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Outubro de 2002
Resumo
Resumo
As embalagens são um elemento fundamental de quase todos os produtos alimentares
e igualmente uma importante fonte de impactes ambientais e de resíduos em Portugal
e no resto do mundo. De modo a se reduzir a pressão das embalagens sobre o
ambiente é necessário avaliar os seus impactes ao longo de todo o seu ciclo de vida.
Para tal foi realizada uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) às principais
embalagens de bens alimentares portuguesas e efectuaram-se recomendações com
base nos resultados obtidos com o objectivo de permitir aos agentes decisores:
produtores, embaladores, entidades governamentais, etc. a elaboração de políticas
fundamentadas tecnicamente que possibilitem a redução do impacte ambiental
associado à produção, embalamento, distribuição e deposição final das embalagens de
bens alimentares. Foram avaliadas embalagens de metal, madeira, plástico,
papel/cartão e vidro e os sectores de produtos lácteos, gorduras alimentares, frutas e
legumes, confeitaria e congelados. Com base na situação actual foram analisados
vários cenários de eco-eficiência e efectuadas considerações sobre políticas de
embalagem que, em termos gerais, devem contribuir para a inovação e
desenvolvimento tecnológico do sector.
Abstract
Packaging is a fundamental element of almost every food product and at the same
time an important source of environmental burdens and waste in Portugal and in the
rest of the world. To reduce its environmental pressure is necessary to take into
account the entire life cycle of packages. Thus a Life Cycle Assessment of the most
important Portuguese food packages was conducted and with the results obtained
some recommendations were made to allow the elaboration of technical funded
policies by the stakeholders - producers, packagers, governmental entities, etc. – in
order to reduce the environmental impacts of production, packaging, distribution and
disposal of food packages. The packages assessed were constituted by steel, wood,
plastic, paper/board and glass and belonging to the dairy products, alimentary fats,
fruits and vegetables, confectionery and frozen products sectors. Taking into account
the present situation different eco-efficiency scenarios were analysed and
considerations about packaging policies were made, which in general terms, should
encourage innovation and the technological development of the sector.
Key words: Life Cycle Assessment, packages, food products, packaging policies,
materials recycling, design for environment.
Agradecimentos
Desejo agradecer em primeiro lugar ao Prof. Paulo Ferrão pela sua orientação, apoio e
boa disposição sem os quais esta dissertação não teria sido possível.
Aos meus pais que estiveram sempre presentes quando necessitei e que me
encorajaram e deram condições para prosseguir a minha formação académica.
Nomenclatura
Índice
Resumo........................................................................................................................................ i
Abstract ...................................................................................................................................... ii
Nomenclatura ............................................................................................................................iv
Índice..........................................................................................................................................vi
Índice de Figuras...................................................................................................................... xi
1 Introdução..........................................................................................................................1
1.1 Motivação, âmbito e objectivos...........................................................................1
1.1.1 Motivação......................................................................................................................... 1
1.1.2 Âmbito e objectivos ......................................................................................................... 2
1.2 Organização da dissertação ................................................................................3
1.3 As embalagens e o ambiente ...............................................................................4
1.3.1 A função das embalagens................................................................................................. 4
1.3.2 A embalagem como resíduo............................................................................................. 5
1.3.3 A embalagem e a Ecologia Industrial............................................................................... 6
1.4 A metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida...................................................8
1.4.1 Considerações iniciais ...................................................................................................... 8
1.4.2 Definição do âmbito e objectivos................................................................................... 10
1.4.2.1 Âmbito e objectivos da ACV de embalagens de bens alimentares ......................... 10
1.4.2.2 Unidade funcional.................................................................................................. 10
1.4.2.3 Fronteiras do sistema............................................................................................. 11
1.4.3 Análise de inventário...................................................................................................... 12
1.4.4 Avaliação de impactes ambientais ................................................................................. 13
1.4.4.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 13
1.4.4.2 Classificação / Caracterização .............................................................................. 14
1.4.4.3 Normalização ......................................................................................................... 16
1.4.4.4 Avaliação ............................................................................................................... 17
1.4.5 Interpretação de resultados............................................................................................. 18
1.4.6 Software de ACV - SIMAPRO ..................................................................................... 18
Referências .............................................................................................................................143
Bibliografia ........................................................................................................................143
Sites da Internet Consultados ..........................................................................................149
Lista de empresas e associações contactadas ..................................................................151
Índice de Figuras
Figura 26 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite. ......................................................................................49
Figura 27 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de cartão
para alimentos líquidos de leite. ..............................................................................50
Figura 28 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de cartão
para alimentos líquidos de leite. ..............................................................................50
Figura 29 – Impacte ambiental agregado de copos em PS de iogurte. ......................................55
Figura 30 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida de copos em PS de iogurte...........55
Figura 31 – Impactes ambientais relativos à fase de produção de copos em PS de iogurte. .....56
Figura 32 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida de copos em PS de
iogurte......................................................................................................................57
Figura 33 – Impacte ambiental agregado da garrafa de PEAD 185 g de iogurte líquido. .........57
Figura 34 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida da garrafa de PEAD 185 g de
iogurte líquido. ........................................................................................................58
Figura 35 – Impactes ambientais relativos à fase de produção da garrafa de PEAD 185 g
de iogurte líquido.....................................................................................................58
Figura 36 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PEAD 185
g de iogurte líquido..................................................................................................59
Figura 37 – Impacte ambiental agregado da garrafa de PET 1 L de óleos vegetais. .................62
Figura 38 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida da garrafa de PET 1 L de óleos
vegetais. ...................................................................................................................63
Figura 39 – Impactes ambientais relativos à fase de produção da garrafa de PET 1 L de
óleos vegetais...........................................................................................................63
Figura 40 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PET 1 L de
óleos vegetais...........................................................................................................64
Figura 41 – Impacte ambiental agregado das garrafas de vidro de azeite. ................................67
Figura 42 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das garrafas de vidro de azeite.....68
Figura 43 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das garrafas de vidro de
azeite........................................................................................................................68
Figura 44 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das garrafas de vidro de
azeite........................................................................................................................69
Figura 45 – Impacte ambiental agregado da embalagem de azeite em folha de flandres..........69
Figura 46 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de azeite em
folha-de-flandres......................................................................................................70
Figura 47 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de azeite
em folha-de-flandres................................................................................................71
Figura 48 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de azeite
em folha-de-flandres................................................................................................71
Figura 49 – Impacte ambiental agregado das embalagens em PP de margarinas......................75
Figura 50 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens em PP de
margarinas. ..............................................................................................................75
Índice de Tabelas
1 Introdução
1.1.1 Motivação
Assim sendo, para atingir este objectivo, avaliar todo o ciclo de vida das embalagens
desde a sua produção até ao seu fim de vida torna-se bastante importante. Em
Portugal, o D.L n.º 366-A/97 de 20-12-1997 refere nas suas considerações
preliminares a importância da “…análise dos ciclos de vida das embalagens, com o
fim de estabelecer uma hierarquia bem definida entre embalagens reutilizáveis,
recicláveis e valorizáveis”.
Deste modo, é fundamental que o uso da ACV para a definição de políticas públicas
sobre embalagens de bens alimentares num determinado país considere as
especificidades locais e que a informação e a metodologia utilizada seja adequada à
finalidade do estudo.
As normas ISO 14040 definem Avaliação de Ciclo de Vida (Life Cycle Assessement,
LCA) como a compilação dos fluxos de entradas e saídas e avaliação dos impactes
ambientais associados a um produto ao longo do seu ciclo de vida.
Por sua vez a D.L. . n.º 366-A/97 de 20-12-1997 define embalagens como “todos e
quaisquer produtos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados para conter,
proteger, movimentar, manusear, entregar e apresentar mercadorias, tanto matérias-
primas como produtos transformados desde o produtor ao utilizador ou consumidor
incluindo todos os artigos «descartáveis» utilizados para os mesmos fins”
Estima-se que a produção de RSU em Portugal tenha crescido nos últimos anos ao
ritmo de 2,8%, cifrando-se em 2000 em 4,1 milhões de toneladas (DGA, 2000). Por
outro lado a importância das embalagens nos RSU tem vindo a aumentar
gradualmente, fruto da mudança dos hábitos de consumo dos Portugueses.
Em Portugal, até há cerca de 5 anos, grande parte dos resíduos produzidos pela
actividade económica, especialmente os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) eram
encaminhados para lixeiras com pouco ou nenhum controle ambiental. Com o
aumento da produção de resíduos e com o desenvolvimento da legislação ambiental
esta solução de fim de vida tornou-se insustentável.
