Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Química,
Saúde
&
Medicamentos
-1-
Lúcio Vieira
Sumário
1.Introdução .................................................................................................. 3
2. Capítulo 1- A importância da química orgânica .................................... 6
3. Capítulo 2 - O corpo humano ............................................................... 11
2.1- O corpo químico .............................................................. 11
2.2 - Metais e não-metais da "pesada" .................................... 11
4. Capítulo 3 - Compostos orgânicos e as ligações químicas ................... 14
3.1 - O carbono ....................................................................... 14
3.2 - Propriedades físicas ........................................................ 15
3.3 - Acidez e basicidade ........................................................ 16
5. Capítulo 4 - A química da vida .............................................................. 18
4.1 - Reações químicas no organismo .................................... 18
4.2 - Química celular .............................................................. 20
6. Capítulo 5 - Química e saúde ................................................................ 24
5.1 - Os medicamentos ........................................................... 24
5.2 - Composição dos medicamentos .................................... 24
5.3 - Nome dos medicamentos ................................................ 25
5.4 - Auto-medicação - Cuidado............................................. 26
5.5 - Ação dos medicamentos ................................................. 27
5.6 - Iguais porém diferentes .................................................. 33
7. Capítulo 6 - Os males da vida ................................................................ 35
6.1 - Uma vida ácida demais ................................................... 35
6.2 - Ácido acetilsalicílico ...................................................... 37
6.3 - Outros analgésicos .......................................................... 41
6.4 - Metabolismo das drogas - anfetamina ............................ 42
6.5 - Cigarro não é só fumaça ................................................. 43
6.6 - Cocaína não é só pó ........................................................ 45
6.7 - O corpo padece - infecções............................................. 45
8. Capítulo 7 - Drogas "domésticas" .......................................................... 48
7.1 - Antissépticos................................................................... 48
7.2 - Vitaminas ........................................................................ 49
7.3 - Tratamento de queimaduras ........................................... 49
7.4 - Outros medicamentos ..................................................... 50
9. Sugestões de publicações para trabalhos com alunos ........................... 51
10. Bibliografia ........................................................................................... 52
-2-
Química, Saúde & Medicamentos
Intr odução
Esta posição é referendada adiante pelo mesmo autor quando afirma que
"A química que se ensina deve preparar o cidadão para a
vida: para o trabalho e para o lazer."
(Chassot, 1990 - p. 32)
-3-
Lúcio Vieira
A idéia da formação do cidadão esta presente em todas elas. É com este agente
motivador que o professor de química poderá responder aos alunos.
Esta resposta, pode ficar apenas como solução do problema colocado pelo aluno
quando pergunta sobre a necessidade de aprender química. Mas, com certeza, seria mais
fácil arranjar alguns exemplos do cotidiano do próprio aluno e isto, talvez, bastasse.
Porém, a compreensão do papel da escola na formação do aluno deve fazer parte
do processo de convencimento do professor e, posteriormente do aluno, para que o
ensino seja significativo.
Este convencimento está na própria função histórica e social da educação.
Conforme afirma o Professor Saviani, a educação não pode ser vista como algo que se
esgota em sí mesma, mas mas como algo que se projeta para o futuro.
-4-
Química, Saúde & Medicamentos
um relaxamento em relação aos conteúdos a serem ministrados.
É acima de tudo oferecer um ensino de qualidade superior. O que implica em
quantidade de informação, com uma nova abordagem.
Há que se criticar as modas educacionais, as ondas do tipo "Qualidade Total" que
embora denunciem a precariedade do ensino, principalmente o público, induz a
soluções mercadológicas. Um ensino que pretende unicamente preparar a mão de obra
para o mercado, onde o importante é saber fazer. Não para que fazer, nem para quem.
Sem a preocupação de desenvolver um indivíduo livre.
O tema proposto - Química, Saúde e Medicamentos - é um entre tantos
possíveis. Traz a preocupação de reunir vários subsídios num único trabalho para
facilitar sua utilização.
