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Esterilização e Qualificação
Índice A
Seção .................. Tópico ............................................................................ Pág.
B1 Introdução
O desenvolvimento dos processos assépticos na indústria farmacêutica e hospitalar,
Introdução aliado ao maior conhecimento dos mecanismos de controle da contaminação e
associado às demandas de confiabilidade exigidas legalmente, trouxe como
conseqüência um incessante aprimoramento nas técnicas de esterilização.
É cada dia maior a quantidade e variedade de materiais que devem ser esterilizados,
tais como líquidos em recipientes hermeticamente fechados ou não (plástico ou vidro),
materiais têxteis em geral (uniformes para área limpa e pacotes com campos cirúrgicos,
entre outros), instrumentais metálicos diversos (em caixas perfuradas de aço inox ou
não), materiais de borracha e vidraria em geral.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Funcionamento D1
COMO FUNCIONA MECANICAMENTE UMA AUTOCLAVE POR VAPOR SATURADO
E SECO
É recomendável, sempre que possível, que a esterilização por vapor seja feita com o Esterilização por
produto saturado e seco, de água limpa (vapor seco significa que ele não pode conter
mais que 5% de umidade em seu volume, pois neste estado o vapor está em forma de
Vapor
gás e não mais em estado líquido), conforme recomenda a Norma Nacional NBR ISO
11.134:2001 Esterilização de Produtos para Saúde – Requisitos para Validação e
Controle de Rotina – Esterilização Industrial por Calor Úmido, em seus capítulos “Anexo
"A" Item A.5.2.2.1 – Vapor” e “Item A.5.2.2.3 – Água”, cujos valores correspondentes
serão apresentados mais adiante. Vale lembrar que no Brasil temos nossa Norma
ABNT EB-2115 Esterilização – Esterilizadores a Vapor – Esterilizadores Grandes –
Requisitos, que deve ser seguida como princípio básico de uma autoclave.
Calor: Forma de energia que se transfere de um sistema a outro quando existe uma
diferença de temperatura entre ambos.
Título de Vapor: É a relação existente entre a massa de vapor e a massa total (líquido
+ vapor), em que:
Gv Gv = Massa do vapor
X = ------------------ G1 = Massa da água
G v + G1 X = Título de vapor
Quando a massa de vapor é total, estamos na condição de vapor saturado e seco (G1
= 0). Neste caso, X = 1.
A esterilização por vapor saturado de água baseia-se em quatro propriedades que têm
incidência decisiva no processo:
Essas quatro propriedades atingem seu melhor nível quando o vapor encontra-se na
condição de saturado e seco, ou seja, nem úmido nem aquecido.
A Norma NBR ISO 11.134:2001 – Anexo A – Item A-5.2.2.1 estabelece que “onde o
vapor saturado for usado, este deverá ter o título não inferior a 0,95 e conter não mais
que 3,5% de gases não-condensados e não superaquecidos a mais do que 5ºC”.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
D1 Funcionamento
Esterilização por Se aquecermos a pressão atmosférica em um recipiente com um litro de água a 0ºC
(líquida) até uma temperatura de 100ºC, a quantidade de calor (sensível) que devemos
Vapor aguardar é 100 calorias.
Isso torna evidente a importância do calor latente do vapor. Para obter-se o efeito
esterilizador, aumentamos a temperatura do vapor e da água dentro de um recipiente
hermético e limpo (Gerador de Vapor) com o conseqüente aumento da pressão de
equilíbrio. As temperaturas mais usadas são +121,0ºC (a 1,09 Kgf/cm²) e +134,0ºC (a
2,11 Kgf/cm 2).
Quando o vapor saturado de água entra na câmara do esterilizador e toma contato com
a parede fria do produto a esterilizar, condensa e transfere o calor latente. Deste modo,
o produto aquece-se rapidamente.
Isso explica a maior efetividade da esterilização por calor úmido quando comparada à
esterilização por calor seco. Enquanto que com vapor saturado a +121ºC existe uma
grande probabilidade da morte de microrganismos em 15 minutos (ou 3 minutos a
+134ºC), com o calor seco (estufa) são necessários entre 180ºC a 220ºC durante 90
minutos.
Também explicamos a importância de controle do título de vapor, pois ele não pode ser
superaquecido, ou seja, úmido, pois tem menos calor latente. Na prática, o vapor
introduzido no esterilizador tem título entre 0,95 e 0,97.
Esta é a razão principal pela qual efetuamos vários pré-vácuos no início do processo de
esterilização. As técnicas modernas de fabricaçãoconstrutivas das autoclaves optam
por realizar vários pré-vácuos em lugar de um só, pois o ar residual, que fica contido
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Funcionamento D1
dentro da câmara e das embalagens após seu fechamento, forma bolsões normalmente Esterilização por
na parte superior da câmara de esterilização. Para provar isso, vejamos um exemplo:
Vapor
A) Realizamos na câmara interna pré-vácuo de 730 mm Hg que é um valor razoável
que podemos obter na boca de uma bomba de vácuo de anel líquido, a quantidade de
ar residual, com relação ao vácuo absoluto de 760 mm Hg, será:
730
---------- = 0,96 Ar residual = 4%
760
1º Vácuo: 660
--------- = 0,868 Ar residual = 13,2%
760
Concluímos então que, ao realizarmos um triplo pré-vácuo de até 660 mm Hg, obteremos
4,26 vezes menos ar residual do que com um único vácuo de 760 mm Hg, além de
trabalharmos com um sistema de vácuo mais aliviado e seguro de ser mantido.
A secagem do material deve ser realizada na própria câmara, pelo seguinte processo:
O calor latente necessário para esta vaporização será tomado do próprio produto estéril,
provocando seu resfriamento.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
D1 Funcionamento
Esterilização por Os esterilizadores devem possuir uma câmara externa de vapor para restituir ao produto
o calor perdido e utilizar o título correto de vapor, além de água de boa qualidade para
Vapor gerar o vapor conforme a Norma Brasileira NBR ISO 11.134:2001.
Uma solução técnica para a diminuição deste problema pode ser aumentar a potência
elétrica do Gerador de Vapor incorporado conforme Norma EB-2115 – Item 4.4.12.4 –
Para atingir um tempo de aquecimento de aproximadamente 30 min. A capacidade de
eletroaquecimento, referida a 1,0 litro de água no Gerador, deve ser no mínimo 0,3 Kw.
Outras soluções técnicas podem variar em função do tipo/fabricante de autoclave
utilizado. É recomendável que o usuário consulte um técnico habilitado, pois as variáveis
técnicas para a solução do problema diferem.
