Você está na página 1de 86

• COLABORADORES |NOIZE #31

1. Carlos Diaz_ Prefere se definir como uma pessoa que pinta o


cotidiano, o que enxerga nos lugares por onde passa.
2. Gaía Passarelli_ Jornalista, confunde-se com a própria historia
DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM do rraurl.com, maior portal sobre cultura eletrônica do Brasil.
3. Jovem Palerosi_ Integrante do massacoletiva.blogspot.com
ponto de referência regional do Fora do Eixo em São Paulo.
• EXPEDIENTE #31 // ANO 4 // MARÇO ‘10_ 4. Victor Sá_ Formado em comunicação social, trabalha como
jornalista, roteirista e fotógrafo em diferentes mídias sociais. flickr.
DIREÇÃO: 
 REDAÇÃO: RRAURL: PONTOS: com/victor_sa
Kento Kojima Bruno Felin Gaía Passarelli Faculdades 5. Marco Chaparro_ flickr.com/marcochaparro
Pablo Rocha bruno@noize.com.br www.rraurl.com Colégios
Rafael Rocha Ana Laura Malmaceda Cursinhos 6. Marcelo Costa_ Marcelo Costa é editor do screamyell.com.br,
ana@noize.com.br SCREAM & YELL: Estúdios
 trabalha na edição da capa do portal iG e escreve sobre cultura pop
COMERCIAL:


 Gustavo Foster Marcelo Costa Lojas de Instrumentos como conversa na mesa do bar.
Pablo Rocha foster@noize.com.br www.screamyell.com.br Lojas de CDs
pablo@noize.com.br Maria Joana Avellar Lojas de Roupas 7. Pedro Cupertino_ Pedro cupertino é um gaúcho em SP.
Leandro Pinheiro joana@noize.com.br FORA DO EIXO: Lojas Alternativas Fotógrafo nas horas vagas, na sua geladeira, não há comida. Só filmes.
leandro@noize.com.br Ney Hugo Agências de Viagens
 flickr.com/podrepobreepoeta
REVISÃO: Marco Nalesso Escolas de Música
DIREÇÃO DE ARTE: João Fedele de Azeredo Michele Parron Escolas de Idiomas
 8. Carolina de Marchi_ Jornalista e produtora cultural, acredita
Rafael Rocha jp@noize.com.br

 www.foradoeixo.org Bares e Casas de Show
 que curiosidade é o melhor combustível. twitter.com/caroldemarchi
rafarocha@noize.com.br Fernanda Grabauska Shows, Festas e Feiras

 9. Eduardo Macarios_ Fotógrafo e autor do livro “Andante”.
fernanda@noize.com.br

 ANUNCIE NA NOIZE: Festivais Independentes
DESIGN: comercial@noize.com.br

 www.eduardomacarios.com.br
Douglas Gomes ASSESSORIA DE TIRAGEM: 10. Gabriel Innocentini_ Tem um talento inato para o
doug@noize.com.br COMUNICAÇÃO: ASSINE A NOIZE: 30.000 exemplares desperdício, razão pela qual cursa jornalismo na Unesp de Bauru.
Julie Teixeira assinatura@noize.com.br


ASSIST. DE CRIAÇÃO: julie@noize.com.br CIRCULAÇÃO
11. Samir Machado_ Designer, escritor e um dos editores da
Cristiano Teixeira AGENDA: NACIONAL Não Editora. www.naoeditora.com.br
cris@noize.com.br

 MOVE THAT shows, festas e eventos 12. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide,
JUKEBOX: agenda@noize.com.br


EDIÇÃO:
 Alex Correa
ultimamente se dedica a produzir DONUTS.
Fernando Corrêa Neto Rodrigues ASSESSORIA JURÍDICA: facebook.com/eduardo.guspe
nando@noize.com.br www.movethatjukebox.com Zago & Martins Advogados 13. Combo_ Influenciado pelas técnicas do mangá, é o
responsável pela parte digital e artística do Espaço Rabisco. Mais em:
www.espacorabisco.com.br
• EDITORIAL | Brand New Start. 14. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamento se viciou
em fotografia analógica. Seus trabalhos: www.flickr.com/felipeneves
Em 2009, a NOIZE inovou ao inserir em seu projeto editorial uma página reservada ao blog Move That Juke- 15. Livio Vilela_ Mezzo jornalista, mezzo funcionário de
box. A aposta não era ousada pelo fato de se estar andando no contrafluxo da revolução digital, mas porque o gravadora, Livio Vilela comanda o www.BloodyPop.com, onde exerce
blog era comandado por meninos, parte deles ainda no colégio. Um ano depois, a satisfação com a página do aquilo que faz por inteiro: gostar de música desesperadamente.
Move e a vontade de ampliar o caráter colaborativo e plural da revista nos motivou a dar mais alguns passos. 16. Manu D’Almeida_ Jornalista e lifestyle photographer.
O 4° ano de NOIZE traz para a revista, além de um novo projeto gráfico, mais três blogs importantíssimos: o www.manuphoto.com.br
Scream & Yell, o RRaurl e o Fora do Eixo. E isso é só uma parte da novidade. 17. Chico Marés_ Curitibano, estuda jornalismo na UFPR. Acha
A seção de notícias foi atualizada, e tem agora um formato mais “bloguístico”. Passamos a dedicar uma página Beatles melhor que Stones, mas gosta bem mais de Stones. twitter.
a entrevistas rápidas, a começar por um papo com o vocalista do Dream Theater, James LaBrie. As matérias com/chicomares
mantém a preocupação com imagem e texto em iguais proporções, e começam o ano olhando um pouco para 18. Camila Mazzini_ Jornalista e fotógrafa. flickr.com/camon
trás – e apontando para frente. Síntese deste movimento é Lucas Santtana, que fala de Sem Nostalgia, disco no 19. Alex Correa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e
qual ele se debruça sobre voz, violão e computador de um jeito novo. Mas também estão na edição os zines, acredita na genialidade do Kasabian até o fim.
pais da NOIZE, pais dos blogs e, ao mesmo tempo, insubstituíveis veículos de informação e arte. Por fim, uma 20. Marcus Vinícius Brasil_ Repórter de Época São Paulo; já
matéria com duas figuras importantes no lançamento do disco da década que inaugurou o século 21: Is This passou por O Estado de S. Paulo e Rraurl.com. twitter.com/marcvs
Ii, do Strokes, é revisitado pelo produtor Gordon Raphael e por Geoff Travis, que contratou os garotos para a 21. Lidy Araujo_ Jornalista, baixista frustrada e louca por
Rough Trade. Comece a dissecar a nova NOIZE agora. Ramones e Red Hot Chili Peppers. Seu site é lidyaraujo.com.br
22. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o
freakiumemeio.wordpress.com
Neto Rodrigues_ Morador de Minas há incontáveis anos,
quase foi um engenheiro. Hoje ronda a publicidade e torce pela volta
• ARTE DE CAPA_ • BÉÉÉÉ_
do Oasis.
CARLOS DIAZ Esta revista está livre de erros há 81 dias. Lucca Rossi_ Jornalista.
Confira no site Gabriel Resende_ Ainda será psicólogo e músico profissional.
http://www.noize.com.br Dicas, sugestões e reclamações: Ana Luiza Bazerque_ Jornalista.
um dossiê e uma entrevista noize@noize.com.br
sobre o artista convidado
deste mês, e acesse:
flickr.com/aoseualcance
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

9
5
1

21
17
13
• THIS IS NOIZE SUPERSTYLLIN’!

6
2

22
18
14
10
7
3

19
15
11
8
4

16
12

20

#
Não

Passe
Gostou

Adiante
Se Você

da NOIZE

NOIZE
//07

www.noize.com.br

31
??
t ã o p a r t i c ipe do
En
s t B a n d S e arch"!!!nto
"...Lo
o r egulame
c on fira
.com .br e
esse Lost
ac
apoio:
Inscreva sua banda e corra o risco de aparec
vídeos da ...Lost, sair com as namoradas er nos
ganhar umas latinhas de cerveja, umas dos atletas,
camisetas e um par de meias novinho!
de gravação,
Não tá bom? Que tal 100 horas lificador de contrabaixo,
lif icador de guitarra, um amp
um amp e uma bateria completa?
uma guitarra, um contrabaixo beleza, também vamos descolar
Ainda não é suficiente? Entãoum ano e vamos colocar vocês
shows pra sua banda durante
internacional que virá
pra abrir o show de uma banda t Band Search"!!!
para o encerramento do " ...Los
_foto: RAFA ROCHA _agradecimentos: valter vale
life is music
NOME_
Rob Machado

PROFISSÃO_
Surfista Profissional

UM DISCO_
Jimi Hendrix |
Are You Experienced

“Escuto música o tempo


todo; quando estou viajando
muito, estou sempre com
meus headphones. É bom
ter uma música cravada
na cabeça quando se está
surfando – ouvir música e
surfar são muito parecidos
em muitos aspectos. Hoje
em dia escuto música mais
tranquila; antigamente, na
Califórnia, eu estava com
a cabeça no punk, Bad
Religion e tal. O disco que
mudou minha vida foi Are
you Experienced. Minha
namorada me deu quando
eu tinha 16 anos, uma fita
k7, meio que transformou
meu mundo.”
LEIA ISTO
“Emo, pop-punk, o que você quiser chamar, é
de morrer. Devo 2g pra ele.” Steve Diggle| Buzzcocks
“Kurt Cobain me deu um pouco de cocaína antes

perigoso. Existe uma criatura dentro de mim


que quer destruir todas essas bandas.”
Brandon Flowers | do Killers, no auge do boom emo, em 2006.

“Agora, estamos correndo

ter muito sexo!” Keith Richars | Sobre sua auto-biografia.


que eu quero fazer. Se bem que... vai
“Não é um livro de escândalos de sexo
como crianças numa loja
de doces. Voltar a escre-
ver músicas é como voltar
a andar de bicicleta.”
Fab Moretti | do Strokes, sobre as gravações do disco novo.

“Num momento estou esperando a


Kate chegar pra entrar na jacuzzi para
uma noite romântica. A única coisa que
consigo lembrar depois disso é  estar
fazendo rehab numa cela cheia de vô-
mito.” Pete Doherty
“Eu escrevi ‘Cornerstone’ de manhã. Há algo
a ser dito sobre compor de manhã – em out-
ras horas do dia você está um pouco mais na
defensiva.”
Alex Turner | Arctic Monkeys
_BONO VOX,, STROKES, LOS CAMPESINOS!,
KEITH RICHARDS. BRIAN ENO, PETE DOHERTY

“Você não lembra? Nós todos fomos

Gareth | Los Campesinos!


justificados!”
e meus sentimentos são
escuto música miserável
Se me sinto miserável,
me sentir como me sinto.
çar que estou certo em
posso usá-la para refor-
“Gosto de música porque
àquele pequeno pub em Wembley. A
maioria tomou dois drinks! Céus, eu
ainda tenho a nota, Thomas! Raios,
eu paguei em dinheiro! Tsc tsc. Mas
foi uma grande noite, Thomas, que
pena que você não foi.”
Eddie Veder | respondendo a fã sobre os drinks que disse que pagaria a
todos, em um show do Pearl Jam no Wembley Arena.

“Estou entediado com o Bono e eu sou ele. Estou


farto de mim mesmo.” Bono Vox

“Este álbum será nos-


entre os dois. Isso fez minha cabe-
como você poderia se equilibrar
“Estava num dilema no fim do co-

eles tinham encontrado uma posi-


ção importante entre arte erudita
e popular. Então o Velvet Under-
ground apareceu e deixou claro
légio: vou ser músico ou pintor?
O Who me ajudou. Eu sentia que

ça para entrar na música.” Brian Eno

so último… Quando
estou trabalhando em
um disco, faz senti-
do pensar nele como
o último que você fará
porque daí você faz di-
reito.” James Murphy | LCD Soundsystem

“Eu me fiz parar de usar faixas


na cabeça há um ano.”
Andrew VanWyngarden | MGMT

noize.com.br 13
014\\

noize

Montagem
joão brasil e a odisseia do mashup
Mestre do mashup, o carioca João Brasil manda recado de Londres: “Aqui é bom demais para trabalhar, só chove,
faz frio, não tem praia”. Por isso o mashupeiro começou 2010 com a mão comprometida a permanecer na massa
pelo ano todo. Desde 1º de janeiro, todos os dias um (ou mais) novo mashup do cara vai ao ar no blog 365mashups.
wordpress.com. Fazendo uso da vocação que tem lhe galgado mais e mais fãs, colocou para dividir a mesma música
Beatles e funk carioca, Los Hermanos e De Leve. A blogosfera enalteceu o 365 mashups como o grande projeto 2010.
“Se é o mais ambicioso projeto da música brasileira esse ano eu não sei, sei que é o mais trabalhoso que fiz até hoje.
Gasto uma hora e meia por dia fazendo e postando os mashups”, contou João por email.

A morada europeia é, em grande parte, a responsável pelo ânimo renovado. “Estou querendo me conectar cada vez
mais com o Brasil nesse projeto. Sou bicho exótico por aqui”, explica entre um mashup e outro. As misturas, como
de costume, unem mundos opostos como Beatles e MCs do funk carioca, conversam Bob Dylan e Olodum, transam
Phoenix com percussão  sambista. João ainda fez seu próprio Carnaval com o EP Mash Mash, em que reuniu as
misturas sambadas e batucada da recente safra. Mas a jogada mais inusitada foi Let it Baile, uma releitura mashupada
para o clássico dos Beatles, de onde sai a filha favorita de João no projeto até agora: “Let it Be”, dos FabFour, com
“Injeção”, de Deize Tigrona: “Fiquei com lágrimas nos olhos quando acabei”.
_ouca agora //015

´
George Harrison - All Things Must Pass
The Misfits - American Psycho
Erasmo Carlos - Carlos, Erasmo...
Megapuss - Surfing
NOFX - Coaster

__LOVE BAZUKAS | O barulho garageiro do Black

Luiz Maximiano
Drawing Chalks encontra os anos de distorção nas costas
do forgotten boy Chuck Hipolitho. Surge daí o projeto
Love Bazucas. A ideia inicial era que Chuck produzisse
e colaborasse em composições do BDC, mas acabou
resultando num EP em parceria. “São 2/4 ideias do Chuck
e 2/4 do BDC. Trabalhamos todos em cima e, em uma
tarde no Costella (estúdio do Chuck), aprontamos quatro
músicas e gravamos metade das baterias”, contou o baix-
ista Denis Pereira. “Surdo estourado, bumbo gordo, baixo
destorcido no Orange, diferentes guitarras associados a
cabeçotes Orange e um Marshall valvulado nervosíssimo!
E um monte de brinquedinhos que deixavam o estúdio
com aspecto de laboratório”—Denis definiu a fórmula; o
resultado está no bacana www.NaGulha.com.br.