A partir do tema pretende-se discutir inicialmente o corpo humano sob o ponto
de vista químico, sua composição, suas reações para após apresentar os medicamentos
de uso comum como: antitérmicos, analgésicos, antibióticos (sulfas), anti-sépticos
(mercúrio, merthiolate, iodo, permanganato de potássio, etc.), antiácidos.
O tema servirá para chamar a atenção para o significado da química no cotidiano
do aluno, contribuíndo para o seu desenvolvimento, em particular no que se refere ao uso
dos medicamentos.
Pesquisas junto a familiares, comunidade, em periódicos, sobre a auto-medica-
ção, seus riscos, o número de farmácias no bairro, na cidade, o significado deste número
quando comparado às condições de saúde da população, o uso da medicina alternativa
(chás, ervas) origens, tradição, conservação, prazo de validade, riscos decorrentes do
uso indevido ( aspectos toxicológicos, contra-indicações, excessos), entre outros,
servirão como recursos didáticos.
Com o desenvolvimento do trabalho pode-se discutir fórmulas químicas das
drogas, nomenclatura, reações químicas - tanto no processo de fabricação quanto nas
interações com o organismo. Funções químicas, velocidade das reações, solubilidade,
equilíbrio químico, isomeria.
Paralelo a esta atividade, o aluno passará a ser incentivado a discutir o assunto
medicamentos associado à questão da saúde pública: o uso da receita médica e a auto-
medicação; a consulta médica e a consulta ao farmacêutico; o medicamento industria-
lizado e os medicamentos caseiros; a proliferação de farmácias e a questão da qualidade
de vida da população. A indústria química, os diferentes laboratórios, a dependências
de laboratórios multinacionais (lei das patentes), entre outros assuntos.
Nos textos que tratam das reações químicas que ocorrem no nosso organismo,
pretende-se aguçar a curiosidade do aluno, na medida em que ele comece a compreender
alguns processos químicos determinantes para a sua vida. Quanto aos medicamentos
apresentamos algumas reações químicas como a ação de antiácidos e de alguns
analgésicos e a ação dos biocatalizadores.
Outro grupo de assuntos são os referentes as drogas como o fumo, o álcool, a
cocaína. Suas fórmulas, algumas reações químicas e efeitos físicos.
-5-
Lúcio Vieira
Capítulo 1
Polímeros
H H
O O
O O
H H H H OH OH
C C
H2 SO4
CH2 CH2
H H _ H2O
C O C O
H H
H H OH OH
O O
H H
( CH2 = CH
Cl ) n
CH2 CH
Cl
CH2 CH
Cl
CH2
O O
HN-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-NH-C-CH2-CH2-CH2-CH2-C-HN-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-NH-
( ) n
( H2C = CH O C
O
CH3 )n
(
O
C
CH3
O )
n
Fig. 9 - PVA - Poliacetato de vinila: Utilizado em tintas e adesivos
H
CO N
Fig. 11 - Indigo - azul da moda. O mais
C=C
antigo corante natural.
N OC
H
-9-
Lúcio Vieira
H
C H
O
Condensação
c c
o oH
benzaldeído
benzoína
o oxidação
N c
c N ciclização
c c
c
o o
o
benzila
fenitoína
Fig. 12 - Produção da fenitoína - medicamento utilizado no tratamento da epilepsia.
OH
O
H
H N
N C
C +2H
C C
(b) C C
- 2H
N C
N C
H
H
azul O
OH branco
-10-
Química, Saúde & Medicamentos
Capítulo 2
O CORPO HUMANO
Este capítulo apresenta a constituição química do corpo humano. Os principais
elementos, suas funções e os riscos de exposição ou absorção de certas substâncias.
Tabela I
-12-
Química, Saúde & Medicamentos
mantendo-se unido). No entanto a pequena quantidade de vapor de mercúrio inalada
pode ser suficiente para levar a morte.
O mercúrio pode entrar no organismo por inalação, indo para os pulmões ou
através da pele. Uma vez dentro do corpo se converte em cátion Hg2+, que provoca
lentamente danos irremediáveis no cérebro.
