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ARTIGOS ORIGINAIS

A CLÍNICA AMPLIADA NO ENFOQUE


DA GESTALT-TERAPIA
•um relato e experiência em
supervisão de estágio•

Aline Ferreira Campos*, Monica Daltro**

Autora correspondente: Aline Ferreira Campos. E-mail: afcampos1404@gmail.com


*Instituto de Gestalt Terapia de Brasília. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
**Professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

Resumo

O presente trabalho inicia com uma discussão sobre a clínica ampliada em psicologia, para relatar a
experiência de uma das autoras como supervisora de estágio específico no Serviço de Psicologia de
uma faculdade privada que incluía atendimentos na unidade de saúde da família do mesmo distrito
sanitário da instituição de ensino. Discute e foca na utilização de metodologias para o estágio, a
Gestalt-Terapia de curta duração e a ação terapêutica nos moldes gestálticos no contexto de plantão
psicológico. Concluiu-se que as metodologias em questão prestaram suporte ao trabalho terapêutico
e à formação dos alunos em estágio, cada uma com sua singularidade e seus desafios.
Palavras-chave: Psicologia Clínica; Terapia Gestalt; Estágio Clínico.

FOCUSING ON GESTALT-THERAPY
•a internship supervision experience report•

Abstract
This paper starts with a discussion about new possibilities in clinical psychology. Then it moves to present
the experience of one of the authors as a supervisor of an internship in clinical psychology at a private
college. The internship included sessions in the Students’ clinic of the college and in a public health
clinic in the same neighbourhood of the college. It focusses on the methods applied to the internship:
Brief Gestalt Therapy, and Gestalt Therapeutic Action in the context of psychological emergency clinics.
It was concluded that the methodologies in discussion provided support to the therapeutic tasks and
to the education of the students, each one with its own singularities and challenges.
Keywords: Clinical Psychology; Gestalt Therapy; Clinical Internship.

• Artigo submetido para avaliação em 08/11/2015 e aceito para publicação em 17/11/2015 •


DOI: http://dx.doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v4i1.743
INTRODUÇÃO

Nos últimos anos temos observado o crescimento ativo da sua condição sanitária, através da partici-
pação popular e de órgãos colegiados, podendo e
de projetos de atenção primária em comunidades,
devendo implicar-se desde a formulação de propos-
focados na prevenção e manutenção da saúde, e tas para mudanças do sistema, no planejamento
desenvolvidos através de equipes multiprofissio- participativo e até no controle social dos serviços
públicos.(3)
nais que incluem cada vez mais a atuação de psicó-
logos. Este campo de atuação tem demandado no- A clínica discutida a partir dos contextos de saú-
vas formas de compreensão e modelos de atuação de pública é uma prática recente no Brasil, e por
por parte dos profissionais da área, em especial na isso, ainda em construção. Em sua história, a clí-
clínica, de forma a responder com mais efetivida- nica psicoterápica sempre se constituiu como uma
de às demandas da sociedade, emergindo assim o prática individual e elitista.(4) Entretanto, a psico-
conceito de clínica ampliada. logia assumiu nas últimas décadas novas formas;
Trata-se de uma proposta de diálogo entre a psi- preservou seu espaço na clínica privada, mas flo-
cologia clínica e a social, que busca enfatizar a di- resceu na saúde pública, na saúde mental, nas prá-
mensão comunitária do ser humano, e que amplia ticas de assistência social, fortalecida por novas
a atuação da psicologia nos domínios da saúde. A políticas públicas.(5) Esse novo desenho profissio-
clínica psicológica, nesse contexto, desenvolve-se nal desafia os cursos de graduação em Psicologia
a partir da escuta e observação originárias para in- a ampliarem suas metodologias e visões de mun-
cluir ações sociais e redes de relações, construindo do, de maneira a formar profissionais de psicote-
um “...diálogo entre o mundo e o sujeito, seu mun- rapia mais versáteis, aptos a atenderem diferentes
do psíquico e a cultura”.(1) demandas.
A concepção de homem dessa perspectiva ultra- O paradigma descrito acima serve de fundamen-
passa o seu aspecto de interioridade, consideran- to às experiências de estágio em serviços gratuitos
do o sujeito a partir da constante interação com das clínicas escolas. Aqui busca-se modelos que
seu campo bio-sócio-psico-espiritual, além de eco- respondam às necessidades de aprendizado dos
nômico e político. Um sujeito que se produz nas estagiários, que são psicoterapeutas em formação,
relações com o coletivo.(2) Difere do tradicional mo- e dos clientes dessas clínicas.
delo de clínica privada que historicamente propu- O presente artigo visa contribuir para a discus-
nha estruturas mais ou menos fixas, como local, são acerca dos novos modelos de intervenção que
número de sessões, como princípio para a elabora- favorecem a reflexão sobre a clínica ampliada em
ção de questões subjetivas desarticuladas da reali- Psicologia. Descreve a experiência de uma das au-
dade social. toras como supervisora de estágio em clínica no
Segundo Senne,(3) a clínica ampliada “ocorre no Curso de Psicologia de uma instituição privada de
escopo de um trabalho mais amplo que usa a re- ensino superior no nordeste do Brasil, e que incluía
forma e a reorganização de todo serviço de saúde”. atendimentos na Unidade de Saúde da Família do
Trata do risco ou vulnerabilidade das pessoas, e in- mesmo distrito sanitário da faculdade. A aborda-
clui educação em saúde e apoio psicossocial. O au- gem utilizada foi a da Gestalt-Terapia em diálogo
tor também defende a importância da participação com novas práticas que se ajustaram às demandas
destes sujeitos na busca ativa por melhorias nas e especificidades do estágio.
condições sociais, como parte integrante de seu O artigo inicialmente apresenta a proposta edu-
movimento pela saúde: cacional do estágio, seguido de uma discussão so-
Com a concepção ampliada de saúde traduzindo-se bre as particularidades dessas clínicas e as práticas
na norma legal, ao paciente, na condição de cida- utilizadas nos domínios da Gestalt-Terapia. A ênfa-
dão, estaria doravante garantindo o lugar de sujeito

