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Estresse e mindfulness em servidores de um hospital

público de Fortaleza-CE: um estudo piloto

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RESUMO

Mindfulness, burnout e bem-estar psicológico em servidores de um hospital


público de Fortaleza-CE: um estudo piloto

Novas demandas contemporâneas de trabalho têm contribuído para o aumento


da vulnerabilidade e dos níveis de estresse entre os trabalhadores, com
consequências graves para a saúde. Atualmente, uma das principais condições de
saúde relacionadas ao trabalho é a Síndrome de Burnout ou esgotamento profissional,
com consequências deletérias para os indivíduos e organizações. O grau de
dedicaçao às tarefas do trabalho com o qual se afrontem os sentimentos de frustraçao
gerados, poderia determinar o desenvolvimento de diferentes tipos clínicos de burnout
(“frenético”, “sem-desafios”, e “desgastado”). A partir do final dos anos 1970 o
mindfulness (traduzido como atenção plena em português) começou a ser estudado
como intervenção comportamental em saúde mental. As evidências atuais sugerem
que o estado/traço mental de mindfulness é positivamente associado com uma
variedade de indicadores de saúde mental. O potencial de aplicabilidade de
mindfulness no meio corporativo e laboral é grande; além dos efeitos para a saúde
mental e qualidade de vida dos profissionais, também se pode obter melhora da
produtividade e do clima organizacional como um todo. É consenso que um número
maior de intervenções em saúde mental precisa ser avaliado e implantado, e é
possível que mindfulness possa se encaixar nessa necessidade enquanto nova
tecnologia de cuidado e prevenção em promoção da saúde. Existe uma lacuna na
literatura sobre a relação de diferentes tipos clínicos de burnout e sua associação com
os diferentes constructos psicológicos relacionados à saúde, em especial em relação
ao estado mental de mindfulness, e em particular abordando servidores do judiciário.
Entender melhor essa associação permitirá o aprimoramento das intervenções
existentes e o desenvolvimento de novas, voltadas às necessidades específicas dessa
população, objeto desse estudo. Assim, o objetivo geral desse estudo é verificar o
efeito de uma intervenção baseada em mindfulness em servidores de um hospital
público de Fortaleza-CE, avaliando o comportamento de um questionário de subtipos
clínicos de burnout (BCSQ-36) e de outras variáveis de bem-estar psicológico, a partir
de um estudo controlado e randomizado.

PALAVRAS-CHAVES: Servidor Pùblico, Saúde Mental, Mindfulness, Promoção da


Saúde, Burnout.

2
1. INTRODUÇÃO

Tipos de Burnout
Novas demandas contemporâneas de trabalho têm contribuído para o aumento
da vulnerabilidade e dos níveis de estresse entre os trabalhadores, com
consequências graves para a saúde (Sandin, 2008). Atualmente, uma das principais
condições de saúde relacionadas ao trabalho é a Síndrome de Burnout ou
esgotamento profissional (Salanova e Llorens, 2008), com consequências deletérias
para os indivíduos e organizações (Schaufeli & Buunk, 2002).
"Burnout" é um termo anglo-saxão, cujas traduções mais utilizadas são
síndrome de esgotamento profissional, esgotamento, exaustão, desgaste, cansaço e
desesperança em relação ao trabalho. Foi Freudenberger (1974) que iniciou o
desenvolvimento do conceito de que um tipo específico de estresse poderia ser
associado a algumas profissões ou tipos de serviços assistenciais. Posteriormente,
Maslach e Jackson (1981), com base no estudo dos processos de categorização
emocional, definem burnout como uma síndrome de esgotamento ou exaustão
emocional, despersonalização (sentimento de distanciamento ou estranhamento de si
próprio), e falta de realização pessoal no trabalho.
Posteriormente, o conceito de burnout foi revisto para melhor atender a todos
os tipos de ocupações profissionais (Maslach, Jackson e Leiter, 1996; Maslach,
Schaufeli e Leiter, 2001). Nessa nova linha, aceita-se que o desenvolvimento da
síndrome é o resultado da exposição prolongada a estressores crônicos no trabalho, e
esta seria determinada pelas dimensões: exaustão, cinismo e ineficácia profissional.
Exaustão seria definida como a sensação de não ser capaz de dar mais de si mesmo
emocionalmente; o cinismo seria como uma atitude distante em relação ao trabalho e
em relação aos pares; e a ineficiência seria o sentimento de fazer incorretamente as
tarefas, e a consequente sensação de incompetência.
Segundo a teoria da troca social, o estabelecimento de relações sociais
recíprocas é essencial para a saúde e o bem-estar dos indivíduos. De acordo com
esta teoria, o mecanismo psicológico subjacente ao desenvolvimento do burnout seria
a sensação de falta de reciprocidade nas relações de trocas sociais (Buunk &
Schaufeli, 1993; Buunk e Schaufeli, 1999; Schaufeli, 2005). Isso ocorre porque a falta
de equilíbrio entre os esforços e recompensas é uma grande fonte de estresse no
trabalho (Siegrist, Siegrist e Weber, 1986; Siegrist e Matschinger, 1989; Siegrist,
1996).
Dentro de uma perspectiva clínica, o burnout tem sido descrito como uma
experiência na qual o trabalhador sente um forte mal-estar devido à discrepância entre
suas contribuiçoes ao trabalho e as recompensas que recebe ou pensa receber
(Farber, 1990; 1999; 2000a). O grau de dedicaçao às tarefas do trabalho com o qual
se afrontem os sentimentos de frustraçao gerados, poderia determinar o
desenvolvimento de um tipo ou outro tipo de burnout (Montero-Marín, García-
Campayo, Mosquera y López, 2009a). Ainda que o síndrome de burnout é
considerado uma entidade uniforme, com etiologia e sintomas consistentes, a
experiencia clínica sugere distintas formas de se manifestar o fenômento (Farber,
2000a).
O tipo clínico de burnout chamado de “frenético” (Farber, 1990, 1991a, 1991b,
1999, 2000a, 2000b, 2001) é uma categoria de sujeitos muito implicados e ambiciosos
em relação ao trabalho, que chegam a sobrecarregar-se ao cumprirem as demandas

