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Editora Saber Ltda
Diretor O atual cenário
Hélio Fittipaldi
econômico
www.mecatronicaatual.com.br
A ABIMAQ lançou, durante a 28ª Feira Internacional da Mecânica, o
Catálogo Eletrônico CSQI que reúne informações sobre o setor de máquinas,
Editor e Diretor Responsável
Hélio Fittipaldi equipamentos e instrumentos para controle de qualidade, ensaio e medição.
Redação Embora o faturamento continue crescendo, com aumento de 15,8% no
Natália F. Cheapetta,
Thayna Santos
primeiro quadrimestre de 2010 em relação a 2009, para Luiz Aubert Neto,
Revisão Técnica presidente da ABIMAQ, o déficit da balança comercial é uma das maiores
Eutíquio Lopez ameaças não só sobre o setor de máquinas e equipamentos como também sobre
Produção
Diego Moreno Gomes
o parque industrial brasileiro como um todo.
Designers As exportações tiveram crescimento de 1,8% em relação ao ano anterior,
Carlos C. Tartaglioni, as importações cresceram 4,2% no mesmo período, afirma Aubert, que não
Diego Moreno Gomes
Colaboradores tem poupado esforços junto ao governo no sentido de conter as importações,
César Cassiolato, Davi Somaggio, inclusive, e principalmente, de máquinas usadas, que representam outra grande
Ederson Santos, Elison Fukabori,
Fabrizio Centineo, Fernanda Terzini Soares, ameaça ao setor.
Giancarlo Puga, Leo Kunigk, Como conter as importações!? Talvez a saída não seja uma ação radical na
Luiza Bacchi Curotto, Marcio Chiarlitti,
Marcos Liberato, Marcus Vinicius M. e Silva, contenção, e sim uma ação incisiva da nação brasileira contra o crime que o
Omar Perez, Paulo Sentieiro, despreparado político brasileiro perpetua. Alguns até mal intencionados, pois
Rubens Gedraite , Wladimir Lopes Silva
só pensam no seu “próprio emprego”, nas próximas eleições, e em não trabal-
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339 har pelo bem público. Se a indústria fosse desonerada dos extorsivos impostos
publicidade@editorasaber.com.br
e do “custo Brasil”, a competitividade brasileira equilibraria estas diferenças
e poderíamos obter uma vantagem. É incrível como os sindicatos que dizem
Capa
DÜRR(divulgação) representar os trabalhadores brasileiros, não se preocupam em lutar para uma
Impressão diminuição dos impostos. Por este e outros motivos, a cada dia perdem poder
São Francisco Gráfica e Editora
Distribuição e não representam mais os anseios dos trabalhadores. Cresce a insatisfação
Brasil: DINAP popular contra os impostos e a cada ano os movimentos como o ”O Dia da
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800
Liberdade de Impostos”, que evidenciam o absurdo dos impostos praticados
contra a população, como os que incidem sobre a casa própria (49,02%),
ASSINATURAS automóvel (43,63%), refrigeradores ( 47,06%), conta telefônica ( 46,65%),
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fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366 açúcar (40,50%).
atendimento das 8:30 às 17:30h
Edições anteriores (mediante disponibilidade de
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330,
ao preço da última edição em banca.
Hélio Fittipaldi
Mecatrônica Atual é uma publicação da
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administração, publicidade e correspondência:
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03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-5333

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índice
32

20

16 Rápido e fácil – Pegar e posicionar


micropeças com o VisionPro

18
Aumento de produção com redução
dos custos de pintura – Novo
sistema de pintura de eixos

Identificação Experimental do
20 modelo matemático da Cinética
de remoção de resíduos

32 Aplicação de Lean Manufacturing


em metalúrgica de médio porte

39 Protetor de Transientes
em redes PROFIBUS

48 42
Diretrizes para Projeto e Instalação
de Redes PROFIBUS DP

48 Medição de Níveis em Evaporadores


com Radares de Onda Guiada

Editorial 03
Eventos 06
Notícias 08


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case

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 21

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literatura
O livro “Automação e Controle Discreto” é destinado a técnicos
e engenheiros já atuantes ou em fase de estudo de sistemas
automatizados. São apresentadas técnicas para resolução de problemas
de automatização envolvendo sistemas de eventos discretos, como o
controlador lógico programável, a modelagem de sistemas sequenciais
por meio de Grafcet e técnicas de programação oriundas da experiência
dos autores. O texto que contém seis capítulos também aborda, em
linguagem coloquial, aspectos histórico-sociais da automação, além de
contextualizar as mais recentes tecnologias na área. Ao final de cada
capítulo, é proposta uma lista de exercícios.

Automação e Controle Discreto


Autores: Paulo R. da Silveira e
Winderson E. Santos
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Embalagens, Processos e Logística Finitos Aplicado na Indústria produtos utilizando lean
para as Indústrias de Alimentos e Automotiva Organizador: SAE BRASIL
Bebidas Organizador: SAE BRASIL Data: 16
Organizador: Brazil Trade Show Data: 23 a 24 Local: Av. Paulista, 2073 – Edifício Horsa II
Data: 8 a 11 Local: Av. Paulista, 2073 – Edifício Horsa II – Cj. 1003 – 10º andar- São Paulo - SP
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Curso – Configuração PRM Organizador: ISA Campinas Section
Curso - Manutenção CS3000 Organizador:Yokogawa América do Sul Data: 13 a 14
Organizador:Yokogawa América do Sul Data: 29 a 30 Local: Ginásio Poliesportivo UNISAL-
Data: 14 a 18 Local: Yokogawa América do Sul Ltda Campinas - SP
Local: Yokogawa América do Sul Ltda Avenida Ceci, 1500 - CEP 06460-120 www.isacampinas.org.br/site/
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treinamento Internacional de Saúde, Meio
Ambiente, Segurança e
Feira Internacional dos Julho Responsabilidade Social
Fornecedores da Indústria Química Curso - Sistema de Suspensão Organizador: Alcantara Machado / Reed
e Petroquímica Organizador: SAE BRASIL Exhibitions
Organizador: Petrobras Data: 3 a 17 Data: 20 a 22
Data: 21 a 24 Local: Av. Paulista, 2073 – Edifício Horsa II Local: Cidade Universitária de Macaé
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contato
Edições Antigas
Estou interessado em comprar algumas edições da revista
Mecatrônica Atual. Vocês poderiam me orientar? Moro
em Salvador, e aqui não encontro a revista em nenhum
lugar. Posso comprar diretamente com vocês? Ou me
indicariam algum fornecedor? Pretendo também fazer
a assinatura da revista. No aguardo. Atenciosamente,
Por email
José Marcelo de Assis Santos (PIT)

Prezado Sr. José Marcelo, para adquirir as edi-


ções mais antigas da revista Mecatrônica Atual
entre em contato com pedido@sabermarketing.
com.br ou pelo site www.novasaber.com.br Mecatrônica Atual nº 45
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pressa quanto do portal, basta entrar em contato pelo telefone 11 2095-5333
ou enviando uma solicitação para assinaturas@editorasaber.com.br

Automação em cervejaria Sensores atuais


Faço curso de graduação em elétrica, Sou estudante de Mecânica Industrial Sugestão
trabalho em uma cervejaria e tenho no Senai de Juiz de Fora, e estou rea- Prezados, gostaria de sugerir que a
interesse em automação nesse setor. lizando um trabalho sobre Sensores e revista Mecatrônica Atual publicasse
Podem me orientar em fontes de con- gostaria de um material atualizado algo referente a automação em pro-
sulta para artigos voltados para esta que prenda a atenção dos alunos na cesso produtivo de máquinas têxteis
aplicação? Obrigado pela atenção, apresentação para que ela seja dife- automatizada. Obrigado.
Por email renciada. Agradeço a sua atenção. Por email
Anderson Alves Por email Vanderlei Teixeira
Dalila Cristina de Matos
Caro Anderson, na revista Mecatrônica Senhor Vanderlei, agradecemos
Atual edição de número 40, encontra- Dalila, no portal da Mecatrônica Atual a sua sugestão e a mesma foi
se um artigo relacionado a indústria www.mecatronicaatual.com.br existem encaminhada para os engenheiros
cervejeira. Você pode adquirir pelo diversos artigos sobre diferentes sensores, responsáveis. Pedimos que conti-
email pedido@sabermarketing.com.br como por exemplo, ópticos, térmicos, nue acompanhando a nossa revista
solicitando a revista ou entrar em contato piroelétricos, entre outros. Na revista tanto impresso como pelo portal
com a assinaturas@editorasaber.com. Saber Eletrônica número 446 há um no endereço www.mecatronica-
br e solicitar a sua assinatura no portal. artigo chamado o Mundo dos Sensores, atual.com.br
que é um artigo atual do engenheiro
Filipe Pereira, vale a pena conferir!
Escreva para a
Mecatrônica Atual:
Dúvidas, sugestões ou reclamações
sobre o conteúdo de nossas repor-
tagens, artigos técnicos ou notícias,
entre em contato pelo email atendi-
mento@mecatronicaatual.com.
br ou escreva para Rua Jacinto José
de Araújo, 315 CEP 03087-020
- São Paulo - SP

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//notícias

Festo/Divulgação
Será um dos maiores parques fabris
da Festo fora da Alemanha.

Festo com novos planos e Okuma ganha prêmio da


positividade para o futuro Federação Japonesa de Máquinas
Em coletiva de imprensa ocorrida na Feira da Mecânica Na 30ª edição do prêmio de economia de energia, patro-
2010, a Festo Automação demonstrou confiança no mercado e cinado pela Federação Japonesa de Máquinas (Energy-Saving
divulgou a ampliação da sua planta fabril. A expansão foi iniciada Machine President’s Award, da Japan Machinery Federation), a
neste ano e o seu término tem a previsão para 2012. Okuma recebeu o prêmio por seu motor PREX de relutância
A nova área industrial é localizada em São Bernardo do de magneto permanente de alta eficiência.
Campo, em São Paulo, em um terreno de 13 mil metros qua- “Os motores PREX são motores de relutância do tipo
drados, ao lado do espaço atual da empresa, próximo à rodovia integral (built-in), encontrados em fusos de máquinas-ferra-
Anchieta. mentas. O motor é dotado de numerosos canais que otimi-
“Expandir a área industrial é aumentar a capacidade para zam a geração de força e recebe uma pequena quantidade
atender a demanda” explica o presidente da Festo, Waldomiro de magnetos permanentes para melhorar a performance
Modena. Afirma que com esse crescimento a produção bra- do sistema. Ele é mais eficiente que um motor de indução,
sileira deverá triplicar dentro dos próximos cinco anos, pois e dentro das faixas de rotação utilizadas na maior parte das
este espaço ficará com um total de 44.000 m² e será um dos usinagens tem o torque elevado entre 4% e 9%. Motores
maiores parques fabris fora da Alemanha. PREX são também compactos e com pequena massa na
Este crescimento irá proporcionar à companhia um aumento secção rotativa, o que reduz a massa inercial em 47%, pro-
no seu quadro de funcionários em 35% nas áreas de manufatura, piciando acelerações e desacelerações mais rápidas. Com-
engenharia de processos, planejamento de produção, adminis- parado com motores indutivos de magnetos permanentes,
tração e vendas. Além de melhorar o atendimento no mercado existe menor perda de eficiência em altas rotações e como
brasileiro, que atualmente encontra-se com 125 pontos de menos magnetos são utilizados, a quantidade de terras ra-
atendimento. “O Brasil está vivendo uma fase muito boa e a ras magnéticas (um recurso natural escasso) é reduzida. A
Feira reflete este momento positivo do país”, diz Modena. combinação de todas estas características reduz o consumo
Para os próximos dois anos a Festo pretende investir cerca de de energia entre 5 e 13%”, explica Alcino Bastos, diretor
R$ 25 milhões nesta expansão. E a sua previsão de faturamento da Okuma no Brasil.
para este ano está na ordem de R$ 250 milhões. As máquinas equipadas com o motor PREX são os tornos
A Festo atua no mercado de automação nos setores automo- da série Space-Turn EX e da série MULTUS de máquinas
bilístico, alimentos, embalagens, plásticos e eletroeletrônicos. multitarefa.

 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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//notícias
E3 Power foi apresentado Indústria ferroviária prevê produzir
na feira IEEE 2010 2.500 vagões e 550 carros
A Elipse Software participou da 2010 IEEE PES Transmis- Em função dos investimentos feitos pelas concessionárias, a
sion and Distribution Conference and Exposition, feira voltada indústria ferroviária nacional ressurgiu e também investiu em
ao setor de energia elétrica que foi realizada na cidade de expansões de fábricas e inovação tecnológica, com o objetivo
New Orleans (EUA). de atender às concessionárias em seus crescentes volumes de
O evento reuniu cerca de 12 mil participantes provenien- transporte.
tes dos mais diferentes países. A Elipse apresentou o seu Além disso, o governo tem estimulado o crescimento da
mais recente produto: o E3 Power. malha com projetos em execução. “Até 2020, deveremos atingir
“Nossa participação na feira foi positiva. Apesar do pú- 40 mil quilômetros de ferrovia de carga, quase 40% a mais que
blico ter sido um pouco aquém do esperado em função dos os atuais 29 mil”, afirma Vicente Abate, presidente da Abifer
problemas no tráfego aéreo europeu, conseguimos fazer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), entidade que
novos contatos e ter uma noção de como está o mercado. apoia a realização da Feira Negócios nos Trilhos 2010, que
Um mercado, é bom salientar, sempre aberto ao surgimento acontecerá nos dias 9 a 11 de novembro, no Pavilhão Vermelho
de inovações tecnológicas. Caso do E3 Power”, explicou o do Expo Center Norte, em São Paulo.
diretor de negócios da Elipse, Marcelo Salvador. De acordo com Abate, o governo deveria dar mais atenção
O software foi desenvolvido com o propósito de garantir às correções necessárias na malha existente, de sua respon-
mais confiabilidade, qualidade e eficiência ao processo de sabilidade, mas que ainda estão longe das reais necessidades
operação de redes de transmissão e distribuição de energia do setor.
elétrica. Para isto, o E3 Power conta com um conjunto de Na área de passageiros, em função da necessidade premente
aplicativos de análise de sistemas elétricos (Processador de se ordenar o transporte nas médias e grandes cidades brasi-
Topológico, Fluxo de Potência e Estimador de Estados), e leiras, aliada aos eventos esportivos mundiais programados para
um ambiente de simulação que facilita a integração entre os o Brasil, o segmento também encontra-se em crescimento.
setores de pré e pós-operação com o centro de controle. O volume de veículos ferroviários produzidos no Brasil nos
Assim, a solução possibilita que procedimentos de transfe- últimos 40 anos, foi de quase 28 mil vagões de carga, maior
rência de carga, elaboração de ordens de manobras e ajuste volume desde a década de 70, quando foram produzidos 30 mil.
de dispositivos de controle de tensão sejam ensaiados e Estima-se que atualmente serão fabricadas entre 30 e 35 mil
validados com base em cenários históricos reais coletados unidades, com possibilidade de superar o volume histórico.
pelo sistema de automação da empresa. No segmento de carros de passageiros, a década passada foi
Deste modo, o usuário pode testar suas habilidades tanto a recordista, com quase 2 mil carros, contra mil na década de
do ponto de vista da utilização dos recursos fornecidos pelo 70. A previsão para os próximos anos é de 4 mil.
software quanto da compreensão do comportamento físico “Locomotivas não eram mais produzidas aqui havia 10 anos, e
do sistema elétrico quando submetido a determinadas ações hoje já são fabricadas, inclusive as de alta potência e de corrente
de controle. alternada”, conta Abate.
Para 2010, as projeções da indústria indicam a produção de
2.500 vagões (1.022 em 2009), 500 a 550 carros de passageiros
Abifer/Divulgação

(438 em 2009) e 60 a 70 locomotivas (22 em 2009).


“Por tudo isso, os próximos 10 anos serão extremamente
promissores para o setor ferroviário brasileiro”, conclui o
presidente da Abifer.
Mas ressalva para que esta previsão aconteça, que devem
continuar os investimentos em infraestrutura de transporte,
principalmente a ferroviária. “Temos que retornar aos níveis
da década de 70, quando eram investidos 2% do PIB, enquanto
hoje não chegamos a 0,5%”, reforça.

A previsão de produção de carros de passageiros é de 500 à 550 unidades.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 

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//notícias
Projeto-Piloto
A Abimaq firmou parceria com a BCB, que vai elaborar os Durante a divulgação do segundo inventário nacional de
inventários de GEEs para as associadas gerando a oportunidade emissões, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende,
de desenvolver ações gerais e localizadas em benefício da sus- anunciou que as emissões brasileiras de gases de efeito estufa
tentabilidade. A associada RTS Válvulas participou do projeto aumentaram 62% entre 1990 e 2005. Todos os setores registra-
piloto e já recebeu seu inventário de GEEs. ram crescimento nas emissões e a indústria como um todo é o
A metodologia de trabalho da BCB segue critérios e padrões quarto setor que mais emite GEEs. Nesses 15 anos, o aumento
de órgãos internacionais, como o Greenhouse Gas Protocol de emissões foi de 39%, embora a participação do setor para as
(GHG Protocol) e o Intergovernmental Panel on Climate Chan- emissões nacionais tenha caído de 2% para 1,7%.
ge (IPCC) e da norma ISO 14064 (relacionada à quantificação Especialistas afirmam que o Brasil tem condições de assumir
e verificação de GEE). um importante papel nas discussões sobre emissões de carbo-
João Marcelino, contador da RTS e responsável pelo pro- no, por ter uma matriz energética mais limpa que a dos países
jeto dentro da empresa, diz que para se fazer o inventário, é desenvolvidos – e de emergentes como a China.
importante ter informações sobre consumo de energia, frete, Apesar desse aumento, o Brasil domina tecnologias es-
lixo, entre outras. tratégicas para o futuro, como a dos biocombustíveis – com
“Nós respondemos a um questionário que abordava estas destaque para o etanol que, além de poluir menos, promove
e mais outras questões sobre a empresa. Pudemos perceber um significativo sequestro de carbono da atmosfera, durante o
que a empresa já tinha ações sustentáveis como, por exemplo, cultivo da cana-de-açúcar.
destino correto ao lixo e tratamento de efluentes líquidos. Mas Mais informações sobre o Projeto Carbono Zero podem ser
identificamos que mesmo assim, geramos CO2 de forma direta obtidas através do telefone (11) 5582-6442 ou e-mail: rsa@
e indireta, o que será compensado com plantio de árvores”, abimaq.org.br
explica Marcelino.