__PIXO | É pixo, não é graffite. É Arte? Protesto, Lazer.

Divulgação
Por quê? Voz, grito. O que querem? O topo. Como?
O prédio mais alto. O documentário Pixo retrata uma
geração de jovens paulistanos cuja forma de expressão é
criminalizada. “A pixação é como o grito dos invisíveis”,
define Djan Ivson, personagem do filme e parceiro dos
diretores João Wainer e Roberto T. Oliveira no projeto.
Mais do que divagar sobre um indecifrável texto que
definisse se aquela maneira de aplicar tinta nos muros
é arte, o filme se preocupa em mostrar quem são essas
pessoas. Eles mesmo explicam sua motivação para
escalar prédios de mais de 10 andares pelo lado de fora,
sem qualquer proteção, para fazer um tag. E as imagens
são impressionantes. Busque por exibições em @pixodoc
enquanto o longa não chega aos cinemas.

direto ao ponto

Polysom lança a primeira leva Moby, Placebo e Madeleine O rei Roberto Carlos, em seus Rolling Stones lançam reedição
de vinis nacionais da década, Peyroux são algumas das 50 anos, ganhou uma grande de luxo do clássico Exile on
com Nação Zumbi, Pitty, Ca- atrações que vêm ao Brasil a exposição na Oca, em São Main Street com músicas
chorro Grande e Fernanda Takai. partir de abril. Confira em tiny. Paulo . Confira em tiny.cc/ inéditas. Confira em tiny.cc/
tiny.cc/polysom cc/calendario roberto438 stones414
016\\ NEWS

objetos que dificilmente


Fred Jordão

darão as caras novamente.


Dizer que o nome Ocupação
cai bem para a exposição de
Science advém da natureza
esfomeada do manguebit, da
maneira como sua música se
impôs como retrato de um
povo culturalmente tão rico
e, no entanto, financeiramen-
__ANAMAUÊ | Começou te pobre. Cai bem também

NRK P3 / C.C.
em fevereiro e vai até 4 de porque Chico Science ocupa
abril a exposição Ocupa- o lugar que, em edição an-
ção Chico Science, do Itaú terior, foi de Paulo Leminski.
Cultural (Av. Paulista, 149, Nada mais justo que artistas
em Sampa), que esmiuça como eles, cada um à sua
o significado do mestre maneira reveladores da
pernambucano e revela as beleza de sua poesia incauta,
múltiplas facetas do caran- crua e brasileira de dar or-
guejo genial.A caminhada gulho—sem ufanismo, por
pelos diversos ambientes favor—, invadam espaços
da exposição leva o espec- culturais nesta apropriação
tador a fotos raras, escritos que não fere ninguém.
exclusivos, documentos e

__WHO THE HELL WAS JAY REATARD? | Não era só em


Fred Jordão

Memphis que Jay Reatard era tido como um mito—ou ao


menos um projeto de lenda. Infelizmente, no Brasil, a morte
do punk rocker prodígio do Tennessee repercutiu pouco, não
o bastante sequer para jogar luz sobre a obra gigantesca do
cara. Jay estava longe de se encaixar em qualquer imagem
pré-concebida, ainda que seu rock urgente e sua postura o
associassem a uma figura niilista e destrutiva. Seu último disco,
Watch me Fall (2009), cujo título macabro encabeça uma lista
de músicas dificilmente enquadráveis em um só rótulo, é a
prova de que a mistura de álcool com cocaína, que tirou a
vida de Reatard no dia 13 de janeiro, deve ser um dos únicos
clichês a por os pés na vida do artista—basta uma passada
em myspace.com/jayreatard para confirmar a afirmação.
lado a LADO B
018\\

SITIOS 13.1.14.4.18.1.7.15.18.1.1110
_Os vídeos anônimos, com códigos e imagens
bizarras e místicas do usuário /iamamiwhoami
estão tomando espaço na internet. Os blogs
citam Christina Aguilera e Little Boots como
as mais prováveis autoras do viral.
_hobnox.com
Plataforma online para criação de música Tags: iamamiwhoami
eletrônica de maneira intuitiva e visual.
Para completar, os recursos de rede social
permitem o encontro de artistas e ouvintes
das músicas originadas no site.
Raveonettes | Heart of Stone
_audioporncentral.com
O Audio Porn Central é um filtro. O site coleta _Meio Tim Burton, meio Salvador Dalí, o novo
mp3 e vídeoclipes bacanas na internet e clipe do Raveonettes é um curta em animação
entrega tudo mastigadinho para o visitante. cheio de metáforas, dirigido por Chris Do. O
clima sombrio e as cenas dentro do corpo do
personagem combinam com a música da dupla.
posts Tags: raveonettes heart stone

tiny.cc/laerte
O nome dá a dica: todas as tiras do Laerte
para a Folha no período de 2000 a 2009.
Mystery Guitar Man
tiny.cc/alice649
A rapaziada do Move That Jukebox separou _O cara se chama Joe Penna, é músico, brasileiro e
algumas músicas que estarão na trilha do mora nos Estados Unidos. Usando violão e “instru-
Alice de Tim Burton para você sacar mentos” menos comuns, como caixas de fósforo
tiny.cc/beatleslasers
e escova de dente (e algumas horas de edição) ele
O With Lasers mostra uma estranhíssima une música, stop-motion e interatividade.
faixa rara dos Beatles.
Tags: mystery guitar man

tag yourself
cordel do fogo encantado futureheads heartbeat lady gaga mirim
asobi seksu jesus kexp makethe girl dance kill me hole samantha 2010 cumbia mix
typeface huang vimeo kate nash do wah doo holy ghost on board lady gaga mashup
pavement 2010 plastic beach atoms for peace
//019

`
o que voce viu e nao viu neste mes_

`
Garotas Suecas | Bugalu audio

_O Garotas Suecas acaba de lançar o diverti- That Tree | Snoop Dogg, Kid Cudi e Diplo
díssimo clipe de “Bugalu”, do EP Dinossauros, É Snoop Dogg tentando ser mais “artista pop”
do que “rapper”.A base de Diplo é boa, as par-
disponível para download no site da Trama. O tes que Snoop rima são ótimas, mas o refrão é
clipe é tão deliciosamente inspirado no tropi- fraco e Kid Cudi pouco acrescenta à música.
calismo quanto a música. Nostálgico e atual.
Hold On (Holy Ghost cover) | Friendly Fires
Tags: garotas suecas bangalu Friendly Fires faz cover do debut do Holy Ghost
para o split que as duas bandas lançaram em
fevereiro.

Gorillaz | Stylo Our Love Was Saved by Spacemen | The


Pipettes
As Pipettes seguem no clima especial, mas
_Bruce Willis, perseguições no deserto, carros, perdem muito do peso e poderio pop que
tiros e nova música do Gorillaz. Mais descri- tinham no primeiro disco. Não chega a ser
ruim, mas não empolga.
ções são desnecessárias. Assista.
Spanish Sahara | Foals
Primeiro single de Total Live Forever,
próximo do Foals.
Tags: gorillaz stylo
`
Voce nunca ouviu
Marty McFly
_O que aconteceria se Marty McFly, do De Volta
Para O Futuro, fosse ao passado e transasse com
sua própria mãe? Nesse vídeo, as hipóteses do “para-
doxo do avô” são propostas pelo College Humor na Maurel & Sonny Dog Blues (Ferrugem/SC)
viagem no tempo mais famosa do cinema. Quando soa a gaita de Maurel, Sonny solta
a voz do fundo da sua alma canina.
www.collegehumor.com/video:1928396 QUER OUVIR? NOIZE.COM.BR/nuncaouviu

TUMBLIN’ follow up
http://theimpossiblecool.tumblr.com/ http://kurtwiththecat.tumblr.com/ @_StevieWonder - Para
Retratos bonitos e expressivos em p&b Gente famosa do universo pop em acompanhar o clima de humor
captam gente respeitável (ou não) em grandes momentos, péssimos momentos negro que dominou a web no
momentos que não se repetem mais. e, principalmente, em momentos com mês que passou.
o gato.
020\\
bandas que voce
nao conhece mas deveria conhecer_
EGYPTIAN HIP HOP

Divulgação
Origem:
Manchester
Som:
O nome é tão
irreverente quanto
a banda. Não é hip
hop nem vem do
Egito: com sintetizadores oitentistas e
letras cheias de deboche, a Egyptian Hip
Hop possui um estilo quase inclassificável.
Escute:
myspace.com/egyptianhiphop

GRAVOELA E O LIXO POLIFÔNICO


Origem:
Belo Horizonte, MG
Som:
MPB difícil de defi-
blakroc
nir do renascer da
Uma banda de blues-rock, uma Camaro Blakroc, carro especialmente
canção, flerta com
a psicodelia, com o dezena de pesos-pesados do rap, produzido para o projeto.
eletrônico e com o erudito. Com melodias um Chevy Camaro preto. Essa é Nas onze faixas do CD, a cozinha
pop e instrumental criativo, de um Júpiter a receita de Blakroc, projeto dos guitarra-e-bateria do duo de Ohio
Maçã passeando pelo nordeste. americanos do Black Keys. Os caras, serve de cama perfeita para os
Escute: que trabalharam com o onipresente convidados rimarem, em faixas
myspace.com/graveolaeolixopolifonico Danger Mouse no último disco, musicalmente ricas, que mostram que
resolveram levar a sério o hip-hop, Blakroc é mais que uma brincadeira.
uniram forças com produtor Damon “On The Vista”, com o já calejado
THE CAESARS
Dash e chamaram gente do calibre de Mos Def, entraria perfeitamente no
Origem: Mos Def, Ludacris, RZA e Jim Jones último disco do rapper, The Ecstatic.
Suécia
para fazer o que foi um dos grandes Outros pontos altos são “Coochie”,
Som: discos do ano passado. que apresenta gravações antigas
Vocais pop O disco é, na verdade, apenas parte de Ol’ Dirty Bastard, “Hope You’re
reverberados, in-
fluência sessentista
do grande projeto: desde o início de Happy”, a faixa mais roqueira do
acentuada, baixo 2009, vídeos dos bastidores foram álbum, com um instrumental perfeito
marcado. Uma indie rock bacana que leva lançados na internet. Logo após o de Dan Auerbach e Patrick Carney,
o brit pop de encontro ao power pop – e lançamento do CD, na “black Friday” e Ain’t “Nothing Like You (Hoochie
a diversos comerciais de TV. (a sexta-feira seguinte ao Dia de Ação Coo)”, em que Auerbach divide
Escute: de Graças) foi anunciado o Chevy vocais com Mos Def.
myspace.com/caesars
022\\
bandas que voce
nao conhece mas deveria conhecer_
THE DRUMS

Jason Anfinsen
Origem:
Flórida, EUA
Som:
The Drums cria
letras e ritmos
simplistas, livres e
pessoais. A despre-
tensão e descuido com o mundo de fora
são, ironicamente, os maiores atrativos
da banda.
Escute:
myspace.com/thedrumsforever

STRANGE BOYS
Origem:
Texas, EUA

Começaram como
Som:
ezra furman & the harpoons
um duo punk, pega-
Uma mistura de Bob Dylan pré- letras sobre desilusões amorosas, falta
ram emprestados
alguns membros do acidente de moto com um Daniel de perspectiva e a importância do uso
Mika Miko e viraram um Rolling Stones Johnston sem desordens mentais. de óculos escuros em dias de sol. Em
garage-country. Somem-se a isso referências “Take Off Your Sunglasses”, responde,
como Velvet Underground, Bruce agoniado, a uma declaração de amor:
Escute:
myspace.com/thestrangeboys Springsteen e Libertines: o resultado “In the middle of the night, everybody
é Ezra Furman, um nova-iorquino que, loves everybody else these days”.
com mais três colegas, forma a Ezra O último disco, lançado após o fim
Furman and the Harpoons. Depois do contrato com a gravadora, é Moon
VELHO DE CÂNCER
do primeiro disco, independente, Face, composto por bootlegs. Além
Origem: os caras assinaram contrato com a disso, a banda promete compor uma
Porto Alegre, RS
Minty Fresh Records e lançaram mais música para cada comprador: é só
Som: dois álbuns: Banging Down The Doors e comprar o disco, mandar uma carta
Hardcore de vocal Inside The Human Body. Neles, o estilo para eles contando algo sobre sua
gritado e convicto.
Os suspiros dos
se confirma: às vezes garageiros como vida e esperar.
anos 90 brilham os Black Lips, em outras acústicos Escute: “Mother’s Day”, sobre uma
nas poesias e na levada mais cadenciada. como Dr. Dog, os caras parecem prostituta de Chicago, “Take Off Your
Com riffs despreocupados, porém preci- querer passar uma mensagem vital Sunglasses”, com refrão para cantar
sos, é puro rock cru. a cada música. Furman, empunhando junto, e “The Dishwasher”, sobre
Escute: uma gaita de boca e um violão, berra empregos cretinos.
myspace.com/velhodecancer
soundcheck
024\\

JAMES LABRIE Black Clouds & Silver Linings foi Rosemary Burnes, que me auxilia
lançado em uma versão especial, regularmente. Aqueço antes de cada
incluindo um CD de covers e apresentação, bebo água morna e
M0nst3r/C.C

um de versões instrumentais do mel… todas essas coisas.


