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1. Introdução ................................................................................................................................ 2
5.1.3. Técnica para resgate e imobilização da coluna cervical sem equipamento ..................... 9
7. Conclusão .............................................................................................................................. 15
9. Anexos ................................................................................................................................... 17
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1. Introdução
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2. Definição afogamento e epidemiologia
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define afogamento como a aspiração de líquido não
corporal causado por submersão2 ou imersão3. Esse novo conceito foi discutido e apresentado
durante o Congresso Mundial Sobre Afogamento (The World Congress on Drowing – WCOD)
realizado em Amsterdão, Holanda, em 2002. Desde então, alguns termos confusos e obsoletos
foram eliminados, como “quase afogamento”, “afogamento seco”, “afogamento primário e
secundário” e “afogamento activo ou passivo”.
A definição de resgate é quando a pessoa é retirada da água, sem sinais de aspiração de líquido;
ou seja, não há evidência de insuficiência respiratória, sendo considerado, portanto, um caso de
resgate na água, e não um afogamento.
Se não existem chances de iniciar a reanimação porque a pessoa está submersa por tempo maior
que uma hora ou existem sinais evidentes de morte (rigidez cadavérica, presença de livores ou
decomposição corporal), utilizamos a expressão “já cadáver por afogamento”.
O maior número de afogamentos com morte ocorre em água doce (mais de 70%), e não na orla.
A submersão em piscinas é mais frequente em crianças, especialmente nos menores de 10 anos e
principalmente em casa ou em seu entorno. Esses afogamentos em água doce ocorrem, na
maioria das vezes, em piscinas, lagos ornamentais, valas, poços, caixas de água sem tampa,
pequenos riachos, banheiras, baldes e tanques; fato intimamente relacionado à falta de supervisão
dos pais ou responsáveis.
Ressalta-se que para cada pessoa que morre afogada, outros quatro casos não fatais são
internados em serviços de emergências.
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3. Fisiopatologia do afogamento
Uma pessoa que está se afogando não consegue prender a respiração e manter a cabeça fora da
água por muito tempo. Ao ser forçada a respirar, determinada quantidade de água é aspirada para
as vias aéreas, e a tosse ocorrerá instantaneamente, como resposta reflexa, numa tentativa de
proteger o organismo. A laringe pode sofrer espasmo (laringoespasmo), embora seja um evento
raro (menos de 2%), e logo essa sensação de sufocamento é aliviada pela hipóxia cerebral. Se
não houver o resgate, maior quantidade de água continuará a ser aspirada, levando rapidamente o
indivíduo à inconsciência e apneia. A taquicardia dará sequência à bradicardia, actividade
eléctrica sem pulso (AESP) e, finalmente, à perda completa do ritmo cardíaco e da actividade
eléctrica (assistolia).
O afogamento em águas geladas poderá retardar todo esse processo em até uma hora, mas isso é
uma situação rara. Embora todo afogado desenvolva certo grau de hipotermia (mesmo afogando
em águas tropicais), o melhor prognóstico está relacionado ao afogamento em águas muito frias,
devido à diminuição do metabolismo, redução do consumo de oxigénio e actividade eléctrica
cerebral. Isso permite maiores tempos de submersão sem sequelas. Há relatos de casos de
sobrevivência sem danos neurológicos em vítimas que ficaram submersas por mais de uma hora,
mas esses casos raros envolvem tipicamente crianças em águas geladas. O maior Registro de
recuperação completa após submersão nestas condições climáticas foi de 66 minutos.
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Figura 1 – Cadeia de sobrevivência do afogamento. Fonte: Autorizada por David Szpilman
O suporte ventilatório deverá ser instituído sempre que houver sinais de insuficiência
respiratória grave ou apneia.
O Suporte Básico de Vida (SBV) deverá ser feito até que ocorra o retorno da circulação
espontânea, a exaustão do socorrista ou a chegada do Suporte Avançado de Vida (SAV),
assumindo os procedimentos de reanimação. Dessa forma, todas as etapas básicas e avançadas
do atendimento deverão ser feitas, de preferência, no local do incidente.
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Figura 2 – Suporte Avançado de Vida (SAV) na areia. Fonte: Autorizada por David Szpilman.
Disponível em: www.sobrasa.org.
Atenção: Trate sempre a hipotermia. Não pare a RCP até que a temperatura corporal seja maior
que 34ºC. O suporte avançado (ACLS) será interrompido quando a vítima estiver reaquecida
acima de 34ºC e mantiver um traçado de assistolia por mais de 20 minutos. Isso explica a
conhecida expressão de que “o afogado não está realmente morto até estar quente e morto”. Ao
promover o reaquecimento do afogado, após a RCP bem-sucedida, esteja atento para evitar a
hipertermia (> 37ºC), que, nesses casos, poderá aumentar a lesão cerebral.
