Você está na página 1de 120

Apostila do aluno

Combustão
Direitos reservados Votorantim Cimentos
2013

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de


qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, sem
a permissão prévia, por escrito da Votorantim Cimentos.

Edição: 1
Apresentação

Olá aluno!

Você tem em mãos um material especialmente desenvolvido para lhe apoiar no


treinamento de Combustão.

Nesta apostila você encontrará todo o conteúdo do treinamento presencial, assim


como conteúdos complementares que enriquecerão ainda mais o seu processo de
aprendizagem.

Lembre-se de que, por meio deste treinamento, você terá a oportunidade de


aprimoramento profissional, compartilhando os seus conhecimentos e adquirindo
novos.

Utilize os espaços destinado para anotações e inclua insights, dicas e ideias que
forem discutidas durante o encontro.

Aproveite esta oportunidade ao máximo, esclareça todas as suas dúvidas com o


Facilitador, estabeleça contato com seus colegas de trabalho e compartilhe
experiências.

Participe, interaja, aproveite ao máximo este material que foi preparado para você.

Bom treinamento!
Sumário

Mapa do Conhecimento 06
Pilares Estratégicos 08
Regras pela Vida 09
Política Ambiental 10
Regras Verdes 11
1. Combustão 12
1.1. Processo de Combustão 13
2. Pré-história da Combustão 16
2.1. A teoria segundo Stahl 17
2.2. Refutação por Lavoisier 18
3. Conceito de Combustão 21
3.1. Conceito 22
4. Reações da Combustão 25
4.1. Reações 26
5. Mecanismos da Reações de Combustão 31
5.1. Reações 32
6. Combustíveis Gasosos 36
6.1. Gás Natural 37
7. Combustíveis Líquidos 43
7.1. Óleo Combustível 44
8. Combustíveis Sólidos 50
8.1. Conceito 51
Sumário

9. Oxigênio Estequiométrico 60
9.1. Ar Estequiométrico 61
10. Ar Primário e Ar Secundário 70
10.1. Ar Primário 71
10.2 Ar Secundário 72
11. Óxidos de Nitrogênio 75
11.1. Conceito 76
11.2 Mecanismos de Formação de Óxidos de Nitrogênio 79
11.3 Técnicas para Controle das Emissões de NOx 83
12. Óxidos de Enxofre 95
12.1. Enxofre 96
13. Cálculo da Necessidade Teórica de Ar 103
13.1. Cálculos 104
14. Cálculo da Necessidade Real de Ar 109
14.1. Cálculos 110
15. Cálculo do Volume de Gases 112
15.1. Cálculo do Volume de Gases de Combustão 113

É fazendo que se
aprende a fazer
aquilo que se deve
aprender a fazer.

Aristóteles
Mapa do Conhecimento

Insira o Mapa do Conhecimento no início da apostila, antes da apresentação


do primeiro tópico.

Este espaço é dedicado para registrar seu conhecimento a respeito do


treinamento de Combustão. Utilize-o durante o treinamento para registrar
suas percepções e insigths. Use sua criatividade e enriqueça-o com frases e
desenhos.

Combustão 06
Combustão 07
Pilares Estratégicos

Pessoas “Donas do Negócio”

 Ter funcionários qualificados e engajados.


 Atrair as pessoas certas.
 Líderes como gestores de gente.
 Fortalecer a retenção e a meritocracia.
 Buscar estruturas cada vez mais eficientes.

Excelência Operacional na Cadeia

 Garantir a segurança de todas as pessoas envolvidas nas operações e


negócios.
 Ter excelência em logística e suprimentos, com otimização de custos.
 Garantir qualidade e disponibilidade dos produtos e serviços.
 Ter eficiência operacional.

Configuração competitiva do negócio

 Garantir a competitividade das novas Unidades.


 Desenvolver novas formas de transportar produtos e prestar serviços.
 Estudar novos modelos de gestão para os negócios.
 Capturar insumos estratégicos.

Satisfação dos Clientes

 Prover produtos e serviços adequados para cada segmento.


 Ter excelência no serviço prestado ao cliente.
 Desenvolver novos produtos e serviços.

Combustão 08
Responsabilidade Socioambiental

 Maximizar o uso de novas tecnologias, como coprocessamento e


combustíveis alternativos.
 Obter eficiência energética.
 Garantir sistema de gestão ambiental padronizado.
 Assegurar relacionamentos transparentes e duradouros com a comunidade.

Sistema de gestão replicável

 Alavancar o sistema de gestão para aprimorar, alinhar e replicar processos.


 Implementar sistema de gestão corporativo, alinhado aos valores e princípios
da empresa.

Regras pela vida

 Use todos os EPIs definidos para a atividade. Em trabalhos acima de 2


metros de altura, é obrigatório o uso do cinto de segurança.
 É proibido trabalhar na empresa sob efeito de álcool ou posse de drogas,
bem como portar arma branca ou de fogo.
 Faça a APR. Na dúvida, pare a atividade e consulte seu supervisor. Exerça o
Direito de Recusa.
 É proibido conduzir ou operar veículos e equipamentos sem a devida
autorização ou após seu vencimento. Respeite o limite de velocidade e a
sinalização. Use o cinto de segurança.
 É proibido o acesso de pessoas não autorizadas às áreas restritas.
 Siga corretamente os procedimentos de bloqueio de equipamentos e
isolamento de área.

Combustão 09
Política Ambiental

Princípios da nossa política ambiental

Requisitos Legais e outros Requisitos

 Estar sempre em conformidade com os requisitos legais aplicáveis à


organização e outros compromissos assumidos.

Sistema de Gestão Ambiental

 Estar sempre em conformidade com os requisitos legais aplicáveis à


organização e outros compromissos assumidos.

Utilização dos Recursos Naturais

 Buscar a ecoeficiência no uso dos recursos naturais necessários às nossas


operações, como combustíveis, matérias-primas, água, energia e outros.

Impactos Ambientais

 Avaliar, controlar e reduzir os impactos ambientais de nossas atividades (foco


em melhoria contínua e nas melhores práticas da indústria).

Inovação

 Investir na inovação ambiental de nossos processos, produtos e serviços


durante seu ciclo de vida, buscando a redução dos impactos ambientais.

Engajamento com as partes interessadas

 Promover o relacionamento ético e transparente com nossas partes


interessadas, por meio de processos para o atendimento de demandas
relacionadas ao meio ambiente.

Combustão 10
Regras Verdes

1. Preservar a vegetação.

2. Preservar os cursos d’água.

3. Destinar corretamente os resíduos.

4. Comunicar qualquer problema na operação dos sistemas de controle de


poluição.

5. Não maltratar nem capturar animais silvestres.

6. Não realizar atividade em áreas protegidas.

7. Preservar cavernas e sítios arqueológicos.

8. Não realizar queimadas.

9. Não lavar nem armazenar insumos em áreas não autorizadas.

10. Fazer uso consciente dos recursos naturais.

Combustão 11
1 Combustão
.

Combustão 12
1.1 Processo de Combustão

Introdução

Combustão é um processo químico noqual uma determinada substância reage


rapidamente com oxigênio liberando calor. A substância original é denominada
combustível, enquanto a fonte de oxigênio é denominada de oxidante ou
comburente. O combustível pode ser um sólido líquido ou gás. Do mesmo modo, o
oxidante pode ser sólido, líquido ou um gás embora normalmente seja utilizado um
gás.

Durante a combustão, novas substâncias são formadas. Estas substâncias são


denominadas de produtos da combustão. A maioria destes produtos resulta da
reação química entre entre o combustível e o comburente. Quando um combustível
tipo hidrocarboneto, produto das ligações químicas entre carbono e hidrogênio, é
queimado, os gases exauridos incluem vapor de água (hidrogênio+oxigênio) e
dióxido de carbono (carbono+oxigênio).

Entretanto, outros produtos também podem estar incluídos na exaustão, devido à


combinações químicas do próprio comburente. Como a combustão utiliza o ar
atmosférico como comburente e este contém 21% de oxigênio e 78% de nitrogênio,
a exaustão também pode incluir óxidos de nitrogênio (NOx, nitrogênio + oxigênio).

A temperatura dos produtos da combustão é alta por causa da transferência de


parte do calor liberado durante o processo. Por causa desta alta temperatura
normalmente os produtos da combustão ocorrem na forma gasosa, embora também
possam ser liberados produtos líquidos ou sólidos como fuligem e coque.

Durante o processo de combustão, a medida queo combustível e o oxidante são


transformados em produtos finais, é gerada uma grande quantidade de calor, que é
a finalidade principal deste processo.Interessantemente, alguma fonte de calor
também é necessária para iniciar a combustão.

Combustão 13
Deste modo, embora a gazolina e o ar estejam presentes no tanque de um
automóvel, a combustão não ocorre porque não há presença de uma fonte de calor.

Como o calor tanto é necessário para iniciar a combustão como é um produto


próprio de tal processo, podemos entender porque a reação de combustão
acontece muito rapidamente. Por outro lado, uma vez iniciada a combustão não se
faz.mais necessário prover a fonte de calor porque o calor liberado pelo processo
assegura sua continuidade.

Em resumo, para ocorrer uma combustão três elementos tem que estar presentes:
um combustível a ser queimado, uma fonte de oxigênio e uma fonte de calor. Como
resultado da combustão produtos de exaustão são criados e calor é liberado.

Combustão 14
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 15
2 Pré-história da
.
Combustão

Combustão 16
2.1 A teoria segundo Stahl

Provavelmente a primeira tentativa razoavelmente científica para explicar a


combustão foi feita por Johannes Baptista van Helmont, um alquimista e físico
flamengo que viveu entre 1580 e 1644. Van Helmont observou a relação entre um
material queimando, a fumaça e a chama e afirmou que a combustão envolvia a
exaustão de "espírito selvagem" (spiritus silvestre) do material em combustão. Mais
tarde esta teoria foi incorporada pela teoria da combustão denominada teoria do
flogisto que dominou o pensamento alquimista pelos próximos dois séculos.

A teoria do flogisto foi desenvolvida pelo químico e médico alemão Georg Ernst
Stahl entre 1703 e 1731. Segundo Stahl os corpos combustíveis possuiriam uma
matéria chamada flogisto, liberada ao ar durante os processos de combustão
(material orgânico) ou de calcinação (metais). "Flogisto" vem do grego e significa
"inflamável", "passado pela chama" ou "queimado". A absorção dos flogistos do ar
seria feita pelas plantas.

Stahl desenvolveu a teoria do flogisto a partir de uma adaptação da teoria de um


dos seus mentores, Johann Joachim Becher. Em 1667 Johann Joachim Becher
editou o livro Physica Subterranea, no qual apresentou uma teoria sobre os
elementos, considerando três tipos de Terras diferentes: terra mercurialis, terra
lapida e terra pinguis. Segundo Becher a terra pinguis estava presente nos
materiais combustíveis, e era libertada quando esses materiais ardiam.

Stahl adaptou a teoria de Becher, mas alterou o nome de terra pinguis para flogisto.
Stahl fez esta alteração após ter estabelecido que a combustão de materiais
orgânicos, como a madeira ou o carvão e a calcinação (atualmente conhecida como
oxidação) de metais seguem o mesmo processo.

Stahl estabeleceu duas diferenças entre a combustão de materiais como a madeira


ou o carvão e a calcinação de um metal. Stahl confirmou ser possível reverter o
processo de calcinação e recuperar o metal a partir do seu cal (atualmente referido
como óxido). Considerou que isto acontecia porque a cal de metal reabsorvia o
flogisto libertado por material combustível, como por exemplo o carvão.

Combustão 17
A teoria de Stahl foi aceita na comunidade científica em geral, porque apresentava a
primeira explicação de fenômenos químicos. Esta teoria permitia explicar vários
fenômenos observados, como a perda de massa na combustão de um material (por
perda de flogisto) ou , a impossibilidade de um combustível arder sem a presença
de ar (porque o ar é necessário para absorver o flogisto libertado.

A Teoria do Flogisto procurava


explicar processo como os de
combustão e oxidação dos metais.

2.2 Refutação por Lavoisier

Apesar de alguns químicos da época terem sido fascinados pela teoria e esta ter
perdurado até o final do século XVIII, passou, com o tempo, a ser fortemente
atacada pelo químico francês Antoine Lavoisier. A teoria do flogisto foi questionada
desde que foi anunciada pela primeira vez, porque embora no caso da combustão
de compostos orgânicos existisse a perda de massa, o mesmo não acontecia no
caso dos metais.