O 2,3-ditiol propanol (B.A.L - British Anti-Lewsite) é capaz de reagir com o Hg 2+
formando um composto quelato, combatendo assim a presença do cátion no organismo.
O BAL foi utilizado como antídoto para gases venenosos de guerra a base de arsênio e
envenenemento por mercúrio.
Embora o mercúrio metálico não seja diretamente absorvido pelo corpo, por ação
de microorganismos forma-se um composto facilmente assimilável. O dimetil-mercú-
rio. Este é um dos principais poluentes decorrente da ação descontrolada do homem nos
garimpos.
Chumbo: A intoxicação por este metal causa alucinações, perda de memória,
tremores, paralisia, melancolia, pesadelos, insônia, cólicas intestinais, glaucoma, prisão
de ventre, lesões renais, impotência sexual nos homens, tumores cerebrais, nódulos nos
seios.
O chumbo está presente nas latas de conservas, tubos metálicos de pastas de
dente, fumaça de cigarro e de carvão, tintas em geral e tinturas para cabelo pretos.
Zinco: A contaminação por zinco pode causar confusão mental, coceira nos
olhos, sangramento das gengivas, infecção urinária, brontique asmática, varizes.
Este metal está presente nas latas de conservas, tubos de pastas de dente, talcos, polvilhos
anti-sépticos, pomadas contra assaduras, forração das cavidades dentárias e dentifrícios
antitártaro.
Cobr e: Causa espasmos, cãibras, convulsões, náuseas, cólicas, anginas de peito,
tosse, vômitos.
Está presente nas latas com revestimento interno dourado, piscinas com excesso de
algicidas e sulfato de cobre, diversos medicamentos contra anemia e vitaminas.
Cr omo: Seu excesso lesa os rins e o figado. Está presente em gelatinas e no ácido
crômico, utilizado para queimar verrugas.
Fosfor o: Sua contaminação causa psicose maníaco-depressiva. Está presente
nos agrotóxicos e inseticidas domésticos.
-13-
Lúcio Vieira
Metal Pesado Confunde Tr abalho das Pr oteínas
Capítulo 3
OS COMPOSTOS ORGÂNICOS E AS LIGAÇÒES QUÍMICAS
A dependência entre propriedades dos compostos orgânicos e as ligações
químicas é apresentada neste capítulo, buscando estabelecer relações entre a teoria e
o observado na natureza.
-15-
Lúcio Vieira
Efeito do tipo de cadeia:
Compostos de cadeia normal quando comparados com compostos de cadeia
ramificada apresentam pontos de fusão e ebulição mais elevados. Isto decorre do maior
número de átomos próximos que encontramos entre as cadeias normais. (Ver anexo 1)
Efeito das insaturações:
A presença de ligações duplas provoca um maior distanciamento entre as moléculas.
Devido a geometria trigonal. (exemplo da margarina e dos óleos). (Ver anexo 1)
-17-
Lúcio Vieira
O CH3 O CH3
C C
O O
+ H3O+
O O
C C
_
OH (a) O (b)
Fig. 14 - AAS. Em solução ácida (a) e em solução neutra (b)
Capítulo 4
A QUÍMICA DA VIDA
Uma das áreas de singular importância é aquela que trata da vida, das reaçõs
químicas que ocorrem no organismo humano, das quais depende a sua saúde e as
doenças.
Outra é a que trata da sua cura, das doenças, dos males da vida; os medicamen-
tos.
4.1. Reações químicas no or ganismo - acidez e basicidade
Assim como os tecidos são constituídos por células, estas são constituídas por
moléculas.
As moléculas são produtos de inúmeras reações químicas.
Uma das reações mais importantes que ocorrem no nosso corpo é a da "queima"
do alimento a nível celular. A principal reação é a da oxidação da glicose
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + Energia (Eq. 1)
Esta energia é utilizada para promover outras reações químicas ou é armazenada
no corpo para ser utilizada em novas situações. É esta energia, produto do metabolismo
dos alimentos em nosso corpo, que mantém a nossa temperatura constante e permite
todas as atividades humanas, como caminhar, pensar etc.
