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Apostila do aluno

Resfriador
Direitos reservados Votorantim Cimentos
2013

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de


qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, sem
a permissão prévia, por escrito da Votorantim Cimentos.

Edição: 1
Apresentação

Olá aluno!

Você tem em mãos um material especialmente desenvolvido para lhe apoiar no


treinamento de Resfriador.

Nesta apostila você encontrará todo o conteúdo do treinamento presencial, assim


como conteúdos complementares que enriquecerão ainda mais o seu processo de
aprendizagem.

Lembre-se de que, por meio deste treinamento, você terá a oportunidade de


aprimoramento profissional, compartilhando os seus conhecimentos e adquirindo
novos.

Utilize os espaços destinado para anotações e inclua insights, dicas e ideias que
forem discutidas durante o encontro.

Aproveite esta oportunidade ao máximo, esclareça todas as suas dúvidas com o


Facilitador, estabeleça contato com seus colegas de trabalho e compartilhe
experiências.

Participe, interaja, aproveite ao máximo este material que foi preparado para você.

Bom treinamento!
Sumário

Pilares Estratégicos 8
Regras pela Vida 9
Política Ambiental 10
Regras Verdes 11
1. Resfriadores de Clínquer 12
1.1. Resfriadores 13
1.2. Influência do Resfriamento na Qualidade do Clínquer 14
2. Tipos de Resfriadores de Clínquer 19
2.1. Tipos de Resfriadores 20
2.2. Resfriadores Rotativos 21
2.3. Resfriadores Planetários 22
2.4. Resfriadores tipo Poço (Shaft Cooler) 32
2.5. Grelhas de Movimento Contínuo 33
2.6. Grelhas de Movimento Oscilante – 1ª Geração 34
2.7. Grelhas de Movimento Oscilante – 2ª Geração 41
2.8. Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração - IKN 46
2.9. Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração – Cross
51
Bar
2.10. Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração – Multi
59
Movable Crossbar
2.11. Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração –
62
Polytrack
Sumário

3. Fluxos de Massa e Calor em Resfriadores 68


3.1. Calor em Resfriadores 69
4. Eficiência de um Resfriador de Clínquer 73
4.1. Resfriador de Clínquer 74
5. Otimização da Operação do Resfriador 82
5.1. Operação do Resfriador 83
5.2. Maximização da Quantidade de Ar Secundário 85
5.3. Maximização da Temperatura do Ar Secundário 86
6. Distribuição do Ar versus Eficiência Total 92
6.1. Distribuição do Ar 93
7. Controle Automático dos Resfriadores de
99
Grelhas
7.1. Resfriadores de Grelhas 100

É fazendo que se
aprende a fazer
aquilo que se deve
aprender a fazer.

Aristóteles
Resfriador 07
Pilares Estratégicos

Pessoas “Donas do Negócio”

 Ter funcionários qualificados e engajados.


 Atrair as pessoas certas.
 Líderes como gestores de gente.
 Fortalecer a retenção e a meritocracia.
 Buscar estruturas cada vez mais eficientes.

Excelência Operacional na Cadeia

 Garantir a segurança de todas as pessoas envolvidas nas operações e


negócios.
 Ter excelência em logística e suprimentos, com otimização de custos.
 Garantir qualidade e disponibilidade dos produtos e serviços.
 Ter eficiência operacional.

Configuração competitiva do negócio

 Garantir a competitividade das novas Unidades.


 Desenvolver novas formas de transportar produtos e prestar serviços.
 Estudar novos modelos de gestão para os negócios.
 Capturar insumos estratégicos.

Satisfação dos Clientes

 Prover produtos e serviços adequados para cada segmento.


 Ter excelência no serviço prestado ao cliente.
 Desenvolver novos produtos e serviços.

Resfriador 08
Responsabilidade Socioambiental

 Maximizar o uso de novas tecnologias, como coprocessamento e


combustíveis alternativos.
 Obter eficiência energética.
 Garantir sistema de gestão ambiental padronizado.
 Assegurar relacionamentos transparentes e duradouros com a comunidade.

Sistema de gestão replicável

 Alavancar o sistema de gestão para aprimorar, alinhar e replicar processos.


 Implementar sistema de gestão corporativo, alinhado aos valores e princípios
da empresa.

Regras pela vida

 Use todos os EPIs definidos para a atividade. Em trabalhos acima de 2


metros de altura, é obrigatório o uso do cinto de segurança.
 É proibido trabalhar na empresa sob efeito de álcool ou posse de drogas,
bem como portar arma branca ou de fogo.
 Faça a APR. Na dúvida, pare a atividade e consulte seu supervisor. Exerça o
Direito de Recusa.
 É proibido conduzir ou operar veículos e equipamentos sem a devida
autorização ou após seu vencimento. Respeite o limite de velocidade e a
sinalização. Use o cinto de segurança.
 É proibido o acesso de pessoas não autorizadas às áreas restritas.
 Siga corretamente os procedimentos de bloqueio de equipamentos e
isolamento de área.

Resfriador 09
Política Ambiental

Princípios da nossa política ambiental

Requisitos Legais e outros Requisitos

 Estar sempre em conformidade com os requisitos legais aplicáveis à


organização e outros compromissos assumidos.

Sistema de Gestão Ambiental

 Estar sempre em conformidade com os requisitos legais aplicáveis à


organização e outros compromissos assumidos.

Utilização dos Recursos Naturais

 Buscar a ecoeficiência no uso dos recursos naturais necessários às nossas


operações, como combustíveis, matérias-primas, água, energia e outros.

Impactos Ambientais

 Avaliar, controlar e reduzir os impactos ambientais de nossas atividades (foco


em melhoria contínua e nas melhores práticas da indústria).

Inovação

 Investir na inovação ambiental de nossos processos, produtos e serviços


durante seu ciclo de vida, buscando a redução dos impactos ambientais.

Engajamento com as partes interessadas

 Promover o relacionamento ético e transparente com nossas partes


interessadas, por meio de processos para o atendimento de demandas
relacionadas ao meio ambiente.

Resfriador 10
Regras Verdes

1. Preservar a vegetação.

2. Preservar os cursos d’água.

3. Destinar corretamente os resíduos.

4. Comunicar qualquer problema na operação dos sistemas de controle de


poluição.

5. Não maltratar nem capturar animais silvestres.

6. Não realizar atividade em áreas protegidas.

7. Preservar cavernas e sítios arqueológicos.

8. Não realizar queimadas.

9. Não lavar nem armazenar insumos em áreas não autorizadas.

10. Fazer uso consciente dos recursos naturais.

Resfriador 11
1 Resfriadores de
.

Clínquer

Resfriador 12
1.1 Resfriadores

Introdução

Na manufatura do cimento a formação dos nódulos de clínquer ocorre na entrada


da parte mais quente do forno, onde a temperatura do material fica em torno de
1280°C. Normalmente o clínquer se apresenta em nódulos com tamanho entre 5 e
25 mm que deixam o interior do forno e são descarregados em um equipamento
denominado resfriador.

Como a temperatura do clínquer que deixa o forno normalmente fica entre 1200°C e
1250°C, as características mineralógicas do clínquer são fortemente influenciadas
pelo seu pré-resfriamento, antes que o mesmo penetre no resfriador, bem como
pela troca térmica de alta intensidade na zona de entrada do resfriador.

Torna-se então extremamente crítico que o resfriamento do clínquer seja efetuado


de modo muito rápido para assegurar uma composição de fases que melhore o
tanto quanto possível as propriedades desejadas no cimento. Sob um resfriamento
lento ou deficiente pode ocorrer uma série de transições polimórficas na alita e na
belita, afetando tanto a estrutura do cristal como sua micro-textura bem como,
finalmente, a reatividade das principais fases do clínquer.

Por outro lado, é igualmente importante que a troca de calor entre o clínquer e o ar
seja eficiente para assegurar, uma recuperação máxima de calor para o ar
secundário e o ar terciário relacionada com os requerimentos do processo. Além
disso, um resfriamento adequado evita todas as dificuldades físicas inerentes ao
transportar e estocar grandes massas de clínquer extremamente quente ou
parcialmente fundido.

Resfriador 13
Deste modo, um resfriador moderno de clínquer deve realizar todas estas tarefas
eficiente e simultaneamente:

• finalização da mineralogia do clínquer por meio de um resfriamento rápido.


• pré-aquecimento do ar de combustão por troca térmica com o clínquer quente.
• resfriamento do clínquer até uma temperatura segura para seu transporte.

1.2 Influência do Resfriamento na Qualidade do Clínquer

O processo de resfriamento do clínquer influencia diretamente sua estrutura, sua


moabilidade e, finalmente, a qualidade do cimento resultante. A prática no processo
de fabricação de cimento tem mostrado que um processo lento de resfriamento leva
a uma piora acentuada na moabilidade do clínquer. Isto acontece devido às
diferentes formas de cristalização bem como ao processo de crescimento dos
cristais das fase silicatadas.

A velocidade do resfriamento também determina a razão entre o conteúdo das fases


líquida e cristalina no clínquer. Durante um resfriamento lento são formados grandes
cristais em quase todos componentes do clínquer enquanto um resfriamento rápido
impede a formação dos cristais fazendo com que a fase líquida se solidifique em
uma massa vítrea.

Resfriador 14
É importante entender que cristais grandes são muito mais difíceis de cominuir do
que um aglomerado de pequenos cristais. Nestes últimos, estão presentes
numerosas interfaces com zonas potenciais de fraqueza nas quais podem ocorrer
efeitos adicionais de tensão. Assim, quanto maiores forem os cristais da alita e da
belita, pior a moabilidade ou seja mais difícil será moer o clínquer.

Segundo os estudos efetuados por microscopia estabeleceu-se uma relação


matemática clara e definida entre moabilidade e dimensões de cristais. Nesta
relação a moabilidade, expressa como um menor consumo específico de energia
(kWh/t), é uma função direta do conteúdo de alita e uma função inversa da
dimensão média de seu cristal, havendo em contrapartida influências negativas da
belita, tanto em seu conteúdo quanto no tamanho médio de seus cristais.

Assim, um resfriamento rápido previne o crescimento dos cristais que, por sua vez,
influencia diretamente o processo de hidratação e a consequente resistência final
do cimento. Um resfriamento lento e inadequado produz um clínquer com cristais
grandes de alita e belita, dispersos em matriz de granulação grosseira. O clínquer
terá uma moabilidade ruim e baixa reatividade.

Taxa de resfriamento rápido. Taxa de resfriamento lento


Fase líquida submicroscópica. Fase líquida microcristalina.
Cristais de alita: bordas
Cristais da alita retos e lineares. corroídas.
Belita esférica na fase líquida. Belita com contorno irregular.
A experiência prática tem demonstrado que um clínquer contendo cristais de alita
com tamanho médio de 20 a 25 m pode reduzir o consumo específico de energia
em cerca de 10 kWh/ton. quando se efetua a moagem de cimento Portland com
Blaine de 3.500 cm2/g, em relação a um clínquer com cristais de alita com tamanho
médio de 35-40m.

Resfriador 15
Cristais de alita que tenham passado por uma queima adequada e um resfriamento
rápido são mantidos em tamanhos pequenos também resultam em maiores
resistências no cimento. Embora dois cimentos analisados apresentassem
composições químicas idênticas, um tinha cristais pequenos de alita (15 mícron)
enquanto o outro cimento com cristais de alita de 40m mícron de diâmetro somente
obteve uma resistência de 293 kg/cm2.

Um resfriamento rápido do clínquer também aumenta a resistência ao ataque de


sulfatos (sulfatos de sódio e magnésio) no cimento. Isto é explicado pelo fato que o
conteúdo de C3A, que é relacionado com a resistência do cimento Portland ao
ataque por soluções ácidas, quando resfriado rapidamente é presente
principalmente em estado vítreo. Neste estado o C3A é muito menos susceptível ao
taque por soluções de sulfates de sódio e magnésio.

Para comprovar este fato, foi feita uma experiência medindo a expansão de dois
corpos de prova de argamassas, feitos a partir de clínqueres contendo
respectivamente 11% de C3A, estocados em uma solução de sulfato de magnésio.

Em um caso aplicou-se um resfriamento lento de forma tal que o C3A cristalizou-se


completamente enquanto no outro caso o clínquer foi resfriado rapidamente. As
curvas do gráfico seguinte demonstram a vantagem definitiva de um resfriamento
rápido do clínquer.

Resfriador 16
Um problema adicional de qualidade pode surgir se o clínquer tiver um alto
conteúdo de MgO porque um resfriamento lento permite o crescimento de cristais
muito grandes de periclásio que emerge da fase líquida; mesmo hidratado
lentamente no concreto este mineral irá expandir e causar sua ruptura.

 A expansibilidade que ocorre durante o processo de endurecimento do cimento


Portland depende diretamente do tamanho dos cristais de periclásio. A hidratação
de cristais grandes de periclásio que estão relacionados com um aumento
simultâneo em volume é mais lenta que a hidratação dos minerais que constituem o
clínquer: isto impacta diretamente a expansibilidade do cimento.

O tamanho máximo dos cristais de periclásio que dificilmente impactam a qualidade


do cimento é de 6 a 8 micra. Um resfriamento lento do clínquer pode produzir
cristais de periclásio de até cerca de 60 micra de largura. Determinou-se que os
cristais de periclásio com tamanho de até cerca de 5 micra presentes no cimento
em 4% exibem a mesma taxa de expansão no teste de autoclave que cristais de
periclásio que tem entre 30 e 60 mícron presentes em apenas 1%.

Periclásio dendrítico (cinza róseo) em meio


da matriz de fase líquida.

Grandes cristais de periclásio


(seta)em matriz grosseiramente
cristalina.

Resfriador 17
Anotações

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Resfriador 18
2 Tipos de
.
Resfriadores de
Clínquer

Resfriador 19
2.1 Tipos de Resfriadores

Entre os fatores governam o projeto e a seleção de um resfriador de clínquer,


devem estar incluídos alguns dos seguintes requerimentos:

- baixo custo de capital;


- taxa ótima de resfriamento para um clínquer de boa qualidade;
- alta recuperação de calor;
- baixa temperatura do clínquer na saída;
- menor impacto possível sobre o meio ambiente;
- baixo consumo de energia;
- baixo custo de manutenção e baixa taxa de desgaste;
- operação confiável, com número mínimo de paradas;
- facilidade de controle;
- fluxo estável de ar de combustão sem variações de temperatura.

Estes critérios são de interesse imediato para o produtor de cimento que deseja
adquirir um novo resfriador de clínquer. Por outro lado, o fabricante do equipamento
observa tais critérios e procura otimizar seu projeto, dependendo do peso de cada
um destes critérios individuais. Ao longo dos anos, tais critérios têm sido
intensamente usados para selecionar os novos resfriadores a serem instalados.