Segundo a teoria, os metais deveriam perder flogisto quando fossem expostos ao


aquecimento, mas de acordo com os próprios defensores da teoria, esses
ganhavam peso. Lavoisier foi um dos vários cientistas que comprovou este fato
através das suas experiências, apresentadas em 1772, sobre a calcinação do
fósforo e do enxofre que o levaram a refletir sobre o que teria acontecido com o
flogisto.

Este fato não constituía um problema para Stahl, que considerava o flogisto como
uma essência, que não tinha forçosamente de ter massa. Stahl considerava que o
flogisto era uma espécie de essência que podia fluir entre materiais.

Combustão 18
Lavoisier levou muitos anos tentando derrubar definitivamente essa teoria, mas
somente com a descoberta acidental do oxigênio feita por Joseph Priestley no dia 1
de agosto de 1774 é que se obteve uma base científica para enfrentar a teoria do
flogisto. Inicialmente o oxigênio foi denominado de "ar desflogisticado“.

Dois anos antes da descoberta de Priestley, Lavoisier já havia declarado que estava
disposto a causar uma revolução na física e na química. Ao contrário de Priesley,
percebeu que o "ar desflogisticado" não era um elemento e sim um componente do
ar que vinha procurando e que Priesley havia trazido a peça que faltava no quebra-
cabeça.

Através de intensas investigações, repetindo os experimentos de Priestley entre


1775 e 1780, Lavoisier ficou convencido de que o ar de Priestley era o princípio
ativo da atmosfera. Realizando vários experimentos brilhantes, Lavoisier mostrou
que o ar contém 20 por cento de oxigênio e que a combustão é devida à
combinação de uma substância combustível com o oxigênio.

Em 1789, Lavoisier batizou a substância de oxigênio (do grego ὀξύς = ácido e, -


geno, da raiz γεν = gerar), nome que significa "gerador ou formador de ácido",
porque e acreditava que todos ácidos contemO2, o que mais tarde provou-se não
ser verdade.

J. J. Becher, alquimista que Antoine- Laurent Lavoiser, pai da


propôs a teoria do flogisto. química moderna.

Combustão 19
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 20
3 Conceito de
.
Combustão

Combustão 21
3.1 Conceito

Combustão é definida como uma sequência de reações químicas exotérmicas entre


um combustível e um agente oxidante acompanhada pela produção de calor e a
conversão das substâncias químicas. A liberação de calor também resulta na
produção de luz na forma de uma chama.

Para ocorrer tal reação é fundamental a presença simultânea de três elementos:


combustível, calor e oxigênio. Estes três elementos constituem os vértices do
triângulo da combustão e removendo-se qualquer um dos três torna-se impossível
obter a reação.

Por exemplo, se houver muito pouco ou nenhum oxigênio não é possível produzir-
se a queima do combustível, independentemente de sua quantidade ou do calor
que estiver presente. Do mesmo modo, se calor insuficiente estiver disponível
nenhuma concentração de oxigênio ou combustível irá resultar em fogo ou
combustão.

Os principais combustíveis utilizados pelos setores industriais no processo de


combustão incluem compostos orgânicos, especialmente os hidrocarbonetos, nos
estados de gás, líquido ou sólido. Em uma reação de combustão completa os
produtos são compostos por cada elemento presente no combustível e o elemento
oxidante:
CH4 + 2O2 → CO2 + 2H2O + energia

Combustão 22
Um exemplo simples pode ser visto na combustão do hidrogênio com o oxigênio,
que é comumente utilizada nos foguetes de propulsão das naves espaciais:

 
2H2 + O2 → 2H2O (vapor) + calor

Geralmente, a equação química para queimar um hidrocarboneto é a seguinte:

CxHy + (x + (y/4))O2 → xCO2 + (y/2)H2O

Por exemplo, a queima de propano é:

C3H8 + 5O2 → 3CO2 + 4H2O

Em síntese, a equação de combustão de um hidrocarboneto é sempre a seguinte:

Combustível + Oxigênio → Dióxido de carbono + Água + Calor

Combustão 23
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 24
4 Reações da
.
Combustão

Combustão 25
4.1 Reações

A combustão é uma reação de uma substância (combustível) com o oxigênio


(comburente) presente na atmosfera, com liberação de energia.A oxidação dos
combustíveis é uma reação exotérmica, sendo a quantidade de calor libera da
função da composição química do combustível e dos produtos finais de
combustão.
C + O2 —» CO2 (1 Kg de C produz 8.100 Kcal)
2H2 + O2 —» 2H2O (1 Kg de H2 produz 34.100 kcal)
S + O2 —» SO2 (1 Kg de S produz 2.200 kcal)
C + ½ O2 —» CO (1 Kg de C produz 2.407 Kcal)
CO + ½ O2 —» CO2 (1 Kg de CO produz 5.693 Kcal)

Uma combustão é definida como completa quando o combustível queima


completamente reagindo como o oxigênio, produzindo um número limitado de
produtos e uma chama oxidante azul. Assim, quando um hidrocarboneto passa
por uma queima completa, a reação gerará apenas dióxido de carbono e vapor de
água.
Normalmente uma combustão completa é impossível de atingir, a menos que a
reação ocorra em situações cuidadosamente controladas, como, por exemplo, em
um laboratório. Na realidade, como a combustão real é levada a um determinado
estado de equilíbrio, uma ampla variedade de produtos podem estar presentes ao
final da reação, tais como monóxido de carbono e carbono puro (fuligens e
cinzas).
Na combustão incompleta não há suprimento de oxigênio suficiente para que ela
ocorra de forma adequada de modo que o reagente queima com escassez de
oxigênio, produzindo inúmeros produtos. Quando um hidrocarboneto, por
exemplo, queima com deficiência de oxigênio, a reação gera CO², CO, H2O, C
incombusto, etc.

Combustão 26
Características do CO2 e CO.

Assim, qualquer maçarico que opere com uma mistura insuficiente entre o
combustível e o comburente irá produzir monóxido de carbono (CO) provocando
uma queda significativa na eficiência da combustão. Deste modo, é absolutamente
essencial prevenir a produção de níveis significativos de monóxido de carbono em
qualquer processo de combustão.

Forte formação de CO e
fuligens em combustão
incompleta.

Enxofre é uma impureza encontrada na maioria dos combustíveis líquidose


sólidos usuais, principalmente em frações pesadas da destilação do petróleo em
carvões minerais. Durante o processo de combustão destes combustíveis o
enxofre reagecom o oxigênio se convertendo em sua maioria a SO 2 (≅97%).
A partir da reação com H2O em temperaturas abaixo de 400ºC, podem se formar
os ácidos sulfídrico e sulfúrico:

 SO2 + H2O —» H2SO3 (ácido sulfídrico)


 
SO2 + 1/2O2 —» SO3
 
SO3 + H2O —» H2SO4 (ácido sulfúrico)

Combustão 27
Estes ácidos podem levar a taxas de corrosão elevadas de superfícies metálicas
localizadas no interior de equipamentos de combustão, como superaquecedores de
vapor e recuperadores de calor, bem como em outros equipamentos como filtros
eletrostáticos e de mangas.

Corrosão na caixa de filtro de mangas por ataque deH2SO4.

Certas fibras sintéticas empregadas na fabricação de alguns filtros,normalmente de


menor custo, não resistem à presença de ácido sulfúrico junto com o particulado,
sofrendo severo ataque. As próprias chaminés das fábricas podem sofrer intensa
corrosão em alta ou baixa temperatura, dependendo do ponto de orvalho ácido dos
gases.

Corrosão e colapso de
chaminés de plantas
industriais.

Por outro lado, os compostos de enxofre, efluentes do processo de combustão,


quando não removidos através de sistemas de lavagem de gases são lançados
para a atmosfera. É estimado que a emissão total desses compostos por
equipamentos de combustão é da ordem de 93.106 ton/ano, sendo que 70% é
emitido por usinas termoelétricas que operam com combustíveis fósseis.

Combustão 28
Na atmosfera, o SO2, em baixas concentrações (até algumas centenas de ppm), é
praticamente inócuo a vegetais e animais. No entanto os compostosresultantes da
sua oxidação com oxigênio e da sua reação com água,principalmente o ácido
sulfúrico, são extremamente nocivos, podendo provocar alixiviação ou o
empobrecimento do solo e corrosão em equipamentos eedificações.

Oxigênio também é um componente menor dos combustíveis e participa do


processo de combustão, diminuindo a quantidade necessária de ar de combustão.
Nitrogênio, quando presente em combustíveis tais como carvões minerais é neutro
em princípio e não participa do processo de combustão, embora continue como
constituinte dos gases de exaustão.

Combustão 29
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 30
5 Mecanismos da
.
Reação de
Combustão

Combustão 31
5.1 Mecanismos da Reação

A combustão por meio da reação de um composto com oxigênio é uma reação em


cadeia na qual participam vários radicais distintos intermediários. A alta energia
requerida para seu início é explicada pela estrutura atípica da molécula do
oxigênio (O2). Nas condições normais de temperatura e pressão o oxigênio se
encontra no estado gasoso, formando moléculas diatômicas de fórmula molecular
O2.

A existência de elétrons compartilhados por covalência na molécula estável do


oxigênio é muito rara na natureza e confere ao mesmo uma alta reatividade
química, só superada pelo flúor. As espécies reativas de oxigênio são compostos
químicos resultantes da ativação do oxigênio molecular ou dioxigênio (O 2) e
incluem o oxigênio atômico (1O2), o radical hidroxila (HO-) e o peróxido de
hidrogênio (H2O2)

O oxigênio atômico (1O2), instável e altamente energético, resulta da excitação da


molécula de dioxigênio, sem que ocorra a sua ionização. O dioxigênio é excitado
em oxigênio atômico por meio de outras moléculas previamente excitadas pela
luz, numa reação conhecida como foto-sensibilização. O radical hidroxila (HO-) é
a espécie radical mais reativa entre todas as espécies reativas de oxigênio.
Para iniciar uma reação de combustão, é necessário aplicar certa energia para
conduzir a molécula de oxigênio ao seu estado mais excitado e extremamente
reativo, denominado oxigênio atômico (1O 2).

O tempo de vida deste estado fica na faixa de microssegundos e, em laboratório é


obtido por meio de um processo denominado fotosintetização. Em um processo
de combustão a energia para produzir o oxigênio atômico é suprida na forma de
calor. Como a própria combustão produz calor, isto assegura a continuidade do
seu processo.

O oxigênio atômico foi descrito pela primeira vez como


produto da reação entre hipoclorito e H2O2 por Khasha.
A reação é muito sensível ao pH da mistura reativa e
emite uma luz vermelha escura.

Combustão 32
Não importando o tipo de hidrocarboneto que é submetido à reação de combustão,
pode-se determinar que tal processo é realizado em uma série de etapas que
podem ser resumidas como decomposição, hidrolização e oxidação.

As etapas inciais correspondem àdecomposição do combustívelemcarbono,


monóxido de carbono e hidrogênio. Estes “combustíveis” também são chamados de
combustíveis primários porque sua oxidação final irá resultar nos produtos
terminais, dióxido de carbono e vapor de água.

A etapa de hidrolização é iniciada pela abstração do átomo do hidrogênio do


combustível ao oxigênio para formar o radical hidro-peróxido (HOO), seguida pela
formação de hidroxilas (HO-). A combustão do carbono é compreendida como um
processo iniciado pela formação complexa de C xOy e finalizada com sua
decomposição em CO2 e CO.

Estes produtos finais tem proporções que variam de acordo com a temperatura
local, ou seja, quanto maior a temperatura local e o excesso de oxigênio, maior será
porcentagem de CO2. A combustão final do CO e (HO-) é mais simples, resultando
da combinação direta destes com oxigênio singuleto, também dependente da
temperatura, resultando nos produtos finais CO 2 e H2O.

Para propósitos industriais os detalhes destas diferentes etapas complexas da


combustão são irrelevantes porque os compostos intermediários não participam e
nem mesmo contribuem para o processo de aquecimento e sinterização que
acontece no interior do forno, devendo desaparecer completamente ao final da
combustão.

Entretanto, todas as preocupações têm que ser tomadas para obter os produtos
corretos de uma combustão completa, com o rendimento calórico máximo possível
dentro da zona de queima no interior do forno de cimento.

Combustão 33
Combustão completa do Metano com todas suas etapas intermediárias.

Combustão 34
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 35
6 Combustíveis
.
Gasosos

Combustão 36
6.1 Gás Natural

Gás Natural é um excelente combustível para fornos de cimento: ele é


naturalmente preparado para o uso direto e requer poucas instalações.
Normalmente tem uma composição muito constante e é de fácil contrôle
operacional. Um problema maior está relacionado ao risco de explosão,
necessitando de precauções especiais no projeto da planta e sua operação.

