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Escola Politecnica Da Usp Depto. de Enge PDF
Escola Politecnica Da Usp Depto. de Enge PDF
APLICAÇÕES DA TERMODINÂMICA
notas de aula de PME3240 –
Termodinâmica I
(PARTE II)
Prof. Dr. José R Simões Moreira
1o semestre/2017
versão 3.0
primeira versão: 2010
CAPÍTULO 3 – CICLOS DE POTÊNCIA- RANKINE
Uma contínua obtenção de energia útil do tipo elétrica, por exemplo, pode ser obtida
pela transformação de calor em trabalho. Nesse caso a máquina de transformação
de calor em trabalho útil é chamada de máquina térmica. Muitas máquinas térmicas
operam segundo um ciclo termodinâmico, o qual é formado por três componentes
principais:
2
absorvedouro ou reservatório térmico de rejeição de calor de baixa
temperatura, TL; e
a própria máquina de conversão de calor em trabalho útil ou líquido, W liq.
Reservatório
de alta
temperatura,
TH
QH
Wliq Gerador
Máquina Conversor
térmica de calor em de energia
trabalho
elétrica
QL
Reservatório
de baixa
temperatura,
TL
Figura 3.1 – Ciclo genérico de conversão de calor em trabalho
Finalmente, a seleção por um tipo específico de ciclo vai depender de uma série de
fatores, entre eles: as temperaturas e pressões envolvidas, os reservatórios térmicos
e suas respectivas temperaturas disponíveis, as potências requeridas e os custos de
3
implantação, manutenção e de operação envolvidos. Evidentemente, há a
necessidade de uma análise termoeconômica para cada caso em particular, antes
que se decida por um ou outro tipo de ciclo.
Suponha que, por um dado processo qualquer de combustão (fusão nuclear, ou outro
meio de aquecimento) calor seja produzido e fique disponível para ser usado a uma
dada temperatura TH. Também, suponha que existe um reservatório térmico de baixa
temperatura TL para o qual calor possa ser rejeitado.
Pela primeira lei da termodinâmica, sabe-se que o trabalho útil do ciclo (Figura 3.1)
é igual à diferença entre os calores fornecidos, ou, em termos matemáticos,
Wliq QH QL
. (3.1)
Wliq Q H Q L
. (3.2)
Wliq
Onde é a potência de eixo líquida disponível da máquina térmica para
acionamento de, por exemplo, um gerador elétrico ou o acionamento de outra
máquina em unidades de Watts; e
4
Q L é o fluxo de calor rejeitado para o reservatório térmico de baixa temperatura.
Wliq Q H Q L Q
T 1 L .
Q H Q H Q H (3.3)
Para o ciclo de Carnot, ainda é possível mostrar que a razão entre os fluxos de calor
que aparece na equação (3) é dada pela razão entre as temperaturas absolutas dos
reservatórios térmicos, ou seja:
Q T
T 1 L 1 L .
Q H T H (3.4)
Essa assertiva tem consequências muito relevantes. Primeiramente, ela informa que
a máxima eficiência térmica está associada tão somente com a razão entreas
temperaturas dos reservatórios térmicos. Em segundo lugar, a única possibilidade de
ter uma máquina térmica de eficiência de 100% é se a máquina rejeitasse calor para
um reservatório que estivesse a zero grau absoluto.
5
O gráfico da Figura 3.2 ilustra a eficiência térmica como função da temperatura T H
para TL= 300 K.
Exemplo: suponha que se pode atribuir uma temperatura de 600 ºC para um dado
processo de combustão. Qual é a máxima eficiência térmica possível para um ciclo
térmico operando entre essa temperatura e o meio ambiente (300 K)?
Resposta:
300
T 1 0,6564 65,64%. (3.5)
600 273,15
100
90
Eficiência térmica η (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 400 800 1200 1600 2000
Temperatura alta TH (K)
Em primeiro lugar, espera-se que esse ciclo não possua nenhuma forma de perda.
Ou seja, não ocorre atrito quando o fluido está escoando por dentro da máquina e
nas tubulações. Da mesma forma, a máquina térmica não cede calor para o meio
durante o processo de realização de trabalho – ou seja, a máquina é adiabática.
6
Atrito, trocas de calor a temperaturas finitas e expansão não-adiabática são formas
de perdas que dão origem a irreversibilidades no ciclo, efeitos altamente
indesejáveis. Sem entrar em muitos detalhes, o ciclo teórico que permite obter a
máxima eficiência térmica é o ciclo térmico de Carnot, o qual é formado por quatro
processos fundamentais:
Nos processos (2) e (4) acima, surgiu o conceito de processo adiabático e reversível.
Tal processo recebe o nome de processo isoentrópico e refere-se ao processo sofrido
pelo fluido de trabalho sem que a sua entropia seja alterada. Isso significa que o
máximo trabalho é extraído pela máquina térmica do fluido de trabalho.
QH
1 2
TH
Área = trabalho líquido
Temperatura
Wliq = QH - QL
TL
QL 3
4
S1 = S 4 S2 = S 3
Entropia
7
No diagrama temperatura - entropia, o ciclo de Carnot é representado por um
retângulo, cujas arestas representam os processos 1 – 4, como ilustrado na Figura
3.3:
Uma vez mais é importante frisar que o ciclo de Carnot é teórico. Entretanto,
percebe-se que é possível na prática se aproximar desse ciclo, graças ao fato de que
as substâncias simples, como a água, mantém a temperatura constante durante um
processo de mudança de fase. Assim, utiliza-se essa propriedade para tentar
reproduzir no mundo real as vantagens do ciclo de Carnot, isto é, máxima conversão
de calor em trabalho, dados dois reservatórios térmicos.