A tecnologia do resfriamento de clínquer também foi muito desenvolvida, de modo


que diferentes tipos de resfriadores foram aplicados desde a infância da indústria de
manufatura do cimento Portland no final do século XIX. Os primeiros fornos
rotativos da indústria de cimento não possuíam qualquer dispositivo ou
equipamento que processasse o resfriamento do clínquer.

Naqueles tempos heroícos o clínquer quente era simplesmente descarregado no


chão, amontoado e os blocos maiores, à falta de um britador, eram quebrados com
marretas. Na sequência serão descritos os tipos mais comuns de resfriadores com
ênfase particular sobre os resfriadores de grelha oscilantes.

Resfriador 20
2.2 Resfriadores Rotativos

O resfriador rotativo foi o tipo mais antigo de resfriador de clínquer, construído para
trabalhar em conjunto com o forno. Consiste de um cilindro rotativo, seguindo o
movimento do forno. Fornos de 60 a 90m de comprimento foram fornecidos com
resfriadores de 2 a 5m de diâmetro e 20 a 50m de comprimento e 4 a 7 de
inclinação.

Na maioria dos casos os resfriadores eram instalados em direção oposta a do forno


pois frequentemente estavam localizados abaixo do mesmo. Os resfriadores são
montados sobre dois anéis com rolos de apoio e acionados por coroa e pinhão,
independente do forno. São operados com rotações na faixa de 0,8 rpm. Cerca de
70% do resfriador é revestido com refratário, além de pás levantadoras para erguer
e cascatear o clínquer melhorando o contato a eficiência do resfriador.

Resfriador 21
A pressão negativa do forno induz uma sucção de ar frio que penetra no resfriador
através de sua extremidade aberta e passa pelo seu interior em contra-fluxo ao
movimento de transporte do clínquer. A temperatura do ar de resfriamento que
penetra no forno fica entre 400 a 750C enquanto o clínquer é descarregado no
resfriador tem 1.300 a 1.350C, deixando-o com 250 a 300C.

A eficiência destes resfriadores fica entre 55 e 75% em forno via seca e em torno de
78% em fornos de via úmida. A capacidade específica é de 2,5 a 3,5t/m3.d. A razão
comprimento/diâmetro de resfriadores rotativos é de 10:1 à 12,1:1. As perdas por
radiação ficam entre 50 e 80kcal/kg.cl. Após a introdução dos resfriadores de
grelhas na indústria do cimento os resfriadores rotativos foram praticamente
esquecidos.

2.3 Resfriadores Planetários

Em 1.910 o grupo Krupp introduziu o resfriador de satélite na indústria do cimento,


sob o nome de Resfriador Concentra. Já em 1.922 a F.L.Smith seguiu esta
tendência lançando seu resfriador de satélite denominado Resfriador Unax. O nome
de resfriador planetário é derivado do fato que os tubos do resfriador circulam o
tubo do forno do mesmo modo que os planetas circundam ao sol.

Apenas em torno de 1966 resfriadores planetários de grandes capacidades foram


introduzidos e nesta fase inicial ocorreram sérios problemas mecânicos. Em
consequência, grandes esforços foram desprendidos para melhorar projeto do
resfriador planetário. Como resultado de cálculos computacionais extensivos e
experiências operacionais o resfriador planetário voltou a ser um equipamento
altamente confiável.

Resfriador 22
Atualmente os projetos alcançaram um alto padrão bem como considerável nível de
perfeição. Unidades de até 5.000 t.p.d são disponíveis no mercado. Entretanto, com
o advento dos fornos com pré-calcinadores, que requerem um duto separado de ar
terciário,a aplicação deste resfriadores caiu significativamente.

A grande vantagem do resfriador planetário consiste em sua simplicidade, pois, não


requer ar de excesso, ventiladores ou motores adicionais bem como nenhuma
instrumentação de controle. É auto-ajustável e o consumo de energia elétrica é de
somente 0,5 a 1,0 kWh/ton. adicionado ao motor do forno e exaustor principal.

Este resfriador consiste de vários cilindros metálicos, normalmente 10 ou 11,


dispostos como uma coroa ao longo da circunferência da extremidade do forno,
formando uma parte integral do mesmo. Tais satélites giram junto com o forno, sem
acionamento separado. Satélites são suportados por um conjunto de anel com rolos
de apoios localizado próximo a extremidade final dos tubos havendo limitações para
o tamanho do forno e dos satélites por causa de seu peso excessivo e tensões
provocadas sobre o casco.

Resfriador 23
 Processo

O processo de resfriamento do clínque não começa no tubo do resfriador planetário


mas no interior do forno. O maçarico do forno é sempre inserido no interior do forno
de forma tal que é criada uma zona de pré-resfriamento com um comprimento de
1,5 a 2,0 diâmetros do forno, logo após a chama.

Esta zona, denominada de “zona interna de resfriamento do forno”, é considerada


como parte integrante de qualquer resfriador planetário. Nesta zona a temperatura
do clínquer cai de 1450°C para aproximadamente 1200°C. Esta redução de
temperatura é extremamente importante para a proteção da abertura do forno, a
peça de descarga do clínquer (cotovelo) e a primeira seção do tubo de
resfriamento.

Após este primeiro resfriamento no interior do forno, o clínquer cai através dos
chutes de descarga ou cotovelos alcançando o quadro de saída do forno. O
clínquer quente é resfriado por uma contra corrente de ar frio. O tempo de retenção
do clínquer no interior de um resfriador de satélites é de aproximadamente 45
minutos.

Deve-se ressaltar que o resfriamento do clínquer é efetuado apenas com um


volume de ar que equivale ao ar secundário, ou seja, 0,80-1,00 Nm³/kg para um
forno via seca de 750 kcal/kg. Já em via úmida, com um consumo calórico de 1.400
kcal/kg, o volume de ar secundário fica em 1,30-1,50 Nm³/kg. O clínquer
descarregado por um resfriador de grelhas normalmente tem uma temperatura entre
250-300C.

Resfriador 24
Considerável quantidade de calor é transferida ao meio ambiente por radiação pois
grande parte do casco dos tubos não é isolada termicamente. Os parâmetros de
projeto mais importantes são o volume específico máximo [vol.esp. = P / n * L* D1,5],
3,65 ton./m2,5.24h, e a carga máxima na seção transversal [ (4 *P) / (n * π * D2)], 70
ton/m². Estes resfriadores atingem eficiências de 60-65% e a razão
comprimento/diâmetro é de 6:1.

 Dispositivos internos de transferência de calor

Para melhor transferência de calor o tubo planetário é equipado com dispositivos


levantadores que tem projeto sólido e durável. Como atualmente levantadores
metálicos extremamente resistentes ao calor são disponíveis no mercado as zonas
de alta temperatura são adequadamente equipadas.

São usadas ligas especiais de aço que resistem a altas temperaturas até um
máximo de 1.150°C. Estas ligas são usualmente caracterizadas por uma alto
conteúdo de cromo de aproximadamente 30%. Também podem ser empregados
outros elementos como Ni e Mn em várias proporções.

Resfriador 25
Dispositivos como dentes britadores são normalmente empregados na zona mais
quente. Estes também são capazes de quebrar os pedaços maiores de clínquer
bem como criar um efeito de tombamento da carga que melhora a troca térmica.
Também tem um projeto robusto e são montados em suportes separados.

Como o clínquer penetra nos satélites com temperatura na faixa de 1100-1350C,


as peças de transição entre a saída do forno e a entrada do satélite são
especialmente expostas ao calor e impacto combinado com tensões variáveis
sendo, deste modo, revestidas com concreto refratário denso de alta qualidade.

As primeiras fileiras destes elementos levantadores tem que ter um projeto e


material de construção cuidadosamente selecionados pois seu funcionamento
apropriado também é importante para proteger os levantadores seguintes de um
sobreaquecimento.

Resfriador 26
Após o término da zona revestida com os levantadores, o casco do tubo planetário
deve ser protegido contra o desgaste. Isto é normalmente efetuado com placas de
desgaste que também permitem obter certo efeito de isolamento térmico ao se
assentarem sobre material isolante.

No caso de fornos que operam com sobrecarga térmica ou má condições dos


equipamentos internos de transferência de calor, a temperatura do clínquer pode se
tornar excessivamente alta. Nestes casos tanto os dispositivos internos como o
próprio casco do tubo planetário podem se tornar sobre-aquecidos.

Nestas condições pode ser suprido um sistema adicional através do uso


resfriamento por evaporação de água, existindo basicamente dois processos:

 a. um sistema externo, onde o casco dos tubos é resfriado por um sistema de
spray de água sobre os mesmos; o consumo de água é de cerca de 100 g/kg; a
taxa de recirculação é de aproximadamente 10 vezes e a temperatura do clínquer
pode ser reduzida em até 110°C.

Resfriador 27
b. um sistema interno de spray de água que consiste de um anel que envolve o
conjunto dos satélites com tubos injetores individuais; a quantidade de água é de 30
a 50 g./kg, ou seja, cerca de 1% da produção para cada 15C de resfriamento; a
temperatura do clínquer é reduzida de 50 a 100°C.

 Transferência de calor e eficiência

A transferência de calor em um resfriador planetário se dá por uma troca térmica em


contra corrente entre o clínquer e ao ar de resfriamento. Em princípio, teoricamente
isto deveria permitir alcançar uma alta eficiência de recuperação de calor mas os
itens seguintes influenciam negativamente esta eficiência.

a. como clínquer deve ser colocado em contato íntimo e intensivo com o ar de


resfriamento; em um tubo de diâmetro reduzido normalmente não se obtém um
contato suficiente; deste modo, a área interna de contato tem que ser aumentada
através de levantadores de alta eficiência; o projeto e condição real do equipamento
interno de transferência de calor são essenciais para uma alta recuperação.

b. a quantidade disponível de ar de resfriamento afeta a eficiência; desde que um


sistema muito especial de forno não esteja sendo considerado, a quantidade de ar
secundário varia muito pouco entre um forno e outro; entretanto, se, por exemplo,
um forno com pré-aquecedor de suspensão for comparado com um forno de via
úmida a quantidade de ar de resfriamento pode ser 50% maior e neste caso as
eficiências não podem ser comparadas.

c. finalmente, a granulometria do clínquer também afeta a eficiência; quanto


menores forem as partículas maior será a superfície específica do clínquer (m2 /
kg.) e deste modo, a troca térmica irá teoricamente melhorar; contudo, isto somente
se aplica para partículas de tamanho de cerca de 1,5 mm.

Resfriador 28
Assim, as partículas ainda mais finas penetram no fluxo do ar e criam uma
circulação interna de pó, através da qual é induzida uma quantidade indesejável de
calor transportado que deteriora o padrão de troca térmica em contra corrente do
tubo planetário.

Em forno de pré-aquecedor de suspensão com resfriadores planetários pode-se


normalmente obter uma eficiência de 65 a 70% que pode cair drasticamente à
medida que os dispositivos levantadores se tornem muito desgastados.

Em conclusão a eficiência de recuperação de calor depende tanto do projeto e


eficiência dos dispositivos de levantamento do clínquer como de condições
operacionais como a quantidade de ar de resfriamento e a granulometria.

 Características de Projeto

Nos resfriadores planetários modernos o acesso ao forno é executado em uma viga


tubular isolada termicamente montada em conjunto com a plataforma do forneiro.
Este conjunto passa através da extensão do tubo do forno e é suportado por um
sistema normal de anel e rolos de apoio; o tubo estacionário forma um túnel cuja
extremidade no forno é fechada por uma porta dupla suspensa por um par de rodas
deslizantes em trilhos colocados no túnel.

Resfriador 29
Os tubos planetários têm um suporte fixo perto de sua entrada e um suporte solto
em sua extremidade final; no caso de resfriadores grandes os tubos podem consistir
de duas seções separadas e são necessários três suportes; neste caso, dois
suportes fixos são colocados perto da entrada e perto da saída em quando um
suporte solto é instalado no ponto intermediário de conexão entre as duas partes.

Embora deva-se observar que os custos de investimento para um forno com


resfriador de satélite sejam equivalentes aos de um forno com resfriador de grelhas,
é importante conhecer as limitações referentes a emissão de particulados que
podem decidir o projeto por seus custos adicionais.

Além disso existem as seguintes dificuldades sempre enfrentadas pela aplicação de


resfriadores de satélites:

Resfriador 30
 - tensões estáticas e mecânicas sobre o casco do forno resultando em trincas entre
o forno e as aberturas de descarga.
 
- conexões imperfeitas do forno ao resfriador causando sempre derrame de
clínquer.
 
- curta durabilidade do revestimento refratário.
 
- desgaste acentuado nos tubos bem como elementos levantadores devido aos
esforços térmicos excessivos.
 
- conexão problemática entre tubos de resfriamento longos e o casco do forno em
conjunção às expansões térmicas obrigando a arranjos construtivos especiais.

Resfriador 31
2.4 Resfriadores tipo Poço (Shaft Cooler)

A ideia de se resfriar o clínquer em um resfriador tipo poço não é nova. Os fornos


verticais de cimento representam uma combinação de um aparato que efetua a
queima e o resfriamento do clínquer em apenas uma unidade de processamento.
Existem várias patentes no campo de resfriadores tipo poço.

Este resfriador foi desenvolvido por E. Bade, e construído com capacidades de até
3.000 t.p.d pela empresa Walther-Beratherm Company em Köln-Dellbrück,
Alemanha. Como um leito fluidizado cria as melhores condições de troca térmica
possíveis, Bade explorou o conceito para combinar o processo de resfriamento em
contracorrente no resfriador de poço comum leito fluidizado.

Entretanto, na realidade, os requerimentos para um leito fluidizado nem sempre se


realizam sem algumas reservas. tais como determinadas condições físicas. Uma
distribuição uniforme das partículas de clínquer, quantidade constante de material e
distribuição uniforme de ar nem sempre são possíveis de serem obtidas.

O resfriador de poço possui os seguintes componentes principais: a carcaça do


poço com isolamento refratário, grelha de rolos, tremonha de descarga, válvula
tripla de descarga com selagem ao ar e soprador para ar de resfriamento. Dutos de
conexões bem com os instrumentos de controle e medição representam os
equipamentos auxiliares.

A parte superior do poço tem um diâmetro menor para aumentar a velocidade do ar


de resfriamento, criando assim, condições para criação do leito fluidizado nesta
área. Devido ao efeito de leito fluidizado, de acordo com o qual o material na parte
superior do leito comporta-se como um líquido, o clínquer que entra no resfriador
vindo do forno é imediatamente uniformemente distribuído sobre toda a seção
transversal do poço.

