Você está na página 1de 18

NOÇÕES BÁSICAS DE

COMBUSTÃO EM FORNOS
DE CLINQUER
Vlamir Braz- Chefe de Produção
1. COMBUSTÃO

1.1 ALGUNS CONCEITOS RELACIONADOS À COMBUSTÃO

O entendimento das definições abaixo irá facilitar a compreensão do


fenômeno da combustão:
 Combustão é a reação química entre o combustível e o oxigênio que
tem como conseqüência a liberação de luz e calor.
 Combustível é todo o material capaz de liberar grande quantidade de
energia quando em combustão.
 Comburente é o elemento que participa da combustão sem ser o
combustível.
 Poder Calorífico é a energia térmica liberada por unidade de massa de
um combustível em combustão completa sendo expressa em CALORIA
(Cal) ou milhares de calorias: QUILOCALORIAS (Kcal).
 Ponto de Ignição é o início da reação química da combustão.
 Atomização é o processo que visa aumentar a eficiência da mistura das
partículas de combustível com o oxigênio do ar.
 Combustão Completa é quando a queima do combustível é alimentada
com oxigênio na quantia que resulte na formação de gás carbônico
(CO2).
 Combustão Incompleta é a queima realizada com insuficiência de
oxigênio (O2), e tem como resultado a formação de monóxido de
carbono (CO).

1.2 FATORES IMPLICANTES NA COMBUSTÃO


1.2.1 Durante o Preparo dos Combustíveis:

A combustão de maneira geral depende de uma série de preparativos


antes da injeção do combustível no forno, no caso do coque ou carvão,
podemos considerar que é essencial:
 A secagem do material.
 A Moagem na finura desejada.
Após a dosagem, a combustão dependerá destas duas ações entre
outras. Imaginem o combustível sendo injetado na chama, a primeira
providência é que tenha calor para retirar a umidade ainda existente dentro da
partícula, e depois a queima. A finura desta partícula é essencial tanto para a
secagem da umidade residual, quanto para favorecer o ponto de ignição.
Visualmente podemos averiguar o ponto de ignição, isto por que a chama antes
da ignição tem uma coloração escura, que chamamos de “pluma negra”, ou
“zona escura”; a finura e a umidade do material podem auxiliar para encurtar ou
alongar esta região.

Fig.1 – Chama Apresentando Pluma negra.

1.2.2 Analisando a Zona de Queima: Considerando Somente a Imagem da


Figura Acima.

 Pluma negra normal dentro de dimensões aceitáveis para o consumo de


coque.
 Cor da chama clara evidenciando forno com temperatura normal para a
produção de clinquer.
 Clinquer de boa granulação e cor clara.
 Ponto da descarga do clinquer no resfriador em relação ao centro do
forno/maçarico está normal.
 Formação de colagens na zona de queima normal, porém sem anel de
boca sobre o nose ring, o que pode evidenciar um esfriamento anterior
do forno.
 Zona de queima limpa sem a presença do retorno de pó do resfriador, o
que é comum depois de uma “esfriada” do forno, (já na fase de
recuperação).
 Coloração das colagens na zona de queima (clara) com indícios de forno
normal.

1.2.3 Ar Primário/Ar Secundário

Além dos fatores já comentados, é essencial que haja uma boa mistura
ar/combustível. O ar de combustão em fornos de cimento é introduzido
parcialmente pelo maçarico principal quando então é denominado de Ar
primário e também aspirado do resfriador de clinquer o qual chamamos de ar
secundário. Podemos afirmar ainda que o ar primário possui como função
principal propiciar uma mistura íntima e rápida do combustível com o ar de
combustão. Além disso, exerce função não menos importante de refrigerar o
maçarico impedindo sua deformação durante as paradas do processo.
Para os tipos de combustão aplicados nos fornos rotativos, com chamas
de difusão, o combustível e o ar de combustão são introduzidos
separadamente no maçarico, sendo esta mistura vital para a velocidade do
processo de combustão. Podemos afirmar que o maior responsável por esta
mistura é o ar primário. Quando diminuímos o volume deste, provocamos uma
deformação, e em pontos extremos um alongamento na chama, pois uma
menor quantidade de ar para o mesmo fluxo de coque torna a combustão mais
lenta. É óbvio que a velocidade do combustível na entrada do forno deve ser
ajustada apropriadamente de forma que as partículas tenham velocidade
suficiente para permanecer em suspensão enquanto elas queimam, mas não
deve ser tão elevada de forma que elas sejam arrastadas muito para o interior
do forno, o que causaria uma queima desordenada.
2. MAÇARICO

