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Gestão de

Transportes
Gestão de
Transportes

1ª edição
2017
Unidade 8
O futuro dos transportes e seu
impacto no modelo enxuto de
gestão (gestão lean)
8
Para iniciar seus estudos

Nesta unidade abordaremos a relação entre as novas tecnologias e inova-


ções, aplicadas à Gestão de Transportes, em busca de processos mais
enxutos. Vamos analisar cada uma das fontes de desperdícios no processo
de Transporte, analisando seus impactos nas operações.
Ainda veremos como a chamada Web 2.0 está impactando o desenvol-
vimento de ferramentas voltadas para a Gestão de Transportes, melho-
rando a mobilidade e buscando soluções a partir das informações produ-
zidas pelos próprios usuários.
Nesta unidade você ainda contará com a apresentação de modelos
conceituais de modais de transporte, apresentando conceitos vanguar-
distas e seus próximos passos, gerando assim importantes conheci-
mentos que o gestor aplicará em seu cotidiano dentro das organizações.

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Objetivos de Aprendizagem

• Aplicar o conceito de redução de desperdícios na gestão dos


transportes;
• Identificar oportunidades de melhorias na gestão de transportes
e cadeia logística;
• Dialogar e mostrar-se atualizado perante o mercado de trabalho,
em relação às novas técnicas de gestão de transportes e
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melhoria contínua;
• Identificar ferramentas de gestão de transportes, que trabalhem
com a utilização da web 2.0 para o aumento da eficiência nas
decisões relacionadas à formação de frete, oferta, manutenção e
roteirização;
• Aplicar o conceito de redução de desperdícios na gestão dos
transportes;
• Identificar oportunidades de melhorias na gestão de transportes
e cadeia logística;
• Dialogar e mostrar-se atualizado perante o mercado de trabalho,
em relação às novas técnicas de gestão de transportes e
melhoria contínua.

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enxuto de gestão (gestão lean)

8.1 Redução de desperdícios e agregação de valor na


Gestão de Transportes
Quando falamos do sistema enxuto de logística, citamos a montadora Toyota como idealizadora do conceito
posteriormente cunhado pelo Massachussetts Institute of Technology. A montadora japonesa, ao desenvolver seu
sistema de produção, atribuiu sete formas de desperdícios principais ao processo produtivo. E são esses desper-
dícios que afetam também a Logística e a Gestão de Transportes. A seguir, veremos os sete desperdícios, e depois
os relacionaremos à Gestão de Transportes.
Dentre os principais desperdícios gerados dentro dos processos nas fábricas, estão os conhecidos:
1. Defeitos: Produtos defeituosos; processamento de materiais já defeituosos; matéria-prima defeituosa. A
falta de qualidade está ligada aos defeitos;
2. Excesso de Produção ou Superprodução: Produzir mais que o necessário; produzir em velocidade inade-
quada. O atraso é ruim, mas a rapidez demasiada também o é;
3. Estoque: Formação de estoques; armazenamento de itens que não são necessários naquele momento. A
formação de estoque também existe entre processos produtivos;
4. Espera: Ociosidade da mão de obra; ociosidade de equipamentos. A ociosidade é o desperdício da capa-
cidade produtiva;
5. Transporte: A aplicação de movimentos desnecessários na movimentação de materiais; o transporte
deve ser eficiente, sendo utilizada a capacidade e as ferramentas disponíveis;
6. Movimentação nas Operações: Os movimentos desnecessários, quando aplicados aos próprios colabora-
dores; a movimentação entre as etapas produtivas também gera desperdícios;
7. Processamento: Processos que não agregam valor; o desperdício em processo, usualmente está relacio-
nado à opção mais complicada na solução de um problema simples.
A partir desses conceitos, podemos relacionar a aplicação das ferramentas e temas abordados até o momento,
na busca por soluções na Gestão de Transportes dentro das organizações das quais fazemos parte:
1. Defeitos: A aplicação dos conceitos de manutenção produtiva total (TPM), através de ferramentas e
instruções, reduzem os defeitos no processo de transporte, e consequentemente os desperdícios;
2. Excesso de Produção ou Superprodução: Qualquer excesso relacionado a transportes significa desperdício
financeiro. Quando abordamos a relação dos custos em transportes, pudemos observar que excessos
relacionados a distâncias e volumes impactam diretamente no valor do frete. Dessa forma, o direcio-
namento do veículo incorreto a uma determinada demanda pode gerar um custo alto para uma coleta
menor, ou um retrabalho no caso de mais viagens necessárias;
3. Estoque: A formação de estoques está diretamente relacionada à prioridade confiabilidade, do cliente no
fornecedor de serviços de transporte ou em sua frota. Quanto maior a confiabilidade, menor o estoque
necessário para garantir a produção;
4. Espera: O atraso na entrega de materiais, um dos problemas relacionados a transportes, gera ociosidade
na linha de produção e na mão de obra. É comum indústrias, montadoras de veículos, ao estabelecerem
contratos de fornecimento de materiais, incluírem multas em caso de atraso, devido ao custo da capaci-
dade produtiva ociosa;