O volume ar de resfriamento que é introduzido no resfriador é distribuído sob a


grelha (35%), a cerca de metade da altura do poço (45%) e o restante na parte
constrita do poço (20%). O consumo de energia é alto, entre 10 e 12 kWh/ton.,
porque o ar de resfriamento (1,1 kg.ar/kg.cli) tem que ser comprimido até cerca de
20 kPa. A temperatura do clínquer fica entre 250°C e 280°C acima da temperatura
ambiente.

Resfriador 32
2.5 Grelhas de Movimento Contínuo

Um novo projeto de resfriador de grelhas para clínquer, denominado Recupol, foi


desenvolvido pela empresa alemã Polysius utilizando o projeto da grelha de
movimento contínuo tipo Lepol. O clínquer cai sobre um chute de descarga, que é
coberto por uma placa de aço resfriada por água. A função desta placa d’água é
prevenir uma eventual deposição de clínquer quente, ou seja, a formação de um
homem de neve.

O resfriamento do clínque é efetuado em duas zonas. Na área de pré-resfriamento,


bocais de injeção e pulsação de ar fornecem um jato forte de ar através das placas
perfuradas, provocando um súbito e eficiente arrefecimento no clínquer.

Deste modo a camada de clínquer passa a um estado similar a um leito fluidizado


que resulta numa melhor distribuição do clínquer sobre toda a largura da grelha. O
ar que deixa esta zona de pré-resfriamento é altamente aquecido e passando pelo
clínquer em contracorrente é aspirado pelo sistema do forno como ar secundário.

Devido a menor pressão de aeração na segunda área de resfriamento, o leito de


clínquer se acomoda causando uma acumulação de partículas finas na parte
superior e de partículas grossas na parte inferior do leito. Esta separação de
partículas é considerada uma vantagem específica para o resfriamento secundário.

Resfriador 33
Como o clínquer permanece estacionário sobre a grelha, pois não é empurrado ou
rolado, a criação de pó sobre a grelha é mínima e o ar de excesso é praticamente
isento de pó. Durante todo o processo de resfriamento o clínquer repousa sobre as
placas de movimento contínuo da grelha. Após descarregar o clínquer em sua
extremidade as placas da grelha são resfriadas em seu caminho de retorno e deste
modo são expostas ao clínquer quente A carga específica é de 35,8t/m².24h em um
leito de clínquer de cerca de 200mm.

2.6 Grelhas de Movimento Oscilante – 1ª Geração

Entre todos os tipos de resfriadores, o resfriador de grelhas oferece maior


independência em relação à operação do forno, permitindo que se mantenha a
temperatura do ar de combustão e do clínquer na saída em uma faixa normal
mesmo durante condições instáveis na operação do forno.

Esta alta flexibilidade da operação do resfriador resulta da velocidade variável e


ajustável de transporte do clínquer sobre as grelhas bem como da quantidade de ar
de resfriamento. Quase todos os sistemas modernos de fornos de grande
capacidade com pré-calcinadores tem sido dotados com resfriadores de grelhas
oscilantes.

A grelha consiste de uma estrutura sobre a qual são montadas vigas paralelas em
fileiras dotadas de placas de aço fundido com perfurações para passagem do ar de
resfriamento. As fileiras se alternam entre fileiras fixas e fileiras móveis, de modo tal
que as fileiras fixas se movem para frente e para trás de modo a transportar o
clínquer através do resfriador.

Resfriador 34
Resfriadores de grelha simples são construídos para capacidades de produção de
até 1.000 ton./dia. Para unidades maiores, duas ou mais grelhas são instaladas em
série, cada qual com seu acionamento próprio. As grelhas podem ser inclinadas ou
horizontais, sendo que o britador de clínquer é normalmente instalado após a
descarga na saída do resfriador ou excepcionalmente em uma posição
intermediária, entre duas grelhas. Desta forma o resfriador pode atingir níveis de
10.000 ton./dia de produção.

Para que se compreenda o projeto atual de um resfriador de grelhas é necessário


revisar brevemente a história de seu desenvolvimento. Os primeiros resfriadores de
grelhas foram feitos no final dos anos 30 pela Fuller Company e tinham uma grelha
inclinada com cerca de 15°.

Esta inclinação se demonstrou muito forte, pois, o material deslizava rapidamente


para fora da grelha. O próximo passo foi diminuir a inclinação para 10°. O resfriador
com esta inclinação foi utilizado quase que exclusivamente até metade dos anos
50.

Entretanto também surgiam problemas com este resfriador quando o clínquer era
muito fino e começa a fluidizar.

Em resposta aos problemas do resfriador com grelha inclinada a 10° foi introduzido
o resfriador horizontal que apareceu pela primeira vez na metade dos anos 50. Este
novo projeto foi desenvolvido simplesmente baixando-se a grelha de seus 10° de
inclinação até se tornar horizontal. Desta forma, reduziu-se a eficiência de
transporte e alguns destes resfriadores foram severamente danificados por
sobreaquecimento devido ao acúmulo e fluidização de clínquer fino quente na
extremidade de saída.

Resfriador 35
Esta ineficácia do resfriador horizontal levou ao consequente desenvolvimento do
resfriador denominado “combinado”. Este projeto tem uma ou duas grelhas
inclinadas, normalmente com cerca de 3°, seguidas por grelhas horizontais quando
requeridas para capacidades maiores. Obteve-se então um compromisso das
vantagens dos resfriadores de grelhas inclinadas e horizontais.

Um resfriador típico fabricado entre 1970 e 1990 operava de modo tal que do forno
o clínquer caia sobre uma grelha estática de arrefecimento brusco (“quenching”).
Esta grelha podia ser horizontal ou inclinada.

A largura desta grelha era reduzida na entrada (“horse shoe”) de modo a distribuir o
clínquer mais uniformemente. Junto com alto fluxo de ar e a espessa camada de
clínquer isto também auxiliava a prover um leito uniforme de material que por sua
vez resultava em um fluxo uniforme de ar sobre toda a largura da grelha.

Isto é essencial não apenas para evitar o sobreaquecimento da grelha, mas


também para evitar a formação do homem de neve (“snowman”), pois o clínquer é
mantido em constante movimento sobre toda a largura da grelha de modo que as
partículas individuais perdem sua habilidade de se aglomerar.

O resfriamento do clínquer neste tipo de resfriador de grelhas é baseado no


movimento do ar de resfriamento em contra corrente transversal à direção do
movimento do clínquer, sendo que o ar de resfriamento é suprido por ventiladores e
admitido no interior do leito de clínquer através das perfurações das placas das
grelhas.

Resfriador 36
Todas placas de grelhas, móveis ou fixas, tinham projetos iguais e embora suas
resistências térmicas sejam diferentes em cada grelha, as perfurações das placas
asseguram sempre uma distribuição correta do ar. Normalmente as placas de
grelha possuem furos circulares para permitir a passagem do ar de resfriamento.

Se for necessário reduzir o fluxo de ar em determinadas posições da grelha, por


razões ligadas ao processo, instalam-se algumas placas cegas. Peças de
fechamento vedam a grelha lateralmente, aparafusando-se estas à parede lateral
da carcaça.

As placas fixas são montadas sobre vigas transversais fixadas por parafusos em
vigas longitudinais e estas na estrutura da treliça do resfriador.As placas móveis são
montadas sobre vigas transversais suportadas em uma estrutura que se move
sobre rolos de suporte em conexão com rolos de guia.

 O comprimento de empuxo da grelha móvel é de 125mm e o movimento de vai e


vem faz com que o clínquer se desloque lentamente para a saída. Os rolos de
suporte assentam em cavaletes fixados às vigas transversais na estrutura em
treliça. Um acionamento mecânico ou hidráulico é transmitido ao conjunto das vigas
móveis e a velocidade de cada grelha é independente.

Resfriador 37
A parte inferior da carcaça é dividida em câmaras de ar, através de paredes
divisórias. O ar de resfriamento é suprido por ventiladores individuais à cada
câmara com distribuição otimizada para suportar eventuais distúrbios operacionais
do forno. A selagem eficiente entre as câmaras permite a operação com pressões
altas e diferentes.

Com um leito de clínquer de espessura normal de cerca de 600 mm, a perda de


pressão com um fluxo constante de ar por unidade de área irá diminuir de cerca de
5,9 kPa da região quente na entrada do resfriador para cerca de 2,0 kPa na
extremidade fria da saída do resfriador.

Os ventiladores são dimensionados para pressões máximas entre 7,3 kPa a 2.9
kPa. Para uma operação isenta de problemas é vantajoso usar mais ar por unidade
de área da grelha na entrada quente do resfriador, cerca de 200 kg/min./m2, e
menos na parte da saída, cerca de 40 kg/min./m2.

Resfriador 38
O fechamento da parte inferior é feito através de tremonhas piramidais, que se
destinam tanto a recolher o material fino passante pela grelha bem como efetuar
uma selagem eficiente através do próprio acúmulo do material. Uma boa selagem é
essencial para uma operação com um leito espesso de material que requer
pressões altas para o ar de resfriamento (cerca de 60 a 80 mbar no primeiro
compartimento).

O material fino coletado na tremonha, após atingir certo nível que é detectado por
um sensor apropriado, é descarregado através de válvulas pendulares duplas e
encaminhado a uma cadeia arrastadora situada sob o resfriador. As tremonhas são
cobertas por uma grade de piso que permite a inspeção ou manutenção da câmara.

Um forno via seca tem ar secundário de combustão suprido pelo ar injetado pelos
ventiladores das câmaras das grelhas e aquecido através da troca térmica com
clínquer. Também é possível dirigir parte deste ar diretamente para o forno ou
parcialmente para o pré-calcinador, por meio de um cabeçote de projeto especial
com uma câmara de assentamento de pó.

Este tipo de resfriador produz um clínquer com temperatura na saída de 110 a


120°C. Este resfriador necessita de uma quantidade de ar maior do que aquela que
é utilizada como ar de combustão para efetuar o resfriamento final do clínquer.

Assim, o ar denominado de ar de excesso tem que ser removido e desempoeirado.

Eventualmente o ar de excesso pode ser arrefecido com spray de água e


desempoeirado em filtro eletrostático ou passar por um trocador de calor tubular
resfriado por ventiladores axiais sendo então desempoeirado em um filtro de
mangas.

Resfriador 39
Um dispositivo de selagem entre o casco do forno e o cabeçote segue o movimento
do forno e previne a entrada de ar falso e o escape de pó. O quadro de saída do
forno é resfriado por um duto de ar em torno do casco do forno e um ventilador
próprio de resfriamento é instalado para atuar também como auxiliar para a primeira
câmara de resfriamento caso haja uma emergência em falta de energia.

 Transferência de calor e eficiência

A carga específica em resfriadores de grelhas construídos ao longo dos anos 70


quase sempre girava em torno 35 a 45 ton/m². dia, muito maior que aquela obtida
pelos primeiros resfriadores deste tipo que era de somente 20 ton./m².dia.

Isto resultou da tendência para melhorar a recuperação de calor ao se trabalhar


com a espessura da camada de clínquer sobre a grelha. As taxas de ar de
resfriamento variam de 2,1 a 3,0 Nm³. ar/kg em camadas de clínquer de 400 a 800
mm de altura.

O conjunto de ventiladores é capaz de suprir 2,86 Nm³.ar/kg embora em condições


normais se opere apenas com cerca de 2,32 Nm³.ar/kg. O ventilador de exaustão
do ar de excesso é dimensionado para 2,16 Nm³.ar/kg, mas opera-se em condições
normais com cerca de 1,40 Nm³.ar/kg.

Resfriador 40
2.7 Grelhas de Movimento Oscilante – 2ª Geração

Um novo resfriador de grelhas foi introduzido no mercado em meados dos anos


1980 tendo como objetivo melhorar a recuperação de calor em relação aos
resfriadores tradicionais. Enquanto os antigos resfriadores tinham uma perda
térmica de cerca de 130 a 140 kcal/kg o novo resfriador de grelhas passou a
apresentar uma perda de somente 95 a 100 kcal/kg, atingindo eficiências de 70 a
72%. Do mesmo modo, enquanto as grelhas tradicionais operavam com cargas
específicas de 35 a 40 t/m².24h enquanto os novos resfriadores atingiram cargas
específicas de apenas 45 a 50 t/m².24h.

Resfriador 41
Este resfriador de grelhas foi dotado de fileiras móveis de placas instaladas já na
entrada do resfriador prevenindo tendências ao crescimento de pilhas de materiais
e formação de homem de neve, melhorando também a recuperação de calor. Esta
grelha compõe a zona de recuperação de calor. O ar de resfriamento desta grelha é
suprido diretamente à placas especialmente projetadas através de um sistema de
vigas ocas ao invés de uma câmara inferior como nos resfriadores tradicionais.

As placas são fixadas em vigas ocas aeradas por um sistema de tubulações


individuais providas de gelosias que permitem um ajuste preciso, mesmo durante a
operação. O sistema de distribuição de ar desta grelha incorpora conexões flexíveis
especialmente projetadas e altamente confiáveis entre os dutos fixos de ar a as
fileiras móveis de placas. Estas conexões são tubos de aço com superfícies
esféricas nas extremidades que se fixam com uma junta esférica nas outras partes
cilíndricas.

Resfriador 42
A zona de recuperação também é dividida em setores supridos com ventiladores
distintos. Os vários setores são subdivididos em pequenos segmentos cada qual
com sua gelosia própria ajustável no sistema de suprimento de ar. Um pequeno
fluxo de ar de selagem é injetado sob a grelha pela câmara inferior. Assim, toda a
zona de recuperação de calor consiste de um grande compartimento com apenas
um ventilador de selagem, cuja pressão de ar deve ser medida e utilizada para
controlar o processo.

A perda de carga através das placas da primeira grelha é bem maior do que em
placas tradicionais de grelhas pois tem alta resistência ao fluxo de ar devido ao seu
projeto próprio. Isto assegura uma perfeita distribuição do ar através do leito de
clínquer e melhora grandemente a recuperação de calor. Na zona de entrada de
recuperação de calor o ar de resfriamento em alta velocidade fica em contato total
com a superfície interna da placa de grelha que, mesmo exposta ao clínquer
quente, é permanentemente resfriada e é submetida à baixa carga térmica.

No projeto do resfriador Coolax da F.L.Smidth as placas previnem a passagem de


pó de clínquer através de ranhuras horizontais que permitem a passagem do ar de
resfriamento. Cada par de ranhuras tem formato de seção de um T invertido. O
projeto faz com o ar caminhe para fora através das ranhuras e o pó que
eventualmente penetre nas mesmas será capturado no labirinto ao invés de cair na
viga oca abaixo.

Quando o ar deixa a placa seu jato plano em alta velocidade irá manter as ranhuras
totalmente limpas e espalha-se atingindo o leito fixo de clínquer adjacente à grelha,
assegurando uma perfeita distribuição do ar sobre a camada de clínquer
propiciando uma troca de calor otimizada.

