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CNBB
No momento favorável,
eu te ouvi,
e no dia da salvação,
eu te socorri
Roteiros Homiléticos
da Quaresma
Ano A
EB. PAULUS
14 edição — 2008
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada
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O Pia Sociedade Filhas de São Paulo — São Paulo, 2008
Apresentação
o
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mostrada com a mesma rapidez com que as estruturas de morte
avançam pelo mundo.
Que o banquete da Palavra desta Quaresma renove o enga-
jamento e a esperança de todos no Deus da Vida, confrontando
a nossa vida com a Páscoa do seu Filho Jesus. “Este é o tempo
favorável, este é o dia da salvação” (2Cor 6,2).
Lembretes
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O Ofício Divino das Comunidades é uma referência para a
música e para os momentos de oração comunitária.
Alguns gestos e ações simbólicas podem ser mais valorizados
neste tempo, por exemplo, o ajoelhar-se, o rito de bênção e a
aspersão da água durante o ato penitencial.
A comunidade pode fazer maior experiência da misericórdia de
Deus através do sacramento da Reconciliação, de celebrações
penitenciais e também de retiros.
Os diversos ministérios devem ser lembrados como verdadei-
ros serviços e entrega à comunidade reunida.
Em cada domingo, o prefácio escolhido deverá assemelhar-se
aos textos bíblicos do dia. Ver os prefácios próprios para a
Quaresma batismal.
A comunidade pode ter um ou mais jovens ou adultos que,
tendo feito o pré-catecumenato e o catecumenato, realizem a
segunda etapa do Rito de Iniciação Cristã de Adultos.
No processo catecumenal, são realizados no 1º Domingo os
ritos de eleição e inscrição do nome. O 3º, o 4º e o 5º Domingos
são destinados aos escrutínios: oração sobre os eleitos, preces
e exorcismos, e também à entrega do Símbolo (o credo), do
Evangelho e da Oração do Senhor (Pai-nosso).
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Quarta-feira de Cinzas
6 de fevereiro de 2008
1. Situando-nos brevemente
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2. Recordando a Palavra
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Jesus reinterpreta as práticas existentes, apontando o sen-
tido profundo de cada uma e ensinando que elas, por si só, não
são suficientes para nos colocar no caminho da vida. A prática
da oração, do jejum e da esmola tem sentido na intimidade e
na comunhão com o Pai, que nos ama gratuitamente e nos vê
além dos nossos limites, pois são grandes sua misericórdia e sua
complacência.
A primeira leitura é uma profecia de Joel que convoca o
povo da comunidade do templo para refletir sobre a catástrofe
da praga de gafanhotos. Essa praga acabou radicalmente com
a plantação e a lavoura. O profeta exorta toda a comunidade a
cuidar da terra devastada, a arrepender-se e a clamar a Deus por
ajuda.
Esse fato serviu de motivo para uma reflexão mais profun-
da. A praga é comparada ao Dia do Senhor. Mas para encontrar
graça e salvação neste “dia” é preciso converter-se e voltar ao
Senhor. Não bastam exterioridades; é preciso mudança de cora-
ção, com jejuns, lágrimas e gemidos. É um retorno sincero para
Deus, uma reorientação de pensamentos e decisões, segundo o
querer de Deus, que é benigno e compassivo, paciente e cheio
de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo (cf. v. 13). Todo o
povo é convocado para uma liturgia de lamentação, pois o Senhor
não pode deixar perecer a sua herança, para que também as outras
nações o reconheçam como único Deus verdadeiro.
O Salmo 50(51) é um grande lamento. É uma súplica pela
eliminação da desgraça pessoal e social que os pecados causa-
ram. Ao cantar esse salmo, reconheçamos que somos pecadores
e peçamos a Deus que crie em nós um coração novo e nos dê
seu Espírito de santidade.
A segunda leitura é uma palavra de Paulo à comunidade de
Corinto. Esse trecho está no contexto em que Paulo fala do seu
ministério, pois a comunidade, além de conflitos internos, está
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com dificuldades de se relacionar com o próprio apóstolo. Paulo
defende o seu ministério da nova Aliança (cf. 3,1-18). Identifica a
origem e o poder divinos de seu ministério (cf. 4,1-15) e espera a
recompensa eterna por sua fidelidade (cf. 4,16-5,10). Continua a
descrever o ministério de reconciliação que não exclui ninguém,
mas inclui todos os que estão em Cristo (cf. 5,11-6,10).
A pregação de Paulo é exortação e súplica para que a co-
munidade de Corinto acolha, na própria vida, o dom divino da
reconciliação em Cristo, o qual, embora não tenha cometido pe-
cado algum, foi feito pecado por nós, para que nele nos tornemos
Justiça de Deus (cf. 5,21). Portanto, é agora o tempo favorável,
é agora o dia da salvação (cf. 6,2).
3. Atualizando a Palavra
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do Senhor. A oração é uma relação viva e pessoal com o Deus
verdadeiro. É mais que palavras, mais que fórmulas, mais que
gestos. É a própria relação que se estabelece entre Deus e seu
povo; é uma aliança; é, portanto, um ir e vir, escuta e resposta.
Esse diálogo é pessoal, pois se realiza com uma pessoa e a abrange
inteiramente. Deus é experimentado como aquele que está aqui
(cf. Gn 15,1ss; 18,16-33; Mt 27,46). O encontro com Deus é face
a face, de pessoa para pessoa.
O segundo aspecto importante do programa da Quaresma
é o jejum. Como Jesus aponta no evangelho, o jejum deve ser
praticado em segredo, na intimidade com o Pai. Jejuar nos ajuda
a exercitar a capacidade de autodomínio, para servirmos mais li-
vremente a Deus e ao próximo. “Sofrendo um pouco de privação,
saibamos unir-nos de algum modo às pessoas que habitualmente
são privadas de alimentos, de meios econômicos, de bens cultu-
rais e possibilidades concretas de desenvolvimento; o jejum se
torna um gesto simbólico, denúncia profética da injustiça que
nasce do egoísmo, solidariedade com os mais pobres.”
O terceiro aspecto da Quaresma é a esmola. É um gesto
gratuito de partilha, sinal de solidariedade e divisão das rique-
zas que se contrapõe a toda tendência de posse e concentração
de bens. A Quaresma nos convida a abrir nossos olhos, nossos
ouvidos e nosso coração para vermos os que estão à margem,
implorando por justiça e dignidade.
