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A IMPORTÂNCIA DO CORPO DIACONAL COMO REFERENCIAL DE

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CORPO DE CRISTO NO SEC. 21

Diaconia: estilo de vida dos seguidores de Jesus


Todos somos vocacionados, cada um segundo o desejo e a graça do Senhor, a participar,
em comunidade e na unidade, dessa grande peregrinação eclesial neste mundo. Da missão
da Igreja, e intrínsecos a ela, nascem os serviços e ministérios eclesiais, ordenados ou não
ordenados. (Quantos diáconos nós conhecemos que implantarão igrejas, se tornaram
presbíteros – pastores – Educador religioso – professor de EBD e etc).
Não obstante a nossa pequenez e as nossas fragilidades, somos chamados por Cristo. O
Espírito nos assiste para o serviço da Igreja e ao mundo. Para isso, sempre nos é pedida a
resposta generosa, o discernimento, a formação, a unidade e uma sólida espiritualidade
ministerial.

Diaconia é uma palavra grega utilizada cerca de cem vezes no Novo Testamento. É
uma expressão que aparece como substantivo diakonos (alguém que
serve), diakonia (serviço) e como verbo diakoneo (servir). O termo é utilizado tanto
para referir-se ao serviço mútuo entre as pessoas, quanto para o ministério de Jesus no
mundo “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser diaconado, mas
para diaconar e dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mc 10.45).

Diaconia compreende o estilo de vida que Jesus escolhe e recomenda para os seus
seguidores. A diaconia pode ser definida como o Evangelho em ação, expresso através
do amor ao próximo, da comunhão inclusiva, da preservação da criação de Deus e da
luta pela justiça.

À luz da Tradição e da Sagrada Escritura, nosso olhar se volta, agora, para o ser
diácono no século XXI, tempo de grandes e profundas mudanças de época. Inusitados
desafios e novas exigências de nosso tempo pedem também ao diácono a renovação, a
liderança criativa, o avanço para adentrar nas novas periferias existenciais, a coragem
para repropor-se em novas linguagens e métodos, a compreensão e a presença nos novos
areópagos pós-modernos.

A Diaconia é Cristocêntrica
A diaconia é centrada em Cristo: na sua vida, exemplo, morte e ressurreição. Em Cristo,
Deus mostra o Seu grande amor pela humanidade e por toda a criação, tornando-se um
de nós (Jo 1.14), esvaziando-se e assumindo a forma de servo (Fp 2.6-8). A diaconia
tem em Jesus o seu modelo e exemplo. Ele cuidou das pessoas, curou os enfermos,
ministrou aos pobres, tocou nos impuros, libertou os oprimidos, abraçou os
marginalizados e confrontou a injustiça. Após a sua ressurreição, ele apareceu aos
discípulos e disse-lhes “Assim como o Pai me enviou, também eu os envio.” (Jo 20.21).
Portanto, o exemplo que devemos tomar para o nosso estilo de vida Como servos,
chamados como prestadores de serviço para o reino de Deus, deve ser igual ao de Jesus
Cristo: vivermos uma vida de serviço. A conversão implica não vivermos mais para nós
mesmos, nem para satisfazermos as nossas próprias necessidades, mas vivermos para
aquele que por nós morreu e ressuscitou (2Co 5.15).
Diaconia é mais que ação social e mais que projetos
A diaconia bíblica se distingue de qualquer outra ação pública ou humanitária porque
ela inclui a partilha da fé e o convite para uma vida nova, a vida plena que só Cristo
pode oferecer – vida que abrange a reconciliação com Deus, com o próximo e com a
criação. A diaconia é uma atitude, é o estilo de vida exigido para os discípulos de Jesus.
Ser um seguidor de Jesus é seguir o seu exemplo, fazer o que ele fez ir onde ele foi e
cuidar daquilo que ele cuidou. Isso vai muito além de uma atividade, de um título, de
uma posição ou um projeto.

No Evangelho de João temos esse grande exemplo de cuidado, de atenção e de serviço.


Se eu, Senhor e Mestre, lavei os vossos pés, também deveis lavar os pés uns dos outros.
Pois eu vos dei exemplo, para que façais também o mesmo.  Jo 13.14-15

Diaconia não pode ser considerada simplesmente uma atividade de um grupo


especialmente interessado em assuntos sociais. A ação diaconal, portanto, tem suas
raízes na identidade da igreja como a comunidade dos discípulos de Jesus, o Diácono
por excelência.
Charles van Engen, em seu livro Povo missionário, povo de Deus, quando trata da
finalidade da igreja local, diz:

O ensino neotestamentário pressupõe que o ministério diaconal faça mais que atender às


necessidades da comunidade local. Diaconia não é simplesmente mais uma coisa boa
que podemos fazer, ou ainda apenas um braço que deve ser estendido ao mundo em
que vivemos. Charles, diz: Quando a Igreja missionária de Deus deixa de tomar parte no
ministério diaconal, algo de sua natureza missionária deixa de brotar. (1996, p.122)

A prática diaconal demanda articulação e mobilização em rede para


transformar situações de morte em realidades de vida.
Tanto dentro quanto fora da Igreja: missão evangelizadora
Partindo de uma perspectiva bíblica, qualquer estrutura geradora de morte precisa ser
transformada. Kjell Nordstokke (1995, p. 61) diz “A diaconia é profética; (…) onde a
vida está ameaçada (…) nessa realidade Deus quer agir, dizendo através de palavras e
ações: Basta! Assim como está não pode continuar”.

A diaconia não deve estacionar no nível da caridade, ela precisa sempre avançar na
direção da justiça, já que existe, claramente, uma relação direta entre conhecer a Deus e
praticar a justiça. É o que diz o Senhor por meio do profeta Jeremias ao ganancioso rei
Jeoaquim, contrastando o seu reinado com o de seu pai, Josias: “Teu pai (…) agiu com
justiça e retidão, por isso as coisas iam bem para ele. Julgou a causa do necessitado e do
pobre; e as coisas iam bem. Por acaso não é isso o que significa conhecer-me? Diz o
SENHOR.” (Jr 22.15, 16).

Situações de pobreza, violência e morte demandam do povo de Deus um


compromisso com a misericórdia, a compaixão e a justiça. Esse chamado é coletivo, não
é “meu” ou da “minha instituição”, ele é “nosso”! Atuando em rede as nossas ações
serão potencializadas, o nosso impacto será mais significativo e o nosso testemunho
cristão se tornará mais crível; Aquele veio para diaconar e não para ser diaconado disse:
“Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo
13.15).

Os diáconos permanentes, chamados por Deus, trazem para o coração da Igreja a


alegria de viver e de ser família. E leva para as famílias – principalmente as suas
próprias famílias –, a alegria de viver e de ser Igreja. Por isso, a eles deveremos dedicar
sempre mais a nossa atenção, o nosso acompanhamento e, principalmente, a nossa
gratidão e reconhecimento.
Diaconia: homens de Deus vivendo um ministério por ações de fé, amor e misericórdia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENGEN, Charles van. Povo missionário, povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 1996.
NORDSTOKKE, Kjell. Diaconia. In: SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph (Org.).
Teologia
Prática no contexto da América Latina. São Leopoldo: Sinodal/ASTE, 1998. P. 268-
290.
__________. Diaconia: fé em ação. São Leopoldo: Sinodal, 1995.

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