Resfriador 43
 Além disso, as ranhuras inclinadas previnem que o clínquer mais fino penetre no
interior do sistema. As placas são aparafusadas diretamente aos suportes fechados
da grelha de modo tal que se tornam seladas evitando fuga do ar de resfriamento.
As cargas são transmitidas diretamente ao sistema de vigas de suporte.

As placas tipo Mulden fornecidas pela Claudius Peter tem ranhuras horizontais para
a passagem do ar. Diferentemente das placas convencionais que tem pequenos
furos circulares, a saída do ar pela placa não se faz diretamente em sua superfície,
mas em um rebaixo preenchido por uma camada estática de clínquer que a protege
naturalmente contra o desgaste.

 O projeto da placa do resfriador Repol RS da Polysius, denominada placa de jato


anular (jet ring) tem dois canais de ar dispostos como anéis, nos quais o ar flui para
uma caixa interior à placa, preenchida com clinquer, e desta ao leito de clínquer. A
placa é aparafusada a uma viga ôca selada de suporte formando um conjunto de
aeração.

O ar de resfriamento penetra na placa pelos anéis prevenindo que o clínquer


penetre no sistema de aeração e provê a resistência necessária para uma
distribuição uniforme no campo de aeração. As placas são protegidas contra
desgaste e choques térmicos devido ao clinquer armazenado na caixa interior que
cobre 70% da área ativa.

Resfriador 44
Após a zona de recuperação na entrada do resfriador inicia-se a zona de
resfriamento do clínquer onde o mesmo é resfriado de 400° a 500°C para a
temperatura normalmente requerida de 70° acima da temperatura ambiente. Nesta
zona são instala-se uma ou duas grelhas com câmaras comuns de resfriamento,
semelhantes a um resfriador tradicional porém dotadas de placas idênticas a
primeira grelha.

Com a grelha específica da zona de recuperação de calor e grelhas normais para


a zona de resfriamento obtem-se um consumo de ar de 2,5 kg.ar/kg ou 2,0
Nm³.ar/kg Isto corresponde a uma redução da quantidade de ar de excesso de 0,5
a 0,6kg.ar/kg.

Normalmente o acionamento deste resfriador é hidráulico tendo um sistema de


movimento oscilante eficiente que permite ajustes precisos da velocidade e da
extensão do impulso. Uma característica dos acionamentos hidráulicos modernos é
a tecnologia proporcional na qual as bombas e os cilindros hidráulicos são
controlados por válvulas proporcionais. O sistema é muito confiável e os custos de
manutenção muito baixos.

A primeira grelha é acionada por um cilindro posicionado centralmente e as grelhas


seguintes por cilindros colocados lateralmente ao resfriador. Os acionamentos
hidráulicos possuem bombas de pistões axiais com ajuste eletro-hidráulico do fluxo
de óleo aos cilindros.

O sistema tem controle remoto por um PLC. As unidades de bombeamento também


regulam o fluxo de óleo e direção do deslocamento assegurando uma operação
muito suave das fileiras de placas móveis e um controle perfeito da grelha. O
sistema é muito confiável e os custos de manutenção muito baixos. Se for
conveniente também pode ser suprido um sistema mecânico convencional de
acionamento.

Resfriador 45
Um britador de rolos pode ser instalado entre as grelhas de forma a quebrar
pedaços grandes de clínquer e colagens que são quentes interiormente. Deste
modo, produz-se um material com distribuição granulométrica de partículas
controlada para a zona de pós-resfriamento, assegurando que seja alcançada uma
temperatura baixa e estável para o clínquer na saída do resfriador.

2.8 Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração - IKN

Em 1982 a observação de uma enorme variação no tempo de vida útil bem como
no desempenho dos resfriadores de grelhas fez com que se iniciassem vários
projetos de desenvolvimento de um novo tipo de resfriador. Os projetistas tentaram
variar inúmeros parâmetros tais como inclinação da grelha, divisão dos
compartimentos, design da placa, volume específico de ar de resfriamento, carga
específica de clínquer, etc.

Os resultados não conduziram a nehum sucesso significativo porque nenhum de


tais parâmetros era realmente crítico. Na verdade acontece uma segregação do
clínquer empilhado pela rotação do forno, que, derramado sobre a entrada do
resfriador também se distribui segregado em zonas de clínquer finamente, médio e
grosso.

Com isto cada zona terá uma perda de carga própria criada pela passagem da
corrente de ar de resfriamento de modo tal que o material fino terá alta resistência à
passagem do ar e alta perda de carga devido ao pequeno volume de espaços
vazios enquanto o clínquer grosso terá baixa resistência à passagem do ar e baixa
perda de carga devido ao grande volume de espaços vazios.

Resfriador 46
Consequentemente, o clinquer grosso ficará adequadamente resfriado enquanto o
clínquer fino deverá ficar sobre-aquecido gerando o aparecimento de rios vermelhos
ou amarelos. Ao longo do tempo as placas da grelha submetidas ao calor mais
intenso da camada de clínquer fino tenderão a ser altamente prejudicadas em sua
vida útil quando não fundidas.

Até então, os projetistas consideravam a resistência do leito de clínquer meramente


como um fator de aumento de custo operacional, devido à energia consumida pelos
ventiladores de ar de resfriamento. Na verdade esta resistência tem importância
fundamental pois controla toda a distribuição do ar no seu interior.

Em conclusão, a resistência da grelha deve ser da mesma ordem de magnitude da


resistência do leito. Isto também é suportado pela prática em leitos fluidizados. Com
altas cargas de ar a grelha mostra uma alta resistência enquanto o leito de clínquer
mostra uma baixa resistência devido a proporção crescente de clínquer fluidizado.

A questão seguinte é como alcançar tal resistência da grelha superior a resistência


oferecida pelo leito de clínquer. O parâmetro chave procurado é a resistência da
grelha contra a passagem do ar de resfriamento, ou por outro lado, a razão entre a
resistência da grelha versus a resistência do leito de clínquer. Este parâmetro se
tornou o ponto de obtenção de sucesso nos projetos de grelhas de alta eficiência.

A solução para tal problema veio através de um novo projeto de placas de grelha,
denominado de bocais Coanda. Nesta nova placa uma abertura estreita inclinada
na direção do transporte produz um jato agudo de ar com alta pressão dinâmica.
Esta pressão mantém o jato adjacente à superfície da placa da grelha. Este
fenômeno é denominado efeito “Coanda”por ter sido descrito pelo físico romeno
Henri Coanda.

As superfícies das placas são completamente varridas pelo ar e eficazmente


resfriadas.

 O efeito Coanda força os jatos de ar a se curvarem paralelamente à superfície da


placa. Os finos são varridos para o topo do leito de clínquer enquanto a superfície
da placa é completamente engolfada pelo ar de resfriamento. A aeração de 1m/s da
grelha é convertida pelo piso da grelha, com uma área livre de 2,5%, em jatos de ar
de 40m/s.

Resfriador 47
Como o clínquer consiste de dois produtos, grãos grossos que assumem a carga
do leito de clínquer e os fino fluidizáveis, parece lógico ter somente duas medidas
para o transporte de tais produtos: os fino devem ser transportadas
pneumaticamente enquanto os grãos grossos devem ser empurrados
mecanicamente para a frente.

Em grelhas convencionais uma causa do rio vermelho é que a componente


mecânica do fluxo de ar é incapaz de capturar e transportar os finos para cima.

O segredo para uma troca térmica otimizada e um resfriamento adequado do


clínquer está pois na fluidização parcial dos finos pois dificilmente há um tipo de
clínquer sem finos. Com os bocais Coanda é possível purgar as partículas finas de
clínquer dos grãos grossos obtendo uma passagem mais fácil do ar. Com o ar
caminhando mais “livremente” no leito “classificado” de clínquer este mostrará
menor resistência mas esta resistência será mais uniforme e deste modo o leito
pode ser muito mais alto.

Por outro lado, o carregamento dos finos fluidizáveis ao topo do leito de clínquer
sem ser carregado para fora pelo ar secundário é sinal de uma distribuição
uniforme do ar de modo que o piso da grelha é varrido e liberto dos mesmos o que
é suportado pelo fato de que não aparecem finos rejeitados por baixo da grelha
durante uma operação normal.

Resfriador 48
O resultado final do resfriamento do clínquer através das placas de bocais Coanda
é que os grãos grossos serão resfriados à temperatura diferencial máxima enquanto
os finos farão que a temperatura do ar secundário suba ao seu valor máximo.

Durante uma operação normal tem-se obtido temperaturas de 30° a 40°C na


superfície das placas.

Deste modo, as placas dos bocais Coanda podem ser executadas com material em
liga menos resistente ao calor e mais resistente ao desgaste. A classificação do
clínquer também tem um efeito favorável no consumo de energia elétrica dos
ventiladores de ar de resfriamento e o consumo específico de energia é menor que
4,0 kWh/ton.cli.

O problema clássico de desgaste nas placas foi também solucionado com o


desenvolvimento das novas placas. Coanda que substituiu os furos das placas
convencionais pelas fendas oblíquas inclinados na direção do transporte. As folgas
laterais também foram reduzidas tornando as placas laterais estruturalmente ligadas
à grelha ao invés de serem parte do revestimento lateral.

Para evitar a segregação que ocorre durante a descarga do clínquer sobre a


entrada do resfriador a IKN projetou uma nova seção de entrada que funciona
como um sistema de distribuição do clínquer (KIDS: klinker inlet distribution system)
para transferir o clínquer descarrgado es egregado em um leito uniformemente
distribuído.

O KIDS é dividido em duas seções: a área de queda do material incandescente do


forno e área de condicionamento do clínquer. Na primeira área, servida por apenas
um ventilador e um conjunto de canhões de ar, o clínquer é bruscamente arrefecido
e transformado em um leito.

Resfriador 49
Na segunda área, suprida por ventiladores separados, o leito de clínquer é
condicionado para formar uma resistência contra a passagem do ar de resfriamento.
Esta área é aerada com alta densidade de ar e pressão deduzida pela combinação
da perda de carga da grelha e o clínquer quente.

Um KIDS é composto por um pequeno conjunto de vigas de aeração dispostas


escalonadas e inclinadas em 15°. Barragens laterais com topos chatos alargam a
área de descarga. A ideia das barragens feitas em refratário é coletar o clínquer
segregado do forno em uma caixa apertada e aerá-lo para obter uma segregação
vertical antes que se espalhe.

Além disso, provê-se uma divisão lateral à direita e à esquerda em cada viga de ar.
Com aeração normal, a pilha desliza para baixo com uma inclinação moderada,
paralela à inclinação da grelha fixa. A uma taxa máxima de aeração o clínquer irá
fluidizar parcialmente formando um leito chato.

Por meio da divisão lateral à direita e esquerda do sistema de aeração a inclinação


do clínquer pode ser ajustada para cada caso. Na maioria dos casos o rio
vermelho, que normalmente se desenvolve sobre o lado do clínquer fino, é
eliminado achatando-se a inclinação do clínquer grosso.

Resfriador 50
Área de entrada de um resfriador tradicional (à esquerda)
e um KIDS com clínquer bem distribuído (à direita).

2.9 Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração –


Cross Bar

Na metade da década dos anos 1980 foram obtidas melhorias expressivas na


distribuição do ar e na eficiência térmica dos resfriadores de grelhas por meio da
introdução da grelha de alta resistência ou de alta perda de carga. Entretanto, em
meados dos anos 1990 havia se tornado óbvio que a grelha de resistência induzida
conduzia a uma significativa complexidade na operação do resfriador bem como a
um excesso de manutenção devido ao uso de tubulações de ar, sistemas de
selagens, gelosias manuais, etc.

Como resultado, em 1995, a F.L.Smidth & Co juntamente com a Fuller Company


conduziram um programa de pesquisa para identificar uma tecnologia
completamente diferente de resfriamento de clínquer sem que esta ficasse
restringida por técnicas convencionais ou competitivas. O primeiro resultado foi o
consenso básico em separar as funções de resfriamento e transporte dos
resfriadores de clínquer ao invés de executar tais funções combinadamente, que,
até então, havia sido empregado convencionalmente.

O resultado deste programa de trabalho conduziu a uma clara preferência para um


tipo de resfriador que empregasse o transporte do clínquer por meio de uma cadeia
arrastadora, com todas as grelhas estacionárias. Entre os atrativos básicos deste
um dispositivo separado de transporte estava a criação de uma camada estática de
clínquer sob o mecanismo de transporte, que, autogenamente protege as placas da
carga térmica e do desgaste por abrasão.

Resfriador 51
Um dispositivo separado de transporte também permite instalar uma única grelha
estática através de todo resfriador obtendo, em consequência, vantagens como
desempenho constante devido à ausência de desgaste abrasivo, inexistência de
selos laterais, aumento da confiabilidade mecânica, completa eliminação da
passagem de clínquer fino, inexistência de expansão térmica da grelha.

Deste modo, o conceito do resfriador de grelhas oscilante com barras transversais


permitiu instalar um transportador em seu interior enquanto provia um transporte do
leito de material com uma altura otimizada para obter a eficiência térmica máxima
possível. O novo resfriador de barras transversais não tem grelhas móveis de
placas. Não existe queda de clínquer através das placas e, assim, o sistema de
transporte clínquer fino é desnecessário.

Uma camada estática de clínquer protege as placas de distribuição de ar contra o


calor e o desgaste de modo que tais placas permanecem em serviço por um longo
tempo. As barras transversais, montadas acima do sistema estacionário de
distribuição de ar, transportam eficazmente, misturam e quebram o clínquer
enquanto ao mesmo tempo o preparam para uma exposição eficiente ao ar de
resfriamento.

Resfriador 52
O resfriador de barras transversais trabalha de acordo com o mesmo princípio de
um resfriador de grelha comum, mas o desgaste gradual das barras transversais
não tem qualquer efeito sobre a operação do equipamento ou sobre sua eficiência
térmica, pois os sistemas de transporte de clínquer e distribuição de ar são
completamente independentes. As barras transversais são mantidas em sua
posição através de suportes próprios. Todas as peças desgaste são fáceis de
serem instaladas e repostas.

Adicionalmente decidiu-se que um novo projeto de placa também era necessário


para que se pudesse prover um meio de distribuição do ar de resfriamento que
fosse mais eficiente que as outras placas existentes, incluindo as placas tipo “air
‘beam’ ou air ‘jet’ (segunda geração) ou os “bocais Coanda” (terceira geração).

