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GASTROINTESTINAL
Danilo Fernando – MED UFRGS
Resumo baseado nos livros Fisiologia – Berne & Levy 5ªEd, Fisiologia – Berne & Levy 6ªEd, Fisio-
logia Gastrintestinal – Kim E. Barrett, Tratado de Fisiologia Médica 12ªEd – Guyton, Fisiologia
Humana 13ªEd – Vander, Fisiologia Médica 2ªEd, Walter Boron, Fisiologia 4ªEd – Margarida Fisi-
ologia 6ªEd – Linda Constanzo, Fisiologia Humana Uma Abordagem Integrada 6ªEd – Dee Un-
glaub Silverthorn e Princípios de Anatomia e Fisiologia 12ªEd – Tortora
1 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 1
2 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 2
Sumário
Visão Geral do Sistema Digestório ...................................................................................................................... 4
Organização Anatômica e Função Geral do Trato Gastrointestinal ................................................................ 5
Estrutura Básica da Parede Gastrointestinal ................................................................................................... 7
Camada Mucosa .......................................................................................................................................... 7
Camada Submucosa .................................................................................................................................... 7
Camada Muscular e Serosa ......................................................................................................................... 8
Mecanismos Reguladores do Trato Gastrointestinal .................................................................................... 11
Regulação Endócrina ................................................................................................................................. 12
Regulação Parácrina .................................................................................................................................. 15
Regulação Neural....................................................................................................................................... 16
Sistema Estomatognático .................................................................................................................................. 20
Sucção............................................................................................................................................................ 20
Mastigação .................................................................................................................................................... 20
Dentes........................................................................................................................................................ 22
Secreção Salivar ......................................................................................................................................... 23
Motilidade do Trato Gastrointestinal ................................................................................................................ 28
Deglutição ..................................................................................................................................................... 28
Fase Oral (ou Voluntária)........................................................................................................................... 29
Fase Faríngea ............................................................................................................................................. 29
Fase Esofágica ............................................................................................................................................ 29
Motilidade Gástrica ....................................................................................................................................... 34
Anatomia Funcional do Estômago ............................................................................................................. 34
Características da Motilidade Gástrica ...................................................................................................... 35
Motilidade do Intestino Delgado ................................................................................................................... 42
Anatomia Funcional do Intestino Delgado ................................................................................................ 42
Motilidade do Intestino Delgado ............................................................................................................... 43
Motilidade do Intestino Grosso (Colo) .......................................................................................................... 45
Anatomia Funcional do Intestino Grosso .................................................................................................. 45
Motilidade do Intestino Grosso ................................................................................................................. 46
Defecação .................................................................................................................................................. 47
Secreções do Trato GastroIntestinal ................................................................................................................. 50
Secreção Gástrica .......................................................................................................................................... 50
Visão Geral................................................................................................................................................. 50
Secreção de Ácido ..................................................................................................................................... 53
Secreção de Pepsinogênio ......................................................................................................................... 56
3 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 3
• Boca e orofaringe: São responsáveis por triturar o alimento em pequenas porções, lubrificar e ini-
ciar a digestão de carboidratos e gordura e impulsionar o alimento para o esôfago.
• Esôfago: Atua como um canal condutor para o estômago.
• Estômago: Armazena temporariamente o alimento e também inicia a digestão através da mistura
aos produtos de sua secreção (proteases e ácido).
• Intestino delgado: Continua o processo de digestão, sendo o principal local para a absorção dos
nutrientes.
• Intestino grosso: Reabsorve fluidos e eletrólitos e também armazena o material fecal antes de
sua expulsão do corpo.
• Glândulas acessórias e órgãos: Incluem glândulas salivares, pâncreas e fígado.
Glândulas salivares: Secreta enzimas digestivas (amilase e lipase), atua na lubrificação do ali-
mento e também protege o organismo através de imunoglobulinas.
Pâncreas: Secreta enzimas digestivas no duodeno, além de secretar HCO3- para neutralizar o
ácido gástrico.
Fígado: Secreta a bile, que é estocada na vesícula biliar para posteriormente ser liberada no du-
odeno após uma refeição.
- Bile: Contém ácidos biliares que desempenham um importante papel na digestão de gorduras.
6 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 6
Camada Mucosa
• Camada mais interna do trato gastrointestinal.
• Camada composta por:
a) Epitélio: Formado por uma camada celular contínua.
Epitélio colunar possui tight junctions (junções oclusivas) e a superfície do epitélio pode ser for-
mado por vilosidades (aumenta a área da mucosa) ou criptas (invaginações do epitélio).
Epitélio é renovado constantemente pelas células-tronco intestinais situadas na cripta.
b) Lâmina própria: Formada por tecido conjuntivo subepitelial – Mantém o epitélio no lugar
Pode conter linfonodos (importante devido a exposição a patógenos).
Camada Submucosa
• Região onde encontra-se os troncos nervosos, os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos de maior
calibre, além do plexo submucoso.
Plexo submucoso (de Meissner): Situado entre a camada submucosa e a muscular circular.
- Inerva as células da camada epitelial, bem como o músculo liso da camada muscular da mucosa.
8 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 8
• Serosa: Cobertura mais externa que consiste em camada de células mesoteliais escamosas.
• Estrutura do músculo liso: Compostos de células pequenas, fusiformes e com apenas um núcleo.
Apresenta filamentos de actina e de miosina mais longos.
ATPase da miosina é mais lenta – Diminui a reciclagem das pontes
cruzadas e aumenta o tempo de contração.
Tem menos retículo sarcoplasmático (RS) – Principal canal de libe-
ração de Ca2+ é o canal acoplado ao receptor de IP3.
- Cavéolas (vesículas agrupadas perto da membrana plasmática) aju-
dam a armazenar cálcio – Estão próximas ao RS (imagem ao lado).
Tem filamentos espessos e delgados que não estão dispostos em
sarcômeros; por isso, aparecem homogêneos e não estriados.
- Não há estrias Z, mas os corpos densos no citoplasma são ligados
pela α-actinina aos filamentos de actina.
Músculo liso NÃO tem troponina Sinal de Ca2+ inicia uma cascata que termina com a fosforila-
ção da miosina.
- Depende da calmodulina (proteína ligante encontrada no citosol – Possui capacidade para 4Ca2+)
– Estimula a cinase da cabeça leve da miosina (MLCK), desencadeando na ativação da cinase que
↑Atividade da ATPase da miosina Leva a força muscular.
• Relaxamento do músculo liso: Ocorre com a retirada do Ca2+ do citosol pela bomba SERCA para o
RS e pelo antiporte Na+/Ca2+ e outra bomba de cálcio para o LEC.
Retirada de Ca2+ leva a inativação da cinase Desencadeia na ativação da fosfatase da miosina
Desfosforilação da cadeia leve da miosina ↓Força (*).
• Além das ondas lentas e dos potenciais em ponta, o nível basal de voltagem do potencial de re-
pouso da membrana do músculo liso também pode variar.
Despolarização da membrana: Fibras musculares ficam mais excitáveis – Potencial fica menos
negativo.
Hiperpolarização da membrana: Fibras musculares ficam menos excitáveis – Potencial fica mais
negativo.
* Importante: Esses mecanismos permitem um controle sutil e preciso das funções gastrointestinais
(observe na tabela a seguir os principais hormônios peptídicos gastrointestinais)
12 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 12
Regulação Endócrina
• Hormônios: Produzidos pelas células endócrinas e liberados na corrente sanguínea para atingir as
células-alvo via circulação.
• Processo por meio do qual a célula sensora do TGI, a célula enteroendócrina, responde a um estí-
mulo secretando um peptídeo ou hormônio regulador que viaja pela corrente sanguínea até célu-
las-alvo situadas em um local distante de onde ocorreu a secreção.
As células enteroendócrinas estão repletas de grânulos de secreção, cujos produtos são secreta-
dos pelas células em resposta a estímulos químicos e mecânicos que atingem a parede do TGI.