8
Tempertura, T (K)
QH
1 2
T1 = T2
Wliq = QH - QL
(a)
T3 = T4
4 3
QL
S1 = S4 S2 = S3 Entropia, S (J/Kg.k)
QH
1 2
GERADOR DE VAPOR
WB WT (b)
BOMBA TURBINA
4 3
QL CONDENSADOR
9
Assim, a modificação mais simples que se necessita introduzir no ciclo do Carnot é a
condensação completa do fluido de trabalho, trazendo o estado 4 para a curva de
saturação como ilustrado na Figura5.
Nessa figura, o estado original 4 é representado por 4’. Ainda com referência a essa
figura, o estado final a fim do bombeamento do líquido é o estado 5. Agora, a segunda
modificação do ciclo é introduzida, ou seja,o processo de adição de calor que no ciclo
de Carnot era isotérmico, se torna isobárico (pressão constante).
QH
1 2
4 4' 3
QL
S1 = S4 S2 = S3 Entropia, S (J/Kg.k)
Turbina: wT h3 h2 , (3.7)
10
Condensador: qL qs h4 h3 , e (3.8)
Bomba: wB h5 h4 . (3.9)
Convém ressaltar, que na bomba, o trabalho específico ainda pode ser estimado de
uma forma mais simples, já que o líquido é praticamente incompressível, isto é, o
volume específico é constante. Com isso, tem-se que na região de líquido, um
processo isoentrópico é dado por
P5
dh vdP h vdP v4 P5 P4 . . (3.10)
P4
Como, o trabalho específico é dado pela diferença de entalpias, então, a equação
(3.9) se transforma em
Bomba: wB v4 P5 P4 .
(9a)
Exemplo:
Um ciclo de Rankine simples opera com água ente os pressões de 10 kPa e 15
MPa. Determine:
11
Tempertura, T (K)
QH
1 2
TH
TL
4 4' 3
QL
S1 = S4 S2 = S3 Entropia, S (J/Kg.k)
PV T hL HV SL SV
(kJ/kg.oC)
(KPa) (oC) (kJ/kg) (kJ/kg) (kJ/kg.oC)
10 45,81 191,81 2.584,6 0,6492 8,1501
15.000 342,24 1.610,5 2.610,5 3,6847 5,3097
Resolução:
(a) Cálculo da eficiência térmica do ciclo de Carnot Equivalente:
TL 318,96
TCarnot 1 1 0, 4817 48,17%
TH 615,39
wliq = wT - wB
BOMBA
12
wT = h 2 – h 3
De h2 para h3: processo isoentrópico
s2 = s3 = (1-x3)sL + x3 sV
2 x3 = (s2 – sL)/(sV – sL) = (5,3097-0,6492)/(8,1591-
0,6492) = 0,6213
Então:
WT
h2 = h3 = (1-x3)hL + x3hV = (1 – 0,6213).191,81+
3 0,6213. 2584,6 = 1678,4 kJ/kg
Assim,
13
média de trabalho mais elevada), sem ter que aumentar a pressão de trabalho.
Entretanto, existe evidentemente o problema e o custo adicional do equipamento
superaquecedor.
Tempertura, T (K)
4
QH 2
QH 1 3
2
TH (a)
TL
6 5
QL
S1 = S6 S4 = S5 Entropia, S (J/Kg.k)
1 3 QH 2 4
QH 1
GERADOR SUPERAQUECEDOR
DE VAPOR
WB WT (b)
BOMBA TURBINA
6 5
QL CONDENSADOR
Exemplo:
14
Resolução:
Tempertura, T (K)
4
QH 2
QH 1 3
2
TH (a)
TL
6 5
QL
S1 = S6 S4 = S5 Entropia, S (J/Kg.k)
1 3 QH 2 4
QH 1
GERADOR SUPERAQUECEDOR
DE VAPOR
WB WT (b)
BOMBA TURBINA
6 5
QL CONDENSADOR
O fluxo de calor total recebido é qe = qGV + qSA = 2605,6 + 873 = 3478,6 kJ/kg.
15
Para o condensador, temos:
qCOND = h5 – h6
h5 = (1-x5) h6 + x5 h4
x5 = (s4 – sL) / (sV – sL) = (7,3688 [Tab. Superaq.]–0,6492) / (8,1501–0,6492)
= 0,8958
Então,
h5 = (1-0,8958)x191,81 + 0,8958x2584,6 = 2335,3 kJ/kg e
qCOND = 2335,3 – 191,8 = 2143,5 kJ/kg
b) A eficiência térmica:
16
a turbina de baixa pressão) para continuar a expansão até a pressão do condensador
(estado 7).
Observando a Figura7 (a), nota-se que o que está se fazendo é "contornar" o ramo
de vapor saturado a fim de minimizar a quantidade de líquido na corrente de vapor
que está se expandindo na turbina.
Tempertura, T (K)
4
6
QH 2
QH 3
QH 1 3
2
TH
1
TL 5
QL
7
8
S1 = S6 S4 = S5 Entropia, S (J/Kg.k)
1 3 QH 2 4
QH 1
GERADOR SUPERAQUECEDOR
DE VAPOR
WT 5
WB
TURBINA
BOMBA 6
8 7
QH 3
REAQUECEDOR
QL CONDENSADOR
Exemplo:
Um ciclo de Rankine com reaquecimento opera com água entre as pressões de 10kPa
e 15MPa e uma temperatura final de superaquecimento de 550oC. A turbina consiste
de dois estágios, sendo que no estágio de alta pressão, o vapor é expandido até
1MPa. Posteriormente, o vapor é reaquecido até a temperatura de 550oC. Determine:
17
c) o consumo de vapor de água necessário por unidade de potência produzida
(kg/kWh).
Resolução:
Tempertura, T (K)
4
6
QH 2
QH 3
QH 1 3
2
TH
1
TL 5
QL
7
8
S1 = S6 S4 = S5 Entropia, S (J/Kg.k)
1 3 QH 2 4
QH 1
GERADOR SUPERAQUECEDOR
DE VAPOR
WT 5
WB
TURBINA
BOMBA 6
8 7
QH 3
REAQUECEDOR
QL CONDENSADOR
18
Agora, verifica-se a entropia do vapor saturado seco. Na tabela para pressão de
saturação de 1 MPa ⇒ sV = 6,5864kJ/kgoC.