Oração, esmola e jejum são inseparáveis, como bem disse
são Pedro Crisólogo no século TV: “Quem pratica somente uma
delas ou não todas simultaneamente é como se nada fizesse. Por
conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua pratique a
misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações atenda
às súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus
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ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas
próprias súplicas. Quem jejua, pense no sentido do jejum; seja
sensível à fome dos outros quem deseja que Deus seja sensível
à sua; seja misericordioso quem procura alcançar misericórdia;
quem pede compaixão também se compadega; quem quer ser
ajudado ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros
aquilo que pede para st”.
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5. Sugestões para a celebração
e A cor usada é O roxo.
* Os cantos e as músicas devem conduzir-nos ao coração do
mistério celebrado. Podem ser cantados: Senhor; eis aqui o
teu povo, Hinário 2º, CNBB, p. 296; João Batista clamou no
deserto, Hinário 2, CNBB, p. 284; Piedade, ó Senhor, Hiná-
rio 2, CNBB, p. 84; Louvor e glória a ti, Senhor, Hinário 2,
CNBB, p. 109; Pecador, agora é tempo, Hinário 2, CNBB,
p. 277; O vosso coração de pedra, Hinário 2, CNBB, p. 275;
Reconciliai-vos com Deus, Hinário 2, CNBB, p. 290 (ver
CD Quaresma ano A [Liturgia XII] e Quaresma anos Be C
[Liturgia XIV], gravado pela Paulus).
* As cinzas que serão abençoadas e colocadas sobre as cabeças
deverão ser preparadas com antecedência.
* O espaço da celebração permanece despojado, sem flores e
sem ornamentos.
* O silêncio deverá ser valorizado como convite à oração. Os can-
tores podem entoar um refrão meditativo: Misericordioso é Deus,
sempre, sempre o cantarei, Ofício Divino das Comunidades,
Apostolado Litúrgico, São Paulo, 1999, suplemento 1, p. 15.
* Na procissão de entrada, levar a cruz. Chegando à frente o
acólito segura a cruz por um tempo. Para destacá-la, ela poderá
ser iluminada com várias velas.
* QOato penitencial é omitido, pois é substituído pela imposição
das cinzas, após a homilia.
* O prefácio pode ser o III da Quaresma. A Oração Eucarística
pode ser a Il ou sobre a Reconciliação I.
* As palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. Sejam testemunhas da reconciliação.
Vivam em continua conversão. Vão em paz e que o Senhor
os acompanhe.
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|º Domingo da Quaresma
10 de fevereiro de 2008
1. Situando-nos brevemente
2. Recordando a Palavra
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deserto para aí ser provado pelo diabo. As duas primeiras provas
começam com a frase “se és Filho de Deus”. Diante da prova,
Jesus mostra que tipo de Messias ele é. A filiação divina não se
manifesta por milagres e ostentação de poder, mas pela confiança
em Deus e pela obediência a seu plano.
O cenário é o deserto, e o tempo é de quarenta dias. O de-
serto e os quarenta dias de Jesus estão em relação direta com a
experiência do povo eleito, Israel, como observa expressamente
o evangelista, ao pôr nos lábios de Jesus as palavras daquelas
circunstâncias. Vejamos: primeira tentação (cf. Mt 4,4): Dt 8,3:
“Para te levar a reconhecer que nem só de pão vive o homem”;
segunda tentação (cf. Mt 4,7): Dt 6,16: “Não poreis o Senhor,
vosso Deus, à prova”; terceira tentação (cf. Mt 4,10): Dt 6,13:
“E ao Senhor, teu Deus, que temeràs; sò a ele servirás”.
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A primeira leitura é o relato da criação do homem e da
mulher. O texto foi escrito novecentos anos antes de Jesus Cris-
to, com símbolos próprios da época, como a serpente. É o mais
antigo relato da criação (javista). Foi escrito no estilo de um
conto popular. O centro do relato não é a criação do mundo, e
sim o relacionamento do homem e da mulher, um com o outro
e com o mundo.
Deus formou a pessoa humana do pó da terra. O huma-
no torna-se um ser vivo porque o hálito do Senhor está nele.
Depois de formar a pessoa humana, o Senhor passa a criar um
lugar para a humanidade habitar. Esse lugar é um jardim, uma
espécie de parque com muitas árvores, inclusive com a árvore
da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. A pessoa
humana que habita nesse jardim recebe a tarefa de cultivá-lo e
guardá-lo, porém com uma restrição: não pode comer da árvore
do conhecimento do bem o do mal.
Após o relato da criação, lemos a história da queda do ho-
mem e da mulher. Aí aparece a serpente, que representa a força
hostil a Deus e a seu plano (em Canaã, a serpente era associada
aos cultos de fertilidade, fonte constante de tentação para Israel).
A mulher é tentada pela serpente da mesma maneira que todo
ser humano é tentado. O narrador bíblico, num estilo sapiencial,
procura explicar a origem do mal no mundo e a fragilidade hu-
mana.
O Salmo 50(51) é um grande reconhecimento da misericór-
dia de Deus, que acolhe com carinho o pecador arrependido.
A segunda leitura é uma palavra de Paulo aos romanos.
Parece que o grande interesse do apóstolo não é falar sobre o
pecado e a morte, mas expor a imagem contrastante de Adão e
Cristo. “O pecado entrou no mundo por Adão. Através do pecado,
entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque
todos pecaram” (v. 12). Assim, a morte tem duas causas na exis-
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tência humana: o pecado de Adão e a ratificação pessoal desse
ato por indivíduos que pecam. O pecado de Adão afetou toda a
sua descendência. Em oposição, por meio da morte redentora de
Cristo, obediente até a morte e morte de cruz, a justiça e a vida
alcançam todas as pessoas que o aceitam.
3. Atualizando a Palavra
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Estamos na Quaresma, tempo de “deserto”. Tempo de ver
a realidade profunda de nós mesmos, de enxergarmos a nossa
“nudez”, o nosso pecado, diante de Deus, a fim de nos redesco-
brirmos e de nos reorientarmos.