Do ponto de vista do processo, o maçarico deve ser capaz de queimar o


combustível determinado garantindo a combustão completa, com pequeno
excesso de ar e formação mínima de CO.
Sob condições estáveis de operação geralmente não são feitas
alterações na posição do maçarico, a menos que se tenham condições de
superaquecimento do casco do forno, ou resultados de microscopia que
atestem uma má qualidade do clinquer em virtude de deficiências que podem
estar relacionadas a este equipamento.

Fig.2- Forno em Aquecimento (Comb. Liquido).

O maçarico deve ser projetado de forma a garantir que o ar primário


entre no forno em quantidade e velocidade suficientes e possua energia capaz
de provocar uma mistura ótima com o combustível. Dessa forma, a combustão
acontece rapidamente e origina uma chama curta e bastante radiante. Uma
melhor moagem de combustíveis sólidos ou atomização de combustíveis
líquidos também terá reflexo positivo sobre a reação de combustão. Um ajuste
entre a proporção de ar axial e radial deve também ser avaliado de forma a
obter uma chama com as melhores características.

Fig.3- Maçarico Convencional (Vidal Ramos-SC).

O ar de transporte deve possuir uma velocidade capaz de garantir que o


combustível não fique estagnado na tubulação, o que resultará em
descontinuidade na alimentação do combustível (pulsação), prejudicando a
estabilidade do sistema.

Fig.4- Maçarico P/ Queima de Resíduos.

2.1 CHAMA
Aparentemente todas as chamas podem parecer iguais. Porém diferem
consideravelmente em comprimento, forma, cor, direção e ponto de ignição.
Como regra geral, a chama deve ser estreita para não danificar o revestimento
refratário, radiante e curta, garantindo uma boa troca de calor. Ela deve garantir
a formação de uma colagem densa e estável na zona de clinquerização, assim
como a obtenção de um clínquer bem granulado. Deve trabalhar com a mínima
quantidade de ar primário possível, já que este ar não é pré-aquecido e poderia
basicamente ser comparado a um ar falso.

2.1.2 Características da Chama

Os fatores que influenciam estas características podem ser subdivididos


em dois grupos. No 1° grupo estão as variáveis sobre as quais o operador tem
pouco ou nenhum controle, que são elas:
 Áreas das passagens de ar do maçarico.
 Projeto do maçarico.
 Diâmetro do forno.
 Poder calorífico e características dos combustíveis.
No segundo grupo estão as variáveis sobre as quais o operador possui
controle, destacadas abaixo:
 Finura do combustível.
 Umidade do combustível.
 Temperatura do combustível (no caso de líquidos viscosos).
 Temperatura do ar secundário.
 Vazão de combustível, ar primário, ar secundário e ar de transporte.
 Posição do queimador.
 Grau de enchimento do forno.
 Ar de exaustão do forno.
 Relação ar primário/combustível.
Essas características podem variar consideravelmente de uma planta
para outra e em alguns casos de um forno para outro numa mesma planta. A
razão para isto é que a chama deve ser ajustada sob medida para cada
situação. A qualidade do clínquer, refratários, presença de anéis e problemas
com equipamentos do forno obrigam o operador a obter a chama que melhor
se ajustar a uma condição específica.