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5. Transporte: A gestão dos transportes, quando observada de maneira sistêmica, conforme abordamos
desde a Unidade 1, permite que todos os setores e colaboradores de uma organização impactem e sejam
impactados por um sistema positivo, que busca a melhoria contínua, aumentado sua competitividade;
6. Movimentação nas Operações: Os movimentos desnecessários entre as operações também impacta a
Gestão de Transportes, quando, por exemplo, uma determinada rota é frequentemente alterada, por falta
de planejamento, gerando desperdícios operacionais;
7. Processamento: Rotas repetidas, falta de conhecimento do método Milk Run, aplicação de ferra-
mentas desatualizadas, todos esses fatores podem gerar excesso de processos em operações que
devem ser eficientes.

8.2 O conceito de Web 2.0 e as suas aplicações na


Gestão de Transportes

Imagem 4: Modal rodoviário autônomo

Veículo de cargas autônomo fez sua primeira rota comercial, entre duas cidades norte-americanas
no final do ano de 2016.
Fonte: Por Steve Jurvetson - https://www.flickr.com/photos/jurvetson/28968900772/,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=51187497

O autor Tim O’Rielley cunhou o termo web 2.0, referindo-se às organizações de tecnologia que sobreviveram
ao “estouro da bolha” das empresas de tecnologia, as chamadas “ponto com”, ocorrido nos Estados Unidos, em
março de 2001. Segundo o próprio autor, essas organizações sobreviventes passaram a atuar de maneira dife-
rente, elevando a aplicação das ferramentas tecnológicas e da web a um novo patamar. O que observamos atual-
mente são empresas desenvolvendo sistemas, softwares e aplicativos, com base em uma quantidade muito maior
de dados, transmitidos em velocidades muito rápidas. Isso permite, por exemplo, que, ao acionar um seguro de
veículo, o transportador saiba exatamente onde está o mecânico e em quanto tempo ele chegará para socorrer

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enxuto de gestão (gestão lean)

seu veículo. Permite também o rastreamento de mercadorias e cargas com uma precisão muito grande, gerando
uma recuperação de cargas roubadas, que em outros tempos não era possível. Além disso, podemos citar também
o modal rodoviário autônomo, que já foi realizado em uma rota comercial nos Estados Unidos.
A utilização dessas ferramentas vem permitindo melhorias cada vez mais significativas quando falamos sobre
redução de desperdícios, com a possibilidade remota de controle de frota, gestão de roteiros, visualização de
problemas mecânicos nos veículos, entre outros. E para visualizarmos melhor as aplicações dessas tecnologias na
Gestão de Transportes e na mobilidade, o próximo item nos traz alguns aplicativos desenvolvidos, seus conceitos
e a maneira como estão auxiliando os gestores.

8.3 Novas tecnologias e a Gestão de Transportes


Neste tópico abordaremos alguns aplicativos, novas soluções e novas tecnologias que, a partir do que foi apre-
sentado no item anterior, estão transformando a Gestão de Transportes, e também o nível de serviço na Cadeia
de Suprimentos. A ideia é apresentar aos alunos, e futuros gestores, as ferramentas que estão e estarão fazendo
parte de seu cotidiano.
Tendo em vista que, citando apenas o modal rodoviário, quase 40% dos motoristas possuem e utilizam profis-
sionalmente os smartphones, aplicativos voltados para posicionamento geográfico, oferta de frete, situação de
estradas, entre outros, acabam melhorando seus serviços e aumentando sua segurança. Dentro das cidades, os
novos modais e as abordagens “limpas” estão trazendo importantes resultados para a inovação na cadeia logís-
tica, principalmente nos países desenvolvidos.

