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Introdução
Partimos do entendimento que as ações afirmativas são iniciativas
estatais que, mesmo se caracterizando como medidas temporárias e especiais
podem promover a equidade de acesso aos direitos e ao exercício da cidadania,
no que diz respeito à emancipação política. Trazer nesta reflexão, o sistema de
cotas (Lei Federal nº 12.711/2012) como uma política de ações afirmativas
significa colocar luz neste debate uma vez que para além do acesso dos cotistas
nas universidades, temos que pensar na construção de estratégias para a
permanência desses estudantes e incidir nas agendas programáticas destas
instituições. Ou seja, as universidades possuem modelos de gestão mais ou
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.Professora e Pesquisadora do Departamento de Serviço Social e PPG Política Social e Serviço Social da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS.
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. Estudante Indígena Graduanda do Curso de Serviço Social da UFRGS;
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. Mestre em História/UFRGS e Graduando do Curso de Psicologia da UFRGS;
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. Estudante Indígena Graduanda do Curso de Psicologia da UFRGS.
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A palavra “natureza ” é significativamente tratada pelos participantes dos
Seminários, pois os indígenas são reconhecidos como parte da natureza; o que
nos faz refletir sobre o contraponto não indígena como não parte da natureza.
Esse reconhecimento aparece de diferentes maneiras seja pelo contato direto
dos indígenas com a terra, pelo respeito a ela, pela harmonia que estabelece
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Todas as narrativas e/ou registros extraídos do relatório, documento de análise da pesquisa,
serão citadas em itálico.
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que “indígenas como humanos”... “É ter toda uma bagagem histórica e cultural e
lutar por ela nos dias atuais, lutar pelos direitos”. Índios acima de ser índios são
humanos. Desde então o índio quer voltar a ser considerado um humano como
outro qualquer, no espaço que lhe foi tomado e o tempo todo”; “Ser ‘indígena’ na
universidade, longe dos costumes tradicionais da aldeia deve ser muito difícil”.
Vejo isso como uma oportunidade a universidade repassar os próprios saberes
que são reproduzidos aqui - científico, europeu, branco, etc.”
Não encontramos nos escritos os termos direitos indigenistas, mas
reconhecemos várias dimensões que caracterizam esse tipo de direitos. Os
direitos são compreendidos por gerações (COUTO, 2006), por períodos
sócio-históricos, sendo caracterizados como: os de primeira geração são
considerados direitos civis e políticos que são exercidos pelos homens
individualmente, busca opor-se a presença do Estado, pois o homem dotado de
liberdade que deve ser o titular dos direitos civis; Já os de segunda geração são
os direitos sociais onde o homem os detém através da intervenção do Estado,
sendo o estado garantidor desses direitos. Esses direitos vêm se constituindo
desde o século XIX, mas ganharam força no século XX. Busca a igualdade a fim
de enfrentar as desigualdades sociais; e os direitos de terceira geração que vêm
ganhando força desde o século XX, pois visam o direito ao desenvolvimento, ao
meio ambiente e a autodeterminação dos povos. São estabelecidos na ideia de
solidariedade, onde nesta há o coletivo, pois não é apenas o indivíduo que o
assume, mas as famílias, povos, grupos, nações que o querem. Estes são
entendidos como resposta as opressões políticas e econômicas, os quais suas
consequências fazem com que os movimentos assumam de forma coletiva para
enfrentamento da realidade. É realizado por pactos entre os povos e organismos
internacionais, como por exemplo, a Organização das Nações Unidas. (ONU). É
nesta última geração é que se encontram os direitos indígenas, o que podemos
observar como uma conquista a ser alcançada, e que ainda continua em
pressões e lutas para sua efetivação. Somam-se a isso outras lutas de
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Considerações Finais
Como reflexões finais desta caminhada coletiva de extensão e
investigação, envolvendo estudantes indígenas e não-indígenas, temos a
convicção que deflagramos um processo crítico e reflexivo no âmbito acadêmico,
mas que requer continuidade. A dimensão ética e política desse trabalho, está
na compreensão e no compromisso com a vida cotidiana desses coletivos na
universidade e com a socialização do estudo, para que outros sujeitos possam
refletir acerca dos resultados que aqui emergiram e que expressam os
significados atribuídos aos estudantes indígenas que fazem parte deste território
acadêmico: UFRGS. Importante, também reconhecer, as iniciativas
protagonizadas por diferentes sujeitos que defendem os direitos e a afirmação
indígena na educação superior.
Entretanto muito temos que avançar, pois a pesquisa aponta as
contradições construídas social e historicamente com relação a esses povos,
que vão desde o preconceito ao reconhecimento, do estranhamento à
naturalização, entre outros aspectos analisados. Assim, afirmamos que o lugar
dos/as estudantes indígenas é onde eles quiserem e, portanto, pesquisar é
também um querer, pois são saberes que produzem conhecimentos, são
condizentes com a pluralidade étnica e permitem a disseminação da
interculturalidade e que, fundamentalmente, estão a serviço da construção de
uma sociedade que possibilite a emancipação humana, tão necessária diante
dos ataques que vem demarcando a liberdade dos povos.
Referências bibliográficas
COUTO, Berenice Rojas. Direitos sociais: sua construção na sociedade
contemporânea. In: O direito social e a assistência social na sociedade
brasileira: uma equação possível? 2 ed. São Paulo: Cortez, 2006. p. 33-73.
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