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Enzimas de Restrição
Enzimas de Restrição
A partir da década de 1970, ficou mais fácil analisar a molécula de DNA com o isolamento da
enzimas de restrição. Estas enzimas são endonucleases, ou seja, no interior (daí o prefixo endo-
dentro) das moléculas de DNA, cortando-as em locais bem definidos.
O local do “corte”, o local de uma enzima, é conhecido como sítio alvo. Você pode perguntar por
que essa enzima não atua no DNA da própria bactéria? Isso não ocorre devido à existência de
outras enzimas protetoras, que impedem a ação das enzimas de restrição no material genético da
bactéria.
Cada molécula de DNA pode ser composta de várias repetições da sequência GAATTC ao longo de
toda sua extensão. Portanto ao contato com a ezima EcoRI a fita de DNA pode ser clivada
"cortada" em diversos lugares, gerando vários pedaços, de tamanhos diferentes.
Na década de 1980, passou-se a utilizar a técnica do PCR para fazer milhares de cópias de um
único pedaço de DNA. Essa técnica é usada em tubos de ensaio contendo o DNA e mais alguns
compostos necessários, como primers (DNAs iniciadores) e a enzima DNA polimerase (enzima
que faz a replicação do DNA).
Os primers são fitas de DNA, com mais ou menos 20 bases (A, T, C, G) complementares, isto é
se ligam por complementaridade ao início da sequência de DNA que se quer multiplicar. Quando
uma molécula de DNA vai ser multiplicada deve-se separar a dupla fita, formando assim duas fitas
diferentes mas complementares entre si. Cada fita servirá de molde para a duplicação, por isso,
precisamos de dois tipos de primers diferentes (veja a figura)
4. Cada fita simples do DNA que foi desnaturado serve de molde para a síntese de novas
cadeias complementares. Para isso resfria-se a 54ºC onde os primers se anelam ao início das duas
fitas simples, servindo de iniciadores para a enzima polimerase.
Como vimos no item anterior, os fragmentos de DNA formados com a ação das enzimas de
restrição possuem tamanhos diferentes. A técnica de separação dos fragmentos de DNA mais
utilizada é a eletroforese através de géis de agarose.
A agarose é um polissacarídeo (como ágar e pectina) que dissolve em água fervente e então
gelifica quando esfria como a gelatina. Para realizar uma eletroforese, um gel de agarose é
preparado, o DNA é introduzido em pequenos poços de gel, e então uma corrente elétrica é
aplicada através do gel. Como oDNA é negativamente carregado, ele é atraído pelo eletrodo
positivo. Entretanto, para chegar ao eletrodo positivo, o DNA deve migrar através do gel de
agarose.
Os fragmentos de DNA menores podem migrar através de um gel de agarose mais rapidamente
que os fragmentos de DNA maiores. A velocidade de migração de fragmentos de DNA lineares
através da agarose é inversamente proporcional a log10 de seus pesos moleculares.
É possível calcular o tamanho exato de um dado fragmento com base na sua razão de
migração. Após a eletroforese em gel, os fragmentos de DNA normalmente são corados com
brometo de etídeo, que possui afinidade pelo DNA e fluorece (torna-se visível) vivamente em
contato com a luz ultravioleta. Dessa forma pode-se localizar as bandas que correspondem ao
DNA. Os fragmentos de DNA podem, então, ser isolados e purificados a partir dos géis de agarose.
E agora? O que se faz com esses fragmentos de DNA?
A tecnologia do DNA recombinante
Cada fragmento de DNA, que foi clivado e separado do resto do material genético, contém um ou
mais genes. Lembre-se que cada gene origina uma proteína, portanto ao estudarmos o gene
estamos estudando a proteína que ele codifica.
Devemos introduzi-lo no material genético (no DNA) de um hospedeiro para que ocorra a
transcrição do gene, em mRNA, e a tradução em proteína.
O hospedeiro é um organismo que se multiplica (se reproduz) rapidamente, como por exemplo,
as bactérias. Quando as bactérias se reproduzem por bipartição elas transmitem ao seus “filhos” o
seu material genético, portanto se neste material conter o fragmento de DNA de estudo, em pouco
tempo teremos milhões de bactérias com o gene.
O plasmídio é o material genético circular não ligado ao cromossomo que fica espalhado pelo
hialoplasma das bactérias. Ele sofre o mesmo processo do DNA cromossomal de transcrição e
tradução, além de, se multiplicar a cada divisão celular, passando uma cópia para cada célula
“filha”.
O plasmídio é retirado das células bacterianas para que se possa inserir o gene de estudo, para
depois recolocá-lo na bactéria.
Para entendermos melhor vamos conhecer esse processo passo a passo (acompanhe na
figura):
1. Os pesquisadores querem estudar um gene humano que produz uma proteína que não se
sabe a função.
3. Esse fragmento de DNA contendo o gene é multiplicado por PCR para obtermos várias
cópias do mesmo fragmento (ou da mesma informação).
4. A mesma enzima que clivou o gene do DNA humano é utilizada para clivar o plasmídio
bacteriano. Lembre-se que o fragmento de DNA, ao ser clivado, gera pontas adesivas que
são complementares ao plasmídio se este for clivado com a mesma enzima.
Para realizar PCR são necessárias pequenas quantidades do DNA alvo, um tampão salino
contendo a polimerase, oligonucleótidos iniciadores, os quatro desoxinucleótidos constituintes
do DNA e o cofactor Mg2+. Esta mistura é submetida a vários ciclos de amplificação que
consistem em:
Desnaturação do DNA alvo pelo calor (tipicamente 1 minuto a 94-96ºC), de modo a
separar as duas cadeias
Associação dos iniciadores por ligações de hidrogénio ao DNA alvo em cadeia simples.
Para permitir essa associação, a mistura de reacção é arrefecida (tipicamente a
temperaturas entre 50 e 65ºC, durante 1 minuto; a temperatura a usar depende da % GC
da sequência a amplificar)
Extensão dos iniciadores através da síntese da cadeia complementar de cada cadeia
molde, catalisada pela DNA polimerase (tipicamente 1 minuto a 72ºC)
O processo envolvendo estes três passos, pode ser repetido várias vezes (25 a 30 ciclos) sendo
possível aumentar, em cada ciclo, duas vezes a concentração de DNA pré-existente (figura 2).
Em teoria, se for possível levar a cabo 25 ciclos de amplificação seguidos, a concentração de
DNA aumentaria 225 vezes embora, na prática, devido a alguma ineficiência no processo de
amplificação, esse aumento fique por um milhão de vezes.
Como na técnica de PCR se encontram envolvidos vários ciclos de amplificação, foi desenvolvido
equipamento que permite programar, de forma contínua e automatizada, os vários ciclos de
aquecimento e arrefecimento. Para tal ser concretizável, as DNA polimerases utilizadas deverão
ser termoestáveis, tendo tal sido conseguido com o isolamento da DNA polimerase da estirpe
termofílicaThermus aquaticus (Taq DNA polimerase) que actua a temperaturas elevadas
levando assim a um aumento da especificidade da reacção. De referir ainda que o produto de
PCR pode ser visualizado após electroforese em gel de agarose e o seu tamanho ser estimado
por comparação com padrões lineares de DNA.