Você está na página 1de 5

CASO SOBRE A COMUNIDADE SANTA IZABEL

João é agente de projetos sociais e iniciou uma pesquisa na comunidade Santa


Izabel, mas ao desenvolver as entrevistas com as lideranças identificadas
acabou expondo opiniões de uma liderança para outra, o que caracteriza a
quebra de sigilo durante a pesquisa. Por isto você ficou com a função de
pesquisar as demandas sociais da comunidade em que ele iniciou o trabalho.
Vamos lá?
A organização que contratou você pretende atuar no bairro Santa Izabel, no
tema educação de crianças e adolescentes. Tem o intuito de identificar a
necessidade da construção de uma escola ou uma associação que atenda
crianças e adolescentes no contraturno escolar, para oferecer aulas de reforço
e atividades extracurriculares. Para isto segue abaixo um relato entregue pelo
colega João, agente de projeto social que iniciou a pesquisa, com dados
pesquisados por ele, leia com atenção:

A comunidade Santa Izabel está localizada próximo ao rio Paraguai, que nesta região é
bastante largo e volumoso. A maioria das ruas é asfaltada, mas as que beiram o rio
ainda são de terra e muito esburacadas. A coleta de lixo é feita semanalmente o que
gera o acúmulo de muito lixo nas ruas durante a semana e em alguns pontos o cheiro é
bastante desagradável. Observei que muitas crianças e adolescentes brincam na beira
do rio e ruas próximas. Alguns adolescentes parecem cuidar de crianças menores,
durante os banhos no rio.
Há uma escola localizada a, no mínimo, 10 km da região, em outro bairro da cidade, e
uma creche no bairro vizinho, que fica a aproximadamente 2 km. Existem apenas duas
organizações na comunidade, uma cooperativa de pescadores, composta por 13
pescadores moradores da comunidade e uma fábrica de alimentos congelados,
composta por 15 cozinheiros, entre eles 12 são moradores do bairro. Além disso, o
Padre Firmo foi identificado por diversos moradores entrevistados como uma pessoa
importante e influente na região. Ele comanda uma igreja que fica na fronteira entre o
bairro Santa Izabel e Santa Amália. Ao entrevistar os lideres ativos identificados coletei
os seguintes dados:

Transcrição da entrevista feita com José, líder da cooperativa de pescadores:

1-Fale um pouco sobre a vida no bairro, em especial para as crianças que moram
aqui.
Aqui a vida é tranquila...quando tem peixe e todo mundo fica feliz. Na época da
piracema agente não pode pescá...alguns até já se arriscaram, más aqui na cooperativa
não, agente não deixa. Tem um monte de criança que aprende a pescar dês de
pequenininha. Fica junto com o pai e aprende. Quando vira rapaizinho as vezes pesca
melhor que muito pescador antigo. Eu gosto muito desses adolescentes que ficam
pescando o dia todo com os pais... pra ajudá na cooperativa né?! O que eu não gosto é
quando morre alguma criança afogada no rio... sabe como é... os pais não podem ficar
cuidando o tempo todo porque tem que trabalhar e aí acontece esses acidentes.
2-O que fazem as crianças do bairro durante o dia?
Elas ficam no rio brincando, pescando... cuidando dos mais novos.
Alguns resolvem estudar e tem um trabalhão.... más alguns desistem, porque a escola
fica muito longe e pescar é mais fácil de conseguir comida e dinheiro né?
3- Seus filhos e os filhos dos pescadores da cooperativa estudam? Onde?
Os meus não. Acho que eles tem que aprender uma profissão... temos esse riozão
aqui...agente tem que aproveitar. Alguns estudam, más é muito longe... eles vão
andando e acabam levando quase o dia todo para ir e voltar. Ainda tem os deveres....
não é fácil. E a maioria dos pescadores não estudou, daí não dá para ajudar nem nos
deveres. Alguns desistem e vem trabalhar com agente.
4-Como você vê o futuro das crianças do bairro?
Acho que eles tem que aprender a pescar e trabalhar para que a cooperativa cresça
mais. Tem um padre que fica tentando convencer os pais a colocar as crianças na
escola.... más é porque ele recebe dinheiro da igreja, não sabe o que é trabalhar o dia
todo e não ter peixe no final.
5- Sobre o tema educação o que deveria mudar ou se manter no bairro?
Acho que a escola devia ser mais perto né?!