E1 Mecânica
Mecânica de uma É fundamental que, aliado ao conhecimento dos conceitos básicos de esterilização, o
usuário deste sistema também conheça como deve ser mecanicamente um
Autoclave equipamento de esterilização baseado em normatização internacional e nacional
conforme citamos acima.
Linha de vapor
Câmara interna
Porta lado sujo
Porta lado limpo
Sistema de
tratamento de
água
Câmara externa
Gerador de
vapor elétrico
Purgador de linha
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Mecânica E1
ITEM DESCRIÇÃO NORMA Mecânica de uma
01 Eliminador de umidade da rede de vapor Autoclave
02 Válvula Reguladora de Pressão de Vapor
na linha
03 Válvula de Segurança Regulada e Calibrada NR. 13 Item 13.1.4 Alínea A
com gatilho para manutenção periódica EB-2115 Item 4.1.1
04 Filtro de Vapor para retenção de impurezas
sólidas em suspensão
05 Manômetro de Câmara Externa e linha EB-2115 Item 4.4.7.1
06 Manovacuômetro EB-2115 Item 4.4.7.1
A Filtro hidrófobo de 0,3µ Norma ISO 11.134 Item
A.5.2.2.2.1 - AR
B Válvula de Segurança Regulada e Calibrada NR 13 Item 13.1.4 Alínea A
com gatilho para manutenção periódica EB - 2115 Item 4.1.1
C Entrada independente de vapor para
câmara interna
D Válvula de entrada de ar filtrado para quebra
de vácuo da câmara interna
E Entrada independente de vapor na câmara
externa
F Dreno perpendicular oposto à entrada de
vapor na câmara interna, teoricamente o
ponto mais frio da câmara. Local onde está
o sensor
2º Passo: Ao atingir o vácuo, será necessário injetar vapor saturado até alcançar a
pressão atmosférica do ambiente. Para isso, é necessário abrir a válvula de entrada
de vapor na parte superior da autoclave.
4º Passo: Ao atingir o vácuo, novamente será necessário injetar vapor saturado até
alcançar a pressão atmosférica do ambiente. Deve-se, para que isso ocorra, abrir a
válvula de entrada de vapor na parte superior da autoclave.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
E1 Mecânica
Mecânica de 6º Passo: (Entrada de Vapor para Esterilização) Neste passo o equipamento deve
deixar entrar vapor até a pressão de trabalho desejada (p. ex.: +121ºC = 1,9 Kgs/cm²
Funcionamento ou +134ºC = 2,11 Kgs/cm²). A entrada de vapor deve ser perpendicular e oposta à
saída do vapor (dreno), para que desta forma ele envolva a carga em forma de uma
helicoidal, realize uma forma de pistão e force o ambiente frio a sair pelo dreno que
está perpendicularmente oposto à entrada de vapor. Ao atingir a temperatura de trabalho
desejada pela autoclave, deve-se manter sua pressão correspondente pelo tempo
programado a fim de garantir que a temperatura detectada no dreno local (local mais
frio da câmara interna) não varie mais que 2,0ºC acima da temperatura desejada. Não
pode ocorrer variação abaixo da temperatura desejada.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Definição F1
De forma geral e moderna, entende-se como esterilização um conjunto de operações
destinadas a eliminar ou matar a maior quantidade de formas de seres vivos
contidos em um objeto/substância.
Métodos de Esterilização G1
Podem ser classificados, de acordo com o agente esterilizante, em:
» Calor Seco
Úmido
ETO
» Gases Formoldeído
Peróxido
Raios Gama
» Radiação Ultravioleta
Electronbeam
A esterilização pelo calor é, sem dúvida, o método mais conveniente para ser aplicado, Esterilização por
por ser o mais eficiente, seguro e conhecido, além de ser o mais estudado e dispor
hoje de equipamentos adequados a todas as situações apresentadas na prática.
Calor
Para sua correta aplicação é necessário um conhecimento básico desta energia, suas
formas de transmissão e aplicação. Não é nosso objetivo desenvolver esses
conhecimentos, mas, na seção Esterilização por Vapor, revisaremos alguns
conhecimentos essenciais.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
H1 Cinética da Esterilização
A aplicação da teoria cinética química trouxe resultados positivos para a compreensão
mais profunda da esterilização, bem como para o desenvolvimento industrial do
processo.
Embora a teoria seja também aplicável à esterilização por radiação e por agentes
químicos, consideramos apenas os fatores envolvidos na esterilização pelo calor.
Estimamos que a morte dos microrganismos pela ação do calor seja a resultante de
uma reação de primeira ordem.
Como vemos, a destruição dos microrganismos pelo calor não se produz de forma
instantânea, pois existe uma relação temperatura / tempo / condições gerais do produto
a esterilizar (pH, idade das células, grau de contaminação, etc.).
Curva de
Sobrevivência
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Cinética da Esterilização H1
Com o que foi dito acima, podemos enunciar as leis básicas de destruição de
microrganismos, a saber:
Como varia o
valor "D"
Depende do tipo de microrganismo
Depende da temperatura
Idade das células, PH, etc.
01 > 0 > 02
(Temperatura de Esterilização)
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Conceitos Básicos
de Esterilização
H1 Cinética da Esterilização
A segunda lei é representada graficamente como segue:
Calor: Forma de energia que se transfere de um sistema a outro quando existe uma
diferença de temperatura entre ambos.
Calor Latente: Quantidade de calor que, agregada a um sistema, não provoca variação
da temperatura, e sim de estado.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Gv
X = ——————
Gv + G1
A Norma NBR ISO 11.134:2001 – Anexo A – Item A-5.2.2.1 estabelece que “o vapor
deve ter um valor seco não menor que 0,95 contendo não mais do que 3,5% em
volume de gases não-condensáveis e não mais de +5°C de superaquecimento”.
Isso nos indica a importância do calor latente do vapor. Para obter-se o efeito
esterilizador, aumentamos a temperatura do vapor e da água dentro de um recipiente
hermético e limpo (Gerador de Vapor) com o conseqüente aumento da pressão de
equilíbrio. As temperaturas mais usadas são +121°C (a 1,09 Kgf/cm²) e +134°C (a
2,11 Kgf/cm²).
Isso explica a maior efetividade da esterilização por calor úmido, comparado com
calor seco. Enquanto que com vapor saturado a +121°C morrem todos os
microrganismos em 15 minutos (ou 3 minutos a +134ºC), com o calor seco (estufa)
são necessários entre 180ºC e 220ºC durante 90 minutos.