Nesse contexto, em Portugal, foi criada a Sociedade Ponto Verde (SPV), entidade
privada sem fins lucrativos, constituída pelos embaladores/importadores,
distribuidores, fabricantes de embalagens e de materiais de embalagens que tem a
responsabilidade de gerir o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens
(SIGRE), cujo o objectivo é a retoma e reciclagem dos resíduos de embalagens em
Portugal.
Deste modo, a Ecologia Industrial tem uma visão estratégica, sistémica e integral da
relação entre economia e ambiente. Sob esta perspectiva, a economia de um país pode
ser vista como um organismo vivo. A economia ingere matérias-primas, que são
metabolizadas para a produção de bens e serviços e excretam resíduos na forma de
materiais rejeitados e poluição (Adriaanse et al., 1997). Esta abordagem permite
visualizar a economia como uma entidade física, para além da entidade financeira
tradicional (Matthews et al., 2000).
A criação de uma economia sustentável requer mais do que boas intenções, requer um
conjunto de ferramentas e técnicas baseadas nos princípios da Ecologia Industrial.
Estas técnicas e ferramentas formam o mecanismo em que as observações científicas
e as considerações éticas e sociais sobre o ambiente são traduzidas em concretas
politicas, instituições e mecanismos que formam a base da nossa economia. Mais
concretamente, o conjunto de indicadores e métricas derivados destas ferramentas,
que incluem indicadores físicos para além de indicadores financeiros e económicos,
parecem ser o modo mais eficaz pelo qual se pode aumentar a robustez das iniciativas
politicas que visam conduzir à sustentabilidade (Allenby, 1999; Matthews et al.,
2000).
A unidade funcional deve indicar claramente a função do sistema que está a ser
estudado e a sua escolha deve ser consistente com o objectivo e âmbito do estudo. A
principal utilidade da unidade funcional consiste em estabelecer uma referência, de
modo a relacionar as entradas e saídas do sistema. A unidade funcional deverá ter
portanto em consideração a perspectiva do utilizador ou do sistema (Ferrão, 1998;
ISO/DIS 14041, 1998). No caso da presente dissertação, a função das diversas
embalagens consideradas consiste em fornecer o produto embalado ao consumidor, ou
seja, disponibilizar ao consumidor um determinado volume de bebida e um
determinado peso líquido de um bem alimentar. Como tal, as unidades funcionais
escolhidas para as diversas embalagens são as seguintes:
A razão para a escolha das unidades funcionais de 1000 kg e 1000 L e não outro valor
de peso ou volume, deve-se a uma questão de facilidade de apresentação de
resultados.
As fronteiras do sistema definem quais as fases e processos que vão ser incluídas no
sistema a modelar. Idealmente, todos os processos e materiais que estão associados a
um produto deveriam estar incluídos na avaliação, mas esta regra imporia uma
impossibilidade física ao problema. Em qualquer Avaliação de Ciclo de Vida, devido
a factores como a complexidade do sistema e os recursos existentes, não é possível ou
necessariamente desejável incluir todas as fases e variantes do ciclo de vida do
sistema que se está a analisar (Grant et al., 1999). Por exemplo, para a manufactura de
um determinado produto é necessário um equipamento A, mas por sua vez o
equipamento A foi produzido utilizando um equipamento B e este por um
equipamento C e assim sucessivamente. Teoricamente dever-se-ia incluir o
equipamento B e os outros a montante, pois contribuíram para a manufactura do
produto, mas de uma forma geral trata-se de efeitos de 2ª ordem, com pouco
significado e cuja análise exigiria recursos, quer temporais, económicos ou humanos,
incompatíveis com os objectivos da presente análise.
Utilização
Resíduos de embalagem
Recolha e triagem
processo. Por outro lado, as saídas dos processos do ciclo de vida podem ser de 2
tipos: emissões para o ambiente (solo, ar, água) ou produtos e energia.
A partir das informações recolhidas sobre todos os processos do ciclo de vida e que se
situam dentro da fronteira definida para a ACV, é construída uma tabela de inventário,
em que todas as entradas e saídas existentes no ciclo de vida estão quantificadas. A
Tabela 4 exemplifica uma tabela de inventário relativa à produção de PEAD.
- Classificação/ Caracterização
- Normalização
- Avaliação.
Inventário de Caracterização
Avaliação
ciclo de vida e/ou Normalização
VALORIZAÇÃO
SUBJECTIVA
PAH
SMOG DE VERÃO ECO-
Poeira SAÚDE
INDICADOR
COV SMOG DE INVERNO
Impactes toxicológicos
Toxicidade humana Toxicidade humana
humanos
Eco toxicidade Impactes eco toxicológicos Pesticidas
Formação fotoquímica de
Formação de foto-oxidantes “Smog” de Verão
oxidantes
Acidificação Acidificação Acidificação
Eutrofização Eutrofização Eutrofização
Libertação de calor - -
Odores Odores -
Ruído Ruído -
- Radiação -
- - Emissão de metais pesados
- - Carcinogenia
- - “Smog” de Inverno
Deplecção de recursos Deplecção de recursos Deplecção de recursos
bióticos bióticos bióticos
Certas substâncias, como têm efeito em mais de que um tipo de impacte ambiental,
são incluídas em mais de que uma classe. Por exemplo o NOx contribui não só para
causar eutrofização, mas também para a acidificação de lagos, rios e solos.
1.4.4.3 Normalização
1.4.4.4 Avaliação
Na presente ACV optou-se por não realizar a fase de avaliação devido à sua maior
subjectividade inerente e de esta fase não ser condição necessária para alcançar os
objectivos a que se propôs o estudo.
Nesta dissertação vai-se um pouco mais longe. Para além de serem analisados os
resultados obtidos é efectuada uma análise de sensibilidade e de outras opções
alternativas para a produção e fim de vida das embalagens de bens alimentares
estudadas, de modo a reduzir o seu impacte ambiental e contribuir para a elaboração
de políticas sobre embalagens que sejam ambientalmente mais sustentáveis.
As bases de dados usadas nesta ACV são as seguintes (Fonte: Pré Consultants):
Temas principais: materiais, energia, transportes, processos,
Base de dados PRÉ tratamento de resíduos.
(incluída no Simapro 4.0) Fontes de informação: instituições publicas (APME,
BUWAL 132, ETH, SPIN, Chalmers, Kemna).
Em 2000 foram declaradas à Sociedade Ponto Verde um total de 685 987 toneladas de
embalagens, ou seja, incluindo as embalagens primárias, secundárias e terciárias. Os
sectores que mais contribuem para este valor são o sector das Bebidas (41,7%) e o
sector dos bens alimentares (26,9%) (ver Figura 4).
Distribuição
11,4%
Bens
Alimentares
26,9%
Da análise do gráfico anterior ressalta que os dois sectores mais importantes, ou seja,
as bebidas e os bens alimentares, são responsáveis por mais de 2/3 dos resíduos de
embalagens.
Alumínio Outros
Aço 0,9% 1,5% Madeira
5,7% 0,5%
Vidro
42,2%
Plástico
31,9%
Papel e Cartão
17,2%
Os bens alimentares, tal como foi dito anteriormente, são o segundo sector mais
importante em termos de embalagens, logo a seguir às bebidas, tendo em 2000 sido
declaradas à Sociedade Ponto Verde 184 761 toneladas de embalagens. Dentro dos
bens alimentares estudaram-se os sectores de produtos lácteos, gorduras alimentares,
Gorduras
Alimentares
Outros 16,6%
41,3%
Frutas e
Legumes
7,5%
Congelados Confeitaria
4,6% 5,2%
O principal tipo de material empregue para embalagem no sector dos bens alimentares
é o papel e cartão que representa quase metade das 184,7 mil toneladas de embalagens
primárias, secundárias e terciárias declaradas. O vidro é o segundo material mais
importante com 25,3% e o plástico é o terceiro com 16,9%. O alumínio e a madeira
têm expressões quase residuais (ver Figura 7).
Plástico
Papel-Cartão
16,9%
47,3%
Optou-se por fazer a síntese do mercado total de produtos lácteos a partir dos dados
do INE, quando estes estivessem disponíveis. A partir da análise da informação
existente na Tabela 8 verifica-se que a Lactogal detém mais de dois terços deste
mercado. Nos iogurtes, este grupo não detém uma posição muito forte.
Leites
Segundo o INE, o consumo anual per capita de leite em Portugal foi cerca de 91,2 kg
em 1998. Uma estimativa com base no INA aponta para um consumo anual per capita
de cerca de 88,3 L. Do leite consumido em Portugal, 94% é leite UHT e aromatizado
e 6% é leite pasteurizado (Tabela 10).