- Também podem ser estimuladas por impulsos neurais ou por outros fatores não associados à re-
feição.
13 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 13
Gastrina
• Liberada por células endócrinas localizadas na parede da parte distal do estômago.
• Contém 17 aminoácidos (“gastrina pequena”) – É a forma secretada em resposta a uma refeição.
Toda a atividade biológica da gastrina reside nos quatro aminoácidos C-terminais.
• “Gastrina grande” contém 34 aminoácidos, embora não seja um dímero da gastrina pequena.
• Ações da gastrina:
a) Aumenta a secreção de H+ pelas células parietais gástricas;
b) Estimula o crescimento da mucosa gástrica por meio da estimulação da síntese de RNA e de no-
vas proteínas;
Os pacientes com tumores secretores de gastrina apresentam hipertrofia e hiperplasia da mu-
cosa gástrica.
• Estímulos para a secreção de gastrina: Secretada pelas células G do antro gástrico em resposta a
uma refeição – É secretada em resposta aos seguintes estímulos:
a) Pequenos peptídeos e aminoácidos no lúmen do estômago – Os estímulos mais potentes para
secreção de gastrina são a fenilalanina e o triptofano;
b) Distensão do estômago;
c) Estimulação vagal, mediada pelo peptídeo liberador de gastrina (GRP, do inglês gastrin-releasing
peptide);
A atropina (fármaco inibidor de acetilcolina) não bloqueia a secreção de gastrina mediada pelo
vago, visto que o mediador do efeito vagal é o GRP, e não a acetilcolina (ACh).
• Inibição da secreção de gastrina: H+ no lúmen estomacal inibe a liberação de gastrina – Esse con-
trole por retroalimentação negativa assegura a inibição da secreção de gastrina se o conteúdo gás-
trico for suficientemente acidificado.
Somatostatina também inibe a liberação de gastrina.
Colecistoquinina (CCK)
• Colecistoquinina contém 33 aminoácidos.
É homóloga a gastrina – Os cinco aminoácidos C-terminais são os mesmos na CCK e na gastrina.
A atividade biológica da CCK reside no heptapeptídio C-terminal.
- O heptapeptídio contém a sequência homóloga à gastrina e tem atividade de gastrina, bem como
de CCK.
• Ações da CCK:
a) Estimula a contração da vesícula biliar e, simultaneamente, causa relaxamento do esfíncter de
Oddi para a secreção de bile;
b) Estimula a secreção das enzimas pancreáticas;
c) Potencializa a estimulação da secreção pancreática de HCO3- induzida pela secretina;
d) Estimula o crescimento do pâncreas exócrino;
14 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 14
• Estímulos para a liberação de CCK: Liberada pelas células I da mucosa duodenal e jejunal por:
a) Pequenos peptídios e aminoácidos;
b) Ácidos graxos e monoglicerídios;
Os triglicerídios não estimulam a liberação de CCK porque não conseguem atravessar as mem-
branas celulares intestinais.
Secretina
• Secretina contém 27 aminoácidos.
É homóloga ao glucagon; 14 dos 27 aminoácidos da secretina são os mesmos do glucagon.
- Todos os aminoácidos são necessários para a atividade biológica.
• Ações da secretina: São coordenadas para reduzir a quantidade de H+ no lúmen do intestino del-
gado.
a) Estimula a secreção pancreática do HCO3- e aumenta o crescimento do pâncreas exócrino.
O HCO3- pancreático neutraliza o H+ no lúmen intestinal;
b) Estimula a secreção de HCO3- e de H2O pelo fígado e aumenta a produção de bile;
c) Inibe a secreção de H+ pelas células parietais gástricas.
• Estímulos para a liberação de secretina: Liberada pelas células S do duodeno em resposta à pre-
sença de:
a) H+ no lúmen do duodeno;
b) Ácidos graxos no lúmen do duodeno.
• Ações do GIP:
a) Estimula a liberação de insulina.
Na presença de uma carga de glicose oral, o GIP causa a liberação de insulina do pâncreas.
- Glicose oral é mais efetiva do que a glicose intravenosa para induzir a liberação de insulina e, por-
tanto, a utilização da glicose.
b) Inibe a secreção de H+ pelas células parietais gástricas.
• Estímulos para a liberação de GIP: Liberado pelas células K do duodeno e pelo jejuno.
O GIP é o único hormônio GI liberado em resposta aos lipídios, proteínas e carboidratos.
Secreção do GIP é estimulada por ácidos graxos, aminoácidos e pela administração oral de gli-
cose.
15 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 15
Motilina
• Motilina é secretado pelas células M do duodeno e jejuno.
Aumenta a motilidade do sistema GI e está envolvida com o complexo motor migratório (CMM).
Polipeptídeo Pancreático
• Polipeptídeo pancreático é secretado pelas células PP do pâncreas endócrino.
Inibe as secreções pancreáticas;
GLP-1 liga-se às células β pancreáticas e estimula a secreção de insulina;
- Substâncias análogas ao GLP-1 podem ser úteis no tratamento de diabetes melito tipo 2.
Regulação Parácrina
• Substâncias parácrinas regulam as funções secretórias e motoras do TGI.
• As principais substâncias parácrinas gastrointestinais são a somatostatina e a histamina.
• Existem outros mediadores parácrinos na parede do intestino, entre eles prostaglandinas, a ade-
nosina e o óxido nítrico (NO).
Funções não são bem-conhecidas, porém produzem alterações no TGI.
Somatostatina
• É secretada por células G em todo o sistema GI, em resposta à presença de H+ no lúmen.
Sua secreção é inibida pela estimulação vagal Inibe a liberação de todos os hormônios GI;
Inibe a secreção gástrica de H+.
Também age como parácrino sobre as ilhotas pancreáticas.
- Inibe a secreção de insulina e glucagon.
De modo geral, a somatostatina inibe a liberação de todos os hormônios peptídicos.
Histamina
• É secretada por mastócitos da mucosa gástrica.
Aumenta a secreção gástrica de H+ diretamente e ao potencializar os efeitos da gastrina e da es-
timulação vagal.
16 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 16
Regulação Neural
• Possui dois tipos de inervação: Sistema nervoso extrínseco (sistema nervoso autônomo – paras-
simpático e simpático) e intrínseco (sistema nervoso entérico – SNE).
Na maioria dos casos, os nervos autonômicos influenciam nas funções do TGI modulando as ati-
vidades dos neurônios do sistema nervoso entérico (observe a imagem abaixo).
a) Plexo mioentérico (ou plexo de Auerbach): Plexo externo localizado entre as camadas muscula-
res longitudinal e circular.
- Controla quase todos os movimentos gastrointestinais, ou seja, a motilidade.
b) Plexo submucoso (ou plexo de Meissner): Plexo interno localizado na submucosa.
- Controla, basicamente, a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local.
Substâncias Neuromoduladoras
• A maior parte dos neurotransmissores e substâncias neuromoduladoras que funcionam no sis-
tema nervoso central também funciona no trato gastrointestinal.
b) Neurônios submucosos: Maioria dos neurônios nos gânglios submucosos regula a secreção glan-
dular, endócrina e das células epiteliais.
Neurônios estimuladores da secreção e da motilidade: Liberam acetilcolina (ACh) e VIP nas cé-
lulas glandulares ou células epiteliais.
Também possuem neurônios sensoriais – Há liberação de serotonina (5-HT), pelas células ente-
rocromafins (EC), em resposta a estímulos mecânicos ou químicos, que estimula os neurônios sen-
soriais.
Sistema Estomatognático
• Sistema Estomatognático: Compreende uma região anatomo funcional que engloba estruturas
da cabeça, face e pescoço e que compreende estruturas ósseas, dentárias, musculares, glandulares,
nervosas e articulares, envolvidas com a função da cavidade oral.
