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Para fazer uma


exposição
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Para fazer uma


exposição

2017
Presidente da República Coordenação de Museologia Social e Educação
Michel Temer Cinthia Maria Rodrigues Oliveira

Ministro da Cultura interino Equipe técnica


João Batista de Andrade Dalva Oliveira de Paula
Danilo Alves de Brito
Presidente do Instituto Brasileiro de Museus Joana Regattieri Adam
Marcelo Mattos Araujo Juliana Vilar Ramalho Ramos
Kim Rafael Lima Carvalho Teixeira de Albuquerque
Diretora do Departamento de Maria das Graças Rocha Gonçalves Silva
Processos Museais Mônica Padilha Fonseca
Renata Bittencourt Raquel Fuscaldi Martins Teixeira
Renata da Silva Almendra
Diretora do Departamento de Difusão, Sandro dos Santos Gomes
Fomento e Economia dos Museus Vitor Rogério Oliveira Rocha
Eneida Braga Rocha de Lemos Vivian de Oliveira Cobucci

Diretor do Departamento de Pesquisa e elaboração do texto


Planejamento e Gestão Interna Katia Bordinhão
Denio Menezes da Silva Lúcia Valente
Maristela Simão
Coordenador Geral de
Sistemas de Informação Museal Colaboradores
Alexandre Cesar Avelino Feitosa Angelo R. Biléssimo
Cesar Valente

Projeto gráfico e diagramação


Cesar Valente

Revisão
Bruno Aragão

I59 Instituto Brasileiro de Museus.


Caminhos da memória: para fazer uma exposição. / pesquisa e
elaboração do texto Katia Bordinhão, Lúcia Valente e Maristela dos
Santos Simão – Brasília, DF: IBRAM, 2017.
88p. : il. ; 20,5 cm. – (Série Caminhos da Memória, 1)

ISBN: 978-85-63078-55-1

1. Memória. 2. Expografia. 3. Exposição I. Instituto Brasilei-


ro de Museus. II. Maristela dos Santos Simão. III. Kátia Bordinhão.
IV. Lúcia Valente. V. Título. Ficha elaborada pelo
Centro Nacional de
CDD 069.074 Estudos e Documentação
da Museologia
Sumário
APRESENTAÇÃO 5 O processo criativo 26 DEPOIS 41
A equipe 26 Desmontagem 41
INTRODUÇÃO 8 Curador 27 Avaliação 41
Projeto 29
EXPOSIÇÕES 11 Módulos 30 RECURSOS EXPOGRÁFICOS 43
Abertura e ficha técnica 30 Conservação 45
ANTES 15 Suportes 31 Cor 46
O básico 15 Segurança 31 Luz 53
Local 15 Ação educativa 33 Climatização 57
Nome 17 Acessibilidade 34 Som 57
Duração 17 Orçamento 34 Texto e legibilidade 59
Data 17 Cronograma 34 Suportes 67
Público-alvo 17 Divulgação 35
Acervo 19 EXERCÍCIOS 79
Recursos financeiros 19 DURANTE 37 1. Habilidades 79
O conceito 21 Montagem 37 2. Ideias 83
Objetivos 23 Manutenção 38 3. Maquete 85
Pesquisa 23 Mediação 38
Narrativa 25 Roteiro para
Identidade visual 25 Lista de conferência 39 construção da exposição 87

REFERÊNCIAS 88
Saber Museu | Caminhos da Memória

1
Exposição “Diáspora”, de Josafá Neves, Museu da Abolição/Ibram, dez/2016-mai/2017, Recife/PE

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Para fazer uma exposição

Apresentação
Marcelo Mattos Araújo possível a oferta sustentável de
Presidente do Instituto Brasileiro de cursos, oficinas, seminários e
Museus (Ibram) outras atividades formativas.

ornada possível com Já experimentado com sucesso


o desenvolvimento do em cursos presenciais e sob
Ambiente Virtual de gestão de equipe pedagógica
T Aprendizagem Saber multidisciplinar, o ambiente
Museu, a educação a distância virtual do Saber Museu enseja
representa excelente alternativa a criação de biblioteca virtual e
encontrada pelo Ibram para física que agregue a expressiva
atender à grande demanda produção de conhecimento
por formação e capacitação gerada para a consecução do
de profissionais atuantes no programa.
campo museal brasileiro, eixo
programático preconizado pela A série Caminhos da Memória
Política Nacional de Museus. vem ao encontro desta proposta
didática e multiplicadora. Para
A criação da ferramenta virtual iniciá-la, nada melhor que
assegura de forma contínua abordar um dos mais instigantes
e ampliada articular, coletar e fundamentais temas do
e divulgar informações, universo museológico: o fazer de
disponibilizar materiais didáticos uma exposição. Boa leitura!
e realizar parcerias que tornem

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Saber Museu | Caminhos da Memória

Saber Museu
ublicada em 2003, a Política O Saber Museu é um ambiente
Nacional de Museus (PNM) virtual de aprendizagem que visa
contém a Formação e integrar os diferentes esforços
P Capacitação de Recursos de formação já empreendidos
Humanos como um dos seus eixos pelo Ibram. Nesse sentido, seus
programáticos. Dentre os objetivos objetivos principais são propor,
previstos para ser alcançados organizar, promover e realizar
nesse item estão a ampliação da ações formativas – presenciais e à
oferta de cursos de extensão e distância – voltadas para aqueles
de oficinas nas diversas áreas de que atuam no campo museal e
atuação dos museus, bem como demais interessados. Do mesmo
o apoio à realização de fóruns modo, pretende estimular, apoiar
de discussão para divulgação da e subsidiar cursos, oficinas,
produção de conhecimento da seminários e outras atividades de
área dos museus, da memória capacitação.
social, do patrimônio cultural e da
museologia. Um componente importante no
sistema de educação à distância é
Movido por esse intuito, o Ibram o desenvolvimento e a produção
lança mão de uma ferramenta de materiais de apoio aos cursistas.
virtual para articular, divulgar, Pensando nisso, o Ibram criou
coletar informações, disponibilizar a série Caminhos da Memória,
materiais didáticos e realizar a qual englobará os materiais
parcerias para atender a demanda instrucionais dos cursos ofertados
por formação na área museológica. pelo Saber Museu que dialoguem
Trata-se da plataforma Saber com essa temática. Disponibilizado
Museu. nas versões impressa e online, cada

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Para fazer uma exposição

livro terá o aspecto de um caderno orientações básicas e alguns


didático com informações básicas recursos teóricos e metodológicos
sobre um determinado assunto, para auxiliar na construção de
a fim não só de orientar o leitor exposição simples e com poucos
quando a ferramentas que auxiliem recursos. A educação a distância
sua prática profissional, como está cada vez mais presente em
também de fazer uma reflexão nosso país, conquistando espaços
sobre o tema na sua importância nos ambientes acadêmicos e
como ferramenta de comunicação corporativos. Muitos órgãos do
e seu papel no reconhecimento Governo Federal, por exemplo,
de identidades e na valorização da têm recorrido a essa modalidade
diversidade. educacional como forma de
atender as suas demandas por
Para inaugurar a série Caminhos capacitação. Nesse cenário, o
da Memória, o Instituto Brasileiro Saber Museu surge como uma
de Museus lança a publicação promissora iniciativa. Aliando
Para fazer uma exposição. economicidade e alcance
O livro está dividido em três geográfico, essa plataforma
momentos: antes, durante e virtual viabiliza a oferta de
depois, abrangendo as fases de cursos temáticos e de materiais
planejamento, execução e avaliação instrucionais que podem abarcar
da montagem de uma exposição. boa parte das necessidades de
Também são apresentados os conhecimento prático e teórico
recursos expográficos que servem do campo museal. Um caminho a
como infraestrutura técnica para ser trilhado pelo Ibram de modo
a criação de uma exposição. Essa a contribuir para as ações de
obra didática tem finalidade formação e capacitação.
introdutória do tema e não
pretende, portanto, esgotar o
assunto. Em vez disso, visa oferecer Equipe Saber Museu

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Saber Museu | Caminhos da Memória

Introdução
ma exposição se realiza podem acontecer em parques, pelo projeto. Caberá ao
no encontro entre ruas, florestas ou mesmo coordenador do projeto, um
sujeito (visitante) virtualmente. As possibilidades profissional de qualquer das
U e objeto (conjunto são muitas e a criatividade áreas envolvidas, ter aptidão
expositivo), ou, numa não cansa de acontecer. para liderar e concretizar
concepção mais abrangente e o trabalho, motivando e
atual, entre a sociedade e seu O que torna uma exposição envolvendo todos os membros
patrimônio. Embora seja bem fascinante, na maior parte do grupo. Um projeto
possível criar exposições que das vezes, é a vitalidade das expográfico, ou seja, o projeto
não utilizam objetos materiais linguagens e não o acervo de uma exposição envolve
– apenas sons, imagens, luzes em si. Para que se possa criar muitos itens e necessita de um
– haverá, no entanto, sempre uma exposição fascinante, é bom tempo para ser feito.
um sujeito para quem essa necessário sempre ter claro o
exposição foi criada e que sem que se quer fazer, para quem Uma exposição se baseia na
o qual ela não terá razão de se quer fazer e por que fazer. escolha e na apresentação de
existir. E, paralelamente, planejar, objetos que possam sustentar
representar e visualizar o uma narrativa sobre um
Para alguns, as exposições resultado da sua montagem, assunto determinado. As
representam os museus. Mas mesmo antes de ela ser seleções e definições apontam
exposições podem ser criadas e executada. Isso deve ser feito, as ideias e imagens desejadas
apresentadas de muitos modos preferencialmente, por uma e estabelecem, pelos sentidos,
e sob inúmeros formatos, equipe multidisciplinar. A diálogos com o público.
não sendo necessário, equipe deverá trabalhar de
absolutamente, a utilização maneira afinada, desde sua
de espaços fechados, cobertos, concepção e deve assumir em
construídos ou edificados. Elas conjunto a responsabilidade