3
do trabalho. A implicação seria o investimento de esforço necessário para superar as
dificuldades; a ambição seria uma grande necessidade de obter grandes triunfos e
objetivos; e a sobrecarga seria o fato de arriscar a saúde e descuidar da vida pessoal
na busca de bons resultados no trabalho (Montero-Marín, García-Campayo y Andrés,
2008; Montero-Marín, García-Campayo, Mosquera y López, 2009a). Este tipo de
sujeito trabalharia cada vez mais intensamente até se esgotar, buscando êxitos a
altura da tensão ocasionada pelos esforços (Farber, 1990; 2000a), e poderiam
desenvolver a síndrome ao consumir seus recursos pessoais por uma entrega
desmedida (Schaufeli, Taris y Van Rhenen, 2008; Viviers, Lachance, Maranda,
Ménard, 2008; Borritz, Bültmann, Ruqulies, Christensen, Villadsen y Kristensen, 2005;
Gil-Monte, 2005; Schaufeli, Salanova, González-Romá y Bakker, 2002; Spence y
Robins, 1992; Maslach, 1986).
O tipo de burnout “sem-desafios” (Farber, 1990, 1991a, 1991b, 1999, 2000a,
2000b, 2001), englobaria aqueles sujeitos indiferentes e chateados com o trabalho, e
que não se desenvolvem pessoalmente no trabalho. A indiferença é a falta de
preocupação, o pouco interesse e a falta de entusiasmo pelas tarefas de trabalho;
sentir-se chateado é vivenciar o trabalho como algo mecânico e rotineiro, com pouca
variedade de atividades; e a falta de desenvolvimento pessoal seria a ausência de
crescimento pessoal no posto de trabalho atual e o desejo de dedicar-se a outro
trabalho no qual se possa desenvolver de forma mais adequada as próprias
capacidades (Montero-Marín, García-Campayo y Andrés, 2008; Montero-Marín,
García-Campayo, Mosquera y López, 2009a). Este tipo de trabalhador se encontraria
sem objetivos suficientes, e teria que afrontar condições pouco estimulantes que não
proporcionariam a satisfação necessária (Farber, 1990; 2000a). A perda de interesse
pela pouca variedade de atividades, e a falta de identificação com a monotonia das
tarefas têm sido associados de forma significativa com a síndrome de burnout
(Montero-Marín, García-Campayo, y Andrés, 2009b; Dickinson y Wright, 2008; Borritz,
Bültmann, Ruqulies, Christensen, Villadsen y Kristensen, 2005; Janssen, de Jonge, y
Bakker, 1999; Moreno-Jiménez, Bustos, Matallana, Miralles, 1997; Schwab, Jackson, y
Schuler, 1986).
O tipo de burnout “desgastado” (Farber, 1990, 1991a, 1991b, 1999, 2000a,
2000b, 2001) estaria formado por sujeitos que apresentam sentimentos de falta de
controle sobre os resultados de seu trabalho e falta de reconhecimento pelos seus
próprios esforços, e que finalmente abandonam suas responsabilidades. A falta de
controle é a sensação de impotência que resulta do fato de lidar com muitas situações
de trabalho que se encontram além do próprio controle ou capacidade; a falta de
reconhecimento é a crença de que a instituição/organização onde se trabalha não tem
percebe o esforço e a dedicação despendidos; e o abandono se refere a desistência
como resposta a qualquer dificuldade encontrada (Montero-Marín, García-Campayo y
Andrés, 2008; Montero-Marín, García-Campayo, Mosquera y López, 2009a). Este tipo
de sujeitos se rende frente ao estresse ou ausência de gratificação (Farber, 1990;
2000a), e as características deste perfil se encontram fortemente associadas a
síndrome de burnout (Magnusson, Theorell, Oxenstierna, Hyde y Westerlund, 2008;
Schaufeli, Salanova, 2007; Van Ham, Verhoeven, Groenier, Groothoff y De Haan,
2006, Borritz, Rugulies, Christensen, Villadsen y Kristensen, 2006; Borritz, Bültmann,
Ruqulies, Christensen, Villadsen y Kristensen, 2005; Bühler y Land, 2003).
A prevalência de burnout está relacionada com a de estresse laboral, e as
porcentagens parecem variar em função da profissão, do país de referência e dos

