EDITORIAL

SUMÁRIO
REINVENTAR A MISSÃO OUTUBRO 2020/05

E
m meio à pandemia, o testemunho trazido por
muitos em diversas áreas da atividade humana,
foi o de que tiveram que reinventar o viver, o
trabalhar e o olhar para muitas coisas. Com
a Missão está acontecendo o mesmo. Nesse
sentido, devemos lembrar-nos sempre que o mês de
outubro é dedicado ao envio, solidariedade e à oração
missionários.
A propósito, padre Maurício Jardim, diretor das Imagem do Cartaz da
POM (Pontifícias Obras Missionárias) no Brasil afirmou Campanha Missionária 2020
que está passando da hora de pensar que a Missão é (Adaptado)

simplesmente cumprir tarefas, atividades, participar Foto: ©Vatican Media

de cursos e fazer visitas. Hoje, segundo ele, a Missão

deve ser entendida a partir do envolvimento de todo
o nosso ser. Não excluindo para isso até as pessoas
enfermas que não podem sair de casa. Nesse sentido,
devemos perceber que toda a vida é Missão; não temos
como desvincular uma da outra. Portanto, somos todos
chamados a sermos missionários a partir das nossas
próprias famílias, nas comunidades em que fazemos
parte, nos locais de trabalho e estudo, no interesse
pelo anúncio nos núcleos juvenis, aos doentes e mais
necessitados. Ou seja, precisamos entender que de-
vemos ser missionários nas realidades em que nos
encontramos.
O papa Francisco nos ajuda a ir mais fundo no jeito
de entender a Missão. Na Evangelii Gaudium, ele afir-
ma que: “Sonho com uma opção missionária capaz de
transformar tudo, para que os costumes, os estilos,
os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se
tornem um canal proporcionado mais à evangelização
do mundo atual que à autopreservação.”
Este ano o tema que nos acompanha no mês mis-
sionário é “A vida é missão”, com o lema: “Eis-me aqui,
envia-me” (Is 6, 8) que é a inspiração bíblica para todo
este tempo.
Ainda sobre a Missão, o Bem-aventurado José Alla-
mano, fundador dos missionários e das missionárias
da Consolata dizia: “Para ser apóstolos devemos arder,
se não formos nem quentes, nem frios, isto é, tíbios,
indiferentes, tampouco conseguiremos coisa alguma.
O homem vive a sua vida à medida que vive por amor a
Deus. Onde há amor, há zelo. E o zelo fará com que não
coloquemos reservas nem demoras em nossa doação à
Missão. Quem não arde deste fogo divino jamais será
missionário ou missionária”.
Que este mês de outubro acenda em nós o desejo
de passarmos de um mês missionário para uma Igreja
em Missão Permanente. 
 ATUALIDADE----------------------------------------------03
COMIAR em ação
Sandra Maria Alves
 JUVENTUDE MISSIONÁRIA----------------------------04
Corrente solidária
Badacer Neto
 INFÂNCIA MISSIONÁRIA-------------------------------06
Testemunhando a vida em Missão
Patrícia Souza
 MISSÃO EM CONTEXTO-------------------------------07
Arsenal da Esperança
Simone Bernardi e Lorenzo Nacheli
 VOLTA AO MUNDO ------------------------------------08
Deutsche Welle / Portal São Miguel
 ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10
Em nome de Deus
Paulo Mzé
 TESTEMUNHO-------------------------------------------12
Deixar-se encontrar
Clemência Alves Sicupira
 FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------14
A vida é missão
Maurício da Silva Jardim
 FAMÍLIA CONSOLATA-----------------------------------17
Espírito e vida de fé
Redação
 MISSÕES RESPONDE-----------------------------------21
Os dez mandamentos do advogado católico
Edson Luiz Sampel
 ÁFRICA----------------------------------------------------22
Liturgia católica e culturas africanas
José Brás
 DESTAQUE------------------------------------------------24
Campanha Missionária na pandemia
Maurício da Silva Jardim
 ENTREVISTA-----------------------------------------------28
Eis-me aqui, Senhor. Envia-me!
Paulo Mzé
 VOLTA AO BRASIL-----------------------------------------30
Folha de São Paulo

2 OUTUBRO 2020 MISSÕES

 ATUALIDADE

COMIAR em ação de Sandra Maria Alves

Toda vez que membros da
Igreja se encontram com

V
amos compreender um pouco sobre os Con-
selhos Missionários antes de falarmos sobre aqueles que estão fora da
Missão. No estado de São Paulo, temos vários
Conselhos, mas vamos focar no Regional Sul
Igreja, são missionários
1 da Conferência Nacional dos Bispos do Bra- da Igreja, voluntária ou
sil (CNBB) que compreende as arqui/dioceses onde involuntariamente. Seu próprio
o Conselho Missionário Arquidiocesano - COMIAR
- Regional Episcopal Santana está inserido. ser é missionário. (Paul Tillich)
Os Conselhos Missionários são como um braço
direito da Igreja na propagação da responsabilidade

ARQUIVO POM
comum de evangelização e devem estar engajados
para obedecer à ordem de Cristo quando da “grande
comissão”, conforme o Evangelho de São Mateus:
Ide, portanto e fazei que todas as nações se tornem
discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo. (Mt 28,18)

Ação do COMIAR
Uma das atividades do COMIAR é organizar pales-
tras, encontros formativos, onde os membros parti-
lham a vida e se colocam aos pés de Jesus. Nesses
momentos formativos todos aprendem a assimilar
a mesma "forma" de Jesus, seu estilo de vida, suas
opções, até o ponto de poder afirmar como Paulo de
Tarso: "já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em
mim" (Gl 2, 20). É um processo formativo que nunca
acaba, sem prazo de vencimento. O Conselho Mis-
sionário deve mostrar que o cerne da Igreja é lutar Segundo Barbará Helen Burns, Missão é a responsa-
para demonstrar o Reino de Deus sobre a terra Nesse bilidade de todos os discípulos de Jesus Cristo. Missão
contexto é que Deus nos chama para estabelecermos é promover a responsabilidade coletiva de anunciar
uma mensagem de conhecer a pessoa e a Missão a glória de Deus entre todas as tribos, povos, raças,
de Jesus da maneira mais fiel possível, para amá-Lo, línguas e nações.
segui-Lo e testemunhá-Lo pelo mundo afora. Nas palavras de Oswald Smith, missionário cana-
Precisamos compreender que somos quem somos dense, protestante: "Missão se faz com os pés dos
para anunciar quem Deus é e glorificá-lo através da que vão, com os joelhos dos que ficam e com as mãos
pregação da Palavra. dos que contribuem".
Nesse sentido, precisamos despertar as nossas
Missão igrejas sobre a responsabilidade de participarem do
Agora que temos uma breve introdução sobre os "grande conselho" com a qual Jesus convocou seus
Conselhos, passamos para a Missão. Mas, o que é discípulos nas três esferas da frase de Daniella Santos,
Missão? O padre Luiz Mosconi nos diz que "quando missionária: "Indo, Orando e Contribuindo". 
sinto o chamado, o assumo e o transformo em com-
promisso, aí surge a Missão. É dar conta da decisão, Sandra Maria Alves é coordenadora do Conselho Arquidiocesano Missionário (COMIAR)
do compromisso assumido; é chegar lá". da Região Episcopal Santana, São Paulo, SP.

OUTUBRO 2020 MISSÕES 3

 JUVENTUDE MISSIONÁRIA
Corrente solidária de Badacer Neto
A
Missão é sempre compreendida como a reali-
zação de inúmeras atividades, o cumprimento
de um cronograma carregado de ações. Com
isso vivemos em um verdadeiro “corre-corre”,
cheios de compromissos, sentindo o faltar do
tempo. De repente, um vírus invisível, impõe para nós
uma parada. O mundo desacelera, para. Nossas agen-
das são “congeladas” e nos pegamos refletindo como
fazer a Missão acontecer? A questão de fundo emerge
estrondosamente: como fazer?
Penso que é preciso reconstruir a questão, recolocar
a pergunta. A Missão não está reduzida ao que fazer,
mas em como se colocar, como ser, naquilo que já está
sendo feito desde sempre em Deus, pois Ele é o reali-
zador da Missão, seu protagonista.
Revisão da caminhada
Com este pensamento, a Juventude Missionária
(JM) tem entrado em uma revisão de sua caminhada.
O tempo nos pede que gritemos o Evangelho com a
vida, com nosso testemunho, que implica muito mais
em ser do que fazer. Os encontros, reuniões e ações
que vinham sendo realizados não podem continuar a
acontecer, devido, como já se sabe, à aglomeração de
pessoas, que é sempre um risco. Por isso, a exigência
agora é ser presença missionária dentro de nossas casas
e nos poucos espaços que podemos nos fazer presentes.
Contudo, a Juventude Missionária tem se utilizado
das redes sociais e das tecnologias para garantir a
animação missionária junto aos jovens por meio de
inúmeras lives que as coordenações estaduais estão
DIVULGAÇÃO
4 OUTUBRO 2020 MISSÕES
fazendo acontecer, bem como, uma formação virtual
continuada, refletindo temas que os ajudem a manter
viva a vocação e o entusiasmo missionário. Este caminho
tem revelado que, embora não substitua o encontro
presencial, o alcance de pessoas tem sido bem maior
do que quando era realizado apenas presencialmente
por estados. É um caminho que tem se aprendido a
trilhar e se percebido como um importante aliado no
processo da animação missionária junto à juventude.
Obviamente que em paralelo aos encontros virtuais
inúmeras ações vêm acontecendo, como por exemplo,
a arrecadação de alimentos, agasalhos, produtos de
higiene e a distribuição nas variadas comunidades onde
a JM atua. Ligações, chamadas de vídeos para vizinhos,
idosos e inúmeras pessoas para que não se sintam
sozinhas e isoladas é uma outra forma de manifestar
nossa solidariedade missionária.
Gesto de solidariedade
Junto a essas iniciativas se soma a realização da Cor-
rente Solidária, que é o gesto de solidariedade concreta
da JM, onde se recolhe o fruto do sacrifico material
de cada membro dos grupos e se direciona para uma
realidade sofrida. Esta corrente é sempre direcionada
às necessidades missionárias vividas no exterior, mas
este ano, devido à pandemia, foi direcionada aos Povos
Indígenas do Vale do Javari na Amazônia, através da
UNIVAJA (União dos Povos do Vale do Javari), instituição
que acompanha os indígenas no interior do Amazonas,
já fronteira com o Peru. A JM vai aprofundando sua
vocação missionária por meio das formações on-line
e vai traduzindo em pequenos gestos concretos de
solidariedade o “seu ser missão nesta terra”. 
Badacer Neto é Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé.