Como vimos na equação 1, um dos produtos da combustão da glicose é o gás
carbônico. Este gás, parte dele, ingressa no sangue onde reage com a água ali presente,
formando o ácido carbônico (Eq. 2)
CO2 + H2O H2CO3 (Eq. 2)
-18-
Química, Saúde & Medicamentos
O ácido, embora fraco (Ka pequeno), sofre dissociação (Eq. 3)
H2CO3 H+ + HCO3- (Eq. 3)
-19-
Lúcio Vieira
provocada por fortes vômitos quando é expelida gande quantidade de ácido clorídrico
do estômago. Uma alcalose crônica pode produzir fraqueza, respiração irregular e
contração muscular. Em casos graves pode levar a morte.
N N
O O
-
N N C H2 O P O P O
O
O- O-
OH OH
Fig. 15 - Molécula do difosfato de adenosina (ADP).
-21-
Lúcio Vieira
N N O
O O
N C H2 O P O P O P O-
N
O
O- O- O-
OH OH
Esta equação resume aquilo que acontece durante uma seqüência de mais de 20
reações químicas, envolvendo cerca de 20 enzimas. Molécula por molécula, a glicose
atravessa uma seqüência de células através do corpo. O conteúdo energético da glicose
é liberado, parte por parte, em reações individuais e imediatamente é armazenado por
um curto espaço de tempo na ATP.
Nesta reação de armazenamento de energia, o ADP (difosfato de adenosina)
(fig.15) adiciona um grupo fosfato para formar o ATP e água.
-22-
Química, Saúde & Medicamentos
CH=CH2 CH3
H3C CH=CH2
N N
Fe
N N
H3C CH3
(a)
HOOCCH2CH2 CH2CH2COOH
C H3
H
C H2 C H3
O
C O
H 3C C C H3
N N C O
HC Mg C CH
O
N N
HC C H2 C H2 C
C O
H H
C H2
C H3 C H3
H C 20H 39
(b)
-23-
Lúcio Vieira
Capítulo 5
Neste capítulo é discutido o significado dos medicamentos, seus usos e cuidados.
Também propõe ao aluno uma série de procedimentos que visam contextualizar o
assunto
QUÍMICA E SAÚDE
5.1 - Os medicamentos*
Exemplos:
1. Nome genérico: Paracetamol
Nome químico: p-acetilaminofenol ou N-acetil-p-aminofenol ou 4-
hidroxiacetanilida
Nome de fantasia: Tylenol, Dôrico, Acetofen, Parador, Eraldor, Tynofen,
Dolocid, Pacemid, etc.
-25-
Lúcio Vieira
3. Nome genérico: Dipirona
Nome químico: 1-fenil-2,3-dimetil-5-pirazolona-4-metilamino
metanossulfonato de sódio monoidratada.
Nome de fantasia: Neosaldina, Novalgina, Anador
(Questão 4. Analise outros analgésicos ou antiácidos identificando o nome
genérico, nome química e de fantasia.)
R - COOH R - COO - + H +
-28-
Química, Saúde & Medicamentos
O CH3 O CH3
C C
O O
O
O
C
C
(a) OH
(b) O - Na+
CH3
N CH2 CH2 O CH
CH3
Difenidramina
_
Cl +
CH3
H
N CH2 CH2 O CH
CH3 Cloridrato de
Difenidramina
Fig. 18 - Difenidramina e seu sal cloridrato de difenidramina
OH
OH HO OH
HO OH
(a) (b)
Ciclohexanol OH
Fig. 19 - Ciclohexanol (a) e o Inositol (b)
-29-
Lúcio Vieira
5.5.2. - O efeito do pH
O ph do suco gástrico é bastante ácido, aproximadamente 1 enquanto o sangue,
apresenta pH igual a 7,4 portanto muito próxima ao neutro.
