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Biologia

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Biologia

Mitose e meiose

Resumo

Divisão celular
O período que antecede a divisão celular é a intérfase, e apresenta intensa atividade metabólica e a
preparação para a divisão celular. A Intérfase é dividida nas seguintes fases:

• G: também chamada de fase GAP, é o período que compreende desde o final da divisão celular anterior
e se estendendo até o início da duplicação do DNA. Nesse período ocorre o crescimento da célula e
síntese proteica.

• S: também chamada de fase de síntese, ela se caracteriza pela duplicação das cromátides dos
cromossomos, ficando cada cromossomo com duas cromátides-irmãs unidas pelo centrômero.

• G2: nesta fase a célula continua aumentando seu tamanho e duplicando as organelas, fazendo com que
o volume celular sofra um grande aumento que é necessário o início da divisão celular.

Ciclo de divisão celular

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Mitose
Em uma célula eucarionte, uma célula mãe dá origem a duas células-filhas cromossômica e geneticamente
idênticas. Este processo é caracterizado pela separação de cromátides-irmãs (divisão equacional) e ocorre
de acordo com as seguintes etapas:

Divisão mitótica

• Prófase: Nesta fase, os Centríolos começam a migrar para os pólos da célula, a carioteca se funde ao
RER e desaparece, junto ao nucléolo e a cromatina se espiraliza formando o cromossomo.
• Metáfase: os cromossomos atingem o máximo de espiralização e se dispõem na metade da célula
formando a Placa Equatorial, os centríolos se encontram nos pólos formando o fuso acromático para
que haja separação do material genético.
• Anáfase: ocorre a separação das cromátides irmãs no fuso acromático
• Telófase: Reaparecem a carioteca e o nucléolo, os cromossomos se desespiralizam formando os
cromatina

Diferenças entre a divisão celular da célula animal e vegetal

Diferença entre a divisão celular vegetal e animal

• Animal: Citocinese centrípeta, Cêntrica (presença de centríolos), Divisão Astral


• Vegetal: Citocinese centrífuga, Acêntrica (ausência de centríolos e de centrossomos), Divisão Anastral,
formação da Lamela média (deposição de celulose no meio da célula pelo Complexo Golgiense)

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Se fôssemos colocar a mitose em gráficos, ficaria desta forma:

Meiose
É um tipo de divisão celular em que uma célula diploide produz quatro células haploides, sendo por este
motivo uma divisão reducional, onde nos animais é gamética e dos vegetais é espórica.
Neste processo, a Meiose I é reducional enquanto que a Meiose II é equacional. A meiose I gera variabilidade
genética através do Crossing-over e segregação independente.

Divisão meiótica

Neste processo ocorre a redução cromossomial em meio a divisão celular:


Prófase I: Esta fase é subdividida em algumas etapas:
1. Leptóteno: cromatina espiraliza em cromossomos, nucléolo desaparece, centríolos começam a migrar
para os pólos da célula
2. Zigóteno: ocorre o pareamento dos cromossomos homólogos (os cromossomos ficam lado a lado)
3. Paquíteno: ocorre o crossing-over (permutação)
4. Diplóteno: ocorre a visualização dos quiasmas (ponto onde ocorreu crossing over)
5. Diacinese: desaparecimento da carioteca

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• Metáfase I: os cromossomos ficam organizados em pares formando a placa equatorial e há formação


de fibras do fuso
• Anáfase I: ocorre a separação dos cromossomos homólogos
• Telófase I: ocorre o reaparecimento da carioteca e nucléolo, cromossomos desespiralizam formando a
cromatina e ocorre a citocinese gerando duas células haploides

Meiose II
Este processo é semelhante a mitose, porém com os cromossomos reduzidos a metade:

• Prófase II: Centríolos começam a migrar para os polos da célula, a carioteca se funde ao RER e
desaparece, junto ao nucléolo e a cromatina se espiraliza formando os cromossomos

• Metáfase II: os cromossomos atingem o máximo de espiralização e se dispõem na metade da célula


formando a Placa Equatorial, os centríolos se encontram nos polos formando o fuso acromático para
que haja separação do material genético

• Anáfase II: ocorre a separação das cromátides irmãs no fuso acromático

• Telófase II: Reaparecem a carioteca e o nucléolo, os cromossomos se desespiralizam formando os


cromatina

Se fôssemos colocar a mitose em gráficos, ficaria desta forma:

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Exercícios

1. No Células de embrião de drosófila (2n=8), que estavam em divisão, foram tratadas com uma
substância que inibe a formação do fuso, impedindo que a divisão celular prossiga. Após esse
tratamento, quantos cromossomos e quantas cromátides, respectivamente, cada célula terá?
a) 4 e 4.
b) 4 e 8.
c) 8 e 8.
d) 8 e 16.
e) 16 e 16

2. Quando adquirimos frutas no comércio, observamos com mais frequência frutas sem ou com poucas
sementes. Essas frutas têm grande apelo comercial e são preferidas por uma parcela cada vez maior
da população. Em plantas que normalmente são diploides, isto é, apresentam dois cromossomos de
cada par, uma das maneiras de produzir frutas sem sementes é gerar plantas com uma ploidia
diferente de dois, geralmente triploide. Uma das técnicas de produção dessas plantas triploides é a
geração de uma planta tetraploide (com 4 conjuntos de cromossomos), que produz gametas diploides
e promove a reprodução dessa planta com uma planta diploide normal. A planta triploide oriunda
desse cruzamento apresentará uma grande dificuldade de gerar gametas viáveis, pois como a
segregação dos cromossomos homólogos na meiose I é aleatória e independente, espera-se que
a) os gametas gerados sejam diploides.
b) as cromátides irmãs sejam separadas ao final desse evento.
c) o número de cromossomos encontrados no gameta seja 23.
d) um cromossomo de cada par seja direcionado para uma célula filha.
e) um gameta raramente terá o número correto de cromossomos da espécie.

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3. A reprodução sexuada gera variabilidade genética dentre os seres vivos. Para tanto, durante a
formação dos gametas sexuais, um processo de meiose forma células filhas com metade do número
de cromossomos da célula mãe. Sobre este processo, ilustrado na figura abaixo, é correto afirmar que:

a) Em “1”, é mostrada a prófase I, onde a condensação dos cromossomos os torna visíveis ao


microscópio ótico.
b) Na fase de diplóteno da Meiose I, os cromossomos homólogos iniciam sua separação, cujas
cromátides se cruzam originando quiasmas.
c) Na anáfase I, os pares de cromossomos homólogos prendem-se ao fuso acromático dispondo-
se na região equatorial da célula.
d) Na metáfase II, os microtúbulos do fuso acromático puxam as cromátides-irmãs para os polos
opostos da célula.
e) Na telófase II, desaparecem os nucléolos e a célula se divide (citocinese II).

4. A O paclitaxel é um triterpeno poli-hidroxilado que foi originalmente isolado da casca de Taxus


brevifolia, árvore de crescimento lento e em risco de extinção, mas agora é obtido por rota química
semissintética. Esse fármaco é utilizado como agente quimioterápico no tratamento de tumores de
ovário, mama e pulmão. Seu mecanismo de ação antitumoral envolve sua ligação à tubulina
interferindo com a função dos microtúbulos.
KRETZER, I. F. Terapia antitumoral combinada de derivados do paclitaxel e etoposídeo associados à nanoemulsão lipídica rica
em colesterol - LDE. Disponível em: www.teses.usp.br. Acesso em: 29 fev. 2012 (adaptado).

De acordo com a ação antitumoral descrita, que função celular é diretamente afetada pelo paclitaxel?
a) Divisão celular.
b) Transporte passivo.
c) Equilíbrio osmótico.
d) Geração de energia.
e) Síntese de proteínas.

5. O gráfico mostra a variação da quantidade de DNA de uma célula somática durante as diversas fases
de sua vida.

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No gráfico, a mitose propriamente dita e a interfase correspondem, respectivamente, aos períodos de


tempo:
a) 4 a 6 e 1 a 4.
b) 2 a 4 e 3 a 5.
c) 3 a 5 e 1 a 3.
d) 1 a 3 e 4 a 6.
e) 2 a 5 e 3 a 5.

6. No processo de divisão celular por mitose, chamamos de célula-mãe aquela que entra em divisão e
de células-filhas, as que se formam como resultado do processo. Ao final da mitose de uma célula,
têm-se:
a) Duas células, cada uma portadora de metade do material genético que a célula-mãe recebeu de
sua genitora e a outra metade, recém-sintetizada.
b) Duas células, uma delas com o material genético que a célula-mãe recebeu de sua genitora e a
outra célula com o material genético recém-sintetizado.
c) Três células, ou seja, a célula-mãe e duas células-filhas, essas últimas com metade do material
genético que a célula-mãe recebeu de sua genitora e a outra metade, recém-sintetizada.
d) Três células, ou seja, a célula-mãe e duas células-filhas, essas últimas contendo material
genético recém-sintetizado.
e) Quatro células, duas com material genético recém-sintetizado e duas com o material genético
que a célula-mãe recebeu de sua genitora.

7. O esquema a seguir mostra a duração das fases da mitose em células de embrião de gafanhoto,
mantido a 38ºC.

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Adaptado de Carl P. Swanson. THE CELL. Foundations of Modern Biology. New Jersey: Prentice-Hall lnc. p.52)

De acordo com esses dados, a etapa mais rápida é aquela em que ocorre:
a) Fragmentação da carioteca.
b) Afastamento das cromátides-irmãs.
c) Reorganização dos núcleos.
d) Duplicação das moléculas de DNA.
e) Alinhamento dos cromossomos na placa equatorial.

8. Alguns indivíduos podem apresentar características específicas de Síndrome de Down sem o


comprometimento do sistema nervoso. Este fato se deve à presença de tecidos mosaicos, ou seja,
tecidos que apresentam células com um número normal de cromossomos e outras células com um
cromossomo a mais em um dos pares (trissomia). Este fato é devido a uma falha no mecanismo de
divisão celular denominada de não-disjunção. Assinale a alternativa que identifica a fase da divisão
celular em que esta falha ocorreu.
a) anáfase II da meiose
b) anáfase I da meiose
c) anáfase da mitose
d) metáfase da mitose
e) metáfase II da meiose

9. Para estudar os cromossomos, é preciso observá-los no momento em que se encontram no ponto


máximo de sua condensação. A imagem corresponde ao tecido da raiz de cebola, visto ao
microscópio, e cada número marca uma das diferentes etapas do ciclo celular.

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Qual número corresponde à melhor etapa para que esse estudo seja possível?
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

10. O ciclo celular envolve a interfase e as divisões celulares, que podem ser mitose ou meiose. A meiose
é um tipo de divisão celular que originará quatro células com o número de cromossomos reduzido
pela metade. Com base no texto e em seus conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar que:
a) interfase é um período em que ocorre apenas a duplicação do material genético.
b) na anáfase I cada cromossomo de um par de cromossomos homólogos é puxado para um dos
polos da célula.
c) o crossing-over ocorre em todos os cromossomos não homólogos.
d) na telófase I os cromossomos separados em dois lotes sofrem duplicação do material genético
e as membranas nucleares se reorganizam.
e) quiasmas são as permutas que ocorrem entre cromátides irmãs que permitem a variedade de
gametas.

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Gabarito

1. D
Na mitose, o número de cromossomos não se altera, permanecendo 8. Já o fuso mitótico é formado na
metáfase, onde os cromossomos estão duplicados, mas unidos pelo centrômero, totalizando 16
cromátides.

2. E
A planta triploide, para não gerar sementes, dificilmente terá o número correto de cromossomos, fazendo
com que não se desenvolvam seus gametas.

3. B
Na fase de diplóteno, dentro de prófase 1, há a formação dos quiasmas, regiões onde ocorreu o crossing
over na fase de paquíteno.

4. A
O fármaco em questão interfere na função dos microtúbulos. Estes tem função de formar o citoesqueleto
e transporte intracelular, mas principalmente, atuam no deslocamento de cromossomos no processo de
divisão celular. Com a função inibida, a divisão celular será afetada.

5. A
O ciclo celular pode ser dividido em duas etapas: divisão celular e intérfase. Em geral, a mitose dura 5%
da duração total do ciclo celular, enquanto no tempo restante (95%) a célula permanece em intérfase.
Nessa fase, os cromossomos estão descondensados no interior do núcleo, constituindo a cromatina. É
durante a intérfase que o DNA está em plena atividade e é também nessa fase que as moléculas de DNA
se duplicam, preparando a célula para a próxima divisão. Portanto, a intérfase corresponde ao período
de tempo de 1 a 4, onde podemos notar no gráfico a duplicação do teor de DNA na célula (de 2C para
4C). Já a mitose corresponde ao período de 4 a 6, onde podemos notar o retorno do teor de DNA da
célula ao nível original (de 4C para 2C).

6. A
Ao final da mitose, formam-se duas células. A replicação do material genético é dita semiconservativa,
fazendo com que cada receba metade recém sintetizada e a outra metade pré-existente.

7. B
A etapa mais rápida (9 min), de acordo com o esquema, é a anáfase. Nessa fase, ocorre a separação e o
afastamento das cromátides irmãs

8. C
Para indivíduos apresentarem a síndrome de Down na forma de mosaico, algumas células na fase de
mórula deveriam estar com o número normal de cromossomos. Assim, pode-se afirmar que a síndrome
não se originou da meiose, na formação dos gametas, mas da mitose durante o desenvolvimento
embrionário

9. C
A metáfase é a fase do ciclo com a condensação máxima dos cromossomos, assim, a melhor a ser
estudada é a de número 3.

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10. B
A anáfase I (meiose) é a fase na qual os cromossomos homólogos são separados.

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Genética do sexo

Resumo

Normalmente, uma célula somática humana contém 22 pares de cromossomos autossômicos e um par de
cromossomos sexuais heterossomicos (que podem ser diferentes entre si). Isso totaliza 23 pares, ou 46
cromossomos totais (2n=46).
Os cromossomos autossômico (pareados) estão relacionados com as características estruturais e
funcionais de forma geral, sendo iguais entre os diferentes sexos, enquanto os sexuais (não–pareados) são
também responsáveis pelas características que irão definir os sexos, como a formação das gônadas e
órgãos reprodutores e outras características sexuais gerais também.

Imagem mostrando os diferentes cromossomos: os autossômicos pareados (1 a 22) e os dois cromossomos sexuais (X e Y).

A presença de um cromossomo Y determina uma maior produção de testosterona, que leva ao


desenvolvimento de testículos (gônadas que produzem espermatozóides, que são gametas masculinos),
enquanto a presença de apenas cromossomos X não promove o desenvolvimento de testículos, e as
gônadas internas viram ovários (que produzem óvulos, que são gametas femininos).
A determinação sexual de mamíferos ocorre pelos cromossomo X e Y, sendo a combinação homogamética
XX responsável por formar fêmeas e a combinação heterogamética XY responsável por formar machos. É
na meiose que esses cromossomos se separam, formando gametas contendo X ou Y. O homem produz
gametas X ou Y e a mulher, apenas X.

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Os Cromossomos Sexuais
Os cromossomos X e Y não são homólogos, sendo o cromossomo X maior. Por conta disso, apenas uma
região destes cromossomos atua como homóloga. As regiões não homólogas que irão apresentar as
principais características da genética do sexo:

Cromossomos seuxais X e Y, indicando suas regiões homólogas e não homólogas, esta sendo onde se encontram as heranças
sexuais.

Herança restrita ao sexo: ocorre quando o gene está no cromossomo Y, também sendo chamada de herança
holândrica. Como exemplo, temos a hipertricose auricular.
• Hipertricose auricular: É uma condição que aparece apenas em homens. Nela, ocorre o aumento do
número e tamanho de pelos na região da orelha (pavilhão auditivo).

Indivíduo do sexo masculino com a herança holândrica de hipertricose auricular.

Herança ligada ao sexo: é provocada por genes nos cromossomos X. É mais comum de aparecer em homens,
já que estes precisam de apenas um cromossomo X para expressar o gene, caso ele seja recessivo. Como
exemplos, temos a hemofilia e o daltonismo.

• Hemofilia: É uma doença hemorrágica, resultante da deficiência em um gene relacionado à cascata de


coagulação sanguínea (fator VIII). Por ser uma doença genética recessiva ligada ao cromosomo X, a
hemofilia afeta em sua maioria homens. Homens possuem um único alelo de fator VIII, presente em seu
único cromossomo X (XY) enquanto as mulheres possuem dois alelos, já que apresentam dois

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cromossomos X (XX). Homens com um alelo com mutação (X hY, hemizigose) terão a doença. Já as
mulheres, caso elas tenham um único alelo com mutação (XHXh, heterozigose) serão apenas portadoras
e as as mulheres com mutações em ambos os alelos (X hXh, homozigose) manifestarão a doença.

Exemplos de cruzamentos entre hemofílicos. Em 1, o pai é hemofílico e a mãe normal, e suas filhas são apenas portadoras; em 2, o
pai é hemofílico e a mãe é portadora, logo há 50% de chance dos filhos e das filhas nascerem com hemofilia; em 3, a mãe é hemofílica
e o pai normal, logo todos os filhos nascem com a condição e as filhas são apenas portadoras; em 4, pai e mãe são hemofílicos, e
todos os filhos nascem com esta condição.

• Daltonismo: A grande diferença entre o número de homens afetados comparando com o de mulheres
se explica pelo fato de o daltonismo ser provocado por gene recessivo ligado ao cromossomo X. O
daltonismo é um defeito que faz com que pelo menos um dos três tipos de cones, que são os receptores
das cores existentes na retina, não funcione corretamente.

Exemplo de imagem em visão normal e nos diferentes tipos de daltonismo.


Fonte: Pubblica Assistenza Pianoro. Disponível em: http://www.pubblicapianoro.it/pubblica/files/schede/scheda_daltonismo.htm

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Herança influenciada pelo sexo


É possivel que certos genes sejam influenciados pela presença ou não de determinados cromossomos
sexuais, e neste caso temos uma herança influenciada pelo sexo, como a calvície.
• Calvicie: É uma herança autossômica dominante. Nos homens, basta a presença de um alelo dominante
para que ocorra a calvície, porém mulheres só serão calvas caso ela tenha dois alelos dominantes.
Ambos não são calvos caso o genótipo seja homozigoto recessivo.

Genótipo Fenótipo
Homem: não calvo
cc
Mulher: não calva
Homem: calvo
Cc
Mulher: não calva
Homem: calvo
CC
Mulher: calva

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Exercícios

1. No heredograma, os símbolos preenchidos representam pessoas portadoras de um tipo raro de


doença genética. Os homens são representados pelos quadrados e as mulheres, pelos círculos.
Qual é o padrão de herança observado para essa doença?

a) Dominante autossômico, pois a doença aparece em ambos os sexos.


b) Recessivo ligado ao sexo, pois não ocorre a transmissão do pai para os filhos.
c) Recessivo ligado ao Y, pois a doença é transmitida dos pais heterozigotos para os filhos.
d) Dominante ligado ao sexo, pois todas as filhas de homens afetados também apresentam a
doença.
e) Codominante autossômico, pois a doença é herdada pelos filhos de ambos os sexos, tanto do pai
quanto da mãe.

2. Nas galinhas, existe um tipo de herança ligada ao cromossomo sexual que confere presença ou
ausência de listras (ou barras) nas penas. Galos homozigotos barrados (ZB ZB ) foram cruzados com
galinhas não barradas (Zb W), resultando em uma F1 de galos e galinhas barradas. Considerando uma
F2 de 640 aves, a proporção fenotípica esperada será de
a) 480 galos barrados, 80 galinhas não barradas e 80 galinhas barradas.
b) 80 galos barrados, 80 galinhas não barradas e 480 galinhas barradas.
c) 40 galos barrados, 80 galinhas não barradas e 520 galinhas barradas.
d) 320 galos barrados, 160 galinhas não barradas e 160 galinhas barradas.
e) 160 galos barrados, 160 galinhas não barradas e 320 galinhas barradas.

3. Em gatos, a determinação da cor do pêlo é um caso de herança ligada ao cromossomo X. Assim, o


pelo malhado, que é a manifestação de um genótipo heterozigoto em ausência de dominância, só é
encontrado normalmente nas fêmeas. O aparecimento excepcional de machos malhados é explicado
a partir da seguinte constituição sexual cromossômica:
a) XY
b) XX
c) XXY
d) XYY
e) XXX

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4. O cruzamento de uma drosófila de olho vermelho, heterozigota, com um macho de olho branco,
sabendo-se que esse caráter obedece ao mecanismo da herança ligada ao sexo, deve dar:
a) todos os descendentes machos de olho vermelho, porque eles não recebem o cromossomo X do
pai.
b) descendentes machos de olho vermelho e olho branco, porque 50% deles recebem o cromossomo
X do pai, que tem olho branco, e 50% o X da mãe, que tem olho vermelho.
c) todos os descendentes femininos de olho branco, porque as fêmeas recebem o cromossomo X
do pai, que tem olho branco.
d) 50% dos descendentes femininos de olhos vermelhos e 50% de olhos brancos, porque a fêmea é
heterozigota e o macho é portador do gene recessivo.
e) tanto machos quanto fêmeas 50% de olhos vermelhos e 50% de olhos brancos, porque se trata
do cruzamento de um heterozigoto com um birrecessivo.

5. A análise do heredograma a seguir permite supor que a característica apresentada pelos indivíduos é:

a) ligada ao cromossomo X.
b) ligada ao cromossomo Y.
c) autossômica dominante.
d) autossômica recessiva.
e) letal na primeira infância.

6. Uma doença genética muito rara tem padrão de herança dominante. Um homem, filho de mãe afetada
e pai normal, é afetado pela doença e é casado com uma mulher que não é afetada pela doença. A
respeito dos filhos desse casal, é correto afirmar:
a) Um filho desse casal tem probabilidade de 75% de ser afetado pela mesma doença do pai, no
caso de o gene em questão estar localizado num cromossomo autossômico.
b) Uma filha desse casal tem probabilidade de 100% de ser afetada pela mesma doença do pai, no
caso de o gene em questão estar localizado no cromossomo X.
c) Um filho desse casal tem probabilidade de 50% de ser afetado pela mesma doença do pai, no
caso de o gene em questão estar localizado no cromossomo X.
d) Uma filha desse casal tem probabilidade de 25% de ser afetada pela mesma doença do pai, no
caso de o gene em questão estar localizado num cromossomo autossômico.
e) Uma filha desse casal tem 0% de probabilidade de ser afetada pela mesma doença do pai, no caso
de o gene em questão estar localizado no cromossomo X.

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7. Um homem calvo, filho de pai não calvo, casa-se com uma mulher não calva cujo pai era calvo
homozigoto. Qual é a probabilidade de o casal ter um menino que futuramente seja calvo?
a) 3/4
b) 1/2
c) 1/8
d) 3/8
e) 1/4

8. Os indivíduos de uma população de uma pequena cidade, fundada por uma família de europeus, são,
frequentemente, frutos de casamentos consanguíneos. Grande parte dos grupos familiares dessa
localidade apresenta membros acometidos por uma doença rara, identificada por fraqueza muscular
progressiva, com início aos 30 anos de idade. Em famílias com presença dessa doença, quando os
pais são saudáveis, somente os filhos do sexo masculino podem ser afetados. Mas em famílias cujo
pai é acometido pela doença e a mãe é portadora do gene, 50% da descendência, independentemente
do sexo, é afetada.
Considerando as características populacionais, o sexo e a proporção dos indivíduos afetados, qual é
o tipo de herança da doença descrita no texto?
a) Recessiva, ligada ao cromossomo X.
b) Dominante, ligada ao cromossomo X.
c) Recessiva, ligada ao cromossomo Y.
d) Recessiva autossômica.
e) Dominante autossômica.

9. Leandro, preocupado com a possibilidade de vir a ser calvo, consultou um amigo que estava
estudando genética. Contou que, embora seus pais não fossem calvos, sua avó materna era. Na
família do avô materno, não havia histórico de calvície. Seu amigo explicou que a calvície é uma
característica influenciada pelo sexo e que se expressa nos homens em homo e heterozigose e nas
mulheres, somente em homozigose. Assim concluiu que a chance de Leandro vir a ser calvo era de
50%. Essa conclusão baseia-se no fato de
a) sua mãe ser heterozigota.
b) seu avô paterno ser calvo.
c) sua avó paterna ser heterozigota.
d) seu pai ser heterozigoto.
e) sua avó materna ser heterozigota.

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10. A distrofia muscular Duchenne (DMD) é uma doença causada por uma mutação em um gene
localizado no cromossomo X. Pesquisadores estudaram uma família na qual gêmeas monozigóticas
eram portadoras de um alelo mutante recessivo para esse gene (heterozigóticas). O interessante é
que uma das gêmeas apresentava o fenótipo relacionado ao alelo mutante, isto é, DMD, enquanto a
sua irmã apresentava fenótipo normal.
RICHARDS, C. S. et al. The American Journal of Human Genetics, n. 4, 1990 (adaptado).

A diferença na manifestação da DMD entre as gêmeas pode ser explicada pela


a) dominância incompleta do alelo mutante em relação ao alelo normal.
b) falha na separação dos cromossomos X no momento da separação dos dois embriões.
c) recombinação cromossômica em uma divisão celular embrionária anterior à separação dos dois
embriões.
d) inativação aleatória de um dos cromossomos X em fase posterior à divisão que resulta nos dois
embriões.
e) origem paterna do cromossomo portador do alelo mutante em uma das gêmeas e origem materna
na outra.

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Gabarito

1. D
Uma doença relacionada ao sexo é uma doença ligada ao cromossomo X. Como ela é dominante, apenas
um X dominante já faz a doença se manifestar. Se um homem XY possui a doença, o único X dele é
afetado e todas suas filhas possuirão este cromossomo.

2. D
Cruzando ZBZB x ZbW, tem-se uma geração F1 com os genótipos: ZBZb e ZBW. Cruzando ZBZb x ZBW
teremos uma F2 ZBZB, ZBZb, ZBW e ZbW. Como todos os machos apresentam o ZB, eles serão barrados.
Já metade das fêmeas será barrada (ZBW) e a outra metade não barrada (ZbW).
640 x 1/2 (total de machos) = 320 machos barrados
640 x 1/4 (total de fêmeas ZBW) = 160 fêmeas barradas
640 x 1/4 (total de fêmeas ZbW) = 160 fêmeas não barradas

3. C
Para pelagem malhada, é necessário dois cromossomos X, devido ao fator heterozigoto da herança.
Como gatos necessitam do cromossomo Y para serem machos, gatos malhados serão XXY.

4. D
Se a mosca XX, fêmea, é heterozigota, olho vermelho é dominante sobre olho branco. Se o macho tem
olho branco, nesse caso, ele será recessivo. Fazendo o cruzamento, é ½ de chance para cada.

5. B
Apenas homens são afetados, e todos os filhos homens de homens afetados são portadores, logo, está
ligado ao cromossomo Y.

6. B
A doença sendo dominante vai apresentar genótipo A, se for autossômica, ou XA se for ligada ao sexo.
Um homem XAY passa o gene XA para 100% de suas filhas do sexo feminino, fazendo com que elas
sejam afetadas (XAXa). Caso a característica fosse autossômica, teríamos um cruzamento Aa (homem)
x aa (mulher) e apenas 50% dos filhos do casal poderiam ser afetados (independente do sexo).

7. D
Homem calvo filho de pai não calvo (cc) – Cc
Mulher não calva filha de pai calvo (C_) – Cc
Cc x Cc → 1/4 CC, 2/4 Cc, 1/4 cc.
A probabilidade de ser homem é de 1/2. Sendo homem, a probabilidade de ser calvo é 3/4. Logo, 1/2 x
3/4 teremos 3/8.

8. A
Como o texto menciona, quando os pais são saudáveis, ou seja, não tem o gene para a doença ligado no
cromossomo X, o filho somente terá a doença se a mãe proporcionar o X com o gene para a doença. Já
se o pai e a mãe são portadores, o filho poderá receber o X defeituoso da mãe, tendo 50% de chances e
a filha poderá receber ou da mãe ou do pai, já que ela é XX.

9. A

9
Biologia

Como a avó materna de Leandro era calva, sua mãe é heterozigota, logo, há 50% de chance de Leandro
ter herdado o alelo para calvicie, que se manifesta em homens em heterozigose.

10. D
Cada mulher apresenta dois cromossomos X, um deles se inativando formando o corpúsculo de Barr (ou
cromatina sexual). Heterozigotas para DMD (XAXa) podem ter o XA inativado e manifestar a doença, ou
sofrer inativação do Xa e apresentar fenótipo normal. A expressão de fenótipos distintos em mulheres
heterozigotas para gene ligado ao sexo (cromossomo X) e gêmeas monozigóticas deve ser explicada
pela inativação ao acaso de um de seus cromossomos X.

10
Biologia

Gametogênese e fecundação

Resumo

A gametogênese é o processo de produção dos gametas em seres que fazem a reprodução sexuada. Nos
humanos, o processo fudamental para a formação de gametas é a meiose, que divide células diploides
originando células haploides. A gametogênese masculina é chamada de espermatogênese, com formação
de espermatozoide, enquanto a feminina é chamada de ovulogênese, com a formação do óvulo.

Espermatogênese
Ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos. As células germinativas, também chamadas de
espermatogônias, são aquelas que darão origem aos espermatozoides, e são nutridas pelas células de Sertoli,
que se localizam ao redor deste túbulos.

A espermatogênese apresenta 4 fases:


• Fase proliferativa: Inicia-se na vida embrionária (intrauterina) e dura durante a vida inteira. Nesta fase,
as espermatogônias sofrem sucessivas mitoses, aumentando seu número, e mantendo a célula
diplóide (2n).
• Fase de crescimento: As etapas a partir daqui ocorrem após a
puberdade, também durando a vida inteira. Há aumento no volume
citoplasmático das espermatogônias, tornando-as espermatócitos
I ainda diplóides (2n).
• Fase de maturação: Nesta fase ocorre a meiose, onde cada
espermatócito I (2n) originará dois espermatócitos II haplóides (n),
e com a ocorrência da meiose II, estes espermatócitos II originam
quatro espermátides, também haploides (n).
• Espermiogênese: Aqui as espermátides se diferenciam em
espermatozoides, com perda de citoplasma e formação do
acrossomo pelo complexo golgiense (com enzimas que corroem os
envoltórios do ovócito no momento da fecundação). Também há a
migração dos centríolos para a região posterior da célula, para a
formação do flagelo, e na peça intermediária (entre a “cabeça” e o
flagelo), encontra-se uma alta quantidade de mitocôndrias.

1
Biologia

Ovogênese
Nos ovários, os gametas são originários de um grupamento de células germinativas chamadas de folículos
ovarianos de Graff. As células foliculares também irão produzir hormônios sexuais femininos (estrogênio e
progesterona) e serão resonsáveis pela manutenção das células germinativas. A cada ciclo menstrual, apenas
um folículo ovariano amadurece, sendo apenas um gameta maduro formado e liberado em média a cada 28
dias. A cada ciclo menstrual, um dos ovários que faz a maturação folicular, alternando esta produção.

A ovogênese apresenta 3 fases:


• Fase de proliferação: Ocorre apenas durante a vida intrauterina. Aqui ocorrem consecutivas mitoses,
aumentando a quantidade de ovogônias diplóides (células germinativas = 2n). Quando esta etapa é
interrompida, no indivíduo ainda na barriga da mãe, há cerca de 400 mil ovogônias formadas.
• Fase de crescimento: As ovogônias dão início à primeira divisão meiótica, que é interrompida na prófase
I. Elas crescem, com aumento do citoplasma e acúmulo de substâncias nutritivas (vitelo), que é
responsável pela nutrição do embrião durante seu desenvolvimento. Ao final do período de crescimento,
as ovogônias se transformam em ovócitos primários (ovócitos I). Nas mulheres, essa fase dura até a
puberdade, quando a menina inicia a sua maturidade sexual.
• Fase de maturação: inicia quando a menina alcança a maturidade sexual (entre 11 a 15 anos de idade).O
ovócito primário completa a primeira divisão meiótica, originando duas células: uma das células é o
ovócito secundário (ovócito II), célula grande e rica em vitelo; a outra célula é o primeiro corpúsculo polar
(polócito I), que recebe pouco citoplasma e, na maioria das vezes, desintegra-se sem iniciar a segunda
divisão meiótica. O ovócito II sofre a segunda divisão meiótica que é interrompida na metáfase.
Caso haja fecundação, a segunda divisão meiótica se completa dando origem ao óvulo e ao segundo
corpúsculo polar (polócito II), que também se desintegra. Na ovogênese a divisão meiótica é desigual,
não se reparte igualmente o citoplasma entre as células-filhas (ovócito II e polócito I), permitindo que o
ovócito II formado seja rico em substâncias nutritivas.

2
Biologia

Fecundação
O ovócito II ovulado apresenta duas camadas de proteção: a corona radiata, mais externa, e a zona pelúcida
formada principalmente por glicoproteínas. As enzimas presentes no acrossoma dos espermatozóides
rompem essas camadas, fazendo com que seja possível um espermatozoide se fusionar ao ovócito II.
Neste momento onde as duas camadas de proteção foram rompidas, há a fusão da membrana dos gametas,
e para evitar a entrada de mais de um espermatozoide no ovócito (poliespermia), há a liberação de grânulos
corticais. É neste momento que a meiose II do ovócito II finaliza, formando um corpúsuclo polar e o óvulo
propriamente dito. Importante lembrar que neste momento apenas os citoplasmas foram unidos, mas ainda
não houve a fusão dos núcleos.

Após a fusão das membranas e a finalização da meiose II, o núcleo do espermatozóide e do óvulo se unem,
em uma etapa chamada de cariogamia. Aqui, com a fusão dos núcleos, temos a formação do zigoto diplóde
(2n) que irá originar o novo ser. O processo da fecundação ocorre no terço posterior da tuba uterina, com a
locomoção dos espermatozóides pela movimentação dos flagelos, e após a fecundação o zigoto migra para
o útero.

3
Biologia

Exercícios

1. Entre as várias diferenças que existem entre o gameta masculino e o feminino na espécie humana está
a quantidade de mitocôndria. No espermatozoide existem mitocôndrias em duas regiões: acrossomo
e na peça intermediária. No óvulo existem mitocôndrias distribuídas ao longo de todo o seu gigante
citoplasma. Assinale a opção que apresenta corretamente a consequência dessa diferença entre
espermatozoide e óvulo.
a) Em todos os filhos, independentemente do sexo, os produtos gênicos mitocondriais são
produzidos a partir de genes herdados da mãe.
b) Os óvulos são mais ativos que os espermatozoides por possuírem mais mitocôndrias, fonte de
energia da célula.
c) Há uma maior transcrição nos óvulos do que nos espermatozoides, pela presença de maior
quantidade de mitocôndrias nos primeiros.
d) Os espermatozoides são células diferenciadas não secretoras enquanto que os óvulos são células
diferenciadas secretoras.

2. O número de embriões humanos produzidos pelas técnicas de fertilização in vitro criopreservados


(congelados) nas clínicas de Reprodução Humana Assistida voltou a crescer em 2017 em relação ao
ano anterior e obteve-se o registro de 78.216 embriões congelados, aumento de cerca de 17% da
utilização dessa técnica no Brasil. A Região Sudeste é a responsável por 65% dos 78.216 embriões
congelados. A Região Sul tem 13%, a Nordeste, 12%, a Centro-Oeste, 8%, e a Norte, 2%; assim se
distribui, em porcentagem, o número de embriões criopreservados no ano de 2017.
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/numero-de-embrioes-
criopreservados-cresce-17no-pais/219201/pop_up?inheritRedirect=false.&gt; Acesso em: 24 set. 2018.

Nos estudos relacionados à reprodução humana, faz-se necessário o conhecimento preliminar de


como e onde os gametas se formam. Adotando-se a espermatogênese e a ovulogênese, quantos
cromossomos estarão presentes no núcleo de cada espermatogônia e em cada ovócito secundário em
metáfase, respectivamente?
a) 23 e 23.
b) 23 e 46.
c) 69 e 46
d) 46 e 69.
e) 46 e 23.

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Biologia

3. A meiose é um tipo de divisão celular que conduz, nas gônadas, a produção dos gametas masculinos
(espermatozoides) e dos femininos (óvulos). Sabe-se que a sequência da espermatogênese é a
seguinte:

Com base nisso, assinale a alternativa que relaciona apenas as células diploides da sequência.
a) Espermatogônias e espermatócitos de 1a ordem.
b) Espermatócitos de 1a ordem e de 2a ordem.
c) Espermatócitos de 2a ordem e espermátides.
d) Espermátides e espermatozoides.
e) Espermatozoides e espermatogônias.

4. A figura abaixo serve de suporte para esta questão e mostra a parede de um túbulo seminífero humano,
em corte transversal. Nessa figura estão representadas as diversas fases de formação dos
espermatozoides (espermatogênese).

Considerando os processos de proliferação, divisão e diferenciação celular ocorridos durante a


espermatogênese, é correto afirmar que o número cromossômico é:
a) 23, nos espermatócitos primários.
b) 46, nos espermatócitos primários, e 23, nos espermatócitos secundários.
c) 46, nos espermatócitos primários e secundários, e 23, nas espermátides.
d) 23, nos espermatócitos primários e secundários.
e) 23, nos espermatócitos secundários, e 46, nas espermátides.

5
Biologia

5. O termo ovulação é bem conhecido na sociedade e este evento é de suma importância para que ocorra
a reprodução sexuada na espécie humana. Marque a alternativa abaixo que apresenta o que é liberado
pelo ovário no decorrer deste processo.
a) Ovócito Primário.
b) Óvulo.
c) Espermatozoide.
d) Zigoto.
e) Ovócito Secundário.

6. Uma mulher com 40 anos ou mais tem a maior probabilidade de gerar uma criança com defeitos
congênitos do que uma mulher com 20 anos. Mas um o homem com 20 ou mais de 40 anos tem a
mesmas chances de gerar uma criança normal. Esta diferença deve-se ao fato de:
a) Os ovócitos primários serem produzidos apenas no período embrionário e os espermatócitos
primários produzidos continuamente a partir da puberdade.
b) Os ovócitos primários serem produzidos apenas durante a puberdade e os espermatócitos
primários produzidos constantemente ao longo da vida.
c) Tanto os ovócitos primários quanto os espermatócitos primários formarem-se apenas na vida
embrionária, sendo os espermatócitos produzidos em maior quantidade.
d) Tanto os ovócitos primários quanto espermatócitos primários formarem-se apenas durante a
puberdade, sendo sendo os espermatócitos produzidos em maior quantidade.
e) Os ovócitos primários serem produzidos constantemente ao longo da vida e os espermatócitos
primários produzidos apenas no período embrionário.

7. A idade materna avançada implica em preocupação com a possibilidade do nascimento de bebês com
anomalias, porque
a) os folículos ovarianos entram em atividade, mas, em geral, apenas um cresce e amadurece,
enquanto os demais regridem.
b) os ovócitos maternos permanecem um longo período em divisão meiótica, mais suscetíveis a
agentes físicos, químicos e biológicos.
c) as ovogônias maternas interrompem a fase de multiplicação por volta da 15• semana de vida fetal
e transformam-se em ovócitos primários.
d) as gônadas têm células conservadas num estado indiferenciado e, quando estimuladas, iniciam a
produção dos gametas.
e) as células do ovário materno sofrem inúmeras divisões mitóticas em resposta aos mecanismos
de controle do ciclo celular.

6
Biologia

8. A espermatogênese refere-se à sequência inteira de eventos através dos quais a partir das
espermatogônias ocorre a formação dos espermatozoides. Sobre esse evento, é correto afirmar que:
a) A primeira divisão meiótica acontece nos espermatócitos primários, e dão origem aos
espermatócitos secundários, haploides.
b) Na puberdade, as espermatogônias, que haviam permanecido dormentes no epidídimo desde o
período fetal, começam a aumentar de número.
c) As células de Leydig, que revestem os túbulos seminíferos, sustentam e nutrem as células
germinativas.
d) Os espermatócitos secundários possuem 2n = 46 cromossomos e são as células que sofrem a
primeira divisão reducional (meiose) durante a espermatogênese.
e) As espermátides são as maiores células germinativas dos túbulos seminíferos e através da
espermiogênese diferenciam-se em espermatozoides.

9. A reprodução é o mecanismo essencial para a perpetuação, a diversidade das espécies e a


continuidade da vida. Os gametas são os veículos de transferência dos genes para as próximas
gerações. A gametogênese humana é o fenômeno biológico de formação dos oócitos secundários e
espermatozoides. As afirmativas a seguir se referem à oogênese. Analise-as e assinale a alternativa
correta.
a) Inicia-se na puberdade e pode ocorrer durante toda vida.
b) Cada oogônia forma 4 oócitos.
c) A diferenciação citoplasmática é caracterizada pela formação de flagelo.
d) Durante a etapa de maturação, ocorre meiose I e meiose II.

10. Os animais exibem padrões de reprodução sexuada extremamente diversificados. Entretanto, todos
têm em comum a ocorrência da gametogênese, o processo de formação dos gametas. Nos machos,
ocorre a espermatogênese, ou seja, a formação de espermatozoides. Entre as fêmeas, acontece a
ovulogênese, isto é, a formação de óvulos. Sobre esses fenômenos, assinale a afirmativa correta.
a) Ambos ocorrem em células denominadas gônadas, sendo que a espermatogênese se dá nos
testículos, nos machos, e a ovulogênese, nos ovários, nas fêmeas.
b) Meiose ocorre em ambos, sendo que, de cada cem células que iniciam, podem surgir quatrocentos
espermatozoides ou quatrocentos óvulos.
c) Os produtos meióticos da espermatogênese já são os espermatozoides, mas na ovulogênese
passam por diferenciação celular antes de se tornar gametas.
d) Quando da ovulação, é liberado do ovário um ovócito primário, que só se tornará óvulo caso seja
fecundado.
e) A proliferação de espermatogônias ocorre praticamente por toda a vida masculina fértil, enquanto
a de ovogônias se restringe à fase embrionária feminina.

7
Biologia

Gabarito

1. A
A mitocôndria terá origem materna pois quando ocorre a fecundação, apenas a região da cabeça do
espermatozoide se fusiona com o ovócito II. Como as mitocôndrias paternas estão na região da peça
intermediária, ela não entra na formação do zigoto. Assim, tanto meninos como meninas recebem o
material genético mitocondrial da mãe.

2. E
A espermatogônia ainda naõ sofreu meiose, ou seja, o número de cromossomos será 46. Já o ovócito II
sofreu a primeira meiose que é reducional, ou seja, terá 23 cromossomos.

3. A
As células diploides estão presentes até antes de se iniciar a divisão meiótica, sendo as espermatogônias
e espermatócitos primários células diplóides (2n). A partir dos espermatócitos secundários, as células
são haploides (n), pois houve a meiose.

4. B
Como espermatogônias e espermatócitos primários são células 2n, eles apresentarão 46 cromossomos.
A partir dos espermatócitos secundários, como houve a meiose, eles terão 23 cromossomos.

5. E
O ovócito II é liberado pelo ovário na tuba uterina para caso houver fecundação, se transformar em óvulo.

6. A
O processo de formação de óvulos inicia-se antes mesmo do nascimento, por volta do terceiro mês de
desenvolvimento. As ovogônias se multiplicam durante a fase fetal feminina. Em seguida, param de se
dividir e diferenciam-se em ovócitos primários. Logo, a mulher nasce com um número fixo de ovócitos
(cerca de 400 mil). Com o passar do tempo, as células do corpo dos seres humanos envelhecem, e nas
mulheres isso também vale para esses ovócitos que ficaram armazenados. Esse fato, somado a outros
fatores, aumenta as chances de se gerar uma criança com anomalias genéticas. Já nos homens, a
espermatogênese é contínua a partir da puberdade, pois as espermatogônias continuam a se multiplicar
por mitose e se transformar em espermatócitos primários. Logo, os espermatozóides apresentam
renovação contínua ao longo da vida do homem.

7. B
Quanto maior a idade da mulher, maior o risco de anomalias visto que os ovócitos estão estacionados
em meiose até ocorrer o estímulo para a ovulação por mais tempo do que em uma mulher jovem. Nesse
período estacional, são mais suscetíveis a agentes ambientais que podem provocar mutações no material
genético ou não-disjunções dos cromossomos.

8. A
A primeira divisão meiótica, também conhecida como reducional, ocorre nos espermatócitos primários
(dica para memorizar: Meiose I no espermatócito I), dando origem aos espermatócitos II, já haploides.

9. D
Na fase de maturação ocorre primeira mente a meiose I onde o oócito I se transforma em oócito II, e,
também ocorre a meiose II, onde o oócito II se transforma em óvulo.

10. E
A multiplicação de espermatogônias ocorre durante toda a vida do homem, desde a vida intrauterina, com
a produção de espermatozoides ocorrendo a partir da puberdade, também durando até o fim da vida. Já
nas mulheres, a multiplicação de ovogônias ocorre apenas durante a vida intrauterina.

8
Biologia

Mutações cromossômicas

Resumo

As mutações são uma alteração nos genes, que ocorre de maneira aleatória. Elas podem ser classificadas
como
• Estruturais, onde há alteração na sequência de nucleotídeos. Mais de uma mutação estrutural pode
ocorrer ao mesmo tempo em um cromossomo. São classificadas em
o Deleção: há perda de nucleotídeo ou de parte de uma sequência deles
o Adição: soma-se mais nucleotídeos à sequência genética
o Duplicação: nucleotídeos em um cromossomo se duplicam
o Inversão: nucleotídeos em um cromossomo trocam de ordem
o Translocação: nucleotídeos de um cromossomo passam para outro cromossomo (homólogo ou
não)

Esquemas dos cromossomos, indicando as alterações estruturais que eles podem sofrer

• Numéricas, onde há uma alteração no número de cromossomos. Neste caso, pode haver uma euploidia
(mudança no número total de cromossomos que formam o genoma) ou uma aneuploidia (alteração no
número de cromossomos dos indivíduos). Em humanos, euploidias são letais. As aneuploidias ocorrem
quando há uma não disjunção dos cromossomos ou das cromátides irmãs durante a formação dos
gametas.

Esquema de como podem ocorrer aneuploidias nas diferentes etapas da gametogênese.

As aneuploidias mais comuns apresentam uma pequena variação do número de cromossomos

1
Biologia

• Nulissomias (2n-2): Há perda de um par de cromossomos. Em seres diploides, como os humanos, esta
aneuploidia é letal.
• Monossomias (2n-1): Há perda de um cromossomo do par.
• Trissomia (2n+1): Há um cromossomo a mais em determinado par (há três cópias do cromossomo).
São mais comuns em humanos.

Exemplos de aneuploidias em humanos


• Super macho (47, XYY): Trissomia do cromossmo Y. Apresentam alta estatura e são férteis, costumam
apresentar produção excessiva de testosterona, que leva a distúrbios comportamentais, e também
podem apresentar leve retardo mental.
• Super fêmea (47, XXX): Trissomia do cromossomo X. Apresentam fenótipo normal e são férteis, porém
estas mulheres podem apresentar leve retardo mental.
• Síndrome de Turner (45, X0): Há apenas um cromossomo sexual X, apresentando fenótipo feminino.

Representação do fenótipo e características de uma pessoa com monossomia do cromossomo X.

2
Biologia

• Síndrome de Klinefelter (47, XXY): Há uma cópia a mais do cromossomo X. Por conta da presença do
cromossomo Y, indivíduos com esta síndrome apresentam fenótipo masculino. Não se trata de
hermafroditismo, visto que não há desenvolvimento de gônadas femininas, porém em alguns casos
pode aparecer como exemplo de pseudo-hermafroditismo, devido a algumas caracteristicas femininas
presentes em um indivíduo com genótipo masculino (cromossomo Y).

Representação do fenótipo e características de uma pessoa com trissomia nos cromossomos sexuais.

• Síndrome de Patau (47, XX + 13 ou 47, XY +13): Há uma cópia a mais do cromossomo 13 (trissomia). É
uma trissomia rara, que provoca deficiência mental grave e deformidades físicas características.

Características de um indivíduo com síndrome de Patau.

3
Biologia

• Síndrome de Edwards (47, XX + 18 ou 47, XY +18): Apresenta um cromossomo 18 a mais (trissomia).


Esta trissomia também é rara, e é considerada uma doença letal, podendo levar a morte da criança com
menos de um ano de vida.

Características de um indivíduo com síndrome de Edwards..

• Síndrome de Down (47, XX + 21 ou 47, XY +21): Há uma cópia a mais do cromossomo 21 (trissomia).
Esta síndrome também é chamada de trissomia do cromossomo 21. A síndrome de Down também pode
ocorrer por outros tipos de mutação, como a translocação do cromossomo 21 ao cromossomo 14,
porém neste caso não há alteração no número de cromossomos (os indivíduos se mantém 2n = 46).
São características desta trissomia um desenvolvimento mais lento, capacidade intelectual reduzida,
rosto arredondado, cabelos finos e olhos, nariz e mãos pequenas.

Esquema da translocação e características de um indivíduo com síndrome de Down.

4
Biologia

Exercícios

1. Denominamos de mutação as alterações que ocorrem na estrutura do material genético. Uma dessas
alterações é a troca de uma base nitrogenada por outra, uma alteração estrutural no cromossomo
conhecida por
a) Deleção.
b) Inserção.
c) Adição.
d) Substituição.
e) Inversão.

2. No início do desenvolvimento, todo embrião humano tem estruturas que podem se diferenciar tanto
no sistema reprodutor masculino quanto no feminino. Um gene do cromossomo Y, denominado SRY
(sigla de sex-determining region Y), induz a formação dos testículos. Hormônios produzidos pelos
testículos atuam no embrião, induzindo a diferenciação das outras estruturas do sistema reprodutor
masculino e, portanto, o fenótipo masculino. Suponha que um óvulo tenha sido fecundado por um
espermatozóide portador de um cromossomo Y com uma mutação que inativa completamente o gene
SRY. Com base nas informações contidas no parágrafo anterior, pode-se prever que o zigoto
a) será inviável e não se desenvolverá em um novo indivíduo.
b) se desenvolverá em um indivíduo cromossômica (XY) e fenotipicamente do sexo masculino,
normal e fértil.
c) se desenvolverá em um indivíduo cromossômica (XY) e fenotipicamente do sexo masculino, mas
sem testículos.
d) se desenvolverá em um indivíduo cromossomicamente do sexo masculino (XY), mas com
fenótipo feminino.
e) se desenvolverá em um indivíduo cromossômica (XX) e fenotipicamente do sexo feminino.

3. A síndrome de Down é causada por uma anomalia cromossômica em que o portador apresenta células
com três cromossomos do número 21. Os afetados apresentam geralmente baixa estatura, pescoço
relativamente curto, olhos oblíquos, mãos curtas e largas, entre outras características. Essa síndrome
é um exemplo de:
a) Euploidia.
b) Aneuploidia.
c) Deleção.
d) Duplicação.
e) Translocação.

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Biologia

4. A síndrome de Down, que afeta um em cada mil recém-nascidos, não é uma doença, mas a mais
comum das alterações cromossomiais. Trata-se de uma condição genética que vem acompanhada
de algumas peculiaridades para as quais os pais devem estar atentos desde o nascimento da criança.
A pessoa com síndrome de Down faz parte do universo da diversidade humana e tem muito a contribuir
com desenvolvimento de uma sociedade inclusiva. Assinale a alternativa que representa,
corretamente, um cariótipo de portador da Síndrome de Down.
a) 45, X.
b) 46, XX.
c) 47, XXY.
d) 47, XY +21.
e) 47, XY+18.

5. A cariotipagem é um método que analisa células de um indivíduo para determinar seu padrão
cromossômico. Essa técnica consiste na montagem fotográfica, em sequência, dos pares de
cromossomos e permite identificar um indivíduo normal (46, XX ou 46, XY) ou com alguma alteração
cromossômica. A investigação do cariótipo de uma criança do sexo masculino, com alterações
morfológicas e comprometimento cognitivo, verificou que ela apresentava fórmula cariotípica 47, XY,
+18.
A alteração cromossômica da criança pode ser classificada como:
a) estrutural, do tipo deleção.
b) numérica, do tipo euploidia.
c) numérica, do tipo poliploidia.
d) estrutural, do tipo duplicação.
e) numérica, do tipo aneuploidia.

6. As anomalias cromossômicas são bastante frequentes na população humana. Cada espécie


apresenta um cariótipo típico, isto é, um conjunto de cromossomos caracterizado e identificado em
número, forma e tamanho. Alterações no material genético, quantitativas ou qualitativas, podem
ocorrer durante os processos de preparação para duplicação. Mesmo durante as divisões mitóticas
ou meióticas acontecem irregularidades (aberrações) na divisão celular ou ocorrem ação de agentes
externos como as radiações que podem cortar cromossomos. Como os cromossomos são os
depositários dos genes, qualquer alteração numérica ou estrutural é capaz de modificar a expressão
gênica, originando organismos anormais ou inviáveis. Qual das seguintes síndromes humanas
apresenta uma monossomia?
a) Síndrome de Edwards.
b) Síndrome de Klinefelter.
c) Síndrome de Turner.
d) Síndrome de Patau.
e) Síndrome de Down.

6
Biologia

7. Um dos fatores mais importantes para que a evolução ocorra é a mutação, uma vez que esse processo
está relacionado com mudanças no material genético do indivíduo. As mutações garantem::
a) que a seleção natural selecione os organismos mutantes.
b) que a variabilidade genética aumente em uma população.
c) que as características sejam passadas de um descendente para outro.
d) que os organismos adquiram apenas características vantajosas para sua sobrevivência.
e) que os organismos consigam sobreviver no ambiente..

8. Uma criança foi encaminhada a um Serviço de Genética por apresentar sinais clínicos sugestivos de
síndrome de Down. Por meio de cultura de linfócitos de sangue periférico e coloração para banda G,
foi realizada uma análise de cariótipo incluindo 97 metáfases desse paciente que revelaram uma
proporção de 60 metáfases com cariótipo 45,X e 37 metáfases com cariótipo 47,XY,+21.
O resultado dessa análise indica que o paciente em questão apresenta:
a) mosaicismo, caracterizado por apresentar células com aneuploidia de cromossomo autossômico
ou sexual.
b) mosaicismo, caracterizado por apresentar a totalidade das células somáticas com trissomia do
cromossomo 21 e as células do tecido gonadal com monossomia do X.
c) translocação entre um cromossomo autossômico e um cromossomo sexual.
d) inversão entre um cromossomo autossômico e um cromossomo sexual.
e) a totalidade de suas células somáticas com trissomia do cromossomo 21.

9. Um cientista realizou uma pesquisa para compreender o aparecimento de uma alteração no tamanho
diminuído de uma das asas de um lote de insetos polinizadores. O pesquisador constatou que
cromossomos não homólogos dos animais com a asa modificada apresentavam um rearranjo,
indicando uma troca mútua de segmentos, sugerindo, portanto, que essa alteração era a causa
provável do aparecimento da asa menor. A alteração estrutural, que incidiu nesses cromossomos,
denomina-se:
a) Deficiência.
b) Inversão.
c) Translocação.
d) Crossing-over.
e) Deleção.

10. Assinale a alternativa correta.


a) Os indivíduos com síndrome de Klinefelter possuem cariótipo 47, XXY, e o cromossomo a mais
pode ter sido herdado da mãe ou do pai.
b) Por meio da observação de hemácias da corrente sangüínea, é possível determinar se um
indivíduo tem número normal de cromossomos.
c) Os indivíduos com síndrome de Down apresentam um par de cromossomos nº 21 a mais.
d) As aberrações cromossômicas só podem ser diagnosticadas após o parto.
e) Desde que um indivíduo da espécie humana tenha 46 cromossomos em suas células, ele será
normal.

7
Biologia

Gabarito

1. D
Quando se troca uma base nitrogenada por outra, temos uma mutação do tipo substituição.

2. D
Sem a ativação do gene SRY, não haverá o processo de diferenciação fenotípica masculina, e o embrião
se desenvolverá com fenótipo feminino.

3. B
A síndrome de Down caracteriza-se como uma aneuploidia, uma alteração numérica que modifica pouco
o número de cromossomos.

4. D
A síndrome de Down é uma aneuploidia do tipo trissomia, onde há três cópias de um determinado
cromossomo. No caso, o cromossomo triplicado é o 21, fazendo com que o cariótipo possa ser escrito
como 47, XX + 21 (em mulheres) ou 47, XY + 21 (em homens).

5. E
Edwards é uma alteração numérica, a trissomia do cromossomo 18, e pode ser classificada como uma
aneuploidia, pois é a adição de apenas um cromossomo.

6. C
A Síndrome de Turner trata-se de uma monossomia, ela ocorre quando a mulher carrega apenas um
cromossomo X, sendo então X0.

7. B
As mutações ocorrem aleatoriamente, e isso aumenta a diversidade de genes em uma população, sejam
essas características vantajosas ou não. A seleção natural que irá determinar se a característica se
mantém na população.

8. A
Vemos que há diferença no número de células com alterações cromossomicas, onde parte delas
apresentam aneuploidia no cromossomo autossômico (47,XY,+21) e outra parte no cromossomo sexual
(45,X), o que caracteriza um mosaicismo. Importante reparar que todas as células analisadas foram
células somáticas (linfócitos – glóbulos brancos).

9. C
A troca de fragmentos entre cromossomos não-homólogos é chamada translocação.

10. A
Klinefelter é uma aneuploidia na qual o indivíduo apresenta um cromossomo X a mais. Esse cromossomo
X pode ter vindo da mãe, em um óvulo XX, ou do pai, em um espermatozoide XY.

8
Biologia

Embriogênese do anfioxo

Resumo

O desenvolvimento embrionário, também chamado de embriogênese, ocorre após a fecundação. Neste


processo, ocorrem inúmeras divisões celulares por mitose, que originam outras células. Estas divisões são
chamadas de clivagem. Durante o desenvolvimento podemos observar as seguintes etapas:
• Zigoto: é uma célula única, formada logo após a fecundação; a divisão ocorre por clivagem, e são
formadas células idênticas entre si.
• Mórula: aglomerado que contém entre 12 e 32 células, todas formadas também por clivagem; as
células se mantém identicas entre si, indiferenciadas. Estas são as células tronco totipotentes, e
podem se diferenciar em qualquer tipo de célula e tecido.
• Blástula: as células da mórula se organizam e dão origem a um espaço oco, chamado de blastocele,
e aqui as células também são indiferenciadas e totipotentes.

Imagem representando o desenvolvimento do zigoto. A ordem dos acontecimentos é: fecundação-zigoto-mórula-blástula-gástrula.

• Gástrula: A blástula sofre uma invaginação, formando um espaço oco circundado por uma camada dupla
de células. A camada mais externa é o ectoderma e a mais interna, o endoderma, iniciando a
diferenciação dos folhetos embrionários, que são tecidos embrionários. O espaço oco é chamado de
arquêntero (tubo digestivo primitivo) e há também um orifício chamado de blastóporo. Com a
diferenciação dos tecidos embrionários, as células passam a ser células tronco pluripotentes, ou seja,
cada célula de cada folheto possui a capacidade de gerar qualquer tecido, desde que este seja derivado
do respectivo folheto embrionário.
Em animais protostomados (exemplo: vermes, moluscos e artrópodes), a abertuta do blastóporo origina a
boca, e em deuterostomados (exemplo: equinodermos e cordados), esta abertura origina o ânus. Os animais
diblásticos (cnidários) possuem o desenvolvimento embrionário até esta etapa.

Exemplo do desenvolvimento de diblásticos.

1
Biologia

• Nêurula: a gástrula se transforma em nêurula, que é a fase final da embriogênese, ocorre um dobramento
das células do ectoderma, formando um tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso. Nos animais
triblásticos, algumas células do endoderma darão origem ao mesoderma, e este pode ou não formar um
espaço que abriga os órgãos internos dos animais, chamado celoma. A presença ou não de celoma
diferencia os animais triblásticos em acelomados, pseudocelomados ou celomados.

Exemplo do desenvolvimento em triblásticos.


Os animais possuem diferentes tipos de ovos. A quantidade e a distribuição do vitelo determinam o tipo de
segmentação que o zigoto pode ter:

• Holoblástica: há divisão por total do ovo, pode ser igual (todas as células se dividem igualmente,
como nos ovos oligolécitos) ou desigual (divisão em pólo animal e vegetal, como nos ovos
heterolécitos)
• Meroblástica: divisão parcial das células, apenas onde não se tem vitelo, pode ser discoidal (as
divisões ocorrem no disco germinativo, como nos ovos telolécitos) ou superficial (divisões ocorrem
na periferia do ovo, como nos ovos centrolécitos)

2
Biologia

Tipo de ovo Quantidade de vitelo Ocorrência

Oligolécitos Pouco vitelo distruído Poríferos, Cnidários,


uniformemento pelo citoplasma. equinodermos,
protocordados e mamíferos.

Heterolécitos Maior quantidade de vitelo com Anfíbios, vermes e


distribuição heterogênea. molúscos.

Telolecitos Garnde quantidade de vitelo que Aves, répteis, cefalópodos.


ocupa quase todo o citoplasma.

Centrolécitos Concentração do vitelo na parte Artópodos.


central. Pequena camada
periférico de citoplasma.

Anexos embrionários não fazem parte do corpo do embrião, mas derivam dos folhetos embrionários e
auxiliam no desenvolvimento e proteção do embrião.
São eles:
• Vesícula vitelina ou saco vitelínico: é uma estrutura que envolve o vitelo, auxilia na nutrição;
• Âmnio ou bolsa amniótica: delimita a cavidade amniótica e protege o embrião contra choques
mecânicos e evita a sua desidratação;
• Cório: membrana que recobre o embrião e os outros anexos embrionários, ajuda nas trocas gasosas.
Nos mamíferos, essa estrutura origina a placenta;
• Alantoide: auxilia nas trocas gasosas. Nos répteis e aves, ele armazena o produto da excreção do
embrião;
• Placenta: exclusiva dos mamíferos, faz a troca de substâncias da mãe com o filhote, como nutrição,
respiração e excreção

3
Biologia

Exercícios

1. O estudo do desenvolvimento embrionário dos animais foi organizado, de forma geral, em três etapas
principais: segmentação, gastrulação e organogênese. Com relação a essas etapas, assinale a
proposição correta.
a) Durante o processo de formação do embrião dos mamíferos, ocorre formação do anexo
embrionário alantoide cuja função é permitir a troca de gases e nutrientes e a eliminação de
excretas fetais dissolvidos.
b) Através da placenta, o feto recebe da mãe nutrientes e oxigênio e retorna excretas nitrogenadas e
gás carbônico.
c) Os embriões de todos os animais apresentam os três folhetos germinativos sendo, por isso,
denominados de triblásticos.
d) As células ovo ou zigoto são classificadas com base na quantidade e distribuição de vitelo. Assim,
os ovos classificados como telolécitos são aqueles que apresentam uma grande quantidade de
vitelo que ocupa boa parte da célula e estão presentes em mamíferos.

2. O desenvolvimento embrionário é diversificado entre os diferentes grupos animais, e ocorre, de maneira


geral, em três fases consecutivas. Assinale a alternativa correta quanto ao desenvolvimento
embrionário dos anfioxos.
a) A organogênese é a fase em que o arquêntero, ou intestino primitivo, é formado a partir da
blastocele
b) A gastrulação é o processo de formação dos órgãos, sendo possível visualizar o tubo neural e o
intestino, ao final dessa fase.
c) A organogênese é o processo de transformação da blástula em gástrula.
d) A segmentação é um processo em que o zigoto sofre clivagens (divisões), originando os
blastômeros.
e) A neurulação é o início da formação dos folhetos embrionários denominados ectoderme e
endoderme, a partir da gástrula.

3. Gêmeos monozigóticos podem compartilhar um único cório, um único âmnio e uma única placenta
quando durante o desenvolvimento embrionário ocorrer:
a) A divisão de uma gástrula em dois blastocistos.
b) A divisão de um blastômero em duas mórulas.
c) A divisão de uma mórula em duas blástulas.
d) A divisão do disco embrionário.
e) A divisão do embrioblasto.

4
Biologia

4. Com relação à embriologia humana e seus anexos embrionários, assinale a alternativa correta.
a) O âmnio, situado externamente ao cório, tem função de eliminar as excretas e realizar as trocas
gasosas.
b) A gástrula é formada por uma massa de células justapostas sem formar cavidades.
c) Nos humanos, a ectoderme formará a derme, os ossos, os músculos, as cartilagens, os órgãos
excretores e genitais, os órgãos do aparelho circulatório, o peritônio e o mesentério.
d) O saco vitelínico não aparece em nenhum estágio da embriogênese humana.
e) Ao longo do dorso do embrião dos cordados, a ectoderme forma um sulco que se aprofunda e
cujos bordos superiores se soldam, originando um tubo ou canal neural.

5. A estrutura tubular apontada, na figura abaixo, tem origem a partir de um processo de invaginação de
células ectodérmica, que ocorre no dorso do embrião e tem por função originar o(a):

a) Celoma.
b) Placenta.
c) Notocorda.
d) Intestino primitivo.
e) Sistema nervoso.

6. A figura abaixo representa um corte através de uma blástula.

Pela disposição dos blastômeros e do vitelo, pode-se afirmar que essa blástula se originou a partir de
um ovo:
a) Telolécito.
b) Centrolécito.
c) Heterolécito.
d) Oligolécito.
e) Alécito.

5
Biologia

7. Observe o esquema que representa a origem dos tecidos embrionários humano.

Considere que exista uma mutação em uma das divisões mitóticas que ocorrem no desenvolvimento
do embrião. Se essa mutação ocorrer na fase indicada pela seta de número:
a) 1, nenhuma das células do embrião apresentará a mutação.
b) 2, as células produzidas pela medula óssea apresentarão a mutação.
c) 3, as células da musculatura esquelética apresentarão a mutação.
d) 4, as células da epiderme e anexos, como unhas e pelos, apresentarão a mutação.
e) 5, os óvulos ou os espermatozoides do indivíduo adulto apresentarão a mutação.

8. Durante o desenvolvimento embrionário, a gastrulação envolve movimentos extensivos e altamente


integrados de células e tecidos, resultando em um rearranjo dramático de células da blástula. A
gastrulação converte a blástula esférica em uma configuração mais complexa de três camadas
germinativas. A camada externa é o ectoderma, a interna é o endoderma e a formação de bolsas
externas ao arquêntero origina o mesoderma. Considerando as estruturas que são formadas a partir
das três camadas germinativas, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, apenas estruturas
que serão originadas a partir do mesoderma.
a) Sistema nervoso, fígado e revestimento da bexiga urinária.
b) Revestimento epitelial do tubo digestivo, epiderme e fígado.
c) Músculos, sistema urinário e sistema cardiovascular.
d) Revestimento epitelial do sistema respiratório, revestimento da bexiga urinária e pâncreas.
e) Unhas, pelos e glândulas endócrinas e exócrinas.

9. A figura abaixo representa um corte de embrião de anfíbio.

O tecido que dará origem ao sistema nervoso e aquele que será substituído pela coluna vertebral estão
indicados, respectivamente, em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e I.
d) II e III.
e) III e II.

6
Biologia

10. Nos organismos multicelulares, após a fecundação, tem inicio o desenvolvimento embrionário (a
embriogênese) que dará origem ao novo indivíduo. Durante esse desenvolvimento é correto afirmar
que:
a) A primeira fase do desenvolvimento denomina-se organogênese, originando a mórula.
b) Todos os órgãos serão formados por apenas um único tipo de tecido.
c) Por ocorrerem, durante o desenvolvimento, mitoses e meioses, haverá órgãos haploides e órgãos
diploides.
d) Uma das fases do desenvolvimento denomina-se gastrulação, que se caracteriza pela formação
de folhetos embrionários, do arquêntero e do blastóporo.
e) Em todos os animais, na organogênese, ocorre a formação da notocorda.

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Biologia

Gabarito

1. B
A placenta é o local de troca entre a mãe e o feto (atenção! O sangue não se mistura, ocorre a passagem
por difusão), recebendo nutrientes e oxigênio e retornando ao sangue materno os produtos nitrogenados
e CO2

2. D
A clivagem consiste em sucessivas divisões celulares sem aumento de citoplasma, que se inicia após a
formação do zigoto e ocorre durante a fase de mórula.

3. D
Quando a separação dos gêmeos monozigóticos ocorre em menos de três dias da fecundação, cada um
terá seu próprio anexo embrionário (até a fase de mórula). Caso a separação ocorra entre o 3º e o 9º dia
de gestação (fase de blástula), o que é mais comum, os gêmeos irão compartilhar os anexos embrionários,
como citado na questão. Isto ocorre pois nesta fase de blástula podemos dividir o embrião em trofoblasto
e embrioblasto. O trofoblasto formará os anexos embrionários, enquanto o embrioblasto formará o
embriãose diferenciando em disco embrionário (aglomerado que dá origem aos folhetos embrionários).
Caso o disco embrionário se divide em dois, temos gêmeos com anexos embionários compartilhados.

4. E
A ectoderme é responsável, além da formação do revestimento externo corporal, pela origem do SNC que,
nos cordados, ocorre na região dorsal do corpo.

5. E
Esse processo mostra a invaginação do tubo neural a partir da ectoderme, que originará o sistema
nervoso.

6. A
Dada a grande quantidade de vitelo, representada por pontos na imagem, vemos que se trata de um ovo
telolécito.

7. C
O disco embrionário é o que dá origem aos floteros embrionários. Em sua primeira diferenciação, forma-
se o epiblasto (camada superior) e o hipoblasto (camada inferior). Caso a mutação fosse em 1, todas as
células apresentariam a mutação; caso fosse em 2, as células do tecido epitelial e tecido nervoso
apresentariam a mutação; caso fosse em 4, células dos órgãos do sistema digestório apresentariam a
mutação; caso fosse em 5, apenas o anexo embrionário possuiria a mutação, e não as células do humano.

8
Biologia

8. C
O ectoderma origina o revestimento externo do corpo e o tecido nervoso. O endoderma faz o revestimento
interno do trato gastrointestinal e respiratório. Assim, praticamente todo o restante é originado do
mesoderma, como músculos, grande parte do sistema urinário e sistema cardiovascular.

9. A
O número I é o tubo neural, responsável pela formação do sistema nervoso. A notocorda, II, é substituída
pela coluna vertebral nos seres humanos. Importante lembrar que não é a notocorda que gera o sistema
nervoso.

10. D
Na fase de gástrula, há a migração celular, formando-se o mesoderma, que intercala com o ectoderma e
o endoderma. Arquêntero é o “intestino primitivo” e o blastóporo é a abertura do arquêntero.

9
Biologia

Segunda lei de Mendel

Resumo

Selo comemorativo com Mendel, considerado o pai da genética.

A Segunda Lei de Mendel também é conhecida como a lei da segregação independente dos fatores. Nela,
observamos que dois ou mais pares de genes alelos se separam independentemente, ou seja, então
localizados em partes diferentes no cromossomo homólogo. Isso significa que em um genótipo AaBb, pode-
se formar gametas AB, Ab, aB ou ab na mesma proporção.

Esquema de como ocorre a segregação independente. Repare que há 25% de chance de ter um dos genótipos possíveis, ou seja, é a
mesma probabilidade para qualuqer genótipo.

No experimento de Mendel, ele analisou ao mesmo tempo duas características: cor (verde ou amarela) e a
textura (rugosa ou lisa) das ervilhas. Mendel determinou que um fator (gene que determinada a característica)
não dependia do outro, ou seja, determinada cor e textura não estavam sempre juntas. Nisso, podemos
ervilhas amarelas rugosas, amarelas lisas, verdes rugosas e verdes lisas. Mendel realizou o cruzamento de
uma planta cujas ervilhas eram duplo-homozigotas amarelas e lisas (AABB) com ervilhas duplo-homozigotas
recessivas verdes e rugosas (aabb).

1
Biologia

Os gametas formados foram AB e ab, e houve a formação de uma geração F1 inteiramente duplo-heterozigota
(AaBb). O cruzamento desta geração F1 gerou a seguinte geração F2:
• Proporção Genotípica de F2:
9 A_B_ (ambas as características dominantes) ; 3 A_bb (apenas a primeira característica dominante) ;
3 aaB_ (apenas a segunda característica dominante) ; 1 aabb (ambas as características recessivas)
• Proporção Fenotípica de F2:
9/16 Amarelas Lisas ; 3/16 Amarelas Rugosas ; 3/16 Verdes Lisas ; 1/16 Verdes Rugosas

Cruzamento da geração F1 e resultados na geração F2, no experimento da segunda lei de Mendel.

Vemos então que em casos de cruzamentos entre duplo-heterozigotos a proporção fenotípica observada será
sempre 9:3:3:1. Para determinar o número de gametas de determinado genótipo, basta observar o número
de pares heterozigotos (n), e elevar 2 por esse número (2 n).
• Ex.: Formação de gametas em AABbCCDd.
Sem utilizar a fórmula, é possível deduzir que os gametas possíveis são: ABCD; AbCD; ABCd; AbCd.
O par AA só pode mandar A, o par Bb pode mandar B ou b, o par CC só pode mandar C, o par Dd pode
mandar D ou d. Sendo assim, há 4 possíveis combinações. Utilizando a fórmula, vemos que o número
de heterozigotos é 2, logo, n = 2. Na fórmula, 2² = 4, comprovando que os números batem.
A Segunda Lei de Mendel também pode ser calculada como dois casos isolados de Primeira Lei de Mendel,
obedecendo a “regra do E”.
• Ex.: Cruzamento VvRr x VvRr, destrinchado em Vv x Vv e Rr x Rr
Há probabilidade de 3/4 para a formação de sementes amarelas (V_), enquanto há probabilidade de
1/4 para a formação de sementes lisas (rr). Caso a busca seja pela probabilidade de sementes
amarelas E lisas, multiplica-se 3/4 x 1/4 = 3/16, a proporção anteriormente vista.
V v R r
V VV Vv R RR Rr

v Vv vv r Rr rr
3/4 de probabilidade de ser amarela 1/4 de probabilidade de ser rugosa
Caso os genes estejam no mesmo cromossomo, ou seja, em Linkage, a segregação NÃO será independente,
portanto, a Segunda Lei de Mendel não é absoluta.

2
Biologia

Exercícios

1. Na espécie humana existem várias características cuja herança provém de um par de alelos com
relação de dominância completa. Na forma do lobo da orelha o alelo dominante é responsável pelo lobo
solto e o alelo recessivo pelo lobo preso. A capacidade de enrolar a língua também é determinada por
um par de alelos situados em outros cromossomos autossômicos, onde o alelo dominante determina
essa capacidade. A probabilidade de nascer um descendente com o lobo da orelha preso e a
capacidade de enrolar a língua de um casal onde ambos são heterozigotos para as duas características
é:
a) 12/16
b) 9/16
c) 4/16
d) 3/16
e) 1/16

2. Suponha que, em uma planta, os genes que determinam bordas lisas das folhas e flores com pétalas
lisas sejam dominantes em relação a seus alelos que condicionam, respectivamente, bordas
serrilhadas e pétalas manchadas. Uma planta diíbrida foi cruzada com uma de folhas serrilhadas e de
pétalas lisas, heterozigota para esta característica. Foram obtidas 320 sementes. Supondo que todas
germinem, o número de plantas, com ambos os caracteres dominantes, será de
a) 120.
b) 160.
c) 320.
d) 80.
e) 200.

3. De acordo com a segunda lei de Mendel, o cruzamento AaBbCc × aabbcc terá chance de produzir
descendentes com genótipo AaBbCc igual a
a) 1/2
b) 1/4
c) 1/8
d) 1/16
e) 1/64

4. Em determinada planta, flores vermelhas são condicionadas por um gene dominante e flores brancas
por seu alelo recessivo; folhas longas são condicionadas por um gene dominante e folhas curtas por
seu alelo recessivo. Esses dois pares de alelos localizam-se em cromossomos diferentes. Do
cruzamento entre plantas heterozigóticas para os dois caracteres resultaram 320 descendentes.
Desses, espera-se que o número de plantas com flores vermelhas e folhas curtas seja
a) 20.
b) 60.
c) 160.
d) 180.
e) 320.

2
Biologia

5. Analise o heredograma que ilustra a transmissão de duas características genéticas, cada uma
condicionada por um par de alelos autossômicos com dominância simples.

Admitindo que todos os indivíduos da geração parental são duplo homozigotos, e que foram gerados
em (F2) cerca de cem descendentes, é correto afirmar que a proporção esperada para os fenótipos 1,
2, 3 e 4, respectivamente, é de
a) 3:1:3:1.
b) 9:3:3:1.
c) 1:1:1:1.
d) 3:3:1:1.
e) 1:3:3:1.

6. No milho, grãos de coloração púrpura são dominantes em relação a amarelos, e grãos cheios são
dominantes em relação a murchos. Do cruzamento entre duas plantas, foi obtida uma prole com as
seguintes proporções: 25%de grãos púrpura e cheios; 25%de grãos amarelos e cheios; 25%de grãos
púrpura e murchos; 25% de grãos amarelos e murchos. Sabendo que uma das plantas parentais era
totalmente homozigota, assinale a alternativa correta.
a) Os dois genes citados não estão segregando de forma independente.
b) A planta homozigota era dominante para as duas características.
c) Uma das plantas parentais era heterozigota para as duas características.
d) A prole seria mantida na proporção 1:1:1:1, se as duas plantas parentais fossem duplo
heterozigotas.
e) Os resultados obtidos são fruto de recombinação genética.

7. Em tomates, a característica planta alta é dominante em relação à característica planta anã e a cor
vermelha do fruto é dominante em relação à cor amarela. Um agricultor cruzou duas linhagens puras:
planta alta/fruto vermelho x planta anã/fruto amarelo. Interessado em obter uma linhagem de plantas
anãs com frutos vermelhos, deixou que os descendentes dessas plantas cruzassem entre si, obtendo
320 novas plantas. O número esperado de plantas com o fenótipo desejado pelo agricultor e as plantas
que ele deve utilizar nos próximos cruzamentos, para que os descendentes apresentem sempre as
características desejadas (plantas anãs com frutos vermelhos), estão corretamente indicados em:
a) 16; plantas homozigóticas em relação às duas características.
b) 48; plantas homozigóticas em relação às duas características.
c) 48; plantas heterozigóticas em relação às duas características.
d) 60; plantas heterozigóticas em relação às duas características.
e) 60; plantas homozigóticas em relação às duas características.

3
Biologia

8. Na espécie humana, a habilidade para o uso da mão direita é condicionada pelo gene dominante E,
sendo a habilidade para o uso da mão esquerda devida a seu alelo recessivo e. A sensibilidade à
feniltiocarbamida (PTC) é condicionada pelo gene dominante I, e a insensibilidade a essa substância é
devida a seu alelo recessivo i. Esses dois pares de alelos apresentam segregação independente. Um
homem canhoto e sensível ao PTC, cujo pai era insensível, casa-se com uma mulher destra, sensível,
cuja mãe era canhota e insensível. A probabilidade de esse casal vir a ter uma criança canhota e
sensível ao PTC é de
a) 3/4.
b) 3/8.
c) 1/4.
d) 3/16.
e) 1/8.

9. Considere o cruzamento parental entre dois indivíduos de linhagens puras e contrastantes para duas
características: pelos pretos e longos x pelos brancos e curtos. A geração F1 era constituída por 100%
de indivíduos com pelos pretos e longos. Considerando que as características de cor e comprimento
dos pelos são condicionadas cada uma por um gene e que esses genes têm segregação independente,
a proporção esperada entre 240 indivíduos da F2 é:
a) 135 pelos pretos e longos – 45 pelos pretos e curtos – 45 pelos brancos e curtos – 15 pelos
brancos e longos.
b) 180 pelos pretos e longos – 60 pelos brancos e curtos.
c) 135 pelos pretos e longos – 45 pelos pretos e curtos – 45 pelos brancos e longos – 15 pelos
brancos e curtos.
d) 180 pelos pretos e curtos – 60 pelos pretos e longos.
e) 135 pelos pretos e curtos – 105 pelos brancos e longos.

10. Assinale a alternativa correta a respeito do heredograma abaixo.

a) O indivíduo 1 pode ser homozigoto para o albinismo.


b) O casal 1 x 2 tem 50% de probabilidade de ter uma criança destra e normal para o albinismo.
c) Um dos pais do indivíduo 4 é obrigatoriamente canhoto.
d) Todos os filhos do casal 6 x 7 serão albinos.
e) Os indivíduos 1 e 8 têm obrigatoriamente o mesmo genótipo.

4
Biologia

Gabarito

1. D
A - gene dominante para lobo solto
a - gene recessivo para lobo preso
B- gene dominante para capacidade de enrolar a língua
b- gene recessivo para a ausência de capacidade de enrolar a língua
Se o casal é heterozigoto, o genótipo é AaBb.
A probabilidade de nascer com o lobo da orelha preso é de ¼ (aa) e a de nascer com a capacidade de
enrolar a língua é de ¾ (BB ou Bb).
A probabilidade de nascer um descendente com orelha de lobo preso E com capacidade de enrolar a
língua,devemos multiplicar as probabilidades.
E = multiplica
Ou = soma
1/4 x 3/4 = 3/16.

2. A
Borda lisa das folhas – AA/Aa
Flores com pétalas lisas BB/Bb
Bordas serrilhadas - aa
Pétalas manchadas - bb
AaBb x aaBb
Fazendo o cruzamento da característica bordas das folhas ("A"):
Aa x aa
Aa; Aa; aa; aa
P(A) = 2/4 = 1/2 ⇒ 1/2 a probabilidade de se obter caractere dominante nas bordas das folhas.
Fazendo o cruzamento da característica pétalas das flores ("B"):
Bb x Bb
BB; Bb; Bb; bb
P(B) = 3/4 a probabilidade de se obter caractere dominante nas pétalas das flores.
Como queremos os caracteres dominantes, multiplicamos a probabilidade encontrada:
P(A) x P(B) = 1/2 x 3/4 = 3/8
3/8 x 320 (sementes) = 120.

3. C
Como aabbcc só produz gametas abc, e AaBbCc produz gametas ABC, ABc, AbC, Abc, aBC, aBc, abC e
abc. Podemos utilizar a fórmula 2n, onde existem 3 heterozigotos, então teremos 23 = 2x2x2 = 8. Como
um dos indivíduos sempre mandará o gameta abc, a chance do outro gameta ser ABC e fecundar abc é
1/8.

4. B
Vermelhas "dominantes": V_ e Brancas "recessivas": vv
Longas: C_ e Curtas: cc
Cruzamento heterozigótico: VvCc X VvCc
Deste cruzamento , a proporção é 9:3:3:1
9 - Vermelha Longa (V_C_)
3 - Vermelha Curta (V_cc)
3 - Branca Longa (vvC_)
1 - Branca Curta (vvcc)
Flores vermelhas e curtas: 3/16. Multiplicado pelo número de descendentes, 320.
3/16 x 320 = 60

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Biologia

5. B
Como um dos os pais de F1 possui um genótipo homozigoto recessivo para uma das características, os
descendentes em F1 serão duplo heterozigotos (AaBb). A partir desse cruzamento, com segregação
independente, a proporção clássica será: 9:3:3:1

6. C
Alelos: a (amarelo) e A (púrpura) m (murcho) e M (cheio)
Pais: AaMm aamm
Descendentes: 25% AaMm (grãos púrpuras e cheios) 25% Aamm (grãos púrpuras e murchos) 25% aaMm
(grãos amarelos e cheios) 25% aamm (grãos amarelos e murchos). Assim, uma das plantas parentais é
heterozigota.

7. E
A – alta
A – anã
B – vermelho
B – amarelo
AABB x aabb gera 100% AaBb. Do cruzamento de duplos heterozigotos, 3/16 serão plantas anãs com
fruto vermelho. Do total de 320, a probabilidade é que 60 apresentem essas características. Para a
manutenção, deve-se cruzar plantas homozigóticas aaBB

8. B
Sensibilidade ao PTC - dominante I
Insensibilidade - recessivo i
Mão direita (destro) - dominante E
Mão esquerda (canhoto) - recessivo e
Homem - canhoto e sensível – ee I_
Pai - insensível - _ _ ii
Como o pai é recessivo o homem é obrigatoriamente heterozigoto para característica do PTC.
Homem: ee Ii
Mulher - destra e sensível: E_ I_
Mãe – canhota e insensível: eeii
Como a mãe era canhota e insensível ela será heterozigota
mulher: Ee Ii
Ee X ee
Ee, Ee, ee, ee
50% de ser canhoto e 50% destro
Ii x Ii
II, Ii, Ii, ii
25% de ser insensível
75% de ser sensivel
Para a criança ser destra: 1/2
Para ser sensível: 3/4
Como são duas características (destra E sensível), faz-se a multiplicação
1/2 x 3/4 = 3/8
Resposta: 3/8

6
Biologia

9. C
Linhagens puras = AABB – pretos e longos; e aabb – brancos e curtos
F1 = AaBb – pretos e longos
F1 x F1 = AaBb x AaBb
A proporção em F2 seguirá o padrão de 9:3:3:1. Multiplicando esses valores por 240 (total de filhotes)
temos:
A_B_ – preto e longo: 9/16 x 240 = 135
aaB_ – branco e longo: 3/16 x 240 = 45
A_bb – preto e curto: 3/16 x 240 = 45
aabb – branco e curto: 1/16 x 240 = 15

10. D
Pais normais com filhos albinos apontam para que o albinismo seja uma característica autossômica
recessiva. O casal 6 e 7, sendo albino, apresenta genótipo aa para essa característica, originando 100%
dos descendentes também albinos.

7
Biologia

Destino dos folhetos e anexos embrionários

Resumo

Destino dos folhetos embrionários


Folhetos embrionários, também chamados de folhetos
germinativos, são camadas de células originadas na
fase de gástrula, e darão origem a diferentes estruturas.
São eles: ectoderma, endoderma e mesoderma.
O esquema ao lado mostra um corte do embrião na fase
de gástrula. O Arquêntero é conhecido como o intestino
primitivo e o celoma, cavidade revestida pelo
mesoderma.
É muito importante saber o destino de cada folheto
embrionário, isto é, quais as estruturas que irão ser
formadas. Veja abaixo os tecidos adultos que são
formados a partir dos três folhetos embrionários:
• Endoderma: Revestimento do sistema digestório e respiratório
• Ectoderma: Revestimento externo (epiderme) e sistema nervoso (formado a partir do tubo neural)
• Mesoderma: A maior parte dos demais tecidos e sistemas

1
Biologia

Anexos embrionários
Anexos embrionários não fazem parte do corpo do embrião, mas derivam dos folhetos embrionários e
auxiliam no desenvolvimento e proteção do embrião. São eles:

• Vesícula vitelina ou saco vitelínico: estrutura que armazena vitelo, uma substância nutritiva e proteica,
e auxilia na nutrição;
• Âmnio ou bolsa amniótica: delimita a cavidade amniótica, protege o embrião contra choques mecânicos
e evita a desidratação;
• Cório: membrana que recobre o embrião e os outros anexos embrionários, além de ajudar nas trocas
gasosas. O cório irá originar a placenta nos mamíferos;
• Alantóide: auxilia nas trocas gasosas. Nos répteis e aves, ele armazena o produto da excreção do
embrião;
• Placenta: exclusiva dos mamíferos, faz a troca de substâncias (nutrientes, excretas e gases, por
exemplo) entre a mãe e o filhote. É importante lembrar que NÃO ocorre mistura do sangue da mãe com
o do feto.

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Biologia

Exercícios

1. Os folhetos germinativos são estruturas que darão origem, após a diferenciação, a tecidos e órgãos.
Esses folhetos são formados durante o desenvolvimento do embrião, mais precisamente na fase de:
a) segmentação.
b) organogênese.
c) neurulação.
d) gastrulação.
e) metagênese

2. A organogênese é o processo de formação dos diferentes órgãos de um animal, a partir dos folhetos
embrionários e é semelhante em todos os vertebrados. Sobre este processo, podemos afirmar que o
ectoderme, o mesoderme e o endoderme originam, respectivamente, num animal adulto, as seguintes
estruturas:
a) cristalinos, tubo digestório e músculos;
b) epiderme, derme e rins;
c) glândulas anexas do tubo digestório, músculos estriados e anexos da epiderme;
d) cérebro, esqueleto e pulmões;
e) medula espinhal, fendas branquiais e coração

3. São derivados do folheto embrionário mesoderma:


a) epitélios do trato digestório, fígado e pâncreas;
b) sistema nervoso, epiderme e anexos da pele;
c) epitélios do aparelho respiratório e neuroipófise;
d) tecido nervoso, glândulas mamárias e epitélio bucal;
e) tecido ósseo, sangue e tecidos conjuntivos.

4. Recentemente, no Supremo Tribunal Federal (STF), houve uma grande discussão sobre a legalidade
do aborto em casos em que se comprove que o feto não possui seu sistema nervoso central
desenvolvido (anencefalia). A má formação do sistema nervoso central está relacionada com
problemas durante o desenvolvimento dos tecidos embrionários e das estruturas que surgem a partir
desses tecidos.
Com base nas informações apresentadas e na literatura sobre o tema, é correto afirmar que a má
formação desse sistema ocorre devido ao desenvolvimento inadequado da
a) mesoderme, o que impede a formação da notocorda.
b) endoderme, o que resulta no posicionamento errado do tubo nervoso.
c) ectoderme, o que pode levar ao não desenvolvimento do sistema nervoso central.
d) mesoderme, o que resulta em falha durante o desenvolvimento dos somitos.
e) endoderme, o que faz com que não ocorra o desenvolvimento do sistema endócrino, o qual é
necessário para o desenvolvimento do sistema nervoso central.

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Biologia

5. O cório é o anexo embrionário mais externo ao corpo do embrião. Nos ovos de aves, por exemplo, ele
fica logo abaixo da casca. Juntamente ao alantoide, esse anexo desenvolve a função de:
a) fornecer substância nutritiva ao embrião.
b) realizar trocas gasosas.
c) armazenar escretas.
d) proteger contra choques mecânicos.
e) evitar a desidratação.

6. Nos vertebrados, derme, pulmão e cérebro são, respectivamente, de origem:


a) mesodérmica, enodérmica e ectodérmica;
b) ectodérmica, endodérmica e mesodérmica;
c) mesodérmica, ectodérmica e endodérmica;
d) endodérmica, ectodérmica e mesodérmica;
e) ectodérmica, mesodérmica e endodérmica.

7. Durante o desenvolvimento dos vertebrados, três diferentes folhetos embrionários darão origem a
importantes estruturas do organismo adulto. Assinale a alternativa que apresenta a correta
associação entre a estrutura e o respectivo folheto embrionário.
a) Cabelo e unhas se desenvolvem a partir da epiderme, que por sua vez tem origem na mesoderme.
b) A notocorda, formada a partir da ectoderme, origina o sistema nervoso central.
c) O sistema cardiovascular origina-se a partir da endoderme, mas a membrana que reveste o
coração origina-se da mesoderme.
d) A mesoderme origina a musculatura esquelética, assim como origina o tecido sanguíneo.
e) O tubo neural, formado a partir da ectoderme, origina a coluna vertebral.

8. Com relação aos anexos embrionários, assinale a que for correto:


a) A placenta pode ser encontrada em todos os mamíferos e tem por função a nutrição.
b) Nas aves, o alantoide é bem desenvolvido e realiza a excreção e trocas gasosas.
c) O saco vitelínico garante a nutrição do embrião, já que armazena substâncias nutritivas, com
exceção dos mamíferos.
d) O cório, o anexo embrionário mais intimamente ligado ao embrião, realiza trocas gasosas.
e) O âmnio recolhe as excretas do embrião, liberando-as ao meio externo, por meio da casca..

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Biologia

9. Em condições normais, a placenta humana tem por funções:


a) proteger o feto contra traumatismos, permitir a troca de gases e sintetizar as hemácias do feto;
b) proteger o feto contra traumatismos, permitir a troca de gases e sintetizar os leucócitos do feto;
c) permitir o fluxo de direto de sangue entre mãe e filho e a eliminação dos excretas dissolvidos;
d) permitir a troca de gases e nutrientes e eliminação dos excretas fetais dissolvidos;
e) permitir o fluxo direto de sangue do filho para a mãe, responsável pela eliminação de gás
carbônico e de excretas fetais.

10. O desenvolvimento embrionário é diversificado entre os diferentes grupos animais, e ocorre, de


maneira geral, em três fases consecutivas. Assinale a alternativa correta quanto ao desenvolvimento
embrionário dos anfioxos.
a) A organogênese é a fase em que o arquêntero, ou intestino primitivo, é formado a partir da
blastocele.
b) A gastrulação é o processo de formação dos órgãos, sendo possível visualizar o tubo neural e o
intestino, ao final dessa fase.
c) A organogênese é o processo de transformação da blástula em gástrula.
d) A segmentação é um processo em que o zigoto sofre clivagens (divisões), originando os
blastômeros.
e) A neurulação é o início da formação dos folhetos embrionários denominados ectoderme e
endoderme, a partir da gástrula.

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Biologia

Gabarito

1. D
A gastrulação é a etapa quando aparecem os folhetos embrionários: mesoderma, endoderma e
ectoderma.

2. D
O ectoderme dará origem ao sistema nervoso central e ao revestimento externo corporal (epiderme e
anexos). O mesoderma dará origem ao esqueleto (dentre várias outras estruturas) e o endoderme reveste
o trato gastrointestinal e respiratório

3. E
Para lembrar do mesoderma, pense em exclusão, aquilo que não é endoderma ou ectoderma. Assim,
tecido ósseo, sangue e conjuntivo são derivados desse tecido.

4. C
O sistema nervoso é formado a partir da invaginação do folheto embrionário ectoderme. Um mal
desenvolvimento nesta região causa falhas na região do encéfalo no feto com idade mais avançada.

5. B
Tanto o córion quanto o alantóide atuam no processo de respiração do embrião..

6. A
A derme tem origem mesodérmica (atenção! A epiderme tem origem ectodérmica); o pulmão tem origem
endodérmica (assim como o trato gastrointestinal e o respiratório); o sistema nervoso, como o cérebro,
tem origem ectodérmica.

7. D
O mesoderma é responsável pela formação de diversos tecidos, sendo a maioria deles derivados do
tecido conjuntivo, como o tecido sanguíneo, e o sistema muscular, como a musculatura esquelética.

8. B
Dentre os grupos de mamíferos, uma placenta completa está presente apenas nos eutérios, uma
placenta incompleta é encontrada nos marsupiais, enquanto os monotremados não apresentam
placenta; o saco vitelínico armazena apenas nutrientes, e não excretas; o cório é o anexo mais externo,
distante do embrião; o âmnio protege contra choques mecânicos e desidratação.

9. D
A placenta permite a troca por difusão de substâncias presentes no sangue da mãe e do feto. Por
exemplo: gases, nutrientes e excretas nitrogenadas (ureia).

10. D
A segmentação é a etapa do desenvolvimento onde ocorrem diversas divisões celulares, aumentando o
volume do embrião.

6
Biologia

Interação gênica e pleiotropia

Resumo

De acordo com as leis de Mendel, cada par de alelos determina uma


característica. A interação gênica, no entanto, trata-se de um caso
de segunda lei de Mendel, e o que se observa é que dois ou mais
pares interagem juntos para a expressão de uma única
característica. Já na pleiotropia ocorre o oposto, e um único par
determina diversas características.

A cor da pele é uma característica determinada por


interação gênica

Genes Complementares (herança qualitativa)


Nos genes complementares, diversos genes não-alelos interagem juntos para expressar uma única
característica qualitativa, sendo por isso também chamada “herança qualitativa”. No caso da crista das
galinhas, os genes R e E determinam diferentes formas de crista, de acordo com as combinações de alelos
possíveis.

A crista das galinhas é determinada por uma herança qualitativa

1
Biologia

Epistasia
A epistasia é uma herança na qual um gene é capaz de inibir outro que não seja seu alelo. Por exemplo, se o
par B_ determina pelagem preta em labradores, e bb determina chocolate, o alelo epistático ee pode
determinar cor dourada, inibindo a expressão de B/b. Este é um caso de epistasia recessiva, já que o alelo
epistático é o recessivo. Quando o par com o alelo dominante inibir o outro gene, chamamos de epistasia
dominante, como observamos nas penas das galinhas.

Genótipos e fenótipos de um caso de epistasia


na coloração das penas de galinhas.

Genótipos e fenótipos de um caso de epistasia na


pelagem de cães labradores.
Herança Quantitativa

Tabela com os genótipos e fenótipos da cor da pele humana, um caso de herança quantitativa.

A herança quantitativa ocorre quando genes não-alelos agem de maneira aditiva para a expressão de uma
característica. Não mais há uma relação de dominância, e sim uma relação de genes aditivos (representados
por letras maiúsculas) e genes não-aditivos (letras minúsculas). Na cor da pele, por exemplo, cada aditivo
determina a produção de mais melanina, então, quanto mais genes aditivos, mais escura a pele.
Para este tipo de herança, quando temos um cruzamento entre heterozigotos, pode-se utilizar o triângulo de
Pascal para determinação das proporções dos fenótipos. Veja por exemplo o cruzamento entre dois
indivíduos com pele mulato médio AaBb x AaBb. Como são 4 genes aditivos possíveis, observa-se as
proporções presentes na linha 4 do triângulo, como indicado abaixo:

Triângulo de pascal, que pode ser utilizado em casos de herança quantitativa para determinação da proporção de fenótipos.

2
Biologia

A soma da linha é equivalente a proporção total, enquanto cada número será a proporção de determinado
fenótipo, como está indicado no quadro acima.

Pleiotropia
Na pleiotropia, ocorre o oposto da interação gênica, e um único par de alelos determina várias características,
como é o caso da anemia falciforme. Na anemia falciforme, há alteração de um único aminoácido, que resulta
em uma mudança no formato da hemácia, que, de disco bicôncavo, passa a ter formato de foice.
Quando o indivíduo apresenta apenas um alelo para anemia falciforme (Aa), ele apresenta traço falcêmico,
ou seja, metade de suas hemácias são normais e metade das hemácias são falciformes. Se o indivíduo
apresenta ambos os alelos, ele terá anemia falciforme, e todas as suas hemácias terão o formato de foice.
Essa hemácia tem maior dificuldade de carregar oxigênio, e tendência de se agrupar, formando coágulos,
aumentando risco cardíaco. Além disso, são hemácias imunes a malária, doença cujo parasita destrói as
hemácias. Sendo assim, pessoas com traço falcêmico são positivamente selecionadas em áreas cuja
malária é endêmica. A fenilcetonúria também é um caso de pleiotropia, onde o par de alelos ff determina as
características como retardo mental, problema de pele e fenilalanina na urina, todas expressadas no mesmo
momento.

Genótipo da fenilcetonúria e suas diferentes características.

Um terceiro exemplo de pleiotropia é a cor das cebolas, que pode ser vermelha ou branca. Porém a cor
vermelha, determinada por um par de genes recessivos, determina além da cor, a produção de uma
substância que confere resistência a fungos.

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Biologia

Exercícios

1. Certas raças de galinhas apresentam, quanto à forma de crista, quatro fenótipos diferentes: crista tipo
“ervilha”, tipo “rosa”, tipo “noz” e tipo “simples”. Esses tipos são determinados por dois pares de alelos
com dominância: E para o tipo “ervilha” e R para o tipo “rosa”. A presença no mesmo indivíduo de um
alelo dominante de cada par produz o tipo “noz”. A forma duplo-recessiva origina a crista “simples”.
Uma ave de crista “noz” foi cruzada com uma de crista “rosa”, originando em F1: 3/8 dos descendentes
com crista “noz”, 3/8 com crista “rosa”, 1/8 com crista “ervilha” e 1/8 com crista “simples”. Quais os
genótipos paternos, com relação ao tipo de crista?
a) RrEE x Rree
b) RrEe x Rree
c) RREe x Rree
d) Rree x Rree
e) RREE x RRee

2. Sabe-se que, de uma maneira geral, cada par de genes alelos determina uma única característica,
porém há casos onde um mesmo par de genes, sob determinadas condições ambientais, determina
dois ou mais caracteres. Este fenômeno é conhecido como:
a) epistasia.
b) genes aditivos.
c) interação gênica.
d) pleiotropia.
e) genes quantitativos.

3. A cor da pelagem em cavalos depende, dentre outros fatores, da ação de dois pares de genes Bb e Ww.
O gene B determina pelos pretos e o seu alelo b determina pelos marrons. O gene dominante W “inibe”
a manifestação da cor, fazendo com que o pelo fique branco, enquanto o alelo recessivo w permite a
manifestação da cor. Cruzando-se indivíduos heterozigotos para os dois pares de genes obtém-se:
a) 3 brancos : 1 preto
b) 9 brancos : 3 pretos : 3 mesclados de marrom e preto : 1 branco
c) 1 preto : 2 brancos : 1 marrom
d) 12 brancos : 3 pretos : 1 marrom
e) 3 pretos : 1 marrom

4. Sabe-se que determinada característica é condicionada pela interação de dois pares de alelos, que se
segregam independentemente, e que a proporção fenotípica de 12:3:1 foi obtida a partir do cruzamento
entre duplo-heterozigotos. O tipo de interação gênica que determina tal frequência fenotípica é
a) Epistasia dominante.
b) Epistasia recessiva.
c) Interação dominante e recessiva.
d) Genes duplos dominantes.
e) Genes duplos recessivos.

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Biologia

5. Na moranga, a cor dos frutos deve-se às seguintes combinações de genes:


B_aa = amarelo
B_A_ = branco
bbA_ = branco
bbaa = verde
Estas informações permitem concluir que o gene:
a) A é epistático sobre seu alelo.
b) B é epistático sobre A e sobre a.
c) a é hipostático em relação a A.
d) b é hipostático em relação a B.
e) A é epistático sobre B e sobre b.

6. Epistasia é o fenômeno em que um gene (chamado epistático) inibe a ação de outro que não é seu
alelo (chamado hipostático). Em ratos, o alelo dominante B determina cor de pêlo
acinzentada, enquanto o genótipo homozigoto bb define cor preta. Em outro cromossomo, um
segundo lócus afeta uma etapa inicial na formação dos pigmentos dos pêlos. O alelo dominante A
nesse lócus possibilita o desenvolvimento normal da cor (como definido pelos genótipos B_ ou
bb), mas o genótipo aa bloqueia toda a produção de pigmentos e o rato tornase albino.
Considerando os descendentes do cruzamento de dois ratos, ambos com genótipo AaBb, os
filhotes de cor preta poderão apresentar genótipos:
a) Aabb e AAbb.
b) Aabb e aabb.
c) AAbb e aabb.
d) AABB e Aabb.
e) AaBb e aaBB

7. Num determinado vegetal, a dimensão do pé da planta varia entre 100 cm e 200 cm de altura. Os tipos
intermediários têm variações constantes de 10 cm. Sabendo-se que se trata de um caso de herança
quantitativa, pergunta-se quantos pares de genes estão envolvidos nessa herança?
a) 12
b) 11
c) 10
d) 5
e) 4

8. Em cebolas, dois pares de genes que apresentam segregação independente participam na


determinação da cor do bulbo: o alelo dominante I impede a manifestação de cor e o recessivo i
permite a expressão; o alelo dominante A determina cor vermelha e o recessivo a, cor amarela. Uma
proporção de 2 incolores: 1 vermelho: 1 amarelo é esperada entre os descendentes do cruzamento
a) IIAA x IiAa
b) IiAA x iiAa
c) IIaa x ii aa
d) IiAa x IiAa
e) IiAa x iiaa

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Biologia

9. Em uma espécie de mamíferos, a cor da pelagem é influenciada por dois genes não ligados. Animais
AA ou Aa são marrons ou pretos, dependendo do genótipo do segundo gene. Animais com genótipo
aa são albinos, pois toda a produção de pigmentos está bloqueada, independentemente do genótipo
do segundo gene. No segundo gene, o alelo B (preto) é dominante com relação ao alelo b (marrom).
Um cruzamento entre animais AaBb irá gerar a seguinte proporção de prole quanto à cor da pelagem:
a) 9 pretos – 3 marrons – 4 albinos.
b) 9 pretos – 4 marrons – 3 albinos.
c) 3 pretos – 1 albino.
d) 1 preto – 2 marrons – 1 albino.
e) 3 pretos – 1 marrom.

10. Em camundongos, a coloração da pelagem é determinada por dois pares de genes, Aa e Cc, com
segregação independente. O gene A determina coloração aguti e é dominante sobre seu alelo a, que
condiciona coloração preta. O gene C determina a produção de pigmentos e é dominante sobre seu
alelo c, que inibe a formação de pigmentos dando origem a indivíduos albinos. Do cruzamento de um
camundongo preto com um albino, foram obtidos apenas descendentes agutis. Qual é o genótipo
desse casal?
a) aaCC x aacc
b) Aacc x aaCc
c) aaCc x AAcc
d) AaCc x AaCc
e) aaCC x Aacc

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Biologia

Gabarito

1. B
De acordo com o enunciado, temos:
R_E_ noz
rree simples
rrE_ ervilha
R_ee rosa.
Se originou descendentes com crista simples (rree), obrigatoriamente os pais devem ter “r” e “e”.
Gerando descendentes noz (R_E_), conclui-se que um deles, no mínimo, apresenta um alelo dominante.
Por fim, pela proporção 3:3:1:1, mais rosas do que ervilhas foram geradas, fazendo com que tenha-se
“R” tanto na mãe como no pai.

2. D
A pleiotropia ocorre quando um único par de alelos é responsável por determinar duas ou mais
características.

3. D
Para o cruzamento da qeustão BbWw x BbWw, vamos pensar inicialmente no gene epistático.
Ww x Ww → 3/4 serão brancos e 1/4 apresentará cor. Em relação ao gene da cor, teremos 3/4 dos
indivíduos pretos e 1/4 dos indivíduos marrons. Na letra D, de um total de 16 indivíduos, 3/4 (12) dos
indivíduos não tem cor, e do quarto restante (4), 3/4 (3) são pretos e 1/4 (1) são marrons.

4. A
Essa proporção é encontrada na epistasia dominante, visto que o cruzamento de duplos heterozigotos
dará a proporção de 3/4 com a inibição (12) e 1/4 sem a inibição (3:1)

5. E
Quando há a presença do gene “A”, a cor fica branca, independente de quais alelos formam o gene B.
Assim, A é epistático sobre B e b.

6. A
A_ – cor normal
aa – inibe cor
B_ cinza
bb preto
Num cruzamento AaBb x AaBb, os ratos pretos devem ter A_bb. Assim, Aabb ou AAbb. (“A” para presença
de cor e “bb” para esta cor ser preta)

7. D
Observamos 11 fenótipos (com as variações de altura: 100, 110, 120, 130, 140, 150, 160, 170, 180, 190 e
200)
Sabendo que o número de genes = número de fenótipos – 1, então o número de genes vai ser 10.
Pensando em pares de genes alelos, sabemos que serão 5 pares de genes.

7
Biologia

8. E
Alelo dominante “I” é epistático.
Dominante (A_) – vermelha
Recessivo (aa) – amarela
Se gerou descendentes incolores, há a presença do gene epistático em pelo menos um dos parentais.
Esse raciocínio também é feito para a cor vermelha. Assim, pode-se excluir a letra C. Para ter
descendentes amarelos, o pai e a mãe devem possuir pelo menos um alelo recessivo. Isso exclui as
alternativas A e B. Pela proporção, 2:1:1, o cruzamento é o da letra E:
IiAi, Iiaa, iiAa, iiaa.

9. A
AA e Aa – marrons ou pretos
aa – albinos
BB ou Bb – pretos
bb – marrons
Ao cruzar AaBb x AaBb teremos 9 pretos (A_B_), 3 marrons (A_bb), e 4 albinos (3 com genótipo aaB_ e 1
com genótipo aabb)

10. E
A_ → aguti
Aa → preta
C_ → cor
cc → albino
preto: aa C_
albino _ _ cc
Como originaram apenas agutis (A_C_), o camundongo preto deve ser aaCC e o albino AAcc.

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Filosofia

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Filosofia

Moralidade em Kant

Resumo

Kant e o iluminismo
O Iluminismo foi uma revolução intelectual que ocorreu no século XVIII e que se contrapôs aos ideais
defendidos ao longo do período medieval. Esse processo histórico teve seu início, por assim dizer, com o
movimento renascentista e, em linhas gerais, representa a transformação progressiva de uma mentalidade
teocêntrica para uma mentalidade antropocêntrica. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804) é um
dos mais importantes pensadores iluministas, sendo considerado por muitos comentadores como o principal
filósofo da Modernidade. A doutrina moral kantiana é, nesse sentido, independentemente de qualquer sentido
religioso, estando fundamentada na própria subjetividade humana, ou seja, no aparelho cognitivo universal e
necessário que está presente em todo e qualquer ser humano.

Ética deontológica
A Ética defendida por Kant é uma ética deontológica, isto é uma ética baseada fundamentalmente na noção
de dever moral. Dever aqui é entendido não como uma obrigação ditada por um ser superior, mas sim como
obrigação que se baseia no próprio aparelho cognitivo humano, isto é, na noção kantiana do “eu
transcendental” ou “sujeito transcendental”. Todos os seres humanos, segundo Kant, possuem o mesmo
aparato cognitivo, e para que possamos agir racionalmente precisamos de princípios que nos são dados a
partir da consciência moral. Nesse sentido, a vida moral está restrita aos seres humanos, pois apenas eles
podem exercer efetivamente sua vontade. No entanto, para que possamos agir de acordo com uma “vontade
boa” precisamos, segundo Kant, de um imperativo, que é uma espécie de mandamento que nos impele a agir
de uma determinada forma.
Após analisar detidamente a consciência moral, Kant especificou o conceito de imperativo sob dois aspectos
fundamentais: O imperativo hipotético e o imperativo categórico. O imperativo hipotético ordena uma ação
com vistas a alcançar um determinado fim. Nesse primeiro caso, a ação é boa na medida em que possibilita
que se alcance outra coisa além da própria ação. Por exemplo, quando faço algo na esperança de receber
algo em troca, sendo guiado pelo imperativo hipotético. Por outro lado, o imperativo categórico é aquele que
visa uma ação que é entendida como necessária por si mesma, ou seja, que não é realizada no intuito de se
obter algo em troca, mas sim uma ação que é boa por si mesma. Por conta disso, Kant considera o imperativo
categórico incondicionado, como absoluto, voltado para uma ação que tem em vista a noção de dever. Para
ele o imperativo categórico é uma forma a priori, ou seja, pura, independente do útil ou prejudicial, anterior à
experiência e seus efeitos.
É apenas agindo a partir do imperativo categórico, e não a partir do imperativo hipotético, que a vontade do
ser humano é verdadeiramente moral, no sentido de que tal ação é boa em si mesma e não boa em virtude de
algo que lhe é exterior. É por conta disso que lemos a máxima kantiana que afirma o seguinte: “Age apenas
segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”. Isso significa
que nossa ação é moralmente boa apenas quando podemos universalizá-la, isto é, apenas quando todos
possam agir da mesma forma sem qualquer contradição. Nesse sentido, uma ação não pode ser considerada
boa a partir de condicionantes como: chegar ao céu, ser feliz, evitar a dor, ou qualquer outro interesse
particular. Uma ação verdadeiramente moral tem como base a racionalidade humana, que é incondicional e
necessária.

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Filosofia

Esclarecimento e minoridade
Uma ética deontológica só pode ser pensada dentro do contexto de uma proposta de emancipação humana.
Kant defende que o ser humano deve sair da minoridade para o esclarecimento, um estado de consciência e
liberdade. A menoridade é produzida pelo próprio homem, que não abandona a mediocridade por medo de
ser livre e tomar suas próprias decisões. Para Kant a minoridade afeta todos os campos da vida humana.
Para sair da minoridade o homem deve cultivar sua liberdade e seu autocontrole. Devemos buscar o
conhecimento. Kant defende a coragem e a ousadia na expressão Sapere aude! (ouse saber!). Apenas essa
atitude nos tira do estado de minoridade em que somos tutelados por outras pessoas e instituições e nos
tornamos livres. Apenas fazendo uso do nosso entendimento chegamos ao esclarecimento.
Kant atribui ao comodismo, à preguiça e à covardia a manutenção do homem na minoridade. É uma atitude
infantil em que esperamos que nossos problemas sejam resolvidos por outros, queremos tudo na mão. Mas
essa postura permite a dominação e a opressão, o surgimento de governos despóticos e fenômenos do
gênero. Só o esclarecimento combate esses males.
O esclarecimento exige que os indivíduos façam uso privado da razão. Isso deve ocorrer num estado de
liberdade. Não significa uma liberdade absoluta, mas que inclua a todos num senso de pertencimento e
respeito ao outro. Kant dá como exemplo um sujeito em um cargo público. Ele não pode se colocar em público
contra seu superior, mas deve, mesmo obedecendo, expor os erros que percebeu. Como vemos, a proposta
ética kantiana está conectada com sua percepção metafísica, onde o sujeito e seu intelecto ocupam posição
central e a racionalidade é seu instrumento por excelência.

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Filosofia

Exercícios

1. A maior violação do dever de um ser humano consigo mesmo, considerado meramente como um ser
moral (a humanidade em sua própria pessoa), é o contrário da veracidade, a mentira [...]. A mentira
pode ser externa [...] ou, inclusive, interna. Através de uma mentira externa, um ser humano faz de si
mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos outros; através de uma mentira interna, ele realiza o que
é ainda pior: torna a si mesmo desprezível aos seus próprios olhos e viola a dignidade da humanidade
em sua própria pessoa [...]. Pela mentira um ser humano descarta e, por assim dizer, aniquila sua
dignidade como ser humano. [...] É possível que [a mentira] seja praticada meramente por frivolidade
ou mesmo por bondade; aquele que fala pode, até mesmo, pretender atingir um fim realmente benéfico
por meio dela. Mas esta maneira de perseguir este fim é, por sua simples forma, um crime de um ser
humano contra sua própria pessoa e uma indignidade que deve torná-lo desprezível aos seus próprios
olhos.
Immanuel Kant. A metafísica dos costumes, 2010.
Em sua sentença dirigida à mentira, Kant
a) considera a condenação relativa e sujeita a justificativas, de acordo com o contexto.
b) assume que cada ser humano particular representa toda a humanidade.
c) apresenta um pensamento desvinculado de pretensões racionais universalistas.
d) demonstra um juízo condenatório, com justificação em motivações religiosas.
e) assume o pressuposto de que a razão sempre é governada pelas paixões.

2. Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não
poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em
prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para
perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo
que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou
pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto
a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa.
b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.
c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios.
e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.

3. A sociedade de uma forma geral, em cada tempo, produz conceitos ou amplia os já existentes para que
possamos pensar em determinadas condições vigentes e entender determinados processos nas
relações humanas vividas no momento. Um exemplo disso pode ser visto no texto abaixo sobre Kant e
sua ideia relativa ao tutelamento. Dizem os historiadores que no século XVIII para se entender certo
fenômeno que ocorria na Europa, conhecido como Iluminismo, perguntaram ao Filósofo Kant o que
seria esse movimento. O referido filósofo explicou que seria como um processo de esclarecimento, a
partir do qual o ser humano sairia de sua menoridade graças ao uso da razão e ao exercício da liberdade
de pensamento. Escreveu o filósofo em sua resposta o seguinte: “O iluminismo representa a saída dos
seres humanos de uma tutela que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se
encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se
culpado da própria tutela quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento, mas de falta de
resolução e coragem para fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Tenha
coragem para fazer uso da tua própria razão!”
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria de Helena. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2016.

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Filosofia

Hoje, em pleno século XXI, onde há um amplo uso das redes sociais tais como Facebook, Instagram,
Youtube, WhatsApp, é apropriado retomar esse conceito kantiano acima exposto, para que se possa
entender a condição de tutela a que os homens se encontram. A relação que exemplifica o conceito de
tutela de Kant aplicado aos dias de hoje é o seguinte:
a) os designers gráficos e suas novas produções no Youtube.
b) os adolescentes e o desejo de nova realidade nos jogos on line.
c) as novas profissões e as oportunidades de trabalho no Instagram.
d) os estudantes e as pesquisas de artigos nos sites acadêmicos.
e) os internautas e a manipulação de informações nas mídias sociais.

4. A pura lealdade na amizade, embora até o presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a
todo homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado como dever em geral,
anteriormente a toda experiência, na ideia de uma razão que determina a vontade segundo princípios a
priori.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela
a) eficácia prática da razão empírica.
b) transvaloração dos valores judaico-cristãos.
c) recusa em fundamentar a moral pela experiência.
d) comparação da ética a uma ciência de rigor matemático.
e) importância dos valores democráticos nas relações de amizade.

5. As leis morais juntamente com seus princípios não só se distinguem essencialmente, em todo o
conhecimento prático, de tudo o mais onde haja um elemento empírico qualquer, mas toda a Filosofia
moral repousa inteiramente sobre a sua parte pura e, aplicada ao homem, não toma emprestado o
mínimo que seja ao conhecimento do mesmo (Antropologia).
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. p.73.
Com base no texto e na questão da liberdade e autonomia em Immanuel Kant, assinale a alternativa
correta.
a) A fonte das ações morais pode ser encontrada através da análise psicológica da consciência
moral, na qual se pesquisa mais o que o homem é, do que o que ele deveria ser.
b) O elemento determinante do caráter moral de uma ação está na inclinação da qual se origina,
sendo as inclinações serenas moralmente mais perfeitas do que as passionais.
c) O sentimento é o elemento determinante para a ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode
dar uma direção à presente inclinação, na medida em que fornece o meio para alcançar o que é
desejado.
d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se nos “propulsores” humanos naturais, os quais
se direcionam ao bem próprio e ao bem do outro.
e) O princípio supremo da moralidade deve assentar-se na razão prática pura, e as leis morais devem
ser independentes de qualquer condição subjetiva da natureza humana.

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Filosofia

6. A necessidade de conviver em grupo fez o homem desenvolver estratégias adaptativas diversas.


Darwin, num estudo sobre a evolução e as emoções, mostrou que o reconhecimento de emoções
primárias, como raiva e medo, teve um papel central na sobrevivência. Estudos antigos e recentes têm
mostrado que a moralidade ou comportamento moral está associado a outros tipos de emoções, como
a vergonha, a culpa, a compaixão e a empatia. Há, no entanto, teorias éticas que afirmam que as ações
boas devem ser motivadas exclusivamente pelo dever e não por impulsos ou emoções. Essa teoria é a
ética
a) deontológica ou kantiana.
b) das virtudes.
c) utilitarista.
d) contratualista.
e) teológica.

7. Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o
próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na
falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer
uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas
pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma
condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto
filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.

8. “Como toda lei prática representa uma ação possível como boa e por isso como necessária para um
sujeito praticamente determinável pela razão, todos os imperativos são fórmulas da determinação da
ação que é necessária segundo o princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No caso da ação
ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a ação é
representada como boa em si, por conseguinte, como necessária numa vontade em si conforme à razão
como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico”.
Kant
Considerando o pensamento ético de Kant e o texto acima, é correto afirmar que
a) o imperativo hipotético representa a necessidade prática de uma ação como subjetivamente
necessária para um ser determinável pelas inclinações.
b) o imperativo categórico representa a necessidade prática de uma ação como meio para se atingir
um fim possível ou real.
c) os imperativos (hipotético e categórico) são fórmulas de determinação necessária, segundo o
princípio de uma vontade que é boa em si mesma.
d) o imperativo categórico representa a ação como boa em si mesma e como necessária para uma
vontade em si conforme a razão.
e) o imperativo hipotético declara a ação como objetivamente necessária independentemente de
qualquer intenção ou finalidade da ação.

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Filosofia

9. Texto I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim
e a lei moral em mim.
KANT. |. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
Texto II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.
b) A prioridade do juízo e importância da natureza.
c) Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.
d) Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.
e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.

10. 90 milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração.


Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, salve a seleção.
De repente é aquela corrente pra frente.
Parece que todo o Brasil deu a mão.
Todos ligados na mesma emoção.
Tudo é um só coração.
Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, Brasil,
Salve a seleção.
Canção: Pra frente Brasil/ Copa 1970. Autor: Miguel Gustavo
Na obra “Resposta à questão: o que é o esclarecimento?”, Kant discute conceitos como uso público e
privado da razão e a superação da menoridade.
À luz do pensamento kantiano, o fenômeno contemporâneo do uso político dos eventos esportivos
a) torna o indivíduo dependente, já que a sua menoridade impede o esclarecimento e a possibilidade
de pensar por si próprio.
b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia a sua capacidade de fazer uso da própria razão
para agir autonomamente.
c) impede que o indivíduo pense de forma restrita, pois, mesmo estando cercado por tutores,
facilmente rompe com a menoridade.
d) proporciona esclarecimento político das massas, pois tais eventos promovem o aprendizado
crítico mediante a afirmação da ideia de nacionalidade.
e) confere liberdade às massas para superar a dependência gerada pela aceitação da tutela de
outrem.

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Filosofia

Gabarito

1. B
Para Kant, pensador iluminista, a filosofia moral estaria fundamentada em princípios racionais, sendo a
razão o único fundamento que daria validade à moral humana. Com efeito, a ação moral estaria
condicionada ao sujeito epistemológico, ou seja, à estrutura cognitiva que é universal e necessária, e não
ao sujeito subjetivo, individual. Por ser racional, portanto, o indivíduo deveria agir segundo uma razão
pura prática de validade universal, ideia expressa na conhecida frase de Kant: “age só segundo máxima
tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”. A partir do exemplo da mentira,
Kant aponta que a mesma não poderia ser usada sem cair em uma autocontradição moral, pois o
indivíduo particular representaria uma moral geral, de toda a humanidade, como aponta a alternativa [B].

2. C
De acordo com a ética kantiana, o indivíduo deve guiar-se de acordo com o imperativo categórico,
segundo o qual ele deve agir de forma que sua ação possa ser universalizada para todos os indivíduos.
O ato de fazer uma falsa promessa de pagamento contraria esse imperativo, pois, se universalizado,
criaria uma situação de total instabilidade e desconfiança.

3. E
Kant relaciona o esclarecimento com uma atitude autônoma, consciente e racional, baseada na liberdade
do uso privado da razão. Essa seria a maioridade intelectual. Em oposição a isso a minoridade é uma
passividade, um estado de inércia intelectual em que o indivíduo não pensa nem age por si mesmo, mas
motivado pelo que lhe é externo. Ele é tutelado por outras pessoas e instituições. Essa tutela abre espaço
para dominação e manipulação, como é o caso da alternativa E.

4. C
Para Kant, o modo como a razão humana opera caracteriza o ser racional como ser de condição moral,
ou seja, a moral kantiana se fundamenta no exercício da razão. Ademais, para o filósofo, na mente
humana existem estruturas a priori que determinam a forma como a razão apreende os objetos de
conhecimento, independentemente de qualquer experiência empírica. Dessa forma, como a razão se
articula à moral, a mesma não se fundamenta pela experiência.

5. E
Em sua obra “Crítica da Razão Pura”, Immanuel Kant discorre sobre o uso da razão enquanto a
consciência do indivíduo sobre o conjunto de leis morais vigentes na sociedade. Para ele não se adquire
esta consciência por meio da intuição natural, pelo contrário, este conhecimento depende de uma
intuição intelectual. E, outras palavras o conhecimento das leis morais se dá pelo uso deliberado da razão
no reconhecimento da moralidade vigente, isto é, por uma razão pura. A autonomia para o autor é a
liberdade que o ser humano faz no uso positivo de sua razão, motivado apenas por sua vontade. A
liberdade, o livre arbítrio, permite autonomia na medida em que a consciência do indivíduo atue, por meio
da razão, sem condicionantes, apenas por sua vontade própria, na busca de um conhecimento que lhe
amplie a consciência de sua condição de liberdade. Para isto, o uso da razão deve ser deliberado. Não
há um impulso natural, sentimentos no ser humano que o conduza para uma ação moral em
concordância com a lei moral vigente, mas sim um processo livre, autônomo e consciência no uso de
sua liberdade.

6. A
A ética das virtudes é uma ética aristotélica onde a ação é guiada para um bem maior movido pela
reflexão pessoal, desenvolvida pela busca da auto realização e felicidade de toda a cidade. A ética
utilitarista estabelece que nossas ações são guiadas pela maior quantidade de felicidade que podemos
gerar no convívio social. Assim, os homens agem devido a um interesse maior imposto exteriormente.
Na ética contratualista, devido a necessidade de conviver juntos, como melhor alternativa para
sobrevivência, os homens estabelecem leis que visam garantir uma não agressão mútua.

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Filosofia

Assim, suas ações são guiadas por uma conveniência, um pacto ou contrato estabelecido. Na ética
teológica as ações são guiadas por princípios divinos que ultrapassam a esfera humana e se inserem no
plano transcendental. Assim, as ações humanas são guiadas pelo medo em relação ao transcendente.
Diferentemente, na ética Kantiana ou deontológica, os homens agem de forma deliberada na medida em
que utilizam a razão para adquirirem consciência. Por meio do conhecimento obtido com o uso da razão
o homem torna-se livre para agir. Assim, a ação guiada pela razão faz com que o homem tenha o dever
de estender essa razão a todos os homens. Isto se dá através da criação de máximas (leis
universalmente aceitas) que se convertem em imperativos para agir. Estes imperativos poder ser
utilizados por todos os homens racionais e não são dados por inclinações naturais ou por meio de
princípios transcendentais, mas pela consciência do dever em relação a si e aos que os cercam. Portanto,
esta lei moral representa o dever de todo ser racional e se coloca como maior do que os sentimentos
individuais e egoístas.

7. A
Como diz Kant em Resposta à pergunta: “O que é Iluminismo?” (1784), a palavra de ordem deste
movimento de renovação cultural é “Sapere aude!”, isto quer dizer basicamente que os homens deveriam
deixar sua menoridade, da qual são culpados, e direcionarem seu entendimento a partir de suas próprias
forças, sem a guia de outro.
(Para uma noção geral sobre o assunto: <http://www.youtube.com/watch?v=9a9kWxpnjWk>.)
Esta posição perante o mundo possibilitou um movimento em busca da liberdade e de um ideal de
independência política, econômica e intelectual. Desta busca nasce, entre muitos outros movimentos, a
Independência americana, a Independência haitiana e a Revolução francesa (esta última influenciada
pelo pensamento do filósofo Jean-Jacques Rousseau). E sendo uma posição opositora dos regimes
absolutistas, o Iluminismo almeja a libertação da riqueza e de tudo mais dos mistérios divinos tão
presentes no pensamento medieval e influentes neste tipo de Estado absoluto. Tudo passa a ser
problema resolvível se o entendimento do homem se empenhar de maneira metodológica. Nada é
misterioso. Desta confiança na razão nasce uma reflexão sobre a riqueza e sua administração – Adam
Smith, A riqueza das nações (1776), por exemplo. Neste contexto Montesquieu também é importante, na
sua obra O Espírito das Leis temos um tratado sobre as relações do poder administrativo e uma
teorização sobre a tripartição deste poder (executivo, legislativo e judiciário) de modo a serem separados,
porém interdependentes.

8. D
Kant distingue dois tipos de lei produzidos pela razão. Dado certo fim que nós gostaríamos de alcançar
a razão pode proporcionar um imperativo hipotético – uma regra contingente para a ação alcançar esse
fim. Um imperativo hipotético diz, por exemplo: se alguém deseja comprar um carro novo, então se deve
previamente considerar quais tipos de carros estão disponíveis para compra. Mas Kant objeta que a
concepção de uma lei moral não pode ser meramente hipotética, pois uma ação moral não pode ser
fundada sobre um propósito circunstancial. A moralidade exige uma afirmação incondicional do dever
de um indivíduo, a moralidade exige uma regra para ação que seja necessária, a moralidade exige um
imperativo categórico.

9. E
Devemos interpretar o enunciado com cuidado. Ele apresenta uma citação de Kant apresentando dois
conceitos centrais do pensador , a interioridade da norma na ética deontológica, que baseia a ação boa
no dever originário da razão inerente a todos os seres humanos e que é um processo interno, e o
criticismo kantiano que parte da ideia de que o mundo se apresenta através de fenômenos com os quais
interagimos. São esses os conceitos que são invertidos quando o poeta afirma que a lei o cobre o céu
está dentro dele.

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Filosofia

10. A
a) Correta: tendo como referência o texto de Kant, o que é o esclarecimento? pode-se afirmar que o uso
político dos eventos esportivos torna o indivíduo dependente e o impede de tornar-se esclarecido e
pensar por si próprio. A partir do momento em que um evento esportivo perde seu sentido próprio e
assume outras funções, no caso servir para fins políticos, insere o indivíduo na menoridade,
compreendida por Kant como a "incapacidade de fazer uso do entendimento sem a direção de outro
indivíduo". Kant também afirma que é difícil para "um homem em particular desvencilhar-se da
menoridade".
b) Incorreta: como afirmado, se analisarmos o uso político dos eventos esportivos à luz do texto de
Kant, não se pode afirmar que tal uso torna o indivíduo autônomo ou que, como decorrência, este
terá ampliada sua capacidade de fazer uso da própria razão para agir autonomamente. O que ocorre
é o contrário, uma vez que o indivíduo acabaria por se inserir cada vez mais na menoridade.
c) Incorreta: ao contrário do que afirma a alternativa, se analisarmos o uso político dos eventos
esportivos à luz do texto de Kant, chegaremos à conclusão de que o indivíduo se sentirá impedido
de pensar de forma "alargada" e não de forma restrita. Da mesma forma, enfrentará enorme
dificuldade para romper com a menoridade, sobretudo se estiver cercado de tutores. O papel
desempenhado pelos tutores é o de manter os indivíduos na menoridade e dependentes e não o de
estimular o pensamento ampliado e autônomo.
d) Incorreta: se pensarmos o uso político dos eventos esportivos à luz do texto de Kant, concluiremos
que o que resulta de tal uso não é o esclarecimento das massas, mas sim o contrário, isto é, a
consequência será a menoridade e a ausência de esclarecimento. Tais eventos também não
promovem o aprendizado crítico mediante a afirmação da ideia de nacionalidade.
e) Incorreta: o uso político dos eventos esportivos não confere liberdade às massas para superar a
dependência gerada pela aceitação da tutela de outrem. A consequência será exatamente o oposto,
isto é, menor liberdade às massas e maior dependência em relação aos outros, especialmente aos
tutores que são guias dos demais indivíduos.

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Filosofia

As ideias de Maquiavel

Resumo

Principal filósofo renascentista, Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) ficou famoso sobretudo por seus escritos
a respeito da política. Vivendo no contexto de formação dos Estados nacionais modernos e de desintegração
das sociedades políticas medievais, o pensador italiano refletiu a respeito de seu tempo e propôs uma série
de ideias revolucionárias. Seu principal livro foi O Príncipe, obra dedicada ao príncipe de Florença e cujo
objetivo era mostrar ao monarca como se deve governar. Na obra, Maquiavel teve como principais adversários
intelectuais os filósofos políticos clássicos, tais como Platão, Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, bem
como os chamados utopistas do Renascimento, tais como Thomas Morus e Tommaso Campanella. Tanto
uns quanto outros padeciam do mesmo mal, de acordo com Maquiavel: eles se preocupavam não tanto em
compreender como a política é, mas sim em como ela deveria ser. Em outras palavras, estavam preocupados
com o ideal e não com a realidade, com o modelo perfeito e acabado, não com a política tal como ela se dá
de fato. Indo, por sua vez, numa direção inteiramente oposta, Maquiavel se caracterizou acima de tudo por
buscar construir uma explicação inteiramente realista da política. Para ele, quando procuramos entender o
que algo deveria ser, acabamos por não entender o que ele é e, portanto, acabamos por desconhecê-lo.
Para Maquiavel, em primeiro lugar, se queremos ter uma percepção realista da política, devemos ter em mente
que ela é obra dos homens e que os homens são fundamentalmente maus, miseráveis, egoístas, traiçoeiros,
mentirosos, que sempre pensam em seu próprio bem antes de pensar no dos demais e que a política é,
portanto, basicamente um jogo de interesses. Assim, a função da política não é tornar as pessoas melhores,
mais virtuosas ou construir uma sociedade. Seu papel é pura e simplesmente manter a ordem. A função do
governante é gerenciar as relações de poder no interior da comunidade, não permitindo que ela saia dos
limites.
Na medida em que é responsável por manter a ordem, o governante tem o direito e a obrigação de utilizar
todos os meios necessários para tal. Se for necessário matar, matar. Se for necessário mentir, mentir. Se for
preciso trair, trair. Toda ação governamental se justifica pelo critério da eficiência, isto é, na medida em que
seja capaz de realizar a tarefa da política, que é manter a ordem e a paz. Como só o poder pode limitar o
poder, o uso da força é necessário. Segundo o autor, entre ser temido e ser amado, o governante deve, a
princípio, desejar ambos, mas, se tiver de escolher entre um dos dois, deve preferir ser temido, dado que o
medo é muito mais firme do que o amor. Mas veja: apesar de separar inteiramente a ética e a religião da
política, Maquiavel não está defendendo que o monarca possa agir como um tirano inteiramente arbitrário,
que faz o que quer sem se importar com os demais e impõe sua força de modo inteiramente autoritário. O
que Maquiavel diz é que o príncipe deve agir de modo bruto quando for necessário. Para ele, se o rei se utiliza
da brutalidade sem um motivo razoável, ele não só não está cumprindo seu papel, como também o está pondo
em perigo e diminuindo sua autoridade perante o povo.
Em suma, a política é a arte da difícil conjugação entre dois elementos: a virtú e a fortuna. No linguajar
maquiavélico, fortuna não é sinônimo de riqueza, mas sim se refere à sorte, ao acaso, ao âmbito do
imprevisível nas relações humanas. Por sua vez, a virtú se refere à sagacidade humana, isto é, a capacidade
do governante de utilizar os momentos fornecidos pela fortuna ao seu favor. Veja: a virtú não se confunde
com a força bruta. Ela é a habilidade de se utilizar dos meios e situações disponíveis para realizar aquilo que
a manutenção do Estado e da ordem política exigem. Sem se pautar por parâmetros morais ou religiosos, o
príncipe deve sempre fazer o que for preciso, no momento certo.

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Filosofia

Exercícios

1. A substituição do reino do dever ser, que marca a filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva
Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema
central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e
caos. Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido
pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer
política, que põe fim à ideia de uma ordem natural eterna. A ordem, produto necessário da política, não
é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do
acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o
caos e a barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em germe, o seu
trabalho em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita.
(SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In: WEFFORT, Francisco (org.).
Clássicos da política, vol. 01. São Paulo: Ática, 2001. p. 17-18.)
Considerando o argumento de Maria Tereza Sadek, em seu texto intitulado Nicolau Maquiavel: o
cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù, é correto afirmar:
a) Os estudos de Maquiavel sobre o reino do ser na política levam em consideração a tradição
idealista de Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino e rejeitam as interpretações de historiadores
antigos, como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio.
b) Em sua obra, Maquiavel coloca em relevo a dimensão efetivamente social, histórica e política das
relações humanas, explicitando que sua regra metodológica implica o exame da realidade tal como
ela é e não como se gostaria que ela fosse.
c) A política, segundo Maquiavel, tem correspondência com as ideias inatistas, ou seja, de que os
indivíduos são predestinados a um tipo de condição que lhes é inerente, não havendo possibilidade
de mudança ou qualquer outra forma de alterar as estruturas de poder, por ele denominada de
“maquiavélicas”.
d) Segundo Sadek, ao formular uma explicação sobre essa questão, Maquiavel não rompeu com os
paradigmas que fundavam a política de seu tempo, por conseguinte, favorecendo a perpetuação
de tiranias nos séculos XV e XVI.
e) Para Maquiavel, o problema central da política foi a democracia, e sua construção implicava o
fortalecimento de governos descentralizados, o que aproximava seus estudos de liberais como
John Locke e Thomas Hobbes.