Vocação para
a Missão de Joseph Mampia
E
xiste missionário sem Missão? Existem os cha-
mados sem envio? Nesse mês de outubro,
mês missionário, gostaríamos de refletir nessa
página sobre a ligação intrínseca que existe
entre Vocação e Missão. Partiremos de três
exemplos da Bíblia.
Os chamados e enviados na Bíblia
O primeiro exemplo de chamado e enviado o qual
queremos refletir aqui é Moisés. Ele foi chamado por
Deus do meio da sarça para libertar o povo do Egito:
“Moisés, Moisés... Eu vi, eu vi a miséria de meu povo
no Egito e ouvi o clamor que lhe arrancam seus opres-
sores... desci para libertá-lo das mãos dos egípcios e
levá-lo daquela terra para uma terra boa e espaçosa,
terra onde corre leite e mel... Agora, pois, vai! Eu te
envio ao faraó para que tires do Egito meu povo, os
israelitas”. (Ex 3, 1-9)
O segundo chamado e enviado é Paulo de Tarso,
para ser Apóstolo das nações “Saulo, Saulo, por que
me persegues? (...) Vai, porque eu escolhi esse homem
para ir falar de mim aos pagãos, aos reis e ao povo de
Israel”. (At 9, 1-22)
O terceiro exemplo dos chamados e enviados é dos
quatro primeiros discípulos de Jesus que depois da
pesca milagrosa receberam a missão de ser pescadores
de homens: E Jesus disse-lhes: “Vinde após mim, e eu
vos farei pescadores de homens. Então eles deixando
logo as redes, seguiram-no”. (Mt 4, 19-20)
Os três modelos de vocação que acabamos de
apresentar seguem um caminho típico. Todas come-
çam com Deus que chama e depois indica o porquê
do chamado. A causa do chamado é sempre uma
missão. Para Moisés, a missão é de ir para libertar o
povo da escravidão. Para Paulo, a missão consiste em
anunciar o Evangelho às nações e enfim para os quatro
primeiros, a missão consiste em serem pescadores de
homens ou seja, os que chamam os outros a serem
discípulos de Cristo.
PRÓ-VOCAÇÕES
DIVULGAÇÃO
Missão específica
À luz das ilustrações, torna-se claro entender que
não existe os chamados para treinar nas praças sem
fazer nada. Todos que Deus chama, o faz para uma
Missão. Essa afirmação vale para todos os cristãos que
receberam a vocação missionária pelo batismo. Se no
batismo fomos todos chamados a sermos discípulos
de Cristo, portanto, recebemos também uma Missão
específica.
Nesse mês de outubro, reflitamos sobre a missão
de Cristo. A Missão hoje em dia é um grande desafio.
Temos batizados, muitos chamados e enviados, mas
sempre carecemos dos operários que se comprome-
tem realmente em colocar a mão na massa. O que se
percebe é que todos se dizem chamados, mas poucos
assumem o envio.
Se todos nós fomos chamados por Cristo, cada um
tem também sua missão específica para executar. Cabe
a cada um identificar, diante de numerosas missões da
Igreja, para qual Deus me chamou. Senão podemos
ser os chamados sem missão, os soldados sem fun-
ção, operários trenados na praça sem trabalhar. Toda
vocação nasce no coração compassivo de Deus para
a Missão. 
Joseph Mampia, imc, é coordenador da Animação Missionária e Vocacional em São
Paulo, SP.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 5
 INFÂNCIA MISSIONÁRIA

Testemunhando
a vida em Missão
A pandemia não para a seguindo a metodologia proposta pela obra. E aqueles
Infância e Adolescência aos quais a internet não chega? Mais uma vez foi a
criatividade que falou mais alto, muitas estão sendo
Missionária. as formas, por exemplo: o assessor prepara um “kit do
tema gerador” e entrega às crianças e adolescentes
de Patrícia Souza
deixando no portão de sua casa para retirarem na
secretaria da paróquia, em sistema drive thru.
Também a iniciativa de cada criança e adolescente
foi e está sendo uma linda manifestação de Deus.

N
as comunidades eclesiais onde a Pontifícia Obra Conforme a realidade e a necessidade das comu-
da Infância e Adolescência Missionária (IAM) nidades foram surgindo ações concretas, como por
é presente, ela é logo associada a muito dina- exemplo, uma campanha onde as crianças e adoles-
mismo, criatividade e alegria, já que a mesma, centes escreveram cartinhas para os profissionais de
tem como carisma “Crianças e adolescentes
evangelizam e ajudam crianças e adolescentes” com o

ARQUIVO CAPUCHINHOS
objetivo de “Tornar Jesus conhecido e amado”. A IAM
é um estilo de vida, um jeito especial de ser durante
todos os dias da semana, assumido junto ao grupo.
No dia do encontro, sempre acontece a partilha das
atividades realizadas e também juntos assumem
outros compromissos. É muito comum encontrar o
grupo de crianças e adolescentes juntamente com
seu assessor/a na rua indo visitar uma pessoa doente,
carente ou mesmo uma criança que nasceu; outras
vezes realizando um momento orante na pracinha,
um momento recreativo e de brincadeira na quadra.
Assim como todos, a IAM foi surpreendida pela
pandemia que assolou o mundo. E as crianças e
adolescentes foram atingidas em cheio, com a ne-
cessidade do isolamento social. Mas, como criança e saúde; o compromisso em construir cada uma seu
adolescente são logo associados à criatividade, essa próprio cofrinho para mesmo nesse período continuar
não faltou nesse período. Foi e está sendo muito realizando seu sacrifício com o objetivo de ajudar as
bonito ver o caminho de descobertas de modos e crianças e adolescentes dos cinco continentes.
maneiras com que as crianças e adolescentes têm A Secretaria Nacional tem feito um esforço de
testemunhado a vida em Missão. manter a unidade da caminhada da IAM do Brasil com
a realização do momento de oração pela diocese de
Criatividade Pemba, execução da 8ª Jornada Nacional on-line e
Um dos grandes esforços tem sido manter a reali- ainda oportunizando momentos de formação para
zação dos encontros, as descobertas dos canais e das os assessores. Assim, com o esforço e a dedicação
ferramentas que estão disponíveis. A participação no de cada um na pandemia a “Missão não para!” 
grupo é muito importante, por isso cada grupo foi e
está fazendo um esforço para os encontros continuarem Patrícia Souza, salvatoriana, é Secretária Nacional da IAM.

6 OUTUBRO 2020 MISSÕES


Arsenal da
Esperança de Simone Bernardi e Lorenzo Nacheli
E
stamos parados em um semáforo em São Pau-
lo, prontos para atravessar a Radial Leste, na
região da Mooca. Confrontamo-nos com uma
cena infelizmente corriqueira: homens, mulhe-
res e crianças vendendo todo tipo de coisa ou
pedindo esmola para quem, pelo menos com o olhar,
não pode fugir de seus pedidos. Cada um tem uma
desculpa para oferecer.
Muitos Carlos na rua
Hoje, entre eles, há um rosto conhecido: é Carlos
que, há algumas semanas, saiu do Arsenal da Esperança,
pois o chamado da droga o empurrou de volta para as
ruas. Abaixamos o vidro e ele faz um gesto que deixa
atônitos todos os motoristas, inclusive nós: estende a
mão, mas é ele a nos dar o dinheiro. “Tinha que resti-
tuir a vocês, sei que vão usar melhor do que eu” e nos
deixa cinco reais. Só tivemos tempo para agradecê-lo
antes de o semáforo ficar verde. Em nossos rostos, a
preocupação dá lugar a um leve sorriso.
Carlos é um dos 63 mil homens que já foram aco-
lhidos pelo Arsenal da Esperança, a casa do SERMIG
(Servizio Missionario Giovani) que desde 1996, seguindo
a intuição de Ernesto Olivero, seu fundador, e do bispo
dom Luciano Mendes de Almeida, que o convidou a
vir ao Brasil, acolhe diariamente 1.200 pessoas, os
assim chamados “homens em situação de rua”, jovens
e adultos em dificuldade pela falta de uma casa, de
uma família, de um trabalho, por problemas de álcool
e droga, em busca de uma oportunidade e de uma
perspectiva de vida.
MISSÃO EM CONTEXTO
O Arsenal da Esperança é uma casa que acolhe
sem preconceito, uma casa para olhar para a vida e
para os outros com um olhar diferente, é uma parada
para restaurar as próprias forças, de onde se pode
recomeçar e escolher novamente a vida.
Ao mesmo tempo, o Arsenal é o lar das irmãs e dos
irmãos que fazem parte da Fraternidade do SERMIG,
que escolheram a vida em comum, um lugar onde eles
vivem a presença do seu Senhor vinte e quatro horas
por dia, disponíveis para acolher qualquer um, em
qualquer hora do dia e da noite. Para nós o Arsenal é
como um “mosteiro metropolitano” habitado por uma
pequena fraternidade que, buscando a Deus, anima
e organiza diariamente uma enorme hospedaria para
os mais necessitados.
Esse, em síntese, é o local onde o Senhor nos colo-
cou – depois de anos de caminhada no Arsenal da Paz
de Turim, a nossa casa mãe –, uma casa de missão e
de evangelização que nascem da acolhida, do respeito
mútuo, da liberdade e da compaixão, onde as pessoas
não chegam à procura de nossos sermões, mas para
nos olhar nos olhos, na esperança de receber um prato
de comida, mas também de ver a Palavra e o Amor
que temos no coração e que nos moveu até aqui para
preparar e servir aquele prato. E mesmo o Carlos, que
por enquanto está ainda travando uma grande batalha
consigo mesmo, não deixou de sentir que aquele Amor
existe, é real e vale um investimento de cinco reais.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre a
missão do SERMIG – Fraternidade da Esperança em
São Paulo basta acessar os nossos perfis: fb/arsenal-
daesperanca e ig: @arsenal_da_esperança 
Simone Bernardi e Lorenzo Nacheli são membros da Fraternidade da Esperança.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 7