Entre todos combustíveis fósseis o gás natural é um dos mais “limpos”, pois,
composto primariamente por metano, sua combustão produz basicamente apenas
dióxido de carbono e vapor de água. Carvão e mineral e óleos combustíveis são
compostos por moléculas muito mais complexas com altas taxas de carbono e
maiores conteúdos de nitrogênio e enxofre.

Isto significa que quando queimados carvão e óleo liberam maiores níveis de
emissões poluentes, incluindo gás carbônico, óxidos de nitrogênio (NO x), e
dióxido de enxofre (SO2). A combustão do gás natural, por outro lado, emite
quantidades muito pequenas de óxidos de enxofre e nitrogênio, virtualmente
nenhuma cinza e menores níveis de dióxido de carbono e outros hidrocarbonetos
reativos.

O constituente básico de todo gás natural é o Metano (CH4), quase puro (80 a
90%), mas, normalmente vem acompanhado de outros hidrocarbonetos gasosos
de maior número de átomos de C (etano, propano, etc), bem como CO2e N2.

Estrutura molecular Metano (CH4)

Combustão 37
Combustão do Metano

Combustível valioso, com poder calorífico elevado (8.500 a mais de 10.500


kcal/Nm3), queima sem deixar resíduo e sua combustão pode ser facilmente
regulável. Entretanto é necessário utilizar parte da energia térmica do gás, cerca
de 9%, para dissociação da ligação química que existe entre H 2e C nas moléculas
dos hidrocarbonetos.

O metano tem limites estreitos de inflamabilidade e a presença de outros


hidrocarbonetos gasosos complexos amplia estes limites melhorando a
estabilidade da chama. Devido ao baixo conteúdo de carbono no gás natural, os
queimadores convencionais têm chamas com baixa emissividade. Isto tem um
efeito negativo na transferência do calor radiante da chama e pode afetar
seriamente a eficiência da planta.

Na prática, a temperatura da chama com gás natural é cerca de 70 a 150C


menor que a temperatura da chama obtida com a queima com carvão. O
resultado em um forno de cimento é um consumo calórico maior com a queima
com gás natural quando comparado ao carvão ou óleo.

Gás Natural tem menor tempo de queima porque sofre ignição imediata quando a
temperatura necessária é alcançada. Entretanto, deve se notar que sua
temperatura de ignição é relativamente alta, cerca de 600 a 700C.

Combustão 38
Isto explica porque cuidados especiais devem ser tomados durante o aquecimento
inicial do forno com gás natural, porque a radiação do revestimento do forno não
será suficientemente alta para promover a ignição do gás.

Início de aquecimento forno: Final aquecimento forno: chama


chama “fria” e revestimento não “quente” com revestimento radiante
radiante (a esquerda). (a direita).

O problema principal relacionado com a queima com o gás natural é que envolve
um certo risco de explosão, necessitando precauções especiais no projeto da
planta de queima e sua operação.

O volume de gases de combustão de uma chama de gás é muito alto devido ao alto
conteúdo de H2embora este tenha menor proporção de CO. O alto conteúdo de H2
significa também que o gás natural requer mais ar de combustão para cada kcal
liberada que a maioria dos outros combustíveis.

Deste modo, as perdas térmicas com os gases de exaustão no sistema do forno de


cimento são maiores do que com outros combustíveis. Entretanto, na prática é
muitas vezes encontrado que o consumo total de calor do forno aquecido com gás
não é muito maior porque a porcentagem de ar primário é mantida baixa e melhora
a recuperação de calor no resfriador.

Na queima com gás a energia cinética do gás é suficiente para obter uma boa
mistura com o ar de combustão e o ar primário é praticamente desnecessário. Ainda
assim uma pequena quantidade de cerca de 5% de ar primário é utilizada para
arrefecer e proteger o tubo do queimador.

Combustão 39
O gás é entregue na planta em alta pressão, desde 6 até 75 bar. Esta deve ser
reduzida e adequada à pressão de trabalho entre 0,5 e 1,2 bar que fornece ao gás
a energia cinética suficiente para obter uma boa mistura com o ar de combustão.
Algumas vezes são usados queimadores de gás a alta pressão, por exemplo, com
até 6,0 bar.

Contudo, deve ser lembrado que, nestas circunstâncias, a velocidade no bocal do


queimador não deve exceder à velocidade crítica igual à velocidade do som, ou
seja, cerca de 340 m/s. Esta velocidade já é obtida com pressão no bocal de cerca
de 0,8 bar e a utilização de um nível maior de pressão somente promoverá a
compressão do gás.

Para a queima do clínquer no forno, pressões de gás abaixo do valor crítico ficam,
portanto, bem adequadas ao processo.Outra vantagem importante no uso de
queimadores que utilizam níveis mais baixos de pressão consiste na redução
substancial da poluição sonora desagradável.

A combustão de carvão, óleo combustível e gás natural gera diferentes volumes de


gases a partir da mesma quantidade de unidade térmicas. A tabela seguinte contém
volumes de gases de combustão (incluindo 10% de ar de excesso), gerados da
combustão de 1.000 kcal de carvão, óleo combustível e gás natural:

1.000 kcal de carvão geram 1,24 Nm3 de gases


1.000 kcal de óleo geram 1,31 Nm3 de gases
1.000 kcal de gás geram 1,47 Nm3 de gases

Isto demonstra que óleo combustível gera cerca de 6% mais gases de combustão
do que carvão, e gás natural gera 18,5% a mais. Isto tudo deve ser
cuidadosamente levado em consideração ao se dimensionar um projeto e
equipamentos de queima.

Combustão 40
Os maiores volumes dos gases de combustão também explicam o maior consumo
calórico quando se queima óleo combustível e especialmente gás natural
comparando-se com a queima de carvão.Isto significa que a necessidade de ar
para a combustão de 1.000kcal de carvão é menor, sendo maior com óleo
combustível e ainda maior com gás. Este aumento da quantidade de ar de
combustão resulta em:
 
a) Menor temperatura da chama do óleo combustível e do gás natural
comparada com carvão.

b) Maiores volumes de gases de exaustão há assim maiores perdas térmicas


com os gases de exaustão.

c) Maiores velocidades de gases no interior do forno resultando em menor


taxa de troca térmica dos gases para a carga do forno.
 

Combustão 41
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 42
7 Combustíveis
.
Líquidos

Combustão 43
7.1 Óleo Combustível

Óleo Combustível foi muito empregado para o uso de queima em fornos de


cimento durante o século passado. Em sua composição os hidrocarbonetos
contém pequenas quantidades de N2, O2, S e metais como Na, Fe, Ni e V.

Embora gás-óleo e óleo diesel fossem empregados algumas vezes em fornalhas


auxiliares porque não requerem pré-aquecimento e queimam facilmente com
chama estável mesmo em ambiente mais frio, apenas o óleo combustível pesado
foi utilizado como combustível líquido e em larga escala para queima em fornos
de cimento.

O processo de combustão do óleo combustível não é simples e direto como o do


gás natural que simplesmente precisa passar pela ignição. Óleo combustível tem
que ser preparado de forma adequada e reduzido em gotas bem pequenas que
possam ser rapidamente vaporizadas, comportando-se estas então como um
combustível gasoso.

Gotículas de óleo Modelo de combustão


combustível de gotícula

Gotículas extremamente finas são mais difíceis de se misturarem com ar de


combustão enquanto gotículas muito grossas serão queimadas muito lentamente.

Assim, para um desempenho otimizado da combustão o ideal é trabalhar-se com


um spray de óleo com variação no tamanho das gotículas. Gotículas finas para
facilitar a ignição e estabilização da chama e gotículas maiores manter uma taxa
controlada de queima.

Combustão 44
Entretanto, pelas razões já mencionadas anteriormente, deve haver um limite
para o tamanho superior das gotículas no spray. Dependendo da aplicação
particular este limite superior deve ficar na faixa de 100-150 micron para
minimizar o risco de combustível não queimado ao final da chama.

Portanto, o principal propósito para um bocal de queimador a óleo é atomizar o


óleo combustível em gotículas de tamanho adequado para distribuí-las no ar de
combustão.Normalmente esta atomização é realizada por via mecânica (com
pressões de 15 a 40 bar) ou com fluido auxiliar (vapor ou ar comprimido com 5 a
15 bar).

Normalmente, com pressão de atomização, o tamanho da gotícula aumenta com o


diâmetro do bocal, o quer dizer, com sua capacidade. Com bocais em formato
anular, a largura do anel determina o tamanho das gotículas. Utilizando-se estes
bocais é possível obter gotículas com tamanho médio de 80 a 100 mícron, se a
pressão e a viscosidade do óleo forem corretas.

Atomização do óleo em gotículas


em bocal por pressurização.

O ângulo do spray é igualmente tão importante quanto o tamanho da gotícula.


Essencialmente, a maioria dos sprays é cônica e dois tipos são comuns: cone
“oco” e cone “sólido”. Geralmente os atomizadores que produzem um cone oco
são e preferidos porque permitem que o ar se misture mais eficazmente com o
combustível.

Combustão 45
O menor número de gotículas no núcleo do cone oco permite o estabelecimento
de uma zona interna de recirculação que auxilia a manter frente estável na
chama.
 

Diferentes tipos de spray

A atomização do óleo é feita no bocal do maçarico que distribui as gotículas no ar


de combustão. A atomização pode ser realizada por via mecânica (15 a 40 bar) ou
com um fluido auxiliar (vapor ou ar comprimido : 5 a 15 bar).

Atomização com fluido auxiliar

A maioria dos queimadores é projetada para operar com uma ampla faixa de
taxas de fluxo de injeção de combustível. Assim, torna-se especialmente
importante que o desempenho do atomizador seja satisfatório sobre toda a faixa
operacional, pois, as plantas de cimento nem sempre operam todo o tempo em
sua taxa máxima de produção.
O menor número de gotículas no núcleo do cone oco permite o estabelecimento
de uma zona interna de recirculação que auxilia a manter frente estável na
chama.

O tamanho da gotícula de muitos tipos de atomizadores aumenta rapidamente à


medida que a taxa de fluxo de injeção é reduzida e isto pode resultar em
problemas significativos para operação da planta. O desempenho da redução de
fluxo varia de acordo com os diferentes tipos de atomizadores e é uma
consideração importante quando se escolhe um atomizador para uma
determinada aplicação.

Combustão 46
Cada gota, desprezando-se o efeito das demais, à medida que se deslocam no
interior da câmara de combustão e atravessa regiões de temperaturas
crescentes, vai se aquecendo e se evaporando, de tal forma que se formaà sua
volta uma camada de mistura ar primário/gases de combustão/vapor dolíquido.

Num dado ponto, de temperatura e concentração da mistura adequada,se dá a


ignição da mistura gasosa. A partir daí se estabelece uma chama em torno da
partícula, a qual passa a fornecer calor para que a gota continueevaporando.

Após a ignição, na medida em que a gota se evapora, entre a zona dereação


(interface O2/combustível de alta temperatura, estabelecida ao redorda gota) e a
própria gota, parte das moléculas do combustível no estado vapor,encontrando
condições propícias (alta temperatura; deficiência de O2) sofremcraqueamento e
polimerização simultâneas, dando origem às partículas de fuligem.

Tais partículas, de diâmetro inferior a 20 Å, tendem a acompanhar as linhas


decorrente no interior da zona de combustão, sofrendo, simultaneamente,
processos de oxidação, coagulação e crescimento superficial até serem
emitidas,via gases de combustão, individualmente (esferóides de diâmetro inferior
a 1μm),ou agregadas a inorgânicos ou a partículas de coque.

Etapas de combustão de gotícula de óleo

 As gotas, em seu deslocamento pela câmara de combustão, vão tomandoforma


de cenosferas, com composição se aproximando à do coque (elevadarelação
C/H) e mantendo ainda relativamente altos teores de enxofre e metais.

Ao final da zona de combustão, gotas não totalmente oxidadas, serão emitidas


naforma de partículas esféricas ocas, geralmente denominadas "coque"
ou"cenosfera", de diâmetro na faixa de 1 a 100 μm e em cujas cavidades
poderãoestar alojados fuligem e inorgânicos.

Combustão 47
Quanto aos inorgânicos do combustível, este material é "arrastado" pelosgases
de combustão indo se depositar em outros equipamentos da planta por efeito de
impacto ou de difusão, ou é emitido, em sua maioria, naforma de partículas
sólidas, relativamente pequenas, muitas vezes agregadas aomaterial orgânico
efluente do processo, denominadas genericamente de "cinzas".