Se um eletrólito fraco for introduzido no organismo através do estômago ou pelo
sangue, ele irá se difundir através da membrana que separa o estômago do plasma sob
a forma neutra (não-ionizada) e atingirá o equilíbrio. A velocidade com que vai passar
de um lado para outro até atingir o equilíbrio dependerá da concentração da forma não-
ionizada. Assim, fatores que favoreçam esta forma aumentarão a sua absorção.
-31-
Lúcio Vieira
H CH3 CH3
O
+ HO
N
CH2 O
_
2Cl
(a) CH2
HO N+
CH3 O O
CH3 CH3
CCloreto
H 3 de d-tubocurarina
O
+
(b) C H3 - N - C H2 - C H2 - O - C - C H3
C H3
A c e tilc o lina
Fig. 20 - Cloreto de d-tubocuranina(a) e Acetilcolina (b)
Estes três tipos de ligações são reversíveis na temperatura corporal. Isto implica
em efeitos menos prolongados.
CH2 -CH3
NH - CH - CH2 - CH2 - CH2 - N
_ C H - C H2 - NH
(b) Epinefrina (adrenalina)
*OH C H3
HO OH
C H3
Talidomida
A talidomida (fig. 23) apresenta dois isômeros enantiomórfos (+/-), o medica-
mento empregado consistia em uma mistura racêmica.
Apenas o (-) tem propriedades teratogênicas. O (+) induz ao sono. Hoje esta
sendo empregado na cura da hanseniase (como antiviral). Estudos estão sendo iniciados
na busca da cura da AIDS.
-33-
Lúcio Vieira
c
N c*
c
N o
o
o
H
F ig. 23- Talidomida. O asterisco (*) indica o carbono quiral. Existem dois isômeros
enantiomorfos
Diaminodicloroplatino II
No tratamento do câncer é utilizada a droga - Diaminodicloroplatino II (fig.
24) - cuja molécula plana - gera dois isômeros (cis e trans).
Apenas o isômero cis é ativo contra o câncer, pois se une a um dos anéis da
guanina (fig. 25) do ADN evitando que a célula se divida.
O isômero trans, que também se une ao ADN rompe rapidamente a ligação
perdendo sua eficácia.
H3N Cl Cl NH3
Pt Pt
H3N Cl H3N Cl
F ig. 24 - Diaminodicloroplatino II
-34-
Química, Saúde & Medicamentos
o
N
HN
H2 N N N
F ig. 25 - Guanina
H
Capítulo 6
Os ácidos e bases, em geral são sinônimos de algo que faz mal, merecedor de todos
os cuidados ao manusiá-los. Porém os ácidos e as bases fazem parte da vida, do nosso
corpo, são constituíntes de diferentes medicamentos e têm inúmeras e importantes
aplicações.
OS MALES DA VIDA
6.1 Uma vida ácida demais
Ácidos e bases fortes destroem tecidos. Quando uma pessoa entra em contato
com uma dessas substâncias, seja na pele ou por ingestão acidental, o primeiro a ser feito
é beber bastante água para diluir o ácido ou a base.
Posteriormente, trata-se de neutraliza-las: uma base forte com um ácido fraco
(vinagre, ácido bórico - H3BO3, principalmente nos olhos). Um ácido forte com uma base
fraca (leite de magnésia, bicarbonato de sódio).(Por que não usamos ácidos ou bases
fortes para neutralizar bases ou ácidos fortes, respectivamente ?)
No organismo humano, o pH de cada órgão é rigorosamente controlado. No
estômago é produzido o ácido clorídrico, que é um ácido forte - responsável pela
digestão. O pH normal neste órgão está entre 0,9 e 1,5. É nesta faixa de acidez que as
enzimas responsáveis pela digestão gástrica trabalham em melhores condições.
A hiperacidez que eventualmente ocorre, tem diferentes origens: excesso de
alimentos, tensão nervosa, difícil digestão, etc. Há um volume muito grande de HCl
produzido. O pH é tão baixo que o poder corrosivo e irritante do ácido acaba por atacar
as paredes do estômago e do esôfago.
