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INSTITUTO DE ARTES
CAMPINAS
2018
RAMÓN DEL PINO
CAMPINAS
2018
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
MEMBROS:
Muito Obrigado.
“Essa mestiçagem seria nossa única garantia
de criar uma arte não imitativa.”
(Hermano Vianna, 2012)
In this work, I intend to investigate in what ways the interactional processes take
place in improvisation, with the aim of understanding how musicians affect each
other. The study focused two groups from Brazilian instrumental music, Trio
Curupira and Mente Clara, regarding specifically their dialogue with the
aesthetic movement named Escola Jabour. For this purpose, I investigated
improvisational sections from two tracks: Malandragem, composed by Ary
Barroso and arranged by Trio Curupira; and Round Midnight, composed by
Thelonious Monk and arranged by Mente Clara. In order to introduce the work
developed by the referred groups, I present an overview of the Brazilian
instrumental music, especially with respect to improvisation. Due to aesthetic
filiation of the groups which are part of the corpus of this work, some aspects of
Escola Jabour, as well as some processes of ―territorialization‖ (DELEUZE &
GUATTARI, 1997) are presented. The methodological approach which guided
the analysis of interactional processes is based on analytical frame discussed in
Michaelsen (2013). In this perspective, it is assumed that the musical stream
held by musicians produce continuations in the performance, creating divergent
and convergent events which function as generators of the improvisational
sections. Data analysis demonstrated that the procedure of ―playing together‖
can be understood as an interactional behavior. The engagement of musicians
and the setting up of the improvisational sections in the so-called ―second
inversion‖, contributed mainly to the development of the interactional processes,
providing for ―playing together‖ an interactional feature. It is expected that the
research may contribute to studies in performance concerning Brazilian
instrumental music.
Fig. 2: Quadro das estruturas fraseológicas da seção B e das linhas improvisada .................................... 95
Fig. 3: Primeiro chorus do improviso de piano na música Malandragem (3:18 a 3:37 min.) ....................... 97
Fig. 4: Segundo chorus do improviso de piano na música Malandragem (3:37 a 3:55 min.)....................... 99
Fig. 5: Terceiro chorus do improviso de piano na música Malandragem (3:55 a 4:13 min.)....................... 102
Fig. 6: Quarto chorus do improviso de piano na música Malandragem (4:13 a 4:31 min.) ......................... 105
Fig. 7: Quinto chorus do improviso de piano na música Malandragem (4:31 a 4:49 min.) ......................... 108
Fig. 8: Último chorus do improviso de piano na música Malandragem (4:49 a 5:06 min.).......................... 110
Fig. 9: Início do chorus de improviso de sax na música ‗Round Midnight (2:35 a 2:53 min.)...................... 116
Fig.10: Compasso 9 a 16 do chorus de improviso de sax na música ‗Round Midnight (2:53 a 3:12 min.) .. 118
Fig. 11: Compasso 16 a 24 do chorus de improviso de sax na música ‗Round Midnight (3:12 a 3:31 min.)120
Fig. 12: Compasso 25 a 33 do chorus de improviso de sax na música „Round Midnight (3:31 a 3:52 min.)123
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
INTRODUÇÃO
Assim, meu interesse por essa estética, o contato com músicos que
fazem parte dessa escola, as perguntas que foram surgindo, quanto mais me
aprofundava nas Iniciações Científicas, e, principalmente, por ter participado de
grupos que se alinhavam a essa estética, me conduziram a essa pesquisa
sobre os processos interacionais que ocorrem em grupos influenciados pela
Escola Jabour.
1
Embora a instituição seja amplamente conhecida como Conservatório de Tatuí, seu nome
oficial é Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos.
14
2
Empresto o conceito ―território‖ dos filósofos Deleuze & Guattari. Esse conceito é discutido na
seção 1.2 do primeiro capítulo.
17
3
Malandragem <https://www.youtube.com/watch?v=O-Xp0CH_zj0>
„Round Midnight <https://www.youtube.com/watch?v=tPT_jSUOQBc>
18
4
Conhecida também como ―música clássica‖ ou ―música erudita‖.