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se será na metodologia utilizada nas intervenções, ral, e que também permitisse um trabalho com
resultante de estudos e pesquisas, experiência clí- início, meio e fim. A busca por uma psicoterapia
nica de uma das autoras, e das discussões entre breve também se deu devido à dificuldade apre-
a mesma e seus grupos de estagiários. Busca-se sentada por muitos usuários em dispor de tempo
assim contribuir com a literatura para a reflexão livre para ir à psicoterapia, devido a compromissos
sobre modelos clínicos para a formação de psicó- principalmente de trabalho e escassez de recursos
logos mais atento às demandas da sociedade na econômicos para locomoção.
contemporaneidade. A carga horária discente estava organizada a par-
tir de turnos, ao longo da semana. Em dois turnos
atendiam em Plantão Psicológico, para receber no-
O ESTÁGIO vos clientes que traziam demandas emergenciais
ou questões pontuais. Alguns casos eram encami-
A experiência relatada abrange um processo de es- nhados para atendimentos individuais ou grupais,
tágio supervisionado que aconteceu entre março enquanto outros eram atendidos com a metodolo-
2004 a julho 2011, na clínica-escola da faculdade. gia de sessões únicas, visando resgatar a autoesti-
Este incluía atendimentos individuais a adolescen- ma e o equilíbrio do cliente.
tes e adultos, que ocorriam no Serviço de Psicolo-
No Serviço os alunos atendiam uma população
gia, no ambulatório docente assistencial da facul-
de baixa renda, portanto tinham de estar atentos
dade e na unidade de Saúde da Família do mesmo
aos fatores socioeconômicos que intervinham na
Distrito Sanitário em que a instituição de ensino
saúde dos mesmos e a questões de risco e vulne-
estava localizada.
rabilidade. Como estavam inseridos em um am-
O estágio específico em clínica na abordagem bulatório multiprofissional, relacionavam-se com
da Gestalt-Terapia na faculdade em estudo era uma diversas categorias profissionais, como médicos,
opção do estudante. Tinha carga horária definida de fisioterapeutas, funcionários da faculdade. Os alu-
360 horas semestrais, com quatro horas semanais nos tinham como desafio integrar esta experiên-
de supervisão e estudo teórico continuado. Promo- cia plural no trabalho psicoterapêutico, e também
via como objetivo pedagógico desenvolver as habi- compreender as redes de apoio e encaminhamen-
lidades clínicas e o domínio técnico no uso de ins- tos, e suas limitações.
trumentos da prática psicoterápica, assim como as
atitudes desejáveis na ação profissional. Paralela-
mente o docente buscava uma adequação de téc- O CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA
nicas e instrumentos de acordo com os problemas
Na Unidade de Saúde da Família (USF), os esta-
apresentados, tanto na produção teórica quanto
giários participavam de diversas atividades junto
nas propostas de tratamento psicoterápico.(6)
à equipe multidisciplinar: visitas domiciliares com
agentes comunitários, psicoterapia individual,
O CONTEXTO DO SERVIÇO plantão psicológico, grupos com professores de
DE PSICOLOGIA escola local, reuniões clínicas, supervisão local.
Os atendimentos clínicos individuais na USF eram
No Serviço os alunos faziam atendimentos indi- discutidos na supervisão de estágio da faculdade
viduais, grupais, em plantão psicológico, e par- com uma das autoras, visando um maior suporte
ticipavam de outras atividades, como triagem, técnico/prático ao aluno, e elaboração de modelos.
pesquisas, reuniões clínicas. Aqui a demanda por As propostas sugeridas neste trabalho de supervi-
atendimentos era grande; por isso buscou-se uma são precisavam ser integradas com aquelas discu-
metodologia que tivesse uma delimitação tempo- tidas com a psicóloga os supervisionava na USF.