No caso da combustão de óleos ultraviscosos, trabalhos experimentais


reportados em literatura mostraram que as partículas de coque são as
preponderantes entre o material sólido emitido. Partículas de fuligem se formam
em abundância no interior das chamas porém, em condições usuais de operação
de processos de combustão, são em sua maioria completamente oxidadas.

Evolução da combustão
de gotícula de óleo

Chama típica em
combustão de óleo
combustível

Combustão 48
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 49
8 Combustíveis
.
Sólidos

Combustão 50
8.1 Conceito

Geralmente todos os combustíveis sólidos ao adentrarem em uma região de


combustão passam pelas etapas de aquecimento, secagem, pirólise, ignição e
combustão (gases e coque residual). A importância de cada uma destas etapas
varia de acordo com as propriedades docombustível sólido considerado.

Para uma partícula de biomassa, por exemplo, com teores de umidade e de


voláteis elevados, todas as etapas apresentadas são importantes. Já para uma
partícula de coque, com baixo teor de umidade e voláteis, as etapas de
aquecimento e combustão são mais relevantes.

O processo de combustão de um sólido pode ser melhor compreendido através


de uma partícula plana de sólido, com uma espessura bem menor que as
demaisdimensões, e com gás escoando ao longo de suas superfícies, com
composição,temperatura e velocidade pré-definidas, como representado na figura
seguinte.

Combustão 51
Inicialmente, ao ser colocada em uma região de combustão, esta partícula troca
calor por convecção e radiação com os gases quentes ao seu redor e se aquece.

Se estiver dentro de uma câmara de combustão ela também troca calor por
radiação com as paredes da câmara. Quando a temperatura de sua superfície
atinge a temperatura de saturação da água presente no sólido, inicia-se a etapa
de secagem.

Quando a temperatura dos gases em contato com o sólido está acima de 400°C,
a velocidade de secagem depende principalmente da transferência de calor. A
difusão de vapor d’água pela partícula, importante em processos de secagem a
baixa temperatura, passa a ter um papel secundário.

Nesta situação pode-se imaginar a formação de uma frente de secagem


caminhando no sentido da superfície externa para o centro da partícula, como
representado na figura anterior. Entre a superfície externa e a frente de secagem
existe somente sólido seco e entre a frente e o centro somente material úmido.

A taxa de evaporação de água é proporcional ao calor trocado entre a frente de


secagem e as camadas secas adjacentes.Conforme a frente de secagem vai
caminhando para o centro da partícula, a temperatura da região seca vai se
elevando, mas de forma lenta. Isto se deve ao fato do vapor de água formado na
frente de secagem atuar como um freio para o aquecimento da camada seca
partícula.

Combustão 52
Ao passar por estar egião este vapor troca calor com a matriz sólida, resfriando-a
e retardando o processo de aquecimento. Desta forma, somente uma fração do
fluxo de calor qentrando pela superfície da partícula chega à frente de secagem.

A região seca, ao sofrer aquecimento contínuo, começa a passar pelo processo


conhecido como pirólise. Pirólise é o processo sob os qual os gases e óleos
leves que estão ligados à partícula sólida de carvão são exauridos da mesma
através da aplicação de um calor intenso.

Durante a pirólise a fração volátil do combustível sólido se decompõe em


compostos gasosos de baixo peso molecular (CO 2, H2O, CH4, H2,CO, etc.) bem
como em vapores complexos de peso molecular mais elevado (denominados
genericamente de alcatrão) e outros gases como H2, NH3, NO, SO2, estes
normalmente presentes em quantidades menores. Uma deficiência de oxigênio
durante a pirólise pode resultar na criação de produtos carcinogênicos emitidos
com fumos espessos e negros.

Os gases e vapores liberados durante a pirólise também caminham em sentido


contrário ao fluxo de calor, de forma semelhante ao vapor d’água de secagem,
contribuindo também para o retardamento do aquecimento da partícula.

Processo de desprendimento de
matérias voláteis : Pirólise.

Resíduo carbonoso após pirólise em


microscópio eletrônico.

Combustão 53
Além disso, a reação de pirólise é endotérmica, ou seja, énecessário fornecer
energia para que a reação ocorra, o que contribui ainda mais para o atraso no
aquecimento da partícula.

Desta forma, toda a região seca, ao atingir temperaturas acima de 200°C, fica
submetida à pirólise, não ocorrendo aformação de uma frente de pirólise,
equivalente à de secagem. Dependendo da dimensão, da umidade e da taxa de
aquecimento dapartícula sólida, as etapas de secagem e pirólise podem se
sobrepor ou não.

Assim, a combustão do resíduo carbonoso resultante da pirólise da partícula,


somente tem início após completada as etapas de secagem e pirólise. Os
produtos de pirólise, por conterem compostos combustíveis, podem queimar do
lado externo da partícula, auxiliando no seu aquecimento.
 

A partir do fim da etapa de pirólise, quando o fluxo de gases e vapores de dentro


para fora da partícula se reduz drasticamente, o oxigênio e outrosgases presentes
no lado externo, tais como o vapor d’água e o dióxidode carbono, podem penetrar
no interior do resíduo carbonoso e reagir com os componentes sólidos.

O mecanismo predominante, nesta etapa, diferentemente das etapas de


aquecimento, secagem e pirólise, é o de difusão dos gases reagentes para dentro
do resíduo carbonoso. Primeiramente, estes gases têm que atravessar a camada
limite de gases existente em torno da partícula e dela passar ao seu interior.
 

Combustão 54
Dependendo do teor e das propriedades da cinza do combustível sólido, pode-se
imaginar dois modelos de combustão de resíduos carbonosos de sólidos: o de
núcleo exposto e o de núcleo não reagido, conforme representados na figura
seguinte.

No modelo de núcleo não reagido, existe uma camada de cinza em torno da


partícula, através da qual os gases têm de se difundir antes de atingir a região
carbonosa, representando uma resistência adicional à sua difusão. Carvões
minerais, com elevados teores de cinza, normalmente seguem este modelo.

No modelo de núcleo exposto, quase não se observa a formação de uma camada


de cinza sobre a partícula. Nestes casos ou o teor de cinzas é muito baixo ou a
camada de cinzas é muito friável, destacando-se facilmente da superfície da
partícula. As biomassas em geral são bem representadas por este último modelo.
 

Combustão de partícula de 1 mm
carvão betuminoso a 1200oC em
fluxo laminar de ar. 

Combustão 55
A reação do carbono com oxigênio, em condições normalmente encontradas em
equipamentos de combustão, é muito rápida, ocorrendo praticamente na
superfície da partícula de carvão.

O oxigênio quase não penetra no seu interior, sendo totalmente consumido na


superfície, levando a uma diminuição da espessura da camada de carvão ao
longo da combustão. No caso do modelo de núcleo não reagido a combustão do
material carbonoso é acompanhado por uma elevação de espessura da camada
de cinza.

Em resumo o processo de queima de partículas de carvão em um forno de


cimento é controlado pela difusão das partículas individuais e enfim o tempo de
queima é diretamente proporcional ao tamanho das partículas. Como
consequência, um meio para se adequar o processo de combustão de partículas
de carvão é a otimização da finura das partículas.

Combustão 56
Como “regra de dedo” atualmente procura-se moer o carvão mineral com uma
finura na peneira de malha 170 mesh (88 micra) equivalente a 50% do teor de
voláteis para o maçarico principal do forno. Deste modo um carvão betuminoso
que apresenta um teor de voláteis entre 10 e 40% deverá ser moído à uma finura
entre 5 e 20% de resíduo na peneira de malha 170 mesh.

No caso específico do petrocoque ou coque de petróleo, resíduo sólido obtido


após a extração de todos componentes líquidos e gasosos importantes do
petróleo cru, o conteúdo de voláteis é baixo, ficando tipicamente entre 5 e 15%.

Assim, a principal dificuldade para combustão do petrocoque é sua baixa


reatividade em função do baixo conteúdo de voláteis. Esta baixa reatividade pode
ser compensada de diversas maneiras, uma das quais é a moagem do coque em
um resíduo muito mais fino que o carvão mineral normal.

Combustão 57
Combustão 58
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 59
9 Oxigênio
.
Estequiométrico

Combustão 60
9.1 Ar Estequiométrico

 O ar atmosférico é a fonte mais abundante e de mais baixo custo como


fornecedora do comburente oxigênio. A camada de ar que envolve a Terra é
conhecida como atmosfera (atmos = ar; esfera = esfera terrestre).

Segundo algumas fontes, pode-se considerar o ar atmosférico seco como sendo


constituído em peso por 75,5% de N2; 23,2% de O2; 1,3% de Argônio, 0,028% de
Criptônio; 0,005% de Xenônio; 0,00086% de Neônio e 0,000056% de Hélio.

Os demais gases incluem dióxido de carbono, neônio, hélio, criptônio, hidrogênio,


etc. No ar também podem estar presentes óxidos de enxofre e nitrogênio, poeiras,
pólens, cinzas vulcânicas, etc. O vapor de água presente no ar atmosférico pode
variar entre 0,5% e 4,0%. Para efeitos de cálculos utiliza-se o valor médio de
1,0%.

Para fins de combustão adotam-se as seguintes percentagens para a composição


do ar atmosférico seco, à temperatura de 0°C e a pressão atmosférica
(760mmHg) e peso específico de 1,293kg/Nm 3:

Assim, para cada 4,76 unidades de volume de ar consumidos nacombustão,


apenas uma (21% de oxigênio) realmente participa das reações,sendo as
restantes 3,76 constituídas de nitrogênio. Esse gás, por sua vez, sendoinerte,
contribui para baixar as temperaturas ao longo da chama e aumentar asperdas
associadas aos gases de exaustão.

Quando o oxigênio fornecido ao processo é "teoricamente'' o necessário e


suficiente para oxidar completamente os elementos combustíveis, diz-se que
areação é estequiométrica e a quantidade de ar empregada na combustão é
denominada de “ar mínimo”. Quando a quantidade do oxigênio é maior, fala-se
emexcesso de oxigênio; em caso contrário, fala-se em falta de oxigênio, situação
naqual não se pode realizar a combustão completa dos elementos constituintes
docombustível.

Combustão 61
 Conhecendo-se a composição química do combustível empregado a quantidade
teórica de ar mínimo pode ser calculada com boa aproximação por:

Ar Mínimo = 11,5 * C + 34,7 * H2 + 4,3 * S (kg.ar/ kg.comb.)

Conhecendo-se o poder calorífico do combustível, pode-se também prever a


quantidade necessária de ar mínimo, segundo F. L. Smidth, através de:

Quando a quantidade de ar utilizada na combustão é inferior à quantidade de ar


mínimoocorre uma combustão incompleta provocando o aparecimento de gases
não queimados completamente, tais como monóxido de carbono (CO),
hidrogênio (H2) e até metano (CH4).

Esta insuficiência estequiométrica de oxigênio para obter a reação de


combustão completa e desejada resulta em uma quantidade de calor 3,6 vezes
inferior ao que seria gerado pelo CO 2.

As perdas de calor podem ser calculadas através da seguinte equação:


 
Calor = m * (CO*3020 + H2 * 2580 + CH4 * 8560) (kcal/ kg.comb.)

Na maioria dos casos se determina apenas o conteúdo de CO e calcula-se:

Calor = m * CO*3020 (kcal/ kg.comb.)

Em relação ao processo de produção em uma planta de cimento, operar um forno


em regime de combustão incompleta ou com uma “atmosfera redutora”, equivale à
“esfriar” rapidamente a zona de queima . Em casos extremos pode ser necessário
reduzir drasticamente a quantidade de farinha alimentada ao forno de forma a
recuperar o processo.

Além disso, a presença de níveis altos de monóxido de carbono, ou seja, a queima


em ambiente “redutor” leva ao desequilíbrio na oxidação do enxofre para o lado do
dióxidopromovendoaltas taxas de evaporação deste último e consequentes
deposições ou colagens de sulfatos nas zonas mais frias do processo.

Combustão 62
 Há registros de paralisações do processo após operar por período de 20 a 30
minutos em ambiente redutor. A limpeza de tais áreas foi necessária tal foi à
concentração de colagens que obstruíram quase que por completo a caixa de
fumaça e o duto de ascensão de gases.

Colagens obstruindo a caixa de fumos na entrada de forno de cimento.