Combater a acidez estomacal consiste em ingerir uma substância alcalina capaz
de neutralizar o excesso de ácido. Para tanto utiliza-se uma base fraca (NaHCO 3, CaCO3,
Al(OH)3, Mg(OH)2).
A efervescência provocada pela dissolução de anti-ácidos em água decorre da
presença de NaHCO3 ou KHCO3 e um ácido fraco (ácido tartárico ou cítrico)
NaHCO3(aq) Na+(aq) + HCO3-(aq)
6.1.1 - Os antiácidos
Os antiácidos neutralizam o HCl - alterando o pH do estômago. As bases
Al(OH)3 e Mg(OH)2 por apresentarem baixa solubilidade são mais usadas. Elevam o pH
do suco gástrico até cerca de 4,5. Os ALCALINOS não são usados devido a sua grande
solubilidade em água. O CaCO3 é mais eficaz.
Um antiácido de uso comum é o Sonrisal. Na formulação deste medicamento
encontramos carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, ácido acetilsalicílico e ácido
cítrico.
Ao colocarmos o comprimido em água inicialmente temos a dissolução das
substâncias e, em seguida, iniciam-se as reações químicas entre as diferentes substâncias
que ionizaram-se em presença da água.
H2CO3 CO2 + H 2O
A síntese do AAS foi obtida pela primeira vez em 1899, porém o uso do princípio
ativo - salicina - é muito anterior. Consta que Hipócrates por volta de 400 a.C. já
recomendava o uso de infusões feitas com a casca de salgueiro, para aliviar a dor. Em
1633, um monge que vivia no Peru, cujo nome era Calancha, falava de uma tal “árvore
da febre”, cuja casca quando pulverizada e transformada em bebida, tinha o poder de
baixar a febre.
Passaram-se mais de sessenta anos até que o princípio ativo da casca do salgueiro
-37-
Lúcio Vieira
fosse isolado, denominando-se salicina (derivado do nome científico do salgueiro - salix
alba). Alguns anos após um químico napolitano Raffaele Piria, preparou em laboratório
o ácido salicílico, a partir da salicina.
Laboratório:
O ácido salicílico reage com anidrido acético em presença de ácido sulfúrico (o
ácido tem a função de romper as pontes de hidrogênio intramoleculares do ácido
salicílico.
O
OH ponte de hidrogênio
intramolecular CH3 C
+
O O AAS
Industrial: C CH3 C
OH O
metanol
(cat alisador) CO2
+ NaOH
O O O
C C C
-
OH ácido salicílico
OH O Na+
AAS
salicilato de sódio
ácido acetil salicílico
-39-
Lúcio Vieira
* A partir da conjugação com a glicina origina o ácido salicilúrico. A maior parte
é excretada pela urina ( de todos os metabólitos excretados, este representa 75%).
* Também são formados o éter ou glicuronídio fenólico e o éster ou acilglicuronídio.
* A partir da oxidação forma o ácido gentísico.
* Também formam-se os ácidos 2,5-diidróxibenzóico; ácido 2,3 diidróxibenzóico
e o ácido 2,3,5 triidróxibenzóico.
6.2.5 - Medicamento nem sempr e é r emédio
A dor é muitas vezes sinal de alerta do organismo. É o sintoma mais comum de
diversas doenças
Muitas pessoas poderiam, após algum tempo ver sua indisposição ou dor cessar
sem tomar qualquer medicamento. No entanto a pressão social (propaganda) presente
na sociedade de consumo leva a auto-medicação. Em determinados casos o medicamen-
te servirá para encobrir uma doença mais séria. O analgésico apenas alivia os sintomas,
não leva a cura. Além disso expõe o indivíduo aos efeitos colaterais.
Além do ácido acetilsalicílico outros dois princípios ativos são responsáveis pela
quase totalidade de analgésicos vendidos no mundo:
A Dipirona - Em alguns países só podem ser comercializados com receita
médica. Dentre os três, parece ser o mais eficaz contra a febre.