Produtos

Câmera Térmica com infravermelho

Especializada em instrumentos de a gravação de informações, imagens


medição, a Instrutherm lança no e sons que podem ser descarregados
mercado nacional o TI-1500 – uma posteriormente num computador, para
câmera térmica com infravermelho, análise.
que pode medir a temperatura de até O TI-1500 chega ao mercado nacional
quatro pontos simultâneos em uma pelo valor médio de R$15 mil e pode
distância de 10 metros com dados ser adquirido através da loja virtual
precisos. www.instrutherm.com.br.
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preventiva em diversos setores, como Display colorido;
eletroeletrônica, engenharia, mecânica, Faixa espectral: 8-;
construção civil, segurança do traba- Temperatura: -20ºC ~ 600ºC;
lho, náutica, varejo. Além de poder ser Precisão: ± 2ºC ou ±2% (o que for
utilizado na área médica veterinária. O maior);
aparelho identifica sobreaquecimento, Temperatura de operação: -15ºC
constatado tanto em painéis elétricos +50ºC;
e quadros de distribuição, quanto no Umidade de operação: < 90% sem
corpo humano ou animal, sinalizando condensação;
pontos de infecção. FPA, Microbolômetro Não Resfriado;
Com display de 3,5 e medição de Campo de visão: 21º x 15º/ 0,15 m;
-20ºC a 600ºC, temperatura de ope- Resolução: 160 x 120 pixels;
ração de -15ºC a 50ºC e resolução Resolução Espacial (IFOV): 1,4 mrad
de 160x120 pixels, o aparelho ainda (21º x 15º);
tem saída USB, gravação de áudio e Sensibilidade térmica: 100 mK em 30ºC. Instrumento de medição com câmera
vídeo e cartão de memória. E permite de infravermelho.

10 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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//notícias
Tranter adquire PHE no Brasil Skam se diversifica e aposta em serviços
A empresa Tranter, fabricante de trocadores de calor e Especializada na produção de empilhadeiras movidas a energia
placas gaxeados e soldados, está há 70 anos no mercado com elétrica, a Skam, motivada pelas quedas nas vendas causadas pela
operações em mais de vinte países. A companhia mantém um crise econômica, antecipa a revisão do modelo de negócios da
plano de crescimento agressivo desde 2007 para ampliar a empresa, que prevê a diversificação e a ampliação de seu setor de
sua presença, movimentando no mercado de fabricação de atuação. A meta é reduzir o peso da atividade fabril e aumentar
placas anualmente no país cerca de R$ 80 milhões. o volume de atividades na área de prestação de serviços, como
“Após adquirir nesses últimos dois anos operações na consultoria em projetos logísticos e locação, que proporcionam
China, Alemanha (Pressko e Hes), Canadá (Fieldco), no melhores margens.
México (PHE do México), chegou a vez do Brasil, onde a Com a nova estratégia, a empresa pretende recuperar as
empresa atua há dez anos na venda de equipamentos e na vendas perdidas durante o ano de 2009, quando o faturamento
prestação de serviços. A estratégia para o país foi absorver ficou um pouco abaixo de R$ 10 milhões. A meta é voltar ao
uma companhia que ampliasse a oferta de serviço tanto de nível de 2008, quando a Skam movimentou R$ 26 milhões, de
produtos Tranter como de outras marcas, o que levou à acordo com o superintendente Paulo Coggo.
compra da PHE, empresa com 20 anos de experiência em Segundo Maks Behar, presidente da empresa, a nova área de
manutenção, que aumentará a operação no suporte pós-ven- atuação vinha sendo estudada durante o ano de 2008, mas com
da, estreitando nossa proximidade com os clientes, além de a crise, passou a ser prioridade, já que as vendas de máquinas
reforçar um dos três pilares de sustentação da corporação; sofreram grande queda em 2009. Apesar da reação no segundo
produtos, tecnologia e serviços”, afirma Olavo T. Xavier, semestre e de o ano ter terminado com a casa cheia de pedidos,
diretor superintendente da Tranter no Brasil. as perdas substanciais durante os primeiros meses foram impac-
O valor da aquisição não foi revelado, porém a companhia tantes demais para permitir uma retomada mais eficaz.
aumentou o número de funcionários e sua participação no Para esta nova fase, a empresa, situada em Jundiaí, interior
mercado de 10 passou para 20%. Devido à sinergia entre as de SP, irá oferecer soluções com empilhadeiras Skam feitas sob
empresas, a meta é ultrapassar a soma do faturamento atual medida, que aumentam a capacidade de volume armazenado no
das duas corporações, englobando a venda de equipamentos, mesmo espaço, para clientes potenciais, que estejam construindo
manutenção e assistência técnica, por meio da oferta de uma galpões industriais. O objetivo da Skam é chegar a 2010 com 50%
solução global. E além da venda de equipamentos, a Tranter do faturamento baseado em serviços de locação e consultoria em
manterá a prestação de serviço para produtos de outras projetos logísticos. Os contratos são, em média, de quatro anos.
marcas, atualmente realizada pela PHE, possibilitando maior O desafio para a nova fase, segundo o presidente da empresa,
penetração no mercado. é o capital de giro para o financiamento das máquinas, até que
O foco da companhia é diversificar e aumentar as vendas as mesmas sejam pagas com o aluguel. Mas as dificuldades não
em outros setores, além de etanol e offshore. “A partir de desanimam a retomada e, segundo Behar, a Skam pretende
agora, teremos mais condições de atender os segmentos de fechar grandes contratos e, no mínimo, dobrar o número de
mineração, siderurgia, têxtil, OEM (Original Equipment Manu- máquinas alugadas, de 56 para 112. “Com os novos planos, a
facturer), assim como as indústrias naval, química, automotiva, empresa está otimista para , declara.
petroquímica, de energia, papel e celulose”, conclui Xavier.
Com base nas operações do Brasil e do México, a Tranter
pretende ampliar sua atuação por toda a América Latina a
partir destas bases.

Curtas

Curso de CCE
A ABEE/SP (Associação Brasileira de Engenheiros Eletricis- de comando e diagnóstico de defeitos, além de auxiliar os
tas de São Paulo), realizou nos dias 10, 11 e 12 de maio o estudantes a elaborar inúmeros tipos de circuitos a partir de
curso CCE Projetos de Circuitos de Comandos Elétricos, esquemas tradicionais.
voltado para engenheiros, tecnólogos, técnicos, projetistas O workshop apresentou os princípios de funcionamento e as
que desejam aprimorar seus conhecimentos na área. principais características dos diversos componentes usados
O curso teve o objetivo de desenvolver um encadea- em comandos elétricos incluindo CLP (controlador lógico
mento lógico, associando a lógica operacional com à de programável) e dispositivos discretos.
circuitos elétricos, facilitando a interpretação de esquemas

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 11

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//notícias
Plataforma robótica pode ser utilizada
em diferentes áreas da engenharia
Desenvolvida pela PUC – Campinas, esta ferramenta per-
mite avaliar áreas de acessibilidade para cadeirantes, incluindo
o monitoramento de áreas de segurança. Essa é a proposta do
projeto do Laboratório de Pesquisa em Sistemas Rádio, do Cen-
tro do Centro de Ciências Exatas, Ambiental e de Tecnologias
(CEATEC) da Universidade.
A Plataforma Robótica Multifuncional tem como objetivo
atuar como uma rede de sensores, que funciona por meio de
um robô com a capacidade de atender diferentes áreas da enge-
nharia. O robô, por exemplo, poderia descobrir a temperatura
e o grau de umidade de uma área agrícola.
Segundo o professor da Faculdade de Engenharia Elétrica
e um dos responsáveis pela plataforma, Omar Branquinho de
Carvalho, o projeto além de ter diferentes funções, permite um
aprendizado multifuncional das diferentes áreas da engenharia.
“A robótica, talvez seja a área que permite a interdisciplinari-
dade. O projeto tem a necessidade de alunos das engenharias
elétrica, civil, ambiental, computação e outras áreas específicas
como arquitetura”, explicou o professor.
Atualmente, o trabalho é desenvolvido pelos alunos: Luís O projeto da plataforma robótica começou há 4 anos, quando
Henrique Pereira (Engenharia Elétrica), Milton Giraldelli Ca- dois alunos da Faculdade de Engenharia Elétrica fizeram como
margo Júnior (Engenharia Elétrica) e Allan Nicolau de Campos Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a construção de um
Romanato (Engenharia de Computação). Segundo o professor robô para medidas de intensidade de sinais de redes WiFi. Este
Branquinho, a integração dos diferentes cursos permite um me- trabalho resultou em uma dissertação de mestrado profissional
lhor resultado do projeto. “Trabalhando juntos há uma sofistica- em Telecomunicações da PUC-Campinas do aluno Fernando
ção do trabalho para atender sempre novas necessidades. Desta Lino. O professor Branquinho ainda explicou que com o pro-
forma temos um forte engajamento dos alunos e um altíssimo jeto é possível realizar a inspeção de regiões contaminadas,
grau de aprendizagem, em razão das mais diversas estratégias inspeção de dutos na área de empresas de petróleo, água e ar
que devem ser desenvolvidas”, conclui o professor. condicionado.

Produtos

Linhas de disjuntores para os segmentos terciário e industrial


A empresa Cemar Legrand disponibiliza o que diminui o número de referências. A linha de acessórios para os
as linhas de disjuntores (dispositivo de Para agilizar a montagem e a manutenção, disjuntores DRX e DPX é completa
segurança contra sobrecargas) termo- sua tampa quando aberta fica basculante e atende as principais demandas do
magnéticos DRX e DPX caixa moldada e fixa no disjuntor. mercado. Estão disponíveis: manoplas
(MCCB - Moulded Case Circuit Breaker), Já o DPX é um modelo caixa moldada de rotativas, bobinas de disparo, bobinas
que podem ser utilizados em instalações 16 a 1600 A com termomagnético ajus- de alarme, bobina de disparo com
de pequeno a grande porte, em proteção tável. Ambos foram desenvolvidos pela mínima tensão, terminais de conexão
de máquinas e, ainda, em outros tipos fábrica da Legrand em Bérgamo, na Itália, e suportes para cadeado (atende aos
de equipamentos, no setor terciário ou com a tecnologia do mercado europeu. requisitos da NR10).
industrial. Entre as principais características dos Com alta performance como dispo-
O DRX é um disjuntor tipo caixa mol- produtos utilizados nos setores terciá- sitivo de proteção, as linhas DRX e
dada de 15 a 250A com termomagnético rio e industrial estão a robustez, a alta DPX são compostas por disjuntores
fixo e pode ser aplicado juntamente com capacidade de ruptura, a possibilidade de compactos, que não ocupam espaço
os quadros de distribuição QDETG da instalação de acessórios para sinalização na instalação.Vale lembrar, que o
Cemar Legrand, como disjuntor geral. e o comando de disparo à distância. Além disjuntor é indicado para proteger
Disponíveis em dois tamanhos (DRX100 disso, são muito utilizados nas linhas os fios contra sobrecargas, não os
e DRX250), sua montagem é de fácil apli- de Quadros de Comando e de Painéis equipamentos. Portanto, não se deve
cação e seus acessórios são os mesmos, Modulares. substituir os disjuntores sem antes

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//notícias

Festo/Divulgação
Fabricantes e as novidades
na Feira da Mecânica
Bastante movimentado, o primeiro dia da 28ª Feira da
Mecânica, reuniu desde estudantes do Senai ou outras escolas
técnicas até empresários do setor em busca de soluções para
as suas empresas.
As empresas para não passarem despercebidas, trouxeram o
que têm de mais recente em seu portfólio. Como a Festo Auto-
mação que apresentou pela primeira vez no Brasil o AquaJelly,
um robô que tem aparência e comportamento de uma água-
viva. A Abimaq lançou, também na feira, o seu catálogo, que
reúne informações sobre o setor de máquinas e equipamentos,
praticamente um guia das empresas associadas.
Para profissionais que necessitam de precisão geométrica,
a Instrutherm apresentou o microscópio MDV-200 com visor
LCD de 8” e resolução de 800 x 600 pixels. A empresa Wika,
trouxe o seu mais novo transmissor da família C-2 para medição
de pressão em compressores tipo parafuso, pistão e turbo. A
Yaskawa pensou nas aplicações que necessitam do controle de
apenas um eixo de servomotor, ou ainda o controle individual
e modular, então desenvolveu o mais novo controlador de má-
quinas, o MP2600iec com funções ponto-a-ponto, e controle
de velocidade, entre outros.

O AquaJelly é um
dos destaques
da área Bionic
Learning da Festo.

avaliar os fios dos circuitos. a 25 kA - 380/415 V~ - 36 kA a 10 kA;


Todos os modelos de disjuntores comer- • Tensão nominal: 600V;
cializados pela Cemar Legrand seguem • Certificados conforme norma IEC
os mais rigorosos padrões do mercado 60947-2;
mundial. As ofertas DRX e DPX são cer- • Não sofre interferência térmica até
tificados conforme a IEC 60947-2 e estão 50ºC.
de acordo com as principais normas DPX:
mundiais, como a NEMA, JIS e KS. • Disponíveis no modelo tripolar de 16 a
Características Técnicas: 1600 A;
DRX: • Termomagnético ajustável em 5
• Disponíveis no modelo tripolar de 15 tamanhos: DPX125; DPX160; DPX250;
a 250 A; DPX630 e DPX1250/1600;
• Termomagnético fixo; • Capacidade nominal de interrupção
• Acessórios comuns aos disjuntores de NBR IEC 60947-2 – 220/240 V ~ - 100 kA
100 A e 250 A; a 35 kA - 380/415 V~ - 70 kA a 25 kA;
• Em dois tamanhos DRX100 e DRX250; • Tensão nominal: 690 V; Disjuntor DPX, desenvolvido na Itália com
• Capacidade nominal de interrupção • Certificados conforme norma IEC tecnologia do mercado europeu.
NBR IEC 60947-2 – 220/240 V ~ - 65 kA 60947-2.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 13

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//notícias
Dürr EcoDryScrubber recebe
o Prêmio PACE 2010
EcoDryScrubber, que nada mais é que o sistema de de-
posição seca de tinta da Dürr recebeu seu terceiro prêmio
- o Automotive News PACE 2010 (Premier Automotive Suppliers
Contribution to Excellence). Na cerimônia de entrega, que
aconteceu em Detroit, o prestigioso prêmio destacou
fornecedores da indústria automotiva pela sua inovadora
tecnologia e alta eficiência econômica.
No ano passado, a deposição seca foi premiada duas vezes:
recebeu em Paris o Prêmio SURCAR de Inovação, assim
como o Prêmio Meio Ambiente de Baden-Wuerttemberg.
Em 2008, a Dürr introduziu seu sistema para a deposição de
overspray. Desde então, a tecnologia ecologicamente correta
foi vendida para 25 linhas de pintura em doze plantas, o que
corresponde a mais de um sistema por mês.
Jim Pakkala (à esquerda), Diretor Engenheiro da Dürr Systems Inc. O EcoDryScrubber em termos ecológicos, de eficiência
recebe o prêmio das mãos de Mike Hanley da Ernst & Young.
energética e de redução de custos, é o sistema de deposição
seca que separa o overspray de tinta, sem o uso de água e
coagulantes químicos, e não somente é superior à lavagem
úmida convencional, como representa uma tecnologia relati-
Balanço geral da Abimaq vamente simples e, além disso, mais segura. Não há nenhuma
fonte de ignição na área de pintura, nenhuma alta tensão e,
no ano de 2009 com isso, nenhum risco operacional. Além de ser fácil de
A recessão mundial, apesar do menor impacto do Brasil, adaptar em plantas já existentes, não requer nenhuma área
fez a indústria de máquinas e equipamentos cair para a mé- adicional, as vantagens do sistema são complementadas pela
dia de faturamento do ano 2007, além de outros reflexos alta reciclagem de até 95% do ar utilizado. Assim o tamanho
negativos como a queda no quadro de trabalhadores, com do insuflador e condicionador de ar é reduzido, tornando-
aproximadamente 15.000 demissões. se desnecessária a recuperação de calor. O resultado é a
Chegando ao total de R$ 6,26 bilhões, o faturamento redução das seções transversais da planta em até 35% e do
nominal registrou uma queda de 7,3% em dezembro, se consumo de energia na cabine de pintura de até 60%.
comparado com o mês anterior. No período de janeiro a Em 2009 foram vendidos mais quatro sistemas, com isso
dezembro de 2009, o fechamento atingiu R$ 64 bilhões, o número do mês de março foi para 12 EcoDryScrubber co-
apresentando uma queda de 20% em relação ao mesmo mercializados. Foi somado as instalações na Rehau, na Alema-
período em 2008. nha e na África do Sul, assim como na VW em Chattanooga
Segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, o nos Estados Unidos, os pedidos da Daimler Kecskemet, na
BNDES foi importante para a sustentação da demanda. O Hungria, da FAW e da SGM respectivamente em Chengdu
PSI, Programa de Sustentação do Investimento, ao permitir e em Yantai, na China e dois contratos de reconstrução de
o financiamento de Bens de Capital a custos internacionais planta de um fabricante europeu.
(4,5% a.a.), passou a auxiliar o faturamento do setor no últi- “Estamos muito satisfeitos com o sucesso do EcoDryS-
mo trimestre, explicando assim o crescimento dos números crubbers e também por termos conseguido, em um curto
nos últimos meses. “Se não fosse o PSI e a desoneração do espaço de tempo, entrar tão fortemente no mercado. Isso
IPI, que felizmente conseguimos prorrogar até junho de 2010, mostra que é época de um sistema simples, que pode ser
a queda teria sido pior”, afirma Aubert empregado no mundo inteiro, independente do clima e do
No setor de exportações, o ano de 2009 fechou em US$ tipo da tinta a ser utilizada.”, afirma Dirk Gorges, Diretor
7.643,23 milhões, ou seja, uma queda de aproximadamente de Vendas da Área de Negócios ‘Sistemas de Pintura e
40,5% em relação a 2008. No mês de dezembro em relação Montagem Final’ da Dürr.
a novembro do mesmo ano, a queda ficou em torno de 2,9%.
No setor de importações, a queda foi de 14,3%, comparado
a 2008, totalizando US$ 18.789 milhões. Em dezembro o
ano fechou com um crescimento de 3,2% em relação a
novembro de 2009.