Vaticano
VOLTA AO MUNDO
Fratelli Tutti é a 3ª encíclica do
papa Francisco
O papa Francisco lançou no dia 4 de
outubro sua nova encíclica chamada Fratelli
Tutti (Todos Irmãos), na qual apresentou
uma visão para o mundo pós-coronavírus.
O documento pede mais solidariedade para
o enfrentamento de problemas globais,
como as mudanças climáticas ou a injustiça
causada pela desigualdade econômica. No
documento, o papa denunciou as "teorias
mágicas" do capitalismo de mercado que
se apresentam como "única solução para os
problemas do mundo" e afirmou a necessi-
dade de superar o "dogma de fé neoliberal",
lembrando que "o mercado, por si só, não
resolve tudo". Trata-se de um pensamento
pobre, repetitivo, que propõe sempre as
mesmas receitas perante qualquer desafio
que surja", escreveu, no texto divulgado pelo
Vaticano, acrescentando que a "fragilidade
dos sistemas mundiais perante a pandemia
evidenciou que nem tudo se resolve com
a liberdade de mercado". O papa afirmou
que a "ilusão global" de desenvolvimento
esconde benefícios para o mercado de ca-
pitais, que aumentaram as desigualdades
e injustiças sociais.
No documento, o papa propõe ainda
a criação de um fundo mundial contra a
fome, financiado com as atuais despesas
militares. Na primeira encíclica divulgada em
cinco anos, o papa identifica o surgimento
de "novas formas de egoísmo e de perda
do sentido social mascaradas por uma su-
posta defesa dos interesses nacionais". O
documento associa os discursos de ódio a
regimes políticos populistas e a "abordagens
8 OUTUBRO 2020 MISSÕES
econômico-liberais", que defendem a neces-
sidade de "evitar a todo o custo a chegada
de migrantes". O papa pediu que os países
abandonem o "desejo de domínio sobre os
outros" e que adotem uma política "a servi-
ço do verdadeiro bem- comum". Francisco
considera essencial pensar a participação
social, política e econômica, incluindo mo-
vimentos populares e lamentou, sobretudo,
a "intolerância e o desprezo perante as
culturas indígenas". Em um momento do
texto, ao falar de como diferentes culturas
devem conviver, Francisco citou o composi-
tor, poeta e diplomata brasileiro, Vinícius de
Moraes. Ele fez referência à canção Samba
da Bênção: "A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro na vida".
Em referência às redes sociais, ele se mos-
trou preocupado com as manifestações de
ódio e de destruição e com o visível aumento
de "formas insólitas de agressividade, com
insultos, impropérios, difamação, afrontas
verbais" e até a destruição da imagem do
outro. O texto realça que a conexão digital
pode "isolar do mundo", alimenta a divulga-
ção e discussões em torno de fake news e
aniquila a "capacidade de respeitar o ponto
de vista do outro".
Sobre a Covid-19, que chamou de "tra-
gédia global", o papa fez um alerta sobre
a situação dos mais velhos, que estariam
"sendo cruelmente descartados" em al-
gumas partes do mundo. Francisco disse
que a pandemia trouxe a consciência de
que toda a humanidade "viaja no mesmo
barco", deixou cair as "múltiplas máscaras",
e revelou uma incapacidade de atuação
conjunta.
Fratelli Tutti é a terceira encíclica do
pontificado de Francisco, após Lumen Fidei
(A luz da fé), de 2013, e Laudato si, de 2015,
sobre a ecologia integral. O antecessor de
Francisco, Bento XVI, publicou três encícli-
cas no seu pontificado (2005-2013); e João
Paulo II assinou 14 entre 1979 e 2003. A
encíclica é uma das formas mais importan-
tes de comunicados do papa e serve como
base para o ensino católico ao se posicionar
sobre questões importantes. 
Fonte: Deutsche Welle e Portal São Miguel.
 Intenção Missionária
de Paulo Monteiro dos Santos
O
mês de outubro é dedicado às Missões, e
o que é a Missão? A missão é uma vocação
que todos nós somos chamados a fazer pelo
Reino de Deus. Mas somente ser chamado
a fazer a missão ainda não é suficiente. É
preciso motivação para realizá-la, sem isso limitamos
nosso campo a uma espécie de “Emprego Funcional”,
e Deus não nos quer apenas pela metade, Deus nos
quer por inteiro. A Missão pelo Reino de Deus não é
um emprego, é algo profundamente maior, espiritual:
É a conexão com o Sagrado. Mas isso é fácil? É fácil
para quem se esforça, mas não é fácil para quem nem
o primeiro passo quer dar.
Um velho sábio me disse que entre trabalho e
emprego temos diferenças: trabalho é aquilo que faço
por vocação; emprego é algo que faço para ganhar
dinheiro. Assim, no emprego eu penso em lucro e
não nos resultados do meu ofício. Mas dinheiro se
acaba. O dinheiro é como nossa sociedade atual,
líquida, que se dissolve ao simples calor do sol, como
afirma Bauman. O sábio ainda me disse que quanto
mais trabalhava mais tinha sorte, mas no fundo não é
sorte e sim resultados de um ofício feito com paixão.
CHOJA BY GETTY IMAGES
Rezemos para que, em virtude
do batismo, os fiéis leigos,
em especial as mulheres,
participem mais nas instâncias
de responsabilidade da Igreja.
É correto afirmar que Deus não criou o homem
pensando no que este iria lhe dar em troca, por isso
se diz que Deus cria por amor. Fazer as coisas com
amor não é difícil, difícil é preencher o vazio de uma
sociedade consumista que se direciona para a de-
pressão, a ansiedade e a solidão.
Devemos refletir neste mês de outubro nossa
Missão como comunidade católica, sejam leigas ou
religiosas, para que não façamos confusão entre nos-
sa vocação na Missão do Reino de Deus e um mero
emprego. A Missão é sempre espiritual e o emprego
é funcional. Não somos funcionários de Deus, mas
chamados por Ele.
O Santo Padre pede que rezemos pelos leigos em
geral, que pela força do Espírito Santo recebido no
batismo, se tornem membros ativos da Igreja de Cristo,
de maneira especial, pelas mulheres, que desempe-
nham papel importante nos caminhos eclesiais. 
Paulo Monteiro dos Santos, imc, é professo em São Paulo, SP.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 9
 ESPIRITUALIDADE
Em nome de Deus
de Paulo Mzé
A
pregação de Isaías preocu-
pa-se diretamente com os
acontecimentos da época.
Ele denuncia o luxo dos
que juntam casa com casa
e campo com campo e das mulhe-
res que andam cobertas de joias.
Seu ideal parece ser o modo de
vida simples em que o povo vive
de coalhada e de mel, produtos
10 OUTUBRO 2020 MISSÕES
naturais da terra. Isaías não con-
sidera grande catástrofe a perda
das vinhas, fonte de luxo e riqueza.
Não incentiva seu povo a lutar para
protegê-las; ao contrário, defende
uma atitude pacífica e silenciosa
em face da ameaça assíria.
Antes de mais nada, o livro do
profeta Isaías oferece algumas con-
siderações. Primeiro, por muito tem-
po, a tradição cristã considerou-o
como sendo de um único profeta,
de Isaías de Jerusalém. Estudos
atuais, porém, ensina-nos a distin-
guir o Primeiro Isaías (caps. 1-39),
o Segundo Isaías (caps. 40-55) e o
Terceiro Isaías (caps. 56-66). Im-
porta sublinhar que, o Segundo e o
Terceiro Isaías estão estabelecidos
no final do século VI a.C. Ou seja,
200 anos depois de Jerusalém. A
lenda judaica afirmava que Isaías
morreu serrado em pedaços du-
rante o governo do rei Manassés.
Alguns cristãos consideram que seu
livro sofreu um destino semelhante
nas mãos dos críticos. Segundo, a
interpretação cristológica do Antigo
Testamento. Os cristãos têm o livro
de Isaías em alta estima porque ele
parece profetizar elementos decisi-
vos da vida de Jesus; os exemplos
mais notáveis são o nascimento
virginal em Is 7 e a paixão e morte
em Is 53. O livro é citado mais de
300 vezes no Novo Testamento.
Em seu sermão de Nazaré (Lc 4,
18), o próprio Jesus afirmou que
com Ele se cumpria um texto de
Isaías (Is 61, 1-2). O uso de Isaías
pelos evangelistas revela-nos a fé
dos primeiros cristãos, mais que a
mensagem do profeta.
O cabeçalho de Is 1, 1, nos diz
que ele profetizou “nos dias de
Ozias, de Iotâm, de Acaz e de Eze-
quias, reis de Judá”. A grande visão
no capítulo 6, que se supõe marcar
o início de sua atividade profética,
data do ano da morte de Ozias,
provavelmente 742 a.C. Sabe-se
que Isaías estava em atividade
no fim do reinado de Ezequias,
na época de uma invasão assíria
em 701 a.C. Isaías, então abran-
geu, aproximadamente a segunda
metade do século VIII a.C. Amós,
Oséias e Miquéias figuram como
contemporâneos de Isaías. A missão
de Isaías foi marcada por uma série
de crises provocadas pela invasão
militar da grande superpotência
do Oriente, a Assíria.
A sucessão de crises joga um
papel importante na disposição
do material no Primeiro Isaías.
Assim, sendo os capítulos 6-8, em
geral, são considerados biografia
do profeta (cf. 8, 16), pertencem
ao período primitivo. No entanto,
atribui-se o material dos capítulos
10-23 ao período intermediário
entre 722 e 701 a.C. Enquanto isso,
os capítulos 28-32 referem-se à
época de Senaquerib.
Leitura do texto bíblico
(Is 6, 4-8)
No centro da profecia de Isaías
está sua visão de Deus como o
“Santo de Israel”, apresentada mais
vivamente no capítulo 6. A santida-
de de Deus desmascara a inerente
pecaminosidade dos homens. O
poder do espírito contrasta com
a carne impotente (Is 31).
O presente texto conta a voca-
ção de Isaías. O profeta é prepara-
do para a sua missão específica a
partir de uma visão do Senhor no
Templo. Ele faz a extraordinária
afirmação de que viu o Senhor,
imaginando, a figura mais pode-
rosa da experiência da sua época.
Ao afirmar ter visto o Senhor,
manifesta considerável autoridade
à mensagem profética. Diante da
O livro do
profeta Isaías
é citado mais
de 300 vezes
no Novo
Testamento.
santidade de Deus, o profeta faz
sua confissão de impureza, mesmo
sem mencionar nenhum pecado.
A impureza é inerente à condição
humana e isso o compromete na
presença de Deus. O remédio é
drástico: seus lábios são purifi-
cados com uma brasa. A boca do
profeta é tocada, ele não pode
falar as próprias palavras, mas as
de Deus. Essas palavras o tornam
representante de Deus que realiza
ações de salvação. Sua autoridade
é clara: ele, o profeta, deixou de
agir e falar por si, mas o faz agora
em nome de seu Deus.
Não apenas sua palavra, mas
toda a sua vida torna-se um oráculo
do Senhor. A visão, a experiência
de Deus que o profeta tem, não é
um fim em si mesmo. Ao contrá-
rio, é a condição para a missão a
ser assumida. Por isso, preparado
pelo Senhor, ele se coloca em dis-
ponibilidade total para abraçá-la:
“Eis-me aqui, envia-me!”
Para Isaías, a exaltação de Deus
é o corolário da finitude humana.
As pretensões humanas ao poder
são patéticas e fadadas ao fracasso.
Em consequência disso, o profeta
critica bastante as tentativas dos
reis de Judá de manobrar a política
do poder ou mesmo de controlar
o próprio destino. Ele entra em
conflito com os sábios, conselheiros
profissionais do rei, cujos planos
são anulados pelo “plano do Santo
de Israel” (5, 19).
A teologia política de Isaías usa
tradições populares de maneira
irônica. A ironia é melhor entidade
no nome simbólico Emanuel. Por
ironia, Judá e Israel eram vul-
neráveis à cobiça assíria porque
tinham certo grau de riqueza e
luxo. Se levassem uma vida mais
simples, sem riqueza nem poder,
seriam deixados em paz. O reino
ideal esboçado em Isaías 11 não
é um império poderoso, mas um
império de paz e simplicidade.
Entendemos porque os cristãos
primitivos viviam entre as profecias
de Isaías e o reino proclamado
por Jesus.
O ideal de Isaías, simplicida-
de social, não foi concebido em
isolamento rural. Ele era um pro-
feta urbano, familiarizado com
o Templo. Tinha acesso ao rei
como uma espécie de conselheiro
político, tanto nos primeiros dias
de guerra siro-efraimita como na
época de Senaquerib, no fim de
sua missão. Era homem culto,
como deduzimos de seu domínio
do verso hebraico e de sua fami-
liaridade com a política interna-
cional. Sua visão social e política
não se originam da ingenuidade,
mas de suas convicções teológicas
fundamentais.
Mais de dois mil anos depois,
os ideais políticos de Isaías não
perderam nada de sua relevância
para as questões de política nacio-
nal e internacional e o bem-estar
da sociedade. 
Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 11
 TESTEMUNHO

Deixar-se encontrar
“Deus ama pessoas para nos enviar a anunciar
a Boa Notícia aos povos, além das
quem dá com fronteiras do nosso próprio país.
A minha vocação começou na
alegria...!"
(2Cor 9, 7) minha família que é muito religiosa.
Minha mãe foi uma mulher de fé
de Clemência Alves Sicupira e oração. Rezava sempre para ter
um filho sacerdote, e Deus lhe deu
duas filhas missionárias.Deus amou
Para meu pai não foi assim
simples. Ele chegou a me dizer:
“Eu te dou um mês para você ir
e retornar”. No entanto, Deus foi
me moldando, me amando, e fiz os
primeiros votos, a Consagração a
Deus. Em seguida, fui para a Itália
continuar a minha formação. Foram
dois anos apenas, tempo de graças

N
este ano de 2020, o papa muito minha mãe, que soube dar e bênçãos que reforçou a minha
Francisco, em sua mensa- com alegria duas filhas para Deus. entrega ao Senhor para a Missão.
gem para o dia Mundial de Que lindo gesto! Tudo começou Ao retornar ao Brasil, comple-
Orações pelas Vocações, quando eu tinha 17 anos, tempo tei a minha formação acadêmica,
nos oferece como tema: da inquietude, de crise, do “vai e fazendo o curso de enfermagem,
“Amados e escolhidos por Deus”. vem”, do vazio interior. Foi justa- um instrumento muito útil para
É uma expressão gratificante para mente nesse tempo tumultuado a atividade missionária. Ao final
nós que, desde sempre acreditamos que Deus me chamou para uma do curso fiz os votos perpétuos,
que Deus nos amou com amor vida nova. Eu não podia acreditar, meu sim definitivo a Deus e retor-
eterno e nos escolheu entre tantas mas para Deus nada é impossível. nei novamente à Itália, desejosa
ARQUIVO MC

Irmã Clemência em trabalho de evangelização com jovens no Jardim Peri, São Paulo, SP.

