem necessidade de aplicação de Assim, a seleção entre esses dois tipos de agentes
anestésico, para proceder-se a cimentação definitiva. cimentantes parece ser muito mais um exercício de
O máximo que o paciente relatará será um discreto gosto, vontade e experiência própria do que de funda-
desconforto, muito raramente dor leve e plenamente mentação científica ou baseada em pesquisas. Por isso,
suportável, nos primeiros momentos após a inserção a seleção do agente cimentante pode ser realizada de
da peça com o agente cimentante. acordo com as seguintes sugestões:

2 . 5 . SELEÇÃO DO AGENTE CIMENTANTE 1. Os cimentos ionoméricos desenvolvem ativida-


DEFINITIVO de cariostática, pela troca de flúor com o meio oral,
aspecto importante quando se tratar de pacientes com
Tanto os cimentos fosfato de zinco quanto os io- alto risco à cárie ou cujas próteses foram substituídas
noméricos apresentam características semelhantes, en- exatamente por esse motivo. Cimentos de fosfato de
tre as quais destacam-se espessura da película, capaci- zinco com flúor talvez sejam capazes de exercer a mes
dade retentiva, infiltração marginal e escoamento. ma função, sem prejuízo das demais.
Por outro lado, o grau de solubilidade do cimento 2. Os cimentos ionoméricos possuem coeficiente
fosfato de zinco parece ser maior do que o do cimento de expansão e contração térmicos próximos aos da
ionomérico, principalmente em meio ácido; a troca estrutura dental, o que tende a reduzir a percolação
de flúor com o meio oral que os cimentos de ionôme- marginal no término cervical, quando ocorrem altera
ro de vidro conseguem estabelecer, parece não ter si- ções térmicas bucais, geralmente variáveis entre 4°C
milar nos cimentos fosfato de zinco, mesmo contendo (sorvete), 60-65°C (café, chá) e 80-90°C (chimarrão).

FIGURAS I2.5A e I2.5B


Vistas vestibular e oclusa! dos dentes suportes das prótese fixa e removível com encaixe, preparados para cimentação
definitiva.
PRÓTESE FIXA

3. As qualidades de resistência à compressão e tra- nitiva, inicia-se o procedimento.


çao dos cimentos ionoméricos são melhores do que as As recomendações dos fabricantes com relação à
do fosfato de zinco. dosagem, tempos de manipulação, trabalho e presa de-
4. Os cimentos ionoméricos apresentam algum vem ser criteriosamente seguidos. Muitas falhas em
grau de adesão química ao esmalte e dentina, enquan prótese fixa ocorrem por negligência nesta fase, seja no
to o fosfato de zinco depende primordialmente da proporcionamento e tempo de espatulação ou na técni-
retenção mecânica e do embricamento resultante das ca de cimentação empregada. Os procedimentos que
rugosidades superficiais do dente preparado e da su resultem em aumento do tempo de trabalho, como
perfície interna da coroa. resfriamento de placa de vidro grossa, com o cuidado
5. A fluidez dos cimentos ionoméricos é similar à de mantê-la aquém do ponto de orvalho ou condensa-
dos fosfatos de zinco, o que lhes permite espessura de ção, resfriamento do pó e líquido do cimento, trabalho
película semelhante. em ambiente com ar condicionado, devem ser utiliza-
6. Os cimentos ionoméricos atuais possuem a me dos sempre que a peça a ser cimentada apresentar gran-
nor solubilidade entre os cimentos, com exceção dos de número de retentores (quatro ou mais).
resinosos, podendo ser considerados como pratica
mente insolúveis no meio oral. Nos estágios iniciais De uma maneira geral procede-se da seguinte
da presa são altamente solúveis e todos os esforços forma:
devem ser dispendidos para manter o campo seco.
7. Tanto os cimentos ionoméricos quanto os fosfatos 1. Manipula-se o cimento com dosagem, tempo e
de zinco podem apresentar um resultado desagradável técnica conforme recomendação dos fabricantes. Fin
posterior à sua aplicação, que é a sensibilidade pós-ci- do o tempo de manipulação (1 a 1,5 minuto), nor
mentação. Isso ocorre muito provavelmente devido à malmente, puxando-se o cimento da placa de vidro
ação irritante do ácido fosfórico, presente em ambos e com a espátula n a 24, este cairá como uma gota. Se
P P