Especial atenção deve ser tomada em inspeções de equipamentos e áreas


sujeitas a processos de combustão ou que estejam sujeitos à exaustão de
gases de combustão, pois, o monóxido de carbono (CO) é extremamente
tóxico para o ser humano, além de inodoro e incolor, não podendo ser
percebido pelas vias normais.

Monóxido de carbono (CO) também pode ser produzido através da queima de


carbono orgânico ou grafita (C) presentes nas matérias cruas (calcário, argilas,
cinzas volantes, etc.) em diminutas porcentagens.A formação deste tipo de
monóxido de carbono se deve à reação do carbono orgânico ou grafita com o
oxigênio em condições específicas de temperatura, ou seja, entre 400 e 600ºC.

Combustão 63
 Isto corresponde às regiões compreendidas entre a segunda e terceira etapas do
pré-aquecedor de ciclones. Infelizmente, o calor gerado, exotérmico, é,
empregado apenas para elevação de temperatura dos gases exauridos sem pré-
aquecer a farinha alimentada.

Como foi demonstrado anteriormente, sabe-se que é muito difícil obter uma boa
combustão utilizando apenas com o ar mínimo estequiométrico. Se utilizarmos
somente este "ar teórico", há grande probabilidade do combustível não queimar
totalmente, havendo formação de CO ao invés de CO 2e conseqüente menor
quantidade de calor liberada.

Assim, para se garantir a combustão completa recorre-se a uma quantidade


adicional de ar além do estequiométrico, garantindo desse modo que as
moléculas de combustível encontrem o número apropriado de moléculas de
oxigênio para completar a combustão.

Essa quantidade de ar adicional superior ao mínimo estequiométrico, para se ter


certeza absoluta de obter um processo de combustão completa, evitando
qualquer geração de atmosfera redutora e conseqüente formação de CO é
chamada de ar de excesso. O excesso de ar é a quantidade de ar fornecida além
da teórica.

Como usualmente o oxigênio é retirado do ar atmosférico define-se então o


coeficiente de ar (λ) como sendo a massa real de ar utilizada no processo de
combustão.

Combustão 64
Através desta definição podemos ter as seguintes situações:

λ = 1 - combustão estequiométrica (completa)


λ > 1 - combustão com excesso de ar
λ < 1 - combustão com falta de ar (incompleta)

Nos processos industriais de combustão, a determinação de λ pode serfeita


basicamente de duas maneiras: medindo as vazões (mássicas ouvolumétricas em
alguns casos) de combustível e ar de combustão, desde que se conheça a massa
de ar estequiométricanecessária, ou então, no caso de combustão completa,
medindo os teores de CO2e/ou O2 nos gases de combustão e calculando λ a partir
desses valores.

 Se houver a presença de monóxido de carbono então o ar de excesso deve ser


calculado de acordo com a expressão:

 A determinação dos teores do CO2 e O2 nos gases pode ser feita utilizandovários
dispositivos hoje existentes, tais como: analisadores de absorção (dosquais o
Aparelho de Orsat é o mais difundido), cromatógrafos e analisadorescontínuos
(paramagnéticos para O2, absorção de radiação infravermelha paraCO 2).

No analisador de Orsatuma amostra do gás da combustão é passada a um frasco


graduado e daí para vários frascos absorvedores contendo soluções específicas
para absorver sucessivamente CO2, O2 e CO.O gás remanescente no frasco
original é o nitrogênio. As porcentagens obtidas são volumétricas.

Combustão 65
Aparelho de Orsat

Todos os instrumentos e dispositivos mencionados processam amostras degases


secos (após eliminada praticamente toda a água presente), motivo peloqual os
teores assim determinados se denominam em ''base seca''.

O ar atmosférico contém certa quantidade de vapor d'água que depende das


condições atmosféricas, e é determinável através de consulta à carta
psicrométrica; na falta demelhores dados, pode-se adotar a umidade ω= 0,010 kg
de vapor d'água/kg de ar seco, a qual representa um valor médio.

No caso de não se dispor de um analisador de CO 2, pode-se utilizar a seguinte


expressão geral:

O ar de excesso proporciona uma melhor mistura entre o combustível e o


oxidante, mas deve ser criteriosamente controlado durante o processo de
combustão. Deveremos conhecer a quantidade ideal mínima possível de excesso
a ser introduzida na queima, pois o ar que não participa da combustão tende a
esfriar a chama, sem contribuir para a reação.

Combustão 66
A redução que ocorre na eficiência quando o nível de oxigênio é muito aumentado
é causada pela necessidade de aquecer o excesso de oxigênio e nitrogênio que
passam pelo sistema do forno. Assim, o aumento total no consumo de
combustível é muito maior do que o necessário para aquecer o ar de excesso à
temperatura dos gases de exaustão.

 Por outro lado, se o nível de ar de excesso for reduzido abaixo de certo nível,
monóxido de carbono será produzido, o que, por sua vez, também levará a um
aumento no consumo térmico do forno, devido à combustão do carbono. Assim,
há um ponto ótimo dentro da mistura ar de combustão e combustível para o nível
de ar de excesso sem ocorrer produção de CO e sem esfriar a zona de queima.

Combustão 67
A figura seguinte apresenta uma relação entre a vazão de ar para a combustão e
as perdas de calor nos gases de exaustão de uma caldeira. Pode-se observar
que caminhando-se da esquerda para a direita, passa-se de uma zona onde as
perdas de energia se dão através de combustíveis não queimados para outra
onde estas perdas ocorrem por “excesso” de ar de excesso.

Existe entretanto, na transição entre as duas curvas, uma zona de máxima


eficiência de operação, ou seja, onde as perdas são mínimas. A largura desta
faixa de perdas mínimas depende das particularidades da instalação, do tipo de
queimadores e do combustível.

O teor de excesso de ar a ser utilizado varia de acordo com o tipo de combustível


a ser queimado e também com o equipamento de queima, sendo menor para
combustíveis gasosos e maior para combustíveis líquidos e sólidos.

Combustão 68
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 69
10 Ar Primário e
.
Ar Secundário

Combustão 70
10.1 Ar Primário

 O ar de combustão em fornos de cimento é suprido de duas maneiras, ou seja,


uma parte é suprida pelo maçarico ou queimador principal enquanto a outra parte
é aspirada do resfriador de clínquere provém doar introduzido sob a grelha deste
equipamento para efetuar a troca térmica com o clínquer provindo do forno.

Ar Primário é o ar introduzido no maçarico principal do forno e sua função


principal é propiciar uma mistura íntima e rápida com o combustíve. Além disso, o
ar primário exerce outra função não menos importante que é a de refrigerar o
maçarico impedindo sua deformação pela radiação durante uma parada do
processo.

O ar primário mistura-se muito rapidamente com o combustível no bocal do


maçarico e quanto maior for sua velocidade nesta área, mais intensa será a
mistura (ar + combustível) e maior energia cinética será criada aumentando o
“momento da chama”.

É também muito importante enfatizar que como o ar primário é um ar frio, trata-se


de um ar “falso” especial admitido à zona de queima e, portanto, deve ter sua
quantidade limitada à mínima possível para possibilitar a maximização do uso do
calor recuperado através do resfriador de clínquer.

O próximo gráfico mostra a correlação entre a quantidade de ar primário e o


consumo térmico diário medido de um forno de cimento. Nota-se que
odecréscimo no ar primáriodo forno de 15% para 7,5% promove uma diminuição
no consumo térmico de 760 kcal/kg.cl. para 755 kcal/kg.cl., ou seja, uma variação
positiva de 5 kcal/kg.cl.
 

Combustão 71
10.2 Ar Secundário

 Ar secundário é o ar que provém do resfriador de clínquer para o forno através


de seu cabeçote. Como sua temperatura determina a taxa de combustão da
mistura (ar primário + combustível) ele é fundamental para assegurar uma chama
forte radiante.

A temperatura do ar secundário é diretamente dependente da eficiência da troca


térmica que é realizada no resfriador de clínquer, através da passagem do ar de
resfriamento pelo leito de clínquer quente.

Combustão 72
O fluxo do ar secundário pode afetar significativamente a forma de penetração do
mesmo no jato da mistura(ar primário + combustível), e deve ser,
preferencialmente, ser admitido no interior do jato da mistura sem que sua
aerodinâmica venha a perturbar o efeito de recirculação da chama..

Tal fluxo é consideravelmente influenciado pelo projeto da aspiração deste ar do


resfriador ao cabeçote do forno, no caso dos resfriadores de grelhas, ou das
peças de conexão entre forno e resfriador no caso de resfriadores planetários.

Para se obter uma performance potencial ótima em qualquer forno é essencial


que as características aerodinâmicas do forno e seu cabeçote também sejam
levadas em consideração quando se projeta seu queimador principal.

Testes extensivos sobre a aerodinâmica do forno tem sido efetuados utilizando-se


modelos com leitos de vapor, dinâmica de fluido computacional e ,
posteriormente, testes em escala industrial. Um exemplo de aerodinâmica de
forno com resfriador de grelhas é ilustrado nas próximas figuras. A assimetria do
fluxo do ar secundário é claramente visível.

Combustão 73
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 74
11 Óxidos de
.
Nitrogênio

Combustão 75
11.1 Conceito

Apesar do nitrogênio (N2) ser o gás mais abundante na composição da atmosfera


da Terra, este elemento em sua forma diatômica é muito pouco reativo. Para
reagir com o oxigênio gasoso ele precisa de grande quantidade de energia sob a
forma de altas temperaturas e pressões ou uma via catalítica adequada.

Além da conversão bioquímica que ocorre em organismos especialmente


adaptados à fixação do nitrogênio, na natureza a oxidação do mesmo ocorre
apenas nas descargas elétricas das trovoadas.

Além disso, as altas temperaturas da combustão podem levar à oxidação do N 2


presente no ar formando uma mistura de óxidos de nitrogênio, NO x, que é
liberada na atmosfera.

 Esta situação é especialmente preocupante nas regiões industrializadas com a


introdução dos motores a explosão bem como a queima de carvão mineral e
outros combustíveis onde altas temperaturas criadas nos diversos processos
levam à oxidação do nitrogênio contido no ar injetado, formando uma complexa
mistura de óxidos de nitrogênio, em geral designados por NO x, que é libertada
para a atmosfera.
 
Pela queima de combustíveis fósseis ocorre inicialmente a reação:
 
N2 (g) + O2 (g) → 2 NO (g)

 O óxido de nitrogênio formado, instável nas condições atmosféricas normais, na


presença do oxigénio do ar, produz o dióxido de nitrogênio:
 

Combustão 76
2 NO (g) + O2 (g) → 2 NO2 (g)

Liberado pelos processo industriais de combustão, o dióxido de nitrogêniopassa a


reagir com a água líquida nas gotículas das nuvens, nevoeiros e outras formas de
condensação atmosférica, produzindoos ácidos nitroso (HNO 2) e nítrico (HNO3),
que contribuem poderosamente para a acidificação da precipitação.

2 NO2 (g) +H2O (l) → HNO2 (aq) + HNO3 (aq)

Desta forma as águas da chuva, assim como a geada, neve e neblina, ficam
carregadas de ácido sulfúrico ou ácido nítrico. Ao caírem na superfície, alteram a
composição química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares,
destroem florestas e lavouras, atacam estruturas metálicas, monumentos e
edificações.

Combustão 77
As emissões de dióxido de enxofre e de óxidos de nitrogênio têm crescido quase
continuamente desde o início da Revolução Industrial. Robert Angus Smith, num
estudo realizado em Manchester, Inglaterra, fez em 1852 a primeira
demonstração da relação entre a acidez da chuva e a poluição industrial,
cunhando em 1872 a designação chuva ácida.

Efeitos da precipitação ácida sobre uma floresta Erzgebirge, Alemanha.

A relação entre efeitos à saúde e poluição atmosférica foi estabelecida a partir de


episódios agudos de contaminação do ar e estudos sobre a ocorrência do
excesso de milhares de mortes registradas em Londres, em 1948 e 1952.

Apesar da relação entre precipitação ácida e poluição do ar ter sido descoberta


em 1852, o seu estudo científico sistemático apenas se iniciou nos finais da
década de 1960. Harold Harvey, professor de Ecologia na Universidade de
Toronto, publicou em 1972 um dos primeiros trabalhos sobre um lago "morto" em
resultado da acidificação das suas águas pela deposição ácida, tornando a
questão uma área da política ambiental.