Composto por sucção, mastigação, deglutição, respiração e fonação.
Compõe o sistema digestório.
* Importante: Mastigação sem a adição de enzimas digestivas não compõe o sistema digestório!
Sucção
• É uma função estomatognática inata do ser humano e de extrema importância para o seu desen-
volvimento – Exerce papel fundamental no suprimento das necessidades nutricionais do bebê nos
primeiros meses de vida.
• Sucção em neonatos até ±4º mês de vida é um reflexo de alimentação, rítmico e simples, sob con-
trole de medula e ponte – Após esse período torna-se uma ação voluntária.
Sucção se dá na inspiração, por intermédio do tórax, no intervalo compreendido entre cada duas
respirações.
Envolve e colabora no desenvolvimento de vários grupos musculares e parte óssea da região
oral, favorecendo o equilíbrio entre essas estruturas.
Durante a execução da sucção, o bucinador é o músculo que apresenta maior atividade elétrica.
Mastigação
• Apesar da mastigação ser algumas vezes um comportamento voluntário, ela é mais frequente-
mente um comportamento reflexo.
• Funções da mastigação: Triturar mecanicamente, lubrificar o alimento e misturá-lo.
Diminui o tamanho das partículas – Facilita a deglutição.
• Possui atuação dos músculos da mastigação, dos dentes e da secreção salivar para desempenhar
as funções mastigatórias.
Núcleos do Trigêmeo
Principal: Mecanorreceptores da face e da cavidade oral (tato e pressão);
Espinhal: Sensibilidade térmica e dolorosa (ipsilateral ao estímulo);
Mesencefálico: Propriocepção (único proprioceptivo) Reflexo da mastigação;
Motor: Reflexo da mastigação.
* Na imagem abaixo temos o reflexo de abertura bucal provocado por estimulação do mecanorre-
ceptores mucosos, periodontais e articulares.
* Na imagem abaixo temos o reflexo de fechamento bucal provocado pela distensão da muscula-
tura da mandíbula: a Receptor ânulo-espiral, que produz reflexo miotático e movimentação da
mandíbula (ascenso). b Órgão de Golgi. Nesta fase não há excitação dos pressorreceptores muco-
sos e periodontais, nem dos articulares.
22 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 22
Dentes
• Os dentes são órgãos acessórios da digestão, localizados nos alvéolos dos processos alveolares da
mandíbula e da maxila.
• Os dentes cortam, dilaceram e pulverizam o alimento.
Alimentos sólidos são reduzidos a partículas menores para facilitar a deglutição.
Dentes e principais funções:
a) Dentes incisivos: Cortam c) Dentes pré-molares: Trituram
b) Dentes caninos: Laceram d) Dentes molares: Moem
• Inervação dentária: Inervados por porções das divisões maxilar e mandibular do nervo trigêmeo.
Inervação com fibras do tipo C, Aδ e Aβ;
Esmalte e dentina são desprovidos de inervação.
Secreção Salivar
• A secreção salivar difere das outras secreções do TGI pelas seguintes características:
Adulto pode produzir em torno de 1000 a 1500ml de saliva por dia;
- Velocidade máxima de produção: 1ml/min/g – Glândulas produzem o seu próprio peso em saliva;
Glândulas salivares possuem elevado metabolismo e elevado fluxo sanguíneo.
- Proporcionais a velocidade de formação de saliva;
- Em secreção máxima, se comparado a atividade de um músculo esquelético em contração ativa
(com mesma massa que a glândula salivar), o fluxo sanguíneo das glândulas é 10x maior.
Secreção salivar é regulada, principalmente, pelo sistema nervoso autônomo.
- Estímulo parassimpático aumenta o fluxo sanguíneo (dilata a vasculatura das glândulas).
∟ Ação da acetilcolina (ACh) e do peptídeo intestinal vasoativo (VIP).
Saliva é levemente alcalina (caso ocorra refluxo gástrico (HCl), pode prevenir lesões no esôfago);
Saliva final é hipotônica em relação ao plasma.
• Estrutura das glândulas salivares (observe a imagem abaixo – esquerda – glândula salivar mista).
a) Células acinares serosas: Localizadas nas partes terminais serosas (ácinos).
Possuem grânulos de zimogênio apicais que contêm amilase salivar (imagem abaixo – direita).
b) Células acinares mucosas: Secretam mucinas (glicoproteínas) na saliva.
Ácinos drenam para um sistema de ductos intercalares e intralobulares (estriados), que drenam
para ductos interlobulares e, finalmente, drenam para o interior da cavidade oral.
Miofibroblastos (células contráteis) contribuem para a força hidrostática Expele saliva da
glândula – Possibilita o aumento da taxa secreção salivar.
Produção de saliva por uma glândula salivar começa nas extremidades terminais secretoras.
- Formam um líquido denominado secreção primária.
25 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 25
* Importante lembrar: CO2 produzido pelo metabolismo da célula é associado à água e a anidrase
AC
carbônica H2O + CO2 ↔ <H2CO3> ↔ H+ + HCO3-
* Importante: Controle fisiológico primário das glândulas salivares se faz pelo sistema nervoso pa-
rassimpático Interrupção do parassimpático prejudica a secreção salivar e leva a atrofia das
glândulas salivares!
Interrupção dos nervos simpáticos não perturba a função salivar.
27 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 27
Regulação Neural
• Glândulas salivares são as únicas do sistema gastrointestinal a serem moduladas, exclusivamente,
por vias neurócrinas e pelo SNA.
Parassimpático (nervo facial – NCVII, e nervo glossofaríngeo NC IX): Inicia a secreção salivar e
pode sustentar altas taxas de secreção (conforme a imagem abaixo).
- Aumenta a síntese e a secreção de amilase salivar e de mucina.
- Estímulo parassimpático modulado pela acetilcolina (ACh) – Atua nos receptores muscarínicos.
∟ Agentes anticolinérgicos (p. ex., atropina) inibem a produção de saliva Ressecamento da boca.
- Atua nas células acinares e nas células dos ductos das glândulas.
- Também atua nos vasos sanguíneos (dilatação) Supre as necessidades de líquidos e substâncias
metabólicas.
Mantém a alta taxa de secreção.
- Reflexos condicionados, como olfato e paladar,
e reflexos de aumento de pressão na cavidade
oral Estimulam o parassimpático.
- Fadiga, sono, medo e desidratação Supri-
mem o parassimpático.
* Importante: Tanto a estimulação simpática quanto a parassimpática causam contração das célu-
las mioepiteliais que rodeiam os ácinos Esvaziamento dos conteúdos acinares ↑Fluxo.
• Transdução do sinal:
NAdr atua nos receptores β-adrenérgicos
- ATP AMPc Desencadeia estímulo para
exocitose serosa – Maior secreção de enzi-
mas digestivas (amilase).
* Importante: VIP também eleva a [AMPc].
Deglutição
• A deglutição pode ser iniciada voluntariamente mas, em seguida, ela
está quase que inteiramente sob o controle reflexo.
• Orofaringe possui o reflexo de deglutição – Possui receptores mecâ-
nicos (mecanorreceptores) – Leva ao fechamento da epiglote.
Receptores enviam aferências para o centro da deglutição.
- Desencadeia a deglutição através de eferências para os músculos na faringe e no esôfago, bem
como para os músculos respiratórios.
Esse reflexo também inibe a respiração – Previne alimento na traqueia durante a deglutição.
• Deglutição é dividida em três fases: Oral, faríngea e esofágica.
Fase Faríngea
• Envolve a seguinte sequência de eventos, que ocorrem em
menos de 1 segundo:
a) Palato mole é elevado para evitar que o alimento entre na
cavidade nasal;
b) Cordas vocais se aproximam e a laringe move-se para frente
e para cima contra a epiglote.
Evitam que o alimento penetre na traqueia e ajudam abrir o
esfíncter esofágico superior;
c) Esfíncter esofágico superior (EES) relaxa – Permite a entrada
do alimento no esôfago.
d) Início de uma onda peristáltica a partir do EES.
