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A HISTÓRIA DE KUBERA O DEUS DA RIQUEZA

Nessa interessante tradução do inglês para o português, trago a história do


Deus da Riqueza de acordo com a concepção hindu. Como a maioria dos
textos iniciáticos, ele possuem muitas coisas veladas e necessita de algumas
chaves interpretativas. Muitas semelhanças serão vistas entre a figura mítica
indiana, o Papai Noel ocidental e os Elementais da Terra, os Gnomos, dos
cerimoniais de Alta Magia. Leiam em conjunto com texto as notas
explicativas dadas por este Soberano Círculo.

O pouco famoso KUBERA é o guardião da riqueza. É um dom que lhe


pertence. Sei que existe um puja que as pessoas praticam e que dizem ser
muito auspicioso. Sei que KUBERA é o Senhor do quadrante NORTE (ele é
o dikpalaka). No entanto, nunca conheci a história por detrás disso. Eu
encontrei as histórias abaixo, mas não tenho certeza de que sejam
verdadeiras.

Nota do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen:


Os GNOMOS, Elementais da Terra, governam o quadrante NORTE do Templo, são
invocados neste setor e a Força da TERRA ali predomina. O Papai Noel concede
presentes e também habita o polo NORTE. O Elemento TERRA concede a Sabedoria, a
abundância e a riqueza de bens materiais. Tanto as vestes como a forma do Papai Noel
lembra um gnomo. Sua atual roupa vermelha é resultado da forte publicidade da Coca-
Cola, mas sua roupa original sempre foi verde ou azul. Observe igualmente que o Papai
Noel tem como auxiliares os gnomos e duendes que trabalham em sua fábrica de
brinquedos. Observe como a linguagem de símbolos sempe nos revelam elementos da
Tradição. Os Yetes ou Pé-Grande também são formas de Elementais da TERRA.

Na mitologia indiana é um erro de conceito considerar LAKSHMI como a


Deusa da Riqueza. Na realidade, este papel cabe mais a KUBERA ao passo
que LAKSHMI é da Deusa da Boa Sorte. Como a boa sorte é tida como
sinônimo de riqueza, o erro vem se perpetuando desde então. O presente
texto é totalmente voltado a KUBERA, o Deus da Riqueza.

Quadrado Mágico de KUBERA, cuja soma resulta sempre em 72. Número da Misericórdia na Qabalah
Judaica e que simboliza as bênçãos infinitas dos céus.

KUBERA é o Deus da Riqueza e também é conhecido como DHANPATI.


Ele também é o Rei de YAKSHA (os guardiões da TERRA). Como Rei das
Riquezas e do mundo material, sua principal função é a de distribuí-las, ao
passo que a geração das riquezas pertence a LAKSHMI. KUBERA não é
uma deidade tão importante e sua imagem é raramente vista, embora seja
constantemente referenciado em imagens. KUBERA também é conhecido
como o YAKSHA-RAJA (Rei dos YAKSHAS), ICCHA-VASU (aquele que
possui imensas riquezas), NARA-RAJA (aquele que governa os homens) e
RATNA-GARBHA (útero das joias). KUBERA é um deus que as três religiões
da Índia, conhecidas como Hinduísmo, Budismo e Jainismo, reclamam para
si.
Nota do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen:
Nesse trecho, a associação de KUBERA com os GNOMOS, Elementais da TERRA, se
torna mais evidente. KUBERA é um deus menor ou um demônio, não no sentido
pejorativo e depreciativo como vem sendo usada essa palavra nos dias de hoje, mas em
seu sentido real e próprio de “daimon” (ser divino). Como denota bem o texto KUBERA é
simbolizado por GHOB, o Rei dos Elementais da TERRA . É o Senhor do Reino das
Pedrarias e governa sobre os tesouros escondidos nas entranhas da Terra. Concede o
trabalho e a força para trabalhar. LAKSHMI também representa a Força Feminina da
TERRA, por meio de Vênus, simboliza a fertilidade e o seio cheio de leite pronto para
alimentar seus filhos. LAKSHMI é a geração da fortuna, da riqueza e da boa sorte.
KUBERA é aquele que distribui e concretiza as energias da prosperidade e da riqueza no
mumdo da matéria.