5
Utilizo o conceito de território dos filósofos, Deleuze & Guattari. Discuto a territorialização da
música instrumental brasileira e em específico a Escola Jabour na seção 1.2 deste capitulo.
20
6
Para Moore (2001) ‗gênero‘ e ‗estilo‘ são ―termos preocupados com os meios de construir
distinções categoriais, de identificar similaridades entre diferentes peças‖ (p. 432). A partir
disso, Souza (2016) afirma que o choro ―consensualmente construído e com suas várias
maneiras de se apresentar, corresponde aos dois termos‖ (p. 777). Para maiores discussões
acerca do choro e a complexidade em defini-lo enquanto estilo ou gênero musical, ver Valente
(2014) e Souza (2016), pois a questão foge ao escopo deste trabalho. Para discussões sobre
definição de gênero musical ver Fabbri (1982). Dessa forma, ciente das discussões, utilizo o
termo gênero em concordância com (ALBINO, 2009; CIRINO, 2005; CÔRTES, 2012;
VISCONTI, 2005) entre outros.
21
7
―Com a ampliação do universo de pesquisa, percebi que sambajazz não era uma categoria
comumente usada. Nas colunas de crítica musical nos jornais, nas revistas especializadas, nos
textos das capas dos lps, quase nada de sambajazz (SARAIVA, 2007, p. 21). A autora
argumenta que este termo foi amplamente utilizado anos depois como definidor da prática
musical em questão, ―sendo batizado tardiamente como sambajazz”.
24
O intuito desse percurso histórico que traço para localizar meu objeto
de pesquisa, e que resgato posteriormente nas análises, é demonstrar que,
depois de um século, a música instrumental brasileira não pode ser mais
pensada apenas como resultado de um hibridismo/fricção, pautado pela
interinfluência de gêneros. Compreendo que, a produção em música
instrumental brasileira pode ser lida como uma decantação desse processo
25
8
Grupo formado por: Théo de Barros, Heraldo do Monte, Hermeto Pascoal e Airton Moreira.
Surge em meados dos anos 1960, e ―tinha entre suas propostas estéticas o resgate das raízes
regionais‖ (VISCONTI, 2005, p. 19).
9
Embora Gomes faça essa divisão, e passe a nomear a produção posterior ao Quarteto Novo
de ―música instrumental brasileira‖, neste trabalho, penso a música instrumental brasileira em
sua totalidade, incluindo nesta terminologia também os dois contextos anteriormente
discutidos, o choro e o sambajazz, por entendê-los inseridos e importantes para a consolidação
dessa música instrumental realizada no Brasil.
26
10
O grupo passa a se chamar Quarteto Novo com o ingresso de Hermeto Pascoal.
27
Com este excerto fica claro a totalização do jazz, e esta lógica como
representante da razão metonímica, que, importante ressaltar, recebe esta
nomenclatura por se utilizar da ―sinédoque‖, ou seja, a parte pelo todo. Dessa
forma, o jazz é visto como uma língua comum, uma língua franca, em que
30
11
Para informações biográficas de Hermeto Pascoal ver Silva (2016); Silva (2009); Costa-Lima
Neto (1999); Campos (2006).
12
O grupo, neste período, é formado por, Itiberê Zwarg (contrabaixo, tuba e bombardino),
Marcio Bahia (bateria e percussão), Jovino Santos Neto (piano, teclados e flautas), Antonio
Luís Santana, apelido de Pernambuco (percussão), Carlos Malta (saxes, flauta e flautim)
(COSTA-LIMA Neto, 1999, p. 56).
36
13
Entre as disciplinas ministradas pelo músico estão; prática de conjunto, composição,
improvisação, ritmos brasileiros, entre outras.
14
Atualmente as oficinas ocorrem no Maracatu Brasil, também na cidade do Rio de Janeiro.
Estas oficinas tiveram início na Escola de Música Villa Lobos, Itiberê Zwarg foi convidado pela
escola para ministrar uma oficina de ―música universal‖ por uma semana, com o sucesso da
oficina a Pro-Arte convidou o baixista para as oficinas permanentes.