Como s4 = s5<sV (P = 1MPa), então a primeira consideração é a correta, ou seja, a
expansão cai na região bifásica.
Assim, temos que:
x5 = (s4 – sL) / (sV – sL) = (6,5198-2,1386) / (6,5864-2,1386) = 0,985
h5 = (1-x5) h6 + x5 h4 = (1-0,985) x 762,79 + 0,985 x 2778,1 = 2747,9 kJ/kg
E, finalmente,
qR = h6 – h5 = 3597,2[interpolação] – 2747,9 = 849,3 kJ/kg
b) A eficiência térmica:
wB = 14,99 kJ/kg
wT = wT1 (potência do estágio de alta 1) + wT2 (potência do estágio de baixa 2)
wT1 = h4 – h5 = 3448,6 – 2747,9 = 700,7 kJ/kg
wT2 = h6 – h7 (h7 precisa ser determinado)
Para uma expansão isoentrópica, s6 = s7; s6 = 7,8955 kJ/kgoC [Tab. Vapor
superaquecido interpolado]
Note que s7< s6 (precisa determinar x7)
x7 = (s6 – sL) / (sV – sL) = (7,8955-0,6492) / (8,1501-0,6492) = 0,9661
h7 = (1-0,9661) x 191,81 + 0,9661 x 2584,6 = 2503,5 kJ/kg
Logo,
wT2 = 3597,2 – 2503,5 = 1093,7 kJ/kg
wT = 700,7 + 1093,7 = 1794,4 kJ/kg
T = (wT – wB)/qe = (wT - wB) / (qGV + qSA + qR) = (1794,4-14,99) /
(2403,7+838,1+849,3) = 0,4349 ou 43,49%
19
Como já discutido, a eficiência térmica do ciclo de Rankine é menor que a de Carnot
porque o fluido de trabalho começa a receber calor no gerador de vapor a uma
temperatura média menor (entre T2 e T3) que a máxima disponível (T3 = T2').
QH 3
2'
TH
TL 2
QL
1
4
1'
Idealmente, admite-se que a troca de calor é reversível de forma que as linhas dos
processos 2–3 e 4–5 da Figura 3.9 sejam paralelas entre si. Dessa forma, a área sob
a linha 2-3 é igual à sob a linha 4–5. Com isso, o rendimento do ciclo ideal de Rankine
é exatamente igual ao de Carnot, para as mesmas temperaturas de trabalho.
20
Tempertura, T (K)
QH 4
3
TH
QL
TL
5 5'
1 1'
a b c d Entropia, S (J/Kg.k)
4
QH
TURBINA
WT
CONDENSADOR
5 CALDEIRA
2 3
QL
1 BOMBA
WB
Em termos práticos, não é possível utilizar esse ciclo regenerativo ideal por diversos
motivos. O primeiro deles refere-se a impossibilidade de uma transferência de calor
reversível entre o vapor em expansão com a água de alimentação do gerador de
vapor. Também, verifica-se que vai ocorrer um aumento da presença de líquido na
turbina em virtude da transferência de calor, o que é indesejável pelo problema de
erosão das pás, como já mencionado.
Para ilustrar essa técnica, considere o caso de uma única extração, como indicado na
Figura10. Uma parcela do vapor de água é extraído no estado 6, indicado na figura.
21
Esse vapor é, então, misturado com a água condensada proveniente da primeira
bomba que está no estado 2. Espera-se que a razão entre a vazão mássica de vapor
extraído e de água condensada seja suficiente para que o estado 3 seja de líquido
saturado.
Tempertura, T (K)
4
QH
TH
3 6
QL
TL
7
1
a b c
Entropia, S (J/Kg.k)
5
QH
1 kg
TURBINA
WT
CONDENSADOR
7 (m1) CALDEIRA
6 4
3
(1-m1 )
2 WB2
QL
1 AQUECEDOR DE BOMBA 2
ÁGUA DE
ALIMENTAÇÃO 3
(1-m1 ) WB1
BOMBA 1
22
Tempertura, T (K)
2
1 kg 3
1
m1
14 4
13 (1-m1)
m2
11 12 5
(1-m1-m2)
m3
9 6
10
(1-m1-m2-m3)
8 7
3 Entropia, S (J/Kg.k)
QH
1 kg
TURBINA
WT
CONDENSADOR
7 (m1) CALDEIRA
6
1
10
(1-m1-m2-m3)
WB3
9
QL
8 AQUECEDOR 11
BOMBA 3
DE ALIMENTAÇÃO 3
(1-m1 ) WB1 12
5
BOMBA 1 WB4
(m2) AQUECEDOR DE 13
BOMBA 4
ALIMENTAÇÃO 2
14
4
WB5
(m3)
BOMBA 5
AQUECEDOR DE
ALIMENTAÇÃO 1
WT
ηT WT ηT h1 h2S
h1 h2S (3.11)
b) Bomba não é isoentrópica
23
De forma análoga o caminho percorrido durante a compressão é irreversível (Figura
3.12 (b) ), e define-se o trabalho isoentrópico da bomba como:
ηB
hS2 h1 h h2S
WB 1
WB ηB (3.12)
Outras perdas são efeitos de atrito na tubulação (queda de pressão) e trocas de calor
não isotérmicas (caldeiras e condensadores).
Tempertura, T (K)
QH (a)
1
TH
Percurso Percurso
isoentrópico real
TL
QL 2s 2
Entropia, S (J/Kg.k)
Tempertura, T (K)
QH
TH (b)
2
2s
TL
1 QL
Entropia, S (J/Kg.k)
Exemplo:
Uma central térmica a vapor opera segundo o ciclo indicado na figura abaixo.