Fase Esofágica
• Controlada principalmente pelo centro da deglutição.
• Passagem do bolo alimentar pelo EES causa uma ação reflexa
de constrição do EES e relaxamento do EEI.
• Peristalse primária começa logo abaixo do EES.
Onda viaja entre 3 – 5cm/s e percorre todo o esôfago em
menos de 10s.
Caso seja insuficiente para esvaziar o esôfago dos alimen-
tos, a distensão do esôfago desencadeia uma outra onda peris-
táltica, a peristalse secundária.
• Peristalse secundária começa acima do local de distensão e
movimenta-se para baixo.
* Observação: Gravidade também auxilia na deglutição, porém mesmo de ponta cabeça é possível
deglutir devido as ações da peristalse esofágica.
Motilidade Esofágica
• Esôfago: Tubo muscular que transfere o alimento da boca até o estômago.
Sob circunstâncias normais o alimento fica na região por apenas alguns segundos.
Em repouso, o esôfago é uma estrutura relaxada, que está fechada em suas duas extremidades
30 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 30
• Inervação
Função da faringe é controlada pelo SNC pelo centro da deglutição.
- Faringe permite a coordenação da deglutição voluntária, além da respiração e fala.
Esôfago: ⅓ superior controlado por nervos somáticos originados no núcleo retrofacial e núcleo
ambíguo que inervam diretamente as fibras musculares estriadas Liberam acetilcolina (ACh) –
atuam sob os receptores nicotínicos.
Músculo liso: Inervado predominantemente pelo nervo vago (NC X).
- Eferentes vagais fazem sinapse com neurônios mioentéricos (liberam ACh) e com o músculo liso
(liberam ACh e substância P).
- Aferentes vagais projetam-se até o bulbo no núcleo do trato solitário (Complexo dorsal do vago).
∟ Projetam-se para os neurônios motores do núcleo ambíguo – Controlam os componentes orais e
faríngeos de deglutição.
- Circuito neural importante na deglutição – Regiões mais distais se preparam para receber o
alimento, como é o caso da abertura do esfíncter esofágico inferior.
31 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 31
* Importante: Esôfago também é ricamente inervado por neurônios entéricos – Contribui tanto
para a detecção da presença e da natureza dos conteúdos esofágicos como para a coordenação de
reflexos locais que suplementam o controle central da deglutição e da peristalse esofágica.
* Importante: Regulação do EEI é feita por dois tipos de fibras vagais – Excitatórias e inibitórias.
- Excitatórias (FVE): Fibras colinérgicas – Neurotransmissor ACh
- Inibitórias (FVI): Fibras vipérgicas – Neurotransmissor NO ou VIP.
Quando a onda peristáltica chega ao EEI, este relaxa por ação das FVI (disparam potenciais de
ação com frequência aumentada).
- Simultaneamente, as FVE encontram-se quiescentes (observe a imagem abaixo).
Ocorrem alterações recíprocas quando o esfíncter retoma o seu tônus de repouso.
33 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 33
* Curiosidade²: Algumas crianças (recém-nascidos) não possuem contração forte do esfíncter esofá-
gico inferior – Pode acarretar em refluxo por diferença de pressão – Estômago fica mais cheio (↑P)
do que o esôfago (↓P) – fazendo com que o alimento (p.e. leite) volte, passando pelo esfíncter
esofágico superior, e entre pela faringe Pode levar a morte da criança.
Solução: “Fazer arrotar” (↓P estômago) e elevar a cabeceira da cama (↑influência da gravidade).
* Curiosidade: Crianças recém-nascidas inspiram “colocando a barriga pra fora” – Permite que o di-
afragma contraia melhor sem aumentar muito a pressão abdominal.
34 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 34
Motilidade Gástrica
* Importante: Estômago realiza relaxamento receptivo (musculatura gástrica relaxa à medida que é
estirada durante o enchimento – garante que a pressão no estômago não aumente significativa-
mente quando seu volume expande), isso garante que a refeição não seja forçada de volta para o
esôfago – Permite que o estômago acomode volumes tão grande quanto 1,5L sem um grande au-
mento na pressão intragástrica.
• Despolarização da onda lenta: Potenciais de ação são disparados durante o pico das ondas lentas
(conforme a imagem abaixo).
Fase de ascensão do potencial de ação: Fluxo de íons por canais lentos de Ca2+ e Na+
- Influxo de Ca2+ na célula auxilia no início da contração.
Aumento da frequência dos potenciais de ação = Mais força de contração
- Maior oscilação da onda lenta leva a maior entrada de Ca2+
Acetilcolina, gastrina e substância P: Aumentam a força de contração.
- Aumentam a amplitude e a duração da fase platô da onda lenta gástrica.
Noradrenalina, VIP e óxido nítrico: Reduzem a força de contração.
- Motilina é suprimida pela alimentação, logo, CMM cessa quando há ingestão de alimento!
- O CMM também é reduzido durante o sono e é desacelerado pelo estresse.
Constitui em três fases que iniciam no estômago:
- Fase I: Caracterizada pela quiescência (repouso) – Sem potenciais
de ponta, sem contrações. Pode ser visto como um
- Fase II : Aumento da atividade contrátil, porém as contrações são evento único que ocorre a
irregulares e falham em propelir os conteúdos luminais adequadamente. cada 90 – 100 min e dura
- Fase III: Contrações de 5 – 10 minutos que ocorrem intensamente, se em torno de 5 – 10 min.
• Vômito (êmese): Expulsão forçada dos conteúdos gástricos (e algumas vezes duodenais) do trato
gastrointestinal pela boca.
Reflexo complexo e coordenado pelo centro do vômito (localizado no bulbo).
- Aferências de regiões diversas do corpo podem iniciar o reflexo do vômito.
∟ Os estímulos mais fortes para o vômito são irritação e distensão do estômago;
∟ Outros estímulos incluem imagens desagradáveis, anestesia geral, tontura, fármacos etc.
- Área póstrema no encéfalo, localizada fora da barreira hematoencefálica, é sensível a toxinas no
sangue e pode iniciar o vômito.
Reflete a interação coordenada de fenômenos neurais, humorais e musculares.
- Impulsos nervosos são transmitidos para o centro do vômito no bulbo e impulsos de regresso se
propagam até os órgãos da parte superior do TGI, diafragma e músculos abdominais.
O vômito implica a compressão do estômago, entre o diafragma e os músculos abdominais, e a
expulsão dos conteúdos pelos esfíncteres abertos do esôfago.
Reflexo do vômito: Uma vez que iniciado, possui a mesma sequência de eventos, independente-
mente de qual foi o estímulo que o desencadeou.
- Peristalse reversa: Ocorre na parte média do intestino delgado – Remove o conteúdo duodenal
para o estômago;
- Relaxamento do esfíncter pilórico e do estômago: Recebem o conteúdo duodenal;
- Manobra de valsalva: Inspiração forçada contra a glote fechada.
∟ Diminui a pressão intratorácica Conteúdos gástricos são impulsionados para o esôfago
∟ Aumenta a pressão intra-abdominal
- EEI relaxa reflexamente: Permite a passagem dos conteúdos gástricos para o esôfago.
- Esfíncter pilórico e antro contraem-se: Contribui para impulsionar o conteúdo gástrico.
- EES relaxa reflexamente durante o vômito: Vômito é projetado para dentro da faringe e da boca.
∟ Entrada de vômito na traqueia é evitada pelo movimento de fechamento das cordas vocais, pelo
fechamento da glote e pela inibição da respiração.
* Curiosidade²: Como ⅓ superior do esôfago possui controle voluntário, o vômito pode ser contro-
lado, ou seja, o indivíduo consegue contrair o músculo e evitar a passagem do conteúdo gástrico.