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Na mesa da partilha, recebemos o corpo de Cristo, pão
vivo e verdadeiro, alimento que nutre a fé, incentiva a esperança
e fortalece a caridade (oração pós-comunhão).
| Cf. CARPANEDO, Penha & GuiMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor; guia para as celebra-
ções das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo, Paulinas/Apostolado Litúrgico,
2002. pp. 68-70.
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C: Irmãos e irmãs, diante do Cristo que venceu o Tentador e
permaneceu fiel ao plano do Pai, somos chamados a renovar
nossa disposição em escutar e praticar a Palavra como um
significativo exercício quaresmal. Por isso, pergunto: Vocês
querem, neste tempo de Quaresma, dedicar mais tempo à lei-
tura e à escuta da Sagrada Escritura e assim se alimentarem
da Palavra de Deus?
T: Sim, quero!
C: Vocês querem, neste tempo de Quaresma, fazer um esforço
decidido de permanecer firmes na obediência e na fidelidade
aos designios do Pai?
T: Sim, quero!
C: Deus, que inspirou este bom propósito, os conduza sempre
mais no caminho do Evangelho.
T: Amém!
A comunidade realiza um gesto de veneração do livro dos evangelhos
(Evangeliário) — beijo, toque, inclinação —, enquanto se canta um refrão
apropriado, como Não só de pão vive o homem.
O prefácio é o próprio para este domingo, e a Oração Euca-
rística pode ser a III.
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado: Irmãos e irmãs, não só de pão vive a pes-
soa humana, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Vão em paz, escolham a vida e que o Senhor os acompanhe.
No dia 11, lembramos Nossa Senhora de Lourdes e é também
o dia mundial dos enfermos. Dia 12, recordamos Ir. Dorothy
Stang, assassinada no Pará, defensora de projetos agrícolas
alternativos. Dia 14, memória de Cirilo, monge, e de Metódio,
bispo, missionários entre os povos da Polônia e Morávia. Dia
15, lembramos Camilo Torres, padre colombiano (1966).
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2º Domingo da Quaresma
17 de fevereiro de 2008
1. Situando-nos brevemente
2. Recordando a Palavra
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montanha situa-se entre dois anúncios da paixão, justificando o
projeto do Pai e o destino de Jesus. O texto foi escrito à luz da
Páscoa. A manifestação da glória de Cristo, o Filho amado do Pai,
é um momento culminante, uma antecipação da ressurreição.
A experiência da aliança no Sinai (cf. Ex 24,1-18) é o
pano de fundo do relato da transfiguração. Jesus transfigurado
apresenta-se, sobretudo, como o novo Moisés. Ele resplandece
e a nuvem cobre o monte, tal como antes envolvia a tenda da
reunião. A glória de Jesus atrai Moisés (o mediador da aliança)
e Elias (o primeiro dos profetas). Outrora representantes da Lei
e dos Profetas, agora são testemunhas e interlocutores de Jesus.
No final, Jesus fica só (cf. v. 8); como doutor da Lei perfeita e
definitiva, bastava unicamente a sua presença.
A transfiguração ilumina a subida de Jesus a Jerusalém (cf.
16,21). Aos discípulos, que têm dificuldade de compreender o
caminho do Mestre, Deus revela a glória misteriosa de seu Filho
e exige deles que escutem seu ensinamento (cf. 17,5). O Senhor
glorioso é também o servo que devia sofrer e morrer, antes de
entrar definitivamente na glória da ressurreição. Mesmo sendo
dificil compreender e, sobretudo, viver essa experiência, pois
causa espanto e medo, os discípulos são consolados e encorajados
por Jesus, sem abrir mão da radicalidade do seguimento. Jesus é
servo, e sua glória passa pela cruz. A palavra de ordem é seguir
e ouvir. Nesse caminho, há exigências radicais envolvendo a
entrega da própria vida.
A primeira leitura conta a vocação de Abraão. Até então, o
autor narrou a história da humanidade. Agora, concentra-se num
indivíduo que se tornará uma família e, por fim, uma nação.
Abraão é chamado para um destino desconhecido, aban-
donando a pátria. Deus exige dele o risco da fé. O Senhor lhe
promete prosperidade. Em troca da família que deixa, ele terá
como família um povo e um nome que será sinônimo de bênçãos
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(cf. Is 51,1s; Gl 3,8). Na promessa que Deus faz ao patriarca
Abraão, predomina a ação de abençoar (aparece cinco vezes).
Abraão abandona-se totalmente a Deus, corta todas as li-
gações que o prendem. A resposta de Abraão é pura obediência
a Deus, na fé, como afirma a carta aos Hebreus: “Foi pela fé que
Abraão, respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para uma
terra que devia receber como herança, partiu sem saber para onde
ta. Foi pela fé que residiu como estrangeiro na terra prometida,
morando em tendas com Isaac e Jacó, os co-herdeiros da mesma
promessa. Pois esperava a cidade que tem fundamentos, cujo
arquiteto e construtor é o próprio Deus” (Hb 11,8-10).
No Salmo 32(33), os justos são chamados para louvar a
Deus, que fez o mundo com uma simples palavra. É um salmo
de confiança no Senhor. Ele é auxílio, proteção e esperança para
todos os que o procuram.
A segunda leitura é uma palavra de Paulo a Timóteo. Na
segunda carta, o apóstolo, preso e prestes a enfrentar o martírio,
encoraja o bispo de Éfeso, abatido com a notícia de sua prisão.
Paulo recorda a Timóteo que, por vocação, todos são chamados
a seguir Cristo, obediente ao Pai. Jesus Cristo, o Filho amado,
associa ao seu destino de sofrimento e de glória todos os seus
seguidores que ouvem e praticam com fé sua palavra.
3. Atualizando a Palavra
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Jesus, o vencedor da morte. Este último, o Filho de Deus, que na
montanha faz a experiência de glória, desce para ir a Jerusalém
e sofrer por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos
escribas, morrer e ressurgir ao terceiro dia (cf. Mt 16,21-22). Ele
é O servo que veio cumprir a vontade do Pai.
No dia-a-dia, nos agarramos a muitas “seguranças”. Ao
contrário de Abraão, dificilmente “trocamos o certo pelo duvi-
doso”. O “risco” nos causa medo, insegurança, incerteza. Mas o
caminho se faz caminhando. Nunca estamos prontos, acabados.
E preciso ir fazendo acontecer à luz da Palavra do Senhor.