Resgate Ausculta pulmonar normal, sem tosse, 1. Avaliar e liberar para casa do próprio local. Não há necessidade
espuma na boca e/ou nariz, dificuldade de encaminhar para o hospital e atendimento médico.
respiratória, parada respiratória ou PCR.
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intensidade leve a moderada (presença de 3. Colocar o afogado em posição lateral de segurança (sob o lado
pouca quantidade de espuma na boca e/ou direito).
nariz). 4. Observação hospitalar por 6 a 24 horas. (Solicitar radiografia de
tórax e gasometria arterial).
1. Ofertar O2 por máscara facial ou TOT a 15 L/min no local do
incidente.
Edema agudo de pulmão (muita espuma na 2. Posição lateral de segurança (lado direito).
boca e/ou nariz). Não apresenta 3. Internação hospitalar (UTI).
hipotensão/choque (pulso radial palpável). - Assistência respiratória (TOT + ventilação mecânica com 5 a 10
3 cm H2O de PEEP. O uso precoce do PEEP e por 48h encurta o
tempo de hospitalização).
- Sedação por 48 h (se em ventilação mecânica) – drogas de acção
rápida como midazolam (pode associar relaxantes musculares, se
necessário).
- Corrigir a acidose metabólica
- Solicitar radiografia de tórax, gasometria arterial, electrólitos,
ureia, creatinina, glicose, EAS e, se houver alteração do nível de
consciência, TC de crânio.
1. Observar atentamente a respiração (pode haver parada
Edema agudo de pulmão (muita espuma na respiratória).
boca e/ou nariz). Apresenta 2. Seguir o tratamento para o grau 3 e associar a infusão venosa de
hipotensão/choque (sem pulso radial). cristalóides por acesso venoso periférico para restabelecer a pressão
4 Respiração está presente. arterial (infundir cristalóides independente do tipo de água que
ocorreu o afogamento). Restringir a reposição hídrica orientada
pelo débito urinário de 0,5 a 1 ml/kg/h e parâmetros
hemodinâmicas.
3. Internação hospitalar urgente (UTI).
1. Usualmente reverte com até 10 ventilações artificiais (boca a
Parada respiratória isolada com pulso boca ou boca-máscara). Não realizar compressões torácicas.
5 carotídeo presente (ou sinais de circulação). 2. Continuar a ventilação artificial (12/min) com 15 L de O 2 a até
retorno espontâneo da respiração.
2. Após retorno da respiração espontânea – tratar como grau 4.
1. Reanimação cardiopulmonar
Parada cardiorrespiratória (PCR). - Monitorizar (ECG) para desfibrilação. Inserir um TOT se possível
6 e acessar via venosa periférica para início de adrenalina IV a 0,01
mg/kg após 3 min e 0,1 mg/kg a cada 3 min de PCR.
2. Após sucesso da RCP – tratar como grau 4.
PCR com tempo de submersão maior que 1
Já hora ou sinais óbvios de morte (rigidez 1. Não iniciar a RCP.
cadáver cadavérica, decomposição corporal e/ou 2. Accionar o Instituto Médico Legal (IML).
presença de livores).
Resgate: Vítima resgatada viva da água que não apresenta tosse ou espuma na boca e/ou nariz -
pode ser liberada no local do acidente sem necessitar de atendimento médico após avaliação do
socorrista, quando consciente. Todos os casos podem apresentar hipotermia, náuseas, vómitos,
distensão abdominal, tremores, cefaleia (dor de cabeça), mal-estar, cansaço, dores musculares,
dor no tórax, diarreia e outros sintomas inespecíficos. Grande parte destes sintomas é decorrente
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do esforço físico realizado dentro da água sob stress emocional do medo, durante a tentativa de
se salvar do afogamento.
Afogamento: pessoa resgatada da água que apresenta evidências de aspiração de líquido:
tosse, ou espuma na boca ou nariz - deve ter sua gravidade avaliada no local do incidente,
receber tratamento adequado e accionar se necessário uma equipe médica (suporte avançado de
vida).
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5.1.2. Com equipamento
Pode ser realizado com apenas um guarda-vidas. O tipo de material deve ser escolhido conforme
o local do resgate (veja figura com o pranchão). O material de flutuação deve ser utilizado no
tórax superior, promovendo uma espontânea hiperextensão do pescoço e a abertura das vias
aéreas.