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//notícias
WEG promove encontro entre Curtas
clientes e acadêmicos Lubiex Sistema Hidraúlico
A empresa WEG fabricante de motores elétricos, apresen- A Radiex Produtos Automotivos lançou o Lubiex Sistema
tou os lançamentos da área de automação 2010 no campus Hidráulico - ISO 68, um novo produto de óleo lubrificante,
voltado para o sistema hidráulico de tratores, implementos
da ULBRA. O encontro, contou com a presença de represen- agrícolas e máquinas em geral.
tantes de diversas empresas do setor, além de professores e O lubrificante é indicado para sistemas de alta pressão,
alunos da Área de Tecnologia e Computação da ULBRA. compressores e bombas devido o alto índice de visco-
De acordo com Marcus Silva, representante da WEG, o sidade, tipo AW. Suas características permitem baixar o
foco do encontro é a aproximação dos clientes com o meio atrito em sistemas hidráulicos, funcionando em baixa ou
alta velocidade.
acadêmico da empresa. “Todos os meses fazemos atividades Este produto da Radiex protege contra o desgaste, e reduz
para manter um bom relacionamento com todos nossos clien- a condensação de água no maquinário, após o encerra-
tes. Nestes momentos buscamos mostrar o que a empresa mento da operação, impedindo a deterioração da bomba
tem de melhor para facilitar o trabalho e desenvolvimento e evita a corrosão do sistema hidráulico, além de possuir
de novas tecnologias, além de obtermos um feedback dos resistência a contaminantes, formação de espuma e ter
estabilidade térmica.
equipamentos já conhecidos. Hoje mostramos o controlador
automático de potência, que possui um multi medidor de
grandezas elétricas, eliminando uma série de outros equipa-
mentos na hora de sua utilização”, explicou.
Segundo o professor da ULBRA Eduardo Pedro Eidt, esta Curtas
atividade auxilia na integração do meio acadêmico com o
mercado de trabalho e o meio industrial. “Buscamos pos- Palro
sibilitar ao aluno, além do conhecimento teórico e prático Em fevereiro a FujiSoft, companhia japonesa, apresentou o
de laboratório, o conhecimento de catálogos, produtos e seu mais recente robô. O pequeno humanoide é chamado
de “Palro” tem como especialidade a comunicação com as
equipamentos atuais e de alta tecnologia. O aluno chega ao pessoas que estão ao seu redor, destinado a pesquisadores,
mercado de trabalho mais pronto para a atividade profis- engenheiros e estudantes como modelo de teste.
sional, capacitado e desenvolvido para seleção e aplicação O Palro tem câmera integrada, microfone, luzes LED, alto-
de produtos em projetos”, comentou. falantes e um processador Intel Aton de 16 GHz.
A ULBRA é parceira da empresa desde a criação da Sala O robozinho mede 39,8 cm de altura e pesa 1,6 kg e deverá
chegar ao mercado em março, para uso doméstico e acadê-
WEG, montada para oferecer uma sala/laboratório aos mico, com preço equivalente a pouco mais de 5,6 mil reais.
alunos da instituição e treinamento a clientes da empresa.

Produtos

SKF lança equipamento para alinhamento de geometria a laser

A SKF do Brasil traz para o mercado o os resultados obtidos na medição para


novo Fixturlaser XA Geometry, equipa- um computador ou para um Pen Drive
mento para alinhamento geométrico a -, sem a necessidade de utilização de
laser com sistema de medição wireless. O nenhum outro hardware ou software.
dispositivo possui interface gráfica com “O novo equipamento permite que o
ícones animados que mostram, de forma operador fique totalmente focado na
orientativa, não só os resultados obtidos causa raiz do problema das máquinas, as
em tempo real durante o processo de medições de retilinidade e planicidade são
análise, bem como aponta os ajustes que fundamentais neste trabalho. Isso garante
precisam ser realizados. uma correção mais rápida e eficiente das
Por ser uma tecnologia sem fio, o falhas apresentadas, viabilizando maior
Fixturlaser XA Geometry permite total produtividade para o processo industrial”,
mobilidade para que o operador realize explica Paulo Manoel, Gerente de Vendas
outros trabalhos durante o processo de de Produtos Condition Monitoring da
medição. Outra vantagem do produto é SKF do Brasil. Equipamento para alinhamento geométrico
uma saída USB, que serve para transferir a laser com sistema de medição wireless.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 15

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case

Rápido e fácil
Pegar e posicionar
micropeças com o VisionPro®
Quer se trate de fornecer componentes para a indústria auto-
motiva ou fabricar produtos médicos, o sucesso das soluções
de automação depende de três critérios: velocidade, precisão
e facilidade de uso. Os engenheiros da iTECH Engineering
AG, em Bettlach, Suíça, criaram um sistema ultracompacto e
extremamente eficiente para identificação de peças e inspeção
opcional. O iPLACE 300, associado ao software VisionPro®, da
Cognex, agilizará a manipulação de pequenas peças — uma
solução precisa!

O
s modernos sistemas pick-and-place (pegar e Velocidade e concentração
posicionar) registram peças com tecnologia de extremas
visão confiável, assegurando um tempo curto As peças são alimentadas no iPLACE 300
de transição graças à operabilidade direta. A através de um vasto magazine com um grande
solução estado-da-arte da iTECH Enginee- depósito. O equipamento periférico flexível
ring para manipulação precisa de micropeças proporciona fornecimento alternativo de
acelera os processos de produção ao combinar peças por meio de uma esteira transportadora
software/hardware inteligente à simplicidade servoacionada. O iPLACE 300 transfere as
de manipulação. Associado ao VisionPro, o pequenas peças para a área de trabalho via
sistema piloto, que carrega o nome promissor indução de vibração. Fabricada em plástico
de iPLACE 300, será posto em prática em transparente resistente a arranhões, também
breve por um conhecido fabricante suíço de funciona como área de imagem para o siste-
instrumentos odontológicos. ma de visão, desenvolvido com o software
Extremamente compacta e, ainda assim, VisionPro. A iluminação traseira variável
muito robusta, esta solução autônoma é projeta a disposição visivelmente contrastante
concebida para apanhar peças de precisão e das peças verticalmente para cima, sobre um

saiba mais depositá-las sobre pequenas paletes no local


exigido, com exatidão de posicionamento de
0,05 mm. O iPLACE 300 mede apenas 860
espelho posicionado a um ângulo de 45°.
Este espelho, então, transmite a imagem
para uma câmera industrial fixa.
Critérios para projetos de Auto- mm x 1200 mm x 1500 mm e pesa cerca de Em segundo plano, a biblioteca de
mação Eficientes 500 kg em uma estrutura de aço sólida que ferramentas do VisionPro da Cognex,
Mecatrônica Atual 24
garante a estabilidade do sistema high-tech. robusta e de alta performance, mostra do
Uma visão atual sobre os Sistemas Esse dado é especialmente importante para que é capaz: um processo que é invisível
Heterogêneos na Automação que o sistema de visão e a garra pneumática de fora, exceto pelo monitor, tornando-se
Mecatrônica Atual 21 funcionem perfeitamente sobre uma área de ainda mais eficaz. A conexão tipo “arrastar
trabalho espaçosa, de 300 mm x 500 mm. e soltar” com a garra pneumática assegura a
Site do fabricante
www.cognex.com

16 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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case

F1. O iPLACE 300 identifica peças pequenas utilizando o software de F2. Uma estrutura sólida aliada a uma tecnologia impressionante.
visão inteligente VisionPro, pega-as com o novo robô de quatro eixos e Com peso total de 500 Kg, o iPLACE 300 é uma solução robusta com
as deposita com precisão, todo o processo leva apenas um segundo. um design compacto.

F3. Compacta, veloz, precisa. A próxima versão do iPLACE 300 será F4. Graças ao VisionPro, o iPLACE 300 pega e transfere até peças
móvel para tornar seu uso flexível em diferentes estações de trabalho. minúsculas como este pino utilizado em instrumentos odontológicos.

transmissão extremamente veloz de valores estampadas - recurso que é especialmente inteligente, o iPLACE 300 também é capaz
de imagem. Aqui, o VisionPro se concentra importante para o projeto- piloto quando de avaliar a qualidade de peças pequenas
totalmente nas características críticas para a peças em miniatura estão sendo produzidas empregando uma estação opcional de con-
aceitação das pequenas peças. O software de para instrumentos odontológicos. O tempo trole de peças. O VisionPro pode oferecer
visão inteligente ignora quaisquer variações de ciclo de identificar, pegar e posicionar as a experiência conquistada através dos mais
na aparência que não sejam críticas. Não peças é de apenas um segundo, número que de 500 mil sistemas instalados em todas
há necessidade de pré-processar os dados impressiona. as partes do mundo. Sua ampla biblioteca
da imagem, procedimento que costuma de ferramentas garante a otimização das
ser exaustivo. O resultado é a manipulação Dados poderosos para imagens antes da inspeção. A tecnologia
extremamente rápida de peças e o desenvol- um desempenho ídem PatMax ®, por exemplo, pode ser usada
vimento fácil de aplicações de acordo com Embora o iPLACE 300 seja totalmente para correspondência precisa de padrões,
as especificações de novos produtos. autônomo em termos de operação, também enquanto que o algoritmo IDMax® é capaz
Depois que o sistema de visão Cognex pode ser incorporado a um sistema de pro- de identificar até códigos Data Matrix mal
identifica as posições das peças, um robô dução de nível mais alto. Isso é garantido marcados. Outras ferramentas abrangentes
cartesiano com 4 eixos, desenvolvido recen- pelo PC integrado, que utiliza o VisionPro de cor, medição e processamento de imagem
temente pela iTECH Engineering, se desloca para analisar dados de imagem confiavel- asseguram otimização e processamento
sobre a área de trabalho e pega a pequena peça mente em frações de segundo. Dependendo velozes e precisos.
utilizando garras a vácuo ou um sistema de dos requisitos da aplicação, o banco de O iPLACE 300, com seu design modular
garra tátil. Em seguida, ajusta o posiciona- dados embutido contém qualquer número inteligente, pode ser combinado à flexibilidade
mento exigido para posterior processamento de sequências de manipulação livremente oferecida pela tecnologia de visão Cognex
– por exemplo, paletização no alimentador programáveis. Do lado do hardware, a velo- para reduzir os tempos de entrega e, conse-
de bandeja, packing no alimentador de fitas cidade de transição é aumentada via travas quentemente, os custos. À prova de falhas,
ou posicionamento vertical e inserção de magnéticas precisas projetadas para a fixação graças ao hardware e ao software de máxima
pequenos eixos em suportes de precisão. As das diferentes ferramentas-garra. qualidade, a solução garante tranquilidade
garras de alta precisão podem até mesmo virar Quando utilizado com o VisionPro para o trabalho de produção e o posterior
ao contrário, com rapidez e facilidade, peças como um “acelerador de dados de imagem” processamento de micropeças. MA

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manufatura

Aumento de produção com


redução de custos de pintura
Novo sistema de
pintura de eixos
As instalações de pintura da Dürr significam redução de tempo
de ciclo e melhoria da qualidade de pintura. A instalação em
funcionamento há mais de um ano na fábrica da Mercedes-
Benz em Kassel, na Alemanha comprova tal afirmação. Lá são
produzidos eixos e sistemas de eixos para caminhões, ônibus,
vans e reboques, bem como eixos de direção e componentes Paulo Sentieiro - Dürr Brasil Ltda.
para automóveis. paulo.sentieiro@durr.com.br

A
nova instalação de pintura da Dürr é utilizada Na cabine de pintura dois robôs da
principalmente para a pintura de eixos de Dürr do tipo EcoRP 6F, equipados com o
veículos de transporte de 3,5 t e 5 t. A Dürr pulverizador EcoGun2 de alto rendimento,
forneceu uma instalação de pintura de alta aplicam um verniz de proteção. O EcoRP
qualidade que opera com uma velocidade 6F possui seis eixos de livre programação
máxima de tempo de ciclo de 60 segundos e são caracterizados pela alta qualidade e
em funcionamento contínuo. eficiência de aplicação, alta disponibilidade
Quando os eixos chegam da montadora, eles e pouca manutenção. O verniz de proteção
são levados por uma esteira transportadora é aquecido a uma temperatura de 60°C para
para a instalação de pintura, separados em a aplicação.
tipos e na ordem da técnica de transporte que A cabine de pintura, que funciona com
os leva ao processo de pintura. Em duas áreas circulação de ar, tem ainda mais uma carac-
de trabalho, cada uma equipada com um terística especial: por exemplo para poder
guindaste, os eixos são pendurados em ciclo reagir rapidamente, em caso de manutenção,
de 60 segundos nos carros de transporte do ela pode em um curto espaço de tempo
‘Transportador Power&Free’. Eixos especiais ser arejada. Com isso, a concentração de

saiba mais que, geralmente, são fabricados em quanti-


dades menores, são levados separadamente
às áreas de trabalho e em combinação são
solventes na cabine é tão reduzida, que os
trabalhadores da manuteção podem entrar
sem usar máscaras.
Pintura Automatizada Dürr – Pro- transportados à instalação de pintura. Para Além da cabine de pintura a Dürr
cesso mais seguro com tempo garantir um funcionamento contínuo em fornceu também a instalação técnica com-
Reduzido de produção
Mecatrônica Atual 43 toda a instalação, o abastecimento de eixos pleta inclusive de todas as áreas funcionais,
pode ser controlado através de um depósito como a área de mistura de tinta e também
Site do fabricante: de unidades em processo localizado antes a área de eliminação de lamas de tinta com
www.durr.com da cabine de pintura. arejamento, assim como a purificação do

18 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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manufatura

ar extraído. O sistema de purificação de


ar térmico do tipo Ecopure® TAR garante
a limpeza apropriada, retirando a poluição
de solventes do ar de exaustão. O compacto
Ecopure® TAR forma a base do sistema.
Este sistema de purificação constitui-se de
fornalha, queimador e trocador de calor
integrado para o pré-aquecimento do ar e foi
entregue pré-montado em Kassel. Lá, depois
da montagem dos dutos de ar e da ligação
eletroeletrônica, o sistema de purificação
do ar estava em pouco tempo pronto para
entrar em funcionamento. A energia térmica
remanescente do gás purificado deixa o apa-
relho compacto por um trocador de calor,
este por sua vez aproveita a energia térmica
para aquecimento da estufa da nova insta-
lação. Consequentemente, os eixos pintados
serão curados 25% com energia regenerada. F1. Pintura de eixo na cabine por um dos robôs da Dürr do tipo EcoRP 6F.
Em produção máxima, isto representa uma
economia de energia de 80 kWh.
Depois do resfriamento os eixos que
pesam até 400 kg, deixam a instalação
de pintura na mesma ordem, em que eles
entraram. Um sistema de reconhecimento
automático de peças divide os eixos de acordo
com seu tipo, em dois pontos de retirada. Nos
pontos de descarga os guindastes pegam os
eixos do ‘Transportador Power&Free’ e os
colocam em carregadores. Cada carregador,
equipados com cinco eixos, são colocados nos
caminhões e transportados para a fábrica.
Os carregadores vazios são transportados
de volta em dois caminhões vazios, que
são atribuidos aos diferentes eixos, e de lá,
de novo, levados aos respectivos pontos de
carregamento. F2. A nova instalação de pintura da Dürr vista por fora.
A Daimler está muito satisfeita com
a execução e eficiência das instalações na
fábrica da Mecedes-Benz em Kassel. Além
da melhoria na qualidade de pintura, os
tempos de ciclos também puderam ser
reduzidos em média 10% por eixo. MA

A Dürr é um grupo de engenharia de máquinas


e instalações industriais. Cerca de 80% de
suas transações comerciais são realizadas em
negócios com a indústria automotiva. Além
disso, a Dürr abastece a indústria aeronáutica,
a indústria mecânica e a indústria química e
farmacêutica com tecnologia inovadora nas
áreas de produção e meio ambiente. O Grupo
Dürr atua no mercado em duas áreas empresa-
riais: Sistemas de Pintura e Montagem Final e;
Máquinas e Sistemas de Medição e Processos.
A Divisão de Sistemas de Pintura e Montagem
Final oferece tecnologia de produção e pintura;
principalmente para carrocerias de automóveis.
A Dürr está presente em 47 localidades, situa-
das em 21 países. F3. Ecopur® TAR compacto, o sistema de purificação de ar térmico.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 19

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manufatura

s
Identificação
Experimental
do modelo matemático da
Cinética de remoção de resíduos
Com o objetivo de identificar experimentalmente as funções de
transferência que representam os comportamentos dinâmicos
das variáveis de processo que interferem no funcionamento de
um sistema de limpeza CIP. A meta a ser alcançada consiste em
definir uma função-objetivo que permita otimizar o processo.
Ederson C. L. de Oliveira dos Santos
Fabrizio Eduardo Centineo As funções de transferência obtidas serão empregadas em um
Giancarlo Rodrigues Puga algoritmo computacional que permitirá a previsão do valor de
Marcio Chiarlitti uma variável do processo usada como figura de mérito para a
Omar Gonzalo Oseguera Perez
Rubens Gedraite análise da otimização alcançada