37
15
Também conhecido como Conservatório de Tatuí.
38
16
Em consonância com as discussões sobre territorialização, o uso da palavra ―limite‖ refere-se
à formação de ―membranas‖ na constituição de um território. Nesse processo, são as
membranas que delimitam os espaços territoriais. Tanto a ―espessura‖ quanto seus ―poros‖
guardam relação com sua capacidade de trocas com o ―meio‖.
41
17
Opto por utilizar o termo ―corrente estética‖, diferentemente de Silva (2016) que utiliza o
termo ―corrente estilística‖, pois, a partir da afirmação de Costa (2003), em um grupo, quando o
ritmo se torna fluente uma identidade é manifestada e com isso uma possibilidade de estilo
emerge. A partir desse estilo temos um índice da presença de território com motivos e
contrapontos territoriais, e configurado esse território, entendo que o que foi estilístico torna-se
estético no momento em que os motivos e contrapontos são reutilizados por outros
personagens.
18
O termo aqui é utilizado na perspectiva de Costa (2003) e Falleiros (2012), que entendem a
biografia musical de um músico como suas vivências, concepções, gostos, repertórios e
habilidades musicais, e conceituam biografia como um emaranhado de territórios.
19
Assim como Hermeto Pascoal é reconhecido como multinstrumentista, em alguns grupos que
fazem parte dessa escola podemos encontrar músicos que tocam vários instrumentos. No caso
do Trio Curupira, André Marques toca, além do piano, flauta transversal, pífano e rabeca, Fabio
Gouvea, contrabaixo, guitarra, violão e flauta transversal, e, Cleber Almeida, bateria e
percussão, viola caipira, escaleta e trombone. No Mente Clara, Rodrigo ―Digão‖ Braz, além de
bateria toca, percussão, violão, Fabio Leal toca guitarra, viola caipira, cavaquinho, violão,
Cesar Roversi, além dos saxofones, toca, flauta transversal, percussão, Beto Correa, toca
piano, sanfona, escaleta, Sergio Frigério e Franco Lorenzon, tocam além de contrabaixo,
violão.
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Tanto o Trio Curupira quanto o grupo Mente Clara foram criados com o
intuito principal de desenvolver uma sonoridade brasileira. A formação de
20
Em conversas informais com integrantes do Trio Curupira e do Mente Clara, foi citado, como
influencia, também para a construção da sonoridade dos grupos, alguns compositores eruditos,
como Stravinsky, Bartok, Debussy, Prokofiev.
46
ambos os grupos, Trio Curupira em 1996, Mente Clara em 2000, teve como
propósito e norte a produção em música instrumental brasileira.
dos focos do grupo, nos ensaios, tinha-se por objetivo ―ficar junto‖ nas seções
de improviso. A utilização desse termo, ―ficar junto‖, tem relação com o ―tocar
junto‖ do título deste trabalho, e refere-se à concepção de interação da Escola
Jabour, que compreende a interação como elemento de participação, da seção
rítmica, no momento de criação do improviso. O grupo buscava ―a coisa da
participação‖ como afirma Marques, e para isso, por vezes realizavam ensaios
apenas com improvisações e como exercício, buscavam sempre ouvir o outro e
―ir atrás‖, de forma a responder ou completar gestos dos outros membros.
21
Retirado da entrevista realizada em janeiro de 2008, na apresentação do Mente Clara no
Instrumenta Sesc Brasil. <https://www.youtube.com/watch?v=GB_LC_eBzRk> acesso
10/04/2018.
48
22
Informação obtida por meio de conversa informal realizada com Rodrigo ―Digão‖.
23
Informação obtida por meio de conversa informal realizada com André Marques.
24
Informação obtida por meio de conversa informal realizada com Fabio Gouvea.