disco original. A experiência deu Em Porto Alegre vocês vão
certo? tocar no mesmo dia que Guns
Funcionou muito bem, tanto para N’ Roses e Sabastian Bach.
a banda quanto para os fãs. Eles Tem gente que vai no Guns
ficaram muito felizes com o resultado, porque acha que é uma banda
a recepção foi muito boa, inclusive mais suscetível a terminar de
para a versão mais simples do disco. repente...
Gostei muito do disco de covers, Sim, está além do nosso poder, não há
mostrou nossa interpretação mais nada que possamos fazer. Acontece
particular daquelas músicas. com frequência. Neste caso, são
Por que motivo você não artistas que respeitamos – sou
escreveu nenhuma das letras inclusive amigo de Sebastian. Com
nesse álbum? certeza nós não estamos nem perto
James LaBrie dispensa introduções.
Foi como o álbum rolou. John tinha de acabar com o Dream Theater, mas
Vocalista do Dream Theater, uma das
maiores bandas de metal progressivo da muitas ideias. Mike queria terminar espero que muitos fãs vão ao show,
história, ele e seus companheiros passam sua “suite do álcool” nesse disco porque sempre damos nosso máximo.
pelo Brasil neste mês de março, com shows (desde 2002, o baterista vinha Os set lists de vocês costumam
em Porto Alegre (16/03), Curitiba (18/03), compondo músicas relacionadas à ter em torno de 10 músicas.
São Paulo (19/03) e Rio de Janeiro (20/03). sua batalha contra o alcoolismo) , e Com 10 discos de estúdio, o que
Falamos com LaBrie  sobre o disco novo,
passou por uma experiência dura, que esperar dos shows?
os cuidados do cara com a voz e os shows
imprevisíveis. do Dream Theater. foi a morte do seu pai, para quem Não gostamos de repetir set
ele queria prestar tributo. Acabei não lists, então eles mudam a cada
tendo nenhum envolvimento com as show. Fazemos isso para mantê-
composições. los interessantes, para os fãs e
“Corro 5km por Os problemas que você teve para a gente. É importante que
dia, me alimento com sua voz mudaram a cada show seja fresco, poderoso,
maneira como você se prepara imediato, surpreendente. Nós vamos
bem, não fumo, para cantar hoje em dia (James definitivamente tocar algumas
machucou a voz de tanto músicas de Black Clouds, e tentaremos
aqueço antes de
vomitar após uma intoxicação tocar uma ou duas de cada um dos
cada apresenta- alimentar em 1994)? outros discos. É impossível tocar
Sempre cuidei da minha voz, mas de todos, fica cada vez mais difícil à
ção, bebo água hoje em dia faço muitas coisas para medida que lançamos novos discos,
morna e mel... to- manter ela em forma. Corro 5km por e há sempre fãs que querem ouvir
dia, me alimento de maneira saudável, músicas novas e outros que precisam
das essas coisas.” não fumo. Tenho a técnica vocal ouvir suas preferidas.
ORGANIZAÇÃO:

GARANTA JÁ
SUA VAGA

PORTO ALEGRE RS 10/11 ABRIL 2010

PALESTRANTES MEDIADORES
+ RAFAEL GRAMPÁ + ABDUZEEDO + DIEGO MAIA + CATARINA GUSHIKEN + MARCELO FERLA
+ MARCELO BALDIN + PULPO + JORGE RESTREPO + SANTA + XANDE MARTEN

+ EXPOSIÇÕES + MINI-FEIRA + PRÊMIOS + BRINDES + PALESTRAS + PAINEL ILUSTRAÇÃO / GRAFFITI + FESTIVAL DE MOTION

www.twitter.com/zupi
INFO@PIXELSHOW.COM.BR www.flickr.com/zupidesign
WWW.PIXELSHOW.COM.BR
11 5084 9040 / 11 3926 0174 www.facebook.com/pixelshow LOCAL: USINA DO GASÔMETRO

CONTATO PARCEIRO LOCAL: MARIA CULTURA 51 3207 8463


Parceiro local - POA: Apoio:
move that jukebox
026\\

BLOGS

DG Jones

Divulgação

Divulgação
__DIPLOMAT’S SUN | __NOUVELLE NO BRASIL
Rostam Batmaglij, tecladista | Depois de alguma enrola-
do Vampire Weekend, é ção, o francês Nouvelle Va-
gay.A notícia foi dada com gue confirmou sua passagem
frenesi pela imprensa es- pelo Brasil por meio de sua
trangeira, só que não por __SHE’S GOT THE LOVE | Florence Welch: Bonita, canta página no Myspace. Entre
preconceito: a revelação, feita bem e teve a sensatez de não querer ser a única estrela shows na Bélgica e na Fran-
pelo próprio músico, explica de seu disco de estréia, Lungs, em que influências clássicas ça, o grupo encaixou três
muita coisa por trás de seu formam a beleza do trabalho. Essa vibe também dominou a apresentações tupiniquins.
trabalho.“Diplomat’s Sun”, última edição do BRITs Awards, onde a cantora, envolta por A primeira acontece em 29
por exemplo, foi descoberta um palco cheio de harpas e um globo espelhado gigante, sur- de abril, no Clash Club, em
como uma ode a um dos preendeu até os que mais a estimavam – como eu. Represen- São Paulo. Logo em seguida
primeiros relacionamentos tando os icônicos live mashups dos BRITs, Florence apareceu o grupo embarca para o Rio
homossexuais do rapaz com o rapper Dizzee Rascal numa união que criou “You’ve de Janeiro (Circo Voador, dia
com um... filho de diplomata. Got The Dirtee Love”, um mix dos versos de “You’ve Got 30) e Recife (dia 1º de maio
Também vale fazer uma The Love” e “Dirtee Cash”, sempre com harpas ao fundo. O em lugar a ser definido). Por
rápida analise nas músicas do produto final é lindo – e a explosão de papeis picados verme- ora, o Brasil é o único país
Discovery, seu projeto com lhos que finaliza o show quase emociona. Ele levou o título de da América Latina a receber
um dos integrantes do Ra melhor cantor e ela, o de melhor álbum. Justo. a turnê do álbum 3, que
Ra Riot, pra sair detectando carrega covers à bossa nova
umas dicas que ninguém de artistas como The Police,
conseguiu pegar. Depeche Mode e Sex Pistols.

Thom Yorke confirmou o nome O sexto disco de estúdio da Trans-Continental Hustle, quinto Novas faixas da Kate Nash têm
de sua nova banda, que toca na dupla The Black Keys irá se cha- disco de estúdio de Eugene vindo a público para revelar que
edição de 2010 do Coachella. mar Brothers e já está a caminho. Hütz e seu  Gogol Bordello, já a garota transita entre o pop
O grupo se chama Atoms For A capa e a tracklist você confe- tem data de lançamento. No descontraído do primeiro tra-
Peace, e há vídeos de músicas re em tiny.cc/blackkeysmove dia 27 de abril, as faixas listadas balho e algo mais roqueiro.
novas tocadas por Yorke em no tiny.cc/gogolmove ganham tiny.cc/katemove
Cambridge. tiny.cc/yorkemove o mundo.
RRAURL
028\\

BLOGS
Divulgação

Divulgação

Divulgação
__Quando você pegar esta __O LCD Soundsystem, padri-
revista ainda vai dar tempo de nho da disco-punk dos anos
correr para conferir de perto o 00 e dono do essencial Sound
Coachella, festival californiano of Silver (2007), está com
que abre (em 16/04) extra- trabalho no forno para este
oficialmente a programação dos semestre.Trocando a cinzenta
grandes festivais de música no Nova Iorque pela ensolarada
hemisfério “de cima”. O novo Los Angeles, James Murphy
projeto do Thom Yorke, do Ra- promete sons inspirados na soul
diohead, é um dos destaques. dos anos 70.

__A banda a ocupar o posto de melhor eletrônica-pop-


Divulgação

Reprodução
britânica de 2010 (posto que em 2009 foi do duo La
Roux) pode bem ser a Chew Lips. Com remixes de
gente como Tepr e Two Door Cinema Club e datas em
festivais como o texano South by Southwest, o trio está
na ativa desde 2008 e lançou em fevereiro o primeiro ál-
bum, Unicorn. As bases eletrônicas, as melodias sintéticas
e a voz clara e metálica da vocalista Tigs são o destaque.
Acrescente o clima low-tech, quase cru, sempre apoiado
na presença de Tigs (forte candidata a personalidade cool
de 2010), e você tem um dos destaques dessa safra de __O novissimo Lions Nightclub __Em primeiro de março a
bandas lideradas por mulheres, fenômeno pós-Yeah Yeah abriu após o Carnaval em pleno MTV Brasil amanheceu com
centrão paulistano. Com esque- nova programação. Entre as
Yeahs (e prestando claro tribudo a Karen O) que remete
ma de carteirinhas para sócios, novidades estão um programa
tanto ao feminismo punk dos anos 70 quanto à dance tem na programação inicial voltado para cultura noturna,
music inofensiva dos anos 90, sem necessariamente soar noites dos núcleos Chocolate o MTV na Pista, apresentado
datado. Publicações bombadas como o NME, já colo- (hip-hip, soul e funk, as quintas) por Kika Brandão. A parte de
caram o trio no seu time de bandas “a ver” em 2010 e a e 3Plus (techno, house e afins, videoclipes ganha reforço nas
banda também é aposta do bacana selo francês Kitsuné, aos sábados). madrugadas com novos sons e
eletrônica indicados pelo rraurl,
que escalou para as edições 7 e 8 de suas coletâneas
sempre as sextas, 2h30min.
Maison. Ouça “Solo”, “Slick” e “Karen”.
SCREAM & YELL

SCREAM & YELL


030\\

BLOGS

__1986. Eu tinha 16 anos, e o rock nacional era uma sendo que o mais caprichado inclui dois CDs, um DVD,
febre. Gastei meu primeiro salário comprando seis vinis: quatro vinis (entre eles o disco duplo ao vivo Drop in The
Dois, da Legião Urbana; O Rock Errou, Lobão; Selvagem?, Park, oficialmente lançado apenas neste box) e uma fita k7,
Os Paralamas do Sucesso; Nós Vamos Invadir a Sua Praia, além de farto material de fotos e badulaques. Os Rolling
do Ultraje a Rigor; Mudança de Comportamento, do Ira! Stones também capricharam na reedição do disco Get Yer
e Revoluções por Minuto, do RPM. Antes desta compra Ya-Ya’s Out!, que junta três vinis, três CDs, um DVD, livreto
só havia dois vinis na minha “coleção”: Radioatividade, da e muito mais.
Blitz, e Ballads, uma coletânea com 20 baladinhas dos Na mesma linha, Stone Roses (Stones Roses Legacy
Beatles, o primeiro disco que ganhei na vida. Edition), Snow Patrol (Up To Now Box Set) e White Stripes
Hoje é bem provável que haja em minha HD uma (Under Great White Northern Lights) deixam fãs de queixo
discoteca tão extensa quanto a que tenho em CDs e vinis, caído com suas edições super especiais. No Brasil, o vinil
aproximadamente uns 7 mil álbuns. Mas nos últimos 15 ameaça uma volta tímida com o investimento da Deckdisc
anos não me lembro de ter comprado mais do que cinco no setor, embora seja bem difícil imaginar alguém gastando
discos em vinil, porém, o cenário parece estar mudando. o salário comprando vinil. Mas se você quer uma dica,
Os vinis ressurgem – principalmente no mercado externo procure o site da Vinyl Land, um selo independente que
– como um interessante item de colecionado, pegando já lançou compactos em vinil de seis artistas brasileiros,
muita gente pela beleza e qualidade do material. entre eles Autoramas, Lê Almeida e, mais recentemente,
Para a reedição de seu álbum de estréia, Ten, Rock Rocket. É um bom começo.
o Pearl Jam preparou vários formatos para o mercado,
FORA do eixo
032\\

BLOGS

__O caldo é grosso e vem de Rio Branco, no Acre.


Talita Oliveiras

Caldo de Piaba é mais um daqueles ingredientes da


música independente a que nenhum gourmet resiste:
junta, num caldeirão, carimbó, brega, jazz, blues, rock, funk,
ska e samba. Formada em 2008, a banda acaba de levar a
sua música para o nordeste do país. A turnê percorreu
6.568 km entre Maceió, Arapiraca, Salvador e Recife. Acesse
o diário de bordo em piabanokombao.blogspot.com.
A banda faz parte do Coletivo Catraia, ponto Fora do
Eixo no Acre. No primeiro semestre de 2010, o grupo
vai lançar pelo CompactoRec, projeto da Fora do Eixo
Discos. A promessa é de um trabalho que transita entre
músicas populares, venezuelanas, bregas, bolero—“ou
seja, um caldo doido!”, relata o baterista Renato di Deus.

__São Paulo está com data marcada para ser invadida.


Reprodução

Depois de sincronizar mais de 80 cidades com o festival


integrado Grito Rock, o Circuito Fora do Eixo concentra-
se para tomar o eixo. No início de abril, o Festival
Fora do Eixo, que une produtores e bandas independen-
tes de todo o Brasil, vai ocupar a cidade. Dez dias, dez dos
espaços mais significativos do indie rock paulistano.
As noites serão embaladas por Macaco Bong, Porcas Bor-
boletas, Minibox Lunar e outros grupos que despontam no
país e compõem o trabalho em rede que marca a atuação
do Circuito Fora do Eixo. Quem tiver pique acompanha
ainda um ciclo de reflexões sobre a Tropicália e seus
desdobramentos no universo da música independente de
hoje. Anote!

direto ao ponto

Grito Rock 2010, o maior festi- Macaco Bong abriu a tempora- Em menos de dois anos, os Portal Nagulha, uma revista
val integrado da América Latina, da do Auditório Ibirapuera em amapaenses da Minibox eletrônica que reúne atrativos
mais uma vez estimula a circu- São Paulo. Com convidados de Lunar já chamam a atenção de como a ágil cobertura audio-
lação de músicos independentes peso, mostraram porque são público e da crítica. Matéria da visual dos shows e festivais
em mais de 80 cidades. Confira umas das principais bandas Folha de São Paulo destacou mais empolgantes, gravações
a entrevista na Rádio CBN em independentes do país. Assista o isolamento geográfico como exclusivas em áudio e outras
tiny.cc/grito611 mini-doc em nagulha.com.br influência no som da banda. novidades: www.nagulha.com.br
rio - são paulo
org.br/festival
www.foradoeixo.