* Curiosidade³: Salivação (pH >7) antes do vômito é um mecanismo de defesa (protege o esôfago)
contra a acidez do conteúdo gástrico (pH<7).
* Curiosidade4: Substâncias eméticas (p.e. xarope de ipeca) estimulam o vômito através de recep-
tores no estômago, duodeno ou no cérebro.
* Importante: CMM ocorre tanto no estômago quanto no ID, porém não ocorre no intestino grosso.
• Função da válvula ileocecal: Evitar o reflexo do conteúdo fecal do cólon para o intestino delgado.
Válvula é fechada quando o aumento da pressão no ceco empurra o conteúdo contra a abertura
da válvula – Resiste a pressão reversa de 50 a 60cmH2O.
Resistência criada pela válvula prolonga a permanência do quimo no íleo – Facilita a absorção.
Esfíncter anal interno (EAI): Composto por uma faixa espessa de músculo circular liso.
Esfíncter anal externo (EAE): Composto por três diferentes estruturas de músculos estriados que
se enrolam ao redor do canal anal.
* Importante: Esfíncter anal externo é constituído por musculo estriado e é inervado por fibras mo-
toras somáticas via nervo pudendo – Pode ser controlado voluntariamente.
Defecação
• Reto fica vazio, sem fezes, a maior parte do
tempo.
• Quando as fezes entram no reto, a distensão da
parede retal desencadeia sinais aferentes que se
propagam pelo plexo mioentérico para dar início as
ondas peristálticas no colo descendente, sigmoide e
no reto, empurrando as fezes em direção ao reto.
À medida que a onda peristáltica se aproxima do
ânus, o esfíncter anal interno relaxa, por sinais inibi-
dores do plexo mioentérico; se o esfíncter anal ex-
terno estiver relaxado consciente e voluntaria-
mente, ocorre a defecação.
• Defecação é um comportamento complexo que envolve tanto ações reflexas quanto voluntárias.
Centro integrador para a ação reflexa encontra-se na medula espinhal sacral, e é modulado por
centros superiores (conforme a imagem acima).
- Principais vias eferentes: Fibras colinérgicas parassimpáticas – Nervos pélvicos.
* Importante: O impulso para defecar ocorre primeiramente quando a pressão retal aumenta para
cerca de 18mmHg – Quando alcança 55mmHg, o esfíncter externo, assim como o interno, relaxa, e
há expulsão reflexa do conteúdo do reto (motivo pelo qual a evacuação reflexa do reto pode ocor-
rer mesmo na situação de lesão medular).
• Defecação voluntária: Controle exercido pelo nervo somático pudendo (inerva o esfíncter anal
externo e o músculo puborretal) e pode ser iniciado fazendo-se força.
A evacuação normalmente é precedida por uma inspiração profunda (manobra de valsalva) con-
tra a glote – Eleva a pressão abdominal e ajuda a forçar as fezes através dos esfíncteres relaxados.
Os músculos do assoalho pélvico relaxam-se, permitindo que o assoalho desça (conforme a ima-
gem abaixo) – Ajuda a retificar o reto e previne o prolapso retal.
- Auxiliado pelo relaxamento do músculo puborretal (resulta em um ângulo anorretal menos
agudo), contração simultânea do reto abdominal, do diafragma e do músculo levantador do ânus.
* Curiosidade: A expulsão voluntária do flato envolve as funções contráteis listadas, mas o músculo
puborretal não relaxa e não há alteração no ângulo anorretal – Permite que o gás do flato seja for-
çado a passar pelo ângulo agudo da junção reto anal, sem que ocorra perda simultânea de fezes.
50 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 50
Secreção Gástrica
Visão Geral
• Estômago: Situa-se entre o esôfago e o duodeno e está deli-
mitado pelo esfíncter esofágico inferior (EEI) e pelo piloro.
Epitélio superficial do estômago é invaginado com uma sé-
rie de fossetas gástricas.
- Cada fosseta abre-se para quatro a cinco glândulas gástricas
de fundo cego.
Estômago pode ser dividido em três regiões principais:
a) Cárdia: Representa 5% da área da superfície gástrica.
b) Fundo e corpo: Contêm aproximadamente 75% das glân-
dulas gástricas – Glândulas oxínticas consistem em tipos celu-
lares especializados que são responsáveis pelas secreções ca-
racterísticas do estômago (conforme a imagem ao lado).
c) Antro: Responsável pela secreção de gastrina (regulador
primário da secreção gástrica pós-prandial)
51 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 51
* Importante: Antro não possui células parietais – Não secretam fator intrínseco nem ácidos.
52 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 52
a) Muco: Produzido por dois tipos de células, as superficiais das glândulas gástricas e as do colo.
Superficiais: Muco retém o HCO3- secretado por estas mesmas células.
- Forma uma camada sobre a superfície luminal do estômago – Forma uma barreira protetora
(muco + HCO3-) sobre a mucosa gástrica – Proteção contra o HCl e a pepsina.
Colo: Muco é misturado aos alimentos, lubrificando-os, protegendo mecanicamente a mucosa
gástrica durante o processo digestivo.
c) Ácido clorídrico (HCl): Produzido pelas células parietais – Tem função bactericida importante.
Marca o início do processo digestivo e regula a secreção de pepsinogênio e sua conversão em
pepsina na luz gástrica.
e) Histamina: Secretada pelas células ECL; efeito parácrino e estimula as células parietais.
f) Pepsinogênio: Produzido pelas células principais das glândulas do corpo e do antro do estômago.
É lançado na luz gástrica na forma de pró-enzima e é hidrolisado a pepsina em valores de pH < 5.
h) Somatostatina: Secretada pelas células D – Atua de forma endócrina quando secretada pelo
corpo gástrico e parácrino quando secretada pelo antro.
Células D antrais: Estimuladas pela redução do pH luminal intragástrico;
Células D do corpo: Reguladas por vias neurais e hormonais;
Nas duas formas, a somatostatina inibe a secreção de HCl – É um inibidor geral.
Secreção de Ácido
• Suco gástrico: Líquido secretado no estômago – Mistura de secreções das células epiteliais super-
ficiais e das glândulas gástricas.
Composição: HCl, sais, água, pepsina, fator intrínseco, muco e bicarbonato.
- Secreção desses componentes aumentam após uma refeição.
AC
* Importante¹: Metabolismo celular libera H+ e HCO3- por: H2O + CO2 ↔ <H2CO3> ↔ H+ + HCO3-.
* Importante²: Células parietais utilizam muita energia para secretar HCl – São capazes de bombear
H+ contra um gradiente de concentração de aproximadamente 1 milhão de vezes.
∟ pH no citoplasma da célula parietal ±7 e aproximadamente 1 no lúmen da glândula gástrica;
∟ Célula possui muitas mitocôndrias – Ocupam cerca de 30 a 40% do volume total da célula.
Estado ativo: Estimulação das células parietais causa o rearranjo do citoesqueleto e a fusão das
membranas tubulovesiculares – contêm a bomba H+/K+ – à membrana dos canalículos secretores.
- Aumento de 50 a 100 vezes na área de superfície da membrana apical da célula parietal.
∟ Também há ↑bombas H+/K+ e ↑canais de Cl- na membrana dos canalículos secretores.
• Controle da secreção de HCl pela célula parietal: Mediada pela histamina (parácrina), acetilcolina
(neuroendócrino) e gastrina (endócrino) – (conforme a imagem acima).
a) Histamina: Secretada pelas células ECL da mucosa gástrica e liga-se nos receptores H2.
É o mais potente agonista da secreção do HCl e atua aumentando [AMPC]IC.
b) Gastrina: Secretada nas células G na mucosa do antro gástrico e do duodeno – Atinge as células
parietais via corrente sanguínea e liga-se nos receptores CCK-B.
Atua aumentando a [Ca2+]IC
Possui efeito trófico: ↑[Gastrina] causa aumento no número e tamanho das células ECL.
c) Acetilcolina: Liberada pelos terminais colinérgicos próximo e liga-se nos receptores M3.