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Inicialmente foi indicado para os atendimen- Curta Duração dentro da abordagem. Também fo-
tos individuais o modelo de psicoterapia de curta ram incluídas discussões sobre atuações de crise,
duração; porém, como muitos deste clientes não emergência, plantão psicológico, ação terapêutica,
aderiram a um modelo de sessões semanais regu- atendimento na atenção básica, pois os parâme-
lares, foi indicado o trabalho de ação terapêutica, tros da clínica tradicional precisavam ser amplia-
com uma sessão única ou algumas poucas ses- dos para abranger estes novos campos de trabalho.
sões durante a demanda aguda, e retorno em caso
de escolha ou necessidade. Esta metodologia deu
GESTALT-TERAPIA
subsídio à proposta de plantão psicológico, como
descrito por Mahfoud.(7) A experiência no estágio sugeriu que abordagem
Nesta experiência, pôde-se discutir a clínica am- Gestáltica pode em muito contribuiu para atender
pliada a partir de quatro elementos que fundamen- as necessidades específicas da clínica ampliada.
tam as intervenções:(8) um enfoque nas relações; a Sua visão de homem, conceitos e recursos técni-
mobilização da rede social; a vinculação com líde- cos casam-se bem com as particularidades dessa
res da comunidade; a presença de ações terapêuti- clínica.(8) A aproximação entre a clínica ampliada e
cas que visem à autonomia e autogestão. Gestalt-terapia indica interfaces interessantes que
Na USF foi confirmada a importância da rela- serão discutidas a seguir.
ção com a comunidade e com a equipe multidisci- A Gestalt traz uma visão de ser humano como
plinar, tanto na etapa diagnóstica de identificação bio-psico-sócio-espiritual, fundamentada na Teo-
de demandas, quanto na implementação de ações ria de Campo.(9) O adoecimento é compreendido
e encaminhamentos. Os estagiários se inseriam também através da dimensão coletiva, que precisa
em uma equipe que incluía médicos, enfermeiros, ser considerada e tratada – por exemplo, o cliente
agentes sociais a psicóloga consultora, e os aten- encontrar soluções para lidar com fatores sociais,
dimentos eram feitos não só no posto de saúde, como a presença da violência em uma comunida-
mas incluíram visitas domiciliares. Evidenciou-se de, a escassez de recursos financeiros, a precarie-
em especial a importância do relacionamento com dade de habitação etc.
agentes comunitários, que facilitavam a integração Há uma ênfase no contexto que envolve a vida
do estagiário na comunidade. O trabalho buscava do cliente. Por exemplo, precisa-se considerar a fa-
desenvolver a autoestima dos clientes, na dimen- mília como um sistema, compreender estas rela-
são do empoderamento individual e também co- ções e sua influência no tratamento. Isto foi con-
munitária. Foram promovidas ações terapêuticas siderado tanto na Unidade de Saúde que atende
que ativavam o auto suporte do sujeito, dos grupos toda a família e mapeia suas relações, quanto no
e da comunidade. A forma de trabalho focou no co- Serviço, onde muitas vezes estagiários e funcioná-
nhecimento e respeito às necessidades específicas rios precisavam fazer contato com as famílias dos
desses clientes e grupos de trabalho. Foi necessá- clientes. E nos dois locais de estágio o contexto
rio mergulhar e conhecer aquele universo, abrindo social era sempre considerado como um fator de
mão de visões apriorísticas e investindo na dimen- doença e cura.
são complexa e diversa da experiência de aprender.
A Gestalt investe na capacidade da pessoa em se
autorregular e no poder restaurador do humano:(10)
enfatiza a auto sustentação e não o paternalismo.
MODELOS DE ATUAÇÃO Vê o humano como um ser de possibilidades, dan-
do ênfase à autonomia, auto responsabilidade, li-
Para dar suporte à atuação dos estagiários buscou-
berdade para fazer as próprias escolhas e atender
-se como orientação principal o suporte da Gestalt-
necessidades na relação com o meio, medidas fun-
-Terapia, e as formulações sobre Psicoterapia de