abril
_texto
FERNANDO CORREA
THE STROKES //035

No tempo em que os Strokes salvaram o rock

No dia 27 de agosto de 2001, o primeiro álbum virando a esquina na Ludlow St. Foi no Luna que
dos nova-iorquinos The Strokes foi lançado na Inglaterra. Gordon Raphael os viu pela primeira vez.
Um mês depois, quando finalmente aterrissou nos Estados “Eu pensei ‘uau, eles têm um visual muito bom
Unidos, precisou de uma nova capa, menos sensual+1, e e agem com muita autoconfiança’. Mas não fiquei
da troca da canção “New York City Cops” pela bem menos muito impressionado com a música. Como eu pre-
urgente “When It Started”. O retrato despretensioso que cisava trabalhar, chamei eles até o meu estúdio para
os cinco garotos haviam elaborado sobre a cidade em que fazerem uma demo”, conta Raphael, que acabaria
viviam chegou em má hora, quase junto com os aviões que por produzir os três primeiros discos do Strokes, a
derrubaram as torres gêmeas. Ironicamente, começar pelo EP The Modern Age. “Eles diziam que
Is This It acabou por se tornar o disco que salvou rock no tinham tido muito azar nas tentativas anteriores de
século XXI. E não é só isso. gravar, e não achavam que fosse possível conseguir
uma gravação boa de verdade. Falei para eles que, se
Em uma cidade efervescente—porém gigante— me dessem três dias, gravaria três músicas”.
como Nova Iorque, a importância da música só fica evi- “The Modern Age”, “Last Nite” e “Barely
dente numa escala microscópica. Os músicos são como Legal” eram o retrato do Strokes que aos pou-
formigas. Como elas, circulam perdidos e desordenados cos conquistaria Raphael com a mesma força que
na megalópole. Mas não há como ignorar o talento de começava a arrebanhar outros ouvintes: sujo, urgente
algumas delas pra trilhar o caminho seguro de outras, e provido de ótimas melodias, no vocal sensual de
tampouco o fato de o formigueiro gigante da Big Apple Julian Casablancas e na guitarra marcante de Nick Va-
ter areia suficiente para as formigas talentosas, que lensi. As três músicas, tocadas através de uma ligação
deixam sua marca ao desvendá-la. Os Strokes são des- telefônica transoceânica, impressionaram também o
sas formigas, e desbravaram um cenário que deixava as inglês Geoff Travis, que voou até Nova Iorque para [+1] A capa original
de Is This It:
imitadoras sem saber que caminho trilhar. vê-los tocar—e imediatamente convencê-los a lançar
Pode parecer estranho, mas os 19 milhões de a demo, da maneira que estava gravada, pela Rough
nova-iorquinos não tinham muitos lugares legais para Trade Records, gravadora indie que Travis fundara na
assistir a shows de rock na virada do século. Se você transição dos anos 70 e 80 para lançar bandas como
estivesse em uma banda, dispunha de alguns palcos The Smiths.
legais no Brooklyn e mais alguns em Manhattan para Junto de The Modern Age, Travis levou para
[+2] Neste show de
mostrar seu empenho. No Lower East Side (sudeste Londres o Strokes. “Os garotos foram embora e eu 2000, disponível no
YouTube, a banda toca
da ilha), ficava a Arlene’s Grocery,+2 bar e casa de não ouvi nada. Três meses depois, Albert aparece músicas que sairiam
shows em que o Strokes fez uma de suas primeiras dizendo, ‘Cara, assinamos contrato na Inglaterra com em Is This It e outras
nunca lançadas:
apresentações. Fizeram outras tantas no Luna Lounge, aquele disco que você gravou para a gente, e nós tiny.cc/strokesarlene
036\\

Arquivo Pessoal Gordon Raphael


“Quanto mais trabalhava com Julian Casablancas, mais eu perce-
bia que ele era um cantor genial.” ACIMA, Gordon Raphael e Julian Casablancas em estúdio

vamos sair em turnê por lá, porque fomos escolhidos zendo que ninguém mais sabia qual era o ‘som deles’”.
pela NME como Song of the Week’”, conta Raphael. O “Uma coisa que posso dizer é que quando a
sucesso veio primeiro na Europa, mas não tardou até banda tocou ‘Take It Or Leave It’—e gravamos aquilo
que aquele EP de apenas três músicas despertasse os ao vivo—eu senti que tínhamos feito uma obra de
americanos de seu então esgotado sonho pós-grunge. rock ‘n’ roll monumental, que era exatamente o tipo
“A mídia americana também começou a escrever de som que eu vivo para ouvir. Is This It me causou um
sobre eles. E eram revistas como a Rolling Stone, que sentimento de imenso poder e liberdade que durou
só escrevem sobre estrelas, produções milionárias, por anos!”, sintetiza Gordon Raphael. Quem arremata
bandas contratadas por majors. Essa banda tinha con- é Geoff Travis: “Is This It é um disco avassalador e
trato com um pequeno selo indie na Inglaterra, mas seminal. Ele merece todos os prêmios de melhor da
não eram sequer distribuídos nos Estados Unidos—e década. Ainda hoje soa brilhantemente fresco e exci-
[+] O Strokes estavam escrevendo sobre eles como ‘oh, algo está tante. Pare de ler agora e coloque-o na vitrola”.
começou a colocar
vídeos da gravação acontecendo, algo está acontecendo!’”.
do sucessor de First
Impressions of Earth.
Nos próximos meses, os americanos continu- Depois de colocar o disco para tocar, volte para ler a
O primeiro está em aram a esperar pelo verdadeiro trabalho de estreia entrevista exclusiva de Gordon Raphael. Ele concedeu a
tiny.cc/strokes2010
de seus filhos expatriados. Is This It saiu também pela entrevista a seguir por telefone, diretamente de Berlin.
[+] Neste show [tiny.
cc/strokestavern]a
Rough Trade, e também com produção de Raphael: A íntegra do papo, repleto de detalhes inéditos sobre a
banda toca Is This It na “Tanto em Is This It quanto em Room on Fire os Strokes convivência do cara com o Strokes, você confere no site da
íntegra, no Horseshoe
Tavern, em 10/02/2001. tentaram outros produtores antes de virem a mim, di- NOIZE. Selecionamos algumas partes, destacadas a seguir.
THE STROKES //037

Para começar: Is This It é o disco da década? De onde veio o som de Is This It, um disco de
Absolutamente. Antes de Is This It, o rock ‘n’ roll, essa 2001 que não soa como nada da sua época?
coisa toda estava quase acabada. A maioria dos lugares Todo mundo que eu conhecia estava usando as
em Londres e NY era para se ouvir discos, DJs e toda novidades do ProTools para deixar o som “grande”
essa cultura. E depois que Is This It foi lançado, jovens e sobrecarregado de camadas adicionais. Eu pensei:
que tinham crescido ouvindo techno e acid jazz de e se nós apenas gravássemos a banda no meu estu-
repente começaram bandas de rock. diozinho, como verdadeiros músicos se divertindo e
tocando uns com os outros? Eu vinha pensando em
Você vê como um acidente ter começado a Raw Power, do Iggy and the Stooges, porque a versão
trabalhar com Strokes? original daquele disco soa como um completo caos de
Sim, porque eu fui para New York trabalhar nas freak-outs estourados e mal balançados. Também es-
minhas próprias músicas, e sai à procura de qualquer tava vidrado em Skinny Puppy, uma banda eletrônica e
banda que me deixasse gravá-la e me pagasse, para gótica matadora, de Vancouver, que me inspirou a usar
que eu pagasse meu aluguel. Então, quando os conheci, distorção nos vocais e a tornar os sons agressivos,
eles eram apenas mais uma banda. impossíveis de ignorar.

E então o EP foi lançado em Londres e depois Quem era o músico mais experiente?
a atenção dos EUA se voltou para a banda… Acho que eram todos parelho, mas Nivk Valensi real-
Eles fecharam com a Rough Trade, que lançou a demo, mente me impressionou de cara, ele tocava coisas
sem mais mixagem, e aí, Albert pegava pequenas caixas doidas na guitarra. Albert tocava a base de uma forma
de CD e as levava a pequenas lojas de disco de Man- fantástica, que fazia o som acontecer, entende? E
hattan, Kims Video foi uma delas, e perguntava “Você quanto mais trabalhava com Julian Casablancas, mais
ficaria com três dos meus discos e os venderia, por eu percebia que ele era um cantor genial, ele podia
favor?”. Tudo de maneira muito independente. fazer coisas muito loucas. Se ele tinha que cantar o
verso de uma música, eu tocava um pedaço antes, e
E daí para Is This It, o que aconteceu? ele cantava uma melodia completamente nova, com
Uma tempestade. Os garotos foram embora e eu letras ensandecidas, como se não soubesse o que es-
não ouvi nada, então esqueci deles. E então, repen- tava fazendo. E aí, assim que a parte que ele precisava
tinamente, três meses depois, Albert aparece dizendo, gravar chegava, ele cantava ela com perfeição – ainda
“Cara, assinamos contrato na Inglaterra com aquele que estivesse tirando sarro no início, ele simplesmente
disco que você gravou para a gente, e na realidade nós se focava e cantava como louco. E seu ritmo, seu tom
vamos sair em turnê por lá, porque fomos escolhidos e sua afinação eram tão superiores.
pela NME como Song of the Week. Então vamos correr
para Londres e excursionar pela Inglaterra”. Eu pensei Você identifica o jeito de Julian cantar com
“uau, nenhuma banda com que já trabalhei assinou Lou Reed?
antes, e aqui estão eles, com uma grande tour na Eu acho que se você pegar Lou Reed e Bob Marley
Inglaterra, que fantástico!”. Então a mídia americana e achasse algo no meio disso, talvez encontrasse um
começou a escrever sobre eles. E eram revistas como paralelo. Quer dizer, ele definitivamente adorava a
a Rolling Stone, que escrevem sobre bandas contrata- atitude new-yorkee de Lou Reed, mas as melodias do
das por majors. Essa banda tinha contrato com um Julian são loucas, tomam conta do lugar, e seus ritmos
pequeno selo indie inglês, mas não eram sequer distribuí- são muito sexy. Lou Reed é muito cool, mas seu negó- [+] Leia a entrevista
dos nos EUA. E estavam escrevendo sobre eles como cio é bem mais simples que o que Julian faz. Os dois na íntegra em
www.noize.com.br.
“oh, algo está acontecendo, algo está acontecendo!”. são geniais. Go!
_texto _FotoS
LIVIO VILELA PEDRO CUPERTINO
LUCAS SANTTANA //039

Sem nostalgia nem contradição, o baiano-quase-carioca-com-pé-


em-Recife Lucas Santtana chega aos 10 anos de carreira como
sempre fez: olhando para trás ao seguir em frente. Seu último ál-
bum, Sem Nostalgia, desconstrói um dos maiores ícones da música
brasileira – a voz e o violão – a partir de samples de Baden Powell,
Caymmi e Jorge Ben e canções. Belas canções.
Dono de uma das mais importantes discografias da recente música
brasileira, Lucas conta a NOIZE como insetos e ficar brincando com
equalizador ao ouvir João Gilberto podem influenciar um disco e
fala também daquilo que o circunda: a internet, sua geração e,
sim, a música brasileira.

Como surgiu a ideia do Sem Nostalgia? Ou mel- berto, eu comecei a aumentar os graves, mexer nas
hor, o que surgiu primeiro, a ideia do disco ou freqüências das caixas de som. Quando puxava o
as faixas em si? “gravão” do disco, o baixo do violão mudava muito
A ideia, na real, se divide em duas. A primeira ideia que sabe. Então eu pensei que poderia fazer um disco
eu tive, na verdade, não era um disco. Foi quando em “voz e violão” que mexesse com essa parada da
94 eu fui tocar com os Doces Bárbaros em Londres tradição, que eu pudesse avançar e me divertir com
num show no Royal Albert Hall. Atrás do Royal Albert isso de várias formas. Aí eu decidi: “porra, quero fazer
tem o Museu de História Natural de Londres e uma um disco voz e violão”. E fiquei com isso na cabeça
das salas, a sala dos insetos, que era toda feita para por muitos anos.
criança, tinha umas máquinas como se fossem displays Finalmente, em 2008: “tá na hora, vou fazer esse disco
em que você botava o fone, visualizava os insetos e porque ta há muito tempo na minha cabeça”, precisa-
ao clicar neles, ia ouvindo os sons que eles faziam, va dar uma esvaziada, poder pensar em outras coisas,
descobria de que país eles eram... Quando eu ouvi sabe? Aí eu comecei a compor o disco e pensar de
aquilo, pensei que tinha tudo a ver com sintetizadores, que maneira eu poderia fugir do esquema de dois ca-
porque era “de mentira”, sabe? Tinha a ver com músi- nais, só voz e violão. Começou a surgir essa ideia dos
ca eletrônica e o lance da ambiência, como aqueles samples, comecei a samplear vários discos do Caymmi,
sons se misturavam ao ambiente e tal. Aí eu pensei do Baden, só os trechos com os caras tocando violão.
que, “porra, podia usar os insetos como instrumentos, Comecei a sacar que eu poderia fazer uma faixa no
como ambiência”. Jardim Botânico, de noite e pegar o ambiente. Come-
Daí passou um tempo, quando eu tava em São Paulo cei então a ter várias ideias de como extrapolar aquilo,
na casa de um amigo ouvindo um disco do João Gil- de como fazer o ‘voz e violão’ soar diferente.
040\\
//041
042\\ noize.com.br