Atua aumentando a [Ca2+]IC
Membrana basolateral possui dois tipos de canal de K+ (ativado por AMPC e Ca2+); Justifica o aumento
Ativação dos canais hiperpolariza a célula – Força a saída de Cl-; da secreção de HCl
AMPC e Ca2+ inserem canais de Cl- na membrana apical e promovem fusão das durante o estado
tubovesículas com a membrana dos canalículos secretores – Aumenta a expressão de ativo/de secreção
bomba H+/K+ – Maior quantidade de H+ é lançado no lúmen da glândula gástrica. (Imagem acima)
c) Fase intestinal: Inicia quando o quimo entra no intestino delgado – Responsável por apenas 10%
da secreção gástrica total.
Distensão da parede do duodeno ativa, por reflexos enterogástricos e vagovagais, a secreção das
células parietais e das células G duodenais, aumentando a secreção de HCl.
* Importante: Presença de quimo no duodeno provoca respostas neurais e endócrinas que primei-
ramente estimulam e depois inibem a secreção de ácido pelo estômago.
Secreção de Pepsinogênio
• Pepsinogênio: Secretado pelas células principais das glândulas do corpo e do antro do estômago
através de um processo de exocitose – É lançado na luz gástrica na forma de pró-enzima e é hidroli-
sado a pepsina em valores de pH <5 (pH >5 inativa a enzima – Normalmente ocorre no duodeno).
Pepsina: Corresponde a 20% do total da digestão
de proteínas – Não é essencial para a digestão das
proteínas Maior parte da digestão de proteínas
ocorre no intestino delgado (secreções pancreáticas).
• Cálcio é um mediador importante para efetuar a
resposta secretora – ACh e gastrina ↑[Ca2+]IC.
Secretina e CCK (liberadas na mucosa duodenal)
também estimulam as células principais a secretarem
pepsinogênio, além de outros sinalizadores (con-
forme a imagem ao lado).
57 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 57
* Importante: Anemia perniciosa – Redução dos níveis de vitamina B12 torna a maturação dos gló-
bulos vermelhos mais lenta – Pode ocorrer devido à ausência de FI ou defeito no receptor FI-CbI.
58 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 58
* Importante: Barreira mucosa gástrica depende da combinação entre o muco e o HCO3- isolados
eles não conseguem manter a superfície celular epitelial próximo da neutralidade.
Secreção Pancreática
Visão Geral
• Pâncreas: Glândula retroperitonial tubuloacinar com
secreções endócrinas e exócrinas.
Pesa menos de 100g, porém a cada dia secreta 1kg de
suco pancreático – Secreta 10x a sua massa!
a) Pâncreas endócrino: Secreção endócrina é produzida
nas células localizadas nas ilhotas de Langerhans.
Principais hormônios: Insulina (secretada pelas células β),
glucagon (células α), e somatostatina (células δ).
- Esses hormônios regulam o metabolismo celular
e afetam a secreção exócrina do pâncreas, porém
os mecanismos não são bem compreendidos.
Vascularização: Irrigado pelas artérias celíaca e mesentérica superior, e a veia porta drena o pân-
creas.
- Ácinos e ilhotas de Langerhans são supridos por redes de capilares separadas.
Inervação:
a) Parassimpática: Ramos do nervo vago – ACh.
- Células acinares, ductos e ilhotas de Langerhans;
- Estimula a secreção do suco pancreático – Secreção enzimática.
* Importante: Fases cefálica e gástrica, as secreções possuem baixo volume e altas concentrações
de enzimas digestivas – Estimulação das células acinares.
c) Fase intestinal (65 – 70%): Quimo ácido que chega ao duodeno (pH <4,5), presença de aminoáci-
dos e ácidos graxos, e distensão do duodeno e hipertonicidade no duodeno estimulam a secreção
de suco pancreático em grande volume e baixa concentração de enzimas digestivas – Estimulação
das células do ducto
Secreção Biliar
• Funções hepáticas:
a) Regulação do metabolismo;
b) Síntese de proteínas e de outras moléculas;
c) Armazenamento de vitaminas e de ferro; Funções vitais
d) Degradação de hormônios;
e) Excreção de drogas e toxinas.
a1) Metabolismo dos carboidratos: Fígado e músculo esquelético são os principais locais de arma-
zenamento de glicogênio, além disso, fígado é o principal local de gliconeogênese.
Glicogênio é formado quando os níveis de glicose no sangue estão elevados – Sistema de tampo-
namento da glicose.
- Em baixos níveis de glicose, o glicogênio do fígado é degradado a glicose (glicogenólise) e ela é li-
berada para o sangue.
Gliconeogênese: Conversão dos aminoácidos, dos lipídeos ou dos carboidratos simples (p.e., lac-
tato) em glicose.
a2) Metabolismo de lipídeos: Hepatócitos atuam na oxidação dos ácidos graxos (fonte de energia) e
na síntese e secreção de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).
VLDL são convertidas em lipoproteínas de alta densidade HDL e de baixa densidade LDL – São as
principais fontes de colesterol e de triglicerídeos para a maioria dos tecidos do corpo.
a3) Metabolismo de proteínas: Fígado sintetiza praticamente todas as proteínas plasmáticas (albu-
mina, globulina, fibrinogênio etc.), exceto as imunoglobulinas; sintetiza todos os aminoácidos não-
essenciais e, além disso, converte a amônia (resultado da degradação proteica) em ureia.
65 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 65
c) Excreção: Substâncias que não são excretadas pelos rins (não conseguem ultrapassar o glomé-
rulo renal) são eliminadas pela bile e, consequentemente, pelas fezes.
Hepatócitos são capazes de metabolizar essas substâncias.
Espaço de Disse: Camada de tecido conjuntivo frouxo entre o endotélio sinusoidal e a mem-
brana basolateral dos hepatócitos – Permeável às trocas bidirecionais de solutos entre o fluxo san-
guíneo sinusoidal e os hepatócitos.
Células estreladas hepáticas: Células em forma de estrela que residem no espaço de Disse.
- Armazenam lipídeos, atuam em mecanismos de injúria, regeneração e fibrose hepáticas, sinteti-
zando fatores de crescimento, e apresentam processos citoplasmáticos contráteis envolvendo os
sinusoides hepáticos, regulando o fluxo sanguíneo sinusoidal.
Tríade : Formada pela veia hepática, artéria hepática e ductos biliares (imagem abaixo).
- Zona I: Hepatócitos mais próximos à tríade – Recebem maior aporte de O2 e nutrientes
∟ São especializados no metabolismo oxidativo e em outras funções específicas.
- Zona III: Hepatócitos mais distantes da tríade e próximos à veia central – Menor aporte de O2;
∟ São especializados na biotransformação de fármacos e na desintoxicação.
67 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 67
* Importante²: Ácidos biliares desconjugados podem ser reabsorvidos passivamente através da pa-
rede do intestino – São conduzidos pela veia porta de volta ao fígado e são reconjugados pelos he-
patócitos – Circulação êntero-hepática.
* Importante³: Todos os ácidos biliares secretados pelo hepatócito estão em formas conjugadas.
* Importante4: Acima de uma concentração micelar crítica, os sais biliares formam micelas – Os sais
biliares ficam no lado externo da micela, com suas porções hidrofílicas dissolvidas na solução
aquosa do lúmen intestinal, e as hidrofóbicas, dissolvidas no interior da micela.
* Importante: Não existe micelas simples no conteúdo biliar – Ácidos biliares formam micelas
mistas com fosfatildilcolina e colesterol e podem atuar como um “solvente” para produtos residuais
hidrofóbicos.
No intestino delgado a bilirrubina é desconjugada do ácido glicurônico por ação bacteriana – Bi-
lirrubina livre é reduzida a urobilinogênio por ação bacteriana (principalmente no colo).