Sabendo que a eficiência da turbina é de 86% e que a eficiência da bomba é de 80%,
determine o rendimento térmico deste ciclo. Construa o diagrama T-S para o ciclo
apresentado. Utilize a tabela de saturação para água e vapor de água e considere
que os processos ocorrem em regime permanente.
Os dados referentes a cada ponto do ciclo são:
24
Ponto 1: P1 = 10 kPa, T1 = 42oC;
Ponto 2: P2 = 5 MPa;
Ponto 3: P3 = 4,8 MPa, T3 = 40oC;
Ponto 4: P4 = 4 MPa, T4 = 400oC;
Ponto 5: P5 = 3,8 MPa, T5 = 380oC;
QH
3 4
2 5
GERADOR DE VAPOR
WB WT
BOMBA TURBINA
1 6
QL CONDENSADOR
Resolução:
QH 4
2
5
3
2S
6S 6
1
QL
25
a) Para a turbina temos:
Como s2 = s1,
Assim,
Portanto,
26
c) Para a cadeira temos:
Ciclo Orgânico de Rankine é uma tradução direta do termo inglês “Rankine Organic
Cycle”, ou ROC. Esses ciclos são o próprio ciclo de Rankine, mas que têm como fluido
de trabalho outras substâncias que têm um comportamento termodinâmico peculiar
que os prestam para pequenas centrais de geração de energia elétrica. Essas centrais
têm mais interesse em recuperação de energia térmica de algum processo, ou
aplicações com energia solar, do que em ter uma elevada eficiência térmica global
do ciclo propriamente dita. Também, são ciclos mais fáceis de operar que dispensam
alguns equipamentos de um ciclo tradicional Rankine.
Se observarmos a curva para a substância pura água, chamada “sino de saturação”
podemos verificar que para baixas temperaturas estas se “abrem” (ver Figura 3.5)
particularmente o ramo de vapor saturado. Isto faz com que sejam necessárias várias
modificações no ciclo original de Rankine, tais como superaquecimento do vapor
(Seção 2.2), reaquecimento (Seção 2.3) e ciclo regenerativo com extração de vapor
(Seção 2.4).
Esta dificuldade gerou o interesse por identificar novas substâncias que tenham um
comportamento menos acentuado do ramo do vapor saturado. Como objetivo, esta
substância permitiria a expansão de um vapor saturado de alta pressão até baixa
pressão sem adentrar ou adentrando muito pouco na região de mudança de fase.
Com isso, as turbinas e outras máquinas de expansão não sofreriam o nefasto
problema de impacto de gotículas de líquidos nas suas partes internas, que geram
erosão.
A Figura 3.13 ilustra o diagrama T-s do comportamento de diversos fluidos
empregados em ciclo simples de Rankine simples passando por expansão e
compressão isoentrópicas. O primeiro diagrama apresenta fluido com característica
tal que a linha de saturação do vapor isoentrópica, de modo que o fluido passe pelo
expansor como vapor saturado. O segundo diagrama apresenta um fluido com
comportamento similar ao da água, no qual o fluido de trabalho deixa o expansor
27
úmido, adentrando a região bifásica. O terceiro diagrama representa um fluido com
comportamento tal que ao fim da expansão, este permaneça na fase vapor. A
utilização de fluidos com comportamento como os do primeiro ou do terceiro
diagrama é uma solução ao problema de umidade no expansor.
28
CAPÍTULO 4 – TIPOS DE TURBINAS A GÁS
c) São menos eficientes, porém de menor custo por quilowatt gerado que as
aeroderivativas.
Turbinas Aeroderivativas
e) Investimentosmaiselevados.
30
A Figura 4.2 mostra uma turbina também do tipo aeroderivativa de 42 MW de
potência da General Electric (GE). Ela possui uma eficiência térmica entre 40% e
43%.
entrada de
Combustível
energiaelétric
câmara de combustão a
saída dos
entrada de ar produtos de
combustão
MS-7000 – GE
31
Características gerais
b) Faixa de potência– Entre 0,5 e 250 MW. Microturbinas, no entanto, podem ter
potências tão baixas quanto 30 kW.
e) Emissões– Muitas turbinas a gás operando com gás natural podem produzir NOx
abaixo de 25 ppm e CO na faixa de 10 a 50 ppm.
Componentes principais
A Figura 4.5 mostra o corte esquemático de uma turbina a gás onde podem ser
identificados o compressor, o regenerador e a turbina propriamente.
32
Figura 4.5–Corte esquemático de uma turbina a gás.Adaptado.
Regenerador – recupera parte do calor que seria perdido pelos gases de escape
para aquecer o ar comprimido que entra na câmara de combustão.
Outros Componentes
33
c) Gerador elétrico– equipamento que converte energia mecânica produzida pela
turbina em energia elétrica.
d) Sistema de partida – Existem três sistemas de partida: (1) motor diesel; (2)
motor elétrico; (3) sistema estático de partida.Os sistemas (1) e (2) usam um
acoplamento por meio de embreagem. A turbina é acionada ou pelo motor diesel
ou pelo elétrico até que a rotação e condições operacionais sejam alcançados. A
partir daí realiza-se o desacoplamento. No sistema estático de partida, o gerador
funciona de forma reversível e atua como um motor elétrico para acionar a turbina
até que o regime seja estabelecido. Após o quê é revertido para sua função
normal.
Sistemas auxiliares
34
CAPÍTULO 5 – O CICLO DE BRAYTON SIMPLES
Este ciclo traz como principais simplificações o fato de o fluido de trabalho não mudar:
é sempre ar atmosférico com propriedades constantes. O processo de combustão em
que ocorre a transformação do ar em produtos de combustão é substituído por um
processo de adição de calor. Além disso, os processos de admissão e exaustão são
eliminados. Trata-se, portanto, de uma massa fixa de ar que circula pela máquina.