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Para fazer uma exposição

Nesse sentido, a exposição é avaliação e desmembradas em


apenas a ponta do iceberg. Ela uma série de subitens que tentam
traz consigo, também, a questão enumerar questões fundamentais
da guarda e da conservação desses em todo o processo. Num capítulo
mesmos objetos. As decisões entre adicional, optamos por detalhar
expor e conservar sempre levantam os recursos expográficos que
dúvidas e a forma de conciliar, de servem como infraestrutura
maneira responsável, a exposição técnica para a criação de uma
e a conservação, é estabelecer um exposição. Este capítulo detalha
diálogo entre os profissionais das alguns conhecimentos específicos
duas áreas. e pretende servir de suporte nas
escolhas de cor, luz, textos, letras e
Esse manual leva em conta a outros itens importantes.
importância das exposições, o
papel que elas exercem; seu custo Não se pretende esgotar todo o
em gastos, tempo e em esforço assunto referente a exposições
humano; e a complexidade de no trabalho a seguir, mas tentou-
sua realização. Ele foi pensado se, por meio de alguma pesquisa
como um guia, com orientações e com base em experiências
◆ Sobre museografia e básicas que visam não só facilitar práticas e estudos, pelo menos
expografia, ver: o desenvolvimento do trabalho, pinçar e esclarecer os pontos
Exposição: concepção, mas também a construção de mais importantes e vitais a ser
montagem e avaliação, uma reflexão crítica sobre as pensados. Nosso objetivo é oferecer
de Marília Xavier Cury. exposições. Procura atender, possibilidades, não limitar as
A exposição portanto, a necessidade de buscar opções.
museológica o aprofundamento teórico e
como estratégia o conhecimento das novas Esperamos que sirva como um
comunicacional: metodologias. apoio ou um ponto de partida para
o tratamento auxiliar profissionais que já atuam
museológico da O manual foi dividido em em instituições museológicas e
herança patrimonial, três tempos: antes, durante e mesmo aqueles interessados e
de Marcelo Bernardo da depois; consideradas as fases curiosos no assunto.
Cunha. de planejamento, execução e

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Saber Museu | Caminhos da Memória

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Uma exposição pode ser criada e apresentada sob diferentes formatos, mas é no encontro entre sujeito (visitante) e objeto (conjunto expositivo) que ela se realiza
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Para fazer uma exposição

Exposições
São parte de um sistema quantidade dos objetos, do Exposições devem
de comunicação, local, da iluminação. ser instrumentos
com lógica e sentido para a produção,
1 próprios. Pretendem Traduzem discursos e 5 reprodução e difusão de
desempenhar um papel para narrativas por meio conhecimentos. São espaços
representar e comunicar de intermediações para a circulação de ideias, e,
histórias, tradições, novidades, 4 sensoriais, como deste modo, profundamente
conhecimentos, modos de imagens, sons, cheiros, ideológicas e essencialmente
fazer e viver. sensações. Expor é, ainda, políticas. Espaços para
escolher o que ocultar, optar revelar e tornar público
Muitas vezes podem ser entre o que lembrar e o que posicionamentos.
o primeiro contato dos esquecer. A exposição, deste
visitantes/espectadores modo, traduz anseios, medos, “Expor é ou deveria
2 com determinado questionamentos, afirmações, ser, trabalhar contra a
assunto, questões da vida, perguntas e respostas, ignorância, especialmente
de particularidades, do propondo soluções por meio 6 contra a forma mais
passado, das artes, da ciência de uma discussão pública e refratária de ignorância,
e de muitas outras áreas do coletiva. a ideia pré-concebida, o
conhecimento humano. preconceito, o estereótipo
Expor é também, cultural. Expor é tomar e
Resultam de uma e sobretudo, propor. calcular o risco de desorientar-
soma de esforços, se - no sentido etimológico
coletivos e individuais, (BELLAIGUE,1996:45 e (perder a orientação, perturbar
3 de conteúdo teórico e CUNHA, 2005:2-4). a harmonia, o evidente e o
conceitual, transformados consenso, constitutivo do lugar
na materialidade das cores, comum, do banal)”
das texturas, na qualidade e (MOUTINHO, 1994:4)

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Saber Museu | Caminhos da Memória

3
Museu de Belas Artes de Young, San Francisco, USA

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Para fazer uma exposição

Para começar a
pensar a exposição
Por que fazer? O que fazer?
O primeiro passo para a concepção Qual será a ideia, a proposta que
de uma exposição reside nesta será desenvolvida na exposição?
pergunta. Para mostrar assuntos, O que se pretende mostrar? Qual
artistas, objetos, ofícios; para será o caminho escolhido para
colocar conceitos em discussão; a transmissão das informações
para prestar atenção em algum contidas nos acervos e nos desejos?
acontecimento; para dar Há que se ressaltar que, em uma
visibilidade a uma comunidade; exposição, é necessário fazer
questionar atitudes; exercitar a escolhas, não é possível mostrar
criatividade. tudo sobre as propostas, os objetos
e as ideias.
Para quem fazer?
Pesquisa
Quem são as pessoas que queremos
atingir com nossa exposição? O que Análise e levantamento de temas
elas pensam, do que gostam, o que podem orientar o conteúdo da
as motiva a sair de casa? Seremos exposição. Uma das etapas mais
capazes de provocar alguma importantes na definição do que
mudança nessas pessoas, apresentar será exposto é a pesquisa, que
novos pontos de vista, quebrar pode ser histórica, antropológica,
paradigmas? Considerar nosso cultural, tecnológica, de conceitos
público possível e desejável ajuda a e outras, e que vai fundamentar as
desenhar melhor nosso projeto. diversas escolhas que serão feitas
durante todo o processo.

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Saber Museu | Caminhos da Memória

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Museu de Arte Moderna de San Francisco (SFMOMA), USA

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Para fazer uma exposição

Antes
O básico
Local
Onde será realizada a exposição? e escrito do espaço físico. Um
esboço, também conhecido por
Verificar a viabilidade do croqui. Contém uma avaliação do
espaço, os itens de segurança e a local, planta baixa com medidas
acessibilidade do público visitante. e áreas aproximadas, pontos
Conferir detalhes como placas de iluminação, existência de
de saída, existência de extintores, climatização, mobiliário fixo e
alvará dos bombeiros e condições móvel disponíveis, mobiliário de
construtivas do espaço. conforto (necessário para uma
boa visitação e fruição), itens de
Autorizações poderão ser segurança, acessos, circulação.
necessárias, tanto em lugares
privados quanto públicos, como Nesta etapa já devem ficar claras as
por exemplo, alvarás e pedidos condições de uso do espaço: o que
formais por escrito para a pode e o que não pode ser retirado,
utilização do espaço. Considerar acrescentado, pendurado, pintado.
prazos para as viabilizações de
licenças, quando exigidas. Todas estas informações
sistematizadas facilitarão o
Definido o local, é necessário desenvolvimento na construção e
fazer um rascunho desenhado na divulgação da exposição.

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Saber Museu | Caminhos da Memória

5
Exposição “¡Mira! – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas”, Casa da Cultura da América Latina (CAL) da Universidade de Brasília (UnB), 2014, Brasília, DF

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Para fazer uma exposição

Nome depois de um determinado prazo,


seguem para serem montadas em
É importante que o título da outro local). O tempo que uma
exposição apresente, da melhor exposição permanece em “cartaz”
forma possível, o seu conteúdo, demanda diferentes orçamentos,
seja de fácil entendimento, e que estratégias de divulgação, usos
também possua características e tipos de materiais expositivos,
que contribuam para uma rápida acarretando mais trabalho e mais
memorização. custos. Esse tempo também vai
determinar alguns cuidados com a
Os títulos podem ser divertidos, conservação do acervo selecionado
lúdicos, interessantes, curtos, de para a exposição. Ver item
uso cotidiano, ou que, de alguma Conservação, na página 41.
maneira, causem curiosidade.
Muitas vezes, há alguém na própria Data
equipe com facilidade no uso das
palavras. Deve-se ouvir todas as É necessária a fixação de data de
sugestões, anotá-las, analisá-las e início e término da exposição.
depois de algum tempo, selecionar Esta informação será útil para
a melhor. o estabelecimento de metas,
composição de cronograma de
Duração desenvolvimento, orçamento,
montagem e desmontagem. Os
Pensar na duração de uma melhores dias da semana para
exposição pressupõe definir seu abertura de uma exposição,
perfil. As exposições podem geralmente, são a quinta ou a
ser de curta, média ou longa sexta-feira.
duração e, nesses casos, estão
diretamente relacionadas ao Público-alvo
tempo de permanência para
visitação pública. Podem também É parte de um universo de pessoas
ser itinerantes (aquelas que que se deseja que visite a exposição.
permanecem em um local e, Normalmente, quando se monta

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Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis, SC

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Licença Creative Commons Zero (CC0)


Exemplos de
materiais que
podem compor
um acervo

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Museu do Lixo da Comcap, Florianópolis, SC
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Para fazer uma exposição

uma exposição, trabalha-se para pode se surpreender com novos


adaptá-la e para atingir a todos, arranjos e linguagens que podem
mas é essencial ter consciência da ser inventadas e concebidas a
dificuldade deste alcance. partir do que se tem à disposição.
Combinar o acervo que se tem e
Identificar e conhecer o público, propor releituras por artistas locais,
especificamente aquele que se quer visitantes ou alunos é uma boa
atingir, seus hábitos, preferências, alternativa.
necessidades e interesses, como se
locomove, lugares que frequenta. É Vale lembrar que qualquer
parte de uma importante pesquisa “coisa” pode virar acervo! Ver
inicial. figuras 6, 7 e 8.

Acervo Recursos financeiros


Escolha e relação dos objetos que Quanto poderá ser gasto e quais
farão parte da exposição, estejam valores estarão disponíveis para
eles ou não na instituição ou sob a viabilização do projeto. Haverá
sua guarda. Nesta etapa está a necessidade de fazer um orçamento
criação de obras, se for o caso, geral indicando a origem
quem faz e como; a arrecadação dos recursos para cada item,
de objetos através de pedido para implementação e manutenção
instituições, pessoas, comunidade, da exposição. Dependendo da
artistas, enfim, todos que de situação, se for preciso, levantar
alguma forma estejam envolvidos recursos financeiros dentro ou fora
com a ideia. Existe sempre a da instituição e estabelecer uma
possibilidade de utilizar o acervo série de ações que podem ajudar
que já existe na instituição museal, na concretização do projeto. As
de criar uma nova narrativa com parcerias e os voluntários também
os objetos que se encontram na devem ser considerados como
reserva técnica e dar uma outra recursos valiosos. É importante
roupagem para o que está próximo. controlar regularmente o
O público que visita o museu orçamento.