12 OUTUBRO 2020 MISSÕES

da bênção do Pai Fundador, na
ocasião de sua beatificação: 7 de
outubro de 1990, em Roma. Esse
foi um momento privilegiado de
graça para mim, antes de chegar
finalmente à missão tão desejada
em Moçambique, que na época
estava mergulhado numa guerra
civil. As viagens pelo interior do país
eram difíceis, devido aos contínuos
ataques da guerrilha. Após várias
tentativas, finalmente cheguei a
Montepuez, minha comunidade
de Missão. Lá estavam as irmãs
da Consolata que me acolheram
com tanta alegria e esperança;
e eu muito feliz por ter chegado.
Na semana seguinte eu já estava
no hospital trabalhando com a
irmã Teresa José. Assim iniciei a
minha nova Missão. “Deus ama
quem dá com alegria”. Com gran-
de coragem, todas as manhãs eu
ia cuidar os doentes e feridos de
guerra. Foi então um tempo de
muito sofrimento para mim que
estava apenas chegando de um país
que tinha tudo, enquanto que em
Moçambique, país muito pobre e
dilacerado pela guerra, havia falta
até do necessário (água, luz etc.).
Além do trabalho no hospital, vi-
sitava os leprosos duas vezes por
semana na aldeia, levando para
eles medicamentos, cobertores,
sabão etc. A guerra acabou no
ano de 1992 e voltamos a viver
tempos de paz.
Parteira
Após sete anos, fui transferida
para outra missão do país, para
coordenar um Centro Nutricional
de crianças malnutridas e traba-
lhar na maternidade de um pe-
queno hospital com outras duas
enfermeiras. Ali também foram
experiências inesquecíveis, pois os
partos aconteciam sempre à noite.
Às vezes tinha que acompanhar as
parturientes com graves complica-
ções até ao hospital da capital, onde
havia médico, a uma distância de
250 km. Eram frequentes os casos
de partos serem realizados durante
a viagem. Só Deus sabe o que se
passava comigo naquelas horas de
aflição, sozinha, sem poder pedir
um parecer para alguém; quem
me socorria naquelas horas difíceis
eram a Virgem Consolata e o nosso
Fundador, com aquelas palavras de
São Paulo que me impulsionavam
sempre. “Deus ama quem dá com
alegria”. Eu tinha plena convicção,
que Deus me amava e assim provi-
denciava tudo naquelas horas mais
difíceis, sempre sussurrando em
meu ouvido: não temas, eu estou
contigo!
Naquela Missão eu fiquei três
anos, quando fui transferida para o
sul do país. Aí também me aconte-
ceram tantas aventuras no trabalho
de animação das Comunidades e
pastoral da juventude. Foram anos
inesquecíveis.
Cuidar da mãe
Depois de 23 anos de Missão
Ad Gentes eu senti que Deus me
chamava para outra missão: cuidar
da minha mãe que se encontrava
muito doente, com Parkinson. Assim
em 2006 retornei ao Brasil para
cuidar dela, assistindo-a dia e noite.
Ela animava a todos nós com sua
fé e doação, mas foram momentos
difíceis que não os esqueço, e em
2009 ela foi chamada à casa do Pai.
Enfim, a nossa vida missionária
é cheia de tantos momentos be-
los e também desafiadores, que
é impossível descrevê-los todos.
Depois, trabalhei três anos em
Dourados, MS, com os Povos Indí-
genas. Amei aquela Missão e me
sentia igual a eles em tudo: nas
celebrações, trabalhos e jogos de
capoeira com as crianças, amando
e servindo a todos com alegria.
Em 2016, fui transferida para
São Paulo, na Comunidade Nossa
Senhora Aparecida, do Jardim Peri,
onde trabalho com muita alegria
e dedicação, amando e servindo
minha gente nordestina. Interajo
com eles para ganhar a sua ami-
zade e confiança, que são valores
essenciais para o trabalho social e
de evangelização, principalmente
durante esse tempo de pandemia
com novo jeito de ser Missão. Co-
nhecemos novos amigos, novos
vizinhos, que nos apoiam para
socorrer as famílias mais carentes
das Comunidades com cestas bá-
sicas, kits de higiene e máscaras.
Outra experiência linda que
estamos vivenciando é uma maior
aproximação e participação das
pessoas na Celebração aos domin-
gos. Deus está tocando o coração
das pessoas para buscarem mais o
Senhor neste tempo de pandemia.
Que elas sejam agraciadas por
Deus na busca da sua misericórdia
infinita e que possam viver com
coração humilde e sincero.
Termino com o apelo do papa
Francisco a todos nós: “Convido todo
cristão a renovar hoje mesmo o seu
encontro pessoal com Jesus Cristo
ou pelo menos, a tomar a decisão
de se deixar encontrar por Ele, de
procurá-lo dia a dia sem cessar”. 
Clemência Alves Sicupira é Missionária da Consolata em
São Paulo, SP.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 13
 FORMAÇÃO MISSIONÁRIA