51
Assim, a ―realidade‖ não é vista como o fenômeno ―em si‖ e sim como
resultado do diálogo entre pesquisador e objeto. Essa perspectiva dialoga
diretamente com o método analítico utilizado como ―lente‖ para a interpretação
dos processos interacionais, o alicerce desse método encontra-se no
ouvinte/analista e, a partir de sua escuta, são realizadas as análises. Dessa
forma, as interações descritas e interpretadas na análise das seções de
improviso não representam as projeções realizadas intencionalmente ou
conscientemente pelos músicos. Em outras palavras, a descrição e
interpretação dos processos interacionais aqui realizados, não representam a
―realidade‖ ou ―verdade‖ intencional realizada pelos músicos, mas sim o que
pode ser ―percebido‖ pela escuta interacional do pesquisador.
geradora da seção de improviso, por conta dessa prática. Com isso, outro
corpus de análise foi selecionado para a pesquisa.
26
As transcrições que estão neste trabalho foram retiradas do livro Cadernos de transcrições: a
condução de bateristas brasileiros durante o improviso (gravações entre 2001 e 2016). Como
afirma Cohon (2018) ―a ideia para essas transcrições surgiram em meados de 2016 quando o
baixista e pesquisador Ramon Del Pino solicitou que eu fizesse algumas delas para serem
analisadas em sua dissertação de mestrado sobre interação no IA-Unicamp‖. Algumas
adaptações nas transcrições foram realizadas por conta dos softwares utilizados.
57
27
A esse respeito, ver também David Borgo (2005).
58
28
O termo no original é mutual tuning-in relationship, porém, usarei aqui a tradução de Borém
(2007), retirada do artigo ―Fazendo música juntos ou improvisação e seus outros‖ de Nicolas
Cook (2004).
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que o símbolo musical não é nada a não ser instrução para o performer,
concorda com ele no sentido de que a ―musicologia (refere-se à ―erudita‖
ocidental) constituiu-se majoritariamente de estudos sobre textos escritos,
estudos sobre apenas um lado do tecido musical, mas não sobre o outro‖,
sendo este outro as reproduções sonoras, as práticas performáticas ou as
várias maneiras de transmissão do pensamento sonoro que Schutz faz
referência, Cook complementa, afirmando que ―um outro lado de tarefas não
cumpridas, em que a musicologia de hoje terá que se haver com a música
enquanto performance – ou seja, a música que se experimenta como parte da
vida diária de praticamente qualquer pessoa‖ (COOK, 2004, trad. BORÉM,
2007, p. 8). Dessa forma, Cook propõe uma musicologia da performance, da
qual essa dissertação se ocupa mais detidamente.
29
[...], different criteria are being suggest here. Not only must an analytic style be appropriate
for the subject studies, but the truism that music involves people must not be forgotten.
Eventually, after all the measuring, computer analyses, and mathematical equations, one must
begin to talk about people; and this is nowhere more evident or critical than in jazz.
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Com foco sobre essa terceira estratégia, Rinzler propõem cinco tipos
de interação que, segundo ele, foram retirados da experiência própria, ou seja,
de suas experiências performáticas em seções de improvisos, e que
apresentam algumas maneiras e meios de interação entre solista e seção
rítmica. A primeira, ―pergunta e resposta‖ (Call and response), ―é um
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30
Nearly every musician who talked to me mentioned the importance of listening in good
ensemble playing. Listening in an active sense being able to respond to musical opportunities or
to correct mistakes- is implicit in the way that musicians use this term. It is a type of listening
much like that required of participants in a conversation, who have to pay attention to what is
transpiring if they expect to say things that make sense to the other participants. Listening
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affects what musicians decide to play at a particular moment, which is why Cecil McBee was so
sure that in good jazz performance, "you're not going to play what you practiced.... Something
else is going to happen"
31
I am interested here in its particular realization in the context of jazz improvisation, where it is
a crucial component in the large-scale momentum of improvised performances. It is a
fundamentally social, conversational, and dialogic way to organize musical performance.
Frequently an exchange will begin with the repetition of a particular musical passage or a
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response with a complimentary musical interjection, although these are certainly not the only
possibilities.