Combustão 78
11.2 Mecanismos de Formação de Óxidos de Nitrogênio

Óxido nítrico pode se formar por um dos seguintes três caminhos:


 
1. nas altas temperaturas encontradas em chamas, N 2 reage com oxigênio para
formarNO (térmico);

2. quando o combustível tem compostos contendo nitrogênio, esteé liberado a


temperaturas relativamente baixas para formar NO (combustível);

3. alternativamente, se NO é formado por outros mecanismos diferentes dos


apresentados, ele é referido como NO ativo - NO ativo origina-se
principalmente a partir de reações de radicais hidrocarbônicos, derivados do
combustível, com N2
 
Óleos residuais e carvão mineral freqüentemente contémquantidades
significativas de compostos orgânicos de nitrogênio e nesse caso, durante suas
queimas, fazem do NO combustível a mais importante fonte de NO.

Sob temperatura relativamente baixa, aproximadamente 1300°K, na combustão


de carvão mineral em leito fluidizado, o NO combustível é a fonte dominante. NO
ativo é formado, por exemplo, em chamas de difusão, onde os níveis de
temperatura máximos podem ser tão baixos como 1600°K.

Combustão 79
NO térmico

O NO térmico forma-se da reação de nitrogênio atmosférico com oxigênio altas


temperaturas. A temperatura elevada faz com que a molécula de oxigênio,
normalmente estável, dissocie-se em átomos reativos. Estes por sua vez atacam
moléculas de nitrogênio, que de outra forma seriam também estáveis.

As principais reações que governam a formação de NO térmico, durante a


combustão de misturas ar-combustível, são dadas pelas equações de Zeldovich:

A velocidade do processo é determinada pela reação direta (1), que setorna


importante somente em chamas mantidas a altas temperaturas, geralmenteacima
de 1700°C, por tempo suficiente para produzir quantidades significativas deNO.

A velocidade de formação do NO é muito menor do que a velocidade damaioria


das reações de combustão e, portanto, a maior parte do NO é formadoapós a
conclusão da chama.

NO combustível

NOcombustível é formado durante a queima de combustíveis com nitrogênio


quimicamente ligado. O teor de nitrogênio de combustíveis fósseis
variaconsideravelmente, sendo que nos destilados os teores mais altos
sãoencontrados em frações asfálticas (até 2,0%, em massa) e em destilados
leves o valor médio gira em torno de 0,2%, em massa. No caso de carvões os
valores encontrados estão na faixa de 1-2%, em massa.

Os compostos orgânicos de nitrogênio presentes nos combustíveis


sofremdecomposição térmica na zona de preaquecimento, resultando em outros
de baixo peso molecular (NH3, HCN, CN etc) cujas oxidações ocorrem em escala
de tempo comparada à das reações de combustão.

Combustão 80
A quantidade de nitrogênio do combustível convertida a NO é fortemente
dependente da estequiometria da chama, quanto maior for o excesso de ar maior
será a conversão, e somente levemente dependente da temperatura.

Em condições de temperatura relativamente baixa, como ocorre na combustão


decarvão em leito fluidizado, NO combustível é a fonte dominante; aumentando
atemperatura, a concentração de NO térmico aumenta até, a altas
temperaturas,passar a ser a fonte dominante.

Os compostos de nitrogênio do combustível reagem inicialmente para formar


compostos intermediários de nitrogênio, por pirólise ou reação com o combustível.

Os produtos intermediários reagem via duas séries de reações competitivas:


reações com espécies contendo oxigênio para formar NO [(4) a (9)] e reações
com NO para formar N2 (10).

A primeira série de reações predomina em condições de chama pobre


emcombustível e a segunda série quando a mistura combustível-ar for rica.A
figura seguinte mostra experimentos em que o NO combustível foi responsávelpor
boa parte do NO total formado. Um estudo recente apontou o NO
combustívelcomo responsável por 50% do total do NO formado na combustão de
um óleoresidual e aproximadamente 80% do NO total na queima de um carvão.

Combustão 81
NO ativo

Alguns investigadores têm mostrado experimentalmente que


substanciaisconcentrações de NO podem ser formadas sem poderem, no
entanto, seratribuídas nem ao NO térmico e nem ao NO combustível.

O termo “NO ativo” vem do inglês “NO prompt” e foi usado para designar o NO
formado na frente de chama, ou seja, naregião da chama, próximo à parte
luminosa, onde ocorrem grande parte dasreações de combustão.

A formação de NO ativo se dáatravés de um mecanismo específico, através do


qual NO é gerado a partir donitrogênio molecular em reações com radicais
hidrocarbônicos (por exemplo, CH,C2, C etc); a existência dele é limitada ao
estágio inicial da chama.

Ainda há opiniões contraditórias quanto ao modo como o NO ativo éformado. Pela


teoria de DeSoete o mecanismo envolve a formação de um intermediário, o grupo
CN, a partirdo qual NO ativo é formado. Assim, inicialmente, formam-se os
radicais CN HCN:

 e na seqüência, CN, HCN e N são oxidados a NO.

Este comportamento é confirmado por vários experimentos que mostraramaltas


concentrações de HCN perto da zona de reação e uma rápida queda deHCN
associada a um rápido aumento de NO.

Combustão 82
11.3 Técnicas para Controle das Emissões de NOx

As técnicas para controle das emissões de NOx operam ou através da supressão da


formação de NOx na fonte ou através da remoção física ou química de NOx dos
gases efluentes.

A formação de NOx pode ser reduzida, basicamente, por:

redução do teor de nitrogênio à temperatura de pico;


redução do teor de oxigênio à temperatura de pico;
 redução da temperatura de pico e do tempo de residência na zona de
combustão.

Isto pode ser obtido pelo uso de combustíveis com baixo teor de nitrogênioe através
de técnicas de modificação da combustão.

Uso de combustíveis com baixo teor de nitrogênio

Devido aos baixos preços das frações pesadas da destilação do petróleo edas
grandes reservas mundiais de carvão mineral, a tendência atual aponta parauma
utilização cada vez maior desses combustíveis, inclusive no Brasil.

No entanto, ambos, em suas queimas, tendem a gerar quantidades significativas


de NO combustível à medida que possuem teores de nitrogênio relativamente
altosem suas composições.

Isso ocorre mesmo considerando que a porcentagem deconversão de nitrogênio


do combustível a NO combustível diminui com o aumentodo teor de nitrogênio do
combustível.Quanto à remoção prévia do nitrogênio do combustível, via de regra
não é economicamente atraente, apesar de tecnicamente possível.

Combustão 83
Influência do combustível
no nível de emissão de
NOx.

Modificações no processo de combustão

Combustão com baixo excesso de ar

Esta técnica diminui a formação de NOx, tanto o térmico como ocombustível.


Alguns experimentos mostraram que a redução do excesso de ar aomínimo, ou
seja, menor valor sem emissão de CO e fuligem pela chaminé, podecausar
reduções de 17 a 38% no teor de NOx.
 

Combustão 84
Ar de excesso vs formação do NOX

Combustão Estagiada
 
A combustão estagiada se baseia na operação de uma zona de
combustãoprimária rica em combustível, portanto com pouca disponibilidade de
O2(normalmente, cerca de 70% do ar estequiométrico) e baixatemperatura de
pico, seguida pela injeção de ar secundário para completar aqueima do
combustível.

Na zona primária ocorre a liberação das espécies nitrogenadas docombustível.

Sendo esta zona rica em combustível, a formação de NO térmicoserá inibida,


assim como a formação de NO combustível à medida que nessascondições irão
predominar as reações de decomposição do NO [reações (10)].

Nesta zona a temperatura não pode ser muito baixa pois isso diminuiria
avelocidade de liberação das espécies nitrogenadas, diminuindo também o
tempode residência da fase gasosa na zona primária rica fazendo com que, na
zonasecundária, quando ar adicional fosse injetado, houvesse espécies de
nitrogênioconvertendo-se por oxidação, a NO.

No segundo estágio aformação de NOx será inibida, basicamente, pelo efeito da


baixa temperatura.Esta técnica é altamente recomendada para combustão de
líquidos comalto teor de nitrogênio e de carvão mineral pulverizado.

No caso da queima decarvão em um sistema de combustão tangencial, o efeitodo


estagiamento é conseguido suprindo os queimadores com uma quantidade dear
subestequiométrica, de forma que no centro do sistema se forma uma
chamafortemente turbulenta, rica em combustível; acima da fileira superior
dequeimadores, ar adicional é injetado para completar a combustão.Experimentos
apontam níveis deredução de NOx da ordem de 30 a 50%usando esta
técnicapara carvão.
 

Combustão 85
Combustão estagiada em
zona de combustão primária
rica em combustível.

 Recirculação interna ou externa dos gases de combustão


 
A recirculação dos gases para a zona de combustão reduz a formação deNO à
medida que abaixa a temperatura de pico da chama e dilui o oxigênio em
excesso.Como o método reduz, basicamente, o NO térmico, sua aplicação é
verificada com maior incidência em chamas de gás natural e de óleo com baixo
teor de nitrogênio.

Influência da recirculação
dos gases de combustão
na emissão de NOx.

Combustão 86
Diminuição da temperatura de preaquecimento do ar
 
Quanto menor a temperatura do ar injetado na zona de combustão, menorserá a
emissão de NOx, pois diminuirá a temperatura de pico da chama. Estatécnica,
apesar de desinteressante pelo aspecto conservação de energia, inibe aformação
de NO térmico.
 
Diminuição do índice de rotação do queimador
 
No caso da combustão de líquidos e de sólidos pulverizados, aumentando oíndice
de rotação do queimador o teor de O2 na chama tende a se uniformizar,
aumentando portanto a emissão de NOx, já que regiões antes deprimidas em O 2
passam a ter teores mais elevados deste componente.

Influência do índice de
rotação do queimador na
emissão de NOx.

Redução Seletiva Não Catalítica.


 
Selective Non Catalytic Reduction (SNCR)
 
A tecnologia denominada de Redução Seletiva Não Catalítica. (Selective
Noncatalytic Reduction: SNCR) é conceitualmente um processo de controle das
emissões de NOx. Na faixa determinada de temperatura um reagente particular é
injetado e intimamente misturado ao fluxo de gases exauridos contendo NO x.
 

Combustão 87
Ocorre então uma reação de fase homogênea de modo tal que, apesar da
presença do excesso de oxigênio, normalmente requerido pelo processo, o
reagente reduz seletivamente o Nox deixando o oxigênio intacto.

Estação controle e injeção de


Lança para injeção de amônia.
amônia.

Esta tecnologia tem uma série de atrativos, pois, não requer nenhum agente
catalisador. O processo pode ser facilmente aplicado em instalações existentes, é
aplicável em todos os equipamentos estacionários de queima, demanda pequeno
investimento e pode ser usado simultaneamente com outras tecnologias para
controle da emissão de NOx. Os reagentes mais comumente utilizados são
amônia e uréia.

A amônia pode ser fornecida como NH3 anidro ou através de uma solução aquosa
de NH3 (hidróxido de amônia) ou uréia. A prática tem indicado que NH 3 anidro é o
reagente mais eficaz, mas, considerações de segurança demonstram que as
soluções de amônia ou uréia são os reagentes mais empregados.

O processo de redução do NO é iniciado pela dissociação da amônia injetada. Em


temperaturas ambientes a amônia é estável, mas em temperaturas maiores ela se
dissocia. A decomposição térmica da amônia é iniciada pela reação:

NH3 + OH ¯ → NH2˙ + H2O

Combustão 88
À medida que a reação progride, o radical NH2 efetua a redução do NO:

NH2˙ + NO → N2 + H2O

Redução de NOx por injeção de NH3

A redução do NO, definida como decréscimo no NO relativo à concentração


original é uma função direta da temperatura. Na faixa de temperatura entre 870°C
e 1090 ºCamônia (NH3) reage com NOx para formar vapor de água e nitrogênio
molecular.

Acima desta faixa de temperatura o NH3éoxidado em NOx enquanto abaixo desta


faixa de temperatura, a reação é muito lenta e o NH 3pode ser emitido juntamente
com os gases de exaustão do forno.

Geralmente esta faixa de temperatura é disponível nos gases que fluem nos
ciclones inferiores de um forno dotado de pré-aquecedor e calcinador. Em
sistemas de fornos longos, via úmida ou via seca, esta faixa de temperatura é
localizada no interior do forno rotativo sendo fisicamente inacessível.

Redução de NOx entre


870°C e 1090 ºC.

Combustão 89
A menor velocidade da reação para redução do NO abaixo de 850 ºC pode ser
atribuída à menor contribuição de reações como

H + O2 OH + O
 
O + H2 O OH + OH

que são dependentes da temperatura e tem uma taxa inferior abaixo de 750 ºC.

