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3 - Verdadeira Comunhão (1 João 1.

3-4)
1Jo 1:3-4 (AlmeidaXXI)
(1:3) Sim, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão
conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
(1:4) Estas coisas vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.

Imagine que está com dificuldades. É um sem-abrigo, está sem


dinheiro e dorme na rua. As roupas esfarrapadas e um cobertor velho e sujo
mal são suficientes para evitar que congele à noite. As refeições consistem
em tudo o que se encontra no lixo. Perdeu contacto com toda a família e
amigos.
Enquanto se senta na calçada, de repente o carro presidencial
estaciona perto de si. O presidente sai e convida-o a se juntar a ele. Entra e é
levado até ao Palácio de Belém, onde seu próprio quarto está pronto. Há
roupas novas e limpas, toda a comida que pode comer e servos para
satisfazer todas as suas necessidades ou caprichos. Mas, mais do que isso,
para seu espanto, o presidente trata-o como seu amigo. Ele compartilha o seu
coração consigo e quer que compartilhe o seu coração com ele.
No início, está tão deslumbrado com esta incrível mudança de eventos
que só vê o próprio presidente. Mas depois de um tempo, percebe que não
está sozinho. Há muitos outros que experimentaram a mesma coisa. De
repente tem uma grande família de irmãos e irmãs que cuidam de si. Ao
trocar as suas histórias e conversar sobre como o Presidente ajudou cada um
de vocês, os seus relacionamentos aprofundam-se.
Isto é inacreditável, certo? Não, se conhece a Jesus Cristo, é uma
verdadeira alegoria. Ele encontrou-nos na sarjeta e levou-nos ao Seu palácio
celestial para viver com Ele e conhecê-lo como amigo. Descobri-mos irmãos
e irmãs que tiveram a mesma experiência. Somos aceites numa família
enorme e amorosa, onde cada membro tem uma variação da mesma história
central: "Eu estava perdido no pecado quando Jesus me encontrou e me
resgatou." Toda a família aproveita o seu tempo a desfrutar da generosidade
do Rei, e o melhor de tudo, conhecê-lo melhor e melhor.
Este é o tema glorioso que João apresenta no nosso texto - a alegria da
comunhão com Deus e de uns com os outros. As maiores alegrias da vida
vêm de relacionamentos amorosos. Todos nós queremos tais
relacionamentos. Um anúncio de cartão de crédito retracta uma família

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reunida à volta da mesa do Dia de Acção de Graças, com a palavra “Sem
preço!” É verdade!
E, no entanto, como todos sabemos, que os relacionamentos também
podem ser uma fonte de tristeza e dor. Todos nós experimentamos
relacionamentos decepcionantes. Alguns de vocês podem ter tido pais que
não vos amavam. Podem ter tido - ou ainda têm - um parceiro abusivo.
Talvez os seus filhos tenham se desviado e sejam uma fonte de mágoa. Na
raiz de todos estes desapontamentos está o pecado, que causa a alienação de
Deus e de um do outro. Mas, apesar da realidade de tais relacionamentos
dolorosos, todos nós ainda sabemos que a verdadeira alegria não consiste na
acumulação de riqueza ou fama. A verdadeira alegria consiste na experiência
da verdadeira comunhão.
Imaginem um homem no seu leito da morte, sozinho, excepto a
enfermeira. Ele diz: “Tragam-me hoje o Jornal de Negócios para que eu
possa ver como estão meus investimentos, e traga-me o telemóvel para que
eu possa ligar ao meu advogado para ver como está a ir o processo do
testamento.” É um homem pobre! Imaginem outro homem no seu leito de
morte, que não possui muito. Mas ele está rodeado de familiares atenciosos,
que lhe dizem o quanto eles o amam. Ele é um homem que conhece a Deus e
sabe que logo o Salvador que o amou e morreu por ele o receberá no céu.
Este é um homem rico! Ele é um homem que gosta de comunhão com Deus
e com os outros. João diz-nos isto…
A verdadeira comunhão de uns com os outros e com Deus é a base para a
verdadeira alegria.
“Comunhão” significa compartilhar em comum ou compartilhar
juntos. A ideia de que nós, que estávamos tão contaminados pelo pecado,
pudéssemos ter comunhão - podermos compartilhar juntos - com o Deus
santo, não apenas pelos poucos anos que vamos estar nesta, mas para
sempre, deveria nos dominar por completo! João Calvino capta isto
(Comentários de Calvino [Baker], em 1 João 1: 4, p. 162):
É verdade que dizer: "Onde está o seu tesouro, estará também o
seu coração." (Mat. 6:21). Quem realmente percebe o que a
comunhão com Deus é, ficará satisfeito apenas com isso, e não
irá mais ser dominado com desejos para outras coisas. “O
Senhor é o meu cálice”, diz David, “Meu quinhão caiu em
lugares agradáveis; sim, fiquei com uma bela herança.” (Sal.
16: 5, 6.) Do mesmo modo, Paulo declara que todas as coisas
foram consideradas por ele como prejuízo, em comparação com