14%
12% 12%
10%
Iogurtes
25%
13% 14%
11%
8%
Sovena. O grupo Fima têm a marca Vaqueiro nos óleos vegetais com uma quota de
mercado ainda significativa (praticamente a não detida pela Nutrinveste) e detém a
quase totalidade do mercado de margarinas (85%). Na manteiga, a Lactogal tem uma
quota de mercado superior a 50% (ver Tabela 12).
Fonte: (Fonte: Associações sectoriais, Lactogal e Nielsen). Os dados de vendas de azeite e manteiga
dizem respeito a 1997 e os restantes a 1999.
Óleos Vegetais
Do total de óleos vegetais, segundo o INA, em 1998, 87,8% destes eram óleos de
culinária, 7,7% óleos de mesa e 4,5% óleo de soja.
O líder de mercado é o grupo Nutrinveste, que detém 7 marcas: Fula, Vêgê, Frigi, e
Finóleo, AAA, Solmil e Maná. Este grupo detém actualmente cerca 70% a 80% da
quota de mercado (em 1994 o valor era de 73%). O segundo grupo mais importante é
o grupo Fima, que tem a marca Vaqueiro, produzida pela fábrica Victor Guedes.
19%
16%
11% 10%
8%
Azeite
31%
23%
14% 14%
12%
6%
Margarinas
As margarinas de consumo têm uma produção de cerca de 45.000 toneladas por ano.
As margarinas industriais produzidas em Portugal são mais de 6.000 toneladas por
ano, havendo alguma importação, sendo que este nicho de mercado no total representa
aproximadamente 15.000 toneladas por ano (Fonte: AIGMA). Das margarinas de
consumo, 60% são de mesa ou têm dupla finalidade e 40% são de culinária. A Fima
detém praticamente a totalidade do mercado de margarinas de consumo em Portugal
com as suas várias marcas.
30%
17% 18%
16%
10%
9%
Manteiga
17%
15% 14%
12%
6%
2.1.6 Confeitaria
Bolachas
30%
25%
14%
12%
9% 10%
Congelados
Tabela 16 – Quotas de mercado conjuntas das 3 principais marcas para os congelados (INA,
1999).
Quantidade vendida Quota de
Produto Principais empresas
(103 kg) mercado (%)
Vegetais 44 150 Iglo, Pescanova, Bonduelle 39,0%
Peixe 34 033 Pescanova, Beira frio, Iglo 14,0%
Componentes de refeições 13 123 Iglo, Pescanova, F. Ferreira 41,0%
Marisco 7 518 Pescanova, Dica, Comepeixe 18,0%
Refeições prontas 6 322 Iglo, Nestlé, Pescanova 53,0%
23%
14%
11% 12%
9%
Gelados
No caso dos gelados apenas se contabilizam os gelados do tipo take home, não se
tendo em conta os gelados de consumo imediato. O mercado total dos gelados foi da
ordem dos 14,3 milhões de litros (considerando a TCE do índice INA). 73% destes
são gelados de sobremesas, enquanto o restante são do tipo Multipack. As principais
marcas são a Olá, a Haagen Dazs e a Camy, que em conjunto têm uma quota de
mercado de 67% (dados INA 1999).
35%
17%
13% 13% 14%
8%
Esta distribuição foi assumida para todos os materiais de embalagens com excepção
do alumínio e do aço, uma vez que estes materiais são contabilizados à saída das
operações de valorização energética e de triagem/compostagem, com o intuito de
serem reciclados (onde se conseguem apurar valores mais precisos).
Finalmente, convém referir que os diagramas de fim de vida dos diversos materiais
dizem respeito a todo o tipo de embalagens e não só a embalagens de bens alimentares
e bebidas e que enquanto que no circuito de recolha indiferenciada os dados
apresentados dizem respeito a estimativas para o ano 2001, nos circuitos de recolha
selectiva dos diversos materiais utilizaram-se dados apurados de 1999, 2000 e
estimativas para 2001, consoante as especificidade de cada fileira.
- para o cálculo das distâncias dos sistemas de recolha selectiva aos recicladores
utilizaram-se os dados acumulados das retomas por sistema de Janeiro de 2000
até Setembro do mesmo ano. Com base nas distâncias médias, por estrada,
desses sistemas até aos recicladores existentes e na quota de mercado
aproximada de cada reciclador, calculou-se a distância média percorrida por
um camião desde a recolha dos resíduos em cada sistema até à reciclagem;
Figura 17 – Diagrama de fim de vida das embalagens de aço para 2001, em Portugal.
74.176 ton
67,3% 32,7%
Recolha Recolha
Indiferenciada Selectiva
2.413 ton 13.602 ton 18.544 ton 1.194 ton 4.554 ton
Triag./Comp. Valorização M. Paralelo* Sist. Mult. Op. Privados
Energética e Autarquias
100%
77% 100%
100% 100%
Perdas Triagem
23%
ITVE
100% 100%
Figura 18 – Diagrama de fim de vida das embalagens de alumínio para 2001, em Portugal.
8.511 ton
76,0% 24,0%
Recolha Recolha
Indiferenciada Selectiva
Perdas Triagem
65%
ITVE
100% 100%
reciclagem elevada devido ser uma matéria prima bastante valiosa em termos
económicos (ver Figura 19).
O cartão que é proveniente do circuito do SIGRE apresenta uma qualidade pior que o
cartão que é recolhido via operadores privados, o que origina dificuldades em
convencer os operadores privados a aderir ao SIGRE.
Figura 19 – Diagrama de fim de vida das embalagens de cartão canelado, para o ano 1999, em
Portugal.
211.000 ton
3% 97%
Recolha Recolha
Indiferenciada Selectiva
62,5% 3% 97%
9,5% 28%
6.140 ton 198.530 ton
601 ton 1.772 ton SIGRE M. Paralelo + Op. Privados +
Triag./Comp. Valorização Câmaras N/SIGRE
100%
Energética
Triagem 100%
100%
Aterro Perdas
Reciclagem
Controlado 24%
61.181 ton 147.445 ton
O papel e cartão usados como embalagens primárias nos bens alimentares, à excepção
do cartão canelado, como é o caso das pizzas e de alguns bolos, tem praticamente
como único destino o aterro sanitário e a valorização energética devido à baixa taxa
de recolha destes tipos de embalagem e a estes serem de má qualidade devido à sua
contaminação. O mesmo destino têm os rótulos de papel que se encontram, por
exemplo, nas embalagens de óleos alimentares, dado que não compensa
economicamente a sua reciclagem e se encontram contaminados com colas que os
tornam pouco apetecíveis para a reciclagem.
Figura 20 – Diagrama de fim de vida das embalagens de cartão para alimentos líquidos , em
2000, para Portugal.
29.521 ton
92% 8%
Recolha Recolha
Indiferenciada Selectiva
Aterro Reciclagem
Controlado Mecânica
14.870 ton 2.362 ton
(ver Figura 21). Dos resíduos de embalagem de madeira cerca de 58% são recolhidos
selectivamente e 42% são alvo de recolha indiferenciada (ver Figura 22).
10,0 %
Resíduos de embalagens
90,0 % de Madeira One-Way
41,9 % 58,1 %
Recolha Recolha
Indiferenciada Selectiva
Reutilização
Figura 22 – Diagrama de fim de vida das embalagens de madeira one-way, para o ano de
1999, em Portugal.
50.100 ton
9,5%
62,5% 28% 30,1% 0,2% 69,7 %
100 %
Separação
100 %
Aterro Valorização
Reutilização Reciclagem
Controlado Energética
15.124 ton 5.881 ton 8.768 ton 20.327 ton
Da análise da figura anterior pode-se verificar que a quantidade recolhida via SIGRE
é insignificante quando comparada com o mercado paralelo.
A quase totalidade dos resíduos de embalagem de plástico presentes nos RSU são alvo
de recolha indiferenciada. Apenas cerca de 2,6% são recolhidos selectivamente e
encaminhados para reciclagem. Estes resíduos passam por uma operação de triagem
onde são separados os plásticos que podem ser reciclados dos outros, que, devido à
própria embalagem (ex: constituída por diversos tipos de plásticos), ao material (ex:
poliestireno) ou ao tipo de produto embalado (ex: alguns bens alimentares, como
óleos vegetais) não são reciclados. Dos resíduos de plástico recolhidos
selectivamente, cerca de 20% são resíduos que acabam por ter como destino o aterro
controlado, 5% são valorizados energeticamente e apenas 75% são efectivamente
reciclados (ver Figura 23).
Figura 23 – Diagrama de fim de vida das embalagens domésticas de plástico, para o ano 2000,
em Portugal.