Os domínios de KUBERA estão todos no alto dos Himalaias, em parte


por ser o Guardião do Norte, mas também porque as montanhas são os
repositórios das riquezas mineral. KUBERA zela pelos armazéns de ouro,
prata, joias, pérolas e os NIDHIS (os tesouros especiais).

KUBERA é fisicamente visualizado como um duende com um corpo feio


e deformado. Sua pele é branca e possui três pernas. Possui igualmente um
conjunto de apenas oito dentes. Sendo KUBERA muito deformado, tinha
dificuldade para andar por aí. BRAHMA teve compaixão dele e ordenou que
VISHWAKARMA, o arquiteto dos deuses e um deus ele próprio, para
construir para o deus incapacitado uma carruagem. VISHWAKARMA
idealizou e construiu o PUSHPAK, uma carruagem aérea que se move com
seus próprios acordes e que é tão grande capaz de conter uma cidade
inteira. KUBERA voa em sua fantástica carruagem e distribui joias e outros
objetos preciosos para as pessoas na terra e as auxilia a combater a
pobreza.
Nota do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen:
Observem mais uma semelhança com a figura mítica do Papai Noel tão apreciada em
nosso mundo ocidental. Observem igualmente a quase nenhuma relação com o Natal
cristão. A não ser pelo carinho e amor que os gnomos e fadas sentem pelas crianças,
muitas vezes se aproximando delas e tornando-se “amigos invisíveis” destas. Observe a
semelhança entre o PUSHPAK e o trenó do Papai Noel.
Como KUBERA se tornou um Deus?
Há duas versões que relatam como KUBERA foi elevado ao status de
um deus.
A primeira versão postula que KUBERA concedeu milhares de
benefícios por milhares de anos e, como recompensa, foi promovido pelo
Deus BRAHMA.

Outra versão conhecida é a de que KUBERA tentara roubar o templo de


SHIVA. Durante este roubo, a sua luminária foi apagada. Por mais que o
duende tentasse, não conseguia reacender a luminária. No entanto, ele
persistiu com seus esforços por mais ávidos que fossem, somente após a
décima tentativa que ele conseguiu. SHIVA é um deus benevolente que
sempre se compraz com as maiores demonstrações de esforços. Essa
perseverança de KUBERA na tentativa de roubar o templo do deus atraiu
para ele tanta admiração da parte de SHIVA que, subsequentemente,
concedeu ao duende a ascensão ao panteão dos Deuses.
Nota do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen:
Essa história simbólica nos traz elementos bastante interessantes sobre a natureza dos
que nascem sob os auspícios da Terra. Normalmente, são pessoas trabalhadoras e muito
perseverantes. Uma perseverança que, se não for dirigida pela consciência pode se
transformar em teimosia – defeito comum também entre os nativos deste elemento.
Mostra ainda que a perseverança cativa os deuses e as Inteligências Invisíveis; o que nos
dá uma chave também importante na prática de mantras, que nos induz necessariamente
à autodisiciplina.
KUBERA E RAVANA

KUBERA possui três meio-irmãos famosos, RAVANA, KUMBHAKARMA


e BIVHISHANA. Os três são mencionados no grande poema épico indiano
conhecido como Ramayana e são bem mais conhecidos do que KUBERA,
principalmente pelas crianças. Essa associação deu origem a muitos contos
interessantes e eis alguns deles.