Reações adversas mais sérias é agranulocitose - diminuição dos glóbulos
brancos, esta doença é mortal, embora rara, e queda de pressão.
O Paracetamol - causa menor irritação que o AAS. Tem, por outro lado, maior
potencial para causar intoxicação. - Podem causar necrose no fígado.
CH 3
N
N C CH3
C C
N CH 3
O
CH 2 S O 3- Na+
F ig. 27 - Dipirona sódica
C
HO N CH 3
H
F ig. 28 - Paracetamol
-41-
Lúcio Vieira
6.4 -Metabolismo das dr ogas - anfetamina
CH3
OH
CH2 - CH - NH2
CH2 - CH - NH2 OH
SO2H (b)
(e) CH3 CH - CH - NH2
O
HO
CH - C (c) CH3
CH2 CH2 - C = O HO
CH3
CH2 - CH - NH2
(d)
CH3
COOH O
Gluc
(f)
O O
C -NH - CH2 - C - OH
NH2
F ig. 30 - Glicina
6.5 - Cigarro não é só fumaça
O tabagismo é responsável por 80% dos casos de enfisema pulmonar, 75% dos
casos de bronquite crônica, 80% dos casos de câncer no pulmão e 25% dos casos de
infarto no miocárdio. Essas doenças são chamadas tabaco-associadas.
Os fumantes em comparação com não fumantes apresentam riscos maiores em
até 800% de contrairem infecções respiratórias bacterianas e viróticas agudas e
crônicas; câncer de boca, laringe, esôfago, pâncreas, rim e bexiga; doenças circulatórias
como arteriosclerose, aneurisma na aorta, acidentes vasculares cerebrais e distúrbios em
vários órgãos.
A nicotina (fig. 35) é a principal causadora da dependência. Atua diretamente
sobre o sistema nervoso central, agindo também sobre as células dos gânglios simpáticos
e parassimpáticos. Além desse alcalóide, são identificados no fumo 4700 elementos
distribuídos em 14 funções químicas. Esse somatório faz com que o cigarro lese o
organismos através de diferentes mecanismos.
Aldeídos, cetonas, ácidos diversos, álcoois, amônia provocam inflamação dos
brônquios e hipertrofia das glândulas mucíperas, aumentando a secreção do muco,
causando modificações da função ciliar, desaparecimento dos cílios entre outras,
levando a ruptura dos septos, distensão dos alvéolos, caracterizando o enfisema.
O fumo contém 60 substâncias carcinogênicas, das quais se destacam a família
dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (entre outros constitui o alcatrão). Seus
maiores representantes são o benzopireno e o grupo das aminas aromáticas, dentre as
quais destaca-se como a mais potente substância oncogênica: a nornitrosamina. Junta-
se a essas substâncias o Formalacetaldeído, o Arsênico, o Níquel, o Cádmio e outros.
O fumo contém ainda elementos radioativos, como o carbono 14 e o polônio210.
Um fumante de 30 cigarros/dia recebe , por ano, uma irradiação equivalente a 8000 rems,
ou seja, o equivalente à dose superficial causada por cerca de 300 radiografias.
-43-
Lúcio Vieira
A ação do cigarro sobre o coração e sistema circulatório é especialmente exercida
pela nicotina e pelo monóxido de carbono. A nicotina libera a epinefrina e a
norepinefrina, acelera o ritmo cardíaco, provoca a vasoconstrição e a elevação da tensão
arterial.
O monóxido de carbono possui 250 vezes mais afinidade pela hemoglobina do
que o oxigênio, formando a carboxihemoglobina, dificultando a oxigenação dos tecidos
e do miocárdio. O tabagismo é a causa mais importante de morte por afecções das
coronárias.
6.5.2 - Nicotina
É um alcalóide de fórmula molecular - C10H14N2, solúvel em água e em solventes
apolares. Cada nitrogênio tem um par de elétrons capazes de aceitar prótons (base
Lewis). A solução aquosa da nicotina apresenta um Kb = 5,4 x 10-7, a 37oC.