- Urobilinogênio é oxidado à esternobilina nas fezes – Confere a cor característica delas.
A fração de urobilinogênio que é absorvida no intestino retorna ao fígado por meio da circulação
êntero-hepática – Entra na circulação sistêmica e chega aos rins Urobilinogênio é oxidado nos
rins e forma a urobilina, que caracteriza a cor amarelada à urina.
* Curiosidade: MRP (resistência a múltiplas drogas) – Evita que a droga se acumule no organismo.
∟ Secreta a maior parte das drogas administradas.
• Concentração de bile: Íons sódio são absorvidos em troca de prótons, e os ácidos biliares, como
os principais ânions, são grandes demais para sair pelas junções fechadas do epitélio da vesícula.
Bile permanece isotônica, apesar da concentração, porque cada micela age como uma só partí-
cula osmoticamente ativa.
Os monômeros de ácido biliar que permanecem livres, como resultado da concentração, são
imediatamente incorporados nas micelas mistas pré-existentes – Também reduz, em algum grau, o
risco de precipitação do colesterol na bile – Pode formar cálculos vesiculares.
Secreções Intestinais
• Mucosa do intestino (duodeno até o reto) produz secreções que contém muco, eletrólitos e água.
1500mL de secreções intestinais é secretada por dia.
Muco: Protege a mucosa de danos mecânicos.
• Natureza das secreções variam nos diferentes segmentos do intestino:
a) Duodeno: Submucosa do duodeno contém glândulas ramificadas que produzem uma secreção
rica em muco.
b) Intestino delgado: Células epiteliais colunares possuem células caliciformes que secretam muco.
c) Intestino grosso (colo): Mucosa do colo possui células caliciformes responsáveis por uma secre-
ção de menor volume, porém mais ricas em muco do que as secreções do intestino delgado.
73 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 73
d) Em quarto lugar, um oligômero (p. ex., um oligopeptídeo) pode ser prontamente absorvido pela
célula e quebrado em seus monômeros constituintes (p. ex., aminoácidos) dentro da célula;
e) Finalmente, uma substância (p. ex., triglicerídeo) pode ser quebrada em seus componentes cons-
tituintes antes da absorção; a célula pode então ressintetizar a molécula original.
• Na imagem abaixo temos o destino das substâncias absorvidas pelo intestino delgado.
Carboidratos (monossacarídeos), aminoácidos e ácidos graxos de cadeia curta e média entram
na circulação êntero-hepática e são metabolizados pelo fígado.
Quilomícrons são transportados pelo sistema linfático.
A linfa do intestino, assim como qualquer outra do corpo, acaba se esvaziando nas veias sistêmi-
cas através do ducto torácico e, consequentemente, também chega ao fígado.
75 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 75
Carboidratos
Carboidratos na Dieta
• Os carboidratos são geralmente a principal fonte de calorias em uma dieta humana.
Conferem ±45% das necessidades totais de energia em uma dieta ocidental, devem ser hidrolisa-
dos a monossacarídeos antes de serem absorvidos.
Carboidratos podem ser classificados em dois grandes grupos:
a) Monossacarídeos (monômeros);
b) Oligossacarídeos (polímeros curtos) e os polissacarídeos (polímeros longos).
Intestino delgado consegue absorver diretamente os monômeros, mas não os polímeros.
- Alguns polímeros são digeríveis, isto é, o organismo é capaz de digeri-los a monômeros, e estes o
intestino delgado é capaz de absorver – Outros polímeros são não digeríveis ou “fibras”.
∟ O aumento do consumo de firas na dieta está associado ao aumento do volume das fezes e a fre-
quência da defecação.
• 45% a 60% dos carboidratos da dieta estão na forma de amido, o qual é um polissacarídeo.
Amido é a forma de reserva de carboidrato das plantas e encontra-se nas formas de amilopec-
tina e amilose.
- Nos animais o carboidrato é armazenado na forma de glicogênio – Consumido em quantidades
muito inferiores.
Amilopectina: Principal fonte de carboidratos na maioria das dietas humanas.
- Polímero robusto de moléculas de glicose ramificadas que pode conter um milhão de resíduos de
glicose – Possui ligações α-1,4 e α-1,6 nos pontos de ramificação.
Amilose: Outra fonte menor de amido na dieta.
- Polímero de cadeia reta de glicose que tipicamente contém múltiplos resíduos de glicose conecta-
dos pelas ligações α-1,4.
Glicogênio: “Amido de origem animal” — Também apresenta ligações α-1,4 e α -1,6, como a
amilopectina – Glicogênio apresenta um número maior de ramificações (i.e., ligações α-1,6).
* Importante: Celulose é um polímero de glicose conectado por ligações β-1,4, as quais não podem
ser digeridas pelas enzimas dos mamíferos – Bactérias presente no lúmen do colo podem degradar
algumas fibras, porém outras permanecem inalteradas.
Digestão de Carboidratos
• Digestão começa com a ação da amilase salivar e termina com a ação da amilase pancreática.
• Processo digestivo dos carboidratos provenientes da dieta apresenta duas etapas:
a) Hidrólise intraluminal do amido em oligossacarídeos pelas enzimas salivares e pancreáticas;
b) Digestão de membrana dos oligossacarídeos em monossacarídeos pelas dissacaridases presentes
na membrana da borda em escova.
* Importante: α-amilase está presente na amilase salivar e na amilase pancreática, elas apresentam
funções similares e as suas sequências de aminoácidos possuem 94% de homologia.
∟ A α-amilase não cliva ligações α-1,4 terminais, ligações α-1,6 (i.e., pontos de ramificação – Re-
presentado pelos pontos escuros na imagem abaixo) ou ligações α-1,4 que se encontram imediata-
mente adjacentes às ligações α-1,6.
• Amilase salivar – α-amilase: Inicia a digestão de amido na boca; em indivíduos adultos saudáveis
esta etapa apresenta, relativamente, baixa importância.
Amilase salivar é inativada no estômago (pH<7 );
- Depois que que a α-amilase é inativada pelo suco gástrico, não ocorre nenhum outro processa-
mento dos carboidratos no estômago.
• Amilase pancreática – α-amilase: Maior responsável pela hidrólise dos carboidratos ingeridos.
Possui maior atividade enzimática que a amilase salivar;
Estimulada pela CCK – Estimula a secreção pancreática de α-amilase pelas células acinares.
• Oligossacaridases: Ectoenzimas (i.e., enzimas com sítio ativo voltadas para o lúmen) localizadas
na borda em escova da membrana epitelial do duodeno e do jejuno (conforme a imagem abaixo).
Principais oligossacaridases:
a) Lactase: Lactose → Glicose + Galactose
b) Sacarase: Sacarose → Glicose + Frutose
c) α-dextrinase (isomaltase): Clivagem das ligações α-1,6 das ramificações dextrinas α-limite.
d) Glicoamilase: Quebra os malto-oligossacarídeos em unidades simples de glicose com a remoção
de uma glicose de cada vez da extremidade não redutora da cadeia com ligações α-1,4.
A atividade destas quatro oligossacaridases da borda em escova é maior no duodeno e no jejuno
superior – Atividade declina gradualmente ao longo do intestino delgado.
* Curiosidade³: Doença celíaca é uma doença autoimune caracterizada por intolerância a ingestão
de glúten, contido em cereais como cevada, centeio, trigo e malte, em indivíduos geneticamente
predispostos – Leva a atrofia das vilosidades e reduz a capacidade absortiva do intestino delgado.
Absorção de Carboidratos
• Os três monossacarídeos obtidos a partir da digestão dos carboidratos (glicose, galactose e fru-
tose) são absorvidos pelo intestino delgado.
Duodeno e região superior do jejuno possuem a maior capacidade de absorção de açúcares.
• Monossacarídeos e dissacarídeos da dieta são completamente absorvidos no intestino delgado
* Importante: Glicose e galactose são transportadas pelo mesmo transportador (SGLT1), porém
competem para entrarem na célula.