4
pontos de corte aplicados para o diagnóstico (Paoli y Merllié, 2001, Milczarek,
Schneider y Rial-González, 2009). Se considerarmos como casos de burnout aqueles
sujeitos que pontuam alto nas dimensões de cansaço emocional e despersonalização,
ao mesmo tempo que pontuam baixo na dimensão de realização pessoal, os dados de
prevalência encontrados oscilam desde 4% (Schaufeli y Enzmann, 1998) a 30,5%
(Albaladejo y cols, 2004). Em geral, diz-se que ao redor de 12,0% dos trabalhadores
poderiam sofrer atualmente a síndrome de burnout. Tomando como referência o setor
saúde, estima-se a prevalência de burnout em torno de 14,9% (Gil-Monte, 2009).

Mindfulness
A palavra mindfulness pode ser usada para descrever uma característica
psicológica, uma prática de cultivo da atenção no momento presente (por exemplo, por
meio das práticas meditativas do tipo mindfulness), e um modo, estado, ou processo
psicológico (Keng et al., 2011). Uma das definições mais citadas de mindfulness diz
respeito ao estado psicológico que surge por meio de "prestar atenção de uma forma
particular: intencionalmente, no momento presente, e sem julgamento" (Kabat-Zinn,
1990). Descrições e definições de mindfulness fornecidas pela maioria dos
pesquisadores do tema são semelhantes a essa (Keng et al., 2011).
As práticas e intervenções baseadas em mindfulness (palavra inglesa que tem
sido traduzida como atenção plena) são encontradas em diversas tradições culturais,
religiosas, filosóficas e médicas do oriente, como por exemplo, no budismo e na
medicina tibetana. Essas práticas e intervenções têm sido cada vez mais adaptadas e
integradas na prática clínica contemporânea ocidental de forma secular,
principalmente na psicologia e na medicina, podendo ser classificadas dentro do que
chamamos no Brasil de práticas integrativas e complementares (PIC). Junto ao
desenvolvimento na área clínica, tem havido extensa elaboração epistemológica,
como também pesquisa clínica e epidemiológica, buscando estudar o impacto dessas
intervenções na saúde física e psicológica das pessoas e populações (Demarzo,
2011).
Segundo a Rede Britânica de Professores de Mindfulness (UK Network for
Mindfulness-Based Teachers)1 as intervenções terapêuticas baseadas em mindfulness
(mindfulness-based interventions) são de diversos tipos, podendo ser citadas:
Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR), Mindfulness-Based Cognitive Therapy
(MBCT) e Breathworks Mindfulness-Based approaches to Pain and Illness (MBPI). Em
geral, essas intervenções são desenvolvidas em grupo, com encontros presenciais
semanais durante 08 semanas, sendo que cada encontro/sessão tem duração de 2-3
horas, sessões nas quais são ensinadas, praticadas e discutidas técnicas de
mindfulness com foco na saúde.
As intervenções do tipo MBSR foram as pioneiras, desenvolvidas ainda na
década de 1970 por Jon Kabat-Zinn e outros professores da Universidade de
Massachusetts, os quais também criaram um centro para divulgação e pesquisa sobre
o mindfulness (www.umassmed.edu/cfm/home/index.aspx), reconhecido
internacionalmente. O MBCT é uma integração do programa MBSR com a Terapia
Cognitiva Comportamental (http://mbct.co.uk/), e foi inicialmente desenvolvido pelos
pesquisadores Zindel Segal, Mark Williams e John Teasdale como terapia auxiliar na
prevenção da recaída em pacientes com depressão maior; e atualmente é uma das
terapias reconhecidas como efetivas pelo Sistema Nacional de Saúde (National Health
1
Disponível em: www.mindfulnessteachersuk.org.uk (acessado em 15 de janeiro de 2012)