O relato da transfiguração aponta para o nosso destino vi-
torioso e nos ensina a não ter medo e a não fugir dos sofrimentos
que a nossa missão exige. Escutar a Palavra de Jesus passa a ser a
forma suprema de adorá-lo e reverenciá-lo. O caminho cristão é
um caminho de seguimento e de identidade com Jesus, que passa
pela cruz. O discípulo, iluminado pela palavra do Cristo, torna-se
icone vivo e permanente do Senhor. Esse itinerário requer de nós
renúncia, ou seja, capacidade, que vem de Deus, de avançar sem
medo para a meta: Cristo transfigurado, vencedor da morte.
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e purifica o olhar da nossa fé, para que gozemos alegres de sua
glória (oração do dia).
Celebramos hoje o sacramento da sua Páscoa, anunciamos
a sua morte e proclamamos a sua ressurreição. Recebendo seu
corpo glorioso, esperamos sua vinda e a transfiguração de toda
criatura na imagem da sua glória.!
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PNE - QVJ - CVV n° 43
O prefácio é o próprio para este domingo, e a Oração Euca-
rística pode ser a III.
Depois da comunhão, reservar um tempo para a assembléia
fazer um profundo silêncio.
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado: Irmãos e irmãs, escutem sempre a voz
do Filho Amado de Deus. Vão em paz, escolham a vida e que
o Senhor os acompanhe.
Nesta semana, de forma particular, vamos dedicar alguns
momentos para a escuta do Senhor, lendo e meditando sua
Palavra de vida. O método da leitura orante pode ajudar.
Dia 22 é festa da Cátedra de Pedro. Dia 23 é memória de
Policarpo, bispo de Esmirna (século IN).
3º Domingo da Quaresma
24 de fevereiro de 2008
1. Situando-nos brevemente
2. Recordando a Palavra
31
PNE - QV) - CVY nº 43
ao meio-dia, ao lado do poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus
pede água a uma mulher samaritana. Ela estranha o pedido, pois
judeus e samaritanos não se davam.
O evangelista apresenta detalhes interessantes no relato.
No início, Jesus é descrito em termos bastante humanos (cf. v.
6). A mulher é também bastante humana. O ir buscar água por
volta do meio-dia, quando o costume era pegar água cedo, pode
indicar uma posição de isolamento da mulher. Ela foi deixada
de lado pelos cinco maridos e pela sociedade.
O diálogo de Jesus com a mulher é longo e apresenta
saltos temáticos: da água ao matrimônio, deste ao culto; muda
os personagens: a mulher sai de cena (no final João volta a falar
dela), entram os discípulos; surge o tema da colheita. Aliás, é
fascinante a construção do capítulo por João. No início, a par-
tida dos discípulos esvazia a cena para o diálogo de Jesus com
a mulher (cf. v. 8), e a partida da mulher deixa Jesus à vontade
para o diálogo com seus discípulos.
No colóquio de Jesus com a samaritana, há uma pedagogia
incomparável. Ele a conduz, pouco a pouco, a uma verdadeira re-
visão de vida, fazendo-a ir até o profundo de sua consciência.
Há também um caminho progressivo na experiência de
fé e de conhecimento de Jesus, tanto da mulher como de seus
conterrâneos. No início, Jesus é um simples judeu (cf. v. 9). De-
pois ele aparece sobre o pano de fundo patriarcal, doador de um
dom precioso para os patriarcas como a água (cf. vv. 10-15). Em
seguida, ele é um profeta (cf. v. 19) e depois reconhecido como
Messias — Cristo —, que também os samaritanos esperam (cf.
vv. 25-26.29). E, finalmente, o Salvador do mundo (cf. v. 42).
Concluindo, podemos dizer que o evangelista apresenta
uma pedagogia de fé. Aos poucos, a pessoa é levada a superar
o entendimento puramente material e exterior. Jesus revela-se
como aquele que responde às aspirações mais profundas da
pessoa humana.
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PNE - QV) - CVV nº 43
A samaritana é símbolo do(a) catecúmeno(a) e do(a)
discípulo(a) de Jesus, que aceita o dom que o Senhor oferece e
que realiza em seu itinerário aquilo que o Senhor profetiza: aquele
que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, e essa
água se tornará nele uma fonte que jorra para a vida eterna. O
discípulo torna-se o adorador em espírito e verdade; por isso, terá
um dinamismo missionário e evangelizador, tal como a mulher
samaritana, que dizia para todos: “Vinde ver um homem que me
disse tudo o que eu fiz: será que ele não é o Cristo?”.!
A primeira leitura é uma palavra do livro do Êxodo. Situa-
se nos capítulos que apresentam um resumo da experiência de
Israel no deserto. O autor apresenta o símbolo humano da cami-
nhada. Ele reflete a vida como busca de sentido, tanto individual
como comunitariamente.
Os versículos lidos hoje apresentam três conceitos impor-
tantes: reclamar, murmurar e tentar ou provar o Senhor. Depois de
livre da opressão do Faraó, o povo está no deserto passando pela
dureza do caminho em busca da liberdade e passa pela tentação
de voltar atrás: “Por que nos fizeste sair do Egito? Foi para nos
fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado? [...] O
Senhor está no meio de nós ou não?” (vv. 3.7b).
Deus intervém, pois eterno é seu amor para com todos. Ele
se mostra como rochedo, força, defesa e apoio de Israel. O Senhor
mais uma vez satisfaz a necessidade do povo — neste caso, a
necessidade de água. É preciso vigilância para não colocar em
risco o valor do êxodo.
O Salmo 94(95) é um hino processional. Ao cantá-lo, pe-
çamos a Deus que nos faça atentos à sua voz, para vencermos a
tentação da acomodação e prosseguir na caminhada.
| CARPANEDO, Penha & GuiMAaRÃES, Marcelo. Dia do Senhor; guia para as celebrações
das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo, Paulinas/Apostolado Litúrgico,
2002. p. 80.
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PNE - QV] - CVY nº 43
A segunda leitura é uma palavra de Paulo aos cristãos
de Roma. A comunidade cristã romana era predominantemente
pagão-cristã. No capítulo cinco, onde estão os versículos lidos
hoje, Paulo descreve a experiência cristã de uma vida nova em
paz junto a Deus. O apóstolo nos lembra que o dom de Deus é o
seu amor que foi derramado em nós pelo Espírito, por meio das
águas do Batismo. Tudo isso é graça e dom! Não é merecimento
nosso. À maior prova do amor é que Cristo morreu por nós quan-
do éramos ainda pecadores. Ele é a nossa rocha, da qual brota o
Espírito como um rio de água viva.
