Central de Gases Medicinais: Conceito,
aplicação e instalação
Alexandre Francisco da Silva¹, Jefferson Davis Pena Cária²
 única fonte conhecida para a extração de argônio puro, por
Abstract—The medical gases installations are projected to
supply the needs of the company, according to Brazilian
Association of Technical Standards (ABNT) 12.188 - Centralized
system of medical gases supply for medical of bases for medical
devices and vacuum for use of the health service.
In this article will be studied medicinal centralized systems,
concept, types of sources of supply, gas installation, features,
applications of medical gases and vacuum systems.
Index Terms—Medical gases, cylinders, cryogenic tanks,
ABNT 12.188.
Resumo—As instalações de gases medicinais são projetadas
para suprir as necessidades da instituição, conforme norma
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 12188 -
Sistemas centralizados de suprimento de gases medicinais de
gases para dispositivos médicos e de vácuo para uso de serviço de
saúde.
Neste artigo serão estudados os sistemas centralizados
medicinais, conceito, tipos de fontes de suprimento, instalação de
gases, características, aplicações dos gases medicinais e sistemas
de vácuo.
Palavras chave—Gases medicinais, cilindros, tanques
criogênicos ABNT 12.188.
I - INTRODUÇÃO
Os sistemas centralizados são representados por um
conjunto formado de central de armazenamento, rede de
distribuição, ramais, válvulas, dispositivos de segurança e
postos de utilização.
Seu objetivo é manter centralizado o suprimento de gás
com pressão e vazão reguláveis, garantindo integralmente a
qualidade do mesmo até o ponto de consumo com total
segurança.
II – GASES MEDICINAIS
São gases ou mistura de gases utilizados em humanos para
fins de diagnóstico médico, para tratamento e prevenção de
doenças ou para restaurar, corrigir e modificar funções
fisiológicas [1].
III – PRINCIPAIS GASES MEDICINAIS
Argônio: Está presente na atmosfera em uma concentração
de 0,934 % de volume ao nível da superfície terrestre. O ar é a
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado
de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica e Engenharia Clinica.
Orientador: Prof. Jefferson Davis Pena Cária. Trabalho aprovado em 05/2015.
esta razão sua produção se realiza pela destilação em uma
planta de separação de gases do ar.
Características físico-químicas: Monoatômico, atóxico,
incolor, inodoro e insípido. Faz parte de um grupo especial de
gases raros, inertes. É aproximadamente 1,4 vezes mais
pesado que o ar e é levemente solúvel em água.
Aplicação: aumenta a eficiência da coagulação na incisão
com bisturi elétrico, alcançando maior eficácia no corte
cirúrgico [2].
Ar. Medicinal: O ar medicinal pode ser obtido por cilindro
com mistura de 79% de nitrogênio e 21% de oxigênio, ou
através de uma unidade geradora de ar medicinal composta
por dois compressores de ar, um principal e outro reserva,
com a função de captar o ar do meio ambiente onde será
comprimido e depois filtrado por um sistema de tratamento do
ar composto por:
 Separador de água;
 Filtro fino;
 Filtro extrafino;
 Secador por refrigeração;
 Secador por adsorção;
 Torre de carvão;
 Catalisador;
 Filtro de partículas com certificado bactericida.
Características físico-químicas: Gás incolor, inodoro, seco,
estéril, não inflamável e com massa molecular de 28,975.
Aplicação: Uso em ventilador pulmonar e em Bloco
Cirúrgico (BC), Centro de Tratamento Intensivo (CTI),
recuperação e também usado para secagem de instrumentais
cirúrgicos [3].
Fig. 1. Central de Ar Medicinal, 06/04/2015.
Dióxido de carbono (CO2): É obtido como subproduto de
algumas combustões, passa por um processo de purificação no
qual são extraídos os restos de água, oxigênio, nitrogênio,
argônio, metano e etileno, entre outros.
Características físico-químicas: Gás ligeiramente tóxico,
inodoro, incolor e de sabor ácido. Não é combustível e nem
alimenta a combustão. É 1,4 vezes mais pesado que o ar e
evapora na pressão atmosférica a -78ºC.
Aplicação: Usado na geração de laser e no insuflamento das
cavidades abdominais. Pode ser utilizado nos tratamentos de
acidentes vasculares, cerebrais e isquêmicos. Misturado com
nitrogênio/oxigênio, é utilizado na calibração de aparelhos
para análise sanguínea e difusão pulmonar [2].