8.3.1 Aplicativos de frete

Os aplicativos que conectam diretamente cargas e fretes, reduzindo a dependência que os Transportadores Autô-
nomos (TAC) têm dos intermediadores, também conhecidos como “chapas”. Tais ferramentas, ainda permitem o
aproveitamento de espaços vazios em retornos de viagens, por exemplo. Essa última situação, de retorno vazio,
de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes, é a realidade para 80% dos
caminhoneiros autônomos. Esses aplicativos acabam reduzindo os custos operacionais do motorista, já que não
necessitam de intermediários para negociação de carga, reduzem o custo do frete, pois o custo operacional é
dissolvido entre as cargas de ida e retorno, e a programação do motorista e da empresa não é comprometida,
pois em alguns casos, é feita a avaliação das partes pelos próprios usuários. Todos exigem os dados relacionados
aos veículos e aos fretes, com o intuito de relacionar apenas opções viáveis. Na sequência apresentamos alguns
aplicativos que vêm sendo utilizados.

Glossário

Chapas: A função de chapa caracteriza-se pela orientação dos transportadores em determi-


nada região, aliada ao auxílio de carga e descarga. No entanto, essa função, nos últimos anos,
também acabou agregando a função de “ponte” entre os transportadores e as cargas, não
sendo possível o transportador “encontrar” cargas para transporte de retorno, por exemplo,
sem ter contato com o chapa.

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• Truckpad: Atuando em vários países da América Latina, o aplicativo é conhecido como o “Uber dos cami-
nhoneiros”, permitindo tanto motoristas quanto empresas realizarem seus cadastros, deixando a cargo
do aplicativo efetuar as relações entre a demanda e os fretes disponíveis em um raio de 50 quilômetros;
• Querofrete: O Querofrete é um aplicativo que conecta transportadores e empresas. Possui alguns diferen-
ciais como uma área de “bate-papo” no próprio aplicativo, a fim de servir como espaço para negociação,
e também permite o monitoramento do veículo por parte do contratante, em mapas disponibilizados no
aplicativo;
• Sontra Cargo: O Sontra Cargo foi desenvolvido para funcionar no formato de um classificado de fretes,
permitindo o cadastro, tanto de transportadores quanto de empresas e indústrias, e assim possibilitando
a negociação entre as partes, de acordo com a oferta de serviços;
• Fretenet: Em operação desde 1998, funciona com o cadastro gratuito de caminhoneiros, mas as transpor-
tadoras pagam mensalidade.
O último modelo, Fretenet, nos mostra exatamente o conceito de web 2.0, pois, as organizações mais modernas
não cobram a mensalidade por esse tipo de serviço, baseando seus ganhos nos dados gerados pelos usuários. Por
exemplo, ao invés de cobrar mensalidade de um número limitado de empresas dispostas a pagar, as chamadas
startups estão voltando seus ganhos para a compilação dos dados gerados pelas operações, como informações
de roteiros e paradas importantes em uma determinada região, permitindo, assim, o direcionamento de propa-
gandas e serviços daquela região para pessoas que lá trafegam.

8.3.2 Aplicativos de localização

Baseados em um cruzamento de informações oriundas de sistemas GPS e informações dos próprios usuários, os
aplicativos de localização permitem alterações de roteirização e o monitoramento de situações que possam gerar
desperdícios de tempo e processos pelos modais. Os mais conhecidos e amplamente utilizados são:
• Waze: Aplicativo híbrido, que é desenvolvido através da tecnologia GPS, somada às opiniões e avaliações
dos próprios usuários. Esse conceito, também chamado de crowdsourcing, utiliza a tecnologia para colocar
o próprio usuário como um fator de produção do conteúdo disponível. Contando com a possibilidade de
registro de acidentes, bloqueios, radares e velocidade média de determinada via, sugere também rotas
diversas, evitando os congestionamentos e aumentando a eficiência do processo;

Glossário

Crowdsourcing: O termo cunhado por Jeff Howe em 2006 significa a utilização da inteligência
coletiva, na melhoria de processos ou na produção de conteúdos. O termo encontra refe-
rência em importantes aplicativos e plataformas com as quais lidamos diariamente em
nossos cotidianos, e nas quais também inserimos conteúdo. Quando fazemos uma avaliação
de um veículo ou motorista no aplicativo Uber, estamos fornecendo informações essenciais
a outros usuários, que se basearão nelas para tomarem suas decisões. Ao consultarmos o
Wikipedia, estamos consultando o conteúdo produzido por usuários e complementado por
outros usuários. Isso só é possível devido à utilização da web 2.0.