pode ser agravada pela desidratação da dentina ou prote- isso não ocorrer pode significar consistência espessa
ção inadequada com verniz, no caso do fosfato de zinco. para a cimentação. Os cimentos ionoméricos exigem
8. Dentes pilares de próteses, cujas margens estejam incorporação rápida do pó ao líquido, com tempo
colocadas em cemento, como nos casos de recessão gen- máximo de espatulação de 1 minuto. Espalha-se o
gival, teriam indicação mais precisa para aplicação dos cimento durante a manipulação pelo maior espaço
cimentos ionoméricos do que os de fosfato de zinco. possível da placa, para usufruir-se ao máximo do seu
9. Devido à alta solubilidade dos cimentos de fos resfriamento;
fato de zinco em meio ácido, pacientes com proble 2. A aplicação do cimento no interior da peça
mas digestivos como azia, regurgitamento ou gastrite, pode ser feita com diferentes instrumentos, mas talvez
com sinais clínicos de perimólise ou até pacientes com nenhum deles seja tão apropriado quanto um pincel
hábitos de ingestão de bebidas ácidas ( sucos de frutas pequeno (Fig. 12.6).
cítricas, vinho, etc), deveriam receber cimentação das Não se deve ter preocupação em preencher as su-
próteses fixas com cimentos ionoméricos. perfícies oclusais internas das coroas; o escoamento
10. Em função da importância do flúor no contro durante a cimentação é capaz de preenchê-las, mesmo
le da cárie, pacientes que não têm acesso a esse bene que o cimento seja aplicado apenas nas superfícies
fício deveriam ter suas próteses fixadas com cimentos axiais internas. Sabe-se que a face oclusal representa a
ionoméricos, que suprem a ausência de flúor da água. maior dificuldade para o escoamento do cimento, sig-
11. A translucidez dos cimentos ionoméricos, tam nificando seu ponto de maior resistência e aonde en-
bém encontrada em alguns cimentos resinosos, pode contra-se, invariavelmente, a maior espessura de pelí-
ser fator de importância estética suficiente para indi cula de cimento.
cá-los na cimentação das restaurações que permitem a 3. A colocação de pequena quantidade de cimento
passagem de luz, como as coroas de porcelana pura, nas superfícies axiais internas, minimiza o efeito da
em detrimento do fosfato de zinco. pressão hidrostática que impede o assentamento total
da peça e é capaz de provocar o assentamento oblíquo
2.4 PROCEDIMENTOS PARA A CIMENTAÇÃO da mesma. Pode ser interessante aplicar se pequena
DEFINITIVA quantidade de cimento nos términos cervicais dos den
tes pilares, para garantir a sua presença nestas margens,
Selecionado o agente cimentante e estando os den- visto que a quantidade de cimento no interior das coro
tes e a prótese fixa preparados para a cimentação defi- as, nessas áreas, pode ser insuficiente. (Fig. 12.7)
C I M E N T A Ç Ã O P R O V I S Ó R I A E D E F I N I T I V A

«FIGURA 12.6 ■ FIGURA 12.7


Aplicação da mistura de cimento às superfícies axiais inter- Aplicação de cimento na região correspondente ao 73 B

nas com pincel. cervical do dente suporte. É indispensável manter-se o


B

isolamento relativo da área e controle do fluído sulcular

4. A peça é assentada com pressão digital firme e


uniforme durante 1 minuto e deve-se verificar se há
cimento em excesso em todo o contorno cervical;
5. Solicitar ao paciente que oclua os dentes e ava
liar a exatidão do posicionamento. Executar esse passo
cuidadosamente para evitar umedecimento do campo
com saliva. Se detectar qualquer desajuste ou assenta
mento incompleto, de difícil ou impossível correção
no ato, proceder a remoção da peça através dos fios
dentais colocados previamente nos espaços proximais
ou usar o saca-pontes.
6. Grande número de retentores pode significar
relativa dificuldade no assentamento completo da ■ FIGURA 12.8
peça. O escoamento do cimento pode ser facilitado Aplicação de vibração através da ponta do aparelho de
pela introdução da prótese com pequenos movimen ultrasom para profilaxia, por 3-5 segundos em cada reten-
tos vibratórios, principalmente se ocorrer o desen tor sem água.
volvimento exagerado da pressão hidrostática, quan
do a mesma tende a deslocar-se do seu lugar. Outro
recurso adicional e quase sempre disponível nos con umedecimento, a carga descontínua da oclusão ou
sultórios odontológicos é a aplicação de vibração na outros dispositivos podem contribuir para a adaptação
prótese através do aparelho convencional de ultra- da peça fora de sua posição desejada.
som. Ele é utilizado sem água, por 3-5 segundos em 8. Aguardar cerca de 12-15 minutos para a presa
cada retentor, enquanto se mantém a prótese assen do cimento, mantendo o campo isolado. Decorrido
tada. Quase sempre fica-se surpreso com a quantida esse tempo, excessos são removidos com sonda clínica
de de cimento que escoa quando já se pensava estar n2 5, tendo-se especial cuidado com a possibilidade de
P P