5
Service) do Reino Unido2. O MBPI foi desenvolvido por Vidyamala Burch em
Manchester, Inglaterra, também a partir do MBSR, e é voltado principalmente às
pessoas com dores crônicas e/ou outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
(www.breathworks-mindfulness.org.uk).
Embora alguns pesquisadores se concentrem quase exclusivamente no
componente de atenção envolvido nas práticas de mindfulness, a maioria segue o
modelo de Bishop e colaboradores (2004), que propuseram que a consciência engloba
dois componentes: 1) autorregulação da atenção, e 2) a adoção de uma determinada
orientação para suas experiências. Autorregulação da atenção refere-se à observação
consciente das sensações, pensamentos ou sentimentos. Ela exige tanto a
capacidade de ancorar a atenção sobre o que está ocorrendo no momento, como a
capacidade de mudar intencionalmente a atenção de um aspecto da experiência para
outro. Orientação para a experiência diz respeito ao tipo de atitude que se tem para
com a experiência vivida, especificamente uma atitude de curiosidade, abertura e
aceitação. Vale a pena notar que "aceitação" no contexto da atenção com mindfulness
não deve ser confundida com passividade ou resignação. Em vez disso, a aceitação
neste contexto se refere à capacidade de experimentar eventos como eles realmente
são, sem recorrer a nenhum dos extremos: o da preocupação excessiva com, ou o da
tentativa de supressão da experiência.
Em suma, as conceituações clínicas e psicológicas mais atuais de mindfulness
trazem dois elementos essenciais: a consciência intencional da própria experiência de
momento a momento; e uma atitude não julgadora e de aceitação da experiência atual
(Keng et al., 2011).
Apesar do fato das investigações sobre mindfulness já terem se iniciado ainda
na década de 1960, foi a partir do final dos anos 1970 que o mindfulness começou a
ser estudado como uma intervenção para melhorar o bem-estar psicológico e a saúde
mental. A aplicação das intervenções baseadas em mindfulness (IBM) como terapia
comportamental para problemas clínicos começaram com o trabalho de Jon Kabat-
Zinn, que explorou o uso do mindfulness (no caso, MBSR) no tratamento de pacientes
com dor crônica (Keng et al., 2011). No geral, as evidências mais atuais sugerem que
o estado de mindfulness é positivamente associado com uma variedade de
indicadores de saúde mental, tais como níveis mais elevados de afetos positivos,
satisfação com a vida, vitalidade e regulação da emoção de adaptação, e menores
níveis de afetos negativos e sintomas psicopatológicos. Também há evidências
crescentes, provenientes de estudos neurobiológicos, que indicam o papel potencial
das IBM na redução da reatividade a estímulos emocionais e melhora do bem-estar
psicológico. Além disso, há trabalhos mostrando a aplicabilidade das IBM em
diferentes patologias como, por exemplo, na melhora de qualidade de vida em
pacientes com câncer, na redução de ansiedade em pacientes com doenças
cardíacas, em distúrbios do humor, e no tratamento de abuso de substâncias (o
desenvolvimento da habilidade de mindfulness parece ainda estar relacionado a uma
menor probabilidade de recaídas em dependentes de nicotina, por exemplo) (Keng et
al., 2011).
O potencial de aplicabilidade de Mindfulness na prevenção do burnout entre
trabalhadores e profissionais é grande. Além dos benefícios clínicos e psicológicos,
explicitados acima, estudos em profissionais em geral têm evidenciado que a prática
2
Ver http://guidance.nice.org.uk/CG90/NICEGuidance/pdf/English (diretrizes para tratamento da
depressão em adultos)

6
ou a participação em um programa de mindfulness pode melhorar o manejo de
situações estressantes no dia-a-dia de trabalho, com menor risco de desenvolvimento
de burnout (esgotamento profissional) e melhora de indicadores de qualidade de vida
associada ao trabalho, aumento da produtividade e diminuição do absenteísmo.
Também, têm sido observados benefícios para a relação profissional-usuário, com
melhora dos níveis de empatia e comunicação interpessoal, proporcionando melhora
dos resultados. Muitas instituições públicas e privadas têm introduzido as práticas de
Mindfulness dentro de seus programas de qualidade de vida, buscando tais benefícios
desde a formação dos profissionais (García-Campayo, 2008; Irving et al, 2009; Justo,
2010; Martín Asuero et al, 2013).