A vida
é missão de Maurício da Silva Jardim

A
vida é missão, “Eis-me aqui,
envia-me” (Is 6,8) é o tema
e o lema do mês missio-
nário. Com essa temática,
recordarmos pessoas que
fazem de sua vida uma missão. São
cristãos leigos e leigas, consagrados
e consagradas e ministros ordena-
dos que, encontrados pelo amor
misericordioso de Deus, fizeram
de suas vidas uma missão. São
testemunhas apaixonadas pelo
Evangelho que transbordam o
amor misericordioso de Deus nas
realidades onde vivem.
Essa temática é inspirada na
Campanha da Fraternidade e na
exortação Apostólica Evangelii
Gaudium que acentua o caráter
existencial da missão. “A missão
no coração do povo não é uma
parte da minha vida, ou ornamento
que posso pôr de lado; não é um
apêndice ou um momento entre
tantos outros da minha vida. É algo
que não posso arrancar do meu ser,
se não quero me destruir. Eu sou
uma missão de Deus nesta terra, e A mensagem do
para isso estou neste mundo” (EG, papa Francisco
273). Ser discípulo missionário está
além de cumprir tarefas ou fazer para o Dia
coisas, exige uma doação total. Está Mundial das
na ordem do ser e não se reduz a
algumas horas do dia. O papa define
Missões.
14 OUTUBRO 2020 MISSÕES
a missão como “paixão por Jesus
Cristo e simultaneamente paixão
pelo seu povo” (EG, 268).
Na mensagem para o Dia Mun-
dial das Missões, o papa Francisco,
destaca: "Eis-me aqui, envia-me. É
a resposta sempre nova à pergunta
do Senhor: Quem enviarei? (Is 6,
8). Esse chamado vem do coração
de Deus, da sua misericórdia, que
interpela tanto a Igreja quanto a
humanidade na atual crise mundial
(...) Na cruz, Deus revela que o seu
amor é para todos, para cada um
de nós. E pede nossa disponibilida-
de pessoal para sermos enviados,
porque Ele é Amor em constante
movimento missionário, sempre
saindo de si mesmo para dar vida
(...) A missão, a “Igreja em saída”,
não é um programa, uma intenção
a ser concretizada por pura força
de vontade. É Cristo que faz a Igreja
sair de si mesma. Na missão de
anunciar o Evangelho, nos move-
mos porque o Espírito nos empurra
e conduz. Deus sempre nos ama
primeiro e com esse amor chega
até nós e nos chama".
Resposta livre e
consciente
Continua o papa: “A missão é
uma resposta livre e consciente
ao chamado de Deus. No entanto,
discernimos esse chamado apenas
quando vivemos uma relação pes-
soal de amor com Jesus vivo na sua
Igreja. Perguntemo-nos: Estamos
prontos a acolher a presença do
Espírito Santo em nossa vida, para
ouvir o chamado à missão, tanto
no casamento, como na virgindade
consagrada ou no sacerdócio orde-
nado e, em qualquer caso, na vida
cotidiana comum? Estamos dispos-
tos a ser enviados para qualquer
lugar a fim de testemunhar a nossa
fé em Deus, o Pai misericordioso,
proclamar o Evangelho da salvação
de Jesus Cristo, compartilhar a vida
divina do Espírito Santo edificando
a Igreja? Estamos prontos, como
Maria, a Mãe de Jesus, a nos co-
locar sem reservas ao serviço da
vontade de Deus (cf. Lc 1, 38)? Essa
disponibilidade interior é muito
importante para responder a Deus:
Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf.
Is 6, 8). E isso respondido não em
abstrato, mas na Igreja e na história
de hoje”.
Celebrar o Dia Mundial das
Missões, segundo o papa, “sig-
nifica reafirmar que a oração, a
reflexão e a ajuda material são
oportunidades para participar ati-
vamente da missão de Jesus em
sua Igreja. A caridade, expressa
nas coletas do terceiro domingo
de outubro, destina-se a apoiar o
trabalho missionário realizado em
meu nome pelas Obras Missioná-
rias Pontifícias, a fim de atender às
Padre Jean Tuluba realizando celebração de batismo em Roraima.
necessidades espirituais e materiais
dos povos e das Igrejas, em todo o
mundo, para a salvação de todos”.
Em tempos de pandemia, realizar
essa campanha exige criatividade,
reflexão e atenção ao que se impõe.
Por isso, sugerimos adaptações ao
novo normal na utilização dos ma-
teriais da Campanha Missionária,
enviados às arquidioceses, dioceses
e prelazias. Propomos aos conselhos
missionários que facilitem o acesso
do material presencial e virtual às
comunidades, valorizando a vivência
da Igreja doméstica. Incentivamos
fazer o lançamento diocesano da
campanha, realizar formações e
produzir #lives e outras modalidades
virtuais que possam refletir o tema
e rezar a novena missionária.
Junto ao material da campanha,
foi enviada a mensagem do papa
Francisco para o Dia Mundial das
Missões e a prestação de contas da
coleta missionária de 2019. O fundo
internacional de solidariedade aju-
dou na formação, animação e coo-
peração missionária em diferentes
projetos pelos cinco continentes:
catequese, obras sociais, hospi-
tais, leprosários, asilos, orfanatos,
postos de saúde, centros de saúde
mental, escolas, atendimentos à
ARQUIVO IMC
família, formação missionária Ad
Gentes etc. Na última campanha,
o Brasil contribuiu para este fundo
com o valor de R$8.854.027,18.
Para facilitar as doações da coleta
missionária em 2020, iremos criar
um QR Code para facilitar as doa-
ções sem sair de casa.
Desejamos que a missão seja de
fato, “uma paixão por Jesus Cristo
e simultaneamente uma paixão
pelo seu povo” (EG, 268). 
Maurício da Silva Jardim é Diretor Nacional das POM.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 15
 FÉ EM AÇÃO
Qualidade,
e não quantidade
O desafio é ímpar: produzir
mais (bem-estar) com menos
(recursos naturais). Produzir mais
qualidade (desenvolvimento), e não
quantidade (crescimento).
de Marcus Eduardo de Oliveira*
A
Ciência Econômica, oportunamente, precisa se
pautar no nobre serviço de promover e difundir
alternativas para uma conservação dos ecos-
sistemas e da biodiversidade de forma ampla,
sendo capaz ainda de diferenciar em sua relação
com o meio ambiente, o saudável, do nocivo. Por isso a
sociedade deve ter em conta a seguinte premissa: fazer
crescer a atividade econômica sem limites, de forma
ininterrupta, significa usar mais o meio ambiente; logo,
mais crescimento significa então, de forma direta e
objetiva, menos meio ambiente. Isso é de fundamental
importância para a conquista do equilíbrio ecológico.
O que não se pode, outrossim, é continuar aceitando
pacificamente a existência de um fluxo monetário que
somente “enxerga” a natureza como uma externalidade,
fazendo do crescimento exagerado da economia de
mercado fator que acarreta a desfiguração do semblante
da natureza. Esse talvez seja o erro mais imperdoável
do sistema econômico moderno, afinal de contas,
transformou a natureza em fonte de lucro.
Mercantilização da natureza
Ocorre que a atividade econômica global pós-in-
dustrialização mercantilizou a natureza e, desde então,
não reconhece que a capacidade dessa é limitada
16 OUTUBRO 2020 MISSÕES
DIVULGAÇÃO
para absorver o consumo excessivo dos dias de hoje.
Lamentavelmente, a tradição neoclássica (que molda
a maneira de pensar dos economistas modernos) es-
timula a busca de crescimento econômico contínuo,
sem limites e sem respeito aos padrões ecológicos e
ecossistêmicos, defendendo com isso a possibilidade
de promover melhorias no modo de viver. Ao mesmo
tempo em que reconhece a existência de possíveis
problemas decorrentes da degradação ambiental, essa
escola (economia neoclássica) postula que crescimento
econômico extra é capaz de solucioná-los, bem como
aumentar o bem-estar e senso de justiça dentro das
sociedades.
Fato concreto, no entanto, é que desde tempos
imemoriais a economia tradicional não tem dado a
devida importância à questão ambiental. Na verdade,
nunca se discutiu de forma séria nos meandros da escola
neoclássica a ideia central de que a economia é um sub-
sistema da biosfera, tampouco se discute possibilidades
de mudar os padrões de consumo e produção, visando
assegurar qualidade (bem-estar) de vida a todos. O pen-
samento econômico tradicional tem de adotar a ideia
central de que limite não é o mesmo que paralisia. Daí
a necessidade de limitar o crescimento sem estancar
o desenvolvimento. Aqui se reclama então a adoção
de um novo paradigma econômico que convirja com a
ecologia. O desafio é ímpar: produzir mais (bem-estar)
com menos (recursos naturais). Produzir mais qualidade
(desenvolvimento), e não quantidade (crescimento).
Estejamos certos, contudo, que o futuro da vida, e
especialmente da vida humana na Terra, dependerá
essencialmente do rumo que se der hoje à economia. 
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e ativista ambiental.
prof.marcuseduardo@bol.com.br
 Espírito
e vida de fé
da Redação
N
ão basta, efetivamente, ter
fé. Os demônios também a
possuem. Eles creem e tre-
mem (Tg 2, 19). Se a nossa
fé não se manifestar em obras, é
morta. “A fé, sem obras, é morta”
(Tg 2, 20). É preciso viver de fé. “O
meu justo vive de fé” (Hb 10, 38).
DIVULGAÇÃO
Os patriarcas tiveram esta fé prática
como bem o demonstra São Paulo
na carta aos hebreus.
Viver de fé significa: viver de
acordo com os ditames da fé. O
espírito de fé deve, portanto, acom-
panhar-nos em todos os atos de
nossa vida: de manhã, de tarde e
de noite. A fé deve ser o princípio,
a regra de nossos sentimentos e
de toda a nossa atividade. Temos
espírito de fé, se olharmos todas as
coisas segundo o critério que nos
oferece a mesma fé, se as julgamos
à sua luz, se lhe damos o valor que
ela lhes dá. Desçamos ao prático:
Pensamentos - todos os nossos
pensamentos devem ser conforme
a fé. É logico, não somos donos
dos pensamentos que despontam
de improviso, mas começamos a
sê-lo desde que os advertimos.
Afastemos, pois, os pensamentos
inúteis e quantos, se conhecidos,
nosenvergonhariam!
Quando nos dermos
conta de um pensa-
mento, perguntemo-
-nos: este pensamen-
to é do agrado de
Deus? Sim, somente
Deus. Tudo pertence
a Deus, tudo procede
de Deus, tudo vai a
Deus!
Juízos - Dos pen-
samentos se origi-
nam os juízos: juízos a
respeito dos aconte-
cimentos passados e
presentes, a respeito
das coisas terrenas: honras, capaci-
dades, bens etc. Que vale tudo isso
para a eternidade?
Afetos – Os nossos afetos são
todos regrados pelo espírito de fé?
Não alimentamos nenhum afeto ou
apego que contradiga este espírito?
Não falo de afetos maus, de amiza-
des exclusivas; aqui todos devemos
amar-nos como irmãos, a ponto de
não sabermos dizer quem amamos
mais. Refiro-me a apegos que nos
podem prender a coisas de somenos
Família
consolata
A fé, sem obras, é
morta (Tg 2, 20). É
preciso viver de fé.
importância, que nos impedem de
sermos santamente indiferentes a
tudo, de pertencermos totalmente
a Deus. Às vezes, por um santinho
descompomos tudo e todos. “É
meu!” É teu coisa nenhuma! É de
Deus!
Palavras – “A boca fala do que
lhe transborda do coração” (Mt 12,
34) Se o coração está cheio de Deus,
as palavras o manifestam. As nossas
palavras deveriam sempre trazer
o timbre da piedade, da caridade,
da prudência, portanto, nada de
conversações terrenas, profanas
e carnais.
Obras – Em todas as nossas
ações, devemos nos regular segundo
o espírito de fé. Não basta uma fé
teórica, abstrata, necessitamos da
fé prática.
Comportamento – não queira-
mos olhar e ouvir tudo; não sejamos
curiosos de coisas mundanas, mas
desejemos unicamente as do céu.
Devemos ser modestos em tudo,
sempre, em toda a parte. Para ir a
Deus não necessitamos de muitas
palavras, mas de grande espirito de
fé. Todos poderão abandonar-nos.
Deus jamais! Peçamos, portanto,
um aumento de fé. Que um pingo
de fé domine sempre em tudo! 
Extraído do livro A Vida Espiritual - Páginas 185-187.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 17
 A Missão é dinâmica
Missionárias da a comunidade de Puerto Leguizamo,
Consolata realizam Colômbia, acompanha os indígenas
da cidade e ao longo dos rios Caquetá
encontro on- e Potumayo as etnias são: Kichwa,
line para debater Huitoto-Murui, Siona, Koreguaje.
questões ligadas aos A comunidade de Puerto Ayacuyo,
Venezuela, acompanha 13 diversas
Povos Indígenas do etnias. A comunidade de Tencua
continente latino- acompanha as etnias: Ye’kwana e
americano. Sanema; a comunidade de Norman-
dia, Roraima, Brasil)acompanha as
etnias: Macuxi, Uapixanas, Ingaricos
ARQUIVO
e compromisso. Uma Igreja que
foi capaz de romper com o tradi-
cionalismo e o colonialismo. Uma
grande dedicação à escuta de Deus,
até sentir com Ele o grito do povo
mais pobre, os excluídos. Apesar
do trabalho feito e o que se está
fazendo na Igreja, a realidade que
se vive hoje é de sofrimento, devido
às injustiças, indiferenças, individu-
alismo. A pandemia da Covid-19
atinge os mais pobres.

de Lina Beatrice Lucas Kessy
e Patamonas. A comunidade de
Catrimani, Roraima, Brasil trabalha
com a etnia Yanomami. A comu-
nidade de Sacaton Arizona, USA
acompanha a etnia Pima.
Encontro on-line
Nos dias 24, 26, 28 e 29 de agosto
de 2020 as comunidades do conti-
nente americano usufruindo a opor-
tunidade dos meios tecnológicos
atuais se conectaram para partilhar
as sínteses das reflexões do material
enviado, feitas nas comunidades
com o tema: “Os caminhos da Missão
na Igreja latino-americana: visão
teológica e práxis desde Medellín até
os nossos dias - Querida Amazônia”.
O questionamento oferecido para
Grandes desafios
Entrar na realidade com atitudes
de aprender, escutar, humildade, dar
e receber e ser flexível. Tudo isto nos
convida a um caminho de conver-
são contínua. A inculturação como
encarnação, o conhecimento da
cultura: usos, costumes, tradições,
mitos e espiritualidade. A assunção
da cultura: saber nos comunicar
com a linguagem do povo e deixar
que o povo seja protagonista da
inculturação da sua Igreja.
Acompanhar o povo na resistên-
cia de assumir a própria identidade
cultural devido à história vivida,
marcada pela discriminação.
Cada comunidade tem a sua

A
s comunidades das irmãs
missionárias da Consolata
trabalham com os povos
originários no continente
americano: Dourados, Mato
Grosso do Sul, Brasil, com as grandes
etnias: Guarani, Kaiowa e Terena;
Isla de Canãs que se encontra no
norte de Argentina na fronteira com
a Bolívia, a comunidade acompa-
nha o povo Kolla; Vilacaya Bolívia
acompanha o povo andino Kechwa;
o aprofundamento: à luz da cami-
nhada da Igreja e olhando a situa-
ção atual: eclesial, social, cultural,
política, econômica, e pandemia:
que desafios, que perspectivas?
As partilhas expressaram a gra-
tidão a Deus, pela grande cami-
nhada da Igreja Latino-americana.
Percebe-se o contínuo crescimento
na sua identidade missionária, um
caminho feito entre luzes e sombras,
de conflitos e também martírio
realidade, o seu contexto, sua cami-
nhada própria, seus sonhos e suas
perspectivas. O que é importante
é deixar que o Espírito nos fale e
que seja escutado porque é Ele que
anima e dá a vida à Missão. O Espí-
rito Santo age como quer, quando
e onde quiser. É Ele o protagonista
da missão e espera de nós abertura
e docilidade. 
Lina Beatrice Lucas Kessy, MC, é missionária da Consolata.

QUER
QUERSER MISSIONÁRIO?
SER MISSIONÁRIO? QUER
QUERSER MISSIONÁRIA?
SER MISSIONÁRIA?
TEL.: (11) 2232.2383 TEL.: (11) 2231.0500
E-mail: amv@consolata.org.br E-mail: mc@consolata.org.br

18 OUTUBRO 2020 MISSÕES

Caminho de comunhão
Reuniões on-line
consolidam unificação
das Regiões Brasil
e Amazônia do
Instituto Missões
Consolata (IMC) e
definem coordenador e
secretário para a área.

de Stephen Ngari

O
processo da unificação das
Regiões Brasil e Amazônia
do Instituto Missões Con-
solata (IMC) está aconte-
cendo gradativamente.
Embora juridicamente aconte-
cesse na votação durante as duas
conferências das duas regiões,
no ano de 2018, a Direção Geral
do Instituto confirmou a decisão
em 2019.
O surgimento da pandemia da
Covid-19 paralisou parcialmente
o processo. O avanço das novas
tecnologias de comunicação e
a presença do sinal de internet
possibilitam os encontros virtuais
e ajudam a Região a responder ao
problema do isolamento social,
realizando reuniões e encontros e entre si. As atividades variaram, do grupo da Amazônia, Região
virtuais. independentemente da realidade Brasil, em vista de articular-se e
pastoral. A principal foi acompa- fortalecer a comunhão. Todas as
Primeiro encontro virtual nhar as famílias enlutadas e com comunidades foram representa-
Em agosto passado, os mem- dificuldade de se sustentar. Além das, mesmo as que não tem sinal
bros da Amazônia fizeram a pri- dessa solidariedade espiritual e de internet, como Catrimani, em
meira experiência de encontro vir- moral, foram distribuídas cestas Boa Vista, e Calungá.
tual. Aproveitaram para partilhar básicas e materiais da higiene e
como estavam vivendo o tempo proteção pessoal. Coordenação e Secretaria
da pandemia. Cada comunidade Desde a reunificação das duas
partilhou as dinâmicas adotadas Segundo encontro virtual regiões, a Amazônia estava sem
para se manter segura, mas sem No dia 23 de setembro, foi re- coordenação e secretaria. Portan-
perder a comunhão com as pessoas alizada a segunda reunião virtual to, a reunião de setembro tinha

OUTUBRO 2020 MISSÕES 19

 também o objetivo de nomear duas
pessoas para esses cargos. Antes,
porém, era necessário explicar o
papel do coordenador, que ajuda
na organização das atividades da
Região em comunhão e coerência
com a nova estrutura. Ele também
trabalha com e em comunhão com
os membros do Conselho Regional
presentes na área. A votação via
chat elegeu padre Oscar Liofo
como coordenador e padre Izaias
Nascimento como secretário, para
uma gestão de dois anos.
Os missionários sentiram a ne-
cessidade de combinar a frequên-
cia dos momentos principais dos
encontros. Foi combinado para se
realizar dois encontros por ano,
um em cada semestre. 