2. [Maquiavel] elogia a República romana como tendo sido a mais perfeita forma de governo e um
verdadeiro Estado unido pelo espírito público de seus cidadãos; no entanto, numa época como a sua,
seria necessário um líder que utilizasse a força como princípio, tese que desenvolve em O Príncipe.
(Teresa Aline Pereira de Queiroz. O Renascimento, 1995.)
A obra O Príncipe foi escrita por Maquiavel em 1513 e publicada em 1532. Nela, o pensador
florentino. Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se
lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir.
MAQUIAVEL, N. Opríncipe. Maquiavel. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 79-80. (Coleção Os pensadores).
Com base nas informações, assinale a alternativa que melhor interpreta o pensamento de Maquiavel.
a) rejeita a noção de república, valorizando o princípio de participação política direta de todos os
cidadãos.
b) defende a submissão do poder secular ao poder atemporal, reconhecendo a Igreja como o centro
da vida política.
c) analisa experiências políticas do passado e do presente, propondo um modelo de atuação do
governante.
d) celebra o princípio da experiência do indivíduo, identificando os conselhos dos anciãos como
origem de todo poder.
e) questiona o militarismo da Roma Antiga, sugerindo aos governantes abandonar projetos imperiais
e expansionistas.

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Filosofia

3. Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo
italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas
distintas."A política arruína o caráter", disse Otto von Bismarck (1815-1898), o "chanceler de ferro" da
Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao
reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por
nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos,
Inglaterra e França. Isso é condenável? Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar
tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações
terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata
americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: "As sociedades não vivem
para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para
viver".
Veja, 02 mar. 2011. Adaptado.

A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo
a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar
sobre populações civis.
b) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrando-se avesso a qualquer tipo de
manifestação de autoritarismo por parte dos governantes.
c) foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels.
d) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política.
e) refletiu sobre a política através de aspectos prioritariamente pragmáticos.

4. Maquiavel esteve empenhado na renovação da política em um período ainda dominado pela teologia
cristã com os seus valores que atribuíam ao poder divino a responsabilidade sobre os propósitos
humanos. Em sua obra mestra, O príncipe, escreveu: “Deus não quer fazer tudo, para não nos tolher o
livre arbítrio e parte da glória que nos cabe”.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 108.
Assinale a alternativa que fundamenta essa afirmação de Maquiavel.
a) Deus faz o mais importante, conduz o príncipe até o trono, garantindo-lhe a conquista e a posse.
Depois, cabe ao soberano fazer um bom governo submetendo-se aos dogmas da fé.
b) A conquista e a posse do poder político não é uma dádiva de Deus. É preciso que o príncipe saiba
agir, valendo-se das oportunidades que lhe são favoráveis, e com firmeza alcance a sua finalidade.
c) Os milagres de Deus sempre socorreram os homens piedosos. Para ser digno do auxílio divino e
alcançar a glória terrena é preciso ser obediente à fé cristã e submeter-se à autoridade do papa.
d) Nem Deus, nem o soberano são capazes de conquistar o Estado. Tudo que ocorre na História é
obra do capricho, do acaso cego, que não distingue nem o cristão nem o gentio.

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Filosofia

5. A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a
república de Florença no centro formavam ao final do século XV o que se pode chamar de mosaico da
Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse cenário, o florentino
Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a
unificação e a regeneração da Itália.
SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú. Em: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política.
v. 2. São Paulo: Ática, 2003. p. 11-24. Adaptado.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa
correta.
a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas com a existência de um Príncipe que age
segundo a moralidade convencional e cristã.
b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas concretas que pretendem evitar a barbárie,
mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita.
c) A história é compreendida como retilínea, portanto a ordem é resultado necessário do
desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo impossível que o caos se repita.
d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o âmbito dos assuntos humanos é resultante da
materialização de uma vontade superior e divina.
e) Há uma ordem natural e eterna em todas as questões humanas e em todo o fazer político, de
modo que a estabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.

6. O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o
povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros
que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante.
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação dos servos
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe

7. Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e
pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas,
e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar
inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos
atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao
a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

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Filosofia

8. Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que
ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que
amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral,
que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são
inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo
está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas. Maquiavel
define o homem como um ser
a) Munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
b) Possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
c) Guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
d) Naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
e) Sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares

9. Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A
primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas vezes a primeira não seja
suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar
convenientemente o animal e o homem. [...] Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes,
onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe,
vencer e conservar o Estado.
Nicolau Maquiavel. O príncipe, 1983.
O texto, escrito por volta de 1513, em pleno período do Renascimento italiano, orienta o governante a
a) defender a fé e honrar os valores morais e sagrados.
b) valorizar e priorizar as ações armadas em detrimento do respeito às leis.
c) basear suas decisões na razão e nos princípios éticos.
d) comportar-se e tomar suas decisões conforme a circunstância política.
e) agir de forma a sempre proteger e beneficiar os governados.

10. Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções
vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades
morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão
de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para
se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a
necessidade”.
Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69.
Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que
a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores éticos,
devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente.
b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da
finalidade que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a
ética.
c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si
próprio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto
é, a conduzi-los à virtude.
d) o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos
pareçam maus.
e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma
comunidade política onde o governante age conforme a virtude.

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Filosofia

Gabarito

1. B
Maquiavel é um defensor do realismo político. Sua proposta é a do exercício do poder baseado nas
condições, capacidades e limitações do governante e seu principado, relacionados à sua conjuntura
histórica. A teoria maquiaveliana é pragmática e objetiva, pois aponta para a política como ela realmente
é ocupada por pessoas reais com defeitos e qualidades (mais defeitos que qualidades na visão do
filósofo) e não por reis-filósofos ideias.

2. C
Maquiavel é um profundo estudioso dos pensadores romanos. São muitos historiadores e políticos que
oferecem ao filósofo florentino um panorama da república de Roma. Além disso, o pensador também
estudou outras formas de governos e correntes do pensamento político. Somando-se a tudo isso se deve
considerar que Maquiavel era um homem da vida política e não apenas um filósofo. Por último é
necessário observar que Maquiavel propõe uma filosofia política realista, atrelada aos fatos e limitações
humanas. Tendo tudo isso em vista podemos apontar que Maquiavel se baseou em diversas
experiências e pesquisas históricas para escrever O Príncipe, um dos mais célebres manuais de política
da história.

3. E
Maquiavel é considerado um dos principais teóricos da política moderna. Ele preconizou uma visão da
política como relação de circunstâncias variáveis, que exigem do governante capacidade de antecipação
e pragmatismo para tomar as decisões corretas e se manter no poder. É a relação entre a fortuna (que é
externa ao governante) e a virtu (que é interna). No exercício, a primeira opção está incorreta porque
Maquiavel não defendia a ditadura como modelo apropriado ou inapropriado. O governante, na verdade,
teria de saber qual governo seria o melhor em cada momento. A opção B está incorreta porque Maquiavel
não foi teórico da democracia liberal, mas dos regimes de poder centralizados. A opção C está incorreta
porque Maquiavel também não foi teórico do socialismo científico, doutrina que surgiria muito depois de
sua morte. A D está errada porque Maquiavel não foi um escolástico e não fazia associações entre a
moralidade cristã e a vida política. A afirmativa correta é a E, sendo o pragmatismo a principal
característica da visão política de Maquiavel.

4. B
A, C e D – Incorretas. Nem os dogmas, nem o acaso conduzem os homens ou os príncipes à glória na
Terra. Para Maquiavel, que conhecia muito bem os mistérios da Santa Igreja, o príncipe deve escolher
bem, ora servindo o povo, ora servindo o clero, se isso se fizer necessário. Não se trata, portanto, de ser
bom e justo, segundo a doutrina prescrita cristã, que levou muitos príncipes à ruína, mas de perceber o
jogo de forças da política para agir.
B – Correta. Neste jogo de forças é preciso saber agir. A moral laica é a moral do príncipe, e a autonomia
política é a norma maior, devendo negar a moralidade cristã na avaliação de seus gestos para não perder
a força e a finalidade de suas ações.

5. B
a) Incorreta. A anarquia e a desordem só podem ser aplacadas por um governo forte, por um homem
virtuoso capaz de fundar o Estado; no entanto, a virtú política exige alguns vícios. Nesse sentido, os
ditames da moralidade convencional muitas vezes precisam ser deixados de lado. Para salvar o
Estado, o Príncipe deve aprender os meios de não ser bom.

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Filosofia

b) Correta. Para Maquiavel, a ordem é construída pelos homens para evitar o caos e a barbárie, no
entanto, mesmo que alcançada, a ordem não é definitiva, pois há a ameaça constante de ser
desfeita.
c) Incorreta. Maquiavel compreende a história como cíclica, ou seja, repete-se indefinidamente.
d) Incorreta. A ordem é produto da ação humana, não é natural, nem resulta de alguma vontade divina
ou extra-humana.
e) Incorreta. Maquiavel põe fim à ideia de que existe uma ordem natural e eterna nas questões
humanas e na política.

6. E
Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi o fundador da ciência política moderna e o primeiro a teorizar o
absolutismo europeu. Acreditava que, para manter a paz na sociedade, o governante poderia ter atitudes
tirânicas, ele é o autor da célebre frase “os fins justificam os meios”. O pensamento de Maquiavel foi
utilizado largamente no período moderno para justificar o poder dos reis absolutistas.

7. C
O texto de Maquiavel se relaciona ao pensamento político renascentista ao ressaltar o domínio do livre-
arbítrio sobre a sorte. Dessa maneira, Maquiavel apresenta o princípio básico defendido pelos
renascentistas que era a utilização da razão como principal instrumento para compreender o universo e
a natureza.

8. C
O escritor florentino Nicolau Maquiavel teve uma importância inovadora como fundador da política
moderna ao separar ética de política. Maquiavel acreditava que a natureza humana é essencialmente má
e os indivíduos deveriam conseguir ganhos a partir do menor esforço. Como cita no texto, os homens
“duma maneira geral, são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro,” portanto sempre
guiados por interesses.

9. D
Para Maquiavel, o principal objetivo de um governante deve ser manter-se no poder, garantindo a
preservação da ordem na sociedade. E, para isso, o príncipe deve guiar sua conduta política de acordo
com as circunstâncias, não se preocupando com a moralidade dos seus atos.

10. B
O pensamento de Maquiavel sobre o comportamento do príncipe estabelece uma ética fundada a partir
de um princípio distinto da ética clássica. No pensamento clássico, a ética tinha a finalidade de formar
um homem com um comportamento baseado em certas virtudes, como a sabedoria, a coragem, a
temperança, a prudência. Já a ética maquiavélica não busca refletir sobre a formação dos hábitos de um
homem, no caso o príncipe, tendo em vista tais virtudes, mas sim tendo em vista a sua manutenção no
poder. Portanto, os hábitos do príncipe não podem ser pensados de acordo com virtudes cardeais, mas
sim de acordo com a experiência comum através da qual se observa homens agindo de maneira desleal
sem qualquer pudor ou respeito para com atitudes magnânimas.

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Filosofia

Teoria contratualista: Thomas Hobbes

Resumo

Em um período marcado fortes mudanças políticas, especialmente pela formação dos Estados nacionais e
pelos conflitos religiosos surgidos após a Reforma Protestante, alguns importantes filósofos, conhecidos
como contratualistas, tomaram a peito a tarefa de encontrar uma nova resposta para o mais tradicional
problema da filosofia política: afinal, por quê e para quê existe a autoridade do Estado? De fato, não há filósofo
dedicado ao estudo do governo e das leis, desde a Grécia antiga, que não tenha se colocado diante desta
pergunta e buscá-lo respondê-la. Justamente por isso, o que tornou a perspectiva contratualista interessante
e inovadora não foi exatamente a questão que ela levantou, mas sim o modo como tentou resolvê-la. Criado
pelo pensador britânico Thomas Hobbes, este novo de método para a justificação do poder político foi tão
influente que mesmo autores que criticaram duramente as ideias de Hobbes, como Locke e Rousseau,
assumiram o método contratualista.
Curiosamente, o raciocínio que fundamenta a metodologia contratualista é algo bastante simples. Em
primeiro lugar, se o que está em jogo é descobrir qual é a importância da ordem política, o primeiro passo é
imaginar como seria a vida humana sem a política: uma condição chamada por Hobbes de estado de
natureza. Uma vez concebido tal estado inicial pré-político, cabe entender o que levaria as pessoas deste
estado de completa liberdade e ausência de leis a preferirem abandoná-lo e ingressarem no estado civil e
político. Uma vez que no estado de natureza todos os homens seriam totalmente livres, o ingresso no estado
político não poderia ser de modo algum imposto e só pode então ser compreendido como um contrato social,
isto é, um acordo entre os indivíduos, que livremente abririam mão de sua autonomia completa a fim de
constituírem o Estado. Não à toa, é por isso que a corrente iniciada por Hobbes é chamada de contratualismo:
segundo esta visão, o que fundamenta e legitima o exercício do poder pelo Estado é um contrato livremente
assumido pelos cidadãos em um hipotético estado de natureza. É necessário assinalar esse hipotético, pois
os autores contratualistas não necessariamente se comprometem com a ideia de que este acordo foi literal
e histórico. Para muitos, o contrato não passa de uma metáfora.

O contratualismo de Hobbes
No caso específico de Hobbes, o uso da teoria contratualista levou a conclusões bastante conhecidas. De
fato, sendo um pensador profundamente pessimista a respeito da natureza humana, o autor compreendia que
o homem é acima de tudo um ser egoísta. Assim sendo, segundo Hobbes, em um estado de natureza, sem
leis ou regras que os reprimam, os homens viveriam em um estado de conflito constante e irresolvível. Uma
vez que todos os homens são autointeressados e que nossos desejos frequentemente se opõem, pode-se
dizer que “o homem é o lobo do homem” e que o estado de natureza seria uma permanente “guerra de todos
contra todos”.
Hobbes afirmava que, quando nasceu, sua mãe pariu gêmeos, ele e o medo. Essa frase expõe a visão do autor
sobre a sociedade. Para ele, no estado de natureza, as diferenças entre os homens não são tão grandes sendo
uns um pouco mais fortes, outros um pouco mais inteligentes, mas não sendo quaisquer que sejam suas
características tão superiores a dos outros a ponto de se estabelecer um líder, alguém isento do medo de
sofrer o mal de outrem. Cada um de nós, nessa situação, tem direito a tudo, mas as coisas que podemos ter
são cada vez mais escassas.

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Filosofia

Embora seja pessimista para com a natureza humana, Hobbes afirma que temos o desejo de nos preservar.
Ora, que fazer então? Segundo Hobbes, há uma única saída possível para tal calamidade: a fim de obter a paz
e a ordem, os homens teriam que renunciar à sua liberdade natural e se submeter ao Estado, uma instituição
que governaria sobre eles, privando-os de sua liberdade e impondo seu domínio pela lei, mas que, em
contrapartida, impediria a guerra e os conflitos entre os homens. Eis o contrato social hobbesiano.
Naturalmente, como se vê, a consequência mais imediata da filosofia política de Hobbes é a defesa do
absolutismo como forma de governo. De fato, como o papel central do Estado é manter a ordem e conter o
egoísmo natural humano, seu poder, segundo Hobbes, deve ser fortemente concentrado e o governante está
autorizado a fazer tudo o que for necessário a fim de manter a ordem, ainda que pareça imoral. Com efeito,
uma vez que se trata de um contrato, o povo não tem o direito de dar um passo atrás e reclamar sua liberdade
de volta, rebelando-se contra o governo. Isto seria apenas descumprimento de contrato social estabelecido
entre governantes e governados.

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Filosofia

Exercícios

1. A importância do argumento de Hobbes está em parte no fato de que ele se ampara em suposições
bastante plausíveis sobre as condições normais da vida humana. Para exemplificar: o argumento não
supõe que todos sejam de fato movidos por orgulho e vaidade para buscar o domínio sobre os outros;
essa seria uma suposição discutível que possibilitaria a conclusão pretendida por Hobbes, mas de
modo fácil demais. O que torna o argumento assustador e lhe atribui importância e força dramática é
que ele acredita que pessoas normais, até mesmo as mais agradáveis, podem ser inadvertidamente
lançadas nesse tipo de situação, que resvalará, então, em um estado de guerra.
RAWLS, J. Conferências sobre a história da filosofia política. São Paulo: WMF, 2012 (adaptado).
O texto apresenta uma concepção de filosofia política conhecida como
a) alienação ideológica.
b) microfísica do poder.
c) estado de natureza.
d) contrato social.
e) vontade geral.

2. A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por
vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que
outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem
não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício
a que outro não possa igualmente aspirar.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo
objeto, eles
a) entravam em conflito.
b) recorriam aos clérigos.
c) consultavam os anciãos.
d) apelavam aos governantes.
e) exerciam a solidariedade.

3. Para Thomas Hobbes, os seres humanos são livres em seu estado natural, competindo e lutando entre
si, por terem relativamente a mesma força. Nesse estado, o conflito se perpetua através de gerações,
criando um ambiente de tensão e medo permanente. Para esse filósofo, a criação de uma sociedade
submetida à Lei, na qual os seres humanos vivam em paz e deixem de guerrear entre si, pressupõe que
todos renunciem à sua liberdade original. Nessa sociedade, a liberdade individual é delegada a um só
dos homens que detém o poder inquestionável, o soberano.
MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. João Paulo
Monteiro; Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora NOVA Cultural, 1997.
A teoria política de Thomas Hobbes teve papel fundamental na construção dos sistemas políticos
contemporâneos que consolidou a (o)
a) Monarquia Paritária.
b) Despotismo Soberano.
c) Monarquia Republicana.
d) Monarquia Absolutista.
e) Despotismo Esclarecido.

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Filosofia

4. Para os filósofos contratualistas, o Estado é pensado como tendo por origem um contrato entre os
indivíduos. Segundo Thomas Hobbes, “é como se cada homem dissesse a cada homem: autorizo e
transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens,
com a condição de transferires para ele o teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas
ações”.
(HOBBES, T. Leviatã, cap. 17, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.)Antologia de textos filosóficos,
Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 365.)
A partir do enunciado, é correto afirmar que Hobbes recorre à ideia do contrato com o fim de:
a) descrever como os Estados nacionais surgiram na história.
b) calcular os deveres e direitos dos indivíduos em relação ao Estado.
c) convocar os homens a resistirem ao poder do Estado.
d) mostrar que os homens agem na esperança de contrapartidas.
e) provar que os homens não sabem governar a si mesmos.

5. Porque as leis de natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em resumo, fazer aos
outros o que queremos que nos façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum poder capaz
de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender para
a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas semelhantes.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova
Cultural, 1988, p. 103.
Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que:
a) O seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce com o advento do contrato social deve assiná-
lo, para submeter-se aos compromissos ali firmados.
b) A condição natural do homem é de guerra de todos contra todos. Resolver tal condição é possível
apenas com um poder estatal pleno.
c) Os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a criação do Estado deve servir como
instrumento de realização da isonomia entre tais homens.
d) A guerra de todos contra todos surge com o Estado repressor. O homem não deve se submeter de
bom grado à violência estatal.
e) O estado de natureza é um estado de coletividade como manifestação do espírito humano. Apenas
um Estado civil democrático que garanta a participação de todos resolverá os problemas do
estado de natureza.

6. O Estado, tal como é conhecido atualmente, tem suas origens na modernidade por obra de pensadores
como Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau. Uma das teses para justificar o poder do
Estado foi a do Contrato Social ou Pacto. Destacam-se, entre as teses do Contrato Social, a ideia de
que os homens não são seres políticos por natureza, e que vivem em sociedade somente por interesse.
Encontram-se em um estado natural de guerra de todos contra todos. “O homem é lobo do homem”.
Guiados pelo instinto e não pela razão, sentem o medo de perder a vida a qualquer momento. Assim,
por medo e interesse, abandonam todos de uma só vez o direito sobre todas as coisas e entregam tal
direito nas mãos de um soberano, o qual fará leis e transformará o estado de natureza em estado civil.
Estava assim justificado o absolutismo, pois o soberano não faz parte do pacto e, ao criar as leis,
determina o justo e o injusto. Tais teses são defendidas na seguinte obra:
a) O leviatã, de Hobbes.
b) A Política, de Aristóteles.
c) O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
d) O Espírito das leis, de Montesquieu.
e) Contrato Social, de Jean Jacques Rousseau.

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Filosofia

7. [...] a condição dos homens fora da sociedade civil (condição esta que podemos adequadamente
chamar de estado de natureza) nada mais é do que uma simples guerra de todos contra todos na qual
todos os homens têm igual direito a todas as coisas; [...].
HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Campinas: Martins Fontes, 1992.
De acordo com o trecho acima e com o pensamento de Hobbes, assinale a alternativa correta.
a) Segundo Hobbes, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra, pois ambos são uma
condição original da existência humana.
b) Para Hobbes, o direito dos homens a todas as coisas está desvinculado da guerra de todos contra
todos.
c) Segundo Hobbes, é necessário que a condição humana seja analisada sempre como se os homens
vivessem em sociedade.
d) Segundo Hobbes, não há vínculo entre o estado de natureza e a sociedade civil.
e) Para Hobbes todos são portadores de direitos naturais no estado original. Entretanto, pela falta de
um juiz imparcial, forma-se o pacto que cria o Estado.

8. O pensador inglês Thomas Hobbes (1588-1679) foi o responsável por elaborar uma teoria política que
justificava o absolutismo monárquico, a partir de uma perspectiva racional. Em sua obra, “O Leviatã”
(1651), Hobbes sustentou que o Estado absoluto era necessário por:
a) distribuir poderes e manter o equilíbrio.
b) garantir a unidade política sem uso da autoridade.
c) ser capaz de limitar seus próprios poderes.
d) zelar pela manutenção da ordem social.
e) privilegiar decisões democráticas.

9. “Porque as leis de natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em resumo, fazer
aos outros o que queremos que nos façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum poder
capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender
para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas semelhantes. E os pactos sem a espada não passam
de palavras, sem força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis de natureza
(que cada um respeita quando tem vontade de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), se
não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá
legitimamente confiar, apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os
outros.”
MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil.
Sobre o pensamento de Hobbes, assinale a alternativa incorreta:
a) O contrato social que dá origem ao Estado só é obedecido pela força e pelo temor.
b) Os homens, na sua condição natural, observam apenas as suas paixões naturais.
c) O contrato social que dá origem ao Estado pode ser desfeito quando o soberano desrespeita os
direitos dos súditos e age de forma parcial, visando a seus próprios interesses.
d) A concepção de homem natural de Hobbes é marcada por um profundo pessimismo
antropológico.
e) A filosofia política hobbesiana é atomista.

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Filosofia

10. Justiça e Estado apresentam-se como elementos indissociáveis na filosofia política hobbesiana. Ao
romper com a concepção de justiça defendida pela tradição aristotélico-escolástica. Hobbes propõe
uma nova moralidade relacionada ao poder político e sua constituição jurídica. O Estado surge pelo
pacto para possibilitar a justiça e, na conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã
(caps. XIV-XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância, na lei natural concernente à
autoconservação, da qual deriva a segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas
as coisas, para garantir a paz e a defesa de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural:
que os homens cumpram os pactos que celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder comum não
há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais”.
HOBBES, T. Leviatã. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os Pensadores, cap. XIII.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Hobbes, é correto afirmar:
a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder coercitivo que a mantenha submissa, de consentir
na observância da justiça e das outras leis de natureza a partir do pacto constitutivo do Estado.
b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de confiança mútua, pelos quais os cidadãos,
ao renunciarem sua liberdade em prol de todos, removem o medo de quando se encontravam na
condição natural de guerra.
c) A justiça é definida como observância das leis naturais e, portanto, a injustiça consiste na
submissão ao poder coercitivo que obriga igualmente os homens ao cumprimento dos seus
pactos.
d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e de mal, têm lugar a partir do momento em
que os homens vivem sob um poder soberano capaz de evitar uma condição de guerra
generalizada de todos.
e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado na medida em que as leis que a efetivam
sejam criadas, por direito natural, pelos súditos com o objetivo de assegurar solidariamente a paz
e a segurança de todos.

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Filosofia

Gabarito

1. C
Thomas Hobbes é um dos filósofos contratualistas, exatamente por considerar que toda comunidade
política é fundada em um pacto social. A ausência desse pacto faz com que os indivíduos estejam em
um estado de natureza, na qual haveria a guerra de todos contra todos.

2. A
Segundo Hobbes, os homens, em seu estado de natureza, permanecem em um constante conflito. É a
constituição da cidade civil que irá pôr fim a esse estado de guerra de todos contra todos.

3. D
Segundo Hobbes uma vez que os homens se encontram num estado de guerra de “todos contra todos”,
a construção da sociedade somente pode ocorrer quando todos os membros rendem sua liberdade
natural para uma única figura capaz de garantir a paz e a segurança a todos. Esta figura é entendida pelo
autor como um mal necessário (um leviatã) que deve possuir poder inquestionável, não estando rendido
a qualquer atrelamento, seja ele partidário ou republicano. Para que esta figura possa governar de forma
a cuidar dos interesses de todos sem estar ligado a nenhum condicionamento, ela deve possuir um poder
e uma autoridade inquestionável. Embora Hobbes não fosse um defensor árduo do absolutismo, suas
teses serviram de base para justificar a monarquia como forma mais viável de garantir a todos um estado
de paz. Portanto, a monarquia absolutista é o remédio para garantir a coexistência dos homens em
sociedade. O despotismo esclarecido vai no sentido contrário, sendo inspirado pela filosofia iluminista,
cria uma abertura não existente na filosofia de Hobbes, na qual o monarca não é mais visto como
absoluto, mas sim como alguém que ainda exerce o poder, mas sem o caráter divino e inquestionável
dos seus antecessores.

4. B
Para Hobbes todos nós somos livres no estado de natureza. Entretanto, as condições de preservação da
vida não prejudicadas pela falta de ordem, já que podemos todos disputar os mesmos recursos
escassos. Nesse estado há um permanente medo e Hobbes aponta para a possibilidade da instauração
de um estado de guerra onde, pelo receio, ataca-se como medida de defesa. Apenas abandonando a
liberdade alcançamos a segurança necessária para manter a vida. Esse processo deve ser organizado
socialmente onde todos se comprometem a obedecer e assim ficar todos protegidos pelo Estado.

5. B
Estado de natureza é "natural" em apenas um sentido específico. Para Hobbes a autoridade política é
artificial e em contrapartida o Estado anterior à instituição do Governante é natural. Nesta sua condição
"natural" o ser humano mantém apenas a relação de autoridade da mãe sobre o filho, pois ela tem a vida
do filho. Entre adultos, inevitavelmente, o caso se complica e surge a necessidade do artifício.
Naturalmente, todo homem tem direito igual a todas as coisas. Porém, cada homem difere um do outro
em força e em inteligência. Apesar dessa diferença, cada homem tem poder suficiente para ameaçar a
vida de qualquer outro, de modo que invariavelmente o Estado de natureza termina em uma disputa de
todos contra todos por tudo que é direito de todos. Para o racionalismo hobbesiano, o Estado de natureza
é forçosamente uma guerra de todos contra todos. O homem, como a máxima de Hobbes manifesta, é
lupino.

7
Filosofia

6. A
Hobbes define o estado de natureza como um estado de permanente guerra, pois, sendo todos livres,
todos podem tentar se impor. Entretanto, por sermos todas pessoas comuns, não se instauraria um
poder forte o suficiente para se ver isento do medo. Dessa forma, todos deveríamos abandonar nossa
liberdade para formamos o Leviatã, um Estado poderoso que garantirá a paz e a ordem social.

7. A
O estado de natureza é "natural" em apenas um sentido específico. Para Hobbes, a autoridade política é
artificial e em contrapartida o estado anterior à instituição do governo é natural. Na sua condição
"natural", o ser humano carece de governo, que é uma autoridade artificial, pois a única autoridade
natural é aquela da mãe sobre o filho – dado que a mãe tem a vida do filho. Entre adultos,
inevitavelmente o caso difere e surge a necessidade do artifício.
Naturalmente, todo homem tem direito igual a todas as coisas, porém, de fato, cada homem difere um
do outro em força e, talvez, até em inteligência. Todavia, cada homem tem poder suficiente para ameaçar
a vida de qualquer outro, de modo que invariavelmente o estado de natureza é uma disputa de todos
contra todos por tudo que é direito de todos. O estado de natureza é forçosamente uma guerra de todos
contra todos. Entre outras inúmeras funções, Hobbes, com essa teoria, se opõe à teoria monarquista do
direito divino ao trono.

8. D
Já que o estado de natureza não seria capaz de oferecer as condições para que estivéssemos todos
seguros, pelo impulso de preservação os homens abdicariam de sua liberdade em nome de formar um
Estado soberano, poderoso e absoluto (como um monstro de referência bíblica, o leviatã) que não
poderia ser vencido por um indivíduo, mas, antes, deteria poder sobre todos eles. Sua missão é manter a
ordem e impedir que o estado de guerra se estabeleça.

9. C
A função do soberano é assegurar que todos respeitem o contrato social e, dessa forma, garantir a
vontade de todos que é a paz e a segurança individual. Para desempenhar bem esta função, o soberano
deve exercer um poder absoluto, sem estar subordinado a ninguém; e nem mesmo a uma Carta Magna.
Se o poder soberano não conseguir realizar o interesse de todos, isto é, a obediência de todos ao contrato
social, pode vir a ser deposto por uma rebelião. Concluir-se-á, nesse caso, que o soberano não era
legítimo.

10. D
Cabe ao soberano julgar sobre o bem e o mal, sobre o justo e o injusto; ninguém pode discordar, pois
tudo o que o soberano faz é resultado do investimento da autoridade consentida pelo súdito, em suma,
o homem abdica da liberdade dando plenos poderes ao Estado absoluto a fim de proteger a sua própria
vida.

8
Filosofia

Teoria contratualista: John Locke

Resumo

O contratualismo de Locke
Como sabemos, Locke foi um filósofo que se dedicou a áreas distintas do pensamento. Além de colaborar
com a Teoria do conhecimento pelo empirismo, Locke é um dos mais famosos filósofos políticos da história.
Seu pensamento se dedicou a pensar os motivos pelos quais as pessoas formam o Estado e porque esse
deve se manter ativo.
Tal como Thomas Hobbes, John Locke também acreditava que a única maneira efetivamente razoável de
justificar a existência do poder político seria através da metodologia contratualista. No entanto, diferente de
seu predecessor, Locke não tinha uma visão tão pessimista da natureza humana. Esta divergência básica,
por sua vez, levou a outras maiores e mais relevantes, fazendo com que Locke defendesse um ideal de
governo diretamente oposto àquele que Hobbes defendeu: enquanto o segundo foi um célebre advogado do
absolutismo monárquico, Locke é considerado o pai do liberalismo político, uma concepção que vê na
garantia da liberdade o papel central do governo.

Estado de natureza em Locke


Antes de tudo, Locke discordava radicalmente da ideia de que o homem é basicamente um ser egoísta. De
fato, ele não negava que somos autointeressados e buscamos a satisfação de nossos desejos, porém
afirmava também que todos nós temos certo senso moral, certas noções elementares de certo e errado que
nos impedem de agir de modo totalmente impulsivo. O ser humano concebido por Locke ainda no estado de
natureza é um ser racional, livre e igual, mas não naturalmente bom.

Com efeito, segundo Locke, o estado de natureza é um estado sem lei política, mas não é um estado
absolutamente sem lei: vigora nele a lei moral racional, chamada por ele de lei da natureza, a qual nos indica
o que é certo e errado independentemente da lei estabelecida pelo Estado. Com efeito, já no estado de
natureza, os homens são capazes de perceber pela razão que são iguais e que, portanto, devem tratar-se de
modo igualitário: é a igualdade essencial de todos os homens que exige um respeito igual de uns para com
os outros. Por sua vez, também segundo Locke, da lei natural se derivam direitos naturais, isto é, certos bens
básicos que todo ser humano merece ter reconhecidos. Tais direitos (embrião da ideia futura de direitos
humanos), segundo Locke, são três: o direito à vida, à liberdade e à propriedade privada. Sua decorrência da
lei natural seria nítida: se todos os homens são iguais, um não tem direito a tomar a vida do outro; se todos
os homens são iguais, um não tem direito a se impor sobre a liberdade do outro; se todos os homens são
iguais, ninguém tem direito a tomar para si aquilo que o outro adquiriu com seu trabalho. Vê-se assim que o
trabalho seria o fundamento do direito à propriedade privada e que todos os três direitos se reduzem à defesa
da liberdade do indivíduo frente aos demais. Locke vê o mundo natural como uma propriedade comum, ao
passo que a propriedade privada parte do esforço do homem e de sua atividade na terra e nos objetos. Assim,
quando uma pessoa agrega valor a algo esse algo é seu, desde que não cause prejuízo a ninguém.
Ora, mas se o estado de natureza não é um conflito generalizado como pensava Hobbes, o que então,
segundo Locke, levaria as pessoas a livremente abandoná-lo e ingressarem no estado político? Se já há uma
lei moral racional que limita os impulsos egoístas do homem, qual seria o problema presente do estado de
natureza a ser resolvido pelo Estado? Simples: o estado de natureza não seria um estado de guerra e o senso
moral dos próprios homens evitaria nele muitos conflitos. Entretanto, não se pode negar que esses conflitos
ocorreriam eventualmente e aí é que está o problema.

1
Filosofia

Com efeito, apesar de possuir uma lei moral que o regule, o estado de natureza não possui uma autoridade
para aplicar essa lei. Assim, quando os conflitos surgem no estado de natureza, apesar de eles não serem
tão comuns como pensava Hobbes, o problema é que não há uma autoridade superior a quem os homens
possam apelar e, portanto, todos os homens são juízes da lei natural. Como afirmamos antes, o ser humano
não é naturalmente bom pra Locke, o que o permite ser tomado pelo egoísmo, vingança ou outro sentimento
que o levará a causar mal ao outro. A falta dessa autoridade comum é que levaria os homens a decidirem
ingressar no estado político mediante um contrato social. De fato, sem uma instituição a zelar pela justiça,
os homens possuem direitos no estado de natureza, mas o aproveitamento desses direitos é incerto.
Por sua vez, uma vez que a função do contrato social lockeano não é garantir a paz, mas sim garantir uma
mais eficiente aplicação da justiça da lei da natureza e um mais seguro uso dos direitos naturais, tal contrato
não implica, segundo o filósofo, a renúncia completa da liberdade. Ao contrário, como o papel do governo
não é tanto manter a ordem, mas sim garantir os direitos básicos, seu poder não deve ser absoluto, mas sim
limitado. A lei civil deve apenas exprimir e garantir a perfeita execução da lei natural e dos direitos básicos.
Inclusive, para Locke, caso o governo não cumpra com seu papel e viole a lei moral e os direitos naturais, o
povo tem o direito e mesmo o deve de se rebelar, afinal, um contrato quebrado não tem mais qualquer valor.
Locke não apenas afirma a necessidade de o Estado ter seu poder limitado, ele propõe uma estrutura para
que isso aconteça. Apesar de ser famosa em Montesquieu, a divisão do Estado em poderes já é proposta por
Locke, estipulando a existência, na prática, de dois poderes. O legislativo e o executivo. O legislativo seria
incumbido de criar as leis e, por isso, seria superior ao executivo. O executivo seria encarregado de
administrar pela lei, inclusive atuando na sua interpretação frente a sociedade civil, o que demonstra nesse
poder o acúmulo dos poderes hoje conhecidos como executivo e judiciário. Para Locke haveria ainda um
terceiro poder, o poder federativo, que trata das questões da pátria frente a outras nações, como o poder de
guerra e paz. Na prática esse poder era exercido pelo monarca que também controlava o executivo.

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Filosofia

Exercícios

1. De acordo com a historiadora Maria Lúcia de Arruda Aranha, a Revolução Francesa derrubou o antigo
regime, ou seja, o absolutismo real fundamentado no direito divino dos reis, derivado da concepção
teocrática do poder. O término do antigo regime se consuma quando a teoria política consagra a
propriedade privada como direito natural dos indivíduos.
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003.
Esse princípio político que substitui a antiga teoria do direito divino do rei intitula-se
a) Contratualismo.
b) Totalitarismo.
c) Absolutismo.
d) Liberalismo.
e) Marxismo.

2. Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado
todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-
lhes as ações e regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos
limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

A partir da leitura do texto acima e de acordo com o pensamento político do autor, assinale a
alternativa correta.
a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de servidão.
b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas independe da conveniência de cada um.
c) Segundo Locke, a origem do poder político depende do estado de natureza.
d) Segundo Locke, a existência de permissão para agir é compatível com o estado de natureza.
e) Locke propõe uma reedição do contrato social, já que o atual não segue as leis do estado de
natureza

3. O filósofo inglês John Locke (1632-1704) é um dos fundadores da concepção liberal da vida política.
Em sua defesa da liberdade como um atributo que o homem possui desde que nasce, ele diz: “Para
compreender corretamente o que é o poder político e derivá-lo a partir de sua origem, devemos
considerar qual é a condição em que todos os homens se encontram segundo a natureza. E esta
condição é a de completa liberdade para poder decidir suas ações e dispor de seus bens e pessoas do
modo que quiserem, respeitados os limites das leis naturais, sem precisar solicitar a permissão ou de
depender da vontade de qualquer outro ser humano.” Assinale o documento histórico que foi
diretamente influenciado pelo pensamento de Locke.
a) O livro “O que é a propriedade?”, de Proudhon (1840)
b) O “Manifesto Comunista”, de Karl Marx e Frederico Engels (1848)
c) A “Concordata” estabelecida entre Napoleão e o Vaticano (1801)
d) A declaração da “Doutrina Monroe” (1823)
e) A “Declaração de Independência” dos Estados Unidos (1776)

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Filosofia

4. [...] O estado de guerra é um estado de inimizade e destruição [...] nisto temos a clara diferença entre
o estado de natureza e o estado de guerra, muito embora certas pessoas os tenham confundido, eles
estão tão distantes um do outro [...].
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978.

Leia o texto acima e assinale a alternativa correta.


a) Para Locke, o estado de natureza é um estado de destruição, inimizade, enfim uma guerra “de
todos os homens contra todos os homens”.
b) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra.
c) Segundo Locke, para compreendermos o poder político, é necessário distinguir o estado de guerra
do estado de natureza.
d) Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no fato de ambos utilizarem o conceito de
estado de natureza exatamente com o mesmo significado.
e) Para Locke a guerra só poderá acontecer no Estado civil, já que o estado de natureza é um estado
sem conflito entre os homens

5. “Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado
todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-
lhes as ações e regular-lhes as suas posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos
limites da lei da natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem. [...]
Estado também de igualdade, no qual é recíproco qualquer poder e jurisdição, ninguém tendo mais do
que qualquer outro […]. Contudo, embora seja um estado de liberdade, não o é de licenciosidade; apesar
de ter o homem naquele estado liberdade incontrolável de dispor da própria pessoa e posses, não tem
a de destruir-se a si mesmo ou a qualquer criatura que esteja em sua posse, senão quando uso mais
nobre do que a simples conservação o exija. O estado de natureza tem uma lei de natureza para
governá-lo, que a todos obriga. [...] E para impedir a todos os homens que invadam os direitos dos
outros e que mutuamente se molestem, e para que se observe a lei da natureza, que importa na paz e
na preservação de toda a Humanidade, põe-se, naquele estado, a execução da lei da natureza nas
mãos de todos os homens, mediante a qual qualquer um tem o direito de castigar os transgressores
dessa lei em tal grau que lhe impeça a violação, pois a lei da natureza seria vã, como quaisquer outras
leis que digam respeito ao homem neste mundo, se não houvesse alguém nesse estado de natureza
que não tivesse poder para pôr em execução aquela lei e, por esse modo, preservasse o inocente e
restringisse os ofensores.”
(Locke)
Considerando o texto citado, é correto afirmar, segundo a teoria política de Locke, que
a) o estado de natureza é um estado de perfeita concórdia e absoluta paz, tendo cada indivíduo
poder ilimitado para realizar suas ações como bem lhe convier, sem nenhuma restrição de
qualquer lei, seja ela natural ou civil.
b) concebido como um estado de perfeita liberdade e de igualdade, o estado de natureza é um
estado de absoluta licenciosidade, dado que, nele, o homem tem a liberdade incontrolável para
dispor, a seu bel-prazer, de sua própria pessoa e de suas posses.
c) pela ausência de um juiz imparcial, no estado de natureza todos têm igual direito de serem
executores, a seu modo, da lei da natureza, o que o caracteriza como um estado de guerra
generalizada e de violência permanente.
d) no estado de natureza, pela ausência de um juiz imparcial, todos e qualquer um, julgando em
causa própria, têm o “direito de castigar os transgressores” da lei da natureza, de modo que este
estado seja de relativa paz, concórdia e harmonia entre todos.
e) no estado de natureza, todos os homens permanentemente se agridem e transgridem os direitos
civis dos outros.

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Filosofia

6. Locke é um dos principais representantes do contratualismo clássico. Tem como ponto de partida de
seu pensamento político o estado de natureza, de modo que, através do contrato (pacto) social,
realiza-se a passagem para o Estado civil. Assinale a alternativa que não corresponde à concepção
liberal de política de Locke.
a) O estado de natureza é um estado de guerra generalizada de todos contra todos.
b) No estado de natureza, todos os homens são livres e iguais, tendo todos o direito à vida, à
liberdade e à propriedade.
c) O estado de natureza é um estado de relativa paz, por falta de um juiz imparcial que julgue os
possíveis conflitos entre os indivíduos.
d) O Estado civil tem sua origem e fundamento no pacto de consentimento unânime de indivíduos
livres e iguais, sendo que na escolha da forma de governo segue-se o princípio da maioria.
e) No centro do pensamento político de Locke se encontra a defesa dos direitos naturais inalienáveis
do indivíduo à vida, à liberdade e à propriedade, que devem ser garantidos e protegidos pelo
Estado civil.

7. Um dos aspectos mais importantes da filosofia política de John Locke é sua defesa do direito à
propriedade, que ele considerava ser algo inerente à natureza humana, uma vez que o corpo é nossa
primeira propriedade. De acordo com esta perspectiva, o Estado deve
a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou propriedades.
b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção, tenham alguma propriedade.
c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens.
d) fazer com que a propriedade seja comum a todos os cidadãos.
e) Permitir que os cidadãos tenham a posse de bens, mas não a propriedade

8. Para Locke, o estado de natureza é um estado de liberdade e de igualdade.


LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Tradução de Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes,
1994. p. 83.

Com base nos conhecimentos sobre a filosofia política de Locke, assinale a alternativa correta.
a) No estado de natureza, a liberdade dos homens consiste num poder de tudo dispor a partir da
força e da argúcia.
b) Os homens são iguais, pois todos têm o mesmo medo de morte violenta em mãos alheias.
c) A liberdade dos homens determina que o estado de natureza é um estado de guerra de todos
contra todos.
d) A liberdade no estado de natureza não consiste em permissividade, pois ela é limitada pelo direito
natural.
e) Nunca houve na história um estado de natureza, sendo este apenas uma hipótese lógica.

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Filosofia

9. Tenho razão em concluir que aquele que me colocasse sob seu poder sem meu consentimento me
usaria como lhe aprouvesse quando me visse naquela situação e prosseguiria até me destruir; pois
ninguém pode desejar ter-me em seu poder absoluto, a não ser para me obrigar à força a algo que
vem contra meu direito de liberdade, ou seja, fazer de mim um escravo. Escapar de tal violência é a
única garantia de minha preservação.
LOCKE, John. Segundo Tratado do Governo Civil. Cap. 3, tópico 17. [s/p]. Disponível em: Acesso em: 30 out. 2015.

Na relação entre Indivíduo e Governo, o Liberalismo de John Locke, como expresso no texto,
estabelece que a
a) legitimação do poder deva advir do estado de medo.
b) subordinação ao poder do governo deva ser limitado.
c) separação dos poderes deva ser a base da igualdade.
d) subjugação deva provocar desejos libertários de poder.
e) ação soberana deva resguardar a segurança do cidadão.

10. Leia o texto a seguir.


Por conseguinte, todo homem, ao consentir com outros em formar um único corpo político sob um
governo único, assume a obrigação, perante todos os membros dessa sociedade, de submeter-se à
determinação da maioria e acatar a decisão desta. Do contrário, esse pacto original, pelo qual ele,
juntamente com outros, se incorpora a uma sociedade, não teria nenhum significado e não seria pacto
algum, caso ele fosse deixado livre e sob nenhum outro vínculo além dos que tinha antes no estado
de natureza.
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. Trad. Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 470.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de John Locke, assinale a alternativa
correta.
a) O ser humano deve superar o estado de natureza fundando a sociedade civil e o Estado, cedendo
seus direitos em prol da paz social.
b) Os indivíduos, no estado de natureza, são juízes de si mesmos, fundam o Estado para garantir
segurança e direitos individuais por meio das leis.
c) O poder do Estado deve ser absoluto para a garantia dos direitos naturais da humanidade, como
a vida, a liberdade e a propriedade.
d) O pacto ou contrato social é o garantidor das liberdades e direitos, sendo o poder legislativo o
menos importante, já que é possível sua revogação por aqueles que participam do poder
executivo.
e) O ser humano se realiza como um ser possuidor de bens, sendo sua posse o que garante
tolerância religiosa, livre-iniciativa econômica e liberdade individual.

6
Filosofia

Gabarito

1. D
O filósofo que inaugura a o conceito de propriedade privada como direito natural é John Locke. Segundo
este pensador, os princípios de sua filosofia são: a liberdade (ação por deliberação pessoal, sem
nenhuma influência); a propriedade privada (iniciando a partir do próprio corpo que se possui e por
aquilo que se consegue pelo trabalho); e a igualdade (mesmas condições para que todos possam
usufruir dos recursos e leis da natureza). Por meio destes referenciais, Locke estabelece que se vivemos
em natureza e seguimos as suas leis, estas mesmas leis devem servir de modelo para a constituição
do Estado. O papel do governo consiste exclusivamente em fazer respeitar o direito natural de cada
indivíduo determinado em conformidade com as leis da natureza. Portanto, o governo civil é o remédio
apropriado para os inconvenientes do estado de natureza que pode se tornar um estado de guerra. Ele
não deve ser um ditador ou alguém que deva ser obedecido, mas alguém que administra um
empreendimento social onde os interesses e liberdades individuais determinam os rumos que a
sociedade deve seguir, sendo que seu poder é temporal e limitado. Daí o governo não deve estabelecer
aquilo que acredita ser melhor no modo de condução, mas deve concordar em servir a um interesse
maior a garantia dos direitos de igualdade, liberdade e propriedade privada. A liberdade é o fundamento
da vida em sociedade, servindo como justificativa para a disposição como se aprouver da propriedade
privada que os indivíduos estabelecem. Esta é garantida pela igualdade entre todos para que pela
apropriação dos recursos da natureza possam adquirir condições de sobreviverem segundo a melhor
maneira que lhes aprouver. Esta concepção exposta, com mínima interferência do governo nos rumos,
com a valorização da liberdade e propriedade privada garantida pela igualdade é conhecida como
liberal.

2. C
O objetivo de um governo legítimo é: 1) preservar, o quanto possível, o direito à vida, à liberdade, à saúde
e à propriedade de seus cidadãos; 2) processar e punir aqueles cidadãos que violarem os direitos dos
outros; 3) perseguir o bem público até nos momentos em que isto entrar em conflito com os direitos
individuais. Assim, o governo provê algo não disponível no estado de natureza, a preservação dos
direitos naturais através da intervenção de uma autoridade racional, isto é, um juiz imparcial para
determinar a severidade do crime e definir uma punição proporcional. Esses são os motivos
fundamentais porque a sociedade civil é um avanço sobre o estado de natureza.

3. E
A Declaração de Independência dos Estados Unidos traz consigo muitos elementos do liberalismo
proposto por John Locke, o que se percebe claramente no seu segundo parágrafo. De fato, ainda hoje o
ideal liberal demonstra ser uma característica bastante arraigada no pensamento político norte-
americano.

4. C
Assim como Hobbes, o filósofo inglês John Locke também refletiu sobre a origem do poder político e
sobre sua necessidade para congregar os homens, que em estado de natureza viviam isolados.
Locke faz uma reflexão mais moderada que a de Hobbes no tocante ao estado de natureza o que dá
como errada a questão D. Refere-se ao estado de natureza como uma condição na qual, pela falta de
uma normatização geral, cada qual seria juiz de sua própria causa, o que levaria ao surgimento de
problemas nas relações entre os homens, ou seja, o estado de guerra.
Para evitar este problema, o Estado seria criado e sua função seria garantir a segurança dos indivíduos
e de seus direitos naturais, como o direito à vida, à liberdade, à propriedade e aos bens necessários para
sua conservação garantidos pelo trabalho.

5. D
O texto nos oferece alguns, mas não todos os elementos para respondermos à questão. O Estado de
Natureza não é um estado de absoluta licenciosidade, nem de perfeita concórdia ou perfeita paz, mas
nem por isso é um estado de guerra e de transgressões.

7
Filosofia

Ele é caracterizado pela ausência de um juiz parcial e, por isso, está nas mãos de todos os homens a
execução das leis de toda natureza para a garantia da relativa paz e harmonia. Sendo assim, somente
a alternativa [D] está correta.

6. A
A alternativa [A] é incorreta. Esta corresponde à visão de Thomas Hobbes a respeito do estado de
natureza, e não à de John Locke, que está apresentada nas alternativas [B] e [C].

7. A
Na teoria liberal de John Locke, o direito natural à propriedade privada ganha importância fundamental.
Esse direito deve ser garantido pelo Estado, não significando que este deva dar propriedade a todos os
seus cidadãos, mas somente garantir a possibilidade de tê-las e mantê-las. Segundo essa visão liberal,
é através do trabalho que o homem pode adquirir tais propriedades.

8. D
Somente a alternativa [D] está correta. Nas próprias palavras de Locke: “ainda que se tratasse de um
“estado de liberdade”, este não é um “estado de permissividade”: [...] O “estado de Natureza” é regido
por um direito natural que se impõe a todos, e com respeito à razão, que é este direito, toda a
humanidade aprende que, sendo todos iguais e independentes, ninguém deve lesar o outro em sua vida,
sua saúde, sua liberdade ou seus bens.” (LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Tradução de
Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994).
Vale ressaltar que para Locke o estado de natureza não é somente uma hipótese lógica, mas uma
possibilidade histórica.

9. B
Como afirma Locke, o motivo pelo qual o Estado é organizado é a garantia dos direitos já existentes no
estado de natureza. Dessa forma o Estado não pode fazer o que quiser nem deve ter poderes ilimitados,
mas os indivíduos devem se submeter ao seu poder na proporção dos limites das relações entre os
homens no estado de natureza. As pessoas são livres para fazer o que quiserem, desde que não
prejudiquem as outros e a formação do Estado.

10. B
a) Incorreta. Para Locke, o estado de natureza é superado porque o homem em tal estado é juiz de si
mesmo. Para garantir a estabilidade das relações individuais, é fundado o Estado, que garante os
direitos das pessoas, bem como os seus deveres.
b) Correta. Segundo Locke, no estado de natureza, os homens pensam de maneira individualista, o que
pode levar a conflitos, por isso a necessidade da fundação do Estado enquanto instância mediadora
dos conflitos sociais entre os diversos grupos sociais que o constituem.
c) Incorreta. De acordo com Locke, o Estado é a instância que garante os direitos naturais, portanto o
poder não pode ser absoluto. O poder executivo deve estar subordinado ao legislativo, e o Estado
existe para garantir os direitos dos indivíduos, que podem retirar do Estado tal prerrogativa, caso
este não garanta direitos, como a propriedade privada, a liberdade e a sobrevivência.
d) Incorreta. Segundo Locke, o poder legislativo é o mais importante na estrutura social. É ele que
garante a liberdade e os direitos, não o poder executivo, que deve estar subordinado ao legislativo,
e este último, à vontade da maioria.
e) Incorreta. Não basta possuir bens para garantir a tolerância religiosa, a livre-iniciativa econômica e
a liberdade individual sem uma legislação que os garanta. As leis podem garantir tais direitos e o
direito à propriedade privada.

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Física

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Física

Conservação da quantidade de movimento

Resumo

Sistema mecanicamente isolado


Um sistema mecânico é denominado isolado de forças externas quando a resultante das forças externas
atuantes sobre ele for nula.
Uma partícula em equilíbrio é o caso mais elementar de sistema mecânico isolado. Estando em repouso ou
em movimento retilíneo e uniforme, a resultante das forças que agem sobre ela é nula. Vejamos outro
exemplo: admita que dois patinadores, inicialmente em repouso sobre uma plataforma plana e horizontal, se
empurrem mutuamente, conforme sugere a figura.

Figura 01 – Patinadores se empurrando mutualmente


Desprezando os atritos e a influência do ar, os dois patinadores constituem um sistema mecânico isolado,
pois a resultante das forças externas atuantes no conjunto é nula. De fato, as únicas forças externas que
agem em cada patinador são a força da gravidade (peso) e a força de sustentação da plataforma (normal),
que se equilibram.

Figura 02 – Representação de forças


Entretanto, uma pergunta surge naturalmente: as forças trocadas entre eles no ato do empurrão não seriam
resultantes, uma vez que cada patinador, pela ação da força recebida, tem seu corpo acelerado a partir do
repouso? E a resposta é simples: sim, essas forças (ação e reação) são as resultantes que aceleram cada
corpo, porém são forças internas ao sistema, não devendo ser consideradas no estudo do sistema como um
todo.

De fato, a soma dos impulsos das forças internas ⃗F e ⃗⃗⃗⃗⃗


−F (forças de ação e reação trocadas pelos patinadores
no ato do mútuo empurrão) é nula e, por isso, essas forças não participam da composição do impulso total
externo exercido sobre o sistema.

1
Física

O princípio da conservação da quantidade de movimento


Enuncia -se que:
Em um sistema mecânico isolado de forças externas, conserva -se a quantidade de movimento total.
⃗⃗ = 𝟎
∆𝐐 ⃗ 𝐨𝐮 𝐐
⃗⃗ 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 = 𝐐
⃗⃗ 𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥

Façamos a verificação desse enunciado. Segundo o Teorema do Impulso, temos:


⃗⃗
𝐈𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = ∆𝐐

Entretanto, em um sistema mecânico isolado, a resultante das forças externas é nula, o que permite dizer
que o impulso total (da força resultante externa) também é nulo. Então:
𝐈𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = ⃗𝟎
Assim, temos:
⃗⃗ = 𝟎
∆𝐐 ⃗

Ou, de modo equivalente:


⃗𝐐
⃗ 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 = ⃗𝐐
⃗ 𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥

Obs.: não se deve confundir sistema isolado com sistema conservativo. Observa que nem todo sistema
isolado é conservativo e nem todo sistema conservativo é isolado. O princípio da conservação da quantidade
de movimento é muito amplo, porém, aplicado a um sistema de duas partículas isoladas de forças externas,
conduz a resultados equivalentes àqueles obtidos pela aplicação da 3ª e 2ª leis de Newton, o princípio da
ação e reação e o princípio fundamental da dinâmica, respectivamente.

2
Física

Exercícios

1. (Pucrj 2017) Um jogador de tênis, durante o saque, lança a bola verticalmente para cima. Ao atingir
sua altura máxima, a bola é golpeada pela raquete de tênis, e sai com velocidade de 108 km/h na
direção horizontal. Calcule, em kg m/s, o módulo da variação de momento linear da bola entre os
instantes logo após e logo antes de ser golpeada pela raquete.
Dado: Considere a massa da bola de tênis igual a 50 g.
a) 1,5
b) 5,4
c) 54
d) 1.500
e) 5.400

2. (Enem PPL 2014) Durante um reparo na estação espacial internacional, um cosmonauta, de massa
90kg, substitui uma bomba do sistema de refrigeração, de massa 360 kg, que estava danificada.
Inicialmente, o cosmonauta e a bomba estão em repouso em relação à estação. Quando ele empurra
a bomba para o espaço, ele é empurrado no sentido oposto. Nesse processo, a bomba adquire uma
velocidade de 0,2 m/s em relação à estação. Qual é o valor da velocidade escalar adquirida pelo
cosmonauta, em relação à estação, após o empurrão?
a) 0,05 m/s
b) 0,20 m/s
c) 0,40 m/s
d) 0,50 m/s
e) 0,80 m/s

3. (Fuvest 2012)

Maria e Luísa, ambas de massa M, patinam no gelo. Luísa vai ao encontro de Maria com velocidade
de módulo V. Maria, parada na pista, segura uma bola de massa m e, num certo instante, joga a bola
para Luísa. A bola tem velocidade de módulo v, na mesma direção de V⃗ . Depois que Luísa agarra a
bola, as velocidades de Maria e Luísa, em relação ao solo, são, respectivamente,

a) 0 ; −V

b) − ;  + V / 2

c) −m / M ; MV / m
−m / M ; (m - MV) / (M + m)
d)
(M V / 2 - m)/ M ; (m - MV / 2) / (M + m)
e)

3
Física

4. O estresse pode fazer com que o cérebro funcione aquém de sua capacidade. Atividades esportivas
ou atividades lúdicas podem ajudar o cérebro a normalizar suas funções.
Num certo esporte, corpos cilíndricos idênticos, com massa de 4 kg, deslizam sem atrito sobre uma
superfície plana. Numa jogada, um corpo A movimenta-se sobre uma linha reta, considerada o eixo x
do referencial, com velocidade de módulo 2 m/s e colide com outro corpo, B, em repouso sobre a
mesma reta. Por efeito da colisão, o corpo A permanece em repouso, e o corpo B passa a se
movimentar sobre a reta. A energia cinética do corpo B, em J, é
a) 2
b) 4
c) 6
d) 8
e) 16

5. (Ueg 2017) Na olimpíada, o remador Isaquias Queiroz, ao se aproximar da linha de chegada com o seu
barco, lançou seu corpo para trás. Os analistas do esporte a remo disseram que esse ato é comum
nessas competições, ao se cruzar a linha de chegada. Em física, o tema que explica a ação do remador
é
a) o lançamento oblíquo na superfície terrestre.
b) a conservação da quantidade de movimento.
c) o processo de colisão elástica unidimensional.
d) o princípio fundamental da dinâmica de Newton.
e) a grandeza viscosidade no princípio de Arquimedes.

6. (Epcar (Afa) 2011) Analise as afirmativas abaixo sobre impulso e quantidade de movimento.
I. Considere dois corpos A e B deslocando-se com quantidades de movimento constantes e iguais.
Se a massa de A for o dobro de B, então, o módulo da velocidade de A será metade do de B.
II. A força de atrito sempre exerce impulso sobre os corpos em que atua.
III. A quantidade de movimento de uma luminária fixa no teto de um trem é nula para um passageiro,
que permanece em seu lugar durante todo o trajeto, mas não o é para uma pessoa na plataforma
que vê o trem passar.
IV. Se um jovem que está afundando na areia movediça de um pântano puxar seus cabelos para cima,
ele se salvará.

São corretas
a) apenas I e III.
b) apenas I, II e III.
c) apenas III e IV.
d) todas as afirmativas.
e) nenhuma das afirmativas.

4
Física

7. Dois blocos maciços estão separados um do outro por uma mola comprimida e mantidos presos
comprimindo essa mola. Em certo instante, os dois blocos são soltos da mola e passam a se
movimentar em direções opostas. Sabendo-se que a massa do bloco 1 é o triplo da massa do bloco
2, isto é m1 = 3m2, qual a relação entre as velocidades v1 e v2 dos blocos 1 e 2, respectivamente, logo
após perderem contato com a mola?

a) v1 = - v2/4
b) v1 = -v2/3
c) v1 = v2
d) v1 = 3v2
e) v1 = 4v2

8. (G1 IFSC 2014) “A força agressiva da bomba atômica que literalmente implodiu a sociedade foi
lembrada na poesia de Vinícius de Moraes que, combinada com a melodia de Gerson Conrad, se
transformou no grande sucesso "Rosa de Hiroshima", gravada pelo grupo musical Secos & Molhados
em 1973.”
Ciência na música popular brasileira, de Ildeu de Castro Moreira e Luisa Massarani. Publicado na revista pré-Univesp –
Número 25 – Aprendizagem lúdica – Outubro de 2012.

Considerando-se que um artefato está em repouso sobre uma mesa e explode em dois pedaços. Um
dos pedaços que possui um terço do total da massa do artefato foi lançado para o norte com
velocidade de 300 m/s. Dessa maneira, é CORRETO afirmar que o segundo pedaço, com 2/3 da massa
total do artefato, foi lançado para:
a) o sul com velocidade de 150 m/s
b) o sul com velocidade de 600 m/s
c) o sudeste com velocidade de 150 m/s
d) o sudeste com velocidade de 600 m/s
e) uma direção desconhecida com velocidade de 600 m/s

9. Leonardo, de 75 kg, e sua filha Beatriz, de 25 kg, estavam patinando em uma pista horizontal de gelo,
na mesma direção e em sentidos opostos, ambos com velocidade de módulo v = 1,5 m/s. Por estarem
distraídos, colidiram frontalmente, e Beatriz passou a se mover com velocidade de módulo u = 3,0 m/s,
na mesma direção, mas em sentido contrário ao de seu movimento inicial. Após a colisão, a velocidade
de Leonardo é
a) nula.
b) 1,5 m/s no mesmo sentido de seu movimento inicial.
c) 1,5 m/s em sentido oposto ao de seu movimento inicial.
d) 3,0 m/s no mesmo sentido de seu movimento inicial.
e) 3,0 m/s em sentido oposto ao de seu movimento inicial.

5
Física

10. Um jovem de massa 60 kg patina sobre uma superfície horizontal de gelo segurando uma pedra de 2,0
kg. Desloca-se em linha reta, mantendo uma velocidade com módulo de 3,0 m/s. Em certo momento,
atira a pedra pra frente, na mesma direção e sentido do seu deslocamento, com módulo de velocidade
de 9,0 m/s em relação ao solo. Desprezando-se a influência da resistência do ar sobre o sistema
patinador-pedra, é correto concluir que a velocidade do patinador em relação ao solo, logo após o
lançamento, é de
a) 3,0 m/s, para trás.
b) 3,0 m/s, para frente.
c) 0,30 m/s, para trás.
d) 0,30 m/s, para frente.
e) 2,8 m/s, para frente.

11. (Uece 2019) Em 20 de julho de 1969, passados 50 anos, o homem pôs os pés em solo lunar. A
movimentação de naves espaciais como a Apolo 11, que fez o transporte rumo à lua, é feita pela
expulsão de gases do foguete em uma direção e movimento da nave na direção oposta. Há uma lei de
conservação envolvida nesse modo de deslocamento que é denominada lei de conservação
a) da energia potencial.
b) da energia elástica.
c) do momento de inércia.
d) do momento linear.
e) da força.

12. (Enem 2014) O pêndulo de Newton pode ser constituído por cinco pêndulos idênticos suspensos em
um mesmo suporte. Em um dado instante, as esferas de três pêndulos são deslocadas para a
esquerda e liberadas, deslocando-se para a direita e colidindo elasticamente com as outras duas
esferas, que inicialmente estavam paradas.

O movimento dos pêndulos após a primeira colisão está representado em:

a) b) c)

d) e)

6
Física

13. (Pucrj 2017) Um objeto de massa m escorrega com velocidade V sobre uma superfície horizontal
sem atrito e colide com um objeto de massa M que estava em repouso. Após a colisão, os dois objetos
saem grudados com uma velocidade horizontal igual a V/4. Calcule a razão M/m.
a) 1/3
b) 1/2
c) 1
d) 2
e) 3

14. (Ufrgs 2014) Uma bomba é arremessada, seguindo uma trajetória parabólica, conforme representado
na figura abaixo. Na posição mais alta da trajetória, a bomba explode.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que
aparecem. A explosão da bomba é um evento que __________ a energia cinética do sistema. A trajetória
do centro de massa do sistema constituído pelos fragmentos da bomba segue __________.
a) não conserva – verticalmente para o solo
b) não conserva – a trajetória do fragmento mais massivo da bomba
c) não conserva – a mesma parábola anterior à explosão
d) conserva – a mesma parábola anterior à explosão
e) conserva – verticalmente para o solo

7
Física

Gabarito

1. A
108
Δp = m  ΔV  Δp = 50  103   Δp = 1,5 kg m s
3,6
2. E
Tratando de um sistema mecanicamente isolado, ocorre conservação da quantidade de movimento.
Assim:

Q c = Q b  mc v c = mb vb  90 v c = 360 (0,2 )  v c = 0,8 m/s.

3. D
Antes de jogar a bola, Maria e a bola estão em repouso, portanto a quantidade de movimento desse
sistema é nula. Como o sistema é mecanicamente isolado (a resultante das forças externas é nula),
apliquemos a ele a conservação da quantidade de movimento:
(Qsist )antes = (Qsistema )depois  0 = m v + M VMaria  − M VMaria = m v 
−m v
VMaria = .
M
Antes de agarrar a bola que tem velocidade v, Luísa tem velocidade -V. Aplicando novamente a
conservação da quantidade de movimento:
(Qsist )antes = (Qsist )depois  m v − M V = (m + M) VLuísa 
m v −M V
VLuísa =
m+M

4. D

5. B
Como a quantidade de movimento antes tem que ser igual à quantidade de movimento depois,
Qantes = Qdepois , o remador ao lançar o seu corpo para trás, ganha uma vantagem para cruzar a linha
de chegada.
Para entendermos melhor esse caso, podemos pensar em um vagão de trem, onde se encontra uma
pessoa. Digamos que o atrito entre o trilho e vagão seja desprezível, se uma pessoa lançar uma pedra
para trás, por conservação da quantidade de movimento o vagão irá se movimentar para frente. A
mesma coisa acontece com o remador que, ao lançar o corpo para trás, ganha uma vantagem.

8
Física

6. B
I. Correta. Verifiquemos:
Dados: QA = QB; mA = 2 mB.
vB
QA = QB  mA v A = mB vB  ( 2mB ) v A = mB vB  v A = .
2
II. Correta. Sempre que uma força atua sobre um corpo ela aplica impulso sobre ele.
III. Correta. A quantidade de movimento é o produto da massa pela velocidade. Se a velocidade
depende do referencial, então a quantidade de movimento também depende.
IV. Falsa. As forças trocadas entre as mãos e os cabelos são forças internas, e forças internas não
aceleram o sistema.

7. B

8. A
Como se trata de sistema mecanicamente isolado, temos:

300 = − v 2 
1 2
Qantes = Qdepois  Q1 + Q2 = 0  m1 v1 + m2 v 2 = 0 
3 3

v 2 = −150 m/s.

O segundo pedaço é lançado com velocidade de 150 m/s, em sentido oposto ao do primeiro, ou seja,
para o sul.
9. A

9
Física

10. E

11. D
A lei descrita é a da conservação do momento linear, através da qual é possível que a nave se movimente
após ejetar massa no sentido contrário.

12. C
Como se trata de sistema mecanicamente isolado, ocorre conservação da quantidade de movimento.
Qfinal = Qincial  Qfinal = 3 m v.
Portanto, após as colisões, devemos ter três esferas bolas com velocidade v como mostra a alternativa
C
Podemos também pensar da seguinte maneira: as esferas têm massas iguais e os choques são frontais
e praticamente elásticos. Assim, a cada choque, uma esfera para, passando sua velocidade para a
seguinte. Enumerando as esferas da esquerda para a direita de 1 a 5, temos:
A esfera 3 choca-se com a 4, que se choca com a 5. As esferas 3 e 4 param e a 5 sai com velocidade v;
A esfera 2 choca-se com a 3, que se choca com a 4. As esferas 2 e 3 param e a 4 sai com velocidade v;
A esfera 1 choca-se com a 2, que se choca com a 3. As esferas 1 e 2 param e a 3 sai com velocidade v.

13. E
Qa = Qd
V M
m  V = (m + M)   4  m = m + M  M = 3m  = 3
4 m

14. C
A energia não conserva, pois, durante a explosão, a queima da pólvora transforma energia química em
energia térmica e cinética, aumentando, então, a energia cinética do sistema.
Como as forças originadas na explosão são internas, não há alteração na trajetória do centro de massa,
que segue a mesma trajetória parabólica anterior à explosão.

10
Física

Impulso e quantidade de movimento

Resumo

Impulso de uma força constante


Os impulsos mecânicos estão presentes em uma série de fenômenos do dia a dia, como nas situações em
que há empurrões, puxões, impactos e explosões. Um jogador de futebol, por exemplo, impulsiona a bola no
ato de um chute. Seu pé aplica na bola uma força que, agindo durante um certo intervalo de tempo, determina
um impulso. Ao se dar um tiro com uma arma de fogo qualquer, o projétil é impulsionado pelos gases
provenientes da detonação do explosivo. Esses gases agem muito rapidamente sobre o projétil, porém de
forma intensa, determinando um impulso considerável. Também recebem impulsos uma flecha ao ser
lançada por um arco e uma pedra ao ser disparada por um estilingue.
Em nosso curso vamos nos restringir à definição do impulso de uma força constante (intensidade, direção e
sentido invariáveis), uma vez que a definição geral dessa grandeza requer elementos de Matemática
normalmente não estudados no Ensino Médio. Para tanto, considere o esquema a seguir, em que uma força
𝐹⃗ constante age sobre uma partícula do instante t 1 ao instante t2:

O impulso de 𝐹⃗ no intervalo de tempo ∆t = t2 – t1 é a grandeza vetorial 𝐼⃗, definida por:


𝐈⃗ = 𝐅⃗∆𝐭

Sendo ∆t um escalar positivo, 𝐼⃗ tem sempre mesma orientação de 𝐹⃗ .

Unidade: [I] = N.s

Se a força tiver direção constante, mas intensidade variável, também podemos utilizar a definição particular
dada para a grandeza impulso. Basta raciocinar em termos de uma força média que exerça, no mesmo
intervalo de tempo, o mesmo efeito dinâmico da força considerada.

Cálculo do gráfico do valor algébrico do impulso


Considere o esquema a seguir, em que uma partícula se movimenta ao longo do eixo 0x sob a ação da força
𝐹⃗ constante.

Tracemos o gráfico do valor algébrico de 𝐹⃗ (dado em relação ao eixo 0x) em função do tempo:

1
Física

Seja a “área” A destacada no diagrama. Teria essa “área” algum significado especial? Sim: ela fornece uma
medida do valor algébrico do impulso da força 𝐹⃗ , desde o instante t1 até o instante t2. De fato, isso pode ser
facilmente verificado:
A = F(t2 – t1)

Mas t2 – t1 é o intervalo de tempo ∆t considerado. Logo:


A = F.∆t

⃗⃗, segue que:


Como o produto F.∆t corresponde ao valor algébrico do impulso de F
A=I
Embora a última propriedade tenha sido apresentada com base em um caso simples e particular, sua
validade estende-se também a situações em que a força envolvida tem direção constante, porém valor
algébrico variável. Nesses casos, entretanto, sua verificação requer um tratamento matemático mais
elaborado.

F é o valor algébrico da força responsável pelo impulso.


A1 + A2 = I (soma algébrica)

Tendo em conta o exposto, podemos fazer a seguinte generalização:


Dado um diagrama do valor algébrico da força atuante em uma partícula em função do tempo, a “área”
compreendida entre o gráfico e o eixo dos tempos expressa o valor algébrico do impulso da força. No
entanto, a força considerada deve ter direção constante.

Quantidade de movimento
Em diversos fenômenos físicos é necessário agrupar os conceitos de massa e de velocidade vetorial. Isso
ocorre, por exemplo, nas colisões mecânicas e nas explosões. Nesses casos, torna -se conveniente a
definição de quantidade de movimento (ou momento linear), que é uma das grandezas fundamentais da
Física. Considere uma partícula de massa m que, em certo instante, tem velocidade vetorial igual a v⃗⃗. Por
⃗⃗
definição, a quantidade de movimento da partícula nesse instante é a grandeza vetorial Q expressa por:
⃗⃗⃗ = 𝐦𝐯⃗⃗
𝐐

2
Física

A quantidade de movimento é uma grandeza instantânea, já que sua definição envolve o conceito de
⃗⃗ tem sempre a mesma direção e o mesmo
velocidade vetorial instantânea. Sendo m um escalar positivo, 𝑄
sentido de 𝑣⃗, isto é, em cada instante é tangente à trajetória e dirigida no sentido do movimento.

Unidade: [Q] = kg.m/s = kg.m.s-1.

O teorema do impulso
Um arco dispara uma flecha conferindo-lhe um impulso, que provoca no dardo certa variação de quantidade
de movimento. Um jogador de futebol cobra uma falta, imprimindo à bola no momento do chute um forte
impulso. Este, por sua vez, determina expressiva variação de quantidade de movimento na bola. Você lança
uma pedra e o impulso exercido no ato do lançamento provoca no projétil uma dada variação de quantidade
de movimento... Haveria alguma conexão entre as noções de impulso e variação de quantidade de
movimento? Certamente que sim! O Teorema do Impulso, apresentado a seguir, estabelece uma relação
matemática entre essas grandezas.
Exemplo:
O impulso da resultante (impulso total) das forças sobre uma partícula é igual à variação de sua quantidade
de movimento:
⃗⃗⃗ → 𝐈⃗𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = 𝐐
𝐈⃗𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = ∆𝐐 ⃗⃗⃗𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 − 𝐐
⃗⃗⃗𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥

Podemos dizer, ainda, que o impulso da força resultante é equivalente à soma vetorial dos impulsos de todas
as forças que atuam na partícula. O Teorema do Impulso permite concluir que as unidades N.s e kg;m/s,
respectivamente de impulso e quantidade de movimento, são equivalentes. Isso ocorre porque essas
grandezas têm as mesmas dimensões físicas. O Teorema do Impulso aplicado a uma partícula solitária
equivale à 2ª Lei de Newton (Princípio Fundamental da Dinâmica).

3
Física

Exercícios

1. Considere dois astronautas com massas iguais a M que estão inicialmente em repouso e distantes de
qualquer corpo celeste. Um deles resolve lançar uma mochila de ferramentas também de massa igual
a M para o outro, empurrando-a com uma força de módulo F. Admitindo que uma jogada completa se
dá no início do arremesso até que o outro agarre a mochila e que o impulso permaneça o mesmo, a
quantidade de jogada(s) completa(s) que os astronautas conseguem realizar é
a) uma.
b) duas.
c) três.
d) quatro.
e) mais de quatro.

2. Considere uma esfera muito pequena, de massa 1 kg, deslocando-se a uma velocidade de 2 m/s, sem
girar, durante 3 s. Nesse intervalo de tempo, o momento linear dessa partícula é
a) 2 kg.m/s.
b) 3 s.
c) 6 kg.m/s.
d) 6 m.
e) 9 kg.m/s.

3. Um jogador de tênis, durante o saque, lança a bola verticalmente para cima. Ao atingir sua altura
máxima, a bola é golpeada pela raquete de tênis, e sai com velocidade de 108 km/h na direção
horizontal.Calcule, em kg.m/s, o módulo da variação de momento linear da bola entre os instantes
logo após e logo antes de ser golpeada pela raquete.
Dado: Considere a massa da bola de tênis igual a 50 g.
a) 1,5.
b) 5,4.
c) 54.
d) 1500.
e) 5400.

4
Física

4. O airbag e o cinto de segurança são itens de segurança presentes em todos os carros novos
fabricados no Brasil. Utilizando os conceitos da Primeira Lei de Newton, de impulso de uma força e
variação da quantidade de movimento, analise as proposições.
I. O airbag aumenta o impulso da força média atuante sobre o ocupante do carro na colisão com o
painel, aumentando a quantidade de movimento do ocupante.
II. O airbag aumenta o tempo da colisão do ocupante do carro com o painel, diminuindo, assim, a
força média atuante sobre ele mesmo na colisão.
III. O cinto de segurança impede que o ocupante do carro, em uma colisão, continue se deslocando
com um movimento retilíneo uniforme.
IV. O cinto de segurança desacelera o ocupante do carro em uma colisão, aumentando a quantidade
de movimento do ocupante.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

5. Uma bola de futebol de massa m = 0,20 kg é chutada contra a parede a uma velocidade de 5,0 m/s.
Após o choque, ela volta a 4,0 m/s. A variação da quantidade de movimento da bola durante o choque,
em kg.m/s, é igual a
a) 0,2.
b) 1,0.
c) 1,8.
d) 2,6.
e) 5,4.

6. Considere uma esfera metálica em queda livre sob a ação somente da força peso. Sobre o módulo do
momento linear desse corpo, pode-se afirmar corretamente que
a) aumenta durante a queda.
b) diminui durante a queda.
c) é constante e diferente de zero durante a queda.
d) é zero durante a queda.
e) aumenta até um certo instante e depois permanece constante durante a queda.

7. Uma esfera de massa m é lançada do solo verticalmente para cima, com velocidade inicial V, em
módulo, e atinge o solo 1 s depois. Desprezando todos os atritos, a variação no momento linear entre
o instante do lançamento e o instante imediatamente antes do retorno ao solo é, em módulo,
a) 2 mV.
b) mV.
c) mV²/2.
d) mV/2.
e) 0.

5
Física

8. Os Jogos Olímpicos de 2016 (Rio 2016) é um evento multiesportivo que acontecerá no Rio de Janeiro.
O jogo de tênis é uma das diversas modalidades que compõem as Olímpiadas. Se em uma partida de
tênis um jogador recebe uma bola com velocidade de 18,0 m/s e rebate na mesma direção e em
sentido contrário com velocidade de 32 m s, assinale a alternativa que apresenta qual o módulo da
sua aceleração média, em m/s² , sabendo que a bola permaneceu 0,10 s em contato com a raquete.
a) 450.
b) 600.
c) 500.
d) 475.
e) 200.

9. O gráfixo abaixo mostra a intensidade de uma força aplicada a um corpo no intervalo de tempo de 0 a
4 s.

O impulso da força, no intervalo especificado, vale


a) 95 kg.m/s.
b) 85 kg.m/s.
c) 65 kg.m/s.
d) 60 kg.m/s.
e) 55 kg.m/s.

10. Nas cobranças de faltas em um jogo de futebol, uma bola com massa de 500 gramas pode atingir
facilmente a velocidade de 108 km/h. Supondo que no momento do chute o tempo de interação entre
o pé do jogador e a bola seja de 0,15 segundos, podemos supor que a ordem de grandeza atua na bola,
em newton, é de:
a) 100.
b) 101.
c) 10².
d) 10³.
e) 104.

6
Física

Gabarito

1. A
Os dois astronautas não sofrem influência gravitacional de algum corpo celeste, portanto vamos admitir
que estão realizando uma caminhada espacial em que realizam o experiemnto descrito. Neste sistema,
a quantidade de movimento incial é nula e, assim que o primeiro astronauta lança a mochila ao outro,
pelo Princípio da Ação e Reação, a força aplicada na mochila faz o lançador se afastar com a mesma
velocicdade da mochila, porém em sentido contrário, sendo que a quantidade de movimento do sistema
como um todo continua nula, pois ela se conserva. Quando a mochila chega ao segundo astronauta,
temos uma colisão inelástica, em que os odis corpos mantêm a quantidade de movimento que a mochila
quando viaja sozinha, mas com a metade da velocidade, pois as massas do astronauta e da mochila são
iguais. Usando o mesmo impulso dado pelo primeiro astronauta, a mochila lançada pelo segundo
astronauta não consiguirá mais alcançar o primeiro, porque teria a mesma aceleração que os astronauta.
Logo, é possível executar o movimento apenas uma vez, a menos que fosse possível aplicar um impulso
maior a cada arremesso.

2. A
O movimento linear ou quantidade de movimento é dado pela expressão:
Q = mv = 1 x 2  Q = 2kg . m/s.

3. A

4. B
I. Falsa. O airbag reduz a força média sobre o corpo do ocupante do carro durante a colisão com o
painel, pois aumenta o tempo de contato entre o sistema corpo-airbag. O impulso permanece o
mesmo, que equivale à diferença de quantidade de movimento.
II. Verdadeira.
III. Verdadeira.
IV. Falsa. O cinto de segurança prende o passageiro ao banco evitando qu eo movimento do seu corpo
continue por inércia após o choque. A aceleração e a variação da quantidade de movimento dos
ocupantes que utilizam o cinto de segurança serão as mesmas sofridas pelo automóvel no momento
do acidente.
5. C
Nota: A questão poderia ser melhor se pedisse o módulo da variação da quantidade de movimento.
Considerando que ela volte em sentido oposto, temos: v 1 = 5 m/s; v2 = - 4m/s.
O módulo da variação da quantidade de movimento (∆Q) é:
∆Q = m|∆v| = 0,2| -4 -5| = 0,2(9)
∆Q = 1,8 kg . m/s

6. A
Como se trata de um quedaa livre, a velocidade aumenta linearmente com o tempo durante a queda,
portanto o momento linear ou quantidade de movimento (Q = m v) também aumento durante a queda.

7
Física

7. A

8. C

9. C
Sabemos que no gráfico da força em função do tempo, a intensidade do impulso é numericamente igual
à “área” entre a linha do gráfico e o eixo dos tempos. Assim:

10. C

8
Física

Termodinâmica: Produção de energia

Resumo

Máquinas Térmicas
Máquinas térmicas são dispositivos usados para converter energia térmica em energia mecânica. Imagine
duas fontes térmicas, uma “quente” (A) e outra “fria” (B), ou seja, a temperatura de A é maior que a de B: 𝑇𝐴 >
𝑇𝐵. Então, coloca-se uma máquina térmica entre elas. Um fluido operante – por vezes chamado fluido de
trabalho –, geralmente vapor d’água, serve de veículo para a energia térmica que sai da fonte quente, passa
pelo dispositivo intermediário, que utiliza parte dessa energia na realização do trabalho, o restante dessa
energia vai para a fonte fria.
Podemos chamar a quantidade de calor que chega à máquina térmica, vinda da fonte quente, de Q A , e a
quantidade de calor que é transmitida pela máquina térmica à fonte fria B de Q B . Assim, o trabalho realizado
pela máquina térmica, por conservação de energia, pode ser escrito como:
𝛕 = 𝐐𝐀 − 𝐐𝐁

2ª Lei da Termodinâmica
Antes de enunciarmos a 2ª Lei da Termodinâmica, vamos definir o conceito de rendimento. Rendimento de
uma máquina térmica nada mais é do que a fração de calor recebido da fonte quente que é usada para a
realização de trabalho, assim:
𝛕 |𝐐𝐁 | |𝐐𝐁 |
𝛜= = |𝐐𝐀 | − =𝟏−
|𝐐𝐀 | |𝐐𝐀 | |𝐐𝐀 |

Portanto:
|𝐐𝐁 |
𝛜= 𝟏−
|𝐐𝐀 |

Note que, para ter rendimento de 100% (𝜖 = 1), o valor de QB deveria ser zero. No entanto, isso é impossível,
pois a quantidade de calor QA sai de A devido à existência da fonte fria.

Enunciado de Kelvin-Planck
“É impossível construir um máquinna que, operando em trasnformações cíclicas, tenha como único efeito
transformar completamente em trabalho a energia térmica recebida de uma fonte quente.”

Se levarmos em consideração o fato de a energia térmica fluir da fonte quente para a fonte fria, podemos
enunciar a 2ª Lei da Termodinâmica da seguinte forma:

Enunciado de Clausius
“É impossível uma máquina, sem ajuda de um agente externo, conduzir calor de um sistema para outro que
esteja a uma temperatura maior.”
Disso, concluímos que o calor só pode passar de um sistema de menor temperatura para outro de maior
temperatura se um agente externo realizar um trabalho sobre esse sistema – que é o que acontece em
máquinas frigoríficas e condicionadores de ar.

1
Física

O ciclo de Carnot
Antes mesmo de a 1ª Lei da Termodinâmica ser enunciada, Leonard Sadi Carnot criou dois postulados
referentes a uma máquina térmica ideal. São eles:

1° Postulado de Carnot
“Nenhuma máquina operando entre duas temperaturas fixadas pode ter rendimento maior que a máquina
ideal de Carnot, operando entre as mesmas temperaturas.”

2° Postulado de Carnot
“Ao entrar entre duas temperaturas, a máquina ideial de Carnot tem o mesmo rendimento, qualquer que seja
o fluido operante.”
Esses postulados garantem que o rendimento de uma máquina térmica é função das temperaturas das fontes
frias e quentes. Para o caso em que o fluido operante é um gás ideal, o ciclo de Carnot é composto por duas
transformações isotérmicas e por duas transformações adiabáticas, alternadas. Desse modo, podemos
desenhar o seguinte gráfico, da pressão em função do volume:

Figura 01 – Gráfico do Ciclo de Carnot

No ciclo de Carnot, podemos escrever:


|𝐐𝐁 | 𝐓𝐁
=
|𝐐𝐀 | 𝐓𝐀

Assim, o rendimento é dado por:


𝐓𝐁
𝛜=𝟏−
𝐓𝐀

Se o rendimento fosse de 100%, teríamos 𝜖 = 1 e 𝑇𝐵 = 0. Mas isso contraria a 2ª Lei, o que nos leva a
concluir que nenhum sistema físico pode estar no zero absoluto, segundo a Termodinâmica clássica.
“O zero absoluto seria a temperatura da fonte fria de uma máquina ideal de Carnot que operasse com
rendimento 100%.”

2
Física

Exercícios

1. (Uepg 2018) Em relação às máquinas térmicas, assinale o que for correto.


I. Máquinas térmicas são dispositivos que convertem parte da energia térmica recebida em trabalho
mecânico.
II. O motor à combustão de um automóvel é um exemplo de máquina térmica.
III. De acordo com a primeira lei da termodinâmica, o calor adicionado a um sistema é numericamente
igual à variação da energia interna do sistema mais o trabalho externo realizado pelo sistema.
IV. As máquinas térmicas mais eficientes transformam todo o calor recebido de um reservatório
quente em trabalho mecânico.
V. O rendimento de uma máquina térmica é numericamente igual à razão entre a temperatura da fonte
quente pela temperatura da fonte fria.
a) I.
b) I, IV.
c) I, II e III.
d) II, IV, V
e) IV, V.

2. (Uece 2015) Em um motor de carro convencional a primeira transformação de energia em trabalho


ocorre dentro do cilindro que aloja o pistão. De modo simplificado, pode-se entender esse sistema
como um cilindro fechado contendo um êmbolo móvel, que é o pistão. Em um dado instante a mistura
ar e combustível sofre combustão forçando os gases resultantes dessa queima a sofrerem expansão,
movimentando o pistão ao longo do eixo do cilindro. É correto afirmar que a energia térmica contida
nos gases imediatamente após a combustão é
a) parte transferida na forma de calor para o ambiente e parte convertida em energia cinética do
pistão.
b) totalmente transferida como calor para o ambiente.
c) totalmente convertida em trabalho sobre o pistão.
d) parte convertida em trabalho sobre o pistão e o restante convertida em energia cinética também
do pistão.
e) totalmente convertida em energia cinética para o pistão.

3. (Uece 2015) Em um motor de carro o processo de combustão gera 300 J de energia térmica. Deste
valor, 200 Jsão perdidos sob a forma de calor. Qual a eficiência desse motor?
a) 300/3
b) 100/3
c) 200/3
d) 500/2
e) 300/2

3
Física

4. (Pucrs 2014) Numa turbina, o vapor de água é admitido a 800K e é expulso a 400K. Se o rendimento
real dessa turbina é 80% do seu rendimento ideal ou limite, fornecendo-se 100kJ de calor à turbina ela
poderá realizar um trabalho igual a
a) 80kJ
b) 60kJ
c) 40kJ
d) 20kJ
e) 10kJ

5. (Upe 2014) Com base nas Leis da Termodinâmica, analise as afirmativas a seguir:
I. Existem algumas máquinas térmicas que, operando em ciclos, retiram energia, na forma de calor,
de uma fonte, transformando-a integralmente em trabalho.
II. Não existe transferência de calor de forma espontânea de um corpo de temperatura menor para
outro de temperatura maior.
III. Refrigeradores são dispositivos, que transferem energia na forma de calor de um sistema de menor
temperatura para outro de maior temperatura.
Está(ão) CORRETA(S)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.

6. (Ufrgs 2013) Um projeto propõe a construção de três máquinas térmicas, M 1, M2 e M3, que devem
operar entre as temperaturas de 250 K e 500 K, ou seja, que tenham rendimento ideal igual a 50%. Em
cada ciclo de funcionamento, o calor absorvido por todas é o mesmo: Q = 20 kJ, mas espera-se que
cada uma delas realize o trabalho W mostrado na tabela abaixo.
Máquina W
M1 20 kJ
M2 12 kJ
M3 8 kJ
De acordo com a segunda lei da termodinâmica, verifica-se que somente é possível a construção da(s)
máquina(s)
a) M1.
b) M2.
c) M3.
d) M1 e M2.
e) M2 e M3.

4
Física

7. (Cefet MG 2013) Um motor de avião com funcionamento a querosene apresenta o seguinte diagrama
por ciclo.

A energia, que faz a máquina funcionar, provém da queima do combustível e possui um valor igual a
6,0 x 104 J/kg. A quantidade de querosene consumida em cada ciclo, em kg, é
a) 0,070.
b) 0,20.
c) 5,0.
d) 7,5.
e) 15.

8. (Epcar (Afa) 2012) Com relação às máquinas térmicas e a Segunda Lei da Termodinâmica, analise as
proposições a seguir.
I. Máquinas térmicas são dispositivos usados para converter energia mecânica em energia térmica
com consequente realização de trabalho.
II. O enunciado da Segunda Lei da Termodinâmica, proposto por Clausius, afirma que o calor não
passa espontaneamente de um corpo frio para um corpo mais quente, a não ser forçado por um
agente externo como é o caso do refrigerador.
III. É possível construir uma máquina térmica que, operando em transformações cíclicas, tenha como
único efeito transformar completamente em trabalho a energia térmica de uma fonte quente.
IV. Nenhuma máquina térmica operando entre duas temperaturas fixadas pode ter rendimento maior
que a máquina ideal de Carnot, operando entre essas mesmas temperaturas.
São corretas apenas
a) I e II
b) II e III
c) I, III e IV
d) II e IV
e) I, II

5
Física

9. (Ufpa 2012) Um técnico de manutenção de máquinas pôs para funcionar um motor térmico que
executa 20 ciclos por segundo. Considerando-se que, em cada ciclo, o motor retira uma quantidade de
calor de 1200 J de uma fonte quente e cede 800 J a uma fonte fria, é correto afirmar que o rendimento
de cada ciclo é
a) 13,3%
b) 23,3%
c) 33,3%
d) 43,3%
e) 53,3%

10. (Ufal 2010) A cada ciclo de funcionamento, o motor de um certo automóvel retira 40 kJ do
compartimento da fonte quente, onde se dá a queima do combustível, e realiza 10 kJ de trabalho.
Sabendo que parte do calor retirado da fonte quente é dispensado para o ambiente (fonte fria) a uma
temperatura de 27 ºC, qual seria a temperatura no compartimento da fonte quente se esse motor
operasse segundo o ciclo de Carnot?
Dado: considere que as temperaturas em graus centígrados, TC, e Kelvin, TK, se relacionam através da
expressão TC = TK − 273.
a) 127 ºC
b) 177 ºC
c) 227 ºC
d) 277 ºC
e) 377 ºC

6
Física

Gabarito

1. C
I. Verdadeira. É a definição de máquinas térmicas.
II. Verdadeira. A combustão produz calor e parte deste vira trabalho mecânico.
III. Verdadeira. Perfeitamente retrata a primeira lei da termodinâmica.
IV. Falsa. Não existe máquina térmica com rendimento de 100%.
V. Falsa. O rendimento de uma máquina térmica é dado pela razão entre a diferença de temperatura da
fonte quente e fria pela temperatura da fonte quente, ou ainda a unidade menos a razão entre a fonte
fria e a fonte quente.

2. A
Justificando as alternativas incorretas:
b) Se isto acontecesse, não haveria energia sendo convertida em trabalho e, consequentemente, não
haveria movimentação do pistão.
c) Vai contra a Segunda Lei da Termodinâmica, que diz que nenhuma máquina operando em ciclos irá
converter todo o calor recebido em trabalho. Dever haver uma perda de energia que não é utilizado
como trabalho no processo.
d) Vai contra a Segunda Lei da Termodinâmica.
e) Vai contra a Segunda Lei da Termodinâmica.

3. B
Com base nos dados fornecidos pela questão:
QF 200
η = 1− = 1−
QQ 300
2
η = 1−
3
1
η=
3
Em termos percentuais:
1
η =  100%
3
100
η= %
3

4. C
O rendimento ideal é aquele dado pelo ciclo de Carnot:
Tfria 400
ηi = 1 − = 1−  ni = 0,5.
Tquente 800
ηr = 0,8 ηi = 0,8 ( 0,5 )  ηr = 0,4.
W W
ηr =  0,4 =  W = 40 kJ.
Q 100

5. D
I. INCORRETA. De acordo com a segunda lei da Termodinâmica, é impossível uma máquina térmica,
operando em ciclos, transformar integralmente calor em trabalho.
II. CORRETA.
III. CORRETA.

7
Física

6. C
O rendimento de uma máquina térmica é a razão entre o trabalho realizado e o calor recebido. O trabalho
máximo que cada uma das máquinas pode realizar é:
W
η = máx  Wmáx = η Q = 0,5  20  Wmáx = 10 J.
Q
Somente é possível a construção da Máquina 3.

7. B
A análise do diagrama dado permite concluir que a energia total (E) liberada na queima do combustível é
E = 4.000 + 8.000  12.000  E = 1,2  104 J.
Como a queima de 1 kg de querosene libera 6 x 104J, temos a massa m desse combustível consumido
em cada ciclo é:
6  104 J → 1 kg 1,2  104

 m=  m = 0,2 kg.
4
1,2  10 J → m kg
 6  104

8. D
I. Falsa. Máquinas térmicas são dispositivos usados para converter energia térmica em energia
mecânica com consequente realização de trabalho.
II. Verdadeira. Idem enunciado.
III. Falsa. De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, nenhuma máquina térmica, operando em
ciclos, pode retirar calor de uma fonte e transformá-lo integralmente em trabalho.
IV. Verdadeira. Idem enunciado.

9. C
Dados: f = 20 Hz; ΔEtotal = 1.200 J; ΔEdissipada = 800 J.
A cada ciclo (período), a energia útil é dada pela diferença entre a energia total e a dissipada.
ΔEútil = ΔEtotal − ΔEdissipada = 1.200 − 800 = 400 J.
O rendimento (η) é dado pela razão entre a energia útil e a total, para um mesmo intervalo de tempo.
Assim, a cada período:
ΔEútil 400 1
η= = =  η  33,3%.
ΔEtotal 1200 3

10. A
Dados: T1 = 27 °C = 300 K; Q1 = 40 kJ; W = 10 kJ.
O rendimento (η) desse motor é:
W 10
= = 0,25
Q1 40
η= .
Aplicando esse rendimento ao ciclo de Carnot:
T2 T2 T2 300 300
= 1− = = 400
η = 1 – T1 ⇒ T1 η ⇒ T1 = 1 −  ⇒ T1 = 1 − 0,25 0,75 K ⇒ T1 = 400 – 273
T1 = 127 °C.

8
Física

Colisões

Resumo

Um jogo de sinuca é um excelente cenário para observarmos um bom número de colisões mecânicas. As
bolas, lançadas umas contra as outras, interagem, alterando as características de seus movimentos iniciais.
As colisões mecânicas têm, em geral, breve duração. Quando batemos um prego usando um martelo, por
exemplo, o intervalo de tempo médio de contato entre o martelo e o prego em cada impacto é da ordem de
10-2 s.
Duas fases podem ser distinguidas em uma colisão mecânica: a de deformação e a de restituição. A primeira
tem início no instante em que os corpos entram em contato, passando a se deformar mutuamente, e termina
quando um corpo para em relação ao outro. Nesse instante começa a segunda fase, que tem seu fim quando
os corpos se separam. A fase de restituição, entretanto, não ocorre em todas as colisões. Em uma batida
entre dois automóveis que não se separam após o choque, por exemplo, praticamente não há restituição.
Dizemos que uma colisão mecânica é unidimensional (ou frontal) quando os centros de massa dos corpos
se situam sobre uma mesma reta antes e depois do choque. Em nosso estudo, trataremos preferencialmente
das colisões unidimensionais.

Em um jogo de sinuca, o domínio de um jogador sobre as colisões que ocorrem entre as bolas pode levá-lo à vitória.

Quantidade de movimento e energia mecânica nas colisões


Conforme comentamos na aula de Conservação da Quantidade de Movimento, os corpos que participam de
qualquer tipo de colisão mecânica podem ser considerados um sistema isolado de forças externas. De fato,
recordemos que, em razão da breve duração da interação, os impulsos das eventuais forças externas sobre
o sistema são praticamente desprezíveis, não modificando de modo sensível a quantidade de movimento
total. Portanto, para qualquer colisão, podemos aplicar o Princípio da Conservação da Quantidade de
Movimento, que significa o seguinte:
Em qualquer tipo de colisão mecânica, a quantidade de movimento total do sistema mantém-se constante.
A quantidade de movimento imediatamente após a interação é igual à quantidade de movimento
imediatamente antes:
⃗⃗ 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 = 𝐐
𝐐 ⃗⃗ 𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥

1
Física

É importante observar, entretanto, que, embora a quantidade de movimento total se conserve nas colisões,
o mesmo não ocorre, necessariamente, com a energia mecânica (cinética) total do sistema. Quando dois
corpos colidem, há, geralmente, degradação de energia mecânica (cinética) em energia térmica, acústica e
trabalho de deformação permanente, dentre outras dissipações. Por isso, na maior parte das situações, os
corpos que participam de uma colisão mecânica constituem um sistema dissipativo. Excepcionalmente,
porém, no caso de as perdas de energia mecânica serem desprezíveis — e somente nesse caso —, os corpos
que participam da colisão constituem um sistema conservativo. Ratificando, pois, frisemos que os corpos
que participam de colisões mecânicas constituem normalmente sistemas isolados, sendo sistemas
conservativos apenas excepcionalmente.

Coeficiente de restituição ou de elasticidade (e)


Sejam |𝑣𝑟𝑎𝑓 | e |𝑣𝑟𝑎𝑝 | respectivamente, os módulos das velocidades relativas de afastamento (após a colisão)
e de aproximação (antes da colisão) de duas partículas que realizam uma colisão unidimensional. O
coeficiente de restituição ou de elasticidade (e) para a referida colisão é definido pelo quociente:
𝐯
e = 𝐯 𝐫𝐚𝐟
𝐫𝐚𝐩

Classificação das colisões quanto ao valor de (e)


De acordo com o valor assumido pelo coeficiente de restituição (e), as colisões mecânicas unidimensionais
classificam-se em duas categorias: elásticas e inelásticas.

Colisões elásticas (ou perfeitamente elásticas)


Constituem uma situação ideal em que o coeficiente de restituição é máximo, isto é:
e=1

|𝑣𝑟𝑎𝑓 |
Sendo 𝑒 = , decorre que:
|𝑣𝑟𝑎𝑝 |

|𝐯𝐫𝐚𝐟 |
𝟏= → |𝐯𝐫𝐚𝐟 | = |𝐯𝐫𝐚𝐩 |
|𝐯𝐫𝐚𝐩 |

Em uma colisão elástica, as partículas aproximam- se (antes da colisão) e afastam-se (depois da colisão)
com a mesma velocidade relativa, em módulo. Nas colisões elásticas, o sistema, além de isolado, também é
conservativo. A energia mecânica (cinética) total do sistema, imediatamente após a interação, é igual à
energia mecânica (cinética) total do sistema imediatamente antes da interação.
Colisão elástica  Sistema conservativo
Emecânica final = Emecânica inicial

Nas colisões elásticas, não há degradação de energia mecânica do sistema. Durante a fase de deformação
há transformação de energia cinética em energia potencial elástica. Durante a fase de restituição ocorre o
processo inverso, isto é, a energia potencial elástica armazenada é totalmente reconvertida em energia
cinética.

2
Física

Colisões inelásticas

Colisões totalmente inelásticas


São aquelas em que o coeficiente de restituição é nulo:
e=0
|𝑣𝑟𝑎𝑓 |
Sendo 𝑒 = , decorre que:
|𝑣𝑟𝑎𝑝 |

|𝑣𝑟𝑎𝑓 |
0= → |𝑣𝑟𝑎𝑓 | = 0
|𝑣𝑟𝑎𝑝 |

Nas colisões totalmente inelásticas, como a velocidade relativa de afastamento tem módulo nulo,
concluímos que, após a interação, os corpos envolvidos não se separam. Os corpos que participam de
colisões totalmente inelásticas constituem sistemas dissipativos. A energia mecânica (cinética) total
imediatamente após a interação é menor que a energia mecânica (cinética) total imediatamente antes da
interação.
Colisão totalmente inelástica  Sistema dissipativo
Emecânica final < Emecânica inicial

Destaquemos que, nas colisões totalmente inelásticas, a dissipação de energia mecânica é relativamente
grande. Há casos, como o esquematizado no exemplo 3, em que toda a energia mecânica se degrada,
transformando-se em calor, ruído e trabalho de deformação permanente, dentre outras formas de energia,
havendo, portanto, dissipação total.

Colisões parcialmente elásticas


São aquelas em que o coeficiente de restituição se situa entre zero e um:
0<e<1

|𝑣𝑟𝑎𝑓 |
Sendo 𝑒 =
|𝑣𝑟𝑎𝑝 |
, decorre que:

|𝑣𝑟𝑎𝑓 |
0< < 1 → 0 < |𝑣𝑟𝑎𝑓 | < |𝑣𝑟𝑎𝑝 |
|𝑣𝑟𝑎𝑝 |

Nas colisões parcialmente elásticas, os corpos envolvidos separam-se após a interação, existindo, assim, a
fase de restituição. Os corpos afastam-se, entretanto, com velocidade relativa de módulo menor que o da
aproximação. Os corpos que participam de colisões parcialmente elásticas também constituem sistemas
dissipativos. A energia mecânica (cinética) total imediatamente após a interação é menor que a energia
mecânica (cinética) total imediatamente antes da interação.
Colisão parcialmente elástica  Sistema dissipativo
Emecânica final < Emecânica inicial

3
Física

Exercícios

1. (Famerp 2020) Um automóvel trafegava com velocidade constante por uma avenida plana e horizontal
quando foi atingido na traseira por outro automóvel, que trafegava na mesma direção e sentido,
também com velocidade constante. Após a colisão, os automóveis ficaram unidos e passaram a se
mover com a mesma velocidade.

Sendo EINICIAL e EFINAL , respectivamente, a soma das energias cinéticas dos automóveis
imediatamente antes e imediatamente depois da colisão, e QINICIAL e QFINAL , respectivamente, a
soma dos módulos das quantidades de movimento dos automóveis imediatamente antes e
imediatamente depois da colisão, pode-se afirmar que:
a) EINICIAL > EFINAL e QINICIAL < QFINAL
b) EINICIAL > EFINAL e QINICIAL > QFINAL
c) EINICIAL > EFINAL e QINICIAL = QFINAL
d) EINICIAL > EFINAL e QINICIAL > QFINAL
e) EINICIAL = EFINAL e QINICIAL = QFINAL

2. (Uerj 2019) Em uma mesa de sinuca, as bolas A e B, ambas com massa igual a 140 g, deslocam-se
com velocidades VA e VB, na mesma direção e sentido. O gráfico abaixo representa essas velocidades
ao longo do tempo.

Após uma colisão entre as bolas, a quantidade de movimento total, em kg  m s, é igual a:


a) 0,56
b) 0,84
c) 1,60
d) 2,24
e) 3,50

4
Física

3. (Uerj 2018) A lei de conservação do momento linear está associada às relações de simetrias espaciais.
Nesse contexto, considere uma colisão inelástica entre uma partícula de massa M e velocidade V e
um corpo, inicialmente em repouso, de massa igual a 10M. Logo após a colisão, a velocidade do
sistema composto pela partícula e pelo corpo equivale a:
a) V/10
b) 10V
c) V/11
d) 11V
e) V

4. (Pucrj 2018) Sobre uma superfície horizontal sem atrito, duas partículas de massas m e 4m se
movem, respectivamente, com velocidades 2v e v (em módulo) na mesma direção e em sentidos
opostos. Após colidirem, as partículas ficam grudadas. Calcule a energia cinética do conjunto após a
colisão, em função de m e v.
a) 0
b) 0,2 mv2
c) 0,4 mv2
d) 2,5 mv2
e) 3,0 mv2

5. (Pucrj 2018) Um corpo A colide com um corpo B que se encontra inicialmente em repouso. Os dois
corpos estão sobre uma superfície horizontal sem atrito. Após a colisão, os corpos saem unidos, com
uma velocidade igual a 20% daquela inicial do corpo A. Qual é a razão entre a massa do corpo A e a
massa do corpo B, mA/mB?
a) 0,20
b) 0,25
c) 0,80
d) 1,0
e) 4,0

6. Dois carros de mesma massa sofrem uma colisão frontal. Imediatamente, antes da colisão, o primeiro
carro viajava a 72 km/h no sentido norte de uma estrada retilínea, enquanto o segundo carro viajava
na contramão da mesma estrada com velocidade igual a 36 km/h, no sentido sul. Considere que a
colisão foi perfeitamente inelástica. Qual é a velocidade final dos carros imediatamente após essa
colisão?
a) 5 m/s para o norte.
b) 5 m/s para o sul.
c) 10 m/s para o norte.
d) 10 m/s para o sul.
e) 30 m/s para o norte.

5
Física

7. (Uel 2019) Na Copa do Mundo de 2018, observou-se que, para a maioria dos torcedores, um dos
fatores que encantou foi o jogo bem jogado, ao passo que o desencanto ficou por conta de partidas
com colisões violentas. Muitas dessas colisões travavam as jogadas e, não raramente, causavam
lesões nos atletas. A charge a seguir ilustra a narração de um suposto jogo da Copa, feita por físicos:

Com base na charge e nos conhecimentos sobre colisões e supondo que, em um jogo de futebol, os
jogadores se comportam como um sistema de partículas ideais, é correto afirmar que, em uma colisão
a) elástica, a energia cinética total final é menor que a energia cinética total inicial.
b) elástica, a quantidade de movimento total final é menor que a quantidade de movimento total
inicial.
c) parcialmente inelástica, a energia cinética total final é menor que a energia cinética total inicial.
d) perfeitamente inelástica, a quantidade de movimento total inicial é maior que a quantidade de
movimento total final.
e) parcialmente inelástica, a quantidade de movimento total final é menor que a quantidade de
movimento total inicial.

8. (Uerj 2018) A lei de conservação do momento linear está associada às relações de simetrias espaciais.
Nesse contexto, considere uma colisão inelástica entre uma partícula de massa M e velocidade V e
um corpo, inicialmente em repouso, de massa igual a 10M. Logo após a colisão, a velocidade do
sistema composto pela partícula e pelo corpo equivale a:
a) V/10
b) 10V
c) V/11
d) 11V
e) V

6
Física

9. (Pucrj 2018) Uma arma de tiro esportivo dispara um projétil de massa 2 g contra um bloco de madeira
de massa 98 g, inicialmente em repouso sobre uma superfície horizontal sem atrito. O projétil fica
encrustado no bloco, e o conjunto sai com velocidade de 4m/s. Qual é a velocidade horizontal do
projétil, em m/s, antes de atingir o bloco?
a) 100
b) 200
c) 400
d) 800
e) 1.600

10. (Udesc 2018) Na figura abaixo, as esferas m2 e m3 estão inicialmente em repouso, enquanto a esfera
m1 aproxima-se, pela esquerda, com velocidade constante v1. Após sofrer uma colisão perfeitamente
elástica com m2; m1 fica em repouso e m2 segue em movimento em direção a m3. A colisão entre m2 e
m3 é perfeitamente inelástica.

Assinale a alternativa que representa a razão entre a velocidade de m3, após esta colisão, e a
velocidade inicial de m1.
m1
a)
m2 +m3
m2
b)
m1 +m3
m3
c)
m1 +m2
m1 +m2
d)
m2 +m3
m2 +m3
e)
m1 +m3

11. (Uepg 2017) Considere duas esferas pequenas, uma feita de borracha, possuindo uma massa de 100g
e outra feita de massa de modelar possuindo uma massa de 200g. As duas são largadas,
simultaneamente a partir do repouso, de uma altura de 5m. Considere que a colisão da esfera de
borracha com o solo é perfeitamente elástica e a da esfera feita de massa de modelar é perfeitamente
inelástica. Desconsiderando a resistência do ar, assinale o que for incorreto.
Dados: aceleração da gravidade g = 10 m/s2
a) Os impulsos devidos aos choques de cada uma das esferas com o solo são iguais.
b) Podemos afirmar que toda colisão perfeitamente elástica além da conservação da quantidade de
movimento temos a conservação da energia cinética.
c) O coeficiente de restituição para a colisão da esfera feita de massa de modelar é igual a zero.
d) As duas esferas irão atingir o solo ao mesmo tempo e terão neste instante valores idênticos de
energias cinéticas.
e) Podemos afirmar que no caso da colisão da esfera feita de borracha com o solo, a energia cinética
da esfera é conservada.

7
Física

12. (Uepg 2019) Um cubo de massa m desloca-se, com uma velocidade v, sobre uma superfície
horizontal sem atrito. Ele colide, frontalmente, com outro cubo de massa 2 m, inicialmente em repouso
na mesma superfície. Após a colisão, o cubo de massa m se desloca na mesma direção e sentido
inicial, com uma velocidade v/2. Desprezando a existência de forças externas, assinale o que for
incorreto.
a) A colisão entre os cubos foi parcialmente elástica.
b) Em colisões, a conservação da quantidade de movimento não implica, necessariamente, na
conservação da energia cinética.
c) Para um sistema de corpos isolados de forças externas, a quantidade de movimento do sistema
é constante.
d) Para qualquer tipo de colisão, o impulso aplicado em um dado objeto é numericamente igual à
variação temporal da sua energia cinética.
e) Após a colisão, os cubos se deslocam na mesma direção e no mesmo sentido.

8
Física

Gabarito

1. C
Em uma colisão perfeitamente inelástica, há perda de energia cinética, mas a quantidade de movimento
se conserva, portanto, a resposta correta é letra C.

2. D
Qinício = mA v A + mB vB = 0,14 (10 + 6 )
Qinício = 2,24 kg  m s
Com a conservação da quantidade de movimento, devemos ter que:

Qfim = Qinício = 2,24 kg  m s


3. C
Como se trata de sistema mecanicamente isolado, pela conservação do momento linear, têm-se:
V
Qantes = Qdepois  MV = (10M + M) V '  V ' = .
11

4. C
Usando a Conservação da Quantidade de Movimento para o choque perfeitamente inelástico, obtemos
uma expressão para a velocidade dos corpos após o choque. O referencial positivo foi escolhido para
o corpo de maior massa, que é o mesmo sentido de movimento do conjunto após a colisão.
Qantes = Qdepois
4mv − 2mv = (m + 4m ) v f
2mv 2
vf =  v f = v = 0,4 v
5m 5
Com a velocidade final v f dos corpos após o choque obtemos a energia cinética do conjunto em
função da massa e da velocidade.
1
Ec = mv 2
2
2
( 5m)  v  =  5m  v 2  Ec = 0,4mv 2
1 2 1 4
Ec =
2 5  2 25

5. B
A colisão entre os dois corpos é perfeitamente inelástica sem atrito, assim temos a Conservação da
Quantidade de Movimento.
Qinicial = Qfinal
mA  v A + mB  vB = ( mA + mB )  v final
mA  v A + mB  0 = ( mA + mB )  0,2 v A
mA  v A = ( mA + mB )  0,2 v A
mA = 0,2  mA + 0,2  mB
mA − 0,2  mA = 0,2  mB
0,8  mA = 0,2  mB
mA 0,2
=
mB 0,8
mA 1
= = 0,25
mB 4

9
Física

6. A

7. C
Nas colisões elásticas, os móveis após o choque conservam suas energias cinéticas e também suas
quantidades de movimento, portanto as alternativas [A] e [B] estão erradas. As colisões perfeitamente
inelásticas ocorrem com conservação da quantidade de movimento e perda máxima da energia cinética
dos móveis, sendo que, após a colisão, os mesmos seguem unidos como se fossem um corpo único,
com a mesma velocidade final, assim a alternativa [D] está equivocada. Para as colisões parcialmente
inelásticas, as energias cinéticas totais finais após o choque são menores que as iniciais, com a
conservação da quantidade de movimento. Assim, descartamos a alternativa [E], sendo a alternativa
correta C.

8. B
Pelo princípio de conservação da quantidade de movimento para o choque perfeitamente inelástico:
m1  vi = ( m1 + m2 )  v f
(m1 + m2 )
vi =  vf
m1

Substituindo os valores fornecidos:


( 2g + 98 g)
vi =  4m s  v i = 200m s
2g

10
Física

9. A
Usando a Conservação da Quantidade de movimento entre as colisões, temos:
Q1 = Q2 = Q3
Entre a massa 1 e a massa 2 a colisão é perfeitamente elástica e entre a massa 2 e a massa 3 a colisão
é perfeitamente inelástica.
m1  v1 = m2  v 2 = (m2 + m2 )  v 3
Assim, fazendo a razão das velocidades:
v3 m1
=
v1 ( m2 + m3 )

10. D
a) Verdadeira. Os impulsos são os mesmos com o choque no solo, pois a esfera de borracha retorna
com a mesma velocidade que se choca com o solo enquanto a massa de modelar deforma e para,
mas tem o dobro da massa em relação à esfera de borracha. Ibor = m  2v e Imas = 2m  v
b) Verdadeiro. A energia cinética é conservada em choques perfeitamente elásticos.
c) Verdadeira. Como a massa de modelar transforma a energia cinética em deformação, seu
coeficiente de restituição é nulo.
d) Falsa. As velocidades ao tocar o solo serão iguais, porém as energias cinéticas dependem da massa
e, portanto, o corpo de maior massa terá maior energia cinética ao se chocar com o solo.
e) Verdadeira. Em choques perfeitamente elásticos, a energia cinética é conservada.

11. D
Análise das afirmativas:
a) Verdadeira. Usando a conservação da quantidade de movimento, determinamos a velocidade final
do objeto que estava parado inicialmente.
v v
Qi = Qf  m v = m + 2m v f  v f =
2 4
O coeficiente de restituição (e) vale:
v v v
− −
4 2 2 1
e= = e =
v −0 v 2
Com isso, temos que a colisão foi parcialmente elástica, pois o coeficiente de restituição foi
intermediário entre um e zero.

b) Verdadeira. A quantidade de movimento sempre se conserva, mas a energia cinética somente se


conserva na colisão perfeitamente elástica.
c) Verdadeira. Para um sistema isolado, livre de forças externas, a quantidade de movimento é
constante e, portanto, se conserva.
d) Falsa. O impulso é igual à variação da quantidade de movimento.
v
e) Verdadeira. Após a colisão, o cubo de massa m se desloca com velocidade e o cubo de massa
2
v
2m com velocidade , com mesmas direções e sentidos.
4

11
Física

Exercícios de conservação da quantidade de movimento e colisões

Exercícios

1. Na olimpíada, o remador Isaquias Queiroz, ao se aproximar da linha de chegada com o seu barco,
lançou seu corpo para trás. Os analistas do esporte a remo disseram que esse ato é comum nessas
competições, ao se cruzar a linha de chegada.
Em física, o tema que explica a ação do remador é
a) o lançamento oblíquo na superfície terrestre.
b) a conservação da quantidade de movimento.
c) o processo de colisão elástica unidimensional.
d) o princípio fundamental da dinâmica de Newton.
e) a grandeza viscosidade no princípio de Arquimedes.

2. Com relação às colisões elásticas e inelásticas, analise as proposições:


I. Na colisão elástica, o momento linear e a energia cinética não se conservam.
II. Na colisão inelástica, o momento linear e a energia cinética não se conservam.
III. O momento linear se conserva tanto na colisão elástica quanto na colisão inelástica.
IV. A energia cinética se conserva tanto na colisão elástica quanto na colisão inelástica.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente a afirmativa III é verdadeira.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente a afirmativa IV é verdadeira.
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

1
Física

3. Para entender os movimentos dos corpos, Galileu discutiu o movimento de uma esfera de metal em
dois planos inclinados sem atritos e com a possibilidade de se alterarem os ângulos de inclinação,
conforme mostra a figura. Na descrição do experimento, quando a esfera de metal é abandonada para
descer um plano inclinado de um determinado nível, ela sempre atinge, no plano ascendente, no
máximo, um nível igual àquele em que foi abandonada.

Se o ângulo de inclinação do plano de subida for reduzido a zero, a esfera


a) manterá sua velocidade constante, pois o impulso resultante sobre ela será nulo.
b) manterá sua velocidade constante, pois o impulso da descida continuará a empurrá-la.
c) diminuirá gradativamente a sua velocidade, pois não haverá mais impulso para empurrá-la.
d) diminuirá gradativamente a sua velocidade, pois o impulso resultante será contrário ao seu
movimento.
e) aumentará gradativamente a sua velocidade, pois não haverá nenhum impulso contrário ao seu
movimento.

4. O pêndulo de Newton pode ser constituído por cinco pêndulos idênticos suspensos em um mesmo
suporte. Em um dado instante, as esferas de três pêndulos são deslocadas para a esquerda e liberadas,
deslocando-se para a direita e colidindo elasticamente com as outras duas esferas, que inicialmente
estavam paradas.

O movimento dos pêndulos após a primeira colisão está representado em:

a) c)
e)

b) d)

2
Física

5. O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que


corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezível. A figura ilustra um trilho
horizontal com dois carrinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho
2. No instante em que o carrinho 1, de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar
constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em que o carrinho 1 se choca com o carrinho
2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante. Os sensores eletrônicos
distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à
passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.

Com base nos dados experimentais, o valor da massa do carrinho 2 é igual a


a) 50,0 g.
b) 250,0 g.
c) 300,0 g.
d) 450,0 g.
e) 600,0 g.

3
Física

6. O esquema a seguir mostra o movimento de dois corpos antes e depois do choque. Considere que o
coeficiente de restituição é igual a 0,6.

Analise as proposições a seguir e conclua.


( ) A velocidade do corpo B após o choque é 18 m/s.
( ) A massa do corpo A vale 2 kg.
( ) O choque é perfeitamente elástico, pois os dois corpos têm massas iguais a 2 kg
( ) A quantidade de movimento depois do choque é menor do que antes do choque.
( ) A energia dissipada, igual à diferença da energia cinética antes do choque e da energia cinética
depois do choque, é de 64 J.

a) VVFFF
b) VFFVF
c) FFVVV
d) VVFFV
e) FVVFF

7. Um objeto de massa M1 = 4,0 kg desliza, sobre um plano horizontal sem atrito, com velocidade V = 5,0
m/s, até atingir um segundo corpo de massa M 2 = 5,0 kg, que está em repouso. Após a colisão, os
corpos ficam grudados.
Calcule a velocidade final Vf dos dois corpos grudados.
a) Vf = 22 m/s
b) Vf = 11 m/s
c) Vf = 5,0 m/s
d) Vf = 4,5 m/s
e) Vf = 2,2 m/s

4
Física

8. “Ao utilizar o cinto de segurança no banco de trás, o passageiro também está protegendo o motorista
e o carona, as pessoas que estão na frente do carro. O uso do cinto de segurança no banco da frente
e, principalmente, no banco de trás pode evitar muitas mortes. Milhares de pessoas perdem suas vidas
no trânsito, e o uso dos itens de segurança pode reduzir essa estatística. O Brasil também está
buscando, cada vez mais, fortalecer a nossa ação no campo da prevenção e do monitoramento. Essa
é uma discussão que o Ministério da Saúde vem fazendo junto com outros órgãos do governo”,
destacou o Ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que o cinto de segurança
no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%. Em 2013, um
levantamento da Rede Sarah apontou que 80% dos passageiros do banco da frente deixariam de
morrer, se os cintos do banco de trás fossem usados com regularidade.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/1596-metade-dos-brasileiros-nao-usa-cinto-de-seguranca-no-
banco-detras Acesso em: 12 de julho de 2015.

Em uma colisão frontal, um passageiro sem cinto de segurança é arremessado para a frente. Esse
movimento coloca em risco a vida dos ocupantes do veículo. Vamos supor que um carro popular com
lotação máxima sofra uma colisão na qual as velocidades inicial e final do veículo sejam iguais a 72
km/h e zero, respectivamente. Se o passageiro do banco de trás do veículo tem massa igual a 80 kg e
é arremessado contra o banco da frente, em uma colisão de 400 ms de duração, a força média sentida
por esse passageiro é igual ao peso de
a) 360 kg na superfície terrestre.
b) 400 kg na superfície terrestre.
c) 1440 kg na superfície terrestre.
d) 2540 kg na superfície terrestre.
e) 2720 kg na superfície terrestre.

5
Física

9. Um foguete, de massa M, encontra-se no espaço e na ausência de gravidade com uma velocidade (V0)
de 3000 km h em relação a um observador na Terra, conforme ilustra a figura a seguir. Num dado
momento da viagem, o estágio, cuja massa representa 75% da massa do foguete, é desacoplado da
cápsula. Devido a essa separação, a cápsula do foguete passa a viajar 800 km/h mais rápido que o
estágio. Qual a velocidade da cápsula do foguete, em relação a um observador na Terra, após a
separação do estágio?

a) 3000 km/h.
b) 3200 km/h.
c) 3400 km/h.
d) 3600 km/h.
e) 3800 km/h.

10. A figura a seguir representa um ventilador fixado em um pequeno barco, em águas calmas de um certo
lago. A vela se encontra em uma posição fixa e todo vento soprado pelo ventilador atinge a vela.

Nesse contexto e com base nas Leis de Newton, é CORRETO afirmar que o funcionamento do
ventilador
a) Aumenta a velocidade do barco.
b) Diminui a velocidade do barco.
c) Provoca a parada do barco.
d) Não altera o movimento do barco.
e) Produz um movimento circular do barco.

6
Física

Gabarito

1. B

2. A

3. A

4. C

7
Física

5. C

6. A
VVFFF

O coeficiente de restituição de uma colisão vale:


Vaf V, − VA, V, − 12
e= → 0,6 = B → 0,6 = B → VB, = 18m / s
Vap VA − VB 20 − 10

Em toda colisão a quantidade de movimento total se conserva.


QTF = QTI

mA .VA + mB .VB = mA .V 'A + mB .V 'B


mA  20 + 2.10 = mA  12 + 2  18
8mA = 16 → mA = 2,0kg

1 1  1 1 
ECI − ECF =  mA VA2 + mB VB2  −  mA (VA, )2 + mB (VB, )2 
2 2  2 2 
1 1  1 1 
ECI − ECF =   2  202 +  2  102  −   2  122 +  2  182 
2 2  2 2  = 500 − 468 = 32J

(V) A velocidade do corpo B após o choque é 18 m/s.


(V) A massa do corpo A vale 2 kg.
(F) O choque é perfeitamente elástico, pois os dois corpos têm massas iguais a 2 kg.
No choque elástico e = 1.
(F) A quantidade de movimento depois do choque é menor do que antes do choque.
Em todo choque a quantidade de movimento total se conserva.
(F) A energia dissipada, igual à diferença da energia cinética antes do choque e da energia cinética depois
do choque, é de 64 J.
A energia dissipada vale 32J.

8
Física

7. E
Dados: M1 = 4 kg; M2 = 5 kg; V1 = V = 5 m/s; V2 = 0.
Como o sistema é mecanicamente isolado, ocorre conservação da quantidade de movimento:
Qinicial final
sist = Qsist  M1 V1 + M2 V2 = (M1 + M2 ) Vf  4 ( 5 ) + 5 (0 ) = ( 4 + 5 ) Vf 
20
Vf = = 2,2 m /s.
9

8. B

9. D

9
Física

10. A

10
Física

Processos de eletrização

Resumo

Processo de eletrização
Aqui começa o estudo da Eletrostática, a parte da Física que estuda as propriedades elétricas das partículas
em repouso (por isso o -estática).

Carga elementar
Através de diversas experiências, foi determinado que a carga de elementar, que seria o valor da carga de um
unico próton ou eletron, tendo como valor:
𝐞 = ±𝟏, 𝟔 . 𝟏𝟎𝟏𝟗 𝐂
Sendo negativo para o eletrons (e = -1,6 x 10-19C) e a carga do próton é (e = +1,6 x 10-19C). Notou o “C” na
unidade? A unidade padrão do SI para a cargas elétricas é o Coulomb (símbolo: C). Como um corpo não pode
ter “meio elétron” ou qualquer outra fração de elétron, a quantidade de carga em um corpo é dada pela relação:
𝐐 = 𝐧. 𝐞
Onde “n” é um número inteiro (número de elétrons do corpo) e “e” é a carga elétrica elementar.

Quando dizemos que um corpo esta elétricamente carregado, quer dizer que ele ta com excesso de elétrons
ou a falta deles. Quando um corpo tem excesso de elétrons, ele apresenta valor de carga negativo. Quando
um corpo tem falta de elétrons, ele apresenta valor de carga positiva. Mas é o próton? Como o próton esta
presente dentro do núcleo, não conseguimos alterar a quantidade de prótons existentes em um atômo (nem
aconselhamos tentar...)

Interação entre cargas


Digamos que você tenha um corpo eletricamente carregado. Quando você
expoe esse corpo a um outro corpo eletricamente carregado, pode se observar
uma interassão. É bem simples, cargas de sinais opostos se atraem e sinais
iguais se repelem. Lembrando: O que irá determinar se um corpo está
carregado positivamente ou negativamente é o fato dele possuir elétrons em
falta ou em excesso, respectivamente.
Figura 01 – Interação entre cargas.
Processos de eletrização
Existem três tipos de eletrização: por atrito, contato e indução.
• Eletrização por atrito: Ocorre quando atritamos (ou esfregar) dois corpos, inicialmente neutros, e
haverá transferência de elétrons de um corpo para o outro. Dessa maneira, quem perdeu os elétrons
ficará eletrizado positivamente e quem ganhou ficará negativamente.

Figura 02 – Eletrização por atrito.

1
Física

O que irá determinar qual corpo ficará positivo e qual corpo ficará negativo é o material dos corpos atritados.
Normalmente, as questões monstram qual corpo ficou positivo e qual ficou negativo atraves de uma tabela
chamada série triboelétrica. Para você ter uma ideia do que é isso, colocamos uma logo abaixo.

Materiais
Pele humana
Couro
Vidro
Cabelo humano
Fibra sintética

Chumbo
Pele de gato
Seda
Alumínio
Papel
Algodão
Aço
Madeira
Âmbra
Borracha dura
Níquel e cobre
Latão e prata
Ouro e platina
Poliéster
Filmes de PVC
Poliuretano
Polietileno (fita adesiva)
Plipropileno
Vinil
Silicone
Teflon

Série triboelétrica.

• Eletrização por contato: Considere duas esferas, uma carregada negativamente e outra neutra. A que
está carregada possui um potencial maior, logo, como tudo na natureza tende a entrar em equilíbrio,
quando encostamos uma na outra, as cargas de quem tem maior potencial passam para a que tem
menor potencial. Aqui não é necessário atritar um corpo com o outro, apenas um simples toque já
basta para que haja a interação elétrica. Mas lembre-se que um dos corpos deve, obrigatoriamente,
estar carregado positivamente ou negativamente e que a carga final dos corpos será a média
aritmética entre as cargas iniciais deles.

2
Física

Figura 03 – Eletrização por contato.

• Eletrização por indução: Ao aproximarmos uma esfera carregada de uma neutra (sem haver contato entre
elas), as cargas, naturalmente, se separam, devido a cargas de sinais iguais se repelirem e de opostos se
atraírem. Se ligarmos um condutor na esfera B até a Terra, as cargas negativas, que foram repelidas,
escoarão até a Terra, deixando a esfera B carregada positivamente.

Figura 04 – Eletrização por indução.

3
Física

Exercícios

1. (Ufrgs 2018) Uma carga negativa Q é aproximada de uma esfera condutora isolada, eletricamente
neutra. A esfera é, então, aterrada com um fio condutor. Assinale a alternativa que preenche
corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem. Se a carga Q for afastada
para bem longe enquanto a esfera está aterrada, e, a seguir, for desfeito o aterramento, a esfera ficará
__________. Por outro lado, se primeiramente o aterramento for desfeito e, depois, a carga Q for afastada,
a esfera ficará __________.
a) eletricamente neutra – positivamente carregada
b) eletricamente neutra – negativamente carregada
c) positivamente carregada – eletricamente neutra
d) positivamente carregada – negativamente carregada
e) negativamente carregada – positivamente carregada

2. (Enem 2017) Um pente plástico é atritado com papel toalha seco. A seguir ele é aproximado de
pedaços de papel que estavam sobre a mesa. Observa-se que os pedaços de papel são atraídos e
acabam grudados ao pente, como mostra a figura.

Nessa situação, a movimentação dos pedaços de papel até o pente é explicada pelo fato de os
papeizinhos
a) serem influenciados pela força de atrito que ficou retida no pente.
b) serem influenciados pela força de resistência do ar em movimento.
c) experimentarem um campo elétrico capaz de exercer forças elétricas.
d) experimentarem um campo magnético capaz de exercer forças magnéticas.
e) possuírem carga elétrica que permite serem atraídos ou repelidos pelo pente.

4
Física

3. (G1 - ifsp 2016) A tabela a seguir mostra a série triboelétrica.

Pele de coelho
Vidro
Cabelo humano
Mica

Pele de gato
Seda
Algodão
Âmbar
Ebonite
Poliéster
Isopor
Plástico

Através dessa série é possível determinar a carga elétrica adquirida por cada material quando são
atritados entre si. O isopor ao ser atritado com a lã fica carregado negativamente. O vidro ao ser atritado
com a seda ficará carregado:
a) positivamente, pois ganhou prótons.
b) positivamente, pois perdeu elétrons.
c) negativamente, pois ganhou elétrons.
d) negativamente, pois perdeu prótons.
e) com carga elétrica nula, pois é impossível o vidro ser eletrizado.

4. (G1 - ifce 2016) Dois corpos A e B de materiais diferentes, inicialmente neutros e isolados de outros
corpos, são atritados entre si. Após o atrito, observamos que
a) um fica eletrizado negativamente e o outro, positivamente.
b) um fica eletrizado positivamente e o outro continua neutro.
c) um fica eletrizado negativamente e o outro continua neutro.
d) ambos ficam eletrizados negativamente.
e) ambos ficam eletrizados positivamente.

5. (G1 - ifce 2019) Um corpo que estava inicialmente neutro, após eletrização passou a ter uma carga
líquida de -8 x 10-16 C. Sabendo que a carga elétrica elementar (= módulo da carga do elétron, ou do
próton) vale 1,6 x 10-19 C, é correto afirmar-se que o corpo
a) perdeu 5 x 104 elétrons.
b) ganhou 5 x 103 elétrons.
c) perdeu 5 x 103 elétrons.
d) perdeu 2,5 x 104 elétrons.
e) ganhou 2,5 x 103 elétrons.

5
Física

6. (Fgv 2015) Deseja-se eletrizar um objeto metálico, inicialmente neutro, pelos processos de eletrização
conhecidos, e obter uma quantidade de carga negativa de 3,2μC. Sabendo-se que a carga elementar
vale 1,6 . 10-19 C, para se conseguir a eletrização desejada será preciso
a) retirar do objeto 20 trilhões de prótons.
b) retirar do objeto 20 trilhões de elétrons.
c) acrescentar ao objeto 20 trilhões de elétrons.
d) acrescentar ao objeto cerca de 51 trilhões de elétrons.
e) retirar do objeto cerca de 51 trilhões de prótons.

7. (Mackenzie 2015) Uma esfera metálica A eletrizada com carga elétrica igual a −20,0 𝜇𝐶, é colocada
em contato com outra esfera idêntica B eletricamente neutra. Em seguida, encosta-se a esfera B em
outra C, também idêntica eletrizada com carga elétrica igual a 50,0 𝜇𝐶. Após esse procedimento, as
esferas B e C são separadas. A carga elétrica armazenada na esfera B, no final desse processo, é igual
a
a) 20,0 μC
b) 30,0 μC
c) 40,0 μC
d) 50,0 μC
e) 60,0 μC

8. (G1 - cps 2015) O transporte de grãos para o interior dos silos de armazenagem ocorre com o auxílio
de esteiras de borracha, conforme mostra a figura, e requer alguns cuidados, pois os grãos, ao caírem
sobre a esteira com velocidade diferente dela, até assimilarem a nova velocidade, sofrem
escorregamentos, eletrizando a esteira e os próprios grãos. Essa eletrização pode provocar faíscas
que, no ambiente repleto de fragmentos de grãos suspensos no ar, pode acarretar incêndios.

Nesse processo de eletrização, os grãos e a esteira ficam carregados com cargas elétricas de sinais
a) iguais, eletrizados por atrito.
b) iguais, eletrizados por contato.
c) opostos, eletrizados por atrito.
d) opostos, eletrizados por contato.
e) opostos, eletrizados por indução.

6
Física

9. (Pucrj 2015) Dois bastões metálicos idênticos estão carregados com a carga de 9,0 μC. Eles são
colocados em contato com um terceiro bastão, também idêntico aos outros dois, mas cuja carga
líquida é zero. Após o contato entre eles ser estabelecido, afastam-se os três bastões. Qual é a carga
líquida resultante, em μC, no terceiro bastão?
a) 3,0
b) 4,5
c) 6,0
d) 9,0
e) 18

10. (Ufu 2019) Um estudante realiza um experimento, utilizando duas moedas, um palito de fósforo, um
balão de festa e um copo plástico descartável transparente. Primeiramente, ele coloca o palito de
fósforo em equilíbrio sobre uma moeda posicionada na vertical, que se equilibra sobre a segunda
moeda na horizontal. Em seguida, cobre o sistema com o copo descartável. Em um outro momento, ele
infla o balão e o esfrega no próprio cabelo. Por fim, ele aproxima o balão do palito de fósforo pelo lado
de fora do copo de plástico e movimenta o balão em volta do copo. Como resultado, o estudante
observa que o palito de fósforo gira sobre a moeda, acompanhando o movimento do balão. A figura
mostra o dispositivo montado.