Justificativa para o Estudo


Existe uma lacuna na literatura sobre a relação de diferentes tipos clínicos de
burnout e sua associação com os diferentes constructos psicológicos relacionados à
saúde, em especial em relação ao estado mental de Mindfulness, e em particular
abordando profissionais servidores do judiciário. Entender melhor essa associação
permitirá o aprimoramento das intervenções existentes e o desenvolvimento de novas
IBM, voltadas às necessidades específicas dessa população, objeto desse estudo.

2. OBJETIVOS

Objetivo principal:

o Verificar o efeito de uma intervenção baseada em mindfulness em


servidores de um hospital público de Fortaleza-CE, avaliando o
comportamento de um questionário de subtipos clínicos de burnout (BCSQ-
36) e de outras variáveis de bem-estar psicológico, a partir de um estudo
controlado e randomizado.

Objetivos secundários:

 Verificar a convergência entre os tipos clínicos de burnout que constituem a


BCSQ-36 em relação a outras medidas de bem-estar psicológico
(mindfulness, resiliência, aceitação, afetos, autoestima, compromisso,
compaixão e injustiça percebida).

3. HIPÓTESE.

Uma intervenção baseada em mindfulness em servidores de um hospital público


de Fortaleza-CE está associada a níveis diminuídos de burnout, e a níveis
aumentados de bem-estar psicológico.

4. METODOLOGIA.

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Trata-se de um estudo piloto, aberto, com avaliação antes-depois da
intervenção, com apenas um grupo.
Será realizado um estudo piloto que avaliará a efetividade de uma intervenção de
quatro semanas baseada nos programas Mindfulness-Based Stress Reduction
(MBSR) e Mindfulness-Based Approaches to Pain and Ilness (MBPI) no
comportamento de um questionário de subtipos clínicos de burnout (BCSQ-36) e de
outras variáveis de bem-estar psicológico entre servidores do Hospital de Messejana
Dr. Carlos Alberto Studart Gomes em Fortaleza-CE. A divulgação da pesquisa será
realizada pela mídia impressa (panfletos e cartazes) e virtual.
Este projeto faz parte do projeto guarda-chuva da tese de doutorado intitulado
“Efeitos da Acupuntura e de Mindfulness em Usuários com Cefaleia Crônica na
Atenção Primária à Saúde de Fortaleza-Ce: Estudo Controlado e Randomizado,
do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, do Departamento de Medicina
Preventiva, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do grupo de pesquisa
"Mente Aberta" - Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde, tendo como
instituição executora a Universidade de Fortaleza (Unifor) em colaboração com o
grupo de pesquisa Cultura e Humanização do Cuidado – CNPq (Unifor).

4.1) Participantes:

A amostra por conveniência será composta por servidores públicos e


terceirizados do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes das diversas
categorias profissionais, que serão recrutados voluntariamente pelo departamento de
Gestão de Pessoas para participação de um curso de Gestão do Estresse baseado
em Mindfulness.
O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes é uma unidade
terciária especializada no diagnóstico e tratamento de doenças cardíacas e
pulmonares. 

4.1.1) Critérios de Inclusão:


. Voluntários adultos, com idade igual ou superior a 18 anos, e alfabetizados (com
habilidade de escrever e ler em português);
- Que expressem disponibilidade em dispor de tempo para participar dos grupos.

4.1.2) Critérios de Exclusão:


. Praticantes de mindfulness, meditação ou ioga ou similares no último ano;
. Presença de doenças clínicas não controladas ou de maior gravidade, tais como
câncer, esquizofrenia, epilepsia, doenças psiquiátricas de base;
. Dependência ou uso abusivo de álcool, ou outras drogas, exceto tabaco;
. Estar em tratamento agudo por problemas psicológicos ou psiquiátricos;

4.2) Procedimentos:
O protocolo experimental completo terá duração de aproximadamente 4
semanas. Inicialmente, será realizado um contato com os gestores do Departamento
de Gestão de Pessoas, a fim de apresentar a metodologia e os objetivos da pesquisa
e verificar a disponibilidade dos profissionais e a viabilidade da pesquisa nas
dependências do serviço.