Também explicamos a importância do controle do título de vapor, pois não pode ser
superaquecido, ou seja, úmido, pois tem menos calor latente. Na prática, o vapor
introduzido no esterilizador tem título entre 0,95 e 0,97.
Esta é a razão principal pela qual efetuamos vários pré-vácuos no início do processo
de esterilização. As técnicas modernas optam por realizar vários pré-vácuos, em lugar
de um só, pois o ar residual que fica contido dentro da câmara após seu fechamento
forma bolsões normalmente na parte superior da câmara de esterilização. Para provar
isso, vejamos um exemplo:
730
——— = 0,96
760
Ar residual = 4%
1º Vácuo:
660
——— = 0,868
760
Ar residual = 13,2%
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Ar residual = 1,74%
1º Vácuo:
600
——— = 0,789
760
Ar residual = 21,0%
2º Vácuo:
21,1% de 21,1%
Ar residual = 4,45%
3º Vácuo:
21,1% de 4,45%
Ar residual = 0,93%
Concluímos então que, ao realizar um triplo pré-vácuo até 660mm Hg, obtemos 4,26
vezes menos ar residual do que com um único vácuo de 760mm Hg, além de
trabalharmos com um sistema de vácuo mais aliviado e seguro de manter-se.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
A secagem do material pode ser realizada na própria câmara, pelo seguinte processo:
O calor latente necessário para esta vaporização será tomado do próprio produto estéril,
o que provocará seu resfriamento.
Os esterilizadores podem possuir uma câmara externa de vapor para restituir ao produto
o calor perdido.
J1 Fases do Processo
Desinfecção e limpeza
Preparo da embalagem
Carga da autoclave
Ciclo de esterilização
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Fases do Processo J1
Limpeza e
Desinfecção
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Conceitos Básicos
de Esterilização
J1 Fases do Processo
Preparo da RECOMENDAÇÕES DA AORN* PARA SELECIONAR A MELHOR EMBALAGEM
PARA ESTERILIZAÇÃO
Embalagem
1. Deve ser apropriada para o material.
2. Deve ser apropriada para o método de esteriliação.
3. Deve proporcionar selagem adequada.
4. Deve proporcionar barreira microbiana.
5. Deve ser compatível às condições físicas do processo de esterilização.
6. Deve ser resistente às condições físicas do processo de esterilização.
7. Deve permitir a adequada remoção do ar.
8. Deve permitir a penetração do agente esterilizante.
9. Deve permitir a remoção do agente esterilizante.
10. Deve proteger o conteúdo do pacote de danos físicos.
11. Deve resistir a punções.
12. Deve resistir a rasgos.
13. Deve ser livres de furos.
14. Deve ser livre de ingredientes tóxicos.
15. Não deve aerar partículas.
16. Deve ser usada de acordo com as instruções escritas do fabricante
17. Deve apresentar custo-benefício positivo.
Fonte: AORN Journal, May 1996, v.63, n.5
Seladora
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Fases do Processo J1
Preparo da
Embalagem
Contêineres
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Conceitos Básicos
de Esterilização
J1 Fases do Processo
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Ciclos de Esterilização K1
Os ciclos de esterilização foram definidos pela Norma NBR ISO 11.134:2001 – Anexo
B – itens B.1, B.2 e B.3, aplicando-se os conceitos anteriormente descritos.
Suas configurações levam em consideração os seguintes fatores:
3º - Adequação das diferentes etapas dos ciclos aos tipos de materiais a serem
processados, às embalagens, à forma da carga e a todos os fatores que interferiram
para garantir uma correta esterilização. Este ciclo é especialmente indicado para
materiais críticos e que possuem interstícios nos quais podem formar-se bolhas
de ar que evitam o contato entre o vapor e a superfície do produto a esterilizar. É
adequado para qualquer tipo de material sólido, como material têxtil, peças
metálicas, vidraria em geral, etc.
Este ciclo é especialmente indicado para materiais críticos e que possuem interstícios
nos quais podem formar-se bolhas de ar que evitam o contato entre o vapor e a superfície
do produto a esterilizar.
É adequado para qualquer tipo de material sólido, como material têxtil, peças
metálicas, vidraria em geral, etc.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
K1 Ciclos de Esterilização
Este ciclo é indicado, preferencialmente, para esterilização de líquidos em frascos
que não sejam fechados hermeticamente. Consideramos que, pela natureza dos
materiais a esterilizar, não podemos realizar vácuos fracionados na câmara, já que
isto provocaria a diminuição do volume, assim como a variação na composição dos
líquidos por evaporação no final do ciclo. Porém, as técnicas modernas possibilitaram
a realização de pelo menos um pulso de vácuo a não mais de ±450mm Hg, considerando
que os líquidos que estão no início do processo encontram-se frios, portanto sem
possibilidade de evaporação. Após esta etapa e a fim de garantir o menor volume de ar
no interior da câmara, realiza-se uma etapa de vapor-fluente, ou seja, o vapor flui pela
câmara a uma pressão de ± 0,5 Kgf/cm², dando-se, assim, o arraste do resíduo de ar
existente. Ao fim desta etapa entra-se com o vapor para esterilização e o final do ciclo
deve ser dado por uma temperatura menor que a de ebulição (aproximadamente 97ºC).
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Ciclos de Esterilização K1
Os recipientes de vidro têm boa resistência mecânica a tais tensões, mas não
podem evitar que a tampa sofra movimentos. Se isso ocorrer, haverá a conseqüente
perda da hermeticidade, a qual aumentará a probabilidade de recontaminação durante
ou após a esterilização.
Em razão desses motivos, foi desenvolvido um ciclo de esterilização que opere sob o
princípio de contrapressão por entrada de ar comprimido na câmara.
Existe uma faixa maior de ciclo para esterilização por vapor, cujas aplicações são
específicas, mas os aqui apresentados abrangem quase todos os materiais do cotidiano
industrial ou hospitalar.
A otimização dos ciclos e sua total automação permitem uma operacionalidade mais
adequada de tempos, temperaturas, pressões, etc., permitindo, desta forma, comandar
ciclos impossíveis de serem realizados de forma manual ou semi-automática, como o
ciclo de F0, ou ciclo de pressão compensada.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
K1 Ciclos de Esterilização
Confiabilidade
Leitura simultânea e precisa dos valores
Leitura de múltiplos pontos de temperatura
Possibilidade de programação de ciclos especiais
Possibilidade de memorização de ciclos fechados, que podem
ser disparados por pessoal não-especializado
Segurança ao operador
Minimização dos riscos operacionais
Possibilidade de realizar, com um único equipamento, uma
multiplicidade de ciclos diferentes
L1 Ciclo com F0
Este ciclo é o mais relacionado com um processador eletrônico, pois em sua memória
podemos armazenar a tábua de F0 que inicia sua equação de integração a 117,2ºC.