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damentais no trabalho comunitário. Como afirma Pois, como indica Ribeiro,(9) a finalidade da Gestalt-
Amatuzzi:(11) “É enfrentando os desafios que vou -Terapia é de “liberar forças preservadas da perso-
decifrando os sentidos e criando novos sentidos”. nalidade e não a de debelar sintomas”. Já Pinto(15)
O ser humano é aqui pensado e visto como um afirma que as pessoas “podem restaurar sua capa-
agente transformador de sua realidade. cidade de viver plenamente a vida, ainda que isso
A Gestalt fundamenta-se no contato genuíno implique em fazer mudanças, às vezes dolorosas,
entre seres humanos, na possibilidade de desen- em crenças e condutas mantidas durante muito
volver o diálogo através de condições como pre- tempo, ainda que isso implique também em lidar
sença, inclusão, confirmação, consideração posi- com os aspectos trágicos da vida”.
tiva incondicional.(12) Na comunidade, o estagiário
precisou despir-se de suas preconcepções de toda A PSICOTERAPIA DE CURTA DURAÇÃO
ordem para mergulhar no universo de seus clien-
EM GESTALT-TERAPIA
tes, conhecer suas necessidades e ajudá-los em
seu desenvolvimento. Precisou abrir mão de uma Dentro da abordagem gestáltica foram desenvolvi-
postura hierarquizada, para estar presente, e pos- das metodologias de curta duração. Ribeiro(9) traz
sibilitar a cura através do encontro. O cliente foi a primeira definição:
ouvido, visto, em seu mundo, suas necessidades,
Gestalt-Terapia individual de curta duração é um
seu contexto. processo no qual cliente e psicoterapeuta se envol-
vem em soluções imediatas de situações de qual-
Esta ênfase no contato e no diálogo da Gestalt-
quer ordem, vividas pelo cliente como problemáti-
-Terapia também facilita a perspectiva multiprofis- cas, utilizando todos os recurso disponíveis, de tal
sional do trabalho comunitário. Nas instituições modo que no mais curto espaço de tempo o cliente
possa se sentir confortável para conduzir sozinho
onde ocorreu o estágio, por exemplo, foi importan-
sua própria vida.
te estar aberto e incluir o trabalho com médicos,
fisioterapeutas, agentes comunitários. Segundo Pinto(15) a Psicoterapia Breve inclui três
A Gestalt traz uma grande variedade de recursos modelos: atendimento de urgência, focado em pro-
terapêuticos, com ênfase na criatividade.(13) Sendo teger o cliente de situações de risco; atendimento
assim, estão disponíveis para o psicoterapeuta re- de crise, focado em retomar o equilíbrio, se possí-
cursos como arte terapia, dramatização, trabalhos vel melhor que o existente antes da crise; e atendi-
corporais, cadeira vazia etc., para facilitar a toma- mento de curta duração propriamente dito, onde
da de consciência e mudança. Esta abundância de se busca o ajustamento do cliente através de um
metodologias disponíveis facilitou o trabalho em trabalho com delimitação temporal.
locais e situações nas quais era necessário buscar Pinto(15) enfatiza a necessidade de determinar
recursos alternativos. um foco para a terapia de curta duração. O foco,
E por fim a Gestalt trabalha com o aqui e agora, as para o autor, “são os pontos nos quais se concen-
questões trazidas no momento, a queixa, e também tram os esforços do terapeuta e do cliente visando
busca tratar dos negócios inacabados, as Gestalts ao trabalho terapêutico”. Para determinar o foco, o
abertas e fixadas, permitindo um aprofundamento terapeuta precisa compreender a história de vida
no trabalho para se lidar com questões antigas e do cliente, seu campo vivencial, suas motivações,
traumáticas, que ainda se presentificam impedindo para se eleger um tema central para o processo. À
os clientes de viverem de forma plena e interagir de medida em que a terapia evolui, o foco pode ser
forma saudável com o ambiente.(14) Sendo assim é reavaliado; e em cada sessão o cliente é livre para
uma metodologia que facilita aos clientes não só discorrer sobre o assunto que quiser, cabendo ao
a redução de sintomas e resolução de problemas, terapeuta fazer a ponte com o eixo principal.
mas um trabalho mais profundo de ressignificação.