3. Atualizando a Palavra
34
PNE - QVJ - CVV n° 43
verdadeira, que é Cristo, e nele, por ele e com ele, nos engajarmos
em projetos em defesa da vida, sobretudo dos marginalizados e
desprezados deste mundo.
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PNE - QVJ - CVV n° 43
Os cantos e as músicas devem conduzir-nos ao coração do
mistério celebrado. Podem ser cantados: Senhor; eis aqui
o teu povo, Hinário 2, CNBB, p. 296; Não fecheis, irmão o
vosso coração, Hinário 2, CNBB, p. 84; Louvor e glória a ti,
Hinário 2, CNBB, p. 109; O vosso coração de pedra, Hinário
2, CNBB, p. 275; Se conhecesses o dom de Deus, Hinário 2,
CNBB, p. 295 (ver CD Quaresma ano Á [Liturgia XII] e
Quaresma anos B e C [Liturgia XIV], gravado pela Paulus).
No lugar do ato penitencial, pode ser feito o rito de bênção e
aspersão da água.
Se a comunidade não fez o rito da bênção e da aspersão da
água, a profissão de fé pode ser realizada do seguinte modo:
São trazidos copos de água.
C: Irmãs e irmãos, como outrora com a samaritana, o Senhor
nos oferece uma água viva e nos anuncia a salvação.
Em silêncio, todos rezam e renovam sua fé.
C: Vocês crêem em Jesus Cristo, salvador do mundo?
T: Sim, creio!
C: O Senhor, água viva, acolha nossa profissão de fé e nos dê
sede de água viva e a alegria de celebrar a sua ressurreição.
À água é passada para que todos possam beber, enquanto se canta o refrão:
A minh'alma tem sede de Deus (Sl 42). Ao passar a água a pessoa diz:
— Que o Senhor aumente em ti a sede da água viva.
Este domingo é dia de oração especial sobre os eleitos para
os sacramentos de iniciação. Invocamos sobre eles a força
purificadora da graça de Deus. A comunidade pode fazer o
rito de fortalecimento dos catecúmenos:
Os escolhidos para o Batismo, junto com os padrinhos e madrinhas,
colocam-se diante do(a) coordenador(a).
A: Escolhidos de Deus, ajoelhem-se para a oração.
Os catecúmenos se ajoelham.
2 Cf ibid. p. 81.
36
PNE - QV] - CVY nº 43
C: Irmãs e irmãos, rezemos por estes(as) que foram
escolhidos(as) para receberem os sacramento de iniciação.
Todos rezam em silêncio.
1. Situando-nos brevemente
39
PIE - QVJ - CVV n° 43
2. Recordando a Palavra
40
PNE - QVJ - CVV n° 43
por escolha própria (cf. vv. 40-41). Permanecem cegos também
os vizinhos (cf. vv. 8-12) e os fariseus (cf. vv. 13-17).
O que nasce cego arrisca-se diante da ação e da ordem de
Jesus e começa a ver. Ele passa da cegueira à visão e dela ao
discernimento. O processo da “iluminação” do cego e da “ce-
gueira” das autoridades reflete a polêmica histórica entre juda-
ismo e cristianismo. Os “judeus” haviam decidido expulsar da
sinagoga todos aqueles que confessassem que Jesus é o Cristo. O
evangelista Inclui este capítulo em seu evangelho para encorajar
os seguidores de Jesus.
Hoje, em outras circunstâncias históricas, o relato não perde
seu valor revelador. Na igreja primitiva, o Batismo era conhecido
como “iluminação”. A cura do cego tornou-se uma parábola da
Iluminação batismal. O(a) batizado(a) é um(a) iluminado(a) que
tem os olhos abertos por Cristo no banho em seu nome.
A primeira leitura, tirada do primeiro livro de Samuel,
conta a história da eleição e unção de Davi como rei. Na esco-
lha de Davi, é Deus quem toma a iniciativa. Embora, aos olhos
humanos, Davi fosse o menos indicado para a unção, o Senhor
o escolhe. Samuel unge Davi em um banquete. Tudo é feito sem
ostentação.
41
PIE - QVJ - CVV n° 43
são a bondade, a justiça e a verdade, discernindo o que é agradável
ao Senhor. É preciso desmascarar, primeiro com o testemunho,
as obras das trevas. Aquele que vive em Cristo torna-se luz, foge
do mal, pratica o bem e ainda denuncia as ações das trevas. Paulo
termina com uma passagem (cf. v. 14) que parece ser um frag-
mento de um hino batismal, exortando a quem dorme na morte
que acorde para contemplar a luz de Cristo ressuscitado.
3. Atualizando a Palavra
42
PNE - QVJ - CVV n° 43
uma contra as “ofertas de bem aparente” que a vida nos oferece.
Podemos nos perguntar quais são essas ofertas.
Ultimamente, ouvimos notícias de tentativas de “ofuscar”
ou quase “apagar” os sinais de vida, desmoralizando pessoas e
projetos que buscam a luz. Paulo fala que é até vergonhoso citar
as “obras das trevas”. De fato, são inúmeros os projetos que
destroem a vida.
Façamos a nossa profissão de fé em Cristo, Senhor da vida
e da luz. Como orienta a Campanha da Fraternidade: “Escolha-
mos a vida”, mesmo que tenhamos que passar por provações e
incompreensões.
Na celebração deste domingo, é toda a assembléia que se
coloca no caminho da passagem das trevas para a luz, fazendo-se
catecúmena, deixando-se iluminar pelo Cristo e por seu Espírito,
retomando o propósito da conversão e do amor concreto como
exigência batismal.
43
PNE - QVJ - CVV n° 43
O Senhor ungiu os nossos olhos. Começamos a ver e a
acreditar. Ele quer que acordemos para a luz. Ele, a Luz verda-
deira, ilumina nossos corações com o esplendor da graça para
pensarmos e fazermos sempre tudo o que lhe agrada e o amarmos
de todo o coração (oração pós-comunhão).
4 CARPANEDO, Penha & GuiMaRÃES, Marcelo. Dia do Senhor; guia para as celebrações
das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo, Paulinas/Apostolado Litúrgico,
2002. pp. 89-90.