Evidentemente, este ciclo de esterilização aplica-se a qualquer ciclo que use vapor
saturado e não pode ser aplicado ao conceito do ciclo de pressão-compensada.
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Ciclo com F0 L1
Armazenamento
Área de
Armazenamento
Estéril.
Não se deve armazenar pacotes de material esterilizado no solo
Não se deve armazenar pacotes de material esterilizado sobre outros pacotes
O material deve ser armazenado com boa aeração entre um pacote e outro
O acesso ao material deve ser restrito ao mínimo de pessoas
Temperatura, umidade e luz devem ser controladas
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Conceitos Básicos
de Esterilização
M1 Instalação Água
As impurezas da água são carregadas
principalmente pelo condensado presente no vapor
Impurezas ou minerais em suspensão ou
dissolvidos, cloro e carbonatos vão provocar
manchas nos instrumentos e incrustação na
câmara e nas resistências
Análise prévia da água para definir tratamento.
Devem ser instalados um cavalete de água com
filtro, manômetro e válvula de esfera
Baixa vazão pode provocar danos à bomba de
vácuo
Qualidade conforme norma NBR ISO 11.134:2001
Chumbo
Chumbo
Instalação Elétrica N1
Prever quadro elétrico com disjuntores e ligação terra
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Conceitos Básicos
de Esterilização
O ar que recircula – que entra e sai para o resfriamento – deve garantir que não
existam partículas em suspensão maiores ou iguais a 0,3 µ, razão pela qual os bons
fabricantes de Estufas têm colocado na entrada do ar das estufas filtros absolutos do
tipo “HEPA” com eficiência mínima de 99,9997% para partículas = de 0,3 µ. Existem
hoje filtros adequados para trabalhar na faixa de temperatura de esterilização.
Duto de descarga de
ar
Sensores de tempera-
tura PT-100
30
Conceitos Básicos
de Esterilização
31
Conceitos Básicos
de Esterilização
Sua atividade deve ser segura e rápida sobre a maior variedade de microrganismos;
Não devemos alterar o material que queremos processar;
Não se pode requerer equipamentos de elevada resistência química à corrosão;
O gás necessariamente deve ser de fácil difusão e, portanto, elevado poder de
penetração e eliminação no material;
Não ser tóxico nem irritante;
Não ser inflamável nem explosivo;
De fácil manipulação e armazenagem;
Econômico e de fácil disponibilidade no mercado.
Podemos deduzir facilmente que o Gás Óxido de Etileno não cumpre muitos dos
quesitos acima. Vale lembrar que o Gás ETO é inodoro, incolor, altamente tóxico,
facilmente inflamável e explosivo, carcinogênico, mutagênico, teratogênico,
neurotóxico e não é facilmente detectado pelos sentidos humanos , até que
ocorra um aumento expressivo da concentração e seus efeitos manifestem-se.
Hoje, obrigados pela Portaria Interministerial Nº 482, não devemos permitir concentração
maior que 1ppm (uma parte por milhão) para exposição dos operadores durante um
dia normal de trabalho, ou seja, oito horas contínuas ou 10 ppm (dez partes por milhão)
por um período de 15 minutos de exposição contínua.
A inalação de concentrações baixas do vapor de Gás ETO pode causar, num primeiro
momento, náuseas ou vômitos. Nas concentrações mais elevadas, acima de 500ppm,
pode produzir também edemas pulmonares, irritação nos olhos, membranas e mucosas.
Se próteses implantáveis ou não forem esterilizadas com Gás ETO, devem ser
perfeitamente aeradas, a fim de que o residual desse gás não se manifeste no organismo
do ser humano, o que pode provocar hemorragias posteriores ao ato cirúrgico.
O uso do Gás ETO, em sua composição pura, é bastante limitado, já que, em contato
com o ar, pode formar uma mistura explosiva, em concentrações que podem variar de
3% a 80% no ambiente. Muitas dessas propriedades negativas são eliminadas com o
uso de Gás ETO em misturas mais apropriadas e consideradas, no Brasil, não-
inflamáveis.
A mistura com Gás ETO mais comum é 12% ETO + 88% FREON 12, equivalente hoje
a aproximadamente 67% do consumo nacional. Esta mistura é utilizada normalmente
em concentrações de 600 a 700 mgrs/Lt, com pressão de trabalho entre 0,47 e 0,54
Kgf/cm² e tempo de exposição entre 31/2 e 7 horas. O controle da temperatura (entre
45ºC e 55ºC), umidade (entre 40% e 60% de umidade relativa) e concentração do Gás
ETO no interior do esterilizador é fundamental para o processo, conforme rege a Norma
Brasileira ABNT NBR-13.849:1997.
1ª - Aquecimento do esterilizador
2ª - Carga do material
3ª - Aclimatação da carga
4ª - Pré-vácuo
5ª - Tempo em vácuo para teste de estanqueidade
6ª - Admissão do Gás ETO
7ª - Esterilização
8ª - Vácuo para retirada do Gás ETO
9ª - Pulsos de Nitrogênio ou ar filtrado
10ª - Pulsos de ar filtrado para “lavagem” da carga
11ª - Aeração final
CICLO DE ESTERILIZAÇÃO
Câmara interna
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Composição do gás:
C2H40
Incolor
Éter cíclico
Inodoro
Inflamável entre 3% e 80% no ar
Decompõe a +560ºC (explosivo)
Altamente tóxico
Inflamabilidade:
A - PRODUTOS NÃO-INFLAMÁVEIS
10% ETO + 90% CO2
12% ETO + 88% FREON 12
B - PRODUTOS INFLAMÁVEIS
20% ETO + 80% CO2
30% ETO + 70% CO2
90% ETO + 10% CO2
Processo de Esterilização
Temperatura da câmara externa
de +45ºC a +65ºC
Temperatura da câmara interna
de +35ºC a +60ºC
Umidade relativa
de 40% a 60%
Tempo de exposição
entre 31/2 e 7 horas
Concentração de trabalho
de 450 mgrs/Lt a 1 Kg/Lt
Pressão de trabalho
de 0,45 Kgf/cm² a 3,0 Kgf/cm²
Aeração mecânica
de 20 minutos a 240 minutos
Aeração ambiental
de 24 a 72 horas
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Q1 Indicadores de Esterilização
Importância dos Indicadores
A importância da monitoração da temperatura através do uso de registradores gráficos
e printers não deve ser superestimada. É necessário colocar indicadores para
monitoramento do processo de esterilização no interior da carga, os quais devem
sempre estar localizados dentro dos objetos ou substâncias. É importante também
verificar a distribuição de calor, particularmente, em autoclaves novas ou reformadas,
ou após alguma modificação das condições da carga, por meio de instrumentos de
registro da temperatura em processo.