172.000 ton
• É válido para os plásticos: PET,
PP, PEAD, PEBD e EPS Resíduos de embalagens 2000
• Em itálico estão as estimativas
domésticas de Plástico
97,4% 2,6%
9,5% 100%
62,5% 28%
15.922 ton
SIGRE
Triag./Comp.
100%
100 %
Perdas Triagem
20%
75%
5%
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001). Estimativa para 2000 baseada em dados apurados até Outubro
de 2000.
Figura 24 – Diagrama de fim de vida das embalagens domésticas de vidro one-way, no ano
1999, em Portugal.
287.204 ton
• Esta caracterização não
contabiliza o Casco Industrial Resíduos de embalagens 1999
• Em itálico estão as estimativas
domésticas de Vidro One-Way
62,0% 38,0%
Recolha Recolha
Indiferenciada Selectiva
16.929 ton 49.897 ton 71.000 ton 17.000 ton 21.000 ton
Triag./Comp. Valorização M. Paralelo SIGRE Câmaras
Energética N/SIGRE
100% 100%
100%
100% 100%
Perdas
Vidrociclo
10%
90%
Aterro
Reciclagem
Controlado
189.104 ton 98.100 ton
Produtos lácteos.
Gorduras alimentares.
Frutas e Legumes.
Confeitaria.
Congelados.
Em cada sector faz-se a avaliação de ciclo de vida das embalagens consideradas por
material e volume. Os resultados são apresentados por tipo de material e consistem
numa média ponderada da importância dessas embalagens dentro das embalagens
com o mesmo material no mesmo sector. Por exemplo, os resultados para as
embalagens de iogurte de PS são uma média ponderada das embalagens de PS 125g e
140g, que constituem 97% do universo das embalagens de PS para iogurtes colocadas
no mercado pela Danone.
Para cada tipo de material em cada sector são apresentados outros resultados que se
julgaram relevantes e os resultados gerais do estudo.
Em alguns casos, como nos leites, iogurtes e óleos vegetais, as embalagens estudadas
cobrem praticamente o universo das embalagens existentes nesse sector.
3.1.3.2 Embalamento
3.1.3.3 Transporte
3.1.3.4 Utilização
Quando não existe informação sobre a taxa de reutilização das paletes de madeira
considerou-se que esta apresenta um valor de 95%, sendo os restantes 5% quebras que
têm como destino o aterro, visto a madeira das paletes estar partida.
3.2.1 Introdução
• PS de 125g.
• PS de 140g, bicompartimentada.
3.2.2 Leites
Para o processo de embalamento dos leites UHT, utilizaram-se dados de uma outra
empresa que embala e comercializa leites, uma vez que não se conseguiu obter da
Lactogal valores de consumos de energia e materiais para o embalamento do leite
UHT. Os dados fornecidos pela Lactogal não se encontravam discriminados por fases
de produção, sendo apenas valores totais de produção.
Figura 25 – Impacte ambiental agregado das embalagens de cartão para alimentos líquidos de
leite.
0,012
0,01
europeu
0,008
0,006
0,004
0,002
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 26, mostra que a produção é responsável
pela maior parte do impacte em todas as categorias.
Figura 26 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,025
0,02
Destino final
0,015 Distribuição
Embalamento
0,01
europeu
Produção
0,005
-0,005
-0,01
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 27 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,018
0,016
Palete de
0,014 madeira
Filme estirável
0,012
Filme de LPDE
0,01
europeu
CAL
0,008
0,006
0,004
0,002
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 28 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,003
0,002
0,001
Dest. Final quebras
0
Dest. Final palete de madeira
-0,001
europeu
-0,003
Dest. Final filme de LPDE
-0,004
-0,006
-0,007
-0,008
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.2.3 Iogurtes
A distribuição dos iogurtes Danone, cujo fabrico é realizado em Castelo Branco, está
a cargo da empresa Salvesen Logística, que tem o seu centro de distribuição na
Azambuja. Assim, todos os produtos da fábrica de Castelo Branco são transportados
para a Azambuja e armazenados para expedição, mesmo aqueles que posteriormente
serão enviados para clientes situados na zona de Castelo Branco. Este transporte é
realizado em camiões de 24 ton e a distância percorrida é de cerca de 220 km. Do
centro de distribuição, os iogurtes são enviados para todo o país, quer através do
operador logístico da Danone, quer através de outros operadores, como os das grandes
superfícies. Através do consumo geográfico de iogurtes em 1999, estimou-se que a
distância média que um iogurte percorre desde o centro de distribuição até ao
consumidor final é de cerca de 190 km e o camião médio utilizado estima-se que seja
de 16 ton (ver Tabela 25).
Dado não ter sido possível dissociar os consumos de energia e material no processo de
embalamento, dos consumos globais de energia e materiais na produção dos iogurtes
Danone, não se tem em conta esta fase no ciclo de vida.
No caso das embalagens que retornam à fábrica, devido ao seu prazo de validade, o
destino final dos materiais de embalagem é o aterro, exceptuando as caixas de PEAD
e palete de madeira que são reutilizáveis.
3.2.3.3.1 Copos de PS
0,060
0,050
europeu
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 30, mostra que a principal fase responsável
pelos impactes é a produção das embalagens. A fase de distribuição apresenta um
impacte diminuto comparada com a fase de produção.
0,150
Distribuição
0,050
europeu
Produção
0,000
-0,050
-0,100
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Os metais pesados existentes no ciclo de vida das embalagens de iogurte em PS, são
provenientes da fase de produção de PS, mais concretamente na produção do polímero
de PS (APME, 1997).
Como neste estudo os metais referenciados não são discriminados pela sua origem,
admite-se o pior caso possível, dai que na realidade, esta categoria de impacte possa
estar um pouco sobreavaliada. No entanto, a produção de PS termoformado, quando
comparada com a produção de outros plásticos, como por exemplo polipropileno
moldado por injecção e polietileno de alta densidade moldado por sopro, apresenta
maiores teores de metais emitidos para a atmosfera e para efluentes líquidos (APME,
1997).
As embalagens que são colocadas no mercado, mas que não são consumidas e, por
isso, têm que voltar para o embalador, não apresentam impactes significativos no seu
fim de vida devido à taxa de retoma ser reduzida.
0,140
0,120
Palete de madeira
Caixa de PEAD
0,100
Cartolina
T ampa
0,080
europeu
Rótulo
Embalagem PS
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
O fim de vida dos diversos materiais de embalagens permite que o impacte ambiental
da fase de produção e distribuição seja bastante atenuado, sobretudo ao nível de
energia e smog de verão, devido principalmente à reutilização das caixas de PEAD
que servem de embalagem secundária (ver Figura 32).
-0,060
-0,080
-0,100
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,070
0,060
0,050
0,040
europeu
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
0,100
Destino final
0,050 Distribuição
europeu
Produção
0,000
-0,050
-0,100
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,140
0,120
Palete de madeira
0,100 Caixa PEAD
Filme retráctil
0,080 Rótulo
europeu
Cápsula
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Verifica-se também que o destino final dos materiais que constituem o ciclo de vida
da garrafa de PEAD permite uma redução significativa do consumo de energia
associado à sua produção, que se explica em grande parte pela reutilização da caixa de
PEAD (ver Figura 36).
Dado a taxa de reciclagem da garrafa de PEAD ser bastante reduzida, o efeito desta é
praticamente insignificante no ciclo de vida. Pela mesma razão das embalagens de PS,
as garrafas de PEAD que são colocadas no mercado e não são consumidas, não
apresentam impactes significativos no seu fim de vida.
Figura 36 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PEAD 185 g de
iogurte líquido.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,030
0,020
0,010
Dest. Final quebras
0,000
Dest. Final palete de madeira
-0,010
Dest. Final caixa PEAD
europeu
-0,060
-0,070
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3.1 Introdução
• Lata de 1 L, da FIMA.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em 59
Portugal
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
O óleo Fula é embalado no Barreiro e a distribuição para o resto do país é feita deste
local e de um armazém situado na Póvoa de Santa Iria. Tendo em conta as
quantidades de óleos que são expedidas a partir dos dois armazéns, a distância média
entre a fábrica e os centros de distribuição é de cerca de 9 km. Com base na
distribuição geográfica do consumo no ano de 1999, estimou-se que a distância média
dos centros de distribuição aos consumidores é de cerca de 240 km (ver Tabela 29).
A garrafa de PET utilizada para embalar óleos vegetais não é reciclada devido ao alto
teor de gordura impregnada na garrafa, a qual tornaria bastante oneroso o processo de
reciclagem. Sendo assim, o destino final destas garrafas é unicamente a recolha
indiferenciada, em que as garrafas são colocadas em aterro ou valorizadas
energeticamente. Os rótulos, e as cápsulas acabam por ter idêntico destino. As caixas
de cartão canelado são recicladas na sua maior parte e a palete de madeira é
reutilizável. Considerou-se uma taxa de reutilização da palete de madeira de 95% e
que o filme estirável que serve como embalagem terciária é recolhido
indiferenciadamente.