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Saber Museu | Caminhos da Memória

Exemplos de nomes
de exposições
e amostras de
cartazes, divulgados
nos sites das
instituições

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Para fazer uma exposição

O conceito
Essa é a parte primordial, e deve „ Utilizar recursos variados,
ser sempre enfatizada. A exposição porque a repetição cansa;
precisa ter uma intencionalidade,
de modo que as escolhas sejam „ Sempre partir do que é
conscientes e direcionem o trabalho conhecido para o desconhecido;
ao resultado que se busca. É preciso
saber o que se quer dizer, para „ A exposição compõe-se de
então desenvolver a maneira mais introdução, desenvolvimento e
adequada possível para dizê-lo. conclusão;

“Exposição é ação Neste momento procura-se „ Apresentar objetos


com reflexão, é criar estratégias que facilitem acompanhados do seu contexto;
experimentação, é o desenvolvimento das ideias,
prática embasada em como por exemplo: uma equipe „ Exibir textos escritos: curtos,
teoria, é ensaio e erro” multidisciplinar que contemple simples e objetivos;
várias habilidades profissionais,
(PLANEJAMENTO DE uma dinâmica com exercícios „ Hierarquizar as mensagens: nem
EXPOSIÇÕES, 2001:12) de criatividade, uma pesquisa tudo tem a mesma importância;
de exposições anteriores, uma
listagem de exposições de interesse „ Uma mensagem para cada
do grupo que a propõe e do espaço. Evitar múltiplas
público. mensagens no mesmo espaço;

Esta etapa deverá organizar as „ Arquitetura e design a serviço


informações, iniciar o projeto e das ideias e da compreensão do
considerar alguns princípios com discurso, não o oposto.
relação à construção de exposições,
em geral:

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Saber Museu | Caminhos da Memória

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Exposição “Séculos Indígenas no Brasil”, 2014, Estação Cabo Branco Ciência, Cultura e Artes, João Pessoa, PB

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Para fazer uma exposição

Objetivos ajudar a compreender melhor um


acervo, por exemplo, detalhando
O que pretende a exposição? seu significado e o enriquecendo
Definição clara e escrita dos com outros valores e fontes de
objetivos da exposição. Os pesquisa.
objetivos são informações
importantes usadas para todas No desenvolvimento de uma
as decisões, como por exemplo exposição deve-se levar em
a narrativa, os objetos que consideração as pesquisas
serão expostos, a maneira como relacionadas aos objetos
serão vistos, as ações culturais e escolhidos, seus contextos e a
educacionais desenvolvidas no disseminação do conhecimento.
decorrer da exposição etc. Atentar para a variedade de pontos
de vista culturais, por exemplo, de
O uso de metodologias Pesquisa seu público, consultando grupos
participativas, como o locais quando for apropriado.
Inventário Participativo, A pesquisa às fontes específicas de
tem por objetivo agregar conhecimento dará o suporte que Pesquisar, nesse sentido, também
instrumentos que estimulem servirá de base para a construção é investigar, interpretar, mapear,
a própria comunidade a da exposição. Essa pesquisa poderá interrogar (no sentido de arguir,
identificar e valorizar as suas ser feita, segundo as necessidades questionar), documentar e
próprias referências culturais, da exposição e as decisões preservar o patrimônio em toda
colaborando para o resultado da equipe, a partir de fontes sua diversidade cultural, regional,
do processo. documentais, objetos, entrevistas, étnica e linguística.
Sobre Inventário Participativo história oral, fotografias, filmes,
ver Educação Patrimonial: enfim, uma infinidade de A pesquisa pode e deve ir além
Inventários Participativos, origens, e estará de acordo com das dimensões materiais, pode
editado pelo IPHAN. o enfoque que será dado ao tema ampliar-se para as representações
Ver também a publicação na exposição. Uma exposição não do intangível, dos conhecimentos,
Pontos de Memória: deve induzir ao erro ou reproduzir dos saberes, técnicas, artes,
metodologia e práticas informações sobre as quais não crenças, ritos, sons, palavras,
em museologia social, haja certeza da veracidade. Deve expressões, movimentos.
IBRAM/OEI

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Saber Museu | Caminhos da Memória

Exemplo de
identidade visual,
criada para a
Exposição Cães
sem Diploma, que
foi realizada na
Universidade Federal
de Santa Catarina em
11 2014

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Para fazer uma exposição

Narrativa Identidade visual


Uma exposição sempre irá contar A esta altura, feitas as definições
uma história, por isso se fala em principais e conhecida a narrativa
narrativa. Como essa história será da exposição, já é possível escolher
contada é uma decisão da equipe. algum elemento visual que será
A narrativa em uma exposição apresentado como a “cara” da
implica em uma série de escolhas, exposição. Pode ser um objeto,
de artifícios, de linguagens (visuais, um ambiente, uma cor ou um
sonoras, tecnológicas, acessíveis) conjunto de coisas que possam
que deverá ter começo, meio e ser identificadas facilmente com
fim. Pode-se até criar um texto o que a exposição pretende ser ou
e com base nele, desenvolver os mostrar.
vários módulos que irão compor
a exposição. Esse processo facilita Essa identidade visual ajudará
muito o trabalho de dividir o na divulgação prévia do evento,
espaço expositivo, dar graduações acompanhando e ilustrando o
de importância a alguns pontos texto de divulgação, onde se fala
ou objetos que se deseja destacar e sobre o local, a data, os horários e
ajudará o visitante a entender que os objetivos.
mensagem se deseja transmitir.

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Saber Museu | Caminhos da Memória

O processo criativo
A partir desse momento, vários blocos de post-its, etc. Depois de expandir ao
em que já estão feitas as máximo as ideias a equipe
definições preliminares e É importante que haja (por deve reduzir o seu número
conceituais da exposição, escolha do grupo ou de outra estabelecendo os critérios
a equipe deve reunir-se maneira) um intermediador viáveis: contexto, tempo,
para desenhar a exposição neutro para mediação das receita, público e impacto. O
propriamente dita. Existem discussões. Nesse processo número deve chegar a de 3
várias técnicas e ferramentas de geração de muitas ideias o a 5 ideias potenciais e então
para que se trabalhe em que importa é a quantidade, rascunhar um protótipo de
grupo estendendo os limites desafiar as ortodoxias, projetar exposição.
do pensamento, imaginando modelos originais.
aquilo que não existe. A equipe
Sugere-se desenhar, rascunhar,
Uma das possibilidades é a ainda que de maneira Para criar, desenvolver e
utilizada pelos profissionais rudimentar ou amadora, já montar uma exposição é
do design. Seria bom reunir que o pensamento visual mais fácil e divertido fazê-
o grupo com os mais ajuda as pessoas a descrever, lo em grupo. Para isso, é
variados perfis e históricos discutir e compreender necessário conhecer o grupo
culturais – mesmo que não melhor as questões, mesmo que irá trabalhar junto e suas
façam parte do corpo da as mais complexas. Valem habilidades individuais. A
instituição –, voluntários etc. as regras de “não julgar”, realização de reuniões para
até o máximo de dez pessoas, “uma discussão por vez”, esta “descoberta de talentos” é
num local apropriado, com “pensar visualmente” e essencial.
disponibilidade de até um dia. “encorajar ideias malucas”.
Ter à disposição quadro para Fazer perguntas do tipo “E O ideal seria reunir uma
anotações, folhas grandes de se…” dinheiro não fosse equipe com profissionais
papel e canetas para desenhar, um problema, por exemplo. especializados nas áreas

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Para fazer uma exposição

mais importantes envolvidas em ser o agregador da equipe. Muitas


uma exposição como: design vezes o curador toma decisões pelo
gráfico, arquitetura ou design de grupo que deverão ser respeitadas
exposição, pedagogia/educação, e aceitas, por isso, essa escolha é
história, jornalismo, conservação essencial em todo o processo.
e, claro, museologia. Essa equipe,
responsável pela concepção e No caso de uma exposição a
execução da exposição, deve ser realizada por um grupo sem
trabalhar em sintonia sob a experiência profissional, deve-se
supervisão de um profissional que fazer um levantamento das pessoas
pode ser da museologia. que possuem conhecimento
mais específico, ou que possam
É importante adequar os processos se adaptar para desenvolver a
às condições, incluindo a equipe e liderança nas diversas necessidades
suas características. É importante da exposição, como por exemplo:
errar, pois a experiência pode trazer marcenaria, habilidades
boas soluções. manuais, de escrita, financeira
e de comunicação. Podem ser
Curador escolhidos pelo grupo ou pelo
responsável.
O responsável (ou responsáveis)
pela exposição será a pessoa É recomendável realizar reuniões
apontada pelo grupo com frequentes para avaliação do
qualidades para gerenciar o projeto. trabalho realizado.
Esta pessoa deverá ser capaz e ter
tempo para acompanhar todas as Atenção: não assumir tarefas
etapas e ações necessárias para que a equipe não consiga fazer
a montagem da exposição, e de com qualidade, pois isso poderá
preferência, ter habilidade para comprometer o resultado final.

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Saber Museu | Caminhos da Memória

Módulo 4

Módulo 1

Módulo 3

13 Módulo 2
Esboço e planta baixa de
um local de exposição

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28
Para fazer uma exposição

Projeto
O projeto define a expografia: até que se chegue a boas soluções
acervo, forma, cor, luz, textos, de acordo com os objetivos.
suportes, circuito e demais
informações. O conceito e os Depois de definidos todos os
objetivos traduzidos no espaço. itens anteriores, é fundamental
desenhar ou obter (caso já exista)
Desse modo, o projeto deve sempre uma planta baixa o mais detalhada
levar em conta o espaço em que possível. Para isso, sugere-se a
vai se desenvolver, as necessidades criação de um esboço. A planta
de conforto e segurança, o uso e deverá ter medidas precisas,
o desenvolvimento de linguagens pontos de luz, tomadas, área,
expositivas, as condições do infraestrutura (o que existe),
ambiente e os objetivos de diálogo tipo de iluminação, climatização,
e discussão, sempre a partir das suportes, vitrines, sinalização,
possibilidades e limitações das sonorização, segurança.
instituições e da equipe envolvida.
Quando se utiliza uma sala
Essas decisões devem estar bem própria para exposições, esses itens
discutidas e embasadas e ser geralmente já estão levantados, o
viáveis, tanto em termos de que facilita bastante o trabalho.
custos quanto de tempo para sua
execução. Devem passar uma Os desenhos são essenciais para a
ideia, conter uma narrativa, enfim, concepção e posterior montagem.
é como se aqui, todos os itens A confecção de maquetes ajudará
importantes tivessem que estar na melhor compreensão da
contemplados, de maneira que o proposta expositiva.
resultado final esteja de acordo
com o que a equipe deseja para a A partir das informações precisas
exposição. É uma etapa complexa e da confecção da planta pode-se
que exige um tempo de maturação desenhar a distribuição espacial