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Através deste primeiro contato, o recrutamento dos servidores acontecerá por
indicação dos gestores ou por interesse do próprio servidor em participar do estudo.
Os servidores interessados passarão por uma palestra introdutória que terá duração
de uma hora. No conteúdo da palestra será incluído a apresentação da pesquisa e os
componentes de evidência científica das intervenções baseadas em Mindfulness.
Os voluntários serão orientados quanto aos objetivos e procedimentos do
trabalho de pesquisa. Após os esclarecimentos, aqueles que concordarem em
participar da pesquisa deverão declarar sua concordância por meio de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aprovado anteriormente pelo Comitê de
Ética em Pesquisa do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
Após a assinatura do TCLE, os voluntários receberão a primeira bateria de
questionários da avaliação pré-participação, que consistirá na aplicação dos
instrumentos de autorrelato, descritos a seguir, que caracterizarão a linha de base dos
participantes quanto às variáveis a serem analisadas.
A avaliação pós-participação ocorrerá imediatamente após a
intervenção de quatro semanas. As avaliações serão similares à avaliação pré-
participação, exceto pelo questionário sociodemográfico.

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4.2.2) Protocolo de Intervenção:

4.2.2.1) Protocolo de Mindfulness


Será utilizado um programa de intervenção baseado em Mindfulness que
integra elementos do “Mindfulness-Based approaches for Pain and Ilness (MBPI)" do
Instituto Breathworks (Burch, 2009) e do “Mindfulness-Based Stress Reduction
(MBSR) (Kabat Zinn, 2003). Ambos os programas são altamente estruturados, com
duração de oito semanas, com um encontro semanal de aproximadamente duas
horas, e que trabalha com quatro técnicas principais durante esses encontros: a
atenção plena (Mindfulness) na respiração (MR), o "escaneamento" corporal (EC), a
caminhada meditativa (CM), a ioga com atenção plena (IM) e a prática da Consciência
Amorosa.
Para facilitar a prática de meditação pelas participantes em casa, durante e
após o protocolo de intervenção, todos receberão um CD contendo sessões de
meditação guiadas, abrangendo as técnicas supracitadas. Um dos pesquisadores será
o instrutor, pois tem habilidade no referido programa de intervenção. O programa
adaptado que será utilizado neste estudo compreenderá quatro sessões semanais de
uma hora e meia cada. A duração das sessões foi abreviada para melhor se adequar à
realidade do funcionamento e da infraestrutura dos serviços.

4.3) Instrumentos:

4.3.1. Questionário de características sociodemográficas e laborais.

Serão perguntadas as características sociodemográficas gerais e profissionais


a partir de um questionário específico, envolvendo as seguintes variáveis: idade, sexo,
nível escolar, situação conjugal, número de filhos, número de anos de trabalho,
número de anos trabalhados na posição atual, o tipo de ocupação, o tipo de contrato,
o tempo diário de trabalho, o número médio de clientes atendido por dia, a renda
média mensal, as dificuldades econômicas frente às despesas familiares, e o número
de dias de trabalho no ano passado.

4.3.2. Questionário de Subtipos Clínicos de Burnout (BCSQ-36).

O BCSQ-36 (Montero y García-Campayo, 2009b) é formado por 36 itens


repartidos em 3 dimensões e 9 subdimensões. As 3 dimensões correspondem aos 3
subtipos em estudo: “frenético” (formado pelas subdimensões implicação, ambição e
sobrecarga); “sem-desafios” (subdimensões indiferença, falta de desenvolvimento, e
sem entusiasmo); “desgastado” (subdimensões abandono, falta de reconhecimento e
falta de controle). Os respondentes devem indicar o grau de cada subdimensão
segundo uma escala de Likert de 7 pontos, valoradas de 1 (totalmente de acordo) a 7
(totalmente em desacordo). A consistência interna medida através de α de Cronbach
se mostrou boa para as dimensões e subdimensões do questionário, todas >0,8
(Montero y García-Campayo, 2009b). O questionário será validado para o Brasil em
estudo paralelo e independente, sob coordenação do orientador da tese.