2.1.3 Comprimento da Chama

Uma variável que bastante influencia no comprimento da chama é a


percentagem de ar de combustão presente na zona de queima. Sabemos que
para ocorrer a combustão é necessário que o combustível e o ar entrem em
contato. Se por acaso houver uma deficiência na quantidade de oxigênio, a
chama se tornará excessivamente longa, já que o combustível deverá procurar
por oxigênio no início do forno. Isso resultará numa diminuição na % de O2 nos
gases de saída e no aparecimento de CO nestes gases.
Outro detalhe relacionado a isto é o ar de arrasto no interior do forno, se
for em excesso certamente irá alongar excessivamente a chama, este fator tem
maior influência principalmente em partidas de forno, ou quando a zona de
queima esta fria, se é que já não esfriou por esta razão!
Além destes pontos vale lembrar novamente (vide fig.1 do item 1.2 que
tratou dos fatores implicantes na combustão) que existe uma pequena
dispersão de ar e combustível na saída do maçarico o combustível entra em
ignição, o tamanho desta dispersão certamente irá influenciar no comprimento
da chama. Depois dos comentários acima podemos relembrar outros fatores
tais como: granulometria do combustível, umidade do combustível e as próprias
regulagens do maçarico, que comentaremos adiante.

2.1.4 Ignição do Combustível

O início da queima do combustível depende da existência de calor e de


oxigênio suficientes. A deficiência de um desses componentes provoca um
déficit de tempo entre o momento que o combustível deixa o maçarico e o
momento que ele efetivamente inicia a sua queima.
Durante a partida do forno existem dificuldades em obter e manter uma
chama constante. Isto é justificável devido ao fato de que nessa circunstância a
temperatura dos gases é baixa. Uma vez que o forno esteja retomando seus
níveis normais de produção, o ponto de ignição da chama será modificado em
virtude de algumas variáveis operacionais, o item 3.2 no final deste trabalho
tratará com maiores detalhes deste assunto. Até que a situação seja
normalizada, regulagens do maçarico que favoreçam o incremento do ar radial
(tangencial) poderão ser adotadas para encurtar a chama, tornando-a mais
reativa e firme, o que facilita a recuperação do processo, porém sempre
tomando o cuidado de evitar o contato direto da chama com o revestimento
refratário.
A principal referência visual do ponto de ignição é o inicio e fim da pluma
negra. Em fornos onde o combustível é carvão/coque, uma zona escura mais
curta pode ser obtida através da moagem mais fina do combustível (entre
outros recursos).
É essencial que todo o combustível entre em ignição ainda na zona de
queima. O contato/envolvimento entre o combustível parcialmente queimado e
a farinha ou parede do forno deve ser evitado, já que isso terá conseqüências
graves na qualidade do clínquer, na durabilidade do refratário, e também na
estabilidade do forno. A finura do coque/carvão deve ser tal que garanta sua
queima quando ainda estiver em suspensão na atmosfera do forno. É óbvio
que a velocidade do combustível na entrada do forno deve ser ajustada
apropriadamente de forma que as partículas tenham velocidade suficiente para
permanecer em suspensão enquanto elas queimam, mas não deve ser tão
elevada de forma que elas sejam arrastadas muito para o interior do forno. Um
diâmetro errado da área de passagem de ar primário ou de óleo combustível
pode resultar em uma velocidade insuficiente ou excessiva do combustível.