Para obter tais requerimentos foi desenvolvido e introduzido um projeto que levou à
tecnologia de válvulas com Fluxo de Regulagem Mecânica (Mechanical Flow
Regulation - MFR). Neste projeto único obtém-se um fornecimento constante da
taxa de fluxo de ar mesmo que surjam variações da resistência do leito de clínquer.
O fluxo de ar é introduzido de modo contínuo, não passivo e auto-regulável.
 
Como as características do leito de clínquer mudam constantemente, as válvulas
MFR são auto-ajustadas de acordo com a resistência do leito de clínquer sobre a
placa da grelha. Este projeto envolve um pivô pendular mecânico simples
continuamente modulado pelo momento introduzido pela pressão diferencial
através do mesmo e que encontra um equilíbrio relativo ao momento contraposto
pela força da gravidade.

O dispositivo atua com um orifício variável que controla ativamente a distribuição do


ar de resfriamento através do leito de clínquer compensando automaticamente as
mudanças devido à espessura do leito, granulometria, temperatura, etc. O orifício
permite a passagem de um fluxo de ar através da placa de grelha, em quantidade
adequada, mesmo quando a válvula MFR encontra-se totalmente fechada.

Resfriador 53
 O fluxo de ar através da válvula MFR é a soma de três fluxos: primeiro, o fluxo de
ar através dos espaços entre o regulador e a fluxo “tubular” de seção transversal
retangular; segundo, o fluxo de ar através do orifício como descrito anteriormente;
terceiro, e mais importante, o fluxo de ar através da válvula MFR governado pelo
formato e padrão de distribuição dos orifícios localizados no flap de regulagem da
válvula.

Resfriador 54
Deste modo, a válvula MFR atua como um orifício variável, onde sua área é função
da posição do regulador e, deste modo, pode ser projetada para qualquer fluxo
característico. É importante notar que a “distribuição do ar” ocorre nas vizinhanças
de cada placa simples, e não sobre uma seção ou série de fileiras de placas como
nos casos das tecnologias de aeração em vigas ocas ou compartimentos.

Deste modo, a distribuição de ar é muito mais uniforme do que anteriormente, tendo


a capacidade de se auto-ajustar instantaneamente em função da resistência do
fluxo de ar devido às mudanças localizadas na porosidade do leito de clínquer. Para
este equipamento o termo “local” definido apenas a área de cada placa de ar, ou
seja, 300 mm x 300 mm.

Quando ocorrerem diferentes gradientes de porosidades e pressões devido à


segregação das partículas logo após a queda do clínquer do forno, ou quando
ocorrerem mudanças localizadas no leito de clínquer devido à variação de sua
nodulização ou, finalmente, quando ocorrerem mudanças nas condições de queima
do forno, as válvulas MFR irão modular fácil e automaticamente para se auto-
compensar sem qualquer atuação elétrica ou intervenção de um operador.

Por outro lado, também é importante perceber que a placa MFR é um dispositivo de
baixo consumo de energia, diferentemente das antigas placas (jet ring) que
incorporavam uma resistência interna fixa alta para minimizar os gradientes de fluxo
de ar. Como resultado, o consumo de energia para os ventiladores é reduzido e
mais resfriamento é alcançado com menor consumo de ar.

Praticamente todos resfriadores modernos tem uma zona de entrada fixa e inclinada
para absorver o impacto da descarga do clínquer. A tecnologia MFR também é
particularmente eficaz e aplicável nesta zona de impacto porque fornece uma taxa
constante de fluxo de ar contra as condições de pressões extremamente variáveis
encontradas nesta parte do resfriador.

A próxima figura mostra a zona de entrada fixa de um resfriador dotado de válvulas


MFR. Cada cor diferente da figura representa uma característica diferente de fluxo
variando entre 0 e 120kg.ar/ /m2.min. Desta forma é possível adaptar o uso de
válvulas MFR com fluxo específico de ar para qualquer perfil de descarga de
clínquer, maximizando a recuperação de calor.

Resfriador 55
A figura mostra uma possibilidade particular de disposição das válvulas, onde as
válvulas MFR com maiores taxas de fluxo foram aplicadas no ponto de local de
enquanto que válvulas MFR de “fluxo zero” foram aplicadas em áreas onde
normalmente reservadas a instalação da ferradura de concreto (horse-shoe).

Comparativamente, as tecnologias que utilizam as vigas de aeração simplesmente


não conseguem obter tal customização ou controle. Isto acontece porque o
transporte do material através da entrada fixa é operado com base na propriedade
simples do repouso do material, ou seja, à medida que a pilha de material cresce
em tamanho e se inclina passa a separar-se ao longo de um plano de repouso.

Resfriador 56
 Esta mudança cíclica no leito de material também causa uma mudança cíclica na
pressão do leito da pilha. A válvula MFR tem a habilidade única de reagir
instantaneamente às mudanças na altura do leito de clínquer, enquanto que as
placas de alta resistência usadas nos resfriadores de segunda geração com vigas
de aeração experimentavam gradientes de fluxo de ar porque sua resistência
própria é fixa.

As placas antigas não conseguiam mudar sua perda de carga sem o uso de
gelosias manuais para balancear o fluxo de ar. Devido a isto, o uso de um
dispositivo para ajuste manual do fluxo de ar tornou-se uma solução comum em
projetos de grelhas fixas tradicionais. Entretanto, o uso de tal dispositivo somente
pode ser considerando, no máximo, como um ajuste “grosseiro” e poderá levar a
ajustes frequentes ou até contínuos para tentar se aproximar dos resultados obtidos
com o sistema de controle das válvulas MFR.

O resfriador SF Cross-Bar também utiliza as placas de distribuição de ar idênticas


às utilizadas na zona de impacto através de toda a extensão do resfriador com as
mesmas vantagens descritas anteriormente.

Em contraste, os resfriadores de segunda geração, que utilizavam vigas de


distribuição de ar, sofriam muito com vazamentos de ar e pó de clínquer pelas
zonas laterais do equipamento, bem como, embora em menor extensão, com
vazamentos entre as próprias placas. Isto se deve à existência de folgas inevitáveis
entre os componentes estáticos e os móveis, além das limitações mencionadas
anteriormente em se utilizar as placas de alta perda de carga.

Resfriador 57
A grelha estática do Resfriador de Barras Transversais simplesmente elimina
completamente a perda de ar de resfriamento bem como a queda de clínquer fino
para a região sob a grelha. Por outro lado, isto também elimina a necessidade de
transportadores de material fino e dispositivos de selagem sob o resfriador que
sempre, além do alto custo, também acarretam uma manutenção significativa.

É importante notar que ao criar uma grelha cem por cento estática, protegida por
um leito protetor de clínquer, produzido pela camada estática entre as placas da
grelha e as barras transversais, o desgaste por abrasão e a exposição ao calor
associados com o processo de transporte foram simplesmente transferidos das
placas da grelha apara as barras transversais.

Como tal, os primeiros resfriadores foram projetados para resistir ao calor.

Entretanto, através da prática, determinou-se que as temperaturas eram muito


moderadas e que as considerações iniciais não eram realmente necessárias. Como
resultado, a vida útil dos componentes sujeitos a desgaste, inicialmente prevista
para um ano, resultou em cerca de dois anos. Além disso, tais componentes têm
um custo relativamente baixo e podem ser trocados rápida e simultaneamente
durante paradas previstas para o sistema do forno.

Finalmente deve-se ressaltar que estes resfriadores são construídos em módulos


idênticos tanto para facilitar sua montagem e obter uma consistência em sua
qualidade. Cada módulo tem quatro placas de largura e catorze placas de
comprimento (1.3m x 4.2m). Os módulos são montados em várias combinações
dependendo da capacidade necessária, tais como 2 x 4 ou 3 x 5.

Em conclusão, as altas eficiências térmicas, baixa temperaturas do clínquer na


saída, proteção contra condições atípicas de processo e simplicidade de operação
tornaram este novo resfriador extremamente bem aceito pelos grandes produtores
mundiais de cimento.
 
Resfriador 58
2.10 Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração –
Multi Movable Crossbar
O núcleo do Resfriador MMC (Multi Movable Crossbar) é a prova maior do sucesso
atingido com a tecnologia do resfriador original SFC (Smidth Fuller Crossbar): linha
de grelha estática, placas de distribuição de ar com regulagem individual de fluxo
com projeto patenteado, perfis de selagem igualmente patenteados, nenhuma perda
de material fino sob a grelha, mecanismos de transporte e resfriamento totalmente
separados.

Este novo resfriador é fornecido em módulos individuais (“cassettes”), similares aos


módulos do resfriador SFC, mas, sem utilizar uma estrutura de suporte. Uma
mudança significativa neste novo projeto é a maneira com que mecanismo de
acionamento foi projetado e funciona. Cada módulo tem dois acionamentos
embutidos e barras transversais sobre toda a grelha, mas nem todos módulos tem
um cilindro hidráulico.

No projeto MMC todas as barras transversais são agora móveis e voltam para trás
de modo a obter uma eficiência de transporte significativamente melhor. Isto torna
possível instalar este resfriador horizontalmente. Adicionalmente, os acionamentos
podem comprimentos e velocidades de impulso individuais para superar qualquer
desafio específico ao trabalhar com leitos de clínquer diferenciados

Resfriador 59
 Manutenção

Comparado ao projeto SFC original, o resfriador MMC tem ainda menos peças
desgaste, resultando em uma manutenção mais fácil de menor custo. Todas as
barras transversais são providas com braçadeiras de retenção e são facilmente
acessíveis pela área superior da grelha. Durante a operação, uma camada
protetora de clínquer é mantida entre as placas de distribuição de ar e as barras
transversais móveis, assegurando uma longa vida útil às placas de distribuição de
ar.

A experiência tem demonstrado que manutenção deste resfriador é previsível e de


fácil execução. Isto aumenta sua flexibilidade para uma manutenção planejada
prevenindo situações críticas durante um período de alta demanda de produção.

Quando uma manutenção se faz necessária, ela não toma mais do que alguns
turnos de trabalho. Normalmente as peças de desgaste duram cerca de duas
campanhas completas do forno, mas os últimos resultados têm demonstrado que
uma vida útil bem maior é possível.

Resfriador 60
 Resfriamento Otimizado

No resfriador MMC cada placa de distribuição de ar é equipada com dispositivo de


regulagem mecânica de ar (Mechanical Flow Regulator: MFR) que regula o fluxo de
r por meio de um orifício auto ajustável. Se o fluxo de ar sofrer uma restrição em
determinada área da camada de clínquer, o dispositivo MFR compensa
automaticamente estas variações na restrição e mantém o fluxo de ar desejado
sem que se faça necessária qualquer intervenção por parte do Operador.

O dispositivo MFR previne que o ar de resfriamento passe apenas através do


“caminho de menor resistência.” Isto auxilia a otimizar a recuperação de calor e a
distribuição do ar através de todo resfriador, que, por sua vez, resulta em economia
de energia e/ou aumento de produção.
 
A linha de grelha fixa e o dispositivo de selagem do acionamento previnem a queda
de clínquer fino para baixo das placas da grelha eliminado assim o uso de ar de
selagem bem como o sistema de transporte de material fino. Combinada com a
tecnologia MFR é necessária apenas uma quantidade reduzida de ar de
resfriamento e um número mínimo de ventiladores para suprir tal ar de
resfriamento.

Resfriador 61
  
Seção de Impacto Controlado (CSI: Controlled Impact
Section)
O resfriador MMC é instalado com uma seção de impacto controlado (CSI) que
utiliza os reguladores mecânicos de fluxo (MFR). Esta seção recebe o clínquer
quente do forno, provê o rápido arrefecimento inicial que é critico para o
desempenho total do resto do resfriador e distribui eficazmente o clínquer sobre
toda a largura dos módulos seguintes do resfriador MMC.

Os dispositivos MFRs por sua vez proveem uma distribuição simples e ótima do
fluxo de ar neta área que é particularmente muito agressiva. Adicionalmente, um
sistema de canhões de ar é instalado para minimizar e prevenir a formação de
colagens (snowman) na seção de entrada. Isto assegura uma operação do
resfriador eficiente e confiável ao longo de todo tempo da operação.

2.11 Grelhas de Movimento Oscilante – 3ª Geração –


Polytrack
A lista de itens eleitos pela Polysius para serem cumpridos pelo projeto de um novo
e moderno resfriador de clínquer contemplava exatamente os que atendiam à
demanda do mercado produtor de cimento: alta desempenho, equipamento
compacto, manutenção fácil e de baixo custo, flexibilidade de operação, e,
finalmente investimento favorável. De posse deste conceito surgiu o Polytrack, um
resfriador de clínquer da nova geração de resfriadores, que provê uma série de
vantagens que corresponde totalmente ao perfil de requerimentos altamente
complexos.

Resfriador 62
Este equipamento, uma combinação de um piso estático de aeração e um sistema
de transporte situado imediatamente acima do piso de aeração, oferece, tendo
como base seu princípio de transporte de clínquer extremamente simples, e
separação completa das funções de aeração e transporte, as seguintes vantagens
adicionais:

- distribuição transversal ideal do clínquer, resultando em um resfriamento uniforme


e eficiente de todas as frações granulométricas do clínquer sobre toda a largura do
resfriador.
- eficiência de recuperação de calor muito alta.
- construção robusta, com baixo desgaste e fácil manutenção.
- projeto modular consistente.
- carga especifica: 62,5 t/d.m²
- volume específico de ar (projeto): 1,7 Nm³/kg cli.

  Princípio de Transporte do Clínquer

O dispositivo de transporte, montado acima do piso estático de aeração, trabalha


segundo o princípio de “fundo pendular”. Este sistema de transporte, uma
característica única deste projeto é extremamente eficaz: um conjunto de trilhos
longitudinais com barras montadas transversal e adequadamente espaçadas entre
si transporta o clínquer por meio de um movimento sincronizado para frente.

Os trilhos de transporte são dispostos paralelos ao sentido do transporte e também


tem uma determinada distância entre si. O número de trilhos com barras de
transporte é determinado de acordo com a largura necessária do transportador.
Cada trilho movimenta-se sobre toda a extensão do resfriador.

Resfriador 63
Os trilhos são acionados por cilindros hidráulicos montados nas extremidades das
barras de transporte. Os elementos de aeração para injeção do ar de resfriamento
são localizados entre os trilhos de transporte.

 Para o transporte de material, o sistema completo de trilhos se desloca à frente, no


sentido do transporte, em uma extensão de aproximadamente 100 a 200 mm,
recolhendo assim o material a transportar. Depois tem lugar um movimento para
trás dos trilhos, em passos individuais separados.

Primeiramente, os trilhos 1 e 4 se deslocam em uma determinada extensão para


trás, depois se segue o trilho 2 e, finalmente, o trilho 3. No movimento para trás, a
força de atrito entre os trilhos e o material a transportar não é suficiente para levar
este material de volta ao local inicial.