0,04
0,035
0,03
0,025
europeu
0,02
0,015
0,01
0,005
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
Pela análise da Figura 38 podemos verificar que a fase de produção das embalagens é
a principal responsável pelo impacte ambiental, que a fase de distribuição é relevante
ainda que com menor impacte que a produção (entre 20% a 30% nas principais
categorias) e que os impactes resultantes do embalamento são praticamente
desprezáveis.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio 0,04
0,03
Destino final
Distribuição
0,02
Embalamento
europeu
0,01 Produção
-0,01
-0,02
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,04
0,035
Palete de madeira
0,03 Filme estirável
Caixa de cartão
0,025 Rótulo
europeu
Cápsula
0,02
Garrafa PET
0,015
0,01
0,005
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Nas restantes categorias de impacte, o fim de vida actual não reduz significativamente
o impacte ambiental associado à garrafa de PET 1 L, uma vez que a garrafa de PET,
que é principal responsável pelo impacte ambiental na fase de produção, não é
reciclada devido ao seu alto teor de gordura, tendo como destino o aterro e a
valorização energética, Esta última, apesar de ter efeitos benéficos em categorias
como a energia e o smog de verão, tem efeitos negativos em outras, como por
exemplo, na categoria de efeito de estufa (ver Figura 40).
0,015
-0,005
-0,01
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3.3 Azeite
Com base nos dados obtidos, o volume de azeite embalado em garrafas de 0,75 L
representa cerca de 45% das embalagens colocadas no mercado, enquanto as
embalagens e garrafas de 1 L representam 48%. A Lata de 1 L é bastante menos
relevante que as garrafas de vidro, no entanto, devido a especificidade da embalagem,
estudou-se o azeite comercializado em lata.
Na maior parte dos casos, as garrafas de azeite Oliveira da Serra são transportadas da
sua fábrica em Abrantes até ao centro de distribuição do Barreiro. A partir deste
centro de distribuição, as embalagens são expedidas para os clientes do continente.
No caso do azeite Gallo, a distribuição é feita a partir da fábrica para todo o país
(Tabela 34).
As garrafas de vidro de azeite são em parte recicladas, sendo para esse efeito enviadas
para a Vidrociclo. Os rótulos e as cápsulas encontram-se associados à garrafa e
considera-se que são igualmente transportados para a Vidrociclo e o seu destino final
é o aterro. A caixa de cartão segue o circuito do cartão canelado e considera-se que o
filme estirável é objecto de recolha indiferenciada. A palete de madeira é reutilizável
e considerou-se uma taxa de reutilização de 95%. No caso das latas de azeite, estas
seguem o circuito definido para as embalagens de aço e alumínio.
Verifica-se pela análise da Figura 41 que os principais impactes ambientais são nas
categorias de resíduos sólidos, metais pesados e smog de inverno. Dentro destes, o
impacte na categoria de resíduos sólidos destaca-se claramente dos impactes das
outras duas categorias.
0,120
0,100
0,080
europeu
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
Nas categorias onde a distribuição é mais relevante, esta representa pouco mais de
20% e cerca de 15% dos impactes do ciclo de vida da embalagem nas categorias smog
de verão e acidificação.
Na fase de fim de vida, para além do aumento dos resíduos sólidos, esta fase contribui
para a redução substancial do impacte ambiental a nível de metais pesados, devido à
reciclagem da garrafa de vidro.
Figura 42 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das garrafas de vidro de azeite.
0,100
Destino final
0,080
Distribuição
0,060
Embalamento
europeu
0,040
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
-0,060
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 43 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das garrafas de vidro de azeite.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,120
Filme Estirável
Rótulo
europeu
0,060 Cápsula
Garrafa vidro
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 44 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das garrafas de vidro de
azeite.
0,100
Dest. Final quebras
0,080
Dest. Final palete de madeira
0,040
Dest. Final rótulo
0,020 Dest. Final cápsula
-0,020
-0,040
-0,060
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Esta avaliação foi realizada com base em informações de empresas diferentes para as
duas embalagens consideradas, que têm sistemas de embalagem e circuitos de
distribuição ligeiramente diferentes, no entanto pela análise realizada e pelos
resultados obtidos não é de crer que a utilização de dados da mesma empresa para as
duas embalagens produzisse resultados diferentes, uma vez que a garrafa de vidro que
é a principal origem do impacte ambiental é semelhante nas duas empresas.
0,07
0,06
0,05
0,04
europeu
0,03
0,02
0,01
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
A produção é a fase do ciclo de vida que mais contribui para o impacte ambiental da
embalagem de azeite em folha de flandres nas 11 categorias consideradas no método
Eco-indicador 95.
Figura 46 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de azeite em folha-
de-flandres.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,12
0,1
Distribuição
0,06
Embalamento
0,04
europeu
Produção
0,02
-0,02
-0,04
-0,06
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,1 Palete de
madeira
Filme estirável
0,08
Caixa de cartão
europeu
0,06 Lata
0,04
0,02
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 48 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de azeite em
folha-de-flandres.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,04
0,03
Dest. Final quebras
0,02
Dest. Final palete de madeira
0,01 Dest. Final filme estirável
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3.4 Margarinas
3.3.4.3.1 Embalagens de PP
0,040
0,035
0,030
0,025
europeu
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 50, mostra que A produção das embalagens
é a fase mais importante do ciclo de vida.
0,070
0,060
0,040
Distribuição
0,030
europeu
Produção
0,020
0,010
0,000
-0,010
-0,020
-0,030
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,070
0,060
Palete de madeira
Filme estirável
0,050
Caixa de cartão
Diafragma
0,040
europeu
Tampa PVC
0,030 Fundo PP
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Na fase de fim de vida deste tipo de embalagens deve-se referir que, pelo facto de a
embalagem primária não poder ser reciclada ou reutilizada, a redução do impacte nas
diversas categorias deve-se principalmente a reciclagem da embalagem secundária de
cartão canelado e também a reutilização da palete de madeira.
0,010
Dest. Final quebras
0,005
Dest. Final palete de madeira
-0,020
-0,025
-0,030
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.M. p. Carc.S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,008
0,007
0,006
0,005
europeu
0,004
0,003
0,002
0,001
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
0,020
0,015
Destino final
0,010
Distribuição
0,005
europeu
Produção
0,000
-0,005
-0,010
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,016
0,014
Palete de madeira
Envoltório
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,002
0,000
Dest. Final quebras
-0,008
-0,010
-0,012
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3.5 Manteigas
Devido à gordura existente nas embalagens primárias, estas não são recicladas.
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Ef. e. C. oz. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. En. R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 58, mostra que a produção das embalagens
é a fase mais relevante em termos de impacte ambiental. A fase da distribuição
provoca impactes sobretudo a nível do smog de verão e acidificação, embora seja
pouco relevante no ciclo de vida.
0,100
0,080
Destino final
0,060
Distribuição
0,040
europeu
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,090
0,080
Palete de madeira
0,070
Filme estirável
0,060
Caixa de cartão
0,050
europeu
Tampa
0,040
Taça
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 60 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de manteigas.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,020
0,015
Dest. Final quebras
0,010
Dest. Final palete de madeira
-0,010
-0,015
-0,020
-0,025
Estuf.Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.4.1 Introdução
No caso das Frutas e legumes frescas estudaram-se 2 caixas de madeira que são
usadas para embalar tomate e hortaliças provenientes da Hortorres. Estas duas
embalagens com uma dimensão de 50x30x15 cm e 60x40x20 cm, têm capacidade
para embalar, respectivamente 9 kg e 12 kg de produto e representam ambas 55% das
embalagens de madeira colocadas no mercado pela Hortorres.
As duas embalagens consideradas para a ACV representam cerca de 31% das vendas
em volume dos produtos produzidos em Portugal pela IDAL e vendidos no nosso
país, sendo as duas embalagens mais comercializadas desta empresa. As embalagens
dizem respeito à marca de Polpa de tomate Guloso e são ambas em vidro.
O sleeve é um material plástico (de PEBD) que serve para garantir que a embalagem
não é aberta antes do consumo efectivo.
A distribuição dos produtos produzidos pela IDAL na sua fábrica de Benavente é feita
em outsourcing, sendo da responsabilidade da Jerónimo Martins Distribuição. Assim,
as embalagens são transportadas da fábrica da IDAL até ao armazém da JMD em
Bucelas. Este transporte é feito em camiões de 24 ton e a distância média percorrida é
de 50 km. A partir deste armazém as embalagens são expedidas para o resto do país
(Tabela 47).