QH
Combustível Câmara de
Combustão Trocador de Calor
T2 T3
Wliq Wliq
Trocador de calor
QL
QL C T T T T / T 1
Térmico 1 1 P 4 1 1 1 4 1 (5.6)
QH CP T3 T2 T2 T3 / T2 1
36
Observamos, entretanto, que:
k
p3 p T k 1
2 2
p4 p1 T1
(5.7)
T3 T2 T3 T4 T3 T
e 1 4 1
T4 T1 T2 T1 T2 T1
(5.8)
T1 1
Térmico 1 1 k 1
T2
p2 k
p1
Sendo que K é a razão entre calores específicos e vale 1,4 para o ar atmosférico.
1900ral
eficiência ou rendimento (%)
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
taxa ou razão de compressão (p2/p1)
37
Trabalho do compressor: wC C p T2 T1 (5.9)
P1
onde r é a razão de pressões
P2
T3
1 k
k 1
(5.12)
wT C PT1 1 k 1 r 1
T1
r k
A expressão do trabalho está posta no gráfico abaixo (Figura 5.5) para diversas
razões de temperaturas T3/T1 e T1 = 300 K.
Trabalho Líquido,w (kJ/kg)
Trabalho máximo
38
k
P T 2 k 1
rmáx trab. 2 3 (5.13)
P1 T1
Exemplo:
2.4.1.Uma turbina a gás simples foi projetada para operar nas seguintes condições:
Temperatura máxima do ciclo: T3=840 oC
Temperatura de admissão do ar: T1=15 oC
Pressão máxima do ciclo: P3 =520 kPa
Pressão mínima: P1=100 kPa
Dados:k = 1,4 e
CP = 1 kJ/kg
Determine:
Resolução:
b) O trabalho do compressor:
Portanto,
Assim,
39
c) O trabalho da turbina:
Assim,
1 1
m 0, 00408 kg / kWs 14, 7 kg / kWh
Wliq 244,83
f) A temperatura T4:
a) Perdas –As ineficiências ocorrem porque tanto o compressor, como a turbina não
são máquinas ideais (isoentrópicas).
wS comp h2 S h1 T2 S T1
C
wCreal h2 h1 T2 T1 (5.14)
40
d) Eficiência ou rendimento isoentrópico da turbina apenas:
wturbreal h3 h4 T T (5.15)
turb 3 4
wS turb h3 h4 S T3 T4 S
wS comp 1 C pT1 T2
wCreal C p (T2 T1 ) ( 1)
C C C T1
C pT1 k-k1 (5.16)
wCreal r 1
C
T4
wturbreal turbwS turb turbC p (T3 T4 ) turbC pT3 (1 )
T3
1
wturbreal turbC pT3 1 k-1 (5.17)
r k
C T k-1
1 k 1
wT wturbreal wCreal turbC pT3 1 k-1 r
p 1
C (5.18)
r k
k
P T 2 k 1
(5.19)
rmáx trab. 2 turbC 3
P1 T1
41
Novo rendimento térmico do ciclo, considerando rendimentos das máquinas:
turb
T3 1 1 k 1 k
1 k 1 k r
1
T1 r C
térmico (5.20)
T3 r k 1 k 1
1
T1 C
Exemplo:
Resolução:
70 350
ideal
eficiência ou rendimento (%)
60 300
ideal
trab alho líquido, (kJ/kg)
50 250
40 200
30 150
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
taxa de compressão ou razão de pressões r, (p2/p1) taxa de compressão ou razão de pressões r, (p2/p1)
42
b) Por exemplo, se admitirmos uma taxa de compressão rP = 10, temos que
para o ciclo ideal, Tid ~ 50% e Treal ~ 22% (ver gráfico).
Exemplo:
Determine:
Resolução:
De acordo com o diagrama T-S para um ciclo Brayton real, pode-se escrever:
wT = ηT CP T3 [1- 1 / (P3/P1) (k-1)/k
]
|wCOMP| = (CP T1) [(P3 / P1) (k-1)/k
- 1]/ ηC
wliq = wT + |wCOMP|
Sabe-se que:
ηT = wliq / qH
mas
qH = q2-3 = CP (T3 – T2) = 1,0 (1113,15 – 461,61) = 651,54 kJ/kg
43
k 1
1 P k
T3
turb 1
1
3 1
k 1
T1
P k C 1
P
3
P1
T k 1
P3
k
1
T3 P1
1
T1 C
ηT= 22,8%
térmico WC Wturb WT m T4
MÓDULO 4 – MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA
Exemplo 1 37,6 173,4 418,2 244,8 14,7 421,9
Exemplo 2 22,8% 216,7 355,4 138,7 25,6 484,6
Uma das primeiras coisas que ressaltam do ciclo de Brayton simples é que os gases
de saída saem com uma temperatura relativamente elevada. Por outro lado, calor
tem que ser fornecido ao ciclo por combustão. Assim, o ciclo de Brayton com
regeneração ou recuperação (Figura 5.7) aproveita o calor, que de outra forma seria
44
liberado para a atmosfera, para aquecer o ar comprimido imediatamente antes da
câmara de combustão.
y REGENERADOR 4
CÂMARA DE
2
COMBUSTÃO
1 x 3
X IDEAL
Parcela de
energia 4
regenerada
1 Y IDEAL
45
b) Capacidade de base (base rating) – desempenho máximo da turbina em
operação contínua que pode ser mantido por 6.000 horas.
Assim:
Note que a taxa específica de calor (heat rate) é um parâmetro adimensional e o seu
recíproco representa a eficiência térmica da turbina, térmica
1 (5.23)
térmico , onde para se obter a taxa específica de calor (" heat rate" ) utilizam - se unidades
" heat rate"
iguais para as energias elétrica e térmica (kWh/kWh ou Btu/Btu, por exemplo)
46
operacionais impedem valores muito elevados. Alguns dados: turbinas
industriais na faixa 10 a 18 e aeroderivativas na faixa de 18 a 30.
j) Vazão dos gases de exaustão – é a vazão mássica dos gases que deixam a
turbina. Essencialmente é a soma das vazões de ar e de combustível e de vapor
de água, caso haja injeção de vapor.