2.1.5 Formato da Chama

No maçarico há diversas possibilidades de regulagens para o formato da


chama utilizando as ramificações do Ar Primário: Axial (externo), Radial
(tangencial) e Central (interno):
Ar Axial ou Ar externo: Aumentando o ar axial, a chama torna-se longa
com menor raio.
Ar Radial ou Tangencial: Proporciona um aumento na turbulência da
chama, devido à melhor mistura que impõe aos fluxos de ar e de combustível,
através de sua rotação. Esta mistura mais intensa entre o combustível e o ar de
combustão promove uma chama mais curta e larga.
Ar Central Ou Interno: É importante na queima de combustíveis sólidos,
proporciona maior turbulência e dispersão do combustível, facilita a atomização
das partículas que estão envolvidas na parte central, (no miolo da chama),
levando ar de combustão (oxigênio) a este centro e dispersando ainda as
partículas não queimadas em direção a parte externa onde há maior
quantidade de calor e oxigênio, propiciando uma combustão mais estável. A
figura 5 abaixo demonstra uma chama sob o efeito destas ramificações do ar
primário citadas.

Fig.5- Chama Sob Efeito dos Ares: Axial, Radial e Central.

2.1.6 A Chama Ideal

Para a operação de um forno de clinquer a chama ideal seria a curta,


firme e brilhante Mas é necessário avaliar ate que ponto esta chama curta
poderá absorver e utilizar de forma correta todo o ar secundário que sobe do
resfriador. Sabemos que o ar secundário envolve a parte externa da chama,
sendo o tempo de passagem do mesmo pela zona de queima curto, deduz-se
que uma chama excessivamente curta não aproveitará todo este recurso. Mas
desconsiderando esta relação podemos afirmar que uma chama curta aumenta
o comprimento da zona de calcinação, o que freqüentemente leva a um
aumento na capacidade de produção do forno. Além disto ao optar por uma
chama mais larga pode haver contato direto da chama com material refratário
do forno, diminuindo sua vida útil. Além do risco de incidir diretamente sobre o
leito de material, prejudicando a qualidade do clínquer, e ou criando “atmosfera
redutora no interior do forno.
As chamas curta e longa estão demonstradas na figura 6, para a devida
comparação consideramos que a mesma quantidade de combustível esta
sendo utilizada em ambos os casos, mas é perceptível que as duas chamas
são completamente diferentes. A segunda chama representa o que o operador
chama de “sem consistência” porque o calor desprendido por ela atinge uma
grande extensão da zona de queima. A primeira chama é mais
energética/consistente sendo o calor desprendido sobre uma zona mais curta
da zona de queima (maior concentração de calor). A primeira chama é mais
favorável, pois possibilita uma operação mais estável, melhor qualidade do
clínquer e melhor aproveitamento do combustível. As chamas iguais ao
segundo caso flutuam de forma instável no forno, mas a chama 1, sendo mais
encorpada, tende a permanecer fixa numa posição quando pequenas
mudanças nas vazões e temperatura do ar primário ocorrem. A chama 1 é a
forma de chama mais favorável. O combustível se expande de maneira
uniforme em todas as direções ao longo do eixo do forno e a mesma não é
muito longa nem muito curta.

Fig.6- Comparativo Chama Curta x Longa.

2.1.6 Ajuste da Direção da Chama

Uma das coisas mais importantes a serem observadas pelo operador do


forno é o fato de que a chama não consiste numa linha reta e também não
permanece constante todo o tempo. Logo, quando o maçarico é ajustado de
forma a garantir certa direção para a chama, não haverá garantia de que a
chama manterá o direcionamento desejado em toda a sua extensão. A chama
tem uma tendência de deslocar-se para cima, devido à entrada de ar
secundário. Esse ar aquecido entra no forno a partir da sua parte inferior e se
move para cima numa trajetória curva através do eixo da câmara, poucos
centímetros após a ponteira do maçarico. Esse efeito oriundo da entrada do ar
secundário pode ser mais bem observado quando uma grande alteração ocorre
na sua temperatura. Durante a partida do forno, a chama tem uma tendência
de se direcionar para cima. Como o passar do tempo e com o aumento da
temperatura do ar, a chama tende a se alinhar melhor. Pela experiência prática
recomenda-se que o maçarico fique posicionado levemente abaixo do centro
do forno a fim de anular o efeito causado pelo ar secundário, e levemente
direcionado para o leito do material, propiciando uma melhor troca térmica
entre a chama e a alimentação.
Todo ajuste do maçarico provocará uma mudança nas características da
chama e por isso, afetam as condições da zona de queima. Quando a chama
está posicionada muito próxima ao material, há um grande risco de que
partículas não queimadas de combustível penetrem no material. Por outro lado
uma chama posicionada tendendo ao lado vazio do forno pode incidir
diretamente sobre a colagem (ou refratário) o que irá reduzir a vida útil do
revestimento, na figura 7 visualizamos os pontos 2B e 2C como os mais
favoráveis a operação.