Transcrição da entrevista feita com Fabiana, dona da fábrica de comidas


congeladas:

1-Fale um pouco sobre a vida no bairro, em especial para as crianças que moram
aqui.
Aqui é um lugar tranquilo e as pessoas são legais. Tudo gira em torno do rio: comida,
dinheiro, encontros, festa, religião... As crianças brincam muito aqui, o rio é uma festa
só! Só algumas que são obrigadas a trabalhar, a pescar junto com os pais. Aqui na
fábrica eu não permito que nenhuma criança trabalhe, todas devem ir para a escola.
2- O que fazem as crianças do bairro durante o dia?
A maioria fica na rua brincando e pescando. Algumas vão para a escola, que fica bem
longe. Os moradores daqui não tem muito dinheiro e elas tem que ir andando para
escola. Não temos transporte escolar, sabe? Acho meio perigoso essas crianças ficarem
na beira do rio sozinhas o dia todo. Já teve muita criança que morreu afogada por
aqui. Os pais não podem cuidar e não tem como pagar alguém para isso.
3- Seus filhos e os filhos dos trabalhadores da fábrica estudam? Onde?
Eu não tenho filhos, más a maioria dos filhos dos meus funcionários estudam. Na
verdade ao todo são 10 crianças, 4 ainda vão para creche, que não é tão longe e 3
estudam na escola, que é longe...  e as outras ficam com o pai na pescaria. Eu não
gosto de ver essas crianças sem estudar, mas vou fazer o quê?
4- Como você vê o futuro das crianças do bairro?
Não vejo um bom futuro não. Acho que a maioria vai ficar por aqui mesmo, sem
estudar e trabalhando no rio. O padre Firmo tenta mudar essa situação e eu admiro
isso, más não é fácil. Fica tudo muito longe e difícil...
5- Sobre o tema educação, o que deveria mudar ou se manter no bairro?
Acho que falta condições para as crianças estudarem...sei lá...um transporte
escolar ...ou melhor, uma escola mais perto. E também os pais deixarem...
principalmente os da cooperativa.
Transcrição da entrevista feita com Padre Firmo:

1-Fale um pouco sobre a vida no bairro, em especial para as crianças que moram
aqui.
Bom... a vida aqui é pacata, com poucas novidades. A comunidade é unida e gosta de
vir na igreja. Uma vez precisamos pintar a igreja e muitos moradores vieram ajudar,
principalmente os do Santa Izabel.
As crianças é que me preocupam... a maioria é filha de pescador ...não tem como ir
para a escola porque é muito longe e os pais ainda incentivam a trabalhar no rio,
principalmente os pescadores da cooperativa. Entendo a dificuldade, más continuo
tentando argumentar que é importante estudar e que vale o sacrifício.
2-O que fazem as crianças do bairro durante o dia?
Aaaaa....passam o dia no rio...tomando banho e brincando. Algumas acabam indo
embora pra sempre nos repuxos do rio... também...ficam sozinhas...se estivessem na
escola isso não aconteceria não é?!.
3- Os filhos dos fiéis estudam? Onde?
São muitos... más posso dizer, assim por cima, que a maioria não estuda e se estudou
fez apenas os primeiros anos da escola e depois abandonou. Normalmente ficam o
tempo que podem na creche aqui perto e depois pelas ruas, no rio, aprendendo a
pescar...
4-Como você vê o futuro das crianças do bairro?
Nada promissor... não acho certo não poderem estudar por falta de condições. Acho
que vão continuar aqui trabalhando de pesca, e com o rio. Sei que isso tem um lado
bom porque mantém a comunidade unida né?... más acho que se estudassem poderiam
trazer novas formas de trabalhar pra comunidade ...assim ...jeitos mais modernos e que
rendessem mais avanço pra a comunidade. Poderiam escolher o que querem ser.... Já
imaginou termos um médico aqui na comunidade que fosse morador daqui mesmo? Ou
professores, enfermeiros, administradores....seria ótimo!
5- Sobre o tema educação o que deveria mudar ou se manter no bairro?
Deveria ter uma escola aqui, ou um lugar em que as crianças fossem para aprender e
serem incentivas a ir para a escola.... Um meio de transporte para levá-las também
seria necessário.

---------------------------------------------

Em acordo com dados da prefeitura da cidade de Grades, no bairro Santa


Izabel vivem 936 pessoas. A média municipal de pessoas por domicílio é de 4
pessoas.
Segundo o Censo 2010 feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), na cidade de Grades, haviam 10.587 matriculas no ensino
fundamental e 3.296 no ensino médio. E o total da população alfabetizada é de
35.602.
Total de habitantes de Grades, segundo o Censo 2010 feito pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística): 50.942 habitantes

Result
ados
prelimi
nares
do
censo
escola
r de
escola
s
munici
pais
Urban
as da
cidade
de
Grade
s–
INEP
2015
Matríc
ula
inicial
Ensino
regular
EMédi
En o
ds
ui
cn
ao
ç
ãf
ou
n
id
na
fm
ae
nn
tt
ia
ll
CPAA
rrnn
eéoo
c ss
he
esi f
cni
oi n
l ca
aii
as
i
s
PIPIPIPIPI
ananananan
rtrtrtrtrt
cecececece
i
i gagi gi gi g
arl rararar
l aal al al a
lllll
4510116300
155.177
2882161
043
9

Obs.: Todos os dados acima são fictícios.

Você também pode gostar