47
Exemplo de catálogo (turbina ALSTOM)
m comb PCI
" heat rate"
Potência elétrica (5.24)
Potência elétrica 9098 *1,055 179 103
m comb " heat rate"
PCI 3600 48400
m comb 9,86 kg/s
Logo temos,
1
3600 100% 37,5%
térmico
48
Parâmetros que Afetam o Desempenho
L em metros e P em kPa
49
35
30
25
Eficiência (%)
20
15
10
0
0 20 40 60 80 100
Carregamento Parcial (%)
Exemplo:
2.4.4 Estime a diminuição da potência total de uma turbina a gás (TG) que
nas condições ISO produz 100 MW de potência. Sabe-se que a TG vai
operar num local onde a altitude é de 600 e que a temperatura de
admissão do ar e a umidade relativa do ar são os da condição ISO.
Resolução:
Emissões
50
Injeção de vapor de água – Nesse caso, vapor de água ou água líquida é
borrifada na região de alta temperatura da chama dentro da câmara de
combustão. É possível reduzir a produção dos óxidos de enxofre para
valores tão baixos quanto 25 ppm. O processo também é acompanhado
por um ligeiro aumento de potência líquida. No entanto, a água de injeção
precisa sofrer um processo de desmineralização. Ainda como contrapartida,
pode haver um aumento de emissões de CO, devido à diminuição localizada
da temperatura da chama.
51
Poluição por unidade de energia consumida – Neste caso, a medição é feita
em termos do consumo energético do equipamento, isto é, gramas/GJ.
Geralmente são equipamentos caros e seu uso é justificado quando a turbina trabalha
a plena carga durante muitas horas por ano, ou quando o custo de combustível é
relativamente elevado. Além disso, em ciclo combinado, ou em cogeração, seu uso
pode ser dispensado, uma vez que o calor rejeitado da turbina será empregado com
outra finalidade.
52
Figura 5.12 - Exemplo de um ciclo com regenerador (recuperator) e resfriamento
evaporativo do ar de admissão
53
c) Ciclo com injeção de vapor– também conhecido como ciclo de Cheng. Neste
ciclo, grandes quantidades de vapor de água são injetadas na câmara de
combustão para melhorar a potência líquida e a eficiência.
54
CAPÍTULO 6 – CICLO COMBINADO BRAYTON-RANKINE
Assumindo que a energia térmica obtida a partir dos gasesde exaustão após a
caldeira de recuperação seja muito pequena, então o fluxo de calor combinado é
térmico
WTG TV Q H WTG W
TG TV TV TG
(6.4)
Q H Q H
Finalmente, usando a definição de rendimento do ciclo Brayton, isto é:
QH
2 3
1
CÂMARA DE P3 = P2
COMBUSTÃO
TURBINA A
COMPRESSOR
VAPOR
Wliq ST
CICLO
BRAYTON
5 4
TROCADOR DE
P5 = P4 CALOR
CHAMINÉ 7 P7 = P6 TURBINA A
QC VAPOR
6
Wliq VT
CICLO RANKINE
9 8
P8 = P9
BOMBA CONDENSADOR
QL
WP
56
Ciclo combinado - configurações
No sistema ilustrado na Figura 6.2, os gases de exaustão são dirigidos para a caldeira
de recuperação (heatrecoverysteamgenerator – HRSG). A caldeira pode gerar vapor
em um ou mais níveis de pressão (na ilustração há dois níveis – alta pressão, HP e
baixa pressão, LP). O vapor alimenta a turbina que produz eletricidade através do
seu próprio gerador elétrico. Neste arranjo, as turbinas estão desacopladas,
permitindo que a turbina a vapor seja desligada independentemente da turbina a
gás.
57
Ciclo combinado – Caldeira de Recuperação
Os gases de exaustão de uma ou mais turbinas a gás são aproveitados para produzir
vapor na caldeira de recuperação.
Vapor pode ser gerado em um ou mais níveis de pressão para alimentar a turbina a
vapor, ou mesmo ser consumido em algum outro ponto de processo. Em situações
em que a demanda de vapor é maior do que o que pode ser produzido pela
recuperação da energia térmica dos gases, uma queima adicional de combustível
pode ser realizada.
Entre os pontos (x) e (y), a água sofre o processo de evaporação, sendo que em (y)
ela se tornou em vapor saturado.
58
A partir do ponto (y) o vapor se torna superaquecido e vai deixar a caldeira em (a).
Figura 6.3– Ponto de pinça (Pinch Point) para uma caldeira derecuperação
59
CAPÍTULO 7– MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA
APRESENTAÇÃO
Os MCIs podem receber uma classificação bastante geral, segundo suas grandes
características de funcionamento, quais sejam:
Por tal motivo, o motor de 4 tempos opera com rotação duas vezes maior que o
motor de 2 tempos, como regra geral.
Este tipo de motor se caracteriza por operar de forma cíclica admitindo uma mistura
de combustível e ar atmosférico para promover uma explosão na câmara de
combustão, expansão dos produtos de combustão e gerando trabalho mecânico.
Nesse motor, a combustão é iniciada pela produção de uma centelha sincronizada
com o ciclo numa câmara onde se encontra a mistura ar-combustível já pressurizada.
Este tipo de motor se caracteriza por operar também de forma cíclica admitindo
primeiramente o ar atmosférico e posteriormente, ao final do processo de
compressão desse ar, é injetado o combustível.
61
A operação de um MCI não é a de um ciclo termodinâmico completo uma vez que
ocorre uma modificação na composição do fluido, bem como admissão e exaustão do
mesmo no motor.