O
Leo Kunigk

contato dos alimentos com superfícies mal do estabelecimento das cinéticas de remoção
higienizadas pode aumentar a incidência de resíduos de cada etapa do processo.
de micro-organismos prejudicando sua O estabelecimento do tempo adequado
qualidade. A presença de resíduos tam- ao processo de higienização é fundamental
bém ocasiona problemas operacionais nos para a eficiência do processo. Deve ser
equipamentos, pois acarreta queda dos suficientemente longo para que as reações
rendimentos nas trocas térmicas e aumento químicas e as interações físicas ocorram a

saiba mais de perda de carga do sistema. Esses fatores


são suficientes para justificar a importân-
cia da execução de um correto plano de
contento; mas não deve ser excessivo, pois
reduziria a produtividade da indústria.
Um processo de higienização é composto
SEBORG, D. E. et al. Process
Dynamics and Control. Singa- higienização dos insumos utilizados no pelas seguintes etapas: pré-lavagem, ação
pore: Wiley, 1989. processamento de alimentos. de detergentes, enxágue e sanitização. As
Por serem procedimentos que reque- etapas estudadas serão: a pré-lavagem e o
SMITH, C. L. Digital computer rem paradas de produção, os processos de enxágue. A primeira consiste na ação de
process control. Scranton, PA: higienização, muitas vezes, são realizados água sobre os resíduos para que estes sejam
Intext Educational Publisher, 1972.
de forma negligenciada pelas empresas. parcialmente removidos da superfície dos
SALVAGNINI, W. & GEDRAITE, Portanto, é de fundamental importância equipamentos; somente os mais fracamente
R. Rotina de Experimento que sejam estudados e otimizados, através aderidos são retirados nesta etapa do pro-
para trocador de calor feixe
tubular. São Caetano do Sul, SP:
CEUN-IMT, 2001
20 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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manufatura

cesso. O enxágue também se caracteriza Em um processo CIP, o tempo de es- na água empregada nesta fase; e no enxágue,
pela passagem de água no equipamento, coamento das soluções, em cada etapa do através da análise da variação da alcalinidade,
porém com função precípua de remoção processo de higienização, é o parâmetro de ao longo do tempo, da água empregada para
do detergente químico utilizado. maior facilidade de manipulação e, por isso, remoção do detergente alcalino.
Dois parâmetros envolvidos nestes o fator preferido de redução. Porém, se for
processos foram objetos de análise neste alterado de forma não criteriosa, poderá O Processo de Sanitização
trabalho: vazão de escoamento e tempe- ocasionar a não efetividade do processo. de Instalações Industriais
ratura. O primeiro está relacionado com A prática de higienização de equipamen- Alimentícias
a ação cisalhante proporcionada pela água tos pela indústria de alimentos baseia-se em Desde os primórdios da civilização
sobre a superfície, enquanto o segundo experiências empíricas, deixando o setor humana, a conservação dos alimentos foi
permite melhor solubilização dos resíduos, à mercê de informações provenientes dos uma das necessidades do ser humano. Esta
facilitando sua remoção. fornecedores de detergentes e sanitizantes. atividade era essencial para garantir a qua-
O equipamento empregado neste tra- Parâmetros semi-empíricos são adotados a lidade dos alimentos durante o período de
balho foi um trocador de calor de placas, partir de resultados finais de higienização inverno ou durante deslocamentos.
muito utilizado na indústria de derivados considerados satisfatórios. A complexidade Vários tipos de sistemas de conservação
de leite, porém de difícil higienização, pois dos fenômenos existentes nas reações de dos alimentos foram desenvolvidos ao longo
as temperaturas envolvidas durante seu remoção requer o aumento de trabalhos dos séculos: salgar e defumar carnes e pei-
funcionamento acarretam, entre outros, científicos que possam contribuir com os xes, secar ao sol carnes e frutas, etc. Mais
desnaturação protéica que dificulta a reti- procedimentos adotados industrialmente. recentemente, após os trabalhos de Louis
rada dos resíduos, obrigando a realização Melhorar os resultados de um processo re- Pasteur, passou-se a utilizar a técnica de
de paradas mais frequentes. quer a otimização de cada etapa individualmente. ferver os alimentos e mantê-los hermeti-
O sistema de higienização adotado Portanto, este trabalho procurará determinar a camente selados para evitar a entrada de
mais comumente em um trocador de calor cinética de remoção de resíduos em duas etapas ar e de microrganismos.
de placas é o CIP (Clean in Place). Este do processo de higienização de um trocador de Com o advento da era industrial os ali-
método propicia maior rapidez ao processo calor de placas usado na pasteurização de leite: mentos passaram a ser processados e várias
por não haver necessidade de realização de pré-enxague através da avaliação da variação tecnologias foram criadas para sua elaboração,
desmonte do equipamento. da concentração de cálcio, ao longo do tempo, manuseio, conservação e transporte. O pro-

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cessamento dos alimentos por máquinas levou


à necessidade do desenvolvimento de várias
técnicas para a limpeza das mesmas após o
seu uso, de maneira a não deixar resíduos
onde pudessem proliferar microrganismos
que iriam contaminar outros alimentos a
serem processados posteriormente.
A limpeza e a subsequente esteriliza-
ção ou desinfecção de qualquer item, ou
equipamento de uma instalação industrial
de processamento de alimentos, produtos
farmacêuticos ou de bebidas, deve ser reali-
zada com o máximo cuidado e atenção para
assegurar a qualidade do produto final.
No início, o processo de limpeza, era um
processo manual, o qual ainda é utilizado
em instalações industriais de pequeno porte.
Nestes casos, é vital que haja uma meticulosa
atenção nos detalhes, pois, devido a razões
de saúde e segurança, somente soluções F1. Pré-enxágue do sistema em estudo com água recuperada.
químicas brandas e frias (detergentes)
podem ser empregadas.
A fabricação de produtos farmacêuticos,
alimentícios e bebidas seria grandemente
facilitada se os equipamentos e tubulações
usados em seu processamento pudessem
ser desmontados, postos em uma pia,
vigorosamente escovados e então colo-
cados em um esterilizador para remover
os contaminantes (HARROLD, 2000).
Obviamente que a as técnicas de limpeza
empregadas em laboratório são impraticá-
veis na maioria das instalações industriais
de grande escala de produção. Os vasos,
equipamentos e tubulações devem ser
limpos no local onde estão instalados. O
Processo de Limpeza no Local (“Clean
in Place” – CIP) é um dos processos de
limpeza mais comumente utilizados na
indústria para assegurar que as tubulações
e os equipamentos estejam livres de conta- F2. Limpeza do sistema em estudo com solução de soda cáustica.
minantes orgânicos e inorgânicos.
O processo de limpeza CIP pode ser Diferentes receitas de controle para sis- do equipamento do processo, e também das
executado tanto de forma manual quanto temas CIP podem ser pré-programadas no tubulações, todo material sólido porventura
de forma automática. Nos processos exe- CLP, conferindo uma grande versatilidade existente e/ou líquidos residuais que ainda
cutados de forma manual, é o operador aos mesmos para a execução de limpeza em permanecem no equipamento do proces-
do processo quem executa as manobras diferentes equipamentos. so e nas tubulações. Adicionalmente, é
necessárias nas válvulas e equipamentos, Na sequência, será apresentada, de executado o pré-aquecimento desta água
bem como o controle dos parâmetros do forma simplif icada, um sistema CIP de pré-enxágue para evitar que ocorra o
processo, a saber: tempos, temperaturas composto por três tanques e as etapas choque térmico no sistema a ser limpo. O
e concentrações. Nos processos executa- típicas que este deve atender (ZIEMANN- aquecimento é feito até a temperatura típica
dos de forma automática, é tipicamente LIES, s.d.). de 50 ºC, sendo a água recuperada trans-
empregado um CLP para executar as A primeira etapa consiste no pré-enxá- portada através do sistema formado pelas
sequências de operações requeridas e gue do equipamento do processo com água tubulações e pelo equipamento de processo
assim realizar um controle total sobre recuperada proveniente do tanque de água por meio de bomba centrífuga. A água de
os parâmetros do processo. recuperada. Esta pré-lavagem visa remover pré-enxágue efluente do equipamento do

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quando a concentração de resíduos de


soda cáustica na água for inferior a um
valor mínimo pré-estabelecido. A figura
3 exibe esta etapa do processo.
A quarta etapa consiste na esteriliza-
ção do equipamento do processo com o
emprego de água quente proveniente do
tanque de água quente. Tipicamente, esta
água de esterilização do equipamento deve
ser pré-aquecida a 90 ºC e feita circular
através do equipamento em circuito fechado
durante, pelo menos, 15 minutos. A figura
4 demonstra esta etapa do processo.
A quinta etapa consiste no enxágue
final do equipamento de processo com
água tratada proveniente da rede de
utilidades. Tipicamente, esta água de
enxágue final é pré-aquecida a 50 ºC para
evitar o choque térmico no equipamento
F3. Enxágue intermediário do sistema em estudo com água tratada. de processo e, na sequência, deve ser
gradualmente resfriada até a temperatura
ambiente. Este resfriamento gradual visa
promover a diminuição da temperatura
do equipamento de processo, deixando-
o em condições adequadas de posterior
utilização. A água tratada ef luente do
equipamento do processo pode ser dire-
cionada ao tanque de água recuperada,
ou descartada para dreno. A figura 5
ilustra esta etapa do processo.

Materiais e Métodos
No intuito de se alcançar o objetivo
proposto neste trabalho, foi eleito o
trocador de calor existente na instalação
piloto do bloco I para servir de protótipo
de planta industrial a ser submetida ao
processo de limpeza CIP. Foi escolhido
o leite como matéria- prima alimentar a
ser estudada, por se tratar de alimento
F4. Esterilização do sistema em estudo com água quente. tipicamente consumido em larga escala
no mercado brasileiro e cujo processa-
processo é descartada. A figura 1 mostra A terceira etapa consiste no enxágue mento industrial usa em larga escala os
esta etapa do processo. intermediário com água tratada prove- sistemas de limpeza CIP.
A segunda etapa consiste na limpeza do niente da rede de utilidades. Tipicamente,
equipamento do processo com uma solução esta água de enxágue intermediário é Materiais Utilizados
de soda cáustica proveniente do tanque de pré-aquecida a 50 ºC com o objetivo de A figura 6 representa o sistema utili-
soda quente. Nesta etapa, uma solução de manter aquecido todo o circuito a ser zado para obtenção dos dados necessários
soda cáustica (detergente) previamente limpo. A etapa de enxágue intermedi- ao modelamento matemático da cinética
preparada é encaminhada ao equipamento ário visa remover o detergente (solução de remoção dos resíduos das paredes do
de processo para a limpeza do mesmo. Esta de soda cáustica) do sistema. A água de trocador de calor.
solução é aquecida até a temperatura ade- enxágue ef luente do equipamento de O funcionamento do sistema estudado
quada de trabalho (85 ºC) e é feita escoar processo é feita retornar ao tanque de água é definido pela circulação do produto
através do processo em circuito fechado, recuperada, sendo a duração desta etapa pelos tubos, promovido por uma bomba
retornando ao tanque de soda quente. A definida pela condutividade elétrica da de deslocamento positivo (1), fazendo
figura 2 ilustra esta etapa do processo. água efluente. A operação é interrompida com que o fluido do processo no estado

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líquido seja submetido a 4 passagens no


interior dos tubos do trocador de calor.
A bomba centrífuga (2) é responsável
pela circulação da água de aquecimento
através da carcaça do trocador de calor.
A temperatura da água de aquecimento é
controlada através da válvula de controle (3)
que é responsável por ajustar a quantidade
do vapor, gerado por uma caldeira do tipo
flamo tubular instalada em ambiente pró-
prio e adequado para o seu funcionamento
adequado e seguro.
Neste trabalho, o trocador de calor foi
o ambiente de estudo. Nele foi promovida
a sujidade para posterior estudo do pro-
cesso de limpeza (ambos serão descritos
posteriormente).
No desenvolvimento deste trabalho
foram utilizados os seguintes materiais e
equipamentos:
• Trocador de calor do tipo feixe tubular
existente na planta- piloto do Bloco F5. Resfriamento do sistema em estudo com água tratada proveniente da rede.
I do CEUN-IMT;
• Sistema integrado de aquecimento
do fluido de processo, composto
por: (i)- bomba centrífuga; (ii)-
bomba de deslocamento positivo;
(iii)- reservatório intermediário de
armazenamento de água quente;
(iv)- tanque intermediário de armaze-
namento de produto a ser processado
termicamente; (v)- tubulação de
processo e (vi)- válvulas de controle
e de bloqueio;
• Caldeira flamotubular para geração de
vapor de água usado no aquecimento
do sistema estudado;
• Microcomputador do tipo PC usado
para a coleta eletrônica e armaze-
namento dos dados de interesse do
processo;
• Sistema eletrônico de coleta de dados
marca NATIONAL® formado por
Placa Eletrônica modelo NI PCI-6259 F6. Trocador de calor de feixe tubular de contato indireto.
e software LABVIEW®;
• Elementos sensores de temperatura 1-010-B, com controle proporcional de de saída constante e igual a 24 Vcc
do tipo termoresistor Pt 100Ω (04 pressão de 0 a 1 bar por meio de sinal com capacidade máxima de corrente
peças); Elétrico de 0 a 10 Vcc (linear); de saída igual a 2,5 A
• Medidor de Vazão marca METRO- • Controlador lógico programável, marca • Leite em pó integral e instantâneo
VAL, que opera pelo princípio das FESTO, modelo CPX (197330); da marca VENCEDOR.
engrenagens ovais; • Aplicativo computacional FST, marca
• Inversor de frequência marca ABB; FESTO, usado para a configuração do Metodologia empregada
• Medidor de pH, marca MICRONAL, controlador lógico programável; Para se obter os dados experimentais, o
modelo B-474; • Fonte de Tensão, marca MURR, primeiro passo foi fazer com que o trocador
• Válvula pneumática de 3 vias e 2 posições, modelo 85162, com tensão de entrada de calor entrasse em regime estacionário
Marca FESTO, modelo MPPE-3-1/2- variável entre 95 V e 265 V e tensão com relação ao balanço térmico. Isto foi

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F7. Placa de aquisição de dados usada no trabalho. F8. Régua de bornes usada no trabalho.

alcançado colocando-se o controlador em Para o procedimento de sujar o trocador foi feito circular pelo trocador de calor na
modo automático e injetando-se vapor de de calor estudado visando a sua posterior temperatura de 85 °C por aproximadamente
água saturado a 1,5 kgf ∕cm2 na entrada limpeza, foi utilizado leite em pó integral uma hora.
do casco. Este vapor de água é misturado instantâneo como agente incrustante do O procedimento de limpeza do trocador
com a água no estado líquido proveniente sistema estudado. Vale ressaltar que na de calor foi iniciado logo após o sistema ter
de um reservatório cilíndrico vertical. Este etapa inicial dos trabalhos foram realizados sido submetido ao processo de incrustação
reservatório desempenha o papel de um testes com bicarbonato de cálcio, soro e pelos resíduos do leite, conforme descrito
sistema de acúmulo de energia. maizena. Contudo, os resultados não fo- na sequência:
Foram realizados seis experimentos man- ram satisfatórios. Para cada ensaio, foram • Foi executada a retirada manual de
tendo duas variáveis constantes e aplicando um dissolvidos 5 kg de leite em 40l de água. todo leite que se encontrava no interior
degrau na terceira variável considerada. Na sequência, o leite em pó reconstituído dos tubos do trocador de calor;

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• O trocador de calor foi deixado em


repouso por aproximadamente uma
hora para que fosse consolidado o
processo de incrustação nas paredes
do mesmo;
• Foi preparada uma solução de NaOH
a 0,5% em peso que foi o detergente
utilizado para realizar a limpeza;
• Foi executado o ajuste do valor dos
parâmetros que interferem diretamen-
te no processo de limpeza, a saber:
temperatura, vazão e concentração
do agente de limpeza;
• A vazão do detergente – solução de
NaOH – foi feita escoar através dos
tubos do trocador de calor por uma
hora. Tanto a temperatura de saída dos
tubos do trocador de calor quanto a F9. Diagrama de blocos do LABVIEW®.
vazão da solução foram controladas.
O pH da solução foi monitorado
utilizando o aplicativo desenvolvido
para monitoração, armazenamento de
dados e controle do sistema em estudo.
Os dados foram armazenados, para
posterior emprego na identificação
experimental do modelo matemático
da planta.
• Depois de concluída a etapa ante-
rior, foi feita a retirada manual do
detergente que ainda permanecia
no interior dos tubos do trocador
de calor.
• Na sequência, foi executada a ve-
rificação visual da efetividade da
limpeza efetuada com o emprego
do detergente. F10. Gráfico representando o comportamento das temperaturas durante
• Depois de executada a etapa descrita processo de limpeza do trocador de calor, no experimento 1.
no item anterior, foi circulada água
de enxágue para retirar os resíduos
remanescentes do detergente de dentro
dos tubos do trocador de calor.
Após o cumprimento das etapas ante-
riormente citadas, o trocador de calor pode
ser considerado limpo.
O SECD utilizado foi composto dos
seguintes itens: (i)- um microcomputador
do tipo PC já existente; (ii)- uma placa
de aquisição de dados do fabricante NA-
TIONAL INSTRUMENTS, modelo:
NI PCI-6259, com capacidade para até 4
saídas analógicas de 16 bits, 48 entradas e
saídas digitais e faixa de operação de -10 V
a +10 V e (iii)- do aplicativa LABVIEW®,
empregado para realizar o monitoramento,
aquisição de dados e controle do processo. F11. Gráfico representando o comportamento do pH durante processo
A figura 7 apresenta uma ilustração da de limpeza do trocador de calor, no experimento 1.

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placa de aquisição de dados utilizada e a


figura 8 mostra a placa borneira empregada
nos experimentos.
Foram utilizadas quatro entradas analó-
gicas para a medição das temperaturas, uma
entrada analógica para medição da vazão, uma
saída analógica para controle do inversor de
frequência e uma saída analógica para controle
da válvula proporcional de pressão.
Posteriormente, foi desenvolvida a
configuração de aplicativo computacional
dedicado à coleta dos dados adquiridos em
experimentos realizados.
O aplicativo LabVIEW® (acrônimo
para Laboratory Virtual Instrument Engi-
neering Workbench) é uma linguagem de
F12. Gráfico representando o comportamento das temperaturas durante programação gráfica criada pela empresa
processo de limpeza do trocador de calor, no experimento 2. NATIONAL INSTRUMENTS. A primei-
ra versão surgiu em 1986 para máquinas
Macintosh e atualmente existem também
ambientes de desenvolvimento integrados
para os Sistemas Operacionais Windows®,
Linux e Solaris®.
Os principais campos de aplicação do
LabVIEW® são a realização de medições
e a automação. A programação é feita de
acordo com o modelo de fluxo de dados,
o que oferece a esta linguagem vantagens
para a aquisição de dados e para a sua
manipulação.
Os instrumentos que compõem os pro-
gramas escritos na linguagem do LabVIEW®
são chamados de instrumentos virtuais ou,
simplesmente, VIs. São compostos pelo
painel frontal, que contém a interface, e pelo
F13. Gráfico representando o comportamento do pH durante processo diagrama de blocos, que contém o código
de limpeza do trocador de calor, no experimento 2. gráfico do programa. O programa não é
processado por um interpretador, mas sim
compilado. Deste modo, o seu desempenho
é comparável ao exibido pelas linguagens
de programação de alto nível. A linguagem
gráfica do LabVIEW® é chamada “G”.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Labview,
acessado em 10 de outubro de 2009).
O desenvolvimento do programa prin-
cipal foi elaborado através da programação
de outros subprogramas, para facilitar a
organização e teste das funções necessárias. A
figura 9 apresenta a tela da programação da
interface desenvolvida usando a linguagem
G do LabVIEW®.