Foi RAVANA, o mais velho dos meio-irmãos de KUBERA, que roubou o


Pushpak dele e o usou para atividades nesfastas. O resultado de suas más
ações com a ajuda da carruagem mágica são amplamente narrados no
Ramayana. Primeiramente, RAVANA raptou SITA, esposa de RAMA, de seu
chalé na floresta para a sua capital Lanka onde a manteve em cativeiro.
Quando RAMA atacou Lanka para resgatar sua esposa, RAVANA usou o
Pushpak para defender-se das incursões de RAMA até que RAMA, a sétima
encarnação de VISHNU, finalmente superou as forças do rei mal e usou a
carruagem mágica de KUBERA para transportar a si mesmo e sua esposa de
volta para seu reino em Ayodhia. Depois disso, o fantástico aparelho estava
de volta nas mãos do deus duende, que deu sequência ao seu trabalho de
consolidar a riqueza dos mundos.

O conto de como RAVANA e seus outros dois irmãos foram concebidos


é também uma estória interessante. A fabulosa cidade de Lanka foi edificada
por VISHWAKARMA e os RAKSHASHAS, demônios da mitologia indiana, se
apoderaram dela. Por uma razão ou outra, os RAKSHASHAS incomodavam
VISHNU que decidiu atacar a cidade. Os malvados fugiram porque Lanka,
embora fosse a mais rica e fortificada cidade naquela época, temiam não
estar suficientemente seguros para resisitir a um ataque de um deus da
altura de VISHNU. Nessa ocasião, KUBERA sempre oportunista, dominou a
cidade fantasma e se estabeleceu ali com seus servos. Essa situação não
durou muito tempo tão logo VISHNU fora apaziguado. Os RAKSHASHAS
estavam determinados a tomar de volta sua cidade do deus deformado. Eles
enviaram uma linda donzela para seduzir o pai de KUBERA. Ela conseguiu
e da união deles nasceram os três meio-irmãos de KUBERA. RAVANA,
assim como alguns notórios RAKSHASHAS antes e depois dele, realizou
atos de difícil execução o que lhe deu o dom da invencibilidade da parte de
SHIVA. Com este dom ele definitivamente derrotou seu próprio meio-irmão
KUBERA e retomou a cidade de Lanka para seu povo, os RAKSHASHAS.
Depois da perda de seu luxuoso patrimônio, KUBERA se aproximou de
VISHWAKARMA com o pedido de criação de uma residência para ele. O
deus construtor edificou para ele um palácio sobre o Monte Kailash, nos
Himalayas. O opulente palácio foi uma morada apropriada para KUBERA
estabelecida no Norte, parte do globo da qual ele era o guardião. É claro,
como guardião dos tesouros dos deuses e dos nove NIDHIS, tesouros
especiais de valores indefiníveis. KUBERA teve para si a mais esplêndida
cidade do mundo no Monte Mandara, uma mítica montanha nos Himalayas.
Dentro desta cidade, ALAKAPURI, o mais belo jardim do mundo,
CHAITRARATHA. Ambos parte de várias posses luxuosas de KUBERA.

Nota do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen:


Esse conto nos mostra indubitavelmente a natureza menor deste poderoso deus e seu
parentesco com aqueles que são chamados de “inferior” na escala hierárquica celeste.
Todavia, são estes seres que concretizam as energias no mundo material dada a sua
aproximação com o mundo material, dos quais também são construtores e mantenedores.
O MAL como visto e entendido pelo homem comum habita apenas sua mente e está
sujeito à interpretações de acordo com a cultura, costumes e leis dos homens.

KUBERA E PARVATHI

Quando KUBERA se dirigiu ao Monte Kailasa com o objetivo de receber


um darshan de Lord SHIVA, ele se encontrou com a Deusa PARVATHI.
KUBERA ficou encantado ao ver o esplendor e a beleza da Deusa
PARVATHI. Ele sentiu muito por não ter cultuado por tanto tempo tamanha e
maravilhosa deusa, de modo que um de seus olhos se fechou sozinho.

A Deusa PARVATHI ficou zangada pelo fato de KUBERA piscar para ela
e olhá-la com más intenções. Ela fez com que seu olho estourasse. KUBERA
perdera a visão de um olho e também fora amaldiçoado, de modo que
sempre tivesse uma feia aparência. Lord KUBERA intercedeu junto a SHIVA
para que o perdoasse e explicou-lhe que não tinha visto a deusa com
nenhuma má intenção. SHIVA deixou a decisão para sua consorte. A deusa
PARVATHI perdou KUBERA e permitiu que seu olho se restaurasse, mas ele
estava menor do que outro. KUBERA fora recompensado por Lord SHIVA
com o posto de ser um dos guardiões das oito direções: o Norte. A deusa o
transformou em senhor das riquezas e do mundo material.