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Saber Museu | Caminhos da Memória

da exposição para visualização do módulos. Os módulos podem


local, dos objetos, da circulação definir subtemas, recortes, circuito,
do público etc. É interessante circulação, dar destaque, entre
providenciar várias cópias da outros. Esse método ajudará a
planta ou reproduzi-la em um estabelecer pontos de interesse e
quadro para discutir com o grupo escalas de hierarquia, incluindo o
as várias sugestões e ideias. Há módulo de abertura, ficha técnica e
programas e sites que permitem módulos de transição.
que se façam maquetes virtuais
simples, de modo fácil e barato, Abertura e ficha técnica
como o Floor Planner (www.
floorplanner.com), o Home Styler Faz parte das exposições,
(www.homestyler.com), o Room tradicionalmente, a criação de
Sketcher (www.roomsketcher.com) um texto que as apresente. Esse
ou o Planning Wiz (planningwiz. texto introduz o visitante ao tema
com). desenvolvido e geralmente é escrito
pelo curador.
Nessa etapa é importante anotar
as propostas, para que todos se Ao final, costuma-se colocar a
sintam ouvidos e para que não se ficha técnica, que contém a relação
percam as boas ideias. das pessoas que produziram a
exposição.
Módulos
O Livro de Visitantes ou Livro de
Ao desenvolver o projeto da Registro também faz parte de uma
exposição, para facilitar a exposição. É um livro simples, tipo
organização, divisão de tarefas, livro de atas, no qual o público
detalhamento e distribuição dos registra as informações básicas
recursos expográficos no espaço como nome, idade, cidade de
onde ela acontecerá, pode-se origem, instituição a que pertence
utilizar a estratégia de divisão etc. Entretanto, para que se possa
do tema no espaço em forma de conhecer melhor os visitantes

30
Para fazer uma exposição

15

Indicações claras
facilitam a circulação de uma exposição e mapear seu peso e tipo, e a necessidade de
do público e ajudam perfil, pode-se fazer esse registro construção de novos suportes
na segurança de todos de outras maneiras e acrescentar expositivos, como por exemplo,
diversos campos para colher paredes, módulos, vitrines,
mais informações a seu respeito, cubos, cabides, caixas, varais. Ver
podendo resultar numa pesquisa de sugestões na página 62.
público.
Segurança
Também ao final das exposições,
tornou-se um hábito pedir para Com relação ao espaço onde
que as pessoas que as visitam será realizada a exposição, deve-
deixem comentários sobre o que se planejar com antecedência
viram, sugestões etc. E isso pode ser a verificação dos itens mais
feito de várias maneiras. importantes relacionados à
segurança das pessoas que
Suportes circularão, responsáveis,
montadores, prestadores de
Relacionar os suportes existentes serviços e visitantes, tais como:
e os que serão necessários para o equipamentos de prevenção contra
acervo, considerando tamanho, incêndio, instalações elétricas,

31
Saber Museu | Caminhos da Memória

16
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

32
Para fazer uma exposição

saídas de emergência, sinalização, provenientes de escolas, jogos


rampas de acesso e escadas, e materiais didáticos para as
elevadores, corrimões. diversas faixas etárias, além
de acessibilidade diferenciada
Alguns objetos exigem, além de para portadores de necessidades
transporte adequado até o local, especiais, como por exemplo os
contratação de seguro, plano de deficientes visuais e/ou auditivos.
emergência em caso de incêndio,
proteção do acervo etc. É um processo importante na
comunicação de uma exposição e
Quando da montagem da deve ser pensado e planejado desde
exposição, também é fundamental a sua concepção. De preferência,
ter e observar alguns cuidados, em as ações são criadas por um
especial ao manusear ferramentas profissional da área da educação ou
ou materiais perigosos. É preciso por alguém com experiência.
sempre conhecer a legislação e as
orientações específicas para cada Alguns pontos podem auxiliar a
procedimento. pensar nessas ações:

Ação educativa „ estudar, conhecer e ouvir a


comunidade na qual será
Um projeto que se propõe a realizada;
dialogar com os visitantes, com „ conhecer as expectativas e tentar
o objetivo de estimulá-los para superá-las;
que percebam, compreendam e „ ter flexibilidade para se adaptar;
interpretem as obras, os objetos, as „ pensar num pré-projeto para
provocações e inspirações presentes testes, experimentação e
na exposição, para construção de adequação;
possíveis significados. „ contar com uma equipe
multidisciplinar;
As ações educativas podem prever „ avaliar para retroalimentar.
mediação com grupos organizados

33
Saber Museu | Caminhos da Memória

Acessibilidade A pessoa encarregada do


orçamento deve ser organizada,
Deve-se prever as possibilidades escolhida pelo grupo, de total
de acesso físico, sensorial e confiança para administrar o
intelectual, assim como planejar dinheiro e prestar contas de tudo o
mobiliário de conforto para os que foi gasto.
visitantes, de todas as idades e
condições físicas. O controle das despesas e das
receitas, se for bem executado,
Por exemplo: verificar se o pode auxiliar muito no bom
local possui rampas de acesso desempenho da exposição.
ou elevadores, se existe espaço
apropriado e suficiente para Cronograma
circulação do público visitante
geral, cadeirantes e carrinhos de Deve considerar com cuidado
crianças, sem obstáculos. as várias etapas do projeto, fixar
prazos e monitorar o progresso das
Recomenda-se que a altura da ações. Uma boa ideia é estabelecer
exposição fique entre 90cm e o prazo final para a exposição
160cm do piso. estar pronta e, a partir daí,
montar o cronograma de trás para
Orçamento frente até o momento presente. Sobre acessibilidade e gestão
Sempre verificando o prazo de de museus ver:
Esse item deve fazer parte do todas as etapas e identificando Acessibilidade a Museus,
projeto da exposição que organizará preliminarmente possíveis atrasos. de Regina Cohen, Cristiane
e estabelecerá todo o gasto para sua O cronograma poderá ser feito em Duarte e Alice Brasileiro.
confecção/realização. Distribui os diferentes unidades de tempo (dias, Orientações para Gestão
recursos financeiros disponíveis, semanas, meses) e estar em local e Planejamento de
internos e externos, e os gastos visível e de fácil acesso para toda a Museus, de Manuelina
com material e mão-de-obra. equipe. Maria Duarte Cândido.

34
Para fazer uma exposição

Divulgação A partir da coleta e redação dessas


informações será possível preparar
Parte importante de todo o várias ações, cuja oportunidade
planejamento e execução de um e eficácia devem ser avaliadas
evento é informar o público a que conforme cada caso.
ele se destina sobre sua realização.
Estas são algumas ações de
E a peça principal da divulgação divulgação que podem ser feitas
é um texto que reúna, de com os dados do texto básico: a
forma sintética, as informações criação de um evento no Facebook,
essenciais: uma breve descrição uma nota para WhatsApp, um
da ideia, dos objetivos, de quem e-mail para jornais, emissoras de
realiza e onde acontece. rádio, colunistas e blogueiros.

Naturalmente, é preciso levar


em conta os públicos-alvo da
Mondrian e o movimento De Stijl exposição, para encontrar os
veículos e ações mais adequados.
Pela primeira vez na América Latina uma exposição mostrará a trajetória
artística de Pietr Mondrian e as principais obras do grupo que participou Um segundo texto, com a mesma
do movimento “De Stijl” (O Estilo), cujas influências na pintura, arquitetura, estrutura, mas mais detalhado,
moda, literatura e tantas outras artes são sentidas ainda hoje em todo o com mais informações sobre as
mundo. A exposição “Mondrian e o movimento De Stijl”, com curadoria da principais atrações da exposição,
Art Unlimited, será apresentada durante 2016 no Centro Cultural Banco deve estar pronto caso surja
do Brasil, em várias capitais. Serão cerca de 70 obras — 30 das quais de oportunidade de publicá-lo ou
Mondrian — e uma seleção de múltiplas manifestações do neoplasticismo algum radialista ou jornalista peça
que compõem o mais completo conjunto desse período já exibido no Brasil. maiores informações.

A abertura será no CCBB de São Paulo, dia 25 de janeiro. Em 21 de abril,


coincidindo com o aniversário da cidade, a exposição inicia sua temporada
em Brasília. No CCBB de Belo Horizonte abre dia 20 de julho. E, finalmente, Exemplo de
a partir de 11 de outubro, no Rio de Janeiro. texto inicial de
divulgação

35
Saber Museu | Caminhos da Memória

17
Exposição “Além de 3x4”, 2013, Museu da Imagem e do Som, FCC, Florianópolis, SC
36
Para fazer uma exposição

Durante
Montagem As atividades de manutenção
do espaço, pintura de paredes
É a etapa de construção física e de suportes fazem parte da
da exposição. Geralmente, e infraestrutura da exposição
dependendo do tamanho – tanto e deverão ser executadas
do espaço quanto da exposição prioritariamente, pois
– pode acontecer em alguns normalmente criam sujeira e pó.
dias, uma semana ou mais. Bem Em seguida começam as atividades
planejada e com uma boa equipe, mais limpas da montagem, até a
essa etapa pode ser resolvida fase de acabamento e limpeza do
rapidamente. Sempre lembrar de local.
prever tempo extra para eventuais
contratempos. Na montagem da parte gráfica,
a impressão dos materiais deve
É necessário ter um cronograma ser acompanhada de perto. Fazer
de montagem claro especificando testes dos materiais evita surpresas
as atividades de cada equipe. Listar durante a instalação ou construção
as pessoas/equipes responsáveis dos suportes.
pelas diversas atividades incluindo
também os profissionais A equipe deve procurar manter-
(prestadores de serviço externos), se fiel ao projeto original. Mas é
se for o caso, contratados para possível que seja necessário fazer
tarefas especificas. Pode-se alguns ajustes de última hora.
destacar uma pessoa da equipe que
ficará responsável somente pela A entrada do acervo é
supervisão da etapa de montagem. normalmente a última etapa, por
questões de segurança.

37
Saber Museu | Caminhos da Memória

Manutenção Mediação
Depois da exposição montada, O trabalho de mediação é
enquanto ela acontece, é necessário opcional. No entanto, se for
realizar o acompanhamento diário considerado, deve estar de acordo
da qualidade dos suportes, dos com a proposta de ação educativa
recursos expográficos e pensar do projeto e ser efetivo em todos os
em possíveis readequações a momentos em que foi planejado.
partir de feedback dos visitantes Deve ser executado por pessoas
e dos profissionais envolvidos treinadas e preparadas para
na sua concepção. Dependendo todos os públicos. O trabalho de
da duração e do acervo exposto, mediação deve auxiliar o público
será indispensável planejar e a criar seus próprios caminhos
realizar higienização de vitrines interpretativos e aprofundar as
e verificação dos objetos, relações intermediadoras entre
legendas etc. Este é um processo educadores, exposição e visitantes.
de comunicação constante, de
observação e análise do retorno
esperado.