Indicadores
Biológicos
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Indicadores de Esterilização Q1
Os esporos de Bacillus stearothermophilus são os indicadores mais comuns utilizados
em autoclaves a vapor saturado. O tempo da morte térmica pode ser obtido para diferentes
esporos testados. Isto representa o tempo necessário para eliminar ou matar a maior
quantidade possível dos esporos da tira de teste na temperatura obtida. Embora as tiras
de esporos sejam parte integrante do controle de qualidade, elas indicam as limitações
práticas, que incluem:
Q1 Indicadores de Esterilização
Indicadores
Químicos de
Esterilização
O teste deve ser realizado com a câmara vazia e com o pacote de teste colocado na
parte mais fria da câmara, normalmente acima do dreno do equipamento.
O teste deve ser realizado com ciclo de exposição de 3,5 a 4 min a 134º C, ou 15 min
a 121º C, conforme especificado nas folhas de teste ou na bula do produto. O tempo
de secagem não influi no processo e pode ser eliminado.
Teste Bowie & Dick pré-montado em pacotes descartáveis. As folhas-teste são colocadas
no interior de uma embalagem com folhas de papel dimensionadas para reproduzir as
condições normatizadas para o pacote confeccionado com compressas cirúrgicas.
Além da facilidade de uso, o pacote pré-montado é absolutamente uniforme e
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Conceitos Básicos
de Esterilização
Indicadores de Esterilização Q1
homogêneo, eliminando, assim, as incertezas causadas pela montagem errada do
pacote com compressas cirúrgicas.
A tinta utilizada para a impressão das folhas de teste foi quimicamente formulada
para reagir à presença do vapor saturado e é extremamente sensível à presença de ar.
É ideal para utilização em ciclos de esterilização específicos para teste Bowie &
Dick, com temperatura de 134º C e tempo de exposição de 3,5 min a 4 min.
O teste “Once a Day Test Pack” é fornecido para utilização conforme recomendações
de Normas ISO 11.140 e AAMI – “Recomended Practice, Good Hospital Practice:
Steam Sterilization and Sterility Assurance”.
Sob consulta, pode ser fornecido o teste para atender ao recomendado por normas
européias, como “British Standart - BS 7720”.
39
Conceitos Básicos
de Esterilização
Q1 Indicadores de Esterilização
As folhas para teste Bowie & Dick são tamanho 21x29 cm, para serem utilizadas em
Diatest pacotes padrões, confeccionados com compressas cirúrgicas.
O pacote deve possuir dimensões de 25 cm de largura por 30 cm de comprimento e
altura variando entre 25 e 28 cm.
Deve ser confeccionado em toalhas cirúrgicas, lavadas recentemente e sem passar. O
teste deve ser colocado no meio das toalhas e o pacote deve ser embalado com
campo cirúrgico duplo, 100% algodão.
O peso total do pacote deve estar em torno de 4kg (aceita-se 15% de variação para
mais ou para menos)
Os dados do pacote estão normatizados por norma ISO 11.140.
40
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Esterilização B2
De uma forma geral, entendemos por esterilização o conjunto de operações destinadas
a eliminar ou matar todas as formas de seres vivos contidos num objeto ou substância.
É um dos métodos mais utilizados e mais conhecidos em sua ação para atingir os
objetivos e a aplicação do calor. Para compreender o alcance e as limitações deste
método geral, assim como sua correta aplicabilidade, requer-se um conhecimento
básico desta energia, seus modos de transmissão e aplicação, bem como o
comportamento dos microrganismos diante das diferentes formas de sua aplicação e
os graus variáveis da resistência que os microrganismos podem oferecer.
À medida que a água aquece, ela absorve energia. Sua temperatura se eleva até
atingir um ponto – o de ebulição. A energia absorvida é utilizada não para a elevação
da temperatura, mas para a troca de seu estado líquido para o estado gasoso. A
quantidade de energia necessária para essa troca é relativamente elevada. A vantagem
é que, no processo inverso – a passagem de vapor para líquido –, a energia resultante
será alta e, portanto, o processo de transporte de calor por meio de vapor de água será
de alto rendimento.
41
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
B2 Esterilização
Outra das vantagens da água como meio de transmissão de calor é sua capacidade
de dilatar-se ao passar à fase de vapor e contrair-se ao voltar à fase liquida. Isso faz
com que a penetração do meio nas entranhas do objeto a ser processado seja boa e,
por isso, produzirá um efeito de “bomba de vácuo”. Ao condensar o vapor, cria-se um
vácuo parcial que tende a ser ocupado por mais vapor, que, por sua vez, traz mais
energia. Dessa maneira, cumpre-se um ciclo.
O mecanismo geral microscópico pelo qual atua o vapor sobre um ser vivo pode ser
assim resumido:
Nestas condições há uma grande contração de volume (865 vezes seu volume
original). Com isso produzimos vácuo e ativamos a penetração de mais vapor.
Com a repetição desses pequenos ciclos, atingimos o equilíbrio térmico, o qual será
obtido com temperaturas maiores que +100ºC (normalmente +121ºC, caso
trabalhemos com 1,09 Kgf/cm² de pressão de vapor saturado e seco).
C2 Cinética da Esterilização
N
= K (Nº - N´) = K N
T
T
Em que:
Nº: Número inicial de microrganismos (MO)
K: Constante da reação
N: Número de MO vivos no tempo T
N´: Número de MO mortos no tempo T
Obs.: MO: Microrganismos
Esta equação pode transformar-se através da integração em:
Nº
K T = Ln ( ) o que é o mesmo que:
N
N
Ln ( )=-KT
Nº
42
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Cinética da Esterilização C2
Caso representemos em um gráfico semilogarítmico esta última expressão, teremos:
Log. NA
No
9
8
7
6
5
4
3
2
1
t.
Esta curva que representa uma fração de microrganismos vivos, que ficam em função
do tempo (curva de sobrevivência térmica), depende do tipo de MO e da temperatura
(não da quantidade inicial).
Esta curva ideal na realidade encontra-se levemente distorcida em sua primeira parte,
ou seja, na chamada “fase não-logarítmica”, mas essa pequena distorção não afeta a
sua utilização prática.