ela devidamente assentada (Fig. 12.8). manutenção de resíduos de cimento dentro do sulco.
7. Não é necessário manter-se pressão de cimenta- A aplicação da vaselina nas superfícies externas das
ção por tempo maior que um minuto, desde que te coroas e o fio dental nas áreas proximais têm a finali
nha ocorrido o escoamento do cimento e o assenta dade de facilitar a remoção desse cimento. (Figs.
mento da prótese. Deve-se ter cuidado ao utilizar 12.9A e 12.9B)
meios complementares de pressão, como a oclusão em 9. Solicitar ao paciente para que evite a mastigação
rolo de algodão, em bastão de madeira, em dispositivo durante 1 hora após a cimentação, tempo suficiente
Medart ou qualquer outro. Além da possibilidade de para o cimento adquirir até 90% da sua presa e, conse-
comprometer o isolamento do campo, facilitando o quentemente, das suas propriedades físicas. Combinar
PRÓTESE FIXA

FIGURA I2.9A ■ FIGURA I2.9B


Eliminação dos excessos de cimento com sonda clínica Complemento da remoção dos excessos de cimento com
n°5. auxilio de passa-fio e fio dental.

retornos periódicos para avaliação, de acordo com as neces- aos pacientes. Por estes motivos, grande parte das próte-
sidades presumíveis de cada caso. (Figs. 12.10A e 12.10B) ses que se soltam são simplesmente cortadas e refeitas,
quando à vezes poderiam ter vida útil muito maior, caso
2 . 5 . FALHAS E RECIMENTAÇÃO não ocorresse esse inconveniente.
Dispositivos mecânicos como o saca-pontes são uti-
Extremamente desconcertante para qualquer pro- lizados para essa finalidade (Figs. 12.1 IA e 12.11B).
tesista é a observação, às vezes precoce, de que uma Com frequência dentes pilares fraturam-se sob esses es-
coroa, fixada sobre dente pilar de prótese fixa, sofreu forços, haja vista a impossibilidade de avaliação, em
deslocamento. Aumentam as preocupações se o dente qualquer caso, do paralelismo dos pilares; além disso as
pilar é polpado, pois junto com o inconveniente do pancadas significam desconforto razoável para o paci-
seu deslocamento ter-se-á também o desconforto da ente. Além do mais, o tempo que a prótese permaneceu
sensibilidade durante a mastigação e trocas térmicas, em função no meio oral, pode significar fonte de preo-
halitose e até recidiva de cárie. cupação adicional ao CD e paciente, porque pode ter
Se há diferentes técnicas para confecção de próteses sido acentuadamente aquém do esperado ou mesmo do
fixas e mesmo de cimentação, a prótese ainda não conta prometido. Repetições significam custo adicional com
com meios absolutamente confiáveis para remoção das laboratório, tempo clínico suplementar, material e, não
mesmas, sem danos maiores à própria prótese ou aos raramente, ponto de discordância suficiente para justi-
dentes suportes ou sem infligir desconforto acentuado ficar ações judiciais.

FIGURAS l 2 . I O A e I2.I0B
Vistas vestibular e oclusal da prótese fixa após cimentação, remoção dos excessos de cimento e instalação da PPR com
encaixes de precisão e semi-precisão.
C I M E N T A Ç Ã O P R O V I S Ó R I A E D E F I N I T I V A

«FIGURA 12.1 IA ■ FIGURA 12.1 IB


A remoção das próteses cimentadas provisoriamente ou Prótese cimentada definitivamente com falha de cimenta-
definitivamente, pode ser feita por meio mecânico, como ção pode ser removida por meio pneumático, combinado
o saca-ponte. ou não com ultrassom.