Fig.7- Tºc na ZQ / Posição da Chama x Forno.


2.1.7 Temperatura da Chama

A quantidade de energia desprendida pela chama depende de sua


temperatura e esta temperatura pode ser notada visualmente pela sua
coloração. Antes de discutir a cor da chama, é necessário esclarecer que um
aumento na taxa de combustível não significa necessariamente um aumento de
temperatura de chama, já que a reação de combustão necessita da presença
de O2. Um exemplo seria uma condição de operação onde os gases de saída
apresentam uma baixa concentração de O2, por exemplo, 0,5%. O operador
observa que a temperatura da zona de queima começa a diminuir. Um
procedimento errado seria aumentar a quantidade de combustível esperando a
elevação da temperatura. Neste caso o procedimento correto seria reduzir a
vazão de combustível para melhorar a combustão. A redução da temperatura
da chama também poderá ocorrer depois de acentuada queda da temperatura
do ar secundário ou quando muito ar em excesso for introduzido no forno. Sob
quaisquer circunstâncias é desejável obter a mais alta temperatura de chama
possível. Em outras palavras, as melhores chamas nos fornos rotativos são
aquelas com grande brilho, chamas laranja ou avermelhadas não são
desejadas, pois possuem baixas temperaturas. Na tabela abaixo podemos
correlacionar a coloração de uma chama com sua temperatura.

Coloração Temperatura (°c)

Vermelho claro 475

Vermelho claro a escuro 475 - 650

Vermelho escuro brilhante 650 – 825

Laranja 825 – 900

Amarelo 900 – 1090

Amarelo claro 1090 – 1320


Branco 1320 – 1540

Branco ofuscante > 1540

Fig.8- Tabela Comparativa de Cor x Tºc de Chama.


De interesse específico do operador do forno estão os seguintes fatores que
servem para elevar a temperatura de chama:
 Aumentar a temperatura do ar secundário.
 Usar menos ar primário, dando preferência ao ar secundário que possui
mais alta temperatura.
 Melhorar a atomização do combustível.
 Operar o forno com o ar de excesso dentro de limites conhecidos.
3. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR

3.1 TRANSFERÊNCIA DE CALOR

A transmissão de calor pode ser definida como a transferência de


energia de uma região para outra, resultante da diferença de temperaturas
entre elas, vale citar que isto sempre se dará da maior para a menor
temperatura, ou seja, do corpo quente para o corpo frio.
Já que iremos tratar de calor, é importante primeiramente ressaltarmos a
diferença entre CALOR e TEMPERATURA.
O calor é uma forma de energia que se manifesta numa massa através
da temperatura, sendo assim o calor é a causa e a temperatura é o efeito.
Como exemplo disto: Se aplicarmos a mesma quantidade de calor para duas
quantidades de água, sendo uma o dobro da outra e à mesma temperatura
inicial, a massa menor sofrerá uma variação de temperatura duas vezes
superior à mesma maior. Podemos ainda afirmar que no final o conteúdo
calorífico da maior massa é superior ao da menor, ainda que esta apresente
temperatura mais elevada. Outro exemplo mais simples é a comparação entre
um litro de água aquecendo a 80 °c e a água do mar numa temperatura de
30°c, mesmo assim podemos afirmar que o conteúdo calorífico da maior massa
(no caso a água do mar) é superior ao litro de água em aquecimento.
Existem três modos distintos de transmissão de calor usualmente
reconhecidos no processo da clinquerização: condução, radiação e convecção.