Oxigênio (O2): De forma industrial, é obtido pela destilação
fracionada do ar liquefeito. Pode ser produzido em laboratório
pela eletrólise da água ou pelo aquecimento do clorato de
potássio sob ação do dióxido de manganês como catalisador
[4].
É fornecido no estado gasoso em cilindros de aço, de alta
pressão, até 200kgf/cm² e também no estado líquido em
tanques criogênicos, a uma temperatura aproximada de -
183ºC, ou pode ser produzido através de usina concentradora
de oxigênio, onde o ar depois de tratado será enviado ao
sistema de Pressure Swing Adsorption (PSA), que consiste em
dois reservatórios contendo peneira molecular de zeolita,
interligados por válvulas com a função de retirar o nitrogênio
do ar em alta pressão e o libera a baixa pressão, ou seja,
enquanto um reservatório produz oxigênio o outro libera todo
o nitrogênio retido, até que consiga 95% de oxigênio [5].
Características físico-químicas: Gás bastante reativo,
incolor e inodoro, um dos elementos mais abundantes da terra,
o ponto de ebulição a 10 psig são de – 18,98ºC e o ponto de
fusão a 10 psig são de – 218, 79ºC. Tem uma cor azul pálido e
é fortemente paramagnético [4].
Aplicação: É indicado nos casos de hipoxemia de qualquer
origem, como enfermidades pulmonares obstrutivas,
pneumonias, infarto do miocárdio e embolia pulmonar.
Indispensável nos casos de reanimação cardio-respiratória,
terapia intensiva e na anestesia. Também é utilizado na
administração de medicamentos via inalação ou nebulização e
de vital importância na terapia hiperbárica [2].
Nitrogênio Medicinal (N2): Também é obtido por meio da
destilação fracionada do ar liquefeito. É fornecido no estado
gasoso, comprimidos em altas pressões na faixa de 120 a 190
kgf/cm² ou líquidos a uma temperatura de -196ºC a -210ºC.
Características físico-químicas: É incolor, inodoro e
geralmente é considerado inerte. O nitrogênio gasoso
representa 78,084% da atmosfera terrestre em volume e 75,5%
em peso.
Aplicação: No estado líquido é utilizado nos processos de
congelamento e conservação de sangues e derivados, esperma,
medula óssea e até órgãos para transplantes. Na forma gasosa
é utilizado para funcionamento de serras e furadeiras
pneumáticas e por ser inerte não oxida as palhetas ou
rolamentos internos dos equipamentos [6].
Óxido Nitroso (N2O): Nitrato de amônia aquecido à
temperatura entre 245º C e 270º C é decomposto em óxido
nitroso, amônia, ácido nítrico, nitrogênio e traços de óxido
nítrico e dióxido de nitrogênio.
Características físico-químicas: Gás incolor, inodoro e
insípido. Não é inflamável, porém, é capaz de manter a
combustão com menor intensidade que o oxigênio. Tem massa
especifica de 1,8337kg/m³ e é aproximadamente 1,5 vezes
mais pesado que o ar atmosférico.
Aplicação: O prestígio alcançado pelo óxido nitroso está
diretamente relacionado ao grande número de características
desejáveis como: baixa solubilidade, baixa toxidade, alta
difusibilidade e potencializador do efeito de outros
anestésicos. Em anestesia geral é usado inalado em mistura
com o oxigênio permitindo a redução da quantidade do agente
anestésico mais potente com menos efeitos colaterais
proporcionando, menor custo hospitalar, menor permanência
no hospital, menos alterações respiratórias, recuperação
anestésica mais rápida e diminuindo o tempo de indução e
recuperação dos efeitos dos agentes hipnóticos e halogenados
[2].
IV – GASES MEDICINAIS COMPRIMIDOS EM CILINDROS
Os gases medicinais comprimidos em cilindros podem ser
classificados em liquefeitos e não liquefeitos.
Gases Comprimidos Liquefeitos: Os cilindros contêm o
produto nas formas líquida e gasosa. A retirada de produto na
fase líquida pode ser auxiliada por tubos pescadores, podendo
os cilindros conter ou não válvulas de pressurização. Evitando
a prática de não tombar o cilindro.
A pressão de um cilindro com gás liquefeito varia com a
temperatura, mas não com o volume retirado, ou seja,
permanece constante, independentemente do volume usado.
Gases Comprimidos não Liquefeitos: O gás contido no
cilindro encontra-se em sua totalidade no estado gasoso,
independentemente da pressão.