Como foram as gravações? Lendo a ficha téc- um jeito de fazer música, um jeito de viver de música,
nica, eu fiquei até meio assustado, vendo que um jeito de empreender música. Não é que a gente
você colocou dois bateristas fodas, como o não tenha gravadora, a gente nunca teve. Nunca teve
Curumin e o Marcelo Callado+1, para tocar ba- gravadora, nunca teve jabá pra tocar em rádio. Então,
teria no violão. Como foi escolher cada músico a internet vira nossa única aliada. Por exemplo, em
e produtor para cada faixa? Recife, depois do show no Rec Beat, eu saí na rua e
Quando eu pensei no disco, eu chamei vários produ- uma um monte de gente veio me parar para dizer ‘po,
tores e vários músicos, porque eu pensava que como eu tenho um blog, coloquei teu disco para baixar lá’,
era um disco que já tinha uma amarração, só podia sabe? Então, é muito boa essa coisa do boca-a-boca,
ser voz e violão, quanto mais gente eu chamar para do blog, de colocar aquele disco para 100 amigos seus
produzir junto comigo, gravar em estúdios diferentes, que acessam aquilo lá. E pensar que isso é multiplicado
mais vai enriquecer uma coisa que é uma só, voz e por milhares de blogs. Acho legal viver esse tempo em
violão. E daí eu comecei a chamar a galera que eu já que a gente está vivendo, mas não só isso, acho legal
trampo há algum tempo. Como o Curumin, que eu pensar sobre ele, não só do ponto de vista artístico,
já tinha feito faixa do disco dele, o João Brasil que já mas do ponto de vista do negócio da música mesmo.
tinha feito coisa junto, o Chico Neves, o Do Amor,
que já tocavam comigo. Uma faixa que era samba-rock Como você vê o Sem Nostalgia no meio deste
como “Um Amor Em renascimento da can-
Jacumã”, então eu “A gente não está só fazendo música, a ção+2, sendo ele um
chamava alguém com disco que, de certa
gente tá inventando um jeito de fazer
uma pegada samba- forma, tenta descon-
rock legal, como o Cu- música, de viver de música, de em- struir e reconstruir
rumin. No “Who Can preender música. Não é que não ten- essas canções?
Say Which Way”, que hamos gravadora – nunca tivemos.” Eu acho que realmente
era uma parada meio essa coisa da canção
rock, chamava o Do Amor, que é uma banda rock, mas está voltando, porque essa coisa de groove, de você
não é tão rock assim. Enfim, eu chamava quem tinha a soltar uma batida e construir uma música em cima
ver com a faixa, que pudesse catalisar o que a faixa pedia. dela cansou um pouco, ficou nos anos 90. A canção
que se defende sozinha, independente de ter uma
Esses seus 10 anos de carreira, foram os 10 sonoridade atrás, isso voltou. E ao mesmo tempo, na
anos que a indústria fonográfica ruiu. Mesmo minha geração, gente como o Curumin, a Céu, têm
sendo um artista muito bem adaptado a inter- muito essa história das texturas musicais, que é o meu
net, você às vezes sente algo que, talvez não barato. Apesar de fazermos canções, temos uma preo-
[+1] Do Amor e banda
Cê do Caetano seja nostalgia, mas uma vontade de ter sido cupação muito grande para que na hora que aquelas
[+2] De uns 3, 4
artista em outra época? canções forem gravadas, não seja feito num arranjo
anos para cá, de Não, eu realmente sou um cara que não tem essa tradicionalista. Ao contrário, a gente vai tentar colocar
certa forma dá para
falar que estamos parada nostálgica, sabe? Eu acho que a época que um arranjo com maior número de timbragens possív-
vivendo uma espécie
de renascimento da
a gente está vivendo é a época mais legal, mais el, para que seja tão interessante quanto a canção. Eu
“canção brasileira”, algo democrática. É uma época, sim, muito difícil, porque canso de ouvir canções bonitas, mas que quando são
que não é exatamente
samba, não é bossa todo mundo faz música, a concorrência é grande. gravadas, isso é feito de uma maneira tão careta que
nova, não é tropicália
nem jovem guarda, mas Tem um lado muito legal que é esse de eu e toda essa a canção fica feia. Então, se não tiver som abraçando
você nunca vai ouvir galera da minha geração estar se inventando. A gente a canção, eu não curto muito. Tanto é que eu acho a
um americano fazendo,
por exemplo. . não está só fazendo música, a gente tá inventando MPB hoje uma coisa muito careta, na sonoridade.
//043

Apesar de guardarem semelhanças, seus Você acha que o título Sem Nostalgia talvez
quatro discos têm ideias completamente dife- seja um resumo de como você conduz sua car-
rentes. O que você acha que seria então seu reira?
som? O que te define? É um resumo no sentido de que eu nunca quis muito
Meu som sempre foi textura musical. Canção com reproduzir a música popular que veio antes de mim. E
textura musical. Desde o primeiro disco meu barato quando eu falo isso, não quer dizer que eu não goste.
sempre foi achar sonoridade, sabe? Achar sonoridade Eu gosto muito, mas nunca achei que teria sentido se
do instrumento, achar sonoridade da guitarra, do eu fosse fazer “uma nova MPB”, sabe? Sempre achei
baixo e achar principalmente a sonoridade da faixa, essa ideia muito caída, tentar fazer o que já foi feito.
que é tudo isso junto, que se forma e dá vida a um Sempre achei que era mais arriscado e me daria mais
som só. Se você tirar a voz, o som que tem atrás é tesão fazer coisas que nunca foram feitas.
muito uma coisa de tapeçaria musical, de culinária,
pode chamar do que você quiser.
_texto _AGRADECIMENTOS
BRUNO FELIN DANIEL VILLAVERDE
XEROX CULTURA //047

Transgressão, pioneirismo, paixão. Como os fanzines impressos fizeram o papel dos blogs de
hoje bem antes da internet.

“Mais bandas, mais selos, mais público. É ine- descobrir uma banda antes da internet. Tudo que
gável! A peste se prolifera. Ainda falta infraestrutura, saísse mais tarde na mídia convencional já teria passa-
mais palcos e divulgação. Cadê a imprensa brasileira? do por um zine. Era uma revolução digital antecipada,
Fico impressionado como os grandes veículos de di- onde os correios faziam o papel da web.
vulgação de notícias ainda estão a ver navios. E mesmo
quem fala de bandas, é a respeito de duas ou três. Alô, O caráter transgressor
imprensa! Bom dia!”. Como é possível perceber nesse “Havia um cenário independente que não
editorial escrito por Sérgio Vanalli no zine Broken era coberto. Até ter aquele boom do Nirvana, a
Strings, de junho de 1993, os fanzines impressos não grande mídia não dava atenção”, aponta Alexandre
têm obrigações com ninguém. É a famosa liberdade do Cruz “Sesper”+1, vocalista do Garage Fuzz. Se a mídia
“faça você mesmo”. Eu poderia começar este texto da de massa e as poucas revistas especializadas prati-
maneira que quisesse, ou, por exemplo, uma resenha camente ignoravam a cena independente brasileira,
de show dizendo que na entrada encontrei uns safa- como conhecer novas bandas? Quais os lançamentos
dos de tal banda ou que enchi a cara, perdi os shows do mês? Onde ler uma entrevista de uma banda que
de abertura mas participei da maior roda punk da vida tem apenas uma demo em K7 lançada? Eram os zines
depois, em algum buraco underground pelo Brasil. que assumiam esse papel.
Os zines são o longo uivar dos coiotes da A necessidade de uma divulgação mais
mídia. E esse é o grande barato. Ser livre para pensar abrangente, que colocasse as bandas em contato
pelas teclas da máquina de escrever sem revisar muito, direto com seu público, fez muitos de seus integran-
dizer o que tiver vontade sem precisar manter um có- tes também se aventurarem nas páginas dos zines.
digo editorial ou ser imparcial. Produzidos artesanal- “Como nos comunicávamos por correio, fazíamos o
mente, sendo a maioria em offset (xerox), essas publi- fanzine para ter um algo a mais para divulgar com a
cações marginais funcionam como centralizadores de banda”, explica Sesper. Assim como ele, que editou o
[+1] Alexandre tocou
idéias em comum e de informações que não circulam Crude Reality, Noise e Flores, o TV zine (que vinha em outras bandas
na mídia de massa. Se você não viveu a era de ouro com uma K7 de 45 min) e o zine de arte como Ovec, Psychic
Possessor, Safari
dos zines, entre os anos 80 e 90, tente imaginar como Introduct Zine+2, outros artistas entraram nessa. Hamburguers e Paura
048\\ noize.com.br

Nenê Altro do Dance Of Days, por exemplo, rodou o editor do zine mineiro Needle entre 95 e 98 e dono
Antimídia, importante na virada do século, às vésperas do selo Submarine Records+5.
da web 2.0. O gaúcho Daniel Villaverde, que tocava na Nada era descartável. No mínimo serviria de
banda Ornitorrincos, teve sua raiz ligada aos fanzines. moeda de troca para conseguir outras coisas. Era
O movimento oculto destes impressos, quase dessa maneira que bandas de “fora do eixo” aparece-
como uma sociedade secreta, era a máquina que em- riam pelo mundo. Entrevistas feitas por carta, troca de
balava o circuito das bandas que estabeleceram a base flyers de bandas, vendas de K7 por catálogos impres-
para o movimento independente que conhecemos sos. Os zines uniam essas pessoas. Tendo o correio
hoje. “Se agora a gente tem uma cena independente como principal via de comunicação, os endereços e
em que as coisas são mais fáceis é por que nos anos caixas postais para contato eram informações funda-
90 tivemos toda uma geração pelo Brasil que batalhou, mentais, seja no editorial, entrevista, resenha ou onde
lutando com idealismo. As pessoas estavam ali porque mais fosse possível. Assim como acontece hoje, com
realmente gostavam”, reflete Daniel Villaverde, que a internet, qualquer pessoa, mesmo na menor cidade
editou os zines Nuclear Yogurte e Infektos Muertos, do País, poderia ter acesso ao que gostava—bastava
ao lado de Gustavo Insekto. interesse, vontade de mandar cartas e o endereço de
A partir dos contatos por carta, o material ia um fanzine para abrir as portas da percepção.
circulando. Comprava-se discos, fitas ou camisetas en- De certa forma o mundo também estava ab-

“Eu entrevistei o Fugazi em 1996/97 por carta.


Foram meses para um processo de pergunta E
resposta se concretizar.”
Frederico Finelli

rolando o dinheiro em duas folhas de papel carbono+3 erto aos zineiros. Mesmo as bandas de fora se dispun-
dentro da carta e torcendo para que a banda man- ham a manter contato e enriquecer essas mídias inde-
dasse o material de volta. A pirataria de fitas K7 era na pendentes. “Eu entrevistei o Fugazi em 1996/97 por
verdade um tráfico de informação, um tesouro repas- carta. Foram meses para um processo de pergunta e
sado só para os amigos. “Os blogs que hoje distribuem resposta se concretizar. Acho a internet incrível, mas
discos inteiros são os mais próximos do que fazíamos por outro lado, possibilita um desfoque; é muita in-
[+2] introductfanzine. antigamente”, analisa Alexandre Cruz. formação, muita urgência e na maioria das vezes tudo
blogspot.com/
A diferença está toda no tempo. Assim como as vira um nada” conta Finelli.
[+3] O papel carbono
servia para que as
fitas+4 demoravam para chegar nas mãos das pessoas, Todos essas cartas geravam um problema na
máquinas de raios-X elas eram ouvidas na íntegra, com um prazer diferente hora de bancar os altos gastos com o correio. Nessa
dos Correios não
identificassem o do que hoje é o MP3. “Era uma ansiedade imensa hora, o espírito transgressor que estava presente
dinheiro.
(risos). Lembro de ficar folheando páginas de zines no conteúdo refletia-se também em uma artimanha.
[+4] Ótimo blog repetidamente pra ver, sei lá, a foto da banda ao vivo Bastava descolar o selo com vapor d’água, retirar o
para encontrar
demos antigas em K7  ou a capinha da demo, ou vinil e tentando imaginar [a carimbo com uma daquelas pastas de dente cheias de
demospradownload.
blogspot.com música]. E a relação com o carteiro? Todo dia era uma bicarbonato de sódio e ele estava pronto para mais
expectativa pra ver se chegava uma carta, um catálogo uma missão. “Eu morava no interior e isso era minha
[+5] submarinerecords.
net de discos, um material”, relembra Frederico Finelli, porta pro mundo. Uma maneira de extravasar a vida
XEROX CULTURA //049
052\\ noize.com.br

chata naquela cidade. Eu escrevia cartas compulsiva- estava tocando, lançando ou surgindo. Com os fins
mente—15, 20 por dia. E todo dia chegava material, lucrativos deixados de lado, falar de outros zines tam-
era só esperar o carteiro”, relembra Villaverde. bém era algo comum, numa espécie de mini-resenha
com o endereço de contato. Tudo para que a “xerox
A paixão mania” se disseminasse.
A cultura dos zines serve-se da paixão, do
amor por determinado assunto ou prática. Um grande Uma evolução natural
desejo de expressão de ideias, pensamentos, críticas, A chegada da internet transformou os zines
ou o que for, e o orgulho pessoal de ver a reper- em algo praticamente impensável de se fazer hoje em
cussão pública de algo absolutamente autoral e sem dia. A facilidade de se criar um blog online, podendo
fins lucrativos. “O fanzine me dava um prazer imenso ser atualizado constantemente e com (supostamente)
e muita satisfação pelo simples fato de divulgar as a mesma liberdade, foi deixando o papel, a cola e a
coisas que achava legais e que mereciam um espaço”, tesoura quase obsoletos. “Um moleque hoje dificil-
resume Marlos de Souza, editor do gaúcho And Chi- mente vai ter saco pra ficar sentadinho lendo um zine.
marrão For All. Tudo isso aproxima os zines da cultura Ele está é logado num site de rede social pirando em
alternativa ou punk, por mais desgastados que estejam outras coisas e baixando o “track 04” que ele nem
os termos. Diz-se por aí que o primeiro zine como sabe de qual disco veio”, cutuca Fred Finelli. Aquela
conhecemos hoje surgiu junto ao movimento punk na habilidade e esforço exigidos para a criação de um
Inglaterra da década de 70 e chamava-se Sniffin’Glue. impresso foi substituída pelo template pronto de um
Outra versão diz que eles nasceram nos EUA, em blog, uma evolução natural.
plena grande depressão da década de 30. O primeiro Porém, assim como a internet não acabou
fanzine (fan + magazine) teria se chamado The Comet, com a televisão, que não derrubou o rádio, que não
e falava de cinema e literatura de ficção científica. deixou o jornal ultrapassado, os blogs não substituem
A verdade é que desde o surgimento da imp- os zines. Apesar de todas as facilidades criadas pelo
rensa no final do século XVI com Gutenberg, diversos mundo online, o papel guarda um prazer tátil, além
zines já devem ter rodado o mundo sem que fossem do poder da mobilidade. Ainda não estamos bem eq-
chamados assim. No fim das contas, qualquer coisa uipados o suficiente para ler a NOIZE online ou um
que se classifique como zine será um. Os focados em blog—seja usando iPads, Kindles ou o que for—no
música, especificamente, possuem alguns elementos ônibus, numa fila ou no banheiro. “Eu gosto de blog,
que se repetem e que são importantes fomentadores sou fã, mas o zine eu levo para onde quiser, é papel,
da cultura. Os reviews de discos, por exemplo, tinham fica. Esse zine aqui (mostra) tem 13, 14 anos e tá aqui,
um impacto fortíssimo, basta pensar que eles eram cara. Não é a mesma coisa que ler no computador”,
a principal fonte de informação sobre o som das explica Daniel Villaverde.
bandas. “Os fanzines eram o primeiro lugar pra onde A estética também é importante. As artes em
as bandas mandavam seu material. Para elas, ver uma xerox, muitas vezes toscas, outras vezes geniais. A
resenha de show, ou de demo tape em algum fanzine letra da máquina de escrever, que identifica o esforço.
era como sair na Rock Brigade”, explica Marlos. Todo esse romantismo não morre. Mesmo que a
As entrevistas, claro, eram uma análise mais de- comunicação tenha mudado completamente, nada tira
talhada dos grupos e a parte que exigia mais esforço o valor de uma boa informação, especialmente se ela
jornalístico. Sem a possibilidade de ouvir o som ime- chegar até as suas mãos. No fim das contas, o que se
diatamente, a postura adotada nas respostas ganhava perde com o aparente sumiço dos zines é maior do
bem mais relevância. Outra parte importante contava que o que se ganha com a internet.
a quantas andava o cenário de alguma cidade, quem
XEROX CULTURA //053

Em sentido horário: Maximum RocknRoll, AAAH!, Enxofre, Escarro Napalm


054\\ noize.com.br Mini Veste:
CAMISETA Vulgo
MUNHEQUERA Acervo

WALVERDES
Mini e Marcos estavam lá quando um núcleo de amigos se
juntou para formar a adolescente e explosiva Walverdes em
1993. Eles também assistiram à gravação da Demo Amarela+1
no provável primeiro estúdio de Thomas Dreher em 1995, e
acompanharam de perto a repercussão do álbum 90 Graus,
lançado pela Monstro Discos em 1998. A dupla assistiu à
entrada de Patrick na banda, o debut em festivais nacionais e a
participação do power trio no Video Music Brasil de 2006. Em
quase duas décadas, eles estão sempre presentes quando os
barulhentos da Walverdes sobem no palco para honrar o lugar
cativo que têm no coração do underground brasileiro. Não é
por acaso: Mini, Patrick e Marcos são a Walverdes, e a gente
resolveu falar com eles para saber um pouco do que existe por
trás de tanta história.