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• Google Maps: O aplicativo da Google é o mais utilizado no mundo. Durante muito tempo funcionou apenas
com a função mapa, mas atualmente já possui informações sobre rotas alternativas e característica de
tráfego na região onde o usuário se encontra. Permite também que o usuário faça o download de mapas
para consulta off-line.

Apesar de alguns aplicativos voltados para o assessoramento da Gestão de Transportes, aqui


mencionados, serem gratuitos, muitas funções mais complexas podem demandar um inves-
timento por parte da organização. Sendo assim, cabe ao gestor identificar as funcionalidades
que trarão benefícios ao processo e a consequente redução do consumo de recursos, para
justificar uma contratação, e apresentar uma proposta baseada em dados ao nível estraté-
gico da organização.

8.3.3 Controle e Manutenção de Frotas

Nesta opção, a maioria dos aplicativos é paga, e eles podem ser também desenvolvidos de forma customizada,
e de acordo com a demanda do cliente. O controle de frotas, em muitas organizações, ainda é feito em planilhas
de Excel, com informações coletadas em folhas de verificação, funcionando muito bem, mas dependendo de um
controle rigoroso de inserção de dados, pois, como já mencionamos, os dados trazem o histórico que respaldará
os futuros planejamentos e decisões. Abaixo, exemplo de aplicativo gratuito que pode ser utilizado:
O Carrorama é um aplicativo que permite a gestão de pequenas frotas, contando com diversas funcionalidades
como aviso sobre manutenção, consumo de combustível, relação de itens do veículo e suas trocas, permitindo
o acompanhamento por parte do gestor. Esse aplicativo conta hoje com uma ferramenta de diagnóstico de
problemas no veículo, semelhante aos diagnósticos efetuados pelas concessionárias.

8.4 Novas tecnologias aplicadas ao transporte


Nos últimos anos nos deparamos com significativos avanços relacionados aos modais de transportes, e como
estará esse mercado nos próximos anos. Algumas decisões de importantes entidades e países afetarão direta-
mente a forma como a Gestão de Transportes se desenvolverá. Automóveis autônomos, novas fontes de energia,
novos modais e a utilização de pessoas comuns desempenhando papéis de transportadores, são alguns dos
pontos que veremos a seguir, ampliando nossa perspectiva em relação à Gestão de Transportes.

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Com todas as inovações tecnológicas que afetam e podem afetar a gestão de transportes,
não podemos avaliar quanto tempo ainda teremos antes de termos sistemas de transporte
totalmente automatizados. As tecnologias também atingem a cadeia logística como um
todo, com a possibilidade de embarque e desembarque de cargas, mais precisas, sem a
necessidade da força humana, mas ainda com a necessidade de sua capacidade racional e
perceptiva. Quais funções você vem desenvolvendo para garantir a sua sustentabilidade no
mercado de trabalho inovador?

8.4.1 Automóveis autônomos

As grandes organizações de tecnologia estão desenvolvendo os chamados “veículos autônomos”, ou veículos


sem motoristas. Empresas como Tesla, Google, Uber e até mesmo Facebook já desenvolvem veículos com essa
funcionalidade, inclusive, no final de 2016, a empresa Uber chegou a disponibilizar uma frota de dezesseis
veículos nesses moldes para venda na cidade de São Francisco, na Califórnia, mas devido à falta de uma auto-
rização, as vendas foram temporariamente suspensas. A mesma empresa lançou um serviço de transporte de
passageiros em veículos autônomos, que em sua fase de testes contará com dois técnicos em cada carro, que
monitorarão as viagens.
Especialistas falam que pessoas que nascerem a partir de 2017 possivelmente não terão necessidade de dirigir
veículos.

A utilização de veículos autônomos é uma realidade que, como citado nesta unidade, os
especialistas acreditam que transformará o cotidiano das pessoas, assim como a Gestão
de Transportes. Sendo assim, é necessário entendermos um pouco mais sobre os conceitos
desenvolvidos nessa área. Para isso, estão disponibilizados na internet alguns vídeos que
nos mostram exatamente o funcionamento de um veículo de carga autônomo. A sugestão
desta unidade vem de um vídeo oriundo de um programa veiculado na televisão brasileira,
que mostra com detalhes um veículo autônomo em um importante salão de automóveis
europeu. O mesmo programa aborda o conceito dos drones na entrega de encomendas, e
formas alternativas de reduções de consumo de combustíveis, internacionais e nacionais.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pu13c1mbkpQ>. Acesso em: 2017.

Segundo dados do Google, os carros autônomos já rodaram mais de 3 milhões de quilômetros nas cidades e
estradas, tendo uma importante base de dados para seu aperfeiçoamento.