A pressão de um cilindro com gás comprimido varia com a
temperatura e com a perda de volume do mesmo, ou seja,
conforme a utilização do cilindro sua pressão vai caindo
proporcionalmente [7].
V – GASES MEDICINAIS EM TANQUES CRIOGÊNICOS
Os tanques criogênicos assemelham-se a uma garrafa
térmica, mantendo o produto a baixa temperatura e pressão
regulável entre 15 e 250 psig.
Esses tanques possuem sistemas de segurança, que
dispensam a utilização de energia elétrica para o seu
funcionamento [7].
VI – VAPORIZADORES
São acessórios instalados na tubulação de saída de líquido
de reservatórios criogênicos, com a função de vaporizar o
produto líquido, através de uma troca térmica com o meio em
que se encontra o vaporizador. Assim, os produtos
inicialmente em estado líquido passam para o estado gasoso,
na vazão desejada para a aplicação.
VII – CENTRAIS DE CILINDROS MEDICINAIS
Existem centrais desde 1+1 até 12+12 cilindros e são
compostas de sistema duplo de regulagem e bloqueio, alívio,
chicotes e tubulações de interligação, para fornecimento
ininterrupto do gás.
Uma instalação de central de gases contém dois lados de
gases, sendo um para uso e outro para reserva. O suprimento
secundário deve estar aberto para uso e regulado com pressão
inferior ao primário em uso.
Fig. 2. Central de óxido nitroso 1 + 1, 06/04/2015.
Fig. 3. Central de oxigênio 5 + 5, 06/04/2015.
VIII – CENTRAIS CRIOGÊNICAS MEDICINAIS
As instalações medicinais devem ser capazes de fornecer
oxigênio, oxido nitroso e nitrogênio ininterruptamente
operando automaticamente.
O cilindro criogênico pode armazenar uma grande
quantidade de litros de gás liquefeito a uma temperatura
menor que -150ºC. Quando evaporado, produz um volume de
700 a 900 vezes maior que no estado líquido [2].
Mesmo com uma central criogênica instalada é obrigado
que a instituição possua uma central de cilindros reserva que
entrará automaticamente em operação sempre que a pressão da
central principal cair a determinado valor.
Fig. 4. Tanque de oxigênio líquido [7]
IX – LOCALIZAÇÃO DE CENTRAIS DE SUPRIMENTOS
As centrais de cilindros devem estar localizadas o mais
próximo possível do ponto de consumo e com paredes corta-
fogo para proteção de cilindros de oxigênio, não podendo
ficar em porões ou qualquer local sem ventilação.
As centrais criogênicas devem ficar acima do solo, não
podendo estar localizadas abaixo das linhas de transmissão de
energia elétrica, tubulações contendo qualquer classe de
liquido combustível e a superfície onde está localizada não
deve ser de material inflamável, ex: asfalto.
X - REDES DE DISTRIBUIÇÃO
As redes de distribuição consistem no conjunto de
tubulações que se destinam à distribuição do gás da central de
suprimento, através de ramais, até os locais de uso, onde
existem pontos de utilização adequados, que podem ser postos
medicinais, reguladores de pressão, válvulas de bloqueio,
painéis de controle de pressão e vazio.
Nos gases medicinais são usados tubos e conexões de
cobre, soldados através de solda prata [8].
XI – VÁCUO
Equipamento usado para sucção de substâncias líquida e
resíduos moles, provenientes de cirurgias conforme norma
número 12.188 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) [9].
Um sistema de vácuo ideal é composto por:
 Um painel elétrico para controle das bombas.
 Duas bombas de vácuo;
 Dois vacuostatos;
 Dois filtros coalescentes;
 Um tanque ou vaso com kit de segurança;
 Um vacuômetro;
 Dois filtros microbiológicos;
 Entre 2007 e 2010 na área de fornecimento e manutenção em equipamentos
para ortopedia. Em outubro de 2010 assumiu o setor de manutenção do
Hospital Belvedere participando diretamente com novos projetos e estudos de
novos equipamentos biomédicos e prediais. Tem interesse nas áreas de
engenharia clínicas ou gerência em empresas que atuam com equipamentos
médicos ou prediais.

2
Jefferson Davis Pena Cária nasceu em Amparo do Serra, MG, em janeiro
de 1976. Possui graduação em Engenharia Elétrica, modalidade Eletrônica,
ênfase em Telecomunicações (2002), curso de Suplementação em Engenharia
Biomédica e pós-graduação em Engenharia Clínica/Biomédica pelo Instituto
Nacional de Telecomunicações – INATEL de Santa Rita do Sapucaí – MG.