“As coisas não são, portanto, simples objetos


neutros que contemplaríamos diante de nós;
cada uma delas simboliza e evoca para nós
uma certa conduta, provoca de nossa parte
reações favoráveis ou desfavoráveis, e é por
isso que os gostos de um homem, seu caráter,
a atitude que assumiu em relação ao mundo
e ao ser exterior são lidos nos objetos que ele
escolheu para ter à sua volta, nas cores que
prefere, nos lugares onde aprecia passear”.

18 MERLEAU-PONTY 2004:23
Museu do Design, Londres, UK
38
Para fazer uma exposição

Lista de conferência
para a montagem

1. PREOCUPAÇÕES 3. IMPRESSÃO/GRÁFICA 6. EQUIPE


TRANSVERSAIS … Texto de abertura … Educativo
… Acessibilidade … Ficha técnica … Recepção
… Segurança … Legendas … Bilheteria
… Higienização … Sinalização … Segurança
… Informação … Material Educativo … Apoio
… Equipe … Fotos e imagens
… Avaliação … Outros textos 7. OUTROS
… Livro de ocorrências
2. AMBIENTE 4. SUPORTES … Livro de assinaturas
… Limpeza … Mobiliário … Guarda-volumes
… Pintura … Expositores … Kit de emergência para
… Iluminação … Instalações reparos
… Som … Espaço de organização
… Climatização 5. MONTAGEM
… Colagem
… Montagem dos suportes
… Instalações
… Acervo

39
Saber Museu | Caminhos da Memória

19

Exposição “Além de 3x4”,


2013, Museu da Imagem
e do Som/CIC/FCC, em
Florianópolis, SC

40
Para fazer uma exposição

Depois
Desmontagem Avaliação
Apesar de parecer simples, à Avaliação é uma ferramenta
primeira vista, o processo de utilizada para a compreensão e
desmontagem exige cuidados aprofundamento do trabalho
e planejamento. Sugere-se a desenvolvido em uma exposição.
criação de um cronograma de Assim, ela tem dois momentos: a
desmontagem, para que se cumpra avaliação que os responsáveis pela
os prazos, no caso, principalmente, exposição fazem do resultado do
do uso de um local ou instituição seu trabalho e a avaliação feita
de terceiros. Pode haver uma pelo público visitante. A equipe
equipe responsável por esse avalia como se organiza, planeja e
trabalho, mas é conveniente que executa as atividades, a gerência de
seja feito meticulosamente, o seus recursos, seu relacionamento
manuseio dos objetos, a retirada interno e externo e como vê o
de elementos das paredes, a resultado de seu trabalho final:
armazenagem e acondicionamento a exposição. O público deve ter
do material utilizado, o descarte a chance de dizer qual a sua
do que não será mais usado, experiência com o tema abordado,
que resulta na entrega do local como interagiu com a exposição, o
limpo e em boas condições. É que e como aprendeu.
bom considerar um termo de
recebimento e de entrega do local
para evitar problemas.

41
Saber Museu | Caminhos da Memória

Nesta composição nota-se o uso


equilibrado de recursos como a cor, a luz,
os suportes e a distribuição dos objetos.

20
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA

42
Para fazer uma exposição

Recursos Expográficos
Ferramentas para a composição visual da exposição

xposições vão muito além o ambiente, a partir das interações


do ato de pendurar quadros de luz, sons, cores, sensações,
em paredes ou objetos linguagens e os variados públicos.
E em vitrines com textos e
legendas. Uma série de fatores É preciso lembrar, ainda, que a
pode influenciar na comunicação intencionalidade e a consciência
de uma exposição: cor, textura, nas escolhas é parte fundamental
som, iluminação, por exemplo. de todo o processo, e que fazer
Os mesmos objetos dispostos de escolhas meramente estéticas pode
diferentes maneiras podem contar comprometê-lo.
histórias totalmente distintas. Uma
exposição que conta histórias, Nesse item, procuramos explicar
sem o uso de objetos, pode fazê-lo e ilustrar, de forma clara e
utilizando variados recursos. simples, como o uso dos recursos
expográficos e a prévia definição
O desenvolvimento de uma das estratégias expositivas pode
exposição representa a tradução favorecer a comunicação desejada
de considerações de um nível e desenvolver uma abordagem
conceitual para a prática, com a apropriada para produzir
utilização de um substrato físico. exposições vivas, informativas e
Deve considerar as relações entre estimulantes.
os objetos expostos, seus suportes e

43
Saber Museu | Caminhos da Memória

◆ Sugestão de leitura:
Conservação
preventiva de
acervos, de Teixeira
e Ghizoni.

Diferentes materiais
exigem cuidados
específicos na sua
armazenagem
21

22
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC
44
Para fazer uma exposição

Conservação
Ao conceber a exposição e Os fatores externos que podem
selecionar um acervo é essencial afetar os objetos são:
que se conheça e avalie os
materiais que constituem „ físicos: temperatura, umidade
os objetos, seu estado de relativa do ar, luz natural ou
conservação e as condições artificial;
ambientais apropriadas para seu
equilíbrio físico-químico. Os „ químicos: poeira, poluentes
objetos que constituem acervos atmosféricos, contato
museológicos podem ser feitos com materiais instáveis
de materiais orgânicos como quimicamente;
papel, pergaminho, couro, têxteis,
fibras vegetais e animais, tela e „ biológicos: micro-organismos,
de materiais inorgânicos como insetos, roedores e outros
pedra, metal, vidro, cerâmica, animais;
porcelana etc.
„ antrópicos: manuseio,
“O estado de conservação de um objeto está armazenamento e exposição
intrinsecamente ligado ao material no qual foi elaborado, incorreta, intervenção
na técnica construtiva e na trajetória das condições de inadequada, vandalismo e roubo;
armazenagem e exposição. Quando um objeto é mantido
em condições adequadas na armazenagem e na exposição, „ catástrofes: inundações,
os fatores de degradação são estabilizados, necessitando terremotos, furacões, incêndios e
apenas a sua manutenção com procedimentos preventivos guerras. (TEIXEIRA, 2012:14)
de conservação, como higienização, controle de micro-
organismos e insetos, embalagens de proteção, manuseio
correto, entre outros.”(TEIXEIRA, 2012:13)

45
Cor
O uso da cor
Como uma linguagem, a cor é A temperatura de cor é outra
difícil de assimilar por meio de estratégia para a comunicação.
raciocínios e interpretações. Ela As cores quentes são o vermelho
atrai nosso olhar, mas seu impacto e suas derivações: fortes, vivas,
é muito determinado por fatores agressivas; as mornas são todos os
culturais, psicológicos, simbólicos tons que contém o vermelho com
e funcionais, o que é facilmente adição do amarelo, os alaranjados;
percebido nas sinalizações de as frias contém o azul, ampliam e
perigo ou advertência. Alguns dão sensação de calma; as frescas
aspectos das cores parecem são todos os tons que contém o
universais: as cores escuras são azul com adição do amarelo, que
mais sóbrias, as claras mais leves resulta no verde.
e informais, as quentes tornam os
ambientes mais vibrantes e as frias É importante frisar s C
r e tes fr or e
ia s
acalmam. (SOLANO, 2000:190). que a cor natural dos Co u e n s
q
materiais contribui
com mais uma gama
A cor pode trazer diferentes de possibilidades
qualidades aos ambientes, cromáticas, porém
dependendo das escolhas. Pode- gera interferências
se, através dela, criar espaços incluindo as variadas
mais formais, de introspecção, texturas, muitas vezes
descontraídos, gerar surpresa ou provocando ruídos
acolhimento. indesejáveis (ENNES,
2008:60).

46
Para fazer uma exposição

23 24
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA Licença Creative Commons Zero (CC0)

O claro e o escuro valorização dos objetos. Como é


possível ver nas figuras 23 e 25.
As extremidades do claro e do
escuro são as cores preta e branca. A cor branca, ao contrário,
dispersa, expande, aumenta
Com a cor preta e suas derivações, os ambientes, traz a claridade
como o azul, o cinza, o marrom do exterior para o interior.
e o verde muito escuros, podem, Conseguimos ver tudo ao mesmo
nos espaços físicos, provocar tempo. Figuras 24 e 26.
uma sensação de diminuição de
seu tamanho, trazer ao ambiente Na sua sala de exposição, o que
as qualidades da introspecção, você quer esconder e o que quer
do foco, da concentração e da mostrar?

47
Saber Museu | Caminhos da Memória

25
“A Leiteira” obra do pintor holandês Jan Vermeer - Licença Creative Commons Zero (CC0)

48
Para fazer uma exposição

26
Licença Creative Commons Zero (CC0)

Figura e fundo utilizar formas criativas para sua


colocação, dar preferência à cor
Em uma exposição podemos clara para o fundo.
priorizar os objetos ou o conjunto.
Isso vai depender do nosso objetivo „ Poucos objetos para expor:
e da relação entre o tamanho do utilizar cor escura no fundo e
espaço expositivo e a quantidade de iluminação com foco nos objetos
acervo a ser exposto.
O gosto
Para que isso aconteça de forma
harmônica, precisamos criar Deve-se evitar escolher as cores
estratégias, como por exemplo: por gosto. As escolhas devem estar
relacionadas com os objetivos, o
„ Muitos objetos para expor: acervo e o ambiente, ou seja, com
criar categorias, módulos e o projeto da exposição.

49
Saber Museu | Caminhos da Memória

27
Galeria Nacional, Londres, UK

50
Para fazer uma exposição

Exemplos
de cores
vibrantes

28

51
29
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA

30

52

Licença Creative Commons Zero (CC0)


Para fazer uma exposição

Luz
A iluminação é a “alma” de uma Podemos utilizar o recurso da luz
exposição. Com o uso adequado natural, a zenital, iluminação
da luz poderemos enfatizar objetos artificial e, o mais comum, uma
e dar dramaticidade aos assuntos combinação das duas formas. A
abordados. A luz age diretamente iluminação artificial possibilita
na forma, cor, espaço e textura. muitas variações de composição,
tonalidades de cor e tipos de fontes,
É um elemento muito complexo como por exemplo, as fluorescentes,
que atua diretamente no as halógenas, a fibra ótica e o LED
comportamento, na percepção (abreviatura de “light emitter
e na estética criando atmosferas diode”, um emissor de luz que não
especiais. (ENNES, 2008:60). aquece). Normalmente os espaços
são iluminados por igual e a luz
vem do teto, o que resulta numa
iluminação geral e difusa. A partir
do que já existe no ambiente, pode-
se acrescentar opções que valorizem
a mostra. Além dos exemplos na
página ao lado, ver também as
páginas seguintes, 50 e 51.