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Cristo. (Filipenses 3: 8) Ele, por conseguinte, adquiriu
proficiência no Evangelho, que se considera feliz em ter
comunhão com Deus, e aceita isto apenas; e assim ele prefere
isto ao mundo inteiro, de forma que ele está pronto para o bem
de renunciar a todas as outras coisas.
João começa com a comunhão de uns com os outros:

1. A verdadeira comunhão de uns com os outros é baseada na


verdadeira comunhão com Deus.

Por que João começa com a nossa comunhão de uns com os outros em
vez de seguir com a comunhão com Deus? Eu teria pensado que primeiro ele
colocaria a base, e então mostraria o efeito. Meu palpite é que ele começa
com o lugar onde a maioria das pessoas começa. O pensamento de
comunhão com o Deus santo é um pouco mais do que podemos entender.
Por vezes sentimos o amor dos outros na igreja, talvez até mesmo antes de
conhecermos a Deus pessoalmente. Isto é especialmente verdadeiro para
aqueles que sofreram relacionamentos quebrados durante toda a vida. Eles
encontram-se com um cristão ou vêm à igreja e sentem amor e aceitação. É a
primeira coisa que eles notam. É uma experiência tão nova que eles são
esmagados. Então eles aprendem que a fonte desse amor não está nas
pessoas, mas no facto de que essas pessoas passaram a conhecer o amor de
Deus em Cristo.
Observemos três coisas sobre essa comunhão de umas com as outras:
A. A comunhão de uns com os outros que não é baseada na comunhão
com Deus não é a verdadeira comunhão cristã.
Embora os incrédulos que entram no meio de nós sejam capazes de
sentir o amor, eles não podem conhecer a verdadeira comunhão de uns com
outros crentes até que eles pessoalmente cheguem à fé em Jesus Cristo e
comecem a andar com Ele diariamente. Por outras palavras: conhecer a
Cristo pessoalmente e crescer nessa relação é a base para qualquer
verdadeira comunhão com outros que conhecem a Cristo. É o próprio Cristo
que compartilhamos. A verdadeira comunhão cristã é quando
compartilhamos juntos as riquezas de Cristo e os tesouros da Sua Palavra.
Qualquer coisa sem isto não é uma comunhão genuína.
Às vezes conversamos uns com os outros sobre o clima, desporto ou
notícias. Embora não haja nada de errado em falar sobre estas coisas, isto
não é a verdadeira comunhão cristã. J. Vernon McGee falou uma vez numa

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reunião do Rotary Club, onde um banner dizia: “Comida, diversão,
companheirismo”. Ele disse que a comida não servia para se gabar - frango e
ervilhas de pacote. A diversão baseou-se em algumas piadas brejeiras. O
companheirismo consistia num homem acariciando o outro nas costas e
dizendo: “Oi, como vão os negócios?” Ou “como está a esposa?” Essa era a
ideia deles de companheirismo (Primeiro João [Thomas Nelson], p. 21).
McGee continua dizendo que o que é chamado de comunhão “cristã”
geralmente não é muito diferente. Reunimo-nos para um jantar e falamos
sobre tudo sob o sol, excepto o que proporcionaria a verdadeira comunhão,
ou seja, tudo o que compartilhamos juntos em Cristo. A verdadeira
comunhão cristã concentra-se na comunhão com Deus.
B. A comunhão de uns com os outros baseada na verdadeira comunhão
com Deus é o núcleo da verdadeira unidade cristã.
João não defendeu a “comunhão” com os hereges. Esses homens, sem
dúvida, ainda afirmam crer em Jesus, mas não exactamente do mesmo modo
que os apóstolos. Embora João enfatize o amor, ele nunca encoraja o amor e
a comunhão com esses hereges. Muito pelo contrário, ele deixa claro que
não devemos recebê-los nem com uma calorosa saudação. Fazê-lo seria
participar nas suas más obras (2ª João 10-11).
Existem pensamentos desleixados, nos círculos cristãos, sobre o tema
da unidade em Cristo. Claramente, é um tópico importante. Jesus orou para
que Seus seguidores fossem um só, para que o mundo soubesse que o Pai O
enviou (João 17:23). Aqueles que tentam promover a unidade
frequentemente dizem: “O mundo saberá que seguimos Jesus pelo nosso
amor, não pela nossa doutrina”. Então eles dizem: “Vamos nos reunir em
áreas onde concordamos e deixar de lado as questões em que discordamos.
Tal pensamento leva homens como Max Lucado a pedir aos protestantes que
peçam perdão a católicos romanos. Seria interessante ver o Max Lucado
dizer a Lutero e a Calvino para pedirem perdão ao papa.
Ouso dizer que João ficaria espantado! A verdadeira unidade cristã
deve basear-se na verdadeira comunhão com Deus, que deve basear-se na fé
no evangelho da salvação pela graça somente através da fé. Eu sei que há
alguns católicos romanos que acreditam no verdadeiro evangelho, mas eles
acreditam nisso apesar do que a igreja ensina, não pelo que a igreja ensina.
O ensino oficial da Igreja Católica Romana nega que somos salvos pela
graça de Deus somente através da fé somente em Cristo. (Veja Os Concílios
de Trento, Sessão 6, Cânones 9, 12, 24, 30). Eles estão a cometer a heresia