Assim, OH não é reposto de modo suficientemente rápido para converter o


NH3aNH2˙de modo que reações em cadeia tais como

NH2 + HNO NO + NH3


 
OH + HNO H2O + NO

acabam por limitar a redução do NO.

Isto é prejudicial à redução do NO porque além de consumir os radicais NH 2e OH,


não se produz nenhum outro radical, enquanto que para ocorrer uma redução
substancial do NO, radicais OH e O suficientes são necessários para converter
NH3em NH2.

Assim, abaixo de 750 ºC, as taxas de reações como

NH3 + OH NH2 + H2O


 
NH3 + O NH2 +OH

limitam o processo geral.

A limitação da redução do NO acima de uma temperatura alta pode ser explicada


com base no fato que quando a temperatura é aumentada acima de 1250ºC, a
concentração do radical OH começa a crescer mais vigorosamente devido à
sequência de reações em cadeia.

Este aumento excessivo na concentração de OH inicia a formação de NH e a


reação NH2 + OH NH + H2O que começa a competir com a reação NH3 + OH NH2
+ H2O.

Combustão 90
Deste modo, a concentração do radical NH começa a aumentar e a sequência da
formação de NO começa competir com a própria sequência de redução de NO.
Uma vez que NH seja formado, a sequência de reação de oxidação de alta
temperatura leva diretamente à formação de ácido nítrico.

Em uma temperatura suficientemente alta, a sequência de oxidação torna-se


significativamente dominante e pode resultar em aumento da concentração de
NO.

A tecnologia SNCR tem sido utilizada com pleno sucesso em sistemas de fornos
europeus, mas, somente recentemente tem sido aplicada como uma tecnologia
de controle em tempo nos sistemas de fornos norte-americanos.

Uma grande preocupação relativa à aplicação desta tecnologia é a dispersão de


amônia que não se decompõe no radical (NH 2˙) junto com os gases de exaustão
do forno. Esta amônia é denominada de “amônia fugitiva” (“ammonia slip”). Esta
amônia fugitiva, exaurida no meio ambiente, forma uma pluma destacada
que contribui para a poluição regional.

Emissão típica de amônia fugitiva.

Embora se deva assumir que a amônia fugitiva resulta da adição estequiométrica


do NH3, quando se procura obter uma redução máxima das emissões de NOx,
deve-se também compreender que, diferentemente de outras tecnologias
empregadas no controle dos fornos de cimento, o sistema SNCR utiliza o conceito
do emprego de gases poluidores exatamente para controlar as emissões de
outros poluentes.

Em um caso muito particular, uma planta de cimento emitia uma pluma nítida e
extremamente longa pela chaminé principal. A pluma era consistente durante todo
o dia e persistia mesmo sob as mais variadas condições do tempo.

Combustão 91
Baseado em estudos efetuados com as matérias primas verificou-se que a origem
da pluma estava relacionada com a formação de sulfo-óxidos de amônia, devido à
presença de pirita e amônia no calcário.

Durante a operação do moinho de crua tanto a amônia da matéria prima era


reduzida em cerca de 80% como o SO 2 proveniente da pirita em cerca de 20%,
devido ao efeito de adsorção destes compostos pelo calcário moído com alta
superfície ativa. Entretanto, mesmo com tais reduções a pluma continuava a ser
emitida na atmosfera.

Como a planta também necessitava reduzir a taxa de emissão de SO 2para


cumprir os limites das normas de controle do meio ambiente (1,8 kg/ton.cli),
adotou-se como solução a injeção de cal hidratada no duto de ascensão de gases
entre o segundo e o primeiro estágio do pré-aquecedor.

A tecnologia dotada permitiu diminuírem 75% a emissão usual de SO 2 na chaminé


principal bem como reduzir substancialmente a formação da pluma de amônia,
eliminando definitivamente o passivo ambiental da planta.

Pluma destacada na
situação original

Eliminação da pluma: injeção


Ca(OH)2

Combustão 92
Tanque de estocagem de amônia

Combustão 93
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 94
12 Óxidos de
.
Enxofre

Combustão 95
12.1 Enxofre

Enxofre é um parâmetro importante no processo de combustão por causa do


óxidos criados durante a queima do combustível, óxidos conhecidos pelo
acrônimo SOx. Estes óxidos de enxofre tem implicações ambientais e também
impactam a qualidade do clínquer.

As implicações ambientais resultam principalmente do SO2 formado em altas


temperaturas mas também do SO3 formado em temperaturas baixas. As “taxas”
de produção destes compostos dependem de fatores condicionantes associados
coma reação de queima, tais como o excesso local do conteúdo de O 2.

O dióxido de enxofre em particular, que é um gás incolor com odor agudo de “ovo
podre”, também pode se tornar extremamente corrosivo na presença de água.
Este gás é um agente poluente agressivo que tanto pode danificar o sistema
respiratório do homem como o meio vegetal.

Dióxido de enxofre

 Além disso, pode ser criada a “chuva ácida” pela sua rápida transformação detes
óxidos (SO2 eSO3) em ácido sulfúrico (H2SO4) na presença de água. A chuva
ácida é diretamente responsável pela lixiviação, empobrecimento do solo e
intensa corrosão em equipamentos e edificações.

É estimado que a emissão total desses compostospor equipamentos de


combustão é da ordem de 93.106 ton/ano, sendo que 70% éemitido por usinas
termoelétricas que operam com combustíveis fósseis.

Combustão 96
Em princípio, durante um processo de combustão o enxofre contido em um
combustível qualquer, irá reagir com o oxigênio da seguinte forma:

S + O2  SO2 (70,97 kcal/mol)

A formação e decomposição de SO3 na chama poder-se-ia imaginar seatravés da


reação seguinte onde SO2 reage com oxigênio molecular.

2SO2 + O2  2SO3(23,49 kcal/mol)

 O SO3 e o H2SO4 podem levar a taxas de corrosão elevadas de superfícies


metálicas localizadas no interior de equipamentos de combustão, como
aquecedores de vapor e recuperadores de calor, e de equipamentos de coleta de
particulados como filtros eletrostáticos e de manga. Certas fibras sintéticas
empregadas na fabricação de alguns filtros, normalmente as de menor custo, não
resistem à presença de ácido sulfúrico junto com o particulado, sofrendo severo
ataque.

Na área industrial a criação do ácido sulfúrico como sub-produto nos gases ricos
em enxofre resultantes da combustão podem promover dois tipos básicos
decorrosão: corrosão aalta temperatura e corrosão a baixa temperatura.

A corrosão a alta temperatura ocorre em superfícies metálicas atemperaturas


acima de 400 ºC e a de baixa temperatura em superfícies metálicasa
temperaturas abaixo da temperatura de orvalho de H 2SO4, normalmente abaixo
de 180 ºC.

A corrosão a alta temperatura é mais significativa quando se queima óleos


residuais com elevados teores de metais, principalmente vanádio e sódio.Os
óxidos destes metais, principalmente sódio e vanádio, depositam-sesobre as
superfícies metálicas por impacto ou difusão e se apresentam na formade Na 2SO4
e V2O5, ou de complexos, como o Na2O. V2O4.5 V2O5 ou Na2O.6 V2O5.

Compostos intermediários apresentam baixo ponto defusão o que acelera a


velocidade de corrosão da superfície metálica e provoca adeposição de cinzas
ora na forma fundida (“slagging”) ora na forma sinterizada(“fouling”) dependendo
da temperatura da região do depósito e da composiçãodas cinzas.

Combustão 97
Numa mistura gasosa contendo SO3 e H2O, a temperaturas abaixo de400°C,
ocorrem reações do tipo:

SO3(g) + H2O(g) ↔ H2SO4(g)

 A temperatura na qual as primeiras gotas ou películas de soluções aquosasde


H2SO4se formam é chamada, embora indevidamente, de “ponto de orvalho de
ácido sulfúrico”. O nome é indevido porque estadefinição somente se aplica a
substâncias puras e não a soluções.

A velocidade ou grau de corrosão de uma superfície metálica exposta auma


corrente gasosa contendo vapores de H 2SO4 e H2O varia de acordo com
suatemperatura. Se a temperatura da superfíciemetálica estiver acima da
temperatura de orvalho de H2SO4 não há acondensação de uma solução aquosa
ácida sobre ela, levando a uma taxa decorrosão baixa.

Para temperaturas abaixo da temperatura de orvalho de H 2SO4, avelocidade de


condensação de soluções ácidas vai se elevando até atingir umpico máximo,
caindo a seguir e tornando a se elevar, desta vez a uma taxa muitomais elevada,
a partir da temperatura de orvalho da água.

Combustão 98
 Para diminuir os problemas de corrosão bem como a emissão de poluentes
sulfurosos na atmosfera, a maioria das plantas de cimento tem utilizado os gases
quentes exauridos pelo pré-aquecedor no processo de moagem e secagem das
matérias primas.

Nas fases iniciais dos trabalhos relativos às emissões de SO 2 pensava-se que a


indústria de cimento estava numa posição favorável comparada às outras
indústrias devido ao seu processo próprio. Supunha-se então que o SO 2 criado
pela oxidação do enxofre contido no combustível seria sufientemente absorvido
pelo calcário ou pelos álcalis contidos nas matérias primas no interior do sistema
do forno.

Em princípio tal processo acontece principalmente no pré-aquecedor onde os


sulfatos formados são suficientemente estáveis para passar pela zona de queima
sem serem decompostos ficandofinalmente incorporados ao clínquer.
 
Esta opinião era baseada em medições efetuadas sobre emissões de SO 2em
algumas plantas de cimento, principalmente da Alemanha.Aproximadamente 70%
do SO2gerado reage com o CaCO3 da farinha crua enquanto somente 30% deixa
o pré-aquecedor com os gases exauridos:

SO2 + CaCO3 → CaSO3 + CO2

Alguma aborção adicional do gás SO2acontece no interior do moinho de crú


durante a operação composta quando os gases quentes do forno são utilizados
para a secagem das matérias cruas. Eventualmente o sulfito de cálcio reage com
oxigênio para formar anidrita:

CaSO2 + 1/2O2 → CaSO4

Em sua maior parte estes sulfitos não são oxidados no sistema do forno mas
acabam sendo incorporados à estrutura mineralógica do clínquer (CaSO4, K2SO4,
Na2SO4, etc.). Infelizmente, esta teoria teve que ser revisada quando se descobriu
que em algumas plantas de cimento a emissão do SO 2 excedia muito ao valores
esperados. Em um caso particular na Suiça a emissão de SO 2 ficava tipicamente
nas seguintes faixas:
 
2.000 a 3.000 mg / m3 – operação composta (moinho de cru em operação)
 
2.500 a 3.500 mg / m3 – operação direta (moinho de cru parado)

Combustão 99
Investigações de laboratório indicaram que em um grande número de plantas há
presença de enxofre na forma sulfetos férricos tais como pirita ou marcassita
(FeS2) nas matérias primas. Atualmente tem-se encontrado uma média de até 0,5
a 1,5% de FeS2.

Veios típicos de pirita


(FeS2) em rocha calcária.

Na faixa de temperatura de 400°C ae 600°C, FeS 2 é oxidado conforme a


equação:
2FeS2 + 11/2.O2 → Fe2O3+ 4SO2

Como regra geral, pode dizer que plantas de cimento européias que operam com
matérias primas com conteúdo de FeS2 superior a 0,3 a 0,5% enfrentam
problemas para cumprir os limites de emissão de SO 2.

Relação do conteúdo de FeS2


na farinha (%) e o nível de
emissão de SO2 (mg/Nm3).

Combustão 100
Para combater tal problema a prática tem indicado o uso de compostos
adequados como cal hidratada - Ca(OH2) - que transformam o dióxido de enxofre
formado dos estágios superiores do pré-aquecedor em sulfito de cálcio que,
posteriomente, será incorporado ao clínquer:

Ca(OH2) + SO2 → CaSO3+ H2O 

 Isto significa que SO2 e cal hidratada podem reagir diretamente ou, mais
provavelmente, que o hidrato éconvertido em óxido de cálcio, CaO, em torno de
522°C formando um reagente absorvente eficaz exatamente no ponto do
processo em que o enxofe do sulfito é transformado em SO 2.

Provavelmente devido às variações no ponto de injeção do reagente, a eficiência


damistura e o tempo de retenção do reagente na faixa de temperatura requerida
pelo processo, tem-se observado uma ampla faixa de eficiencias de scrubbing
para esta trecnologia.