Embora comprovadamente eficiente para remoção nos saca-pontes convencionais. Combinados com ul-
de núcleos metálicos intrarradiculares, a aplicação de trasom poderiam representar garantia de remoção, na
ultrasom para remoção de retentores de prótese fixa maioria dos casos de próteses que tiveram um dos
exige grande dispêndio de tempo (18 minutos) para retentores deslocados, sem maiores danos aos dentes
mostrar alguma efetividade. Por ser de aplicação des- pilares. (Figs. 12.12A a 12.12C)
confortável, gerando vibração e calor, com frequência Sua aplicação deve ser realizada de maneira gradu-
esse tempo precisa ser diluído em diferentes sessões al, com impactos leves (1/3 da pressão), seguida de
clínicas, mas poderia complementar ou auxiliar o efeito impactos médios (2/3 da pressão) e, devido ao des-
dos dispositivos mecânicos ou pneumáticos, nota- conforto, risco de fratura e luxação, evitar-se impactos
damente se apresentarem ação do tipo piezoelétrica. pesados. É possível que grande parte das coroas deslo-
Tentando suprir as deficiências desses dispositivos que-se com até 10 impactos médios. Caso isso não
mecânicos surgiram aparelhos saca-pontes pneumáti- ocorra, complementar a ação do dispositivo peneumá-
cos. Tais dispositivos simulam a ação do aparelho tico com ultrasom, mesmo que isso venha a exigir
mecânico, mas possibilitam controle da carga exercida sessões adicionais.
para deslocar a prótese. No seu nível máximo, porém, Embora exista uma observação clínica, consis-
tornam-se desconfortáveis para o paciente, tanto tente e de ampla aceitação de que, uma vez desloca-
quanto a aplicação de pancadas com força máxima da, uma prótese nunca mais volta a adquirir sua

■ FIGURA I2.I2A «FIGURA I 2 . I 2 B


Prótese fixa metalocerâmica do I 3 ao 23 com falha de Aplicação do saca-ponte pneumático.
cimentação causadas pelo deslocamento do retentor I 3.
PRÓTESE FIXA

paz de manter a prótese no seu local, pelo mesmo


tempo da cimentação inicial. E claro que uma aná-
lise criteriosa da falha deve ser feita, com o intuito
de evitar novo deslocamento. Se ela não ocorreu
por deficiência técnica da cimentação, por manipu-
lação, excesso de cimento, película espessa, etc, o
fator que mais contribui para o deslocamento é o
oclusal. Uma verificação precisa e minuciosa da
qualidade do ajuste oclusal e das desoclusões pode
mostrar a razão principal do deslocamento precoce.
A cimentação adequadamente realizada é apenas o
complemento de um trabalho cuidadoso, executado
■ FIGURA I2.I2C com o objetivo básico de suprir as necessidades
Vista dos dentes pilares após remoção da prótese funcionais e estéticas do paciente que, por diferentes
motivos, não foi capaz de manter a integridade dos
capacidade retentiva inicial, não existem razões ci- componentes do seu sistema estomatog-nático.
entíficas para acreditar que isso ocorra, uma vez Embora, sem dúvida alguma, a melhor prótese é a
tomados todos os cuidados e princípios que regem que não precisa ser feita, a odontológica é a única
a cimentação definitiva. Isso significa proceder à capaz de executar perfeitamente suas funções, a tal
eliminação completa de todos os resíduos de ci- ponto que pode ser confundida com os dentes
mento da superfície interna das coroas, sem provo- naturais, tal o seu grau de aperfeiçoamento, adapta-
car desgastes adicionais com brocas ou instrumen- ção e acomodação aos tecidos orais. Atingir esse
tos rotatórios e complementar a limpeza com jatos objetivo deve ser meta de todo cirurgião dentista
de óxido de alumínio; significa ainda promover eli- que se proponha a preencher, restabelecer, restituir
minação total e completa dos resíduos de cimento e reconstruir as funções perdidas com a extração de
fixados à estrutura dentária. A repetição de todos um ou mais dentes. E, em suma, a função básica e
os passos, com os cuidados rotineiros, deve ser ca- primordial da prótese.

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