Fotos, Direção de Arte e Produção: Marco Chaparro e Rafael Rocha


Texto e Entrevista: Maria Joana Avellar

Agradecimentos: Eduarda Medeiros, Antônio Torriani.


Marcos Veste:
CAMISETA Sound And Vision
JAQUETA Vulgo
JEANS King 55
058\\ noize.com.br

Patrick Veste:
CAMISETA Sound And Vision
Mini, para você letra e música estão subordi- CAMISA FLANELA Vulgo
nados um ao outro? Letras como a de “Altos JEANS King 55

e Baixos” mais parecem desabafos curtos,


compostos independentemente da melodia e
do ritmo da música.
Mini: Não sei se tem alguma regra, mas no nosso
caso eu acho que a batida da música é a lei. As letras
não obedecem sempre à harmonia ou à melodia, mas Mini+2, ele conta que a preguiça foi uma das
seguem o ritmo, sem dúvida. É um processo bem coisas que impediu a banda de crescer. Mas,
intuitivo, a gente encaixa a letra à medida em que muitos músicos preferem que tocar não seja
vai tocando, na base do “Funciounou? Beleza, vamos uma obrigação, seja algo só pra divertir e tal.
adiante”. Vocês se arrependem de alguma coisa?
  Mini: Depois do 90 Graus a gente deixou de ser
Vocês acham que mudaram a fama de “alu- preguiçoso e a coisa toda andou melhor. Mas não
cinados e antipáticos” (nas palavras do Mini) tenho nenhum grande arrependimento. A gente fez
que tinham em 1994? o que dava pra fazer em cada época. Agora, definir
Mini: Não, não, agora a gente é bem mais calminho e a banda como diversão é muito pequeno porque
amigo. O que não adiantou muita coisa... acho que ela é bem mais que isso, mesmo que não
  seja nossa atividade principal. Quando a gente sai pra
Conforme vocês cantavam em “Novos Adul- tocar, tem compromisso com o dono do bar ou o
tos”, vocês têm alguma bitolação em se organizador do festival, tem um mínimo de qualidade
manter fiéis ao rock e distantes da MPB? O que tem que apresentar, tem o nosso compromisso
grunge, o rock garageiro, o rock ‘n’ roll domi- conosco mesmo de gostar de tocar. A gente não
nam os fones de ouvido de vocês? pode mais fazer fiasco, saca? Mas a gente também
Mini: Não, esse lance de fidelidade ao rock eu acho não pesa demais o assunto. Eu aprendi muito vendo
bobagem. Essa letra é meio radical demais, é coisa outras bandas em festivais. Tem gente que acaba ten-
de um desabafo de uma época. Eu não sou de forma do ataques histéricos por qualquer problema e só se
alguma roqueiro fundamentalista, aliás, acho o rock estressa. É tênue a linha entre a busca por qualidade
péssimo enquanto religião porque engana todo mun- e o papel de diva.
do com fantasias de eterna adolescência. E a maior
parte dos deuses do rock ou vira pó muito cedo ou Como definiriam o momento que a banda
caricatura, dois destinos não muito almejáveis, vamos vive no presente? Quais os projetos de vocês
combinar. Cara, olha o que é a biografia do Dee Dee para o futuro?
Ramone. O cara era um grande compositor, mas aq- Patrick: Momento “vamos lançar o disco novo
[+1] A Demo Amarela
está disponível para uilo lá é deprimente... logo”, que embaço isso. Falamos recentemente so-
baixar em
tiny.cc/walverdes Patrick: Eu gosto de MPB anos 60 e 70, no meu bre gravar um EP de covers, cada um escolher duas
[+2] tiny.cc/walvhist
pen drive tem Jobim, Chico, Caetano, Zé Ramalho, músicas.Vou escolher RUSH!
Belchior, Rita Lee, Raul... Mas na real escuto muita
[+] No blog
walverdes15.blogspot. coisa além de rock, escuto reggae antigo, funk antigo, O slogan continua “Rock Pauleira, Conciso e
com a banda comemora
os anos de estrada
trash anos 80... Eficiente Desde 1993”?
relembrando causos Mini: Não usamos mais isso. Mas continua sendo um
e casos perdidos no
passado. Naquela história dos Walverdes escrita pelo bom resumo.
vizupreza
060\\ _por lidy araújo
lidyaraujo. c om. b r

guitar de luxo_ DESPERTADOR INIMIGO_ COMO TROCAR DE ROUPA_


Isto não é apenas uma guitarra, mas uma Está declarado o fim dos cinco minutinhos Tarefa ingrata é escolher uma entre as
preciosidade, tanto que existem apenas a mais de sono. O despertador do Darth mais de cem variações dos fones de
10 unidades à venda e ainda é preciso Vader tem display digital e, quando o ouvido da Kotori. Se nenhuma agradar, é
encomendar. Trata-se da Gibson SG, alarme toca, projeta a silhueta do vilão na só fazer a sua própria combinação pros
aquela usada por Angus Young, que foi parede. Já está em pré-venda, mas é ainda 10 componentes do gadget. Além de
customizada pela Evoke. um protótipo e pode sofrer modificações. lindos, têm ótima qualidade de áudio.
Preço: US$ 17 mil Preço: US$ 27 Preço: US$ 40
em gibson.com em shop.starwars.com em kotori.fostex.jp

KOMBOSA SONORA_ REALITY SHOW_ HAVE FUN ON STAGE_


A VW Bus Speaker é uma caixinha de som O nome já diz tudo: Minoru 3D Webcam, Que tal subir ao palco tocando um
para iPod. Com entrada USB, ela também uma webcam em terceira dimensão, que foguete? Por mais inusitado que pareça, é
pode ser usada no computador. A Kombi pode ser usada em programas de bate- possível. A Celentano Woodworks fabrica,
tem ainda relógio digital no vidro traseiro, papo, como MSN e Skype, e também artesanalmente, instrumentos lúdicos
rodas que se movimentam e faróis que na produção de fotos e vídeos. O único que funcionam de verdade. A marca ainda
acendem. E está em promoção. porém é a necessidade dos óculos 3D. aceita encomendas customizadas.
Preço: US$ 70 Preço: £ 40 Preço: US$ 130 - US$ 300
em urbanoutfitters.com em firebox.com em etsy.com
//061

estampa
do mês

Marca:
Hurley
Onde
Encontrar:
hurley.com.br

x
“aO ViVO”

l
23 de abri
SP
l
24 de abri
rJ

25% DE DESCONTO*
EXCLUSIVO: CARTÕES CREDICARD, CITIBANK E DINERS.

SÃO PAULO RIO DE JANEIRO


Na ocasião da compra, verifique a classificação etária. *Vendas limitadas a 4 ingressos por cartão. Sujeito à disponibilidade de lugares.
em associação com riverman management

www.placeboworld.co.uk

13 de abril - POA 16 de abril - BH


14 de abril - CUR 17 de abril - SP
DISPONÍVEL EM CD

25% DE DESCONTO*
EXCLUSIVO: CARTÕES CREDICARD, CITIBANK E DINERS.

CURITIBA SÃO PAULO

PORTO ALEGRE BELO HORIZONTE

Na ocasião da compra, verifique a classificação etária. *Vendas limitadas a 4 ingressos por cartão.
Sujeito à disponibilidade de lugares.
064\\
TATU | flickr. c om/tatu43
_FOTO

reviews
_E aí, quer ver sua foto publicada nesta seção?
Mande um email com uma foto em alta resolução (300dpi) que represente a sua
visão da música para FOTO@NOIZE.COM.BR
Charlotte Gainsbourg YEASAYER //065
IRM Odd Blood

Por mais que o sobrenome a anteceda, Inspirado em ritmos da África, o


Charlotte Gainsboug não se contenta primeiro álbum do Yeasayer, All Hour
em ser uma cria. Depois de fazer o Cymbals (2007), falava na relação do
que se esperava dela nos dois primeiros discos—e de já ter homem com a natureza sem soar tolo demais. Em Odd Blood,
se embrenhado em universos bizarros do cinema, com ótimas os americanos voltam com esse tom ritualístico. Os vocais de
atuações como em Anticristo—, agora ela aparece num clima Chris Keatin dão unidade ao trabalho – e não raro aparecem
super-relax em IRM. No álbum, todas as faixas são compostas sob efeito de vocoders. “Ambling Alp” tem belas melodias
e produzidas pelo camaleônico Beck, exceto “Le Chat Du Café de teclado, além de uma percussão cheia de tamborins e
Des Artistes”, com letra de Jean-Pierre Ferland, a única que chocalhos. Para quem gosta de linhas de baixo dançantes,
destoa na atmosfera do CD. Mesmo causando estranheza, já “O.N.E.” é a pedida. Ainda que não haja nenhuma música tão
que nos habituamos a ouvi-la sussurrando em francês, a moça boa quanto “Wait for the Summer”, de All Hour Cymbals, Odd
se aventura no rock de “Greenwitch Mean Time” e no pop Blood segura o Yeasayer numa posição relevante no novo rock
“Heaven Can Wait”. IRM traz a bela e sexy voz de Charlotte psicodélico americano. E também funciona como trilha para
envolta em arranjos feitos sob medida. Ana Luiza Bazerque espíritos sonhadores. Marcus Vinícius Brasil

VAMPIRE WEEKEND
Contra

Baixa estatura e cara de criança: os rapazes do Vampire Weekend parecem ser tão
novos que mal se dá a atenção para a maturidade musical que já tinham em seu pri-
meiro CD – mas, mesmo assim, ela está lá. Em Contra isso fica ainda mais explícito:
Apesar das percussões à la África terem menos espaço, o Vampire acerta nos riffs de
guitarra acelerados que consagram o single “Cousins”. O clima festivo e divertido de
“Holiday” também marca pontos, mas não é só de alegria que vivem os vampiros. A
trinca que encerra o álbum implica certa reflexão com “Giving Up The Gun”, que ga-
nhou clipe com Jake Gyllenhaal (!) e Joe Jonas (!!!), “Diplomat’s Sun”, história de amor
firmada sobre samples de M.I.A., e a soberba “I Think UR a Contra”. Alex Correa

MASSIVE ATTACK HOT CHIP


Heligoland One Left Stand

Com uma lista de participações que Os ingleses do Hot Chip não atingiram
inclui nomes da geração 2000 – Tunde por completo o declarado objetivo do
Adebimpe, do TV on The Radio – e da novo álbum: fugiram do que se esperava,
passada – Damon Alburn, do Blur e Gorillaz –, Heligoland é mas não escaparam da mesmice. Todas as músicas seguem
marcado pela melancolia em suas dez faixas. Depois da angus- a linha romântica da faixa-título, e em poucas delas, como
tiante abertura de “Pray for rain”, com Adebimpe nos vocais, “Thieves in the Night”, sobrevive um resquício do vigor e da
a quase dançante “Babel” ensaia um anúncio de ares menos batida marcante, forte e pegajosa de singles anteriores como
cinzentos na doce voz de Martina Topley Bird, o que logo vai “Over and Over” e “Ready For the Floor”. Mas, mesmo sem
abaixo em “Splitting the atom”, com a parceria Horace Andy, ami- fazer dançar, o disco pode possibilitar agradáveis momentos,
go de longa data da dupla. “Saturday come slow” une a interpre- seja no auto-tune discreto de “I Feel Better”, nos sintetizadores
tação mais do que inspirada de Alburn com o melhor arranjo carregados de “We Have Love” ou no vocal feminino de
do disco. Já “Flat of the blade” é a síntese do que o disco e, em “Alley Cats”. Ainda assim, tão coeso e harmônico quanto
geral, a obra do Massive Attack exigem: audições cautelosas, que decepcionante e morno, One Life Stand pode muito bem estar
mostram nuances anteriormente despercebidas. Lucca Rossi condenado a uma sobrevida. Maria Joana Avellar
066\\
Joanna Newsom NEVILTON
Have one on me Pressuposto

Depois de um hiato de pouco mais de No ano passado, o Nevilton, power trio


três anos após o lançamento do elogia- de Umuarama (PR), despontou como
díssimo Ys, Joanna lança Have one on me. grande promessa do indie nacional. Pres-
E se reinventa inimaginavelmente. Os arranjos saem de “voz e suposto, seu mais recente EP e o primeiro lançado oficialmente,
harpa” e chegam a um outro patamar de complexidade. Mesmo segue apresentando o rock garageiro misturado com influên-
a voz de Joanna muda: nódulos nas cordas vocais suprimiram cias de música brasileira da banda. A bem construída “Pressu-
aquela agudez quase infantil. O álbum é uma obra barroca – posto”, que estará no já gravado primeiro disco, ainda sem data
cada detalhe planejado de forma acurada, e, entrementes, cheia de lançamento, combina riffs poderosos com vocais rasgados e
de leveza – compassos e crescendos vertiginosos – com ápice melódicos na medida certa, enquanto que a bela “Singela”, com
em “Baby Birch” e “Does not suffice”. As letras continuam introdução impecável, mostra que, com a distorção desligada, o
impecáveis – “On a Good Day” e “Jackrabbits” trazem uma trio também funciona muito bem. “Vitorioso adormecido”, ou-
Joanna menos tímida, mas com a mesma poesia latente que faz tra do futuro álbum de estreia, gruda na cabeça já nos primei-
fãs mais antigos fecharem os olhos para captar cada palavra de ros versos: “Ele tem/ mania de ser João Ninguém”. Tudo indica
seu extenso vocabulário. Fernanda Grabauska que em 2010 a promessa se concretizará. Lucca Rossi
Escute também: VU, LOADED,

DiscografiaBásica VELVET UNDERGROUND


por Gabriel Resende

VELVET UNDERGROUND & NICO | O primeiro disco do Velvet Underground é


contemporâneo do Sgt. Pepper’s e do The Piper at the Gates of Dawn, mas os new yorkers não
colheram os louros do sucesso como os ingleses. Ao menos, não imediatamente. O encontro
entre a poesia devassa de Lou Reed e a viola hipnótica de John Cale, com alguns vocais de Nico,
não agradou Columbia, Elektra e Atlantic, que se recusaram a lançar o disco, e nem os radialistas,
que, depois do lançamento pela Verve, negavam-se a tocar a subversão musicada. Odes à heroína
e ao masoquismo abriram caminho tanto para o punk quanto para o DIY do indie e fizeram do
“disco da banana” o álbum mais profético do rock, como bem disse a revista Rolling Stone.