Qual a explicação para o fato de o palito acompanhar o movimento do balão?


a) O balão se magnetiza ao ser inflado, e ele atrai o palito pelo fato de o material que compõe a cabeça
do palito ser um material magnético.
b) O balão se aquece após o atrito com o cabelo e, ao se aproximar do copo, provoca correntes de
convecção no ar em seu interior, gerando o movimento do palito de fósforo.
c) As moléculas do balão se ionizam após o atrito com o cabelo e, ao se aproximarem da moeda
condutora, a ionizam com carga oposta, gerando um campo elétrico que faz o palito de fósforo se
mover.
d) O balão se eletriza após atrito com o cabelo e, ao se aproximar do palito de fósforo, o atrai por
indução eletrostática.

7
Física

Gabarito

1. A
Quando a carga é afastada antes de se romper o contato com o fio terra, a esfera condutora permanece
com carga neutra, mas, por outro lado, se a carga é mantida próxima à esfera enquanto é rompido o
contato de aterramento, a esfera fica eletrizada positivamente por indução, isto é, a carga negativa repulsa
as cargas de mesmo sinal para o fio terra, que ao ser rompido, deixa eletrizada a esfera com carga
contrária ao indutor (positiva).

2. C
Quando o pente é atritado com o papel toalha, ele fica eletrizado, criando nas suas proximidades um
campo elétrico. Ao aproximá-lo dos pedaços de papel, ocorre o fenômeno da indução e esses pedaços
de papel recebem do campo elétrico uma força elétrica.

3. B
O vidro precede a sede na série triboelétrica. Portanto, ele é mais eletropositivo (perde elétrons, ficando
eletrizado positivamente) que a seda, que é mais eletronegativa (recebe elétrons ficando eletrizada
negativamente).

4. A
Se dois corpos de materiais diferentes, inicialmente neutros, são atritados, um passará elétrons para o
outro, ficando um eletrizado positivamente e o outro, negativamente.

5. B
Se o corpo estava eletricamente neutro e ficou eletrizado negativamente, ele ganhou elétrons.
Q 8  10−16
Q = ne  n = =  n = 5  103 elétrons.
−19
e 1,6  10

6. C
Sabendo que Q = n  e, substituindo os dados fornecidos no enunciado, temos que:

(3,2  10−6 ) = n  (1,6  10−19 )


3,2  10 −6
n=
1,6  10 −19
n = 2  1013 e −
ou
n = 20  1012 e −
Como o objetivo é uma carga negativa, podemos concluir que devem ser acrescentados 20 trilhões de
elétrons ao objeto.

8
Física

7. A
Dados:
QA = − 20 μC; QB = 0; QC = 50 μC.

Como as esferas são condutoras e idênticas, após cada contato cada uma armazena metade da carga
total.
 Q + QB −20 + 0
1º Contato : A  B QB1 = A =  QB1 = −10 μC.
 2 2

 Q + QB1 −10 + 50 40
2º Contato : B  C QB2 = C = =  QB2 = 20 μC.
 2 2 2

8. C
Os grãos sofrem eletrização por atrito e, assim, ficam eletrizados com cargas opostas em relação à
correia transportadora.

9. C
Esta questão trata da eletrização por contato, onde bastões metálicos idênticos são colocados em
contato, sendo dois com carga de 9,0 μC e outro neutro.
A resolução desta questão impõe o princípio da conservação de carga, isto é, o somatório das cargas é
constante antes e depois do contato.
A carga líquida resultante em um bastão será este somatório de cargas dividido igualmente pelos três
bastões.
Portanto:
Qt = Q1 + Q2 + Q3 = cons tante

Qt = 9,0 μC + 9,0 μC + 0 = 18,0 μC


E a carga de cada bastão após o contato será:
Q 18,0 μC
Q3' = t = = 6,0 μC
3 3

10. D
Neste caso há a eletrização do balão por atrito com o cabelo do estudante e ao aproximar o balão
carregado do copo descartável, há também a eletrização por indução no palito. Esse fenômeno faz com
que o palito acompanhe o movimento do balão, pois está com cargas internas separadas sendo as cargas
contrárias ao do balão mais próximas e ele, causando a atração.

9
Física

Colisões

Exercícios

1. O pêndulo de Newton pode ser constituído por cinco pêndulos idênticos suspensos em um mesmo
suporte. Em um dado instante, as esferas de três pêndulos são deslocadas para a esquerda e liberadas,
deslocando-se para a direita e colidindo elasticamente com as outras duas esferas, que inicialmente
estavam paradas.

O movimento dos pêndulos após a primeira colisão está representado em:

a)
b) c)

d) e)

2. Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o cinto de segurança exerce sobre o tórax e
abdômen do motorista pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na segurança do seu
produto, um fabricante de automóveis realizou testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes
simularam uma colisão de 0,30 segundo de duração, e os bonecos que representavam os ocupantes
foram equipados com acelerômetros. Esse equipamento registra o módulo da desaceleração do
boneco em função do tempo. Os parâmetros como massa dos bonecos, dimensões dos cintos e
velocidade imediatamente antes e após o impacto foram os mesmos para todos os testes. O resultado
final obtido está no gráfico de aceleração por tempo.

Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão interna ao motorista?


a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

1
Física

3. Suponha que, em uma partida de futebol americano, os dois jogadores que aparecem em primeiro plano
na figura sofram uma colisão inelástica frontal, à mesma velocidade escalar relativamente ao solo.

Nesse caso, desprezando o efeito do atrito de seus pés com o solo e da ação de forças internas, pode-
se concluir que,
a) em caso de massas iguais, os jogadores ficarão parados no ponto da colisão.
b) independentemente do valor de suas massas, os dois jogadores ficarão parados no ponto de
colisão.
c) como o jogador da direita tem maior massa, eles irão se deslocar para a direita.
d) não importa qual a massa dos jogadores, ambos irão recuar após a colisão.
e) em função de suas massas, o jogador que tiver a maior massa recuará.

4. Dois carros, A e B, de massas iguais, movem-se em uma estrada retilínea e horizontal, em sentidos
opostos, com velocidades de mesmo módulo. Após se chocarem frontalmente, ambos param
imediatamente devido à colisão.

Pode-se afirmar que, no sistema, em relação à situação descrita,


a) há conservação da quantidade de movimento do sistema e da sua energia cinética total.
b) não há conservação da quantidade de movimento do sistema, mas a energia cinética total se
conserva.
c) nem a quantidade de movimento do sistema e nem a energia cinética total se conservam.
d) a quantidade de movimento do sistema é transformada em energia cinética.
e) há conservação da quantidade de movimento do sistema, mas não da sua energia cinética total.

2
Física

5. A lei de conservação do momento linear está associada às relações de simetrias espaciais. Nesse
contexto, considere uma colisão inelástica entre uma partícula de massa M e velocidade V e um corpo,
inicialmente em repouso, de massa igual a 10M. Logo após a colisão, a velocidade do sistema
composto pela partícula e pelo corpo equivale a:
a) V/10
b) 10V
c) V/11
d) 11V
e) 5V

6. Tempestades solares são causadas por um fluxo intenso de partículas de altas energias ejetadas pelo
Sol durante erupções solares. Esses jatos de partículas podem transportar bilhões de toneladas de gás
eletrizado em altas velocidades, que podem trazer riscos de danos aos satélites em torno da Terra.
Considere que, em uma erupção solar em particular, um conjunto de partículas de massa total 𝑚𝑝 = 5
kg, deslocando-se com velocidade de módulo 𝑣𝑝 = 2x105 m/s, choca-se com um satélite de massa 𝑀𝑠
= 95 kg que se desloca com velocidade de módulo igual a 𝑉𝑠 = 4x10³ m/s na mesma direção e em
sentido contrário ao das partículas. Se a massa de partículas adere ao satélite após a colisão, o módulo
da velocidade final do conjunto será de
a) 102.000 m/s.
b) 14.000 m/s.
c) 6.200 m/s.
d) 3.900 m/s.
e) 2.500 m/s

7. Considere um patinador X que colide elasticamente com a parede P de uma sala. Os diagramas abaixo
mostram segmentos orientados indicando as possíveis forças que agem no patinador e na parede,
durante e após a colisão. Note que segmento nulo indica força nula.

Supondo desprezível qualquer atrito, o diagrama que melhor representa essas forças é designado
por:
a) I
b) II
c) III
d) IV

3
Física

8. Em um dado jogo de sinuca, duas das bolas se chocam uma contra a outra. Considere que o choque é
elástico, a colisão é frontal, sem rolamento, e despreze os atritos. No sistema composto pelas duas
bolas há conservação de
a) momento linear e força.
b) energia cinética e força.
c) momento linear e energia cinética.
d) calor e momento linear.

9. Nas grandes cidades é muito comum a colisão entre veículos nos cruzamentos de ruas e avenidas.
Considere uma colisão inelástica entre dois veículos, ocorrida num cruzamento de duas avenidas largas
e perpendiculares. Calcule a velocidade dos veículos, em m/s, após a colisão. Considere os seguintes
dados dos veículos antes da colisão:

Veículo 1: m1= 800kg e v1= 90km/h


Veículo 2: m2 =450kg e v2= 120km/h
a) 30
b) 20
c) 28
d) 25
e) 15

10. A fotografia mostrada a seguir expõe o resultado de uma imprudência. Um carro de massa igual a uma
tonelada, ao tentar ultrapassar um caminhão, acabou colidindo de frente com outro carro de massa
800 kg, que estava parado no acostamento. Em virtude de a estrada estar muito lisa, após colisão, os
carros se moveram juntos em linha reta, com uma velocidade de 54 km/h.

Admitindo-se que a força que deformou os veículos atuou durante um tempo de 0,1 s, são feitas as
seguintes afirmações para a situação descrita:
I. O choque é completamente inelástico e, por isso, não há conservação da quantidade de movimento.
II. A velocidade do carro de uma tonelada antes da colisão era de 97,2 km/h.
III. A intensidade do impulso atuante na colisão foi de 1,2 .104 N.s.
IV. A intensidade da força média que deformou os veículos foi de 1,2 .10³ N.
Estão corretas somente
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
d) I, II e III
e) II, III e IV

4
Física

Gabarito

1. C
No sistema considerado, há conservação da quantidade de movimento, já que, nos instantes
imediatamente anteriores e posteriores às colisões, a velocidade das esferas é praticamente horizontal
e não há forças horizontais externas ao sistema. Além disso, como as colisões são elásticas, há também
conservação da energia mecânica. Como o movimento ocorre praticamente na horizontal, podemos
focalizar na conservação da energia cinética. A conservação da energia cinética e da quantidade de
movimento ocorre no item C, considerando que as 3 esferas da esquerda possuem a mesma velocidade
das esferas que as incidiram.

2. B
Sem fazer conta nenhuma, queremos um cinto que proporcione segurança, mas não dê “trancos”, que
segure de uma forma contínua, com a menor força possível. (O objetivo não é o cinto bater no motorista
para ele permanecer na posição, mas apenas segurá-lo).A curva pontilhada do cinto 2 é a que melhor
atende essas considerações, porque apresenta menores valores de aceleração (e de força proporcional:
F=m.a) e menor risco de lesionar o passageiro.

3. A
Admitindo-se que a colisão seja perfeitamente inelástica, os dois atletas ficarão juntos após a colisão e,
como há conservação da quantidade de movimento total do sistema, temos:
⃗Q após = ⃗Q antes
⃗Q após = mv
⃗ + m(−v
⃗)
⃗ após = 0
Q ⃗

4. E
Trata-se de uma colisão perfeitamente inelástica. A quantidade de movimento total se conservou e é
nula antes, durante e após a colisão. A energia cinética do sistema não se conservou, sendo totalmente
transformada em outros tipos de energia: térmica, sonora e trabalho de deformações permanentes.

5. C
Como se trata de sistema mecanicamente isolado, pela conservação do momento linear, têm-se
Q antes = Q depois
m. v = (10m + m). v′
v
v′ =
11

6. C
Adotando como positivo o sentido do movimento do conjunto das partículas, temos os seguintes dados:
𝑚𝑝 = 5 kg , 𝑣𝑝 = 2x105 m/s, 𝑀𝑠 = 95 kg, 𝑉𝑠 = - 4x10³ m/s
Como se trata de um sistema mecanicamente isolado, ocorre conservação de quantidade de movimento
do sistema. Então:
Q antes = Q depois
mp . vp + Ms . Vs = (mp + Ms ). V′
5. 2. 105 + 95. (−4.103 ) = 100. 𝑉 ′
100. 104 − 38. 104
V′ = = 62.10²
100

V = 6200 m/s

5
Física

7. A
I. (correta)
II. (incorreta) – As intensidades das forças são iguais durante a colisão e após não existe forças
atuando nos corpos
III. (incorreta) – Vai contra o princípio da Ação e Reação
IV. (incorreta) – Alternativa contraria a situação que de fato ocorre

8. C
Em uma colisão elástica conservam-se o momento linear (quantidade de movimento) e a energia
cinética.

9. B
Q1 = m1 V1 ⇒ Q1 = 800 . 90
Q1 = 72 .10³ kg . km/h
Q 2 = m2 V2 ⇒ Q 2 = 450 . 120
Q 2 = 54 .10³ kg . km/h
Sendo Q ⃗⃗⃗⃗1 e → Q
⃗⃗⃗⃗2 perpendiculares:

(Q antes )² = Q1 ²+Q 2 ²
Q antes = √5184 . 106 + 2916 . 106
Q antes = √8100. 106
Q antes = 90 .10³kg . km/h
Supondo-se que a colisão seja perfeitamente inelástica, os carros ficam engancha dos um ao outro e
somamos as massas:
m1 + m2 = 800kg + 450kg = 1250kg
Q depois = Q antes
1250 . V = 90 .10³
V = 72km/h = 20m/s

10. B
I. Falso. Em toda colisão há conservação da quantidade de movimento
II. Verdadeiro. Aplicando o princípio da conservação da quantidade de movimento do sistema temos:
⃗ TF = Q
Q ⃗ TI ⟶ (m1 + m2 )V ⟶ 1000. Vo = 1800. 54 ⟶ V0 = 97,2km/h
III. Verdadeiro. Aplicando o teorema do impulso para o carro parado:
54
IR = ⃗Q − ⃗Q o ⟶ IR = ⃗Q ⟶ I = m2 V = 800. = 12000 = 1,2. 104 N. s
3,6
IV. Falso
I = F. Δt ⟶ 1,2. 104 = F. 0,1 ⟶ F = 1,2. 105

6
Física

Força elétrica

Resumo

O inicio de eletrostática consiste em entender o que é uma carga elétrica e como eu posso carregar algum
objeto eletricamente. Agora nos vamos estudar o produto dessa interação, ou seja, o que eu consigo
observar a partir dessa interação. Essa “coisa” recebe o nome de Força elétrica.
Imagine que você tenha uma carga elétrica pontual (isso quer dizer que ela tem forma de ponto) e aproxima
dessa carga uma outra carga elétrica pontual. Ao aproximar você produzira uma força de atração ou repulsão
entre essas cargas. A força ser atrativa ou repulsiva depende da natureza das cargas.

Figura 01 – Cargas de mesmo sinal

Caso as cargas apresentem o mesmo sinal, a força elétrica será de repulsão. Cargas de mesmo sinal podem
ser “+ com +” ou “- com -”.

Figura 02 – Cargas de sinais opostos

Caso as cargas apresentem sinais opostos, a força elétrica será de atração.

Para lembrar disso, você pode utilizar aquela icônica frase que você manda para a crush:
“Os opostos se atraem, mas os iguais se repelem.”

(...Só não manda se vocês forem parecidos...)

1
Física

Fórmula da força elétrica


O esquema anterior no ajuda na descrição do vetor força elétrica, dando direção e sentido. Mas ele não
fornece módulo. Para calcular o módulo da força elétrica, você utiliza a seguinte expressão:

|𝑄1 |. |𝑄2 |
𝐹=𝐾.
𝑑²

Sendo:
• 𝐾 é a constante eletrostática do méio. Normalmente, as questões utilizam o vácuo. O valor do 𝐾 do
vácuo é:
𝐾 = 9 . 109 𝑁𝑚2 /𝐶²

• 𝑄1 é o valor da primeira carga. (lembre-se que esta em módulo).


• 𝑄2 é o valor da segunda carga. (que também esta em módulo).
• 𝑑 é a distância entre as duas cargas.

Obs.: As forças de atração e repulsão elétrica formam par ação-reação.

2
Física

Exercícios

1. Duas cargas pontuais q1 e q2 são colocadas a uma distância R entre si. Nesta situação, observa-se
uma força de módulo F0 sobre a carga q2 .
Se agora a carga q2 for reduzida à metade e a distância entre as cargas for reduzida para R 4, qual
será o módulo da força atuando em q1 ?

a) F0 32
b) F0 2

c) 2 F0

d) 8 F0
16 F0
e)

2. Em uma experiência realizada em sala de aula, o professor de Física usou três esferas metálicas,
idênticas e numeradas de 1 a 3, suspensas por fios isolantes em três arranjos diferentes, como
mostra a figura abaixo:

Inicialmente, o Professor eletrizou a esfera 3 com carga negativa. Na sequência, o professor


aproximou a esfera 1 da esfera 3 e elas se repeliram. Em seguida, ele aproximou a esfera 2 da esfera
1 e elas se atraíram. Por fim, aproximou a esfera 2 da esfera 3 e elas se atraíram. Na tentativa de
explicar o fenômeno, 6 alunos fizeram os seguintes comentários:

João: A esfera 1 pode estar eletrizada negativamente, e a esfera 2, positivamente.


Maria: A esfera 1 pode estar eletrizada positivamente e a esfera 2 negativamente.
Letícia: A esfera 1 pode estar eletrizada negativamente, e a esfera 2 neutra.
Joaquim: A esfera 1 pode estar neutra e a esfera 2 eletrizada positivamente.
Marcos: As esferas 1 e 2 podem estar neutras.
Marta: As esferas 1 e 2 podem estar eletrizadas positivamente.

Assinale a alternativa que apresenta os alunos que fizeram comentários corretos com relação aos
fenômenos observados:
a) somente João e Maria.
b) somente João e Letícia.
c) somente Joaquim e Marta.
d) somente João, Letícia e Marcos.
e) somente Letícia e Maria.

3
Física

3. (G1 - ifsul 2019) Considere duas partículas eletrizadas, P1 e P2 , ambas com cargas iguais e positivas,
localizadas, respectivamente, a 0,5 metros à esquerda e a 0,5 metros à direita da origem de um eixo
X. Nesse eixo, sabe-se que não há influência de outras cargas.

Se uma terceira carga de prova for colocada na origem do eixo X, ela

a) ficará em repouso.
b) será acelerada para a direita.
c) será acelerada para a esquerda.
d) entrará em movimento retilíneo uniforme.

4. (Pucrj 2018) Duas cargas elétricas idênticas são postas a uma distância r0 entre si tal que o módulo
da força de interação entre elas é F0 .
Se a distância entre as cargas for reduzida à metade, o módulo da força de interação entre as cargas
será:
4F0
a)
2F0
b)
F0
c)
F0 2
d)
F0 4
e)

5. Duas pequenas esferas condutoras idênticas estão eletrizadas. A primeira esfera tem uma carga de
2Q e a segunda uma carga de 6Q. As duas esferas estão separadas por uma distância d e a força
F.
eletrostática entre elas é 1 Em seguida, as esferas são colocadas em contato e depois separadas
F.
por uma distância 2d. Nessa nova configuração, a força eletrostática entre as esferas é 2

Pode-se afirmar sobre a relação entre as forças F1 e F2 , que:

a) F1 = 3 F2 .

b) F1 = F2 12.

c) F1 = F2 3.

d) F1 = 4 F2 .

e) F1 = F2 .

4
Física

6. Três esferas de dimensões desprezíveis A, B e C estão eletricamente carregadas com cargas


elétricas respectivamente iguais a 2q, q e q. Todas encontram-se fixas, apoiadas em suportes
isolantes e alinhadas horizontalmente, como mostra a figura abaixo:

O módulo da força elétrica exercida por B na esfera C é F. O módulo da força elétrica exercida por
A na esfera B é
a) F4

b) F2

c) F
d) 2F
e) 4F

7. Ao retirar o copinho de um porta-copos, um jovem deixa-o escapar de suas mãos quando ele já se
encontrava a 3 cm da borda do porta-copos. Misteriosamente, o copo permanece por alguns instantes
pairando no ar. Analisando o fato, concluiu que o atrito entre o copo extraído e o que ficara exposto havia
gerado uma força de atração de origem eletrostática.

Suponha que:
• a massa de um copo seja de 1 g;
• a interação eletrostática ocorra apenas entre o copo extraído e o que ficou exposto, sendo que os emais
copos não participam da interação;
• os copos, o extraído e o que ficou exposto, possam ser associados a cargas pontuais, de mesma
intensidade.

5
Física

Nessas condições, dados g = 10 m/s2 e K = 9 · 109 N · m2/C2, o módulo da carga elétrica excedente no copinho,
momentos após sua retirada do porta-copos, foi, em coulombs, aproximadamente:
a) 6 · 10–5.
b) 5 · 10–6.
c) 4 · 10–7.
d) 3 · 10–8.
e) 2 · 10–9.

8. (Unesp 2015) Em um experimento de eletrostática, um estudante dispunha de três esferas metálicas


idênticas, A, B e C, eletrizadas, no ar, com cargas elétricas 5Q, 3Q e −2Q, respectivamente.

Utilizando luvas de borracha, o estudante coloca as três esferas simultaneamente em contato e,


depois de separá-las, suspende A e C por fios de seda, mantendo-as próximas. Verifica, então, que
elas interagem eletricamente, permanecendo em equilíbrio estático a uma distância d uma da outra.
Sendo k a constante eletrostática do ar, assinale a alternativa que contém a correta representação da
configuração de equilíbrio envolvendo as esferas A e C e a intensidade da força de interação elétrica
entre elas.

a) c) e)

b) d)

6
Física

9. Duas cargas são colocadas em uma região onde há interação elétrica entre elas. Quando separadas
por uma distância d, a força de interação elétrica entre elas têm módulo igual a F. Triplicando-se a
distância entre as cargas, a nova força de interação elétrica em relação à força inicial, será
a) diminuída 3 vezes.
b) diminuída 9 vezes.
c) aumentada 3 vezes.
d) aumentada 9 vezes.
e) permanecerá igual.

10. (G1 - ifsul 2015) Considere duas cargas elétricas pontuais, sendo uma delas Q1, localizada na origem
de um eixo x, e a outra Q2, localizada em x = L. Uma terceira carga pontual, Q3 , é colocada em
x = 0,4L.

Considerando apenas a interação entre as três cargas pontuais e sabendo que todas elas possuem o
Q
mesmo sinal, qual é a razão 2 para que Q3 fique submetida a uma força resultante nula?
Q1
a) 0,44

b) 1,0
c) 1,5
d) 2,25

7
Física

Gabarito

1. D
q1  q2
F0 = k 
R2
q q
q1  2 q1  2
F' = k  2  F' = k  2  F' = 16  k  q1  q2  F' = 8  k  q1  q2  F' = 8  F
2 2 0
R R 2  R2 R2
4
  16

2. B
Do enunciado, a esfera 3 está eletrizada negativamente. Como a esfera 1 é repelida pela 3, ela também
está eletrizada negativamente. Como a esfera 2 é atraída pelas outras duas, ou ela está eletrizada
positivamente, ou está neutra.
Ilustrando:
Esfera 3 Esfera 1 Esfera 2
Negativa Negativa Positiva ou Neutra

3. A
Como são iguais as distâncias entre as cargas e o ponto de origem e as cargas das duas partículas, a
força resultante nesse ponto é nula. Assim, qualquer carga colocada na origem não sofre ação de forças
e permanece em repouso.

4. A
Pela Lei de Coulomb, a intensidade da força elétrica entre duas cargas puntiformes idênticas é dada por:
Q2
F0 = k0
d2

Assim, mantendo as cargas e reduzindo à metade a distância entre elas, temos:


Q2 Q2
F = k0  F = 4k0  F = 4F0
2
 d d2
2
 

5. A
Como as esferas são idênticas, após o contato elas adquirem cargas iguais.
2Q+6 Q
Q' = = 4 Q.
2

Aplicando a lei de Coulomb às duas situações, antes e depois do contato.


 k ( 2Q )( 6Q ) 12k Q2
F1 =  F1 =
 d2 d2 F 12k Q2 d2
  1 =   F1 = 3 F2 .
F = k ( 4Q )( 4Q )  F = 4k Q
2
F2 d2 4k Q2
 2 2
 ( 2d)2 d2

8
Física

6. B
kq1q2
Felétrica =
d2
k qq k  q2
FBC =  FBC = 
(2  10−2 )2 4  10−4
k  q2
F = FBC  F =
4

k  2q  q k  2q2 k  q2
FAB =  FAB =  FAB =
(4  10−2 )2 16  10−4 8  10−4
1 k  q2 1
FAB =   FAB =  F  FAB = F 2
2 4  10−4 2

7. D

8. B
Calculando a carga final (Q ') de cada esfera é aplicando a lei de Coulomb; vem:
QA + QB + QC 5 Q + 3 Q − 2Q
Q'A = QB
'
= Q'C = Q' = =  Q' = 2 Q.
3 3
k Q'A Q'C k( 2 Q)
2
4 k Q2
F= = . F=
d2 d2 d2
Como as cargas têm mesmo sinal, as forças repulsivas (ação-reação) têm mesma intensidade.

9. B

9
Física

10. D
A figura mostra um esquema da situação descrita.

As forças repulsivas de Q1 e Q2 sobre Q3 devem se equilibrar.


k Q1 Q3 k Q2 Q3 Q2 0,36 Q2
F1 = F2  =  =  = 2,25.
( 0,4 L )2
( 0,6 L )2 Q1 0,16 Q1

10
Física

Campo Elétrico

Resumo

Quando temos um corpo elétricamente carregado, esse corpo produz uma região de interassção a sua volta
que recebé o nome de Campo elétrico. Esse campo elétrico é uma grandeza vetorial, com forma radial e seu
sentido depende da natureza da carga.
Para uma carga positiva, o campo elétrico é representado por vetores que vão apontar para fora da carga.

Figura 01 – Campo elétrico de uma carga positiva

Para uma carga negativa o campo elétrico é representado por vetores que vão apontar para dentro da carga.

Figura 02 – Campo elétrico de uma carga negativa

1
Física

Cálculo do módulo do Campo elétrico


Anteriormente descrever o campo elétrico indicando direção e sentido. Agora vamos falar de módulo. O
módulo do campo elétrico pode ser calculado de algumas formas e vamos falar de todas aqui.
A primeira forma de se calcular é utilizando parametros da propria carga que gerou o campo elétrico. Essa
fórmula é
𝑄
𝐸=𝐾.
𝑑²

Sendo:
• 𝐾 é a constante eletrostática do méio. Normalmente, as questões utilizam o vácuo. O valor do 𝐾 do
vácuo é:
𝐾 = 9 . 109 𝑁𝑚2 /𝐶²

• 𝑄 é o valor da primeira carga. (lembre-se que esta em módulo).


• 𝑑 é a distância entre a carga e o ponto onde deseja se calcular o valor do campo.

A segunda forma é atraves de um interassão. Ao submeter uma carga elétrica a uma força elétrica, podemos
calcular o valor do campo gerador por ela através dessa fórmula.
𝐹 = 𝑞 .𝐸
Sendo:
• 𝐹 a força elétrica submetida a carga que desejamos calcular o campo.
• 𝐸 o campo elétrico que desejamos calcular.
• 𝑞 o valor da carga que utilizamos para gerar a força elétrica (lembre-se que a força elétrica é produto
da interação de duas cargas).

Campo elétrico entre duas cargas


Vimos no inicio desse resumo que cada carga gera o seu próprio campo elétrico. Então o que acontece se o
campo elétrico de uma carga “entrar” no campo elétrico da outra? Podemos analisar isso!
Imagina que você, no seu experimento, aproximou duas cargas de sinais opostos. Ao fazer isso, o campo
elétrico resultante, ou seja, o resultado da interação entre os campos elétricos esta demonstrado através
das linhas de campo na figura 03.

Figura 03 – Linhas de campo entre cargas de sinais opostos

2
Física

Já para cargas de sinais iguais. Temos a figura 04, que demonstra as linhas de campo desse campo
resultante dessa interação.

Figura 04 – Linhas de campo entre cargas de sinais iguais

São esses desenhos que justificam a relação de atração e repulsão estudadas nas aulas anteriores.

3
Física

Exercícios

1. (Espcex (Aman) 2017) Uma partícula de carga q e massa 10−6  𝑘𝑔 foi colocada num ponto próximo à
superfície da Terra onde existe um campo elétrico uniforme, vertical e ascendente de intensidade 𝐸 =
10^5 𝑁/𝐶.

Sabendo que a partícula está em equilíbrio, considerando a intensidade da aceleração da gravidade


𝑔 = 10 𝑚/𝑠2 , o valor da carga q e o seu sinal são respectivamente:

a) 10−3 μC, negativa

b) 10−5 μC, positiva

c) 10−5 μC, negativa

d) 10−4 μC, positiva

e) 10−4 μC, negativa

2. (Uemg 2019) “Fundado em 2002 pelo Prêmio Nobel Carl Wieman, o projeto PhET Simulações
Interativas da Universidade de Colorado Boulder (EUA) cria simulações interativas gratuitas de
matemática e ciências. As simulações PhET baseiam-se em extensa pesquisa em educação e
envolvem os alunos através de um ambiente intuitivo, estilo jogo, onde os alunos aprendem através
da exploração e da descoberta”.
Disponível em: https://phet.colorado.edu/pt_BR/. Acesso: 11 dez. 2018.

A figura a seguir foi obtida pelo PhET, sendo que duas partículas A e B, eletricamente carregadas,
foram colocadas em uma determinada região do espaço. As setas indicam a direção e o sentido das
linhas de força do vetor campo elétrico do sistema.

A respeito das cargas elétricas A e B, é CORRETO afirmar que:


a) Ambas são eletricamente positivas.
b) Ambas são eletricamente negativas.
c) B é eletricamente positiva e A é negativa.
d) A é eletricamente positiva e B é negativa.

4
Física

3. (Fgv 2018) A gaiola de Faraday é um curioso dispositivo que serve para comprovar o comportamento
das cargas elétricas em equilíbrio.
A pessoa em seu interior não sofre descarga

Dessa experiência, conclui-se que o campo elétrico no interior da gaiola é


a) uniforme e horizontal, com o sentido dependente do sinal das cargas externas.
b) nulo apenas na região central onde está a pessoa.
c) mais intenso próximo aos vértices, pois é lá que as cargas mais se concentram.
d) uniforme, dirigido verticalmente para cima ou para baixo, dependendo do sinal das cargas
externas.
e) inteiramente nulo.

4. (Famerp 2018) A figura representa um elétron atravessando uma região onde existe um campo
elétrico. O elétron entrou nessa região pelo ponto X e saiu pelo ponto Y, em trajetória retilínea.

Sabendo que na região do campo elétrico a velocidade do elétron aumentou com aceleração
constante, o campo elétrico entre os pontos X e Y tem sentido
a) de Y para X, com intensidade maior em Y.
b) de Y para X, com intensidade maior em X.
c) de Y para X, com intensidade constante.
d) de X para Y, com intensidade constante.
e) de X para Y, com intensidade maior em X.

5
Física

5. (Uefs 2018) Duas cargas elétricas puntiformes, Q1 e Q2, estão fixas sobre uma circunferência de
centro O, conforme a figura.

Considerando que E representa o vetor campo elétrico criado por uma carga elétrica puntiforme em
determinado ponto e que E representa o módulo desse vetor, é correto afirmar que, no ponto O :
E2 = −2  E1
a)
E2 = 2  E1
b)
E2 = E1
c)
E2 = −E1
d)
E2 = −2  E1
e)

6. (Uea 2014) Duas cargas elétricas puntiformes, Q e q, sendo Q positiva e q negativa, são mantidas a
uma certa distância uma da outra, conforme mostra a figura.

A força elétrica F, que a carga negativa q sofre, e o campo elétrico E, presente no ponto onde ela é
fixada, estão corretamente representados por

a)

b)

c)

d)

e)

6
Física

7. (Ufjf 2010) Junto ao solo, a céu aberto, o campo elétrico da Terra é E = 150 N C e está dirigido para
baixo como mostra a figura. Adotando a aceleração da gravidade como sendo g = 10 m s2 e
desprezando a resistência do ar, a massa m, em gramas, de uma esfera de carga q = −4 μC, para que
ela fique em equilíbrio no campo gravitacional da Terra, é:

a) 0,06.
b) 0,5.
c) 0,03.
d) 0,02.
e) 0,4.

8. (Pucrs 2014) Uma pequena esfera de peso 6,0  10−3 N e carga elétrica 10,0  10−6 C encontra-se
suspensa verticalmente por um fio de seda, isolante elétrico e de massa desprezível. A esfera está no
interior de um campo elétrico uniforme de 300 N / C, orientado na vertical e para baixo. Considerando
que a carga elétrica da esfera é, inicialmente, positiva e, posteriormente, negativa, as forças de tração
no fio são, respectivamente,

a) 3,5  10−3 N e 1,0  10−3 N

b) 4,0  10−3 N e 2,0  10−3 N

c) 5,0  10−3 N e 2,5  10−3 N

d) 9,0  10−3 N e 3,0  10−3 N

e) 9,5  10−3 N e 4,0  10−3 N

7
Física

9. (Enem PPL 2014) Em museus de ciências, é comum encontrarem-se máquinas que eletrizam
materiais e geram intensas descargas elétricas. O gerador de Van de Graaff (Figura 1) é um exemplo,
como atestam as faíscas (Figura 2) que ele produz. O experimento fica mais interessante quando se
aproxima do gerador em funcionamento, com a mão, uma lâmpada fluorescente (Figura 3). Quando a
descarga atinge a lâmpada, mesmo desconectada da rede elétrica, ela brilha por breves instantes.
Muitas pessoas pensam que é o fato de a descarga atingir a lâmpada que a faz brilhar. Contudo, se a
lâmpada for aproximada dos corpos da situação (Figura 2), no momento em que a descarga ocorrer
entre eles, a lâmpada também brilhará, apesar de não receber nenhuma descarga elétrica.

A grandeza física associada ao brilho instantâneo da lâmpada fluorescente, por estar próxima a uma
descarga elétrica, é o(a)
a) carga elétrica.
b) campo elétrico.
c) corrente elétrica.
d) capacitância elétrica.
e) condutividade elétrica.

10. (Ufpe 2012) Três cargas elétricas, q1 = −16C , q2 = +1,0C e q3 = −4,0C , são mantidas fixas no
vácuo e alinhadas, como mostrado na figura. A distância d = 1,0 cm. Calcule o módulo do campo
elétrico produzido na posição da carga q2 , em V/m.

a) 10 V/m
b) 20 V/m
c) 5 V/m
d) 0 V/m
e) 16 V/m

8
Física

Gabarito

1. D

A partícula está em equilíbrio sob ação de duas forças: a força elétrica Fel , provocada pelo campo E; e
a força peso W.
Para que Fel equilibre W, é necessário que seja vertical e ascendente, conforme a figura.
Assim, Fel e E possuem mesmo sentido, do que se conclui que q  0.
Do equilíbrio das forças, tem-se que:
mg
Fel = W  qE = mg  q = (1)
E

Substituindo-se os valores numéricos em (1), tem-se que:


10−6  10
q= = 10−10 C
5
10

Convertendo-se o valor para μC, tem-se:


106 μC
q = 10−10 C  = 10−4 μC
1C

2. D
Como as linhas de força do vetor campo elétrico “saem” das cargas positivas e “entram” nas negativas,
temos que a carga A é positiva e a B negativa.

3. E
A gaiola de Faraday ilustra o fenômeno no qual as cargas elétricas se distribuem pela superfície externa
de um condutor isolado em equilíbrio eletrostático, sendo nulo o campo elétrico em seu interior.

4. C
Como o elétron está aumentando a velocidade com aceleração constante, a força elétrica é constante,
assim o campo elétrico é uniforme e aponta da placa positiva (Y) para a placa negativa (X). Portanto,
está correta a alternativa [C].

9
Física

5. B
O módulo do campo elétrico para cada carga, no ponto O é dado por:
Q
E = k0 
r2

Então:
Q 2Q
E1 = k 0  E2 = k 0 
2
r e r2

A razão entre esses campos é:


2Q
k0 
E2
= r 2  E2 = 2  E = 2  E
2 1
E1 Q E1
k0 
2
r

Assim: E2 = 2  E1

6. B
Nota: o enunciado apresenta falhas, pois a força elétrica e o vetor campo elétrico deveriam ter notação
vetorial, como destacado abaixo:
“A força elétrica F, que a carga negativa q sofre, e o campo elétrico E, presente...”
As figuras das alternativas também ficariam melhores se fossem usadas notações vetoriais.

Sendo Q > 0, ela gera campo elétrico de afastamento; como q < 0, ela sofre força em sentido oposto ao
do campo, conforme ilustrado.

7. A
| q | E 4  10−6  150
P = Felet  m g = | q | E  m = = = 60  10−6 kg = 6  10−2 g 
g 10
m = 0,06 g.

8. D
As duas situações são de equilíbrio, sendo nula a força resultante na pequena esfera. Inicialmente:

T = P + Felé  T =P+ qE 
T = 6  10−3 + 10  10−6  300 = 6  10−3 + 3  10−3 

T = 9  10−3 N.

10
Física

Posteriormente:

T + Felé = P  T + q E = P 
T = 6  10−3 − 10  10−6  300 = 6  10−3 − 3  10−3 

T = 3  10−3 N.

9. B
O campo elétrico gerado pelos corpos eletrizados faz com que partículas existentes no interior das
lâmpadas movam-se, chocando-se umas com as outras, emitindo luz.

10. D
- Campo elétrico produzido pela carga q1 na posição da carga q2:

k 0 . | q1 | k 0 .16μ k0
Eq1 = → Eq1 = → Eq1 = 4μ. (horizontal para a esquerda)
2 2
(2.d) 4.d d2

- Campo elétrico produzido pela carga q2 na posição da carga q2:


k . | q2 |
Eq2 = 0 → Eq2 = 0
(0)2

- Campo elétrico produzido pela carga q3 na posição da carga q2:

k 0 . | q3 | k 0 .4μ k0
Eq3 = → Eq3 = → Eq3 = 4μ. (horizontal para a direita)
2 2
(d) d d2

- Campo elétrico resultante:


E = Eq + Eq + Eq
1 2 3

Como :| Eq1 |=| Eq3 |E = 0


E = 0.

11
Geografia

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Geografia

Conflitos no campo e a reforma agrária

Resumo

Os resultados dos investimentos em melhorias para alavancar a produção do campo em um contexto de


Revolução Verde, podem ser vistos sob duas óticas distintas, pois geraram aumento da produtividade e
possibilidade de safras cada vez maiores, e praticamente acabaram com qualquer medo de que o aumento
populacional pudesse criar uma situação de escassez de alimentos, ideia disseminada por alguns,
principalmente no século XVIII, através das proposições da teoria Malthusiana. Por outro lado, entretanto, a
modernização no campo causou impacto sobre a estrutura agrária. Pequenos produtores que não
conseguiram se adaptar às novas técnicas de produção não atingiram produtividade suficiente para competir
com grandes empresas agrícolas e se endividaram com empréstimos bancários solicitados para o
investimento na mecanização das atividades, tendo como única forma de pagamento a venda da propriedade
para outros produtores. Outras consequências podem ser destacadas, tais como:
• As plantations monocultoras utilizam grandes extensões de terra e acabam se expandindo para áreas
de florestas nativas por pressão dos ruralistas. Isso reduz a biodiversidade e apresenta enormes
riscos, já que uma praga ou a queda do preço do produto no mercado podem pôr a perder toda a
cadeia produtiva regional. Além disso, há a possibilidade da falta de alimentos, que pode ocorrer
devido a plantação de apenas um tipo de vegetal.
• Aumento dos latifúndios, devido à falta de competitividade dos pequenos agricultores, fazendo com
que os mesmos tenham que vender as suas terras.
• Mecanização do campo e o aumento de tecnologia, que diminuíram drasticamente a utilização do
trabalho humano, causando desemprego e o êxodo rural, obrigando o trabalhador a buscar emprego
nas fábricas e serviços nos centros urbanos, aumentando a população nas periferias das grandes
cidades, colocando essas pessoas em condições precárias e de praticamente exclusão social.
É preciso destacar que, ao mesmo tempo que a revolução agrícola gerou o aumento da produtividade, todas
essas novidades implantadas na produção agrícola trouxeram à tona diversas consequências, tais como
os conflitos no campo.
Grande parte dos conflitos no campo brasileiro decorrem da má distribuição de terras, em que poucos detém
grandes extensões de terras enquanto muitos detém pouca terra. Os grandes monopólios agrícolas
permitiram o crescimento da economia brasileira, sempre puxando a balança comercial para cima,
principalmente através das plantações de soja, no entanto, são reflexo das grandes desigualdades expressas
no campo, principalmente pela existência de grandes porções de terras nas mãos de poucos, com índices que
apontam 2,3% dos proprietários concentrando 47,2% de toda área disponível à agricultura no País.
Outro aspecto a se destacar é que boa parte das terras são inutilizadas, 175,9 milhões, de um total de 400
milhões de hectares, são improdutivos no Brasil. Em relação a outras propriedades, percebe-se que nos
últimos anos os minifúndios caíram de 8,2% para 7,8% da área total de imóveis; as pequenas propriedades,
de 15,6% para 14,7%; e as médias, de 20% para 17,9%. As grandes propriedades foram de 56,1% para 59,6%
da área total.

1
Geografia

Essas disparidades geram revolta nos trabalhadores pela diminuição da oferta de trabalho, possibilitando a
formação de grupos articulados como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que reivindica
a reforma agrária através da ocupação de latifúndios como forma de pressionar o governo a distribuir melhor
as terras. O que ocorre em muitos casos é que as ocupações empreendidas pelo MST nem sempre são
solucionadas pacificamente pelo Estado brasileiro, desencadeando assim conflitos no campo.
Como visto, ao mesmo tempo que a revolução agrária possibilitou um aumento na produção agrícola e
impactou significativamente na economia, se tornando um pilar econômico de muitos países, percebemos
que o uso de novas tecnologias acarretou em consequências sociais graves, acentuando as disparidades e
conflitos no campo.
A área do Bico do papagaio, por exemplo, é uma região de intenso conflito até hoje. No dia 17/04/96, dia da
luta brasileira pela reforma agrária, 19 pessoas foram assassinadas pela PM por ocupar terra de fazendeiro
na região. Esse conflito ficou conhecido como conflito de El Dorado dos Carajás. A região do Maranhão, Piauí,
Tocantins, Bahia e parte do recôncavo mineiro são até hoje as áreas mais violentas por conta de conflitos por
terra.

Principais atores envolvidos nos conflitos no campo

Posseiro e Grileiro
Os posseiros são pessoas que tomam a posse de uma terra que não é sua. Essa atitude é justificada pela lei
do Usucapião que faz um indivíduo ganhar a posse definitiva da terra se a desenvolveu produtivamente e
morou nela por pelo menos 5 anos. Os grileiros falsificam documentos para se apropriar de terras que já têm
posseiros, que já pertencem a outras comunidades ou ocupadas, mas com interesse de ser explorada. A
falsificação do documento acontece com a prática de guardar o documento falso com grilos, o que deixa a
aparência do papel mais antiga. Essa prática normalmente foi feita por gente importante dificultando a
denúncia por parte dos grupos que na correlação de forças que sempre saem em desvantagem.

Madeireiros e Mineradoras
A exploração do pau Brasil, da cana de açúcar e da soja já representava um grande impacto ambiental, visto
que para o desenvolvimento destas atividades o desmatamento é uma prática comum. O avanço da soja, do
milho e da pecuária são os maiores responsáveis pela destruição da Amazônia, mas também houve o
desmatamento causado pela criação de rotas de deslocamentos.
As famílias quando trabalhavam com a soja tinham o interesse indireto de que a agropecuária derrubasse a
madeira, e passam muitas vezes a ser extratoras de madeira legal e sustentável podendo comercializar. A
retirada deixa de ser a esmo e passa a ser planejada e controlada e é melhor para as famílias reduzindo os
conflitos das pequenas famílias que trabalhavam com a soja.
Outra questão é que diferente da agricultura e da pecuária, atividades que podem ser adaptadas a vários
espaços diferentes, a mineração só pode ocorrer onde o minério está. Isso faz com que as áreas que possuem
minério sejam quase que automaticamente das mineradoras, gerando conflitos até com o agronegócio, não
trazendo a população rival para dentro da mineradora. Essa prática comum até hoje no Brasil gera muitos
impactos sociais e ambientais. Temos como exemplo Belo Monte e Mariana, onde o mercúrio polui
fortemente o solo e as águas.
Além disso há esquemas de escravidão por dívida por meio dos “Gatos”. Esses atores sociais são pessoas
que chegam até famílias que não tem o mínimo, oferecendo emprego, leva pra Amazônia paga a passagem
de ônibus a mudança da família, um pouco de comida prometendo trabalho. Mas quando a pessoa chega é
surpreendida com a notícia de que está devendo tudo que foi cedido para que ela trabalhasse no local.

2
Geografia

Sendo iludidos, chega longe da terra natal e trabalha em regime de escravidão por estar devendo tudo para
esse gato, ao invés de receber o salário, o trabalho tenta compensar uma dívida gigante, por dever a passagem
dele, da família, a mudança, a comida, a casa, o material de trabalho. Com uma dívida gigante, a pessoa não
pode receber salário nem sair dali até pagar, trabalhando sem receber nada em regime similar ao da
escravidão.

Criação de reservas indígenas e ambientais


A constituição de 88, dita constituição cidadã, visa o reconhecimento dos povos presentes no Brasil numa
maior política de inclusão com teórico respeito aos indígenas e quilombolas. O nosso país tem número
razoável de reservas, 12% das terras são de reservas sendo a região norte a que tem a maior concentração.
A maior parte das reservas tem um contingente populacional pequeno em relação a sua área. Também por
isso a fiscalização das reservas é falha. Apesar da lei, os conflitos de interesse dos atores que querem usar
as terras como agronegócio, madeireiras, tráfico internacional, etc, não permitem que a reserva se
mantenha. Os dados mostram que houve mais desmatamento em áreas de reserva do que fora da Amazônia.
O código florestal aprovado em 2012 favoreceu a bancada ruralista e não os ambientalistas transformando
cada vez mais o espaço do campo num território hegemônico, violento e desigual.

3
Geografia

Exercícios

1. (UERJ 2018)

Como indicam os episódios retratados nas reportagens, os conflitos pela posse da terra no Brasil nas
últimas décadas persistem. Esses conflitos são decorrentes do seguinte processo:
a) desqualificação do trabalhador rural
b) encarecimento de insumos agrícolas
c) reformulação de legislação específica
d) concentração da propriedade fundiária
e) expansão do crédito rural

2. (UECE 2013) No Brasil há uma elevada concentração de terras. Os latifúndios predominam, ocupando
a maior parte da área enquanto os minifúndios têm pouca expressividade percentual. Sobre as
características da estrutura fundiária brasileira, é correto afirmar que:
a) Nas grandes concentrações fundiárias, geralmente existem grandes parcelas de terras ociosas.
b) Os pequenos produtores não têm problemas de endividamento no campo, em virtude das linhas
de crédito oferecidas pelo Governo Federal.
c) A mecanização das lavouras nas grandes propriedades tem contribuído para a fixação do homem
no campo.
d) No Brasil as maiores áreas de tensão e conflitos por disputa de terras estão localizadas na região
Sul.
e) A Revolução Verde possibilitou que todos tivesse acesso à terra, o que levou à diminuição do
número de conflitos no campo.

4
Geografia

3. (ENEM 2017) Álcool, crescimento e pobreza


O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos anos 80, esse
trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização da colheita o obrigou a ser mais
produtivo. O corta-cana derruba agora oito toneladas por dia. O trabalhador deve cortar a cana rente ao
chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas, quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não seja
lanhado pelas folhas da planta. O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãibra,
convulsão. A fim de agüentar dores e cansaço, esse trabalhador toma drogas e soluções de glicose,
quando não farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por exaustão nos canaviais. O setor
da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que consome
e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e engenheiros para desenvolver
máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As pesquisas, privada e pública, na
área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a genética no país.
Folha de S.Paulo, 11/3/2007 (com adaptações)

Confrontando-se as informações do texto com as da charge acima, conclui-se que


a) A charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor agrícola.
b) A charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades distintas e
sem relação entre si.
c) O texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista tecnológico.
d) A charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da produção
da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro.
e) O texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e condições
precárias de trabalho, que a charge ironiza.

5
Geografia

4. (ENEM 2010) Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do Cerrado, um recente e marcante
gesto simbólico: a realização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em plena Avenida Paulista
(SP), para denunciar o cerco de suas terras e a degradação de seus entornos pelo avanço do
agronegócio.
RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indígenas do Brasil: 2001-2005. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).

A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia a relação dos usos socioculturais da terra com
os atuais problemas socioambientais, caracterizados pelas tensões entre
a) A expansão territorial do agronegócio, em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte, e as leis de
proteção indígena e ambiental.
b) Os grileiros articuladores do agronegócio e os povos indígenas pouco organizados no Cerrado.
c) As leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente e as severas leis sobre o uso
capitalista do meio ambiente.
d) Os povos indígenas do Cerrado e os polos econômicos representados pelas elites industriais
paulistas.
e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras indígenas dali sejam alvo de invasões
urbanas.

5. (ENEM 2013)
Texto I
“A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso
país. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio da
ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como
determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de
terras públicas.”
Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
Texto II
O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio mais
difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de
propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que
gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.
LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece
porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à
a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês.
b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo.
c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural.
d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico.
e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio.

6
Geografia

6. (UNESP 2014)
“Um grupo de indígenas que protestava contra a mudança no processo de demarcação de terras cercou
nesta quinta-feira [18.04.2013] o Palácio do Planalto. De acordo com um dos representantes do
movimento, Neguinho Tuká, a população indígena não foi ouvida durante o processo de elaboração da
PEC 215 e teme perder suas terras com as mudanças. “Índio sem terra não tem vida”, declarou o
coordenador das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Marcos Apurinã. “Não aceitamos e
não vamos aceitar mais esse genocídio.” O grupo é o mesmo que, na última terça-feira, 16, invadiu o
plenário da Câmara dos Deputados em protesto contra a PEC 215, que transfere do Poder Executivo
para o Congresso Nacional a decisão final sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil.”
Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br. Adaptado.

São processos que vem contribuindo para o acirramento da tensão social envolvendo a população
indígena no campo brasileiro:
a) o avanço das atividades agrícolas, mineradoras e pecuárias de grande porte; a instalação de usinas
hidrelétricas em terras indígenas; e a permanência da concentração de terras no país.
b) a expansão da reforma agraria; o aumento do desemprego no campo; e a ausência de políticas de
assistência social destinada a população indígena.
c) o avanço das atividades agrícolas, mineradoras e pecuárias de grande porte; a expansão da
reforma agrária; e a reivindicação da população indígena de direitos não previstos na Constituição
Federal.
d) a expansão da reforma agrária e da agricultura familiar; a instalação de usinas hidrelétricas em
terras indígenas; e a permanência da concentração de terras no país.
e) a expansão da agricultura familiar no país; o aumento do desemprego no campo; e a ausência de
políticas de assistência social destinada a população indígena.

7. (UERJ 2010) As disputas territoriais podem ocorrer em diferentes escalas geográficas, envolvendo
agentes sociais também diversificados.

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Geografia

Os quadrinhos acima abordam simultaneamente a violência dessas disputas nas seguintes situações:
a) invasão de terras indígenas - guerras convencionais deflagradas por potências regionais
b) conflitos fundiários no campo - intervenções militares realizadas por governos nacionais
c) apropriação de terras improdutivas - extermínio de minorias efetuado por exércitos regulares
d) ocupação de reservas ambientais - perseguição de populações civis promovida por milícias locais
e) invasão de reservas ambientais – conflitos por habitação no espaço urbano

8. (UERJ 2020)

As informações do texto e a comparação dos dados dos gráficos permitem reconhecer um processo
socioespacial, para o conjunto do campo brasileiro, cujo efeito é:
a) ampliação da pecuária intensiva
b) declínio da produtividade laboral
c) manutenção da concentração fundiária
d) redirecionamento da exportação primária
e) expansão do mercado interno

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Geografia

9. (URCA) Canção dos sem-terra


A enxada sobe e desce na terra encharcada
Sobe e desce
A vontade do homem que a sustenta,
de ser dono da terra lavrada,
da terra tratada.
A enxada sobe e desce no massapé moreno,
Desde o nascer do sol ao cair do sereno.
A enxada cortando e a terra cavando
vai no homem plantando
a noção da injustiça que faz dele um escravo.
E a noção da injustiça lhe traz outra noção,
Que a ele pertence o tesouro maior,
A força do braço, a vontade do bravo,
Os caminhos da terra.
Então vai percebendo e daí entendendo
uma nova noção, que os caminhos da terra conduzem eles a libertação.
Extraído do Livro – Crônicas do Milênio - Olival Honor de Brito – Membro do Instituto Cultural do Cariri – Coleção Itaytera –
Nº 25
No texto acima, verificam-se tanto um alerta quanto à necessidade de uma reforma agrária quanto um
fato evidenciado nos últimos anos, que é o da necessidade dos trabalhadores se organizarem para
conquistar seus objetivos. A alternativa abaixo que expressa corretamente os processos que envolvem
as relações de trabalho e produção no campo brasileiro é:
a) O processo de modernização na agropecuária brasileira somente foi possível a partir da
promulgação da “Lei de Terras” de 1850, onde a mesma permitiu uma lenta mas efetiva reforma
agrária ao longo dos anos.
b) Estudos da pastoral da Terra apontam que a diminuição dos conflitos no campo vem ocorrendo
de forma vertiginosa, e que os mesmos são decorrentes, por um lado, da ação histórica arbitrária
e opressiva do Estado e, de outro, da ofensiva dos trabalhadores rurais sem-terra na ocupação dos
latifúndios.
c) O modelo agrícola de exportação brasileira é baseado na monocultura e apoia-se na concentração
da propriedade rural, como por exemplo o cultivo da monocultura soja.
d) Com a mecanização e o avanço tecnológico, as atividades agrícolas não estão sujeitas à influência
dos fatores naturais.
e) Uma política consistente de soberania alimentar no Brasil não tem relação com a necessidade de
Reforma Agrária e adoção de uma política agrícola de apoio às pequenas unidades de produção.

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Geografia

10. (FUVEST 2019) Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos (30% da produção total no planeta) é perdido em dois
processos: o desperdício que se relaciona ao descarte de alimentos em bom estado e a perda ao longo
da cadeia produtiva. O desperdício representa 46% e é muito maior nas regiões mais ricas. As perdas
relativas ao circuito de produção representam 54% do total e são maiores nos países em
desenvolvimento.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/fao‐30‐de‐toda‐a‐comida‐produzida‐no‐mundo‐vai‐parar‐no‐lixo. Adaptado.

Com base nas informações da FAO e em seus conhecimentos, indique a afirmação correta.
a) A produção de alimentos vem decaindo mundialmente devido aos problemas na logística de
produção, o que tem provocado aumento da insegurança alimentar.
b) Nos continentes mais desenvolvidos, a perda de alimentos devido ao sistema de transporte e
armazenamento é a principal causa da inexistência da insegurança alimentar.
c) O fato de parte significativa da população africana estar em estado de insegurança alimentar ocorre
devido ao desperdício das monoculturas de cereais.
d) O controle rigoroso do desperdício explica o baixo percentual de pessoas em situação de
insegurança alimentar na América Setentrional e na Europa.
e) Os dois diferentes processos que causam a enorme perda de alimentos no mundo refletem as
desigualdades econômicas e sociais existentes entre os continentes.

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Geografia

Gabarito

1. D
A questão aborda as consequências de um processo histórico da concentração de terras na mão de
poucas pessoas, que são grandes grupos que se utilizam da terra principalmente para o mercado externo.

2. A
O Brasil é caracterizado pelo pequeno número de latifúndios, ou seja, pouco imóveis rurais, mas que
ocupam grandes extensões de terras, as quais os donos só utilizam em parte. Deste cenário surgem
inúmeras reinvindicações e conflitos em busca de uma reforma agrária que utilize essas terras
improdutivas para tal fim.

3. E
O texto destaca os dois lados da modernização da agricultura. De um lado a mão de obra humana
tentando alcançar o mesmo nível de produtividade das máquinas, e de outro as máquinas cada vez mais
desenvolvidas. A charge reforça a problemática das precárias condições de trabalho apontadas no texto.

4. A
Incialmente, o avanço da fronteira agrícola se deu da região Sul em direção ao Centro-Oeste e atualmente
está indo em direção à região Norte. Esse avanço criou conflitos entre os chamados posseiros e os povos
indígenas. Esse conflito se dá pelo avanço das áreas agricultáveis sob as terras indígenas. Cabe destacar
que a terra para os povos indígenas está ligada às questões culturais, fazendo com que o governo crie
áreas de proteção indígena e ambiental para manutenção de sua cultura.

5. E
Os textos apresentados apontam duas visões distintas sobre a Reforma Agrária. O primeiro destaca a
importância dessa medida pois quase metade das terras no Brasil estão concentradas nas mãos de
poucas pessoas, o que faz com que muitas outras não tenham acesso a ela. O segundo texto traz uma
visão diferente, ele defende o investimento em grandes latifúndios como forma de gerar empregos, ou
seja, subordinando o trabalhador rural aos desígnios do grande latifundiário.

6. A
A opção destaca corretamente as principais causas das reivindicações dos grupos indígenas no Brasil,
tais como, o avanço de atividades como o cultivo da soja que vem demandando grandes extensões de
terra e causando um grande impacto ambiental e social, a questão energética com a construção de
hidrelétricas que acabam gerando o alagamento de grandes áreas e a inalterada estrutura fundiária
brasileira.

7. B
A questão traz um paralelo entre as disputas territoriais em diferentes escalas. Enquanto as balas e tiraos
de revóvel rementem ao contexto dos conflitos fundiários rurais, o decorrer da tirinha nos lembra como
são resolvidos os conflitos modernos, fazendo alusão as intervenções militares realizadas pelas grandes
potências mundiais por seus interesses estratégicos.

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Geografia

8. C
Os gráficos apresentados mostram um contraste entre o número de áreas desapropriadas para reforma
agrária e a área utilizada para assentamentos. Isso quer dizer que as iniciativas voltadas para reforma
agrária tem garantido alguns espaços para os reivindicantes, no entanto sem questionar e redistribuir as
terras da estrutura fundiária dada.

9. C
A soja é uma das principais commodities brasileiras e encontra-se em processo de expansão em direção
à região norte do país, com a formação de latifúndios agrícolas, exercendo assim pressão sobre os grupos
sociais locais.

10. E.
A questão traz uma reflexão sobre a relação entre desperdício e os índices de vulnerabilidade alimentar.
Ele mostra que os países mais ricos, que possuem melhor infraestrutura logística, que ganham os maiores
percentuais de desperdício, e os menores em termos de efeitos imediatos dessa ação: a insegurança
alimentar e a falta de acesso econômico aos alimentos.

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Geografia

Conflitos por terras na Amazônia

Resumo

A floresta amazônica tem cerca de 5.500.000 km². O Brasil, detêm 69% dessa floresta que é atualmente o
maior centro de biodiversidade do planeta, além de se destacar por sua enorme disponibilidade hídrica. Sua
gestão, portanto é dividida entre alguns países. Quando falamos de Brasil, existem muitos conflitos que
agravam a violência, a desigualdade sócio econômica e a consequente pobreza que encontramos na região.

Quando pensamos no estado da Amazônia, não podemos imaginar apenas uma floresta. Destacamos nesse
sentido a cidade de Manaus, que possui polos industriais e um destaque em nível de urbanização. Porém, o
que se entende como Amazônia no Brasil não se limita apenas ao estado, mas a delimitação regional da
Amazônia legal, na qual abrange-se os estados em que o bioma, e sobretudo a bacia hidrográfica da amazônia,
está presente. Considerando seu tamanho e abrangência, existem muitos conflitos relacionado ao uso
econômico de suas terras, relacionados, sobretudo, a expansão da fronteira agrícola, que caminhou do sul
para o centro oeste, se consolidando nesta região, e atualmente caminha se expandindo em direção a
Amazônia. Esses conflitos no entanto se dão de várias formas e estão relacionados a prática de grilagem,
exploração de madeira, e também encontram aos problemas relacionados a mineração e hidrelétricas na
região. Dessa forma, a exploração trabalhista, desapropriação de terras e assassinatos de agricultores e
indígenas, além do conflito territorial com as reservas ambientais, estão muito presentes nessa região.

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Geografia

Sabe-se que o Brasil é um país agroexportador, se destacando sobretudo na exportação de soja. Em 2004
obtivemos o ano de maior lucro associado a venda da soja, e em 2005 houveram recorde produção. A média
anual de desmatamento até 2005 no entanto batia a faixa de 19.500km². A vegetação do Cerrado,
predominante no Centro Oeste também batia recordes degradação contando com estruturas monocultoras
já muito consolidadas à época. Com isso, em 2006 entra em vigor a Moratória da Soja que impedia que novas
áreas de floresta fossem derrubadas para cultivo de soja. Apesar disso, houveram manobras a fim de burlar
essa lei. A pecuária passou a ser inserida abrindo o caminho pro desmatamento. Dessa forma a introdução
das monoculturas de grão na região se estabeleciam em áreas já desmatadas posteriormente com a fronteira
pecuária. Além disso, existem muitas práticas de grilagem na região. Essas práticas são realizadas pela elite
agropecuária ou políticos, que emitem um documento falso alegando ter posse sobre determinada terra,
muitas das vezes expulsando população local, gerando forte impacto sobre pequenos agricultores e
comunidades tradicionais. É preciso entender que no cenário agrário existe também muita pobreza, e
populações que não possuem condições de serem regularizadas em suas terras. Nesse sentido aparece
também a figura do posseiro, que é quem ganha o título de posse por usucapião, ou seja, por tempo de
permanência e uso de determinada terra ou propriedade. Comprovando este fato, ele consegue o documento
de posse, algumas vezes sendo tendo que comprar num valor abaixo do mercado. Acontece que esse tipo de
política não abrange a maioria da realidade do campo, uma vez que existem também muitas terras comunais,
de uso comum, que contam com uso misto, além de pessoas que não sabem como recorrer a tal legalização,
facilitando também o processo de invasão ou perda da propriedade por terceiros.
Outro ponto é o trabalho em regime análogo a escravidão nessa região. A disponibilidade de recursos atrai
muitos interesses, por madeira, por terras. Existem terras disponíveis, então é um investimento relativamente
barato. Para entrar nesse negócio e de certa forma ajudar a expandir a fronteira agrícola, algumas pessoas
contratam um sujeito chamado gato, que convence trabalhadores rurais em situação de pobreza no Maranhão,
Pará, Tocantins, Rondônia para ir trabalhar na colheita ou na fazenda de um determinado proprietário. Essas
pessoas aceitam o trabalho, mas quando chegam a essa propriedade percebem que foram enganadas. É a
chamada escravidão por dívida, uma vez que tudo passa a ser cobrado, e os trabalhadores não conseguem
retornar a suas casas. Essa situação se agrava se refletirmos na disponibilidade de terras públicas e privadas
no Brasil. As terras privadas são as que já possuem dono, já foram vendidas para grupos ou pessoas que não
são do estado. Já as terras públicas se dividem entre entre áreas indígenas, unidades de conservação, terras
não regularizadas, assentamentos e terras públicas não destinadas ou desprotegidas. Observando o mapa,
vemos a predominância de terras públicas, em disputa, na região amazônica. Ocorre atualmente no Brasil
uma verdadeira caça as terras públicas, as terras de ninguém, para apropriação e introdução ao agronegócio,
como vimos nas práticas explicadas acima.

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Geografia

Nesse sentido, as reservas indígenas e ambientais sofrem também com essa pressão, contando com
conflitos sobretudo em suas fronteiras, e dificuldade de se estabelecerem de fato territorialmente. Segundo
a Agência Brasil e dados da CPT o número de assassinatos de indígenas no Brasil aumentou de 110, em 2017,
para 135, em 2018, um crescimento que equivale a 22,7%. Os estados que possuem destaque nesses
assassinatos foram Roraima, onde ocorreram 62 homicídios, e Mato Grosso do Sul, onde foram
contabilizadas 38 mortes. Uma importante reserva ambiental é a reserva extrativista Chico Mendes.
A economia da borracha, associada aos seringais se destacava
muito na região amazônica alguns anos após a colonização. Ela
era feita com muita exploração ao trabalhador, que escoava a
produção por meio dos rios para a capital, Manaus, onde passava
o produto para as casas de aviamento, uma espécie de intermédio
entre os trabalhadores e o comércio exterior. Acontece que esses
trabalhadores não eram pagos com dinheiro, havia um sistema de
trocas, o que proveu também muita pobreza pra região, sobretudo
quando essa economia entrou em decadência, dentre outros
motivos, pela concorrência japonesa. Chico Mendes nesse sentido
passou sua vida lutando pela criação de reservas extrativistas que
garantissem a sobrevivência dos seringueiros, unindo preservação ambiental e uso econômico, beneficiando
seringueiros, indígenas e populações ribeirinhas. Ele foi assasinado em 1988 no quintal de sua casa, por sua
militância, denúncias ao desmatamento ilegal, e por representar um enfrentamento aos fazendeiros, ao
funcionamento e lógica do poder local. A reserva extrativista que leva seu nome foi criada em 1990 e foi
pioneira no conceito de unidade de conservação que conta com uso sustentável, onde as populações
tradicionais tem permissão de morar e realizar o manejo ambiental, realizando extrativismo sobretudo de
castanha, borracha e açaí.
A mineração é outra atividade que encontramos na Amazônia e se concentra sobretudo no Pará, na Serra de
Carajás, no Vale dos Trombetas e também na Serra dos Parecis, em Rondônia. Dentre os problemas
ambientais que devemos citar, a contaminação das águas, as grandes implosões e rejeitos fazem com que
essa atividade seja considerada de alto impacto. Apesar disso, a exportação de ferro vem se destacando ano
após ano nos índices econômicos do Brasil. Além disso, é importante pensar que esses grandes
empreendimentos alteram significativamente a estrutura socioeconomica da região. Se por um lado é bom
para a economia externa, as dinâmicas locais ficam muito impactadas, e não contam com projetos de
compensação ou inclusão da população a essa nova dinâmica. Quando uma região se torna receptora desses
grandes empreendimentos, no geral estamos falando de estruturas de cidades pequenas ou vilarejos, e
passam a crescer os índices de remoções e violência.
Rondônia por exemplo, tem contado com empreendimento de hidrelétricas, com destaque para as Usinas de
Santo Antônio e Jirau. Quando isso acontece, existe um nível acelerado de urbanização que passa por cima
da dinâmica da cidade até então. São criadas rapidamente novas estruturas para receber grandes
contingentes de trabalhadores na região, isto é, novas pousadas e comércios. É preciso mencionar que
Rondônia é pioneira no Brasil nos índices de exploração sexual infantil (o estado de Amazonas está em
segundo lugar). Com a chegada de muitos trabalhadores para essas grandes obras, um perfil de trabalhador
com baixa escolaridade, encontra esse cenário já consolidado, acaba fortalecendo a criação de um verdadeiro
mercado de prostituição e exploração sexual de menores, além de terem crescido muito nos últimos os
índices de feminicidio e tráfico de mulheres na região. Além disso, por se tratar de hidrelétricas, para a
construção das barragens existe um certo convencimento da população a sair de sua moradia. As empresas
constroem espécies de vilas, casas padronizadas em lotes de terras mais distantes e convencem a população
de que elas sairão para um lugar melhor.

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Geografia

As pessoas que são removidas na verdade acabam passando por um processo de periferização, dificultando
o acesso a água, a terras férteis para plantio, e a serviços como hospitais e policiamento. Para se ter uma
ideia, Porto Velho, que é a capital, conta com apenas 4,5% da cidade com coleta e tratamento de esgoto, um
dos piores índices do Brasil. Essa periferização aumenta portanto mortes por doenças como malária e
leptospirose, uma vez que a distância dos centros dificulta mais ainda o acesso a saúde e medicina, além da
violência já citada. Além disso, os índices de depressão as pessoas que saem das suas casas para morar
nesses lotes cresce muito. O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens é um dos principais grupos que
atua nesse sentido, de conscientizar e lutar por melhorias para a vida dessa população que sofre um forte
impacto com a chegada desses empreendimentos. Os movimentos que lutam contra essa estruturação
econômica na região sofrem muita perseguição. Um exemplo é o caso da Nicinha, liderança do MAB em
Rondônia que está desaparecida desde 2016.

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Geografia

Exercícios

1. (ENEM 2012 PPL) A integração do espaço amazônico ao espaço nacional se deu no contexto das
questões de fronteiras de políticas, no sentido do dinamismo pioneiro da integração. Essas fronteiras
foram elementos fundamentais para a compreensão da geopolítica dos militares, que não apenas
objetivavam a posse do vazio demográfico, mas representavam os interesses do governo brasileiro em
manter sob sua influência uma grande área no interior do continente.
MELLO, N. A. Políticas territoriais na Amazônia. São Paulo: Annablume, 2006

No texto, são apresentados fundamentos da política de colonização de uma importante região


brasileira, ao longo do período dos governos militares. Uma estratégia estatal para a ocupação desse
espaço foi:
a) Demarcação de reservas para preservação da floresta.
b) Criação de restrições para exploração de recursos minerais.
c) Adoção de estímulos para expansão de grupos econômicos privados.
d) Concessão de incentivos fiscais para instalação da indústria automobilística.
e) Construção de uma densa rede de transporte para escoamento da produção agrícola.

2. (PUC-SP 2011) Ciência hoje: E a Amazônia?


Bertha K. Becker: Porque é uma fronteira: do povoamento no Brasil, da economia-mundo e, sobretudo,
porque constitui o novo. A fronteira é um espaço não plenamente estruturado, potencialmente gerador
de realidades novas (...). E nos últimos 50 anos muitas novas realidades têm sido geradas na Amazônia.
Trecho de entrevista da geógrafa Bertha K. Becker à Revista Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC, outubro de 2010. Vol. 46, p.
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Sobre as novas realidades que foram geradas na Amazônia é correto afirmar que
a) houve predomínio de ações preservacionistas (criando parques e estações ecológicas, por
exemplo) que protegeram (e protegem) muito bem as formações vegetais da região.
b) os investimentos em produção pecuária foram bem-sucedidos, do ponto de vista produtivo e do
ambiental, e fizeram da região o maior centro produtor de carne bovina do mundo.
c) as várias ações visando explorar o potencial de recursos naturais da região foram empreendidas,
apesar de o potencial mineral imaginado não ter sido confirmado.
d) houve um conjunto de ações visando a povoar grande parte da Amazônia e essa foi uma política
de grande êxito no período citado.
e) as ações que a Amazônia sofreu nessas últimas décadas foram diversas e complexas e várias
delas geraram fortes conflitos de terra e, também ambientais.

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Geografia

3. (ENEM 2015) O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros
grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir
mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras.
LOPES, R. J. O novo mapa da floresta. Folha de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado).

A existência de um projeto como o apresentado no texto indica a importância da cartografia como


elemento promotor da
a) expansão da fronteira agrícola.
b) remoção de populações nativas.
c) superação da condição de pobreza.
d) valorização de identidades coletivas.
e) implantação de modernos projetos agroindustriais.

4. (ENEM 2009) A luta pela terra no Brasil é marcada por diversos aspectos que chamam a atenção. Entre
os aspectos positivos, destaca-se a perseverança dos movimentos do campesinato e, entre os
aspectos negativos, a violência que manchou de sangue essa história. Os movimentos pela reforma
agrária articularam-se por todo o território nacional, principalmente entre 1985 e 1996, e conseguiram
de maneira expressiva a inserção desse tema nas discussões pelo acesso à terra. O mapa seguinte
apresenta a distribuição dos conflitos agrários em todas as regiões do Brasil nesse período, e o número
de mortes ocorridas nessas lutas.

OLIVEIRA, A. U. A longa marcha do campesinato brasileiro: movimentos sociais, conflitos e reforma agrária. Revista Estudos
Avançados. Vol. 15 n. 43, São Paulo, set./dez. 2001.

Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela posse de terra no Brasil, a região
a) conhecida historicamente como das Missões Jesuíticas é a de maior violência.
b) do Bico do Papagaio apresenta os números mais expressivos.
c) conhecida como oeste baiano tem o maior número de mortes.
d) do norte do Mato Grosso, área de expansão da agricultura mecanizada, é a mais violenta do país.
e) da Zona da Mata mineira teve o maior registro de mortes.

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Geografia

5. (IFPE 2013) A geração de eletricidade é uma necessidade para o desenvolvimento econômico e social
do país. No entanto, a construção de usinas hidrelétricas pode causar enormes impactos ambientais.
Com base nesse assunto, observe a figura que segue, a qual mostra a localização da usina de Belo
Monte. Em seguida, assinale a alternativa que melhor se relaciona com os impactos negativos desse
tipo de empreendimento.

Extraído de: http://eco4u.wordpress.com/2011/11/16/usina-de-belo-monte-algumas-vantagens-e-muitas- desvantagens-


em-sua-realizacao/m_01/

a) A obra implicará a relocalização das populações tradicionais ribeirinhas, inundação de imensa


área de floresta, que provocará a perda de espécies de plantas e animais, destruição de patrimônio
arqueológico, dentre outros problemas socioambientais.
b) As condições climáticas da Amazônia oriental não são propícias para a geração de hidreletricidade,
pois, com os longos períodos de estiagem que são comuns nessa porção do país, o represamento
do rio interromperá o fluxo d’água no trecho a jusante da usina.
c) Por a área não ser povoada, os impactos negativos afetarão apenas a dinâmica natural,
principalmente o transporte de sedimentos e a migração de espécies de peixes, além da inundação
da floresta, comprometendo a flora e a fauna locais.
d) Toda usina hidrelétrica produz impactos ambientais negativos, mas, apesar disso, a construção
de megausinas hidrelétricas, como Belo Monte, se justifica por seu impacto ambiental bastante
localizado e pela otimização dos custos, já que os problemas ficam restritos a um único lugar.
e) Os impactos negativos da construção de usinas hidrelétricas na Amazônia são mais de natureza
técnica, por conta da grande distância com os centros de consumo de energia nas outras regiões,
do que de natureza ambiental ou social.

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Geografia

6. (UFPA 2012) No mês de maio de 2011, desabaram sobre a sociedade brasileira cenas de uma dupla
violência: a violência contra a terra, com a aprovação do Código Florestal na Câmara dos Deputados, e
a violência contra a pessoa humana, com os assassinatos dos líderes camponeses Maria do Espírito
Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, que se opunham ao desmatamento na Amazônia.
Artigo de Dom Tomás Balduíno publicado no portal Santa Catarina 24 horas, no dia 6/9/11, adaptado. Disponível em:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=79182
O campo brasileiro está, historicamente, marcado por conflitos que envolvem interesses opostos dos
diversos atores sociais. Os recentes fatos apresentados estão relacionados ao/à(s)
a) oposição entre ambientalistas que aprovam o Código Florestal e ruralistas que exigem ampliação
das áreas para produção.
b) ações que resultam em desmatamento e concentração fundiária, de um lado, e à defesa da floresta
e da posse da terra pelos trabalhadores rurais, de outro.
c) ampliação da área de reserva legal defendida pelo agronegócio na Amazônia, em detrimento das
áreas agrícolas destinadas ao pequeno agricultor.
d) expansão das áreas de preservação permanente (APP) nas margens dos rios, que favorecerá as
comunidades extrativistas.
e) embate entre os trabalhadores rurais sem-terra que defendem o Código Florestal e os
latifundiários que veem a reserva legal como obstáculo.

7. (ENEM 2009) A luta pela terra no Brasil reflete o processo histórico de sua apropriação, ocupação e
uso, desde a colonização até os dias atuais. Ao longo do tempo, verificaram-se vários conflitos pela
posse da terra. Na segunda metade da década de 1980, houve aumento da violência no campo nas
regiões brasileiras, decorrente
a) da organização dos movimentos sociais em defesa da pequena propriedade e dos interesses dos
migrantes.
b) da expansão dos latifúndios e do aumento da luta pela posse da terra por parte dos camponeses.
c) do apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) aos movimentos sociais de luta pela posse da terra.
d) da modernização da agricultura nas regiões Norte e Nordeste, o que provocou o aumento da luta
pela posse da terra.
e) da elaboração de legislações federais contrárias às ocupações de terras pelos movimentos
sociais.

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Geografia

8. (UERJ 2019)

A reportagem aborda conflitos que simbolizam as muitas diferenças culturais entre grupos na região
amazônica, como indígenas e garimpeiros, em especial no que diz respeito à relação com o
ecossistema. O uso da terra e de seus recursos nas sociedades indígenas é baseado no seguinte
princípio:
a) estabilidade climática
b) preservação ambiental
c) hierarquização produtiva
d) sustentabilidade comercial
e) sacralização da natureza

9. (ENEM 2019)
Tal como foi concebido, o desenvolvimento da Amazônia pressupunha o desmatamento. Muitas forças
foram envolvidas e constituíram uma teia de múltiplos interesses: as instituições financeiras
internacionais, a tecnocracia militar e civil, as elites regionais e nacionais, as corporações
transnacionais, os madeireiros, os colonos sem-terra e os garimpeiros.
(SANTOS, L. G. Politizar as novas tecnologias: o impacto sociotécnico da informação digital e genética. São Paulo: Editora 34,
2003 - adaptado)
O modo de exploração descrito opõe-se a um modelo de desenvolvimento que:
a) gera empregos formais.
b) possibilita lucros imediatos.
c) maximiza atividades de extração.
d) reitera a dependência econômica.
e) promove a conservação de recursos.

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10. (ENEM 2019) Ao longo dos últimos 500 anos, o Brasil viu suas fronteiras do litoral expandirem-se para
o interior. É apenas lógico que a Amazônia tenha sido a última fronteira a ser conquistada e submetida
aos ditames da agricultura, pecuária, lavoura e silvicultura. A incorporação recente das áreas
amazônicas à exploração capitalista tem resultado em implicações problemáticas, dentre elas a
destruição do rico patrimônio natural da região.
(NITSCH, M. O futuro da Amazônia: questões críticas, cenários críticos. Estudo Avançado, dez. 2002)
Na situação descrita, a destruição do patrimônio natural dessa área destacada é explicada pelo(a):
a) distribuição da população ribeirinha.
b) patenteamento das espécies nativas.
c) expansão do transporte hidroviário.
d) desenvolvimento do agronegócio.
e) aumento da atividade turística.

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Geografia

Gabarito

1. C
Na questão é abordada a formação e organização do território brasileiro, processos esses que sempre
estiveram relacionados às atividades econômicas desenvolvidas no país. Nos governos militares foram
criados órgãos e estratégias para ocupação da região Norte e proteção da fronteira. Nesse momento, foi
estimulado o desenvolvimento econômico da região através da entrada de indústrias. Um exemplo, desse
processo foi a criação da Zona Franca de Manaus.

2. E
Nas últimas décadas, o governo brasileiro incentivou a integração da Amazônia ao restante do país e sua
articulação na economia global. Isto ocorreu com estímulos para a imigração e atividades econômicas
(via SUDAM, SUFRAMA e Banco da Amazônia). Assim, houve um avanço da fronteira agropecuária,
mineração, geração de energia, indústria e urbanização. Porém, o modelo foi concentrador de renda e
trouxe problemas como conflitos fundiários envolvendo latifundiários, grileiros, posseiros, garimpeiros e
populações tradicionais como indígenas e extrativistas.

3. D
Os mapas são instrumentos utilizados para mapear o espaço geográfico, onde são englobados aspectos
naturais – dados pela natureza, como rios e florestas – e artificiais – construídos pelo Homem, como
moradias e vias de deslocamento. A possibilidade de grupos tradicionais marcarem corretamente suas
terras leva à uma maior preservação de sua cultura, de suas práticas e suas relações, valorizando suas
identidades coletivas. Vale ressaltar que a demarcação não gera automaticamente a modernização de
suas terras ou a superação da pobreza.

4. B
A questão exigia um conhecimento geográfico prévio da área onde o agronegócio e os conflitos fundiários
tem a maior atuação. A região do bico do papagaio abrange os estados de Tocantins, Maranhão e Pará e
representa no mapa oferecido pela questão, os índices mais expressivos de conflito por terra.

5. A
A questão mostra a localização da usina de Belo Monte e trata dos impactos decorrentes dela. Dentre
estes destacam-se os impactos socioambientais.

6. B
A questão trata do novo Código Florestal aprovado no Brasil em 2012 e da morte de lideranças
relacionadas à luta pela terra, cujos desdobramentos perpetuam o difícil acesso à terra e fortalecem ainda
mais a luta dos trabalhadores do campo.

7. B
A violência no campo brasileiro tem profunda relação com o histórico de formas de acesso à terra, que
culminou em uma estrutura fundiária excludente, composta por latifúndios pertencentes à poucas
pessoas e por outro lado muitos trabalhadores sem acesso à ela, que se veem assim impulsionados a
lutar democraticamente por seus direitos.

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Geografia

8. B
A questão exige a identificação das diferenças em relação ao uso da terra e relação com o ecossistema,
entre indígenas e garimpeiros. O uso ambiental das sociedades indígenas corresponde a um modelo de
baixo impacto ambiental associado, que muitas das vezes até estimula o enriquecimento da
biodiversidade de forma direta.

9. E
A questão fala sobre o desenvolvimento da Amazônia tal qual foi concebido, e os agentes envolvidos para
garantir esse modelo de modernização. O comando da questão pede uma oposição ao modelo de
desenvolvimento proposto, que não promove a conservação de recursos.

10. D
O desenvolvimento do agronegócio na lógica de produção em larga escala, que se materializa
espacialmente como as monoculturas, se opõem a rica biodiversidade encontrada na região Amazônia.
Além disso, compromete importantes sistemas básicos do funcionamento natural, contaminando águas
e esgotando solos.

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Geografia

Conceitos de urbanização

Resumo

É importante destacar que no processo de urbanização alguns conceitos são importantes para a
compreensão dos desdobramentos desse fenômeno. Vamos lá:

Cidade
É um termo bem amplo. Alguns países adotam um critério demográfico, isto é, cidades são aquelas regiões
que apresentam a partir de um determinado número de habitantes. Outros países adotam um critério
funcional. No Brasil, cidade é a sede administrativa do munícipio, onde está localizada a prefeitura.

Metrópoles
São centros urbanos de grandes dimensões, cidades que dispõem dos melhores equipamentos urbanos do
país (metrópole nacional) ou de uma região (metrópole regional). As metrópoles exercem grande influência
nas cidades menores que estão ao seu redor. Exemplos de metrópoles nacionais: Rio de Janeiro, São Paulo,
Buenos Aires; exemplos de metrópoles regionais: Recife, Belém, Vancouver.

Região metropolitana
Definição político administrativa brasileira. Corresponde ao conjunto de municípios limítrofes e integrados a
uma metrópole, com serviços públicos e infraestrutura comuns. A constituição federal de 1988 permite aos
governos estaduais o reconhecimento legal de regiões metropolitanas, com o intuito de atribuir planejamento,
integração e execução de atividades públicas de interesse comum às cidades que integram essa região.
Geralmente a área de influência de uma metrópole é medida também em função da migração pendular
existente entre a metrópole e os municípios vizinhos.

Conurbação
É a junção física de duas ou mais cidades próximas em razão de seu crescimento horizontal. Isso ocorre
principalmente em regiões mais desenvolvidas, onde geralmente há uma grande rodovia que expande
continuamente a área física das cidades. Exemplos: Juazeiro e Petrolina, no Rio São Francisco; região do ABC,
em São Paulo.

Megalópole
É quando ocorre a conurbação de duas ou mais metrópoles. Exemplos de megalópole é a junção de Boston
e Washington originando a megalópole Boswash, e a junção de San Francisco e San Diego, originando a
megalópole San-San, ambas nos Estados Unidos.

Megacidade
Conceito demográfico classificado pela ONU. Corresponde a toda e qualquer cidade com mais de 10
milhões de habitantes. No caso brasileiro a população é calculada a partir da região metropolitana e assim,
metrópole e cidades satélites são calculadas juntos, e assim apenas Rio de Janeiro e São Paulo são
megacidades brasileiras

1
Geografia

Rede Urbana
Conjunto de trocas que existem entre as cidades, podendo ser trocas materiais (mercadorias, fluxo de
pessoas etc.) e imateriais (fluxo de informações) entre as cidades de tamanhos distintos, desde metrópoles
até cidades de pequeno porte.

Hierarquia urbana
É a ordem de importância das cidades. A hierarquia urbana é estabelecida na capacidade de alguns centros
urbanos de liderar e influenciar, outros por meio da oferta de bens e serviços à população.

Adap.: SENE. Eustáquio de; MOREIRA. João Carlos. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione. 1999.

Cidade global
O termo “cidade global” é recente no estudo das cidades. Ele é utilizado para fazer uma análise qualitativa
das cidades, destacando a influência delas, em partes distintas do mundo, sobre os demais centros urbanos.
Uma cidade global, portanto, caracteriza-se como uma metrópole, porém sua área de influência não é apenas
uma região ou um país, mas parte considerável de nosso planeta. É por isso que as cidades globais também
são denominadas “metrópoles mundiais”. As características utilizadas para considerar uma cidade como
global são: sedes de empresas transnacionais; existência de uma Bolsa de Valores; tamanho do setor de
comunicações; importância tecnológica; presença de portos e aeroportos modernos.

Gentrificação
É um processo que ocorre nas grandes cidades onde se expulsa as populações pobres para áreas cada vez
mais periféricas. Isso traz consequências urbanas como congestionamentos, gastos com transportes e
estradas, favelização e diminui ainda mais a qualidade de vida da população marginalizada.

2
Geografia

QQD sobre esse assunto disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7f8CXiFp6fk

3
Geografia

Exercícios

1. O enclave supõe a presença de “muros sociais” internos que separam e distanciam populações e
grupos de um mesmo lugar. Tais muros revelam as grandes contradições e discrepâncias presentes
nas cidades brasileiras. É aqui que o território merece ser considerado um novo elemento nas políticas
públicas, enquanto um sujeito catalisador de potências no processo de refundação do social.
KOGA, D. Medidas de cidades: entre territórios de vida e territórios vividos. São Paulo: Cortez, 2003.

No contexto atual das múltiplas territorializações, apontadas no fragmento, a formação de enclaves


fortificados no espaço urbano é resultado da
a) autossegregação elitista em prol de garantia de segurança.
b) segmentação social das políticas públicas por níveis de carência.
c) influência de grupos políticos globais em rede no cotidiano urbano.
d) ampliação dos territórios móveis nas áreas residenciais tradicionais.
e) necessidade da população em associar espacialmente trabalho e moradia.

2. (Enem 2018 PPL)

BRASIL. IBGE. Regiões de influência de cidades 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008 (adaptado).
O critério que rege a hierarquia urbana é a:
a) existência de distritos industriais de grande porte.
b) importância histórica dos centros urbanos tradicionais.
c) centralidade exercida por algumas cidades em relação às demais.
d) proximidade em relação ao litoral das principais cidades brasileiras.
e) presença de sedes de multinacionais potencializando a conexão global.

4
Geografia

3. Considere a sequência de mapas a seguir, que apresenta a expansão da mancha urbana na


cidade do Rio de Janeiro e seu entorno em cinco momentos, tendo como base a divisão
municipal atual

Disponível em: infograficos.oglobo.globo.com.

O período no qual se identifica a formação de áreas conurbadas, que caracterizam a metropolização


fluminense, foi:
a) 1888 a 1930
b) 1930 a 1972
c) 1972 a 1994
d) 1994 a 2007
e) 1888 a 1972

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Geografia

4.

(SUDECO - Ministério do Desenvolvimento Regional.)


Observando o mapa acima e considerando o conhecimento sobre o tema, é correto afirmar que a área
representada é uma região de planejamento composta por
a) três entes federativos, instituída nos anos 1990 para promover o desenvolvimento econômico e
melhorias em políticas públicas; tem sua origem no processo de metropolização de Brasília-DF.
b) dois entes federativos, instituída nos anos 1970 para ordenar a política de transportes face à
elevada oferta de trabalho existente nos municípios do entorno do Distrito Federal.
c) três entes federativos, instituída nos anos 1980 para promover o desenvolvimento sustentável
com preservação do patrimônio histórico e natural face ao elevado crescimento demográfico
regional.
d) dois entes federativos, instituída nos anos 1960 para promover setores da agroindústria e dos
serviços; tem sua origem nas estratégias de integração previstas no planejamento regional.

5. A globalização da produção transformou algumas metrópoles em centros da economia internacional.


Esses centros urbanos formam uma rede urbana por onde transita a maior parte do capital que circula
pelos mercados financeiros mundiais. São as empresas sediadas nestes centros que lançam
inovações tecnológicas e comandam os serviços especializados para a indústria, como a publicidade
e o marketing.
GUIMARÃES et al., 2007.
Como esses centros urbanos são denominados?
a) Megacidades.
b) Centros Regionais.
c) Cidades Globais.
d) Conurbação Urbana.
e) Megalópoles.

6
Geografia

6. Esta é uma clássica definição sobre as chamadas cidades globais: “As cidades globais são os
principais centros financeiros e bancários do planeta. Concentram o controle administrativo de grandes
empresas ou de organizações internacionais, além de serviços modernos e especializados”.
As mais importantes cidades globais são:
a) Berlim, Nova York, Paris.
b) Los Angeles, Paris, Londres.
c) Washington, Moscou, Pequim.
d) Nova York, Londres, Tóquio.
e) Detroit, Estocolmo, Amsterdã.

7. Alguns estudos recentes mostram que, de fato, há uma mudança ocorrendo na equação das migrações
internas e na conformação das redes urbanas, com um novo papel de protagonismo regional dessas
cidades médias, cuja população e PIB crescem mais do que as grandes cidades brasileiras.
João S. W. Ferreira e Luciana Ferrara. "A formulação de uma nova matriz urbana no Brasil”. In: Tarcísio Nunes et al. (orgs.).
Habitação social e sustentabilidade urbana, 2015. Adaptado.
Assinale a alternativa que indica corretamente o fenômeno urbano caracterizado no excerto.
a) Verticalização.
b) Segregação socioespacial.
c) Gentrificação.
d) Favelização.
e) Desmetropolização.

8. A análise da tabela permite estabelecer uma associação entre demografia e hierarquia urbana que pode
ser formulada corretamente como:

Adap.: DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006

a) o país desenvolvido com maior população urbana abriga a metrópole mais rica.
b) a concentração de riqueza não apresenta relação direta com a população absoluta.
c) as megacidades são encontradas sobretudo na rede urbana dos países centrais.
d) os aglomerados urbanos mais ricos não se localizam nas grandes megalópoles do planeta.
e) Nenhuma das cidades listadas é uma metrópole mundial.

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Geografia

9. A urbanização intensificou-se com o advento do capitalismo industrial, causando transformações no


espaço geográfico. O incremento da tecnologia impactou o segmento econômico, levando à formação
de significativos aglomerados urbanos com mais de dez milhões de habitantes, sobretudo em países
subdesenvolvidos e emergentes.
Nesse contexto, esse espaço refere-se às
a) megalópoles.
b) megacidades.
c) cidades globais.
d) áreas conurbadas.
e) Metrópole

10.

Disponível em: <http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=29078>. Acesso em: 15 ago. 2014.


Da janela de um avião descendo no aeroporto de Guarulhos, percebe-se que a extensão da malha
urbana dificulta a definição dos limites entre os municípios vizinhos ao de São Paulo. O conceito que
melhor expressa a unificação da extensão territorial de vários municípios é
a) conurbação.
b) aglomeração.
c) região metropolitana.
d) regiões distritais.
e) desmunicipalização.

8
Geografia

Gabarito

1. A
No Brasil, a criação de muros, cancelas, grande de segurança, dentre outros mecanismos de separação
na paisagem urbana são muito comuns. Eles são a materialização espacial da necessidade de segregar
e defender a propriedade.

2. C
A centralidade exercida por uma cidade é o principal critério para definir o seu nível hierárquico. Todavia,
essa centralidade é definida pela oferta de serviços públicos e privados, bem como a infraestrutura e
capacidade industrial existente, além da importância no sistema financeiro.

3. B
A conceito de região metropolitana vai além da própria metrópole, se estendendo para as conturbações
e cidades médias e pequenas do entorno dessa metrópole que possuem sua economia ligada a dinâmica
da cidade grande. O período que se observa o intenso processo de conurbação na metropolização
fluminense é a partir de 1930. Esse processo se mantém até 1972 e posteriormente reduz sua intensidade.

4. A
Região integrada de desenvolvimento corresponde a um tipo de região metropolitana que envolve
municípios de estados diferentes. No mapa, os três entes federativos são Goiás, Distrito Federal e Minas
Gerais e ela foi criada devido ao processo de metropolização de Brasílía, DF.

5. C
O texto apresenta as características de uma cidade global, também chamada de metrópole mundial por
exercer grande influência sobre diversos países e ser um centro polarizador de comandos e decisões.

6. D
As cidades apontadas integram o chamado grupo alfa das cidades globais por serem cidades
consideradas do primeiro nível de importância.

7. E
No atual contexto do crescimento das cidades brasileiras é possível observar um crescimento acelerado
das cidades médias em comparação com as grandes metrópoles. Isso é decorrente do processo de
desconcentração industrial e do avanço do agronegócio no país.

8. A
Ao se observar a tabela identifica-se Tóquio como a cidade que possui a maior população e a que também
possui o maior PIB, o que faz esta cidade se destacar no cenário internacional como uma cidade global.

9. B
O termo megacidade refere-se à uma aglomeração urbana que conta com mais de 10.000.000 de
habitantes. Muitas destas megacidades foram formadas a partir do incremento econômico e
consequente oferta de empregos nas indústrias, em um primeiro momento, e atualmente muita dessa
mão de obra foi absorvida pelo setor terciário por conta da modernização das indústrias e/ou migração
destas para as cidades médias.

10. A
O fenômeno da conurbação fala sobre o crescimento horizontal de duas cidades, a ponto de se perder de
vista o limite claro entre as duas.

9
Geografia

Urbanização e os tipos de crescimento urbano

Resumo

Urbanização é o processo no qual a população urbana cresce em um ritmo mais acelerado que a população
rural. A urbanização deve ser entendida como um conceito demográfico. O marco para esse processo é a
Revolução Industrial, pois com essa transformação na forma de produzir, pela primeira vez, passa a existir
uma maior oferta de emprego na cidade, do que no campo. A partir deste contexto, é possível observar o
crescimento urbano, isto é, o crescimento das cidades com a implementação e ampliação das infraestruturas
urbanas como, asfalto, construções e saneamento básico. Um país urbano significa que apresenta 51% ou
mais de sua população vivendo nas cidades. Porém, o crescimento urbano nos países desenvolvidos e em
desenvolvido ocorreram de forma diferente, gerando processos distintos.

Crescimento urbano nos países desenvolvidos


Ocorreu de forma lenta, planejada e bem distribuída. A indústria ainda era da primeira ou segunda fase da
Revolução Industrial, com isso empregava muita mão de obra. A cidade conseguia se desenvolver ao mesmo
tempo que o desenvolvimento econômico possibilitava melhoras na qualidade de vida. As áreas no entorno
da urbe (cidade) eram chamadas de subúrbios e eram valorizados pela sua tranquilidade e ar menos poluído.
Assim, essa área periférica passou a receber infraestrutura e diversos empreendimentos imobiliários
começaram a se desenvolver.

Crescimento urbano nos países em desenvolvimento


Ocorreu de forma rápida, desordenada e bem concentrada. O processo de industrialização desses países
começou tardiamente, com uma indústria moderna e que não exigia tanta mão de obra. Somado a isso, alguns
desses países iniciaram um processo de modernização do campo, o que gerou um grande fluxo populacional
para as cidades, denominado êxodo rural. Como não havia emprego para todo mundo, as áreas menos
desvalorizadas como encostas e margens de rios passaram a ser ocupadas. O Estado não consegui planejar
a cidade e dotar o espaço de infraestrutura. Assim, as áreas suburbanas passaram a ser desvalorizadas e
ocupadas pela população mais pobre, em um processo de expansão das áreas periféricas. Com isso diversos
problemas urbanos e impactos começaram a aparecer nas grandes cidades dos países em desenvolvimento.

As metrópoles são as principais cidades na hierarquia urbana. Elas concentram população, capital, empresas
e serviços. Com isso, possuem uma influência muito grande nas cidades vizinhas (satélites), criando assim o
conceito de região metropolitana. Quando duas metrópoles se desenvolvem intensamente gerando uma
conurbação entre metrópoles essa região gigantesca passa a ser chamada de megalópole.

1
Geografia

Exercícios

1. (UERJ 2018) A cidade dos sonhos do arquiteto Le Corbusier teve enorme impacto em nossas cidades.
Ele procurou fazer do planejamento para automóveis um elemento essencial do seu projeto. Traçou
grandes artérias de mão única para trânsito expresso. Reduziu o número de ruas porque “os
cruzamentos são inimigos do tráfego”. Manteve os pedestres fora das ruas e dentro dos parques. Essa
visão deu enorme impulso aos defensores do zoneamento urbano e dos conceitos de superquadra.
Não importava quão vulgar ou acanhado fosse o projeto, quão árido ou inútil o espaço, quão monótona
fosse a vista, a imitação de Le Corbusier gritava: “Olhem o que eu fiz!”.
Adaptado de JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000

O texto expressa a crítica de Jane Jacobs a um modelo urbanístico importante ao longo do século XX.
A escritora defendia a mistura de usos no espaço urbano de forma a valorizá-lo e a fortalecer o convívio.
A cidade que apresenta o predomínio do padrão urbano criticado por Jane Jacobs é:
a) Brasília
b) Curitiba
c) São Paulo
d) Belo Horizonte
e) Bauru

2. (ENEM 2018) Foi-se o tempo em que era possível mostrar um mundo econômico organizado em
camadas bem definidas, onde grandes centros urbanos se ligavam, por si próprios, a economias
adjacentes “lentas”, com o ritmo muito mais rápido do comércio e das finanças de longo alcance. Hoje
tudo ocorre como se essas camadas sobrepostas estivessem mescladas e interpermeadas.
Interdependências de curto e longo alcance não podem mais ser separadas umas das outras.
BRENNER, N. A globalização como reterritorialização. Cadernos Metrópole, n. 24, jul.-dez. 2010 (adaptado).

A maior complexidade dos espaços urbanos contemporâneos ressaltada no texto explica-se pela
a) expansão de áreas metropolitanas.
b) emancipação de novos municípios.
c) consolidação de domínios jurídicos.
d) articulação de redes multiescalares.
e) redefinição de regiões administrativas.

2
Geografia

3. (ENEM 2015) A humanidade conhece, atualmente, um fenômeno espacial novo: pela primeira vez na
história humana, a população urbana ultrapassa a rural no mundo. Todavia, a urbanização é
diferenciada entre os continentes.
DURAND, M. F. et al. Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009.

No texto, faz-se referência a um processo espacial de escala mundial. Um indicador das diferenças
continentais desse processo espacial está presente em:
a) Orientação política de governos locais.
b) Composição religiosa de povos originais.
c) Tamanho desigual dos espaços ocupados.
d) Distribuição etária dos habitantes do território.
e) Grau de modernização de atividades econômicas.

4. (ENEM 2015) O processo de concentração urbana no Brasil em determinados locais teve momentos de
maior intensidade e, ao que tudo indica, atualmente passa por uma desaceleração no ritmo de
crescimento populacional nos grandes centros urbanos.
BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desaceleração no crescimento populacional e novos arranjos regionais. Disponível
em: www.sbsociologia.com.br. Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado).

Uma causa para o processo socioespacial mencionado no texto é o(a)


a) carência de matérias-primas.
b) degradação da rede rodoviária.
c) aumento do crescimento vegetativo.
d) centralização do poder político.
e) realocação da atividade industrial.

5. (ENEM 2014) No século XIX, o preço mais alto dos terrenos situados no centro das cidades é causa da
especialização dos bairros e de sua diferenciação social. Muitas pessoas, que não têm meios de pagar
os altos aluguéis dos bairros elegantes, são progressivamente rejeitadas para a periferia, como os
subúrbios e os bairros mais afastados.
RÉMOND, R. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado).

Uma consequência geográfica do processo espacial descrito no texto é a:


a) criação de condomínios fechados de moradia.
b) decadência das áreas centrais de comércio popular.
c) aceleração do processo conhecido como cercamento.
d) ampliação do tempo de deslocamento diário da população.
e) contenção da ocupação de espaços sem infraestrutura satisfatória.

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Geografia

6. (ENEM 2013) Trata-se de um gigantesco movimento de construção de cidades, necessário para o


assentamento residencial dessa população, bem como de suas necessidades de trabalho,
abastecimento, transportes, saúde, energia, água etc. Ainda que o rumo tomado pelo crescimento
urbano não tenha respondido satisfatoriamente a todas essas necessidades, o território foi ocupado e
foram construídas as condições para viver nesse espaço.
MARICATO. E. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis Vozes. 2001.

A dinâmica de transformação das cidades tende a apresentar como consequência a expansão das
áreas periféricas pelo(a)
a) crescimento da população urbana e aumento da especulação imobiliária.
b) direcionamento maior do fluxo de pessoas, devido à existência de um grande número de serviços.
c) delimitação de áreas para uma ocupação organizada do espaço físico, melhorando a qualidade de
vida.
d) implantação de políticas públicas que promovem a moradia e o direito à cidade aos seus
moradores.
e) reurbanização de moradias nas áreas centrais, mantendo o trabalhador próximo ao seu emprego,
diminuindo os deslocamentos para a periferia.

7. (ENEM 2013) Embora haja dados comuns que dão unidade ao fenômeno da urbanização na África, na
Ásia e na América Latina, os impactos são distintos em cada continente e mesmo dentro de cada país,
ainda que as modernizações se deem com o mesmo conjunto de inovações.
ELIAS, D. Fim do século e urbanização no Brasil. Revista Ciência Geográfica, ano IV, n. 11, set./dez. 1988.

O texto aponta para a complexidade da urbanização nos diferentes contextos socioespaciais.


Comparando a organização socioeconômica das regiões citadas, a unidade desse fenômeno é
perceptível no aspecto
a) espacial, em função do sistema integrado que envolve as cidades locais e globais.
b) cultural, em função da semelhança histórica e da condição de modernização econômica e política.
c) demográfico, em função da localização das maiores aglomerações urbanas e continuidade do
fluxo campo-cidade.
d) territorial, em função da estrutura de organização e planejamento das cidades que atravessam as
fronteiras nacionais.
e) econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a cidade e contribuiu
para fixação do homem ao lugar.

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Geografia

8. (ENEM 2009) Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens eletrônicos, o automóvel produzido pela
indústria fordista promoveu, a partir dos anos 50, mudanças significativas no modo de vida dos
consumidores e também na habitação e nas cidades. Com a massificação do consumo dos bens
modernos, dos eletroeletrônicos e também do automóvel, mudaram radicalmente o modo de vida, os
valores, a cultura e o conjunto do ambiente construído. Da ocupação do solo urbano até o interior da
moradia, a transformação foi profunda.
MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras. Disponível em: http://www.scielo.br.
Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado).

Uma das consequências das inovações tecnológicas das últimas décadas, que determinaram
diferentes formas de uso e ocupação do espaço geográfico, é a instituição das chamadas cidades
globais, que se caracterizam por
a) possuírem o mesmo nível de influência no cenário mundial.
b) fortalecerem os laços de cidadania e solidariedade entre os membros das diversas comunidades.
c) constituírem um passo importante para a diminuição das desigualdades sociais causadas pela
polarização social e pela segregação urbana.
d) terem sido diretamente impactadas pelo processo de internacionalização da economia,
desencadeado a partir do final dos anos 1970.
e) terem sua origem diretamente relacionadas ao processo de colonização ocidental do século XIX.

9. (UERJ 2017) Nas imagens, estão representadas a malha urbana da cidade de Toledo, com suas ruas
estreitas de origem medieval, e a de um bairro de Los Angeles, cidade estadunidense que se expandiu
principalmente após a Segunda Guerra Mundial.

A diferença entre as duas malhas urbanas é explicada pela relação entre dois fatores que contribuíram
para a organização desses espaços, embora em épocas bastante distintas. Esses fatores estão
apontados em:
a) concentração financeira – processo de verticalização
b) atividade econômica – especialização funcional
c) nível técnico – padrões de circulação
d) perfil de renda – segregação social
e) desenvolvimento econômico – valores capitalistas

5
Geografia

10. (FUVEST 2019) A metropolização de São Paulo foi induzida pela industrialização no século XX. Nas
últimas décadas, o deslocamento de parte da indústria da metrópole e o crescimento do setor terciário
avançado revelam a primazia do capital financeiro, que se articula com o setor imobiliário e produz, por
exemplo, os edifícios corporativos, sede deste terciário.
Carlos, A.F.A. São Paulo: do capital industrial ao capital financeiro. In: Carlos, A.F.A. e Oliveira. A.U. Geografias de São Paulo:
a metrópole do século XXI. São Paulo. Adaptado. Conjuntos comerciais verticais lançados no município de São Paulo de 1992
a 2015

Com base no texto e no mapa, é correto afirmar que


a) o crescimento do terciário avançado indica o aumento de estabelecimentos industriais, ambos
dispersos em São Paulo.
b) a produção industrial em São Paulo está concentrada nas áreas centrais, o que induziu a
proliferação de edifícios corporativos.
c) os edifícios corporativos concentram a produção de manufaturados e, em São Paulo, estão
concentrados nas áreas de maior densidade populacional.
d) o setor terciário avançado ocupa os edifícios corporativos e está concentrado em poucos distritos
da metrópole de São Paulo no momento atual.
e) a desconcentração industrial em São Paulo foi acompanhada da dispersão do setor terciário
avançado.

6
Geografia

Gabarito

1. A
A questão fala acerca dos tipos de urbanização e suas consequências espaciais, sendo Brasília a cidade
mais planeada, e portanto a mais delimitada em termos de funções dos espaços urbanos.

2. D
A questão fala da inter-relação comercial dos processos urbanos contemporâneos. Com a crescente
globalização e complexificação dos meios produtivos, existe também o aumento da dependência entre
redes, sejam elas materiais, como os transportes ou imateriais, como comunicação. É característica da
contemporaneidade a terceirização e a distribuição industrial de mesmo setor produtivo entre países, em
diferentes cidades.

3. E
A urbanização, definida como o crescimento populacional das cidades maior do que do campo, relaciona-
se com o grau de modernização das atividades econômicas na medida em que essas atividades são o
principal atrativo deste deslocamento. Se estas atividades se tornam altamente modernizadas passam a
demandar cada vez menos mão de obra e assim as cidades deixam de ser tão atraentes para a população.

4. E
Tradicionalmente os grandes deslocamentos populacionais no Brasil se deram em direção aos grandes
centros urbanos, contudo, nas últimas décadas, esses centros passaram por um processo de
desconcentração industrial, com as indústrias se deslocando para as cidades do interior que ofertavam
uma boa infraestrutura, menores pressões trabalhistas, entre outras vantagens.

5. D
O processo descrito no texto é também conhecido como segregação, em que uma cidade é dividida de
acordo com as classes sociais e as condições econômicas destas. Neste sentido, os terrenos e imóveis
mais distantes dos grandes centros são mais baratos e onde, portanto, se encontram localizadas as
classes mais baixas que diariamente necessitam se deslocar para os grandes centros por conta de
trabalho ou estudo, contribuindo assim para o problema da mobilidade urbana (trânsito).

6. A
As cidades brasileiras são constantemente transformadas a partir da ação de diversos atores, o que atrai
grandes contingentes populacionais. Entre esses agentes identificam-se os agentes imobiliários, que
interferem no espaço contribuindo para a valorização e especulação de certas áreas das cidades que por
estarem associadas à um alto valor para serem ocupadas acabam gerando as áreas periféricas,
caracterizadas por moradias mais simples, entre outras características.

7. C
Apesar de se tratar de cidades que apresentam características socioeconômicas e culturais distintas,
pode-se observar que em comum elas possuem a questão demográfica, no qual algumas apresentam
grandes aglomerações urbanas que são atraídas por uma melhor infraestrutura, deslocando assim das
áreas rurais para as áreas urbanas.

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Geografia

8. D
As cidades globais são metrópoles que se destacam por exercer influência em escala planetária. Essa
influência se tornou cada vez mais possível e real com o avanço dos meios de comunicação após a
década de 1970, a exemplo da possibilidade de internacionalização da economia.

9. C
Para se obter uma infraestrutura de viadutos, pontes e túneis que facilitam a circulação urbana, é
necessário usufruir de um nivelamento técnico que também reflete o desenvolvimento de sua época. Os
padrões de circulação se alteram em função desse desenvolvimento e também de acordo com valores e
com a geografia política das cidades.

10. D
A questão fala sobre o modelo de urbanização que se deu no entorno das ofertas de emprego dos, até
então novos, centros industriais. Atualmente, com o alto valor da terra nessas capitais, a indústria do setor
secundário se desloca para cidades médias, enquanto os centros se tornam empresariais.

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Geografia

Crise urbana brasileira (violência, macrocefalia e desafios)

Resumo

Caos urbano no Brasil


A década de 1930 é um marco da mudança da economia brasileira de agroexportadora para urbano-industrial.
O processo de mecanização do campo estimulou o êxodo rural, produzindo grandes transformações sociais
e espaciais no país. O Crescimento urbano no Brasil foi tal como o dos países em desenvolvimento, isto é,
ocorreu de forma rápida, desordenada e bem concentrada. O processo de industrialização foi tardio, com
uma indústria moderna e que não exigia tanta mão de obra. Ao longo da década de 1950 e 1960, já com
Juscelino Kubitschek e os governos militares, a modernização do campo, gerou um grande fluxo
populacional para as cidades (êxodo rural). Como não havia emprego para todo mundo, as áreas menos
desvalorizadas como encostas e margens de rios passaram a ser ocupadas.

Urbanização rápida e desordenada


O Estado não conseguia planejar a cidade e dotar o espaço de infraestrutura. Assim, as áreas periféricas, sem
infraestrutura, passaram a ser ocupadas pela população mais pobre, em um processo de expansão da
periferia. Com isso diversos problemas urbanos e impactos ambientais começaram a aparecer nas grandes
cidades brasileiras, principalmente as metrópoles, que atraiam o maior fluxo populacional. Esse crescimento
acelerado das cidades sem igual construção de infraestrutura gera um inchaço urbano, denominado
Macrocefalia Urbana.

Consequências da Macrocefalia Urbana


Entre os problemas desse crescimento é possível citar:
• Déficit habitacional: Segundo dados divulgados IBGE em 2010, cerca de 11 milhões de habitantes no
Brasil vivem em moradias inadequadas, como favelas e invasões, o que equivale a aproximadamente
6% da população. Mas não é por falta imóveis construídos, o problema é o acesso. Como a
desigualdade no Brasil é muito grande, nem todos conseguem pagar os aluguéis e com isso recorrem
a moradias mais precárias.
• Favelização: Os dados acima demonstram as carências e contradições existentes no espaço urbano
brasileiro, o que se expressa espacialmente com o processo de favelização, que é mais comum nas
maiores cidades do país. A favelização é a expressão mais acentuada dos problemas de moradia no
Brasil, pois é, em maior parte, formada por pessoas que não dispõem de condições sociais e erguem
suas casas em áreas de risco ou não recomendadas sem dispor de serviços públicos básicos,
incluindo rede elétrica.

Figura 1. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/3483?lang=pt

1
Geografia

• Desemprego e subemprego: A educação de baixa qualidade gera diversos transtornos, pois parte da
população não consegue obter qualificação profissional exigida pelo mercado de trabalho. Com isso,
ocorre o aumento do desemprego e se intensificam atividades como as desenvolvidas por
vendedores ambulantes, coletores de materiais recicláveis, flanelinhas, entre outras do mercado
informal.
• Violência: Um dos problemas urbanos é a violência, ocorre principalmente nas grandes cidades do
Brasil. Diariamente têm-se notícias de assassinatos, assaltos, sequestros, e outros tipos de violência.
• Mobilidade urbana: A mobilidade urbana se apresenta como um desafio não só nos centros urbanos
do Brasil, mas também nas grandes metrópoles do mundo. A adoção do modelo rodoviarista, as
metrópoles brasileiras sofrem com os congestionamentos e elevado custo no preço das tarifas, ao
ponto de ofertas de serviços precários, ineficientes e defasados que acarretam significativa
diminuição da qualidade de vida.

Assista o QQD sobre Mobilidade Urbana disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6j9HXdNxO2o

2
Geografia

Exercícios

1. (Enem 2017) A configuração do espaço urbano da região do Entorno do Distrito Federal assemelha-se
às demais aglomerações urbanas e regiões metropolitanas do país, onde é facilmente identificável a
constituição de um centro dinâmico e desenvolvido, onde se concentram as oportunidades de trabalho
e os principais serviços, e a constituição de uma região periférica concentradora de população de baixa
renda, com acesso restrito às principais atividades com capacidade de acumulação e produtividade, e
aos serviços sociais e infraestrutura básica.
CAIADO, M. C. A migração intrametropolitana e o processo de estruturação do espaço urbano da Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. In: HOGAN, D. J. et al. (Org ). Migração e ambiente nas aglomerações
urbanas. Campinas: Nepo/Unicamp, 2002.
A organização interna do aglomerado urbano descrito é resultado da ocorrência do processo de
a) expansão vertical.
b) polarização nacional.
c) emancipação municipal.
d) segregação socioespacial.
e) desregulamentação comercial.

2. (Enem 2018 PPL) O Morro do Vidigal é um clássico do Rio de Janeiro. A vista dá para Ipanema e a
favela é pequena e relativamente segura. Aos poucos, casas de um padrão mais alto estão sendo
construídas. Artistas plásticos e gringos compraram imóveis ali. Os moradores recebem propostas
atraentes e se mudam. Não são propostas milionárias. Apenas o suficiente para se transferirem para
um lugar mais longe e um pouco melhor. Os novos habitantes, aos poucos, impõem uma nova rotina e
uma nova cara.
NOGUEIRA, K. O que é gentrificação e por que ela está gerando tanto barulho no Brasil. Disponível em:
www.diariodocentrodomundo.com.br. Acesso em: 7 jul. 2015 (adaptado).
O texto discute um processo em curso em várias cidades brasileiras. Uma consequência socioespacial
desse processo é a
a) expansão horizontal da área local.
b) expulsão velada da população pobre.
c) alocação imprópria de recursos públicos.
d) privatização indevida do território urbano.
e) remoção forçada de residências irregulares.

3. (Enem 2016)

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit habitacional municipal no Brasil 2010. Belo Horizonte: FJPCE, 2013.

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Geografia

Relacionando as informações do mapa com o processo de ocupação brasileiro, as áreas de maior


precariedade estão associadas
a) ao fenômeno da marcha para o oeste.
b) à divergência de poderes políticos locais.
c) ao processo de ocupação imigratória tardia.
d) à presença de espaços de baixo potencial produtivo.
e) a baixos investimentos públicos em equipamentos urbanos.

4. (Enem 2016) O conceito de função social da cidade incorpora a organização do espaço físico como
fruto da regulação social, isto é, a cidade deve contemplar todos os seus moradores e não somente
aqueles que estão no mercado formal da produção capitalista da cidade. A tradição dos códigos de
edificação, uso e ocupação do solo no Brasil sempre partiram do pressuposto de que a cidade não tem
divisões entre os incluídos e os excluídos socialmente.
QUINTO JR., L. P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Estudos Avançados (USP), n. 47, 2003 (adaptado).
Uma política governamental que contribui para viabilizar a função social da cidade, nos moldes
indicados no texto, é a
a) qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
b) implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.
c) proibição de construções residenciais em regiões íngremes.
d) disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.
e) desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.

5. “O processo de gentrificação aparece como um dos elementos de uma permanente de (re)estruturação


urbana. Processo esse que é parte da organização do espaço urbano, de acordo com as necessidades
do modo de produção dominante na economia e que está em sintonia com os propósitos da estrutura
dominante da sociedade em um período histórico determinado”.
FURTADO, Carlos Ribeiro. Intervenção do Estado e (re)estruturação urbana. Um estudo sobre gentrificação. Cadernos
Metrópole, São Paulo, v. 16, n. 32, nov 2014. p.342 (adaptado) (grifo nosso).
O termo em destaque no trecho acima vem se apresentando como um aspecto recorrente nas
metrópoles brasileiras atuais e instrumentaliza-se:

a) pelo reordenamento da cidade que culmina na elitização da paisagem


b) pelo recrudescimento espacial do perímetro urbano
c) pela fragmentação das atividades econômicas nos bairros centrais
d) pela inserção das áreas periféricas nos círculos comerciais
e) pela autossegregação espacial praticada pelas classes dominantes.

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Geografia

6. “Os migrantes no Brasil têm preferido as cidades consideradas médias no interior do país às grandes
metrópoles. A constatação é da pesquisa Deslocamentos Populacionais, do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), elaborada com base no Censo 2010. (…) O estudo mostra que, das
cidades com altas taxas de crescimento populacional influenciadas também pelo fluxo migratório (o
equivalente a 8% do total de municípios brasileiros), nenhuma tem mais de 500 mil habitantes. De
acordo com o levantamento, o crescimento dessas cidades tem sido observado nos últimos 30 anos,
mas ficou mais evidente no último censo demográfico, embora tenha sido constatado também que as
grandes cidades ainda concentram 30% da população brasileira – taxa considerada expressiva”.
VIERA, Isabela. Disponível em: http://memoria.ebc.com.br/. Acesso em: 01 jun. 2015 (com adaptações).
O fenômeno abordado pela reportagem é representativo de um processo migratório atualmente em
curso no âmbito das metrópoles brasileiras, chamado de:
a) evasão demográfica
b) desmetropolização
c) interiorização
d) distribuição habitacional
e) êxodo urbano

7. “As cidades milionárias (com mais de um milhão de habitantes) que eram apenas duas em 1960 – São
Paulo e Rio de Janeiro são cinco em 1970, dez em 1980, doze em 1991, treze em 2000 e quinze em
2010 (IBGE). Esses números ganham maior significação se nos lembrarmos que, historicamente, em
1872 a soma total das dez maiores cidades brasileiras não alcançavam um milhão de habitantes, pois
somavam apenas 815.729 pessoas. Esta é a nova realidade da macro urbanização ou metropolização
brasileira”
Adaptado. Santos, M. Urbanização Brasileira.
Considerando a nova realidade macro da urbanização brasileira pode-se afirmar que:
a) No Brasil, a modernização do campo teve relação direta com a aceleração da urbanização,
caracterizada por uma metropolização que se disseminou por várias regiões brasileiras.
b) Embora no mundo globalizado a tendência migratória campo-cidade seja pequena, o Brasil, em
função da desorganização econômica e social e das ilusões de que a vida nas cidades apresenta
mais perspectivas, mantém taxas elevadas de fluxo migratório.
c) Um ritmo de metropolização tão elevado, como o do Brasil, corresponde a índices equivalentes de
crescimento industrial. Assim, a maior parte da população que se dirige às cidades é empregada
no setor secundário.
d) Embora o ritmo de urbanização e metropolização no Brasil tenham sido muito elevados, o
fenômeno ficou restrito às regiões Sul e Sudeste, pois foi justamente nessas regiões que ocorreu
o maior crescimento industrial.
e) A urbanização brasileira, com seu caráter metropolitano, indica definitivamente a passagem de
nosso país para o estágio de país desenvolvido e moderno. Sabe-se que todos os países
considerados desenvolvidos são aqueles que apresentam elevados índices de urbanização.

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Geografia

8. O Brasil possui 12 milhões de residências com precariedades de espaços habitacionais, além de 5,6
milhões de famílias sem teto.
("O Povo", Cidades, 26/07/2000).
Partindo desta informação, podemos afirmar corretamente que:
a) o déficit de habitabilidade das áreas urbanas resulta do processo de distribuição de créditos que
privilegia o setor da construção civil.
b) o aumento do número de sem-teto está vinculado ao processo imigratório e à construção de
conjuntos habitacionais.
c) as políticas habitacionais dos governo federal, estaduais e municipais têm eliminado os problemas
de déficit habitacional nas grandes metrópoles.
d) a organização dos sem-teto nas cidades brasileiras é reflexo das políticas urbanas e das
organizações existentes no país.
e) o déficit de moradia nas cidades brasileiras é reflexo das estruturas fundiária e urbana existentes
no país.

9. O processo de modernização de alguns países subdesenvolvidos é marcado pela concentração de


renda, propriedades e serviços, o que acarretou uma precariedade da moradia urbana para a maior
parcela da população, sobretudo nas grandes cidades. Isso pode ser observado na imagem abaixo, que
retrata a realidade contrastante entre os bairros de Paraisópolis (no primeiro plano) e Morumbi (no
segundo plano), na cidade de São Paulo.

Disponível em: <https://noticias.r7.com/sao-paulo/quase-50-de-criancas-nao-conseguiram-creche-diz-relatorio-de-


desigualdade-em-sp-19052015>. Acesso em: 22 set. 2015
A imagem e o texto retratam um processo conhecido como
a) especulação imobiliária.
b) desmetropolização.
c) conurbação.
d) favelização.
e) segregação espacial.

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Geografia

10. Muita gente sem casa, muita casa sem gente


A Constituição de 1988 e o Estatuto da Cidade de 2001 contemplam a função social da cidade. O
problema é que, com a desindustrialização das metrópoles, a cidade deixou de ser o lugar de produção
de bens e virou o próprio objeto da produção econômica. Em consequência dessa mudança, o número
de imóveis vazios supera e muito o de famílias com problemas de moradia, como indicam os gráficos
abaixo.

RODRIGO BERTOLOTTO Adaptado de tab.uol.com.br, 03/12/2018.


A contradição apresentada no texto e nos gráficos deve-se ao fato de que o espaço urbano possui,
simultaneamente, os seguintes atributos:
a) valor de uso e valor de troca
b) patrimônio cultural e patrimônio individual
c) estrutura unicêntrica e estrutura policêntrica
d) território de circulação e território de resistência
e) reflexo da sociedade e agente de produção

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Geografia

Gabarito

1. D
O texto apontava para um tipo de crescimento urbano em que a oferta de serviços e amenidades era
diferenciada por conta da renda. Esse processo é conhecido como segregação socioespacial. Nesse
sentido, é possível observar a diferença de classes através da diferença de um bairro mais pobre e outro
rico, tal como diferença entre as áreas centrais e periféricas.

2. B
A valorização de um bairro pode atrair populações de outras classes sociais, sofrendo transformações.
Nesse processo, a população mais pobre é expulsa de forma velada. Isto acontece de forma oculta, pois
a população mais pobre não consegue sobreviver com um custo de vida mais elevado, devido à
valorização. Assim, ela migra para lugares com custo de vida menor, como as áreas periféricas no entorno
das cidades.

3. E
O mapa evidencia uma faixa mais favorecida no litoral, ao leste do Brasil, que apresenta um mais eficiente
processo de urbanização. A região Norte, Centro-Oeste e alguns estados do Nordeste, que foram inseridos
tardiamente na economia moderna brasileira, apresentam os domicílios em situação mais precários. Tal
condição pode ser associada a baixos investimentos públicos.

4. A
A ideia central da questão fala em criar um espaço urbano que seja capaz de reduzir o efeito da
desigualdade entre as populações com diferentes rendas e, com isso, a saída para se chegar a tal nível é
conseguir garantir às periferias uma melhor condição de vida. A opção correta fala em melhorar a oferta
de serviços em áreas periféricas.

5. A
A remoção forçada de grupos populacionais com baixo poder aquisitivo de seus locais de origem, para
dar entrada a investimentos imobiliários, dinamizando a economia da área, é dado o nome de
gentrificação. Desta forma, a alteração na paisagem possível de ser percebida é uma elitização no modo
de vida e costumes de determinado local.

6. B
Os problemas urbanos como a especulação do preço da terra, violência e dificuldade de mobilidade,
exerce uma pressão de saída sobre a população e sobre os investidores industriais. A desconcentração
industrial pode favorecer o crescimento das cidades médias que, são conectadas as grandes metrópoles,
mas não apresentam problemas decorrentes deste inchaço. Assim, o crescimento acelerado dessas
cidades médias em comparação as metrópoles é denominado desmetropolização.

7. A
O processo de urbanização no Brasil se deu de maneira acelerada, estimulada pelo êxodo rural e políticas
públicas de incentivo no período junto da industrialização. Esse fato desencadeou uma série de
problemas urbanos. A urbanização se dá de maneira irreversível pois trata-se de um padrão de
desenvolvimento associado a modernidade, fato que se associa também as transformações sofridas no
campo.

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Geografia

8. E
O déficit habitacional do país é decorrente da especulação imobiliária e do processo acelerado de
urbanização que aliado ao êxodo rural fez com que as cidades brasileiras crescem de forma desordenada.

9. E
A imagem remete ao conceito de segregação espacial, ou seja, a concentração de setores da sociedade
em espaços definidos por sua faixa de renda.

10. A
Os dados apresentados nos dois gráficos evidenciam o déficit habitacional brasileiro é inferior ao total de
imóveis vazios nas cidades brasileiras. Se as pessoas pudessem morar nos imóveis vazios ainda sobraria
cerca de um milhão e meio de habitações desocupadas. Esse fato demonstra claramente que o déficit
habitacional é muito mais ligado às desigualdades socioeconômicas do país do que à inexistência de
moradias disponíveis para aqueles que não têm a chamada “casa própria”. Essa desigualdade se
manifesta no atributo de valor de uso e valor de troca que os imóveis possuem.

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Geografia

Urbanização brasileira e a segregação socioespacial

Resumo

O processo de urbanização brasileira apresenta como característica essencial sua concentração no litoral,
atributo historicamente associado às atividades agroexportadoras do país. O grande crescimento das cidades
ocorreu a partir da segunda metade do século XX. Até 1930, o Brasil era um país agroexportador. No campo,
se encontravam as maiores oportunidades de emprego e, por isso, a maior parte da população residia na área
rural. Esse perfil agroexportador começou a mudar com Getúlio Vargas, na década de 1930. Com o processo
de industrialização iniciado por Vargas, pela primeira vez na história do Brasil, o maior número de empregos
se encontrava nas cidades, e não no campo. O meio urbano passou a ser o centro econômico do país e,
portanto, o destino da população. É nesse contexto que se pode falar da urbanização brasileira. São
características do governo de Getúlio Vargas que favoreceram ou influenciaram a urbanização brasileira:
• Criação das indústrias de base: surge uma grande oferta de empregos no meio urbano.
• Consolidação das Leis do Trabalho no meio urbano: torna-se mais interessante ser um empregado
na cidade do que no campo.
• Concentração industrial no eixo Rio-São Paulo: explica a concentração populacional no Sudeste
e a enorme desigualdade regional existente no país.
A década de 1960 marcou o surgimento de um Brasil urbano (51% ou mais da população morava nas
cidades). A grande concentração fundiária no campo brasileiro (herança do Brasil colônia), somada ao
processo de Revolução Verde, logo repercutiu em um intenso êxodo rural para os grandes centros. Os
trabalhadores do campo começaram a migrar para as cidades em busca de emprego e melhores condições
de vida. Isso fez com que o processo de urbanização brasileira acontecesse de forma muito acelerada, o que
dificultou o planejamento urbano das grandes cidades, repercutindo, hoje, em diversos problemas
relacionados ao inchaço urbano (também denominado macrocefalia urbana). Entre esses problemas,
encontram-se a favelização, o trânsito, a violência, o crescimento do mercado informal e a saturação de
serviços básicos, como de saúde e educação. Entre outros fenômenos observados na urbanização brasileira,
destacam-se, também:
• Segregação socioespacial: ou segregação urbana, é a fragmentação do espaço a partir da renda.
Corresponde a um reflexo das desigualdades sociais (divisão de classes) na paisagem urbana.
• Autossegregação: processo atual, associado a grandes empreendimentos imobiliários
(condomínios), em que certos grupos sociais com elevado poder de compra se isolam ou se
concentram em determinadas áreas. Difere-se da segregação socioespacial, pois é algo planejado,
construído com esse intuito.
• Gentrificação: fenômeno que afeta uma região ou bairro, transformando sua dinâmica social a
partir de grandes investimentos. Depois dessas melhorias, o custo do solo valoriza, o que acaba
por expulsar a população mais pobre que residia naquele local.
• Verticalização: devido à hipervalorização do solo urbano uma forma de diluir esse custo é
construção de edifícios. Nesse sentido, o processo de verticalização é o crescimento da cidade no
eixo vertical. Tal condição agrava a ilha de calor e é um processo muito comum nas metrópoles.
Atualmente, sobre a dinâmica urbana brasileira, devem-se destacar:
• O crescimento das cidades médias, em função da desconcentração industrial e da expansão do
agronegócio no país.
• O crescimento do setor terciário nas grandes cidades, como consequência da fuga das grandes
indústrias (setor secundário) para outras regiões ou países.

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Geografia

Exercícios

1. (ENEM 2019 PPL)


E a situação sempre mais ou menos,
Sempre uns com mais e outros com menos.
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce.
(CHICO SCIENCE e Nação Zumbi. In: Da lama ao caos. Rio de Janeiro: Chaos; Sony Music, 1994 - fragmento)
A letra da canção do início dos anos 1990 destaca uma questão presente nos centros urbano brasileiros
que se refere ao(à):
a) déficit de transporte público.
b) estagnação do setor terciário.
c) controle das taxas de natalidade.
d) elevação dos índices de criminalidade.
e) desigualdade da distribuição de renda.

2. (UERJ 2019)

Composta hoje por 16 comunidades, a Maré é o maior complexo de favelas do Rio de Janeiro. Sua
história, em parte, está relacionada com as transformações na cidade entre meados do século XX e o
momento atual. Considerando tais transformações, a análise das fotos e do texto permite concluir que
a história da Maré é marcada pelo seguinte processo urbano:
a) estabilização das políticas públicas em regiões insalubres
b) integração das vias de transporte em logradouros periféricos
c) expansão de habitações populares em espaços desvalorizados
d) manutenção de obras de recuperação em ambientes degradados
e) criminalização de moradias com amparo de adequações por parte do estado

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Geografia

3. (ENEM 2014) Na primeira década do século XX, reformar a cidade do Rio de Janeiro passou a ser o
sinal mais evidente da modernização que se desejava promover no Brasil. O ponto culminante do
esforço de modernização se deu na gestão do prefeito Pereira Passos, entre 1902 e 1906. “O Rio
civilizava-se” era frase célebre à época e condensava o esforço para iluminar as vielas escuras e
esburacadas, controlar as epidemias, destruir os cortiços e remover as camadas populares do centro
da cidade.
OLIVEIRA, L. L. Sinais de modernidade na Era Vargas: vida literária, cinema e rádio. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A. (Org.). O
tempo do nacional-estatismo: do início ao apogeu do
Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007
O processo de modernização mencionado no texto trazia um paradoxo que se expressava no(a)
a) substituição de vielas por amplas avenidas.
b) impossibilidade de se combaterem as doenças tropicais.
c) ideal de civilização acompanhado de marginalização.
d) sobreposição de padrões arquitetônicos incompatíveis.
e) projeto de cidade incompatível com a rugosidade do relevo.

4. (UNICAMP 2011) O Brasil experimentou, na segunda metade do século 20, uma das mais rápidas
transições urbanas da história mundial. Ela transformou rapidamente um país rural e agrícola em um
país urbano e metropolitano, no qual grande parte da população passou a morar em cidades grandes.
Hoje, quase dois quintos da população total residem em uma cidade de pelo menos um milhão de
habitantes.
Adaptado de George Martine e Gordon McGranahan, “A transição urbana brasileira: trajetória, dificuldades e lições
aprendidas”, em Rosana Baeninger (org.), População e cidades: subsídios para o planejamento e para as políticas sociais.
Campinas: Nepo / Brasília: UNFPA, 2010, p. 11.
Considerando o trecho acima, assinale a alternativa correta.
a) A partir de 1930, a ocupação das fronteiras agrícolas (na Amazônia, no Centro-Oeste, no Paraná)
foi o fator gerador de deslocamentos de população no Brasil.
b) Uma das características mais marcantes da urbanização no período 1930-1980 foi a distribuição
da população urbana em cidades de diferentes tamanhos, em especial nas cidades médias.
c) Os últimos censos têm mostrado que as grandes cidades (mais de 500 mil habitantes) têm tido
crescimento relativo mais acelerado em comparação com as médias e as pequenas.
d) Com a crise de 1929, o Brasil voltou-se para o desenvolvimento do mercado interno através de
uma industrialização por substituição de importações, o que demandou mão de obra urbana
numerosa.
e) Com a crise de 30, todos os esforços para industrialização interna foram em vão, momento no
qual Vargas passou a investir na indústria para exportação criando as primeiras cidades.

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Geografia

5. (ENEM 2013)

Os mapas representam distintos padrões de distribuição de processos socioespaciais. Nesse sentido,


a menor incidência de disputas territoriais envolvendo povos indígenas se explica pela
a) fertilização natural dos solos.
b) expansão da fronteira agrícola.
c) intensificação da migração de retorno.
d) homologação de reservas extrativistas.
e) concentração histórica da urbanização.

6. (ENEM 2011) O Centro-Oeste apresentou-se como extremamente receptivo aos novos fenômenos da
urbanização, já que era praticamente virgem, não possuindo infraestrutura de monta, nem outros
investimentos fixos vindos do passado. Pôde, assim, receber uma infraestrutura nova, totalmente a
serviço de uma economia moderna.
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São Paulo: EdUSP, 2005 (adaptado)

O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasileiro. O processo econômico diretamente
associado a essa ocupação foi o avanço da
a) industrialização voltada para o setor de base.
b) economia da borracha no sul da Amazônia.
c) fronteira agropecuária que degradou parte do cerrado.
d) exploração mineral na Chapada dos Guimarães.
e) extrativismo na região pantaneira.

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Geografia

7. (FUVEST 2009)

A recente urbanização brasileira tem características parcialmente representadas nas situações I e II


dos esquemas acima. Considerando essas situações, é correto afirmar que, entre outros processos,
a) I representa a involução urbana de uma metrópole regional.
b) I representa a perda demográfica relativa da cidade central de uma Região Metropolitana.
c) II representa o desmembramento territorial e criação de novos municípios.
d) II representa a formação de uma região metropolitana, a partir do fenômeno da conurbação.
e) II representa a fusão político-administrativa de municípios vizinhos.