Uma variante da tecnologia de injeção de cal hidratada é o uso de trona


pulverizada, um mineral cristalino natural composto por bicarbonato de cálcio e
sódio que atua como reagente de absorção no pré-aquecedor de ciclones.

Na faixa de temperaturas encontradas do pré-aquecedor o sal de sódio se


decompose em óxido de sódio que reage com SO 2formando um sólido
relativamente estável.Como o sódio permanece no processo, deve-se tomar
cuidado para que o aumento da concentração do sódio no clínquer não venha a
imapcatar sua qualidade resultando em um cimento inadequado ao mercado.

Trona tem um custo mais alto que a cal livre mas é um reagente mais eficiente.
Bicarbonato de sódio industrial também pode substituir a trona na tecnologia de
redução de emissão de SO2.

Redução do nível de emissão


de SO2(%) com aplicação de
cal hidratada –Ca(OH)2- forno
4 etapas - 3.000 tpd.

Combustão 101
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 102
13 Cálculo da
.
Necessidade
Teórica de Ar

Combustão 103
13.1 Cálculos

Nos cálculos estequiométricos é de grande utilidade o emprego de unidades


molares. O mol é a abreviação de molécula-grama (quantidade em gramas igual
à massa molecular da substância considerada) e o kmol a abreviação de
molécula-quilograma (quantidade em quilogramas igual a massa molecular da
substância considerada).

Durante a combustão, a massa de cada elemento permanece a mesma,ou seja, a


massa de um determinado elemento contida nos reagentes será exatamente igual
à massa deste mesmo elemento contida nos produtos finais.
Consideramosinicialmente a seguinte reação:

C + O2 → CO2

Nesta equação, 1 kmol de carbono reage com 1 kmol de oxigênio formando 1


kmol de dióxido de carbono, ou então, 12 kg de carbono reagem com 32 kg de
oxigênio para formar 44 kg de dióxido de carbono:

C + O2 → CO2
1 kmol 1 kmol 1 kmol
12 kg 32 kg 44 kg
 
logo,1 Kg de C necessita de 2,66 Kg de O 2 (32/12)
 
Para os outros constituintes do combustível, teremos:

H2 + ½ O2 → H20
2 kg 16 kg 18 kg
 
logo, 1 kg de H2 necessita de 8 kg de O2(16/2).
 
S + O2 → SO2
32 kg 32 kg 64 kg
 
logo, 1 kg de S necessita de 1 kg de O2(32/32).
 

Combustão 104
Assim, a massa de oxigênio teórica necessária para a combustão completa do
combustível será calculada pela seguinte expressão:

mO2 = 2,66 * (%C) + 8 * (%H2) + 1 * (%S) (kg O2/kg comb.)

onde:
% C = porcentagem de carbono na composição do combustível;
% H2= porcentagem de hidrogênio na composição do combustível;
% S = porcentagem de enxofre na composição do combustível.
 
Caso existia O2 na composição do combustível, deveremos descontar essa
quantidade da massa total acima calculada. Assim:

mO2 = 2,66 * (%C) + 8 * (%H2) + 1 * (%S) - 1 * (%O2) (kg O2/kg comb.)

onde (%O2) é porcentagem de oxigênio na composição do combustível.


 
Na maioria dos processos de combustão, o oxigênio é fornecido pelo ar
atmosférico. Como a composição do ar seco, em peso, é aproximadamente: 23%
de oxigênio e 77% de nitrogênio, então a massa total de ar irá equivaler a:

M ar seco =mO2/ 0,23(kg.ar seco/ kg.comb.)

Como o ar atmosférico contém certa quantidade de vapor d'água que depende


das condições atmosféricas costuma-se adotar um valor médio para a umidade
ω= 0,010 kg de vapor d'água/kg de ar seco. Deste modo, a quantidade teórica de
ar úmido para a combustão completa será:

M ar úmido = Mar seco / 0,99(kg.ar úmido/ kg.comb.)

Considerando a massa específica do ar igual a 1,2928 kg/Nm 3, nas condições


normais de pressão (760 mmHg)e temperatura (273°K), o volume teórico normal
de ar para a combustão completa será:
 
Var normal = M ar úmido / 1,2928 (Nm3.ar / kg.comb.)

Combustão 105
Como este volume se refere a condições normais de pressão e temperatura
(CNPT - P = 760 mmHg e T = 273ºK), devemos convertê-lopara condições de
trabalho reais utilizando a seguinte expressão:

onde t é temperatura real (°K), B é pressão baromérica local (mmHg) e p a


pressão do sistema (mmHg); conhecida a altitude local (H, em metros) a pressão
barométrica pode ser calculada conforme:

B = 760* e - 0,0001255*H

Nesses cálculos é levada em conta a formação de CO, uma vez que a priori, não
sepode determinar quanto de carbono irá formar CO 2 e quanto irá formar CO.

Também admite-seque o nitrogênio não participe da reação.Caso não se


disponha da composição elementar exata do combustível usado em
determinadoprocesso de queima, poderão ser utilizados os seguintes valores
médios.

Exemplo 01:
 
Carvão Mineral
 C = 82,4%
H = 3,8%
O = 1,2%
N = 1,5%
S = 5,1%
H2O = 0,6%
Cinzas = 16%
 
mO2 = 2,66 * (%C) + 8 * (%H2) + 1 * (%S) - 1 * (%O2) (kg O2/kg comb.)
mO2 = 2,66 * (0,824) + 8 * (0,038) + 1 * (0,051) - 1 * (0,012)(kg O 2/kg comb.)
mO2 = 2,5403 (kg O2/kg comb.)

Combustão 106
Mar seco =mO2 0,23(kg.ar.seco/ kg.comb.)
Mar seco= 2,5403 / 0,23(kg.ar.seco/ kg.comb.)
Mar seco= 11,0450 (kg.ar.seco/ kg.comb.))

M ar úmido = Mar seco / 0,99(kg.ar úmido/ kg.comb.)


M ar úmido= 11,0450/ 0,99 (kg.ar úmido/ kg.comb.)
M ar úmido= 11,156 (kg.ar úmido/ kg.comb.)
 

Var = M ar úmido / 1,2928 (Nm3.ar / kg.comb.)


Var= 11,1324/ 1,2928 (Nm3.ar / kg.comb.)
Var = 8,628 (Nm3.ar / kg.comb.)

Combustão 107
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 108
14 Cálculo da
.
Necessidade
Real de Ar

Combustão 109
14.1 Cálculos

 Como dito anteriormente para conseguirmos uma queima completa do


combustível, hánecessidade de se introduzir um ar de excesso(λ). A quantidade
desse ar de excesso depende de váriosfatores, podem ser uasados os seguintes
valores: 

ILC-S
Tipo de Forno 10% SP 10% ILC SLC
ILC-E
15% Ar de Carvão
15% 35% 20% 15%
Excesso 15% Óleo /
10% 30% 20% 10%
(forno) Gás
Carvão
20% Ar de
20% Óleo /
Excesso 15%
15% Gás
(calcinador)

 Logo, a massa de ar total utilizadanaqueima completa do combustível será:

M ar total= Mar úmido * ( 1 + λ)(kg.ar / kg.comb.) 

Combustão 110
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 111
15 Cálculo do
.
Volume dos
Gases

Combustão 112
15.1 Cálculo do Volume dos Gases da Combustão

 Nestes cálculos estequiométricos utilizamos novamente as unidades molares.


Consideramos inicialmente a seguinte reação:

C + O2 → CO2 

Nesta equação, 1 kmol de carbono reage com 1 kmol de oxigênio formando 1


kmol de dióxido de carbono, ou então, 12 kg de carbono reagem com 32 kg de
oxigênio para formar 44 kg de dióxido de carbono:
 
C + O2 → CO2
1 kmol1 kmol 1 kmol
12 kg 32 kg 44 kg

logo,1 Kg de C produz 3,667 Kg de CO2 (44/12)


 
Para os outros constituintes do combustível, teremos:

H2 + ½ O2 → H20
2 kg 16 kg 18 kg

logo, 1 kg de H2 produz 9 kg de H2O(18/2).

S + O2 → SO2

32 kg 32 kg 64 kg
 
logo, 1 kg de S produz de 2kg de SO 2(64/32).
 
Assim, a massa de gases produzidos pela combustão completa do C, S e H 2
será calculada pela seguinte expressão:

mgás= mCO2 + mSO2+ mH2O(kg.gás/kg comb.)

Combustão 113
mgás= 3,667 * (%C) + 2,000 * (%S) + 9,000 * (%H2) (kg.gás/kg comb.) 

 onde:
% C = porcentagem de carbono na composição do combustível;
% H2= porcentagem de hidrogênio na composição do combustível;
% S = porcentagem de enxofre na composição do combustível.
 
Caso existam N2 e umidade residual na composição do combustível, deveremos
também levar em conta essa quantidade na massa total anteriormente calculada.
Assim:

mgáscomb. = 3,667*(%C) + 9*(%H2) + 2*(%S) + (%N2) +(%H2Ocomb)


(kg gás combustão /kg combustível) 

Tendo sido calculadas previamente as massas específicas do oxigênio (mO2), do


ar seco (Mar seco) e do ar úmido (Mar úmido) necessárias para a queima completa de 1
kg do combustível temos que adicionar também a quantidade de nitrogênio (mN2)
admitida com o ar seco bem como a quantidade de umidade presente no ar
atmosférico (mH20).

Como “gases neutros”, estas massas não participam do processo de combustão,


mas, como foram introduzidas junto com o ar de combustão acabam sendo
exauridas juntamente com os gases produzidos por tal processo. Desta forma:

mN2 = Mar seco – mO2 


mH20 = Mar seco - Mar seco
 
mgás total = 3,667*(%C) + 8*(%H2) + 1*(%S) + (%N2) + (%H2Ocomb) + mN2+ mH20
(kg gases / kg comb.)

Conhecidas as massas individuais de cada gás (m CO2, mSO2, mH2O, mN2) e suas
respectivas massas específica (CO2: 1,977 kg/Nm3; SO2: 2,926 kg/Nm3; H2O:
0,804kg/Nm3e N2: 1,250 kg/Nm3) o volume teórico normal dos gases da
combustão completa deve ser calculado através de:
 
a.determinação da massa específica dos gases de combustão

Combustão 114
ρ0 = [(mCO2/mgás)*1,977] + [(mSO2/mgás)*2,926] + [(mH2O-total/mgás)*0,804] +
[(mN2/mgás)*1,250]
(kg / Nm3)
 
* mH2O-total = 8*(%H2) + (%H2Ocomb) + mH20(kg total H2O / kg comb.) 

b. determinação do volume específico dos gases de combustão

Vgás = mgases / ρ0
(Nm3 gases combustão / kg combustível)

Como este volume também se refere a condições normais de pressão e


temperatura (CNPT - P = 760 mmHg e T = 273ºK), devemos convertê-lo para
condições de trabalho reais utilizando a seguinte expressão:

onde t é temperatura real (°K), B é pressão baromérica local (mmHg) e p a


pressão do sistema (mmHg).
Exemplo 02:
 
Carvão Mineral
 
 
C = 82,4%
H = 3,8%
O = 1,2%
N = 1,5%
S = 5,1%
H2O = 0,6%
Cinzas = 16%

Combustão 115
mgases combustão = = 3,667*(%C) + 9*(%H2) + 2*(%S) + (%N2) + (%H2Ocomb)
(kg gases / kg combustível)
 
mgases combustão = 3,666 *(0,824) + 9 *(0,038) + 2 *(0,051) +1 (0,015) + (0,06)
((kggases/kg comb.)
 
mgases combustão = 3,4713(kg gases comb / kg comb.)

M total gases =mgases combustão + mN2 ar + mH2O ar(kg.gases / kg.comb.)


 
M total gases = 3,4713 + 8,7255 + 0,1116(kg.gases / kg.comb.)
 
 
M total gases = 12,3084kg.gases / kg.comb.

ρ0 = [(mCO2/mgás)*1,977] + [(mSO2/mgás)*2,926] + [(mH2O-total/mgás)*0,804] +


[(mN2/mgás)*1,250] (kg / Nm3)
 
ρ0 = [(3,0213/12,3084)*1,977] + [(0,1020/12,3084)*2,926]
+[(0,4995l/12,3084)*0,804]
+ [(8,7405/12,3084)*1,250](kg / Nm3)
 
ρ0 = [0,4847] + [0,0242] + [0,0300] + [0,8886] (kg / Nm 3)
 
ρ0 = 1,4255 kg / Nm3

Combustão 116
Anotações

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

Combustão 117

Você também pode gostar