Em exposições que utilizam acervo


sensível à luz e que necessita de
cuidados especiais, é necessário
prestar atenção na intensidade
e no tipo de luz que incindirá
sobre os objetos, para que isso
não seja um fator de risco na sua
degradação.
31
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA
53
32

Exemplos dos
efeitos da luz nos
objetos expostos

33
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA

54
VARIAÇÕES NO USO DA LUZ
34

„ GERAL

„ GERAL DIF
USA DIRETA

„ GERAL DIFUSA INDIRETA

„ FOCADA „ FOCADA DIFUSA LE


„ MISTA INDIRETA GERA
FOCADA DIFUSA 55
Saber Museu | Caminhos da Memória

35
Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, SP

56
Para fazer uma exposição

Climatização
Os índices de umidade relativa e portanto, é um item importante a
temperatura em espaços expositivos ser planejado caso se faça uso de
devem sempre ser mantidos condicionadores de ar, ventiladores,
estáveis, porque sua variação pode aquecedores ou ventilação natural,
causar deterioração dos acervos. de acordo com a natureza dos
A climatização da exposição, objetos selecionados.

Som
O uso de recursos sonoros fones de ouvidos ou auto-falantes
em uma exposição ativa mais direcionais com gravações ou
um sentido, a audição, e pode depoimentos especiais. O audio-
acrescentar um elemento que guia, quando disponível, é também
ajuda na sua ambientação. um recurso sonoro e mantém o
Entretanto, esse recurso deve ser visitante alheio a outros ruídos
usado sutil e coerentemente com do ambiente. No planejamento
a proposta conceitual, sem causar deve haver o cuidado de não
interferência no conjunto. O som sobrepor o som ambiente com o
pode estar na música ambiente, em som de vídeos e de pensar na sua
alguns módulos específicos e ainda manutenção para evitar falhas
em estações de áudio utilizando técnicas.

57
Saber
Saber Museu Caminhos da Memória
Museu | Caminhos

Escolha fontes com traços


firmes e consistentes para
LEGIBILIDADE melhor leitura

LEGIBILIDADE
Serifas e hastes muito finas podem dificultar o foco

Legibilidade Maiúsculas e minúsculas melhoram o reconhecimento do formato das letras

Há quem diga que as serifas facilitam a leitura de textos longos,


Legibilidade serifas mas na prática (a menos que as serifas sejam muito finas),
por si só, não aumentam ou reduzem a dificuldade.

Legibilidade X Legibilidade X
A altura do X é a altura da letra minúscula em relação à altura da maiúscula. Esse tamanho pode variar de família para família.

Tipos manuscritos dificultam a leitura Letras decorativas ou com adornos complicam a tarefa do leitor
Legi$lidade Legibilidade
LEGIBILIDADE LEGIBILIDADE
Muito fina e condensada Muito pesada e expandida.

58
Para fazer uma exposição

Texto e legibilidade
Os textos, nas exposições, têm Tipo, família e corpo
o papel de levar ao visitante
informações que o objeto sozinho Tipograficamente, o conjunto
não transmite. Devem ser de caracteres com um mesmo
curtos, diretos, com informações desenho, mas com “pesos”
relevantes, exatas, que reflitam diferentes, é conhecido como
uma pesquisa cuidadosa. São família. Cada família tem um
pensados para ajudar a compor a nome comercial.
narrativa da exposição e não como
meros acessórios. É possível fazer Por exemplo, estes são alguns pesos
uma exposição com pouco texto, da família Helvetica:
mas tudo o que for usado deve Helvetica light
observar alguns princípios básicos. Helvetica roman,
Helvetica italic
Existem, em geral, duas utilizações Helvetica bold
principais dos tipos: títulos e/ou Helvetica black
texto (ou corpo de texto). Títulos
são maiores, mais curtos e de O tamanho da letras é medido
leitura mais rápida e fácil do que em pontos, que é uma medida
o texto. tipográfica, utilizada em todos os
processadores de texto e programas
Como o texto é mais longo e de computador que lidam com
suas letras têm tamanho menor, caracteres, cuja abreviação é pt. E
exige um cuidado maior para se chama corpo do tipo. Diz-se que
que sua legibilidade não seja um tipo com 24 pontos é um tipo
comprometida. corpo 24.

59
Saber Museu | Caminhos da Memória

ALÉM DE 3x4
É um convite à exploração de elementos de identificação, que nos acompanham e nos constituem
enquanto sujeitos e que podem ser vistos e lidos de formas diversas. A fotografia de tamanho
3X4, como que implodida, é recomposta e reintegrada nas poéticas artísticas, em narrativas que
instauram novos significados e ampliam alguns já existentes, combinando elementos fraturados,
reelaborando sentidos, inscrevendo novas formas e conteúdos, num bagunçar de tempos e ideias.
Se a função primeira desta particular forma de fotografia é identificar, do mesmo ícone emanam
sentimentos e interpretações tantas, nos mais variados contextos e nas tantas relações num mun-
do de tantos movimentos. A imprevisibilidade criativa embala novas configurações das fotografias
3X4, pretendendo um olhar que fuja e, ao mesmo tempo, encontre, novos elementos que buscam
subsídios para questionar os limites e as fronteiras, subvertendo os enquadramentos em reflexões
e proposições.

No exemplo acima a linha


ALÉM DE 3x4 está excessivamente longa,
a entrelinha apertada e o
É um convite à exploração de Se a função primeira desta
alinhamento justificado.
elementos de identificação, que particular forma de fotografia
Todos esses elementos
nos acompanham e nos constituem é identificar, do mesmo
complicam a legibilidade.
enquanto sujeitos e que podem ser ícone emanam sentimentos e
vistos e lidos de formas diversas. A interpretações tantas, nos mais No exemplo ao lado, as
fotografia de tamanho 3X4, como variados contextos e nas tantas falhas foram corrigidas e
que implodida, é recomposta e relações num mundo de tantos o texto pode ser lido com
reintegrada nas poéticas artísticas, movimentos. A imprevisibilidade mais facilidade. A linha tem
em narrativas que instauram novos criativa embala novas configurações cerca de 35 caracteres, a
significados e ampliam alguns já das fotografias 3X4, pretendendo um entrelinha tem 4 pontos (por
existentes, combinando elementos olhar que fuja e, ao mesmo tempo, exemplo: corpo 10, com
fraturados, reelaborando sentidos, encontre, novos elementos que entrelinha 14) e o texto está
inscrevendo novas formas e buscam subsídios para questionar os alinhado à esquerda, sem
conteúdos, num bagunçar de limites e as fronteiras, subvertendo hifenização.
tempos e ideias. os enquadramentos em reflexões e
proposições. O tipo utilizado é Trebuchet.

60
Para fazer uma exposição

Assim para que o texto, numa título, o texto e outros elementos,


legenda ou rótulo seja lido a que se diferenciam pelo tipo,
cerca de um metro de distância, tamanho e, eventualmente, cor.
precisa ter pelo menos 18
pontos. Os textos para identificar A consistência na exposição passa
elementos de uma exposição, também pela consistência no uso
se o público estiver a distâncias dos tipos. Evite usar mais de duas
de até dois metros, no máximo, famílias (o excesso mais atrapalha
devem ser compostos usando do que ajuda) e cuide para que
corpos entre 20 e 56 pontos. Os elementos semelhantes tenham o
títulos, naturalmente, podem ser mesmo corpo e peso.
maiores.
Na tabela ao lado são sugeridos
Legibilidade alguns tamanhos de letras para
visualização a grande distância.
A legibilidade depende de vários Para se ter uma ideia melhor,
fatores, como as cores do texto uma letra maiúscula com 5 cm
e do fundo, do tipo utilizado, de altura equivale a uma letra em
do corpo do tipo e também corpo 220 (conforme a família,
Distância de Altura da da extensão das linhas e da podem ocorrer variações).
leitura (m) letra (cm) quantidade de texto. As linhas
5 5 nunca devem ser muito extensas. Saber a distância média que
10 10 O ideal é ter uma largura de cerca existirá entre o texto e o espectador
de 30 caracteres. E o espaço entre é fundamental para definir o
15 15
as linhas deve aumentar à medida tamanho desse texto.
20 20
em que a extensão da linha
25 25
aumenta. Por exemplo, se queremos fazer
30 30 um cartaz para ser visto de longa
40 40 Outro fator importante para a distância – que seja legível até uns
60 50 legibilidade é a hierarquia das 90 metros –, é preciso usar letras
90 80 informações. O leitor deve cujo tamanho não seja inferior a
110 90 perceber com facilidade o que é 80 centímetros.
130 100 mais importante, identificando o

61
Saber Museu | Caminhos da Memória

As cores, de cima para


Preto/Amarelo Preto/Amarelo baixo, mostram os
contrastes descendentes, na
combinação das cores.
Preto/Branco Preto/Branco

Preto/Laranja Preto/Laranja As seis linhas superiores


são as melhores escolhas
de cores para um bom
Azul/Branco Azul/Branco contraste.

Verde/Branco Verde/Branco

Vermelho/Branco Vermelho/Branco
As três linhas seguintes
mostram um contraste
Vermelho/Amarelo Vermelho/Amarelo
menor e as duas últimas
linhas seriam as piores
escolhas. Complicam a
Vermelho/Preto Vermelho/Preto
leitura, em vez de facilitar.

O olho não se concentra em


Vermelho/Laranja Vermelho/Laranja
vermelho / azul ou vermelho
/ verde, quando essas cores
encostam uma na outra.
Vermelho/Azul Vermelho/Azul
Quando usadas em conjunto
elas vibram, criando um
ruído. Por isso deve-se evitar
Vermelho/Verde Vermelho/Verde
essas combinações.