O tipo de impactes ambientais, como já era de esperar, são semelhantes aos das
garrafas de vidro de azeite. Das 11 categorias de impacte ambiental, a de resíduos
sólidos é aquela que apresenta maiores impactes, fundamentalmente devido ao destino
final das embalagens de vidro. Depois dos resíduos sólidos, se considerarmos a
globalidade do ciclo de vida, as outras categorias mais relevantes são os metais
pesados, o smog de inverno e o efeito de estufa (ver Figura 61).
Figura 61 – Impacte ambiental agregado das embalagens de vidro para frutas e legumes
industriais.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,120
0,100
0,080
europeu
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
A distribuição, nas categorias mais relevantes, quando comparada com a produção das
componentes de embalagem, apenas representa respectivamente cerca de 25% e 10%
do impacte desta, nas categorias smog de verão e efeito de estufa (ver Figura 62).
Figura 62 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais.
0,100
Destino final
0,080
Distribuição
0,060
europeu
0,040 Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 63 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,120
Palete de madeira
0,100
Filme estirável
bandeja de cartão
0,080
Filme retráctil
europeu
Sleeve
0,060
Rótulo
Cápsula
0,040
Embalagem vidro
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
O fim de vida, para além do referido aumento dos resíduos sólidos, contribui para a
redução substancial do impacte ambiental a nível de metais pesados, devido à
reciclagem da embalagem de vidro.
Figura 64 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,120
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Devido as frutas e legumes serem um produto com um tempo de vida útil muito curto,
existem embalagens que retornam à Hortorres com produto não consumido. Estima-se
que esta quantidade seja cerca de 4% das embalagens colocadas no mercado.
As paletes de madeira, como já referido, são na sua maior parte de tara perdida e
apenas 30% são reutilizáveis, no entanto, como se tratam de paletes muito frágeis, a
taxa de quebras destas é bastante elevada, estimando-se em cerca de 50%, ou seja, em
média uma palete reutilizável apenas percorre 2 ciclos de vida do produto.
As caixas de madeira que retornam à Hortorres por o produto não ter sido consumido,
são reutilizadas.
Figura 65 – Impacte ambiental agregado das embalagens de madeira para frutas e legumes
frescos.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,018
0,016
0,014
0,012
europeu
0,010
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
Figura 66 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de madeira para
frutas e legumes frescos.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,035
0,030
0,010
Produção
0,005
0,000
-0,005
-0,010
-0,015
-0,020
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 67 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de madeira para
frutas e legumes frescos.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,030
0,025
Palete de madeira
0,020
europeu
Caixa de madeira
0,015
0,010
0,005
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
Figura 68 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de madeira
para frutas e legumes frescos.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,010
-0,005
-0,010
-0,015
Estuf.Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.5.1 Introdução
3.5.2 Bolachas
Considerou-se que o filme estirável usado em conjunto com a palete de madeira acaba
por ter como destino a recolha indiferenciada e que as paletes de madeira são
reutilizáveis a 95%, isto é, apresentam uma taxa de quebras de 5%. As quebras do
processo de embalamento têm como destino o aterro.
Como as embalagens de confeitaria estudadas são bastante diferentes entre si, optou-
se por apresentar os impactes da fase de produção e fim de vida agregados consoante
o tipo de embalagem (Figura 71 e Figura 72), ou seja, por embalagem primária,
secundária e terciária.
0,06
0,05
0,04
europeu
0,03
0,02
0,01
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
A fase que provoca maiores impactes é a fase de produção. A distribuição se bem que
menos relevante que a produção, apresenta impactes não desprezáveis em categorias
como o smog de verão e acidificação (ver Figura 70).
0,1
0,06 Distribuição
0,04
europeu
Produção
0,02
-0,02
-0,04
-0,06
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,1000
0,0900
0,0800 Embalagem
terciária
0,0700
Embalagem
secundária
0,0600
europeu
Embalagem
0,0500 primária
0,0400
0,0300
0,0200
0,0100
0,0000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Devido à palete de madeira ser reutilizada, na sua maior parte, o impacte provocado
na produção é eliminado. Aliás, uma parte substancial da redução dos impactes
ambientais associados ao ciclo de vida das embalagens de bolachas deve-se
precisamente à reutilização da palete de madeira (ver Figura 72).
Figura 72 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de bolachas.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,0100
0,0000
Dest. Final quebras
-0,0300
-0,0400
-0,0500
Estuf. Ozon.Acid. Eutr.M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.6.1 Introdução
Nas refeições prontas foram estudadas dois dos produtos mais vendidos pela IGLO
neste sector e que são embalados em Portugal, que apesar de tudo representam apenas
4,5% das vendas totais, dado a enorme variedade de produtos existentes e de grande
parte das embalagens de refeições prontas e peixe congelado serem importadas. Não
se estudou nenhuma embalagem importada uma vez que não foi possível obter a
informação necessária para a realização da ACV. Os produtos embalados em
Portugal, não são embalados directamente pela IGLO, mas sim por outras empresas,
de que as postas de pescada e o bacalhau à Brás são um exemplo.
Nos gelados take-home e multipack foram estudados os produtos mais vendidos pela
Olá nestes tipos de produto, ou seja o gelado Vienetta e o multipack Cornetto. As
embalagens estudadas foram portanto as seguintes.
Não foi possível obter as taxas de quebras no processo de embalamento dos produtos
estudados, sendo assim não se tem em conta este aspecto no ciclo de vida. Igualmente,
pela mesma razão, o consumo de energia e de materiais no processo de embalamento
não é considerado no ciclo de vida.
0,090
0,080
0,070
0,060
0,050
europeu
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
Mais uma vez, os impactes são devidos sobretudo à produção da embalagem primária.
A distribuição tem um impacte pouco relevante no ciclo de vida da embalagem,
conforme demonstrado na Figura 74.
0,100
0,080
Destino final
0,060
Distribuição
0,040
europeu
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,080
0,070
Palete de madeira
0,060 Filme estirável
Caixa de cartão
0,050 Cartolina
europeu
Badeja + tampa
0,040
Saco
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Figura 76 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de refeições
prontas e pescado.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
0,015
0,010
Dest. Final quebras
0,005
Dest. Final palete de madeira
-0,020
-0,025
-0,030
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.6.3 Gelados
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Ef. e. C. oz. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. En. R.S.
0,080
0,070
Destino final
0,060
0,050 Distribuição
europeu
0,040
Produção
0,030
0,020
0,010
0,000
-0,010
-0,020
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,080
0,070
Palete de madeira
Filme PEBD
0,050
Caixa de cartolina
europeu
0,040 Embalagem
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
A redução do impacte no fim de vida tem sobretudo a ver com a reutilização da palete
de madeira, conforme ilustrado na Figura 80.
Figura 80 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de gelados.
-0,010
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
De um modo geral pode-se afirmar que a fase mais relevante para o ciclo de vida das
embalagens de bens alimentares é a fase da produção e, dentro desta, a produção da
embalagem primária.
Esta fase tem uma particularidade interessante em relação à produção. Enquanto que o
impacte resultante da produção das embalagens pode ser atenuado na fase de fim de
vida das embalagens, nomeadamente através da reutilização, reciclagem e valorização
energética das embalagens, na distribuição, o impacte desta fase é permanente e não
pode ser atenuado, a não ser por alteração directa ou indirecta das condições de
distribuição.
Verifica-se pela análise das ACV realizadas que a importância relativa da distribuição
é maior nas categorias de eutrofização, acidificação e smog de verão.
Sm og de ve r ão
0,016
impac te ambiental normaliz ado na c ategoria
0,014
0,012
Iogurtes
s mog de v erão
0,010
Congelados
0,008 Manteigas
Margarinas
0,006
0,004
0,002
0,000
1000 1100 1200 1300 1400
peso do s is tema de embalagem / Unidade f unc ional
0,016
impac te ambiental normaliz ado na c ategoria
0,014
Iogurtes
0,012 Congelados
Manteigas
0,010
eutrof iz aç ão
Margarinas
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
1000 1100 1200 1300 1400
peso do s is tema de embalagem / Unidade f unc ional
ao âmbito e objectivo deste estudo, que pretende avaliar um significativo número das
embalagens de bens alimentares, caracterizou-se a logística em termos gerais. Num
estudo mais exaustivo sobre determinada embalagem ou determinado tipo de
embalagem, esta fase do ciclo de vida da embalagem deverá ser caracterizada mais
pormenorizadamente.