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Ainda que possa ser apontado um possível anacronismo com relação a essa crítica
levantada por Monson, entre outros, a mesma se faz necessária, por ainda ser bastante
recorrente análises de improvisos/improvisadores que não levem em conta o contexto em que
essas produções ocorreram.
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33
I would like to step back and consider the cultural implications of jazz improvisation as a
sociable musical process. I wish to examine how cultural meanings become associated with
musical resources and forms, how musical processes themselves shape cultural meaning, and
how heterogeneous conceptions of cultural and musical processes are necessary to make
sense of a musical genre that has at every historical point been improvised against the
inexorable groove of racial politics in the United States. The view from the bottom of the band
emphasizes the collective character of jazz improvisation as well as the heterogeneity of cultural
experience. These conceptual issues deserve to be at the very center of thinking about jazz, not
at the margins.
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Os títulos dos capítulos 2 e 3 dessa tese são, respectivamente: Harmonia e Interação e
Forma e Interação.
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Balancing act.
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There seems to be a general agreement that the form should be clearly defined, but the task
of defining it is not assigned to any particular musician or group of musicians. Rather, it is a
group effort, negotiated in the course of the performance.
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37
Anything played by any member of the ensemble can potentially have an effect on any other
member of the ensemble, increasing the range of possibilities for potential interactions far
beyond those described in Rinzler's list.
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Vale ressaltar que, os autores aqui abordados não são os únicos a se ocuparem da
interação, Pressing (1987), Coolman (1997), Reinholdsson (1998), Waters (2011), Araújo Costa
(2015) entre outros, também versaram sobre esse assunto. Nesta dissertação e
especificamente na elaboração deste percurso histórico-conceitual optei por autores que
discutiram a interação de forma específica.
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Com isso, Cook afirma que esses padrões musicais, como afinação,
ritmo, andamento, dinâmica, não são exatos na performance erudita e sim
negociados no momento da execução ―porque cada um está continuamente
escutando o outro, acomodando seu andamento ao dos outros‖ (COOK, [2004]
2007).
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In other words, by viewing a jazz performance in terms of the model of the improvisational
process outlined above, anything played by any member of the ensemble can potentially have
an effect on any other member of the ensemble, increasing the range of possibilities for
potential interactions far beyond those described in Rinzler's list.
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flexíveis, Hodson (2000), na mesma linha, afirma que esses papéis além de
flexíveis, necessitam ser negociados na performance.
Esse diálogo que ocorre entre solista e seção rítmica, e também, entre
os membros da seção rítmica, levou autores a compreender essas
negociações como próximas à conversação, ou que contém elementos
análogos à conversa. Berliner (1994) encontra nas entrevistas que realizou
com vários músicos da comunidade do jazz, principalmente em Nova Iorque, a
recorrência de uma metáfora da conversação, em que os músicos, ao
explicarem suas práticas e concepções no momento de improvisar ou
acompanhar um improvisador, remetem à ideia de uma conversa, ou um
diálogo entre seus pares.
41
Jazz ensembles, like many other types of ensembles, consist of instrumentalists that perform
particular roles. Certain instruments perform melodic or soloistic roles, while others perform
harmonic, rhythmic, or accompanimental roles. The category of accompanimental roles can be
further divided into separate roles for each of the instruments that perform them. For this
reason, when perceiving jazz, listeners often perceive each instrument as a distinct stream.
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42
This meaning corresponds particularly well with my analytical perspective, that the analyst
has the capacity to be affected (to ―project‖ his or her ―expectations‖) and the performers in a
jazz ensemble have the capacity to ―imply‖ those expectations whether or not those performers
might consciously or intentionally imply such futures. Thus the term projection encompasses
aspects of expectation and implication, but also draws in other related definitions to produce a
richer complex of meaning.
88
não são impostas de cima, mas sim negociadas como e através dos atos
musicais.
3.1 Malandragem
43
Informação obtida por meio de conversa informal realizada com André Marques.
95
44
Informação obtida por meio de conversa informal realizada com André Marques.
96
Fig. 3; Primeiro chorus do improviso de piano na música Malandragem (3:18 a 3:37 min.)