8. (ENEM 2016) O Rio de Janeiro tem projeção imediata no próprio estado e no Espírito Santo, em parcela
do sul do estado da Bahia, e na Zona da Mata, em Minas Gerais, onde a rede urbana do Rio de Janeiro,
entre outras cidades: Vitória, Juiz de Fora, Cachoeiro de Itapemirim, Campo dos Goytacazes, Volta
Redonda - Barra Mansa, Teixeira de Freitas, Angra dos Reis e Teresópolis.
Disponível em: http://ibge.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2015 (adaptado).
O conceito que expressa a relação entre o espaço apresentado e a cidade do Rio de Janeiro é:
a) Frente pioneira.
b) Zona de transição.
c) Região polarizada.
d) Área de conurbação.
e) Periferia metropolitana.

9. (ENEM 2011) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as favelas fazem parte
da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de 10 milhões de pessoas, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível em: http://www.revistaescola.abril.com.br.
A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial. Nesse
sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido
a) o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para atender as
necessidades básicas dos moradores.
b) a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço urbano e
financiadas pelo poder público.
c) a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação dos espaços
naturais circundantes.
d) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com consequentes
perdas materiais e humanas.
e) o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a resultante
multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro.

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Geografia

10. (ENEM 2019 PPL) O consumo da habitação, em especial aquela dotada de atributos especiais no
espaço urbano, contribui para o entendimento do fenômeno, pois certas áreas tornam-se alvos de
operações comerciais de prestígio com a produção e/ou a renovação de construções, diferente de
outras porções da cidade, dotadas de menor infraestrutura.
(SANTOS, A. R. O consumo da habitação de luxo no espaço urbano parisiense. Confins, n. 23, 2015 - adaptado)
O conceito que define o processo descrito denomina-se:
a) escala cartográfica.
b) conurbação metropolitana.
c) território nacional.
d) especulação imobiliária.
e) paisagem natural.

11. (FUVEST 2020) Em Barcelona, em 2012 e 2013, a cada 15 minutos uma família recebia ordem de
despejo. Desde então, o panorama da habitação mudou totalmente."(...) Estamos assistindo uma onda
de especulação imobiliária (...) que agora se foca no aluguel", explica Daniel Pardo da Associação de
Moradores para um Turismo Sustentável. “Este fenômeno pôs em marcha um processo acelerado e
violento de expulsão de inquilinos", acrescenta. Onde a pressão da especulação imobiliária
internacional e a indústria do turismo causaram um aumento substancial nos preços dos aluguéis, os
catalães têm hoje de gastar mais de 46% dos seus salários com o aluguel. Para os jovens até os 35
anos, a taxa de esforço aumenta até os 65% (...). "Não queremos que os habitantes de Barcelona sejam
substituídos por pessoas com maior poder de compra", diz a porta-voz do Sindicato dos Inquilinos. Só
em Barcelona, 15 fundos de investimento imobiliário possuem 3.000 apartamentos.
"Os habitantes querem a sua cidade de volta". Reportagem de Ulrike Prinzpara o Goethe-lnstitut Madríd. Maio/2018.
Adaptado.
Os conceitos que explicam as dinâmicas urbanas descritas no excerto são:
a) Financeirização e Industrialização.
b) Gentrificação e Segregação.
c) Aglomeração e Conurbação.
d) Industrialização e Segregação.
e) Conurbação e Gentrificação.

6
Geografia

Gabarito

1. E
Ao dizer que “uns tem mais e outros tem menos” e que a cidade só cresce permanecendo com sua
estrutural na qual os que já estão em cima conseguem “subir” ou ascender, melhorar de vida, e os que
estão por baixo, só pioram, o Chico Science nos lembra da desigual distribuição de renda que se
materializa no espaço urbana no que chamamos de segregação socioespacial.

2. C
A questão aborda a segregação socioespacial como consequência da estrutura de especulação sobre as
terras urbanas, tornando comum as habitações em espaços desvalorizados.

3. C
O processo de urbanização no Brasil se deu principalmente com a exclusão do acesso a terra do
trabalhador rural, que se viu obrigado a migrar em busca de mão de obra, para os novos polos. O
crescimento urbano-industrial foi feito então concomitantemente, em conjunto com o discurso
desenvolvimentista da modernização e civilidade. É muito comum ouvir a ideia de que o campo é atrasado
e primitivo enquanto a cidade simboliza o moderno e civilizado. Porém, a urbanização foi feita com uma
promessa de melhores condições de trabalho mas na verdade gerou problemas sociais profundos pela
desigualdade na distribuição de renda e na segregação socioespacial.

4. D
Foi a partir da política de substituição de importações, em Vargas, que a industrialização do Brasil
começou a tomar forma, com as indústrias de base colocadas no que seriam os principais centros
urbanos. É importante entender que colocar uma indústria no local onde já havia uma infraestrutura de
produção e escoamento, como foi o caso do Rio de Janeiro com a economia do café, direciona os fluxos
de crescimento regulando a organização do espaço urbano.

5. E
É importante reparar nos mapas a concentração a leste, e a oeste, de forma antagônica. Os conflitos
envolvendo povos indígenas se dá em menor proporção nas áreas urbanas.

6. C
A questão retoma os conhecimentos de ocupação territorial do centro oeste, trazendo a principal
infraestrutura produtiva que a ocupava, anteriormente à construção de Brasília. Apesar de ter havido muita
exploração mineral nas áreas de cerrado do centro oeste, o avanço da fronteira agropecuária vindo
principalmente do sul, abriu a frente de degradação do bioma, norteando por si a ocupação da região.

7. D
O fenômeno da conurbação fala sobre o crescimento horizontal de duas cidades, a ponto de se perder de
vista o limite claro entre as duas. A região metropolitana é sua metrópole mais os municípios que ela
influencia diretamente, sendo comum que ocorra conurbação nessas áreas de intenso crescimento e
troca de fluxos.

7
Geografia

8. C
O texto retrata o nível de importância da cidade do Rio de Janeiro, pois destaca a área que é diretamente
influenciada pela capital carioca (englobando o próprio estado, Espírito Santo e Minas Gerais – até o
encontro com a área de influência de Belo Horizonte). Sendo assim, a opção que mostra corretamente o
conceito que se relaciona à dinâmica é o que fala em polarização (termo que indica a ideia de
centralidade), típica das grandes metrópoles brasileira.

9. D
Nos grandes centros do Brasil, é visível o desigualdade territorial a partir das favelas, que ocupam áreas
de risco, de não interesse imobiliário, como as encostas de morros e margens de rios. São áreas carentes
de infra estrutura básica, nas quais ocorrem problemas como desmoronamentos e enchentes que
atingem a população local.

10. D
O texto faz menção ao processo de diferenciação dos espaços urbanos a partir de suas qualidades, o que
se associa a especulação imobiliária.

11. B
Gentrificação significa a expulsão de população de baixa renda para áreas mais periféricas por conta de
uma valorização do preço da terra que eles habitavam. Seja por força policial direta ou por aumento do
preço do aluguel e do custo de vida, a população é transferida para áreas cada vez mais distante dos
centros que oferecem infraestrutura e serviços, o que se associa diretamente a segregação.

8
Geografia

Indústria - Globalização - Geopolítica

Resumo

Indústria
Para obter maior lucratividade, a indústria passou a aperfeiçoar as formas de trabalho e produção. É nesse
contexto que surgem os modelos produtivos, que consistem em um método de racionalização da produção.
O Fordismo (1914) e o Toyotismo (1970) são os dois modelos produtivos estudados pela Geografia, pois eles
transcendem a organização da fábrica.

Fordismo (início do século XX)


O engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor (1856-1915), visando a aumentar a eficiência produtiva,
estudou tempos e movimentos de operários e máquinas na linha de produção. Seus estudos ficaram
conhecidos como Taylorismo.
Henry Ford (1863-1947) já desenvolvia sua linha de montagem para aumentar sua produção, quando ouviu
falar das ideias de Taylor. Impressionado, Ford contratou o engenheiro para trabalhar na sua fábrica. O
Fordismo nasce dessa associação entre as ideias de Taylor e a prática de Ford. Por isso, o Fordismo também
é chamado de Fordismo-Taylorismo.
São características do Fordismo:
• Linha de montagem: É a famosa esteira de produção retratada no filme Tempos Modernos.
• Trabalho especializado (repetitivo): É a pura aplicação das ideias de Taylor. Quanto menor fosse a tarefa
executada pelo trabalhador, mais eficiente ele poderia ser. Com o tempo, a tendência era se tornar um
especialista naquela tarefa.
• Padronização: A repetição das tarefas exigia uma padronização da produção.
• Mão de obra alienada: O trabalhador executava apenas uma tarefa e não conhecia todo o método de
produção, apenas a sua função.
• Produção concentrada: Espacialmente, a fábrica fordista era concentrada em um local, produzindo e
armazenando (estoques lotados) tudo no mesmo espaço. A concentração espacial reunia no mesmo
espaço milhares de trabalhadores, o que facilitava a ação de sindicatos, por isso, a pressão sindical era
muito forte.

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ford_assembly_line_-_1913.jpg

1
Geografia

Toyotismo (final do século XX)


O modelo de produção toyotista foi idealizado por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno e difundido pelo mundo a partir
de 1970. O Toyotismo, também conhecido como sistema flexível ou pós-fordista, foi desenvolvido em uma
fábrica de automóveis da Toyota, no Japão, buscando atender às especificidades da produção e do território
japonês. Todavia, suas características despontaram como alternativa ao Fordismo, que enfrentava sua crise
na década de 1970.
São características do Toyotismo:
• Produtos pouco duráveis: A durabilidade foi um problema para o Fordismo. Nesse sentido, a lógica do
Ciclo de Obsolescência Programada, em que os produtos possuem uma data de “validade”, foi
fundamental para superar as limitações do consumo fordista.
• Diversificação: A produção diversificada, com muitas opções, buscando atender às características de
cada mercado, foi importantíssima para oferecer uma maior variedade de produtos.
• Just in time: Seguindo a lógica acima, produzir de acordo com a demanda e gosto do mercado permitiu
reduzir os estoques e a possibilidade de perdas produtivas.
• Mão de obra qualificada: Outra característica que possibilitava o amplo desenvolvimento desse modelo.
Com uma mão de obra altamente educada e qualificada, toda melhoria no processo produtivo poderia
ser mais rapidamente incorporada, ao mesmo tempo que esses trabalhadores contribuíam para esse
progresso.

Diferença do fluxo de produção industrial fordista-taylorista e toyotista

2
Geografia

Globalização
A globalização, ou mundialização, é um processo em que os
fenômenos (economia, política, cultura, questão ambiental) passam a
ocorrer em uma escala global. Do ponto de vista histórico, essa
globalização inicia-se com as Grandes Navegações. Do ponto de vista
geográfico, a intensificação desse processo é mais atual e ocorre
após a dissolução da União Soviética e o fim da Guerra Fria.
A base técnica da globalização corresponde aos transportes e
comunicações. As transformações observadas nas últimas décadas
nesses setores, como o processo de conteinerização (uso de
contêineres para o transporte de mercadorias) e o desenvolvimento
da fibra óptica, possibilitaram o “encurtamento das distâncias” e a expansão do comércio mundial.

Na ponta desse processo, estão as empresas transnacionais. Elas são os principais agentes da globalização,
carregando consigo seus produtos e suas marcas para o mundo. Segundo alguns estudiosos, a
intensificação dessas trocas criaria uma “aldeia global”, isto é, uma cultura global e padronizada. Todos
beberiam o mesmo refrigerante, comeriam a mesma comida, usariam a blusa da mesma marca...

Entretanto, a forte identidade nacional permitiu ou intensificou outros fenômenos, como o hibridismo cultural
(trocas culturais formam novas características culturais) e o choque de civilizações (culturas diferentes
entram em conflito devido a essas diferenças). Assim, esse conceito de aldeia global não se confirmou.

3
Geografia

Mapa mental - Globalização

Geopolítica
A Questão Palestina
Durante muitos anos e depois de inúmeras diásporas, os judeus buscavam sua terra santa. No fim do século
XIX, surgiu o movimento sionista, que tinha como objetivo criar um Estado judeu na região da Palestina,
considerada o berço do judaísmo. Porém, essa região estava ocupada por árabes-palestinos. A partir da
segunda metade do século XIX, uma grande quantidade de judeus migrou em massa em direção aos
territórios da Palestina, então habitados por cerca de 500 mil árabes.
Essa região é reivindicada pelos judeus por ter sido ocupada por eles até a sua expulsão pelo Império
Romano, no século III d.C., iniciando a diáspora (dispersão de judeus pelo mundo). Com a ocupação da área,
uma tensão estabeleceu-se entre os povos das duas principais religiões do local, o que desencadeou uma
série de conflitos. Após o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Organização das Nações Unidas
(ONU), que ficou encarregada de resolver a situação, estabeleceu um Estado duplo entre as duas nações, em
1947. Dessa forma, aproximadamente metade do território seria ocupada por cada povo, e Jerusalém, a
capital, ficaria sob uma administração internacional. Era a partilha da ONU. No ano seguinte, porém, Israel
não aceitou o tratado e declarou independência na região, iniciando o processo de ocupação da Palestina.
Em 1964, foi criada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), liderada por Yasser Arafat, para lutar
pelos direitos perdidos por esse povo na região com os acontecimentos então recentes. O principal grupo
político da OLP, também controlado por Arafat, era o Fatah, um grupo moderado ainda hoje existente.

4
Geografia

Com a reação dos países árabes circundantes, que eram contrários à criação do Estado de Israel, teve início
a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em apenas seis dias, os israelenses tomaram a Faixa de Gaza e a Península
do Sinai do Egito, as Colinas de Golã da Síria, Jerusalém Oriental da Jordânia e a Cisjordânia. Mesmo com a
resolução posterior da ONU, em que Israel deveria devolver tais territórios, esses continuaram sob domínio
israelense por um bom tempo.
Em 1973, teve início a Guerra do Yom Kippur, em que os países árabes derrotados na Guerra dos Seis Dias
tentaram reaver seus territórios. Porém, Israel conseguiu uma nova vitória, pois contava com o apoio indireto
dos Estados Unidos. Os países árabes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
realizaram uma grande represália aos Estados Unidos, prejudicando toda a economia mundial: aumentaram
os preços do barril de petróleo em 300%, iniciando a primeira crise do petróleo, em 1973.
Em 1979, Israel decidiu pela devolução da Península do Sinai para o Egito, após a mediação dos Estados
Unidos no sentido de selar um acordo entre os dois países, chamado de Acordos de Camp David. Com isso,
os egípcios se tornaram os primeiros povos árabes a reconhecerem oficialmente o Estado de Israel, gerando
profunda revolta entre os demais países da região.
No ano de 1987, chegou ao auge a Primeira Intifada, uma revolta espontânea da população árabe-palestina
contra o Estado de Israel, quando o povo atacou com paus e pedras os tanques e armamentos de guerra
judeus. A reação de Israel foi dura e gerou um dos maiores massacres do conflito, o que desencadeou uma
profunda revolta da comunidade internacional em virtude do peso desproporcional do uso da força nas áreas
da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. No mesmo ano, foi criado o Hamas, que, mais radical, visava à destruição
completa do Estado de Israel, ao contrário da OLP, que objetivava apenas a criação da Palestina.
Em 1993, mediados pelos Estados Unidos, israelenses e palestinos assinaram os Acordos de Oslo, no qual
representantes da OLP reconheceram a criação do Estado de Israel. No entanto, atualmente, setores radicais
israelenses e palestinos ainda mantêm intensos conflitos pela ocupação da região da Palestina.

Disponível em: http://s3-sa-east-1.amazonaws.com/descomplica-blog/wp-content/uploads/2015/09/mapa_israel_palestina.jpg

5
Geografia

Guerra da Síria
A Síria é cenário de um dos conflitos mais brutais do Oriente Médio contemporâneo. O país encontra-se
devastado e conta com um saldo de milhões de mortos desde o começo da guerra. O ponto de partida para
essa questão é o fato de que a família al-Assad governa a Síria há quase 50 anos. Isso sem que os
presidentes tenham sido democraticamente eleitos. O poder foi passando de pai (Hafez al-Assad) para filho
(Bashar al-Assad), como se fosse uma herança. O governo é liderado pela família al-Assad, que pertence a
um grupo étnico-religioso denominado alauita, adepto do xiismo. Isso desagrada a maioria da população,
que se considera sunita, uma linha muçulmana mais branda. Em meados de 2011, por conta dos protestos
da Primavera Árabe, civis sírios decidiram fazer manifestações contra o governo de Bashar al-Assad. O
governo decidiu reprimir violentamente essas manifestações e, a partir daí, parte dos cidadãos sírios
organizaram e formaram o Exército Livre da Síria para lutar contra as tropas militares do governo.
A situação tornou-se cada vez mais complicada quando outros países, como Estados Unidos e Rússia,
começaram a apoiar um dos lados da disputa. A presença do Estado Islâmico na região, que busca expandir
seu domínio sobre o território sírio, complica ainda mais o conflito. A Guerra da Síria, além dos inúmeros
mortos civis, dividiu o território em diversas áreas sob o domínio desses diferentes grupos, desestabilizou o
país e criou uma onda gigantesca de refugiados (mais de 5 milhões de sírios abandonaram o país).
Atualmente, com o apoio militar russo ao governo sírio, a família al-Assad retomou o domínio sobre grande
parte do território. O Estado Islâmico, enfraquecido e praticamente derrotado, domina uma ou outra área no
território sírio. Em 2019, os Estados Unidos iniciaram a remoção de suas tropas da Síria.

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Geografia

Exercícios

1. (Enem 2013)

Disponível em: http://ensino.univates.br. Acesso em: 11 maio 2013 (adaptado).

Na imagem, estão representados dois modelos de produção. A possibilidade de uma crise de


superprodução é distinta entre eles em função do seguinte fator:
a) Origem da matéria-prima.
b) Qualificação da mão de obra.
c) Velocidade de processamento.
d) Necessidade de armazenamento.
e) Amplitude do mercado consumidor.

2. (Enem 2016)

THAVES. Jornal do Brasil, 19 fev. 1997 (adaptado).

A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra
nela inserida:
a) Ampliação da jornada diária.
b) Melhoria da qualidade do trabalho.
c) Instabilidade nos cargos ocupados.
d) Eficiência na prevenção de acidentes.
e) Desconhecimento das etapas produtivas.

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Geografia

3. (Enem Libras 2017) O desenvolvimento científico digital-molecular de certa forma desterritorializou


as localizações produtivas; os novos métodos de organização do trabalho industrial também vão na
mesma direção: just in time, kamban, organização flexível.
OLIVEIRA, F. As contradições da globalização: Copelar UFMG, 2004.

As mudanças descritas no texto referentes aos processos produtivos são favorecidas pela
a) ampliação da intervenção do Estado
b) adoção de barreiras alfandegárias
c) expansão das redes informacionais
d) predominância de empresas locais
e) concentração dos polos de fabricação

4. (Enem 2018 PPL) Existe uma concorrência global, forçando redefinições constantes de produtos,
processos, mercados e insumos econômicos, inclusive capital e informação.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

Nos últimos anos do século XX, o sistema industrial experimentou muitas modificações na forma de
produzir, que implicaram transformações em diferentes campos da vida social e econômica. A
redefinição produtiva e seu respectivo impacto territorial ocorrem no uso da
a) técnica fordista, com treinamento em altas tecnologias e difusão do capital pelo território.
b) linha de montagem, com capacitação da mão de obra em países centrais e aumento das
discrepâncias regionais.
c) robotização, com melhorias nas condições de trabalho e remuneração em empresas no Sudeste
asiático.
d) produção just in time, com territorialização das indústrias em países periféricos e manutenção
das bases de gestão nos países centrais.
e) fabricação em grandes lotes, com transferências financeiras de países centrais para países
periféricos e diminuição das diferenças territoriais.

5. (Enem 2019) A reestruturação global da indústria, condicionada pelas estratégias de gestão global da
cadeia de valor dos grandes grupos transnacionais, promoveu um forte deslocamento do processo
produtivo, até mesmo de plantas industriais inteiras, e redirecionou os fluxos de produção e de
investimento. Entretanto, o aumento da participação dos países em desenvolvimento no produto
global deu-se de forma bastante assimétrica quando se compara o dinamismo dos países do leste
asiático com o dos demais países, sobretudo os latino-americanos, no período 1980-2000.
SARTI, F.; HIRATUKA, C. Indústria mundial: mudanças e tendências recentes. Campinas: Unicamp, n. 186, dez. 2010.

A dinâmica de transformação da geografia das indústrias descrita expõe a complementaridade entre


dispersão espacial e
a) autonomia tecnológica.
b) crises de abastecimento.
c) descentralização política.
d) concentração econômica.
e) compartilhamento de lucros.

8
Geografia

6. (Enem 2014) O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do
Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional antes de ser transmitido à América. Sai
debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia. No restaurante, toda
uma série de elementos tomada de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica
inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na
Itália medieval; a colher vem de um original romano. Lê notícias do dia impressas em caracteres
inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na
Alemanha.
LINTON, R. O homem: uma introdução à antropologia. São Paulo: Martins. 1959 (adaptado).

A situação descrita é um exemplo de como os costumes resultam da


a) assimilação de valores de povos exóticos.
b) experimentação de hábitos sociais variados.
c) recuperação de heranças da Antiguidade Clássica.
d) fusão de elementos de tradições culturais diferentes.
e) valorização de comportamento de grupos privilegiados.

7. (Enem 2013)
Disneylândia
“Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria-prima brasileira
Para competir no mercado americano
[...]
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul
[...]
Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtêm visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia”
ANTUNES, A. Disponível em: www.radio.uol.com.br. Acesso em: 3 fev. 2013 (fragmento).

Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto internacional atual, das seguintes situações:

a) Acirramento do controle alfandegário e estímulo ao capital especulativo.


b) Ampliação das trocas econômicas e seletividade dos fluxos populacionais.
c) Intensificação do controle informacional e adoção de barreiras fitossanitárias.
d) Aumento da circulação mercantil e desregulamentação do sistema financeiro.
e) Expansão do protecionismo comercial e descaracterização de identidades nacionais.

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Geografia

8. (Enem 2019 PPL) Embora os centros de decisão permaneçam fortemente centralizados nas cidades
mundiais, as atividades produtivas podem ser desconcentradas, desde que haja conexões fáceis entre
as unidades produtivas e os centros de gestão e exista a disponibilidade de trabalho qualificado e uma
base técnica adequada às operações industriais.
EGLER, C. A. G. Questão regional e a gestão do território no Brasil. In: CASTRO, I. E.; CORRÊA, R. L.; GOMES, P. C. C. (Org.).
Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

A mudança nas atividades produtivas a que o texto faz referência é motivada pelo seguinte fator:
a) Definição volátil das taxas aduaneiras e cambiais.
b) Prestação regulada de serviços bancários e financeiros.
c) Controle estrito do planejamento familiar e fluxo populacional.
d) Renovação constante das normas jurídicas e marcos contratuais.
e) Oferta suficiente de infraestruturas logísticas e serviços especializados.

9. (Enem 2019 PPL)

Disponível em: http://operamundi.uol.com.br. Acesso em: 28 ago. 2014 (adaptado).

As imagens representam fases de um conflito geopolítico no qual as forças envolvidas buscam


a) garantir a posse territorial.
b) promover a conversão religiosa.
c) explorar as reservas petrolíferas.
d) controlar os sítios arqueológicos.
e) monopolizar o comércio marítimo.

10
Geografia

10. (Enem 2018) Em Beirute, no Líbano, quando perguntado sobre onde se encontram os refugiados sírios,
a resposta do homem é imediata: “em todos os lugares e em lugar nenhum". Andando ao acaso, não
é raro ver, sob um prédio ou num canto de calçada, ao abrigo do vento, uma família refugiada em volta
de uma refeição frugal posta sobre jornais como se fossem guardanapos. Também se vê de vez em
quando uma tenda com a sigla ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados),
erguida em um dos raros terrenos vagos da capital.
JABER, H. Quem realmente acolhe os refugiados? Le Monde Diplomatique Brasil, out. 2015 (adaptado).

O cenário descrito aponta para uma crise humanitária que é explicada pelo processo de
a) migração massiva de pessoas atingidas por catástrofe natural.
b) hibridização cultural de grupos caracterizados por homogeneidade social.
c) desmobilização voluntária de militantes cooptados por seitas extremistas.
d) peregrinação religiosa de fiéis orientados por lideranças fundamentalistas.
e) desterritorialização forçada de populações afetadas por conflitos armados.

11
Geografia

Gabarito

1. D
Observando-se as duas imagens, é possível identificar que a diferença entre elas é a necessidade ou não
de estoque. No modelo 1, o armazenamento é originado pela produção em massa, característica do
modelo fordista-taylorista de produção, enquanto no modelo 2, a produção ocorre quando é requerida,
eliminando, assim, os estoques, característica essa que corresponde ao modelo toyotista de produção
(just in time).

2. E
A organização interna da indústria e do trabalho fordista-taylorista é caracterizada pela adoção da linha
de montagem, produção em massa, grandes estoques e especialização do trabalho. Um dos impactos
da divisão e especialização do trabalho é que o operário não conhece a totalidade ou o conjunto das
etapas produtivas.

3. C
A desterritorialização da produção só foi possível com a ampliação das redes informacionais. Da mesma
forma, o desenvolvimento tecnológico transforma a organização do trabalho.

4. D
As empresas transnacionais deslocaram linhas de produção para países emergentes e
subdesenvolvidos para elevar sua lucratividade explorando incentivos fiscais, menor custo com mão de
obra, matérias-primas e energia a baixo custo, infraestrutura, facilidade para exportação, mercado
consumidor interno em crescimento. Com o avanço das tecnologias em telecomunicações e informática,
foi possível manter decisões importantes nos países onde se localizam as matrizes das empresas.

5. D
A dispersão espacial da indústria no período apontado favoreceu o modelo de plataforma de exportação
adotado pelos países do Leste Asiático em detrimento dos países latino-americanos, criando, assim, a
assimetria mencionada no texto, uma vez que os fortes investimentos e a alavancagem da produção
industrial levam à concentração econômica na Ásia.

6. D
A questão aborda um elemento bastante trabalhado no Enem, o hibridismo cultural. Quando analisamos
questões que falam de cultura, é importante levar em consideração esse conceito, pois o século XX foi
marcado pela expansão das culturas para outras regiões. Lembrando que um fator que possibilita muito
esse acontecimento é o fenômeno da globalização, em que o encurtamento das distâncias através do
avanço de tecnologias levará a cultura de um determinado lugar a outro antes não pensado.

7. B
Os trechos da música apontam os diferentes níveis de inserção dos países na lógica da globalização,
em que alguns países são mais valorizados que outros nas trocas comerciais e no direcionamento dos
fluxos populacionais.
8. E
No contexto da globalização, a revolução técnica nos transportes e comunicações possibilitou a
desconcentração das atividades industriais e a manutenção da centralidade dos pontos de gestão. A

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Geografia

renovação de normas jurídicas e a volatilidade das taxas aduaneiras são empecilhos à desconcentração
industrial.

9. A
O primeiro mapa ilustra a proposta de Partilha da Palestina pela ONU para a formação de dois países
independentes: Israel (judeus) e Palestina (muçulmanos e cristãos). Os conflitos entre judeus e
palestinos iniciaram-se em 1948, com a proclamação unilateral do Estado de Israel. Ao longo dos
inúmeros conflitos entre esses povos, o Estado de Israel conquistou importantes territórios do que seria
o Estado Palestino, a partir da Guerra dos Seis Dias (1967) e da Guerra do Yom Kippur (1973). O domínio
territorial e a busca por garantir essa posse continua até hoje, conforme ilustrado no mapa.

10. E
A crise humanitária descrita no texto é da migração forçada de pessoas do seu país ou região de origem,
as quais possuem vínculos com o território. Essa saída forçada é o que caracteriza o migrante como
refugiado. Na atualidade, tal processo ocorre devido a conflitos armados e catástrofes naturais,
traduzindo-se em um processo de desterritorialização, isto é, de perda do vínculo com o território. No
texto, a migração forçada é devido a conflitos armados.

13
Geografia

População - Urbana - Agricultura

Resumo

População
Sobre o conteúdo de população o Enem é caracterizado por cobrar esse assunto a partir do caso brasileiro,
embora não se limite a ele. É importante dominarmos alguns conceitos de população bem como o atual
contexto da população brasileira.

Conceitos
O crescimento vegetativo consiste na diferença entre a taxa de natalidade (número de nascimentos naquele
país) e a taxa de mortalidade (número de óbitos naquele país), e, geralmente, é expresso em porcentagem.
Assim, o crescimento vegetativo pode ser: crescimento vegetativo positivo, quando o número de
nascimentos é maior que o número de mortes, e crescimento vegetativo negativo, quando o número de
mortes supera o número de nascimentos.
O crescimento demográfico é um conceito que ajuda a entender o crescimento populacional de um país. É
calculado a partir do somatório do crescimento vegetativo e do saldo migratório (população que entra e sai).
Assim, a população de um país pode crescer, mesmo que o crescimento vegetativo seja negativo. Isso
acontece quando existe um maior número de imigrantes, isto é, população entrando naquele país.

Atual contexto da população brasileira


O Brasil, nesses últimos anos, passou por significativas mudanças na estrutura da sua população: mudanças
na taxa de natalidade, mortalidade e fecundidade. Todavia, o mais importante é entender quais são os efeitos
socioeconômicos dessa transformação.
Desaceleração do crescimento: a população brasileira continua crescendo, porém, em um ritmo menor. A
quantidade de filhos por mulher diminuiu de forma expressiva, e isso ajuda a explicar essa menor taxa
geométrica do crescimento populacional.
Redução da taxa de jovens: as menores taxas de natalidade e de fecundidade mostram o país em uma
transição demográfica do nível 3 para o nível 4, assunto discutido na aula sobre Transição demográfica e
seus desafios.
Crescimento da expectativa de vida: com a melhora na qualidade de vida e nas condições básicas da
população brasileira, resultante da urbanização, industrialização e respectivo crescimento econômico,
observou-se, nos últimos anos, um crescimento da esperança de vida ao nascer. Tal condição revela um
processo de envelhecimento da população, que irá demandar maiores serviços médicos do setor de geriatria,
bem como um melhor planejamento para as aposentadorias, ponto iniciado pela Reforma da Previdência
aprovada em 2020.
Bônus demográfico: todas essas alterações indicam também que o Brasil ingressou no período de janela ou
bônus demográfico, momento no qual há predomínio de adultos (População Economicamente Ativa) em
relação aos idosos e jovens (População Economicamente Inativa).
Por fim, no gráfico abaixo, pode-se visualizar o crescimento vegetativo brasileiro do passado e as projeções
para as próximas décadas. É possível se observar tudo o que foi discutido até agora, mas também o momento
em que a população brasileira deixará de crescer, apresentando, pela primeira vez, crescimento vegetativo
negativo, isto é, se não houver fluxo migratório significativo, a população brasileira, na década de 2040,

1
Geografia

começará a diminuir. Lembrando que essa é uma projeção e que esses valores podem e irão mudar, à medida
que os anos passam.

Brasil: nascimentos, óbitos e crescimento vegetativo – 1980-2044

Fonte: MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização.

Urbana
Sobre o conteúdo de urbanização, o Enem apresenta como característica a cobrança de alguns conceitos,
bem como as causas e consequências do processo de urbanização brasileira. Nesse sentido, vamos revisar
alguns conceitos.

Metrópole e região metropolitana


A metrópole é a cidade que dispõe dos melhores equipamentos urbanos.
Exerce grande influência nas cidades menores que estão ao seu redor,
formando a região metropolitana. Geralmente, a área de influência de uma
metrópole é medida também em função da migração pendular existente
entre a metrópole e os municípios vizinhos. É importante destacar que a
metrópole concentra grande fluxo de pessoas, capital, informação e
mercadoria.

Conurbação
É a junção física de duas ou mais cidades próximas, em razão do seu
crescimento horizontal. Isso ocorre principalmente em regiões mais
desenvolvidas, onde, geralmente, há uma grande rodovia que expande
continuamente a área física das cidades. É comum considerar que toda região
metropolitana possui sua área urbana conurbada, mas essa não é uma regra
geral para todas as regiões metropolitanas brasileiras.

2
Geografia

Região polarizada
É um conceito que se refere à organização espacial no entorno das metrópoles. É sabido que a metrópole
tem influência significativa na sua região metropolitana, porém, será que uma grande metrópole, do porte de
São Paulo ou Rio de Janeiro e diversas outras só influenciam sua região metropolitana? Não! Nesse sentido,
região polarizada é a constituição de um grande ambiente econômico e populacional, que, de certa forma, é
influenciado pela metrópole, e seus limites vão muito além da fronteira dos estados. Por exemplo, a cidade
de São Paulo consegue influenciar, em determinado nível, todos os outros estados do Brasil. Rio de Janeiro
consegue influenciar regiões do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia... Para isso, usamos o conceito de
espaço polarizado ou região polarizada.

Megalópole
É quando ocorre a conurbação de duas ou mais metrópoles. São exemplos de
megalópoles: a junção de Boston e Washington, originando a megalópole BosWash,
e a junção de San Francisco e San Diego, originando a megalópole San-San, ambas
nos Estados Unidos.

Megacidade
Conceito demográfico classificado pela ONU. Corresponde
a toda e qualquer cidade com mais de 10 milhões de
habitantes. No caso brasileiro, a população é calculada a partir da região
metropolitana e, assim, metrópole e cidades satélites são calculadas juntas. Desse
modo, apenas Rio de Janeiro e São Paulo são megacidades brasileiras.

Rede urbana
Conjunto de trocas que existem entre as cidades, podendo ser trocas materiais (mercadorias, fluxo de
pessoas, entre outros) e imateriais (fluxo de informações), desde metrópoles até cidades de pequeno porte.

Hierarquia urbana
É a ordem de importância das cidades. A hierarquia urbana é estabelecida na capacidade de alguns centros
urbanos de liderar e influenciar outros por meio da oferta de bens e serviços à população.

Adaptado de: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione. 1999.

3
Geografia

Cidade global
O termo “cidade global” é recente no estudo das cidades. É utilizado para fazer uma análise qualitativa das
cidades, destacando a influência delas, em partes distintas do mundo, sobre os demais centros urbanos.
Uma cidade global, portanto, caracteriza-se como uma metrópole, porém, sua área de influência não é
apenas uma região ou um país, mas parte considerável do nosso planeta. É por isso que as cidades globais
também são denominadas metrópoles mundiais. As características utilizadas para considerar uma cidade
como global são: sedes de empresas transnacionais, existência de uma bolsa de valores, tamanho do setor
de comunicações, importância tecnológica, presença de portos e aeroportos modernos.

Gentrificação
É um processo que ocorre nas grandes cidades, em que se expulsam as populações pobres para áreas cada
vez mais periféricas. Isso traz consequências urbanas como congestionamentos, gastos com transportes e
estradas, favelização, e diminui ainda mais a qualidade de vida da população marginalizada.

Segregação socioespacial
Corresponde à fragmentação do espaço a partir da renda. É um reflexo das desigualdades sociais (divisão
de classes) na paisagem urbana.

Atual dinâmica urbana brasileira


Atualmente, sobre a dinâmica urbana brasileira, devem-se destacar: o crescimento das cidades médias, em
função da desconcentração industrial e da expansão do agronegócio no país, e o crescimento do setor
terciário nas grandes cidades, como consequência da fuga das grandes indústrias (setor secundário) para
outras regiões ou países.

Agricultura
Sobre o conteúdo de agricultura, o Enem cobra esse assunto, em geral, relacionado às características
brasileiras. É fundamental conhecer a estrutura fundiária do país, suas características e as razões históricas
para essa concentração. Outro tópico é a agricultura familiar e empresarial, que, seguindo as mesmas regras,
possuem uma relevância alta para o Enem.

Estrutura fundiária brasileira


A estrutura fundiária corresponde à forma como a terra está distribuída. No Brasil, é possível se observar
uma enorme concentração nessa distribuição, o que é chamado de concentração fundiária. Segundo dados
do IBGE, aproximadamente 1% dos proprietários agrícolas detêm aproximadamente 46% das terras usadas
para a produção agropecuária no país. Essa concentração possui raízes históricas.
Um primeiro fator que ajuda a explicar isso foi o sistema de Capitanias Hereditárias. Escolhido como um
recurso administrativo por Portugal para gerenciar uma região de proporções continentais, as capitanias
eram administradas pelos donatários, pessoas próximas e de confiança da Coroa portuguesa. Eles poderiam
escolher outras pessoas para ajudar nesse processo. Essas pessoas, beneficiários, recebiam porções de
terra em forma de doação. Para regular esse sistema, foram criadas as Sesmarias. Assim, o acesso à terra
dependia da sua proximidade com a Coroa portuguesa.

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Geografia

Um segundo fator foi a Lei de Terras de 1850, que transformou a terra em propriedade. Agora, ela precisava
ser registrada e só podia ser comprada ou vendida. No Brasil do século XIX, aqueles que possuíam
capacidade para isso já eram proprietários de terras, o que foi aumentando a concentração.
Já no século XX, o processo de modernização conservadora, isto é, de mecanização do campo sem alterar
sua estrutura fundiária, intensificou a concentração, pois diminuiu a competitividade dos pequenos e médios
produtores, forçando-os a migrarem para a cidade em busca de emprego. Esse fluxo populacional é
denominado êxodo rural.

Concentração de terras e conflitos


Atualmente, com o avanço do agronegócio, é possível se observar uma queda da participação da agricultura
familiar e mais um período de crescimento da concentração fundiária, o que acaba intensificando os conflitos
no campo, principalmente na região do MAPITOBA (acrônimo de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) e do
Bico do Papagaio.

Disponível em: http://www.abep.org.br/xxencontro/files/paper/311-228.pdf

Cabe destacar que o agronegócio é muito importante para a economia brasileira e está organizado,
principalmente, em torno do complexo agroindustrial (agricultura+ indústria). Esse complexo pode ser
dividido em três etapas: a indústria de insumos (tratores, adubos e fertilizantes), a agricultura e pecuária, e
a indústria de beneficiamento (transformação do produto).

Agricultura familiar
A agricultura familiar caracteriza-se por uma gestão familiar da propriedade e da atividade produtiva
agropecuária, que é a principal fonte de renda. Segundo dados do Censo Agro 2017, realizado pelo IBGE, 77%
dos estabelecimentos rurais são classificados como agricultura familiar, um total de 3,9 milhões de
estabelecimentos. Outro número importantíssimo é que a agricultura familiar é responsável por 67% de todo
o pessoal ocupado com agropecuária no país, aproximadamente 10 milhões de pessoas. Abaixo, é possível
se observar esse valor por Grandes Regiões.

Fonte: IBGE. Censo Agro 2017.

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Geografia

Ainda sobre os dados do IBGE, o valor da produção da agricultura familiar corresponde a 107 bilhões e
equivale a 23% de toda a produção agropecuária brasileira. Abaixo, é possível se observar o percentual dessa
produção por regiões.

Fonte: IBGE. Censo Agro 2017.

Os estados de Pernambuco, Ceará e Acre apresentam as maiores proporções de área ocupada pela
agricultura familiar, enquanto os estados do Centro-Oeste e São Paulo possuem maior proporção de
agricultura não familiar. Isso ajuda a evidenciar o fato de que o Centro-Sul apresenta a maior produção da
agricultura empresarial no país.

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Geografia

Exercícios

1. (Enem 2018) Os países industriais adotaram uma concepção diferente das relações familiares e do
lugar da fecundidade na vida familiar e social. A preocupação de garantir uma transmissão integral
das vantagens econômicas e sociais adquiridas tem como resultado uma ação voluntária de limitação
do número de nascimentos.
GEORGE, Panorama do mundo atual. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1968 (adaptado).

Em meados do século XX, o fenômeno social descrito contribuiu para o processo europeu de
a) estabilização da pirâmide etária.
b) conclusão da transição demográfica.
c) contenção da entrada de imigrantes.
d) elevação do crescimento vegetativo.
e) formação de espaços superpovoados.

2. (Enem 2013)

IBGE. Censo demográfico 2010: resultados gerais da amostra. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br. Acesso em: 12 mar. 2013.

O processo registrado no gráfico gerou a seguinte consequência demográfica:


a) Decréscimo da população absoluta.
b) Redução do crescimento vegetativo.
c) Diminuição da proporção de adultos.
d) Expansão de políticas de controle da natalidade.
e) Aumento da renovação da população economicamente ativa.

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Geografia

3. (Enem 2012)

BRASIL. IBGE. Censo demográfico 1991-2010. Rio de Janeiro, 2011.

A interpretação e a correlação das figuras sobre a dinâmica demográfica brasileira demonstram


um(a):
a) menor proporção de fecundidade na área urbana.
b) menor proporção de homens na área rural.
c) aumento da proporção de fecundidade na área rural.
d) queda da longevidade na área rural.
e) queda do número de idosos na área urbana.

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Geografia

4. (Enem 2018 PPL)

Fonte IBGE: Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 30 jun. 2015.

A evolução da pirâmide etária apresentada indica a seguinte tendência:


a) Crescimento da faixa juvenil.
b) Aumento da expectativa de vida.
c) Elevação da taxa de fecundidade.
d) Predomínio da população masculina.
e) Expansão do índice de mortalidade.

5. (Enem 2019 PPL)


E a situação sempre mais ou menos,
Sempre uns com mais e outros com menos.
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce.
(CHICO SCIENCE e Nação Zumbi. In: Da lama ao caos. Rio de Janeiro: Chaos; Sony Music, 1994 - fragmento)

A letra da canção do início dos anos 1990 destaca uma questão presente nos centros urbano
brasileiros que se refere ao(à):
a) déficit de transporte público.
b) estagnação do setor terciário.
c) controle das taxas de natalidade.
d) elevação dos índices de criminalidade.
e) desigualdade da distribuição de renda.

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Geografia

6. (Enem 2018 PPL)

BRASIL. IBGE. Regiões de influência de cidades 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008 (adaptado).

O critério que rege a hierarquia urbana é a:


a) existência de distritos industriais de grande porte.
b) importância histórica dos centros urbanos tradicionais.
c) centralidade exercida por algumas cidades em relação às demais.
d) proximidade em relação ao litoral das principais cidades brasileiras.
e) presença de sedes de multinacionais potencializando a conexão global.

7. (Enem 2016) O Rio de Janeiro tem projeção imediata no próprio estado e no Espírito Santo, em parcela
do sul do estado da Bahia, e na Zona da Mata, em Minas Gerais, onde tem influência dividida com Belo
Horizonte. Compõem a rede urbana do Rio de Janeiro, entre outras cidades: Vitória, Juiz de Fora,
Cachoeiro de Itapemirim, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda - Barra Mansa, Teixeira de Freitas,
Angra dos Reis e Teresópolis.
Disponível em: http://ibge.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2015 (adaptado).

O conceito que expressa a relação entre o espaço apresentado e a cidade do Rio de Janeiro é:
a) Frente pioneira.
b) Zona de transição.
c) Região polarizada.
d) Área de conurbação.
e) Periferia metropolitana.

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Geografia

8. (Enem 2018) A agricultura ecológica e a produção orgânica de alimentos estão ganhando relevância
em diferentes partes do mundo. No campo brasileiro, também acontece o mesmo. Impulsionado
especialmente pela expansão da demanda de alimentos saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora
permaneça relativamente marginalizado na agenda de prioridades da política agrícola praticada no
país.
AQUINO, J. R.; GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. In: SAMBUICHI, R. H. R. et al. (Org.). A política nacional de agroecologia e
produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 2017 (adaptado).

Que tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz de reduzir a marginalização
produtiva apresentada no texto?
a) Subsidiar os cultivos de base familiar.
b) Favorecer as práticas de fertilização química.
c) Restringir o emprego de maquinário moderno.
d) Controlar a expansão de sistemas de irrigação.
e) Regulamentar o uso de sementes selecionadas.

9. (Enem 2017) Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da
compra com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra
para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp.
2009.
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
a) reforma agrária.
b) expansão mercantil.
c) concentração fundiária.
d) desruralização da elite.
e) mecanização da produção.

10. (Enem 2019) O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está
investigando o extermínio de abelhas por intoxicação por agrotóxicos em colmeias de São Paulo e
Minas Gerias. Os estudos com inseticidas do tipo neonicotinoides devem estar concluídos no primeiro
semestre de 2015. Trata-se de um problema de escala mundial, presente, inclusive, em países do
chamado primeiro mundo, e que traz, como consequência, grave ameaça aos seres vivos do planeta,
inclusive ao homem.
IBAMA. Polinizadores em risco de extinção são ameaça à vida do ser humano. Disponível em: www.mma.gov.br. Acesso em:
10 mar. 2014.

Qual solução para o problema apresentado garante a produtividade da agricultura moderna?


a) Preservação da área de mata ciliar.
b) Adoção da prática de adubação química.
c) Utilização da técnica de controle biológico.
d) Ampliação do modelo de monocultura tropical.
e) Intensificação da drenagem do solo de várzea.

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Geografia

Gabarito

1. B
A transição demográfica é uma teoria que explica que todos os países irão passar por diferentes etapas
do crescimento populacional. A última fase é caracterizada por uma baixa natalidade e mortalidade,
representando um pequeno crescimento vegetativo. A diminuição da natalidade na Europa, pelo alto
custo de vida e vontade de transmitir o padrão econômico para gerações futuras, iniciou o
encaminhamento do continente para a última fase (IV) desse processo.

2. B
A taxa de fecundidade refere-se ao número de filhos por mulher. Quando essa taxa entra em declínio,
como mostrado no gráfico, consequentemente, há uma redução do crescimento vegetativo (diferença
entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade).

3. A
Nas áreas urbanas, devido ao maior acesso à informação, à disseminação de métodos contraceptivos,
à entrada da mulher no mercado de trabalho e ao maior custo de criação do filho, ocorre uma queda das
taxas de natalidade e fecundidade, em comparação com as áreas rurais.

4. B
Observando-se a composição e evolução das pirâmides etárias brasileiras, verifica-se o aumento da
expectativa de vida. A faixa de jovens tem diminuído, com a queda de natalidade e da fecundidade.

5. E
Ao dizer “uns com mais e outros com menos” e que a cidade só cresce, permanecendo com sua estrutura,
na qual os que já estão em cima conseguem “subir” ou ascender, melhorar de vida, e os que estão por
baixo só pioram, Chico Science nos lembra da desigual distribuição de renda que se materializa no
espaço urbano no que chamamos de segregação socioespacial.

6. C
A centralidade exercida por uma cidade é o principal critério para definir o seu nível hierárquico. Todavia,
essa centralidade é definida pela oferta de serviços públicos e privados, bem como a infraestrutura e a
capacidade industrial existente, além da sua importância no sistema financeiro.

7. C
O texto retrata o nível de importância da cidade do Rio de Janeiro, pois destaca a área que é diretamente
influenciada pela capital carioca (englobando o próprio estado, Espírito Santo e Minas Gerais, até o
encontro com a área de influência de Belo Horizonte). Sendo assim, a opção que mostra corretamente o
conceito que se relaciona à dinâmica é a que fala em polarização (termo que indica a ideia de
centralidade), típica das grandes metrópoles brasileiras.

8. A
No Brasil, a agricultura familiar é a principal responsável pela produção voltada para o mercado interno.
A produção orgânica é, geralmente, desenvolvida por esses estabelecimentos familiares. Nesse contexto,
subsidiar os cultivos de base familiar seria a melhor opção para estimular a expansão desse tipo de
produção.

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Geografia

9. C
A Lei de Terras de 1850, como mencionado no texto, definiu que o acesso à terra só poderia se dar por
meio de compra. Por conta disso, pobres, imigrantes e negros livres ficaram excluídos, o que contribuiu
para a expansão da concentração fundiária.

10. C
O comando da questão pede uma solução que não afete a produtividade da agricultura moderna. Tendo
em vista os sistemas agroecológicos, é possível realizar um controle biológico a fim de reduzir as pragas,
sem afetar outras espécies como os agrotóxicos químicos fazem.

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História

As unificações tardias: Itália

Resumo

A fragmentação italiana e a influência napoleônica


A península itálica, tão famosa na era moderna pelo renascimento artístico, pelo
domínio do mar mediterrâneo, por Roma e pela influência cultural na Europa, não
exercia, no início do século XIX, o mesmo poder político e econômico que outrora
havia apresentado. Neste período, a península estava dividida em um conjunto de
reinos, ducados e principados extremamente fragmentados e enfraquecidos,
dominados muitas vezes por outras potências, como França e Áustria. No caso
do Reino de Nápoles, o próprio irmão de Napoleão, José Bonaparte, foi nomeado
rei entre 1806 e 1808, já Parma, Toscana e Módena pertenciam aos arquiduques
austríacos e as regiões de Veneza e Lombardia pertenciam ao Império Austríaco.
No entanto, apesar desse domínio estrangeiro, outras regiões apresentavam maior autonomia, como as terras
da Igreja Católica, que formavam os Estados Papais no centro da península, o Reino de Piemonte-Sardenha,
que era regido pela dinastia Saboia e, por fim, o Reino das Duas Sicílias, da tradicional dinastia Bourbon.
Assim, apesar de diferentes monarquias, da predominância do absolutismo e das diferenças regionais, os
habitantes da península itálica ainda compartilhavam algumas coisas, como a língua, a memória, muito da
cultura renascentista e até mesmo a literatura, tão marcada por Dante, Boccaccio, Petrarca e outros. Ainda
no início do XIX, essas regiões da península itálica permaneciam com uma economia profundamente agrária
e pouco sofriam a influência do pensamento liberal, no entanto, com a Revolução Francesa no final do XVIII e
com as guerras napoleônicas, que disseminaram o iluminismo pelo ocidente, novas ideias passaram a surgir
na região, influenciando, enfim, na formação de movimentos nacionalistas revolucionários.
Tendo em vista essas questões, vale destacar que, uma dos primeiros grupos a formular um ideal nacionalista
e de unificação, na Itália, sob influência iluminista, foi a sociedade secreta formada pelos Carbonários (pois
se reuniam em cabanas de carvoeiros), com atuação principalmente em Nápoles. Esse grupo surgiu
inicialmente como resistência à presença do general francês Joaquim Napoleão Murat e, ao longo do século
XIX, participou de diversos movimentos que marcaram o processo de unificação, contando inclusive com a
participação de importantes figuras, como Giuseppe Mazzini.

Os movimentos liberais na Itália


Durante o século XIX, destacou-se na Europa uma série de movimentos revolucionários, liderados
principalmente pela burguesia e extremamente influenciado pelo pensamento liberal iluminista. Tendo em
vista tais revoluções, percebe-se que na Itália, o processo de unificação também acompanhou os ciclos
revolucionários de 1820, 1830 e 1848.
Na década de 1820, por exemplo, grupos de uma crescente burguesia liberal se encontravam insatisfeitos
com as decisões do Congresso de Viena e com o recrudescimento do absolutismo em regiões como Nápoles,
Piemonte e Sicília. Assim, uma série de revoltas ocorreram entre 1820 e 1821, com a presença inclusive dos
carbonários, exigindo a criação de uma Constituição, de um parlamento e de reformas liberais. Em grande
parte, esses movimentos de 1820 e, em seguida, os movimentos de 1830, em Módena e Parma, acabam
reprimidos pelas autoridades locais, resultando em poucas conquistas concretas.

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História

No entanto, apesar das derrotas e de movimentos com um caráter muito mais elitista e liberal, as experiências
de 1820 e 1830 acabaram formando uma base para o surgimento de novos grupos e para a construção de
um pensamento burguês, visando a unificação. O próprio movimento Jovem Itália foi criado por Giuseppe
Mazzini (dissidente dos Carbonários e, posteriormente, também abandonou a Jovem Itália) em 1831, já
apresentando as propostas de unificação dos povos italianos, a formação republicana e a luta contra o
domínio austríaco.
Mazzini se tornou uma figura fundamental para a mobilização do processo de unificação e, em 1848, chegou
a promover uma série de revoltas e conquistas na região central da península itálica, anexando inclusive os
Estados Papais e proclamando repúblicas, no entanto, logo foi reprimido pela Santa Aliança.
Ainda neste ano, Mazzini também apoiou o Rei Carlos Alberto (de tendências
liberais), de Piemonte e Sardenha, no projeto de anexação dos territórios da
Lombardia e da Veneza, sob domínio austríaco. No entanto, a mobilização de
1848 foi um fracasso, com a derrota sardo-piemontense e a abdicação do rei ao
trono, sendo substituído por seu filho, Vítor Emannuel II, em 1849.
As derrotas dos liberais para as forças conservadoras durante as revoluções de 1848 na Itália e a presença
da Santa Aliança na península, mais uma vez frustraram o projeto burguês, no entanto, a força da burguesia
e das ideias liberais crescia e o reino de Piemonte e Sardenha, apesar de tudo, mantinha suas tendências
esclarecidas, o sonho da unificação e assegurava a permanência da Constituição com o rei Vítor Emannuel II
e seu novo ministro, o Conde de Cavour.

Unificação da Itália
Após os fracassos dos ciclos de 20, 30 e 48, os grupos que lideravam os processos de unificação chegaram
a enfraquecer, mas, após 1848, três correntes ainda planejavam essa revolução na península, sendo elas os
chamados neoguelfos, que defendiam a unificação pelo papado, os republicanos, influenciados por Mazzini
e, enfim, os monarquistas, de Conde de Cavour.

Apesar das três tendências, os movimentos voltaram a tomar força apenas no final da década de 1850,
formando uma atuação muito mais sólida pela unificação em duas frentes, ao norte, com os monarquistas
de Piemonte e Sardenha e ao sul, em uma ação de caráter popular e republicano, que saía do Reino das duas
Sicílias e era liderado por Giuseppe Garibaldi e seus “camisas vermelhas”.
Na frente nortista, em 1852, o ministro Conde de Cavour passou a modernizar o reino de Piemonte e Sardenha,
construindo ferrovias, fortalecendo a indústria local, reformando o exército e o comércio. Essa modernização,
enfim, foi fundamental para que, em 1858, em mais uma investida contra a Áustria (dessa vez com apoio de
Napoleão III), a vitória fosse conquistada na batalha que ficou conhecida como a Segunda Guerra de
Independência Italiana, que garantiu a Vítor Emannuel II a anexação da Lombardia.
Enquanto ao norte a unificação era liderada pela monarquia, ao sul, ao
contrário, um movimento popular liderado por Giuseppe Garibaldi, em 1860,
garantiu a conquista do Reino das Duas Sicílias. No entanto, apesar das
vitórias de Garibaldi e de suas desavenças com o movimento monarquista,
o líder sulista decidiu abrir mão das conquistas para o Conde de Cavour e
os monarquistas do norte, evitando assim uma guerra civil entre os dois
grupos e, enfim, concluindo a unificação em 1861, criando o Reino da Itália,
com uma monarquia parlamentarista.
O caso dos territórios da Igreja católica e de Veneza, no entanto, ainda estavam pendentes ao fim deste
processo, visto que Napoleão III ainda mantinha seu exército protegendo o Papa em Roma e a Áustria não
desistia da Veneza.

2
História

Desta forma, a conclusão dos dois casos teve impacto de um processo paralelo, o da unificação alemã, visto
que a Prússia, em guerra contra a França e a Áustria, recebeu apoio da Itália. Como resultado da vitória
prussiana sobre a Áustria, os italianos puderam anexar finalmente Veneza. Já na questão romana, ao retirar
os soldados franceses de Roma para combater a Prússia na Alsácia-Lorena, os italianos puderam enfim
ocupar o território em 1870.
Apesar do processo ter finalmente levado à unificação da Itália ainda no século XIX, algumas questões ainda
ficaram pendentes no século XX, principalmente a permanência de grupos italianos ainda em território
austríaco, nas regiões de Trento, Ístria e Trieste, que afetaram inclusive as relações entre Áustria e Itália
durante a Grande Guerra e, por fim, a questão do Vaticano. A Igreja Católica não reconhecia o novo Estado
como legítimo, com o Papa resistindo à dominação e se declarando um preso político. A situação foi resolvida
apenas no século XX, com Benito Mussolini e a assinatura do Tratado de Latrão.

Disponível em: http://blogmundohistoria.blogspot.com/2012/12/unificacao-da-italia-1870.html

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História

Exercícios

1. No Brasil, desde 2011, tem havido diversas comemorações dos 150 anos da Unificação Italiana,
relembrando os fortes laços culturais entre os dois países. Sobre a relação entre a Unificação Italiana
e a imigração de italianos para as Américas, é correto afirmar:
a) A Unificação Italiana foi o resultado de uma série de revoltas populares, que culminaram em 1861
com a formação de uma república socialista sob a direção de Giuseppe Mazzini. A burguesia, que
não concordava com o novo regime, emigrou para as Américas, levando capital suficiente para
iniciar a industrialização em países como a Argentina, o Brasil e os Estados Unidos.
b) O processo da Unificação Italiana contou com a intensa participação do Império brasileiro, pois D.
Pedro II almejava estabelecer relações comerciais com os italianos. É notória a participação de
Giuseppe Garibaldi na política brasileira do período imperial. Após a unificação, contudo, nem o
Brasil nem os demais países aliados conseguiram levantar a Itália de uma profunda crise
econômica, o que levou a uma grande leva emigratória para as Américas de 1880 a 1930.
c) A Unificação Italiana foi um processo iniciado no início do século XIX, que se concluiu em 1861,
com uma monarquia constitucionalista, sob o comando de uma aliança entre burgueses e
latifundiários, que afastou os setores populares do poder. Muitos italianos camponeses e
trabalhadores saíram empobrecidos após a unificação, o que estimulou uma intensa emigração
para as Américas entre 1880 e 1930, engrossando fileiras de trabalhadores agrícolas e operários.
d) A Unificação Italiana durou de 1861 a 1870, agregando estados independentes sob a direção do
reino de Piemonte-Sardenha. Porém, sua conclusão só foi possível após a Unificação Alemã, que
marcou o fim da ingerência de Otto Von Bismark na política europeia. Após esse processo, o
monarca instituído perseguiu duramente seus inimigos políticos, que emigraram para as Américas.
e) A emigração italiana para as Américas teve início por conta de uma série de dificuldades
financeiras causadas por problemas climáticos, que, por volta de 1850, prejudicaram as colheitas.
O volume de emigrantes intensificou-se após a Unificação em 1861, em decorrência do fato de que
o governo anarquista instituído fracassou na tentativa de reerguer o país.

2. A personagem histórica que teve fundamental importância no contexto da Unificação Italiana e lutou,
também, na Revolução Farroupilha, no sul do Brasil, na segunda metade do século XIX, foi:
a) Camilo de Cavour
b) Otto Von Bismark
c) Benjamin Disraeli
d) Benito Mussolini
e) Giuseppe Garibaldi

3. A Itália, antes de ser unificada, era constituída de uma série de pequenos reinos fragmentados. O reino
que, sob a liderança do conde Camilo de Cavour, encabeçou o processo de unificação, na segunda
metade do século XIX, foi:
a) Reino de Piemonte-Sardenha
b) Reino de Lancaster
c) Reino de Córsega
d) Reino de Lombardia
e) Reino de Mônaco.

4
História

4. A segunda metade do século XIX ficou caracterizada pelos processos de unificações tardios da
Alemanha e da Itália. O processo italiano ficou marcado pela forte presença da burguesia do Piemonte
(norte dos Estados Italianos) interessada na unificação do mercado da península itálica. Um fator que
também contribuiu para o processo de unificação tardio da Itália foi:
a) o total interesse da França na independência italiana para que a jovem nação estabelecesse uma
concorrência com a Inglaterra;
b) a ampla participação da população do sul dos Estados Italianos organizados em um exército
popular liderado por Giuseppe Garibaldi;
c) o interesse dos nacionalistas italianos na integração da parte industrial do sul dos Estados Italianos
com a parte agrária do norte do país.
d) o apoio dos Estados Pontificiais interessados na possível proteção do novo Estado italiano a Igreja
Católica na Europa;
e) a disseminação do pensamento absolutista que inspirou a criação de um governo central na Itália;

5. As unificações políticas da Alemanha e da Itália, ocorridas na segunda metade do século XIX, alteraram
o equilíbrio político e social europeu. Entre os acontecimentos históricos desencadeados pelos
processos de unificação, encontram-se:
a) a ascensão do bonapartismo na França e o levante operário de Berlim.
b) a aliança da Alemanha com a Inglaterra e a independência da Grécia.
c) o nacionalismo revanchista francês e a oposição do papa ao Estado Italiano
d) a derrota da Internacional operária e o início da União Europeia.
e) o fortalecimento do Império austríaco e a derrota dos fascistas na Itália.

6. No final da chamada "era napoleônica", derrotado o imperador francês em 1815, tornou-se possível a
recomposição das forças sociais e políticas ligadas ao Antigo Regime, em boa parte do continente
europeu. Nada disso deteve, porém, a onda revolucionária e o surgimento de revoltas, a partir de 1820
até 1848. Na Itália, por exemplo, coube a uma sociedade secreta a elaboração de um programa político
"contra as tiranias", cuja grande meta era a unificação da nação italiana e o triunfo dos princípios
liberais. Assinale a opção que identifica corretamente os revolucionários anteriormente mencionados:
a) Pedreiros-livres
b) Cristãos-novos
c) Maçons
d) Carbonários
e) Jacobinos

5
História

7. Surgimento do Império Alemão e a formação do Reino da Itália bem como toda uma série de conflitos
pelo controle da região dos Estreitos de Bósforo e Dardanelos estão inseridos no contexto daquilo que
ficou conhecido, no panorama político europeu de meados do século XIX, como a "política das
nacionalidades". A consolidação da unificação italiana e alemã, no entanto, somente se completaria
nos anos 1870-1871. O que estava por trás desses conflituosos processos de unificação?
a) A afirmação de um poder aristocrático.
b) A vitória dos ideais políticos e econômicos do liberalismo.
c) A consolidação do Vaticano como expressão maior de poder sobre aquelas regiões.
d) A derrota dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade expandidos pela revolução francesa.
e) A consolidação do prestígio e poder de Napoleão III sobre aquelas regiões.

8. A unidade italiana – o processo de constituição de um Estado único para o país – conserva o sistema
oligárquico (...). Isto não impede a formação do Estado, mas retarda a eclosão do fenômeno nacional.
(Leon Pomer, O surgimento das nações, 1985, p. 40-42)
Fizemos a Itália; agora, precisamos fazer os italianos.
(Massimo d’Azeglio apud E. J. Hobsbawm, A era do capital, 1977, p. 108)

A partir dos textos, é correto afirmar que


a) apesar de ter nascido antes da nação, o Estado italiano, unificado em 1871, representou os
interesses dos não proprietários, o que implicou a defesa de mudanças revolucionárias, que
tornaram o Estado não autoritário e permitiram a emergência do sentimento nacional, já fortificado
pelas guerras de unificação.
b) o Estado italiano, nascido em 1848, na luta da alta burguesia do norte pelo poder, representava os
interesses liberais, isto é, a unidade do país como um alargamento do Estado piemontês, na defesa
da pequena propriedade e do voto universal, condições para a consolidação do sentimento nacional
que cria os italianos.
c) em 1848, a criação do Estado italiano, pela burguesia do Reino das Duas Sicílias, foi uma vitória do
liberalismo, pois a estrutura fundiária, baseada na grande propriedade, e a exclusão política dos
não proprietários permaneceram, encorajando os valores nacionais, condição para diminuir as
diferenças regionais.
d) em 1871, o processo de unificação e o sentimento nacional estavam intimamente ligados, na
medida em que a classe proprietária do centro da península, vitoriosa na guerra contra a Áustria,
absorveu os valores populares nacionais, o que legitimou a formação do Estado autoritário,
defensor das desigualdades regionais.
e) o Estado italiano nasceu antes da nação, em 1871, como uma construção artificial, frágil e
autoritária da alta burguesia do norte, cujos interesses de dominação excluíram as mudanças
revolucionárias e atrasaram a emergência do sentimento nacional, ainda estranho para a grande
maioria das diferentes regiões da península.

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História

9. "Com a crescente expansão da industrialização do continente europeu, a partir de 1830, os pequenos


Estados italianos e alemães sentiram a necessidade de promover uma centralização, com o objetivo
de conseguir equipararse às grandes potências, principalmente França e Inglaterra. Ainda politicamente
fracas, nem a burguesia italiana nem a alemã tinham condições de assumir a direção do governo. Por
isso, aceitavam a monarquia constitucional, desde que o Estado incentivasse o progresso econômico.
Acreditavam que só assim poderiam chegar à centralização política, sem passar necessariamente por
mudanças estruturais que colocassem em perigo sua posição de classe proprietária."
PAZZINATO, Alceu Luiz; et alii. "História Moderna e Contemporânea". São Paulo: Ática, 1993, p. 186.

O texto está relacionado com


a) as "trade-unions", ou uniões operárias, que inicialmente eram entidades de auxílio mútuo,
fortemente assistencialista, preocupado em ajudar trabalhadores com dificuldades econômicas e
reivindicar melhores condições de trabalho.
b) o socialismo utópico, assim chamado por acreditar na organização comunista das sociedades,
sem lutas de classe, através de reformas pacíficas e graduais.
c) o socialismo científico, que criticava o capitalismo dominante, propondo a organização de uma
sociedade comunista, necessariamente pela luta de classes.
d) o movimento cartista, em que os trabalhadores ingleses promoveram agitações de rua e
apresentaram ao Parlamento reivindicações como: representação igual para todas as classes,
sufrágio universal restrito para os homens aos vinte e um anos, etc.
e) o nacionalismo, na prática representada pela unificação da Itália e da Alemanha, o qual defendia
a luta dos povos ligados por laços étnicos, linguísticos e culturais, pela sua independência como
nação.

10. A unificação italiana, no final do século XIX, ameaçou a integridade territorial da Igreja. Esse impasse
resultou:
a) no reforço dos sentimentos nacionalistas na Itália, provocando a expropriação das terras da Igreja.
b) no envolvimento da Igreja em lutas nacionais, criando congregações para a expansão do
catolicismo.
c) na adoção de atitudes liberais pelo Papa Pio IX, como forma de deter as forças fascistas.
d) na assinatura do Tratado de Latrão, em 1929, quando Mussolini criou o Estado do Vaticano.
e) no "Risorgimento", processo em que segmentos ligados à Igreja defenderam a Itália independente.

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História

Gabarito

1. C
O aumento do empobrecimento da população ocasionado em grande parte pelas disputas pela
unificação italiana vão levar a população a migrar para as Américas a fim de encontrar melhores
condições de vida.

2. E
Garibaldi participou de diversas batalhas, em uma delas, se aventurou no projeto republicano dos
grandes fazendeiros do sul do Brasil.

3. A
A região tinha om maior desenvolvimento industrial e vai liderar o processo a partir do norte.

4. B
Garibaldi vai ser o líder do moviemento de unificação com base popular que vinha do Sul.

5. C
As disputas pela unificação alemã e italiana vão ocasionar um revanchismo francês e o conflito direto
com o Papa que não vai reconhecer o recém formado Estado Italiano, posteriomente essas disputas
influenciaram na I Guerra Mundial.

6. D
Os carbonários inspiravam-se em ideias liberais e pretendiam a unificação sob um espectro republicano.

7. B
Esses movimentos tinham sua base no liberalismo e em grande parte em um ideal nacionalista.

8. E
A formação de um estado nação não se associa automaticamente a um sentimento nacionalista na
população, assim era necessária uma criação de uma identificação cultural em comum entre as várias
partes da Itália.

9. E
Essas ideias em grande medida foram motivadas por interesses econômicos.

10. D
Mussolini a fim de resolver velhas diferenças e aumentar sua base de apoio assinou o Tratado de Latrão
que garantiu o reconhecimento da Unificação pela Igreja e em contrapartida criou o estado do Vaticano.

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História

As unificações tardias: Alemanha

Resumo

A Confederação Germânica e o Zollverein


O desenrolar das guerras napoleônicas na Europa, no início do século XIX, afetou bastante a região que ocupa
hoje a Alemanha por conta da mobilização de tropas, das intervenções francesas e das grandes batalhas
ocorridas. Uma das consequências dessas guerras foi o próprio declínio do antigo Sacro Império Romano-
Germânico, em 1806, e a criação por Napoleão da Confederação do Reno, formada por diversos estados
germânicos, mas submisso aos mandos do Imperador francês.
Visto isso, apesar do domínio francês na região e da curta vida da Confederação do Reno, que acabou em
1813, a expansão napoleônica foi essencial não só para a disseminação dos ideais burgueses, mas também,
neste caso, para a formação de um sentimento nacionalista entre os povos germânicos da região.
Assim, com a derrota de Napoleão e a formação do Congresso de Viena, o princípio de restauração das
antigas fronteiras ajudou a redefinir o mapa da Europa central, reconstruindo os limites entre os reinos e
restabelecendo antigas monarquias, no entanto, o equilíbrio prometido não se manteve, visto que o Império
Austríaco se tornou a grande potência da região. Assim, com a criação da Confederação Germânica, dando
lugar a Confederação do Reno, em 1815, consolidou-se uma associação política e econômica entre diversos
Estados germânicos, mas com um poder hegemônico austríaco.
Ainda que a Áustria mantivesse uma hegemonia sobre o bloco durante alguns anos, outro Estado, ao longo
do século XIX, iniciou um processo de modernização que ameaçava cada vez mais a soberania austríaca. O
reino da Prússia, liderado pelo rei Frederico Guilherme III, logo, também desempenhou um papel
preponderante na região, pois, em alguns anos conseguiu se tornar o reino mais desenvolvido
economicamente e demonstrou um projeto de modernização que desafiava a economia predominantemente
agrária da Áustria dentro do bloco. Assim, para fazer valer seus interesses econômicos na região, a Prússia
estabeleceu, em 1830, uma união aduaneira entre os Estados germânicos, conhecida como Zollverein. Esse
acordo econômico possibilitou o livre comércio entre os reinos da Confederação Germânica, excluindo a
Áustria, com quem a Prússia rivalizava.
Em 1840, o rei prussiano Frederico Guilherme III morreu, deixando o trono para seu herdeiro, Frederico
Guilherme IV, que apesar de manter o caminho da modernização prussiana, com a construção de ferrovias e
acordos econômicos, não ficou satisfeito com o desenrolar das revoluções de 1848 na Prússia e em outros
Estados germânicos. As chamadas revoluções alemães, de 1848 e 1849 mobilizaram parte da população de
origem germânica, realizando uma série de manifestações e reivindicações que chegaram a consolidar a
criação do Parlamento de Frankfurt, exigindo a construção de uma Constituição e a unificação da Alemanha.
No entanto, a tentativa revolucionária, não obteve o êxito esperado e Frederico Guilherme IV não reconheceu
o título de Kaiser oferecido pelo parlamento e nem as reivindicações do grupo.

A unificação alemã
Os eventos de 1848 e 1849 despertaram um receio na aristocracia germânica do período, afinal, os desejos
pela unificação crescia, o espectro das revoluções rondava a Europa e quase uma unificação de origem
popular e burguesa havia se consolidado na Alemanha. Assim, um novo projeto de unificação da região foi
liderado pela Prússia, pois este seria um caminho para consolidar seu crescimento econômico e para
conservar o poder da aristocracia (os chamados Junkers).

1
História

Assim, com a morte de Frederico Guilherme IV, seu irmão assumiu o trono prussiano
como Guilherme I e iniciou novas reformas no reino, que viriam a desencadear na
própria unificação. Para alcançar o objetivo e tornar a Prússia em uma potência
capaz de liderar essa unificação, o novo rei criou um poderoso ministério, com
Albrecht Von Roon como Ministro da Guerra, Helmuth von Moltke, como Chefe do
Estado-Maior e o diplomata Otto Von Bismarck, como o Primeiro Ministro prussiano.
Esses nomes, além de conduzirem um grande desenvolvimento econômico,
buscaram modernizar o exército prussiano, tornando-o um dos mais fortes da
Europa.
Desta forma, para a unificação alemã ser conquistada, sob liderança prussiana, Otto Von Bismarck realizou
uma série de articulações diplomáticas, marcada pela falta de ética e de moral e pelo uso da violência e de
mentiras para conquistar seus interesses (Realpolitik). Primeiro, tratou de superar a hegemonia austríaca e
afastar o velho Império da Confederação germânica, evitando que a Áustria impedisse os interesses
prussianos. Em seguida, Bismarck realizou acordos diplomáticos com a Itália, com o Império Russo, com a
França e outros reinos. Por fim, Guilherme I e Bismarck estimularam o nacionalismo pangermânico através
de batalhas contra nações inimigas.
Logo, o processo sde unificação alemã se desenvolveu através de três conflitos principais: a Guerra dos
Ducados, os prussianos enfrentaram a Dinamarca; a Guerra Austro-Prussiana contra os austríacos e, por fim,
a Guerra Franco-Prussiana, que consolidou a unificação germânica.

Guerras de unificação
Com um amplo processo de industrialização em curso, Bismack iniciou a
conquista de territórios a partir de Holstein e Schleswig (dois ducados que
pertenciam à Dinamarca), em um conflito que ficou conhecido como a
Guerra dos Ducados. Houve, inicialmente, uma acordo entre Prússia e
Áustria, que afirmavam que a Dinamarca havia descumprido um item de
um tratado firmado entre elas em 1852. No acordo, a Dinamarca
assegurava a autonomia política para as duas regiões, no entanto, ao
promulgar uma nova Constituição em 1863, o Reino da Dinamarca reduziu
essa autonomia, o que então foi usado como pretexto pela Prússia para a
invasão dos ducados em 1864. A conquista foi rápida e os ducados de Holstein e Schleswig foram ocupados
respectivamente pela Áustria e pela Prússia, mas, logo, um desentendimento entre elas levou a um novo
conflito: a Guerra Austro-Prussiana.
Também conhecida como a Guerra das Sete Semanas, a Guerra Austro-Prussiana, de 1866, foi um exemplo
da força militar prussiana. Durante essa guerra, os prussianos conseguiram o apoio dos italianos, que também
passavam pelo seu processo de unificação, o que foi fundamental para a vitória, pois dividiu as forças
austríacas em duas frentes, uma na região da península itálica e outra nos Ducados. Com a vitória sobre a
Áustria, a Prússia invadiu e anexou grande parte dos ducados germânicos, impôs a assinatura do Tratado de
Praga e dissolveu a Confederação Germânica, iniciando, enfim, a anexação dos Estados do sul.
O último conflito da unificação alemã foi a Guerra Franco-Prussiana, que ocorreu entre 1870 e 1871, entre a
França e a Prússia. Essa guerra teve como estopim um desentendimento entre essas duas nações pela
sucessão do trono espanhol. O fracasso francês alterou o equilíbrio de forças na Europa. Com a vitória, os
prussianos exigiram a posse da Alsácia-Lorena, como também cobraram 5 bilhões de francos de indenização
e obrigaram os franceses a aceitar uma marcha triunfal do exército da Prússia sobre a cidade de Paris. Com
a vitória e os novos territórios, Guilherme I inaugurou o Império Alemão em 1871 e foi corado kaiser
(Imperador).

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História

Consequências
• Rompimento do equilíbrio europeu, com o surgimento de uma nação economicamente forte.
• Tensões nas disputas imperialistas, com as ambições alemães.
• Revanchismo francês.

Unificação da Alemanha.
Disponível em: http://garanhunshistoria.blogspot.com/2016/01/processo-de-unificacao-da-alemanha.html

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História

Exercícios

1. Considere os textos a seguir, que se referem a dois momentos distintos da história alemã:
respectivamente, à unificação do Estado nacional, no século XIX, e ao período nazista, no século XX.
"O próprio Bismarck parece não ter se preocupado muito com o simbolismo, a não ser pela criação de
uma bandeira tricolor, que unia a branca e preta prussiana com a nacionalista liberal preta, vermelha e
dourada (...)."
Eric Hobsbawn. "A invenção das tradições". Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 281.

"Hitler escreve a propósito da bandeira: 'como nacional-socialistas, vemos na nossa bandeira o nosso
programa. Vemos no vermelho a ideia social do movimento, no branco a ideia nacionalista, na suástica
a nossa missão de luta pela vitória do homem ariano e, pela mesma luta, a vitória da ideia do trabalho
criador que como sempre tem sido, sempre haverá de ser antissemita'."
Wilhelm Reich. "Psicologia de massas do fascismo". São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 94-5

Sobre os processos e períodos históricos mencionados acima, pode-se dizer que:


a) o nazismo chegou ao poder por meio de um golpe militar, em 1933, e criou o Terceiro Império
("Reich"), iniciando um período de forte expansão e anexação territorial, que se manteve mesmo
após sua derrota na Segunda Guerra Mundial.
b) a unificação ocorreu em 1848, na chamada "Primavera dos Povos", quando trabalhadores se
rebelaram contra a fragmentação política da Confederação Germânica e se aliaram à Áustria para
conseguir a unidade nacional alemã.
c) o nazismo foi derrotado ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando a Alemanha foi
repartida entre os vencedores e sua capacidade de produção industrial foi destruída para que se
tornasse um país agrícola, o "celeiro da Europa".
d) a unificação envolveu diversos conflitos e fez nascer, em 1871, sob comando prussiano, o
Segundo Império ("Reich"), iniciando um período de acelerada expansão econômica e militar
alemã, que durou até a Primeira Guerra Mundial.
e) o nazismo surgiu após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, e pregou a necessidade de a Alemanha
lutar contra comunistas e judeus, "inimigos internos", mas aliar-se a países vizinhos de população
branca e ariana, como França e Inglaterra.

2. A composição das duas bandeiras, a que os textos da questão anterior se referem, presta-se, nos dois
casos, a:
a) representar o caráter socialista do Estado alemão moderno, daí a presença do vermelho nas duas
bandeiras.
b) identificar o projeto político vitorioso e dominante com o conjunto da sociedade e com o Estado
alemão.
c) defender a paz conquistada após os períodos de guerra, daí a presença do branco nas duas
bandeiras.
d) valorizar a diversidade de propostas políticas existentes, caracterizando a Alemanha como país
democrático e plural.
e) demonstrar o caráter religioso e cristão do Estado alemão, daí a presença do preto nas duas
bandeiras.

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História

3. "Desde a 0h de hoje (20h de ontem em Brasília), existe uma só Alemanha. O hasteamento da bandeira
alemã de 75 metros no mastro de 45 metros de altura em frente ao Reichstag, prédio do Parlamento,
em Berlim, no primeiro minuto deste dia 03, selou a anexação da Alemanha Oriental pela Ocidental. A
Praça da República, onde fica o Reichstag, estava totalmente tomada. Centenas de milhares de
alemães cantaram em coro a canção da Alemanha, hino nacional, para celebrar o fim da divisão do
país".
Folha de S. Paulo, Quarta-feira, 03 de outubro de 1990
A notícia anterior refere-se à recente reunificação da Alemanha, que "simboliza a conclusão de uma
etapa marcada pela divisão do mundo em blocos geopolíticos desenhados por duas superpotências".
No passado, a unificação alemã também foi o principal objetivo da ação política de Bismarck, que, para
concretizá-la em 1871, combateu:
a) Espanha, Prússia e Áustria.
b) França, Inglaterra e Espanha.
c) Dinamarca, Rússia e Itália.
d) Prússia, Inglaterra e Holanda.
e) Dinamarca, Áustria e França.

4. Em 1871, alterava-se profundamente o quadro geo-político europeu com a conclusão do processo


deunificação da Alemanha sob hegemonia prussiana ea criação do “Segundo Reich”. É correto afirmar
queum componente político fundamental da estratégiaprussiana de unificação foi o _________, tendo
comobase social decisiva _________ .
a) republicanismo alta burguesia
b) nacional-socialismo os operários fabris
c) militarismo a aristocracia fundiária
d) nacional-socialismoa alta burguesia
e) militarismoos operários fabris

5. Teoricamente, o nacionalismo independe do Romantismo, embora tenha encontrado nele o aliado


decisivo. Há na literatura do período uma aspiração nacional, definida claramente a partir da
Independência e precedendo o movimento romântico. (…) Nem é de espantar que assim fosse, pois
além da busca das tradições nacionais e o culto da história, o que se chamou em toda a Europa
“despertar das nacionalidades”, em seguida ao empuxe napoleônico, encontrou expressão no
Romantismo. Sobretudo nos países novos como o nosso o nacionalismo foi manifestação de vida,
exaltação afetiva, tomada de consciência, afirmação do próprio contra o imposto.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira.São Paulo: Martins, 1971. 2 v. pp. 14-15)
O sentimento a que o texto se refere esteve presente nas unificações da Itália e da Alemanha. É correto
afirmar que a unificação tardia destes dois Estados provocou profundas transformações no cenário
europeu, pois, a partir da unificação,
a) a valorização do arianismo como instrumento de recuperação do homem germânico e italiano e
criador do “espaço vital” acirrou a rivalidade entre os países capitalistas europeus.
b) a instabilidade política e social na Alemanha e principalmente na Itália impulsionou as disputas
colonialistas e o conflito entre as potências europeias e levou às guerras mundiais.
c) os movimentos sociais na Alemanha e na Itália tiveram como objetivos a independência econômica
frente à intervenção inglesa e a manutenção da estrutura de produção.
d) as lutas sociais acentuadamente comunistas, na Itália e na Alemanha, alteraram o quadro político
europeu e tiveram papel preponderante na formação dos novos Estados.
e) a Itália e principalmente a Alemanha se tornaram Estados industrializados e entraram na disputa
imperialista, um dos principais motivos das duas grandes guerras.

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História

6. Otto Von Bismarck foi nomeado Primeiro-Ministro do Reino da Prússia em 1815 por Guilherme I. Entre
as medidas político-econômicas tomadas por Bismarck, estava:
a) o estabelecimento de acordos militares com o Império Francês de Napoleão III.
b) a modernização da infraestrutura e da indústria bélica do Estado Prussiano.
c) o enfraquecimento do poder político do rei Guilherme I, já que Bismarck temia a formação do II
Reich.
d) o isolamento político do Reino da Prússia com relação aos principados alemães e à Áustria.
e) o plano de guerra contra o Reino Unido.

7. “O dia 12 de setembro de 1990 marcou o fim da Segunda Guerra Mundial: a Alemanha, vencida há
quarenta e cinco anos, dividida e colocada sob a tutela de seus vencedores, encontrou através de sua
unificação a sua soberania plena e completa. A última unidade alemã tinha sido proclamada em 1871,
na galeria dos espelhos do palácio de Versalhes, depois de uma guerra vitoriosa contra a França.”
"Adaptado de Le Monde", 13/09/90
As conjunturas históricas indicadas no texto acima representam aspectos diferenciados. Os dois
momentos de unificação, no entanto, transformaram a Alemanha em:
a) um Estado unitário, com uma representação classista de deputados.
b) uma potência central, com um papel decisivo no equilíbrio de poder europeu.
c) uma república federal, com um regime parlamentar e uma constituição liberal.
d) uma nação democrática, com suas instituições liberais ampliadas do Oeste para o leste.
e) uma república socialista, com igualdade econômica para o povo.

8. “Desde o final do século XVIII, a criação de inúmeras associações resultou num determinado
patriotismo cultural e popular, num território dividido em estados feudais dominados por uma
aristocracia retrógrada. Tais associações se dirigem à nação teuta, enfatizando o idioma, a cultura e as
tradições comunitárias, elementos para a elaboração de uma identidade coletiva, independentemente
do critério territorial. E, de fato, esse nacionalismo popular, romântico-ilustrado (uma vez que pautado
no princípio da cidadania e no direito à autodeterminação dos povos), inspirará uma boa parcela dos
revolucionários de 1848. Mas não serão eles a unificar a Alemanha. Seus herdeiros precisarão aguardar
até 1871, quando Bismarck realiza uma revolução de cima, momento em que, em virtude do poderio
econômico e da força militar da Prússia, a Alemanha se unifica como Estado forte, consolidando-se a
sua trajetória rumo à modernização.”
MAGALHÃES, Marionilde D. B. de. A REUNIFICAÇÃO: enfim um país para a Alemanha? Revista Brasileira de História. São
Paulo: ANPUH/Marco Zero, v.14, n.28. 1994. p.102. Adaptado.
Tendo-se como referência essas considerações, pode-se concluir que:
a) o principal fator que possibilitou a unificação alemã foi o desenvolvimento econômico e social dos
Estados germânicos, iniciado com o estabelecimento do Zollverein - liga aduaneira que favoreceu
os interesses da burguesia.
b) a unificação alemã atendeu aos interesses de uma aristocracia rural desejosa de formar um amplo
mercado nacional para seus produtos, alicerçando-se na ideia do patriotismo cultural e do
nacionalismo popular.
c) Na Alemanha, a unificação nacional ocorreu, principalmente, em virtude da formação de uma
identidade coletiva baseada no idioma, na cultura e nas tradições comuns.
d) na Alemanha, a unificação política pôde ultrapassar as barreiras impostas pela aristocracia
territorial, que via no desenvolvimento industrial o caminho da modernização.
e) Na Alemanha, a unificação foi feita pelos comunistas prussianos que implantaram a ditadura do
proletariado no século XIX

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História

9. (…) o romantismo no Brasil não foi apenas um projeto estético, mas também um movimento cultural e
político, profundamente ligado ao nacionalismo. Diferente do movimento alemão de finais do século
XIX, tão bem descrito por Norbert Elias, o nacionalismo brasileiro, pintado com as cores do lugar, partiu
sobretudo das elites cariocas, que, associadas à monarquia, esforçavam-se em chegar a uma
emancipação em termos culturais. Os temas eram nacionais, mas a cultura, em vez de popular, era
cada vez mais palaciana (…). Atacados de frente por um historiador como Varhagen, que os chamava
de “patriotas caboclos”, os indianistas brasileiros ganharam, porém, popularidade e tiveram sucesso
nesse contexto na imposição da representação romântica do indígena como símbolo nacional.
(SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998, p. 139-140)
No final do XIX, as regiões de população germânica (que posteriormente integrariam a Alemanha)
passaram por um processo de formação de um Estado nacional. Esse processo foi caracterizado
a) por violentas guerras travadas entre o exército da Prússia, liderado por Bismarck, contra a França
e a Áustria para consolidar um Império Alemão sob o comando de Guilherme I.
b) pelo impacto positivo da reformulação de leis alfandegárias que contribuíram para criar um
próspero “mercado comum alemão”, favorecendo o desenvolvimento da região e estimulando o
nacionalismo popular que resultaria em movimentos revolucionários camponeses pró-unificação.
c) pela ratificação, por meio de um amplo plebiscito, da decisão de que a língua e a cultura alemã
fossem consideradas “nacionais” em todas as regiões habitadas por povos da raça ariana.
d) pela adesão das elites burguesas vinculadas a diferentes estados ao movimento cultural do
romantismo, que se impôs com forte carga nacionalista e como forma de a jovem burguesia de
Viena se contrapor às velhas aristocracias alemãs.
e) pelo apoio dos Habsburgos à formação de um império vizinho que irmanasse as duas principais
regiões de língua alemã (Alemanha e Áustria) a fim de consolidar uma aliança política entre
Estados distintos, porém ancorada na identidade comum possibilitada pela cultura germânica.

10. A Unificação Alemã, habilmente arquitetada por Otto Von Bismarck, realizou-se em torno de guerras
bem-sucedidas contra potências vizinhas. Assinale a alternativa correta em relação às motivações e
aos acontecimentos que desencadearam esse processo de unificação.
a) A fragmentação política obstaculizava o pleno desenvolvimento comercial e industrial da região.
A unificação promoveria um mercado ágil e ampliado, com condições de enfrentar a concorrência
inglesa através da proteção governamental.
b) A unificação foi liderada pela Áustria, o mais poderoso dos Estados germânicos e sucessora do
extinto Sacro-Império, capaz de eliminar as pretensões da Prússia. Aliado da França, o país
austríaco contou com o seu apoio para vencer as resistências germânicas do sul.
c) A constituição, redigida por Bismarck, inaugurou uma era democrática nos estados alemães, sob
influência dos ideais da Revolução Francesa, baseados na soberania e na participação popular.
d) As decisões do Congresso de Viena, ao reconhecerem o direito de independência da Alemanha,
foram fundamentais para a consolidação da unificação, pois inibiram as pretensões italianas aos
territórios do sul da Alemanha.
e) O processo de unificação alemã contou com o apoio da França, que, acossada pela supremacia
britânica, via no novo Estado um importante aliado na corrida imperialista.

7
História

Gabarito

1. D
A Prússia unificou a Alemanha pautada em um projeto de industrialização e crescimento econômico no
cenário Europeu, o que levou ao rompimento do equilíbrio europeu.

2. B
As bandeiras, principalmente depois do século XIX, serviram majoritariamente para expressar a ideologia
dominante do governo.

3. E
As guerras de unificação contra estes países reforçaram o nacionalismo.

4. C
Ação militar foi parte essencial da unificação alemã que buscava defender os interesses liberais e
industriais da aristocracia.

5. E
As unificações tardias fizeram com que esses países corressem para se insdutrializar para competir com
as outras potências, a sua industrialização vai levar a diversas disputas dentro e fora do continente
europeu tornando-se um dos motivos para a eclosão da I Guerra Mundial.

6. B
O investimento em infraestrutura era necessário para aumentar a produção e permitir o crescimento do
Estado recem formado que buscava expandir seus mercados.

7. B
A Alemanha já surge com enorme protagonismo no cenário internacional.

8. A
O acordo aduaneiro favoreceu prioritariamente a Prússia que eliminou barreiras alfandegárias para seus
produtos, fortalecendo a indústria e a economia.

9. A
O processo de unificação alemã se deu com uma série de guerras travadas contra potências vizinhas.

10. A
O processo de unificação fez com que os capitais prussianos incentivassem o crescimento econômico
na Alemanha.

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História

A Segunda Revolução Industrial

Resumo

A expansão da Revolução Industrial


A revolução industrial não se disseminou pelo ocidente ao mesmo tempo, pois, em alguns países como a
Alemanha, Itália e Rússia as máquinas chegaram depois da metade do século XIX. Esse “atraso” na circulação
das novidades e ideias da revolução em muitos países pode ser compreendido principalmente por questões
políticas, visto que Alemanha e Itália, por exemplo, estavam divididas em pequenos principados e somente
com a unificação que os projetos de modernização econômica que já estavam em vigor se consolidaram.
No caso do Brasil, um surto industrial ocorreu no país ainda no século XIX, por incentivo de D. Pedro II e do
Barão de Mauá, porém as indústrias cresceram e se estabilizaram definitivamente apenas no século XX,
principalmente nos períodos das grandes guerras, para substituir a falta de produtos vindos da Europa. O
movimento operário se solidificou mais no século XX, quando os imigrantes trouxeram as ideias comunistas,
socialistas e anarquistas. Esse movimento operário organizou a Greve Geral de 1917, após a morte de um
sapateiro espanhol. A greve foi tão violenta que os bairros do Brás e Mooca (tradicionalmente operários)
ficaram sob o controle dos grevistas e o governo do estado se mudou provisoriamente para São José dos
Campos.

A 2º fase da Revolução industrial (1850-1945)


Assim, tendo em vista essa diferença temporal na expansão da
revolução pelo mundo, podemos caracterizar como uma
primeira fase da revolução industrial o período que começa no
final do século XVIII e concentra na Inglaterra (penetrando
também na França em seguida) o desenvolvimento, a invenção
da máquina a vapor (que trouxe o trem e o navio com motores a
vapor para suprir as necessidades logísticas), o uso do carvão
mineral e vegetal como forma de combustível para as caldeiras
e o minério de ferro como matéria prima.
A segunda fase, portanto, aconteceu em meados do século XIX,
com a invenção dos motores a combustão, e terminou por volta
da 2ª Guerra Mundial. Essa fase, diferente da primeira, teve uma
expansão muito maior pelo mundo, alcançando não só a Europa,
com a Itália, Alemanha, Bélgica e Rússia, mas também o Japão,
após a Revolução Meiji e os Estados Unidos, que já no fim do
XIX consolidava sua indústria.
Quanto a matriz energética utilizada, apesar da importância da descoberta do petróleo, possibilitando uma
intensidade muito maior que o carvão nas operações industriais, outras matrizes foram essenciais para
desencadear a revolução e para as mudanças culturais e sociais ao redor do mundo, sendo elas, o uso da
eletricidade a de maior destaque. A eletricidade contribuiu, sobretudo, para um desenvolvimento dos meios
de comunicações, com a invenção do rádio, do telégrafo e do cinema e impactou na oferta de entretenimento
para as pessoas.

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História

Quanto aos materiais utilizados para fabricação de produtos, se a primeira fase utilizou muito o ferro, agora,
o processo Bressemer permitia de forma barata a transformação do ferro em aço. O aço, assim, foi um
componente fundamental nessa fase, pois contribuiu para o avanço dos transportes, principalmente com a
construção de navios e trens maiores e pontes e ferrovias mais resistentes. Esse processo, inclusive,
demonstra o desenvolvimento de outro setor importantíssimo para a 2ª fase, que é a indústria química, muito
presente na produção de drogas, armas e componentes utilizados industrialmente.
Naturalmente, todo esse processo de modificação da vida urbana e
dos centros europeus afetou também o campo. A modernização
das técnicas agrícolas e a aplicação de novas ferramentas e
tecnologias na agricultura tiveram como consequência um ciclo de
êxodo rural. Com a falta de trabalho nos campos e o crescimento
das indústrias, houve um deslocamento da população camponesa,
que passou a compor as massas operárias nos centros
industrializados. Sem que a burguesia industrial e o Estado
pudessem dar conta desses novos inchaços urbanos, o crescimento
de uma população pobre e marginalizada também acabou se
tornando uma consequência desse processo.

As novas formas de produção e as relações sociais


Com o crescimento da malha industrial de muitos países, com a potencialização da produção, conquistada
pelo motor à combustão, e pelo impacto das novas matrizes energéticas e das novas tecnologias no dia a dia,
naturalmente, as relações sociais e de produção também se modificaram.
Primeiro, para ampliar os lucros e abastecer um mercado consumidor que crescia anualmente, era necessário
que novas formas de produção fossem aplicadas nas fábricas, assim, o empresário Henry Ford se tornou
precursor na utilização de linhas de montagem. Nesse método, conhecido como fordismo, em uma linha
formada por operários, cada pessoa executa uma operação na montagem de um produto que circula pela
esteira, até a obtenção do trabalho final. A racionalização do trabalho, enfim, foi a principal característica do
fordismo, mas ela também foi fundamental para outro método, também aplicado durante essa 2º fase, que
foi o Taylorismo.
O engenheiro americano Frederick Winslow Taylor adaptou o fordismo para uma mecânica nova, muito mais
voltada para intensificar o ritmo da produção e controlar a quantidade e a qualidade dos produtos através do
controle total das atividades da máquina e do operário. O taylorismo permitiu um crescimento tão grande da
produção industrial que possibilitou muitas empresas a criarem conglomerados, a se expandirem para outros
continentes e a dominarem seus mercados. Esse crescimento, enfim, possibilitou inclusive o
desenvolvimento do chamado capitalismo monopolista, marcado pelas disputas empresariais e pelas
relações predatórias entre países e indústrias.
Nesse modelo capitalista, o capital, muitas vezes, concentrava-se em práticas de formação de monopólios e
oligopólios, como as holdings, grandes empresas financeiras que controlam as ações majoritárias de
empresas de diferentes setores, ou também os cartéis, que são as associações de empresas diferentes, mas
do mesmo ramo, para controlar o mercado e atacar concorrentes e, enfim, os trustes, que é a prática de
aliança entre companhias para absorver concorrentes e monopolizar um determinado setor. Evidentemente,
essa concentração do capital em grandes complexos industriais e na mão de poucos empresários gerou
impactos profundos no mundo do trabalho e nas relações sociais. Com o crescimento da burguesia,
consequentemente, a classe operária também se ampliava, mas também se estruturava.

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História

A luta de casses, ao final do século XIX, entre o proletariado e a burguesia passou a se intensificar cada vez
mais, visto que as novas formas de trabalho aprofundavam a exploração do trabalhador nas fábricas. Com
técnicas como o fordismo e o taylorismo, o trabalhador convivia com uma especialização do trabalho que o
encerrava na mesma função por horas e horas durante a semana, proporcionando, inclusive, a alienação
desse funcionário, que não aprendia coisas novas e nem teria tempo para procurar outros trabalhos, estudar
ou conviver com outras pessoas.
Esse impacto da nova fase da revolução industrial, no mundo do trabalho, foi fundamental, assim, para o
crescimento de novas ideologias que se construíram no século XIX com a classe trabalhadora, como o
socialismo e o anarquismo, muito movidos pela formação de sindicatos operários e pela criação de partidos
trabalhadores.
Enfim, vale destacar que, apesar da 2º fase da revolução industrial representar um processo de crescimento
da burguesia e do pensamento liberal na Europa, essa fase dependeu muito mais que a primeira da exploração
de outros povos para garantir a produção e o consumo.
Assim, aliada ao imperialismo, a segunda fase da revolução industrial encontrou sobretudo nas novas
colônias europeias na África e na Ásia as matérias primas abundantes, a mão de obra barata e o mercado
consumidor extenso necessários para a expansão das indústrias e a criação de grandes monopólios e
oligopólios.

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História

Exercícios

1. (ENEM 2012)

Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em: 07 dez. 2011 (adaptado). (Foto: Enem)

Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo cuja forma de organização fabril
baseava-se na
a) autonomia do produtor direto.
b) adoção da divisão sexual do trabalho.
c) exploração do trabalho repetitivo
d) utilização de empregados qualificados.
e) incentivo à criatividade dos funcionários.

2. A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira
lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa,
seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides,
mostrando mais a escravização do homem que seu poder.
DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução
Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX?
a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava as cidades em espaços
privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.
b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho
industrial.
c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento
dos trabalhadores das periferias até as fábricas.
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia
e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e
artística.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados
urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene

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História

3. Podemos dizer que, na segunda metade do século XIX, iniciou-se a "era do petróleo e da eletricidade".
A partir de 1870, principalmente, houve não só uma gigantesca expansão da economia mundial,
firmemente sustentada na industrialização de numerosos países, como a aceleração da produção de
mercadorias e grande concentração de capitais para investimento. A respeito dessas transformações,
é correto afirmar que:
a) marcaram a passagem do sistema de produção artesanal para o sistema de produção fabril,
concentrando-se, principalmente, na produção têxtil destinada ao mercado interno.
b) demonstraram o declínio do capitalismo monopolista, com a perda de poder das grandes
corporações, e a sua substituição por um sistema de livre concorrência.
c) estão relacionadas à chamada Segunda Revolução Industrial, marcada pela substituição das
pequenas unidades fabris por complexos industriais com processos de produção mais
sofisticados e pela concentração maciça de capital para os investimentos de base.
d) ficaram restritas à Europa, não chegando a atingir os Estados Unidos, que só se industrializaram
a partir do período pós-guerras.
e) tornaram possível prescindir de mercados fornecedores de matérias-primas, em vista das
transformações tecnológicas ocorridas, o que fortaleceu o isolamento da Europa.

4. O servo pertence à terra e rende frutos ao dono da terra. O operário urbano livre, ao contrário, vende-se
a si mesmo e, além disso, por partes. Vende em leilão 8,10,12,15 horas da sua vida, dia após dia, a quem
melhor pagar, ao proprietário das matérias primas, dos instrumentos de trabalho e dos meios de
subsistência, isto é, ao capitalista.
MARX, K. Trabalho assalariado e capital & salário, preço e lucro. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

O texto indica que houve uma transformação dos espaços urbanos e rurais com a implementação do
sistema capitalista, devido às mudanças tecno sociais ligadas ao
a) desenvolvimento agrário e ao regime de servidão.
b) aumento da produção rural, que fixou a população nesse meio.
c) desenvolvimento das zonas urbanas e às novas relações de trabalho.
d) aumento populacional das cidades associado ao regime de servidão.
e) desenvolvimento da produção.

5. A partir de 1870, a economia europeia viveu um período de grande expansão. A produção, impulsionada
pelas inovações técnicas e científicas, cresceu além do consumo. Desse período até o início do século
XX, ocorreu o que alguns historiadores consideram a Segunda Revolução Industrial. Ela seria
caracterizada por avanços no processo de industrialização, como a utilização de novas fontes de
energia — petróleo e eletricidade —, que permitiram transformações importantes na economia
capitalista. Houve grande desenvolvimento dos meios de transporte e a expansão dos meios de
comunicação, levando à maior integração entre as diversas regiões.
BRAICK, Patrícia R.; MOTA, Myriam B.História das cavernas ao terceiro milênio. 2. ed. São Paulo: Moderna, v. 3, 2010.
A face política da expansão da revolução industrial, descrita no texto, se expressa, dentre outros,
a) nos processos de unificação territorial da Itália e da Alemanha e no estabelecimento do
imperialismo europeu sistematizado na Conferência de Berlim, em 1884/1885.
b) o fortalecimento do tráfico atlântico de africanos escravizados, levados para a Europa e para a
América do Norte por traficantes ingleses.
c) nas conquistas napoleônicas no Novo Mundo, especialmente no Canadá e nas colônias inglesas
do leste da América do Norte.
d) na derrubada das fronteiras coloniais, abrindo os mercados estrangeiros, igualmente, a todos os
países imperialistas.
e) nas revoluções ocorridas na União Soviética e na derrubada do governo absolutista turco-
otomano.

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História

6. Leia o texto e, a seguir, aponte a alternativa que se adeque à sua interpretação:


“A máquina a vapor, tornando possível o uso da energia em todos os artifícios mecânicos, em
quantidades maiores do que qualquer outra coisa conseguiria realizar no passado, foi a chave para
tudo o que ocorreu em seguida, sob o nome de Revolução Industrial. A face do mundo mudou mais
drasticamente (e mais rapidamente) do que em qualquer outra época desde a invenção da agricultura,
cerca de 10 mil anos antes.”
ASIMOV, I. Cronologia das Ciências e das Descobertas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p. 395.
a) O autor acentua o caráter prejudicial da máquina a vapor para a agricultura.
b) Segundo o texto, a máquina a vapor foi decisiva para o advento da Revolução Industrial, já que este
foi o primeiro dispositivo tecnológico que realizou uma transformação profunda no âmbito da
produção.
c) O autor aponta o caráter negativo da mudança drástica e rápida que a Revolução Industrial
provocou no mundo contemporâneo.
d) Segundo o texto, a máquina a vapor era eficiente porque funcionava à base de eletricidade.
e) O texto indica que a agricultura, durante 10.000 anos, impediu que a indústria se desenvolvesse.

7. “O fato marcante da Revolução Industrial foi o de ela ter iniciado uma era de produção em massa para
atender às necessidades das massas. Os assalariados já não são mais pessoas trabalhando
exaustivamente para proporcionar o bem-estar de outras pessoas; são eles mesmos os maiores
consumidores dos produtos que as fábricas produzem. A grande empresa depende do consumo de
massa. Em um livre mercado, não há uma só grande empresa que não atenda aos desejos das massas.
A própria essência da atividade empresarial capitalista é a de prover para o homem comum. Na
qualidade de consumidor, o homem comum é o soberano que, ao comprar ou ao se abster de comprar,
decide os rumos da atividade empresarial.”
MISES, L. Von. Fatos e mitos sobre a Revolução Industrial.
De acordo com o economista austríaco, L. Von Mises, a importância das massas de trabalhadores
assalariados para a consolidação da Revolução Industrial consiste:
a) no fato de terem sido explorados pelos industriais capitalistas que compravam sua força de
trabalho e não pagavam o que era proporcional a essa força.
b) no caráter defensivo dos sindicatos que essas massas de trabalhadores formaram nesta época.
c) no caráter inexpressivo do consumo dos trabalhadores, já que a indústria não precisava, na
Inglaterra do século XIX, de seu mercado consumidor interno.
d) no fato de ser a própria massa de trabalhadores, que também era o contingente populacional dos
grandes centros urbanos, a massa de consumidores que demandavam os produtos
industrializados.
e) no fato de o homem comum, apontado no texto, ter se tornado soberano e instituído um regime
político anarquista após a Revolução Industrial.

8. (ENEM 2015) Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos
ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a
iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se
pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre
trabalho e descanso — todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult-CE, 2001 (adaptado).
Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a:
a) melhoria da qualidade da produção industrial.
b) redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
c) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
d) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
e) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.

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História

9. Com o rompimento do Sistema Colonial ibérico, após a emancipação política, redefiniu-se a


dependência econômica da América Latina. [...] A independência política trouxe o livre cambismo. A
Inglaterra industrializada pôde ocupar esses mercados, sem a intermediação da antiga metrópole,
comprando diretamente matérias-primas e gêneros alimentícios e vendendo diretamente produtos
manufaturados. Ela exportava também ideias, pois a elite das novas nações — culturalmente
dependentes do exterior — aceitava os princípios do liberalismo econômico, que defendiam a
especialização dos países no que produzissem melhor.
(CÁCERES, 1996, p. 309).
A posição periférica ocupada pelos países da América Latina, no auge da expansão imperialista da
Segunda Revolução Industrial, decorria
a) da escassez de jazidas de minérios, produtos fundamentais para a industrialização em seu
território.
b) do fracasso de experiências de industrialização, resultante da incapacidade de sua mão de obra.
c) do monopólio comercial sobre a região, mantido pelos Estados Unidos desde o fim da Guerra de
Secessão.
d) de acordos de não investimento em atividades industriais, firmados com a Alemanha, França e
Itália, os países mais desenvolvidos da época.
e) do fato de suas economias estarem voltadas essencialmente para a produção e exportação de
matérias-primas e de gêneros agrícolas, e para a importação de produtos industrializados.

10. "Na manufatura e nos ofícios, o trabalhador serve-se dos instrumentos; na fábrica, ele serve a máquina.
No primeiro caso, ele é quem move o meio de trabalho; no segundo, ele só tem que acompanhar o
movimento. Na manufatura, os trabalhadores são membros de um mecanismo vivo; na fábrica são
apenas os complementos vivos de um mecanismo morto que existe independente deles."
Karl Marx, "O Capital".
Estas críticas de Marx ao sistema industrial nos revelam algumas das transformações por que passava
a economia capitalista na metade do século XIX. Sobre estas transformações, é correto afirmar que:
a) a manufatura e a fábrica permitiam um enorme aumento da produtividade industrial, o qual se
beneficiaram os trabalhadores, pois passaram a trabalhar menos com maiores ganhos salariais.
b) o desenvolvimento do sistema fabril, com a introdução de máquinas sofisticadas e o
aprofundamento da divisão do trabalho, permitiu um incrível aumento de produtividade às custas
da desqualificação dos ofícios manuais.
c) o aumento da produtividade industrial só foi possível pelo aumento da carga de trabalho (mais
quantidade e maior intensidade) imposta aos operários pelos sindicatos, na tentativa de obter
salários maiores.
d) a fábrica dispensa o trabalho manual, executando todas as tarefas através de máquinas e o
trabalhador passa a ganhar seu salário sem trabalhar.

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História

Gabarito

1. C
A foto retrata a aplicação do fordismo/taylorismo nas fábricas onde cada funcionario é desgindado para
cumprir uma tarefa de forma repetida.

2. E
Uma das principais consequências das Revoluções Industriais é o crescimento da exploração do
trabalhor, de sua dependência frente aos patrões, bem como da precarização de suas condições sociais.

3. C
A Segunda Revolução Industrial inaugura, devido isso, a fase do capitalismo monopolista financeiro.

4. C
As mudanças técnicas influenciaram não só as relações de trabalho, mas os espaços urbanos e as
relações sociais.

5. A
A nova fase da revolução indutrial vai ser acompanhada politicamente pela unificação e industrialização
alemã e italiana, que por terem sido feitas tardiamente levaram a diversas disputas por mercado
consumidor e por espaço de exploração de matéria prima. Sendo assim, o Congresso de Berlim surge
com o intuito de mediar e por fim a essas disputas territoriais.

6. B
A máquina a vapor permitiu o aumento significativo da produção, tornando-a mais eficaz e capaz de
confeccionar mais produtos em um tempo bem menor do que aquele que era gasto no trabalho
manufaturado ou artesanal.

7. D
A letra D está correta porque assinala o fato de ser a própria massa de trabalhadores a mesma massa
de consumidores que demandam os produtos industrializados.

8. E
A inovação tecnológica no ambiente fabril tem uma série de consequências para o trabalhador como o
aumento da jornada de trabalho e consequentemente uma maior exploração dos operários.

9. E
Apesar de ter sido atinginda levemente pela onda de insdustrialização, a América Latina se manteve
essencial agroexportadora e fonte de matéria prima para os países industrializados.

10. B
Com o desenvolvimento de tal sistema, podemos dizer que o homem tornou-se “apêndice da máquina”,
ou seja, não tem mais controle dos instrumentos de produção.

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História

O Imperialismo

Resumo

A Era dos Impérios


Ao longo do século XIX, o crescimento dos sentimentos nacionalistas pelo mundo serviu como ponte para
“apaziguar” as lutas entre proletários, burgueses e nobres e construir uma ideia de união entre indivíduos de
uma mesma nação. Esse sentimento de união, apesar de construído artificialmente e nem sempre ser forte o
bastante para evitar as lutas entre as classes, foi fundamental, no entanto, para o fortalecimento dos grandes
impérios europeus e para pavimentar a expansão de seus poderes pelo mundo.
Desta forma, independente das diferenças sociais e dos interesses das classes, o sentimento em comum de
pertencer a uma nação supostamente superior ou a uma raça que teria uma missão divina de civilizar os
“povos bárbaros” foi o que, no século XIX, abriu as portas para que as potências que passavam pela 2ª
revolução industrial dominassem regiões consideradas menores, em uma prática que ficou conhecida como
o imperialismo.
Assim, utilizando teorias científicas da época, como a eugenia ou o
darwinismo social, os países europeus manipulavam dados científicos e
determinavam que certas raças seriam inferiores e outras superiores,
assim como certos povos seriam civilizados e outros não, por isso, o
homem branco, cristão e europeu, teria o “fardo” de levar o progresso e a
modernidade para as regiões consideradas bárbaras. Essa noção de
progresso e civilização, naturalmente, correspondia aos ideais iluministas
e burgueses europeus que alcançaram a 2ª revolução industrial e, agora,
deveriam impor ao mundo suas verdades, seus bancos, suas indústrias,
suas leis, suas mercadorias e culturas.
Com essa atitude, as grandes potências industrializadas dominavam
politicamente, culturalmente e economicamente diversos outros países,
principalmente na Ásia e na África. Desta forma, uma nova dominação das
potências europeias era realizada, semelhante ao colonialismo dos séculos XVI e XVII, mas, desta vez, com
algumas diferenças, por isso denominada de neocolonialismo.
Nesta nova forma de dominação, as potências industrializadas dividiam os territórios do mundo como suas
“zonas de influência” ou “colônias” e, assim, para facilitar o controle da população local, interferia nas
questões políticas, escolhia líderes, criava leis, proibia práticas culturais ou línguas, reorganizava territórios e
praticava todo o tipo de violência, física, mental e simbólica para que os povos dominados servissem ao
império dominador. Essa interferência garantia assim que os grandes monopólios e oligopólios industriais
penetrassem em regiões “subdesenvolvidas” e explorassem livremente as matérias primas, a mão de obra
local e ainda enviasse para esses países o excedente de mercadorias.
Assim, essa prática sobreviveu por mais de um século e, segundo Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras
do mundo passaram a ser dominadas por algum império. No caso africano, apenas dois países em todo o
continente não foram dominados por alguma potência, sendo eles a Libéria, que foi formada por ex-escravos
americanos e a Etiópia.

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História

Colonialismo Neocolonialismo
Séculos XV - XVIII Século XIX - XX
Economia mercantilista Capitalismo monopolista
Expansão do cristianismo Missão civilizadora e superioridade racial
Busca por especiarias, gêneros tropicais e Busca por mercado consumidor, mão de
metais preciosos obra barata, matérias primas e
investimento de capital excedente
América África e Ásia
Burguesia comercial e Estados modernos Burguesia financeiro-industrial e Estados
com industrialização desenvolvida.

O imperialismo na África
O continente africano foi uma das regiões mais afetadas no planeta pelo imperialismo e, até hoje, sofre com
as consequências dessa dominação. Enquanto as intervenções europeias ao longo dos séculos XVI e XVII
com a escravidão causaram um forte impacto na demografia, no desenvolvimento dos povos e nas relações
étnicas, no século XIX, a Conferência de Berlim (1884-1885), destruiu mais uma vez o continente com a
partilha dos territórios, a reorganização geográfica dos povos e o domínio imperialista, que teve como
consequência o subdesenvolvimento e guerras civis que arrasam o país até hoje.
Nessa conferência, participaram 14 países europeus, mais Estados Unidos e o Império Russo, convidados. O
objetivo da reunião era definir as fronteiras entre os territórios dominados pelas potências, estabelecer limites,
acordos e normas que pudessem nortear as conquistas e evitar empecilhos ou desentendimentos entre as
potências. Assim, ficou acordado que a França manteria seu domínio sobre a Tunísia, o Marrocos, a Ilha de
Madagascar, o Sudão e parte da Somália. A Inglaterra, por sua vez, teria domínio maior no lado oriental, desde
o Mar Mediterrâneo, no norte da África, até o extremo sul, no Cabo da Boa Esperança. Antigas possessões
espanholas e portuguesas foram mantidas, na região do Marrocos, Angola e Moçambique e, por fim, o Congo,
na conferência foi presenteado ao rei da Bélgica Leopoldo II, como sua propriedade particular. Alemanha e
Itália, unificadas tardiamente, conquistaram apenas territórios menores, como os atuais Camarões, Togo,
Somália e Líbia.

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/370/quais-foram-os-colonizadores-da-africa

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História

Apesar da conferência ter como objetivo evitar novos conflitos na corrida imperialista, as disputas não
cessaram, levando os interesses capitalistas inclusive à Grande Guerra de 1914. Ainda no século XIX, a Guerra
dos Bôeres (1899-1902) foi uma das mais expressivas, pois, ingleses que viviam na Colônia do Cabo (África
do Sul), interessados na exploração de minérios, entraram em guerra com os chamados bôeres, que eram
descendentes de holandeses que viviam no sul da África há anos, tendo fundado as cidades de Orange e
Transvaal. A riqueza de diamantes de Transvaal atraiu os interesses dos ingleses e de estrangeiros, que
desejavam o monopólio das minas e, para isso, precisavam anexar a região às colônias inglesas. Assim, com
a vitória britânica, e a anexação de Orange e Transvaal, foi criado, em 1910, a União Sul-Africana que, anos
depois, ficaria marcada pela segregação racial e pela política do Apartheid.

O Imperialismo na Ásia
No continente asiático, apesar de haver um amplo domínio europeu sobre diversas ilhas e países, os casos
mais emblemáticos foram os da dominação inglesa sobre a Índia, a partilha chinesa e a expansão japonesa.

Índia
No caso indiano, a dominação inglesa começou ainda no século XVIII, com o país se tornando um protetorado
britânico em 1763. Nessa conjuntura, a Inglaterra ocupava militar e financeiramente a Índia e tinha controle
sobre a política e a administração local, em troca, a Índia supostamente ganharia a proteção do Império
Britânico. Com o crescimento do domínio da Companhia Britânica das Índias Orientais, que já no início do XIX
monopolizava as relações comerciais com o país, a Índia se tornou cada vez mais dependente do produto
inglês, sobretudo dos tecidos. A partir de 1848, enfim, novas reformas foram realizadas pela Inglaterra, com
missões religiosas e “civilizatórias”, que impactaram profundamente na cultura indiana. Enfim, em 1876, o
ministro britânico Benjamin Disraeli elevou o status da Índia a parte do Império Britânico, sendo a Rainha
Vitória a Imperatriz da Índia.
Apesar do domínio britânico, a colonização da Índia não foi pacífica, visto que revoltas já no século XIX
ajudaram a despertar a resistência e o nacionalismo indiano contra os abusos imperialistas. No caso da
Revolta dos Sipaios (1735-1741), militares indianos entraram em confronto contra oficiais ingleses por
rejeitarem o uso de graxa animal nas armas, o que nas tradições indianas era considerado um absurdo.

China
No caso chinês, o país continha uma das maiores populações do mundo já no século XIX, sendo, portanto,
um mercado consumidor desejável para todas as potências industriais, logo, não só a Europa, como os E.U.A
e o Japão investiram no domínio da região.
O grande Império Britânico também obtinha um importante controle do comércio com a China no século XIX,
mas, antes de intensificar as intervenções no país, conflitos entre os dois ocorreram. Primeiro, graças a
exportação forçada do ópio britânico, produzido na Índia, para a China, uma crise diplomática foi iniciada e,
como consequência, levou à Guerra do Ópio (1841). A guerra teve início quando as autoridades chinesas
decidiram proibir a entrada do ópio inglês no porto de Cantão, destruindo assim várias caixas do produto e
ignorando os pedidos de indenização dos ingleses. Ao iniciar a guerra, os navios chineses não tiveram como
vencer a poderosa marinha britânica, que puniu o país asiático com a imposição do Tratado de Nanquim
(1842), que obrigava a China a abrir os portos de Cantão, Amoy, Foochow, Ningpo e Shanghai para o livre-
comércio, fixar as tarifas alfandegárias de acordo com os desejos ingleses e entregat a cidade de Hong-Kong
para a posse da Rainha Vitória e de seus sucessores. Anos depois, a China ainda foi obrigada a assinar o
Tratado de Pequim (1860), que abria mais sete portos, embaixadas europeias e declarava o direito de países
europeus realizarem missões cristãs no país.

3
História

Insatisfeitos com a opressão sofrida pelos novos acordos e pela dominação imperialista, em 1900, parte da
população chinesa ainda tentou se rebelar, na chamada Guerra dos Boxers. Nessa revolta, chineses
incentivados pelo sentimento nacionalista e anti-imperialista assassinaram cerca de 200 estrangeiros que
estavam na China, principalmente com golpes de artes marciais. A revolta, no entanto, não conquistou
objetivos ou mudanças concretas, visto que foi massacrada por uma força expedicionária composta por
diversos países.

Japão
Após os anos de contato com missionários e navegadores portugueses no século XVI, que levou inclusive a
introdução do cristianismo no país, o Japão, em 1648, expulsou os estrangeiros e permaneceu com seus
portos fechados para outras nações até o século XIX.
Assim, enquanto a Europa se industrializava e a burguesia ascendia no século XIX, no Japão, o regime
dominado pelos daimios e pelos samurais ainda sobrevivia em um sistema semelhante ao feudalismo,
extremamente agrário e isolado. Essa estrutura mudou apenas em 1854, quando uma frota de navios
americanos, interessado em expandir os comércios e o mercado consumidor do país chegou na costa
japonesa. Comandados pelo almirante Perry, a marinha americana forçou a abertura dos portos japoneses e,
sob ameaças, impôs a assinatura de diversos tratados comerciais que, de certa forma, contribuíram para o
próprio desenvolvimento econômico japonês e para o fim do antigo regime e das tradições locais.
As mudanças ocasionadas nesse período e a centralização política promovida pelo imperador Mutsuhito
promoveu assim a industrialização do país, no que ficou conhecido como a Era Meiji. A nova face do Japão
logo se voltou para as conquistas no Oceano Pacífico, expandindo o império japonês e dominando diversas
ilhas na região. Guerras contra a China em 1894 e contra a Rússia, em 1904 garantiram, inclusive, a hegemonia
japonesa e demonstraram ao mundo o poder da nova potência asiática.

4
História

Exercícios

1. O darwinismo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natural de Darwin
na vida e na sociedade humanas. Seu grande mentor foi o filósofo inglês Herbert Spencer, criador da
expressão “sobrevivência dos mais aptos”, que, mais tarde, também seria utilizada por Darwin.
BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismos social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na sociedade e na
educação brasileiras. http://www.scielo.br/pdf/er/n12/n12a14.pdf /Adaptado.
Essa teoria foi utilizada no século XIX pelas nações europeias para justificar a
a) independência da Oceania.
b) colonização dos Estados Unidos.
c) dominação imperialista na Ásia e África.
d) supremacia racial das nações latino-americanas.
e) inferioridade dos Estados Unidos frente ao Japão.

2. Observe a imagem a seguir:

A Conferência de Berlim (1884) e a subsequente


“Partilha da África” pelas potências europeias tiveram um papel fundamental na transição de uma
dominação informal para um colonialismo bastante agressivo, o chamado “novo imperialismo”. Uma
das principais características desse novo imperialismo foi
a) o convívio pacífico entre africanos e europeus, com ampla extensão de direitos políticos e sociais
aos primeiros, nas regiões colonizadas.
b) o fomento ao processo de descolonização da África, iniciado na década de 1830 e encerrado na
década de 1890, com amplo apoio das principais potências europeias.
c) a exploração econômica direta dos territórios ocupados e a criação de estruturas coloniais de
administração excludentes e violentas
d) a dominação indireta, pelas potências europeias, das regiões colonizadas, restrita somente a 10%
de todo o território africano.
e) a limitação do imperialismo europeu somente à África e a exclusão da Ásia e da Oceania das
pretensões imperiais das potências em disputa.

5
História

3. “A África só começou a ser ocupada pelas potências europeias exatamente quando a América se
tornou independente, quando o antigo sistema colonial ruiu, dando lugar a outras formas de
enriquecimento e desenvolvimento das economias mais dinâmicas, que se industrializavam e
ampliavam seus mercados consumidores. Nesse momento foi criado um novo tipo de colonialismo,
implantado na África a partir do final do século XIX [...].”
Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.
O “novo tipo de colonialismo”, mencionado no texto, tem, entre suas características,
a) a busca de fontes de energia e de matérias-primas pelas potências europeias, associada à
realização de expedições científicas de exploração do continente africano.
b) a tentativa das potências europeias de reduzir a hegemonia norte-americana no comércio
internacional e retomar posição de liderança na economia mundial.
c) o esforço de criação de um mercado consumidor global, sem hierarquia política ou prevalecimento
comercial de um país ou continente sobre os demais.
d) a aquisição de escravos pelos mercadores africanos, para ampliar a mão de obra disponível nas
colônias remanescentes na América e em ilhas do Oceano Pacífico.
e) o estabelecimento de alianças políticas entre líderes europeus e africanos, que favorecessem o
avanço militar dos países do Ocidente europeu na Primeira Guerra Mundial.

4. "(...) quando a Inglaterra fez empréstimos à Argentina para a construção de ferrovias, a maioria dos
trilhos, material rolante, etc. foi comprada à Inglaterra com lucros para os fabricantes ingleses. A
exportação de capital excedente trouxe, nesse caso, também, lucro para os industriais ingleses."
Leo Huberman, "A História da Riqueza do Homem", Rio de Janeiro: Zahar, 1974, p.263.
A prática indicada pelo historiador americano é típica do processo de monopolização e expansão
capitalistas (imperialismo) a partir da segunda metade do século XIX. Neste processo ocorre também
a) o aumento pela disputa de áreas coloniais afro-asiáticas que levarão à guerra potências
tradicionais, como a Inglaterra, e novas, como a Alemanha.
b) a perda de poder de burguesias tradicionais europeias, como a italiana e a alemã, e a ascensão do
moderno capitalismo inglês.
c) a recolonização de vastas áreas da América Latina, já agora dividida por Inglaterra e Estados
Unidos da América.
d) a superação do capitalismo bancário, predominante na Europa desde a Era das Revoluções, pelo
industrial, marcado pelo aparecimento de milhares de empresas.
e) a descolonização de amplos territórios até então dominados pelas potências europeias na
América Latina.

5. A China desponta nos dias de hoje como uma das possíveis grandes potências do próximo século.
Todavia, até meados do século XIX, ela era um país em grande parte isolado do restante do mundo e
que, apesar de apresentar uma economia enfraquecida, resistia à voracidade dos interesses ocidentais.
Naquela época os primeiros a quebrarem esse isolamento foram os ingleses Assinale a ÚNICA
alternativa que corresponde aos meios empregados pelos ingleses para impor à China o comércio e
outras influências ocidentais:
a) a monopolização do comércio da região, pela Companhia das Índias Ocidentais;
b) a Guerra do Ópio, com ataques às cidades portuárias chinesas;
c) a assinatura de tratados de livre comercialização do chá chinês;
d) a Guerra dos Boers, levando ao extermínio os nativos da região;
e) a imposição à China de uma nova forma de governo com feições ocidentais.

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História

6. Não há livro didático, prova de vestibular ou resposta correta do Enem que não atribua a miséria e os
conflitos internos da África a um fator principal: a partilha do continente africano pelos europeus. Essas
fronteiras teriam acotovelado no mesmo território diversas nações e grupos étnicos, fazendo o caos
imperar na África. Porém, guerras entre nações rivais e disputas pela sucessão de tronos existiam
muito antes de os europeus atingirem o interior da África. Graves conflitos étnicos aconteceram
também em países que tiveram suas fronteiras mantidas pelos governos europeus. É incrível que uma
teoria tão frágil e generalista tenha durado tanto – provavelmente isso acontece porque ela serve para
alimentar a condescendência de quem toma os africanos como “bons selvagens” e tenta isentá-los da
responsabilidade por seus problemas.
NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do mundo, 2013. Adaptado.
A partir da leitura do texto, é correto afirmar que:
a) as desigualdades sociais e econômicas no mundo atual originam-se exclusivamente das
contradições materiais do capitalismo.
b) o conhecimento histórico que privilegia a “óptica dos vencidos” apresenta um grau superior de
objetividade científica.
c) na relação entre diferentes etnias, o etnocentrismo é um fenômeno antropológico exclusivo dos
países ocidentais modernos.
d) para explicar a existência dos atuais conflitos étnicos na África, é necessário resgatar os
pressupostos da ideologia colonialista.
e) a tese filosófica sobre um “estado de natureza” livre e pacífico é insuficiente para explicar os
conflitos étnicos atuais na África.

7. Em nome do direito de viver da humanidade, a colonização, agente da civilização, deverá tomar a seu
encargo a valorização e a circulação das riquezas que possuidores fracos detenham sem benefício
para eles próprios e para os demais. Age-se, assim, para o bem de todos. (...) [A Europa] está no
comando e no comando deve permanecer.
Albert Sarrault, Grandeza y servidumbres coloniales Apud Hector Bruit, O imperialismo, 1987, p. 11.
A partir do fragmento, é correto afirmar que
a) a partilha afro-asiática da segunda metade do século XIX, liderada pela Inglaterra e França, fruto
da expansão das relações capitalistas de produção, garantiu o controle de matérias primas
estratégicas para a indústria e a colonização como missão civilizatória da raça branca superior.
b) o velho imperialismo do século XVI foi produto da revolução comercial pela procura de novos
produtos e mercados para Portugal e Espanha que, por meio do exclusivo metropolitano e do
direito de colonização sobre os povos inferiores, validando os super lucros da exploração colonial.
c) o novo imperialismo da primeira metade do século XIX, na África e Oceania, consequência do
capitalismo comercial, impôs o monopólio da produção colonial, em especial, para a Grã- Bretanha
que, de forma pacífica, defendeu o direito de colonização sobre os povos inferiores.
d) o colonialismo do século XVI, na África e Ásia, tornou essas regiões fontes de matérias primas e
mercados para a Europa, em especial, Alemanha e França, que por meio da guerra, submeteram
os povos inferiores e promoveram a industrialização africana.
e) a exploração da África e da Ásia na segunda metade do século XVII, pelas grandes potências
industriais, foi um instrumento eficaz para a missão colonizadora daquelas áreas atrasadas e
ampliou o domínio europeu em nome do progresso na medida em que implantou o monopólio
comercial.

7
História

8. (ENEM 2015) A participação da África na Segunda Guerra Mundial deve ser apreciada sob a ótica da
escolha entre vários demônios. O seu engajamento não foi um processo de colaboração com o
imperialismo, mas uma luta contra uma forma de hegemonia ainda mais perigosa.
(Org.). História geral da África: África desde 1925. Brasília: Unesco, 2010.
Para o autor, a “forma de hegemonia” e uma de suas características que explicam o engajamento dos
africanos no processo analisado foram:
a) Comunismo / rejeição da democracia liberal.
b) Capitalismo / devastação do ambiente natural.
c) Fascismo / adoção do determinismo biológico.
d) Socialismo / planificação da economia nacional.
e) Colonialismo / imposição da missão civilizatória.

9. (ENEM 2014) Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida
dos países europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na
Europa – do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da
quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo Cia. das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que
a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.

10. De 1876 a 1914, as potências colonialistas do mundo anexaram mais de 11 milhões de milhas
quadradas de território. Esse foi o ponto culminante da expansão europeia iniciada no século XI, nas
planícies a leste do Elba, no planalto de Castela e nas águas do Mediterrâneo.
(David S. Landes. Prometeu desacorrentado, 1994.)
A extraordinária anexação de territórios pelas potências colonialistas de 1876 a 1914 foi impulsionada
a) pelo acordo entre as potências capitalistas com a finalidade de evitar a expansão das revoluções
socialistas no extremo oriente.
b) pelo projeto das dinastias reinantes nas nações economicamente desenvolvidas de expandir seu
poder para novos mundos.
c) pela difusão da industrialização para novos países com a consequente disputa por mercados
consumidores e fornecedores.
d) pela política de combate ao desemprego com a transferência do excesso da mão de obra operária
para as colônias afro-asiáticos.
e) pela necessidade de fortalecimento militar das potências capitalistas com os alistamentos
obrigatórios de soldados africanos e asiáticos.

8
História

Gabarito

1. C
Se apropriando das teorias evolucionistas de Charles Darwin, as potências europeias vão utilizar o
Darwinismo Social como justificativa para o processo de expansão Imperialista. A ideia de que levariam
o “progresso” aos povos do continente africano e asiático funcionavam como um pretexto para as
motivações econômicas do processo.

2. C
A Conferência de Berlim vai oficializar a ocupação violenta e brutal dos continentes africano e asiático.

3. A
Em um período de ascensão do capitalismo monopolista financeiro, a busca por fontes de energia,
matéria prima e mercado consumidor eram essenciais para manter a produção e a lucratividade em alta.

4. A
As disputas imperialistas são entendidas com um dos pontos de tensão que levaram a eclosão da
Primeira Guerra Mundial.

5. B
Através da vitoria na Guerra do Ópio a Inglaterra obrigou a China a abrir seus portos para os produtos
britânicos.

6. E
É preciso compreender o cenário atual da África levando em consideração não as consequências do
Imperialismo para o continente, mas também as disputas ali existentes antes da chegada do Europeu.

7. A
A motivação econômica e a justificativa ideológica tornou possível a consolidação do Imperialismo.

8. C
Os países africanos tiveram que optar por apoiar os países imperialistas, que eram os seus exploradores,
em detrimento do crescimento do nazi-facismo e sua política de limpeza racial.

9. B
Tais disputas das potências Europeias por territórios no continente africano e asiático contribuíram para
o cenário de tensão que vai culminar na primeira guerra mundial.

10. C
A segunda fase da revolução industrial e sua ampliação para outros países vão ocasionar em uma corrida
por mercados consumidores e fontes de matéria prima.

9
História

A Grande Guerra: antecedentes

Resumo

No período de 1914 a 1919 o mundo viveu os impactos da Grande Guerra, também conhecida como Primeira
Guerra Mundial. Esse conflito trouxe importantes consequências e alterou a ordem geopolítica mundial, a
partir da fragmentação dos grandes impérios e o surgimento de novos países. Apesar de ter eclodido no
início do século XX, suas raízes residem no século XIX e é importante lembrar que o panorama de tensões
se constrói lentamente.

O desenvolvimento de novas tecnologias assim como a descoberta de novas


fontes de energia vai levar a Segunda Fase da Revolução Industrial, que será
marcada pela participação de novos atores como Estados Unidos, Alemanha
e o Japão. Entretanto, esses novos países vão encontrar nas outras potências
pioneiras um obstáculo para as suas expansões econômicas. Com a crise do
Antigo Regime e do velho modelo de colonialismo, os países industrializados
precisaram encontrar uma nova forma de conquistar mercado consumidor e
fontes de matéria prima, partindo assim para disputas por novos territórios
que ficarão conhecidos como Imperialismo ou

Neocolonialismo
A Era dos Impérios será marcada por um intenso processo de exploração e dominação dos continentes
africano e asiático que terão seus territórios divididos por esses países através da Conferência de Berlim
(1885) onde as potências se reuniram para fatiar os novos territórios conquistados como uma tentativa de
amenizar as tensões causadas pelas disputas territoriais. É essencial pontuar que esses países vão ocupar
esses territórios baseados em um discurso de levar o progresso e a civilização para essa população
“selvagem”. Por trás dessa justificativa, a exploração comercial desses lugares vai estar ligada a uma série
de teorias de eugenistas e racistas, como o Darwinismo Social.

Charge ironizando a partilha do continente Africano.


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:IMGCDB82_-_Caricatura_sobre_conferencia_de_Berl%C3%ADn,_1885.jpg

Com a Unificação Alemã, a antiga hegemonia industrial inglesa começou a ser ameaçada. Os alemães
conseguiram em um curto período consolidar um grande desenvolvimento industrial rompendo com a

1
História

tradicional hegemonia britânica. Movimentos caracterizados pelo nacionalismo


exacerbado, como o pan-eslavismo - união dos povos eslavos sob um único Estado -
e o pangermanismo – união dos povos germânicos sob um único governo - cresceram
exponencialmente e foram utilizados para justificar a necessidade de um exército
regular e o fortalecimento de suas fronteiras.
Sentindo-se ameaçados com toda movimentação política e econômica, os britânicos saíram de seu
isolamento político para firmarem acordos com a França. Esta, por sua vez, havia sido obrigada a ceder as
importantes regiões da Alsácia Lorena à Alemanha, após a derrota na guerra franco-prussiana, ocorrida no
processo de unificação alemã. Tal episódio gerou o que chamamos de revanchismo francês.
Outro campo de disputas concentrava-se na região dos Bálcãs. Em fins século XIX, o Império Turco-
Otomano perdia o controle sobre a região e dava espaço para que várias nações se declarassem
independentes, fruto do crescente nacionalismo verificado na Europa. Observando o desmembramento dos
territórios, algumas potências vizinhas prontamente
manifestaram interesse em impor seus interesses políticos
naquele lugar. De um lado, a Rússia apoiou os movimentos
pan-eslavistas que defendiam a formação de uma única nação
entre os povos eslavos. Havia, por parte dos russos, o desejo
de consolidar influência política e econômica na região. Por
outro lado, o Império Austro-Húngaro, com o apoio alemão,
desejava construir uma estrada de ferro ligando as cidades de
Berlim e Bagdá através do território balcânico.
Diante deste quadro de tensão, iniciou-se um período conhecido como Paz Armada, onde as nações, diante
das crescentes tensões, investiam em recursos bélicos, em um exército regular, no recrudescimento de suas
fronteiras e no sistema de alianças com outros países que possuíam interesse comum. Essas alianças
políticas foram um ensaio para as coalizões que foram formadas durante a Primeira Guerra Mundial e
durante a Segunda Guerra Mundial, que pode ser lido como uma continuidade do primeiro conflito.
Todo esse clima de tensão, corrida armamentista e de expansão tecnológica durante esse falso período de
estabilidade vai levar a desenvolvimento cultural no continente europeu causado também pelo êxodo rural
proveniente do alargamento da urbanização e do crescimento das cidades. A Belle Époque vai se iniciar por
volta do fim do conflito Franco-Prussiano e vai durar até o inicio da I Guerra Mundial sendo marcada pelo
progresso cientifico, médico, educacional e artístico concentrado principalmente na França e, especialmente,
em Paris. O período vai ser marcado pelo surgimento de um estilo de vida cosmopolita ligado ao meio urbano
e ao progresso dos meios de transporte e os meios de comunicação, criando um ambiente de prosperidade
e otimismo no continente europeu. O estopim para o início de uma guerra com proporções nunca vista antes
e o fim da “bela época” será:
E aí, é como diz o ditado: vai dar ruim, ou melhor, já deu!