Stephen Ngari, imc, é missionário da Consolata na

Amazônia.

Ajude-nos e venha
fazer parte desta obra
Missões é o veículo de comunicação do Instituto Missões Consolata e retrata o
trabalho missionário de levar a consolação aos que sofrem, aos que andam tristes,
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20 OUTUBRO 2020 MISSÕES

 MISSÕES RESPONDE

Os dez mandamentos
do advogado católico
1º) ir à missa aos domingos
(preceito de direito divino: 3º man-
damento do decálogo).

2º) à medida do possível, não se

esquivar de atender às demandas
criminais (preceito de direito divino
positivo: Mt 25, 36).

3º) auxiliar os pobres, preferidos

de Jesus (Lc 4,18), patrocinando-
-lhes as contendas gratuitamente,
à medida do possível.

4º) envidar esforços em prol da

O advogado deve conciliação entre seu cliente e a
outra parte no processo, desde que
contemplar a não se vulnere a justiça comutativa.
realidade com os 5º) ser humilde no falar e, prin-
"óculos de Deus". cipalmente no escrever, a fim de
que as pessoas simples consigam
compreender as petições, as con-
testações, os apelos e os pareceres.
de Edson Luiz Sampel

6º) responder com generosidade

E
m 11 de agosto, comemora-se o Dia do Advogado. às consultas jurídicas de seu bispo
Quão importante o múnus desse operador do direito, ou de seu pároco.
tanto na seara social quanto no grêmio da Igreja!
Contudo, o advogado católico tem de contemplar a 7º) todo dia rezar ao menos
um pai-nosso e uma ave-maria,
realidade "com os óculos de Deus". Sem os parâme- pedindo a intercessão de Santo Ivo
tros da clave divina de interpretação dos acontecimentos, (padroeiro dos advogados).
o causídico claudica e a advocacia se depaupera em mero
ofício, não mais alcandorada aos cimos dos sublimes que- 8º) rezar ao menos uma ave-
fazeres da humanidade. -maria ou uma salve-rainha (“ad-
Os dez mandamentos ao lado visam a orientar o advoga- vogada nossa”) imediatamente
do no essencial que a advocacia possui como instrumento antes da audiência, impetrando a
intercessão de Santo Ivo, a fim de
de santificação. Afinal de contas, o homem foi criado para que a causa seja julgada com justiça.
conhecer, amar e servir a Deus (Compêndio do Catecismo
da Igreja Católica, n. 67). Como o advogado conjuga estes 9º) inscrever-se em associa-
três verbos, exercendo o labor jurídico? Os mandamentos ção de advogados ou de juristas
(alguns de direito divino), arrolados em ordem de impor- católicos.
tância, alvitram um caminho a trilhar. 
10º) nunca deixar de ser es-
Edson Luiz Sampel é professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da arqui- tudante de direito, reciclando-se
diocese de São Paulo). dia a dia.

OUTUBRO 2020 MISSÕES 21

 ÁFRICA
Liturgia católica
culturas africanas
Celebração eucarística
zairense no Vaticano
demonstra a importância
da inculturação.
de José Brás
Q
uando em 1 de dezem-
bro de 2019, por ocasião
da comemoração dos 25
anos de existência da ca-
pelania da comunidade
congolesa em Roma, o
papa Francisco presidiu à Eucaristia
na Basílica de São Pedro no Vati-
cano, certamente se deu um dia
histórico para todos os católicos
africanos. De fato, foi a primeira
vez que o chamado rito zairense
foi utilizado numa missa realizada
na Basílica, dando assim uma nota
muito positiva para esse que foi o
primeiro dia do Advento e início
deste nosso presente ano litúrgico.
O rito zairense foi aprovado pelo
então papa João Paulo II, em 1988,
como uma forma litúrgica legítima
para celebrar a missa católica, e
constituiu-se, então, como uma
adaptação da forma comum do
rito romano para a realidade da
República Democrática do Congo,
que naquela altura se denominava
Zaire. Dessa maneira, vimos que
no início da celebração teve lugar
a ladainha dos santos que inclui
também uma invocação dos ante-
passados e o elemento penitencial
inserido já depois da homilia e
22 OUTUBRO 2020 MISSÕES
Fiéis dançam e cantam em frente ao papa Francisco em missa para a comunidade católica congolesa de Roma
na Basílica de São Pedro, Vaticano, domingo, 1º de dezembro de 2019. (Foto AP/Alessandra Tarantino)
do Credo, verificando-se também
muitos gestos, danças e cantos
ritmados ao som de instrumentos
tradicionais africanos, durante toda
a celebração.
Canal de evangelização
De fato, ter um ritual próprio
não é apenas dar um toque de exo-
tismo às celebrações, introduzindo
vestes coloridas ou cantos com
ritmos diferentes ou estranhos.
Ter um ritual próprio passa pelo
assumir dos gestos, da linguagem
e por elementos que constituem
a vida e a cultura dos povos onde
essa celebração se dá. Talvez para
muitos que tenham uma visão mais
fundamentalista de como deve
ser celebrada uma missa, essa
celebração presidida pelo papa
Francisco, com as danças e os sons
dos instrumentos africanos, não
passou de um atentado à tradição
litúrgica católica ou da inserção de
expressões de paganismo dentro
da Eucaristia.
Se desde tempos imemoriais
a missa celebrada pelo papa no
Vaticano é modelo para as demais
celebrações do mundo católico,
então o papa Francisco certa-
mente nos está desafiando de
forma muito clara a levar a cabo
a sua perspectiva missionária de
uma Igreja em saída, onde as
línguas e culturas se tornem de
fato verdadeiros canais para a
evangelização do nosso mundo
contemporâneo. Essa perspectiva
deverá orientar também as dife-
rentes dioceses espalhadas pelo
mundo a encontrar caminhos que
levem a uma renovação da pas-
toral litúrgica, de maneira a que
incorporem elementos que faci-
litem a integração dos diferentes
grupos culturais que constituem
as comunidades eclesiais. E, muito
concretamente, aqui no Brasil
para que se dê uma verdadei-
ra valorização das diversidades
culturais nas nossas dioceses e
comunidades, principalmente
das comunidades afrobrasileiras,
onde desejamos que as pessoas
tenham celebrações eucarísticas
vivas e plenas de sentido. 
José Brás, imc, é professo em São Paulo, SP.

A Ásia é um
continente de
Missão?
de Geoffrey Boriga
P
aramos por um momento e nos perguntamos
uma questão fundamental. Será que a Ásia é
realmente um continente de Missão? Mas,
antes de prosseguir para responder a esta
pergunta, outra é levantada, qual a maior
riqueza do continente? Já no ano de 1996, o então
papa João Paulo II antecipou-se a responder se a Ásia
é continente de missão, por ocasião da Assembleia
Especial do Sínodo dos Bispos para
a Ásia. Ele foi adiante para indicar
que a Ásia é um vasto continente
de recursos abundantes. Em termos
geográficos, é difícil determinar a
lista dos países que constituem
todo o território. No entanto, pode
ser considerado como a vasta área
que fica entre o Oriente Médio e
o Extremo Oriente. Isso inclui o
Oriente Médio, os países do Golfo,
os países do sul da Ásia, os países
da Ásia Central, os países do sudes-
te Asiático, a Sibéria asiática e os
países do Extremo Oriente.
Pluralidade de religiões
Esta extensa área foi a mãe de muitas raças e povos
e o panteão das grandes religiões do mundo, que
resultaram da longa busca dos povos asiáticos pelo
significado e destino da humanidade e do universo.
Não há dúvida de que alguns dos sistemas e orga-
nizações religiosos, filosóficos, sociais e linguísticos
mais profundos e elaborados conhecidos na história,
surgiram como resultado de sábios, santos e religiosos
visionários asiáticos desde tempos imemoriais. Eles
guiaram o destino de milhões de pessoas ao longo
dos séculos e milênios.
ÁSIA
A maior riqueza
do continente
são seus povos
com suas
culturas ricas e
milenares.
A maior riqueza da Ásia são seus povos com suas
culturas ricas e milenares. Eles são geralmente co-
nhecidos por sua ênfase na laboriosidade, bem como
sua perseverança e resiliência. Os valores religiosos
e culturais, por exemplo, amor pela investigação
filosófica, contemplação, simplicidade, desprendi-
mento, silêncio, não-violência etc., são considerados
pelos povos asiáticos como elementos fundamentais.
Um profundo senso de religião, amor pela família,
respeito pela vida, compaixão por todos os seres,
amor e proximidade com a natureza, respeito pelos
REUTERS
pais, idosos e ancestrais e senso de comunidade são
outras fontes de força para os povos da Ásia.
A pluralidade de religiões tem sido um fato constante
na história da Ásia. Apesar das tensões ocasionais e
até das guerras, a Ásia tem demonstrado um grande
grau de tolerância religiosa e coexistência pacífica. Em
todos os momentos, houve um diálogo de vida entre
as religiões, um sentido de pertença e um desejo de
enriquecimento mútuo. (continua na próxima edição) 
Geoffrey Boriga, imc, é missionário na Ásia.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 23
 DESTAQUE

Campanha Missionária
na Pandemia
A celebração para o Dia Mundial das Missões foi confirmada pelo papa
Francisco, pela Congregação para Evangelização dos Povos e pela direção
internacional das Pontifícias Obras Missionárias em Roma.

de Maurício da Silva Jardim que iríamos enfrentar a tempestade inspirador para os momentos de
da pandemia do Coronavírus, que fragilidade, isolamento, dor e insta-
mudou nosso ritmo de vida e nos bilidade. A pandemia que perdura

N
o Brasil, o mês missionário
é celebrado em outubro
desde 1972, em que se
produzem materiais a par-
tir de um tema e lema para
ajudar na reflexão e animação do
mês. Quando, em dezembro de
2019, estávamos definindo o tema
e o lema da Campanha Missionária
para este 2020, nem imaginávamos
convidou ao recuo criativo para
seguirmos com as atividades pas-
torais. Embora surpreendidos pela
pandemia, mantivemos o envio dos
materiais para as Igrejas locais, para
serem utilizados de forma nova e
criativa, conforme a realidade e as
limitações possibilitarem.
O tema escolhido “A vida é mis-
são” oferece a todos nós um norte
em nosso país nos interpela a um
novo normal missionário, marcado
pelo testemunho de vida que não
se reduz a atividades, mas nos
interpela ao que é essencial à vida.
Em tempos de isolamento so-
cial, o papa Francisco nos convida
a interpretar o que Deus está nos
dizendo: “A impossibilidade de
nos reunirmos como Igreja para