Resfriador 64
A velocidade de transporte do material pode ser ajustada dentro de uma ampla
margem que depende do tempo do ciclo de movimento dos trilhos assim como da
extensão do movimento. Como a extensão do movimento de cada trilho pode ser
ajustada separadamente, pode-se determinar também o perfil de transporte que se
deseja para um determinado material. Por exemplo, os trilhos externos podem ter
uma extensão de transporte de 150 mm e os trilhos centrais uma extensão de 200
mm.

Variando-se o comprimento do impulso de transporte e a frequência do ciclo de


movimento, a altura do leito de clínquer e a própria taxa de produção são
otimamente controlados sobre toda a largura do resfriador.

Esta solução provê as melhores pré-condições possíveis para um resfriamento


uniforme e consistente para todas as frações granulométricas do clínquer. Isto
também compensa a descarga descentralizada do clínquer do forno e previne a
queima de placas por sobreaquecimento em zonas localizadas.

Como o desgaste sofrido por um componente particular não deve afetar a eficiência
e a produção de um determinado equipamento, requerimento essencial a ser
cumprido pelos projetos modernos, este novo resfriador Polytrack também foi
projetado para que os sistemas de distribuição de ar de resfriamento do leito de
clínquer e de transporte do próprio clínquer funcionem absolutamente separados.

Resfriador 65
 Desta forma, neste projeto, o ar é distribuído por elementos estáticos de aeração
que ficam localizados entre as fileiras de trilhos de transporte. Caixas largas
integradas aos elementos de aeração são permanentemente preenchidas clínquer
provendo assim uma proteção autógena contra o desgaste.

Devido ao seu projeto e a sua construção robusta, as fileiras de trilhos de transporte


sofrem um desgaste mínimo e, ainda assim, este desgaste não tem nenhuma
influência sobre a aeração do leito de clínquer. O ar é distribuído ao leito de clínquer
por meio de um labirinto construído nas placas de aeração da grelha.

Pares de elementos especiais deslizantes selam confiavelmente as poucas zonas


de contato entre os componentes estáticos e móveis do resfriador. Como resultado,
nenhum clínquer fino irá cair através do piso de aeração. Isto elimina
completamente a necessidade das cadeias arrastadoras de desgaste intensivo que
é outro fator crucial na redução da altura do equipamento e edifício que o abriga.

  Conceito Modular

Graças ao seu “conceito modular” este novo resfriador é uma solução


extremamente flexível tanto para plantas novas como a conversão de plantas em
operação há um bom tempo. Os módulos tem 2,4 e 4,8 m de comprimento e 1,5 a
2,0 m de largura de modo tal que uma combinação apropriada de módulos permite
uma otimização da largura e do comprimento para atender diferentes taxas de
produção.

Normalmente os módulos são pré-montados em um canteiro de obras específico


para tal. Isto assegura um alinhamento ótimo do transporte de clínquer e elementos
de aeração, economizando uma considerável quantidade de horas durante a
montagem do equipamento na planta. Isto, além de ser extremamente importante
para o cronograma de uma nova linha, é fundamental na redução do tempo de
parada de uma planta já instalada.

Resfriador 66
Anotações

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Resfriador 67
3 Fluxos de Massa
.
e Calor em
Resfriadores

Resfriador 68
3.1 Calor em Resfriadores

O calor que penetra no resfriador, principalmente através do clínquer quente do


forno, é parcialmente perdido através do calor sensível do clínquer, radiação e calor
sensível do ar de excesso. A quantidade recuperada é uma medida da eficiência
térmica do resfriador. Quanto mais calor for recuperado, mais eficiente será o
resfriador. Para calcular a eficiência térmica é necessário estabelecer os fluxos de
massa, temperatura e calor. A próxima figura mostra um resfriador típico de clínquer
com as entradas e saídas de calor.

Quanto menores forem as perdas com o calor do clínquer, radiação e convecção e


calor do ar de excesso, maior será a quantidade de calor recuperada através do ar
secundário (e terciário) e maior a eficiência térmica do equipamento. O fluxo de
calor é uma função das massas e temperaturas envolvidas. Quanto maiores forem
as massas e mais altas as temperaturas do ar secundário e terciário mais calor será
recuperado.

O ar utilizado para combustão no forno e no calcinador, somado ao ar que cria o


excesso de oxigênio necessário ao processo de combustão completa, provém do ar
primário suprido pelo queimador (ou queimadores) e pelo ar secundário e terciário
do resfriador.

Resfriador 69
Para uma dada necessidade de ar de combustão, para obter a quantidade correta
de ar secundário e terciário maximizando assim a eficiência térmica do resfriador,
as quantidades de ar primário bem como de ar falso tem que ser diminuídas. É
fundamental maximizar a quantidade de ar secundário minimizando as taxas de ar
primário e ar falso bem como maximizar a temperatura do ar secundário
minimizando as perdas térmicas.

Como a quantidade de ar de combustão depende fundamentalmente do consumo


total de combustível, torna-se claro que o tipo de sistema de forno influencia
consideravelmente a eficiência térmica do resfriador.
 
É evidente que ao se operar um resfriador de clínquer com uma eficiência térmica
máxima obtém-se considerável melhora no consumo térmico total do sistema. Para
qualquer resfriador de clínquer pode-se eventualmente medir a quantidade de ar de
resfriamento bem como a quantidade de ar de excesso e o ar eventualmente
aspirado por um moinho de carvão.

A quantidade de ar secundário deve ser calculada pela diferença entre tais


quantidades ou pela diferença do ar estequiométrico necessário à combustão
completa, acrescido do ar para o excesso de oxigênio, diminuído pela quantidade
de ar primário. Um balanço típico de massas é exibido na próxima figura.

Resfriador 70
Uma vez que as temperaturas dos vários fluxos de materiais, seus coeficientes
específicos de calor bem como as perdas de calor tenham sido determinadas o
balanço térmico do resfriador pode ser determinado como no desenho seguinte.

Resfriador 71
Anotações

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4 Eficiência de um
.
Resfriador de
Clínquer

Resfriador 73
4.1 Resfriador de Clínquer

Um resfriador de clínquer tem forte influência sobre o consumo térmico de toda


instalação de um forno de cimento e deste modo oferece grande potencial para
melhorar o rendimento calórico total desta instalação. Desta forma, recuperar calor
através do ar de combustão da melhor forma possível é um objetivo fundamental de
um resfriador de clínquer.

Entretanto, descrever o desempenho ou a eficácia de um resfriador pode ser uma


tarefa árdua quando não sujeita a controvérsias e diferentes interpretações. Para
estabelecer métodos padronizados para efetuar medições em um resfriador bem
como definir os termos para descrever seu desempenho, foi definido um grupo de
trabalho sob a égide da V.D.Z (Verein Deutsch Zement).

O grupo foi composto por renomados especialistas, representantes da indústria do


cimento (Polysius, KHD, Claudius Peters, F.L.Smidth), e as reuniões se
processaram em Düsseldorf em outubro de 1986. Seus resultados foram publicados
como “Recomendações do grupo de Trabalho da V.D.Z em Resfriadores de
Clínquer” na revista Zement Kalk Gips, Nr.05/87 (pág.230 a 237). Definições sobre
recuperação de calor, perda de calor e eficiência de resfriamento do clínquer foram
adotadas e são detalhadas na sequência.

  Eficiência do Resfriador ou Eficiência de Recuperação de


Calor

A Eficiência do Resfriador é muitas vezes definida como a quantidade total de


calor contida no ar secundário dividida pela quantidade total de calor que entra no
resfriador. Entretanto, este termo não é totalmente preciso para determinar a
eficiência do resfriador ou quando descreve o resfriador como um recuperador de
calor.

Define-se, pois Eficiência de Recuperação de Calor ou Eficiência do Resfriador,


como sendo o calor absorvido pelo ar secundário do clínquer (ou ar secundário +
ar terciário), corrigido da entalpia relativa ao resfriamento do pó de clínquer,
dividido pelo máximo calor disponível no clínquer, levando-se em conta que o
clínquer somente pode ser resfriado à temperatura do ar ambiente. Deste modo a
Recuperação de Calor é independente da temperatura de referência na qual o
balanço térmico é realizado.

Resfriador 74
Eficiência do Resfriador
Mar sec x (Tar sec x cpar sec - Tar amb x cpar amb) – (Qpó cl in - Qpó cli out)
-------------------------------------------------------------------------
Tale in x cycle in - Tar am x car am (Tar am)

onde:

Mar sec x Tar sec x cpar sec - calor sensível do ar secundário para o forno.
Mar sec x Tar amb x cpar amb - calor sensível ar secundário temperatura ambiente.
1 x Tcl in x cpcl in - calor sensível máximo disponível pelo clínquer.
1 x Tar amb x cpcl (Tar amb) - calor sensível do clínquer temperatura ambiente.
Qpó cl in : mpó in*cppó in*Tpó in - calor sensível pó de clínquer – entrada resfriador
Qpó cl out:mpó out*cppó out*Tpó out - calor sensível pó de clínquer - retorno forno

Perda de Calor

A Perda de Calor é definida como a parte do calor disponível pelo clínquer que não
é tomada pelo ar secundário e deste modo é perdida como calor pelo ar de excesso
do resfriador, clínquer na saída do mesmo e radiação. Por esta definição a Perda de
Calor do resfriador também é independente da temperatura de referência utilizada
para o balanço térmico.

(Tcl out x cpcl out -Tar amb x cpcl (Tar amb) ) + Mar exc x ( Tar exc x cpar exc -Tar amb x cpar amb) +
RA
(kcal / kg.cl)

onde:

1 x Tcl out x cpcl out - calor sensível do clínquer após o resfriador


1 x Tar amb x cpcl (Tar amb) - calor sensível do clínquer à temperatura ambiente
Mar exc x Tar exc x cpar exc - calor sensível do ar de excesso após o resfriador
- calor sensível ar de excesso à temperatura ambiente
Mar exc x Tar amb x cpar amb
- calor de radiação do resfriador
RA

Resfriador 75
Eficiência do Resfriador e Perda de Calor

O cálculo da eficiência do resfriador pode ser executado desprezando-se a


circulação de pó entre o cabeçote do forno e o resfriador. Desta forma, podemos
também definir a Eficiência do Resfriador como sendo a relação entre calor máximo
disponível pelo clínquer, somando-se a este a energia adicionada pelos
ventiladores, menos a perda de calor dividido pelo próprio calor máximo disponível
pelo clínquer.

  100 x (perda de calor – energia


ventiladores)
Eficiência Resfriador (resfr.): 100 - --------------------------------------------------------
onde calor máximo disponível pelo clínquer
  perda de calor:
  
(Tcl out x cpcl out -Tar amb x cpcl (Tar amb) ) + Mar exc x ( Tar exc x cpar exc -Tar amb x cpar amb) +
RA
 

Calor máximo disponível pelo clínquer:

Tcl in x cpcl in - Tar amb x cpcl (Tar amb)

O exemplo seguinte busca auxiliar a utilização das fórmulas anteriores:

Balanço Térmico de Resfriador (temperatura de referência: 0C)


 
Designação kg / kg.cl. C kcal / kg.C kcal / kg.cl
 
Calor de Entrada

Clínquer 1.000 1400 0.262 366.8


Pó – 8% 0.080 1400 0.262 29.5
Ar secundário 0.410 20 0.237 1.9
Ar terciário 0.790 20 0.237 3.8
Ar de excesso 1.600 20 0.237 7.6
Consumo de energia 6 kWh/t x 0.86 4.4
SOMA 414.0
 

Resfriador 76
Calor de Saída
Clínquer 1.000 122 0.193 23.6
Pó – 8% 0.080 1062/770 0.234/0.229 16.8
Ar secundário 0.410 1062 0.261 113.6
Ar terciário 0.790 770 0.255 155.3
Ar de excesso 1.600 251 0.243 97.6
Radiação 7.1
SOMA 414.0
 
Para a perda de calor aplica-se (kcal/kg.cl):
 

Clínquer após o resfriador 24


Clínquer à temperatura ambiente -4
Ar de excesso na saída 98
Ar de excesso à temperatura ambiente -8
Radiação 7
total 117

O calor absorvido pelo ar de combustão pode ser calculado como (eliminando-se


desta forma qualquer influência da carga de pó nos resultados - kcal /kg.cl.):
Clínquer do forno 367
Clínquer após resfriador -24
Energia dos ventiladores 4
Ar de excesso à temperatura ambiente 8
Ar de excesso na saída -98
Radiação -7
total 250

Resfriador 77
O calor máximo disponível pelo clínquer é (kcal /kg.cl.):
 

Clínquer do forno 367


Clínquer à temperatura ambiente -4
363

Finalmente, a Eficiência do Resfriador será calculada como:

Calor Absorvido
Eficiência do Resfriador: ------------------------------- x 100
Calor Emitido Máximo

resfr. = ( 250 / 363 ) x 100 = 68,87 %

Pela definição imediatamente anterior esta eficiência também é calculada como:

100 x (perda de calor – energia ventiladores)


Eficiência do Resfriador: 100 - -----------------------------------------------------------
calor máximo disponível pelo clínquer

resfr. = 100 - [ 100 x (117 – 4) / 363 ] = 68,87 %

Eficiência Total ou Recuperação Total de Calor

O que é realmente importante para processo de queima do clínquer é a Eficiência


Total do Resfriador a partir do momento em o clínquer deixa a zona de queima até
que saia finalmente do resfriador. Deste modo, define-se a Eficiência Total do
Resfriador, que é fundamental para o processo, como o calor que é recuperado do
clínquer dividido pelo calor total disponível pelo clínquer no momento em o mesmo
deixa a zona de queima.

Resfriador 78
Para calcular a Eficiência Total do Resfriador é portanto necessário conhecer a
temperatura do clínquer na zona de queima e esta temperatura é impossível de
medir. Desta forma, uma temperatura padronizada de 1.450C é assumida como a
temperatura do clínquer na zona de queima em todos os casos.