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da Galácia, que acrescentou as nossas obras à fé no que Cristo fez na cruz.
Paulo diz sem rodeios: “sejam anátemas (malditos)” (Gálatas 1: 8, 9).
Em Efésios 4, Paulo menciona dois tipos de unidade. Ele diz (4: 3)
que devemos ser "diligentes para preservar a unidade do Espírito no vínculo
da paz". A unidade do Espírito já existe; deve ser preservado. Mas ele
prossegue e diz (4:12) que os santos devem ser equipados, “até que todos
nós alcancemos a unidade da fé, e do conhecimento do Filho de Deus ...”
(4:13). A unidade da fé ainda não existe. Nós alcançamos isto à medida que
crescemos para conhecer melhor Jesus Cristo através do estudo e ensino da
Palavra.
Quando conhece a Cristo, experimenta a genuína união e comunhão
com outros cristãos, mesmo que possa haver diferenças significativas nos
antecedentes, personalidade, status social ou raça. Entre os apóstolos, Simão,
o zelote, pertencia a um grupo político radical cujo passatempo estava
matando os colectores de impostos. Mateus era um cobrador de impostos!
Jesus reuniu-os e disse: “Amem-se uns aos outros!” Paulo enfatiza que na
igreja, não há distinções entre escravos e homens livres, ou judeus e gentios,
mas “Cristo é tudo e em todos” (Cl 3:11).
Assim, a verdadeira unidade cristã na base consiste em conhecer
mutuamente a Cristo através do evangelho (Efésios 4: 3). Assim unidade
aprofunda-se à medida que crescemos para conhecê-lo melhor através da
Sua Palavra (Efésios 4:13).
C. A verdadeira comunhão com Deus e de uns com os outros é a base
para trabalharmos juntos no evangelho.
João não estava a defender a união com os hereges numa cruzada para
ganhar Éfeso para Cristo! Longe disso! Não devemos nos unir em esforços
evangelísticos com igrejas ou organizações que obscurecem o evangelho.
Paulo elogiou os filipenses pela sua “participação [grega = koinonea,“
comunhão ”] no evangelho” com ele (Filipenses 1: 6). Alguns versículos
depois, ele os exorta (1.27):
Fp 1:27 (AlmeidaXXI)
(1:27) Somente portai-vos de modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer eu vá e vos
veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes num só espírito,
combatendo juntos, com uma só alma, pela fé do evangelho,

Se quisermos experimentar a verdadeira comunhão com outros


crentes, então juntemo-nos para trabalhar pelo evangelho. Sim, existe um
potencial de divergências e conflitos. Paulo e Barnabé separaram-se devido a

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divergências. Mas há também o potencial para uma comunhão mais
profunda. Assim como os soldados que lutaram juntos e sobreviveram mais
tarde sentem um vínculo estreito, os que trabalham juntos para Cristo
conhecerão a verdadeira comunhão.

2. A verdadeira comunhão com Deus é baseada na verdade que Deus


revelou sobre o Seu Filho.