4.3.3. Maslach Burnout Inventory (MBI-GS).

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Como critério padrão de burnout se utilizará o Maslach Burnout Inventory
General Survey ou MBI-GS (Maslach, Jackson, y Leiter, 1996), utilizando-se a
validação espanhola de Bresó, Salanova e Schaufeli (2007). São 15 itens agrupados
em 3 dimensões: esgotamento, cinismo e eficácia. As respostas se organizam através
de uma escala tipo Likert com 7 itens, valoradas de 0 (nunca) a 6 (sempre). Todas as
dimensões do questionário apresentam consistência interna α≥0,78 (Bresó, Salanova
y Schaufeli, 2007). Está validada em português.

4.3.4. Mindfulness Attention Awareness Scale (MAAS)

A MAAS (Brown y Ryan, 2003) apresenta uma estrutura unidimensional com 15


itens, e se centra fundamentalmente na capacidade do indivíduo de estar atento e
consciente às experiências de cada momento da vida cotidiana. A escala quantifica
com que frequência uma pessoa fica no estado de “piloto automático” em seu dia-a-
dia, ou seja, dispersa em pensamentos e preocupações, e sem prestar atenção efetiva
às atividades rotineiras. É a escala de Mindfulness mais utilizada nas pesquisas
internacionais sobre o tema. Está validada em português.

4.3.5. Utrecht Work Engagement Scale (UWES)

A Utrecht Work Engagement Scale (UWES) (Schaufeli, 2006), considerada


uma escala da área de psicologia positiva, mede o grau de compromisso com o
trabalho por meio de 17 itens, através das subescalas: vigor (6 itens), dedicação (5
itens) e absorção (6 itens). As respostas se organizam através de uma escala tipo
Likert com 7 opções, valoradas de 0 (nunca) a 6 (sempre). As características
psicométricas do questionário, quanto a sua estrutura fatorial e consistência interna,
são adequadas (Schaufeli, 2006). O questionário será validado para o Brasil em
estudo paralelo e independente, sob coordenação do orientador da tese.

4.3.6. 10-item Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC)

A CD-RISC) (Campbell-Sills, 2007), validade em português, é um instrumento


de auto relato que mede “resiliência” e está constituído por 10 itens, agrupados de
maneira unidimensional, e valorados por meio de uma escala tipo Likert com 5 opções,
de 0 (‘em absoluto’) a 4 (‘quase sempre’). A pontuação final do questionário é obtida
mediante a soma das respostas em cada um dos itens, de maneira que os valores
mais altos indicam maiores níveis de ‘resiliência’. A validade e consistência interna da
escala são adequados, com associação positiva em relação a variáveis como
qualidade do sono e saúde mental (Notario-Pacheco, 2011).

4.3.7. Questionário de Aceitação e Ação (AAQ-II)

O AAQ-II (Ruiz, 2013) mede a resistência experiencial e a inflexibilidade


psicológica, aspectos que tem sido relacionados com vários transtornos psicológicos e
com variáveis de qualidade de vida. É composto por 7 itens agrupados em um fator, e
mediante uma escala tipo Likert com 7 opções. Os itens refletem a falta de disposição

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a experimentar as emoções e pensamentos não desejados, assim como a
impossibilidade de estar no “momento presente”, e de buscar ações baseadas em
valores de vida, principalmente frente às experiências psicológicas negativas e de
“fracasso”. As características psicométricas da escala são adequadas (Ruiz, 2013). O
questionário será validado para o Brasil em estudo paralelo e independente, sob
coordenação do orientador da tese.

4.3.8. Questionário de Injustiça Percebida

Em certas ocasioes da vida as pessoas experimentam um certo sentimento de


injustiça. O problema-chave é a sensaçao de padecer de um sofrimento desnecessário
por culpa dos outros, uma sensaçao que vem acompanhada de um sentimento que
exige uma reparaçao por parte da sociedade. Os estudos têm mostrado uma clara
associaçao negativa entre esse sentimento de injustiça percebida e a recuperaçao
adequada de certos transtornos de saúde, ainda que estudos mais sistemáticos se
façam necessários (Sullivan MJL et al. 2008). Recentemente foi desenvolvido o
“questionário de injustiça percebida”, que mede de forma confiável este constructo
(Sullivan et al. 2008). O questionário será validado para o Brasil em estudo paralelo e
independente, sob coordenação do orientador da tese.

4.3.9. Escala de Autocompaixão

Utilizar-se-á a Escala de Autocompaixão (Neff, 2003), que consiste em 26 itens


que medem o sentimento de autocompaixão por meio de fatores positivos como auto
amabilidade e gentileza, estado de mindfulness, estado de pertencimento à
humanidade, e negativos como autojulgamento, isolamento, e auto identificação
excessiva. Está validada em português.