WHITE LIGHT/WHITE HEAT | Se a primeira gravação do The Velvet Underground havia soado
suja, a segunda soaria imunda. A microfonia reinava nas apresentações ao vivo da banda, que havia
encontrado uma maneira de estourar a potência de seus amplificadores em nome de algo novo.
Traduzido para estúdio, o vômito barulhento que vestia jaqueta de couro e óculos escuros se
transformaria em músicas de dois dígitos de duração com solos atordoantes e gordos, a marca
registrada do disco. Segundo o guitarrista Sterling Morrison, os engenheiros de som avisavam,
durante a gravação, que os amplificadores estavam prestes a explodir, mas a banda queria testá-
los até o limite. A despedida de John Cale é suja e bela.

THE VELVET UNDERGROUND | A substituição de John Cale por Doug Yule significou uma
grande virada na postura sonora da banda. As canções registradas no terceiro disco revelavam
um Lou Reed extremamente talentoso para composições mais “pop”, o que se confirmaria nos
próximos anos. Contendo algumas das músicas mais originais do Velvet, como “Jesus”, “Some
Kinda Love” e a belíssima “Pale Blue Eyes”, o álbum conta com uma mixagem alternativa, feita
pelo próprio Lou Reed, entitulada The Closet Mix. “After Hours”, por sua vez, antecipa em 20
anos Cat Power e as moças de voz doce.Vale a pena conferir o Velvet Underground na corda
bamba entre o pop facilmente digerível e a sutileza que só os gênios atingem.
Adam Green //067
Minor Love ta por vir
.: 05/04/2010_ Jónsi | Go
Minor Love foi produzido em um “estado “Ia ser um álbum acústico e quieto, mas eu queria sair
de completo isolamento”, segundo um pouco disso, e, de alguma forma, explodiu” falou o
Adam Green. Quase todos os instru- ex-Sigur Rós Jónsi Birgisson, sobre o novo disco “Go”. Desde o
mentos foram gravados pelo cantor e, à exceção de Rodrigo lançamento da música “Boy Lilikoi” (que foi disponibilizada
Amarante, quase nenhum músico era permitido no estúdio. O gratuitamente para download em dezembro), o disco é um dos
clima de afastamento é perceptível no disco. As composições lançamentos mais aguardados tanto pelo público quanto pela
têm certo despreocupamento, diferentemente de suas últimas imprensa. Recentemente, o músico lançou o vídeo “Go Do”,
obras. O ar é irônico, mas triste. Em faixas como “Give Them a promo do disco que está por vir. Confira no YouTube.
Tolken” e “Goblin”, o minimalismo fica evidente. “What Makes
Him Act So Bad” parece uma (ótima) faixa perdida de Velvet
Underground. Em “Lockout”, uma guitarra distorcida e uma confira
percussão mal tocada lembram uma gravação caseira. Minor
Love é uma miscelânea pop, típica de um artista cheio de refer- Nneka Spoon Numismata
ências, criativo, problemático e genial. Gustavo Foster Concrete Jungle Transference Chorume
___Primeiro álbum ___Instituição ___Dizer que uma
da nigeriana Nneka do indie rock, o banda mistura
LOS CAMPESINOS! a ser lançado nos Spoon lança seu psicodelia e
Romance is Boring EUA, Concrete 7º LP, Transference. samba pode soar
Jungle mostra Depois do relativo antigo, mas o
uma nova cara no sucesso em 2007, extremamente
Los Campesinos! se mostram ainda mercado liderado com Ga Ga Ga paulista Chorume
jovens, não tão saltitantes, e sim mais por nomes como Ga Ga, a banda é autêntico e ur-
ácidos e diretos. As letras brutal- Lauryn Hill e parece tentar bano em todos os
mente honestas de Gareth são gritadas por um composi- Erykah Badu. fugir do rótulo sentidos. O disco
tor menos pretensioso em meio a melodias que ganharam Misturando R&B, de “banda para faz, a sua maneira,
complexidade.“The Sea is a Good Place to Think of The hip hop, guitarras poucos”. Com o uma etnografia
Future” é um belo exemplo de uma banda crescidinha– ao e reggae, o disco bom Transference, musical delicada
seu jeito weirdo de ser. “There are Listed Buildings” pode ser cumpre seu papel. é provável que isso de São Paulo.
colocado diretamente no repeat. “In Media Res” é o ápice, sur- aconteça.
preende ao mergulhar em distorções eletrônicas sem medo e
nos momentos certos. Alguns podem argumentar que sentem
falta do instrumental desvairado dos primeiros trabalhos, mas
a verdade seja dita: numa montanha russa, as descidas são bem
mais intensas quando a subida é lenta. Carolina de Marchi redescoberta

Karina Buhr Booker T. & The M.G.’s


McLemore Avenue (1970)
Eu Menti Pra Você
Gravar Beatles é sempre um perigo.
Gravar um álbum inteiro dos Beatles é
Quando for às ruas esta edição, muitos um risco ainda maior. Quando a obra em
jornais terão falado bem de Karina Buhr. questão é o Abbey Road, cuja excelência
Um pouco de predição, outro tanto foi imediatamente abraçada por público
de bom senso permitem fazer essa afirmação com segurança. e crítica – aí a coisa se torna desafiadora.
Representante da boa música de Recife, Karina rima com a McLemore Avenue é o famoso disco
conterrânea Lulina também na voz econômica que, acompa- dos Fab4 pelas habilidosas mãos do
nhada por instrumentistas do mais alto escalão (Fernando Booker T. & The M.G.’s. O lendário grupo da Stax não esperou
Catatau, Marcelo Jeneci e sua cia. prolífica), canta letras singelas nem um ano para revisitá-lo, com a ausência de três canções –
e diretas. Depois de entoar ciranda (“O Pé”), ironiza: diz que Maxwell’s Silver Hammer, Octopus’s Garden e Oh Darling. Os
vai “fazer ciranda pra entrar na lei do incentivo”. Inovadora e M.G’s desconstruíram o disco, organizando tudo em três grandes
tradicional como Recife, Karina (que é ex-Comadre Fulozinha) medleys e uma versão matadora de Something. Uma apropria-
é surpreendente e ao mesmo tempo consciente da ironia que ção instrumental que revela ainda mais a força épica do canto
emerge da sinceridade de suas melodias pop. Fernando Corrêa dos cisnes não só dos Beatles, mas de toda uma década.
068\\ cinema

ONDE VIVEM OS MONSTROS


Max, um menino de nove anos, faz ba- na expressão dos monstros. A trilha
gunça em sua casa e é mandado para a de Karen O. and the Kids é divertida
cama sem jantar. A partir disso, fantasia (embora a ausência de “Wake Up”,
uma floresta e uma longa travessia por do Arcade Fire, que tanto tocou nos
um mar violento, até chegar ao lugar trailers do filme, tenha feito falta). Mas
onde vivem os monstros, onde é co- mais surpreendente ainda é a profun-
roado seu rei. A história de Onde vivem didade emocional que o filme abraça,
os Monstros, livro infantil escrito e ilus- reunindo nas figuras deprimidas dos
trado por Maurice Sendak, é composta monstros a essência dos sentimentos
por onze frases e uma porção de be- infantis de insegurança, deslocamento,
líssimas ilustrações. Que o diretor Spi- ciúmes, amor, agressividade e, pairando
ke Jonze (de Quero ser John Malkovich acima de tudo, a solidão. Na dinâmi-
e Adaptação) e o escritor Dave Eggers ca das relações entre os monstros,
(editor da McSweeney’s) tenham feito podem ser espelhados toda a gama
Diretor_ Spike Jonze
Elenco_Max Records, deste material um longa-metragem é de sentimentos e ressentimentos
Catherine Keneer, surpreendente. No aspecto técnico, humanos. Onde Vivem os Monstros é um
James Gandolfini e Ca- o filme é um primor, com uma dire- destes filmes que, embora classificado
therine O’Hara
ção de arte e efeitos especiais que como infantil, tem nos adultos o seu
Lançamento_ 2010
Nota_ 4,5 de 5 impressiona pela sutileza, em especial público ideal. Samir Machado

PRECIOSA
Claireece Precious Jones, protagonista coadjuvante, na pele da violenta mãe.
do perturbador Preciosa – Uma história No filme, Precious torna-se síntese de
de esperança, tem 16 anos e o que um problema que até hoje – a história
pode se chamar de um arremedo de se passa no final da década de 1980
vida. Obesa, semianalfabeta e grávida no Harlem, bairro de maioria negra e
pela segunda vez do próprio pai – o hispânica de Nova York – marca a so-
primeiro filho tem síndrome de down ciedade americana: o abismo existente
–, Precious, interpretada pela estreante entre negros e brancos e a total falta
Gabourey Sidibe, vive com a mãe, que de perspectiva para um jovem negro
a violenta moral e fisicamente. nascido no gueto.
Com roteiro adaptado de Push, novela Apesar do sofrimento, Precious parece
da poeta negra Sapphire e com cinco não ter força para reagir à mãe.A ajuda,
indicações ao Oscar deste ano, incluin- então, vem de fora. Expulsa da escola,
Diretor_ Lee Daniels
do a de melhor filme – a primeira para ela é indicada pela diretora a outra,
Elenco_ Gabourey Si-
dibe, Mo’Nique, Rodney um cineasta negro na história – e dire- que atende jovens com problemas de
Jackson, Paula Patton, ção, para Lee Daniels, o longa se apoia aprendizado. Incentivada pela profes-
Mariah Carey, Lenny nas atuações mais do que marcantes sora, começa a ler e a escrever o que
Kravitz
de Sidibe, que concorre a estatueta de sente. É o início tardio de uma vida que
Lançamento_ 2010
Nota_ 4,5 de 5 melhor atriz, e de M’onique, de atriz até ali não existira. Lucca Rossi
cinema livros //069

THE DRIFTER AMOR SEM ESCALAS como a geração sexo


de Taylor Steele (2010) de Jason Reitman (2010) drogas e rock’n’roll sal-
vou hollywood
The Drifter vai a fundo na vida “zen” Dirigido por Jason Reitman, de Obri- de Peter Biskind (2009)

do lendário surfista Rob Machado. A gado por Fumar e Juno, traz  George Imagine um livro que conta como os
produção (dirigida por Taylor Steele e Clooney como um funcionário tercei- cineastas da década de 70 – Spielberg,
lançada pela Hurley) mostra um Rob rizado cuja ocupação é demitir Lucas, Scorsese, Coppola, Altman,
Ashby, Friedkin – tomaram o poder dos
ainda mais bicho-do-mato, cansado pessoas, trabalho de natureza desagra-
grandes estúdios de Hollywood e, de
da vida de world tours e à procura dável que encara com otimismo e um brinde, ainda apresenta as fofocas e os
de uma experiência transformadora. certo senso de dever. Entre hotéis e bastidores do período. Um exemplo: você
É na busca por respostas e pela chance aeroportos, defende seu modo sabia que Martin Scorsese ouvia London
de surfar ondas perfeitas sem crowd de vida isolado e sonha em acumular Calling enquanto o set de filmagem não
que ele segue para uma remota ilha 1 milhão de milhas aéreas, até ter sua estava pronto? Peter Biskind conseguiu
tudo isso em seu Como a geração sexo-
da Indonésia. Nos deparamos com um posição ameaçada por uma novata drogas-e-rock’n’roll salvou Hollywood.
cenário exuberante, ondas perfeitas (Anna Kendricks), com uma proposta É a história da Nova Hollywood,
e ângulos inusitados, muito bem de demissões via internet. O filme se capaz de gerar poder e dinheiro na
explorados pelo diretor de fotografia apoia sobre três bases bastante sólidas: mesma proporção em que destrói os
Todd Heater. Se pode parecer as excelentes atuações de Clooney e personagens desse sonho. Que eles não
sejam apenas vítimas, mas também
estranho o surfista estar à procura de das duas mulheres (Vera Farmiga in-
protagonistas da própria derrocada,
privacidade enquanto dois homens terpreta uma mulher com maturidade só a torna mais atrativa. A ganância,
filmam todos seus passos, a bela trilha e realismo pouco vistos em filmes), a megalomania, os excessos – está
sonora, incluindo MGMT, Raconteurs, os ótimos diálogos e a atualidade da tudo em detalhes, muitas vezes nada
José González e próprio Rob com Jon história, frente ao cenário recente da honrosos, mas que dão um panorama
claro e devastador da máquina de sonhos
Swift, compensa. Manu D’Almeida Crise Mundial. Samir Machado
chamada Hollywood. Gabriel Innocentini

Redescoberta

QUANDO EXPLODE A VINGANÇA (1971)