Resultados Obtidos
Os resultados experimentais obtidos com
F14. Gráfico representando o comportamento da vazão durante processo a bancada experimental empregada neste
de limpeza do trocador de calor, no experimento 2. trabalho são apresentados neste capítulo.

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A figura 10 exibe o gráfico do com-


portamento temporal das temperaturas do
trocador de calor para o primeiro ensaio
realizado.
A figura 11 traz o gráfico do com-
portamento temporal do pH medido na
tubulação de saída do trocador de calor
para o primeiro ensaio realizado.
A figura 12 ilustra o gráfico do com-
portamento temporal das temperaturas do
trocador de calor para o segundo ensaio
realizado.
A figura 13 apresenta o gráfico do
comportamento temporal dos valores de
pH medidos na tubulação de saída do
F15. Gráfico representando o comportamento das temperaturas durante trocador de calor e também no tanque
processo de limpeza do trocador de calor, no experimento 3. de alimentação para o segundo ensaio
realizado.
A figura 14 mostra o gráfico do com-
portamento temporal dos valores de vazão
medidos na tubulação de saída do trocador
de calor para o segundo ensaio realizado.
A figura 15 mostra o gráfico do com-
portamento temporal dos valores das tempe-
raturas do trocador de calor para o terceiro
ensaio realizado.
A figura 16 traz o gráfico do comporta-
mento temporal dos valores de pH medidos
na tubulação de saída do trocador de calor
e também no tanque de alimentação para
o terceiro ensaio realizado.

Análise e Discussão dos


Resultados Obtidos
F16. Gráfico representando o comportamento do pH durante processo A partir da seleção de trechos adequa-
de limpeza do trocador de calor, no experimento 3. dos dos valores obtidos nos experimentos,
foram construídos os gráficos apresentados
nas figuras 17 e 18. Estes ilustram o com-
portamento temporal dos valores de pH
medido e modelado correspondentes às
concentrações de NaOH presentes na água
de enxágue efluente da saída do trocador de
calor estudado para cada umas das vazões
consideradas.
Os gráficos foram construídos com base
na metodologia proposta por ZIEGLER
& NICHOLS (1942) considerando a
identificação experimental aproximada
dos parâmetros do modelo.
Para o gráfico da figura 17 foram obti-
dos os seguintes parâmetros para a função
de transferência que modela o comporta-
mento do sistema: (i)- ganho do processo
(kp) = 0,14982 pH/L.min-1; (ii)- atraso
F17. Evolução temporal do pH na água de enxágue efluente de transporte (θ) = 11 s e (iii)- atraso de
dos tubos do trocador de calor para a vazão de 13 l/min. transferência (τ)= 18 s.

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Para o gráfico da figura 18 foram obtidos pH, apresentando praticamente o mesmo


os seguintes parâmetros para a função de valor. Considerando o fato de que a vazão
transferência que modela o comportamento do apresenta uma influência maior no processo
sistema: (i)- ganho do processo (kp) = 0,154691 de remoção dos resíduos, seria de se esperar
pH/L.min-1; (ii)- atraso de transporte (θ) = 5 que os ganhos fossem significativamente
s e (iii)- atraso de transferência (τ)= 25 s. diferentes. Uma possível explicação para esta
Analisando os comportamentos temporais diferença entre o comportamento esperado
das variações de pH apresentadas nas figuras e o verificado pode estar relacionada com
17 e 18, pode-se perceber que os valores apre- o fato de que o processo de incrustação não
sentados pelos modelos matemáticos obtidos foi adequadamente realizado.
representam de forma adequada e coerente Os gráficos mostrados na figura 19 e
os respectivos comportamentos reais do pH. 20 ilustram o comportamento temporal dos
Pode-se verificar, também, que o emprego valores de pH medido e modelado correspon-
de um valor mais elevado para a vazão do dentes às concentrações de NaOH presentes
fluido circulante permitiu obter um menor na água de enxágue efluente da saída do
valor de pH em um tempo menor. trocador de calor estudado para cada umas
Os valores obtidos para os ganhos das das temperaturas consideradas.
funções de transferência sugerem pouca Para o gráfico da figura 19 foram obtidos
influência no comportamento temporal do os seguintes parâmetros para a função de

F18. Evolução temporal do pH na água de enxágue efluente


dos tubos do trocador de calor para a vazão de 9 l/min.

F19. Evolução temporal do pH na água de enxágue efluente dos tubos


do trocador de calor para a degrau na temperatura de 6,5 °C.

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Referências Bibliográficas
BIRD & BARLETT. CIP optimization for HALL, Carl W., FAVRA, A. W., TRIPPER, A.
the food industry: Relationships between L. Encyclopedia of Food Engineering, 1971.
transferência que modela o comportamento detergent concentration, temperature USA: Avi Pub Co, 1000p.
do sistema: (i)- ganho do processo (kp) = and cleaning time. Institution of Chemical
0,15 pH/°C; (ii)- atraso de transporte (θ) = 30 Engineers, 2005 HARROLD, Dave.Automate CIP, track pipe
s e (iii)- atraso de transferência (τ)= 700 s. status. Control Engineering, Dezembro
Para o gráfico da figura 20 foram obtidos CARLOTTI FILHO, M. A. C. Estudo da 2000
cinética de remoção de resíduos de cálcio
os seguintes parâmetros para a função de e de detergente alcalino nas etapas de KHS – Ziemann Lies. Sistema ACIP. [s.i.s.d.].
transferência que modela o comportamento pré-lavagem e de enxágue em um trocador 06p
do sistema: (i)- ganho do processo (kp) = de calor de placas, São Caetano do Sul, SP:
0,1 pH/°C; (ii)- atraso de transporte (θ) = 30 CEUN-IMT, 2008. Mestrado MELO JR., P.A. & PINTO, J. C. C. da S.
s e (iii)- atraso de transferência (τ)= 190 s. Introdução à Modelagem Matemática e
GARCIA, C. Modelagem e Simulação Dinâmica Não Linear de Processos Quími-
Analisando os comportamentos temporais de Processos Industriais e de Sistemas cos. Rio de Janeiro, RJ: COPPE - UFRJ,
das variações de pH apresentadas nas figuras Eletromecânicos. São Paulo, SP: EDUSP, 2008.
19 e 20, pode-se perceber que os valores 2005, 678p.
apresentados pelos modelos matemáticos MILLER, J. R. et al. A comparison of control-
obtidos representam de forma adequada GORMEZANO, L. Desenvolvimento e ler tuning techniques. Control Engineering,
implementação de sistema para avaliar a v.14, n. 12, p. 72, Dec. 1967.
e coerente os respectivos comportamentos cinética de remoção de resíduos presen-
reais do pH. tes nos tubos de trocador de calor feixe OGATA, K. B. Engenharia de Controle
Pode-se verificar, inclusive, que o com- tubular, São Caetano do Sul, SP: CEUN-IMT, Moderno. Rio de Janeiro, RJ: Prentice-Hall
portamento apresentado pelo gráfico da 2007. Mestrado . do Brasil, 1998, 811 p.
figura 20 sugere uma resposta mais rápida
do sistema, considerando o degrau aplicado
na temperatura de operação de estado esta- acionamento de equipamentos, água, vapor e Foi constatada uma significativa dificuldade
cionário igual a 90 °C. redução do tempo de máquina parada, assim no processo de incrustação, que originalmente
obtendo um ganho de produtividade. se pensava ser muito mais simples.
Conclusões Deve ser ressaltado que os valores de Os modelos matemáticos ajustados são
A bancada de estudos desenvolvida vazão empregados nos ensaios foram limitados preliminares e devem ser revisados para que
teve sua eficácia comprovada pelos estudos em função do tipo de bomba empregado na se obtenham dados de melhor qualidade.
que foram possíveis realizar através de suas planta- piloto do Bloco I, que não permitiu o Em princípio, eles representam de forma
ferramentas. emprego de valores mais elevados de vazão, coerente o fenômeno estudado.
Dos estudos de remoção de resíduos por se tratar de bomba de rotor helicoidal, Com base nos resultados preliminares
do trocador de calor realizados através da que tipicamente fornece elevada pressão de obtidos, sugere-se a continuidade dos
bancada, concluímos que com base nos descarga e baixa vazão. trabalhos, visando definir e implementar
resultados experimentais obtidos pode-se A alteração da quantidade de NaOH pode estratégia de controle multivariável baseada
afirmar que foi verificada uma redução no contribuir de forma significativa na redução no comportamento do sistema estudado
tempo de limpeza do equipamento, com a do tempo de resposta do sistema e deve ser e que permita alcançar o objetivo de
correspondente redução de energia com o investigado com bastante critério. redução de custos. MA

F20. Evolução temporal do pH na água de enxágue efluente dos tubos do trocador de calor para a degrau na temperatura de 6,3 °C.

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Aplicação de Lean
s Manufacturing
em metalúrgica de médio porte
Este artigoapresenta uma aplicação das ferramentas de Lean Manufacturing em um fluxo produtivo
de uma empresa metalúrgica de médio porte. Utilizou-se como metodologia o estudo de caso, e como
técnicas de coleta de dados a observação e entrevista para elaborar o mapeamento do fluxo de valor do
clavete de ½ , produto de maior demanda da Rudloff Industrial Ltda. O mapeamento de fluxo de valor
proporcionou visualizar os desperdícios do processo, o que direcionou o estudo à aplicação de ferramentas
que buscam eliminá-los. Identificou-se também que os desperdícios existentes no processo de produção
do clavete de ½” resultavam em um lead time elevado. Uma das principais ferramentas utilizadas para a
eliminação de desperdícios foi o Kanban, que permitiu um controle visual e uma produção conforme a
demanda. Os resultados obtidos com a aplicação de ferramentas de Lean Manufacturing apresentaram
níveis satisfatórios quanto à redução do lead time (redução de 78%) e minimização de desperdícios, o
que proporcionou uma redução no tempo de processamento de 11,5%

C
Elison Fukabori
Fernanda Terzini Soares
om o aumento da concorrência devido ao
excesso de capacidade fabril e à globaliza-
ção, as empresas sentiram a necessidade
de se adaptarem de forma a prosperarem.
Assim, as organizações, para garantirem
uma posição sólida no seu mercado, vêm
gastando consideráveis esforços e recursos
no sentido de promover a melhoria contínua
do processo de manufatura eliminando os
Observaram-se em uma empresa me-
talúrgica de médio porte, deficiências no
processo produtivo do produto de maior
demanda demonstradas por diversos
fatores, dentre eles:
• Alto nível de estoque em processo;
• Longas distâncias percorridas pelo
produto dentro da fábrica sem agre-
gação de valor;
Luiza Bacchi Curotto desperdícios. Para isso, segundo Corrêa e • Capacidade produtiva limitada por
Marcos Vinicius Liberato Gianesi (1996), grande parte das empresas uma operação “gargalo”;
tem se empenhado na implementação de • Operações desnecessárias que não
processos de transformação de acordo com agregam valor e geram custos;

saiba mais as técnicas da filosofia de produção enxuta


(Lean Manufacturing), motivando inicia-
tivas no sentido de sistematizar e adaptar
• Ausência de controle visual da
produção;
• Lead time elevado.
MOURA, R. A. Kanban: a simplici-
dade do controle da produção. as técnicas japonesas de produção às suas Diante das deficiências identificadas na
São Paulo: IMAN, 1999. necessidades. Porém, nota-se na prática, empresa, acreditou-se que com a aplicação
que muitas empresas não aplicam correta das ferramentas de Lean Manufacturing, tais
WOMACK, J.P. et al. The machine e amplamente estes preceitos. como o sistema Just-in-time, mapeamento
that changed the world. New
York: Rawson Associates, 1990.

32 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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manufatura

de fluxo de valores, Kanban, baseadas no final; e trabalha com um relacionamento ou etiqueta de pedido de trabalho, sujeito à
Sistema Toyota de Produção, a empresa de parceria intensiva desde o primeiro circulação repetitiva na área. Diferente das
aumentaria sua capacidade produtiva da fornecedor até o cliente final. ordens convencionais de trabalho, o Kanban
operação gargalo, diminuiria seus desper- sempre acompanha as peças ou materiais,
dícios e reduziria seu lead time. Sistema Just-In-Time facilitando, desta forma, o controle de
Assim, o objetivo deste artigo consistiu Gaither e Frazier (2002) definem just-in- estoque local (Mouta, 1999).
na aplicação das ferramentas de Lean Ma- time como sendo uma filosofia de manufatura Segundo Gaither e Frazier (2002),
nufacturing na empresa Rudloff Industrial que se baseia na eliminação planejada de Kanban é o meio de sinalizar para a esta-
Ltda., com o propósito de identificar as todo desperdício e na melhoria contínua ção de trabalho antecedente que a estação
fontes de desperdícios, e dessa forma, propor da produtividade. Esta filosofia envolve a de trabalho seguinte está preparada para
melhorias para o processo produtivo do execução bem-sucedida de todas as atividades que a estação anterior produza outro lote
produto de maior demanda, de modo a: de manufatura necessárias para produzir um de peças.
• Reduzir os desperdícios; produto final, da engenharia de projetos à Pela sua característica de puxar a produ-
• Aumentar a capacidade produtiva entrega e inclusão de todos os estados de ção, Moura (1999), resume em seis pontos
da operação gargalo identificada transformação da matéria-prima. Os elementos a função do Kanban:
no mapeamento do fluxo de valor principais do just-in-time são: a manutenção • O Kanban estimula a iniciativa por
do estado atual; somente dos estoques necessários quando parte dos empregados da área.
• Reduzir o Lead Time de produção. preciso; a melhoria da qualidade até atingir • O Kanban é um meio de controle de
um nível zero de defeitos; a redução do lead informações. Ele separa as informa-
Sistema Toyota de Produção time ao reduzir os tempos de preparação, ções necessárias das desnecessárias,
O Sistema Toyota de Produção (STP), comprimentos de fila e tamanhos de lote; alcançando, desta forma, resultados
também chamado de Produção Enxuta ou a revisão incrementalmente das próprias máximos com um mínimo de in-
Lean Manufacturing, surgiu no Japão, na operações; e a realização dessas atividades formações.
fábrica de automóveis Toyota, logo após a a um custo mínimo. Num sentido amplo, • O Kanban controla o estoque. É
Segunda Guerra Mundial. A criação do aplica-se a todas as formas de manufatura, possível fazer um controle direto do
sistema se deve a Eiji Toyoda e Taiichi Ohno, job shops e processos, bem como à manu- estoque na área, visto que o Kanban
da Toyota, e tem como objetivo aumentar fatura repetitiva. sempre acompanha as peças ou os
a eficiência da produção pela eliminação De acordo com Corrêa e Gianesi (1996), materiais.
contínua de desperdícios. o just-in-time (JIT) proporciona a redução • O Kanban ressalta o senso de pro-
A base do Sistema Toyota de Produção de custos pela eliminação de estoques. Em priedade entre os empregados. É
é a absoluta eliminação do desperdício, relação à qualidade, aumenta a flexibilidade estabelecida uma meta visível de
tendo como seus dois principais pilares de de resposta e a velocidade do fluxo de produ- desempenho no trabalho para uma
sustentação o just-in-time (recebimento e ção. Por fim, a confiabilidade das entregas estação de trabalho e os empregados
disposição de produtos e materiais apenas também é aumentada através da ênfase na que fazem parte dela se empenham
na hora e na quantidade necessárias) e manutenção preventiva e da flexibilidade para atingir a meta através de meios
o jidoka (automação com toque huma- dos trabalhadores. inovadores.
no, ou seja, máquinas com dispositivos Por outro lado, as principais limitações • O Kanban simplifica os mecanis-
que impedem a fabricação de produtos do just-in-time referem-se à necessidade de mos de administração do trabalho,
defeituosos no caso de anormalidades) que a demanda seja razoavelmente estável, através do controle de informações
(OHNO, 1997). para que se consiga balancear os recursos, e estoque, renovando a organização
Womack et al. (1990) definem a pro- e à complexidade dos roteiros de produção, da empresa.
dução enxuta como sendo um sistema caso haja grande variedade de produtos. • O controle de informações e estoque
produtivo integrado, com enfoque no fluxo Além disso, aumenta o risco de interrupção também permite a administração
de produção, produção em pequenos lotes da produção em função de problemas com a visual do trabalho na área. Os empre-
segundo a filosofia just-in-time e um nível mão-de-obra (greves, por exemplo) ou com gados podem confirmar visualmente
reduzido de estoques. Segundo os mesmos os equipamentos, tanto na empresa quanto o estoque de vez em quando, ao ob-
autores, a produção enxuta também envolve nos fornecedores. servarem o número de contenedores
ações de prevenção de defeitos em vez da Três razões-chaves definem o coração da com peças. Isto estimula sugestões
correção; trabalha com produção puxada filosofia JIT: a eliminação de desperdício, o para reduzir mais o estoque.
em vez da produção empurrada baseada envolvimento dos funcionários na produção
em previsões de demanda; é flexível, sendo e esforço de aprimoramento contínuo. Mapeamento do Fluxo de Valor
organizada através de times de trabalho Para Rother e Shook (1999), o Mapea-
formados por mão-de-obra polivalente; Controle de Produção Kanban mento do Fluxo de Valor é uma ferramenta
pratica um envolvimento ativo na solução O Kanban é um dos instrumentos es- essencial, pois: ajuda a visualizar mais do
das causas de problemas com vistas à maxi- senciais para a implantação do sistema de que simplesmente os processos individu-
mização da agregação de valor ao produto produção just-in-time. Trata-se de um cartão ais. É possível enxergar o fluxo; ajuda a

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manufatura

identificar mais do que os desperdícios. de valor; portanto, sempre deverá Processo produtivo
Mapear ajuda a identificar as fontes do haver um mapa do estado futuro em Em visita à empresa com o engenheiro-
desperdício; fornece uma linguagem comum implementação; afinal, um mapa do contato da empresa, foi possível verificar
para tratar dos processos de manufatura; estado atual e todo o esforço para deficiências no processo produtivo da
torna as decisões sobre o fluxo visíveis, desenhá-lo são puro desperdício, a Rudloff, tais como:
de modo que se possa discuti-las; junta menos que se utilize esse mapa para • Alto nível de estoque intermediário, o
conceitos e técnicas enxutas, que ajudam rapidamente criar e implementar que resulta em custos desnecessários
a evitar a implementação de algumas um mapa do estado futuro que no processo produtivo;
técnicas isoladamente; forma a base para elimine as fontes de desperdícios e • Alto índice de ociosidade de algumas
um plano de implementação; e mostra a agregue valor ao cliente. (Rother e operações e sobrecarga em outras,
relação entre o fluxo de informação e o Shook, 1999). ocasionando um desequilíbrio nos
fluxo de material. tempos de operação;
Ainda de acordo com Rother e Shook Análise da Empresa • Operações que não agregam valor ao
(1999), a aplicação prática do mapea- A empresa estudada é a Rudloff Industrial produto e que, no entanto, impactam
mento do fluxo de valor deve obedecer Ltda. situada na região sul de São Paulo seu custo;
às seguintes etapas: que atua como fabricante de componentes • Capacidade produtiva limitada por
• Primeira etapa: selecionar uma fa- mecânicos para a construção civil, com uma operação gargalo;
mília de produtos, composta por um especialização em concreto protendido. • Ausência de controle visual de pro-
grupo de produtos que passaram por dução.
etapas semelhantes de processamento Produtos Tais problemas tornaram-se o foco do
e utilizam equipamentos similares A empresa possui um grande portfólio trabalho, cujo objetivo foi estudá-los e saná-
em seus processos; de produtos, com peças para concreto los com o melhor desempenho possível.
• Segunda etapa: desenhar o estado protendido, usinagem mecânica, emendas
atual e o estado futuro, o que é feito para barras de aço e aparelhos de apoio Mapeamento do Fluxo de
a partir da coleta de informações no elastoméricos. O trabalho tem como foco o Valor do Estado Atual
chão de fábrica; as setas entre esses dois clavete de ½” também chamado de cunha, Com o intuito de identificar as fontes
estados têm duplo sentido, indicando utilizado para ancoragem de cabos de aço das principais deficiências na fábrica da
que o desenvolvimento de ambos são em concreto protendido. Rudloff, foi utilizada a ferramenta de
esforços superpostos; as ideias sobre o
estado futuro virão à tona enquanto
se estiver mapeando o estado atual,
assim como desenhar o estado futuro
mostrará importantes informações
sobre o estado atual que passaram
despercebidas anteriormente;
• Etapa final: preparar um plano de
implantação que descreva, em uma
página, como se planeja a transição
do estado atual para o estado futuro;
e tão breve quanto possível, colo-
cá-lo em prática; então, assim que
esse estado futuro tornar-se uma
realidade, um novo mapa deverá ser
desenhado, que nada mais é que a
melhoria contínua no nível do fluxo F1. Quantidade relativa média de Clavetes vendidos (Set/08 – Set/09).