4.3.10. Performance Based Self Esteen (PBSE)

A PBSE (Hallsten, 2005) inclui 5 itens relativos às crenças sobre o estado de


autoestima que depende da obtenção de objetivos e êxitos, cujos itens são valorados
por meio de uma escala tipo Likert de 5 pontos, desde totalmente de acordo (1), a
totalmente em desacordo (5). A PBSE apresenta características psicométricas
adequadas. O questionário será validado para o Brasil em estudo paralelo e
independente, sob coordenação do orientador da tese.

4.3.11. Afeto Positivo e Negativo (PANAS)

Utilizar-se-á o questionário PANAS de Afeto Positivo e Negativo. O PANAS é


um modelo bidimensional da estrutura de afeto que incluem dimensões positivas e
negativas. O questionário PANAS está validado em português.

4.3.12. Escala Visual de Compromisso

Trata-se de uma escala analógica visual que pretende medir o nível de


compromisso do trabalhador com as tarefas de seu trabalho. Entendendo por
compromisso o interesse, a dedicação e o entusiasmo com que se atende às tarefas

12
do trabalho, pede-se que o sujeito participante marque um ponto em uma linha
contínua de um “termômetro”, a qual representa sua opinião sobre o nível de
compromisso com o qual participa em seu trabalho. O questionário será validado para
o Brasil em estudo paralelo e independente, sob coordenação do orientador da tese.

4.4. ANÁLISE DOS DADOS:

Todos os dados colhidos neste estudo serão organizados em banco de dados


no programa estatístico computacional SPSS.
A análise destes dados será descritiva (frequências absoluta e relativa, escores
totais e médios a cada instrumento e respectivas medidas de tendência central e
dispersão, para cada momento de avaliação) e analítica, comparando os dois grupos
nos diversos momentos de avaliação. A consistência interna dos instrumentos será
avaliada através do coeficiente de fidedignidade ou o Alpha (α) de Cronbach.

4.5. ASPECTOS ÉTICOS:

O estudo segue as normas estabelecidas pela World Medical Association na


Convenção de Helsinki, atualizadas na modificação de Seul (2008), assim como as
enunciadas pela World Psychiatric Association na Declaração de Madrid, e revisadas
em Yokohama (2002). Solicitar-se-á o consentimento informado de todos os
participantes antes de se proceder com as perguntas do questionário. Ao final, enviar-
se-á de maneira anônima a cada participante a correção e a explicação de seus
próprios resultados. O estudo será aprovado pelos Comitês de Ética do Hopital de
Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.

5. CARACTERÍSTICAS INOVADORAS DO PROJETO:

-Originalidade: É o primeiro estudo em nível internacional que se proponhe a


comprovar os efeitos de mindfulness junto a diferentes tipos clínicos da síndrome de
burnout, e no âmbito dos profissionais do serviço judicial. Por conseguinte, é também
o primeiro estudo a estudar a associaçao entre os diferentes tipos clínicos de burnout
com os níveis de mindfulness da populaçao estudada.

-Proposta individualizada, impacto clínico, utilidade prática e pesquisas futuras: Até o


momento nao existem intervençoes personalizadas de prevençao e tratamento da
síndrome, já que não existe uma diferenciaçao dos seus perfis clínicos. Esse trabalho
permitirá inferir diferentes características sociodemográficas, laborais, e psicológicas
(com foco no estado de mindfulness) associadas aos distintos tipos clínicos, o que
contribuirá para o fomento e desenvolvimento de intervençoes e programas mais
eficientes, contextualizados e individualizados em relaçao às demandas dos diferentes
subtipos de burnout (Bresó, Salanova y Schaufeli, 2007). Em particular, haverá um
interesse específico em refletir sobre como adaptar as intervençoes baseadas em
mindfulness (IBM) já existentes às necessidades e características encontradas nos
distintos subtipos clínicos de burnout, o que gerará perguntas de pesquisa e hipóteses
para estudos futuros no tema.

6. PLANO DE TRABALHO e CRONOGRAMA

13
a) Duração: seis meses (de abril a setembro de 2014)
b) Dedicação semanal: 40 horas/semana

Tarefa 1. (Abr. 2014 a Jul. 2014)


 Envio do projeto aos Comitês de Ética em Pesquisa.
 Execução do projeto (trabalho de campo).

Tarefa 2. (Ago. 2014 a Set. 2014)


 Análise dos dados.
 Apresentação dos resultados aos gestores e participantes.

Outras Tarefas Contínuas (Out. 2014 a Dez. 2014)


 Participação nas atividades científicas e divulgação dos resultados em eventos
científicos.

14
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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