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O foco pode partir do sintoma apresentado pelo A ação terapêutica, pode incluir intervenções de
cliente, mas não confunde-se com este. Segundo rua, grupos operativos, oficinas terapêuticas, gru-
Pinto(16) um sintoma está vinculado a uma história pos de atividades de suporte social, plantão psico-
de conflito passada e cristalizada. O terapeuta deve lógico, intervenções nos contatos informais dentro
buscar o significado deste sintoma, aquilo que dá das instituições de saúde, atendimento nuclear e a
sustentação ao mesmo, as repetições e cristaliza- grupo de familiares, visitas domiciliares, atividades
ções que fazem parte da história do cliente. Assim, de ensino, atividades de lazer com usuários e/ou
o foco pode passar da questão a ser resolvida para familiares, visitas institucionais e atividades comu-
um aspecto da psicodinâmica do sujeito. nitárias, entre outras. Observa-se que grande parte
No estágio, a utilização da metodologia de psi- das intervenções na clínica ampliada acontece em
coterapia de curta duração propiciou não só uma grupo.
melhoria dos sintomas, mas também um proces- Nos atendimentos pontuais no estágio foi utili-
so de ressignificação de questões mais profundas, zada a metodologia da ação terapêutica. Esta me-
permitindo mudanças comportamentais e atitu- todologia casa-se bem com a proposta de plantão
dinais. Promoveu um contato com o cliente, sua psicológico, também utilizada, que consiste em
queixa, seus sintomas, e uma compreensão clínica oferecer um espaço para que clientes possam tra-
de suas questões, através de uma atuação direcio- zer suas queixas, em sessões únicas ou de até três
nada. E o trabalho com foco também foi importan- encontros.
te para que não se abrissem vários temas e metas No plantão uma única sessão não resolve sé-
que não pudessem ser fechadas ao final do tempo rios problemas emocionais ou promove resulta-
limitado do estágio. dos reconstrutivos na personalidade.(7) Porém os
pacientes relatam sobre a importância de terem
AÇÃO TERAPÊUTICA sido ouvidos, com referência ao alivio pelo desa-
bafo, e da presença inteira do terapeuta. Como diz
Brito(17) afirma que há três modelos de psicoterapia Mahfoud:(7) o plantão psicológico é uma presença que
de curta duração na abordagem gestáltica: Breve, mobiliza. Casos que precisem de maior apoio são
Focal e Ação Terapêutica. Este último é indicado encaminhados para uma psicoterapia ou atendi-
para quando o terapeuta só terá poucos contatos mentos psiquiátricos.
com o cliente, ou grande espaço entre uma sessão Ferreira-Santos(18) sugere que o Gestalt-terapeu-
e outra. Segundo o modelo proposto, é oferecido ta no plantão psicológico é ativo e intervencionista,
um espaço para que clientes tragam suas ques- indo além de refletir e ouvir. Propõe que o terapeu-
tões emergenciais que se transformam no foco do ta deve ceder ao cliente sua parte sadia, e trans-
trabalho. formar-se de agente catalisador para participante.
Aqui podem ser metas para o trabalho fechar Nesta perspectiva, o terapeuta ativamente acolhe o
uma questão aberta, ampliar uma fronteira de con- sofrimento e luta do paciente, explora seus planos,
tato, tomar consciência, ou ressignificar algum ajuda-o a tomar consciência das emoções e ambi-
conteúdo. O terapeuta foca na necessidade que valência, e a explorar opções.
emerge quando a pessoa traz sua queixa, sempre
atento ao contexto da mesma. Oferece suporte ao
SITUAÇÕES DE CRISE
cliente para juntos planejarem mudanças indivi-
duais e grupais, de modo que a facilitar uma mobi- No plantão psicológico, muitos atendimentos são
lização na direção da melhoria da saúde e da qua- para as situações chamadas de crise, aquelas em
lidade de vida. Esta proposta que inclui aspectos que o cliente chegou a um estado mental no qual
informativos e educativos, não se restringindo ao seus mecanismos de defesa normais são inade-
espaço do consultório e da instituição de saúde.