62
Ciclo Otto x Motor de Combustão Interna
O ciclo Otto é concebido como sendo um ciclo de potência ideal que se aproxima do
motor de combustão interna de 4 tempos conforme se pode observar na Figura 6.1.
É ideal para representar os motores de ignição por centelha (vela) movidos a
gasolina, etanol ou gás natural.
63
Parâmetros Geométricos do Cilindro
Pistão no Câmara de
ponto mais Combustão
alto (PMS) Vo
vo
PMS
0.37
s
0.20d
Pistão no
PMI ponto mais
baixo (PMI)
VD = VT – V0. (7.1)
Cilindrada, (VD)
64
πd 2
VD m s (7.2)
4
rV VT / Vo (7.3)
Vt Vo Vp Vp VD / m (7.4)
65
seguida, em movimento ascendente, o pistão expulsa os produtos da
combustão.
F m c / m a (7.5)
Fr F / Fc (7.6)
m
Ni Ni j (7.7)
j 1
66
d) Potência de eixo, (Ne)
É a potência disponível no eixo do motor, determinada através da utilização de
dinamômetro.
m
Ne Nej
(7.8)
j
N a Ni N e (7.9)
Q c m c pci (7.10)
Ce m c / Ni (7.11)
V ma / m (7.12)
É definido como sendo a relação entre a potência indicada e o fluxo de calor gerado
pela combustão.
T Ni / Q c (7.13)
67
j) Pressão Média Efetiva, (PME)
n
N e PME VD (7.14)
x
onde x=2 para motores de 4 tempos.
Ne T n (7.15)
Exemplo:
Resolução:
2 ciclos = 1rotação
68
N = 2 ciclos x 2000 rotações/min = 4000 ciclos/min
3
P T
QH
QH
3
te
V=c
S
2 2
=
ct
e
4
te
4 V=c
S
QL
=
1 QL
ct
e
1
a b a S
b V
W12
u2 u1 (7.16)
m
W34
u3 u4 (7.17)
m
Q23 QH
u3 u2 (7.18)
m m
69
d) Calor, por unidade de massa, rejeitado (escape)
Q41 QL
u4 u1 (7.19)
m m
Q41 QL
u4 u1 (7.20)
m m
WL
nT (7.21)
QH
T
T1 4 1
mc T T (7.22)
nT 1 L 1 v 4 1 1 1
Q T
QH mcv T3 T2 T
T2 3 1
T2
T2 / T1 V1 / V2 V4 / V3
k 1 k 1
T3 / T4 (7.23)
70
e, portanto, tem-se que:
T3 / T2 T4 / T1 (7.24)
T1 1
T 1 1 rv1k 1 k 1
T2 rv (7.25)
Sendo:k = razão entre calores específicos, isto é,k = Cp/Cv para o ar atmosférico,
tem-se k = 1,4.
Razão de compressão, rv. Isto é notável, uma vez que o rendimento térmico
do ciclo depende de um parâmetro geométrico de construção do cilindro que
pode se alterado de acordo com o interesse do projetista.
Ainda, a análise da expressão do rendimento térmico mostra que seu valor aumenta
continuamente com a taxa ou razão de compressão.
Para o ciclo real, o limite de operação da taxa de compressão está associado com a
tecnologia e natureza do combustível.É a chamada tendência de detonação do
combustível (efeito de bater pino). Por isso, as taxas de compressão dos motores de
ciclo Otto estão limitadas a certos valores que dependem das características físico-
químicas dos combustíveis (octanagem):
71
Motores a etanol – rv~ 12:1 a 14:1
Exemplo:
Resolução:
72
Assim, como pode-se observar na Figura 7.5, o aumento da eficiência térmica com o
aumento da taxa de compressão é mais significativo para motores que originalmente
possuam menores taxas de compressão.
T1 1
T 1 1 k 1 (7.26)
T2 rV
0.9
0.8
0.7
0.6
T
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Figura 7.5 – Relação entre eficiência térmicar V e taxa de compressão para um ciclo
Otto
a) Os calores específicos dos gases reais não são constantes, eles aumentam com
a temperatura;
73
7.4 - O CICLO DIESEL
A Figura 7.6 ilustra de forma didática um motor de combustão interna do tipo Diesel.
74
Análise do Ciclo Diesel
Temperatura, T (K)
Pressão, P (kPa)
QH
2 3
3
P = constante
QL
S = constante QH 2 4
4
1 V = constante
S = constante QL
a b b a
Volume Específico, v (m³/kg) Entropia específica, s (J/kg.K)
W12
u2 u1 (7.27)
m
b) Trabalho específico de expansão
W34
u3 u4
m (7.28)
P2 v3 v2
W23
m
c) Calor, por unidade de massa, adicionado (combustão)
Q23 QH (7.29)
h3 h2
m m
75
d) Calor, por unidade de massa, Rejeitado (escape)
Q41 QL (7.30)
u3 u4
m m
WL (7.31)
nT
QH
Pode-se mostrar que WL = QH – QL, então:
QL mc T T T T
nT 1 1 v 4 1 1 4 1 (7.32)
QH mcp T3 T2 k T3 T2
Pelo processo isoentrópico 1-2 e pelo processo isobárico 2-3, pode-se mostrar que:
k 1
V V3
T2 T1 1 T1rVk 1rC rC (7.33)
V2 V2
e (7.34)
k 1 k 1 k 1
V rV rV
k 1
T4 T3 3 T3 C 2 T r r C 2
1V C T1rCk
V4 V1 V1
onde: rC é a razão de corte de combustível ou razão de carga;
76
De forma que:
T1rC T1 1 rCk 1
T 1 1 k 1
k T1rVk 1rC T1rVk 1
(7.35)
rv k rC 1
K = Cp/Cv = 1,4
Exemplo:
Resolução:
s4 = s3
Assim,
T3/T4 = (V4/V3)k-1
T = wliq / qH
Então.