2
História

Exercícios

1. Em poucas semanas, o mundo estará rememorando o primeiro centenário do assassinato, em


Sarajevo (Bósnia), do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro.
Esse episódio desencadearia o grande conflito chamado de Primeira Guerra Mundial, o qual terminaria
em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial.
Essa interpretação somente é verdadeira se considerado o fato de que:
a) as duas guerras mundiais envolveram todos os países da Europa, além de suas colônias de
ultramar.
b) prevaleceu, antes da Segunda Guerra Mundial, o equilíbrio europeu, tal como havia ocorrido no
período que precedeu a Primeira Guerra.
c) em ambas as guerras mundiais, o conflito foi travado por motivos ideológicos, muito mais do que
imperialistas.
d) ocorreram, entre as duas guerras mundiais, rebeliões e revoluções, como as da década de 1910,
que colocaram em risco o frágil equilíbrio europeu.
e) apesar da paz do período entreguerras, a Segunda Guerra foi causada pelos tratados
excessivamente rigorosos impostos ao final da Primeira Guerra, decorrentes do Tratado de
Versalhes de 1919.

2. A Grande Guerra de 1914 foi uma consequência da remobilização contemporânea dos anciens
regimes da Europa. Embora perdendo terreno para as forças do capitalismo industrial, as forças da
antiga ordem ainda estavam suficientemente dispostas e poderosas para resistir e retardar o curso
da história, se necessário recorrendo à violência. A Grande Guerra foi antes a expressão da decadência
e queda da antiga ordem, lutando para prolongar sua vida, que do explosivo crescimento do
capitalismo industrial, resolvido a impor a sua primazia. Por toda a Europa, a partir de 1917, as
pressões de uma guerra prolongada afinal abalaram e romperam os alicerces da velha ordem
entrincheirada, que havia sido sua incubadora. Mesmo assim, à exceção da Rússia, onde se
desmoronou o antigo regime mais obstinado e tradicional, após 1918 – 1919, as forças da
permanência se recobraram o suficiente para agravar a crise geral da Europa, promover o fascismo e
contribuir para retomada da guerra total em 1939.”
MAYER, A. A força da tradição: a persistência do Antigo Regime. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 13-14.

De acordo com o texto, é correto afirmar que a Primeira Guerra Mundial:


a) teria sido resultado dos conflitos entre as forças da antiga ordem feudal e as da nova ordem
socialista, especialmente depois do triunfo da Revolução Russa.
b) resultou do confronto entre as forças da permanência e as forças de mudança, isto é, do
escravismo decadente e do capitalismo em ascensão.
c) foi consequência do triunfo da indústria sobre a manufatura, o que provocou uma concorrência
em nível mundial, levando ao choque das potências capitalistas imperialistas.
d) foi produto de um momento histórico específico em que as mudanças se processavam mais
lentamente do que fazem crer os historiadores que tratam a guerra como resultado do
imperialismo.
e) engendrou o nazifascismo, pois a burguesia europeia, tendo apoiado os comunistas russos, criou
o terreno propício ao surgimento e à expansão dos regimes totalitários do final do século.

3
História

3. (ENEM 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram
como um dos mais violentos períodos da história humana.
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade
do século XX estão
a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.
b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.
c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana.
d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético.
e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.

4. "Em 1916, em meio à guerra, Marcel Duchamp (1887-1968) produzia a obra Roda de bicicleta. Nem a
roda servia para andar, nem o banco servia para sentar. Algo aparentemente irracional, ilógico, diriam
muitos (...). Mais do que uma outra forma de produzir arte, Duchamp estava propondo uma outra forma
de ver a arte, de olhar para o mundo. (...) Depois de sua Roda de bicicleta, o mundo das artes não seria
mais o mesmo. Depois da Primeira Guerra Mundial, o mundo não seria mais o mesmo."
Flávio de Campos e Renan G. Miranda, "Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

De acordo com o texto acima, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918):

a) fortaleceu a crença dos homens da época na capacidade de construção de uma sociedade melhor,
por meio da racionalidade tecnológica.
b) consolidou a hegemonia cultural europeia perante o mundo ocidental, desprezando as demais
manifestações artísticas.
c) possibilitou o surgimento de novas vanguardas artísticas, preocupadas em defender os modelos
acadêmicos clássicos europeus.
d) assinalou a crise da cultura europeia, baseada no racionalismo e no fascínio iluminista pela
tecnologia e pelo progresso.
e) manifestou a decadência cultural em que se encontrava o mundo ocidental na segunda metade
do século XIX.

5. Em três momentos importantes da história europeia, a Revoluções de 1830-1848, a Primeira Guerra


Mundial de 1914-1918, e movimentos fascista e nazista das décadas de 1920-1930, nota-se a
presença de uma força ideológica comum a todos esses acontecimentos. Trata-se do
a) totalitarismo.
b) nacionalismo.
c) imperialismo.
d) conservadorismo.
e) socialismo.

4
História

6. O patriotismo é o amor pelos seus; o nacionalismo é o ódio pelos outros.


Romain Gary (1914-1980) Citado por Henri Deleersnijder. O Globo, 28/07/2014

A frase do escritor francês Romain Gary ajuda a compreender como reivindicações de autonomia de
povos e sociedades variadas acabam por ocasionar disputas territoriais e políticas. Um exemplo
dessa situação é a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), para a qual contribuiu o seguinte
fator:
a) difusão do domínio soviético
b) expansão do ideal segregacionista
c) agravamento das crises balcânicas
d) crescimento das ações antissemitas
e) aproximação entre Alemanha e Rússia

7. “[…] A modernidade não emergiu virgem nas trincheiras de Somme. Muito antes de 1914, já se afirmava
solidamente nas mentes e nas vidas da Europa. A Primeira Guerra não funcionou como elemento
gerador, mas catalisador, forçando velhas estruturas a ruir mais rapidamente e novas identidades a
se afirmar mais facilmente.”
(BLOM, Philip. Anos vertiginosos: mudança de cultura no Ocidente – 1900-1914. trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro:
Record, 2015. p. 16).

Partido da afirmação acima, podemos dizer que as décadas que antecederam a Primeira Guerra
Mundial:
a) foram de guerras generalizadas no continente europeu, sem nenhum momento de paz.
b) foram de completa estagnação tecnológica.
c) foram marcadas pelo progresso tecnocientífico, que viabilizou a modernização dos grandes
centros urbanos.
d) não exerceram grande impacto sobre as principais capitais europeias, como Paris e Viena.
e) não tiveram nenhum desenvolvimento nas artes.

5
História

8. A Ata Geral da Conferência de Berlim, assinada em 23 de fevereiro de 1885, é composta de seis pontos
fundamentais formalizados em capítulos. Os principais objetivos eram assegurar as vantagens de
livre navegação e livre comércio sobre os dois principais rios africanos que deságuam no Atlântico,
quais sejam o Níger e o Congo, visavam também regulamentar as novas ocupações de territórios
africanos, em particular da costa ocidental do continente.
(Leila Leite Hernandez)

Um dos fatores responsáveis pela Primeira Guerra Mundial que também contribuiu para acelerar o
processo de “roedura” da África foi:
a) a Itália e a Alemanha, ao conseguirem sua unidade política e darem início ao processo de
industrialização, passaram a disputar os mercados e reivindicar territórios no continente africano.
b) o Tratado de Versalhes alterou substancialmente a configuração geopolítica do continente
africano ao obrigar a Alemanha e a Itália a entregar suas colônias da região aos países do bloco
aliado.
c) o equilíbrio da ordem internacional entre as nações europeias foi rompido com o início da política
de compensações territoriais na África, praticada pelos países imperialistas em sua expansão
mundial.
d) as potências europeias passaram a disputar regiões do continente africano que lhes fornecessem
matérias-primas e minerais para suas fábricas de armas e de munições para alimentar seus
exércitos.
e) a Alemanha e a Rússia passaram a defender a ideia de que seus países precisavam conquistar
seu “espaço vital”, isto é, novos mercados consumidores e fornecedores de matéria-prima na
África.

9. Em 1914, as tensões políticas entre as principais potências europeias levaram a uma guerra que se
tornou, ao longo dos anos seguintes, um dos mais trágicos momentos da história da humanidade. Em
relação à Primeira Guerra Mundial, é INCORRETO afirmar que:
a) a Grande Guerra foi travada em duas frentes de combate e em ambas a perda de vidas humanas
alcançou a dimensão de verdadeiros massacres.
b) na guerra de 1914-1918, foram utilizadas novas tecnologias de comunicação e transportes,
proporcionando um avanço científico acelerado.
c) por envolver grandes potências coloniais a Grande Guerra atingiu populações não europeias o
que deu ao conflito uma dimensão mundial.
d) através de bombardeios aéreos, racionamentos de alimentos e produtos, a guerra envolveu, em
grande escala, a população civil dos países em conflito.
e) a Grande Guerra decorreu da tensão política e ideológica entre americanos e soviéticos na disputa
por áreas de influência no continente europeu.

6
História

10. A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de enormes proporções, ocorrido entre 1914 e 1918, que
envolveu quase todo o continente europeu e várias outras regiões do mundo. Sobre esse conflito é
correto afirmar que:
a) a disputa por regiões coloniais acirrou as rivalidades entre as grandes potências, levando ao fim
grandes alianças, como é o caso do desmantelamento da Tríplice Entente.
b) a chamada “paz armada” foi imposta ao final do conflito, quando os países europeus já se
encontravam desgastados com a guerra, com o objetivo de cessar os combates e evitar novos
conflitos.
c) a entrada dos Estados Unidos, com seu apoio econômico e militar, ao lado da Entente, foi
fundamental para a derrota da Tríplice Aliança.
d) o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, levou o Império
austríaco, juntamente com a Rússia, a declarar guerra à Sérvia, dando início ao conflito.
e) ao final do conflito, a Alemanha impôs à França a devolução dos territórios da Alsácia-Lorena,
ricos em minério de ferro e carvão.

7
História

Gabarito

1. E
Como as duas grandes guerras são processos relacionados, é comum que alguns historiadores
busquem analisá-las como um processo único, compreendendo suas possíveis correlações.

2. D
O Imperialismo também é uma das causas da guerra, mas, segundo o texto do autor, havia outros
motivos para a eclosão do conflito, ligados ao contexto histórico referente à ordem social e política que
havia sido formada. Não é possível reduzi-la a uma única motivação.

3. A
Os fatores enumerados foram decisivos para a eclosão da Primeira Guerra Mundial, bem como da
Segunda que vai ser uma continuação do primeiro conflito.

4. D
A destruição e o grande número de mortes provocadas pela guerra colocaram em questões os anseios
da civilização do progresso social e industrial que caracterizou o fim do século XIX.

5. B
Apesar de possuírem ideologias politicas diferentes, todos os movimentos foram marcados por um ideal
exarcebado de nacionalismo.

6. C
As disputas entre a Sérvia (apoiada pela Rússia) e o Império Austro Húngaro (apoiado pela Alemanha)
levaram as tensões na região.

7. C
O período anterior a Primeira Guerra Mundial ficou conhecido como Belle Époque e foi marcado pelo
desenvolvimento cientifico e técnico que proporcionou melhorias na vida urbana com o desenvolvimento
de novos meios de transportes e de comunicação, por exemplo.

8. A
As unificações de países como Alemanha e Itália aceleraram o desenvolvimento de suas economias ao
buscar territórios de exploração imperialista em regiões já ocupadas por outras nações capitalistas.

9. E
Tais característica não dizem respeito a Primeira Guerra, mas sim a Guerra Fria, iniciada pós segunda
guerra mundial.

10. C
A entrada efetiva dos Estados Unidos, em 1917, foi decisiva para o fim do conflito e a vitória da Tríplice
Entente. Um grande volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra foram utilizados para que a
vitória da Entente fosse assegurada. Em pouco tempo, as tropas alemãs e austríacas foram derrotadas.
Em novembro de 1918, o armistício de Compiègne acertou a retirada dos alemães e a rápida vitória da
Tríplice Entente.

8
História

A Grande Guerra: o conflito e suas consequências

Resumo

O estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato de Francisco Ferdinando, arquiduque e herdeiro do
trono do Império Austro-Húngaro, aliado da Alemanha. O arquiduque foi morto por um terrorista sérvio
(Gravilo Princip) ligado ao grupo ultranacionalista “Mão Negra”. Para compreendermos o porquê do
assassinado de Francisco Ferdinand, é necessário saber que ele era a principal figura que negociava os
interesses germânicos na região dos Bálcãs.
Com o seu assassinato, as tensões entre os dois principais projetos nacionalistas para a região dos Bálcãs
ampliaram-se. Essas tensões levaram à formação das alianças político-militares, conhecidas como Tríplice
Aliança e Tríplice Entente. Essa última foi formada em 1904, recebendo o nome formal de Entente Cordiale,
e abarcava França, Inglaterra e Rússia.
O Império Russo, após a derrota para os japoneses na Guerra Russo-
Nipônica (1904-1905), estreitou suas relações com a França,
buscando apoio militar e econômico para precaver-se de eventuais
conflitos em outras regiões de interesse, sobretudo nos Bálcãs (apesar
de já haver acordos desse gênero entre os dois países desde 1883,
como o chamado Entendimento Franco-Russo). A Inglaterra aliou-se
à França porque temia o desenvolvimento bélico do Império Alemão e
lutava para impor limites às pretensões de Guilherme II.
Já na Tríplice Aliança associaram-se Alemanha e Império Austro-
Húngaro, motivados pelos interesses na regiões dos Bálcãs.. A essas
duas nações juntou-se a Itália, que queria lançar represálias à França em virtude da invasão da Tunísia, no
noroeste da África, em 1881. Essa região era cobiçada pelos italianos, o que aumentava ainda mais a tensão
entre as duas alianças. Quando a guerra estourou, em 1914, os exércitos que se mobilizaram estavam
associados principalmente a essas seis nações.

1ª fase: Guerra de Movimentos (Agosto a novembro de 1914).


A iniciativa da guerra partiu da Alemanha, que executou o Plano von Schilieffen, cuja estratégia consistia em
atacar pelo Leste e defender-se pelo Oeste. A princípio, a guerra assumiu o caráter de “movimento”, isto é, o
deslocamento de tropas e os ataques rápidos e fulminantes (isso abrangeu os dois primeiros anos da guerra).

Guerra de Trincheiras ou de Posição (1915 – 1917).


Com a dificuldade de movimentação das grandes tropas e com a morte de muitas pessoas nos campos de
batalha, graças aos novos armamentos, a guerra mudou. Se antes, os conflitos
diretos poderiam acontecer em campos abertos, com armas lentas ou
espadas, no século XX, isso não seria mais possível.
Com armas capazes de matar centenas de homens de uma vez, os conflitos da
fase de movimentos se tornaram cada vez mais imóveis. Assim, a guerra
assumiu o caráter de “posição”, ou seja, buscava-se preservar as regiões
ocupadas por meio do estabelecimento de posições estratégicas. Para tanto,
a forma de combate adequada era a das trincheiras.
Os soldados entrincheirados sofriam, impotentes, bombardeios e lançamento
de gases venenosos, como a iperita (gás mostarda). Além disso, a umidade, o frio e as péssimas condições

1
História

de higiene acabavam trazendo várias doenças. Dentre as principais causas de morte, além das armas de
fogo, estavam a febre tifóide, o pé de trincheira e a malária.
Em um curto espaço de tempo, as nações europeias necessitavam de enormes quantidades de alimentos e
armas para o conflito. Nesse novo contexto, a necessidade de importação de produtos básicos se tornava
cada vez maior. Assim, os Estados Unidos se tornaram um dos principais exportadores para a Europa, e
passaram a conceder empréstimos às nações da Entente. Assim, mesmo que permanecendo neutro, o
governo norte-americano exportava seus produtos apenas às nações integrantes da Tríplice Entente.
Entretanto, tais projeções mudariam de rumo no ano de 1917. Naquele ano, os russos abandonaram a
Tríplice Entente com o desenvolvimento da Revolução Russa. Para as potências centrais, essa seria a
oportunidade ideal para vencer o conflito. Não por acaso, os alemães puseram em ação um ousado plano de
atacar as embarcações que fornecessem mantimentos e armas para a Inglaterra. Nesse contexto, navios
norte-americanos foram alvejados pelos submarinos da Alemanha.
Nesse momento, a neutralidade norte-americana se tornou insustentável por duas razões fundamentais.
Primeiramente, porque a perda das embarcações representava uma clara provocação que exigia uma
resposta mais incisiva do governo americano. Além disso, a saída dos russos aumentava o risco da Tríplice
Entente ser derrotada e, consequentemente, dos banqueiros estadunidenses não receberem as enormes
quantidades de dinheiro emprestado aos países em guerra.
No dia 6 de abril de 1917, os Estados Unidos declararam guerra contra os alemães e seus aliados. Um grande
volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra foram utilizados para que a vitória da Entente fosse
assegurada. Em pouco tempo, as tropas alemãs e austríacas foram derrotadas.
Em novembro de 1918, o armistício de Compiègne acertou a retirada dos alemães e a rápida vitória da Tríplice
Entente. Ao final da guerra, o Tratado de Versalhes impôs à Alemanha vultosas medidas de reparação pelos
danos causados pela guerra. Tais medidas contribuíram posteriormente para ascensão do Nazismo na
Alemanha.

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História

Exercícios

1. Observe o gráfico e responda:

(HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios, 1875-1914, 1988)

Sobre o crescimento dos gastos militares, é correto afirmar que

a) foi um subproduto das crescentes disputas que envolveram esses países, que buscavam se
fortalecer no cenário externo.
b) foi motivado pela necessidade de enfrentar os movimentos armados nas colônias da África e Ásia,
que começavam a se rebelar.
c) incentivou a formação de grupos pacifistas, que combatiam os gastos com armas por meio de
campanhas junto aos empresários.
d) deveu-se ao oligopólio da produção de equipamentos militares, cujos preços eram impostos
pelas poucas empresas do setor.
e) resultou da necessidade de os Estados armarem-se para controlar a mobilização dos
trabalhadores urbanos e suas greves.

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História

2. Leia o trecho, escrito por uma operária inglesa, que trabalhou durante a Primeira Guerra Mundial, 1914-
1918, em uma fábrica de munição, e observe o cartaz produzido nos EUA por J. Howard Miller, durante
a Segunda Guerra Mundial, 1939-1945:

“Não sei dizer quanto as outras ganhavam na fábrica de bombas, mas sei que eles pagavam apenas
25 centavos por semana a cada moça para enchê-las, o que não era muito. Aliás, não dava para viver
com esse dinheiro, pois precisávamos comer e não ganhávamos refeições. Mas, quando elas entraram
em greve, o salário aumentou uns 5 ou 6 centavos por semana, e foi criado um sistema de bonificação.”
Mary Brough-Robertson apud Max de Arthur. Vozes esquecidas da 1.ª Guerra Mundial, 2011.

Os documentos permitem afirmar:

a) graças ao feminismo, que se tornou uma força social, as mulheres conquistaram igualdade de
direitos no mercado de trabalho.
b) as guerras mundiais travadas na primeira metade do século XX exigiram a mobilização de grande
parte da sociedade no esforço para vencer os inimigos.
c) as tentativas de se valer do trabalho feminino foram improdutivas, pois as mulheres não se
adaptaram ao rigor do ritmo fabril.
d) os modernos armamentos industriais, graças a sua precisão, protegem a população civil dos
enfrentamentos bélicos.
e) a produção industrial do período era pouco especializada, uma vez que ainda comportava o
trabalho feminino.

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História

3. Eram 3h30 de 26 de agosto de 1914, em Rozelieures, na região de Lorena, fronteira com a Alemanha,
quando Joseph Caillat, soldado do 54º batalhão de artilharia do exército da França, escreveu: “Nós
marchamos para frente, os alemães recuaram. Atravessamos o terreno em que combatemos ontem,
crivado de obuses, um triste cenário a observar. Há mortos a cada passo e mal podemos passar por
eles sem passar sobre eles, alguns deitados, outros de joelhos, outros sentados e outros que estavam
comendo. Os feridos são muitos e, quando vemos que estão quase mortos, nós acabamos o
sofrimento a tiros de revólveres”. Quando Caillat escreveu aquela que seria uma de suas primeiras
cartas do front a seus familiares, a Europa estava em guerra havia exatos 32 dias – e acreditava-se
que não por muito mais tempo.
Disponível em: http://infograficos.estadao.com.br/public/especiais/100-anos-primeira-guerra-mundial/.

O texto citado descreve o triste cenário da Primeira Grande Guerra. Dentre as consequências da
Primeira Guerra Mundial, iniciada há 100 anos, além das irreparáveis perdas humanas e materiais,
assinale a alternativa correta.
a) A ascensão da Europa como continente hegemônico mundial e oficial propagador da política
imperialista.
b) A profunda modificação do equilíbrio europeu, com o desaparecimento de impérios como o
austríaco e o otomano.
c) A concretização da unificação da Itália e da Alemanha, únicas nações europeias que até então
não possuíam soberania nacional.
d) O estabelecimento da bipolaridade entre EUA e URSS, que marcaria todo o século XX através do
que se denominou “Guerra Fria”.
e) A vitória Alemã, que saiu fortalecida do conflito, sobretudo após a assinatura do Tratado de
Versalhes.

4. Três décadas — de 1884 a 1914 — separam o século XIX — que terminou com a corrida dos países
europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa — do
século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude
estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que:
a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.

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História

5. Leia o texto para responder à questão.


A humanidade sobreviveu. Contudo o grande edifício da civilização desmoronou nas chamas da guerra
[…] Para os que cresceram em 1914 o contraste foi tão impressionante que se recusaram a ver
qualquer continuidade com o passado. Paz significava “antes de 1914”. […] depois disso veio algo que
não merecia esse nome. Era compreensível. Em 1914, não havia grande guerra fazia um século.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 2ª Edição, 1995,
p.30-31.

Do conjunto de mudanças mundiais decorrente do conflito mencionado no texto, destaca-se a/o:

a) transformação do mapa-múndi, que incorporou ao desenho da Europa uma nova geopolítica,


fruto das deliberações e dos tratados dos países vencedores.
b) concepção de fronteira, que se tornou sinônimo de conflito armado em regiões onde o sentimento
de orgulho étnico e de revanchismo foi superado.
c) conceito de humanidade, que passou a associar a ideia corrente de superioridade racial aos
projetos nacionalistas de regimes totalitários.
d) ideia de civilização, que incorporou o conceito cristão de igualdade, pelo qual a paz pressupunha
a não intervenção nas nações amigas.
e) definição de Estado, que abandonou as práticas autoritárias de regimes totalitários rejeitando
possíveis comparações com o passado imperialista.

6. “As lâmpadas estão se apagando na Europa inteira. Não as veremos brilhar outra vez em nossa
existência."
Sobre essa frase, proferida por Edward Grey, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, em
agosto de 1914, pode-se afirmar que exprime:
a) a percepção de que a guerra, que estava começando naquele momento e que iria envolver toda a
Europa, marcava o fim de uma cultura, de uma época, conhecida como a Belle Époque;
b) a desilusão de quem sabe que a guerra, que começava naquele momento, entre a Grã-Bretanha
e a Alemanha, iria sepultar toda uma política de esforços diplomáticos visando a evitar o conflito;
c) a compreensão de quem, por ser muito velho, consegue perceber que também aquela guerra,
embora longa e sangrenta, iria terminar um dia, permitindo que a Europa voltasse a brilhar;
d) a ilusão de que, apesar de tudo, a guerra que estava começando iria, por causa de seu caráter
mortal e generalizado, ser o último grande conflito armado a envolver todos os países da Europa;
e) a convicção de que à guerra que acabava de começar, e que iria envolver todo o continente
europeu, haveria de suceder uma outra, a Segunda Guerra Mundial, antes de a paz definitiva ser
alcançada.

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História

7. Diante dos resultados da Primeira Guerra Mundial na Europa, entraram em decadência os valores
civilizacionais construídos no século XIX e com eles as matrizes fundadoras do Ocidente, sendo
substituídos por novos valores.
Assinale a alternativa que relaciona corretamente eventos do período posterior a 1918 com os eventos
anteriores a 1930.
a) Começo da militarização europeia com a criação da OTAN. / Crise econômica de 1929.
b) Início da hegemonia norte-americana com a Segunda Revolução Industrial. / Construção do Muro
de Berlim.
c) Ascensão do nazismo na Alemanha com a liderança de Hitler. / Crise do socialismo real.
d) Fim da hegemonia inglesa e de seu modelo industrial. / Início de movimentos sociais críticos do
liberalismo, como o fascismo italiano.
e) Inauguração dos movimentos vanguardistas europeus. / Surgimento das teorias psicanalistas
com Freud.

8. Como explicar a Grande Guerra? O que fez os paíseseuropeus deflagrarem um conflito que os levaria
à ruína? Uma das explicações mais conhecidas, em 1916, é a do líder bolchevique russo Vladimir Lênin,
que afirmava que a formação de grandes empresas monopolistas era o fundamento do imperialismo
– a fase superior do capitalismo. O resultado, no entanto, era o surgimento de rivalidades entre os
países capitalistas avançados.
Ronaldo Vainfas et al, História

O final da “Grande Guerra” pode ser relacionado à eclosão da Segunda Guerra, porque

a) o desmantelamento dos Impérios Alemão, Britânico e Russo alimentou o nacionalismo,


impedindo a formação de países estáveis.
b) a atuação pacifista da ONU não garantiu o respaldo das elites europeias, interessadas nos lucros
das indústrias de armas e medicamentos.
c) o revanchismo anglo-francês em relação às conquistas alemãs desencadeou conflitos
localizados, que culminaram na guerra total.
d) a prosperidade econômica norte-americana gerou a Crise de 1929, permitindo que a União
Soviética avançasse na Europa Oriental.
e) o ressentimento alemão com os tratados de paz criou condições para a ascensão do nazismo,
com sua política expansionista.

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História

9. Muitos historiadores consideram a Primeira Guerra Mundial como fator de peso na crise das
sociedades liberais contemporâneas. Assinale a opção que contém argumentos todos corretos a favor
de tal opinião.
a) A economia de guerra levou a um intervencionismo de Estado sem precedentes; a “união sagrada”
foi invocada em favor de sérias restrições às liberdades civis e políticas e, em função da guerra
recém-terminada, eclodiram em 1920 graves dificuldades econômicas que abalaram os países
liberais sobretudo através da inflação.
b) Em todos os países, a economia de guerra forçou a abolir os sindicatos operários, a confiscar as
fortunas privadas e a fechar os Parlamentos, pondo assim em xeque os pilares básicos da
sociedade liberal.
c) Durante a guerra, foi preciso instaurar regimes autoritários e ditatoriais em países antes liberais
como a França e a Inglaterra, em um prenúncio do fascismo ainda por vir.
d) A guerra transformou Estados antes liberais em gestores de uma economia militarizada que
utilizou de novo o trabalho servil para a confecção de armas e munições, em flagrante desrespeito
às liberdades individuais.
e) Derrotadas na Primeira Guerra Mundial, as grandes potências liberais foram, por tal razão,
impotentes para conter, a seguir, o desafio comunista e o fascismo.

10. “O século XX é mais uma era de ditadores, cuja natureza os historiadores ainda não terminaram de
discutir. De crises a revoluções, e de movimentos revolucionários a contrarrevolucionários, o século
foi dominado desde 1918 por uma extensão constante do autoritarismo político. A instauração na
Europa de regimes autoritários novos entre as duas grandes guerras, ora revolucionários, ora
reacionários, mas todos totalitários, nada mais é do que o estopim de um fenômeno secular
extremamente vasto.”
(BRUNEL, Pierre. Dicionário de mitos literários. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1997. p. 249)

Considere também a frase:


“Esperamos que nosso esforço ajude a pôr fim à agressão alemã e abrevie o conflito na Europa.”
(Woodrow Wilson ao declarar guerra às potências centrais da Europa. In: FERREIRA, João Paulo M. H. e FERNANDES, Luiz E.
O. Nova História Integrada. Campinas, SP: Cia. da Escola, 2005. p. 399)

O conhecimento histórico sobre o contexto em que se insere a frase proferida pelo presidente
norteamericano permite afirmar que a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial deveu-
se, entre outros, ao fato de, além:
a) da guerra submarina adotada pelos alemães no Oceano Atlântico prejudicar intensamente as
exportações norte-americanas para a Europa, a Alemanha intentava aliar-se ao México,
apoiando-o na reconquista de territórios perdidos para os EUA no século XIX.
b) da agressiva política externa do III Reich ameaçar os mercados consumidores norte-americanos
no sudeste da Ásia, a Alemanha desferia golpes rápidos contra as frotas dos EUA no Pacífico no
intuito de obter áreas produtoras de matériasprimas e ampliar e consolidar seu império.
c) da Alemanha pretender dominar economicamente os mercados do continente europeu, passou a
ameaçar os mercados conquistados pelos norte-americanos na América Latina ao incentivar os
movimentos de caráter socialista em países como o México e o Chile.
d) do impacto da guerra levar ao fortalecimento e consolidação do regime nazista na Europa central,
a Alemanha provocou uma crise de valores dominantes até então e gerou descrédito em relação
ao humanismo e ao racionalismo, defendidos pelos norteamericanos desde o século XIX.
e) da guerra alemã acelerar a desintegração dos impérios europeus de além-mar, enfraquecendo o
comércio externo norte-americano, a Alemanha estimulava as disputas neocolonialistas, com o
objetivo de difundir a ideologia nazifascista e conquistar território dos EUA na América.

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História

Gabarito

1. A
Esse período ficou conhecido como “Paz Armada”. Na iminência do conflito, as potências europeias
investiam em armamento para possível guerra que estaria por vir.

2. B
As mulheres tiveram importante participação na primeira Guerra Mundial. Enquanto os homens
estavam nos campos de batalha, elas atuaram em diversos setores. No campo as mulheres ficaram
responsáveis pela produção agrícola e pela criação de animais. Nas cidades foram trabalhar com
transportes, dirigindo ônibus e caminhões, e também nas indústrias, entre elas a bélica.

3. B
Ao fim, da guerra, muitos impérios ficaram enfraquecidos e acabaram por se fragmentar. O Tratado de
Sèvres, assinado entre os Aliados e o Império Otomano em 1920, desmantelou o império Turco-
Otomano de uma vez por todas. Além dos territórios do Oriente Médio, todos os territórios turcos na
Europa foram entregues à Grécia, com a exceção de Constantinopla. A república da Turquia foi formada
após a guerra de independência turca. Hoje são 40 novos países criados a partir daquele antigo Império
Turco Otomano.
Em relação ao Império Austro-Húngaro, quando já estava claro que a Tríplice Entente venceria, os
grupos étnicos que queriam mais direitos e autonomias passaram a exigir independência. Surgiram
vários estados sucessores: a Áustria e a Hungria se tornaram repúblicas separadas, com parte de seus
territórios transferidos para países vizinhos, como a Transilvânia, que passou a fazer parte da Romênia.
Também surgiram a Tchecoslováquia e a Iugoslávia (tomando o território que pertencia à Sérvia e
Montenegro).

4. B
As disputas imperialistas e a unificação tardia da Alemanha e da Itália foram estopins para a 1ª Guerra
Mundial, visto que esse cenário causou diversas disputas internacionais e acirrou os conflitos por terras.

5. A
Com o fim da guerra, em 1918, muitas mudanças ocorreram, não só políticas, mas também geográficas:
impérios deixaram de existir, além do surgimento de vários países

6. A
A frase de Grey, proferida apenas um mês após o início da Primeira Guerra, revela a percepção do
potencial destrutivo desta que colocava em ameaça todo o progresso da civilização ocidental.
Paradoxalmente, foi esse progresso, sobretudo no campo industrial, que viabilizou a invenção das
armas cada vez mais potentes utilizadas na Primeira Guerra.

7. D
Após a Primeira Guerra, os Estados Unidos emergem como uma grande potência econômica. Além,
falamos em uma sistemática crise do capitalismo liberal, com a ascensão de regimes como
nazifascismo,

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História

8. E
As punições estabelecidas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes podem ser compreendidas como um
dos elementos que levaram a ascensão do Nazismo no país, uma vez que causaram nos alemães um
grande sentimento de revanche.

9. A
A I Guerra Mundial e, posteriormente, a crise econômica do fim da década de 1920 levaram à crise do
liberalismo, que havia se desenvolvido no século anterior. Além disso, os Estados passaram a participar
ativamente das ações econômicas, mostrando os limites de uma ação livre através do mercado
capitalista.

10. A
O chamado telegrama Zimmerman foi um caso que ocorreu durante a 1ª Guerra Mundial, quando
Alemães se aproximaram do México buscando apoiar o país na retomada de territórios perdidos no
século XIX e, com isso, atingir a soberania norte-americana.

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Literatura

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Literatura

Machado de Assis: características gerais

Resumo

Joaquim Maria Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira. De origem humilde e
mestiça, o carioca, gago e epilético, nascido no Morro do Livramento, atuou como jornalista, cronista, crítico,
dramaturgo e poeta, superando os preconceitos através de seu inegável talento autodidata. O primeiro
presidente da Academia Brasileira de Letras é o principal nome do Realismo brasileiro, mas sua obra deixou
um legado para diferentes estilos e gêneros literários.

Características machadianas
As obras machadianas eram produzidas, em sua maioria, em prosa e com o aprofundamento psicológico de
personagens e, um dos elementos mais significativos, é o posicionamento do narrador. Com caráter
persuasivo, o narrador –que por muitas vezes também é personagem- é ativo ao longo do enredo e dialoga o
tempo inteiro com o leitor. Além disso, em alguns momentos, interfere no enredo e admite uma posição
provocadora sobre seu posicionamento, incitando que o interlocutor também pense da mesma forma.
Outro ponto interessante a ser abordado, é o da descrição feminina, que está longe da figura idealizada da
escola Romântica. Aqui, a mulher é mais concreta, abordada não só por suas qualidades, mas também por
seus defeitos. É uma mulher real, sem ser fantasiada pelo narrador. Por fim, a ironia machadiana e o ceticismo
também são uns dos principais aspectos que fazem referência ao autor. Com um toque humorístico e, por
muitas vezes sutil, estes conseguem expressar – com inteligência – as verdadeiras intenções do autor,
fazendo abordagens sobre a hipocrisia humana, as relações por interesse, o adultério, a infelicidade no
casamento, a ascensão social, o egocentrismo, entre outras. Para sintetizar, é importante salientar as
características principais do autor:
• Crítica à burguesia e aos comportamentos sociais;
• Ironia e sutileza nas análises;
• Metalinguagem;
• Interação constante com o leitor;
• Drigressão – tempo não cronológico em algumas obras.
Texto I
Capítulo XXXIII: O penteado
Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a
alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito:
não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe
que se sentasse.

1
Literatura

– Senta aqui, é melhor.


Sentou-se. “Vamos ver o grande cabeleireiro”, disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito
cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim
depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tacto
aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de
propósito, para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas
de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse
intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda
esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos
dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto
vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos
adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa...Uma ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando
dos seus olhos de ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei Tétis, risquemos ninfas; digamos somente uma
criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e pagãs. Enfim, acabei as duas tranças. Onde
estava a fita para atar-lhes as pontas? Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as
pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
– Pronto!
– Estará bom?
– Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para
mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da
cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela, rosto a rosto, mas trocados, os olhos de um na linha da boca
do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que
estava feia; mas nem esta razão a moveu.
– Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu
desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem,
sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam, vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a
dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso, atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me
descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas...Não mofes dos meus quinze
anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos
sexos.
Disponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_DomCasmurro/node33.html

Texto II
Capítulo CXV: O almoço
Não a vi partir; mas à hora marcada senti alguma cousa que não era dor nem prazer, uma cousa mista, alívio
e saudade, tudo misturado, em iguais doses. Não se irrite o leitor com esta confissão. Eu bem sei que, para
titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um grande desespero, derramar algumas lágrimas, e não
almoçar. Seria romanesco; mas não seria biográfico. A realidade pura é que eu almocei, como nos demais
dias, acudindo ao coração com as lembranças da minha aventura, e ao estômago com os acepipes de
M. Prudhon... (....)
Dsiponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_MemoriasPostumas/node118.html

2
Literatura

Texto III
Capítulo CXXV : Epitáfio
Aqui jaz
D. Eulália damascena de brito
morta
aos dezenove anos de edade
orai por ela!

Disponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_MemoriasPostumas/node128.html


Texto IV
Capítulo CXXVI: Desconsolação
O epitáfio diz tudo. Vale mais do que se lhes narrasse a moléstia de Nhã-loló, a morte, o desespero da família,
o enterro. Ficam sabendo que morreu; acrescentarei que foi por ocasião da primeira entrada da febre amarela.
Não digo mais nada, a não ser que a acompanhei até o último jazigo, e me despedi triste, mas sem lágrimas.
Concluí que talvez não a amasse deveras.
(...)
Se não contei a morte, não conto igualmente a missa do sétimo dia. A tristeza de Damasceno era profunda;
esse pobre homem parecia uma ruína. Quinze dias depois estive com ele; continuava inconsolável, e dizia que
a dor grande com que Deus o castigara fora ainda aumentada com a que lhe infligiram os homens. Não me
disse mais nada. (...)

Texto V
Capítulo LV: O velho diálogo de Adão e Eva
BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . .
VIRGÍLIA
..............
BRÁS CUBAS
...................................................................
VIRGíLIA
...................!
BRáS CUBAS
...............................
VIRGíLIA
.....................................................................?................
BRÁS CUBAS
.............................................
VIRGÍLIA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .?
BRÁS CUBAS
..............................................................................................
...................................!............................ ..................!...........
VIRGÍLIA
.....................................?
Disponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_MemoriasPostumas/node58.html

3
Literatura

Texto VI
O Alienista (fragmento)
As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão
Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara
em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que
ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.
—A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.
Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com
as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas. Aos quarenta anos casou com D. Evarista da
Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita nem simpática.
Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de semelhante escolha
e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de
primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim
apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas, —únicas dignas da
preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus,
porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar
da consorte.
D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural
da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse
tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí,
enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen
alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu
às admoestações do esposo; e à sua resistência,—explicável, mas inqualificável,— devemos a total extinção
da dinastia dos Bacamartes.
Mas a ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas; o nosso médico mergulhou inteiramente no
estudo e na prática da medicina. Foi então que um dos recantos desta lhe chamou especialmente a atenção,—
o recanto psíquico, o exame de patologia cerebral. Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só autoridade
em semelhante matéria, mal explorada, ou quase inexplorada. Simão Bacamarte compreendeu que a ciência
lusitana, e particularmente a brasileira, podia cobrir-se de "louros imarcescíveis", — expressão usada por ele
mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica; exteriormente era modesto, segundo convém aos
sabedores.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000012.pdf
Texto VII
Capítulo CXXXVI: Inutilidade
Mas, ou muito me engano, ou acabo de escrever um capítulo inútil.
Disponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_MemoriasPostumas/node139.html

Texto VIII
Capítulo CXXXVIII: A um crítico
Meu caro crítico,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo
não é tão lesto como nos primeiros dias.” Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual
estado; mas eu chamo a tua atenção para a subtileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que
esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada
fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha-me Deus! é preciso explicar
tudo.
Disponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_MemoriasPostumas/node141.html

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Literatura

Texto IX
Capítulo XXI: O almocreve
Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três,
enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, e com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo;
tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada afora. Digo mal: tentou
disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na
rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.
– Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.
E era verdade; se o jumento corre por ali fora, contundia-me deveras, e não sei se a morte não estaria no fim
do desastre; cabeça partida, uma congestão, qualquer transtorno cá dentro, lá se me ia a ciência em flor. O
almocreve salvara-me talvez a vida; era positivo; eu sentia-o no sangue que me agitava o coração. Bom
almocreve! enquanto eu tornava à consciência de mim mesmo, ele cuidava de consertar os arreios do jumento,
com muito zelo e arte. Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que trazia comigo; não porque tal fosse
o preço da minha vida, -- essa era inestimável; mas porque era uma recompensa digna da dedicação com que
ele me salvou. Está dito, dou-lhe as três moedas.
– Pronto, disse ele, apresentando-me a rédea da cavalgadura.
– Daqui a nada, respondi; deixa-me, que ainda não estou em mim...
– Ora qual!
– Pois não é certo que ia morrendo?
– Se o jumento corre por aí fora, é possível; mas, com a ajuda do Senhor, viu vosmecê que não aconteceu
nada.
Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo
cogitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma
moeda era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-lhe a roupa; era um pobre diabo, que nunca
jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, via-a reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve,
porque eu tinha-lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a falar ao jumento de um modo
significativo; dava-lhe conselhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o «senhor doutor» podia castigá-lo; um
monólogo paternal. Valha-me Deus! até ouvi estalar um beijo: era o almocreve que lhe beijava a testa.
– Olé! exclamei.
– Queira vosmecê perdoar, mas o diabo do bicho está a olhar para a gente com tanta graça...
Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em prata, cavalguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco
vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da pratinha. Mas a algumas braças de distância, olhei para
trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de contentamento. Adverti que devia
ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. Meti os dedos no bolso do colete que trazia
no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os vinténs que eu devera ter dado ao almocreve, em lugar do
cruzado em prata. Porque, enfim, ele não levou em mira nenhuma recompensa ou virtude, cedeu a um impulso
natural, ao temperamento, aos hábitos do ofício; acresce que a circunstância de estar, não mais adiante nem
mais atrás, mas justamente no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instrumento de Providência; e
de um ou de outro modo, o mérito do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado com esta reflexão,
chamei-me pródigo, lancei o cruzado à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não direi tudo?),
tive remorsos.
Disponível em: http://www.ibiblio.org/ml/libri/a/AssisJMM_MemoriasPostumas/node24.html

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Literatura

Exercícios

1. “Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que
eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas
cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande
salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te.”
(Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)
Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que:
a) o autor faz uma abordagem superficial da situação.
b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição.
c) o autor dá relevância a outras circunstâncias, negligenciando o foco do assunto.
d) o autor não mostra preocupação com o discernimento do leitor, pois apenas sugere situações.
e) contempla a si próprio, num ritual egocêntrico e narcisista.

2. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época:
o romantismo.“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais
atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a
primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura
a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto
nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

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Literatura

3. Capítulo III
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente
mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não
gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par
de figuras que esta aqui na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria
a bandeja – primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era
espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe
dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em
casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu
com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem pôde deixar
na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços.
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).

Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento


apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside
a) No conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a
essência.
b) No sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos
imigrantes.
c) Na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião.
d) Na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade
dos bens produzidos pelo trabalho.
e) Na resistência de Rubião aos criados estrageiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.

4. "Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando
seria monótono, tudo rindo cansativo, mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e
sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida."
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).
Assinale a alternativa correta sobre Machado de Assis.
a) Desde o início de sua carreira literária, seguiu de forma rigorosa os cânones da estética realista,
produzindo romances cuja base temática se apoia no determinismo cientificista.
b) Privilegiou a sondagem dos misteriosos motivos psicológicos que atuam sobre o comportamento
humano, atitude que o particularizou no contexto do Realismo ortodoxo do século XIX.
c) Retratou, de acordo com princípios do Naturalismo, a degradação da sociedade burguesa de sua
época, criando personagens marcados por fortes traços patológicos.
d) Embora tenha adotado o estilo realista, defendeu a tese de que a única salvação para o homem
estaria na religião.
e) Sua obra é marcada por forte influência romântica, derivando daí a acentuada idealização do
espírito humano tematizada em seus textos.

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Literatura

5. “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai logo que teve
aragem dos quinze contos sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho
juvenil.
— Dessa vez, disse ele, vais para Europa, vais cursar uma Universidade, provavelmente Coimbra,
quero-te homem sério e não arruador e não gatuno.
E como eu fizesse um gesto de espanto:
— Gatuno, sim senhor, não é outra coisa um filho que me faz isso.”
Machado de Assis – Memórias póstumas de Brás Cubas

De acordo com essa passagem da obra, pode-se antecipar a visão que Machado de Assis tinha sobre
as pessoas e sobre a sociedade. A esse respeito, assinale a alternativa correta.
a) O amor é fruto de interesse e compõe o pilar das instituições hipócritas.
b) O amor, se sincero, supera todas as barreiras, inclusive as financeiras.
c) O caráter autoritarista moldava as relações familiares, principalmente entre pai e filho.
d) Havia medo de que a marginalidade envolvesse os jovens daquela época.
e) O amor era glorificado e apontado como o único caminho para redimir as pessoas.

6. Capítulo 73 – O Luncheon
O despropósito fez-me perder outro capítulo. Que melhor não era dizer as coisas lisamente, sem todos
estes solavancos! Já comparei o meu estilo ao andar dos ébrios. Se a ideia vos parece indecorosa, direi
que ele é o que eram as minhas refeições com Virgília, na casinha da Gamboa, onde às vezes fazíamos
a nossa patuscada, o nosso luncheon. Vinho, frutas, compotas. Comíamos, é verdade, mas era um
comer virgulado de palavrinhas doces, de olhares ternos, de criancices, uma infinidade desses apartes
do coração, aliás o verdadeiro, o ininterrupto discurso do amor. Às vezes vinha o arrufo temperar o
nímio adocicado da situação. Ela deixava-me, refugiava-se num canto do canapé, ou ia para o interior
ouvir as denguices de Dona Plácida. Cinco ou dez minutos depois, reatávamos a palestra, como eu
reato a narração, para desatá-la outra vez. Note-se que, longe de termos horror ao método, era nosso
costume convidá-lo, na pessoa de Dona Plácida, a sentar-se conosco à mesa; mas Dona Plácida não
aceitava nunca.
(*) Luncheon (Ing.): lanche, refeição ligeira, merenda.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

No trecho “se a ideia vos parece indecorosa”, revela-se:


a) o grau de desfaçatez e até de imprudência que o narrador imprime a sua relação com o leitor.
b) que o narrador substitui uma comparação inapropriada e até chula, por uma comparação
propriamente decorosa.
c) que o narrador censura o pundonor exagerado e deslocado da personagem Dona Plácida.
d) o peso da censura que, na sociedade patriarcal do século XIX, recaía sobre a prática do adultério.
e) que o narrador reforma seu estilo por respeito à leitora elegante, pertencente às classes
superiores, cujos interesses Machado de Assis defendia.

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Literatura

7. “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice e adolescência. Pois, senhor,
não consegui recompor o que foi nem o que fui.” O excerto acima faz parte da obra Dom Casmurro, de
Machado de Assis. A propósito da narrativa, é correto afirmar:
a) A narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica,
o narrador pretende configurar a culpa de Capitu.
b) O artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do
narrador à medida que elas acontecem, mantendo-se assim a tensão.
c) Elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com
personagens idealizadas entregues à paixão amorosa.
d) O espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando
demonstrar que as mazelas sociais não são prerrogativa da Corte.
e) Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir
culpado quando o ex amigo morreu afogado.

8. "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis [...]".Neste trecho, de Memórias
póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis:
a) surpreende o leitor com um vocabulário exótico e comparações inesperadas.
b) dá seu depoimento autobiográfico e impressionista, através de um estilo rebuscado e colorido.
c) explora com muita felicidade a "psicologia feminina", razão pela qual foi aceito com entusiasmo
pelo público ansioso de uma literatura romântica.
d) focaliza o emergente proletariado fluminense e os interesses ocultos por trás de suas ações
aparentemente triviais.
e) dá um exemplo da ironia e do humor característicos de sua obra, frutos de um profundo
pessimismo.

9. Texto I
(...) estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro,
que revolves em mim tantos enigmas.
Carlos Drummond de Andrade (em poema dedicado a Machado de Assis)
Texto II
Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
fora para dentro (...). Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de
uma pessoa; — e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas (...). Há
cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de
pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos.
Machado de Assis
“Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho
de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos.” Assinale a afirmação correta sobre
os exemplos apresentados no texto.
a) Correspondem a estratégia argumentativa para persuadir o interlocutor de que há uma alma
exterior.
b) Funcionam como digressões, isto é, desvios com relação ao tema de teor espiritualista presente
na afirmação inicial.
c) Usados ironicamente, invalidam a tese, já que provam a tendência materialista e consumista, inata
no homem.
d) Contrariam a tese, na medida em que indicam coisas concretas, o que provoca efeito humorístico.
e) Embora indiquem coisas concretas, confirmam o desapego humano à materialidade do mundo.

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Literatura

10. Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda
é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não
a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca
de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

A leitura do excerto permite inferir vários traços de caráter do narrador-personagem. Entre os traços
relacionados abaixo, o único que NÃO é abonado ou confirmado pelo texto é o que está em
a) Exibicionismo
b) Populismo
c) Presunção
d) Irreverência
e) Vaidade

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Literatura

Gabarito

1. C
Aqui nota-se que a resposta correta é a alternativa C, porque o narrador divaga, conversa, faz rodeios,
antes de contar qual é o real objetivo da história.

2. A
A crítica contida no fragmento é em relação à idealização exagerada dos românticos que enfeitavam
demais a realidade e apagavam os defeitos.

3. A
Para atender às exigências que o novo status social impõe, Rubião precisa mudar traços de sua origem
mineira e pobre, segudo a obra. Dessa forma, a alternativa correta é a letra A, pois revela o conflito entre
o passado pobre e o presente rico.

4. B
Machado escreveu sobre as pessoas e suas personalidades sem caráter maniqueísta, explorado o
comportamento humano e suas plurais nuances.

5. A
Uma das características das obras de Machado é a crítica às instituições sociais. Aqui, o romance é
criticado, quando Marcela ama na realidade o dinheiro e não Brás Cubas.

6. A
O modo irônico e descarado como o narrador se dirige ao interlocutor (leitor) é uma característica da obra
Memórias Póstumas de Bras Cubas, uma vez que Brás utiliza de tal irrevêrencia para abordar suas
análises.

7. A
Bentinho passa a narrativa inteira moldando seu discurso e contando os fatos a partir de perspectiva
única, para acusar Capitu de traição, justificando, às custas dela, seu fim solitário e amargurado.

8. E
Neste fragmento da obra de Machado de Assis, é possível perceber a ironia do autor ao retratar um
relacionamento motivado pelo interesse financeiro, revelando um pessimismo sobre o caráter do ser
humano.

9. A
Os três textos tratam do mesmo tema, apresentando defesas de que há elementos representativos de
almas externas, comprovando sua existência. Além disso, a apresentação de exemplos daquilo que se
afirma é uma característica de Machado de Assis.

10. B
Ao dizer que foi acompanhado ao cemitério por apenas onze amigos, o narrador (defunto) mostra que
não era popular, embora tivesse poder aquisitivo e prestígio familiar.

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Literatura

Parnasianismo

Resumo

Visando combater a expansão da idealização amorosa provocada pelo Romantismo e resgatando elementos
da cultura neoclássica, o movimento Parnasiano do século XIX valorizava a arte clássica e a harmonização
de ideias na poesia.

Disponível em: http://www.patrimonioslz.com.br/CULTURA/ICON/FOTOPARNASO.jpg

Contexto histórico
O contexto histórico do parnasianismo se situa ao final do século XIX, com isso, esse período já adianta uma
transição de pensamentos e ideais para o século XX. Entre os principais acontecimentos, no Brasil, há a
Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889). No cenário europeu, há a influência
dos anseios da 1º Guerra Mundial. No entanto, ainda que esse momento marcasse uma intensa
movimentação político-ideológica, o poeta parnasiano não se posiciona, omitindo o contexto histórico em
sua poesia.

Características do parnasianismo
Em relação aos movimentos do século XIX, iremos perceber que sua propagação temática, em geral, sempre
visa combater algum aspecto de uma corrente anterior, como é o caso do Parnasianismo, que tenta romper
com a idealização amorosa do Romantismo.
Além disso, os parnasos acreditavam que a verdadeira produção artística era aquela que valorizasse
elementos da cultura clássica, por isso, a retomada da influência da mitologia greco-latina e o alto rigor
formal, justamente, para reafirmar a sua visão sobre o “fazer artístico”. Veja, abaixo, as principais
características do Parnasianismo:
• Objetivismo;
• Racionalismo;
• Caráter descritivo;
• “Arte pela arte” (poesia voltada para si mesma);
• Universalismo;
• Imparcialidade;
• Isolamento do poeta (concentração);
• Contenção de sentimentos;
• Retomada de elementos da cultura greco-latina.

1
Literatura

Ainda sobre o Parnasianismo, os aspectos mais marcantes de sua forma estrutural são:
• Obsessão pelo alto rigor formal;
• Valorização do soneto;
• Uso versos decassílabos e alexandrinos;
• Linguagem culta e rebuscada;
• Uso de rimas ricas e preciosas;
• Estrofes regulares.
No Brasil, os autores de maior popularidade parnasiana são Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo
Correia, Vicente de Carvalho, Francisca Júlia e Teófilo Dias. Além disso, é importante ressaltar que embora
os textos parnasianos, de forma geral, combatessem a subjetividade, isso não significa que os autores não
aprofundavam sua expressividade emocional, produzindo alguns poemas, inclusive, com ares
românticos. Leia, abaixo, um poema de Olavo Bilac e observe como o eu lírico se distancia da contenção
amorosa:

Tercetos
“Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora.
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
Espera ao menos o desponde da aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,


Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!


Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade...


Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!”

2
Literatura

Textos de apoio

A um Poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma de disfarce o emprego


Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício


Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac, in "Poesias"

A Cavalgada
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.

São fidalgos que voltam da caçada;


Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...

E o bosque estala, move-se, estremece...


Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...

E o silêncio outra vez soturno desce...


E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
Raimundo Correia

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Literatura

Anoitecer
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...

Delineiam-se além da serranja


Os vértices de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.

Um mudo de vapores no ar flutua...


Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua.

A natureza apática esmaece...


Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula.... Anoitece.
Raimundo Correia

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Literatura

Exercícios

Texto para as questões 1 e 2.


Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

1. Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o


soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em
sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

2. Analise a segunda estrofe do poema. O fragmento apresentado no texto contém uma oposição
semântica fundamental entre o(a):
a) eu-lírico e o ser humano em geral.
b) eu-lírico e as pessoas que o invejam.
c) ser que chora e os demais seres humanos.
d) íntimo do ser humano e sua aparência.
e) realidade exterior e o desejo humano.

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Literatura

3. Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:


a) A inspiração é mais importante que a técnica.
b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras.
c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.

4. “Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o


Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado”
Alberto de Oliveira
O trecho do poema em destaque é de um autor parnasiano. Ele revela um poeta:
a) Distanciado da realidade
b) Engajado
c) Crítico
d) Irônico
e) Informal

5. A pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na


Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que:
a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.
b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.
c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.
d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.
e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

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Literatura

6. No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade faz o seguinte comentário sobre os poetas
parnasianos: “Só não se inventou uma máquina de fazer versos - já havia o poeta parnasiano.” O que
o poeta modernista está criticando nos parnasianos é:
a) a demasiada liberdade no ato da criação, que os torna máquinas poéticas.
b) o abandono da Arte pela arte, com a criação objetiva e anticonvencional.
c) a preocupação com a perfeição formal e com o subjetivismo.
d) o formalismo e a impessoalidade comuns em seus textos.
e) o exagero na expressão das emoções, apesar da criação poética mecânica.

7. “Torce, aprimora, alteia, lima


A frase; enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.”
Olavo Bilac
É correto afirmar que o Texto:
a) tematiza o trabalho poético como fruto do esforço artesanal.
b) exemplifica a tendência barroca da poesia brasileira do século XIX.
c) traz índices da estética simbolista, na medida em que não respeita a regularidade métrica e
substitui o decassílabo por versos populares.
d) ironiza a delicadeza do poeta, concebido como um escultor de jóias, que trabalha
incansavelmente até encontrar a rima preciosa.
e) recupera aspectos formais e temáticos defendidos pelos poetas românticos

8. Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceanos largos!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac.Tarde, 1919.)
É incorreto afirmar que, no Parnasianismo:
a) a natureza é apresentada objetivamente;
b) a disposição dos elementos naturais (árvores, estrelas, céu, rios) é importante por obedecer a
uma ordenação lógica;
c) a valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização da forma do
poema;
d) a natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros períodos
literários;
e) as inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade absoluta, porém os
melhores textos estão permeados de conotações subjetivas.

7
Literatura

9. Rio Abaixo
Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga…
Quase noite. Ao sabor do curso lento
Da água, que as margens em redor alaga,
Seguimos. Curva os bambuais o vento.
Vivo há pouco, de púrpura sangrento,
Desmaia agora o Ocaso. A noite apaga
A derradeira luz do firmamento…
Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga,
Um silêncio tristíssimo por tudo
Se espalha. Mas a lua lentamente
Surge na fímbria do horizonte mudo:
E o seu reflexo pálido, embebido
como um gládio de prata na corrente
Rasga o seio do rio adormecido.
Olavo Bilac
Bilac sobressaiu-se entre os poetas de seu tempo e, mesmo, da Literatura Brasileira. É dele também
a) Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores;
b) Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas.
c) Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
d) Ó formas alvas, brancas, formas claras
de luares, de neves, de nebrinas!…
e) Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…

10. “Esta de áureos relevos,


[trabalhada
De divas mãos, brilhantes copa,
[um dia,
Já de aos deuses servir como
[cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus
[servia.”
A poesia que se concentra na reprodução de objeto decorativo, como exemplifica a estrofe de Alberto
de Oliveira, assinala a tônica da:
a) espiritualização da vida.
b) visão do real.
c) arte pela arte.
d) moral das coisas.
e) nota do intimismo.

8
Literatura

Gabarito

1. A
O eu lírico reflete sobre como determinadas pessoas, para se sentirem aceitas em um determinado
âmbito social, simulam ser aquilo que elas não são.

2. D
A partir dos versos, é possível perceber um contraste entre a essência do ser humano com a sua
aparência, presente, principalmente, nos trechos “Se se pudesse, o espírito que chora,/Ver através da
máscara da face”.

3. B
A característica mais marcante do Parnasianismo é a preocupação com a forma do poema: sua
estrutura, rimas e musicalidade. Não tinha como prioridade o sentimentalismo.

4. A
Ao falar sobre um vaso, no poema, o poeta mostra-se distanciado da realidade.

5. B
A riqueza de nossa fauna e flora e a prosperidade do indivíduo, por meio do trabalho com a terra,
independem de medidas governamentais, visto que no Brasil prevalece a “eterna primavera”.

6. D
Ao comparar o poeta parnasiano com uma máquina de fazer poema, Oswald de Andrade está criticando,
principalmente, a valorização da forma e a impessoalidade características dessa escola literária.

7. A
A forma da poesia é muito importante para o poeta parnasiano. Dessa maneira, é possível perceber a
comparação entre a confecção de um rubi e de um poema, pois ambos são preciosos..

8. C
A forma é a maior preocupação do poeta parnasiano, assim não há a exposição de alto grau de
sentimentalismo, tampouco o abandono da estética de produção lírica.

9. B
A alternativa correta, que corresponde a uma obra de Olavo Bilac, é a B, uma vez que A e C correspondem
ao romantismo brasileiro, e D e E ao simbolismo.

10. C
“Arte pela arte” é considerada uma das principais características da poesia parnaniada, por ela ser
voltada para si mesma, focada na produção literária.

9
Literatura

Simbolismo

Resumo

O movimento simbolista surge ao final do século XIX, trazendo em sua poesia uma nova visão sobre o mundo
e se opondo ao objetivismo parnasiano. Não somente retoma alguns aspectos do Romantismo, como o uso
da subjetividade, por exemplo, mas também aprofunda a vivacidade das emoções. Além disso, com o intuito
de desvincular-se de questões materiais, a poesia simbolista aprecia o plano transcendental, ou seja, o plano
espiritual torna-se muito mais valorizado do que o plano concreto, o da matéria.

Contexto histórico
Esse período é marcado por muitas movimentações sociais e econômicas em contexto mundial. Entre elas,
podemos citar: os reflexos econômicos e o progresso comercial da Revolução Industrial; as aspirações
democráticas da Revolução Francesa, a ascensão da burguesia, a exclusão das camadas mais baixas em
relação ao seu desenvolvimento igualitário e distribuição de renda e, também, a obtenção de lucros do
Imperialismo são fatores que fizeram com que o homem daquele momento se sentisse frustrado com as
promessas de igualdade e oportunidade para todos.
Neste sentido, iremos perceber que o homem tenta fugir
dessa realidade e passa por uma crise existencial,
aprofundando seus sentimentos e retomando a traços
pessimistas, principalmente a características da 2ª Geração
Romântica. Ademais, a temática simbolista reage ao
esquema materialista do século XIX, como também a
objetividade propagada pelas correntes cientificistas.
Na França, vivia-se o momento da chamada “Belle Époque”,
momento em que houve uma explosão de mudanças
culturais , tecnológicas, literárias, artísticas e de
pensamento. Sobre as influências literárias, não podemos
deixar de citar Charles Baudelaire (o famoso autor de a
obra “As flores do mal”), Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Gustave Moreau – Pietà (1854)

Stéphane Mallarmé.

Características do simbolismo
Veja, abaixo, os principais aspectos do movimento Simbolista:
• Valorização do plano metafísico;
• Misticismo;
• Pessimismo;
• Subjetividade
• Caráter sugestivo;
• Aproximação ao elemento noturno;
• Referências ao plano religioso;
• Culto ao sonho;
• Aproximação com o campo inconsciente do indivíduo.

1
Literatura

Em relação aos aspectos mais marcantes da forma, há a valorização da linguagem culta, o uso de sonetos, a
musicalidade, o uso de figuras de linguagem (como metáforas, sinestesias, assonâncias e aliterações) e o
predomínio de rimas.
É importante dizer ainda que, no Brasil, os principais autores foram Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Souza.
O primeiro buscou dedicar suas temáticas artísticas para o amor, morte e religiosidade, focadas em uma
intrínseca relação de solidão e isolamento. Já o último também se destaca por ser um grande nome desse
movimento por apresentar em sua poesia uma abordagem sobre a condição humana, a valorização da
melancolia e a espiritualidade, com certa obsessividade pela cor branca em seus poemas.

Cruz e Sousa. Alphonsus de Guimaraens.

Textos de apoio
Texto I
Cavador do Infinito
Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito


Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.

E quanto mais pelo Infinito cava


mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho.


E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!
Cruz e Souza

2
Literatura

Texto II
Longe de Tudo
É livre, livre desta vã matéria,
Longe, nos claros astros peregrinos
Que haveremos de encontrar os dons divinos
E a grande paz, a grande paz sidérea.

Cá nesta humana e trágica miséria,


Nestes surdos abismos assassinos
Temos de colher de atros destinos
A flor apodrecida e deletéria.

O baixo mundo que troveja e brama


Só nos mostra a caveira e só a lama,
Ah! só a lama e movimentos lassos...

Mas as almas irmãs, almas perfeitas,


Hão de trocar, nas Regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços!
Cruz e Souza
Texto III
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu


As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu


Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimaraens

2
Literatura

Exercícios

1. Das definições abaixo, uma delas nos remete diretamente ao período literário conhecido como
Simbolismo. Assinale-a:
a) É a arte do conflito, do contraste, da contradição, do dilema e da dúvida, que se expressam pelo
acúmulo de antíteses, paradoxos e oximoros.
b) A “arte pela arte” é um dos seus princípios centrais. A poesia volta-se para o belo (esteticismo),
para o zelo da perfeição formal, descompromissada com os problemas do mundo,
c) Aderiu ao cientificismo e ao materialismo, opondo-se à metafísica, à religião e a tudo que
escapasse aos limites da matéria.
d) Propõe uma volta aos modelos clássicos greco-romanos e renascentistas. Exalta a vida pastoril,
campestre, entendendo que a felicidade e a beleza decorrem da vida no campo.
e) dotou a teoria das correspondências que propõe um processo cósmico de aproximação entre as
realidades, expresso por meio da sinestesia, a qual consiste no cruzamento de percepção de um
sentido para outro.

2. Das alternativas abaixo, indique a que não se aplica ao Simbolismo:


a) Procurou instalar um credo estético com base no subjetivismo.
b) Não precisar as coisas, antes sugeri-las.
c) Racionalismo absoluto.
d) Expressão indireta e simbólica.
e) Transcendentalismo

3. Mais claro e fino do que as finas pratas


O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas


Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.
SOUZA, Cruz e. “Cristais”, in Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86.

Assinale a alternativa que reúne as características simbolistas presentes no texto:


a) Sinestesia, aliteração, sugestão .
b) Clareza, perfeição formal, objetividade.
c) Aliteração, objetividade, ritmo constante.
d) Perfeição formal, clareza, sinestesia.
e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia.

2
Literatura

4. O Simbolismo é, antes de tudo, antipositivista, antinaturalista e anticientificista. Com esse movimento,


nota-se o despontar de uma poesia nova, que ressuscitava o culto do vago em substituição ao culto da
forma e do descritivo.
Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1994. Adaptado.
Considerando esta breve caracterização, assinale a alternativa em que se verifica o trecho de um
poema simbolista.
a) “É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.”
b) “Erguido em negro mármor luzidio,
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.”
c) “Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.”
d) “Sobre um trono de mármore sombrio,
Num templo escuro e ermo e abandonado,
Triste como o silêncio e inda mais frio,
Um ídolo de gesso está sentado.”
e) “Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...”

5. Cárcere das almas


“Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Ó almas presas, mudas e fechadas
Soluçando nas trevas, entre as grades Nas prisões colossais e abandonadas,
Do calabouço olhando imensidades, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Nesses silêncios solitários, graves,
Tudo se veste de uma igual grandeza que chaveiro do Céu possui as chaves
Quando a alma entre grilhões as liberdades para abrir-vos as portas do Mistério?!”
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis:
Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco
do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no
poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são:
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas
inovadoras.
e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de
temas do cotidiano.

3
Literatura

6. Texto I
"Leve é o pássaro;
e a sua sombra voante,
mais leve
...........................................
E o desejo rápido
desse antigo instante,
mais leve.

E a figura invisível
do amargo passante,
mais leve."
Cecília Meireles
Texto II
"Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da sua voz deliciava..
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava."
Cruz e Souza
Qual a semelhança ou o ponto de convergência entre a poesia neossimbolista de Cecília Meireles e a
de Cruz e Souza?
a) A objetividade e o materialismo marcantes no estilo parnasiano.
b) A realidade focalizada de maneira vaga, em versos que exploram a sonoridade das palavras.
c) A preocupação formal e a presença de rimas ricas.
d) O erotismo e o bucolismo como tema recorrente.
e) A impassibilidade dos elementos da natureza e a presença da própria poesia como musa.

7. Acrobata da dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta, Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Como um palhaço, que desengonçado, Vamos! retesa os músculos, retesa
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado Nessas macabras piruetas d’aço...
De uma ironia e de uma dor violenta.
E embora caias sobre o chão, fremente,
Da gargalhada atroz, sanguinolenta, Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Agita os guizos, e convulsionado Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado
SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos.
Pelo estertor dessa agonia lenta… 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 39-40.
(Coleção superprestígio).
Vocabulário:
gavroche: garoto de rua que brinca, faz estertor: respiração rouca típica dos
estripulias doentes terminais
clown: palhaço estuoso: que ferve, que jorra
Uma característica simbolista do poema acima é a:
a) linguagem denotativa na composição poética.
b) biografia do poeta aplicada à ótica analítica.
c) perspectiva fatalista da condição amorosa.
d) exploração de recursos musicais e figurativos.
e) presença de estrangeirismos e de barbarismos.

1
Literatura

8. Do léxico de Cruz e Sousa, especialmente o dos primeiros livros, já se disse que, além da presença
explicável de termos litúrgicos, traía a obsessão do branco, fator comum a tantas de suas metáforas
(…) Ao que se pode acrescer a não menor frequência de objetos luminosos ou translúcidos.
(Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira)
Os versos que confirmam de modo mais preciso as características apontadas no texto são:
a) Alma! Que tu não chores e não gemas, Teu amor voltou agora. Ei-lo que chega das mansões
extremas, Lá onde a loucura mora! (“Ressurreição”)
b) Nesse lábio mordente e convulsivo, Ri, ri risadas de expressão violenta O Amor, trágico e triste, e
passa, lenta, A morte, o espasmo gélido, aflitivo... (“Lésbia”)
c) As minhas carnes se dilaceraram E vão, das llusões que flamejaram, Com o próprio sangue
fecundando as terras...(“Clamando”)
d) Para as Estrelas de cristais gelados As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais
noivados De nuvens brancas a amplidão vestindo. (“Siderações”)
e) Ó Formas alvas, brancas. Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas,
cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... (“Antífona”)

9. Texto I Texto II
Paisagens de Inverno II
Passou o outono, já, já torna o frio…
– Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado…
– O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio,


Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,


E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando…
Onde ides a correr, melancolias?
– E, refratadas, longamente ondeando, Claude Monet, Impressão, nascer do sol, 1872
As suas mãos translúcidas e frias…
Camilo Pessanha, Clepsidra, 1920

Sobre o Simbolismo, movimento ao qual é vinculado o poeta Camilo Pessanha, e o Impressionismo,


movimento ao qual é associado o pintor Claude Monet, é INCORRETO afirmar que
a) por ser, no século XIX, o início do caminho artístico em direção à abstração, o Impressionismo,
cujas figuras não devem ter nitidez e contornos absolutos, é considerado um dos primeiros marcos
da Arte Moderna.
b) a arte simbolista valoriza o espiritual, o misterioso, o vago, o inconsciente, retomando, inclusive, a
subjetividade, o misticismo e o individualismo caraterísticos do Romantismo.
c) no final do século XIX, a estética simbolista e seu espírito decadentista decretam a falência do
Positivismo, do Cientificismo e do Naturalismo.
d) para os impressionistas, o essencial não é retratar a realidade do objeto, mas, sim, a impressão que
esse objeto produz.
e) na tentativa de valorizar a sugestão, os sentimentos e as emoções, a arte simbolista utiliza com
frequência as descrições pormenorizadas dos objetos.

2
Literatura

10. Vida obscura


“Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro


a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sofrimento inquieto,


magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos


sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo
uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em:
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

2
Literatura

Gabarito

1. E
Porque A- Barroco, B- Parnasianismo, C- Realismo, D- Arcadismo. A alternativa E é correta porque
apresenta características da “arte da sugestão”, presente no Simbolismo, que buscava a transmutação
da alma.

2. C
Por ser um período literário de grande subjetividade, a alternativa C destoa das características do
Simbolismo.

3. A
Não há perfeição formal, o texto não se prende a versos metrificados ou estrofes equilibradas. Não há
objetividade, porque esse período é marcado pela subjetividade. Não há clareza, porque o Simbolismo se
fazia com a arte da sugestão.

4. E
A linguagem simbolista é marcadas pela sugestão, musicalidade, metáfora, valorização de temas
referentes à mistérios da morte e sonhos. No trecho, a cor branca simboliza a pureza e a espiritualidade.

5. C
Na questão formal, o simbolismo apresentava particularidades estéticas na escola e combinação do
léxico para atingir comparações e metáforas impressionantes. Na temática, existia forte carga metafísica
de transposição das almas, sonhos, mistérios.

6. B
Não há objetividade nem materialismo. Não há a preocupação com rimas ricas, o teor da mensagem era
mais importante que a forma. Erotismo e bucolismo não eram temas recorrentes. A poesia não era a
própria musa, nem havia impassibilidade da natureza.

7. D
Há rimas que configuram musicalidade ao poema; aliado a isso, temos a presença marcante de figuras
de linguagem como a metáfora e a sinestesia.

8. E
Para o poeta simbolista Cruz e Sousa, a cor branca lhe representava interesse e grande obsessividade,
fato que dedicara muitas de suas escritas para o tema. Desse modo e também expressando vivacidade
metafísica, é demonstrado na alternativa E características descritas por Alfredo Bosi.

9. E
As características detalhadas de modo minucioso, embora seja característica de escolas literárias do
século XIX (como a prosa romântica, por exemplo), não tem relação com a arte simbolista, uma vez que
a caracterização se dá pela forma de valorizar e intensificar expressões oníricas em objetos e ambientes
de produções escritas.

10. A
A sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada vem dos horrores da escravidão. Cruz e Sousa era
filho de escravos alforriados e suas obras apresentam grandes marcas dos sofrimentos dos negros no
Brasil.

3
Literatura

Exercícios sobre a literatura do século XIX

Exercícios

1. Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi o desejo de autonomia literária, tornado mais
vivo depois da Independência. (…) O Romantismo apareceu aos poucos como caminho favorável à
expressão própria da nação recém-fundada, pois fornecia concepções e modelos que permitiam
afirmar o particularismo, e portanto a identidade, em oposição à Metrópole (…).
(CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.)

Tendo em vista o movimento literário mencionado no trecho acima, e seu alcance na história do
período, é correto afirmar que
a) o nacionalismo foi impulsionado na literatura com a vinda da família real, em 1808, quando
houve a introdução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros livros circularam no país.
b) o indianismo ocupou um lugar de destaque na afirmação das identidades locais, expressando
um viés decadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.
c) os autores românticos foram importantes no período por produzirem uma literatura que
expressava aspectos da natureza, da história e das sociedades locais.
d) a população nativa foi considerada a mais original dentro do Romantismo e, graças à atuação
dos literatos, os indígenas passaram a ter direitos políticos que eram vetados aos negros.

2. Em relação ao Romantismo brasileiro, todas as afirmações são verdadeiras, exceto:


a) expressões do nacionalismo através da descrição de costumes e regiões do brasil.
b) análise crítica e científica dos fenômenos da sociedade brasileira.
c) desenvolvimento do teatro nacional.
d) expressão poética de temas confessionais, indianistas e humanistas.
e) caracterização do romance como forma de entretenimento e moralização.

1
Literatura

Texto para as questões 3 e 4:


Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
(Casimiro de Abreu)

3. Assinale o dado linguístico que liga o trecho ao estilo romântico.


a) Pontuação expressiva.
b) Predominância de adjetivos.
c) Elementos sofisticados para cenário.
d) Verbos para exaltação do tempo presente.
e) Pronomes possessivos garantem o egocentrismo.

4. O núcleo temático desenvolvido no poema aponta para:

a) A fuga da realidade presente para um passado idealizado.


b) A expressão do eu poético sobre sentimentos pela mulher.
c) A elevação da natureza como símbolo da pátria.
d) O desejo pela morte como forma de evasão.
e) O desconsolo decorrente das lembranças da infância.

5. Iracema
“Além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem
dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu
talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava
sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde
pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”
(José de Alencar)

Ao caracterizar Iracema, José de Alencar relaciona-a a elementos da natureza, pondo aquela em


relação a esta em uma posição de:
a) equilíbrio
b) dependência
c) complementaridade
d) vantagem
e) racionalidade

2
Literatura

6. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de


época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura
da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da
beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a
realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto
nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na


alternativa:
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

7. Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os
brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro,
acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais
que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse
logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e
outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram
lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa
floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e
soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29

No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens são observadas como elementos
coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita,
o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.

b) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.


c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.

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Literatura

8. A pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum pais como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás pais nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na


Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que:
a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.
b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.
c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.
d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.
e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

9. "O indianismo dos românticos [...] denota tendência para particularizar os grandes temas, as
grandes atitudes de que se nutria a literatura ocidental, inserindo-as na realidade local, tratando-
as como próprias de uma tradição brasileira."
(Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira)

Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o indianismo, na literatura romântica brasileira:
a) procurou ser uma cópia dos modelos europeus.
b) adaptou a realidade brasileira aos modelos europeus.
c) ignorou a literatura ocidental para valorizar a tradição brasileira.
d) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à literatura ocidental.
e) procurou adaptar os modelos europeus à realidade local.

4
Literatura

10. Últimos versos


Na tristeza do céu, na tristeza do mar,
Eu vi a lua cintilar.
Como seguia tranquilamente
Por entre nuvens divinais!
Seguia tranquilamente
Como se fora a minh´Alma,
Silente,
Calma,
Cheia de ais.
A abóboda celeste,
Que se reveste
De astros tão belos,
Era um país repleto de castelos.
E a alva lua, formosa castelã,
Seguia
Envolta num sudário alvíssimo de lã,
Como se fosse
A mais que pura Virgem Maria...
Lua serena, tão suave e doce,
Do meu eterno cismar,
Anda dentro de ti a mágoa imensa
Do meu olhar!
GUIMARAENS, Alphonsus de. 'Melhores poemas'. Seleção de Alphonsus de Guimaraens Filho. São Paulo: Global, 2001. p.
161.

Entre as características poéticas de Alphonsus de Guimaraens, predomina no poema apresentado


a) O diálogo com a amada.
b) O poema-profanação.
c) As imagens de morte.
d) O poema-oração.
e) O otimismo.

11. “Vocês mulheres têm isso de comum com as flores, que umas são filhas da sombra e abrem com a
noite, e outras são filhas da luz e carecem do Sol. Aurélia é como estas; nasceu para a riqueza.
Quando admirava a sua formosura naquela salinha térrea de Santa Tereza, parecia-me que ela vivia
ali exilada. Faltava o diadema, o trono, as galas, a multidão submissa; mas a rainha ali estava em
todo o seu esplendor. Deus a destinara à opulência.”
Do texto depreende-se que:
a) romances românticos regionalistas, como Senhora, exaltam a beleza natural feminina.
b) os romances realistas de Aluísio Azevedo denunciam o artificialismo da beleza feminina.
c) as obras modernistas têm, entre outros, o objetivo de criticar a submissão da mulher à riqueza
material.
d) a linguagem descritiva dos escritores naturalistas caracteriza a sensualidade e a
espiritualidade da mulher.
e) a personagem feminina foi caracterizada sob a perspectiva idealizadora típica dos autores
românticos.

5
Literatura

12. "Então passou-se sobre este vasto deserto d'água e céu uma cena estupenda, heroica, sobre-
humana; um espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas
d'água, e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos seus braços hirtos, abalou-
os até as raízes."
(O Guarani – José de Alencar)

O texto acima exemplifica uma característica romântica de José de Alencar, que é a:


a) imaginação criadora.
b) consciência da solidão.
c) ânsia de glória.
d) idealização do personagem.
e) valorização da natureza

13. Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:


“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas
de chumbo. […].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam
vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer
compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se
não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas
rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de
existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
(AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.)

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:
a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um
personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e
auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto
animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas
do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos
dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e
sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese
determinista.

6
Literatura

14. As Pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,


Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Olavo Bilac
Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:
a) A inspiração é mais importante que a técnica.
b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras.
c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.

15. No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade faz o seguinte comentário sobre os poetas
parnasianos: “Só não se inventou uma máquina de fazer versos - já havia o poeta parnasiano.”
O que o poeta modernista está criticando nos parnasianos é:
a) a demasiada liberdade no ato da criação, que os torna máquinas poéticas.
b) o abandono da Arte pela arte, com a criação objetiva e anticonvencional.
c) a preocupação com a perfeição formal e com o subjetivismo.
d) o formalismo e a impessoalidade comuns em seus textos.
e) o exagero na expressão das emoções, apesar da criação poética mecânica.

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Literatura

Gabarito

1. C
A questão aborda uma interdisciplinaridade com a história, fazendo referência à aproximação entre o
romantismo e a necessidade de uma ideia de identidade nacional. Dessa forma, podemos ressaltar
como características a valorização da natureza típica brasileira e do índio, por exemplo.

2. B
O Romantismo foi uma corrente literária que prezava a subjetividade. Logo, não pode ser descrita
como crítica e analista dos fenômenos sociais brasileiros.

3. A
A subjetividade centrada no eu poético é uma das características da 2ª geração romântica, e essa
característica é acentuada pela presença da pontuação expressiva (uso de exclamações), que revelam
os sentimentos do eu lírico.

4. A
Uma das características da 2ª geração romântica é a fuga da realidade, assim como a idealização do
passado/infância. Esses dois aspectos estão evidenciados no texto. Além disso, o desconsolo não se
da por causa das lembranças da infância, na verdade, elas funcionam como consolo para ele.

5. D
Toda a descrição da cena e do personagem se baseia em uma comparação entre ele e os elementos
da natureza, onde Iracema ocupa patamar superior.

6. A
A crítica se dá à característica romântica de idealização exagerada do amor, da dor, da vida, da morte,
de tudo.

7. C
No trecho “Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela
gente despertasse logo” há uma elevação da música brasileira sobre a portuguesa, também
corroborada pela visão determinista da época, pois o texto descreve que as canções incitavam nas
personagens os ardor, a transformação a partir das músicas e da dança.

8. B
No poema, a própria terra fornece tudo que o homem precisa independente de ações governamentais.
A terra retribui àqueles que nela nasceram, nela trabalham e nela acreditam.

9. E
Ainda que buscasse as raízes brasileiras no índio, os autores dessa época configuravam aos seus
personagens características europeizadas.

10. C
O culto à morte é uma das características marcantes do Simbolismo e é a que se encontra em maior
evidência, simbolicamente, no soneto apresentado na questão.

8
Literatura

11. E
Característica comum aos românticos, a idealização feminina acontece no trecho da questão de
forma a comparar as mulheres às flores, a formosura, a rainhas.

12. D
A idealização do personagem acontece quando este tem característica sobre-humanas. Nesse
sentido, e como forma de atribuir ao indígena certo poderio nacional como forma de identidade, José
de alencar utiliza da ficção para caracterizar o Guarani.

13. D
A descrição do Cortiço acordando reforça os aspectos naturalistas da obra, já que o local é descrito
como uma grande colmeia. Assim, é como se o local em que a narrativa é passada funciona como
um grande personagem, comandando as ações dos outros moradores.

14. B
A alternativa se justifica, uma vez que o foco dos parnasianos era baseado na “arte pela arte”, por
meio de alto rigor formal e reconstrução de um classicismo opositor aos românticos e realistas.

15. D
A feitura de poemas pelos parnasianos que prezavam muito mais a forma ao conteúdo subjetivo e/ou
engajado.

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Matemática

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Matemática

Definição de módulo e equações modulares

Resumo

Dado um número real x, define-se o módulo de x, representado por |x| como:

O módulo também é chamado de valor absoluto. Com isso, podemos concluir que |x| ≥ 0, para todo x real
Exemplos:
1. | 1 | = 1
2. | -2 | = 2
3. | √2 | = √2
4. | -1/5 | = 1/5
Note que:
| 1 | = 1, já que 1 ≥ 0, o resultado é o próprio 1.
| – 2 | = 2, pois – 2 < 0, o resultado será 2.

Interpretação geométrica
A interpretação geométrica do módulo de um número real x é a distância desse número até a origem (ponto
0). Observe na reta real:

Nesse caso | -5| = 5 representa que esse número dista 5 unidades da origem. Já o | 3| dista 3 da origem.
Exemplo:
|x|=4

Do ponto de vista geométrico, queremos descobrir qual é o número que dista 4 unidades da origem, ou seja,

Logo, existem 2 valores que satisfazem essa condição: – 4 e 4. Assim, o conjunto solução S será: S= {-4,4}

Propriedades
Sejam x e y números reais, então:

1
Matemática

Equação modular
Usando como base o exemplo anterior, vamos estudar um caso parecido:
| x – 1 | = 4.

Como não sabemos se a expressão (x – 1) é positiva ou negativa, devemos estudar os dois casos. Ou seja:
x – 1 = 4 ou x – 1 = - 4

Nesse caso, temos como solução:

Existem casos em que ambos os membros da equação possuem módulo, nesse caso, para x e y números
reais:

Condição de existência
Como dito anteriormente, |x| ≥ 0 para todo x real, ou seja, o caso | x | = – 2 não possui solução, pois não existe
número real tal que diste – 2 unidades da origem.
Exemplo:
|x – 5| = – 2x + 1

Para que a equação seja verdadeira, temos a seguinte condição:

Então para que a solução seja válida, ela deve ser menor que 1/2.

Nesse caso, 2 não é solução pois é maior que 1/2.


Substituindo x = 2,
|x – 5| = -2.2 + 1
|x – 5| = -3 , o que não é solução válida
Logo S = {-4}

2
Matemática

Exercícios

|2 - x|
1. Simplificando a expressão A = , com x > 2, temos que ela vale:
2-x
a) 1
b) -1
c) 0
d) 2
e) -2

2. Três números positivos proporcionais a 5, 8 e 9 são tais que a diferença do maior para o menor supera
o módulo da diferença entre os dois menores em 5 unidades. Assinale o maior deles.
a) 45
b) 54
c) 63
d) 72
e) 81

3. Considerando-se a equação x² - 5x + 6 = |x – 3|, tem-se que a soma de suas raízes é


a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4

1 3
4. O número de soluções da equação |x|. |x - 3| = 2 . |x - 2|, no conjunto R, é
2
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

3
Matemática

5. A soma das raízes reais distintas da equação ||x – 2| -2| = 2 é igual a


a) 0
b) 2
c) 4
d) 6
e) 8

6. A soma das raízes da equação modular ||x – 2| -7| = 6 é


a) 15
b) 30
c) 4
d) 2
e) 8

7. O produto das raízes reais da equação |x² - 3x + 2| =|2x – 3| é igual a


a) -5
b) -1
c) 1
d) 2
e) 5

8. No conjunto dos números reais, o conjunto solução da equação 4√(2x - 1)4 = 3x + 2


a) é vazio
b) é unitário
c) possui dois elementos
d) possui três elementos
e) possui quatro elementos

9. Sobre os elementos do conjunto solução da equação |x²| - 4|x| - 5 = 0, podemos dizer que
a) são um número natural e inteiro.
b) são números naturais.
c) o único elemento é um número natural.
d) um deles é um número racional, o outro é um número irracional.
e) não existem, isto é, o conjunto solução é vazio.

4
Matemática

10. Se as raízes da equação x² - 5|x| - 6 = 0 são também raízes de x² - ax – b, então, os valores dos números
reais a e b são respectivamente
a) -1 e 6
b) 5e6
c) 0 e 36
d) 5 e 36
e) 0e6

5
Matemática

Gabarito

1. B
Como x > 2, então a expressão |2 - x| é negativa, logo |2 - x| = - (2 – x), assim

2. A

3. E

4. D

6
Matemática

5. D

6. E

7. A
x2 – 3x + 2 = 2x – 3  x2 – 5x + 5 = 0, temos o produto das raízes igual a 5
x2 – 3x + 2 = -2x + 3  x2 + x – 1 = 0, temos o produto das raízes igual a -1
Logo, o produto total das raízes é -1 . 5 = -5

8. B

Mas, para satisfazer a condição de existência, temos que:

3
Então, o único valor de x que satisfaz a equação dada é -
5

7
Matemática

9. A

10. C
Usando a propriedade, temos que x² = |x|², assim:

Como 6 e -6 são raízes de x² - ax – b = 0, então, vale que:

8
Matemática

Exercícios envolvendo logaritmos

Exercícios
1 2 999
1. O valor de E = log ( ) + log ( ) +. . . + log (
2 3 1000

a) -3.
b) -2.
c) -1.
d) 0.
e) 1.

2. Se x e a são números reais positivos e ambos diferentes de um, então o valor de xu, onde:
Ln a
u=
Ln x 2
É igual a:
Dados: e  base do logaritmo natural; Ln z  logaritmo natual de z

a) √𝑎
b) 𝑎
4
c) √𝑎
d) e

3. Se a, b e c são números reais positivos e diferentes de 1, e log b c = k, então


log b a.log a c
log c b
É igual a:
a) 1
1
b)
𝑘
c) k
d) 2k
e) k2

1
Matemática
11 1 3 1
4. O valor do número real b para o qual a igualdade
log2 x
+ 2 log − log = log é verdadeira para todo
25 x 8x bx

x>0ex≠1é
a) 20.
b) 50.
c) 100.
d) 250.
e) 400.

5. Resolvendo a equação log 3 (x 2 − 2x − 3) + log 1 (x − 1) = log 3 (x + 1), obtém-se


3

a) S = {−1}
b) S = {4,5}
c) S = {6}
d) S = {∅}
e) S = {4}

6. Se log 3 x + log 9 x = 1, então o valor de x é


3
a) √2
b) √2
3
c) √3
d) √3
3
e) √9

logb ( 9a − 35) = 6

7. O sistema  , com b > 1, tem como solução (a, b) igual a
 log
 3b ( 27 a − 81) = 3

a) (2,11)
b) (11,2)
c) (1,11)
d) (11,1)
e) (1,2)

2
Matemática

n n
8. Se n é um número inteiro maior do que dois, o valor de log n [log n ( √ √ √ √n)] é:
n n

Dados: log n ≡ logaritmo na base n


a) 3
b) -4
c) 4
d) -3
e) 5

y
9. Se log 5 x = 2 e log10 y = 4, então log 20 é
x

a) 2
b) 4
c) 6
d) 8
e) 10

10. Se log 2 ≅ 0,3 e log 3 6 ≅ 1,6, então log 3 é aproximadamente


a) 0,4
b) 0,5
c) 0,6
d) 0,7

3
Matemática

Gabarito

1. A

2. C

3. E

4. A

4
Matemática

5. D

6. E

5
Matemática

7. B

8. B

9. A

10. B
Tem-se que

Portanto, o resultado é

6
Matemática

Cilindros

Resumo

Elementos e classificação
Cilindro é um solido geométrico caracterizado por tem suas bases sendo formadas por círculos.

Bases: Círculos de raio AB


Altura: CD
Geratriz: CD
Geratriz: Medida lateral do cilindro

Um cilindro pode ser classificado conforme a inclinação da geratriz em relação à base:


• Reto: o cilindro circular é reto quando a geratriz é perpendicular à base.
• Oblíqua: o cilindro circular é oblíqua quando a geratriz é oblíqua à base.

Área da base Área lateral Área Total Volume


𝐴𝑏 = 𝜋𝑟 2 𝐴𝑙 = 2𝜋𝑟ℎ 𝐴𝑡 = 2𝐴𝑏 + 𝐴𝑙 V = AB h

𝐴𝑡 = 2𝜋𝑟(ℎ + 𝑟)
V =  r2h
Onde: Ab = Área da base
Al = Área lateral
At = Área total
h = altura
r = raio

1
Matemática

Exercícios

1. Uma empresa que organiza eventos de formatura confecciona canudos de diplomas a partir de folhas
de papel quadradas. Para que todos os canudos fiquem idênticos, cada folha é enrolada em torno de
um cilindro de madeira de diâmetro d em centímetros, sem folga, dando-se 5 voltas completas em
torno de tal cilindro. Ao final, amarra-se um cordão no meio do diploma, bem ajustado, para que não
ocorra o desenrolamento, como ilustrado na figura.

Em seguida, retira-se o cilindro de madeira do meio do papel enrolado, finalizando a confecção do


diploma. Considere que a espessura da folha de papel original seja desprezível. Qual é a medida, em
centímetros, do lado da folha de papel usado na confecção do diploma?
a)  d.
b) 2  d.
c) 4  d.
d) 5  d.
e) 10  d.

2. Para construir uma manilha de esgoto, um cilindro com 2 m de diâmetro e 4 m de altura (de espessura
desprezível), foi envolvido homogeneamente por uma camada de concreto, contendo 20 cm de
espessura.
Supondo que cada metro cúbico de concreto custe R$ 10,00 e tomando 3,1 como valor aproximado de
π, então o preço dessa manilha é igual a:
a) R$ 230,40.
b) R$ 124,00.
c) R$ 104,16.
d) R$ 54,56.
e) R$ 49,60.

2
Matemática

3. O dono de um salão de festas precisa decorar cinco pilastras verticais cilíndricas idênticas, cujo raio
da base mede 10 cm. O objetivo é revestir integralmente essas pilastras com faixas de menor
comprimento possível, de modo que cada uma tenha seis faixas de cor preta e cinco faixas de cor
branca, conforme ilustrado na figura.

Ele orçou as faixas em cinco lojas que as comercializam na largura e nas cores desejadas, porém,
em todas elas, só são vendidas peças inteiras. Os comprimentos e os respectivos preços das peças
comercializadas por loja estão apresentados no quadro.

O dono do salão de festas decidiu efetuar a compra em uma única loja, optando por aquela em que a
compra ficaria mais barata.A loja na qual o dono do salão de festas deve comprar as peças
necessárias para confeccionar as faixas é:
Dados: Utilize 3 como valor aproximado para π
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.

3
Matemática

4. Dona Maria, diarista na casa da família Teixeira, precisa fazer café para servir as vinte pessoas que se
encontram numa reunião na sala. Para fazer o café, Dona Maria dispõe de uma leiteira cilíndrica e
copinhos plásticos, também cilíndricos.

Com o objetivo de não desperdiçar café, a diarista deseja colocar a quantidade mínima de água na
leiteira para encher os vinte copinhos pela metade. Para que isso ocorra, Dona Maria deverá
a) encher a leiteira até a metade, pois ela tem um volume 20 vezes maior que o volume do copo.
b) encher a leiteira toda de água, pois ela tem um volume 20 vezes maior que o volume do copo.
c) encher a leiteira toda de água, pois ela tem um volume 10 vezes maior que o volume do copo.
d) encher duas leiteiras de água, pois ela tem um volume 10 vezes maior que o volume do copo.
e) encher cinco leiteiras de água, pois ela tem um volume 10 vezes maior que o volume do copo.

5. Para resolver o problema de abastecimento de água foi decidida, numa reunião do condomínio, a
construção de uma nova cisterna. A cisterna atual tem formato cilíndrico, com 3 m de altura e 2 m de
diâmetro, e estimou-se que a nova cisterna deverá comportar 81 m ³ de água, mantendo o formato
cilíndrico e a altura da atual. Após a inauguração da nova cisterna a antiga será desativada.
Qual deve ser o aumento, em metros, no raio da cisterna para atingir o volume desejado?
Dados: Utilize 3 como valor aproximado para π
a) 0,5
b) 1,0
c) 2,0
d) 3,5
e) 8,0

6. É possível usar água ou comida para atrair as aves e observá-las. Muitas pessoas costumam usar
água com açúcar, por exemplo, para atrair beija-flores. Mas é importante saber que, na hora de fazer
a mistura, você deve sempre usar uma parte de açúcar para cinco partes de água. Além disso, em dias
quentes, precisa trocar a água de duas a três vezes, pois com o calor ela pode fermentar e, se for
ingerida pela ave, pode deixá-la doente. O excesso de açúcar, ao cristalizar, também pode manter o
bico da ave fechado, impedindo-a de se alimentar. Isso pode até matá-la.
Ciência Hoje das Crianças. FNDE; Instituto Ciência Hoje, n. 166, mar 1996.

Pretende-se encher completamente um copo com a mistura para atrair beija-flores. O copo tem
formato cilíndrico, e suas medidas são 10 cm de altura e 4 cm de diâmetro. A quantidade de água
que deve ser utilizada na mistura é cerca de (utilize  = 3)
a) 20 mL.
b) 24 mL.
c) 100 mL.
d) 120 mL.
e) 600 mL.

4
Matemática

7. Muitos restaurantes servem refrigerantes em copos contendo limão e gelo. Suponha um copo de
formato cilíndrico, com as seguintes medidas: diâmetro = 6 cm e altura = 15 cm. Nesse copo, há três
cubos de gelo, cujas arestas medem 2 cm cada, e duas rodelas cilíndricas de limão, com 4 cm de
diâmetro e 0,5 cm de espessura cada. Considere que, ao colocar o refrigerante no copo, os cubos de
gelo e os limões ficarão totalmente imersos. (Use 3 como aproximação para π).
O volume máximo de refrigerante, em centímetro cúbico, que cabe nesse copo contendo as rodelas de
limão e os cubos de gelo com suas dimensões inalteradas, é igual a
a) 107.
b) 234.
c) 369.
d) 391.
e) 405.

8. Num parque aquático existe uma piscina infantil na forma de um cilindro circular reto, de 1 m de
profundidade e volume igual a 12 m³, cuja base tem um raio R e centro O. Deseja-se construir uma
ilha de lazer seca no interior dessa piscina, também na forma de um cilindro circular reto, cuja base
estará no fundo e com centro da base coincidindo com o centro do fundo da piscina, conforme a figura.
O raio da ilha de lazer será r. Deseja-se que após a construção dessa ilha, o espaço destinado à água
na piscina tenha um volume de, no mínimo, 4 m³.

Para satisfazer as condições dadas, o raio máximo da ilha de lazer r, em metros, estará mais próximo
de:
a) 1,6.
b) 1,7.
c) 2,0.
d) 3,0.
e) 3,8.

5
Matemática

9. Uma alternativa encontrada para a melhoria da circulação em grandes cidades e em rodovias é a


construção de túneis. A realização dessas obras envolve muita ciência e tecnologia. Um túnel em
formato semicircular, destinado ao transporte rodoviário, tem as dimensões conforme a figura a
seguir.

Qual é o volume, em m³, no interior desse túnel?


a) 4.800  .
b) 7.200  .
c) 14.400  .
d) 28.800  .
e) 57.600  .

10. Para decorar um cilindro circular reto será usada uma faixa retangular de papel transparente, na qual
está desenhada em negrito uma diagonal que forma 30° com a borda inferior. O raio da base do cilindro
mede 6/π cm, e ao enrolar a faixa obtém-se uma linha em formato de hélice, como na figura.

O valor da medida da altura do cilindro, em centímetro, é

a) 36 3

b) 24 3

c) 4 3
d) 36
e) 72

6
Matemática

11. A vazão de água (em m³/h) em tubulações pode ser medida pelo produto da área da seção transversal
por onde passa a água (em m² ) pela velocidade da água (em m/h). Uma companhia de saneamento
abastece uma indústria utilizando uma tubulação cilíndrica de raio r, cuja vazão da água enche um
reservatório em 4 horas. Para se adaptar às novas normas técnicas, a companhia deve duplicar o raio
da tubulação, mantendo a velocidade da água e mesmo material.
Qual o tempo esperado para encher o mesmo reservatório, após a adaptação às novas normas?
a) 1 hora
b) 2 horas
c) 4 horas
d) 8 horas
e) 16 horas

12. Uma construtora pretende conectar um reservatório central (𝑅𝐶 ) em formato de um cilindro, com raio
interno igual a 2 m e altura interna igual a 3,30 m, a quatro reservatórios cilíndricos auxiliares (𝑅1 , R 2 ,
R 3 e R 4 ), os quais possuem raios internos e alturas internas medindo 1,5 m.

As ligações entre o reservatório central e os auxiliares são feitas por canos cilíndricos com 0,10 m de
diâmetro interno e 20 m de comprimento, conectados próximos às bases de cada reservatório. Na
conexão de cada um desses canos com o reservatório central há registros que liberam ou interrompem
o fluxo de água. No momento em que o reservatório central está cheio e os auxiliares estão vazios,
abrem-se os quatro registros e, após algum tempo, as alturas das colunas de água nos reservatórios se
igualam, assim que cessa o fluxo de água entre eles, pelo princípio dos vasos comunicantes. A medida,
em metro, das alturas das colunas de água nos reservatórios auxiliares, após cessar o fluxo de água
entre eles, é
a) 1,44.
b) 1,16.
c) 1,10.
d) 1,00.
e) 0,95.

7
Matemática

Gabarito

1. D
Temos um cilindro formado por essa folha, assim, o lado dessa folha terá o tamanho do comprimento
da circunferência da base desse cilindro, de raio d/2. Como são dadas 5 voltas, temos:
5.2 .d
= 5 d
2

2. D
O volume de concreto é calculado a partir da diferença entre os volumes dos cilindros com raios
diferentes: Vmaior com raio igual a 1,2m e Vmenor com raio igual a 1m e alturas iguais a 4 m
Volume do concreto:
Vconc = Vmaior – Vmenor
Vconc = π (1,2² – 1²) 4 = 3,1 . 0,44 . 4 = 5,456 m³
Assim, o preço dessa manilha, em reais, é igual a:
5,456 . 10 = R$ 54,56

3. B
O comprimento mínimo necessário é igual a
5 11 2 10  3300 cm .
Logo, como a despesa em cada loja é dada, respectivamente, por
 3300 
 300  11 = R$121,00
 3300 
 700  19 = R$95,00
 3300 
 1000   33 = R$132,00
 3300 
 1400   37 = R$111,00
e
 3300 
 2200   61 = R$122,00

é fácil ver que a loja II deverá ser a escolhida.


Observação:  x  denota o menor inteiro maior do que ou igual a x
4. A
O volume do copinho plástico, em centímetros cúbicos, é π.2².4 = 16π
O volume da leiteira, em centímetros cúbicos, é π.4².20 = 320π
(Volume da leiteira) ÷ (volume do copinho) = 320π/16π = 20
Assim, para encher os vinte copinhos plásticos pela metade, é suficiente encher a leiteira até a metade.

5. C
Sabemos que o volume de um cilindro é dado pela fórmula π.r².H
A cisterna possui 1m de raio da base e 3m de altura.

8
Matemática

Como o novo volume da cisterna deverá ser de 81 m³, temos que π.r².3 = 81.
Já que π = 3:
9r² = 81
r = 3.

6. C
Supondo que o volume da mistura seja a soma do volume (x) da água com o volume (y) do açúcar,
ambos em mL, temos:
 x + y = 120

 x
 y = 5
Resolvendo o sistema, temos x = 100 e y = 20.

7. C
6 2
A capacidade do copo é igual a 𝜋 ⋅ ( ) ⋅ 15 ≅ 405𝑐𝑚3 , Logo, desde que o volume ocupado pelos cubos
2
4 2
de gelo é igual a 3 ⋅ 2 = 24𝑐𝑚 e o volume das rodelas de limão é 2 ⋅ 𝜋 ⋅ ( ) ⋅ 0,5 = 12𝑐𝑚3 , podemos
3 3
2
afirmar que a resposta é 405 – 24 – 12 = 369 cm³.

8. A
Volume da piscina infantil: V1 = 12 m ³
Volume da ilha de lazer seca: V2 = π. r².1 = 3.r².1 = 3 r²
Pelo enunciado teremos:
V1 – V2 ≥ 4
12 – 3r² ≥ 4
3r² ≤ 8
r ≤ 1,632

9. B
O túnel é um semicilindro de raio 6m e altura 400m.
Volume do túnel:
  62
V=  400 = 7200 m3
2

10. B

11. A
Vazão atual:
V = A v =  r2  v
Nova vazão:

9
Matemática

V ' = A ' v =  ( 2r ) = 4 r 2  v
2

Assim:

V  r2  v 1
= =
V ' 4 r 2  v 4
V ' = 4V
Logo, a nova vazão é 4 vezes mais rápida que à antiga. Se a antiga enche um reservatório em 4 horas,
a nova enche o mesmo reservatório em 1 hora.

12. D
Seja h a altura procurada.
O volume de água no reservatório central antes dos registros serem abertos era

  22  3,3 = 4  3,3 m3 . Logo, após a abertura dos registros, deve-se ter


4    (1,5) 2 h + 4    ( 0,05)  20 +   22  h = 4  3,3 
2

2, 25h + 0,05 + h = 3,3 


h = 1 m.

10
Matemática

Cones

Resumo

Elementos e classificação
Cone é um solido geométrico caracterizado pela reunião de todos os segmentos de reta que têm uma
extremidade em um ponto P (vértice) e a outra num ponto qualquer da região circular que forma a base.

Base: Círculo de raio r


Altura: h
Geratriz(g): segmento com uma
extremidade no vértice P e outra em alguma
parte da circunferêcia da base.

Um cone pode ser classificado conforme a inclinação da geratriz em relação à base:


• Reto: o cone circular é reto quando o segmento de reta PO é perpendicular à base.
• Oblíquo: o cone circular é oblíquo quando o segmento de reta PO é oblíquo à base.
Quando planificado, a área lateral do cone é um setor circular:

O ângulo do setor circular pode ser calculado por regra de 3, já que o comprimento do setor equivale ao
perímetro da base:
360º ____ 2 g
x _______ 2 r
Fórmulas:
Área da base Área lateral Área Total Volume

Ab =  r 2 AL =  rg At = Ab + AL e V =
1 1
Ab h e V =  r 2 h
3 3
At =  r ( g + r )

Onde:
Ab = Área da base At = Área total r = raio
AL = Área lateral h = altura 𝑔 = geratriz

1
Matemática

Exercícios

1. A figura seguinte mostra um modelo de sombrinha muito usado em países orientais.

Esta figura é uma representação de uma superfície de revolução chamada de


a) pirâmide.
b) semiesfera.
c) cilindro.
d) tronco de cone.
e) cone.

2. Um reservatório de água, de formato cônico, com raio da tampa circular igual a 8 metros e altura igual
a 9 metros, será substituído por outro de forma cúbica, de aresta igual a 10 metros. Estando o
reservatório cônico completamente cheio, ao se transferir a água para o reservatório cúbico, a altura
do nível atingida pela água será de
Dados: considere 𝜋 ≅ 3
a) 5,76m.
b) 4,43m.
c) 6,38m.
d) 8,74m.

3. Deseja-se construir um cone circular reto com 4 cm de raio da base e 3 cm de altura. Para isso,
recorta-se, em cartolina, um setor circular para a superfície lateral e um círculo para a base. A medida
do ângulo central do setor circular é:
a) 144°
b) 192°
c) 240°
d) 288°
e) 336°

2
Matemática

4. Um torneiro mecânico construiu uma peça retirando, de um cilindro metálico maciço, uma forma
cônica, de acordo com a figura 01 a seguir:
Dados: Considere 𝜋 ≅ 3

Qual é o volume aproximado da peça em milímetros cúbicos?


a) 2,16 × 105
b) 7,2 × 104
c) 2,8 × 105
d) 8,32 × 104
e) 3,14 × 105

5. Uma tulipa de chopp tem a forma cônica, como mostra a figura abaixo. Sabendo-se que sua
capacidade é de 100 ml, a altura h é igual a:

a) 20cm
b) 16cm
c) 12cm
d) 8cm
e) 4cm

3
Matemática

6. Um vasilhame na forma de um cilindro circular reto de raio da base de 5 cm e altura de 30 cm está


parcialmente ocupado por 625 mL de álcool. Suponha que sobre o vasilhame seja fixado um funil
na forma de um cone circular reto de raio da base de 5 cm e altura de 6 cm, conforme ilustra a Figura
1. O conjunto, como mostra a Figura 2, é virado para baixo, sendo H a distância da superfície do álcool
até o fundo do vasilhame.

Considerando essas informações, qual é o valor da distância H?


a) 5cm
b) 7cm
c) 8cm
d) 12cm
e) 18cm

7. Depois de encher de areia um molde cilíndrico, uma criança virou-o sobre uma superfície horizontal.
Após a retirada do molde, a areia escorreu, formando um cone cuja base tinha raio igual ao dobro do
raio da base do cilindro.

A altura do cone formado pela areia era igual a


a) 3/4 da altura do cilindro.
b) 1/2 da altura do cilindro.
c) 2/3 da altura do cilindro.
d) 1/3 da altura do cilindro.

4
Matemática

8. A prefeitura de certo município realizou um processo de licitação para a construção de 100 cisternas
de placas de cimento para famílias da zona rural do município. Esse sistema de armazenamento de
água é muito simples, de baixo custo e não poluente. A empreiteira vencedora estipulou o preço de 40
reais por m² construído, tomando por base a área externa da cisterna. O modelo de cisterna pedido no
processo tem a forma de um cilindro com uma cobertura em forma de cone, conforme a figura abaixo.

Considerando que a construção da base das cisternas deve estar incluída nos custos, é correto afirmar
que o valor, em reais, a ser gasto pela prefeitura na construção das 100 cisternas será, no máximo, de:
Dados: π = 3,14
a) 100.960
b) 125.600
c) 140.880
d) 202.888
e) 213.520

9. A figura a seguir representa a trajetória curva do ponto P sobre a superfície lateral de um cone circular
reto cujo raio da base mede 10 cm e a geratriz, 60 cm. O ponto P inicia sua trajetória no ponto A, que
pertence à circunferência da base, e dá uma volta completa em torno do cone, até retornar ao ponto
A.

Com a planificação da superfície lateral do cone, é possível calcular o menor comprimento da trajetória
percorrida por P, que corresponde, em centímetros, a:
a) 50
b) 60
c) 18π
d) 20π

5
Matemática

10. Um arquiteto está fazendo um projeto de iluminação de ambiente e necessita saber a altura que deverá
instalar a luminária ilustrada na figura.

Sabendo-se que a luminária deverá iluminar uma área circular de 28,26 m², considerando π  3,14, a
altura h será igual a
a) 3 m.
b) 4 m.
c) 5 m.
d) 9 m.
e) 16 m

11. A área lateral de um cilindro circular reto é 72 πcm2 e seu volume é 6 vezes o volume de um cone
circular reto que tem 18 cm de altura. Sabendo que a medida do raio da base do cilindro é o dobro da
medida do raio da base do cone, então a madida do raio da base do cone é
a) 2 cm.
b) 6 cm.
c) 4 cm.
d) 8 cm.
e) 10 cm

6
Matemática

Gabarito

1. E
A expressão superfície de revolução garante que a figura represente a superfície lateral de um cone.

2. A
Sb.H
O volume do cone é V = .
3
A área da base é Sb = π.r²
Portanto, Sb = 3.8² = 3.64 = 192 m²
Logo, V =
192.9
=
cone
3
Esse volume é transferido para um cubo de aresta 10 m. O cubo não ficará cheio. A água ficará na
altura x. Portanto, o volume de água será de um paralelepípedo retângulo de dimensões 10 m, 10 m e x
m
O volume do paralelepípedo é dado pelo produto das três dimensões. Sabemos que esse volume é 576
m³. Então:
Vparalelepípedo = 10.10.x = 576  x = 5,76 m .

3. D
Como sabemos, na planificação de um cone, a medida do comprimento da base do cone corresponde ao
comprimento do setor que o originou. Assim, como o raio da base do cone mede 4, temos que o
comprimento da circunferência da base é 8 . Agora, para acharmos a geratriz do cone, que é o raio de
setor circular na planificação, fazemos Pitágoras e encontramos G = 5. Ou seja, a geratriz do cone mede
5 cm. Assim, se o setor fosse uma circunferência completa, seu comprimento seria de 10 . Por fim,
fazemos regra de 3, com as informações que temos:
10 π ______360º
8 π ______ x
Resolvendo a regra de 3, encontramos x = 288º.

4. A
O volume da peça é o volume do cilindro menos o volume do cone retirado.
Vcilindro =  r 2h =  .32.10 = 90
 (r ' ) h  ( 3 ) 6
2 2

Vcone = = = 18
3 3
Vcilindro − Vcone =  −  =  =  5

5. C
1
Sabemos que o volume do cone é dado pela fórmula V =  r 2h . Assim:
3
1
100 =  (5)2 h
3
Resolvendo a equação, encontramos H = 12 cm.

7
Matemática

6. B
  52  6
Volume do cone = = 50 cm3
3
Volume do líquido do cilindro da figura 2 = 625 − 50 = 575
Altura do líquido do cilindro da figura 2.
  52  h = 575  h = 23cm
Na figura 2, temos: H = 30 − h

7. A
Como o volume de areia é o mesmo, segue que:
1 1 3
   rcon  hcon =   rcil2  hcil   ( 2 R )  hcon = R 2  hcil  hcon =  hcil
2 2

3 3 4
8. E
Observe:

x2 + 22 = 2  52  x = 1,5m
Área de uma cisterna = Área da sup. lateral do cone + área da superfície lateral do cilindro + área do

círculo. Área da Cisterna =   2  2,5 + 2    2  2 +   22 . Área da cisterna = 17 m 2

Área de 100 cisternas = 1700 m2 . Valor das cisternas → 40  1700  3,14 = 213,520 reais

9. B
Primeiramente, precisamos lembrar que a planificação de um cone é um setor circular. Além disso,
podemos calcular o ângulo desse setor se lembrarmos que o perímetro da base do cone é o comprimento
do setor. Assim, sabendo que o raio da base é r = 10 cm e a geratriz é g = 60 cm, temos que:
Perímetro da base do cone é 2 p = 2 10 = 20 .
Por regra de 3, sabendo que 20 é, também, o comprimento do setor, podemos fazer:
2 60 = 120 _________ 360°
20 __________________ θ
Resolvendo a regra de 3, achamos θ = 60°.

Assim, planificando o cone, temos:

8
Matemática

Com AV = 60 cm e A 'V = 60 cm . Precisamos descobrir a menor distância entre A e A’, que é o


percurso do ponto P. Como sabemos, a menor distância entre dois pontos é sempre uma reta:

Como podemos reparar, o triângulo AA’V é equilátero, com AA ' = 60 cm .

10. B
Se a área a ser iluminada mede 28,26m² e r é o raio da área circular iluminada, então
28, 26
  r 2 = 28, 26  r   r  3m .
3,14
Portanto, como g = 5m e r = 3m, segue que h = 4m

11. A
Calculando:
S = 2 Rh = 72
1
V =  R 2 h = 6   r 2  18
3
R
r=
2
1 R2
V =  R 2 h = 6    18   R 2 h = 9 R 2  h = 9cm
3 4
S = 2 R  9 = 72  R = 4  r = 2cm

9
Matemática

Pirâmides
Resumo

Pirâmide é um sólido geométrico caracterizado por uma base sendo um polígono plano (os mais comuns são
quadrados, triângulos ou hexágonos) e por um ponto externo a ela, onde, de cada vértice, se liga um segmento
de reta até o ponto.
Uma pirâmide regular é uma pirâmide cuja base é um polígono e a projeção ortogonal do vértice sobre o plano
da base é o centro da base. Nesse tipo de pirâmide, as arestas laterais são congruentes e as faces laterais
são triângulos isósceles congruentes.
Exemplo: Pirâmide de base quadrada

Base: ABCD
Arestas das bases: AB, AD, BC, CD
Arestas Laterais: AV, BV, CV, DV
Altura: h
Números de Faces = 5
Apótema da pirâmide: g (segmento com uma extremidade no vértice
P e outra em alguma parte da base). Na pirâmide regular, teremos:

h 2 + m2 = g 2

Uma pirâmide pode ser classificada de acordo com as bases:


• Pirâmide triangular – a base é um triângulo;
• Pirâmide quadrangular – a base é um quadrilátero;
• Pirâmide pentagonal – a base é um pentágono;
• Pirâmide hexagonal – a base é um hexágono;
E assim por diante.

Fórmulas
Área da base Área lateral Área Total Volume
A área da base será a A área da lateral será a
At = Ab + AL V=
1
Ab h
área o polígono soma das áreas das
3
formado. faces laterais.

Onde:
Ab = Área da base
AL = Área lateral
At = Área total

1
Matemática

Exercícios

1. Uma indústria fabrica brindes promocionais em forma de pirâmide. A pirâmide é obtida a partir de
quatro cortes em um sólido que tem forma de um cubo. No esquema, estão indicados o sólido original
e a pirâmide obtida a partir dele.

Os pontos A, B, C, D e O do cubo e da pirâmide são os mesmos. O ponto O é central na face superior do


cubo. Os quatro cortes saem de O em direção às arestas AD, BC, AB e CD, nessa ordem. Após os cortes,
são descartados quatro sólidos. Os formatos dos sólidos descartados são
a) todos iguais.
b) todos diferentes.
c) três iguais e um diferente.
d) apenas dois iguais.
e) iguais dois a dois.

2. Um telhado tem a forma da superfície lateral de uma pirâmide regular, de base quadrada. O lado da
base mede 8m e a altura da pirâmide 3m. As telhas para cobrir esse telhado são vendidas em lotes que
cobrem 1m². Supondo que possa haver 10 lotes de telhas desperdiçadas (quebras e emendas), o
número mínimo de lotes de telhas a ser comprado é:
a) 90
b) 100
c) 110
d) 120
e) 130

3. A grande pirâmide de Quéops, antiga construção localizada no Egito, é uma pirâmide regular de base
quadrada, com 137m de altura. Cada face dessa pirâmide é um triângulo isósceles cuja altura relativa
à base mede 179m. A área da base dessa pirâmide, em m2, é:
a) 13272
b) 26544
c) 39816
d) 53088
e) 79 432

2
Matemática

4. A base de uma pirâmide reta é um quadrado cujo lado mede 8√2cm. Se as arestas laterais da pirâmide
medem 17cm, o seu volume, em centímetros cúbicos, é:
a) 520
b) 640
c) 680
d) 750
e) 780.

5. Um técnico agrícola utiliza um pluviômetro na forma de pirâmide quadrangular, para verificar o índice
pluviométrico de uma certa região. A água, depois de recolhida, é colocada num cubo de 10cm de
aresta. Se, na pirâmide, a água atinge uma altura de 8cm e forma uma pequena pirâmide de 10cm de
apótema lateral, então a altura atingida pela água no cubo é de :

a) 2,24 cm
b) 2,84 cm
c) 3,84 cm
d) 4,24 cm
e) 6,72 cm

6. Se um tetraedro regular e um cubo têm áreas de superfície iguais, a razão entre o comprimento das
arestas do tetraedro e o comprimento das arestas do cubo é igual a

a) √2√3.
4
b) √2√3.
4
c) √2 √3
4 4
d) √2 √3
3
e) √2 √3

3
Matemática

7. Em uma indústria de velas, a parafina é armazenada em caixas cúbicas, cujo lado mede a.
Depois de derretida, a parafina é derramada em moldes em formato de pirâmides de base quadrada,
𝑎
cuja altura e cuja aresta da base medem, cada uma, . Considerando-se essas informações, é COR-
2
RETO afirmar que, com a parafina armazenada em apenas uma dessas caixas, enche-se um total de:
a) 6 moldes.
b) 8 moldes.
c) 24 moldes.
d) 32 moldes.

8. Uma pirâmide regular de base hexagonal tem o vértice sobre uma semiesfera e a base inscrita na base
desta semiesfera. Sabendo que a aresta lateral dessa pirâmide mede 10 cm, então o volume é igual a:
a) 125√6 cm3
b) 500√3 cm3
c) 375√6 cm3
5√15
d) cm3
2
e) 250√3 cm3

9. Se duplicarmos a medida da aresta da base de uma pirâmide quadrangular regular e reduzirmos sua
altura à metade, o volume desta pirâmide
a) será reduzido à quarta parte.
b) será reduzido à metade.
c) permanecerá inalterado.
d) será duplicado.
e) aumentará quatro vezes.

4
Matemática

10. Considere o paralelepípedo de vértices A, B, C, D, E, F, G, H e a pirâmide de vértices B, F, G, H, inscrita no


paralelepípedo, representados na figura a seguir.

A razão entre o volume da pirâmide e o volume do paralelepípedo é


1
a) .
6
1
b) .
5
1
c) .
4
1
d) .
3
1
e) .
2

5
Matemática

Gabarito

1. E
As peças descartadas são de dois tipos diferentes: 2 pirâmides congruentes e 2 prismas congruentes (ver
figura abaixo).

2. A
Temos que medir a área total das quatro faces da pirâmide. Para tal, precisamos saber o valor da base e
da altura das faces. Como a pirâmide é regular, todas as faces laterais são iguais, e já sabemos que a
base mede 8. Agora, só nos falta calcular a altura. Observe a figura:

Por Pitágoras, descobrimos que h = 5. Assim, a área de cada face é dada por:
b.h 8.5
S= = = 20
2 2
St = 4.20 = 80 m²
Como precisamos de uma margem de 10 m² de sobras, temos que comprar 90 m².

6
Matemática

3. D
L
Seja metade do lado do quadrado da base. Por Pitágoras, temos:
2
2
L
  + 137 = 179
2 2

2
2
L
  = 179 − 137 = (179 +137 )(179 − 137 )
2 2

2
L2
= 13273
4
L2 = 53088

4. B
Observe a figura:

O segmento em vinho mede 8, pois é a metade da diagonal da base. Como sabemos, a base é um
quadrado, e a diagonal de um quadrado mede L√2, ou seja, d = (8√2) √2 = 16. Como queremos a metade,
temos que o segmento vale 8.
Por Pitágoras, calculamos h = 15.
Calculando o volume da pirâmide:
Sb.h (8 2)²15
V= = = 640
3 3

5. C
H = altura da água no pluviômetro
A = lado da base quadrada da superfície da água no pluviômetro
a = 8 = apótema da pirâmide
b = 10 = lado do cubo
h = altura da água no cubo
2
 A
  +H =a
2 2

2
2
 A
  + 8 = 10
2 2

 
2
A = 12

7
Matemática

Volume da água:
A2 .H 122.8
V= = = 384 cm3
3 3

Volume do cubo:
V = b 2 .h
384 = 102.h
h = 3,84 cm

6. C
Sejam a e , respectivamente, a medida da aresta do cubo e a medida da aresta do tetraedro. Logo,
temos
2
6
2
3 = 6a 2  2
=  = 2 3 = 24 3
a 3 a a

7. C
Sabemos que o volume V da caixa cúbica é a³. Agora, vamos calcular o volume de uma pirâmide cuja
altura e aresta da base medem a/2. Usando a fórmula de volume, temos:
a a a³
( )² 
V'= 2 2 = 8 = a³
3 3 24
Por fim, V/V’ = 24.

8. A
Calculando:

102 = R 2 + R 2 → 100 = 2R 2 → R= base = 5 2cm

(5 2 )
2
 3
Sbase = 6 = 75 3 cm 2
4
h=R=5 2
1 1
V =  Sbase  h =  75 3  5 2 = 125 6 cm3
3 3

8
Matemática

9. D
Observe

Área de base x altura


Vpirâmide =
3

Portanto:

H
( 2L )
2

L H 2 = 2 L H 
2 2
V1 = e V2 =  
3 3  3 

Logo, V2 = 2V1

10. A
Calculando:
 HG = x

Paralelepípedo  GF = 2 x

GB = 3 x
1  x  2x 
Vpirâmide =     3x = x
3
Vpirâmide 1
3  2   =
Vparalelepípedo 6
Vparalelepípedo = x  2 x  3x = 6 x3

9
Matemática

Função modular e inequação modular

Resumo

A função modular é uma função


f: → , definida por f ( x) = x .
Para se construir o gráfico dessa função devemos considerar como uma função definida por várias sentenças,
ou seja, ela se comporta de maneiras distintas para cada intervalo de x .
Considere a função f ( x) = x
Temos que:

 x = x se x  0

f ( x) =  ou
− x = x se x  0

Ou seja, para x  0 , a função é y = x e para x  0 , a função é y = −x


y = x, para x  0 y = − x, para x < 0

Juntando os dois gráficos:


y= x

Note que a Imagem é + .

1
Matemática

Inequação modular
Na equação modular, exemplo |x| = 3, geometricamente, queríamos descobrir quais os valores que distavam
3 unidades da origem, nesse casos S ={-3,3}. Já nas inequações, exemplo |x| ≤ 3, queremos descobrir intervalo
onde os números que distam menos de 3 unidades da origem e |x| ≥ 3, analogamente, o intervalo onde os
números distam mais de 3 unidades da origem.

Assim, o conjunto solução de x  3 é −3  x  3 e de x  3 é x  −3 ou x  3


Resumindo:
→ | x | a  − a  x  a
→ | x | a  x  a ou x  − a

2
Matemática

Exercícios

1. Seja f(x) uma função real. O gráfico gerado pelo módulo dessa função, |f(x)|
a) nunca passará pela origem
b) nunca passará pelo 3 ou 4 quadrante
c) intercepta o eixo x somente se f(x) for do primeiro grau
d) intercepta o eixo y somente se f(x) for do segundo grau

2. Seja f(x) =| x − 3 | uma função. A soma dos valores de x para os quais a função assume o valor 2 é
a) 3
b) 4
c) 6
d) 7

3. O domínio da função real f(x) = 1− | x | é o intervalo


a) {𝑥 ∈ ℝ|𝑥 < −1 ou 𝑥 > 1}
b) {𝑥 ∈ ℝ|𝑥 ≤ −1 ou 𝑥 ≥ 1}
c) {𝑥 ∈ ℝ| − 1 < 𝑥 < 1}
d) {𝑥 ∈ ℝ| − 1 ≤ 𝑥 ≤ 1}

x2
4. Considera a função f(x) = − 2 . Para quais valores reais de x temos f(x) = 1?
2

a) 
S = − 6, 6, − 2, 2 
b) S = − 6, − 2

c) S =  6, 2

d) S = − 6, 6 

e) S = − 2, 2

x2
5. Considere a função f(x) = − 2 . Para quais valores reais de x temos f(x)  1?
2
a) 
S = x / − 6  x  − 2 ou 2x 6 
b) S = x  /− 6 x− 2 
c) S = x  / 2x 6 
d) S = x  / − 6  x  2 ou 2x− 6 
e) S = x  /− 6 x 6 

3
Matemática

6. Considere a função real f(x) = | −x + 1|. O gráfico que representa a função é:

a) e)
c)

b)
d)

7. Pode-se dizer que quando duas variáveis x e y são tais que a cada valor de x corresponde um único
valor de y, segundo uma lei matemática, diz-se que y é função de x. Considere uma função 𝑓: ℝ → ℝ+
que é representada pelo gráfico a seguir:

Analisando o gráfico, julgue as proposições a seguir.


I. f é ímpar.
II. f é injetora.
III. A lei matemática de f é f(x) = ||x| -1|.
IV. f é crescente se, e só se, x >1
V. (fof) (-1) = (fof) (1).
a) somente II é correta.
b) somente I é correta.
c) somente III e V são corretas.
d) todas as proposições são corretas.
e) todas as proposições são falsas.

4
Matemática

8. Qual é o conjunto solução em de 3x + 1  3 ?


 4 2
a) S = x  /− x 
 3 3
 4 
b) S = x  /−  x
 3 
 2
c) S = x  /x 
 3
 4 2
d) S = x  /− x 
 3 3
 4 2
e) S = x  /− x 
 3 3

9. A expressão |x – a| < 16 também pode ser representada por


a) x – a < 16
b) x + a > 16
c) – a – 16 < x < a + 16
d) – 16 + a < x < a + 16
e) x – a < 16 ou x – a > 0

10. O conjunto solução da inequação x − 4 + 1  2 é um intervalo do tipo [a,b]. O valor de a + b é igual a


a) -8
b) -2
c) 0
d) 2
e) 8

5
Matemática

Gabarito

1. B
A alternativa [B] é a correta, pois a função f ( x ) não assumirá valores negativos e, no terceiro e quarto
quadrantes, os valores assumidos por qualquer função serão sempre negativos.

2. C
Queremos calcular x de modo que se tenha f ( x ) = 2 .Desse modo, vem
x − 3 = 2  x − 3 = 2  x = 1 ou x = 5
O resultado é, portanto, 1+ 5 = 6
3. D
1− | x | 0 | x | 1  −1  x  1
Portanto, o domínio da função será dado por: {x | −1  x  1}.

4. A
Calculando:
x2
−2 =1
2

x2
− 2 = 1→ x =  6
2
x2
− 2 = −1 → x =  2
2

5. A
Esboçando o gráfico:

Assim: − 6  x  − 2 ou 2  x  6.

6. A
− x + 1, se x  1
Tem-se que f(x) =  . Portanto, o gráfico da alternativa [A] é o que representa f.
 x − 1, se x  1
7. C
I. Falsa. A função é par, pois o gráfico é simétrico em relação ao eixo y.
II. Falsa, pois 𝑓(1) = 𝑓(−1) = 0.
III. Verdadeira.
IV. Falsa. f(x) também é crescente para valores de x entre 0 e 1.
V. Verdadeira. 𝑓(𝑓(−1)) = 𝑓(0) = 1 e 𝑓(𝑓(1)) = 𝑓(0) = 1 .

6
Matemática

8. A
4 2
3 x + 1  3  −3  3 x + 1  3  −4  3 x  2  −  x
3 3
 4 2
S = x  |− x 
 3 3

9. D
x − a  16  −16  x − a  16  −16 + a  x  a + 16

10. E
De x − 4 + 1  2
−2  x − 4 + 1  2
−3  x − 4  1
x − 4 1

−1  x − 4  1
3 x 5
a=3 e b=5
a+b =8

7
Matemática

Porcentagem

Resumo

Porcentagem é uma fração de denominador 100.


3
Ex.: = 0,03 = 3%
100
37
= 0,37 = 37%
100

Mas e se a fração não tiver denominador 100? É só transformarmos essa fração em uma que tenha
denominador 100.
2 40
Ex.: = 100 = 40%
5

Obs.: Se quisermos calcular x% de algum valor y, basta multiplicarmos. Ou seja:


𝐱
𝐱% 𝐝𝐞 𝐲 = ×𝐲
𝟏𝟎𝟎
Fatores multiplicativos
Para facilitar o cálculo de um valor resultante de um aumento ou desconto percentual, utilizam-se os fatores
multiplicativos. Imagine uma quantidade C que será aumentada de x%. O resultado desse aumento pode ser
calculado por:
x x
Valor Final: C + . C = C(1 + )
100 100

Agora imaginemos que C sofra uma redução de x%. Assim, temos que:
x x
Valor final: C - . C = C(1 - )
100 100

Resumindo:
x x
Fator de aumento: 1 + Fator de desconto: 1 -
100 100

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1
Matemática

Exercícios

1. Para construir uma piscina, cuja área total da superfície interna é igual a 40 m 2, uma construtora
apresentou o seguinte orçamento: R$ 10 000,00 pela elaboração do projeto; R$ 40 000,00 pelos custos
fixos; R$ 2 500,00 por metro quadrado para construção da área interna da piscina. Após a apresentação
do orçamento, essa empresa decidiu reduzir o valor de elaboração do projeto em 50%, mas recalculou
o valor do metro quadrado para a construção da área interna da piscina, concluindo haver a
necessidade de aumentá-lo em 25%. Além disso, a construtora pretende dar um desconto nos custos
fixos, de maneira que o novo valor do orçamento seja reduzido em 10% em relação ao total inicial. O
percentual de desconto que a construtora deverá conceder nos custos fixos é de
a) 23,3%
b) 25,0%
c) 50,0%
d) 87,5%
e) 100,0%

2. Uma pessoa, que perdeu um objeto pessoal quando visitou uma cidade, pretende divulgar nos meios
de comunicação informações a respeito da perda desse objeto e de seu contato para eventual
devolução. No entanto, ela lembra que, de acordo com o Art. 1 234 do Código Civil, poderá ter que pagar
pelas despesas do transporte desse objeto até sua cidade e poderá ter que recompensar a pessoa que
lhe restituir o objeto em, pelo menos, 5% do valor do objeto. Ela sabe que o custo com transporte será
de um quinto do valor atual do objeto e, como ela tem muito interesse em reavê-lo, pretende ofertar o
maior percentual possível de recompensa, desde que o gasto total com as despesas não ultrapasse o
valor atual do objeto. Nessas condições, o percentual sobre o valor do objeto, dado como recompensa,
que ela deverá ofertar é igual a
a) 20%
b) 25%
c) 40%
d) 60%
e) 80%

3. Quanto A inclinação de uma rampa é calculada da seguinte maneira: para cada metro medido na
horizontal, mede-se x centímetros na vertical. Diz-se, nesse caso, que a rampa tem inclinação de x%,
como no exemplo da figura:

A figura apresenta um projeto de uma rampa de acesso a uma garagem residencial cuja base, situada
2 metros abaixo do nível da rua, tem 8 metros de comprimento.

2
Matemática

Depois de projetada a rampa, o responsável pela obra foi informado de que as normas técnicas do
município onde ela está localizada exigem que a inclinação máxima de uma rampa de acesso a uma
garagem residencial seja de 20%. Se a rampa projetada tiver inclinação superior a 20%, o nível da
garagem deverá ser alterado para diminuir o percentual de inclinação, mantendo o comprimento da
base da rampa. Para atender às normas técnicas do município, o nível da garagem deverá ser
a) elevado em 40 cm.
b) elevado em 50 cm.
c) mantido no mesmo nível.
d) rebaixado em 40 cm.
e) rebaixado em 50 cm.

4. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio mensal dos
trabalhadores brasileiros, no ano 2000, era de R$ 1 250,00. Já o Censo 2010 mostrou que, em 2010,
esse valor teve um aumento de 7,2% em relação a 2000. Esse mesmo instituto projeta que, em 2020, o
rendimento médio mensal dos trabalhadores brasileiros poderá ser 10% maior do que foi em 2010.
IBGE. Censo 2010. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 13 ago. 2012 (adaptado).
Supondo que as projeções do IBGE se realizem, o rendimento médio mensal dos brasileiros em 2020
será de
a) R$ 1 340,00.
b) R$ 1 349,00.
c) R$ 1 375,00.
d) R$ 1 465,00.
e) R$ 1 474,00.

5. Três sócios resolveram fundar uma fábrica. O investimento inicial foi de R$ 1 000 000,00. E,
independentemente do valor que cada um investiu nesse primeiro momento, resolveram considerar
que cada um deles contribuiu com um terço do investimento inicial. Algum tempo depois, um quarto
sócio entrou para a sociedade, e os quatro, juntos, investiram mais R$ 800 000,00 na fábrica. Cada um
deles contribuiu com um quarto desse valor. Quando venderam a fábrica, nenhum outro investimento
havia sido feito. Os sócios decidiram então dividir o montante de R$ 1 800 000,00 obtido com a venda,
de modo proporcional à quantia total investida por cada sócio. Quais os valores mais próximos, em
porcentagens, correspondentes às parcelas financeiras que cada um dos três sócios iniciais e o quarto
sócio, respectivamente, receberam?
a) 29,60 e 11,11.
b) 28,70 e 13,89.
c) 25,00 e 25,00.
d) 18,52 e 11,11.
e) 12,96 e 13,89.

3
Matemática

6. Os alunos da disciplina de estatística, em um curso universitário, realizam quatro avaliações por


semestre com os pesos de 20%, 10%, 30% e 40%, respectivamente. No final do semestre, precisam
obter uma média nas quatro avaliações de, no mínimo, 60 pontos para serem aprovados. Um estudante
dessa disciplina obteve os seguintes pontos nas três primeiras avaliações: 46, 60 e 50,
respectivamente. O minimo de pontos que esse estudante precisa obter na quarta avaliação para ser
aprovado é
a) 29,8.
b) 71,0.
c) 74,5.
d) 75,5.
e) 84,0.

7. O colesterol total de uma pessoa é obtido pela soma da taxa do seu “colesterol bom” com a taxa do
seu “colesterol ruim”. Os exames periódicos, realizados em um paciente adulto, apresentaram taxa
normal de “colesterol bom”, porém, taxa do “colesterol ruim” (também chamado LDL) de 280 mg/dL. O
quadro apresenta uma classificação de acordo com as taxas de LDL em adultos.

