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As Festas dos judeus e a definição do Sábado

As festas têm uma grande importância na cultura judaica, estando presentes na


vida dos hebreus mesmo antes da Lei de Moisés estabelecer várias celebrações
como estatuto religioso. Note que Moisés, quando pela primeira vez se dirigiu a
Faraó pedindo que deixasse Israel partir do Egito , portanto, antes que existisse
a Lei, se refere à celebração de uma festa: “E Moisés disse: Havemos de ir com
os nossos jovens, e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas
filhas, com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque temos
de celebrar uma festa ao Senhor.” (Êxodo 10 : 9)

Conforme todo o capítulo 23 de Levítico, as festas são chamadas as “solenidades


do Senhor”, começando pela ordenança do Sábado: “Seis dias trabalho se fará,
mas o sétimo dia será o Sábado do descanso, santa convocação; nenhum
trabalho fareis; Sábado do Senhor é em todas as vossas habitações.” (Lv 23:3)

Os judeus celebram até os dias de hoje seis grandes festas: a Páscoa, os Pães
Ázimos, o Pentecostes (Shavuot, ou Festa das Semanas), a Festa das Trombetas
(Rosh Hashaná), a Festa da Expiação (yom Kippur) e a Festa dos Tabernáculos
(Sucót, ou Festa das Cabanas), todas elas instituídas pela Lei de Moisés. Além
destas celebram outras “festas menores”, que são as comemorações do Chanucá
e Purim, instituídas depois da Lei de Moisés. Vejamos as principais:

A Páscoa e a Festa dos Pães Ázimos – 14 e 15 de Nisan – que se fundem numa só


festa, celebrada a partir de 14 até 21 de Nisan (Março / Abril), primeiro mês do
ano civil judaico, conforme Levítico 23:4-8;

A Festa das Semanas, ou Festa das Primícias, ou Shavuot para os judeus, que a
partir do domínio Grego recebeu o nome de Pentecostes, é celebrada 50 dias
após a Páscoa, em 6 de Sivan (Maio / Junho). conforme Levítico 23:9-25;

A Festa das Trombetas, no mês sétimo dos judeus, (Setembro / Outubro), no dia
1 de Tishrei, marcada pelo som das trombetas;

A Festa da Expiação, ou Yom Kippur para os judeus, celebrada no dia 10 de


Tishrei (Setembro / Outubro), que conforme Levítico 23:29-44 celebra o dia da
expiação dos pecados do povo perante Deus;

A Festa dos Tabernáculos, ou Festa das Tendas, ou da Colheita, ou Sucot para os


judeus, em 15 de Tishrei (Setembro / Outubro), o mês sétimo, tem um sentido
agrícola e religioso, marcando o final da colheita das frutas, encerrando assim
mais um ano de colheita.

Na análise dos mandamentos de Deus com relação ao respeito devido aos dias
de festa, destacamos um valor que se sobressai aos demais: o conceito do
Sábado.

A primeira consideração do texto de Levítico (Lv 23) é devida ao próprio dia de


Sábado, que conforme a Lei era dia de descanso, sendo proibida nele a execução
de qualquer trabalho: ‘Seis dias trabalho se fará, mas o sétimo dia será o Sábado
do descanso, santa convocação; nenhum trabalho fareis; Sábado do Senhor é em
todas as vossas habitações.” (Lv 23:3)

Os dias de festas eram considerados convocações santas, de maneira que


nenhum trabalho deveria ser executado, tal como no Sábado. Vejamos alguns
textos:

1 – Levítico 23:6-7 diz respeito à Festa dos Pães Ázimos que segue à Páscoa: “E
aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do SENHOR; sete dias
comereis pães ázimos. No primeiro dia tereis santa convocação; nenhum
trabalho servil fareis. Mas sete dias oferecereis oferta queimada ao SENHOR; ao
sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.” Desta
forma, eram, o primeiro e o sétimo dias da Festa dos Ázimos considerados dias
de descanso, respectivamente 15 de Nisan e 21 de Nisan, que eram SÁBADOS,
independente do dia da semana que caíssem.

2 – A Festa do Pentecostes é celebrada no Domingo, 50° dia após o início da


Festa dos Pães Ázimos, dia 6 de Sivan (Maio / Junho). A Festa dos Ázimos
começa do dia 15 de Nisan, portanto, a contagem para o Pentecostes se inicia em
16 de Nisan. Vejamos o texto bíblico:”Depois para vós contareis desde o dia
seguinte ao Sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida;
sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo Sábado, contareis
cinqüenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos ao SENHOR.” (Lv
23: 15-16)

A contagem para o Pentecostes começa no 16 de Nisan. Observe que o texto


especifica “o dia seguinte ao SÁBADO” como início da contagem, o que significa
que o dia 15 de Nisan, independente do dia da semana em que caia, é
considerado um SÁBADO, dia de descanso, conforme a Lei de Moisés: “E
naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação; nenhum trabalho
servil fareis; estatuto perpétuo é em todas as vossas habitações pelas vossas
gerações.” (Lv 23:21)

Por causa do calendário católico nossa celebração do Pentecostes é sempre um


Domingo, porque são contados 50 dias a partir do “Domingo da Páscoa”, o que
transforma a data numa simples convenção.

Por causa do catolicismo os judeus confundem todos os “cristãos” colocando-os


num mesmo saco. Para o judeu, cristão e católico é a mesma coisa. Perdem,
desta forma, a oportunidade de conviver com os cristãos verdadeiros, cujo
entendimento da fé no mesmo Deus os faz ter apreço pelos judeus, sabendo que
um dia entenderão que Jesus era o Messias esperado.

O papa recentemente isentou os judeus da responsabilidade de haverem


crucificado Jesus. Mas quem isentaria a igreja católica por haver queimado nas
fogueiras da inquisição milhões de pessoas no decorrer da história? Ou quem
isentaria Pio XII cuja colaboração com os nazistas levou milhões de judeus à
câmara de gás? Não foram os judeus que condenaram Jesus à norte, mas a
humanidade toda. Esta é uma responsabilidade individual de cada ser humano.
Cada um de nós tem uma parte nisto.
3 – Referente à Festa das Trombetas, que ocorre no dia 1 de Tishrei (Setembro /
Outubro), também independente do dia da semana em que caia é considerado
um SÁBADO: “E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel,
dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com
sonido de trombetas, santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis, mas
oferecereis oferta queimada ao SENHOR. (Lv 23:23-25)

4 – Quanto ao Yom Kippur, Festa da Expiação, a ordenança é a mesma, ou seja,


independente do dia da semana em que caia, é dia de descanso: “Mas aos dez
dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e
afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao SENHOR. E naquele
mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer
expiação por vós perante o Senhor vosso Deus.” (Lv 23:27-28)

No contexto do Yom Kippur, para não deixar dúvida quanto a este fato, o texto
de Moisés enfatiza ainda mais a questão do Sábado: “Também toda a alma, que
naquele mesmo dia fizer algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo.
Nenhum trabalho fareis; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as
vossas habitações. SÁBADO de descanso vos será; então afligireis as vossas
almas; aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso
Sábado.” (Lv 23:30-32)

O texto acima repete várias vezes que este dia tinha um valor de SÁBADO, e
como tal deveria ser respeitado, independente do dia da semana em que caísse.

5 – A mesma situação se dá com relação à Festa dos Tabernáculos (Lv 23:35)


onde o primeiro e o oitavo dias são Sábados: “Porém aos quinze dias do mês
sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa do
Senhor por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá
descanso.” (Lv 23:39)

Tenhamos isto em mente quando analisarmos as datas referentes à Ceia do


Senhor.

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