1 - Primeira Lei:
Para uma temperatura dada, o número de MO sobreviventes ao fim do tratamento
térmico decresce em forma exponencial em função do tempo de aplicação do
tratamento.
2 - Segunda Lei:
Para uma mesma redução desejada da população de MO, a duração do tratamento
térmico decresce em forma exponencial em função da temperatura.
43
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
C2 Cinética da Esterilização
Podemos representar graficamente a primeira lei da seguinte forma:
Log. N.
9
8
7
6
1
5
4
3
2
1
t.
D
Definimos desta forma o parâmetro “D”:
Este valor “D” depende do tipo de MO, do meio em que se encontram e da temperatura
na qual trabalhamos. Este valor independe da quantidade inicial de MO presentes no
objeto a ser processado.
Log. D.
9
8
7
1
6
5
4
3
2
1
t.
Z
Como “D” é uma função da temperatura, será conveniente definir outro parâmetro que
indique como variável esta em função da temperatura.
44
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Qualificação D2
1 - Normas legais:
No Brasil já possuímos uma Norma Orientadora para Qualificação de Processos, o que
até agora é uma obrigação explícita para a validação de um processo. Entretanto,
como atualmente as relações internacionais são cada vez mais estreitas, as exigências
legais de um possível cliente exterior fazem com que devamos considerar a validação
como uma necessidade extremamente provável.
Hoje a Norma Internacional mais usual para Validação é: NBR ISO 11.134:2001 –
Esterilização de Produtos para Saúde – Validação e Controles de Rotina em
Processos por Vapor.
2 - Garantia da qualidade:
Para que um determinado produto seja processado consistentemente (permanentemente)
com um nível predeterminado de qualidade, é necessário que tal processo seja
encontrado em “baixo controle”.
Portanto, para cumprirmos esta necessidade básica, é imprescindível garantir a
performance (repetição), tanto a inicial como as posteriores, dos processos de
funcionamento desse produto.
Caso a validação de um processo não seja executada, o que implica o entendimento
profundo e claro de que ele encontra-se em baixo controle estatístico, torna-se impossível
confiar na qualidade dos produtos acabados.
Por outro lado, freqüentemente a validação de um processo garante, além da qualidade
mais consistente, uma melhora da mesma.
Qualificação da Autoclave:
Normalmente utilizamos duas aproximações quanto à definição dos ciclos usados para
a esterilização por vapor saturado.
Dito em outras palavras, aceita-se que haja uma redução da população inicial de 1.000.000
de esporos a 1 microrganismo, após o ciclo.
45
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
D2 Qualificação
Esta aproximação reconhece que os atributos microbiológicos iniciais do produto são
os que realmente determinam as características do ciclo de trabalho.
Esta aproximação estará amplamente difundida sempre que o material a ser esterilizado
não for termoflexível.
Normalmente, os valores reais de sobrevivência são sempre muito menores que 10.
E2 Aproximação
46
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Aproximação E2
47
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
E2 Aproximação
1 - ESTUDOS DE LABORATÓRIO:
Estes determinam a quantidade normal e resistência térmica dos MO presentes nas
cargas a serem processadas. Estes estudos determinam os parâmetros mínimos
aplicáveis para obtermos uma probabilidade específica de sobrevivência.
3 - ESTUDOS DE PLANTA:
Devemos verificar a aceitabilidade do processo para produzir uma distribuição correta
e uniforme do agente esterilizante (distribuição do calor).
48
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Estudos de Laboratório F2
A) ESTUDOS DA FLORA NORMAL:
A quantidade e freqüência dos lotes de produtos para ensaio são determinadas pelo
usuário, baseadas nas variações entre os distintos lotes e em sua condição
microbiológica. O crescimento potencial destes no produto no qual estudamos antes
do referido produto a ser processado, e as variações estacionárias da flora. Os métodos
a serem utilizados são os usuais encontrados em todas as farmacopéias e em geral
consistem em isolar, identificar e contar os diferentes MO presentes no produto.
Determinar o número deMO sobreviventes por contagem de colônias (ou pelo método
da fração negativa)
Y = a + bx
x = Tempo de aquecimento.
a = Ordenada a origem (valor ao tempo x = o)
b = Pendente do gráfico
O valor de D é:
49
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
F2 Estudos de Laboratório
1
D=-
b
Log D = a + bx
a = coordenada de origem
b = pendente da reta
x = temperatura
1
Z = ——
D
To - Tref
L = 10 ———————
Z
To = Temperatura em consideração
Tref = Temperatura de referência
50
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Estudos de Laboratório F2
Fundamentalmente a letalidade é um efeito produzido num determinado momento, a
uma determinada temperatura no momento sobre o organismo, comparado com o
mesmo efeito que produziria nele caso a temperatura fosse a de referência.
Definamos: FZT =
t
L dt
FZ = Mínima letalidade requerida (para um valor dado de “Z”) expressa como o número
de minutos equivalentes ao tempo da temperatura T, ao qual o recipiente mais frio da
carga deve ser submetido
Em geral, Z = 10 e T = +121ºC
Exemplo: Caso
Ou seja, estabelecemos que o recipiente mais frio na carga deverá, pelo menos, receber
o equivalente a 4,0 minutos a +121ºC.
51
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
F2 Estudos de Laboratório
A) Estabelecer um ponto frio da carga através de sensores a termorresistência de
platina (Pt-100 Classe A) e ajustar o tempo de esterilização de modo que o recipiente
“frio” encontre-se a uma temperatura de processo durante a quantidade de tempo
preestabelecido nos estudos anteriores (não considerar os tempos de aquecimento e
resfriamento).
G2 Estudos de Planta
PROGRAMA DE CALIBRAÇÃO DOS INSTRUMENTOS:
Não há dúvidas de que um dos requisitos insubstituíveis para a Certificação de um
processo é a confiabilidade das medições efetuadas, tanto para a qualificação como
para o controle do processo.
52
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Estudos de Planta G2
Não devemos confundir “calibração” com “ajuste”.
3. Calibração de Instrumentos:
3.1 Procedimentos de Calibração
3.2 Intervalos de Calibração
3.3 Documentação
3.3.1 - Registro de Calibração
3.3.2 - Registro histórico do Instrumento
3.4 Etiquetas de Calibração
3.5 Instrumentos fora de tolerância
3.6 Fornecedores externos de Calibração
Relação de Incertezas
Esta é a relação que existe entre a exatidão do sistema de medição e a exatidão
aceita como correta (tolerância) para a medição do produto, processo ou instrumento
de calibração.