T1. Dados do Processo de Produção do Clavete de ½” para estado atual.

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manufatura

Mapeamento de Fluxo de Valor. Assim, Além disso, também foram inseridas no Dados do Mapeamento do
o primeiro passo foi descobrir qual é o mapa as informações referentes ao trata- Fluxo de Valor Atual
produto de maior representatividade para mento térmico, realizado em uma empresa Para o mapeamento do fluxo de valor
a empresa. terceirizada que recebeu o grupo apenas foram considerados os seguintes dados
Como é de conhecimento da empresa, para uma visita. diários:
os diversos modelos de clavetes representam Após o mapeamento dos processos e • 1 turno de produção: das 8 h às 17 h;
os produtos de maior demanda. Com base dos dados, analisou-se como são gerados • Horário de almoço: 12 h às 13 h;
nessas informações, foi elaborado um levan- os pedidos de matéria-prima (MP) aos • 2 intervalos de 15 minutos cada
tamento da demanda de todos os modelos fornecedores e como é feito o planeja- (pausa para café);
de clavetes entre os meses de setembro de mento da produção. Quando o estoque • Tempo de parada por quebra de
2008 e setembro de 2009, conforme mostra de produtos acabados atinge o valor máquinas de 30 minutos.
a figura 1, e deste modo determinou-se o mínimo de 10.000 unidades de clavete Além desses, foram coletados também
produto de maior representatividade para de ½“ na expedição, o departamento de os dados apresentados na tabela 1 referentes
a empresa: o Clavete de ½’’. Administração da Produção emite as ao tempo de ciclo, tempo de setup, tamanho
Conhecido o produto de maior de- Ordens de Compra (OC) de MP equi- do lote, disponibilidade e tempo útil da
manda, iniciou-se o mapeamento do valente a 50.000 peças. Ao mapear o máquina e a taxa de refugo.
fluxo do Clavete de ½”. Acompanhou-se processo pôde-se perceber que o fluxo é Nota-se que alguns dados referentes ao
a produção a partir do primeiro processo empurrado e que há um planejamento de tratamento térmico não são conhecidos.
produtivo (usinagem no torno TB60), produção ineficaz. Quando a MP chega Isto porque esta operação é realizada em
até a chegada do produto acabado na à fábrica, os clavetes são produzidos sem empresa terceirizada que não permitiu a
expedição. Foi escolhida essa sequência, nenhum tipo de controle em relação à coleta dos mesmos. Porém, esses dados
pois desta maneira foi possível visualizar quantidade que deveria ser produzida, desconhecidos não inf luenciaram no
como o material chegava a cada processo e gerando, consequentemente, enormes desenvolvimento do trabalho, uma vez
também qual era a próxima operação. Neste estoques intermediários. O único con- que a aplicação das ferramentas de Lean
ponto do desenvolvimento do trabalho, trole de produção que a empresa possui Manufacturing foi na Rudloff.
foi encontrada uma grande quantidade é uma ficha de produção em que consta a A partir desses dados foi possível de-
de estoque intermediário de clavete de ½ quantidade produzida em cada máquina, senhar o fluxo de valor do estado atual,
entre a usinagem e a lavagem das peças. preenchida pelos próprios operários. apresentado na figura 2.

F2. Mapa do Fluxo de Valor do estado atual.

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manufatura

Mapeamento do Fluxo de Valor Além dos fatores específicos de des- fosse economicamente viável. As bandejas
do Estado Futuro Proposto perdício, foi encontrada uma proposta também foram pintadas e dimensionadas
Ao fazer o mapeamento do fluxo de de melhoria no procedimento de cortar de acordo com as cores kanban: verde,
valor atual encontraram-se os desperdícios, os clavetes. Ao invés de serrar um clavete amarelo e vermelho.
sendo o principal deles o grande volume de por vez, como mostra a figura 6, a serra Já o carrinho foi projetado para suportar
peças em estoque intermediário, que fazia vertical passaria a serrar dois clavetes por 5 bandejas cheias de clavetes, como também,
com que o clavete de ½” ficasse aproxi- corte (figura 7), sendo que esta proposta foi adaptado para as condições de trabalho
madamente 56 dias na linha de produção. já foi implantada pela empresa. dos operadores, levando-se em consideração
Além desse desperdício, identificaram-se Para um controle eficaz da produção e questões ergonômicas, como pega das ban-
duas atividades de lavagem de peças que para controlar o estoque, implementou-se dejas, altura adequada da empunhadura do
não agregavam valor e aumentavam o tem- o Kanban no mapa do estado proposto. O carrinho e peso máximo permitido limitando
po de processamento do produto, que até tipo de Kanban utilizado foi o de bandejas a quantidade de clavetes por bandeja.
então era de 116,4 segundos. Outro fator e carrinhos, apresentados na figura 8. Ao se analisar as duas operações de la-
observado foi a ausência de planejamento Projetaram-se as bandejas considerando vagem que não criavam valor, percebeu-se
e de controle eficaz de produção. um lote que permitisse um fluxo real e mais que elas existiam apenas para a retirada do
Um dos fatores responsáveis pelo es- rápido do que o estado atual. Assim, ficou óleo lubrificante existente em cada processo.
toque em processo era a operação gargalo estabelecido um fluxo de 100 peças por Diante disso, a implementação proposta
(Serra de fita Vertical (SV), identificada bandeja. Além disso, as bandejas foram consistiu em utilizar as bandejas de forma
ao desenhar o mapa de fluxo de valor. Na projetadas para atender toda família de com que o óleo escorresse nelas e que fosse
SV, havia desperdício de tempo durante a clavete, permitindo que a implementação coletado em um recipiente no carrinho.
produção por alguns fatores de operação,
tais como:
• Contagem de peças serradas realizada
pelo operadores;
• Vida útil da fita de serra de três dias;
• Os cavacos que ficavam na mesa de
operação eram retirados pelo operador
com o uso de um pincel.
Além disso, a operação gargalo limitava
a produção e fazia com que a empresa não
atendesse sua demanda, gerando insatis- F3. Contador de cortes F4. Sistema de Lubrificação na SV
na Serra Vertical. (Reservatório e acionador).
fação dos clientes. Com os desperdícios
encontrados, iniciou-se a definição das
ações a serem tomadas para o mapeamento
do estado proposto.
Para a SV, foram propostas soluções es-
pecíficas para cada fator de desperdício:
• Foi colocado em cada SV um conta-
dor, assim o operador não utilizava
mais nenhum tempo separando
determinadas quantidades de peças
para posteriormente marcar em
seu cartão de marcação, conforme F5. Sistema de Lubrificação na SV F6. Corte na serra vertical,
(mangueira aplicadora). um clavete por corte.
ilustra a figura 3;
• A solução para aumentar a vida útil
da fita de serra foi a adequação de um
sistema de lubrificação, que alterou
de três para cinco dias de vida útil,
conforme exibem as figuras 4 e 5;
• Os cavacos passaram a ser aspirados
pela sucção de um aspirador, no mo-
mento em que o corte era feito, e não
mais, com uso de pincel. Porém, por
não haver uma sucção plena e gerar
alto índice de ruído, essa proposta F7. Corte na serra vertical, F8. Bandejas e
dois clavetes por corte. Carrinho Kanban.
não foi implementada.

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manufatura

Dimensionamento do Kanban mapeamento do fluxo de valor para o estado processamento igual a 54 segundos. Porém, a
Realizaram-se todos os cálculos necessários futuro proposto, vistos na tabela 3. capacidade produtiva para o processo produtivo
para o dimensionamento do Kanban, obtendo- Nota-se que alguns dados referentes ao do clavete de ½ “ no estado proposto é maior
se o resultado apresentado na tabela 2. tratamento térmico não são conhecidos. do que a demanda mensal da empresa.
O número ideal de bandejas encontrado é Isto porque esta operação é realizada em
de: uma verde, duas amarelas e duas vermelhas. empresa terceirizada que não permitiu a Resultados
Porém, com o conceito de melhoria contínua e coleta dos mesmos. Com a implementação do contador, do
do fluxo unitário de peças existente no Lean A partir da tabela 3 foi possível finalizar sistema de lubrificação e do corte de dois
Manufacturing, como proposta de próximos o mapa de fluxo de valor do estado proposto, clavetes por vez na serra vertical, conseguiu-se
passos, o ideal é alterar o número de bandejas figura 9, e calcular o novo Lead Time e o
para uma verde, duas amarelas e uma vermelha. novo tempo de processamento.
E em uma terceira etapa, um Kanban com um A redução no tempo de processamento
número de bandejas equivalente a uma verde, da serra vertical, operação gargalo no estado
uma amarela e uma vermelha, tornando a atual, de 33 segundos para 22 segundos, au-
produção de clavetes mais flexível. mentou a capacidade produtiva da operação.
Considerando a quantidade de cada tipo de
Dados do Mapeamento do Fluxo de máquina utilizada no processo produtivo
Valor do Estado Futuro Proposto do clavete de ½”, apresentada na tabela 4, a
Com as propostas de melhorias apre- operação gargalo do estado proposto torna- T2. Quantidade total de
sentadas, foram calculados os dados do se a operação no TB60 com um tempo de Bandejas por Carrinho.

T3. Dados do processo de produção do clavete de ½” para estado futuro.

F9. Mapa do fluxo de valor do Estado Futuro Proposto.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 37

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manufatura
Referências Sobre os autores
reduzir os estoques intermediários do clavete CORRÊA, H; GIANESI, I. Just-in-time, MRP Elison Fukabori
de ½” , eliminar os desperdícios e aumentar II e OPT: um enfoque estratégico. São Engenheiro de Produção Mecânica
Paulo: Atlas, 1996. mfukabori@yahoo.com.br
a capacidade produtiva da operação gargalo
em 75%, conforme indica a figura 10. GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administra- Fernanda Terzini Soares
As bandejas e carrinhos Kanban per- ção da produção e operações. São Paulo: Engenheira de Produção Mecânica
mitiram controle visual da produção, Thomson Learning, 2002. fernanda.terzini@hotmail.com
reduziram o tempo de espera e eliminaram
OHNO,T. O Sistema Toyota de Produção: Luiza Bacchi Curotto
os estoques em processo do clavete de ½”, além da produção em larga escala. Porto Engenheira de Produção Mecânica
melhorando a produtividade e interligando Alegre: Artes Médicas, 1997. luizacurotto@gmail.com
as operações em um fluxo uniforme.
Diante da proposta de utilizar as bandejas ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a Marcos Vinicius Liberato
Kanban para escorrer o óleo dos clavetes de Enxergar. Parte I. São Paulo: Lean Institute Engenheiro de Produção Mecânica
Brasil, 1999. liberato.mv@gmail.com
½” entre as operações, conseguiu-se elimi-
nar as duas operações de lavagem de peças
que não criavam valor. A proposta também
permitiu a reutilização do óleo armazenado a aplicação da ferramenta denominada processo de emissão de pedidos, e principal-
nos recipientes dos carrinhos. Kanban, que permite à empresa produzir mente a implementação de novos projetos na
Com as propostas de melhorias na somente o necessário. prestação de serviços a terceiros oferecidos pela
operação gargalo, principalmente a de Os resultados obtidos com a aplicação empresa, especialmente com investimentos
serrar dois clavetes por vez, a elimina- de ferramentas de Lean Manufacturing para substituição dos tornos automáticos por
ção das duas operações de lavagem que apresentaram níveis satisfatórios quanto tornos de controle numérico. MA
não criavam valor e com o sistema de à redução do lead time (redução de 78%)
Kanban de bandejas e carrinhos, o Lead e a minimização de desperdícios, como a
Time foi reduzido de 56,55 dias para eliminação de atividades que não agregavam
12,5 dias, uma redução de 78%. Já o valor ao produto e redução de estoques
tempo de processamento foi reduzido intermediários, que proporcionaram uma
de 116,4 segundos para 103 segundos, redução no tempo de processamento de
uma redução de 11,5%. Por outro lado, 11,5%. Portanto, ficou demonstrado que a
o estoque intermediário foi eliminado e utilização destas ferramentas é útil e eficaz
a serra vertical deixou de ser a operação na melhoria de processos produtivos.
gargalo, e no estado futuro proposto, a Com estas melhorias espera-se que a
Rudloff apresentou uma capacidade pro- empresa obtenha retorno positivo de seus
dutiva maior que sua demanda. Do ponto clientes, aumentando o nível de satisfação e
de vista econômico, a redução do Lead consequentemente proporcionando um ma-
Time impacta diretamente no fluxo de rketing indireto positivo para a Rudloff.
caixa da empresa, uma vez que o capital F10. Comparação da capacidade produtiva an-
de giro foi reduzido. A consolidação dos Recomendações para tes e depois das eliminações de desperdícios.
resultados é exibida na tabela 5. trabalhos futuros
Recomenda-se que a empresa dê con-
Conclusão tinuidade à aplicação das ferramentas de
O presente trabalho buscou comprovar Lean Manufacturing a todo o portfólio
as vantagens da aplicação de ferramentas de produtos, de forma a multiplicar as
de produção enxuta em uma empresa melhorias alcançadas até o momento e
metalúrgica, reduzindo o lead time de estimular a melhoria contínua nos processos
produção e minimizando os desperdícios existentes dentro dela.
de seus processos produtivos. Sugere-se também o desenvolvimento de T4. Quantidade de cada tipo de máquina utiliza-
Para chegar a estes resultados, foi utilizada novos projetos focados na automatização do do no processo produtivo do Clavete de ½”.
a ferramenta MFV (Mapeamento do Fluxo
de Valor) que auxiliou na identificação dos
desperdícios e permitiu uma análise do
cenário em que a empresa se encontrava.
O mapeamento mostrou um elevado lead
time de produção e altos níveis de desper-
dícios dos processos existentes na Rudloff.
Visando reduzir este lead time de produção
e minimizar os desperdícios, foi proposta T5. Resultados Consolidados.

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instrumentação

Medição de Níveis
em Evaporadores
com Radares de
Onda Guiada
Este artigo mostra a melhor maneira para medir o nível de Marcus Vinicius M. e Silva
evaporadores, processo cuja densidade varia, há presença de Gerente de Produto
mv@smar.com.br
espuma e vapores - o que impossibilita o uso de tecnologias
convencionais. Davi Somaggio
Engenheiro de Suporte
somaggio@smar.com.br

A
tecnologia de medição de nível por pressão Entretanto, outros instrumentos de
hidrostática ainda é a mais utilizada no campo para medição de nível como me-
mundo. Mas, como se sabe, ela depende didores tipo ultrassom, ou até radares de
exclusivamente de um parâmetro que pode ondas livres (radares sem contato) não são
mudar de herói para vilão em questão de indicados para esses casos. A presença cons-
segundos, conforme o nível de interesse tante de vapores não o permite. No que se
em exatidão e repetibilidade desejados: a refere aos evaporadores, ainda há diversos
densidade. Se há mudança de temperatura obstáculos internos ao tanque, e tudo isso
ou composição do produto, o famoso trio pode gerar falsos ecos na medição. Existe

saiba mais ρ.g.h varia também, devido a ela.