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A Uber, em 2016, adquiriu a empresa de tecnologia de caminhões autônomos Otto, com o intuito de desenvolver
frotas que não necessitam de motoristas, e em outubro do mesmo ano, um caminhão autônomo percorreu um
trajeto de 193 quilômetros, nos Estados Unidos, efetuando uma entrega de 50 mil garrafas de cerveja.

8.4.2 Fontes de energia

Em setembro de 2015, a montadora Volkswagen veio a público admitir a fraude em testes de controle de emissão
de poluentes de veículos produzidos entre os anos de 2009 e 2015, chegando à marca de 11 milhões de veículos
movidos a diesel alterados. Esse escândalo levantou uma questão relacionada à eficiência do diesel como fonte
de energia mais barata e menos poluente, em relação às demais, disponíveis até então.
Sendo assim, esse caso acabou acelerando um processo já existente, de opção das grandes economias, por
fontes de energia mais baratas, limpas e renováveis.
A produção de veículos elétricos e veículos híbridos (estes últimos possuem ainda motores de combustão interna,
mas menores e utilizados de forma assessória) vem crescendo significativamente, com o Japão já possuindo 21%
de sua frota híbrida ou elétrica, e Noruega, Holanda e Alemanha, 12,8%, 11,3% e 1% respectivamente.
Importantes ações vêm sendo tomadas pelos governos dos países desenvolvidos nessa direção. O governo
alemão, por meio de sua câmara superior (instituição semelhante ao Senado brasileiro), votou a favor de uma
medida, na qual todos os novos veículos registrados naquele país precisarão estar livres de emissões de gases
provocadores do efeito estufa e outros poluentes até o ano de 2030, e um prazo até o ano de 2050 para não
existirem mais veículos poluidores nas ruas daquele país. A Suécia também adotou medida semelhante, já tendo,
inclusive, desenvolvido uma autoestrada elétrica, conhecida como eHighway, na qual veículos pesados podem
alimentar-se de energia elétrica, através de um sistema semelhante ao aplicado aos trens europeus.

8.4.3 Mobilidade Urbana

O conceito de mobilidade urbana é bastante complexo e envolve diversos fatores, como também o é mobili-
dade urbana sustentável. Conceituar mobilidade urbana repousa sobre a integração e a interação de pessoas
e elementos no espaço “urbano”, assim como a relação destes com outros fenômenos e modernos conceitos,
tendo em vista a cadeia polidisciplinar que temos atualmente. Logicamente, quando pensamos em mobilidade
urbana, a primeira imagem que temos em mente é a dos transportes, tendo como estrela nessa questão os
automóveis e veículos voltados para o transporte coletivo. O Brasil, lentamente, vem tentando alterar seu padrão
relacionado ao tema da mobilidade urbana, um dos motivos é o maior acesso a veículos motorizados por classes
sociais que até alguns anos atrás não o tinham.
Um dos exemplos de como essa visão está mudando pôde ser observada pela prefeitura da maior cidade do país,
São Paulo. Em 2013 a administração da cidade resolveu investir em projetos de tecnologia e mobilidade urbana,
promovendo eventos nesse sentido. Em seu primeiro evento, a prefeitura, por meio de incentivo a startups, já
conseguiu desenvolver um aplicativo capaz de apresentar a localização de todos os 15 mil ônibus da cidade
em tempo real, a cada 40 segundos. Apenas essa iniciativa já traz um importante incremento na confiança dos
usuários, aumentando a sua eficiência e o controle da eficiência dos veículos. Outros eventos foram desenvol-
vidos, e, devido ao seu sucesso, hoje a cidade conta com o MOBILAB, que busca transformar o governo da cidade
em uma startup. Dessa forma, o espaço conta com inúmeros desenvolvedores, investimento e disponibilidade de
recursos, e estrutura adequada para que uma cidade, sempre observada como caótica na perspectiva da mobili-
dade, alcance melhorias com a aplicação do conhecimento e da tecnologia.

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A questão da integração entre os meios de transporte é algo que vem sendo bastante estudado e fomentado,
devido ao desafio das grandes metrópoles em relação à mobilidade. O Departamento de Transportes dos Estados
Unidos (US DOT) possui atualmente um sistema que integra todos os meios de transporte de superfície, essa
necessidade se dá devido ao aumento na necessidade de movimentação das pessoas e da necessidade de troca
de informações. O sistema conhecido como ITS – Intelligent Transport System, além da aplicação mencionada,
também serve como um comunicador entre diferentes órgãos públicos, aumentando ainda mais a eficiência de
respostas da administração pública às demandas relacionadas à mobilidade da população.