24 OUTUBRO 2020 MISSÕES

celebrar a Eucaristia nos fez com-
partilhar a condição de muitas
comunidades cristãs que não po-
dem celebrar a missa todos os
domingos. Nesse contexto, é-nos
dirigida novamente a pergunta de
Deus: ‘Quem enviarei?’ – e aguarda,
de nós, uma resposta generosa e
convicta: ‘Eis-me aqui, envia-me’
(Is 6, 8)".
Diante da impossibilidade de en-
contros presenciais, os Conselhos
Missionários Diocesanos, em
sintonia com as orientações
das Igrejas locais, são convi-
dados a animar esta edição
da Campanha Missionária
adaptados ao novo normal,
no qual “muitas portas foram
fechadas e novas janelas se
abriram” conforme afirmou
o cardeal Tagle no encontro
virtual com os diretores das
POM.
A missão não para, mesmo
em tempos de pandemia,
é permanente. É tempo de
acentuarmos nosso ser mis-
sionário que não se esgota nas
atividades ou parte de nossas
vidas. Desejamos que os ma-
teriais enviados às dioceses
contribuam para a animação
e cooperação missionária.
Contamos com o apoio dos
párocos e Conselhos Missio-
nários para que o material
possa chegar a todas as co-
munidades e famílias.
Cartaz
O cartaz da Campanha Mis-
sionária de 2020 foi idealizado
pelo conceito base de ter a missão
como janela aberta para a vida.
A imagem da janela representa a
capacidade de o ser humano inte-
ragir com o mundo ao seu redor
e, assim, despertar interesse real
e generoso pelo seu semelhante.
No centro dessa janela aberta para
a vida, encontra-se a figura do
papa Francisco em uma postura de
espontaneidade, de quem acolhe,
se envolve e cuida.
Novena Missionária
A Novena Missionária convida
a mergulhar no tema da vida, vida
que se faz missão pelas diferen-
tes realidades do Brasil que tem
presente tantas dores, feridas
trazidas pela pandemia do Coro-
navírus. Cada um de nós, sensíveis
a essa experiência, aprende a
ser uma Igreja mais samaritana,
sinodal em estado permanen-
te de missão. Durante os nove
dias, rezaremos o tema “A vida
é missão” que se desdobra na
vida missionária das famílias; dos
seminaristas; da vida consagrada;
da infâvncia e adolescência mis-
sionária; dos ministros ordenados;
da juventude; da Amazônia e dos
idosos e enfermos. A capa do
livrinho também traz o Zapcode.
Para utilizá-lo basta baixar gratui-
tamente o Aplicativo Zappar no
Smartphone (celular e tablet).
Ao direcionar o aparelho para
a capa, é possível assistir a um
vídeo e acessar os conteúdos da
Campanha Missionária.
Vídeos
Os testemunhos gravados em
vídeo ficarão disponíveis apenas no
site e nas redes sociais das POM.
Os vídeos foram produzidos em
parceria com a TV Aparecida, a qual
irá disponibilizar uma programação
especial durante o mês de outubro.
Santinho dos Padroeiros
Foram confeccionadas duas ver-
sões dos santinhos com os Padro-
eiros da Missão, São Francisco
Xavier e Santa Teresinha do
Menino Jesus. O material traz
a Oração da Campanha Mis-
sionária. Também é possível
utilizar o Zapcode. Basta baixar
gratuitamente o Aplicativo Za-
ppar no Smartphone (celular e
tablet). Depois, ao direcionar
o aparelho para o santinho é
possível assistir a uma anima-
ção e acessar os conteúdos da
Campanha Missionária.
Envelopes para a coleta
O envelope deve ser utilizado
exclusivamente para a Coleta do
Dia Mundial das Missões, feita
nas celebrações do penúltimo
final de semana de outubro (este
ano, dias 17 e 18). As ofertas de-
vem ser integralmente enviadas
às Pontifícias Obras Missionárias
(POM) que as repassam ao Fun-
do Universal de Solidariedade
para apoiar projetos em todo
o mundo.
Oração dos Fiéis
As orações dos fiéis para os
quatro domingos de outubro in-
cluem um comentário inicial e a
Oração da Campanha. As orações
encontram-se disponíveis em PDF e
podem ser projetadas no aparelho
multimídia para que a comunidade,
reunida em celebração, acompanhe
e reze em sintonia com a temática
da Campanha Missionária. Além
disso, estarão inseridas em alguns
Folhetos Litúrgicos. 
Maurício da Silva Jardim é Diretor Nacional das POM.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 25
 ESPECIAL
Coronavírus
reinventa a escola
Irmãs Missionárias
Capuchinhas enfrentam
pandemia em escola no Ceará.
de Marli Maria e Silva
A
Escola Nossa Senhora da Assunção (ENSA)
pertence à Congregação das Irmãs Missio-
nárias Capuchinhas (IMC); foi fundada há 58
anos pelo zelo apostólico de Irmã Antonina
Maria. Está localizada em Fortaleza, Ceará.
A escola atende crianças em situação de vulnerabi-
lidade, do bairro e adjacências. Elas fazem parte dos
segmentos Infantil e Fundamental I e são da faixa
etária compreendida entre os 2 e 12 anos de idade.
Com a pandemia do Coronavírus, tivemos que nos
reinventar da noite para o dia, ou seja, num curto
espaço de tempo todo o calendário acadêmico foi
modificado. A princípio tivemos que nos aprimorar
em algumas ferramentas: youtube, edição de vídeos,
whatsapp e começamos a gravar as aulas, salvá-las
no youtube e repassá-las aos alunos e, nessa dinâ-
mica, gravamos também os momentos de oração e
a prática dos valores, de modo criativo e didático.
A seguir, começamos a usar o aplicativo do Google
meet para encontros informais, para que as crianças
se vissem e se comunicassem; usamos também para
aulas on-line, uma vez por semana. Além das aulas,
são oferecidos os atendimentos virtuais. Destacamos
também as reuniões on-line com os pais, realizadas
por turmas e com todos no geral, como forma de
aproximação da escola e família, e os eventos reli-
giosos e pontuais como a Festa de Nossa Senhora da
Assunção (Patrona da Escola).
26 OUTUBRO 2020 MISSÕES
Ajuda mútua
Na área financeira, fomos impactadas diretamente,
pois muitos pais de nossos alunos são autônomos,
vendedores ambulantes, diaristas, pescadores, fun-
cionários de pequenos comércios e tristemente per-
deram seu “ganha pão” ou viram sua renda familiar
cair. Nessa trajetória, também recebemos ajuda para
honrar os nossos compromissos empregatícios (lou-
vamos a Deus por não termos demitido ninguém) e
adquirirmos materiais necessários para preparar a
escola para um futuro retorno às aulas presenciais.
Apesar de toda essa problemática, não podemos
de modo algum deixar de vislumbrar as situações
positivas que surgiram ou se tornaram mais eviden-
tes com essa pandemia; por exemplo: os inúmeros
gestos de solidariedade e ajuda mútua; o uso das
tecnologias a serviço da educação e da família: cer-
tamente a ENSA não será mais a mesma; as pessoas
descobriram que são capazes de ir além de suas
forças, tantas as descobertas pessoais e profissio-
nais que fizeram; a espiritualidade, independente
da religião ou credo professado, foi intensificada;
há quem diga que “houve uma aproximação maior
de Deus”; quantos eventos on-line gratuitos foram
disponibilizados para atender a todas as pessoas,
tanto em nível profissional, acadêmico quanto de
autoajuda; surgiram frentes novas de empreende-
dorismo, trazendo autonomia aos desempregados.
Finalizo com um trecho de Isaías, 43. 2-3 que diz: “Se
tiveres de atravessar a água, estarei contigo e os rios
não te submergirão; se caminhares pelo fogo, não te
queimará, e a chama não te consumirá. Pois eu sou
o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, teu Salvador”.
Essas palavras, dirigidas outrora a Isaías, hoje são
dirigidas a cada um de nós. 
Marli Maria e Silva é Missionária Capuchinha em Fortaleza, Ceará.
 BÍBLIA

Cada palavra
um contexto

PAULA DIZARÓ/CANCAONOVA.COM
“Feliz o leitor e os ouvintes
das palavras desta profecia”
(Apocalipse 1,3)

de Mauro Negro

C
ada palavra da Bíblia tem um entorno, um
contexto que lhe dá sentido. Pode-se entender
isso com infinitos exemplos. A palavra “socorro”
pode ser um pedido de ajuda, uma expressão
de surpresa, um nome próprio de pessoa, uma
declaração de auxílio no futuro, um modo de expressar
um apoio etc. É o contexto em que ela surge que vai
determinar o seu sentido.
Outro tipo de contexto: o que gera a palavra. É o
contexto histórico, contexto literário, contexto ético
etc. Veja: uma palavra pode fazer parte de uma história
contada em uma situação de guerra, ou de libertação;
ela pode ser usada em um poema, como um salmo;
pode aparecer em um texto litúrgico, de gratidão, de
súplica, de intercessão.
Os brasileiros usam algumas expressões de intensi-
dade que, fora do contexto cultural, resultam estranhas,
como: “Estou morto de cansado!” A pessoa não está pelos que perseguem. Depois, quem leu ou ouviu a
morta, apenas cansada e, muito cansada. Alguém que palavra pela primeira vez deve compreender, a partir da
não entende o contexto pensará que o fulano está sua situação. Em Apocalipse 12 encontra-se a mulher
morto! Outras expressões no Brasil que causam difi- e o dragão. “Mulher”, no contexto do Apocalipse, é a
culdade: “pois sim”, que significa “não!”, e “pois não”, Igreja, comunidade dos que creem e seguem a Cristo,
que curiosamente significa “sim!” que aparece como Cordeiro. “Dragão” é o que se opõe
a Cristo, e que deseja devorar a criança que a mulher
Palavras e profecia dá à luz. Isso não é uma história fantástica, mas uma
Na Bíblia o contexto é de extrema importância para espécie de metáfora, de comparação com a realidade
a compreensão de uma palavra. É preciso compreender que os perseguidos encontravam.
o contexto em que ela foi gerada como experiência de No mesmo Apocalipse se encontra: “Feliz o leitor e
vida, como ela foi escrita e como ela foi lida e usada na os ouvintes das palavras desta profecia” (1, 3). Isto indica
sua origem. O desconhecimento destes pontos fará que elas, as palavras que vêm de Deus são proféticas,
com que a palavra não seja entendida adequadamente. levam à felicidade, que vai além do contentamento:
Um exemplo é o livro do Apocalipse, escrito em tempos indica futuro, segurança, salvação. 
de perseguição. Nestes tempos, é preciso ser esperto
para transmitir um conhecimento sem ser prejudicado Mauro Negro, OSJ. Biblista PUC São Paulo SP mauronegro@uol.com.br