O paciente, seguindo as recomendações médicas sobre estilo de vida e alimentação, realizou o exame
logo após o primeiro mês, e a taxa de LDL reduziu 25%. No mês seguinte, realizou novo exame e
constatou uma redução de mais 20% na taxa de LDL. De acordo com o resultado do segundo exame, a
classificação da taxa de LDL do paciente é
a) ótima.
b) próxima de ótima.
c) limite
d) alta.
e) muito alta.

8. Devido ao não cumprimento das metas definidas para a campanha de vacinação contra a gripe comum
e o vírus H1N1 em um ano, o Ministério da Saúde anunciou a prorrogação da campanha por mais uma
semana. A tabela apresenta as quantidades de pessoas vacinadas dentre os cinco grupos de risco até
a data de início da prorrogação da campanha

Qual é a porcentagem do total de pessoas desses grupos de risco já vacinadas?


a) 12
b) 18
c) 30
d) 40
e) 50

4
Matemática

9. Durante uma festa de colégio, um grupo de alunos organizou uma rifa. Oitenta alunos faltaram à festa
e não participaram da rifa. Entre os que compareceram, alguns compraram três bilhetes, 45 compraram
2 bilhetes, e muitos compraram apenas um. O total de alunos que comprou um único bilhete era 20%
do número total de bilhetes vendidos, e o total de bilhetes vendidos excedeu em 33 o número total de
alunos do colégio. Quantos alunos compraram somente um bilhete?
a) 34
b) 42
c) 47
d) 48
e) 79

10. Num dia de tempestade, a alteração na profundidade de um rio, num determinado local, foi registrada
durante um periodo de 4 horas. Os resultados estão indicados no gráfico de linhas. Nele, a profundidade
h, registrada às 13 horas, não foi anotada e, a partir de h, cada unidade sobre o eixo vertical representa
um metro.

Foi informado que entre 15 horas e 16 horas, a profundidade do rio diminuiu em 10%. Às 16 horas, qual
é a profundidade do rio, em metro, no local onde foram feitos os registros?
a) 18
b) 20
c) 24
d) 36
e) 40

5
Matemática

Gabarito

1. D
O valor do orçamento inicial é dado por 10000 + 40000 + 2500 . 40 = 150000. Com o desconto de 10%, o
novo orçamento passa a ser 150000 . (1 – 10%) = 135000.Reduzindo o valor de elaboração do projeto em
50%, aumen tando o valor do metro quadrado em 25% e dando um desconto de p% nos custos fixos,
temos:
10000 . (1 – 50%) + 40000 (1 – p%) + 2500 . 40 . (1 + 25%) = 135000
5000 + 40000 (1 – p%) + 125000 = 135000
40000 (1 – p%) = 5000 ⇔ 1 – p% = 0,125
p% = 0,875 = 87,5%

2. E
Sendo V e R os valores do objeto e recompensa, respectivamente, tem-se:

Portanto, o maior percentual possível da recompensa é 80%.

3. A

Assim, o nível da garagem deverá ser elevada em 40 cm.

4. E
De acordo com o enunciado, o rendimento médio mensal dos brasileiros em 2020 será de
1,072 . 1,10 . R$ 1 250,00 = R$ 1 474,00

5. A
1
Os três sócios iniciais investiram, em reais, . 1.000.000 + 200.000 cada um e receberam o
3
correspondente a:

O quarto sócio investiu, em reais, 200 000 e recebeu o correspondente a:

6. C
Sendo N4 a nota na quarta avaliação, temos:

6
Matemática

7. D
Pelo enunciado, vemos que a taxa inicial é igual a 280 mg/dL. Esta reduzirá, em um mês, 25%. Ou seja, a
taxa foi para 280 × 0,75 = 210 mg/dL.
No segundo mês, ele reduziu em 20% sua taxa em relação ao mês anterior. Dessa forma, a taxa final dele,
é de 210 × 0,8 = 168 mg/dL. Consultando a tabela, sua taxa será considerada alta.

8. D
I. Total de pessoas, em milhões, desses grupos de risco: 4,5 + 2,0 + 2,5 + 0,5 + 20,5 = 30
II. Total de pessoas, em milhões, já vacinadas desses grupos de risco: 0,9 + 1,0 + 1,5 + 0,4 + 8,2 = 12
12
III. Logo, a porcentagem do total de pessoas desses grupos de risco já vacinadas é: = 0,4 = 40%
30

9. D
Sejam x e n, respectivamente, o número de alunos que compraram 3 bilhetes e o número total de bilhtes
vendidos. Logo, temos 3x + 2 . 45 + 0,2 . n = x + 45 + 0,2 . n + 80 + 33  x = 34
Portanto, segue que 3 . 34 + 2 . 45 = 0,8 . n  n = 240
A resposta é 0,2 . 240 = 48

10. A
Sendo h, em metros, a profundidade do rio às 13h, às 15 horas a profundidade era (h + 6)m e às 16 horas
a profundidade era (h + 4)m, 10% a menos do que às 15h. Assim: h + 4 = 90% (h + 6) ⇔ h + 4 = 0,90h + 5,4
⇔ h = 14
Desta forma, às 16h a profundidade do rio, em metros, era h + 4 = 14 + 4 = 18

7
Matemática

Planificação de sólidos

Resumo

A planificação de um sólido geométrico é a apresentação de todas as formas que constituem sua superfície
em um plano, ou seja, em duas dimensões. Existem diversos usos para essas planificações, como, por
exemplo, auxílio no cálculo da área do sólido.

Prismas
A figura abaixo representa um prisma triangular.

E uma de suas planificações é:

Veja a animação da planificação em: https://www.geogebra.org/m/ct9FyAE3

1
Matemática

Cilindros
A figura abaixo representa um cilindro.

E uma de suas planificações é:

Veja a animação da planificação em: https://www.geogebra.org/m/XzfFNDYV

Pirâmides
Planificação de uma pirâmide de base triangular:

2
Matemática

E uma de suas planificações é:

Veja a animação da planificação em: https://www.geogebra.org/m/nxjpp2g8

Cones
A figura abaixo representa um cone.

E uma de suas planificações é:

Planificação dos sólidos de Platão


Os poliedros de Platão possuem características próprias:
• O número de arestas é igual em todas as faces;
• Os ângulos poliédricos possuem o mesmo número de arestas;
Vale a relação de Euler ( V + F = A + 2 ) onde V = vértices, A = arestas e F = faces.

3
Matemática

Tetraedro

Cubo ou Hexaedro

Octaedro

Veja a animação da planificação em: https://www.geogebra.org/m/WgGcsmZF#material/wXaVzs3r

Dodecaedro

Veja a animação da planificação em: https://www.geogebra.org/m/afjm5ug8

4
Matemática

Icosaedro

Veja a animação da planificação em: https://www.geogebra.org/m/r4WFpxYv

5
Matemática

Exercícios

1. Se dobrarmos convenientemente as linhas tracejadas das figuras a seguir, obteremos três modelos
de figuras espaciais cujos nomes são:

a) tetraedro, octaedro e hexaedro.


b) paralelepípedo, tetraedro e octaedro.
c) octaedro, prisma e hexaedro.
d) pirâmide, tetraedro e hexaedro.
e) pirâmide pentagonal, prisma pentagonal e hexaedro.

2. Um lojista adquiriu novas embalagens para presentes que serão distribuídas aos seus clientes. As
embalagens foram entregues para serem montadas e têm forma dada pela figura.

Após montadas, as embalagens formarão um sólido com quantas arestas?


a) 10
b) 12
c) 14
d) 15
e) 16

6
Matemática

3. Conforme regulamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o passageiro que embarcar em
voo doméstico poderá transportar bagagem de mão, contudo a soma das dimensões da bagagem
(altura + comprimento + largura) não pode ser superior a 115 cm.
A figura mostra a planificação de uma caixa que tem a forma de um paralelepípedo retângulo.

O maior valor possível para x em centímetros, para que a caixa permaneça dentro dos padrões
permitidos pela Anac é
a) 25
b) 33
c) 42
d) 45
e) 49

4. Um sinalizador de trânsito tem o formato de um cone circular reto. O sinalizador precisa ser revestido
externamente com adesivo fluorescente, desde sua base (base do cone) até a metade de sua altura,
para sinalização noturna. O responsável pela colocação do adesivo precisa fazer o corte do material
de maneira que a forma do adesivo corresponda exatamente à parte da superfície lateral a ser
revestida.
Qual deverá ser a forma do adesivo?
a) d)

b) e)

c)

7
Matemática

5. Ronaldo brincava distraído com dois dados distintos que planificados ficavam da seguinte forma:

Marcelo, seu primo, observava e imaginava quais seriam as possíveis somas dos resultados dos dois
dados, se esses, quando lançados sobre a mesa, ficassem apoiados sobre as suas faces sem
numeração. O resultado da observação de Marcelo corresponde a
a) 3, 4, 6 e 8.
b) 3, 4, 8 e 10.
c) 4, 5 e 10.
d) 4, 6 e 8.
e) 3, 6, 7 e 9.

6. Uma empresa necessita colorir parte de suas embalagens, com formato de caixas cúbicas, para que
possa colocar produtos diferentes em caixas distintas pela cor, utilizando para isso um recipiente com
tinta, conforme Figura 1. Nesse recipiente, mergulhou-se um cubo branco, tal como se ilustra na Figura
2. Desta forma, a parte do cubo que ficou submersa adquiriu a cor da tinta.

Qual é a planificação desse cubo após submerso?

e)
c)
a)

b) d)

8
Matemática

7. Em uma aula de matemática, a professora propôs que os alunos construíssem um cubo a partir da
planificação em uma folha de papel, representada na figura a seguir

Após a construção do cubo, apoiou-se sobre a mesa a face com a letra M. As faces paralelas deste
cubo são representadas pelos pares de letras
a) E-N, E-M e B-R.
b) B-N, E-E e M-R.
c) E-M, B-N e E-R.
d) B-E, E-R e M-N.
e) E-N, B-M e E-R.

8. As figuras abaixo representam um octaedro regular e uma de suas planificações.

Aos vértices A, B, E, F do octaedro correspondem, respectivamente, os pontos a, b, e, f da planificação.


Ao vértice D do octaedro correspondem, na planificação, os pontos:
a) m, n, p
b) n, p, q
c) p, q, r
d) q, r, s
e) r, s, m

9
Matemática

9. A figura abaixo representa a planificação de um poliedro P:

Avalie as afirmações I, II e III sobre o poliedro representado pela planificação:


I. O número de arestas do poliedro P corresponde a uma vez e meia o número de vértices.
II. O poliedro P tem, pelo menos, duas faces paralelas.
III. O poliedro P pode ser classificado como pentágono.

Contém uma afirmação verdadeira:


a) apenas II.
b) apenas I e II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.

10
Matemática

10. Uma empresa que embala seus produtos em caixas de papelão, na forma de hexaedro regular, deseja
que seu logotipo seja impresso nas faces opostas pintadas de cinza, conforme a figura:

A gráfica que fará as impressões dos logotipos apresentou as seguintes sugestões planificadas:

Que opção sugerida pela gráfica atende ao desejo da empresa?


a) I
b) II
c) III
d) IV
e) V

11. Um jogo entre dois jogadores tem as seguintes regras:


(a) o primeiro jogador pensa em uma forma geométrica, desenha apenas uma parte da forma e fornece
uma dica para que o segundo jogador termine o desenho; (b) se o segundo jogador conseguir concluir
o desenho, ganha um ponto; caso contrário, quem ganha um ponto é o primeiro jogador. Dois amigos,
Alberto e Dora, estão jogando o referido jogo. Alberto desenhou a figura a seguir e deu a seguinte dica
a Dora: "a forma em que pensei é a planificação de um prisma reto".

Dora completou o desenho com:


a) um pentágono e um retângulo.
b) um pentágono e quatro retângulos.
c) um pentágono e cinco retângulos.
d) dois pentágonos e quatro retângulos.
e) dois pentágonos e cinco retângulos.

11
Matemática

Gabarito

1. E
A primeira figura é uma pirâmide, pois todas as faces laterais apresentam um vértice em comum.
A segunda figura é um prisma, pois apresenta duas faces iguais e paralelas, pentágonos.
A terceira figura é um hexaedro, também chamado de cubo.

2. D
O sólido formado será um prisma pentagonal. Logo, o número de arestas é igual a 3  5 = 15 .

3. E
Analisando a planificação da figura, temos que o contorno não pode ser maior do que 115, assim:
x + 42 + 24 ≤ 115
x ≤ 49
Dessa maneira, o valor máximo de x é 49 cm.

4. E
Temos um cone formado com as informações dadas no enunciado onde temos um tronco de um cone
formado. Quando planificamos esse tronco de cone, a área dessa superfície lateral forma a figura da
alternativa da letra E.

5. D
Observando a planificação dos dados, percebemos que no dado mais a esquerda, as faces opostas aos
lado sem numeração são as faces 1 e 3. Já no dado mais a direita, as faces opostas aos lado sem
numeração são as faces 5 e 3. Assim, fazendo a soma dos resultados possíveis, encontramos 4, 6 ou 8.

6. C
A planificação deve apresentar uma base e quatro “meias laterais” adjacentes pintadas na visão
tridimensional. A única alternativa que apresenta tal imagem é a alternativa C.

7. C
Construindo o cubo, temos:

Portanto, as faces paralelas desse cubo são B-N, E-R, E-M.

12
Matemática

8. D

9. B
É imediato que P é um prisma pentagonal regular.
I. Verdadeira. De fato, pois P possui 15 arestas e 10 vértices.
II. Verdadeira. Com efeito, as bases de P são paralelas.
III. Falsa. É um prisma pentagonal regular.

10. C
A planificação deve apresentar duas bases impressas opostas e quatro laterais na visão tridimensional.
A única alternativa que apresenta tal imagem é a alternativa C.

11. C
Como se trata de um prisma, sabemos que teremos duas bases iguais. Assim, será preciso desenhar
mais um pentágono. Além disso, teremos cinco faces laterais, uma para aresta da base. Por fim, como
as faces laterais de um prisma reto são retângulos, será preciso desenhar 5 retângulos.

13
Matemática

Troncos

Resumo

Tronco de pirâmide
Considere uma pirâmide e uma secção transversal paralela à base. Denominamos tronco de
pirâmide à parte da pirâmide limitada pela base e pela secção transversal.
Elementos:

H1: altura total da pirâmide


H2: altura da pirâmide menor
A1: área da base maior do tronco
A2: área da base menor do tronco
L1: aresta da base
L2: aresta da secção transversal
Observando a figura podemos estabelecer as seguintes relações:
2 2
A 1  H1   L1 
3 3
V1  H1   L1 
=  =  =  = 
A 2  H2   L 2  e V2  H2   L2 

Apótema do tronco de uma pirâmide:

● As faces laterais do tronco de pirâmide são trapézios isósceles congruentes.


● O apótema do tronco é a altura do trapézio.

1
Matemática

Volume do tronco de pirâmide


O volume de tronco de pirâmide é a diferença entre o volume original e o volume da pirâmide
determinada pela secção transversal. E pode ser calculado pela expressão:

V=
H1
3 1
(
A + A 2 + A 1A 2 )
Tronco de cone circular reto
Considere um cone circular e uma secção transversal qualquer. Denominamos tronco de cone à
parte do cone limitada pela base e por essa secção transversal.

g: geratriz
h: altura
R: Raio maior
r: raio menor

Volume do tronco de cone


Seja um tronco de cone, de raios R e R’ e altura h. O volume desse tronco pode ser calculado através
da expressão:

h
=
3
( + + )

2
Matemática

Exercícios

1. Uma cozinheira, especialista em fazer bolos, utiliza uma forma no formato representado na
figura:

Nela identifica-se a representação de duas figuras geométricas tridimensionais. Essas


figuras são
a) um tronco de cone e um cilindro.
b) um cone e um cilindro.
c) um tronco de pirâmide e um cilindro.
d) dois troncos de cone.
e) dois cilindros.

2. Uma caixa de um perfume tem o formato de um tronco de pirâmide quadrangular regular


fechado. Para embrulhá-la, Pedro tirou as seguintes medidas: aresta lateral 5 cm e arestas
das bases 8 cm e 2 cm A quantidade total de papel para embrulhar esta caixa, supondo que
não haja desperdício é nem sobreposição de material, foi de:
a) 88 cm²
b) 168 cm²
c) 8m cm ²
d) 68 cm²
e) 148 cm²

3
Matemática

3. Considere um balde para colocação de gelo no formato de um tronco de cone circular reto
apresentando as medidas indicadas na figura a seguir.

Considerando que esse balde esteja com 25% de sua capacidade ocupada com gelo derretido
(água) e, consequentemente, com um volume de água igual a 0,097π litros, qual é o valor (em
cm) do raio da base maior R?
a) 8,5
b) 9
c) 8
d) 7,5

4. O volume do sólido gerado pela rotação completa da figura a seguir, em torno do eixo e é, em
cm³:

a) 38 𝜋
b) 54 𝜋
c) 92 𝜋
d) 112 𝜋
e) 128 𝜋

4
Matemática

5. Considerando um lustre de formato cônico com altura e raio da base igual a 0,25m, a
distância do chão (H) em que se deve pendurá-lo para obter um lugar iluminado em forma de
círculo com área de 25πm², é de

a) 12m.
b) 10m.
c) 8m.
d) 6m.
e) 5m.

6. Considere um cone de altura 4cm e um tronco deste cone de altura 3cm. Sabendo-se que este
tronco tem volume 21cm³, qual o volume do cone?
a) 53/3
b) 30
c) 64/3
d) 21
e) 33/3

5
Matemática

7. No filme “Enrolados”, os estúdios Disney recriaram a torre onde vivia a famosa personagem
dos contos de fadas Rapunzel (figura 1). Nesta recriação, podemos aproximar o sólido onde
se apoiava a sua morada por um cilindro círcular reto conectado a um tronco de cone, com
as dimensões indicadas na figura 2, feita fora de escala.

Para que o príncipe subisse até a torre, Rapunzel lançava suas longas tranças para baixo.
Nesta operação, suponha que uma das extremidades da trança ficasse no ponto A e a outra
no ponto C, onde
se encontrava o rapaz. Considerando que a trança ficasse esticada e perfeitamente
sobreposta à linha poligonal formada pelos segmentos 𝐴𝐵 e 𝐵𝐶, destacada em linha grossa
na figura 2, o comprimento da trança de rapunzel, em metros, é igual a
a) 35.
b) 38.
c) 40.
d) 42.
e) 45.

8. Uma pirâmide de 6cm de altura tem a base com 144cm² de área. A área da secção plana
paralela à base e distante 5cm do vértice é:
a) 100/3
b) 100
c) 120
d) 24
e) Nda

6
Matemática

9. Um reservatório de água tem formato de um cilindro circular reto de 3 m de altura e base com 1,2
m de raio, seguido de um tronco de cone reto cujas bases são círculos paralelos, de raios medindo
1,2 m e 0,6 m respectivamente, e altura 1m, como representado na figura a seguir.

1
Nesse reservatório, há um vazamento que desperdiça do seu volume por semana.
3
Considerando a aproximação 𝜋 ≅ 3 e sabendo que 1 dcm3 = 1L , esse vazamento é de:
a) 4.320 litros.
b) 15,48 litros.
c) 15.480 litros.
d) 12.960 litros.
e) 5.160 litros.

10. Considere o tronco de uma pirâmide regular de bases quadradas representado na figura a
seguir.

Se as diagonais das bases medem 10√2cm e 4√2cm, a área total desse tronco, em
centímetros quadrados, é
a) 168
b) 186
c) 258
d) 266
e) 284

11. Um salame tem a forma de um cilindro reto com 40 cm de altura e pesa 1 kg. Tentando servir
um freguês que queria meio quilo de salame, João cortou um pedaço, obliquamente, de modo
que a altura do pedaço varia entre 22 cm e 26 cm. O peso do pedaço é de:
a) 600 g
b) 610 g
c) 620 g
d) 630 g
e) 640 g

2
Matemática

Gabarito

1. D
É fácil ver que o sólido da figura é constituído por dois troncos de cone.

2. E
Considere a figura.

Sendo M o ponto médio de AD, e M’ o ponto médio de BC, segue que 𝐴′𝐵 = 4 − 1 = 3 𝑐𝑚

Logo, como 𝐴𝐵 = 5 𝑐𝑚, vem AA' = 4 cm . Portanto, a quantidade total de papel utilizada para
embrulhar a caixa, supondo que não haja desperdício e nem sobreposição de material, é igual
a
2 2 AD + BC 2+8
AD + BC + 4   AA' = 22 + 82 + 4   4 = 148 cm2
2 2
3. C
1
25% =
Como 0, 097 litros correspondem a 4 da capacidade do balda, temos que a
capacidade do balde é igual a 4  0,097 L = 388 cm .
3

Portanto, sabendo que a altura do balde mede 12 cm e o raio da base menor mede 3cm, vem
12 2
388 =
3
( R + 2 R + 32 )  R 2 + 3R − 88 = 0  R = 8 cm
.

4. E
Esse é o volume do tronco com um volume cilíndrico "oco" no meio
A fórmula do volume do tronco é
h
= ( + + )
3 .
Neste caso
h = 6 cm (altura do trapézio)
R = 3 + 3 = 6 cm (distância entre o eixo e o polígono + base maior)
r = 3 + 2 = 5 cm (distância entre o eixo e o polígono + base menor)
 .6
t =
3
( + + )= 
O volume "oco" é o de um cilindro

c =
h = 6 cm (altura do trapézio)
s = 3 cm (distância do eixo ao polígono)

c = = 
O volume pedido é o volume do tronco menos a parte "oca"
V = 182 π - 54 π = 128 π

3
Matemática

5. E
Área da base do menor cone: πr²
Isso conclui-se que o raio do chão é 5
Portanto:
0, 25 0, 25
=
5 h
h=5 m
6. C
Volume do cone acima do tronco = V1
Volume do tronco = V2
Volume total: V1 + V2
Sendo h1 = 1 e h2 = 3 e a razão de semelhança k = 1/4, temos:
V1
= k³
V1 + V2
V1 1
=
V1 + 21 64
64V1 = V1 + 21
21 1
V1 = =
63 3
Portanto, o volume total é:
1 64
V1 + V2 = + 21 =
3 3
7. A
Considerando que a medida da trnaça sera dada por: AB + BC = x + 30, temos:

x 2 = 32 + 42  x = 5m
Logo, o tamanho da trança de Rapunzel será dado por:
5 + 30 = 35m.

8. B
A pirâmide grande e a pequena são semelhantes. A grande possui altura h = 6 e área da base
Sb = 144. Sabemos que a pirâmide pequena tem h = 5 e queremos calcular a área da base.
Assim, por semelhança, temos:

4
Matemática

2
5 x
  =
 6  144
x = 100
9. E
O volume do reservatório, em decímetros cúbicos, é dado por
  10
  122  30 +
3
(12 2
+ 12  6 + 62 )  12960 + 2520  15480.
Assim, tem-se que a resposta é
1
 15480 = 5.160L
3 .

10. E
Sejam:
L: lado da base maior
l: lado da base menor
a: apótema do tronco
Como as bases são quadradas, e sabemos que quadrados tem diagonal L√2, podemos
calcular L e l:
L√2 = 10√2
L = 10 cm
l√2 = 4√2
l = 4 cm
Sejam O e O' os centros das base menor e maior
Seja OP a base menor do trapézio → OP = l/2 → OP = 2
Seja O'Q a base maior do trapézio → O'Q = 10/2 → O'Q = 5
Seja H o pé da perpendicular de P sobre O'H = OP → O'H = 2
Trace PH formando o triângulo retângulo PHQ
HQ = O'Q - O'H → HQ = 5 - 2 → HQ = 3 é o cateto menor do triângulo retângulo a é a hipotenusa
do triângulo: cos60º = 3/a → 1/2 = 3/a → a = 6
área total → área da base maior + área da base menor + 4 x área do trapézio
 6
St = 100 + 16 + 4 (10 + 4 )  = 116 + 168 = 284 cm²
 2

11. A
Como a altura varia entre 22 cm e 26 cm, usaremos a altura média entre esses 2 valores, logo:
22 + 26
= 24
2 .
Como a área da base será a mesma, temos que um cilindro com 40 cm de altura pesa 1kg,
queremos saber quando pesará um com 24 cm.
40 cm ------ 1kg
24 cm ------ x
x = 0,6 kg = 600g

5
Matemática

Medidas de Centralidade

Resumo

Em Estatística, medidas de centralidade são usadas para representar toda uma lista de observações com um
único valor. Já as medidas de dispersão mostram o quão esticada ou espremida está uma distribuição de
observações.

Média
Média aritmética simples
A média aritmética simples de um conjunto {𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 } de n valores para a variável x , é dada pelo
quociente entre a soma dos valores observados e o número total valores:

x1 + x2 + ... + xn
X=
n
Ex.: Seja um grupo de 3 pessoas e k o conjunto das idades dessas 3 pessoas. K= {12, 10, 11}. Calculando a
média da idade desse grupo, temos:
12 + 10 + 11 33
X= = = 11 anos
3 3

Média aritmética ponderada


A média aritmética ponderada de um conjunto {𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 } de n valores para a variável x , onde cada valor
tem seu peso p, é dada pela expressão:

x1 p1 + x2 p2 + ... + xn pn
X=
p1 + p2 + ... + pn

Ex.: Para passar no curso de matemática devemos obter média 7, sendo que a p1 tem peso 1 e a p2 tem
peso 2. Dessa maneira calculamos a média da seguinte maneira:

p1.1 + p2 2
X=
3
Média geométrica
A média geométrica é definida como a raíz n-ésima do produto de n elementos de um conjunto {𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 } .
Assim:

G = n x1.x 2 .x 3 .x 4 . ... .x n
Ex.: A população da cidade A cresceu 2000 habitantes no ano 1, cresceu 1000 no ano 2 e 32000 no ano 3.
Qual a média geométrica do crescimento dessa cidade.
3 3
Como se trata de 3 elementos, devemos calcular: √2000.1000.32000 = √64.109 = 4.103 = 4000

1
Matemática

Média Harmônica
Dado o conjunto formado por n elementos {𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 }. A média harmônica é dada por:

n
H=
1 1 1 1
+ + + ... +
x1 x 2 x 3 xn

Essa média costuma aparecer em contextos que envolvem grandezas inversamente proporcionais.
Ex: Durante uma viagem, um ônibus de turismo mantém a velocidade a 60 km/h na metade do percurso e no
reto 70 km/h. Qual a velocidade média desse ônibus?

2 2 420 840
H= = = 2. =  64, 6km / h
6+7 13 13 13
420 420
Aproximadamente 64,6 km/h

Moda
É valor de maior frequência em uma série de dados, o que mais se repete.
Ex: Alguns alunos fizeram a segunda chamada de uma prova de matemática. Suas notas foram tabuladas na
tabela abaixo:
Aluno Nota
Aluno 1 2
Aluno 2 7
Aluno 3 3
Aluno 4 4
Aluno 5 3
Aluno 6 3,5

A nota que mais aparece no conjunto de dados é a nota 3. Portanto, a moda é 3.

Mediana
Ordenando as observações de uma variável de forma crescente ou descrescente (Rol), a mediana é a
observação que ocupa o valor central.
Ex.: A quantidade de atrasos dos alunos de uma turma, registrados por mês, de março a novembro, formam
o seguinte conjunto de dados: 23, 34, 21, 48, 51, 20, 38, 29, 13.
Ordenando esses dados de forma crescente, temos: 13 – 20 – 21 – 23 – 29 – 34 – 38 – 48 – 51. Como há 9
observações, a observação central é a quinta: 13 – 20 – 21 – 23 – 29 – 34 – 38 – 48 – 51. Portanto, a mediana
é igual a 29.
Cuidado! E se a quantidade de elementos da amostra não for um número ímpar? Se o tamanho da amostra
for par, então não terá um elemento central. Dessa maneira, precisamos fazer a média aritmética simples
entre os dois centrais.
Ex.: Seja uma amostra A = {1, 2, 7, 4}. Para calcular a mediana, precisamos colocar os elementos em ordem:
2+4
1, 2, 4, 7. Agora, fazemos a média aritmética simples entre os dois termos centrais: = 3. Assim, 3 é a
2
mediana.

2
Matemática

Exercícios

1. Uma loja que vende sapatos recebeu diversas reclamações de seus clientes relacionadas à venda de
sapatos de cor branca ou preta. Os donos da loja anotaram as numerações dos sapatos com defeito e
fizeram um estudo estatístico com intuito de reclamar com o fabricante. A tabela contém a média, a
mediana e a moda desses dados anotados pelos donos.

Para quantificar os sapatos pela cor, os donos representaram a cor branca pelo número 0 e a cor preta
pelo número 1. Sabe-se que a média da distribuição desses zeros e uns é igual a 0,45. Os donos da loja
decidiram que a numeração dos sapatos com maior número de reclamações e a cor com maior número
de reclamações não serão mais vendidas. A loja encaminhou um ofício ao fornecedor dos sapatos,
explicando que não serão mais encomendados os sapatos de cor
a) branca e os de número 38.
b) branca e os de número 37.
c) branca e os de número 36.
d) preta e os de número 38.
e) preta e os de número 37.

2. O quadro seguinte mostra o desempenho de um time de futebol no último campeonato. A coluna da


esquerda mostra o número de gols marcados e a coluna da direita informa em quantos jogos o time
marcou aquele número de gols.

Se X, Y e Z são, respectivamente, a média, a mediana e a moda desta distribuição, então


a) X = Y < Z.
b) Z < X = Y.
c) Y < Z < X.
d) Z < X < Y.
e) Z < Y < X.

3
Matemática

3. Ao iniciar suas atividades, um ascensorista registra tanto o número de pessoas que entram quanto o
número de pessoas que saem do elevador em cada um dos andares do edifício onde ele trabalha. O
quadro apresenta os registros do ascensorista durante a primeira subida do térreo, de onde partem ele
e mais três pessoas, ao quinto andar do edifício.

Com base no quadro, qual é a moda do número de pessoas no elevador durante a subida do térreo ao
quinto andar?
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

4. Em uma seletiva para a final dos 100 metros livres de natação, numa olimpíada, os atletas, em suas
respectivas raias, obtiveram os seguintes tempos:

A mediana dos tempos apresentados no quadro é


a) 20,70.
b) 20,77.
c) 20,80.
d) 20,85.
e) 20,90.

5. Um gerente decidiu fazer um estudo financeiro da empresa onde trabalha analisando as receitas anuais
dos três últimos anos. Tais receitas são apresentadas no quadro.

Estes dados serão utilizados para projetar a receita mínima esperada para o ano atual (ano IV), pois a
receita esperada para o ano IV é obtida em função das variações das receitas anuais anteriores,
utilizando a seguinte regra: a variação do ano IV para o ano III será igual à variação do ano III para o II
adicionada à média aritmética entre essa variação e a variação do ano II para o I. O valor da receita
mínima esperada, em bilhão de reais, será de
a) 10,0.
b) 12,0.
c) 13,2.
d) 16,8.
e) 20,6.

4
Matemática

6. O quadro apresenta a quantidade de um tipo de pão vendido em uma semana em uma padaria.

O dono da padaria decidiu que, na semana seguinte, a produção diária desse tipo de pão seria igual ao
número de pães vendidos no dia da semana em que tal quantidade foi a mais próxima da média das
quantidades vendidas na semana. O dia da semana utilizado como referência para a quantidade de
pães a serem produzidos diariamente foi
a) domingo.
b) segunda-feira.
c) terça-feira.
d) quarta-feira.
e) sábado.

7. O preparador físico de um time de basquete dispõe de um plantel de 20 jogadores, com média de altura
igual a 1,80m. No último treino antes da estreia em um campeonato, um dos jogadores desfalcou o
time em razão de uma séria contusão, forçando o técnico a contratar outro jogador para recompor o
grupo. Se o novo jogador é 0,20m mais baixo que o anterior, qual é a média de altura, em metro, do novo
grupo?
a) 1,60
b) 1,78
c) 1,79
d) 1,81
e) 1,82

8. Em uma fábrica de refrigerantes, é necessário que se faça periodicamente o controle no processo de


engarrafamento para evitar que sejam envasadas garrafasfora da especificaçãodovolume escritono
rótulo. Diariamente, durante 60 dias, foram anotadas as quantidades de garrafas fora dessas
especificações. O resultado está apresentado no quadro.

A média diária de garrafas fora das especificações no período considerado é


a) 0,1.
b) 0,2.
c) 1,5.
d) 2,0.
e) 3,0.

5
Matemática

9. Um país decide investir recursos na educação em suas cidades que tenham um alto nível de
analfabetismo. Os recursos serão divididos de acordo com a idade média da população que é
60
analfabeta, conforme apresentado no quadro. Uma cidade desse país possui do total de
100
analfabetos de sua população composto por mulheres. A média de idade das mulheres analfabetas é
de 30 anos, e a média de idade dos homens analfabetos é de 35 anos.

Considerando a média de idade da população analfabeta dessa cidade, ela receberá o recurso
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.

10. Os alunos de uma turma escolar foram divididos em dois grupos. Um grupo jogaria basquete, enquanto
o outro jogaria futebol. Sabe-se que o grupo de basquete é formado pelos alunos mais altos da classe
e tem uma pessoa a mais do que o grupo de futebol. A tabela seguinte apresenta informações sobre
as alturas dos alunos da turma

Os alunos P, J, F e M medem, respectivamente, 1,65 m, 1,66 m, 1,67 m e 1,68 m, e as suas alturas não
são iguais a de nenhum outro colega da sala. Segundo essas informações, argumenta-se que os
alunos P, J, F e M jogaram, respectivamente,
a) basquete, basquete, basquete, basquete.
b) futebol, basquete, basquete, basquete.
c) futebol, futebol, basquete, basquete.
d) futebol, futebol, futebol, basquete.
e) futebol, futebol, futebol, futebol.

6
Matemática

Gabarito

1. A
Sabendo que a média da distribuição de zeros e uns é igual a 0,45 < 0,50 podemos concluir que existem
mais sapatos na cor branca do que na cor preta. Além disso, como a Moda da numeração dos sapatos
com defeito é 38, segue que os sapatos na cor branca de número 38 não serão mais encomendados.

2. E
0,5 + 1,3 + 2, 4 + 3,3 + 4, 2 + 5, 2 + 7,1
Média = = 2, 25
20
2+2
Mediana = = 2 (média aritmética dos termos centrais).
2
Moda =0 (nota de maior frequência)

3. D
Considerando as entradas e saídas de pessoas do elevador, tem-se os seguintes resultados: 4,5,5,5,7 e
3. Portanto, a moda é 5.

4. D
Escrevendo os tempos em ordem crescente, temos 20, 5; 20, 6; 20, 6; 20, 8; 20, 9; 20, 9; 20, 9; 20, 96.
Logo, o tempo mediano é dado por
20,8 + 20,9
= 20,85
2

5. C
7,4−4,2+4,2−2,2
Se x é a variação do ano IV para o III, então 𝑥 = 7,4 − 4,2 + = 3,2 + 2,6 = 5,8
2
A resposta é 7, 4 + 5,8 = 13, 2

6. C
Sendo a média é igual a
250 + 208 + 215 + 251 + 187 + 187 + 186
= 212
7
Podemos afirmar que a resposta é terça-feira. De fato, pois |215 − 212| = 3 < 4 = |208 − 212|

7. C
Seja xi a altura do jogador i, com 1  i  20 e i  . Logo, temos
20

x i 20
1,8 = i =1
  xi = 36
20 i =1
Portanto, segue que a resposta é dada por
36 − 0, 2
= 1, 79m .
20

7
Matemática

8. B
A resposta é dada por
0  52 + 1 5 + 2  2 + 3 1 12
= = 0, 2
52 + 5 + 2 + 1 60

9. C
60 60 40
Se do total de analfabetos da população é composto por mulheres, então 1 − = é
100 100 100
composto por homens.
Logo, a média de idade da população analfabeta é
60 40
30  + 35  = 32
100 100
Nesse caso, ela receberá o recurso III.

10. C
Se o grupo de basquete possui um aluno a mais do que o grupo de futebol, então o número total de
alunos é ímpar. Em consequência, sabendo que a mediana divide uma série de dados em duas outras
séries com o mesmo número de observações, podemos concluir que o aluno F joga basquete, uma vez
que sua altura é a mediana. Portanto, P joga futebol, J joga futebol e M joga basquete.

8
Matemática

Medidas de dispersão

Resumo

Medidas de dispersão
As medidas de dispersão determinam o grau de variação, ou seja, determinam a variação dos números de um
conjunto de informações numéricas com relação à média desse conjunto. A utilização dessas medidas torna
uma análise mais confiável, uma vez que elas medem o quão homogênea uma amostra é. Como medidas de
dispersão, temos a amplitude, o desvio, o desvio médio, a variância e o desvio padrão.

Amplitude
É definida como a diferença entre o maior valor e o menor valor de um conjunto de dados.
X 1  X 2  X 3  ...  X n
Amplitude = X n − X 1
Desvio
É definido como a distância entre um dos elementos e a média aritimética de um conjunto. Sendo assim,
para cada elemento do conjunto, o desvio pode ser diferente.
Seja X =  x1 , x2 , x3 , ... , xn 

D ( x ) = xn − X

Desvio médio
É definido como a média aritimética dos desvios de cada um dos elementos de um conjunto.
Seja X =  x1 , x2 , x3 , ... , xn 

x1 − X + x2 − X + ... + xn − X
Dm =
n

Variância
A variância é a média aritmética dos desvios quadrados, ou seja, basta elevar os devios ao quadrado e fazer
a média.

( x − X) + ( x ) ( )
2 2 2
− X + ... + xn − X
Var ( x ) =
1 2

Desvio padrão
O desvio padrão de um conjunto de dados é calculado tirando a raiz quadrada da sua variância.

DP ( x ) = Var ( x )

1
Matemática

Exercícios

1. Um fiscal de certa empresa de ônibus registra o tempo, em minuto, que um motorista novato gasta
para completar certo percurso. No Quadro 1 figuram os tempos gastos pelo motorista ao realizar o
mesmo percurso sete vezes. O Quadro 2 apresenta uma classificação para a variabilidade do tempo,
segundo o valor do desvio padrão.

Com base nas informações apresentadas nos quadros, a variabilidade do tempo é


a) extremamente baixa.
b) baixa.
c) moderada.
d) alta.
e) extremamente alta.

2. Em um concurso, as notas finais dos candidatos foram as seguintes:

Com base na tabela anterior, é correto afirmar que a variância das notas finais dos candidatos foi de:
a) 0,75
b) 0,65

c) √0,65

d) √0,85
e) 0,85

2
Matemática

3. Um produtor de café irrigado em Minas Gerais recebeu um relatório de consultoria estatística,


constando, entre outras informações, o desvio padrão das produções de uma safra dos talhões de sua
propriedade. Os talhões têm a mesma área de 30 000 m² e o valor obtido para o desvio padrão foi de
90 kg/talhão. O produtor deve apresentar as informações sobre a produção e a variância dessas
produções em sacas de 60 kg por hectare (10 000 m²). A variância das produções dos talhões expressa
em (sacas/hectare)² é
a) 20,25.
b) 4,50.
c) 0,71.
d) 0,50.
e) 0,25.

4. O procedimento de perda rápida de “peso” é comum entre os atletas dos esportes de combate. Para
participar de um torneio, quatro atletas da categoria até 66 kg, Peso-Pena, foram submetidos a dietas
balanceadas e atividades físicas. Realizaram três “pesagens” antes do início do torneio. Pelo
regulamento do torneio, a primeira luta deverá ocorrer entre o atleta mais regular e o menos regular
quanto aos “pesos”. As informações com base nas pesagens dos atletas estão no quadro.

Após as três “pesagens”, os organizadores do torneio informaram aos atletas quais deles se
enfrentariam na primeira luta. A primeira luta foi entre os atletas:
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

3
Matemática

5. Marco e Paulo foram classificados em um concurso. Para classificação no concurso o candidato


deveria obter média aritmética na pontuação igual ou superior a 14. Em caso de empate na média, o
desempate seria em favor da pontuação mais regular. No quadro a seguir são apresentados os pontos
obtidos nas provas de Matemática, Português e Conhecimentos Gerais, a média, a mediana e o desvio
padrão dos dois candidatos. Dados dos candidatos no concurso

O candidato com pontuação mais regular, portanto mais bem classificado no concurso, é

a) Marco, pois a média e a mediana são iguais


b) Marco, pois obteve menor desvio padrão
c) Paulo, pois obteve a maior pontuação da tabela, 19 em Português
d) Paulo, pois obteve maior mediana
e) Paulo, pois obteve maior desvio padrão

6. Em uma escola, cinco atletas disputam a medalha de ouro em uma competição de salto em distância.
Segundo o regulamento dessa competição, a medalha de ouro será dada ao atleta mais regular em
uma série de três saltos. Os resultados e as informações dos saltos desses cinco atletas estão no
quadro.

A medalha de ouro foi conquistada pelo atleta número

a) I
b) II
c) III
d) IV
e) V

4
Matemática

7. Em uma corrida de regularidade, a equipe campeã é aquela em que o tempo dos participantes mais se
aproxima do tempo fornecido pelos organizadores em cada etapa. Um campeonato foi organizado em
5 etapas, e o tempo médio de prova indicado pelos organizadores foi de 45 minutos por prova. No
quadro, estão representados os dados estatísticos das cinco equipes mais bem classificadas Dados
estatísticos das equipes mais bem classificadas (em minutos)

Utilizando os dados estatísticos do quadro, a campeã foi a equipe

a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.

8. Numa competição esportiva, cinco atletas estão disputando as três primeiras colocações da prova de
salto em distância. A classificação será pela ordem decrescente da média aritmética de pontos obtidos
por eles, após três saltos consecutivos na prova. Em caso de empate, o critério adotado será a ordem
crescente do valor da variância. A pontuação de cada atleta está apresentada na tabela a seguir:

Com base nas informações apresentadas, o primeiro, o segundo e o terceiro lugares dessa prova foram
ocupados, respectivamente, pelos atletas
a) A; C; E.
b) B; D; E.
c) E; D; B.
d) B; D; C.
e) A; B; D.

9. Uma lista de quatro números inteiros tem média 7 e diferença entre o maior e o menor dos números
igual a 24. A moda e mediana da lista são, ambas, iguais a 8. Assim o desvio padrão da lista é igual a:

a) √69
b) √70
c) √71
d) √72
e) √73

5
Matemática

10. O serviço de atendimento ao consumidor de uma concessionária de veículos recebe as reclamações


dos clientes via telefone. Tendo em vista a melhoria nesse serviço, foram anotados os números de
chamadas durante um período de sete dias consecutivos. Os resultados obtidos foram os seguintes:

Sobre as informações contidas nesse quadro, considere as seguintes afirmativas:


I. O número médio de chamadas dos últimos sete dias foi 6.
II. A variância dos dados é 4.
III. O desvio padrão dos dados é √2 .
Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.


b) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
e) As afirmativas I, II e III são verdadeiras

6
Matemática

Gabarito

1. B
Considere a tabela

Portanto, a variabiliadade do tempo é baixa

2. E
Inicialmente, deve-se calcular a media ( x ) que nesse caso será ponderada:
7.6 + 2.7 + 9
x= = 6,5
10
Assim, a variância será:
7.(6 − 6,5)² + 2.(7 − 6,5)² + (9 − 6,5)²
var = = 0,85
10

3. E

=0,25

7
Matemática

4. C
O menos regular é o que apresenta maior desvio padrão e o mais regular é o que apresenta menor
desviopadrão. Portanto, a luta será entre os atletas II e III.

5. B
Alternativas B, pois o desvio-padrão nos mostras qual candidato manteve uma maior regularidade
(proximidade da média), já que as médias foram iguais.

6. C
O atleta número III foi o mais regular, pois apresentou o menor desvio padrão.

7. C
A equipe campeã será aquela que apresenta a moda mais próxima da média estabelecida e cujo desvio
padrão seja o menor. Portanto, a equipe III foi a campeã.

8. A
É fácil ver que a média aritmética dos pontos obtidos por cada atleta é igual a 6, já que todos somaram
18 pontos e foram realizados três saltos. Por outro lado, calculando a variância dos pontos de cada atleta,
obtemos

Portanto, como VarA < VarC < VarE < VarD < VarB, segue-se que o primeiro, o segundo e o terceiro lugares
dessa prova foram ocupados, respectivamente, pelos atletas A, C e E.

9. E

8
Matemática

10. A
I. Verdadeira:
3+ 4+ 6+9+5+ 7 +8
x= =6
7

II. Verdadeira
(3 − 6)² + (4 − 6)² + (6 − 6)² + (5 − 6)² + (7 − 6)² + (8 − 6)²
var = =4
7
III. Falsa
DP = var = 4 = 2

9
Matemática

Esfera

Resumo

Esfera
Esfera é um sólido limitado por uma superfície esférica fechada e que tem todos os seus pontos à mesma
distância de um ponto em seu interior.

Área da superfície esférica


Seja uma esfera de centro O e raio R. A área da superfície esférica é dada pela fórmula:

Sesf = 4 R²
Volume de uma esfera
Como Arquimedes deduziu a fórmula da esfera?
Arquimedes pegou um cilindro de raio r e encheu-o de líquido. Colocou um recipiente por baixo do cilindro e,
em seguida colocou dentro do cilindro uma esfera de raio r. Ao fazê-lo o líquido que estava dentro do cilindro
transbordou para o recipiente. Deitou fora o líquido que sobrou (dentro do cilindro) e colocou o líquido do
recipiente novamente dentro do cilindro verificou assim que o líquido da esfera ocupava 2/3 do cilindro:

2 2 2 4 r ³
Vesfera = Vcilindro =  Ab  h =   r 2  2r =
3 3 3 3
Logo:
4 R ³
Vesf =
3

1
Matemática

Secção em uma esfera


Toda seção plana de uma esfera é um círculo. Sendo R o raio da esfera, d a distância do plano secante ao
centro e r o raio da seção, observe:

Assim, pelo triângulo pitagórico, temos que:

R² = d ² + r ²
Calota esférica
Se cortarmos a esfera por um plano que não contém seu centro, as superfícies formadas se chamarão
de calotas esféricas.

A área da calota esférica é dada pela fórmula Scalota = 2 r  h


h  h2
O volume da calota esférica é dado pela fórmula Vcalota =
6
(3r 2
+ h2 ) =
3
(3R − h )
Fuso e cunha esférica
O fuso esférico é uma parte da superfície esférica que se obtém ao girar uma
semicircunferência de um ângulo  em torno de seu eixo.
Já a cunha esférica é a parte da esfera que se obtém ao girar um semicírculo em
torno de seu eixo de um ângulo  . A área e o volume do fuso esférico e da cunha
esférica, respectivamente, podem ser obtidos por uma regra de três simples:

360 − − − − 4 r 2 4 r 3
360 − − − −
e 3
 − − − − − − S fuso
 − − − − − − Vcunha
Assim, chegamos nas fórmulas:
 r 3  r 2
Vcunha = e S fuso =
270 90

2
Matemática

Exercícios

1. Para decorar uma mesa de festa infantil, um chefe de cozinha usará um melão esférico com diâmetro
medindo 10 cm, o qual servirá de suporte para espetar diversos doces. Ele irá retirar uma calota
esférica do melão, conforme ilustra a figura, e, para garantir a estabilidade deste suporte, dificultando
que o melão role sobre a mesa, o chefe fará o corte de modo que o raio r da seção circular de corte
seja de pelo menos 3 cm. Por outro lado, o chefe desejará dispor da maior área possível da região em
que serão afixados os doces.

Para atingir todos os seus objetivos, o chefe deverá cortar a calota do melão numa altura h, em
centímetro, igual a
√91
a) 5−
2

b) 10 − √91
c) 1
d) 4
e) 5

2. Oscar Niemayer é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na arquitetura
moderna internacional. Ele contribuiu, através de uma doação de um croqui, para a construção do
planetário da UFSM, um marco arquitetônico importante da cidade de Santa Maria.

Suponha que a cobertura da construção seja uma semiesfera de 28 m de diâmetro, vazada por 12
partes iguais, as quais são aproximadas por semicírculos de raio 3 m. Sabendo que uma lata de tinta
é suficiente para pintar 39 m2 de área, qual a quantidade mínima de latas de tinta necessária para
pintar toda a cobertura do planetário? (Use π = 3)
a) 20.
b) 26.
c) 40.
d) 52.
e) 60.

3
Matemática

3. Na fotografia abaixo, observam-se duas bolhas de sabão unidas.

Quando duas bolhas unidas possuem o mesmo tamanho, a parede de contato entre elas é plana,
conforme ilustra o esquema:

Considere duas bolhas de sabão esféricas, de mesmo raio R, unidas de tal modo que a distância entre
seus centros A e B é igual ao raio R. A parede de contato dessas bolhas é um círculo cuja área tem a
seguinte medida:

𝜋𝑅 2
a)
2

3𝜋𝑅 2
b)
2

3𝜋𝑅 2
c)
4

4𝜋𝑅 2
d)
3

e) 𝜋𝑅 2

4. Derretendo uma peça maciça de ouro de forma esférica, quantas peças da mesma forma se pode
confeccionar com este ouro, se o raio das novas peças é um terço do raio da anterior? Admita que não
houve perda de ouro durante o derretimento.
a) 3
b) 9
c) 18
d) 21
e) 27

4
Matemática

5. Na figura estão representados três sólidos de mesma altura h - um cilindro, uma semi-esfera e um
prisma - cujos volumes são V1, V2‚ e V3, respectivamente.

A relação entre V1, V2‚ e V3 é:


a) V3 < V 2 < V 1
b) V2 < V 3 < V 1
c) V1 < V 2 < V 3
d) V3 < V 1 < V 2
e) V2 < V 1 < V 3

6. Uma empresa que fabrica esferas de aço, de 6 cm de raio, utiliza caixas de madeira, na forma de um
cubo, para transportá-las. Sabendo que a capacidade da caixa é de 13.824 cm³, então o número
máximo de esferas que podem ser transportadas em uma caixa é igual a:
a) 4.
b) 8.
c) 16.
d) 24.
e) 32.

7. Um artista plástico construiu, com certa quantidade de massa modeladora, um cilindro circular reto
cujo diâmetro da base mede 24 cm e cuja altura mede 15 cm. Antes que a massa secasse, ele resolveu
transformar aquele cilindro em uma esfera. Analisando as características das figuras geométricas
envolvidas, conclui-se que o raio R da esfera assim construída é igual a:
a) 15
b) 12
c) 24
3
d) 3 √60
3
e) 6 √60

5
Matemática

8. Considere que uma laranja tem a forma de uma esfera de raio 4 cm, composta de 12 gomos
exatamente Iguais. A superfície total de cada gomo mede:
43 𝜋
a) cm2
3
43 𝜋
b) cm2
9
42 𝜋
c)
3
cm2
42 𝜋
d) cm2
9
e) 43 𝜋 cm2

9. Tem-se um recipiente cilíndrico, de 3 cm de raio, com água. Se mergulharmos inteiramente uma


bolinha nesse recipiente, o nível da água sobe cerca de 1,2 cm. Sabe-se então, que o raio da bolinha,
desprezando-se as casas decimais, vale:
a) 1 cm
b) 1,5 cm
c) 2 cm
d) 2,5 cm
e) 3cm

10. Diferentes tipos de nanomateriais são descobertos a cada dia, viabilizando produtos mais eficientes,
leves, adequados e, principalmente, de baixo custo. São considerados nanomateriais aqueles cujas
−9
dimensões variam entre 1 e 100 nanômetros (nm), sendo que 1 nm equivale a 10 m, ou seja, um
bilionésimo de metro.Uma das características dos nanomateriais refere-se à relação entre seu volume
e sua área superficial total. Por exemplo, em uma esfera maciça de 1 cm de raio, a área superficial e o
4
volume valem 4𝜋 cm² e 𝜋 cm³, respectivamente. O conjunto de nanoesferas de 1 nm de raio, que
3
possui o mesmo volume da esfera dada, tem a soma de suas áreas superficiais
a) 10 vezes maior que a da esfera.
b) 103 vezes maior que a da esfera.
c) 105 vezes maior que a da esfera.
d) 107 vezes maior que a da esfera.
e) 109 vezes maior que a da esfera.

6
Matemática

Gabarito

1. C

Observando o triângulo pitagórico OAB, temos OA = 4 .


Logo, h + 4 = 5.
h = 1.

2. B
Observe:

3. C
Considerando um ponto C pertencente à circunferência de contato das duas bolhas, têm-se

AB = AC = BC = R e o triângulo equilátero ABC.

Prolongando-se a altura relativa ao vértice C até o ponto D da mesma circunferência, tem-se o diâmetro
CD do círculo de contato. O raio X desse círculo corresponde à altura do triângulo equilátero ABC.

2
R 3  R 3  3 R²
. Portanto, a área do círculo é S =  .x ² =  
Assim, x =
 2  = 4
2  

7
Matemática

4. E
Primeiro, calculamos o volume da esfera maior e depois calculamos o volume da esfera menor:
4
Vmaior =  R ³
3
3
4 R 4 R³
Vmenor =    = Vmaior = 
3 3 3 27
Por fim, dividimos uma pela outra:
4
Vmaior
 R³
= 3 = 27
Vmenor 4  R ³
3 27

5. E
Observe:
Vcilindro =  r ² h =  r ³
4 r ³
Vsemiesfera =
6
Vparalelepípedo = (2r )(2r )(h) = 4r ² h = 4r ³
Assim, V3 > V1 > V2, ou V2 < V1 < V3

6. B
a3 = 13824  a = 24
Diâmetro da esfera = 12
No comprimento do cubo podemos colocar 2 esferas.
Na largura do cubo podemos colocar 2 esferas.
Na altura do cubo podemos colocar 2 esferas.
Logo, o número de esferar será 2 2 2 = 8

7. D
Volume do cilindro =  R H =  12 15
2 2

4
 R3 =  122 15  R = 3 3 60
3

8
Matemática

8. A

A área total de cada gomo é a soma das áreas de um fuso esférico como as áreas de dois semicírculos.

9. C
Temos que o o volume da esfera é justamente o desnível da água, ou seja:
4 R ³
Vesfera = =  3²(1, 2)
3

Resolvendo a equação, temos que R ≈ 2.

10. D

9
Matemática

Inscrição e circunscrição de sólidos

Resumo

Nesta aula apresentaremos através de exemplos inscrição e circunscrição dos sólidos mais
comuns: prisma, pirâmide, cilindro, cone e esfera.

Esfera e Cubo
Esfera inscrita em cubo Esfera circunscrita em cubo

O diâmetro da esfera será igual a aresta do cubo O diâmetro da esfera será igual a diagonal do cubo

a
2r = a  r =
2 a 3
2r = a 3  r =
2

Prisma e cilindro
Prisma inscrito em cilindro Prisma circunscrito em cilindro

O raio da base do cilindro é o raio da circunferência O raio da base do cilindro é o raio da circunferência
circunscrita à base do prisma. inscrita à base do prisma.

1
Matemática

Pirâmide e cone
Pirâmide inscrita em cone Pirâmide circunscrita em cone

O raio da base do cone é o raio da circunferência O raio da base do cone é a apótema da base da
circunscrita à base da pirâmide. pirâmide. A geratriz do cone é o apótema da
pirâmide.

Cilindro e cone
Cilindro Circular reto inscrito em cone reto

Usando os elementos indicados nas figuras, temos:

g r H −h
ADE ABC  = =
G R H
G −g R −r h
EDF ABC  = =
G R H
g r H −h
ADE EFC  = =
G −g R −r h

2
Matemática

Cilindro e esfera
Cilindro inscrito numa esfera

O raio da base r e a altura h de um cilindro inscrito numa esfera de raio R possuem a seguinte relação:

( 2r ) + h 2 = ( 2R )
2 2

Cilindro circunscrito a uma esfera

O cilindro circunscrito a uma esfera é um cilindro equilátero cujo raio da base é igual ao raio da
esfera h = 2r

3
Matemática

Exercícios

1. Uma esfera de raio R está inscrita em um cilindro. O volume do cilindro é igual a:

 r³
a) 3
2 r ³
b) 3

c)  r³
d) 2r ³

e) 2 r ³

2. Uma metalúrgica recebeu uma encomenda para fabricar, em grande quantidade, uma peça
com o formato de um prisma reto com base triangular, cujas dimensões da base são 6 cm, 8
cm e 10 cm e cuja altura e 10 cm. Tal peça deve ser vazada de tal maneira que a perfuração
na forma de um cilindro circular reto seja tangente as suas faces laterais, conforme mostra
a figura. O raio da perfuração da peça é igual a:

a) 1 cm
b) 2 cm
c) 3 cm
d) 4 cm
e) 5 cm

4
Matemática

3. Uma esfera de centro A e raio igual a 3dm é tangente ao plano  de uma mesa em um ponto
T. Uma fonte de luz encontra-se em um ponto F de modo que F, A e T são colineares.

Observe a ilustração. Considere o cone de vértice F cuja base é o círculo de centro T definido
pela sombra da esfera projetada sobre a mesa. Se esse círculo tem área igual à da superfície
esférica, então a distância FT, em decímetros, corresponde a:
a) 10
b) 9
c) 8
d) 7

4. Um cubo tem quatro vértices nos pontos médios das arestas laterais de uma pirâmide
quadrangular retangular, e os outros quatro na base da pirâmide, e os outros quatro na base
da pirâmide, como mostra a figura abaixo.

Qual é a razão entre o volume do cubo e o volume da pirâmide?


3
a)
4
1
b)
2
3
c)
8
1
d)
8

5
Matemática

5. Um cone circular reto está inscrito em um paralelepípedo reto retângulo, de base quadrada,
3
como mostra a figura. A razão b/a entre as dimensões do paralelepípedo é e o volume do
2
cone é π. Então, o comprimento g da geratriz do cone é

a) √5

b) √6
c) √7
d) √10
e) √11

6. Um designer criou pesos para papel usando cubos e esferas. Nas peças criadas a esfera está
inscrita no cubo, que tem aresta medindo 6 cm. Para dar um efeito visual, ele colocou na parte
interna do cubo, e externa à esfera, um líquido vermelho. Com 1 litro desse líquido o designer
pode confeccionar no máximo quantas peças?
a) 9
b) 12
c) 18
d) 24
e) 27

6
Matemática

7. Bolas de tênis são vendidas, normalmente, em embalagens cilíndricas contendo 3 unidades.

Supondo-se que as bolas têm raio a em centímetros e tangenciam as paredes internas da


embalagem, o espaço interno dessa embalagem que NÃO é ocupado pelas bolas é, em cm³,
a) 2𝜋𝑎³

4𝜋𝑎³
b)
3

𝜋𝑎³
c)
3

d) 𝑎³
2𝜋𝑎³
e)
3

8. Algumas caixas de pizza para entrega têm o formato de um prisma regular de base
hexagonal. Considere uma caixa destas com altura de 4 cm e, com base, um polígono de
perímetro 72 cm. Se a pizza tem o formato de um cilindro circular, então o volume máximo
de pizza que pode vir nesta caixa é:
a) 216√3 𝑐𝑚³

b) 576𝜋 𝑐𝑚³

c) 864√3 𝑐𝑚³

d) 108𝜋 𝑐𝑚³

e) 432𝜋 𝑐𝑚³

7
Matemática

9. O modelo astronômico heliocêntrico de Kepler, de natureza geométrica, foi construído a partir


dos cinco poliedros de Platão, inscritos em esferas concêntricas, conforme ilustra a figura
abaixo:

A razão entre a medida da aresta do cubo e a medida do diâmetro da esfera a ele circunscrita,
é:
a) √3
√3
b)
2
√3
c)
3
√3
d)
4

10. De um cristal de rocha, com o formato de uma esfera, foi lapidada uma joia na forma de um
octaedro regular, como mostra a figura seguinte.

Se tal joia tem 9√2 cm³ de volume, quantos centímetros cúbicos de rocha foram retirados do
cristal original para lapidá-la? (Use: π = 3).
a) 36√2
b) 32√2
c) 24√2
d) 18√2
e) 12√2

8
Matemática

Gabarito

1. E
De acordo com a figura, o raio da esfera possui a mesma medida do raio da base do cilindro e
a altura do cilindro vale o dobro do raio.

Vcilindro =  R²h =  R²(2R) = 2 R³

2. B

Seja r o raio da base do cilindro. O triângulo é retângulo, pois 6 2 + 82 = 102


6. 8
Logo, sua base será A = = 24
2
6. 𝑟 8. 𝑟 10 𝑟
Portanto, + + = 24
2 2 2
12r = 24
r=2

3. C

9
Matemática

4. C
Seja x o lado do cubo e y o lado da base da pirâmide. Se a face superior do cubo divide as
arestas laterais da pirâmide ao meio, os lados da base da pirâmide são o dobro do lado do cubo:

y = 2x. O mesmo acontece com a altura da pirâmide: H = 2x. Volume do cubo: Vc = x³


Volume da pirâmide:

( 2 x ) ( 2 x ) = 8x³
2
y ².H
Vp =  Vp =
3 3 3
Assim, temos:
Vc 3
=
Vp 8
5. D

b 3 b = 3x
= 
a 2  a = 2x

Aplicando Pitágoras em ABC: g²= x² + 9x², g = x 10


= =  =
O volume do cone é  . Logo: 3 .

Assim g = 10

10
Matemática

6. A
Observe:

7. A
Primeiro, é importante reparar que h = 6r.
Agora, sabemos que o volume do cilindro é πr²h = πr²6r = 6πr³ . Temos que calcular o volume
de cada esfera:
4 r ³
3 . Como são 3 iguais, temos que o volume total das 3 é: 4 r ³ .
Por fim, o volume do espaço não ocupado é 6πr³ - 4πr³ = 2πr³. Como o raio r = a, então, 2πa³.

8. E
Como o perímetro da base do prisma é igual a 72 cm, segue que a aresta da base desse prisma
mede:
72
l= = 12 cm.
6
𝑙 √3 12 √3
Portanto, sabendo que o raio do cilindro é igual = = 6 √3 cm e a altura da caixa é 4 cm,
2 2
temos que o volume máximo de pizza que pode vir na caixa é 𝜋. (6 √3)2 . 4 = 432 𝜋cm3

9. C
Como o cubo está inscrito na esfera, teremos:

a 3 a 1 a 3
R=  2R = a 3  =  =
2 2R 3 2R 3

11
Matemática

10. D
Pela figura, vemos que a jóia é formada por duas pirâmides iguais. Além disso, a altura dessas
pirâmides é igual ao raio da esfera e a base é um quadrado cuja diagonal mede o diâmetro da
esfera. Assim, temos:
h=r
2r
l 2 = 2r  l =
2
Agora, calculamos o volume da jóia:
2
2  l 2  H 2  2r 
= =  r
3  2 
V jóia
3
2
2  2r  27 2
   r = 9 2  r3 =
3 2  4

Calculando o volume da esfera:

4 r 3 4 27 2
Vesfera = =  3 = 27 2
3 3 4

Por fim, basta fazermos 27 2 − 9 2 = 18 2 .

12
Português

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Português

Funções sintáticas: aposto e vocativo

Resumo

Vocativo
Vocativo [do latim vocare = chamar] é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração.
Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou
interpelar um ouvinte real ou entidade abstrata personificada. Relaciona à segunda pessoa do discurso, que
pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou não. Podemos antepor-lhe uma interjeição de apelo (óh,
olá, eh! etc.)
Ex: Tem compaixão de nós, ó Cristo!

Aposto
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo, reapresentá-lo ou
especificá-lo. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.
Ex: Ontem, terça-feira, passei o dia com vontade de te ver.

Classificação do aposto
De acordo com a relação que estabelece com o termo a que se refere, o aposto pode ser classificado em:
• Explicativo: A astrologia, ciência que estuda os astros, ganha mais adeptos a cada dia.
• Enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, trabalho, família, ação.
• Resumidor ou Recapitulativo: Vida digna, cidadania plena, igualdade de gêneros, tudo isso está na
base de um país melhor.
• Comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
• Distributivo: Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores, aquele na poesia e este na
prosa.
• Aposto de Oração: Ela correu durante uma hora, sinal de preparo físico.

1
Português

Exercícios

1. A expressão em destaque em "... podes partir de novo, Ó nômade formosa!" exerce a função sintática
de:
a) Vocativo
b) Aposto
c) sujeito
d) predicativo
e) objeto direto

2. Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver
não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros deste mundo, gente muito vista
na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes* e fiados? Um terço
ou um quinto do universal comércio dos corações. (…) O que eu quero dizer é que a mais bela testa do
mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos bela, nem menos
amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me (…) durante quinze meses e onze
contos de réis; nada menos.
* Dixes: joias, enfeites
Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas
Assinale a alternativa correta sobre o texto.
a) Em “morria de amores pelo Xavier”, “de amores” tem a função de adjunto adverbial de intensidade.
b) Em “assim o afirmam todos os joalheiros”, o pronome oblíquo “o” retoma o período “Não morria,
vivia”.
c) Em “assim o afirmam todos os joalheiros”, “joalheiros” é complemento do verbo afirmar.
d) O narrador surpreende o leitor ao utilizar o aposto “gente muito vista na gramática” para
caracterizar joalheiros.
e) Ao dizer “Não morria, vivia”, o narrador, através de uma antítese, confirma que Marcela padecia de
amores por Xavier.

3. Salve, lindo pendão da esperança,


Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da pátria nos traz.
Trecho do Hino à Bandeira – letra de Olavo Bilac, música de Francisco Braga.

Glossário:
Pendão – bandeira, flâmula.
Augusto – nobre.
O trecho “Tua nobre presença”, no contexto em que se insere, do ponto de vista sintático, se classifica
como:
a) predicativo do sujeito.
b) sujeito simples.
c) objeto indireto.
d) aposto.

2
Português

4.

Qual é a função dos termos “Hamlet” e “papai”, respectivamente, no primeiro e no segundo quadrinho?
a) Pronome
b) Interjeição
c) Aposto
d) Vocativo

5. Texto I
Perante a Morte empalidece e treme,
Treme perante a Morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme.
Cruz e Souza, Perante a morte.
Texto II
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Gonçalves Dias, I Juca Pirama.
Texto III
Corrente, que do peito destilada,
Sois por dous belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida,
Deixais o ser, levais a cor mudada.
Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.

Texto IV
Chora, irmão pequeno, chora,
Porque chegou o momento da dor.
A própria dor é uma felicidade...
Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno.

Texto V
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio! ...Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
Castro Alves, O navio negreiro.
O texto em que apenas o uso do vocativo oferece a pista para se esclarecer se o verbo está em terceira
pessoa do indicativo ou em segunda pessoa do imperativo é:
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.

3
Português

6. Saudade de escrever
Apesar da concorrência (internet, celular), a carta continua firme e forte. Basta uma folha de papel, selo,
caneta e envelope para que uma pessoa do Rio Grande do Norte, por exemplo, fique por dentro das
fofocas registradas por um amigo em São Paulo, dois dias depois. “Adoro receber cartas, fico super
ansiosa para descobrir o que está escrito”, conta Lívia Maria, de 9 anos. Mas ela admite que faz tempo
que não escreve nenhuma cartinha. “As últimas foram para a Angélica e para um dos programas do
Gugu.”
Isabela, de 9 anos, lembra que, quando morava em Curitiba, no Paraná, trocava correspondência com
sua amiga Raquel, que vive em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Eu ficava sabendo das novidades e não
gastava dinheiro com telefonemas.”
Já Amanda, de 10 anos, também gosta de receber cartinhas, mas prefere enviar e-mails. “Atualmente
estou conversando com meu primo que está nos Estados Unidos via computador, já que a mensagem
chega mais rápido e não pago interurbano.”
TOURRUCCO, Juliana. Saudade de escrever. O Estado de São Paulo, p.5, 25 jul. 1998. Suplemento infantil.

Quanto à análise morfossintática dos elementos textuais, apenas uma alternativa está errada,
contrariando o que prescreve a norma padrão da Língua Portuguesa. Assinale-a.
a) Na frase “Basta uma folha de papel, selo, canela e envelope...”, o verbo está no singular
concordando com “folha”, o núcleo mais próximo do sujeito composto.
b) O verbo “Basta” também poderia ficar no plural se o sujeito composto fosse “papel, selo, caneta e
envelope”.
c) Pelas regras ortográficas atuais, quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o
segundo elemento começar por vogal, sendo assim, a expressão “superansiosa”, no segundo
parágrafo, deveria se constituir num só vocábulo.
d) As expressões que, no texto, indicam a idade das crianças são aposto, razão por que vêm
separadas dos termos antecedentes por vírgulas.
e) As expressões adverbiais “no Paraná” e “Minas Gerais”, no terceiro parágrafo, funcionam como
vocativo, por isso estão isoladas por vírgulas.

4
Português

7. Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
(...)
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.
ANDRADE, C. D. Obra poética, Volumes 4-6. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.

A inversão de termos sintáticos é um recurso que objetiva conferir maior expressividade ao texto.
No verso “Já não me convém o título de homem”, o termo “o título de homem”, que está na ordem
indireta, exerce função sintática de:
a) aposto.
b) sujeito.
c) objeto direto.
d) complemento nominal.

5
Português

8.

Analise as afirmativas abaixo:


I. A vírgula utilizada depois da palavra “contente” separa um vocativo, enquanto os dois pontos
empregados depois de “doente” introduzem apostos.
II. Na frase “Eu estaria sendo hipócrita”, há dois verbos e duas orações.
III. O vocábulo “Ai” marca a coloquialidade do diálogo e poderia ser substituído, em um registro mais
formal, pela expressão “desse modo”, sem modificação de sentido.
IV. Em “analisar o que me deixa”, o pronome “que”, sintaticamente, exerce a função de objeto direto.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
a) II.
b) I, II e IV.
c) I e III.
d) III e IV.

6
Português

9. Mãos
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
o vosso gesto é como um balouçar de palma;
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto canta!
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
rolas à volta da negra torre da minh’alma.

Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,


Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
O vosso gesto é como um balouçar de palma,
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...

Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,


Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
Duas velas à flor duma baía escura.

Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,


Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
Divinas mãos que me heis coroado de espinhos,
Mas que depois me haveis coroado de rosas!

Afilhadas do luar, mãos de rainha,


Mãos que sois um perpétuo amanhecer,
Alegrai, como dois netinhos, o viver
Da minha alma, velha avó entrevadinha
Eugênio de Castro. (Obras poéticas, 1968.)

Na última estrofe do poema, os termos “Afilhadas do luar”, “mãos de rainha” e “Mãos que sois um
perpétuo amanhecer” funcionam, no período de que fazem parte, como:
a) orações intercaladas.
b) apostos.
c) adjuntos adverbiais.
d) vocativos.
e) complementos nominais.

7
Português

10. “Comida” é o nome de uma das músicas dos Titãs. Leia um fragmento dela:
“A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte” (...)
Arnaldo Antunes/ Marcelo Fromer/ Sérgio Britto

Podemos afirmar que os termos “comida, diversão e arte”, nesse trecho, exercem sintaticamente a
função de:
a) complemento nominal.
b) sujeito composto.
c) objeto indireto.
d) objeto direto.
e) aposto.

8
Português

Gabarito

1. A
Vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Portanto,
“ó nômade formosa” é vocativo porque é um termo sintaticamente independente e, na frase em questão,
foi utilizado pala interpelar um possível interlocutor.

2. D
A expressão “gente muito vista na gramática” explica o termo antecedente “todos os joalheiros deste
mundo”, portanto, classificado como aposto. As demais alternativas são: “de amores”, adjunto adverbial;
“o” retoma a oração anterior (“viver não é a melhor coisa que morrer...”); “joalheiros” é o sujeito do verbo
“afirmam”; ao dizer “não morria, vivia”, o narrador confirma ironicamente que Marcela vivia (e não
padecia) a partir do conforto que o amor dos outros lhe proporcionava.

3. B
Ao considerar o trecho (“Tua nobre presença à lembrança A grandeza da pátria nos traz”), percebe-se
que o verbo, conjugado na 3ª pessoa do singular, deve apresentar como sujeito uma expressão que
concorde com ele. Dentre as possibilidades, tanto “tua nobre presença” quanto “a grandeza da pátria”
poderiam desempenhar as funções de sujeito simples, porém “Tua nobre presença” vem no início da
oração. No que diz respeito às demais alternativas: não há verbo de ligação, expresso ou subentendido,
no enunciado para que haja predicativo do sujeito; objeto indireto requer preposição; aposto requer
explicação de termo antecedente.

4. D
“Hamlet” invoca a pessoa com a qual Hagar está falando; “papai” invocar a pessoa com a qual Hamlet
fala. Portanto, os dois termos são vocativos por invocar as pessoas que falam no discurso.

5. D
É pelo termo “irmão pequeno’ que podemos entender que o eu-lírico se dirige a alguém se utilizando do
modo imperativo. Caso o aposto não existisse, não teríamos essa certeza, pois a forma “chora” é igual:
no presente do indicativo (3ª pessoa do singular) e; no imperativo afirmativo (2ª pessoa do singular).

6. E
As expressões adverbiais “no Paraná” e “Minas Gerais”, no terceiro parágrafo, funcionam como aposto,
por isso estão isoladas por vírgulas.

7. B
A oração na ordem direta seria: “O título de homem já não me convém”, portanto, fica claro que o “o título
de homem” é sujeito, uma vez que exerce a “ação” do verbo “convir”.

8. C
As proposições [II] E [IV] são incorretas, pois, na frase “Eu estaria sendo hipócrita”, há apenas uma oração
com uma locução verbal e em “analisar o que me deixa”, o pronome “que”, sintaticamente, exerce a
função de sujeito.

9. D
Os termos destacados funcionam como vocativos, por não possuírem relação sintática com outro termo
da oração e terem como função invocar ou interpelar um ouvinte, no caso, as mãos.

10. D
O verbo “querer”, nesse contexto, necessita de um complemento, portanto, ele é um verbo transitivo direto
e “comida, diversão e arte” é o objeto direto.

9
Português

Orações – Período composto (coordenadas)

Resumo

Orações coordenadas
As orações coordenadas são aquelas que não possuem dependência sintática, ou seja, são conhecidas como
independentes entre si. Elas podem ser classificadas como sindéticas e assindéticas. As sindéticas são
aquelas que são justapostas, ou seja, colocadas uma ao lado da outra, sem qualquer conectivo que as una.
Por outro lado, as sindéticas são aquelas ligadas por uma conjunção coordenativa.
Por exemplo: Vim, vi, venci. (Julio César)
Penso, logo existo (René Descartes).
Note que a primeira frase é composta por três orações, ou seja, por três verbos ligados de forma justaposta
visto que não há síndeto (conectivo). Já a segunda frase possui duas orações, ou seja, dois verbos que são
ligados a partir de um conectivo de valor conclusivo, o “logo”. Assim, a primeira é classificada como
assindética e a segunda é sindética.

Classificação das orações coordenadas sindéticas


As orações coordenadas são classificadas de acordo com o tipo de conjunção que as introduz. Dessa forma,
elas podem ser:
• Aditivas: Oração A + Oração B;
Exemplo: O menino chegou e foi tomar banho.

• Adversativas: Oração B x Oração B;


Exemplo: Todos são interessados, mas só alguns se esforçam.
Obs.: É importante destacar que em alguns casos, a conjunção “e” pode ter valor adversativo
equivalente a “mas”, por exemplo: “Estudou muito e não passou”. Por isso, é necessário analisar as
frases contextualizadamente de acordo com o valor que cada conjunção pode ter em determinada
frase.

• Alternativas: Oração A (Oração B);


Exemplo: Ora os políticos dizem uma coisa, ora dizem outra.

• Conclusivas: Oração A -> Oração B;


Exemplo: O dia amanheceu ensolarado, logo as praias estarão lotadas.

• Explicativas: Oração A? -> Oração B;


Exemplo: Nossa avó perdera a memória, pois contava o mesmo caso toda semana.

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Português

Exercícios

1. (EEAR-adaptada) Marque a alternativa incorreta quanto à classificação das orações coordenadas


sindéticas destacadas.
a) Fabiano não só foi o melhor, mas também foi o mais votado. (aditiva)
b) Apresente seus argumentos, ou ficará sem chance de defesa. (conclusiva)
c) Estude muito, pois a prova de conhecimentos específicos estará bem difícil. (explicativa)
d) Ela era a mais bem preparada candidata, mas a vaga de emprego foi destinada a sua amiga.
(adversativa)
e) Joana ora lia, ora fingia ler para impressionar aos demais colegas de classe. (alternativa)

2. (IFCE) Observe as orações destacadas e assinale a alternativa que apresenta incorreta classificação
quanto ao tipo de oração.
a) Não deixe de estudar, pois isso se tornará um prejuízo. (oração coordenada explicativa)
b) Ela ia de um lado a outro da sala e parecia inquieta demais. (oração coordenada aditiva)
c) O Brasil é um país extremamente rico; grande parte de seu povo, todavia, vive em condição
miserável. (oração coordenada adversativa)
d) Nossos atletas não jogaram muito bem, nem conseguiram vencer o campeonato. (oração
coordenada conclusiva)
e) Ele demonstrou ser extremamente teimoso e irritadiço, não tem, pois, condição de trabalhar com
o público. (oração coordenada conclusiva)

3. (Espcex) “Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram projetar do zero o genoma de um
ser vivo (uma bactéria, para ser mais exato) e ‘instalá-lo’ com sucesso numa célula, como quem instala
um aplicativo no celular.
É um feito e tanto, sem dúvida. Paradoxalmente, porém, o próprio sucesso do americano Craig Venter
e de seus colegas deixa claro o quanto ainda falta para que a humanidade domine os segredos da vida.
Cerca de um terço do DNA da nova bactéria (apelidada de syn3.0) foi colocado lá por puro processo de
tentativa e erro – os cientistas não fazem a menor ideia do porquê ele é essencial.”
Folha de S. Paulo, 26/03/2016.
O texto informativo acima, que apresenta ao público a criação de uma bactéria apenas com genes
essenciais à vida, contém vários conectivos, propositadamente destacados. Pode-se afirmar que
a) para inicia uma oração adverbial condicional, pois restringe o genoma à confição de bactéria.
b) e introduz uma oração coordenada sindética aditiva, pois adiciona o projeto à instalação o genoma.
c) como introduz uma oração adverbial conformativa, pois exprime acordo ou conformidade de um
fato com outro.
d) porém indica concessão, pois expressa um fato que se admite em oposição ao da oração principal.
e) para que exprime uma explicação: falta muito para a humanidade dominar os segredos da vida.

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Português

4. (ENEM-PPL)
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e linguísticos participem do significado do
texto, isto é, forma e conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao poema de Mário de
Andrade, a correlação entre um recurso formal e um aspecto da significação do texto é
a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de cenas e emoções sentidas pelo eu
lírico ao longo da viagem.
b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, que acentua o ritmo acelerado da
modernidade.
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, que reproduzem uma viagem de bonde,
com suas paradas e retomadas de movimento.
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que representa a tristeza do eu lírico ao longo
de toda a viagem.
e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos modernistas, que aproxima a
linguagem do poema da linguagem cotidiana.

5. (ENEM)

Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a)
a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da expectativa ao final.
b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações.
c) retomada do substantivo "mãe", que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos.
d) utilização da forma pronominal "la", que reflete um tratamento formal do filho em relação à "mãe".
e) repetição da forma verbal "é", que reforça a relação de adição existente entre as orações.

3
Português

6. (UNESP) Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-
1696), para responder à questão.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Poemas escolhidos, 2010.)
Em “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe), a conjunção aditiva “e” assume valor
a) causal.
b) alternativo.
c) conclusivo.
d) adversativo.
e) explicativo.

7. (Espcex) Assinale a alternativa em que está destacada uma oração coordenada explicativa.
a) Peço que te cales.
b) O homem é um animal que pensa.
c) Ele não esperava que a mãe o perdoasse.
d) Leve-a até o táxi, que ela precisa ir agora.
e) É necessário que estudes.

8. Assinale a alternativa incorreta com relação a este fragmento da letra da música Verdade chinesa -
texto de Carlos Colla e Gilson.
“Senta, se acomoda, à vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo, que a tristeza vai passar
Deixa, pra amanhã tem muito tempo
O que vale é o sentimento
E o amor que a gente tem no coração”.
Disponível em: http://emilio-santiago.letras.terra.com.br/letras/45703
a) Os dois primeiros versos são compostos exclusivamente por orações coordenadas assindéticas.
b) A palavra “que” aparece três vezes no texto. No segundo verso é uma conjunção coordenativa; já
no quinto verso é um pronome relativo.
c) A primeira oração do segundo verso consiste numa metonímia.
d) Aparecendo duas vezes no texto, a palavra “tempo” tem a função de objeto direto.
e) Os verbos sentar, tomar, dar e deixar aparecem flexionados na segunda pessoa do singular, no
modo imperativo afirmativo e configuram, deste modo, o uso da função apelativa da linguagem

4
Português

9. (UEM-adaptada)

Disponóvel em: www.naobataeduque.org.br


Considerando que o slogan “Não bata. Eduque.”, veiculado no texto, busca promover uma mudança de
comportamento, visando a evitar que as crianças sejam punidas com castigos físicos, assinale o que
for incorreto.
a) Se for modificado o slogan “Não bata. Eduque.” para “Não bata e eduque.”, a introdução da
conjunção aditiva “e” leva a entender que as crianças que são punidas com castigos físicos nem
sempre recebem a educação necessária para o seu desenvolvimento.
b) Se for modificado o slogan “Não bata. Eduque.” para “Não bata, portanto eduque.”, a introdução da
vírgula e da conjunção conclusiva “portanto” não causa alteração significativa do sentido.
c) Se for modificado o slogan “Não bata. Eduque.” para “Não bata, a não ser que eduque.”, a introdução
do conector “a não ser que” estabelece uma relação de dependência ou de condição entre as ideias
de “bater” e “educar”
d) Se for modificado o slogan “Não bata. Eduque.” para “Não bata, logo eduque.”, a introdução da
vírgula e da conjunção conclusiva “logo” provoca o efeito de sentido de que a punição com castigos
físicos não equivale a educar.
e) Se for modificado o slogan “Não bata. Eduque.” para “Não bata, porém eduque.”, ou para “Não bata,
contudo eduque.”, os slogans alterados podem ser considerados equivalentes entre si.

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Português

10. (FGV) Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina
tão desamparada que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada.

(Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o


sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis
quando é cedo. Eu, não.)
Cecilia Meireles

Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão
de fé da autora. O conjunto das duas orações coordenadas que compõem o segundo verso da segunda
estrofe – que olhais para o sol e encontrais direção – tem sentido:
a) explicativo.
b) comparativo.
c) condicional.
d) concessivo.
e) temporal.

6
Português

Gabarito

1. B
Em relação à frase apresentada, a relação de sentido entre as duas orações é alternativa, pois há
necessidade de escolha: apresentar ou ficar sem chance de defesa. Logo, é uma oração coordenada
sindética alternativa.

2. D
A segunda oração presente no período “Nossos atletas não jogaram muito bem, nem conseguiram vencer
o campeonato” acrescenta uma ideia à oração anterior, sendo, então, classificada como oração
coordenada sindética aditiva.

3. B
As demais opções são incorretas, pois: a conjunção “para” inicia uma oração adverbial final; “como”
introduz uma oração adverbial comparativa; “porém” indica adversidade e não concessão e “para que”
exprime finalidade.

4. A
O texto representa cena típica da realidade da cidade grande: o “continuum” entre solidão e interação
social. O poema começa focando a solidão do sujeito poético, que é contraposta no momento em que
alguém senta ao seu lado. Tempos depois o bonde lota e o eu-poético volta a se sentir solitário (seu
companheiro de viagem pode ter descido ou se calado). As sensações do eu-lírico durante a viagem são
díspares.

5. A
A conjunção adversativa “mas” quebra a expectativa da tirinha. Se antes o personagem apresentava de
forma negativa que ‘a preguiça é a mãe de todos os vícios’, agora, ele passa a aceitar essa ideia, visto que
a noção de maternidade remete ao respeito.

6. D
No fragmento apresentado no poema de Gregório de Matos, a conjunção coordenativa “e”, normalmente
aplicada com noção de adição, pode apresentar-se com sentido de oposição de ideias, ou seja,
adversativo, quando exprime oposição ou contraste, podendo ser substituída por outras conjunções de
valor igual, por exemplo, “mas”, “porém”, “entretanto”, “todavia”, “contudo”.

7. D
As alternativas incorretas apresentam respectivamente uma oração subordinada substantiva objetiva
direta, subordinada adjetiva restritiva, subordinada substantiva objetiva direta e subordinada substantiva
subjetiva. A única alternativa correta é classificafa como oração coordenada explicativa.

8. A
De fato, todas as orações dos dois primeiros versos são coordenadas, entretanto não são todas
assindéticas, visto que oração “que a tristeza vai passar” é coordenada sindética explicativa, devido à
utilização da conjunção coordenativa “que”.

9. B
A alternativa está incorreta, pois a inclusão da conjunção coordenativa conclusiva entre os períodos
formataria uma frase incoerente.

10. A
As orações em questão têm um valor explicativo, pois justificam a afirmação anterior (a de que os
pastores da terra têm sossego). Para corroborar essa interpretação, basta perceber que a conjunção que
as introduz pode ser substituída por explicativas como: “pois”, “porque”, “já que”, “uma vez que” etc.

7
Português

Orações – Período composto (subordinadas substantivas)

Resumo

Orações subordinadas substantivas


A subordinação é a relação que estabelece uma dependência sintática entre orações. As orações
subordinadas classificam-se de acordo com as funções que desempenham, por exemplo, em substantivas,
adjetivas e adverbiais por serem comparáveis às funções dos substantivos, adjetivos e advérbios,
respectivamente. Por sua vez, as orações subordinadas substantivas são introduzidas normalmente por uma
conjunção integrante que (às vezes, por se) e, podem variar a sua classificação de acordo com o valor
sintático. Por exemplo:
É necessário que você se apresente ao serviço amanhã. (sujeito)
Nosso desejo era que ele desistisse. (predicativo)
Mariana lembrou-se de que Manoel chegaria mais tarde. (objeto indireto)
Tenho certeza de que não há esperanças. (complemento nominal)
Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu casamento chegasse. (aposto)
Os funcionários não sabiam que era dia de despedimentos. (objeto direto)

Observações:
I. Mesmo as apositivas podem ser introduzidas por conjunção integrante.
Exemplo: Necessito de uma coisa: (que) estudes.

II. Admite-se a omissão da conjunção integrante por questão de estilo (principalmente nas subjetivas
e objetivas, quando o verbo da oração principal exprime desejo, ordem ou pedido).
Exemplo: Queira Deus (que) voltemos em segurança.

1
Português

Exercícios

1. No período: “Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação...”,


temos, respectivamente:
a) uma relação de coordenação, com oração coordenadas assindética e sindética.
b) uma relação de subordinação, com orações coordenadas.
c) orações subordinadas, sendo uma principal e outra subordinada substantiva.
d) orações subordinadas substantivas completivas nominais.
e) orações subordinadas, sendo uma principal, outra subordinada adverbial.

2. Assinale a alternativa em que a oração em destaque é subordinada substantiva objetiva indireta.


a) Aqui ninguém se opõe a que se conheça o sistema.
b) Seu medo era que morresse na data da festa.
c) Nunca se sabe quem está contra nós.
d) Perguntei-lhe quando voltaria.
e) Não sei se ele concordará comigo.

3. Marque a alternativa que apresenta correta classificação da oração apresentada.


a) O professor verificou se as alternativas estavam em ordem.
(Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
b) Lembre-se de que tudo não passou de um engano.
(Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal)
c) O sargento indagou de quem era aquela identidade.
(Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta)
d) Seu medo era que ele fosse reprovado no concurso.
(Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
e) Respondi-lhe que já tinha lido a receita em outro livro.
(Oração Subordinada Substantiva Subjetiva)

4. Assinale a alternativa em que a oração sublinhada é subordinada substantiva predicativa:


a) A comida é preparada pelos próprios detentos, que podem comprar alimentos no mercado interno.
b) Ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a privação da liberdade.
c) Se o indivíduo não comprovar que está totalmente reabilitado, a pena será prorrogada.
d) A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação ao brasileiro é que ele é pautado
na reabilitação.
e) Uma sinistra cultura de que bandido bom é bandido morto.

2
Português

5. No período “É importante que ele não falte à reunião”, a oração sublinhada é


a) subordinada substantiva objetiva direta.
b) subordinada substantiva objetiva indireta.
c) subordinada substantiva subjetiva.
d) coordenada assindética.
e) subordinada substantiva predicativa.

6. “Parecia que a ventania queria levar a cidade.” No período acima, a oração subordinada é:
a) substantiva objetiva direta.
b) substantiva subjetiva.
c) adjetiva explicativa.
d) substantiva predicativa.
e) substantiva completiva nominal.

7. Assinale a alternativa correta quanto à classificação sintática das orações grifadas abaixo,
respectivamente.
- Acredita-se que a banana faz bem à saúde.
- Ofereceram a viagem a quem venceu o concurso.
- Impediram o fiscal de que recebesse a propina combinada.
- Os patrocinadores tinham a convicção de que os lucros seriam compensadores.
a) Subjetiva – objetiva indireta – objetiva indireta – completiva nominal.
b) Subjetiva – objetiva indireta – completiva nominal – completiva nominal.
c) Adjetiva – completiva nominal – objetiva indireta – objetiva indireta.
d) Objetiva direta – objetiva indireta – objetiva indireta – completiva nominal.
e) Subjetiva – completiva nominal – objetiva indireta – objetiva indireta.

8. “O próprio criado reparou que o amo estava nesse dia mais fogalzão que nunca”. A oração sublinhada
é:
a) subordinada substantiva objetiva indireta.
b) subordinada substantiva objetiva direta.
c) subordinada substantiva apositiva.
d) subordinada explicativa.
e) coordenada sindética alternativa.

9. A mãe ficou à janela na esperança de que o filho voltasse para casa. A oração em destaque é:
a) subordinada substantiva subjetiva.
b) subordinada substantiva completiva nominal.
c) subordinada substantiva predicativa.
d) substantiva objetiva direta
e) substantiva objetiva indireta

3
Português

10. No trecho “Todos diziam que ela era orgulhosa, mas afinal descobri que não”, a oração em destaque
se classifica como:
a) coordenada sindética adversativa.
b) principal.
c) subordinada substantiva objetiva direta.
d) subordinada adverbial comparativa.
e) subordinada substantiva subjetiva.

4
Português

Gabarito

1. C
O período composto é constituído por duas orações: a principal (“Urgente é”) e uma oração subordinada
a ela, no caso, uma substantiva subjetiva, reduzida de infinitivo (“incorporar os ministérios do Esporte e
da Cultura às iniciativas da educação”).

2. A
O verbo “opor-se” na oração principal, é transitivo indireto e não apresenta complemento. A função de
complemento é desenvolvida pela oração subordinada, visto que completa o sentido expresso pelo
verbo apresentado na oração anterior. Assim, classificada como objetiva indireta.

3. D
Na oração principal “Seu medo era”, o verbo “ser”, classificado como verbo de ligação, não apresenta
predicativo do sujeito. Logo, a oração posterior, pode ser classificada como subordinada substantiva
predicativa. As demais são classificadas, respectivamente, como: objetiva direta; objetiva indireta;
objetiva direta e objetiva direta.

4. D
A oração “que ele é pautado na reabilitação” aparece depois de um verbo de ligação, no caso, a forma
verbal “é”. Assim, exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal: “A diferença do sistema
de execução penal norueguês em relação ao brasileiro é”.

5. C
A oração sublinhada pode ser substituída por “isso”, que indica algo que é importante, ou seja, “isso é
importante”. Dessa forma, é o sujeito da oração, logo, uma oração subordinada substantiva subjetiva.

6. B
A oração subordinada, em questão, funciona como sujeito do verbo “parecer”, portanto, é subjetiva.

7. A
As orações destacas são classificadas como subordinadas substantivas, pois exercem função sintática
em função da oração principal. A primeira exerce função de sujeito, a segunda e terceira de objeto indireto
e a última, de complemento nominal.

8. A
O verbo “reparar” é classificado como transitivo indireto, exigindo um objeto indireto como complemento
verbal, pois “quem repara, repara em algo). No caso, o criado repara no fato de que seu amo estava mais
folgazão (brincalhão) que nunca” como objeto indireto do verbo em questão. É, portanto, uma oração
subordinada substantiva objetiva indireta.

9. B
A oração em destaque completa o sentido do nome “esperança”, portanto, é classificada como
subordinada substantiva completiva nominal.

10. C
A última oração do período em análise é “que não (era orgulhosa)” e funciona como objeto direto do verbo
“descobrir” (VTD). Portanto, é classificada como oração subordinada substantiva objetiva direta.

5
Português

Orações: período composto – subordinadas adverbiais e


justapostas

Resumo

As orações subordinadas adverbiais exercem a função de adjunto adverbial oração principal. Dessa forma,
pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, é
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes). Classificam-se de
acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que as introduz. O emprego da vírgula é obrigatório quando
a subordinada antecede a principal. Elas podem ser:
• Causais
Ex.: Todos ficaram em casa [porque estava chovendo].
• Comparativas
Ex.: Seus olhos brilham [como a lua]. (=com a lua brilha)
• Concessivas
Ex.: [Embora seja verdade], há elementos ocultos nessa história.
• Conformativas
Ex.: [Conforme é o desejo de todos], partirei amanhã para a África.
• Consecutivas
A conjunção consecutiva se pretende, normalmente, a uma palavra intensiva da oração principal
(tal, tamanho, tanto, tão) às vezes subentendida.
Ex.: Sua sorte era tanta [que (em consequência) ganhou duas vezes na Loteria].
• Condicionais
Também são condicionais se (que pode ficar subentendido), contanto que, dado que, sem que.
Ex.:[(SE) Fosse menos sensível], veria como os familiares são incríveis.
[Dado que fosse sensível], chegaria às lágrimas.
• Finais
Ex.: Saio de casa [para que possas reavaliar nossa relação].
• Proporcionais
Ex.: [À proporção que envelhece], mais bobo fica.
Obs.: A locução “ao passo que” pode não ter valor proporcional, caso em que costuma a equivaler a
“enquanto” em por isso, deve ser considerada temporal.
Ele é dedicado [ao passo que seu irmão nada quer com os estudos].
• Temporais
Ex.: Ela saiu [quando cheguei].
Obs.: também são temporais enquanto, assim que, sem que (=antes/até), cada vez que.
[Assim que eu voltar], conversaremos.

Atenção!
Orações adverbiais sem conjunção
Moro numa rua deserta X Moro numa rua onde não mora ninguém
Os dois termos sublinhados têm a mesma função sintática: Adjunto adverbial de lugar.

1
Português

Orações justapostas
As orações podem ser classificadas, também, de acordo com a forma e ao modo como se articulam com a
oração principal. Por exemplo, a relação de justaposição entre as orações é a forma de ligação sem qualquer
elemento conectivo.
Ex.: O guardador falou a verdade; o estacionamento está cheio.
Mesmo que não haja um conectivo entre as orações do período, elas possuem um vínculo lógico. O período
“o estacionamento está cheio”, funciona como aposto da palavra “verdade”. Assim, há uma relação sintática
de um aposto com o nome anterior, embora não haja um conectivo explicitando essa relação.

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Português

Exercícios

1. “Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram projetar do zero o genoma de um ser vivo
(uma bactéria, para ser mais exato) e ‘instalá-lo’ com sucesso numa célula, como quem instala um
aplicativo no celular.
É um feito e tanto, sem dúvida. Paradoxalmente, porém, o próprio sucesso do americano Craig Venter
e de seus colegas deixa claro o quanto ainda falta para que a humanidade domine os segredos da vida.
Cerca de um terço do DNA da nova bactéria (apelidada de syn3.0) foi colocado lá por puro processo
de tentativa e erro – os cientistas não fazem a menor ideia do porquê ele é essencial.”
Folha de S. Paulo; 26/03/2016.

O texto informativo acima, que apresenta ao público a criação de uma bactéria apenas com genes
essenciais à vida, contém vários conectivos, propositadamente destacados. Pode-se afirmar que:
a) para inicia uma oração adverbial condicional, pois restringe o genoma à condição de bactérias.
b) e introduz uma oração coordenada sindética aditiva, pois adiciona o projeto à instalação do
genoma.
c) como introduz uma oração adverbial conformativa, pois exprime acordo ou conformidade de um
fato com outro.
d) porém indica concessão, pois expressa um fato que se admite em oposição ao da oração principal.
e) para que exprime uma explicação: falta muito para a humanidade dominar os segredos da vida.

2. “Maria das Dores entra e vai abrir o computador. Detenho-a: não quero luz." Os dois pontos (:) usados
acima estabelecem uma relação de subordinação entre as orações. Que tipo de subordinação?
a) temporal
b) concessiva
c) final
d) conclusiva
e) causal

3. Classifique as orações em destaque do período seguinte: "Ao analisar o desempenho da economia


brasileira, os empresários afirmaram que os resultados eram bastante razoáveis, uma vez que a
produção não aumentou, mas também não caiu."
a) principal, subordinada adverbial final
b) principal, subordinada substantiva objetiva direta
c) subordinada adverbial temporal, subordinada adjetiva restritiva
d) subordinada adverbial temporal, subordinada objetiva direta
e) subordinada adverbial temporal, principal

3
Português

4. "... e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na
varanda." A oração em destaque no período acima classifica-se como:
a) subordinada substantiva objetiva direta
b) subordinada adverbial causal
c) subordinada adverbial comparativa
d) subordinada adverbial conformativa
e) coordenada sindética explicativa

5. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas
ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora,
logo se acostuma a não abrir todas as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a
acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a
amplidão.
COLASSANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro, Rocco, 1996.
A progressão é garantida nos textos por determinados recursos linguísticos, e pela conexão entre
esses recursos e as ideias que elas expressam. Na crônica, a continuidade textual é construída,
predominantemente, por meio
a) do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a elegância do raciocínio.
b) da repetição de estruturas, garantindo o paralelismo sintático e de ideias.
c) da apresentação de argumentos lógicos, constituindo blocos textuais independentes.
d) da oração de orações justapostas, dispondo as informações de modo paralelo.
e) da estruturação de frases ambíguas, construindo efeitos de sentidos opostos.

6. Observando os trechos a seguir, assinale aquele que apresenta uma correta análise sintática da
oração adverbial sublinhada.
a) “Mas, segundo os especialistas que estudam o humor a sério, trata-se do maior segredo para
viver bem. (adverbial conformativa)
b) “Mas, mesmo sendo o resultado de uma combinação de ingredientes, pode ser ajudado com uma
visão otimista do mundo...” (adverbial consecutiva)
c) “Para se tornar um membro dos Doutores da Alegria, o ator passa num curioso teste de
autoconhecimento:...” (adverbial causal)
d) “Mas, mesmo que não houvesse tantos benefícios no bom humor, os efeitos do mau humor sobre
o corpo...” (adverbial condicional)

7. Observe a frase: “Ao chegar a um hotel, a recepcionista nos entrega uma ficha para ser preenchida.”
Qual é o valor semântico da oração adverbial em destaque?
a) causal
b) condicional
c) proporcional
d) temporal
e) final

4
Português

8. No período: "Era tal a serenidade da tarde, que se percebia o sino de uma freguesia distante, dobrando
a finados.", a segunda oração é:
a) subordinada adverbial causal
b) subordinada adverbial consecutiva
c) subordinada adverbial concessiva
d) subordinada adverbial comparativa
e) subordinada adverbial subjetiva

9. Assinale o período em que há oração subordinada adverbial consecutiva:


a) Diz-se que você não estuda.
b) Falam que você não estuda.
c) Fala-se tanto que você não estuda.
d) Comeu que ficou doente.
e) Quando saíres, irei contigo.

10. Poesia brasileira


Casimiro de Abreu chorava tanto
que não cabia em si de descontente.
Suas lágrimas
escorrem até agora pelas vidraças
pelas calçadas
pelas sarjetas
e só vão deter-se ante o coreto da praça pública,
onde,
sob os mais inconfessáveis disfarces,
Castro Alves ainda discursa!
QUINTANA, Mário. Caderno H. São Paulo: Globo, 1998, p. 163.
No período "Casimiro de Abreu chorava tanto/que não cabia em si de descontente", a segunda oração
estabelece com a primeira uma relação de
a) causalidade.
b) concessão.
c) finalidade.
d) proporção.
e) consequência.

5
Português

11. Nós, escravocratas


Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o
pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir,
pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil. Apesar
da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso
acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em
solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da
exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem
esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade. Cem anos depois
da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas. Somos
escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma
criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala.
Cristovam Buarque. Disponível em: http://oglobo.globo.com, 30/01/2000. Adaptado.

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada


A forma sublinhada introduz uma relação de tempo. A ela, entretanto, se associa outra relação de
sentido. Essa outra relação de sentido presente na frase acima é de:
a) Causa
b) Contraste
c) Conclusão
d) Comparação
e) Temporalidade

6
Português

Gabarito

1. B
As demais alternativas são incorretas, pois: para inicia uma oração adverbial final; como introduz uma
oração adverbial comparativa; porém indica adversidade e não concessão; para que exprime finalidade.

2. E
Os dois pontos substituem um conectivo causal (“Detenho-a porque não quero luz”; “Detenho-a já que
não quero luz”).

3. D
“Ao analisar o desempenho da economia brasileira” – Essa oração é temporal e funciona como adjunto
adverbial de tempo da oração principal. “Que os resultados eram bastante razoáveis” – O “que’ que
encabeça essa oração é uma conjunção integrante e introduz uma oração subordinada substantiva com
função de objeto direto do verbo “afirmaram”.

4. C
No período, estabelece-se uma comparação entre o sujeito das duas orações: eu e a última luz na
varanda (que também ficava só).

5. B
A progressão textual é o processo pelo qual o texto se constrói com a introdução de informação nova,
ligada à informação que já é do conhecimento do leitor ou que lhe é fornecida no próprio texto. Na
crônica de Marina Colassanti, essa continuidade é conseguida através da repetição de orações
coordenadas sindéticas aditivas iniciadas que acrescentam uma nova justificativa às ideias expostas
no último seguimento. Ou seja, a repetição das conjunções “e” e “porque” garantem o paralelismo
sintático e de ideias.

6. A
As alternativas (B), (C) e (D) apresentam análises incorretas das orações sublinhas relativamente à
oração principal, pois expressam relação de concessão, finalidade e concessão, respectivamente.

7. D
O valor semântico expresso pela oração adverbial em destaque é temporal, uma vez que expressa o
momento em que a ação ocorreu.

8. B
A subordinada é consecutiva, pois a conjunção se prende a uma palavra de intensidade (tal) presente
na oração principal que expressa uma relação de consequência com a oração posterior.

9. D
A subordinada é consecutiva, pois a conjunção se prende a uma palavra de intensidade que está
subentendida presente na oração principal: comeu (tanto) que ficou doente. Assim, apresenta uma
consequência em relação à oração anterior.

10. E
O ato de “não caber em si”, estabelecido pela oração subordinada, é consequência da ação de chorar
tanto. Assim, há uma relação de causa e consequência presente nas orações.

11. A
Embora a colocação da conjunção seja relacionada ao tempo, é importante destacar a relação de causa
e consequência presente no texto, uma vez que a consequência de manter um sistema escolar
diferenciado é a perpetuação do sentimento escravocrata.

7
Português

Orações – Período composto (subordinadas adjetivas)

Resumo

Orações subordinadas adjetivas


As orações subordinadas adjetivas exercem valor de adjunto adnominal de um substantivo ou pronome
antecedente e normalmente vêm introduzidas por um pronome relativo. Os pronomes relativos são aqueles
que retomam o termo antecedente, por exemplo: o qual, as quais, que, quem, cujo, onde, etc. Veja alguns
exemplos:
1. O candidato que estuda tem possibilidade de aprovação.
2. O candidato estudioso tem possibilidade de aprovação.
Note que no primeiro exemplo, a oração “que estuda” equivale ao adjetivo “estudioso”. Já no segundo
exemplo, o vocábulo “estudioso” é caracterizador de “candidato”, exercendo, portanto, função sintática de
adjunto adnominal. Logo, a oração “que estuda” funciona também como adjunto adnominal de candidato.
As orações adjetivas podem ser classificadas como restritivas e adjetivas. As orações subordinadas
adjetivas restritivas limitam, restringem o significado do termo antecedente. Não se separam, na escrita, por
vírgula. Exemplo:
• O carro que comprei foi caro.
• Aquele é o mercado onde comprei as cerveja.
• O livro que achei não era o meu.
As orações subordinadas adjetivaas explicativas explicam algo a respeito do antecedente. Diferentemente da
restritiva, vem sempre indicada por vírgulas. Exemplos:
• O homem, que é mortal, precisa evoluir.
• O cachorro, que é o melhor amigo do homem, não perde seu lugar.
• Paulo, a cujo pai me referi, não celebrará o aniversário conosco.

1
Português

Exercícios

1. Leia a letra da música “É você” de Marisa Monte e responda à questão.


É você
Só você
Que na vida vai comigo agora
Nós dois na floresta e no salão
Nada mais
Deita no meu peito e me devora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora
É você
Só você
Que invadiu o centro do espelho
Nós dois na biblioteca e no saguão
Ninguém mais
Deita no meu leito e se demora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora
Disponível em: https://www.vagalume.com.br/marisa-monte/e-voce.html
Observe as orações abaixo:
I. É você [...] que na vida vai comigo agora
II. É voce [...] que invadiu o centro do espalho
Ao analisarmos a função que as orações destacadas nos exemplos I e II exercem, podemos classificá-
las como orações
a) subordinadas substantivas, pois exercem a função de substantivo.
b) subordinadas adverbiais, pois exercem a função de advérbio.
c) subordinadas adjetivas, pois exercem a função de adjetivo.
d) coordenadas sindéticas, pois exercem a função aditiva.
e) coordenadas assindéticas, pois exercem a função conclusiva.

2. Há o lado policial, ou de guerra, com os Estados Unidos construindo muros e fortalecendo a repressão
em suas linhas de junção com o território mexicano. E há o lado político e econômico: o da imigração.
Um homem mexicano de 35 anos, com nove de instrução, pode ganhar 132% a mais trabalhando nos
Estados Unidos. As orações em cujo interior estão os verbos construindo e fortalecendo, destacados
no trecho do texto, equivalem a orações subordinadas adjetivas (reduzidas de gerúndio). Assinale a
alternativa em que essas orações encontram-se desenvolvidas adequadamente.
a) ... Estados Unidos ainda que constuam muros e que fortaleçam a repressão...
b) ... Estados Unidos, onde se constroem muros e se fortalecem a repressão...
c) ... Estados Unidos, que constroem muros e que fortalecem a repressão...
d) ... Estados Unidos logo que constroem muros e fortalecem a repressão...
e) ... Estados Unidos no qual constroem muros que fortalecem a repressão...

2
Português

3. Marque a alternativa correta.


I. Todos os brasileiros que desejam ingressar na Força Aérea Brasileira devem gastar longas horas
de estudo e dedicação.
II. Todos os brasileiros, que desejam ingressar na Força Aérea Brasileira, devem gastar longas horas
de estudo e dedicação.
a) A frase I possibilita a conclusão de que todos os brasileiros, indiscriminadamente, desejam
ingressar na Força Aérea Brasileira.
b) As frases I e II estão em desconformidade com as normas gramaticais vigentes em relação às
Orações Subordinadas Adjetivas.
c) A frase I, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva, não apresenta vírgulas. Esse fato está
em conformidade com as normas gramaticais vigentes.
d) A frase I, por conter Oração Subordinada Adjetiva Explicativa, não apresenta vírgulas. Esse fato está
em conformidade com as normas gramaticais vigentes.
e) A frase II, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva, apresenta vírgulas. Esse fato está em
conformidade com as normas gramaticais vigentes.

4. “O passo vagaroso de quem não tem pressa – o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado,
os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente,
nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.”
Ópera dos mortos, Autran Dourado, 1970.
No início do parágrafo, por ter na frase a mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso” com
relação a “passo”, a oração “de quem não tem pressa” é considerada
a) coordenada sindética.
b) subordinada substantiva.
c) subordinada adjetiva.
d) coordenada assindética.
e) subordinada adverbial.

3
Português

5. “Por causa do assassinato do caminhoneiro Pascoal de Oliveira, o Nego, pelo – também caminhoneiro
– japonês Kababe Massame, após uma discussão, em 31 de julho de 1946, a população de Osvaldo
Cruz (SP), que já estava com os nervos à flor da pele em virtude de dois atentados da Shindô-Renmei
na cidade, saiu às ruas e invadiu casas, disposta a maltratar “impiedosamente”, na palavra do
historiador local José Alvarenga, qualquer japonês que encontrasse pela frente.”
Matinas Suzuki Jr. Folha de S. Paulo, 20.04.2008
*Shindô-Renmei foi uma organização nacionalista, que surgiu no Brasil após o término da Segunda
Guerra Mundial, formada por japoneses que não acreditavam na derrota do Japão na guerra. Possuía
alguns membros mais fanáticos que cometiam atentados, tendo matado e ferido diversos cidadãos
nipo-brasileiros.
As orações “que já estava com os nervos à flor da pele em virtude de dois atentados da Shindô-Renmei
na cidade” e “que encontrasse pela frente” são exemplos, respectivamente, de oração subordinada
adjetiva explicativa e subordinativa adjetiva restritiva, porque
a) a primeira limita o sentido do termo antecedente (a população de Osvaldo Cruz), enquanto a
segunda explica o sentido do termo antecedente (qualquer japonês).
b) a pausa, antes e depois da primeira oração, revela seu caráter de restrição e precisão do sentido
do termo antecedente, tal como se dá com a segunda oração.
c) na primeira, a oração é indispensável para precisar o sentido da anterior, enquanto, na segunda, a
oração pode ser eliminada.
d) a primeira explica o sentido do termo antecedente (a população de Osvaldo Cruz), enquanto a
segunda limita o sentido do termo antecedente (qualquer japonês).
e) o sentido do termo “qualquer japonês”, explicado na segunda oração, é determinante para a
compreensão da primeira.

6. CPFL Energia apresenta: Planeta Sustentável


É buscando alternativas energéticas renováveis que a gente traduz nossa preocupação com o meio
ambiente
Sustentabilidade é um conceito que só ganha força quando boas ideias se transformam em grandes
ações. É por acreditar nisso que nós, da CPFL, estamos desenvolvendo alternativas energéticas
eficientes e renováveis e tomando as medidas necessárias para gerar cada vez menos impactos
ambientais. A utilização da energia elétrica de forma consciente, o investimento em pesquisa e o
desenvolvimento de veículos elétricos, o emprego de novas fontes, como a biomassa e a energia eólica,
e a utilização de créditos de carbono são preocupações que há algum tempo já viraram ações da CPFL.
E esta é a nossos consumidores e oferecer a todos o direito de viver em um planeta sustentável.
Revista Veja. 30 dez. 2009
No período “... que só ganha força quando boas ideias se transformam em grandes ações...” (1º
parágrafo), temos:
a) uma relação de coordenação, com duas orações coordenadas assindética e sindética,
respectivamente.
b) uma relação de subordinação, com orações subordinadas substantivas.
c) duas orações subordinadas adverbiais.
d) uma oração subordinada adjetiva e outra subordinada adverbial.
e) uma oração subordinada adjetiva e outra subordinada substantiva.

4
Português

7. Os cinco sentidos
Os sentidos são dispositivos para a interação com o mundo externo que têm por função receber
informação necessária à sobrevivência. É necessário ver o que há em volta para poder evitar perigos.
O tato ajuda a obter conhecimentos sobre como são os objetos. O olfato e o paladar ajudam a catalogar
elementos que podem servir ou não como alimento. O movimento dos objetos gera ondas na atmosfera
que são sentidas como sons. As informações, baseadas em diferentes fenômenos físicos e químicos,
apresentam-se na natureza de formas muito diversas. Os sentidos são sensores cujo desígnio é
perceber, de modo preciso, cada tipo distinto de informação. A luz é parte da radiação magnética de
que estamos rodeados. Essa radiação é percebida através dos olhos. O tato e o ouvido baseiam-se em
fenômenos que dependem de deformações mecânicas. O ouvido registra ondas sonoras que se
formam por variações na densidade do ar, variações que podem ser captadas pelas deformações que
produzem em certas membranas. Ouvido e tato são sentidos mecânicos. Outro tipo de informação nos
chega por meio de moléculas químicas distintas que se desprendem das substâncias. Elas são
captadas por meio dos sentidos químicos, o paladar e o olfato. Esses se constituem nos tradicionais
cinco sentidos que foram estabelecidos já por Aristóteles.
SANTAELLA, Lucia. Matrizes da Linguagem e Pensamento. São Paulo: Iluminuras, 2001.
O segundo parágrafo do texto, tendo em vista sua organização sintática, constitui-se basicamente de
orações complexas, isto é, principais, seguidas por orações:
a) substantivas e adverbiais.
b) adjetivas e adverbiais.
c) adverbiais.
d) adjetivas.
e) substantivas.

8. Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente


Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes

5
Português

O fragmento “Que dos olhos desfez a última chama” é uma oração subordinada:
a) substantiva subjetiva.
b) substantiva objetiva direta.
c) substantiva objetiva indireta.
d) substantiva completiva nominal.
e) adjetiva.

9. É boa a notícia para os fãs da natação, vôlei de praia, futebol, hipismo, ginástica rítmica e tiro com arco
que buscam ingressos para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Entradas para catorze sessões esportivas
dessas modalidades, que tinham se esgotado na primeira fase de sorteio de ingressos, estão à venda.
Disponível em: http://tinyurl.com/qapfdjt Acesso em: 12.09.2015. Adaptado.
A oração subordinada destacada nesse fragmento é
a) adjetiva restritiva.
b) adjetiva explicativa.
c) substantiva subjetiva.
d) substantiva apositiva.
e) substantiva predicativa.

10. Considere as palavras destacadas nos parágrafos a seguir:


“Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não
beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em
queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar.
Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma de Padre
Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na
vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e
Guinle”.
O outro marido. Carlos Drummond de Andrade.
Elas introduzem, respectivamente, orações
a) subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva objetiva direta.
b) subordinada adjetiva explicativa e subordinada substantiva subjetiva.
c) subordinada adverbial causal e subordinada adjetiva explicativa.
d) subordinada substantiva subjetiva e subordinada adverbial consecutiva.
e) subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva completiva nominal.

6
Português

Gabarito

1. C
As orações são classificadas como adjetivas, pois cumprem a função de caracterizar o termo
antecedente, no caso “você”, assim, são orações subordinadas adjetivas, por depender da oração
principal a partir da função de adjetivação.

2. C
No exemplo anterior, as orações cujo interior estão os verbos “construindo” e “fortalecendo” podem ser
desenvolvidas em orações subordinadas adjetivas a partir da utilização do pronome relativo “que”, visto
que dessa forma eliminaria a construção do gerúndio.

3. C
A primeira frase é uma adjetiva restritiva, já que essa oração restringe “todos os brasileiros”, levando-nos
a compreender que os que devem gastar “longas horas de estudo e dedicação” são aqueles que desejam
ingressar na Força Aérea Brasileira e não todos os brasileiros, de maneira geral. Já a segunda frase, é
adjetiva explicativa, visto que está redigida com vírgulas e possibilita a conclusão de que todos os
brasileiros, indicriminadamente, desejam ingressar na Força Aérea Brasileira.

4. C
O vocábulo “vagaroso” é adjetivo de “passo”. De acordo com o enunciado, “de quem não tem pressa” é
uma oração subordinada adjetiva relacionada igualmente ao substantivo “passo”.

5. D
As orações adjetivas podem se classificadas como “explicativa” e “restritiva” e distinguem o tipo de
função que essas orações desempenham na frase. Nos exemplos anteriores, as explicativas realçam um
detalhe do termo antecedente que já se encontra definido como um todo (a população de Osvaldo Cruz),
já as restritivas limitam o significado do antecedente, referindo-se apenas a uma parte do conjunto
(qualquer japonês).

6. D
A primeira oração “que só ganha força” é introduzida por um pronome relativo que retoma o termo
“conceito”, de forma a caracterizá-lo. Assim, não é qualquer conceito, mas um conceito “que só ganha
força”. Tem-se, portanto, uma oração subordinada adjetiva. A segunda oração “quando boas ideias se
transformam em grandes ações” é introduzida por uma conjunção temporal “quando”, especificando as
circunstâncias em que o conceito ganha força. Exerce, portanto, função adverbial. Assim, tem-se uma
oração subordinada adverbial.

7. D
Todas as orações subordinadas que aparecem no segundo parágrafo são ligadas à principal por meio de
um pronome relativo. Há uma ocorrência do pronome relativo cujo, e oito, do relativo que. Ora, toda oração
introduzida por pronome relativo é subordinada adjetiva.
8. E
O pronome relativo “que” remete a “vento” e introduz uma oração subordinada adjetiva restritiva.

9. A
A oração em destaque “que buscam ingressos para os Jogos Olímpicos Rio 2016”, tem o valor sintático
de uma adjetiva restritiva, pois complementa e restringe a “boa notícia” para um determinado tipo de
público: os fãs de natação, vôlei de praia (...).

10. A
O pronome relativo “que” é o complemento verbal (objeto direto) na oração subordinada adjetiva restritiva
(“que o reumatismo assumira na vida do marido”) e a conjunção integrante “que” inicia uma oração
subordinada substantiva objetiva direta (“que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle”).

7
Português

Pontuação expressiva

Resumo

Nesse material, veremos a pontuação expressiva: aquela que vai se relacionar com outras intenções no texto,
isto é, uma pontuação mais criativa a partir da intenção do emissor.

Elipse (elisão) do verbo


Supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico.
Ex.: “Todo dia, cansada”. Nesse caso, é possível perceber que houve a elipse de um verbo de ligação que foi
marcada pela vírgula. Poderíamos entender a sentença como “todo dia, fico cansada”.
Gosto de abacaxi, minha irmã, de banana. Nesse caso, a vírgula marca a elipse do verbo “gostar”, pois
ele já foi mencionado anteriormente e, por isso, é facilmente percebido. Essa supressão específica é
chamada de “zeugma”.

Exclamação
Está associada, principalmente, à função emotiva da linguagem (que prioriza o emissor e seus
sentimentos/emoções) e textos que a reproduzem, como a crônica, poema, romance, conto, etc.
Ex.: Coma tudo! (Ênfase à ordem)
Andei muito hoje! (Ênfase ao esforço)
Que bonito! Chegando atrasado à aula. (Marca a ironia)
Excelente! (Intensifica algo positivo)

Obs.: Não devemos utilizar a exclamação na dissertação por se tratar de um texto de caráter técnico.

Reticências
É necessário analisar as circunstâncias, a fim de identificar o valor expressivo das reticências. O segredo
não é decorar, mas interpretar a situação comunicativa.
Ex.: Estava triste, esgotado da vida, muito chateado com tudo... (Valor de continuação)
Deu um suspiro... (Valor de profundidade do suspiro)
Levou bronca da mãe quando chegou ontem?
— Sim! Ela pensou que eu tava... (Nesse caso, houve a omissão de conteúdo)
Estava andando... perdido... desorientado... (Ênfase no estado)

Supressão de conectivos
Muitas vezes, a pontuação é utilizada no lugar de conectivos, principalmente, das conjunções.
Ex.: Estaria mais magro; tivesse comido menos. Neste caso, o ponto e vírgula está substituindo a conjunção
condicional “se”, ocasionando a perda de clareza, fazendo com o que o leitor precise estar mais atento.
Não tem ido à academia; prefere ficar dormindo. O ponto e vírgula não deixa claro a relação de sentido
entre uma oração e outra. Dessa forma, a responsabilidade de estabelecer essa relação é do leitor,
conferindo maior dinamicidade ao texto.

Obs.: Substituir os conectivos por ponto e vírgula não é uma boa opção, mas é importante saber que é
possível.

1
Português

Exercícios

1. A voz subterrânea
Às vezes ouvia-se um canto surdo,
que parecia vir debaixo da terra.
Até que os homens da superfície,
para desvendar o mistério,
puseram-se a fazer escavações.
Sim! eram os homens das minas
que um desabamento ali havia aprisionado.

E ninguém suspeitava da sua existência,


porque já haviam passado três ou quatro gerações!
Mas a luz forte das lanternas não os ofuscou:
eles estavam cegos
– todos, homens, mulheres, crianças.
Eles estavam cegos… e cantavam!
QUINTANA, Mario. Baú de espantos. 1. Ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.

Os sinais de pontuação são importantes elementos de expressividade em textos de caráter poético.


Assim, em “A voz subterrânea”, é CORRETO afirmar que:
a) os pontos de exclamação nos versos 6 e 9 têm a mesma finalidade, a saber, rechaçar a
incredulidade do autor frente os eventos apresentados.
b) os dois-pontos usados no verso 10 servem para introduzir uma elucidação sobre a afirmação
feita antes desse sinal, no mesmo verso.
c) o travessão do verso 12 introduz um diálogo metafórico, por isso pode também ser entendido
como um elemento de realce.
d) as reticências do verso 13 pervertem o momento de maior tensão do texto, criando um paradoxo
entre as duas orações do mesmo verso.
e) a vírgula no verso 6 possibilita a ordem indireta da oração adjetiva do verso 7, pois introduz uma
explicação quando uma restrição era esperada.

2. L.J.C
— 5 tiros?
— É.
— Brincando de pegador?
— É. O PM pensou que...
— Hoje?
— Cedinho.
COELHO, M. In: FREIRE, M. (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.

Os sinais de pontuação são elementos com importantes funções para a progressão temática. Nesse
miniconto, as reticências foram utilizadas para indicar:
a) uma fala hesitante.
b) uma informação implícita.
c) uma situação incoerente.
d) a eliminação de uma ideia.
e) a interrupção de uma ação.

2
Português

3. O ódio à diferença
É milenar o hábito de estranhamento entre os homens. Indivíduos que por algum motivo destoam num
grupo qualquer costuma provocar sentimentos de antipatia entre aqueles que se sentem iguais entre
si e superiores ao que lhes parece diferente. O racismo, baseado em preconceito, nasce daí. Povos
mais escuros, mais pobres, menos cultos ou simplesmente de outra etnia sempre foram vítimas de
desprezo irracional por parte de coletividade que se consideram superiores na comparação
VEJA. 26/9/2001

Na sentença, “O racismo, baseado em preconceito, nasce daí” o fato de a expressão “baseado em


preconceito” vir entre vírgulas indica que:
a) Há mais racismo apoiado em preconceito do que racismo não apoiado em preconceito.
b) Há um racismo apoiado em preconceito e outro não apoiado em preconceito.
c) Há diferença entre o racismo apoiado e o não apoiado em preconceito.
d) Todo racismo se apoia em preconceito.
e) Nenhuma das alternativas.

4.

Sobre o anúncio publicitário, o mecanismo usado linguisticamente na seguinte passagem: “Leve uma
de brotinho banana!” está inserido no plano do(a):
a) coesão referencial pelo uso de elipse.
b) coesão sequencial pelo uso de conectores.
c) coesão referencial pelo uso de pronomes.
d) coesão referencial pelo uso de sinonímia.
e) coesão sequencial pelo emprego de pontuação.

3
Português

5. Observe os períodos abaixo, diferentes quanto à pontuação.


— Adoeci logo; não me tratei.
— Adoeci; logo não me tratei.

A observação atenta desses períodos permite dizer que:


a) No primeiro, “logo” é um advérbio de tempo; no segundo, uma conjunção causal.
b) No primeiro, “logo” é uma palavra invariável; no segundo, uma palavra variável.
c) No primeiro, as orações estão coordenadas sem a presença de conjunção; na segunda, com a
presença de uma conjunção conclusiva.
d) No primeiro, as orações estão coordenadas com a presença da conjunção; na segunda, sem
conjunção alguma.
e) No primeiro, a segunda oração indica alternância; no segundo, a segunda oração indica a
consequência.

6. Quem procura a essência de um conto no espaço que fica entre a obra e seu autor comete um erro: é
muito melhor procurar não no terreno que fica entre o escritor e sua obra, mas justamente no terreno
que fica entre o texto e seu leitor.
OZ, A. De amor e trevas. São Paulo: Cia. Das Letras, 2005 (fragmento).

A progressão temática de um texto pode ser estruturada por meio de diferentes recursos coesivos,
entre os quais se destaca a pontuação. Nesse texto, o emprego dos dois-pontos caracteriza uma
operação textual realizada com a finalidade de:
a) comparar elementos opostos.
b) relacionar informações gradativas.
c) intensificar um problema conceitual.
d) introduzir um argumento esclarecedor.
e) assinalar uma consequência hipotética.

7. Filho de Eriberto, o motorista que desmontou o esquema PC Farias e foi peça chave no impeachment
do presidente Fernando Collor de Mello, André Vinícius colheu bem mais elogios do que hostilidades.
Na época, ele tinha cinco anos e não entendia o que acontecia. Sofria, apenas, porque os pais o
levavam para dormir com os avós, por precaução. “Eu não gostava da noite porque me separava deles.
Era triste”, relembra. Com o tempo, ele passou a ser cumprimentado pela atitude heroica do pai. “Tenho
orgulho. Ele foi corajoso. Mexeu com gente importante e era a parte mais fraca. Normalmente, as
pessoas falam dele de forma respeitosa. Exceto um ‘seu pai é dedo-duro!’, dito de brincadeira, o resto
é elogio.”
Os filhos do país dos escândalos. In: Istoé, n. 1868, p. 40, 30 ago. 2005.

Assinale a alternativa que apresenta a correta justificativa para a pontuação no texto.


a) A primeira vírgula serve para introduzir um trecho que contém informações sobre o termo
antecedente.
b) A segunda vírgula justifica-se pela enumeração dos termos representados pelos substantivos
próprios.
c) O ponto de exclamação representa o caráter imperativo da frase em que o sinal é utilizado.
d) As aspas duplas decorrem da mudança de interlocutor no diálogo travado no texto.
e) As aspas simples aparecem em função da ironia que se associa ao trecho.

4
Português

8. O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim,
há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou
com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Se estão a pensar em ficar
conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos
internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso,
Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos
vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar,
toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país,
SARAMAGO, J. Ensaio sobra a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a
violação de determinadas regras de pontuação:
a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero
romance.
b) provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança.
c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico.
d) representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica.
e) colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado.

9. Uma das mudanças fundamentais ocorridas no Brasil destes últimos 20 e 30 anos é o envelhecimento
de nossa população. No entanto, não houve mudanças significativas na qualidade de vida, na
distribuição da riqueza e, principalmente, das terras, que no Brasil sempre foram o privilégio histórico
da minoria. A população ficou mais velha e mais pobre também. A distância entre ricos e pobres só
fez aumentar nestas décadas e, até hoje, esse processo não foi revertido. (Qual seria a verdadeira
causa?) [...] Era duro ser velho nos anos 60 e 70. E aí não precisava ser muito velho para ser velho,
bastava passar dos 30 ou 40 anos! Nas relações de emprego esse preconceito transformou-se em lei
e estendeu-se a todas as formas de relação social em família. O velho foi sendo recolhido a sua
“inferioridade” e a um mundo limitado, depressivo e solitário. A aposentadoria precoce agravou o
problema, e a ausência de equipamentos e serviços destinados a atender a terceira idade tornou a
situação mais dramática.
Herbert de Souza – Revista Sras. e Srs. Ano 1, julho/97, p.41.
Neste fragmente do texto, os parênteses:
a) estabelecem uma relação entre fatos presentes e passados.
b) enfatizam o grau de distância entre ricos e pobres.
c) diminuem a importância das ideias do segmento anterior.
d) fixam num plano secundário a busca de resposta à pergunta.
e) denotam espanto diante do problema em causa.

5
Português

10. Jogar limpo


Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço. Convencer alguém de algo é, antes de tudo,
uma alternativa à prática de ganhar uma questão no grito ou na violência física – ou não física. Não
física, dois-pontos. Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma publicidade
que joga baixo pode constranger multidões a consumir um produto danoso ao ambiente. Há
manipulações psicológicas não só na religião. E é comum pessoas agirem emocionalmente, porque
vítimas de ardilosa – e cangoteira – sedução. Embora a eficácia a todo preço não seja argumentar,
tampouco se trata de admitir só verdades científicas – formar opinião apenas depois de ver a
demonstração e as evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana, uma forma
de retórica, mas é um raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e pode
ser rigoroso sem ser científico.

No fragmento, opta-se por uma construção linguística bastante diferente em relação aos padrões
normalmente empregados na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois-pontos”. Nesse contexto, a
escolha por se representar por extenso o sinal de pontuação que deveria ser utilizado:
a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de
argumentar.
b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as relações e as estruturas presentes
no enunciado.
c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente a sequenciação de ideias, introduzindo
apostos exemplificativos.
d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a qual se concretiza no emprego da
linguagem conotativa.
e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao não desenvolver
explicitamente o raciocínio a partir de argumentos.

6
Português

Gabarito

1. B
Antes dos dois-pontos no verso 10, o eu lírico diz que a luz forte das lanternas não ofuscou os homens.
Em seguida, no verso 11, ele apresenta o porquê de não ter havido ofuscamento: esses homens estavam
cegos. Assim, a função dos dois-pontos é introduzir uma elucidação sobre a afirmação feita antes do
sinal.

2. B
Deve-se perceber que o sinal das reticências serve para mostrar a supressão de um pensamento
trazendo uma informação implícita. No texto, a referência seria ao comportamento preconceituoso da
PM.

3. D
Quando entre vírgulas, a sentença tem a função explicativa sobre a palavra anterior. Dessa forma, o
autor do texto restringe que há tipos de racismo e um deles, é por causa do preconceito.

4. A
Na passagem “leve uma de brotinho banana”, vemos a elipse (ou seja, a omissão de um termo
subentendi pelo contexto) do termo “pizza”, já que o que deve ser levado é uma pizza. Assim, o
mecanismo usado linguisticamente nessa passagem está inserido no plano da coesão referencial pelo
uso de elipse.

5. C
Na primeira frase, “logo” é advérbio e as orações são coordenadas assindéticas (a conjunção foi
substituída pelo ponto e vírgula). Na segunda, “logo” é uma conjunção conclusiva.

6. D
Após os dois-pontos, o autor introduz uma ideia que esclarece a afirmação de que quem procura a
essência de um conto no espaço que fica entre a obra e seu autor, comete um erro.

7. A
A primeira vírgula está isolando “o motorista que desmontou o esquema PC Faria e foi peça chave no
impeachment do presidente Fernando Collor de Mello”, que está caracterizando “Eriberto”.

8. C
A pontuação não convencional é marca estilística intrínseca à obra de Saramago. No trecho em análise,
o caos se dá por meio de diálogos entrecortados que, postos em um período longo, são marcados pela
letra maiúscula sem que haja ponto final precedente. Isso contribui semanticamente para o texto, seja
para marcar uma confusão, a velocidade da cena, ou o caos instaurado.

9. D
Os parênteses, no fragmento apresentado, propõem uma reflexão secundária sobre aquilo que estava
sendo dito.

10. C
O uso do sinal de pontuação expresso em sua forma verbal (por extenso) foi um recurso estilístico do
autor para atrair ainda mais a atenção do leitor. Sua função manteve-se semelhante à do sinal de
pontuação, ou seja, de sequenciar ideias, no caso, apostos exemplificativos ao que seria “violência não
física”.

7
Português

Pontuação: conceitos fundamentais

Resumo

Os sinais de pontuação são, em definição, sinais gráficos que representam na escrita recursos específicos
da língua falada. Ou seja, enquanto a fala possibilita transmitir emoções e sentimentos por meio da entonação
de voz, prolongamento de palavras, pausas, gestos faciais e, inclusive, a falta de emissão sonora, a escrita
dispõe de sinais que tentam reproduzir estes efeitos comunicativos.
Embora existam normas gramaticais para o emprego dos sinais de pontuação, esses critérios apresentam-
se de maneira mais flexível em razão do caráter subjetivo da pessoa que redige o texto na intenção de
expressar certa emoção. Assim, vejamos qual o objetivo do emprego da pontuação em uma estrutura textual,
que, além de trazer a entonação falada, garante a coerência entre as orações. Abaixo, os sinais de pontuação
e suas principais funções na gramática:

Como analisado acima, não parece tão difícil delimitar as funções destes sinais, uma vez que apresentam
certa extensão de nossa fala para a escrita. Dessa forma, separamos alguns exemplos que podem ser
encontrados estes símbolos:
• Ponto: O filme recebeu várias indicações para o Oscar.
Percebe-se que a oração foi devidamente finalizada, precisando, portanto, do ponto final.
• Dois-pontos: André explicou: — Não devemos pisar na grama do parque.
Observação: Os dois pontos têm a função explicativa, também, sobre determinado assunto dito
anteriormente.
• Ponto e vírgula: Os empregados, que ganham pouco, reclamam; os patrões, que não lucram,
reclamam igualmente.
Atenção: É importante ter em mente que o ponto e vírgula representa uma pausa maior que uma
vírgula e menor que um ponto (finalização de oração).
• Vírgula: Desta maneira, Maria, não posso mais acreditar em você. (Separação de vocativo)
Ex.: Eduardo, professor de português, falou sobre a criatividade na redação do ENEM. (Separação de
aposto)
Vamos utilizar papel, caneta, régua e transferidor para a próxima aula.

1
Português

Observação: a vírgula serve, também, para separar termos de uma mesma função sintática, apostos
e vocativos.
• Interrogação: Você já estudou a matéria dessa semana de História do Brasil?
• Exclamação: Eu passei no vestibular!
Observação: o ponto de exclamação é, geralmente, utilizado para dar ênfase a alguma frase, como
por exemplo exprimir uma sensação de surpresa para o leitor.
• Reticências: Essa semana irei comprar sapatos, camisetas, bolsas, colares...
• Aspas: Brás Cubas dedica suas memórias a um verme: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas."
• Travessão: Muito descontrolada, Paula gritou com o marido: — Por favor, não faça isso agora pois
teremos problemas mais tarde.
Observação: O travessão é utilizado, também, para substituir os parênteses ou uma dupla vírgula
(palavra ou termos entre vírgulas).
• Parênteses: O presidente da república (que na época era Fernando Henrique Cardoso) aprovou o
decreto.
Em suma, é importante reconhecer os sinais de pontuação, bem como seus conceitos fundamentais e
comumente utilizados na escrita, com a finalidade de compreender melhor a gramática, assim como também
para garantir a nota máxima na Competência 1 – demonstrar o domínio da modalidade escrita formal da língua
portuguesa, crivo de correção da redação do ENEM. Por fim, vejamos uma síntese do conteúdo de aula neste
mapa mental:

Disponível em: https://descomplica.com.br/artigo/mapa-mental-uso-da-virgula/4WN/

2
Português

Exercícios

1. Assinale a opção cuja análise da pontuação NÃO está de acordo com a regra gramatical da Língua
Portuguesa.
a) “Não parece haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida” – separar
termos de função sintática semelhante.
b) “No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de
crianças rápidas” – indicar a omissão de um termo.
c) “Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação
deles” – isolar orações adverbiais deslocadas.
d) “Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo” – isolar
adjunto adverbial.