77
V1 = (0,287 x 288,2)/100 = 0,827 m3/kg
3 QH - OTTO
QH - DIESEL
3'
2
S = constante
QL
S = constante
1
a b
Volume Específico, v (m³/kg)
Figura 7.8 – Comparação entre os diagramas P-V de um ciclo Otto e um ciclo Diesel
1 1
Otto 1 Diesel 1 f (rC ), (7.36)
rv k 1 rv k 1
sendo f (rC ) 1
78
Analisando-se a equação da eficiência térmica do ciclo Diesel, observa-se que a
expressão difere da do ciclo Otto pelo termo entre colchetes, ou função f(rc), que é
sempre maior que 1, pois rC é maior que 1. Segue daí que, para uma determinada
taxa decompressão rV, o ciclo Otto é mais eficiente que o ciclo Diesel, conforme
indicado na Figura 7.8.
V1 V3 V1 r
rV rC re re V (7.37)
V2 V2 V3 rC
79
CAPÍTULO 8 – CICLOS DE REFRIGERAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Note que, nesse caso, a mistura de vapor e líquido (1) sofre um processo de
compressão isoentrópica até que o estado de vapor saturado (2) seja atingido. Em
seguida, o vapor sofre um processo de condensação completa até que o estado de
líquido saturado (3) seja alcançado. No caso do ciclo de Carnot de refrigeração
(Figura 8.1 (a)), a expansão do estado (3) de alta pressão para o estado (2) de baixa
pressão se dá por meio de uma turbina isoentrópica. Porém, essa máquina seria de
difícil construção e operação.
Tempertura, T (K)
(a) (b)
P alta P alta
3 2 3 2
TH TH
P baixa P baixa
h = cte
TL TL
4 1 4 1
Nesse caso, também ter-se-á que o estado 2 será vapor superaquecido, já que a
compressão isoentrópica 1-2 levará o vapor a esse estado. Além disso, a
condensação 2–3 será agora a pressão constante. Como nota, é importante frisar
que em análises de ciclos de refrigeração é preferível utilizar o diagrama pressão-
entalpia, como o da Figura 8.2 (a). Assim, o ciclo ideal ou padrão de compressão
mecânica a vapor consiste dos seguintes quatro processos principais, descritos
abaixo e indicados no diagrama da Figura 8.2 (a):
81
3-4 – expansão isoentálpica (h3 = h4) por meio de uma válvula de expansão ou
outro dispositivo de estrangulamento;
4-1 – evaporação apressão constante (P4 = P1); retirada de calor do meio. Nesse
caso, a temperatura também é constante e é chamada de temperatura de
evaporação.
Válvula de expansão
(a) (b)
3
Pressão, P (Pa)
V-1
Evaporador
3 2 QL QH
P alta
P-1
P baixa
4 1
Condensador
1
4
W
Compressor
Entalpia, h (J/Kg) 2
Figura 8.2 – Ciclo padrão de compressão mecânica a vapor (a) diagrama pressão-
entalpia; (b) componentes básicos
Definições
w h2 h1 [kJ/kg] (8.1)
82
Pode ser específica q (por unidade de massa) ou total, Q . Do diagrama P-h
q h1 h4 [kJ/kg],e (8.3)
q h1 h4
COP (8.5)
w h2 h1
Geralmente o COP é maior que a unidade, o que significa que se obtém um efeito
ou carga de refrigeração superior ao “preço energético” que se paga por ele, que
é o trabalho de compressão.
O COP ainda deve ser analisado com critério. Alguns projetistas, e mesmo
fabricantes, costumam incluir junto com a potência de compressão, a potência de
acionamento de outros equipamentos e também de outros sistemas auxiliares.
Exemplo:
Resolução:
83
w h2 h1 264, 7 247, 23 17, 47 kJ/kg
q 161, 48
COP 9, 24 * *
w 17, 47
Exemplo:
Resolução:
a) Isobutano:
b) R134a:
84
q 253,3 100,8 152,5 kJ / kg R134a
10 3,517
m 0, 231 kg / s R134a
152,5
Exemplo:
Resolução:
85
A primeira lei da termodinâmica aplicada ao volume de controle representando o
compressor resulta em:
86
Figura 8.3 – Diagrama P-h para o ciclo real e o ciclo padrão
87
BIBLIOGRAFIA
BLACK e VEATCH, Power Plant Engineering, Editora Chapman & Hall, EUA, 1996.
O livro enfoca, de uma forma geral, diversos tipos de análises de processos de
engenharia. Ele cobre de forma ampla aspectos econômicos e de
dimensionamento de vários processos de geração de energia e dos seus
componentes. Inclui também aplicações práticas das plantas de geração de
energia.
GARCIA, O.; BRUNETTI, F., Motores de Combustão Interna, Apostila, 2ª Ed., Escola
Politécnica da USP, São Paulo: 1992.
A apostila enfoca os conceitos básicos sobre motores de combustão interna de
forma clara e didática. A apostila pretende dar uma visão ampla e fundamental
dos motores de combustão interna trazendo diversos exemplos didáticos.
HODGE, B. K., Analysis and Design of Energy Systems, Prentice-Hall Inc. Ed., 1990.
O livro aborda os conceitos de mecânica dos fluidos, transferência de calor e
termodinâmica necessários para o dimensionamento e análise de diversos
sistemas de energia com diversos exemplos de aplicação prática.
REID, R. C.; PRAUSNITZ, J. M. e POLING, B. E., The Properties of Gases and Liquids,
4th Ed., McGraw-Hill Co., 1987.
O livro mostra os principais métodos e técnicas para se estimar propriedades
físicas e termodinâmicas de diversas substâncias. O livro traz propriedades de
diversas substâncias em forma de tabelas e faz críticas e comparações dos
métodos utilizados para se estimar suas propriedades.
89