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quados para restaurar o equilíbrio e permitir que RESULTADOS E DISCUSSÃO
funcione de forma adaptativa.(19) A crise é um mo-
mento de paralisação, uma vez que o sujeito não Dentre as metodologias utilizadas nesse estudo,
consegue transpor obstáculos com o uso de mé- psicoterapia de curta duração e ação terapêutica,
todos costumeiros para a resolução de problemas. nos contextos do Serviço de Psicologia da facul-
A um período de “desorganização” (tentativa de dade e da Unidade de Saúde da Família, ambas
ajustamento), segue-se um período de transtorno requereram dos estagiários trabalhar o raciocínio
(a crise em si), durante o qual os mais diferentes clínico, a delimitação de um diagnóstico e um
esforços mostram-se insatisfatórios. Eventualmen- foco de trabalho, e a capacidade de desenvolver
te, algum tipo de adaptação pode ser executado, um relacionamento com o cliente com base no
com melhor ou pior resultado. diálogo. Em todas as atividades pacientes foram
Várias são as situações que constituem atuações encorajados se expressar, aprofundar a tomada de
de crise: perdas, luto, doenças graves, sofrer vio- consciência de suas questões, e buscar soluções e
lência ou abuso, fases do desenvolvimento (por encaminhamentos. Porém cada modalidade trouxe
exemplo, velhice), traumas. Estas podem ocorrer suas questões específicas.
na vida cotidiana de qualquer pessoa, ou em si- O modelo de psicoterapia de curta duração na
tuações excepcionais, como desastres naturais ou abordagem Gestáltica mostrou-se eficaz entre os
causados pelo ser humano ou naquelas em que usuários do Serviço de Psicologia. Nessa propos-
as condições precárias sociais levam a uma maior ta, estabelecia-se um contrato terapêutico, e acon-
vulnerabilidade, como em como nas comunidades teciam a série de atendimentos semanais propos-
onde ocorreu o estágio. Aqui os estagiários tiveram tos, com direcionamento a um tema central, o que
que lidar com pessoas vítimas de violência, crime, se desenvolvia em paralelo com o estar atento às
abusos, presença de tráfico e consumo de drogas. necessidades de cada encontro. O cliente era livre
É importante lidar com o comportamento das para trazer o assunto que quisesse em cada ses-
pessoas em situações de crise e desastres desde são, enquanto o estagiário mantinha sua atenção
uma ação preventiva até o pós-trauma.(19) A clínica a possíveis ligações com o com o tema central. E
ampliada tem este enfoque preventivo: na unidade o paciente, corresponsável por seu processo, tam-
de saúde da família buscava-se o trabalho com o bém participava conscientemente deste movimen-
cadastro das famílias, visitas domiciliares e organi- to direcionado.
zação de grupos socioeducativos. Nessa experiência o terapeuta assumiu uma po-
Em relação à atitude para o atendimento comu- sição ativa e focada, atento não só aos sintomas
nitário, considera-se tratar em primeiro lugar do dos clientes, mas também às questões de base não
humano. Busca-se ajudar os clientes a reorganiza- resolvidas e repetições neuróticas que aconteciam
rem suas vidas, através da escolha de respostas em suas vidas. Em uma linguagem Gestáltica, bus-
adaptativas construtivas. O psicoterapeuta ajuda cava-se atingir os “negócios inacabados” por trás
o cliente a encontrar um equilíbrio dentro do caos das experiências de sofrimento.
que está vivendo, através da afirmação de seu auto Esta metodologia demandou do estagiário uma
suporte, autenticidade, humanidade e capacidade compreensão clínica algumas vezes além de sua
de escolhas.(7) maturidade profissional. Para lidar com isso a su-
No estágio os alunos muitas vezes se depara- pervisora de estágio precisou estar muito presente
ram com situações crise, risco e violência, e nestes e oferecer suporte contínuo ao aluno, buscando fo-
casos precisaram trabalhar seu auto suporte para mentar no mesmo o raciocínio clínico e a capaci-
dar apoio aos clientes, suas famílias e a equipe dade técnica.
multiprofissional.