2. Observe a seguinte frase: — Quem quer ir, perguntou o chefe. A respeito dela, pode-se dizer que:
a) Deveria ter sido colocado um ponto de interrogação após a palavra ir.
b) Deveria ter sido colocado um ponto de interrogação após a palavra chefe.
c) Deveria ter sido colocado um ponto de exclamação após a palavra chefe.
d) Bastaria colocar entre aspas a oração “- Quem quer ir”.
e) A frase está correta.

3. Assinale o item em que ocorre grave ERRO de emprego da vírgula:


a) A vírgula, sinal de pontuação usado com frequência não pode separar sujeito de predicado.
b) Você não estava, ontem, presente ao espetáculo circense a que compareceu seu grupo de amigos.
c) Para discussões mais profundas sobre o tema, ninguém melhor que sua grande amiga.
d) Na volta do concurso que selecionou os melhores jogadores de xadrez, Miguel estava radiante.
e) Antes de sair de casa, assegure-se de ter deixado todas as janelas fechada, por causa da chuva
iminente.

4. Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador? Além de ventinho, o ventilador gera ondas
sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da voz se
propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira
para a Qualidade Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre
ondas. “O vento também contribuiu para a distorção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia
no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://superabril.com.br. Acesso em: 30. Jul. 2012 (adaptado)
Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão
da mensagem. No texto, o sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por:
a) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte.
b) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
c) reticências, para deixar subentendida a formação do especialista.
d) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
e) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

3
Português

5. De onde vem a expressão “Será o Benedito”?


De Minas, uai.
Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos governadores, e chefes políticos mineiros temiam que
o presidente nomeasse alguém indesejado.
Para não desagradar seus apoiadores, dizia-se que o escolhido de Getúlio seria Benedito Valadares,
jornalista, político local e candidato neutro. Muitos, surpresos com a provável escolha, que acabou
acontecendo, perguntavam-se: “Será o Benedito?”.
Assim, a questão ficou conhecida por expressar contrariedade, surpresa, desalento e perplexidade
frente a acontecimentos inusitados.
MARQUES, E. De onde vem a expressão “Será o Benedito?”. Disponível em: Acesso em: 09 maio 2017.
Das alternativas abaixo, marque a única que justifica corretamente o uso da pontuação nos períodos
do texto.
a) No período “Muitos, surpresos com a provável escolha, que acabou acontecendo, perguntavam-
se: ‘Será o Benedito?’.”, a oração destacada é subordinada adjetiva restritiva, por isso as vírgulas
são obrigatórias.
b) Em “Para não desagradar seus apoiadores, dizia-se que o escolhido de Getúlio seria Benedito
Valadares”, a vírgula que separa as orações é facultativa, pois a oração destacada é adverbial e foi
deslocada para o início do período.
c) No trecho “Muitos, surpresos com a provável escolha”, a palavra destacada está isolada pela
vírgula porque é um advérbio de intensidade deslocado para o início do período.
d) No trecho “Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos governadores”, usa-se a vírgula para
isolar “Em 1933” por ser uma expressão adverbial de tempo, em início de frase.
e) Em “perguntavam-se: ‘Será o Benedito?’”, os dois pontos podem ser substituídos pelo travessão,
pois antecedem o discurso direto.

6. A praga dos selfies


De uma coisa tenho certeza. A foto pelo celular vale apenas pelo momento. Não será feito um álbum
de fotografias, como no passado, onde víamos as imagens, lembrávamos da família, de férias, de
alegrias. As imagens ficarão esquecidas em um imenso arquivo. Talvez uma ou outra, mais especial,
seja revivida. Todas as outras, que ideia. Só valem pelo prazer de fazer o selfie. Mostrar a alguns
amigos. Mas o significado original da foto de família ou com amigos, que seria preservar o momento,
está perdido. Vale pelo instante, como até grandes amores são hoje em dia. É o sorriso, o clique, e
obrigado. A conquista: uma foto com alguém conhecido.
W.Carrasco, “A praga dos selfies”. Época, 26.09.2016.
Analise a frase “Todas as outras, que ideia”. Assinale a alternativa em que a frase tenha sido reescrita
de tal maneira que fique mais evidente a entonação que ela tem no contexto.
a) Todas as outras! Que ideia?
b) Todas as outras; que ideia!
c) Todas as outras? Que ideia!
d) Todas as outras: — Que ideia!

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Português

7. Estou farto do lirismo comedido


Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente
[protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
(...)
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
Manuel Bandeira
Reescrevendo os versos de forma linear e respeitando as regras de pontuação prescritas pela
gramática normativa, tem-se:
a) Estou farto do lirismo comedido, do lirismo comportado. Do lirismo funcionário público: com livro
de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
b) Estou farto do lirismo comedido, do lirismo comportado, do lirismo funcionário público, com livro
de ponto, expediente, protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
c) Estou farto do lirismo comedido. Do lirismo comportado. Do lirismo funcionário público. Com livro
de ponto, expediente, protocolo e, manifestações de apreço, ao sr. diretor.
d) Estou farto do lirismo namorador: político raquítico e sifilítico.
e) Estou farto do lirismo; Namorador; Político; Raquítico; Sifilítico.

8. É carnaval
E então chegava o Carnaval, registrando-se grandes comemorações ao Festival de Besteira. Em Goiânia
o folião Cândido Teixeira de Lima brincava fantasiado de Papa Paulo VI e provava no salão que não é
tão cândido assim, pois aproveitava o mote da marcha Máscara Negra e beijava tudo que era mulher
que passasse dando sopa. Um padre local, por volta da meia-noite, recebeu uma denúncia e foi para o
baile, exigindo da Polícia que o Papa de araque fosse preso. Em seguida, declarou: “Brincar o Carnaval
já é um pecado grave. Brincar fantasiado de Papa é uma blasfêmia terrível.” O caso morreu aí e nunca
mais se soube o que era mais blasfêmia: um cidadão se fantasiar de Papa ou o piedoso sacerdote
encanar o Sumo Pontífice. E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio. Há coisas
inexplicáveis! Até hoje não se sabe por que foi durante o Carnaval que o Governo aumentou o dólar,
fazendo muito rico ficar mais rico. E, porque o Ministro do Planejamento e seus cúmplices, aliás, digo,
seus auxiliares, aumentaram o dólar e desvalorizaram o cruzeiro em pleno Carnaval, passaram a ser
conhecidos por Acadêmicos do Cruzeiro - numa homenagem também aos salgueirenses que, no
Carnaval de 1967, entraram pelo cano.
PRETA, Stanislaw Ponte. FEBEAPÁ 2- 2º- Festival de Besteira que Assola o País. 9ª- edição. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1993, p. 32
O uso das vírgulas de intercalação está registrado adequadamente em uma das alternativas abaixo.
Assinale a alternativa correta.
a) E então chegava o Carnaval, registrando-se grandes comemorações ao Festival de Besteira.
b) Um padre local, por volta da meia-noite, recebeu uma denúncia e foi para o baile, exigindo da Polícia
que o Papa de araque fosse preso.
c) E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio. Há coisas inexplicáveis!
d) (…) e foi para o baile, exigindo da Polícia que o Papa de araque fosse preso. Em seguida, declarou:
“Brincar o Carnaval já é um pecado grave. Brincar fantasiado de Papa é uma blasfêmia terrível.”
e) Até hoje não se sabe por que foi durante o Carnaval que o Governo aumentou o dólar, fazendo
muito rico ficar mais rico.

5
Português

9. Proibido para menores de 50 anos


Nos últimos meses, em meio ao debate sobre as reformas da Previdência, um ponto acabou
despertando a atenção. Afinal, existem empregos para quem tem mais de 50 anos? Pendurar as
chuteiras nem sempre é fácil. Às vezes, pode significar uma quebra tão grande na rotina que afeta até
mesmo o emocional. Foi a partir de uma experiência familiar, nesta linha que o paulistano Mórris Litvak
criou a startup MaturiJobs. Trata-se de uma agência virtual de empregos, especializada em
profissionais com mais de 50 anos.
Revista Isto é Dinheiro. Mercado de Trabalho. Maio/2017. p. 6.
“Nos últimos meses, em meio ao debate sobre as reformas da Previdência, um ponto acabou
despertando a atenção.” Na frase transcrita, as vírgulas foram utilizadas para:
a) realçar a escrita formal em contraste à escrita informal.
b) separar um termo complementar da oração principal.
c) marcar a sobreposição de várias informações intercaladas.
d) indicar o deslocamento da informação secundária em relação à principal.
e) antecipar o tempo e o espaço físico da informação principal.

10. O ódio à diferença


É milenar o hábito de estranhamento entre os homens. Indivíduos que por algum motivo destoam num
grupo qualquer costumam provocar sentimentos de antipatia entre aqueles que se sentem iguais entre
si - e superiores ao que lhes parece diferente. O racismo, baseado em preconceito, nasce daí. Povos
mais escuros, mais pobres, menos cultos ou simplesmente de outra etnia sempre foram vítimas de
desprezo irracional por parte de coletividades que se consideram superiores na comparação.
(VEJA. 26/9/2001)
Na sentença, O racismo, baseado em preconceito, nasce daí, o fato de a expressão baseado em
preconceito vir entre vírgulas indica que
a) todo racismo se apoia em preconceito
b) há um racismo apoiado em preconceito e outro não apoiado em preconceito
c) há diferença entre o racismo apoiado e o não apoiado em preconceito
d) há mais racismo apoiado em preconceito do que racismo não apoiado em preconceito
e) nenhum racismo tem fundamentação em preconceito.

6
Português

Gabarito

1. B
A vírgula foi utilizada devido à utilização da conjunção adversativa, que marca uma intercalação do
“porém” entre os termos da oração.

2. A
Coloca-se ponto de interrogação no final de uma interrogativa direta, após o verbo ir.

3. A
“A vírgula, sinal de pontuação usado com frequência, não pode separar sujeito de predicado”. Havendo
intercalações entre o sujeito e o predicado, ela deve vir entre duas vírgulas.

4. B
O segmento “presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica”, que se encontra
intercalado entre dois travessões, poderia ser colocado entre vírgulas, exercendo, assim, a função de
aposto explicativo relativamente ao termo a que se refere: David Akkerman.

5. D
Quando utilizamos uma expressão adverbial ou oração adverbial no início de um período, usa-se a vírgula
para isolá-la, como é visto nas alternativas (B) e (D). Entretanto, a alternativa “B” não pode ser
considerada como verdadeira porque a vírgula isola a expressão “surpresos com a provável escolha”,
que caracteriza o estado de “Muitos”, colocado na posição de sujeito da oração principal.

6. C
Para evidenciar a entonação que a frase tem no contexto, deve-se utilizar um ponto de interrogação para
apresentar o questionamento do autor e a utilização da exclamação para ressaltar a opinião negativa
que tem a respeito das pessoas que tiram selfies e não as utilizam mais, assim a frase deveria ser
reescrita da seguinte maneira: “Todas as outras? Que ideia!” O adjunto adverbial (“por volta da meia-
noite”), anteposto ao verbo, aparece entre vírgulas porque está intercalado entre o sujeito (“um padre
local”) e o verbo (“recebeu”).

7. B
Transformando os versos apresentados em prosa, deve-se recorrer à enumeração dos elementos e
separá-los por meio de vírgulas, exceto na última ocorrência, em que se utiliza a conjunção aditiva “e”.

8. B
O adjunto adverbial (“por volta da meia-noite”), anteposto ao verbo, aparece entre vírgulas porque está
intercalado entre o sujeito (“um padre local”) e o verbo (“recebeu”).

9. D
Tanto “Nos últimos meses” quanto “em meio ao debate sobre as reformas na Previdência” são adjuntos
adverbiais. Tais termos acessórios, por se apresentarem ao início do período, devem ter seu
deslocamento pontuado por vírgulas.

10. A
Uma vez que o aposto, quando separado entre vírgulas, surge em sentenças para garantir uma explicação
sobre o termo anterior, é notório que o objetivo de tal mecanismo linguístico na oração ser a
demonstração de um fato sobre racismo, apontando que todos são pautados em preconceito.

7
Química

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Química

Diluição e Misturas de soluções

Resumo

Diluição
Comumente, em nosso dia-a-dia, realizamos a diluição de soluções, isto é, acrescentamos a elas um pouco
de solvente, geralmente água, a solutos, que podem ser sucos concentrado, inseticidas, tintas...entre outros.
Concluindo: Diluir uma solução significa adicionar a ela uma porção do próprio solvente puro.

Numa diluição a massa do soluto não se altera, apenas o volume do solvente. Partindo disso temos a
concentração da solução inicial expressa por:
Ci = m i / Vi → mi = Ci . Vi

E a concentração da solução após a diluição como:


Cf = mi/ Vf → mi = Cf . Vf

Como as massas são iguais antes e depois da diluição chegamos a expressão que:

Ci . Vi = Cf . Vf

Essa fórmula nos mostra que, quando o volume aumenta (de V i para Vf), a concentração diminui (de Ci para
Cf) na mesma proporção, ou seja, o volume e a concentração de uma solução são inversamente
proporcionais.
Exemplo: Para uma solução de 200 ml de NaCl na concentração 0,4 mol/L, qual o volume de água final para
que a concentração caia a metade?
Resolução:
Cf = 0,4/2 = 0,2 mol/L
Ci.Vi = CfVf
0,4.200 = 0,2 . Vf
Vf = 400 mL de água

1
Química

Misturas de soluções de uma mesmo soluto


Vamos imaginar duas soluções (A e B) de cloreto de sódio (NaCl), como ilustrado abaixo. Na solução final (A
+ B), a massa do soluto é igual à soma das massas dos solutos em A e B.

Portanto: m = 7 + 8 ⇒ m = 15 g de NaCl. O volume da solução também é igual à soma dos volumes das
soluções A e B. Logo V = 100 + 200 ⇒ V = 300 mL de solução Com esses valores e lembrando a definição de
concentração, obtemos, para a solução final (A + B):
300 mL de solução ---------- 15 g de NaCl C = m = 15 g = 50 g/L
1.000 mL de solução -------- C OU V 0,3 L
Cfinal = 50 g/L

Obs: É interessante notar que a concentração final (50 g/L) terá sempre um valor compreendido entre as
concentrações iniciais (70 g/L > 50 g/L > 40 g/L).

Podemos generalizar esse tipo de problema, da seguinte maneira:


• massa do soluto na solução A: ma = Ca.Va
• massa do soluto na solução B: mb = Cb.Vb
• massa do soluto na solução final: m = CV

Como as massas dos solutos se somam (m = m a + mb ), temos:


𝐂𝐀 𝐕𝐀 + 𝐂𝟖 𝐕𝟖
𝐂=
𝐕𝐀 + 𝐕𝟖
Exemplo:
200 mL de uma solução a 0,2 mol.L de KBr é misturada a 100mL de uma solução de mesmo soluto com
-1

concentração igual a 0,4 mol.L . Qual a concentração da mistura obtida?


-1

Solução 1
V = 200 mL
M = 0,2 mol.L-1
Solução 2
V = 100 mL
M = 0,4 mol.L-1
Solução final
Vf = V1 + V2
Vf = 200 + 100
Vf = 300 mL
M1 . V1 + M2 . V2 = Mf . Vf
0,2 . 200 + 0,4 . 100 = Mf . 300
Mf = 0,27 mol.L-1 de KBr.

2
Química

Mistura de duas soluções de solutos diferentes que não reagem entre si


Supondo que tenhamos soluções A e B, a primeira, uma solução de NaCl, e a segunda, de KCl.

O volume da solução final (A + B) será: V = VA + VB. Nela reaparecerão inalterados os solutos NaCl e KCl, pois
eles não reagem entre si e como os solutos não reagem, cada soluto vai ser tratado de forma independente,
logo, podemos aplicar as fórmulas da diluição nesse tipo de mistura.
para o NaCl: VA . CA = V.C’A ⇒ 100 . 70 = 300 . C’A ⇒ C’A ≈ 23,3 g/L
para o KCl: VB . CB = V.C’B ⇒ 200 . 40 = 300 . C’B ⇒ C’B ≈ 26,6 g/L
Exemplo:

Frasco 1:
n= 0,1 mol de NaCl
V = 200 mL
Frasco 2:
M = 0,2 mol de CaCl2
V = 300 mL
Qual a concentração final dos íons Na+, Ca+2 e Cl- após misturarmos os conteúdos dos frascos 1 e 2.
Frasco 1: NaCl
NaCl → Na+ + Cl-
1mol 1mol 1mol
0,1mol 0,1mol 0,1mol
Temos então no frasco 1:
0,1 mol de Na+ e 0,1 mol de Cl-
Frasco 2: CaCl2
CaCl2 → Ca+2 + 2Cl-
1mol 1mol 2mol
0,2mol 0,2mol 0,4mol
Temos então no frasco 2:
0,2 mol de Ca+2 e 0,4 mol de Cl-

3
Química

No frasco final, após a mistura de 1 e 2:


Vfinal = 200mL + 300mL = 500mL = 0,5L
Concentração final:
Para Na+
n = 0,1 mol
V = 0,5L
M = n / V(L) → M = 0,1 / 0,5 → M = 0,2 mol.L-1 de Na+
Para Ca+2
n = 0,2 mol
V = 0,5L
M = n / V(L) → M = 0,2 / 0,5 → M = 0,4 mol.L-1 de Ca+2
Para Cl- (íon comum as duas soluções misturadas)
n1 + n2 = nf → 0,1 + 0,4 = 0,5 mol
V = 0,5L
M = n / V(L) → M = 0,5 / 0,5 → M = 1 mol.L-1 de Cl-

4
Química

Exercícios

1. Durante uma festa, um convidado ingeriu 5 copos de cerveja e 3 doses de uísque. A cerveja contém
5% v/v de etanol e cada copo tem um volume de 0,3 L; o uísque contém 40% v/v de etanol e cada dose
corresponde a 30 mL. O volume total de etanol ingerido pelo convidado durante a festa foi de:
a) 111 mL
b) 1,11 L
c) 15,9 mL
d) 1,59 L
e) 159 mL

2. Um químico necessita usar 50 mL de uma solução aquosa de NaOH 0,20 mol/L. No estoque está
disponível apenas um frasco contendo 2,0 L de NaOH(aq) 2,0 mol/L. Qual o volume da solução de soda
cáustica 2,0 M que deve ser retirado do frasco para que, após sua diluição, se obtenha 50 mL de
solução aquosa de NaOH 0,20 mol/L? Que volume aproximado foi adicionado de água?
a) 15 mL
b) 30 mL
c) 45 mL
d) 50 mL
e) 65 mL

3. Um recipiente contém 150 mL de solução de cloreto de potássio 4,0mol/L, e outro recipiente contém
350 mL de solução de sulfato de potássio, 3,0 mol/L. Depois de misturarmos as soluções dos dois
recipientes, as concentrações em quantidade de matéria em relação aos íons K + e SO42- serão,
respectivamente:
a) 4,2 mol/L e 2,1 mol/L
b) 4,2 mol/L e 3,6 mol/L
c) 5,4 mol/L e 2,1 mol/L
d) 5,4 mol/L e 3,6 mol/L
e) 5,7 mol/L e 2,6 mol/L

5
Química

4. Nos municípios onde foi detectada a resistência do Aedes aegypti, o larvicida tradicional será
substituído por outro com concentração de 10% (v/v) de um novo princípio ativo. A vantagem desse
segundo larvicida é que uma pequena quantidade da emulsão apresenta alta capacidade de atuação,
o que permitirá a condução de baixo volume de larvicida pelo agente de combate às endemias. Para
evitar erros de manipulação, esse novo larvicida será fornecido em frascos plásticos e, para uso em
campo, todo o seu conteúdo deve ser diluído em água até o volume final de um litro. O objetivo é obter
uma concentração final de 2% em volume do princípio ativo. Que volume de larvicida deve conter o
frasco plástico?
a) 10 ml
b) 50 ml
c) 100 ml
d) 200 ml
e) 500 ml

5. Se adicionarmos 80 mL de água a 20 mL de uma solução 0,20 mol/L de hidróxido de potássio,


obteremos uma solução de concentração molar igual a:
a) 0,010
b) 0,020
c) 0,025
d) 0,040
e) 0,050

6. Qual deve ser o volume de água adicionado a 50 cm 3 de solução de hidróxido de sódio (NaOH), cuja
concentração é igual a 60 g/L, para que seja obtida uma solução a 5,0 g/L?
a) 0,4 L
b) 600 cm3
c) 0,55 L
d) 500 cm3
e) 600 L

7. Analisando quantitativamente um sistema formado por soluções aquosas de cloreto de sódio, sulfato
de sódio e fosfato de sódio, constatou-se a existência de: 0,525 mol/L de íons Na+, 0,02 mol/L de íons
SO42 – e 0,125 mol/L de íons Cl–. Baseado nos dados pode-se concluir que a concentração de PO43 – no
sistema é:
a) 0,525 mol/L
b) 0,12 mol/L
c) 0,36 mol/L
d) 0,24 mol/L
e) 0,04 mol/L

6
Química

8. O álcool comercial (solução de etanol) é vendido na concentração de 96% em volume. Entretanto, para
que possa ser utilizado como desinfetante, deve-se usar uma solução alcoólica na concentração de
70% em volume. Suponha que um hospital recebeu como doação um lote de 1000 litros de álcool
comercial a 96% em volume, e pretende trocá-lo por um lote de álcool desinfetante.
Para que a quantidade total de etanol seja a mesma nos dois lotes, o volume de álcool a 70% fornecido
na troca deve ser mais próximo de
a) 1042 L
b) 1371 L
c) 1428 L
d) 1632 L
e) 1700 L

9. 150 mL de ácido clorídrico de molaridade desconhecida são misturados a 350 mL de ácido clorídrico
2M, dando uma solução 2,9M. Qual é a molaridade do ácido inicial?
a) 5 mol/L
b) 0,5 mol/L
c) 2,5 mol/L
d) 25 mol/L
e) 35 mol/L

10. Instrução: Responder à questão com base no esquema a seguir, que representa um conjunto de
soluções de sulfato de cobre. As soluções foram obtidas, sempre diluindo-se com água,
sucessivamente, 5 mL da solução anterior para se obter 10 mL da nova solução.

Diminuindo-se a concentração da solução I em dez vezes, por diluição, a solução resultante terá
concentração intermediária às soluções da(s) alternativa(s):
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) IV e V.
e) V e VI.

11. No preparo de 2 L de uma solução de ácido sulfúrico foram gastos 19,6 g do referido ácido. Calcule a
concentração molar obtida pela evaporação dessa solução até que o volume final seja de 800 mL.
a) 2,5 mol/L
b) 0,25 mol/L
c) 25 mol/L
d) 225 mol/L
e) 0,35 mol/L

7
Química

Gabarito

1. A
5x300mL = 1500mL x 5/100 = 75mL
3x30mL = 90mL x 40/100 = 36mL

Total: 111mL

2. C

3. C
Calcule a nova molaridade para cada composto utilizando a fórmula M1V1 = M2V2
Lembre-se que os volumes das soluções serão adicionados, resultando um V2 = 0,5L
Após isso faça a dissociação de cada sal e através da estequiometria ache a concentração dos íons.
Lembre-se também que o íon K+ aparece na dissociação dos dois compostos, logo sua concentração
final deve ser a soma de cada dissociação.

4. D
10
τinicial = 10% =
100
2
τ final = 2% =
100
Vfinal = 1 L
τinicial  Vinicial = τ final  Vfinal
10 2
 Vinicial = 1L
100 100
 2 
 100  1 L 
Vinicial =   = 0,2 L = 200 mL
 10 
 100 
 

5. D

6. C
C1V1 = C2V2
60 x 50 = 5 x V2
V2 = 600cm3
Volume adicionado = Volume final – Volume inicial
Vadd = 600 – 50
Vadd = 550 mL = 0,55L

8
Química

7. B
NaCl → Na+ + Cl-
1 : 1 : 1
0,125M : 0,125M

Na2SO4 → 2 Na+ + SO42-


1 : 2 : 1
0,04M : 0,02M

Na3PO4 → 3 Na+ + PO43


1 : 3 : 1
0,36 M : 0,12M

8. B
Na diluição, teremos :
τ  V = τ'  V'
0,96  1000 L = 0,70  V '
V ' = 1371,4285 L  1371 L

9. A
M1V1 + M2V2 = M3V3
150M1 + 350x2 = 500x2,9
M1=5mol/L

10. D
A solução I possui volume de 10mL e concentração C, ao diluir a solução I dez vezes, a concentração da
solução final ficará 10 vezes menor (C/10 ou 0,1C).
Fazendo diluições sucessivas da solução I que possui volume de 10mL e concentração C teremos:
Solução II: 5mL da solução I + 5mL de água = 10mL solução II  com isso o volume dobrou e a
concentração ficará reduzida à metade, ou seja, C/2.
Sucessivamente, teremos nas soluções subsequentes:
Solução III: C/4, solução IV: C/8, solução V: C/16, solução VI: C/32
Desta forma, ao diluirmos a solução I dez vezes, teremos uma concentração resultante (C/10) entre as
concentrações das soluções IV (C/8) e V (C/16).

11. B

9
Química

Mistura de soluções com reação química e titulação

Resumo

Mistura de soluções com reação química


Os casos mais comuns ocorrem quando juntamos um ácido uma base, ou um oxidante e um redutor; ou
soluções de dois sais que reagem entre si. Quando há reação química, podem ocorrer duas situações:
1ª. Os dois solutos estão em quantidades exatas para reagir (proporção estequiométrica);
2ª. Caso contrário, sobrará um excesso do primeiro ou do segundo soluto. A seguir exemplificamos esses
dois casos.
1º exemplo:
Quando os solutos estão em proporção estequiométrica:
Juntando-se 300mL de HCl 0,4 molar com 200mL de NaOH 0,6 molar, pergunta-se quais serão as
molaridades da solução FINAL com respeito:
a) ao ácido;
b) à base;
c) ao sal formado.
Resolução: Neste exemplo, fala-se de uma mistura de uma solução de HCl com outra, de NaOH. Esses dois
solutos reagem de acordo com a equação:

HCl + NaOH🡪NaCl + H2O

Pode haver excesso de HCl ou de NaOH, o que somente poderemos determinar por meio do cálculo
estequiométrico. O cálculo estequiométrico fica mais fácil se for efetuado com o auxílio das quantidades de
mols dos reagentes e dos produtos da reação. Ora, a quantidade de mols (n) de cada soluto pode ser
calculada de duas maneiras:
1ª) n = m , em que: m é a massa (gramas), e M.M , a massa molar (g/mol)
M.M

2ª) n = M.V ,em que :M é a molaridade da solução(mol/L),e V ,o seu volume (L).


Como na questão foi dada a molaridade das soluções, calculamos da seguinte forma:
Para o ácido: n = M.V 🡪 n = 0,4 mol/L * 0,3 L 🡪 n = 0,12 mol de HCl
Para a base: n = M.V 🡪 n = 0,6 mol/L * 0,2 L 🡪 n = 0,12 mol de NaOH
Como podemos observar as proporções ácido-base da reação (1:1) tendo 0,12 mol de cada chegamos a
conclusão que todo o ácido e toda a base reagiram por completo sem excessos. E se a base e o ácido
reagiram por completo, eles se transforam todo no sal (NaCl) suas concentrações finais são iguais a zero.
Quanto ao sal, podemos dizer que:
Já que a proporção da reação é de 1:1:1, formam-se 0,12mol desse sal, dissolvido em água, na solução final,
cujo volume é: 300 mL + 200 mL = 500 mL. Portanto, a molaridade do NaCl será:

1
Química

2º exemplo:
Quando os solutos não estão em proporção estequiométrica:
Juntando-se 300mL de HCl 0,4 molar com 200mL de NaOH 0,8 molar, pergunta-se quais serão as
molaridades da solução FINAL com respeito:
a) ao ácido;
b) à base;
c) ao sal formado.
Resolução: Seguindo o mesmo raciocínio que fizemos para resolver o exemplo anterior, calculamos as
quantidades, em mols, dos solutos iniciais:

Para o ácido: n = M.V 🡪 n = 0,4 mol/L * 0,3 L 🡪 n = 0,12 mol de HCl


Para a base: n = M.V 🡪 n = 0,8 mol/L * 0,2 L 🡪 n = 0,16 mol de NaOH

Perceba que a proporção de numero de mol dessa vez não está de 1:1, temos um excesso de base. Todo o
ácido irá ser consumido, porém 0,4 mol da base irão sobrar no fim da reação (0,16 NaOH - 0,12 HCl = 0,4
NaOH).

Titulação
Quando se precisa saber a concentração em mol/L de alguma solução, costuma-se usar uma técnica
de análise volumétrica chamada titulação, ou, titulação ácido-base. Esse método é feito colocando-se para
reagir uma solução a qual se sabe a concentração, que é denominada de titulante, com a solução a qual não
se sabe a concentração, que é denominada de titulado. Uma dessas soluções é uma base, enquanto a outra
é um ácido, logo elas reagem formando sal e água. O pH costuma ficar neutro ou próximo disso, o que
equivale a um pH igual a 7. É preciso saber equacionar esse tipo de reação para os cálculos usados na
titulação, conforme será mostrado mais adiante.
Com a adição de um indicador ácido-base(fenoftaleína, azul de bromotimol, alaranjado de metila...),
observa-se quando a reação se completa, atingindo o ponto de viragem. É possível saber quando isso ocorre
e parar a reação, porque a cor da solução sofre uma mudança brusca na presença de um indicador ácido-
base, em virtude da variada do pH. No entanto, embora o ponto de equivalência indique o término da titulação,
nem sempre os volumes das soluções que são utilizadas resultam em uma solução final neutra, com pH
igual a 7.
Veja o passo a passo de como costuma ser feita uma titulação ácido-base em laboratório:
● Com o auxílio de uma pipeta, transfere-se um volume conhecido do titulado para um erlenmeyer.
● Adicionam-se poucas gotas de algum indicador ácido-base, como a fenolftaleína, ao titulado;
● Completa-se o volume de uma bureta com a solução titulante.
● Inicia-se a reação abrindo vagarosamente a torneira da bureta para que, gota a gota, o titulante caia
sobre o titulado. Enquanto uma das mãos permanece sobre a torneira (para que, se for preciso, ela
seja fechada imediatamente), a outra mão fica agitando o erlenmeyer para que a reação ocorra em
toda a extensão da solução que está sendo titulada.

2
Química

● Quando a cor do titulado muda bruscamente, fecha-se a torneira da bureta, pois a reação se
completou.
● Por exemplo, se o indicador usado foi a fenolftaleína e o titulado era inicialmente uma solução de
ácido clorídrico (HCl), a solução com o indicador estava incolor. Mas, no ponto de viragem, a solução
passa para a cor rosa.
Agora, basta ler o volume de titulante que foi necessário para neutralizar o titulado, equacionar a reação que
ocorreu e, com os outros dados em mãos, fazer as contas para descobrir a concentração do titulado.

Esquema de uma titulação

Exemplo: 20 mL de uma solução de NaOH de concentração desconhecida foi titulada com uma solução de
HCl de concentração igual a 0,5 mol/L. Sabendo que 40 mL de ácido foi necessária para que a titulação seja
completa, qual a concentração da solução básica?
Xácido . Mácido . Vácido = Xbase . Mbase . Vbase
1 . 40 mL . 0,5 mol/L = 1 . Mbase . 20 mL
Mbase = 1 mol/L de base

3
Química

Exercícios

1. Um dos parâmetros de controle de qualidade de polpas de frutas destinadas ao consumo como bebida
é a acidez total expressa em ácido cítrico, que corresponde à massa dessa substância em 100 gramas
de polpa de fruta. O ácido cítrico é uma molécula orgânica que apresenta três hidrogênios ionizáveis
(ácido triprótico) e massa molar 192 g mol-1. O quadro indica o valor mínimo desse parâmetro de
qualidade para polpas comerciais de algumas frutas.
Valor mínimo da acidez total
Polpa de fruta
expressa em ácido cítrico (g 100 g)
Acerola 0,8
Caju 0,3
Cupuaçu 1,5
Graviola 0,6
Maracujá 2,5
A acidez total expressa em ácido cítrico de uma amostra comercial de polpa de fruta foi determinada.
No procedimento, adicionou-se água destilada a 2,2 g da amostra e, após a solubilização do ácido
cítrico, o sólido remanescente foi filtrado. A solução obtida foi titulada com solução de hidróxido de
sódio 0,01 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 , em que se consumiram 24 𝑚𝐿 da solução básica (titulante).
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução normativa n. 1, de 7 de janeiro de 2000. Disponível em:
www.agricultura.gov.br. Acesso em: 9 mai. 2019 (adaptado).
Entre as listadas, a amostra analisada pode ser de qual polpa de fruta?
a) Apenas caju.
b) Apenas maracujá.
c) Caju ou graviola.
d) Acerola ou cupuaçu.
e) Cupuaçu ou graviola.

2. Na figura, a curva B foi obtida pela adição gradativa de 20 mL de hidróxido de sódio 0,01 mol L –1 a uma
solução de ácido clorídrico 0,01 mol L–1. A curva A apresenta um procedimento idêntico, porém usando
outra solução.

A solução, com concentração em mol L–1, correspondente ao ácido adicionado na curva A é


a) H2S 0,01
b) HCl 0,01
c) HBr 0,01
d) HNO3 0,005
e) CH3COOH 0,05

4
Química

3. Soluções aquosas de ácido clorídrico, 𝐻𝐶𝑙 (𝑎𝑞), e de ácido acético, 𝐻3 𝐶𝐶𝑂𝑂𝐻 (𝑎𝑞), ambas de


concentração 0,10 mol/L, apresentam valores de pH iguais a 1,0 e 2,9, respectivamente. Em
experimentos separados, volumes iguais de cada uma dessas soluções foram titulados com uma
solução aquosa de hidróxido de sódio, 𝑁𝑎𝑂𝐻 (𝑎𝑞), de concentração adequada. Nessas titulações, a
solução de NaOH foi adicionada lentamente ao recipiente contendo a solução ácida, até reação
completa. Sejam V1 o volume da solução de NaOH para reação completa com a solução de HCl e V 2 o
volume da solução de NaOH para reação completa com a solução de 𝐻3 𝐶𝐶𝑂𝑂𝐻. A relação entre V1 e
V2 é
a) 𝑉1 = 10−3,9 𝑉2
1,0
b) 𝑉1 = ( ) 𝑉2
2,9

c) 𝑉1 = 𝑉2

d) 𝑉1 = 2,9 𝑉2

e) 𝑉1 = 101,9 𝑉2

4. Na neutralização de 30 mL de uma solução de soda cáustica (hidróxido de sódio comercial), foram


gastos 20 mL de uma solução 0,5 mol/L de ácido sulfúrico, até a mudança de coloração de um
indicador ácido-base adequado para a faixa de pH do ponto de viragem desse processo. Desse modo,
é correto afirmar que as concentrações molares da amostra de soda cáustica e do sal formado nessa
reação de neutralização são, respectivamente,
a) 0,01 mol/L e 0,20 mol/L.
b) 0,01 mol/L e 0,02 mol/L.
c) 0,02 mol/L e 0,02 mol/L.
d) 0,66 mol/L e 0,20 mol/L.
e) 0,66 mol/L e 0,02 mol/L.

5. Uma indústria compra soda cáustica com teor de pureza de 80%, em NaOH. Antes de mandar o
material para o estoque, chama o Técnico em Química para verificar se a informação procede. No
laboratório, ele dissolve 1g do material em água, obtendo 10mL de solução. Utilizando um indicador
apropriado, realiza uma titulação, gastando 20mL de HCl, a 0,5 mol/L.
Dados: Massas Molares (g/mol): NaOH = 40 e HCl = 36,5
Reação: NaOH + HCl ⇨ NaCl + H2O
Sobre o resultado da titulação, é correto afirmar que a informação
a) não procede, pois o grau de pureza é de 40%.
b) não procede, pois o grau de pureza é de 60%.
c) procede, pois o grau de pureza é de 80%.
d) procede, pois o teor de impurezas é de 80%.
e) procede, pois o teor de impurezas é de 40%.

5
Química

6. Uma amostra de oxalato de sódio puro, pesando 0,268g, é dissolvida em água. Adiciona-se ácido
sulfúrico e a solução é titulada a 70ºC, requerendo 40,00mL de uma solução de permanganato de
potássio. O ponto final da titulação é ultrapassado e uma titulação do excesso é realizada, gastando-
se para a operação 5,00mL de solução de ácido oxálico 0,2mol/L. A reação que se processa, não
balanceada, é:

C2O4= + MnO4− + H+ → Mn2+ + CO2 + H2O

Pode-se afirmar que a molaridade da solução de permanganato de potássio é


Dados: C = 12; 1; O = 16; Na=23.
a) 0,01
b) 0,02
c) 0,03
d) 0,05
e) 0,08

7. A chuva ácida é um fenômeno causado pela poluição da atmosfera. Ela pode acarretar problemas para
o solo, água, construções e seres vivos. Um dos responsáveis por este fenômeno é o gás SO3 que
reage com a água da chuva originando ácido sulfúrico. O SO3 não é um poluente produzido
diretamente pelas fontes poluidoras, mas é formado quando o SO 2, liberado pela queima de
combustíveis fósseis, reage com o oxigênio do ar. Esta reação é representada pela equação mostrada
a seguir.
2SO2(g) + O2(g) → 2SO3(g)

Um pesquisador, ao estudar a qualidade do ar de uma região industrial, verificou que, para titular 50
mL de uma amostra de água de chuva, necessitou de 20 mL de solução de NaOH de concentração 5,0
x 10-2 molL-1.Considerando a presença somente do ácido sulfúrico na amostra de água da chuva, a
concentração, em molL-1, deste ácido é:
a) 0,50 x 10-3
b) 0,25 x 10-3
c) 1,0 x 10-3
d) 1,0 x 10-2
e) 1,5 x 10-2

8. O leite de magnésia, usado como antiácido e laxante, contém em sua formulação o composto Mg(OH) 2.

A concentração de uma amostra de 10 mL de leite de magnésia que foi titulada com 12,5 mL de HC
0,50 mol.L–1 é, em mol.L–1, de, aproximadamente,
a) 0,1.
b) 0,3.
c) 0,5.
d) 0,6.
e) 1,2.

6
Química

9. Uma amostra de 5 g de hidróxido de sódio (NaOH) impuro foi dissolvida em água suficiente para

formar 1L de solução. Uma alíquota de 10 mL dessa solução aquosa consumiu, numa titulação, 20 mL
de solução aquosa de ácido clorídrico (𝐻𝐶𝑙) de concentração igual 0,05 mol . L-1. Admitindo-se que
as impurezas do NaOH não reagiram com nenhuma substância presente no meio reacional, o grau de
pureza, em porcentagem, de NaOH na amostra é
Dados:

Elemento Na H O
C
Químico (Sódio) (Hidrogênio) (Oxigênio) (Cloro)
Massa Atômica 23 u 1u 16u 35,5u
a) 10%
b) 25%
c) 40%
d) 65%
e) 80%

10. A análise volumétrica em meio aquoso se baseia, de maneira simplificada, na medição do volume de
solução padrão (concentração conhecida) que reage estequiometricamente com uma espécie
dissolvida em água, com o ponto final da titulação podendo ser identificado com o auxílio de um
indicador que muda de cor no ponto final. Na análise de cloretos numa amostra de água, 50,0 mL de
amostra necessitaram de 20,00 mL de solução 0,1000 mol/L de nitrato de prata, usando cromato como
indicador do ponto final.

Ag+(aq) + C −(aq) → AgC (s)

Com esses dados, a porcentagem massa por volume (g%mL) de 𝐶𝑙 − (massa molar = 35,5 g/mol) na
amostra é:
a) 0,035
b) 0,710
c) 0,142
d) 0,213
e) 0,284

7
Química

Gabarito

1. C

Mácido cítrico = 192 g  mol−1


m (amostra comercial) = 2,2 g

NaOH = 0,01 mol  L−1 (reage com o ácido cítrico presente na polpa)
V = 24 mL = 24  10 −3 L (volume da solução básica; titulante)
nNaOH
NaOH =
V
nNaOH = NaOH  V
nNaOH = 0,01mol  L−1  24  10−3 L
nNaOH = 2,4  10−4 mol

1 molécula de ácido cítrico (que reage com NaOH) tem 3 hidrogênios ionizáveis (trióptico), logo
+
reage com os 3 mol desta base (3 mol de H : 3 mol de NaOH).
nácido cítrico 2,4  10−4 mol NaOH

1mol  2,4  10−4 mol


nácido cítrico =
3 mol
nácido cítrico = 8  10−5 mol
mácido cítrico
nácido cítrico =
Mácido cítrico
mácido cítrico
8  10−5 mol =  mácido cítrico = 8  10−5 mol  192 g  mol−1
192 g  mol−1
mácido cítrico = 1,536  10−2 g
(massa de ácido encontrada em 2,2 g de polpa)

Cálculo para 100 g de polpa:


1,536  10−2 g 2,2 g de polpa
m 100 g de polpa
1,536  10−2 g  100 g de polpa
m=
2,2 g de polpa
m = 0,698 g

Valores acima de 0,698 (g 100 g) devem ser descartados.

Maracujá: 2,5 (g 100 g)  0,698 (g 100 g) descartado.

Cupuaçu: 1,5 (g 100 g)  0,698 (g 100 g) descartado.

Acerola: 0,8 (g 100 g)  0,698 (g 100 g) descartado.

Restam: caju (0,3 (g 100 g)) e graviola (0,6 (g 100 g)).

2. D

8
Química

A curva A irá gastar um volume maior de ácido, que indica que ele estará mais diluído que o ácido usado
na primeira titulação, porém, deverá ser ainda, um ácido forte, caso contrário, o volume necessário para
a neutralização completa deveria ser muito maior que o ilustrado pelo gráfico. Assim, o ácido nítrico
(HNO3) 0,005M é o único que satisfaz as duas condições necessárias.

9
Química

3. C
[HC ] = [CH3COOH] = 0,10 mol / L
VHC = VCH3COOH = V
1 HC + 1 NaOH → 1 H2O + 1 NaC
nHC = nNaOH
[HC ]  V = [NaOH]  V1
0,10  V = [NaOH]  V1 (I)
1 CH3COOH + 1 NaOH → 1 H2O + 1 CH3COONa
nCH3COOH = nNaOH
[CH3COOH]  V = [NaOH]  V2
0,10  V = [NaOH]  V2 (II)
Comparando (I) e (II), vem :
[NaOH]  V1 = [NaOH]  V2
V1 = V2

4. D
(H2SO4 ; 0,5 mol / L)
0,5 mol 1000 mL
nH2SO4 20 mL
nH2SO4 = 0,01 mol

Vsolução de NaOH = 30 mL = 30  10−3 L

Vtotal = 20 + 30 = 50 mL = 50  10 −3 L
H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O
1 mol 2 mol 1 mol
0,01 mol 0,02mol 0,01 mol
0,02mol
[NaOH] = = 0,67 mol / L
30  10−3 L
0,01 mol
[Na2SO4 ] = = 0,20 mol / L
50  10−3 L

5. A

Utilizando um indicador apropriado, é realizada uma titulação com gasto de 20 mL de HC , a

0,5 mol / L. Então:

10
Química

1.000 mL 0,5 mol (HC )


20 mL nHC
nHC = 0,01 mol
NaOH + HC → NaC + H2O
1 mol 1 mol
0,01 mol 0,01 mol
0,01 mol (NaOH) = 0,01 40 g = 0,4 g
1g 100 %
0,4 g p
p = 40 % (grau de pureza)
6. Balanceando-se a equação, teremos:
_
C2O4− + MnO4− + H+ → Mn2+ + CO2 + H2O
+3 − − − − − − − − − − − − − − + 4
+7−−−−−−+2
C( +3) + 1e− → C( +4) (5)
Mn( +7) → Mn( +2) + 5e−
5C( +3) + 5e− → 5C( +4) (5)
Mn( +7) → Mn( +2) + 5e−
5 _ x
C2O4− + 1MnO4− + xH+ → 1Mn2+ + 5CO2 + H2O
2 2
−5 − 1 + x = +2 + 0 + 0
5 _ 8
x = 8  C2O4− + 1MnO4− + 8H+ → 1Mn2+ + 5CO2 + H2O
2 2
Multiplicando a equação por 2,vem :
_
5C2O4− + 2MnO4− + 16H+ → 2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O

Uma amostra de oxalato de sódio puro, pesando 0,268 g, é dissolvida em água:


Na2C2O4 = 134
0,268 g
nNa2C2O4 = = 2  10−3 mol  n = 2  10−3 mol
C2O24−
134 g.mol−1

A partir da equação balanceada, vem:


_
5C2O4− + 2MnO4− + 16H+ → 2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O
5 mol 2 mol
−3
2  10 mol n
MnO−4

n = 0,8  10−3 mol  nKMnO4 = 0,8  10 −3 mol


MnO−4

Utiliza-se 5,00 mL de solução de ácido oxálico 0,2 mol/L, ou seja, 10-3 mol de ácido oxálico:
(0,2 × 5 × 10-3) .
_
5C2O4− + 2MnO4− + 16H+ → 2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O
5 mol 2 mol
−3
10 mol n'
MnO−4

n' = 0,4  10−3 mol  n'KMnO4 = 0,4  10 −3 mol


MnO−4

11
Química

nTOTAL (KMnO4 ) = nKMnO4 + n'KMnO4 = 0,8  10−3 + 0,4  10−3


nTOTAL (KMnO4 ) = 1,2  10−3 mol
V(solução de KMnO4 ) = 40 mL = 40  10 −3 L
nTOTAL 1,2  10−3 mol
[KMnO4 ] = = = 0,03 mol / L
V 40  10−3 L

12
Química

7. D
H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O
50mL 20mL
5  10−2M
n = 1 10−3mol

−3
Como foi consumido 1 10 mol de base, pela proporção estequiométrica (1:2), reagiu:

n = 5  10−4mol de H2SO4

Assim teremos:

5  10−4
Μ= = 0,01 M
50  10−3

8. B
Reação que ocorre:

Mg(OH)2 + 2HC → MgC 2 + 2H2O

Portanto, teremos a seguinte proporção entre ácido e base:

nÁCIDO = 2n BASE

Lembrar que: 𝑛 = 𝐶 ⋅ 𝑉, onde C é a concentração em mol/L.


Assim:
CÁCIDO  VÁCIDO = 2CBASE  VBASE
0,5  12,5 = 2CBASE  10
6,25
CBASE = = 0,3125 mol / L
20

9. E

Uma alíquota de 10 mL dessa solução aquosa consumiu, numa titulação, 20 mL de solução aquosa de
−1
ácido clorídrico (HC ) de concentração igual 0,05 mol  L , então:
0,05 mol (HC ) 1000 mL
nHC 20 mL
nHC = 0,001 mol

HC + NaOH → H2O + NaC


1 mol 1 mol
0,001 mol 0,001 mol

13
Química

0,001 mol (NaOH) 10 mL


nNaOH 1000 mL
nNaOH = 0,1 mol  0,1 40 g = 4 g

5g 100% 
 p = 80 %
4g pNaOH  NaOH

10. C
Na análise de cloretos numa amostra de água, 50,0 mL de amostra necessitaram de 20,00 mL de
solução 0,1000 mol/L de nitrato de prata, então:
0,1000 mol 1000 mL
nAgNO3 20,0 mL

nAgNO3 = 2,0  10−3 mol

n = 2,0  10−3 mol


Ag+

n = 2,0  10−3 mol


Ag+

Ag+(aq) + C −
(aq) → AgC (s)
−3 −3
2,0  10 mol 2,0  10 mol
−3 −3
2,0  10 mol = 2,0  10  35,5 g = 7,1 10−2 g

Então:
7,1 10−2 g
= 0,142 % g / mL
50 mL

14
Química

Mistura de soluções com reação química e titulação

Resumo

Mistura de soluções com reação química


Os casos mais comuns ocorrem quando juntamos um ácido uma base, ou um oxidante e um redutor; ou
soluções de dois sais que reagem entre si. Quando há reação química, podem ocorrer duas situações:
1ª. Os dois solutos estão em quantidades exatas para reagir (proporção estequiométrica);
2ª. Caso contrário, sobrará um excesso do primeiro ou do segundo soluto. A seguir exemplificamos esses
dois casos.
1º exemplo:
Quando os solutos estão em proporção estequiométrica:
Juntando-se 300mL de HCl 0,4 molar com 200mL de NaOH 0,6 molar, pergunta-se quais serão as
molaridades da solução FINAL com respeito:
a) ao ácido;
b) à base;
c) ao sal formado.
Resolução: Neste exemplo, fala-se de uma mistura de uma solução de HCl com outra, de NaOH. Esses dois
solutos reagem de acordo com a equação:

HCl + NaOH🡪NaCl + H2O

Pode haver excesso de HCl ou de NaOH, o que somente poderemos determinar por meio do cálculo
estequiométrico. O cálculo estequiométrico fica mais fácil se for efetuado com o auxílio das quantidades de
mols dos reagentes e dos produtos da reação. Ora, a quantidade de mols (n) de cada soluto pode ser
calculada de duas maneiras:
1ª) n = m , em que: m é a massa (gramas), e M.M , a massa molar (g/mol)
M.M

2ª) n = M.V ,em que :M é a molaridade da solução(mol/L),e V ,o seu volume (L).


Como na questão foi dada a molaridade das soluções, calculamos da seguinte forma:
Para o ácido: n = M.V 🡪 n = 0,4 mol/L * 0,3 L 🡪 n = 0,12 mol de HCl
Para a base: n = M.V 🡪 n = 0,6 mol/L * 0,2 L 🡪 n = 0,12 mol de NaOH
Como podemos observar as proporções ácido-base da reação (1:1) tendo 0,12 mol de cada chegamos a
conclusão que todo o ácido e toda a base reagiram por completo sem excessos. E se a base e o ácido
reagiram por completo, eles se transforam todo no sal (NaCl) suas concentrações finais são iguais a zero.
Quanto ao sal, podemos dizer que:
Já que a proporção da reação é de 1:1:1, formam-se 0,12mol desse sal, dissolvido em água, na solução final,
cujo volume é: 300 mL + 200 mL = 500 mL. Portanto, a molaridade do NaCl será:

1
Química

2º exemplo:
Quando os solutos não estão em proporção estequiométrica:
Juntando-se 300mL de HCl 0,4 molar com 200mL de NaOH 0,8 molar, pergunta-se quais serão as
molaridades da solução FINAL com respeito:
a) ao ácido;
b) à base;
c) ao sal formado.
Resolução: Seguindo o mesmo raciocínio que fizemos para resolver o exemplo anterior, calculamos as
quantidades, em mols, dos solutos iniciais:

Para o ácido: n = M.V 🡪 n = 0,4 mol/L * 0,3 L 🡪 n = 0,12 mol de HCl


Para a base: n = M.V 🡪 n = 0,8 mol/L * 0,2 L 🡪 n = 0,16 mol de NaOH

Perceba que a proporção de numero de mol dessa vez não está de 1:1, temos um excesso de base. Todo o
ácido irá ser consumido, porém 0,4 mol da base irão sobrar no fim da reação (0,16 NaOH - 0,12 HCl = 0,4
NaOH).

Titulação
Quando se precisa saber a concentração em mol/L de alguma solução, costuma-se usar uma técnica
de análise volumétrica chamada titulação, ou, titulação ácido-base. Esse método é feito colocando-se para
reagir uma solução a qual se sabe a concentração, que é denominada de titulante, com a solução a qual não
se sabe a concentração, que é denominada de titulado. Uma dessas soluções é uma base, enquanto a outra
é um ácido, logo elas reagem formando sal e água. O pH costuma ficar neutro ou próximo disso, o que
equivale a um pH igual a 7. É preciso saber equacionar esse tipo de reação para os cálculos usados na
titulação, conforme será mostrado mais adiante.
Com a adição de um indicador ácido-base(fenoftaleína, azul de bromotimol, alaranjado de metila...),
observa-se quando a reação se completa, atingindo o ponto de viragem. É possível saber quando isso ocorre
e parar a reação, porque a cor da solução sofre uma mudança brusca na presença de um indicador ácido-
base, em virtude da variada do pH. No entanto, embora o ponto de equivalência indique o término da titulação,
nem sempre os volumes das soluções que são utilizadas resultam em uma solução final neutra, com pH
igual a 7.
Veja o passo a passo de como costuma ser feita uma titulação ácido-base em laboratório:
● Com o auxílio de uma pipeta, transfere-se um volume conhecido do titulado para um erlenmeyer.
● Adicionam-se poucas gotas de algum indicador ácido-base, como a fenolftaleína, ao titulado;
● Completa-se o volume de uma bureta com a solução titulante.
● Inicia-se a reação abrindo vagarosamente a torneira da bureta para que, gota a gota, o titulante caia
sobre o titulado. Enquanto uma das mãos permanece sobre a torneira (para que, se for preciso, ela
seja fechada imediatamente), a outra mão fica agitando o erlenmeyer para que a reação ocorra em
toda a extensão da solução que está sendo titulada.

2
Química

● Quando a cor do titulado muda bruscamente, fecha-se a torneira da bureta, pois a reação se
completou.
● Por exemplo, se o indicador usado foi a fenolftaleína e o titulado era inicialmente uma solução de
ácido clorídrico (HCl), a solução com o indicador estava incolor. Mas, no ponto de viragem, a solução
passa para a cor rosa.
Agora, basta ler o volume de titulante que foi necessário para neutralizar o titulado, equacionar a reação que
ocorreu e, com os outros dados em mãos, fazer as contas para descobrir a concentração do titulado.

Esquema de uma titulação

Exemplo: 20 mL de uma solução de NaOH de concentração desconhecida foi titulada com uma solução de
HCl de concentração igual a 0,5 mol/L. Sabendo que 40 mL de ácido foi necessária para que a titulação seja
completa, qual a concentração da solução básica?
Xácido . Mácido . Vácido = Xbase . Mbase . Vbase
1 . 40 mL . 0,5 mol/L = 1 . Mbase . 20 mL
Mbase = 1 mol/L de base

3
Química

Exercícios

1. Um dos parâmetros de controle de qualidade de polpas de frutas destinadas ao consumo como bebida
é a acidez total expressa em ácido cítrico, que corresponde à massa dessa substância em 100 gramas
de polpa de fruta. O ácido cítrico é uma molécula orgânica que apresenta três hidrogênios ionizáveis
(ácido triprótico) e massa molar 192 g mol-1. O quadro indica o valor mínimo desse parâmetro de
qualidade para polpas comerciais de algumas frutas.
Valor mínimo da acidez total
Polpa de fruta
expressa em ácido cítrico (g 100 g)
Acerola 0,8
Caju 0,3
Cupuaçu 1,5
Graviola 0,6
Maracujá 2,5
A acidez total expressa em ácido cítrico de uma amostra comercial de polpa de fruta foi determinada.
No procedimento, adicionou-se água destilada a 2,2 g da amostra e, após a solubilização do ácido
cítrico, o sólido remanescente foi filtrado. A solução obtida foi titulada com solução de hidróxido de
sódio 0,01 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 , em que se consumiram 24 𝑚𝐿 da solução básica (titulante).
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução normativa n. 1, de 7 de janeiro de 2000. Disponível em:
www.agricultura.gov.br. Acesso em: 9 mai. 2019 (adaptado).
Entre as listadas, a amostra analisada pode ser de qual polpa de fruta?
a) Apenas caju.
b) Apenas maracujá.
c) Caju ou graviola.
d) Acerola ou cupuaçu.
e) Cupuaçu ou graviola.

2. Na figura, a curva B foi obtida pela adição gradativa de 20 mL de hidróxido de sódio 0,01 mol L –1 a uma
solução de ácido clorídrico 0,01 mol L–1. A curva A apresenta um procedimento idêntico, porém usando
outra solução.

A solução, com concentração em mol L–1, correspondente ao ácido adicionado na curva A é


a) H2S 0,01
b) HCl 0,01
c) HBr 0,01
d) HNO3 0,005
e) CH3COOH 0,05

4
Química

3. Soluções aquosas de ácido clorídrico, 𝐻𝐶𝑙 (𝑎𝑞), e de ácido acético, 𝐻3 𝐶𝐶𝑂𝑂𝐻 (𝑎𝑞), ambas de


concentração 0,10 mol/L, apresentam valores de pH iguais a 1,0 e 2,9, respectivamente. Em
experimentos separados, volumes iguais de cada uma dessas soluções foram titulados com uma
solução aquosa de hidróxido de sódio, 𝑁𝑎𝑂𝐻 (𝑎𝑞), de concentração adequada. Nessas titulações, a
solução de NaOH foi adicionada lentamente ao recipiente contendo a solução ácida, até reação
completa. Sejam V1 o volume da solução de NaOH para reação completa com a solução de HCl e V 2 o
volume da solução de NaOH para reação completa com a solução de 𝐻3 𝐶𝐶𝑂𝑂𝐻. A relação entre V1 e
V2 é
a) 𝑉1 = 10−3,9 𝑉2
1,0
b) 𝑉1 = ( ) 𝑉2
2,9

c) 𝑉1 = 𝑉2

d) 𝑉1 = 2,9 𝑉2

e) 𝑉1 = 101,9 𝑉2

4. Na neutralização de 30 mL de uma solução de soda cáustica (hidróxido de sódio comercial), foram


gastos 20 mL de uma solução 0,5 mol/L de ácido sulfúrico, até a mudança de coloração de um
indicador ácido-base adequado para a faixa de pH do ponto de viragem desse processo. Desse modo,
é correto afirmar que as concentrações molares da amostra de soda cáustica e do sal formado nessa
reação de neutralização são, respectivamente,
a) 0,01 mol/L e 0,20 mol/L.
b) 0,01 mol/L e 0,02 mol/L.
c) 0,02 mol/L e 0,02 mol/L.
d) 0,66 mol/L e 0,20 mol/L.
e) 0,66 mol/L e 0,02 mol/L.

5. Uma indústria compra soda cáustica com teor de pureza de 80%, em NaOH. Antes de mandar o
material para o estoque, chama o Técnico em Química para verificar se a informação procede. No
laboratório, ele dissolve 1g do material em água, obtendo 10mL de solução. Utilizando um indicador
apropriado, realiza uma titulação, gastando 20mL de HCl, a 0,5 mol/L.
Dados: Massas Molares (g/mol): NaOH = 40 e HCl = 36,5
Reação: NaOH + HCl ⇨ NaCl + H2O
Sobre o resultado da titulação, é correto afirmar que a informação
a) não procede, pois o grau de pureza é de 40%.
b) não procede, pois o grau de pureza é de 60%.
c) procede, pois o grau de pureza é de 80%.
d) procede, pois o teor de impurezas é de 80%.
e) procede, pois o teor de impurezas é de 40%.

5
Química

6. Uma amostra de oxalato de sódio puro, pesando 0,268g, é dissolvida em água. Adiciona-se ácido
sulfúrico e a solução é titulada a 70ºC, requerendo 40,00mL de uma solução de permanganato de
potássio. O ponto final da titulação é ultrapassado e uma titulação do excesso é realizada, gastando-
se para a operação 5,00mL de solução de ácido oxálico 0,2mol/L. A reação que se processa, não
balanceada, é:

C2O4= + MnO4− + H+ → Mn2+ + CO2 + H2O

Pode-se afirmar que a molaridade da solução de permanganato de potássio é


Dados: C = 12; 1; O = 16; Na=23.
a) 0,01
b) 0,02
c) 0,03
d) 0,05
e) 0,08

7. A chuva ácida é um fenômeno causado pela poluição da atmosfera. Ela pode acarretar problemas para
o solo, água, construções e seres vivos. Um dos responsáveis por este fenômeno é o gás SO3 que
reage com a água da chuva originando ácido sulfúrico. O SO3 não é um poluente produzido
diretamente pelas fontes poluidoras, mas é formado quando o SO 2, liberado pela queima de
combustíveis fósseis, reage com o oxigênio do ar. Esta reação é representada pela equação mostrada
a seguir.
2SO2(g) + O2(g) → 2SO3(g)

Um pesquisador, ao estudar a qualidade do ar de uma região industrial, verificou que, para titular 50
mL de uma amostra de água de chuva, necessitou de 20 mL de solução de NaOH de concentração 5,0
x 10-2 molL-1.Considerando a presença somente do ácido sulfúrico na amostra de água da chuva, a
concentração, em molL-1, deste ácido é:
a) 0,50 x 10-3
b) 0,25 x 10-3
c) 1,0 x 10-3
d) 1,0 x 10-2
e) 1,5 x 10-2

8. O leite de magnésia, usado como antiácido e laxante, contém em sua formulação o composto Mg(OH) 2.

A concentração de uma amostra de 10 mL de leite de magnésia que foi titulada com 12,5 mL de HC
0,50 mol.L–1 é, em mol.L–1, de, aproximadamente,
a) 0,1.
b) 0,3.
c) 0,5.
d) 0,6.
e) 1,2.

6
Química

9. Uma amostra de 5 g de hidróxido de sódio (NaOH) impuro foi dissolvida em água suficiente para

formar 1L de solução. Uma alíquota de 10 mL dessa solução aquosa consumiu, numa titulação, 20 mL
de solução aquosa de ácido clorídrico (𝐻𝐶𝑙) de concentração igual 0,05 mol . L-1. Admitindo-se que
as impurezas do NaOH não reagiram com nenhuma substância presente no meio reacional, o grau de
pureza, em porcentagem, de NaOH na amostra é
Dados:

Elemento Na H O
C
Químico (Sódio) (Hidrogênio) (Oxigênio) (Cloro)
Massa Atômica 23 u 1u 16u 35,5u
a) 10%
b) 25%
c) 40%
d) 65%
e) 80%

10. A análise volumétrica em meio aquoso se baseia, de maneira simplificada, na medição do volume de
solução padrão (concentração conhecida) que reage estequiometricamente com uma espécie
dissolvida em água, com o ponto final da titulação podendo ser identificado com o auxílio de um
indicador que muda de cor no ponto final. Na análise de cloretos numa amostra de água, 50,0 mL de
amostra necessitaram de 20,00 mL de solução 0,1000 mol/L de nitrato de prata, usando cromato como
indicador do ponto final.

Ag+(aq) + C −(aq) → AgC (s)

Com esses dados, a porcentagem massa por volume (g%mL) de 𝐶𝑙 − (massa molar = 35,5 g/mol) na
amostra é:
a) 0,035
b) 0,710
c) 0,142
d) 0,213
e) 0,284

7
Química

Gabarito

1. C

Mácido cítrico = 192 g  mol−1


m (amostra comercial) = 2,2 g

NaOH = 0,01 mol  L−1 (reage com o ácido cítrico presente na polpa)
V = 24 mL = 24  10 −3 L (volume da solução básica; titulante)
nNaOH
NaOH =
V
nNaOH = NaOH  V
nNaOH = 0,01mol  L−1  24  10−3 L
nNaOH = 2,4  10−4 mol

1 molécula de ácido cítrico (que reage com NaOH) tem 3 hidrogênios ionizáveis (trióptico), logo
+
reage com os 3 mol desta base (3 mol de H : 3 mol de NaOH).
nácido cítrico 2,4  10−4 mol NaOH

1mol  2,4  10−4 mol


nácido cítrico =
3 mol
nácido cítrico = 8  10−5 mol
mácido cítrico
nácido cítrico =
Mácido cítrico
mácido cítrico
8  10−5 mol =  mácido cítrico = 8  10−5 mol  192 g  mol−1
192 g  mol−1
mácido cítrico = 1,536  10−2 g
(massa de ácido encontrada em 2,2 g de polpa)

Cálculo para 100 g de polpa:


1,536  10−2 g 2,2 g de polpa
m 100 g de polpa
1,536  10−2 g  100 g de polpa
m=
2,2 g de polpa
m = 0,698 g

Valores acima de 0,698 (g 100 g) devem ser descartados.

Maracujá: 2,5 (g 100 g)  0,698 (g 100 g) descartado.

Cupuaçu: 1,5 (g 100 g)  0,698 (g 100 g) descartado.

Acerola: 0,8 (g 100 g)  0,698 (g 100 g) descartado.

Restam: caju (0,3 (g 100 g)) e graviola (0,6 (g 100 g)).

2. D

8
Química

A curva A irá gastar um volume maior de ácido, que indica que ele estará mais diluído que o ácido usado
na primeira titulação, porém, deverá ser ainda, um ácido forte, caso contrário, o volume necessário para
a neutralização completa deveria ser muito maior que o ilustrado pelo gráfico. Assim, o ácido nítrico
(HNO3) 0,005M é o único que satisfaz as duas condições necessárias.

9
Química

3. C
[HC ] = [CH3COOH] = 0,10 mol / L
VHC = VCH3COOH = V
1 HC + 1 NaOH → 1 H2O + 1 NaC
nHC = nNaOH
[HC ]  V = [NaOH]  V1
0,10  V = [NaOH]  V1 (I)
1 CH3COOH + 1 NaOH → 1 H2O + 1 CH3COONa
nCH3COOH = nNaOH
[CH3COOH]  V = [NaOH]  V2
0,10  V = [NaOH]  V2 (II)
Comparando (I) e (II), vem :
[NaOH]  V1 = [NaOH]  V2
V1 = V2

4. D
(H2SO4 ; 0,5 mol / L)
0,5 mol 1000 mL
nH2SO4 20 mL
nH2SO4 = 0,01 mol

Vsolução de NaOH = 30 mL = 30  10−3 L

Vtotal = 20 + 30 = 50 mL = 50  10 −3 L
H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O
1 mol 2 mol 1 mol
0,01 mol 0,02mol 0,01 mol
0,02mol
[NaOH] = = 0,67 mol / L
30  10−3 L
0,01 mol
[Na2SO4 ] = = 0,20 mol / L
50  10−3 L

5. A

Utilizando um indicador apropriado, é realizada uma titulação com gasto de 20 mL de HC , a

0,5 mol / L. Então:

10
Química

1.000 mL 0,5 mol (HC )


20 mL nHC
nHC = 0,01 mol
NaOH + HC → NaC + H2O
1 mol 1 mol
0,01 mol 0,01 mol
0,01 mol (NaOH) = 0,01 40 g = 0,4 g
1g 100 %
0,4 g p
p = 40 % (grau de pureza)
6. Balanceando-se a equação, teremos:
_
C2O4− + MnO4− + H+ → Mn2+ + CO2 + H2O
+3 − − − − − − − − − − − − − − + 4
+7−−−−−−+2
C( +3) + 1e− → C( +4) (5)
Mn( +7) → Mn( +2) + 5e−
5C( +3) + 5e− → 5C( +4) (5)
Mn( +7) → Mn( +2) + 5e−
5 _ x
C2O4− + 1MnO4− + xH+ → 1Mn2+ + 5CO2 + H2O
2 2
−5 − 1 + x = +2 + 0 + 0
5 _ 8
x = 8  C2O4− + 1MnO4− + 8H+ → 1Mn2+ + 5CO2 + H2O
2 2
Multiplicando a equação por 2,vem :
_
5C2O4− + 2MnO4− + 16H+ → 2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O

Uma amostra de oxalato de sódio puro, pesando 0,268 g, é dissolvida em água:


Na2C2O4 = 134
0,268 g
nNa2C2O4 = = 2  10−3 mol  n = 2  10−3 mol
C2O24−
134 g.mol−1

A partir da equação balanceada, vem:


_
5C2O4− + 2MnO4− + 16H+ → 2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O
5 mol 2 mol
−3
2  10 mol n
MnO−4

n = 0,8  10−3 mol  nKMnO4 = 0,8  10 −3 mol


MnO−4

Utiliza-se 5,00 mL de solução de ácido oxálico 0,2 mol/L, ou seja, 10-3 mol de ácido oxálico:
(0,2 × 5 × 10-3) .
_
5C2O4− + 2MnO4− + 16H+ → 2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O
5 mol 2 mol
−3
10 mol n'
MnO−4

n' = 0,4  10−3 mol  n'KMnO4 = 0,4  10 −3 mol


MnO−4

11
Química

nTOTAL (KMnO4 ) = nKMnO4 + n'KMnO4 = 0,8  10−3 + 0,4  10−3


nTOTAL (KMnO4 ) = 1,2  10−3 mol
V(solução de KMnO4 ) = 40 mL = 40  10 −3 L
nTOTAL 1,2  10−3 mol
[KMnO4 ] = = = 0,03 mol / L
V 40  10−3 L

12
Química

7. D
H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O
50mL 20mL
5  10−2M
n = 1 10−3mol

−3
Como foi consumido 1 10 mol de base, pela proporção estequiométrica (1:2), reagiu:

n = 5  10−4mol de H2SO4

Assim teremos:

5  10−4
Μ= = 0,01 M
50  10−3

8. B
Reação que ocorre:

Mg(OH)2 + 2HC → MgC 2 + 2H2O

Portanto, teremos a seguinte proporção entre ácido e base:

nÁCIDO = 2n BASE

Lembrar que: 𝑛 = 𝐶 ⋅ 𝑉, onde C é a concentração em mol/L.


Assim:
CÁCIDO  VÁCIDO = 2CBASE  VBASE
0,5  12,5 = 2CBASE  10
6,25
CBASE = = 0,3125 mol / L
20

9. E

Uma alíquota de 10 mL dessa solução aquosa consumiu, numa titulação, 20 mL de solução aquosa de
−1
ácido clorídrico (HC ) de concentração igual 0,05 mol  L , então:
0,05 mol (HC ) 1000 mL
nHC 20 mL
nHC = 0,001 mol

HC + NaOH → H2O + NaC


1 mol 1 mol
0,001 mol 0,001 mol

13
Química

0,001 mol (NaOH) 10 mL


nNaOH 1000 mL
nNaOH = 0,1 mol  0,1 40 g = 4 g

5g 100% 
 p = 80 %
4g pNaOH  NaOH

10. C
Na análise de cloretos numa amostra de água, 50,0 mL de amostra necessitaram de 20,00 mL de
solução 0,1000 mol/L de nitrato de prata, então:
0,1000 mol 1000 mL
nAgNO3 20,0 mL

nAgNO3 = 2,0  10−3 mol

n = 2,0  10−3 mol


Ag+

n = 2,0  10−3 mol


Ag+

Ag+(aq) + C −
(aq) → AgC (s)
−3 −3
2,0  10 mol 2,0  10 mol
−3 −3
2,0  10 mol = 2,0  10  35,5 g = 7,1 10−2 g

Então:
7,1 10−2 g
= 0,142 % g / mL
50 mL

14
Química

Propriedades coligativas

Resumo

Quando adicionamos soluto não volátil a um solvente, o sistema resultante passa a ter um conjunto específico
de propriedades diferentes das do composto puro inicial, as quais chamamos de propriedades coligativas.

Mas o que são solutos não voláteis (SNV)?

Volatilidade
É uma propriedade física de líquidos que pode ser definida como a capacidade de ele virar vapor. É perceptível
para nós que a acetona e o álcool etílico viram vapor com facilidade muito maior que a da água, por isso
dizemos que são mais voláteis.
Sendo assim, SNVs são aqueles que não viram vapor ou gás com facilidade, à temperatura ambiente. Os sais
e as bases cujos cátions são metais (hidróxidos metálicos), por exemplo, são solutos não voláteis.
É muito importante saber que, quanto maior for o número de espécies dissolvidas no sistema, mais intensa
será a forma como essas propriedades irão ocorrer.
Obs: espécie é um termo genérico para designar todo e qualquer tipo de substância ou partícula presente na
natureza, bem como nas diversas reações que nela ocorrem. Por exemplo, um recipiente com NaCl dissolvido
em água não possui uma só espécie dissolvida, embora possua apenas um composto químico dissolvido. Na
verdade, este sistema possui duas espécies dissolvidas: um Na+ e um Cl-.
Veja:
NaCl(aq) ⟶ Na+(aq) + Cl− (aq)
1 composto 1 espécie 1 espécie

Antes de estudarmos cada propriedade coligativa, é importante sabermos distinguir dois tipos de solução:
• Solução iônica: obtemos ao dissolvermos um composto iônico no solvente. Assim, as partículas
presentes serão íons. Exemplos: NaCl, Ca(OH) 2, NH4Cl, etc.
• Solução molecular: obtemos ao dissolvermos um composto molecular/covalente no solvente. Assim,
as partículas presentes serão moléculas. Exemplos: C 6H12O6, C2H22O11, etc.

A diferença de comportamento de cada um desses tipos de soluto influi nos efeitos coligativos, uma vez que
compostos iônicos se dissociam no solvente, gerando mais espécies dissolvidas do que os compostos
moleculares, que não se dissociam. Tomemos como exemplos o NaCl e a C12H22O11:

NaCl(s) ⟶ Na+(aq) + Cl−


(aq) C12 H22 O11(s) ⟶ C12 H22 O11(aq)
1 mol 1 mol 1 mol

Total de 2 mol

Dessa forma, no caso ilustrado, as propriedades coligativas na solução de cloreto de sódio serão mais
intensas do que na solução de sacarose.

1
Química

Obs: Os ácidos, embora sejam compostos moleculares e não sofram dissociação iônica, eles sofrem
ionização em meio aquoso. Ou seja, o composto não é iônico, mas em água ele gera íons.
+
H2 SO4(aq) ⇌ 2 H(aq) + SO2−4(aq)

A propriedades coligativas

Tonoscopia (Pv)
É a propriedade coligativa que estuda a DIMINUIÇÃO da pressão máxima de vapor de um solvente, quando
se adiciona soluto não volátil (SNV). A pressão de vapor é aquela que o vapor de um solvente exerce sobre o
meio onde está inserido. Se temos uma panela tampada com água, mesmo à temperatura ambiente (digamos
30°C), parte da água líquida vaporiza, por ser volátil. Esse vapor d’água, ao atingir um nível de saturação para
aquele meio, condensa-se, formando água líquida novamente, que vaporiza, e depois condensa,
sucessivamente, gerando um sistema em equilíbrio. Dessa forma, chega-se a um ponto em que a quantidade
de água condensada e vaporizada permanecem constantes. Nesse ponto, a agitação das moléculas de água
vaporizadas no recipiente exerce a chamada pressão máxima de vapor ali dentro (pelo número de moléculas
em forma de vapor ser o maior possível, já que o sistema já se encontra equilibrado).
Quando adicionamos SNV a esse sistema, no entanto, as partículas do tal soluto, dissolvidas, interagem entre
si e com as moléculas do solvente (água) com uma força de atração (explicada pela polaridade das
substâncias) que dificulta o desprendimento de moléculas deste último da fase líquida para a fase de vapor.
Com isso, o número de moléculas de água vaporizadas no recipiente é menor, e, portanto, exerce menor
pressão naquele meio, mesmo quando alcança uma situação de equilíbrio entre as fases.
Neste caso, então, dizemos que a pressão máxima de vapor (Pv) da água pura é maior que a de uma solução
de NaCl. Mas e uma solução de sacarose (C12H22O11) em relação à de NaCl (quantidades iguais dos solutos)?
Bem, neste caso, como a solução de NaCl possui maior número de espécies dissolvidas, a Pv será menor que
a da solução de C12H22O11.

Importante:
• Cada líquido possui um valor próprio de pressão de vapor, que pode variar somente com a alteração
da temperatura.
• Quanto mais volátil for um líquido, maior será sua pressão máxima de vapor. Se os líquidos A e B
estão dentro de recipientes separados sob a mesma temperatura, e o B é mais volátil que o A, então
ele libera mais moléculas de vapor para o recipiente do que o A. Sendo assim, a pressão exercida por
suas moléculas vaporizadas será maior que a exercida pelas moléculas vaporizadas do A.

Osmometria (Po)
Estuda o AUMENTO da pressão osmótica das soluções, ao adicionarmos SNV.

Tipos de solução quanto à concentração de soluto:


Quanto mais soluto há em uma solução, mais concentrada ela é. Quanto menos soluto, mais diluída é a
solução. Ao compararmos duas soluções, surgem algumas classificações importantes para entendermos a
osmometria. São elas:
• Solução hipotônica: É a solução menos concentrada, ou seja, a que tem menos soluto por quantidade
de solvente, como sugere o prefixo “hipo”.
• Solução hipertônica: É a solução mais concentrada, ou seja, a que tem mais soluto por quantidade de
solvente, como sugere o prefixo “hiper”.

2
Química

• Soluções isotônicas: São soluções que possuem concentrações iguais, ou seja, tem a mesma
quantidade de soluto pela mesma quantidade de solvente.

Se temos um recipiente dividido por uma membrana semipermeável (através da qual o solvente pode
atravessar, mas o soluto não), e os dois lados da solução possuem concentrações diferentes, o solvente tende
a se difundir para o lado hipertônico, a fim de igualar as concentrações dos dois lados. A esse processo
damos o nome de osmose.

A pressão osmótica é aquela que exercemos artificialmente para impedir a passagem natural de solvente do
meio hipotônico para o meio hipertônico. Se o acréscimo de soluto a um dos lados da membrana
semipermeável aumenta a tendência de o solvente se difundir para o meio hipotônico, então a pressão
osmótica que precisamos aplicar para impedir essa passagem também aumenta. Ou seja, quanto mais SNV,
maior é a Po da solução.

É bom saber:
A osmose reversa é um método usado para transformar água salobra em água potável; para dessalinizar
água de mar. Consiste na aplicação de pressão superior à pressão osmótica da água do mar, para impulsionar
o solvente (água pura) a passar para a solução mais diluída, sem levar junto os sais que havia no conteúdo.
Por ser contra o caminho natural da osmose, esse processo é caro e, portanto, difícil de ser utilizado por
países mais pobres, que geralmente são os que mais sofrem com a falta de água potável.

Ebulioscopia (Pe)
Estuda o AUMENTO do ponto de ebulição de um sistema aquoso ao acrescentarmos SNV. O ponto de
ebulição é a temperatura em que a pressão de vapor de um líquido se iguala à pressão do ambiente em que
está, fazendo com que a vaporização do mesmo ocorra de forma mais rápida e turbulenta. Sendo assim, a
temperatura de ebulição de uma substância varia sob diferentes valores de pressão atmosférica: quanto
menor for a pressão externa ao líquido, menor será sua temperatura de ebulição. A água, por exemplo, ferve
a menos de 100°C em altitudes mais elevadas. Como vimos na tonoscopia, ao adicionarmos SNV a certa
quantidade de água, suas partículas dissolvidas interagem quimicamente com as moléculas de água,
atrapalhando a vaporização dela.
Com isso, além de a Pv diminuir, o ponto de ebulição desse solvente aumenta. E quanto maior for a quantidade
de soluto adicionado e dissolvido, maior ficará o ponto de ebulição da solução.

3
Química

Exemplo: Quando adicionamos 1 mol de NaCl em 1L de água, a solução final contém 2 mol de espécies
dissolvidas, segundo a proporção analisada na reação de dissolução acima. Mas se acrescentarmos a
mesma quantidade (1 mol) de MgCl2 a 1L de água, a solução final conterá 3 mol de espécies dissolvidas.

NaCl(s) ⟶ Na+(aq) + Cl−


(aq) MgCl2 (s) ⟶ Mg 2+ (aq) + 2 Cl− (aq)
1 mol 1 mol + 1 mol = 2 mol 1 mol 1 mol + 2 mol = 3 mol

Importante!
Cada composto químico possui seu próprio valor de temperatura de ebulição.

É bom saber:
Quando cozinhamos algo na panela de pressão, o tempo de cozimento é menor do que quando usamos a
panela normal, e quem explica isso é a ebulioscopia. Como a pressão dentro da panela é superior à pressão
atmosférica normal, o ponto de ebulição da água aumenta e, assim, a água líquida que está em contato com
o alimento alcança temperaturas mais elevadas, acelerando a velocidade de cozimento (OBS: como
aprendemos em cinética química, a temperatura é um dos fatores que intervêm na velocidade das reações).

Crioscopia (Pc)
Estuda a DIMINUIÇÃO do ponto de congelamento das soluções, ao adicionarmos SNV. O ponto de
congelamento é a temperatura em que um líquido passa para a fase sólida, ou seja, o ponto em que as
moléculas do líquido interagem entre si de maneira mais intensa, aproximando-se e assumindo uma forma
menos “espalhada” que a líquida, uma forma cristalizada. Quando adicionamos SNV à água, por exemplo,
seu ponto de congelamento se torna inferior a 0°C (o normal à pressão de 1 atm). Isso ocorre porque as
partículas dissolvidas de soluto se interpõem entre as moléculas do solvente, dificultando a interação –
aproximação – entre elas. Assim, faz-se necessária uma temperatura mais baixa para que a água se cristalize.

É bom saber:
Algumas pessoas, para resfriarem mais rapidamente garrafas de bebida mantidas em recipientes com gelo,
jogam sal de cozinha no recipiente. Dessa forma, a temperatura de congelamento daquele gelo abaixa,
levando ao seu derretimento. Com isso, expõem as áreas mais internas (mais frias) do gelo ao contato com
as garrafas, resfriando-as.

Resumindo:
Ao adicionarmos solutos não voláteis a um solvente,
• Sua pressão de vapor diminui;
• Sua pressão osmótica aumenta;
• Seu ponto de ebulição aumenta;
• Seu ponto de congelamento diminui.

Macete
P/ V O C Ê
V: pressão de vapor
O: pressão osmótica
C: ponto de congelamento
E: ponto de ebulição

4
Química

Exercícios

1. Em regiões desérticas, a obtenção de água potável não pode depender apenas da precipitação. Nesse
sentido, portanto, sistemas para dessalinização da água do mar têm sido uma solução. Alguns desses
sistemas consistem basicamente de duas câmaras (uma contendo água doce e outra contendo água
salgada) separadas por uma membrana semipermeável. Aplicando-se pressão na câmara com água
salgada, a água pura é forçada a passar através da membrana para a câmara contendo água doce. O
processo descrito para a purificação da água é denominado
a) filtração.
b) adsorção.
c) destilação.
d) troca iônica.
e) osmose reversa.

2. Ebulioscopia é a propriedade coligativa, relacionada ao aumento da temperatura de ebulição de um


líquido, quando se acrescenta a ele um soluto não volátil.
Considere as três soluções aquosas a seguir:
𝑚𝑜𝑙
Solução 𝐴 = 𝑁𝑎𝐶ℓ 0,1 
𝐿
𝑚𝑜𝑙
Solução 𝐵 = 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 0,1 
𝐿
𝑚𝑜𝑙
Solução 𝐶 = 𝐶𝑎𝐶ℓ2  0,1 
𝐿
As soluções foram colocadas em ordem crescente de temperatura de ebulição em
a) C, A, B.
b) B, A, C.
c) A, B, C.
d) C, B, A.
e) B, C, A.

3. A concentração de cloreto de sódio no soro fisiológico é 0,15 mol/L. Esse soro apresenta a mesma
pressão osmótica que uma solução aquosa 0,15 mo/L de
a) sacarose, C12H22O11
b) sulfato de sódio, Na2SO4
c) sulfato de alumínio, Al2(SO4)3
d) glicose, C6H12O6
e) cloreto de potássio, KCl

5
Química

4. Bebidas podem ser refrigeradas de modo mais rápido utilizando-se caixas de isopor contendo gelo e
um pouco de sal grosso comercial. Nesse processo ocorre o derretimento do gelo com consequente
formação de líquido e resfriamento das bebidas. Uma interpretação equivocada, baseada no senso
comum, relaciona esse efeito à grande capacidade do sal grosso de remover calor do gelo. Do ponto
de vista científico, o resfriamento rápido ocorre em razão da
a) variação da solubilidade do sal.
b) alteração da polaridade da água.
c) elevação da densidade do líquido.
d) modificação da viscosidade do líquido.
e) diminuição da temperatura de fusão do líquido.

5. O etilenoglicol é uma substância muito solúvel em água, largamente utilizado como aditivo em
radiadores de motores de automóveis, tanto em países frios como em países quentes. Considerando a
função principal de um radiador, pode-se inferir corretamente que
a) a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol deve começar a uma temperatura mais
elevada que a da água pura e sua ebulição, a uma temperatura mais baixa que a da água pura.
b) a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol deve começar a uma temperatura mais
baixa que a da água pura e sua ebulição, a uma temperatura mais elevada que a da água pura.
c) tanto a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol quanto a sua ebulição devem
começar em temperaturas mais baixas que as da água pura.
d) tanto a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol quanto a sua ebulição devem
começar em temperaturas mais altas que as da água pura.
e) a solidificação e a ebulição de uma solução aquosa de etilenoglicol devem começar às mesmas
temperaturas que as da água.

6. Alguns tipos de dessalinizadores usam o processo de osmose reversa para obtenção de água potável
a partir da água salgada. Nesse método, utiliza-se um recipiente contendo dois compartimentos
separados por uma membrana semipermeável: em um deles coloca-se água salgada e no outro
recolhe-se a água potável. A aplicação de pressão mecânica no sistema faz a água fluir de um
compartimento para o outro. O movimento das moléculas de água através da membrana é controlado
pela pressão osmótica e pela pressão mecânica aplicada. Para que ocorra esse processo é necessário
que as resultantes das pressões osmótica e mecânica apresentem
a) mesmo sentido e mesma intensidade.
b) sentidos opostos e mesma intensidade.
c) sentidos opostos e maior intensidade da pressão osmótica.
d) mesmo sentido e maior intensidade da pressão osmótica.
e) sentidos opostos e maior intensidade da pressão mecânica.

6
Química

7. Em um laboratório, são preparadas três soluções A, B e C, contendo todas elas a mesma quantidade
de um único solvente e cada uma delas, diferentes quantidades de um único soluto não volátil.
Considerando que as quantidades de soluto, totalmente dissolvidas no solvente, em A, B e C, sejam
crescentes, a partir do gráfico abaixo, que mostra a variação da pressão de vapor para cada uma das
soluções em função da temperatura, é correto afirmar que, a uma dada temperatura “T”,

a) a solução C corresponde à curva I, pois quanto maior a quantidade de soluto não volátil dissolvido
em um solvente, menor é a pressão de vapor dessa solução.
b) solução A corresponde à curva III, pois quanto menor a quantidade de soluto não volátil dissolvido
em um solvente, maior é a pressão de vapor dessa solução.
c) as soluções A, B e C correspondem respectivamente às curvas III, II e I, pois quanto maior a
quantidade de um soluto não volátil dissolvido em um solvente, maior a pressão de vapor da
solução.
d) as soluções A, B e C correspondem respectivamente às curvas I, II e III, pois quanto menor a
quantidade de um soluto não volátil dissolvido em um solvente, maior a pressão de vapor da
solução.
e) a solução B é a mais volátil, que é representada pela curva II.

8. A adição de um soluto à água altera a temperatura de ebulição desse solvente. Para quantificar essa
variação em função da concentração e da natureza do soluto, foram feitos experimentos, cujos
resultados são apresentados abaixo. Analisando a tabela, observa-se que a variação de temperatura de
ebulição é função da concentração de moléculas ou íons de soluto dispersos na solução.
Volume de Quantidade de matéria de Temperatura de
Soluto
Água (L) soluto (mol) Ebulição (°C)
1 - - 100,00
1 𝑁𝑎𝐶ℓ 0,5 100,50
1 𝑁𝑎𝐶ℓ 1,0 101,00
1 sacarose 0,5 100,25
1 𝐶𝑎𝐶ℓ2 0,5 100,75

Dois novos experimentos foram realizados, adicionando-se 1,0 mol de Na2SO4 a 1 L de água
(experimento A) e 1,0 mol de glicose a 0,5 L de água (experimento B). Considere que os resultados
desses novos experimentos tenham sido consistentes com os experimentos descritos na tabela. Assim
sendo, as temperaturas de ebulição da água, em °C, nas soluções dos experimentos A e B, foram,
respectivamente, de
a) 100,25 e 100,25.
b) 100,75 e 100,25.
c) 100,75 e 100,50.
d) 101,50 e 101,00.
e) 101,50 e 100,50.

7
Química

9. O Mar Morto corresponde a uma grande extensão de águas localizadas entre Israel e a Jordânia e
apresenta alto teor salino, em torno de 300𝑔 de sal por litro de água, inviabilizando a vida marinha. Essa
característica é responsável pelo fato de suas propriedades serem distintas daquelas pertencentes à
água pura, como, por exemplo,
a) maior pressão de vapor.
b) menor pressão osmótica.
c) maior temperatura de fusão.
d) menor condutibilidade elétrica.
e) maior temperatura de ebulição.

10. Quando se compara a água do mar com a água destilada, pode-se afirmar que a primeira, em relação à
segunda, tem menor __________, mas maior __________.
a) densidade – ponto de ebulição
b) condutividade elétrica – densidade
c) pressão de vapor – condutividade elétrica
d) concentração de íons – ponto de ebulição
e) ponto de congelação – facilidade de vaporização do solvente

8
Química

Gabarito

1. E
O processo descrito para a purificação da água é denominado osmose reversa na qual o solvente
atravessa a membrana semipermeável (impermeável ao soluto e permeável ao solvente), ou seja, migra
do meio mais concentrado para o meio menos concentrado de maneira não espontânea.

2. B
Quanto maior o número de partículas, maior o efeito coligativo, ou seja, maior a temperatura de ebulição.
𝑚𝑜𝑙
𝐴 = 𝑁𝑎𝐶ℓ 0,1 
𝐿

0,1 𝑁𝑎+ + 0,1 𝐶ℓ
0,1 𝑁𝑎𝐶ℓ → ⏟
0,2 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠
𝑚𝑜𝑙
𝐵 = 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑜𝑠𝑒 0,1 
𝐿
(𝐶12 𝐻22 𝑂11 )0,1 → 0,1 𝐶
⏟ 12 𝐻22 𝑂11
0,1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠
𝑚𝑜𝑙
𝐶 = 𝐶𝑎𝐶ℓ2  0,1 
𝐿

0,1 𝐶𝑎2+ + 0,2 𝐶ℓ
0,1 𝐶𝑎𝐶ℓ2 → ⏟
0,3 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠
0,1 𝑚𝑜𝑙 < 0,2 𝑚𝑜𝑙 < 0,3 𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠ã𝑜: 𝑇. 𝐸𝐵 < 𝑇. 𝐸𝐴 < 𝑇. 𝐸𝐶 .

3. E
→ 1Na+ + 1C −
1L
1NaC ⎯⎯⎯
1mol (1mol + 1mol = 2 mol)
0,15 mol ( 0,15 mol + 0,15 mol = 0,30 mol)
ou
→ 0,15 mol Na+ + 0,15 mol C −
1L
0,15 mol NaC ⎯⎯⎯
0,30 mol

Para uma solução apresentar a mesma pressão osmótica do soro fisiológico, ela deverá ter a mesma
quantidade de partículas (íons, moléculas, etc.) por litro, ou seja, 0,30 mol
( C12H22O11 )0,15 mol 1L
⎯⎯⎯
→ 0,15 mol C12H22O11
0,15 mol

→ 2  0,15 mol Na + + 0,15 mol SO 24−


1L
0,15 mol Na2SO 4 ⎯⎯⎯
0,45 mol
3+
+ 3  0,15 mol SO 24−
1L
0,15 mol A 2 (SO 4 )3 ⎯⎯⎯
→ 2  0,15 mol A
0,75 mol

( C6H12O6 )0,15 mol 1L


⎯⎯⎯
→ 0,15 mol C6H12O6
0,15 mol

→ 0,15 mol K + + 0,15 mol C −


1L
0,15 mol KC ⎯⎯⎯  Resposta
0,30 mol

9
Química

4. E
Do ponto de vista científico, o resfriamento rápido ocorre em razão da diminuição da temperatura de fusão
ou solidificação do líquido (efeito crioscópico), pois a temperatura de fusão ou solidificação do líquido
diminui com a elevação do número de partículas dispersas (íons liberados pelo sal).

5. B
A elevação do número de partículas de soluto provoca a diminuição da temperatura de solidificação e a
elevação da temperatura de ebulição como consequência do efeito coligativo.

6. E
Para que ocorra esse processo é necessário que as resultantes das pressões osmótica e mecânica
apresentem sentidos opostos e maior intensidade da pressão mecânica, assim o solvente migrará do
meio mais concentrado para o meio menos concentrado num processo não espontâneo.

7. D
Teremos:

10
Química

8. D
Adição de 1,0 mol de Na2SO4 a 1 L de água (experimento A):
2−
⏟ + + 1𝑆𝑂4
1𝑁𝑎2 𝑆𝑂4 → 2𝑁𝑎
3𝑚𝑜𝑙𝑠𝑑𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠
A partir da tabela percebe-se que:
Volume Quantidade de Temperatura
de matéria de de
Soluto
água soluto ebulição
(L) (mol) (°C)
1 𝐶𝑎𝐶ℓ2 0,5 100,75


0,5𝐶𝑎2+ + 1𝐶ℓ
0,5𝐶𝑎𝐶ℓ2 → ⏟
1,5𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠
1,5𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 = 0,75°𝐶
3𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 = 𝛥𝑇
𝛥𝑇 = 1,50°𝐶
Conclusão: no experimento A ocorre uma elevação de 1,50°𝐶 na temperatura de ebulição.
Temperatura de ebulição da solução = 101,50°𝐶(100°𝐶 + 1,50°𝐶).
Adição de 1,0 mol de glicose a 0,5 L de água (experimento B).
1𝑚𝑜𝑙𝑔𝑙𝑖 𝑐𝑜𝑠 𝑒 (𝐶6 𝐻12 𝑂6 ) = 0,5𝐿𝑑𝑒á𝑔𝑢𝑎
𝑛𝑔𝑙𝑖 𝑐𝑜𝑠 𝑒 = 1𝐿𝑑𝑒á𝑔𝑢𝑎
𝑛𝑔𝑙𝑖 𝑐𝑜𝑠 𝑒 = 2𝑚𝑜𝑙𝑠𝑑𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠𝑑𝑒𝑔𝑙𝑖 𝑐𝑜𝑠 𝑒

A partir da tabela percebe-se que:


Volume Quantidade de Temperatura
de matéria de de
Soluto
água soluto ebulição
(L) (mol) (°C)
1 𝑁𝑎𝐶ℓ 1,0 101,00


1𝑁𝑎+ + 1𝐶ℓ
1𝑁𝑎𝐶ℓ → ⏟
2𝑚𝑜𝑙𝑠𝑑𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠
Conclusão: no experimento B ocorre uma elevação de 1,00°𝐶 na temperatura de ebulição.
Temperatura de ebulição da solução = 101,00°𝐶(100°𝐶 + 1,00°𝐶).

9. E
Quanto maior o número de partículas presente na solução, maior sua temperatura de ebulição, ou efeito
coligativo.

10. C
Quando se compara a água do mar com a água destilada, pode-se afirmar que a primeira, em relação à
segunda, tem menor pressão de vapor (apresenta maior quantidade de partículas, maior efeito coligativo)
e maior condutividade elétrica (maior quantidade de íons).

11
Química

Termoquímica: equações, gráficos e entalpia de formação

Resumo

Conceitos gerais
A maior parte das transformações físicas e químicas envolvem perda ou ganho de calor, e ele é sem dúvida
a forma mais comum de energia que acompanha as reações químicas. E isso acaba resultando a importância
do estudo do calor das reações na físico-química, denominamos termoquímica. Nas transformações físicas
podemos observar que elas possuem também absorção e liberação de calor.

Termoquímica é o estudo das quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante as reações químicas.

Para a Termoquímica, as reações químicas se classificam em:

Reações exotérmicas (∆H < 0)


São as que produzem ou liberam calor, como por exemplo:
A queima do carvão: C + O2 → CO2 + Calor
25
A combustão da gasolina: C8H18 + O2 → 8 CO2 + 9 H2O + Calor
2
Observe que, nesses exemplos, estamos considerando o calor como se fosse um dos “produtos” da reação

Reações endotérmicas (∆H > 0)


São as que absorvem calor, como por exemplo:
A decomposição do carbonato de cálcio: CaCO3 + Calor → CaO + CO2
A síntese do óxido nítrico: N2 + O2 +Calor → 2 NO
Já nesses caso, veja que estamos considerando o calor como um “reagente” necessário ao andamento da
reação. Existem alguns conceitos básicos, porém importantes da termoquímica e da calorimetria, como por
exemplo:
• 1 cal é quantidade de energia necessária pra aquecer 1,0 grama de água pura em 1ºC (1 cal = 4,8 kJ);
• Entalpia (H) é uma grandeza física que mede a energia térmica de um sistema e sua unidade pelo
sistema internacional é dado em Joule (J). O rompimento e reagrupamento das ligações nas
moléculas que geram esse calor, não há forma de se determinar a entalpia, porém conseguimos
determinar com precisão a variação de entalpia (H) que é a medida da quantidade de calor liberada
ou absorvida pela reação, a pressão constante.

1
Química

Gráficos termoquímicos

Vemos que o gráfico 1 representa uma reação exotérmica, ou seja, identificamos que a energia dos produtos
é menor que a energia dos reagentes, logo houve uma liberação de calor. Em contrapartida, no gráfico 2
percebemos que a energia do produtos é maior do que a energia dos reagentes, logo, houve uma absorção
de calor por parte dos reagentes.

Cálculo da variação de entalpia


Na termoquímica, como havíamos dito, não é possível medir a entalpia das substâncias. O que se pode medir
e calcular com precisão é a variação de entalpia ao longo das transformações químicas destas
substâncias.Definimos então a variação de entalpia(∆H) algebricamente como:
∆H = Hprodutos - Hreagentes

Considere o seguinte exemplo, com todas as substâncias no estado padrão:


1
H2(g) + O2(g) → H2O(l) ∆H = - 286,6 kJ/mol
2

1
Podemos interpretar o gráfico da seguinte maneira: o H2(g) e o O2(g) estão no nível zero, logo tem valor
2
de entalpia igual a zero, pois são substâncias simples e estão no estado padrão. Analisando o ∆H < 0 ,
concluímos que a reação é exotérmica e que o sistema em reação perde energia (calor) para o meio ambiente.
Consequentemente, o produto final (H2O(l) ) ficará em um nível de energia mais baixo (- 286,6 kJ).
Podemos então provar o ∆H dado como:
∆H = Hprodutos - Hreagentes

∆H = HH2O - (HH2 + HO2) → ∆H = -286,6 - (zero + zero) → ∆H = - 286,6 Kj

2
Química

Esse valor é chamado de entalpia (ou calor) padrão de formação do H2O(l) e é designado por ∆ H0f , em que
o expoente zero indica o estado padrão, e o índice f indica que se trata da entalpia de formação.
Definimos então:
Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância é a variação de entalpia verificada na formação
de 1 mol da substância, a partir das substâncias simples correspondentes, estando todas no estado
padrão.
Exemplo:
Sendo o ∆H de formação do óxido de cobre II igual a –37,6 kcal/mol e o ∆H de formação do óxido de cobre I
igual a –40,4 kcal/mol, calcule o ∆H da reação:
Cu2O(s) + 1/2 O2(g) → 2 CuO(s)

Resolução:
O óxido de cobre II é CuO= -37,6 kcal/mol
O óxido de cobre I é Cu2O= -40,4 Kcal/mol
Observação: No 1/2 O2(g), o valor da entalpia é zero porque a toda substância simples no estado padrão
atribui-se valor zero.

Sabendo que a variação da entalpia é ∆H = HP - HR


∆H=( -75,2)-(-40,4)
∆H=( -75,2)+40,4
∆H= -34,8 kcal, sendo assim uma reação exotérmica.

3
Química

Exercícios

1. Durante a manifestação das reações químicas, ocorrem variações de energia. A quantidade de energia
envolvida está associada às características químicas dos reagentes consumidos e dos produtos que
serão formados. O gráfico abaixo representa um diagrama de variação de energia de uma reação
química hipotética em que a mistura dos reagentes A e B levam à formação dos produtos C e D.

Com base no diagrama, no sentido direto da reação, conclui-se que a


a) energia de ativação da reação sem o catalisador é igual a 15 kJ.
b) energia de ativação da reação com o catalisador é igual a 40 kJ.
c) reação é endotérmica.
d) variação de entalpia da reação é igual a -30 kJ.
e) variação de entalpia da reação é igual a -70 kJ.

2. Normalmente uma reação química libera ou absorve calor. Esse processo é representado no seguinte
diagrama, considerando uma reação específica.

Com relação a esse processo, assinale a equação química correta.


H2(g) + 1 O2(g) → H2O( ) − 68,3 kcal
a) 2
H2O( ) − 68,3 kcal → H2(g) + 1 O2(g)
b) 2
H2O( ) → H2(g) + 1 O2(g) + 68,3 kcal
c) 2
H2(g) + 1 O2(g) → H2O( ) + 68,3 kcal
d) 2
H2O( ) → H2(g) + 1 O2(g) + 68,3 kcal
e) 2 2

4
Química

3. A areia comum tem como constituinte principal o mineral quartzo (SiO2), a partir do qual pode ser obtido
o silício, que é utilizado na fabricação de microchips. A obtenção do silício para uso na fabricação de
processadores envolve uma série de etapas. Na primeira, obtém-se o silício metalúrgico, por reação do
óxido com coque, em forno de arco elétrico, à temperatura superior a 1 900 °C. Uma das equações que
descreve o processo de obtenção do silício é apresentada a seguir:
SiO2 ( s ) + 2C ( s ) → Si ( ) + 2CO ( g )

H0f SiO2 = −910,9 kJ · mol-1


Dados:
H0f CO = −110,5 kJ · mol-1
De acordo com as informações do texto, é correto afirmar que o processo descrito para a obtenção do
silício metalúrgico corresponde a uma reação
a) endotérmica e de oxirredução, na qual o Si4+ é reduzido a Si.
b) espontânea, na qual ocorre a combustão do carbono.
c) exotérmica, na qual ocorre a substituição do Si por C.
d) exotérmica, na qual ocorre a redução do óxido de silício.
e) endotérmica e de dupla troca.

4. O metanol é um álcool utilizado como combustível em alguns tipos de competição automotiva, por
exemplo, na Fórmula Indy. A queima completa (ver reação termoquímica abaixo) de 1L de metanol
(densidade 0,80 g mL-1) produz energia na forma de calor (em kJ) e CO2 (em gramas) nas seguintes
quantidades respectivamente:
2 CH3 OH( ) + 3 O2(g) → 4 H2O( ) + 2 CO2(g) ; ΔH = −1453 kJ
Dados: M(CH3 OH) = 32gmol−1 e M(CO2 ) = 44gmol−1
a) 18,2 x 103 e 1,1 x 103
b) 21,3 x 103 e 0,8 x 103
c) 21,3 x 103 e 1,1 x 103
d) 18,2 x 103 e 0,8 x 103
e) 36,4 x 103 e 1,08 x 103

5. Em uma seleção realizada por uma indústria, para chegarem à etapa final, os candidatos deveriam
elaborar quatro afirmativas sobre o gráfico apresentado a seguir e acertar, pelo menos, três delas.

Um dos candidatos construiu as seguintes afirmações:

5
Química

I. A reação pode ser catalisada, com formação do complexo ativado, quando se atinge a energia de
320 kJ.
II. O valor da quantidade de energia E3 determina a variação de entalpia (∆H) da reação, que é de -52
kJ.
III. A reação é endotérmica, pois ocorre mediante aumento de energia no sistema.
IV. A energia denominada no gráfico de E2 é chamada de energia de ativação que, para essa reação, é
de 182 kJ.
Quanto à passagem para a etapa final da seleção, esse candidato foi
a) aprovado, pois acertou as afirmações I, II e IV.
b) aprovado, pois acertou as afirmações II, III e IV.
c) reprovado, pois acertou, apenas, a afirmação II.
d) reprovado, pois acertou, apenas, as afirmações I e III.
e) reprovado, pois acertou, apenas, as afirmações II e IV.

6. Os alimentos ao serem consumidos são digeridos e metabolizados liberando energia química. Uma
barra de cereal light de avelã com chocolate, que contém 77% de carboidratos, 4% de proteínas e 7% de
lipídios, é um dos alimentos utilizados para adquirir energia, uma vez que a energia de combustão das
proteínas e dos carboidratos é de 4 kcal g-1 e, dos lipídios é de 9 kcal g-1. Com base nisso, calcule a
quantidade de energia fornecida a um indivíduo que consome uma unidade de 22 gramas dessa barra
de cereal.
a) 3,87 kcal
b) 7,37 kcal
c) 162,1 kcal
d) 85,1 kcal
e) 387,0 kcal

7. O etanol é um combustível renovável obtido da cana-de-açúcar e é menos poluente do que os


combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel. O etanol tem densidade 0,8 g/cm3, massa molar 46
g/mol e calor de combustão aproximado de -1.300kJ/mol. Com o grande aumento da frota de veículos,
tem sido incentivada a produção de carros bicombustíveis econômicos, que são capazes de render até
20 km/L em rodovias, para diminuir a emissão de poluentes atmosféricos. O valor correspondente à
energia consumida para que o motorista de um carro econômico, movido a álcool, percorra 400 km na
condição de máximo rendimento é mais próximo de
a) 565 MJ.
b) 452 MJ.
c) 520 MJ
d) 390 MJ.
e) 348 MJ.

6
Química

8. Por meio de reações químicas que envolvem carboidratos, lipídeos e proteínas, nossas células obtêm
energia e produzem gás carbônico e água. A oxidação da glicose no organismo humano libera energia,
conforme ilustra a equação química, sendo que aproximadamente 40% dela é disponibilizada para
atividade muscular.
C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O( ) CH = −2.800 kJ

LIMA, L. M.; FRAGA, C. A. M.; BARREIRO, E. J. Química na saúde. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2010
(adaptado).
−1
Considere as massas molares (em g mol ) : H = 1; C = 12; O = 16.
Na oxidação de 1,0 grama de glicose, a energia obtida para atividade muscular, em quilojoule, é mais
próxima de
a) 6,2
b) 15,6
c) 70,0
d) 622,2
e) 1.120,0

9. Para comparar a eficiência de diferentes combustíveis, costuma-se determinar a quantidade de calor


liberada na combustão por mol ou grama de combustível. O quadro mostra o valor de energia liberada
na combustão completa de alguns combustíveis.
Combustível ΔHC º a 25 C (kJ mol)
Hidrogênio (H2 ) −286
Etanol (C2H5OH) −1.368
Metano (CH4 ) −890
Metanol (CH3OH) −726
Octano (C8H18 ) −5.471

ATKINS, P. Princípios de química. Porto Alegre: Bookman, 2007 (adaptado).

As massas molares dos elementos H, C e O são iguais a 1 g/mol, 12 g/mol e 16 g/mol, respectivamente.
Qual combustível apresenta maior liberação de energia por grama?
a) Hidrogênio.
b) Etanol.
c) Metano.
d) Metanol.
e) Octano.

7
Química

10. O urânio é um elemento cujos átomos contêm 92 prótons, 92 elétrons e entre 135 e 148 nêutrons. O
isótopo de urânio 235U é utilizado como combustível em usinas nucleares, onde, ao ser bombardeado
por nêutrons, sofre fissão de seu núcleo e libera uma grande quantidade de energia (2,35 x 1010 kJ/mol).
O isótopo lemento cujos átomos contêm 92 prótons, 92 elétrons e entre 135 e 148 nêutrons. O isótopo
de urânio 235U ocorre naturalmente em minérios de urânio, com concentração de apenas 0,7%. Para ser
utilizado na geração de energia nuclear, o minério é submetido a um processo de enriquecimento,
visando aumentar a concentração do isótopo lemento cujos átomos contêm 92 prótons, 92 elétrons e
entre 135 e 148 nêutrons. O isótopo de urânio 235U para, aproximadamente, 3% nas pastilhas. Em
décadas anteriores, houve um movimento mundial para aumentar a geração de energia nuclear
buscando substituir, parcialmente, a geração de energia elétrica a partir da queima do carvão, o que
diminui a emissão atmosférica de CO2 (gás com massa molar igual a 44 g/mol). A queima do carvão é
representada pela equação química:
C(s) + O2 (g) → CO2 (g) H = −400 kJ mol
Qual é a massa de CO2, em toneladas, que deixa de ser liberada na atmosfera, para cada 100g de
pastilhas de urânio enriquecido utilizadas em substituição ao carvão como fonte de energia?
a) 2,10
b) 7,70
c) 9,00
d) 33,0
e) 300

8
Química

Gabarito

1. D
a) A energia de ativação sem catalisador vale 40 kJ.
b) Falsa. A energia de ativação com catalisador vale 25 kJ.
c) Falsa. A reação é exotérmica, pois a energia dos produtos é menor em relação à energia dos
reagentes, indicando que a reação liberou calor.
d) Verdadeira. ΔH = HPRODUTOS – HREAGENTES = − 10 – 20 = − 30kJ.

2. D
Ocorre liberação de energia, logo a quantidade de calor deve aparecer do lado direito da equação química:
H2O( ) → H2(g) + 1 O2(g) + 68,3 kcal.
2
Energia
liberada

3. A
Teremos:
Oxidante Re dutor
SiO2 ( s ) + 2C ( s ) → Si ( ) + 2CO ( g )
+4 0 (redução)
0 + 2 (oxidação)

SiO2 ( s ) + 2C ( s ) → Si ( ) + 2CO ( g )
−910,9 kJ 0 0 2( −110,5 kJ)
ΔH = HPr odutos − HReagentes
ΔH = 2( −110,5 kJ) − ( −910,9 kJ ) = +689,9 kJ
ΔH  0; a reação é endotérmica.

4. A
m m
d=  0,8 =  m = 800g de metanol
V 1000

64g 1453kJ
800g x
x = 18,2  103kJ

64g 88g de CO2


800g x
3
x = 1,1 10 g

9
Química

5. C

6. D
77% de carboidratos

1 barra 4% de proteínas
7% de lipídeos

Quantidade energética:
carboidrato: 4 kcal g
proteínas: 4 kcal g
lipídeos: 9 kcal g
77% = 16,94 g de carboidratos (4) = 67,76 kcal

22 g 4% = 0,88 g de proteínas (4) = 3,52 kcal
7% = 1,54 g de lipídeos (9) = 13,86 kcal

67,76 + 3,52 + 13,86 = 85,14 kcal

7. B
20 km 1L
400 km Ve tanol
400 km  1 L
Ve tanol = = 20 L
20 km
de tanol = 0,8 g cm3 = 800 g  L−1
me tanol m
de tanol =  800 g  L−1 = e tanol
Ve tanol 20 L
me tanol = 800 g  L−1  20 L = 16.000 g
Calor de combustão do e tanol = −1.300 kJ mol
46 g de e tanol 1.300 kJ liberados e consumidos
16.000 g de e tanol E
16.000 g  1.300 kJ
E= = 452.173,91 k J
46 g 3
10
3 3
E = 452,17391 10  10 J
106
E  452 MJ

10
Química

8. A
C6H12O6 = 6  12 + 12  1 + 6  16 = 180
MC6H12O6 = 180 g mol
C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O( ) CH = −2.800 kJ
40
180 g 2.800 kJ  (obtidos)
100
1g E
40
1 g  2.800 kJ 
E= 100
180 g
E = 6,222 kJ  6,2 kJ

9. A
O hidrogênio apresenta maior liberação de energia por grama (143 kJ liberados).
Para o hidrogênio (H2 = 2) :
286 kJ (liberados) 143 kJ (liberados)
=
2g 1g

Para o etanol (C2H5OH = 46) :


1368 kJ (liberados) 29,739 kJ (liberados)
=
46 g 1g

Para o metano (CH4 = 16) :


890 kJ (liberados) 55,625 kJ (liberados)
=
16 g 1g

Para o metanol (CH3O = 31) :


726 kJ (liberados) 23,419 kJ (liberados)
=
31 g 1g

Para o octano (C8H18 = 114) :


5471kJ (liberados) 47,991kJ (liberados)
=
114 g 1g

10. D
100 g de pastilhas de urânio têm 3% de U − 235.
mU−235 = 0,03  100 g = 3,0 g
235 g de U − 235 2,35  1010 kJ
3,0 g g de U − 235 E
8
E = 3,0  10 kJ
MCO = 44 g / mol
2
C(s) + O2 (g) → CO2 (g) H = −400 kJ mol
44 g 400 kJ liberados
mCO2 3,0  108 kJ liberados

mCO2 = 0,33  108 g = 33,0  106 g


mCO2 = 33,0 t

11
Química

Lei de Hess e Entalpia de ligação

Resumo

Lei de Hess
Em meados do século XIX o químico Germain Hess descobriu que a variação de entalpia (ΔH) de uma reação
química dependia apenas do estado inicial e do estado final da reação.

Observe que a entalpia envolvida na transformação de A para C independe se a reação foi realizada em uma
única etapa (A → C), ou em várias etapas(A → B → C). A partir deste conceito chegamos à conclusão de que
é possível calcular a variação de entalpia de uma reação através dos calores das reações intermediárias.
Exemplo: A reação de combustão completa do carbono é representada por:
C + O2 → CO2 ΔHglobal = ?
Sendo esta a sua reação global com valor de ΔH desconhecido. Porém, sabemos que está equação acontece
em duas etapas:
Etapa 1: C + ½ O2 → CO ΔH1 = -110,0 kJ
Etapa 2: CO + ½ O2 → CO2 ΔH2 = -283,0 kJ

Portanto, conhecendo os valores de ΔH das reações intermediárias, é possível chegar ao valor de ΔH da nossa
equação global, somando estas equações intermediárias e cortando os reagentes com produtos iguais de
reações distintas:
Etapa 1: C + ½ O2 → CO ΔH1 = -110,0 kJ
+
Etapa 2: CO + ½ O2 → CO2 ΔH2 = -283,0 kJ
_______________________________________
=
Equação: C + O2 → CO2 ΔHglobal = -393,0 kJ
global
Obs.: Repare que a reação global formada pelo somatório das etapas tem que ser idêntica a reação global
dada pela questão.

1
Química

Entalpia de Ligação
Imagine dois átomos ligados e no estado gasoso. A quebra da ligação que une estes dois átomos sempre
envolverá absorção de energia, e a união destes dois átomos sempre envolverá liberação de energia. Os
processos de união e quebra são opostos, mas sempre envolverão a mesma quantidade de energia quando
estivermos falando da mesma ligação. A energia de ligação é a energia necessária para quebrar 1 mol de
ligações no estado gasoso.
Ligação Energia de ligação(kJ)

H-H 436
C-H 412
Cl - Cl 242
Cl - H 431
Sendo assim, é possível determinar a variação de entalpia de qualquer reação se forem conhecidas as
energias de todas as ligações nas substâncias envolvidas.
Basta escrever a reação em duas etapas:

• Quebra de todas as ligações dos reagentes, com variação de entalpia igual à soma de todas as energias
de ligação;

• Formação das ligações dos produtos, desta vez liberando a energia correspondente à soma das energias
de ligação dos produtos.
A soma das variações de entalpia nestas duas etapas fornecerá a variação de entalpia global da reação
completa.

Psiu!!
• Ligação dos reagentes é quebrada = absorve calor, sinal positivo.
• Ligação dos produtos é formada = libera calor, sinal negativo.

Exemplo 1:
Energia de ligação do composto CH4

4.(C - H) = 4 . 412 = 1648 kJ

Exemplo 2:
Qual a variação de entalpia(ΔH) da reação abaixo?
H2 + Cl2 → 2 HCl
(H - H) (Cl - Cl) (Cl - H)
+436 kJ +242 kJ 2.(-431 kJ) = - 862 kJ
(absorvidos = positivo) (liberado = negativo)

Energia dos reagente = +435 +242 = +678 kJ


Energia dos produtos = -862 kJ
ΔH = ΔHreagentes + ΔHprodutos
ΔH = +678 kJ + (-862 kJ)
ΔH = -184 kJ = reação exotérmica

2
Química

Exercícios

1. O carbono pode ser encontrado na forma de alótropos como o grafite e o diamante. Considere as
equações termoquímicas seguintes.

Cgrafite + 1 O2 (g) → CO(g) H = −110 kJ


2
Cgrafite + O2 (g) → CO2 (g) H = −393 kJ
Cdiamante + O2 (g) → CO2 (g) H = −395 kJ

A variação de entalpia da conversão de grafite em diamante, em kJ, é igual a


a) –788.
b) –2.
c) +2.
d) +287.
e) +788.

2. O 1,2 − dicloroe tano ocupa posição de destaque na indústria química americana. Trata-se de um
líquido oleoso e incolor, de odor forte, inflamável e altamente tóxico. É empregado na produção do
cloreto de vinila que, por sua vez, é utilizado na produção do PVC, matéria-prima para a fabricação de
dutos e tubos rígidos para água e esgoto.
A equação química que descreve, simplificadamente, o processo de obtenção industrial do
1,2 − dicloroe tano, a partir da reação de adição de gás cloro ao eteno, encontra-se representada
abaixo.
C2H4(g) + C 2(g) → C2H4 C 2( )
Disponível em: <http://laboratorios.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/47/2013/11/dicloroetano.pdf>.
Acesso em: 3 set. 15. (Adaptado.)
Dados:
Ligação Energia de ligação (kJ / mol)
C −H 413,4
C−C 327,2
C−C 346,8
614,2
C −C 242,6

A variação de entalpia da reação acima é igual a


−144,4 kJ / mol.
a)
−230,6 kJ / mol.
b)
−363,8 kJ / mol.
c)
+428,2 kJ / mol.
d)
+445,0 kJ / mol.
e)

3
Química

3. Glicólise é um processo que ocorre nas células, convertendo glicose em piruvato. Durante a prática de
exercícios físicos que demandam grande quantidade de esforço, a glicose é completamente oxidada
na presença de O2. Entretanto, em alguns casos, as células musculares podem sofrer um deficit de O2
e a glicose ser convertida em duas moléculas de ácido lático. As equações termoquímicas para a
combustão da glicose e do ácido lático são, respectivamente, mostradas a seguir:

C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O( ) CH = −2.800 kJ


CH3CH(OH)COOH(s) + 3 O2(g) → 3 CO2(g) + 3 H2O( ) CH = −1.344 kJ

O processo anaeróbico é menos vantajoso energeticamente porque


a) libera 112 kJ por mol de glicose.
b) libera 467 kJ por mol de glicose.
c) libera 2.688 kJ por mol de glicose.
d) absorve 1.344 kJ por mol de glicose.
e) absorve 2.800 kJ por mol de glicose.

4. Uma alimentação saudável, com muitas frutas, traz incontáveis benefícios à saúde e ao bem-estar.
Contudo, a ingestão de fruta verde deixa um sabor adstringente na boca. Por isso, o gás eteno é
utilizado para acelerar o amadurecimento das frutas, como a banana.

Industrialmente, o eteno é obtido pela desidrogenação do etano, em altas temperaturas ( 500 C ) e na


presença de um catalisador (óxido de vanádio), conforme mostrado na reação a seguir

(
Energia de ligação kJ mol−1 )
Ligação Energia
C −H 412
C−C 348
C=C 612

O valor absoluto da energia de ligação H − H em kJ mol−1, é, aproximadamente,


a) 124.
b) 436.
c) 684.
d) 872.
e) 1368.

4
Química

5. Um dos maiores problemas do homem, desde os tempos pré-históricos, é encontrar uma maneira de
obter energia para aquecê-lo nos rigores do inverno, acionar e desenvolver seus artefatos, transportá-
lo de um canto a outro e para a manutenção de sua vida e lazer. A reação de combustão é uma maneira
simples de se obter energia na forma de calor. Sobre a obtenção de calor, considere as equações a
seguir.
C(grafite) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = −94,1kcal
1
H2O( ) → H2 (g) + O2 (g) ΔH = +68,3 kcal
2
C(grafite) + 2H2 (g) → CH4 (g) ΔH = −17,9 kcal

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o valor do calor de combustão (ΔH) do metano
(CH4 ) na equação a seguir.
CH4 (g) + 2O2 (g) → CO2 (g) + 2H2O( )

a)
−212,8 kcal

b)
−144,5 kcal
−43,7 kcal
c)
+144,5 kcal
d)
e) +212,8 kcal

6. O craqueamento (craking) é a denominação técnica de processos químicos na indústria por meio dos
quais moléculas mais complexas são quebradas em moléculas mais simples. O princípio básico desse
tipo de processo é o rompimento das ligações carbono-carbono pela adição de calor e/ou catalisador.
Um exemplo da aplicação do craqueamento é a transformação do dodecano em dois compostos de
menor massa molar, hexano e propeno (propileno), conforme exemplificado, simplificadamente, pela
equação química a seguir:
C12H26( ) → C6H14( ) + 2 C3H6(g)
São dadas as equações termoquímicas de combustão completa, no estado-padrão para três
hidrocarbonetos:
37
C12H26( ) + O2(g) → 12 CO2(g) + 13 H2O( ) ΔHC = −7513,0 kJ / mol
2
19
C6H14(g) + O2(g) → 6 CO2(g) + 7H2O( ) ΔHC = −4163,0 kJ / mol
2
9
C3H6(g) + O2(g) → 3 CO2(g) + 3 H2O( ) ΔHC = −2220,0 kJ / mol
2
Utilizando a Lei de Hess, pode-se afirmar que o valor da variação de entalpia-padrão para o
craqueamento do dodecano em hexano e propeno, será
a) ‒ 13896,0 kJ/mol.
b) ‒ 1130,0 kJ/mol.
c) + 1090,0 kJ/mol.
d) + 1130,0 kJ/mol.
e) + 13896,0 kJ/mol.

5
Química

7. O benzeno, um importante solvente para a indústria química, é obtido industrialmente pela destilação
do petróleo. Contudo, também pode ser sintetizado pela trimerização do acetileno catalisada por ferro
metálico sob altas temperaturas, conforme a equação química:
3 C2H2(g) → C6H6( )
A energia envolvida nesse processo pode ser calculada indiretamente pela variação de entalpia das
reações de combustão das substâncias participantes, nas mesmas condições experimentais:
5
I. C2H2(g) + O2(g) → 2 CO2(g) + H2O( ) Hc0 = −310 kcal mol
2
15
II. C6H6( ) + O2(g) → 6 CO2(g) + 3 H2O( ) Hc0 = −780 kcal mol
2
A variação de entalpia do processo de trimerização, em kcal, para a formação de um mol de benzeno
é mais próxima de
a) -1.090
b) -150
c) -50
d) +157
e) +470

8. Com base no seguinte quadro de entalpias de ligação, assinale a alternativa que apresenta o valor da
entalpia de formação da água gasosa.
Ligação Entalpia (kJ mol−1)
H −O 464
H −H 436
O=O 498
O −O 134

a) -243 kJ . mol-1
b) -134 kJ . mol-1
c) +243 kJ . mol-1
d) +258 kJ . mol-1
e) +1.532 kJ . mol-1

6
Química

9. O aproveitamento de resíduos florestais vem se tornando cada dia mais atrativo, pois eles são uma
fonte renovável de energia. A figura representa a queima de um bio-óleo extraído do resíduo de madeira,
sendo 𝛥𝐻1 a variação de entalpia devido à queima de 1g desse bio-óleo, resultando em gás carbônico
e água líquida, e 𝛥𝐻2 , a variação de entalpia envolvida na conversão de 1g de água no estado gasoso
para o estado líquido.

A variação de entalpia, em kJ, para a queima de 5g desse bio-óleo resultando em CO2 (gasoso) e H2O
(gasoso) é:
a) -106
b) -94
c) -82
d) -21,2
e) -16,4

10. Os organoclorados são poluentes considerados perigosos, mas, infelizmente, têm sido encontradas
quantidades significativas destas substâncias em rios e lagos. Uma reação de cloração comumente
estudada é a do etano com o gás cloro, como mostrada abaixo:
C2H6(g) + C 2(g) → CH3CH2C (g) + HC (g)
Sabendo os valores de H de cada ligação (Tabela abaixo), determine o valor de H da reação pelo
método das energias de ligação.
Ligação Energia (kJ mol)
C−H 415
C−C 350
C −C 243
C−C 328
H−C 432

a) -102 kJ/mol
b) +102 kJ/mol
c) +367 kJ/mol
d) -367 kJ/mol
e) +17 kJ/mol

7
Química

11. Observe, a seguir, algumas equações termoquímicas:

C(grafite) + O2 (g) → CO2 (g) H = −394 kJ mol−1


S(rômbico) + O2 (g) → SO2 (g) H = −297 kJ mol−1
CS2 ( ) + 3O2 (g) → 2SO2 (g) + CO2 (g) H = −1077 kJ mol−1

Com base nas informações anteriores, complete as lacunas, tornando a afirmação a seguir verdadeira.

A entalpia de formação do CS2 ( ), a partir de seus elementos formadores, tem H = __________, sendo,
portanto, uma reação __________.
a) +89 kJ mol−1, endotérmica.

b) +389 kJ mol−1, endotérmica.

c) +1768 kJ mol−1, endotérmica.

d) −1768 kJ mol−1, exotérmica.

e) −2065 kJ mol−1, exotérmica.

12. O trioxano, cuja fórmula estrutural plana simplificada encontra-se representada a seguir, é utilizado em
alguns países como combustível sólido para o aquecimento de alimentos armazenados em
embalagens especiais e que fazem parte das rações operacionais militares.
Energias de Ligação (kJ mol)
C − H → 413 O = O → 495
O − C → 358 C = O → 799
H − O → 463

Considere a reação de combustão completa de um tablete de 90g do trioxano com a formação de CO2
e H2O. Baseado nas energias de ligação fornecidas na tabela abaixo, o valor da entalpia de combustão
estimada para esta reação é
Dados: Massas Atômicas: O = 16 u; H = 1u; C = 12u.
a) +168 kJ.
b) -262 kJ
c) +369 kJ
d) – 1461 kJ
e) -564 kJ

8
Química

13. Cálculos de entalpias reacionais são em alguns casos efetuados por meio das energias de ligação das
moléculas envolvidas, onde o saldo de energias de ligação rompidas e refeitas é considerado nesse
procedimento. Alguns valores de energia de ligação entre alguns átomos são fornecidos no quadro
abaixo:
Ligação Energia de ligação (kJ mol)
C−H 413
O=O 494
C=O 804
O −H 463

Considere a reação de combustão completa do metano representada na reação abaixo:


CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(v)
A entalpia reacional, em kJ/mol, para a combustão de um mol de metano segundo a reação será de:
a) -820
b) -360
c) +106
d) +360
e) +820

14. O etileno ou eteno (C2H4), gás produzido naturalmente em plantas e responsável pelo amadurecimento
de frutos, pode ser obtido por “caminhos” diferentes, conforme explicitado no diagrama da Lei de Hess
abaixo. A Lei de Hess, uma lei experimental, calcula a variação de entalpia (quantidade de calor
absorvido ou liberado) considerando, apenas, os estados inicial e final de uma reação química. Analise
o diagrama, calcule a entalpia (ΔH°) envolvida na reação
2 C(grafite) + 2 H2(g) + 3 O2(g) → C2H4(g) + 3 O2(g)
assinale a alternativa que apresenta o valor CORRETO para o H da reação.

a) -1627 kJ
b) -51 kJ
c) +1. 195 kJ
d) -1.195 kJ
e) +51 kJ

9
Química

15. O ferro é encontrado na natureza na forma de seus minérios, tais como a hematita (𝛼 -Fe2O3), a
magnetita (Fe3O4) e a wustita (FeO). Na siderurgia, o ferro-gusa é obtido pela fusão de minérios de ferro
em altos fomos em condições adequadas. Uma das etapas nesse processo é a formação de monóxido
de carbono. O CO (gasoso) é utilizado para reduzir o FeO (sólido), conforme a equação química:
FeO(s) + CO(g) → Fe(s) + CO2(g)

Considere as seguintes equações termoquímicas:


Fe2O3(s) + 3 CO(g) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g) ΔrH = −25 kJ mol de Fe2O3
3 FeO(s) + CO2(g) → Fe3O4(s) + CO(g) ΔrH = −36 kJ mol de CO2
2 Fe3O4(s) + CO2(g) → 3 Fe2O3(s) + CO(g) ΔrH = +47 kJ mol de CO2

O valor mais próximo de Δr H, em kJ mol de FeO, para a reação indicada do FeO (sólido) com o C
(gasoso) é
a) -14
b) -17
c) -50
d) -64
e) -100

16. O gás hidrogênio é considerado um ótimo combustível – o único produto da combustão desse gás é o
vapor de água, como mostrado na equação química.

2 H2(g) + O2(g) → 2 H2O(g)

Um cilindro contém 1kg de hidrogênio e todo esse gás foi queimado. Nessa reação, são rompidas e
formadas ligações químicas que envolvem as energias listadas no quadro.
Ligação química Energia de ligação (kJ mol)
H−H 437
H−O 463
O=O 494

Dados: Massas molares (g/mol): H2 = 2; O2 = 32; H2O = 18


Qual é a variação da entalpia, em quilojoule, da reação de combustão do hidrogênio contido no
cilindro?
a) -242.000
b) -121.000
c) -2.500
d) +110.500
e) +234.000

10
Química

Gabarito

1. C
Cgrafite + O2 (g) → CO2 (g) H = −393 kJ (manter)
Cdiamante + O2 (g) → CO2 (g) H = −395 kJ (inverter)

Cgrafite + O2 (g) → CO2 (g) H1 = −393 kJ


CO2 (g) → Cdiamante + O2 (g) H2 = +395 kJ
Cgrafite → Cdiamante
Hfinal = H1 + H2 = −393 + 395 = +2 kJ

2. A
C2H4(g) + C 2(g) → C2H4 C 2( )
(C = C) + 4(C − H) + (C − C ) → (C − C) + 4(C − H) + 2(C − C )
614,2 + 1653,6 + 242,6 → 346,8 + 1653,6 + 654,4
(2.510,4) → (2.654,8)
+2.510,4 kJ (absorvido) → +2.654,8 kJ (liberado)
ΔH = 2.510,4 − 2.654,8
ΔH = −144,4 kJ

3. A
Glicose: C6H12O6(s) .
Ácido lático: CH3CH(OH)COOH(s) .
De acordo com o texto do enunciado a glicose pode ser convertida em duas moléculas de ácido lático
(equação global): 1C6H12O6(s) → 2 CH3CH(OH)COOH(s).
Aplicando a lei de Hess às equações termoquímicas mostradas, para obter a equação global, vem:
1 C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O( ) H1 = −2.800 kJ (manter)
1 CH3 CH(OH)COOH(s) + 3 O2(g) → 3 CO2(g) + 3 H2O( ) H2 = −1.344 kJ (2; inverter )

1 C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O( ) H1 = −2.800 kJ

6 CO2(g) + 6 H2O( ) → 2CH3 CH(OH)COOH(s) + 6 O2(g) H2 = +2.688 kJ


Global
1 C6H12O6(s) ⎯⎯⎯⎯
→ 2 CH3 CH(OH)COOH(s) ΔH = H1 + H2
ΔH = H1 + H2
ΔH = 2.800 kJ + 2.688 kJ
ΔH = −112 kJ
O processo libera 112 kJ por mol de glicose.

11
Química

4. B
A partir da análise das energias de ligação, teremos:

ΔH = +[6(C − H) + (C − C)] − [4(C − H) − (C = C) − (H − H)]


ΔH = 2(C − H) + (C − C) − (C = C) − (H − H)
+124 = 2(412) + (348) − (612) − (H − H)
(H − H) = −124 + 2(412) + (348) − (612)
(H − H) = +436 kJ / mol

5. A
C(grafite) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = −94,1kcal

2H2 (g) + 1O2 (g) → 2H2O( ) ΔH = +68,3 kcal (inverter e  2)

CH4 (g) → C(grafite) + 2H2 (g) ΔH = −17,9 kcal (inverter)

CH4 (g) + 2O2 (g) → CO2 (g) + 2H2O( )

De acordo com a Lei de Hess, a variação de entalpia final corresponde ao somatório das variações de
entalpias das reações intermediárias, assim teremos:
−94,1 − 2  (68,3) + 17,9 = −212,8 Kcal

6. C
Teremos:
37
C12H26( ) + O2(g) → 12 CO2(g) + 13 H2O( ) ΔHC = −7513,0 kJ / mol (manter)
2
19
C6H14(g) + O2(g) → 6 CO2(g) + 7H2O( ) ΔHC = −4163,0 kJ / mol (inverter)
2
9
C3H6(g) + O2(g) → 3 CO2(g) + 3 H2O( ) ΔHC = −2220,0 kJ / mol (multiplicar por 2 e inverter)
2
Então,
37
C12H26( ) + O → 12 CO2(g) + 13 H2O( ΔHC = −7513,0 kJ / mol
2 2(g) )

19
6 CO2(g) + 7H2O( ) → C6H14(g) + O ΔHC = +4163,0 kJ / mol
2 2(g)
6 CO2(g) + 6 H2O( ) → 3C3H6(g) + 9 O2(g) ΔHC = 2  ( +2220,0) kJ / mol
Global
C12H26( ) ⎯⎯⎯⎯ → C6H14(g) + 3C3H6(g) ΔH = ( −7513,0 + 4163,0 + 4440,0) kJ / mol
ΔH = +1090 kJ / mol

12
Química

7. B
5
C2H2(g) + O2(g) → 2 CO2(g) + H2O( ) Hc0 = −310 kcal mol (manter e multiplicar por 3)
2
15
C6H6( ) + O2(g) → 6 CO2(g) + 3 H2O( ) Hc0 = −780 kcal mol (inverter)
2

15
3 C2H2(g) + O → 6 CO2(g) + 3 H2O( ) H0c = 3  ( −310) kcal mol
2 2(g)
15
6 CO2(g) + 3 H2O( ) → C6H6( ) + O H0c = +780 kcal mol
2 2(g)
Global
3 C2H2(g) ⎯⎯⎯⎯ → C6H6( ) H = [3  ( −310) + 780] kcal mol
H = −150 kcal mol

8. A
Cálculo da entalpia de formação da água gasosa:
1
1 H2 + O2 → H2O
2
H−H H−O −H
+436 kJ O =O −2464 kJ
+0,5498 kJ
ΔH = +436 + 0,5  498 − 2  464 = −243 kJ
ΔH = −243 kJ  mol−1

9. C
A partir da análise do diagrama, vem:
Bio − óleo + O2(g) → CO2(g) + H2O( ) H1 = −18,8 kJ / g
CO2 (g) + H2O(g) → CO2(g) + H2O( ) H2 = − 2,4 kJ / g
Invertendo a segunda equação e aplicando a Lei de Hess, teremos:
Bio − óleo + O2(g) → CO2(g) + H2O( ) H1 = −18,8 kJ / g

CO2(g) + H2O( ) → CO2(g) + H2O(g) H2 = + 2,4 kJ / g


Global
Bio − óleo + O2(g) ⎯⎯⎯⎯
→ CO2(g) + H2O(g) H = H1 + H2
H = −18,8 + 2,4 = −16,4 kJ / g
1g − 16,4 kJ (liberados)
5g 5  ( −16,4) kJ (liberados)
−82,0 kJ
Variação de entalpia = −82,0 kJ

13
Química

10. A
C2H6(g) + C 2(g) → CH3 CH2C (g) + HC (g)

H − C H2CH3 + C − C → C − C H2CH3 + H − C
ΔH = +H(" quebra") − H(" formação")
ΔH = + (H − C + C − C )  − ( C − C + H − C ) 
ΔH = + ( 415 kJ + 243 kJ)  − ( 328 kJ + 432 kJ )  = −102 kJ
ΔH = −102 kJ mol

11. A
C(grafite) + 1 O2 (g) → 1 CO2 (g) H = −394 kJ mol−1

2S(rômbico) + 2 O2 (g) → 2 SO2 (g)(inverte) H = ( −297 kJ mol−1)  2

2 SO2 (g) + 1 CO2 (g) → CS2 ( ) + 3 O2 (g) H = +1077 kJ mol−1

C(grafite) + 2S(rômbico) → CS2 ( ) H = +89 kJ mol−1

Como ΔH  0, trata-se de uma reação endotérmica.

