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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/MCP PROCESSO Nº 31.723/17


ACÓRDÃO

Draga sem nome. Incêndio, enquanto atracada na margem esquerda do rio


Madeira, próximo a comunidade Maravilha, Porto Velho - RO. Perda total da
embarcação. Sem, no entanto provocar poluição hídrica e acidentes pessoais.
Causa determinante não apurada com a necessária precisão. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.


Tratam os autos de IAFN, instaurado pela Delegacia Fluvial de Porto Velho
para apurar os fatos e circunstâncias envolvendo o incêndio, da draga não inscrita e nem
registrada na Marinha do Brasil, ocorrido no dia 19 de março de 2016, enquanto atracada
na margem esquerda do Rio Madeira, próximo a comunidade Maravilha, Porto Velho -
RO, com pedido de arquivamento pela D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM (fls.
62 a 64) pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
Consta nos autos que no dia 19 de março de 2016, por volta das 11h, o Sr.
Pedro de Oliveira Costa Junior, aquaviário, que trabalha como “bandeirinha” (prestador
de serviço de passeio de barco), ao deixar um passageiro na comunidade de São
Sebastião, margem esquerda do rio Madeira, foi abordado por cinco homens que
perguntaram quanto ele cobraria para fazer um passeio próximo ao local onde estavam as
Dragas de garimpo, o mesmo respondeu que cobraria R$ 50,00 (cinquenta reais) pelo
grupo e aceitando o valor subiram a bordo.
Ao se aproximarem das dragas, os homens sacaram armas e ordenaram que o
Sr. Pedro atracasse a contrabordo de uma draga específica que estava junto a uma
“fofoca” (agrupamento de dragas). Ao abordar essa draga, perguntaram aos funcionários
das outras pelo proprietário da mesma, como ninguém sabia onde este se encontrava, os
homens ordenaram que soltassem os cabos da referida draga e que o Sr. Pedro a puxasse
com a sua voadeira para o meio do rio e então atearam fogo na cobertura de palha, que se
alastrou rapidamente por toda embarcação.
Ordenaram mais uma vez que o Sr. Pedro retornasse com eles à comunidade
de São Sebastião, efetuaram o pagamento combinado e foram embora.
A draga ficou à deriva descendo o rio. O Sr. Manoel Menezes de França que
passava nas proximidades da comunidade Maravilha com sua voadeira, resolveu jogar
água no intuito de apagar o fogo e evitar que a draga que estava à deriva alcançasse as
dragas atracadas naquela localidade.
De acordo com Laudo de Exame Pericial, às fls. 16 a 20, os Peritos
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(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 31.723/2017...........................................)
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constataram que não foi possível determinar com precisão a origem e causa do incêndio
na embarcação. Obtendo apenas a informação que a draga foi encontrada à deriva
descendo o rio e pegando fogo.
No relatório (fls. 36 a 38), o encarregado do inquérito após descrever,
características da embarcação, analisar e transcrever resultado da perícia, resumir os
depoimentos, sequência e consequências do fato, concluiu que em que pese as
informações que provocaram a abertura do presente IAFN, não há elementos que
comprovem ter ocorrido um fato ou acidente da navegação. Por outro lado existem
indícios de cometimento de ilícito penal em apuração na 1ª Delegacia de Polícia Civil de
Porto Velho - RO, por meio do Inquérito Policial nº 16E1001001677.
Analisando os autos, a Procuradoria Especial da Marinha - PEM (fls. 46 e 47)
vislumbrou a necessidade da realização de diligências complementares no sentido de que
fosse oficiada a Delegacia Fluvial de Porto Velho para que envie à PEM cópia das
conclusões do procedimento investigatório deflagrado pela autoridade policial, bem
como, se for o caso, da respectiva ação penal. Haja vista por entender que além do
incêndio houve também emprego da embarcação para a prática de crime.
Deferido o requerimento da PEM em folha 49.
Em decorrência de tal pleito, a Delegacia Fluvial de Porto Velho encaminhou
o Ofício nº 21 de 11 de janeiro de 2018 (fls. 53 a 57) no qual encaminhou cópia do Ofício
Externo nº 460/2017 daquela Delegacia Fluvial, Of nº 36/2017/TC/1DP de 20DEZ2017 e
cópia do Boletim de Ocorrência nº 16E1001001677.
Sendo assim, a Procuradoria Especial da Marinha - PEM (fls. 62 a 64) se
manifestou pelo arquivamento do presente IAFN, eis que foram trazidos aos autos
informações de que não houve instauração de Inquérito Policial para apurar os fatos
descritos no Boletim de Ocorrência e que não foram identificados os passageiros da draga
sem denominação que atearam fogo na Draga alvo.
Publicada Nota para Arquivamento. Prazos preclusos, sem que interessados
se manifestassem.
Isto posto, decidimos.
Diante dos elementos contidos nos presentes autos, conclui-se que o acidente
da navegação em apreço, previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54,
materializado como incêndio, enquanto atracada na margem esquerda do Rio Madeira,
próximo a comunidade Maravilha, Porto Velho - RO. Perda total da embarcação. Sem, no
entanto provocar poluição hídrica e acidentes pessoais não teve sua causa determinante
apurada com a devida precisão.
Pelo exposto, deve-se determinar o arquivamento dos presentes autos como

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 31.723/2017...........................................)
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requerido pela D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM, em sua manifestação de fls.
62 a 64, considerando este acidente previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54,
como mais um daqueles eventos de origem indeterminada.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente da navegação: incêndio, enquanto atracada na margem
esquerda do Rio Madeira, próximo a comunidade Maravilha, Porto Velho - RO. Perda
total da embarcação. Sem, no entanto provocar poluição hídrica e acidentes pessoais; b)
quanto à causa determinante: não apurada com a necessária precisão; e c) decisão: julgar
o acidente da navegação, previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, como de
origem indeterminada e mandar arquivar os autos como requerido pela D. Procuradoria
Especial da Marinha - PEM (fls. 62 e 64).
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 25 de junho de 2019.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA


Juíza Relatora

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.

Rio de Janeiro, RJ, em 13 de setembro de 2019.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Capitão-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA
MARINHA
Dados: 2019.10.02 10:47:48 -03'00'

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