53
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
G2 Estudos de Planta
1. Análise para a definição da exatidão do instrumento (levando-se em conta a Relação
de Incerteza de ¼ ou menos);
4. Custos da calibração;
H2 Qualificação de Instalação
Devido à grande variedade de autoclaves, bem como os princípios de funcionamento
serem diversos, não podemos elaborar uma lista detalhada dos itens a qualificarmos.
Todavia, de forma geral, podemos estabelecer um programa que possa checar e
confirmar se o equipamento é capaz de realizar, na forma rotineira e dentro das
especificações preestabelecidas, as operações para as quais foi especificado.
Assim, como exemplo, podemos elaborar um documento que deverá fazer parte de
um protocolo para inspeção e que verifique os seguintes pontos básicos:
1. Documentação do equipamento
1.1 Equipamentos, máquinas do processo
1.2 Utilidades (Ex.: água, energia elétrica, ar comprimido, drenagem, etc.)
1.3 Automatização / Sistemas de Computação e outros componentes eletrônicos
1.4 Equipamentos auxiliares (Ex.: compressores de ar, destiladores, filtros, etc.)
2. Arquivo técnico
2.1 Manuais de operação e manutenção preventiva
2.2 Lista de peças usuais
2.3 Lista de representantes ou escritórios próprios
2.4 Layout da instalação, com os pontos de provimento
2.5 Listagem de Normas utilizadas no projeto
3. Certificações
3.1 Relatório da Qualificação térmica do equipamento
3.2 Sistema ou forma de limpeza (Ex.: CIP ou SIP)
3.3 Teste de resistência mecânica
3.4 Teste de funções do equipamento
3.5 Procedimentos Operacionais para preparação e testes SOP’s (Standard Operating
Procedure – Procedimento de Operação Padrão)
54
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Qualificação da Instalação H2
Especificamente no caso de equipamentos de esterilização, devemos verificar seu
funcionamento com a câmara vazia com cada ciclo de trabalho proposto, em relação
ao tempo de processo, distribuição de calor na câmara, funcionalidade operacional,
etc.
A fim de podermos estudar a distribuição de calor na câmara vazia, devemos colocar Scanner de
nela um mínimo de 12 sensores de temperatura distribuídos em forma de X, iniciando
a colocação do primeiro (o nº 01) pelo dreno. É importante que haja um sensor dentre Temperatura de 12
estes sempre ao lado do sensor de registro ou controle do equipamento. Sensores Tipo
O equipamento deverá estar frio, pois, caso
PT-100 Classe A
façamos uma qualificação após o uso, o resultado
poderá sair “mascarado”. Também se deve rotar
com os sensores de temperatura após cada
qualificação.
Podemos aceitar como uma boa uniformidade
dos sensores de temperatura diferenças não
superiores a +2,0ºC da temperatura
preestabelecida no ciclo de esterilização, uma
vez que o sistema encontra-se em equilíbrio
térmico, de acordo com a Normatização NBR
ISO 11.134:2001, visto que esta admite até
+1,0ºC de diferencial de temperaturas.
Qualificação Operacional I2
Para esta etapa da validação faz-se necessário que sejam cumpridos certos pré-
requisitos, tais como:
I2 Qualificação Operacional
7. Certificações
L a d o li mp o
Distribuição de sensores
na câmara . 12
9
11
10
6 8
3
5
7
2 4
a ve
cl
to
Dreno
Au
Lado sujo
J2 Qualificação da Performance
Esta etapa é executada após a instalação do equipamento em seu lugar
definitivo e consiste em:
Devemos, portanto:
Qualificação da Performance J2
Devemos colocar pelo menos um desses sensores junto ao sensor de comando do
equipamento (isto quando o equipamento for controlado exclusivamente por
temperatura).
Pelo menos uma vez durante o ciclo devemos comparar as leituras de todos os
sensores de temperatura com a do sensor de controle do equipamento. As leituras
podem ser diferentes num intervalo de ± 0,5ºC. Realizado este estudo, verificaremos
que a diferença de temperatura entre os sensores deve ser menor que ± 2,0ºC do valor
médio da temperatura da câmara. Valores maiores que ± 2,5ºC indicam um mau
funcionamento do equipamento de esterilização.
2. Documentação
3. Certificação
Estudos K2
Este estudo serve para determinar a localização do ponto mais frio dentro do recipiente. Estudos de
Devemos efetuá-lo com diferentes tipos e tamanhos de recipientes. Observamos que
o tamanho do recipiente pode limitar o número de sensores a serem colocados, visto
Penetração de
que um número excessivo deles pode fornecer erros experimentais importantes causados Calor no
pela distorção dos padrões normais de convecção. Recipiente
Normalmente, nos recipientes pequenos (até 5 ml) não encontramos pontos frios
relevantes, portanto devemos:
Colocar número suficiente de sensores dentro dos recipientes para assim podermos
obter um perfil representativo da temperatura.
Repetir por pelo menos três vezes a verificação para que a localização do referido
ponto seja constante. Caso não seja desta forma, consideraremos o ponto frio que
aparecer mais vezes.
Tomamos como ponto frio aquele cujo valor de“F” é menor.
Nos estudos posteriores, os sensores deverão ser fixados sempre nos pontos frios
detectados para esse tipo de recipiente.
57
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
K2 Estudos
Estudos de No estudo, tentaremos fixar o ponto mais frio da carga como um todo.
Penetração de
Devemos realizar o estudo para cada tipo de carga – máxima e mínima – definida.
Calor na Carga
Devemos colocar ao menos 12 sensores de temperatura na carga: um no local
provavelmente mais frio e outro no mais quente.
Os parâmetros do ciclo serão os especificados para cada carga em questão.
Repetiremos o estudo até três vezes para podermos fixar o ponto mais frio da carga.
Consideraremos que isto será obtido quando entre nenhum dos pontos existir uma
diferença de F0 maior que 1 minuto.
Estudos de Este estudo tenta demonstrar a reprodução das observações e conclusões obtidas
até o momento.
Reprodução
1. Realizaremos uma quantidade suficiente de repetições que nos levará a um certo
nível de confiabilidade estatística prefixada para provar que oF0 encontrado é realmente
maior que o prefixado.
L2 Qualificação Microbiológica
Esta fase da Validação utilizamos para complementar os estudos anteriores, mas não
devemos deixa-la de lado, pois é a prova experimental de que o processo cumpriu com
seus objetivos ao qual o impusemos.