79 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 79
Proteínas
• Proteínas são codificadas pelo RNAm e são compostas por cadeias formadas pelos 20 aminoáci-
dos existentes (conforme a imagem abaixo – As “caixas” representam os aminoácidos essenciais).
Nove desses aminoácidos são essenciais – Eles não podem ser sintetizados em quantidades sa-
tisfatórias pelo organismo e necessitam ser adquiridos pela ingestão de fontes animais ou vegetais.
* Importante: Proteínas derivadas de fontes animais contém todos os aminoácidos essenciais, po-
rém proteínas de fontes vegetais são “incompletas”, significando que elas carecem de um ou mais
aminoácidos essenciais – Necessita de uma dieta variada para suplementar essa carência.
Digestão de Proteínas
• Digestão no estômago: Células principais do estômago secretam pepsinogênios inativos, protea-
ses que são convertidas por H+ em pepsinas ativas.
pH ácido do estômago desnaturam parcialmente as proteínas da dieta – Elas tornam-se mais
suscetíveis à hidrólise pelas pepsinas.
Pepsinas são capazes de reduzirem, no máximo, 15% das proteínas ingeridas em aminoácidos e
peptídeos pequenos.
- Ausência de pepsinas não interferem na digestão e absorção de proteínas da dieta.
• Digestão na superfície luminal da borda em escova: Ocorre no intestino delgado – Contém inú-
meras peptidases – Jejuno proximal contém a maior quantidade destas enzimas.
Peptidases reduzem os peptídeos produzidos pelas proteases pancreáticas em oligopeptídeos e
aminoácidos (conforme o esquema abaixo).
Os principais produtos da digestão de proteínas pelas peptidases pancreáticas e peptidases da
borda em escova são pequenos peptídeos e aminoácidos.
Absorção de Proteínas
• Absorção de proteínas intactas e grandes peptídeos: Não são absorvidas em quantidades nutrici-
onalmente significantes em humanos.
Os enterócitos podem captar pequenas quantidades de proteínas intactas por endocitose, e a
maior parte destas é degradada nos lisossomos;
Captação de proteínas intactas também ocorre através das células M (sobrejacente às placas de
Peyer no intestino delgado).
- Elas possuem capacidade lisossomal limitada para a degradação de proteínas; em vez disso, estas
células empacotam as proteínas (i.e., antígenos) em vesículas revestidas de clatrina, que são secre-
tadas por estas células através da membrana basolateral, na lâmina própria.
• Área de superfície disponível para a digestão é multiplicada em milhares de vezes pela emulsifica-
ção dos lipídeos.
Ácidos biliares são agentes emulsificadores fracos, porém, sob ação da lecitina (presente em ele-
vadas concentrações na bile), tornam-se bons emulsificadores de gorduras presentes na dieta.
- Partículas da emulsão apresentam grande área de superfície, porém os agentes emulsificadores
inibem a lipólise, recobrindo externamente as gotículas emulsificadas e, assim, impedindo a intera-
ção da lipase pancreática com as gorduras.
∟ Existe um cofator da lipase, a colipase, que permite reverter essa inibição promovida pelos ácidos
biliares – Permite a ação da lipase sobre a gotícula de gordura (mecanismo será explicado a seguir).
• O suco pancreático contém as principais enzimas lipolíticas para a digestão dos lipídeos:
a) Hidrolase do éster do glicerol ou lipase pancreática (alcalina): É a enzima mais importante pre-
sente no suco pancreático e depende da colipase.
Lipase pancreática é secretada dentro do duodeno na sua forma ativa e em uma concentração
1000x maior que a necessária – Responsável pela digestão da totalidade dos triglicerídeos da dieta
que não foram hidrolisados no estômago.
Lipase pancreática é completamente inativada pelos sais biliares em concentrações fisiológicas.
- Sais biliares inibem a atividade da lipase pancreática pela ligação à superfície das gotículas que
contém os triglicerídeos, e assim impedem a ligação da lipase pancreática.
Lipase possui atividade bastante reduzida contra triglicerídeos em soluções moleculares, mas é
bastante ativa sobre as gotículas ou emulsões de triglicerídeos.
A atividade lipolítica máxima da lipase pancreática requer a presença de um cofator proteico de-
nominado colipase.
- Esse cofator presente no suco pancreático impede a inativação da lipase pelos sais biliares.
- Colipase desloca os sais biliares da superfície das gotículas de óleo e permite a interação da lipase
pancreática com a gotícula de gordura (conforme o esquema abaixo).
Lipase pancreática: Cliva ácidos graxos 1 e 1’ de triglicerídeos para produzir 2 ácidos graxos
livres e um 2-monoglicerídeo (conforme a imagem abaixo).
84 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 84
• Esses produtos da lipólise penetram no meio aquoso do lúmen intestinal como vesículas, micelas
mistas e monômeros.
Micelas mistas: São importantes na absorção dos produtos da digestão dos lipídeos e na
absorção da maioria das outras moléculas lipossolúveis (como as vitaminas lipossolúveis).
- Contém sais biliares e os produtos da hidrólise lipídica;
- São pequenas o suficiente para se difundirem entre os microvilos que formam a borda em escova.
* Importante relembrar: Ácidos biliares formam micelas com os produtos da digestão de gorduras,
especialmente 2-monoglicerídeos.
- Ácido biliar deve estar presente em uma determinada concentração mínima para que as micelas
se formem, a chamada concentração micelar crítica.
• Lúmen do intestino delgado possui uma divisão entre a região muito próxima ao enterócitos
(camada estacionária ou zona de desequilíbrio – ácida) e “distante” a eles (fase de volume ou
agitada – alcalina) – Formam uma espécie de “barreira”, a camada estacionária.
A camada estacionária que se encontra adjacente e que recobre a membrana apical do enteró-
cito não se encontra em equilíbrio com a massa de água presente no lúmen intestinal.
- Essa camada possui cerca de 40μm e as substâncias a atravessa por difusão.
Fase de volume: Constituída por água, muco gelatinoso (alcalino), sais biliares, micelas mistas,
gotículas de gordura emulsificadas, ácidos graxos livres etc.
Zona de desiquilíbrio: Constituída por H+ proveniente do antiporte Na+/H+ da membrana apical
do enterócito (permite o aumento da absorção de ácidos graxos) e por uma concentração reduzida
de micelas e produtos da digestão dos lipídeos, que permite o estabelecimento de um gradiente de
concentração e, consequentemente, a difusão de micelas para essa região.
• Os lipídeos entram nos enterócitos por (1) difusão não iônica, (2) incorporação à membrana do
enterócito ou (3) transporte mediado por um carreador (conforme a imagem abaixo).
86 Danilo Fernando FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL ATM 21/1 86
• O principal limitante da taxa de captação de lipídeos pela membrana apical é a difusão das
micelas mistas através da camada estacionária.
Depende da concentração micelar crítica para a formação de micelas.
(No esquema abaixo temos a reesterifiação de lipídeos digeridos pelo enterócito e a formação e se-
creção de quilomícrons. O enterócito capta ácidos graxos de cadeia curta e média e glicerol e os
transporta inalterados para os capilares. O enterócito capta também ácidos graxos de cadeia longa
e 2-monoglicerídeos e os ressintetiza o triglicerídeo no REL. O enterócito também processa o coles-
terol a éster de colesteril e lisolecetina à lecitina. O destino dessas substâncias e a formação dos
quilomícrons estão ilustrados pelos textos explicativos dos balões numerados de 1 a 8).
Esteatorreia
• Esteatorreia: Excreção de mais de 7g de gordura por aproximadamente 150g de fezes/dia.
* Importante: Essa perda de gordura pelas fezes não inclui aquela proveniente do colo (fermenta-
ção bacteriana e células descamadas, que totalizam de 3 a 4g diários).