98
45
Os compassos são numerados a partir do início da seção de improviso de piano.
99
Fig. 4; Segundo chorus do improviso de piano na música Malandragem (3:37 a 3:55 min.)
100
Fig. 5: Terceiro chorus do improviso de piano na música Malandragem (3:55 a 4:13 min.)
103
Fig. 6: Quarto chorus do improviso de piano na música Malandragem (4:13 a 4:31 min.)
106
Fig. 7: Quinto chorus do improviso de piano na música Malandagrem (4:31 a 4:49 min.)
109
Nesse início, Fabio Gouvea executa uma linha que não utiliza as
marcações das colcheias no segundo tempo, porém como a linha executada
pelo pianista acentua esse ponto de forma reiterada, entre os compassos 81 a
83, mais uma convergência emerge na performance.
110
Fig. 8: Último chorus do improviso de piano na música Malandagrem (4:49 a 5:06 min.)
111
Durante esse trecho, a bateria constrói uma linha mais livre, sobre as
acentuações que estão sendo marcadas pelo piano e contrabaixo. Esse gesto
mais livre ocorre durante os dois primeiros compassos. A partir do compasso
86, o fluxo desenvolvido pela bateria também projeta uma convergência,
criando assim, sobre o segundo tempo de cada compasso, um grande ponto de
apoio de todos os fluxos. Vale ressaltar que o gesto que culmina nesses
grandes apoios, e que será encerrado no compasso 88, havia sido iniciado no
compasso 80 pela linha de contrabaixo. Essa seção apresenta uma complexa
construção interacional, e marca, tanto na performance, quanto no produto
final, o engajamento interacional dos músicos, na construção e
desenvolvimento dos gestos de seus pares.
Após esse último gesto interacional, que funciona como clímax para o
encerramento da seção de improviso, a seção se dilui, a energia que vinha
sendo acumulada, e bastante potencializada neste último chorus, diminui, e
todo o grupo se organiza para a exposição final do tema. A reexposição se
inicia pela seção B da música, já que a progressão harmônica é semelhante à
utilizada para os improvisos e por fim a seção A é reexposta.
46
Popularmente conhecido como ―quatro e quatro‖ (trading four), esse formato de improvisação
é comum desde a era do swing (MARTIN & WATERS, 2011). Podendo ser realizado
alternando dois, quatro ou oito compasso, mais comumente, entre dois ou mais músicos, que
se alternam, esse modo de improvisação é utilizado para criar diferentes climas na
performance.
115
47
Os compassos são numerados a partir do início da seção de improviso de saxofone.
116
Fig. 9: Início do chorus de improviso de saxofone na música „Round Midnight (2:35 a 2:53 min.)
48
Uma colcheia pontuada, uma semicolcheia, pausa de colcheia e colcheia.
118
Fig. 10: Compassos 9 a 16 do chorus de improviso de saxofone na música „Round Midnight (2:53 a 3:12 min.)
119
Fig. 11: Compassos 17 a 24 do chorus de improviso de saxofone na música „Round Midnight (3:12 a 3:31 min.)
121
Fig. 12: Compassos 25 a 33 do chorus de improviso de saxofone na música „Round Midnight (3:31 a 3:52 min.)
124
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, espero que este trabalho colabore para retirar a música
instrumental brasileira – e seus procedimentos de improvisação e interação -
da invisibilidade imposta pela razão metonímica, personificada no jazz. Através
dos processos de desterritorialização do jazz, assim como dos gêneros
populares brasileiros, e sua reterritorialização, gestando um território com
sistemas, gramaticalidades e limites próprios, emergem possibilidades de
compreensão de elementos que constituem uma música instrumental e
brasileira. Assim, objetivei realizar, nessa dissertação, um ―trabalho de
tradução‖, no sentido de buscar uma inteligibilidade entre saberes não-
hegemônicos, que ventilem leituras mais autônomas sobre a música
instrumental brasileira. Dessa forma, espero, parafraseando Darcy Ribeiro,
compor com eles um nós, coletivo e viável.
133
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ANEXOS
v
145