E isso também acontece dentro de
um evaporador. O processo tem sua
uma estrutura comum chamada “calandra”
dentro desses tanques, que é uma série de
tubos paralelos e verticais com vistas a
Sistemas de tratamento de água concentração aumentada à medida que o otimizar o proceso de evaporação. Eles não
potável - Medição e controle do tempo passa e, particularmente em uma permitem a instalação de equipamentos cujo
PH em um processo de trata-
mento de água usina de açúcar, muda de uma caixa de princípio de funcionamento seja invasivo
Mecatrônica Atual 16 evaporação para outra (nos chamados dentro do tanque, seja através de ondas, seja
Múltiplos Efeitos). através de contato com sondas.
Princípios e Metodologias para A intenção nas usinas é obter-se um E, mesmo assim, manter um nível de
medição de Oxigênio dissolvido caldo a uma densidade por volta de 65o operação próximo a 30% da altura dessa
em Meios Líquidos
Mecatrônica Atual 13 Brix na última caixa, e também gerar-se o calandra (esse número varia de um fabricante
chamado vapor vegetal para outras áreas para outro), é condição essencial para uma
Arquiteturas para sistemas de da planta. boa qualidade do produto final.
medição
Mecatrônica Atual 37

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 39

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instrumentação

A Solução • Vede o vaso, especialmente em sua


Com um vaso comunicante ao tanque, parte inferior, mas que ainda seja
a melhor solução é, sem dúvida, o radar possível fazer manutenção da sonda
de onda guiada. O motivo é que, apesar (esticá-la, limpá-la, etc.).
de ter-se eliminado a dificuldade causada Através de experiências práticas, já se
pela calandra, dentro desse tubo ainda há concluiu que o ideal é utilizar um vaso de
variação de densidade e presença de vapor. A 3” a 4”. O aterramento também deve ser
utilização de uma sonda e da Reflectometria feito com a sonda, e ela deve transpassar
pelo Domínio do Tempo permitem um o fundo do vaso – isso aumenta a faixa de
confinamento e uma propagação otimizados medição nessa área.
das ondas eletromagnéticas. Veja outras aplicações da Smar em
É comum em países onde essa tecnologia usinas:
acabou de entrar na fase de maturidade em • Nível da Caixa de Caldo Clarifi-
sua curva de ciclo de vida, como é o caso cado;
dos países da América Latina, encontrar-se • Temperatura do Caldo;
instalações em câmaras comunicantes com • Nivel dos Pré-evaporadores com
um transmissor tipo radar sem contato, e o Radar;
usuário ter problemas. Isso pode ser visto • Brix dos Pré-evaporadores;
facilmente em países como o México, onde • Separação do Caldo de Cana para
os radares de onda guiada começaram a Pré-Evaporadores;
“decolar” há aproximadamente dois anos • Nível das Caixas de Evaporação de
apenas. Múltiplos Efeitos com Radar;
O projeto de instalação deve ser cau- • Vazão de Caldo para as Caixas de
telosamente preparado, para que se: Evaporação;
• Respeite as zonas de não medição • Brix do Mel;
F1. Tanque de evaporação na Usina (zonas mortas) características do • Vácuo do Último Efeito da Eva-
Vale do Rosário, em São Paulo.
equipamento; poração;

F2. Com um Radar de Ondas Guiadas, as ondas propagam-se


ao redor da sonda imersa no processo, sem ser afetada por F3. O Vaso Comunicante, com flanges e um kit
espumas ou vapores. de isolação instalado embaixo.

40 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

MA45_Medicao_Niveis.indd 40 28/5/2010 13:35:34


instrumentação

F4. Usina de Açúcar Trapiche (Pernambuco, Brasil).

• Retirada dos Gases Incondensáveis


do Terceiro e do Quarto Efeitos;
• Nível das Caixas de Condensado;
• Comando e Intertravamento de
Motores;
• Temperatura do Caldo Clarifica-
do;
• Temperatura do Caldo das Caixas
de Evaporação;
• Temperatura da Calandra das Caixas
de Evaporação;
• Temperatura da Água Fria na Entrada
do Multijato;
• Temperatura da Água Quente na
Saída do Multijato;
• Pressão do Corpo das Caixas de
Evaporação;
• Pressão do Vapor de Escape;
• Pressão do Vapor Vegetal;
• Condutividade do Condensado. MA

F5. Transmissor instalado no vaso.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 41

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conectividade

Diretrizes para Projeto


s e Instalação de Redes
PROFIBUS DP
A
Wladimir Lopes Silva
Wtech Automação Ltda

utilização de redes PROFIBUS em ambientes rede em segmentos. Estes segmentos são


industriais, apesar de simples, exige alguns interconectados através de Repetidores,
cuidados importantes para o seu funciona- que fornecem isolação galvânica entre os
mento efetivo e eficiente. Existem vários segmentos e a regeneração do sinal passado
critérios técnicos que devem ser observados de um segmento para outro. Na prática, cada
pelo projetista na concepção e instalação Repetidor permite que o sistema PROFIBUS
destes barramentos de campo e a PROFIBUS seja ampliado por um segmento adicional
International tem despendido um grande com o tamanho máximo admissível do cabo

saiba mais
esforço na criação de regras que, quando e com o número máximo de dispositivos
seguidas, facilitam este trabalho. Este ar- permitidos (32 estações).
tigo procura basicamente apresentar estas Segundo a norma CENELEC EN
CASSIOLATO, César; TORRES, Leandro
orientações, entretanto, focando a versão 50170, um máximo de 4 Repetidores são
H.B.; CAMARGO, Paulo R. PROFIBUS
– Descrição Técnica. Associação PRO- DP da família de redes PROFIBUS permitidos entre duas estações quaisquer.
FIBUS Brasil, São Paulo, 2006. [CAS06] A Tabela 1 contém algumas informações Entretanto, dependendo do fabricante e
básicas para o dimensionamento de uma ins- das características técnicas do Repetidor,
MITCHELL, Ronald W. PROFIBUS – A talação utilizando o padrão PROFIBUS. a utilização de uma quantidade maior de
Pocket Guide. Research Triangle Park:
O padrão elétrico de transmissão RS- Repetidores é possível. Existem casos em
ISA – The Instrumentation, Systems and
Automation Society, 2004. [MIT04] 485 é o mais aplicado em instalações que até 9 Repetidores são usados [MIT04].
utilizando PROFIBUS DP. Neste padrão, Não se recomenda a utilização de um
PROFIBUS User Organization – PNO. cada segmento de rede pode conter até número maior de Repetidores devido aos
PROFIBUS – Technical Guideline 32 dispositivos ativos. Portanto, quando atrasos que são embutidos na rede e o com-
– Installation Guideline for PROFI-
existe a necessidade de conexão de um prometimento do Slot Time, que consiste
BUS DP/FMS. Karlsruhe: PROFIBUS
Nutzerorganisation e.V., 1998. [PRO98] grande número de estações DP (acima no tempo máximo que o Mestre irá esperar
de 32 estações) faz-se necessário dividir a uma resposta do Escravo.
PROFIBUS International – PI. PROFIBUS
– Installation Guideline for Cabling Número máximo de estações participando FMS: 127 estações (endereços de 0 a 126) DP:
and Assembly. Karlsruhe: PROFIBUS na rede PROFIBUS 126 estações (endereços de 0 a 125)
Nutzerorganisation e.V., 2006. [PRO06]
Número máximo de estações por segmento
32 estações
(incluindo Repetidores)
SILVA, Wladimir. Métodos para Diag-
nóstico de Falhas e Avaliação de De- 9,6 / 19,2 / 45,45 / 93,75 / 187,5 / 500 /
Velocidades de transmissão [kbit/s]
sempenho em Redes PROFIBUS DP. 1.500 / 3.000 / 6.000 / 12.000
Monografia (Especialização em Automação Conforme norma EN 50170, é permitido um número
Industrial) – Escola de Engenharia, UFMG, máximo de 4 Repetidores, totalizando 5 segmentos
Belo Horizonte, 2008. [SIL08] em série. Dependendo do tipo e fabricante, mais de
Número máximo de segmentos em série
4 repetidores podem ser utilizados. Nestes casos,
WEIGMANN, Josef; KILIAN, Gerhard. é necessário consultar a documentação técnica do
Decentralization with PROFIBUS fabricante.
DP/DPV1 – Architecture and Fun- T1. Informações gerais para dimensionamento de redes PROFIBUS [PRO98]
damentals, Configuration and Use
with SIMATIC S7. Erlangen: Publicis
Corporate Publishing, 2003. [WEI03]

42 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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conectividade

A figura 1 mostra um exemplo de seg- Por segurança, recomenda-se a utili- ção de cabo padrão PROFIBUS tipo A,
mentação da rede PROFIBUS DP através zação dos valores da Tabela 2. Na prática, cujas características são apresentadas na
da utilização de Repetidores. Nota-se a permite-se uma margem de até 5% em Tabela 3, a seguir.
existência de 3 segmentos de rede PRO- relação aos comprimentos máximos presen- Na prática, são utilizados ainda os
FIBUS interligados por 2 Repetidores. É tes na Tabela 2, não havendo necessidade OLMs (Módulos de Link Ótico), para
importante observar a existência de uma da compra de um Repetidor, quando a aplicações em ambientes com alta interfe-
terminação nas extremidades de cada distância máxima estimada permanecer rência eletromagnética (EMI), fornecendo
segmento de rede. dentro destes limites [MIT04]. isolação galvânica entre as estações ou entre
É importante salientar que as distâncias os segmentos de rede em RS-485 através
Tamanho da Rede apresentadas acima consideram a utiliza- do uso de fibra ótica. A utilização de fibra
O comprimento máximo do cabeamento
RS-485 em um segmento de rede PROFI-
BUS depende da velocidade de transmissão.
Em altas velocidades de transmissão, o
sinal é atenuado mais rapidamente do que
em velocidades mais baixas implicando,
portanto, em um comprimento máximo
menor para os segmentos de rede com velo-
cidades maiores. Os Repetidores podem ser
também utilizados nestes casos, permitindo
ao projetista manter velocidades mais altas,
mesmo em redes fisicamente maiores, através
da segmentação da mesma.
A tabela 2 fornece as distâncias máxi-
mas para um segmento de rede e para uma
rede contendo 9 Repetidores, em diferentes
velocidades de transmissão.
Pela Tabela 2, segundo [CAS07] e
[MIT04], a expansão máxima da rede
PROFIBUS utilizando 9 Repetidores nas
velocidades de 9,6 / 19,2 / 93,75, seria de
10 km. Entretanto, segundo [PRO98] e
mesmo [CAS07], o cálculo para deter-
minação da máxima distância entre duas F1. Exemplo de segmentação de uma rede PROFIBUS DP.
estações em uma rede PROFIBUS é dada
pela equação abaixo: Velocidade de Transmissão Tamanho Máximo de Expansão Máxima da Rede
[kbit/s] um Segmento [m] (9 Repetidores) [m]

Lmax = (Nrep + 1) . Lseg 9,6 1200 10000


19,2 1200 10000
Onde: 93,75 1200 10000
Lmax : Distância máxima entre duas 187,5 1000 10000
estações em uma rede PROFIBUS 500 400 4000
em [m], 1500 200 2000
Nrep : Número de Repetidores conec- 3000 100 1000
tados em série; 6000 100 1000
L seg : Comprimento máximo de um 12000 100 1000
segmento de acordo com a velocidade T2. Comprimento máximo para segmento e expansão em
redes PROFIBUS utilizando RS-485 [CAS07, MIT04].
de transmissão desejada em [m].

Portanto, para as velocidades de trans- Parâmetros Cabo Tipo A


missão de 9,6 / 19,2 / 93,75 kbit/s e utili- Área do condutor > 0,34 mm² (AWG 22)
zando-se 9 Repetidores, é possível obter a Tipo do cabo Par trançado, 1x2, 2x2 ou 1x4 condutores
seguinte distância máxima da rede: Impedância do cabo 135 a 165 ohms nas frequências de 3 a 20 MHz
Capacitância do cabo < 30 pF / m
Lmax = (9 + 1) . 1200 = 12000 Resistência de Loop Específica < 110 ohms / km
T3. Parâmetros do cabo PROFIBUS tipo A [CAS06, PRO98, WEI03].

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 43

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conectividade

ótica também possibilita a construção de tância, ou particularmente o final do condutor, de sinal RxD/TxD-POS e RxD/TxD-NEG
topologias de redes mais complexas e permite pode causar a ocorrência de reflexões. Este sinal no estado inativo, quando nenhum trans-
um comprimento máximo do barramento refletido pode ser percebido em alguns casos missor está ativo na linha. No PROFIBUS,
com taxas de transmissão elevadas. Os como uma pequena ondulação sobre o sinal um dos resistores de polarização é conectado
OLMs são similares aos Repetidores usados principal, mas muitas vezes pode corromper entre a linha de sinal RxD/TxD-POS e a
em RS-485 e normalmente possuem dois ou distorcer completamente o sinal original, tensão +5Vcc (VP), enquanto que o outro
canais para RS-485 e um ou dois canais para perdendo-se a informação, especialmente resistor é conectado entre a linha de sinal
fibra ótica. Os OLMs podem ser conectados em altas velocidades de comunicação. Em RxD/TxD-NEG e o terra (DGND). Manter
entre si através dos canais óticos, sendo os dispositivos certificados, o nível de reflexão as linhas de sinal no estado inativo impede
canais RS-485 empregados para conexão é garantido para que não ultrapasse 500 mV a recepção de falsos Start Bits pelos recep-
com estações individuais ou segmentos de pico a pico [MIT04]. tores, evitando deste modo, a recepção de
rede PROFIBUS. Para evitar as reflexões de sinal, devem falsas mensagens. Estes resistores possuem
ser utilizados resistores de terminação. Es- o valor de 390 ohms.
Ramais ou Conexões T tes resistores são adicionados em paralelo O diagrama de conexão dos resistores
A norma PROFIBUS permite a utili- entre as linhas de sinal RxD/TxD-POS de terminação e de polarização pode ser
zação de ramais ou conexões T (ver figura e RxD/TxD-NEG, nas extremidades de visualizado na figura 3, a seguir.
2) em um barramento principal em alguns cada segmento de rede. Os resistores de Dependendo do fabricante, alguns
casos. É importante salientar que este tipo terminação em uma rede RS-485 buscam modelos de conectores de rede PROFIBUS
de conexão não é aconselhável, pois em casar a impedância característica do cabo, já contêm os resistores de terminação e de
determinadas condições é uma das causas que é dependente do seu diâmetro, distância polarização. Estes resistores são habilitados
de reflexão do sinal, prejudicando a trans- entre os condutores, tipo de isolação, etc. através de chave seletora existente no próprio
missão de dados no segmento PROFIBUS. Estes resistores ajudam absorver a energia conector. A figura 4 ilustra uma terminação
A recomendação é que se utilizem sempre do sinal e deste modo impedem a reflexão em um conector PROFIBUS padrão.
Repetidores, quando existir a necessidade do mesmo no barramento. Eles possuem É importante ressaltar que as terminações
de derivações na linha principal. o valor de 220 ohms. devem estar habilitadas nas extremidades
A Tabela 4 dá os comprimentos máxi- Existem também os resistores de polariza- do segmento e devem ser apenas duas. Caso
mos para a linha principal e para os ramais ção que são utilizados para manter as linhas sejam adicionados mais do que dois resistores
em função da velocidade de transmissão.
Como pode ser observado nesta tabela, o Velocidade de Transmissão Tamanho Máximo Linha Tamanho Máximo
uso de ramais pode ser tolerado em baixas [kbit/s] Principal [m] Ramais [m]
velocidades de transmissão, mas devem ser 9,6 500 500
evitados completamente em velocidades 19,2 500 500
acima de 500 kbit/s. 93,75 900 100
187,5 967 33
Reflexão de Sinal, 500 380 20
Terminação e Conectores 1500 193,4 6,6
Quando um sinal elétrico atravessa um 3000 100 0
condutor, cujo comprimento é da ordem de 6000 100 0
grandeza do comprimento de onda do sinal, 12000 100 0
qualquer descontinuidade elétrica como, por T4. Comprimento máximo da linha principal e ramais em
redes PROFIBUS utilizando RS-485 [MIT04].
exemplo, uma mudança de resistência, capaci-

F2. Exemplo de ramal ou conexão T. F3. Resistores de terminação e de polarização no PROFIBUS.