A forma prática de cálculo é a seguinte:

100 x (perda de calor – energia ventiladores)


Eficiência Total do Resfriador: 100 -
---------------------------------------------------------
calor disponível clínquer zona queima

onde:
perda de calor:
(Tcl out x cpcl out -Tar amb x cpcl (Tar amb) ) + Mar exc x (Tar exc x cpar exc - Tar amb x cpar amb) +
RA
 

Calor máximo disponível pelo clínquer na zona de queima:

1450 x cpcl in - Tar amb x cpcl (Tar amb)

Segundo o exemplo anterior temos

Perda de Calor: 117 kcal/kg.cl


Energia dos ventiladores: 4 kcal/kg.cl.
Calor máximo zona de queima: 1450 x 0.264 – 20 x 0.187 = 379 kcal/kg.cl
e finalmente:

Eficiência Total do Resfriador: 100 – [ 100 x (117 – 4) / 379 ] = 70,18% 

Resfriador 79
Eficiência de resfriamento do clínquer

 Se um resfriador não for contemplado somente como um recuperador de calor, mas
também como um dispositivo que se presta ao resfriamento do clínquer deve-se
definir uma Eficiência de Resfriamento para o clínquer como a seguir:

Resfriamento Real
Eficiência de Resfriamento: ------------------------------------------
Resfriamento Máximo Possível

Portanto:

cpcl in*Tcl in - cpcl out*Tcl out


Eficiência de Resfriamento ( cl ): ------------------------------------------- x 100
cpcl in*Tcl in - cpcl Tar amb*T ar amb

Segundo nosso exemplo anterior temos:

0.262*1400 – 0.193*122 343.25


Eficiência Resfriamento: ------------------------------ x 100 = -------- x 100 =
94,55%
0.262*1400 – 0.188*20 363.04

Uma medida prática para indicar um Grau de Resfriamento consiste no cálculo da


diferença entre a temperatura do clínquer na saída sobre a temperatura ambiente.

Este Grau de Resfriamento é atualmente garantido pela maioria dos fornecedores


de resfriadores em 80C. Portanto, o clínquer na saída do resfriador tem uma
temperatura média superior de 80C sobre a temperatura do ar ambiente.

Grau de Resfriamento (medida prática): Tcl out - Tar amb (C)

Resfriador 80
Anotações

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Resfriador 81
5 Otimização
.
da Operação do
Resfriador

Resfriador 82
5.1 Operação do Resfriador

Uma operação suave e estável de um resfriador depende de uma série de fatores,


entre os quais se destacam a posição do queimador principal, a largura do
resfriador, e os sistemas de controle. Na sequência vários pontos serão discutidos
entendendo-se que a otimização de um resfriador de clínquer pode ser dividida em
três etapas:

1) maximização da quantidade de ar secundário,


2) maximização da temperatura do ar secundário,
3) maximização da uniformidade da operação.

Posição do Tubo do Queimador Principal

A primeira etapa a ser cumprida na otimização da operação do resfriador inicia-se


no interior do próprio forno. A posição do queimador tem uma influência crucial no
desempenho do forno e do resfriador. Fornos longos, intensamente utilizados no
passado, tanto via úmida como via seca, tinham consumos térmicos entre 950 a
1400 kcal/kg.cli. e necessitavam de grandes quantidades de ar de combustão.

As baixas temperaturas do ar secundário asseguravam um rápido resfriamento no


interior do forno de modo tal que a eficiência térmica geral do resfriador era apenas
razoável. Atualmente, os sistemas de fornos com baixo consumo de combustível
têm baixo requerimento de ar de combustão, resultando em altas temperaturas de
ar secundário. As figuras seguintes mostram as diferenças entre duas posições de
queimadores.

O posicionamento da ponta do queimador no quadro de saída (nose ring) ou no


interior do cabeçote do forno (kiln hood) significa que a ignição da chama é iniciada
perto da descarga do forno, mantendo assim o clínquer quente até ser
descarregado no resfriador.

Posicionando-se a ponta do queimador aproximadamente 500 a 1000 mm dentro do


forno promove-se uma piora nas zonas de recuperação de calor e de resfriamento.
Pré-resfriado, o clínquer cai no resfriador com temperatura menor (cerca d 1200 a
1250°C) enquanto o ar secundário é aspirado ao forno com uma temperatura mais
baixa.

Resfriador 83
Maçarico posicionado no interior do forno.

O requerimento para resfriar o clínquer rapidamente não é completamente


alcançado e este alcança a última zona do resfriador com uma temperatura maior
resultando em temperaturas maiores no ar de excesso (300 a 350°C) e no material
na saída (150 a 200°C).

Além disso, existe outro ponto desfavorável ao posicionar a ponta do queimador no


interior do forno. Isto pode representar um problema em relação à vida útil do
refratário do queimador. Bons resultados têm sido obtidos com o uso de com
refratários constituídos por cimento de alta resistência a alta temperatura. Além de
todas estas desvantagens pode ocorrer uma série de problemas operacionais e de
manutenção.

Por outro lado, o posicionamento da ponta do queimador no limite extremo do


quadro de saída (nose ring) ou a uma distância curta do mesmo (200 a 500 mm)
obtém-se a ignição da chama situada muito próxima da descarga do forno,
mantendo assim o clínquer o mais quente possível (1440 a 1450°C) ao ser
descarregado no resfriador.

Assim, o material quente descarregado sobre o resfriador induz a uma excelência


de troca térmica resultando em altas temperaturas no ar secundário (1150 a
1200°C) bem como terciário (900 a 950°C): a eficiência geral do resfriador aumenta
e o consumo de combustível diminui.

Resfriador 84
Devido a excelência de torça térmica menos ar de resfriamento será necessário (2,0
a 2,0 kg.ar/kg.cli com o maçarico na saída do forno contra 2,5 a 3,0 kg.ar/kg.cli, com
o maçarico posicionado no interior do forno) aliviando também o sistema de
exaustão do resfriador. Além de se obter considerável economia de energia elétrica
o resfriador passa trabalhar com maior disponibilidade e menor custo de
manutenção. A formação de homem de neve virtualmente desaparece.

Maçarico posicionado na saída do forno.

5.2 Maximização da Quantidade de Ar Secundário

A admissão de baixas taxas de ar primário e ar falso no selo de saída do forno


maximizam sobremaneira a quantidade de ar secundário. Baixas taxas de ar
primário somente podem ser alcançadas por meio de sistemas de injeção de
combustível tipo semi-direto ou indireto que trabalham com valores tão baixos como
6 a 8%. Baixas taxas de ar falso infiltrado no quadro de saída do forno podem ser
obtidas por meio de um sistema eficiente de selagem na saída do forno.

Atualmente muitas plantas empregam um selo eficiente na saída do forno que


consiste de dois conjuntos de lamelas com um tecido intermediário resistente ao
calor montado entre as mesmas. As lamelas internas, que suportam o tecido, são
parcialmente expostas aos gases quentes do forno, mas não perdem sua resiliência
devido à alta qualidade do material empregado em sua fabricação.

Resfriador 85
As lamelas externas são protegidas da tensão térmica severa pelo tecido resistente
ao calor e deste modo não perdem sua resiliência. Este projeto evita que o clínquer
que está sendo descarregado possa abrir o selo diminuindo sua vida útil. Do mesmo
modo, mesmo um cabeçote do forno constantemente pressurizado também não
consegue danificar este tipo de selo quando corretamente ajustado e mantido.

Se o sistema do forno contemplar um calcinador é importante que a maior


quantidade possível do ar usado em sua combustão, ar denominado de ar terciário
seja fornecido pelo resfriador de clínquer.

Assim qualquer abertura potencial ao ar ambiente entre o calcinador e o resfriador


deve ser mantida tão fechada quanto possível. Tais aberturas podem ser
constituídas por portas de inspeção, flaps de descarga de material e carcaças de
gelosias no duto do ar terciário, bem como o selo da entrada do forno e as
portinholas de inspeção na caixa de fumaça quando o calcinador é do tipo em linha.

5.3 Maximização da Temperatura do Ar Secundário

A maximização da temperatura do ar secundário significa na prática obter a melhor


transferência térmica entre o clínquer quente e o ar frio de resfriamento. ((Por sua
vez, esta transferência de calor é otimizada por 1) otimização da distribuição do
leito de clínquer e 2) otimização da distribuição do ar de resfriamento.

Basicamente um resfriador de clínquer é um grande trocador de calor.

Contrariamente à maioria dos trocadores de calor, os dois meios de troca térmica,


clínquer e ar, ficam em contato direto entre si. Deste modo, a eficácia da troca
térmica depende grandemente da superfície com que os dois meios entram em
contato.

Resfriador 86
Em um resfriador de clínquer, quanto mais uniforme for a distribuição de tamanho
das partículas e a granulometria do clínquer, mais eficaz será a transferência de
calor. Entretanto, o clínquer segrega-se no interior do forno bem como após ser
descarregado do mesmo. Normalmente, sobre a grelha do resfriador sempre há
clínquer fino de um lado da carga e clínquer grosso do outro lado.

Embora, na maioria das vezes, não se possa alterar o tamanho das partículas do
clínquer, a transferência de calor pode ser otimizada por meio de uma distribuição
do leito de clínquer boa e uniforme. O fato que os fornos, especialmente os de
grandes diâmetros, tendem a descarregar clínquer fino de um lado e clínquer
grosso do lado oposto pode tornar difícil obter uma boa distribuição do clínquer.

Um clínquer fino oferece uma resistência muito maior ao fluxo de ar que um clínquer
grosso e o ar tende sempre a fluir pelo caminho de menor resistência. Devido a esta
alta resistência à passagem do ar inevitavelmente forma-se um rio vermelho. O “rio
vermelho” é uma corrente estreita de clínquer fino que continua a fluir ao longo de
um resfriador e tem uma temperatura muito superior ao clínquer que está próximo à
sua região.

Nos casos particulares em que o forno produz um clínquer muito fino (queima de
petrocoque com alto teor de enxofre, por exemplo) inevitavelmente deve surgir um
rio vermelho nos resfriadores tradicionais de grelhas.

Se a largura de um resfriador for dividida ao meio (50/50) e se o lado “fino” do


resfriador consistir de partículas de clínquer de 2 mm enquanto o lado “grosso”
consiste de partículas de clínquer de 5 mm, a relação entre as velocidades de ar
resfriamento será de 1/5. Isto significa que apenas cerca de 17% do ar de
resfriamento irá passar através do clínquer “fino” comparado aos 83% que irá passar
pelo lado do clínquer “grosso”.

Resfriador 87
Estudos também mostram que os “rios vermelhos” podem causar uma variação na
distribuição do ar de até 1:6 entre os lados de clínquer fino e grosso, chegando
mesmo a causar uma obstrução do leito de clínquer fino. “Rios vermelhos” também
causam um aumento na temperatura do clínquer na saída do resfriador e
consequente perda da eficiência da troca térmica e da recuperação do calor.

Deste modo, quaisquer medidas para melhorar a distribuição do clínquer devem


começar pela área de entrada do resfriador. Para os resfriadores antigos com vigas
(ou câmaras de aeração foi possível solucionar o problema do rio vermelho
utilizando placas de grelha com alta perda de carga. Entretanto, o sucesso de tais
projetos com placas de alta perda de carga são dependentes do uso de tubulações
especiais para o ar e um controle especial das folgas nas grelhas durante todo o
tempo.

Em resfriadores modernos de terceira geração as resistências localizadas no leito


de clínquer foram solucionadas por meio da adoção de placas com alta perda de
carga. Estes resfriadores eliminaram o uso destas tubulações, gelosias, “ar de
selagem” e até o controle das folgas, pois, provê um fluxo de ar uniforme através do
leito de clínquer, independentemente de sua granulometria “fina” ou “grossa”. As
placas com alta perda de carga normalizam os efeitos de fluxos de ar por meio de
fluxos com velocidades diferentes.

Quando um “homem de neve” causar uma má distribuição do clínquer, tanto a


parede traseira do resfriador bem como as laterais podem ser mantidas limpas com
a ajuda de canhões de ar comprimido. Algumas melhorias também são possíveis
reduzindo-se a velocidade de deslocamento do clínquer fino bem como divergindo-
se mais clínquer fino para o lado do clínquer grosso, aumentando-se assim a
resistência geral do leito de modo tal que mais ar deverá passar através do leito com
clínquer fino.

Resfriador 88
Homem de neve (snow man).

Grelha de entrada com canhões


de ar.

Esta distribuição do ar pode ser feita utilizando, por exemplo, placa especial com a
grelha disposta em um padrão de tabuleiro de xadrez como pode ser visto na
próxima figura. Outro meio bem sucedido para melhorar a situação é estreitar a
área da grelha no lado do clínquer mais fino.

Deste modo o leito de clínquer torna-se mais estreito eliminando a forte segregação
entre clínquer fino e grosso. Recomenda-se que a grelha de entrada do resfriador
não exceda a 2,5 m para fornos com capacidades superiores a 2.500 ton. de
clínquer por dia.

A mesma figura mostra que algumas aberturas para passagem de ar nas placas de
canto foram “cegadas”. Muitas vezes as áreas laterais têm um leito de clínquer com
baixa altura resultando em um forte acanalamento do ar que “by-passa” a carga de
clínquer.

Resfriador 89
As aberturas cegas forçam a introdução do ar de resfriamento no leito de clínquer
com altura maior. Geralmente o aumento do leito de clínquer melhora a distribuição
geral do clínquer bem como a transferência de calor. Bons resultados têm sido
obtidos com leitos de até 1.000 mm de altura. Além disso, a menor velocidade da
gralha tem efeitos secundários positivos em relação ao desgaste das placas das
grelhas.

Resfriador 90
Anotações

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Resfriador 91
6 Distribuição do Ar
.
versus
Eficiência Total

Resfriador 92
6.1 Distribuição do Ar

Uma distribuição otimizada do ar de resfriamento também melhora a eficiência


térmica geral do resfriador e previne danos às placas das grelhas devido a um
super aquecimento. Para atingir tal resultado, quantidades pré-definidas de ar de
resfriamento devem ser estabelecidas para cada compartimento do resfriador.

Resfriadores com vigas de aeração ou reguladores mecânicos de fluxo podem


refinar ainda mais distribuição do ar para placas individuais ou seções de placas
das grelhas mesmo. A otimização do fluxo de ar é especialmente importante para
zona de recuperação de calor. Grandes quantidades de ar de resfriamento, ao
contrário do se possa supor, não resultam em uma temperatura máxima do ar
secundário.

Grandes quantidades de ar de resfriamento também promovem a fluidização do


clínquer. Como consequência das partículas de clínquer fino penetrarem
substancialmente no fluxo de ar intensificado localmente, grandes quantidades de
pó passam a circular ciclicamente entre o forno e o resfriador.

Partículas de pó também podem ser arrastadas das áreas altamente fluidizadas


ficando concentradas em outras áreas, intensificando a criação dos “rios
vermelhos. Por outro lado, pequenas quantidades de ar de resfriamento elevam a
temperatura do clínquer na saída do resfriador.

Fluxos de ar extremamente altos também promovem forte formação de canais de


ar, resultando em pior troca térmica, fato este comumente observado nos
resfriadores de grelha instalados entre os anos 1970 até meados dos anos 1990.

Recomenda-se, portanto, não exceder à taxa de aproximadamente 140 Nm 3 por


minuto e por metro quadrado de grelha.