62
Para fazer uma exposição

Numa exposição, contudo, a ter cuidado com o tamanho das


maioria dos rótulos, legendas, letras e o posicionamento do
fichas técnicas, banners com material, para não criar dificuldade
Estas são algumas informações adicionais, etc, de leitura e desestimular o
famílias que atendem poderão ser vistos de uma pequena espectador com os problemas de
as especificações de distância. Mesmo assim é preciso legibilidade.
legibilidade e que são
facilmente encontradas:
Regras básicas de legibilidade
Sem serifa
Helvetica „ Mesmo para textos que possam „ Importante: nunca escreva
ser lidos de perto, use no textos com várias linhas usando
Arial
mínimo tipos com corpo 14 apenas maiúsculas (também
Futura (letra com 14 pontos de altura) conhecidas como “caixa alta”).
Gill Sans e uma entrelinha generosa.
Trebuchet „ Use as maiúsculas com cuidado.
Verdana „ Não faça linhas muito longas. Num título ou como nome de
O ideal é manter entre 35 e 65 um item, é aceitável, mas fora
Frutiger
caracteres de largura. isso não funcionam.
Com serifa
Garamond „ Evite texto justificado (aquele „ Todas as letras, números e/ou
Times New Roman em que as margens da direita e símbolos devem ter um bom
da esquerda estão alinhadas). contraste em relação ao fundo.
Glypha
A leitura é mais fácil nos Seja caracteres claros num fundo
Minion Pro textos alinhados à esquerda, escuro ou o contrário, é preciso
sem hifenização (sem cortar estar atento para o nível de
palavras) à direita. contraste.

„ Quanto maior a distância que o „ Tanto os caracteres quanto


leitor ficará do título e do texto, o fundo não devem ter
maiores as letras devem ser. acabamento brilhante, ou
que reflita a iluminação do

63
Saber Museu | Caminhos da Memória

Uma Exposição ◆ Deve-se evitar colocar texto


sobre fotos. No exemplo à
muito interessante esquerda, vemos o desastre
causado por uma série de
escolhas infelizes: o título
muito fino, sobre uma foto com
muitos elementos, praticamente
desaparece. O texto, então,
Com um num corpo menor, fica invisível.
texto cheio de Naturalmente, esse é um
informações exemplo extremo, para chamar
aplicado sobre a atenção para o perigo que
uma foto se corre ao tentar colocar texto
sobre foto.

Uma
Exposição
muito
interessante ◆ Mas como resolver o problema,
se não existe espaço fora da foto
para colocar as informações?
Uma das saídas é aplicar um
fundo escuro, que permita criar
um contraste melhor e tornar os
textos legíveis.

Com um texto cheio de informações aplicado sobre uma foto


Azulejos de Athos Bulcão na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, Brasília, DF

64
Para fazer uma exposição

AS MAIÚSCULAS DEVEM ambiente. Isso atrapalha a públicas têm, no mínimo, 19


SER UTILIZADAS APENAS leitura. Um acabamento e um centímetros de largura por nove
EM TÍTULOS OU EM UMA suporte fosco evita os reflexos. centímetros de altura, com uma
OU OUTRA PALAVRA, COMO margem de 1 cm).
DESTAQUE. EM TEXTOS „ As letras não devem ser
MAIORES, COMO ESTE, excessivamente condensadas Algumas galerias colocam todas
DIFICULTAM A LEITURA. ou expandidas, ou muito finas as etiquetas de identificação de
nem muito grossas. A variação tal forma que a borda superior
excessiva da espessura dos traços da etiqueta, nas paredes, telas
numa mesma letra também deve e pedestais, esteja sempre a um
ser evitada. metro do chão.

Legendas As legendas podem ser impressas


em papel adesivo e coladas num
Cada objeto ou artefato deve ser cartão ou outro suporte.
claramente identificado com uma
legenda, que é um texto curto com As etiquetas com as legendas
informações sobre a peça. devem ser colocadas na parte
inferior direita do objeto, no
As legendas devem ser impressas suporte de parede, pedestal ou
usando uma fonte adequada em rodapé, com uma linha de visão
um tamanho de pelo menos 18 fixa (sempre à mesma altura em
pontos. O espaçamento ‘estendido’ relação ao chão).
(1.5 no word ou 20 ou 24 pontos
em programas de editoração) Em exposições montadas com
é recomendado para facilitar a fundo predominantemente escuro,
leitura. um monte de etiquetas brancas
pode atrapalhar a visualização
As legendas devem ser definidas dos objetos, competindo com
em dois tamanhos, um para eles. Nesse caso, talvez seja bom
identificação do objeto e outro para imprimir as legendas num papel
informações gerais (as legendas que tenha a mesma cor do fundo,
padrão na maioria das galerias para reduzir ou evitar o problema.

65
Saber Museu | Caminhos da Memória

36
Museu de Arte Moderna de San Francisco (SFMOMA), USA
Suportes que
apresentam ideias
com boas soluções
de desenho, de
estética agradável, que
valorizam os objetos e
não têm custo elevado.

37
66
Para fazer uma exposição

Suportes

Físicos
Suporte é tudo aquilo que Suportes expositivos físicos são
serve de amparo, proteção, todos aqueles dispositivos que
estrutura para o que será serão utilizados para dar destaque,
exposto. Por exemplo, se for apoiar, realçar, proteger e que
uma exposição de fotografias auxiliam na exposição dos acervos.
seria a moldura, o vidro e até Muitas instituições museais já
mesmo a parede, um varal, possuem mobiliário próprio para
uma prateleira onde serão exposições que podem e devem ser
afixadas as fotografias. Faz utilizados. É importante verificar
parte da linguagem proposta suas condições e seu estado para
e deve combinar a proteção deixá-los de acordo com a proposta
ao objeto, a melhor maneira expográfica, limpos e seguros.
de mostrá-lo e criatividade
no seu uso ou criação. Como exemplo de suportes
São importantes para a podemos citar as vitrines, os
conservação de acervos módulos, as caixas de apoio, os
(objetos, documentos cabides, as araras, as paredes fixas e
etc.) que requeiram móveis, as divisórias, as molduras,
condições especiais na os cabos e demais peças do
sua exposição. Podem ser mobiliário expositivo. Existe uma
físicos, tecnológicos e de diversidade de suportes e seu uso
informação. criativo pode ser muitas vezes de
baixo custo.

67
Saber Museu | Caminhos da Memória

Ilha de Alcatraz, San Francisco, USA

38
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA

40

Suportes que
combinam
proteção
ao objeto e
criatividade

39
Museu do Design, Londres, UK

68
Para fazer uma exposição

Licença Creative Commons Zero (CC0)

41

43
Licença Creative Commons Zero (CC0)

Suportes seguros, versáteis, adequados


42 aos objetos, ajudam na visualização
Museu de Hábitos e Costumes, Blumenau, SC
69
Saber Museu | Caminhos da Memória

44
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

46
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA

45
Torre de Londres, UK
70
Para fazer uma exposição

Tecnológicos proporcionar?

Alguns autores identificam São os equipamentos eletrônicos, „ Ela permite trazer para o museu
três níveis de interatividade tecnológicos, que também dão algo que não seria possível
numa exposição: a manual destaque, valorizam as exposições e mostrar de outra forma?
(hands on), a mental (minds ajudam a atrair o público.
on) e a cultural (heart on). “O mundo pede, exige até, novidades
Podem ser sonoros, como caixas e muitos museus têm tentado
Com a interatividade manual de som e fones de ouvido; visuais, atender a esta demanda, buscando
o visitante pode manipular como monitores, computadores criar atrações inovadoras e, por que
modelos, objetos ou e telas sensíveis ao toque, além não dizer, espetaculares. Mas quais
montagens para entender o de outros dispositivos digitais de são as propostas verdadeiramente
funcionamento de processos mídia. inovadoras? Quais são as propostas
e fenômenos. que fazem diferença, provocam
No entanto, deve-se ter cuidado mudanças? E, principalmente, quais
A cultural acontece quando para utilizá-los na medida certa propostas são mera repetição, talvez
uma exposição prioriza as para evitar exageros e com em nova roupagem, mas ainda assim
identidades presentes no manutenção frequente, para que repetições? Seria a transposição
entorno do museu e promove não surjam “pontos mortos” de tradicionais estratégias para
a identificação do visitante quando os equipamentos falham. estas novas ferramentas suficiente
local com o acervo e, no para torná-las modernas e,
caso de um visitante de outro Levar em conta essas questões: quiçá, compreensíveis? Transferir
local, o estímulo a conhecer antigas estratégias (muitas vezes
outra cultura. „ O que esta mídia ou consideradas ruins) para uma
tecnologia está possibilitando nova tecnologia não é sinônimo de
A interatividade mental expograficamente? inovação e é certo que o público não
deve levar à compreensão se deixará enganar por muito tempo.”
científica. Possibilita relações „ Que interação ela está
entre o que está no museu e propondo? (CHELINI, 2012)
o cotidiano.
„ Que experiência poderá
VALINHO e FRANCO (2005,
p. 1626 in CHELINI, 2012)

71
Saber Museu | Caminhos da Memória

47 48
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA Museu de Arte Moderna de San Francisco (SFMOMA), USA

49 50
Exposição “Cães sem Diploma – Lattes que eu tô passando”, 2015, UFSC, Florianópolis, SC Licença Creative Commons Zero (CC0)

72
Para fazer uma exposição

De informação
Além do papel e da cartolina, por exemplo, têm 75g. As mais
existem no mercado atualmente espessas, para capas ou cartazes,
outros materiais que podem ser podem chegar a 250g ou mais.
utilizados como suportes para
comunicação visual em exposições, Os processos mais comuns para
como o vinil, a lona e tecidos impressão em papel são o off-
sintéticos. set e o digital. O off-set é feito
em gráficas e recomendado para
Dependendo do resultado que tiragens acima de 500 exemplares.
se deseja obter, do formato e dos A impressão digital é feita em
recursos financeiros disponíveis, copiadoras, nas gráficas rápidas e
é feita a escolha do suporte só é viável economicamente para
(material) e do processo. A seguir pequenas tiragens.
listaremos alguns dos processos e
materiais mais comuns Outro processo para imprimir
em cartolinas ou papelão e
Pequenos formatos outras superfícies, como tecido,
É importante vidro, plástico e madeira, é a
conhecer as Folhetos, cartões, livretos e cartazes serigrafia. A produção da arte a ser
possibilidades (até formato A3) podem ser utilizada em serigrafia exige algum
técnicas para impressos sobre papel. Existem conhecimento, para poder tirar o
utilização nas diversos tipos de papel, com melhor proveito da técnica.
exposições. diferentes superfícies. Os mais
Grandes formatos, comuns são o off-set e o couchê. Grandes formatos
como banners e O couchê é um papel gessado, com
sublimações (figuras melhor qualidade e é encontrado Cartazes, banners, faixas e outros
47 e 49), ou folhetos com acabamento fosco (mate) elementos com grandes dimensões
impressos em off-set ou brilho. E apresentados em que podem compor uma exposição,
e textos recortados diferentes gramaturas (a medida também podem ser impressos
em vinil adesivado da espessura, do peso, do papel). numa variedade de suportes: vinil,
(figuras 48 e 50). As folhas de ofício comuns (A4), lona, tecido e papel.