7E-05
Impacte normalizado para a produção de 1 kWh de energia
6E-05
5E-05
Carvão
4E-05
Petróleo
Gás
3E-05 Hídrica
Nuclear
2E-05
1E-05
0E+00
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
0,00015
Impacte normalizado para a valorização energética de
1kg de resíduos de plásticos presentes nos R.S.U.
0,0001
0,00005
-0,00005
-0,0001
-0,00015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
3.7.5.1 Aço
Apesar de não se produzir energia através da valorização energética das latas de aço, o
aço que fica como resíduo nas escórias do fundo do forno pode ser reciclado, mesmo
tendo em conta a sua pior qualidade. Devido a este facto e ao processo de valorização
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em 109
Portugal
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.7.5.2 Madeira
3.7.5.3 Plásticos
As embalagens de plásticos não são praticamente recicladas por várias razões: existem
plásticos que não são reciclados (ex. caso de poliestireno); o tipo de produto embalado
pode impedir a reciclagem (ex. óleos vegetais); a taxa de reciclagem de plásticos é
bastante reduzida. Das principais embalagens de plástico estudadas as únicas que são
recicladas são as de PEAD de iogurte líquido. Neste caso, a reciclagem apesar de ter
efeitos positivos ao nível do impacte em energia e smog de verão, por exemplo,
aumenta ligeiramente o impacte nas categorias efeito de estufa, acidificação e metais
pesados, devido ao consumo de energia associado ao processo de reciclagem (ver
Figura 85).
3,00E-04
Impacte normalizado para a reciclagem de 1 kg de PEAD
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
-1,00E-04
-2,00E-04
-3,00E-04
-4,00E-04
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M.p. Carc. S.i. S.v. Pest. Ener. R.S.
3.7.5.4 Papel/Cartão
Todas as embalagens primárias que contêm papel e cartão são compostas igualmente
de outros materiais, o que torna difícil avaliar quais os tipos de impacte ambiental
associados às embalagens deste material, uma vez que dependem muito da
embalagem considerada.
No caso do cartão para alimentos líquidos, que também é uma embalagem composta,
o principal impacte situa-se na categoria de energia, sendo os restantes impactes
bastante homogéneos, exceptuando nas categorias camada de ozono e pesticidas, sem
expressão e eutrofização e smog de inverno, pouco relevantes.
3.7.5.5 Vidro
Apesar das componentes de embalagem mais comuns, que não a embalagem primária,
terem geralmente impactes bastante menores que esta última, os principais impactes
por tipo de componente são os seguintes:
Devido aos principais impactes ambientais do ciclo de vida das embalagens de bens
alimentares se deverem à embalagem primária, optou-se por avaliar cenários que
diferem da situação de referência ao nível da produção da embalagem primária e taxa
de reciclagem destas.
0,02
0,015
0,01
0,005
0
R C1 C2 C3
-0,005
R - Situção de referência
-0,01 C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,014
0,012
0,01
médio europeu
0,008
0,006
0,004
0,002
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Da análise dos gráficos apresentados em cima pode-se verificar que o aumento da taxa
de reciclagem, acompanhado pela melhoria do processo de reciclagem em Portugal
(aproveitamento das fibras de celulose do cartão, utilização do polietileno para
produção de calor e recuperação do alumínio oxidado) contribui bastante para a
redução do consumo de energia, do impacte na categoria carcinogenia e da produção
de resíduos sólidos ao longo do ciclo de vida da embalagem de leite. Em relação à
situação actual verifica-se que, mesmo utilizando os processos disponíveis
actualmente, uma taxa de reciclagem mais elevada (25%) permitiria reduzir o
consumo global de energia e a produção de resíduos sólidos em 15%, o impacte na
categoria carcinogenia em 25% e ligeiras reduções nas restantes categorias.
0,150
0,100
médio europeu
0,050
0,000
R C1 C2 C3
0,070
0,060
0,050
0,040
europeu
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
O consumo global de energia ao longo do ciclo de vida é inferior devido ao facto de,
ao reciclarmos as garrafas de iogurte líquido de PEAD, estarmos a evitar que seja
necessário produzir mais polímeros a partir de material virgem, ou seja estamos a
evitar fundamentalmente o consumo de petróleo utilizado para a produção dos
polímeros de PEAD. No balanço final, a redução do consumo de energia da fase de
produção de material reciclado, pela redução do consumo de petróleo para a produção
dos polímeros de PEAD é superior ao gasto de energia na operação de reciclagem.
Esta redução do consumo de energia não tem como correspondência directa um
abaixamento das emissões de efeito de estufa porque, tal como está feita a modelação,
o conteúdo energético do petróleo que serve como matéria prima para dar origem ao
granulado de PEAD não tem associado emissões atmosféricas, uma vez que não sofre
combustão. No cômputo global, a redução das emissões devido a evitarmos a
produção de granulado de PEAD virgem é inferior às emissões associadas ao próprio
processo de reciclagem do plástico, o que faz com que ao aumentarmos a taxa de
reciclagem das garrafas de PEAD, aumentamos também ligeiramente o impacte
ambiental na categoria efeito de estufa.
Para concluir, pode-se afirmar que o aumento das taxas de reciclagem das garrafas de
PEAD não é uma medida tão eficaz em termos de redução relativa do impacte
ambiental, como o é para outros materiais, como o vidro.
0,150
0,100
0,050
0,000
-0,050
R C1 C2
0,070
0,060
0,050
0,040
europeu
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,04
0,03
0,02
médio europeu
0,01
R C1 C2 C3
-0,01
R - Situç ão de referênc ia
C1 - Cenário 1
-0,02 C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
-0,03
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,04
0,035
0,03
0,025
europeu
0,02
0,015
0,01
0,005
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,120
0,060
0,040
0,020
0,000
-0,020
-0,040 R C1 C2
-0,060
-0,080
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,120
0,100
0,080
europeu
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Outro facto relevante que se pode retirar da análise realizada é que com a tecnologia
disponível actualmente é perfeitamente possível reduzir o impacte ambiental em todas
as categorias, utilizando as garrafas mais leves que são produzidas em Portugal. O
obstáculo à utilização destas garrafas prende-se com questões de marketing, uma vez
que os embaladores querem diferenciar o seu produto também pela embalagem
apresentada e como tal, por exemplo, em azeites de qualidade superior (menor grau de
acidez e normalmente embalado em garrafas de 0,75L) impõem especificações para as
garrafas que as faz tornarem-se mais pesadas.
0,12
0,1
0,08
0,06
médio europeu
0,04
0,02
-0,02 R C1 C2
-0,08
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,07
0,06
0,05
médio europeu
0,04
0,03
0,02
0,01
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Verifica-se pela análise dos cenários estudados que o aumento da taxa de reciclagem
das embalagens de folha de flandres contribui significativamente para a redução do
impacte ambiental nas categorias energia, resíduos sólidos e smog de verão, que dado
a situação actual são as categorias que apresentam maiores impactes. Nas restantes
categorias, como por exemplo no efeito de estufa, acidificação e metais pesados, a
redução é menor.
0,080
R - Situação de referência
C1 - Cenário 1
0,060 C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
0,040
médio europeu
0,020
0,000
R C1 C2 C3
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
0,045
0,040
0,035
0,030
médio europeu
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Cenário 2 – Pressupõe que a taxa de reutilização das paletes de madeira que servem
de embalagem terciária é de 95%, bastante superior aos 15% de
reutilização existente na situação de referência.
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
médio europeu
0,010
0,005
0,000
-0,005 R C1 C2
Figura 101 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de madeira de frutas e legumes
frescos na situação de referência e cenários 1 e 2.
Situação de referência Cenário 1 Cenário 2
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
0,018
0,016
0,014
0,012
médio europeu
0,010
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
A análise das Figura 100 e Figura 101 permite verificar que o aumento da taxa de
reciclagem das caixas de madeira one-way permite a redução dos impactes ambientais
em todas as categorias, mas sobretudo nas categorias energia e resíduos sólidos. Por
outro lado, demonstra-se que a introdução de paletes de madeira reutilizáveis, que
servem como embalagem terciária, é vantajosa ambientalmente em relação ao uso de
paletes de madeira não reutilizáveis e com reduzida taxa de reutilização,
especialmente devido à redução do consumo global de energia e de produção de
resíduos sólidos.
Com base nos cenários de eco-eficiência desenvolvidos pode-se comparar o efeito nos
diferentes materiais de embalagem do aumento da taxa de reciclagem e da redução do
peso da embalagem primária. Por exemplo, da análise da Figura 102 pode-se verificar
que o efeito do aumento da taxa de reciclagem na redução do consumo de energia é
maior nas embalagens de lata e vidro para azeite, enquanto que o esforço do aumento
da taxa de reciclagem das embalagens de PEAD para iogurtes e de cartão para
alimentos líquidos para leite, pouco contribuí para a redução do consumo de energia
ao longo do ciclo de vida destas embalagens.