N
F ig. 31 - Nicotina
N CH3
NH2
NH2
(a) C (b)
SO NH
O O 2 2
H
S CH3
CH2 - CO - NH - CH - CH C CH3
CO - N CH COOH
F ig. 34 - Penicilina
-46-
Química, Saúde & Medicamentos
A par tir da anilina é possível obter inúmer as substâncias:
- Por diazotação obtem-se o cloreto de fenil diazonio - produto intermediário para
preparação de corantes.
- Na reação com ácido cloroacético obtém-se o índigo.
- Com formaldeído obtém-se a resina anilina-formaldeído.
- Por acilação tem-se a acetanilida que dá origem as sulfas ou a corantes.
- Na alquilação e na arilação obtém-se a dimetilanilina e a difenilamina respecti-
vamente. Ambos intermediários na indústria de corantes.
- Por sulfonação obtém-se o ácido sulfanílico a partir do qual produz-se assulfamidas.
H O H O
NH2 N C CH3 N C CH3
acetilação clorossulfonação
ClCH2COOH HOSO2Cl
anilina
acetanilida
SO2Cl
cloreto de p-acetilsulfanililo
amonólise
H O NH3
NH2
N C CH3
hidrolise
H2O/NaOH
SO NH
2 2 SO2 NH 2
sulfanilamida N-acetilsulfanilamida
-47-
Lúcio Vieira
Capítulo 7
Neste capítulo são apresentadas fórmulas de substâncias comuns e algumas
sínteses que facilitam a análise de reações químicas
DROGAS " DOMÉSTICAS"
7.1 - Antissépticos: cuja função é destruir microrganismos ou inibir sua reprodução.
Exemplos: Iodo (I2), álcool etílico (C2H6O), hipoclorito de sódio (NaClO), fenol
(fig. 35), hexaclorofeno (fig. 36), tiomersal - sal sódico de etil-2-mercaptobenzoato-S
(fig. 37), mercúrio cromo (fig. 38) cujo termo cromo origina-se do grupo cromóforo (que
possue cor), paraclorofenol (fig. 39), cepacol - cloreto de hexadecilpiridinio (fig.. 40).
OH
Cl OH OH Cl
CH 2
F ig. 35 - fenol
fig. - Fenol Cl Cl Cl Cl
F ig. 36 - hexaclorofeno
fig. - hexaclorofeno
-
CO 2 Na+ HgOH
Hg Na+ -o o o
S C2 H 5
F ig. -37Mertiolate
- mertiolate Br Br
fig. - +
CO2 Na
F ig. 40 - Cepacol
cepacol (cloreto de hexadecilpiridino)
-48-
Química, Saúde & Medicamentos
7.2 - Vitaminas OH
_
NH 2 Cl OH C
N CH 2 N+ C CH 3
C C=O
CH 3 N CH C CH 2 CH 2OH
S H C O
fig. 41 - vitamina B1 - Tiamina
H C OH
CH2OH
fig. 42 - vitamina C - ácido ascórbico
7.3 - Tr atamento de queimadur as: picrato de butesina (fig. 43). Veja a produção
deste medicamento no box da página 50..
_ _
H O OH H O
BuCOO + + + + COOBu
N-N N -N
_ _
H O H O
F ig. 43 - Picrato de butesina NO2
Pr odução do Picr ato de butesina - O tolueno (metilbenzeno) sofre nitração. Como o
grupo metila é orto-para dirigente o grupo nitro entra na posição para, preferencialmen-
te, devido ao efeito estérico provocado pelo grupo metila. Após oxida-se com
permanganato de potássio em presença de ácido sulfúrico concentrado formando o ácido
para-nitrobenzóico. Este, por sua vez, é reduzido a ácido para-aminobenzóico. Por fim
o ácido é esterificado com butanol formando o para-aminobenzoato de butila. Por
complexação com o ácido pícrico obtém-se o picrato de butesina.
-49-
Lúcio Vieira
nitração oxidação
HNO3 KMnO4/H2SO4
NO2 NO2
redução
[H]
COOBu COOH
HO
cH2 N o
o
N3