46
PNE - QV) - CVV n° 43
C: Senhor Jesus, luz verdadeira que ilumina toda pessoa, li-
berta, pelo Espirito da verdade, os que se encontram oprimidos
pelo pai da mentira e desperta a boa vontade dos que chamaste
aos teus sacramentos, para que, na alegria da tua luz, tornem-
se, como o cego outrora iluminado, corajosas testemunhas da
fé. Tu que és Deus, com o Pai e o Espirito Santo.
T: Amem.
O prefácio é o próprio para este domingo, e a Oração Euca-
rística pode ser a III.
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. Irmãos e irmãs, Jesus é verdadeiramente
o Senhor da luz. Vão em paz, escolham a vida, sejam luz para
o mundo e que o Senhor os acompanhe.
Nesta semana, de forma particular, dediquemos alguns mo-
mentos para o diálogo com o Senhor, lendo e meditando sua
Palavra de vida. O método da leitura orante pode ajudar.
No dia 4, lembramos Casimiro, servidor dos pobres (Polô-
nia, século XV). Dia 7 é memória de Perpétua e Felicidade,
mártires, leigas (século IID. Dia 8 é o Dia Internacional das
Mulheres.
5º Domingo da Quaresma
9 de março de 2008
Verdadeiro homem,
Jesus chorou o amigo Lázaro.
Deus vivo e eterno, ele o ressuscitou,
tirando-o do túmulo
1. Situando-nos brevemente
48
PNE - QV) - CVV nº 43
2. Recordando a Palavra
49
PNE - QV) - CVV nº 43
da interpelação de Jesus (cf. v. 26), Marta responde professando
a fé na vida.
Jesus, comovido, ressuscita Lázaro para esta vida. A
ressurreição de Lázaro prefigura a de Jesus. Paradoxalmente
esse dom da vida vai provocar a morte de Jesus e, por ela, a sua
glorificação. Podemos dizer que o capítulo 11 é uma introdução
narrativa da paixão de Jesus.
O sinal do milagre revelou a glória de Deus e sua presença
na pessoa do Filho Amado (cf. vv. 4.40-41). O milagre foi uma
epifania. O Deus de amor que salva revela-se por meio das ações
de seu Filho dileto. Crendo e caminhando com ele, a ressurreição
e a vida, temos a certeza de que estamos no rumo certo.
A primeira leitura é uma palavra do profeta Ezequiel. O
texto lido hoje está inserido em um contexto maior: a visão de
Ezequiel de um vale cheio de ossadas (cf. 37,1-14). O relato
compõe-se de uma visão (cf. vv. 1-10) e sua interpretação (cf.
vv. 11-14). A visão é uma imagem desesperadora dos israelitas
exilados na Babilônia, após a destruição de Jerusalém, em 587
a.C. A interpretação (cf. vv. 11-14) explica o sentido dos ossos
ressequidos e contém a mensagem a ser anunciada pelo profeta
ao povo sem esperança: “Nossos ossos estão ressequidos, nossa
esperança se apagou; estamos perdidos” (v. 11).
O povo encontra-se em desespero por causa da ruína de
Jerusalém e do templo, da perda da autonomia política, do medo
de serem excluídos do grupo de eleitos e da terra prometida.
Nesse contexto, Ezequiel é chamado a anunciar aos deso-
lados a ressurreição nacional (cf. vv. 12-14). Deus mesmo vai
abrir os túmulos, tirar os israelitas que lá estão e reconduzi-los à
terra de Israel (cf. v. 12). O Senhor romperá as amarras do túmulo
e conduzirá o povo a uma nova existência política. É um novo
50
PNE - QVJ - CVV n° 43
começo para Israel como povo e ele saberá que Deus é o Senhor
que dá a vida e conduz para a salvação.
O Salmo 129(130) é um pedido de perdão. O suplicante
clama do fundo do poço, das profundezas. Em Deus encontra-se
o perdão, pois ele é a razão da esperança e está sempre pronto
para atender à súplica.
O capítulo 8 da carta aos Romanos (segunda leitura) é
uma das páginas mais ricas e belas de Paulo. Nesse capítulo, o
apóstolo menciona vinte e nove vezes o Espírito, que é a força
de Jesus ressuscitado presente no mundo. O fiel entra em contato
com essa força vivendo a união com Jesus Cristo, iniciada no
Batismo. A palavra de Paulo indica a realização da profecia de
Ezequiel: “Porei em vós o meu espírito e revivereis” (Ez 37,14).
O Espírito nos faz criaturas novas.
3. Atualizando a Palavra
51
PNE - QVJ - CVV n° 43
exige de nós ações abrangentes: “E preciso compreender que
não é apenas a espécie humana que tem direito à vida, mas que
o titular da vida é o planeta Terra, do qual a espécie humana
é parte — importantíssima, sem dúvida. Um planeta vivo não
pode ser reduzido a uma simples fonte de “recursos naturais —
como faz a Teoria Econômica do Mercado — e, menos ainda, ser
considerado uma possível fonte de riqueza para o ser humano.
Nessa perspectiva, a nova consciência planetária estimula ino-
vações como o sistema de economia solidária, bem como novos
padrões de produção (basicamente local, para evitar os custos
ecológicos do transporte) de consumo material (que pode ser
substituído por bens de consumo imateriais, como os bens cul-
turais) e as articulações mundiais em rede. Em última análise, é
toda a concepção ocidental de desenvolvimento e de progresso
que é colocada em questão ao se pensar um novo paradigma de
relação entre a humanidade e a Terra”.!
A ressurreição e a vida não são apenas esperanças que
portamos para o futuro, mas realidades que atuam em nós e em
nossas relações, das quais participamos desde agora.
52
PNE - QVJ - CVV n° 43
Hoje, compadecendo-se da humanidade, que jaz na mor-
te do pecado, pelo mistério de sua Páscoa, Jesus nos eleva ao
Reino da vida nova, como fez com Lázaro, ressuscitando-o
(prefácio).
Ele sempre responde ao nosso clamor insistente. Não fica
parado em nossos erros, pois nele encontram-se o perdão, toda
a graça e copiosa redenção (salmo).