João diz (1: 3):


Sim, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão
(1:3)
conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
Como vimos no estudo introdutório, um dos principais temas de João
em todas as três epístolas é crer na verdade sobre Jesus Cristo. Isto tem três
implicações importantes:
A. Comunhão não baseada na verdade revelada sobre Jesus Cristo não
é verdadeira comunhão.
Muitas vezes, aqueles que tentam promover a unidade dos cristãos
dirão: “A doutrina se divide. Devemos deixar de lado nossas doutrinas e
apenas amar uns aos outros”. João diria: “Tolice!” A sã doutrina une-se,
como Paulo ensina em Efésios 4:13. A verdadeira comunhão centraliza-se na
verdade do testemunho apostólico sobre Jesus Cristo. Se nos afastarmos
disso, deixamos o fundamento bíblico para a unidade.
É por isso que não podemos ter verdadeira comunhão com os que
negam a divindade de Jesus Cristo. O que nós compartilhamos? Nada! Eles
supostamente acreditam num Jesus moral ou nos Seus ensinamentos morais.
Mas o Jesus em quem eles crêem não é o Jesus dos apóstolos. É também por
isso que um crente não deve se casar com um incrédulo. Embora no
contexto, Paulo inclui muito mais do que o casamento, certamente é incluído
quando ele escreve (2Co 6:14):
2Co 6:14 (AlmeidaXXI)
(6:14) Nãovos coloqueis em jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça
com a injustiça? Que comunhão há entre luz e trevas?
Ele continua a perguntar (6:15),
2Co 6:14 (AlmeidaXXI)
(6:14) Nãovos coloqueis em jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça
com a injustiça? Que comunhão há entre luz e trevas?

Se não compartilhar a verdade sobre Cristo, juntos, não tem a base


para a verdadeira comunhão cristã.

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B. A comunhão com Deus só existe através do sangue do Seu Filho.
Na próxima seção, João apresenta-nos um sério dilema. Deus é
absolutamente santo (1: 5), mas nós não somos. Como os pecadores podem
ter comunhão com um Deus tão santo? A resposta de João, de acordo com
toda a Bíblia, é que a única maneira pela qual um pecador pode se aproximar
do Deus santo é se seu pecado é expiado. A única coisa que pode expiar
nosso pecado é o sangue do Filho perfeito de Deus, Jesus Cristo. Se alguém
afirma conhecer a Deus, mas nega a necessidade do sangue de Jesus Cristo
para expiar o pecado, na linguagem de João, ele é um mentiroso e
enganador. Ele não conhece a Deus e não há base para a verdadeira
comunhão.
C. A Comunhão baseada na verdade sobre Jesus Cristo é ter a vida
compartilhada n’Ele.
Como vimos na semana passada, João nos transmite a mensagem
sobre “a Palavra da Vida” (1: 1), “a vida eterna, que estava com o Pai e nos
foi manifestada” (1: 2). Isto significa que a comunhão com Deus e uns com
os outros não é apenas uma questão de subscrever as doutrinas correctas
sobre Jesus. É uma questão de receber a nova vida através do novo
nascimento. Esta nova vida leva a um crescente e aprofundado
companheirismo com Deus e com o Seu povo.
Imaginem um bebé recém-nascido numa família. A vida não é
periférica para ele entrar em comunhão com a família! É absolutamente
essencial! Sem a nova vida, não pode haver comunhão. Mas quando há uma
nova vida, essa criança vai crescer e começar a se comunicar com seus pais e
com seus irmãos e irmãs. É sempre uma alegria para os pais quando seus
filhos começam a conversar consigo! Conforme a criança cresce, ele passa a
entender mais sobre o quanto seus pais o amam e cuidam dele.
Se experimentámos uma nova vida em Cristo, então o Pai cuida
amorosamente de cada aspecto da nossa vida. Ele deu-nos tudo o que
precisamos para a vida e piedade através das promessas da Sua Palavra (2Pe
1: 3-4). Ele encoraja-nos a lançar todas as nossas ansiedades Nele, sabendo
que Ele cuida de nós (1Pe 5: 7). Ele simpatiza com as nossas fraquezas e
convida-nos a ir ao Seu trono de graça para receber misericórdia e graça para
ajudar nos seus momentos de necessidade (Hb 4: 14-16). Assim, podemos
compartilhar todo o fardo, toda a luta e todo pensamento abertamente com
Ele e saber que Ele nos recebe!
Tal comunhão com Deus através de Cristo não é automática ou sem
esforço. Os relacionamentos levam tempo e esforço. Não existe um bom