Nota: Casos de ventilação dentro da água não são possíveis de serem realizados com barreira de
protecção (máscara), por impossibilidade técnica, sendo aconselhável a realização do boca-a-
boca. O risco de adquirir doenças, como a AIDS nesta situação é uma realidade, embora não
exista nenhum caso descrito na literatura em todo mundo até hoje. É recomendável que todos os
profissionais de saúde sejam vacinados para hepatite B.
“Técnica GMAR” (figura) - Com a vítima voltada com a face para água – emborcada - coloque
suas duas mãos por baixo das axilas e prossiga até que elas alcancem a face na altura das orelhas.
Fixe bem suas mãos na cabeça da vítima e levante a vítima de encontro ao seu tórax procurando
manter a cabeça e o pescoço alinhados. Procure posicionar a vítima de forma que sua face fique
fora da água e mantenha a vítima contrária as ondas que possam vir, virando se necessário a cada
onda. Transporte á vítima arrastando as pernas e o quadril dentro da água até a areia. Ao chegar
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na areia, posicione a vítima paralela a água com o seu lado direito voltado para o mar. Mantendo
a coluna cervical e torácica recta coloque a vítima sentada. O socorrista deve estar por trás da
vítima mantendo a coluna cervical e torácica alinhadas. Retire a mão esquerda da face da vítima
e apoie por trás da cabeça/pescoço (nuca) de forma que o cotovelo se apoie no dorso. Desloque-
se lateralmente de forma que suas costas se voltem para o mar. Retire então a mão direita e apoie
no queixo e tórax alinhando os dois. Desta forma deite então a vítima como um só bloco na areia.
O transporte ideal da água para a areia é a técnica Australiana. Este tipo de transporte reduz a
incidência de vómitos e permite manter as vias aéreas permeáveis durante todo o transporte.
Coloque seu braço esquerdo por sob a axila esquerda da vítima e trave o braço esquerdo.
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O braço direito do socorrista por sob a axila direita da vítima segurando o queixo de
forma a abrir as vias aéreas, desobstruindo-as, permitindo a ventilação durante o
transporte.
Em casos suspeitos de trauma cervical, utilize sempre que possível à imobilização da coluna
cervical durante o transporte até a areia ou a borda da piscina. Quando possível utilize uma
prancha de imobilização e colar cervical, ou improvise com prancha de surf.
2o - Se houver resposta da vítima ela está viva, e indica ser um caso de resgate ou grau 1, 2, 3, ou
4. Coloque em posição lateral de segurança e aplique o tratamento apropriado para o grau de
afogamento (veja na tabela 2). Avalie então se há necessidade de chamar o socorro avançado
(ambulância) e aguarde o socorro chegar.
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Se não houver resposta da vítima (inconsciente) – Ligue ou peça a alguém para chamar a
ambulância ou o guarda-vidas, e;
3o - Abra as vias aéreas, colocando dois dedos da mão direita no queixo e a mão esquerda na
testa, e estenda o pescoço;
4o - Cheque se existe respiração - ver, ouvir e sentir - ouça e sinta a respiração e veja se o tórax se
movimenta (figura) - Se houver respiração é um caso de resgate, ou grau 1, 2, 3, ou 4. Coloque
em posição lateral de segurança e aplique o tratamento apropriado para grau (veja na tabela 2).
7o – Se houver pulso, é uma parada respiratória isolada - grau 5, mantenha somente a ventilação
com 12 vezes por minuto até o retorno espontâneo da respiração.
Se não houver pulso ou sinais de circulação, retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo
abdómen localizando o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos (figura), retire a
mão da testa e coloque-a no tórax e a outra por sobre a primeira e inicie 30 compressões cardíaca
externa em caso de 1 socorrista ou 15 compressões em caso de dois socorristas para casos de
afogamento.
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A velocidade destas compressões deve ser de 100 vezes em 60 segundos. Em crianças de 1 a 9
anos utilize apenas uma mão para as compressões. Mantenha alternando 2 ventilações e 30
compressões ou 2x15 com dois socorristas (RCP em afogamento com dois socorristas), e não
pare até que:
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7. Conclusão
É urgente que não somente os profissionais de saúde, mas toda a sociedade actue activamente
no combate a esse tipo de trauma, uma vez que é muito mais lógico e barato investir em
educação e prevenção do que reabilitação.
Fica evidente a necessidade de ensinar natação para adultos e crianças, assim como noções
básicas que minimizem ou, melhor ainda, eliminem os riscos de afogamentos, seja em praias,
rios, lagos, piscinas e outros meios.
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8. Referências bibliográficas
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9. Anexos
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