Damos graças ao Pai, por Jesus Cristo, ressurreição e vida
que se entrega a nós nos sinais do pão e do vinho. Ele se dá,
comunicando-nos sua própria vida eterna. Nele somos um só
corpo, participantes da vida divina. O mesmo Senhor, na mesa
eucarística, se faz comida e bebida para a vida do mundo. Somos
chamados com ele a passar da morte para a ressurreição. Com ele
e nele o nosso espírito está cheio de vida. No cotidiano da nossa
existência e na celebração, “Deus é perfeitamente glorificado e
os homens e mulheres são santificados”.?
? Sacrosanctum Concilium, n. 9.
53
PNE - QVJ - CVV n° 43
* À profissão de fé pode ser realizada da seguinte forma:”
C: Irmãs e irmãos, como outrora a Marta, o Senhor pede que
façamos nossa profissão de fé.
Em silêncio, todos rezam e renovam sua fé.
C: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda
que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá”.
Vocês acreditam nisso?
T: Creio, Senhor, mas aumentai minha fé!
C: O Senhor, penhor de vida plena, acolha nossa profissão de
fé e nos dê a alegria de celebrar sua ressurreição.
* Neste domingo se faz a última purificação daqueles que vão
receber os sacramentos da iniciação na Páscoa. Esse é um
sinal de que Jesus nos chama à vida.
- Pode ser feito o Rito do fortalecimento dos catecumenos:?
Onde houver celebração dos sacramentos de iniciação cristã na noite
pascal, depois da homilia, os escolhidos para o Batismo, junto com os
padrinhos e madrinhas, colocam-se diante do(a) coordenador(a).
C: Escolhidos de Deus, ajoelhem-se para a oração.
Os catecúmenos se ajoelham.
C: Irmãs e irmãos, rezemos por aqueles(as) que foram
escolhidos (as) para receberem o sacramento da iniciação.
Todos rezam em silêncio.
3 Cf. CARPANEDO, Penha & GuiMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor; guia para as celebra-
ções das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo, Paulinas/Apostolado Litúrgico,
2002. p. 97.
4 Cf. ibid., pp. 98-99.
54
PNE - QVJ - CVV n° 43
T: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor(a): Para que estes eleitos, rompidos os laços do mal,
se tornem conformes a Cristo e, mortos para o pecado, vivam
sempre para Deus, rezemos ao Senhor:
T: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor(a): Para que, na esperança do Espírito vivificante,
se disponham corajosamente a renovar sua vida, rezemos
ao Senhor.
T: Senhor, escutai a nossa prece.
DO
PNE - QVJ - CVV n? 43
C: Senhor Jesus, que, ressuscitando Lázaro, revelaste ter
vindo a este mundo para que todos recebessem a vida e mais
plenamente a possuissem, livra da morte os que buscam a vida
através de teus sacramentos, liberta-os do espírito do mal e
comunica-lhes, pelo teu Espirito vivificante, a fé, a esperança
e acaridade, a fum de viverem sempre contigo e participarem
um dia da glória da ressurreição. Tu que és Deus, como Pai
eo Espirito Santo.
T: Amen.
O prefácio é o próprio para este domingo, e a Oração Euca-
rística pode ser a III.
As palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. Irmãos e irmãs, Jesus é a ressurreição
e a vida. Vão em paz, escolham a vida e que o Senhor os
acompanhe.
Nesta semana, de forma particular, dediquemos alguns mo-
mentos para o diálogo com o Senhor, lendo e meditando sua
Palavra de vida. Dê seu apoio a projetos que promovem a
vida.
No dia 12, lembramos Albert Einstein, grande físico e defensor
da paz (1955). No dia 13, recordamos Ir. Dulce (1992). Dia
15 é solenidade de são José, esposo de Maria.
56
PNE - QVJ - CVV n? 43
Domingo de Ramos e da Paixão
16 de março de 2008
1. Situando-nos brevemente
57
PNE - QVJ - CVV n° 43
Iniciamos hoje a “grande semana”, entrando com Jesus
Cristo em Jerusalém, onde ele será condenado, morto, sepultado
e ressuscitará ao terceiro dia, Que esse mistério tão grande se
realize em nossa vida e em nossa história.
2. Recordando a Palavra
58
PNE - QVJ - CVV n° 43
que venham em seu auxílio (cf. 26,53), mas renuncia ao uso
deste poder (cf. 20,38). Ele veio trazer a paz ao mundo, escolhe
o caminho da humildade e vê, neste caminho, a vontade do Pai
se realizando (cf. 26,39.42).
Os relatos da paixão constituem o cerne do Evangelho. As
comunidades cristãs se perguntavam: Se Jesus era o bendito de
Deus, por que teve de passar pela cruz, escândalo e maldição?
Que sentido têm a sua paixão e morte? Respondendo a essas
perguntas, os relatos não são simplesmente narração de fatos
mas sim, sobretudo, anúncio da salvação contida neles. Esses
testemunhos possibilitam o acesso ao centro da fé cristã: “Esse
Jesus que vocês crucificaram, Deus o constituiu Senhor e Cristo”
(At 2,36).
A paixão do Senhor é bem ilustrada pela leitura do texto do
Servo Sofredor (primeira leitura). O texto é o terceiro Cântico
do Servo. O profeta, chamado de Deutero-Isaías (cf. Is 40-55),
exerceu sua missão, entre os exilados da Babilônia, em meados do
século VIa.C. O servo, um personagem anônimo, toma a palavra
e narra sua vocação de profeta, os sofrimentos da missão e a total
confiança em Deus, socorro e auxílio dos que sofrem.
O Salmo 21(22) é uma súplica que contém pedido de
auxílio nos sofrimentos e nas tribulações e promessa de louvor
comunitário pela libertação almejada. Essa súplica foi retomada
por Jesus no momento angustiante da cruz. Cantando esse salmo,
entreguemos a Deus-Pai a nossa vida e a de tantos irmãos e irmãs
que passam pelo vale da morte.
A segunda leitura é um hino cristológico antiquíssimo.
No início do capítulo (cf. 2,3-4), Paulo exorta os filipenses a
não fazerem nada por ambição ou vanglória. Com humildade,
o apóstolo acrescenta: “Ninguém procure o próprio interesse,
e sim o dos outros. Tende os mesmos sentimentos de Cristo
Jesus” (vv. 3-4). Em seguida, citando um hino, Paulo descreve o
59
PNE - QV) - CVV nº 43
aniquilamento de Jesus Cristo. O Filho de Deus não teve medo
e, como verdadeiro Servo Sofredor, viveu a condição de escra-
vo, tornando-se igual aos homens e obedecendo até a morte e
morte de cruz. Deus recompensou sua fidelidade glorificando-o
e fazendo-o Senhor.