8.4.4 Mobilidade Urbana

O Hyperloop é um sistema conceitual de transporte, proposto por Elon Musk, Presidente de uma importante
organização aeroespacial, que consiste, inicialmente, em dois grandes “tubos pneumáticos”, propulsionados por
aceleradores magnéticos, conectando São Francisco a Los Angeles, ambas no estado da Califórnia – EUA, e que
transportariam pessoas em “casulos”, desenvolvidos para mover-se de maneira semelhante aos discos de jogos
de hockey de mesa, semelhante a uma flutuação a ar.

Imagem 5: Hyperloop

Fonte: By Camilo Sanchez - Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=43739482

O Hyperloop é um sistema conceitual de transporte, proposto por Elon Musk, Presidente de uma importante
organização aeroespacial, que consiste, inicialmente, em dois grandes “tubos pneumáticos”, propulsionados por
aceleradores magnéticos, conectando São Francisco a Los Angeles, ambas no estado da Califórnia – EUA, e que
transportariam pessoas em “casulos”, desenvolvidos para mover-se de maneira semelhante aos discos de jogos
de hockey de mesa, semelhante a uma flutuação a ar.
O modelo foi idealizado, e posteriormente foi criada uma startup chamada Hyperloop One, que está utilizando a
inteligência coletiva, através de competições e recompensas financeiras, para que engenheiros e desenvolve-
dores tragam uma forma concreta à ideia. No final do ano de 2016, o emirado de Dubai firmou um contrato com
a Hyperloop One, com o intuito de desenvolver e financiar o primeiro dispositivo, conectando Dubai a Abu Dhabi,
com cerca de 150 quilômetros, para serem percorridos em aproximadamente doze minutos. A empresa respon-
sável pelo desenvolvimento atribui benefícios como baixo custo de manutenção, rapidez e baixo consumo de
energia, como importantes fatores para a viabilização do modelo.

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Imagem 6: Drones

Fonte: Por Ricardo Xavier S.R - Trabalho próprio pelo carregador, CC BY-SA 4.0,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=49529129

A utilização de drones na movimentação de cargas pode ser uma realidade em pouco tempo. A transportadora DHL,
gigante alemã da área de logística, anunciou, no final do ano de 2016, a inclusão em sua cadeia de distribuição, de
um projeto de automatização de entregas por meio de drones. No mesmo ano a empresa já havia efetuado testes
nas regiões alpinas, com sucesso em pequenas postagens em percursos de até oito quilômetros.
Assim finalizamos nosso estudo sobre as mudanças e inovações tecnológicas que vêm interferindo e atuando de
modo a contribuir para a gestão de transportes.

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Considerações finais
Nesta unidade, nossa intenção foi apresentar ao aluno a importância
do monitoramento e rastreamento de cargas e veículos, por meio das
seguintes abordagens:
• Apresentação dos conceitos relacionados a monitoramento e
rastreamento de cargas, e suas principais diferenças;
• Explicação a respeito dos modelos de rastreadores e bloqueadores,
permitindo ao aluno e gestor adotar as corretas ferramentas no
momento em que estiver atuando com Gestão de Frotas, Gestão
de Transporte e Gestão Logística;
• Apresentação da importante relação entre roteirização e moni-
toramento, sendo o monitoramento parte essencial do plane-
jamento e execução da filosofia de melhoria contínua voltada à
Gestão de Transportes;
• Por fim, foram apresentados os conceitos que envolvem o mercado
de aplicativos destinados à atividade de monitoramento e rastre-
amento, contendo exemplos aplicáveis a frotas simples.

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Referências bibliográficas
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Bibliografia complementar

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Logísticos e Melhoria do Nível de Serviço em uma Empresa do Segmento
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2013, Uberlândia, MG. Anais... Uberlândia, MG: Centro de Convenções do
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Rastreamento e Monitoramento de Frota e Simulação de Rota de uma
Empresa de Bebida. Tékhne e Logos, v. 3, n. 2, p. 130-155, jul. 2012.

PINHEIRO, Armando C.; FRISCHTAK, Cláudio. Mobilidade Urbana –


Desafios e Perspectivas Para as Cidades Brasileiras. Rio de Janeiro: Campus
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Referências bibliográficas
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SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da


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ZYLSTRA, Kirk D. Distribuição Lean: a abordagem enxuta aplicada à distri-


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