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casamento que simplesmente acontece espontaneamente. Quando vemos um
bom casamento, é porque o casal faz questão de passar tempo juntos e
trabalhar para estar perto. Eles estão empenhados em trabalhar com
dificuldades ou sentimentos feridos. Eles trabalham duro na comunicação e
evitam tentações que criariam distância ou os dividiriam.
A comunhão com Deus não é diferente. Temos que trabalhar nela,
arranjar tempo para ela e afastar-nos das coisas que criariam distância entre
nós e Deus. Naturalmente, o pecado dificulta a comunhão, mas o mesmo
acontece com outras coisas. O inimigo tentará levar-nos a qualquer coisa,
excepto passar tempo a sós com Deus. Pode ser a TV, o jornal, o trabalho, os
hobbies ou o tempo com amigos. Mas se permitirmos que estas coisas
excluam o tempo consistente na Palavra de Deus e em oração, então não nos
aproximaremos de Deus em comunhão genuína.
Ao crescer em comunhão com Deus, descobriremos que, cada vez
mais, os Seus propósitos e desejos, ou seja os de Deus, se tornam os nossos
propósitos e desejos. Se o propósito de Deus é ser glorificado ao salvar
alguns de toda tribo e língua e povo e nação (Apoc. 5: 9), então
encontraremos grande alegria quando ouvimos as notícias do evangelho a
avançar pelo mundo. Se não nos importamos com as missões e bocejamos
quando ouve falar de alguém que vem a Cristo, mas quando ouvimos sobre o
resultado de um jogo e ganhamos vida com entusiasmo, devemos examinar
se gostamos da verdadeira comunhão com o Pai e com o seu filho Jesus
Cristo. Isso leva ao ponto final de João:

3. A verdadeira comunhão de uns com os outros e com Deus é a fonte da


verdadeira alegria.

Como vimos da última vez, o texto original (1: 4) provavelmente dizia


“nossa alegria”, não “sua alegria”. Mas ambos são verdadeiros. Quando um
pecador chega a Cristo, ele traz grande alegria àqueles que já conhecem a
Cristo, mas também traz uma grande alegria ao pecador que é salvo. E à
medida que a nossa comunhão com Deus e uns com os outros é maior, a
alegria também é maior. Ao comentar sobre o facto de que Deus nos deu a
vida eterna, Calvino exclama (ibid., P. 157): “Mas se considerarmos o quão
miserável e horrível é a condição da morte, e também qual é o reino e a
glória da imortalidade, nós perceberemos que há algo aqui mais magnífico
do que aquilo que pode ser expresso em qualquer palavra”.
E assim como os filhos de Deus, devemos buscar a nossa maior
alegria Nele. Se buscarmos alegria nas coisas menores, sentiremos a falta da

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maior alegria de todas e não glorificaremos o Deus que nos resgatou da
devastação do pecado e da morte.

Conclusão

A comunhão com Deus e uns com os outros na realidade são apenas


os dois Grandes Mandamentos, amar a Deus com todo o seu ser e amar o
próximo como a si mesmo (ver Mateus 22: 37-40). O objectivo de toda a
Bíblia é ajudar-nos a glorificar a Deus à medida que experimentamos a
alegria profunda de um relacionamento íntimo com Ele e relacionamentos
próximos uns com os outros. À medida que crescemos em obediência a estes
dois Grandes Mandamentos, cresceremos em grande alegria, não só nesta
vida, mas também por toda a eternidade!
Encorajo-vos a trabalhar no vosso relacionamento com Deus. Não se
contentem com uma comunhão ocasional e distante. Reservem diariamente
tempo para passar com Ele na Sua Palavra e em oração. Leiam livros que o
ajudem a conhecê-lo melhor. Cortem da vossa vida qualquer coisa que
impeça a comunhão com Ele.
E trabalhem no vosso relacionamento com outros crentes. Neste
mundo pecaminoso, tais relacionamentos nunca serão perfeitos, mas podem
ser bons. Mas eles não serão bons se não houver esforço! A recompensa é
que a verdadeira comunhão de uns com os outros e a verdadeira comunhão
com Deus vai trazer algo, e esse algo é a verdadeira alegria.

Perguntas de aplicação

1. Por que é um grave erro para os evangélicos buscar unidade e


comunhão com a Igreja Católica Romana?
2. Onde nós traçamos a linha do compromisso doutrinário antes de
nos recusarmos a trabalhar juntos no evangelho com os irmãos
cristãos?
3. Como aconselharia um cristão que confessasse que a sua
comunhão com Deus esfriara? Onde ele deveria começar?
4. É contraditório trabalhar em relacionamentos? Não devia ser
espontâneo?

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