KUBERA E GANESHA

Nunca deveríamos assumir indevido orgulho em nossas realizações


tanto materiais como espirituais. O antigo ditado “O orgulho leva à queda”
comprova ser verdade na seguinte estória.

KUBERA convidara SHIVA e PARVATHI para jantar esperando ostentar


suas riquezas. No entanto, o casal recusara o convite de KUBERA e lhe
dissera para alimentar GANESHA no lugar deles. KUBERA riu e disse: “Eu
posso alimentar milhares de crianças como essa.”

GANESHA foi a seu palácio e sentou-se para comer. Ele começou a


devorar toda a comida colocada à sua frente. Como era de costume, mais e
mais comida lhe fora servida, porque não dissera estar satisfeito. Em pouco
tempo, não havia mais comida no palácio e KUBERA ordenou às suas tropas
que conseguissem mais comida nas cidades vizinhas. Mas, GANESHA
continou a comer e não havia mais comida para ser encontrada. Ainda com
muita fome, GANESHA começou a devorar toda a mobília.
KUBERA ficou muito apavorado. GANESHA lhe disse: “Você prometeu a
meus pais que me alimentaria. Agora, terei de devorá-lo porque ainda
continuo com fome.” KUBERA fugiu e intercedeu junto a SHIVA para que o
salvasse de GANESHA. SHIVA pediu a KUBERA para que abandonasse seu
orgulho e servisse um punhado de arroz a GANESHA.

KUBERA retornou a seu palácio. Nesse momento, o estômago de


GANESHA havia ficado muito enorme, mas a criança ainda estava faminta.
Assim que KUBERA serviu a GANESHA uma tigela de arroz com humildade,
a fome de GANESHA fora saciada.
Nota do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen:
Esse conto é bastante interessante e nos traz uma importante lição de como a riqueza
não se coaduna com ostentação. Ser rico não significa necessariamente ser arrogante e
petulante, sendo esses sinais mais afeitos à pobreza de espírito do que à riqueza
propriamente dita. A Prosperidade e a Riqueza são, antes de tudo, estados de alma e a
ostentação atrai a falsidade, a hipocrisia, as falsas amizades e os oportunistas que minam
todos os bens e conquistas. Para que esse tipo de pessoas não se aproximem de nós é
preciso eliminar esses vícios e qualidades inferiores de dentro de nós mesmos primeiro.

KUBERA E BUDISMO

KUBERA também é cultuado pelos budistas, religião na qual é


considerado como o guardião do Norte. Seu símbolo característico é o
mangusto, sempre mostrado vomitando joias. No panteão budista, ele
também é conhecido como JAMBHALA., provavelmente proveniente de
jambhara (limão) que carrega em suas mãos. É sempre representado
corpulento e coberto de joias. Seu pé direito está geralmente pendente e
apoaido por uma flor de lótus na qual tem uma concha.

JAMBHALA é a forma budista do deus hindu da riqueza, KUBERA. Ele é


gordo, coberto de joias e segura um mangusto em uma das mãos e uma joia
flamejante em outra.

fonte de pesquisa: http://www.india-forums.com/forum_posts.asp?


TID=3420754

No estudo dos símbolos alcançamos mais um patamar importante, pois


estamos cada vez mais aptos de reconhecer os elementos da Antiga
Tradição nas mais diversas culturas, rompendo dessa forma a estupidez, os
preconceitos e as limitações impostas aos homens por um condicionamento
escravagista e explorador, que não permite que realizemos a
FRATERNIDADE UNIVERSAL.

Todo seu na Luz do Soberano Círculo dos Magos Elus Cohen!


Charles Lucien de Lièvre

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