44 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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conectividade

de terminação em paralelo, a resistência de Ativa é particularmente importante no Disposição dos Cabos


terminação efetiva é diminuída. Com vários projeto de CCMs Inteligentes utilizando Existem algumas regras básicas que
resistores de terminação habilitados em a rede PROFIBUS DP. devem ser seguidas pelos projetistas para
paralelo, as linhas de sinal RxD/TxD-POS Os conectores PROFIBUS utilizados definição do trajeto percorrido por cabos
e RxD/TxD-NEG muitas vezes parecem para velocidades de transmissão acima de PROFIBUS. Algumas regras são apresen-
estar em curto-circuito. Os conectores 1500 kbit/s contêm ainda indutores nas tadas a seguir.
PROFIBUS modernos evitam a conexão de linhas de sinal, para compensar a capaci- A Tabela 5 apresenta o espaçamento mí-
vários resistores de terminação no mesmo tância do dispositivo e minimizar o nível de nimo recomendado entre cabos PROFIBUS
segmento de rede, pois interrompem a rede reflexão. A grande maioria dos fabricantes e outros tipos de cabos, quando não se está
no ponto em que a resistência de terminação já inclui estes indutores em todos os co- utilizando eletrodutos ou canaletas metálicas
está habilitada. Neste caso, o conector apre- nectores PROFIBUS, entretanto, existem para separação dos mesmos. Pela Tabela 5,
senta pontos distintos para conexão do cabo alguns fornecedores que ainda produzem pode-se observar que cabos para redes de
que “chega” e do cabo que “sai”. Quando a modelos diferenciados para velocidades de comunicação, periféricos de computadores,
terminação é habilitada, o cabo que “sai” transmissão acima de 1500 kbit/s. Portanto, entradas e saídas analógicas, e tensões abaixo
do conector é eletricamente desconectado é importante estar sempre atento na utili- de 60 Vcc ou abaixo de 25 Vca, podem per-
do barramento. Um conector deste tipo zação de conectores PROFIBUS em redes correr o mesmo trajeto do cabo PROFIBUS.
pode ser observado na Figura 4. que irão trabalhar com velocidades mais Demais cargas exigem uma separação mínima
Outro ponto importante a ser desta- altas de transmissão. que varia de 100 a 500 mm.
cado é que as terminações habilitadas nas
extremidades do segmento de rede devem
estar conectadas a estações que estejam
sempre energizadas. Isto é extremamente
importante, pois estas estações fornecem os
sinais +5 Vcc (VP) e terra (DGND) para
o circuito dos resistores de polarização e
de terminação existente nos conectores
PROFIBUS. Caso a estação não forneça
esta alimentação, o circuito dos resistores
não ficará completamente ativo e erros no
barramento poderão ocorrer. Por isto, é
recomendável evitar sempre a utilização
de estações baseadas em computadores
como último dispositivo de rede, pois du-
rante qualquer reinicialização do mesmo,
os sinais de +5Vcc e terra existentes no
conector ficarão desabilitados e poderão
causar falhas na comunicação.
Para sanar o problema descrito acima,
existem também terminações de barramento
que funcionam de modo independente,
ou seja, sem estar conectadas a uma es-
tação (Active Termination Box, também F4. Terminação em um conector PROFIBUS.
conhecida como Terminação Ativa). Estas
terminações são geralmente alimentadas Tipo de Cabo Distância de Separação [mm]
em 24 Vcc e contêm os resistores de pola- Cabos de rede (Ethernet, PROFIBUS, etc.) 0
rização e de terminação, um circuito para Cabos de comunicação com computadores 0
fornecimento de +5 Vcc e conexões para Cabos blindados - Entradas e saídas analógicas 0
terra. Este dispositivo não é considerado Cabos não blindados - Tensões CC <= 60Vcc 0
uma estação da rede PROFIBUS, e deve Cabos não blindados - Tensões CA <= 25Vca 0
ser utilizado em instalações onde todas es- Cabos blindados - Sinais de processo <= 25Vcc/Vca 0
tações possam ser desenergizadas, inclusive Cabos blindados ou não - Tensões CC > 60Vcc e <= 400Vcc 100
as estações localizadas nas extremidades Cabos blindados ou não - Tensões CA > 25Vca e <= 400Vca 100
do segmento de rede, o que prejudicaria o Cabos blindados ou não - Tensões CC/CA > 400Vcc/Vca 200
funcionamento do circuito dos resistores, Cabos sujeitos a descargas atmosféricas 500
caso fossem empregados apenas conectores T5. Distâncias de separação entre cabo PROFIBUS
e outros tipos de cabos [CAS07, MIT04].
PROFIBUS. A utilização de Terminação

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 45

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conectividade

A Tabela 6 mostra a definição do es- deve ser conectada ao terra funcional do ou 12) que interligará os dois pontos de
paçamento mínimo entre cabos, conforme sistema e deve permitir uma ampla área aterramento e minimizará a passagem de
norma CENELEC EN 50174. de conexão com a superfície condutiva corrente através da blindagem. A própria
As seguintes recomendações também aterrada. Entretanto, o modo como este canaleta metálica responsável pelo trajeto
devem ser observadas na definição da dis- aterramento é realizado depende de alguns do cabo PROFIBUS pode ser usado como
posição dos cabos em redes PROFIBUS fatores, sendo que existe ainda muita um pseudocondutor de equalização (ou
[MIT04, PRO06]: controvérsia sobre este tema. linha de equipotencial), sendo interligada
• Deve-se evitar o cruzamento de A recomendação básica é que a blindagem aos pontos de aterramento [MIT04]. A
cabos. Caso seja necessário, fazê-lo do cabo seja aterrada em ambas extremida- figura 5 exibe um exemplo de conexão
perpendicularmente (ângulo de des do segmento de rede, para permitir um de uma linha de equipotencial [PRO98,
90º entre os cabos que cruzam) caminho de baixa impedância para os sinais PRO06].
para diminuir a possibilidade de de alta frequência, bem como fornecer uma Uma outra possibilidade de aterramento
acoplamento indutivo; referência de terra para fonte de alimentação leva em consideração que o conector PRO-
• Se o espaço é insuficiente para manter +5Vcc do padrão RS-485. FIBUS possui em sua carcaça uma parte
o espaçamento requerido conforme Entretanto, na configuração proposta metálica para contato com a blindagem
Tabela 5, então os cabos devem ser acima, pode ocorrer a passagem de cor- do cabo. A carcaça do conector, por sua
encaminhados em canaletas metálicas rente pela blindagem (loop de corrente), vez, também faz contato com a carcaça do
separadas. Cada canaleta metálica caso haja uma significativa diferença de dispositivo PROFIBUS, que está aterrado
deverá conter apenas cabos da mesma potencial entre os dois pontos de aterra- na estrutura do painel elétrico, fechando
categoria (mesmo nível de tensão); mento, localizados nas extremidades do o circuito. Nestes casos, é aconselhável
• Para instalações externas, é reco- segmento de rede. Neste exemplo, reco- verificar na documentação técnica do
mendável a utilização de cabos de menda-se a utilização de um condutor para dispositivo PROFIBUS, a melhor opção
fibra ótica, pois possibilitam maior equalização do potencial (cabo AWG 10 para o seu aterramento.
imunidade às interferências eletro-
magnéticas (EMI), isolação elétrica
e maiores distâncias;
• Conforme já mencionado anteriormen-
te, as linhas de dados do PROFIBUS
são designadas A e B. Apesar de não
existir nenhuma obrigatoriedade,
na prática tem-se adotado utilizar o
condutor verde para linha de dados A
e o condutor vermelho para linha de
dados B. E para facilitar a manutenção
do sistema, é conveniente que se use
as linhas A e B de forma continuada
ao longo de toda rede PROFIBUS,
evitando-se inversões;
• Caso sejam utilizados dispositivos F5. Exemplo de linha de equipotencial.
PROFIBUS não certificados, é acon-
selhável deixar pelo menos um metro Espaçamento [mm]
de cabo entre os dispositivos. Quando Cabo PROFIBUS e Sem separação ou
Separação metálica Separação metálica
cabo para... com separação
o dispositivo não é certificado, pode de alumínio de aço
não-metálica
gerar um nível de reflexão acima
do permitido e o cabo maior ajuda ...transmissão de sinais
na atenuação desta reflexão. Ainda Redes de comunicação
segundo [MIT04], é recomendável Dados digitais para
a utilização de pelo menos um metro computadores,
0 0 0
impressoras, etc.
de cabo entre dispositivos PROFI-
BUS, em qualquer caso, se a rede for Blindado para entradas e
funcionar em 12 Mbit/s. saídas analógicas
... fonte de alimentação
Blindagem e Aterramento Não blindado 200 100 50
O cabo PROFIBUS possui uma blin- Blindado 0 0 0
dagem constituída por uma malha e por T6. Espaçamento mínimo para cabos,
conforme EN 50174 [PRO06].
uma lâmina de alumínio. Esta blindagem

46 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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conectividade

Pode-se adotar ainda uma opção híbrida ckbone) para interconectar vários grupos • Respeitar o comprimento máximo do
para o aterramento, ou seja, a combina- de dispositivos conectados em RS-485, segmento de rede em função da velo-
ção de múltiplos pontos de aterramento através do emprego de OLMs. A figura 6 cidade de transmissão escolhida;
para as estações que estão relativamente mostra um exemplo de configuração em • Garantir que existirão somente duas
próximas e o uso de condutores para anel utilizando OLMs para a interconexão terminações habilitadas no segmento
equalização de potencial para os pontos de estações individuais ou segmentos de de rede, uma em cada extremidade,
de aterramento que apresentam diferença rede PROFIBUS. e que estas terminações estarão
de potencial significativa. sempre energizadas;
Quando nenhuma das opções anterior- Conclusões: Diretrizes • Evitar ramais ou conexões T. Quando
mente recomendadas pode ser utilizada, Gerais para Instalação necessário utilizar Repetidores;
então o aterramento em apenas uma das Em função do que foi apresentado nos • Adotar a linha de dados A como con-
extremidades do segmento de rede deve itens anteriores deste trabalho, pode-se dutor verde e a linha B como condutor
ser implementado. A blindagem do lado então destacar as seguintes diretrizes vermelho. Evitar a inversão destes con-
do segmento de rede que não foi ater- gerais para instalação de uma rede PRO- dutores em todo trajeto da rede PRO-
rada deve ser protegida contra contatos FIBUS DP: FIBUS, mantendo esta nomenclatura
acidentais, pois apresenta risco potencial • Utilizar sempre cabos e conectores ao longo de todo cabeamento;
de choque [MIT04]. PROFIBUS; • Separar o cabo PROFIBUS das fontes
Entretanto, a melhor opção para • Não exceder 32 dispositivos por de ruídos, respeitando a distância
evitar as consequências da existência de segmento de rede, incluindo Repe- mínima recomendável, ou através
diferença de potencial entre os pontos tidores, OLMs e Acopladores; da utilização de canaletas metálicas
de aterramento é a utilização de cabos • Não ultrapassar a quantidade máxi- separadas;
de fibra ótica. Na prática, usa-se a fibra ma de Repetidores permitidos pelo • Evitar o cruzamento de cabos. Caso
ótica como um barramento principal (ba- fabricante (de 4 a 9 Repetidores); seja necessário, fazê-lo perpendicular-
mente para diminuir a possibilidade
de acoplamento indutivo;
• Para os casos onde existam problemas
com distâncias, ou aterramento,
ou alta susceptibilidade a ruídos, é
recomendável a utilização de cabos
de fibra ótica;
• Verificar sempre na documentação
técnica do dispositivo PROFIBUS a
ser utilizado, a melhor opção para o
seu aterramento;
• Dedicar especial atenção aos dispo-
sitivos PROFIBUS não certificados
e aos conectores PROFIBUS no caso
de velocidades de transmissão acima
de 1500 kbit/s;
• Manter sempre atualizado nos dese-
nhos de projeto, o comprimento real
dos segmentos da rede PROFIBUS,
evitando problemas em futuras
expansões. MA

Dados do Autor
Possui graduação em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal de
Minas Gerais, especialização em Au-
tomação Industrial pela Universidade
Federal de Minas Gerais e as certifi-
cações internacionais para PROFIBUS
Installer e PROFIBUS DP/PA Engineer.
Atualmente é Gerente de Sistemas da
WTech Automação Ltda.
E-mail: wladimir@wtech.ind.br
F6. Exemplo de configuração em anel utilizando OLMs.

Março/Abril 2010 :: Mecatrônica Atual 47

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conectividade

Protetor de
Transientes em
redes Profibus
Este artigo mostra alguns conceitos e técnicas de proteção O que é um protetor
de equipamentos de campo Profibus DP e Profibus PA em de transientes?
O protetor de transientes é um dispositivo
termos de sinais de alta tensão e correntes induzidas por raios de proteção, um hardware, que adequa-
ou outras fontes damente posicionado (veremos a seguir) e
instalado pode proteger os equipamentos,
César Cassiolato, Diretor de limitando os níveis de transientes que
Marketing, Qualidade e Assistência possam atingir os mesmos. Atua quase que
Técnica da Smar Equipamentos instantaneamente, “desviando” o transiente
Industriais Ltda. para o terra e controlando a tensão em um
nível que não danifica o equipamento a ele
conectado. Quando a corrente chega em

É
um nível aceitável, a operação normal é
automaticamente restabelecida.
No mercado existe uma variação muito
de conhecimento dos técnicos que as ins- grande de modelos. Estes dispositivos de
talações dos sistemas de controle podem proteção são baseados em uma combinação
ser constituídas pela distribuição aérea de componentes como os tubos de descarga
ou subterrânea de cabos, bandejamentos, de gás (GDTs, surge arresters), diodos de
cabos próximos a cabos de alta tensão e corte (Clamping Voltage) e varistores de
que podem estar suscetíveis à exposição de óxido-metal (MOVs) que se caracterizam
raios, descargas eletrostáticas e interferência pela operação rápida, controle de tensão
eletromagnética (EMI). Esta última pode ser preciso e retorno automático uma vez que
radiada (via ar), conduzida (via condutores), a sobretensão cesse. Veja a figura 1.
induzida (normalmente acima de 30 MHz)
ou uma combinação das mesmas. Para termos Protegendo as redes e
uma ideia da tensão gerada pela descarga equipamentos Profibus PA
eletrostática, se considerarmos um condutor Em instalações Profibus PA, as tensões
com 50 nH de indutância podemos falar que ultrapassam as condições normais de

saiba mais de picos de tensão da ordem de 200 V (V =


L*di/dt) ou mais, uma vez que um pulso de
corrente gerado pela descarga eletrostática
operação são conhecidas como “surge” e
aparecem de forma transitória, podendo
afetar o comportamento da rede. Vale lem-
PROFIBUS tem um tempo de subida muito curto, da brar que, como toda rede fieldbus, tem-se
Mecatrônica Atual 44 ordem de 4A/ns. a troca de dados e o mais importante é se
Redes da Organização Profibus Esta exposição pode afetar o com- garantir a integridade deles, garantindo a
Mecatrônica Atual 16 portamento de sinais e mesmo danificar segurança operacional da planta.
equipamentos, uma vez que estes possuem Quanto maior o tronco e as derivações da
A Rede Profibus DP componentes de baixa potência (low power) rede Profibus PA, maior será a amplitude de
Mecatrônica Atual 17 e que facilmente podem queimar-se com a transientes justamente pela exposição à dife-
Rede Profibus PA sobretensão. rença de potencial de terra. Dano significante
Mecatrônica Atual 18

48 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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conectividade

F1. Surge Arrester.

F2. Cabo de par trançado Profibus PA. F3. Distâncias mínimas recomendadas no cabeamento Profibus PA.

também pode ser causado em equipamento


conectado por cabos relativamente curtos se
os circuitos ou componentes forem particu-
larmente sensíveis. Em algumas situações,
dependendo da energia, pode-se ter danos
sérios em instalações e equipamentos.
O cabo padrão para a rede Profibus PA
é o cabo de par trançado (figura 2), onde
se tem justamente a trança dos condutores
para minimizar as tensões entre as linhas,
porém, como citado anteriormente, a di-
ferença de potencial de terra pode causar
dano em componentes e consequentemente
afetar o comportamento, tornando o siste-
ma sensível. Devemos lembrar ainda que o
cabo, sua distribuição, são fatores a serem
considerados em favor da minimização de
ruídos e transientes. É recomendado o uso
da blindagem que age basicamente como
uma gaiola de Faraday e tem sua eficiência
maximizada contra ruídos em modo comum
quando é aterrada na fonte de sinal. Além F4. Uso de protetor de transientes e distância efetiva.
disso, garante a maior proteção à EMI.
Em termos do protetor de transientes comunicação. Além disso, alguns diodos Há uma variedade de fatores que limitam
recomenda-se que a tensão limite não  seja de corte podem não ser transparentes para o desempenho de transmissão de sinais
muito maior que a tensão de trabalho do a rede e também podem afetar os níveis de digitais associados aos cabos e que devem
equipamento e, na prática, é comum usar sinais. Na prática, o usuário deve buscar ser considerados no projeto e utilização
esta tensão como duas vezes a tensão de dispositivos que atendam a norma IEC destes, tais como:
trabalho do equipamento. Em termos de 61643-21 e ofereçam altas correntes de surge • atenuação;
raios, estudos mostram que as descargas (da ordem de 10 kA) e acrescentem menos • ruído, que pode ser basicamente de
podem gerar correntes de 2 kA a 200 kA de 1 Ω e menos de 40 pF ao cabeamento. quatro tipos:
com correntes de pico com duração de Figura 3. • ruído diferencial (caracterís-
menos de 10 μs. O grau de interferência em cabos vai tico do circuito);
A escolha do protetor de transientes deve depender de uma série de fatores como • ruído longitudinal (por in-
ser criteriosa, pois este pode degradar o sinal projeto, construção e características dos terferência devida a cabos de
Profibus PA e ainda limitar o número de mesmos, e inclusive de sua interação com alimentação elétrica);
equipamentos. Dependendo do fabricante, outros elementos da rede Profibus (conecto- • ruído impulso;
este dispositivo pode acrescentar capaci- res, equipamentos, terminais, outros cabos, • diafonia (crosstalk);
tância e resistência na rede Profibus PA e blindagem, etc.), além de certos parâmetros • distorções por atraso de propagação;
estas afetarem a forma de onda do sinal de do sistema e propriedades do ambiente. • jitter.

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conectividade

O que é distância efetiva?


Chamamos de distância efetiva a sepa-
ração física entre dois dispositivos aterrados
na instalação da rede.
Toda vez que se tiver uma distância
efetiva maior que 100 m na horizontal ou
10 m na vertical entre dois pontos aterra-
dos, recomenda-se o uso de protetores de
transientes, nos pontos inicial e final da
distância. Na prática, na horizontal, entre
50 e 100 m, recomenda-se o uso. Observe
as figuras 4 e 5.

Protegendo as redes e
equipamentos Profibus DP F5. Exemplo de protetor de transiente para a rede Profibus PA.
As regras de distância efetiva também
são aplicadas à rede e equipamentos Pro-
fibus DP.
De acordo com a figura 6, haverá proteção
se houver uma queda de tensão ou quando
houver um surge que exceda a tensão de
breakdown ou mesmo qualquer diferencial.
De acordo com a figura 7, esta proteção é
indicada quando não é possível o aterramento
e assim sendo, qualquer surge diferencial será
convertido em modo comum.
Na prática, o usuário deve buscar dispositi-
vos que atendam a IEC 61643-21 e ofereçam
correntes de surge da ordem de 700 A.

Conclusão
Vimos neste breve artigo alguns concei- F6. Proteção com isolação para o terra.
tos e técnicas de proteção de equipamentos
de campo Profibus DP e Profibus PA em
termos de sinais de alta tensão e correntes
induzidas por raios ou outras fontes.
Sempre que possível, consulte as nor-
mas EN50170 e a IEC60079-14 para as
regulamentações físicas, assim como para
as práticas de segurança em instalações
elétricas em atmosferas explosivas.
É necessário agir com segurança nas
medições, evitando contatos com terminais e
fiação, pois a alta tensão pode estar presente
e causar choque elétrico. Lembre-se que cada
planta e cada sistema têm seus detalhes de
segurança. Informar-se deles antes de iniciar
o trabalho é muito importante.
Para minimizar o risco de problemas F7. Proteção com isolação em modo comum.
potenciais relacionados à segurança, é preciso
seguir as normas de segurança e de áreas seguidas em suas aplicações e garantir que mance de um sistema e consequentemente
classificadas locais aplicáveis que regulam a a instalação de cada equipamento esteja de a do processo, além de representar uma
instalação e operação dos equipamentos. Estas acordo com as mesmas. fonte de perigo e acidentes. Devido a isto,
normas variam de área para área e estão em Uma instalação inadequada ou o uso recomenda-se utilizar somente profissionais
constante atualização. É responsabilidade do de um equipamento em aplicações não treinados e qualificados para instalação,
usuário determinar quais normas devem ser recomendadas podem prejudicar a perfor- operação e manutenção. MA

50 Mecatrônica Atual :: Março/Abril 2010

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instrumentação

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