Pretendemos demonstrar a eficiência obtida com o ciclo usado anteriormente, para tal
utilizaremos o seguinte;
Usaremos como indicador microbiologicos Bacillus Stearothermophilus (ATCC 7953).
58
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Qualificação Microbiológica L2
A quantidade usada dependerá do F0 que esperamos obter e da resistência do
microrganismo.
F0
——— = log. A - log. B = redução logarítmica
D121
Certamente a quantidade inicial de “A” deve ser suficiente para que, após o ciclo,
fique o bastante para quantificarmos.
DS ( log. N i + 6 ) = D bi ( log. N o + 1 )
Como o apontado anteriormente, está explícito no uso desta aproximação que obtemos Aproximação por
uma redução logarítmica maior que 6 independente da quantidade e resistência térmica Sobremorte
dos microrganismos presentes.
A fim de garantir o esperado, em geral tomamos como normal uma redução logarítmica
de ± 12 microrganismos com um valor de D = 1,0. Como verificamos antes, transpomos
a etapa de estudos de laboratório e levamos adiante os estudos de Planta.
59
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
L2 Qualificação Micribiológica
Quanto aos cálculos de F e determinações de tempos de processo, supomos que D =
1,0 ; Z = 10 assim buscamos uma redução de log. De 12.
12 = FO 12 minutos.
M2 Revalidações
60
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Tempos Equivalentes N2
Tabela de Tempos Equivalentes
61
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
O2 Propósito da Autoclave
Requerimento Específico de Uso de Autoclave
62
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Performance da Autoclave P2
DEVE CUMPRIR
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
63
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
P2 Performance da Autoclave
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Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Performance da Autoclave P2
Número Etapa Câmara Interna Câmara Externa
1 Pré-vácuo
2 Aquecimento
3 Esterilização
4 Secagem
5 Resfriamento
65
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
P2 Performance da Autoclave
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
66
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Performance da Autoclave P2
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
67
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
P2 Performance da Autoclave
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
ALARMES DA AUTOCLAVE
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
68
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Performance da Autoclave P2
SISTEMA DE UTILIDADES
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
Saída de Vapor
Deve cumprir
N° Especificação Sim Não Comentários do Usuário
69
Conceitos Básicos da Qualificação nos
Processos de Esterilização por Vapor
Q2 Documentos
SEÇÃO 1 DOCUMENTAÇÃO GERAL
1.1. especificação técnica
1.2. manual de instalação (esquemas)
1.3. prontuário do vaso de pressão
Obs.:
Componentes de segurança: válvulas pneumáticas, solenóides, bomba de vácuo,
bomba d’água, contatores, válvula redutora de pressão, purgador, termostato,
microswitch, regulador de nível, fonte de alimentação, válvula de segurança, filtro de ar.
70
Modelo de Protocolo
de Qualificação
Introdução B3
1. Descrição do Projeto
1.1- Produto
1.2- Processo
2. Estratégia de Validação
2.1- Responsabilidade
2.1.1 - Grupo Multidisciplinar de Validação
2.1.2 - Produção, Garantia da Qualidade, Controle da Qualidade, Engenharia e
Manutenção.
2.1.3 - Tipo de Validação
Prospectiva
Simultânea
Periódica
Qualificação da Planta C3
1. Qualificação do Projeto
1.1- Descrição da Planta / Área
1.2- Diagrama de fluxos
1.2.1 - Layout:
Fluxo de Pessoas
Fluxo de Materiais
Classificação de Áreas
1.2.2 - Diagrama de tubulações e instrumentação
1.3- Especificação Técnica de:
1.3.1 - Utilidades
1.3.2 - Salas / Áreas
1.3.3 - Tipos de processo
1.3.4 - Automatização
1.3.5 - Especificação de materiais
1.4- Certificação técnica
71
Modelo de Protocolo
de Qualificação
C3 Qualificação da Planta
3. Qualificação Operacional
3.1- Certificados de Calibração
3.2- Sistemas de limpeza
3.3- Teste de funcionamento / Teste de Start-up
3.3.1 - Equipamento de processo (teste de parâmetros e funções críticas)
3.3.2 - Teste de funções automatizadas
3.4- Preparação e Testes de SOP’s (Procedimentos de Operação Padrão)
3.5- Certificação
4. Qualificação da Performance
4.1- Ensaios de teste
4.2- Documentação
4.3- Certificação - 1. Especificação dos Materiais
1.1- Identidade
1.2- Caracterização e especificações (matéria-prima)
1.3- Estabilidade
D3 Validação de Processo
2. Validação dos testes de métodos
2.1- Estabelecer Instruções Analíticas
2.2- Validação das Instruções Analíticas:
Ex.:
Linearidade, precisão e exatidão
Limite de detecção
Limite de quantificação, etc.
2.3- Preparação de Relatórios de Validação
2.4- Preparação de Métodos Analíticos baseados nos resultados de validação
ALTERNATIVO:
3. Processo de validação
3.1- Preparação de protocolo de validação
3.2- Identificação dos parâmetros críticos do processo (tempo, temperatura, pressão,
etc.)
3.3- Estabelecer limites de aceitação dos parâmetros críticos
3.4- Efetuar validações (normalmente 03 validações consecutivas)
Prospectiva (antes do início da comercialização)
Simultânea (paralela à comercialização)
Periódica (validação periódica)
Revalidações (após alterações nos processos)
72
Modelo de Protocolo
de Qualificação
Validação de Processo D3
3.5- Documentação de validação
3.5.1 - Estabelecer limites e condições obtidos
3.5.2 - Estabelecer limites de processo
3.5.3 - Preparação de relatórios de validação
3.5.4 - Conclusão das validações efetuadas
3.5.5 - Preparação de métodos de manufatura baseados nas validações
Referências E3
1. Norma da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – EB- Normas
2115:1991 – Esterilização – Esterilizadores a vapor – Esterilizadores grandes –
Requisitos. Brasileiras
74
AUTOR DO TRABALHO: FERNANDO BUSTAMANTE
ORGANIZAÇÕES PARTICIPANTES
4. MINISTÉRIO DA SAÚDE
Brasília – DF. (BRASIL)
• Membro oficial do Comitê técnico de Esterilização à Gás Óxido de Etileno - Portaria Interministerial N.º 482 de
16/04/99
Desde 1996 até a presente data.
5. I.V.T.
Institute of Validation Technology
• Membro honorário
71
Ind. e Com. de Aparelhos Médicos Hospitalares Ltda.
Rua Tenente Onofre Rodrigues de Aguiar, 1201
CEP: 08770-040 - Mogi das Cruzes - SP
Fone: (11) 4721-1733
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