12. D

ΔH = [6  ( +413) + 6  ( +358) + 3  ( +495)] + [6  ( −799) + 6  ( −463)]


ΔH = 6.111 + ( −7.572)
ΔH = −1.461 kJ

13. A
1 CH4(g) + 2 O2(g) ⎯⎯→ 1 CO2(g) + 2 H2O(v)
4  (C − H) 2  (O = O) 2  (C = O) 2  (2 O − H)
ΔH = 4  ( +413 kJ) + 2  ( +494 kJ) + 2  ( −804 kJ) + 4  ( −463 kJ)
Rompimento de ligações Formação de ligações
ΔH = 2640 kJ − 3460 kJ
ΔH = −820 kJ mol

14
Química

14. E

De acordo com a lei de Hess, vem:


ΔH1 + ΔH2 + ΔH3 = ΔH(total)

ΔHo + − 788 kJ + + 572 kJ = + 1411 kJ

ΔHo + 788 kJ + 572 kJ = + 1411 kJ


ΔHo + 1360 kJ = + 1411 kJ
ΔHo = + 1411 kJ − 1360 kJ
ΔHo = + 51 kJ

15. B
Fe2O3(s) + 3 CO(g) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g) ΔH1 = −25 kJ mol de Fe 2O3 (multiplicar por 3)
3 FeO(s) + CO2(g) → Fe3O 4(s) + CO(g) ΔH2 = −36 kJ mol de CO 2 (multiplicar por 2)
2 Fe3 O4(s) + CO2(g) → 3 Fe2O3(s) + CO(g) ΔH3 = +47 kJ mol de CO2

3Fe2O3(s) + 9 6 CO(g) → 6 Fe(s) + 9 6 CO2(g) ΔH1 = 3  ( −25) kJ mol de Fe 2O3

6 FeO(s) + 2CO2(g) → 2Fe3 O4(s) + 2CO(g) ΔH2 = 2  ( −36) kJ mol de CO 2

2 Fe3 O4(s) + CO2(g) → 3 Fe2O3(s) + CO(g) ΔH3 = +47 kJ mol de CO2


Global
6 FeO(s) + 6 CO(g) ⎯⎯⎯⎯
→ 6 Fe(s) + 6 CO2(g) ΔH = ΔH1 + ΔH2 + ΔH3

ΔH
FeO(s) + CO(g) → Fe(s) + CO2(g) ΔH' =
6
ΔH [3  ( −25) + 2  ( −36) + 47] kJ
ΔH' = =
6 6
ΔH' = −16,6666 kJ  −16,7 kJ
O valor mais próximo é − 17 kJ.

15
Química

16. B
2 H2(g) + O2(g) → 2 H2O(g)
"Quebra" "Forma"
H−H + H−H + O = O → H−O −H + H−O −H
+437 kJ +437 kJ +494 kJ −2( 463 kJ) −2( 463 kJ)
ΔH = H"Quebra" + H"Forma"
ΔH =  +437 kJ + 437 kJ + 494 kJ +  −2 ( 463 kJ ) + ( −2 ( 463 kJ ) ) 
ΔH = +1368 kJ + ( −1852 kJ)
ΔH = − 484 kJ
2 H2(g) + O2(g) → 2 H2O(g) ΔH = − 484 kJ
2 2 g 484 kJ liberados
1000 g E
1 kg
1000 g  484 kJ
E= = 121.000 kJ liberados
22 g
ΔH = −121.000 kJ

16
Redação

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Redação

Eixo temático: comunicação – mídia hoje


Resumo

Dando continuidade ao eixo temático sobre comunicação, neste material, falaremos especificamente sobre
a mídia. É evidente o quanto o papel da mídia na vida da sociedade é importante. Os veículos de comunicação
são os principais formadores de opinião e responsáveis por levar informação aos indivíduos.

Diante disso, discutir algumas questões sobre esse assunto é essencial para formular argumentos do texto
dissertativo. Já pensou se o ENEM cobra um tema sobre a mídia? Ainda que não cobre diretamente, sabendo
da importância que ela tem para todo o mundo, é muito importante levantar reflexões sobre o poder da mídia
dentro da sociedade, principalmente como ela pode atuar, muitas vezes, como forma de intervenção para
uma problemática.

Vamos analisar alguns aspectos acerca da mídia atualmente e como os meios midiáticos se relacionam com
as relações humanas, regulações relacionadas à imprensa e o acesso à informação.

1
Redação

Exercícios

1. Muito se discute, atualmente, sobre o real papel da mídia – principalmente no plano jornalístico - em
nossa sociedade. Por que se pode dizer que a imparcialidade jornalística, na prática, é um mito?

2. Já dizia Raul Seixas em sua música "Metamorfose Ambulante": "Eu prefiro ser essa metamorfose
ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo." Relacione o trecho à imparcialidade
ou parcialidade jornalística brasileira.

3. Como é possível verificar, na prática, a manipulação de informações?

4. Banalização da violência. Banalização da sexualidade. Banalização das relações. Ao que tudo indica,
a palavra “banalização” está na “moda”, independentemente do objeto. Explique como é constituído
pelos grandes veículos de comunicação o processo de banalização de uma realidade.

5. Pode-se afirmar que existe uma espécie de oligopólio das informações no mundo atual, já que as
notícias concentram-se nas “mãos” de um número bastante limitado de agências. Comente os
principais efeitos dessa concentração.

6. Nos últimos tempos, no Brasil, estamos assistindo a uma verdadeira avalanche de denúncias contra
políticos representantes das mais diversas "ideologias". Essa situação jamais ocorreria, por exemplo,
durante o período ditatorial. Nesse sentido, responda: por que se pode dizer que a base de uma
verdadeira democracia está sedimentada em uma imprensa livre?

7. Você acredita que a mídia possui papel fundamental na desconstrução de paradigmas como os típicos
estereótipos de beleza, comportamento, sexualidade? Qual é a contribuição das redes sociais nisso?

8. O juiz Sergio Moro é filiado ao PSDB. Gilberto Gil chamou Moro de ‘juizinho fajuto’. Hillary Clinton
participa de seitas satanistas. Presidente do Banco Mundial critica Governo Temer.
O que há em comum entre essas quatro notícias? Todas são mentirosas, partilhadas milhares de
vezes, mas foram divulgadas como verdadeiras dentro do fenômeno das chamadas ‘fake news’, ou
'pós verdade', expressão esta que ganhou até verbete pela Oxford Dictionaries. A 'pós verdade' foi
inclusive dedicada pela Oxford ao presidente Donald Trump e ao Brexit, pois ambos se beneficiaram
dessa estratégia. As notícias falsas tornaram-se a erva daninha que ganhou terreno fértil na era
digital. Imitam o estilo jornalístico, mas sem o menor compromisso com a realidade. Ao contrário. São
criadas a partir de personagens conhecidos mas com suas falas distorcidas, ou inventadas, para
confundir leitores, e amplificar sentimentos de rejeição ao alvo escolhido. Assim, as fake news têm
colaborado para piorar a qualidade da política e das relações sociais mundo afora.
Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/30/
politica/1493559929_642710.html

A Universidade de Oxford definiu como palavra do ano, em 2016, "pós-verdade", uma expressão
ligada, diretamente, às falsas notícias ("fake news") veiculadas na internet e que, de alguma maneira,
têm o objetivo de distorcer informações, provocando muitos problemas. Levando em consideração
essa noção, cite casos, além dos mencionados no texto acima, em que as "fake news" foram
protagonistas em certos conflitos e as desvantagens desse tipo de notícia.

2
Redação

O compartilhamento de notícias falsas tem sido um dos grandes problemas contemporâneos. Analise uma
redação exemplar sobre esse assunto.

Isso não é uma verdade

Machado de Assis sempre teve como objetivo promover o senso crítico dos leitores, por meio da
escrita, acerca do comportamento humano. Em Dom Casmurro, por exemplo, o autor buscou instigar sobre
o problema de ter a verdade estabelecida de acordo com uma única perspectiva por causa da ausência da
voz de Capitu sobre sua suposta traição. Entretanto, poucas décadas depois dos ensinamentos do bruxo do
Cosme Velho, notícias falsas – as fake news – se espalham cada vez mais na sociedade brasileira.
Cabe destacar a repercussão dessas notícias na internet. Recentemente, após o assassinato da
vereadora Marielle Franco, esse assunto se tornou um dos mais comentados na internet. Além da comoção,
houve também a disseminação de informações falsas com o objetivo de difamar o caráter da parlamentar.
Devido ao discurso de ódio nas mídias, medidas foram tomadas pelo PSOL, como uma seção no site para
desmentir boatos e um local para receber denúncias de notícias falsas com o objetivo de tentar punir os
responsáveis.
Entretanto, não é de hoje que boatos geram efeitos irreversíveis para a sociedade. Uma notícia
compartilhada muitas vezes, mesmo que seja falsa, acaba se tornando uma verdade. Em 2014, uma mulher
morreu após ser espancada por moradores do Guarujá a partir de mentiras contadas em uma rede social,
acusando-a de praticar magia negra com crianças. Dessa forma, fica claro que o leitor tanto de notícias
quanto de mídias sociais como o Facebook, por exemplo, deve assumir uma postura crítica e conferir a
veracidade das informações para evitar tragédias como essa.
Fica evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para coibir a proliferação de informações
que não sejam verdadeiras e prejudiquem a população. É dever do Governo Federal em parceria com as
Secretarias de Segurança de cada estado criar setores nas delegacias para a denúncia de casos de “fake
news” além de criação de disque-denúncia especializado para fornecer meios em que a população possa
erradicar esse problema na sociedade e que possam ser criminaliza-los quando necessário. Dessa forma,
os ensinamentos de Machado de Assis continuarão a estimular a criticidade aos cidadãos e promover o bem.

Questão Contexto

https://posttrutherablog.com/2017/02/27/what-is-post-truth/

3
Redação

Pós-verdade foi eleita a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford. De acordo com o Dicionário
Oxford, pós-verdade é: um adjetivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos
têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais”. Um
mundo com a pós-verdade é uma realidade em que acreditar, ter crença e fé de que algo é verdade é mais
importante do que isso ser um fato realmente.

A explicação da palavra pós-verdade de acordo com o Oxford é de que o composto do prefixo “pós” não se
refere apenas ao tempo seguinte a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim
a “pertencer a um momento em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante”.
Neste caso, a verdade. Portanto, pós-verdade se refere ao momento em que a verdade já não é mais
importante como já foi.
http://www.politize.com.br/noticias-falsas-pos-verdade/

Depois de ler uma redação exemplar sobre o tema “fake news” e entender a relação desse fenômeno com a
“pós-verdade”, produza uma parágrafo argumentativo sobre o tema “Os efeitos das fake news na
contemporaneidade”.

4
Redação

Gabarito

1. É possível dizer que a imparcialidade jornalística é um mito, pois o jornalismo é feito, principalmente, por
pessoas. Portanto, é difícil que um indivíduo consiga ser 100% imparcial.

2. Podemos entender a música de Raul Seixas como uma forma de admitir que o indivíduo não deve deixar-
se manipular pela mídia e apenas absorver as informações, mas sim ter um pensamento crítico.

3. Buscando mais de uma fonte, buscando discussões reflexivas, etc.

4. Banalizar é o ato de tornar algo comum. O fato de vermos tantas cenas de violência, relações fragilizadas,
mortes, sexo, etc. em novelas, filmes, séries, e, até mesmo, em jornais, faz com que esses temas sejam
banalizados e percam a sua complexidade.

5. Desde muito tempo, algumas empresas são as “detentoras” das informações. Isso significa que existe
uma maior possibilidade de haver manipulação dos fatos e parcialidade. No entanto, a internet e as redes
sociais têm ajudado a diminuir esse poder, ultimamente.

6. Com certeza uma das bases da democracia é a liberdade de expressão e, consequentemente, da


imprensa. Dessa forma, a população pode estar por dentro do que acontece no âmbito político e formar,
livremente, sua opinião sobre quem votar e que ideologia adotar.

7. A mídia e seus veículos são os principais meios de formação de opinião e padrões. Por isso, é cada vez
mais importante que as novelas, filmes, etc. se preocupem com a questão da representatividade e
tenham responsabilidade social.

8. Todos os dias somos bombardeados por notícias falsas em diversos níveis. Desde “correntes” no
facebook, até o âmbito político-social. Recentemente, após o assassinado de Marielle Franco, por
exemplo, a internet foi tomada de notícias falsas sobre a vereadora do Rio de Janeiro.

5
Redação

Eixo temático: ciência e tecnologia

Resumo

Você sabe o que é ciência e a tecnologia? Nessa aula, apresentaremos referências acerca desse assunto
que podem auxiliar na construção de um argumento na redação. As aulas de eixo temático são importantes
para a sua preparação porque oferecem repertório sociocultural esperado na prova do Enem. O eixo científico
e tecnológico já foi cobrado em edições anteriores da prova. Por exemplo:

1. ENEM 2011: “Viver em rese no século XXI: os limites entre o público e o privado”.
2. ENEM 2018: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet”.
3. ENEM 2019 (2ª aplicação): “Combate ao uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por
crianças”.

Antes de iniciarmos a discussão acerca dessas temáticas, vale destacar a importância da ciência e da
tecnologia para a sociedade.

TEXTO I
Um dos principais motores do avanço da ciência é a curiosidade humana, descompromissada de
resultados concretos e livre de qualquer tipo de tutela ou orientação. A produção científica movida
simplesmente por essa curiosidade tem sido capaz de abrir novas fronteiras do conhecimento, de nos tornar
mais sábios e de, no longo prazo, gerar valor e mais qualidade de vida para o ser humano.
Por meio dos seus métodos e instrumentos, a ciência nos permite analisar o mundo ao redor e ver além
do que os olhos podem enxergar. O empreendimento científico e tecnológico do ser humano ao longo de sua
história é, sem dúvida alguma, o principal responsável por tudo que a humanidade construiu até aqui. Suas
realizações estão presentes desde o domínio do fogo até às imensas potencialidades derivadas da moderna
ciência da informação, passando pela domesticação dos animais, pelo surgimento da agricultura e indústria
modernas e, é claro, pela espetacular melhora da qualidade de vida de toda a humanidade no último século.
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/116-a-ciencia-e-a-tecnologia-como-estrategia-
de-desenvolvimento

1
Redação

Exercícios

1. A tecnologia sempre acompanhou – ou refletiu – a evolução da humanidade. Desde a invenção da


roda, as inovações tecnológicas desempenharam um papel fundamental na construção social. No
entanto, apesar de sempre ter acompanhado o homem, pode-se dizer que, hoje, existe uma marca
diferencial no que diz respeito ao surgimento das inovações: sua velocidade, incomparável em relação
ao passado. Aponte as principais conseqüências – positivas e negativas - dessa mudança de
referencial.

2. Steve Jobs, fundador e idealizador da Apple, responsável por algumas das maiores invenções dos
últimos tempos - levando o celular e o computador a outro nível de tecnologia -, certa vez, disse que
"as pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas". Essa frase, de certa maneira, evidencia
uma das faces mais interessantes do capitalismo moderno. Explique e evidencie, por meio de
exemplos, quais são os desejos das pessoas no que diz respeito às novas tecnologias.

3. Boa parte da produção tecnológica mundial visa a atender ao público nos quesitos conforto,
praticidade e entretenimento. Explique de que modo os novos produtos parecem satisfazer essas
aspirações.

4. A frase “sem dinheiro, não há ciência; com dinheiro, há ciência impura”, do cientista Alfredo Melo Filho,
nos apresenta uma visão bastante clara de como a ciência e a doutrina econômica do capitalismo se
relacionam. Explique essa relação.

5.

Cena do filme "Ela". Disponível em: http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/2k/xf/et/2kxfet3iip7a26be7p4pj4uuv.jpg

Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor solitário, que acaba de comprar um novo sistema
operacional para seu computador. Para a sua surpresa, ele acaba se apaixonando pela voz deste
programa informático, dando início a uma relação amorosa entre ambos. Esta história de amor
incomum explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia.
Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-206799/

O filme "Ela", de Spike Jonze, retrata, ainda que de forma exagerada, um sinal dos nossos tempos: a
dependência, criada no homem, com relação às tecnologias. Percebe-se, claramente, que cada vez
mais o indivíduo se vê refém de seus aparelhos e suas funcionalidades, sendo quase impossível, em
alguns momentos, resolver problemas sem utilizá-los.
Com base nessa ideia, identifique as causas e, principalmente, as consequências dessa relação,
além de medidas para amenizar tais problemas.

2
Redação

6. Com os avanços em determinadas áreas – principalmente no que diz respeito à manipulação genética
– introduziu-se o conceito de bioética. Trata-se de uma tentativa de aplicar os princípios da ética às
ciências naturais. Aponte os princípios em que se baseia esse novo conceito, comentando cada um.

7. Hoje em dia, fala-se muito na “criação de necessidades tecnológicas”, em referência às indústrias de


alta tecnologia. Explique essa ideia, relacionando-a à chamada “lógica industrial da novidade”.

8. Em filmes e livros de ficção científica, é possível inferir alguns questionamentos interessantes acerca
da relação entre o homem e a máquina. Cite algumas dessas obras, comentando que tipo de reflexão
surge em cada uma.

9. A frase de Jobs ("as pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas") revela, também, uma
face perversa desse mesmo capitalismo tão interessante: a possibilidade de tornar algo atraente e
outro objeto rapidamente obsoleto. Explique a definição de obsolescência programada e suas
consequências para a vida do indivíduo atual.

10. “O mundo está mudando cada vez mais rápido, principalmente sob a influência da revolução digital.”
Assim começa o manifesto do grupo holandês “Educação para uma nova era”, iniciativa que pretende
revolucionar o formato de ensino nas salas de aula do mundo. Partindo de quatro princípios - unir o
mundo real ao virtual, reconhecer diferentes tipos de talento, desenvolver habilidades coletivamente e
aproximar a escola da comunidade -, as Escolas Steve Jobs, como estão sendo chamadas pelo uso
do iPad como principal ferramenta pedagógica, tentam se adequar à vida no século 21. “Para a
educação, a tecnologia cria novos desafios, bem como novas oportunidades”, declara o manifesto.
Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/ ipad-vai-revolucionar-o-ensino-diz-criador-de-escolas-steve-
jobs,5d539195293ef310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

O trecho da reportagem revela um grande desejo das empresas de tecnologia do século XXI e de
diversos setores da educação: aliar o uso das novas ferramentas à escola. Sem dúvidas, levar a
modernidade ao ambiente de aprendizado é uma maneira de facilitá-lo, torná-lo mais rápido,
democrático e atraente. Entretanto, o sonho de muitos esbarra em alguns obstáculos que precisam
ser destacados. Apresente cada um deles, mostrando, também, soluções para esses impeditivos.

11. De um lado, uma pilha de cinzas e entulhos produzidos pelo incêndio do Museu Nacional, no Rio de
Janeiro, em setembro de 2018. Do outro, pesquisadores que há 20 anos vêm desenvolvendo um
projeto de criação de réplicas tridimensionais em impressoras 3D. Envolvidos nos esforços de
recuperação do acervo consumido pelo fogo, eles lançaram a ideia: por que não tentar reconstituir as
peças perdidas com o material resultante do próprio incêndio? “Logo começamos os testes, até
porque o material derivado da destruição era abundante”, conta o paleontólogo Sergio Kugland, diretor
do museu entre 2003 e 2010 e integrante da força-tarefa para reerguer a instituição. Assim, centenas
de itens — entre eles o crânio de Luzia, amuletos egípcios, um fóssil de crocodilo, vasos milenares e o
caixão de uma múmia — estão sendo montados no tamanho original.
Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/06/impressora-3d-usa-cinzas-das-pecas-do-
museu-nacional-para-reconstruir-acervo.html

A impressão 3D tem revolucionado o mundo tecnológico devido a sua alta capacidade de criar os mais
diversos objetos. Comente as vantagens e as desvantagens desse recurso na sociedade
contemporânea.

3
Redação

Gabarito

1. A tecnologia sempre acompanhou o homem. Invenções como a imprensa, a caneta, o cozimento dos
alimentos são avanços bastante importantes. No entanto, esses avanços, atualmente, acontecem de
maneira extremamente rápida. Dessa forma, é possível destacar como consequência positiva o fato de
a humanidade buscar a evolução e, assim, as invenções tecnológicas ajudam a melhorar a vida da
sociedade em vários aspectos. Ao mesmo tempo, podemos destacar como pontos positivos a questão
do lixo tecnológico, da exclusão digital e a dependência tecnológica.

2. Boa parte da produção tecnológica mundial visa a atender ao público nos quesitos conforto, praticidade
e entretenimento. Dessa forma, é possível perceber o sucesso de aplicativos disponíveis nas lojas dos
smartphones, tais como Netflix, Ifood, Uber, entre outros.

3. Cada vez mais é possível notar que os produtos tecnológicos bucam atender ao público em relação ao
conforto, praticidade visto que hoje a internet e os smartphones possibilitam a comodidade de comprar
produtos pela internet e até mesmo por aplicativos. Além disso, visam também o entretenimento de
modo que cada vez mais os usuários fiquem mais tempo nessas redes sociais e aplicativos.
Indicação de leitura: http://especiais.g1.globo.com/economia/tecnologia/a-vida-na-era-dos-apps/

4. A pesquisa tecnológica de ponta demanda altíssimos investimentos. Por outro lado, a ciência se torna
impura com o dinheiro porque o objetivo maior do capitalismo é o lucro, assim, há uma subordinação
das ações aos interesses do “mercado” (das empresas).
Indicação de leitura: https://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2020-05-19/covid-19-sem-dinheiro-
ciencia-brasileira-depende-de-parcerias-para-buscar-cura.html

5. A tecnologia facilita bastante a vida das pessoas. Dessa forma, atualmente, não conseguimos nos
imaginar sem os benefícios que ela nos proporciona. Essa dependência é causada, principalmente, pela
praticidade e conforto que a tecnologia garante. É possível estar conectado com todo o mundo, por meio
das redes sociais, fazer pesquisas rapidamente, comprar, ter acesso a entretenimento, etc. No entanto,
a dependência não é algo positivo, já que muitas pessoas deixam de interagir fisicamente com outras,
fazem pesquisas de maneira superficial, se expõem demasiadamente nas redes sociais. Além disso, o
fácil acesso ao entretenimento, muitas vezes, é fator de procrastinação, fazendo com que o indivíduo
deixe de realizar suas tarefas. A praticidade dos aplicativos também pode acentuar o sedentarismo e
as doenças associadas a essa condição.
Para amenizar essa situação, o indivíduo deve estabelecer horários para mexer nas redes sociais e não
deve abrir mão de atividades ao ar livre. Além disso, o governo e a mídia devem promover campanhas
que alertem sobre os perigos da dependência tecnológica.

6. Cinco princípios da Bioética:


• Princípio da Beneficência: consiste em assegurar o bem estar dos indivíduos, a fim de evitar danos
e garantindo que sejam supridas suas necessidades e interesses.
• Princípio da Autonomia: o profissional deve respeitar as crenças, a vontade e valores morais do
sujeito e do paciente.
• Princípio da Justiça: igualdade da repartição dos benefícios e bens em qualquer área da ciência.

4
Redação

• Princípio da Não Maleficência: assegura a possibilidade mínima ou inexistente de danos físicos aos
sujeitos da pesquisa (pacientes) de ordem psíquica, moral, intelectual, espiritual, cultural e social.
• Princípio da Proporcionalidade: defende o equilíbrio entre os benefícios e os riscos, sendo maior
benefício às pessoas. O objetivo de estudo da bioética é a criação de uma ponte entre o
conhecimento científico e humanístico, a fim de evitar os impactos negativos sobre a vida.
Fonte: http://codigo-de-etica.info/etica-medica/bioetica.html

7. Destaca-se na sociedade duas lógicas que norteiam o capitalismo: do consumo e do mercado. A


primeira baseia-se na compra pela necessidade de determinados produtos, visto que o anterior não
cumpre mais as suas devidas funções. A segunda, por outro lado, busca a valorização do consumismo
por causa da “novidade” a compra apenas pela motivação de o produto ser novo, ser ilimitado ou uma
nova embalagem.

8. A relação existente entre o homem e a máquina é abordada em filmes, séries e filmes há muito tempo.
No entanto, hoje em dia, essa relação é vista de forma invertida devido ao grau de dependência que o
homem possui em relação à maquina. Há, portanto, atualmente, uma desumanização ou maquinização
do homem porque a máquina se torna, muitas vezes, dominadora do ser humano.

9. Obsolescência programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir


e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente
para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto. (Wikipédia)

Nesta questão, o aluno pode comentar sobre a rapidez com que os aparelhos eletrônicos param de
funcionar, quebram e até mesmo evoluem. Geladeiras, telefones, computadores e até pequenos
acessórios, como fones de ouvido, têm data para "pifar", ou seja, precisam ser constantemente trocados,
atualizados, ou ficarão obsoletos. Dessa forma, aumenta a quantidade de lixo no planeta, faz com queos
indivíduos gastem mais e, até mesmo, acentua a desigualdade social.

10. Os obstáculos que devem ser analisados são a evidente exclusão tecnológica ainda presente, a falta de
verba destinada à educação pública, a dificuldade em educar os alunos a não fazer uso indevido de
tecnologia nas escolas, o custo elevado de aparelhos tecnológicos, entre outros.

11. A impressão em 3D, assim como as demais tecnologias, possui vantagens e desvantagens, que
dependerão do seu uso e aplicabilidade. Nessa questão, o aluno pode traçar um paralelo entre os
benefícios dessa nova ferramenta - como a criação de próteses e, futuramente, até mesmo órgãos para
transplante - e os seus malefícios, já que algumas pessoas podem utilizar essa tecnologia para criar
armas de fogo, o que dificultaria o controle do porte de arma por civis.

5
Redação

Eixo temático: cultura contemporânea

Resumo

Você já se questionou sobre o conceito de “cultura”? É um termo comum no nosso dia-a-dia, mas,
efetivamente, o que isso significa?
De acordo com sites da internet, podemos defini-la como:
“Todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os
hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de
uma sociedade da qual é membro. Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores.
A cultura brasileira é marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflete também na música, no caso do
samba, que também faz parte da cultura brasileira.”
Disponível em: https://www.significados.com.br/cultura/

Agora, por que esse eixo temático é importante para a prova de redação do Enem? Segundo a Cartilha do
Participante, a redação exigirá de você a produção de uma dissertação-argumentativa, sobre um tema de
ordem social, científica, cultural ou política. Por isso, essa aula é importante. Vamos, antes de tudo, dar uma
olhada nos temas de redação do Enem que já foram cobrados até agora e possuem relação com esse eixo?
1. ENEM 2006: O poder de transformação da leitura
2. ENEM 2007: O desafio de se conviver com as diferenças
3. ENEM 2009: O indivíduo frente à ética nacional
4. ENEM 2010: O trabalho na construção da dignidade humana
5. ENEM 2011: Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
6. ENEM 2012: Movimento imigratório para o Brasil no século XXI
7. ENEM 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
8. ENEM 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil •
9. ENEM 2017: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.
10. ENEM 2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil.

Sabe, portanto, que a ideia de cultura é construída ao longo da história. De fato, o tempo e os diferentes
contextos são essenciais na formação de determinados hábitos, costumes, modo de agir. Por isso, é
interessante discutir alguns conceitos e, principalmente, fazer uma análise de como chegamos até aqui,
criando repertório para diversas temáticas de redação. Vamos juntos? Primeiramente, daremos ênfase à
cultura contemporânea

1
Redação

Exercícios

1. “Mais do que um homem, é apenas uma carcaça de homem constituído por meros idola fori; carece de
um ‘dentro’, de uma intimidade sua, inexorável e inalienável, de um eu que não se possa revogar. Daí
estar sempre em disponibilidade para fingir ser qualquer coisa. Tem só́ apetites, crê̂ que só́ tem direitos
e não crê̂ que tem obrigações: é o homem sem nobreza.”
(José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas)

Em seu "A rebelião das massas", o filósofo espanhol José Ortega y Gasset define, com clareza, o perfil
do indivíduo que lota as ruas de nossa sociedade atual: o homem-massa. Para ele, o cidadão de hoje
não passa de alguém que sofre influências, que tem comportamentos determinados por algo externo
a ele, sem algo próprio. Isso reflete a dificuldade de se estudar, a partir do final do século XIX e,
principalmente, dos anos 50 em diante, o estudo dos aspectos psicológicos individuais desse homem,
fruto do surgimento dessa sociedade massificada.

a) Que aspectos objetivos caracterizam um indivíduo inserido no contexto da sociedade de massa?

b) Quais são os elementos que, associados, compõem a base desse tipo de sociedade?

2. Muito se discute acerca das formas de se atingir a felicidade no mundo contemporâneo. Entretanto, se
nos permitirmos algum grau de generalização, podemos dizer que a civilização ocidental
contemporânea parece viver uma espécie de mal-estar no mundo - em uma espécie de
“neorromantismo”.

a) Aponte possíveis causas para essa "sensação".

b) Explique de que forma a mídia ajuda a compor esse quadro. Relacione ao fato de Idealização e
decepção estarem associadas ao mercado editorial, de livros de autoajuda.

3. No âmbito filosófico, diversos estudiosos apontam como um dos grandes males que assolam o
homem contemporâneo a perda da capacidade de reflexão.
a) Pensar e refletir não são sinônimos. Diferencie as duas ações.
b) Explique as possíveis causas da desvalorização do ato de refletir.
c) Que efeitos poderão ser sentidos, no longo prazo, decorrentes dessa desvalorização?

Texto para as questões 4 e 5

Em seu "A Casa e a Rua", Roberto Damatta diferencia, basicamente, o comportamento do indivíduo de maneira
privada e no coletivo, afirmando que, na "casa", pode agir, de certa forma, mais cordialmente e, na "rua",
ambiente da moral, precisa seguir certas regras a fim de equilibrar o convívio com o próximo. Com base nisso,
responda.

4. Em que consiste o conceito de homem cordial, desenhado por Sérgio Buarque de Hollanda e revisto
por Roberto Damatta, e como isso se aplica ao cotidiano do indivíduo atual?

2
Redação

5. Percebe-se, muitas vezes, na sociedade atual, que o comportamento da "casa" está chegando às "ruas".
Comente.

6.

A catarse caracteriza a relação de identificação subjetiva ocorrida entre o público e a obra de arte.
Comente quais são os estímulos contemporâneos que provocam o reconhecimento catártico.

7. Embora bastante abrangentes, a Filosofia e as teorias psicanalíticas não são suficientes para analisar
o ser humano em toda a sua complexidade. De forma “embrionária” a partir do final do século XIX e,
principalmente, dos anos 50 em diante, o estudo dos comportamentos humanos deixou de ser restrito
aos aspectos psicológicos individuais. Nesse panorama, surgia uma das principais marcas do século
XX: a inserção do indivíduo na sociedade de massa.
a) Que aspectos objetivos caracterizam um indivíduo inserido no contexto da sociedade de massa?
b) Quais são os elementos que, associados, compõem a base desse tipo de sociedade?
c) Aponte as limitações de análises desse tipo.

3
Redação

8. Leia os textos abaixo:


TEXTO I

TEXTO II
Em muitas pessoas já é um descaramento dizerem "Eu".
T.W. Adorno
TEXTO III
Não há sempre sujeito, ou sujeitos. (...)
Digamos que o sujeito é raro, tão raro quanto as verdades.
A. Badiou
TEXTO IV
Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica
da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da
ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de
escolher o que é sempre a mesma coisa.
T.W. Adorno

A partir da tela e dos fragmentos acima reproduzidos, explique por que se pode afirmar que “a 1ª pessoa
é uma ilusão”? Associe essa idéia ao livre-arbítrio e explore exemplos que permitam corroborar a
afirmativa.

4
Redação

9. A perda da sensibilidade diante de realidades negativas parece ser um sintoma bastante evidente dos
problemas que atingem o homem contemporâneo.
a) Relacione essa ideia à questão da desumanização do homem.

b) Quais são os principais efeitos dessa postura?

10. A complexidade do Brasil e do mundo pode ser evidenciada em uma redação de vestibular de diversas
formas. Uma sugestão bastante pertinente consiste em relacionar o ponto central do tema a diversas
características que compõem nosso planeta. Evidencie como isso pode ser feito a partir da noção de
consumismo.

11. “Digam o que disserem


O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de afeição”
(Renato Russo)

“Qual o sentido da felicidade?


Será preciso ficar só para se viver?”
(Paula Toller)

Dentre vários sentimentos que possuem, originalmente, um caráter negativo, a solidão parece, na
atualidade, ganhar força como uma vantagem, um benefício para o ser humano. Objetivamente, atribui-
se a isso uma certa “exigência” do mundo capitalista em o indivíduo centrar-se em si mesmo para ser
bem sucedido. No que diz respeito ao campo pessoal, no entanto, outras causas poderiam ser
apontadas. Explicite algumas delas.

12. Frank A. Clark disse, certa vez, que “se o que você diz é verdade, não precisa escolher tão
cuidadosamente as palavras”. Apesar disso, sabemos que o homem contemporâneo, cada vez mais,
vem se preocupando com a maneira como se porta em público, com o que diz e com a imagem que vai
passar para os demais. Até que ponto tal comportamento pode ser prejudicial?

13. Dentro dessa mesma lógica, em a Teoria dos Papéis, Erving Goffman aborda a necessidade que o ser
humano tem de se portar de determinada forma de acordo com o ambiente em que vive. Explique em
que consiste essa teoria e avalie se sua aplicação prática é coerente ou não diante do mundo em que
vivemos.

5
Redação

Gabarito

1. a) A massificação pode ser definida como padronização do comportamento dos indivíduos em que todos
tendem a ser iguais.

b) Os elementos que compõe a base da sociedade podem ser vistos como indústria (mercado) e
propaganda (mídia), sendo caracterizado como um círculo vicioso do consumo.

2. a) Devido aos grandes desenvolvimentos industriais e a quantitativa variedade de influências que


podemos reconhecer no mundo contemporâneo, a falta de saciedade, ou seja, a necessidade de sempre
possuir mais bens e consumir mais produtos torna a sociedade desprovida de um bem-estar duradouro,
tendo prazo de validade.

b) As grandes mídias contribuem para essa sensação pelo fato de venderem este tipo de comportamento
social, em contraposição também utilizam dos meios de propagandas para vender livros de autoajuda
contra este tipo de influência, sendo, de ambas as formas, manipuladora de uma grande massa em busca
de lucro.

3.
a) O ato de pensar é uma ação natural, inconsciente e mecânico, enquanto o ato de refletir é mais
consciente porque demanda tempo e preparo.

b) Algumas questões relacionadas à desvalorização da reflexão são: a falta de repertório sociocultural,


o exercício trabalhoso de reflexão, consequência do comodismo e a sensação de falta de tempo.

c) Os efeitos da falta de reflexão são a perda do senso crítico e, consequentemente, serem mais
manipuladas pela sociedade.

4. A cordialidade é o comportamento comandado pelo sentimento ou emoção em detrimento da razão.


Sérgio Buarque de Hollanda relata essa característica não do homem contemporâneo, mas sim do
homem brasileiro.

5. Muitas vezes, a sociedade impõe, de certa maneira, uma padronização comportamental dentro de um
ambiente desinibido e cordial. Como em 1984 de G. Orwell, há uma necessidade de auto reconhecimento
sobre as atitudes e as noções morais e éticas se tornam igualitárias em ambos os ambientes.

6. A catarse, na filosofia, tem como definição a liberação de algo reprimido, dessa forma, os processos de
massificação de estímulos e de padronização comportamental podem gerar algumas ações catárticas
que abrangem um senso crítico social, ou seja, uma visão mais ampla do que se tem como cultura e
sociedade.

7.
a) O processo de massificação busca homogeneizar, padronizar comportamentos na sociedade, a partir
do qual todos são muito parecidos.

b) A base desse tipo de sociedade é composta pela indústria (mercado) e pela mídia (propaganda). O
mercado fornece aquilo que a sociedade deseja, mas o lucro é o agente principal que move esse

6
Redação

mercado, por isso, o objetivo é diminuir o custo da produção. Portanto, massificar o comportamento
de modo que aumente o lucro e diminua o custo. Esse ciclo é potencializado pelo poder da mídia,
constituindo, então, uma sociedade consumista.

c) As limitações acerca desse tipo de análise é constituida pelo fato de que todos tendem a ser iguais,
embora isso não seja efetivamente realizado na prática, visto que ainda existe espaço para questões
individuais.

8. A primeira pessoa é uma ilusão, visto que o “eu” não mais existe devido à manipulação promovida pela
sociedade. Isso pode ser exemplificado pela moda, de modo que as escolhas são direcionadas de acordo
com o tempo em que está inserido.

9.
a) A perda de sensibilidade do homem está relacionada à questão da desumanização do homem devido
à banalização de notícias que se antes poderiam chocar o homem e, hoje, tornam-se normais devido
à repetição em que acontecem na sociedade.

b) Os efeitos de uma postura de desumanização do homem é a falta de empatia com o próximo devido
à regularidade e frequência com que determinadas ações acontecem.

10. O consumismo é um dos problemas relacionados à sociedade contemporânea visto que, hoje em dia, a
partir do poder das redes sociais e das mídia e, inclusive, dos algoritmos na internet, há a divulgação
excessiva de propagandas. Se você pesquisa um produto na internet, em pouco tempo essa mercadoria
ou serviço aparecerá de forma excessiva nas redes sociais como forma persuasiva para adquiri-lo.

11. Uma outra influência para este pensamento solitário que abrange a sociedade contemporânea é a rede
social e a necessidade de apresentar um bem-estar linear a todos os momentos. Sendo assim, não há
mais uma vulnerabilidade nas pessoas em relação às falhas, desafetos, términos, momentos tristes, entre
outros, sendo um grande fator para uma falsa reflexão interna sobre a solidão.

12. É importante salientar que com o advento das redes sociais, a popularização de divulgação de opiniões
se tornou um hábito muito frequente. É possível ler muitas informações no Facebook, Instagram e até no
Twitter. Por outro lado, a possibilidade do anonimato na internet possibilitou a ampliação de discursos de
ódio sendo divulgados nessa rede. Além disso, por mais que de um lado as pessoas consigam se expor
nas redes sociais como não seriam na vida real, a web permite, também, o caminho contrário, por
exemplo, de pessoas que não se expõem nas redes sociais e camuflam determinada pessoalidade que
só se conhece pessoalmente.

13. Erving Goffman foi um cientista social, atropólogo, sociólogo e escritor canadente. De acordo com a sua
“Teoria dos Papéis Sociais”, buscou apresentar como se dá a interação social, destacando como em
nossa vida cotidiana desempenhamos diversos papéis sociais de acordo com o que os outros esperam
de nós. Por papeis sociais podemos, grosso modo, definir como sendo as representações de personagens
que criamos e recriamos de acordo com as relações sociais que matemos em nossa vida cotidiana, com
o cenário, com as nossas experiências anteriores e nossas expectativas futuras.

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Redação

Eixo temático: comportamento contemporâneo

Resumo

Vamos, antes de tudo, dar uma olhada nos temas de redação do ENEM que já foram cobrados até agora e
guardam relação com este eixo temático? De certa forma, é muito fácil encontrar um pouco de cultura e
comportamento humano em todas as temáticas da prova. Porém, destacaremos, aqui, as propostas que
mais se aproximaram do assunto.
• Enem 1998: Viver e aprender.
• Enem 1999: Cidadania e participação social.
• Enem 2006: O poder de transformação da leitura.
• Enem 2007: O desafio de se conviver com as diferenças
• Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional.
• Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana.
• Enem 2011: Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado.
• Enem 2012: Movimento imigratório para o Brasil no século XXI.
• Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
• Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.
• Enem 2017: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.
• Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.

Quais foram as mudanças?

De 1998 até 2011, como demonstrado acima, os temas não se direcionavam ao comportamento
contemporâneo brasileiro, mas, sobretudo, partia de uma ideia comportamental mais ampla. Entretanto, é
possível perceber que a relação entre cultura e sociedade não se distanciam a partir de 2012 com os temas

ligados ao cenário brasileiro e sua sociedade.

Assim, é necessário entender que, desde 2012, o Enem exige uma visão crítica do comportamento atual da
sociedade brasileira e os motivos para esta questão. Assim, entende-se que, muitas vezes, fatores como
cultura e passado são legados de atitudes que necessitam ser argumentadas na hora da redação.

Dessa forma, conseguimos compreender que a ideia de comportamento contemporâneo é construída a partir
dos fatores históricos e culturais de uma sociedade. De fato, o tempo e os diferentes contextos são
essenciais na formação de determinados hábitos, costumes, modos de agir. Por isso, é interessante discutir
alguns conceitos e, principalmente, fazer uma análise de como chegamos até aqui, criando repertório para
diversas temáticas de redação.

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Redação

Exercícios

1. “Penso, logo existo” é uma conclusão que o filósofo e matemático francês René Descartes alcança
após duvidar de sua própria existência, mas a comprova ao ver que pode pensar e se está sujeito a tal
condição, deve de alguma forma existir. No âmbito filosófico, diversos estudiosos apontam como um
dos grandes males que assolam o homem contemporâneo a perda da capacidade de reflexão.
a) Pensar e refletir não são sinônimos. Diferencie as duas ações.

b) Explique as possíveis causas da desvalorização do ato de refletir.

c) Que efeitos poderão ser sentidos a partir dessa desvalorização?

2. TEXTO I

TEXTO II
Em muitas pessoas já é um descaramento dizerem "Eu".
T.W. Adorno
TEXTO III
Não há sempre sujeito, ou sujeitos. (...)
Digamos que o sujeito é raro, tão raro quanto as verdades.
A. Badiou
TEXTO IV
Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica
da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha
da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade
de escolher o que é sempre a mesma coisa.
T.W. Adorno
A partir da tela e dos fragmentos acima reproduzidos, explique por que se pode afirmar que “a 1ª
pessoa é uma ilusão”? Associe essa idéia ao livre-arbítrio e explore exemplos que permitam corroborar
a afirmativa.

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Redação

3. “Inventar fábulas sobre um “outro” mundo diferente deste não tem sentido a não ser que domine em
nós um instinto de calúnia, de depreciação, de receio: neste caso nos vingamos da vida com a
fantasmagoria de “outra” vida distinta desta e melhor do que esta”
(Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos)

Para a psicanálise, pode-se dizer que há sempre desejos demais. “Para nós, ao contrário, nunca há
desejos o bastante.”
(Deleuze, Cinco proposições sobre a psicanálise)

Sobre a ambição, Friedrich Nietzsche, filósofo prussiano do século XIX, ao desenvolver sua teoria da
"vontade", do desejo, afirmava que, para o homem, tal sentimento era predominantemente negativo.
Por outro lado, Gilles Deleuze, filósofo francês do século XX, dizia que desejar algo, no mundo de hoje,
é necessariamente produção de uma realidade diferente. Desenvolva melhor a diferença básica entre
os dois pensamentos e mostre como isso se aplica à sociedade de ontem e de hoje.

4. O sociólogo espanhol Manuel Castells sustenta que a comunicação de valores e a mobilização em


torno do sentido são fundamentais. Os movimentos culturais (entendidos como movimentos que têm
como objetivo defender ou propor modos próprios de vida e sentido) constroem-se em torno de
sistemas de comunicação – essencialmente a internet e os meios de comunicação – porque esta é a
principal via que esses movimentos encontram para chegar àquelas pessoas que podem
eventualmente partilhar os seus valores, e a partir daqui atuar na consciência da sociedade no seu
conjunto”.
Disponível em: www.compolitica.org. Acesso em: 2 mar. 2012 (adaptado).

Em 2011, após uma forte mobilização popular via redes sociais, houve a queda do governo de Hosni
Mubarak no Egito. Esse evento ratifica o argumento de que
a) a internet atribui verdadeiros valores culturais aos seus usuários.
b) a consciência das sociedades foi estabelecida com o advento da internet.
c) a revolução tecnológica tem como principal objetivo a deposição de governantes
antidemocráticos.
d) os recursos tecnológicos estão a serviço dos opressores e do fortalecimento de suas práticas
políticas.
e) os sistemas de comunicação são mecanismos importantes, de adesão e compartilhamento de
valores sociais.

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Redação

5. A tirinha do grupo “Quadrinhos Ácidos” reflete o nosso comportamento na sociedade atual. Um dos
agentes para tal conduta pode ser, como vimos nos exercícios, os veículos de comunicação e as
propagandas. Analise a imagem e faça uma reflexão da influência atual das propagandas em relação
ao estilo de vida social.

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Redação

6.

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com. Acesso em 24 set. 2011.

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação do controle do pensamento coletivo.

7.

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinale a ausência de um elemento


fundamental para a instalação de um tribunal: a existência de alguém que esteja sendo acusado. Essa
fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:
a) proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo.
b) configuram julgamentos vazios ainda que existam crimes comprovados.
c) emitem juízos sobre os outros, mas não se veem na posição de acusados.
d) apressam-se em opiniões superficiais mesmo que possuam dados concretos.

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Redação

8.

A catarse caracteriza a relação de identificação subjetiva ocorrida entre o público e a obra de arte.
Comente quais são os estímulos contemporâneos que provocam o reconhecimento catártico.

9.

A foto apresentada faz referência a um dos episódios dos naufrágios Sírios em imigrações para a
Europa. Com base nisso, comente a questão da banalização de imagens trágicas no que diz respeito
à desumanização do indivíduo.

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Redação

10. Leia o fragmento abaixo:

É MENINA
É menina, que coisa mais fofa, parece com o pai, parece com a mãe, parece um joelho, upa, upa, não
chora, isso é choro de fome, isso é choro de sono, isso é choro de chata, choro de menina, igualzinha
à mãe, achou, sumiu, achou, não faz pirraça, coitada, tem que deixar chorar, vocês fazem tudo o que
ela quer, isso vai crescer mimada, eu queria essa vida pra mim, dormir e mamar, aproveita enquanto
ela ainda não engatinha, isso daí quando começa a andar é um inferno, daqui a pouco começa a falar,
daí não para mais, ela precisa é de um irmão, foi só falar, olha só quem vai ganhar um irmãozinho,
tomara que seja menino pra formar um casal, ela tá até mais quieta depois que ele nasceu, parece que
ela cuida dele, esses dois vão ser inseparáveis, ela deve morrer de ciúmes, ele já nasceu falante,
menino é outra coisa, desde que ele nasceu parece que ela cresceu, já tá uma menina, quando é que
vai pra creche, ela não larga dessa boneca por nada, já podia ser mãe, já sabe escrever o nomezinho,
quantos dedos têm aqui, qual é a sua princesa da Disney preferida, (...) morar junto é casar, quando é
que vão ter filho, ele tá te enrolando, barriga pontuda deve ser menina, é menina.
Gregorio Duvivier Folha de São Paulo, 16/09/2013.

A crônica de Gregorio Duvivier é construída em um único parágrafo com uma única frase. Essa frase
começa e termina pela mesma expressão: é menina. O texto apresenta uma crítica em relação aos
estereótipos perpetuados na sociedade. Comente sobre essa questão.

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Redação

Gabarito

1.
a) Assim como demonstrado por Descartes, há uma grande diferença entre o ato de pensar e o ato de
refletir, em que o primeiro é um processo natural, inconsciente como um pensamento do dia a dia.
Já o segundo é um ato condicionado, que depende de um preparo e é feito em um longo prazo.
b) A velocidade das informações, a dinamicidade cotidiana, a quantidade de dados disponíveis, as
inúmeras opções de distração – como o fácil acesso ao entretenimento.
c) O efeito de uma sociedade que não reflete é a alienação que faz com que a sociedade seja facilmente
manipulada pelo excesso de informações rasas, prontas e mastigadas.

2. A primeira pessoa é uma ilusão, visto que o “eu” não mais existe devido à manipulação promovida pela
sociedade. Isso pode ser exemplificado pela moda, de modo que as escolhas são direcionadas de acordo
com o tempo em que está inserido.

3. Com o avanço das grandes indústrias e da abrangência das grandes formas de comunicação e
propaganda no mundo, o desejo, ou seja, o “pensar em outra realidade” se tornou praticamente
obrigatório para conquistar os meios de consumo. Em detrimento ao primeiro filósofo do século XIX,
onde estava se iniciando o desejo exacerbado em “ter”, a felicidade constante e uma linearidade no
ambiente familiar era o necessário para o homem, hoje, em decorrência aos fatos apresentados,
entende-se que viver sem ter ambições não é o suficiente para a contemporaneidade.

4. E
O fato de uma mobilização popular, por meio das redes sociais, ter derrubado um governo no Egito, unido
à ideia defendida pelo sociólogo no texto comprovam que os sistemas de comunicação são
extremamente importantes d adesão e compartilhamento de valores sociais.

5. As propagandas, nos dias hodiernos, garantem um grande papel influenciador na sociedade por impor
moldes de conduta para uma sociedade como um todo. Vendo o primeiro exemplo, é possível acreditar
que o padrão é ser magro e “bonito”, estar sempre de bom-humor e não garantir falhas. Assim, a
frustração social se inicia por um viés utópico de que todas as pessoas devem se encaixar em um padrão
imposto pelas grandes indústrias de consumo, sendo garantido, ainda mais, vendas em produtos que
garantirão esse possível alcance.

6. E
No cartum apresentado, todos os homens estão representados por bonecos de corda que andam para a
mesma direção (como se estivessem sem escolha), exceto um. Este único diferente, além de apresentar
uma cor distinta, não tem corda nas costas para controlá-lo e segue em outra direção (o que nos induz
a pensar que foi responsável pela escolha de seu próprio caminho). Além disso, podemos pensar
também sobre os diversos tipos de preconceitos existentes na nossa sociedade.

7. C
Se a internet é um tribunal no qual todos julgam todos, mas ninguém que esteja sendo acusado, então
não há réus; isto é, ninguém que julga admite a si mesmo na posição de acusado.

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Redação

8. A catarse, na filosofia, tem como definição a liberação de algo reprimido, dessa forma, os processos de
massificação de estímulos e de padronização comportamental podem gerar algumas ações catárticas
que abrangem um senso crítico social, ou seja, uma visão mais ampla do que se tem como cultura e
sociedade. Os momentos catárticos são importantes nas nossas vidas, pois são com eles que um ser
consegue se conhecer melhor, através de contatos com estímulos. Isso quer dizer que o ser humano
deve ser estimulado por elementos externos para conseguir fazer esses reconhecimentos. Na atualidade,
os estímulos que provocam esse reconhecimento são: novelas (fazem parte da identidade cultural
brasileira), leituras (a literatura, por exemplo, era o retrato dos comportamentos sociais de uma época),
esportes (motivação de torcida, grau de identificação de um time), religião (as pessoas se distanciam de
sua realidade em busca de esperança).

9. O compartilhamento de imagens trágicas é algo extremamente comum, atualmente. Esse


comportamento reflete o quanto o ser humano está perdendo a capacidade de sentir empatia pelo outro,
assim como mostra, também, que estamos anestesiados diante de tanta tragédia que assola o mundo,
a ponto de acharmos situações – como a da questão – comuns. Além disso, é interessante analisar que
a mídia exerce importante papel, nesse sentido, já que é muito comum vermos filmes com cenas
extremamente violentas, por exemplo.

10. Na construção do texto, o autor utiliza a palavra “menina” para identificar uma mulher, cuja trajetória é
exposta em meio aos preconceitos sociais. Ao final, repete-se a frase “É menina”, com que se abre o
texto, mas para referir-se à filha da primeira menina, agora mulher. A menção imediatamente anterior à
“barriga pontuda”, sugere a gravidez e, depois, o nascimento da outra “menina”, como uma repetição
cíclica de comportamentos estereotipados. Há, portanto, uma relação de semelhança. O leitor é levado,
então, a supor que esta segunda menina enfrentará os mesmos preconceitos que a primeira.

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Sociologia

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Sociolgia
Benjamin e a reprodutibilidade

Resumo

O filósofo e sociólogo judeu alemão Walter Benjamin (1892 – 1940) foi um pensador que esteve fortemente
associado à famosa Escola de Frankfurt e, portanto, à tradição marxista de pensamento, tendo também traduzido
para a língua alemã grandes obras literárias da cultura francesa, como Quadros parisienses de Charles Baudelaire
e Em busca do tempo perdido de Marcel Proust. A obra mais conhecida e comentada de Benjamin chama-se A
obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica, tendo sido publicada primeiramente em 1936 e,
posteriormente, em 1955. Esse ensaio de Benjamin tem sido muito relevante na área dos Estudos Culturais e na
história da arte e consiste na apresentação de uma teoria materialista da arte. Trata-se de compreender as
mudanças que ocorreram na produção artística, que deixou de se realizar enquanto um ritual para ser apropriada
pela indústria da arte, que a reproduz no sentido de que possa ser experimentada pelas grandes massas. O aqui
e agora da obra de arte é deixado de lado em prol da reprodução em escala industrial, o que faz com que ela
perca a sua “aura”. Nesse sentido, o surgimento da reprodutibilidade técnica faz com que a obra de arte perca a
sua singularidade, sua unicidade e sua autenticidade próprias, dando lugar a produtos culturais de massa como
o cinema.
A capacidade de reproduzir a obra de arte em diversas cópias desfaz a condição da obra de arte de objeto
único e individualizado. A arte é destituída de sua raridade e frequentemente desconectada com a pessoa do
artista. A execução de uma obra requer um ritual, uma forma específica de fazer que antecede a obra e
também é a própria obra em si. Tocar violão clássico exige uma série de gestos, palavras e formalidades que
carregam um valor simbólico dentro desse campo artístico, compondo um ritual. Entretanto, a
reprodutibilidade técnica extingue essa exigência, tornando possível reproduzir uma obra a qualquer
momento em qualquer lugar, desde que com os aparatos corretos.
Assim, a qualidade da arte de ser um objeto único se perde em meio a sua reprodutibilidade técnica, na mesma
medida em que também deixa de ser voltada para um público restrito no sentido de atingir cada vez mais
pessoas, repercutindo na sociedade como um todo. Uma comparação interessante feita por Benjamin é entre
o teatro e o cinema. Enquanto o primeiro mantém a sua “aura”, a sua singularidade, ou seja, o aqui e agora
da obra de arte – que é captado pela plateia presente no espetáculo -, já o segundo perde sua “aura” na medida
em que o expectador não está presente e a câmera (um equipamento técnico) é quem reproduz a imagem
dos atores. Numa apresentação teatral a obra de arte está incontornavelmente ligada ao ator, já no cinema o
ator pode se tornar um acessório à cena, enquanto os próprios acessórios (cenário, câmeras) podem
desempenhar o papel de atores.A reprodutibilidade técnica exclui a obra da arte das esferas aristocrática e
religiosa, que a elitizam. Assim, a dissolução da aura alcança dimensões socias. A perda da aura e suas
consequências sociais são bem notáveis no cinema. As massas passam a se relacionar de maneira
qualitativa com a arte pelas transformações na percepção estética.
O cinema tem um caráter revolucionário por possibilitar um acesso ao inconsciente visual. Diferente do teatro
que ocorre num espaço consciente de ação, a câmera produz um espaço de ação inconsciente, exibindo a
reciprocidade de ação entre matéria e homem (processo dialético). O cinema seria de grande valia para o
pensamento materialista e muito útil na construção de uma nova sociedade na qual a classe proletária
alcançaria a liderança política desejada. Dessa maneira, há dois aspectos a serem levados em consideração:
De um lado, a reprodutibilidade das obras artísticas traz consigo a perda de sua singularidade própria. De
outro, pode ser entendida como uma ferramenta muito importante para a construção de uma sociedade mais
justa do ponto de vista social. Walter Benjamin tem uma postura otimista da reprodutibilidade técnica, já que,
apesar de essa destruir a aura da obra de arte, esta abre espaço para profundas transformações sociais.

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Sociolgia
Exercícios

1. Para alguns sociólogos e filósofos, a cultura possuiria um valor intrínseco e poderia nos ajudar não
apenas na fruição de nossa sensibilidade, mas nos levar a uma nova compreensão da realidade e de
nosso ser e estar no mundo. Com a indústria cultural verifica-se que a cultura
a) recupera seu valor simbólico, contribuindo para uma nova compreensão da realidade e para a
emancipação humana.
b) perde sua força simbólica e crítica, transformando-se em mero entretenimento que elimina a
reflexão crítica.
c) perde seu valor de mercado para tornar-se, graças à tecnologia, um entretenimento acessível a toda
a população.
d) deixa de ser um produto de elite e passa a ser acessível a todos os cidadãos, contribuindo com sua
autonomia.
e) torna-se mais sofisticada, na medida em que os meios de criação cultural passam a ser submetidos
ao desenvolvimento tecnológico.

2. Historicamente, pode-se dizer que toda sociedade elabora sua própria cultura, mas as culturas estão
interligadas, a não ser que o grupo social esteja em condições de isolamento e não sofra influência de
outras culturas. Ressalta-se que o conceito de cultura é recente e plástico. Geertz (1978) afirma que
“[...] a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos
sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do qual
eles (os símbolos) podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade.”
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
Essa flexibilidade no sistema capitalista manifestada na indústria cultural apresenta as seguintes
características:
a) Marketing, comercialização de bens culturais, cidade-mercadoria, publicidade.
b) Tradição, genocídio cultural, nacionalismos, grandes narrativas.
c) Homogeneização cultural, erudição, urbanização, subcultura.
d) Memória, identidade cultural, fetiche, etnocentrismo.
e) Folk, aculturação, xenofobia, tribalismo.

3. Poder-se-ia defini-la como a única aparição de uma realidade longínqua, por mais próxima que esteja.
Num fim de tarde de verão, caso se siga com os olhos uma linha de montanhas ao longo do horizonte
ou a de um galho, cuja sombra pousa sobre o nosso estado contemplativo, sente-se a aura destas
montanhas, desse galho. Tal evocação permite entender, sem dificuldades, os fatores sociais que
provocaram a decadência atual da aura. Liga-se ela a duas circunstâncias, uma e outra correlatas com
o papel crescente desempenhado pelas massas na vida presente. Encontramos hoje, com efeito, dentro
das massas, duas tendências igualmente fortes: exigem, de um lado, que as coisas se lhe tornem, tanto
humana como espacialmente, “mais próximas”, de outro lado, acolhendo as reproduções, tendem a
depreciar o caráter daquilo que é dado apenas uma vez.
(BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p.15.)
Com base no texto, assinale a alternativa correta.
a) A discussão sobre arte e aura, no referido texto, se refere a um problema religioso.
b) A aura não significa a singularidade da obra de arte.
c) A obra de arte possui aura porque possui as seguintes características: é única, irrepetível,
duradoura.
d) O declínio da aura não tem relação com as transformações sociais e econômicas.
e) Com o aumento da produção e apropriação artística, aumentou-se também o valor da aura na obra
de arte.

2
Sociolgia

4. Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a
aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde
de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós,
significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os
fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias,
estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas
‘ficarem mais próximas’ é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua
tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade”.
BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e
Política. Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, assinale a alternativa correta:
a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte perdeu sua aura.
b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua qualidade aurática.
c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância e a transcendência dos objetos
artísticos.
d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a reprodutibilidade técnica.
e) O declínio da aura não tem relação com as transformações contemporâneas.

5.

Há, na tirinha acima, uma crítica à forma de cultura veiculada pela televisão. Tendo em vista a
abordagem sociológica, assinale a alternativa que corresponde ao tipo de cultura que está sendo
criticada.
a) Cultura no seu sentido antropológico, relacionada à diversidade das práticas, dos símbolos e das
formas de pensar, agir e sentir.
b) Cultura política, relacionada às formas de estabelecimento de relações de poder.
c) Cultura erudita, relacionada às formas de produção estética da elite.
d) Cultura popular, própria das classes econômicas mais baixas.
e) Cultura de massa, produzida pela indústria cultural.

3
Sociolgia
6. A chamada “Escola de Frankfurt” reuniu diversos autores, como Theodor W. Adorno, Max Horkheimer
e Walter Benjamin, com o propósito de reformular a compreensão e as críticas ao sistema capitalista.
Destacam-se, em suas reflexões, os impactos do desenvolvimento tecnológico, o papel dos modernos
meios de comunicação de massa e a destruição e barbárie observadas durante a II Guerra Mundial
(1939-1945). O conceito que sintetiza suas formulações no âmbito da cultura é
a) o padrão cultural.
b) a cultura erudita.
c) a cultura operária.
d) a indústria cultural.
e) a cultura líquida.

7. À medida que as obras de arte se emancipam do seu uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas
sejam expostas. A exponibilidade de um busto […] é maior que de uma estátua divina, que tem sua sede
fixa no interior do templo. […] a preponderância absoluta conferida hoje a seu valor de exposição atribui-
lhe funções inteiramente novas, entre as quais a “artística”, a única de que temos consciência, talvez
se revele mais tarde como rudimentar.
BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (Primeira versão)”. In: Obras escolhidas I. Trad.
Sérgio Paulo Rouanet, 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 187-188.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria benjaminiana da reprodutibilidade técnica e do
valor cultual e de exposição da obra de arte, assinale a alternativa correta.
a) O valor de exposição da obra de arte reforça os laços sociais, na medida em que a exposição
intensifica a coesão social, possibilitando, democraticamente, o acesso à obra.
b) A mudança do valor de culto para o valor da exposição da obra de arte revela transformações nas
quais esta passa a ser concebida a partir da esfera pública.
c) O valor de culto da obra de arte expressa a gradativa desvinculação entre o humano e o sagrado,
considerando que a obra substitui a relação direta do humano com o sagrado
d) O valor material atribuído a uma obra de arte é constituído pela persistência de um valor de culto
na exposição, evidenciado na “aura” que paira sobre as grandes obras, as chamadas obras
clássicas.
e) O elemento comum entre o valor de culto e o valor de exposição da obra de arte é o reconhecimento
de que a função “artística” é a sua dimensão mais importante.

8. Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua
existência única, no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e somente nela, que se
desdobra a história da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu,
com a passagem do tempo, em sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela
ingressou. Os vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises químicas ou físicas,
irrealizáveis na reprodução; os vestígios das segundas são o objeto de uma tradição, cuja
reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o original.
(BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas, Vol. 1: magia e técnica, arte e
política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.167.)
De acordo com Walter Benjamin, as técnicas de reprodução provocam a destruição das condições de
autenticidade da obra de arte por que
a) apesar de manter o aspecto exterior, destrói historicidade, materialidade, identidade da obra de arte.
b) compromete a dimensão material da obra, ainda que salve as condições históricas.
c) dificulta a difusão da obra de arte a ser copiada.
d) elimina as condições históricas, embora preserve a dimensão material da arte.
e) fabrica artificialmente obras de arte antes não existentes.

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Sociolgia
9. Leia atentamente o poema, intitulado Eu, etiqueta, de autoria de Carlos Drummond de Andrade:
Meu blusão traz lembrete de bebida Não sou – vê lá – anúncio contratado.
que jamais pus na boca, nesta vida. Eu é que mimosamente pago
........................................ para anunciar, para vender
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, em bares festas praias pérgulas piscinas,
minha gravata e cinto e escova e pente, e bem à vista exibo esta etiqueta
meu copo, minha xícara, global no corpo que desiste
minha toalha de banho e sabonete, de ser veste e sandália de uma essência
meu isso, meu aquilo, tão viva independente,
desde a cabeça ao bico dos sapatos, que moda ou suborno algum a
são mensagens, compromete.
letras falantes, ........................................
gritos visuais, Hoje sou costurado, sou tecido,
ordens de uso, abuso, reincidência, sou gravado de forma universal,
costume, hábito, premência, saio da estamparia, não de casa,
indispensabilidade, da vitrina me tiram, recolocam,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante, objeto pulsante mas objeto
escravo da matéria anunciada. que se oferece como signo de outros
........................................ objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial.
Assinale a alternativa incorreta:
a) O poema faz referência direta ao conceito de cultura de massa, que segundo Adorno é uma forma
de controle da consciência pelo emprego de meios como o cinema, o rádio ou a imprensa.
b) De acordo com a Escola de Frankfurt o surgimento da cultura de massa, em meados do século
passado, deveu-se em grande parte ao desenvolvimento do projeto iluminista que desencadeou
uma crise ética e epistemológica dando origem por fim a já referida cultura de massa.
c) A Revolução Industrial não foi apenas um conjunto de inovações técnicas, mas uma forma de
dominação e controle do tempo do trabalhador, essa dominação se dá por meio da disciplina e da
indústria cultural.
d) O produto da indústria cultura não pode ser considerado arte em sentido estrito, já que ela tende a
padronização, a ausência de conteúdo, e o apelo ao mercado.
e) A cultura de massa tem o papel de difundir por meio do mercado as culturas regionais, contribuindo
para a emancipação do homem.

10. O ensaio “Indústria Cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno
e Max Horkheimer, publicado originalmente em 1947, é considerado um dos textos essenciais do
século XX que explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria do entretenimento. É uma das
várias contribuições para o pensamento contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social fundado na
década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um ponto decisivo para a compreensão do conceito de
“Indústria Cultural” é a questão da autonomia do artista em relação ao mercado. Assim, sobre o
conceito de “Indústria Cultural” é CORRETO afirmar.
a) A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita da mídia e nem de campanhas
publicitárias para ser divulgada para o público.
b) Não há uniformização artística, pois, toda cultura de massa se caracteriza por criações complexas
e diversidade cultural.
c) A cultura é independente em relação aos mecanismos de reprodução material da sociedade.
d) A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução cultural e econômica da sociedade.
e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma em artigo de consumo.

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Sociolgia
Gabarito

1. B
Segundo os pensadores da Teoria Crítica, a indústria cultural massifica os produtos da cultura e os torna
mera mercadoria, sem qualquer função crítica ou transformadora da sociedade.

2. A
A indústria cultural pode ser caracterizada por homogeneizar os gostos através da massificação e
comercialização dos produtos culturais, contribuindo para que tudo se torne mercadoria. Isso acontece
com a colaboração de certos setores do capitalismo, como a publicidade e o Marketing, exatamente
como sugere a alternativa [A].

3. C
Para Benjamin a aura da obra de arte lhe foi conferida pela sua função mais primitiva, o culto. a partir
dele a obra se manifesta como representação única que permite tornar presente o distante e transcender
a realidade. Foi através da arte que tivemos contato com outros mundos. Esse aqui e agora da arte é
único, relacionado com a presença do artista e com seu contexto de criação. É exatamente essa
manifestação efêmera que lhe dá durabilidade. A arte não pode ser repetida, refeita, reexperimentada.
Uma estátua de vênus foi objeto de adoração na Grécia Antiga e condenada no Medieval, mas nenhum
desses momentos históricos pôde contornar a persistência do resultado de um momento efêmero do
fazer artístico. Aí está sua aura.

4. C
As sociedades modernas são sociedades ultrarracionais, do controle. Elas exprimem o desejo iluminista
de dominação do homem sobre as coisas. Nada escapa ao controle do homem racional e desencantado.
A arte como manifestação do transcendental, distante e incontrolável não é admitido. A expressão
humana através da arte passa pelo controle rigoroso através de métricas como a duração de um filme
ou a quantidade de palavras de uma música.

5. E
Há, na tirinha, uma crítica à cultura veiculada na televisão. Essa cultura é a cultura de massa que,
destituída da sua aura, tem a função de entreter e de alienar a massa da população. Esse tipo de cultura
é produzido pela indústria cultural.

6. D
A indústria cultural é a forma de produzir cultura típica da sociedade de massas, onde a cultura é
consumida como uma mercadoria. Ela é resultado do avanço tecnológico expresso nos meios de
comunicação em massa aliados à racionalidade capitalista que invadiu todos os aspectos da vida
humana transformando todas as relações em relações de mercado e consumo.

7. B
Exatamente como apresentado pelo autor no excerto “ À medida que as obras de arte se emancipam do
seu uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas”, a arte passou a ser percebida de
uma maneira diferente, circulando na esfera pública e pensada a partir dela, já que uma das suas
principais características é a exposição.

2
Sociolgia
8. A
A reprodutibilidade destitui a obra de arte de sua aura. Dessa maneira, não importa mais a presença do
artista na realização do ritual artístico ou seu contexto histórico. A obra de arte pode ser produzida para
ser distribuída em larga escala, o que passa a ser um dos critérios considerados na sua produção. O
contexto de produção ou execução e a identidade conferida pela efemeridade da realização perdem o
sentido e deixam de ser características da obra de arte.

9. E
A alternativa [E] não somente é incorreta, como também contraria todas as outras. A cultura de massa é
um produto do modo de produção capitalista e contribui para a mercantilização da cultura e para a
coisificação do homem.

10. D
A alternativa [D] é a única correta. No sistema capitalista, inclusive a arte está submetida à lógica de
mercado, servindo como uma mercadoria que deve gerar lucro.

3
Sociologia

Herbert Marcuse

Resumo

Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, os movimentos repressivos


das liberdades individuais, e com uma desvalorização da razão em favor da técnica. Em seu livro "O homem
unidimensional", Marcuse afirma que a sociedade industrial chegou a um ponto onde a burguesia e o
proletariado, classes responsáveis pelo movimento da história, deixam de ser agentes transformadores da
sociedade para se tornarem agentes defensores do status quo. Os avanços da técnica solucionaram tantas
pequenas necessidades, tornaram a vida destes grupos tão confortáveis, que o ímpeto revolucionário desses
grupos cessou. Ao mesmo tempo, a técnica possibilita um controle social cada vez mais aperfeiçoado, e se
torna não um instrumento neutro, como se acreditava anteriormente, e sim engrenagem central de um novo
sistema de dominação. E se o proletariado não é mais "sujeito revolucionário", grupo em oposição à sociedade
hegemônica, que grupo social o será? De acordo com Marcuse, isso cabe àqueles cuja ascensão não é
permitida pela sociedade moderna, aos grupos minoritários às margens da sociedade que o bem-estar geral
não conseguiu (ou não se interessou em) incorporar.
Marcuse retoma de Hegel duas noções capitais, a ideia de "Razão" e a ideia de "Negatividade". A Razão é a
faculdade humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem de suas possibilidades. Não se pode
compreender a "possibilidade" longe do conceito de "necessidade". O que necessitamos? A necessidade nos
dirige a certos objetos cuja falta sentimos. A possibilidade mede o raio de nosso alcance face a tais objetos.
Se quero um apartamento, mas não tenho dinheiro para comprá-lo, o objeto de minha necessidade é o
apartamento, e a medida de minha possibilidade é o dinheiro que me falta. É muito fácil compreender como
a falta de dinheiro representa um bloqueio falso, fictício, à satisfação de meu desejo. Na realidade posso ter
o apartamento, mas certas convenções sociais, que respeito de modo mais ou menos acrítico, me impedem
de possuí-lo. Ao mesmo tempo, se me interrogo a respeito da minha necessidade face ao apartamento, essa
também se dissolve. O apartamento é um símbolo de status social, ou resultado de certas convenções
visando ao gosto que seriam, em outras condições, muito discutíveis, e que nem sempre me possibilitam
morar satisfatoriamente. A minha necessidade se revela, portanto, como uma falsa necessidade, assim como
o bloqueio pela falta de dinheiro das minhas possibilidades era um bloqueio falso. Onde se encontram, então,
minhas necessidades e minhas possibilidades? Como compreenderemos o que é Razão? Marcuse muito se
preocupa com este problema ao longo de toda a sua obra, sempre polêmica.
No livro Ideologia da Sociedade Industrial, Marcuse repete a crítica ao racionalismo da sociedade moderna, e
tenta ao mesmo tempo esboçar o caminho que poderá nos afastar dele. O caminho será, por um aspecto, a
contestação da sociedade pelos marginais que a sociedade desprezou ou não conseguiu beneficiar. Será por
outro aspecto o desenvolvimento extremo da tecnologia, que deverá ter, segundo Marx e Marcuse, efeitos
revolucionários. Quais são estes efeitos? O problema da sociedade moderna é a invasão da mentalidade
mercantilista e quantificadora a todos os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa
economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo aos processos de alienação do homem. E,
segundo Marx, com o desenvolvimento extremo da tecnologia "a forma de produção assente no valor de troca
sucumbirá". A sociedade moderna, sentindo, que sua base a tecnologia - contém seu rompimento, age
repressivamente para evitar este avanço extremo. Marcuse tinha esperança de que não.

1
Sociologia

Exercícios

1. A violência do princípio “saber é poder” (Francis Bacon), ou seja, a imposição da “técnica social”, da
razão funcional, instrumental, tecnológica, com o seu afã de disponibilizar tudo, homens e coisas,
perpassa totalmente a sociedade de nosso tempo, nas análises de Herbert Marcuse (1898-1979). A
sociedade se torna um sistema funcional auto constituído. É uma nova forma de “ditadura” ou
“totalitarismo”. Agora, o totalitarismo já não provém deste ou daquele partido ou Estado, não tem cor,
é anônimo. Mesmo a democracia é apenas uma aparência. Aparentemente, trata-se da “soberania do
povo”, mas, em verdade, o que está em questão é a regência dos mecanismos estabelecidos pelo
sistema. A dominação se tornou racional e a racionalidade, dominadora. Ninguém mais governa e todos
são dominados. Dessa situação histórica surge o Homem unidimensional, título de um livro de
Marcuse, de 1964. Assim, o mundo fica chato, isto é, plano (e monótono). A dominação ocorre não só
por meio da tecnologia, mas como tecnologia. Paradoxalmente, a sociedade racional enterra, de vez, a
ideia da razão. Com relação às ideias expostas no texto acima, assinale a opção correta.
a) Marcuse vê no triunfo da razão instrumental e no surgimento do homem unidimensional a forma
mais extrema de totalitarismo, que suprime a liberdade e o prazer da vida dos homens.
b) Marcuse considera o triunfo da razão instrumental como uma conquista da humanidade moderna,
ou seja, como um processo que traz aos homens a plena satisfação de seus desejos, pois
possibilita a eles participarem da fruição dos bens de consumo produzidos na civilização
tecnológica.
c) Segundo Marcuse, a civilização tecnológica é a civilização da liberdade.
d) Na concepção de Marcuse, a forma de totalitarismo mais ameaçadora é a do Estado.
e) Para Marcuse, a democracia é uma das conquistas fundamentais dos Estados modernos.

2. "No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como com a Segunda Revolução
Industrial, a Filosofia afirmava a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar
e controlar a Natureza, a sociedade e os indivíduos. […] No entanto, no século XX, a Filosofia passou a
desconfiar do otimismo científico-tecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos".
(CHAUÌ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2001, p.49-50).
Uma marca da desconfiança da filosofia para com o otimismo cientificista foi o aparecimento da noção
de razão instrumental, formulada pelos teóricos da Escola de Frankfurt. Sobre razão instrumental é
possível afirmar:
a) Refere-se aos instrumentos usados pela razão para encontrar as explicações mágicas do mundo.
b) Trata-se do exercício da racionalidade científica, que tem por empresa o domínio da natureza para
fins lucrativos e coloca a técnica e a ciência em função do capital.
c) Corresponde à maneira através da qual os filósofos Adorno, Horkheimer e Marcuse descreveram
a racionalidade ocidental como instrumentalização da emoção.
d) Defende as ideias de progresso técnico e neutralidade científica como elementos que resguardam
a positividade da ciência.
e) Os filósofos da Escola de Frankfurt afirmam que a razão instrumental reflete sobre as contradições
e os conflitos políticos e sociais, fato que fez com que eles ficassem conhecidos como os filósofos
da Teoria Crítica.

2
Sociologia

3. Uma obra de arte pode denominar-se revolucionária se, em virtude da transformação estética,
representar, no destino exemplar dos indivíduos, a predominante ausência de liberdade, rompendo
assim com a realidade social mistificada e petrificada e abrindo os horizontes da libertação. Esta tese
implica que a literatura não é revolucionária por ser escrita para a classe trabalhadora ou para a
“revolução”. O potencial político da arte baseia-se apenas na sua própria dimensão estética. A sua
relação com a práxis (ação política) é inexoravelmente indireta e frustrante. Quanto mais
imediatamente política for a obra de arte, mais reduzidos são seus objetivos de transcendência e
mudança. Nesse sentido, pode haver mais potencial subversivo na poesia de Baudelaire e Rimbaud que
nas peças didáticas de Brecht.
(Herbert Marcuse. A dimensão estética, s/d.)
Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de arte caracteriza-se por
a) apresentar conteúdos ideológicos de caráter conservador da ordem burguesa.
b) comprometer-se com as necessidades de entretenimento dos consumidores culturais.
c) estabelecer uma relação de independência frente à conjuntura política imediata.
d) subordinar-se aos imperativos políticos e materiais de transformação da sociedade.
e) contemplar as aspirações políticas das populações economicamente excluídas.

4. “A tendência de a maioria da população aceitar e aderir ao impulso da sociedade industrial não a torna
“menos irracional”. Isso se manifesta quando o interesse “imediato” supera o “interesse real” e a pessoa
já não sente a “necessidade de modificar seu estilo de vida, de negar o positivo, de recusar”. O que
caracteriza a sociedade industrial avançada é essencialmente o fato de esta criar certas necessidades,
expandir a entrega de mercadorias e usar a conquista científica sobre a natureza “para conquistar o
homem cientificamente”.”
(MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p. 17).
A passagem acima, acrescida da leitura e compreensão do texto do autor, permite afirmar:
a) Na sociedade industrial, o universo tecnológico é incompatível com o universo político.
b) O ambiente tecnológico aprofunda a distância entre “cultura, política e economia”.
c) No plano teórico, é impossível fazer com que o aparato produtivo da sociedade seja voltado
apenas para a satisfação “de necessidades vitais”.
d) O totalitarismo é incompatível com um sistema econômico “de produção e distribuição”, que
funciona à base do pluralismo de ideias, partidos políticos, liberdade de imprensa.
e) O progresso técnico testemunha a “falta de liberdade confortável”.

5. “Originalmente concebida e acionada para emancipar os homens, a moderna ciência está hoje a serviço
do capital, contribuindo para a manutenção das relações de classe. A ciência e a técnica nas mãos dos
poderosos [...] controlam a vida dos homens, subjuga-os ao interesse do capital. A produção de bens
segue uma lógica técnica, e não à lógica das necessidades reais dos homens.”
(FREITAG, B. A teoria Crítica ontem e hoje, São Paulo: Brasiliense, 1986, p.94.
A autora nos apresenta a visão da Escola de Frankfurt acerca do papel desempenhado pela ciência e
pela tecnologia na moderna economia capitalista. Sobre este papel, aponte a afirmativa INCORRETA:
a) A ciência e a técnica, além de serem forças produtivas, funcionam como ideologias para legitimar
o sistema capitalista.
b) Nas mãos do poder econômico e político, a tecnologia e a ciência são empregadas para impedir
que as pessoas tomem consciência de suas condições de desigualdade.
c) A dimensão emancipadora e crítica da racionalidade moderna foi valorizada na economia
capitalista, pois muitas das reivindicações dos trabalhadores foram atendidas a partir do advento
da tecnologia.
d) Na economia capitalista, produz-se com eficácia o que dá lucro e não aquilo que os homens
necessitam e gostariam de ter ou usar.
e) A razão, submetida à lógica capitalista, se tornou um instrumento de potencialização da produção
e do consumo, tornando-se ineficaz como agente emancipador do ser humano

3
Sociologia

6. A maioria das necessidades comuns de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o que os
outros amam e odeiam pertence a essa categoria de falsas necessidades. Tais necessidades têm um
conteúdo e uma função determinada por forças externas, sobre as quais o indivíduo não tem controle
algum.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada Escola de Frankfurt, tais forças externas são
resultantes de
a) aspirações de cunho espiritual.
b) propósitos solidários de classes.
c) exposição cibernética crescente.
d) interesses de ordem socioeconômica.
e) hegemonia do discurso médico-científico.

7. Segundo o sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (1898–1979), a sociedade de massas tem o
consumo como seu ideal de vida, limitando seus horizontes e aspirações à posse de bens materiais,
como automóveis e eletroeletrônicos. Podemos afirmar corretamente que a sociedade de massas
surgiu
a) no início do século XX, quando a Segunda Revolução Industrial acelerou o processo de
urbanização, favorecendo a formação de mercados produtores e consumidores na Europa e nos
Estados Unidos.
b) no século XVII, quando a ascensão do pensamento Iluminista popularizou o acesso aos livros,
provocando o desenvolvimento da razão e do pensamento crítico das classes populares.
c) na Idade Moderna, quando, ao retirar Deus do centro das preocupações humanas, o Humanismo
provocou a valorização do individualismo, enfraquecendo os laços comunitários.
d) na Grécia antiga, quando o crescimento da população e o surgimento da filosofia forçaram a
reformulação da legislação e a extensão dos direitos civis para todas as classes sociais.
e) no final da Idade Média, quando as alterações climáticas provocaram a queda da produção
agrícola, o êxodo rural e o surgimento da classe operária.

8. Os reality shows são hoje para a classe mais abastada e intelectualizada da sociedade o que as novelas
eram assim que se popularizaram como produto de cultura massificada: sinônimo de mau gosto. Com
uma maior aceitação das novelas na esfera dos críticos da mídia, o reality show segue agora como
gênero televisivo mundial, transmitido em horário nobre, e principal símbolo da perda de qualidade do
conteúdo televisivo na sociedade pós-moderna. Os reality shows personificam as novas formas de
identificação dos sujeitos nas sociedades pós-modernas. Programas como o BBB são movidos pelas
engrenagens de uma sociedade exibicionista e consumista, que se mantém vendendo ao mesmo
tempo a proposta de que cada um pode sair do anonimato e conquistar facilmente fama e dinheiro.
(Sávia Lorena B. C. de Sousa. O reality show como objeto de reflexão cultural. observatoriodaimprensa.com.br)
Sobre a relação entre os meios de comunicação de massa e o público consumidor, é correto afirmar
que:
a) a qualidade da programação da tv não é condicionada pelas demandas e desejos dos
consumidores culturais.
b) o reality show é uma mercadoria cultural relacionada com processos emocionais de seu público.
c) os critérios estéticos independem do nível de autonomia intelectual dos consumidores.
d) no caso dos reality shows, a televisão estimula a capacidade de fruição estética do público
consumidor.
e) os programadores priorizam aspectos formativos relegando o entretenimento a uma condição
secundária.

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Sociologia

9. A razão instrumental – que Adorno, Marcuse e Horkheimer também designaram com a expressão razão
iluminista – nasce quando
a) ideologia cientificista dissimula a origem e a finalidade das pesquisas científicas.
b) o senso comum faz uso da tecnologia e dos objetos técnicos criados pela ciência.
c) as ciências humanas criam métodos específicos para o estudo de seus objetos, livrando-se das
explicações mecânicas de causa e efeito.
d) as ciências humanas, graças ao marxismo, passam a compreender que as mudanças históricas
não resultam de ações súbitas, mas de lentos processos sociais, econômicos e políticos.
e) o sujeito do conhecimento toma a decisão de que conhecer é dominar e controlar a natureza e os
seres humanos.

10. Reunidos na Escola de Frankfurt, filósofos alemães (Adorno, Marcuse, Horkheimer) descreveram a
racionalidade ocidental como instrumentalização da razão. A ideia de razão instrumental pressupõe
uma:
a) transformação de uma ciência em ideologia cientificista.
b) análise neutra e imparcial da natureza e da sociedade.
c) forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros.
d) ciência transparente e desmistificada.
e) aplicação de novos saberes e descobertas ao progresso material

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Sociologia

Gabarito

1. A
De acordo com o pensamento de Marcuse e com o trecho citada nesta questão observamos que o triunfo
da razão instrumental é abordado, fundamentalmente, como algo que acaba suprimindo a liberdade
humana e o prazer na vida dos homens, tornando-se, nessa mesma medida, na forma mais extrema de
totalitarismo. Portanto, de acordo com Marcuse a sociedade racional é aquela que, paradoxalmente,
enterra a ideia de razão. Por isso, a alternativa correta é a letra (a).

2. B
A Escola de Frankfurt é uma corrente do pensamento focada em estudos sociais com abordagem
multidisciplinar. Seus estudos têm um tom crítico, onde são apontados os problemas e as consequências
do avanço tecnológico condicionado ao impulso racional iluminista de dominação sobre a natureza e à
lógica de mercado do capitalismo. Alguns autores apontam possíveis soluções para os problemas
sociais que pesquisam, outros não.

3. C
O potencial revolucionário de uma obra de arte não se mede por uma imediata abordagem temática sobre
política. Ela será mais libertária quanto mais for capaz de romper com a cristalizada política mundana. A
arte deveria transcender os limites do comum ou do real e seria, por isso mesmo, revolucionária.

4. E
O Progresso técnico é visto por Marcuse a partir de um ponto de vista bastante crítico, que nos faz
perceber que ele traz consigo o estímulo a formas de vida repetitivas, dentro das quais o consumo é
supervalorizado, enquanto perdemos a nossa liberdade e o nosso senso crítico. Apesar disso, a falta de
liberdade torna-se confortável e a simples obediência aos padrões acaba sendo incorporada por todos,
ainda que inconscientemente. Nesse sentido, a alternativa correta é a letra (e), pois afirma que “O
progresso técnico testemunha a “falta de liberdade confortável”.”

5. C
Apesar de haver uma luta histórica entre as classes e essa luta resultar em algumas conquistas por parte
dos trabalhadores, de maneira geral a tecnologia tem sido usada para alienar e cooptar o proletariado. O
sistema assimilou a classe proletária e neutralizou seu ímpeto revolucionário. Sendo assim a dimensão
crítica da racionalidade moderna não foi valorizada, mas atrofiada.

6. D
Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada Escola de Frankfurt, tais forças externas são
resultantes de interesses de ordem socioeconômica, produzidas ideologicamente pelo sistema
capitalista para dar vazão a sua lógica de produção infinita e lucro ilimitado.

7. A
Na sociedade de massa, a maioria da população está envolvida na produção, comercialização e consumo
de bens e serviços. Esse tipo de sociedade surgiu com a Segunda Revolução Industrial e está
intimamente relacionada ao processo de urbanização do início do século XX.

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Sociologia

8. B
Quando a autora do texto diz que “os reality shows personificam as novas formas de identificação dos
sujeitos nas sociedades pós-modernas” e que “programas como o BBB são movidos pelas engrenagens
de uma sociedade exibicionista e consumista, que se mantém vendendo ao mesmo tempo a proposta
de que cada um pode sair do anonimato e conquistar facilmente fama e dinheiro”, ela deixa claro que o
reality show é mais uma mercadoria da Indústria Cultural capaz de controlar e sugerir processos
emocionais ao seu público.

9. E
A razão instrumental é baseada no projeto iluminista de conquista e dominação do meio em que se vive
pela racionalidade. Consiste em uma abordagem hiper-racional, porém, não reflexiva acerca dos meios
pelos quais se alcança os fins. Trata-se da operacionalização da racionalidade em busca de um
determinado fim, tornando-se um instrumento de opressão e dominação.

10. A
O projeto iluminista de emancipação humana é substituído por uma concepção de superioridade do
conhecimento científico frente a outras formas de racionalidade, dado seu rigor e método. A ideologia
cientificista e a crença dogmática na superioridade do método científico imunizam a razão de críticas,
atrofiando a reflexão sobre os meios pelos quais chega a seus fins.

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Sociologia

Herbert Marcuse

Resumo

Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, os movimentos repressivos


das liberdades individuais, e com uma desvalorização da razão em favor da técnica. Em seu livro "O homem
unidimensional", Marcuse afirma que a sociedade industrial chegou a um ponto onde a burguesia e o
proletariado, classes responsáveis pelo movimento da história, deixam de ser agentes transformadores da
sociedade para se tornarem agentes defensores do status quo. Os avanços da técnica solucionaram tantas
pequenas necessidades, tornaram a vida destes grupos tão confortáveis, que o ímpeto revolucionário desses
grupos cessou. Ao mesmo tempo, a técnica possibilita um controle social cada vez mais aperfeiçoado, e se
torna não um instrumento neutro, como se acreditava anteriormente, e sim engrenagem central de um novo
sistema de dominação. E se o proletariado não é mais "sujeito revolucionário", grupo em oposição à sociedade
hegemônica, que grupo social o será? De acordo com Marcuse, isso cabe àqueles cuja ascensão não é
permitida pela sociedade moderna, aos grupos minoritários às margens da sociedade que o bem-estar geral
não conseguiu (ou não se interessou em) incorporar.
Marcuse retoma de Hegel duas noções capitais, a ideia de "Razão" e a ideia de "Negatividade". A Razão é a
faculdade humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem de suas possibilidades. Não se pode
compreender a "possibilidade" longe do conceito de "necessidade". O que necessitamos? A necessidade nos
dirige a certos objetos cuja falta sentimos. A possibilidade mede o raio de nosso alcance face a tais objetos.
Se quero um apartamento, mas não tenho dinheiro para comprá-lo, o objeto de minha necessidade é o
apartamento, e a medida de minha possibilidade é o dinheiro que me falta. É muito fácil compreender como
a falta de dinheiro representa um bloqueio falso, fictício, à satisfação de meu desejo. Na realidade posso ter
o apartamento, mas certas convenções sociais, que respeito de modo mais ou menos acrítico, me impedem
de possuí-lo. Ao mesmo tempo, se me interrogo a respeito da minha necessidade face ao apartamento, essa
também se dissolve. O apartamento é um símbolo de status social, ou resultado de certas convenções
visando ao gosto que seriam, em outras condições, muito discutíveis, e que nem sempre me possibilitam
morar satisfatoriamente. A minha necessidade se revela, portanto, como uma falsa necessidade, assim como
o bloqueio pela falta de dinheiro das minhas possibilidades era um bloqueio falso. Onde se encontram, então,
minhas necessidades e minhas possibilidades? Como compreenderemos o que é Razão? Marcuse muito se
preocupa com este problema ao longo de toda a sua obra, sempre polêmica.
No livro Ideologia da Sociedade Industrial, Marcuse repete a crítica ao racionalismo da sociedade moderna, e
tenta ao mesmo tempo esboçar o caminho que poderá nos afastar dele. O caminho será, por um aspecto, a
contestação da sociedade pelos marginais que a sociedade desprezou ou não conseguiu beneficiar. Será por
outro aspecto o desenvolvimento extremo da tecnologia, que deverá ter, segundo Marx e Marcuse, efeitos
revolucionários. Quais são estes efeitos? O problema da sociedade moderna é a invasão da mentalidade
mercantilista e quantificadora a todos os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa
economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo aos processos de alienação do homem. E,
segundo Marx, com o desenvolvimento extremo da tecnologia "a forma de produção assente no valor de troca
sucumbirá". A sociedade moderna, sentindo, que sua base a tecnologia – contém seu rompimento, age
repressivamente para evitar este avanço extremo. Marcuse tinha esperança de que não.

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Sociologia

Exercícios

1. A violência do princípio “saber é poder” (Francis Bacon), ou seja, a imposição da “técnica social”, da
razão funcional, instrumental, tecnológica, com o seu afã de disponibilizar tudo, homens e coisas,
perpassa totalmente a sociedade de nosso tempo, nas análises de Herbert Marcuse (1898-1979). A
sociedade se torna um sistema funcional auto constituído. É uma nova forma de “ditadura” ou
“totalitarismo”. Agora, o totalitarismo já não provém deste ou daquele partido ou Estado, não tem cor,
é anônimo. Mesmo a democracia é apenas uma aparência. Aparentemente, trata-se da “soberania do
povo”, mas, em verdade, o que está em questão é a regência dos mecanismos estabelecidos pelo
sistema. A dominação se tornou racional e a racionalidade, dominadora. Ninguém mais governa e todos
são dominados. Dessa situação histórica surge o Homem unidimensional, título de um livro de
Marcuse, de 1964. Assim, o mundo fica chato, isto é, plano (e monótono). A dominação ocorre não só
por meio da tecnologia, mas como tecnologia. Paradoxalmente, a sociedade racional enterra, de vez, a
ideia da razão.
Com relação às ideias expostas no texto acima, assinale a opção correta.
a) Marcuse vê no triunfo da razão instrumental e no surgimento do homem unidimensional a forma
mais extrema de totalitarismo, que suprime a liberdade e o prazer da vida dos homens.
b) Marcuse considera o triunfo da razão instrumental como uma conquista da humanidade moderna,
ou seja, como um processo que traz aos homens a plena satisfação de seus desejos, pois
possibilita a eles participarem da fruição dos bens de consumo produzidos na civilização
tecnológica.
c) Segundo Marcuse, a civilização tecnológica é a civilização da liberdade.
d) Na concepção de Marcuse, a forma de totalitarismo mais ameaçadora é a do Estado.
e) Para Marcuse, a democracia é uma das conquistas fundamentais dos Estados modernos.

2. "No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como com a Segunda Revolução
Industrial, a Filosofia afirmava a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar
e controlar a Natureza, a sociedade e os indivíduos. […] No entanto, no século XX, a Filosofia passou a
desconfiar do otimismo científico-tecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos".
(CHAUÌ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2001, p.49-50).
Uma marca da desconfiança da filosofia para com o otimismo cientificista foi o aparecimento da noção
de razão instrumental, formulada pelos teóricos da Escola de Frankfurt. Sobre razão instrumental é
possível afirmar:
a) Refere-se aos instrumentos usados pela razão para encontrar as explicações mágicas do mundo.
b) Trata-se do exercício da racionalidade científica, que tem por empresa o domínio da natureza para
fins lucrativos e coloca a técnica e a ciência em função do capital.
c) Corresponde à maneira através da qual os filósofos Adorno, Horkheimer e Marcuse descreveram
a racionalidade ocidental como instrumentalização da emoção.
d) Defende as ideias de progresso técnico e neutralidade científica como elementos que resguardam
a positividade da ciência.
e) Os filósofos da Escola de Frankfurt afirmam que a razão instrumental reflete sobre as contradições
e os conflitos políticos e sociais, fato que fez com que eles ficassem conhecidos como os filósofos
da Teoria Crítica.

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Sociologia

3. Uma obra de arte pode denominar-se revolucionária se, em virtude da transformação estética,
representar, no destino exemplar dos indivíduos, a predominante ausência de liberdade, rompendo
assim com a realidade social mistificada e petrificada e abrindo os horizontes da libertação. Esta tese
implica que a literatura não é revolucionária por ser escrita para a classe trabalhadora ou para a
“revolução”. O potencial político da arte baseia-se apenas na sua própria dimensão estética. A sua
relação com a práxis (ação política) é inexoravelmente indireta e frustrante. Quanto mais
imediatamente política for a obra de arte, mais reduzidos são seus objetivos de transcendência e
mudança. Nesse sentido, pode haver mais potencial subversivo na poesia de Baudelaire e Rimbaud que
nas peças didáticas de Brecht.
(Herbert Marcuse. A dimensão estética, s/d.)
Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de arte caracteriza-se por
a) apresentar conteúdos ideológicos de caráter conservador da ordem burguesa.
b) comprometer-se com as necessidades de entretenimento dos consumidores culturais.
c) estabelecer uma relação de independência frente à conjuntura política imediata.
d) subordinar-se aos imperativos políticos e materiais de transformação da sociedade.
e) contemplar as aspirações políticas das populações economicamente excluídas.

4. “A tendência de a maioria da população aceitar e aderir ao impulso da sociedade industrial não a torna
“menos irracional”. Isso se manifesta quando o interesse “imediato” supera o “interesse real” e a pessoa
já não sente a “necessidade de modificar seu estilo de vida, de negar o positivo, de recusar”. O que
caracteriza a sociedade industrial avançada é essencialmente o fato de esta criar certas necessidades,
expandir a entrega de mercadorias e usar a conquista científica sobre a natureza “para conquistar o
homem cientificamente”.”
(MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p. 17).
A passagem acima, acrescida da leitura e compreensão do texto do autor, permite afirmar:
a) Na sociedade industrial, o universo tecnológico é incompatível com o universo político.
b) O ambiente tecnológico aprofunda a distância entre “cultura, política e economia”.
c) No plano teórico, é impossível fazer com que o aparato produtivo da sociedade seja voltado
apenas para a satisfação “de necessidades vitais”.
d) O totalitarismo é incompatível com um sistema econômico “de produção e distribuição”, que
funciona à base do pluralismo de ideias, partidos políticos, liberdade de imprensa.
e) O progresso técnico testemunha a “falta de liberdade confortável”.

5. “Em troca dos artigos que enriquecem sua vida, os indivíduos vendem não só seu trabalho, mas
também seu tempo livre. As pessoas residem em concentrações habitacionais e possuem automóveis
particulares com os quais já não podem escapar para um mundo diferente. Têm gigantescas geladeiras
repletas de alimentos congelados. Têm dúzias de jornais e revistas que esposam os mesmos ideais.
Dispõem de inúmeras opções e inúmeros inventos que são todos da mesma espécie, que as mantêm
ocupadas e distraem sua atenção do verdadeiro problema, que é a consciência de que poderiam
trabalhar menos e determinar suas próprias necessidades e satisfações”.
(Herbert Marcuse, filósofo alemão, 1955.)
Caracterize a noção de liberdade presente no texto de Marcuse, considerando a relação estabelecida
pelo autor entre liberdade, progresso técnico e sociedade de consumo.

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Sociologia

6. A maioria das necessidades comuns de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o que os
outros amam e odeiam pertence a essa categoria de falsas necessidades. Tais necessidades têm um
conteúdo e uma função determinada por forças externas, sobre as quais o indivíduo não tem controle
algum.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada Escola de Frankfurt, tais forças externas são
resultantes de
a) aspirações de cunho espiritual.
b) propósitos solidários de classes.
c) exposição cibernética crescente.
d) interesses de ordem socioeconômica.
e) hegemonia do discurso médico-científico.

7. Segundo o sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (1898–1979), a sociedade de massas tem o
consumo como seu ideal de vida, limitando seus horizontes e aspirações à posse de bens materiais,
como automóveis e eletroeletrônicos. Podemos afirmar corretamente que a sociedade de massas
surgiu
a) no início do século XX, quando a Segunda Revolução Industrial acelerou o processo de
urbanização, favorecendo a formação de mercados produtores e consumidores na Europa e nos
Estados Unidos.
b) no século XVII, quando a ascensão do pensamento Iluminista popularizou o acesso aos livros,
provocando o desenvolvimento da razão e do pensamento crítico das classes populares.
c) na Idade Moderna, quando, ao retirar Deus do centro das preocupações humanas, o Humanismo
provocou a valorização do individualismo, enfraquecendo os laços comunitários.
d) na Grécia antiga, quando o crescimento da população e o surgimento da filosofia forçaram a
reformulação da legislação e a extensão dos direitos civis para todas as classes sociais.
e) no final da Idade Média, quando as alterações climáticas provocaram a queda da produção
agrícola, o êxodo rural e o surgimento da classe operária.

8. Os reality shows são hoje para a classe mais abastada e intelectualizada da sociedade o que as novelas
eram assim que se popularizaram como produto de cultura massificada: sinônimo de mau gosto. Com
uma maior aceitação das novelas na esfera dos críticos da mídia, o reality show segue agora como
gênero televisivo mundial, transmitido em horário nobre, e principal símbolo da perda de qualidade do
conteúdo televisivo na sociedade pós-moderna. Os reality shows personificam as novas formas de
identificação dos sujeitos nas sociedades pós-modernas. Programas como o BBB são movidos pelas
engrenagens de uma sociedade exibicionista e consumista, que se mantém vendendo ao mesmo
tempo a proposta de que cada um pode sair do anonimato e conquistar facilmente fama e dinheiro.
(Sávia Lorena B. C. de Sousa. O reality show como objeto de reflexão cultural. observatoriodaimprensa.com.br)
Sobre a relação entre os meios de comunicação de massa e o público consumidor, é correto afirmar
que:
a) a qualidade da programação da tv não é condicionada pelas demandas e desejos dos
consumidores culturais.
b) o reality show é uma mercadoria cultural relacionada com processos emocionais de seu público.
c) os critérios estéticos independem do nível de autonomia intelectual dos consumidores.
d) no caso dos reality shows, a televisão estimula a capacidade de fruição estética do público
consumidor.
e) os programadores priorizam aspectos formativos relegando o entretenimento a uma condição
secundária.

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Sociologia

9. A razão instrumental – que Adorno, Marcuse e Horkheimer também designaram com a expressão razão
iluminista – nasce quando
a) ideologia cientificista dissimula a origem e a finalidade das pesquisas científicas.
b) o senso comum faz uso da tecnologia e dos objetos técnicos criados pela ciência.
c) as ciências humanas criam métodos específicos para o estudo de seus objetos, livrando-se das
explicações mecânicas de causa e efeito.
d) as ciências humanas, graças ao marxismo, passam a compreender que as mudanças históricas
não resultam de ações súbitas, mas de lentos processos sociais, econômicos e políticos.
e) o sujeito do conhecimento toma a decisão de que conhecer é dominar e controlar a natureza e os
seres humanos.

10. Reunidos na Escola de Frankfurt, filósofos alemães (Adorno, Marcuse, Horkheimer) descreveram a
racionalidade ocidental como instrumentalização da razão. A ideia de razão instrumental pressupõe
uma:
a) transformação de uma ciência em ideologia cientificista.
b) análise neutra e imparcial da natureza e da sociedade.
c) forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros.
d) ciência transparente e desmistificada.
e) aplicação de novos saberes e descobertas ao progresso material

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Gabarito

1. A
De acordo com o pensamento de Marcuse e com o trecho citada nesta questão observamos que o triunfo
da razão instrumental é abordado, fundamentalmente, como algo que acaba suprimindo a liberdade
humana e o prazer na vida dos homens, tornando-se, nessa mesma medida, na forma mais extrema de
totalitarismo. Portanto, de acordo com Marcuse a sociedade racional é aquela que, paradoxalmente,
enterra a ideia de razão. Por isso, a alternativa correta é a letra (a).

2. B
A Escola de Frankfurt é uma corrente do pensamento focada em estudos sociais com abordagem
multidisciplinar. Seus estudos têm um tom crítico, onde são apontados os problemas e as consequências
do avanço tecnológico condicionado ao impulso racional iluminista de dominação sobre a natureza e à
lógica de mercado do capitalismo. Alguns autores apontam possíveis soluções para os problemas
sociais que pesquisam, outros não.

3. C
O potencial revolucionário de uma obra de arte não se mede por uma imediata abordagem temática sobre
política. Ela será mais libertária quanto mais for capaz de romper com a cristalizada política mundana. A
arte deveria transcender os limites do comum ou do real e seria, por isso mesmo, revolucionária.

4. E
O Progresso técnico é visto por Marcuse a partir de um ponto de vista bastante crítico, que nos faz
perceber que ele traz consigo o estímulo a formas de vida repetitivas, dentro das quais o consumo é
supervalorizado, enquanto perdemos a nossa liberdade e o nosso senso crítico. Apesar disso, a falta de
liberdade torna-se confortável e a simples obediência aos padrões acaba sendo incorporada por todos,
ainda que inconscientemente. Nesse sentido, a alternativa correta é a letra (e), pois afirma que “O
progresso técnico testemunha a “falta de liberdade confortável”.”

5. Marcuse faz uma breve descrição da vida moderna (especialmente no contexto do pós-guerra, mas vale
também para a nossa vida contemporânea) para caracterizar a sociedade que daí emerge como baseada
no consumo. Neste sentido, o progresso técnico funciona como uma mola propulsora desta sociedade,
retroalimentando-a, criando produtos para suprir novas necessidades. Este mundo, que se apresenta ao
indivíduo como dado, não lhe proporciona outras escolhas que não aquelas que façam parte da
engrenagem da sociedade. E aí reside a contradição deste modelo, pois ele se apresenta como produto
da liberdade dos indivíduos, dando a falsa impressão de que vivemos num mundo no qual temos acesso
a todo tipo de opinião e no qual também podemos expressar a nossa, quando na verdade apenas
reproduzimos e vemos reproduzidos os ideais que sustentam o consumo e a sociedade que se baseia
nele. Deste modo, a noção de liberdade presente no texto estaria na tomada de consciência pelo
indivíduo de sua real situação dentro desta sociedade de consumo e, a partir daí sim, ele poderia fazer
suas próprias escolhas baseadas nas “suas próprias necessidades e satisfações”. Somente assim o
indivíduo seria capaz de desfrutar plenamente de sua liberdade.

6. D
Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada Escola de Frankfurt, tais forças externas são
resultantes de interesses de ordem socioeconômica, produzidas ideologicamente pelo sistema
capitalista para dar vazão a sua lógica de produção infinita e lucro ilimitado.

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Sociologia

7. A
Na sociedade de massa, a maioria da população está envolvida na produção, comercialização e consumo
de bens e serviços. Esse tipo de sociedade surgiu com a Segunda Revolução Industrial e está
intimamente relacionada ao processo de urbanização do início do século XX.

8. B
Quando a autora do texto diz que “os reality shows personificam as novas formas de identificação dos
sujeitos nas sociedades pós-modernas” e que “programas como o BBB são movidos pelas engrenagens
de uma sociedade exibicionista e consumista, que se mantém vendendo ao mesmo tempo a proposta
de que cada um pode sair do anonimato e conquistar facilmente fama e dinheiro”, ela deixa claro que o
reality show é mais uma mercadoria da Indústria Cultural capaz de controlar e sugerir processos
emocionais ao seu público.

9. E
A razão instrumental é baseada no projeto iluminista de conquista e dominação do meio em que se vive
pela racionalidade. Consiste em uma abordagem hiper-racional, porém, não reflexiva acerca dos meios
pelos quais se alcança os fins. Trata-se da operacionalização da racionalidade em busca de um
determinado fim, tornando-se um instrumento de opressão e dominação.

10. A
O projeto iluminista de emancipação humana é substituído por uma concepção de superioridade do
conhecimento científico frente a outras formas de racionalidade, dado seu rigor e método. A ideologia
cientificista e a crença dogmática na superioridade do método científico imunizam a razão de críticas,
atrofiando a reflexão sobre os meios pelos quais chega a seus fins.

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Sociologia

Mídia e sociedade

Resumo

O que é mídia?
Para começarmos a compreender as relações entre mídia e sociedade, primeiramente devemos atentar para
o significado da palavra “mídia”. Chamamos de mídia os veículos de um sistema de comunicação social,
dentre os quais podemos citar as emissoras de rádio e TVs, revistas, jornais e a internet. No dicionário a
definição de mídia pode ser encontrara como: “Toda estrutura de difusão de informações, notícias,
mensagens e entretenimento que estabelece um canal intermediário de comunicação não pessoal, de
comunicação de massa, utilizando-se de vários meios, entre eles jornais, revistas, rádio, televisão, cinema,
mala direta, outdoors, informativos, telefone, internet etc.”
Podemos dizer, em sentido lato, que mídia é o meio pelo qual qualquer informação é passada. Entretanto,
num sentido estrito, a palavra mídia é usada para designar meios não pessoais de comunicação, ou seja, que
fazem o papel de intermediário entre a informação ou fato e o receptor da mensagem.

Uma breve contextualização da mídia


A comunicação humana passou por várias etapas: inicialmente ela se dava através do corpo; posteriormente,
acabou sendo incorporada pela comunicação pela fala; a comunicação pela fala, na sequência, foi
incorporada pela comunicação através da escrita; esta última, por sua vez, acabou sendo absorvida pela
Imprensa; por fim, a Imprensa foi seguida da era das telecomunicações.
Cada uma das etapas da comunicação humana descritas acima representou não o abandono da etapa
anterior, mas sim sua incorporação e integração num novo sistema de comunicação social. O que é
importante notarmos é que as revoluções dos meios de comunicação como, por exemplo, a invenção da
Imprensa no século XV, levaram a mudanças nas próprias sociedades do ponto de vista cultural e civilizatório.
Nesse sentido, entender as mudanças operadas nos meios de comunicação nos leva a compreender melhor
o próprio comportamento humano em sociedade. Vejamos um exemplo do fenômeno que agora estamos
descrevendo: A Reforma Protestante, deflagrada por Lutero em 1517, teve uma grande recepção na população
letrada da Alemanha que, a partir da circulação de panfletos impressos, entrou em contato com as ideias
protestantes.

O problema da (im)parcialidade
Como observado por alguns pensadores, a mídia é mais que o ambiente por onde uma mensagem é
transmitida, pois influencia comportamentos e percepções. Ao transmitir uma informação, a mídia produz
uma alteração (algumas vezes não intencional, outras nem tanto) da mensagem, pois ela passará por um
processo de interpretação e adequação do conteúdo. Esse processo nunca é isento, chegando à observação
de que o meio determina a mensagem e não o contrário.
Outro ponto interessante de se pensar é o do controle da mídia. Na nossa sociedade a mídia é resultado do
empreendimento de algumas pessoas. Alguns países têm maior pluralidade midiática, outros acabam
observando a formação de oligopólios. Essas empresas, em última instância, são guiadas por dois
parâmetros: o lucro (como absolutamente toda empresa no sistema capitalista); e os interesses de seus
proprietários. Por mais que se arrogue imparcial, nenhum dono de uma instituição de mídia permitiria, sem
pesar, que seu meio de comunicação produzisse informações que contrariassem não só seus interesses, mas
sua visão de mundo.

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Sociologia

Como importante veículo de comunicação, a mídia numa sociedade se configura como uma das detentoras
da narrativa sobre a vida em geral. É essa importante característica dos meios de comunicação em massa
que permite o surgimento da indústria cultural. As pessoas se informam e se entretêm majoritariamente pelos
meios de comunicação em massa que selecionará o que será dito e o que não será dito, moldando a
discussão e a opinião pública sobre diversos assuntos. Esse é o caráter dominador da mídia, que detém um
grande poder sobre as pessoas limitando, e muitas vezes, definindo sua cultura. A mídia é um dos principais
instrumentos de disseminação da ideologia dominante e de exercício de poder simbólico.

Mídia como “quarto poder”


O problema que tratamos anteriormente se estende perigosamente para o campo político. O papel da mídia
na política brasileira é de destaque. Além da capacidade de influenciar o comportamento da sociedade, a
mídia também consegue interferir nas ações dos governos. Isso significa uma extrapolação da função de
levar informação ao povo. Muitas vezes a mídia atua para construir ou destruir a credibilidade de políticos, de
acordo com os interesses de seus controladores.
Essa capacidade de manipulação e influência sobre escolhas e comportamento levou à expressão “quarto
poder”, para se referir à mídia em relação aos outros três poderes do Estado democrático e sua atuação do
campo político.
A televisão é hoje o principal meio de comunicação em massa no Brasil (não se engane, 60% dos brasileiros
tem acesso à internet e muitas vezes de modo limitado e precário, contra 97% de domicílios com televisão).
Essa difusão é utilizada pelos políticos como forma de conseguir apoio popular. Embora seja proibido pela
Constituição, dados apontam que muitos políticos têm vínculos com a mídia. Pesquisas realizadas apontaram
para o número de 53 deputados federais e 27 senadores com algum tipo de controle sobre veículos de
comunicação entre 2007 e 2010. Isso dá 10% da Câmara e um terço do Senado. Estima-se que na mesma
época, 128 emissoras de televisão e 1765 retransmissoras estavam nas mãos de políticos.
Na história do Brasil há vários casos onde, a despeitos dos fatos, a mídia manipulou a informação para
produzir sua própria narrativa sobre a realidade. A cobertura sobre as diretas já foi um dos exemplos mais
notáveis. Em 1984 milhares de pessoas se reuniram na Praça da Sé, Em São Paulo, para pedir eleições diretas.
Apesar disso, o noticiário de uma grande emissora apresentou o movimento como o de comemorações pelo
aniversário da cidade. Em 1989 a edição do debate presidencial para ser exibido nos noticiários também foi
considerada tendenciosa, além da mudança repentina do instituto de pesquisa sobre a eleição, porque esse
apresentava dados mais favoráveis ao candidato supostamente preferido da emissora. Por extensão,
também é possível pensar no papel da mídia na narrativa sobre os diversos eventos recentes no Brasil. Pense
sobre o papel da mídia em operações como a Lava-Jato ou na ação de movimentos sociais, dos mais
tradicionais até os mais novos e espontâneos, como os de 2013 e os de 2020 no Brasil e no mundo.
O que podemos concluir é que frequentemente a mídia extrapola os limites e princípios estabelecidos na
Constituição e interfere de maneira não regulada na esfera política, justificando o termo “quarto poder”.

Novo século, novos problemas: o fenômeno das fake news


No século XXI o que observamos é o enorme crescimento da mídia digital, numa era em que as informações
são transmitidas em tempo real, em que a internet diminuiu fronteiras e distâncias entre nações, o que
constitui uma grande transformação na forma como as pessoas se comunicam e na forma através da qual
se informam. No entanto, é importante ressaltar que a mídia também é utilizada frequentemente para divulgar
falsas notícias - os famosos “fake news” -, assim como para manter falsos estereótipos, preconceitos, e para
vender produtos apelando para uma aparência que, muitas vezes, pode ser enganadora. Um outro fator
importante presente no século XXI e que diz respeito à relação entre mídia e sociedade é o fato de que, cada
vez mais, as redes sociais influenciam na escolha políticas de eleitores ao redor do mundo.

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Sociologia

Trata-se de uma ferramenta importante, atualmente, para que candidatos expressem suas opiniões e
divulguem suas ideias para a grande massa, o que não dá para ser desconsiderado do ponto de vista político
se analisarmos que muitos votos, hoje em dia, são conquistados justamente nas redes sociais.
Em comparação ao efeito nocivo da grande mídia para o Estado democrático, as fake News são muito mais
perigosas. Os grandes veículos de mídia, apesar de apresentar uma visão parcial da realidade, tem uma
reputação a zelar, sem a qual sua manutenção é prejudicada. Além disso, um grande veículo pode ser cobrado
de seus posicionamentos, ter seus erros apontados e ser confrontado. Outro aspecto importante é pensar
que a imparcialidade, apesar de ser um ideal necessário e constante na atuação midiática, é impraticável, o
que torna sua exigência uma impossibilidade. O debate sobre a atuação da mídia na democracia tem se
desviado para um outro horizonte, o da transparência.
As fake News, por outro lado, são comumente mentiras intencionais organizadas sistematicamente para
influenciar o comportamento e as escolhas das pessoas. Tornaram-se um eficaz mecanismo de manipulação
de eleições. Isso porque seus responsáveis são difíceis de achar, ela se espalha com muito mais rapidez e
ela conta com a confiança entre as pessoas. A fake News subverte as relações entre os indivíduos, utilizando
a confiança que temos uns nos outros para espalhar mentiras.
Com a grande velocidade com que notícias são espalhadas nos dias atuais pelas redes sociais, faz-se
necessário refletir anteriormente sobre a veracidade de tais informações, o que pode contribuir para a
construção de uma sociedade que, além de valorizar a velocidade, também tem apreço pela verdade e pela
reflexão crítica. Tanto na relação com a mídia tradicional quanto no uso de novas mídias, é urgente discutir a
forma como nós, indivíduos, nos relacionamos com a informação.

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Sociologia

Exercícios

1. [...] Como observam os pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados da Cultura da Universidade


de Virgínia, os executivos globais que entrevistaram “vivem e trabalham num mundo feito de viagens
entre os principais centros metropolitanos globais – Tóquio, Nova York, Londres e Los Angeles. Passam
não menos do que um terço de seu tempo no exterior. Quando no exterior, a maioria dos entrevistados
tende a interagir e socializar com outros globalizados... Onde quer que vão, hotéis, restaurantes,
academias de ginástica, escritórios e aeroportos são virtualmente idênticos. Num certo sentido
habitam uma bolha sociocultural isolada das diferenças mais ásperas entre diferentes culturas
nacionais... São certamente cosmopolitas, mas de maneira limitada e isolada.” [...] A mesmice é a
característica mais notável, e a identidade cosmopolita é feita precisamente da uniformidade mundial
dos passatempos e da semelhança global dos alojamentos cosmopolitas, e isso constrói e sustenta
sua secessão coletiva em relação à diversidade dos nativos. Dentro de muitas ilhas do arquipélago
cosmopolita, o público é homogêneo, as regras de admissão são estrita e meticulosamente (ainda que
de modo informal) impostas, os padrões de conduta precisos e exigentes, demandando conformidade
incondicional. Como todas as “comunidades cercadas”, a probabilidade de encontrar um estrangeiro
genuíno e de enfrentar um genuíno desafio cultural é reduzida ao mínimo inevitável; os estranhos que
não podem ser fisicamente removidos por causa do teor indispensável dos serviços que prestam ao
isolamento e autocontenção ilusória das ilhas cosmopolitas são culturalmente eliminados – jogados
para o fundo “invisível” e “tido como certo”.
(BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 53-55.)
De acordo com o texto, é correto afirmar que a globalização estimulou
a) a disseminação do cosmopolitismo, que rompe as fronteiras étnicas, quando todos são viajantes.
b) um novo tipo de cosmopolitismo, que reforça o etnocentrismo de classe e de origem étnica.
c) a interação entre as culturas nativas, as classes e as etnias, alargando o cosmopolitismo dos
viajantes de negócio.
d) o desenvolvimento da alteridade através de uma cultura cosmopolita dos viajantes de negócios.
e) a emergência de um novo tipo de viajantes de negócios, envolvidos com as comunidades e culturas
nativas dos países onde se hospedam.

2. Observe a imagem a seguir.

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Sociologia

As escolhas que o indivíduo faz têm base na imagem do mundo vendida por algumas instituições e
grupos dominantes da sociedade. A imagem apresenta a contribuição dos meios de comunicação para
a propagação de determinadas ideologias. Considerando essas informações, é correto afirmar que:
a) Os governos autoritários na história do Brasil contribuíram para o desenvolvimento de boa parte
das ideologias dominantes.
b) Os meios tecnológicos tornaram a reprodução das obras de arte em escala industrial os quais, para
os sociólogos, possibilitaram a democratização e a não banalização da arte.
c) O papel da televisão no Brasil é de importância fundamental, pois trata-se de um instrumento de
conscientização crítica dos sujeitos contra a imposição das propagandas consumidoras.
d) A concorrência entre os meios de comunicação contribui para a reflexão e a criticidade, as quais
possibilitam transformar a sociedade no nível macro e sem interferência dos grupos dominantes.
e) A ideologia de classe é parte da cultura de massa e, por isso, só permite a atuação dos grupos
dominados em movimentos sociais que buscam reproduzir as ideias existentes na sociedade.

3. Jovens preferem internet à TV


Estudo realizado em dez países e publicado nesta quarta-feira indica que, pela primeira vez, os jovens
europeus disseram preferir a internet à televisão. De acordo com o estudo, há 169 milhões de
internautas nos países que foram pesquisados: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Espanha,
Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia e Noruega – que passam em média 12,7 horas na rede. Os mais
conectados são os italianos (13,6 horas em média), e os menos conectados são os holandeses (9,8
horas). Além disso, 82% dos jovens (16-24 anos) utilizam a internet, contra 77% que admitem ver
televisão. O estudo também mostra um aumento anual de 12% do número de pessoas de mais de 55
anos que utilizam a internet. Para 83% dos usuários, a internet se tornou imprescindível em suas vidas,
e 32% têm a mesma opinião sobre o correio eletrônico. A maioria admite passar menos tempo na frente
da televisão para se dedicar à internet.
France Presse. "Jovens europeus preferem internet à televisão." Folha on line, 6.12.07. Disponível em:
<www1.folhauol.coom.br/folha/informatica/ult124u352247.shtml>. Acesso em: 11 dez. 2007. Adaptado.
Toda sociedade passa por transformações nas suas relações de maneira abrupta ou em um longo
processo histórico-social. Muitos sociólogos afirmam que essas mudanças são necessárias ao
reordenamento das interações. Essas são causadas por muitos aspectos classificados como naturais
ou socioculturais. No texto, percebe-se uma dessas causas de mudança social. Sobre essa causa, é
correto afirmar que
a) é determinada por cataclismos naturais, que alteram, de maneira permanente ou provisória, a
organização e as estruturas das relações sociais no grupo.
b) tem origem em aspectos biológicos e trouxe profundas transformações nas sociedades coloniais
do século XV, pois o contato do nativo com as epidemias e microrganismos circulantes na Europa
provocou aumento da mortalidade de populações tribais.
c) é parte da cultura de uma sociedade e pode ser definida como o conhecimento da manipulação do
meio físico, que contribui com a manutenção dos grupos sociais.
d) nas sociedades antigas, a ausência dessa causa provocou a extinção da cultura desses grupos
humanos, como na sociedade egípcia.
e) ela se desenvolveu no século XVIII, com as Grandes Navegações, pois, antes desse período, a
humanidade possuía uma visão restrita de mudança de suas condições sociais por meio de sua
relação com a natureza e com os outros sociais humanos.

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Sociologia

4. Nosso conhecimento científico “está começando a nos capacitar a interferir diretamente nas bases
biológicas ou psicológicas da motivação humana, por meio de drogas ou por seleção ou engenharia
genética, ou usando dispositivos externos que interferem no cérebro ou nos processos de
aprendizagem”, escreveram recentemente os filósofos Julian Savulescu e Ingmar Persson. […] James
Hughes, especialista em bioética […], defendeu o aprimoramento moral, afirmando que ele deve ser
voluntário e não coercitivo. “Com a ajuda da ciência, poderemos descobrir nossos caminhos para a
felicidade e virtude proporcionadas pela tecnologia”.
Hillary Rosner. “Seria bom viver para sempre?” Disponível em: <www.sciam.com.br>, outubro de 2016.
As possibilidades tecnológicas descritas no texto permitem afirmar que
a) o aprimoramento visado pelos pesquisadores desvaloriza o progresso técnico no campo neuro
científico.
b) tais interferências técnicas somente seriam possibilitadas sob um regime político totalitário.
c) ideais espiritualistas de meditação permitem concentração intensa da mente.
d) o caráter voluntário dos experimentos elimina a existência de controvérsias de natureza ética.
e) os recursos científicos estão direcionados ao aperfeiçoamento técnico da espécie humana.

5. As novas tecnologias da informação e comunicação tornaram-se uma realidade nas relações sociais
contemporâneas e contribuem para a maior integração das pessoas neste início do século XXI. Sobre
as alterações nas práticas culturais decorrentes dessas novas tecnologias informacionais, é correto
afirmar:
a) As pessoas deixaram de contatar as redes sociais já consolidadas e as substituíram por encontros
presenciais realizados por meio da rede mundial de computadores.
b) As dinâmicas das culturas vinculadas à virtualidade dos meios de comunicação consolidam a
cultura popular em detrimento da cultura de massa e da indústria cultural.
c) A violência urbana impede que sejam ampliadas as redes e grupos sociais tradicionalmente
vinculados ao capitalismo, o que intensifica o uso convencional dos serviços dos correios.
d) A educação e a religião estão apartadas do processo de utilização de mídias eletrônicas, e isso
causou o afastamento das pessoas das lutas por causas sociais mais amplas.
e) As novas tecnologias de informação e comunicação têm sido utilizadas nas ações coletivas de
pessoas envolvidas com as demandas dos movimentos sociais.

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Sociologia

6. O vídeo Kony 2012 tornou-se o maior sucesso da história virtual, independente da polêmica causada
por ele. Em seis dias, atingiu a espantosa soma de 100 milhões de espectadores, aproximadamente.
No primeiro dia na internet, o vídeo foi visto por aproximadamente 100.000 visitantes.
PETRY, A. O mocinho vai prender o bandido... e 100 milhões de jovens querem ver. Veja, ano 45, n. 12, 2.261. ed. 21 mar.
2012. Adaptado.
A internet revelou-se um poderoso instrumento para a ação política de ONGs e de movimentos sociais.
A respeito das formas de expressão de necessidades coletivas no mundo globalizado, assinale a
alternativa correta.
a) As ONGs e os novos movimentos sociais têm como característica comum a construção de
estruturas hierarquizadas e rígidas para a realização das lutas coletivas.
b) Como toda luta política, a conquista do poder de Estado é o referencial a partir do qual se constroem
as ações das novas reivindicações coletivas de ONGs e movimentos sociais.
c) Demandas ligadas ao trabalho perderam sua importância para as novas lutas coletivas expressas
pelas ONGs e pelos recentes movimentos sociais.
d) Nas novas lutas coletivas há o predomínio dos novos sujeitos sociais, os grupos sociologicamente
minoritários, com um projeto definido e uniforme de construção da sociedade.
e) O ativismo de ONGs e de movimentos sociais nas redes virtuais diversifica as agendas políticas e
as práticas que buscam inovar o modo de fazer política.

7. Chamamos de comunidade a uma relação social na medida em que a orientação da ação social – seja
no caso individual, na média ou no tipo ideal – baseia-se em um sentido de solidariedade: o resultado
de ligações emocionais ou tradicionais dos participantes.
WEBER, Max. Conceitos básicos de sociologia. São Paulo: Centauro, 2000. p. 71.
Esse conceito sociológico é importante para se compreender a formação das comunidades virtuais
(Orkut, Facebook, Twitter etc.), que se constituem em agrupamentos humanos formados no
ciberespaço. Sobre esse assunto, qual das alternativas contém um aspecto do conceito de comunidade
que não pode ser aplicado à formação de agregados virtuais?
a) Ligação ao sentimento de comunidade.
b) Atitude cooperativa.
c) Forma própria de comunicação.
d) Emergência de um projeto comum.
e) Pertencimento territorial.

8. A internet é uma grande teia


Onde estamos todos plugados
Com propósitos variados;
(Às vezes, propósito algum...)

A poesia é uma grande teia,


E por ela os apaixonados
Acabam sempre interligados;
(Com alguma coisa incomum...)

Se um desses poetas da web


A um outro poeta recebe
[...],
Logo todos querem ser parte
Do grupo que promove a arte:
Da nossa "nação-poesia"!
PEKA, Ederson. Adaptado.

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Sociologia

O texto faz referência ao meio usado pelas pessoas para serem estabelecidas associações com
objetivos bem definidos. Todas as alternativas a seguir apresentam uma característica dessa forma de
vínculo entre os indivíduos, exceto
a) homogeneidade.
b) pequenez.
c) autossuficiência.
d) nitidez.
e) hierarquização.

9. O desenvolvimento da indústria cultural no Brasil ocorreu paralelamente ao desenvolvimento


econômico e teve como marco a introdução do rádio, na década de 1920, da televisão, na década de
1950, e, recentemente, nos anos de 1990, da internet.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 190.
Acerca do assunto tratado no trecho apresentado, assinale a alternativa correta.
a) A indústria cultural no Brasil é homogênea por causa da conscientização da população.
b) As novelas da televisão brasileira são instrumentos de alienação da indústria cultural, pois levam
os espectadores a desejarem bens materiais fora de sua realidade social.
c) A população brasileira é influenciada pelo cinema, pois todos têm acesso a esse instrumento de
produção cultural.
d) A televisão é o meio de comunicação com menor poder de alienação no Brasil.
e) A publicidade das empresas brasileiras funciona como um informativo sobre produtos oferecidos
no mercado consumidor. O objetivo desse instrumento é criar um sujeito crítico e reflexivo que
combata a alienação cultural.

10. A caixa de pandora tecnológica penetra nos lares e libera suas cabeças falantes, astros, novelas,
noticiários e as fabulosas, irresistíveis garotas-propaganda, versões modernizadas do tradicional
homem-sanduíche.
SEVCENKO, N. (Org). História da Vida Privada no Brasil 3. República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Cia das
Letras, 1998.
A TV, a partir da década de 1950, entrou nos lares brasileiros provocando mudanças consideráveis
nos hábitos da população. Certos episódios da história brasileira revelaram que a TV, especialmente
como espaço de ação da imprensa, tornou-se também veículo de utilidade pública, a favor da
democracia, na medida em que
a) amplificou os discursos nacionalistas e autoritários durante o governo Vargas.
b) revelou para o país casos de corrupção na esfera política de vários governos.
c) maquiou indicadores sociais negativos durante as décadas de 1970 e 1980.
d) apoiou, no governo Castelo Branco, as iniciativas de fechamento do parlamento.
e) corroborou a construção de obras faraônicas durante os governos militares

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Sociologia

Gabarito

1. B
A globalização, em vez de estimular as relações culturais, criou algo que Castells chamou de sociedade
em rede. Neste tipo de sociedade as pessoas deslocam-se pelos locais mais distantes, mas sempre
encontrando o mesmo tipo de espaço, pessoas e relações sociais que têm em seu ponto de origem. Surge
um novo tipo de etnocentrismo, o do cidadão global, que apesar de percorrer o mundo só consegue
enxergá-lo dentro de uma ótica limitada e cosmopolita, baseada na vivência de hotéis, aeroportos,
shoppings e escritórios, iguais em todos os lugares. A alternativa que corresponde a isto é a B.

2. A
Os meios de informação e, por conseguinte, a informação gerada são mecanismos por meio dos quais
se obtém ou se amplia o poder no Estado. Ao mesmo tempo, são também criadores de vontades e de
desejos nas pessoas ao sinalizar um tipo específico de mundo a ser almejado.
A alternativa A está correta, pois o Brasil, tendo uma história de governos autoritários, tornou-se um país
de forte viés autoritarista. A alternativa B está incorreta porque a produção da arte em escala industrial
contribuiu para sua banalização. A alternativa C está incorreta porque a televisão, na verdade, é uma
difusora das propagandas. A alternativa D está incorreta porque os meios de comunicação pertencem a
grupos dominantes e podem difundir conteúdos de acordo com suas vontades.
A alternativa E está incorreta porque a cultura de massa acaba por destruir a ideologia de classe nas
pessoas, contribuindo para a alienação política. Portanto, a alternativa correta é a A.

3. C
A causa apontada no texto é a internet, uma nova tecnologia que aumentou as possibilidades de interação
entre as pessoas e criou também possibilidades para a comunicação de massa, acontecendo mudanças
sociais por motivos de origem sociocultural.
a) e b) Incorretas. A internet não tem ligação com elementos naturais ou biológicos, mas sim com a
técnica humana.
c) Correta. Atribui a mudança social a elementos culturais da sociedade, tal qual acontece com o contexto
da internet.
d) Incorreta. Existia comunicação nas sociedades antigas, ainda que de modo diverso.
e) Incorreta. As Grandes Navegações ocorreram no século XVI e, novamente, são retomadas questões
afeitas à natureza e não às relações sociais.

4. E
O texto do enunciado permite discutir sobre as descobertas recentes no campo tecnológico direcionadas
ao aperfeiçoamento técnico da espécie humana. Por meio de dispositivos externos, os caminhos para
buscar a felicidade e o bem-estar poderão ser percorridos mais facilmente.

5. E
a) Incorreta. As pessoas continuam a usar largamente as redes sociais.
b) Incorreta. A cultura popular continua a ter dificuldade de se afirmar frente à cultura de massa e a
indústria cultural.
c) Incorreta. A violência urbana não tem papel inibidor nas redes e grupos sociais, muitos dos quais
acabam se formando justamente por conta dela.
d) Incorreta. Tanto a educação quanto a religião encontram seu espaço nas mídias eletrônicas, que
atualmente são um novo espaço para estas discussões.
e) Correta. As novas tecnologias têm ampliado o papel das redes sociais na organização de eventos
relativos a demandas sociais, em muitos casos com mais efetividade que os modos tradicionais de
mobilização.

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Sociologia

6. E
a) Incorreta. A emergência dos novos movimentos sociais e, posteriormente, das ONGs, foi
caracterizada especialmente pela organização de estruturas de poder relativamente horizontalizadas
e fluidas, em comparação com as antigas formas de lutas coletivas. A redução das hierarquias e a
fluidez das mesmas estão entre as razões para se falar sobre um novo modo de fazer política.
b) Incorreta. A conquista do poder estatal diz respeito aos partidos políticos. Os novos movimentos
sociais e as ONGs, diferentemente, buscam ampliar a noção de política para além do Estado, e suas
reivindicações condensam tal perspectiva, como se observa, por exemplo, nos movimentos de
contracultura. Os referenciais culturais formam uma importante base a partir da qual se configuram
os novos sujeitos, o que é parte integrante das teorizações sobre os novos movimentos sociais.
c) Incorreta. Apesar de uma marcante presença das questões culturais nas novas lutas coletivas, os
novos sujeitos não descartam as reivindicações associadas ao trabalho. Considerem-se, por
exemplo, as demandas das mulheres, dos negros e dos gays ligadas às lutas pelo direito ao trabalho
decente.
d) Incorreta. O surgimento dos novos sujeitos sociais coloca em questão qualquer pretensão de um
projeto definido e uniforme de construção da sociedade. Diferentemente das pretensões
hegemônicas, o político define-se pela diversificação, ou fragmentação, dos projetos e dos ideais de
sociedade.
e) Correta. Em comparação com os modos tradicionais de fazer política, por exemplo, por intermédio
dos partidos políticos, o ativismo das ONGs e dos movimentos sociais possibilita ampla
diversificação da agenda e das práticas políticas. Essa diversificação é favorecida, nos últimos anos,
pela difusão do uso das redes virtuais. O tema da reportagem é um exemplo desse atual estado das
ações coletivas.

7. E
Nos agregados virtuais não existe o pertencimento territorial como regra, ainda que possa acontecer
como fato.
As outras quatro alternativas estão presentes na composição das comunidades virtuais, à semelhança
das características presentes nas comunidades tradicionais estudadas por Weber.

8. E
O exemplo apresentado na poesia coloca todos os participantes em situação de igualdade no grupo dos
poetas do ciberespaço, portanto não há hierarquização.
As demais características estão presentes no grupo, associadas respectivamente à semelhança entre os
membros (homogeneidade), tamanho do grupo (pequenez), gestão independente (autossuficiência) e
visibilidade (nitidez).

9. B
a) Incorreta. A população brasileira tem níveis de cultura e educação muito variados. Por conta disso, a
indústria cultural é bastante heterogênea.
b) Correta. As novelas apresentam um padrão de cultura e comportamento que gera desejos em
camadas sociais que não possuem acesso a muitos dos bens exibidos nas produções.
c) Incorreta. O cinema não alcança igualmente todas as regiões do país.
d) Incorreta. A televisão, devido a seu maior alcance, é um dos meios de comunicação com a maior
capacidade de alienar no país.
e) Incorreta. A publicidade tem o objetivo de criar desejos de consumo nas pessoas para que mais e
mais produtos sejam vendidos, não entrando no debate a questão de eles serem ou não necessários.

10. B
A TV tem desempenhado um importante papel levando ao público informações sobre casos de corrupção.
A TV também já ajudou a justificar regimes e a os combater. De certo, é um importante instrumento de
formação de opinião pública e divulgação de informações sobre o cenário político brasileiro.

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