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Singularidade gravitacional

Uma singularidade gravitacional (algumas vezes chamada singularidade espaço-tempo) é,


aproximadamente, um ponto do espaço-tempo no qual a massa, associada com sua
densidade, e a curvatura do espaço-tempo (associado ao campo gravitacional) de um
corpo são infinitas. Mais precisamente, uma geodésica espaço-tempo que contenha uma
singularidade não pode ser tratada de uma maneira diferencial contínua. O limite
matemático de tal geodésica é a singularidade.[1][2]

Os dois mais importantes tipos de singularidades são singularidades de curvatura e


singularidades cônicas. Singularidades podem ser divididas ainda a se elas estão ligadas a
um horizonte de eventos ou não ("singularidades nuas"). De acordo com a relatividade
geral, o estado inicial do universo, no início do Big Bang, seria uma singularidade, ou um
ponto isolado no espaço.[3]

Outro tipo de singularidade previsto pela relatividade geral seria um buraco negro: certas
estrelas, após acabar o seu combustível necessário para a fusão nuclear, entram em um
colapso gravitacional, desabando sua massa em direção ao seu centro, formando além de
determinado ponto de densidade um buraco negro, dentro do qual existiria uma
singularidade (coberto com um horizonte de eventos), para onde toda a matéria próxima
fluiria. Estas singularidades são singularidades de curvatura.[4]

Interpretação

Simulação animada da lente gravitacional causada por um buraco negro de Schwarzschild passando em um
horizonte com uma galáxia de fundo.

Muitas teorias em física tem singularidades matemáticas de um tipo ou outro. Equações


destas teorias físicas predizem que a variação de algumas grandezas tornam-se infinitas
ou crescem sem limite. Isto é geralmente um sinal de uma peça perdida na teoria, como na
catástrofe ultravioleta e na renormalização.

Em supersimetria, uma singularidade no módulo espacial acontece usualmente quando há


adicionais graus de liberdade de perda de massa em certo ponto. Similarmente, pensa-se
que singularidades no espaço-tempo frequentemente significam adicionais graus de
liberdade que existem somente no interior da vizinhança da singularidade. Pelo mesmo,
campos relacionados ao espaço-tempo inteiro também existiriam; por exemplo, o campo
eletromagnético. Em exemplos conhecidos da teoria das cordas, os últimos graus de
liberdade são relacionados a cordas fechadas, quando os graus de liberdade são
"furados" à singularidade e relacionados com quaisquer cordas abertas ou a um distorcido
setor de uma topologia.

Ocorrência de singularidades
As singularidades são importantes porque sua existência supõe uma falha ou interrupção
das predições da teoria da relatividade geral. Tanto a descrição do espaço-tempo como
da matéria feita pela teoria da relatividade não podem ser corretas próximo de uma
singularidade. Inclusive algumas teorias alternativas à relatividade geral como a teoria
relativista da gravitação não conduzem ao surgimento de singularidades.

De fato a teoria geral da relatividade, e presumivelmente suas alternativas, só dão uma


descrição adequada da gravitação e espaço-tempo em escalas muito maiores que o
comprimento de Planck lP:

Onde: é a constante de Planck reduzida, constante da gravitação universal, éa


velocidade da luz.

Desse limite quântico se deve esperar que igualmente a teoria da relatividade deve ser
adequada quando prediz uma curvatura da ordem de lP−2 coisa que ocorre muito próximo
das singularidades de curvatura como as existentes dentro dos vários tipos de buraco
negro.

Tipos de singularidades
Geometricamente as singularidades podem ser:

Hipersuperfícies abertas: este tipo de singularidade pode ser encontrado em buracos


negros que não tenham conservado o momento angular, como é o caso de um buraco
negro de Schwarzschild ou um buraco negro de Reissner-Nordstrom.
Hipersuperfícies fechadas: como a singularidade toroidal ou em forma de anel, que
normalmente faz sua aparição em buracos negros que tenham conservado seu
momento angular, como pode ser o caso de um buraco negro de Kerr ou um buraco
negro de Kerr-Newman, aqui a matéria, devido ao giro, deixa um espaço no meio
formando uma estrutura parecida à de uma "rosquinha".

Segundo seu caráter as singularidades podem ser:

Singularidades espaciais, como a que se encontra em um buraco negro de


Schwarzschild em que uma partícula deixa de existir por certo instante de tempo;
dependendo de sua velocidade, as partículas rápidas tardam mais em alcançar a
singularidade ainda que as mais lentas desapareçam antes. Este tipo de singularidade é
inevitável, já que cedo ou tarde todas as partículas devem atravessar a hipersuperfície
temporal singular.
Singularidades temporais, como a que se encontra em buracos negros de Reissner-
Nordstrom, Kerr e Kerr-Newman. Por serem hipersuperfícies espaciais, uma partícula
pode escapar delas e portanto trata-se de singularidades evitáveis.

Segundo a visibilidade para observadores assintoticamente inerciais separados da região


de buraco negro estas podem ser:

Singularidades nuas: existem casos nos buracos negros onde devido a altas cargas ou
velocidades de giro, a zona que rodeia a singularidade desaparece (em outras palavras o
horizonte de eventos) deixando a esta visível no universo que conhecemos. Supõe-se
que este caso seja proibido pela "regra do censor cósmico", que estabelece que toda
singularidade deve estar separada do espaço.
Singularidades dentro de buracos negros.

De outro modo, a matéria se comprime até ocupar uma região inimaginavelmente pequena
ou singular, cuja densidade em seu interior resulta infinita. Significa que tudo aquilo que cai
dentro do horizonte de eventos é tragado, "devorado" por um ponto que poderíamos
denominar "sem retorno", e isto é tão assim que nem a luz pode escapar deste fenômeno
celeste.
Não pode escapar porque a força da gravidade é tão grande que nem sequer a luz viajando
a 300 000 km/s o consegue, porque a enorme atração afeta de tal modo a luz que os
feixes luminosos emitidos se desviam de sua trajetória inclinando-se tanto em direção à
deformação que já não podem escapar. Neste caso, a velocidade de escape ou velocidade
de fuga tornou-se maior em valor que a velocidade da luz. Segundo a teoria da relatividade
de Einstein, como nada pode viajar a uma velocidade maior que a da luz no vácuo nada
pode escapar.

Ver também
Relatividade geral
Buraco negro
Singularidade nua

Referências
1. «Blackholes and Wormholes»
2. Claes Uggla (2006). «Spacetime Singularities» . Einstein Online. 2 (1002). Consultado
em 12 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 24 de janeiro de 2017
3. Curiel, Erik & Peter Bokulich. «Singularities and Black Holes» . Stanford Encyclopedia of
Philosophy. Center for the Study of Language and Information, Stanford University.
Consultado em 26 de dezembro de 2012
4. Hawking, Stephen. «The Beginning of Time» . Stephen Hawking: The Official Website.
Cambridge University. Consultado em 26 de dezembro de 2012

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Última modifi cação há 2 meses por Cadnero

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