3.1.1 Condução

É a transferência de calor de um corpo á outro mediante contato.


Quando seguramos o cabo de um garfo e chegamos as pontas a uma chama,
sentimos o cabo aquecer-se devido á condução de calor através do metal.
3.1.2 Radiação

É o mecanismo de transferência através de onda de calor, sem a


necessidade do contato. É sob forma de radiação que recebemos calor do sol.
Este é também o mecanismo de transferência de calor dominante na zona de
queima, é também o maior responsável pelas perdas de calor do sistema. A
maior parte do calor transferido no forno é por radiação direta da chama na
zona de queima, e por radiação direta dos gases de combustão nas regiões
intermediárias e de alimentação.

3.1.3 Convecção

É o mecanismo de transferência dominante em fluidos, mediante as


correntes de convecção. Quando colocamos uma panela com água no Fogo,
aquece-se inicialmente a água do fundo que se torna menos denso e sobe. A
água mais fria da superfície toma o seu lugar e o processo continua, formando-
se as correntes de convecção e disseminando o calor dentro da massa líquida.
Quando o movimento do fluido se dá, não somente em função do resultado das
diferenças de densidades, mas sim do uso de algum mecanismo que sirva para
ativar a circulação do fluido (por exemplo: um ventilador), tem-se um processo
de convecção forçada. Na torre de ciclones e pré calcinador, praticamente toda
a troca térmica ocorre na forma de convecção, pois há uma grande área para
transferência de calor. A troca térmica, nos ciclones, ocorre quase que
totalmente nos dutos de entrada (80%), devido ao contato íntimo entre a
farinha e o gás.

3.2 CALOR AMBIENTE/CALOR ENVOLTÓRIO

Já é do conhecimento dos Srs que a reação da descarbonatação é


altamente endotérmica, ou seja, absorve muito calor durante o fazimento, mas
ao concluir esta reação próxima a chama imediatamente o calor até então
absorvido será devolvido para enriquecer a combustão. Neste processo o
clinquer libera calor para a chama em 2 momentos: em sua passagem por
debaixo dela, e como ar secundário, resultante da troca térmica com o ar
insuflado pelos ventiladores do resfriador que retorna então na corrente de
gases gerada pelo exaustor do forno em direção à chama, quando a envolve, e
a mantém. Por ultimo, esta chama brilhante libera calor para o revestimento
(colagens/tijolos) que devolve para o redor da própria, além disto, este calor
irradiado para as colagens é absorvido pelo talude de material, notem isto pela
figura 8 (já exposta anteriormente), percebam pelo sentido de giro do forno,
que o revestimento antes de passar pelo talude de material está com 1590°c, e
depois que passa pelo talude encontra-se à 1370°c evidenciando a troca
térmica descrita. Este enriquecimento de calor na zona de queima chega a ser
responsável por uma diminuição do consumo de combustível na ordem de 20%
a 30%; auxilia na manutenção do formato da chama, na queima do
combustível, resultando nesta economicidade. O resultado deste processo
chamamos de CALOR AMBIENTE. Para que possa ser bem entendido, notem
que geralmente quando o forno esfria a “pluma negra” no início da chama
(principalmente com a queima do coque) aumenta bastante, pois com o redor
da chama frio o combustível a ser queimado demora mais para iniciar a
combustão. Notem também que um dos indícios que o forno está esquentando
é quando esta mesma pluma vai se retraindo e geralmente isto acontece
quando o operador notando que atrás da chama já está clareando e inicia a
retomada, o material quente chega na zona de queima, e o processo
exotérmico já descrito anteriormente ocorre. E quanto mais granulado for o
clinquer, maior será quantidade de calor a ser liberada.
Rio Branco do Sul – 04/2011

Você também pode gostar