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A proposta da psicoterapia de curta duração foi à dinâmica contextual, e esta atenção servia como
a primeira opção apresentada aos estudantes e guia para encaminhamentos ou intervenções que
oferecida aos pacientes na Unidade de Saúde da levassem a uma maior tomada de consciência. E
Família, porém em muitos casos não houve adesão estavam orientados a não abrir, ou alimentar, temas
para este modelo. Algumas pessoas só procura- que não pudessem ser fechados satisfatoriamente.
vam atendimento durante momentos de crise, fa- Muitas vezes nestes encontros emergenciais
ziam algumas sessões e não se implicavam em um alunos encontraram clientes em crise aguda e uti-
trabalho regular, semanal. Buscou-se, portanto, a lizaram-se de metodologias para trazê-los de volta
compreensão desses casos através da proposta de a um equilíbrio, como a respiração, enraizamento,
ação terapêutica, modelo que mostrou-se indicado organização de ideias e sentimentos. Muitas vezes
para esses contextos em que o terapeuta só teria o trabalho foi de ajudar o cliente a sair da crise e
poucos ou esporádicos contatos com o cliente. poder alcançar um nível de integração que o per-
A ação terapêutica também foi utilizada nos mitisse focar melhor nas suas necessidades e levar
plantões do Serviço. Com horários fixos semanais, adiante seu próprio desenvolvimento.
o estagiário permanecia disponível para atender Algumas sessões foram únicas, e em outros
pacientes com demanda espontânea através de casos com retorno de até três vezes. Porém cada
uma escuta aberta. Os clientes atendidos incluíam sessão era fechada em si mesma, como se fosse
a população local e aqueles vinculados aos demais a última, e buscava-se atender ao próximo passo
serviços de saúde do ambulatório docente-assis- de cada tema aberto. O terapeuta era ouvinte ati-
tencial a exemplo das clínicas de fisioterapia, de te- vo, através da escuta profunda ajudando a pessoa
rapia ocupacional e de uma variedade de especiali- a conduzir o próprio processo. Enfim ficou enfa-
dades médicas. tizada a necessidade do estagiário de saber ouvir,
Nessa proposta o estagiário buscou acolher a estar presente, congruente, poder afinar o foco do
situação emergencial trazida pelo cliente, ou as trabalho e oferecer uma escuta que organizava as
situações vivenciais inacabadas. O desafio para questões do cliente.
os estudantes era de conceber a demanda trazi- Os dois locais distintos do estágio levaram os
da como parte de um contexto maior, e sintonizar estudantes a trabalhar com uma população que
com a essência desta questão em um único encon- não trazia apenas problemas “psicoemocionais”:
tro, determinando um foco para o trabalho. E tam- muitas das queixas surgiam de um desamparo so-
bém de realizar a cada sessão um trabalho com iní- cioeconômico. Eram mulheres que foram aban-
cio, desenvolvimento e conclusão. donadas pelos maridos e não tinham como pro-
Aqui o aluno era orientado para promover/faci- ver seu sustento; pessoas portadoras de doenças
litar o desenvolvimento de um maior suporte por graves que lutavam por um mínimo atendimento
parte do cliente para enfrentamento e ressignifica- em hospitais públicos; outras que viviam a inse-
ção do seu sofrimento, e a busca de soluções. Se- gurança de conviver com tiroteios, traficantes, fi-
guindo princípios gestálticos, o aluno encorajava o lhos envolvidos no tráfico. As questões trazidas pe-
cliente a fazer contato consigo mesmo e expressar los clientes não podiam ser desvinculadas de seus
seus dissabores enquanto oferecia acolhimento e contextos socioeconômicos.
confirmação. Neste modelo terapêutico pode-se re- Os estudantes viveram o impasse de não pode-
conhecer aprendizagem e resolução de problemas rem mudar a realidade social dessas pessoas, mas
realizando-se simultaneamente, no aqui e agora de foram capazes de oferecer suporte para que elas
um único encontro. desenvolvessem recursos de enfrentamento. Na
Embora muitas vezes só pudesse trabalhar com Unidade se Saúde da Família havia um maior apoio
o tema emergencial, o aluno ficava sempre atento por parte da equipe multiprofissional para o traba-