A próxima figura mostra a distribuição otimizada do ar de resfriamento para um


resfriador de grelhas típico dotado de oito compartimentos. Os cinco primeiros
compartimentos (incluindo o compartimento de entrada ou arrefecimento) suprem o
ar secundário e o ar terciário enquanto os três compartimentos finais suprem o ar
necessário para resfriar o clínquer até uma temperatura final de aproximadamente
100°C.

Resfriador 93
Reduzindo-se ainda mais a temperatura do clínquer na saída com adição de mais
ar irá provocar considerável aumento no consumo de energia elétrica. Dependendo
da quantidade total de ar de resfriamento utilizado, o consumo de energia para os
ventiladores de resfriamento pode chegar a valores entre 3 e 8 kWh/ton. de
clínquer, além do consumo de até 4 kWh/ ton. de clínquer para a exaustão do ar de
excesso.

Em resfriadores modernos de grelha, a quantidade específica máxima de ar por


unidade de área de grelha é dirigida ao compartimento de arrefecimento (grelha
estática) e ao primeiro compartimento (grelha móvel) para provocar um forte
resfriamento do clínquer assegurando baixas temperaturas às placas das grelhas.

Os fluxos específicos de ar por unidade de área de grelha diminuem gradualmente


em direção à extremidade de saída do resfriador. Alguns resfriadores antigos
continuam a utilizar apenas um ventilador para os três primeiros compartimentos.
A distribuição do ar em cada compartimento é difícil porque no interior do
compartimento o ar de resfriamento tende a migrar para a zona da grelha que tem
menor perda de carga.

Isto é especialmente verdadeiro quando cargas pesadas de clínquer são


transportadas através do resfriador. Empregando-se apenas um ventilador para
cada compartimento e assegurando-se que estes sejam bem selados entre si,
obtém-se menor uso de ar e um clínquer com temperatura mais baixa na saída.

Para se trabalhar com um leito alto de clínquer e um fluxo definido de are em cada
compartimento, necessita-se de boa selagem em cada compartimento sob a grelha,
especialmente quando se utiliza uma cadeia arrastadora de finos passando entre
os compartimentos.

Resfriador 94
 Quando esta cadeia fica posicionada sob o resfriador, obtém-se uma boa selagem
por meio de válvulas tipo flap instalada na tremonha localizada sob cada
compartimento. Deste modo, as válvulas flap somente são acionadas por meio de
sensores de nível quando o nível de material no interior de cada compartimento
atinge determinado nível.

Medidas para evitar a mistura do ar de baixa e alta temperatura sobre o leito de


clínquer também são extremamente importantes. Se uma quantidade considerável
do ar dos compartimentos posteriores for misturada ao ar da zona de recuperação de
calor, a temperatura do ar secundário irá cair enquanto a temperatura do ar de
excesso irá subir.

Algumas medidas para evitar a mistura do ar secundário com o ar de excesso foram


efetuadas em alguns resfriadores antigos, instalando-se uma parede em arco ou um
escudo de calor no ponto onde os fluxos assumem direções diferentes.

Entretanto, na prática tais dispositivos são relativamente inúteis porque a fronteira


entre a zona de recuperação de calor e a zona de resfriamento final não é fixa quanto
mais imutável. Quaisquer variações do sistema, tais como maior ou menor
necessidade de ar de excesso para a combustão (mudança do tipo ou da mistura de
combustível), maior infiltração de ar falso, instabilidade do processo, etc. mudam
instantaneamente tal fronteira.

Deste modo, em todos estes casos citados bem como em outros similares, tais
dispositivos acabam por se tornar uma barreira a estabilidade do processo, razão
pela qual foram abandonados ao longo do tempo.

Resfriador 95
Parede em Arco Escudo de Calor

Deste ponto do resfriador o teto deve ser inclinado com um ângulo de


aproximadamente 15° à medida que se aproxima da conexão ao cabeçote do forno
( cooler throat) e de 5° a 10° à medida que se aproxima da tomada do ar de excesso.
O teto inclinado muda o “peito de pombo” (bull nose) de 90° para aproximadamente
75°.

A menor velocidade resultante na menor parte da conexão ao cabeçote do forno


(cooler throat) reduz a quantidade de partículas finas que retornam ao forno. Quando
for possível a velocidade naquela conexão deve ser mantida abaixo de 7 m/s. Novos
sistemas têm sido projetados com velocidades tão baixas quanto 3,5 m/s.

Uma distribuição uniforme e apropriada do clínquer sobre a grelha é de grande


importância como mencionado anteriormente. Idealmente, seria desejável operador
com um gigantesco misturador para homogeneizar as partículas grandes e pequenas
do clínquer, pois estas ficam segregadas à medida que são descarregadas do forno
para o resfriador, e então, espalhá-las em um leito uniforme sobre a grelha.
 
Os equipamentos que foram utilizados para tal propósito incluem:

1) entrada inclinada;
2) placa de impacto ajustável, feita em aço e resfriada com água;
3) redução da área da grelha de entrada em padrão de “ferradura (horse-shoe);
4) grelha de arrefecimento estática na parte frontal do resfriador;
5) viga de espalhamento através do resfriador.

Resfriador 96
Nos anos 1990 foi introduzido um novo método interessante. Este consiste de um
leito inclinado fortemente aerado na zona de entrada da grelha. Esta área é provida
com uma série de caixa fixas de aeração dispostas em degraus e equipada com
placas de aço fundido projetadas para evitar completamente a passagem de
partículas finas.

Uma pilha considerável é criada sobre as placas da grelha que contem um sistema
pulsante de ar. O ar expande a pilha e remove o clínquer fino da parte inferior da
pilha misturando-o com o clínquer grosso. Ao mesmo tempo, a parte superior da
pilha é deslocada suavemente em direção à grelha móvel do resfriador, onde é
espalhada constituindo o leito de clínquer.

Resfriador 97
Anotações

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Resfriador 98
7 Controle Automático
.
dos Resfriadores
de Grelhas

Resfriador 99
7.1 Resfriadores de Grelhas

Normalmente são operados por meio de controle automático três grupos de


equipamentos para obter:

fluxo constante de ar através do leito de clínquer, em termos de massa de ar por


unidade de área ou por massa de clínquer

pressão levemente negativa e constante no interior do cabeçote do forno (kiln


hood).

O objetivo primário de um sistema de controle de um resfriador de clínquer é


estabilizar a operação do resfriador provendo deste modo um fluxo mais uniforme
de ar aquecido para o forno e, possivelmente, o calcinador. O objetivo secundário
é prover uma resposta controlada durante um processo irregular de modo que isto
cause um impacto mínimo no objetivo primário.

Controladores analógicos simples e em cascata ou equivalentes digitais daqueles


controladores, são os mais comumente utilizado. Idealmente, um resfriador de
grelhas é controlado por um algoritmo que otimiza seu processo durante uma
operação normal enquanto um segundo algoritmo assume o controle durante um
processo irregular para evitar que o resfriador seja danificado por temperaturas
altas ou problemas mecânicos.

A pressão do compartimento sob a grelha (e nas vigas de aeração, quando


instaladas), o fluxo de ar dos ventiladores e a depressão no cabeçote do forno
são todos controlados por malhas com PID. Outros parâmetros são monitorados
simplesmente para assegurar que fiquem dentro da faixa operacional desejada.
Estes parâmetros incluem a corrente dos motores dos ventiladores, a rotação dos
motores, o status dos motores em operação, o ar de excesso e as temperaturas
das placas das grelhas.

Para prevenir que a resistência do leito de clínquer exceda as capacidades de


pressão dos ventiladores de ar de resfriamento, que poderia acarretar menor
quantidade de ar com perigo de dano à grelha, a resistência do leito deve ser
mantida constante. Para isto, cada grelha deve ser controlada pela pressão do
primeiro e segundo compartimento.

Resfriador 100
Quanto mais fino for o clínquer mais difícil será passar o ar através do leito de
material, o que é indicado pelo aumento na pressão em função do aumento na
resistência do leito. Com o sistema de controle em modo automático, uma
diminuição na granulometria do clínquer irá resultar em um aumento na pressão
sob a grelha até que o controle automático acelere a grelha obtendo uma
diminuição na altura da camada.

Por outro lado, um clínquer muito grosso resulta em um valor de pressão sob a
grelha extremamente baixo. Este valor faz com que a velocidade da grelha seja
diminuída resultando em um leito de altura excessiva podendo até sobrecarregar
o acionamento da grelha. O sistema de controle da grelha deve incluir elementos
que detectem e corrijam estas condições.

O uso do valor da pressão do compartimento sob a grelha para controle da


velocidade da grelha é perfeitamente aceitável desde que as condições do
resfriador permaneçam perto do ideal. Para evitar problemas associados com as
pressões erráticas do primeiro e segundo compartimento, pode-se determinar
uma pressão média sob a grelha.

Isto deve suavizar a variação do valor de tal pressão bem como conduzir o
resfriador a uma condição mais estável.

No caso de um resfriador com dois ou três acionamentos, o segundo


acionamento deve ser controlado pela pressão sob seu primeiro compartimento.
Quando este primeiro compartimento é muito grande para que sua pressão seja
usada com sucesso, em conexão com o controle da velocidade, o segundo
acionamento deve seguir a primeiro acionamento. Neste caso, a velocidade do
segundo acionamento é obtida multiplicando-se a velocidade do primeiro
acionamento por um fator.

A velocidade do segundo acionamento deve sempre ser maior que aquela do


primeiro compartimento para evitar que haja um empilhamento de clínquer entre a
região dos dois acionamentos. Ocasionalmente altas temperaturas nas placas
das grelhas do primeiro e segundo compartimentos podem representar um
obstáculo para otimizar a distribuição do ar de resfriamento dos compartimentos.
Durante condições irregulares de operação podem ocorrer temperaturas altas
nas placas, devendo-se reduzir a velocidade da grelha introduzindo,
simultaneamente, mais ar de resfriamento. Neste caso a temperatura da placa da
grelha pode ser utilizada como set point para controlar a velocidade da grelha. À
medida que a temperatura da placa sobe, esta assume o controle e diminui a
velocidade da grelha.

Resfriador 101
O controle do fluxo dos ventiladores de ar de resfriamento é complementar ao
controle da velocidade da grelha. Este controle mantém um volume constante de ar
de resfriamento independentemente da pressão sob a grelha. Cada ventilador de ar
de resfriamento é equipado com um medidor piezométrico que reconhece um
aumento ou diminuição do fluxo de ar.

A variação de tal fluxo fará com que fazendo que a gelosia abra ou feche ou que a
velocidade do moto aumente ou diminua (no caso de se operar com motor de
velocidade variável) mantendo constante o fluxo de ar de tal ventilador.

Durante condições normais de operação os ventiladores devem operar com cerca


de 60 a 75% de sua carga máxima de modo que possa sempre se possível utilizar
uma capacidade adicional caso ocorram distúrbios operacionais como avalanches
de material no forno. Juntamente com o controle da velocidade da grelha é possível
assegurar um suprimento suficiente de ar de resfriamento provendo, ao mesmo
tempo, um ar de combustão com temperatura mais uniforme para o forno.

Sensores piezométricos para medição do fluxo de ar

O terceiro componente de um sistema de controle de um resfriador de clínquer é o


controle da pressão do cabeçote do forno (kiln hood). Este valor de pressão é
utilizado para regular a velocidade do ventilador do ar de excesso (ou a abertura de
sua gelosia) de modo a obter uma exaustão pré-ajustada constante.

À medida que a pressão no interior do cabeçote tende a se tornar positiva a


velocidade do ventilador é aumentada (ou sua gelosia é aberta um pouco mais).
Isto arrasta mais ar do resfriador e mantém a pressão no cabeçote constante e
próxima do set point. Ao contrário, à medida que a pressão no interior do cabeçote
tende a se tornar mais negativa velocidade do ventilador é diminuída (ou sua
gelosia é fechada um pouco mais).

Resfriador 102
A conjunção destes três sistemas de controle automáticos de um resfriador de
clínquer (velocidade da grelha, fluxo de ar de resfriamento e pressão do cabeçote
do forno) melhora crucialmente a operação do forno e permite que o Operador se
concentre em outros problemas.

Em alguns sistemas de resfriadores uma alta temperatura do ar de excesso


(normal, 250 a 270°C) resulta na abertura automática de uma gelosia de
aspiração de ar frio instalada no mesmo duto do ar de excesso. Isto é feito para
proteger os equipamentos instalados na sequencia (filtro de mangas ou filtro
eletro-estático) de um sobreaquecimento.

O aumento do volume ar de excesso promovido pela abertura de tal gelosia ou


até mesmo pelo aumento de sua temperatura (350 a 400°C) pode fazer com que
o volume total de ar exaurido exceda a capacidade de do ventilador de ar de
excesso.

Se isto se tornar uma restrição ao processo é prudente reduzir automaticamente


o fluxo de ar sob a grelha nos compartimentos da última parte do resfriador para
restaurar ao controle da pressão no cabeçote do forno quando a temperatura do
ar de excesso (medida antes da gelosia de ar frio) exceder a certo valor de
processo.

Em aplicações onde a capacidade do ventilador de ar de excesso ou a alta


temperatura do clínquer na saída se constituem um problema, a pressão do
cabeçote do forno pode ser controlada pelo ventilador do último compartimento.

Resfriador 103
Deste modo, é possível aumentar a quantidade de ar de resfriamento e diminuir a
temperatura do clínquer na saída durante uma operação normal. Neste modo de
controle, o ventilador de ar de excesso é operado em velocidade fixa próxima à
capacidade máxima.

Durante condições de operação instável a quantidade de ar de resfriamento é


reduzida resultando em uma temperatura maior do clínquer na saída, que, em
condições de instabilidade operacional, seria também atingida. Em alguns poucos
resfriadores, com capacidades limitadas de exaustão do ar de excesso, este meio
de controle tem levado a temperaturas de clínquer na saída consideravelmente
menores.

Finalmente, é importante sempre ter em mente que granulometria do clínquer


também é um fator importante para obter um desempenho satisfatório de
qualquer resfriador. Em princípio o conteúdo de material poeirento deve ser
pequeno e como regra geral menos que 15% de partículas menores que 0,5mm é
um bom parâmetro a ser perseguido.

O pó de clínquer sobre o resfriador tende a ser soprado de volta ao forno


estabelecendo uma circulação estes equipamentos com prejuízos ao processo. O
pó pode perturbar a radiação da chama no forno e, quase sempre prejudica a
formação do clínquer de modo tal que passa a haver uma circulação crescente de
tal material.

Por outro lado um clínquer com granulometria superior a 25 mm aumenta a


temperatura do clínquer na saída do resfriador por causa do resfriamento mais
lento desta fração. Deste modo, menos que 5% de material retido na peneira de
25 mm também é um bom parâmetro a ser perseguido.

Resfriador 104
Anotações

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Resfriador 105

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