3. Atualizando a Palavra
60
PNE - QVJ - CVV n° 43
vem montado num pobre animal é aquele que obedece ao Pai, que
se coloca à sua disposição para a realização de seus desígnios,
escondidos desde antes da criação do mundo.
A lógica divina é outra: esvaziamento, humilhação, con-
dição de escravo, perseguição, calúnia, dor, coroa de espinho,
condenação, sofrimento, angústia até o sangue, cruz, morte... É
claro que é difícil compreender tal lógica, pois é preciso revi-
rar nossa cabeça, conceitos e práticas, ou seja, mudar a lógica
puramente humana. Os discípulos de Jesus também tiveram
dificuldades. Houve traição, negação e abandono da parte deles
no momento mais crucial da vida do Mestre. Jesus inaugura uma
nova ordem das coisas.
“Em um mundo onde somos educados a pagar o mal com
o mal, a indiferença com a indiferença, esta celebração é sinal e
sacramento que revela o profundo apelo de Deus a fazermos o
caminho da contramão, a acreditarmos no mundo novo que só
o amor é capaz de construir. A escuta atenta da paixão, mesmo
que longa, faz-nos mergulhar num processo de intensa vigilân-
cia sobre nós mesmos, sobre os nossos sentimentos em relação
a quem nos faz mal e sobretudo a agir concretamente, tomando
iniciativa no amor, conquistando dentro de nós a liberdade para
a qual Cristo nos libertou, de tal maneira que nem a derrota nem
o sucesso nos impeçam de amar e servir.”!
A entrega da vida — oferta agradável a Deus — é o que o
Senhor pede a nós. Todas as pessoas de boa vontade, que vivem
o amor e a solidariedade, que lutam pela justiça e a paz, que
escolhem a vida, estão fazendo a vontade de Deus.
! CARPANEDO, Penha & GuiMaRrÃES, Marcelo. Dia do Senhor; guia para as celebrações
das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo, Paulinas/Apostolado Litúrgico,
2002.
p. 158.
61
PNE - QV] - CVV nº 43
4. Ligando a Palavra com a ação eucarística
As palmas que carregamos hoje nos ajudam a lembrar o
mártir Jesus, vitorioso sobre a morte. O Cristo morre condenado
para garantir a salvação a todos. As palmas em nossas mãos sig-
nificam que estamos prontos a fazer o mesmo caminho de Jesus,
assim como fez a imensa multidão de todas as raças, povos e
línguas que já estão de pé diante do trono e do Cordeiro, vestidos
com vestes brancas e com palmas na mão (cf. Ap 7,9).
Jesus realizou, primeiro em sua vida, o verdadeiro culto
a Deus, pois foi obediente até a morte e morte de cruz. O Pai
aceitou-o, ressuscitando-o e exaltando-o à sua direita (cf. Fl
2,6-11). É esse mesmo culto que Jesus celebrou ritualmente na
última ceia e que ele mandou celebrar em sua memória.
Nós, obedientes a seu mandato, celebrando a Eucaristia,
somos incorporados na experiência de Jesus Cristo. Ele, aclamado
pelo povo como Salvador e Messias, realizou sua missão através
da sua paixão e cruz.
Cada celebração é memorial vivo e verdadeiro do aconte-
cimento da salvação. Recordamos o mistério pascal de Cristo,
mas o lembramos na presença de Cristo e na força do Espírito.
Lembrando a pessoa e a obra de Cristo, nós nos abrimos para
ele e ele mesmo vem para cear conosco (cf. Ap 3,20). Ele vem
e nos reconcilia com o Pai, Senhor da misericórdia e do perdão
(oração sobre as oferendas).
Demos graças a Deus, que pelo abaixamento e pela morte
de Jesus Cristo, que, inocente, quis sofrer pelos pecadores, pelos
criminosos e foi condenado a morrer. Sua morte apagou nossos
pecados, e sua ressurreição nos trouxe vida (prefácio). Nele nos-
sos sofrimentos e nossa morte têm sentido, uma vez que a morte
não é a última palavra.
62
PNE - QV) - CVV nº 43
5. Sugestões para a celebração
* A cor usada é o vermelho.
- Os cantos e as músicas devem conduzir-nos ao coração do
mistério celebrado. Podem ser cantados: Hosana ao Filho de
Davi, Hinário 2, CNBB, p. 233; Hosana e viva, Hinário 2,
CNBB, p. 233; Os filhos dos hebreus, Hinário 2, CNBB, p.
28; Meu Deus e Pai por que me abandonastes?, Hinário 2,
CNBB, p. 84; Salve, ó Cristo obediente, Hinário 2, CNBB,
p. 293; Ó morte, estás vencida, Hinário 2, CNBB, p. 267; Eu
vim para que todos tenham vida, Hinário 2, CNBB, p. 226;
Pai, se este cálice, Hinário 2, CNBB, p. 74 (ver CD Quaresma
ano À [Liturgia XIII], gravado pela Paulus).
* Valorizar os ramos, a procissão de ramos e a proclamação do
evangelho da paixão, a qual poderá ser encenada.
- Proclamar bem as leituras. Cantar com unção o salmo.
* O prefácio é o próprio para este domingo, e a Oração Euca-
rística pode ser a III.
* As palavras do rito de envio podem estar em consonância com
o mistério celebrado. Irmãos e irmãs, vão em paz para ma-
nifestar, pela solidariedade a todos os pequenos e oprimidos
do mundo, o amor de Deus que se revelou a nós pela paixão
de Jesus Cristo.
* Nesta semana, de maneira mais intensa, dediquemos alguns
momentos para o diálogo com o Senhor, lendo e meditando
sua Palavra de vida. Vamos nos preparar bem para a celebração
da Páscoa.
* À comunidade pode se reunir, segunda-feira, terça-feira e
quarta-feira, para celebrar o Ofício Divino.
* Toda a comunidade é convidada a participar do Tríduo Pascal.
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PNE - QVJ - CVV n° 43
Sumário
Apresentacdo................. ei 5
Impresso na gráfica da
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