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lho com a dimensão social, como grupos temáti- cias de melhor saúde. A segunda sinaliza que a
cos, pessoas engajadas em militância. No Serviço experiência possibilita ao estudante desenvolver
este apoio era menos desenvolvido, pelas limita- competências como flexibilidade, capacidade crí-
ções de sua natureza ambulatorial. Mesmo assim tica, autonomia e responsabilidade social. Com-
esboçava-se uma crescente tomada de consciência petências essas que o habilitam de forma positiva
das necessidades psicossociais dos clientes. a atuar no Sistema Único de Saúde, promovendo
O trabalho multiprofissional foi um grande pon- saúde e qualidade de vida.
to de destaque no estágio. Na Unidade de Saúde A busca e adaptação de novos modelos para o
esta modalidade de trabalho já estava bastante de- trabalho clínico foi essencial para o sucesso do tra-
senvolvida, incluindo profissionais de saúde e de balho. Porém foi importante também que estivesse
assistência social. No Serviço, o trabalho do psicó- fundamentado em uma linha específica, neste caso
logo ainda se configurava de forma isolada, ou atra- no aporte da Gestalt-Terapia. Esta abordagem, com
vés de redes de contatos mais informais. Por exem- sua ênfase no trabalho contextual, na qualidade
plo, se o paciente precisava ser atendido por um das relações, no respeito ao coletivo, na metodolo-
médico, não havia uma conexão organizada como gia da tomada de consciência, e na criatividade na
na unidade de Saúde da Família. Ou se precisasse resolução de problemas, ajustou-se com facilidade
de uma apoio de assistência social, não havia esta à lógica da clínica ampliada.
modalidade profissional disponível, então o esta- O diálogo mostrou-se uma peça importantíssi-
giário ou adaptava-se a fazer um papel semelhante ma no trabalho psicoterapêutico: estar atento ao
, ou a questão não era resolvida por este viés. humano, e às relações que se estabelecem entre
Em relação às metodologias, ficou claro que a todos os participantes. Para o aluno, terapeuta-
abordagem de curta duração favorecia um maior -aprendiz, foi importante desenvolver a capacida-
aprofundamento e mudança, por ser um trabalho de de estar verdadeiramente presente, para fazer
contínuo que permitia o desenvolvimento de uma contato com a essência de cada um, e poder ver a
relação terapêutica. Porém a ação terapêutica no humanidade em cada pessoa. E também ampliar
plantão psicológico contemplava um maior núme- seu raciocínio clínico e capacidade de diagnosti-
ro de clientes e permitia atendimentos espontâ- car, focar, escolher recursos psicoterapêuticos, tra-
neos que não exigiam a formalidade de um contra- balhar com o âmago da questão. Participar da ex-
to terapêutico tradicional. periência total, orientar, conduzir, educar, quando
necessário.
Outro ponto importante foi compreender e in-
CONSIDERAÇÕES FINAIS cluir a dimensão social, a vivência da carência
como crise, a necessidade de atuação para melho-
O presente artigo enfatizou a descrição das meto- rias sociais. Sugere-se a partir deste trabalho uma
dologias utilizadas na perspectiva clínica ampliada, melhor integração do serviço de psicologia com o
para analisar seus benefícios e especificidades. Em trabalho multiprofissional e uma maior ênfase no
oito anos de estágio em Gestalt Terapia no Servi- tratamento da dimensão social.
ço de Psicologia duas importantes questões foram
O ponto central do trabalho foi discutir a interface
observadas: a primeira ressalta que as metodolo-
da clínica ampliada com a intervenção da Gestalt, e
gias de orientação – Gestalt-Terapia de curta dura-
junto com isso foi possível apresentar a relação en-
ção e ação terapêutica – tem prestado suporte ao
tre o desamparo sócio econômico e a produção de
trabalho com os clientes do Serviço e da Unidade
sofrimento “psicoemocional”. Futuros estudos po-
de Saúde da Família. A partir desses encontros te-
dem buscar uma melhor compreensão da relação
rapêuticos, muitos clientes foram capazes de um
entre esse contexto e a produção de sintomas.
ajuste mais criativo com o mundo, e de experiên-

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Novos estudos também poderão pesquisar de 8. Costa LF, Brandão SN apud Cardoso CL,
uma forma mais sistemática os resultados das Mayrink AR, Luczinki GF. O psicólogo clínico
ações e métodos terapêuticos praticados com os na comunidade: desafios e possibilidades. Rev.
abordagem gestál. 2006;XII(2):13-26.
clientes, dentro do modelo de terapia baseada em
evidências. E trazer mais compreensão ao traba- 9. Ribeiro JP. Gestalt terapia de curta duração.
lho com a dimensão social, buscando modelos São Paulo: Summus; 1999.

de atuação que possam facilitar mudanças neste 10. Ribeiro JP. Psicoterapia: teorias e técnicas
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