Pós-graduado em Qualidade e Produtividade pela Universidade Federal de
Fig. 5. Central de Vácuo, 14/03/2015. Itajubá e em Qualidade Hospitalar pela Escola de Saúde Pública de Minas
Gerais - ESP-MG. Possui título de Mestre em Ciências e Técnicas Nucleares,
XII – CONCLUSÃO título obtido em junho de 2010, pelo Departamento de Engenharia Nuclear da
Universidade Federal de Minas Gerais. Foi Engenheiro Clínico do Hospital
Foi observado que a central de gases medicinais é das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais por 9 anos, onde atuou
fundamental para o funcionamento da instituição, juntamente nos processos de especificação para a aquisição de equipamentos médicos,
com o sistema do vácuo clínico. coordenação e gestão da manutenção do parque tecnológico do hospital,
participante dos grupos focados no processo de Acreditação Hospitalar (ONA
Deve ser feita uma vistoria diária por parte da engenharia e JCI) além de desenvolver treinamento aos usuários técnicos. Leciona no
clínica ou do setor de manutenção para verificação dos níveis curso de Pós Graduação em Engenharia Clínica/Biomédica do Instituto
dos gases e vazamentos nos cilindros e tanques criogênicos. Nacional de telecomunicações (INATEL). Leciona no curso de graduação em
Engenharia Biomédica da Universidade FUMEC de BH. Leciona da
É de fundamental importância a manutenção preventiva nos Faculdade Pitágoras nos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia de
equipamentos, verificando e trocando componentes que Automação Industrial, Engenharia Mecânica e Ciências da Computação.
comprometam o bom funcionamento de todo o sistema, Leciona da Faculdade UNI-BH no curso de Engenharia Elétrica. Lecionou na
Faculdade Anhanguera de Belo Horizonte nos Cursos Superiores de
evitando, desta forma, o risco de paralisação. Tecnologia em Mecatrônica Industrial e de Tecnologia em Eletrotécnica
Industrial.
REFERÊNCIAS
[1] PERNAMBUCO (PE). Secretaria de Administração do Estado (PE)
Estudo Técnico de Gases Medicinais. 2012. Disponivel em:
www.portais.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=d68a77b0-
f8dc-4539-8746-181f7b3476d5&groupId=3055250.
[2] BRASIL. Ministério da Saúde. Equipamentos Médico-Hospitalares e o
Gerenciamento da Manutenção; Capacitação a Distância; Brasília
DF.bvsms.saude.gov.br/bvs/publicações/cd06_19_1.pdf. Acesso em 14
março 2015.
[3] ATLAS COPCO. Disponível em:
https://eu3.salesforce.com/sfc/p/20000000BRsb/a/w00000000aTw/p3htv
RqVxQ1E6wEKZ_BHcsP.uPArNt.haFg2WKl1uBo. Acesso em 26 abril
2015.
[4] WHITE MARTINS. Disponível em:
http://www.praxair.com.br/resource-library/safety-data-sheets. Acesso
em 14 março 2015
[5] Revista Brasileira de Anestesiologia. Rev. Bras. Anestesiol. Vol.57 no.6
Campinas Nov./Dec.2007. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-70942007000600007. Acesso em 06
junho 2015.
[6] LOPEZ, M. P. ; ABREU, F. R. Central de Gases Medicinais: Coração de
uma Instituição Hospitalar. Caderno de Estudos Tecnológicos. (2013)
Disponível em: fatecbauru.edu.br Acesso em: 16 março 2015.
[7] OXIMIL. Disponível em: http://oximil.com.br/gasesmedicinais. Acesso
em 10 abril 2015.
[8] TELLES, Pedro C.Silva. “Tubulações Indústrias” – Livros Técnicos e
Científicos; Editora S.A..
[9] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Disponível
em: http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=91310. Acesso
em: 06 abril de 2015.

1
Alexandre Francisco da Silva nasceu em Belo Horizonte, MG, em 06 de
novembro de 1964. Recebeu o título de Tecnólogo em Eletrotécnica Industrial
pelo Centro Universitário Anhanguera em 2012. Estudou 2 anos o curso de
pós-graduação em Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica pelo Instituto
Nacional de Telecomunicação – INATEL em Belo Horizonte desde 2013.