50%
20%
15%
10%
5%
0%
0% 200% 400% 600% 800% 1000%
% de aumento da taxa de reciclagem
Por outro lado, na Figura 103 pode-se verificar que o efeito da redução do peso da
embalagem primária na redução do consumo de energia é mais eficaz na embalagem
de cartão para alimentos líquidos e na lata de azeite, e menos eficaz no caso da
embalagem de PS de iogurte, embora as diferenças existentes entre os diversos
materiais sejam bem menos significativas que no caso do aumento da taxa de
reciclagem.
Figura 103 – Redução do peso da embalagem primária vs. redução do consumo de energia.
10,0%
% de diminuição do consumo de energia
CAL leites
Pead
5,0%
PS
PET
Vidro
Lata
PP
0,0%
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16%
% da redução do peso de embalagem
Um estudo abrangente que focou diversos tipos de embalagem, mas que incidiu mais
concretamente nas embalagens de bebidas e na avaliação ambiental dos destinos finais
de embalagem foi o estudo da RDC (1997) que conclui que, em termos gerais, é
preferível de um ponto de vista ambiental a reciclagem de materiais em detrimento da
valorização energética para todos os materiais de embalagem e mais concretamente:
Um outro estudo realizado igualmente pela RDC, mas em colaboração com a PIRA
(RDC – Pira, 2001) refere que as embalagens de vidro one-way têm uma grande
desvantagem que é o impacte da produção de vidro, mesmo nos casos em que a taxa
de reciclagem é alta. Nos casos em que as embalagens de vidro são reutilizáveis
(exemplo: bebidas), o peso da embalagem de vidro provoca que o transporte
associado à reutilização das embalagens seja responsável por uma parte significativa
do impacte ambiental do ciclo de vida das embalagens. Para além deste facto, fazendo
a analogia com as embalagens de bebidas, o mesmo estudo conclui que as embalagens
de vidro são ambientalmente mais desfavoráveis que as embalagens de PET.
Tecnologicamente tem sido possível nos últimos anos reduzir os pesos das
embalagens dos principais materiais. Por exemplo, dados da APME referem que, em
10 anos, as embalagens de cartão para alimentos líquidos tiveram uma redução de
peso de 25%, as embalagens de PP de margarinas 27% e garrafas de bebidas 19%
(Plastval, 2001).
Os resultados obtidos permitem verificar que, na maior parte dos casos, o aumento da
taxa de reciclagem permite reduzir o impacte ambiental causado pela energia
consumida no ciclo de vida de uma embalagem. Em alguns materiais a redução
devido à reciclagem é maior, como por exemplo no vidro e noutros casos, como por
exemplo no PEAD, a redução é menor.
Apesar de alguns dos resultados obtidos não serem directamente comparáveis com
estudos existentes devido a algumas embalagens e metodologias serem diferentes,
verifica-se que de uma maneira geral os resultados do estudo estão de acordo com
resultados e conclusões de estudos realizados em outros países.
O DfE pode-se desagregar em múltiplas dimensões mais específicas, mas que estão
relacionadas entre si. Para além do design for recycling (Projectar para reciclagem),
em que a preocupação se centra em facilitar e potenciar o processo de reciclagem,
podem-se enumerar outras práticas como o design for waste minimization, design for
energy conservation, design for chronic risk reduction e o design for accident
prevention (Fiksel, 1996).
- Uma tendência que poderá ocorrer no futuro será a substituição dos copos de
PS por copos constituídos por polipropileno mais leves.
A recolha selectiva das embalagens visa a separação por tipo de material de modo a
garantir resíduos de embalagem em quantidade e qualidade suficientes para posterior
reciclagem. Entre as vantagens genéricas da reciclagem contam-se: a extensão do
ciclo de vida dos materiais usados, a redução do uso de materiais virgens e da
deposição dos materiais em fim de vida e a promoção da gestão responsável dos
resíduos de embalagem pelos consumidores. Por outro lado as dificuldades da
reciclagem situam-se ao nível dos custos de retoma, transporte e reciclagem, do limite
de vezes que um material pode ser reciclado sem perder as suas qualidades, da
instabilidade do mercado de resíduos reciclados e do “custo” imputado ao consumidor
devido a colectar separadamente os materiais de embalagem que poderão desencorajar
a separação dos resíduos pelo mesmo (Lancashire County Council, 1999).
O vidro apresenta uma taxa de reciclagem elevada quando comparada com outros
materiais e a sua recolha, à semelhança do papel, era actividade bem desenvolvida
antes do surgimento dos sistemas de gestão de resíduos de embalagem. A própria
indústria vidreira desenvolveu um sistema de recolha próprio, dado que o resíduo de
vidro apresenta um valor económico elevado. O ponto fundamental para o aumento da
taxa de reciclagem de vidro situa-se na recolha de resíduos e fundamentalmente na
sua qualidade. A separação por cores é fundamental, quer seja feita de um modo
automático ou pelo consumidor, assim como o nível de impurezas existentes nos
resíduos. Por exemplo, o chumbo existente nos cristais e ecrãs de televisores é nefasto
para a produção de vidro e estes produtos, que muitas vezes acabam por ir parar ao
sistema de recolha de vidro de embalagem, põem em causa a sua reciclagem, devido
às especificações legais que o vidro de embalagem de bens alimentares necessita de
apresentar.
Tabela 62 – Propostas de metas de reciclagem para a nova directiva sobre embalagens para
2006
Vidro Papel/ Metal Plástico Madeira Global
cartão
CE 70 60 50 20 - 60
ARGUS 75 65 55 20 - 60
RDC-PIRA 53-87 60-74 63-76 26-31 26-36 47-66 50-68
Uma medida fundamental para reduzir o impacte ambiental das embalagens é actuar
ao nível da prevenção de embalagem e introduzir metas quantificadas a nível nacional
e europeu para formalizar os objectivos a atingir, como já existentes em países como a
Holanda, Finlândia e Bélgica. Esta política pode ser consubstanciada de duas formas:
prevenindo o aumento do consumo de embalagens, ou prevenindo o aumento dos
resíduos de embalagem, desde que seja assegurada a qualidade e protecção do
produto.
A reutilização é uma opção de fim de vida que depende não só de questões técnicas
mas sobretudo da vontade dos consumidores para devolverem a embalagem em boas
condições e da vontade dos produtores em implementarem o sistema de reutilização.
Introduzir metas de reutilização de alguns tipos de embalagens na futura directiva
permitiria que os Estados-Membros apoiassem mais activamente esta opção de fim de
vida. Esta medida permitiria além do mais uma maior uniformidade no espaço
europeu e permitiria atenuar situações como a que está a ocorrer na Alemanha onde os
produtores evocam a livre circulação de bens e distorções de concorrência no espaço
europeu para colocarem acções legais contra o seu governo pela imposição de quotas
maioritárias de embalagens reutilizáveis nos mercados de bebidas.
O aumento das taxas de reciclagem deve ser incentivado, mas não se deve subsidiar o
processo de reciclagem de um modo rígido quando não existem tecnologias ou
aplicações que permitam que os materiais reciclados tenham boa aceitação em termos
económicos, uma vez que se estariam a introduzir grandes distorções no mercado.
Como tal, é necessário um esforço de I&D por parte dos organismos públicos ligados
à gestão dos resíduos e dos operadores privados de modo a garantir o aumento das
aplicações e mercados para os produtos reciclados.
Este trabalho, que incide nas embalagens de bens alimentares, visa ser um contributo
para a persecução desse objectivo e para que a industria de embalagem e outros
agentes intervenientes no mercado de embalagens desenvolvam um mercado nacional
com práticas mais avançadas e sustentáveis, que incluam o eco-design, a avaliação de
fornecedores, a comunicação dos dados ambientais das empresas e a certificação
ambiental, entre outras, que se encontram implementadas ainda incipientemente no
nosso país.
Dado a principal causa do impacte ambiental das embalagens de bens alimentares ser
a fase de produção e mais concretamente a produção da embalagem primária deve-se
apostar igualmente na redução da quantidade de material de embalagem para diminuir
a pressão das embalagens sobre o ambiente, desde que seja assegurada a protecção do
produto. Um dos modos para se atingir este fim é os produtores incorporarem as
preocupações ambientais na fase de concepção do produto através do conceito de eco-
design. Por outro lado, as medidas para potenciarem o eco-design poderiam passar
por, entre outras, a certificação das embalagens ambientalmente correctas e o
estabelecimento de embalagem e processos de referência.
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