Quando Explode a Vingança pode ser visto com olhos de caça e de caçador. Como caça, o
espectador está diante um maravilhoso western spaghetti, talvez o melhor, cheio de cenas
dignas de antologia. Como caçador, também tem muito a ganhar, pois o filme de Sergio
Leone é um dos mais contundentes tratados sobre a ressaca revolucionária dos anos 70.
Debruçando-se sobre a Revolução Mexicana do início do século XX, o cineasta consegue
colocar em evidência o desmoronar das utopias políticas pós-1968. Lá estão a referência
maoísta, o IRA e uma enorme melancolia que – realçada pela música fantástica de Ennio
Morricone – percorre as imagens até o fim. Leonardo Bomfim
070\\
SHOWs fotos: 1 | Henrique Sauer 2 | Felipe Neves 3 | Victor Sá 4| | Eduardo Macarios

1 2

COLDPLAY METALLICA
São Paulo, Praça da Apoteose, 28/02 Porto Alegre, Parque Condor, 28/01

O Coldplay se anunciou com a valsa “O Danúbio Azul”, Tem coisas na vida que são injustas – uma delas é espe-
de Strauss, emendada com a instrumental e convidativa rar 11 anos para poder rever o Metallica.Vou usar frase
“Life In Technicolor”. A sequência inicial deixou o público pronta e dizer que a espera valeu a pena. Noite quente,
extasiado: passada “Violet Hill”, vieram “Clocks”, com com uma lua cheia, brilhante e chamativa – alguém lembra
raios de luzes passando por toda a Apoteose, “In My desta mesma lua quando foi tocada “One” na primeira vez
Place”, que teve seus refrões cantados a plenos pulmões da banda em Porto Alegre? Eram mais de 21h30min quan-
pelos cariocas, e a fulgida “Yellow”, em que a manjada do The Good,The Bad and The Ugly começou a passar no
presença de balões de ar alegrou os fãs novamente. telão. “Creeping Death” inaugurou o set com a força que
A cia. de Chris Martin não trouxe às terras tupiniquins os headbangers esperavam, e gritos de “die, die, die!” ecoa-
sua maior estrutura – na América Latina, foi o palco B do vam no local. Na sequência, dois sons de Ride the Lightning:
Coldplay que entreteve o público. Ao todo, o palco con- “For Whom the Bell Tolls” e a faixa-título, coroada pela
tava com três setores – um deles, o mais próximo da pis- gafe de James Hetfield se dirigindo à plateia: “Welcome to
ta, recebeu o grupo para uma versão acústica de “Shiver”, Metallica’s first time here”. Mais curiosa ainda foi a música
que não animou. A combinação criada por equipamentos seguinte, “The Memory Remains” – única da fase Load/Re-
luminosos em movimento, Chris Martin saltando de um load presente no show – nem toda memória permanece,
lado pro outro e chuvas de borboletas brilhantes fez não é, Mr. Hetfield? O restante do set foi um passeio pela
com que “Lovers In Japan” alcançasse a excelência, vindo história da banda, com destaque para Ride the Lightning e
logo atrás de “Viva La Vida”, obviamente, que funciona Black Album, e omissão total do controverso St. Anger. Além
ainda melhor ao vivo do que no estúdio. Ainda houve es- de tocar com muita vontade, a banda é puro carisma. Rob
paço para a inédita “Don Quixote”, recebida com apatia. Trujilo parece um adolescente, pulando com o baixo; Kirk
As viagens visuais nos telões eram experiências à parte. Hammet e seus acenos conquistam o público; Lars Ulrich
“Glass of Water”, lançada no EP Prospekt’s March, ganhou diverte com suas caretas; James se comunica com os fãs o
um dos backgrounds mais legais da noite, apesar de ser tempo todo e mantém a energia. Erros durante o show?
pouco conhecida. Do EP, também apareceram a lullaby Sim, principalmente de Lars. Hetfield já não canta tão ras-
“Postcards From Far Away” e a deliciosa “Life In Tech- gado? Não. Mas qual a graça de ver um show exatamente
nicolor II”, selecionada para fechar a apresentação com igual ao CD? Bom mesmo é esse Metallica, visceral, pesado e,
direito a chuva de fogos. Alex Correa sem sombra de dúvida, magnético! Ricardo Finocchiaro
//071

3 4

GRITO ROCK SP THE NAME


São Paulo, Studio SP, 12/02 Curitiba, James Bar, 18/02

O maior Festival Integrado da América Latina, o Grito A ressaca do carnaval não ajudou o The Name em sua
Rock foi realizado pela terceira vez na capital paulista, em passagem por Curitiba. O show do power trio de Soroca-
plena sexta-feira de Carnaval. Organizado pelo Amerê ba na quinta-feira, 18, penúltimo da turnê da banda pelo sul
Beta Coletivo, o Studio SP recebeu as atrações do Cir- do Brasil, podia ter levado bem mais gente ao James. Pena
cuito Fora do Eixo, realizador do evento em mais de 80 de quem perdeu; vai ter que esperar para ver um dos sho-
cidades.A primeira banda a se apresentar foi o Porcas ws mais enérgicos e divertidos da cena indie brasileira.
Borboletas, de Uberlândia (MG). Na estrada com A Pas- O som do The Name é bastante calcado em Franz Ferdi-
seio, seu segundo álbum, o show deles está chegando ao nand e Gang of Four: ênfase no baixo e na bateria, com a
seu ápice—tanto na pressão do instrumental base e na guitarra livre para brincar. Um dos motivos que os coloca
percussão afro-descendente, quanto nos efeitos, que são à frente de tantas outras bandas com a mesma influência
um espetáculo à parte assim como os vocalistas perso- é a qualidade técnica dos três músicos, especialmente o
nas à frente no palco. O público já conhecia grande parte baterista Alves—que alia uma pegada forte, perfeita para a
das músicas satiricamente narrativas, com riffs proposital- pista de dança, a uma criatividade rítmica fora do comum.
mente tortuosos, descendentes da vanguarda paulistana. A apresentação foi rápida. O trio não precisou de mui-
Na sequência, a atenção foi voltada para o Macaco Bong, to mais do que meia hora para incendiar o James, com
de Cuiabá (MT), que logo no início fez com que todos canções dançantes e divertidas como o novo single “You
chegassem juntos à mesma sintonia do universo instru- Want It Back Now”, lançado no final de 2009, e “Assonan-
mental erótico que os consagraram como um dos me- ce”, que contou com a participação da “Subburbia”—quin-
lhores discos e shows dos últimos anos. Sem dúvida, é a teto curitibano que fez o show de abertura.
banda referencial de uma nova era na cena independente, Mas quem perdeu não precisa se desesperar. No palco, a
com uma expressão realmente inovadora. Eles tocaram banda não cansou de repetir que se divertiu como nunca
algumas músicas novas que devem estar em um novo na turnê. De acordo com o baixista “Molinari”, a banda
álbum, e mantiveram a energia no limite por mais de uma deve voltar para a região no meio de 2010, depois de uma
hora.Além disso, a Discotecagem Radiofônica Indepen- série de shows no Canadá e nos Estados Unidos—incluin-
dência ou Marte trouxe a mixagem do melhor da música do uma participação no renomado festival South by Sou-
contemporânea brasileira para a pista, celebrando de manei- thwest, que acontece em março, no Texas. As datas ainda
ra experimental o futuro que já começou. Jovem Pelerosi não foram confirmadas. Chico Marés
072\\
SHOWs fotos: 5 | Elson Sempé Pedroso 6 | Guilherme Santos

5 6

THE CRANBERRIES NO FUN AT ALL


Porto Alegre, Pepsi on Stage, 03/02 Porto Alegre, Teatro do Bourbon Country, 27/01

Enquanto o calor na Capital do Sul batia algum recorde que Entrar em um shopping, limpo e com ar-condicionado pa-
desconheço, o único ponto em comum da plateia do Pepsi rece estranho para um show de hardcore. Bem diferente
On Stage naquela fervorosa e romântica noite de quarta- do forno enfrentado pelos fãs de No Fun At All há 10 anos
feira era o fato de que todos os cabelos estavam presos. no Garagem Hermética, o show deste ano no Teatro do
Uma das raras exceções era a imutável Dolores O’Riordan, Bourbon Country foi mais um sinal da mudança dos tem-
que com um vestido brilhante e um casaco indefectível, pos. A estrutura é incomparável, o público foi renovado e
ajudou a confirmar a onipresença do assunto—irlandeses a lotação muito maior. Mas uma coisa não muda: quando
não são mesmo acostumados a lugares tão quentes. Assim, soltam os acordes de músicas como “Believers”, “Beat’em
quando o espetáculo sensorial da banda começou, a sequ- Down”, “Catching Me Running Round” ou “Out of Boun-
ência de hits poderosos me fez pensar que se tratava de ds” a quebraceira entre aquela molecada (97% homens)
uma estratégia para abreviar o sofrimento. “How”, “Animal é grande.O horário de shopping fez com que o show
Instinct” e “Linger” foram cantadas em coro, com direito a de abertura da Atrack fosse visto por não mais que 20
meninas na garupa e celulares levantados. Mas mesmo que pessoas (das quais não me incluo). Logo depois, os suecos
a set list tenha priorizado os sucessos, a tática era outra: o do NFAA subiram ao palco mostrando experiência pelos
show foi crescente. As canções lentas culminaram em um cabelos e intensidade pelo som. Logo na abertura com
final arrepiante, de clássicos explosivos como “Salvation”, “Mine My Mind” e na sequência com “Believers” foi possí-
“Ridiculous Thoughts” e “Zombie”. vel sentir a precisão e o timing com que a banda executa
Por saber que aquelas músicas eram importantes na trilha suas músicas. A estrutura de palco ajudou nesse sentido
sonora da vida dos presentes, Dolores permeou a apresen- e a proximidade física com o público fez dos intervalos
tação com as histórias de cada uma delas, o que contribuiu entre os sons um bate-papo com o vocalista Ingemar Jans-
para deixar o clima noventista ainda mais nostálgico. “Ode son, que provocou: “Vejo muitas camisetas do Millencolin
to my Family”, que trata de carência e amor, foi cantada hoje… depois do show vocês podem ir ali comprar cami-
direto do gargarejo pela vocalista. A atmosfera se concluiu setas do No Fun At All”.Quem viu pode fazer a cabeça. O
no bis, que passou pela intensa “Promises” e fechou com NFAA privilegiou músicas antigas, aquelas que a maioria do
a doce “Dreams”, entre incontáveis elogios ao carinho e à público foi ouvir, diferente do que faz na Europa. Bom pra
resistência física das testemunhas de uma noite tão quente. nós e para eles, que pelo visto se divertiram junto. O show
Em tantos aspectos. Maria Joana Avellar encerrou com “Master Celebrator”, claro. Bruno Felin
_ilustra
combo | espaco rabisco | rj
´ jammin’
Qualquer coisa
084\\

uma mangueirada numa


ALVES pilha de fezes no cantinho
DA THE NAME do que jogar um balde de
FALA SOBRE... água na privada!
Agora, já
dei muita sorte nas redes
__WC TOUR| O grande de postos maiores. Aquele
problema é que sinto uma banheiro brilhoso, lustroso
necessidade fisiológica e cheiroso! Me sinto tão
nos momentos menos bem que gostaria de um
que não era tão urgente, que poderia usar o banheiro do
propícios. Na beira da day-off ali perto só pra
próprio bar.
Chegando no bar já tivemos que correr pra
estrada, pouco antes de garantir um trono de rei.
O
passar o som. E a vontade foi apertando. Acho que incon-
subir ao palco, no avião e chão brilha, a privada é
scientemente até toquei as músicas mais rápido.
Só sei que
por aí vai.
Mas nunca dou limpa, o papel higiênico
depois disso, saí correndo pro banheiro, já que o bar tava
sorte; nesse momento tão não é rosa e não lixa o seu
abrindo.
Poxa, o banheiro era até OK, mas só tinha uma
íntimo e sincero, a última traseiro, tem um espelhão
privada. Sentei e fiquei segurando a porta, que estava sem
coisa que a gente precisa bonito e até secadores de
trinco. Mas o segurança, visto a minha tamanha correria,
é alguém reparando no mão elétricos - embora eu
estranhou. Deve ter pensado que eu estava cheirando ou
que você está realmente ache estes inúteis. Se você
que eu ia transar comigo mesmo. O maldito bateu na por-
fazendo.
Pra dar um ex- der sorte, vai ter até trilha
ta e falou pra eu sair da cabine! POXA. Tinha acabado de
emplo constrangedor, vou sonora. Nesses casos, é só
sentar. Agora não tinha volta, a calça já estava arriada.
Ele
contar um fato que acon- relaxar e tomar um cafez-
começou a forçar a porta e eu segurava. Pensei ter ganha-
teceu em Ribeirão Preto. inho depois. O bem estar
do, mas o cara encasquetou e subiu na pia pra olhar o que
Quase chegando na cidade, da viagem da banda está
eu tava fazendo lá dentro. O que ele viu: eu, cagando feito
paramos em um posto garantida.
Sinceramente, a
uma criança. 
Esse é o problema de depender de banheiros
muito porco. Por mim magia desses banheiros me
alheios. A palavra higiene é tão relativa nesse assunto. Tem
tudo bem, tinha enfrentado intriga e o dia-a-dia desses
lugares fora do padrão de vida saudável que eu preferiria
cada lugar que esse eu ia lugares ainda é um mistério
fazer numa sacolinha no carro e guardar ou parar na
tirar de letra. Mas quando pra todos os necessitados.
primeira moita que visse. Mas isso nunca aconteceu (salvo
entrei na cabininha e vi que Uma coisa é verdade, nada
excessões da minha triste infância subindo as serras no
não tinha água nem papel, é melhor do que sentar no
banco de trás do carro).
Um regra: fique de fora dos lugar-
resolvi (mentalmente) seu próprio banheiro.
es que não tenham água e papel.Adivinha o que o úlimo
necessitado que passou por lá fez sem água na privada?
Cagou no chão.
Claro! Isso! Imagino que seja mais fácil dar
STUDIO KING55

Custom Shop POA: R. Dona laura, 78 - 90430-090 - Rio Branco - Porto Alegre - RS - BR +55 51 3391-0080
Custom Shop SP: R. Harmonia, 452 - 05435-000 - Vila Madalena - São Paulo - SP - BR +55 11 3032-1838

Você também pode gostar