73
Saber Museu | Caminhos da Memória

51
Licença Creative Commons Zero (CC0)
74
Para fazer uma exposição

Os processos mais utilizados são imagens podem ocupar uma


a impressão digital, o recorte e a grande extensão de uma parede,
sublimação. compondo um painel de grande
visibilidade e efeito. A sublimação
A impressão digital é semelhante é o melhor processo para imprimir
à impressão no papel, com em tecido. A única limitação é
a diferença de ser feita sobre que o tecido precisa ser sintético.
um suporte mais resistente, Como no processo digital, aceita
como vinil ou lona. O recorte é qualquer tipo de imagem e é
feito em material adesivo e em relativamente econômico para
geral é colado em paredes com produzir elementos de decoração
cores contrastantes. Textos ou ou informação de grande formato.

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Licença Creative Commons Zero (CC0)

75
Licença Creative Commons Zero (CC0)

76
53

77
Saber Museu | Caminhos da Memória

A exposição permanente da
Ilha de Alcatraz mostra, logo
no início, os objetos deixados
pelos detentos ao chegar
(como sapatos e pincéis de
barba), que são expostos
como coleções. Em algumas
das celas (foto embaixo à
esquerda), os pertences
dos ex-ocupantes são
mostrados usando técnicas
de expografia. O complexo
penitenciário foi desativado
em 1963 e desde 1972 é
um parque nacional, aberto a
54 visitação.

55 56

78
Para fazer uma exposição

Exercícios
proposta de apresentar auxiliar na identificação das queremos para a exposição
alguns exercícios, como habilidades e também ajudar e a pensar espacialmente.
dinâmica de grupo, no processo de concepção Inúmeras são as possibilidades.
A tem por objetivo, da ideia e do conceito. O importante é fazer com que
além de agregar a equipe de Procura também auxiliar na o processo se torne prazeroso e
trabalho de forma interativa, identificação do público que agradável.

1. Habilidades
A partir da explicação sobre o palavras que definem habilidade:
que é a habilidade, o mediador capacidade, talento, inteligência,
propõe que cada membro do grupo engenho, destreza, agilidade.
responda às perguntas da primeira
parte. Trabalho individual
Habilidade é o substantivo Responder às seguintes questões:
feminino que indica a qualidade
de uma pessoa hábil, que revela 1. O que eu penso
capacidade para fazer alguma coisa. que sei fazer bem?
O conceito de habilidade está
intimamente relacionado com a (construir, trabalhar com madeira,
aptidão para cumprir uma tarefa pintar - com tinta e cores,
específica com um determinado com tecido, costurar, cozinhar,
nível de destreza. Outras organizar, escrever, desenhar,

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Saber Museu | Caminhos da Memória

57
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

80
Para fazer uma exposição

cortar e colar, liderar, comandar, Trabalho em grupo


mediar, resolver problemas
práticos. Aqui vale também colocar Num quadro, um membro
experiência profissional, projetos do grupo escreve uma lista de
desenvolvidos e terminados, etc.) habilidades que vão sendo ditas
em voz alta. Sugerir algumas do
2. O que eu gostaria item 1 da primeira parte. Observar
de saber fazer? quantas habilidades são possíveis e
que às vezes não pensamos nelas.
Eu não sei fazer muito bem, mas
gostaria de aprender a fazer. Expor para o grupo a relação ou
Se alguém sabe fazer isso estou lista de habilidades 1, 2 e 3.
disposto a aprender. Gostaria de
participar de um grupo para criar Discutir:
alguma coisa e executar tarefas
para aperfeiçoar essa habilidade. O grupo pode escolher ou esperar
um ou mais voluntários que
3. O que os outros acham queiram demonstrar na prática
que eu sei fazer bem? sua(s) habilidade(s). Marcar um
próximo encontro para algum
Existe alguma tarefa, habilidade membro do grupo demonstrar
que eu faço com muita facilidade sua habilidade, na prática, para o
e que os outros me elogiam grupo.
por ter feito. Às vezes, algumas
habilidades são tão naturais que Exercício complementar:
não valorizamos devidamente, é
preciso que os outros nos digam Um membro do grupo anota o
porque para eles é mais difícil. nome da pessoa e as habilidades
nas quais ela se define como
competente.

Procurar formar subgrupos com


habilidades semelhantes.

81
Saber Museu | Caminhos da Memória
Museu de Arte Asiática, San Francisco, USA

58

59
60
ncisco, USA Licença Creative Commons Zero (CC0)
nthal, San Fra
Casa Haas-Lilie
82
Para fazer uma exposição

2. Ideias

Procurar, recortar, fazer e imprimir


fotos de exposições de objetos no
contexto mais amplo possível: na rua,
na internet, em museus, em galerias,
nas lojas de material de construção,
em expositores de diferentes tipos de
lojas, estandes de feiras, empresas de
locações de material para exposições.
Todo esse material interessante, criativo,
barato, caro, viável, inviável pode ser
compartilhado com o grupo em grandes
painéis semânticos, para exercício de
observação, da funcionalidade, das
ideias, da adaptabilidade, dos materiais,
possibilitando maior variedade de
soluções para os desafios que uma
exposição nos coloca.

83
Saber Museu | Caminhos da Memória

Etapas da construção de
uma maquete em uma
caixa de papelão, que
foi pintada de preto para
experimentar o uso de
tons escuros nas paredes.

Este exercício também


pode ser usado para
testar a iluminação.

61

84
Para fazer uma exposição

3. Maquete

Pegue duas caixas, recorte uma Veja como as cores das “paredes”
lateral (a entrada para a sua sala de influenciam nos espaços, nas
exposição) Pinte todo o interior de dimensões que restaram para
uma das caixas de branco e a outra circulação. Avalie a cor que mais
de preto, utilize preferencialmente valorizou os objetos da mostra.
tintas de acabamento fosco.
Observe a diferença. Normalmente as cores escuras
escondem as imperfeições das
Recorte na proporção, na mesma paredes, do reboco e o estado de
escala, objetos e figuras que se uso de vitrines e suportes.
pareçam com o acervo que será
mostrado na exposição. Cole nos Muitos itens do projeto expográfico
locais previstos no esboço. As podem ser testados em uma
laterais das caixas são as “paredes”. maquete. Avalie em conjunto com
Se pensa utilizar, na exposição, a equipe a melhor solução.
suportes expositivos como cubos
ou totens, crie modelos desses
suportes em cartolina. Procure ser
o mais fiel possível ao projeto.

85
Saber Museu | Caminhos da Memória

62
Licença Creative Commons Zero (CC0)

86
Para fazer uma exposição

Roteiro para
construção
da exposição
1. Definir: 7. Montagem do projeto: escolha
Por que fazer? O que fazer? dos recursos expográficos: cor,
Para quem fazer? iluminação, suportes, textos,
linguagem de apoio;
2. Local, nome, duração, data;
8. Verificação de: segurança,
3. Conceito, objetivos, pesquisa, climatização, conservação,
narrativa, resumo e definição acessibilidade;
dos módulos;
9. Orçamento e Cronograma;
4. Montagem da equipe de
trabalho, divisão de tarefas, 10. Divulgação;
pense nas ações educativas e
nos recursos financeiros; 11. Montagem;

5. Escolha e encaminhamento do 12. Manutenção e adaptações,


acervo; se necessário;

6. Criação da identidade visual, 13. Desmontagem; e


desenvolvimento das ações
educativas; 14. Avaliação

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Saber Museu | Caminhos da Memória

Referências

CHELINI, Maria Júlia Estefânia. Novas Tecnologias para… Novas (?) Expografias. Revista do
Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasilia.
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COHEN, Regina; DUARTE, Cristiane e BRASILEIRO, Alice. Acessibilidade a Museus. Cadernos


Museológicos Vol.2. Brasília, DF: MinC/Ibram, 2012.

CUNHA, Marcelo Bernardo. A exposição museológica como estratégia comunicacional: o


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DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François. Conceitos-chave de museologia. Tradução: Bruno Brulon


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Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro,
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88
Para fazer uma exposição

GANSLANDT, Rüdiger; HOFMANN, Harald. Handbook of Lighting Design. ERCO Leuchten GmbH,
Lüdenscheid Friedr. Vieweg & Sohn Verlagsgesellschaft mbH, Braunschweig/Wiesbaden,
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IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus. Pontos de memória: metodologia e práticas em museologia


social. Brasília, DF: Phábrica, 2016.

IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Educação Patrimonial: inventários


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MERLEAU-PONTY, M. Conversas – 1948. Tradução: Fabio Landa e Eva Landa. Revisão da tradução:
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MOUTINHO, Mário Canova. A Construção do Objeto Museológico. Cadernos de Sociomuseologia.


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PADILHA, Renata Cardozo. Documentação Museológica e Gestão de Acervo. Coleção Estudos


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SOLANO, Carlos. Feng Shui Arquitetura Ambiental Chinesa. São Paulo, SP: Editora Pensamento,
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TEIXEIRA, Lia Canola; GHIZONI, Vanilde Rohling. Conservação preventiva de acervos.


Florianópolis, SC: FCC, 2012.

89
Saber Museu | Caminhos da Memória

Licença Creative Commons Zero (CC0)

Créditos das imagens


Cesar Valente Kátia Bordinhão Textures.com
Figuras 3, 4, 8, 11, 18, 20, 23, 27, 29, 31, Figuras 13, 14 e 61 (6 fotos). Imagem liberada para uso.
33, 34, 36, 38, 39, 40, 42, 45, 46, 47, 48, Figura 15
49, 50, 54, 55, 56, 58, 59 e sem número Museu da Abolição/Divulgação
nas páginas 64 e 65. Figura 1. Unsplash.com
Imagem com atribuição Creative
Pixabay.com Rômulo Juracy/Divulgação Commons Zero (CC0)
Imagens com atribuição Creative Figura 5. Figura 41
Commons Zero (CC0)
Figuras 2, 6, 12, 24, 25, 26, 28, 30, 32, Ministério da Cultura Material de divulgação
37, 43, 51, 52, 53, 60, 62 e sem número Representação Regional Nordeste do Figura 9.
nas páginas 46 e 90. Ministério da Cultura (RRNE/MinC)
Figura 10.
Lúcia Valente
Figuras 7, 16, 17 (6 fotos), 19, 21, 22, 44 Museu da Língua Portuguesa/
e 57. Divulgação
Figura 35.

90
Para fazer uma exposição

91
MINISTÉRIO DA
CULTURA

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