OUTUBRO 2020 MISSÕES 27

 ENTREVISTA
Eis-me aqui, Senhor.
de Paulo Mzé
J
úlio Cesar Caldeira, mis-
sionário da Consolata, é
brasileiro e em 2010 partiu
para a Amazônia, mais pro-
priamente a Sucumbíos, na
tríplice fronteira entre Equador,
Colômbia e Peru, e atualmente é
o coordenador de comunicação a
nível pan-amazônico da Rede Eclesial
Pan-amazônica (REPAM).
Você costuma dizer que é bra-
sileiro de nascimento, mas é ama-
zônico por adoção. Explique esta
dinâmica da sua cidadania.
Faz 10 anos que sai do Brasil,
enviado a acompanhar os Povos
Indígenas kichwas da fronteira entre
Equador, Colômbia e Peru, em terri-
tório amazônico. Nasci no interior do
estado do Rio de Janeiro, na cidade
de Paraíba do Sul. Nessa realidade
só escutava falar (como algo longe
de mim) da Amazônia e dos Povos
Indígenas e, como a maioria dos
brasileiros, tinha uma visão muito
parcial e folclórica dessa realidade.
Graças a Deus e aos missionários da
Consolata, que me enviaram, pude
realizar um encontro verdadeiro com
a realidade amazônica e alguns dos
seus povos, como são o kichwas.
Aprendi muitas coisas, entre outras,
a conhecer essa realidade, amá-la
28 OUTUBRO 2020 MISSÕES
Envia-me!
Missionário da e buscar viver em harmonia nesse
Consolata é belo “santuário” natural: senti-me
acolhido e adotado pelos seus povos,
coordenador de tornando-me um “amazônico” (ou
comunicação da “cidadão pan-amazônico”).
rede Eclesial Pan-
No próximo mês, o Sínodo para a
amazônica. Amazônia vai completar o primeiro
aniversário de sua realização. O
que é memorável para você da
participação neste evento?
A palavra “sínodo” significa ca-
minhar juntos. Realmente todo o
processo sinodal, que tive a pos-
sibilidade de participar, foi de ca-
minhar junto como Igreja (bispos,
sacerdotes, religiosas, leigos, Povos
Indígenas, ribeirinhos, quilombolas
etc.). Desde a convocatória realiza-
da em 2017 pelo papa Francisco e
o caminho pré-sinodal realizado
em 2018 e 2019, a celebração do
Sínodo em outubro do ano pas-
sado e esse caminho pós-sinodal,
iluminados pelo Documento Final
e pela Exortação papal “Querida
Amazônia”, se viveu e vivemos como
um kairós, tempo de graça, onde o
Espírito de Deus atuou e foi abrindo
novos caminhos para “uma Igreja
com rosto amazônico e para uma
ecologia integral”, como foi o lema
do Sínodo. Algo inolvidável pra mim
foi ver a “Amazônia chegando em
Roma”, nesse encontro de culturas
que não será esquecido! Em vários
encontros com o papa, como nas
celebrações do dia de São Francisco,
na belíssima procissão inaugural
da Basílica de São Pedro (aos pés
do pescador) saindo com a barca
amazônica até a sala sinodal, as
missas na Basílica de São Pedro etc.
e em outros momentos marcantes,
como foram as atividades da “Tenda
Amazônia, Casa Comum”: o Pacto
das Catacumbas pela Casa Comum,
a celebração da reconciliação entre
a Igreja e os Povos Indígenas, a
Via Sacra dos mártires pelas ruas
de Roma até a praça de São Pedro
e tantas experiências partilhadas
pelos povos. Realmente se via e
sentia que “tudo estava interligado
nesta Casa Comum”.
O Sínodo avançou muito na
dimensão missionária da Igreja e
com o olhar muito especial para
a Amazônia. Fale do seu trabalho
na REPAM.
Tenho a alegria de participar,
como missionário da Consolata,
em parte do longo caminho da
REPAM. Antes do seu nascimento,
nos encontros amazônicos de 2011
da Conferência Latino-americana
dos Religiosos (CLAR), do processo
realizado no Equador em 2012-2013,
no encontro de Puyo em 2013 (que
foram germes para o nascimento
da REPAM), e que nos levou ao
encontro fundacional da REPAM
em 2014, em Brasília. Depois con-
tinuei apoiando nos eixos de Povos
Indígenas e comunicação, até que,
há um ano, comecei a integrar a
Secretaria Executiva em Quito, como
coordenador de comunicação da
Rede nos nove países. Realmente
tem sido uma experiência missio-
nária desafiante e enriquecedora,
por conhecer, ainda mais, tanta
diversidade de povos e culturas, e
tantos desafios que temos como
Igreja para chegar realmente a ter
um autêntico “rosto amazônico”,
como insiste o papa Francisco, nas
diversas dimensões: social, cultural,
ecológica e eclesial. O Sínodo nos
deixou, a nível comunicativo, dois
grandes desafios: criar uma Rede
A Amazônia e seus
povos precisam
de você! Ajude,
desde onde esteja,
economicamente, ou
venha ser missionário
presencialmente.
de Comunicação Católica Pan-ama-
zônica, e começar a pensar numa
comunicação desde, com e para os
povos amazônicos, especialmente a
partir da riqueza dos Povos Indíge-
nas. O desafio está lançado! Agora
é começar a pôr “mãos na massa”
entre todos e todas.
Como missionário da Consolata,
qual é o contributo que o Instituto
Missões Consolata (IMC) pode dar
para a Amazônia?
Os missionários da Consolata
já têm um longo caminho vivido e
realizado na Amazônia, com uma
grande experiência de décadas de
entrega nesse território e com seus
povos: desde 1948 em Roraima
(Brasil), 1951 no sul da Colômbia,
como também na Venezuela, Equa-
dor e Peru. Nosso carisma de ser
sinal de consolação de Deus no
meio dos povos é cada dia mais
necessário e urgente, especialmente
diante de tantos sinais de desolação
provocados pela violência física,
cultural, ecológica e social que ame-
açam a vida dos povos e do bioma
amazônico. Também a composição
intercultural e internacional dos
missionários, que provem de vários
países da América, África, Europa
e Ásia, cada um com sua riqueza,
ajuda a compreender a riqueza
dessa diversidade amazônica, com
mais de 300 povos com centenas de
idiomas e expressões culturais, que
mostram que é possível viver a “di-
versidade na unidade” como Igreja
na Amazônia e no mundo. Devemos
seguir refletindo e aprofundando o
que significa fazer uma verdadeira
opção missionária amazônica e com
os seus povos.
A Campanha Missionária 2020
motivada pelas Pontifícias Obras
Missionárias (POM), no Brasil, traz
como tema: A vida é missão, com
o lema: "Eis-me aqui, envia-me".
(Is 6,8). Como continuar sendo
missionário em meio à pandemia
de Covid-19?
Sinto-me muito identificado
com a Campanha Missionária 2020,
especialmente com o lema: “Eis-
-me aqui, envia-me!” (Is 6, 8), pois
foi o mesmo que escolhi para meu
ministério missionário e sacerdo-
tal faz anos. No atual contexto da
pandemia que vivemos, realmente
é importante pensar em nossa ta-
refa de ser missionário em tantos
contextos onde os pobres são os
mais vulneráveis e os que mais
sofrem as consequências dessa
situação em todos os níveis. Se-
gue atual o convite de Jesus e o
grande desafio que temos como
missionários e como toda a Igreja
de ser sinal de vida e esperança,
com a presença real e efetiva onde
a vida está mais ameaçada, como
é, por exemplo, tantas realidades
da Amazônia, que já superam mais
de um milhão de contagiados pela
Covid-19 (e com mais de 30.000
mortos), bem como todo o drama
que vivem as pessoas pela falta
de atenção mínima com a saúde,
educação e serviços básicos, além
dos grandes desastres causados por
alguns interesses que destroem a
selva, contaminam os rios e o ar,
e matam muitas vidas humanas,
animais e o bioma.
Alguma consideração ou algo
a acrescentar?
A Amazônia e os seus povos
precisam de você! Ajude, desde
onde você está, seja economica-
mente, mas também pensando na
necessidade da Igreja em enviar
missionários para a Amazônia. Você
aceita esse desafio? Esperamos sua
resposta! “Não tenha medo!” (É o
que diz Jesus pra você!). 
Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.
OUTUBRO 2020 MISSÕES 29
 Retorno ao trabalho
Aproximadamente 13 milhões de bra-
sileiros afastados do trabalho voltaram às
suas ocupações desde maio até a primeira
semana de setembro, informou o IBGE (Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
no final de setembro. Ao mesmo tempo,
o número de brasileiros em home office
seguiu estável, estimado em 8,3 milhões,
mas teve queda percentual de 13,4% em
maio a alta na população ocupada e não
afastada do trabalho. Isso sugere que os
empregos que estão retornando são os
de menor qualificação, sem condições de
trabalhar remotamente, ou ainda um sinal
de flexibilização da economia pelo país,
pois caiu também o percentual de pessoas
afastadas do trabalho devido ao distan-
ciamento social. Na primeira semana de
VOLTA AO BRASIL
setembro, eram 3,4 milhões de brasileiros
(4,2%) nessa situação, ante 16,6 milhões
(19,8%) em maio. Segundo especialistas, os
empregos em home office são os de melhor
qualificação, com remuneração maior, o
que fez com que o trabalho remoto virasse
um novo indicador da desigualdade no
mercado de trabalho brasileiro. “O home
office não é para qualquer um, é para de-
terminadas ocupações e setores”, afirma
João Luiz Maurity Saboia, da UFRJ. Maria
Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa,
destacou que a recuperação do emprego
no país vem se dando especialmente entre
os trabalhadores informais ou por conta
própria, justamente os que normalmente
recebem salários menores e possuem
menor qualificação. “Foram os mais atin-
gidos pela pandemia”, disse Vieira. Ana
Beatriz Moraes, economista do Ibmec,
apontou que é necessário torcer para que
o aquecimento da economia consiga tirar
a população da zona do desemprego. “O
retorno da atividade econômica em um
primeiro momento está relacionado à flexi-
bilização de medidas relativas à pandemia”,
afirmou a professora. Nos últimos meses,
o Brasil promoveu a reabertura gradual do
comércio, com shopping centers, bares e
restaurantes voltando a funcionar, o que
motivou a retomada de alguns postos
de emprego. A pesquisa aponta ainda
que aproximadamente 17,1 milhões de
pessoas fora da força gostariam de traba-
lhar, mas, não procuraram emprego em
razão da pandemia ou por não encontrar
30 OUTUBRO 2020 MISSÕES
ocupação próxima de onde moram. Ao
mesmo tempo, aumentou a população
desocupada no país. Isso ocorreu porque
quem até então estava fora da força de
trabalho voltou a procurar trabalho com
a flexibilização do distanciamento social.
Na metodologia do IBGE, é considerado
desempregado quem está na fila do em-
prego em busca de ocupação. Por isso, com
o retorno gradual da economia e o auxílio
emergencial diminuindo e com data para
encerrar, os brasileiros vão retomando a
procura por trabalho, o que pressiona a
taxa de desocupação.
Alimentação cara
Pressionado pelo preço dos alimentos, a
prévia da inflação oficial brasileira registrou
em setembro sua maior alta desde 2012.
Segundo o IBGE, o IPCA-15 (Índice de Preços
ao Consumidor 15) acelerou para 0,45%
no mês, após alta de 0,23% em agosto. O
resultado ficou acima da expectativa dos
economistas, de alta de 0,39%, segundo a
média das projeções colhidas pela Bloom-
berg. No ano, a inflação acumulada é de
1,35%. No acumulado de 12 meses até
setembro, o índice também acelerou, para
alta de 2,65%, vindo de 2,28% em agosto.
Ainda assim, o IPCA-15 acumulado em
12 meses segue bem abaixo da meta de
inflação estabelecida pelo governo para
2020, que é de 4%. Mas voltou a superar o
pico de meta (2,5%), o que não acontecia
desde abril. A maior variação (1,4%) e o
maior impacto (0,30 ponto percentual) no
índice vieram do grupo de alimentação
e bebidas, que acelerou em relação ao
resultado de agosto (0,34). Os alimentos
consumidos em domicílio subiram 1,96%
na prévia da inflação de setembro, ante
0,61% em agosto. A maior contribuição
(0,09 p.p.) veio das carnes, com alta de
3,42%. Já a maior variação foi do tomate
(22,53%), ante queda de 4,20% no mês
anterior. O óleo de soja (20,33%), o arroz
(9,96%) e o leite longa vida (5,59%) também
subiram. Com isso, os três itens acumulam
no ano altas de 34,94%, 28,05% e 27,33%,
respectivamente. Os transportes tiveram a
segunda maior variação em setembro, de
0,83%, puxada pela gasolina, que subiu,
3,19%, na terceira alta consecutiva. 
Fonte: Folha de São Paulo.
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